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·-- - --- - -~ AP!:!°~~: PRINCIPAIS PERÍODOS DA HISTÓRIA DA FILO
SOFIA rl,{l•'ZJ~•vl;,.:~.
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e1o pensarncnlo .., ,1 teoria do conhecimento,


. que
of•erecc o..s proce·dimentos pelos quais. conhe-
cemos; as ciências propriament~ d1t~~ e o _co-
nhecimento do conhecimento c1entrhco, isto Principais períodos da
é. a epistemologia.
história da Filosofia
Ser ou realidade, prática ou ação segundo
valores, conhecimento do pensamento em suas
leis gerais e em suas leis específicas e_m ca~a
ciência: eis os campos da atividade ou mveSt t-
A Filosofia na História
gação filosófica. Como todas as criações e instituições hu-
manas, a Filosofia está na História e tem uma
Período helenístico história.
Trata-se do último período da Filosofia an- Está na História: a Filosofia manifesta e
tiga, quando a polis grega desapareceu ~o~o exprime os problemas e as questões que, em
centro político, deixando de ser referencia cada época de uma sociedade, os homens co-
principal dos filósofos, uma vez que a Grécia locam para si mesmos, diante do que é novo
encontra-se sob o poderio do Império Roma- e ainda não foi compreendido. A Filosofia
no. Os filósofos dizem, agora, que o mundo é procura enfrentar essa novidade, oferecendo
sua cidade e que são cidadãos do mundo. Em caminhos, respostas e, sobretudo, propondo
grego, mundo se diz cosmos e esse período é novas perguntas, num diálogo permanente
chamado o da Filosofia cosmopolita. com a sociedade e a cultura de seu tempo, do
Essa época da Filosofia é constituída por qual ela faz parte.
grandes sistemas ou doutrinas, isto é, expli- Tem uma história: as respostas, as soluções
cações totalizantes sobre a Natureza, o ho- e as novas perguntas que os filósofos de uma
mem, as relações entre ambos e deles com a época oferecem tornam-se saberes adquiridos
divindade (esta, em geral, pensada como Pro- que outros filósofos prosseguem ou, freqüen-
vidência divina que instaura e conserva a or- temente, tornam-se novos problemas que ou-
dem universal). Predominam preocupações tros fil ósofos tentam resolver, seja aproveitan-
com a ética - pois os filósofos já não podem do o passado filosófico, seja criticando-o e re-
ocupar-se diretamente com a política-, a fí- futando-o. Além disso, as transformações nos
sica, a teologia e a religião. modos de conhecer podem ampliar os cam-
Datam desse período quatro grandes sis- pos de investigação da Filosofia , fazendo sur-
temas cuja influência será sentida pelo pen- gir novas disciplinas filosóficas, como tam-
samento cristão, que começa a formar-se nes- bém podem diminuir esses campos, porque
sa época: estoicismo, epicurismo, ceticismo e alguns de seus conhecimentos podem desli-
neoplatonismo. gar-se dela e formar disciplinas separadas.
A amplidão do Império Romano, a presen- Assim, por exemplo, a Filosofia teve seu
ça crescente de religiões orientais no Impé- campo de atividade aumentado quando, no
rio, os contatos comerciais e culturais entre século XVIII, surge a filosofia da arte ou es-
ocidente e oriente fizeram aumentar os conta- tética; no século XIX , a filosofia da história·,
tos dos filósofos helenistas com a sabedoria no séc ulo XX, a filosofia das ciências ou
oriental. Podemos falar numa orientalização epistemologia, e a filosofia da linguagem. Por
da Filosofia, sobretudo nos aspectos místicos outro lado, o campo da Filosofia diminuiu
e religiosos. quando as ciências particulares que dela fa-

43
r UNIDADE 1 - A FILOSOFIA

ziam parte foram-se desligando para consti: portantes foram: Justino, Tertuli
, Cl ano A
tuir suas próprias esferas de investigação. E goras, Ongenes, emente, Euse'b·' tent
, . Nazianz 10~ ·sant
, . s-ao G regono
Ambros10,
o que acontece, por exemplo, no século XVIII, 'd o, Sa o
quando se desligam da Filosofia a biologia, a Crisóstomo, Is1 oro de Sevilha s O Joà
. , . ' anto A ú
física e a química; e, no século XX, as cha- trnho, Beda e Boec10. "gº~-
madas ciências humanas (psicologia, antro- A patrística foi obrigada a introctu . .
desconhecidas para os filósofos ºr zir Idéia~
pologia, história). . - do mundoº eco-ro
Pelo fato de estar na História e ter uma his- nos: a I'd''
eia de cnaçao d llla.
, ep
tória, a Filosofia costuma ser apresentada em original, de Deus como trindade u ecado
_ na. d
grandes períodos que acompanham, às vezes carnaçao e morte de Deus, de juízo fi · e en.
Ina]
de maneira mais próxima, às vezes de ma- fim dos tempos e ressureição dos 111 oude
neira mais distante, os períodos em que os
.
Precisou tam bem
, exp 11car
· como O onos·'ºt e.
. . d ., ma] POd
historiadores dividem a História da socieda- ex1st1r no mun o, Jª que tudo foi cri d e
de ocidental. Deus, que e, pura pe11e1ção
..+"
e bondad ª º Por
e· Intr
du~i~ , so~r~~udo ~,om Sant_o Ago stinho~
Boec10, a ideia de homem mterior'' i _'
I d 1· . Sta e
Os principais períodos da Filosofia da consc1encia mora e o 1vre-arbítri o. pe]o·
• A •

qual o homem se torna responsável pela .


Filosofia antiga tencia do maJ no mun do.
A • ex1s.

(do século VI a.C. ao século VI d.C.) Para impor as idéias cristãs, os Padres d
Igreja as transformaram em verdades reve1a-ª
Compreende os quatro grandes períodos da das por Deus (através da Bíblia e dos santosi
Filosofia greco-romana, indo dos pré-socráti- que, por serem decreto s di vinos. seria
cos aos grandes sistemas do período helenísti- dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáYe·~ b.
co, mencionados no capítulo anterior. Com isso, surge uma distinção, desconhecida
pelos antigos, entre verdades reveladas ou da
Filosofia patrística fé e verdades da razão ou humanas. isto é. enire
(do século I ao século VII) verdades sobrenaturais e verdades naturais. as
primeiras introduzindo a noção de conheci-
Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o mento recebido por uma graça divina. superi-
Evangelho de São João e termina no século or ao simples conhecimento racional. Dessa
VIII, quando teve início a Filosofia medieval. forma, o grand e tema de rod a a Filosofo
A patrística resultou do esforço feito pelos patrística é o da possibilidade ou impossibili-
doi s apóstolos intelectuais (Paulo e João) e dade de conciliar razão e fé , e, a esse respei10.
pelos primeiros Padres da Igreja para concili- havia três posições principais:
ar a nova religião - o Cristianismo - com o
pensamento filosófico dos gregos e romanos, 1. Os que julgav am fé e razão in-econcilián:i~
pois somente com tal conciliação seria possí- e a fé superior à razão (di ziam ek s: "Cn.'it1
vel convencer os pagãos da nova verdade e porque absurdo.").
convertê-los a ela. A Filosofia patrística liga-
sc, portanto, à tarefa religiosa ela evangelização 2. Os que julgavam fé e razão conciliâwi~. m:ts
1
e à defesa da religião cri stã contra os ataques subordinavam a razão à fé (diziam eles: 'Úl' ll
teóricos e morai s yue recebia dos antigos. para compreender.").
Divide-se cm patrística grega (ligada à
Igreja de Bizâncio) e patrística latina (liga- J. Os que julgavam razão~ f~ irrccuncili.í 1l'i~.
da à Igreja de Roma) e seus nomes mais im- .. . j 1 . (l'ill , t'U
mas ul 1rmavam qu~ cada uma l l' a~

