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Formação Pedagógica Inicial

de Formadores

Módulo 5 - Operacionalização da
Formação: Do Plano à Ação

Nome Formador: Susana Bertoquini

Ano 2018

Turma: 2/2018
ÍNDICE

Definição de objetivos ................................................................................................................... 3


Conteúdos ..................................................................................................................................... 3
1. Objetivos da formação e da aprendizagem .......................................................................... 5
2. Objetivos pedagógicos: função, níveis, componentes e domínios ....................................... 6
2.1. Funções dos objetivos ...................................................................................................... 6
2.2. Níveis dos objetivos.......................................................................................................... 9
2.3. Componentes dos objetivos........................................................................................... 12
2.4. Domínios dos objetivos .................................................................................................. 12
3. Redação de objetivos operacionais..................................................................................... 14
4. Das competências aos objetivos ......................................................................................... 18
5. Métodos e técnicas de organização e planeamento da formação ..................................... 22
Como preparar um plano de formação? ..................................................................................... 22
1- Política de formação ........................................................................................................... 22
2- Análise da situação inicial ................................................................................................... 23
3- Análise das funções e atividades profissionais ................................................................... 24
4- Análise das necessidades de formação ............................................................................... 24
5- Especificação dos objetivos................................................................................................. 26
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6- Seleção e elaboração dos suportes didáticos ..................................................................... 26


7- Avaliação do plano de formação......................................................................................... 27
8- Organização dos recursos ................................................................................................... 28
6. Construir um módulo de formação ..................................................................................... 30
Análise dos resultados (avaliação) .............................................................................................. 31
7. Conceção e elaboração do Plano de sessão ........................................................................ 34
7.1. Fases da preparação do plano de Sessão....................................................................... 34
7.2. Modelos de planos de sessão ........................................................................................ 35
7.3. Elementos constituintes do plano de sessão ................................................................. 38
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 42

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Definição de objetivos
Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja apto a:
 Distinguir finalidades, metas, competências, objetivos gerais e objetivos específicos;
 Redigir objetivos pedagógicos em termos operacionais;
 Hierarquizar objetivos segundo os domínios do saber;
 Planificar momentos de ensino-aprendizagem;
 Identificar os princípios orientadores para a conceção e elaboração de planos de
unidades de formação;
 Preencher fichas de planificação da formação (plano de ação de formação/ módulo/
sessão).

Conteúdos
 Objetivos da formação e da aprendizagem
 Metodologias e técnicas de definição de objetivos
 Objetivos pedagógicos: função, níveis, componentes e domínios
 Redação de objetivos operacionais
 Conceito de competência
 Das competências aos objetivos
 Métodos e técnicas de organização e planeamento da formação (presencial e/ou a
distância)
 Técnicas e estratégias de caracterização do grupo de formação
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 Técnicas de análise de necessidades de competências profissionais e de caracterização


do contexto profissional dos destinatários
 Como construir um módulo de formação: Critérios de seleção e sequenciação de
conteúdos segundo uma estrutura modular (unidades de formação, unidade capitalizável
…)
 Princípios e métodos de desenvolvimento curricular (aplicados ao desenho de
programas de formação)
 Técnicas e critérios para calcular a distribuição do tempo da formação (volume dos
conteúdos, grau de dificuldade, importância dos conteúdos/módulos, perfil dos
formandos, modalidade de formação,…)
 Conceção e elaboração do Plano de sessão: pressupostos, etapas, objetivos, conteúdos

 Modelos de planos de sessão

 Elementos constituintes do plano de sessão (objetivos, métodos, técnicas, recursos,


avaliação, duração, …)
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Introdução

A organização de qualquer processo de ensino-aprendizagem implica a definição dos


objetivos que vão constituir o fim daquele processo.

Definir objetivos consiste em enunciar de forma clara e explícita, os resultados que


visamos atingir com a formação. Enquadra-se na sua própria organização, condicionando e
determinando as opções metodológicas e todo o desenrolar do processo formativo. Daí, o
relevo que é reconhecido à definição dos objetivos pedagógicos.

Os objetivos constituem os resultados que visamos alcançar com uma determinada


ação formativa – para que cumpram as suas funções, é necessário que sejam definidos
corretamente, de forma precisa e explícita, em termos de capacidades a adquirir e não
em termos de conteúdos ou conhecimentos genéricos e vagos.

O objetivo é uma intenção e a sua determinação deve consistir na descrição dos


comportamentos que esperamos que o Formando possa ser capaz de manifestar no fim
do processo formativo. Deste modo, os objetivos conferem objetividade à ação de formação,
constituindo um importante orientador dos Formandos e do Formador (possibilitando a
avaliação e o controlo) e o próprio critério de aferição da validade/ eficácia do processo
formativo em si mesmo.
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Os Objetivos Pedagógicos

“...se não se sabe para onde se vai arriscamo-nos a nos encontrar noutro lugar qualquer...” F.
R. Mager.

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1. Objetivos da formação e da aprendizagem

A definição de objetivos insere-se na fase de preparação e compete aos formadores.


Os objetivos constituem a base, os alicerces sobre os quais assenta a ação de formação em
concreto:

 Selecção e estruturação dos conteúdos concretos e atividades


 Desenvolvimento das sessões
 Escolha dos métodos e das técnicas
 Critérios de controlo e avaliação

Os objetivos não se limitam a constituir uma orientação para os Formadores. São-no


igualmente para os Formandos, a quem no início da sessão de formação devem ser
comunicados, como forma de os motivar, permitindo-lhes organizarem-se para a sua
realização e controlarem em que termos os estão a atingir durante o próprio processo
formativo.

As acções de formação devem assentar em objetivos claramente definidos e previamente


fixados. Tal procedimento tem vantagens para os Formandos, Formadores, instituições e para
a aprendizagem em geral.
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Os objetivos de formação podem ser definidos, como o enunciado claro e explícito dos
resultados que se esperam alcançar com uma dada ação de formação – como um
conjunto de intenções elaboradas de forma estruturada e objectiva, que possibilitam a
expressão dos resultados que se pretendem alcançar. Eles constituem o resultado final da
aprendizagem e são expressos em termos de modificação no comportamento do Formando.

