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Perguntas:
O conflito em tela disserta sobre a possibilidade ou não de o Poder Judiciário debater sobre
as questões de conveniência e oportunidade que envolvem as decisões administrativas,
intitulada de “mérito administrativo”.
O referido REsp foi interposto em face do acórdão proferido pelo TRF5ª, que contraditou a
apelação apresentada pelo MPF, no qual o parquet contestava a sentença que indeferiu a
petição inicial e extinguiu o processo sem exame de mérito, com base nos artigos 295,
inciso III, e 267, inciso I e VI, ambos do CPC de 1973.
Essa discussão teve início a partir da propositura de uma Ação Civil Pública movida pelo
MPF em face da empresa Telemar Norte Leste S/A. Nessa Ação, o Parquet objetivava
obrigar a concessionária de telefonia a reparar os telefones públicos localizados na cidade
de Guararu/SE. Contudo na decisão do órgão colegiado, foi determinado que a solução do
caso deveria-se suscitar da própria Administração Pública, pois a esta dispõe da
prerrogativa de praticar atos e, ao mesmo tempo, executá-los, não dependendo de
manifestação judicial, devido a autoexecutoriedade dos atos administrativos.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello "mérito é o campo de liberdade suposto na lei que,
efetivamente, venha a remanescer no caso concreto, para que o administrador, segundo
critérios de conveniência e oportunidade, se decida entre duas ou mais soluções
admissíveis perante ele, tendo em vista o exato atendimento da finalidade legal, dada a
impossibilidade de ser objetivamente reconhecida qual delas seria a única adequada."
03) Você concorda com a decisão tomada pelo Tribunal Federal da 5º Região e do STJ
no presente caso? Comente:
Sim.
No entanto, no referido REsp, quando do trato do ato administrativo regulatório, crê ainda
a Administração, principalmente, as agências reguladoras independentes, de forma
totalmente disforme aos valores constitucionalmente protegidos, que sua atuação
possui uma dupla blindagem em face do controle judicial. Isso, pois, acredita que o
Judiciário não possui capacidade técnica, tal como ela própria, máquina sofisticada que
é a Administração reguladora, para questionar os critérios ou rumos escolhidos pelo
Executivo.
Isto é, o mérito administrativo é inatingível não só pela virtual convivência harmônica entre
os Poderes, bem como pela alegada incapacidade técnica do Judiciário de atestar a
correção, ou não, de determinados atos administrativos com peculiar sofisticação. Ainda,
como uma eventual segunda camada de blindagem, refuta a lentidão do Judiciário em face
da agilidade na tomada de decisões ou apontamento de alternativas eficientes para o
progresso e bem da nação, porque, além de outros percalços, tal lentidão encarece todo o
sistema jurídico.
Portanto, fica claro na própria sentença e no acórdão proferidos que a solução da lide deve
emanar da própria Administração Pública, que possui a prerrogativa de praticar atos e
colocá-los em imediata execução, sem depender de manifestação judicial, em razão do
atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos, vide:
Consoante com o explanado acima, pactuo com a ideia de que ao Judiciário não cabe
substituir o administrador público. Assim, no momento da anulação do ato discricionário, o
magistrado não deve resolver como o interesse público será atendido no caso concreto,
devendo, por sua vez, devolver a questão ao administrador responsável e, a partir disso,
este irá efetuar uma nova decisão. Dessa forma, o MPF não pode tomar para si, uma
atribuição que é uma atividade tipicamente administrativa e de competência da ANATEL, de
modo a substitui-lá para penalizar um ente particular.