CURSO
EDUCAÇÃO
E
FORMAÇÃO
Empregado
de
Restaurante/Bar
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA
8259 PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA
8259 PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
Índice
P
–
3
Enquadramento
P
–
4
Competências
P
–
4
Conteúdos
Programáticos
P
–
5
Recursos
P
–
5
Avaliação
P
–
6
Desenvolvimento
Programático
P
–
42
Bibliografia
2
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA
8259 PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
Enquadramento
A temática da nutrição e dietética é de grande importância para toda a população. A
formação individual e consequente formação informal em rede é extremamente eficaz ao
conduzir a prática alimentares e hábitos de vida saudáveis. A sociedade está envolta numa
crescente espiral de industrialização sendo que os produtos alimentares podem ser alvo
desta industrialização perdendo-se a “naturalidade” da alimentação. A alimentação
apresenta-se de uma importância extrema para a saúde. Algumas das doenças crónicas
atuais mais frequentes podem ser parcial ou totalmente relacionadas com o consumo
alimentar. A alimentação racional promove o equilíbrio entre os alimentos nefastos para a
saúde do ser humano, mas também aqueles que exercem um proteção exímia para a saúde.
Desta forma, a prática consciente de escolhas alimentares deve ser informada e consciente.
Para isso, a formação e o conhecimento são de fato, uma mais-valia para o consumo
informado.
Nr
de
aulas:
25
sessões
Início:
22.11.2017
Fim:
14.03.2018
Professor(a):
TERESA
CUNHA
3
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA
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Competências
No
final
do
módulo
deverás
ser
capaz
de:
Conteúdos
Programáticos
No
decorrer
deste
módulo
irás
estudar
os
seguintes
conteúdos:
• Nutrição e alimentação
o Conceitos
o Funções
da
alimentação
• Constituintes alimentares
• Metabolismo
• Alimentação equilibrada
o Regras
Recursos
Manual
da
UFCD
Computador
com
acesso
à
internet
Projetor
multimédia
Cozinha
e
Bar
pedagógicos
4
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Avaliação
AVALIAÇÃO
%
DATA
/
PRAZO
AUTOAVALIAÇÃO
FORMADOR(A)
ATITUDES
20%
Ù Assiduidade
e
pontualidade
5%
Ù Empenho e interesse 5%
Ù Comportamento 5%
PROVAS
80%
Ù Teste
escrito
80%
28/02/2018
A
avaliação
realiza-‐se
por
componente
de
formação
e
expressa-‐se
numa
escala
de
1
a
5
valores
sendo
que:
0%
-‐
29%
-‐
1
valor
30%
-‐
49%
-‐
2
valores
50%
-‐
70%
-‐
3
valores
71%
-‐
85%
-‐
4
valores
86%
-‐
100%
-‐
5
valores
5
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA
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Desenvolvimento
programático
ALIMENTAÇÃO RACIONAL
Sistema digestivo
A alimentação é uma necessidade básica, sendo desde sempre uma preocupação do ser
humano. É conhecida a boa relação entre a saúde e uma alimentação racional e equilibrada.
Os alimentos são utilizados pelo ser humano para fornecer energia e nutrientes necessários
ao bom funcionamento do organismo, para promover e manter o bom estado de saúde físico
e mental e assegurar o crescimento saudável das crianças e adolescentes. É também, sem
dúvida uma fonte de prazer. São necessários bons alimentos para obter bons nutrientes.
O sistema digestivo é formado por um longo tubo musculoso, ao qual estão associados
órgãos e glândulas que desempenham diferentes funções na digestão. É constituído pelas
seguintes estruturas: boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado, intestino grosso,
reto e ânus. As glândulas anexas são o pâncreas, o fígado e as glândulas salivares.
A boca inclui os dentes e a língua. Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao
maxilar superior e mandíbula, cuja atividade principal é a mastigação. A língua movimenta o
alimento empurrando-o em direção ao esófago, para que seja engolido. Os dentes e a língua
preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação. Os dentes reduzem os
alimentos em pequenos pedaços, misturando-os com a saliva, o que irá facilitar a futura ação
das enzimas digestivas. Desta forma, na boca (por ação dos dentes, da língua e da saliva)
os alimentos são transformados em bolo alimentar.
A faringe, situada no final da cavidade oral, é um canal comum aos sistemas digestivo e
respiratório. Pela faringe, passam os alimentos (para o esófago) e o ar, que se dirige à
laringe.
O esófago é o canal que liga a faringe ao estômago e localiza-se entre os pulmões, atrás do
coração. Atravessa o músculo diafragma, que separa o tórax do abdómen. O bolo alimentar
desloca-se pelo esófago devido à ação dos movimentos peristálticos.
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O estômago é um órgão muscular que liga o esófago ao intestino delgado. A sua função
principal é a digestão de alimentos ricos em proteínas. Um músculo circular, que existe na
parte inferior, permite ao estômago acondicionar quase um litro e meio de alimentos,
possibilitando que não se tenha que ingerir alimentos continuamente. No estômago é
produzido o suco gástrico, altamente ácido porque é constituído por ácido clorídrico. O bolo
alimentar pode permanecer no estômago até quatro horas ou mais e, ao misturar-se com o
suco gástrico, auxiliado pelos movimentos peristálticos, transforma-se no quimo.
