responsáveis possam estar “falando mal
O atendimento clínico com
crianças e adolescentes
 A ludoterapia:
→ A ludoterapia é compreendida como
aplicação de procedimentos da
psicoterapia através da ação do brincar.
A brincadeira constitui-se na estratégia
utilizada pelo psicoterapeuta, que
através do brinquedo e do brincar possa
ajudar a criança a caminhar em direção
à autenticidade, que implica, em abrir-
se para concretização das suas
possibilidades, que é o aspecto
essencial da psicoterapia existencial.
 Ludo significa jogo, terapia, recurso para
ajudar. Existência significa para fora e istencial
revelar, sobressair, emergir e revelar-se em sua
essência, através do jogo.
A ludoterapia, como um espaço terapêutico,
pretende oferecer a criança um espaço de
continência permissiva na qual a criança tem a
oportunidade de experienciar as suas
potencialidades, e clarificar os seus conflitos e
vivenciar uma relação estimuladora de saúde1.
A criança, ao brincar, propicia a libertação dos
significados do mundo e o conhecimento mais
amplo de si e do outro, isto é, leva-a a descobrir e
se aproximar de quem realmente é.
O processo da ludoterapia se dá em várias etapas.
→ A entrevista com os pais. O propósito
de uma entrevista conjunta favorece a
oportunidade para as duas partes
colocarem seus pontos de vistas de
maneira clara e transparente, de forma a
não possibilitar no adolescente a
emergência de sentimentos
persecutórios, de que os pais, ou
dele”.
→ A visita à escola. A visita a escola é um
recurso que pode trazer contribuições
significativas para ampliar a
compreensão do universo da criança e
de seu modo de lidar com sua realidade.
→ A visita domiciliar. A visita domiciliar
revela-se como mais um recurso de que
o terapeuta dispõe, caso entenda que
seja necessário observar a criança em
seu habitat natural.
→ Os recursos técnicos. As técnicas são
compreendidas como recursos
terapêuticos que se utiliza para atingir
os objetivos terapêuticos.
→ Os testes psicológicos. Os testes HTP
ou CAT, poderão são valiosos na
medida em que remetem a situações
familiares. São vistos como estímulos
que facilitam o acesso à existência da
criança. Um teste psicométrico, um
teste de nível intelectual, ou prova
motora, devem ser considerados
situações-estímulos para
compreendermos o modo de a criança
estar-no-mundo; como está se
relacionando com sua aprendizagem,
como se coloca diante das informações.
→ Devolutivas. Na devolutiva aos
pais, é importante mostrar que o quebra
cabeça não foi colado, apenas montado.
Considerando que a existência não é
estática e sim movimento, a qualquer
momento esse quebra cabeça pode
desarranjar-se ou transformar-se em
outra figura. Portanto, não podemos
afirmar que a criança ou adolescente é
assim, mas que nesse momento da vida,
está assim.

Os saberes e atitudes do
terapeuta
1. Conhecimento da realidade externa e
autoconhecimento.
 Existem diversas formas ele conhecimento.
Conhecer é uma exigência primária para a vida
prática. que nos propomos. Aliás, boa parte do
conhecimento corriqueiro deriva e se origina na
vida prática;
 O saber comum é aquele que aplicamos na vida
cotidiana, adquirido por aprendizado
puramente empírico.
 É um saber de "como fazer e como comportar-
se em determinadas situações". Não é um saber
conceptual nem teórico - ou o é em mínimo
grau.
 Num nível primário, conhecer é simplesmente
aperceber-se de como funcionam as coisas e as
relações interpessoais em determinada área.
 Quando alcançamos a razão de ser de um
fenômeno e sua articulação num processo
superando os dados meramente sensíveis,
obtemos um conhecimento rigoroso, seja de
tipo científico, seja filosófico. As duas
modalidades têm uma validade universal.
Exige toda uma disciplina da mente e requer
um método apropriado de análise e de
reflexão.
 Existe outra forma de dar-se o conhecimento:
como saber da realidade externa - das coisas do
mundo aí fora, da natureza, do chamado campo
objetivo - e como conhecimento de si e da
realidade pessoal.
 A semelhança das outras duas categorias de
saber descritas acima, tendemos a ter uma
maior familiaridade com o mundo externo,
chegando a ignorar os aspectos essenciais da
realidade pessoal.
 O autoconhecimento é a chave mestra do
desenvolvimento e do bem-estar pessoal; mas
não qualquer grau de autoconhecimento, pois
no sujeito menos esclarecido existe certa
compreensão de sua realidade íntima.
 Sem querer ser pessimista eu diria que este
conhecimento de si alcançado por mero
decurso de prazo - como costumam falar os
advogados - não vai muito longe: dá para o uso
doméstico. É verdade que pessoas excepcionais
conseguem um grau de desenvolvimento
notável com muita facilidade, mas isto é raro.
Os saberes que propostos em seguida são os
requisitos indispensáveis para exercer o ofício
de terapeuta:
(Eles são também as atitudes básicas que devem
nortear a conduta de qualquer pessoa que queira
usufruir melhor os bens da vida.)
→ Não são patrimônio exclusivo e puras
exigências para exercer o trabalho de terapeuta.
→ Estão ao alcance de qualquer pessoa que se
proponha um desenvolvimento criativo, aberto
aos convites do mundo e disposto a enfrentar
seus inevitáveis desafios, barreiras e
dificuldades.
→ As exigências de um autoconhecimento e sua
adequada prática, é um dos objetivos de um
processo de neogênese.
2. Personalidade, ética e saberes pessoais
 A verdade é que nos anos de formação nunca
nos conscientizamos tanto como para sentirmos
esta questão em toda sua gravidade. Pensamos,
quando pensamos, que o exercício da profissão
nos ensinará o que por ventura nos falte.
 Por enquanto nos sentimos portadores de duas
qualidades preciosas: interesse em ajudar aos
outros e uma adequada sensibilidade para o
lado subjetivo dos problemas humanos.
→ Estes são os dois interesses primordiais,
alterocêntricos. São os dois
pressupostos que sustentam o projeto de
tornar-se psicólogo.
 Um bom terapeuta apresenta num grau notório
as características do esaucrilib:
→ Notório, quer dizer que estão operando na
sua conduta e na sua visão do mundo;
 → Autentico, ponto sobre o qual tanto insistiu escutar) percebemos que são um reflexo dos
C. Rogers quando escreveu sobre as três componentes básicos da personalidade
qualidades que possibilitam uma adequada postulados por nós como os pressupostos da
relação terapeuta-cliente. atividade terapêutica.