Um Objetivo é a descrição de um conjunto de comportamentos, de que o Formando


se deve mostrar capaz de realizar, para se poder concluir que a aprendizagem foi
eficaz.

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2. Objetivos pedagógicos: função, níveis, componentes e
domínios

2.1. Funções dos objetivos

 Não existe formação eficaz sem se ter uma ideia precisa do que se pretende que
os Formandos fiquem a saber, no final da formação. Só sabendo para onde se vai,
se poderá encontrar o caminho para lá chegar. Com a prévia definição dos objetivos
da formação, fica-se a saber o que realmente se pretende alcançar com as sessões
de formação que se projectam e realizam

 Através da definição dos objetivos, torna-se possível eliminar a ambiguidade que,


tantas vezes, rodeia uma ação de formação, definida em termos de conteúdos ou
aquisição de conhecimentos genéricos e difusos

 A definição prévia dos objetivos é condição de maior clarificação dos


procedimentos formativos e de uma maior eficácia entre os resultados
desejados e alcançados
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Os objetivos constituem um meio de comunicação

Numa dada ação de formação, as intenções e interpretações de Formandos


e Formadores, podem ser a tal ponto distintas, que não conseguem fazer-
se entender. Os Formandos são, por vezes, obrigados a “adivinhar” o que
se espera deles. Por isso, a definição dos objetivos vem permitir que se
evitem mal-entendidos, resultantes da ambiguidade que caracteriza as
formações mal definidas.

Assim, os objetivos apresentam-se como investimentos de comunicação,


que asseguram um mais fácil entendimento entre os vários intervenientes

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ou interessados na formação: Formandos, Formadores, avaliadores, futuros
empregadores, etc.

Os objetivos são um instrumento de orientação da ação do Formador

 Os objetivos da formação proporcionam, ao Formador, uma directriz para


as respectivas atividades de planeamento da aprendizagem, condução de
sessões e avaliação dos resultados

 Sabendo-se quais os objetivos a alcançar, mais facilmente se saberá como


alcançá-los. Com objetivos bem definidos, o Formador dispõe de um ponto
de referência que lhe facilita e lhe garante maior rigor na selecção e
estruturação da informação a prestar, das atividades a desenvolver e dos
métodos mais adequados a aplicar

 Assim, os objetivos conduzirão o Formador a preocupar-se mais, com o que


o Formando tem de aprender, do que com o que pretende ensinar-lhe

 É, também, através da realização ou não dos objetivos previstos, que o


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Formador determinará o grau de êxito das suas estratégias e


comportamentos pedagógicos, obtendo, deste modo, um meio de avaliação
e é factor de motivação para o trabalho, boa aceitação das mensagens e
instrumento facilitador da sua compreensão e assimilação.

Os objetivos constituem um guia e uma orientação para o Formando


“...se comunicar a um aluno os objetivos da sua aprendizagem talvez não tenha de fazer mais
nada...”, in. Mager – Formulação de Objetivos

 O conhecimento dos objetivos por parte do Formando é talvez um dos meios mais
eficazes para a consecução da aprendizagem. Permite-lhe situar-se em relação ao fim
a atingir; tomar consciência do que lhe vai ser exigido; distinguir o essencial do

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acessório; possuir um ponto de referência para avaliar e controlar os seus progressos,
são um guia que lhe permite direccionar a sua atividade e organizar os seus esforços.

 Saber com que finalidade se realiza as atividades de aprendizagem é factor de


motivação para o trabalho, boa aceitação das mensagens, facilitação da sua
compreensão e assimilação.

Os objetivos são fator de maior objetividade nas avaliações

 Com objetivos de formação corretamente definidos, sobretudo, em termos de


comportamentos observáveis (objetivos operacionais), exigir-lhe-á do Formando que
demonstre, apenas, os saberes que lhe foram previamente fixados e isto, através de
critérios precisos e objetivos. Não haverá lugar a exigir-se o que se supõe que ele
deveria ou poderia ter aprendido.

 Evitar-se-ão as incertezas quanto ao que deverá ser avaliado e minimizar-se-á a


subjectividade natural dos avaliadores, frequentemente influenciados por conceitos
pessoais ou causas estranhas à aprendizagem.
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 Os objetivos introduzem na formação uma componente de objectividade que garante


um controlo da aprendizagem mais correcto e justo.

Os objetivos são um instrumento de rentabilização da formação

 A definição de objectividade de formação em termos de capacidades a adquirir, vem


equiparar a atividade formativa à atividade produtiva
 O conceito de produto a obter com a formação determina maior operacionalidade e
consistência nas acções formativas garantindo resultados mais palpáveis e de nível
mais elevado

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 A existência de objetivos claramente definidos, permitindo um controlo mais objetivo de
desenvolvimento e resultados das acções de formação, vem dar oportunidade às
revisões e reformulações que asseguram maior adequação da formação e
consequentemente uma mais elevada rentabilidade do sistema

Em Síntese

Pode dizer-se que os objetivos são fator de:

 Clarificação das intenções e procedimentos da formação;


 Comunicação e entendimento entre os vários intervenientes na formação;
 Orientação, direccionamento, objectividade e eficácia do pensamento e ação dos
formadores;
 Orientação dos Formandos, direccionando os seus esforços, determinando a sua
compreensão, promovendo a sua motivação, facilitando a sua aprendizagem;
 Rentabilização das acções de formação através da racionalização, eficácia e
produtividade do processo formativo.

2.2. Níveis dos objetivos

O conceito de objetivo, como enunciado dos resultados que se espera alcançar com a
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formação, permite-nos englobar as diferentes situações em que os objetivos podem ser


definidos e as várias formas que podem assumir.

Os objetivos ou os resultados de uma ação de formação, podem ser formulados por diferentes
entidades e com diversos níveis de generalidade, desde a indicação que será capaz de fazer o
Formando numa situação muito específica.

