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Modificacao Do Comportamento Albert Bandura Index
Modificacao Do Comportamento Albert Bandura Index
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MODIFICAÇÃO
O
DO
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COMPORTAMENTO
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KS
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ALBERT BANDURA
STANFORD UNIVERSITY
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MODIFICAÇÃO
O
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DO G
COMPORTAMENTO
KS
O
Tradução:
E va N ic k
BO
LUCIANA P e OTTA
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Filosofia
Capa:
N a n c i M o n t e ir o
inKRflíiKMcnnA
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ISBtf 85-201-0075-9
(Edição original:
ISBN 0-03-081151-1 Holt, Rinehart and Winston, Inc., New York)
Este intro não pode ser reproduúdo, total ou parcialmente, sem autorização escrita do editor.
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Prefácio
Este livro apresenta os princípio» psicológicos bá em cada etapa do desenvolvimento, e aqueles que
sicos que governam o com portamento hum ano são elaborados tendem a produzir resultados sufi
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dentro do contexto conceituai da aprendizagem so cientemente favoráveis para resistir a uma avaliação
cial. Nos últimos anos, acumulou-se um conjunto rigorosa. Os resultados bem sucedidos, obtidos
considerável de conhecimentos a respeito dos me» pelos procedimentos de aprendizagem social em es
canismos mediante os quais o comportamento é tudos cuidadosamente controlados, justificam ex
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adquirido e modificado. Mas, apesar deste cresci pectativas otimistas para os desenvolvimentos ulte
mento vigoroso das pesquisas sobre o comporta riores desta abordagem. As numerosas investiga
mento humano, um grande número de processos ções apresentadas nesta obra também ilustram
O
psicológicos que são altamente influentes no fun como a compreensão dos mais importantes proces
cionamento humano foi negligenciado, ou apenas sos de mudança pode ser obtida por pesquisas en
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parcialmente investigado. Este volume apresenta genhosas a respeito de problemas sociais significati
uma revisão dos recentes avanços teóricos e expe vos. Contrariando muitas críticas atuais, a pesquisa
rimentais, no campo da aprendizagem social. Dá básica não precisa contentar-se com medidas de
ênfase especial aos papéis importantes desempe
nhados pelos processos vicários, simbólicos e de
auto-regulação, aos quais mesmo as teorias con
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pendentes inconseqüentes.
Este livro se ocupa não apenas da validade dos
princípios apresentados, -mas também das condi
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tem porâneas do com portam ento dão, relativa ções sob as quais eles podem servir de instrumento
mente, pouca atenção. para o progresso humano. As questões de valor,
O valor de uma teoria psicológica deve ser jul que surgem nas aplicações dos procedimentos de
gado não apenas por quão bem ela explica os resul aprendizagem social para obter várias modificações
tados de estudos de laboratório, mas também pela psicológicas, são, portanto, examinadas de perto, e
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eficácia dos procedim entos de modificação do uma atenção especial é dada aos efeitos das práticas
comportamento que produz. Nos últimos anos, tes sociais sobre a auto-avaliação e o auto progresso do
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objetiva dos resultados, as abordagens baseadas na chotherapy (Bandura, 1968). O Cap. 3 contém uma
aprendizagem social, que são apresentadas nesta versão revista e atualizada de parte do material que
obra, contêm um aspecto autocorrehvo que as dis originalmente apareceu nas publicações acima cita
tingue de outros empreendimentos de mudança, das.
nos quais as intervenções permanecem mal defini
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O preparo deste volume envolveu um trabalho os desenhos e as fotografias. Também desejo pagar
considerável, e desejo expressar a minha gratidão um tributo de gratidão a Darlene Lapham que,
às pessoas que ajudaram a tom ar a tarefa menos muito eficientemente, datilografou o manuscrito.
árdua. Agradeço especialmente a Jane Crane por Finalmente, a dedicatória deste volume expressa
decifrar versões preliminares ilegíveis e pelas mui a minha profunda gratidão à minha família, que
tas horas de esforço considerável para preparar o sacrificou muitas atividades de fim de semana e de
manuscrito para publicação. Agradecimentos são férias, enquanto eu estava absorvido na tarefa de
devidos a Robert O’Connor, pelo seu auxílio com escrever este livro.
A l b e r t B andura
StaTiford, California
Abril de 1969
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índice
1
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Processos Causais , 1
Interpretação dos Processos Causais, 10
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A Aprendizagem Social como um Processo de Influência Recíproca, 25
Substituição de Sintomas, 26
Eficiência dos Métodos Convencionais de Mudança Comportamental, 28
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Sumário, 33
Referências, 35
R
2
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Questões de Valores e Objetivos, 41
Especificação Comportamental de Objetivos, 42
Fatores que Impedem a Especificação de Objetivos, 44
Processos de Decisão na Seleção de Objetivos, 57
O
Sumário, 64
Referências, 65
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3
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4
Controle Positivo, 129
Interpretações Teóricas dos Processos de Reforçamento, 129
Componentes Essenciais das Práticas de Reforçamento, 133
Implicações Éticas das Práticas de Reforçamento, 138
Aplicações de Sistemas de Contingência, 142
Aplicações de Organização Social das Contingências de Reforçamento, 153
Sumário, 165
Referências, 167
PS
Controle Aversivo, 174
Apresentação de Reforçadores Negativos, 175
Aplicações de Sistemas de Contingências Aversivas, 187
Remoção de Reforçadores Positivos, 198
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Sumário, 202
Referências, 204
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6
Extinção , 210
Interpretação do Processo de Extinção, 210
G
KS
Extinção do Comportamento Reforçado Positivamente, 216
Extinção do Comportamento Defensivo, 227
Sumário, 242
Referências, 244
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7
Dessensitização por Contracondicionamento, 252
O Controle das Variáveis na Dessensitização, 256
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Sumário, 288
Referências, 290
IN
8
Contracondicionamento Aversivo, 297
Desenvolvimento da Aversão Condicionada e da Esquiva, 297
Desvios Sexuais, 302
Modificação de Atividades Simbólicas, 310
Alcoolismo, 311
Considerações Édcas na Terapia de Aversão, 323
Sumário, 324
Referências, 325
In d ice
9
Controle Simbólico das Modificações do Comportamento, 333
Papel da Consciência de Contingências na Modificação do Comportamento, 333
O Condicionamento Verbal como Função da Consciência, 335
Efeitos Interativos das Variáveis Cognitivas e de Incentivo, 340
Controle Simbólico dos Fenômenos de Condicionamento Clássico, 341
Implicações do Controle Simbólico para a Modificação do Comportamento, 344
Discrepância entre os Sistemas de Resposta e o Inconsciente, 346
Conseqüências Atitudinais de Mudanças Afetivas e de Comportamento, 349
PS
Estratégias de Mudança de AütudeÀ, 352
“Internaiização” e Persistência de Mudanças Comportamentais, 360
Estabilização das Mudanças Comportamentais por Meio do Desenvolvimento
de Funções de Auto-Regulação, 362
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Sumário, 364
Referências, 365
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índice Nominal, 373
R
índice Alfabético, 381
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1
Processos Causais
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O desenvolvimento de princípios e procedimen cados igual e indiscriminadamente até aos fenóme
tos de mudanças comportamentais está determ i nos sociais, como se evidencia pela designação fre
nado, em grande parte, pelo modelo de causali qüente de padrões de respostas culturais como
dade a que o autor subscreve. Os métodos usados “doentes” ou “sadios". Se Hipocrates tivesse repre
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para modificar fenômenos psicológicos não podem sentado as anomalias comportamentais como pro
ser compreendidos por completo, portanto, inde dutos de experiências idiossincráticas de aprendiza
pendentemente da teoria de personalidade sobre a gem social ao invés de expressões de uma enfermi
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qual estão fundamentados. As principais diferenças dade somática, a conceitualização e o tratamento
entre orientações teóricas rivais se revelam de dos padrões de resposta divergentes poderiam ter
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modo mais flagrante nas suas interpretações do tomado um caminho radicalmente diferente.
comportamento acentuadamente desviante. Conse Um modelo de quase-doença é ainda am pla
qüentemente, os sistemas que foram propostos mente empregado nas explicações do comporta
para explicar estas condições causadoras de perple
xidade serão considerados aqui em detalhe, embora
este livro se ocupe apenas parcialmente com ques
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mento flagrantemente desviante, mas a patologia
subjacente é geralmente considerada como sendo
de natureza psíquica, ao invés de neurofisiológica.
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tões relativas ao comportamento desviante. Este esquema conceituai se tornou ainda mais con
As concepções psicopatológicas mais antigas en fuso quando a adequação da analogia da doença ao
caravam as anomalias do com portamento como comportamento social foi sendo cada vez mais criti
manifestações externas de maus espíritos, que pe cada (Szasz, 1961). A maioria dos teóricos da per
netravam no corpo da vítima e afetavam o seu sonalidade eventualmente abandonou a noção de
O
comportamento de maneira adversa. Por esta ra que o comportamento desviante é uma manifesta
zão, o tratamento era dirigido para o exorcismo dos ção de uma doença mental subjacente; não obs
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demônios por vários métodos, como abrir um bu tante, rotulam sem hesitação os comportamentos
raco no crânio da vítima, executar vários rituais anômalos como sintomas e acautelam contra os pe
mágicos e religiosos, ou assaltar brutalmente — fí rigos da substituição de sintomas. Nestas teorias, as
sica e socialmente — o portador dos espíritos noci condições que supostamente controlam o compor
vos. Hipocrates exerceu uma grande influência no tamento continuam a funcionar analogamente a
sentido de suplantar as concepções demoníacas do substâncias tóxicas na produção de respostas des
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com portam ento desviante rotulando-as como viantes; contudo, os agentes perturbadores com
doenças ao invés de manifestações demoníacas. Die preendem um conjunto de forças psicodinâmicas
tas saudáveis, hidroterapia, sangramento e outras hostis (por exemplo, impulsos reprimidos, traços
formas de intervenção física, algumas benignas, óu- dotados de energia, complexos psíquicos, tendên
tras menos humanas, começaram a ser cada vez cias latentes, autodinamismos e outros tipos de sis
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mais empregadas como tratamentos corretivos. temas energéticos), um tanto similares aos espíritos
Apesar dos métodos psicológicos terem gradual nocivos dos tempos antigos. Muitas teorias contem
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mente substituído os procedimentos físicos na mo porâneas de psicopatologia empregam, desta ma
dificação dos padrões de resposta desviantes, a ana neira, um modelo quase-médico elaborado de um
logia da saúde e doença física continuou, não obs amálgama dos conceitos de enfermidade e demo-
tante, a dominar as teorias psicopatológicas. Nesta nologia, os quais possuem em comum a crença de
conceitualização, os padrões de comportamento que o comportamento desviante é uma função de
que se afastam amplamente das normas sociais e forças internas inimigas. Conseqüentem ente, a
éticas aceitas são considerados como derivativos ou atenção se focaliza, geralmente, não sobre o pró
sintomas de uma doença subjacente. A modificação prio comportamento problemático, mas sobre os
dos desvios sociais tornou-se, desta forma, uina espe agentes internos presumivelmente influentes que
cialidade médica, com o resultado de que as pessoas, devem ser exorcizados pela “catarse”, “ab-reação” e
ao exibirem comportamentos atípicos, são rotuladas aquisição do discernimento por meio de um pro
“pacientes” sofredores de uma “doença mental” e cesso interpretativo extenso. Na realidade, a modi
são geralmente tratadas em estabelecimentos com ficação direta do assim chamado comportamento
orientação médica. Os conceitos de doença são apli sintomático é considerada não apenas ineficaz mas
1
2 PROCESSOS CAUSAIS
até perigosa, porque, afirma-se, a remoção do sin com o bem-estar dos outros são habitualmente tole
toma não exerce nenhum efeito sobre o distúrbio rados; desvios que produzem conseqüências compen
subjacente, que se manifestará novamente num sadoras para os membros de uma sociedade, como
ouiro. sintoma, possivelmente ainda mais debili no caso das invenções tecnológicas e das inovações
tante. intelectuais e artísticas, podem ser ativamente pro
movidas e recom pensadas generosam ente. Por
ROTULAÇÃO SOCIAL DO COMPORTAMENTO outro lado, desvios que geram conseqüências de
DESVIANTE aversão para com os outros elicitam uma desapro
Embora a maioria dos psicoterapeutas concor vação social intensa, são imediatamente rotulados
dem que a remoção direta do "sintoma” não é anormais e geralmente provocam pressões coerciti
aconselhável e poucos admitem engajar-se em tais vas para eliminá-los.
