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Cálculo de deslocamentos em estruturas hiperestáticas

A avaliação de deslocamentos em estruturas hiperestáticas, recorrendo ao Teorema


dos Trabalhos Virtuais, tal como foi considerado no estudo de estruturas isostáticas,
implicaria, aparentemente, a resolução de dois sistemas hiperestáticos – um para a
solicitação real e outro para a solicitação auxiliar (unitária ou unidade). No entanto, a
metodologia a adoptar nos sistemas hiperestáticos para a avaliação de deslocamentos
é, em tudo, idêntica à que se aplicou em sistemas isostáticos.

Com efeito, considere-se, a título ilustrativo, a estrutura articulada plana representada


na Figura 1.

F2
F1 B D F

Esforços N

HA A E HE
C
VA VE

Figura 1

A estrutura apresentada é uma vez hiperestática, por condições externas.

Admita-se que esta estrutura foi já calculada pelo Método das Forças, sendo
conhecidos, portanto, os esforços axiais mobilizados nas suas nove barras (N), bem
como as quatro componentes das reacções nos dois apoios duplos (HA, VA, HE e VE).

Se for considerada a libertação do deslocamento horizontal no apoio do nó E,


identificando-se, consequentemente, como incógnita hiperestática a reacção
horizontal nesse apoio (HE), cujo valor nesta fase é já conhecido, a estrutura original
poderá admitir-se equivalente à seguinte, isostática (Figura 2):

Teoria de Estruturas José Filinto Castro Trigo


F2
F1 B D F

A E HE
C

Figura 2

Sendo assim, se pretendermos conhecer, por exemplo, a componente horizontal do


deslocamento do nó F, 𝛥𝐻
𝐹 (Figura 3),

F2
F1 B D F
HF

A E
C

Figura 3

poderá considerar-se a aplicação da mesma metodologia empregue na avaliação de


deslocamentos em estruturas isostáticas.

De facto, se representarmos na estrutura isostática equivalente a esta (Figura 4) o


deslocamento cuja grandeza se pretende avaliar, o problema resulta susceptível de ser
abordado da mesma forma que no estudo de estruturas isostáticas, recorrendo ao
Teorema dos Trabalhos Virtuais.

F2
F1 B D F HF

A E HE
C

Teoria de Estruturas José Filinto Castro Trigo


Figura 4

Escolhendo como solicitação auxiliar a força unitária aplicada em F, com a direcção


e o sentido do deslocamento 𝛥𝐻
𝐹 , conforme representado na Figura 5,

B D F
1

Esforços 𝑁

A E
C

Figura 5

a aplicação do Teorema dos Trabalhos Virtuais, considerando este sistema auxiliar,


em que se desenvolvem esforços axiais 𝑁, em conjunto com o sistema correspondente
à solicitação real, resultará na equação:

𝑁×𝑁
∑ 𝑄𝑚 × 𝛿𝑚 = ∫ 𝑑𝑧
𝐸×𝐴

Na ausência de assentamentos de apoio, o primeiro membro desta equação,


correspondente ao trabalho virtual realizado pelas forças exteriores, será igual ao
deslocamento cuja intensidade se procura determinar, 𝛥𝐻 𝐹 , e o segundo membro
recorrerá aos esforços axiais 𝑁, mobilizados no sistema hiperestático original, já
conhecidos, e aos esforços axiais 𝑁, mobilizados no sistema isostático, sob a acção
da solicitação unitária.

Teoria de Estruturas José Filinto Castro Trigo

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