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Diagnóstico estratégico aplicado em uma empresa de transportes

agrícolas

Ana Claudia de Oliveira (UTFPR) anac@utfpr.edu.br

Antonio Carlos de Francisco (UTFPR)- acfrancisco@utfpr.edu.br

Regina Negri Pagani (UNIÃO)- jrpagani@uol.com.br

Resumo:

O diagnóstico estratégico corresponde à primeira fase do processo de planejamento


estratégico e procura verificar qual é a real situação da empresa em relação à seus
aspectos internos e externos. Este trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico
estratégico em uma empresa de pequeno porte do ramo de transportes rodoviários
de máquinas agrícolas, localizada na cidade de Ponta Grossa, PR. Para realizar
esta tarefa utilizou-se a ferramenta Análise SWOT que identifica as forças e
fraquezas, oportunidades e ameaças do ambiente. Para cumprir o objetivo do
trabalho foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva, de abordagem
qualitativa, aplicada na forma de um estudo de caso. Para a coleta de dados,
elaborou-se um roteiro para pesquisa de campo, contemplando os principais
aspectos que envolvem a gestão de frotas de uma transportadora. Para a
identificação das principais forças e fraquezas do ambiente interno realizou-se uma
análise através das principais funções da empresa. Observado este contexto,
conclui-se que para manter-se competitiva no mercado a empresa necessita realizar
uma análise ambiental de forma constante, para se manter sempre conectada ao
dinamismo do mercado que está cada vez mais complexo.

Palavras-chave: Diagnóstico Estratégico; Pesquisa; Transportes.

Strategic diagnostics applied in a transport company agricultural

Abstract

The strategic diagnosis is the first step of the strategic planning process and seeks to
ascertain what the real situation of the company in relation to their internal and
external aspects. This study aimed to realize the strategic diagnosis in a small
business of the branch of road transport of agricultural machinery, located in Ponta
Grossa, PR. To accomplish this, we used the SWOT analysis tool that identifies the
strengths and weaknesses, opportunities and threats in the environment. To fulfill the
objective of this study was performed an exploratory and descriptive, qualitative
approach, applied as a case study. For data collection, we prepared a roadmap for
field research, covering the main aspects that involve the management of a fleet
carrier. To identify key strengths and weaknesses of the internal environment was
carried out through an analysis of key business functions. Observed this context, it is
concluded that to remain competitive in the market the company needs to perform an
environmental analysis consistently, to stay always connected to the dynamism of
the market that is increasingly complex.

Key-words: Strategic Diagnostics; Research; Transport.

1. Introdução

Para a maioria das empresas brasileiras, nos últimos anos o mercado tem
apresentado mudanças drásticas na maneira de como se fazer negócios. E, assim
os gestores estão cada vez mais imersos nas decisões do cotidiano e não
conseguem formalizar planos estratégicos, dando prioridade aos problemas de
maior urgência. Uma alternativa para esse cenário é o Planejamento Estratégico que
pode ser definido como um processo para se alcançar uma situação desejada com
maior efetividade pela empresa.

Logo, torna-se importante a realização de um diagnóstico estratégico, já que este


corresponde a primeira fase do processo de planejamento estratégico e busca
verificar qual é a realidade da empresa em relação à seus aspectos internos e
externos. Dessa maneira é possível observar as variáveis relevantes do ambiente no
qual a empresa está inserida e assim dessa forma poder traçar aonde se quer
chegar.

A missão da logística segundo Ballou (1993) é colocar os produtos ou serviços


certos no lugar e instante corretos e na condição almejada, ao menor custo possível.
O transporte é uma das atividades primárias da logística, portanto, o seu
desempenho é primordial para a economia de um país.
Observado este contexto, entende-se ser necessário desenvolver um estudo frente a
analisar as práticas administrativas de uma empresa de transporte rodoviário e
analisar quais são as principais variáveis do seu ambiente externo e interno.

