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C,

Este Iivro representa urn grande passe a frente


no mutualida Um livro que
amadurecimento do de", a provocare
movimento da confirmaci respostas de
Psicoterapia o e a psicologos de
Dialogica, uma exclusio. todas as
terapia centrada no Integra tendencies e que
encontro entre o tambem contribuire para
terapeuta e seu todos estes o
cilente ou elementos conhecime
familia. A nas nto das
Terapia Dialogica relacoes multiples
representa mais TU dimensees
uma ISSO, de do
abordagem do Martin
qua uma linha Buber, trabalho
de assim como psicoterap
psicoterapia e seu eutIco.
tem seus ensinament
representante o hassidlco
se de
pionei 4ireveren
ros em ciar o
varies cotidiano
tende ".
ncies Incorpor
da a, ao
mesmo
Psicol
ogia po, a
conte enfase no
mpori aqui a
nee. agora e
"De pessoa a no
pessoa" enfoca de desenvol
forma clara e vimento
sistematica multos do self,
dos elementos elemento
basicos da s teo
psicoterapia taros
dialegIca: o Gestalt-terapia, ao
"entre", a Zen e a
"cure atraves Psicologia
do encontro", a Transpesseal.
"problematica
da
ra

ARD
..1-

HYCNER

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PSICOTERAPIA
DIALoGICA

2' edivio

9 -788S1521-51)4551'
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Cli
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e

"Entrar realm
mundo do outro, corn
aceitacheo, cria urn ti
vinculo mui to

especial que nao se co


nenhuma
outra coisa que eu co
G2
Carl Rogers
E
inerente
a
abordage
m
dialdgica
a
disponibi
lidade do
terapeuta
para
entrar, o
mais
completa
mentepos
sivel, na
experienc
ia
"subjetiv
a" do
cliente.
No
imago de
nossa
existenci
a, cada
urn de
nos
incorpor
a urn
mundo de
significad
os tinicos
dentro de
um
contexto
de
significad
os
socialme
nte
aceitos.
Assim,
somos
confronta
dos corn
um dos
maiores
dilemas
da
existenci
a
humana:
Somos
todos
einicos
e, ainda
assim,
sotnos
todos
setnelha
ntes.
As
vezes,
entretant
o, noss
as
experien
ci as
individu
ais sio
radical
mente
(micas.
Este 6
urn dos
maiores
desafios
para o
psicotera
peuta:
como ele
pode
entender
e
apreciar
completa
mente o
significad
o, a
abrangen
cia e a
profundid
ade da
experienc
ia
"subjetiv
a" de
outra
pessoa?
A perplex
idade
torna-se
maior
quando a
experienc
ia do
cliente
diverge
significat
ivamente
daquela
do
terapeuta.
E urn

62. Rogers
(1986).
Entrevista
corn Carl
Rogers
gravada em
video por
Warren
Bennis.

111
d baseadas em
e nossas vulne-
desafio que tanto rabilidades
fascina como n existenciais
intriga. t um o inatas. Todos nos
desafio que nunca s temos feridas nao
pode ser cicatri-zadas.
enfrentado d In ' ' `-.
despreocupadam e ,
ente. s 'I
A suposigao e A
da abordagem n necessidade de
dialogica 6 que os v entender e de ser
bloqueios o responsivo as
neur6ticos ou l experiencias dos
"interferencias" v clientes é
surgiram, ao e salientada pelas
menos em parte, descobertas da
porque outras v psicologia do
pessoas nao u self. Por
foram capazes de l exemplo,
entender, de n Atwood e
considerar e de e Stolorow (1984)
valorizar a r proptiem:
experiencia dessa a "Patogenese, na
pessoa. Em b perspectiva
consequencia, ela i intersubjetiva, é
nao Ode sentir-se l compreendida
confirmada63 e, i em termos de
portanto, capaz d fragmen-tageies
de apreciar e a severas ou
valorizar sua d assincronias que
propria e ocorrem entre as
experiencia. s estruturas
Considerando-se subjetivas dos
vicissitudes pais e da crianga.
i
naturais da Em
n
existencia conseqilencia, as
d
humana, necessidades
i
nenhum de nos primarias do
v
recebe o desenvolvimen
i
reconhecimento to da crianga
d
completo e a nao encontram
u
confirmagao total a responsividade
a
que nos sao exigida dos
i
necessarios. objetos do self'
s
Assim, cada urn (p. 69). 0
significado
disso, do ponto de 6 da confirmacao versus
3 aceitacao.
vista . 64. Isso nil° 6 para
intersubjetivo, é culpar as figuras
V parentais, mas para
que determinada
e reconhecer corn
patologia surge r compaixao que eles
porque nao houve tambem devem ter tido
l uma educacao
confirmagao a inadequada. Acima e
suficiente por m Mem disso, isso
parte das figuras b reconhece a unicidade
e existential inerente dos
parentais no n pais, da crianca e as
estagio initial do t fragmentacoes
desenvolvimento necessarias que devem
a ocorrer nas interacoes
64. 0 terapeuta, humanas comuns.
portanto, deve d
i
estabelecer uma
s 112
aliancae um c
vfnculo — um u
s
vfnculo bem s
Intimo — corn a
esse cliente. 0 o

cliente necessita a
et erienciar n
t
profundamente
e
em seu intim° que r
o terapeuta o i
o
compreen e ou, r
pelo menos, que
esta fazendo urn n
o
esforco
humanamente c
a
possfvel para
p
compreende-lo. f
E. somente a t
u
disposigao dos l
dois participantes o
de se engajarem
4
neste tipo de
alianga e s
vfnculo que ira o
b
permitir que o r
ambiente e

terapeutico seja
a
verdadeiramente
curativo. q
u
0 terapeuta 6 solicitado e
a responder a vasta s
extensao das t
a
o
Para poder entrar no mundo
experiencias humanas. Isso requer abertura, do cliente, o terapeuta deve, em
flexibilidade substancial e urn talento artistic° de primeiro lugar, es tar
mestre. Para dar alguns exemplos concretos e simples: completamente "presente" para o
no decorrer de uma tarde, voce pode vir a ser cliente. James Bugental chama a
solicitado a perceber em profundidade a visao de presenga de "o ingrediente
mundo de urn menino de nove anos de idade, cujos essencial da terapia"66. Alern
colegas de escola debocharam dele por causa de seu disso, ele assinala que a presenga
peso; ou como é ser uma pessoa de meia-idade nao é, de maneira alguma, o
angustiada pela dor cronica, ou urn jovem e mesmo que o rapport (1987 , pp.
talentoso mdsico que nao pode se apresentar em 46-47). E preciso alguma coisa a
pdblico por causa de uma doenca que o incapacita. Em mais do que "rnero" rapport. 0
cada caso, os significados individuais e dnicos dessas terapeuta nao deve serapenas
pessoas sera° inevitavelmente moldados por suns amigavel, mas deve estar disposto a
formas diferentes de ser-no-mundo. 0 desafio do efetivamente con tribuir com seu
terapeuta é responder a elas. proprio Self para o encontro. Ha
urn grande mal-entendido sobre
PRESENcA todo o conceito de presenga. Isso
ocorre porque a presenga nao po-
"0 que esperamos quando estamos de ser tecnica. El a é urn
desesperados e, mesmo assim, procuramos urn reconhecimento do misterio e da
outro homem? Certamente uma presenga, por permeabili-dade de nossa
meio da qual somos informados de que, apesar existencia. Ela é a awareness de
de tudo, ha significado". que toda a categori-zacao e
M rotulagao interferein no revelar
a genuino daquilo que e mats
rt vulneravel, real e essential no ser
i humano.
n De forninrgifma a
B preserTapode ser descrita
u como o simples
b `0„
e
r 65. Buber (1973) p. 46.
6 v
66. Id6ia basica do discurso proferido na
5 Primeira Con ferencia Anual sobre
Psicoterapia DialOgica, San Diego, CA, 1985.

113
que o encontro
desenvolva-se
estar junto partir disso.
fisicamente, embora 0 fluxo natural
o estar junto ffsico da experiencia
seja, certamente, a humana
preliminar para o tendera a levar
sentido de presenga. o terapeuta
E muito diffcil de urn
discutir esse momento da
conceito essencial situagao
de presenga, presente ao
porque nao se momento
presta a qualquer seguinte.
entendimento Entretanto, o
objetivo ou nosso
descrigao clara. treinamento
Mesmo assim, nos cognitivo nos
todos temos urn tirara,
senso intuitivo do freqUentemen
que ela significa. te, dessa
Todos sabemos centralizacao
quando a no presente. A
experienciamos. E reflexao pode,
estat mais corn muita
completamente facilidade,
disponfvel para a tirar-nos do
outra pessoa num momento
dado momento — presente e
sem a interferencia empurrar-nos
de consideracOes ou rra o passado
reservas. E a ou para o
consciencia que se futuro,
dirige completamente ocupados
ao "processo_de mais corn
existir" da outra fantasias —
pessoa. Isso requer aqueles
que o terapeuta fantasmas
esteja atento a sombrios,
experiencia do fugazes — do
cliente, mas, que pela carne
simultaneamente e o sangue de
esteja atento a sua pessoas reais.
pr6pria existencia. E claro
Tal presenga "exige" que o impulso
que o terapeuta fique principal é no
no "momento sentido de
fertil"67 e permita tentar trazer-se
de volta para estar
tao plenamente 67. Os gregos
presente quanto antigos falam do
senso de "kairos",
possfvel. Quando o "momento
nao estou fazendo eterno". Ver
tambem os
isso, descubro que
trabalhos escritos
perco de Rollo May.
oportunidades
muito especiais de
lidar corn essa
pessoa e a terapia de
formas que nao me
ocorreriam de outra
maneira. Essa
centralizagao-no-
presente e o que
mantern o processo
da terapia totalmente
vivo. E algo parecido
corn navegar nas
corredeiras de um
rio — é preciso
estar o tempo todo
lfuindo junto e
respondendo a
cada momento as
mudancas em
andamento. Esse
sentimento pleno de
vida contribui ainda
mais para a cura,
considerando que
todos nos, pelo
simples fato de
sobrevivermos em
uma sociedade
imensamente
complexa, pagamos
por isso o prego da
diminuigdo da nossa
presenga. Quando a
presenga é
diminufda, o
sentimento de
plenitude da vida
tambern sofre.
torna-lo capaz — em
maior ou menor grau
SUSPENDENDO OS — de experienciar o
PRESSUPOSTOS: encontro como uma
"COLO CAR ENTRE forma de participar
PARENTESES" dos senti mentos e do
mundo do paciente."
0 terapeuta nao pode (1983, p. 23)
entrar verdadeiramente no
mundo do cliente e estar Para podercolocar
"presente", a menos que esteja entre parenteses seus
disposto a "suspender" seus pressupostos, o terapeuta
pressupostos, sua propria visao precisa empenhar-se no
de mundo e conceitos tanto "esvaziamento" psicologi
quanto for humanamente co de seus conceitos tidos
exeqiifvel no momento. E claro como verdades. Isso
que nao se pode nunca poderia ser descrito como
suspender completamente as urn momento "meditativo"
proprias perspectivas, e nem da parte do terapeuta, que
seria desejavel. Mas é permite que as
necessario que nossos possibilidades tinicas e
significados, vieses e ricas do cliente
preconceitos sejam "colocados floresgam em nossa
entre parenteses"68, postos de presenga. 0 zen-budismo
lado temporariamente, de modo enfatiza a necessidade de
a nos permitir uma entrada no nos "esvaziarmos" de
mundo e nos conceitos mais modo a receber
significativos da pessoa coin verdadeiramente a
quern estamos trabalhando. "realidade". De forma
Rollo May trata disso corn similar, o terapeuta precisa
sensibilidade, quando diz: tornar-se muito "aberto".
Em outras pal avras, de
"0 use de si proprio modo geral somos
como instrumento exige, "inteligentes" demais:
é claro, uma tremenda temos pensamentos
autodisciplina por parte do demais, coisas demais
terapeuta... Na verdade, acontecendo conosco, de
quero dizer que a modo que ha pouco
autodisciplina, a espaco para sermos
autopurificagao (se assim receptivos ao novo, ao
voces a entendem), colocar attic°, a alteridade.
entre parenteses as proprias
distorcOes e tende'ncias
neuroticas, ate o limite 168. 0 famoso "epoche" de Edmund Humeri. \\
possfvel para urn terapeuta,
parecem-me resultar em
muito
forte
Como para o
terapeutas, clinic°
freqtientemente .
empenhamo-nos Mesm
exces-sivamente o
em andlises, assim,
temos categorias deve-
demais. Por se
exemplo, resistir
sabemos o que a a ela, a
esquizofrenia, fim de
sabemos o que a poder
urn distdrbio de "ver",
personalidade, verdad
sabemos o que é eirame
um deficit de nte, a
atengao, mas nao unici-
sabemos quem é dade
aquela pessoa em desse
particular, client
sentada ali a e. Um
nossa frente e diagn
que estd nos ostic°
mostrando é uma
algumas dessas manei
caracteristicas. ra
Nunca trabalhei abrevi
corn alguern que ada de
se tenha descre
encaixado ver urn
estritamente padrao
nesses que-
diagn6sticos. Por tpride
longo tempo ser
pensei que havia muito
algo errado corn (nil;
minha ainda
competencia para assim
clinicar. Conclul é pode,
que era muito fdcil corn a
estereotipar certos mesm
estados a
supostamente facilid
denominados ade,
patolOgicos. Essa oculta
tentagao é sempre r a
realidade uma
existential sessao
daquela pessoa.. em
nomenclat que
ura nunca pode eu
nos dar a pessoa. estava
sempre tarefa do especi
terapeuta adaptar almen
sua compreensao te
nomotetica a intere
pessoa dnica corn ssado
quem ele esta no
lidando, ou seja, que
ser receptivo a ela
qualquer realidade dizia.
que emerja — De
nunca decidindo repent
corn antecedencia e,
o que sera dito ou havia
o que ocorrera. uma
Sem ddvida, isso expres
viola nossa sdo de
tendencia geral horror
de rotular em
analitica e seu
prematuramente rosto!
cada experiencia Nab
— ate mesmo as estand
experiencias tao o
Intimas que nao aware
se prestam a do
rotulos. signifi
Urn exemplo cado
simples, mas de
interessante, espac
poderd ser o
instrutivo. Ao fisico
trabaihar corn que
uma mulher, me
cujas fronteiras separ
de identidade nao ava
eram bem dessa
desenvolvidas, pesso
sentei-me na a,
cadeira bastante minha
inclinado para a inclin
frente. Isso agao
aconteceu durante para a
frente
ameacava-a corn
a possibilidade de
ser "engolida". Se surgir questOes
eu nao tivesse transferenciais na terapia.
assumido Certamente isso acontece,
implicitamente mas o aspecto principal 6
meus proprios que muito provavelmente
significados de terei uma compreensa'o mais
fronteiras espacial profunda dessa pessoa, urn
e psicolOgica, eu contato melhor e uma relacao
teria me dado mais significativa corn ela,
conta disso e quando tiver suspendido
evitado a situagao meus proprios valores e
ameacadora para "experienciado" o mundo
ela. Uma resposta do ponto de vista do meu
para isso, é claro, cliente.
seria que minha Urn exemplo urn
inclinagao para a pouco mais complexo
frente ocorreu quando eu estava
simplesmente fez trabalhando corn urn garoto
de nove anos de idade e sua
mae. Inicialmente, tinham
* Nomotdtica diz
respeito as leis ou aos
me procurado por causa
processos de faze-las. dos problemas de
No texto, pode ser comportamento do garoto.
entendido como
referindo-se As Mais especificamente, ele
categorias da estava acting out*. Tratava-
psicologia ou
se de urn garoto que tinha
psiquiatria. Caldas
Aulete, Diciondrio muito poucos amigos na
Contempor6neo da escola. Na verdade, era do
Ltngua Portuguesa.
(Nota das tradutoras)
tipo solitdrio, e a familia tinha
se mudado para a cidade
recentemente. ApOs urn certo
116
ndmero de sessOes, ele
comegava a se comportrir
bem melhor. A terapia
caminhava bem ate o dia em
que sua mae apareceu muito
perturbada. 0 filho tinha ido
de bicicleta para a escola, por
uma rua muito perigosa,
quando ela ja o proibira
explicitamente de faze-lo. A
mae, muito aborrecida, acha-
va que ele estava regredindo.
Era essa a opiniao dela, e
minha reagao imediata como
adulto foi de realmente
achar que ele estava sendo
desobediente e acting out. Quando
sentamos e conversamos corn ele, ja
estavamos em condigOes melhores para
ouvir seu ponto de vista. Contou-nos que,
para ele, ir de bicicleta tinha um
significado muito diferente. Naquele
momento especifico, era moda entre os
mais novos ir de bicicleta para a escola.
Era uma questao de identidade, como
usar as roupas "certas". Na verdade, se
ele nao fosse de bici-cleta nao "faria
parte do grupo", ficaria no ostracismo,
seria urn forasteiro. Nao seria "urn
membro da turma". Esse menino, que ja
se sentia isolado e excluido, estava
sendo solicitado por sua mae,
despercebidamente, a isolar-se mais !
Olhar a experiencia do ponto de vista
dele fez a desobediencia comecar a
fazer mais sentido: representava uma
perda de "identidade", bem como o
desejo de-sesperado de fazer parte do
grupo.
Essa é, freqUentemente, uma das maiores tensoes
na terapia e na

