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Caroline Frucci e Natalia Fortes - Turma LII

MEDICINA ITAJUBÁ

osce clínica cirúrgica


Temas
Síndromes gástricas com abordagem cirúrgica
Síndromes hepáticas com abordagem cirúrgica
Síndromes das vias biliares com abordagem cirúrgica
Síndromes pancreáticas com abordagem cirúrgica
Síndromes colônicas com abordagem cirúrgica
Afecções da parede abdominal
Abdome agudo inflamatório
Abdome agudo obstrutivo


Abdome agudo vascular (isquêmico e hemorrágico)

Síndromes gástricas com abordagem cirúrgica


Qual a hipótese diagnóstica?
Hemorragia digestiva alta HDA
Sangramento gastrointestinal com origem proximal ao ângulo de Treitz na junção duodenojejunal (esôfago, estômago, duodeno e vias
hepatobiliares).

Quais exames devem ser solicitados?


- Hemograma
- Coagulograma
- TGO, TGP
- Razão Uréia, creatinina >100
- Tipagem sanguínea e prova cruzada
- Endoscopia (após estabilização) de 12h a 24h - métodos térmicos para induzir cauterização (sondas aquecedoras), clipes
mecânicos - se falha na primeira EDA, realizar segunda tentativa (método endoscópico diferente do anterior).
- TC com contraste
- Teste da urease

Qual a causa?
Etiologias
- Úlceras 50%
- Varizes 20%
- Mallory Weiss
- Esofagíte
- Neoplasia
- Ectasias

Varicosa: Tem como causa a ruptura de varizes de esôfago ou estômago, as quais aparecem, na maioria das vezes, por uma doença de fígado
crônica (cirrose por vírus B, C, doença alcoólica e esteatose hepática)

Não varicosa: Deve-se a úlceras no estômago e duodeno, ou por outras causas como esofagites, gastrites,lesões vasculares e doenças
malignas (câncer).

Fatores de risco
- Idade avançada
- Comorbidades
- Sangramentos anteriores
- Medicamentos: AINES, ISRS

Quais os diagnósticos diferenciais?


Esôfago
- Mallory Weiss
- Úlceras de Cameron
- Varizes esofágicas
- Tumores esofágicos

Estômago
- Doença ulcerosa péptica
- Tumores gástricos
Caroline Frucci e Natalia Fortes - Turma LII
MEDICINA ITAJUBÁ
- Varizes do fundo gástrico
- Lesão de Dieulafoy

Duodeno
- HDA típica

Vias hepatobiliares
- Hemobilia
- Trauma abdominal
- Hemosuccus pancreaticus

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Clínica
- Hematêmese
- Melena
- Enterorragia (muito sangue)
- Hematoquezia (pouco sangue)
- Epigastralgia
- Disfagia
- Odinofagia
- Pirose
- Sintomas de hipotensão postural
- Anemia (normocítica se sangramento agudo - anemia dilucional)

Anamnese
- Doenças prévias? Já teve varizes, úlceras, malignidade
- Náuseas e vômitos
- Melena
- Hematoquezia
- Alteração dieta - Bebidas vermelhas, gelatinas, corantes - podem interpretar como hematêmese.
- Sintomas constitucionais - Tumores do TGI superior podem estar associados a perda de peso involuntária + sudorese
- Medicamentos em uso - Aspirina, anti inflamatórios, antiplaquetários, anticoagulantes
- História de alcoolismo ou doença hepática crônica
- História social - H.pylori, esquistossomos

Exame físico
- Inspeção de via aérea
- Hipotensão supina e ortostática (>40% sangramento)
- Toque retal
- Palpação abdominal (inspeção, percussão, palpação e ausculta)
- Sinais de hipertensão portal
- Sinais de anemia
- Sinais de choque (TEC aumentado, pulso fino, pele pegajosa)

OBS: O sintoma costuma estar relacionado com a etiologia


- Úlcera péptica - Dor abdominal
- Úlcera esofageana - Odinofagia, DRGE, disfagia
- Mallory Weiss - Vômito, tosse prévia
- Varizes - Icterícia, ascite
- Malignidade - Disfagia, saciedade precoce, perda ponderal

Qual o tratamento?
Geral:
- Dieta zero
- Estabilização clínica - Sala de emergência + MOV ABCD + Reposição volêmica 2L cristalóide (SF ou RL), 2 acessos periféricos
calibrosos + O2 suplementar.
- IBP EV (dose de ataque + dose de manutenção)
- Avaliar necessidade de: Hemoconcentrado (se Hb<7), Plasma fresco (se sangramento ativo + plaquetas <50000) e IOT (se RNC).
- HDA Varicoso: Antibiótico (ceftriaxona), Terlipressina, Octreotida, na EDA (ligadura elástica - esofágica, ou terapia com
cianocrilato - gástrica); sem resolução na EDA - Shunt Portossistêmico Intra Hepático Transjugular - até ser realizado
instala-se balão de Sengstaken-Blakemore (no máximo 24 horas). Beta bloqueador (propranolol)
- HDA Não Varicoso: IBPs (omeprazol, pantoprazol, lansoprazol), erradicação do H.pylori se teste da urease +, na EDA
(adrenalina, clipe mecânico, argônio (térmico), se não resolução - CIRURGIA
- Cirurgia: Úlcera gástrica com sangramento com possível malignidade - Excisão da úlcera ou gastrectomia. Em outros casos, ligadura
do vaso seguido de vagotomia e piloroplastia.

Caroline Frucci e Natalia Fortes - Turma LII
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Síndromes hepáticas com abordagem cirúrgica


Qual a hipótese diagnóstica?
Cirrose
Estágio final de um processo crônico de agressão ao fígado e caracteriza-se pela substituição de tecido hepático normal por tecido fibroso e
nódulos regenerativos.

Quais exames devem ser solicitados?


Diagnóstico
- Clínico

Avaliação laboratorial
- Gasometria arterial com lactato
- Ureia, creatinina
- Sódio, potássio
- Bilirrubina
- TP com INR
- Hemograma com plaquetas
- Coagulograma
- Albumina
- TGO, TGP
- FA e GGT
- Glicose sérica
- Testes sorológicos
- Diminuição do SHBG: Aumento do estrogênio – telangiectasia, ginecomastia, atrofia testicular, eritema palmar

Exames de imagem
- Não têm alta especificidade ou sensibilidade para o diagnóstico em si, mas detectam suas complicações
- USG, EDA, TC, RM, EEG

Biópsia hepática
- Se os critérios clínicos e os testes não invasivos forem inconclusivos, a biópsia hepática deve ser realizada;
- Apresenta uma sensibilidade de aproximadamente 100%.

