Você está na página 1de 3

SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO SUL

Disciplina: Supervisão de Estágio Cap. Hospitalar

Prof.: Rev. Adilson de Abreu

Aluno: Anderson Olívio de Resende – 4º Ano

HUMANIZAÇÃO DOS HUMANOS

*Anderson Olívio de Resende

A grade de disciplinas do Seminário Presbiteriano do Sul reservou-me a


grata satisfação de cursar dois semestres de Capelania, que se deu em aula
teórica e prática no Hospital de Clínicas da UNICAMP. Digo grata satisfação,
porque permitiu-me humanizar os olhos, o coração e os ouvidos, antes áridos e
ávidos por teoria religiosa, frente à dura realidade e questões da vida. E em
falando de humanizar, essa palavra apareceu repetidas vezes nesse tempo.

O primeiro contato o termo “humanizado” ocorreu quando em uma de


minhas visitas a pacientes pré-cirurgicos, fui surpreendido por uma profissional
da saúde e alunos de medicina que vieram visitar a paciente com quem falava.
Nessa visita inesperada pude assistir aquela profissional demonstrar aos jovens
alunos o que era um atendimento humanizado a paciente que em instantes
passariam pelo assustador centro cirúrgico. No contato a profissional narrou à
paciente todos os passos, ao quais seria submetida e apresentou fotografias de
todos os locais e equipe, que a partir daquele momento seriam responsáveis
pela intervenção cirúrgica e pelo seu bem-estar. Todo aquele procedimento,
tendo com como plateia os alunos de medica e eu, foi intitulado pela profissional
como: Atendimento Humanizado. Desde aquele momento tal termo não
desgrudou dos meus ouvidos.

Enquanto eu conversava com a paciente e ouvia sobre seus medos pré-


cirurgicos, inconscientemente já fazia parte desse atendimento e tratamento
humanizado que tem sido reconhecido, buscado e aplicado no atendimento
hospitalar. Haja vista que as pessoas que procuram os serviços hospitalares
estão debilitadas, fragilizadas e assustadas física e emocionalmente. Devendo
ser atendidas por profissionais bem preparados no âmbito técnico e humano.

Por humanização hospitalar entende-se:

“[...] a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção


de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta
política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade
entre elas, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no
processo de gestão”. (Elias, 2004).

O atendimento hospitalar humanizado é uma tarefa que coloca todos os


setores mobilizados com objetivo em comum. Ou seja, gestores, profissionais e
usuários. Nesse contexto o Serviço de Capelania auxilia a estrutura gestora no
cuidado com os profissionais e usuários. Tais cuidados vão da escuta ao
acompanhamento em momentos críticos como a morte.

No entanto, segundo Jakobi:

"A humanização do atendimento hospitalar requer mudança de valores,


comportamento, conceitos e práticas, exigindo do atendente um
reposicionamento no que se refere ao atendimento aos usuários. Essa postura
está obrigando o Sistema Único de Saúde a investir em treinamento de todos os
seus colaboradores. É possível compreender que a humanização é uma nova
visão de atendimento ao paciente/usuário/colaborador/gestor, possibilitando um
trabalho de melhor qualidade, visto que: "Humaniza-os" porque os torna mais
ricos em humanidade, em sensibilidade, em afetividade. "Humaniza-os" ´porque
traz à tona sua grandeza, sua força, sua sabedoria. "Humaniza-os" porque lhes
permite a experiência do mistério da vida, da dor e da vitória, do risco e da
alegria. "Humaniza" o médico e os demais profissionais dando-lhe mais
profundidade de compreensão do processo da doença e sua prevenção, mais
segurança para lidar com ele, tornando-os pessoas mais plenas.”
(JAKOBI,2004).

Dessa forma fica-nos claro que o processo de humanização envolve toda


a equipe e o preparo da mesma. Segundo Keyla Maria de Meirelles, assistente
social no Hospital Paulo de Tarso, em Belo Horizonte (MG) para que o paciente
seja promovido a reabilitação, tenha elevada sua auto-estima e seja preparado
para o retorno ao convício familiar é necessário que o vejam além de uma
patologia, um problema social, ou um internamento. Segundo ela, para que o
paciente se sinta acolhido é preciso: a) atentar ao espaço físico promovendo o
bem-estar; b) haver contato através do diálogo de forma espontaneamente
empática; c) ouvir o que o paciente tem a dizer; d) esclarecer ao paciente quais
profissionais estarão envolvidos em seu processo de reabilitação. É evidente que
esses passos dependem das condições físicas, emocionais e psíquicas do
paciente.

Nesse universo hospitalar nem todas as cartilhas ou protocolos do mundo


poderão prever infinitos casos. Pois, nem todos os pacientes estarão abertos ao
cuidado humanizados, e mesmo os profissionais, devido o excesso de trabalho,
terão condições de colocar em prática o tratamento humanizado. Mas assim
como o papel da fé tem sido aceito e bem visto por profissionais graças aos
efeitos comprovadamente benéficos, o atendimento humanizado demonstra
resultados significativos na recuperação dos pacientes e produção dos
profissionais.

BIBLIOGRAFIA:

REIS, Tania. A Humanização Hospitalar. Disponível em:


http://www.redehumanizasus.net/771-a-humanizacao-hospitalar.
ELIAS, Carmem Silva. O Conceito de Humanização do Atendimento
Hospitalar. Disponível em:
http://www.revistaacademica.net/trabalho/14070505.html
MEIRELLES, Keyla Maria. O Segrego da humanização em ambiente
hospitalar está nos detalhes. Disponível em:
http://www.revistahospitaisbrasil.com.br/artigos/o-segredo-da-humanizacao-em-
ambiente-hospitalar-esta-nos-detalhes/
SUS e ORGANIZADORES ,Política Nacional de Humanização. 2004.
JAKOBI. A humanização do atendimento nas unidades do SUS: evolução
histórica. [ss.d.] Disponível em: com.br/humanizacaoatendimentoSUS.htm.

Você também pode gostar