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6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos
SINÓPSE
A pintura é a mais difundida técnica de proteção anticorrosiva, razão pela qual deve
ser encarada como uma tecnologia complexa, dinâmica, capaz de acompanhar o
desenvolvimento tecnológico em outras áreas e de se adaptar às tendências de um
mundo de economia globalizada, com forte apelo pela preservação do meio do meio
ambiente. A pintura de uma FPSO se constitui num excelente campo de observação,
envolvendo diferentes procedimentos para novas construções e estruturas
reaproveitadas
1. INTRODUÇÃO
importância e atenção por parte os técnicos que atuam na área, no Brasil ainda
prevalece a cultura de se especificar tratamentos de superfície baseados somente em
padrões visuais e perfis de ancoragem. Outro ponto favorável ao hidrojateamento é o
tratamento dos resíduos sólidos gerados na preparação de superfícies. Enquanto o
hidrojateamento produz cerca de 1,0 kg/m², tratamentos com abrasivos secos podem
gerar 60 kg/m², que devem ser tratados para separação dos contaminantes tóxicos.
Nos últimos anos, devido ao apelo maior pela preservação ambiental, em alguns
países foram criadas leis que regulamentam o teor de compostos orgânicos voláteis
(VOC), que resultaram no surgimento das “tintas ecológicas”. Limites de VOC
foram especificados, inicialmente em 340 g/l de tinta e atualmente reduzidos para
valores entre 240 e 270 g/l [2,3]. Não somente os solventes, mas, também, outras
substâncias consideradas muito tóxicas, tiveram sua utilização proibida ou restrita,
como, por exemplo, zarcão, cromato de zinco, isocianatos, alcatrão-de-hulha e outros
compostos betuminosos. Tornaram-se comuns no mercado as tintas “Low VOC” e
“No VOC” e, além desses produtos, também ganharam destaque e aumento de
demanda as tintas de base aquosa e tintas em pó [4]. A tecnologia de tintas também
avançou no sentido de criar opções para bom desempenho frente à corrosão em
situações de preparação de superfície menos sofisticadas e condições ambientais
desfavoráveis, como por exemplo, umidade relativa acima de 85% e superfícies
molhadas. Estas tintas, denominadas “surface tolerant”, em virtude de permitirem
condições de aplicação menos rigorosas, se tornaram excelente opção na pintura de
manutenção, além de poderem proporcionar reduções de custos pela possibilidade da
diminuição do número de demãos, dos gastos com preparação de superfície e do
prazo de execução dos serviços.
Com base neste quadro, uma nova filosofia foi adotada para a proteção contra a
corrosão nos novos empreend imentos, começando pelos FPSO’s P-43 e P-48. O
conceito básico foi especificar revestimentos com, comprovadamente, bom
desempenho em condições campo e expectativa de vida útil de 20 anos, ou mesmo,
reduzida manutenção durante este período. Respaldada pelos resultados do projeto
de pesquisa e pelo histórico de bom desemp enho em condições de manutenção
offshore, para a especificação de pintura, optou-se pela tecnologia baseada em
hidrojateamento e tinta epóxi sem solventes especial, menos sensível a variações e
controles de parâmetros ambientais e, também, compatível com hidrojateamento em
regiões confinadas. Em locais ou equipamentos com dificuldade de execução de
pintura, excessivas interrupções para manutenção, temperatura elevada ou condições
de operação que provoquem uma degradação acelerada das tintas, o revestimento
escolhido foi aspersão térmica de alumínio (TSA) com selante orgânico.
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A tecnologia das tintas epóxi sem solventes é bastante antiga porém, nos últimos
anos, tem sido muito explorada e dese nvolvida devido às restrições impostas aos
teores de voláteis orgânicos e outras substâncias tóxicas nas tintas.
As tintas epóxi sem solventes de prime ira geração tinham como principais
características, viscosidade elevada, tempo de vida útil da mistura (“pot-life”) muito
curto e pequeno intervalo para repintura. Esses fatores, que implicam em dificuldade
de aplicação, se tornaram empec ilhos fortes para utilização dessas tintas, que ficava
restrita às condições nas quais excelente resistência química era requisito
fundamental. Os sistemas epoxídicos mais usados nestas tintas eram baseados em
resinas epoxi líquidas e adutos de aminas aromáticas, principalmente DDM (diamino
difenil metano). Por serem sólidas e pouco reativas, essas aminas são dissolvidas em
plastificantes, principalmente ftalatos, e necessitam ácidos orgânicos, principalmente
o salicílico, para acelerar a reação. As aminas aromáticas, embora produzam
revestimentos epóxi de elevada resistência química, apresentam péssima retenção de
cor quando expostas a luz solar e são muito tóxicas (cancerígenas), razão pela qual
sua utilização como agente de cura está proibida em vários países.