Simultaneamente a bílis atua no quimo para além de outras enzimas e secreções, sendo o
quimo transformado em quilo. A absorção dos nutrientes ocorre através de mecanismos
ativos ou passivos, nas regiões do jejuno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas
regiões, apresenta vilosidades intestinais que aumenta a superfície de absorção intestinal.
As membranas das próprias células do epitélio intestinal apresentam, também
microvilosidades intestinais. O intestino delgado também absorve a água ingerida, os
eletrólitos e as vitaminas.
O aparelho digestivo é ainda constituído pelas glândulas anexas. A presença de alimento na
boca, assim como a sua visão e cheiro, estimulam as glândulas salivares a produzir saliva,
que contém a enzima amilase salivar, além de sais e outras substâncias. O pâncreas é uma
glândula mista, de mais ou menos 15 cm de comprimento e de formato triangular, localizada
transversalmente sobre a parede posterior do abdómen.
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O pâncreas produz enzimas digestivas que são libertadas no duodeno. Além disso produz
hormonas como a insulina e o glucagon, importantes para a regulação da concentração de
glicose na corrente sanguínea. O fígado é a mais volumosa de todas as vísceras, pesa cerca
de 1,5 kg no homem adulto, e na mulher adulta entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor arroxeada,
superfície lisa e recoberta por uma cápsula própria. Está situado no quadrante superior
direito da cavidade abdominal. As funções do fígado são: produzir a bílis, remover a glicose
do sangue, armazenar ferro e vitaminas, promover a digestão das gorduras, degradar o
álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do organismo.
Nutrientes
Os nutrientes são as substâncias contidas nos alimentos que vão fornecer a energia e os
materiais necessários para a síntese e a manutenção da matéria viva. Os nutrientes são os
hidratos de carbono, as proteínas, os lípidos ou gorduras, as fibras alimentares, as vitaminas
e os sais minerais. Os nutrientes que são necessários em grandes quantidades na
alimentação são os macronutrientes (hidratos de carbono, proteínas, lípidos) e os
micronutrientes são aqueles que são necessários em pequenas quantidades na alimentação
(vitaminas e sais minerais).
As vitaminas e sais minerais não têm valor energético. O álcool fornece 7 Kcal/g.
um alimento pode fornecer ao organismo para realizar as suas funções vitais.
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Os hidratos de carbono (HC) são a fonte de energia para todas as funções do organismo e
são os nutrientes mais importantes para a realização das atividades mentais e físicas.
Algumas fontes de HC: arroz, cereais, pão, massas, leguminosas secas, batata, fruta e
hortícolas.
Figura 1 – Divisão dos hidratos de carbono em hidratos de carbono simples e complexos.
Proteínas
As proteínas são formadas por cadeias naturais, formadas pela união de aminoácidos e até
hoje, estão identificados cerca de 20 aminoácidos diferentes. As proteínas podem ser de alto
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valor biológico e de baixo valor biológico. Denominam-se proteínas de alto valor biológico
quando os aminoácidos existem em quantidades e proporções adequadas às necessidades;;
estas proteínas são melhor aproveitadas pelo organismo e existem apenas nos alimentos de
origem animal (leite e derivados, carnes, pescado e ovos). As proteínas de baixo valor
biológico não possuem aminoácidos em quantidades e proporções adequadas às
necessidades. Podem constituir uma boa fonte proteica mas na sua composição faltam
alguns aminoácidos essenciais. Encontram-se nos alimentos de origem vegetal como
leguminosas frescas (ervilhas, favas) e secas (grão de bico, feijão e lentilhas). Quando o
aminoácido está presente na proteína em menor quantidade do que a necessária diz-se que
é o aminoácido limitante. No entanto, os alimentos podem ser conjugados para que possam
fornecer o aminoácido limitante e assim possibilitarem a construção das proteínas
necessárias ao organismo. Exemplos: feijão + arroz, cuscuz + lentilhas, brócolos + quinoa.
Nos países desenvolvidos (incluindo Portugal) são raros os casos de carência proteica e
pode mesmo existir até uma ingestão proteica superior às necessidades que pode estar na
génese de patologias como a obesidade, alguns tipos de cancro, doenças cardiovasculares,
insuficiência renal e colesterol elevado.
Lípidos
Os lípidos são vulgarmente denominados por gorduras. São essenciais para o crescimento e
manutenção dos tecidos do corpo e desenvolvimento do cérebro e visão, transportam
algumas vitaminas (A, D, E e K) e rodeiam os órgãos de forma a protegê-los de agressões
externas. São constituídos por conjuntos de unidades pequenas – os ácidos gordos - que
existem nos alimentos sob a forma de triglicerídeos. As fontes alimentares mais comuns são:
azeite e óleos, frutos gordos, manteiga/margarina, banha, toucinho, gema de ovo e as
gorduras que fazem parte da constituição da carne e do peixe.
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gorduras trans devem ser evitadas na alimentação porque quando presentes no organismo
enfraquecem a estrutura da membrana das células e sua função protetora e alteram a
passagem normal de sais minerais e outros nutrientes pela membrana celular.
Fibra alimentar
As fibras alimentares podem dividir-se em fibra solúvel ou fibra insolúvel (Figura 2).
Figura 2 – Divisão da fibra alimentar.
Vitaminas e minerais
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encontram-se numa grande diversidade de alimentos quer de origem vegetal quer de origem
animal.