Este trabalho busca realizar o diagnóstico estratégico de uma empresa de pequeno


porte do ramo de serviços de transportes. Para isso, verificou-se a necessidade de
conceituar planejamento estratégico e apresentar os principais aspectos relevantes
da análise externa e interna de uma Transportadora, por ser atividade da empresa
objeto de estudo deste trabalho.

2. Desenvolvimento

2. 1 Planejamento estratégico

Muito se tem discutido à respeito de como manter uma empresa no mundo


globalizado atual, em como adaptar-se a contínuas mudanças de mercado num
ambiente de intensa competição, em busca de crescimento sustentável e lucrativo.
O planejamento estratégico pode encontrar algumas respostas a estas indagações.

As mudanças no ambiente passaram a ocorrer com maior velocidade obrigando as


empresas a repensar sua maneira de administrar. Estas passaram a estabelecer
metas, alocar recursos, criar planos de ação para atingir seus objetivos e vencer as
adversidades. Portanto foi a partir deste cenário que emergiu os conceitos de
Planejamento Estratégico.

Assim para Kotler (1998, p. 71), “planejamento estratégico orientado para o mercado
é o processo gerencial de desenvolver e manter um ajuste viável entre os objetivos,
experiências e recursos da organização e suas oportunidades de mercados
mutantes”.

Já Maximiano (2000) comenta que o planejamento estratégico consiste na definição


de objetivos para lidar com as ameaças e oportunidades surgidas no ambiente e
também como o processo de elaborar estratégias (a relação pretendida da
organização com seu ambiente), sendo que a implementação e o controle seriam os
processos de colocar em prática, acompanhar e avaliar as estratégias. Para este
autor, todas as organizações praticam o planejamento estratégico, com maior ou
menor grau de formalização, explicitamente ou implicitamente.
Ainda conforme Certo e Peter (2005), a administração estratégica é um processo
contínuo e interativo que objetiva manter uma organização como um conjunto
apropriadamente integrado ao ambiente no qual está inserido.

Uma vez apresentadas as definições e conceitos de planejamento estratégico, a


seguir será apresentada a primeira fase do processo de planejamento estratégico –
o diagnóstico estratégico.

2.2.1 Diagnóstico estratégico

2.3 Análise SWOT

No ambiente de incertezas, no qual as empresas estão inseridas torna-se importante


o conhecimento das variáveis internas e externas que afetam a organização, para
analisar a posição em que se encontra e traçar o futuro desejado. Então, uma
ferramenta eficaz nessa tarefa e que pode trazer resultados interessantes para a
empresa é a Análise SWOT.

Criada por Kenneth Andrews e Roland Christensen, nos Estados Unidos, a SWOT
Analysis é uma ferramenta que permite estudar a competitividade de uma
organização conforme quatro variáveis: forças (strengths), fraquezas (weaknesses),
oportunidades (opportunities) e ameaças (threats). Utilizando essa metodologia
identifica-se as forças e fraquezas da organização, as oportunidades e ameaças do
ambiente e o grau de adequação entre elas. Resume também os principais aspectos
do ambiente e as capacitações da organização para desenvolver suas estratégias
(FERNANDES e BERTON, 2005; BERTAGLIA, 2009).

A análise SWOT aplica-se a primeira fase do processo de planejamento estratégico


e busca responder à pergunta básica “qual a real situação da empresa quanto a
seus aspectos internos e externos?”, verificando o que a empresa tem de bom,
regular ou ruim no seu processo administrativo. Esta análise deve ter enfoque no
momento atual, bem como no próximo momento ou desafio, com a finalidade de
constituir-se na dimensão crítica para o sucesso permanente. Entretanto todas as
empresas devem fazer revisões periódicas de suas estratégias, dentro de um
processo contínuo de identificação das ameaças e oportunidades externas
(OLIVEIRA, 2004).
Assim, dentro do processo da análise SWOT, pode-se subdividi-la em fatores
ligados ao ambiente interno e ambiente externo da organização.