* "Acting out": termo aplicado usualmente ao


comportamento agressivo, imputsivo e, em termos
gerais, anti-social. Tern sentidos especificos em varias
abordagens psicoterapicas e na psicandlise. (Alvaro
Cabral e Eva Prick, Dicionlftio Pratico de Psicologia,
Ed. Cultrix.) (Nota das tradutoras)

117
p.
50).
vida — cada E
pessoa obvi
experiencia cada o
situacao de que
forma unica. A isso
tarefa do pode
terapeuta e traze
descobrir e r
entender qual o serio
significado de s
urn evento para.- dese
aqUela pessoa ncon
em particular. tros
Falhar nisso cria e
o que Buber mal-
chamaria de ente
"desenContros", ndid
ou o que Atwood os
e Stolorow na
chamam de relac
"disjuncOes ao
intersubjetivas". terap
Ha algumas eu-
consequencias tica.
fundamentais De
nessas falhas de fato,
compreensao. e o
"Uma que
conseqiiencia ocor
imediata é que as re o
intervencoes tem
terapeuticas po
serao dirigidas a todo
uma situacao .
subjetiva, que de A
fato nao existe, e lem
tenderlo a diss
produzir efei-tos o,
e reacoes que, da muit
posicao superior os
do analista, dos
parecem incom- assi
preensiveis" m
(Atwood e cha
Stolorow, 1984, mad
os
padroes nece
patologicos ssida
passam tambem des
a fazer sentido, exist
se voce comeca enci
a compreender o ais
-significado do —
ponto de vista da serm
pessoa, de como os
é a vida dela. prof
Mesrno que esse unda
esforgo nao ment
esclareca a e
experiencia— com
embora isso pree
ocorra ndid
freqiientemente os
por
ele transmite o outr
desejo do o ser
terapeuta de hum
colocar de lado ano.
seus proprios Esco
valores, crencas nde
e preconceitos, mos
de modo a entrar tanta
na perspectiva cois
subjetiva da a e
pessoa — de cons
forma a truI
"sentir o que ela mos
sente." A barr
autenticidade de ei-
tal esforco é ras
percebida, e corn prot
freqiiencia, etor
profundamente as
sentida e tao
apreciada pelo forte
cliente. Cada urn s
de nos, nos porq
recantos mais ue
profundos de nao
nosso ser, clama nos
desesperadament senti
e por ser mos
confirmado. E com
uma de nossas pree
grandes ndid
os. Podemos, de
fato sentir que
ninguem pode nos muito sofisticada e astdcia
compreender. Em profissional para manter-se
um sentido mais em sua posicao e, ainda
limitado, isso é assim, ser constantemente
verdade. Ainda surpreendido pelo que é. Para
assim, outra fazer uma terapia que sej a
pessoa pode realmente responsiva as
compreender necessidades do cliente, o
aspectos terapeuta tem que ter urn
importantes de sentimento de admiracao —
nossa vida. Nab tern que se permitir ficar
ha nada mais surpreso. E preciso uma
terrivel do que o abertura para o que Van
sentimento de que Dusen (1967) chatna de
estamos "vazio fertil".
completamente Cada pessoa é corn°
sos e que urn poema esperando para
ninguern nos ser escrito. 0 psicoterapeuta
compreende. deve ecoar o ritmo e a rima
muito especiais dessa forma
UM SENTIMENTO DE de artenascente.
ADMIRAcA0 Ftegtientemente, esse "poema"
esteve escondido por anos de
Pre-julgar é experiencias torturantes e
cortar a infelizes. E necessario uma
emergencia de grande abertura amorosa para
novas que o belo emerja. A poesia
possibilidades. 0 genuina nao pode ser
terapeuta deve enquadrala em uma metrica
estar sempre que nao the seja propria.
disponfvel para Essa abertura yerdadejrapara
se surpreender a beleza do outro nao pode
— nao em ocorrer se o terapeuta
funcao de sua mantem concepsOes
"ingenuidade", significativamente
mas por nao divergentes de quem o
pressupor cliente é ou deveria ser.
precipitada- As expectativas do
mente o que terapeuta do que deveria
aconteceria. Sao acontecer sempre interferem
necessarias no que pode acontecer. 0 que
"admiracao pode acontecer é sempre
ingenua" muito mais rico do que o
esperado. 0 que esperamos é
118 somente a sugestao mais
remota do que é possivel, e o
que é possivel amplia os limites da O "CENTRO DINAMICO" DA
imaginacao humana. PESSOA
Se nao me surpreendo pelo menos (
uma vez durante uma sessao, é indicacao A disponibilidade
de que, ou estou "dessintonizado", ou para ser "surpreendido" é
nao estou em contato com urn sentido tao essencial porque afasta
maior do que esta acontecendo corn a o terapeuta da tendencia
pessoa e entre nos. Se nao fico em impulsiva de categorizar e
contato corn a possibilidade de me su coisificar. Buber encoraja o
re-ender;" estarei prestando ao cliente um terapeuta air alem do obvio,
desservico. Isso nao significa que ocorra o do "visivel", e focalizar a
tempo todo mas "alma" da pessoa, o cerne do
o essencial é a postura geral de estar aberto seu ser
a possibilidade de se surpreender— em vez de ser afastado desse
dispor-me a ser tocado pelo misterio, pela foco pela "patologia", que,
maravilha e a grandeza da pessoa corn frequentemente, e, um grito
quern estou trabalhando. de ajuda. Subj acente a toda
patologia, 6terapeuta deve
discernir

119
sign
ific
o "centro a
dinamico" da perc
pessoa que guarda eber
seu "espirito" — o
ele nos da o cent
contexto para ro
compreender o dina
comportamento. mic
o,
"Urn homem que
nao pode ser poe
verdadeirame sua
nte mar
compreendid ca
o a nao ser a em
partir da cada
dadiva do expr
espirito, que essa
faz parte o,
apenas do acao
homem, e
dentre todas atitu
as coisas; é de,
o espirito corn
que faz o
parte sina
decisivamente l
da vida reco
pessoal do nhe
homem, que cive
vive; e o l do
espirito que ser
determina a itnic
pessoa. Estar o."
consciente do (Bu
homem, ber,
portanto, 196
significa 5a,
principalmen p.
te perceber 80)
sua
totalidade "RASTREANDO"
como uma
pessoa Um
determinada a vez que
pelo espirito; o
terapeuta tenha preenche
"suspendido" seus diversos
pressupostos objetivos
subjetivos (tanto importan
quanto possivel), tes. Pri-
6 entao essencial meirame
que ele seja capaz, nte,
no aqui e agora, comunic
de "rastrear" as a ao
experiencias e cliente
significados que o
percebidos do terapeuta
cliente que estao esta
ocorrendo a cada genufna
momento.69 Isso e
quer dizer que o profunda
terapeuta "segue", menie-
passo a passo, tritetess
esses significados ado em
expressados pelos sua
clientes e que sao experien
percebidos. Essa é cia.
a essencia da Seguir o
"danca outro,
terapeutica" que momento
estabelece a base a
para que um momento
encontro curativo , requer
ocorra. Rollo May grande
compara isso a esforco e
"...natureza envolvim
ressonante de dois ento, o
instrumentos que
musicais. Se voce inevita
puxar uma corda de velment
um violino, a corda e sentido
correspondente de pelo
um outro violino na cliente.
sal a ressoard corn Nasce,
seu proprio uma
movimento relacao.
correspondente" Se a
(1983, p. 22). E relacao é
assim tambem a sentida
responsividade pela
exigida do pessoa
terapeuta. corn
Tal quem o
abordagem
terapeuta esta
trabalhando,
comeca a um esforco desses ajuda o
estabelecer-se urn terapeuta a comecar a
tipo de confianca compreender alguns dos
que e essencial ao sentidos e temas essenciais
necessariamente da vida dessa pessoa e
dificil trabalho de comecam a aparecer nuances
psicoterapia. Em de significado embutidas
segundo lugar, nasua perspectiva subjetiva.

A EXPERIENCIA DO TERAPEUTA
69. Isso é similar ao
"emparelhar"(paralleling
)de Bugental (1987), que Entrar no mundo do
a discutido em seu livro
The Art of the
cliente significa que o
Psychotherapist. clinic° corre o risco de
perder sua propria
120 perspectiva. Em uma
situacao extrema, quando
ocorre uma mescla profunda
corn a pessoa corn quem esta
trabalhando, o terapeuta
pode ate sentir que esta
perdendo sua identidade,
ainda que
momentaneamente. Carl
Rogers, em seu trabalho
classic° Tornar-se Pessoa,
descreve o risco que corre o
clinic° nesse envolvimento
que ele normalmente nao se
permitiria.

