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2016
DA
DISCIPLINA DE POTUGUÊS
CÓDIGO DE
81
PROVA
(1) Prova a aplicar a alunos com necessidades educativas especiais, previstos no Guia para Aplicação
de Condições Especiais na Realização de Provas e Exames JNE/2016.
Grupo I
Parte A
5 Daí aquela sensação de preguiça que nos invade após umas férias mais prolongadas.
Ao retomar o trabalho, o cérebro precisa de ser reeducado e exercitado para recuperar o
empenho que, de alguma forma, perdeu. É justamente por precisar de ser permanentemente
estimulado que o cérebro das pessoas que se reformam e não se dedicam a nenhuma
atividade, muitas vezes, acaba por envelhecer mais precocemente.
10 Especialistas em Neurociência recentemente citados pela revista brasileira Veja garantem
que a melhor maneira de exercitar o cérebro é dedicar todos os dias algum tempo à leitura.
Para quem não gosta particularmente de ler sugerem jogos de xadrez, viajar ou aprender
línguas.
Jogar xadrez é um excelente exercício mental porque exige concentração e capacidade de
15 inventar saídas para novas situações. E quem diz xadrez, diz bridge ou um jogo de cartas mais
complexo do que a clássica bisca ou o burro em pé.
Aprender uma nova língua é, por outro lado, um desafio permanente para o cérebro e, por
isso, um dos mais estimulantes. Conforme dizem os especialistas citados, “esta atividade
provoca uma espécie de reação em cadeia no cérebro que se vê obrigado a criar novas
20 combinações para decifrar e armazenar palavras até então desconhecidas”.
Viajar e ler são alternativas possíveis para manter as nossas capacidades cerebrais despertas
e ativas.
“Quando alguém lê está a criar novas imagens, a aprender novos conceitos e, até, a exercitar
a fala. Enquanto lemos os músculos da língua mexem quase impercetivelmente”.
25 Posto isto, ler um livro por semana é uma das melhores apostas que podemos fazer nos dias
que correm. Embora todos se queixem da falta de tempo, todos temos a secreta certeza de
que, organizado de outra maneira, o nosso pouco tempo pode render muito mais. Basta fazer
as coisas de outra maneira e, em vez de ficarmos esquecidos à frente da televisão noites a fio,
programar aquilo que queremos mesmo ver e, nos outros dias, desligar o aparelho e pegar
30 num livro, num jornal ou numa revista.
Tudo a pensar no prazer mas, também, na nossa saúde mental!
Laurinda Alves, XIS ideias para pensar, 20.ª ed., Oficina do Livro, 2009
1-sinapse: termo que designa a região de contacto entre dois neurónios, onde se efetua a transmissão da atividade nervosa
propagada.
1. Classifica as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).
2. Assinala, em cada item (2.1. a 2.4.), a opção correta, de acordo com o sentido do texto.
2.1. A palavra “que” (linha 6) tem como antecedente
a. “o trabalho”.
b. “o cérebro”.
c. “o empenho”.
PARTE B
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Estava irrevogavelmente1 assente que, no dia 6 de outubro, João Queirós partiria para Coimbra,
rumo ao famoso Colégio São Luís. Colégio caro. Mas os pais de João Queirós, por essa altura, podiam
suportar o risco das despesas de um colégio burguês, pelo orgulho de todos saberem o filho misturado
com gente alta2.
Na véspera desse dia solene, o Sr. Hernâni, que fora o seu brioso 3 mestre-escola, viera jantar
com os pais de João Queirós. Jarras de flores ao centro da mesa e toalha de folhos até ao chão. À
sobremesa (um monumental e saborosíssimo pudim, acompanhado de vinho do Porto com dizeres
ingleses no rótulo), o Senhor Hernâni, mais comunicativo do que era costume, brindou pelos estudos
de João Queirós, que, «decerto iriam prosseguir tão brilhantes como até aí, considerando os seus
dotes herdados dos seus ilustres pais». Ao chegar a «ilustres pais», pelos olhos de Senhor Hernâni
passou um clarãozinho de velhacaria 4. Mas só João Queirós o apreendeu. Aliás, desde o assado que os
olhos do professor lhe pareceram suspeitos, que a sua voz, e particularmente o rosto, mais
entumecido5 e rubicundo6 do que era habitual, sugeriam qualquer coisa de duvidoso… Seria possível
que o Senhor Hernâni... Não, era um sacrilégio 7 supô-lo. Um mestre não é um bebedolas. De um
mestre não se pensam essas coisas.