Qual a causa?
Etiologia
- Hepatite viral crônica (B e C);
- Hepatopatia alcoólica;
- Esteatose hepatite não alcoólica;
- Hepatite autoimune;
- Hemocromatose;
- Doenças biliares;
- Colangite esclerosante;
- Cirrose biliar primária;
- Doença de Wilson;
- Doença celíaca;
- Deficiência de alfa-1 antitripsina;
- Doença hepática policística;
- Insuficiência cardíaca direita;
- Doença venoclusiva;
- Infecções e parasitoses (ex.: sífilis, esquistossomose);
- Hepatopatia medicamentosa (ex.: isoniazida, metotrexate);
- Doença hepáticas primárias (fibrose portal idiopática, doença hepática granulomatosa)

Fatores de risco
- História familiar
- Etilismo
- Hiperlipidemia, diabetes e obesidade
- Transfusão sanguínea (hepatites B e C)
- Doenças autoimunes
- Medicações e toxinas
- Uso de drogas

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Fibrose hepática congênita
- Hiperplasia regenerativa nodular
- Hipertensão portal sem cirrose
- Neoplasia
- Síndrome nefrótica
Caroline Frucci e Natalia Fortes - Turma LII
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O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Avaliação clínica inicial
- Anamnese para identificar os fatores de risco
- Avaliar grau de insuficiência hepática pelas classificações Child-Pugh e MELD

Clínica
- Icterícia
- Ascite
- Circulação colateral proeminente (circulação em cabeça de medusa)
- Edema de membros inferiores
- Hipotensão
- Teleangiectasias
- Ginecomastia e atrofia testicular nos homens,
- Eritema palmar
- Contratura de Dupuytren (atrofia da fáscia palmar)
- Baqueteamento digital
- Osteoartropatia hipertrófica
- Distrofia ungueal
- Flapping ( (movimentos assincrônicos das mãos)

Compensada: fase inicial; nela o paciente pode se apresentar assintomático ou com sintomas inespecíficos, como fadiga, perda de peso,
fraqueza e anorexia.

Descompensada: paciente pode apresentar icterícia, prurido, ascite (manifestação mais comum de descompensação), edema de membros
inferiores, diarreia, sangramento gastrintestinal (hematêmese, hematoquezia, melena), confusão mental, entre outros.

Exame físico
- Abdome globoso
- Manobras de Piparote
- Curva de macicez e macicez móvel
- Semicírculos de Skoda

Complicações
- SRIS: síndrome da resposta inflamatória sistêmica.
- Hipertensão Portal
- Insuficiência hepática
- Ascite
- Peritonite Bacteriana Aguda
- Encefalopatia Hepática
- Coagulopatia
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Hipertensão Portal
Ocorre devido a formação de fibrose, nódulos e capilarização dos sinusóides, pela cirrose, resultando no aumento da resistência vascular.

Insuficiência hepática
Com o evoluir da cirrose e da perda de hepatócitos funcionantes, algumas funções do fígado podem ficar comprometidas, gerando redução na
formação de algumas proteínas, neutralização de toxinas e a destruição de bactérias e produtos bacterianos provenientes dos intestinos.

Ascite
Acúmulo anormal de líquido rico em proteínas no interior do abdômen superior a 1.500 mL, causando desconforto abdominal + edema de
membros inferiores (MMII) + redução do débito urinário. Geralmente tem caráter progressivo, podendo levar à distensão abdominal e à
restrição ventilatória.

Peritonite Bacteriana Aguda


Infecção frequente em pacientes com cirrose hepática. Acredita-se que um paciente imunodebilitado, com alterações da motilidade gástrica,
associado ao supercrescimento bacteriano intestinal, têm maior risco de translocação bacteriana, que levam ao desenvolvimento da infecção
peritoneal. > 250 neutrófilos/mm3 ou por cultura positiva. Pode causar febre + sinais peritoneais + deterioração clinica.

Encefalopatia Hepática
Complicação neurológica que ocorre em pacientes portadores de disfunção hepática grave, está relacionada à falha de detoxificação de
metabólitos, principalmente a amônia, provenientes do intestino, atribuídos à presença de insuficiência hepática e de shunts portossistêmicos.

Quais os tratamentos?
- Estabilização clínica + Tratar causa base (Prevenir a descompensação, através do tratamento da doença hepática de base, da
suspensão dos fatores agravantes da doença hepática e do rastreamento de varizes e de carcinoma hepatocelular)
- Fazer vacinação para hepatite A e B
- Cuidados gerais e nutricionais: abstinência do álcool, dieta equilibrada, exercício físico moderado
- O transplante hepático é o único tratamento definitivo - TIPS não é um tratamento definitivo, é apenas uma “ponte” para
realização do transplante hepático (diminui a hipertensão portal)
- Tratar complicações
➔ Ascite: paracentese de alívio (grande acúmulo de líquido) + diuréticos furosemida e/ou espironolactona (perda de
peso inadequada ou hipercalemia + restrição de sódio
➔ PBE: Antibioticoterapia empírica para prevenção + Albumina no primeiro e terceiro dia para reduzir o risco de
síndrome hepatorrenal
➔ Encefalopatia hepática: Lactulose
- Colchicina - Melhora a bioquímica hepática
- Interferon - Imunorreguladores
- Infusão de octreotide (sangramento de varizes)
- Betabloqueador (Propranolol) - Reduz hipertensão portal, diminuindo risco de varizes, hemorragia varicosa e ascite.
- Ligadura elástica fica reservada àqueles que apresentam intolerância ou contraindicação aos betabloqueadores.

Síndromes das vias biliares com abordagem cirúrgica


Conceitos importantes

Colelitíase: Pedra na vesícula que gera cólica biliar.
Colecistite: Inflamação da vesícula por impactação do cálculo no ducto cístico.
Colangite: Ocorre quando o cálculo vai para o ducto colédoco e gera inflamação.
Coledocolitíase: Ocorre quando impacta o cálculo na papila de vater.
Caroline Frucci e Natalia Fortes - Turma LII
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Qual a hipótese diagnóstica?


Colangite
Infecção da árvore biliar.

Quais exames devem ser solicitados?