44
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alma e a vida (.:!Crn.1 f utur;1 J, d1 ·,<;11t111du 1;1, me~.m,>, pm


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hlerm1<, r111é a f>í1trí~,lfctt, <1 hl<N~fta rnedí{;Véll


Filosofia medieval í._it,,((;',<:em<,IJ ,,ufrrp, fr'arflt1JlttW1t;nlC um. c<,-
(do século VIII ao século XIV) r,h,.;<,.íd,, c;,,rn () n,,mt dt Pn,hk:rmi do~. Lni •
Vt;r~;,:í(, t;,, ttllm rk f' lá.l~h t / •; rí ~.1/,U;b., ,o-
Ahran gc r crn;adorc\ cumrx:u ~, áralx:-., e í11• f rcu wm1 ~rí:!:mk ír,flul11dtt da4, 1dlía~ de St1n ·
deus. (: o pcríod<> cm que a fgrcía Jfomam.1, dn- t,; /~grr,tínhu, f >un, ntt (; (,~.t.:. rx.:rfrxfr, ~urge; prr,-
minava a Europa, ungí.a t c:nmava rcí, 1 urgãní- príam<:nU;" Hl,,v,f 1r.1 tfÍ '-~ , (jUt é. nél. vcJdá·
zava Cru1.a,J.a..; à Terra Sanlã e críava, a voha d.e," tu,lugíá., Lm de ;.(;IJ', u.:mt1.<, rmtÍ'-. con...,-
das catedrai s, llii prímcíra1oi uní vcr'> ídadc<,, nu tant.c~, ·,w, ;r, pm•1a', d" t;;r.í,,ti;nda ck fJtu, e
escola."i. E, a part.ír do século XIJ , por ter \ Ídü da alm'1, í.;,u, e, dam,n,,trct(;iit:i;., rá{;Í<>nãí . ., cfa
ensinada nat,; csc()la,\ , a Fí lo~ofía mcdícval l.ám- cxí~téncía do ínfinít,, criador e do t , pírít{) hu•
bém é conhecida com e, nome de f:~'11á~tíca. n1'1ílí, ímortal.
A Filosofia mc<lícval te ve como ínfluéncía't t\ dífc:rcnça.t ~1Yar",çw, cntrt ínftnílo (Dcu'>J
principais Platão cAri i,tótclcs, cmhora o .Platão t fíníl" (h,,m(;m, mundoy, a diftrc:nçé1 l·ntre ra-
que os medievai s conhec.csi,crn fo~i,c o ncopla- 1.fu, t ft fa primeira dt;ve -.uhordínc1r-,e á -.e-
gundc1J, a díf tr(;nça e c.,efYarttÇ~O entrt corpo
(mát{;riay t alfflli (c:,píríto J, o Cní1it:r"'' como urna
hierarquia de -.crc\, onde o, \ Upcríon::~ domi-
/
nam t govcrm1m º"ínfc.--rion:" (Deu,. arcãnj~.
anjcJ\, étlma, w rpo, étnimai\, vegetai~. minerai~)-
, ~~ t:I'. ~ubordimi.ção do podtr ({;mporal do<, rei~ e
._..i..~- bétrÔ<.:\ ao poder cspí riLUal de papa\ e bic.,po-.: eis
- 1
.
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o-, grande-. Lema.-. da Fílowfía medieval,
! • / Outra c;aracterÍ\ tica m.ttrcante da facolá1,1.i -
, . ca foi o método por ela Ííl\ entado para expor
a.-. idéía, filo~ófic:ét~. conhecido c:omo dispu-
ta : apre,cntét va--.e uma tese e esta devia se r ou
refutada ou defendidá por argumentos tirados
da Bíblíá, de Ari1,1.óteles. de Platão ou de ou-
tro-. Pc1dres dc1 Igreja.
A~sim. uma ídéia era considerada uma te . . e
"·erdadcira ou fa lsa dependendo da fo rça e da
- qualidade dos argumentos cncontr::iJo.., no::-. ~-á-

~
rios autorc-,. Por causa dcs:,e método ele d !'i -
~- fj • 'i, ,/ pu ta - teses . refutações . ddc!-,a!',. res po:, -

• ~..r'f ~ ..\
Averróis ( 1126- 11 98 ). A dominação
tas , co nc lu sões ba!->cada" em e'lc ri to::-. de ou-
tro " aut orc" - , cos wma- sc di1.cr 4u c. n::i
Idade M édia . o pensam ento eqa va -, ubor-
muçulmana na Espanha durante o sécu lo dinad o ao princípio da autoridade. isto é.
XII trou xe a ciên cia árabe a Eu ropa . uma idéia é co nsiderada ve rd ade ira se fo r
Com Averróis, as universidad es medievais
baseada nos arg um ento s de um a autorida -
redescobrem o pensamento grego .