 Estes componentes da personalidade do

terapeuta me parecem indispensáveis para seu 3. Saber acolher
intuito de ajuda efetiva ao cliente. Eles
funcionam em circuito integrado, influindo-se
mutuamente. Quanto mais desenvolvidos estão  Saber acolher é convidar ao outro para que seja
os traços do esaucrilib tanto mais se tornam ele mesmo, se sentindo à vontade em nossa
presente nos saberes-atitudes. presença.
 Nos gestos, no olhar, nos movimentos, nas
 Esquema dos traços dominantes do terapeuta palavras expressamos este convite.
como pressupostos e operadores de sua
atividade:
 No acolhimento estamos abertos ao outro, sem
as prevenções e cautelas das situações
impostas.
Definições éticas Saberes-atitudes  Todo acolhimento é um ato de confiança, um
norteadoras ato de fé. Por esta razão todos os textos
sagrados nos exortam para acolhermos a sua
Espontaneidade Saber acolher Saber mensagem nos recintos da alma.
Autenticidade empatizar Saber  Convite, abertura, confiança. Estes são os
Criatividade escutar Saber três movimentos que favorecem o acolhimento,
Liberdade observar Saber ser fazendo possível sua ocorrência. Quem não está
objetivo Saber aberto para o outro, permanecendo encolhido
(ES-AU-CRI-LIB) indagar e questionar em sua cápsula egóica, não acolhe o chamado
Saber orientar incitante do mundo nem pode convidar a quem
Interesses primordiais alterocêntricos se aproxima a seu lar interior.

 Todo comportamento social impõe alguns  Em todo empreendimento precisamos de

princípios éticos norteadores. Estes princípios autoconfiança, mas este sentimento-atitude se
possibilitam o relacionamento interpessoal; relaciona e se apoia em dois elementos:
sem ele não é possível um entendimento
mínimo entre os humanos. → Primeiro, num sentimento básico de
 Os princípios fundamentais: o respeito e segurança, sentimento que, se traduz na
consideração pelo próximo, correlativo do percepção de que habitamos um mundo
respeito de si. suficientemente previsível e propício
→ Todos os outros são derivados desta
como para podermos transitar nele sem
excessivos cuidados e previsões.
exigência primeira. Se você experimenta
→ Segundo, na percepção de nossas
respeito por uma pessoa lhe resultará fácil
capacidades e recursos.
manter um comportamento ético com ela.
→ Por esta razão, os relacionamentos
 A segurança é o solo ontológico da existência:
baseados na servidão -no desprezo do outro
é o sentimento básico de que vivemos num
- são, além de opressivas, profundamente
mundo hospitaleiro, podemos perceber o
aéticas.
mundo como variável, relativamente
inconstante, incerto em alguns aspectos,
 É necessário enfatizar que o respeito supõe
inclusive ameaçador e perigoso em
senso de responsabilidade: saber responder
determinadas regiões. De falo, o mundo é tudo
por seus próprios atos. Supõe também saber
isso, mas não podemos senti-lo como
discernir entre o (pág. 49) certo e errado.
predominantemente inóspito, nem muito
menos como completamente inóspito.
 Examinando com atenção as três primeiros
saberes-atitudes (acolher, empatizar e saber
 A autoconfiança é a consciência de que temos  Saber escutar supõe ficar em silêncio; refiro-me
capacidades, recursos para dar conta de nossa ao silêncio da mente, aquele que conseguimos
situação vital; ela depende em boa medida tanto na meditação tal como ela é ensinada pelos
da segurança básica como da situação geral e mestres orientais.
concreta.
 Meramente calar não é estar em silêncio;
quando calamos perante um interlocutor
3. Saber escutar podemos continuar tagarelando no pensamento.
Ficar no silêncio da mente é entregar-se ao
 Escutar significa deixar que o outro se convite do mundo - ou do ser das coisas - muda
expresse colocando-nos numa atitude de contemplação, sem que nenhum comentário ou
receptividade cordial; significa também saber voz emane do sujeito (de nós).
omitir-se para não interferir na livre fluência da
outra pessoa.
4. Saber observar e saber estar
 Às vezes, ao terapeuta lhe é difícil omitir-se
atento
perante algumas colocações de seu consulente;
sente o impulso de mostrar-se ele também, de
 Observar é o passo preliminar de toda
argumentar em prol ou contra as afirmações
pesquisa. Na relação em pauta, observar supõe
ouvidas, sente necessidade inclusive de refutar
saber estar atento ao que expressa o coagente.
e ensinar.
 Conseguimos estar atentos quando não estão
 Escutar a outro significa estar disponível: sem
interferindo em nós os fatores emocionais ou
ânimo pré-concebido, sem necessidades
preocupações importantes: em verdade, para
urgentes de expressão pessoal.
isto é necessário ter equilíbrio emocional
suficiente.
 Há uma diferença entre ouvir e escutar:
→ Se o terapeuta está distraído ou
→ Ouvir é simplesmente captar uma
preocupado com outro assunto não
mensagem, uma informação; escutar é
conseguirá observar nem comunicar-se
captar uma mensagem atendendo a seu
adequadamente com o cliente.
sentido menos explícito, abrindo-se
inclusive a seu convite.
→ deve-se estar atento não só à
comunicação verbal senão igualmente
→ Escutar a palavra do interlocutor permite
às outras formas expressivas: mímica,
captar de onde e a quem fala. O onde revela
atitude, disposição para o contato,
o lugar desde o qual emana seu dizer:
insights e outras manifestações.
o Emana de sua mágoa, de sua culpa,
 Saber estar atento permite observar o
de seus pais, do outro anônimo?
movimento vivencial manifesto no discurso e
Emana do olhar sereno que planeja
nas diversas expressões do interlocutor - e de si
sobre as coisas numa avaliação
mesmo. E de si mesmo, pois na relação sempre
ponderada? Revela o plano que
há também um movimento vivencial no (pág.
origina sua fala. Para quem fala?
58) terapeuta.
Dirige-se ao terapeuta enquanto
interlocutor-testemunha, ou fala
para um personagem de sua
história? Ainda, talvez, fala de si 5. Saber indagar e questionar
para si, meditando, como
desdobrando-se entre o que acredita  É bom ter presente que o diálogo verdadeiro
ser e o outro-ser, que erige como não pode ser um interrogatório, uma série de
testemunho ideal (juiz, amigo, perguntas e respostas destinadas a preencher
simples acompanhante). um formulário. O andamento do diálogo exige
uma certa pertinência, uma sequência que abra
espaço para certas questões e não para outras.