Laboratorial
- Hemograma completo → Leucocitose
- Ureia/ Creatinina
- Funçao hepática e Enzimas canaliculares (FA, GGT, TGO, TGP, Bilirrubina, Amilase)
- Gasometria arterial
- PCR
- Eletrólitos
- Hemoculturas
- Coagulograma

Imagem
- Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) - observação direta do cálculo do ducto biliar ou outra obstrução
- USG transabdominal - Ducto biliar dilatado, calculos no ducto colédoco
- TC do abdome com contraste intravenoso - dilatação do ducto com possível etiologia de colangite (massa, coledocolitíase)
- Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) - massa comprimindo a árvore biliar, estenose ou coledocolitíase
- Colangiografia trans-hepática percutânea (CTP) - cálculos no ducto biliar ou outras obstruções
- Cirurgia/laparotomia com exploração do ducto colédoco - identificação visual da obstrução
- Ultrassonografia endoscópica (USE)

Qual a causa?
Fatores de Risco
- idade >50 anos
- colelitíase
- estenose benigna/maligna
- lesão do ducto biliar pós-procedimento
- história de colangite esclerosante primária
- história de colangite esclerosante secundária
- Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

Etiologia
- Colelitíase
- CPRE prévia
- Lesão iatrogênica do ducto biliar
- Pancreatite crônica
- lesão biliar induzida por radiação
- lesão biliar como complicação de quimioterapia sistêmica
- pancreatite aguda
- Parasitas no ducto biliar
- fibrose em músculo papilar
- adenopatia
- síndrome Sump
- tumores biliares primários
- câncer da vesícula biliar primário
- câncer ampular, câncer de pâncreas
- câncer do intestino delgado primário

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Colecistite aguda
- Úlcera péptica
- Pancreatite aguda
- Abscesso hepático
- Pielonefrite aguda
- Apendicite aguda
- Pneumonia lobar inferior direita
- Síndrome HELLP de pré eclâmpsia

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Diagnóstico/Clínica
- Presença de fatores de risco
- Dor no quadrante superior direito/dor na parte superior do abdômen
- Sensibilidade no quadrante superior direito/na parte superior do abdome
- Icterícia
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- Febre
- Taquicardia
- Taquipneia
- Fezes acólicas
- Prurido
- Hipotensão
- Alterações do estado mental
- Sepse
- Síndrome colestática: Icterícia + Acolia fecal + colúria
- Tríade de Charcot: Febre + Dor abdominal + Icterícia → SEPSE ↓
- Penta de Reynolds: Febre + Dor abdominal + Icterícia + Hipotensão + RNC

Exame físico
- Anamnese
- Exame físico do abdômen
- Sinal de Murphy +: Interrupção súbita da inspiração profunda durante a compressão do ponto cístico (ângulo formado pela linha
hemiclavicular com o rebordo costal direito)

Quais os tratamentos?
- Tratamento com antibióticos e estabilização clínica - intravenosa de amplo espectro - Ceftriaxona + Metronidazol
- Descompressão biliar: não cirúrgica
➔ Instáveis - nas 12 a 24 primeiras horas; Estáveis - em 24 a 48h
➔ CPRE com ou sem esfincterotomia e colocação de stent de drenagem - PADRÃO OURO
➔ Inserção de cateter nasobiliar com descompressão por aspiração
➔ Litotripsia - Pedras grandes e de difícil remoção
➔ Colangiografia trans-hepática percutânea (CTP) - Pacientes com bypass ou falha na CPRE
- Descompressão biliar: cirurgia
➔ Coledocotomia com colocação de tubo-T
➔ Colecistectomia com exploração do ducto colédoco.
- Analgésicos opióides - Morfina


- Colangite esclerosante primária requer encaminhamento para acompanhamento médico/cuidados cirúrgicos.

Síndromes pancreáticas com abordagem cirúrgica


(Pancreatite aguda)
Qual a hipótese diagnóstica?
Pancreatite aguda

Quais exames devem ser solicitados?


Exames Laboratoriais
- Lipase e amilase séricas (3x o limite superior da faixa normal)
- Aspartato aminotransferase/alanina aminotransferase (se >3x o limite superior do normal, prevê a ocorrência de litíase biliar como
etiologia em 95% dos casos)
- Hemograma completo e diferencial (presença de leucocitose)
- PCR (se >1429 nmol/L (>150 mg/ L), está associada com necrose pancreática)
- Hematócritos (se >44% na hospitalização, é preditor de necrose pancreática)
- Gasometria arterial (hipoxemia e transtornos no equilíbrio ácido-básico )

Exames de Imagem
- Rx de abdome - anormal em dois terços dos pacientes
- TC abdominal - não é indicada nas primeiras 48 horas após o diagnóstico - sensibilidade de 90% e especificidade de 100%
- Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM)
- Ultrassonografia endoscópica (USE)
- Rx tórax - atelectasia e derrame pleural
- Ultrassonografia transabdominal → escolha se a etiologia suspeita for biliar

Qual a causa?
Fatores de Risco
- Mulheres de meia-idade (entre 50 e 70 anos de idade);
- Homens jovens e de meia-idade;
- Cálculos biliares;
- Bebidas alcoólicas;
- Hipertrigliceridemia;
- Uso de medicamentos causadores (Azatioprina, diuréticos tiazídicos, furosemidas, sulfonamidas, tetraciclinas, estrogênios);
- CPRE;
- Lúpus eritematoso sistêmico;
- Trauma;
- Síndrome de Sjögren.
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Etiologia
- Etilismo (causa mundial mais comum)
- Colelitíase;
- Hipertrigliceridemia
- Hipercalcemia
- Malignidade pancreática
- Pós-colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE)
- Trauma
- Infecções (caxumba, micoplasma, vírus Epstein-Barr, Ascaris lumbricoides, coinfecções relacionadas ao HIV)
- Medicamentos
- Condições autoimunes
- Pâncreas divisum
- Neoplasia mucinosa papilar intraductal
- Disfunção do esfíncter de Oddi
- Hereditariedade
- Pancreatite aguda autoimune esclerosante (relacionada à imunoglobulina G4)

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Úlcera péptica
- Víscera perfurada
- Espasmo esofágico
- Obstrução intestinal
- Aneurisma da aorta abdominal
- Colangite
- Coledocolitíase
- Colecistite
- Gastroenterite viral
- Hepatite
- Isquemia mesentérica
- Infarto do miocárdio

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Diagnóstico
- O diagnóstico da pancreatite é sempre de exclusão
- Anamnese (5F's": gordura (fat), quinta década de vida (forties), sexo feminino (female), fertilidade (fertility) e história na
família (family history) + exame físico - 2 dos 3 critérios a seguir devem ser atendidos para seu diagnóstico
➔ História clínica (dor na parte superior do abdome)
➔ Amilase ou lipase sérica elevada (>3 o limite superior do normal)
➔ Estudo de imagem (TC, RM, USG) consistente com pancreatite aguda.

Clínica
- Dor abdominal na região epigástrica média ou no quadrante superior esquerdo que irradia para as costas
- Abdômen sensível e distendido com defesa voluntária à palpação do abdome superior.
- Náuseas e vômitos
- Anorexia

Exame físico
- Sinais de hipovolemia
- Sinal de Grey-Turner (incomum): Descoloração azul bilateral do flanco indicando pancreatite hemorrágica.
- Sinal de Cullen (incomum): Descoloração azul periumbilical indicando pancreatite hemorrágica.
- Sinal de Fox (incomum): Equimose ao longo da área do ligamento inguinal.
- Sinal de Chvostek (incomum): Espasmo muscular facial decorrente de percussão do nervo facial.

