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EDiTORA

G uará
Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 - R$ 20,00
Indexada no ISI Web of Knowledge - Zoological Record,
Latindex e CAB Abstracts

Índice
Revista de educação continuada do
clínico veterinário de pequenos animais

Clínica médica - 46 Depto. Virologia, Desidério Finamor

Dirofilariose em cães e gatos – breve revisão


Heartworm in dogs and cats – a brief review
Dirofilariosis en perros y gatos – una breve revisión

Coração com Dirofilaria immitis Clínica médica - 52


Herpes-vírus canino em filhotes da
raça golden retriever – relato de caso
Células multinucleadas forman-
Juliana Werner

Canine hepesvirus in golden retriever pups – case report


do sincício, com núcleos em
Herpesvirus canino en cachorros Golden Retriever – relato de casos graus variáveis de degeneração
e pontes intercelulares em culti-
Dermatologia - 58 vo celular de células MDCK
Lúpus eritematoso vesicular canino – compatíveis, com efeito citopá-
tico de herpes-vírus canino
relato de caso e revisão de literatura
Canine vesicular cutaneous lupus erythematosus –
case report and a review
Luiz Henrique de A. Machado
Fotomicrografia de pele de cão. Lupus eritematoso cutáneo vesicular canino –
Degeneração hidrópica da ca- relato de caso y revisión de la literatura
mada basal da epiderme (der-
matite de interface – setas pre-
tas) e o infiltrado inflamatório
Dermatologia - 64
monomorfonuclear em faixa na Fasceíte necrotizante – relato de dois casos
derme superficial (liquenoide – Necrotizing fasciitis – a two-case report
elipse) que oblitera a junção Fascitis necrosante – reporte de caso
dermoepidérmica Cadela poodle apresentando
ferida única ulcerada, eritema-
Oncologia - 72 tosa, com acúmulo de secre-
Geovanni Dantas Cassali

Carboplatina e inibidor de Cox-2 no ção e pontos de necrose ao


tratamento do carcinoma inflamatório longo dos planos da fáscia
muscular
de mama em cadela – relato de caso
Carboplatin and Cox-2 inhibitor in the treatment of inflammatory
mammary carcinoma in a female dog – case report
Carboplatino y Cox-2 en el tratamiento del carcinoma inflamatorio de Maira Souza de Oliveira

Cão fêmea, labrador, portador mama de perra – relato de caso


de carcinoma inflamatório de
mama, microscopia. Imuno-his- Cardiologia - 78
toquímica para COX-2. Forte- Holter em animais de companhia – indicações
mente positivo em mais de
10% das células clínicas e avaliação da variabilidade
da frequência cardíaca Cão da raça dachshund utili-
zando colar de contenção e co-
Holter in companion animals – clinical indications
lete para a realização do exa-
and evaluation of heart rate variability
me de Holter. A seta vermelha
Holter en animales de compañía – indicaciones clínicas y indica bolso no colete onde o
evaluación de variabilidad de la frecuencia cardíaca monitor é alojado
Carolina Dias Jimenez

Diagnóstico por imagem - 88


Características tomográficas de neoplasias
encefálicas primárias em cães
Tomographic characteristics of primary brain neoplasias in dogs
Características tomográficas de las neoplasias encefálicas primarias
en perro

Animais selvagens - 98
Corte tomográfico transversal
do crânio após aplicação de Tratamento de fratura de rádio em peixe-boi-da-
contraste mostrando área hipo- amazônia (Trichechus inunguis) – relato de caso
densa de formato oval e amor- Radius fracture treatment in an Amazonian manatee Peixe-boi amazônico sendo
fa (*) em região de hemisfério (Trichechus inunguis) – case report amamentado após resgate.
cerebral direito e presença de Tratamiento de fractura de radio en un manatí del Amazonas Notar alteração anatômica e
anel peritumoral (seta) (Trichechus inunguis) – caso clínico lesão cutânea da nadadeira
peitoral esquerda

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Seções
Editorial - 10 • Feira Pet Show superou as expectativas 28 Gestão, estratégia &
• Atualização em medicina interna na marketing - 108
Sustentabilidade - 12 Expovet Minas 28 • Faturamento, salário ou lucro? 108
• Cientistas entregam a parlamentares
• Brasileiros também serão palestrantes no • Seja responsável pela experiência de
e ministros contribuições para o debate
Latin American Veterinary Conference 30 seus clientes - parte 1A: desde o telefone-
em torno do projeto de lei que altera o
Código Florestal 12 • Palestrantes brasileiros fazem sucesso ma até a sala de exame 110
no Congresso Brasileiro da Anclivepa 32
• Greenpeace simula acidente nuclear na Livros - 112
sede do banco no Rio de Janeiro e cobra • Farmina Pet Foods estende ao Brasil
• Aves do Brasil – Pantanal & Cerrado
a suspensão do investimento em Angra III campanha internacional de prevenção 36
• Larousse do cão e do cãozinho
para garantir a segurança do país 13 • Piracicaba conta com qualidade e alta
tecnologia em serviços de ultrassono- Medicina
Saúde pública - 14 grafia 36 veterinária legal - 113
• Gleisi Hoffmann defende a inclusão de • Telemedicina 36 Identificação genética de
veterinários na composição do NASF • Promoção da saúde e bem-esta animal é espécies animais
(Núcleos de Apoio à Saúde da Família) 14 foco do Prêmio Veterinário Cidadão 36
• Quanto é efetivo o abate de cães para o Pet food - 114
controle da leishmaniose? 16 Bem-estar animal - 38 III Congresso Internacional do CBNA sobre
• Proposta de inclusão do encoleiramento Síndrome de Münchhausen por nutrição de animais de estimação atendeu
em massa  no programa de controle da procuração em animais de estimação às expectativas
leishmaniose visceral 16 Medicina veterinária do Internet - 116
• Raiva humana, atualidades, profilaxia e coletivo - 40 • Capacitação via web
tratamento 18 Entendendo a agressividade canina e felina Lançamentos - 117
Ecologia - 104 • Higiene e beleza para gatos
Notícias - 22 • Safári do Busch • Alimento exclusivo para gatos castrados
• UFPR abre residência em medicina Gardens  conscientiza
veterinária do coletivo 22 sobre o risco de extinção Negócios e oportunidades - 118
• Congresso Mundial de Veterinária – cuidar dos guepardos Serviços e especialidades - 119
de animais: comunidades saudáveis 24
Arquitetura & Construção - 106 Agenda - 127
• Simpósio Internacional de Nefrologia e Sinalização e
Urologia Veterinárias – SINUV 26 comunicação visual

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Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 9


Editorial
C
om a chegada do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, será inevitável a ocorrência de eventos
envolvendo a conservação do planeta, tema am-
plamente comentado tanto nos grandes
jornais quanto em revistas científicas.
A revista Nature, por exemplo, na
edição de março de 2011, publicou trabalho
produzido por grupo de cientistas de insti-
tuições dos Estados Unidos que levanta a
questão de uma eventual sexta extinção
em massa. “Paleontólogos caracterizam
como extinções em massa os episódios
em que a Terra perde mais de três quartos
de suas espécies em um intervalo geoló-
gico curto, como ocorreu apenas cinco
vezes nos últimos 540 milhões de anos. Por conta das perdas de espécies conhecidas nos
Biólogos agora sugerem que uma sexta extin- últimos séculos e milênios, cientistas prevêem a
possibilidade de ocorrer a sexta extinção em massa
ção em massa possa estar ocorrendo, por conta
das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos
e milênios. Se as espécies atualmente ameaçadas – aquelas
classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulnerá-
veis – realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar
tão cedo quanto de três a 22 séculos”, explicam os autores do artigo. Felizmente, os próprios autores do estudo,
acreditam que não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultra-
passe o ponto de retorno rumo à nova extinção em massa.
Entretanto, em alguns lugares, a conservação envolve uma intensa mudança cultural. Na comunidade de
Igarapé do Costa, no Pará, por exemplo, o boto cor-de-rosa é visto pelos pescadores como uma
praga e a sua população vem sendo dizimada. Há dois anos, a equipe do Programa Botos do
Pará (PBP), coordenado pelo biólogo português António Miguel Miguéis, Ph.D, registrou 250
botos numa reserva perto da cidade. Este ano, somente 50 foram encontrados. Vídeo disponível
na internet denúncia a situação: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/04/matanca-crescente-
ameaca-de-extincao-os-botos-da-amazonia.html (http://tinyurl.com/3o9hg6v). Mais informações
sobre o Programa Botos do Pará podem ser obtidas no endereço: www.botos.org.
No segmento pet uma prática muito observada e que precisa ser combatida para que seja possí-
vel conservar nossa biodiversidade é o tráfico de animais silvestres. Atenta à esta necessidade, há alguns meses a
WSPA Brasil vem divulgando a campanha SILVESTRE NÃO É PET, que possui documentário
com a participação de vários conhecedores da realidade brasileira, disponível no YouTube:
www.youtube.com/watch?v=wt2zqkgyfwo. Uma forma dos médicos veterinários colaborarem
para a conservação é recomendando aos seus clientes atividades que necessitem do meio am-
biente preservado, como, por exemplo, a observação de aves, que vem ga-
nhando muitos seguidores. Difundida internacionalmente como birdwatching,
propõe que os interessados em interagir com aves façam isso em ambiente
natural: grandes parques e áreas preservadas. Lançamentos de publicações nacionais e do evento
anual Avistar Brasil (Encontro Brasileiro de Observação de Aves - www.avistarbrasil.com.br) estimulam
o crescimento do segmento.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora
e fazer um novo fim”, Chico Xavier.

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto

10 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Sustentabilidade

Cientistas entregam a parlamentares e ministros


contribuições para o debate em torno do projeto
de lei que altera o Código Florestal*
Cientistas ligados à Sociedade Brasileira para o Progres- propõe mudanças na legislação ambiental, o Brasil estaria
so da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciências “arriscado a sofrer seu mais grave retrocesso ambiental em
(ABC) apresentaram na segunda-feira (25/4), em Brasília, o meio século, com consequências críticas e irreversíveis que
documento O Código Florestal e a Ciência – Contribuições irão além das fronteiras do país”, segundo carta redigida por
para o Diálogo. A publicação reúne argumentos da comuni- pesquisadores ligados ao Programa BIOTA-FAPESP e pu-
dade científica para o aprimoramento do debate em torno do blicada em julho de 2010 na revista Science.
projeto de lei que propõe a alteração do Código Florestal. As novas regras, segundo eles, reduzirão a restauração
O documento será entregue a ministros, deputados e se- obrigatória de vegetação nativa ilegalmente desmatada
nadores, que se preparam para votar em breve o projeto de desde 1965. Com isso, “as emissões de dióxido de carbono
lei em tramitação na Câmara dos Deputados e que institui poderão aumentar substancialmente” e, a partir de simples
mudanças significativas na principal lei de proteção às flo- análises da relação espécies-área, é possível prever “a extin-
restas brasileiras. ção de mais de 100 mil espécies, uma perda massiva que in-
De acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, validará qualquer comprometimento com a conservação da
Marco Maia, o projeto que altera o Código Florestal (PL biodiversidade”.
1876/99 e outros) será incluído na pauta do plenário nos A comunidade científica, de acordo com o texto, foi “am-
dias 3 e 4 de maio. plamente ignorada durante a elaboração” do relatório de re-
Segundo a SBPC e a ABC, o Brasil dispõe de milhares visão do Código Florestal. A mesma crítica foi apresentada
de doutores, detém o conhecimento na área de sensoria- em carta enviada pela SBPC e ABC, em junho de 2010, à
mento remoto e modelagem computacional, lidera o mundo Comissão Especial do Código Florestal Brasileiro na Câma-
no monitoramento das coberturas e usos do solo e tem ex- ra dos Deputados.
celência reconhecida nas pesquisas agropecuária e florestal. Em agosto, o BIOTA-FAPESP realizou o evento "Impac-
“Isso faz da ciência uma peça fundamental no quebra-ca- tos potenciais das alterações do Código Florestal Brasileiro
beça que precisa reunir técnicos, produtores rurais, ambien- na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos".
talistas, parlamentares e a sociedade civil nas discussões Pesquisadores reunidos avaliaram possíveis impactos
que nortearão o diálogo sobre o Código Florestal”, disse que as alterações do Código Florestal terão sobre grupos ta-
Helena Nader, presidente da SBPC. xonômicos específicos (vertebrados e alguns grupos de in-
O grupo de trabalho organizado pelas duas entidades vertebrados), bem como em termos de formações (Mata
científicas reuniu doze pesquisadores nas áreas de agrono- Atlântica e Cerrado) e de serviços ecossistêmicos (como
mia, engenharia florestal, ciências da terra, hidrologia, me- ciclos biogeoquímicos e manutenção de populações de po-
teorologia, biologia, ciências sociais, genética, biotecnolo- linizadores).
gia, economia ambiental e direito.
Os especialistas avaliaram os mais impor-
tantes pontos propostos para a revisão do

guentermanaus
Código e fizeram análises específicas, mas sem-
pre buscando conexões por meio da interdisci-
plinaridade. Nesse processo, apoiaram-se na lit-
eratura científica sobre o tema.
O grupo de trabalho também consultou ou-
tros especialistas de diversas instituições de pes-
quisa e ouviu gestores públicos e parlamentares
para a coleta de opiniões que balizaram a for-
mulação do texto a ser apresentado para a socie-
dade brasileira. O documento estará disponível
nos sites da SBPC (www.sbpcnet.org.br) e da
ABC (e www.abc.org.br).

Mobilização da comunidade científica


A revisão do Código Florestal brasileiro tem
provocado sérias preocupações na comunidade
científica e suscitado diversas manifestações.
Mudança no Código Florestal podem levar a retrocesso ambiental
Com uma possível aprovação do relatório que
Fonte: Agencia Fapesp – http://agencia.fapesp.br/13775

12 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Sustentabilidade

Greenpeace simula acidente nuclear na sede do banco


no Rio de Janeiro e cobra a suspensão do investimento
em Angra III para garantir a segurança no Brasil
Na véspera do aniversário de 25
anos do acidente nuclear em
Chernobyl, na antiga União So-
viética, uma ‘nuvem radioativa’
cobriu a sede do BNDES, no Rio
de Janeiro. A fumaça laranja que
subiu aos céus no Largo da Cario-
ca, endereço do banco no centro
da cidade, foi ao mesmo tempo
um alerta sobre os perigos de um
acidente nuclear e um apelo para
que o BNDES suspenda o finan-
ciamento para a construção da usi-
na nuclear de Angra III.
Por volta das nove e meia da
manhã, ativistas do Greenpeace
vestidos como equipes de resgate
em acidentes nucleares dispara- Greenpeace faz alerta sobre possível acidente nuclear no Brasil
e contesta o investimento do dinheiro público nessa fonte de
ram sinalizadores de fumaça na energia, sendo que o Brasil tem grande potencial para utilizar
frente do prédio do BNDES, si- energia limpa: www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/BNDES-
mulando contaminação por radia- financia-um-calhambeque-atomico
ção. Um cartaz pedia ao BNDES
para não financiar uma geração de energia tão insegura, 1 bilhão de reais e a estimativa
como provam Chernobyl e Fukushima. do seu custo total ultrapassa 10
O governo brasileiro tem na manga cinco projetos de bilhões de reais. É muito dinhei-
novas usinas nucleares. Quatro ainda estão sem endereço ro para se investir em uma usina
definido. Jacques Vagner, governador da Bahia, torce para que até seus criadores, os ale-
levar a maior parte delas para seu estado. A quinta está para mães, consideram uma espécie
ser construída em Angra dos Reis, no litoral Sul fluminense, de calhambeque atômico.
no complexo que já abriga as usinas nucleares de Angra I e O Greenpeace convida a todos para assinar a petição
II. A nova unidade, Angra III, já custou aos cofres públicos “PARE ANGRE III”: www.greenpeace.org.br .

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 13


Saúde pública

Gleisi Hoffmann defende a inclusão de veterinários na composição


dos NASF (Núcleos de Apoio à Saúde da Família)

N o dia 23 de março de 2011 a sena-


dora Gleisi Hoffmann (PT/PR)
enviou ao Ministro da Saúde oficio de
sas emergentes e reemergentes são
transmitidas na interface entre o
homem, os animais e o ecossistema.
NASF. Além disso, a Resolução no
287/98 do Conselho Nacional de
Saúde reconhece que a medicina vete-
apoio à proposta do Conselho Federal Isso também pode ser conferido ava- rinária compõe o rol das profissões da
de Medicina Veterinária (CFMV) para liando-se a evolução da legislação per- área da saúde.
a inclusão dos médicos veterinários nos tinente ao setor. Um exempo bem atual Tudo isso também vem ao encontro
NASF (Núcleos de Apoio à Saúde da é a Portaria n. 1.007 do Ministério da do que vem sendo difundido nas come-
Família). No dia seguinte, 24 de março, Saúde, publicada em 4 de maio de morações no Ano Veterinário Mundial
a senadora reforçou seu apoio à propos- 2010, que estabelece a integração dos (www.vet2011.org) – momento em que
ta por meio de marcante pronunciamen- Agentes de Controle de Endemias se comemoram 250 anos da medicina
to no Senado Federal. (zoonoses) nas equipes de Saúde da veterinária a serviço da saúde dos ani-
Dia a dia, torna-se mais evidente o Família, ficando claro e evidente que mais e dos seres humanos.
reconhecimento e a necessidade de os os médicos veterinários não podem A seguir, confira a íntegra do pro-
médicos veterinários atuarem nos continuar sendo excluídos do elenco de nunciamento da senadora Gleisi
NASF, pois 75% das doenças infeccio- profissionais que estão listados nos Hoffmann (PT/PR) no Senado Federal.

Pronunciamento da senadora Gleise Hoffmann pela


inclusão dos médicos veterinários no NASF
Sr. Presidente, Srs. Senadores e Reconhecendo a importância dessa animal; o controle de zoonoses; o mo-
Sras. Senadoras, 2011 é um ano muito data e, sobretudo, a relevância dos ser- nitoramento de qualidade de alimentos
especial para a medicina veterinária. viços prestados em benefício da socie- e segurança; a investigação biomédica;
Afinal, há exatos 250 anos, foi fundada dade pelos profissionais da medicina e a proteção do meio ambiente, da bio-
a primeira escola veterinária do veterinária ao redor do mundo, várias diversidade e da nossa fauna, sem
mundo, na cidade francesa de Lyon. organizações de grande importância no deixar de lado, contudo, a defesa do
Além disso, em uma feliz coincidên- cenário internacional, tais como a Or- bem-estar animal.
cia, 2011 também é particularmente ganização das Nações Unidas para Fica evidente quão vastas são as
importante para a medicina veterinária Saúde e Alimentação (FAO), a Organi- possibilidades de atuação desses pro-
no meu Estado – afinal, o curso de zação Mundial de Saúde (OMS), a Or- fissionais como agentes de saúde, inte-
graduação da Universidade Federal do ganização das Nações Unidas para a ragindo de forma absoluta com as
Paraná (UFPR), a universidade pública Educação, a Ciência e a Cultura demais atividades desenvolvidas no
mais antiga do Brasil, comemora 80 (Unesco), a Organização Internacional setor, até porque a compreensão desse
anos de existência. de Saúde Animal (OIE) e a Comissão novo mundo globalizado, repleto de
Europeia, entre outras, declararam agentes e de atores, demanda a maior
2011 como Ano Mundial da Medicina interatividade possível entre indivídu-
Moreira Mariz

Veterinária, com o tema “Veterinária os e organizações e também entre dife-


para a Saúde, Veterinária para o Ali- rentes profissionais em busca dos me-
mento, Veterinária para o Planeta”. lhores resultados para a sociedade.
Desde 1761, quando, considera-se, Exemplo disso é uma estratégia inova-
foi criada a profissão de médico veteri- dora chamada “Um Mundo, uma
nário, são 250 anos de exercício desse Saúde”, elaborada pelos quatro orga-
ofício, cujo papel principal tem sido a nismos internacionais responsáveis
busca de melhorias na saúde humana e pelo tema: FAO, OIE, OMS e Unicef.
animal. Se, no passado, poderia haver A ideia corresponde à prevenção e
alguma confusão em torno da amplitu- ao controle das enfermidades infeccio-
de das atribuições do profissional sas emergentes e reemergentes, na in-
Senadora Gleise Hoffmann, durante pro- dessa área, por vezes vistos exclusiva- terface entre o homem, os animais e os
nunciamento, feito no dia 24 de março, mente como médicos e defensores do ecossistemas e foca as doenças capazes
no Senado Federal, onde defendeu a bem-estar dos animais, atualmente os de provocar epidemias e pandemias.
inclusão dos médicos veterinários no veterinários modernos são tidos como Seu objetivo é preventivo quanto às
NASF. Seu pronunciamento está
disponível na internet profissionais da saúde pública, tendo doenças e visa resolver os problemas
nos formatos de texto papel crucial em várias frentes, como a de saúde nas populações mais susce-
e de áudio (Rádio promoção da segurança alimentar, por tíveis, reforçando a capacidade de res-
Senado) supervisionar a higiene da produção posta às emergências mundiais de saúde.

14 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Essa iniciativa de “uma saúde úni- diferentes áreas de conhecimento, para critério da necessidade desse profis-
ca” corresponde a um movimento que atuarem em conjunto com os profissio- sional e também das prefeituras locais,
busca a união entre médicos, médicos nais já existentes na Estratégia em do poder municipal, de acordo com a
veterinários, dentistas, enfermeiros e Saúde da Família, na óptica do zonea- realidade epidemiológica de cada mu-
outros profissionais de saúde, com o mento, sendo referenciados a um deter- nicípio. Trata-se, portanto, de possibi-
conceito de que, para as doenças, não minado número de imóveis ou de resi- litar a contratação de um profissional
há separação entre o homem, os ani- dências e criando vínculo com a popu- dessa experti se, apenas se assim
mais e o meio ambiente. lação. No entanto, ao que me parece, entender o gestor local.
No Brasil, ao longo desses pouco equivocadamente, a medicina veteriná- Acredito que, diante das diferentes
mais de cem anos de existência, a me- ria não foi incluída como parte das ca- realidades epidemiológicas do territó-
dicina veterinária vem contribuindo tegorias profissionais descritas na Por- rio brasileiro, possibilitar que equipes
significativamente com a melhoria da taria que criou os NASF. que compõem os NASF contem com a
saúde animal, disponibilizando ali- Recentemente, fui procurada pela presença de um médico veterinário é
mentos de qualidade, e da saúde públi- Comissão Nacional de Saúde Pública simplesmente disponibilizar a expe-
ca, cuidando das doenças transmitidas Veterinária do Conselho Federal de riência desse profissional, na promo-
pelos animais e também, devemos re- Medicina Veterinária, oportunidade em ção da saúde, na prevenção e no con-
conhecer, tratando dos nossos animais que fui apresentada a essa realidade, trole de doenças, àquelas localidades
domésticos, nossos companheiros de lar. pelo senador Itamar. E, desde já, anun- que possuam essa demanda.
Uma sociedade evoluída, Sr. Presi- cio meu total apoio aos profissionais Dessa forma, entendo que a
dente, destaca-se pelo alto grau de da medicina veterinária em sua deman- inclusão da medicina veterinária nos
consciência sobre os direitos das mu- da, entendendo ser um verdadeiro be- NASF representa a materialização da
lheres, das crianças, dos idosos e dos nefício para o conjunto da sociedade colaboração dessa profissão à atenção
cidadãos menos favorecidos economi- sua inclusão entre as categorias abran- básica de saúde das famílias em nosso
camente. E, do mesmo modo, as socie- gidas nos NASF. País, consolidando o SUS e seguindo o
dades evoluídas também zelam pelo Registro que, atendendo à solicita- conceito mundial de que o custo e o
bem-estar e pelo direito dos seus ani- ção dessa categoria, encaminhei ofício impacto social das doenças nos seres
mais. Nesse contexto, mais uma vez, ao Ministério da Saúde, solicitando a humanos somente podem ser minimi-
os médicos e as médicas veterinários inclusão do médico veterinário na lista zados com a prevenção e a promoção
são profissionais de grande relevância. de profissões recomendadas aos muni- da saúde.
Parece-me claro que os profissionais cípios para compor os NASF, procu- Hoje, existem no Brasil aproxima-
da medicina veterinária são essenciais rando, assim, aperfeiçoar a Portaria n. damente 75 mil profissionais de medi-
para o bom funcionamento da saúde 154, de 2008. Essa demanda conta com cina veterinária, oriundos, em sua
pública e sua atuação na área pode ser o apoio de todos os Conselhos Regio- absoluta maioria, dos 170 cursos de
bastante ampla. Podem inserir-se em nais de Medicina Veterinária e da graduação distribuídos pelo País. E,
diferentes atividades que contemplam Associação Brasileira de Saúde Públi- neste ano de 2011, quando celebram
a gestão, o planejamento em saúde, a ca Veterinária. Aliás, os representantes 250 anos de existência da sua profis-
pesquisa, o ensino e, mais tradicional- dos Conselhos e da Associação estarão são, parece-me que seria uma justa ho-
mente, a vigilância epidemiológica, sa- com o ministro Padilha hoje à noite, menagem atendê-los nessa demanda,
nitária, ambiental e a educação em para apresentar exatamente essa de- que, ao final, significa dotar de melho-
saúde. manda. Não vou poder acompanhá-los, res possibilidades de atendimento a so-
O reconhecimento do médico veteri- porque estarei em viagem para o ciedade brasileira.
nário como profissional de nível supe- Estado do Paraná. Encerro, Sr. Presidente, Srs. Sena-
rior da área da saúde se deu por meio Quero fazer aqui uma saudação aos dores e Sras. Senadoras, apresentando
da Resolução n. 287 do Conselho Na- Conselhos Regionais de Medicina Ve- meus parabéns a todas as médicas e
cional de Saúde, publicada em 1998, terinária e aos membros da Associação médicos veterinários do Brasil e do
que define as categorias profissionais Brasileira de Saúde Pública Veteriná- mundo.
de saúde de nível superior no Brasil. ria, porque muitos, neste momento,
Todos sabem que a atenção primária à estão ligados à TV Senado, assistindo a Muito obrigada, Sr. Presidente.
saúde é complexa e demanda uma in- este pronunciamento. Eu queria fazer
tervenção interdisciplinar, para que essa saudação, parabenizando esses
possa haver efeito positivo sobre a profissionais pela valiosa contribuição
qualidade de vida da população. que dão à saúde pública do País.
Diante disso, o Ministério da Saúde Cumpre ressaltar que tal recomen-
publicou, em 2008, a Portaria nº 154, dação, a de haver um médico veteriná-
viabilizando a criação e o desenvolvi- rio no núcleo dos NASF, não acar- Fonte: Agência Senado
mento dos Núcleos de Apoio à Saúde retará ônus a qualquer das esferas do
da Família, conhecidos como NASF. Sistema Único de Saúde (SUS), já que http://www.senado.gov.br/noticias/
Os NASF devem ser constituídos por a efetiva contratação do médico vete- gleisi-hoffmann-defende-veterinarios-
equipes compostas por profissionais de rinário para atuar nos núcleos fica a em-nucleo-de-saude-da-familia.aspx

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 15


Saúde pública

Quanto é efetivo o abate de cães


para o controle da leishmaniose?
O artigo “Quanto é efetivo o abate de Além disto, destaca a falta de
cães para o controle do calazar zoo- apoio científico à política de
nótico? Uma avaliação crítica da ciên- eliminação de cães e chama
cia, política e ética por trás desta po- atenção para uma tendência
lítica de saúde pública”, do dr. Carlos para distorção dos dados cien-
Henrique Nery Costa, médico do tíficos para o suporte da polí-
Departamento de Medicina Comuni- tica de eliminação dos ani-
tária, Universidade Federal do Piauí e mais.
do Instituto de Doenças Tropicais Ao final o autor conclui
Natan Portella, aceito para publicação que uma vez que não existem
na Revista da Sociedade Brasileira de evidências de que o abate de
Medicina Tropical, em 29/11/2010, cães diminui a transmissão de
contesta a atual política pública adota- leishmaniose visceral, este
da para o controle da leishmaniose vis- programa deve ser abandona-
ceral, que é focada no abate regular de do como estratégia de contro-
cães soropositivos. Em seu artigo, o pes- le. São levantadas as implica-
quisador apresenta análise crítica das ções éticas acerca da distorção
ações para o controle do reservatório da ciência e sobre a elimina-
canino e coloca que não foram encon- ção de animais na ausência de
tradas evidências firmes do risco con- mínima ou nenhuma evidên-
ferido por cães para os seres humanos. cia científica.
Na base de dados Scielo (www.scielo.br) é possível encontrar os arquivos
da revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT

Proposta de inclusão do encoleiramento em massa no


programa de controle da leishmaniose visceral
Neste semestre, o Ministério da morte de dezenas de milhares de cães, no programa de controle da leishma-
Saúde dará início a estudo, em vinte há décadas, sem respaldo científico niose visceral, até então baseada na
municípios, com duração de trinta algum, contra todas as evidências de eliminação da vida de milhares de
meses, sobre a efetividade da utiliza- que a eliminação de cães soropositivos cães.
ção em massa da coleira impregnada em nada repercute na incidência da O encoleiramento em grande escala
com princípio ativo repelente e inseti- doença, que mantém-se elevada e em produz o denominado efeito rebanho,
cida contra a Leishmaniose, o que in- expansão pelo país, a despeito de toda que é a extensão de efeito protetor tam-
dica a adoção da política sugerida pela a matança promovida. bém aos não encoleirados, reduzindo-
UIPA, em representação oferecida ao Após o acolhimento da representa- se a força de infecção pela barreira im-
Ministério Público Federal, em maio ção, a UIPA enviou  ao Ministério Pú- posta pela coleira
de 2010, que solicitou providências blico Federal inúmeros estudos realiza- Tendo em vista que o poder de in-
contra a matança de cães, como preten- dos em outros países sobre a eficácia fectar os insetos poderia persistir no
sa medida de controle da Leishmanio- do encoleiramento, utilização em animal tratado, o encoleiramento per-
se, denunciando a ausência de uma po- massa da coleira Scalibor, impregna- mitirá pleitear a liberação do tratamen-
lítica pública eficaz contra o avanço da da com deltametrina a 4%, que é o to terapêutico (a coleira evita a aproxi-
doença. princípio ativo repelente e inseticida, mação dos insetos; sem ser picado, o
Apresentando inúmeros argumentos recomendado pela Organização Mun- cão não transmite a infecção).
e estudos, em um arrazoado de 63 lau- dial da Saúde contra a leishmaniose. O encoleiramento em massa ainda
das, cuja pesquisa de dados e estudos A presidente da UIPA, com o apoio reduz a pulverização de inseticidas,
apresentados teve a colaboração da jor- e acompanhamento do Deputado Fe- prejudiciais ao meio ambiente, além de
nalista Regina Macedo, a entidade con- deral Ricardo Trípoli, foi a Brasília, representar gastos bem menores do que
testou a tese defendida pelo Ministério solicitar ao Ministério da Saúde a in- os despendidos com a censurável eli-
da Saúde, que insistia em recomendar a clusão do encoleiramento em massa minação da vida de animais.
Vanice T. Orlandi Presidente - UIPA - União Internacional Protetora dos Animais
www.uipa.org.br

16 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Saúde pública

Raiva humana, atualidades, profilaxia e tratamento

A raiva humana é uma enfermidade


que muito preocupa os gestores
de saúde. Desde 2007, a
Profilaxida da raiva humana Este manual – Normas técnicas de
profilaxia da raiva humana – substitui
Aliança para o Controle o anterior, de 2002, atualizando os co-
da Raiva (ARC), com o nhecimentos de profilaxia relativa à
apoio da OPAS/OMS, raiva humana e indicando a substitui-
lançou a iniciativa do ção da vacina Fuenzalida & Palacios
Dia Mundial da Raiva – pela vacina de cultivo celular.
28 de setembro –, que tem O termo “tratamento profilático
como objetivo a prevenção e antirrábico humano” foi substituído
o controle dessa enfermidade em todas por “profilaxia da raiva humana”, devi-
as nações. O movimento pode ser acom- do ao conceito original da palavra pro-
panhado no sítio www.worldrabiesday. filaxia: aplicação de meios tendentes a
org, no Facebook e no Twitter (twit- evitar as doenças ou a sua propagação.
ter.com/worldrabiesday). Constituindo um marco para o país,
Especialistas no assunto irão se en- esse manual trata dos esquemas atual-
contrar em outubro, na XXII Confe- mente recomendados para vacinas de
rência Internacional sobre a Raiva na cultivo celular, que apresentam menos
América (22nd International Conference eventos neurológicos adversos, maior
on Rabies in the Americas – Rita – antigenicidade e maior facilidade ope-
www.ritaxxii.org), em San Juan, racional quando comparadas com a va-
Porto Rico. cina Fuenzalida & Palacios, utilizada
No Brasil, o Ministério da Saúde Disponível para download em: anteriormente.
lançou duas importantes publicações http://portal.saude.gov.br/portal/ Fonte: Normas Técnicas de Profilaxia
arquivos/pdf/normas_tec_profilaxia_
sobre o tema, que abordam a profilaxia da_raiva_hum.pdf
da Raiva Humana, Brasília, DF, 2011
e o atual protocolo de tratamento.

Protocolo de tratamento da
raiva humana no Brasil
Raiva é uma encefalite viral utilizado na paciente norte-americana
aguda, transmitida por mamíferos. foi aplicado em um jovem de quinze
Todos os mamíferos são con- anos de idade, mordido por um morce-
siderados fontes de infecção para go hematófago, com eliminação viral
o vírus da raiva e, portanto, po- (clearance viral) e recuperação clínica.
dem transmiti-lo ao homem, des- A primeira cura de raiva humana no
tacando-se: cães, gatos, morce- Brasil, bem como o sucesso terapêuti-
gos, cachorros-do-mato, saguis, co da paciente dos Estados Unidos,
raposas, bovinos, equinos, suínos abriu novas perspectivas para o trata-
e caprinos, dentre outros. mento dessa doença, considerada até
Em 2004, nos Estados Unidos, então letal. Diante disso, o Ministério
registrou-se o primeiro relato na da Saúde reuniu especialistas no assun-
literatura internacional de cura to e elaborou o primeiro protocolo bra-
da raiva em paciente que não sileiro de tratamento para raiva huma-
havia recebido vacina. Nesse na baseado no protocolo americano de
caso, foi realizado um tratamen- Milwaukee.
to com base na utilização de an- Esse protocolo tem como objetivo
tivirais e sedação profunda, de- orientar a condução clínica de pacien-
nominado protocolo de tes suspeitos de raiva, na tentativa de
Milwaukee (Willoughby et al., reduzir a mortalidade da doença. Em
2005). razão de o caso ter sido tratado na cida-
Em 2008, no Brasil, na unida- de de Recife-PE e se apresentar como a
de de terapia intensiva do Serviço primeira experiência bem-sucedida no
Disponível para download em: de Doenças Infecciosas do Hos- Brasil, o protocolo foi denominado
http://portal.saude.gov.br/portal/ pital Universitário Oswaldo Cruz, da protocolo de Recife.
arquivos/pdf/protocolo_de_tratamento Universidade de Pernambuco, em Re- Fonte: Protocolo de tratamento da raiva
_raiva_humana.pdf cife-PE, um tratamento semelhante ao humana no Brasil, Brasília, DF, 2011

18 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


UFPR abre residência em medicina veterinária do coletivo

A Universidade Federal do Paraná


(UFPR) cria a primeira residência
em medicina veterinária do coletivo
Meio Ambiente, Saúde e Assistência So-
cial por meio dos professores do Depar-
tamento de Medicina Veterinária, alunos
população são-joseense durante ativida-
des desenvolvidas no âmbito do Progra-
ma Municipal de Controle Ético da Po-
(shelter medicine). O projeto está sendo da graduação e pós-graduação do curso pulação Canina e Felina do Município
viabilizado por meio de contrato firma- de medicina veterinária da UFPR, pro- de São José dos Pinhais;
do entre a UFPR e prefeitura municipal fissionais e alunos voluntários; • Realização de cirurgias de castração
de São José dos Pinhais, PR. • Desenvolvimento e acompanhamento de animais cadastrados no Programa
Especificamente, caberá à UFPR: da cadastração da população canina e Municipal de Controle Ético da Popula-
• Cessão da Unidade Móvel de Esterili- felina do município por meio de realiza- ção Canina e Felina do Município de
zação e Educação para atividades pro- ção de censo em todo o território de São São José dos Pinhais, nas dependências
gramáticas de guarda responsável e bem José dos Pinhais, mediante cronograma do Hospital Veterinário da UFPR;
estar animal a serem desenvolvidas em a ser desenvolvido pelas Secretarias • Treinamento em Serviço de médico
bairros de São José dos Pinhais, com Municipais de Meio Ambiente e Saúde; veterinário para a recém criada Resi-
acompanhamento permanente da exe- • Acompanhamento de campanha de dência de Medicina Veterinária do Cole-
cução das atividades estabelecidas no desverminação e vacinação dos animais tivo da UFPR;
projeto da Unidade Móvel de Esteriliza- cadastrados; • Realização de serviços de triagem clí-
ção e Educação dimensionando, in- • Permitir a inclusão dos livros didáticos nica dos animais encaminhados para ci-
cluindo a castração de cães e gatos do “Zoonoses, bem-estar animal e guarda rurgias de castração, realizando, no mí-
Município de São José dos Pinhais; responsável” e “A cidade e seus bichos” nimo, uma ecografia e um hemograma;
• Desenvolvimento de atividades de ca- de autoria dos professores dra. Carla F. Acompanhamento e assessoramento na
pacitação em guarda responsável, zoo- Maiolino Molento e dr. Alexander W. realização do concurso cultural denomi-
noses e bem estar animal de servidores Biondo, nas escolas municipais, bem nado “Veterinário Mirim” com crianças
das Secretarias Municipais de Educação, como a distribuição gratuita dos livros à da rede pública de ensino.