O critério de adequação conduz a sérios proble
PS
formas de tratamento, é de estranhar quão pouca
atenção foi dedicada à definição do que constitui mas em sociedades, tais como a nossa, que são dife
um “sintoma”. Categorizar um padrão de compor renciadas em muitas subculturas cujos membros
tamento como sintomático de um distúrbio subja subscrevem normas comportamentais divergentes
cente na realidade envolve um conjunto complexo e, portanto, não estão de acordo quanto ao que é
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de critérios, os quais são, em sua maioria, bastante comportamento social adequado. Aqueles membros
arbitrários e subjetivos. Se certas ações específicas de grupos sociais que desejam recompensas que são
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são denominadas de normais ou sintomáticas vai altamente, valorizadas na cultura mas carecem dos
depender do fato de que certos juizes sociais e/ou a meios de obtê-los de modos legítimos (Cloward e
própria pessoa aprovem ou não o comportamento Ohlin, 1960; Merton, 1957), são muitas vezes for
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que está sendo exibido. Uma vez que a rotulação çados a se engajar em atividades socialmente inacei
dos sintomas reflete primariamente as respostas va- táveis. Nestes casos, os padrões anti-sociais não são
lorativas que um determ inado com portam ento
evoca em outros, ao invés de qualidades discrimi
náveis do próprio comportamento, um padrão de
resposta idêntico pode ser visto como um derivativo
G
apenas sancionados normativamente, mas o am
biente social dá amplas oportunidades a estas pes
soas, por meio de contingências apropriadas de re-
forçamento e por meio de modelos de papéis, para
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patológico ou como um comportamento sadio por desenvolver e aperfeiçoar modos desviantes de
pessoas cujas orientações de julgamento diferem. A comportamento. De acordo com a estrutura nor
agressividade nas crianças, por exemplo, pode ser mativa prevalente nestas subculturas, um compor
reforçada positivamente e encarada como um sinal tamento anti-social habilmente executado repre
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cionais, legais, ou outros agentes sociais como um pró-sociais apresentados pelos membros da socie
sintoma de um distúrbio de personalidade (Ban- dade maior.
dura, 1960; B andurae Walters, 1959). Outros subgrupos são classificados como desvian
A designação do comportamento como patoló tes socialmente e, portanto, como “doentes” ou
gico envolve, desta forma, juízos sociais que são in “loucos”, não porque eles aderem a meios cultu
fluenciados, entre outros fatores, pelos padrões ralmente condenados de obter objetivas altamente
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normativos das pessoas que fazem os julgamentos, valorizados, mas porque se afastam do sistema so
o contexto social no qual o comportamento é exi cial dominante e rejeitam os próprios alvos cultu
bido, certos atributos do comportamento e nume rais básicos. A maioria conformista numa sociedade
rosas características da própria pessoa desviante. pode ro tu lar grupos não-conform istas, como
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Uma teoria adequada do comportamento desviante “boêmios”, “beatniks” e “hippies”, que recusam a
deve, portanto, se preocupar com os fatores que esforçar-se para obter alvos muito valorizados na
determinam os juízos avaliativos. Infelizmente, ape cultura, como exibindo um comportamento desa-
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sar do uso generalizado de classificações diagnosti daptativo. Da perspectiva dos desviantes, o estilo de
cas e das conseqüências potencialmente perigosas vida dos membros conformistas é uma manifesta
de rotular as pessoas como desequilibradas men ção sintomática de uma sociedade supercomerciali-
talmente, houve surpreendentemente poucos estu zada, “doente”. Desta forma, o mesmo padrão de
dos sistemáticos dos fatores que governam tal com comportamento pode ser visto como um sintoma
portamento ajuizante. por um grupo social e ser julgado como sadio e re
A psicopatologia é caracteristicamente inferida forçado positivamente por pessoas que seguem um
do grau de desvio das normas sociais que definem código de conduta diferente. Similarmente, quando
como as pessoas devem se comportar em diferentes uma sociedade altera radicalmente suas normas so
ocasiões e lugares. Conseqüentemente, a adequação ciais e legais, a presença ou ausência das mes
das respostas simbólicas, afetivas e sociais a deter mas respostas, pode ser julgada inapropriada e,
minadas situações constitui um critério de impor conseqüentemente, rotulada de sintoma de uma
tância principal na rotulação do comportamento patologia subjacente- Assim, um cidadão socializado
“sintomático”. Afastamentos dos padrões normati em outros aspectos que comete um homicídio bru
vos que não são inconvenientes nem interferem tal será diagnosticado como sofrendo de uma per-
PROCESSOS CAUSAIS 3
PS
e ações. Alguns indivíduos apresentam excentrici por processos internos, não patológicos.
dades comportamentais grandes que parecem to Os déficits comportamentais são também freqüen
talmente inexplicáveis; pessoas de diferentes sub temente interpretados como sintomas de perturba
grupos que não compartilham os mesmos sistemas ção emocional, particularmente quando os déficits
normativos se inclinam a ver estas excentricidades produzem dificuldades e aversão para os outros.
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como manifestações patológicas. Mesmo nestes ca Crianças adequadamente dotadas, por exemplo,
sos, quando a história idiossincrática de aprendiza que são incontinentes e que exibem deficiências
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gem social para o comportamento é conhecida não marcantes em habilidades interpessoais, verbais e
há necessidade de admitir um processo mórbido acadêmicas, e adultos que não são capazes de cum
subjacente. Lidz, C ornelison, T e rry e Fleck prir exigências de tarefas sociais, conjugais e voca
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(1958) relatam um caso, por exemplo, no qual ir cionais tendem a ser rotulados como perturbados
mãos esquizofrênicos acreditavam, entre outras coisas emocionalmente. Admite-se geralmente, além do
estranhas, que “desacordo” significava prisão de
ventre. Este comportamento conceituai claramente
inapropriado era o resultado de uma exposição a
G
mais, que, quanto maiores os déficits, mais extensa
a psicopatologia subjacente. A natureza arbitrária e
relativista do critério da competência ou do déficit
contingências de aprendizagem social peculiares e tornâr-s*-ia facilmente aparente se os padrões mí
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não uma expressão de uma doença mental. Sempre nimos de competência exigidos numa determinada
que os filhos discordavam da mãe, ela lhes dizia situação fossem modificados. Se os padrões fossem
que estavam com prisão de ventre e exigia uma la colocados num nível comparativamente baixo, pra
vagem intestinal. Os meninos eram então despidos ticamente todos os membros de uma sociedade se
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e submetidos a lavagens intestinais, um procedi riam julgados competentes e sadios, ao passo que a
mento que dramaticamente condicionou um signi grande maioria de repente adquiriria uma psicopa-
ficado inusitado à palavra “desacordo”. Os casos ci tologia se fossem adotados padrões excessivamente
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tados por Lidz e seus associados (Lidz, Fleck, e elevados. Neste último caso, terapêutas e diagnosti-
Cornelison, 1965) fornecem evidência compelativa cadores poderiam dedicar muito tempo para locali
do desenvolvimento de delírios, suspeita, sentimen zar a fonte da patologia dentro dos indivíduos.
tos exagerados da própria importância, negação ex A intenção atribuída a uma ação irá afetar a sua
trema da realidade, e outras formas de comporta categorização pelos outros como expressão sinto
mento “esquizofrênico”, por meio do reforçamento
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vos na determinação das respostas avaliativas, cer estas forças im pulsionadoras imaginárias foram
tas propriedades do comportamento nos convidam substituídas por conceitos explanatórios envol
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que simplesmente assaltam estranhos fisicamente, mente, podem não ter nenhum valor utilitário apa
mas não demonstram interesse nas posses materiais rente, é raramente rotulado como um comporta
de suas vítimas, supostamente estão apresentando mento emocionalmente perturbado. Certos sub
uma agressão emocional de tipo perturbado pecu grupos simplesmente valorizam e recompensam
liar. É evidente que em muitos casos de agressão um “batucar” habilidoso mais do que o virtuosismo
por assim dizer não-utilitária, o comportamento é musical.
altamente instrumental para obter a aprovação e A dicotomia instrumental versus musical, por
admiração de seus pares e para incrementar o sta- tanto, parece refletir primariamente diferenças nos
tus na hierarquia social do grupo de referência. A tipos de recompensas procurados, e não diferenças
aprovação do grupo de pares é muitas vezes mais básicas na direção teleológica do próprio compor
poderosa do que recompensas tangíveis como um tamento, ou na natureza dos eventos mediadores
incentivo para, e reforçador de, comportamento internos. Como certos membros da sociedade ten
PS
desviante agressivo (Buehler, Patterson e Furniss, dem a ser criados sob contingências atípicas de re
1966). forçamento social, eventos que ordinariamente são
O papel influente do reforçamento social na re neutros ou aversos para outras pessoas podem ad
gulação de comportamento perigoso e sem sentido quirir uma forte valência positiva; conseqüente
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é claramente revelado num estudo de campo por mente, o com portam ento estranho exibido por
Yablonsky (1962), que também achou que as con esses indivíduos pode parecer possuir pouco ou
tingências de reforçamento dominantes em muitos nenhum valor instrumental, e assim tende a ser ex
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bandos de delinqüentes m udaram de atividades plicado por referência a processos psicopatoiógicos
anti-sociais utilitárias para assaltos destrutivos exe internos.
R
cutados de maneira “fria” e aparentemente indife Certas exigências comportamentais são prescritas
rente em relação a pessoas e a propriedades. A de acordo com a idade, sexo, posição social, ocupa
maneira pela qual a agressão assumiu um valor que
confere status e no qual a ameaça de perda da “re
putação” pode compelir uma pessoa a se engajar
num assalto homicida é vividamente ilustrada no
G
ção, raça, origem étnica ou religião de uma pessoa.
Portanto, os atributos pessoais também entram no
julgamento social de comportamento que se desvia
das exigências dos papéis. Por exemplo, um com
KS
excerto seguinte de uma entrevista com um dos ra portamento considerado normal numa idade pre
pazes estudados por Yablonsky. coce pode ser visto como um sintoma de perturba
“M o m e n ta n ea m en te com ecei a p e n sa r nisso lá ção da personalidade mais tarde, como no caso da
d e n tro d e m im ; ten h o m in h a o pinião fo rm ad a , não enurese. É muito adequado, neste contexto, repetir
vou p e rte n c e r a n e n h u m b a n d o . E ntão e u e n tro .
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falam p a ra m im o q u e vão fazer. C om o, "G ente, 474]?”. Ou considere-se o atributo do sexo. A tole
sairem os e m atarem o s esse cara”. Eu digo: “T á le rância cultural diferencial para comportamentos
gal” . Eles con tin u am a falar. Eu disse: “G ente, tô habitualmente atribuídos ao outro sexo para ho
n a d e vocês”. E u m esm o, n ão q u e ro ir, m as q u a n d o mens e mulheres ilustra o papel das características
eles com eçam a fa la r sobre o q u e vão fazer, eu sexuais na atribuição de um status sintomático a
digo: “Ei, ele não vai a rru in a r m in h a reputação. padrões de comportamento desviante. Usar vesti
EX
N ão vou d e ix a r qu e ele se to rn e m ais conhecido do mentas femininas, por parte dos homens, é consi
q u e e u ”. E e u toco a bola p ra fre n te .” (pág. vii)
derado indicativo de uma perturbação psicológica
* Contingências externas de reforçamento ao invés séria que exige rápida atenção legal e psiquiátrica.
de uma doença emocional interna também pare Por outro lado, as mulheres podem adotar indu
D
cem ser os principais determinantes do comporta mentária, estilos de penteado e uma ampla gama
mento de outro jovem envolvido num assassinato de padrões de resposta caracterisricamente mascu
de bando: “Se eu metesse a mão na faca, teria apu linos sem serem rotuladas como mentalmente per
IN
nhalado o cara. Isto me teria dado uma sensação turbadas. Como o comportamento do papel mascu
melhor. As pessoas me respeitariam pelo que Fiz e lino ocupa uma posição de prestígio relativamente
coisas assim. Diriam: *Aí vai um assassino frio.’ elevada e de poder na nossa sociedade, e muitas
[pág. 8]”. Contingências de reforçamento similares vezes é mais generosamente recompensado do que
operavam nas práticas de um bando apreendido o comportamento do papel feminino, a emulação
que utilizava ataques contra pessoas sem provoca das tendências masculinas pelas mulheres é mais
ção como a sua exigência principal de admissão. facilmente compreensível e, portanto, menos apta a
Cada assalto físico, que deveria ser observado por ser interpretada por meio de referências a proces
um membro do grupo para ser válido, era avaliado sos mórbidos.
em 10 pontos; e um total de 100 pontos era exigido Existe ainda outro lado para a influência de atri
para se tornar um membro com todas as prerroga butos pessoais nas respostas de julgamento. A his
tivas (San Francisco, Chronicle, 1964). tória anterior da aprendizagem social e as caracte
Deve ser notado de passagem que um compor rísticas da pessoa que emite os julgamentos pode
tamento pró-sociai à procura de aprovação, como afetar significativamente a sua designação de com
feitos atléticos ou realizações musicais que, similar portamentos particulares como indicativos de saúde
PROCESSOS CAUSAIS 5
mental ou patologia psíquica. Spohn (1960) desco guns dos principais fatores que determinam a atri
briu que os valores sociais do terapeuta estavam re buição da doença ao comportamento desviante.
lacionados aos seus juízos da saúde mental dos Processos de julgamento sociais similares são, na
com portam entos do paciente que refletiam di turalm ente, envolvidos na atribuição de rótulos
mensões de valores similares; isto é, os terapeutas "descritivos como agressão, altruísmo, dependência
julgavam que os pacientes que mais se assemelhas ou realização a padrões de resposta particulares.
sem a eles eram os mais sadios.