Quais os tratamentos?
- Ressuscitação inicial (reposição volêmica - ringer lactato ou soro, reposição de cálcio e magnésio - se diminuído, analgesia,
antiemético, O2 suplementar e insulina - se glicose < 150 mg/dL.
- Antibioticoterapia;
- Tratar a causa: se biliar (colecistectomia, CPRE, se alcoólica (cessação, tiamina, ácido fólico)
- Pancreatite aguda grave - Monitorização de débito urinário por cateterismo
- Orientações gerais MEV para os pacientes antes da alta hospitalar
- Nutrição:
➔ Forma leve: o paciente deve permanecer em dieta zero até melhora do quadro clínico e até que haja peristalse audível. Só é
possível reinserir a dieta via oral após 3-5 dias de evolução.
➔ Forma grave: o paciente vai permanecer em dieta zero até melhora do quadro, sendo a nutrição enteral jejunal a mais indicada
atualmente.

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Síndromes colônicas com abordagem cirúrgica


Qual a hipótese diagnóstica?
Hemorragia digestiva baixa HDB
Sangramento após o ângulo de Treitz. Pode ser um sangramento intenso, agudo ou crônico.

Quais exames devem ser solicitados?


- Pacientes que chegam em estado grave: Hemograma completo (com atenção especial ao hematócrito, contagem leucocitária e
contagem plaquetária). Tempo de protrombina e tempo de tromboplastina também são medidos.
- Pacientes com sangramento agudo, sangramento ativo e contínuo ou sangramento intenso: requerem exame de tipo
sanguíneo e prova cruzada.
- Pacientes com doença inflamatória intestinal: VHS e PCR podem estar elevadas.
- Pacientes com hematoquezia: estudos de fezes, como leucócitos nas fezes, coprocultura e exame microscópico para ovos e
parasitas associada à diarreia aguda.
- Anuscopia
- Colonoscopia: é o procedimento de imagem inicial em todos os pacientes com suspeita de hemorragia digestiva baixa, nos quais foi
excluída a origem anorretal ou do trato gastrointestinal superior. A colonoscopia pode localizar a origem do sangramento, e
também oferece intervenções terapêuticas possíveis.
- Imagem com radionuclídeos: em pacientes com uma colonoscopia normal, endoscopia digestiva alta (EDA) e sangramento
persistente. Pode ser realizada antes da angiografia
- Angiografia: é realizada em pacientes com sangramento gastrointestinal persistente com colonoscopia negativa ou em pacientes
que não podem se submeter à endoscopia. A angiografia requer sangramento ativo para que o local de sangramento seja
visualizado. Ela tem a vantagem de localização precisa de um local com sangramento de progressão rápida e também
oferece opções terapêuticas possíveis. As desvantagens incluem o risco possível de complicações como insuficiência renal,
trombose arterial e reações a contraste.
- TC abdominal
- Endoscopia digestiva alta (EDA): descartar o trato gastrointestinal superior como origem do sangramento. A lavagem e aspirado
nasogástrico podem ser úteis quando houver suspeita moderada de hemorragia digestiva alta. Uma lavagem nasogástrica negativa
tem um valor preditivo negativo de 64% para hemorragia digestiva alta.
- Marcadores sorológicos

Qual a causa?
Anatômicas
- Doença diverticular
- Divertículo de Meckel

Vascular
- Angiodisplasia de cólon
- Colite isquêmica
- Radioterapia
- Lesão de Dieulafoy
- Fístula aorto entérica
- Vasculares
- Telangiectásico
- Síndrome do nevo em bolha de borracha azul

Inflamatória
- Doença inflamatória intestinal (colite ulcerativa, doença de chron)

Infecciosa
- Qualquer tipo de colite infecciosa

Neoplásica
- Câncer colorretal
- Pólipos do cólon
- Câncer anal

Anorretal
- Hemorroida interna
- Úlcera retal solitária
- Varizes retais
- Fissuras anais

Diversas
- Pós polipectomia
- Colopatia por AINES
- Distúrbios do tecido elástico
- HDA
- Endometriose
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- Biópsia de próstata

Fatores de risco
- Instabilidade hemodinâmica
- Comorbidades graves
- Sangramento persistente
- Transfusões sanguíneas - >2U alerta, >6U sem resolução espontânea, >10U sangramento maciço

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Doença diverticular
- Angiodisplasia do cólon
- Colite isquêmica
- Doença de Crohn
- Colite ulcerativa
- Colite infecciosa
- Câncer colorretal
- Hemorroidas internas
- Fissura anal
- Pólipos cólicos

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Clínica comum
- Hematoquezia - vermelho vivo, coágulos, vermelho marrom
- Enterorragia (evacuar sangue)
- Tontura ou síncope
- Dor abdominal
- Constipação
- Dor retal
- Anemia (crônico)

Clínica grave
- PA sistólica < 115 mmHg
- FC > 70 bpm
- Síncope
- Sangramento pelo reto por mais de 4h
- Uso de aspirina
- Mais de 2 comorbidades Índice de choque ≥ 1
- Colite isquêmica - dor abdominal, Hematoquezia, ausência do RHA, sinais peritoneais - perfuração ou infarto transmural

Anamnese e Exame físico


- Anamnese idade do paciente, tempo de sangramento, coloração do sangue, hemorróidas, comorbidades (DII), uso de
medicações, uso recente de antibióticos e viagem recente.
- Avaliação dos sinais vitais: Avaliação da hipotensão postural. A presença de instabilidade hemodinâmica sugere sangramento
intenso. Pode haver febre baixa em pacientes com colite infecciosa ou doença inflamatória intestinal.
- Palpação do abdome: usada para avaliar a sensibilidade, a hepatomegalia ou as massas abdominais. A hepatomegalia ou as
massas abdominais requerem avaliação de câncer colorretal como a origem do sangramento.
- Exame retal: excluir uma massa retal palpável. Se houver suspeita de fissura anal e o exame retal for muito doloroso, deve-se
considerar o exame sob anestesia. A cor das fezes pode sugerir o local do sangramento.

Quais os tratamentos?
- A prioridade é a estabilização hemodinâmica do paciente nos pacientes com sangramento agudo.
- Sangramento ativo e coagulopatia (RNI > 1,5) e/ou plaquetas < 50.000/mm3, devem receber plasma fresco congelado e/ou
plaquetas. De modo geral, objetiva-se manter Hb > 7 mg/dL. Hemotransfusões acima de > 10 U de concentrados de hemácia,
devem ser repostos também plasma fresco, plaquetas e cálcio.
- Colonoscopia: Eletrocoagulação, soluções esclerosantes e lazer no vaso sangrante.
- Angiografia: Vasoconstrictores e embolização.
- Ressecção cirúrgica:
➔ Nos casos de instabilidade hemodinâmica
➔ Sangramento persistente > 72h
➔ Ressangramento volumoso com < 1 semana
➔ Necessidade de > 6 U de concentrado de hemácias
➔ Nos casos em que o local do sangramento é oculto ou possui fontes colônicas bilaterais e difusas, é necessário realizar
colectomia subtotal com ileorretoanastomose ou ileostomia.