"E agora, enquanto


vivo esses
sentimentos nas horas
em que estou corn ele,
sinto-me terrivelmente
abalado, como se o
meu mundo estivesse
em colapso. Ele
costumava ser solid° e
cheio de certezas.
Agora é difuso,
permeavel e
vulneravel. Nao
prazeroso sentir coisas
que sempre temi. E
culpa dele... Nao sei
mais quern sou. Mas, as vezes, _
......—
quando sinto coisas, pareco, por proprio ponto de vista.
urn momento, consistente e Torna-se necessanauma
verdadeiro." (Rogers, 1961, p. connpremsao_profun-da
68) dense ponto de vista e, ao
mesmo tempo, a habilidade
Isso significa esquecer-se de si, de sair dele e oferecer
pelo menos momentaneamente. Ha outialperspectiva. Esse
uma tensdo ritmica do terapeuta de segundo passo nao pode ser
estar centrado em si mesmo e, ainda dado ate que o anterior
assim, it em direcao ao cliente, onde tenha se completado.
ele estiver. Dentro dessa oscilacao E claro que o outro
existencial, existe aquele momento lado da questa() é termos
amedrontador, quando se sente que se que usar a propria
vai perder os proprios referenciais. experiencia de forma a ser
Para realizar urn trabalho clinic° empatico corn a
realmente eficiente, esse e urn risco experiencia da outra
que deve ser assumido. Entretanto, o pessoa. Alem disso, ate
terapeuta nao quer ficar "preso" a que eu esteja pronto para
experiencia da outra pessoa. Isso nao suspender ou
seria born para o cliente, uma vez que
6, em 121
parte, o motivo de ele estar em
terapia — ele esta preso em seu
A
o
colocar entre traba
parenteses os lhar
meus mos
pressupostos, em
jamais serei capaz psic
de ser otera
verdadeiramente pia,
empatico corn as pelo
experiencias da men
outra pessoa, os
porque meus inici
vieses irao alme
interferir. Esse é nte,
urn desafio a
dialetico real orie
para cada um de ntag
nos como seres 5o
humanos, deve
ser
especialmente na dirig
tarefa ida
terapeutica. para
Certamente a
precisamos estar expe
aware de nossa rienc
prOpria ia do
experiencia, -ainda clien
que essa mesma te.
experiencia possa Isso
interferir no nc7o
"estar" de fato signi
corn a outra fica
pessoa. Mas, que
temporariamente, o
mesmo clfni
que por co
momentos, cada abdi
um-de que
de
pode colocar de seus
lado as proprias pont
expectativas, de os
modo a estar de
mais presente vista
para o outro. . 0
terap
euta precisa
compreender
como é a vida como agente e vitima,
daquela pessoa e e nos termos dos
as nuances dessa conflitos de ambos,
vida, antes qtre- terapeuta e cliente."
ele possa (Berger, 1987, p. 17)
introduzir uma
postura de Tudo isso levanta uma
confronto ou de questao concreta: quern
conflito. Nos define o que é a "verdade"
estagios iniciais, é dentro da terapia, o cliente
preciso um ou o terapeuta? Ambos o
reconhecimento e jazem,
Inicialmente sao os
significados e os
sentimentos do cliente, que
devem ter,prioridade, para
que a terapia progrida e uma
relacao forte seja estabelecida.
Entretanto, isso nao exclui, de
forma alguma, a experiencia
do terapeuta, que deve
tambern avaliar o andamento
da terapia. Alem disso, se
tomarmos seriamente o
conceito de "entre", ha uma
realidade que e maior que a
soma total das experiencias
do terapeuta e do cliente.
Juntos, eles formam uma
totalidade que propicia um
contexto paraa experiencia
individual de ambos. Talvez
esse seja o significado mais
sucinto do "entre"..
a apreciacao do ponto de vista do cliente7°. Algumas vezes, pode
levar urn longo, i f I / il l
"PEDR
longo tempo ate AS DE
que se TOQU
E"
desenvolva r 01.
completamente c..
essa apreciacao.
Para muitas
pessoas, confiar
em alguem é
uma

V.
violacao de toda a sua externo; nos
maneira de ser no termos do
mundo. paciente,
uma aventura totalmente
nova — repleta de riscos
70.Ver tamb6m o capftulo 5, "Psicoterapia dialOgica:
— que sempre ameaca a visuo geral e definicOes."
pessoa corn urn "nao-ser". 71. Idern.

Esse é o desafio
para o terapeuta: nao 122
so_ apreciar total e
t.
profundamente a
experiencia do cliente,
mas tambem manter seu
pr6prio centro diante de
experiencias divergentes e
ate conflitantes. Buber
chamaria isso de
"inclusao"71. Essa tensao
abre caminho para a
verdadeira arte da
psicoterapca — o encontro
genufno do ponto de vista
do terapeuta corn aquele
do cliente.

"...a compreensao
empatica é o
resultado final de urn
processo aberto,
constitufdo da
interacao e do
dialog() promovidos
pelo use mtiltiplo de
perspectivas do
terapeuta, ou seja, a
alternancia e
oscilacao livres
entre posicoes
paradoxais ou
conflitantes. Essas
posicoes incluem:
experienciar,
observar e apreciar
os incidentes que o
paciente relata,
tanto da perspectiva
deste quanto a de
urn observador
U do mundo dessa pessoa é atraves
m do que Maurice Friedman ( I
a 972b) chama de "pedras de
toque". Isto é, apreender os
f acontecimentos centrais
o cristalizados da vida de uma
r pessoa que parecem dar
m significado a sua vida. Esses
a eventos podem ser paSiados,
presentes ou, em alguns casos,
d imaginados no futuro. Uma
e "pedra de toque" para um
estudante universitario pode
c ser o evento futuro da
h formatura. Para uma crianca,
e receber urn ursinho de peliicia
g pode ser uma pedra de toque
a muito importante. Existe uma
r variedade infinita de "pedras
de toque".
a 0 essencial é tentar
explorar corn uma determinada
u pessoa o que essas "pedras de
r toque" significam para ela.
n Fazendo isso, o clinic° esta
conseguindo compartilhar o
s sentido do mundo dessa pessoa
e — ele esta entrando nos
n significados e eventos
t experienciais do mundo do
i cliente. Ao mesmo tempo, o
d terapeuta esta indiretamente the
o dizendo que esta interessado.
Ao faze-1o, uma relacao — um
m vfnculo — esta paralelamente
a sendo estabelecido. De fato,
i esse yfriculo é freqiientemente o
s que esta faltando na vida da
pessoa e é urn motivo importante
p de ela estar em terapia — seu
r vIncuio corn o mundo e corn as
o outras pessoas sofreu danos.
f Uma relacao genurna
u
n 123
d
o
o
u
pode ser
estabekcida, p
e_crescer s
i
existirem c
siplificados o
compartilhados. As l
palavras de o
Friedman (1985a) g
sobre os i
pensadores e a
artistas aplicam-
se arte da —
psicoterapia:
a
"Pensadore t
s e artistas r
como a
Blake, v
Kierkegaar e
d, s
Nietzsche,
Van Gogh e. d
Jung tiveram a
a coragem s
de manter a
tensao entre q
a lealdade u
para corn a
suas pedras i
de toque da s
real idade e
suas u
necessidade r
s de n
comunicaca
o corn os d
outros. Eles i
tiveram a
genialidade l
para criar o
pontes — g
poesia, °
pintura,
teologia, d
filosofia, e
pedras de Aco
toque ntece
poderia atrav
acontecer es de
entre eles e uma
o mundo." serie
(p. 217) de
pass
ESTABELECENDO UMA os
RELAcAO que
se
E tarefa do apro
terapeuta fund
construir uma am
"ponte" em di prog
rec5o ao cliente. ressi
N5o 6, vam
certamente, ente
responsabilidade a
do cliente medi
construir uma da
ponte em direcao que
ao terapeuta. a
Ainda assim, terap
certos sistemas ia se
teoricos parecem dese
pretender isso. nvol
Esse 6 urn ve.
aspecto Tera
importante da peut
"cura pelo a e
encontro", da clien
qual Buber fala. te
Curar significa enga
"tornar inteiro". jam-
E 6 a relac5o de se
confianya corn os em
outros que foi "espi
danificada e nal° rais
esta inteira. Isso paral
nao acontece de elas
uma vez na desc
terapia. E, antes, ende
urn processo ntes
continuo de ",
restabelecimento entra
dessa conexao ndo
corn o terapeuta em
e corn os outros. cont
ato urn corn o uma
outro em niveis solid
existenciais cada a
vez mais
profundos. Isso 124
cria uma
intimidade que
raramente nos
permitimos
desenvolver em
nossa vida diaria.
Como pode o
terapeuta saber que
a relac5o esta
sendo construfda?
E uma avaliac5o
intuitiva que deve
ser feita. Em urn
sentido maior, é a
culminacao e a
integracao de
numerosos
momentos de
interacoes em
direcao a uma
experie'ncia
global. Em
ultima instancia,
é uma
compreens5o de
ambos os
parceiros na
terapia de que ha
um profundo
entendimento
compartilhado. E
o compartilhar
"de dentro" de
cada urn corn o
outro.
Uma vez
que a relacao
esteja
estabelecida e
aprofundada, as
possibilidades na
terapia sac)
virtualmente
infinitas. Com
relac5o estabelecida, o clinic° pode correr
grandes riscos na terapia. Ele pode
explorar areas excessivamente
vulneraveis, em relacao as quais, ate
entao, o cliente poderia estar muito
resistente a exploracao. A solidez da
relacdo permite que o clinico penetre
no "entre" e explore a "forca crescente"
dessa pessoa — onde pessoa encontra
pessoa.

125
9/

0
Pro
ble
ma
ea
Res
post
a

"A vida e um misteri


problema a ser resolv

Gabriel Marcel

pre.pro
tterna do
diagnostic°
é gue ele
contern as
sementes
da cura. E
isso que
precisa ser
"ouvido" e
integrado
para que a
existencia
dessa
pessoa
tome-se
inteira. 0
problema
pode ser
visto
como
fazendo
parte da
existencia
total da
pessoa e
nao como
uma
anoma-lia.
Isso faz
parte da
dialetica do
"chamar e
responder",
desenvol-
vida entre
nossa
psique e
nosso
corpo, e
entre o self
e os outros.
0
"problema
", na
verdade, é
umaprocla
makao
de_cmoae
xistancia._
dessa
pessoa
tornou-se
fraturada,
alienada e
perturbada
. Ainda
assim, o
problema
contem
esperanca.
"Na doenca
mais grave
que surge
na vida de
alguem, a
potencialid
ade mais
alta dessa
pessoa
pode estar
se
manifestan
do de
forma
negativa"
(Friedman,
1965, p.
39).
Probl
emas "so"
sao
problemas
Auando
olhamos
para nossa
existencia
objetivame
nte, ou seja,
de maneira
EU-ISSO.
0 indivfduo
moderno,
tecnolOgico
, esta tao
acostumado
a resolver
problemas
que

127
U
m
ate vemos os a
problemas ab
existenciais como or
"meros" da
problemas. Uma ge
perspectiva m
radicalmente di
diferente é al
oferecida pelo og
poeta Rilke ic
(1978): "Ndo a
procure as en
respostas que te
nao lhe podem nd
ser dadas, e
porque voce nao a
seria capaz de "p
vive-las, e o si
importante é co
viver tudo. Viva pa
agora as perg tol
tas". Essa é uma og
atitude ia
freqiientemente "
esque-cida na co
existencia rn
moderna. o
Os u
problemas m
precisam ser di
ouvidos. Eles al
surgem em funcao o_
do desequilibrio go
de nossas relnoes
ab
conosco-e-
ort
FoirRis-Ou-tros.
ad
Olhar para "ec6-
o.
problema como o
uma resposta"
re
significa sair da
si
nossa posicao
du
egocentrica e o—lhar para o
o
"entre" — olhar para nossa
existencia de
relacionalmente. u
m
a tentativa de p
"dialogo" que r
obteve e
resposta. Uma s
forma de e
entender o r
comportamento v
"patologico"_e a
ve:lo corno_ u_rn„ r
W ido
deniperado s
.de_respo.sta ao , e
mundo. E u
reconhecer o que
esta escondido p
"por tras" dele — r
ver a face da o
carencia humana p
por tras da face da r
dor humana. Por i
o
tras de cada medo
esta 0 desejo e
c
por tras de cada
e
ira esta
n
Precisamos
t
compreender o
r
que o problema
o
do diagnostic°
,
esta "dizendo"
sobre a
s
existencia
u
daquela pessoa.
a
Rollo May,
falando em
termos gerais p
sobre o r
comportamento o
neurotic°, p
aponta para essa r
questao: i