 O sentido existencial do indagar e questionar
é que o próprio sujeito se indague e
questione não apenas os aspectos que o estão
perturbando, mas especialmente o sentido
de sua vida e os objetivos que a orientam.
 Indagamos com o óbvio intuito de obtermos
maiores esclarecimentos: informações sobre
um tema que discorre no discurso do cliente,
mas a indagação é justificada e conveniente
quando a usamos por uma série de outros
intuitos, todos eles destinados a aprofundar a
experiência do sujeito e estimular sua
comunicação.
 O pressuposto é que no indagar se convida à
pessoa a descortinar os aspectos menos
frequentados por ela, junto com examinar com
mais atenção seus circuitos de trânsito, suas
programações e condicionamentos.
 O indagar e questionar são parecidos; mas o
questionar vai mais longe; exige mais da dupla.
No caso extremo pode levar a um confronto de
posicionamento entre o terapeuta e o coagente,
marcando uma nítida divergência dele com os
procedimentos e táticas do cliente.
 Distingo três formas que levam ao cliente, de
um modo progressivo, a posicionar-se perante
suas dificuldades de uma maneira diferente. Por
ora só farei um breve comentário das três:
→ a) O questionamento reflexivo: tenta
provocar a reflexão no entrevistado. É
um convite para que ele tome certa
distância do objeto - ou situação - que o
sujeita ou solicita. Sempre insinua uma
outra perspectiva possível de enxergar
as relações e as coisas.
→ b) O questionamento incisivo: tenta
levarao sujeito a um ponto crítico;
mostra uma contradição, acentua um
conflito, pretende descentrar o sujeito
de uma posição cômoda, na qual se
encastelou mas que implica uma
estagnação ou um desvio sintomático.
Traduz até uma eventual divergência do
terapeuta com respeito a algumas táticas
e atitudes do coagente. Formula-se num
tom cordial, mas incisivo, sem panos
quentes.
→ c) O questionamento de
confrontação: Obriga ao sujeito a
encarar uma situação que ele encobre ou
esquiva. O terapeuta o coloca de cheio
na situação para que ele a enxergue tal
como ela se manifesta, em sua
adversidade e em suas possibilidades,
sem truques nem jogos de luzes
dissimuladores.
6. Saber orientar e estimular
 O pressuposto do orientar é que a pessoa que
procura ajuda psicológica está passando por um
período de desencontro consigo mesmo
nalguma área básica de seu mundo.
 Precisa de orientação externa que lhe ofereça e
mostre novas perspectivas e lhe permita situar-
se melhor na sua realidade
 Saber estimular - este é também um assunto
delicado. Não se trata de elogiar ao cliente nem
de acariciar seu narcisismo. Muito
ocasionalmente até se pode fazer, pois todos
nós merecemos um elogio uma vez por outra,
sobretudo quando é mais que justificado.
 A orientação limitar-se-á à tomada de
consciência de suas próprias forças e
possibilidades, porque forma parte de sua
problemática, geralmente, uma certa
incapacidade para confiar em si mesmo, além
de uma falta de coragem para encarar o
caminho certo.
 Trata-se de orientar sem impor; o objetivo é
levar ao consultante à consciência de sua
liberdade, geralmente alienada por fantasmas
afetivos e afogada por conflitos reais ou
imaginários; é a consciência alienada na
passividade, no deixar-se estar, como aquele
camponês kafkiano, a que deve ser acordada,
estimulada. Impor uma orientação seria como
reforçar a passividade, menoscabar ainda mais
seu senso de liberdade.
7. Saber ser objetivo
 Ser objetivo implica por entre parênteses, pelo
menos momentaneamente, a própria
subjetividade para enxergar o objeto sem
preconceitos.
 Esta é, aliás, uma das exigências do método
fenomenológico, que nos ensina ater-nos aos
fenômenos mesmos, tal como eles se
manifestam no espaço da consciência,
colocando o sujeito suas avaliações entre
parênteses.
 Saber ser objetivo é deixar falar o objeto,
assumindo uma atitude neutra e atenta.
Ademais, é perceber o que é uma mera projeção
pessoal; não um dado objetivo. A pessoa
objetiva reconhece no outras suas qualidades
positivas ou negativas embora tais qualidades
desmintam por vezes suas expectativas.
 Por isso a objetividade supõe o acolhimento - é comprometido.
desenvolvimento do autoconhecimento e da
racionalidade. Saber ser objetivo não significa
descompromissar-se com a própria
subjetividade, o que, aliás, não seria possível
numa relação que se propõe ser uma forma de
encontro.
A RELAÇÃO
TERAPÊUTICA:
sua formação e seus riscos
 Cada abordagem concebe o relacionamento
de um modo característico.
 Na abordagem compreensiva-existencial, o
relacionamento é complexo, envolvendo todos
os elementos necessários para um trabalho
conjunto em um ambiente de intimidade e troca
afetiva.
Os clientes podem enfrentar algumas
dificuldades ao avançar para a fase afetiva
do relacionamento com o terapeuta, que
dependem principalmente de dois fatores:
→ 1. A natureza de sua problemática
pessoal.
→ 2. A avaliação que fazem do processo
terapêutico e do terapeuta.
 Não é surpreendente que os clientes
fortaleçam seu vínculo com o terapeuta com
base nos resultados que experimentam. Isso
é comum em todos os relacionamentos e é
conhecido na psicologia como a lei do efeito e
do reforço.
 Poucos terapeutas aceitam determinados
tipos de pessoas com facilidade e boa
vontade, embora seja esperado que possam
superar essas barreiras. No entanto, podem
existir limitações sérias, como estar absorvido
em suas próprias questões pessoais (conflitos
conjugais, ameaças de doenças graves e
crônicas, depressão intensa, etc.).
 Além disso, acentuada formalidade no
relacionamento interpessoal pode resultar em
baixa capacidade empática e até falta de
simpatia. Em ambos os casos, um dos aspectos
fundamentais da habilidade terapêutica - o
Os riscos do relacionamento
psicoterapêutico
O relacionamento psicoterapêutico apresenta
diversos riscos que podem surgir ao longo do
processo. Alguns desses riscos incluem:
→ A dependência emocional do paciente em
relação ao terapeuta;
→ Tornar o relacionamento terapêutico o centro
de sua vida;
→ A mistificação de si mesmo para agradar o
terapeuta;
→ A onipotência por parte do terapeuta;
→ A mistura de práticas psicológicas com
esoterismo;
→ A postura direcional excessiva do terapeuta;
→ O risco de envolvimento erótico entre os
participantes do processo.
→ É importante estar ciente desses riscos e
trabalhar para evitá-los, a fim de garantir um
processo terapêutico saudável e eficaz.
- O estabelecimento de limites saudáveis, uma
comunicação aberta e honesta, a busca pelo
equilíbrio entre o apoio emocional e a
autonomia do paciente, bem como a adesão a
princípios éticos e científicos são elementos-
chave para mitigar esses riscos.
- A qualidade do relacionamento terapêutico
depende da construção de uma aliança
colaborativa e do estabelecimento de uma
base sólida de confiança e respeito mútuo.
A ENTREVISTA CLÍNICA
como forma de trabalho terapêutica
A pesquisa dos dois planos básicos na
entrevista: o plano sincrônico, ou atual,
e o plano diacrônico, ou biográfico
 A entrevista clínica tem um caráter terapêutico
e também é uma forma de pesquisa;
Dependendo do foco dado, podemos chamá-la
de sessão clínica (lado terapêutico) ou
entrevista diagnóstica (lado da pesquisa).
 É importante abordar adequadamente o objeto
de estudo, seguindo um método apropriado.
Mesmo os mestres usam certas prescrições
básicas para se relacionar com o objeto.
 Uma entrevista clínica geralmente inclui uma
fase de avaliação geral e coleta de dados para
obter uma visão da situação atual da pessoa
(sincrônica).
→ Esquematizaremos o corte sincrônico
ou horizontal, que corresponde á
situação atual, juntamente com o corte
diacrônico ou vertical, que corresponde
a sequência temporal passada já vivida
pejo sujeito: a biografia, que é a matriz
do desenvolvimento pessoal.
As primeiras entrevistas: contato,
motivos da consulta e avaliação geral
dos fatores perturbadores e
sintomáticos.
Os primeiros contatos:
→ O psicólogo precisa apresentar uma boa
personalidade durante todo o processo
terapêutico e deve realizar um bom
rapport com o paciente, a fim de
estabelecer um vínculo com o mesmo;
→ Se atentar as respostas do paciente, ser
afável e acolhedor, ouvir
qualificadamente e saber exercer a
empatia, bem como agir de maneira
naturalmente e sentir-se tranquilo em
uma relação interpessoal, são
características de extrema importância
para que o paciente realize a entrevista