Os diferentes graus de generalização ou de especificação com que são definidos os objetivos,


dão lugar à existência de uma multiplicidade de designações ou classificações, a maior a parte
das quais se entrecruzam ou se sobrepõem como se verifica, por exemplo em: objetivos
globais, gerais, terminais, finais, intermédios, sequenciais, facilitadores de aprendizagem, de
progressão, de desenvolvimento, de transferência, etc.

Existem quatro níveis de generalidade na formulação dos propósitos ou intenções da formação,


(Segundo D’Hainaut, in Des Fins aux Objectifs de L’Education):

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 Finalidades
 Metas (Fins)
 Objetivos Gerais
 Objetivos Específicos

1- Finalidades

Constituem os grandes objetivos ou propósitos da formação. Expressam intenções muito


gerais, fornecendo uma linha directriz para a globalidade da formação.

São normalmente formulados pelo Ministério do Emprego e Formação Profissional, ou


presentemente, pela Comissão Europeia.

 Grandes objetivos ou propósitos da formação


 Fornecem uma linha directriz para a globalidade da formação
 Tomadas de decisão ao mais alto nível quer oficial, quer particular
 Dão unidade ao conjunto das acções que integram os projectos de formação
Ex: Deverão ser Formandos monitores especializados para trabalharem no sistema da
aprendizagem”.
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2- Metas (Fins)

Expressam de forma já bastante precisa os resultados desejados ou procurados pela formação


– são normalmente as metas definidas por cada um dos Centros de Formação Profissional, e/
ou “Gestor de Programa”.

 Forma bastante mais precisa de enunciar os resultados desejados


 Formulados em termos de capacidades a adquirir – perfil de saída
 Formulados, em regra, ao nível da gestão/ organização da formação
Ex: Os futuros monitores deverão ser capazes de liderar grupos de jovens entre os 16 e os 25
anos”.

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3- Objetivos Gerais

Expressam já não os resultados desejados ou procurados, mas os resultados esperados em


termos de acções concretas de formação – são as capacidades que se esperam que o
Formando adquira – competem aos Formadores.

 Resultados esperados no termo das acções de formação ou sequência de


aprendizagem
 Correspondem ainda a competências amplas, globais ou complexas
 Formulados ao nível da realização das acções, competindo por isso, aos
formadores
 Podem ser formulados de maneira mais ou menos operacional, integrando ou não
as componentes essenciais dos objetivos
Ex: No final da ação, o futuro monitor deverá ser capaz de conduzir um jovem a auto-avaliar
um seu comportamento, tido como incorrecto”.

4- Objetivos Específicos

Expressam comportamentos esperados no termo da ação. Decomposição dos objetivos gerais


em aspetos restritos. Devem ser descritos em termos operacionais.

 Expressam os comportamentos no termo de uma sessão de formação ou conjunto


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de atividades de aprendizagem
 Resultam da decomposição dos objetivos gerais
 A sua formulação compete ao formador
 Devem ser determinados em termos operacionais
Ex: Dada uma lista de comportamentos, o Formando deverá indicar aqueles que correspondem
a comportamentos característicos dos jovens, sem recorrer a consultas e sem qualquer erro”.

 Nesta classificação há uma generalização decrescente e uma


operacionalização crescente

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2.3. Componentes dos objetivos

Objetivos Terminais

São aqueles que os Formandos deverão ser capazes de realizar no termo de uma ação de
formação completa.

Objetivos Intermédios

São aquelas fases de formação (etapas, parcelas), a que correspondem objetivos.

Objetivos de Nível Mínimo

Visam a obtenção de competências mínimas, no âmbito geral da formação – são obrigatórios


para todos os Formandos.

Objetivos de Desenvolvimento

Visam a ampliação das competências mínimas, ultrapassando as exigências básicas, sempre


que seja possível – são facultativos, poderão ou não ser alcançados por todos ou só por alguns
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Formandos.

2.4. Domínios dos objetivos

1- Domínio dos Objetivos

A definição de objetivos tem em vista a aquisição por parte dos Formandos de determinadas
capacidades ou comportamentos de tipo muito diverso.

Diversidade que corresponde à diversificação do comportamento humano é geralmente


agrupada em três domínios principais:

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Domínio Cognitivo

 Domínio da atividade intelectual/mental.


 Domínio do conhecimento e do pensamento

Domínio Afectivo

 Domínio dos fenómenos de sensibilidade.


 Domínio dos sentimentos e emoções.

Domínio Psicomotor

 Domínio das atividades motoras.


 Domínio da ação.

2- Taxonomia dos Objetivos

Ao analisarmos cada um dos domínios, verificamos que qualquer um deles comporta


capacidades ou comportamentos de diferentes graus de complexidade e cuja aprendizagem
apresenta níveis de dificuldade também eles diferentes.

Uma taxionomia é um esquema de classificação que permite ao formador determinar


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facilmente o tipo ou grau de dificuldade de cada comportamento a adquirir.

DOMÍNIO COGNITIVO DOMÍNIO AFECTIVO DOMÍNIO PSICOMOTOR

1. Conhecimento 1. Acolhimento 1. Imitação

2. Compreensão 2. Resposta 2. Manipulação

3. Aplicação 3. Valorização 3. Precisão

4. Análise 4. Organização 4. Estruturação da ação

5. Síntese 5. Caracterização 5. Aquisição de uma segunda


natureza
6. Avaliação

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3. Redação de objetivos operacionais

Para que um objetivo possa cumprir as funções que com ele se visam é necessário que seja
correcta e completamente formulado, isto é, de forma operacional.

Diz-se que um objetivo é operacional quando indica claramente e em termos de


comportamento directamente observável ou mensurável o que o Formando deverá ser capaz
de fazer no final da formação, em que condições o fará e por que critérios será avaliado.

Um Objetivo Operacional deverá integrar basicamente 3 componentes:

1- Comportamento esperado

Que descreve com precisão a atividade que o Formando deverá realizar no final da formulação
para demonstrar que adquiriu a competência desejada. Deve ser formulado em termos de
comportamento observável.

Compreende o sujeito da ação, o verbo operatório e o produto.


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2- Condição de realização

Que definem as várias circunstâncias em que o comportamento esperado se deve manifestar.