22 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Congresso Mundial de Veterinária 2011 –
Cuidar de animais: comunidades saudáveis

O Congresso Mundial de Veterinária

Nolte Lourens
de 2011 está programado para
ocorrer na África do Sul, na Cidade do
Cabo (Cape Town), de 10 a 14 de ou-
tubro de 2011.
O tema "Cuidar de animais: comuni-
dades saudáveis" presta-se a preencher
uma necessidade global e estabelece o
cenário para uma variada e estimulante
programação
científica.
Um dos des-
taques do con- Vista da Table Mountain na Cidade do Cabo (Cape Town), África do Sul
gresso é o curso
extra de con-
tenção de ani-
mais selvagens,
que será rea-
lizado antes e
depois do con-
gresso. O curso
conta com aula
de imobilização
de elefantes, mi- WVC 2011: www.worldvetcongress2011.com
nistrada pelo dr.
Cobus Raath no ao extenso programa científico, encon- quanto a apreciação de belezas naturais
famoso Kruger tra-se excelente programação social e inesquecíveis e da rica e exuberante
National Park. turística, que irá proporcionar tanto a fauna característica do continente
Paralelamente integração entre todos os participantes africano.
jbor

Vista aérea da Cidade do Cabo e da baía de Silent Hill

24 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Simpósio Internacional de Nefrologia e
Urologia Veterinárias – SINUV

O Simpósio Internacional de

Elder Vieira Salles


Nefrologia e Urologia Veteriná-
rias (SINUV), programado para ser
realizado nos dias 25, 26 e 27 de maio
de 2011, é um evento em que todos os
especialistas dessas áreas se reunirão
para trocar experiências e informações,
o que possibilitará também traçar um
perfil da nefrologia e da urologia vete-
rinárias no Brasil. A proposta do even-
to visa a educação continuada do médi-
co veterinário e também compartilhar
conhecimentos por meio da realização
de palestras, workshops, mesas redon-
das e reuniões temáticas. Da mesma
forma, permite que os acadêmicos dos
cursos de medicina veterinária possam
conhecer de maneira mais profunda As piscinas naturais de Porto de Galinhas formam-se durante a maré baixa, entre os
um tema específico, possibilitando- arrecifes de corais, sendo um refúgio para diversas espécies de peixes que podem
ser vistos a olho nu. A visitação das piscinas pode ser associada a um pitoresco
lhes a oportunidade de definir suas passeio de jangada
aptidões profissionais.
as atividades do evento iniciarão às e células-tronco. O terceiro e último
Histórico 13h30 e terminarão às 19h30, deixando dia terá como desfecho o tema relativo
Há cerca de oito anos foi realizado o as manhãs livres para a visitação das a técnicas dialíticas: hemodiálise,
último e mais importante evento da belezas naturais locais. diálise peritoneal, técnicas dialíticas
área: o Simpósio de Nefrologia Veteri- em medicina hu-
nária. Tendo em vista que a nefrologia mana.
e a urologia têm apresentado enormes A cada final
avanços nos últimos anos, torna-se de dia será orga-
mais que justificada a realização de um nizada uma mesa
evento especializado nessa área de redonda com ca-
conhecimento. racterísticas de um workshop e a par-
O grande número de doenças que Programação científica ticipação ativa dos congressistas, que
causam insuficiência renal aguda, o O evento será dividido em módulos reunirá os palestrantes do dia para
aumento do número de pacientes temáticos. Cada dia abordará um tema responder às perguntas dos congressis-
idosos e do grau de exigências dos pro- específico. O primeiro dia será destina- tas. Todas as perguntas serão feitas
prietários dos animais, a facilidade de do aos rins. Serão discutidas as insufi- durante essa mesa redonda.
obtenção de informações, bem como a ciências renais agudas, as insuficiên- Sinuv: www.sinuv.com.br
maior disponibilidade de gastos com cias renais crônicas,
seus animais de companhia, comple- renoproteção, cirur-
tam o rol de justificativas para a real- gia e rins, nefropa-
ização desse evento. tias em felinos e cui-
dados intensivos,
Local do simpósio dentre outros. O se-
Seguindo os princípios de realização gundo dia será o dia
de eventos em locais agradáveis e da urologia, com ên-
atraentes, foi escolhida a vila de Porto fase em exames e
de Galinhas, no Estado de Pernambu- técnicas avançadas
co. A vila permite que os congressistas de nefro e urologia.
se mantenham próximos ao evento, o Serão discutidos te-
que valoriza a realização do simpósio. mas como urolitía-
O evento será realizado no Hotel Dorisol ses, infecções e in-
(www.dorisol.com/pt/dorisol-porto- flamações do trato
galinhas/hotel.html). Destaque-se que urinário, tomografias Piscina natural em Porto de Galinhas

26 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Feira Pet Show superou as expectativas
E m março de 2011 foi realizada, em
São Paulo, SP, no Centro de Expo-
sições Imigrantes, a 1ª Pet Show (Feira
fosse chegar a 3.000 pessoas. O nú-
mero atingido passou do dobro: 6.507.
O evento atraiu público diversificado
Animais de Companhia e Produto Pet),
onde foram apresentados mais de 70
palestras com renomados especialistas
Internacional de Animais e Produtos desde aficcionados até profissionais do do setor. “Na próxima edição, pre-
Pet). Os organizadores do evento tinham ramo, como adestradores, médicos ve- tendemos crescer ainda mais, amplian-
a expectativa inicial de que a visitação terinários, comerciantes, esteticistas do o número de palestras”, comenta
criadores e fabricantes Bado Siberi, presidente da DIAMA
de itens voltados para (Divulgação de Informação Animal e
o mercado pet. Meio Ambiente).
“O evento mostrou Também foi muito importante e de
que é possível reunir grande valor social para o evento a pre-
em um único espaço sença de diversas ONG’s ligadas à pro-
diversos tipos de atua- teção animal.
ções do setor e princi- Em função da grande aceitação do
palmente fomentar ne- evento a programação da edição de
gócios”, destaca José 2012 já esta sendo elaborada e muitas
Roberto Sevieri, presi- contribuições estão sendo estudadas
dente do Grupo CIPA. para que o resultado do evento conti-
Além disso, parale- nue sendo favorável e promissor para
lamente ao evento, todos os participantes.
aconteceu o 1º SIM- Pet Show:
PET (Simpósio sobre www.feirapetshow.com.br
Mercado pet aquecido durante a Pet Show

Atualização em medicina interna na Expovet Minas


A contecerá, entre os dias 3 e 5 de
junho, em Belo Horizonte, MG, a
edição de 2011 da Expovet Minas, fei-
várias inovações serão apresentadas;
além disso, palestras e workshops
fazem parte da programação.
Minas é realizada pela Primor Eventos,
com as parcerias do Governo do Es-
tado de Minas Gerais, do Instituto Mi-
ra do segmento pet e veterinário. No O evento deste ano será sede do neiro de Agropecuária, do Conselho Re-
ano passado, o evento trouxe para a ca- Encontro Mineiro de Atualização em gional de Medicina Veterinária de MG,
pital mineira visitantes de 170 cidades Medicina Interna de Pequenos Animais da SuperAgro Minas, da Anclivepa –
de 16 estados. A edição deste ano pro- e conta com um diferencial em relação Associação Nacional de Clínicas Vete-
mete aumentar esses números. Marcas à edição do ano anterior: oferecerá rinárias de Pequenos Animais (Regional
de grande porte estarão presentes e mais espaço para atividades ligadas à MG), entre outros.
área de medicina O mercado pet e veterinário nacio-
veterinária. Para nal tem obtido amplo crescimento, de
Fabiana Braz, di- acordo com dados da Anfalpet – Asso-
retora da Primor ciação Nacional dos Fabricantes de
Eventos, “essa é Produtos para Animais de Estimação.
uma oportunida- Ao todo, no Brasil, foram movimenta-
de para que a fei- dos mais de 11 bilhões de reais em
ra se torne tam- 2010, em gastos com alimentação, me-
bém um espaço dicamentos, serviços e, sobretudo,
técnico-cien tí fi - acessórios para higiene e embeleza-
co, que contribui- mento dos animais de estimação. Os
rá para a profis- dados mostram ainda que, de 2006 a
sionalização de 2010, houve um aumento aproximado
interessados do de 8 bilhões no faturamento desse
setor e para a segmento no mercado. Em Minas
complementação Gerais, o setor conta com mais de
de conhecimento 6.500 petshops e 8.000 médicos ve-
de estudantes da terinários.
área”. Expovet Minas:
www.expovet.com.br A Expovet (31) 3444-9002

28 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Latin American Veterinary Conference
contará com palestrantes brasileiros
E ntre os dias 24 e 26 de outubro de
2011 o Latin American Veterinary
Conference (LAVC) voltará a ser reali-
Faria, MV, MS, PhD, Diplomate
ACVS, residentes há anos nos Estados
Unidos, mas sempre prestigiando os

Neale Cousland
zado, como acontece desde 2005, na congresssos latino-americanos e tra-
cidade de Lima, no Peru. zendo inovações científicas para a me-
Este ano o evento promete ser muito dicina veterinária.
bom, porque estão unidas as equipes Além da excelente programação
do North American Veterinary científica, os congressistas também
Conference (NAVC), que é o maior podem desfrutar da bela cidade de
evento mundial do setor, e do Lima, que oferece tanto belezas natu-
Congresso de León, rais quanto arquitetô-
que, fora dos Estados nicas. Para quem tiver
Unidos, é o maior even- tempo, uma visita a
to na categoria. Machu Picchu – em
Entre os palestrantes, quíchua Machu
destacam-se os brasilei- Pikchu, significa "ve-
ros Helio Autran de lha montanha", tam-
Morais, DVM, MS, bém chamada "cidade
PhD e Maria L. E. perdida dos Incas". Igreja de São Francisco, em Lima
Christian Vinces

Pôr-do-sol em Lima, Peru


Palestrantes brasileiros fazem sucesso
no Congresso Brasileiro da Anclivepa
O 32º Congresso Brasileiro de Clí-
nicos Veterinários de Pequenos
Animais, realizado em Goiânia, GO,
de 27 a 30 de abril de 2011, teve resul-
tados muito positivos.
O congresso contou com a partici-
pação de diversos palestrantes interna- À esquerda, Dora Paiva Ri-
cionais de grande renome. Porém, du- beiro, de Belém, PA, que foi
rante o congresso, houve preferência homenageada pela Anclivepa
do congressista pelos palestrantes na- com o Prêmio Frimer, acom-
cionais. Apesar desse fato ter gerado panha de sua filha, Elielza
trabalho extra aos organizadores, o re- Martins de Paiva
No centro, Marcelo de Luca (distribuidor Royal Canin).
conhecimento da alta qualidade dos À esquerda, Ronaldo M. de Azevedo (tesoureiro -
palestrantes brasileiros é motivo de sa- Anclivepa GO), e, à direita, Sérgio Luiz Pereira (presi-
tisfação e orgulho. dente - Anclivepa GO), que se dedicaram integral-
A seguir, confira alguns momentos mente à suprir todas as necessidades do evento
registrados.

Na Supra, evidência à Frost,


alimento suprer premium

Várias inscrições
Royal Canin marcou a sua presença dando para o congresso
enfoque à importância ao sistema digestivo de 2012 foram
sorteadas no
estande da
Anclivepa-PR.
Felizes os ga-
nhadores, pois o
congresso prome-
te ser excelente

Huggy, um dos
destaques
apresentado
pela Lupus
Alimento
específico
para raças
grandes,
lançamento
de destaque
na Premier
Pet

As argentinas Julia Auzmendi e Marina


Frumkin estiveram presentes no congres-
so divulgando o portal Veterinariosenweb, Na Farmina, lançamento da campanha “um
Em breve, excelentes palestras do con- ano de prevenção” e apresentação de futuro
gresso estarão no portal alimento: Natural & Delicious (livre de grãos)

32 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


O Marbopet (marbofloxacin), da Ceva, foi muito
Organnact esteve presente com novida-
procurado em função da divulgação, em palestra
des: apresentou o lançamento de Condrix
no congresso, de trabalho científico que mostrou
Dog (condroitina A e glicosamina)
resultados interessantes da sua utilização em
cães com leishmaniose visceral

Na Vencofarma, os kits de
diagnóstico de parvovirose
e de cinomose atraíram a Pfizer, presente no evento com medicamentos
atenção dos participantes inovadores e ampla linha de vacinas
A Bayer deu evidência ao Drontal Plus,
que além de combater às verminoses,
também tem ação contra as giardíases

No estande da
Intervet Schering-
Plough Animal
Health uma parede
inteira destacou a
coleira à base de
Além do consagrado Frontline, a Merial deltametrina na
também divulgou sua linha de vacinas e proteção à família
sua forte campanha contra a cinomose Excelente prospecção de negócios
no estande da Duprat, empresa
que, atualmente, detém ampla e
crescente linha de produtos para o
mercado veterinário

A Vetnil realizou o pré-lança-


mento do Hepatovet e tam- Além dos diversos serviços de
bém aproveitou para fazer Produtos inovadores e únicos no mercado, diagnóstico o Tecsa apresentou
mais uma ação ambiental: como o Vermigel, foram apresentados com excelente produto para o dia a dia
distribuiu cerca de 1.500 sucesso pela Syntec do veterinário: kit para tipagem
mudas de ipe-amarelo sanguínea de cães e gatos

34 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Farmina Pet Foods estende ao Brasil campanha
internacional de prevenção
A Farmina Pet Foods Brasil, empre-
sa de origem italiana especializa-
da em alimentos para cães e gatos,
A campanha terá duração de um ano
e focará a cada trimestre uma doença
específica. “Nosso primeiro grande
realizadas com os médicos veterinários
aderentes à campanha” continua Yves.
Além da insuficiência renal, tam-
lançou, com o apoio da Anclivepa desafio será a insuficiência renal”, bém farão parte da campanha enfermi-
Brasil, a campanha “Um ano de pre- explica Yves Miceli, Diretor Técnico dades como a diabetes, a obesidade, a
venção Farmina”. A campanha, já em & Científico da empresa. “Além do alergia e a intolerância alimentar. O
andamento na Europa com grande su- forte trabalho de conscientização, com lançamento oficial ocorreu no 32º Con-
cesso, tem como principal objetivo materiais científicos e informativos, o gresso de Clínicos Veterinários de
conscientizar os proprietários de cães e grande trunfo da campanha é que a Pequenos Animais, no mês de abril, em
gatos sobre a importância da preven- Farmina irá pagar um exame específi- Goiânia, GO.
ção como principal meio de proteger co para identificar a existência da Farmina: www.farmina.com/
seus animais contra frequentes afecções. afecção em questão, para as consultas campanhaprevencao

Piracicaba conta com qualidade e alta


tecnologia em serviços de ultrassonografia
E m fevereiro de
2011 o Imago
– Diagnóstico Ve-
tagem de ser extremamente leve, ergo-
nômico, com tela de LCD, alta resolu-
ção de imagem, com qualidade total-
de Oliveira Bezerra, médica veterinária
responsável pelo serviço de ultrassono-
grafia do Imago – Diagnóstico Veteri-
terinário por Ima- mente digital e com tecnologia de fil- nário por Imagem.
gem passou a con- tragem, eliminando ruidos e melho- No Imago, além da prestação de ser-
tar com novo equi- rando a qualidade da imagem. As ima- viços de diagnóstico, também é possí-
pamento no serviço gens geradas durante os exames vel estudar ultrassonografia por meio
de ultras so no gra - podem ser impressas em papel ou gra- de curso individual que é ministrado à
fia veterinária. vadas em DVD. Outro destaque do semelhança de um estágio supervisio-
“Trata-se de um X6 aparelho, é a presença da tecnologia nado.
da Medison. Este 3D, que traz altíssimo grau de defini- Imago: www.imagovet.com.br
modelo tem a van- ção nos exames”, explica Carla Corrêa (19) 3402.8058

Telemedicina Promoção da saúde e bem-esta animal


é foco do Prêmio Veterinário Cidadão
C om um eletrocardiógrafo compu-
tadorizado de 12 derivações, um
gravador de Holter e um computador
conectado à internet é possível usufruir
de serviços da telemedicina oferecidos
D evido ao sucesso da primeira edi-
ção do Prêmio Veterinário Cida-
dão, a Unidade de Animais de Compa-
cons cien ti za -
ção comunitá-
ria e iniciati-
pela Kardiovet. nhia da Intervet/Schering-Plough acaba vas inovadoras que tenham impacto re-
Para a eletrocardiografia computa- de lançar a edição de 2011 (www.vete levante na sociedade.
dorizada os traçados de interesse do rinariocidadao.com.br) como parte O Prêmio Veterinário Cidadão pr-
médico veterinário deverão ser enca- de um programa social da companhia. etende criar oportunidades de divul-
minhados por email ao Kardiovet e, em O projeto visa estimular e reconhecer gação, sensibilização e aproximação
até 48 horas, o laudo é emitido. as melhores práticas de cidadania e da sociedade com relação a importan-
Para o exame de Holter, que tem 24 educação para promoção da saúde e tes temas e desafios para a promoção
horas de duração, além do gravador é bem-estar animal. do bem-estar e saúde animal e possibi-
necessário o sistema Cardionet para Dividido em três categorias – médi- litar o intercâmbio de informações,
envio dos dados obtidos. Após o envio, cos veterinários, universitários e clíni- aprendizados e a multiplicação de boas
o laudo é emitido em até 72 horas. cas e pet shops – os interessados práticas sociais na área de saúde animal.
A Kardiovet também oferece intera- po dem se inscrever no portal www. As inscrições vão até o dia 30 de no-
ção diagnóstica, por meio da discussão veterinariocidadao.com.br. Entre as vembro de 2011. Os resultados serão
dos casos enviados via Blog, Skype, iniciativas e práticas sociais que serão divulgados no dia 20 de dezembro e a
MSN, e-mail e telefone. avaliadas estão eventos educativos e de entrega dos prêmios será feita em ja-
Kardiovet: mobilização social, palestras educati- neiro de 2012.
www.kardiovet.com.br vas, exposição educativa na mídia,

36 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Bem-estar animal

S
índrome de Münchhausen
por procuração em
animais de estimação

É comum dividirmos histórias sobre clientes exagerados, excessivamente preocu-


pados e que requisitam múltiplos checkups de animais nitidamente saudáveis.
Uma resposta para isso pode ser a Síndrome de Münchhausen

Janis R. M. Gonzalez - janis@uel.br


Docente da Universidade Estadual de Londrina - PR

38 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


O papel que os animais de estima- mundialmente reconhecida como de- histórias sobre clientes exagerados,
ção representam na vida das pessoas sordem psiquiátrica com importante excessivamente preocupados e que
tem assumido uma importância pro- manifestação de abuso infantil. O requisitam múltiplos checkups de ani-
gressivamente maior. Independente- nome tem origem na história do barão mais nitidamente saudáveis – que
mente de idade, sexo, estado civil, con- de Münchhausen (1720-1797), um ofi- nunca parecem estar bem aos olhos do
dição social e nível de instrução, cães e cial alemão que, ao retornar da frente dono –, exames inconsistentes com as
gatos ocupam um importante espaço de batalha, distraía seus conhecidos queixas relatadas, intoxicações medi-
no universo cotidiano e emocional de contando histórias fascinantes e inve- camentosas e acidentes incomuns e
muitas pessoas. Esses estreitos laços rossímeis sobre suas façanhas e exage- repetitivos em curto espaço de tempo.
entre os homens e seus animais de esti- rando seus feitos e conquistas. Ela Essas histórias, ora tidas como engra-
mação podem gerar relações saudá- também é conhecida pelo nome de sín- çadas ou bizarras, podem esconder
veis, cujos efeitos benéficos na quali- drome de Meadow. Em 1977, um pe- uma condição mais grave que afeta o
dade de vida das pessoas são bem co- diatra inglês chamado Roy Meadow homem e põe em risco seus animais de
nhecidos. De forma semelhante, a qua- descreveu o comportamento bizarro de estimação. Não nos cabe e nem temos
lidade de vida dos animais de estimação duas mães: uma delas envenenava seu a formação médica para diagnosticar
também passa por grandes melhoras. bebê com quantidades excessivas de tal problema em nossos clientes, mas
O conceito e a filosofia do bem- sal, de modo a provocar sintomas uri- identificar seus sinais poderá nos aju-
estar animal, o desenvolvimento de nários, e a outra misturava seu sangue dar a proteger os pacientes e orientar
múltiplas especialidades e recursos na urina do bebê de forma a convencer nossa conduta e comportamento em
tecnológicos na medicina de animais o médico de que o bebê tinha hematúria. relação aos clientes.
de companhia, a preocupação com as- Artigos têm sido publicados rela-
pectos nutricionais e com a prevenção tando a ocorrência da síndrome de
de doenças em cães e gatos são uma Münchhausen por procuração envol- Sugestão de leitura:
nova realidade nas relações entre o ho- vendo animais de estimação. Os casos - MEADOW, R. Munchousen syndrome: the
mem e os animais. relatados se assemelham àqueles hinterlands of child abuse. The Lancet, n. 13,
Infelizmente, a intensidade dessas re- observados em crianças, em que os p. 343-345, 1977.
lações pode tomar rumos pouco saudá- sintomas são causados ou forjados - MUNRO, H. M. C. ; THRUSFIEL, M. V.
veis, gerando distúrbios comportamen- pelas próprias mães. Da mesma forma, Battered pets: Munchousen syndrome by
tais e condições mórbidas que afetam o os proprietários buscam, por meio da proxy (factitious illness by proxy). Journal
homem e, consequentemente, seus ani- suposta – ou por eles induzida – of Small Animal Practice, v. 42, n. 8, p. 385-
mais. O médico veterinário deve conhe- doença de seus animais, a atenção, o 389, 2001.
cer os sinais desses distúrbios e estar cuidado e a simpatia do médico veteri- - MUNRO, H. M. C. ; THRUSFIEL, M. V.
alerta para identificá-los, visando o bem- nário. Com receio de que essa atenção Battered pets: features that raise suspicion of
estar e a proteção dos animais e a orien- cesse com uma “suposta cura”, o non-accidental injury. Journal of Small
tação de seus proprietários. cliente perpetua as queixas. Os aspectos Animal Practice, v. 42, n. 5, p. 218-226,
2001.
A síndrome de Münchhausen é uma observados em cães e gatos incluem
doença psiquiátrica de seres humanos visitas excessivamente frequentes aos
em que o paciente, de forma compulsi- veterinários, alegando sinais clínicos
va, deliberada e contínua, causa, provo- vagos ou não identificados por eles,
ca ou simula sintomas de doenças, sem solicitação insistente de medicamentos
que haja uma vantagem óbvia para tal e exames complementares mesmo
atitude que não seja a de obter cuidados quando os animais se apresentam
médicos e de enfermagem. clinicamente sadios, mudanças cons-
A síndrome de Münchhausen por tantes de veterinários diante da recusa
procuração ocorre quando um parente, em medicar sintomas ausentes e rela-
quase sempre a mãe, de forma persis- tos de perda de peso e anorexia em
tente ou intermitente, produz (fabrica, cães e gatos nitidamente saudáveis.
simula ou inventa), de forma intencio- Nas formas mais graves, o proprie-
nal, sintomas em seu filho, fazendo tário pode gerar os sinais por meio de
com que este seja considerado doente, violência física contra os animais
ou provocando ativamente a doença, (cortes, queimaduras, fraturas, ampu-
colocando-o em risco e numa situação tações, etc.), envenenamento intencio-
que requeira investigação e tratamento. nal, intoxicação medicamentosa, in-
Nessa situação, o parente ou cuidador gestão forçosa de corpos estranhos, re-
da criança fabrica ou induz os sinto- tirada precoce de pontos cirúrgicos, re-
mas, de forma a ganhar atenção, cuida- tirada de pinos intramedulares e ou-
do e simpatia por parte de médicos e tras formas de indução de injúrias.
enfermeiras. Em conversas informais sobre
A síndrome de Münchhausen é nossa rotina, é comum dividirmos

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Medicina Veterinária do Coletivo

E
ntendendo a
agressividade
canina e felina*

*Fonte: Instituto Técnico de Educação e Controle Animal - ITEC - www.itecbr.org

40 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Atividades que lidam direta ou indiretamente com cães devem ter orientações claras
sobre a criação responsável e como diagnosticar um animal com potencial agressivo,
diminuindo o risco para outros animais e seres humanos
Ataques por cães são considerados recolhidos, devem ser recuperados, canina e felina e indicar critérios para
um dos principais agravos à saúde em reabilitados e reintroduzidos na so- julgamento desse comportamento;
muitos centros urbanos, sendo que di- ciedade (3 Rs) por meio da adoção res- • entender o processo de reabilitação
versos estudos indicam que a maior ponsável tanto por parte da instituição dos cães com potencial agressivo ou
frequência dessas injúrias acontece quanto por parte do adotante. Isso sig- agressores e sugerir procedimentos
com animais da própria família. A falta nifica colocar para adoção somente operacionais básicos para os serviços
de entendimento sobre o comporta- animais que não representem risco de controle de zoonoses e clínicos ve-
mento animal, as deficiências da cria- para pessoas ou outros animais. terinários com base na reabilitação
ção sob o ponto de vista da sua biolo- Para tanto, os médicos veterinários desses animais;
gia e bem estar, e a falta de programas sanitaristas que trabalham nessas • oferecer ações básicas que os proprie-
educativos principalmente para as ações necessitam ser capacitados com tários de animais devem aplicar no dia
crianças sobre como interagirem com o novo enfoque do controle animal, a dia na criação dos seus cães para pre-
esses animais, são fatores determinan- isto é, os 3 Rs. Dentro da reabilitação venir a formação de futuros animais
tes na ocorrência de acidentes com dos animais, o tema “agressividade”, mordedores e que o poder público de-
cães e gatos. que pode envolver questões biológi- verá disseminar como parte de progra-
Por outro lado, diversas cidades, cas, psicológicas, fisiológicas, entre mas educativos para a prevenção de
províncias ou estados de países da Amé- outras, deve ser compreendido e ins- mordeduras por cães;
rica Latina não têm status legal para a trumentalizado de maneira a auxiliar • formatar as informações básicas ne-
eliminação de cães e gatos sadios reco- nas ações que envolvam animais cessárias para os diferentes setores que
lhidos pelos serviços de controle de zoo- agressivos ou com potencial agressivo lidam direta ou indiretamente com os
noses. Urge, então, o desenvolvimento nos CCZ. Também os outros setores da cães, referentes ao entendimento da
da Medicina Veterinária do Coletivo sociedade – protetores de animais, clí- agressividade e sua prevenção.
(shelter medicine, medicina de los nicos veterinários, adestradores, fun- Do dia 1 a 3 de junho, também em
albergues), principalmente no tocante cionários de pet shops e outras ativida- São Paulo, ocorrerá a II Conferência
ao comportamento dos animais, que en- des que lidam direta ou indiretamente Internacional de Medicina Veterinária
volve desde a avaliação inicial do ani- com cães – devem ter orientações cla- do Coletivo, que contará com o Simpó-
mal ao chegar à instituição, o acompa- ras sobre a criação responsável e como sio Entendendo a Agressividade Cani-
nhamento da evolução de seu compor- diagnosticar um animal com potencial na e Felina, na Faculdade de Medicina
tamento e diagnóstico da sua saúde men- agressivo, diminuindo o risco para Veterinária e Zootecnia da Universida-
tal, fatores facilitadores da sua adapta- outros animais e seres humanos. de de São Paulo (FMVZ/USP). Entre
ção, socialização ou ressocialização os temas presentes na programação do
(enriquecimento ambiental, aulas de Soluções simpósio estão:
educação, adestramento), até que se Ciente de todo o contexto que en- • etologia clínica das agressões;
tenha a definição do seu destino: volve a agressividade relacionada aos • sociopatias em caninos e felinos;
• Pode ser adotado? Qual o tipo de fa- animais de estimação os profissionais • mitos e realidades do tratamento mé-
mília pode recebê-lo?; do Instituto Técnico de Educação e dico-veterinário das agressões;
• Pode ser inserido em local com Controle Animal (ITEC - www.itecbr. • a agressividade nos CCZs;
crianças?; org) elaboraram a II Conferência In- • apresentação dos documentos gera-
• Pode permanecer com outras espécies ternacional de Medicina Veterinária do dos na oficina Entendendo a Agressivi-
animais?; Coletivo, que contará com o Simpósio dade Canina e Felina.
• Há justificativa técnica para a sua eu- Entendendo a Agressividade Canina e Alguns dos temas que estão na pro-
tanásia? Felina e a realização da oficina onde gramação da II Conferência Internacio-
A implantação de ações efetivas serão feitos trabalhos em grupos para nal de Medicina Veterinária do Cole-
para o controle populacional de cães e aprofundamento do tema agressivi- tivo são:
gatos para diminuir o abandono de ani- dade. A oficina ocorrerá em São Paulo, • lidando com o estresse felino;
mais e diminuir o fluxo de animais irres- SP , entre os dias 27 e 30 de junho de • principais parasitoses em canis;
tritos e não supervisionados em vias pú- 2011, no Solarium Hotel, no Butantã. • avaliação e tratamento da dor em cães
blicas, além de incentivar a criação de Os participantes serão membros convi- e gatos esterilizados;
animais de forma que não representem dados, mas haverá dez vagas para de- • maus tratos e crueldade contra ani-
risco para os indivíduos, famílias e mais interessados. mais;
sociedade também fazem parte do rol Os objetivos da oficina são: • controle populacional de cães e gatos;
de atividades dos serviços de controle • conhecer a epidemiologia da agressi- • vinculo humano-animal e abandono
de zoonoses e controle animal. Para os vidade e fatores ligados a mesma; de animais de estimação;
locais com impedimento legal da • entender os critérios para avaliação • gerenciamento de desastres, entre
eutanásia de animais sadios, quando com portamental da agressividade outros.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 41


Dirofilariose em cães e gatos – breve revisão
Heartworm in dogs and cats – a brief review
Dirofilariosis en perros y gatos – una breve revisión

Clínica Veterinária, n. 92, p. 46-50, 2011

Fabrieli Tatiane Lusa Resumo: A dirofilariose é uma zoonose causada pelo chamado “verme do coração
médica veterinária dos cães”, Dirofilaria immitis. É comum em regiões tropicais, subtropicais, de climas
tatianelusa@hotmail.com temperados, prevalecendo em regiões litorâneas ou próximas de rios e lagos. A D.
immitis tem como hospedeiros definitivos os canídeos, principalmente cães, embora
os primatas não humanos e ocasionalmente os gatos e os seres humanos, além de
outras espécies de mamíferos, também podem ser infectados. Nos cães os sinais
clínicos incluem hipertensão pulmonar, tosse, dispneia, perda de peso e também
ascite. Os gatos apresentam vômito, tosse, colapso ou síncope, letargia, anorexia,
perda de peso e sopro cardíaco. O diagnóstico clínico tem como base os sinais de
disfunção cardiovascular, contando com o apoio de detecção de microfilárias e de
antígenos na circulação, além do eletrocardiograma e do hemograma. O tratamento
pode ser adulticida, utilizando dicloridrato de melarsomina ou microfilaricida, com
lactonas macrocíclicas. Como prevenção, deve-se usar produtos à base de lactonas
macrocíclicas e evitar o acesso às áreas endêmicas.
Unitermos: coração, verme, zoonose

Abstract: The heartworm is a zoonosis caused by the so-called "heartworm of dogs",


Dirofilaria immitis. It is common in tropical, subtropical and temperate climates,
prevailing in coastal regions or near rivers and lakes. D. immitis has canids as
definitive hosts, mainly dogs, although non-human primates and occasionally cats
and humans, and other mammalian species, can also be infected. Clinical signs in
dogs include pulmonary hypertension, cough, dispnoea, weight loss and also ascites.
The cats present vomiting, cough, collapse or syncope, lethargy, anorexia, weight
loss and heart murmur. The diagnosis is based on clinical signs of cardiovascular
dysfunction, with the support of detection of microfilariae and antigens in the
circulation, and the electrocardiogram and blood count. The treatment can be
adulticide using dihydrochloride melarsomina or microfilaricide, with macrocyclic
lactones. For prevention, one should use products based on macrocyclic lactones and
prevent access to endemic areas.
Keywords: heart, worm, zoonosis

Resumen: La Dilorilariosis es una zoonosis causada por el llamado gusano del


corazón en perros, Dirofilaria immitis. Es común en países tropicales, subtropicales,
con climas templados, siendo frecuente en las regiones costeras y cerca de ríos y
lagos. La D. immitis tiene a los cánidos como huéspedes definitivos, sobre todo los
perros, aunque los primates no humanos y ocasionalmente los gatos y los seres
humanos y otras especies de mamíferos, también suelen ser infectados. Los signos
clínicos en perros son la hipertensión pulmonar, tos, disnea, pérdida de peso y
ascitis. Los gatos pueden presentar vómitos, tos, colapso o síncope, letargo,
anorexia, pérdida de peso y soplo en el corazón. El diagnóstico se basa en los
signos clínicos de la disfunción cardiovascular, con el apoyo de la detección de
microfilarias y antígenos en la circulación, y el electrocardiograma y el recuento de
sangre. El tratamiento suele ser adulticida con melarsomina diclorhidrato o
microfilaricida, con lactonas macrocíclicas. Como precaución, se debe utilizar
productos a base de lactonas macrocíclicas y evitar el acceso a zonas endémicas.
Palabras clave: corazón, gusano, zoonosis

Introdução hipertensão pulmonar em cães, a dirofilariose é pouco diagnos-


A dirofilariose é uma zoonose causada pelo chamado ticada em gatos, apesar das infecções nessa espécie serem
“verme do coração dos cães”, Dirofilaria immitis, que para- mais frequentes naqueles indivíduos que habitam áreas en-
sita o sistema circulatório dos cães, podendo acometer gatos dêmicas 2. É comum em regiões tropicais, subtropicais e de
e até o ser humano 1. Tida como a causa mais frequente de climas temperados, prevalecendo em regiões litorâneas ou

46 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


A Dirofilaria immitis parasita o sistema circulatório dos cães, podendo acometer gatos e até o ser humano *

Genilton Vieira
O mosquito ingere microfilárias (L1)
de D. immitis durante o repasto.
No interior do inseto as larvas se
desenvolvem até a forma
infectante (L3) em dez a
catorze dias