45
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de rcc onhc.ciclu (BíbHu, Pl atão. Ari stóteles, 3. Aquela que propunha o ideal do h
Uu'I trn.pn, on-, s;1nto). como artff:íce de ~u próprio déstino u~tl}f
Os t~ôl(,go~ mudievaui rnnh; importantes fo• aLravés clo!J çonhcc1me.nto.s (astrC)Jogia, • 1:anl(,
t'llm : Ab~htrdo, Duns Scoto, l!i;coto Erígcna, alquimia), quanto atra_vés da política , ~
S:.unuAnsolmo. SttntoTom.ás clcAquiuo, Santo republicano), das técnicas (mcdícin- ldea1
• a, ilrt111·
Albl.!t'to Magn<>, Ouilhermc dc Ockham, Rogcr tura, engenhana, navegação) e das ane ,..ite.
Bacon; Süo Bouve n1 ura. Do l ad() árabe.: tura, escultura, literatura, teatro). s ÍJlin.
Aviccnu, Avi:rróis 1 Alfijrubi e Algazáli. Do lado A efervescência te6rica e prática foí ar
1
juduico: Muitnônidcs, Nahmuniues. Ycudah tada com as grandes descobertas mar- ~ -
. h lhnt,.•
bun Levi. que garantiam ao ornem o conbecirn -·"'-5,
novos Jllütes, novos céus, nov~ terras etltQ dt
.. ,, Jh e nov,
Filosofia da Renascença gentes, pcrm1tmu.O· e ter uma visão Críf <t~
(do século XIV ao século XVI) sua própria sociedade. Essa eferv~cén/cªde
/. ,• l.tcuJ
tural e pol1tica 1ev~u a cnt1cas profunda, à . ·
1
É marcada pela descoberta de obras de ja. Romana, cu lmmando na Reforma Pr gre,.
Platão desconhecidas nu idade Média, de no- tante, baseada na idéia de liberdade de crº~
vas obras c.le Aristóteles, bem como pela re- e de pensamento. À Reforma a Igreja ret'k;a JJOn-
cupêração das obras dos grandes autores e deu com a Contra-Ref orm_a ~ ~om o recrudes-
artistas gregos e romanos. cimento do poder da Inqms1çao.
São três as grandes linhas de pensamento que Os nomes mais !i:1Pº:t~ntes ~esse períOdt,
predominavam na Renascença: são: Dante, Marc1ho Fiemo, G1ordano Bru.
no, Campannella, Maquiavel, Montaígne,
l. Aquela proveniente de Platão, do neopla- Erasmo, Tomás Morus, Jean Bodin, Kepler
tonismo e da descoberta dos livros do Her- e Nicolau de Cusa.
me ti smo; nela se destacava a idéi.a da Natu-
reza como um grande ser vivo; o homem faz Filosofia moderna
parte da Natureza como um microcosmo (do século XVII
(como espelho do Universo inteiro) e pode a meados do século XVIII)
agir sobre e la através da magia natural, da
alquimia e da astrologia, poi s o mundo é Esse período, conhecido como o Grande
constituído por vínculos e ligações secretas Racionalismo Clássico, é marcado por três
(a s impatia) entre as coisas; o homem pode, grandes mudanças intelectuais:
também, conhecer esses vínculos e criar ou-
tros, cotno um deus. 1. Aquela conhecida como o "surgimento do
sujeito do conhecimento", isto é, a Filosofia,
2. Aquela originária dos pensadores florenti- em lugar de começar seu trabalho conhecendo
nos, que valorizava a vida ativa, isto é, a polí- a Natureza e Deus, para depois referir-se ao ho-
tica, e defendia os ideais republicanos das ci- mem, começa indagando qual é a capacidade
dades italianas con~ra o Império Romano- do intelecto humano para conhecer e demons-
Germânico, isto é, contra o poderio dos papas trar a verdade dos conhecimentos. Em outraS
e dos imperadores. Na defesa do ideal republi- palavras, a Filosofia começa pela reflexão, isto
cano, os escritores resgataram autores políti- é, pela volta do pensamento sobre si mesmo para
cos da Antigüidade, historiadores e juristas, e conhecer sua capacidade de conhecer. .
1
propuseram a .. imitação dos antigos" ou o re- O ponto de partida é o sujeito do cooh~ -
nascimento da liberdade política, anterior ao menlo como consciência de si reflexiva, tsto
surgimento do i[1'pério eclesiástíco. é, como consciência que conhece sua capaci-

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_ 4_ - PRINCIPAIS PERÍODOS DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

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dade de conhecer. O sujeito do conhecimento política, artes são disciplinas cujo conheci-
é um intelecto no interior de urna alma, cuja mento é de tipo mecânico, ou seja, de rela-
natureza ou substância é completamente dife- ções necessárias de causa e efeito entre um
rente da natureza ou substância de seu corpo e agente e um paciente.
dos demais corpos exteriores. A realidade é um sistema de causalidades
Por isso, a segunda pergunta da Filosofia, racionais rigorosas que podem ser conheci-
depois de respondida a pergunta sobre a capa- das e transformadas pelo homem. Nasce a
cidade de conhecer, é: Como o espírito ou in- idéia de experimentação e de tecnologia (co-
telecto pode conhecer o que é diferente dele? nhecimento teórico que orienta as interven-
Como pode conhecer os corpos da Natureza? ções práticas) e o ideal de que o homem po-
derá dominar tecnicamente a Natureza e a
2. A resposta à pergunta acima constituiu a se- sociedade.
gunda grande mudança intelectual dos moder-
nos, e essa mudança diz respeito ao objeto do Predomina, assim, nesse período, a idéia
conhecimento. Para os modernos, as coisas ex- de conquista científica e técnica de toda are-
teriores (a Natureza, a vida social e política) po- alidade, a partir da explicação mecânica e
dem ser conhecidas desde que sejam conside- matemática do Universo e da invenção das
radas representações, ou seja, idéias ou concei- máquinas, graças às experiências físicas e
tos formulados pelo sujeito do conhecimento. químicas.
Isso significa, por um lado, que tudo o que Existe também a convicção de que a razão
pode ser conhecido deve poder ser transfor- humana é capaz de conhecer a origem, as cau-
mado num conceito ou numa idéia clara edis- sas e os efeitos das paixões e das emoções e,
tinta, demonstrável e necessária, formulada pela vontade orientada pelo intelecto, é capaz
pelo intelecto; e, por outro lado, que a Natu- de governá-las e dominá-las, de sorte que a
reza e a sociedade ou política podem ser in- vida ética pode ser plenamente racional.
teiramente conhecidas pelo sujeito, porque A mesma convicção orienta o racionalis-
elas são inteligíveis em si mesmas, isto é, são mo político, isto é, a idéia de que a razão é
racionais em si mesmas e propensas a serem capaz de definir para cada sociedade qual o
representadas pelas idéias do sujeito do co- melhor regime político e como mantê-lo ra-
nhecimento. cionalmente.
Nunca mais, na história da Filosofia, haverá
3. Essa concepção da realidade como intrin- igual confiança nas capacidades e nos poderes
secamente racional e que pode ser plenamen- da razão humana como houve no Grande Ra-
te captada pelas idéias e conceitos preparou a cionalismo Clássico. Os principais pensado-
terceira grande mudança intelectual moderna. res desse período foram: Francis Bacon, Des-
A realidade, a partir de Galileu, é concebida cartes, Galileu, Pascal, Hobbes, Espinosa,
como um sistema racional de mecanismos fí- Leibniz, Malebranche, Locke, Berkeley,
sicos, cuja estrutura profunda e invisível é ·ma- Newton, Gassendi.
temática. O "livro do mundo", diz Galileu, está
escrito em caracteres matemáticos. Filosofia da Ilustração ou Iluminismo
A realidade, concebida como sistema ra- (meados do século XVIII ao começo
cional de mecanismos físico-matemáticos, do século XIX)
deu origem à ciência clássica, isto é, à mecâ-
nica, por meio da qual são descritos, expli- Esse período tmnbérn crê nos poderes da ra-
cados e interpretados todos os fatos da reali- zão, chamada de As Luzes (por isso, o nome
dade: astronomia, física, química, psicologia, Iluminismo). O Iluminismo afim1a que:

47
• pela razão, o homem pode conquistar a liber· Hume ,vo
,. luure,
. D' Alembert, Diderot, RouSSea:u,
·.h Schelling (embora este último
dade e a' felicidade social e política (a Filoso- Kant Pie te e fi 16 e:
fia da Ilustração foi decisiva para as idéias da
'
costume ser colocado como ! soio do Ro-
Revolução Francesa de J789); mantismo).

