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UFCD 6288 - Operações Culturais de Implementação, condução, manutenção e colheita da vinha

Técnicas e operações de instalação

Constituição e fertilidade do solo:

Consiste na eliminação de lançamentos não produtivos chamados "ladrões" que desviam a energia da
planta e podem criar uma densificação da vegetação muito negativa para o controlo de doenças como o
Míldio ou Oídio.

A textura do solo, a sua acidez e a pobreza em matéria orgânica ou outros elementos minerais, condicionam
os custos com eventuais correções, incorporação de matéria orgânica e adubações e em que nível do perfil
deverão ocorrer.

A escolha de porta enxertos é decidida em função do tipo de solo de que dispomos.

Solos com muito calcário activo obrigam a um determinado tipo de porta enxertos resistentes ao calcário
activo.

Antecedentes culturais

As culturas que já estiveram presentes no solo condicionam enormemente os custos, e muitas vezes o
sucesso, de uma plantação (a cultura do tabaco, por exemplo, deixa no solo muitos compostos químicos
que dificultam o sucesso de uma nova plantação, obrigando a um tempo de pousio muito prolongado).
Assim, dependendo das culturas antecedentes, pode ser necessário remover ramos e raízes, determinar a
profundidade da mobilização do solo, etc.

Tipo de mobilização do solo


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Condiciona enormemente os custos pois dele depende o tipo de máquinas a utilizar e o número de horas
que terá que ser empregue por cada hectare de terreno. Por exemplo, solos com muito declive, magros,
com afloramentos rochosos ou com rocha sub-superficial exigem armação do terreno e muitas horas de
máquinas que encarecem a instalação de uma vinha - pode inclusivamente ser necessário o dispendioso
recurso a explosivos para desfazer material rochoso.

Em solos magros com excesso de pedregosidade poderá ter que ser equacionada a realização de uma
despedrega.

Necessidades de drenagem

O escoamento das águas da chuva é essencial para prevenir a erosão. Muitas vezes o "ravinamento" e a
instabilidade em terrenos armados em patamares ou com algum declive ocorrem por encharcamento com
águas da chuva que não foram devidamente drenadas. Em terrenos mais planos e menos permeáveis ou
com nível freático muito próximo, as zonas de "baixa" acumulam água que se não for drenada conduz à
asfixia radicular da vinha instalada. É uma operação que pode fazer subir enormemente os custos, sendo
que drenagem superficial é menos dispendiosa do que a drenagem subsuperficial.

Exposição do terreno deve ser sempre virado a sul.

Área disponível também é importante

Clima do "terroir"

Pode condicionar as operações de drenagem se a chuva for muito concentrada em determinados períodos
do ano.

Framingham, Nova Zelândia

Pode exigir o recurso à instalação de sistemas de rega.

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Condiciona o tipo de castas a plantar.

Condiciona o tipo de porta enxertos a utilizar:

a. A secura obriga a um determinado tipo de porta enxertos resistentes à secura.

b. Climas atlânticos, mais frescos, com menos insolação e mais água, que aumentam o período do
ciclo vegetativo, têm que ser contrariados com porta enxertos que reduzam o período do ciclo vegetativo.

Técnicas e operações de condução

Ramadas

As ramadas ou latadas consistem, em termos gerais, em estruturas horizontais ou inclinadas, de ferro ou


de madeira e arame, assentes sobre esteios, geralmente de granito.

Se bem que esta forma de condução, pelos custos de instalação e manutenção que apresenta, não seja
atualmente recomendável para vinhas de dimensão, em determinadas situações, será uma forma a
considerar, proporcionando bons níveis de produção. Em parcelas de áreas extremamente reduzidas, na
bordadura do terreno (mesmo de vinha contínua) e ainda para aproveitar espaços improdutivos, como
caminhos, largos, logradouros, tanques e fontes. Em qualquer das situações deve-se considerar:

- Utilizar uma só linha de postes para suporte

- Altura inferior a 2,0 m, para facilitar as operações de poda e vindima

- Bancada ligeiramente inclinada para melhor exposição das uvas ao sol

- Espaçamento entre videiras nunca inferior a 1,30 m.