Após picar o hospedeiro


definido, as L3 são
liberadas e penetram
ativamente nos tecidos,
migrando até os sítios
intermediários
(subcutâneo,
serosa etc.) onde
O período pré-patente passarão a L4
para aparecimento de
microfilárias no sangue
é de aproximadamente
seis a oito meses.
Acima, larva fixada e
corada por Giemsa
(400x)

Os adultos imaturos penetram nos


vasos e alcançam a artéria pulmonar
e ventrículo direito em 88 a 120 dias.
Lá atingem a maturidade sexual e se
reproduzem

Microfilárias no sangue (técnica de Microfilárias no sangue (técnica de Dilatação ventricular direita é um


Knott - 200x) Knott - 400x) dos achados radiográficos

*Arquivo Clínica Veterinária (LABARTHE, N. V. Dirofilariose canina: diagnóstico, prevenção e tratamento adulticida. Clínica Veterinária, ano 2, n. 10,
p. 10-16, 1997)

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 47


próximas de rios e lagos 3,4. Na Europa há relatos na Espanha, migram até as partes bucais de seus hospedeiros intermediá-
França, Grécia, Itália e em Portugal 5. A Ásia tem registros rios e, durante o repasto sanguíneo dos mosquitos, realizam
em cidades do Japão e da Coreia do Sul 6,7. Na Oceania, a infecção ativa, passando ao tecido subcutâneo do hospedeiro
Austrália é citada na literatura 8. Na América do Norte, há mamífero. Em aproximadamente 100 dias, alcançam o está-
relatos no Canadá 9 e nos Estados Unidos 10,11. Na América do gio de larvas 5 (L5), chegam às artérias pulmonares e câma-
Sul, Colômbia, Argentina e Peru são locais onde a zoonose ras cardíacas direitas, onde chegam ao estágio de parasitas
está presente 12-15. O Chile, no entanto, não apresenta relatos adultos, podendo viver até cinco anos nos cães e dois anos
de dirofilariose 14. nos gatos. A variação do período pré-patente é de seis a oito
Em 1988, a incidência da dirofilariose no Brasil era de meses. Em uma picada, de dez a doze microfilárias podem
7,9%. Naquela época a distribuição entre as regiões brasilei- ser transmitidas por um único mosquito 1,26.
ras apresentava-se da seguinte forma: Região Centro-Oeste,
5,8%; Região Norte, 10,7%; Região Nordeste, variação de Sinais clínicos
1,4 a 10,3%; Região Sudeste, incidência compreendida entre A hipertensão pulmonar é acompanhada por sinais clíni-
2,2 e 52,5%; Região Sul, de 1,1 a 2% 16-17. Dentre essas re- cos como tosse, dispneia, perda de peso e também ascite 26,27.
giões, a distribuição é a seguinte: Rio Grande do Sul, 1,1%; Outros sinais passíveis de serem percebidos na anamnese e
Santa Catarina, 12%; Paraíba, 12,4%; Pará, 10,7%; Alagoas, no exame físico incluem letargia, intolerância ao exercício,
12,5%; Rio de Janeiro, 21,3%; Recife, no estado de Pernam- sopro direito por conta da insuficiência da válvula tricúspi-
buco, 2,3%; no estado de São Paulo, Bertioga, 45% e Gua- de, ritmo de galope, crepitações pulmonares, cianose e
rujá, 14,2%, ambas cidades costeiras, apresentam alta preva- arritmias cardíacas 28. Pode ocorrer reação inflamatória exac-
lência. Ainda no estado de São Paulo, porém, cidades afasta- erbada, com a morte do parasita, promovendo a formação de
das da costa, como Mairiporã e Botucatu, apresentaram ín- granuloma, que pode obstruir as artérias pulmonares 1.
dices de 17% e 0,9%, respectivamente 18. Outras cidades Os gatos infectados geralmente albergam menos de cinco
afastadas da costa também apresentam relatos de casos de parasitas adultos e a infecção geralmente cursa sem microfi-
dirofilariose, como acontece em Cuiabá (MT), com 9,62%, laremia – que, quando ocorre é por curto período de tempo.
e Uberlândia (MG), que apresenta relato de quatro casos 18. Nesses animais, os sinais são diferentes dos encontrados nos
Entretanto, mais recentemente, a prevalência nacional pare- cães: vômito, tosse, colapso ou síncope 29, letargia, anorexia,
ce ter permanecido em patamares mais baixos (2 a 10%) 18,19. perda de peso, sopro cardíaco (sobre a área da válvula tricús-
Em 2005, na região leste do estado do Rio de Janeiro, 50% pide), além de crepitações nos campos pulmonares e tam-
dos cães de uma localidade foram encontrados albergando o bém hemoptise. Entre os sinais neurológicos destacam-se
parasito 20 mas, em 2011 foi registrado o recrudescimento das convulsões, ataxia e cegueira 26.
infecções, já chegando à frequência de 25% na região
Oceânica de Niterói, onde em 2003 nenhum cão fora encon- Diagnóstico
trado parasitado 21. O diagnóstico tem como base os sinais clínicos de disfun-
Os parasitos adultos habitam preferencialmente as arté- ção cardiovascular, além da demonstração das microfilárias
rias pulmonares e o ventrículo direito, provocando lesões no sangue, pela técnica de Knott modificada por Newton &
vasculares e levando a hipertensão pulmonar. Entretanto, Wright ou da presença de antígenos dos parasitas adultos no
quando ocorrem migrações erráticas os helmintos podem ser sangue pela técnica de Elisa. Alguns achados radiográficos
encontrados no cérebro, nos olhos ou em qualquer artéria 2,22. incluem dilatação ventricular direita, tronco pulmonar
Os cães entre quatro e oito anos de idade são os mais fre- proeminente e tortuosidade das artérias pulmonares, além de
quentemente encontrados infectados; no entanto, a partir de sua dilatação central 2.
seis meses de idade já podem albergar indivíduos adultos 2. O eletrocardiograma pode ser útil para avaliar arritmias
A prevalência global nos gatos é de 5% a 20% menor que em pacientes no estágio avançado da doença, no entanto,
a dos cães que vivem na mesma área 23. não é um teste sensível para identificação de hipertrofia leve
a moderada do ventrículo direito 29. Por meio da ecocardio-
Etiologia e ciclo de vida grafia, é possível observar a dilatação que envolve o ventrí-
A espécie Dirofilaria immitis é parasita, nematódeo do culo e o átrio direitos e a artéria pulmonar principal 26.
gênero Dirofilaria. A D. immitis tem como hospedeiros de-
finitivos os canídeos, principalmente cães domésticos, em- Tratamento adulticida
bora os primatas não humanos e ocasionalmente os gatos e Cães
os seres humanos, além de outras espécies de mamíferos A única droga aprovada pela Food and Drug
também possam ser infectadas 1,22. Os hospedeiros inter- Administration (FDA) americana é o dicloridrato de
mediários são mosquitos dos gêneros Aedes, Anopheles e melarsomina – que não é encontrada no mercado brasileiro.
Culex 24. Vale ressaltar que os mosquitos Aedes spp têm Sua administração é feita pela via intramuscular profunda na
hábitos vespertinos, enquanto os Culex spp têm hábitos no- região lombar (musculatura epaxial, na altura de L3 a L5). A
turnos 25. dose utilizada é de 2,5mg/kg a cada aplicação. As aplicações
O ciclo de vida tem início com a ingestão da primeira fase devem ser realizadas em duas etapas. A primeira, composta
larvária (microfilarias) pelo mosquito, que, nos tubos de por apenas uma aplicação IM da droga e a segunda, entre
Malpighi desenvolvem-se de larva 1 (L1 ou microfilárias) a trinta e sessenta dias após a primeira injeção e será compos-
larva 3 (L3), que corresponde à fase infectante. As L3 ta por duas aplicações (IM) com intervalo de 24 horas.

48 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Devem ser considerados como tratamento adjuvante a (ausência de microfilárias e de antígenos na circulação).
administração de prednisolona e de doxiciclina. É aconse- Esse tratamento deve ser realizado administrando-se
lhável a hospitalização dos pacientes para a administração lactonas macrocíclicas seguindo-se posologia preventiva 30.
da droga, uma vez que a morte dos parasitos pode causar
tromboembolismo grave 1,26,30. É recomendado restringir as Prevenção
atividades físicas por um período de quatro a seis semanas, Há uma variedade de opções para a prevenção da dirofi-
reduzindo, dessa forma, as sequelas provocadas pela morte lariose em cães e gatos, tanto em tabletes ou gomas como em
de vermes adultos, uma das quais é o tromboembolismo pul- aplicações tópicas, entre as quais vale ressaltar a ivermecti-
monar. É importante adequar a dieta de cães com dirofila- na (cães: 6 a 12mcg/kg/mês; gatos: 24mcg/kg/mês); a milbe-
riose e portadores de insuficiência cardíaca congestiva, res- micina (cães: 500 a 999mcg/kg/mês; gatos 2mg/kg/mês);
tringindo o sódio 31. selamectina (cãe se gatos: 6 a 12mg/kg/mês) e a dietilcarba-
mazina (2,5 a 3mg/kg/VO). Também é importante lembrar
Gatos que o acesso às áreas endêmicas deve ser evitado, não
Gatos apresentam a possibilidade de cura espontânea, expondo os animais aos vetores 1,29.
sendo recomendado tratamento de suporte 1. A decisão de
realizar o tratamento curativo nesses animais é difícil, uma
Agradecimentos
vez que a morte dos gatos é consequência frequente da
À profa. dra. Norma Labarthe, pela sugestões que enri-
morte de parasitos adultos, além da possibilidade de intoxi-
queceram este trabalho e à acadêmica de medicina veteriná-
cação 32.
ria, Aline Brusco Lusa, pelo auxílio com as referências.
Tratamento microfilaricida
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Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 49


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50 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Herpes-vírus canino em filhotes da raça golden retriever –
relato de caso
Canine hepesvirus in golden retriever pups – case report
Herpesvirus canino en cachorros Golden Retriever – relato de casos

Clínica Veterinária, n. 92, p. 52-56, 2011

Vanessa Perlin Ferraro de Ávila Resumo: O herpes-vírus canino é o agente responsável por causar doença
MV, mestranda hemorrágica fatal em cães com menos de quatro semanas, levando à necrose focal
PPGCV-UFRGS parenquimatosa em diversos órgãos. O vírus está disseminado na população canina
vanessapfa@gmail.com e os cães são considerados os hospedeiros naturais. Animais recém-nascidos
podem infectar-se pelo herpes-vírus canino por meio de secreções oronasais de ani-
Anamaria Telles Esmeraldino mais infectados; no útero, por via transplacentária; ou na passagem pelo canal do
parto. Dois filhotes da raça golden retriever, de dez dias de vida, uma fêmea e um
MV, profa. dra.
macho, foram encaminhados para o Setor de Patologia Animal do Hospital
ULBRA
Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (ULBra-RS). Após a necropsia, foram
atelles@portoweb.com.br
colhidos rins, fígado, pulmão, intestino, linfonodos mesentéricos e baço para exame
histopatológico e de isolamento viral em células de linhagem MDCK. Após três dias
Luiz César Bello Fallavena de inoculação, observou-se efeito citopático compatível com herpes-vírus canino nas
MV, prof. dr. células MDCK. Os achados anatomopatológicos encontrados, associados ao
ULBRA isolamento viral, permitiram diagnosticar a infecção por herpes-vírus canino nos
lcfallav@gmail.com filhotes.
Unitermos: cão, clínica, diagnóstico, histopatologia, cultivo celular
Carina de Césaro
médica veterinária autônoma Abstract: The canine herpesvirus is the agent responsible for a fatal hemorrhagic
ecesaro@terra.com.br disease in pups up to four weeks of age, leading to focal parenchymatous necrosis in
several organs. The virus is widely spread in the canine population and dogs are
Norma Centeno Rodrigues considered natural hosts. Newborns can become infected by oronasal secretions
eliminated by infected dogs, in the womb, through transplacental transmission, or
MV, dra.
during the passage through the birth canal. A male and a female ten-day old Golden
Inst. de Pesquisas Vet. “Desiderio Finamor”
Retriever pups were sent to the Animal Pathology Sector of the Veterinary Hospital of
normacentenorodrigues@gmail
the Lutheran University of Brazil (ULBra-RS) to establish the cause of death. After
necropsy, samples of kidney, liver, lung, intestine, mesenteric lymph nodes and
Alexandre Carvalho Braga spleen were collected for histopathology and viral isolation in MDCK cells. A cyto-
MV, Msc pathic effect compatible with canine herpesvirus was observed three days after inoc-
Inst. de Pesquisas Vet. “Desiderio Finamor” ulation. The pathological and virus isolation findings enabled the diagnosis of infec-
alexandrebraga@ipvdf.rs.gov.br tion due to canine herpesvirus in the pups.
Keywords: dog, clinic, diagnosis, histopathology, cell culture
Cristine Cerva
MV, Msc Resumen: El herpesvirus canino es el agente responsable por causar una
Inst. de Pesquisas Vet. “Desiderio Finamor” enfermedad hemorrágica fatal en perros con menos de cuatro semanas, que lleva a
cristinecerva@ipvdf.rs.gov.br una necrosis focal parenquimatosa en diversos órganos. El virus está diseminado en
la populación canina y los caninos son considerados sus huéspedes naturales.
Animales recién nacidos pueden infectarse por el herpes virus canino a través de
secreciones oronasales de animales infectados, en el útero de la perra por vía
transplacentaria, o bien durante el paso por el canal de parto. Dos cachorros de la
raza Golden Retrievers, de 10 días de vida, una hembra y un macho, fueron
encaminados para el sector de patología animal del Hospital Veterinario de la
Universidad Luterana de Brasil (ULBra-RS). Tras la necropsia, se tomaron muestras
de riñón, hígado, pulmón, intestino, ganglios linfáticos mesentéricos y bazo para
examen histopatológico y de aislamiento viral en células de línea MDCK. Pasados
tres días de la inoculación fue observado un efecto citopático compatible con
herpesvirus canino en las células MDCK. Los hallados anatomopatológicos
encontrados, asociados al aislamiento viral, permitieron diagnosticar la infección por
herpesvirus canino en los cachorros.
Palabras clave: perro, clínica, diagnóstico, histopatología, cultivo celular

Introdução rado o agente causal de doença hemorrágica fatal em cães


O herpes-vírus canino tipo 1 (CHV-1) pertence à família com menos de quatro semanas de idade, que determina ne-
Herpesviridae, subfamília Alpha-herpesviridae 1,2 e é conside- crose focal parenquimatosa em diversos órgãos 1-3.

52 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


O vírus encontra-se disseminado entre a população canina e Em cães adultos, o vírus causa infecção leve no trato res-
o agente apresenta taxas elevadas de morbimortalidade 4,5. piratório superior, geralmente manifestada por sinais de tra-
Os cães recém-nascidos podem adquirir a infecção pelo queobronquite, doença ocular, lesões papulovesiculares no
CHV-1 no próprio útero pela via transplacentária ou na trato reprodutor 3,6,9 e, caracteristicamente, desordens repro-
passagem pelo canal do parto. O contágio pode ocorrer tam- dutivas como reabsorção embrionária, natimortos e aborta-
bém por contato direto com outros cães infectados na ninha- mentos 3,6. Nos cães adultos, o vírus é considerado de baixa
da ou por secreções oronasais da cadela ou de outros cães 6. imunogenicidade, visto que os títulos de anticorpos neutrali-
As fêmeas infectadas na metade ou no final da gestação zantes declinam poucos meses após a infecção.
podem abortar, parir filhotes fracos ou sem sinais de doença. O diagnóstico do herpes-vírus canino é baseado nos acha-
Quando infectados no final da gestação, os fetos podem pa- dos histopatológicos, no isolamento viral, na identificação
recer normais no momento do parto, mas geralmente aca- do DNA do vírus por técnicas moleculares (PCR) e em testes
bam morrendo poucos dias após o nascimento 7. sorológicos como a soroneutralização e o método de Elisa 12.
O período de incubação do vírus varia entre três e seis A presença de anticorpos neutralizantes aumenta após a in-
dias 8. Diferentes fatores estão relacionados ao estabeleci- fecção e pode durar cerca de dois meses. No entanto, baixos
mento da herpes-virose em cães, que incluem carga viral in- títulos podem ser detectados por até dois anos. A soropositi-
fectante, a imunidade do recém-nascido, idade, tempo de vidade indica que houve exposição viral e não necessaria-
gestação, parasitismo e coinfecções com vírus imunossu- mente infecção ativa 6,13.
pressivos 6,9. A termorregulação também é considerada fator Os achados anatomopatológicos se caracterizam por
predisponente na infecção 6. A replicação ótima do vírus lesões necróticas focais em órgãos como rins, pulmões, fíga-
ocorre entre 34 e 35°C, diminuindo em temperaturas supe- do, baço e linfonodos. Também se observam corpúsculos de
riores a 36°C. Nos animais recém-nascidos, o sistema de re- inclusão intranucleares nas células infectadas pelo herpes-
gulação térmica não está completamente desenvolvido até vírus canino 12,14. A microscopia eletrônica pode ser usada
duas a três semanas de vida, período em que a temperatura como método adicional no diagnóstico viral 15. Na rotina, o
corporal se situa normalmente 1°C a 1,5°C abaixo da tempe- diagnóstico definitivo geralmente é obtido aliando-se os
ratura usual de cães adultos 6. achados clinicoepidemiológicos, histopatológicos e pelo iso-
Clinicamente, os filhotes infectados pelo CHV-1 apresen- lamento e a caracterização viral em células renais, adrenais,
tam anorexia, debilidade, fraqueza, diarreia pastosa de colo- pulmonares, esplênicas, hepáticas ou de linfonodos 14.
ração amarelo-esverdeada e secreção nasal. Também são Podem-se tomar medidas preventivas para evitar a disse-
observados dor abdominal, hemorragias petequiais nas mu- minação da doença nos criatórios, canis e hospitais veteriná-
cosas, pápulas cutâneas e, ocasionalmente, episódios con- rios 16. As cadelas infectadas e suas ninhadas devem ser isola-
vulsivos. Outra queixa comum dos proprietários é o choro das para prevenir a infecção de outros animais. As fêmeas em
incessante dos animais 4,6. As maiores taxas de mortalidade gestação devem permanecer em ambiente limpo e calmo 5,6. O
ocorrem em filhotes entre nove e catorze dias de vida. Em uso de animais soropositivos na reprodução é tema contro-
animais acima de quatro semanas de vida os sinais clínicos verso na literatura, pois as cadelas infectadas podem parir fi-
são incomuns 10,11. Os cães convalescentes podem desenvolver lhotes saudáveis. A inseminação artificial é indicada nos
sinais neurológicos caracterizados por ataxia e cegueira 6,8. casos de uso na reprodução de machos saudáveis com

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 53


fêmeas soropositivas. A cesariana é contraindicada, visto apresentava-se repleto de leite coagulado, com discreta con-
que o feto pode se infectar por via intrauterina 17. gestão na região cárdia. Nos rins observou-se necrose he-
Devido ao desenvolvimento rápido da infecção generali- morrágica multifocal (Figura 1). Foram colhidos fragmentos
zada, faz-se necessária a adoção de ações imediatas nos ani- de rins, fígado, pulmão, intestino, linfonodos mesentéricos e
mais recém-nascidos. O uso de lâmpadas e bolsas térmicas baço para exame histopatológico. Os espécimes foram imer-
que aumentem a temperatura corporal de filhotes para 39°C sos em solução de formalina a 10%, incluídos em parafina e
até três semanas de vida pode auxiliar a reduzir a severidade corados pela técnica de coloração de hematoxilina e eosina.
da infecção se implementado antes ou no momento da expo- Também foram coletados fragmentos de coração, fígado,
sição do vírus 5,6. Terapia de suporte com o uso de antimicro- pulmão, rins e encéfalo para exame virológico.
bianos, fluidoterapia e alimentação por via de sonda oral O exame histopatológico evidenciou áreas de necrose
podem ser necessárias 16. O uso de fármacos antivirais tem se hemorrágica nos rins e no intestino delgado, enquanto no
mostrado ineficaz. Em contraste, a administração de vidara- baço e nos linfonodos mesentéricos observou-se hiperpla-
bina antes do desenvolvimento dos sinais clínicos pode ser sia reativa. Nos pulmões havia inflamação fibrinonecrótica,
benéfica, apesar de esse agente antiviral estar associado a com presença de extensas áreas de hemorragia e necrose.
lesões do sistema nervoso central 7. Ações de controle da O exame virológico foi realizado no Instituto de Pesqui-
carga viral no ambiente também são recomendadas, posto sas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) e consistiu na
que o vírus é inativado quando exposto ao calor e à maioria inoculação de amostras de órgãos, em cultivo celular, colhi-
dos desinfetantes e solventes lipídicos comuns. No entanto, das durante a necropsia. Os órgãos de ambos os filhotes
ele apresenta moderada termorresistência, pois mantém-se foram macerados, acrescentando-se 20mL de meio mínimo
viável por cerca de cinco a dez minutos a 56°C e 22 horas essencial de Eagle (MEM) e antibiótico gentamicina
quando exposto à temperatura de 37°C 7. (300µL/L). A inoculação foi realizada em tapete de células
MDCK (Madin-Darby canine kidney) 18. No terceiro dia da
Relato de caso segunda passagem em cultivo celular, observou-se efeito
Foram encaminhados ao Setor de Anatomia Patológica do citopático compatível com o causado por herpes-vírus, apre-
Hospital Veterinário da Ulbra, situado em Canoas, RS, para sentando, em três pontos do tapete, células multinucleadas
necropsia, dois filhotes de dez dias de vida, um macho e uma formando sincício, com núcleos em graus variáveis de dege-
fêmea, ambos da raça golden retriever. Os filhotes perten- neração e pontes citoplasmáticas intercelulares (Figura 2).
ciam a uma ninhada de dez animais com histórico de
fraqueza e vocalização intensa que levou oito filhotes ao Discussão
óbito, enquanto dois foram sacrificados por exibirem má- O diagnóstico de infecção por herpes-vírus canino no pre-
formação. sente relato foi firmado com base nos sinais clínicos, nos
Na necropsia, as lesões observadas mostraram-se seme- dados epidemiológicos e nos achados anatomopatológicos
lhantes em ambos os animais, incluindo esplenomegalia, associados ao isolamento viral. Apesar de haver disponibili-
hepatomegalia, edema pulmonar, congestão e presença dade de técnicas sorológicas e moleculares para o diagnósti-
de sufusões na mucosa e na serosa intestinal. O estômago co viral, na rotina clínica ele pode ser embasado nos achados
de necropsia, nos exames histopatológicos e de cultura
celular 12,14. De maneira similar, no presente estudo foram
Laboratório de anatomia patológica veterinária - ULBRA

observados achados histopatológicos nos órgãos e efeitos


citopáticos característicos no tapete celular compatíveis com
os causados pelo herpes-vírus canino 14.
Depto. Virologia, Desidério Finamor

Figura 2 - Células multinucleadas formando sincício, com


Figura 1 - Detalhe da necropsia de áreas multifocais de necrose núcleos em graus variáveis de degeneração e pontes intercelu-
hemorrágica em rins de filhotes de cães infectados por herpes- lares em cultivo celular de células MDCK compatíveis, com
vírus canino. Setor de Anatomia Patológica Veterinária - Ulbra, efeito citopático de herpes-vírus canino. Aumento de 40x.
Canoas, RS Departamento de Virologia - Desidério Finamor, Eldorado do Sul

54 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Apesar de apenas dois filhotes terem sido necropsiados, altas taxas de morbimortalidade. Devem ser prontamente im-
os achados patológicos, o isolamento viral, bem como o his- plementadas medidas de controle e profilaxia em criatórios
tórico clínico, sugerem que os demais filhotes também deve- com diagnóstico de herpes-virose, para evitar grande morta-
riam estar infectados pelo herpes-vírus canino. A idade dos lidade de animais e a disseminação da infecção. O exame
filhotes (dez dias), os sinais de fraqueza e a vocalização in- necroscópico dos animais que venham a óbito, aliado ao iso-
tensa estão entre outros sinais clínicos comumente descritos lamento viral e os achados clínicos e epidemiológicos possi-
em cães jovens com herpes-virose 4,6. Casos relatados por bilitam o diagnóstico da herpes-virose em cães.
outros autores em ninhadas de cães com altas taxas de mor-
bidade e mortalidade indicam a gravidade do quadro clínico Referências
e o potencial de transmissibilidade do microrganismo nas ni- 01-NAVARRO, C. ; CELEDON, M. ; PIZARRO, J. Detección de vírus herpes
canino tipo I em Chile. Archivos Medicina Veterinária, Valdivia, v. 35,
nhadas, reforçando a necessidade de diagnóstico rápido e de n. 2, p. 227-231, 2003.
se instituírem ações com o intuito de conter a disseminação 02-ROIZMAN, B. ; DESROSIERS, R. C. ; FLECKENSTEIN, B. ; LOPEZ, C. ;
viral em animais próximos 19. MINSON, A. C. ; STUDDERT, M. J. The family herpesviridae: an update.
As lesões encontradas na necropsia dos animais foram si- Archives of Virology, v. 123, p. 425-449, 1992.
milares às de outros casos descritos em cães com menos de 03-KARPAS. A. ; GARCIA, F. G. ; CALVO, F. ; CROSS, R. E. Experimental
production of canine tracheobronchitis (Kennel cough) with canine
um mês de idade infectados pelo herpes-vírus canino 15,19. Há herpesvirus isolated from naturally infected dogs. American Journal of
descrição de lesões características nos rins 7, nos quais se Veterinary Research, v. 29, p. 1251-1257, 1968.
observam áreas de hemorragia e necrose multifocais que dão 04-SHERDING, R. G. Outras doenças infecciosas. In: BICHARD, S. J. ;
a esses órgãos aspecto moteado característico, com áreas de SHERDING, R. D. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. 2.
necrose hemorrágicas circunscritas ao córtex pálido e acin- ed. São Paulo: Roca, 2003. p. 133-137.
05-QUINN, P. J. ; MARKEY, B. K. ; CARTER, M. E. ; DONELLY, W. J. C. ;
zentado. Esse aspecto moteado ocorre devido à necrose fi- LEONARD, F. C. Herpesviridae. In:___. Microbiologia veterinária e
brinoide das artérias interlobulares, causada pelo vírus 6. Na doenças infecciosas. Porto Alegre: ArtMed, 2005. p. 309-319.
necropsia dos filhotes, observou-se que os rins apresenta- 06-CARMICHAEL, L. E. ; GREENE, C. E. Canine herpesvírus infection. In:
vam hemorragia e necrose multifocais. Os pulmões de GREENE, C. E. Infections diseases of the dog and cat. 2. ed. Philadelphia:
ambos os animais apresentavam edema. Na herpes-virose W. B. Saunders Company, 1998. p. 28-32.
07-CARMICHEL, L. E. Neonatal viral infections of pups: canine herpesvirus
canina frequentemente os pulmões encontram-se firmes e and minute virus of canines (canine parvovirus-1).1999. Disponível em:
edematosos, com áreas de hiperemia 6. O envolvimento pul- <http://www.ivis.org>. Acesso em: março 2009.
monar geralmente resulta em hiperplasia do epitélio bron- 08-SWANGO, L. J. Canine viral diseases. In: ETTINGER, S. J. ; FELDMAN.
quiolar, com áreas de necrose e descamação epitelial 20. E. C. Textbook of veterinary internal medicine. 4. ed. Philadelphia: W. B.
Microscopicamente, evidenciaou-se nos pulmões pneumo- Saunders, 1995. p. 398-409.
nia do tipo fibrinonecrótica, além de áreas de necrose 09-HASHIMOTO, A. ; HIRAI, K. ; FUKUSHI, H. ; FUJIMOTO, Y. The
vaginal lesions of a bitch with a history of canine herpesvirus infection.
hemorrágica. Japanese Journal of Veterinary Science, v. 45, p. 123-126, 1983.
O fígado dos fetos infectados pelo herpes-vírus canino 10-HOSKINS, J. D. Fading puppy and kitten syndrome. In: KIRK, R. W. ;
frequentemente se encontra aumentado e as lesões focais BONAGURA, J. D. Kirk´s current veterinary therapy. Small animal
podem ser suficientemente extensas para serem notadas ma- practice. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1995. p. 30-34.
croscopicamente 19. O baço e os linfonodos apresentam au- 11-HILL, H. ; MARÉ, C. J. Genital disease in dogs caused by canine
herpesvírus. American Journal of Veterinary Research, v. 35,
mento e hiperplasia reativa de fagócitos mononucleares 19. p. 669-672,1974.
No sistema gastrintestinal é comum haver hemorragias pete- 12-MANNING, A. ; BUCHAN, A. ; SKINNER, G. R. B. ; DURHAN, J. ;
quiais nas superfícies serosas 6. Nos filhotes necropsiados no THOMPSON, H. The immunological relationship between canine
presente relato, observaram-se esplenomegalia, hepatome- herpesvirus and four other herpesviruses. Journal of General Virology,
v. 69, p.1601-1608, 1998.
galia e sufusões na mucosa intestinal, além de hiperemia da 13-APPEL, M. Canine herpesvírus. In: APPEL, M. Virus infections of
serosa. Microscopicamente, os linfonodos revelaram hiper- carnivores, v. 1. Amsterdam: Elsevier; 1987. p. 5-15.
plasia reativa. 14-JONES, T. C. ; HUNT, R. D. ; KING, N.W. Doenças causadas por agentes
No presente caso, não se observaram inclusões nos teci- virais. In: ___. Patologia veterinária. 6. ed. São Paulo: Manole, 1997.
dos examinados. Tal resultado pode ser justificado visto que p. 205-380.
a presença de inclusões intranucleares – acidofílicas ou ba- 15-STEWART, S. E. ; FERREIRA, J. D. ; LOVELACE, E. ; LANDON, J. ;
STOCK, N. Herpes-like virus isolated from neonatal and fetal dogs.
sofílicas – dependem do estágio da infecção celular e do mé- Science, v. 148, n. 3675, p. 1341-1343, 1965.
todo de fixação do material colhido. Ademais, as inclusões 16-RONSSE, V. ; POULET, H. ; VERSTEGEN, J. ; THIRY, E. L'herpèsvirose
celulares pelo herpes-vírus em cães são de difícil visualiza- canine. Annales de Médecine Vétérinaire, v. 147, p. 65-76, 2003.
ção e menos frequentes do que as observadas na infecção 17-ANVIK, J. O. Clinical considerations of canine herpesvírus infection.
provocadas por esse vírus em outros animais domésticos 6,14. Veterinary Medicine, v. 86, n. 4, p. 394-403, 1991.
18-MAHI, B. W. J. ; KANGRO, H. O. Virology methods manual. 1. ed.
London: Academic Press , 1998, 374 p.
Conclusão 19-OLIVEIRA, E. C. ; SONNE, L. ; BEZERRA JÚNIOR, P. S. ; TEIXEIRA,
O herpes-vírus canino é responsável por causar doença E. M. ; DEZENGRINI, R. ; PAVARINI, S. P. ; FLORES, E. F. ;
fatal em filhotes. Apesar dos poucos relatos feitos no Brasil, DRIEMEIER, D. Achados clínicos e patológicos em cães infectados
tem-se observado evidências da circulação do vírus no país e a naturalmente por herpesvírus canino. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.
29, n. 8, p. 637-642, 2009.
presença desse microrganismo nos criatórios merece preocupa-
20-ACLAND, H. M. Reproductive system: female. In: CARLTON, W. W. ;
ção, visto que os cães são hospedeiros naturais, o vírus pos- MCGAVIN, M. D. Thomson`s special veterinary pathology. 2. ed.
sui alta transmissibilidade e as ninhadas afetadas apresentam Missouri: Mosby Year Book, 1995, p. 512-543.

56 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Lúpus eritematoso vesicular canino –
relato de caso e revisão de literatura
Canine vesicular cutaneous lupus erythematosus –
case report and a review
Lupus eritematoso cutáneo vesicular canino –
relato de caso y revisión de la literatura

Clínica Veterinária, n. 92, p. 58-61, 2011

Luiz André Sorbello Resumo: O lúpus eritematoso cutâneo vesicular canino (LECVC) é uma
MV, residente dermatopatia autoimune rara, que acomete cães adultos das raças collie e pastor de
Clín. Méd. Animais de Companhia - PUCPR Shetland e os mestiços resultantes de seus cruzamentos. As manifestações clínicas
luizsorbello@gmail.com do LECVC são predominantemente dermatológicas e se caracterizam por lesões
eritematosas vesiculobolhosas e/ou ulceradas, distribuídas em áreas de rarefação
Flávia Biondi pilosa como o abdômen ventral, as axilas, as virilhas e a face interna dos pavilhões
MV, mestranda auriculares. O diagnóstico é feito a partir das manifestações clínicas, da raça, dos
PPGCV/UFPR achados histopatológicos e também por meio das técnicas de imunopatologia. O
flabiondi@hotmail.com tratamento é baseado no emprego de fármacos imunossupressores e/ou
imunomoduladores e o prognóstico é sempre reservado. O presente trabalho tem por
objetivo relatar um caso de um cão fêmea mestiço de collie que apresentava lesões
Marconi Rodrigues de Farias cutâneas ulcerosas e apruríticas, de recorrência sazonal, associadas à primavera e
MV, mestre, doutorando, prof. adj. I ao verão, características predominantes da doença. O LECVC deve ser considerado
Clín. Méd. Animais de Companhia - PUCPR como diagnóstico diferencial nos casos de dermatopatias autoimunes.
marconi.farias@pucpr.br Unitermos: autoimune, dermatite de interface, collie, pastor de Shetland
Antonio Henrique Cereda da Silva Abstract: Canine vesicular cutaneous lupus erythematosus (CVCLE) is a rare
MV, mestrando autoimmune skin disease typical of the breeds Rough Collie and Shetland Sheepdog,
PPGCV/UFPR affecting also animals resulting from their crosses. Clinical signs are mostly
antonio_cereda@yahoo.com.br dermatologic and include vesicles and/or bullae, and ulcerations in sparsely haired
areas such as the ventral abdomen, axillae, groin and the concave aspect of the
Juliana Werner external ear. Diagnosis is based on breed specificity, history, clinical presentation,
MV, mestre histopathological and immunopathological findings. Treatment is based on
Laboratório Werner&Werner immunosuppressive and immunomodulatory therapy, and prognosis is always
juliana@werner.vet.br reserved. This paper reports the case of a female dog with ulcerative non pruritic skin
lesions, with recurrence associated with spring and summer, which are predominant
features of the disease. CVCLE should be considered in the differential diagnosis of
autoimmune skin diseases.
Keywords: autoimmune, interface dermatitis, Collie, Shetland Sheepdog

Resumen: El lupus eritematoso cutáneo vesicular canino (LECVC) es una rara


dermatopatía auto inmune que afecta a perros adultos de razas Collie y Pastor de
Shetland, o mestizos de los mismos. Los signos clínicos de LECVC son
predominantemente dérmicos y se caracterizam por lesiones eritematosas,
vesiculobullosas y / o distribuidas en las zonas ulceradas de rarefacción pilosa como
el abdomen ventral, las axilas, y cara interna del pabellón auricular. El diagnóstico se
realiza a partir de la raza, los signos clínicos, los hallazgos histopatológicos y
también mediante las técnicas de inmunopatología. Los cambios histopatológicos se
caracterizan básicamente por una dermatitis de interfase rica en linfocitos. El
tratamiento se basa en el uso de medicamentos inmunosupresores e
inmunomoduladores y el pronóstico siempre es reservado. Este trabajo tiene como
objetivo presentar el caso de una perra, que se presentó con lesiones ulcerosas y
apruriticas con recidivas estacionales (primavera y verano), características
predominantes de la enfermedad. El LECVC debe considerarse en el diagnóstico
diferencial de las enfermedades auto inmunes de la piel.
Palabras clave: dermatitis de interfase autoinmunes, Collie, Shetland Sheepdog

Introdução das raças collie e pastor de Shetland e os mestiços resultan-


O lúpus eritematoso cutâneo vesicular canino (LECVC) é tes de seus cruzamentos, o que sugere a presença de envolvi-
uma dermatopatia autoimune rara que acomete cães adultos mento hereditário em sua patogênese 1-4.