2.3.1 Análise interna

A análise interna é uma das principais etapas na elaboração do planejamento


estratégico, porque o seu monitoramento pode identificar os pontos fortes e fracos
da organização. Conforme Oliveira (2004), os pontos fortes e fracos compõem a
análise interna da empresa e representam as variáveis controláveis, sendo que as
forças propiciam uma condição favorável para a empresa e as fraquezas
condicionam a uma situação desfavorável, em relação ao seu ambiente. Deve-se
tomar como perspectiva, nessa análise, a comparação com outras empresas do
mesmo setor de atuação, sejam concorrentes diretas ou potenciais.

Já para Kotler (2008), em cada negócio é necessária a avaliação periódica das


forças e fraquezas, podendo se utilizar de formulários apropriados, onde a
administração (ou consultor externo) analisa as competências de marketing,
financeiras, de fabricação ou organizacionais e classifica cada fator como uma força
(importante e sem importância), uma característica neutra e de fraqueza (importante
e sem importância).

Entretanto Oliveira (2004) propõe que deverá ser analisada uma série de aspectos
para o estabelecimento dos pontos fortes e fracos e, uma maneira de se analisar a
empresa é através de suas principais áreas funcionais como, por exemplo:
marketing, finanças, produção e operações e recursos humanos. Vale ressaltar que
outras funções poderão ser analisadas dependendo do ramo de atividade da
empresa. As áreas mencionadas foram escolhidas por serem aquelas relacionadas
à pesquisa de campo.

a) Função marketing: sistema de distribuição, produtos e serviços, satisfação


dos clientes, promoção e propaganda, e também da própria organização do
departamento de Marketing.

b) Função finanças: em relação à essa função podem ser feitas as análises dos
índices financeiros e análise do sistema de planejamento e controle financeiro
e do sistema de registro e de análise contábil.
c) Função produção ou operações: numa empresa de transportes, algus
aspectos são importantes como: instalação, equipamentos utilizados, força
de trabalho, qualidade, sistema de custos de operações, organização da
empresa, consumo de combustível, gerenciamento de atividades
administrativas e pesquisa e desenvolvimento.

d) Manutenção e reposição de peças: certos aspectos devem ser levados em


consideração como: o perfil e o quadro de mecânicos, mensuração do
desempenho dos mecânicos, treinamento destes profissionais, a estrutura do
local onde são efetuados os reparos, controle de gastos por veículos,
juntamente com seu historico de manutenção, entre outros fatores.

e) Função recursos humanos: Fernandes e Berton (2005) aconselham que na


análise da função recursos humanos sejam verificados o grau de motivação
dos funcionários, bem como o nível de treinamento que a empresa
proporciona, o grau de absenteísmo e a rotatividade dos funcionário e,
Oliveira (2004) recomenda analisar a remuneração e o plano de benefícios,
políticas de recrutamento e seleção.

2.3.2 Análise externa

As organizações empresariais, enquanto sistemas abertos sofrem intensa influência


do ambiente externo com as quais interagem e interdependem. E o setor de
transportes, assim como os demais, está envolvido em um mercado extremamente
competitivo e, que vem sendo influenciado por fortes alterações provenientes das
inovações tecnológicas e da globalização da economia. Logo, é fundamental a
análise das oportunidades e ameaças que o ambiente externo oferece, para que
assim essas organizações compreendam a amplitude dos fatores que permeiam o
mercado com o qual interagem.

