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Arlindo Ugulino Netto – CLÅNICA MÇDICA – INTERNATO P9 – 2011.

MED RESUMOS 2011


NETTO, Arlindo Ugulino.
SEMIOLOGIA

ROTEIRO PRÁTICO DE ANAMNESE E EXAME FÍSICO PARA CONSULTAS CLÍNICAS

O exame clínico engloba a anamnese e o exame físico, cada um compreendendo várias partes que se
completam reciprocamente.
 A anamnese inclui os seguintes elementos:
1.Identificação
2.Queixa principal
3.História da doença atual
4.Interrogatório sintomatológico
5.Antecedentes pessoais e familiares
6.Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais

 O exame físico pode ser subdividido em:


1. Exame físico geral ou ectoscopia
2. Exame dos aparelhos

ANAMNESE

1. IDENTIFICAÇÃO
Nome, idade, sexo, cor (raça), estado civil, profissão (atual e anteriores), local de trabalho, naturalidade,
residência. Data da internação, enfermaria e leito.

2. QUEIXA PRINCIPAL
É a principal queixa que levou o paciente a procurar o médico. É a resposta da seguinte pergunta: “Qual o
problema que o (a) trouxe ao hospital?” ou “Qual o principal sintoma/sinal que vocÇ gostaria que corrigisse para vocÇ
se sentir melhor?”.
 Repetir as expressões utilizadas pelo paciente;
 Inclua sempre a duração da queixa.

3. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL


É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico.
 Determine o sintoma-guia;
 Explore: início do sintoma (época, modo, causa desencadeante), duração, características do sintoma na
época em que teve início (caráter do sintoma; localização corporal e irradiação; intensidade; fatores
desencadeantes, de piora ou de melhora; relação da queixa com funções do organismo), evolução,
repercussões do problema sobre a vida do paciente, relação com outras queixas, situação do sintoma no
momento atual;
 Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele. Use a
ordem cronológica;
 As perguntas formuladas devem ser simples, acessíveis e de acordo com o nível cultural de cada doente;
 As informações prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos técnicos (médicos), mas, em
certas ocasiões, será lícito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas
referirem a um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente;
 Anote também nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso da doença;
 Quando possível, permita que o paciente conte sua história como deseja e saliente os aspectos que ele
considera importante. Evite perguntas sugestivas, que fornecem as respostas para as perguntas. A história
deve ser narrada pelo próprio doente, sempre que possível, ou por intermédio de um responsável, no caso de
doentes impossibilitados de falar, fato esse que deverá ser anotado.

4. INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO
Constitui um complemento da história da doença atual. Permite levantar possibilidades e reconhecer
enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado na HDA. Também ajuda a confirmar ou
afastar possibilidades diagnósticas sugeridas pelos sintomas presentes. Sugere-se a sistematização proposta a seguir:

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 Sintomas gerais: febre, astenia, alteraÄÅes do peso (ganho ou perda, tempo), sudorese, calafrios, prurido,
alteraÄÅes do revestimento cutÇneo, alteraÄÅes do desenvolvimento fÉsico;

 Cabeça e pescoço: dor, alteraÄÅes dos movimentos, tumoraÄÅes cervicais;


 Olhos: acuidade visual, dor, sensaÄÑo de corpo estranho, queimaÄÑo ou ardÖncia, lacrimejamento,
sensaÄÑo de olho seco, diplopia, fotofobia, escotomas, secreÄÑo.
 Ouvidos: acuidade auditiva, dor, otorrÜia, otorragia, zumbidos, vertigem.
 Nariz e seios paranasais: obstruÄÑo nasal, dor, rinorrÜia, espirros, prurido, epistaxe, alteraÄÅes do
olfato (hiposmia, anosmia, parosmia, cacosmia), drenagem nasal posterior.
 Cavidade oral e faringe: sialorrÜia ou ptialismo (secreÉÑo abundante de saliva), xerostose (sensaÉÑo
de boca seca), halitose, dor, gengivorragias, lesÅes de mucosa, glossodÉnea, odinofagia, disfagia,
pigarro.

