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Modalidade Da Aprendizagem Uma Contribuição para A Ampliação Do Conceito
Modalidade Da Aprendizagem Uma Contribuição para A Ampliação Do Conceito
MODALIDADE DE APRENDIZAGEM:
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A
AMPLIAÇÃO DO CONCEITO
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pensamento Pain3 como mais uma das estru- das ressonâncias afetivas e primeira fonte de
turas que compõem a aprendizagem, junta- contato com a realidade. Precisaremos introduzir
mente às estruturas lógico/objetivas e simbólicas. a idéia de um corpo estético para dar lugar, na
Todavia, no momento de descrever as moda- construção da modalidade de aprendizagem, à
lidades de aprendizagem de um sujeito, a autora dimensão sensível do humano, pré-lógica e pré-
enfatiza os aspectos já apresentados por Paín4, simbólica, mas da qual evolui toda capacidade
da modalidade do processo assimilativo-acomo- criativa que condensa a história da cultura e o
dativo, acrescenta os aspectos referentes às devir da inventividade inerente a toda
significações, mas não introduz os aspectos aprendizagem.
relativos à elaboração estética do pensamento.
Ou seja, já há uma ampliação com relação ao DA M O DA L I DA D E D O P R O C E SS O
conceito de modalidade do processo assimilativo- A SS I M I L AT I VO -AC O M O DAT I VO À
acomodativo, o qual dirige-se para a elaboração MODALIDADE DE APRENDIZAGEM
lógica do pensamento, porém a consideração Em uma de suas últimas obras, Fernández3
ao estético, embora mencionado na definição constata: “ Os alunos e os leitores ensinam-nos
geral, não participa, de forma mais operacional, muitíssimo. Às vezes, permitem que o professor
do conceito de modalidades de aprendizagem. e o autor dêem prioridade a algum aspecto de
O estético diz respeito ao corpo não apenas em suas idéias e revalorizem sua importância. Isso
sua dimensão de corpo marcado pelo outro, mas ocorreu comigo com o conceito de ´modalidade
um corpo-subjetividade à medida em que este de aprendizagem´, que venho trabalhando
vai sendo afetado por novos universos5. Trata- desde A Inteligência Apriosionada”.
se de um corpo vibrátil5 ou de um corpo como Reconhecendo sua importância, Fernández3
lugar de ressonância estética4, este não mais sede define a modalidade de aprendizagem como “um
somente das representações, como na estrutura molde, ou esquema de operar que vai sendo
simbólica, mas corpo-receptáculo, cuja mera utilizado nas diferentes situações de apren-
presença frente ao espetáculo da vida, provoca dizagem. É a forma como cada sujeito desvela o
afecções cujos efeitos são indeterminados. Trata- oculto, com o objeto a conhecer.
se, portanto, de uma dimensão pré-lógica e pré- Em cada um de nós, podemos observar uma
simbólica do pensamento, prévia à estrutura das particular ´modalidade de aprendizagem´, quer
significações. dizer, uma maneira pessoal para acercar-se ao
Como incluir essa noção de corpo estético objeto de conhecimento e para conformar seu
compreendendo-o como participante da formação saber. Tal modalidade se constrói desde o
das modalidades de aprendizagem? Esse é o nascimento e, através dela, nos enfrentamos com
desafio a que se propõe esse artigo. a angústia inerente ao conhecer-desconhecer” 2.
A primeira parte deste trabalho apresentará o Trata-se, portanto, de uma tensão entre o que
conceito de modalidade do processo assimilativo- se impõe como repetição/permanência de um
acomodativo, elaborado por Paín1 e, posterior- modo anterior de relacionar-se e o que precisa
mente ressignificado por Fernández3 e sua mudar nesse modo de relacionar-se com o objeto
contribuição no sentido de permitir um novo olhar de conhecimento, consigo mesmo como autor e
sobre quem ensina e quem aprende. Por sua vez, com o outro ensinante.
