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Planejamento em Sala de Aula PDF
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DE APRENDIZAGEM
Annaly Schewtschik1 - UNINTER
Eixo – Didática
Agência Financiadora: não contou com financiamento
RESUMO
Planejar é uma atividade inerente ao trabalho do professor, que exige dele um trabalho de
reflexão sobre o ensino e sobre a aprendizagem. Nos dias de hoje planejar uma aula que atenda
a aprendizagem dos nossos alunos é imprescindível, uma vez que muitos professores só
escolhem atividades que acham interessantes, e esquecem de fato dos objetivos para aquela
aula. O que propomos nesse trabalho é revelar o potencial que um planejamento de aula pode
ter em relação a garantia de aprendizagem. Mas, para isso, se fez necessário primeiro entender
como podemos torná-lo um instrumento que garanta essa aprendizagem. Nesse enfoque
buscamos, por meio de uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico, o caminho que norteou
nossas reflexões frente nosso objeto de estudo. Encontramos referências bibliográficas,
existentes no campo da didática e no campo da educação, que foram delineando nosso olhar
sobre o que o planejamento de aula como função docente essencial e importante para o fazer
docente. Após esse primeiro estudo percebemos o objetivo e a avaliação como elementos
centrais dentro de um planejamento de aula, o que nos levou a uma análise mais aprimorada
sobre esses elementos, destacando a importância de um alinhamento entre o que se quer que o
aluno aprenda e a atividade avaliativa que irá verificar se essa aprendizagem aconteceu de fato.
Isso nos levou ao encontro da Teoria do Alinhamento Construtivo de John Biggs, que se
caracterizou como um aporte fundamental à nossa pesquisa, e nos revelou as características
necessárias para que um planejamento possa atender às expectativas de aprendizagem. Com
isso pudemos propor, em nossas considerações finais, uma pauta de planejamento de aula - que
acreditamos ser um instrumento revelador da garantia de aprendizagem - fundamentada da
Teoria do Alinhamento Construtivo.
Introdução
O maior desafio da educação nos dias de hoje é fazer com que nossos alunos aprendam
o que realmente queremos que eles aprendam em nossas aulas. Tantas são as nuanças externa
ISSN 2176-1396
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que lhes despertam a atenção, que a aula parece não ser o melhor lugar do mundo para eles. No
entanto, há que se levar em conta que muitas dessas aulas realmente são desestimulantes e não
correspondem às expectativas de aprendizagem. Nesse sentido, se faz necessário refletir sobre
a aula, mais especificamente, como ela vem sendo preparada e planejada para oferecer um
ensino de qualidade e garantir um aprendizado efetivo.
No decorrer de nosso caminho formador observarmos aulas e pudemos ver um
distanciamento entre o ensino e a aprendizagem em aula, ou seja, vimos atividades sem sentido,
sem objetivos, que nos despertou um sentimento de tristeza pelo fracasso, pela perca de tempo
e pela perca de aprendizagem.
Este triste cenário nos levou a refletir sobre o planejamento docente: como vem sendo
elaborado? Seria possível um planejamento mais eficiente, no qual o ensino se efetive em seu
objetivo primeiro: a aprendizagem?
Nossa preocupação nos direcionou a uma observação mais específica sobre o
planejamento docente. Nesse sentido perguntamos: Como o planejamento de aula se torna
um instrumento que garanta a aprendizagem dos nossos alunos?
Acreditamos que uma boa aula é aquela que é muito bem planejada, que tem objetivos
claros e precisos e uma avaliação que revele a aprendizagem pretendida naquele exato
momento. Se assim se caracteriza uma boa aula, podemos conjecturar que o planejamento do
professor se tornará um instrumento de garantia de aprendizagem dos alunos na medida em que
revelar uma relação entre objetivo de aula e avaliação da aprendizagem correspondente,
considerando atividades que levem o aluno a desenvolver habilidades pretendidas naquela aula.
Nosso objetivo foi desvelar o potencial que um planejamento de aula pode ter, em
relação a garantia de aprendizagem. Em busca de nossa resposta à questão aqui problematizada
propusemos um caminho investigativo de cunho teórico, que norteou nossas reflexões sobre
nosso objeto de estudo: o planejamento do professor.