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- Bardos altos

Os bardos altos (uma modernização dos tradicionais arejões) podem, como as ramadas, ocupar a bordadura
do terreno (mesmo de vinha contínua), de forma a explorar integralmente a área da parcela.

Com uma estrutura assente em esteios de granito ou cimento de 3,0m de altura e de 3 a 4 níveis de arames,
onde as videiras são conduzidas em poda de vara corrida ou com empa tipo Guyot duplo. Não são tão
produtivas quanto as ramadas e as operações de poda e vindima são mais onerosas.

Formas contínuas mais antigas

Distinguem-se cordões duplos (divisão da cepa em dois cordões) dos simples (não divisão da cepa: cordão
único), podendo os cordões sobrepostos ou paralelos(cruzeta) ser formados por cordões duplos ou simples.
Por exemplo, o Cordão Sobreposto, pode ser formado por cordões simples ou duplos.

- Cruzeta (Cordão Simples Retombante) / GDC (Cordão Duplo Retombante)

Cruzeta foi o nome dado à forma de condução, que nesta região usou de uma armação em cruz para suporte
e disciplina dos cordões, então designados festões. Associada a uma poda de vara e talão, é formada por
sebes de vegetação retombantes e paralelas, asseguradas por cordões simples oriundos de grupos de 4
videiras plantadas junto a cada cruzeta. A altura dos cordões varia de 1,70-1,80 m do solo e o afastamento
entre si de cerca de 2,00 m, afastamento este que corresponde ao dos 2 arames que correm paralelos entre
as extremidades das cruzetas. Para colmatar o inconveniente de plantar as videiras em grupo, é possível
obter esta condução separando as videiras ao longo da linha mas passando de cordões simples a duplos,
isto é, dividindo uma videira isolada em dois cordões que seguem em paralelo nos arames em sentido
contrário. Trata-se do conhecido GDC "Genéve Double Cordon" de Itália, de poda e vindima totalmente
mecanizada. Dada a mais baixa densidade de plantação deste sistema, a mais tardia entrada em produção
(altura do tronco) e os elevados custos de instalação (armação), é uma forma que apenas deverá ser
utilizada em terrenos mais férteis, que favoreçam o vigor da videira.

- Cordão Sobreposto Retombante (duplo ou simples) - CSOB

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Forma vulgarmente conhecida por Cordão Sobreposto, surge para colmatar a menor densidade de
plantação e de planos de vegetação (e consequentemente de produção) do Cordão Simples, pela
sobreposição na vertical de duas sebes de vegetação totalmente retombantes. Na origem das duas sebes
sobrepostas poderão estar cordões simples ou duplos que correm alternadamente em dois níveis de
arames, separados de 0,80-1,00 m. A altura dos dois níveis de arames varia entre 1,00-1,20 m no inferior e
entre 2,00-2,20 m no superior. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Nesta forma de
condução, e pelo facto de ter duas sebes sobrepostas, verifica-se frequentemente o efeito do
ensombramento da sebe superior sobre a inferior, prejudicando a maturação e a sanidade das uvas,
situação mais agravada quando a separação das duas sebes não é conseguida pela ausência de intervenções
em verde, ou pelo baixo afastamento entre as duas sebes.