será mostrado que a referência ao elemento Quando fala em molde relacional, a autora
“corpo”, como um dos quatro elementos que refere-se a uma forma que cada sujeito utiliza
compõem a aprendizagem, ainda se relaciona para aprender, a qual inclui um conjunto de
mais fortemente ao corpo constituído e aspectos: da ordem da significação, da lógica, da
simbolizado no vínculo com o outro, um corpo simbólica, da corporeidade e da estética. De
que dará origem a um ego inicial, corporal, sede maneira geral, seguindo os mecanismos que
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regem o operar intelectual, descritos por Piaget, definições originais, para incluir os aspectos
devemos pensar que assimilação e acomodação concernentes à subjetividade.
devem estar equilibrados para que essa tensão Já não estamos mais puramente no campo da
entre o conhecido e o novo produzam uma análise da modalidade do processo assimilativo-
aprendizagem saudável. Porém, esses acomodativo, mas mais próximos a uma
mecanismos respondem pelo acionar da compreensão de aprendizagem, que engloba a
inteligência e não são suficientes para trama organismo-inteligência-corpo-desejo. É
compreender a experiência corporal e estética da uma trama que embora se expresse em um sujeito
aprendizagem. A assimilação, para Piaget6 é o particular, é necessariamente constituída e
processo de integração cujo esquema é o construída no vínculo com o outro. Para tanto,
resultante. É o movimento do processo de operam junto ao mecanismo da assimilação, as
adaptação pelo qual os elementos do ambiente emoções, os desejos, os sonhos, ilusões e
se alteram para serem incorporados na estrutura frustrações, as angústias, as alegrias e sofrimentos
do organismo. Mas um esquema de assimilação do corpo. A presença dos fatores intersubjetivos
é incessantemente submetido às pressões das permite pensar que a modalidade de
circunstâncias e pode se diferenciar em função aprendizagem de cada sujeito estará mais ou
dos objetos aos quais é aplicado. A acomodação menos favorecida de acordo com:
é o movimento do processo de adaptação pelo • ”o grau de permissão que tenha sido dado ao
qual o organismo se altera, de acordo com as sujeito em sua infância (e que lhe seja dado
características do objeto assimilado. Piaget no presente) para questionar sem sentir que
observa que, apesar das variações entre os o questionado sofre ou faça sofrer e para
movimentos de assimilação e acomodação, há diferenciar-se sem perder o amor;
uma tendência geral a uma invariância, em • as experiências prazerosas e dolorosas que
qualquer processo de adaptação do ser vivo. seus pais tenham-lhe permitido em relação ao
Essas invariâncias proporcionam o vínculo responder perguntas difíceis, eleger coisas
fundamental entre a biologia e a inteligência. diferentes dos outros, opinar diferente;
Paín1 intitula de “modalidade do processo • as experiências prazerosas ou dolorosas que
assimilativo-acomodativo” ao processo de seus professores tenham-lhe permitido e
adaptação que, conforme Piaget, cumpre-se oferecido com relação a facilitar ou culpabilizar
graças ao duplo movimento complementar de a pergunta, as escolhas e a diferença;
assimilação e acomodação. A investigação sobre • as experiências lúdicas facilitadoras e
esse processo permitirá concluir sobre as impeditivas ou sancionadas3”.
oportunidades que o sujeito teve para fazer uma Estes aspectos dizem respeito aos movimentos
adaptação inteligente. Por sua vez, a inibição de assimilação-significação. Ainda temos os
precoce de atividades assimilativo-acomodativas movimentos de acomodação-significação que
dá lugar a modalidades nos processos dizem respeito às diferentes identificações do
representativos, cujos extremos podem ser sujeito, com as aberturas ou fechamentos a
caracterizados conforme o Quadro 1. espaços confiáveis ou persecutórios para o
Ao trabalhar com modalidade de desenvolvimento das aprendizagens.
aprendizagem, Fernández 2,3 considera a Acompanhando as definições das duas au-
importância de se estudar a modalidade do toras, temos a síntese apresentada no Quadro 1.
