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do Design
·CARTOGRAFIA DA IDENTIDADE
·ESCAVANDO AS RAÍZES
· CRÍTICA AO ESSENCIALISMO
· LIMITES DO CONCEITO DE ESTILO EDO ENFOQUE DA HISTÓRIA DA ARTE
· RESISTÊNCIA CONTRA ODESENVOLVIMENTO DO SUBDESENVOLVIMENTO
· OOLHAR USURPADOR ÀS BUSINESS OPPORTUNITJES
·IDENTIDADE COMO RESULTADO DO BRANDING
• MARKETING DAS CIDADES
·<CAPRICHOS TEOLÓGICOS> DA MERCADORIA
·NOVAS CIDADES DO DESIGN
• DESIGNS ANONIMOS DA PERIFERIA
1011
ID2IID3I
I01IIdentidade da cultura local de prod t
' l'f d
Petrog u os. 1031 Design inteligente de um parafuso irremovível.
1 os a cultura pré-colombiana do V 1 d
CaIc haqu1es, (G . a e os O_terece uma superfície de contato que possibilita
uach1pas) na província de Salt
noroeste da Argentina. a, g1r~r no sentido horário; porém, não no sentido
anti-horário.
1021 Parafuso com rosca especial que desloc
. I
mat ena sem produz1r
. I'1malhas. Pro ·eto: empra o
1
HILTI. esa
Política e identidade
Por trás do conceito de identidade cultural em geral e de identidade cultural
nas disciplinas projetuais, em especial (sobretudo, design industrial, comuni-
cação visual e moda), escondem-se perguntas que poderiam incomodar o clima
amigável no debate porque intervêm também fatores políticos controversos que,
em princípio, podem parecer inocentes. São questões de:
• Dominação e submissão
·Antinomias e assimetrias
· Autonomia e heteronomia
• Colonialismo e pós-colonialismo
. _ traglobalização
•Globahzaçao e con . lar1·dades locais
. · 5 e parncu
·Padrões umversal do) coisas em comum
• Diferenças e (apesar de tu . .
e Penfena
.conflitos entre Centro
. Exclusão e inclusão , . d 'denridade fazendo perguntas per-
i' a temanca a I '
Uma pessoa que ana lSa . da área não estaria livre, em um
. d obre a h terarura ' .
rinenres e mforman o-se s d . da Ela que espera lldar com con-
d ntir-se esonenta . ' .
primeiro momento, e se , a quando encontrar o conceito de
.d dera essa esperanç
ceitos bem d efi m os, per _ d e se trata de uma <palavra eivada de
. 1· m observaçao e qu
<mulnculrura 1smo• co grande parte delas permanece em
mal-encendidos>.(2) As perguntas aum.entam. e
aberto porque as respostas não são sausfatónas.
Estrutura do capítulo . .c
· · . · e·to de <identidade> part1ndo de daerentes perspec-
Pnme1ro, ana11sare1 o cone 1 . .. . .
·
tlvas, va1e d'1zer, d a l'1teratura, da antropologia e. da hngU1st1ca. Depo1s, comen-
carei 0 branding internacional de países e, após 1sso, detalhadamence, o p~pel do
artesanato em re laçao - a0 des1'gn e à criação da identidade cultural
. na.. Penfena.
Uso 0 conceito <Periferia> no sentido político, não no senndo geografico, envol-
vendo aquele grupo de países que já foi denominado pejorativamente de <países
46 em desenvolvimentO> ou, pior ainda, <países subdesenvolvidos>. Esse conceito
significa a perda da autonomia em termos políticos- em primeiro lugar-, de-
pois econômicos, tecnológicos e culturais.
O conceito de <Terceiro Mundo> perdeu sua relevância após o final da Guerra
Fria, embora o motivo de sua criação - reivindicar um espaço próprio para deci-
sões e diminuir a dominação do Centro sobre a Periferia- ainda continue vigen-
te. Afirmar que a oposição entre Centro e Periferia na era da globalização perdeu
sua validade- já que, supostamente, o Centro estaria em qualquer lugar- é
cínico ou ingênuo. A noite, codos os gatos podem ser pardos; porém, alguns são
mais pardos que outros. No final do capítulo, apresento uma série de exemplos
de design anônimo e design profissional da América l atina.