Cordão Simples Ascendente e Retombante - CAR

Forma erradamente conhecida por Sylvoz, pois inicialmente esta condução esteve associada a uma poda
tipo Sylvoz (varas longas empadas a um nível inferior ao do cordão). A repartição da sebe única do cordão
simples retombante em duas direcções opostas, foi conseguida pelo abaixamento do nível do cordão para
valores da ordem de 1,20-1,35 m e pela introdução de mais dois níveis de arame superiormente ao nível
do cordão, separados aproximadamente de 0,40 m. Forma associada a uma poda mista de vara e talão,
inclui três fiadas de arames, sendo os responsáveis pelo suporte da vegetação ascendente mais
recentemente constituídos por fiadas duplas. Quando associado a uma poda mais longa e empada (tipo
Sylvoz) dá produções ao nível das dos cordões de duas sebes, muito embora este tipo de poda seja mais
cara pelo maior consumo em mão-de-obra. Este sistema surge com o objectivo de tirar partido do maior
vigor conseguido pelas varas de crescimento ascendente, garantindo maior fertilidade e a poda do ano
seguinte; também diminuiu a sensibilidade à podridão dos cachos frequente no CSR e aumentou a
superfície foliar exposta com ganhos na aquisição de açúcares.

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- Cordão Simples Ascendente - CSA

Forma erradamente conhecida por Cazenave, pois inicialmente esta condução esteve associada ao tipo de
poda Cazenave (varas atadas a um arame superior com uma inclinação de 45º e talões). A altura do cordão
ao solo varia entre os 1,10-1,20 m e admite 2 a 3 fiadas de arame acima do cordão para suporte da
vegetação, que nesta região não deve ter valores nunca inferiores a 1,00 m de altura. Recentemente usam-
se arames duplos, pelo menos nas duas fiadas acima do cordão, ou a colocação de uma fiada móvel, que
ao longo do crescimento muda de posição. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Esta
condução de vegetação totalmente ascendente, foi assumida mais recentemente na região e para
determinadas situações, pois o maior vigor induzido às varas que crescem para cima não combina de todo
com vigor típico das castas e condições regionais. É uma alternativa para as situações de vinhas em meia
encosta, em terrenos mais secos que imprimam reduzido vigor à videira. Por outro lado, é das formas mais
adaptáveis à mecanização das operações de poda e vindima.

- Cordão Sobreposto Ascendente e Retombante (duplo) - LYS

Tipo de cordão mais recente na região, tendo tido como precursor o CAR. Uma videira divide-se em dois
cordões que são orientados em sentidos opostos e a níveis diferentes, sendo o do nível superior responsável
pela vegetação ascendente e o do nível inferior pela retombante, ficando separados por cerca de 0,35-0,40
m, o que cria uma abertura no sistema ('janela'). A sobreposição de sebes ascendente com retombante é
sempre de videiras distintas, a retombante de uma tem sobreposta a ascendente da videira seguinte. A
altura ao solo do 1º arame é aproximadamente de 1,10 m e do 2º arame de 1,45 m (0,35 m de 'janela'),
distando deste a 1ª posição do arame duplo de 0,25 m, e a 2ª posição de outros 0,25 m e finalmente o
último arame a cerca de 0,35 m da 2ª posição do arame duplo. Forma associada a poda mista de vara e
talão mas poderá sê-lo do tipo Guyot para determinadas castas. Este sistema tem revelado boas produções
desde o início e com níveis elevados em açúcares, bem como bom estado sanitário das uvas.

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Técnicas e operações de manutenção

Adubações

Ao solo

Fazem-se normalmente no Inverno para que a água da chuva faça a incorporação dos nutrientes no perfil
do solo:

Com matéria orgânica

Com adubos minerais

Foliares

Fazem-se normalmente após o vingamento dos frutos, de modo a estimular o crescimento de novas folhas
e a preparar a planta para o stress hídrico dos meses do Verão.

Compostagem

A compostagem é o processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de origem urbana,
doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo

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orgânico. Trata-se de um processo natural em que os micro-organismos, como fungos e bactérias, são
responsáveis pela degradação de matéria orgânica.