processo assimilativo-acomodativo, tal como A participação do corpo na aprendizagem e,
propõe Paín. Entretanto, embora utilizando-se por consequência, a participação do corpo na
da mesma nomenclatura sobre as modalidades construção da modalidade de aprendizagem dá-
hiper e hipo acomodativas/assimilativas, se por meio da novela vincular. O corpo
Fernández realiza um contraponto com as constituído por essa dramática humana, sede de
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´lindos´. Mas permanecem desconhecidos para é o detonador, por excelência da cognição, e não
o bebê o significado do comportamento de sua o seu contrário. A cognição emergeria como um
mãe, do aparecimento e do desaparecimento do momento segundo, para deixar de ser só mistério
seio e da luz de seus olhos, de uma face na qual e ser reabsorvido numa lógica capaz de contê-lo
as emoções passam como sombras de nuvens e explicá-lo. O momento estético é gratuito,
sobre a paisagem. Afinal de contas, o bebê veio fortuito, está sempre em excesso, sempre além
para uma terra estranha onde desconhece a do que se pede.
linguagem e também as indicações e “Tomar a rosa como sub-classe das flores ou
comunicações não verbais costumeiras. A mãe como símbolo do efêmero suprime o encanto de
lhe é enigmática; ela exibe um sorriso de sua aparência. O momento estético é o da
Gioconda a maior parte do tempo, e a música de aparição, em forma de rosa, de algo da ordem da
sua voz fica constantemente mudando de tom perfeição. É uma captação em êxtase, quer dizer,
maior para o menor. Como ´K´(o de Kafka), o na passividade da descentração de si mesmo.
bebê precisa esperar por definições advindas do Momentos obrigatoriamente de excesso e de
´castelo´- o mundo interno de sua mãe. (...)Isto exceção, imprescindíveis à paixão de pensar e
é o conflito estético, que pode ser enunciado de que o pensamento mesmo anula, evitando a
modo mais preciso em termos do impacto estético psicose”4.
do exterior da ´linda´ mãe, disponível aos O momento estético não responde a nenhum
sentidos, e do enigmático interior que precisa ser desejo, pois a surpresa vem do que não estava
construído por meio da imaginação criativa. Tudo desejado, é algo que vem da abertura. Ele pode
na arte e na literatura, e toda e qualquer análise ser muito frequente, mas não pode durar muito
testemunha sua perseverança através da vida”. mais do que um par de instantes, porque por uma
Não resta dúvida que este roteiro estético parte, carece de ancoragens empíricas para
desenvolvido por Meltzer, no campo psicanalítico, manter-se, já que não se pode descrever, nem
traz para um primeiro plano da fundação do imaginar e, por outra parte, para dar-se conta
sujeito, a capacidade de apreciar as qualidades que, em verdade, houve tal momento, há que se
do objeto, de suportar e perseguir seu mistério, tomar distância, recordá-lo e, então, descrevê-lo
para sempre perdido no interior outrora habitado e imaginá-lo, saber que foi correto, da mesma
na mãe, mas que pode ser construído a partir de maneira como se faz com os sonhos, que sabemos
evidências de suas qualidades mentais. O autor que existem, porque deles despertamos.
não menciona, em primeiro lugar, um encontro Para acercar essa noção de um corpo estético
com a mãe, apenas por meio do toque acariciante que instaura com seu presente, a presença das
ou do olhar humanizador da mesma, mas ressalva coisas no mundo, necessitamos introduzir um
neste encontro o complicado bombardeio de luzes momento de recepção, anterior mesmo ao
e sombras, com o aparecimento e desapa- mecanismo da assimilação. Dessa forma, a
recimento dos mamilos e do brilho dos olhos da aprendizagem se daria em dois momentos quase
mãe. Já está presente, desde o início, quase como simultâneos – o da recepção e o da assimilação/
um pré-requisito para a existência, o mistério que acomodação. Por conseguinte, o conceito de
é para o bebê decifrar esse mundo de ressonâncias modalidade de aprendizagem não poderia apenas
afetivas, de sons, cores, ritmos e harmonias que se definir pelos mecanismos de assimilação e
desfilam diante de seus olhos recém chegados acomodação, tingidos pelos esquemas lógicos e
ao mundo. de significações, mas, também, deveria
Para Paín4, qualquer teoria sobre a transmissão contemplar a receptividade estética. Esta última,
do conhecimento ficaria incompleta sem a por sua vez, só pode expressar-se por meio de
consideração à elaboração estética do seus efeitos. E quais são os efeitos, como se
pensamento. Para Deleuze8, o momento estético expressam no processo de aprendizagem?