Embora a presença da doença psíquica seja fre DETERMINANTES INTERNOS HIPOTÉTICOS
qüentemente julgada em termos de desvios de um DO COMPORTAMENTO
certo conjunto particular de normas sociais, em As questões levantadas no que se refere à utili
muitos casos baseia-se primariamente sobre a auto- dade e validade do conceito de "sintoma” se apli
defimção. Como mostraram Terwilliger e Fiedler cam igualmente à psicopatologia que se presume
PS
(1958), as pessoas muitas vezes se rotulam a si estar subjacente ao comportamento problemático.
mesmas como emocionalmente perturbadas, ao Da focalização da atenção sobre os agentes e forças
passo que outros podem julgá-las estar funcio internas, muitas teorias fantasiosas do comporta
nando adequadamente dentro das normas sociais mento desviante emergiram. A história do desen
prevalecentes. Discrepâncias avalia tivas deste tipo
U
volvimento de um comportamento social é rara
surgem tipicamente quando as pessoas impõem mente conhecida, e sua reconstrução a partir do
exigências excessivas a si mesmas e sofrem angús material de entrevista elicitado pelos terapeutas ou
O
tias subjetivas como resultado do fracasso de alcan diagnosticadores é de validade duvidosa. De fato, o
çar padrões auto-impostos. Uma teoria compreen conteúdo da reconstrução é altamente influenciado
siva do desvio deve levar em consideração auto-rea-
R
pelas questões sugestivas do entrevistador e o re-
ções, assim como as reações da socieade ao próprio forçam ento seletivo do conteúdo que está de
comportamento. acordo com a sua orientação teórica. Heine (1953),
G
Da discussão anterior se torna aparente que a ca- por exemplo, descobriu que clientes que foram tra
tegorização do comportamento como sintomático tados por terapeutas centralizados no cliente, adie-
de uma patologia subjacente depende de um con rianos e psicanalistas, tendem a explicar as mudan
KS
junto de critérios subjetivos e, conseqüentemente, o ças em seus comportamentos em termos das expli
mesmo com portam ento pode ser caracterizado cações favorecidas pelos seus respectivos entrevis
como “doente” ou "sadio” por juizes diferentes, em tadores. Mesmo um levantamento superficial de
diferentes contextos sociais e com base nas caracte- protocolos de entrevista revelaria que psicoterapeu-
ríst:cas sociais dos agentes. É verdade, natural tas de diferentes filiações teóricas tendem a encon
O
mente, que questões de valor e julgamento social trar evidência para os seus próprios agentes psico-
também surgem no diagnóstico de perturbações fí- dinâmicos preferidos em comparação com aqueles
BO
sic.is. Nestes casos, o modelo sintoma-doença é bas- citados por outras escolas. Desta forma, os freudia
tanic apropriado, visto que patologias orgânicas in nos são muito mais aptos a desenterrar complexos
ternas existem e podem ser de fato verificadas in de Edipo e ansiedade de castração, os adlerianos a
dependentemente de suas manifestações periféri descobrir sentimentos de inferioridade e anseios de
cas. Tum ores cerebrais e disfunções envolvendo poder compensatórios, os rogerianos a achar evi
órgãos respiratórios, circulatórios ou digestivos são dências compelativas para autoconceitos inapro-
EX
eventos observáveis. No que se refere ao compor priados, e os existencialistas são fadados a diagnos
tam ento desviante, a analogia com o modelo ticar crises existenciais e ansiedades. É igualmente
sintoma-doença é errônea porque não existem órg verdadeiro que os skinnerianos, predizivelmente,
ãos infectados ou entidades de doenças psíquicas irão discernir condições deficientes de reforça-
que podem ser identificados como agentes causais. me nto como determinantes importantes do com
D
As condições psíquicas que se admitem estar subja portamento desviante. Neste último esquema expli
centes ao mau funcionamento comportamental são cativo, porém, as condições controladoras suspeitas
IN
dos fenômenos psicopatológicos, e explicações psi- traste, as teorias psicodinâmicas tendem a conside
codinâmicas em termos de uma perturbação subja rar os eventos internos como relativamente autô
cente aos sintomas se tornam supérfluas. A falha da nomos. Estes agentes causais hipotéticos geral
suposição de que forças psicodinâmicas produzem mente apresentam apenas uma tênue relação com
comportamento sintomático pode melhor ser ilus os estímulos externos, ou até com os “sintomas” que
trada por casos nos quais os antecedentes dos supostamente produzem. O famoso caso de Freud,
padrões de resposta aberrante são conhecidos. Tais do “Little Hans”, reinterpretado por Wolpe e
exemplos são difíceis de obter porque exigem a Rachman (1960), ilustra algumas das principais di
produção do comportamento desviante sob condi ferenças nos modelos explanatórios.
ções controladas. Ayllon, H aughton, e Hughes Little Hans exibia, entre outras coisas, uma fobia
(1965) oferecem uma ilustração vívida de como um de cavalos. Freud (1955) interpretou o comporta
padrão estranho de comportamento — desenvol mento fóbico da seguinte maneira:
Ele não tinha apenas medo de que os cavalos o
PS
vido, mantido e subseqüentemente eliminado numa
mulher esquizofrênica simplesmente pela alteração mordessem ... mas também de carroças, de cami
de suas conseqüências de reforçamento — foi in nhões transportando móveis e de ônibus (a sua
terpretado erroneamente como uma manifestação qualidade comum sendo, como presentemente se
de eventos psicodinâmicos complexos por diagnos- tornou claro, a de estar todos pesadamente car
regados), de cavalos que começavam a andar, de
U
ticadores que não estavam a par das condições es
pecíficas de reforçamento que regulavam o com cavalos que pareciam grandes e pesados, e de cava
los que andavam depressa. O significado destas es
O
portamento da paciente. pecificações foi explicado pelo próprio Hans: ele
Infelizmente, os antecedentes exatos do compor tinha medo de que os cavalos caíssem, e conseqüen
ta mento desviante raramente são conhecidos, e na temente incorporou na sua fobia tudo que parecia
R
ausência de técnicas poderosas que permitam con conduzente a facilitar a sua queda... [pág. 265].
trole adequado sobre os fenômenos comportamen- Ele (o pai) elicitou de Hans a lembrança de um
tais, tentativas clínicas não possuíam, até recente
G acontecimento em Gmunden, cuja impressão es
mente, os aspectos autocorretivos necessários para tava escondida atrás da recordação da queda do
cavalo que puxava o ônibus. Enquanto estavam
eliminar teorias fracas ou inválidas de psicopatolo- brincando de cavalo, Fritzl, o companheiro de
gia. Em conseqüência, interpretações rivais do quem gostava tanto, mas que era, talvez, ao mesmo
KS
comportamento social retiveram por décadas um tempo, o seu rival com suas muitas amiguinhas,
status seguro com pouco risco de que um tipo bateu seu pé contra uma pedra e caiu, e o pé co
qualquer de teoria poderia se provar mais convin meçou a sangrar. Ver cair o cavalo do ônibus
cente do que outra. recordou-lhe este acidente... A primeira pessoa
que serviu de cavalo a Hans deve ter sido o seu pai,
O
cornportamentais. De acordo com esta orientação, o lismo anal, e reconheceu que havia uma analogia
comportamento que é nocivo- ao indivíduo ou se entre uma carroça pesadamente carregada e um
afasta amplamente das normas éticas e sociais acei corpo carregado de fezes, entre a maneira pela
tas não é visto como sintomático de algum tipo de qual uma carroça é dirigida através de um portão e
doença mas como um modo pelo qual o indivíduo a maneira pela qual as fezes deixam o corpo, e
assim por diante... [págs. 126-127],
EX
modelo doença-demonismo foram afastados. Pa carregado caiu, ele só poderia ter visto nisto uma
drões de respostas não são vistos como sintomas, e coisa — um nascimento, um parto. Desta forma, o
cavalo caído não era apenas o seu pai à morte, mas
IN
No esquema psicanalítico, a perturbação psíquica PAI: O que você pensou quando o cavalo caiu?
interna é a causa básica ou o fato instigador das HANS: Agora será sempre assim. Todos os cavalos
respostas fóbicas, ao passo que os estímulos exter de ônibus cairão... [pág. 49],
PAI: Quando o cavalo caiu, você pensou no seu pa
nos (cavalos) supostamente exercem pouca ou ne
pai?
nhuma influência controladora sobre o comporta HANS: Talvez. Sim. É possível... (pág. 51).
mento desviante, exceto como um ponto focal con PAI: De que tipo de carroça você ainda tem medo?
veniente para os sentimentos edípicos e de castra HANS: De todas das.
ção projetados. PAI: Você sabe que isso não é verdade.
HANS: Não tenho medo de carruagens e parelhas
Ela (a fobia) se estende a cavalos e carroças, ao ou carros com ura só cavalo. Tenho medo de
fato de que cavalos caem e mordem, a cavalos de ônibus e carroças de bagagem, mas apenas
uma característica particular, a carroças que estão quando elas estão carregadas, não quando estão
pesadamente carregadas. Revelarei imediatamente vazias. Quando há um cavalo e a carroça está
PS
que todas estas características foram derivadas da carregada até o máximo, então tenho medo;
circunstância de que a ansiedade originalmente não mas se houver dois cavalos e ela estiver total
tinha nenhuma referência a cavalos, masfoz transposta a mente carregada, então não tenho medo.
eies secundariamente (os grifos são adicionais) e agora PAI: Você tem medo de ônibus porque há muita
se tinha tomado fixa sobre aqueles elementos do gente dentro?
U
complexo cavalo que se mostravam bem adaptados HANS: Porque há muita bagagem no topo.
para certas transferências [pág. 51]. PAI: Quando a mamãe estava tendo a Hanna, ela
também estava carregada até o topo? [págs.
O
Esta exposição deixa de explicar a variação tanto 90-91].
no padrão como na intensidade das reações de an
R
siedade de Hans em diferentes circunstâncias. De A interpretação edípica não apenas falha em ex
fato, os dados do caso fornecem evidência conside plicar o padrão discriminativo do comportamento
rável de que pistas externas serviram como estímu fóbico de Hans, mas também em explicar sadsfato-
G
los primários elidtadores e controladores para as riamente por que ele também tinha medo de estra
respostas fóbicas de Hans mais do que simples alvos das de ferro e locomotivas, uma fobia que prova
incidentais para sentimentos projetados. velmente se generalizou a partir do complexo de
KS
ficou aterrorizado e pensou que o cavalo tinha sido A estrutura conceituai de seqüências causais nas
morto no addente. Havia três importantes elemen teorias psicodinâmicas de comportamento é asso
tos neste complexo de estímulos — cavalo grande,
BO
Hans tinha mais medo de cavalos grandes que pu ões diferentes. Como pode uma fobia de cavalos ser
xavam carroças do que de cavalos pequenos; se as atribuída a um complexo de Édipo subjacente e
sustava mais com um veículo a mover-se rapida medos projetados de castração se uma pessoa res
m ente do que com um de pouca velocidade, ponde fobicamente a um cavalo puxando um veí
mostrava-se mais atemorizado à vista de veículos culo carregado pesadamente, mas tem relativa
D
pesadamente carregados do que à vista de veículos mente pouco medo de dois cavalos puxando um
vazios, e sentia medo quando uma carroça puxada veículo carregado? Quando diversos insumos de es
IN
confiáveis de como as pessoas tenderão a se com didas destinadas a avaliar o mesmo traço, relações
portar sob condições particulares. Os tipos de com fracas entre componentes de dimensões mais am
portamentos selecionados para a mensuração va plas de traços, e pouca consistência de padrões de
riam, Alguns dos procedimento de avaliação que comportamento em diferentes situações estimula
foram advogados em uma ou outra ocasião são doras. Por outro lado, desempenhos intelectuais,
amostras breves de comportamento manifesto que que são mais ou menos uniformemente recompen
têm uma certa semelhança com a descrição de tra sados por diferentes agentes, em diferentes ocasi
ços, aceitações de afirmativas que descrevem esta ões e diferentes contextos, mostram uma consistên
dos afetivos, interesses, ou padrões de respostas, e cia substancial.
respostas artificiais eliciadas por estímulos relati No processo de avaliação, os dados comporta-
vamente ambíguos como manchas de tinta, figuras mentais, qualquer que seja a maneira pela qual eles
pouco definidas, famílias de bonecas e sentenças foram obtidos, são tipicamente convertidos em tra
PS
incompletas. ços ou constructos psicodinâmicos que estão muito
O pressuposto básico das teorias de traço — que afastados dos sentimentos reais e das ações das pes
as pessoas apresentam modos generalizados de soas em avaliação. Esta prática reside no pressu
comportamento que podem ser preditos a partir de posto de que abstrações representam sistemas mais
genéricos, portanto, possuem maior poder predi-
U
uma amostragem restrita de respostas — encontra
pouco apoio empírico. Para fins de ilustração, con tivo. Como Mischel (1968) notou, numa revisão da
sideremos o traço “agressividade”. Várias investiga evidência a respeito desta questão, a transformação
O
ções (Bandura, 1960; B andurae Walters, 1959) aos muda o foco da atenção daquilo que a pessoa faz
determinantes de aprendizagem social do compor para especulações sobre o que ela tem; da preocu
tamento agressivo mostraram que tanto rapazes pação com o comportamento do cliente para inte
R
adolescentes como pré-adolescentes apresentam resse nas categorias diagnósticos do comportamento.
padrões altam ente discriminativos de respostas A evidência indica que estas construções hipotéticas
G
agressivas que variam consideravelmente em fun são melhores preditoras dos estereótipos semânti
ção das pessoas com que éstão interagindo (por cos e conceituais dos diagnosticadores do que dos
exemplo, pais, professores, irmãos ou companhei atributos reais dos clientes e da realidade psicoló
ros). Além do mais, a incidência da agressão mesmo
KS
gica. Desta forma, não é de surpreender que as es
em relação aos mesmos objetos difere amplamente, tratégias de avaliação que derivam do ponto de
dependendo de respostas físicas, verbais ou outras vista dos traços dinâmicos geralmente falharam em
formas mais atenuadas das respostas que estão se igualar à eficácia preditiva dos métodos atuariais
sendo medidas. A discriminação das respostas (Meehl, 1954).