Compreende:

 Amplitude do problema a resolver


(Indicação dos meios com os quais o Formando efetuará o trabalho; ex.: capaz de confeccionar
um bolo de dez andares).

 Equipamentos
(Indicação dos meios com os quais o Formando efetuará o trabalho; ex.: capaz de engomar um
par de calças com ferro elétrico a vapor).

 Locais

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(Indicação dos lugares onde se realizará a tarefa; ex.: capaz de colocar uma antena de
televisão, instalado num telhado).

 Meios
(Indicação dos suportes ou auxiliares de trabalho, eventualmente permitidos ou recusados; ex.:
resolver uma questão jurídica-laboral, sem consultar a legislação respectiva).

 Exigências especiais
(Indicação de circunstâncias especiais que possam rodear o desenvolvimento da atividade em
causa; ex.: capaz de substituir uma peça num poste, em situação de equilíbrio instável).

3- Critérios de Êxito

Que indicam os níveis de qualidade que o comportamento (ou o seu produto) do


Formando/aprendiz deverá apresentar para ser considerado aceitável e garantir que o objetivo
foi alcançado. Temos dois tipos principais:

 Critérios de qualidade:
Fixam padrões qualitativos orientadores do comportamento do Formando. Dizem respeito às
características observáveis, que o trabalho deverá apresentar.
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Ex.: Capaz de descrever, correctamente, as características que deve ter um produto


comestível, peixe, de boa qualidade.

 Critérios de quantidade:
Indicam padrões de realização facilmente mensuráveis, dando lugar a uma avaliação
essencialmente numérica.

Ex.: Capaz de medir ao centésimo de milímetro, uma peça de aço macio, utilizando o
micrómetro adequado.

Um Objetivo Operacional deve conter:

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 Um sujeito – como sendo quem produz o comportamento e que é sempre o
Formando;

 Um verbo operatório – que indica o comportamento observável que será


produzido;

 Um produto – que é o resultado da atividade desenvolvida.

Exemplos:

- “O Formando deverá ser capaz de construir 3 triângulos diferentes”.

 Sujeito – o formando
 Verbo operatório – construir
 Produto – 3 triângulos

- “O Formando deverá ser capaz de compreender, citando, os aspectos que demonstrem a


beleza de um poema”.

 Sujeito – O formando
 Verbo operatório – não contém
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 Indicador de comportamento – citando


 Produto – os aspectos
Redação dos objetivos

1. Deve ser o mais claro possível

2. Escolher verbos que revelem os comportamentos desejáveis, que indicam uma ação
observável, que indicam uma ação visível.

Em Síntese

Um objetivo operacional deverá integrar basicamente 3 componentes fundamentais.

Comportamento Esperado

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Que descreve com precisão a atividade que o Formando deverá realizar no final da formação
para demonstrar que adquiriu a competência desejada, e que deve ser formulado em termos
de comportamento directamente observável e mensurável.

Compreende o sujeito da ação, o verbo operatório e o produto.

Condição de Realização
Que define circunstâncias várias ou condições em que o comportamento esperado deve
manifestar-se.

Compreendem amplitude de comportamento, equipamentos, locais, meios e exigências


especiais.

Critério de Êxito
Que indica os níveis de qualidade que o comportamento (ou seu produto) deverá apresentar
para ser considerado aceitável e garantir que o objetivo foi alcançado.

Compreende critérios de qualidade e quantidade – tempo, precisão, percentagem, n.º de


respostas corretas.
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4. Das competências aos objetivos

A palavra competência (do latim competentĭa) tem várias vertentes: pode referir-se à aptidão,
ao designar a qualidade de quem é capaz de resolver determinados problemas ou de exercer
determinadas funções; à idoneidade, quando estamos perante um sujeito capaz de avaliar algo
ou alguém.

Por competente, entende-se uma pessoa com notabilidade numa certa matéria.

O que é uma competência?

é a capacidade de

- Mobilizar adequadamente diversos conhecimentos prévios

- Selecionar e integrar esses conhecimentos perante uma determinada questão ou


problema.

- É o objetivo último de vários objetivos que para ela contribuem.

- É um processo construído, que, em princípio, não se perde.

O que é um operador competente?


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- é aquele que é capaz de mobilizar e pôr em ação um sistema em que


intervêm diversos recursos, quais sejam:

- operações de raciocínio

- conhecimentos

- activações da memória

- juízos e avaliações

- capacidades relacionais

- esquemas comportamentais.

(Nestes termos, a competência não é um estado; é um processo)

O que é que determina o exercício de uma competência?


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- a própria mobilização dos recursos e não apenas a existência dos recursos a
mobilizar (i.e. conhecimentos; operações; capacidades.…): o diagnóstico do médico
não é da ordem da simples aplicação das teorias biológicas (i.e. aplicação de
conhecimentos prévios), mas antes da ordem do saber mobilizar esses conhecimentos

- a programação de uma sequência de instrução não se reduz à aplicação dos


postulados das teorias da aprendizagem, mas à construção da sequência de ensino,
propriamente dita.

Como se faz a aproximação, por competências, ao acto de ensinar?

- abordar os saberes como recursos a mobilizar;

- diversificar os meios de ensino;

- adotar uma planificação flexível das atividades lectivas;

- orientar as experiências lectivas para o problem-based e project-based learning;

- promover a articulação entre saberes ministrados no âmbito das diferentes


disciplinas;

- fomentar a avaliação formativa.


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Qual a relação existente entre competências e conteúdos?

- orientam-se os conteúdos para se expressarem as competências

Conteúdos Competências
1) Regras matemáticas O aluno é competente matematicamente, conhecendo a
sabendo utilizar as respetivas regras

2) Batalhas e autores
contemporâneos O aluno sabe mobilizar o conhecimento e estuda para
conhecer o mundo e a cultura.

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Qual a relação existente entre os conteúdos e os objetivos?

- os objetivos, quanto atingidos, refletem o que o aluno sabe, em termos de


conhecimentos, atitudes e procedimentos resultantes da aprendizagem dos
conteúdos.