As vitaminas e minerais são os defensores das doenças e regulam reações
químicas vitais e específicas.
Num indivíduo saudável, é importante, que a quantidade energética ingerida seja equivalente
à quantidade gasta, de forma à manutenção de um peso corporal adequado. As
necessidades energéticas variam com o período da vida, a condição fisiológica, o estado de
saúde/doença e situações especiais (gravidez, lactação, situações de lesão ou febre).
Os valores de energia médios aconselhados para adultos saudáveis variam geralmente entre
as 1800 e as 2500 calorias, dependendo dos fatores atrás enunciados. A atividade física tem
uma grande influência porque corresponde a um dispêndio energético.
Nas mulheres, os
valores energéticos diários podem variar entre as 1500 e as 1800 calorias e nos homens
estes valores podem variar entre as 2000 e as 2500 calorias. É desaconselhado um valor
energético diário inferior a 1200 calorias por dia (para as mulheres) e 1500 calorias (para os
homens).
- Metabolismo basal
- Ação dinâmica específica dos alimentos
- Atividade física
Metabolismo basal
o Idade
o Altura
o Composição corporal
o Sexo
o Atividade física
o Estado nutricional
o Clima
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o Alimentos condimentados
o Cafeína
Atividade física
Vitaminas
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Vitaminas hidrossolúveis
São as vitaminas do complexo B e vitamina C. Dissolvem-se em água e são transportadas
pela corrente sanguínea. Na sua grande maioria, não são armazenadas no organismo em
quantidades significativas o que significa que as quantidades desnecessárias são eliminadas
pela urina.
Vitaminas lipossolúveis
Funções: crescimento e função normal da retina, preserva a visão noturna, melhora o estado
imunitário, antioxidante.
Fontes: Retinol – fígado, ovos, leite gordo, queijo, óleo de fígado de bacalhau;;
Betacaroteno
– cenoura, alperces, tomate, manga, abóbora, salsa, espinafre, agrião, batata- doce, meloa,
couve, levedura de cerveja.
- Pode ser sintetizada na pele a partir da exposição solar (90%).
- Uma parte vem de fontes alimentares (apenas 10%).
Fontes: óleo de fígado de bacalhau, atum, arenque, sardinha, truta, salmão, gema de ovo,
gérmen de trigo, sementes de girassol, queijo, cogumelos frescos. Também é produzida pelo
organismo pela exposição ao sol.
DDR = 5 μg/dia
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Vitamina E ou Tocoferol
Fontes: gérmen de trigo, aveia, óleos de milho, soja, amendoim, palma, coco e girassol,
gema de ovo, banana, abacate.
Fontes: citrinos, kiwi, ananás, abacaxi, manga, acerola, morango, tomate, couve-de-bruxelas,
couve- roxa, nabo.
- Importante para o bom funcionamento do cérebro, dos músculos, do coração e do
sistema nervoso;;
Fontes: cereais integrais, aveia, gérmen de trigo, grão-de-bico, feijão, ervilhas, soja, carnes e
vísceras, gema de ovo, arroz integral, levedura de cerveja, nozes.
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Vitamina B2 (riboflavina)
Funções: intervém no metabolismo das proteínas dos lípidos e dos hidratos de carbono,
contribui para a saúde da pele, dos cabelos e das unhas.
Fontes: fígado, coração, rins e carne de vaca, frango, nabiças, grelos, espinafres, agriões,
queijo, amêndoas, nozes, levedura de cerveja, ovos, cogumelos, leite gordo.
- Pode ser destruída pela luz e por algumas formas de cozedura;;
- Participa em muitas reações enzimáticas de síntese e degradação de aminoácidos
e proteínas, sendo necessária para a produção de novos tecidos durante o crescimento.
Fontes: levedura de cerveja, cereais integrais, atum fresco e de conserva, fígado, gema de
ovo e gérmen de trigo, pão integral, carne, espinafres, couves, batatas, aveia, ervilhas, pera,
laranja e banana.
Funções: antianémica.
Fontes: carne e fígado de vaca, atum, arenque, ovos, leite e derivados.
- É destruída pelo processamento dos alimentos e por algumas formas de cozedura;;
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- É necessária para a síntese de várias hormonas como a insulina, a cortisona, a
tiroxina e as hormonas sexuais.
Funções: atua no metabolismo dos açúcares, das proteínas e dos lípidos contribuindo para a
produção de energia, ativa a circulação sanguínea, contribui para o bom estado da pele, do
aparelho digestivo e do sistema nervoso.
Fontes: couves, espinafres, alface, alfafa, couve-flor, brócolos, ervilhas, cenouras, tomate,
laranjas, pêssegos, bananas, chá verde.
Minerais
À semelhança das vitaminas, os minerais facilitam os processos metabólicos corporais e têm
funções únicas de regulação de funções vitais. Apesar de constituir apenas 4% do peso do
corpo, os minerais têm um papel importante na estrutura física como nos ossos e dentes e
também nos músculos, sangue e outros tecidos do corpo que contêm minerais na sua
estrutura. Todos os minerais são absorvidos no intestino, sendo depois transportados e
armazenados no organismo sob diferentes formas como na corrente sanguínea ou unidos a
proteínas.
Cálcio
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Fontes: leite, queijo, iogurte, tofu, espinafres, nabiça, soja, favas, ervilhas, feijão, sardinhas
em conserva, salmão, gema de ovo, acelga, agrião, brócolos, rebentos de alfafa, lentilhas,
quiabo, algas marinhas, levedura de cerveja, nozes, abacate, banana, gergelim, sementes
de girassol, amêndoas, sementes de sésamo.