 Tórax
 Mamas: mastalgia, secreÄÑo mamilar, nádulos palpàveis.
 Sistema cadiorrespiratório: precordialgia, palpitaÄÅes, dispnÜia, cianose, edemas, dor toràcica, tosse,
expectoraÄÑo, disfonia, hemoptise, chiado.

 Sistema gastrintestinal: disfagia (dificuldade para deglutir), odinogafia (dor ao deglutir), epigastralgia, dor,
pirose (“azia”), regurgitaÄÑo, eructaÄÑo, soluÄo, hematÖmese, nàuseas e vämitos, dispepsia (conjunto de
sintomas constituÖdo de desconforto epigÜstrico, empanzinamento), hàbito intestinal (námero de evacuaÉàes
diÜrias, aspecto das fezes – cor e consistÇncia, presenÉa de elementos anormais – sangue, muco e/ou pus),
diarrÜia, esteatorrÜia, cálicas, distensÑo abdominal, flatulÖncia, hemorragia digestiva, icterÉcia, obstipaÄÑo
intestinal, sangramento anal.

 Sistema genitourinário: dor, incontinÖncia, retenÄÑo, modificaÄÅes do jato urinàrio, disãria, alteraÄÅes da cor e
odor da urina (urina turva, hematãria, mau cheiro), alteraÄÅes do volume e do ritmo urinàrio: anãria (diurese
inferior a 100 mL/dia) oligãria, poliãria (aumento do volume urinÜrio – volume urinÜrio superior a 2500 mL por
dia), noctãria (necessidade de esvaziar a bexiga ä noite), polaciãria (aumento da necessidade de urinar e, com
isso, da frequÇncia urinÜria diurna), urgÖncia miccional (necessidade sábita e imperiosa de urinar).
 Para homens: presenÄa de lesÅes genitais, corrimento uretral, disfunÄÅes sexuais (impotÖncia, ejaculaÄÑo
precoce, diminuiÄÑo da libido).
 Para mulheres: corrimento, prurido, disfunÄÅes sexuais (dispareunia, frigidez, diminuiÄÑo da libido),
menopausa e climatÜrio, distãrbios menstruais: polimenorrÜia (ciclo menstrual com intervalos menores que
21 dias), oligomenorrÜia (menstruaÉÑo ocorre com intervalos maiores que 35 dias), amenorrÜia (falta de
menstruaÉÑo por um perÖodo de tempo maior do que trÇs ciclos prãvios), hipermenorrÜia (menstruaÉÑo dura
mais de 8 dias), hipomenorrÜia (menstruaÉÑo dura menos de 2 dias), menorragia (excessiva perda de
sangue durante o fluxo menstrual), dismenorrÜia (conjunto de sintomas que podem acompanhar a
menstruaÉÑo, como dor), metrorragia (perda de sangue excessiva sem relaÄÑo com o perÉodo menstrual).

 Sistema hemolinfopoiético: palidez, hemorragias, adenomegalias.

 Sistema endócrino e metabólico: hipersensibilidade ao calor ou frio, aumento ou diminuiÄÑo da sudorese,


tremores, irritabilidade ou apatia, insänia ou sonolÖncia, parestesia ou tetania, cÑibras, convulsÅes, poliãria,
polifagia, polidipsia.

 Sistema musculoesquelético: artralgias, sinais inflamatários (edema, calor, rubor e dor), limitaÄÑo de
movimentos, deformidades, rigidez matinal, fraturas ásseas, luxaÄÅes.