• a razão é capaz de evolução e progresso, e 0


Filosofia contemporânea
homem é um ser perfectível. A perfectibilida-
de consiste em liberar-se dos preconceitos re- Abrange o Pensamento filosófico que vai de
ligiosos. sociais e morais, em libertar-se da meados do século XIX e chega . aos .nossos dias.
Esse perÍodo· , Po r ser o mais pr6 x1mo
. .de, .nós '
superstição e do medo, graças ao conhecimen-
to, às ciências, às artes e à moral; parece ser 0 mais complexo e o mais d1f1cl}
. de
definir, pois as difere?ças entre as várias fiJo.
. ou posições filosóficas nos parecem
sofias
• o aperfeiçoamento da razão se realiza pelo
. grandes porque as estamos vendo sur-
mwto
progresso das civilizações, que vão das mais
atrasadas (também chamadas de "primitivas" gir diante de nós. .
Para facilitar uma visão maJs ge~al do perío-
ou "selvagens") às mais adiantadas e perfeitas
(as da Europa ocidental); d o, f ar emos , no próximo. capitulo,
. 'dé'
uma
contraposição entre~ ~rinc1pa1s I ias do sé-
culo XIX e as principais correntes de pensa-
• há diferença entre Natureza e civilização, isto
é, a Natureza é o reino das relações necessárias mento do sé-eulo XX.
de causa e efeito ou das leis naturais univer-
sais e imutáveis, enquanto a civilização é o
reino da liberdade e da finalidade proposta pela
vontade livre dos próprios homens, em seu
aperfeiçoamento moral, técnico e político.

Nesse período há grande interesse pelas ciên-


cias que se relacionam com a idéia de evolução
e, por isso, a biologia terá um lugar centraJ no
pensamento ilustrado, pertencendo ao campo da
füosofia da vida. Há igualmente grande inte-
resse e preocupação com as artes, na medida
em que elas são as expressões por excelência
do grau de progresso de uma civilização.
Data também desse período o interesse pela
compreensão das bases econômicas da vida
social e política, surgindo uma reflexão sobre
a origem e a forma das riquezas das nações,
com uma controvérsia sobre a importância
maior ou menor da agricultura e do comércio,
controvérsia que se exprime em duas corren-
Galileu Galilei e um discípulo.
tes do pensamento econômico: a corrente Símbolo da resistência à Inquisição.
fisiocrata (a agricultura é a fonte principal das da luta contra o obscurantismo,
riquezas) e a mercantílísta (o comércio é a fonte Galileu, contudo, só teve suas
principal da riqueza das nações). verdades reconhecidas pela Igreja
Os principais pensadores do período foram: no nosso século.

48
- - - -e
CAPIT ULO

bufo e, prr,gresso ao desenvoJvimento das ciên-


cia" positiva,.,. El'ítias c.iénciac; permitíriam aos M=-
'º" humanos "saber para prever, wever para pro-
Aspectos da Filosofia ver''. de moúo '-JUe o de4>ertvr,Jvimento mal se
contemporânea faria por aumento do conhecimento científic<> e
do controle cícmíJico dá sociedade. É de Comte
a idéfa de "Ordem e Progresso.., que viria a fa-
zer parte e.la bandeira do Bra1,,il republicano.
A_s que~tões discuti~as pela No entanto, no !)éculo XX, a mesma afirma-
F1losof1a contemporanea ção da hí~totícídade dos seres humanos, da
razão e da sociedade levou à idéia de que a
Dissemo,-;, no capítulo anteríor, que a Pilo· Hiflt.ória é descontínua e não progres~íva, cada
sona contemporânea vai dos meados do sécu- sociedade tende) !>Ua Hi'>tória própria em vez
lo XJX até nossoh dias e que, por estar próxi- de ser apenas uma etapa numa História uni-
ma de nó1:1, é mais difícíl de ser vista em sua versal das civiJízaçõe~.
generalidade, pois os problemai, e a!) diferen- A idéia de progre\so passa a ser criticada
tes respostas dadas a eles parecem impo!isibi- porque serve como desculpa para legitimar
litar uma visão de conjunto. colonialismos e imperialismos (os mais "adi-
Em outras palavras, não temos distância su- antados" teriam o direito de dominar os mai!,
ficiente para perceber os traços mai&gerais e "atrasados"). Passa a ser criticada também a
marcantes deste período da Filosofia. Apesar idéia de progresso das ciências e das técnicas,
di sso, é possível assinalar quai s têm sido as mostrando-se que, em cada época histórica e
principais questões e os principais temas que para cada sociedade, os conhe.cimentos e as
interessaram à Filosofia neste século e meio. práticas possuem sentido e vaJor próprios, e
que tal sentido e tal valor desaparecem numa
História e progresso época seguinte ou são diferentes numa outra
sociedade, não havendo, portanto, transforma-
O século XJX é, na Filosofia, o grande sé- ção contínua, acumulativa e progressiva. O
culo da descoberta da História ou da historici- passado foí o passado, o presente é o presente
dade do homem, da sociedade, das ciências e e o futuro será o futuro.
das artes. É particularmente com o filósofo ale-
mão Hegel que se afirma que a História é o As ciências e as técnicas
modo de ser da razão e da verdade, o modo de
ser dos seres humanos e que, portanto, somos No século XlX, entusiasmada com as ciên-
seres históricos. cias e as técnicas, bem como com a Segunda
No século passado, essa concepção levou à Revolução Industrial, a Filosofia afirmava a
idéia de progresso, isto é, de que os seres hu- confiança plena e total no saber científico e na
manos, as sociedades, as ciências, as artes e as tecnologia para dominar e controlar a Nature-
técnicas melhoram com o passar do tempo, za, a sociedade e os indivíduos.
acumulam conhecimento e práticas, aperfei- · Acreditava-se que a sociologia, por exem-
çoando-se cada vez mais, de-modo que o pre- plo, nos ofereceria um saber seguro e definiti-
sente é melhor e superior, se comparado ao pas- vo sobre o modo de funcionamento das socie-
sado, e o futuro será melhor e superior, se com- dades e que os seres humanos poderiam orga-
parado ao presente. nizar racionalmente o social, evitando revolu-
Essa visão otimista também foi desenvolvida ções, revoltas e desigualdades.
na França pelo fi16sofoAugusto Comte, que atri- Acreditava-se, também, que a psicologia ensi-