Ferro
Funções: necessário para produzir hemoglobina;; importante para um bom funcionamento do
sistema imunitário, do fígado e para o metabolismo das vitaminas.
Fontes: feijão, favas, ervilhas, grão, ervilhas, lentilhas, gema de ovo, tâmaras, sementes de
girassol, beterraba, acelga, cacau, carnes, peixe, aveia, tofu, alperces secos, levedura de
cerveja, fígado.
Magnésio
Fontes: gérmen de trigo, cereais integrais, aveia, milho, levedura de cerveja, chocolate preto,
algas, nozes, amêndoas, leite e derivados, alperces secos, acelga, feijão de soja, salsa,
quiabo, ameixas, pera, laranja, banana, uvas.
Potássio
Funções: em conjunto com o sódio, regula os líquidos corporais, tem ação diurética,
ajudando a eliminar o excesso de sódio e a prevenir e reduzir o risco de hipertensão arterial;;
ajuda a regular o ritmo cardíaco;; participa na síntese de proteínas;; é necessário para o bom
funcionamento muscular e ativa as enzimas que controlam a produção de energia.
Fontes: algas, frutos secos, feijão, grão, ervilhas, cacau, banana, manga, laranja, kiwi,
espinafres, agriões, nabiças, couves, tomates, alface, batata.
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Crómio
Juntamente com a vitamina B3 é importante para o balanço energético, para diminuir a fome
e a sensação de “craving”.
Funções: ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue. DDR = 40 μg/dia
Sódio
A água tem uma função reguladora dos processos metabólicos corporais. O ser humano
absorve cerca de 99% da água e iões presentes nos alimentos ingeridos e nas secreções
gastrointestinais. A água constitui mais de 60 a 70% do peso corporal de um homem e 55 a
65% de uma mulher e nos bebés atinge mesmo os 75%. O desempenho fisiológico pode ser
reduzido se os líquidos corporais se encontrarem em quantidades reduzidas.
A água é ainda importante para a regulação da temperatura corporal sendo que o estado de
hidratação é determinante para a saúde de adultos e crianças (Figura 3).
2) Estar atento aos sinais de desidratação: sede, urina de cor intensa, cansaço, dores de
cabeça, dificuldade na concentração, atenção e memória;;
3) As perdas de água serão maiores em algumas situações, nomeadamente com o aumento
da temperatura ambiental e com o exercício;;
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desidratação e responderem aos seus sinais pode estar comprometida);;
5) Existem outras fontes de hidratação para além da água: fruta, sumos e néctares, leite,
iogurtes líquidos, infusões de ervas, sopa, saladas...
Figura 3 - Ingestão recomendada de água total (Litro por dia) Fonte: Instituto de Hidratação e Saúde
A opção por hábitos alimentares mais saudáveis, não significa abdicar totalmente daqueles
alimentos menos saudáveis. O importante é que o consumo desses alimentos constitua a
exceção e não a regra do dia-a-dia alimentar. A informação pode ser transmitida através de
instrumentos de educação alimentar:
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8259 PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
Em 1992, o Departamento da Agricultura dos EUA (USDA) apresentou uma das primeiras
pirâmides alimentares. Na pirâmide, os hidratos de carbono complexos de cereais inteiros ou
parcialmente inteiros como as massas e o pão escuro constituíam a base da pirâmide,
significando que deveriam constituir a base da alimentação diária. Por outro lado, as
gorduras sólidas, óleos e o açúcar encontravam-se no topo da pirâmide indicando que
deveriam ser consumidos apenas ocasionalmente. Em 2003, cientistas da Universidade de
Harvard propuseram uma nova pirâmide denominada “Pirâmide da alimentação saudável”.
Nesta nova pirâmide são distinguidas as gorduras “boas” das “más” assim como os hidratos
de carbono. Esta pirâmide pretende orientar para uma dieta genericamente saudável e
preventiva da doença crónica. Em 2005, este modelo foi revisto (“Minha Pirâmide”) tendo
como principal objetivo estabelecer recomendações individualizadas dos nutrientes a ingerir
mantendo as mensagens da pirâmide alimentar saudável: variedade, proporcionalidade,
moderação, atividade física, personalização e melhoria gradual da saúde.
O “O meu prato” veio substituir a pirâmide dos alimentos da USDA e pretende garantir que
todos os nutrientes essenciais ao organismo estejam presentes no dia-a-dia, mostrando de
uma forma visual e facilitada, as porções de alimentos que devem constituir uma alimentação
saudável. Inclui porções de fruta, hortícolas, cereais e proteínas, e uma pequena quantidade
de laticínios.
O semáforo dos alimentos pretende demonstrar através das cores do semáforo (vermelho,
amarelo e verde) que na alimentação não existem alimentos “maus” ou “bons” mas sim
alimentos que pela sua composição e importância nutricional devem ser consumidos
diariamente (no verde) ou como exceção a uma dieta saudável (vermelho). Desta forma, o
semáforo tem como objetivo o ajuste da frequência do consumo de alimentos, sobretudo os
mais calóricos e nutricionalmente mais pobres.