Apresentamos no decorrer desse texto o caminho de nosso trabalho. Iniciamos trazendo
a fundamentação teórica que norteou todo fazer investigativo da pesquisa, nela apresentamos
os trabalhos já existentes frente ao nosso objeto de estudo, bem como, o diálogo teórico e
epistemológico da pesquisa com autores que nos alicerçaram em busca de nossa resposta. Em
seguida trazemos nossa rota metodológica, qualificando-a como pesquisa qualitativa de cunho
bibliográfico. E por fim nossas considerações finais a respeito de nosso objeto de estudo que
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originou uma reflexão baseada em John Biggs e a teoria do Alinhamento construtivo, resultando
numa proposta de intervenção para o trabalho docente em sala de aula.
Fundamentação Teórica
Revisão Bibliográfica
A atividade docente, assim como toda atividade humana, necessita ser planejada a fim
de atingir seus objetivos específicos. O planejamento como um conjunto de ações intencionais
do professor vem sendo fonte de pesquisa para muitos pesquisadores da educação. No caminhar
de nossa pesquisa encontramos algumas delas que trazemos para um diálogo.
Encontramos em Gomes (2011) a importância do planejamento para o sucesso escolar,
no qual o autor faz numa análise coletiva do ato educativo, envolvendo a escola e a família.
Thomazi e Asinelli (2009) trazem para a discussão considerações sobre o planejamento das
atividades pedagógicas na prática docente numa relação entre ações individuais e coletivas
tendo atividades de leitura como foco e sua relação com construção e implantação do currículo.
As autoras agruparam tais práticas e três categorias de professores: os que planejam sem apoio
nenhum, os que planejam individualmente por opção e os que planejam coletivamente.
Santos e Santos (s/d) apresentam uma reflexão teórica acerca do planejamento escolar
e da sua relação com as estratégias pedagógicas utilizadas pelo professor no seu desempenho
em sala de aula, tendo como ponto de partida a utilização do diálogo, considerado como recurso
relacional capaz de auxiliar o professor no desenvolvimento de atividades a partir das
necessidades dos alunos.
Santos (2013), em sua pesquisa lato sensu, descreve as contribuições do planejamento
para o processo de ensino e aprendizagem como objetivo de investigar o conhecimento que os
professores, de uma instituição do município de Umuarama, PR, têm sobre o tema e sua relação
com o cotidiano da prática docente.
Klosouski e Reali (2008) focalizam a importância do ato de planejar em todas as ações
humanas especificamente na prática docente. Trazem uma reflexão sobre alguns conceitos de
planejamento e estabelecem diferenças entre algumas dimensões dos planejamentos em
educação. As autoras instigam a uma reflexão sobre o planejamento de ensino, suas fases e a
importância no processo de ensino e aprendizagem.
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Um conceito de planejamento
caracteriza até hoje. Contudo, se deflagram outros sentidos, nos mais diversos campos em que
se aplica essa condição adjetiva.
Para Vasconcellos (2000), o planejamento deve ser compreendido como um instrumento
capaz de intervir em uma situação real para transformá-la. É uma mediação teórico-
metodológica para a ação consciente e intencional que tem por finalidade fazer algo vir à tona,
fazer acontecer, para isto é necessário estabelecer as condições materiais, bem como a
disposição interior, prevendo o desenvolvimento da ação no tempo e no espaço, caso contrário,
vai se improvisando, agindo sob pressão, administrando por crise.
Tem-se reservado ao planejamento a função de direcionar o trabalho para que ele
aconteça conscientemente, organizando e proporcionando mudanças. No campo da educação o
planejamento tem um caráter condicionado a essa transformação, pois ao final da execução
deste espera-se que o objetivo seja alcançado e promova uma mudança de comportamento do
aluno frente ao conhecimento.
Podemos ver que Menegolla e Sant’Anna (2002) também corroboram com essa ideia de
transformação do planejamento, contudo lhe dá uma conotação mais efetiva. Para eles o ato de
planejar não é uma ação milagrosa para os eventuais problemas de ensino e aprendizagem, mas
que sem ele a atividade educativa deixa de ser democrática e transformadora.
Ainda segundo Vasconcellos (2000), do ponto de vista educacional, o planejamento é
um ato político-pedagógico porque revela intenções. Segundo ele
O planejamento da aula
Ela [a aula] é feita de prévias e planejadas escolhas de caminhos, que são diversos do
ponto de vista dos métodos e técnicas de ensino; [...] também se constrói, em sua
operacionalização, por percalços, que implicam correções de rota na ordem didática,
bem como mudanças de rumo; [...] está sujeita a improvisos, porque não foram
previstos, mas não pode constituir-se por improvisações. (ARAUJO, 2008, p.60-62)
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O Alinhamento construtivo
Utilizaremos a referência desta autora que trouxe “uma síntese traduzida da última
versão do livro de John Biggs e Catherine Tang [...], acrescida de uma compilação de vários
trabalhos deste autor [John Biggs] e seus colaboradores” (MENDONÇA, 2014, p.1).