58 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Até meados dos anos 1970, essa doença ulcerativa cutâ- Flávia Biondi

nea era relatada como hidradenite supurativa e mais tarde,


nos anos 1980, os cães eram diagnosticados como portado-
res de penfigoide bolhoso com base nos achados histopato-
lógicos de separação dermoepidérmica 1.
Em 1995 o LECVC foi descrito como doença ulcerativa
idiopática dos collies e pastores de Shetland, que poderia ser
uma variante da dermatomiosite familiar canina, de caracte-
rística comprovadamente hereditária nessas raças 3.
Em 2001, comparando históricos, manifestações clínicas
e achados histopatológicos de estudos anteriores, foram en-
contradas muitas diferenças entre essas duas doenças e
propôs-se que essa enfermidade seria uma variante vesicular
do lúpus eritematoso cutâneo (LEC), semelhante ao lúpus
eritematoso cutâneo subagudo humano 5.
As manifestações clínicas do LECVC são predominante-
mente dermatológicas e se caracterizam por lesões eritema-
tosas vesiculobolhosas e/ou ulceradas, distribuídas em áreas Figura 1 - Cão mestiço de collie, fêmea, seis anos de idade.
glabras como o abdômen, as axilas, as virilhas e a face Visão aproximada de lesões vesicobolhosas e ulceradas em vi-
rilha do animal com LECVC
interna dos pavilhões auriculares.
A maioria dos casos de LECVC tem início ou reincide
principalmente nos meses de verão, reforçando que essa
pode ser uma doença fotoagravada ou fotoprecipitada 3,
como ocorre com o lúpus eritematoso subagudo humano 1,6.
A ocorrência do LECVC é típica de animais adultos 1,6. Em
estudo retrospectivo de dezessete casos, os cães acometidos ti-
nham faixa etária variando entre três e onze anos, com uma mé-

Flávia Biondi
dia de idade de seis anos para o surgimento da doença e maior
ocorrência em fêmeas, na proporção de 2,4 para cada macho 1.
O diagnóstico de LECVC é realizado com base no históri-
co clínico, na predisposição racial e nos achados histopato-
lógicos e imunopatológicos 1,3,6.
O objetivo deste trabalho é relatar um caso de lúpus eri-
tematoso cutâneo vesicular canino atendido na Unidade
Hos pi talar para Animais de Companhia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

Relato de caso Figura 2 - Lesões ulceradas crostosas em axila do mesmo


Um cão fêmea mestiço de collie, de seis anos de idade, foi animal da figura 1
atendido na Unidade Hospitalar de Animais de Companhia
da PUC-PR com o histórico de lesões cutâneas de aspecto Flávia Biondi

ulceroso, apruríticas e de recorrência sazonal, associadas à


primavera e ao verão. O quadro tinha evolução de dois anos
e apresentava remissão parcial mediante terapia imunossu-
pressora com glicocorticoides, porém, recente refratariedade
a esta foi relatada pelo proprietário.
No exame clínico, observou-se presença de alopecia
associada a lesões ulcerosas, de configuração geográfica,
dolorosas, margeadas por intenso eritema, distribuídas
topograficamente de forma simétrica em axilas, virilhas e
abdômen (Figuras 1 e 2). Também foram observadas lesões
erodoulcerativas em junções mucocutâneas encimadas por
crostas melicéricas, tecido cicatricial e hiperpigmentação
residual após involução sintomatolesional (Figuras 3 e 4).
Os exames hemocitométricos, leucométricos, uroanálise e
avaliação bioquímica sérica dos níveis de alanina aminotrans-
ferase, fosfatase alcalina, gama-glutamiltransferase, albu-
mina, ureia e creatinina se mostraram normais, não havendo Figura 3 - Mesmo animal da figura 1. Observe-se leve ulceração
evidência de comorbidades. mucocutânea em região labial

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 59


Juliana Werner

Flávia Biondi

Figura 4 - Mesmo animal da figura 1. Observem-se as lesões


ulceradas serpiginosas de configuração geográfica no abdômen
e na virilha Figura 5 - Fotomicrografia de pele do mesmo cão da figura 1.
Observa-se a degeneração hidrópica da camada basal da epi-
Os diagnósticos diferenciais propostos incluíam: derma- derme (dermatite de interface – setas pretas) e o infiltrado
inflamatório monomorfonuclear em faixa na derme superficial
tomiosite familiar canina, penfigoide bolhoso, pênfigo vul- (liquenoide – elipse) que oblitera a junção dermoepidérmica.
gar, lúpus eritematoso vesicular canino, epidermólise (H.E. Aumento de 400x)
bolhosa e eritema multiforme.
Foi realizada uma análise dermato-histopatológica de collie de seis anos de idade, o que reforçou a possibilidade
diversos fragmentos cutâneos, revelando degeneração diagnóstica de LECVC.
hidrópica da camada basal, raros queratinócitos necróticos O diagnóstico do LECVC deve ser feito a partir dos sinais
e áreas de intensa exocitose basal de linfócitos, que obliter- clínicos, da especificidade racial e dos achados histopatológicos
avam a junção dermoepidérmica. Não se evidenciaram e imuno-histoquímicos obtidos por meio de imunopatologia 3.
sinais de acantólise. Na derme superficial verificaram-se As manifestações clínicas do LECVC são predominante-
incontinência pigmentar, edema e infiltrado inflamatório mente dermatológicas, embora haja relatos de alguns casos
misto em padrão perivascular e em faixa com plasmócitos, de miosite concomitante 2. Inicialmente, observam-se lesões
linfócitos, mastócitos, eosinófilos e neutrófilos (Figura 5). eritematosas e vesicobolhosas que coalescem e se rompem
Na derme profunda verificaram-se vasos sanguíneos com facilidade, formando úlceras circulares e/ou serpiginosas,
exibindo espessamento e irregularidade da parede com infil- distribuídas em áreas glabras como o abdômen, as axilas,
tração de leucócitos (vasculite). Foi realizada coloração as virilhas e a face interna do pavilhão auricular 1,3. Menos
especial para fungos (PAS c/d), que resultou negativa. O comumente, pode ocorrer envolvimento de junções
exame clínico, em conjunto com a análise dermato-histo- mucocutâneas 1,2,4. Em alguns casos, percebe-se simetria
patológica, subsidiou o diagnóstico de dermatite de interface parcial na distribuição das lesões 2.
com discretos sinais de vasculite, compatível com a suspei- A pelagem densa dos cães acometidos pode mascarar ou
ta de lúpus eritematoso cutâneo vesicular canino (LECVC). retardar a percepção das lesões dermatológicas iniciais pelo
O tratamento proposto constituiu-se de terapia imunossu- proprietário, motivo pelo qual muitos cães apresentam a
pressora com azatioprina a 2mg/kg duas vezes ao dia, asso- doença em fase avançada no momento da consulta 3. As
ciada a deflazacort b 7,5mg uma vez ao dia durante dez dias, lesões ulceradas podem ocasionar dor e são alvos de infec-
iniciando protocolo de espaçamento da dose até sua total reti- ção bacteriana secundária que, dependendo da intensidade e
rada em trinta dias. Observou-se melhora no quadro dermato- severidade, pode levar ao quadro de bacteriemia e sépsis 2,3,5.
lógico, com redução da quantidade e da severidade das lesões. Para o diagnóstico histopatólogico, as vesículas e bolhas
Recomendou-se terapia de manutenção diária com azatioprina são ideais, apesar de raramente presentes, devido a seu cará-
na dose de 1mg/kg duas vezes ao dia, permanecendo o animal ter transitório 3. Nesses casos, os focos eritematosos presen-
livre das lesões por quatro meses. Ele apresentou um episódio tes nas margens de lesões crostosas ou ulceradas são preferi-
de recorrência das lesões sendo, então, retomada a terapia com dos para a caracterização histopatológica 2.
corticosteróide até remissão dos sinais clínicos. Atualmente, A principal alteração histopatológica da pele é a dermatite
após doze meses de tratamento, o animal está sendo mantido de interface rica em linfócitos na derme superficial que co-
com terapia com azatioprina em dias alternados. mumente oblitera a junção dermoepidermal, sendo que as cé-
lulas da camada basal e do estrato espinhoso inferior sofrem
Discussão degeneração hidrópica e apoptose. É comum que ocorram in-
O LECVC acomete cães adultos das raças collie e pastor continência pigmentar e espessamento da membrana basal 7.
de Shetland e seus mestiços 1-4 e sua ocorrência é mais comum A apoptose e a vacuolização afetam as células externas dos
em fêmeas adultas com média de idade de seis anos 3. O pa- folículos pilosos superficiais no istmo 2. Frequentemente se
ciente acompanhado neste estudo era uma fêmea mestiça de encontram algumas áreas focais de vesiculação na junção der-
a) Imuran, GlaxoSmithKline, Rio de Janeiro, RJ
moepidermal, em resultado da coalescência de queratinócitos
b) Deflanil, Libbs, São Paulo, SP basais vacuolizados 1,3. Tais características histológicas são

60 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


similares às encontradas no lúpus eritematoso cutâneo apresentam sinais de infecção bacteriana secundária. Nesse
subagudo humano, que geralmente apresenta atrofia epi- caso também são indicadas as substâncias antissépticas de
dermal, apoptose de queratinócitos e dermatite de interface uso tópico, empregadas na forma de cremes, pomadas e
linfocítica 8. xampus, como o peróxido de benzoíla, a clorexidina e a sul-
Usando técnicas de imuno-histoquímica, verificaram-se a fadiazina de prata. Dependendo da evolução da doença,
apoptose de queratinócitos basais e a infiltração dérmica de muitos cães necessitam da administração intermitente de an-
linfócitos T e de células dendríticas apresentadoras de antí- tibióticos ou da utilização dos agentes tópicos 5.
geno 1. Nesse mesmo estudo, observou-se por meio do méto- Apesar de o envolvimento da exposição à luz solar com o
do de imunofluorescência indireta a deposição de imunoglo- aparecimento ou a recrudescência das lesões do LECVC
bulina em todos os casos de LECVC analisados. As imuno- ainda não estar bem elucidado e comprovado, recomenda-se
globulinas estavam presentes no citoplasma dos queratinócitos evitar tal exposição e utilizar protetores solares 3. O animal
basais e suprabasais (43%), no endotélio dos vasos sanguí- em questão, por viver solto em ambiente rural, está exposto
neos (93%) e na junção dermoepidermal (50%). diretamente à luz solar e a utilização de substâncias bloquea-
No caso estudado, o diagnóstico definitivo foi obtido por doras de raios ultravioleta é recomendada, bem como a limi-
meio da análise histopatológica de fragmentos cutâneos, que tação da exposição ao sol. De acordo com o proprietário, as
constatou a presença de dermatite de interface com discretos lesões da paciente surgiam e pioravam nos meses de tempe-
sinais de vasculite que, aliada à característica racial da pa- ratura mais alta, o que reforça a possibilidade de o LECVC
ciente e à apresentação clínica da doença, era compatível ser uma doença fotoagravada ou fotoprecipitada.
com a suspeita clínica de LECVC. Conforme descrito na literatura, a melhor resposta tera-
Por ser uma doença rara, ainda é difícil padronizar os pro- pêutica para LECVC foi obtida com o emprego de corticos-
tocolos terapêuticos e há pouca informação a respeito da efi- teroide (prednisona ou prednisolona) oral em doses imunos-
cácia e da resposta ao tratamento do LECVC 3,9. supressivas, com ou sem associação com a azatioprina 1. O
Como na maioria das dermatopatias autoimunes, o trata- emprego do deflazacort não foi citado na literatura consulta-
mento do LECVC é baseado no emprego de fármacos imu- da mas, neste caso, mostrou-se eficaz na remissão dos sinais
nossupressores e/ou imunomoduladores associados a anti- clínicos, em conjunto com a azatioprina. Optou-se pelo uso
bióticos quando na presença de infecção bacteriana secun- do deflazacort por causa da descrição de refratariedade à te-
dária. O prognóstico do LECVC é sempre reservado 3,5,6. rapia pregressa com prednisona.
Observou-se que a administração de prednisona na dose
de 1 a 2mg/kg, duas vezes ao dia, nas fases agudas da doença, Considerações finais
ou em associação com pentoxifilina na dosagem de 400mg/kg, No cão citado, o diagnóstico de LECVC foi feito com base
diariamente, com ou sem suplementação de vitamina E, po- na associação do histórico clínico e dos achados de dermato-
de ser eficaz 3,6,9. Em um estudo retrospectivo publicado em histopatologia. O LECVC, apesar de raro, deve ser incluído na
2004, avaliou-se a evolução clínica de onze casos de LECVC lista de diagnósticos diferenciais das dermatopatias autoimunes.
e observou-se que a melhor resposta terapêutica foi obtida com
o emprego de prednisona ou prednisolona oral em doses imu- Referências
nossupressoras, usadas isoladamente ou em associação com 1-JACKSON, H. A. ; OLIVRY, T. ; BERGET, F. ; DUNSTON, S. M. ;
BONNEFONT, C. ; CHABANNE, L. Immunopathology of vesicular
a azatioprina. Entretanto, nenhum caso apresentou remissão cutaneous lupus erythematosus in the rough collie and Shetland sheepdog: a
completa 1. Nesse mesmo estudo, um cão que apresentava canine homologue of subacute cutaneous lupus erythematosus in humans.
lesões isoladas no abdômen mostrou remissão completa das Veterinary Dermatology, v. 15, n. 4, p. 230-239, 2004.
manifestações clínicas apenas com a utilização tópica de 2-GROSS, T. L. ; IHRKE, P. J. ; WALDER, E. J. ; AFFOLTER, V. K. Interface
diseases of the dermal-epidermal junction. In: ___. Skin diseases of the dog
fluocinolona (concentração e frequência não relatadas). and cat: clinical and histopathologic diagnosis. 2. ed. Blackwell
Em contrapartida, cães tratados apenas com pentoxifilina, Publishing, 2005. p. 49-74.
que receberam doses diárias variando de 9 a 30mg/kg, mos- 3-JACKSON, H. A. Vesicular cutaneous lupus. Veterinary Clinics of North
traram resposta insatisfatória a esse protocolo 3,4. America: Small Animal Practice, v. 36, n. 1, p. 251-255, 2006.
4-MECKLENBURG, L. ; LINEK, M. ; TOBIN, D. J. Inflammatory alopecias.
Em 2006, foi relatada a remissão completa das manifesta- In: ___. Hair loss diseases in domestic animals. 1. ed. Wiley-Blackwell,
ções clínicas de um cão collie portador de LECVC com o 2009. p. 197-272.
emprego de ciclosporina A 9. O cão desse estudo havia apre- 5-OLIVRY, T. ; JACKSON, H. A. Diagnosing new autoimmune blistering skin
sentado intolerância à terapia imunossupressora com predni- diseases of dogs and cats. Clinical Techniques in Small Animal Practice,
v. 16, n. 4, p. 225-229, 2001.
sona oral e não mostrou resultado satisfatório com a associa- 6-JACKSON, H. A. Eleven cases of vesicular cutaneous lupus erythematosus
ção de prednisona e azatioprina. A dose inicial de ciclospori- in Shetland sheepdogs and rough collies: clinical management and prognosis.
na A administrada foi de 4mg/kg, uma vez ao dia, em combi- Veterinary Dermatology, v. 15, n. 1, p. 37-41, 2004.
nação com cetoconazol (4mg/kg, uma vez ao dia) e prednisona 7-GERHAUSER, I. ; STROTHMANN-LÜERSSEN, A. ; BAUMGÄRTNER,
W. A case of interface perianal dermatitis in a dog: Is this an unusual
(0,2mg/kg, duas vezes ao dia). Após dois meses e meio de manifestation of lupus erythematous? Veterinary Pathology, n. 43, v. 5,
terapia, houve involução sintomatolesional e a dose da ciclos- p. 761-764, 2006.
porina A foi reduzida para 2mg/kg, uma vez ao dia, suspen- 8-DAVID-BAJAR, K. M. ; DAVIS, B. M. Pathology, immunopathology and
dendo-se a administração do cetoconazol e da prednisona. immunohistochemestry in cutaneous lupus erythematosus. Lupus, v. 6, n. 2,
p. 145-157, 1997.
Os agentes antimicrobianos sistêmicos como a cefalexina, 9-FONT, A. ; BARDAGI, M. ; MASCORT, J. ; FONDEVILA, D. Treatment
a amoxicilina potencializada com clavulanato de potássio e with oral cyclosporin A of a case of vesicular cutaneous lupus erythematosus
a enrofloxacina são indicados quando as lesões cutâneas in rough collie. Veterinary Dermatology, v. 17, n. 6, p. 440-442, 2006.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 61


Fasceíte necrotizante – relato de dois casos
Necrotizing fasciitis – a two-case report
Fascitis necrosante – reporte de caso

Clínica Veterinária, n. 92, p. 64-70, 2011

Mariana Isa Poci Palumbo Resumo: A fasceíte necrotizante é uma dermatopatia rara associada a mortalidade
MV, mestranda e morbidade substanciais se for tardiamente tratada. O objetivo do presente trabalho
Depto. Clínica Veterinária é relatar a ocorrência de fasceíte necrotizante em dois casos, sendo uma cadela da
FMVZ/Unesp-Botucatu raça pinscher miniatura e uma poodle, ambas atendidas na FMVZ-Unesp, campus de
palumboma11@yahoo.com.br Botucatu. Os animais apresentavam feridas ulceradas, eritematosas, com acúmulo
de secreção e pontos de necrose ao longo dos planos da fáscia muscular. Foi
Felipe Gazza Romão coletado material das feridas para cultura bacteriana, cujos resultados foram
MV, residente positivos para Streptococcus spp. Os animais foram tratados com enrofloxacina,
Depto. Clínica Veterinária limpeza das feridas com solução fisiológica, sabonete à base de triclosan e
FMVZ/Unesp-Botucatu rifampicina spray. Em ambos houve remissão total das lesões em cerca de quinze
fgazza_vet@hotmail.com dias de tratamento. Este relato de caso tem por objetivo alertar os médicos
veterinários para a severidade das infecções por Streptococcus spp.
Unitermos: cães, dermatopatias, Streptococcus sp
Luiz Henrique de Araújo Machado
MV prof. ass. dr. Abstract: Necrotizing fasciitis is a rare dermatopathy that promotes subcutaneous
Depto. Clínica Veterinária tissue damage, associated to substantial morbidity and mortality if treatment is not
FMVZ/Unesp-Botucatu initiated at the beginning of the condition. The objective of the present study is to
henrique@fmvz.unesp.br report the occurrence of two cases of necrotizing fasciitis, one in a miniature female
Pinscher and the other one in a female Poodle, both attended at the Veterinary
Rafael Torres Neto Hospital of FMVZ/Unesp-Botucatu. The animals presented ulcerated, erythematous
MV, pós-graduando lesions with secretion and points of necrosis along fascial planes. Bacterial culture
Depto. Clínica Veterinária was positive for Streptococcus spp. The animals were treated with enrofloxacin,
FMVZ/Unesp-Botucatu associated to topical cleaning of the lesions with saline solution and triclosan-based
rphtorres@yahoo.com.br soap and rifampicin spray. Both animals presented total remission of lesions after
approximately 15 days of treatment. The present report aims to alert veterinary
Viciany Erique Fabris clinicians to the severity of Streptococcus spp infections.
MV, prof. ass. dr. Keywords: dogs, skin diseases, Streptococcus sp
Depto. Patologia
FM-Unesp-Botucatu Resumen: La fascitis necrosante es una dermatopatía rara que provoca la
vfabris@fmb.unesp.br destrucción del tejido subcutáneo, que suele estar asociada a una expresiva tasa de
mortalidad y morbilidad en caso de ser tratada tardíamente. El objetivo del presente
Maria Lúcia Gomes Lourenço trabajo es reportar dos casos de fascitis necrosante; el primero en una perra de raza
MV, profa. ass. dra. Pinscher miniatura y el segundo en una Poddle, ambas atendidas en el hospital
Depto. Clínica Veterinária veterinario de la FMVZ-Unesp, campus Botucatu. Los animales presentaron heridas
FMVZ/Unesp-Botucatu ulcerativas, eritematosas con acumulación de secreción y puntos de necrosis a lo
mege@uol.com.br largo de los planos de la fascia muscular. Fue colectado material de las heridas para
cultivo bacteriano y antibiograma, cuyos resultados fueron positivos a Streptococcus
Maria do Carmo Fernandez Vailati spp. Los animales fueron tratados con enrofloxacina, limpieza de las heridas con
solución fisiológica, jabón a base de triclosan y rifampicina en aerosol. En ambos
MV, prof. ass. dra.
casos hubo regresión total de las lesiones en cerca de 15 días de tratamiento. Este
Depto. Clínica Veterinária
reporte tiene por objetivo alertar a los médicos veterinarios con relación a la
FMVZ/Unesp-Botucatu
severidad de las infecciones por Streptococcus spp.
mfvailati@yahoo.com.br
Palabras clave: canes, dermatopatías, Streptococcus sp

Introdução FN, como Clostridium e Streptococcus 8. Infecções bacteria-


Fasceíte necrotizante (FN) é um termo utilizado na medi- nas mistas, patógenos entéricos gram-negativos e,
cina humana para descrever uma infecção rara e agressiva de raramente, infecções fúngicas primárias também têm sido
tecidos moles, mediada por toxinas e que pode ser acompa- descritos como agentes causadores de FN 3,9-11. Apesar de os
nhada de envolvimento sistêmico precoce 1-5. Frequentemen- Streptococcus grupo A de Lancefield (Streptococcus
te a FN em humanos adultos é secundária a pequenas injú- pyogenes) estarem frequentemente associados à FN,
rias traumáticas, podendo também se desenvolver a partir de mais recentemente, o grupo G e particularmente o grupo B
complicações de feridas cirúrgicas 6,7. (Streptococcus agalactiae) têm sido documentados como
Diversos microrganismos têm sido isolados nos casos de agentes potencialmente emergentes 8,12-15.

64 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Há poucos relatos de casos de celulite e miofasceíte asso-

Luiz Henrique de Araújo Machado


ciados a Streptococcus do grupo C 16. Os fatores de virulên-
cia do grupo A estão bem estabelecidos e provavelmente são
compartilhados com os dos grupos G e C, enquanto a pato-
genia do aumento da capacidade invasiva do grupo B não é
completamente compreendida 13,15. Streptococci do grupo G
foram recentemente isolados de casos humanos de FN
e seu caráter potencialmente necrótico foi atribuído à
β-hemolisina e à streptolisina-S 13.
Como fatores de risco associados, há descrição de distúr-
bios imunes, idade avançada, diabetes melito não controlado
e disfunções orgânicas concomitantes 5,17,18.
Os achados mais frequentes são necrose severa e difusa
da pele sobrejacente, associada a síndrome do choque tóxi-
co, os quais, se não observados e tratados rapidamente, ele-
vam o índice de mortalidade a níveis superiores a 60% 19.
O tratamento de escolha inclui debridamento cirúrgico pro- Figura 1 - Cadela pinscher miniatura, de dois anos, apresen-
fundo e antibióticos intravenosos, para evitar a septicemia 3,18. tando múltiplas feridas ulceradas, eritematosas, com acúmulo
A escolha do antibiótico é um fator crucial no tratamento da de secreção e pontos de necrose ao longo dos planos da
FN 3,18. Sabe-se que Streptococci normalmente são muito sen- fáscia muscular
síveis à penicilina 6, podendo-se escolher empiricamente esse
antibiótico enquanto se aguarda o cultivo e o antibiograma. β haemolyticus e Staphylococcus haemolyticus. As bactérias
Há apenas alguns relatos de FN em pequenos animais 20-22 da cultura foram sensíveis a todos os antibióticos testados no
e pelo nosso conhecimento, não há relato de tal dermatopa- antibiograma (amicacina, amoxicilina, ampicilina, cefalexina,
tia em cães no Brasil. O objetivo do presente trabalho é re- ceftriaxona, ciprofloxacina, cloranfenicol, enrofloxacina,
latar a ocorrência de fasceíte necrotizante em dois cães aten- norfloxacina e penicilina). Receitou-se antibioticoterapia
didos no Hospital Veterinário da FMVZ-Unesp, campus de com enrofloxacina a (5mg/kg, duas vezes ao dia, por catorze
Botucatu, e alertar os médicos veterinários para a severidade dias), limpeza das feridas com solução fisiológica
das infecções por Streptococcus sp. (debridamento mecânico) a cada doze horas, sabonete à
base de triclosan b a cada cinco dias, rifampicina spray c e
Relato de casos uso de colar elisabetano para evitar que o animal lambesse
Foram atendidos no Hospital Veterinário da FMVZ- ou coçasse as feridas.
Unesp, campus de Botucatu, dois cães com suspeita de O animal retornou ao Hospital Veterinário em sete dias e
fasceíte necrotizante. havia tido remissão quase total das lesões (Figura 2). O trata-
mento foi mantido por mais sete semanas, momento esse em
Caso 1 que o animal apresentava remissão total das lesões e rece-
O primeiro animal era uma cadela de dois anos de idade, beu alta.
da raça pinscher miniatura, que apresentava lesões dermato-
lógicas com evolução de uma semana. O animal apresenta-
va múltiplas feridas ulceronecróticas, com bordas elevadas e
eritematosas com acúmulo de exsudato purulento e crostas
Luiz Henrique de Araújo Machado

melicéricas, além de pontos de necrose ao longo dos planos


da fáscia muscular. O animal tinha prurido moderado, que
teve início após o aparecimento das lesões.
As feridas eram localizadas principalmente nas axilas, no
abdômen ventral e nos membros (Figura 1). O estado geral
do animal era bom e não foi notada nenhuma alteração sis-
têmica durante o exame físico, apenas uma discreta apatia. A
cadela não apresentava outros animais contaminadores e as
pessoas que viviam com o animal não apresentavam lesões
de pele.
Os exames parasitológicos por raspado cutâneo, fluores-
cência pela lâmpada de Wood e citologia micológica resul-
taram negativos para pesquisa de ácaros e fungos, respecti- Figura 2 - Mesmo animal da figura 1 com as feridas em processo
de cicatrização após sete dias de tratamento
vamente.
Por questões de custo, o proprietário optou pela não reali-
zação da biópsia e da histopatologia.
Foi coletado material das feridas para cultura bacteriana e a) Flotril®. Intervet / Schering-Plough Animal Health. São Paulo, SP
b) Soapex®. Galderma Brasil Ltda. Rio de Janeiro, RJ
antibiograma, cujo resultado foi positivo para Streptococcus c) Rifocina spray®. Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. Suzano, SP

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 65


Nesse caso, os achados clínicos, associados ao cultivo

Rafael Torres Neto/Viciany Erique Fabris


microbiológico, em que não cresceu Staphylococcus
intermedius, agente causal mais comumente visto em pio-
dermites, além da resposta terapêutica, nos permitiram fir-
mar o diagnóstico de fasceíte necrotizante. Outro fator dife-
rencial entre a piodermite e a fasceíte necrotizante é o
envolvimento de fáscia muscular nesta última.

Caso 2
O segundo paciente era uma cadela poodle de oito anos de
idade, que apresentava lesão única no flanco direito (Figura
3) medindo aproximadamente 7cm de diâmetro (Figura 4),
caracterizada como ulceronecrótica, com bordas elevadas e
eritematosas, além de acúmulo de exsudato purulento,
crostas melicéricas e necrose ao longo dos planos da fáscia
muscular, com evolução de quatro dias. O animal não apre-
sentava prurido. Figura 5 - Dermatite ulcerativa. Note-se a transição entre a
úlcera e a epiderme. Hematoxilina e eosina. 20x
Luiz Henrique de Araújo Machado

Rafael Torres Neto/Viciany Erique Fabris

Figura 3 - Cadela poodle, de oito anos, apresentando ferida


única ulcerada, eritematosa, com acúmulo de secreção e pon-
tos de necrose ao longo dos planos da fáscia muscular
Luiz Henrique de Araújo Machado

Figura 6 - Paniculite septal piogranulomatosa. Inflamação


histiolinfocitária com muitos neutrófilos na hipoderme.
Hematoxilina e eosina. 20x
Rafael Torres Neto/Viciany Erique Fabris

Figura 4 - Detalhe da lesão em flanco do caso 2

Também neste caso os exames parasitológicos por


raspado cutâneo, fluorescência pela lâmpada de Wood e
citologia micológica resultaram negativos para pesquisa de
ácaros e fungos, respectivamente.
Figura 7 - Subcutâneo e tecido conjuntivo fascial com extenso
Foi realizada biópsia e histopatologia da lesão (Figuras 5, processo inflamatório necrotizante, representado por restos de
6 e 7), que apresentava na parte preservada da epiderme ne- tecido adiposo e de tecido conjuntivo anucleados, permeados
crose superficial de ceratinócitos e espongiose. Na derme por debris celulares cariorréticos e fibrina, poucos macrófagos
superficial havia congestão e edema com pouco processo e neutrófilos identificáveis. Hematoxilina e eosina. 20x

66 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


inflamatório, que se contrapunha a lesão grave necrosante na

Luiz Henrique de Araújo Machado


profundidade, atingindo a hipoderme e provável músculo
cutâneo (limite da biópsia). Circundando a parte necrótica
havia inflamação aguda linfo-histiocitária com neutrófilos,
em meio à qual havia fragmentos de pelos. Os resultados não
indicaram malignidade, ácaros ou fungos e não se observou
vasculite.
Foi coletado material das feridas para cultura bacteriana e
antibiograma, cujo resultado foi positivo para Streptococcus
spp, sendo sensível a amoxicilina + ácido clavulânico e am-
picilina, parcialmente sensível a enrofloxacina e rifampicina
e resistente a cefalexina, ceftriaxona, ciprofloxacina e clo-
ranfenicol. O tratamento instituído foi o mesmo do caso
anterior.
O animal retornou ao Hospital Veterinário após quinze dias,
apresentando evidente melhora do quadro clínico, com a fe-
rida em processo cicatricial e ausência de sinais da infecção
inicial (Figura 8). O tratamento com antibiótico oral foi Figura 8 - Mesmo animal do caso 2 com a lesão em processo
de cicatrização após quinze dias de tratamento
mantido por mais quinze dias e a terapia tópica por mais um
mês, momento em que o animal apresentava cura total.
A FN ocorre em 1 a 5% da população humana e há apenas
Discussão alguns relatos dessa dermatopatia em pequenos animais 20-22.
A fasceíte necrotizante é uma infecção progressiva e Este trabalho relata a ocorrência de fasceíte necrotizante em
destrutiva do tecido subcutâneo, associada a mortalidade e duas cadelas atendidas no Hospital Veterinário da FMVZ-
morbilidade substanciais se for tardiamente tratada 12,23-28. Unesp, campus de Botucatu.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 67


Cães de diversas idades e raças podem ser afetados 29. As úlceras de decúbito, abscessos perirretais ou perfuração
cadelas do presente relato estavam em duas faixas etárias intestinal 36. Nos casos aqui relatados esses acontecimentos
distintas e eram de duas raças diferentes, em concordância prévios e consequências não foram observados – neste últi-
com a literatura. Como inicialmente a infecção atinge os mo talvez pelo pronto atendimento e pelas medidas terapêu-
planos da fáscia, com mínimo de envolvimento da pele, a ticas imediatas.
extensão da lesão pode não ser reconhecida no início da Cultura e antibiograma são indispensáveis para o
doença 12. diag nóstico da fasceíte necrotizante 36. Histopatologi-
Muitos organismos gram-negativos (Pseudomonas sp, camente, as lesões são caracterizadas por destruição teci-
Clostridium) e outros anaeróbios (Bacteroides spp) podem dual extensa, trombose de vasos sanguíneos, abundância de
causar a fasceíte necrotizante, mas o Streptococcus do bactérias nas camadas lesionadas da pele e resposta infla-
Grupo A é o agente causador de quase 50% de todos os casos matória celular aguda e moderada 9. Em ambos os casos foi
de FN 30,31. FN causada por Streptococcus β hemolyticus foi feita a pesquisa bacteriana pelo cultivo e um antibiograma,
descrita primeiramente em 1924 32. Foi coletado material das ao passo que somente um dos animais foi submetido a
feridas para cultura bacteriana e antibiograma, cujo resultado biópsia e histopatologia, por questões de custo, mas o
foi positivo para Streptococcus β haemolyticus e resultado microbiológico e a resposta terapêutica demons-
Staphylococcus haemolyticus em um caso e Streptococcus tram ser o cultivo realmente o exame mais importante para
spp no outro, demonstrando a importância da identificação o diagnóstico.
dessa bactéria. A terapia deve ser direcionada para a rápida eliminação da
Os fatores predisponentes documentados em seres huma- infecção com o uso de antimicrobianos sistêmicos, além do
nos incluem: idade avançada, doença crônica, ser do sexo debridamento cirúrgico da ferida 1,21,35,42,43, devendo ser reali-
masculino ou qualquer outra possibilidade que leve a defi- zada terapia de suporte quando houver síndrome da
ciência do estado imunológico 33. Muitos casos ocorrem em resposta inflamatória sistêmica 1.
pessoas com doença crônica e resultam de injúria local que Com o cultivo e o antibiograma, foi possível determinar
permite a invasão da bactéria a tecidos moles mais profun- quais as melhores opções de antibióticos. Enquanto se
dos 34 – apesar de a FN poder ocorrer espontaneamente em aguardava o resultado microbiológico, optou-se pelo trata-
indivíduos saudáveis por bacteremia originada em local não mento empírico com enrofloxacina, uma fluorquinolona uti-
identificado 31. lizada em medicina veterinária 44, que foi mantida após os
As cadelas do presente relato estavam clinicamente resultados laboratoriais e clínicos, pela observação da me-
assintomáticas e sem alterações no exame clínico, não apre- lhora clínica.
sentavam nenhum dos fatores predisponentes descritos em
seres humanos e não tinham histórico sequer de trauma Considerações finais
anterior. O controle da progressão da infecção por Streptococci
Esses animais apresentavam um acúmulo de exsudato e requer intervenção rápida, com administração de antimi-
pontos de necrose ao longo dos planos da fáscia muscular 21,35. crobianos e debridamento cirúrgico da fáscia muscular
A área afetada estava edemaciada, eritematosa, quente, dolo- envolvida. Este relato de caso tem por objetivo alertar os
rosa e macia 36,37. Pacientes com FN podem apresentar mio- médicos veterinários para a severidade das infecções por
necrose concomitante 38,39. O quadro dermatológico dos ani- Streptococci e diferenciá-las das piodermites. Um reco-
mais aqui descritos diferia quanto ao número e ao tamanho nhecimento precoce da ocorrência de FN é fundamental
das lesões; um apresentava múltiplas feridas, porém peque- para evitar grandes complicações como a septicemia. As
nas, enquanto o outro apresentava lesão única e grande. Em cadelas do presente relato foram tratadas com antibioti-
ambos as lesões eram ulceradas, eritematosas, com acúmulo coterapia e apresentaram re mis são total das feridas
de secreção e pontos de necrose ao longo dos planos da cutâneas.
fáscia muscular.
As lesões costumam ocorrer nas extremidades, na face, na
parede abdominal, no períneo e nas áreas de feridas cirúrgi- Referências
01-WORTH, A. J. ; MARSHALL, N. ; THOMPSON, K. G. Necrotising
cas 36,37, nos membros, no pescoço e no tórax ventral dos ani- fasciitis associated with Escherichia coli in a dog. New Zealand
mais 29. Como pudemos observar tanto pela literatura quanto Veterinary Journal, v. 53, n. 4, p. 257-260, 2005.
pelos casos aqui apresentados, a topografia lesional não é de 02-KREBS, V. L. J. ; KOGA, K. M. ; DINIZ, E. M. A. ; CECCON, M. E. J. ;
grande valia para o diagnóstico. VAZ, F. A. C. Necrotising fasciitis in a newborn infant: a case report.
A maioria dos pacientes humanos com FN apresenta um Revista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, v. 56, n. 2, p. 59-62, 2001.
foco de lesão único 40; entretanto, não foi possível confirmar
que o mesmo se dê com os cães, pelo pequeno número de 03-HEADLEY, A. J. Necrotizing soft tissue infections: a primary care review.
American Family Physician, v. 68, n. 2, p. 323-328, 2003.
animais de que trata o presente relato.
Cães com FN podem estar extremamente deprimidos ao 04-CUNNINGHAM, J. D. ; SILVER, L. ; RUDIKOFF, D. Necrotizing fasciitis:
a plea for early diagnosis and treatment. The Mount Sinai Journal of
serem examinados, chegando a entrar em choque 12,34,35. Medicine, v. 68, n. 4-5, p. 253-261, 2001.
Pacientes com FN frequentemente evoluem para síndrome
05-WONG, C. H. ; CHANG, H. C. ; PASUPATHY, S. ; KHIN, L. W. ; TAN, J.
da resposta inflamatória sistêmica ou falência múltipla de L. ; LOW, C. O. Necrotizing fasciitis: clinical presentation, microbiology,
órgãos, requerendo cuidados intensivos 41. Geralmente, há and determinants of mortality. The Journal of Bone and Joint Surgery
antecedentes de trauma de partes moles, trauma cirúrgico, (American), v. 85, p. 1454-1460, 2003.