O
agressivas dos rapazes refletia proximamente a A crença persistente nas disposições gerais de
quantidade considerável de treinamento de discri resposta é atribuída por Mischel (1968) à tendência
minação que tinham recebido. Os pais consistente-
BO
zados. A probabilidade de que um dado padrão de amplos e ambíguos que englobam comportamentos
comportamento será recompensado, ignorado ou heterogêneos; utilização de itens de teste que re
IN
castigado é dependente, entre outros fatores, das querem que a pessoa avalie o seu comportamento
características do agente, da forma específica e in em contextos sociais “típicos”, ao invés de uma va
tensidade do comportamento, dos objetos contra os riedade de situações específicas; e pressões psicoló
quais as ações são dirigidas, das situações sociais em gicas fortes para manter uma visão consistente, es
qúe ocorrem e de vários fatores temporais. Desta tável de eventos. As inconsistências, portanto, ten
forma, um alto grau de flexibilidade comportamen- dem a ser resolvidas passando por alto, ignorando
tal é exigido se uma pessoa estiver capaz de lidar ou reinterpretando evidências discrepantes.
com as complexidades de exigências ambientais A preocupação com os agentes psíquicos internos
sempre mutáveis. No caso de sistemas de resposta e traços dotados de energia tem sido responsável,
social, muitos dos quais são caracterizados por ele em grande parte, pelo progresso limitado no de
vada especificidade comportamental, a mensuração senvolvimento de princípios empiricamente sólidos
dos traços é uma atividade fadada ao desaponta do comportamento humano. A brecha entre insu-
mento. Na realidade, uma revisão compreensiva da mos estimuladores e eventos de respostas manifes
literatura empírica pertinente, por Mischel (1968), tos tende a ser preenchida rapidamente com cons
revela baixas íntercorrelações entre diferentes me tructos diversos, animistas, todo-poderosos e capa
PROCESSOS CAUSAIS 9
zes de gerar e explicar quase qualquer fenômeno métodos que sejam bem-sucedidos em promover
psicológico. Estes constructos, naturalm ente, se uma mudança social favorável. Se os processos
prestam facilmente a pseudo-explicações (Skinner, educacionais, que também dependem do funcio
1961), nas quais dar um novo nome a um fenô namento neurofisiológico, tivessem sido historica
meno com porta mental é oferecido como uma ex mente, mal-interpretados como fenômenos médicos,
plicação. Por exemplo, pessoas que exibem com principalmente, a nossa sociedade, sem dúvida, es
portamentos de isolamento, delirantes e alucinató taria face à face com o mesmo déficit crítico de faci
rios, respostas emocionais inadequadas e déficits lidades educacionais e pessoal instrucional bem
comportamentaís serão rotuladas como esquizofrê treinado que caracteriza os nossos empreendimen
nicas. A presença destes comportamentos desvian- tos atuais de “saúde mental”.
tes é então atribuída a uma esquizofrenia subja Embora a designação das excentricidades com-
cente, explicação esta que é completamente circular portamentais como manifestações de doença tenha
PS
e não contém nenhuma informação acerca de de resultado inicialmente num tratamento mais hu
terminantes causais. Uma explicação causai ade mano, como Szasz (1961) assinala convincente
quada deve especificar claramente as variáveis in mente, a aderência continuada a esta analogia
dependentes que produzem e mantêm o compor tornou-se um empecilho sério. Muitas pessoas que
tamento esquizofrênico observado. De maneira si se beneficiariam muito do tratamento psicológico
U
milar, traços, complexos e dinâmicas, que represen evitam procurar ajuda porque temem ser estig
tam os constructos descritivos do assessor, muitas matizadas como perturbadas mentais, o que muitas
O
vezes são transformados em entidades ativas dentro vezes traz consigo conseqüências sociais nefastas.
do cliente que supostamente causam seu compor Aqueles que são compelidos a procurar uma solu
tamento. ção para os seus problemas interpessoais pela an
R
As principais deficiências das teorias que expli gústia crônica são, tipicamente, alocados a um
cam o comportamento primariamente em termos papel de doentes e considerados como relativa
G
de causas internas conjeturais teriam sido facil mente desvalidos, dependentes e incompetentes no
mente demonstradas se tivessem sido julgadas, não manejo das suas vidas diárias. Já que os seus des
em termos da sua facilidade em interpretar fenô vios comportamentaís são tratados como expressões
menos comportamentaís que já ocorreram, e sim na de patologias internas psíquicas, estas pessoas são,
KS
base de sua eficácia em predizê-los ou modificá-los. portanto, liberadas das conseqüências naturais de
Uma vez que os determinantes internos propostos suas ações. Neste contexto, é importante distinguir
por tais teorias (como estruturas mentais, comple o manejo judicioso das contingências de reforça-
xos de Édipo e inconsciente coletivo) não podiam mento que visam alterar o curso do futuro compor
O
ser induzidos experimentalmente, e raramente pos tamento dos julgamentos morais de responsabili
suíam conseqüências inequívocas, as formulações dade pessoal de ações passadas. Ganha-se pouco ao
psicodinâmicas gozavam de imunidade à verifica condenar os delinqüentes pela sua história de com
BO
ção experimental genuína. Se é que o progresso na portamento anti-social, mas muito fazendo-os ex
compreensão do comportamento humano deve ser perimentar novas conseqüências de respostas que
acelerado, as teorias psicológicas devem ser julga os ajudarão a desenvolver um modo de vida mais
das pelo seu poder preditivo e pela eficácia dos efetivo. Quando os indivíduos são rotulados doen
procedimentos de modificação do comportamento tes mentais, isto muitas vezes resulta não apenas na
suspensão das conseqüências de respostas habituais
EX
que produzem.
essenciais à mudança, mas também na substituição
de contingências que promovem tendências mal-
CONSEQÜÊNCIAS ADVERSAS DAS adaptativas (Ayllon e Michael, 1959). Além do
INTERPRETAÇÕES MÓRBIDAS DO mais, como será mostrado mais adiante, para as
COMPORTAMENTO DESVIANTE
pessoas que são institucionalizadas por longo
D
vários modos, o desenvolvimento de métodos efi tais mentais, as oportunidades limitadas para exe
cientes de mudança comportamental. Em primeiro cutar comportamentos que são necessários na vida
lugar, conduziu a um apoio ponderável sobre in da comunidade, e o desenvolvimento da depen
tervenções físicas e químicas, procura incessante de dência institucional, produzem impedimentos ulte
drogas como remédios rápidos para problemas in riores ao reajustamento bem-sucedido às exigências
terpessoais, e negligência, a longo termo, das variá ambientais típicas.
veis sociais como determ inantes influentes dos A orientação médica em relação ao comporta
padrões de resposta desviantes. Em segundo lugar, mento desviante resultou também num desinte
a rotulação errada, em parte por acidente histórico, resse nas, e falta de facilidades para, modificações
dos desvios sociais como sintomas de doença mental de formas de problemas psicológicos menores mas
estabeleceu o treinamento médico como a prepara não menos incômodas. Pessoas com dificuldades de
ção ótima para o trabalho psicoterapêutico. De fato, comportamento circunscritas, justificadamente se
tal treinamento, em função de sua preocupação negam a rotular-se doentes mentais e a iniciar um
primária com processos somáticos e patologias, nos tratamento caro e prolongado que não oferece ne
deixa itial preparados para elaborar e implementar nhum a g aran tia de êxito. D esta form a, por
10 PROCESSOS CAUSAIS
exemplo, pessoas que sofrem de fobias de serpen questões de objetos e normas culturais. Até os pró
tes podem ser incapazes de executar o seu trabalho prios diagnosticadores podem ceder à tentação de
sob certas condições, de participar de acampamen estigmatizar qualquer dissidência como psicopato-
tos e outras atividades ao ar livre, ou de residir em lógica. Numa ilustração deste tipo (Gitelson, 1962),
locais habitados por serpentes inofensivas. Existem o afastamento da ortodoxia na teoria psicanalítica é
agora tratam entos derivados de princípios de explicado não por discordâncias fatuais e teóricas,
aprendizagem social que podem eliminar efetiva inas em termos de “narcisismo patológico", “neuro
mente tais fobias em qualquer pessoa em poucas ses de transferência” e outros maus funcionamen
sessões (B andura, B lanchard e R itter, 1969). tos psicodinâmicos nos membros dissidentes.
Centros psicológicos que oferecem tratamentos cur Szasz (1965), que tem estado especialmente preo
tos e altamente eficazes para disfunções comporta- cupado com a promoção de prescrições morais fan
mentais específicas ofereceriam serviços terapêuticos tasiadas de diagnósticos psiquiátricos, escreveu uma
série de artigos sobre o mau uso contemporâneo da
PS
valiosos para muitas pessoas que, sem eles, seriam
compelidas a aceitar restrições desnecessárias em noção de doença mental. Argumenta que, num es
certas áreas do seu funcionamento psicológico. forço para assegurar um tratamento mais benevo
A designação de ações e crenças divergentes lente das pessoas em dificuldades, elas são certifi
como “doentes” também pode ter um impacto im cadas como sofredoras de uma doença mental. Esta
U
portante no processo mais geral de mudança social. vantagem, porém, é ganha às expensas da estigma
Aperfeiçoamentos nas condições de vida dentro de tização, degradação e restrição da liberdade pes
O
uma sociedade exigem a modificação continuada soal. Ao invés do “contrabando do humanismo”
de .seus padrões institucionalizados de comporta por motivos psiquiátricos, ele advoga uma confron
mento e a substituição de velhos padrões de con tação franca das questões eticossociais envolvidas
R
duta por novos que se adaptem mais às circunstân nas práticas da sociedade e esforços ativos para
cias alteradas. Reformas sociais propostas, contudo, promover reformas necessárias. Para tomar a lega
tipicamente são enfrentadas com fortes resistências, lização do aborto como exemplo, Szasz (1962) ar
G
especialmente se representam um desvio acentuado gumenta que seria mais honesto dar às pessoas o
das tradições estabelecidas e ameaçam interesses já direito de determinar por si mesmas se desejam
assentados. Conseqüentemente, as pessoas muitas trazer uma criança ao mundo do que utilizar a
KS
vezes acham necessário violentar códigos de com doença psiquiátrica como subterfúgio para fazer
portam ento institucionalizados para forçar uma abortos. Como analogia, se os divórcios só fossem
mudança no sistema social. Nestes casos, o desvio concedidos à base da certificação da doença mental,
serve a uma função positiva ao promover modifica a incidência das perturbações mentais aumentaria
ções construtivas. A população conformista, apesar astronômica e repentinamente.
