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Um Olhar Midiático para o Ensino de História
Um Olhar Midiático para o Ensino de História
RESUMO:
1. Introdução
O objeto de estudo deste artigo foi encontrado dentro da sala de aula. Como
professora de História, observo que os alunos do 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental II
encaram o estudo da disciplina História de forma mecânica e desestimulante. Eles veem
tal matéria de forma desarticulada do presente e do cotidiano deles. Além de vê-la de
maneira decorativa, desconectada da reflexão, da crítica, da comparação com a
atualidade. Tal fenômeno vem sendo investigado por mim com o objetivo de melhorar
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Professora de História da Escola Municipal Olavo Bilac, do Colégio Santa Madalena Sofia, do Sistema COC de
Ensino, do Colégio Contato e tutora da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTCEaD. Graduada pelo Centro de
Estudos Superiores de Maceió – CESMAC
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minha prática pedagógica e contribuir para que outros professores também possam
repensar o modelo da aula de História ministrada no espaço escolar.
Uma das tarefas que assumo como professora de História é tentar desmistificar
essas ideias, criando situações para que passem a perceber que a História é vida. Esse é
um trabalho de construção e formação que demanda muito tempo, pois é necessário
resgatar o prazer de conhecer o passado remoto e recente, para que possamos entender
os fenômenos da realidade social e política que nos cercam cotidianamente.
Tudo isso pode ser realizado a partir de um outro paradigma, no qual o uso do
computador na educação possibilita o contato com diversas linguagens. No entanto, não
pode ser visto apenas como um dos maiores veículos de transmissão de informações,
mas como poderosa ferramenta pedagógica, pois somente quando compreendê-lo
poderá utilizá-lo para diferentes situações de aprendizagem, que envolvam desde
procedimentos de problematização, observação, registro, documentação e até
formulação de hipóteses.
Uma dos potenciais de tal recurso é o ingresso à internet que abre passagem para
novas maneiras de adquirir conhecimento e fonte de ilimitadas de conhecimentos, que
vão desde artigos científicos, enciclopédias, documentos, revistas e outros. Como
qualquer recurso tecnológico, esta deve ser entendida como um dos meios alternativos
para construir o conhecimento, visto que oportuniza ao indivíduo interligar-se com o
mundo, resultando em escolas mais maleáveis, menos imperiosa, abdicando lugar para
ambientes aconchegantes, encantadores, instigantes e criativos.
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Este visão foi ampliada pela realização de uma Pós Graduação pela
Universidade Federal de Alagoas, especificamente, o Curso de Especialização em
Formação de Professores em Mídias na Educação, no qual é exigida a elaboração do
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.
2. Referencial Teórico
Ensinar História é criar condições para que o aluno aprenda a andar com seus
próprios pés. Segundo Schmidt (2004 p.57), é despertar o senso crítico para “entender
que o conhecimento histórico não é adquirido como um dom” e sim através de
pesquisas, de redescobertas. A sala de aula não é um simples espaço de transmissão de
informações, mas antes um ambiente de vivências, de experiências, de relações entre
professor e alunos, construindo sentidos, significações. Ou seja, faz-se necessário outro
modelo educacional, uma vez que os padrões atuais são incompatíveis a memorização,
repetição de fatos e o professor exclusivo detentor do saber.
colocam. Para tanto é imprescindível que o docente realize investigações com subsídios,
recursos didáticos, procedimentos e ações educativas norteadas por uma proposta de
trabalho capaz de integrar tais recursos do livro didático a Internet.
O professor de História precisa ter ciência e entender que com um simples clic
do mouse o aluno pode viajar pela força imagética da rede e vê o que está apenas sendo
explicado de forma tradicional, o mesmo “blá... blá...” de sempre, pode ser estudado e
visto de modo mais completo e atraente. Se o professor a ignora, perde para ela em
termos de interesse do aluno, se ao contrário, o professor se coliga e a cita, e excita uma
pesquisa, uma comparação ,uma reelaboração o aluno se interessa e se agrega, sente que
a escola fala também sua “linguagem”, cria-se assim uma identidade e uma
identificação com o que está sendo ensinado.
A partir dessa teoria de Piaget, o computador pode ser usado para promover o
intercâmbio do aluno com o meio, possibilitando-lhe responder às questões construídas
no seu cotidiano, bem como para ser possível a participação ativa responsável do aluno
na construção do seu conhecimento.
Foi apenas a partir dos anos 90 que o termo mídia passou a ser amplamente
empregado no Brasil. No entanto, apesar da vulgarização da utilização do termo não há
um concordância acerca do seu conteúdo, ou melhor, da sua conceituação. Ainda que
possamos observar certa predominância em entender mídia como o conjunto dos meios
de comunicação. A mídia é um elemento vital no processo de formação do homem,
especialmente na sociedade contemporânea, bem como a mutação no sistema de
comunicação ocorrida a partir da televisão.
tempo depois a nomeclatura foi modificada por Peter Merholz, que resolveu pronunciar
“wee-blog”, tornando assim inevitável o encurtamento para o termo definitivo “blog”.
3. Procedimentos Metodológicos
4. Resultados
Quanto ao conhecimento das mídias, na turma A, cerca de 60% dos alunos não
tinham ouvido falar no termo mídia, 25% já tinha ouvido falar, mas não sabia esclarecer
e 15% além de já ter ouvido o termo, também perfilhava algumas mídias. A mais
utilizada e mais acessível à turma era a TV, existindo uma pequena porcentagem que
além da TV também fazia uso do rádio e do computador, quanto ao uso do computador,
em média 60% não se considerava habilitado e o programa que mais utilizava era o
Word.
