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Você sabe o que é metaplasmo?

Chamamos de metaplasmos as transformações fonéticas sofridas pelos vocábulos ao


longo de sua evolução histórica. Sabemos que a língua portuguesa é proveniente do
latim, assim como sabemos também que muitas foram as modificações ocorridas até
que nosso idioma chegasse à forma como hoje ele se apresenta.

Essas alterações, feitas na passagem da língua latina para a língua portuguesa,


obedecem a três leis fonéticas:

► Lei do menor esforço: explica a tendência dos falantes a simplificarem a emissão dos
sons, dinamizando e facilitando a comunicação. Esse conceito está intrinsecamente
associado às variações linguísticas, já que cada região do país altera, ainda que
inconscientemente, as palavras da língua;

► Lei da permanência da consoante inicial: A consoante inicial da palavra da língua em


uso, no caso o português, não sofre alteração em relação à consoante inicial do vocábulo
de origem;

► Lei da permanência da sílaba tônica: A sílaba tônica são sofre alteração em relação à
sílaba tônica do vocábulo de origem. Quando essa lei é subvertida, ocorre aquilo que
chamamos de silabada.

As alterações podem ocorrer através da supressão, adição ou mudança de fonemas,


modificando significativamente a estrutura das palavras. Entre as modificações mais
comuns está a apócope. Entender o conceito de metaplasmo é fundamental para
compreendermos esse fenômeno caracterizado pela eliminação de um elemento sonoro
no final da palavra. Observe alguns exemplos:

ad (latim) → a (português)

amare (latim) → amar (português)


et (latim) → e (português)

male (latim) → mal (português)

mare (latim) → mar (português)

quanto → quão

tanto → tão

grande → grão, grã

Santo → São

belo → bel

cento → cem

muito → mui

recente, recentemente → recém

cinematógrafo → cinema → cine

fotografia → foto
motocicleta → moto

metropolitano → metrô

microcomputador → micro

pneumático → pneu

radiodifusão, radiofonia → rádio

Os metaplasmos, sobretudo o metaplasmo por apócope, comprovam a organicidade da


língua portuguesa. Algumas transformações foram absorvidas pela língua, sendo
aceitáveis até mesmo na língua padrão, enquanto outras estão intimamente relacionadas
à coloquialidade, configurando-se, então, como um interessante fenômeno linguístico
observado na modalidade oral.

Apócope
Fenómeno fonético de supressão de fonema ou sílaba no final de
palavra. Este fenómeno, muito frequente na evolução das línguas, é
responsável pela mudança fonológica de muitos vocábulos em
português desde o latim, como se pode observar nos exemplos que
se seguem:

faci(t) > faz(e) > faz


star(e) > es tar
dar(e) > dar

"Alevantando um pouco, mui seguro"


(Camões, Os Lusíadas , I, 37)

A apócope é ainda visível no português oral contemporâneo na


supressão que habitualmente se faz do [ E ] átono em sílaba final:

['Kov] → ()
[Kõt é t] → ()
['s È t' A nu S ] → (<sete< span=""> anos>) </sete<>

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