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1 - Alegorias animais

Objetivos

 Associar os recursos simbólicos oferecidos pelo animal


com os modos de expressão dramática da narração,
provocando uma visão fantasmática das relações
familiares com projeção das angústias e dos desejos
inconscientes;

 Detectar os elementos que, no imaginário do examinando


que vive uma determinada situação familiar, filtram e
orientam, por sua ação simbólica, seja as percepções,
seja as ações, isto é, seu modo de adaptação ao
ambiente familiar.

Material

 Uma folha de papel ofício;

 Um lápis preto comum.

1ª Parte

Pede-se que o examinando imagine sua família sob a forma de


animais. Como seria cada membro de sua família?

A seguir pede-se que ele os desenhe em forma de bichos.

O terapeuta deve observa e anotar a ordem em que cada animal


é desenhado, se segue a progressão esquerda/direita, se não há
uma orientação espacial definida, etc... Deve também observar as
resistências do tipo: "não sei desenhar...", "desenhar animal é
muito difícil...", etc... Contra tais resistências, argumentar que não
se trata de um concurso de desenho, mas apenas de uma
representação, que o examinando pode desenhar como achar
que deve, sem se preocupar com a parte estética.

2ª Parte

Pedir que o examinando escreva ou indique o nome de cada


animal desenhado, correspondendo-o a cada um dos membros
de sua família, inclusive a si próprio. Caso o examinando não se
desenhe a si mesmo, não chamar sua atenção para o fato.
Porém, se ao nomear os membros da família der falta de sua
pessoa, pode-se permitir que ele retome o desenho.

3ª Parte

Iniciar um jogo simbólico com o examinando, pedindo-lhe que


imagine aqueles animais falando uns com os outros. O que eles
diriam? Ir perguntando da seguinte maneira:

 O que fala o pai (macaco, cachorro, dependendo do


animal desenhado) para a mãe (citar o tipo de animal
desenhado)?

 O que ela lhe responde?

E assim fazer o mesmo com os demais membros da família, de


forma a que todos conversem entre si.

Dica
O terapeuta deve anotar os diálogos, em papel suplementar. Não
deve fazer anotações no mesmo espaço do desenho.

Avaliação

Como todo teste projetivo, a avaliação é qualitativa e não


quantitativa.
As hipóteses levantadas devem ser coerentes com a história de
vida do examinando, coletada durante a anamnese ou a EOCA e
também com as observações que já foram realizadas nas
sessões anteriores. Alguns indicadores:

 Os animais pertencem todos à mesma espécie? Ou são


de espécies diferentes (ex: pai é um cachorro, a mãe é
uma gata, o filho é um coelho, etc...). No primeiro caso,
evidencia-se que o examinando percebe sua família de
forma integrada e estruturada. No segundo caso, pode-se
pensar numa visão fragmentada da família, em situações
nas quais o processo de identificação é prejudicado ou
em que as relações objetas estão bem diferenciadas;

 Que tipos de animais foram desenhados? Tentar


conversar com o examinando para inferir se o critério de
escolha foi semelhança física, semelhança moral ou
semelhança comportamental; Pode ser que às vezes o
animal escolhido tenha obedecido ao critério de facilidade
de desenho. Isso é muito importante para se afastar
hipóteses infundadas;

 Qual o tamanho do desenho em relação à folha? Analisar


as relações espaciais. Desenhos muitos pequenos
podem indicar baixa auto-estima, da mesma forma que
muito grandes podem demonstrar a existência de um
egocentrismo acentuado. Verificar se há diferenças entre
os tamanhos dos animais entre si. Ex: o pai muito maior
do que os outros membros da família; algum membro
desenhado em tamanho muito menor do que os demais.
Estabelecer relações com a história familiar;

 Observar as distâncias ou proximidades das


personagens entre si, a possibilidade de estarem juntas
ou não, de manterem ou não uma relação, e sob quais
formas. Como utiliza um animal familiar contra outro?
para ajudá-lo ou para neutralizar o outro? É importante
 observar a consciência do examinando em relação à sua
realidade familiar. Como ele vê a si mesmo e aos outros.

 Visto que as “falas” das personagens podem ser


consideradas como transposições de situações
relacionais e de um sistema de posições e de papéis dos
diferentes parceiros da relação familiar, por intermédio de
sua análise, pode-se inferir o comportamento dos
elementos do grupo em relação ao examinando e o
comportamento do examinando em relação à sua família;

 Observar o tipo de animal escolhido para representar os


membros da família, tendo em vista a identificação com
animais amados, a contra-identificação com animais não
amados, de forma a situar a temática inconsciente que
preside as escolhas e as rejeições. Num estudo realizado
com crianças entre 04 e 10 anos de idade, N. Bon
distinguiu algumas zonas de escolha e algumas relações:

 No campo das identificações, cavalo e macaco


são os animais mais representados, seguidos
por animais passivos ou pacíficos, como gato e
cachorro. Há também prevalência de animais
fálicos, com problemática de força e dominação,
como leão, elefantes e felinos (pantera, onça,
lobo, ect...);

 Nas contra-identificações encontram-se animais


agressivos, que exprimem o medo de ser
agredido ( leão, felinos, crocodilo, cobra e vaca,
touro ou rinoceronte (por causa dos chifres);
animais com atributos de dominação, tais como
elefante, girafa ou de feiura, como o macaco;
animais vulneráveis, que se deixam matar, ou
que vivem de modo precário, tais como
pássaros, coelho, camundongo, insetos.
 Neste estudo Bon conclui que quatro animais
concentram quase a metade das escolhas de
crianças de 04 a 10 anos: cachorro, cavalo, leão
e gato; o cachorro e o gato aparecem como
símbolos de atitudes de submissão aos pais e de
interiorização dos modelos parentais e sociais do
período de latência. O pássaro, escolha
narcísica, costuma aumentar em intensidade,
com a idade.

Leitura sugerida
POSTIC, M. O Imaginário na Relação Pedagógica. Rio de
Janeiro, Zahar,1993;

www.psicopedagogavaleria.com.br

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