sem se sentir desconfortável com o
terapeuta.
Algumas dificuldades características desta fase:
→ Quando o entrevistado passa por uma
fase crítica em sua vida, torna-se
importante favorecer um encontro
interpessoal, uma vez que a fase
dificulta o entendimento do paciente
com outras pessoas, o tornando sensível
demais a determinadas modalidades de
relacionamento.
→ Sendo assim, é necessário que o
vínculo entre o paciente e o terapeuta
– díade – seja forte para que o
relacionamento não precise passar
por uma adaptação mútua
ocasionada pelas oscilações
emocionais que todo vínculo afetivo
implica;
Para o paciente, é necessário se despojar de suas
máscaras, roupagens e disfarces que usa nas
relações com os outros e cabe ao terapeuta deixar
claro que o ambiente é verdadeiro e acolhedor, a
fim de que o paciente não apresente resistência.
 Resistência - O autor entende como uma
maneira de evitar uma dor maior e como
hábitos alienatórios, que impedem ao
sujeito responsabilizar-se do que lhe
compete. Pode ser entendida também como
esquiva e o não engajamento com o
processo de mudança;
 Problemática Central - Se relaciona com
a estrutura da personalidade e dos conflitos
presentes. A problemática manifestada está
em relação com o comportamento e se
traduz por índices de inadaptação ou
desajuste.
Avaliação dos aspectos básicos da
personalidade e do mundo pessoal
nas primeiras entrevistas
 A avaliação razoável de uma pessoa, seja no
plano dos interesses práticos - quando
queremos saber quem é nosso colega, ou chefe,
e etc – ou seja como profissionais que
precisamos ter um perfil da personalidade de
um cliente, nos perguntamos quais aspectos são
precisos observar para termos uma correta
avaliação.
 A compreensão de uma pessoa, de seus traços e
de sua problemática, precisamos saber o que
temos que observar para chegar a uma
compreensão.
 Nas entrevistas iniciais os objetivos são: Para
alcançar esta finalidade, podemos usar o
seguinte roteiro:
1) A observação do comportamento no momento
das entrevistas.
→ A aparência pessoal;
→ A conduta expressiva;
→ O biotipo
2) A obtenção de dados sobre a situação atual do
entrevistado junto com sua biografia:
→ Os conteúdos verbalizados (a narrativa);
→ Alguns dados da história biográfica.
3) Análise e síntese das entrevistas:
→ Problemática principal e secundária;
→ Avaliação da personalidade;
→ Psicodinâmica: relações entre as três. A
observação do comportamento durante as
entrevistas é um dos saberes básicos do
entrevistador terapeuta.
Apresentação pessoal, aparência geral e
comportamento expressivo
 Quando recém conhecemos uma pessoa com
quem queremos manter algum tipo de contato,
logo nós vamos formando uma impressão de
seu caráter, inteligência, educação e
provavelmente de alguns valores que norteiam
sua ação.
 Observe-se dois fortes aspectos que se
destacam nas entrevistas:
→ Aparência pessoal: elementos que
levamos em conta para formarmos uma
impressão geral: - Vestimenta: o hábito
talvez não faça um monge mas induz os
outros a pensar que é -e bater carteira não é
só metáfora. - Manutenção da fachada:
corte de cabelo, barba. maquilagem,
higiene - Tipo físico - biotipo.
→ Conduta expressiva. que traduz o estado
de ânimo predominante, proporciona pistas
sobre alguns traços de caráter e da
personalidade: - Atitude postural e
movimentos - Mímica e gestos - Uso da
linguagem: timbre, volume, ritmo. etc. - O
semblante: expressão facial.
 Os dois aspectos nos proporcionam boas pistas.
para avaliar, em termos de uma impressão
aproximada, o estado de ânimo predominante e
alguns traços da personalidade do ator que
temos na nossa frente.
Alguns parâmetros para avaliar com
menor margem de erro:
 Afim de obter informações genuínas referente
aos pacientes, deve-se atentar aos seguintes
critérios:
 Uma entrevista bem elaborada, com o
treinamento necessário, habilidade no
relacionamento interpessoal e conhecimentos
bem assimilados de psicologia e
psicopatologia, permite uma adequada coleta
de dados diante do entrevistador;
 Dois elementos importantes, são os conteúdos
verbalizados e a história bibliográfica do
paciente.
 Estes elementos, precisam ser ponderados em
suas inter-relações, esta é a única maneira de
termos uma visão integrada de uma vida em
movimento;
 Para que se consiga obter informações precisas
sobre um perfil e/ou diagnóstico, se faz
necessário que haja também aplicação de uma
bateria de testes no mesmo.
O encontro com o corpo próprio
 O biotipo também nos proporciona algumas
informações sobre o temperamento, no entanto,
o autor não acredita que exista uma
correspondência tão alta entre temperamento e
constituição, a relação não ocorre apenas desde
um lado, desde o físico para o temperamental,
senão também existe a influência inversa -do
temperamento para o físico;
 Embora o biotipo nos ofereça algumas pistas, o
mais importante é como o sujeito se relaciona
com seu corpo, sendo preciso examinar o que o
 sujeito mais aprecia em seu corpo; e o que
menos valoriza; que é o que destaca e o que
dissimula; e sobretudo, o que o perturba. Em
especial, é preciso observar se o perturba algum
sintoma psicossomático, pois neste plano se
objetivam conflitos e sentimentos mal
encaminhados.
Os conteúdos verbalizados e os
aspectos significativos da linguagem
 A palavra falada possui ressonâncias, nuanças,
intenções e ritmos únicos;
 Aspectos principais do discurso falado;
 Formais: sintaxe, gramática, fonética,
semântica;
 Expressivos: ressonâncias, nuanças, intenções,
ritmos, timbre, volume;
 Conteudísticos: ideias, temas, narrativas,
significados;
 Os conteúdos verbalizados refletem o mundo
pessoal do sujeito.
 Análise dos conteúdos verbalizados;
 Observar a relação com a vida do sujeito e sua
correspondência com as vivências;
 Identificar os temas predominantes;
 Dificuldades no diálogo terapêutico;
 Dificuldade inicial de expressão;
 Necessidade de tempo e confiança para
compartilhar dramas pessoais;
 Importância da análise para compreender a
relação do sujeito consigo mesmo e com os
objetos ao redor.
A questão recursos
pessoais como fatores
básicos no processo de
mudança
1. A compreensão dos recursos pessoais
feita pelo próprio sujeito
→ A compreensão de nossos recursos
pessoais é fundamental para nosso
desenvolvimento e enfrentamento de
dificuldades
→ Para tanto, a autoanálise é essencial
→ O papel do psicoterapeuta é, também,
auxiliar o cliente no processo de
autoanálise para avaliação de seus
recursos.
 É importante que a pessoa se examine de forma
reflexiva e honesta e, nesse sentido, é
necessário que se tenha:
→ Análise crítica e auto compreensão
→ Recursos além da inteligência
→ Autenticidade na superação de
limitações
E, ainda, que se compreendam os
benefícios dos recursos pessoais
2. Fatores que operam como recursos
básicos no processo de mudança
 Após avaliação de uma queixa e dos elementos
perturbadores da personalidade do indivíduo, e
suas principais falhas na organização do mundo
pessoal, é necessário entender quais os fatores
temos disponíveis para reformular e superar
essas deficiências.
 Dentre todos os recursos disponíveis para tal se
destaca e desempenha um papel de primeira
importância: os recursos dos quais o próprio
sujeito dispõe.
 O próprio indivíduo é responsável por pelo
menos grande parte da organização e
orientação da sua trajetória vital, sendo assim,
o mais importante para um projeto de
transformação são os recursos pessoais.
3. Os recursos podem ser de ordem
específica e de ordem geral. Entre os
de caráter específico, três são muito
importantes:
→ Grau de motivação para tentar um processo
de reformulação
→ Capacidade de intercepção
→ Grau de compreensão da experiência vivida
e a capacidade de insight
→ Interesse por aspectos subjetivos da vida
 → Mobilidade dos processos internos:
capacidade para verbalizar os próprios
conteúdos vivenciais consciência das
próprias necessidades e capacidades para
assimilar novas experiências
→ Interesse em alcançar um estágio evolutivo
mais alto em termos de interação pessoal e
autoconhecimento
→ Certo grau de autenticidade
responsabilidade
→ A responsabilidade perante os outros é a
base da ética e da juricidade.
→ A responsabilidade do sujeito com respeito
a si mesmo é o lado ativo de sua liberdade
e de sua autonomia.
→ A responsabilidade perante agentes
metafísicos é o fundamento da religião.
→ Papel do Psicólogo