O
diferenciar-se da população em geral adotando in diatas de suas ações não sobreviveria por muito
dumentárias pouco convencionais, estilos de pen tempo. De falo, o funcionamento humano envolve
teado discrepantes ou símbolos e rituais peculiares. sistemas de controle inter-relacionados, nos quais o
Em certas sociedades totalitárias, entretanto, não é comportamento é determinado por eventos de es
incomum silenciar autores que propõem certas re
D
possui um valor funcional e de sobrevivência consi Dois pacientes sofredores de asma bronquial grave
derável. Na realidade, um índivíduo que não inalaram substâncias provocadoras de alei gia nebu-
aprendesse a evitar perigos físicos, que não reagisse lizadas às quais eram hipersensíveis. Após repetidas
apropriadamente a sinais de trânsito e outras pistas inalações do extrato que servia como o estímulo
orientadoras, por exemplo, e que permanecesse in não-condicionado para os ataques de asma, a inala
diferente a estímulos sociais e simbólicos importan ção de um solvente neutro da substância provoca
tes sofreria uma extinção dolorosa rápida. dora de alergia isolada, que inicialmente não pro
duzia mudanças respiratórias, provocou ataques de
CONTROLE DAS RESPOSTAS AUTONÔMICAS asma como os demonstrados por sinais clínicos e
POR MEIO DE ESTÍMULOS medidas de capacidade vital. Nas fases ulteriores do
Muitos problemas para os quais as pessoas pro experimento, inalações de oxigênio puro e até a
curam alívio envolvem uma superadvidade autonô apresentação do bocal, ambos inicialmente estímu
PS
mica angustiante, refletida num a variedade de los neutros, tinham adquirido o poder de provocar
queixas somáticas de natureza funcional, incluindo ataques asmáticos que não podiam ser disünguidos
a “tensão” crônica e as reações de ansiedade, per dos induzidos pelas próprias substâncias provoca
turbações gastrintestinais e distúrbios respiratórios doras de alergia.
e cardiovasculares. A emotividade condicionada é
U
No experimento descrito, as respostas asmáticas
também implicada geralmente, especialmente na foram condicionadas a elementos da situação de
fase de aquisição, nas reações obsessivo-fcompulsi- inalação e do aparelho por meio da assodação con
O
vas, inibições comportamentais e comportamentos tígua. Não é de surpreender, portanto, que análi
fóbicos ou outros comportamentos de evitação ses do com portam ento asmático por Dekker e
Drogas depressivas podem oferecer um alívio tem Groen (1956) produzissem um conjunto extrema
R
porário de respostas autonômicas intensas, mas nos mente variado de estímulos eliriadores altamente
casos em que estão sob controle de estímulos, os específicos no grupo de pacientes estudados; estes
G
processos de aprendizagem social que são capazes incluíam a visão da poeira, discursos radiofônicos
de neutralizar as propriedades de evocação de por políticos influentes, coros de crianças, o hino
emoções dos eventos estimuladores oferecem o tra nacional, elevadores, peixes dourados, aves em ca
tamento mais direto e eficaz.
KS
tiveiro, o cheiro de perfumes, quedas d'água, cor
As respostas autonômicas podem ser facilmente ridas de bicicleta, carros de polícia e cavalos. Uma
colocadas sob controle dos estímulos ambientais por vez que os estímulos eliciadores críticos foram iden
meio de operações clássicas de condicionamento. Se tificados em um caso particular, Dekker e Groen
um estímulo inicialmente ineficaz ou condicionado foram capazes de induzir ataques de asma me
O
mente adquire o poder de evocar a resposta fisioló podem servir como estímulos eliciadores principais.
gica ou o seu equivalente. Embora alguns tipos de
respostas autonômicas sejam mais difíceis de condi De interesse particular é a observação dos inves
cionar do que outros, quase todas as formas de rea tigadores de que o despertar de emoções intensas
ções somáticas de que é capaz o organismo, in por si só falhou em produzir reações asmáticas, ao
cluindo modificações respiratórias e de batimentos passo que a exposição a estímulos asmáticos condi
EX
cardíacos, aumentos na tensão muscular, secreções cionados específicos tipicamente provocou disfun
gastrintestinais, reações vasomotoras e outros índices ções respiratórias acentuadas. Esta última observa
de reação emocional (Bykov, 1957; Kimble, 1961), ção é corroborada por Ottenberg, Stein, Lewis e
têm sido classicamente condicionados a estímulos Hamilton (1958) num estudo do condicionamento
inócuos. Eventos ambientais também podem adqui clássico e extinção de respostas asmáticas em co
D
rir a capacidade de controlar o despertar eletrence- baias. Ataques similares à asma, que ocorriam
falográfico por meio de associações, ou com estímu prontamente na presença de estímulos condiciona
IN
los externos evocativos ou estimulação central di dos, não podiam ser induzidos por meio de proces
reta (John, 1967). sos provocadores de emoções, envolvendo ruídos
Estudos de laboratório referentes à produção de intensos, estímulos dolorosos e choque elétrico. À
ataques asmáticos ilustram como as reações psicos vista destes achados, esperar-se-ia que a neutraliza
somáticas podem ser trazidas sob controle dos es ção direta dos estímulos provocadores específicos
tímulos. Noelpp e Noelpp-Eschenhagen (1951, (Moore, 1965; Walton, 1960) seriam eficazes na
1952), por exemplo, demonstraram que após repe modificação de respostas asmáticas sob controle de
tido acasalamento de ataques asmáticos induzidos estímulos ambientais, mas que a redução geral das
com um estímulo auditivo, muitas das cobaias do perturbações emocionais pode ter pouco impacto
estudo apresentaram disfunções respiratórias ca sobre a perturbação respiratória.
racterísticas da asma bronquial em resposta ao es T anto os processos como os resultados que
tímulo auditivo condicionado atuando sozinho. O acompanham as operações clássicas condicionantes
controle por meio de estímulos de ataques hum a são consideravelmente mais complexas do que o
nos asmáticos foi similarmente demonstrado num princípio geral possa implicar. As pessoas muitas
experimento por Dekker, Pelser e Groen (1957). vezes apresentam suscetibilidade diferencial ao
12 PROCESSOS CAUSAIS
condicionamento autonômico, o que sugere que namento de ordem superior obtidos com sistemas
outras variáveis — possivelmente genéticas, fisioló de sinalização externos e respostas periféricas
gicas ou psicológicas — são fatores contribuintes. podem também ocorrer numa base interoceptiva. A
Será também mostrado mais adiante que a repre inflação duodenal repetida, servindo como estí
sentação cognitiva da relação contingente entre o mulo condicionado de primeira ordem, foi empare
estímulo condicionado e não condicionado facilita lhada com o choque elétrico aplicado à pata de um
acentuadamente o condicionamento clássico. Estes cão. A inflação duodenal foi mais tarde associada
achados lançam dúvidas sobre as teorias periféricas com uma campainha, o estímulo condicionado de
do condicionamento. -segunda ordem. Testes subseqüentes revelaram
que o estímulo auditivo por si só adquiriu a capaci
Condicionamento de Ordem Superior. Muitas das dade de provocar respostas de esquiva, muito em
respostas emocionais que as pessoas exibem a obje bora jamais tenha sido diretamente associado com a
PS
tos específicos não são produtos das associações di estimulação aversiva. As propriedades aversivas dos
retas das experiências afetivas com os próprios ob estímulos interoceptivos foram assim transferidas a
jetos. Algumas pessoas, por exemplo, podem res um estímulo externo anteriorm ente inócuo por
ponder ansiosamente a cobras sem jamais ter tido meio da sua ocorrência conjunta.
quaisquer encontros diretos aversivos com elas. Si
U
Outros processos de condicionamento complexo,
milarmente, as pessoas muitas vezes apresentam
incluindo um pré-condicionamento sensorial, no
emoções intensas à vista ou menção de grupos de
qual dois estímulos neutros são associados antes
O
minoria ou de nacionalidades impopulares na base
que um estímulo do par receba potência de elicia-
de pouco ou nenhum contato pessoal, Estes tipos
ção, também têm sido demonstrados com estímulos
de reações são freqüentem ente estabelecidos na
R
interoceptivos. Além do mais, muitos dos achados
base de condicionamentos de ordem superior nos
acima foram replicados em experimentos envol
quais um estímulo que adquiriu poder de eliciação Gvendo tanto sujeitos humanos com fístulas preexis
mediante sua associação direta com experiências
tentes como grupos não-clínicos, nestes pela mani
primárias serve de base para um condicionamento
pulação de mudanças de pressão interna por meio
ulterior (Davenport, 1966).
da técnica do balão de manómetro. Estas demons
KS
tonômicas como instrumentais se tornam condicio vestindo outros estímulos internos e externos tem-
nadas a estimulações viscerais diferenciadas. Inves poralmente contíguos de poder controlador, obscu
tigações de laboratório destes processos internos de rece grandemente a gênese de um dado padrão de
condicionamento são possíveis pela formação de reatividade.
fístulas numa víscera ou pela exteriorização cirúr Condicionamento Clássico Vicário. Apesar de que,
gica de órgãos internos. Uma grande variedade de sem dúvida, muitas respostas emocionais são adqui
EX
processos estimuladores tem sido empregada, in ridas à base da experiência direta, muito da apren
cluindo estímulos de pressão aplicados mediante dizagem humana resulta de um processo de condi
distensões de cavidades viscerais por meio de balões cionamento vicário (Bandura, 1965; Bandura e
de borracha inflados com água ou ar, estímulos Rosenlhal, 1966; Berger, 1962). Sob certas condi
D
térmicos, estímulos táteis de membranas mucosas ções, que serão elaboradas num capítulo ulterior, as
por arranhões ou jatos de ar, e estímulos químicos respostas emocionais de outra pessoa, veiculadas
irritantes, geralmente apresentados por meio de por manifestações vocais, faciais e posturais provo
IN
processos de irrigação. Diferentes formas e combi cam reações emocionais nos observadores. Qual
nações de reações viscerais, dos músculos do esque quer estímulo regularmente associado com respos
leto e sensoriais são então condicionadas aos even tas emocionais eliciadas nos observadores por pistas
tos internos de estimulação. sociais efetivas podem, eventualmente, adquirir
Em alguns dos paradigmas experimentais, sensa propriedades de provocação das emoções. Nas in
ções dos órgãos internos são emparelhadas com vestigações de laboratório do condicionamento clás
choques elétricos que provocam respostas de es sico vicário, uma pessoa, o executante ou modelo,
quiva. Após várias apresentações conjuntas, as res tipicamente sofre um procedimento de condicio
postas de esquiva são consistentemente eliciadas namento aversivo, no qual um estímulo anterior
apenas pelos estímulos internos. Em outros casos, mente neutro (um som) é apresentado, e pouco
tanto os estímulos condicionados como os não- após o modelo demonstra dor e outras reações
condicionados são apresentados internam ente emocionais supostamente em resposta à estimula
como, por exemplo, quando as mudanças respira ção de choque. Os observadores que testemunham
tórias são especificamente condicionadas a disten este processo de condicionamento do modelo apre
sões intestinais rápidas. Os fenômenos de condicio sentam respostas emocionais ao som apenas, apesar
PROCESSOS CAUSAIS 13
de não terem sido eles próprios expostos à estimu as paredes até que a casa toda era destruição de
lação aversiva. Tais processos vicários são envolvi ponta a ponta. Sabia que eu gostava de vesti-lo com
dos, de modo importante, uão apenas no desenvol roupas bonitas, portanto, arrancava os botões das
vimento da em ocionalidade condicionada, mas camisas e evacuava nas calças." [Moser, 1965, pág.
96.]
também na sua modificação.
A discussão anterior torna aparente que a reatí-
vidade autonômica pode ser posta sob controle de As investigações de laboratório de processos de
combinações relativamente complexas de estímulos controle por estímulos muitas vezes envolvem si
internos e externos que podem ser contíguos ou tuações simples nas quais os estímulos diferem num
temporalmente remotos dos estímulos não-condi- único atributo ou em algumas dimensões facil
donados fisiologicamente eficazes. O fato de que mente identificáveis. Na maioria das circunstâncias
novos eventos estimuladores podem se tom ar liga da vida real as pistas que designam conseqüências
PS
dos ao comportamento emocional numa base vicá prováveis geralmente aparecem como parte de uma
ria, assim como pela experiência direta, acrescenta variedade desconcertante de eventos irrelevantes. É
ainda algo mais à complexidade dos processos de necessário, pois, abstrair o aspecto crítico comum a
condicionamento. Além do mais, uma vez que os uma variedade de situações. O com portam ento
pode ser trazido sob controle de propriedades abs
U
estímulos condicionados adquiriram podêr de eli-
ciação, esta capacidade se transfere ou generaliza tratas de estímulos se as respostas contendo o ele
para outros conjuntos de estímulos que possuem mento crítico forem reforçadas, ao passo que as
O
propriedades físicas similares a pistas semantica respostas a todos os outros padrões de estímulos
mente reladonadas, e até a estímulos altamente dis- aos quais falta o elemento essencial não são refor
çadas. Deve-se notar aqui que a função controla
R
similares envolvidos nas redes associativas cogniti
vas das pessoas, que também podem ser singulares. dora de vários estímulos sociais e ambientais é ge
ralmente estabelecida simplesmente informando as
G
pessoas a respeito das condições de reforçamento
CONTROLE DO COMPORTAMENTO que estão operando em diferentes situações, ao
INSTRUMENTAL POR ESTÍMULOS invés de deixá-las descobrir isto sozinhas por meio
de um processo aborrecido de reforço seletivo.