Para obter informações importantes que servirão de base para esta análise,
segundo Oliveira (2004), o executivo poderá utilizar-se de fontes primárias
(pesquisas realizadas no ambiente pela própria empresa) ou fontes secundárias
(pesquisas já existentes realizadas por agências governamentais como IBGE,
Universidades, Bolsa de valores, jornais, sites na internet, sociedades de classe). A
utilização destas informações dependem do ramo de atuação da empresa, mas
auxiliam a empresa a traçar o cenário futuro e conhecer as tendências de mercado

Desse modo, neste tópico serão abordados os principais fatores que podem
influenciar uma empresa do setor de transportes, que é o presente objeto de estudo.
A seguir estes aspectos serão abordados mais detalhadamente:

a) Economia: de maneira geral, esses fatores podem ser resumidos em:


globalização, estabilidade econômica e crescimento no setor de serviços,
planejamento financeiro, liberação do crédito e taxa de juros.

b) Globalização: com a globalização o setor de transportes passa a obedecer a


certas exigências como: agilidade, confiabilidade e flexibilidade (BERTAGLIA,
2009).

c) Governo: as legislações pertinentes ao negócio, a política econômica e


financeira e os planos governamentais e seus objetivos que podem afetar
negativamente ou positivamente a empresa

d) Privatizações: uma alternativa adotada pelo país tem sido a privatização das
rodovias. Dessa maneira conforme Bertaglia (2009), as péssimas condições
das rodovias brasileiras exigem investimentos rápidos para se obter um
padrão de qualidade superior e para que o país se torne mais competitivo de
maneira a baixar os custos logísticos, pois o custo dos produtos sofre larga
influência dos fatores logísticos.

e) Meio ambiente: segundo Bertaglia (2009), todos os modais de transportes


podem ser afetados por políticas ambientais e restritivas.

f) Normas técnicas e Legislação: A Legislação de Trânsito cuida das regras de


sinalização das vias públicas, de circulação, das condições necessárias ao
veículo para poder trafegar e, especialmente, da exigências em relação ao
condutor (VALENTE, PASSAGLIA e NOVAES, 2003). Para o transporte de
cargas especiais e o trânsito de veículos especiais tem-se as instruções
aprovadas pela Resolução nº 2.2264/81 do Conselho de Administração do
DNER. No caso da empresa objeto de estudo, esta sofre também influência
da legislação que trata do trânsito de colheitadeiras. Para esse maquinário
agrícola, devido às dimensões excedentes e o perigo potencial que
representam quando em deslocamento, é proibido o trânsito delas nas
rodovias, haja vista estar em desconformidade com o que preceitua a
legislação.

g) Tecnologia: Nas últimas décadas tem surgido um número significativo de


avanços tecnológicos que podem ser aplicados a uma empresa de
transportes, dentre esses: sistema de otimização de rotas, sistema de
rastreamento de frotas, telemática, EDI (Eletronic Data Interchange), sistema
de controle de transportadora, e outros.

2.3.2.1 Concorrência

O conhecimento das forças que atuam no ambiente externo é imprescindível para


identificar as tendências no mercado. Assim é importante conhecer as ações dos
concorrentes para dessa maneira traçar a estratégia correta.

Para Oliveira (2004, p. 114), na análise dos concorrentes “é válido que a empresa
elabore o plano estratégico de cada um de seus principais concorrentes, da forma
mais detalhada possível”. Isto quer dizer que ao desenvolver esse trabalho será
possível verificar o nível de conhecimento que a empresa possui de cada
concorrente, sendo que quanto maior o nível de conhecimento do concorrente
menor será o risco estratégico frente às estratégias desse concorrente e vice-versa.

Assim, analisar a atual situação da empresa, bem como conhecer a realidade do


ambiente no qual a empresa está inserida são algumas das ações importantes para
que esta alcance a eficácia em sua gestão, pois o mercado exige cada vez mais
planejamento e estratégias das organizações para obterem os objetivos desejados e
dessa maneira se manterem competitivas.

3. Metodologia

No que se refere aos seus objetivos esta pesquisa é exploratória, pois se utilizou de
levantamento bibliográfico necessário ao aprofundamento do assunto e, quanto à
forma de abordagem a pesquisa tem caráter qualitativo, pois foi aplicada através de
entrevista, o que exigiu a interpretação dos dados registrados

A pesquisa também se classifica como descritiva, porque esta procura descrever os


fatos que estão relacionados com o assunto Diagnóstico Estratégico numa empresa
Transportadora de maquinários agrícolas, sendo aplicada na forma de um estudo de
caso.