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Afecções da parede abdominal


Protrusão anormal de um saco com revestimento peritoneal em uma abertura congênita ou adquirida na parede abdominal.
Homem: Funículo espermático
Mulher: Ligamento redondo

Qual a hipótese diagnóstica?


Hérnia inguinal
Tipo mais comum de hérnia.
É mais comum à direita (60%), seguida da esquerda (30%) e da bilateral (10%).

Tipos
- Indireta (mais comum): há protrusão do conteúdo abdominal pela abertura do anel inguinal interno
- Direta: o abaulamento ocorre pela fraqueza da parede posterior
- Mista: ambos os componentes.

Quais exames devem ser solicitados?


Diagnóstico
- Clínico
- Exames complementares de imagem - casos de incerteza diagnóstica, pacientes obesos.
- USG - investigação inicial se necessário
- TC da virilha - suspeita forte e USG negativo
- Herniorrafia - raramente é feito
- RNM - hérnia indeterminada

Qual a causa?
Fatores de risco
- Defeito estrutural
- História familiar
- Sexo masculino
- Idade avançada (70-80 anos)
- Tabagismo
- Doenças colagenosas - Manipulação prévia
- Aumento da pressão abdominal - DPOC, tosse, ascite, aneurisma de aorta, hiperplasia prostática benigna
- Protéticos
- Obesidade - fator protetor

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Neoplasia benigna/maligna
- Linfadenopatia
- Hidrocele
- Orquite
- Testículo não descido
- Aneurisma femoral
- Abscesso do psoas
- Varizes da veia safena
- Adenomegalia inguinal

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Clínica
As hérnias inguinais têm 4 apresentações básicas:
- Abaulamento ou edema assintomático da virilha
- Abaulamento ou edema sintomático da virilha
- Edema inguinoescrotal
- Abdome agudo (raro)
- Dor associada a uma hérnia só é sentida quando a hérnia apresenta um abaulamento, diferentemente da dor de uma lesão da virilha,
que é contínua, agravada pelo movimento e não associada a um abaulamento.

Exame físico
- Manobra de Valsalva (apnéia em expiração forçada)
- Manobra de Landivar para diagnóstico diferencial de hérnia direta e indireta;

Como realizar o exame:


1. O examinador coloca o índex a meia distância entre o tubérculo púbico e a espinha ilíaca ântero-superior, onde vai detectar
o anel inguinal profundo como uma pequena depressão na pele.
2. Na manobra de Landivar: coloca-se o dedo na região do anel inguinal interno a fim de ocluir essa região, e pede para o paciente
realizar a manobra de Valsalva. Como a hérnia indireta passa pela região do anel inguinal interno, se obstruirmos esse local, não
haverá abaulamento. Porém, como a hérnia direta passa pela parede posterior do anel inguinal interno e não dentro dele, ao ocluir
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essa região haverá um abaulamento. Ao ocluir a região, se houver abaulamento (DIRETA), se não houver abaulamento
(INDIRETA)
3. Se a hérnia for direta, haverá protrusão durante a manobra de Valsalva, mesmo que o dedo do examinador esteja fechando o
anel interno. Essa hérnia destrói diretamente a parede posterior e não passa pelo anel interno.
4. Palpação do anel inguinal externo: introduz o dedo no anel inguinal externo que é palpado através da bolsa escrotal, introduzimos
o dedo indicador na porção mais inferior da bolsa escrotal e invaginamos o saco herniário para o interior do canal inguinal, até
encontrarmos o orifício inguinal externo, solicita-se a manobra de Valsalva, se o conteúdo bater na ponta de seu dedo a hérnia é
indireta, e se sentir na polpa digital a hérnia é direta.
5. Esses exames não mudam a conduta - pois o tratamento é cirúrgico.

- Quando o conteúdo herniado não é passível de redução espontânea ou manual (geralmente bastante dolorosos) - encarcerada.
Com o tempo, o conteúdo herniado pode apresentar sofrimento vascular - estrangulada.
- A presença de sinais flogísticos depende da duração do quadro.
- Pode causar abdome agudo obstrutivo.

OBS: Para distinguir as hérnias, convém lembrar-se de que, no trígono de Hesselbach, as hérnias são diretas (medial aos vasos); No
trígono de Hessert, são indiretas (lateral aos vasos).

Exame físico
- Posição supina e Ortostática
- Inspeção - estática e dinâmica (manobra valsalva, tosse e esforço)
- Palpação dos anéis inguinais e herniário - manobra de landivar e anel hereditário (Localizado ao colocar o dedo na espinha
ilíaca anterosuperior e o polegar sobre o ponto que fica ao meio (entre espinha e púbis)
- Conteúdo - redutível (Conteúdo pode exteriorizar-se e retornar ao compartimento abdominal pelo anel herniário),
irredutível/encarcerada (Conteúdo herniário está preso ao anel herniário, impossibilitando o retorno, Pode cronificar (hérnia
cronicamente habitada) e estrangulada (Conteúdo preso ao saco herniário, comprometendo a circulação sanguínea no local e
levando a necrose do órgão ou tecido)

Quais os tratamentos?
- Hérnia diagnosticada é hérnia operada! - Exceto na presença de comorbidades importantes (devido ao risco de encarceramento).
- Hernioplastia: O tratamento cirúrgico visa restabelecer a anatomia da região inguinal após a correção da hérnia.
- Hérnia redutível - procedimento eletivo
- Hérnia encarcerada - manobra de Taxe (tentar reduzir manualmente), se falha - Cirurgia de urgência
- Hérnia estrangulada (dor, sinais flogísticos) - cirurgia de emergência - isquemia
- Hérnia habitada - cirurgia eletiva
Tipos
- Bassini (sutura do tendão conjunto no ligamento inguinal, apresenta alta recidiva), Shouldice (fechamento por 4 planos com linhas
de sutura contínuas superpostas), McVay: técnicas com tensão.
- Lichtenstein (colocação de tela sobre a parede posterior do canal inguinal): técnica sem tensão - PADRÃO OURO.
- Stopp (colocação de tela),
- Videolaparoscópica TEP- extraperitoneal total - não há contato com as vísceras intraperitoneais, é utilizado um endoscópio com
balão, ao ganhar espaço extraperitoneal é inserido a tela
- TAPP - pré peritoneal): acesso trans ou extraperitoneal - há contato com as vísceras intraperitoneais, mas também colocado no


espaço extraperitoneal

Abdome agudo inflamatório


Qual a hipótese diagnóstica?
Apendicite
Inflamação aguda do apêndice vermiforme provavelmente por obstrução do lúmen.