→ Autêntica é a pessoa que não usa truques,

4. Fatores associados a mobilidade dos
processos internos ou fluência
vivencial
 Habilidade e capacidade de verbalizar
conteúdos vivenciais: muitos tem dificuldade
de realizar a autopercepção, mesmo que seja
uma pessoa com facilidade verbal, pode ocorrer
a dificuldade de realizar a análise interna.
 Boa abertura para o campo imaginário:
conseguir entrar em contato com nossa
imaginação.
 Ter consciência das próprias necessidades:
entender a diferença entre necessidades e
demandas.
disfarces e falsidades para obter algum
ganho (consideração, poder, respeito,
lucros). Ser autêntico é ser verdadeiro.
→ Influência que o espaço tem sobre a
autenticidade
→ Autenticidade e equilíbrio entre o positivo
e o negativo
6. Valores Universais
 Valores universais: válidos em qualquer
época, lugar e circunstância -> Mudança
espiritual é toda atividade que implique um
valor universal positivo.
Ex: respeito, a consideração, a solidariedade,
o amor, a benevolência, a veracidade, a
generosidade, a equanimidade

 Todas essas palavras qualificam formas de

5. Outros fatores: a questão da
conduta social, que concretizam valores
responsabilidade e da autenticidade universais.
 Existem alguns traços carateriais que  Universais, isto é, válidos em qualquer época,
favorecem o desenvolvimento integral - ou que lugar e circunstância.
o atrapalham.
 Anti-valor: quando a pessoa age num nível
 O que é traço caracterial? apenas vegetativo ou destrutivo:
→ Traço caracterial é um modo característico
de relacionamento do sujeito na sua
interação com o mundo - as coisas, os
objetos e as pessoas.