KS
dos mesmos é associada a conseqüências diferen- de estímulos tem sido habitual distinguir entre as
dais, dependendo da presença ou ausênda de es funções eliciadoras ou discriminativas ou de dire
tímulos particulares. Este processo é mais clara ção de respostas dos eventos estimuladores (Skin-
BO
mente ilustrado em estudos simples de laboratório, ner, 1961). Como ja notamos anteriorm ente, as
nos quais certas respostas são reforçadas apenas na respostas autonômicas são elíciadas pelos seus estí
presença de um estímulo (por exemplo, luz verde), mulos controladores, independentemente das suas
mas nunca num contexto estimulador diferente conseqüêndas subseqüentes. Um estímulo condi
(por exemplo, luz vermelha). Depois que a discri cionado asmático por exemplo, induzirá modifica
ções respiratórias a parte dos efeitos sodais resul
EX
trole sobre o comportamento pode ser conseguido. não a eliciam. Além do mais, o controle por meio
de estímulos de comportamentos operantes ou ins
A citação seguinte apresenta um exemplo mais trumentais é estabelecido e mantido pelas conse
IN
realista do controle do comportamento por meio de qüêndas diferenciais das respostas, ao invés da as
estímulos ocorrendo em condições naturais. Nesta sociação temporal de conjuntos de eventos estimu
ilustração, um padrão elaborado de com porta ladores.
mento agressivo por parte de um menino autista Sob condições naturais, o comportamento geral
era raramente exibido na presença do pai, porém mente é regulado pelas características de pessoas às
livremente expresso na sua ausência. quais as respostas são dirigidas, o contexto social,
Sempre que meu marido estava em casa, Billy era fatores temporais e uma pletora de pistas verbais e
um menino-modelo. Ele sabia que seu pai o casti simbólicas que significam conseqüêndas prognosti
garia rapidamente e sem manifestações de emoção cáveis das respostas. As situações sociais, especial
se ele se comportasse mal. Mas quando o pai dei mente aquelas que envolvem um grande número
xava a casa, Billy ia para a janela e vigiava até que o de pistas multidimensionais, poucas vezes ocorrem
carro fosse embora. Tão logo isto acontecesse, ele
se transformava por com pleto. . . “Abria meu ar novamente com exatamente os mesmos elementos
mário de roupas,rasgava meus vestidos de “toillete” constituintes. Por causa da constante variação na
e urinava sobre as minhas roupas. Quebrava os natureza e padrões dos estímulos, a aprendizagem
móveis e corria de um lado para o outro mordendo social seria um processo interminável e excessiva1-
14 PROCESSOS CAUSAIS
mente trabalhoso se as respostas fossem inteira juntar-se às outras crianças, os professores não lhe
mente específicas à situação na qual tivessem sido prestavam nenhuma atenção especial.
originalmente reforçadas. Contudo, desempenhos Na segunda fase do programa, um novo con
que foram reforçados na presença de certas pistas junto de práticas reforçadoras é instituído. Conti
são também controlados por outros estímulos rela nuando com o exemplo acima, os professores para
cionados física ou semanticamente com as mesmas. ram de recompensar o brinquedo solitário com
Depois que o controle generalizado por meio de es atenção e apoio. Ao invés disto, sempre que o me
tímulos foi estabelecido ele pode ser estreitado, se nino procurou outras crianças, o professor imedia
necessário, por reforçamento diferencial de respos tamente se juntou ao grupo e lhe deu toda a sua
tas a estímulos cujas diferenças são progressiva atenção. Em pouco tempo, o isolamento do menino
mente reduzidas (Terrace, 1966). declinou acentuadam ente e ele estava passando
aproximadamente 60 por cento do seu tempo brin
PS
Controle Comportamental dos Resultados cando com as outras crianças (Fig. 1-1).
Um organismo que respondesse antecipatoria- Depois que as mudanças desejadas no compor
mente a pistas ambientais informativas mas perma tamento foram produzidas, as práticas de reforça
necesse sem responder aos resultados produzidos mento originais são reinstaladas para determinar se
U
pelo seu comportamento teria uma duração de vida o comportamento inicial era de fato mantido pelas
tragicamente breve. Felizmente, as respostas ins suas conseqüências sociais. Nesta terceira etapa, por
trumentais são extensivamente controladas pelas
O
exemplo, os professores novamente não prestaram
suas conseqüências imediatas. Respostas que resul atenção à sociabilidade da criança mas, ao invés,
tam em efeitos não recompensadores ou punitivos’ respondiam com cuidados reconfortantes sempre
R
são geralmente eliminadas, ao passo que aquelas que ela estava sozinha. O efeito deste tratamento
que são bem-sucedidas em assegurar resultados po tradicional de “higiene mental” foi o de aumentar o
sitivamente reforçadores são mantidas e fortaleci afastamento da criança até atingir o nível elevado
G
das. Existe alguma evidência (Kimmel, 1967; Miller original (Fig. 1-1).
1969) de que respostas autonômicas, em relação Na fase final do programa as contingências tera
às quais se acreditava a n terio rm en te fossem pêuticas são reintroduzidas, o comportamento des
KS
apenas sujeitas ao condicionamento clássico, podem viante é eliminado e os padrões desejados de com
também ser modificadas instrumentalmente, até portam ento são generosam ente reforçados. No
certo ponto, por meio de conseqüências diferen caso acima, depois que a reatividade social foi bem
ciais. Na realidade, DiCara e Miller (1968) foram estabelecida a freqüência da atenção positiva dos
capazes de estabelecer um controle surpreenden
O
com portam ento desviante pode ser controlado gramas, e em cada caso o com portam ento mal
pelas suas conseqüências sociais. Cada caso envolvia adaptativo foi eliminado, reinstalado, e removido
uma replicação intra-sujeito na qual o comporta uma segunda vez simplesmente pela alteração da
mento foi satisfatoriamente eliminado e reinstalado reatividade social dos professores (Harris, Wolf e
D
por meio de uma variação sistemática das contin Baer, 1964). Demonstrações adicionais de controle
gências de reforçamento. Este é um método extre por reforçamento de comportamentos flagrante
mamente poderoso para isolar as condições contro mente desviantes tanto em crianças como em adul
IN
ladoras dos fenômenos comportamentais. O proce tos são providenciadas por Ayllon e seus associados
dimento em cada caso contém quatfo etapas. (Ayllon e Azrin, 1965; Ayllon e Michael, 1959) e
Em primeiro lugar, a criança é observada por um por Wolf, Risley e Mees (1964).
certo período de tempo para medir a incidência do O controle do comportamento por reforçamento
comportamento desviante, os contextos nos quais é demonstrado também pela evidência de que a
ocorre tipicamente, e as reações que provoca nos freqüência e os padrões de resultados diferentes
professores. Em um caso, um menino extrem a produzem diferentes tipos de desempenhos (Fers-
mente isolado gastava aproximadamente 80 por ter e Skinner, 1957). Quando os sujeitos são re
cento do seu tempo em atividades solitárias em compensados cada vez que exibem o comporta
áreas isoladas da escola maternal. A observação re mento desejado (esquema contínuo) e depois o re
velou que os professores involuntariamente refor forço é completamente retirado, tendem a aumen
çavam o seu isolamento, prestando muita atenção tar a reatividade por um curto período de tempo e
a ele, refletindo seus sentim entos de solidão, depois apresentam um decréscimo rápido de de
consolando-o e encorajando-o a brincar com as ou sempenho, muitas vezes acompanhado por reações
tras crianças. Porém, quando o menino se decidia a emocionais.
PROCESSOS CAUSAIS 15
PS
U
O
R
Figura 1-1. Percentagem de tempo que um menino autista ocupou na interação social antes do início do tratamento,
durante períodos em que o comportamento social em relação aos companheiros foi positivamente reforçado e durante
G
períodos quando os professores prestavam atenção a seus brinquedos solitários. Harris, Wolf e Baer, 1964.
KS
Às vezes o comportamento é reforçado apenas fixa, entretanto, uma pessoa deve completar uma
depois que passou um período específico de tempo quantidade específica de trabalho para cada re
(esquema de intervalos fixos). Períodos de paga forço. Como nestas circunstâncias o reforço de
mento, horários de refeições, períodos de recrea pende do próprio comportamento da pessoa, estes
esquemas geralmente geram uma reatividade ele
O
portamento humano. Quando as recompensas são nhos exigidos por reforço, razões elevadas de de
dispensadas numa base temporal fixa, as conse sempenho podem ser desenvolvidas e mantidas por
qüências positivas são as mesmas qualquer que seja um período longo com um mínimo de reforço.
a quantidade de comportamento produzido d u Apesar dos esquemas de razões serem extraordina
rante o intervalo interveniente. Nestas condições, riamente eficientes para gerar resultados compor-
uma vez que a pessoa desenvolva uma discrimina tamentais elevados, as pessoas nas situações extra-
EX
ção temporal, as respostas produzidas após o refor laboratório, onde têm muito mais liberdade de
çamento são raras mas aceleram rapidamente, à ação, tendem a se afastar de situações com esque
medida que se aproxima a ocasião do próximo re mas que requerem desempenhos substanciais para
forço. Em situações naturais nas quais os ciclos retornos mínimos, e a selecionar agentes reforça
dores mais benéficos,
D
geralmente usadas para manter uma razão estável bém em esquemas variáveis. Os efeitos dos esque
de desempenho. Não obstante, mesmo com estes mas de intervalos variáveis e de razões variáveis sobre
incentivos adicionais, o esquema de intervalos fixos o desempenho foram extensamente estudados sob
tende a gerar apenas um mínimo de resultados es condições controladas de laboratório. No primeiro
perados numa dada situação, especialmente se a caso, o lapso de tempo entre reforços sucessivos é
atividade em si é um tanto desagradável. Por outro variado aleatoriamente em torno de algum valor
lado, quando certos desempenhos se tornaram in médio temporal; nos esquemas de razões variáveis,
trinsecamente recompensadores, as satisfações de o número de respostas por reforço é variado em
rivadas da própria atividade podem superar em torno de uma razão média selecionada. Como os
grande parte a influência de recompensas que reforços são dispensados imprevisivelmente, as dis
ocorrem temporalmente. criminações temporais ou de razão habituais que
Muito do comportamento humano é sustentado resultam numa reatividade cíclica não podem se
por esquemas de razão nos quais o reforço é con desenvolver; conseqüentemente, esquemas variá
tingente da quantidade de comportamento e não veis geram razões de resposta mais elevadas e mais
da passagem do tempo. Num esquema de razão estáveis, e desempenhos consistentes maiores do
16 PROCESSOS CAUSAIS
q ue os resultados q u e o correm n u m a base reg u la r num esquem a de razão variável. O sujeito p ro d u ziu
ou tlxa. C ontudo, m esm o com reforços irregulares, dois conjuntos acem u ad a m en te d iferen tes d e d e
os esquem as d e razão são mais eficientes do q u e os sem p en h o s, cada q u al co rre sp o n d e n d o às curvas
esquem as d e intervalo. A evidência d a pesquisa d e típicas de respostas destes tipos de esquem as. Fi
fato revela q u e, d e todas as variações nos p ro ced i nalm ente, deve ser assinalado que d iferen tes tipos
m en to s d e esquem as disponíveis, o esq u em a d e de eventos de conseqüências positivas e negativas
razão variável é o mais p o te n te p ara susten tar o possuem um p o d e r d e c o n tro le d ife re n c ia l. As
co m p o rtam ento. U m a observação casual dos afic questões teóricas e os achados em píricos relevantes
cionados das m áquinas de apostas em Las Vegas a esta variável de refo rçam en to serão considerados
atestam a g en eralid ad e e a validade dos achados de em capítulos subseqüentes desta obra.
laboratório. R eforçam ento Vicário. Até agora a discussão estava
A evidência do controle d e co m p o rtam en to po r relacionada com o g rau em q u e a reativ id ad e é re
PS
m eio d e esquem as d e refo rçam en to possui im plica g u lad a p o r resu ltad o s ex tern o s q u e atingem d ire
ções im po rtan tes p ara a com preensão do co m p o r tam en te o su jeito q u e a p re se n ta o d esem p e n h o .