49
CAPÍTUl!..O 5 - ASPECTOS DA FIL:.OSOFIA CON~EMPORÂNEA

buía o progresso ao desenvolvimento das oiên-


cips positivas. Essas ciências permitiriam aos se-
res humanos "saber para prever, prevet para pro-
Aspectos da Filosofia ver", de modo que o desenvolvimento social se
faria por aumento do conhecimento científico e
contemporânea do controle científico da sociedade. É de Comte
a idéia de ''Ordem e Progresso", que viria a fa-
zer parte da bandeira do Brasil republicano.
As questões discutidas pela No entanto, no século XX, a mesma afirma-
Filosofia contemporânea ção da historicidade dos seres humanos, da
razão e da sociedade levou à idéia de que a
Dissemos, no capítulo anterior, que a Filo- História é descontínua e não progressiva, cada
sofia contemporânea vai dos meados do sécu- sociedade tendo sua História própria em vez
lo XIX até nossos dias e que, por estar próxi- de ser apenas uma etapa numa História uni-
ma de nós, é mais difícil de ser vista em sua versal das civilizações.
generalidade, pois os problemas e as diferen- A idéia de progresso passa a ser criticada
tes respostas dadas a eles parecem impossibi- porque serve como desculpa para legitimar
litar uma visão de conjunto. colonialismos e imperialismos (os mais "adi-
Em outras palavras, não temos distância su- antados" teriam o direito de dominar os mais
ficiente para perceber os traços mais gerais e "atrasados"). Passa a ser criticada também a
marcantes deste período da Filosofia. Apesar idéia de progresso das ciências e das técnicas,
disso, é possível assinalar quais têm sido as mostrando-se que, em cada época histórica e
principais questões e os p1incipais temas que para cada sociedade, os conhecimentos e as
interessaram à Filosofia neste século e meio. práticas possuem sentido e valor próprios, e
que tal sentido e tal valor desaparecem numa
História e progresso época seguinte ou são diferentes numa outra
sociedade, não havendo, portanto, transforma-
O século XIX é, na Filosofia, o grande sé- ção contínua, acumulativa e progressiva. O
culo da descoberta da História ou da historici- passado foi o passado, o presente é o presente
dade do homem, da sociedade, das ciências e e o futuro será o futuro.
das artes. É particularmente com o filósofo ale-
mão Hegel que se afirma que a História é o As ciências e as técnicas
modo de ser da razão e da verdade, o modo de
ser dos seres humanos e que, portanto, somos No século XIX, entusiasmada com as ciên-
seres históricos. cias e as técnicas, bem como com a Segunda
No século passado, essa concepção levou à Revolução Industrial, a Filosofia afirmava a
idéia de progresso, isto é, de que os seres hu- confiança plena e total no saber científico e na
manos, as sociedades, as ciências, as artes e as tecnologia para dominar e controlar a Nature-
técnicas melhoram com o passar do· tempo, za, a sociedade e os indivíduos.
acumulam conhecimento e práticas, aperfei- · Acreditava-se que a sociologia, por exem-
çoando-se cada vez mais, de-Inodo que o pre- plo, nos ofereceria um saber seguro e definiti-
sente é melhor e superior, se comparado ao pas,.. vo sobre o modo de funcionamento das socie-
sado, e o futuro será melhor e Slilperior, se com- dades e que os seres humanos poderiam orga-
parado ao presente. nizar racionalmente o social, evitando revolu-
Essa visão otimista também foi desenvolvida ções, revoltas e desigualdades.
na França pelo filósofo Augusto Comte, que atri- Acreditava-se, também, que a psicologia ensi-

49
llil! bi '" Or1Utv1mw111,, u ,.11-i,, t, ,. cm,;f, t1Jr1r.fMm• 11 w,f~í,,11,mu, t~m~ >•ci.:.rttf1íc
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l<,.ríflíto. tt .PHo'H,ffa ,a,nhém f>á.~•hu a <je~,nfi.
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11 d~~'-'<111 fio, ,ir, 01·1111licmo c lc:11tft u.:o-tccm,J!)nJ~, ar {f_(J 01'ímíMt10 rcv,,tudonárí,, e dati uc.-,~._ e
' '" .~ ~ntlo 11.n (el'ior c11l vírfJHJ\! de v4rlm, Hconto,. u ímlagar Mt , ,,, +tCtct, buma,,o-., cipk•r~~ º""
l.!ln1t~llloN: u1-1 d,,n,.. R'-'l.!rms 111undíaí,,, '1 bo111• e dmní nwfo~ •;.,era,, cap.iz~~ de cnar e mJsnte
hM(folo cll' lllrc11~hlnw e NuJ>W,aki, º"campol'! uma ~ocícdade n(,va, JU'lfa. e r,eJ17,,
' r
de ~(.JllCP111I't1.\•ito nnzh,L"~• w.. Hucrra1; da C.:nrêía, O crc~ime.nkJ d~~ '-hamada~ burocracia-, •
tJo Vlctull. do O, icnr1J M édio. º'-' Af'cguní1,U1,,, ª"
que dümín~m ,,rganí1~-, e~~í~, cmpre,.
u~ invm,lkij ,a,m~rnis1aft da llung ría e úu ~aríaí~,. polftico.-p4irtídáríac;, ew,larcr., h'>",pi~
'lbhceo... lovt'iquia, ttH dHi1dunrn Hangrcnta" da t:al~rc~ - levou a Fílo~ofia a índasar como,~
Amóri<,;u l .t,tinu, LJ dcv«"laçno de mares, flore~• t;Cres humanos poderiam dcrrurnsr e,~ imcn.
rus (; 11..,rrus. ú poíuh;no do Hr, os r,crígoHcuncc- i.;o J"Odcrio que ()<; governa t.ecretamcnte, que
rí!:lc,1r>,"I de 1a.Jí tncntos e rcméuíos, o uumcnw de ele~ dcffconhecem e que determina ~ua, víctai
distúrbios e sofrhncnws mcnlttís, etc. cotídüum."i, desde <> rut.')dmcnto "té a morte.
tJ1nu cscolu alem ã de Fí lo,mfíu, a Escol a de
Frnnkfurt, t.,ltiborou uma concepção conheci- A cultura
da como Tc<Jri11 Crítica, na qual distingue duas
formas da r~zão~ a razão inRtrum"'-ntaJ e a No &écuJo XIX. a Filo'iofia dei,cobre a Cul-
raziio crítica. tura como o modo próprio e específico da
A razão instrume ntal é a razão Lécníco-cíen- exii;.tt!ncía dos seres humanos. Os animai~ ~ão
rifica, que fa7. das c iências e das lécnícai, não scrc~ naturais; os humanos. seres culturais.
um meüJ de liberação dos seres humanos, mas A Natureza é governada por leis neces~~ria.J
um mcjo de intimidação, medo, terror e deses- de caw;a e efeito; a Cultura é o cxercícío da
p e ro. Ao contrário, a razão crítica é aquela que liberdade.
analisa e interpreta os limites e os perigos do A cultura é a criação coletiva de idéia\, sí~
pensamento inRtrumcntal e afirma que as mu- b-olos e valore~ pelos quaí~ uma sociedade de-
danças socia is, políticas e culturais só se reali - fine para \ Í mesma o bom e o mau. o belo e o
zarão vcrdudeiramente se tíverem como fina- feio. o justo e o injusto, o verdadeíro e o falso.
l idade a emanei pação do gênero humano e não o puro e o impuro, o possível e o impossível. o
as idéias /J<! controlc e domínio técnico-cientí- inevitável e o casual, o sagrado e o profano, o
fico so.tqc a Nature.i'..a, a sociedade e a cultura. espaço e o tempo. A Cultura se realiza porque
os humano.s são capazes de linguagem. traba-
As utopias r evolucionárias lho e refação com o tempo, A Cultura se ma-
nifesta como vida <;ocial~ como criação das
No século XIX, cm decorrência do otimis- obras de pensamento e de arte, como vida re-
mo trazido pelas idéias de progresso, dcscn- Jígío~a e vida política.