Quais exames devem ser solicitados?


Diagnóstico
- Clínico
- Escore de alvarado: O índice baseia-se nas características clínicas dos pacientes. Quanto mais alto o índice, com um
máximo de 10, maior a chance de ter apendicite aguda.
➔ Sintomas: Migração da dor +1/Anorexia +1/ Náuseas e/ou Vômitos+1
➔ Sinais: Defesa da parede no QID do abdome +2/ Dor à descompressão +1/ Elevação da temperatura +1
➔ Laboratório: Leucocitose +2/ Desvio à esquerda +1 ponto
➔ 8,9,10 - Muito provável ser apendicite
➔ 5,6,7 - provável (pedir exames complementares)
➔ <5 - pouco provável

Laboratorial:
- EAS (pode aparecer piúria e leucocitose)
- Hemograma completo
- BHcG (mulheres em idade fértil)
- PCR
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Imagem
- USG
- TC com contraste
- RX
- RM.
- Alterações: Diâmetro >6/7mm, incompreensível, parede espessada >2/3mm, densificação da gordura periapendicular, líquido livre,
visualização de apendicolito

Qual a causa?
- Fecalito
- Fezes normais
- Agentes infecciosos
- Hiperplasia linfóide
- Parasitoses
- Tumor

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Adenite mesentérica aguda
- Gastroenterite viral
- Diverticulite de Meckel
- Intussuscepção
- Doença de Crohn
- Úlcera péptica
- Cálculo ureteral à direita
- Colecistite
- ITU
- Peritonite primária
- Hepatite
- Pancreatite
- Diverticulite - Classificação de Hinchey
- Linfadenite Mesentérica

Em mulheres:
- Doença inflamatória pélvica (DIP)
- Folículo de Graaf roto (Mittelschmerz)
- Torção ovariana
- Gravidez ectópica
- Endometriose

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Anamnese:
- Mais prevalente na segunda década
- Considerar em todas as idades que tiver o apêndice
- Ocorre na adolescência até os 50 aproximadamente
- Paciente tabagista? Etilista?
- Cirurgias prévias?
- História familiar
- Hábito alimentar
- Característica da dor: Periumbilical, migra para fossa ilíaca direita, aguda, alta intensidade sem resposta a analgesia, varia com
anatomia do apêndice, as vezes é inespecífica, após o a dor ou sintomas urinários o paciente cursa com vômito, náuseas, anorexia,
febre baixa e diarreia (fáceis de dor)
Clínica
- Dor abdominal - periumbilical que migra para fossa ilíaca direita
- Anorexia
- Náusea e vômito
- Febre
- Diarreia
- Tenesmo
- Disúria
- Um apêndice retrocecal pode causar dor no flanco ou nas costas
- Um apêndice retroileal pode causar dor nos testículos, devido à irritação da artéria espermática ou do ureter
- Um apêndice pélvico pode causar dor suprapúbica
- Um apêndice longo com inflamação na ponta localizado no quadrante inferior esquerdo pode causar dor na região deste último.

Exame físico:
- Ruídos hidroaéreos diminuídos (peritonite)
- Macicez à percussão
- Peritonite (abdome em tábua)
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- Sinal de Blumberg - Dor à descompressão brusca no ponto de McBurney, indicando irritação peritoneal;

- Sinal de rovsing - Dor em quadrante inferior direito quando se comprime a fossa ilíaca esquerda;

- Sinal do obturador - Dor em quadrante inferior direito ao realizar rotação interna da coxa direita flexionada

- Sinal de psoas - Dor no quadrante inferior direito a extensão da coxa direita na posição lateral esquerda

- Sinal de Dumping - Dor com tosse ou percussão em fossa ilíaca direita.


- Massa em fossa ilíaca direita - abscesso ou fleimão (altera conduta)

Quais os tratamentos?

- Não complicada
➔ Apendicectomia e cuidados de suporte
➔ Antibioticoterapia intravenosa
➔ Terapia apenas com antibióticos

- Complicada (debilitado, com perfuração ou abscesso)


➔ Antibioticoterapia por via intravenosa + cuidados de suporte
➔ Se perfuração - apendicectomia
➔ Se abscesso drenagem + apendicectomia tardia

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Abdome agudo obstrutivo


Condição intra-abdominal de fator obstrutivo. A obstrução do delgado é mais comum do que a do intestino grosso.

Alta (acima da válvula ileocecal)


Baixa (abaixo da válvula ileocecal)

Mecânica (decorrentes de causas extrínsecas ou intrínsecas ao cólon)


Funcional (decorrentes de causas sistêmicas, como fatores metabólicos ou infecciosos)

Simples (sem sofrimento vascular)


Complicada (com sofrimento vascular)

Qual a hipótese diagnóstica?


Alta

Quais exames devem ser solicitados?


- Rx abdominal
- Hemograma completo
- Ureia
- Eletrólitos
- TC abdominal
- A serem considerados - Rx TGI superior com trânsito intestinal, Laparotomia, laparoscopia, USG abdominal, RM abdominal

Qual a causa?
Mecânica
- Aderências (bridas)
- Neoplasias
- Hérnias
- Doença de Crohn
- Intussuscepção (idosos, pólipos, malignidade)

Funcionais
- Íleo paralítico
- Carcinoma abdominal
- Pancreatite aguda
- Isquemia mesentérica

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Íleo paralítico
- Gastroenterite infecciosa
- Obstrução do intestino grosso
- Pseudo-obstrução intestinal
- Apendicite
- Pancreatite

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Clínica
- Dor abdominal (melhora após o vômito) - cólica difusa
- Náuseas e vômitos precoces (bilioso)
- Parada da eliminação de fases (tardio)
- Distensão abdominal
- Tempo curto de história

Exame físico
- Desidratação (sinais)
- Distensão abdominal
- Ruídos hidroaéreos aumentados no início
- Timpanismo à percussão - diminuídos ou ausentes
- Dor abdominal - dor à palpação, irritação peritoneal
- Hérnias
- Sinal de Jobert - timpanismo no hipocôndrio direito
- Sinal de Chilaiditi (interposição de alça)
- Toque retal, incisões prévias
- Massas palpáveis
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Sinais Sistêmicos
- Hipotensão
- Taquicardia
- Desidratação
- Distúrbios metabólicos

Sinais Que sugerem complicação


- Dor contínua
- Peritonite difusa
- Febre
- Sepse
- Sinal de Jobert

Complicações
- Sepse
- Necrose intestinal
- Perfuração intestinal

Quais os tratamentos?
Em todos os casos:
- Antibióticos - quando tem indicação de cirurgia - Usar ampicilina, gentamicina, cefoxitina;
- Suporte: reposição volêmica, jejum, analgésicos
- Parcial: Descompressão nasogástrica e observação estrita + suporte
- Completa/Complicada/Estrangulada: Laparotomia de emergência + suporte + ATB profilático

Qual a hipótese diagnóstica?