Os dados foram coletados através de entrevista, com cinquenta e uma perguntas


estruturadas realizadas com o proprietário da empresa e dois funcionários da área
administrativa. Esta entrevista foi elaborada de acordo com a literatura revisada,
sendo dividida em fatores ligados ao ambiente externo e interno pertinentes a uma
empresa Transportadora.

Também foi realizada uma observação assistemática, bem como foram coletados
dados através de análise documental, sendo examinado o manual de
regulamentação da empresa.

4 Apresentação e Discussão dos resultados

4.1 Caracterização da empresa estudada

Criada em 2003 a Transportadora, objeto de estudo de caso, é uma empresa que


realiza serviço de transportes e logística de maquinários agrícolas, viabilizando o
transporte no meio agrícola de colheitadeiras, plantadeiras, pulverizadores e outros
maquinários. Trata-se atualmente de uma empresa de apenas dois sócios,
atualmente a empresa possui uma frota de 10 caminhões, 12 colaboradores.

A empresa contava com uma perspectiva promissora, pois tinha um contrato com
uma grande organização. Mas com o fim desse contrato a empresa teve de se
adaptar a esse novo cenário. E, também houve a entrada de novos concorrentes
neste nicho de mercado, grandes transportadoras entraram neste ramo de negócios
tão segmentado. Diante disso, sente-se a necessidade de conhecer a própria
empresa através de um diagnóstico estratégico para assim traçar as novas
estratégias.

4.2 Apresentação dos dados

Os dados coletados na pesquisa de campo serão agora apresentados, bem como


sua análise. Primeiramente, serão apresentados os dados referentes à análise
interna, e em seguida, a análise externa.
4.2.1 Análise interna

a) Função Marketing: As ações desta função são realizadas pela secretária. A


empresa não realiza investimentos nesta área, sendo que a propaganda da
empresa é realizada através do sistema popularmente chamado de “boca-
boca”, onde o próprio cliente faz o marketing para a empresa. Outra maneira
eficaz, até o momento, são os próprios caminhões que circulam o país
levando exposto o nome da empresa, juntamente com o telefone de contato.

b) Função Finanças: Os índices financeiros não são apurados de forma


metódica. O proprietário faz uma avaliação geral e intuitiva e detecta se a
situação está ou não favorável à empresa. O índice de inadimplência na
empresa é extremamente baixo, sendo que o prazo médio de cobrança é
cerca de uma semana.

c) Função produção e Operações: As instalações físicas estão adequadas ao


que a empresa necessita. A idade média da frota é de dois anos.As
orientações quanto à medidas de segurança no trabalho são repassadas
oralmente pelos proprietários e, também pela leitura do manual de
Regulamentação da Empresa pelos colaboradores.

d) Quanto ao controle de gastos referente a quilometragens dos caminhões, o


qual atualmente é feito através da CTF - abastecimento controlado
automático, ou seja, esse sistema permite a cada abastecida informar a
média do combustível por quilômetro rodado, relatando ao final do mês a
média geral de consumo, permitindo ao gestor avaliar o grau de eficiência
diariamente. As ações da empresa são planejadas com o auxílio do software
Controle de Transportadoras.

e) Função Manutenção: a empresa tem um serviço de mecânica terceirizada


responsável pela manutenção da frota, os motoristas dificilmente realizam
qualquer tipo de reparo nos veículos.

f) Função Recursos Humanos: Não há um programa formal de treinamento na


empresa. O proprietário é encarregado das orientações aos funcionários,
além do manual de Regulamentação da Empresa que é de conhecimento de
todos. O processo de recrutamento e seleção é realizado, normalmente, por
indicação. Porém o nível de rotatividade dos colaboradores é baixo. A
empresa possui missão, visão, valores e políticas internas registradas que
são compartilhados pelos funcionários. E, o índice de acidentes de trabalho é
muito baixo.