50
CAPÍTULO 5 - ASPECTOS DA Fll,.OSOFIA CONTEMPORÂNJ:A

Para a Filosofia do século XIX, em conso- voltado para o futuro, e não para o conserva-
nância com sua idéia de uma História univer- dorismo do passado.
sal das ciyilizações, haveria uma única gran-
de Cultura em desenvolvimento, da qual as O fim da Filosofia
diferentes cuJturas seriam fases ou etapas. Para
alguns, como os filósofos que seguiam as i- No século XIX, o otimismo positivista ou
déias de Hegel, o movimemo do desenvolvi- cientificista levou a Filosofia a supor que, no
mento cultural era progressivo. futuro, só haveria ciências, e que todos os co-
Para outros, chamados de filósofos român- nhecimentos e todas as explicações seriam da-
ticos ou adeptos da filosofia do Romantismo, dos por elas. Assim, a própria Filosofia pode-
as culturas não formavam urna seqüência pro- ria desaparecer, não tendo motivo para existir.
gressiva, mas eram culturas □ acionais . Assim, No entanto, no sécuJo XX, a Filosofia pas-
cabia à Filosofia conhecer o "espírito de um sou a mostrar que as ciências não possuem
povo'· conhecendo as origens e as raízes de princípios totalmente certos, seguros e rigoro-
cada cultura, pois o mais importante de uma sos para as investigações, que os resultados po-
cultura não se encontraria em seu futuro, mas dem ser duvidosos e precários, e que, freqüen-
no seu passado, isto é, nas tradições, no fol- temente, uma ciência desconhece até onde
clore nacional. pode ir e quando está entrando no campo de
No entanto, no sécu.lo XX, a Filosofia, afir- investigação de uma outra.
mando que a História é descontínua, também Os princípios, os métodos, os conceitos e os
afirma que não há a Cultura, mas culturas resultados de uma ciência podem estar tota.l-
diferentes, e que a pluralidade de culturas e as mente equivocados ou desprovidos de funda-
diferenças entre elas não se devem à nação, mento. Com isso, a Filosofia voltou a afirmar
pois a idéia de nação é uma criação cultural e seu papel de compreensão e interpretação crí-
não a causa das diferenças culturais. tica das ciências, discutindo a validade de seus
Cada cu.ltura inventa seu modo de relacio- princípios, procedimentos de pesquisa, resul-
nar-se com o tempo, de criar sua ljnguagem, tados, de suas formas de exposição dos dados
de elaborar seus mitos e suas crenças, de orga- e das conclusões, etc.
nizar o trabalho e as relações sociais, de criar Foram preocupações com a falta de rigor das
as obras de pensamento e de arte. Cada uma, ciências que levaram o filósofo alemão Husserl
em decorrência das condições históricas, geo- a propor que a Filosofia fosse o estudo e oco-
gráficas e políticas em que se forma, tem seu nhecimento rigoroso da possibilidade do pró-
modo próprio de organizar o poder e a autori- prio conhecimento científico, exarmnando os
dade, de produzir seus valores. fundamentos, os métodos e os resultados das
Contra a fi.losofia da cultura universal, a Fi- ciências. Foram também preocupações como
losofia do século XX nega que haja uma úni- essas que levaram filósofos como Bertrand
ca cultura em progresso e afirma a existência Russel e Quine a estudar a linguagem científi-
da pluralidade cultura.l. Contra a filosofia ro- ca, a discutir os problemas lógicos das ciênci-
mântica das culturas nacionais como expres- as e a mostrar os paradoxos e os limites do co-
são do "espírito do povo" e do conjunto de nhecimento científico.
tradições, a FiJosofia do século XX nega que
a nacionalidade seja causa das culturas (as na- A maioridade da razão
cionalidades são efeitos culturais temporários)
e afirma que cada cultura se relaciona com No século XIX, o otimismo filosófico leva-
outras e encontra dentro de si seus modos de va a Filosofia a afirmar que, enfim, os seres
transformação. Dessa maneira, o presente está humanos haviam alcançado a maioridade ra-

51
U.I\IIOAOE 1 - A F'ILOS'!O~F~IA~- - - - - - - - - - - - - - ~

~ se desenvolvm corno a ,Natureza? Ou seria mais corret"' .


'tdo11:a1 ' e ºtle · p1enamen,.
t ., · a mi.ao
paro que o conhecimento complelo da rea-
tdade e das ações humanas fosse atingido.
berdade em meio a todos os condiciona .
. n· •ó . ~
vlnda
gar: Como os s~res humanos conquistam a li~
men.
tos 1>sfqu1cos, 1s1c ncos, economicos
F No entn.olo, Marx, no final do século XIX, e f • ? ' cu1tu-
rais em que vivem .
reud, no início do século XX. puseram em
questão esse otimismo mdonalista. Marx e
Freud, cadu qu~ll em seu ~umpo de investiga- Infinito e finito
ção e cada qual voltado pnra diferentes aspec-
tos dn ação humana - Marx, voltado pura a o século X~ prosseguiu .u~~ tradição fila-
economü\ e u política; Freud, voltado para as sófica que veio desde a Antiguidade e que f .
01
muito alimentada pelo pensamento crist~
perturbações e os sofrimentos psíquicos-, fi- .. ªº
Nessa tradição. o mais importante sempre f01:
zeram descoberta!< que, mé o final de nosso
século. continuam impondo questões filosófi- a idéia do infinito, isto é. da Natureza e•e
, rna
cas. Que descobriram eles? (dos gregos) .. do Deus eterno (dos cristãos),
Mnrx descobriu que temos a ilusão de es- do desenvolvimento pleno e total da Históri
tannos pensando e agindo com nossa própria ou do tempo como totalização de todos os seu:
cabeça ~ por nossa própria vontade, racional momentos ou suas etapas. Prevalecia a idéia
e livremente, de acordo com nosso entendi- de todo ou de totalidade, da qual os humanos
mento e nossa liberdade, porque desconhe- fazem parte e na qual os humanos participam.
cemos um poder invisível que nos força a No entanto, a Filosofia do século XX ten-
pensar como pensamos e agir como agimos. deu a dar maior importância ao finito, isto é
A esse poder - que é social - ele deu o nome ao que surge _e desaparece, ao que tem fron~
de ideologia.
Freud, por sua vez. mostrou que os seres
humanos têma ilusão de que tudo quanto pen-
sam, fazem, sentem e desejam, tudo quanto
dizem ou calam estaria sob o controle de nos-
sa consciência porque desconhecemos a exis-
tência de uma força invisível, de um poder -
que é psíquico e social - que atua sobre nos-
sa consciência sem que ela o saiba. A esse po-
der que domina e controla invisível e pro.nm-
dameate nossa vida consciente, ele deu o nome
de inconsciente.
Diante dessas duas descobertas, a Filosofia
se víu forçada a reabrir a discussão sobre o
que é e o que pode a razão, sobre o que é e o
que pode a consciência reflexiva ou o sujeito
do conhecimento, sobre o que são e o que po-
dem as aparências e as ilusões.
Ao mesmo tempo, a Filosofia teve que rea-
brir a!- discussões éticas e morais: O homem é
realmente IJvre ou~ inteiramente condiciona-
As idéias de Marx (1818-1881) mudaram
do pela sua situação psíquica e histórica? Se os rumos da História. Seus seguidores
for inteiramente condicionado, cmão a Histó- praticamente dividiram o mundo em dois
ria e a cultura são caui,ulídades necessárias pólos antagônicos por mais de 70 anos.