tam en to e d e suas m odificações. A queles q u e foram Existe evidência considerável (Bandura, 1905) de que
criados sob condições mais ou m enos contínuas d e o co m p o rtam en to d e observadores p o d e ser subs
U
reforçam ento tendem a se desencorajar facilmente e tan cialm en te m o d ificad o em fu n çã o d e te ste m u
a d eix ar d e re sp o n d e r q u an d o se d efro n tam com n h a r o co m p o rtam e n to de o u tras pessoas e as con
u m a não recom pensa ou fracasso fru stra d o r. Em seqüências p ara elas. A observação d e co n seq ü ên
O
contraste, pessoas cujos p adrões d e respostas foram cias reco m p en sad o ras g eralm en te in crem en ta d e
apenas reforçados in te rm ite n tem en te persistirão no sem p en h o s sim ilares, ao passo q u e o testem u n h o d e
R
seu co m p o rtam e n to p o r um p erío d o d e tem po c o n resu ltad o s q u e co n d u z em ao castigo e x e rce um
siderável, ap e sa r dos obstáculos e re fo rç o in fre - efeito in ib id o r sobre o co m p o rtam en to . Investiga
q ü en te. Isto, n atu ralm en te, é a história d e refor- ções sistem áticas d a eficácia relativa d o re fo rç a
G
çam enio que é mais característica d e todos os p a m en to d ireto e vicário revelam q ue as m udanças
drões de resposta estáveis, incluindo os desviantes. exibidas p o r observadores são d a m esm a m ag n i
Além d o mais, q u an d o são realizados esforços para tu d e (K a n fe r, 1965) o u , sob c e rta s co n d iç õ e s,
KS
ex tin g u ir tal com p o rtam en to , não é inusitado q ue p o dem até ex ced er as alcançadas p o r sujeitos que
um pai ou o u tras pessoas cedam te m p o rariam en te fo ram refo rç ad o s n o seu d e s e m p e n h o (B erg er,
reco m pensando o co m portam ento, particu larm en te 1961; M arlatt, 1968.) Além d o mais, processos vicá
se ele contin u a sem cessar ou au m en ta d e razão e rios d e refo rçam en to são governâdos p o r variáveis
intensidade. Q u aisq u er reforços que ocorram d u com o a p ercen tag em (Bisese, 1966; K anfer, 1965),
O
elevado d o q u e ocorreria se não tivesse sido tentada m ente d a m esm a m aneira com o o co rre q u a n d o são
a extinção. aplicad o s d ire ta m e n te a um su jeito q u e d e se m
Existem o u tras variações sutis nos pad rõ es d e r e p en h a um co m p o rtam en to . E m bora a eficácia d e
fo rçam ento q u e influenciam significativam ente as várias práticas de refo rçam en to vicário seja bem es
características do com portahiento. C om o será mos tabelecida, as m udanças com p o rtam en tais exibidas
trad o mais adiante, o refo rç am e n to diferencial d o pelos observadores p o dem ser in te rp re tad a s d e vá
EX
co m p o rtam e n to atrasado. Este resultado é obtido vida transm item inform ações ao o b serv ad o r a res
em estudos d e laboratório d a n d o recom pensas dis peito das contingências de refo rçam en to prováveis
associadas com d esem p en h o s análogos em situações
IN
PS
do padrão de reforçamento associado com as res tende a gerar um certo grau de envolvimento emo
postas dos modelos ajuda o observador a identificar cional. De uma forma similar, testemunhar a não-
os estímulos sociais ou ambientais para os quais o ocorrência de conseqüências aversivas antecipadas
comportamento modelado é mais apropriado. Estas para um modelo pode extinguir, nos observadores,
pistas relevantes podem ser difíceis de distinguir respostas emocionais previamente estabelecidas que
U
sem uma retroalimentação informativa observada. são despertadas vicariamente por desempenhos
Portanto, mediante exposição repetida aos resulta modelados. É possível, portanto, que os efeitos faci-
O
dos obtidos pelos outros, um observador não só ad litadores ou supressivos da observação das conse
quire conhecimento das contingências de reforça- qüências afetivas para o modelo podem em parte
menlo previsíveis como também pode discernir as ser mediados pelo condicionamento vicário ou ex
R
situações nas quais é mais apropriado exibir um tinção das respostas emocionais.
dado-padrão de comportamento. A aprendizagem
Finalmente, os reforços aplicados a outra pessoa
discriminativa resultante pode facilitar mais tarde o
desempenho de respostas comparáveis na presença
G
podem ter conseqüências importantes na avaliação
social. A punição tende a desvalorizar o modelo e
de pistas às quais o modelo previamente teria res
seu comportamento, ao passo que modelos que re
pondido com conseqüências favoráveis. {Church,
KS
ter efeitos ativadores ou motivacionais importantes tas equivalentes por parte dos observadores. Um
sobre o observador. A simples visão de reforços al evento vicário particular, dependendo de sua natu
tamente valorizados pode produzir um despertar
BO
sobre as prováveis contingências de reforçamento a pelas condições sociais sob as quais ocorrem os
um observador faminto e a um observador saciado, eventos vicários. Praticamente sem exceção, os es
mas os seus desempenhos imitativos subseqüentes tudos discutidos acima empregam um paradigma
irão, provavelmente, diferir radicalmente por causa no qual o comportamento dos observadores é me
dos efeitos diferenciais do estado de privação dido depois que eles testemunharam uma outra
D
sobre o poder ativador do incentivo antecipado. Da pessoa ser recompensada ou punida por um agente
mesma forma, variações na magnitude dos reforços com o qual os observadores nunca tiveram contato
IN
observados, apesar de fornecerem inform ação algum e cm contextos sociais que diferem dos seus
equivalente sobre a permissão de executar respos próprios. As conseqüências observadas podem ter
tas equivalentes, têm efeitos motivacionais diversos efeitos comportamentais diferentes sob condições
sobre os observadores (Bruning, 1965). Como no onde os sujeitos reforçados e os observadores são
caso do reforçamento direto, a motivação produ membros do mesmo grupo que estão presentes no
zida pelos incentivos nos observadores tende a afe mesmo contexto e interagindo com os mesmos
tar a rapidez, intensidade e persistência com a qual agentes sociais. Observadores que testemunham
as respostas equivalentes são executadas. outros membros serem recompensados por um
Um evento de reforçamento vicário não apenas certo padrão de comportamento podem tempora
fornece informação sobre as contingências de re riamente incrementar suas respostas similares; en
forçamento prováveis, conhecimento sobre os tipos tretanto, se os seus comportamentos são consisten
de situações nas quais o comportamento é apro te mente ignorados, tendem a abandonar aqueles
priado, e apresenta incentivos que possuem pro comportamentos modelados ou até reagirem ne
priedades ativadoras, mas também inclui expres gativamente ao tratamento preferencial do(s) agen-
sões afetivas dos modelos que vivem experiências te(s).
18 PROCESSOS CAUSAIS
PS
tos auto-avaliativos e auto-reforçadores, ratos ou cie comparação (Bandura e Whalen, 1966); pre
chimpanzés não se inclinam a dar-se tapinhas nas sença de pistas de modelação conflitantes (Ban
costas por desempenhos louváveis ou a censurar-se dura, Grusec e Menlove, 1967; McMains e Liebert,
por que se perdem em becos sem saída. Em con 1968); qualidades recompensadoras do modelo e
traste, as pessoas tipicamente se impõem certos reforçamento social do comportamento de estabe
U
padrões de comportamento e se auto-aplicam con- lecimento de padrões do modelo (Bandura, Grusec
seqüencias recompensadoras ou punitivas, depen e Menlove, 1967); se a auto-recompensa material é
O
dendo de se os seus desempenhos são inferiores, acompanhada por auto-avaliação verbal (Liebert e
equivalentes ou excedem as suas exigências auto- Allen, 1967); e a generosidade com que as recom
impostas. pensas simbólicas são auto-aplicadas (M arston,
R
As respostas auio-reforçadoras são, em certa ex 1965a).
tensão, diretamente estabelecidas por meio de re G Os resultados destes estudos mostram que as pes
forços seletivos aplicados inicialmente por agentes soas geralmente adotam os padrões de auto-refor-
.de socialização. Neste processo de aprendizagem, çamento exibidos pelos modelos-exemplo, avaliam
um agente adota um critério do que constitui um seus próprios desempenhos relativamente a este
padrão e depois servem como seus próprios agen
KS
desempenho valioso e consistentemente recom
pensa as pessoas por igualar ou exceder o padrão tes reforçadores. Por exemplo, aqueles que foram
adotado, ao mesmo tempo que não recompensa ou expostos a modelos que impõem padrões baixos
pune desempenhos que não atingem o padrão. tendem a ser elevadamente auto-recompensadores
Quando, subseqüentemente, as pessoas assumem o e auto-aprovadores para desempenhos relativa
O
controle sobre a aplicação de reforços tendem a se mente medíocres. Em contraste, pessoas que obser
reforçar em uma maneira seletiva similar. Em um varam modelos aderiram a exigências de desem
estudo que investigou os efeitos do treinamento penho severas apresentam considerável autonega-
BO
avarento e indulgente sobre a razão do auto-refor ção e auto-insatisfação ein relação a realizações ob
çamento, kanfer e Marston (1963) recompensaram jetivamente idênticas. Estes achados ilustram como
os desempenhos de certos adultos generosamente a auto-estima, o autoconceito e os processos de
com reforços simbólicos, acompanhados de uma auto-avaliação relacionados podem ser considera
atitude de aprovação para com a auto-recompensa, dos num contexto de aprendizagem social, A partir
EX
ao passo que com outros sujeitos o experimentador desta perspectiva, um autoconceito desfavorável é
distribuiu alguns reforços simbólicos a contragosto definido em termos de uma elevada freqüência de
e acautelou os sujeitos contra a solicitação de re auto-reforçamento negativo e, ao contrário, um au-
compensas para desem penhos não-m eritórios. loconceito favorável se reflete numa incidência re
Aqueles que receberam o treinamento generoso lativamente elevada de auto-reforçamento positivo
D
do que os sujeitos que foram treinados severa reforçadoras possam ser adquiridos por meio da
m ente, apesar das realizações dos dois grupos observação sem a mediação do reforço externo di
terem sido bem comparáveis. reto, indubitavelmente a avaliação de desempenhos
Existe um corpo de evidência substancial 110 qual que são inferiores, equivalentes ou excedem uma
os processos de modelação desem penham um norma de referência resulta parcialmente de refor
papel altamente influente na transmissão de pa ços diferenciais passados. Assim, por exemplo, os
drões de auto-reforçamento. Num experimento pais que esperam que seus filhos superem o de
prototípico (Bandura e kupers, 19(34), os sujeitos sempenho médio do seu grupo em quaisquer tare
observam um modelo no desempenho de uma ta fas que executem, irão recompensar seleiivãmente
refa na qual ele adota ou um elevado padrão de realizações superiores e punir ou não recompensar
desempenho ou um critério relativamente baixo realizações médias ou de nível inferior. Níveis dife
para o auto-reforçamento. Nos ensaios em que o renciais de realização assumem, desta forma, valên
modelo atinge ou excede a exigência auto-imposia cias positivas e negativas, e o padrão de desem
ele se recompensa materialmente e expressa auto- penho comum às várias atividades é eventualmente
avaliações positivas, mas quando suas realizações abstraído e aplicado a novas tentativas. Isto é, uma
PROCESSOS CAUSAIS 19
pessoa para a qual o desempenho médio foi repeti os reforços foram automaticamente distribuídos
damente desvalorizado irá considerar realizações sempre que alcançavam o nível pré-determinado.
modais em nóvas tarefas como inadequadas e reali Para verificar se a produtividade comportamental
zações que ultrapassam os níveis modais como re dos sujeitos era devida à operação do reforço con
comendáveis. Uma vez que as propriedades avalia- tingente ou à gratidão pelas recompensas disponí
àvas das realizações diferenciais estão bem estabe veis, as crianças no grupo do controle pelo incen
lecidas, equivalências adequadas ou inadequadas tivo desempenhavam a tarefa depois de terem re
tendem a eliciar respostas auto-reforçadoras simila cebido o suprimento de recompensas numa base
res, quaisquer que sejam os desempenhos específi não-contingente. Um quarto grupo trabalhava sem
cos que estão sendo comparados. Nesta etapa, todo quaisquer incentivos para estimar a quantidade de
o processo se torna relativamente independente do respostas produzidas pelas próprias propriedades
reforçamento externo e das contingências específi da tarefa. Uma vez que a capacidade de manter
PS
cas das situações de treinamento originais, mas durante certo tempo um comportamento que exige
continua dependente de avaliações cognitivas ba esforço é o atributo mais importante de uma ope
seadas na equivalência entre padrões auto-impos- ração de reforçamento, a medida dependente foi o
tos, desempenho e as realizações dos modelos de número de respostas que as crianças exibiam até
referência. Os critérios de comparação social se que não mais desejassem continuar a atividade.
U
tornam envolvidos porque, no caso da maioria dos Como mostramos graficamente na Fig. 1-2, tanto
desempenhos, não existem critérios objetivos de os sistemas autodirigidos como os impostos exter
O
adequação; portanto, as realizações das outras pes namente sustentaram um número substancialmente
soas precisam ser utilizadas como a norma em rela maior de respostas do que a condição de recom
ção à qual a auto-avaliação significativa pode ser pensa não-contingente ou a condição de não-
R
feita. recompensa, as quais não diferiram uma da outra.