(3) Borges, Jorge Luis, «EI Otro,, em: E/libra de a:ena (5) Kafka, Franz, Oie Verwandlung, em: Kafka. Franz. Die
(1 • edição 1975). em: Obras Completas. Emecé Ed1tores. Erzahlungen und andere ausgewahlte Prosa, coordenado
Buenos Aires 2007, pp. 13-20. por Roger Hermes, editora S. Fischer. Frankfurt 1999.
(4) Rigotti, Francesca, op. cit., a caracterização dos
autores foi formulada por Huges. Robert, The Culture of
Comp/aint, Oxford University Press, Oxford 1993.
. . e 'odos mais frutíferos e ricos de uma literatura influências
extstem, asstm, nosc·as
• ,
P nnacionais ou tradições exclusivas:
A
. .
somente pohgênese
10equtvocas, essen 1 . " . '
· omt'scut'dade»(6) Cita o poeta sírio-hbanes Ah Ahmad Said· «A
mesttçagem, pr · . . . .
identidade não pode ser aceita como algo term~nado, nem defin.ltt~O, ao contrá-
rio, é uma possibilidade sempre aberta» e cont1nua: «a verd~deua Identidade
é uma corrente contínua que se nutre de uma infinita quantldade de riachos e
regatos». Isso é uma clara rejeição aos sonhos de uma identidade fixa ou de um
ser nacionalista.
Quero citar um representante das ciências sociais que também se alinha con-
tra a ideia da identidade como algo fixo, duradouro, fechado, próprio, essencial.
Zygmunt Bauman critica o slogan «P ensar globalmente, acuar localmente» sem
mencioná-lo explicitamente. Escreve: «Não existem soluções locais para pro-
blemas criados globalmente. [ ... ] As forças globais, avassaladoras e indomáveis,
prosperam na fragilidade da cena política e na decisão de políticas potencialmen-
te globais, sempre brigando por uma porção maior das migalhas que caem da
mesa de festa dos barões do assalto global. Tudo que seja partidário das <identi-
dades locais>, como aparente antídoto contra as malfeitorias dos globalizadores,
na verdade está se submetendo ao jogo deles»(7).
O conceito de <época multiculcurah também não escapa da crítica de Bau-
man: .<:0
~núncio de uma <época multiculturah reflete, na minh a opinião, a
expenenCla de uma nova elite global que, ao viajar para outros países encontra
membros da me.sma elite global que falam a mesma língua e que se ~reocupam
50
Teoria da dependência
As citações apresentadas são contrárias às boas intenções em desenvolver uma
identidade do design, que se discutem repetidamente nos congressos da Perife-
ria, sejam eles mexicanos, brasileiros ou chilenos. No contexto da dependência
existencial e da rebelião contra essa dependência, às vezes propõe-se a recupera-
ção da tradição nativa própria dos objetos de uso e de ornamentação.
A teoria da dependência(11), às vezes, propõe-se que foi desenvolvida como
contribuição genuína das ciências sociais na América Latina, na década de I96o,
possibilita entender a face política da questão da identidade do design na Peri-
feria, considerada incômoda em alguns casos. Essa contribuição teórica surgiu
em vários contextos, caracterizando o fim do colonialismo: revolução em Cuba;
Segundo Concílio do Vaticano, com a opção pelos pobres e a teologia da liberta-
ção; golpe de estado de I964 no Brasil; invasão da República Dominicana no ano
de I 965 pelos EUA e golpe de estado de I 966 na Argentina. 51
A teoria da dependência visava encontrar uma explicação para o fracasso do
desenvolvimento da América Latina, apesar de suas grandes extensões territo-
riais, sua mão de obra barata, variedade de recursos naturais, homogeneidade
cultural e boa infraestrutura de comunicação. As causas do atraso eram atribu-
ídas ao modelo dominante, responsabilizando-o pela não decolagem econômica
do subcontinente em virtude das estruturas sociais supostamente feudais. A tese
central dizia: a América Latina não é subdesenvolvida pela falta de estruturas
capitalistas sociais, mas, ao contrário, pela predominância dessas estruturas. O
subdesenvolvimento não foi considerado como um estado histórico, mas resulta-
do do processo de desenvolvimento capitalista. Esses países não eram subdesen-
volvidos, mas foram e ainda são subdesenvolvidos.