52
CAPITULO 5 - ASPECTOS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

teiras e limites. Esse interesse pelo finüo apa- tros desapareceram. Desapareceu também a
rece, por exemplo, numa corrente filosófica idéia de Aristóteles de que a Filosofia era a
(entre os anos 30 e 50) chamada existencia- totalid&de dos conhecimentos teóricos e prá-
lismo e que definiu o humano ou o homem ticos da humanidade.
coroo "um ser para a morte", isto é, um ser Também desapareceu uma imagem, que du-
que sabe que termina e que precisa encontrar rou muitos séculos, na qual a Filosofia era
em si mesmo o sentido de sua existência. representada como uma grande árvore
Para a maioria dos existencialistas, dois frondosa, cujas raízes eram a metafísica e a
eram os modos privilegiados de o homem acei- teologia, cujo tronco era a lógica, cujos ra-
tar e enfrentar sua finitude: através das artes e mos principais eram a filosofia da Natureza,
através da ação político-revolucionária. Nes- a ética e a política e cujos galhos extremos
sas formas excepcionais da atividade, os hu- eram as técnicas, as artes e as invenções. A
manos seriam capazes de dar sentido à brevi- Filosofia, vista como uma totalidade orgâni-
dade e finitude de suas vidas. ca ou viva, era chamada de "rainha das ciên-
Um outro exemplo do interesse pela cias". Isso desapareceu.
finitude aparece no que se costuma chamar Pouco a pouco, as várias ciências particula-
de filosofia da diferença, isto é, naquela filo- res foram definindo seus objetivos, seus mé-
sofia que se interessa menos pelas semelhan- todos e seus resultados próprios, e se desliga-
ças e identidades e muito mais pela singula- ram da grande árvore. Cada ciência, ao sedes-
ridade e particularidade. ligar, levou consigo os conhecimentos práti-
É assim, por exemplo, que tal filosofia, ins- cos ou aplicados de seu campo de investiga-
pirando-se nos trabalhos dos antropólogos, ção, isto é, as artes e as técnicas a ela ligadas.
interessa-se pela diversidade, pluralidade, sin- As últimas ciências a aparecer e a se desligar
gularidade das diferentes culturas, em lugar de da árvore da Filosofia foram as ciências hu-
voltar-se para a idéia de uma cultura univer- manas (psicologia, sociologia, antropologia,
sal, que foi, no século XIX, uma das imagens história, lingüística, geografia, etc.). Outros
do infinito, isto é, de uma totalidade que con- campos de conhecimento e de ação abriram-
teria dentro de si, como suas partes ou seus se para a Filosofia, mas a idéia de uma totali-
momentos, as diferentes culturas singulares. dade de saberes que conteria em si todos os
Enfim, um outro exemplo de interesse pela conhecimentos nunca mais reapareceu.
finitude aparece quando a Filosofia, em vez No século XX, a Filosofia foi submetida a
de buscar uma ciência universal que conteria uma grande limitação quanto à esfera de seus
dentro de si todas as ciências particulares, in- conhecimentos. Isso pode ser atribuído a dois
teressa-se pela multiplicidade e pela diferença motivos principais:
entre as dências, pelos limites de cada uma
delas e sobretudo por seus impasses e proble- 1. Desde o final do século XVIII, com o filó-
mas insolúveis. sofo alemão Immanuel Kant, passou-se a con-
siderar que a Filosofia, durante todos os sécu-
los anteriores, tivera uma pretensão irrealizá-
Temas, disciplinas e vel. Que pretensão fora essa? A de que nossa
campos filosóficos razão pode conhecer as coisas tais como são
em si mesmas. Esse conhecimento da realida-
A Filosofia existe há 25 séculos. Durante de em si, dos primeiros priucípios e das pri-
uma hi stória tão longa e de tantos períodos meiras causas de todas as coisas chama-se
diferentes, surgiram temas, disciplinas e cam- metafísica.
pos de investigação filosóficos enquanto ou- Kant negou que a razão humana tivesse tal

53
UNIDADE 1 - A FILOSOFIA

poder de conhecimento e afitmou que só co- pelo sujeito do con?ecir~eflto deu s-~rgim.en.
nhecemos as coisas tais como são organiza- to a uma corrente filosóftca conhecida como
das pela estrutura interna e universal de nossa fenomenologia, iniciada pelo filósofo ale-
razão, mas nunca saberemos se tal organiza- mão Edmund Husserl. Já o interesse pelas
ção con-esponde ou não à organização em si formas e pelos modos de funcionamento da
da própria realidade. Deix.ando de ser metafí- linguagem corresponde a ~ma c~n-ente filo-
sica, a Filosofia se tornou o conhecimento das sófica conhecida como ftlosofia analítica
condições de possibilidade do conhecimento cujo início é atribuído ao filósofo austríaco
verdadeiro enquanto conhecimento possível Ludwig Wittgenstein.
para os seres humanos racionais. No entanto, a atividade filosófica não seres-
A Filosofia tornou-se uma teoria do conhe- tringiu à teoria do conhecimento, à lógica, à
cimento, ou uma teoria sobre a capacidade e a epistemologia e à ética. Desde o início do sé-
possibilidade humana de conhecer, e uma éti- culo, a História da Filosofia tornou-se urna
ca, ou estudo das condições de possibilidade disciplina de grande prestígjo e, com ela, a his.
da ação moral enquanto realizada por liberda- tória das idéias e a história das ciências.
de e por dever. Com isso, a Filosofia deixava Desde a Segunda Guerra Mundial, com 0
de ser conhecimento do mundo em si e torna- fenômeno do totalitarismo - fascismo, na-
va-se apenas conhecimento do homem enquan- zismo, stalinismo - , com as guerras de liber-
to ser racional e moral. tação nacional contra os impérios coloniais
e as revoluções socialistas em vári?s países;
2. Desde meados do século XIX, como con- desde os anos 60, com as lutas contra ditadu.
seqüência da filosofia de Augusto Comte - ras e com os movimentos por direitos (ne-
chamada de positivismo-, foi feita uma se- gros, índios, mulheres, idosos, homossexu-
paração entre Filosofia e ciências positivas ais, loucos, crianças, os excluídos econômi-
(matemática, física, química, biologia, as- ca e politicamente); e desde os anos 70, com
tronomia, sociologia). As ciências, dizia a luta pela democracia em países submeti-
Comte, estudam a realidade natural, social, dos a regimes autoritários, um grande inte-
psicológica e moral e são pmpriamente o resse pela filosofia política ressurgiu e, com
conhecimento. Para ele, a Filosofia seria ape- ele, as críticas de ideologias e urna nova dis-
nas uma reflexão sobre o significado do tra- cussão sobre as relações entre a ética e a po-
balho científico, isto é, uma análise e uma lítica, além das discussões em torno da filo-
interpretação dos procedimentos ou das me- sofia da História.
todologias usadas pelas ciências e uma ava- Atualmente, neste final de século, um mo-
liação dos resultados científicos. A Filosofia vimento filosófico, conhecido como descons-
tornou-se, assim, uma teoria das ciências ou trutivismo ou pós-modernismo, vem ganhan•
epistemologia (episteme, em grego, quer di- do preponderância. Seu alvo principal é a crí-
zer ciência). tica de todos os conceitos e valores que, até
hoje, sustentaram a Filosofia e o pensamento
A Filosofia reduziu-se, portanto, à teoria do dito ocidental: razão, saber, sujeito, objeto, His•
conhecimento, à ética e à epistemologia. Como tória, espaço, tempo, liberdade, necessidade,
conseqüência dessa redução, os filósofos pas- acaso, Natureza, homem, etc.
saram a ter um interesse primordial pelo co- Quais são os campos próprios em que se
nhecimento das estruturas e formas de nossa de~envolve a reflexão filosófica nestes vinte
consciência e também pelo seu modo de ex- e cinco séculos? São eles:
pressão, isto é, a linguagem,
O interesse pela consciência reflexiva ou Ontologia ou metafisica: (;onhecimento dos