- Os objetivos são os resultados visados da aprendizagem dos conteúdos e referem-


se ao que os alunos ganham (ou podem ganhar) em termos de aquisições e de
desenvolvimento das suas potencialidades;

Qual a relação existente entre objetivos e competências?

- os objetivos traduzem o que o aluno sabe sobre determinados conteúdos.

- as competências, sendo da ordem da mobilização dos saberes, definem o


que o aluno será capaz de fazer com os saberes que possui (e que se
encontram delimitados pelos objetivos).

- Os objetivos referem-se a conhecimentos, atitudes e procedimentos


adquiridos através da aprendizagem dos conteúdos curriculares

- as competências pressupõem o agir em situação, mobilizando, nessa ação,


de forma equilibrada e integrada, conhecimentos, capacidades, procedimentos
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e atitudes

- os ditos conhecimentos, capacidades, procedimentos e atitudes,


incorporando-se um nos outros, conduzem à capacidade de fazer, pensar ou
apreciar alguma coisa.

Como definir os objetivos da aprendizagem?

- de forma a ajustá-los às competências visadas e não como um simples


desdobramento dos conteúdos programáticos, sem a devida finalização.

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- de modo a conferir-lhes utilidade, ou seja a evidenciar que competências (gerais e/ou
específicas, transversais e/ou disciplinares) se pretende construir a partir desses
objetivos.

Mas, afinal, em que é que se traduz, concretamente, uma competência?

- Na capacidade construída;

- Na autonomia individual em relação ao uso do saber;

- No próprio saber (porque não há competências sem saberes), o conhecimento faz


parte da nossa estrutura de compreender e agir (é por aí que nos tornamos
competentes)

Então, sendo assim, a competência não é construída ao lado do conhecimento!

- A competência adquire-se com o conhecimento, mas implica a capacidade de


mobilização inteligente para compreender e apreciar:

Ser cientificamente competente implica ter estudado os conhecimentos implicados nas


disciplinas científicas, mas de forma articulada com a análise da realidade e com as
novas situações.
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5. Métodos e técnicas de organização e planeamento da
formação

Princípios orientadores para a concepção e elaboração de planos de unidades de


formação

Um plano de formação é um documento, cuja elaboração é feita normalmente pelo


responsável da formação da empresa/instituição e contempla os seguintes aspectos:

• Os resultados esperados da formação;

• O que se fará para os obter;

• Como avaliar esses resultados.

Como preparar um plano de formação?

A elaboração de um plano de formação comporta oito etapas fundamentais.

Seguidamente iremos abordá-las, referindo os seus aspectos mais significativos.


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1- Política de formação

Nesta etapa são definidas, embora em termos gerias, as orientações que determinam a política
de formação a seguir. Estas orientações são fornecidas pelo responsável da política geral da
empresa ou da instituição (dependendo do âmbito) e focam essencialmente os seguintes
aspectos:

• As razões que justificam a formação - Porquê formarem?

• Que tipo de pessoa se quer conseguir através da formação – Quem formar?

• Que mudança se espera no meio - Para quê formar?

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São também definidos

• Os meios globais a atribuir à formação

• Prioridades

• Valores a preservar

• Estratégias a seguir

2- Análise da situação inicial

Esta etapa consiste na análise das condições iniciais. Antes de se iniciar a formação é
necessário conhecer as características da população a formar, onde vai ser recrutada e
quais as condições de admissão. Esta análise comporta também a determinação dos recursos
disponíveis (materiais financeiros e humanos).

É necessário saber à partida qual o tempo, pessoal, local e materiais disponíveis para
realizar a formação.

Podemos resumir esta etapa nos seus quatro aspectos mais significativos:

- Condições de admissão;
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- População visada (a quem se dirige a formação);

- Recursos disponíveis;

- Condicionalismos.

Exemplo:

- A formação dirige-se prioritariamente a indivíduos fortemente motivados e desejosos de


aumentar os seus conhecimentos profissionais.

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3- Análise das funções e atividades profissionais

Em função dos resultados que se esperam obter com a formação que dependem, como
sabemos, dos objetivos e das necessidades da empresa/instituição, teremos de analisar o(s)
posto(s) de trabalho ou a profissão que nos vai servir de modelo, isto é, aquele cujo
desempenho satisfaz o perfil final que pretendemos obter.

Para que possamos realizar esta análise é fundamental obter respostas para as seguintes
questões:

• Quais as principais funções que o titular do posto de trabalho ou profissão assume


e/ou vai assumir?

• Quais as situações que encontra no exercício das suas funções?

• Quais as principais tarefas e operações que realiza?

• Quais os conhecimentos teóricos necessários?

Para que se possam obter respostas a estas questões, podemos utilizar, entre outras, as
seguintes técnicas:
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• Observação (observando o titular do posto de trabalho)

• Entrevista (entrevistando o titular, superiores e subordinados)

• Bibliografia (consultando literatura existente sobre a profissão)

4- Análise das necessidades de formação

Uma vez definida a política de formação, que aponta para as necessidades de formação
em termos globais e feita a análise da situação inicial, que nos fornece as características da
população a formar, é necessário identificar e especificar as necessidades da
empresa/instituição ao nível do seu pessoal.

Susana Bertoquini 24
Este levantamento de necessidades visa essencialmente diagnosticar o tipo de situações
que podem ser ultrapassadas com a formação e situar os indivíduos, naquilo que poderemos
chamar ponto de partida.

• Ponto de partida corresponde à situação inicial (tendo em conta os pré-requisitos);

• Ponto de chegada corresponde ao perfil final.

A análise das necessidades comporta fundamentalmente dois aspetos:

1 - Análise qualitativa

• Que tem por finalidade a determinação das necessidades de formação

(saber, saber-fazer, saber-estar).

2- Análise quantitativa

• Que visa essencialmente a determinação do número de pessoas a formar.

EXEMPLOS:
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

- Na formação prevista, devem privilegiar-se os aspetos comportamentais, a fim de resolver


problemas interpessoais.

- Incluir na formação materiais que abordem técnicas de gestão de forma a proporcionar aos
participantes a oportunidade de melhorar as suas capacidades de planificação.