→ Uma das características do traço caracterial,

é o Senso de Responsabilidade

→ Somos responsáveis: respondemos por

nossas ações e pelo andamento e orientação
de nossa vida.

A compreensão do
desenvolvimento biográfico
 A importância da compreensão biográfica:
→ Infância: arquipélago de imagens de um
continente em grande parte esquecido.
→ São poucos os que tem uma sequência bem
organizada de sua trajetória de vida, pois apesar
de estar a vista, o sujeito não quer ou não tem
interesse em apreender o sentido e a dinâmica
de seu percurso.
→ Outros vão mais longe, se recusam a lembrar e
mexer com determinados eventos, alegando
que não adianta cutucar feridas. Todavia,
esquecem que essas feridas que não se curam
tendem a gangrenar e intoxicar o resto do
organismo.
 Reconstruir a própria história pessoal tem três
objetivos:
1. Levar o sujeito a familiarizar-se com seu
próprio passado, reapropriando-o e
integrando-o como sua realidade mais
própria.
→ Trabalho de desalienação.
2. Ressituar as personagens e reavaliar os
eventos vividos: este é um outro objetivo da
análise biográfica.
→ Podemos estar familiarizados com os
aspectos mais relevantes de nossa história
pessoal, sem que isso implique numa
correta visão do que nos aconteceu.
→ O juízo negativo pode vir advindo de como
a pessoa se sente, sendo uma fonte de
perturbações.
→ A reavaliação do passado equivale a uma
espécie de liquidação de contas, ou seja,
liberar-se de um sentimento de culpa ou de
uma cobrança.
3. Compreender como se originaram os traços
distintivos de caráter e outros fatores da
personalidade
→ Tendência de perguntar como se originou
em nós determinado sentimento ou crença
que norteia nossa vida.
→ Compreender os traços normais é mais
complicado, pois tendemos a enxergá-los
como formas naturais de ser, talvez de
origem inata e genética, embora eles
também sejam adquiridos.
Como podemos compreender o
desenvolvimento histórico de uma vida
individual?
 Na psicoterapia, a pessoa nos proporciona
dados, nos descreve situações, nos mostra
cenários, nos transmite impressões. Tenta
reconstituir-nos um passado que nem sempre
está claro para ela, emergindo uma nova
compreensão.
 Quando examinamos a biografia de um
indivíduo queremos ver o desenrolar de uma
personalidade. Queremos saber como se
constituíram os traços mais característicos do
que os psicólogos denominam caráter.
 As pessoas se caracterizam por orientar sua
vida de acordo com certos projetos e valores
O relativo descuido da pesquisa biográfica na
psicologia clínica
 Plano sincrônico: presente, configuração do
seu mundo pessoal no período atual;
 Plano diacrônico: história da pessoa em seus
aspectos mais relevantes. Escolaridade,
infância, trabalho, círculo familiar,
experiências eróticas e amatórias, etc. Uma
forma de aprofundá-lo: BIOGRAFIA.
→ Tarefa laboriosa e nada fácil.
→ Psicólogos e psiquiatras descuidados
com as histórias de seus pacientes.
→ Estudos biográficos - escritores -
exercícios literários, personagens -
pouco valor no plano da compreensão
existencial.
→ Tendência mitificadora: mais que o
curso de uma vida nos apresenta a
construção de um mito.
→ Autores da concepção existencial:
Sartre (Pablo Rispo), Esterson e Laing.
 Algumas categorias para a compreensão da
biografia e do comportamento enquanto
processo temporal
1ª Parte - Contexto e Situação
Contexto e Situação
Contexto são todos os fatores externos que
influenciam o indivíduo
Contexto Familiar: é um fator decisivo na infância
e matriz modeladora do caráter, pois são quem nos
criaram.
O contexto social é tão importante como o
familiar, devido a que a família está inserida
precisamente neste círculo maior que chamam
estrutura social.
 A sociedade é um todo organizado com
diversas variáveis
 É possível distinguir 3 variedades de
contexto, todos eles intimamente
conectados:
→ 1º Contexto Estamentário (de classe social):
classe operária, classe média e classe alta;
→ 2º Contexto Institucional: unidades de
poder;
→ 3º Contexto Ideológico: São valores e
crenças que caracterizam os diversos
setores ou grupos sociais ou a sociedade
global, num período determinado. Boa
parte dos chamados conflitos neuróticos e
das frustrações que afligem à gente, tem
uma origem ideológica.
 2ª Parte - A situação como reveladora
do mundo pessoal e do modo de ser
mais genuíno
 A situação são todos os fatores que num dado
momento estão influindo sobre o sujeito, tanto
objetiva como subjetivamente. O contexto e
geral, a situação é especifica do indivíduo. O
contexto é objetivo; a situação é tanto objetiva
como subjetiva.
 O homem se expressa e se realiza numa
situação que tanto concretiza como limita suas
possibilidades.
 A percepção que tenhamos de uma situação é
um fator importante na dinâmica da situação
total. Há um lado objetivo do cenário onde
atuamos, mas também há um lado subjetivo.
 Muitos dos problemas e conflitos que vivem as
pessoas decorrem destes fatores subjetivos.
Sem que consigam enxergar as situações que
estão vivendo com um mínimo de objetividade.
Como podemos compreender o
desenvolvimento histórico
de uma vida individual?
Períodos e estágios
 A vida não é uma sequência contínua e
linear é possível distinguir fases
distintas da biografia;
 Períodos biográficos x fases do
desenvolvimento humano;
 Os períodos biográficos podem ser curtos
ou longos, monótonos ou cheios de
acontecimentos.
 Pode ser incomum encontrar pacientes que
possuem visão nítida de sua trajetória da
vida;
 É comum que o sujeito se encontre passivo
frente aos acontecimentos;
 As vidas monótonas podem ser atribuídas a
pacientes que nunca tentam buscar local de
destaque;
 Existências mais agitadas possuem a tal
vitalidade dionisíaca;
 Podem haver existências que transitam
entre estes dois modos.
Fatos e eventos significativos
 Acontecem continuamente na vida diária.
 Raras vezes que percebemos de imediato a
relevância de um fato ou de determinados
eventos.
 Sua relevância se mede por sua radiação
posterior, pelo encadeamento de efeitos que
podem ser provocados.
  Fatos e eventos são significativos por seu
modo de articular-se na experiência do
homem, pelos efeitos vivenciais que
provocam e pelas mudanças de situação que
originam.
 Há eventos que adquirem uma radiação
imediata em nosso mundo.
Ex: perder um ser querido, apaixonar-se
por alguém, conseguir um diploma que nos
destaque da multidão, residir pela primeira
vez longe do solo parental, todos eles
agitam as águas mais calmas.
 Tais não são importantes apenas pela
agitação emocional que implicam, e sim
pelo modo de inscrever-se em nossa pele e
pelas modificações de perspectiva que
introduzem na paisagem.
 com diversos personagens e atores que nos
 Em nossa cultura existe uma série de
experiências chaves que estão programadas
como especialmente significativas na
história do indivíduo.
 Ex: o primeiro amor, o primeiro salário, o
casamento, o nascimento de um filho, a
menopausa
 Todas elas têm um valor preestabelecido
pela cultura. Embora não desconheçamos
sua importância, precisamos examinar estes
eventos considerando cada caso particular,
pois eles são vividos de um modo peculiar
por cada pessoa.
As linhas temáticas
 Importante distinguir em cada estágio as
temáticas dominantes, que são as vivencias-
atitudes características desse período.
 Uma pluralidade de vivências pode combinar-
se para tecer uma ou duas temáticas; as vezes
basta mudar uma só vivência para que a linha
temática se modifique sensivelmente e adquira
um outro sentido.
 Elas se movimentam e direcionam segundo
projetos e objetivos de vida.
 É necessário prevenir de um certo erro: quando
se examina uma trajetória vital às vezes se tem
a impressão que ela se desenvolveu sob o signo
de uma só temática, pelo menos desde o
momento em que tomou consciência de si. É a
impressão que nos deixam certas
personalidades sintomáticas.
 As temáticas operam como constantes
vivenciais e algumas acompanham o sujeito
boa parte de sua vida; com variações e ritmo
diferente, com intensidades flutuantes,
acompanham seu decurso vital.
Cenários e personagens- Figuras e
modelos
 Cada individuo possui uma duração temporavél
variada, que pode ir de um momento até anos.
Agimos e atuamos em diversos cenários de
nossas vidas, nestes cenários, nos relacionamos
influenciam, sendo eles, personagens principais
ou secundários. Com indivíduos que marcam
nossas vidas positivamente ou negativamente.
 Deste modo, em cada cenário, vamos
aprendendo os nossos papeis, em que a vida
pode ser drama, comedia, farsa ou uma mistura
de tudo. Percebemos que muitas das vezes
precisamos improvisar papéis, inventar cenas,
situações, diálogos e variados recursos.
 Nossas ações dependem das circunstâncias e do
que chamamos de caráter. Entre as
circunstâncias, duas são consideradas
importantes, uma parte da nossa vida está
sujeita a vontade do outro. Um segundo aspecto
das circunstâncias que configuram o cenário,
são os atores com quem interagimos.