4.2.2 Análise externa

a) Globalização: . Devido a empresa ser muito segmentada e atender ao nicho


de mercado de agronegócios, transportando apenas maquinários agrícolas,
esta é extremamente dependente da agricultura. E com a exportação de itens
primários tanto para o Mercosul como para outros países, esses produtos
primários – cujos preços são determinados nos mercados internacionais – e
assim se há queda nesses preços, câmbio desajustado, os agricultores
sofrem com a desestruturação financeira, isso irá afetar diretamente nos
negócios da empresa.

b) Governo: os principais fatores governamentais que afetam à empresa são os


mesmos que afetam a agricultura como, por exemplo, o crédito agrícola.Um
fato que representou uma oportunidade para a Transportadora foi a
Regulamentação Nº 210/06 do CONTRAN (estabelece os limites de peso e
dimensões para veículos que transitem por vias terrestres e dá outras
providências), que não permite a circulação de colheitadeiras agrícolas pelas
rodovias. O fator que representa uma ameaça para a empresa é a política
tributária e trabalhista no Brasil, que dificulta as ações das pequenas
empresas, como é o caso da empresa objeto de estudo.

c) Privatizações: apesar do alto custo dos pedágios, segundo os entrevistados


ainda é preferível o pagamento destas taxas do que trafegar em rodovias em
péssimas condições, pois as más condições das rodovias interferem nos
custos operacionais dos caminhões.

d) Meio ambiente: A preocupação com o meio ambiente faz parte dos valores da
empresa, entretanto não há nenhuma legislação específica que a empresa
deva se adequar.

e) Normas técnicas e Legislação: a empresa obedece à Legislação específica do


Código Brasileiro de Trânsito – CTB – que prevê a necessidade de
Autorização Especial de Trânsito – AET -, para os veículos que transportam
cargas indivisíveis com pesos ou dimensões excedentes (Art. 101 e
Resolução Nº 210/2006 do CONTRAN) dos quais os funcionários tem
conhecimento. Essas normas regulam as características principais dos
veículos, bem como as condições de trafegabilidade.

f) Tecnologia: com exemplo o desenvolvimento de um sistema hidráulico nas


pranchas mais avançado para a adaptação do equipamento. A
Transportadora utiliza o sistema de rastreamento via satélite para todos os
caminhões, assim como um software Controle de Transportadora que é uma
ferramenta ideal para controle de frota e transportadora.

4.2.3 Concorrência

No início da abertura da empresa, a concorrência era baixa; porém com o passar do


tempo, novas empresas entraram neste segmento. Grandes transportadoras
adaptaram uma grande quantidade de veículos para esse ramo de negócios
tornando o mercado extremamente competitivo.

A empresa não conhece qual a real participação de cada concorrente no mercado,


nem suas principais ações. Essa concorrência atrapalhou sobremaneira os negócios
da empresa, tornando os preços dos fretes cada vez mais baixos e diminuindo a
participação da empresa no mercado.

4.3 Análise dos resultados

4.3.1 Análise dos resultados do ambiente interno

Dentro da análise interna a qual foi realizada a partir da análise das principais
funções da empresa, observou-se a existência de forças e fraquezas da empresa.

As forças podem ser definidas como características competitivas que colocam a


organização em vantagem em relação ao seu concorrente. São esses aspectos
identificados na empresa: inadimplência baixa, pontualidade nos pagamentos de
fretes; frota renovada, o que diminui os custos operacionais; a existência de normas
e procedimentos devidamente registrados, assim como as atribuições de cada
função bem definidas; existência do controle em relação ao consumo de
combustível; a manutenção é realizada por profissionais especializados; baixo índice
de rotatividade dos funcionários; a empresa possui missão, visão, valores e políticas
internas registradas e compartilhadas pelos colaboradores; baixo índice de
acidentes de trabalho na empresa e bom ambiente de trabalho.