Para 0 design industrial da América Latina, a teoria da dependência teve uma
importante função prática. A política tecnológica e industrial, concebida den-
tro dessa teoria, orientada à substituição de importações, abriu um espaço para
(10) Bayart, Jean-François. The 11/usion of ldentity•. _ (11) Borón. Atilio. «Teoría(s) de la dependencia», em: Rea-
The University of Chicago Press. Chicago 2005 (ed1çao /idad Económica 238. 2008. Veja também: http://www.
francesa 1997). p. ix. iade.org.ar/modules/noticias/article.php?storyid=2661
(último acesso: 12.12.2008). Esse resumo da teoria da
dependência se baseia em grande parte nesse artigo.
, · de busca de identidade se apoiava na
. 1
· 1 is Essa po 1t1 ca
atividades pro)etuaJs oca · _ se voltou ao passado à procura das supos-
. . _ d ·d'damence,
1 nao .
indusmallzaçao e, eCl . as culturas pré-colombtanas. Essa busca é
, d d . latino-amencano n .
tas ra1zes o estgn d onto de partida para desenvolvtmento de
· - e prestao o como P . .
uma qmmera, nao s , . futuro Em vez de buscar a tdenttdade do
. " mo e valtdo para o · . .
um destgn autono . .dealizado, seria ma1s apropnado mudar a
design num passado romantlcamence 1
. - d 0 0 lhar rumo ao futuro.
d treçao . d d d" cia constitui 0 ominoso Consenso de Washington,
O oposto da teona a epen en 1' .
8 Durante a década de 1990, pautou a po 1t1ca
formulado no final dos anos I9 o. " . . al d O .
_ M d. 1 do Fundo Monecano Internacwn e a rgantza-
de acuaçao do Banco un ta ' . . " . d
. d C , · om consequências sooa1s e economtcas esastrosas
ção Mund1al e omerClO - c
para os países afetados.
Estilo
o conceito de identidade apresentado até aqui pode ser considerado equiva-
lente ao conceito de estilo na história da arte, não se confundindo com style ou
hábitos na vida cotidiana. O historiador de arte Horst Bredekamp dá a seguinte
explicação sobre estilo: «Entendo por <estilo> os traços comuns e reconhecíveis
de uma configuração transindividual. Para isso devem estar presentes dois ele-
mentos: pelo menos duas pessoas projetando e duas obras que, apesar de terem
52 surgido independentemente uma da outra, são muito similares, apresentando
algumas evidentes características em comum. Isso é uma definição do conceito
de estilo na história da arte pelo mínimo denominador comum. » (12) É revelado-
ra a ênfase colocada em características transindividuais nessa caracterização do
conceito de estilo.
Outro conceito de estilo é baseado em características morfológicas: «0 estilo
se ~ed,u~ da comparação morfológica. »(13) Isso pode ser motivado pelo fato de
a h1stona .da arte encontrar dificuldade quando lida com assuntos de design.
Poder-se-ta dar um passo além dt'sso e perguntar se o tnstrumenta
· 1 d a h'tstona
, · da
arte,
, enquanto se concentra em características morfiologKas,, · - e, ma1s
nao · um obs-
•
taculo para o debate sobre quest-oes d e d estgn,
· sobretudo quando coloca a estenca ' ·
como tema central da discussão.
Nos debates profissionais os d ·
. ' esJgners sempre se defenderam veementemen-
te contra a Interpretação simplista d .
especialistas da c d b e seu trabalho, dtzendo que não são apenas
rc0 rma e ou a eleza p . .
· or tsso, a definição de design indusmal
(14) Maldonado, Tomás. «Neue Entwicklungen in der (16) Sandall, Roger. The Culture Cult- Designer Tribalism
lndustrie und die Ausbildung des Produktgestalters, ulm, and Other Essays, Westview Press. Boulder 2001. p. 3.
Zeitschrift der Hochschule für Gestaltung, n. 2 (1958). (17) Edward Said mostrou de que maneira o orientalismo
(Novos desenvolvimentos na indústria e o ensino do como disciplina acadêmica -muitas vezes ligado aos
interesses de dominação- influenciou a ideia ocidental
design de produtos] . . .