- Ao nível das necessidades de formação detectou-se que os operadores de máquinas têm


dificuldades na execução das seguintes tarefas:

. Leitura de desenho técnico

. Seleção das ferramentas em função dos materiais...

Susana Bertoquini 25
5- Especificação dos objetivos

Os objetivos derivam das necessidades de formação e do perfil final que se pretende


atingir, isto é, do comportamento que se espera que os formandos alcancem.

É, portanto, absolutamente necessário exprimir esses objetivos em termos operacionais,


isto é, de que os comportamentos esperados sejam observáveis, para que se possa avaliar em
que medida eles são ou não atingidos.

Para além dos aspectos focados, a expressão dos objetivos sob forma operacional
apresenta vantagens pedagógicas evidentes: com a especificação dos objetivos operacionais
visa-se a obtenção de uma lista de todos os saberes, saber-fazer e saber-estar que
devem constituir o objecto da formação.

A lista deve ser bastante precisa e detalhada, para que cada assunto possa ser objecto de
uma só sequência de aprendizagem.

EXEMPLOS:

- O participante deverá ser capaz de distinguir os efeitos provocados por causas sistemáticas e
os efeitos atribuídos ao acaso;
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

- Os técnicos formados deverão ser capazes de identificar três causas possíveis de insucesso
num dado sistema;

6- Seleção e elaboração dos suportes didáticos

Após a definição dos objetivos da formação é necessário prever:

• Como se irá desenvolver a formação

• Que situações de ensino / aprendizagem terão de ser criadas para atingir os


objetivos,

• Quais os meios que devemos utilizar

Susana Bertoquini 26
Para isso deve ter-se em conta os seguintes aspetos:

• Escolha de métodos pedagógicos adequados aos objetivos, à população e


aos meios;

• Conceção de programas que se adaptem à população. Aos objetivos e aos


condicionalismos;

• Determinação dos materiais (consumo e outro) necessários à realização da


ação.

Exemplos:

- Os futuros vendedores serão colocados em situação real a fim de adquirirem, com ajuda de
vendedores experimentados, as atitudes e os conhecimentos necessários;

- A fim de atingir os objetivos da formação os formandos recebem primeiramente uma formação


teórica na sala e posteriormente uma formação prática, no posto de trabalho.
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7- Avaliação do plano de formação

Para analisar a eficácia do plano de formação é preciso verificar se os resultados


esperados foram ou não atingidos.

Para esse efeito é necessário o seguinte:

• Especificar de forma precisa os níveis de desempenho a atingir;

• Conceber instrumentos de avaliação;

• Definir os meios e as técnicas para os avaliar;

• Prever a forma de explorar os resultados obtidos;

Susana Bertoquini 27
• Prever o que fazer com os formandos que não atinge de forma satisfatória o
domínio dos objetivos.

Tendo em conta que a principal finalidade da avaliação é apreciar em que graus os


objetivos foram atingidos, não devemos realizar juízos de valor sobre as pessoas formada, mas
saber se foi alcançado o que se pretendia e as medidas a tomar em função desse resultado.

8- Organização dos recursos

Nas etapas anteriores estudamos como preparar o plano desde o levantamento das
necessidades de formação empresa até à concepção dos meios pedagógicos, que há de servir
de suporte ao desenvolvimento da ação.

Agora iremos debruçar-nos sobre a forma de o concretizar, isto é, determinar como se vão
mobilizar e organizar os recursos de que se dispõe ou que se seleccionarão para seguir o
caminho planeado.

Os recursos são essencialmente pessoas, locais, materiais e documentos, equipamentos,


Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

tempo, fundos disponíveis...

Em resumo, organizar os recursos é prever:

Pessoal: Qualificação, número, formação

Fundos: Aquisição, repartição, gestão

Locais: Equipamentos, área e disponibilidade

Materiais: Aquisição e disponibilidade

Acolhimento: Prever como acolher as pessoas a formar

Susana Bertoquini 28
Exemplo:

- Com vista à realização da ação, recrutar-se-ão 2 formadores, cujo perfil corresponde às


exigências da matéria a leccionar.

- Os horários de funcionamento e a afetação dos formandos deverão ser enviados ao


responsável pelo Departamento, 10 dias antes do início da ação.

- A ação vai decorrer durante 6 semanas, tendo início no próximo dia - do mês terminando no
dia - do mês seguinte.
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

Susana Bertoquini 29
6. Construir um módulo de formação

A. Introdução
A sessão deve iniciar-se com uma introdução, na qual o formador deve comunicar aos
formandos os principais objetivos da mesma (expressos em termos de comportamentos
observáveis).

Sempre que possível, devem relacionar-se os objetivos com a matéria dada


anteriormente, com os saberes, a experiência ou vivência dos formandos. Este controlo pode
efectuar-se por meio de um teste ou, como se faz habitualmente, através de uma "sondagem
informal". Neste último caso, trata-se de um controlo (breve revisão) que fornece valores não
muito significativos, mas justifica-se porque não é muito viável realizar, para cada sessão, um
teste escrito ou oral de pré-requisitos.

Um outro aspecto extremamente importante a ter em consideração na abordagem da


matéria é a forma como se procede para Interessar/envolver o formando. A forma como
estimula o seu desejo de aprender é fundamental.

A falta de aproveitamento resulta, na maioria dos casos, do facto de o formando não


estar motivado para aprender porque não lhe foi dada qualquer explicação (lógica) sobre a
importância do(s) assunto(s) e a sua aplicabilidade e/ou ligações com a vida
profissional/prática.
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

A motivação é de tal forma importante, que o formador tem, por vezes, que
sobrevalorizar a matéria a abordar, socorrendo-se do papel de «actor» que em muitas ocasiões
tem de assumir.

O processo de motivação nem sempre é fácil, mas se o formador conseguir criar a


necessidade de aprender no formando, a satisfação dessa necessidade conduz a uma
mais fácil aprendizagem.