Baixa

Quais exames devem ser solicitados?


- Hemograma
- Eletrólitos
- Função renal
- Amilase
- Lipase
- Coagulação
- Rx de tórax e abdome
- Enema com contraste
- A serem considerados - TC abdome e pelve, endoscopia, biópsia

Qual a causa?
Mecânicas
- Neoplasias
- Doença diverticular
- Fecaloma
- Volvo de sigmóide
- Endometriose

Funcionais
- Síndrome de Ogilvie
- Atonia de cólon
- Doença de Hirschsprung
- Colite pseudomembranosa

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Pseudo-obstrução cólica aguda
- Megacólon crônico/idiopático
- Megacólon tóxico
- Endometriose
- Colite pseudomembranosa

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Clínica
- Vômitos tardios (fecalóide)
- Distensão abdominal pronunciada
- Maior tempo de história
- Dor persistente, e mais intensa
- Parada da eliminação de gases mais precoce

Sinais Sistêmicos
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- Hipotensão
- Taquicardia
- Desidratação
- Distúrbios metabólicos

Sinais Que sugerem complicação


- Dor contínua
- Peritonite difusa
- Febre
- Sepse
- Sinal de Jobert

Complicações
- Sepse
- Necrose intestinal
- Perfuração intestinal

Quais os tratamentos?
Em todos os casos:
- Antibióticos - quando tem indicação de cirurgia - Usar ampicilina, gentamicina, cefoxitina;
- Suporte: reposição volêmica, jejum, analgésicos
- Se volvo de sigmóide, distorcer o volvo (com descompressão colonoscópica) e operar em um segundo momento
- Se peritonite, cirurgia de urgência
- Se CA, operar
- Se doença diverticular, operar com técnica de Hartmann Colostomia em parede abdominal após retossgmoidectomia
- Se corpo estranho, remoção transluminal ou laparotomia
- Se abscesso pélvico, drenagem percutânea ou transrretal + ressecção
- ATB profilaxia caso necessite de cirurgia

Abdome agudo vascular (hemorrágico e isquêmico)


Qual a hipótese diagnóstica?

Hemorrágico - Gravidez ectópica
Um óvulo fertilizado que se implanta e amadurece fora da cavidade endometrial uterina.
- Tubas uterinas (97%)
- Ovário (3,2%)
- Abdome (1,3%)

Quais exames devem ser solicitados?


- BhCG urinário ou sérico
- USG transvaginal
- USG transabdominal
- A serem considerados: BhCG seriado, aspiração uterina

Qual a causa?
- Condições que dificultam o transporte de um oócito fertilizado na cavidade uterina
- Condições que predispõem o embrião a implantação prematura
- A maioria dos casos não está associado a um fator de risco conhecido.

Fatores de risco
- Gravidez ectópica prévia
- Cirurgia de esterilização tubária prévia
- DIU
- Infecções genitais prévias
- Salpingite crônica e salpingite ístmica nodosa
- Infertilidade
- Múltiplos parceiros sexuais (DIP)
- Tabagismo
- Fertilização in vitro
- Idade materna >35 anos
- Cirurgia de reconstrução tubária

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Aborto espontâneo
- Apendicite aguda
- Torção ovariana
- Doença inflamatória pélvica (DIP) ou abscesso tubo-ovariano
- Cisto ou folículo do corpo lúteo roto
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- Nefrolitíase
- Infecção do trato urinário (ITU)

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Anamnese e exame físico
- Dor abdominal
- Amenorreia
- Sangramento vaginal
- Desconforto abdominal
- Sensibilidade ou massa anexial
- Sangue na cúpula vaginal
- Instabilidade hemodinâmica
- Hipotensão ortostática
- Dor à mobilização do colo
- Desejo de defecar
- Dor referida no ombro (sangramento nas tubas pode irrigar o diafragma - sinal de aviso de possível ruptura
- Grito de Douglas - ao examinar o fundo de saco, a paciente sente uma dor muito forte).

Quais os tratamentos?
- Conduta expectante: diminuição do nível de hCG for inicialmente <1500 UI/L. Em pacientes com hCG inicial <200, 88% terão
resolução espontânea
- Terapia medicamentosa: Metotrexato 50 mg/m2 IM dose única.
- Terapia cirúrgica: laparoscopia com salpingostomia ou salpingectomia (retira-se toda a trompa).
- Mulheres com fator Rh negativo : imunoglobulina anti-D 50 mcg IM dose única.

Gravidez ectópica tubária: Baixo risco (assintomáticos ou com dor mínima)


- Conduta expectante

Gravidez ectópica tubária: Risco moderado ou fracasso na conduta expectante


- Metotrexato
- Cirurgia
- Metotrexato pós cirúrgico
- Imunoglobulina anti-D

Gravidez ectópica tubária: G.E rota ou fracasso do tto clínico


- Paciente estável - cirurgia + Metotrexato pré e pós cirúrgico + imunoglobulina anti-D se necessário (mãe Rh-)
- Paciente instável - Reposição volêmica + cirurgia + imunoglobulina anti-D se necessário (mãe Rh-)

Qual a hipótese diagnóstica?


Isquêmico - Doença intestinal isquêmica

- Isquemia mesentérica aguda


Quais exames devem ser solicitados?
Laboratorial
- Aumento da amilase (costuma subir bastante) e lipase (aumenta pouco)
- Fase tardia: aumento da CPK, DHL , transaminases
- Costuma demorar para se alterar. Em torno de 6h
- Aumento da acidemia - acidose láctica com ph baixo com anion GAP aumentado (lactato alto)*** É MUITO TÍPICO.