 A biografia importa saber apreender as
características de todos os cenários, como, o
lar, a escola, a igreja, a fábrica, o escritório. De
modo que, se configura o círculo social em que
cada um se encontra figuras chaves da sua vida.
 Por mais que sejamos pouco sociáveis, estamos
sujeitos a modelos de influencias, e desta
maneira podemos ir examinando diversos
outros cenários.
 Os Eventos Cruciais
Os Eventos Cruciais acontecem
constantemente em nossas vidas, normalmente
tidos como crises. São nestes momentos em que
somos compelidos à mudança, à reorganização
de nossas existências. As crises nos obrigam a
usar todos os recursos que dispomos para
restaurar o equilíbrio.
Estes eventos são “verdadeiros testes que
submetem à prova nossos pressupostos
existenciais: nossas crenças”.
O Evento Crucial e a/o Terapeuta
O ser humano é um ser para. Ou seja, é um ser de
projetos, orientado para o futuro pelo mero fluxo de
sua existência. Nesta análise é preciso considerar
dois aspectos, o objetivo e o subjetivo.
1. O objetivo diz respeito à ação, ao fim
concreto daquele projeto. Por exemplo:
formar-se em psicologia. Qualquer um
pode fazer, sem grande esforço, uma
análise dos objetivos de sua vida em
determinado momento.
2. Já o aspecto subjetivo e vivencial “é
meramente vivido, escassamente
racionalizado e rara vez compreendido pelo
sujeito.” O que não significa que seja
inconsciente, mas é vivido em um nível
afetivo-emocional e não racional. Por
exemplo: o que me leva a fazer psicologia?
Que Eventos Cruciais influenciaram essa
decisão? Que sentido tem para mim a
psicologia? Qual o significado deste projeto
para minha existência. Isso difere e
individualiza cada um de nós, mesmo que
nosso objetivo seja o mesmo.
Os relacionamentos
familiares e de casal
A estrutura familiar como matriz
formadora e como solar das primeiras
experiências:
 A estrutura familiar é considerada uma matriz
formadora e um solo das primeiras experiências
de uma pessoa devido ao papel fundamental
que desempenha no desenvolvimento e
formação de indivíduos desde a infância até a
vida adulta.
 A família é o primeiro ambiente social em que
uma criança é inserida e é onde ela aprende
sobre si mesma, sobre os outros e sobre o
mundo ao seu redor.
 A família é responsável por transmitir os
valores, normas, crenças e tradições culturais
de uma sociedade. Esses aspectos são
aprendidos principalmente através da
observação dos comportamentos dos membros
da família, das histórias compartilhadas, das
celebrações e rituais familiares, entre outros.
 A família desempenha um papel crucial na
formação da identidade e na construção da
autoestima de um indivíduo, fornecendo uma
base sólida para o desenvolvimento de sua
personalidade.
 Os relacionamentos familiares e a relação
conjugal são dois aspectos interligados e
essenciais na dinâmica familiar. Vamos
explorar cada um deles:
Relacionamentos familiares:
→ Os relacionamentos familiares abrangem as
interações entre os membros de uma
família, como pais, filhos, irmãos e outros
parentes próximos. Esses relacionamentos
são fundamentais para o desenvolvimento e
bem-estar de todos os envolvidos. As
interações familiares podem variar em
termos de afeto, comunicação, suporte
emocional e colaboração nas
responsabilidades diárias.
→ Os relacionamentos familiares saudáveis
são caracterizados por uma base de amor,
respeito, confiança e apoio mútuo. Eles
fornecem um ambiente seguro e estável,
onde os indivíduos podem crescer, aprender
e se expressar livremente. A qualidade
desses relacionamentos pode influenciar
diretamente o desenvolvimento emocional,
social e psicológico de cada membro da
família.
Relação conjugal:
→ A relação conjugal refere-se ao vínculo
entre os parceiros românticos ou cônjuges
dentro da família, como marido e esposa,
parceiros de união estável ou casais do
 mesmo sexo. Essa relação ocupa uma
posição central na estrutura familiar e
desempenha um papel significativo na vida
de um indivíduo e no funcionamento geral
da família.
→ Uma relação conjugal saudável é
caracterizada por respeito mútuo,
comunicação aberta, apoio emocional e
compromisso. Os parceiros compartilham
responsabilidades, tomam decisões juntos e
mantêm um vínculo afetivo e íntimo. Uma
relação conjugal positiva e estável pode
criar um ambiente familiar harmonioso,
fornecendo segurança e estabilidade para os
filhos e promovendo o bem-estar geral de
todos os membros da família.
Fatores que permitem compreender o
caráter problemático da família:
 Diversos fatores podem contribuir para
compreender o caráter problemático de uma
família. Esses fatores variam e têm diferentes
impactos nas relações familiares. Abaixo estão
alguns exemplos-chave:
Comunicação inadequada:
 A falta de comunicação clara e aberta na família
pode levar a mal-entendidos, ressentimentos e
dificuldades de relacionamento. Isso pode
resultar em problemas de comunicação, como
falta de diálogo, comunicação agressiva ou
passiva, e dificuldade em expressar emoções e
resolver conflitos de maneira saudável.
Conflitos não resolvidos:
 Conflitos familiares não resolvidos podem se
acumular com o tempo, criando um ambiente
de tensão e hostilidade. Isso pode afetar
negativamente os relacionamentos e a dinâmica
familiar, criando um ciclo contínuo de conflitos
sem solução.
Abuso e violência doméstica:
 O abuso físico, emocional ou sexual dentro da
família é extremamente problemático e pode ter
efeitos devastadores nos membros da família.
Isso cria um ambiente de medo, insegurança e
trauma, prejudicando a saúde mental e
emocional de todos os envolvidos.
Falta de apoio emocional:
 A ausência de apoio emocional dentro da
família pode resultar em sentimentos de
solidão, isolamento e falta de suporte. Isso pode
afetar negativamente a autoestima, a confiança
e o bem-estar emocional dos membros da
família.
Vícios e dependências:
 A presença de vícios, como álcool, drogas, jogo
compulsivo, entre outros, dentro da família
pode gerar problemas significativos. Os vícios
podem criar desequilíbrios no funcionamento
familiar, resultando em falta de
responsabilidade, negligência, instabilidade
financeira e emocional, e impactando
negativamente as relações e o bem-estar de
todos os membros da família.
Mudanças e transições difíceis:
 Eventos estressantes, como divórcio, morte de
um ente querido, mudança de residência ou
problemas financeiros, podem criar desafios e
desequilíbrios na família. Essas mudanças
podem causar instabilidade emocional e exigir
adaptação e resiliência por parte dos membros
da família.
 É importante reconhecer esses fatores como
pontos de partida para buscar ajuda e apoio
adequados, seja por meio de terapia familiar,
aconselhamento ou outras formas de
intervenção profissional. O objetivo é
promover a saúde e o bem-estar da família,
buscando soluções para os desafios enfrentados
e construindo relacionamentos mais saudáveis
e satisfatórios.
Algumas dificuldades típicas que
influem na dinâmica familiar
 Tanto em relação com a família de origem
como com a família fundada pelo próprio
sujeito, nos deparamos com toda sorte de
problemas, pior que os pais internalizados são
os pais em ação concreta, os que interferem na
vida de uma pessoa já adulta, solteira ou casada
 A situação conjugal pode tornar-se conflitiva
quando um dos membros se mostra
excessivamente apegado a seus pais. Isto pode
agravar-se ainda mais se o outro cônjuge sente
esta dependência como uma desvalorização do
 relacionamento, ou como uma imaturidade
intolerável.  Fazer um exame atento da biografia da pessoa.
 A interferência de um terceiro que gera mais No percurso vital e histórico seja reconstruído
conflitos na relação conjugal é a (o) amante. e iluminado linhas básicas da vida da pessoa.
Quando está acontecendo é um sintoma de uma
grave desavença marital, ou indicador de um
problema por parte do membro que procura
essa saída.