"Nao é a
neurose
precisamen
te o metodo
que o
individuo
usa para
a co
existencia? ns
Os id
sintomas er
sac) meios an
de reduzir do
a area de o
seu pr
mundo... ob
de forma le
que a m
centralidad a
e de sua pr
existencia es
possa ser en
protegida te
da ameaca; na
é uma o
forma de ar
bloquear en
aspectos do as
meio co
ambien-ce, m
para que o
ele, u
individuo, m
possa entao a
ser q
adequado ue
para o st
restante a°
desse is
mundo." ol
(1983, p. ad
26) a,
m
Enquanto as
alguern esta co
sentado na m
minha frente, o
em terapia, ur
estou tentando n
entender o que di
o problema esta st
"dizendo" a ar
essa pessoa e a bi
mim. Em outras o
palavras, estou da
ex
istencia inteira
dessa pessoa.
Geralmente, ela problema e o que ele tem a
nao entende o ensinar iria contra
que o problema sua_propria imagem.
esta the dizendo, Portanto, ela se recusa a inte
ou nao esteve rar esse as ecto em sua vida.
atenta para o que Essa é uma postura que
esse problema provoca umalmudanca e pa
esta tentando adigmai na conceituacao da
the dizer. Alem psicopatologia e ate mesmo
disso, ouvir o diiaragnostico. Ara,
trata de uma tecniea, mas
128 antes de uma atifude tolaide -
aeitacao da importancia_do
Eroblema. Isso requer uma
compreensao dia16-gic-i-e-
clialeiica -do
desenvolvirnento human°.
Buber coloca isso
enfaticamente na seguinte
afirmacao: "...quando eu
compreendo mais
amplamente e mais
profundamente do que
antes, vejo sua polaridade
total e, entao, vejo como o
pior e o melhor nele sat)
dependentes urn do outro,
vinculados urn ao outro"
(1965b, p.180). Faz-se
necessario observar
polaridades humanas
aparentemente opostas
lutando em busca do
equilibrio._E justamente _a
qualidade
"muito desequilibrada" que
esta "pedindo'T por
-equilf1;rio. Preeisa-. mos
enfatizar uma concepgdo
dialetica de desenvolvimento
em que se reconheca que as
pessoas se movem "para tras"
e "para a frente" no processo
global de creseimento.
Ocorre uma inversao do
processo figura-fundo em
relacao ao nosso
entendimento linear sobre a teoria do Isso foi compreendido
desenvolvimento, pois salmos de nosso intuitivamente pelo poeta
pr6prio egocentrismo para olhar nossa Rilke, quando ele parou seu
existencia a partir de uma outra perspectiva. tratamento psicoanalitico apos
reconhecer que todas as facetas de nossa a primei-ra sessao. Conta-se
existe'ncia, incluindo-se nossos problemas, que ele teria dito: "Se _voce
sao uma parte de nos. Precisamos abracar leva embora meus demonios,
cada parte de nos mesmos, pois cada parte estard levando embora meus
tern seu valor. Nossa tarefa humana é anjos". Corn a sensibilidade
desco-brir que valor é esse. Trata-se de urn do poeta, ele percetieu- a
passo fora do meu "EU" em direcao ao iriter-relacao do nosso lado
"entre" — entre a consciencia e a problematic° corn o nosso
inconsciencia, entre mente e corpo, entre self lado criativo. Um nao
e Self, entre eu e o outro. Estamos tao "causa" o outro; mas um
acostumados a resolver problemas que é "informa" o outro. Freud, o
quase desconcertante pensar em apreciar mestre da psicanalise, tambern
seus significados: entendeu intuitivamente a
Os problemas tido existem para ser inter-relacao entre
eliminados, tnas sim para ser integrados. criatividade e conflito. Picke-

129
d
e
ring (1974) comenta como
Freud viveu pessoalmente essa m
relacao: o
d
"Ele nao e
trabalhava r
bem a
quando se d
sentia a
ajustado e
feliz, nem n
quando e
estava c
muito e
deprimido s
e inibido. s
Precisava d
de algo r
entre esses i
dois a
extremos.
Ele p
expressou a
isso r
claramente a
em uma
carta de 16 o
de abril de
1896: 'Eu t
voltei [de r
ferias] corn a
urn b
sentimento a
nobre de l
independe h
ncia e me o
sinto bem
demais; i
desde que n
retornei, t
tenho e
estado n
muito s
preguicoso i
, po9tie a v
infelicida
o nega-se e
a s
aparecer" s
' .(p.221) e
1
LNossas d
dificuldades sdo i
nossa forca s
vital.l Elas nos t
forcam a i
enfrentar n
aspectos de -
"nos mesmos e b
do mundo que i
preferirfamos o
evitar. Elas
criam uma e
tensao em s
nossa t
existencia que, a
se for atendida,
acrescenta algo t
a nossa e
vitalidade.
n
Quanto mais
t
recusamos
a
determinadas
n
coisas, mais
d
lhes damos
o
forca. Esta é
uma das ironias
existenciais da n
vida. Quanto o
mais rejeitamos s
psicologicament
e partes nossas, "
mais energia é e
preciso n
despender a s
fim de manter i
aquela parte n
afastada de nos. a
Nossas r
vidas tornam-se "
muito .
problematicas
quando nao E
estamos x
"ouvindo" o que i
ste urn exemplo e
maravilhoso r
sobre isso no a
livro The Search
for Existential u
Identity (1976) r
de James F. T. n
Bugental.
Bugental "
apresenta o caso i
de "Laurence", s
urn exemplo s
extremado do o
homem do "
seculo XX.
Laurence fez p
todas as coisas a
"certas" na r
vida. Tinha a
urn born
emprego e um s
prestfgio que i
the rendiam
urn excelente m
salario. Vestia- e
se s
impecavelmente m
e dirigia urn o
carro muito .
caro. Casou-se
corn o tipo E
"certo" de l
pessoa. Visto e
"de fora",
Laurence e
parecia o r
exemplo vivo do a
sucesso. De
fato, do ponto u
de vista externo, r
ele era urn n
sucesso.
Entretanto, nao d
havia o
"ninguem" s
dentro. Ele era
uma "maquina" "
ambulante. Ele H
ollow Men"* de
T. S. Eliot.
Quando que o problema fosse
foi consultar- resolvido. Sua atitude era
se corn muito parecida corn a da
Bugental, ele pessoa que que.r seu carro
tinha consertado. Ja que conduzia
assim pensava sua vida de uma maneira
— somente urn muito objetiva, queria uma
problema: solnao tecnica para o que via
estava como urn problema tecnico.
experienciando A questao era que o
terriveis problema percebido por ele
ataques de nao era, de modo algum, o
panico. Ele problema! 0 verdadeiro
queria que problema era que os ataques de
Bugental o panico, como apontou
"consertasse". Bugental tao claramente,
Queria eram a tiltima dimensao
"viva" de sua existencia
autocoisificada. Seus ataques
* "Hollow men": no original ingles,
significa "homens ocos". (Nota das
de panico eram o refdgio final
tradutoras) de sua humanidade— uma
tentativa, que era a Ultima
130 fronteira de seu "ser", para
coloca-lo em contato corn
essa humanidade. Em vez de
consertarmisso", o que
Laurence realmente
necessitava era reconhecer seu
problema e ouvir o que ele
estava tentando mostrar em
sua vida. Pedia-lhe que
fizesse uma mudanca
significativa na vida. Dizia-lhe
que ele tratava a si mesmo e os
outros como objetos.
Alertava-o de que ele nao
conhecia realmente a si
mesmo. Ele apenas sabia algo
sobre si mesmo. Dizi a-lhe para
parar de lidar consigo mesmo
como se fosse urn mecanismo a
ser consertado. Os ataques de
panico tinham safdo de seu
controle porque Laurence
estava fortemente sob
controle. 0 excesso de
controle, dialeticamente, provoca uma
erupcdo que nao pode-mos controlar! Para
reconhecer isso, Laurence teria que alterar
radicalmente a visa° que tinha de si mesmo

e do mundo.
Bugental, acertadamente, focalizou seu
trabalho em Laurence desenvolvendo seu
senso de awareness "subjetiva" e de sua propria
existencia. Ajudou-o a tornar-se menos
ajustado e "adequado". Numa epoca obcecada
pelo born ajustamento, é born lembrar a criti-ca
de Rollo May sobre isso:

"Urn ajustamento é exatamente o que a


neurose é; é of que esta o problema. E urn
ajustamento necessario, atraves do qual
o centro pode ser preservado; é uma
forma de aceitar o nao-ser, de modo que
urn pouco do ser possa ser preservado. Na
maioria dos casos, ha urn beneffcio quando
este ajustamento se quebra." (1983, p. 26)

0 fato de ser tao bem ajustado impedi u


Laurence de experimentar e, conseqiientemente,
de viver realmente sua existencia. Somente a
permane'ncia nesta vida poderia eliminar os
ataques de panico.