(15) Um resumo do desenvolvimento htstónco da tnterpre- sobre o cOriente). Ele pergunta: cc ••• como se pode anali-
tação do design oferece Tomás ~aldonado. Ma~d.onado. sar outras culturas a partir de uma perspectiva libertária
Tomás. Disegno industriale: un nesame -.De~nwone ou não repressiva e não manipulativa?, em: Said. Edward,
Storia Bibliografia. Giangiacomo Feltrinellt, Mtlano 1976. Orientalism. Vintage Books. New York 1970. p. 24.
. d lh damence a obra monumental de 30 volumes de Alexan-
P raccs anal tsa eta a . .
der von Humboldc. «Ele invencou a América do Sul em pnmetro lugar como
Natura. Não a Natura acessível, colecionável, reconhecível, categorizável dos
representantes de Linnaeus, mas uma Natura dramática, extraordinária, um
espetáculo que ultrapassa a compreensão humana. »(18)
A autora compara esse enfoque com relacos de viagens dos autores que ela cha-
ma de «vanguarda capitalista» e que formulam a construção de uma identidade
oposta à de Humboldc: «A carefa ideológica da vanguarda consiste na tentativa
de caracterizar a Amérika (sic] como atrasada e descuidada e considerar as paisa-
gens não capitalistas da América Latina de forma a demandar urgentemente uma
exploração racional à maneira europeia. Os analistas do discurso colonial reconhe-
cerão aqui a expressão da missão civilizatória, na qual os europeus do norte ro-
tulavam outras pessoas (para si mesmas) como <natives>, isto é, seres incompletos
que sofrem da incapacidade de alcançar aquilo que os europeus já conseguiram
atingir ou que deveriam se transformar naquilo que os europeus consideram dese-
jável. Desse modo, a vanguarda capitalista se colocou como uma inevitabilidade
moral e histórica no futuro daqueles a quem tentavam explorar.»(19)
O olhar fixo em business opportunities pode ser encontrado de maneira exemplar
na observ~ção d_o capitão Charles Cochrane, que escava à procura de possibili-
dades de mvestlmento na América do Sul. Durante sua estadia de dois anos
54 1823-1824~ «el~ deveria averiguar o potencial da mineração e da coleta de ~é
rolas na ~olombta, e descreveu a paisagem latino-americana como uma má uina
adormwda que precisaria ser despertada: <Neste país existem todas as conJi ões
~a:~ empreedndtmentos bem-sucedidos: recursos naturais, até o momentO imp\o-
u tvos, po em ser explorados produtiva . . /
levaria a produzir vantagens e riqueza :~~e com capltal e mdustria, o que
explorações e tirará proveito d .»> _eve-se perguntar quem fará essas
. os recursos loca1s Ap _ / .
amencano. Esse paradigma instituído elos . . arencemence, nao e o mdo-
se mantido _até ~oje sem mudanças.. p colonizadores a partir de 1492 cem
. A pesqutsa ltterária mostra que identidades - . .
cnados pela linguagem tendo . fl sao pnmord1almence construtos
A •
d ad es se mamfestam
. '
geralmentepouca .m, uencta d os recursos visuais.
. . Essas identl-.
. em JUIZOS preco b'd
asstm, no comportamento hu A. . nce 1 os (assessments), influindo,
, mano. tdenctdad - d
um e ou tem, mas do que vive n . . , . e nao epende tanto do que cada
o tmagmano d
pertencem ao mundo do l'ima · . as outras pessoas. Identidades
gmazre. Elas são a rte f:atos de comunicação.
(21) Paulmann, Robert, Oouble Loop- Basi~wissen (22) Eberle Gramberg, Gerda e Jürgen Gramberg, «Stadt-
Corporate /dentity. editora Herrmann Schm1dt. Mamz identitat- Stadtentwicklung ist ldentitatsentwicklung»,
em: Stadtidentitat - Der richtige Weg zum Stadtmarke-
2005. p. 125.
ting, coordenado por Maria Luise Hilber e Ayda Ergez.
editora Orell Füssli. ZUrich 2004, pp. 27- 35.
1091 Branding nacional para o fomento do tu ·
'I P . K'k F nsmo
1041 Branding nacional Nicarágua. no 8 ras• . ro1eto: 1 o arkas. Semântica d
1051 Branding nacional Equador. Projeto: Ministério cores (do relatório de projeto):
. . verde para a as seIva.
de Turismo. 2004. amar? Io para o soI e Iummos1dade; vermelho e •
1061 Branding nacional Uruguai. Projeto: Gonzalo laranJa para festas populares; azul para 0 céu 0
mar; branco para o aspecto religioso no Br .1e
Pro~~~·
Silva e Nicolás Branca, 2002.