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Para podermos excursionar pela dimensão processos cognitivos não apenas a partir de leis
estética do pensamento, é preciso que revisemos gerais e necessárias, que conduzem à solução
nossa compreensão sobre a aprendizagem. de problemas, mas como uma invenção de
Conforme explica Kastrup9, as teorias psicológicas problemas, nos aproximamos a uma vertente mais
da aprendizagem se constituíram com base no experencial, para além dos quadros de referência
discurso da ciência e buscaram as condições da experimentação científica que foram traçados
invariantes da cognição, sob a forma de leis pela inteligência. Segundo Deleuze8, quando a
científicas, demarcando o que o campo possui da inteligência intervém na busca de sentido, de
ordem da necessidade e da repetição. Sob este solução de problemas, é sempre num momento
vértice, a aprendizagem é compreendida em sua segundo, depois da ação deste contato imediato
vertente recognitiva e direcionada à solução de com o que Bérgson11 chama de “emoção criadora”,
problemas. As experiências de recognição mas cuja compreensão aproxima-se do momento
relacionam-se ao reconhecimento prático ou ou do impacto estético4,7. Para Bérgson11, a emoção
consciente de um objeto. Caracterizam-se por criadora diz respeito a um contato imediato com
sua utilidade na vida prática e por assegurar nossa algo que é exterior ao sujeito e lhe provoca um
adaptação ao mundo. Essas aprendizagens abalo afetivo, uma agitação que é criadora na
ocorrem quando as sensações ativam um traço medida em que exige representações.
mnêmico e ocorre uma síntese, que é fonte da Qual o lugar, no conceito de modalidade de
atividade de reconhecimento, que torna o aprendizagem a esse aspecto receptivo, imediato,
presente, o passado e o novo, como formas de corpo-presença frente ao espetáculo do mundo
identitárias e que tem o papel de assegurar a e que força a cognição? Pensamos que se torna
unidade da cognição10. necessário introduzir o elemento “recepção”, aos
Existe um outro nível, este menos estudado, mecanismos assimilação e acomodação, para
onde a aprendizagem começa justamente ali onde compor uma visão mais ampla da modalidade de
não reconhecemos, mas ao contrário, estra- aprendizagem. Conforme explica Deleuze12,
nhamos, problematizamos. Neste caso, as expe- “pensar, é pensar por conceitos, ou então por
riências de problematização provocam uma funções, ou ainda por sensações, e um desses
divergência entre as faculdades de sensibilidade, pensamentos não é melhor que o outro, ou mais
memória e imaginação. Falamos de uma plenamente, ou mais sinteticamente, ou mais
aprendizagem inventiva, para a qual, em primeiro completamente ´pensado´”. Aquele que é capaz
plano, está a posta do problema e, não, a solução de manter uma atitude estética receptiva, pensa
de problemas. Compreender a aprendizagem por sensações, é mais sensível aos signos emitidos
como recognição é trabalhar pela solução de pela matéria e se vê constrangido a decifrar
problemas, ao passo que a aprendizagem seu mistério – um mistério inerente a todo
inventiva é aquela que acontece, antes de tudo, conhecimento.