131
me
foi
Somente se ele enc
escutasse essa ami
mensagem mais nha
profunda da
poderia parar de por
ser urn objeto urn
para si mesmo e med
comecar a sentir ico,
sua pr6pria para
existencia. lida
Urn r
exemplo da corn
minha prapria os
pratica pode fato
ilustrar esse res
ponto. Trabalhei psic
uma vez corn olo
uma mulher de gic
25 anos de idade os
que sofria de do
sindrome de pro
irritacdo ble
intestinal. Trata- ma,
se de uma doenca part
psicos-somatica, icul
em que o arm
individuo sofre ente
dores o
espasmadicas estr
(como coli-cas) e esse
diarreia. Ela .
tinha se E
submetido a la
tratamentos era
medicos pro- um
longados e a
usava remedios can
ha varios anos. tora
Isso ndo a de
livrou do ope
problema. Nesse ra
caso, estava e,
claro que havia se
fortes m
componentes dav
psicolOgicos. Ela ida,
muito talentosa. sui
Seu pedido, no cid
momento, era as
que eu a ajudasse —
a aliviar o que
estresse, para que ria
pudesse cantar mat
em ptiblico sem ar
sofrer terrivel aqu
aflicdo. 0 que ela
estava claro era part
que ela sentia e
forte ansiedade del
quanto a seu a
desempenho que
diante do a
pablico em urn ator
ambiente me
formal. Isso nta
representava urn va.
Obvio dilema! A
Ao reunir os o
dados de sua com
historia, tornou- part
se evidente que ilha
ela tinha r
exigencias com
"internas" irreais igo
de perfeicdo. sua
Sentia-se julgada hist
e, de fato, estava aria,
incessantemente cont
julgando a si ou
mesma. Ela que
estava sempre sua
"atuando" e, mde
conseqiientemen fora
te, a carga bast
adicional de uma ante
apresentacdo rigi
formal era da e
paralisante. seu
Como resultado, pai,
ficava ex- indi
tremamente fere
deprimida e as nte.
vezes ate corn Em
tendencias con
seqUencia, ela err
estava sempre o
tentando agradar. tra
A maneira de se gic
distinguir era o:
tornar-se boa ndo
naquilo em que per
era talentosa — ceb
o canto. Desde er
uma idade que
precoce, para nos
desenvolver seu so
talento, foi ego
enviada pelos
pais aos 132
melhores
professores de
canto lirico. Sua
vida estava
tracada: ela tinha
que seguir
carreira na opera
e ter sucesso. Isso
representava a.
aspiragdo de
seus pais.
Durante a maior
parte da sua vida
adulta acreditara
ser isso o que
queria.
Muito
freqiientemente,
tomamos
decisOes
utilizando
apenas nosso
"ego" consciente,
em vez de
reconhecer nosso
self total e o que
ele esta nos
dizendo. Esse é
urn problema
endemic° para o
individuo
ocidental
moderno. E urn
peso que ela pensava poder
suportar, mas seu corpo
consciente i_apenas urn_aspecto do nosso gritava outra coisa.
dialogo corn o mundo. Existem muitos A terapia estava em urn
niveis de dialog° aos quais impasse. Ela parecia incapaz
precisamOsdaidteTipb. de reduzir o seu estresse,
Quando falhamos em faze-lo, e relutava, ou nao
nosso corpo que nos "da notfcias" sobre conseguia, por razeies
esse dialog° incompleto. Nesse caso, o muito compreensIveis, sair
corpo de minha cliente estava se
da situagao que mais a
"revoltando" contra ela. E ela relutou em
estressava. 0 momento
ouvir essa "mensagem". Seus objetivos
decisivo de mudanca foi
conscientes sobrepunham-se a essa
quando pedi a ela que,
"mensagem" inconsciente. 0 corpo estava
"literalmente", ou-visse seu
"falando", mas ndo estava sendo ouvido.
corpo. Apresentei uma
A principio, gastamos aproximadamente
situacao de role-playing, na
seis meses em esforcos dirigidos para a reducdo
qual ela seria a "voz" do seu
do estresse. Tambern trabalhamos na
colon! 0 que o seu colon
alteracdo,?, da dindmica da sua necessidade de
disse, em uma
"representar" e ser perfeccionista. Tornou-se
claro que, embora ela sentisse grande
72. Boszormenyi-Nagi, I. & Spark, G. M, Invisible
ansiedade enquanto se apresentava em urn loyalties.
ambiente de Opera formal, ndo se sentia da
mesma maneira quando estava envolvida
133
corn seu passatempo, cantar corn uma
banda de jazz em urn pequeno clube
noturno! De fato, ela afirmou que preferi a
cantar jazz, mas que isso seria desapontar seus
pais e seus proprios objetivos
conscientes. A medida que trabalhavamos
no alivio do seu estresse, ela, na verdade, is
ficando mais deprimida e corn tendencias
suicidas. 0 que estava comecando a acontecer,
ao perceber a reducdo do estresse, ndo estava
alterando suas altas expectativas coma cantora
classica; uma parte dela comecou a teener que
jamais conseguiria ser a cantora que achou
que deveria ser; muito embora algumas vezes
ela tenha expressado serias dtividas quanto
ao que pretendia nessa profissao.
Entretanto, ter esses pensamentos era
como trair sua familia. Era uma violacdo a
uma "lealdade invisIvel"72. Achava ter
desapontado a familia tantas vezes
anteriormente que nao suportaria faze-lo
novamente
e numa questa° tao importante. Carregava a
carga das esperancas familia-res. Era urn
esconder".
Em
linguagem bastante desespero,
expressiva, era que minha
nao suportava mais cliente
aquilo. Ele perguntava
suportava tantas que
expectativas e tantos alternativa
perfeccionismos por haveria
tantos anos que para sua
estava ffsicamente vida.. A
esgotado e nao resposta
poderia lidar corn do colon
o estresse das era ela que
apresentagOes fizesse o
formais. Seu colon que ela
advertiu-a de que, realmente
se ela perseverasse queria
nessa carreira, seu fazer —
estado de sadde cantar em
piorari a. Pediu-lhe urn grupo
ao menos, um de jazz!
repouso; se nao, Relutantem
uma total mudanca ente, minha
de carreira! Minha cliente
cliente resistia comecou a
muito a essa "ouvir" a
"resposta". Era autenticid
inaceitdvel para ela. ade
Durante os daquilo
seis meses que seu
subseqiientes corpo
trabalhamos nesse estava the
role-playing dizendo.
muitas vezes. A Enfim,
cada vez, minha comecou a
cliente afirmava admitir que
ser inaceita-vel a dentro
solucao proposta. A do,proble-
"resposta" do colon ma estava
era: "Bern, brigue a sua
comigo se voce solugao.
quiser. Nao me Sua tarefa
olio. No final, eu — como
vencerei, porque para todos
reconheco a nos
verdade que voce era aceitar
esta tentando
aquela resposta e essa pes-
integra-la em seu soa esta
ser. Precisamos muito
aprender a ou-vir a identifica
nosso ser em sua da corn a
totalidade e nao sua auto-
apenas nossa imagem.
mente conscien-te. Todos nos
Ao faze-1o, hd somos
tanto perdas quanto resistentes
ganhos — a perda a essa
de inocencia, mas mensagem
urn ganho da mais
sabedoria. Essa é a profunda,
historia da especie porque ela
humana: a rom-pe
sabedoria é corn a
alcangada apenas a nossa vida
altos custos. — rompe
Nos lutamos corn o
contra as respostas nosso
que nos sao dadas senso de
porque elas nao se controle.
encaixam em Essa
nossas ilusao de
expectativas. controle
Quanto mais completo
reprimimos 6 algo que
determinada todos nos
awareness, mais valorizam
forte é a reacao a os.
essa repressao. De 0
fato, o gran de corpo é
sofrimento especialm
psicologico que ente
experienciamos adequado
pode co4-responder para
a extensao em que perturbar
nos desassociamos essa
de nossa awar- ilusao. As
eness. Em casos pessoas do
extremos, é seculo XX
necessaria uma tem
quebra substancial ignorado
das estruturas seu corpo
psicologicas para como
que surja mensageir
awareness, porque o. Em sua
maioria
preocupam-se
muito corn a
"cabega" e, por deixam de ouvir o corpo.
isso, Tornam-se dissociadas e
alienadas do proprio
corpo.
134
ConseqUentemente, e
muito mais diffcil "ouvir"
mensagens vindas do
corpo. Alem disso, o
corpo nab tern urn
vocabuldrio tao sofisticado
quanto o que nos é dado
pelo discurso.
Mas o corpo fala. Fala,
primeiramente, atraves de
urn mal-estar generalizado.
Depois, fala corn a dor. SO
pode se comunicar atraves
de uma linguagem global.
Um exemplo simples 6 a dor
ffsica. Se logo de safda voce
tenta correr uma distancia
longa demais, sentird isso no
dia seguinte: seu corpo
esta dizendo que sua
mente pensava que
poderia faze-1o; mas voce
nao estava trabalhando em
consonancia corn o corpo..
A dor fisica é urn modo de
nos di zer que alguma coisa
esta errada. A maioria das
pessoas que procuram a
terapia nao esta ouvindo
essas mensagens, mas
estao buscando solucoes
tecnicas para seus
problemas. Elas desejam
ter "a coisa" resolvida —
urn curativo — mesmo que
isso seja compreensfvel.
Querem que a dor seja
aliviada imediatamente,
em vez de se disporem a
permanecer corn a dor para
que ela possafalar de urn
local mais profundo, dentro
delas. Certamente, nossa
tarefa como terapeutas é dar conforto
mas, ao faze-lo, nao devemos
obscurecer a mensagem mais
profunda que algumas vezes é
subjacente a dor reconhecida.
Isso requer uma atitude diferente
de nossa parte: uma consciencia
receptiva, uma abertura ao Ser, que
reconhece uma realidade maior que
a mera consciencia do ego. Para o
homem moderno, o maior
problema é domtniar o proprio
ego. Investir no nosso ego fre-,
qiientemente cria dificuldades corporais — mal-
estar e dores no
corpo — porque ignora certas
realidades fisicas e emocionais. 0
,
homem moderno freqiientemente
tenta ignorar as limitaciies de- sua
existencia.lsso é negar o prOprio
cerne de nossa humanidadel Haj a
vista a nossa obsessao pela juventude
e por posses materiais, e como
evitamos reconhecer a velhice e a
inexorabilidade da morte.
Outro exemplo de minha
pratica pode ilustrar a relevancia da
"mensagem" do corpo. Atendi em
terapia a uma mulher de 35 anos,
que tinha uma histOria de
infeccOes cronicas no trato
urindrio; causavam-lhe muita dor
eeram incapacitantes. Ela esteve em
tratamento medico por mais de vinte
anos e tentara urn tratamento
alternativo em busca de alfvio. Ela
me foi encaminhada por urn
medico, para lidar corn possfveis
componentes psicoh5gicos
resultantes da doenca. Como
profissional, as incessantes series
de infeccoes restringiam

135
familia,
ela se
significantemente sentia
suas atividades "presa
soci s e em uma
comecavam a armadil
afetar seu ha". 0
desempenho pai, que
diante de uma no dia-
possivel a-dia era
promocao, um
porque estava workhol
freqiientemente ic*,
ausente. Ela sempre
estava "presa em ansiava
uma armadilha" por
por seu proprio essas
corpo. viagens
Ao relatar sua como
extensa historia de tinica
dificuldades, urn forma
dado antigo e de
importante relaxam
tornou-se en-to.
evidente. Suas Como
infeccoes conseq
comecaram na Uencia,
infancia e eram minha
especialmente cliente,
comuns nas e mais
viagens de ferias o resto
da familia. Como da
minha cliente familia
descreveu, sua
familia
costumava ir para
uma casa que
tinham fora da
cidade. Minha
cliente ressentia-se
dessas viagens
longas, porque elas
a afastavam de
seus amigos e das
atividades sociais
que tanto
valorizava. Corn a
mais raras que no inicio e ela
nao se sentia mais presa na
expressar sua raiva. 0 trabalho armadilha de seu corpo.
consistia em ouvir o seu corpo, de E parte integrante do
modo a descobrir quando ele estava dialog° e da dialetica da
zangado, pois essa era a sua maior terapia que o terapeuta
dificuldade, em urn nivel consciente. Se tome-se o ouv inte da
antes ela tinha sonhos recorrentes de mensagem do problema da
estar presa em uma armadilha, agora outra pessoa. A presenca e a
sonhava que sentia raiva. Era um perspectiva do terapeuta sao
progresso! Trabalhamos tambem essenciais, como "ouvinte"
corn a sua capacidade de ser mais do problema. Isso requer que
assertiva, para poder discriminar de o terapeuta deixe a "voz" do
modo criativo os convites sociais que problema ressoar dentro
ela queria aceitar. No final da terapia, dele. 0 terapeuta
suas infeccOes eram comparativamente penetrano- "eritii"TO'
.
... _
sentiam-se se em
extremamente nao
culpados diante da
possibilidade de faze-lo.
expressar Ela nem
desprazer em ter sequer
de ir a algum gostava
lugar onde nao
gostariam de de
estar. Embora algumas
ficasse pessoas
aborrecida, o coin
ressentimento e a
raiva nunca eram quem
expressados passava
diretamente na seu
familia. tempo!
0 sentimento
Mais
de estar presa em
uma
uma armadilha
vez,
parecia ter se
sentia-
generalizado a
se presa
maioria das
em uma
situacOes sociais,
armadi
na sua vida adulta.
lha.
Na juventude, ela
Depois
comparecia a
de
compromissos
algum
sociais que
tempo
realmente nao a
tornou-
interessavam,
se
mas sentia-se
claro
esmagadoramente
que
culpada se pensas
havia,
freqiientemente, tradutoras
)
uma
correspondencia
muito pi-6)(i= 136
entre ter que
comparecer a urn
compromisso
social, onde se
sentiria presa, e
uma subseqiiente
infeccao do
aparelho
urinario. Era
como se ele se
contraisse sob o
estresse. Quase
sempre tinha raiva
das pessoas e de si
mesma mas era
incapaz de
expressa-la
diretamente. Sua
(mica escolha
seria recusar todos
os convites sociais.
So assim ela
achava que
poderia controlar
sua vida.
Entretanto,
acabou se
tornando tambem
muito isolada e
deprimida.
No trabalho
com ela,
comecamos a
escutar o que o
seu corpo estava
dizendo; ficou claro
que o primeiro
passo era que ela
conseguisse

* "Workholic":
pessoa viciada em
trabalhar. Termo
mantido no original por
ser assim usado no
Brasil. (Nota das
terapeuta esta tentando escutar o que é tarefa do terapeuta
o "problema" esta tentando dizer e facilitar que essa voz seja
quer ajudar o cliente a entender essa ouvida dentro da vida do
comunicacao dentro do contexto de sua cliente. E necessaria muita
existencia global. 0 terapeuta toma-se o educacao na terapia para
intermediario. Ele,deve ser canaz ajudar essa pessoa a
de_escutar ogroblema em um nivel mais
entender como seu problema
profundo do que o cliente. Essa
esta tentando ensinar-Ihe a
perspectiva "externa" é quase sempre
necessAria para que ele se tornar-se uma pessoa mais
sensibilize.parao gue e a "mensagem". integrada. Comumente, as
Isso adolifede corn freqiiencia, porque pessoas nab sao educadas
em nosso desenvolvimento todos para isso na sociedade
aprendemos a ignorar as mensagens mais moderna. John Welwood
profundas que nos sao dadas. E tambem (1983) cid um exemplo de
porque essas mensagens nos sao como o terapeuta precisa
passadas, muitas vezes em uma "ouvir" o que nao esta sendo
"linguagem" dificil de ser decifrada. percebido pelo cliente.
De diversas maneiras, somos
todos estrangeiros diante da "Escolhi este cliente
linguagem de nosso corpo. Existe para discutir, porque,
uma alienacao inerente dagual todos de urn jeito ou de
nos sofremos. A tarefado terapeuta e outro, todos os seus
decifrar essa linguagem, poder sintomas
"traduzi-la" em uma linguagem persistentemente
compreensivel ao diente. Alan disso, apontavam para

137
fin
alm
a questa() da ent
vulnerabiqad e,
e. Por sua
exemplo, seu frie
exibicionism za
o era urn em
daqueles rela
sintornIs cao
estranhamente as
apropriados, mu
simbo- lhe
licamente res
perfeitos. Era est
uma forma ava
de expor sua clar
vulnerabili- am
dade, ent
enquanto ele e
mantinha rela
algum tipo de cio
controle e de nad
poder. a
0 medo de cor
ser n o
homossexual me
tinha do
conexao de
corn o medo fica
de sua r a
fragilidade. 0 me
alcoolismo — rce'
ficar bebado del
e larrear' — as e
era a forma de
de a crianca nov
que havia am
dentro dele ent
poder sair de e
seu rigid° col
controle, oca
para poder r-se
ser em
espontaneo e um
sentir-se a
plena-mente pos
vivo. E, ica
o vulneravel." Querem
(pp. 156-57) os
apenas
No comeco, ver o
o cliente nao sintoma
conseguia tratado
perceber isso. e nao ter
Weiwood precisou de fazer
ser o intermediario mudanc
nesse "dialogo". as que
Foi preciso eliminar
sensibili-zar o i am o
cliente a se tornar desconf
mais uma camara orto
de ressonancia aos subjacen
ecos de sua te. 0
propria status
existencia. quo é
uma
A "RESPOSTA" E A resisten
RESISTENCIA A ELA cia
importa
Mesmo nte a ser
quando uma quebrad
resposta é dada a. Nosso
ao nosso desconf
problema, orto esta
inevitavelmente tentando
havera resistencia nos
a ela. A resistencia dizer
surge porque que o
muitas vezes urn status
problema quo nao
persistente pode a mais
_
estar nos dizendo saudavel
que ipre-Cliamos para nos,
fazer uma ainda
mudansa maior que,
em nosso estilo de freqiient
vida. A emente,
-major parte das as
vezes, queremos primeira
urn "conserto s
rapido" para a mudanc
situacao, para que as no
possamos continuar modo de
levando nossa vida viver
do jeito de sempre. fossem
ajustamentos
saudaveis.
Entretanto, eles como uma parte de nos
podem ter se mesmos. Isso da inicio ao
tornado processo de integracao do
improdtitiVo§: que estava dissociado. Nao
Inexoravelme ha, provavelmente, melhor
nte,\e necessario modo de desenvolver
desistir de alguma empatia corn outra pessoa do
corsa)Muitos de que se identificar corn ela, ou
nos queremos viver seu papel. Ao faze-lo,
=liter a seguranca mesmo urn suposto "inimi
que temos, mesmo go" pode se tornar urn
que ela se-ja amigo. 0 mesmo é
problematica. A verdadeiro em relacao a
resistencia nossos problemas. Na
reconhece tradicao zen, isto é muito
implicitamente o bern expresso por Shunryu
espectro do risco. Suzuki. "Voce apenas se
Em urn sentido, coloca no meio do
temos que nos problema; quando voce é
tornar nosso uma parte do problema, ou
problema. Temos quando o problema é uma
que nos parte de voce, nao ha
identificar corn problema, porque voce é o
proprio problema. 0
ele
problema é voce mesmo. Se
completamente e
é assim, nao ha. problema"
percebe-lo
(1970, p. 82).
Identificar o problema
138 como nosso e reintegra-lo
em nos inicia o processo de
cura. Precisamos de um
"dialogo" corn nossos
problemas. Paralelamente,
isso abre urn dialog° corn
os outros. kmedida que nos
abrimos para aquelas partes
nao reconhecidas, podemos
aceitar nossa fragilidade
humana e sermos mais
compassivos corn a
fragilidade e a
vulnerabilidade dos outros.
Isso nos permite retirar
nossis "projecoes- sobre
os outros e
verdadeiramente encontra-
los, .ncio "projecao corn projecao",
mas pessoa corn pessoa.