68 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


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70 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Carboplatina e inibidor de Cox-2 no tratamento do
carcinoma inflamatório de mama em cadela – relato de caso
Carboplatin and Cox-2 inhibitor in the treatment of inflammatory
mammary carcinoma in a female dog – case report
Carboplatino y Cox-2 en el tratamiento del carcinoma inflamatorio
de mama de perra – relato de caso

Clínica Veterinária, n. 92, p. 72-76, 2011

Liliane Cunha Campos Resumo: O carcinoma inflamatório de mama (CIM) em cadelas é raro, agressivo,
farmacêutica, mestranda altamente metastático e pouco responsivo ao tratamento. Esse neoplasma é
Lab. Patol. Comp. - DPG/UFMG classificado baseando-se em exames clínicos e achados histológicos. Alguns testes
liliucunha@hotmail.com sorológicos podem auxiliar na avaliação do desenvolvimento da neoplasia e na
resposta aos tratamentos. Neste trabalho, relata-se o caso de uma cadela da raça
labrador, com seis anos de idade, que apresentava CIM e foi submetida a cirurgia
Gleidice Eunice Lavalle seguida de sessões de quimioterapia com carboplatina e administração de anti-
MV, mestre, doutora inflamatório não esteroidal. Realizaram-se testes laboratoriais bioquímicos e
Hospital Veterinário - UFMG dosagem do marcador tumoral CEA (antígeno carcinoembrionário), nos períodos pré-
gleidicelavalle@yahoo.com.br cirurgia e seis meses após. O diagnóstico baseou-se em exames
histopatológico e imuno-histoquímico. A cadela apresentou um resultado satisfatório
Rubens Antônio Carneiro aos tratamentos, com sobrevida de catorze meses a partir do procedimento
MV, mestre, prof. adj. cirúrgico, até o momento.
DCCVP/UFMG Unitermos: canina, CEA, oncologia, marcador tumoral, ciclooxigenase
carneiro@vet.ufmg.br
Abstract: Inflammatory mammary carcinoma (IMC) in female dogs is rare,
Álvaro Pimenta Dutra aggressive, highly metastatic and poorly responsive to treatment. This neoplasm is
médico oncologista pediátrico classified based on clinical and histological findings. Some serological tests can help
Hospital das Clínicas - UFMG assessing neoplastic development and the response to treatment. This report
aloapd@hotmail.com describes a case of IMC in a six-year old female Labrador treated surgically with
subsequent carboplatin chemotherapy and the administration of a non-steroidal
anti-inflammatory agent. Biochemical and carcinoembrionary antigen (CEA) tests
Awilson Araújo Siqueira Viana were conducted prior to surgery and six months post-surgery. The diagnosis was
MV, mestrando based on histopathology and immunohistochemistry. A satisfactory outcome was
UFMG achieved following treatment: the animal has so far survived the surgical procedure
awilsonaraujo@uol.com.br for 14 months.
Keywords: canine, CEA, oncology, tumor markers, cyclooxygenase
Geovanni Dantas Cassali
MV, mestre, doutor, prof. associado Resumen: El carcinoma de mama inflamatorio (CMI) en los perros es raro, agresivo,
Lab. Patol. Comp. - DPG/UFMG altamente metastático y con una respuesta deficiente al tratamiento. Este neoplasma
cassalig@icb.ufmg.br se clasifica en base a los hallazgos clínicos e histológicos. Algunas pruebas
serológicas pueden ayudar a evaluar el desarrollo del cáncer y la respuesta al
tratamiento. Aquí se presenta un caso de una perra Labrador, de seis años, con
diagnóstico de CMI, en el que se realizó cirugía seguida de ciclos de quimioterapia
con carboplatino y la administración de antiinflamatorios no esteroides. Se realizaron
pruebas de laboratorio y la determinación de los marcadores bioquímicos del tumor
CEA (antígeno carcinoembrionario) antes de la cirugia y después de seis meses. El
diagnóstico fue realizado a traves de examen histopatológico e inmunohistoquímico.
El perro tuvo una evolución satisfactoria al tratamiento, con una sobrevida hasta el
momento, de 14 meses después de la cirugía.
Palabras clave: canina, CEA, oncología, marcadores tumorales, ciclooxigenasas

Introdução seres humanos e cães 1,3, sendo os últimos a única espécie


O carcinoma inflamatório de mama (CIM) possui essa animal em que o carcinoma ocorre espontaneamente 4. Apro-
denominação devido ao aspecto clínico inicial da lesão, ximadamente 50% das neoplasias mamárias são malignas 5,6,
que se assemelha a um processo infamatório da pele ou da das quais cerca de 7,6% são classificadas como CIM com
mama e retrata um tumor pouco frequente, de curso hiper- base no exame clínico e em achados histopatológicos 7.
agudo e prognóstico desfavorável 1,2. O CIM pode afetar A etiologia do CIM ainda é desconhecida; a maioria dos

72 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


trabalhos não relata predisposição racial 8, todavia, alguns Durante a progressão do câncer, as prostaglandinas podem
pesquisadores sugerem o envolvimento de mecanismos ge- mediar vários mecanismos, incluindo proliferação celular,
néticos e principalmente endócrinos em seu desenvolvimen- apoptose, modulação do sistema imune e angiogênese 14.
to 2,7. O diagnóstico presuntivo do CIM é predominantemente Entre os tumores mamários caninos, o CIM possui a maior
clínico, fundamentado no aspecto característico da lesão e expressão de Cox-2 5,15, fato esse que direciona a utilização
no histórico obtido durante o exame clínico detalhado 9. A de drogas Aines como alternativa para tratamentos desses
punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é bastante útil na tumores 16.
diferenciação do diagnóstico, apesar de esse não ser um mé- O presente trabalho descreve o caso de uma cadela porta-
todo considerado seguro para estabelecer o prognóstico, pois dora de carcinoma inflamatório, submetida a tratamento
é frequente a ocorrência de resultados falso-negativos para com inibidor de Cox-2 e a quimioterapia com carboplatina,
neoplasias malignas 10,11. O diagnóstico definitivo é estabele- e avalia sua resposta mediante radiografias torácicas, análi-
cido a partir da biópsia incisional 8,11,12. Microscopicamente, ses bioquímicas, hemograma e dosagens do marcador tumo-
esse tumor se caracteriza pela presença de qualquer subtipo ral CEA (antígeno carcinoembrionário).
de carcinoma associado a intensa reação inflamatória, infil-
trado inclusive na derme com invasão linfática 5,10. Macros- Relato de caso
copicamente, as lesões se caracterizam por crescimento em Uma cadela da raça labrador, de seis anos de idade, foi
placa contínua, firme, hiperêmica e sem demarcação especí- encaminhada ao Hospital Veterinário da UFMG apresen-
fica 10. Ainda podem ser observados prurido, calor, sensibili- tando as mamas abdominal caudal e inguinal esquerdas
dade dolorosa variando de intensa a moderada, edema e eri- com aumento de volume, consistência firme, secreção
tema na pele que recobre a mama 2,4,9. Esses sinais por vezes escura, dor à palpação, eritema e calor. Observou-se tam-
podem ser confundidos com mastite, abscesso mamário ou bém linfadenomegalia inguinal esquerda. Após a avaliação
dermatite 2. Os CIM possuem alto índice metastático, sendo clínica, suspeitou-se de carcinoma inflamatório de mama.
aconselhável a realização de exames complementares, como A paciente foi encaminhada para realização de punção
radiografia de tórax e ultrassonografia abdominal para moni- aspirativa por agulha fina (Paaf) do linfonodo inguinal e da
torar possíveis focos de metástase. Nenhuma anormalidade massa tumoral. Observou-se, nos esfregaços corresponden-
laboratorial específica tem sido associada ao CIM 3, no en- tes à massa, fundo hemorrágico contendo inúmeras células
tanto, existem relatos de alguns casos com presença de leu- inflamatórias associadas a expressivo número de células de
cocitose e síndrome de coagulação intravascular dissemina- núcleo arredondado ou ovoide com intenso pleomorfismo
da (CIVD) 1,4,10,11. nuclear e citoplasma abundante e espumoso. Os esfregaços
Os tratamentos existentes para os CIM em geral são ape- do linfonodo não apresentaram células neoplásicas. Foram
nas paliativos 5 e incluem anti-inflamatórios esteroidais realizadas também radiografias torácicas em incidência
(Aies) e não esteroidais (Aines), que inibem a atividade das laterolateral e ventrodorsal e coleta de amostra sanguínea
cicloxigenases (Cox-1 e Cox-2) 12. A Cox-2, na maioria dos para dosagens séricas de albumina, proteína, fosfatase al-
tecidos, é induzida em processos inflamatórios e no câncer 13. calina, desidrogenase láctica (LDH), CEA e hemograma. Os
O papel mais relevante da Cox-2 é produzir prostaglandina E, campos pulmonares não evidenciavam focos de metástase e
que é conhecida como importante modulador inflamatório. o hemograma apresentou moderada leucocitose (Figura 1).

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 73


Os testes bioquímicos revelaram-se dentro dos valores de Devido aos achados clínicos, citológicos e histopatológi-
referência estabelecidos para a espécie, com exceção da cos compatíveis com carcinoma inflamatório, prescreveram-
LDH, que se apresentou moderadamente elevada (Figura 2). se firocoxib a como anti-inflamatório e cefalexina b como an-
tibiótico.
Hemograma maio 2009 dezembro 2009 valor de referência
A paciente apresentou boa resposta ao
hemácias 6.300.000 7.120.000 5.500.000 - 8.500.000 tra tamento, sendo submetida a mastecto-
hematócrito (%) 44 42 37 - 55 mia em bloco. Colheram-se amostras da
hemoglobina (g/dL) 15,7 16 12 - 18 massa neoplásica e dos linfonodos após a
VCM (fL) 71 69 60 - 77 extirpação cirúrgica. Na avaliação macros-
CHCM (g/dL) 36 34 32 - 36 cópica do fragmento da mama, observa-
HCM (pg) 25,9 24 19,5 - 24,5 ram-se nódulos sem aderência à pele, de
leucócitos 26.000 12.100 6.000 - 17.000 consistência firme, apresentando ao corte
plaquetas 581.000 238.000 175.000 - 500.000 coloração brancacenta e amarronzada.
Figura 1 - Hemograma realizado no início e ao final do tratamento Associadas ao nódulo, observaram-se es-
truturas cavitárias, capsuladas, preenchidas por lí-
Mês albumina proteína LDH fosf. alcalina CEA
quido viscoso amarronzado ou por conteúdo branca-
(g/dL) (g/dL) (U/L) U/L (ng/mL) cento friável. Os fragmentos foram fixados em for-
maio/9 3,1 6,09 376 43 0,17 mol 10% tamponado, processados por técnica histo-
dezembro/9 2,9 6,23 196 56 0,09 lógica, incluídos em parafina, seccionados e corados
V. R. 2,3 - 3,8 5,3 - 7,7 45-233 10 - 96 <1,65 pelo método da hematoxilina e eosina (HE). Histo-
logicamente, visualizou-se proliferação epitelial
Figura 2 - Perfil bioquímico e marcador tumoral no início e ao
final do tratamento
com projeções papilares revestidas por diversas ca-
madas de células epiteliais, observando-se invasão estromal
e vascular e intenso infiltrado inflamatório na derme (Figura
Geovanni Dantas Cassali

3), que recebeu o diagnóstico de carcinoma tubulopapilar.


Secções adicionais de 4µ foram obtidas dos blocos de parafi-
na, coletadas sobre lâminas gelatinizadas e submetidas a
análise imuno-histoquímica para identificação de expressão
de Cox-2 na massa neoplásica e de citoqueratina AE1/A3
(Dako) no linfonodo. O anticorpo antiCox-2 (SP21,
Neomarkers), na diluição de 1:10, apresentou positividade
indicada pela presença de marcação citoplasmática (Figura 4).
O número de células positivas para Cox-2 foi avaliado semi-
quantitativamente com o escore de distribuição definido pela
estimativa de porcentagem de células positivas em cinco
campos de 400x, variando de 1 a 4. Para a intensidade de
marcação foram atribuídos valores de 0 a 3. Os escores de
distribuição e intensidade foram multiplicados para a obten-
Figura 3 - Cão, fêmea, labrador, portador de carcinoma infla-
ção do escore total, que variou de 0 a 12 17. O linfonodo não
matório de mama, biópsia incisional de mama, microscopia.
Carcinoma tubulopapilar. Eixo conjuntivo sustentando várias apre sentou expressão de citoqueratina AE1/A3 (diluição
camadas de células epiteliais. Corado por hematoxilina-eosina, 1:50), indicando ausência de metástase.
aumento de 40x A paciente foi submetida a tratamento quimioterápico
com carboplatina c na dosagem de 300mg/m2, por via intra-
venosa, infusão de quinze minutos, três ciclos de 21 em 21
Geovanni Dantas Cassali

dias, e em seguida ao uso de firocoxib (inibidor seletivo para


Cox-2) na dosagem de 5mg/kg, por via oral, de 24 em 24
horas, durante seis meses consecutivos após a quimioterapia.
O protocolo quimioterápico foi iniciado após a cicatrização
por primeira intenção e a retirada dos pontos (dez dias após
a cirurgia).
O animal foi submetido a novos exames laboratoriais oito
meses após a cirurgia, para acompanhamento da evolução da
doença. Exames clínicos para verificar a presença de recidi-
vas têm sido realizados periodicamente no Hospital Veteri-
nário da UFMG.
Figura 4 - Cão, fêmea, labrador, portador de carcinoma infla-
matório de mama, biópsia incisional de mama, microscopia.
a) Previcox 227mg. Merial. Campinas, SP
Imuno-histoquímica para COX-2. Fortemente positivo em mais b) Primacef 500mg. Bergamo. Taboão da Serra, SP
de 10% das células. 60x c) B-platin 10mg/mL. Blaufiegel. Cotia, SP

74 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Discussão e conclusão um perfil para o acompanhamento da evolução da doença. O
As manifestações clínicas apresentadas pelo animal, protocolo quimioterápico proposto, de fácil administração,
como calor e dor nas mamas, rápido crescimento, envolvi- foi bem tolerado pela paciente e possibilitou o aumento con-
mento difuso, eritema e edema nos membros posteriores, su- siderável da sobrevida, priorizando a qualidade de vida do
geriram inicialmente carcinoma inflamatório e estão de animal e o controle da doença neoplásica.
acordo com a literatura 1,4. A leucocitose inicial apresentada
pelo animal pode ser justificada pela infecção e pelo Referências
processo inflamatório presentes nas mamas, caracterizados 01-01-SUSANECK, S. J. ; ALLEN, T. A. ; HOOPES, J. ; WITHROW, S. J. ;
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por inchaço, secreção e vermelhidão, que regrediram com o the American Animal Hospital Association, v. 19, p. 971-976, 1983.
uso de anti-inflamatório e antibiótico, fato demonstrado
02-PEÑA, L. ; PÉREZ- ALENZA, M. D. ; RODRIGUES- BERTOS, A. ;
pelos resultados pós-tratamento. NIETO, A. Canine inflammatory mammary carcinoma: histopathology,
A dosagem de CEA sofreu ligeira alteração do início ao immunohistochemistry and clinical implications of 21 cases. Breast
final do tratamento. Em medicina humana, os níveis séricos Cancer Research and Treatment, v. 78, p. 141-148, 2003.
elevados desse marcador tumoral são descritos em 73% dos 03-JAIYESIMI, I. A. ; BUZDAR A. V. ; HORTOBAGYI, G. Inflammatory
pacientes com câncer de mama metastático, porém pouco se breast cancer: a review. Journal of Clinical Oncology, v. 10, n. 6, p. 1014-
1024, 1992.
sabe a respeito desses marcadores em medicina veterinária.
A opção pela mastectomia em bloco, com a exérese das 04-GOMES, C. ; VOLL, J. ;FERREIRA, K. C. R. S. ; FERREIRA, R. R. ;
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do inguinal esquerdo, está de acordo com a literatura 18, que p. 171-174, 2006.
preconiza que os tumores que envolvem as glândulas 4 e 5 05-CAVALCANTI, M. F. ; CASSALI, G. D. Fatores prognósticos no diagnós-
devem ser removidos em bloco, incluindo os linfonodos tico clínico e histopatológico dos tumores de mama em cadelas - revisão.
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citologicamente positivos para células malignas ou sempre 06-QUEIROGA, F. ; LOPES, C. Tumores mamários caninos, pesquisa de
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A análise histopatológica foi compatível com carcinoma
07-PÉREZ-ALENZA, M. D. ; TABANERA, E. ; PENA, L. Inflamatory
tubulopapilar, com ausência de metástase no linfonodo in- mammary carcinoma in dogs: 33 cases (1995- 1999). Journal of the
guinal. Com base nesses achados, o animal foi avaliado American Veterinary Medical Association, v. 219, n. 8, p. 1110-1114,
quanto ao sistema TNM, sendo classificado como T3N0M0. 2001.
Devido ao fato de o carcinoma tubulopapilar ser um tumor 08-CASSALI, G. D. Patologias da glândula mamária: In: NASCIMENTO, E.
maligno, optou-se pela quimioterapia com carboplatina, es- F. ; SANTOS, R. L. Patologia da reprodução dos animais domésticos.
2. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2003. p. 119-133.
colhida por apresentar menor tempo de infusão que outros
fármacos e por não ser nefrotóxica, como a cisplatina, nem 09-CARDOSO, M. J. L. ; BARBOSA, M. V. F. ; FRANCO, S. R. V. ; ROCHA,
N. S. ; FABRIS, V. E. Carcinoma inflamatório da mama de cadela. Revista
tampouco cardiotóxica, como a doxorrubicina. A paciente Brasileira de Medicina Veterinária, v. 24, n. 6, p. 262-264, 2002.
respondeu bem ao tratamento quimioterápico, não apresen- 10-CASTELANO, M. C. ; IDIART, J. R. Carcinoma mamário inflamatório em
tando efeitos colaterais entre as sessões ou após o seu término. la perra. Revista de Medicina Veterinária, v. 76, n. 4, p. 244-248, 1994.
O tumor apresentou positividade para Cox-2 em mais de 11-BENTUBO, H. D. L. ; SOBRAL, R. A. ; UBUKATA, R. ; HONDA, S. T. ;
10% das células (marcação forte), confirmando que a ex- XAVIER, J. G. Carcinoma inflamatório de mama em cadela: relato de caso.
pressão de Cox-2 tem sido relacionada ao desenvolvimento Clínica Veterinária, ano 11, n. 65, p. 40-44, 2006.
da angiogênese nos processos neoplásicos e à progressão da 12-RASSNICK, K. M. How I treat canine mammary gland tumours. In:
doença 15. Esse fato justificou a escolha do tratamento com o NORTH AMERICAN VETERINARY CONFERENCE, Proceedings…
Orlando - Flórida, p. 666-667, 2005.
anti-inflamatório.
Durante o período de administração do firocoxib, a cadela 13-PRESCOTT, S. M. ; FITZPATRICK, F. A. Cyclooxygenase-2 and
carcinogenesis. Biochem Biophys Acta, v. 1470, n.2, p. M69-M78, 2002.
apresentou-se bem e sem sinais de alterações gástricas ou
14-SOUZA, C. H. M. ; PIZA, E. T. ; AMORIM, R. ; BARBOZA, A. ; TOBIAS,
renais, confirmando que ele atua por inibição seletiva de K. M. Inflammatory mammary carcinoma in 12 dogs: clinical features,
Cox-2, sendo o melhor anti-inflamatório para uso prolonga- cyclooxigenase-2 expression, and response to piroxicam treatment. The
do em cães 15. Canadian Veterinary Journal, v. 50, n. 5, p. 506-510, 2009.
A paciente não apresentou recorrência ou metástase pul- 15-QUEIROGA, F. L. ; PEREZ-ALENZA, M. D. ; SILVAN, G. ; PEÑA, L. ;
monar durante o período de observação, contrariando alguns LOPES, C. ; ILLERA, J. C. Cox-2 levels in canine mammary tumors,
including inflammatory mammary carcinoma: clinicopathological features
trabalhos 1,4 que relatam altas taxas de metástase nos pa- and prognostic significance. Anticancer Research, v. 25, p. 4269-4275,
cientes com carcinoma inflamatório. Teve boa evolução clí- 2005.
nica, não mostrando alteração nos últimos exames laborato- 16-LAVALLE, G. E. ; BERTAGNOLLI, A. C. ; TAVARES, W. L. ; CASSALI,
riais, e até o momento apresenta sobrevida de catorze meses, G. D. Cox-2 expression in canine mammary carcinomas: correlation with
contando a partir do procedimento cirúrgico, o que con- angiogenesis and overall survival. Veterinary Pathology, v. 46, n. 6,
p. 1275-1280, 2009.
trapõe alguns autores 7,14, que obtiveram sobrevida média de
25 dias e 185 dias respectivamente com tratamento instituí- 17-DORÉ, M. ; LANTHIER, I. ; SIROIS, J. Cyclooxygenase-2 expression in
canine mammary tumors. Veterinary Pathology, v. 40, n. 2, p. 207-212,
do em cães com carcinoma inflamatório. 2003.
Em conclusão, observamos que as concentrações séricas 18-LANA, S. E. ; RUTTEMAN, G. R. ; WITHROW, S. J. Tumours of the
de todos os testes selecionados mostraram-se heterogêneas nos mammary gland. In: WITHROW, S. J. ; VAIL, D. M. Small animal clinical
períodos pré e pós-tratamento, não sendo possível estabelecer oncology. 4. ed. Philadelphia: Elsevier, 2007. p. 619-636.

76 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Holter em animais de companhia – indicações clínicas e
avaliação da variabilidade da frequência cardíaca
Holter in companion animals – clinical indications and evaluation
of heart rate variability
Holter en animales de compañía – indicaciones clínicas y evaluación de
variabilidad de la frecuencia cardíaca

Clínica Veterinária, n. 92, p. 78-86, 2011

Maira Souza de Oliveira Resumo: A atividade elétrica do coração é comumente avaliada por meio do
MV, MSc, doutoranda eletrocardiograma convencional (ECG). Como algumas arritmias transitórias não são
Depto. Clín. e Cir. Veterinárias - EV/UFMG detectadas no momento da realização do ECG, deve-se complementar esse exame
maira_oliveira@yahoo.com com a eletrocardiografia contínua (Holter), que se caracteriza pela monitoração
cardíaca em 24 horas. Por meio do Holter é possível obter informações detalhadas,
Ruthnéa Aparecida Lázaro Muzzi o que resulta em um diagnóstico de maior confiabilidade, avaliando o ritmo cardíaco
MV, MSc, DSc, profa. e fornecendo informações qualitativas e quantitativas dos complexos cardíacos
DMV/UFLA anormais e da variabilidade da frequência cardíaca. Esta revisão bibliográfica tem
ralmuzzi@dmv.ufla.br como objetivos descrever a técnica de realização e as indicações clínicas do exame
de Holter e analisar a variabilidade da frequência cardíaca para avaliar o controle
autonômico do coração.
Roberto Baracat de Araújo Unitermos: cardiologia, insuficiência cardíaca, eletrocardiografia ambulatorial
MV, MSc, DSc, prof.
Depto. Clín. e Cir. Veterinárias - EV/UFMG Abstract: The electrical activity of the heart is commonly measured using the
baracat@vet.ufmg.br electrocardiogram (ECG). Since some transient arrhythmias are not detected in the
ECG, this procedure should be complemented with ambulatory ECG recording
Rodrigo Bernardes Nogueira (Holter), which continuously monitors the cardiac activity for at least 24 hours. Holter
MV, MSc, DSc, prof. monitoring yields detailed data about the heart rhythm, assessing and delivering
DMV/UFLA qualitative and quantitative information about abnormal cardiac complexes and heart
nogueirarb@uol.com.br rate variability and thereby resulting in greater diagnosis reliability. This review aims
to describe the application technique and clinical indications of Holter analysis of heart
Leonardo Augusto Lopes Muzzi rate variability to evaluate the autonomic control of the heart.
MV, MSc, DSc, prof. Keywords: cardiology, heart failure, ambulatory electrocardiography
DMV/UFLA
lalmuzzi@dmv.ufla.br Resumen: La actividad eléctrica del corazón es comúnmente evaluada a través del
electrocardiograma (ECG). Como algunas arritmias transitorias no se detectan en el
Amália Turner Giannico momento en que se realiza el ECG, se debe completar esta prueba con ECG
médica veterinária autônoma continuo (Holter), que es un monitoreo cardiaco en 24 horas. A través de esta
amaliagiannico@uol.com.br técnica es posible obtener información más detallada, lo que se traduce en una
mayor fiabilidad diagnóstica, evaluación del ritmo cardiaco y la entrega de información
cualitativa y cuantitativa de los complejos anormales, así como de la variabilidad del
ritmo cardíaco. Esta revisión tiene como objetivo describir la técnica, las indicaciones
clínicas del examen Holter y el análisis de la variabilidad del ritmo cardíaco para
evaluar el control autonómico del corazón.
Palabras clave: cardiología, insuficiencia cardíaca, electrocardiografía ambulatoria

Introdução demonstradas pelo ECG convencional 1,2.


A atividade elétrica do coração pode ser avaliada por dois Outra análise feita com o Holter, porém ainda pouco ex-
métodos complementares de exame eletrocardiográfico: o plorada na medicina veterinária, é a da variabilidade da fre-
convencional (ECG) e o contínuo (Holter). O que principal- quência cardíaca (VFC), na qual se avaliam variações da fre-
mente diferencia um método do outro é o tempo de duração quência cardíaca ao longo do tempo, indicando a modulação
de cada um deles: o ECG convencional tem a duração de autonômica do coração. Há dois métodos para se proceder a
poucos minutos, enquanto o Holter compreende um período essa avaliação: a análise do domínio do tempo e a análise do
de 24 horas. Assim, os resultados obtidos com o Holter per- domínio da frequência. No primeiro caso, são feitos cálculos
mitem uma avaliação quantitativa e qualitativamente su- estatísticos dos intervalos entre os batimentos cardíacos nor-
perior, permitindo o diagnóstico de arritmias graves não mais, ou seja, entre os intervalos RR de complexos QRS

78 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


normais. No segundo caso, o sinal da frequência cardíaca é (5) diag nós tico precoce da cardiomiopatia dilatada e da
convertido em componentes de frequência que são quantifi- cardiomiopatia arritmogênica 9,13,17,18; (6) estratificação de
cados como potência 3,4. risco nas cardiopatias 19,20; (7) acompanhamento periódico do
O objetivo desta revisão bibliográfica é discutir as indica- paciente cardiopata, tanto nas doenças congênitas quanto
ções para o exame de Holter, incluindo a análise da variabili- nas adquiridas 21-23; (8) avaliação mais detalhada do risco
dade da frequência cardíaca em pequenos animais. cirúrgico 24,25; (9) diagnóstico precoce de arritmias em
pacientes medicados com doxorrubicina 26; e (10) estudo da
Indicações do exame Holter variabilidade da frequência cardíaca 19,27. As principais indi-
As principais indicações do Holter são no diagnóstico de cações para o exame de Holter e os tipos de pacientes a
arritmias, no estudo da variabilidade da frequência cardíaca serem avaliados estão resumidos na figura 1.
e na avaliação da eficácia de tratamentos antiarrítmicos 5-7. Além do uso na clínica médica, o Holter apresenta indica-
Na medicina veterinária, o exame de Holter pode ser so- ção experimental em animais 28, principalmente para se
licitado nas seguintes ocasiões: (1) diagnóstico de arritmias avaliar o potencial arritmogênico de medicamentos pela de-
intermitentes 8,9; (2) correlação dos sintomas (síncopes, des- tecção precoce de alterações eletrocardiográficas, antes que
maios e convulsões) ou do período do dia (manhã, tarde, eles sejam liberados para uso ou comercialização 29,30.
noite) com a ocorrência de arritmias 10,11; (3) verificação da
ne cessidade de se instituir terapia antiarrítmica 12-14; (4) Metodologia do exame
ava lia ção da eficácia do tratamento antiarrítmico 15,16; O registro eletrocardiográfico com o Holter é feito nas

Indicações para o exame de Holter pacientes a serem avaliados


diagnóstico de arritmias intermitentes animais que apresentaram arritmias em exames de rotina
diagnóstico precoce das cardiomiopatias animais predispostos, como cães de raças grandes e gigantes,
cães da raça boxer, felinos com hipertireoidismo ou das
raças maine coon e persa
correlação de sintomas com a ocorrência de arritmiasanimais que apresentam síncope e desmaios
eficácia e ajuste do tratamento antiarrítmico cardiopatas em início de tratamento e cardiopatas crônicos
estratificação de risco nas cardiopatias animais cardiopatas, principalmente com doenças graves
e avançadas
acompanhamento do paciente cardiopata animais com doenças adquiridas e congênitas
avaliação do risco cirúrgico e anestésico animais idosos e/ou portadores de cardiopatia
estudo da variabilidade da frequência cardíaca diagnóstico precoce da insuficiência cardíaca; animais
cardiopatas para monitoração da gravidade da doença

Figura 1 - Principais indicações para o exame de Holter e os animais a serem avaliados

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 79


Leandro Lima Leandro Lima

Figura 4 - Posicionamento da derivação precordial padrão do


Figura 2 - Posicionamento dos cinco eletrodos na configuração
exame de ECG convencional adaptada para o Holter em cão.
precordial padrão para realização do exame de Holter em cão.
Eletrodos vermelho, laranja e preto no hemitórax esquerdo e
Eletrodos branco e verde no hemitórax direito, com o marrom
branco no hemitórax direito
entre eles e o preto e o vermelho no hemitórax esquerdo

Leandro Lima

Figura 3 - Posicionamento dos cinco eletrodos na configuração


cruzada no tórax para realização do exame de Holter em cão.
Posição dorsolateral à esquerda (branco) e ventral à direita
Maira Souza de Oliveira

(vermelho), dorsolateral à direita (marrom) e ventral à esquerda


(preto), sendo o verde fixado à direita, entre os outros dois
eletrodos (vermelho e marrom)

derivações precordiais (derivações unipolares torácicas que


fornecem uma vista do coração no plano transverso), sendo
Figura 5 - Posicionamento dos eletrodos vermelho, laranja e
os eletrodos posicionados lateralmente na parede torácica, preto no hemitórax esquerdo e do branco no hemitórax direito,
após tricotomia da região, podendo ser de diferentes formas, em cão sem raça definida, para realização do exame de Holter
dependendo do aparelho. Para aparelhos com cinco eletro-
dos, pode-se proceder tanto com a colocação precordial
padrão quanto com a cruzada no tórax. No primeiro caso co-
locam-se os eletrodos branco e verde no hemitórax direito, Maira Souza de Oliveira

com o marrom entre eles e o preto e o vermelho no hemitó-


rax esquerdo (Figura 2). No segundo caso, cruzam-se os ele-
trodos da seguinte forma: posição dorsolateral à esquerda
(branco) e ventral à direita (vermelho), dorsolateral à direita
(marrom) e ventral à esquerda (preto), sendo o verde fixado
à direita, entre os outros dois eletrodos (vermelho e mar-
rom) 31 (Figura 3). No caso de aparelhos com quatro eletro-
dos, os locais da derivação precordial padrão do exame de
ECG convencional foram adaptados para o Holter da seguin-
te maneira: eletrodo vermelho do Holter na posição V2, pre- Figura 6 - Cão da raça dachshund utilizando colar de contenção
e colete para a realização do exame de Holter. A seta vermelha
to em V4 com o laranja entre eles, no hemitórax esquerdo, e indica bolso no colete onde o monitor é alojado
o branco em rV2, no hemitórax direito (Figuras 4 e 5) 12.
O monitor é acomodado no dorso, quando fixado com
faixas, ou no interior de um bolso, quando utilizado o colete
(Figura 6). A maioria dos cães tolera bem a utilização do exame em um canil e o aparelho é colocado próximo a ele.
aparelho de Holter, especialmente aqueles habituados ao uso Apesar de essa situação não simular uma condição normal,
de roupas, podendo a técnica ser adaptada para gatos 32. o exame ainda fornece mais informações do que o ECG con-
Quando se trata de gatos e cães muito pequenos, o monitor vencional 31. Pode-se também usar nos animais, durante todo
é um acessório muito pesado para ser acomodado no dorso, o período de monitoração, um colar de contenção, que, além
o que impossibilita a movimentação normal do animal. de não causar alterações no exame, ainda é recomendado
Nesses casos, o paciente deve permanecer todo o período do para garantir maior proteção ao aparelho e aos fios 33.