Já os pontos fracos podem ser definidos como características competitivas que


colocam a organização em desvantagem a seu concorrente. Esses aspectos são:
inexistência de departamento de marketing, bem como falta de investimento nas
ações relativas à esta função; função financeira é concentrada apenas no
proprietário, de forma intuitiva; os índices financeiros, visando conhecer a saúde
financeira da empresa, não são aplicados de forma metódica, apenas de maneira
empírica; realizam-se apenas orientações em relação à segurança no trabalho; as
atividades administrativas estão concentradas apenas no proprietário; apesar de
estar embutido nos valores da empresa, esta não tem um programa de cursos e
treinamentos à seus funcionários; falta de planejamento em relação ao processo de
recrutamento e seleção; poucos benefícios aos colaboradores; concentração no
nível de decisão.

4.3.2 Análise dos resultados do ambiente externo

Dentro do diagnóstico estratégico tem-se a análise do ambiente externo, como a


avaliação das oportunidades e ameaças.

Sendo que as oportunidades são situações existentes no meio onde a empresa atua
que podem ser aproveitadas para aumentar sua competitividade, desde que em
tempo hábil, sendo estas: crescimento do mercado agrícola, bem como valorização
dos produtos agrícolas; aumento da rentabilidade desses clientes; aumentando a
demanda para os serviços do segmento da empresa; concessão de crédito para o
setor agrícola; legislação que proíbe a circulação de maquinários agrícolas pelas
rodovias, estes devem ser transportados por veículos especiais, que é o ramo de
negócios da empresa (Resolução nº 210/06 do CONTRAN que estabelece os limites
de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres e dá outras
providências); concessão de crédito por parte de órgãos do governo federal para as
transportadoras investirem no seu imobilizado; a tecnologia utilizada pode auxiliar no
melhor desempenho da empresa.
As ameaças são situações existentes no ambiente onde a empresa atua e que a
colocam em risco e, as principais são: instabilidade na agricultura e na economia
internacional que pode afetar o mercado agrícola e conseqüentemente o negócio da
empresa; sazonalidade da produção agrícola; excessiva carga tributária existente no
país; péssimas condições na malha rodoviária; alto custo dos pedágios existentes;
aumento da concorrência mais preparada e estruturada, bem como a falta de
informações relativas a ações desses concorrentes; perda de um contrato com
grande cliente; diminuição na lucratividade em relação aos fretes.

5. Considerações finais

A realização do diagnóstico estratégico em uma empresa de pequeno porte torna-se


importante à medida que se identifica possíveis oportunidades e ameaças, forças e
fraquezas, o que possibilita a reflexão para se adotar as melhores estratégias para a
empresa. A análise ambiental pode ser vista como uma fonte de atualização e até
mesmo de monitoração do ambiente, pois com a realização constante dessa
atividade, o gestor terá melhores condições de estabelecer ações mais condizentes
com sua missão, valores e objetivos organizacionais.

Dessa forma, como a realização do diagnóstico estratégico corresponde a apenas a


primeira fase do processo de planejamento estratégico, sugere-se para trabalhos
futuros a elaboração de um roteiro completo para a implementação do planejamento
estratégico de uma empresa de pequeno porte, com todas as suas particularidades.

Conclui-se que este trabalho atingiu os objetivos propostos e foi importante à medida
que a realização de uma análise ambiental possibilita para a empresa ter
conhecimento do mercado em que atua e, dessa maneira poder traçar o futuro
desejado.

Referência

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MAXIMIANO, A.C.A. Teoria Geral da Administração: da escola científica à competitividade na


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OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologias e práticas. 21 ed. São


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VALENTE, A.M; PASSAGLIA, E; GALVÃO, A; Gerenciamento de Transporte e Frotas. São Paulo:


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Área temática

 Gestão: estratégia

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