Resumindo, a introdução comporta os seguintes aspetos:

Comunicação dos objetivos da sessão

Avaliação dos conhecimentos anteriores relacionados

Com os objetivos da sessão

Processo de motivação

Susana Bertoquini 30
B. Desenvolvimento
Após a introdução do tema, respeitando os aspectos atrás citados, entra-se no
desenvolvimento da sessão. Esta fase consiste na abordagem da matéria que serve de base
às atividades de Ensino/aprendizagem a desenvolver na sessão.

A forma de desenvolvimento, assim como os métodos e/ou técnicas pedagógicas a


utilizar, depende, como sabemos, do conteúdo, da população, das condições e dos
equipamentos disponíveis.

O formador (de acordo com a situação real) seleccionou, na fase de preparação, os


métodos e os meios que melhor se adaptam à situação.

No entanto, é importante prever estratégias alternativas para uma alteração da


sequência, provocada pelos próprios formandos, e a necessidade de atender às
diferenças individuais (na medida do possível) entre os formandos, acompanhando e forma
individualizada a sua aprendizagem.

Não existem receitas para a fase de desenvolvimento de uma sessão. No entanto,


consideramos importante que o formador respeite os princípios subjacentes ao processo de
aprendizagem, evite a utilização excessiva dos métodos afirmativos, proporcione atividades
diversificadas, facilite o envolvimento dos formandos e forneça feedback constante.
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

C. Conclusão
Na conclusão deve proceder-se sempre a uma breve síntese dos conteúdos abordados
na sessão, por forma a relembra aos formandos o que foi desenvolvido ao longo da sessão de
formação. Só após o encerramento dos conteúdos podemos avançar para avaliação (quando
aplicável).

Análise dos resultados (avaliação)

Ao planear a sessão, o formador define os objetivos que os formandos deverão


alcançar, assim como as situações (estratégias) que permitem que a aprendizagem se
concretize. As provas de avaliação têm por finalidade medir esses comportamentos, evidenciar
se os objetivos fixados foram alcançados, e em que grau. As provas de avaliação destinam-

Susana Bertoquini 31
se, como é evidente, a testar as competências adquiridas em função dos objetivos
fixados.

O formador deve ter, portanto, uma visão clara e precisa dos objetivos a atingir, não
só para que oriente a aprendizagem com segurança, como também para elaborar os
instrumentos de avaliação que realmente meçam o que foi estabelecido como meta a
alcançar durante o processo de aprendizagem dos formandos.

A verificação dos resultados não deve ocorrer somente no final da sessão, mas
também durante todo o processo de ensino/aprendizagem, isto é, a avaliação deve ser
(sempre que possível) contínua.

A avaliação deve ser um sistema permanente de observação e comparação com


o padrão previamente estabelecido.

As provas e testes de avaliação são fundamentalmente um procedimento didáctico, de


acompanhamento da aprendizagem, de diagnóstico e controlo.

Servem para determinar, por um lado, em que graus foram atingidos os objetivos fixados e, por
outro lado, a eficiência do ensino e das atividades planeadas e promovidas pelo formador.

Por outras palavras, os procedimentos de avaliação (provas e testes) são instrumentos de


verificação não só da aprendizagem dos formandos mas também da eficiência do
formador e dos meios postos à sua disposição.
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

Instrumentos de avaliação

Para uma avaliação correcta é necessário que os instrumentos previstos na fase de


preparação permitam, de forma clara e objectiva, medir os comportamentos esperados.

Os vários tipos de provas deverão ser testados previamente. A escolha do tipo de prova
depende, como é óbvio, dos objetivos que se pretendem atingir.

Pontos-chave na avaliação

� Os instrumentos de avaliação devem ser elaborados de acordo com os objetivos que


se pretendem atingir;

Susana Bertoquini 32
� A primeira preocupação do formador deve ser clarificar o que avaliar e não como
avaliar;

� Um instrumento de avaliação necessita de ser bem aplicado, para ser eficiente.

“A avaliação exerce um poderoso efeito sobre a aprendizagem. Uma pesquisa feita no


Estado de Nova Iorque demonstrou que os instrumentos de avaliação usados tinham mais
efeito sobre o que era ensinado que os próprios programas de estudo"

Ralph W. Tixler, Princípios básicos del currículo y del


aprendizage
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

Susana Bertoquini 33
7. Conceção e elaboração do Plano de sessão

Uma sessão de formação deverá ser concebida e desenvolvida recorrendo a metodologias e


técnicas diversificadas, utilizando meios didácticos variados e proporcionar o envolvimento
activo e criativo dos formandos e facilitar o processo de ensino/aprendizagem.

Define:

• Os resultados que se espera atingir com a formação

• a estratégia e meios a utilizar para os obter

• a forma de verificar/controlar os resultados obtidos

Por esse facto, um plano de sessão deve reflectir preocupações ao nível da:

 Preparação
 Desenvolvimento
 Análise de resultados
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

7.1. Fases da preparação do plano de Sessão

Preparação

A sessão deve ser cuidadosamente preparada, o que não exclui o improviso se ele se
impuser.

A preparação é, por conseguinte, a concretização de uma reflexão indispensável à


organização da sessão. É uma etapa importante da ação pedagógica, que tem por finalidade
tomar decisões e proceder às escolhas dos métodos e meios mais adequados para atingir os
objetivos previstos, assim como seleccionar os materiais necessários à sua concretização.

Susana Bertoquini 34
Um plano bem elaborado é também um auxiliar de memória útil, e permite:

� Antes da sessão

. Preparar o material necessário ao seu desenvolvimento.

. Seleccionar os equipamentos e os métodos e definir estratégias.

� Durante a sessão

. Lembrar os pontos-chave da ação didáctica, evitando desvios em relação aos


objetivos previstos.

A preparação escrita tem a vantagem de poder ser explorada posteriormente noutra


lição, desde que os objetivos sejam os mesmos.

Permite ainda:

• Anotar as dificuldades sentidas pelos formandos e/ou formador.