O pré-requisito para o uso de sistema epóxi sem solvente é ter condições de se obter
todas as características a ele inerentes, principalmente resistência química e
propriedades mecânicas. Para que isso ocorra, elevado grau de conversão da reação
da resina epóxi / diamina cicloalifática deve ser alcançado. As diaminas
cicloalifáticas puras, isto é, não modificadas normalmente fornecem grau de
conversão da ordem de 70 a 80% à temperatura ambiente. Para que essa taxa atinja
valores entre 97 e 100% é necessária a adição de um produto auxiliar, normalmente
álcool benzílico. Outros produtos podem ser adicionados para melhorar certas
propriedades. A fig. 1 mostra o grau de conve rsão, após sete dias de cura, de uma
reação 1:1 em equivalente de IPD e DGEBA (resina epóxi padrão) em função da
quantidade de álcool benzílico na mistura. Observa-se que no sistema livre de álcool
benzílico obtém-se 75% de grau de conversão, resultando num filme que não exibe
resistência química e propriedades mecânicas satisfatórias e, também, que para um
agente de cura baseado em IPD, o nível de álcool benzílico presente no sistema deve
ser maior que 20%. Embora o sistema apresente boas propriedades mecânicas e
elevada resistência química, tem algumas limitações porque pode formar carbamatos
insolúveis pela reação com CO 2 em baixas temperaturas e umidade relativa alta. Isto
pode provocar turbidez e danificar o filme [10].
Pode-se depreender que para a preparação de tintas epoxi sem solventes baseadas
neste sistema, a quantidade de álcool benzílico é um fator muito importante. Como
vimos, sua presença é fundamental para alcançar o grau de conversão da reação
desejado, entretanto, aumenta a velocidade da reação, diminuindo o “pot-life ” e, por
ser uma substância higroscópica, tende a absorver água para o filme de tinta,
aumentando a susceptibilidade a empolamento e perda de aderência. Por ser
considerado um diluente não reativo, e não um solvente, muitos formuladores
adicionam álcool benzílico para baixar a viscosidade e facilitar a aplicação da tinta,
correndo o risco, entretanto, de se formarem películas com tendência a absorção de
água ao longo do tempo. Isso se torna crítico para pinturas de áreas confinadas sob
umidade elevada, como também, para a resistência dessas tintas à imersão total ou
parcial em água doce ou salgada. Conclui- se que, a aplicação deste tipo de tinta
epóxi sem solventes requer cuidados especiais e controle das condições ambie ntais,
principalmente umidade relativa e ponto de orvalho.
Embora nas tintas epóxi sem solventes formuladas com esse sistema os problemas de
viscosidade e retenção de cor fossem reduzidos, outros como o “pot-life ” e intervalos
para repintura curtos, não foram satisfatoriamente solucionados, levando muitos
especialistas e fabricantes de tintas se mostrarem receosos da indicação de tintas
epóxi sem solventes para aplicação direta sobre substratos metálicos. Nesta condição,
o poder de umectação da tinta é fundamental para a sua aderência sobre o substrato
metálico. Esta propriedade, especialmente nas tintas sem epóxi sem solventes, é
influenc iada pelo “ pot-life”, por meio do qual se tem idéia do estágio da reação entre
a resina e o agente de cura. A reação começa na hora da mistura dos componentes da
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A película seca desse tipo de tinta epóxi sem solvente, dependendo da temperatura
ambie nte, tende a se tornar vítrea num intervalo de tempo que inviabiliza a perfeita
aderência de uma demão subseqüente da mesma tinta. Isto pode causar sérios
problemas para a performance do revestimento final, ou tornar a sua utilização
tecnicamente desacons elhável.
Apesar das limitações, é crescente a demanda para utilização das tintas isentas de
solventes, o que estimula o desenvolvimento de tecnologias mais direcionadas para
esta finalidade. Especificamente sobre as tintas epóxi sem solventes, as limitações
em relação à viscosidade, “pot-fife”, intervalo para repintura, custo, aplicação sob
umidade elevada e tratamentos de superfícies úmidos e uso de equipamentos de
aplicação sofisticados são obstáculos a ultrapassar.
5 – CONCLUSÕES
Ao se analisar custos de pintura industrial e marítima deve -se tomar cuidado para que
conclusões precipitadas, baseadas unicamente no preço das tintas, impeçam a
utilização de sistemas mais modernos em relação a desempenho e proteção
ambiental. O tema é bastante complexo e merece uma abordagem mais profunda do
que a apresentada neste trabalho. Entretanto, a base de cálculo empregada, embora
muito simples, indica que o sistema hidrojateamento + tinta epóxi sem solvente
especial não apresentou, para um FPSO, custo global maior do que um sistema
convencional.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
H2N C NH2
95
90
85
80
75
70
0 5 10 15 20
% de Adição de Álcool Benzílico em mistura IPD/DGEBA 1:1Equivalente