Imagem
- Angiografia - PADRÃO OURO
- Angio TC - Mais comum de ser feita devido a disponibilidade - Ajuda no diagnóstico diferencial - pode diferenciar as etiologias
embólica e trombótica, além de circulação colateral
- TC - aeroportia (ar no sistema porta), pneumatose (gás da parede do intestino - indica necrose)
- Raio X de tórax - pneumoperitônio
- Raio X de abdome - distensão das alças do delgado e presença de calcificações arteriais

Qual a causa?
- Mais comum em mulheres
- Idosas de aproximadamente 70 anos
- Alta letalidade - Menor incidência

Etiologias
A Angina mesentérica, nos casos, é relacionado algum problema cardiovascular como arritmias, fibrilação atrial, aterosclerose, IC, arterites
- Embolia da artéria mesentérica superior - paciente com fator de risco para formação de êmbolos (FA, IAM, prótese valvar)
- Vasoconstrição - infarto mesentérico não oclusivo, ocorre como resultado de diversos estímulos que levam a um baixo débito do
mesentério (toxemia ICC, arritmias, IAM, hipovolemia, drogas como digitálicos e cocaína)
O paciente faz um vasoespasmo tão grande, que não chega sangue no TGI, porque está priorizando órgãos vitais (evitar drogas
vasodilatadoras)
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- Trombose arterial - ocorre em áreas de aterosclerose, placas de ateroma associado a hemoconcentração ou hipovolemia. Paciente
tem histórico de doença vascular periférica, displasia fibromuscular e vasculites sistêmicas
- Trombose venosa - decorrente de infecções intra-abdominais, hipercoagulabilidade (principal causa), traumatismo operatório ou
acidental. Isquemia e necrose demoram um pouco mais para aparecer do que na trombose arterial

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Pancreatite
- Apendicite
- Diverticulite
- Colecistite
- Cólica renal

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
- O exame físico costuma ser pobre, não trazendo resultados específicos;
- Dor abdominal intensa - mas não apresenta defesa durante a palpação. Inicialmente, quando se palpa o abdomen ele estará flácido
com pouca distensão, ou seja, a dor abdominal é desproporcional ao exame físico - Mal localizada (paciente não consegue
localizar durante o exame)
- Vômito
- Esvaziamento intestinal - diarreia pode conter sangue, nos quadros iniciais há um aumento da peristalse intestinal, com o avançar do
processo, ocorre paralisia e dilatação das alças
- Lenander reverso (temperatura retal baixa, temperatura axilar/oral normalidade)
- Irritação peritoneal - mais tardio (peritonite)
- Deve-se procurar sinais de aterosclerose, examinando os MMII, procurando trombose, varizes, alterações de pele e fâneros,
dor. Avaliar claudicação intermitente, e comprometimento arterial (membros mais frios com pulso fino e lesões tróficas)
- A procura do paciente pelo atendimento é rápida, a dor inicia e ele já procura, diferentemente da crônica.

Quais os tratamentos?
- Hidratação
- ATB terapia - Diminui o risco de translocação bacteriana - largo espectro
- O paciente TEM que ser operado - se não operar a letalidade chega a quase 100%
- Embolia e trombose de artéria: Laparotomia - Embolectomia ou trombeteia para reperfundir o intestino (funciona somente nas
primeiras 6/8h - após isso a alça vai necrosar), ressecar o segmento acometido, colostomia ou ileostomia e reconstruir o trânsito
(anastomose); Papaverina intra arterial vaso dilata os vasos mesentéricos melhorando a perfusão.
- Trombose de veia mesentérica: Heparina venosa, avaliar trombólise (muito cuidado porque não pode fazer com a alça
necrótica). Laparotomia. Ressecar. Second Look (você reavalia a necessidade de ressecar depois de 18h a 48h).
- Isquemia não oclusiva: Papaverina intra arterial vaso dilata os vasos mesentéricos melhorando a perfusão.

- Isquemia mesentérica crônica (Rara) - Angina mesentérica


Quais exames devem ser solicitados?
- Arteriografia - Padrão ouro
- Angio TC - mais usada na prática
- Aumento da amilase (costuma subir bastante) e lipase (aumenta pouco)
- Fase tardia: aumento da CPK, DHL , transaminases
- Costuma demorar para se alterar. Em torno de 6h
- Aumento da acidemia - acidose láctica com ph baixo com anion GAP aumentado (lactato alto)*** É MUITO TÍPICO.

Qual a causa?
Fatores de risco
- Placa de ateroma
- HAS, DM
- Idosos
- Sexo feminino

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Colite infecciosa
- Colite ulcerativa
- Doença de Crohn
- Úlcera péptica
- Gastroenterite

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
Clínica
- Tríade: Angina mesentérica (dor abdominal pós prandial), perda de peso e aversão a comida. (Diarreia pode estar na tríade
também)
- Insidioso e leve
- Alterações no hábito intestinal - medo de comer, a dor vem após a refeição
- Emagrecimento
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MEDICINA ITAJUBÁ
- Sinais sistêmicos de aterosclerose - angina miocárdica, AVE, doença arterial periférica
- Diarreia (na inferior)
- Exame físico sem alterações na maioria das vezes. Muito raro ter sopro intestinal

Quais os tratamentos?
- Arteriografia (endovascular) - Paciente tem um risco cardiovascular muito alto para operar, então não compensa e é optado
por esse tratamento.
- Cirurgia (muito melhor pq diminui o risco de reestenose) - Padrão ouro para pacientes que podem operar
- MEV - controle pressórico, perda de peso, controle dislipidemia

Isquemia colônica (colite isquêmica) - Mais comum 75% (doença da microvasculatura - capilar)
Quais exames devem ser solicitados?
- Clister opaco - sinal das impressões digitais (raro fazer na emergência) - não pode fazer se tiver perfuração
- Colonoscopia ou retossigmoidoscopia (mais comum) - aparece palidez, enantema, focos de hemorragia - muito cuidado ao
insuflar ar para não perfurar o intestino

Qual a causa?
- Mais prevalente em idosos
- Hipoperfusão intestinal (baixo débito cardíaco + outra alteração de controle de perfusão)
- Paciente jovens: Lúpus, anemia falciforme, drogas, anti inflamatórios, cocaína
- Atleta (raro): maratonistas, triatletas - exercício físico extenuante hipoperfusão o intestino (desvio do sangue para os
músculos).
- Sepse

Mais comuns (áreas de transição)


- Flexura esplênica
- Transição retossigmóide

Quais os diagnósticos diferenciais?


- Doença inflamatória intestinal
- Retocolite
- Doença de crohn

O que avaliar no exame físico e quais os achados esperados para a hipótese diagnóstica?
- Dor em cólica - grande marcador
- Diarréia - muito sanguinolenta (crônica)
- Hipotensão
- Febre
- Peritonite (muito grave)

Quais os tratamentos?
- Clínico
- Controle dos fatores desencadeantes - Maior parte dos pacientes resolve o problema
- Analgesia
- Anti inflamatório pode piorar a colite isquêmica - CUIDADO tanto comum quanto Opióides
- Se Superliga de perfuração - LAPAROTOMIA rápida (só pacientes instáveis)
- Intestino delgado - embolectomia
- Sinais de Trombose - heparina
- Opera o paciente em três fases - Paciente muito grave, paciente que nao melhora e cirurgia tardia em pacientes que fizerem
estenose (constipação, obstrução intestinal)

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