A técnica de compostar ajuda na redução das sobras de alimentos (saiba mais), tornando-se uma solução
fácil para reciclar os resíduos gerados em nossa residência

O uso da compostagem traz muitas vantagens para o meio ambiente e para a saúde pública, seja aplicada
no ambiente urbano (domésticos ou industriais) ou rural. A maior vantagem que pode ser citada é que, no
processo de decomposição da compostagem, ocorre somente a formação de dióxido de carbono ou gás
carbônico (CO2), água (H2O) e biomassa (húmus). Por se tratar de um processo de fermentação que ocorre
na presença de oxigênio (aeróbico), permite que não ocorra a formação de gás metano (CH4), gerado nos
aterros por ocasião da decomposição destes resíduos, que é altamente nocivo ao meio ambiente e muito
mais agressivo, pois é um gás de efeito estufa cerca de 25 vezes mais potente que o gás carbônico - e
mesmo que alguns aterros utilizem o metano como energia, essas emissões contribuem para o
desequilíbrio do efeito estufa, influência humana potencialmente determinante das mudanças climáticas.

A compostagem é o processo biológico de tratamento dos resíduos orgânicos, através do qual estes são
transformados, pela acção de microrganismos, em material estabilizado e utilizável na preparação de
correctivos orgânicos do solo e de substratos para as culturas. O objectivo da compostagem é converter o
material orgânico que não está em condições de ser incorporado no solo num fertilizante orgânico, sem
sementes viáveis de infestantes ou microrganismos patogénicos, nem quantidades de metais pesados ou
moléculas orgânicas que prejudiquem a qualidade do solo.

Existem muitos sistemas para a preparação do composto mas, normalmente, podem agrupar-se em quatro
categorias, designadamente: i) pilhas estáticas sem arejamento (figura 3.1 a); ii) pilhas longas (windrow)
com rovolvimento (figura 3.1 b); iii) pilhas estáticas com arejamento forçado, e iv) recipientes ou reactores
abertos ou fechados. A compostagem ocorre quando existe água, oxigénio, carbono orgânico e nutrientes
para estimular o crescimento microbiano. No processo de compostagem os microrganismos decompõem a
matéria orgânica e produzem, principalmente, dióxido de carbono, água, calor e húmus. O processo de
compostagem mais comum no MPB é conduzido em pilhas estáticas (sem rovolvimento ou com um
reduzido número de rovolvimentos), por um período de 2 a 4 meses, seguido por um período de maturação
superior a 3 meses.

Correçao ao solo
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O pH do solo condiciona enormemente a disponibilidade e a assimilação dos principais nutrientes, como o
azoto, o fósforo, o potássio, o magnésio, o cálcio, o enxofre, o ferro, o manganês, o zinco, o cobre, o
molibdénio, o boro e o alumínio. Valores próximos da neutralidade evitam problemas de carências minerais
e de toxicidade de alguns oligoelementos.

Alguns exemplos: Solos ácidos

A absorção de azoto, fósforo, potássio, cálcio e magnésio é dificultada.

Solos calcários

O ferro fica indisponível, podendo originar uma “clorose férrica”, o que diminui consideravelmente os
cloroplastos, tornando a folha amarela (com excepção das nervuras que permanecem verdes), diminui o
teor de açúcar nos bagos e faz aumentar os ácidos orgânicos.

PODA

A poda é a operação realizada durante o período de repouso vegetativo da videira, que ocorre
normalmente no Inverno. É o processo através do qual se contraria a tendência natural da videira para
crescer, trepar, ocupar território e competir pela luz e que tem como objectivo obrigá-la a produzir
equilibradamente e com qualidade.

A poda consiste no corte das varas que se desenvolveram no ano anterior, deixando gomos na sua base
que darão origem a novas varas carregadas de frutos. O número de gomos que se deixam durante a poda
é função do sistema de condução, da densidade de plantação, da fertilidade do solo, da disponibilidade de
água e do estado de vigor da videira.

EMPA

Utilizado em sistemas de condução do tipo Guyot, a empa consiste em dobrar e amarrar a vara ao arame
de forma a distribuir a vegetação que se vai desenvolver, contrariando a tendência natural que a videira
tem para fazer abrolhar os gomos mais distantes, um fenómeno denominado "dominância apical". Ao

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dobrar a vara, dificulta-se a passagem da seiva, obrigando ao desenvolvimento dos gomos da base que, de
outra forma, não frutificariam.

