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Fundamentos Da Psicopedagogia
Fundamentos Da Psicopedagogia
INTRODUÇÃO
"A palavra "Psicopedagogia", especialmente após 1990, começou a fazer parte dos
debates sobre educação escolar de modo intenso. Todavia, tal terminologia, ainda hoje,
tem sua história e significados perdidos em meio a discursos que em muito enfraquecem
o potencial científico dos estudos psicopedagógicos, fundamentalmente no campo da
educação escolar. Com base nessa observação inicial, este compêndio apostilado tem o
objetivo de resgatar a história (passada e presente) e o significado da Psicopedagogia,
bem como o papel de seu profissional, a partir de uma análise bibliográfica que busca
recuperar e unir os dados que se encontram dispersos na literatura sobre o tema".
1 O QUE É PSICOPEDAGOGIA?
1
Disponível em: <http://www.artigonal.com/ciencia-artigos/fundamentos-da-psicopedagogia-4890392.html>
apontarem à França como o país genitor, há duas datas divergentes com base no
julgamento dos fatos: uma que nos remete ao século XIX e a outra que data do século
XX.
2.2 SÉCULO XX
Entre 1904 e 1908 (século XX) iniciam-se as primeiras consultas médico-
pedagógicas, cujo objetivo era encaminhar crianças para as classes especiais. Mery
(1985) aponta esses educadores como pioneiros no tratamento dos problemas de
aprendizagem, observando, porém, que eles se preparavam mais pelas deficiências
sensoriais e pela debilidade intelectual do que propriamente pela desadaptação infantil.
Segundo Andrade (2004), a gênese da psicopedagogia teria acontecido na década
de 1920 (século XX), momento em que se instituiu o primeiro Centro de Psicopedagogia
do mundo. Ligado ao pensamento psicanalítico de Lacan, tal centro, de acordo com a
autora, fundamentou aquilo que posteriormente foi nomeado de Psicopedagogia Clínica.
Bossa (1994) e Masini (1993), por outro lado, apontam que a Psicopedagogia teria
nascido no ano de 1946, período em que se deu a criação dos primeiros Centros
Psicopedagógicos na Europa, em Paris, por Juliet Favez-Boutonier e George Mauco.
2.3 SURGIMENTO DO TERMO: Psicopedagógico
Conforme Masini et al. (1993), Mauco teria explicado que o termo
"psicopedagógico" foi utilizado na nomenclatura desses centros em substituição à
expressão "médico-pedagógico", já que os pais aceitavam mais facilmente encaminhar
suas crianças para consultas psicopedagógicas, do que médicas.
4 A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL
O contexto que originou o surgimento da psicopedagogia no Brasil foi semelhante
aos de outros países, ou seja, as situações de insucessos escolares.
No Brasil perdurou durante algum tempo a crença de que os problemas de
aprendizagem tinham como causa fatores orgânicos. Podemos verificar essa concepção
organicista de "problema de aprendizagem" em vários trabalhos que tratam da questão
como "distúrbio", onde em geral a sua causa é atribuída a uma disfunção do sistema
nervoso central. Em 1970, por exemplo, foi amplamente divulgado o trabalho dos
brasileiros Antonio Lefèvre (médico) e sua esposa Beatriz Lefèvre (pedagoga). Eles
trabalharam com crianças agitadas, que apesar do bom potencial de inteligência, rendiam
de modo inadequado nas atividades escolares. Essas crianças que hoje são
denominadas com Déficits de Atenção (com e sem hiperatividade) eram consideradas
com Disfunção Cerebral Mínima (D.C.M.).
Devido à proximidade geográfica e ao acesso fácil à literatura (inclusive pela
facilidade dos brasileiros compreenderem o espanhol), as ideias dos argentinos muito
influenciaram e têm influenciado nossas práticas. O movimento da Psicopedagogia no
Brasil remete-nos, portanto à Argentina e por consequência às influências da França.
A psicopedagogia, tal qual proposta por este movimento é ainda ensinada no Brasil
por muitos argentinos, além disso, autores argentinos escreveram os primeiros artigos,
resultando dos primeiros esforços no sentido de sistematizar um corpo teórico próprio da
psicopedagogia. Vale citar: Sara Paín, Jorge Visca, Alicia Fernández etc.