1011 Branding nacional Argentina. Projeto: Guil- 11011111 Branding nacional Guatemala.
lermo Brea em colaboração com Alejandra Lu na e Jnterbrand, 2004. ·
Carolina Mikalef, 2006. I12IJ13I Branding nacional México.
IOBI Branding político Brasil. 2003.
I04II05II061
.. ' ' ,.,...."''\
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NICARAGUA UruguayNatura/
a coulltlt.'J wltlt a lteallt
56
I07II08II091 Argentina
Sensacional!
11011111
11211131
1141 Marketing nacional para vinhos argentinos l16lldentidode garantida pela assinatura de uma
1151 Rótulos para garrafas de vmho na Argentina. garrafa PET de água mineral na SUtça. Projeto:
Projeto: Estúdio Boldring & Ficardi, 2004. O atributo Mario Bona.
da argentinidade desses rotulos consiste no fato de
que foram desenvolvidos na Argentino.
1171 Filtro de água para uso doméstico. Projeto:
Oswaldo Rocco o Roberto Brasil. 2004. Neste exem-
plo do design no Brasil a identidade é determinada
pela temática.
COSECHA 2007
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11611171
- b -ao se chegue a um estado bélico, com vencedores e vencidos
agressoes, em ora 0 . . . .. ,
como de maneira catascrofista previu Hunttngton, no llvro Ctash of Ctvtltzations.
(25) Olins. Wally, Trading ldentities- Why countrie~ and (27) Marx. Karl. «Der Fetischcharakter der Ware und sein
Geheimnis», em: Marx. Karl. Das Kapital. editora Oietz.
companies are taking on each others' role, The Forelgn
Berlin 1947. p. 76 e seguintes. ·
Policy Centre London 1999, pp. 23-26. (28) Lütticken. Sven. «Attending to Abstract Things)). em:
(26) Eagleto~. Terry, <<A fresh look at Wally Olins's highly New Left Review. n. 54. 2008. pp. 101- 122.
regarded branding manual. now in paperbackll, em: ey~
53. outono 2004. Acessfvel em: http://www.eyemagazme.
com/feature.php?id=116&fid=508.
- f:asta da profissão do designer com as coisas caras, rebus-
comprovam ,. a .conexao
b ne·t·nhas Fica a dúvida quantO a, capaCl'dade do designem
1
cadas excentncas e om ·
li ber~r-se desse. abraço
· · do seubranding
clímax ·com os <capnchos . .
teológteos> .
e as <sunlezas
O b, ran
· dzngd
anngtu 0 . .
adort·a · ctuindo os awbucos <sensuats-cransensuats>. As téc-
.
0
,1
metaftsteas> a roere
nicas de criação dos aspectos simbólicos d?s ~r~~ucos e das empresa:~tingira:U um
grau de maturidade que, há r 50 anos, sena dtftCl~ de prever. Frente a tmportancia
adquirida pela dimensão simbólica das mercadonas e das empresas, parece necessá-
rio que design de produtos e o ensino do design incorporem o estudo das emo-
0
ções (emotional design). O designer deveria se p reocupar com esses aspectos do design
emocional em vez de lidar com coisas supostamente banais como o uso, praticidade
e detalhes técnicos. Esse processo é facilitado pela oferta de software para rendering.
Contudo, sua utilização, como se sabe, não substitui a atividade projetual.
O aspecto simbólico num produto técnico anônimo, como, por exemplo, um
parafuso, no máximo, está presente em craços secundários. Em compensação, esse
aspecto pode ser inflado ao excremo no âmbico dos producos de consumo, assu-
mindo dimensões superlativas e chegando ao absurdo, como mostra o exemplo
de uma chaleira de porcelana fina em forma de crânio animal revestida com pele
de castor. Nessa categoria de producos simbólicos, pode-se incluir também um
espremedor de cítricos que se transformou em um ícone de design, no qual as
características primárias de uso são subordinadas a um conceitO formal. Isso pode
60
ser uma das caus~ desse espremedor ser considerado como escultura para deco-
rar as mesas de dtretores. A entronização da dimensão simbólica corresponde ao
desprezo arrogante pela planura das funções práticas.