Monda

Destina-se a combater as ervas infestantes na vinha que competem com a videira pela água e pelos
nutrientes. Os herbicidas podem ser aplicados na linha das videiras e entre as linhas das videiras e, no caso
de haver armação de terreno como taludes, socalcos ou patamares, os herbicidas também são utilizados
nessas zonas. São normalmente aplicados no final do Inverno e no fim da Primavera ou princípio do Verão.
É de salientar que uma gestão cuidada e com preocupações ambientais tenta utilizar a mobilização do solo
para reduzir a utilização de herbicidas.

A concentração da mesma espécie de plantas, como a videira, numa grande extensão de terreno conduz
obrigatoriamente à concentração e rápida propagação de organismos que delas se alimentam ou que as
atacam.

1. Pragas:

a. Ácaros

b. Coleópteros

c. Cochonilha

d. Cicadela

e. Traça da vinha

f. Moluscos

g. Lesmas

h. Caracóis

i. Nemátodos

j. Filoxera

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Doenças:

Provocadas por Fungos

Escoriose (Phomopsis vitícola)

Míldio (Plasmopara vitícola)

Oídio (Uncinula necator, Oidium tuckeri

Podridão cinzenta (Botrytis cinérea)

Doenças do lenho

Eutipiose (Eutypa lata)

Esca (Stereum hirsutum)

Provocadas por bactérias

Normalmente tendo insectos como vectores.

Provocadas por vírus

Normalmente tendo nemátodos como vectores, são doenças facilmente transmissíveis de planta para
planta através das tesouras de poda ou outro material de corte.

Técnicas e operações de colheita

No período pré-vindima, há um conjunto de medidas que devem ser tomadas em proveito, por um lado da
qualidade da uva, e por outro, de economia do tempo de vindima.

São importantes os acessos à vinha pelo tractor e a limpeza atempada da entrelinha para a livre circulação
do mesmo; por exemplo, se o tempo decorrer seco e fresarmos a vinha muito próximo da data de vindimar,
levantar-se-á um pó nocivo aos operadores e às uvas; se chover, rapidamente todo o equipamento de
colheita fica enlameado.

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Outro aspecto importante, é que o alvo principal da vindima são as uvas, e não os ramos e/ou as folhas,
pelo que as intervenções em verde devem ser feitas atempadamente. A prática da desponta e desfolha,
realizadas com oportunidade e moderação, constituem uma das técnicas de melhoria de qualidade das
uvas, criando microclimas favoráveis à fecundação e maturação e diminuindo a incidência de doenças
criptogâmicas (míldio, oídio, podridão dos cachos). Aliás, dado que o último tratamento fitossanitário que
se faz à vinha é contra a podridão, já nessa altura a exposição dos cachos deve estar garantida. Estas
operações permitem também tirar maior rendimento por parte do vindimador.

Dependendo do destino da produção (venda de uvas, vinificação) e da dimensão da exploração, a vindima


tem de ser sempre bem programada, no que respeita à contratação de pessoal, colheita manual e/ou
mecânica, limpeza da adega e verificação de equipamento.

Técnicas e operações de armazenamento e conservação, de acordo com o destino da produção

A qualidade, conseguida com o controle eficaz de pragas e doenças, com um impacto mínimo no meio
ambiente, nos operadores e nos consumidores.

Os viticultores devem controlar os seus vinhedos de acordo com um plano documentado e desenvolvido
com base na gestão de propriedades ou formação equivalente.

Os viticultores devem assegurar-se de que todos os agro-químicos usados estejam homologados para uso
na produção de uvas.

Nalguns casos o uso dos agro-químicos pode ser restringido para assegurar que o limite máximo do resíduo
não seja ultrapassado.