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Assim:
A nova Roda dos Alimentos é um guia alimentar para a escolha alimentar diária;;
Imagem em forma de círculo dividida em setores de diferentes tamanhos (grupos);;
A água não possui um grupo próprio, mas pela sua importância e por fazer parte da
constituição
de quase todos os alimentos está no centro.
A Nova Roda dos Alimentos é composta por sete grupos de diferentes dimensões (e a água
no centro), os quais indicam a proporção com que cada um deles deve estar presente na
alimentação diária:
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ativos e os rapazes adolescentes pelos limites superiores. A restante população deve
orientar-se pelos valores intermédios. Os valores limite mínimo e máximo das porções
recomendadas foram calculados para valores energéticos de 1300 Kcal a 3000 Kcal, a
quantidade intermédia corresponde a um plano alimentar de 2200 Kcal.
A Roda dos Alimentos transmite as orientações para uma Alimentação Saudável:
Alimentação completa
- Comer alimentos de cada grupo e beber água diariamente;;
Alimentação equilibrada
- Comer maior quantidade de alimentos pertencentes aos grupos de maior
dimensão e menor quantidade dos que se encontram nos grupos de menor
dimensão;;
Alimentação variada
- Comer alimentos diferentes dentro de cada grupo variando diariamente,
semanalmente e nas diferentes épocas do ano.
Avaliação antropométrica
IMC = P / A x A
=
2
IMC = P / A
O IMC pode ser usado para estimar a prevalência da obesidade numa população, bem como
os riscos a ela associados (Figura 4). No entanto, e apesar de existir uma boa correlação
entre o IMC e a massa gorda corporal, o IMC não considera a variação da distribuição
corporal da gordura e pode não corresponder ao mesmo grau de obesidade ou riscos
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associados em diferentes indivíduos e populações. Por exemplo, em atletas, em indivíduos
com edemas e com ascite, o IMC não é uma determinação fiável da obesidade pois não
permite distinguir a causa do excesso de peso ou pode não refletir a quantidade de massa
magra. Recomenda-se que os valores de IMC sejam interpretados com precaução.
- Indivíduo descalço e apenas com roupa leve, mas sem qualquer acessório (por exemplo,
relógio, cinto, colar, pulseira);;
- Subir devagar, ficar parado, pés em posição paralela e com o peso distribuído entre os 2
pés;;
- Manter posição vertical, imóvel, com a cabeça ereta, olhar fixo em frente e braços
estendidos ao longo do corpo, com as palmas das mãos voltadas para dentro e manter na
mesma posição;;
Nota: se roupa leve subtrair 500 g ao peso total para correção.
Enquanto alguns alimentos são adquiridos para consumo em natureza, como a fruta ou
hortícolas, outros resultam do processamento ou transformação de um ou mais ingredientes.
Durante o processo de transformação, há muitas vezes a necessidade de adicionar aos
géneros alimentícios substâncias sem valor nutritivo mas que ajudam a conservar ou
melhorar as suas características – os aditivos alimentares (Figura 5).
Os aditivos alimentares são substâncias que podem ter ou não valor nutritivo e que não são
normalmente géneros alimentícios nem ingredientes característicos de géneros alimentícios,
mas que são adicionadas aos alimentos, em pequenas quantidades, com a finalidade de
conservar ou melhorar as suas características.
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Aditivo alimentar – definição
“Toda a substância, tenha ou não valor nutritivo, que por si só não é normalmente o género
alimentício nem ingrediente característico de um género alimentício, mas cuja adição
intencional, com finalidade tecnológica ou organolética, em qualquer fase de obtenção,
tratamento, acondicionamento, transporte ou armazenagem de um género alimentício, tem
como consequência quer a sua incorporação nele ou a presença de um derivado, quer a
modificação de características desse género.” (Decreto-lei N.o 192/89, artigo 2.o)
Género alimentício
Processamento alimentar
Figura 5 – Desenvolvimento da indústria alimentar e inclusão de aditivos alimentares
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podem induzir o consumidor em erro quanto à qualidade ou natureza do produto (por
exemplo, beta caroteno adicionado como corante não pode ser alegado o seu efeito
antioxidante). A utilização dos aditivos é justificada em circunstâncias específicas: se do
ponto de vista tecnológico trouxer vantagens para o consumidor, se conservar as
propriedades nutritivas do produto e se aumentar a apetência do consumidor por aquele
produto.
A classificação dos aditivos alimentares é realizada de acordo com a sua função química,
mas muitos deles podem desempenhar mais do que uma ação e nestas condições deve ser
explicitada. Assim, de acordo com a sua função, apresentam-se alguns dos aditivos
autorizados:
26
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Antioxidantes (E300 a E399)
São utilizados para evitar os fenómenos de oxidação que se produzem pelo contacto do
produto alimentar com o oxigénio do ar.
Espessantes, gelificantes, emulsionantes e outros estabilizadores do equilíbrio físico (E400 a E499)
Atuam sobre a consistência do alimento, modificando-a. Os espessantes e gelificantes
servem para espessar e gelificar os produtos demasiado líquidos. Os emulsionantes mantêm
misturados e homogeneizados dois produtos não miscíveis (por exemplo: água e gordura) e
os estabilizadores ajudam a manter a consistência adquirida. Servem também para evitar a
formação de cristais de gelo e para favorecer a retenção da água.
Acidificantes
Os acidificantes servem para aumentar a acidez dos géneros alimentícios ou para lhes
conferir um sabor ácido.