E~ uma oposição esquemática Bem/Mal dos dez mandamentos do branding
emocwnal -~ «Do
.d d se pode ler- . prod uco para a expenencia: . ,. produtos preenchem
necesst a es - expenenetas preenchem dese. os» . -
emoção: a funcionalidad d d J e, a seguu, «Da funçao para a
e 0 pro uto trata de suas l'd d ..
sigo emocional trata de e . ,. . qua t a es superfie1a1s - o de-
, xpenenctas. »(29) N- · .
a experiência sensorial no m . d ao tmporta como o consumtdor reage
anuselO e uma fa d -
dedo - isso seria simples res d d ca e cortar pao quando ele corta o
0 u 1ta o e uma fu - d, .
ca que teria pouca importânci D nçao secun ana, superficial, práti-
. a. e acordo com 0 d
cwnal, o consumidor estar" · man amemo do design emo-
. ta tnteressado apena . "' .
tmporcando com o corre no ded N , . s em expenenCtas sensoriais, não se
, o .aptce de ssa c1asse de produtos estariam os
. 0·
ob Jetos nos quais qualquer
caractensnca de u ma fu nçao - prática é eliminada.
, Aí
Perspectivas do artesanato
. .O uso de recursos locais (mor·tvos gra"ficos, com b.maçoes
_ cromattcas,
.... mate-
nats
. _e processos .de produção mtenstvos
· · - de obra) em relação ao destgn
· e
. em mao
cnaçao da tdenttdade pode se · d . . ....
r vtsto, e maneua exemplar em países penfencos.
Em grand e parte, essas atividades . ' .
pertencem ao setor mformal da economta e
A semântica da tecelagem . d c d · .
- 0 artesanal é compreendtda e rorma re uctomsta
Frequentemente, a prod uça . c
. . · d d ma visão puramente escéc1C0-10rma1. Isso pode ser
ou ltmtcada, em vtrcu e eu .
. d lo dos patterns de losangos aplicados em produtos
explicado usan o-se o exemp , . ,
A • A • b e de madeira no MexKO. «No Q ero (forma de tece-
cexcets, ceramiCos, ca aças .
, d. ·d'do em quatro parces sendo um dos elementos mats
1agem ) o l osango e IVI 1 .' ,
usados para representar concepções cosmol~gKaS. Os elementos graficos dess~
osango
- ratos,
sao:
· uma 11·nha d 1·v1·so' ria vertiCal e secas que se referem a concettos
1
do espaço e do cempo .... A linha divisória vertical ~scrucura o l.osa~go. em hatún
inti (sol grande) que, segundo os informantes dos Q eros e Kaults, stgmfica o
sol ao meio-dia e uma ordem social dualista .... Outros elementos gráficos são
usados por eles, representando a hora do dia, o período do ano e a divisão quadri-
partida da Terra. »(35)
Em um projeco de pesquisa de design, do qual foi retirada essa citação, cons-
tataram-se as visíveis dificuldades de interpretação desses patterns. Um exemplo
mostra as interpretações erradas que uma pessoa vinda de fora e não familiarizada
64 com a cultura local pode cer: «Ü processo de colonização suprimiu essas dimen-
sões semânticas ou visões cosmológicas. Em uma pesquisa sobre a linguagem dos
Amuzga no Estado Guerrero, no México, descobriu-se que a tradução da lingua-
gem dos Amuzga para o espanhol foi feita por voluntários do Instituto Linguís-
cico de Verão dos EUA, o que levou a uma perda do significado correto de codo
o conteúdo histórico-conceitual. Essas traduções são cão erradas que uma figura
geométrica, na qual os participantes do curso de verão visualizam a forma de um
<s~paco>, ceve o respectivo signo literalmente traduzido como <sapato>, apesar de
nao usarem sapatos nesta região. »(36)
000000
000000
00 00 00
0000(1)
oo'YA 000000
1181
~
(J)(J)(J)
(J)(J) 0000 (J)(J)
(1)(1)00
(J)
00
~
(1)00~ 2.
(J)
000000
(1)(1)00
1. 3. (J) (J) (J) (J) 4.