139
10/

A
Sa
bed
ori
a
da
_Re
siste
ncia

"Resiste'ncia é, e nao

Miriam Polster73

Mui
to tem
sido
escrito,
desde
Freud ate
os dias
de hoje,
sobre o
problem
a da
"resisten
cia".
Minha
proposta
aqui nao
é
fornecer
mais uma
andlise
tecnica da
resistenci
a, mas
oferecer
uma
perspecti
va
diferente

baseada
numa
compree
nsao
dialogica
.
Primeira
mente,
isso
significa
que a
resistenci
a precisa
ser
radicalme
nte
contextua
liza-
_
da dentro
do
"entre":
A
res'-isle-
tic-lad. o
residuo
de ma
tentativa
de
didlogo
interromp
ido
abruptam
ente no
meio
dafrase.
As rafzes
da
resistenci
a sao
interpesso
ais e
ontologic
as, assim
como
intrapsiq
uicas.
Isso
tambem
significa
que a
maneira
como a
resistenci
a se
manifesta
na terapia
é urn
produto
da intern-
do entre
terapeuta
e cliente.
Nao é
simplesm
ente
apresenta
da apenas
pelo
cliente
sozinho.
73. Conversa
que ocorreu
no programa
de
treinamento
em Gestalt-
terapia, no
verao de
1984.
isso da
seguint
e
RESISTENCIA COMO
AJTOPROTEcAO maneir
a:
Tradicionalm "Terap
ente, a resistencia eutas
tern sido vista de experie
uma maneira ntes
unilateral — o saber
cliente que, ao
inconscientemente esclare
coloca barreiras no cerem
decorrer da a
terapia. E isso, e naturez
muito mais. Toda a a da
assim chamada resisten
resistencia é cia do
apenas uma pacient
manifestagao de e, nab
como essa pessoa haverd
sente-se resultad
vulnerdvel. E urn o
"comunicado" do terapeu
medo de assumir tico
riscos que nao discerni
tinham suporte na vel a
experiencia menos
anterior da pessoa. que o
E uma forma analista
essencial de tambe
autoprotecao. A m seja
resistencia e capaz
sempre urn de
"muro" corn dois identifi
lados. Do ponto de car
vista "externo", a correta
mente 141
pessoa parece
estar fechada; do o
ponto de vista perigo
subjetivo, é subjetiv
experienciada o, ou o
como mera conflito
evitagao de urn emocio
sofrimen-to nal que
psiquico. Atwood faz da
& Stolorow resisten
(1984) afirmam cia uma
necessidade pe
sentida" (p. 63). rc
A resistencia eb
é o "muro" que e-
encerra feridas lo
antigas e muito s.
sensiveis. E urn M
muro, na melhor as
das hipoteses, o
semipermedvel. A ris
delicada tarefa do co
terapeuta é ajudar é
o cliente a tornar pe
esse muro mais ri
permedvel, ajudar go
a pessoa a abrir-se so
para outras de
oportunidades m
mais vivas. Nao 6 ai
urn trabalho facil. s;
Referindo-se as tr
oportunidades que ov
nos sao oferecidas oe
pelo dialog° s
genufno como sil
"sinais" en
enderegados a ci
nos, Buber os
(1965a) coloca a os
questa() pa
poeticamente: re
ce
"Cada urn de m
nos é no
revestido por s
uma couraca, a
cuja tarefa é m
afastar os ea
sinais. Os ga
sinais nos r
chegam co
repetidament rn
e, e viver an
significa iq
sermos alvos uil
deles; ag
precisarfamo ao
s apenas nos e,
apre-sentar e de
geragao em
geragdo,
aperfeigoam
se — erigir urn muro para
os o aparato
afastar o que é
defensivo"
experienciado como uma
(p. 10).
ameaca. E sabio juntar os
proprios recursos para
A SABEDORIA DA
utiliza los numa ocasiao
RESISTENCIA
posterior. 0 problema da
resistencia é que ela e
Podemos
anacronica — nao e uma
dizer que existe
resposta a situagao
uma "sabedoria"
presente. N6s
na resistencia, se
"esquecemos" a "decisao"
conceituarmos a
que tomamos ha longo
resistencia como
tempo e,
emergindo
conseqUentemente, fa-
naquele ponto em
lhamos no use de nossos
que o indivIduo
recursos atuais de uma
sente que nao tern
maneira apropriada. Caimos
o suporte interno
na inercia — o medo inibe o
para lidar corn a
crescimento.
situacdo
A resistencia pode ser
ameagadora.
uma expressdoprofunthr de
Nesse ponto, é
alguma coisa que a pessoa
extremamente
precisa desesperadamente,
sabio proteger-
e essa é a imica forma que ela
conhece para cuidar de si
142
mesma. E muito
semelhante a crianga que em
tenra idade aprende a dizer
"nao"; esse "nao" torna-se
uma das primeiras formas de
discriminacao e de afirmacdo
de sua identidade, como
distinta da dos pais. A
resistencia, em certo
sentido é urn "protetor"
internalizado, porem
truncado. Ela se torna urn
substituto dos pais, que
podem ter protegido a
crianca e estabelecido
limites.
Infelizmente, diferente
de urn protetor de verdade, a
resistencia é primariamente
defensiva, em vez de
nutritiva. De fato, o paradoxo e que o hipoteses, pelos
comportamento resistente impede a "desencontros", e na pior
nutricao que poderia vir dos outros. delas, pelos efeitos maleficos
Estamos ocupados em nos defender das feridas dos pais e de suas
contra ameacas reais e imaginarias, e experiencias dolorosas.
assim afastamos aqueles que poderiam nos Decorre da destruigao da
proporcionar melhor uma interacao ilusao da perfeigao da
nutritiva e curativa. A resistencia protege infancia — a awareness
mas, paralelamente, impede a pessoa de surpreendente de que eu nao
crescer: ela corta o didlogo corn o sou sempre aceito, nem
mundo. E a isso que Buber aceitdvel. Apenas "ser" nao é
poeticamente refere-se como "...as sete suficiente; tambem tenho
vendas de ferro em nosso coragao..."74. que "fazer". 0 fazer sempre
As raizes intrapsiquicas da impoe o risco e o medo de
resistencia sao interpessoais. Sua nao ser aceito e nem amado.
origem esta na abertura e Se levarmos a serio a necessidade de
vulnerabilidade inerentes a infancia. A entrar no mundo experiencial
abertura ingenua aos outros nos
primeiros anos de vida traz a dor
74. Buber (1965a), p. 4.
inevitdvel, provocada, na melhor das

143
melhor dos hipOteses,
a pessoa cresce
atraves da resistencia
e, na pior, a
resistencia 6 unta
do clime, send
parte de sua
essencial
identidade..,. E
compreender as
incorrer cm engano,
partes resistentes
rotular a
Stiil personalidade. comportamento
Ate quo terapeuta original coma mera
possa entender a resistencia. Remover
"resistenei a" de a resistencia tie forma
alguern, sua a retornur a pureza
autoProtecdo, ele preexistente 6 urn
ainda rido entrou sonho fati I, porque a
completaineme no pessoa que tem
mundoexperiencial resistido 6 urna nova
do cliente. Como pessoa e ndo ha coma
aftnnou Searles (1 retornar." (1973, p.
986): "...Quanto 52)
mais rgpido„ea
prier acei tar A resistencia ndu 6
ort(vel de um epifenOmeno, essa 6 a
resistencia forma de a pes-soa ser-no-
paciente,. ern mundo. De fato, 6 mais
veziesontinuar a
provdvel que seja uma das
brigar contra isso
panes mais "sot idificadas"
corn
do self. Ou seja, o cliente
interpretacaes, par
estd muito acostuma-do a
Mais perceptivas
ser resistente de uma
e_sagazes passam
forma particular
ser, corn a mestna
rapidez vira o dia
feliz ent qaecle se acostumaclo a esperar qua
tor'narkmais alguem o ataque ou a
colaborador nit sua invada.
rel Conseq(lentemente, hd
comi go" (p.11). So uma "seguranca" na
entao pode utpa maneira de responder de
relactio genufna ser forma previsfvel aos outros
construfda. Polster — uma seguranca precari a
& Polster (1973) — tnas, ainda assim, tuna
fazem esta seguranca. Isso pode ser
observacdo: "patoldgico", pode ser
autodestrutivo, mas nao
"Em vez de devemos subestitnar
procurar quanto 6 itnportan_te,,para
remover a trOa„,sentir que, pelo
resistencia, d menos, "conhecemos"
rnelhor aquela parte de nds
coloca-la em niesmos.
loco, Freqdenternenie
assumindo a "escolhernos" a patologia
posiciio de em vez de odesconhecido.
que, na A previsibi I ida-de
"patologica" 6
mais segura do
que estar presente
no que 6. Em
muitos casos, essa
nccessidade de imiltiplas. 0
prever 6 que 6 visto
semelhante a canto
restos de naufragio resistencia
no meio do em um
oceano. Em urn nivel, pode,
mundo na verdade,
experienciado estar
coma predict°, ela satisfazend
nos da alga em que o
nos segurarmos. necessidade
lnicialmente nos s cm outro
salva, mas no final nivel. 0
ameaca-nos corn pocta Walt
afogamento. Em Whitman
tais situacaes, uma expressou
defesa vital isso
presente torna-se adequadame
urn resfduo nte quando
anacronico. escreveu:
A resistencia
e, tambour, "Eu me contradigo?
sempre uma
resposta as M
necessidades
...„ u
i
144 t
o