Aromatizantes
Os aromatizantes dão um determinado sabor ao produto. A sua utilização encontra-se
regulamentada por legislação própria dado o seu grande número e a sua especificidade.
Edulcorantes
Proporcionam um sabor doce semelhante ao da sacarose. A sua incorporação em géneros
alimentícios tem vindo a aumentar nos últimos anos.
ANÁLISE ALIMENTAR
Rotulagem alimentar
O rótulo é o bilhete de identidade de um produto e a leitura do rótulo é a forma mais eficaz de
conhecer o produto que está dentro da embalagem. O rótulo deve fornecer informações
verdadeiras, reais e esclarecedoras quanto à composição, qualidade, quantidade, validade e
outras características do produto.
A União Europeia estabelece regras em matéria de rotulagem de géneros alimentícios para
ajudar os consumidores a tomar decisões conscientes e informadas no momento da compra.
27
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8259 PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
As regras têm por objetivo garantir que os consumidores dispõem de informações
abrangentes sobre os produtos alimentares que adquirem. Desta forma:
o
Regulamento (UE) n 1169/2011 do Parlamento
O Regulamento (UE) no 1169/2011 do Parlamento é relativo à prestação de informação aos
consumidores sobre os géneros alimentícios. Com a publicação deste regulamento ficam
estabelecidas as disposições a aplicar a todos os géneros alimentícios destinados ao
consumidor final, incluindo os entregues por coletividades e os destinados a fornecer a
coletividades. As disposições terão de estar implementadas, de uma forma geral, até 13 de
dezembro de 2014. Os operadores económicos que não colocaram a declaração nutricional
antes desta data terão de o fazer até 13 de dezembro de 2016.
Menções obrigatórias
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- Quantidade líquida do género alimentício;;
- Data de durabilidade mínima ou data limite de consumo;;
- Condições especiais de conservação e/ou condições de utilização;;
- Nome ou firma e endereço do operador responsável pela informação;;
- País de origem ou local de proveniência, quando aplicável;;
- Modo de emprego, quando a sua omissão dificulta uma utilização adequada do
género
alimentício;;
- Teor alcoólico para bebidas com título alcoométrico volúmico superior a 1,2 %;;
- Uma declaração nutricional;;
- Lote.
Também, as seguintes menções devem estar no mesmo campo de visão:
• O teor alcoólico para bebidas com um teor alcoólico volúmico superior a 1,2 %.
- As substâncias ou produtos que causem alergias têm de estar identificadas;;
- Cada ingrediente ou auxiliar tecnológico que provenha de uma substância ou
produto que provoque alergias ou intolerâncias tem de ser indicado na lista de
ingredientes e ser indicado através de uma grafia que o distinga;;
- Se não tiver lista de ingredientes, deve mencionar “Contém”.
Para comparar o valor energético de dois alimentos é muito importante saber interpretar a
informação nutricional presente nos rótulos. A informação nutricional disponibiliza a
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informação por 100 g ou por 100 ml ou por porção ou dose contida na embalagem (desde
que seja indicado o número de porções contidas na embalagem). No rótulo, a tabela da
composição nutricional deve indicar o teor de cada nutriente (proteínas, hidratos de carbono,
lípidos, fibras, minerais e vitaminas) por 100 g ou por 100 ml de alimento. Quando se
pretende comparar dois alimentos do mesmo tipo o mais correto será comparar o valor
nutricional apresentado por 100 g de alimento. No entanto, a comparação por porção permite
comparar os valores nutricionais pelo que é ingerido e pode ser útil para comparar produtos
que habitualmente seja ingerida a totalidade do produto contido na embalagem.
O valor energético indica a quantidade de calorias que o alimento em causa fornece. Este
valor é calculado tendo por base o teor de proteínas, hidratos de carbono, lípidos e fibras
fornecido pelo alimento (Figura 6).
Figura 6 – Cálculo do valor energético
COMPORTAMENTO ALIMENTAR
O comportamento alimentar envolve o ato de ingestão e os aspetos qualitativos associados à
seleção e decisão de quais alimentos consumir. Mas, comer é mais que ingerir um alimento:
comportamento alimentar está diretamente associado com a integração do individuo na
sociedade. A maior parte das pessoas está inconsciente daquilo que influencia a quantidade
de alimentos que ingere. A investigação mostrou que normalmente um individuo toma,
diariamente, mais de duzentas decisões sobre comida. Quando é necessário escolher uma
alimentação saudável coexistem fatores como os fatores psicológicos e sociais, as
preferências desenvolvidas relacionadas com prazer associado aos alimentos e as atitudes
aprendidas desde cedo na família. O acesso à informação ou estar informado pode não ser,
por si só, um fator que influencia as escolhas alimentares uma vez que todos os outros
fatores referidos podem interferir nesta decisão. A falta de motivação, as influências sociais,
as crenças individuais, os sentimentos de autoeficácia impedem de igual modo a mudança
de estilos de vida nomeadamente os hábitos alimentares.
Entre hábitos e comportamentos promotores da saúde encontra-se com especial impacto, os
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hábitos alimentares. A análise das mudanças alimentares que se tem vindo a verificar nos
padrões alimentares de diversos países revela um aumento considerável do consumo de
gordura e açúcar. Assiste-se assim, a um processo de globalização das dietas: nos países
em desenvolvimento reproduzem-se os modelos e hábitos alimentares ocidentais com as
consequências nefastas da adaptação destes modelos. Alterações nos padrões da
sociedade (últimos 50 a 100 anos) e a um ritmo bastante acelerado influenciaram os estilos e
a qualidade de vida e logo o comportamento alimentar.