Mas com ou sem excessiva eloquência8, o Senhor Hernâni tinha razão. Lá preguiçoso nunca
seria! Desde aquela vez em que caíra desmaiado junto do mapa de geografia, depois de horas sem
conta a repetir Penedo, Gerês, Padrela, Marão… e tem como afluentes da margem direita Sabor, Tua,
Corgo…, desde esse glorioso dia, os pais e o professor apontavam-no, definitivamente, como exemplo,
aos cábulas9 da vila. Até desmaiara, pois. Era, de facto, uma glória. Lá estavam os canudos enlaçados
em fitas de seda para o atestar. Distinto com dezanove valores. Distinto com dezoito valores. Os
cábulas que o imitassem.
Boas recordações, ainda que tão próximas! Não que ele fosse dado aos livros de estudo. A sua
febre de trabalho era, pura e simplesmente, temor: temor dos berros do Senhor Hernâni, temor da
mãe, e ainda, e muito particularmente, o seu modo de compensar a timidez e a frustração 10, que o
enxovalhavam11 perante os companheiros, com qualquer coisa que os outros devessem invejar. Um
dia seria alguém. Teria de ser alguém!
Fernando Namora, As Sete Partidas do Mundo, 4ª edição, Lisboa, Publicações Europa-América, 1967
1
Definitivamente.
2
De altas classes sociais.
3
Digno.
4
Patifaria, maldade.
5
Inchado.
6
Vermelho, corado.
7
Pecado.
8
Arte de bem falar.
9
Preguiçosos.
10
Desilusão, deceção.
11
Humilhavam.
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
3. O narrador, na parte inicial do texto, começa por fazer referência a dois dias específicos.
3.1. Indica-os.
3.2. Que acontecimentos marcam essas duas datas?
4. Quem era o Senhor Hernâni?
5. João Queirós reparou que «Ao chegar «ilustres pais», pelos olhos do Senhor Hernâni passou um
clarãozinho de velhacaria». (linhas 8 e 9).
5.1. De que desconfiou a personagem principal em relação ao seu professor? Por que motivos?
6. Recuando um pouco no tempo, o narrador centra-se num «glorioso dia». (linha 14)
6.1. O que aconteceu nesse dia?
6.2. A partir de então como passou a ser visto João Queirós?
7. Quais as verdadeiras razões da dedicação e do empenho de João Queirós nos estudos?
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Classifica as formas verbais sublinhadas nas frases apresentadas, preenchendo o quadro que se segue.
Pretérito Imperfeito Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo Futuro Simples do Indicativo
do Indicativo
3. Das orações subordinadas que integram as frases complexas que se seguem, seleciona aquela que
contém uma oração subordinada adverbial causal.
a) João Queirós estudava porque temia a mãe.
b) João Queirós, que se sentia orgulhoso do seu trabalho, queria ser alguém!
c) Se conseguissem suportar as despesas, frequentaria um bom colégio.
d) Pediu-lhe que o acompanhasse naquela viagem.
Uma das personagens da PARTE B é um professor que, apesar de utilizar estratégias que, nos
dias de hoje, seriam motivo de indignação e de censura, contribuiu em muito para que pelo menos um
aluno tivesse tido um óptimo aproveitamento. Certamente que tu também já tiveste algum professor
ou alguma professora que, de uma forma positiva, tenha marcado o teu percurso escolar.
O teu texto deve ter um mínimo de 100 palavras e um máximo de 200 palavras.
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre
elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que
o constituam (exemplo:/2012/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 100 e um máximo de 200 palavras - ,há que atender ao
seguinte:
- um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (até dois pontos);
- um texto com extensão inferior às 50 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
FIM