80 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Parâmetros avaliados – variabilidade da frequência como resultado, a avaliação no domínio do tempo é indicada
cardíaca como um histograma em formato de sino. No caso de cães e
A análise da variabilidade da frequência cardíaca é reali- gatos, que apresentam maior variação fisiológica da frequên-
zada mediante o estudo dos parâmetros nos domínios do cia cardíaca se comparados ao homem, o histograma se apre-
tempo e da frequência, fornecidos diretamente pelo progra- senta como um sino deslocado para a direita (Figura 7A).
ma de análise computacional. Apesar de haver determinados Isso ocorre devido à arritmia sinusal mais pronunciada que os
parâmetros no domínio do tempo passíveis de serem anali- animais apresentam, resultando em maior variabilidade.
sados pelo ECG 34,35, o melhor método para essa análise é o Na fase inicial da insuficiência cardíaca, antes mesmo do
Holter, no qual a avaliação é feita considerando-se maior nú- aparecimento de quaisquer sintomas, o controle autonômico
mero de dados e obtendo-se resultados mais consistentes 3. do coração já se altera. Isso se reflete em aumento da fre-
No domínio do tempo são avaliadas as seguintes variá- quência cardíaca, com consequente diminuição na sua varia-
veis: NN médio (média de todos os intervalos RR normais bilidade, devido ao aumento do tônus simpático e à diminui-
do exame), SDNN (desvio padrão de todos os intervalos RR ção do parassimpático, bem como à diminuição da resposta
normais do exame), SDANN (desvio padrão da média dos dos barorreceptores após um período inicial de estímulo.
intervalos RR normais medidos a cada cinco minutos), Nessas situações, o histograma da variabilidade da frequên-
SDNN index (média dos desvios padrão calculados para in- cia cardíaca no domínio do tempo deixa de se apresentar em
tervalos RR normais medidos a cada cinco minutos), seu formato característico, havendo maior aproximação dos
rMSSD (raiz quadrada da média da soma da diferença de parâmetros (Figura 7B). Dessa forma, a correta avaliação de
quadrados de intervalos RR normais adjacentes do exame alterações na variabilidade da frequência cardíaca é um im-
todo) e pNN50 (porcentagem de diferenças maiores que portante fator a ser considerado para diagnosticar a insufi-
50ms entre intervalos RR normais adjacentes do exame ciência cardíaca precocemente 36.
todo). A avaliação da variabilidade da frequência cardíaca tam-
No domínio da frequência, são avaliadas as seguintes va- bém pode ser analisada em diferentes momentos do exame.
riáveis: HF (frequência alta), que compreende de 0,15 a Caso sejam considerados momentos específicos de vigília
0,4Hz ou 2,5 a 6,6s/ciclo; LF (frequência baixa), que com- ou de sono, o histograma do paciente sadio se altera, não
preende de 0,04 a 0,15Hz ou 6,6 a 25s/ciclo; VLF (frequên- mais apresentando o formato típico (Figura 8A). Espera-se
cia muito baixa), que compreende de 0,0033 a 0,04Hz ou que em períodos de vigília, nos quais o animal esteja em ati-
25s a 5min/ciclo; ULF (frequência ultrabaixa), que compre- vidade, haja aumento da frequência cardíaca, com redução
ende valores menores que 0,0033Hz ou maiores que da sua variabilidade (Figura 8B). E em períodos de sono, au-
5min/ciclo; e a razão entre os componentes LF e HF mento da variabilidade por diminuição da frequência cardía-
(LF/HF). ca (Figura 8C). Dessa forma, deve-se ter cuidado na inter-
Todos os parâmetros devem ser obtidos para cada paciente pretação dos histogramas, buscando-se sempre padronizar o
e avaliados para de-
terminar se houve
alteração indicativa
de ocorrência de in-
suficiência cardía-
ca. Em situações fi-
siológicas normais,
há uma variação es-
perada da frequên-
cia cardíaca ao lon-
go do dia. No caso
do homem, essa va- Figura 7 - Histograma da variável NN, do domínio do tempo, considerando-se as 24 horas de avaliação
riação fisiológica Holter em (A) cão sadio e (B) cão com degeneração mixomatosa da valva mitral em grau leve (paciente
também ocorre e, classe A de insuficiência cardíaca congestiva)

Figura 8 - Histograma da variável NN, do domínio do tempo, de um mesmo cão sadio, considerando-se (A) as 24 horas de avalia-
ção de Holter, (B) quatro horas em vigília e (C) quatro horas em sono

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 81


Figura 9 - Cão da raça schnauzer apresentando pausa entre batimentos cardíacos com duração de 5,1s detectada com o Holter
(canal 2, velocidade 50mm/s)

período escolhido para as avaliações, a fim


de evitar diagnósticos equivocados como,
por exemplo, declarar um animal sadio
como cardiopata apenas pela avaliação do
exame em vigília, pensando tratar-se do total
de 24 horas. Para proceder a essa correta
avaliação de acordo com diferentes momen-
tos do dia e também para correlacionar a
ocorrência de alguma alteração no exame
com algum evento (realização de uma cami-
nhada, episódios de síncope, desmaio, tosse,
etc.), é de fundamental importância que o
animal esteja sob constante acompa-
nhamento e que o proprietário anote as ativi-
dades do animal durante todo o período de Figura 10 - Tela de programa computacional para análise de Holter referente ao
exame. Isso geralmente é feito em um for- traçado eletrocardiográfico no modo comprimido de um exame realizado em cão
mulário apropriado, denominado “diário do
paciente”, no qual são anotadas as informa-
ções da rotina de atividades do paciente com
os respectivos horários em que ocorreram,
de forma semelhante ao que é feito na me-
dicina humana.

Outros parâmetros avaliados


Além da análise da variabilidade da fre-
quência cardíaca, o exame de Holter fornece
o número total de complexos QRS (ou seja,
o total de batimentos cardíacos), os valores
de média, mínima e máxima frequência car-
díaca, períodos nos quais o animal permane-
ceu com taquicardia ou bradicardia, momen-
tos em que ocorreram pausas entre os bati-
mentos cardíacos (maiores que 2s), assim
como a duração de cada uma delas (Figura
9). Quanto às arritmias supraventriculares e
ventriculares, é fornecida a quantidade dos
complexos prematuros e sua apresentação, Figura 11 - Tela de programa computacional para análise de Holter referente à
que pode ser classificada em complexos iso- avaliação de variabilidade da frequência cardíaca no domínio do tempo de um
lados, em pares, em salvas e monomórficos exame realizado em cão
ou polimórficos em taquicardias ou em ci-
clos (de bigeminismo, trigeminismo, dentre outras). O traça- Análise do exame e elaboração do laudo
do deve ser investigado também quanto à presença de com- A análise do exame deve ser feita somente por médico ve-
plexos de escape, de bloqueios atrioventriculares (de primei- terinário capacitado, apto a interpretar os parâmetros anali-
ro, segundo e terceiro graus) e das mais diversas alterações do sados, identificar as arritmias e saber a relevância clínica das
ritmo cardíaco 18. informações encontradas. No exame constam informações

82 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


gerais do paciente; as deflexões do tra-
çado eletrocardiográfico subdivididas
segundo a morfologia; a classificação
das arritmias; gráficos de 24 horas para
frequência cardíaca e arritmias; as
opções de visualização de todo o traçado
na forma comprimida (Figura 10) ou em
zoom; os principais parâmetros avalia-
dos tabulados a cada hora de exame;
quadro para análise da VFC (Figuras 11
e 12); e espaço para seleção de exemplos
do traçado, que serão utilizados para
ilustrar o laudo (Figura 13).
No laudo, além de haver todas as infor-
mações do exame e exemplos do traçado,
tem-se um resumo estatístico dos prin-
cipais parâmetros (Figuras 14, 15 e 16).

Limitações do exame
Como já mencionado, pacientes vete- Figura 12 - Tela de programa computacional para análise de Holter referente à ava-
rinários muito pequenos, que não tole- liação de variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência de exame
rem o peso do aparelho acomodado realizado em cão
junto ao corpo, podem ser monitorados
sem que o aparelho fique preso junto a
eles. Porém esses animais devem perma-
necer durante todo o período do exame
em um canil (ou em qualquer outro local
com limitação de espaço para reduzir a
movimentação do animal), para não arras-
tarem o aparelho consigo ao se movimen-
tar. Essa situação pode estressar o animal,
que poderá apresentar aumento dos valo-
res da frequência cardíaca e consequente
redução da sua variabilidade, o que deve-
rá ser considerado no momento da inter-
pretação desses parâmetros.
Com relação ao estudo da variabilidade
da frequência cardíaca, uma importante li-
mitação é a ausência de valores de refe-
rência que norteiem o médico veterinário
em uma avaliação mais precisa dos parâ-
metros analisados. Assim, percebe-se a
importância de se pesquisar melhor a varia-
bilidade da frequência cardíaca em peque- Figura 13 - Tela de programa computacional para análise de Holter referente à
seleção de exemplos do traçado para elaboração do laudo de um exame realizado
nos animais nas diferentes cardiopatias. em cão
Ao contrário do ECG convencional,
no qual o traçado é visualizado no
momento do exame, para o Holter é ne-
cessário que se aguarde o final de todo o período de diagnósticos precoces de doenças cardíacas, bem como na
monitoração para então se conseguir visualizar o exame e avaliação da eficácia de tratamentos antiarrítmicos. Contu-
elaborar o laudo. do, é necessário que se realizem mais pesquisas a fim de
obter valores de referência para alguns parâmetros como os
Considerações finais domínios do tempo e da frequência, o que irá proporcionar
O Holter é o exame de escolha quando se objetiva a aná- ao médico veterinário uma interpretação mais precisa do
lise da variabilidade da frequência cardíaca para o estudo do exame.
controle autonômico do coração e o diagnóstico da insufi-
ciência cardíaca, sendo de grande utilidade no monitoramen- Agradecimento
to da gravidade da doença. O eletrocardiograma contínuo À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
também é muito utilizado no diagnóstico de arritmias e nos Gerais (Fapemig) pelo apoio financeiro.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 83


Relatório de VFC - Domínio do tempo
Nº do exame paciente: 2 Bazoo código
A07-0007 data do exame: 11/4/2007 13:19:13 1ZT-00005
início fim NN NN média SDNN SDANN SDNNIDX NNN rMSSD pNN>50
(ms) (ms) (ms) (ms) (ms) (%)
11/04 13:19 12/04 13:23 114.003 743 348 217 281 113.431 155 60,36
12/04 9:00 12/04 13:00 22.956 618 191 88 169 22.878 178 51,37
12/04 1:00 12/04 5:00 15.962 900 380 109 358 15.950 178 51,37
13:19 14:00 3.529 623 163 64 149 3.525 176 51,23
14:00 15:00 5.150 693 231 102 203 5.145 256 63,07
15:00 16:00 4.810 746 267 88 260 4,804 297 65,46
16:00 17:00 4.755 749 288 138 252 4.740 311 64,93
17:00 18:00 4.057 859 409 111 383 4.008 400 70,68
18:00 19:00 6.264 569 126 67 111 6.252 103 33,94
19:00 20:00 6.312 570 119 59 106 6.309 113 32,90
20:00 21:00 5.725 475 154 104 80 5.429 115 26,65
Figura 14 - Relatório do exame de Holter de cão mostrando de forma parcial uma análise da variabilidade da frequência cardíaca no domínio do
tempo

Relatório de VFC - Domínio da frequência (FFT)


Nº do exame Paciente: 2 Bazoo código
A07-0007 Data do exame: 11/4/2007 13:19:13 1ZT-00005
horário duração RR FC potência potência potência potência potência potência
(min) médio (ms) (bpm) total (ms 2) VLF (ms 2) LF (ms 2) HF (nu) HF (ms 2) LF (nu) LF/HF
13:19 E68
14:00 E68
15:00 E68
16:00 E68
17:00 5 388 155 2.472 1.019 514 35,4 939 64,6 0,55
18:00 4 463 130 4.676 2.360 1.342 57,9 974 42,1 1,38
19:00 5 524 115 3.419 667 1.813 65,9 940 34,1 1,93
20:00 5 359 167 1.503 446 644 60,9 413 39,1 1,56
21:00 E68
Figura 15 - Relatório do exame de Holter de cão mostrando de forma parcial uma análise da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da
frequência

Resumo estatístico
Totais Frequência cardíaca
duração (h): 24:03 min: 41 bpm às 08:16:21
nº total de QRSʼs 109.523 média: 81 bpm
ectópicos ventriculares: 11.278 (10%) máx: 250 bpm às 15:03:42
ectópicos supraventriculares: 5.784 (5%)
artefatos (%): 14 F.C. > = 160 bpm durante 00:00:25 h
F.C. < = 60 bpm durante 01:36:43 h
Arritmias ventriculares
10.441 isoladas, das quais Pausas
2.600 em 384 episódios de bigeminismo 39 pausas ( > = 2 s)
197 em episódios em pares mais longa às 05:00:35 com 5,7 s
82 taquicardias
a maior: 35 bat., 40 bpm às 17:05:08 Depressão do ST
a mais rápida: 3 bat., 240 bpm às 11:20:56 C1: 0 episódio
a mais lenta: 31 bat., 22 bpm às 04:59:43 C2: 0 episódio
C3: 0 episódio
Arritmias supraventriculares
5.635 isoladas Elevação do ST
68 pareadas C1: 34 episódios máx 4,1mm às 09:09:01
4 taquicardias C2: 30 episódios máx 4mm às 11:33:06
C3: 18 episódios máx 3,5mm às 09:15:20
a maior: 4 bat., 179 bpm às 16:58:54
a mais rápida: 4 bat., 179 bpm às 16:58:54
a mais lenta: 3 bat., 146 bpm às 12:37:46
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Figura 16 - Resumo estatístico dos principais parâmetros avaliados no exame de Holter de cão

84 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


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86 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Características tomográficas de neoplasias
encefálicas primárias em cães
Tomographic characteristics of primary brain neoplasias in dogs
Características tomográficas de las neoplasias
encefálicas primarias en perro

Clínica Veterinária, n. 92, p. 88-96, 2011

Carolina Dias Jimenez Resumo: A tomografia computadorizada pode ser considerada um exame
MV, pós-graduanda importante para identificar a presença dos tumores encefálicos, levando a um
Depto. Clínica Veterinária diagnóstico presuntivo quando esses resultados são avaliados juntamente com os
FMVZ/Unesp-Botucatu sinais clínicos. A tomografia computadorizada permite a identificação da lesão, do
caroljimenez@uol.com.br seu tamanho, da sua forma e localização, bem como da compressão e da invasão do
tecido adjacente. Deve-se analisar a densidade, o efeito massa, o edema peritu-
Mariana Isa Poci Palumbo moral, a calcificação e o realce de imagem após injeção intravenosa de meio de con-
MV, pós-graduanda traste. As neoplasias encefálicas primárias mais facilmente identificadas pela tomo-
Depto. Clínica Veterinária grafia computadorizada em cães são os gliomas, meningiomas, tumores de plexo
FMVZ/Unesp-Botucatu coroide e os pituitários. O presente trabalho tem o objetivo de revisar os principais
palumboma11@yahoo.com.br tumores encefálicos primários em cães e descrever suas alterações tomográficas,
auxiliando a realização de um diagnóstico presuntivo do tipo tumoral.
Unitermos: neoplasia, tomografia computadorizada, sistema nervoso central,
Andreia Regina Lordelo Wludarski neurologia
médica veterinária autônoma
arlordelo@yahoo.com.br Abstract: Computed tomography (CT) can be considered an important test to
identify the presence of primary brain neoplasias in dogs. CT results can help define
Rogério Martins Amorim the type of brain tumor when associated with clinical findings. It allows the
MV, prof. ass. dr. identification of lesions and their features, such as size, location, compression and
Depto. Clínica Veterinária invasion of adjacent tissue. One must analyze the density, mass effect, peritumoral
FMVZ/Unesp-Botucatu edema, calcification, and image enhancement after intravenous injection of contrast
rmamorim@fmvz.unesp.br medium. Gliomas, meningiomas and tumors of the choroid plexus and pituitary are
the most common primary brain neoplasms diagnosed by CT in dogs. The aim of this
Luiz Carlos Vulcano paper is to review the literature related to primary brain tumors and report their most
MV, prof. adj. important tomographic features, in order to help clinicians achieve a presumptive
Depto. Reprodução Animal e Radiologia Vet. diagnosis of tumor type.
FMVZ/Unesp-Botucatu Keywords: neoplasm, computed tomography, central nervous system, neurology
vulcano@fmvz.unesp.br
Resumen: La tomografía computarizada es considerado un examen importante para
Alexandre Secorun Borges identificar la presencia de tumores, llevando a un diagnóstico presuntivo de los
MV, prof. adj. mismos cuando los resultados de las imágenes se analizan junto a los síntomas
Depto. Clínica Veterinária clínicos del paciente. La tomografía computarizada permite la identificación de la
FMVZ/Unesp-Botucatu lesión, tamaño, forma, localización, magnitud de la compresión y la invasión del
asborges@fmvz.unesp.br tejido adyacente. Durante el examen se debe analizar la densidad, efecto de masa,
el edema peritumoral, la calcificación, así como las alteraciones o modificaciones de
las imágenes después de la inyección endovenosa del medio de contraste. Los
tumores encefálicos primarios más fácilmente identificados son los gliomas o
meningiomas, tumores de plexo coroideo y tumores pituitarios. El objeto del presente
trabajo es revisar la literatura sobre los principales tumores encefálicos primarios en
perros y describir sus alteraciones tomográficas, ayudando a realizar un diagnóstico
presuntivo del tipo tumoral.
Palabras clave: neoplasia, tomografia computarizada, sistema nervoso central,
neurología

Introdução centros veterinários e, consequentemente, o maior número


A utilização da tomografia computadorizada (TC) revolu- de exames realizados tornaram possível a determinação mais
cionou a medicina veterinária e, atualmente, pode ser consi- precisa da localização e da extensão dos tumores encefálicos
derada uma das ferramentas mais úteis para a avaliação por em cães 2-4.
imagem de alterações neurológicas, ortopédicas e oncológi- A TC é uma técnica de imagem digital não invasiva que
cas em cães e gatos 1. A disponibilidade do uso da TC em permite uma avaliação da anatomia encefálica canina 5 por

88 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


meio de imagens em diferentes dimensões, até reconstruções gliomas (astrocitoma e oligodendroglioma), os tumores
tridimensionais de planos anatômicos distintos do corpo em neuroepiteliais (tumor de plexo coroide, ependimoma) e os
estudo, visibilizando estruturas tissulares que facilitam a tumores pituitários 3. Os tumores encefálicos secundários
identificação da lesão, do seu tamanho, da sua forma e loca- podem ser classificados de acordo com seu tecido de origem
lização, além da magnitude de compressão e invasão do teci- e também se são resultado de uma extensão direta da massa
do adjacente 3,5-7. ou de propagação por via hematógena 4,16. Alguns autores
A imagem tomográfica fornece informações fundamentais afirmam que os tumores secundários são menos comuns
para indicar o acesso cirúrgico para uma possível ressecção que os tumores primários 8,13, porém um estudo mostrou o
ou biópsia tumoral, incluindo a localização, a delimitação e contrário 17. Os tumores intracranianos secundários metastáti-
a determinação da acessibilidade 8, além de poder ser usada cos incluem carcinoma (mamário, prostático ou pulmonar),
para o acompanhamento do tratamento de diferentes afec- hemangiossarcoma, melanoma maligno e linfomas 1.
ções 9. A avaliação cuidadosa dos sinais neurológicos é Os tumores encefálicos em cães representam aproximada-
essencial para guiar corretamente o clínico na condução do mente 14,5% dos casos oncológicos 18. Os meningiomas e os
diagnóstico 10. gliomas são os tumores encefálicos primários mais comumente
O estudo tomográfico do encéfalo permite visibilizar lesões encontrados em cães e gatos, enquanto os tumores de plexo
intracranianas e avaliar estruturas adjacentes como: destruição coroide e os ependimomas são ocasionalmente observados
ou compressão do parênquima (tumores encefálicos primários 6,12,19,20
. Os principais tipos de gliomas que acometem os cães
ou metastáticos), hemorragias, infarto, alterações de desen- são os astrocitomas e os oligodendrogliomas 19.
volvimento, processos degenerativos, inflamatórios e infec- Existe uma predisposição racial em cães para o desenvol-
ciosos 1. Além disso, pode ser realizada a avaliação da calota vimento de determinados tipos de tumores 19, porém tal fato
craniana e de suas adjacências, como os seios paranasais, a não é observado em gatos 13. As raças braquicefálicas em par-
cavidade nasal, o conduto auditivo e a órbita ocular 1,6,11. ticular são mais acometidas pelos gliomas 4,13,19,21, ao passo
Diante desse contexto, o objetivo do presente trabalho é que os meningiomas apresentam uma ocorrência semelhante
revisar os principais tumores encefálicos primários e suas em qualquer raça de cães 4. Os animais com mais de cinco
alterações tomográficas em cães. anos de idade são mais acometidos 19, apesar da existência de
relatos em cães jovens 13,22. Não há uma predileção sexual
Neoplasias determinada 13,19.
As neoplasias intracranianas podem ser divididas em pri- Os sinais clínicos de cães apresentando tumores encefáli-
márias (originárias do próprio tecido encefálico e meninges) cos e sua severidade dependem diretamente do tipo tumoral,
e secundárias (originárias de tecidos adjacentes ou metástases da localização anatômica, da taxa de crescimento tumoral e
de tecidos distantes) 4,12,13. A classificação dos tumores ence- do comprometimento de regiões adjacentes com efeitos se-
fálicos é baseada em estudos histopatológicos e citológicos cundários, tais como edema peritumoral e aumento da
4
. Frequentemente, os animais apresentam apenas uma neo- pressão intracraniana 4,8. Os achados do exame neurológico
plasia 6,14,15, porém há relato da associação de tumores ence- refletem a localização da lesão no sistema nervoso, porém
fálicos primário e secundário em um mesmo cão 16. não são patognomônicos para os tumores intracranianos 23.
Compõem as neoplasias primárias os meningiomas, os Os tumores encefálicos primários apresentam crescimento

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 89


lento e a compressão gradual das estruturas ao redor permite das margens de estruturas vizinhas 7.
o desenvolvimento de mecanismos compensatórios que Os cortes transversais são realizados antes e depois da
levam a uma adaptação ao aumento da pressão intracrania- injeção intravenosa do meio de contraste. Já os cortes dor-
na 4,8. Quando os sinais clínicos começam a surgir de forma sais e sagitais são efetuados caso sejam encontradas lesões
mais abrupta, normalmente estão relacionados ao aumento pelo corte principal. Todas as imagens devem ser analisadas
de volume tumoral, à exaustão dos mecanismos compensa- sob as janelas de tecidos moles e ósseos 28. Dependendo do
tórios encefálicos ou a fatores secundários como hemorragia aparelho, os cortes podem ser realizados com diferentes
aguda, hidrocefalia obstrutiva, hemorragia ou herniação en- espessuras, variando de 1 a 5mm de acordo com o porte do
cefálica 4,19. Também se pode dizer que uma evolução mais animal. Os cortes com menor espessura permitem melhor
rápida se dá em tumores secundários ou primários com alto detalhamento das lesões e maior definição das imagens
grau de malignidade 12. obtidas por métodos de reconstrução multiplanar ou tridi-
A convulsão é a principal manifestação clínica em ani- mensional 30.
mais com tumor encefálico 8,10,18,20,24-26, pois a maioria dos tu- A avaliação tomográfica deve abranger fatores como loca-
mores localiza-se na região talâmica e cortical 23. Outros lização da lesão, radiodensidade antes da aplicação de meio
sinais clínicos incluem: alterações comportamentais, andar de contraste, presença de efeito massa, edema peritumoral,
em círculos, cegueira, desvio lateral de cabeça, alterações no hidrocefalia, calcificação, tamanho, forma e realces após a
padrão de locomoção e no nível de consciência 8. Assim, os injeção intravenosa de meio de contraste (grau de atenuação
cães que apresentam convulsões simultaneamente com défi- do contraste, homogeneidade, intensidade e presença de anel
cits neurológicos são candidatos à realização de TC 3. peritumoral) 3.
Os tumores que afetam a região da hipófise ou do hipotá- As lesões captadas pela TC são descritas como iso, hiper
lamo podem causar poliúria, polidipsia, polifagia, alteração ou hipodensas, dependendo da densidade relativa de cada te-
na regulação da temperatura corpórea, cegueira (secundária cido 3,5,8. A presença de diferentes intensidades de realce após
à compressão do quiasma óptico) e sinais clínicos compatí- a injeção intravenosa de meio de contraste facilita a identifi-
veis com doenças endócrinas como hiperadrenocorticismo 23. cação de condições normais e patológicas 5.
Os tumores localizados no tronco do encéfalo ou que o afe- Muitos tumores, chamados de isodensos, podem ter den-
tam de forma secundária causam principalmente alterações sidade normal – a mesma densidade do tecido encefálico
no estado mental, déficits nas reações posturais ipsilaterais e circundante em várias séries tomográficas 3,28. A hipodensi-
sinais de disfunção dos nervos cranianos. Sinais vestibulares dade é caracterizada por uma densidade menor em relação
como ataxia, inclinação da cabeça, nistagmo e estrabismo ao tecido circundante e é observada em necrose, edema e
ocorrem se o tumor afetar os núcleos vestibulares, as vias cistos (Figura 1); já a hiperdensidade é uma densidade maior
vestibulares centrais ou o lobo floculonodular do cerebelo 23. que a do tecido circundante, ocorrendo em hemorragia e
Se o tumor envolver o cerebelo, a coordenação e a regulação mineralização 3,28 (Figura 2).
dos movimentos podem ficar comprometidas 23. A tomografia sem aplicação de meio de contraste pode ser
útil na visibilização de efeitos secundários provocados pela
Exame tomográfico massa 6,7,10. Os achados tomográficos que podem ser observa-
A TC é uma técnica de imagem digital que usa o princí- dos sem a aplicação de meio de contraste incluem: efeito
pio dos raios-X e um processamento computadorizado para

Carolina Dias Jimenez


formar imagens de cortes seccionais (transversos) das estru-
turas a serem avaliadas 27. A TC pode captar diferenças de
densidade da ordem de 0,05% entre os tecidos, sendo que as
radiografias captam diferenças de 0,5%, fornecendo uma
resolução melhor da imagem obtida 7.
Para a realização da TC é necessário anestesiar o animal
a fim de imobilizá-lo completamente durante o exame 3,28, já
que a movimentação do paciente causa alterações na ima-
gem tomográfica, devido à assimetria anatômica 27,29. Para a
captação de uma imagem encefálica, o cão deve estar em de-
cúbito ventral (esternal), com os membros torácicos posicio-
nados paralelamente ao tórax, fora do campo de captação da
imagem 28.
Em alguns casos pode-se aplicar a injeção intravenosa de
meio de contraste 3, principalmente em processos inflama-
tórios e neoplásicos 7. Os meios de contraste são agentes
hidrossolúveis que contêm moléculas de iodo, tornando-se
radiodensos à exposição dos raios-X, causando de forma
transitória uma radiopacidade sanguínea, realçando a Figura 1 - Corte tomográfico transversal do crânio após apli-
imagem nas estruturas mais vascularizadas e quando há cação de contraste mostrando área hipodensa de formato oval
rompimento da barreira hematoencefálica, possibilitando e amorfa (*) em região de hemisfério cerebral direito e presença
uma melhor análise quanto à forma, ao limite e ao contorno de anel peritumoral (seta). Imagem em janela de tecidos moles

90 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Carolina Dias Jimenez
Carolina Dias Jimenez
Figura 2 - Corte tomográfico transversal do crânio antes da apli-
cação de contraste evidenciando área hiperdensa (seta) em
região cerebelar. Imagem em janela de tecidos moles Carolina Dias Jimenez

Figura 4 - Corte tomográfico transversal do crânio antes da apli-


cação de contraste, demonstrando dilatação de ventrículo late-
ral esquerdo (*) e apagamento de ventrículo lateral direito
(seta), caracterizando o efeito de massa. Imagem em janela de
tecidos moles

Luiz Carlos Vulcano


Figura 3 - Corte tomográfico transversal do crânio em janela
óssea apresentando lise óssea em região de bula timpânica
(seta maior) e osso petroso temporal esquerdos (seta menor).
Note-se a presença de material isodenso em região de cavi-
dade timpânica (*). Imagem em janela de tecido ósseo

massa, edema peritumoral, hidrocefalia, hemorragia, forma-


ção cística e lise óssea (Figura 3).
O efeito massa é observado como um deslocamento da
foice cerebral e/ou do sistema ventricular 3,6,8 (Figuras 4, 5 e 6)
e o edema peritumoral aparece como uma área hipodensa pe-
riférica ao tumor 6. As neoplasias estão associadas à hidro-
cefalia obstrutiva, que pode ser classificada em comunicativa
(obstrução no espaço subaracnoideo) ou em não comunicativa Figura 5 - Corte tomográfico transversal do crânio antes da apli-
(obstrução próxima ao forâmen interventricular) 1 (Figura 7). cação de contraste, demonstrando dilatação de ventrículo lateral
A TC tem alta sensibilidade para a identificação de hemor- direito (*) e apagamento de ventrículo lateral esquerdo (seta), ca-
ragias 1,29. A hemorragia intracraniana aguda aparece como racterizando o efeito massa. Imagem em janela de tecidos moles
uma área hiperdensa homogênea e não calcificada 3. De forma
geral, pode-se dizer que à medida que a hemorragia é absorvi- focal, não realça após injeção intravenosa do meio de contraste e
da, a densidade tomográfica diminui gradativamente até pro- é caracterizada como uma região hipodensa 28. A formação císti-
gredir para hipodensa, tornando-se similar a um edema 1. ca está mais associada aos meningiomas, porém, ocasionalmente,
A formação cística pode aparecer de forma focal ou multi- pode ser encontrada em outros tipos tumorais 28.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 91


A injeção intravenosa de meio de contraste pode ser uma na permeabilidade da barreira hematoencefálica 3,29,31
parte importante do exame tomográfico, porém ela não é (Figuras 6, 7 e 8). Nos processos inflamatórios e neoplásicos
necessária em todos os casos 3. A magnitude e a cinética do que possuem uma vascularização maior do que os tecidos
reforço pós-contraste é primariamente controlada por alterações normais, a aplicação do meio de contraste é de suma impor-
tância 7. Um estudo mostrou que o reforço pós-contraste
ocorreu intensamente em 60% dos casos e moderadamente

Rogério Martins Amorim


em 24% dos casos de lesões intracranianas 10.

Carolina Dias Jimenez


Figura 6 - Corte tomográfico transversal do crânio evidenciando
massa ovoide e hiperdensa em hemisfério cerebral direito, com
realce evidente e homogêneo após injeção intravenosa do meio
de contraste (seta menor). Note-se a presença de efeito massa,
evidenciado pelo desvio da foice cerebral para a esquerda (seta
maior) e pelo apagamento de ventrículo lateral direito. O exame
histopatológico evidenciou meningioma. Imagem em janela de
tecidos moles Figura 8 - Corte tomográfico transversal do crânio evidenciando
massa hiperdensa de formato lobulado sofrendo forte realce ao
meio de contraste em região de lobo occipital direito, cerebelo e
tronco encefálico (seta menor). Observa-se também apagamen-
Carolina Dias Jimenez

to de ventrículo lateral direito (seta maior) e dilatação de ven-


trículo lateral esquerdo (*). Imagem em janela de tecidos moles

Carolina Dias Jimenez

Figura 7 - Corte tomográfico transversal do crânio evidenciando


a presença de massa ovoide e hiperdensa, com realce evidente
e homogêneo após injeção intravenosa do meio de contraste Figura 9 - Corte tomográfico transversal do crânio após apli-
(seta). Observa-se também dilatação simétrica e bilateral dos cação de contraste evidenciando área hipodensa de formato
ventrículos laterais (*). Note-se a presença de artefatos. oval e amorfa (*) com desvio de foice cerebral (seta). Imagem
Imagem em janela de tecidos moles em janela de tecidos moles

92 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Em seres humanos, estudos histopatológicos de lesões que células tumorais necrolíticas, edema, hemorragia ou necrose
contrastaram no exame tomográfico sugerem que o contraste de liquefação oriunda de diversas causas 31. Algumas estrutu-
é criado por uma zona de vasos sanguíneos, astrócitos e ras anatômicas normais ficam mais visíveis após a injeção
fibroblastos reativos que circundam um núcleo central com intravenosa do meio de contraste, incluindo a foice cerebral
e o plexo coroide 3.
A injeção do meio de contraste auxilia a detecção de tu-

Luiz Carlos Vulcano


mores intracranianos, que podem apresentar realce de forma
uniforme ou não, com ou sem a presença de anel peritu-
moral, ou podem não sofrer nenhum tipo de mudança 3,31. Os
tumores extra-axiais tendem a sofrer um evidente realce uni-
forme após a injeção intravenosa do meio de contraste, já
que derivam de tecidos que não possuem uma barreira he-
matoencefálica restritiva 28.
A formação de anel peritumoral ocorre principalmente em
casos associados a alterações vasculares ou nos tipos tumo-
rais com alta malignidade como os astrocitomas, oligoden-
drogliomas e gliossarcomas 3,28 (Figuras 1 e 9).

Artefatos
São considerados artefatos quaisquer distúrbios na nitidez
da imagem, podendo ser provocados pelos mais diversos fa-
tores, como interface por objeto metálico e alto nível de ate-
nuação de raios durante a passagem destes por meio de uma
grossa e densa camada de estruturas ósseas (fato observado
na avaliação da fossa caudal) 3,27 (Figura 7). Algumas sondas
endotraqueais possuem estrutura metálica que levam à
formação de artefatos (Figura 10).
Figura 10 - Corte tomográfico transversal do crânio após apli- Características tomográficas de identificação dos
cação de contraste. Observa-se área bem definida de hiper-
densidade extra-axial no lobo frontal esquerdo (seta menor). tumores encefálicos
Note-se a presença de artefatos (seta maior) gerados pela Pode-se realizar uma provável identificação do tipo tu-
sonda endotraqueal (*). O exame histopatológico evidenciou moral encefálico de acordo com as características tomográ-
meningioma. Imagem em janela de tecidos moles ficas que ele promove 7. Com a TC pode-se chegar muito
próximo ao diagnóstico definitivo da neoplasia encefálica
sem a realização do exame histopatológico, relacionando os
Rogério Martins Amorim

achados tomográficos com incidência, localização e sinais


clínicos observados 3,6,12,19. As características dos principais
tipos de tumores encefálicos em cães estão ilustradas na
figura 11.