b
e
n
t
,

e
n
t
a
o

e
u

m
e

c
o
n
t
r
a Esse 4
d o cerne da
i ambivalent:l
g a, Per
exempla,
o
voce pode
querer
(
retornar a
E
escola, ern
u
urn nivel; e,
em outro,
s existirem
o necessidade
u s de
seguranca e
a demandas
m de suit
p familia que
l voce
o tamb6rn
quer
,
mender,
Embora
e
diga que
u
quer
retornar a
c escola,
o pode
n tambem
t trabalhar
e contra isso.
n Nilo 6 que
h voce esteja
o simpesment
e resistindo;
existent,
m
freqUentem
u
ente,
l
necessidade
t
s opostas ou
i conflitantes
p algurnas this quail silo mais importantes do que ()Muss.
l Quand
i o o cliente
c vem pant a
i terapia, ele
d nil° estd
a valorizando
sua
r
resistencia.
t
mais
e
provtivel que
s eta
, tenharejeitad
) o,
" freqijenteme
nte valencia
disso acentuada
ciad da parte do
o,, cliente em
aque relacilo a
la resistencia.
parte Inconscient
stun emente etc
Em estd resis-
cons tindo, mas
eqtle ern algum
ncia, nfvel sente
o que estd
indiv trahaihando
iduo contra si
estd mesITIO.
semp A
re ironia 6 que,
em se a
guerr terapeuta
a aceita corn
consi cuidado
go excessivo 0
mes desalt° de
mo. "eurar"algu6
Urn m, a
lado tendencia 6
sea fazer Burg it
estd mais
quer resistencia!
endo lsso ocorre
corre
porque,
r
psicologica
risco
mente, a
s, it
cliente tem
para
funcionado
a
dessa forma
frent
pot' muitos
e e
arms.
cresc
Embora
er; o
algumas
'ado
vexes a
opos
cliente possa
to
ver a
essa
resistencia
resist
como urn
indo,
grande
send
obstriculo,
o
clad incapaz
relut
de desistir
ante
dela, "Curar"
e
alguern
prote
impoe urn
tor.
objetivo ex
Exist
terno, ern
e
vez de
unto
encontrar a
ambi
pess tainb6m,
oa qudolimitante
ness a resistencia
e pode ser. Isto
pont 6 obvio, e
o ainda assim
vuln precisa ser
ertiv focalizado
el. eficazmente
A mais tarde, no
tarefa processo de
inicial terapia.
do Tornd-lo
terapeu predominante
ta maim cedo 6
dialOgi fazer da
co 6 terapia urn
entencl
er a 145
sahedo
ria da
resisten
cia.
ESSEI
6 uma
mudan
ca de
atitude
em
relactio
a
perspec
tiva
tradici
onal. E
ern
reconh
ecitnen
to
radical
do
"entre"
da
existen
cia, ,"
Juntam
ente
corn
essa
compr
eensda
, .0
'terape
uta
'Cleve
reconh
ecer,
cliente
tenha uma
campo de batalha,
nocao
corn urn
vivencial
"vencedor" e urn
de sua
"perdedor", em vez
resistenci
de ser urn esforco
a, 6 entao
para a cura. Trata-se
necessari
de uma "danca"
o ajuda-lo
muito dificil, na
a
qual o terapeuta é reconhece
chamado a r,
participar: a danca entender
corn o cliente e sua e aceitar a
resistencia. Ela resistenci
tern um ritmo a como
proprio — parte
freqUentemente integral
dificil de ser do self.
acompanhado. Dela Nao a
se participa corn uma
cuidado, porque ha tarefa
muitos passos pequena,
potencialmente dada a
errados. hist6ria do
E cliente de
necessarkensinar se
ao cliente que desacredi
impor objetivos tar e de se
"externos" a si dissociar
mesmo para de sua
superar a resistenci
resistencia garante, a.
paradoxalmente, Entretant
que ela aumente. 0 o, 6,
primeiro passo verdadeir
neste processo e o amente,
terapeuta ajudar o tomar
cliente a como
experienciar sua ponto de
resistencia. Frida partida a
Fromm Reichmann experienci
dis-se uma vez que a
o paciente precisa fenomenol
de uma ogica do
experiencia, nao de cliente.
uma explicacao!
Uma vez que o
0 VALOR CRIATIVO DA Um
RESISTENCIA aspecto
da tarefa
0 terapeuta é
precisa ver na descobrir
resistencia o seu o que a
valor criativo. Isso resistenci
é freqiientemente a esta
uma reversao de "dizendo"
figura e fundo Qual é a
contraria ao mensage
pensamento do mtSoment
cliente e ate e quando
mesmo do o cliente
terapeuta. E urn for capaz
desafio a nossa de
logica normal. entender e
Apesar de muitos incorporar
terapeutas terem essa
discutido a mensagem
natureza dual da , a
resistencia, mudanca
nenhum deles, genuina
que eu saiba, tern ocorrera.
colocado a enfase A
central na mensage
sabedoria m vem,
fenomenolOgica freqiiente
inerente a mente, da
resistencia. parte mais
Essa profunda
abordagem nao do self.
pode ser urn Nenhum
"truque", ou uma progresso
tecnica usada pelo real pode
terapeuta. Antes, ser feito
tem que ser uma em
apreciacao genufna terapia,
da parte resistente ate que o
dessa pessoa. Corn cliente
essa atitude, essa esteja
modelagem, o disposto,
cliente é antes de
"convidado" a tudo, a
comecar a reconhec
apreciar uma
parte ate entao
rejeitada de si
mesmo.
er e entao
apreciar a
sabedoria de sua resistencia:
ha alguma coisa de
146 inestimavel valor no
comportamento resistente.
Uma vez que a pessoa
Ora de se "castigar" por
causa da derrota face a
resistencia, entao ja foi
alterada a dialetica das
expectativas irreais, por um
lado, e, por outro, a
sensacao do conseqiiente
fracasso recorrente, Tao
logo seja dado urn credit() a
resistencia, o outro lado da
dialetica nao precisa ser
tao punitivo. Isso muda a
dinamica interna.
A resistencia nao
deve ser castigada, mas
sim abracada! A
resistencia nao deve ser
"quebrada", mas sim
incorporada. A Onica forma
de chegar onde se deseja, é
acei tar onde se esta, mesmo
que o ponto em que se
esteja nao seja aquele em
que deseja estar! Para o
crescimento é preciso uma
integracao das polaridades
aparentemente opostas75. E
a valorizacao paradoxal de
tudo o que ha no proprio
self, inclusive aquelas
partes percebidas como
indesejaveis, que inicia o
caminho para a
recuperacao.
Uma questa°
fundamental que precisa
ser colocada para o
cliente é: "Como o
comportamento resistente
the da suporte"? Um
exemplo ass() pode ser o de.
uma mulher de 50 anos de
Idade que foi obesa a vida toda e diz
que quer perder peso mas nao pode; e
por isso castiga-se emocionalmente
— sem nenhum beneffcio. De fato,
isso é o que ela tern feito toda sua
vida. Seu peso 6 a forma pela qual
ela aprendeu a interagir corn o mundo,
corn certa margem de "seguranca". E
um monolog° desejoso de dicilogo.
Ha uma fora psicologica no seu
peso e na sua maneira de ser no
mundo que nao pode ser
facilmente descartada. Por exemplo,
para muitas mulheres corn as quais
tenho trabalhado, ser gorda tern
sido uma maneira de se
protegerem dos homens e da
sexualidade. Colocando o peso
entre elas e os homens, a ameaca de
vulnerabilidade é reduzida. Tambem
pode ser uma forma de tentar "amar"
o proprio self. Quando voce nao
consegue ter o amor dos outros,
conseguir a "nutricao" atraves da
comida pode ser urn substituto —
embora, obviamente, muito pobre.
Corn outra cliente, o sintoma
apresentado — ser depressiva —
pareceu-me ter mais a
caracteristica de resistencia que a
de uma depressao clinica
verdadeira. Sua depressao era,
primariamente, "obstinagao". Era
uma protecao contra correr riscos
corn os outros,

75. Ver tambern os escritos de C. G. Jung.

147
especialmente na terapia. Ela se sentia freqUentemente "perdida",
como se nao mais
houvesse opgOes eu
para ela. Sua "falh
obstinagao era ava"
afastar a ameaca —
dos outros, as
enquanto im
mantinha uma com
nogao tenue de o
self. Era uma outr
pessoa que tinha os
pouca confianca ante
em si mesma e s de
menos ainda na mim
boa intengao dos .
outros. Seu muro Co
de obstinagao a mec
protegia. Ai ela ei a
havia perd
reivindicado um er a
direito a seu espe
"self' e, em ranc
fungao de sua a de
historia corn os algu
pais, nao iria m
deixar ninguem dia
"entrar", ou esta
dizer-Ihe o que bele
fazer. Quanto cer
mais adequado o o
conselho, mais tipo
ela resistia. de
Qualquer esforco rela
meu para gao
ultrapassar seu que
muro e eu
estabelecer uma julg
relagao mais ava
intima entre nos nece
era visto como ssari
uma afronta. a
Quanto mais para
eu tentava prop
alcanga- orci
ladiretamente, onar
um ambiente de tera
cura. A medida pia.
que eu comegava Isso
a me sentir sem nao
esperancas, ela, é quer
claro, percebia dize
isso agudamente, r
o que reforgava que
sua experiencia de eu
ser abandonada nao
pelas pessoas. Por pod
mais resistentes e eria
apavorados que ajud
sejamos, todos a-la.
ficamos Ma
aterrorizados s
diante da foi
possibilidade de nec
os outros essa
desistirem de rio
chegar ate nos. par
Todos queremos a
desesperadament nos
e ser alcangados, dois
embora analo- rec
gamente nos onh
apavore a perda ecer
do self ou de ante
nossa protegao. s
Esta 6 a urn
ambivalencia asp
ontologica ecto
inerente em toda esse
a resistencia. ntia
Finalmente, l da
dei-me conta de sua
que precisava vida
entender a ,
sagacidade de sua que
resistencia. A de
resistencia tinha uma
lido sua for
"companheira" ma
muito antes de eu ana
iniciar uma cron
relagao corn ela, ica
e estaria la muito tinh
depois do a
termino da
the dado al go
semelhante a 148
protegao. Apenas
aprendendo a
confiar nessa
parte de si mesma
poderia ela fazer
tentativas de
confiar em mim.
Por essa razao,
eu the disse que
ela precisava
comecar a
valorizar, e ate
mesmo a "gostar"
de sua obstinagao,
uma vez que era
parte integrante
de seu senso de
self.
Em
resposta a essa
sugestao
surpreendente,
ela disse que se
sentiu
"desmascarada".
De certo modo,
fora esse o seu
segredo. Em
parte, era urn
segredo ate para
ela! Mais tarde,
afirmou que
poderia permitir-
se apreciar o
valor de sua
obstinagao por
apenas alguns
segundos a cada
vez. A imagem
que usou nesse
ponto foi a de
estar de um lado
de uma
barragem,
enquanto a agua
subia do outro;
ela
colocava sacos de areia no topo. A pressao Ela estava comecando a
interna para transbordar o container— a reconhecer que possuia
resistencia — era construlda continuamente muito mais que
atraves do dialog° que se desenvol via entre simplesmente awareness e
nos; e seu primeiro impulso era sustentar objetivos conscientes. Esse
sua resistencia corn sacos de areia. Ao foi o primeiro passo em
faze-lo, ela nao me permitia, e a ninguem direcao ao reconhecimento e
mais, ajuda-la. integragao de seu ser como
Esse era outro nivel de resistencia, ja um todo.
distante de suas defesas primitivas. Era urn
progress° ! Ela era uma "Joana D' Arc "TRANSFERENCIA"
psicologica", singularmente sozinhae
est6ica. Sob determinado ponto de vista, A resistencia do cliente
sua recusa em permitir qualquer assistencia é freqUentemente urn
dos outros poderia ser vista como tola e, aspecto do que
no minim°, quixotesca; ainda assim, em tradicionalmente é charnado
uma postura genuinamente apreciativa de de transferencia. 0 cliente se
seus medos, o que mais impressionava era manifes-ta na situagao
seu heroism°. Psicologicamente sozinha e terapeutica corn muitos dos
sentindo-se ameagada, ela foi capaz de mesmos medos e expecta-
sobreviver. Era uma sobrevivencia corn urn tivas que ele tem em outran
custo — o patio faustiano corn o diabo, situagoes interpessoais.
que todos nos fazemos: nossos proprios Entretanto, isso nao significa,
medos sao o diabo. como ja se pensou, que o
Aqui estavam incorporadas tanto a cliente sobreponha experiencias
grandeza quanto a tragedia da vida anteriores a situacao
humana. ConseqUentemente, eu Ihe terapeutica, sem considerar
disse que ao menos reconhecesse seu quem é o terapeuta ou como
heroism° nessa luta! Isso foi muito ele responde.
desconcertante para ela, ja que sempre se A resistencia
criticou impiedosamente por essa atitude transferencial 6, em grande
de "de-conta-sozinha"; mesmo que, durante parte, uma funcao do "entre",
anos, nao tenha conseguido deixar que do encontro
ninguem a ajudasse e experienciado a terapeuta/cliente. Nao ha
vulnerabilidade que isso acarreta. Esse foi o resistencia se nao
inicio tenue do aprendizado para reassumir
aquele aspecto dela previamente rejeitado.

149
r
i
houver alguem a m
quern se possa ser ei
resistente — ro
esteja presente, ou s
imaginado como cu
presente. id
Stolorow & ad
Brandchaft (1987) os
apontam para as .
vastas implicacoes A
da compreensao le
intersubjetiva da m
resistencia: di
ss
"Quando o,
defesas es
contra o sa
afeto s
surgem no re
tratamento, si
elas devem st
ser en
entendidas ci
como as
originadas co
na nt
expectativa ra
do pa- o
ciente, ou
no medo da fet
transferenci o
a, de que na
seus estados o
emocionais po
emergentes de
encontrarao m
a mesma se
falta de res- r
ponsividade int
que er
encontraram pr
naqueles de et
quem ad
receberam os as
co
m
o resultantes o
unicamente espectr
de processos o de
intrapsfquico urn
s dentro do "desen
paciente.Tais contro"
resisten-cias potenci
sao, muito al.
freqiienteme Blatt e
nte, Erlich
provocadas (1982)
por eventos express
que estao am
ocorrendo no claram
didlogo ente
intersubjetivo essa
da situacao questao
analitica, que :
sinalizam
para o "
paciente A
uma falta de re
receptividad si
e da parte do st
analista para en
corn seus ci
estados a
emocionais é
emergentes e, ta
por isso, nt
trazem o
noticias da u
ocorrencia m
traumatica a
da falha ex
original do pe
self-objeto. ri
(pp. 8-9) en
ci
A falta de a
responsividade do na
terapeuta, ou urn re
tipo particular de la
resposta, podem ca
provocar ou o
aumentar a te
resistencia. Toda ra
interacao pe
resistente aumenta
utica, para a Uma das questoes
qual inquietantes da
contribui em alma que precisa
ser questionada
parte o estilo
do terapeuta,
quanto um 150
processo
dinamico
dentro do
paciente. A
resistencia é
uma
conseqiiencia
natural da
transacao
entre as
formas
caracterfsti-
cas de o
paciente se
relacionar e o
estilo e a
habilidade
terapeu-ticas
do analista.
Como tal,
isso constitui
urn aspecto
integral do
processo
terapeutico
em
desenvolvim
ento". (1982,
p. 71)

No contexto
terapeutico a
resistencia é
inextricavelmente
urn fenomeno do
"entre" — o
campo
intersubjetivo.