A pesquisa das questões chaves no

relacionamento com os pais

 Todos nós precisamos saldar contas com nosso

passado, trata-se de não deixar questões
pendentes, verdadeiros galhos frouxos que
ficam pendurados nas janelas de nossa
memória, batendo e perturbando nossa paz.

 Embora possamos sentir maior apego por um

dos pais, de todas as maneiras, os dois
terminam por ocupar um lugar muito especial
em nosso espaço íntimo, embora nem sempre
essa presença esteja revestida com as melhores
qualidades.

 Uma das tarefas do desenvolvimento pessoal é

justamente Re-Situar as figuras parentais e os
outros personagens que povoaram o mundo
infantil. O processo de recolocação das figuras
significativas se dá de uma maneira natural,
pelo simples andamento nas vias da autonomia.

 Sendo assim, no trabalho terapêutico temos que

colocá-los em seus devidos lugares. Não vamos
expulsá-los de nossa morada interior, mas
conceder novos direitos.

As questões chaves a serem esclarecidas

num processo de desenvolvimento

 Quais questões que precisamos deixar

resolvidas com respeito a nossos pais?
Certamente as questões problemáticas, aquelas
que nos conflituam e perturbam; em geral,
aquelas que dificultam o processo de
individuação. Crescimento pessoal em termos
de autonomia, conscientização da própria
responsabilidade, diferenciação e integração de
si mesmo.

 É importante indagar o tipo de relacionamento

que o sujeito mantém e já sustentou com seus
pais, principalmente na etapa infantil?