 Sistema nervoso: distãrbios de consciÖncia ou memária, tontura e vertigem, convulsÅes, ausÖncias, distãrbios
da motricidade voluntària e da sensibilidade (paresias, paralisias, parestesias, anestesias), distãrbios da marcha,
do sono e das funÄÅes cerebrais superiores, distãrbios visuais (escotomas, diplopia, estrabismo, cegueira),
distãrbios da linguagem (afasia motora, afasia de compreensÑo).

 Exame psíquico e avaliação das condições emocionais: humor, ansiedade, choro frequente, irritabilidade,
melancolia, sentimento de culpa e perda de interesse, perda de energia e desÇnimo.

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5. ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES

4.1 Antecedentes pessoais fisiológicos


 Gestação e nascimento: como decorreu a gravidez; prÜ-natal; uso de medicamentos ou irradiaÄÅes
sofridas; viroses; condiÄÅes de parto (normal, fárceps, cesariana; a termo ou prÜ-termo?); estado da crianÄa
ao nascer; ordem do nascimento.
 Desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM)
 DentiÄÑo: primeira e segunda dentiÄÑo; Üpoca em que apareceu o primeiro dente
 Engatinhar e andar
 Fala
 Aproveitamento escolar
 Controle dos esfÉncteres
 Desenvolvimento fÉsico: peso e tamanho ao nascer e posteriores medidas; desenvolvimento compatÉvel
com irmÑos?
 Imunizações: vacinaÄÑo compulsária na infÇncia (BCG, Hepatite B, DPT, Anti-pálio, Hib, trÉplice viral) e na
vida adulta (vacina antitetÇnica, vacina para gripe).
 Puberdade: Üpoca de seu inÉcio.
 Menarca: nome tÜcnico para a primeira menstruaÄÑo. A idade mais comum do amadurecimento deste eixo Ü
em torno de 11-12 anos de idade.
 Características do ciclo menstrual: duraÄÑo do ciclo; duraÄÑo e intensidade do fluxo menstrual, alteraÄÑo
na quantidade (menorragia); data da ãltima menstruaÄÑo; histária obstÜtrica - nãmero de gestaÄÑo e partos
(normais? cirãrgicos?); peso dos filhos ao nascer (presenÄa de macrossomia).
 Sexualidade e vida reprodutiva: Üpoca do primeiro contato sexual; nãmero de parceiros (as); frequÖncia
das relaÄÅes sexuais; uso do condom (camisinha); libido;
 Climatério: idade da menopausa (natural ou cirãrgica); sintomas de insuficiÖncia estrogÖnica (fogachos,
sensaÄÑo de ressecamento vaginal).

4.2 Antecedentes pessoais patológicos


 Doenças sofridas pelo paciente: doenÄas da infÇncia: sarampo, varicela, coqueluche, parotidite, molÜstia
reumàtica, amigdalites, rubÜola; doenÄas apresentadas na vida adulta: tuberculose (“mancha no pulmÑo”,
radiografias do tárax anormais, tratamento para doenÄas no pulmÑo por 6 meses); DST (antigamente
denominadas doenÄas venÜreas, “doenÄas do mundo”), incluindo AIDS e hepatite viral; diabetes mellitus;
hipertensÑo arterial; cardiopatias; febre reumàtica; asma bränquica; sexo feminino: abortamentos
(espontÇneos? provocados? de repetiÄÑo?);
 Alergia: ambientais, alimentares e medicamentosas; afecÄÅes de fundo alÜrgico (eczema, urticària, rinite
alÜrgica e asma);
 Cirurgias: anotar o tipo da intervenÄÑo, diagnástico, data, resultados, nome do cirurgiÑo e do hospital onde
foram realizadas;
 Traumatismos: data, acidente em si e suas conseqçÖncias;
 Hospitalizações: motivo, diagnástico (s), nome do hospital;
 Hemotransfusões: Üpoca, local, causa;
 Medicações atuais e passadas

4.3 Antecedentes familiares


 Estado de saãde (quando vivos) dos pais e irmÑos do paciente; cänjuge, filhos (?); alguÜm doente na
famÉlia(?); falecimento (causa e idade);

 Histárico familiar de enxaqueca, diabetes melito (DM), hipertensÑo arterial sistÖmica (HAS), cÇncer, doenÄas
da tireáide, tuberculose e outras doenÄas infecciosas, doenÄas alÜrgicas, doenÄa arterial coronariana (IAM,
angina), AVC, dislipidemia, ãlcera pÜptica, colelitÉase e varizes, doenÄa de caràter hereditàrio: hemofilia, rins
policÉsticos etc.

6. HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS


 Alimentação: anamnese alimentar: hàbitos alimentares, alimentaÄÑo adequada em funÄÑo do sexo, idade e
trabalho desempenhado; avaliaÄÑo qualitativa e quantitativa. Ex: alimentaÄÑo qualitativa e quantitativamente
adequada; reduÄÑo equilibrada na quantidade e na qualidade dos alimentos; reduzido consumo de
carboidratos; alimentaÄÑo puramente vegetariana, etc.
 Habitação: anotar o tipo de casa (atual e anterior); nãmero de moradores e nãmero de cämodos da casa; se
hà saneamento bàsico (esgoto, fossa sÜptica, àgua encanada, tratamento da àgua consumida); qual o

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destino do lixo (lixo acumulado na àrea peridomiciliar ou submetido a coleta pãblica). Pergunte se o paciente
jà morou perto de fàbricas ou de outros locais potencialmente prejudiciais é saãde.
 Ocupações anteriores e atual: natureza do trabalho, caracterÉsticas do meio ambiente, substÇncias que
entram em contato e grau de ajustamento ao trabalho.
 Atividades físicas: sedentarismo; atividades fÉsicas moderadas, intensas e constantes ou ocasionais.
 Padrão de sono: nãmero de horas/dia.
 Lazer: tipo e frequÖncia.
 Hábitos diários
o Tabagismo: tempo de duraÄÑo, natureza e quantidade. Utilizar a unidade: anos/maÄo de cigarro.

o Consumo de álcool: abstÖmios, uso ocasional, uso freqçente, uso diàrio. Questionar sobre o tipo de
bebida, volume e frequÖncia de ingestÑo.
o Uso de drogas ilícitas: maconha, cocaÉna, anfetaminas, sedativos e estimulantes;
o Banhos de rios, açudes e lagoas: questionar sobre localidade, Üpoca e presenÄa de algum sintoma
estranho apás o banho.
o Contato com o triatomídeo (“barbeiro”, “procotá”)
o Contato com animais domésticos (gato, cÑo, pàssaro)
 Condições socioeconômicas: rendimento mensal; situaÄÑo profissional; dependÖncia econämica.
 Condições culturais: nÉvel cultural baixo, mÜdio ou alto.
 Religião
 Vida conjugal e ajustamento familiar: relacionamento entre pais e filhos, entre irmÑos e entre marido e
mulher.

EXAME FÅSICO

1. EXAME FÍSICO GERAL OU ECTOSCOPIA

a) Estado geral: Ü a impressÑo que se tem do doente, descrita da seguinte forma: estado geral bom, regular ou
ruim.