A globalização de alimentação é uma série de processos que tende a dar uma dimensão
global à alimentação e que inclui a produção e o consumo. A globalização alimentar iniciou-
se na 2.a metade do século XX como desenvolvimento da atividade económica e industrial e
tendo como fatores promotores as políticas económicas, políticas agrícolas, políticas sociais,
a imigração e publicidade.
Por exemplo:
Imigração
- Responsável pela chegada de novos alimentos e práticas alimentares aos países de
acolhimento;;
- Responsável pela exportação de hábitos alimentares. Por exemplo: pizza, picanha,
comida indiana, bacalhau
Publicidade
Promoção de produtos alimentares com vista à compra e consumo por parte do consumidor.
A maioria dos anúncios televisivos a produtos alimentares são a alimentos de baixo valor
nutricional (ricos em gordura e/ou açúcar).
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- Modificação dos espaços físicos das casas (por exemplo, as cozinhas...);;
- Aumento do número de refeições feitas fora de casa e em grupo;;
- Perda de identidade cultural das receitas;;
- Industrialização da alimentação.
Ponderostato
O equilíbrio entre a ingestão calórica e os gastos energéticos é assegurado por um sistema
de controlo: o ponderostato. O ponderostato é controlado por funções cerebrais e hormonais,
fatores cognitivos, fatores emocionais. Estas funções têm importância na regulação do
apetite.
Muito resumidamente, existem hormonas que ajudam a regular o apetite. Entre elas, estão a
leptina e a grelina.
A leptina é uma hormona produzida no tecido gordo e diminui a produção de substâncias que
aumentam o apetite encontrando-se em níveis elevados em indivíduos obesos. A leptina
induz a saciedade, diminuindo a ingestão alimentar e contribuindo decisivamente para evitar
o aumento de peso. Quando as reservas energéticas (isto é, a gordura no organismo) estão
aumentadas, aumentam os níveis de leptina para induzir a saciedade e o aumento dos
gastos de energia, com o objetivo de repor a níveis normais essas reservas energéticas. No
entanto, uma vez que nos indivíduos obesos os mecanismos de saciedade podes estar
alterados pensa-se que poderá existir uma resistência à leptina.
A grelina é uma hormona orexigénica (isto é, aumenta o apetite), produzida no estômago. Os
níveis aumentam em circulação em situações de jejum e diminuem rapidamente após a
ingestão alimentar. Assim, a grelina aumenta a fome e diminui a saciedade.
Figura 7 – Fatores que influenciam o comportamento alimentar
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DIETA MEDITERRÂNICA
A Dieta Mediterrânica é mais do que um conjunto de alimentos ou de princípios alimentares:
faz parte de uma identidade cultural de um povo. De facto, o padrão alimentar mediterrânico
é constituído por elementos que permitem denomina-lo como o padrão alimentar mais
saudável.
É caracterizado não só pelos alimentos próprios da dieta mediterrânica, mas
também pela sazonalidade e diversidade dos alimentos, a utilização de produtos locais ou
tradicionais e pelos elementos culturais associados como a convívio e comensalidade, as
práticas culinárias e a atividade física.
A dieta mediterrânica é constituída pela inclusão na alimentação de hortícolas, frutos, cereais
e sementes. Também inclui a ingestão de peixe e marisco, carnes brancas, ovos e lacticínios
(predominantemente queijo e iogurtes com baixo teor de gordura).
Por outro lado, as carnes
vermelhas e produtos processados, e/ou alimentos ricos em açúcares simples, são
consumidos em pequenas quantidades e esporadicamente. A principal fonte de lípidos é o
azeite. É recomendada e ingestão moderada de vinho (com as refeições) e deve ser
assegurada uma ingestão adequada de água e infusões. Assim, a dieta mediterrânica
apresenta um perfil de ingestão moderada de lípidos, consumo de alimentos com baixo
índice glicémico, alto teor de fibra e de compostos antioxidantes.
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A anorexia nervosa caracteriza-se por:
- Extrema perda de peso
- Redução da ingestão alimentar
- Desenvolvimento de estratégias para diminuir a ingestão
- Não assumir a fome
- Praticar exercício excessivo
• Peso normal
• Grandes variações de humor
• Baixa autoestima
• Tentar ir sempre ao WC depois de comer
• Inchaço anormal à volta dos maxilares
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A dietética é o estudo das regras da alimentação para a prevenção e tratamento de doenças
e da promoção e educação para a saúde.
Os progressos da ciência, da cirurgia, da
farmacologia e da tecnologia médica permitiram aumentar a esperança média de vida à
nascença, nos países industrializados quer para o homem quer para a mulher.
Melhores
hábitos alimentares permitiriam ainda e acima de tudo conferir maior qualidade aos anos
assim como prover uma proteção mais eficaz face às doenças “da civilização” estritamente
relacionadas com hábitos alimentares inadequados.
Aquando a elaboração de uma dieta
com uma especificidade clínica deve-se ter em consideração alguns princípios:
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obtenção e manutenção do peso adequado, permite obter a fonte de energia
adequada e uma melhor recuperação após o exercício. As necessidades energéticas
e de nutrientes do atleta dependem da idade, do sexo, da altura do atleta, da
intensidade, frequência e duração do exercício e do ambiente onde se efetua o
exercício (temperatura, humidade...).