O famoso psicopedagogo argentino Jorge Visca, recentemente falecido
(2000/2001), ao criar a Epistemologia Convergente (Visca, 1987) na clínica
psicopedagógica, assunto que estudaremos detalhadamente em Psicopedagogia
institucional I, fez convergir a Psicanálise de Freud, a Epistemologia Genética de Piaget e
a Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière, o que causou um grande salto nas práticas
psicopedagógicas inclusive em nosso país (Brasil) e que perduram até os dias atuais.
5 FUNDAMENTAÇÃO PSICOLÓGICA
Quando se fala sobre as fundamentações psicológicas da psicopedagogia se pensa
basicamente no desenvolvimento e aprendizagem do ser humano. Os autores mais
influentes que contribuíram para a esta fundamentação foram:
Jean Piaget (epistemologia genética),
David Ausubel (Teoria da aprendizagem significativa),
Jerome Bruner (Teoria dos formatos),
Lev Vygotsky (Teoria sócio-histórica-cognitiva),
Sigmund Freud (Teoria do inconsciente),
Carl Rogers (Teoria humanista),
Paulo Freire (Pedagogia do amor) etc.,
e na educação especial ou inclusiva, temos Mary Warnock (trabalho voltado para a
atenção a adversidade).
6 INTERDISCIPLINARIDADE NA PSICOPEDAGOGIA
7 MULTIDISCIPLINARIDADE PSICOPEDAGÓGICA
Geralmente, o caráter multidisciplinar da Psicopedagogia se revela pelo número de
graduações diferenciadas que frequentemente comparecem a tal curso: pedagogos,
psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, licenciados,
médicos (pediatras, psiquiatras, neurologistas, etc.).
8 PROPOSTA PSICOPEDAGÓGICA
O especialista em Psicopedagogia pode atuar tanto em nível clínico quanto
institucional, pois ele se propõe compreender e atuar nos vínculos presentes entre o ato
de ensinar e a ação de aprender, assim como nas possíveis barreiras que impedem seu
fluir harmonioso. Para Fagali (1987) a proposta de Psicopedagogia é trabalhar
basicamente com as relações afetivas ocorridas durante a aprendizagem, de modo a
garantir que o sujeito seja criativo, espontâneo, perseverante e transformador ao trabalhar
seu próprio pensamento.
9 OBJETO DE ESTUDO
A Psicopedagogia então passa a ser um ramo do conhecimento aplicado que estuda a
conduta humana em situações sócio/educativas como também dos processos de
aprendizagem a partir da contextualização teórico-prática de várias ciências. A ela se
inter-relacionam a psicologia evolutiva, psicologia da aprendizagem, psicologia da
educação, didática, epistemologia, psicolinguística etc. É importante sua atuação nos
campos da:
Educação especial,
Terapias educativas,
Avaliação curricular,
Programas educativos e,
Política educativa.
10 ATIVIDADES PSICOPEDAGÓGICAS
O psicopedagogo, para Allessandrini (1996), pode:
Reprogramar projetos educacionais, facilitadores de uma aprendizagem mais
dinâmica e significante;
Supervisionar programas, treinando educadores e atuando junto a profissionais de
educação;
Aprimorar a qualidade de aprendizagem do sujeito que apresenta dificuldades
escolares.
12 MODELOS DE ABORDAGEM
a) Abordagem psiconeurológica
Abordagem fundamentada na biologia, psicologia e processos educativos e de
treinamento. Pinel (2001/2002) estudou as bases neurais da aprendizagem/
desenvolvimento, buscando compreender alguns mecanismos psicofisiológicos e
neuropsicológicos associados aos aspectos cognitivos. Destaca Pinel (2001/2002; p.108)
que é importante ao estudioso da Psicopedagogia uma atitude de compreensão e esforço
intelectual na pesquisa do aluno com dificuldades de aprendizagem escolar.
Os principais fatores podem ser agrupados em:
1. Disfunções endócrinas: Ex.: Nanismo hipofisário e tireoidiano; gigantismo; puberdade
precoce etc.