54
____,.__ _ _ _ _C~T~LC'.2_ 15....::_AS~§_CTOS OA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
- - ----...;.....;.....;....._ _ _ _ _ _-""2ilt':r.~'C"1r-

priudpios e t\mdun1cntos últimos de todn n justiçu. dominação, violência: formas dos re-
1~alid~1de, d~ todos os seres: güues políticos e suas fundamentações; nas-
t i mento e formas do Estado; idéias autoritári-
Lógicu: conht:'í.' imL·nto das fonnus gorais e as. conservadoras, revolucionárias e libená-
regras gcr:üs do pc nsamemo correto c vr rdn- rias; teorias da revolução e da reforma; anáJi-
dt!irü, iudt:pt'tK!entêmente dos conteúdos pen- se e crítica das ideologias;
sados; regras p:irn a demonstrnçno cicntffica
Vi.' rtladeita, regrns parn pt'nsamentos não-ci- FUosofia da História: estudo sobre a dimen-
rnt ffico-s: rcgrm, sobre o modo de expor os co- são temporal da existência humana como exis-
11ht:d11u::ntos: regra:-;: para verificação da ver- tência sócio-política e cultural; teorias do pro-
dade ou folsicjade de um pensamento, etc.; gresso, da evolução e teorias da descontinuida-
de histórica: significado das diferenças cultu-
E_pistemologia: análise crítica das ciênci- rais e históricas, suas razões e conseqüências;
as, rnnto as ciências exatas ou matemáticas,
quanto as naturais e as humanas; avaliação Filosofia da arte ou estética: estudo das
dos métodos e dos resultados das ciências; formas de arte, do trabalho artístico; idéia de
compatibilidades e incompatibilidades entre obra de arte e de criação; relação entre matéria
as ciê ncias: formas de relações entre as ciên- e forma nas artes; relação entre arte e socieda-
cias, e tc.: de, arte e política, arte e ética;

Teoria do conhecimento ou estudo das di- Filosofia da linguagem: a linguagem


ferentes modalidades de conhecimento huma- como manifestação da humanidade do ho-
no: o conhecimento sensorial ou sensação e mem; signos. significações; a comunicação:
percepção; a memória e a imaginação; o co- passagem da linguagem oral à escrita, da lin-
nhecimento intelectual; a idéia de verdade e guagem cotidiana à filosófica, à literária. à
falsidade; a idéia de ilusão e realidade; formas científica; diferentes modalidades de lingua-
de conhecer o espaço e o tempo; formas de gem como diferentes formas de expressão e
conhecer relações; conhecimento ingênuo eco- de comunicação;
nhecimento científico; diferença entre conhe-
cimento científico e filosófico, etc.; História da Filosofia: estudo dos diferen-
tes períodos da Filosofia; de grupos de filó-
Ética: estudo dos valores morais (as virtu- sofos segundo os temas e problemas que abor-
des), da relação entre ontade e paixão, von- dam; de relações entre o pensamento filosó-
1
tade e razão; finalidades e valores da ação mo- fico e as condições econômicas, políticas, so-
ral; idéias de liberdade, responsabilidade, de- ciais e culturais de uma sociedade; mudan-
ver, obrigação, etc.; ças ou transformações de conceitos filosófi-
cos em diferentes épocas; mudanças na con-
Filosofia política: estudo sobre a natureza cepção do que seja a Filosofia e de seu papel
do poder e da autoridade; idé ia de direito, lei, ou finalidade.

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~-

• UNID~ ~- A PILOS<,:.>FIA

CAPITULO 1 conslituírnm a Filosofü1?


1.· Que quer dizer a paluvrajilosofia'l Que.: son- 4. O que foi o período helenístico?
t,dô lhe deu Pitó.goras ucSnrnos'7
2· Que significa afinnar que u FilosuliH é grega'? CAPÍTUL04
1. O que foi a patrística?
CAPfTULO 2 2. Quais as princi~uis cnructerísticas do t>erío.
I. Como surgiu a ·Filosofia? do moderno da Filosofia?
2· Qual a diferença entre mito e Filosofia? 3. Que quer dizer Ilustração ou lluminisino?
3.' Que condições históricas permitiram o nas-
cimerllo da Filosofia na Grécia? CAPÍTULO 5
1. Qual a dif~rença ~n~e. os séculos XIX e. Jtx
CAPITUL03 quanto à idéia de Hlstona?
1. Que quer dizer cosmologia? O que foi o 2. Qual a diferença entre esses mesmos sécu-
período cosmológico? los quanto à cortliança nas ciências?
2. Quais as mudanças filosóficas trazidas por 3. O que é a finitude e por que a Filosofia se
Sócrates? O que ele procurava? interessa por ela?
3. Quais os campos de investigação que 4. Quais os campos de trabalho da Filosofia?

CAPÍTULO 1 2. Exponha a classificação aristotélica das ci-


Destaque um dos legados da Filosofia grega e ências.
comente-o.
CAPÍTULO 4
CAPÍTUL02 Explique a diferença entre o período medieval
L Comente a tese orientalista e a do "mila- e o renascentista.
gre grego", referentes ao nascimento da Fi-
losofia. CAPÍTULO 5
2. Explique as principais características da Fi- 1. Examine as diferenças entre os séculos XIX
losofia ao surgir como pensamento racional. e XX e comente o otimismo do primeiro e o
pessimismo do segundo.
CAPÍTUL03 2. Explique o fim da idéia da Filosofia como "ra-
1. Comente o significado do mito da caverna. inha das ciências" ou como totalidade do saber.

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