As necessidades energéticas diminuem com a idade, mesmo que o nível de atividade se
mantenha. Desta forma, o peso corporal aumenta com a idade. As perdas de peso
rápidas são mais nefastas para o desempenho do que perdas de peso graduais. Um
plano de perda de peso deve assegurar quantidades suficientes de hidratos de
carbono e proteínas para “suportar” o treino.
O atleta utiliza fundamentalmente os hidratos de carbono como fonte energética de
eleição e por isso necessita de ingerir uma quantidade superior de hidratos de
carbono na alimentação para assegurar a manutenção de um nível adequado de
glicose no sangue e adequadas reservas energéticas de glicose no fígado sob a
forma de glicogénio hepático e de glicogénio muscular. O acréscimo de hidratos de
carbono à dieta deverá ser à base de hidratos de carbono complexos com índice
glicémico mais baixo.
ÍNDICE GLICÉMICO (IG)
Os alimentos que fornecem hidratos de carbono podem ser classificados de acordo com
a velocidade a que são decompostos e que fazem subir os níveis de açúcar no
sangue – índice glicémico.
O conceito de IG foi popularizado a partir de 1997, sendo
definido pela comparação dos níveis de glicose sanguínea obtidos após a ingestão
de 50 g de hidratos de carbono de um determinado alimento e através da ingestão
de 50 g de um alimento standard. Desta forma, e apesar de estar envolto em alguma
controvérsia, permite classificar os alimentos em alimentos com baixo e elevado
índice glicémico.
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Alimentos com Elevado Índice Glicémico
• Indicados para quando necessária uma rápida reposição de energia (durante
e após treinos e/ou
competição).
Exemplos de alimentos com baixo e alto índice glicémico
Proteínas
Lípidos
Vitaminas e minerais
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- Uma
suplementação não tem um efeito maior sobre o seu desempenho;;
- Ter em atenção as atletas femininas
- Ferro e Cálcio (anemia, osteoporose, distúrbios
hormonais).
Alimentação Pré-competição
As necessidades nutricionais antes da competição diferem de modalidade para modalidade,
mas alguns princípios básicos são comuns para todas as modalidades.
Uma incorreta
escolha alimentar pode impedir que o atleta atinja o seu máximo potencial. O plano
nutricional deve ter inicio nos treinos e continuar até à competição. Os objetivos principais
são evitar a fome antes e durante o exercício e manter níveis ótimos de glicose no sangue
para o músculo. A última refeição do atleta deve ser constituída por alimentos bem
conhecidos do atleta e não experimentar alimentos novos antes das competições. A refeição
não deverá ser muito rica em alimentos com alto teor de gorduras, proteínas e fibras (deverá
ser ligeira) e terminar cerca de 3 horas antes da competição evitando que o atleta comece o
exercício ainda na fase de digestão. De facto, comer 4 horas antes do evento beneficia o
desempenho em comparação com a competição de estômago vazio:
- Sopa
- Prato
- Sobremesa
- Líquidos
Sopa:
Muito bem passada (com azeite)
Nunca com caldos nem à base de carne
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Com quantidade reduzida de gordura
Não incluir leguminosas, nem batata, mas arroz ou massa
Sopa abundante em minerais, com algumas calorias, de fácil digestão, sem
promover a
formação de gases
Prato:
Peixe magro (cozido, grelhado ou assado no forno sem gorduras)
Ou
Carne (picada, cozida ou grelhada e confecionada sem gorduras)
Sobremesa:
arroz-doce, aletria...
A experiência pessoal de cada atleta em relação à tolerância alimentar é importante.
Alimentação pós-competição
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- Sumo néctar ou natural + 1 pão branco com marmelada ou geleia
- Bebida desportiva (500ml) + 1 banana grande
Hidratação pré-competição
A hidratação durante a prova nem sempre é possível ou fácil de se conseguir
Reduzido desempenho a partir de perdas de 2% de peso
A bebida a ingerir deverá ser composta por água com hidratos de carbono (glicose/frutose)
em concentrações que podem variar entre 20 a 60 g/L. A bebida poderá conter umas gotas
de limão para facilitar a ingestão após o exercício (os gostos palatais parecem modificar
após o exercício). Todas as bebidas deverão conter sódio e em climas quentes, a bebida
deverá ser fornecida fria. A bebida deverá ser ingerida logo a seguir à prova mesmo que não
se tenha sede (com o esforço a sede pode ser subestimada).
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TIPOS DE DIETAS
Dietas religiosas:
São dietas que respeitam a individualidade religiosa.
Dietas muçulmanas
Não contém: carne suína, subprodutos de origem suína ou produtos alimentares que
contenham álcool.
Todas as carnes provêm de animais abatidos segundo os preceitos muçulmanos.
Dietas Hindus
Não contém: carne bovina, derivados de carne bovina, vitela ou porco.
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BIBLIOGRAFIA
• Manual de Nutrição elaborado pela Nestlé Healthy Kids em parceria com o Ministério da
Educação e a Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, disponível
em www.apetece-me.pt
• e-books digitais editados e disponibilizados pela Associação Portuguesa de
Nutricionistas, disponíveis em http://www.apn.org.pt
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