O trabalho de Biggs segundo Mendonça (2014) é
O que eu pretendo que meus alunos sejam capazes de fazer depois do que eu ensinei
e que não podiam fazer antes? Em que nível eles são capazes de fazer? Como faço
para promover atividades que irão ajudá-los a alcançar os resultados pretendidos da
aprendizagem? Como posso avaliá-los para ver se eles alcançaram tais resultados?
(BIGGS e TANG, 2010, apud MENDONÇA, 2014, p.2)
avaliação deve “dizer” ao professor, não sobre a forma como os estudantes receberam
o conhecimento, mas sobre como eles podem usá-lo apropriadamente para resolver
problemas, projetar experimentos, comunicar-se, etc. As atividades presentes na
avaliação devem estar alinhas em conteúdo e nível com as atividades de ensino e
aprendizagem (MENDONÇA, 2014, p. 2)
Atividades da aula
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1 – Inicia-se com o planejamento dos objetivos de aprendizagem, o que se quer que os alunos aprendam.
2 – Planeja-se em seguida uma atividade para verificar se eles aprenderam o que foi proposto com o objetivo.
3 – Busca-se, depois de elaborar a atividade avaliativa de verificação, a(s) atividade(s) que será (ão) proposta(s)
durante a aula para que os alunos atinjam o objetivo pedagógico.
Fonte: Dalcorso e Tamassia, 2017.
Metodologia da pesquisa
As informações recolhidas nessa pesquisa vão revelar, por meio de um diálogo teórico-
epistemológico, a nossa resposta nos termos do pensamento estudado (MARTINS e
THEÓPHILO, 2007). Acreditamos que assim podemos contribuir com a construção de um
conhecimento que tenha uma aplicação prática.
Nossa pesquisa é exploratória, pois pretendeu proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses (GIL, 2007). Aqui
quisemos desvela-lo para então propor uma ação voltada à aplicação de uma prática educativa
eficaz em sala de aula.
No rumo de nosso propósito, após delimitação do problema, iniciamos a busca pela
validação de nossa hipótese de pesquisa, assim como em pesquisas dedutivas. Procuramos na
literatura existente obras de referência sobre nosso objeto de pesquisa: o planejamento de aula.
Fizemos, primeiramente, um levantamento bibliográfico das pesquisas já produzidas frente ao
nosso objeto de estudo por meio de um fichamento, depois pontuamos o que cada uma
apresentava de significativo. Na sequência buscamos na literatura teórica autores que
contemplavam nosso objeto e apontamos suas colaborações frente ao nosso estudo, observando
uma crítica interna que nos levou a uma análise pontual da teoria descrita em cada texto. Diante
do que encontramos no campo bibliográfico tecemos nossas análises e propomos um
planejamento dentro do que acreditamos ser o possível para responder nossa inquietação.
Por fim, a presente pesquisa abordou uma problemática de grande importância no campo
educacional, o planejamento do professor como instrumento de efetivação da aprendizagem, o
que nos levou a produzir reflexões em torno de ações efetivas para a produção de conhecimento
pertinente e válido para a comunidade cientifica educacional. Na busca desse conhecimento
apoiamo-nos em construtos teóricos de significância para o objeto de estudo, trazendo uma
relação dialógica com autores que o abordam com propriedade. Nosso estudo preocupou-se
com um modo que retratasse o objeto de estudo enquanto reflexo de uma ação interventora na
realidade, ou seja, quer revelar a importância de uma mudança na maneira ver o objeto.
Considerações finais
sem pensar no objetivo de aprendizagem e muito menos em como avaliar se ela realmente se
efetivou ao final da aula, torna o ensino desvinculado da aprendizagem. Isso é apontado por
pesquisas na área da educação, como já vimos em Bassedas (1999, apud ZANON e ALTHAUS,
2010).
Este retrato revelado é uma prática que vem sendo realizada em muitas salas de aula por
onde passamos. É preciso que no planejamento o professor mostre suas ações coordenadas
tendo em vista a obtenção de resultados eficientes, como já nos dizia Luckesi (1992). Isso
significa que não podemos permitir que o planejamento seja concebido como uma simples
coletânea de atividades desvinculadas e sem objetivos bem definidos. São os objetivos,
indispensáveis na ação educativa, que indicarão onde se pretende chegar, ou seja, revelará o
que se espera que o aluno seja capaz de fazer sozinho que antes da aula não era.