na problematização, mergulhando no mundo Numa situação pedagógica ou psico-
sígnico da matéria, empreendendo-se numa pedagógica, em que importa tanto a observação
errância. das modalidades de aprendizagem, não daremos
Poderíamos deduzir que os mecanismos de passagem apenas aos esquemas de significação/
assimilação e acomodação responderiam pelo assimilação/acomodação, construtores de um corpo
nível recognitivo da aprendizagem. Isto por que subjetivado, mas deremos passagem ao corpo-
é por meio da descrição destes mecanismos afecção. Este último, não apenas visto como
invariantes que se explica o progresso do instrumento de apropriação de conhecimento,
conhecimento, partindo de estruturas elementares corpo-registro de experiência, corpo-recordação,
e se integrando em estruturas cada vez mais síntese de ser e de saber, porém: “Nossa questão
complexas. Porém, se compreendemos os agora é como pensar o corpo em sua dimensão
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estética. Trata-se, aqui, do corpo como vivendo e receptiva respondem a uma intrusividade do
não como esquema morfológico; do corpo que objeto sobre o sujeito. Acompanhando a hipótese
instaura com seu presente, a presença das coisas de Meltzer:“ A formulação do conflito estético
no mundo. É o corpo aqui e agora que capta o como sendo um problema interior-exterior, um
espetáculo desde um ponto de vista” 4. conflito entre aquilo que podia ser percebido e
Há duas maneiras de instaurar as coisas no aquilo que só podia ser interpretado conduziu
mundo: a primeira, é por meio da recognição. diretamente ao problema da violência enquanto
‘’Isto é uma árvore”, “chove”, etc., dimensão violação: violação da privacidade dos espaços
necessária para a aprendizagem, todavia, não internos e de suas representações. A força
suficiente. A outra maneira é através da integradora dessa visão da violência fez-se sentir
problematização. Esta se manifesta nos momentos através de toda a gama de violações físicas e
em que a ignorância se orienta para uma mentais, do indivíduo contra o indivíduo, do
manifestação enigmática, em que não fugimos grupo contra o indivíduo e do grupo contra o
dela de forma ascética e pragmática, resolvendo grupo”7.
de vez o mistério que ela nos apresenta, mas Nesta descrição, o autor intitula de violência
contemos uma emoção criadora vivida no corpo a toda condição que, dado seu caráter de
e que nos impele a colocar problemas ao intrusividade, tira a essência do impacto da
conhecimento beleza do mundo e da intimidade apaixonada
com outro ser humano, além de diferenciar o
UMA DEFINIÇÃO AMPLIADA DAS mistério do segredo. O mistério está associado
MODALIDADES DE APRENDIZAGEM ao impulso em direção ao conhecimento, forjando
Compreender a aprendizagem na sua conjeturas imaginativas à espera de uma
dimensão problematizadora/inventiva coloca-nos revelação. Implica um reconhecimento da
numa via divergente à recognição, para a qual privacidade do objeto e promove a capacidade
os mecanismos de assimilação e acomodação de tolerar o desconhecido sem apressar
respondem como principais invariantes. Inti- interpretações prematuras de sentido e
tularemos de capacidade receptiva a esta motivações. Implica a capacidade de tolerar a
capacidade de abertura, a sensibilidade, o beleza do mundo, da qual a mãe é a representante
composto de forças que afetam ao sujeito. Quanto inicial, apesar dos aspectos desconhecidos,
mais assimilativo (hiper-assimilação), maior a incompreensíveis e aterrorizantes envolvidos13.
força das sensações e o sujeito fica sem dar vazão Já, o segredo consiste em curiosidade intrusiva,
à recepção e sem saída cognitiva ou simbólica produto da violação dos espaços internos. A
para o mundo de sensações que o invade: o curiosidade transforma-se em desejo de conhecer/
mundo se torna pura aparência, um ritmo estéril invadir o espaço do outro. Conforme prevalecer
e psicótico4. Quanto menos assimilativo (hipo- o mistério ou o segredo, teremos um divisor de
assimilação), menor a capacidade de recepção e águas entre os aspectos criativos e destrutivos
menor a capacidade de liberar a atitude estética, do conhecimento.
ficando o sujeito paralisado no pragmatismo e Para que o sujeito possa acomodar o material
no desencanto precoce. assimilado, seu espaço psíquico deve estar o mais
Quanto à acomodação, na medida em que este aberto possível ao mistério, pois este não impõe
mecanismo responde pela internalização de de fora para dentro e, sim, pressiona, permite
imagens, podemos pensar que, se a hipera- que o interior busque decifrar a mensagem
comodação está relacionada a uma supe- enigmática.
restimulação da imitação e, se a hipoacomodação Podemos dizer, portanto, que associada à
provavelmente aparece quando não se respeitou assimilação, a capacidade receptiva diz respeito
o tempo da criança, os problemas na capacidade às possibilidades de “segurar em tensão” os
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HIPER-RECEPÇÃO-ASSIMILAÇÃO: falta de vazão à recepção, excessiva tensão corporal impeditiva de uma saída
simbólica ou cognitiva, desrealização do pensamento, dificuldade para resignar à legalidade do conhecimento.
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SUMMARY
Modality of learning: a contribution to the
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