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Produção Textual
7o ano do Ensino Fundamental Turma _________________
Escola ___________________________________________________
Aluno ___________________________________________________
1ª Etapa
Texto I
Relato de Tatiana Belinky
Transplante de Menina
Corria o ano de 1931. Aproximava-se a data do meu aniversário: eu ia comple-
tar 12 anos. Lá em Riga, nossos aniversários eram comemorados com anima-
das reuniões, no meio de uma grande família: avós, tios e tias, muitos primos e
primas, a casa toda enfeitada, teatrinho feito por nós mesmos, jogos, cirandas,
cantorias. E muitos presentes, muitos bolos e doces, e principalmente muito
carinho e aconchego. A cadeira do aniversariante, na cabeceira da mesa, era
decorada como um trono, com grinaldas e enfeites de papel, a criançada toda
endomingada, ostentando chapéus de penacho e coroas de flores de crepom,
tudo confeccionado por nossas próprias mãos. Eram eventos festivos, aguar-
dados com palpitante antecipação, e registrados em fotografias feitas com
“explosões” de magnésio, que faziam metade do grupo sair na foto de olhos
fechados, e a outra, de olhos arregalados...
Dito e feito. Escrevi até os convites, com a letra caprichada, em cartões com
vinhetas coloridas da minha própria lavra, e os entreguei aos colegas de classe,
na escola, alguns dias antes do evento, encabulada e contente com a receptivi-
dade amável dos convidados.
Quando chegou o dia – era um sábado, dia sem aulas na Escola Americana
– preparei tudo, enfeitei a sala, me “enchiquetei” com o primeiro vestido e o
primeiro par de sapatos novos desde que chegamos a São Paulo, e esperei
pelos meus convidados, ao lado da mesa toda decorada e cheia de gulosei-
mas. Os convidados estavam demorando a chegar, mas já haviam dito que no
Brasil não se costuma chegar na hora, especialmente em festas – pontualidade
também era “coisa de estrangeiros”, então não me preocupei muito, apesar da
natural impaciência. Só que a demora estava se prolongando, e uma hora de-
pois da hora marcada ainda não chegara ninguém. Nem duas horas depois. E
nem três. E a minha aflição aumentando, a angústia subindo como um nó na
garganta, um aperto no coração...
Resumindo a triste e interminável tarde chegou ao fim, e anoiteceu, sem que apa-
recesse um só dos meus convidados, nem um único! Frustação1, decepção, rejei-
ção – essas foram as minhas companheiras naquele malfadado aniversário dos
meus 12 anos. Eu não era de chorar, e diante dos meus aflitos pais, que não sabiam
o que fazer para me ajudar naquele transe amargo, eu não podia “dar parte de fra-
ca”. Mas à noite, na minha cama, quando ninguém viu, chorei muito, sufocando as
lágrimas no travesseiro. E no ano seguinte eu não quis festa nenhuma.
Este foi um dos grandes traumas de transição do meu primeiro ano no Brasil,
na rua Jaguaribe. Felizmente foi também um dos últimos, senão o último, de
tamanho impacto. Mas que me deixou uma “equimose2” na alma, que custou
muito a desaparecer.
BELINKY, Tatiana. Transplante de menina: da rua dos Navios à rua Jaguaribe. São Paulo: Moderna,
2003, p. 153-155.
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2ª Etapa
Texto II
Depoimento de Pelé destaca a importância da educação
[...] Eu ouvia o Valdemar de Brito conversando com meu pai, e ele falava assim:
[...] “você tem que por o Pelé na escola, o Pelé joga muito bem, mas ele tem
que estudar”.
Por isso que digo que Deus encaminha as coisas. Naquela época, meu pai e
minha mãe queriam que eu fosse um professor, eu tinha que ser um professor,
porque meu pai não tinha tido muita sorte no futebol, machucou o joelho. En-
tão, o esforço da minha família em Bauru, era para que eu fosse um professor.
Era uma época em que estava uma euforia mais ou menos como esta de hoje,
porque era a Copa do Mundo de Futebol de 1950, eu estava com 9 anos.
Professor naquela época era a coisa mais importante, o meu pai vendo o Brasil
perder a Copa do Mundo de 50, estava chorando com os jogadores do Bauru lá
no pátio, porque ele tinha feito uma festinha, como todos os brasileiros tinham
feito. Eu vi que meu pai estava chorando. Aí falei pro meu pai, não chora pai,
o Brasil perdeu a Copa do Mundo, mas um dia eu vou ganhar a Copa para o
Brasil, vou ganhar a Copa para o senhor.
3ª Etapa
Ao ler o texto II, percebemos que Pelé conta suas lembranças, fatos vividos de
infância.
Quem não gosta de abrir um diário, ou ler um arquivo das lembranças de al-
guém?
Para que você possa ampliar seus conhecimentos sobre o gênero relato, retor-
ne aos textos I e II e observe algumas semelhanças entre eles:
• Quanto ao foco narrativo, os narradores estão em primeira ou terceira pessoa?
• O narrador participa dos fatos? Em caso afirmativo, aponte exemplos nos
textos.
• Os fatos relatados nos textos são significativos para o narrador?
• Que tempos verbais são utilizados predominantemente?
O Texto III será o seu!
Com base nas leituras dos textos I e II, nas reflexões feitas e nas orientações
do professor, escreva um relato de experiência vivida, em primeira pessoa,
para contar uma experiência inesquecível de sua vida escolar. Esse relato
poderá ser publicado no blog de sua sala e futuramente compor um diário de
memórias do 7º ano.