2. Fatores genéticos: Ex.: Acondroplasia; síndrome de Down; síndrome de Turner etc.
3. Desnutrição: o mecanismo de desnutrição gera um atraso no desenvolvimento-
aprendizagem, e esse é muito complexo e inclui a formação escassa de somatomedina C.
4. Doenças crônicas: essas doenças, quando de longa duração perturbam o
metabolismo, atrasando o crescimento. Como é o caso da insuficiência digestiva e de
certas afecções renais, pulmonares e cardíacas.
5. Dificuldades emocionais no berço familiar: conflitos e violências no lar; o modo de
ser da criança diante do alcoolismo paterno, por exemplo, e o sentimento da criança
diante dos jogos psicopatológicos da família; abuso sexual etc.) e infecções frequentes
(verminoses e intoxicações etc.) também prejudicam o desenvolvimento/aprendizagem.
Podemos considerar ainda como sexto (6º fator) as características físicas de
uma criança que podem estimular seus familiares, coleguinhas, professores e outras
pessoas significativas em sua vida-vivida, a criar, de modo fantasioso, a respeito dela,
uma imagem marcada pelos estigmas, estereótipos e preconceitos. Muitas vezes, esses
algozes são destruidores do ser, e então persistem nas condutas e atitudes prejudiciais
ao crescimento do indivíduo.
b) Abordagem neuropsiquiátrica
Abordagem fundamentada na medicina e medicalização dos problemas de
aprendizagem. Pode haver exageros nessa área, como a prescrição de tratamento
medicamentoso a base psicotrópicos como antidepressivos, ansiolíticos etc., para
crianças com problemas comuns de atenção escolar. Nesse caso é adequado consultar
um médico com residência em neurologia, e com compreensão do movimento inclusivo.
c) Abordagem comportamental
Abordagem fundamentada nos trabalhos de laboratório de Psicologia experimental
de Watson (Behaviorismo Metodológico) e B.F. Skinner (Behaviorismo Radical). O
enfoque está na observação e descrição clara dos comportamentos inadequados, a
identificação daquilo que mantém (reforço/recompensa) esse comportamento
desviado/patológico – segundo o contexto do meio - e a intervenção de modificação, por
meio de técnicas de controle do comportamento e a instalação de um novo e mais
adequado comportamento.
Programas psicopedagógicos como a ANÁLISE DE TAREFAS (Pinel, 1987)
utilizam-se das propostas do neobehaviorismo de Madame Jordam. Filosoficamente o
behaviorismo é condenável, pois defende a tese que o homem é uma tabula rasa, sem
história e dele fazemos o que quisermos, a nosso bel prazer. Entretanto, mesmo
psicólogos sócio-históricos como Bock et al.; tem defendido as benesses desses
treinamentos para a Psicologia do Excepcional.
d) Abordagem Fenomenológica
O mais importante nessa abordagem são as atitudes e posturas do cuida(dor). É
vital o envolvimento existencial com aquilo que se põe ao meu ser Total (Holismo) e o
necessário distanciamento reflexivo da coisa mesma, e então apreender o sentido ou o
significado do que é vivido pelo outro/orientando.
Heidegger e Sartre são dois filósofos que fundamentam tais práticas. Viktor Emil ou
Emmanuel Frakl, Medard Boss, Binswanger, Franz Rúdio, J. Wood/ Doxsey et al.,
Angerami-Camom e Pinel são alguns psicólogos, que fundamentados nos filósofos,
recriaram alternativas de diagnóstico, prevenção e tratamento psicopedagógico.
OBSERVAÇÃO: Outro campo norteador da Psicopedagogia é a abordagem da
Epistemologia Convergente de Jorge Visca e os trabalhos projetivos, que tamanha sua
importância estaremos estudando com profundidade em outras disciplinas.
13 FUNDAMENTOS PSICANALÍTICOS
Em relação às colaborações da Psicanálise de Freud, é importante que se estude
as seguintes categorias psicanalíticas: inconsciente; transferência; contratransferência,
bloqueios, sistemas de defesa etc., e que será (psicanálise) nosso objeto de estudo para
aquisição de conhecimentos e sua importante aplicabilidade na psicopedagogia, e que
para tal, teremos uma disciplina unicamente com essa finalidade (Contribuições da
Psicanálise Para a Psicopedagogia).