Na turma B, a realidade não era tão diferente, o contingente de alunos que não
sabia dizer o que era uma mídia era um pouco maior, chegando a 70%, poucos já
haviam escutado ou lido algo sobre a nomenclatura e apenas 15% sabia explicar o termo
trabalhado. No caso da mídia mais utilizada não foi tão desigual da turma A, o uso
maior é da TV, utilizavam um pouco mais o rádio e o computador, compreendem que a
função da mídia é a informação, deixando espaço para a diversão através de jogos,
batepapos, músicas, filmes e outros. Apresenta também um elevado número de alunos
que não é usuário do computador e os que fazem uso tem mais facilidade com o Word.
mais utilizada também foi a TV, poucos utilizavam o rádio, no entanto a situação mais
gritante é com relação ao computador, apenas 5% do grupo utiliza o computador
diariamente, um pouco mais de 50% consegue reconhecer que a função maior das
mídias é o fornecimento de informações, deixando também espaço para diversão.
Apesar desses alunos não utilizarem diariamente o computador, a maioria sabe mexer
com a máquina, uma parte se utiliza das lan houses para ter acesso e com relação ao
programa o mais aproveitado também é foi o Word.
4.2. Sensibilização
4.2.1 Pesquisa inicial - O próximo passo foi dividir a turma em seis grupos.
Organizá-los e orientá-los para que realizassem pesquisas na internet, revistas, livros e
outras fontes para entender o processo histórico da Guerra do Vietnã, fazendo depois
uma reflexão crítica sobre o conteúdo pesquisado. Etapa onde diversas discussões
aconteceram com o objetivo de compreender melhor o conteúdo em análise.
Reportagens, notícias, fotos, charges, cartuns, poemas, dentre vários gêneros
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encontrados durante a pesquisa, serviram de base para reflexão e maior ampliação dos
conhecimentos que estavam sendo construídos. Quatro desses resultados estão
apresentados a seguir:
4.2 3. Sessão de cinema - Foi também realizada uma sessão de cinema para
assistir a filmes como Apocalypse Now, Jardins de Pedra e Platoon para estudo a fim de
que os alunos tivessem inúmeros subsídios antes mesmo de começarem a produção de
suas atividades concretas. Ressaltando que o único assistido por completo foi o último,
os demais assistimos apenas recortes importantes sobre a Guerra do Vietnã.
4.2.4. Mesa redonda – Aconteceu uma mesa redonda com o objetivo de discutir
de forma mais aprofundada questões relativas ao assunto com o objetivo maior de
esclarecer possíveis dúvidas sobre o conteúdo em análise e sobre os procedimentos a
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serem desenvolvidos. Várias dúvidas foram surgindo, tais como: que programas
utilizar? Onde vamos encontrar tanto conteúdo? Podemos trabalhar apenas com as
causas da guerra? Podemos colocar filmes no trabalho? Os alunos comentavam a todo
momento da sua ansiedade em iniciar produção e do grau de dificuldade para colocar
tudo em prática.
forma crítica e competente. Num momento final dessa equipe, houve a gravação da
música numa montagem final para a composição do vídeo clip Guerra do Vietnã.wmv.
Um dos mais complicados passos deste trabalho foi à construção do blog, porque
os alunos ainda não tinham desenvolvido um trabalho desse tipo. Falar dessa produção é
bastante gratificante, a impressão ao analisá-la, é que os alunos pareciam grandes
blogueiros, mas não, apenas alunos motivados e criativos. No trabalho desenvolvido por
este grupo foi possível encontrar de tudo um pouco, depoimentos, trechos ou indicações
de filmes, poemas, jogos criados por eles, processo histórico, músicas, enfim, um
ambiente de total interação, sem limites, de total rompimento de fronteiras. Para
legitimar o foi dito acima se faz imprescindível observar a página inicial desse projeto:
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A aula em Power Point já não foi tão difícil pelo fato de os educandos fazerem
uso de alguns recursos utilizados nessa ferramenta há bastante tempo. O interessante de
ser ressaltado aqui é que não se limitaram, foram em busca de uma produção mais
diferenciada, inovadora. Inseriram vídeos, imagens, animações, enfim, vários hiperlinks
se fizeram presentes na apresentação.
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4.4. Apresentação dos trabalhos - Para concluir, foram marcados alguns dias
para que os grupos pudessem apresentar as suas produções e trocarem as experiências
vivenciadas. No decorrer de todas as tarefas realizadas pelos grupos, a mediação do
professor de História e do de laboratório de informática foi excepcional para a
construção de um trabalho com tamanha qualidade como este.
tendo em vista a pesquisadora ser professora dos alunos pesquisados, através das
seguintes questões:
Apenas uma
10% 10% 15% 5%
Número de mídias utilizadas Entre duas e quatro 60% 70% 75% 75%
Mais de quatro 30% 20% 10% 20%
Não ter o computador 80% 70% 75% 80%
Dificuldades encontras no uso Não saber informática 15% 20% 15% 15%
das mídias Não ter acesso com frequência 5% 10% 5% 5%
ao laboratório de informática
Mídia que não tinha acesso e Computador 50% 60% 55% 60%
passou a dominar Rádio e TV 50% 40% 45% 40%
O poder dos Estados Unidos 30% 45% 40% 45%
Fato marcante da Guerra do
O jovem que trocou a 60% 55% 60% 55%
Vietnã
Universidade pela Guerra
Aula tradional X aula com Estimulante 50% 70% 55% 60%
recurso midiático
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5. Conclusões
6. Referências Bibliográficas
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