Meningioma
Os meningiomas podem se originar de qualquer uma das
três meninges, mas aparentemente é mais comum originarem-se
da aracnoide 23. Existem nove subtipos de meningioma, a maioria
deles de comportamento histológico benigno, mas há alguns
com comportamento maligno, principalmente em cães 23.
O meningioma é um tumor extra-axial (surge da região
periférica encefálica e cresce para o interior) 19, mais comu-
mente situado nas fossas rostral (bulbo olfatório e lobo frontal)
e caudal (bulbo, ponte e cerebelo) 3. O meningioma pode ser
diferenciado dos outros tipos tumorais por ter usualmente um
padrão homogêneo, formato de placa ou lenticular e, algu-
mas vezes, apresentar a formação de uma cauda dural 28. Os
meningiomas apresentam-se hiperdensos comparados ao pa-
rênquima cerebral, podendo mostrar áreas de hemorragia e
Figura 12 - Corte tomográfico transversal do crânio evidencian-
calcificação 21. Normalmente, apresentam limites bem defini-
do discreto realce após aplicação de contraste. Observa-se
apagamento de ventrículo lateral direito com heterogeneidade dos 19 (Figuras 6 e 10).
do parênquima cerebral (seta). O exame histopatológico evi- Tendem a se deslocar e a promover compressão, não
denciou glioma misto. Imagem em janela de tecidos moles in va dindo o tecido encefálico, e podem mostrar nas

94 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Características meningiomas gliomas do plexo coroide pituitários
densidade pré-contraste iso a hiperdenso iso a hiperdenso (astrocitoma)/ iso a hiperdenso iso a hiperdenso
hipodenso (oligodendroglioma)
localização fossas rostral e fossas rostral e caudal ventricular fossa hipofisária
caudal/ventricular
ocorrência singular ou múltiplos singular singular ou múltiplos singular
orientação periférico parenquimal central ventral
efeito massa possível severo possível possível
edema peritumoral possível (mínimo) severo (astrocitoma)/ mínimo mínimo
moderado (oligodendroglioma)
hidrocefalia possível rara (astrocitoma)/ frequente possível
possível (oligodendroglioma)
forma placa ou ovoide, amorfa ou esférico a ovoide esférico a ovoide
lenticular difusa (astrocitoma)/
ovoide (oligodendroglioma)
margem definida ou não pouco definida definida definida
tamanho médio usualmente pequeno usualmente usualmente
pequeno pequeno
realce de contraste evidente evidente (astrocitoma)/ evidente moderado
discreto (oligodendroglioma) a evidente
padrão após contraste homogêneo heterogêneo homogêneo homogêneo
a heterogêneo
anel peritumoral possível possível raro raro
margem após contraste definida muito a pouco definida (astrocitoma)/ definida definida
pouco definida (oligoastrocitoma)
formação cística possível possível ausente ausente
Figura 11 - Características das imagens tomográficas em tumores encefálicos primários em cães. Adaptado de 1,6,13

imagens tomográficas um efeito massa com desvio da muitos casos, provoca o desenvolvimento de hidrocefalia
foice cerebral e ser associados a áreas císticas ou de cal- obstrutiva e desvio de foice cerebral (efeito massa) 7.
cificação 28 (Figuras 6 e 10). Os meningiomas de cães são
mais infiltrativos que os de gatos, o que faz com que Tumores originários do plexo coroide
seja difícil distinguir o limite entre o tumor e o tecido Os tumores originários do plexo coroide são os mais facil-
encefálico normal 23. mente identificados tomograficamente devido à sua localiza-
ção topográfica específica, relacionada com o sistema ven-
Gliomas tricular 1,3. Normalmente, as massas são fortemente atenuadas,
Os gliomas são tumores intra-axiais 3 (surgem dentro do com margens bem definidas e marcadas de forma homo-
parênquima encefálico e crescem para o exterior) comumen- gênea após a injeção intravenosa do meio de contraste 1,6.
te localizados na área piriforme do lobo temporal e em ou- Outra característica é a associação frequente da presença de
tras regiões do hemisfério cerebral, no tálamo, hipotálamo hidrocefalia obstrutiva 3,6,28. Em raras ocasiões, os tumores de
ou mesencéfalo 8. Os astrocitomas não se distinguem facil- plexo coroide são invasivos e promovem metástase ao longo
mente dos oligodendrogliomas pela TC 6,8, pois ambos têm do sistema ventricular 8.
achados tomográficos parecidos, como localização intra-
axial, presença de anel peritumoral, discreto realce após in- Tumores pituitários
jeção intravenosa do meio de contraste e de forma não uni- Os tumores pituitários, como os macroadenomas, são fa-
forme e margens pouco definidas tendendo a infiltração no cilmente identificados devido à localização da massa nor-
parênquima cerebral 3,6,19 (Figura 12). Os astrocitomas locali- malmente esférica ou ovoide na fossa hipofisária, estenden-
zam-se principalmente no telencéfalo (cérebro) e no diencé- do-se até a sela túrcica ou em posição suprasselar 1. Os mi-
falo (tálamo) e os oligodendrogliomas tendem a se localizar croadenomas tendem a ter a mesma forma, porém limitam-
no telencéfalo, próximos aos ventrículos 23. se mais à glândula pituitária 1.
Os gliomas, apesar de normalmente serem pequenos, têm Com relação às alterações tomográficas dos tumores pi-
a capacidade de causar um grande edema peritumoral devi- tuitários, notam-se um edema peritumoral mínimo e um
do à sua natureza expansiva e ao comportamento invasivo 1 realce moderado e uniforme após a injeção intravenosa do
– além de induzirem um processo inflamatório que, em meio de contraste com margens bem definidas, associados a

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 95


hidrocefalia bilateral 6. Os adenomas tendem a mostrar um 13-MOORE, M. P. ; BAGLEY, R. S. ; HARRINGTON, M. L. ; GAVIN, P. R.
Intracranial tumors. Veterinary Clinics of North America: Small Animal
realce uniforme de forma moderada a intensa pós-contraste, Practice, v. 26, n. 4, p. 759-777, 1996.
ao passo que os carcinomas apresentam realce evidente e
não uniforme 28. 14-COWART, J. R. ; SCHULMAN, F. Y. ; MENA, H. Low grade glial tumor
with features of astroblastoma in a dog. Veterinary Pathology, v. 42, n. 3,
p. 366-369, 2005.
Considerações finais
15-KUBE, S. A. ; BRUTYETTE, D. S. ; HANSON, S. M. Astrocytomas in
Algumas alterações tomográficas – como a localização tu- young dogs. Journal of American Animal Hospital Association, v. 39,
moral, a presença de efeito massa, a característica do realce n. 3, p. 288-293, 2003.
após injeção intravenosa do contraste e a presença de edema 16-ALVES, A. ; PRADA. J. ; ALMEIDA, J. M. ; PIRES, I. ; QUEIROGA, F. ;
peritumoral – são associadas a certos tipos de neoplasias en- PLATT, S. R. ; VAREJÃO, A. S. P. Primary and secondary tumors occur-
cefálicas. Tendo em vista que o diagnóstico definitivo do ring simultaneously in the brain of a dog. Journal of Small Animal
tipo tumoral é feito por meio de histopatologia e que a reali- Practice, v. 47, n. 10, p. 607-610, 2006.
zação de biópsias encefálicas é um procedimento invasivo e 17-SNYDER, J. M. ; LIPITZ, L. ; SKORUPSKI, K. A. ; SHOFER, F. S. ; VAN
pouco realizado, a associação dos achados tomográficos WINKLE, T. J. Secondary intracranial neoplasia in the dog: 177 cases
(1986-2003). Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 22, n. 1, p. 172-
com os sinais clínicos dos animais permite estabelecer um 177, 2008.
diagnóstico presuntivo. Quando se suspeita de neoplasias
18-VANDEVELDE, M. Brain tumors in domestic animals: an overview. In:
metastáticas intracranianas, devem-se realizar exames com- Proceedings: brain tumors in man and animals, research triangle park,
plementares, tais como radiografia ou tomografia torácicas e NC, National Institute of Environmental Sciences, 1984. p. 5-6.
ultrassonografia abdominal para pesquisa da neoplasia pri- 19-DEWEY, C. W. ; BAHR, A. ; DUCOTÉ, J. M. ; COATES, J. R. ; WALK-
mária. A presença de neoplasia em outros órgãos altera de ER, M. A. Primary brain tumors in dogs and cats. Compendium of
modo significativo o prognóstico do paciente. Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v. 22, n. 8, p. 756-
763, 2000.
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96 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Tratamento de fratura de rádio em peixe-boi-da-amazônia
(Trichechus inunguis) – relato de caso
Radius fracture treatment in an Amazonian manatee
(Trichechus inunguis) – case report
Tratamiento de fractura de radio en un manatí del Amazonas
(Trichechus inunguis) – caso clínico

Clínica Veterinária, n. 92, p. 98-102, 2011

Maurício Carlos Martins de Resumo: O peixe-boi-da-amazônia é um mamífero aquático ameaçado de extinção,


Andrade sendo a caça indiscriminada o principal fator de declínio da população. O presente
MV, analista ambiental estudo relatou o acompanhamento da consolidação óssea de uma fratura completa
CGESP/DIBIO/ICMBio/MMA de rádio na nadadeira peitoral esquerda em um filhote de peixe-boi-da-amazônia
mauricio.andrade@icmbio.gov.br resgatado na ilha de Marajó, estado do Pará. O animal apresentava restrição de
movimento e posicionamento anormal da nadadeira, com crepitação à palpação. No
exame radiográfico, visibilizou-se fratura completa oblíqua em correspondência ao
Antonio Carlos Cunha Lacreta Jr. terço medioproximal da diáfise do osso rádio esquerdo, com perda de eixo ósseo. Foi
MV, prof. adj. MSc. dr. realizado um tratamento conservador, com acompanhamento radiográfico do
DMV/UFLA membro afetado. A melhora do quadro clínico e a total consolidação da fratura foram
lacreta@dmv.ufla.br observadas após doze e vinte semanas do início do tratamento, respectivamente.
Unitermos: mamífero, espécie ameaçada, radiografia
Kristian Legatzki
MV, analista ambiental Abstract: The Amazonian manatee is an aquatic mammal threatened with extinction
CEPNOR/IBAMA/MMA by indiscriminate hunting, which is the main factor of its population decline. This study
kristian.legatzki@ibama.gov.br reports the clinical monitoring of bone consolidation in an Amazonian manatee calf
rescued with a complete fracture of the left radius on Marajó Island, Pará. The animal
Adriana Fromm Trinta had movement restriction and abnormal positioning of the left pectoral fin, which
MV, analista ambiental presented crepitation upon palpation. Radiographic examination disclosed a complete
CMA/DIBIO/ICMBio/MMA oblique fracture in the proximal-middle third of the left radial diaphysis, with bone axis
adriana.trinta@icmbio.gov.br loss. Conservative treatment was followed by radiographic monitoring of the affected
limb. Improvement of the clinical state and full consolidation of the fracture were
Ediléia Mesquita da Costa observed twelve and twenty weeks after starting treatment, respectively.
médica veterinária Keywords: mammal, endangered species, radiography
ISPA/UFRA
edileiacosta@yahoo.com.br Resumen: El manatí del Amazonas es un mamífero acuático en peligro de extinción,
siendo la caza indiscriminada el principal orígen de tal situación. En el presente
trabajo se relata la evolución de la consolidación ósea de un manatí rescatado en la
isla de Marajó, que apareció con una fractura completa de radio. El animal
presentaba una restricción de movimiento y una posición anormal de su aleta
nadadera izquierda, con signos de crepitación a la palpación. Durante el estudio
radiográfico se pudo diagnosticar una fractura completa, oblicua en el tercio medio
proximal de la diáfisis del radio izquierdo, con rotación del eje óseo. El tratamiento fué
conservador, realizandose controles radiográficos del miembro. El cuadro clínico y la
consolidación de la fractura se observaron al cabo de 12 y 20 semanas desde el
inicio del tratamiento, respectivamente
Palabras clave: mamífero, especies en peligro de extinción, radiografía

Introdução várzea 2,4. Atingem a maturidade sexual após os seis anos de


Os peixes-boi pertencem à ordem Sirênia e estão classifi- idade e, em condições normais, geram um filhote a cada ges-
cados na família Trichechidae 1,2. O Brasil possui dois repre- tação, amamentando-o por no mínimo dois anos 2. O interva-
sentantes dessa família, o peixe-boi-da-amazônia (Trichechus lo entre os nascimentos é de pelo menos três anos, o que re-
inunguis) e o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) 1-3. O vela baixa taxa reprodutiva, dificultando ainda mais a recu-
peixe-boi-da-amazônia é um mamífero aquático ex- peração das populações 2.
clusivamente herbívoro, cuja ocorrência está restrita aos rios Atualmente ele está listado como “ameaçado de extinção”
e lagos da bacia Amazônica, principalmente às áreas de pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e classificado na

98 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


categoria “vulnerável” pela União Internacional para a Con- utilizou 50Kvp, 100mA e 0,002s para radiografia em proje-
servação da Natureza (IUCN) 2-6. Apesar de protegido por lei, ção dorsoventral da nadadeira peitoral afetada (Figura 2).
o peixe-boi-da-amazônia ainda é caçado para fins de subsis- No exame radiográfico, visibilizou-se fratura completa
tência, existindo também o comércio ilegal da carne e de fi- oblíqua em correspondência ao terço medioproximal da
lhotes, além da captura acidental em redes de pesca 2,3. diáfise do osso rádio esquerdo, com perda de eixo ósseo e
sobreposição dos fragmentos da fratura, discreto ponto
Relato de caso radiotransparente em correspondência ao aspecto cranial da
Uma fêmea de peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inun- metáfise distal do osso úmero esquerdo e irregularidade
guis) de aproximadamente oito semanas de vida, de 98 centí- óssea em correspondência ao aspecto cranial da metáfise
metros de envergadura dorsal e pesando 15,7kg, foi encon- proximal da ulna esquerda. Os aspectos radiográficos na
trada encalhada numa praia do rio Salazal, no município de ocasião sugeriam fratura recente (Figura 3).
Salvaterra, estado do Pará. Esse espécime foi resgatado e en-
caminhado para a Base Avançada do Centro Mamíferos
Aquáticos (CMA), em Belém, para reabilitação e posterior
reintrodução ao seu habitat natural.
No exame clínico, o animal apresentava restrição de mo-
vimento e posicionamento anormal da nadadeira peitoral es-
querda, sensibilidade e crepitação à palpação do membro,
além de ferida superficial (escoriações) (Figura 1).
Ato contínuo, o animal foi encaminhado ao hospital vete-
rinário da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
para exame radiográfico. A técnica radiográfica preconizada

Figura 1 - Imagem fotográfica do peixe-boi amazônico sendo


amamentado após resgate. Notar alteração anatômica e lesão
cutânea da nadadeira peitoral esquerda
Figura 3 - Imagem radiográfica realizada após o resgate. Notar
fratura completa em correspondência ao terço médio-proximal
da diáfise do osso rádio esquerdo (seta)

Figura 4 - Imagem fotográfica do animal mantido em piscina de


Figura 2 - Imagem fotográfica do posicionamento radiográfico lona

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 99


Optou-se por realizar um tratamento conservador (não ci- periosteal do tipo regular, com presença de alguns pontos de
rúrgico), por se tratar de um mamífero que vive em meio lise óssea nas regiões supracitadas (remodelação) e discreto
aquático. Durante o tratamento, o animal foi mantido em preenchimento da linha de fratura por conteúdo radiopaco
uma piscina de lona com capacidade de 1.000 litros de água (Figura 5).
(Figura 4). Nos exames radiográficos realizados 78 e 106 dias após o
Meio grama de fosfato de cálcio e 8.000UI de vitamina início do tratamento, visibilizou-se progressão na consolida-
D3 a foram administrados uma vez ao dia, por via oral, du- ção da fratura, com intensificação dos aspectos radiográficos
rante os três primeiros meses de tratamento, acrescidos à pri- pertinentes (Figura 6).
meira das quatro mamadeiras oferecidas diariamente 7. A die- No exame radiográfico realizado 162 dias após o início do
ta fornecida era composta de água, leite em pó, óleo de ca- tratamento, visibilizaram-se calo ósseo ossificado, ausência
nola e complexo vitamínico-mineral 4. da linha de fratura e reação periosteal lisa e regular em cor-
O acompanhamento da consolidação da fratura foi feito respondência ao aspecto craniomedial da metáfise distal do
exclusivamente por meio radiográfico. osso úmero esquerdo e aspecto cranial da metáfise proximal
No exame radiográfico realizado 21 dias após o início do da ulna esquerda, sugerindo remodelação óssea.
tratamento, visibilizaram-se reação periosteal do tipo regular Realizou-se um exame radiográfico de controle 319 dias
em correspondência às extremidades dos fragmentos da fra- após o inicio do tratamento, no qual se pôde constatar com-
tura do osso rádio esquerdo, aspecto craniomedial da metáfi- pleta consolidação da fratura e remodelação óssea (Figura 7).
se distal do úmero esquerdo e aspecto cranial da metáfise Clinicamente, o animal apresentou adequada movimenta-
proximal da ulna esquerda. ção e extensão normal do membro 90 dias após o início do
No exame radiográfico realizado 43 dias após o início tratamento. Nesse período, recebeu alta do tratamento e foi
do tratamento, visibilizaram-se intensificação da reação acompanhado apenas pelos exames radiográficos citados.
Até o presente momento, as condições físicas e comporta-
mentais do animal vêm sendo acompanhadas, não demons-
trando qualquer alteração (Figura 8).

Figura 5 - Imagem radiográfica realizada após 43 dias do início


do tratamento. Notar intensificação da reação periosteal do tipo
regular (seta)
Figura 6 - Imagem radiográfica realizada após 106 dias do iní-
cio do tratamento. Notar progressão na consolidação da fratura
a) Calciovet. COVELI Industria e Comércio Ltda. Duque de Caxias, RJ com formação de calo ósseo (seta)

100 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Figura 8 - Imagem fotográfica do peixe-boi amazônico ao final
do tratamento. Notar posicionamento normal da nadadeira
peitoral esquerda

Discussão
As fraturas de rádio e ulna podem ser observadas envol-
vendo tanto um como ambos os ossos. Distais ao terço pro-
ximal do rádio, esses ossos geralmente se fraturam como
uma unidade, porém proximais a essa região, as fraturas in-
dependentes de ambos os ossos são comuns, assim como vi-
sualizado neste relato, de acordo com o qual a fratura ocor-
reu somente no osso rádio, em correspondência ao terço me-
dioproximal da diáfise 8.
Devido à escassez de bibliografias sobre tratamento de
fraturas nessa espécie, foi proposto um tratamento conserva-
dor, em vez do tratamento cirúrgico. Isso também foi deter-
minado porque o habitat desse animal, a água, é constante
fonte de contaminação, o que poderia comprometer a recu-
peração pós-cirúrgica do animal. Dessa maneira também se
Figura 7 - Imagem radiográfica realizada após 319 dias do iní- evitou a contenção física diária do animal, o que poderia
cio do tratamento. Notar completa consolidação da fratura e levar a um quadro de estresse.
remodelação óssea (seta) O tratamento conservador instituído, ou seja, a restrição

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 101


do espaço com concomitante redução da movimentação do A ausência de trabalhos científicos voltados a esse tema
animal, mostrou-se eficaz sem que houvesse necessidade de faz com que o presente relato seja de grande importância
realizar a imobilização do membro. O sucesso do tratamen- para a espécie em questão, atualmente classificada pela
to foi possível devido à conformação anatômica da nadadei- IUCN e pelo MMA como ameaçada de extinção 5,6. Nesse
ra peitoral dessa espécie, cujos ossos rádio e ulna estão em contexto, fazem-se necessários estudos clínicos, do manejo
contato íntimo e cujas epífises se unem com o avançar da e do comportamento desses animais para oferecer maiores
idade 9. Essa particularidade pode ter permitido que a ulna informações a respeito das formas de tratamento e acompa-
intacta tenha servido de suporte para a estabilização da nhamento dos animais resgatados e colocados em cativeiro
fratura do rádio. para posterior reintrodução.
Além do manejo como forma de tratamento, 0,5g de fos-
fato de cálcio e 8.000UI de vitamina D3 foram acrescidos Referências
à dieta láctea recomendada 4,7. Como não há descrição biblio- 01-LIMA, R. P. ; ALVITE, C. M. C. ; VERGARA-PARENTE, J. E. Protocolo
de reintrodução de peixes-bois marinhos no Brasil. São Luis: Ibama-
gráfica desse procedimento e também não houve um estudo MA, Instituto Chico Mendes, 2007. 62p.
experimental com grupo controle para esse tipo de tratamen- 02-MACHADO, A. B. M. ; DRUMMOND, G. M. ; PAGLIA, A. P. Livro
to, não podemos afirmar até que ponto esse enriquecimento vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, 1. ed. - Brasília,
da dieta foi significativo para o processo de consolidação. DF: MMA; Belo Horizonte, MG: Fundação Biodiversitas, 2008, vol. II,
p. 816-817.
O exame radiográfico, já consagrado como um dos melho- 03-VERGARA-PARENTE, J. E. Sirênios In: IBAMA. Protocolo de conduta
res métodos para avaliação de consolidação de fraturas, tam- para encalhes de mamíferos aquáticos. Rede de Encalhes de Mamíferos
bém foi eficaz para esse caso. O que permitiu um acompa- Aquáticos do Nordeste. Recife: Ibama, 2005. p. 83-100.
04-D`AFFONSECA NETO, J. A. ; VERGARA-PARENTE, J. E.; Sirenia
nhamento seriado do animal foi a pouca idade, já que em ani- (Peixe-boi-da-amazônia, Peixe-boi-marinho). In: CUBAS, Z. S. ; SILVA, J.
mais adultos a dificuldade é grande devido às grandes dimen- C. R. ; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens – medicina
sões e ao peso. veterinária. 1. ed. São Paulo: Roca, 2006, p. 701-714.
O processo de consolidação óssea, acompanhado por meio 05-IUCN. The IUCN Red List of Threatened Species. 2007. Disponível em
<http://www.iucnredlist.org>. Último acesso em: 5 de abril 2011.
do exame radiográfico, foi longo, em torno de vinte semanas, 06-Ministério do Meio Ambiente - MMA. 2003. Lista Oficial das Espécies da
ao contrário do ocorre com pequenos animais de estimação, em Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Instrução Normativa n° 3, de 27
que a consolidação se dá em torno de dez semanas 8. Isso pode de maio de 2003. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
Brasilia, DF. Seção 1, n. 101, p. 88-97.
ser explicado por dois aspectos: a pouca estabilidade oferecida 07-VIANA, F. A. B. Guia terapêutico veterinário. 2. ed. Lagoa Santa: Gráfica
apenas pela ulna ou o baixo metabolismo que a espécie apre- e Editora CEM, 2007, p. 172, 333-334.
senta 10. 08-PIERMATTEI, D. L. ; FLO, G. L. Fractures of the radius and ulna. In:___.
Small animal orthopedics and fracture repair. 3. ed. Philadelphia: W. B.
Saunders Company, 1997. p.321-343.
Conclusão 09-ROMMEL, S. A. ; LOWENSTINE, L. J. Gross and microscopic anatomy.
O tratamento conservador (não cirúrgico) com duração de In: DIERAUF, L. A. ; GULLAND, F. M. D. (Ed.) CRC Handbook of
doze semanas mostrou-se eficaz e seguro para a total consoli- marine mammal medicine: health, disease and rehabilitation. 2 ed.
Boca Raton: CRC Press, 2001, p. 129-164.
dação de fratura completa no terço proximal do rádio esquer- 10-GALLIVAN, G. J. ; BEST, R. C. Metabolism and respiration of the
do de um filhote de Trichechus inunguis resgatado com apro- Amazonian manatee (Trichechus inunguis). Physiological Zoology, v. 53,
ximadamente oito semanas de vida. n. 3, p. 245-253, 1980.

102 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Ecologia

S
afari do
Busch Gardens
conscientiza
sobre o risco de
extinção dos
guepardos
A partir de agora, os visitantes que
experimentarem o safari especial do
Busch Gardens chamado Endangered
Species Safari terão a oportunidade de
observar também os guepardos. O tour,
que já é bastante popular no parque,
apresenta os animais que estão ameaça-
dos de extinção, além de mostrar como o
parque dá suporte aos programas de pro-
teção dessas espécies.
No caso dos guepardos, cinco felinos Casal de guepardos do Busch Gardens,
que ajudarão nos programas de preservação da espécie
chegaram recentemente ao parque por
meio do programa Species Survival Plan
(Plano de Conservação de Espécies – Guepardo). Em O SeaWorld Parks & Entertainment opera dez parques
breve, Steelman, um macho de doze anos, Ngoma, uma nos Estados Unidos. São três unidades do SeaWorld (Or-
fêmea de dez anos, e os irmãos Jagati, Irajá e Juno – todos lando – Flórida, San Diego – Califórnia e San Antonio –
nascidos em outubro de 2009 – farão parte do Cheetah Texas) e dois parques Busch Gardens, sendo um em Tampa
Run, nova área de contato com os animais que será inau- – Flórida e outro em Williamsburg – Virgínia. Além dos
gurada em maio, ao lado da montanha-russa Cheetah Hunt. parques Discovery Cove e Aquatica, em Orlando – Flórida,
Durante o Endangered Species Safari, os visitantes rece- e do Sesame Place, próximo à Filadélfia – Pensilvânia, e
bem informações importantes sobre as espécies que estão dos parques aquáticos Adventure Island, em Tampa –
ameaçadas e como podemos ajudar para que elas não sejam Flórida, e Water Country USA, em Williamsburg –
extintas. No caso dos guepardos, seu repovoamento natural Virgínia. Os dez parques recebem 25 milhões de visitantes
é dificultado pela baixa taxa de natalidade e por muitas por ano e empregam 26 mil pessoas em todo o país. Mais
ameaças naturais e humanas. informações: www.seaworldparksandentertainment.com.
Os educadores do Busch Gardens também apresentam O SeaWorld Parks & Entertainment criou o SeaWorld &
durante o passeio os esforços do SeaWorld and Busch Busch Gardens Conservation Fund, organização sem fins
Gardens Conservation Fund, que já doou quase US$ 100 lucrativos empenhada em apoiar a conservação da fauna e
mil para a proteção de guepardos na África desde 2005 e da flora, além de investir em estudos, projetos educacionais
também ajuda programas de conservação de rinocerontes e programas de resgate de animais em todo o mundo. Saiba
brancos, animais marinhos e muitas outras espécies de todo mais em www.swbg-conservationfund.org.
o mundo.
Os 45 minutos de passeio no Endangered Species Safari
também incluem encontros próximos com girafas,
zebras e rinocerontes no Serengeti Plain.
Outra novidade do Busch Gardens Tampa Bay é
a chegada de um filhote de guepardo. Assim que se
tornar adulto, ele se unirá aos outros guepardos Filhote de guepardo
com quatro semanas
que viverão no Cheetah Run, habitat que será de idade, que
inaugurado em maio. Na atração, os visitantes chegou em março
poderão ver os ágeis felinos em ação. de 2011 ao Busch
O filhote nasceu no Zoológico de Jacksonville Gardens Tampa Bay
e, pela falta de cuidados da mãe, foi levado às de- (Flórida, EUA).
pendências do parque, em Tampa, para receber tra- O filhote faz parte
de um grupo de
tamento especial. Com pouco menos de um quilo, o animais que é
filhote se alimenta bem e já explora seu novo lar. acompanhando
Hoje em dia existem apenas 12,4 mil guepardos no pelo Species
mundo, sendo assim de extrema importância o cuidado Survival Plan (SSP)
com essa espécie ameaçada.

104 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Arquitetura & Construção

Sinalização e comunicação visual


A sinalização poderá apresentar um caráter não
apenas visual, mas também tátil e/ou sonoro.
Ela também pode ser dividida nos tipos:
temporária, direcional, emergencial e permanente

Aliada à comunicação visual, a ainda mais a imagem corporativa.


sinalização é responsável por criar um Para que seja tirado bom proveito do
sentido de ordem, organização e valo- investimento na sinalização é impor-
rização do conforto daqueles que se tante que ela tenha harmonia com a
relacionam com uma empresa. marca e todo o trabalho de personaliza-
A sinalização também cria ambiente ção da arquitetura corporativa, aliando-
favorável à produtividade e à agilidade se para isso, às técnicas da comuni-
dos processos e fluxo de pessoas. cação visual.
Essas técnicas permitirão pensar nas Durante a etapa de desenvolvimento
melhores aplicações dos elementos de de projeto é recomendável inserir
sinalização, se beneficiando da funcio- soluções ergonômicas, pois elas garan-
nalidade e das inúmeras possibilidades tirão uma interação mais prática e se-
do design, o qual ajudará a valorizar gura de todos os tipos de usuários.

Caminhão desenvolvido para


campanhas de castração

Fotos de trabalho desenvolvido pelo


designer Brandon Van Liere para a
Animal Human Society, excelente exem- Este e outros trabalhos de Brandon Van
plo que ilustra os benefícios de uma si- Liere podem ser conferido no endereço:
nalização planejada cargocollective.com/brandonvanliere Sinalização externa
#576992/

106 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Faturamento,
?
Renato Brescia Miracca

salário,
renato.miracca@q-soft.net
MV, bacharel em direito,

ou lucro
MBA
Q-soft Brasil Tecnologias
da Informação -
www.qvet.com.br

R
esponda honestamente: quanto
você ganha por mês para traba-
lhar? Ao fazer esta pergunta a mesmo, mas o contratado é você.
um funcionário, a resposta é rápida: a Sendo assim, nada mais correto do que
soma do salário e eventuais benefícios. instituir um valor que lhe servirá de
Isto é correto se considerarmos no cál- salário, geralmente chamado de pró-
culo o salário líquido, pois a retenção labore (o valor que o dono da empresa
do imposto de renda na fonte pode recebe por trabalhar nela).
chegar a 27,5% do valor bruto, o que O lucro não é a remuneração do tra-
causa uma diferença significativa no balho, mas a remuneração do capital
valor. investido na empresa; sendo assim,
Para um veterinário autônomo ou pertence aos donos da empresa, ainda
proprietário de clínica, as respostas se que não trabalhem nela, na proporção
tornam mais confusas. Muitos colegas de suas cotas, podendo ser retirado ao
evitam falar sobre o assunto (talvez por final do período ou reinvestido para a
afetar sua autoestima), alguns chutam ampliação do negócio.
os valores, outros se confundem nos Toda a empresa deve ser lucrativa e
cálculos e ainda existem os que, apa- todo trabalhador, mesmo que seja o
rentemente, não se importam, preferin- dono da empresa, deve receber um
do não conhecer a realidade. salário, e quando isso não ocorre, esta-
Esse tabu não é exclusivo do merca- mos diante de um problema muito
do veterinário, mas é típico na área da grave.
saúde, onde existe um grande número Ninguém admite ter uma aplicação
de profissionais autônomos (pessoas financeira no banco e depois de certo
que exercem a atividade profissional tempo descobrir que não ganhou nada
por conta própria sem possuir vínculos e ainda perdeu parte do valor investido.
empregatícios). Durante uma conversa ocorre: o salário é considerado uma Todavia, conhecemos vários colegas
informal, temos o hábito de fazer con- despesa fixa (ele existe ocorrendo ou que investem um valor considerável
fusão sobre alguns conceitos ao falar não faturamento; afinal, quem não quer em seu negócio e recebem de lucro
sobre salário, sendo comum ouvirmos receber o salário todos os meses?). menos do que ganhariam em qualquer
o clínico dizer: “Este mês foi ótimo, Apesar de isso ser legalmente ques- aplicação financeira, mesmo sem con-
faturei X reais!”, referindo-se ao valor tionável, algumas clínicas pagam ao siderar seu salário no cálculo, ou seja,
total dos serviços realizados (fatura- veterinário uma comissão, além de um ainda trabalham de graça!
mento bruto) como se se tratasse do salário fixo. Nesse caso, parte do salá- Uma das causas principais dessa
seu salário. rio passa a ser uma despesa variável situação é a confusão entre as finanças
Faturamento é o resultado da soma (quanto mais atendimentos forem rea- pessoais e as da empresa. Ao colocar
de todos os produtos/serviços vendidos lizados, maior será o valor da comis- tudo no mesmo saco, não temos o con-
por uma empresa em determinado são). trole adequado nem de uma coisa nem
período, sendo que neste caso falamos Mas e o lucro? Qual a diferença da outra. Além disso, fica muito mais
em faturamento bruto. entre lucro e salário? difícil avaliar a lucratividade real da
Como sabemos, existem muitas des- Salário não é lucro! Mesmo quando empresa. É comum ver o veteriná-
pesas e custos que deverão ser subtraí- somos sócios de uma empresa, não rio/empresário fazer retiradas do caixa
dos do faturamento até chegarmos ao devemos confundir as duas coisas. para cobrir suas despesas pessoais, ge-
salário e ao lucro. Lucro é o que sobra do faturamento ralmente sem critério e contabilização.
No caso do profissional autônomo, bruto após descontarmos todas as Esse descontrole impede que o vete-
podemos admitir que o lucro mensal despesas, custos, impostos, encargos, rinário se dê conta da real situação da
seja equivalente ao salário, sendo que, incluindo o salário. Imagine se por empresa, pois no final do mês ele
nesse caso, ele varia conforme o algum motivo você não puder trabalhar sequer tem noção do valor total que foi
número de atendimentos realizados. na sua clínica por dois meses. Você retirado; sabe somente se tem ou não
Ao analisar uma empresa, uma pes- deverá contratar um colega e lhe pagar dinheiro em caixa.
soa jurídica de qualquer tipo, isso não um salário. No dia a dia ocorre o Dicas para começar a controlar as

108 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


finanças de sua empresa: • Anote todas as retiradas do período
• Compreenda que você e sua empresa para despesas pessoais (o ideal seria
são entidades distintas; por isso se cria não retirar nada até o final do mês e
uma personalidade jurídica (PJ). As depois retirar somente o valor total do
finanças de ambos devem ser total- pró-labore).
mente separadas. • Lembre-se de que, ao transferir di-
• Mantenha contas bancárias separadas nheiro pessoal para a empresa, estará
para você e para sua empresa. “emprestando” à empresa ou aumen-
• Descubra qual é o lucro real por meio tando o capital social dela.
de um controle minucioso de todas as • Crie uma reserva de capital para a
receitas e despesas da empresa (isso empresa (capital de giro, 13º salário e
pode ser feito no papel, em planilhas outras despesas trabalhistas, manuten-
ou com um software de gestão). ções periódicas, novos investimentos e
• Determine um valor fixo para a reti- despesas extraordinárias). Esse valor é
rada pessoal. Jamais ultrapasse esse da empresa e não deve ser usado para
valor. Caso isso não seja possível, con- despesas pessoais.
sidere o excedente como “empréstimo Quando falamos com os colegas
temporário” que deverá ser devolvido sobre esse assunto, o que ouvimos é:
assim que possível, para não descapi- “dá muito trabalho”; “esse controle só
talizar a empresa. é possível em grandes empresas”; “não
• Adéque o valor do pró-labore à lucra- tenho tempo para fazer isso” e uma
tividade da sua empresa. Se isso não série interminável de desculpas causa-
for suficiente, será necessário aumen- das pelo medo e pela inexperiência na seguir as dicas acima melhoram o con-
tar o lucro da empresa. Enquanto isso área. Entretanto, todos os que se esfor- trole financeiro do seu negócio (e da
não ocorrer, contente-se com menos. çam durante dois ou três meses tentando sua vida). Então, mãos à obra!

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 109


Seja responsável pela
AUTORES

• Marco Antonio Gioso

experiência de seus clientes – Docente do Depto. de Cirurgia da FMVZ-USP


www.fmvz.usp.br - www.gioso.com.br;
• Steve Kornfeld, DVM, CPCC
parte 1A: desde o telefonema Certified Professional Coactive Coach -
www.veterinarycoaching.com;
• Maria Das Gracas Jardim Rodrigues,
até a sala de exame “Coach” (treinadora) em negócio veterinário

E
ste tópico é na verdade um cír- está encarregado de atender ao tele- até quando ele é colocado na sala de
culo fechado. Todos os elemen- fone. O que deve (ou deveria) passar exame? Qual é a cascata de eventos
tos do tópico afetam o resto do pela mente dessa pessoa antes que ela que têm como resultado conduzir o
círculo. Qualquer elemento específico atenda a chamada? Você não sabe por cliente à sala de exame?
é tão importante como todos os outros que o cliente está chamando, mas você Idealmente, o que deve acontecer
elementos. Em um círculo perfeito os sabe de uma coisa: você quer resultado em cada etapa/estação?
tópicos fluem naturalmente, formando dessa ligação. Então a pessoa que aten- A palavra-chave principal que domi-
um perfeito fluxo de eventos. Para de ao telefone deve lembrar-se do que na todas as estações é a educação: edu-
ajudá-lo a criar mais facilmente esse ela quer obter desta chamada. Esse é o car o cliente ao longo do processo.
círculo perfeito, vamos dividi-lo em primeiro passo para assumir o controle
duas metades. Mais tarde, quando você da experiência do cliente-consciência: Clientes = Clientes
tiver essas duas metades juntas, você estar atento às necessidades dos clien- educados motivados
poderá “costurá-los” para obter um tes. Nesse caso, a consciência deve ser
único círculo perfeito. traduzida em uma pergunta: "o que eu Quando um cliente marca uma con-
Assumir o comando da experiência desejo que o cliente faça como resulta- sulta para o animal de estimação – por
do cliente significa controlar qualquer do desta ligação?" doença de pele, por exemplo –, tem
contato do cliente com a sua clínica, o Não é preciso mais do que uma que haver uma ação planejada de even-
que pode ocorrer em qualquer ponto. fração de segundo para ficar atento a tos, uma engrenagem para garantir que
Desde a primeira vez em que você faz essa consciência mental quando a o animal obtenha 100% dos serviços
contato com o cliente até a hora em que mente está treinada. Mas se a mente prestados e não apenas 20-30%, e que
o cliente deixa o hospital ou a não estiver treinada, isso nunca acon- a experiência do cliente chegue perto
transação seja concluída. Todos esses tece. Sem essa consciência, quando um da perfeição. Se cada elemento dessa
pontos de contato devem ser aper- cliente liga para a sua clínica, a pessoa cadeia é deixado ao acaso, os resulta-
feiçoados para criar uma melhor expe- do outro lado do telefone (a sua dos serão imprevisíveis.
riência para o cliente. equipe) reage ao que o cliente fala/per-
Para serem aperfeiçoados, esses gunta em vez de tomar a liderança, o Resultados = Resultados
pontos de contato devem ser sistemati- controle da chamada – em outras pala- imprevisíveis inferiores
zados. O propósito de ter um sistema é vras: ser pró-ativo. As reações quase
estar em controle do momento, da nunca dão grandes resultados, porque
oportunidade, e não ser uma vítima do há pouco controle sobre a ação. Exemplos de uma
momento. engrenagem perfeita:
O primeiro passo para controlar as Consciente = ser pró-ativo A cadeia começa com um cliente
interações com o cliente é estar cons- ligando para a sua clínica. O que acon-
ciente do momento. A cada momento Ao ser pró-ativo, você garante que tece em seguida?
há uma interação com o cliente. Essa suas ações sejam previsíveis, repetiti- A pessoa que atende ao telefone
consciência é verbal e não verbal; tudo vas e planejadas. deve ter uma lista de checagem que
na clínica e ao redor dela. Você pode treinar seu representante deve ser verificada e eventualmente
A pergunta é: por que tudo isso tem do serviço ao cliente (RSC) quanto memorizada antes que a ligação seja
de estar no seu devido lugar até a per- quiser, mas, a menos que a sua equipe atendida. Se essa pessoa primeiro aten-
feição? Por que toda a equipe deve realmente ouça o que os clientes de à ligação e em seguida verifica a
dizer as coisas certas para os clientes, dizem, não vai acontecer muita coisa. lista de checagem, já é demasiado
por exemplo, ao telefone? tarde; o mais provável é que ocorra um
Consciente = ouvir erro, um descuido, uma atitude equivo-
Por que = consciência cada, etc.
Quais são as etapas/estações desde Se você já viu um piloto comercial
O telefone toca na clínica. Alguém que o cliente faz a chamada por telefone atuar antes da decolagem, ele leva

110 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


algum tempo conferindo uma lista de
de checagem. Você pode imaginá-lo
fazendo isso após a decolagem?
Duvido. O mesmo ocorre com o seu
RSC. O que é então essa lista de che-
cagem?