65
11911201
IDENTIDADES
PRODUCTIVAS
COLECCJÓN CH\.JBUT: ROPA,
OBJETOS, DJSENO
--
1vt dft UIWta'ICot ~ ~ M ,
''-~"~ ('t,.,.wt
12111221
66
12311241
~:;..;<:" -· l T
~""'~·~-' ..
1251
1261 Reciclagem de pneus (Campina Grande,
nordeste do Brasill Ambiente de trabalho para 1291 Separação do material.
produzir uma lixeira. 1301 Detalhe de junção do fundo.
1211 Matéria-prima. 1311 Produto terminado.
1281 Separação das camadas do pneu. 1321 Ferramentas e grampos de produção própria.
1331 Forma preliminar da lixeira.
126112711281
67
12911301
131113211331
1371 Martelos feitos de vergalhão e pregos
I34II35II36II3BII39IIdentidade determinada para 'Ih d para
fi xar tn os nos ormentes de ferrovias (Cam .
uma cultura local de produtos de reciclagem: Grande, nordeste Brasil). pma
candeeiro de latas de cerveja, latas de conserva e
embalagens de vidro (Campina Grande, nordeste
do Brasil).
1341
13511361
68
1371
I3BII39I
.. ...,........,.,_,,_____== -------
~
I40II41II421 Sistema de sinalizacão urbana 1431 Gráfica institucional para Buenos Aires.
(Buenos Aires). o primeiro exemplo de um grande Projeto: Eduardo Canovas.
sistema sinal ético instalado no espaço público na 1441 Sinalização do metrõ em Buenos Aires.
Argentina e que frequentemente servia como ponto Projeto: Estúdio Shakespear, 1996.
de referência para versões locais Projeto: 1451 Adaptação do sistema ao contexto local
Guillermo Gonzalez Ruiz (diretor) e Ronald (la Plata).
Shakespear, 1971-1972.
14011411
~· Taxis
69
14211431
..... _
..--...*ta::......
•
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14411451
1471 Contexto
. nodqual. se obtém a matéria-pnma
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1461 Praça central da cidade de Cachi (Província para o s1stema e onentação (Pré-Cordilhe· I
de Salta, no noroeste da Argentina), na qual foi I4BII49IIdentidade determinada pelo uso d Ira ·
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instalado um sistema de orientação adaptado ao riaiS 1oca1s: s1stema e onentação de corti a
contexto local. do cacto. ç
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159lldentidade criada mediante tratamento d
1541 Gráfica urbana anônima (Cholula. México) detalhes: juntas no muro de um edifício. e
l55ll56ll57ll58lldentidade criada mediante combi·
nações cromaticas (Cholula, México).
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160II61IIdentidade do bairro urbano la Boca em
1631 Grafica anônima (chamadas de <fileteS!) nos
Buenos Aires mediante combinaçoes cromaticas
ônibus em Buenos Aires. Esta gráfica, típica para
nas fachadas.
a imagem da ctdade, foi proibida na metade dos
1621 Ostmbolo de reconhecimento do lenço branco anos 1970 com o argumento de que contribuía para
das Mães de la Plaza de Mayo que reclamam a <poluição visual>. Foto: lnés Ulanovsky, Estúdio
seus familiares desaparecidos durante a ditadura Zkysky.
militar.
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16611671 Design gráfico .na. Argentina. Primeira capa
16411651 Proteção da identidade: anúncios nos de um supIemento domm1cal de um jornal sobre 0
jornais de uma campanha contra a exportação de tema c11 de setembro, e o tema caqueciment 1
fósseis protegidos na Argentina. ba!l. Projeto: Alejandro Ros, 2003 e 2006.
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j74\ Dispositivo no carrinho para compactar e b
Jagens de plastico. m a-
1n1 173\ Carrinho coleta de material reciclável
Projeto: estudantes da Universidade de la Plata,
docente Eduardo Simonetti. 2005. Nesse caso, a
identidade é determinada pela problemática que
surgiu como consequéncia da profunda crise eco-
nomica na Argentina nos anos 2001-2002.
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173\ \141
Modos de materialização da identidade do design
1. Em forma de um grupo de características formais ou cromáticas (stilem1).
4. N~ aplicação de um método projetual específico (empatia por uma tradição e uso desses atributos
arra1gados em determmada região).