A RESISTENCIA "ENTRE"
distiirbios tern uma base
diferente" (p. 10). Esse é urn
em toda psicoterapia 6: quern esta perigo contra o qual todo
sendo resistente: o cliente ou o terapeuta precisa estar
terapeuta? Frequentemente ambos. resguardado. 0 objetivo da
Uma tendencia humana natural dos terapia é fazer contato corn o
terapeutas, como autoprotetores, e ficar cliente, nab corn a teoria!
na defensiva diante da resistencia do Algumas vezes, em nosso
cliente. A principal defesa do terapeuta entusiasmo por teorias
é observar a resistencia apenas como explicativas, perdemos isso
uma defesa do cliente — nesse ponto, de vista.
defesa encontra defesa; resistencia A prOpria resistencia
encontra resistencia. A resistencia do do terapeuta é a forca mais
cliente é freqUentemente exacerbada potentea contribuir para o
pela propria resistencia do terapeuta, impasse terapeutico;
ou seja, as expectativas e os medos que muito mais ate que sua
nao permitem ao terapeuta abranger o orientac5o teorica.
comportamento do cliente. 0 Terapeutas seio seres
desenrolar da terapia torna-se humanos — profissionais
bloqueado, o que tern levado alguns bem treinados, mas
terapeutas a propor que nao existem sujeitos tambem a todos
clientes resistentes, somente os caprichos da
terapeutas resistentes! isso joga o vulnerabilidade humana que
pendulo para a direcab oposta e, mais nossos clientes exibem. De
uma vez, viola a perspectiva dialogica, fato, é essa pr6pria
como o fez o ponto de vista mais humanidade que contribui
tradicional em que o cliente era o 6nico para a cura em terapia. Os
a ser resistente. clientes podem ver as falhas
Uma das formas mais basicas de humanas do terapeuta, assim
resistencia do terapeuta e que pode como sua coragem,
emergir secretamente acontece quando o esforcando-se para lidar
terapeuta impeie urn metodo na terapia corn essas limitacoes
que ni.io é consoante corn as existenciais. Este 6 urn
necessidades do cliente. Basch (1982), modelo importante para o
por exemplo, escrevendo dentro da cliente. As limitacaes
tradicao psicanalitica, afirma: "Muito hutnanas do terapeuta nao
do que é chamado de resistencia em\ scio um ponto de parada,
psicoterapia é urn artefato. E urn mas antes um ponto de 151
impasse terapeutico, gerado pelo encontro no piano da
esforco do terapeuta em introduzir humanidade comunz — um
urn modelo de tratamento piano onde todos
psicanalftico de psiconeuroses na precisamos primeiro nos
psicoterapia de pacientes cujos encontrar antes de
estartnos dispostos a
para
supervisao,
confiar e arriscar ou ate
nos outros. Esta mesmo
abertura sinaliza para a
urn terapeuta em propria
crescimento. terapia, se
Certamente a
ha tambem resistencia
sabedoria na for mais
resistencia do uma
terapeuta. Ela funcao da
informa ao personalid
terapeuta quais Sao ade do
os limites entre sua terapeuta.
abertura e a 0
aceitacao dos encontro
outros, e a terapeutico
necessidade de precisa
expandir ainda estar con
mais esses limites. sistenteme
Entretanto, é claro nte sob
que é solicitado foco e ser
mais do terapeuta mantido
do que do cliente. "nos
Essa é uma das trilhos", e
limitacOes nao deve
normativas da ser
mutualidade em desencami
terapia. 0 terapeuta nhado
esta ali para o pelos
cliente, e nao vice- repetidos
versa. "desencon
0 terapeuta, tros" que
certamente, se perseguira
tornard aware de m o
algumas de suas cliente em
resistencias na sua vida.
terapia, embora Al guns
esse nao seja o desencontr
foco da mesma. Se os irao
exi em resistencias sempre
significativas da acontecer.
parte do terapeuta, MO se
esta claro que pode
deverao ser levadas evitar.
para fora da terapia, Entretanto,
se houver
resistencias valorizar
significativas e sua
serias do terapeuta, resistencia.
ele deve encarar
sua parte nesse A RESISTENCIA
desencontro, e nao COMO UM PONTO DE
deveria servir CONTATO
como uma
condenacao do E
cliente. tarefa
A relacao é criativa do
fundamental em terapeuta
toda terapia, mas poder
talvez o seja encontrar
especialmente no o cliente
trato corn a no pon-to
resistencia. E de sua
necessario uma resistencia.
alianca de trabalho Toda
solida para se lidar resistencia
bem corn a é, por urn
resistencia. E of que lado,
todos os "creditos" evitacao
conquistados na de urn
relacao serao comporta
requisitados. Em mento, e,
altima instancia, é a por outro,
confianca no contato
terapeuta e na intrapsiqui
relacao que co consigo
estabelece uma mesmo; é
o contato
ponte sobre a
corn
aparente divisao
antigas
criada pela
necessida
resistencia. A
des de
confianca na relacao
defesa ao
é que o permite a
passo
ambos passar pelos
que,
desencontros. A
menos que haja urn
pouco de boa
vontade e
confianca, o
cliente nao sera
capaz de
incorporar a
abordagem do
terapeuta ao
(1982) afirma isso delta
maneira:
paralelamente, ocorre o contato
interpessoal — indiretamente, como "Estamos, portanto,
deve ser. E indiretamentp porque 6 interessados na
urn contato atraves do conflito. A resistencia e
resistencia é contato, nao gostarfamos de saber
meramente contato contra. Nao é mais sobre e la; o
urn "encontro" direto mas antes, urn porque de o paciente
contato defensivo e marcadamente precisar se comportar
delimitado. dessa forma.
Sua importancia é ressaltada Observem o
pela realidade de que, precisamente paradoxo: embora o
nesse ponto, outros abandonaram pa-ciente possa estar
aquela pessoa, por urn conflito se esforcando para se
aparentemente insolavel. Talvez nao opor a nos, guardar
seja o contato que a pessoa do informacoes, negar
ferapeuta deseje; no entanto, esse e o cooperacao, ou, mais
contato. A resistencia do cliente é sutilmente, evitar
sempre urn desafio para o terapeuta: colaborar na tarefa
como estabelecer contato corn essa terapeutica, o
pessoa no ponto da resistencia. paciente resistente
Talvez este seja o grande desafio que tambem esta
o terapeuta encara o desafio transmitindo uma boa
de, genuinamente, "estar corn" quantidade de
alguena experienciado como informacoes, e num
opositor. Buber disse uma vez: "Os sentido maior esta
limites de possibilidade do dialogo cooperando totalmente
sae os limites de awareness" corn o tratamento...
(1965a, p. 10). 0 desafio do Em vez de ficar
terapeuta é encontrar, criativamente, desanimado corn a
os meios de estabelecer urn dialogo resistencia, o
corn essa pessoa e sua resistencia. terapeuta poderia
A resistencia é pane e parcela da muito bem sauda-la,"
pessoa corno um todo, nao ulna (p. 27)
atzomalia.
0 desafio para E uma tarefa que pode
152 a 153 lit

o terapeuta é encontrar o cliente se tornar urn esforco


no ponto de contato, de modo a compartilhado entre
incluir a resistencia em vez de terapeuta e cliente. E uma
ameaca-la. E ver, genuinamente, a luta para it alem da
resistencia como ponto de contato compreensao ausente. E
entre e nao meramente como uma uma luta de Prometeu, no
forca de oposicao. Schlesinger sentido de matua
compreensao. Poe em
polaridade
oposta, mas
destaque a sim
humanidade basica conseguir
de ambos, unir-se as
terapeuta e cliente. forcas do
Esse esforco nao é cliente —
apenas urn ponto tanto as que
de contato o
ampliado, mas traz, impulsiona
de fato, a m para a
possibilidade de frente,
ser um meio quanto as
essencial para a que o
cura! Isso ocorre fazem
porque é resistir.
exatamente nesse Ver a
ponto que o cliente resistencia
esta mais ferido, e como
demarca urn novo legftima e
nivel de encontro essencial,
entre o cliente e o ate mesmo
terapeuta. E urn como uma
nivel alem do "sabedoria"
falso self para , significa
ambos, cliente e que o
terapeuta. Esta terapeuta
alem do artificio. deve
E o verdadeiro encontrar o
mergulho no cliente no
labirinto que ponto da
conduz em direcao resistencia,
a autenticidade. bem como
0 terapecuta, unir-se a
alem de uma pessoa ela. "Unir-
corn caracterfsticas se a" e o
proprias, tambern proximo
representa a movimento
polaridade , depois do
"inimiga" da parte contato
resistente do corn o
cliente. ponto de
Conseqiientement resistencia.
e, ha sempre urn Varios
conflito potencial. terapeutas
A tarefa do terapeuta tem falado
nao é estabelecer-se sobre a
como o "inimi go", a necessidad
e de "aliar-se" a
resistencia. ocorrer.
Certamente, é uma "Aliar-se"
conseqiiencia desta significa nao
abordagem. se
Entretanto, opor em
"aliar-se" apenas forca —
tecnicamente nao e nem criar
o mesmo que uma
apreciar genufna e ameaca, ou
profundamente a uma reacao
sabedori a da defensiva
resistencia. Somente contra a
depois de ter feito qual o
contato no ponto da cliente
resistencia, o tenha que
terapeuta pode resistir. De
Unir-sea fato, a
resistencia, dinamica
genuinamente. da
"Aliar-se" significa resistencia
por-se no lugar do requer uma
cliente. Talvez seja forca de
melhor dizer que é oposicao
necessario se que a
colocar como o lado
reforce,
resistente do cliente,
"dando-
porque o cliente por
Ihe"
si mesmo pode nao
estar
completamente 76.0 aikidO e
uma forma
aware, ou oriental de
consciente, de sua defesa nao
agressiva, em
resistencia. Aliar- que o defensor
sea resistencia é utiliza o golpe
agressivo do
uma forma de atacante para
desviar o
aikido ataque.
psicologicom.
Evita-se a forca
154
agressiva do
oponente-e reflete-
se a mesma energia
de volta para ele.
Somente
quando 6 possfvel
aliar-sea resistencia
pode a cura
'„genufna — tornar-
se inteiro
sagrada privacidade deste
lugar escondido.
energia. Consequentemente, tao E
logo o terapeuta sai do caminho do imensamentecriativo,
cliente, como no aikido embora diffcil algumas
psrcologico, ele desanima. A vezes, descobrir os
resistencia é como uma reacao do "esconderijos" do cliente,
reflexo patelar em relagao a oposicao entrar nesses "espacos" e
percebida, de modo que a pessoa sentir como deve ser para
nao sabe muito bem o que fazer ele estar tao amedrontado.
quando esta oposicao esta ausente. Isso,informara. ao cliente:
Como conseqUencia, o cliente "Ha alguern aqui comigo
precisa de algum tempo para se que se importa." E urn
"organizar". Tambem levard algum reconhecimento
tempo ate que o cliente reconheca existencial profundo da
que o terapeuta nao a realmente o parte oculta de todos nos. E
inimigo e que pode ate ser um o fim da ilusao do cliente
aliado. Aliados podem unir forgas e de que ele nao 6 o iinico
utilizar suas energias combinadas a ter tanto medo. Da a ele
para exorcizarem os "fantasmas" a oportunidade de
que assom-bram o cliente. reconhecer que estar
Ao aliar-se a resistencia, o "escondido" e uma
terapeuta esta se colocando do lado realidade existencial, nao
do self amedrontado do cliente. A urn estado patologrco. E
resistencia, embora real em si reconhecer nossa humam-
mesma, a freqtientemente uma dade comum. E este
expressao do que Winnicott chamou reconhecimento
de "falso self'. FreqUentemente, existencial profundo e
por tras disso esta uma parte com-partilhado que
bastante diminufda do self total - o permite a cura. Nao e
"verdadeiro" self escondido. De preciso lutar contra, mas
muitas formas, pode-se dizer que sim compreender os medos
o verdadeiro self tern estado comuns.
escondido todo esse tempo em Entretanto, ha
urn "cubiculo- psicologico. As tambem a possibilidade
camadas de defesas e da de que, as vezes, a
resistencia o enclausuraram. resistencia seja apenas
Aliar-se resistencia sinaliza o resistencia. 0 esforco 155
desejo do cliente de entrar inicial de encontrar-se no
suavemente naquele pequeno ponto da resistencia,
"espaco" onde reside o verdadeiro compartilhando-a, nao
self. E fazer urn convite e nao exclui esforcos ainda
forcar a entrada. E perguntar ao maiores para desafiar a
verdadeiro self do cliente, quase resistencia. De fato, esse
como se pergunta a uma crianca desafio, talvez urn
assustada, se tudo bem invadir a
"
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tambem,
reconhecer
certas
que Bibliografia
"resistencias" sao,
de fato, pones de
nossa existencia e
sao parte do estar-
no-mundo.
Nao se exige
de nos, como
seres humanos,
uma abertura
completa — o
que tambern nao
é possivel. 0
desafio humano é
estabelecer urn
equilfbrio criativo
entre a parte que
temos escondida e
a parte que esta
aberta.

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