• Bom humor
• Sorriso
• Otimismo
• Saber como você quer atender ao
telefone
• Saber como a clínica/hospital quer
que você atenda ao telefone
• Ter um resultado em mente

Se a natureza da chamada mesmo


que remotamente envolva a consulta
do animal de estimação – ou seja, o
animal de estimação necessita vir à sua resultado em mente, sem treinamento e
clínica –, somente um único resulta- controle, a sua clínica perde uma quan-
do dessa chamada é aceitável: o ani- tidade excessiva de negócios todos os
mal precisa vir à sua clínica. Sem esse dias.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 111


AVES DO BRASIL: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE
PANTANAL & CERRADO

O guia “Aves do Brasil: Pantanal & Cerrado” foi publi-


cado com a intenção de atender àqueles que se inte-
ressam pela observação de aves (birdwatching), reunindo,
por meio de ampla ilustração, todas as espécies de habi-
tam o Pantanal e o Cerrado brasileiros.
Com cerca de 336 páginas, 1.020 ilustrações e 740
espécies de pássaros, o guia é um produto inédito, fruto
do envolvimento dos maiores especialistas com a fauna
da região e de alguns dos melhores ilustradores de pás-
saros do mundo, auxiliados por cartógrafos de renomada
experiência. A equipe responsável pelo livro teve o
respaldo de instituições de pesquisa e conservação da
natureza (Wildlife Conservation Society), de bancos de
dados científicos e dos mais modernos recursos de car-
tografia.
As primeiras 50 páginas apresentam dados de conser-
vação dos biomas Pantanal e Cerrado e a importância da
proteção a essas aves. O restante do guia tem seções para
identificar as aves de cada espécie, dando destaque às
espécies ameaçadas. Praticamente todas as espécies de
aves residentes no Pantanal e Cerrado, além das migrató-
rias regulares, estão ilustradas a cores e com textos indivi-
duais ao lado, para facilitar a consulta.
Ilustrado com mapas, com descrições de ambientes ca-
racterísticos da região, relação das áreas de alta importân-
cia para o meio ambiente e propostas de ação efetiva, o
guia Aves do Brasil não tem apenas um valor descritivo,
mas também propostas concretas para a conservação de
áreas relevantes da biodiversidade da região. Larousse do cão e do cãozinho pode ser adquirida em
www.probem.info

Larousse do cão e do cãozinho é uma obra de referência


ricamente ilustrada, com 384 páginas, que apresenta 259
raças na forma de fichas ilustradas, com tamanho, peso,
aspecto geral, variedades, origem e comportamento. Além
disso, também fornece informações práticas de higiene e
saúde, tanto para o filhote recém chegado quanto para o
adulto e o cão mais velho.
As questões relativas ao comportamento do cão também
são abordadas, iniciando-se pelas características hierárqui-
cas das matilhas e passando pelas grandes etapas do desen-
volvimento e pelos comportamentos constrangedores e os
distúrbios de comportamento, por vezes graves, como, por
exemplo, a agressividade, que pode resultar em mordidas,
enfatizada na obra como essencialmente decorrente de
erros humanos.
O seu conteúdo também conta com recomendações para
educar e cuidar da saúde do cão em todas as fases da vida.
Possui ainda um dicionário das doenças e um capítulo dire-
cionado a orientar os proprietários sobre as diferentes espe-
cialidades presentes na medicina veterinária.
A obra também incentiva a adoção de animais em capí-
tulo que fala sobre a problemática dos animais abandona-
dos e a importância da prática da adoção no Brasil: “Ter um
O guia Aves do Brasil: Pantanal & Cerrado pode mascote é uma alegria indescritível. Adotar é uma alegria
ser encontrado em www.probem.info em dobro, porque soma-se a ela o ato de amor”.

112 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Carlos Benigno Vieira de Carvalho
Bacharel em Ciências Biológicas, mestre em
ecologia e doutor em biologia animal pela
Universidade de Brasília
Atualmente é Perito Criminal Federal, traba-
lha no Laboratório de DNA do Departamento
de Polícia Federal, em Brasília, DF
carlosbenigno@ig.com.br

Identificação genética de espécies animais

A
caça ilegal para consumo de carne ou derivados e o Em diversos países, incluindo o Brasil, o uso de técnicas
tráfico de animais silvestres representam uma séria de genética forense no combate aos crimes contra a fauna
ameaça à fauna nativa brasileira. A crença na impu- está se tornando cada vez mais comum. A aplicação dessas
nidade, bem como as altas taxas de lucro obtidas com o co- técnicas tem possibilitado a obtenção de provas da origem
mércio ilegal de espécies animais, são alguns dos fatores que ilícita de materiais apreendidos, incluindo ovos de aves
contribuem para que essas atividades ilícitas sejam bastante objeto do tráfico internacional, carne e vísceras de mamífe-
difundidas no Brasil. ros e répteis silvestres apreendidos com caçadores e diversos
Embora a fauna brasileira se encontre protegida pela le- outros produtos de origem animal utilizados para os mais di-
gislação, muitas vezes os espécimes apreendidos não são versos fins, incluindo objetos de decoração e preparados me-
passíveis de identificação, o que pode prejudicar a caracteri- dicinais. Na medida em que o combate aos crimes contra a
zação do crime e dificultar a punição dos responsáveis. Ao fauna se torna mais eficiente, espera-se que as populações de
contrário do que ocorre com a maior parte dos animais adul- animais silvestres brasileiros sejam menos impactadas e que
tos íntegros, a identificação morfológica de imaturos, pe- sua diversidade seja preservada.
daços de carne, vísceras e diversos outros produtos de
origem animal nem sempre é possível. Nesses casos, o uso Novas tecnologias
de técnicas de genética forense representa uma alternativa Um artigo recente da revista Zoologia, publicada pela
segura e eficiente para a determinação da espécie de origem Sociedade Brasileira de Zoologia, traz um exemplo de
do material. como o uso de ferramentas da genética pode ser útil no
Em princípio, qualquer tecido biológico pode ser fonte de combate à exploração ilegal de animais silvestres bra-
sileiros. Por meio da análise em computador de se-
DNA, incluindo sangue, músculos, ossos, dentes, pelos,
quências do gene mitocondrial citocromo b e de dife-
penas e outros. Desses tecidos podem ser extraídos basica- rentes enzimas de restrição, os autores buscaram iden-
mente dois tipos de DNA, de acordo com a sua origem, um tificar mutações nucleotídicas capazes de diferenciar
deles encontrado no núcleo das células, o DNA nuclear, e o espécies de peixe-boi de outras espécies comumente
outro localizado no interior das mitocôndrias, o DNA mito- utilizadas como fontes de alimentos. O estudo encon-
condrial. Quando comparado ao DNA linear presente no trou dois sítios polimórficos adequados para essa finali-
núcleo das células, o uso do DNA mitocondrial, que é uma dade, podendo servir de base para o desenvolvimento
pequena molécula circular, apresenta algumas vantagens na de uma metodologia simples e de baixo custo para
identificação de espécies. Entre elas pode-se citar o fato de identificar, a partir de pequenos fragmentos de tecido,
se encontrar mais bem protegido da degradação, por estar lo- se determinada carne é ou não proveniente de alguma
calizado no interior das mitocôndrias, estar presente em um das espécies de peixe-boi.
grande número de cópias em cada célula, não sofrer recom-
Liquid Productions, LLC

binação genética, por ser de herança exclusivamente mater-


na, e apresentar grandes taxas de mutação, o que faz com
que mesmo espécies muito próximas apresentem diferenças
que possibilitam a sua distinção.
A técnica mais utilizada na identificação de espécies ani-
mais é a análise e a comparação de sequências de um gene
do DNA mitocondrial chamado citocromo b. A aplicação da
técnica envolve diferentes etapas, iniciando-se com a extra-
ção do DNA de amostras do material questionado, passando
pela amplificação de regiões do gene, com o uso de inicia-
dores específicos (primers), o sequenciamento do produto de
amplificação e, finalmente, a comparação da sequência obti-
da com outras armazenadas em bancos de dados genéticos
internacionais. Tais bancos de dados podem ser livremente O artigo “Single nucleotide polymorphisms from cytochrome b
acessados pela internet e têm milhões de sequências de ani- gene as a useful protocol in forensic genetics against the illegal
mais de identidade conhecida armazenadas, depositadas por hunting of manatees: Trichechus manatus, Trichechus inunguis,
instituições, universidades e outros centros de pesquisa do Trichechus senegalensis, and Dugong dugon (Eutheria: Sirenia)
mundo todo. Após essa comparação, com a provável identi- (doi:10.1590/S1984-46702011000100019)”, está disponível
na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP) em
dade da espécie determinada, são feitas ainda análises filo- www.scielo.br/pdf/zool/v28n1/v28n1a19.pdf
genéticas e estatísticas para a confirmação do resultado.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 113


alimento balanceado: fundamental para garantir a saúde desta relação

III Congresso Internacional do CBNA Cristiana S. Prada


sobre nutrição de animais de omelhorparaoseucliente@nutricao.vet.br
Médica veterinária

estimação atendeu às expectativas


nutrição.Vet - www.nutricao.vet.br

O
III Congresso Internacional e denação de Produtos para Alimentação são comumente usados em alimentos
X Simpósio sobre Nutrição de Animal – CPAA/Departamento de Fis- chamados de “econômicos” leva inclu-
Animais de Estimação realiza- calização de Insumos Pecuários – sive a duvidar se estes podem realmen-
do pelo Colégio Brasileiro de Nutrição DFIP/Secretaria de Defesa Agropecuá- te atender às exigências nutricionais
Animal – CBNA – ocorreu em São ria – SDA / Ministério da Agricultura mínimas dos animais para serem consi-
Paulo no Centro de Eventos São Luís, Pecuária e Abastecimento – MAPA. derados alimentos completos, como
região da Av. Paulista, nos dias 30 e 31 Ele começou justamente trazendo ex- exige a instrução normativa n. 30. Foi
de março. O evento, que tem tradição plicações sobre a estrutura interna do uma exposição crítica e madura, que
em reunir especialistas para tratar de MAPA, situando os ouvintes a respeito suscitou reflexões quanto aos critérios
temas emergentes na área de produção das atribuições das coordenações, dos que se deve seguir em busca da cons-
de alimentos para cães e gatos, man- departamentos e das secretarias. Trou- tante melhora dos produtos.
teve seu perfil e atraiu 240 participan- xe também a legislação vigente rela- Aproximadamente 29% do público
tes, sendo que metade dos inscritos cionada aos produtos destinados aos do congresso eram estudantes. Rosana
eram de SP e os demais eram prove- animais de estimação e especialmente Silva, aluna de doutorado do programa
nientes de SC, DF, RJ, ES, GO, PR, as instruções normativas mais recentes. de pós-graduação em zootecnia da
MG e RS. Destacou como pontos importantes: a Universidade Federal de Lavras –
Os temas tratados foram bastante isenção de registro, mas não de fiscali- Ufla-MG, contou que todo ano o seu
detalhados e tecnicamente delineados, zação dos produtos e dos estabeleci- grupo comparece. Ela gostou dos
mas sem perder a aplicabilidade. Seja mentos; a valorização da responsabili- temas dessa edição e destacou a pales-
esmiuçando equações para predizer va- dade técnica (RT) e a consequente tra que sucedeu a do dr. Vasconcellos,
lores energéticos, seja tratando do ta- maior incumbência especificamente do proferida pelo prof. dr. Aulus C. Car-
manho das partículas dos ingredientes profissional RT; as exigências de rotu- ciofi sobre balanceamento de aminoá-
a serem extrusados, comentando pon- lagem/embalagem/propaganda em vi- cidos.
tos de possível contaminação ou falan- gor desde 7/8/2009, sendo que o prazo Seguiram-se a palestra sobre emba-
do de doenças dos cães e gatos que para adequação venceu em 7/2/2011. lagens plásticas para pet food, minis-
podem ter evolução diferente depen- A segunda palestra foi proferida trada pela pesquisadora Léa M. de Oli-
dendo do alimento diferenciado de que pelo prof. dr. Ricardo S. Vasconcellos, veira e a palestra sobre palatabilizan-
façam uso, todos os assuntos tiveram docente da Udesc-SC, que falou sobre tes, de autoria de Cesar F. Garrasino,
abordagem prática, útil para os produ- a digestibilidade de alimentos indus- este último com didática especialmente
tores de pet food. trializados e os critérios para sua com- notada. Essas foram as exposições que
A primeira palestra foi ministrada paração e classificação. Ele comentou mais interessaram a Valeska Marques
pelo dr. Bruno Adrien Paule, da Coor- que a baixa biodisponibilidade de da Silva, médica veterinária que traba-
alguns nutrien- lha no setor técnico de uma empresa
tes em deter- mineira de pet food, que destacou tam-
minados in- bém o momento dedicado a perguntas
gredientes que ao final das exposições, avaliando que

Focado na produção de alimentos seguros, Galen Rokey, chefe de


pesquisa da Wenger, demonstrou a importância da correta configu-
ração e da higienização dos equipamentos industriais, bem como
dos procedimentos operacionais, com vistas à diminuição do risco A troca de informações durante os intervalos entre as
de contaminação microbiológica. palestras foi constante e bastante proveitosa

114 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


do exterior trouxeram Spirulina maxima como fonte de antio-
temas que abordavam xidantes em dietas extrusadas para
saúde e nutrição. O cães”, de autoria de Ricardo S. Vascon-
prof. dr. Anton Beynen, cellos, Raquel V. Labres, Mayara C.
da Holanda, falou sobre Peixoto, Euclides B. Malheiros, Lean-
as necessidades de ener- dro Zaine e Aulus C. Carciofi. O traba-
gia dos animais, o im- lho foi parte do projeto de pós-doutora-
pacto da quantidade de do do primeiro autor, resultado de dois
alimento ingerido e a anos de pesquisa, e teve patrocínio de
composição desse ali- Fapesp, CNPq e Mogiana Alimentos.
mento na saúde de cães Todos os trabalhos apresentados cons-
e gatos. A dra. Monica tam dos anais do evento, que podem
Cutrignelli, da Itália, ser adquiridos junto à secretaria do
falou sobre prebióticos, CBNA. Veja a lista completa em
probióticos e simbióticos, www.nutricao.vet.br/trabalhos_cbna_2
“o acesso aos palestrantes está sendo versando sobre a relação entre alimen- 009.php.
fácil e as perguntas estão sendo bem tos funcionais, saúde e bem-estar. Para quem olha o congresso de fora,
respondidas. Esta parte está sendo bem Essencialmente, os dois palestrantes é visível e louvável que ele venha con-
importante!”. enfocaram a prevenção de doenças, seguindo manter-se no fio da navalha.
Em sua apresentação, a profa. dra. destacando entre outros pontos a im- Ter alto nível técnico é difícil, mas
Vildes M. Scussel abordou os princi- portância do correto manejo alimentar, mais difícil ainda é não frear, e assim,
pais contaminantes microbiológicos da composição do alimento e dos in- aprofundar-se demasiado nos oceanos
em pet food. Ao final houve uma per- gredientes especiais. da teoria acadêmica. Por outro lado,
gunta da plateia sobre qual a real situa- em um meio que hoje movimenta
ção de contaminação da pet food no Trabalhos científicos grande volume de valores e que está
Brasil, já que não há notícias de recalls Já há três anos o evento abriu espaço cada vez mais competitivo, seria fácil
por esse motivo em nosso território. em sua programação para a divulgação que um congresso do gênero deslizasse
Não haveria contaminação ou não ha- de trabalhos científicos. A iniciativa para o outro lado, ganhando velocidade
veria constatação do fato? A professora tem o objetivo de aproximar as empre- na via fácil do comercialismo. O con-
devolveu a questão à plateia pergun- sas, que têm demanda por informa- gresso tem ocupado o meio do cami-
tando se alguém tinha conhecimento ções, das universidades, que são pro- nho entre esses dois extremos.
de pesquisas realizadas nesse sentido. dutoras de informações. O maior mérito do congresso tem
O dr. Bruno Paule, do Mapa, presente Este ano, 34 resumos foram selecio- sido, portanto, ajudar o crescimento
na conferência, informou então que o nados. Os autores dos três trabalhos técnico do setor como um todo, cola-
MAPA fez uma pesquisa no ano passa- com melhores notas são convidados a borando assim para que o Brasil venha
do recolhendo aproximadamente ses- se apresentar oralmente no evento, en- ganhando espaço no cenário mundial,
senta amostras de alimentos extrusados quanto os demais trabalhos são apre- não só em volume de alimento indus-
destinados a cães e gatos e que os re- sentados na forma de pôsteres que trializado produzido para cães e gatos,
sultados tinham sido de contaminação ficam expostos no saguão, ao lado da mas em geração de informação e tec-
zero em todas elas. Mesmo sem a pre- sala de conferências. A médica veteri- nologia. O evento também incrementa
sença de salmonela em produto acaba- nária Valeska Marques da Silva co- o crescimento de massa crítica que exi-
do, o levantamento do MAPA encon- mentou que entrou em contato com os ge e é capaz de gerar cada vez mais
trou em porcentagem importante de trabalhos científicos não por meio dos qualidade nos produtos que circulam
amostras de farinha de carne e ossos e pôsteres, mas lendo o material dos no país.
vísceras de frango a presença de sal- anais. Segundo ela, uma parte interes- Neste sentido, são merecedoras de
monela, o que nos deixa em estado de sante desse processo é “a gente poder destaque as empresas que apoiaram o
alerta e reforça a importância do pro- conversar com os autores dos trabalhos evento e custeiam assim o aprimora-
cessamento adequado desses ingre- durante o próprio evento, discutir o tra- mento de todo o setor. Foram patroci-
dientes. Nesse sentido, a palestra pro- balho com eles”. Já a estudante Rosana nadoras: AFB, Alltech, Ferraz Máqui-
ferida pelo dr. Galen Rokey, chefe de Silva valoriza o espaço cedido pelo nas, SPF, Kemin Nord, M. Cassab,
pesquisa da Wenger, foi muito interes- evento para a apresentação de traba- Royal Canin, Nestlé Purina Pet Care,
sante: focando a produção de alimen- lhos científicos, pois, “para a área pet, Wenger e Farmina. Co-patrocinadoras:
tos seguros, ele demonstrou a impor- o Congresso do CBNA se tornou um Biorigin e DSM. Colaboradora: Guabi.
tância da correta configuração e da hi- dos maiores eventos e a publicação dos Que venha o congresso de 2012, tri-
gienização dos equipamentos, bem trabalhos faz com que tenhamos acesso lhando esse caminho estreito e trazen-
como dos procedimentos operacionais, ao que está sendo feito nas outras uni- do atrás de si profissionais cada vez
com vistas à diminuição do risco de versidades”. mais críticos e mais preparados. Para o
contaminação microbiológica. Este ano, o trabalho mais bem ava- bem de todos, pessoas e animais de es-
Dois professores de universidades liado pela comissão foi “Utilização da timação.

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 115


! Internet
Capacitação via web

Marcos Lerche, diretor comercial de Veterinariosenweb explica


como, desde 2004, vem promovendo e facilitando a
capacitação médico veterinária por meio da internet

O que é Veterinariosenweb?
É um site de capacitação, líder em toda América Latina,
dirigido para médicos veterinários de pequenos animais. Tem Marcos Lerche, diretor comercial de
como objetivo superar as barreiras geográficas e econômicas Veterinariosenweb
para que os profissionais possam ter acesso a conteúdos atua-
lizados e de qualidade, ajudando-os a solucionar as dúvidas e
curiosidades que aparecem com o dia a dia do profissional.
Veterinariosenweb nasceu no ano de 2004 e por sete anos
vem formando uma comunidade muito importante que se
desenvolve no fórum, onde todos os dias, pelo menos 10 ca- Traumotologia Veterinária) onde profissionais de diversas es-
sos clínicos são apresentados e discutidos por grupo que cos- pecialidades apresentam casos complicados, sendo que dúvi-
tuma contar com a participação entre 50 e 100 médicos vete- das e trocas de informações são feitas ao vivo.
rinários. Em 2011, continuamos com essa iniciativa, expandindo a
proposta de Veterinariosenweb ao vivo para diferentes áreas
Qual a importância do fórum no site? da medicina veterinária.
A participação ativa dos profissionais no fórum incentiva
a aprendizagem colaborativa devido à troca de conhecimen- Como é viabilizado?
tos, experiências, opiniões e preocupações que surgem cons- A publicação de todos os conteúdos gratuitos e ações rea-
tantemente. Trata-se de um fórum absolutamente científico e lizadas por Veterinariosenweb são possíveis graças ao patro-
acadêmico, que permite, de forma gratuita, compartilhar co- cínio de empresa de destaque no mercado de alimentos para
nhecimentos entre médicos veterinários. Atualmente, animais de estimação, que fornece seu apoio para aperfeiçoar
Veterinariosenweb conta com a participação aproximada de médicos veterinários.
33.000 médicos veterinários.
Quem faz parte do site?
Quais são as vantagens do site? A equipe de gestão de Veterinariosenweb está composta
É um portal de educação continuada e é composto de pro- por quatro membros, Ernesto Hutter, professor veterinário e
fissionais que formam uma equipe multidisciplinar também diretor científico do portal; Mónica Medan, diretora de
contando com a colaboração continua de professores nas uni- edições; Marina Frumkin, líder de projetos e eu (Marcos
versidades mais prestigiadas da América Latina. Lerche) gerente comercial de Veterinariosenweb.
O portal publica o melhor de diferentes congressos de Há também a presença de uma equipe multidisciplinar
todas as partes, como por exemplo, o congresso de Anclivepa composta de editores de áudio e vídeo, designers gráficos,
(Brasil), o Congresso Veterinário de León (México), o Latin pedagogas e programadores, que acompanham o desenvolvi-
American Veterinary Conference (Peru), entre muitos outros. mento dos conteúdos que são publicados regularmente, assim
É importante destacar que o profissional pode ter acesso de como membros da área técnica e operacional.
maneira livre e gratuita aos conteúdos e alguns estão dispo- Veterinariosenweb é um portal onde professores de dife-
níveis em três idiomas: inglês, espanhol e português. rentes universidades e países da América Latina são colabo-
radores permanentes, participam constantemente fornecendo
Como escolher o conteúdo? seus conhecimentos e assistência por vocação àqueles profis-
Prestamos muita atenção nas necessidades dos veteriná- sionais apaixonados pela sua área.
rios, pois é o nosso ponto de partida para desenvolver os con-
teúdos e os cursos. Como Veterinariosenweb chegou ao Brasil?
Em 2008, motivados pelas necessidades e preocupações Desde o início, Veterinariosenweb foi um site destinado a
dos usuários, Veterinariosenweb organizou o NOV, o toda América Latina. Em 2009, começamos a traduzir os
primeiro Congresso Virtual Latino-americano de conteúdos para o português para que médicos veterinários de
Veterinariosenweb, que é realizado a cada ano no mês de todo o Brasil tivessem acesso a materiais de qualidade. Con-
novembro e responsável pela origem do nome que vem de siderando o crescimento do país e a quantidade de profissio-
novidade. nais, em 2009 foi decidido criar um site unicamente em por-
Em 2010, demos início ao ciclo de conferências ao vivo tuguês, com conteúdos traduzidos e muitos outros da mesmo
chamado em espanhol HOTVET (Hablemos de Ortopedia y origem.

116 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


Lançamentos

HIGIENE E BELEZA PARA GATOS

A Cat Society é uma nova e exclusi-


va linha de produtos da Pet Society
desenvolvida especialmente para gatos
• Shampoo Neutro – contém ingre-
dientes suaves que limpam a pele e
a pelagem, deixando-as macias e
de todas as raças. brilhantes;
Os produtos possuem fórmula suave, • Shampoo Pelagem Oleosa – con-
específica para as necessidades dos tém proteína de soja, que auxilia na
gatos, proporcionando limpeza, hidrata- redistribuição da oleosidade da
ção, brilho e maciez à pele e à pelagem. pelagem;
A fórmula dos produtos tem ativos es- • Shampoo Pelagem Clara – contém
peciais que permitem uma secagem rá- ativos que limpam e realçam a colo-
pida da pelagem e fácil enxágue, dimi- Cat Society: nova e exclusiva linha de
ração da pelagem; produtos para gatos de todas as raças
nuindo o estresse do animal durante o • Condicionador Brilho e Desembaraço
banho. – contém óleo de semente de uva, que
A linha Cat Society tem três opções proporciona hidratação, maciez, brilho Pet Society: 0800 77 22 702
de xampu e um condicionador: e desembaraço à pelagem. www.petsociety.com.br

ALIMENTO EXCLUSIVO PARA GATOS CASTRADOS

A Royal Canin lançou o alimento


Sterilised 37, um produto que tem
como foco os felinos castrados a partir
alimentício”, explica a médica veteri-
nária e gerente da Linha Gato Pós e Pro
da Royal Canin, Fernanda Marques.
A Royal
Canin do Brasil
postula que a
dos doze meses. Segundo a veterinária, outro proble- castração é be-
Com esse lançamento, a empresa ma recorrente em animais castrados é a néfica quando
inicia também uma campanha de cons- formação de cálculos urinários devido aliada a uma
cientização sobre a importância de ofe- ao ganho de peso, à redução da inges- alimentação
recer um alimento que respeite as mu- tão de água e da frequência da micção. adequada às
danças de metabolismo do animal este- A Sterilised 37 é uma dieta que ofe- novas necessi-
rilizado, prevenindo a incidência de rece energia e baixo teor de gordura dades metabó-
doenças urogenitais como a formação para prevenir o ganho excessivo de licas dos ani-
Divulgação

do cálculo urinário e a obesidade. A peso, além de promover outros benefí- mais. Além
empresa também está selando parce- cios, como o controle do pH da urina, a disso, não ape-
rias com entidades que cuidam de ani- fim de inibir a ocorrência de doenças nas possibilita
mais abandonados para oferecer-lhes o do trato urinário, como os indesejáveis evitar uma ges-
novo produto. cálculos urinários. Tem como diferen- Sterilised 37: dispo- tação indeseja-
“Apenas 48 horas após a esteriliza- cial, além da L-carnitina, um aminoá- nível em embala- da e o controle
ção do animal, a ingestão calórica au- cido que auxilia a mobilização de gor- gens de 400g, po pu la cio nal,
menta em torno de 20% a 30%, en- dura, proteínas de alto valor biológico 1,5kg, 3kg e 7,5kg mas aumenta a
quanto a queima de calorias diminui e baixo teor de gordura que auxiliam a segurança dos
entre 25% e 30%. É importante prestar manutenção da musculatura, possibili- animais que, ao se tornarem mais ca-
atenção ao sobrepeso, porque a obesi- tando que o animal mantenha a silhue- seiros, ficam menos expostos a atrope-
dade é muito nociva aos animais. É ta esguia, uma vez que as porções indi- lamentos e a brigas territoriais e vio-
exatamente por esse motivo que acon- cadas de alimento nutrem e satisfazem lentas com seus pares.
selhamos uma reavaliação do processo o apetite. Royal Canin: 0800 703 5588

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 117


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Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 127


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Holter e pressão arterial) www.expovet.com.br Instituto Jacqueline Peker – pacientes neurológicos
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30 de maio a 3 de junho Curitiba - PR www.institutojp.com.br JULHO
São João da Boa Vista - SP Cusos Intensivet – Reciclagem 1 e 2 de julho
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(41) 9649-2664 Curso de ultrassonografia abdo- e manejo de primatas neotropicais
31 de maio a 3 de junho minal e pélvica (módulo avançado) (14) 3811-6045
(inscrições) 4 e 5 de junho (19) 3365-1221
Descalvado - SP Botucatu - SP 1 a 3 de julho
Mestrado em nutrição de cães e I Curso de atualização em 16 e 17 de junho São Paulo - SP
gatos patologia clínica de aves Guarapari - ES II Conferência internacional de
(19) 3593-8510 (14) 3811-6019 Seminário de saúde pública medicina veterinária do coletivo
veterinária www.itecbr.org
JUNHO 6 de junho a 13 de julho www.cfmv.org.br
junho (data a confirmar) São Paulo - SP 1 a 3 de julho
Belo Horizonte - MG IVI - Curso teórico-prático de 17 a 19 de junho Botucatu - SP
Anclivepa Minas Gerais - ultrassonografia Rio de Janeiro - RJ I Simpósio internacional de
Workshop - Cirurgia ortopédica www.ivi.vet.br III Curso de atualização em ultrassonografia de pequenos
(31) 3297-2282 emergência e terapia intensiva animais
8 a 11 de junho (21) 2293-0953 (14) 3811-6045
1 a 3 de junho Londrina - PR
São Paulo - SP CicloVet 2011 - XXVIII Semana 18 a 19 de junho 1 a 3 de julho
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Brasília - DF 8 de junho a 25 de agosto Brasília - DF
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www.cfmv.org.br felina em animais silvestres Curso de férias em zooterapia –
(11) 3813-6568 (61) 3326-0524 atividade, educação e terapia
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128 Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011


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São Paulo - SP Botucatu - SP setembro (data a confir-
CIPO – Miscelâneas cirúrgicas Simpósio de clínica médica de mar)
tóraco-abdominais pequenos animais – nefrologia Belo Horizonte - MG
www.cipo.vet.br marifunvet@fmvz.unesp.br Endocrinologia veterinária
www.anclivepa-mg.com.br
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Curitiba - PR Brasília - DF 1 a 26 de setembro
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dermatologia veterinária Simpósio veterinário de doenças XIII Samvet
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(43) 9151-8889 com.br
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Curitiba - PR 20 de agosto de 2011 a 14 e 15 de setembro
Curso de habilitação 24 de junho de 2012 Brasília - DF
em trauma e cuidados São Paulo - SP XIX Seminário de ensino
intensivos – LAVECCS Curso extensivo de técnica de medicina veterinária
(41) 9649-2664 cirúrgica www.cfmv.org.br
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18 a 23 de julho 14 de setembro a 10 de
São Paulo - SP 21 de agosto novembro
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molecular da FMUSP Laserterapia e laser-acupuntura II Curso intensivo de
www.oncocurso.com.br (11) 9821-2752 patologia clínica
(11) 3815-5520
25 a 29 de julho 22 a 24 de agosto
São José do Rio Preto - SP Campos do Jordão - SP 16 a 23 de setembro
Curso de ecodopplercardiograma 10º Encontro de São Paulo - SP
em pequenos animais anestesiologia Imersão nas redes
(teórico-prático) veterinária ecológicas
www.kardiovet.com.br www.eav2011.com.br www.abecol.org.br/redesecologia OUTUBRO
outubro (data a confirmar)
AGOSTO 24 a 26 de agosto 17 e 18 de setembro Belo Horizonte - MG
Agosto (data a confirmar) Santo André - SP São Paulo - SP Simpósio intern. de leishmaniose
Belo Horizonte - MG 6ª Simpósio de medicina Curso de reabilitação em www.anclivepa-mg.com.br
Oncologia veterinária veterinária (VI SIMVET) pacientes ortopédicos
www.anclivepa-mg.com.br pauloferreira@uniabc.br (11) 98212-752 3 a 7 de outubro
Campinas - SP
2 a 8 de agosto 25 a 27 de agosto 17 e 18 de setembro Bem-estar em animais selvagens
São Paulo - SP São Paulo - SP Florianópolis - SC - XX Encontro e XIV Congresso
IVI – Curso de especialização em CIPO – Curso de Palestra de oncologia (Martin www.abravas.org.br
radiodiagnóstico veterinário ortopedia – módulo básico Soberano - Argentina)
(11) 3034-5447 (11) 3819-0594 www.anclivepa.com.br 4 de outubro
São Luís - MA
3 a 7 de agosto 26 a 28 de agosto 22 a 24 de setembro III Encontro de Ética, Bioética e
Belo Horizonte - MG Campinas - SP São Paulo - SP Bem-estar Animal - Nordeste
5º Congresso brasileiro de II Curso Internacional avançado Cirurgias da coluna www.cfmv.org.br
homeopatia veterinária de fisioterapia e reabilitação em vertebral
www.amvhb.org.br pequenos animais (11) 3819-0594 14 e 15 de outubro
www.reabivet.com.br São Paulo - SP
5 a 7 de agosto 24 e 25 de setembro Cirurgias da coluna vertebral
São Paulo - SP 27 de agosto de 2011 a Villa dos Cavallos - SP (11) 3819-0594
IVI – Curso intensivo de 22 de setembro de 2013 III Curso extensivo quiropraxia
eletrocardiografia teórico-prático Porto Alegre – RS veterinária 18 a 20 de outubro
em cães e gatos Curso de especialização em www.ibravet.com.br São Paulo - SP
(final de semana) fisioterapia e reabilitação Conpavepa, Conpavet e Pet South
(11) 3034-5447 veterinária 26 a 30 de setembro www.anclivepa-sp.org.br
(14) 3882-4243 Goiânia - GO
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Campinas - SP 27 e 28 de agosto de patologia 1 a 4 de novembro
Curso avançado em medicina Florianópolis - SC veterinária Florianópolis - SC
tradicional chinesa Palestra de endocrinologia (ENAPAVE) 38º CONBRAVET
(19) 3208-1922 www.anclivepa.com.br www.enapave.com.br www.conbravet2011.com.br

Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 92, maio/junho, 2011 129


8 a 10 de setembro World Congress 2012
Bressels - Bélgica www.wsava2011.org
JANEIRO
25th European
Internacional Veterinary Dermatology Congress 24 a 26 de outubro
14 a 18 de janeiro
Orlando - Flórida
JUNHO - ECVD Annual Congress 2011 Lima - Peru
NAVC - North American
6 e 7 de junho www.esvd-ecvd2011.com LAVC del NAVC 2011 - Latin
Veterinary Conference 2012
Buenos Aires - Argentina American Veterinary Conference
www.tnavc.org
6º Congreso Latinoamericano de 30 de setembro a www.tlavc-peru.org
Oftalmología Veterinaria 2 de outubro
ABRIL
www.clove2011.com.ar Sofia - Bulgária NOVEMBRO 12 a 15 de abril
PET BIZ 2011 - The Balkan 4 a 7 de novembro Birmingham - Inglaterra
15 a 18 de junho Special Event For Pet Food, Pet Albuquerque, NM - EUA WSAVA 2012 -
Denver - EUA Accessories, Aquariums, and VCS Veterinary Cancer Society - FECAVA - BSAVA
ACVIM - American NEW Business Ideas 2011 Annual Conference www.wsava.org
College Veterinary www.petbiz.gr www.vetcancersociety.org
Internal Medicine Forum JULHO
www.acvim.org OUTUBRO
24 a 26 de novembro 24 a 28 de julho
10 a 14 de outubro
Punta del Este - Uruguai Vancouver - Canadá
JULHO Cidade do Cabo - África do Sul
FIAVAC 2011: 7th World Congress of Veterinary
28 a 30 de julho 30th World Veterinary Congress
• Simposio Iberoamericano de Dermatology 201
Santiago - Chile 2011 - Caring for animals: healthy
Zoonosis Emergentes y Re-emer-
4º Congresso communities
gentes / • VIII Congresso
Latinoamericano LAVECCS www.worldvetcongress2011.com
Iberoamericano FIAVAC*
www.congreso.laveccs.org • VIII Congresso www.vetdermvancouver.com
Nacional de
SETEMBRO SUVEPA * NOVEMRO
7 a 10 de setembro • XXI Jornadas 18 a 21 de novembro
Istambul - Turquia 14 a 17 de outubro Veterinarias de Las Vegas, Nevada - EUA
17th FECAVA Congress - Jeju - Coreia Maldonado * VCS Veterinary Cancer Society -
"Modern Veterinary Practices" WSAVA 2011 - 36th World Small * Tradução para o português 2012 Annual Conference
www.kenes.com/fecava/ Animal Veterinary Association http://fiavac2011.org/ www.vetcancersociety.org

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