b) Nível de consciência: avaliar pela perceptividade, reatividade, deglutiÄÑo e reflexos. Os extremos de variaÄÑo
sÑo o estado de vigÉlia e o estado de coma. A partir destes dados, Ü possÉvel caracterizar o estado de com
dentro da seguinte graduaÄÑo:
 Grau I (coma leve): o comprometimento da consciÖncia Ü leve e o paciente Ü capaz de atender a ordens simples do
tipo abrir e fechar o olho. Reage bem e de modo apropriado é estimulaÄÑo dolorosa. A deglutiÄÑo se faz
normalmente.
 Grau II (coma mÜdio): perda da consciÖncia Ü quase total, estando o paciente com sua perceptividade bastante
reduzida. Responde apenas é estimulaÄÑo dolorosa enÜrgica e o faz desapropriadamente. A deglutiÄÑo Ü feita com
dificuldade. EstÑo preservados os reflexos tendinosos, cutÇneos e pupilar.
 Grau III (coma profundo): perda da consciÖncia Ü completa e o paciente nÑo responde és solicitaÄÅes externas por
mais intensas que sejam. Sua perceptividade Ü igual a zero. Nem o estÉmulo doloroso Ü perceptÉvel. AlÜm disso,
observam-se arreflexia tendinosa, cutÇnea e pupilar, relaxamento completo da musculatura e incontinÖncia
esfinctÜrica.
 Grau IV (coma Depassé): alÜm dos elementos jà referidos ao coma de grau III, aqui hà ainda o comprometimento
das funÄÅes vitais, como parada respiratária (sendo necessària a ventilaÄÑo artificial). è quase sempre um estado
irreversÉvel e o EEG revela silêncio elétrico cerebral.

c) Fala e linguagem: avaliar a presenÄa de alteraÄÅes como: disfonia, distãrbios na fluÖncia da fala (taquilalia,
gagueira), distãrbios fonoarticulatários (como as substituiÄÅes, as adiÄÅes e as omissÅes de fonemas), disartria,
disfasia (de recepÄÑo ou de expressÑo).
 Disfonia ou afonia: alteraÄÑo no timbre da voz causada por problema no árgÑo fonador. Ex: voz rouca,
fanhosa ou bitonal.
 Dislalia: alteraÄÅes menores na fala (comum em crianÄas), como a troca de letras (“casa” por “tasa”).
 Disritmolalia: distãrbios no ritmo da fala, como gagueira e a taquilalia.
 Disartria: alteraÄÅes nos mãsculos da fonaÄÑo, incoordenaÄÑo cerebral (voz arrastada), de hipertonia do
parkinsonismo (voz baixa, monátona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar).
 Disfasia: aparece com completa normalidade do árgÑo fonador e dos mãsculos da fonaÄÑo, mas està
relacionada com uma perturbaÄÑo na elaboraÄÑo cortical da fala. Representa uma descoordenaÄÑo da
fala e incapacidade de dispor as palavras de modo compreensÉvel.
 Disgrafia: perda da capacidade de escrever
 Dislexia: perda da capacidade de ler.
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d) Estado de hidratação: deve-se observar o consumo ou ingesta de água: hidratado, hiperidratado e desidratado.
Deve-se pesquisar ainda a pele, mucosa oral e conjuntiva, diurese, estado geral, sudorese, salivação, fontanelas
(se estiverem fundas, pode indicar desidratação).

e) Estado de nutrição
 Desnutrição, subnutrição, má-nutrição protéica; obesidade;
 Critério de Gómez: déficit de peso em relação ao padrão normal para a idade e o sexo.
 Desnutrição de 1º grau: déficit de peso superior a 10%
 Desnutrição de 2º grau: déficit de peso superior a 25%
 Desnutrição de 3º grau: déficit de peso superior a 40%

f) Desenvolvimento físico: desenvolvimento físico normal, hiperdesenvolvimento, hipodesenvolvimento, hábito