Estas limitações podem ser estipuladas por medidas agroambientais,

pelo cliente, pelo país de destino, entre outros. Os fertilizantes, os pulverizadores e a água da irrigação
devem ser usados e aplicados de forma a obter a máxima eficiência, como

resposta à monitorização eficaz. Os registos exactos de todas as operações na vinha devem ser mantidos.
Todos os viticultores devem manter um diário actualizado das intervenções efectuadas.

O equipamento de pulverização deve ser calibrado, pelo menos uma vez por campanha, usando o método
de calibração apropriado.

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Os pulverizadores devem ser sempre carregados em função da área a tratar e do produto utilizado.

O pessoal responsável pela recepção, armazenamento, manipulação e uso dos agro-químicos deve ter
formação apropriada.

Todos os produtos químicos usados nas vinhas devem ser armazenados de forma adequada.

Os recipientes usados para recolher e transportar as uvas devem ser limpos e construídos em materiais
apropriados, de modo a que não contaminem as uvas com produtos químicos, sujidade ou outros materiais
estranhos. Os materiais usados no revestimento dos recipientes devem ser impermeáveis e não devem
contaminar as uvas.

Quando é utilizada a vindima mecânica, a máquina deve ser operada de forma a impedir que o óleo ou os
lubrificantes contactem com as uvas. Antes de iniciar a vindima devem ser verificados todos os batedores
e o sistema de transporte, no sentido de averiguar se estão libertos de matérias estranhas e sujidade.

As uvas devem ser controladas antes do esmagamento para detetar sinais de contaminação inaceitáveis.

Boas práticas de segurança, higiene e saúde no trabalho

Os funcionários devem ter uma boa higiene pessoal, vestir roupas limpas e sem indícios de desgaste quando
trabalham com vinho. Devem vestir roupa confortável e adequada, não usar jóias ou acessórios enquanto
trabalham nas áreas de engarrafamento da adega. Nas áreas de produção da adega deve ser usado calçado
fechado apropriado. É proibido fumar e ingerir alimentos nas áreas fechadas de processamento de vinho e
deve ser limitada esta prática nas zonas de trabalho (sinalética adequada). Devem ser defi nidas áreas
próprias para a alimentação e para fumar. Junto às áreas de trabalho e em todos os sanitários devem existir
lavatórios providos de sabonete líquido e/ou desinfectante, água quente e sistemas de secagem de mãos.
Os funcionários devem usar esses locais para a manutenção da sua higiene pessoal. Devem ser encorajados
a informar a gestão de todos os casos em que as boas práticas não estejam a ser seguidas, bem como,
qualquer situação de perigo a nível do produto ou da sua segurança. Todos os procedimentos defi nidos
para a saúde e segurança devem ser seguidos. O comportamento pessoal não deve colocar em risco a saúde
e a segurança Todo o pessoal é responsável pela limpeza do seu posto de trabalho. Ninguém deve possuir
qualquer doença transmissível ou lesões abertas na pele em zonas do corpo expostas, caso coloque em
risco a segurança do produto. Devem ser assegurados cuidados médicos (primeiros socorros) para todos os
funcionários que estejam a trabalhar na vindima, com o vinho ou com o material de embalagem
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Bibliografia

ADVID (2004) – Contributo da ADVID para a discussão da aplicação do DL 254/98 e medição das área das

parcelas de vinha. Novembro de 2004. 9 pp.

ADVID (2010) – Regras de condicionalidade – Boletim Informativo 03-10. Fevereiro de 2010

ADVID (2010) – Intervenções nas áreas da Mancha Património Mundial (Alto Douro Vinhateiro) e/ou REN –

Boletim Informativo 14-10. Setembro de 2010

Alves, F. (2003) – Aplicação da Produção Integrada da Vinha na Região Demarcada do Douro: elaboração

de proposta de guia de referência. In” Tese de Mestrado e Pós-graduação em Fitotecnia Opção Viticultura.

UTAD, Março de 2003.

CCDR-N (2006) – Alto Douro Vinhateiro Património Mundial. Ed. CCDR-N. 211 pp.

Decreto-lei nº 7934 de 10 de Dezembro de 1921

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