Dentro desse cuidado também está a avaliação, ou verificação da aprendizagem, ao final
da aula. A avaliação está diretamente ligada aos objetivos de aprendizagem, é por meio dela
que se tem clareza do que se quis atingir, permitindo inclusive um replanejamento das ações
(LIBÂNEO, 2013). Aqui a atividade de verificação da aprendizagem (avaliação do que o aluno
aprendeu) é vista como uma atividade primordial para o planejamento do professor, que deve
ser pensada e planejada com um olhar cuidadoso por parte dele. Ela não pode assentar-se sobre
dados secundários do ensino e da aprendizagem, mas, sim, sobre os que efetivamente
configuram a conduta ensinada pelo professor e aprendida pelo aluno (LUCKESI, 2000). Por
isso mostramos objetivo e avaliação como pontas do mesmo fio condutor da aprendizagem, e
que sem os quais ela não poderia existir.
Levando essas reflexões iniciais em consideração, bem como a problemática de nossa
pesquisa de abordagem qualitativa e cunho bibliográfica, a solução para que o planejamento se
configure como um instrumento de garantia de aprendizagem, nos foi revelada pela teoria do
Alinhamento Construtivo de John Biggs (2010, apud MENDONÇA, 2014). O autor traz em sua
teoria o entendimento de que objetivo e avaliação precisam estar em conformidade, ou ainda,
estar alinhados. Biggs (IDEM) nos diz que o professor deve elaborar inicialmente seu
planejamento pelo objetivo que quer atingir e logo em seguida uma atividade avaliativa que
esteja em correspondência com ele. Além disso, o autor enfatiza que, no decorrer da aula, as
atividades propostas pelo professor, devem servir como meio para o desenvolvimento das
habilidades que levarão o aluno a atingir aquele objetivo proposto que está alinhado a atividade
de verificação da aprendizagem. Neste molde encontramos em Dalcorso e Tamassia (2017)
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uma pauta de planejamento a qual adaptamos e trazemos como uma proposta de intervenção
pedagógica em sala de aula, dentro do alinhamento construtivo.
QUADRO 2 - PAUTA DE PLANEJAMENTO DE AULA SEGUNDO O ALINHAMENTO CONSTRUTIVO
(Delineamento do que se quer que o aluno aprenda).
OBJETIVO DA AULA
ATIVIDADE DE (Descrição da atividade e apontamento do tempo de realização da
VERIFICAÇÃO DA mesma).
APRENDIZAGEM
ATIVIDADES MEIO
Nº AÇÕES DO AÇÕES ESPERADAS DOS RECURSOS TEMPO
PROFESSOR ALUNOS UTILIZADOS PREVISTO
1.
2.
n.
Fonte: Adaptado de Dalcorso e Tamassia, 2017.
No primeiro campo dessa pauta apontamos o objetivo da aula, aquilo que se espera que
o aluno consiga fazer sozinho, que antes da aula não era possível. Em seguida, trazemos a
descrição de todo o procedimento da atividade avaliativa, que deve estar alinhada ao objetivo
proposto. E por último apresentamos as atividades meios que auxiliarão os alunos a desenvolver
a (s) habilidade (s) necessária (s) para atingirem o objetivo descrito e que será verificado pela
atividade avaliativa ao final da aula. Importante ressaltarmos que essa pauta corresponde às
aulas de uma a duas horas de duração, tempo necessário para o desenvolvimento de um
objetivo, assim como da atividade de verificação a ele alinhada.
Enfim, podemos dizer que nossa hipótese de pesquisa (mostrar que o planejamento se
tornaria um instrumento de garantia de aprendizagem dos alunos na medida em que revelasse
uma relação entre o objetivo proposto para uma aula específica e a avaliação da aprendizagem)
se confirmou, principalmente pela teoria do Alinhamento Construtivo de John Biggs. Ela veio
como uma fonte teórica importante e fundamental para o desenvolvimento de nosso trabalho,
pois trouxe para o planejamento características que o qualificam como um instrumento de
garantia de aprendizagem. A partir disso apresentamos uma pauta de planejamento de aula que
atende aos princípios da ação educativa que se revela na aprendizagem dos alunos.
Desse modo o planejamento de aula se garantirá como um instrumento de aprendizagem
e será revelador das ações docentes consolidadas, eficientes e eficazes no processo de ensino.
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