grácil, infantilismo.
 Hábito grácil: constituição corporal frágil e delgada, caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco
desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais.
 Infantilismo: persistência anormal das características infantis na idade adulta.
 Hiperdesenvolvimento: embora confunda-se com gigantismo, não é a mesma coisa. O reconhecimento
do gigantismo (assim como o nanismo) tem a altura como fundamento principal.
 Acromegálicos: são casos de gigantismo que decorrem da hiperfunção da hipófise anterior na
adolescência ou na vida adulta. Além da estatura elevada, apresentam cabeça maior que a média,
mento pronunciante, nariz aumentado, pele grossa, mão e pés enormes.
 Gigantes infantis: resultado de uma hiperfunção de hipófise anterior que tenha começado antes da
soldadura das epífises com o corpo dos ossos longos. Apresentam extremidades inferiores muito longas.
 Anão acondroplásico: desigualdade entre o tamanho da cabeça e do tronco e o comprimento dos
membros. As pernas são curtas e arqueadas. A musculatura é bem desenvolvida, e os órgãos genitais
são normais.
 Cretinos: caracterizado pela falta de desenvolvimento em todas as partes do corpo (cabeça, tronco e
membros), causado pela hipofunção congênita da glândula tireóide. Os cretinos são sempre de baixo
nível mental e chegam, com frequência, à idiotia.
 Anão hipofisário: tem a cabeça e o tronco normalmente proporcionados, mas pequenos. Apresentam
membros desproporcionalmente longos em relação ao corpo.
 Anão raquítico: depende do mau desenvolvimento e deformidades da coluna e dos ossos, destacando
uma escoliose e o encurvamento dos ossos das pernas.

g) Fácies: normal, hipocrática, renal, leonina, adenoideana, parkinsoniana, basedowiana, mixedematosa,


acromegálica, cushingóide, mongolóide, de depressão, pseudobulbar, da paralisia facial periférica, miastênica,
de deficiente mental, etílica, escrerodérmica.

h) Atitude e decúbito
a. Voluntárias: ortopnéia, atitude genupeitoral, atitude de cócoras, atitude parkinsoniana, atitude de
decúbito (lateral, dorsal, ventral, posição antálgica).
b. Involuntárias: atitude passiva, opistótono.

i) Mucosas: coloração (descoramento, cianose, icterícia), umidade e presença de lesões.

j) Pele e fâneros
 Pele: coloração, continuidade ou integridade, umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade,
mobilidade, turgor, sensibilidade e presença de lesões elementares;
 Fâneros: avaliar tipo de implantação, distribuição, quantidade, coloração e outras características, como
brilho, espessura e consistência, dos cabelos; forma, implantação, espessura, superfície, consistência,
brilho e coloração das unhas;

k) Tecido celular subcutâneo e panículo adiposo: distribuição e quantidade.

l) Linfonodos
 Avaliar: localização, tamanho ou volume, consistência, mobilidade, sensibilidade e alterações da pele
circunjacente;
 Avaliar: grupos ganglionares da cabeça e pescoço (submentonianos; submandibulares; amigdalianos;
cervicais superficiais, profundos e posteriores; occipitais, auriculares anteriores e posteriores); axilares e
supratrocleares; inguinais.

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m) Medidas antropométricas: circunferÖncias corporais (craniana, abdominal, quadril), peso e altura, IMC
(peso/alturaê).

Referência de circunferência abdominal


Homens Mulheres
Baixo risco < 94cm <80cm
Médio risco 94 – 102cm 80 – 88cm
Alto risco >102cm >88cm

n) Biótipo: longilÉneo, mediolÉneo, brevelÉneo

o) Sinais vitais: temperatura, pulso, frequÖncia cardÉaca e frequÖncia respiratária.

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2. EXAME FÄSICO DOS APARELHOS

2.1. Exame do Aparelho RespiratÅrio


 InspeÇÉo
o EstÑtica: tipo toràcico (normal, globoso, infundibuliforme, cariniforme, escoliose, cifose, gibosidade);
presenÄa de heteromorfias toràcicas; coloraÄÑo e presenÄa de lesÅes da pele; aspecto das mamas;
presenÄa de nodulaÄÅes; musculatura; presenÄa de vasos (circulaÄÑo colateral); abaulamentos (difusos
ou localizados); retraÄÅes ou deformidades localizadas.
o DinÖmica: expansibilidade, freqçÖncia e ritmo respiratários, tipo respiratário e presenÄa de tiragem.

 PalpaÇÉo: sensibilidade da parede toràcica; tonicidade muscular; expansibilidade; frÖmito táraco-vocal


(FTV); outras estruturas: mamas, pulsaÄÅes visÉveis, abaulamentos, nádulos, edema.