• Anotar, após a sessão, as alterações julgadas úteis e necessárias


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7.2. Modelos de planos de sessão

Exemplo 1

CURSO: ___________________________

MÓDULO: __________________________

PLANO DE SESSÃO

Resumo

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Objetivos

Estratégias Material Tempo

Material a requisitar:

O formador:

_________________________
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Exemplo 2

PLANO DE SESSÃO

TEMA: ______________________

DATA: ________

Destinatários: _________________________________________________________

Objetivos Metodologias e Material e Tempo


Avaliação

devem ser capazes de Estratégias Equipamento Duração

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Observações: O formador

Exemplo 3

PLANO DE SESSÃO

SESSÃO Nº: _________

TEMA/TAREFA: __________________

TEMPO PREVISTO: ______________________

OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ____________________________________________

PRÉ-REQUISITOS: ____________________________________________________

DESENVOLVIMENTO MATERIAIS PEDAGÓGICOS


FASE TEMPO
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

DOS CONTEÚDOS FORMANDOS FORMADOR


INTRODUÇÃO

DESENVOLVIMENTO

AVALIAÇÃO FINAL

Observações: O formador

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7.3. Elementos constituintes do plano de sessão

Já foram referidas as vantagens da preparação com vista ao desenvolvimento de uma


sessão de ensino/aprendizagem. Iremos agora focar os principais itens que devem estar
contidos, na nossa perspectiva, na elaboração de um plano.

Tema

Consideramos importante que o plano seja identificado pelo tema ou título da matéria a
desenvolver.

Este procedimento permite o agrupamento de várias sessões do mesmo tema podem


eventualmente vir a constituir "unidades de formação", por matéria específica desde que
ordenadas pedagogicamente.

Objetivos (gerais e específicos) da sessão

Os objetivos de uma sessão devem:


Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

• Ser definidos de forma precisa (em termos de comportamentos observáveis) que seja
possível verificar/avaliar/controlar o grau de domínio atingido, ambiguidade. Caso os
mesmos não tenham sido plenamente alcançados devem ser analisados os
motivos/causas e identificadas as recuperações a fazer.

• Ser redigidos de forma clara tendo em vista não só as capacidades que se espera
que venham a serem adquiridas pelos formandos ao nível de saber e saber-fazer, mas
também ao nível das atitudes/comportamentos.

Exemplo

Objetivo geral

No final da sessão os formandos deverão ser capazes de desenhar


as projeções ortogonais de um cilindro, cujas dimensões são
Susana Bertoquini 38
fornecidas, utilizando os instrumentos de desenho e folhas de papel
quadriculado A4.

Objetivos específicos

Os formandos deverão ser capazes de:

. Traçar a linha de eixo

. Desenhar o alçado principal

. Desenhar a planta

. Citar o número de vistas necessário para identificar o cilindro

. Aplicar o símbolo representativo do diâmetro

Pré-requisitos (Conhecimentos anteriores)

É fundamental analisar os conhecimentos anteriores dos formandos, isto é, verificar as


competências adquiridas. Este procedimento é indispensável para alcançar cor o domínio dos
objetivos previstos.
Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

Como os pré-requisitos são geralmente muito numerosos, alguns são gerais

(ler um texto em francês...) outros são específicos (escrever, a partir da designação, as


fórmulas químicas dos ácidos, sais, óxidos...), e na prática não é possível verificá-los todos,
devem ser indicados (caso seja necessário) apenas aqueles que são específicos e/ou
imprescindíveis para a compreensão/apreensão da matéria prevista para a sessão em causa.

Avaliação

É necessário prever como e quando controlar o domínio dos objetivos e, quando se


justifique, os pré-requisitos.

O controlo oral e/ou visual no final da sessão pode não ser suficiente. Justifica-se, em
alguns casos, exercer o controlo através de testes escritos e/ou de exercícios práticos.

Susana Bertoquini 39
Estes instrumentos de avaliação devem ser seleccionados ou concebidos aquando da
preparação da sessão e testados antes da sua aplicação prática.

Estratégia

Uma vez estabelecidos os objetivos, definidos os pré-requisitos e escolhido o processo


de avaliação, há que conceber a estratégia, ou seja, selecionar os métodos e os meios a
utilizar para favorecer a aprendizagem, definir os pontos-chave, os tipos de intervenção, os
motivos de interesse – aspetos fundamentais para o envolvimento dos formandos.

A motivação dos formados depende de diversos factores. É fundamental prever, no plano de


sessão, a criação de situações em que:

• Sejam clarificados os objetivos da sessão, realçando a sua futura aplicabilidade;

• Sejam utilizados conhecimentos estruturantes anteriores, isto é, a matéria da sessão


deve ser relacionada com outras já conhecidas;

• Os formandos realizem atividades de auto-aprendizagem e trabalhos de grupo, por


Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

exemplo, a procura e descoberta de soluções para problemas;

• Sejam feitos pontos de situação relativos ao processo de ensino/aprendizagem.

Materiais e equipamentos

No plano de sessão deverão estar anotados todos os materiais, equipamentos e


documentos que o formador e os formandos deverão utilizar ao longo da sessão.

A operacionalidade dos materiais e equipamentos deverá ser verificada


previamente de acordo com as especificações próprias. Muito do insucesso que se verifica em
algumas sessões tem origem na não observância destes aspectos.

O plano pode referir em que fase/momento da sessão deverão ser utilizados.


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Atividades pedagógico-didáticas

A preparação da sessão deve conter uma descrição breve das atividades de ordem
pedagógico-didática que deverão conduzir o formando à aquisição dos saberes.

A planificação das atividades poderá ser elaborada sob a forma de lista sequencial,
contendo os pontos-chave (momentos importantes) a observar no decorrer da sessão.

Tempo previsto

O plano deve conter a duração prevista para a realização da sessão. Este aspeto
permite verificar se foi ou não possível atingir os objetivos nesse espaço de tempo.

Em função dos resultados poderão ser feitas correções de forma a adequar os


objetivos e a estratégia ao tempo disponível.

O plano pode especificar o período previsível para cada fase da sessão.


Módulo 5- Operacionalização da Formação: Do Plano à Ação

Exemplo

Introdução – 15 min

Abordagem do tema – 25 min

Atividades práticas – 30 min

Avaliação final – 15 min

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BIBLIOGRAFIA
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