 PercussÉo: tipos de som (atimpÇnico, timpÇnico, submaciÄo, maciÄo).

 Ausculta: avaliar a presenÄa e simetria do murmãrio vesicular e modificaÄÅes patolágicas como: aboliÄÑo,
diminuiÄÑo, substituiÄÑo pela respiraÄÑo bränquica; avaliar a presenÄa de ruÉdos adventÉcios: roncos e
sibilos, estertores finos, estertores grossas, atrito pleural; avaliar a ausculta da voz: broncofonia,
pectoriláquia. Quando a ausculta Ü normal, relata-se: murmãrios vesiculares presentes e audÉveis em ambos
hemitárax; ausÖncia de ruÉdos adventÉcios.

2.2. Exame do Aparelho Cardiovascular


 InspeÇÉo: descrever presenÄa de abaulamentos, retraÄÅes ou deformidades na regiÑo prÜ-cordial;
pulsaÄÅes visÉveis – Ictus cordis (se visÉvel descrever localizaÄÑo), pulsaÄÑo de carátidas ou epigàstrica.

 PalpaÇÉo: Ictus cordis – descrever localizaÄÑo e intensidade – a intensidade Ü definida atravÜs da medida
da àrea do choque de ponta em polpas digitais; presenÄa de frÖmitos na regiÑo prÜ-cordial nÑo relacionados
com os movimentos respiratários – se presentes pesquisar sua irradiaÄÑo.

 PercussÉo: nÑo Ü ãtil para o aparelho cardiovascular.

 Ausculta: descrever ritmicidade (ritmo regular, ritmo de galope, ritmo irregular); frequÖncia cardÉaca –
auscultar por um minuto, preferencialmente no foco mitral; intensidade das bulhas cardÉacas nos quatro
focos principais de ausculta (bulhas normo, hiper ou hipofonÜticas); desdobramentos ou presenÄa de 3í ou
4í bulha; presenÄa ou ausÖncia de sopros – se presente, localizar em que foco Ü mais audÉvel e em seguida
se Ü sistálico ou diastálico; tipo de sopro – em crescendo, decrescendo ou crescendo-decrescendo, pan
sistálico ou diastálico, presenÄa de cliques ou estalidos de abertura. Quando a ausculta cardÉaca Ü normal,
relata-se: bulhas cardÉacas normofonÜticas; ritmo cardÉaco regular em 2 tempos.

2.3. Exame do Abdome


 Ausculta: presenÄa dos ruÉdos hidroaÜreos e sua frequÖncia.

 InspeÇÉo: descrever tipo de abdome (plano, globoso, escavado); simetria; coloraÄÑo; presenÄa de
abaulamentos ou retraÄÅes; cicatriz umbilical; presenÄa de circulaÄÑo colateral ou aranhas vasculares.

 PalpaÇÉo
Superficial – tensÑo; sensibilidade da parede abdominal, presenÄa de nodulaÄÅes; a musculatura
abdominal; presenÄa de herniaÄÅes.
Profunda – palpaÄÑo das vÉsceras abdominais; pesquisa de massas palpàveis; palpaÄÑo do fÉgado – se
palpàvel, descrever localizaÄÑo em relaÄÑo ao rebordo costal direito, sensibilidade, consistÖncia,
superfÉcie, borda; presenÄa de nodulaÄÅes hepàticas; vesÉcula biliar; baÄo – se palpàvel, descrever
localizaÄÑo em relaÄÑo ao rebordo costal esquerdo; sensibilidade, consistÖncia, superfÉcie. Pesquisa dos
sinais:
 Sinal de Murphy  Manobra de Valsalva
 Sinal de Blumberg  Piparote
 Sinal de Rowsing  Sinal de Torres-Homem

 PercussÉo: som timpÇnico – pode estar diminuÉdo ou aumentado.

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