Em condições naturais, as práticas de modelação De interesse ainda maior é a prevalência com a qual
G
e reforçamento muitas vezes operam concomitan- crianças na condição autodirigida se impuseram es
temente de vários modos que suplementam ou con quemas de reforçamento altamente desfavoráveis.
trabalançam uns aos outros. Resultados de pesqui Nenhuma criança escolheu o escore mais baixo que
sas em que ambas estas fontes de influência são va exigia o mínimo de esforço, ao passo que aproxi
KS
riadas sim ultaneam ente (McMains e Liebert, madamente a metade delas selecionou o nível de
19138; Mischel e Liebert, 1966; Rosnhan, Frede- realização mais elevado como o desempenho que
rick e Burrowes, 1968) m ostram que as auto- merecia auto-recompensa. Além do mais, um terço
recompensas são aplicadas avarentamente quando das crianças subseqüentemente alterou o seu pa
O
padrões de desempenho severos foram consisten- drão inicial para um nível mais alto, sem um acrés
temente modelados e impostos, ao passo que as cimo compatível na quantidade de auto-recom
condições de aprendizagem social nas quais as pes pensa, desta forma impondo a si próprias uma
BO
soas modelam e reforçam exigências comportamen- razão mais desfavorável de trabalho em relação ao
tais suaves produzem padrões generosos de auto- reforçamento. Este comportamento é tanto mais
recompensa do comportamento. Na vida diária, as surpreendente porque a auto-imposição de exigên
pessoas freqüentemente modelam o próprio com cias de desempenho severas ocorreu na ausência de
portamento que censuram nos outros. Práticas dis qualquer vigilância social e sob condições que eram
crepantes nas quais os modelos prescrevem padrões
EX
De relevância particular para os processos auto- recom pensar-se por desem penhos julgados de
reguladores é a evidência de que o reforçamento pouco valor foi desaprovado socialmente. Portanto,
IN
autodirigido pode, de fato, manter o comporta sob condições nas quais as pessoas têm ampla opor
mento. Para testar a eficácia relativa de sistemas de tunidade para otimizar seus resultados materiais
reforçamento autodirigidos e impostos extrema engajando-se em comportamentos que possuem
mente, B andura e Perloff (1967) realizaram o dim inuído valor de auto-apreciação, tendências
seguinte experimento: Crianças trabalhavam numa conflitantes intensas podem ser despertadas. Por
tarefa na qual poderiam obter escores progressi um lado, os indivíduos são tentados a maximizar as
vamente mais elevados à medida que suas respostas recompensas com um custo mínimo para si pró
evidenciavam maiores esforços. As crianças na con prios, mas que, por outro lado, desempenhos de
dição de auto-reforçam ento selecionavam seus qualidade inferior produzem conseqüências auto-
próprios padrões de realização e se recompensa avaliadoras negativas, as quais, se suficientemente
vam sempre que atingiam suas normas auto-impos- intensas, podem inibir a autooompensação não me
tas. As crianças alocadas a uma condição de refor recida. Na realidade, muitas das crianças do expe
çamento imposto externamente foram equiparadas rimento se impuseram exigências de desempenho
ao grupo da auto-recompensa, de tal modo que o que conduziam a esforços elevados com um mí
mesmo padrão de desempenho lhes foi atribuído e nimo de recompensa material. Estes achados diver
20 PROCESSOS CAUSAIS
PS
U
O
R
G
KS
O
Figura 1-2.
Produtividade comportamental de crianças sob condições em que suas respostas foram auto-reforçadas ou
externamente reforçadas ou em que receberam recompensas numa base não contingente ou não receberam recom
pensa nenhuma. Bandura e Perloff, 1967.
BO
gem do que se poderia esperar com base nas teorias ja r os efeitos dos resultados externos (Kanfer,
de custo-recom pensa, a não ser que estas formula 1968) complica a interpretação das mudanças com-
ções incluam os custos de auto-estima decorrentes portameniais supostamente devidas ao reforça
de recompensar um comportamento desvalorizado.
EX
mento externo.
Depois que um sistema de reforçamento autodi- As discussões da psicopatologia geralmente enfa
rigido foi bem estabelecido, um dado desempenho tizam condições de déficit, inibições de resposta e
produz dois conjuntos de conseqüências — uma mecanismos de esquiva. Contudo, problemas pes
reação de auto-avaliação assim como algum resul soais resultam freqüentemente de disfunções nos
D
tado externo. Em muitos casos as conseqüências au- sistemas de auto-reforçamento. Muitas das pessoas
togeradas e ocorrendo externamente podem entrar que procuram tratamento não são nem incompe
IN
em conflito; quando, por exemplo, certas linhas de tentes nem ansiosamente inibidas, mas vivenciam
ação são aprovadas e encorajadas por outros mas, uma grande dose de angústia pessoal que deriva de
se efetuadas, conduzem a reações autocríticas e padrões de auto-avaliação excessivamente elevados,
auto-avaliativas negativas. Nestas circunstâncias, os muitas vezes apoiados por comparações desfavorá
efeitos do auto-reforçam ento podem prevalecer veis com modelos conhecidos pelas suas realizações
sobre as influências externas. Ao contrário, padrões extraordinárias. Este processo tipicamente dá ori
de respostas podem ser efetivamente mantidos por gem a reações depressivas, sentimentos de inferio
operações de auto-reforçamento sob condições de ridade e falta de propósitos, e a uma disposição
apoio externo mínimo. É, talvez, por causa dos efei diminuída para o desempenho por causa de conse
tos estabilizadores do auto-reforçamento que as qüências negativas autogeradas. Em suas formas
pessoas habitualmente não se comportam como ca mais extremas, este problema se reflete nos com
ta ventos em face das contingências de reforça portamentos designados para escapar da angúsda
mento conflitantes que encontram repetidamente autogerada por meio do alcoolismo, idéias grandio
no seu ambiente social. O fato de que o auto-refor sas, falta de disposição para se engajar em ativida
çamento pode substituir, suplementar ou sobrepu des que possam ter implicações importantes de
PROCESSOS CAUSAIS 21
PS
gidos, ou que tornam a auto-recompensa contin lise causal ou no controle prático do comporta
gente do desempenho habilidoso de comportamen m ento. Estes argum entos dissuasivos, porém ,
tos anti-sociais, exigem uma vigilância social consi nunca citam os estudos inumeráveis que demons
derável para assegurar que não transgridam as tram que, sob muitas condições, eventos ocultos au-
todescritos possuem um poder preditivo maior e
U
normas. Similarmente, indivíduos que se impõem
padrões de comportamento permissivos se incli uma maior influência reguladora sobre o compor
nam a apresentar um comportamento de realização tamento do que as variáveis externamente manipu
O
baixo e um padrão de vida liberal de autogratifica- ladas às quais se atribui tipicamente o papel expla-
ção. natório central nos processos de mudança.
R
Existe evidência considerável de que não é possí
Regulação Simbólica do Comportamento vel explicar satisfatoriamente o comportamento hu
Algumas teorias psicológicas, admitindo embora mano enquanto se permanece inteiramente fora do
G
que as co-variações de estímulos-resposta são me organismo, uma vez que o comportamento mani
diadas por eventos ocultos, apesar disso, aderem festo é muitas vezes governado por uma estimula
rigorosamente a explicações causais do comporta ção autogerada que é relativamente independente
KS
Este ponto de vista foi advogado com mais força cia aleatória. O pronunciamento de T foi consisten-
por Skinner (1953): “A objeção aos estados internos tem ente seguido de estimulação de choque, ao
não é que eles não existam, mas que não são rele passo que o 4 nunca recebeu choques. Depois que a
vantes numa análise funcional. Não podemos expli discriminação foi estabelecida, apresentou-se aos
car o comportamento de qualquer sistema perma sujeitos uma série de pontos; e eles receberam ins
necendo inteiramente dentro dele; eventualmente, truções de pensar T para o primeiro ponto, 4 para
EX
temos que nos dirigir para forças que operam de o segundo, e assim por diante, numa seqüência alter
fora sobre o organismo [pág. 35].” nada. Os sujeitos apresentaram uni padrão de
respostas autonômicas altamente discriminativo,
A prática comum de invocar agentes ou estados sendo que os pensamentos de T produziram muitas
internos espúrios como determinantes do compor respostas autonômicas e os pensamentos de 4 não
D
tamento produziu também uma cautela justificada produziram praticamente nenhuma reação. Estas
em relação às variáveis inferenciais, Depois que um respostas discriminativas não podem ser explicadas
IN
dado padrão de respostas foi atribuído à ação de em termos das propriedades dos estímulos externos
um homúnculo psíquico, a procura das condições de pontos, os quais eram idênticos e apenas assina
controladoras cessa imediatamente. Embora o uso lavam as ocasiões para atividades cognitivas autoge-
de entidades animistas mais coloridas em esquemas radas que produziam reações emocionais. De fato,
explanatórios esteja declinando, a tendência para a função trivial dos estímulos externos poderia ser
oferecer novos rótulos descritivos para os fenôme inteiramente eliminada simplesmente instruindo os
nos comportamentais à guisa de explicações conti sujeitos para gerar os pensamentos aversivos e neu
nua florescento. tros numa seqüência não previsível, e para abaixar
A negligência relativa dos fenômenos vivenciais uma tecla para sinalizar qual o evento cognitivo que
resulta primariamente de sua acessibilidade limi estava prestes a produzir. O conhecimento do pa
tada. Os processos de pensamento são diretamente drão de pensamentos autogerados do sujeito per
acessíveis apenas para a pessoa na qual ocorrem e, mitiria um prognóstico preciso de suas respostas
portanto, a sua presença, ausência e natureza exata autonômicas. Em situações naturais, um estímulo
não podem ser verificadas independentemente. Em externo breve muitas vezes inicia uma longa cadeia
conseqüência, somos forçados a nos apoiar sobre de atividades cognitivas que é determ inada em
22 PROCESSOS CAUSAIS
grande parte por elos mediacionais associativos do ceitualização com o controle por meio de um estí
que pelo insumo ambiental temporalmente remoto. mulo abstrato, mediante o qual, pelo reforçamento
Sob condições nas quais os processos de pensa seletivo, uma propriedade comum de diversos es
mento essencialmente servem como um primeiro tímulos complexos vem a controlar a resposta. O
elo nas seqüências causais, pode-se predizer o com autor argumenta que “o termo controle por meio de
portamento de forma muito precisa na base de estímulos abstratos é um tanto preferível kformação de
uma estimulação interna definida pelo sujeito. Até conceitos porque enfatiza as propriedades controla
que instrumentos que discriminem diferenças sutis doras do estímulo ao invés de um processo interno
entre eventos simbólicos sejam desenvolvidos, uma e não alcançável [pág. 404]”. As limitações deste
abordagem compreensiva do entendim ento do tipo de abordagem se tornam facilmente aparentes
comportamento humano terá que se apoiar sobre em casos, como os citados acima, nos quais os dife
um indivíduo tanto como agente quanto como objeto rentes estímulos não possuem nenhuma proprie
PS
de estudo. A maioria dos experimentos atuais sim dade física em comum mas precisam ser categori
plesmente evita as questões do controle interno por zados na base de um atributo rotulado simbolica
meio de estímulos, confinando a pesquisa àqueles mente.
fenômenos comportamentais que podem ser postos Na maioria das funções de nível superior, as re
U
sob a influência das propriedades físicas dos estí gras implícitas que regulam o comportamento não
mulos externos. podem ser definidas apenas em termos de proprie
Em um artigo dedicado ao controle de eventos im dades de estímulos ou combinações de elementos
O
plícitos, Homme (1965) indica que os problemas da estimuladores. Em um experimento conduzido por
definição e detectação de respostas encobertas Sassenrath (1962), por exemplo, apresentou-se aos
R
foram desnecessariamente exagerados. Argumenta estudantes uma série de palavras de diferentes ta
com razão que sob a maioria das condições a pre manhos, às quais deveriam responder com núme
sença ou ausência de atividades encobertas pode ros corretos que só poderiam ser consistentemente
G
ser facilmente detectada pela pessoa na qual estão produzidos recorrendo-se a um código complicado
ocorrendo. Como será mostrado no último capí e não especificado. O princípio de aplicação do re
tulo, as pessoas não somente são capazes de discri forço consistiu de 11 menos o número de letras na
KS
minar fidedignamente os eventos internos, mas palavra estímulo, de modo que as respostas corretas
podem manipulá-los também fazendo com que o tinham que ser determinadas por transformações
auto-reforçamento seja contingente à sua ocorrên simbólicas de estímulos externos. Os sujeitos even
cia. Além do mais, reações afetivas induzidas pelo tualmente fizeram transformações simbólicas exa
pensamento podem ser empregadas com sucesso tas, que então se tornaram estímulos internos para
O
com o objetivo de controlar o nosso próprio compor a produção de respostas corretas. O processo de
tamento manifesto. Nos exemplos acima, as ativi auto-reforçamento, no qual as pessoas se auto-apli-
BO
rer antes que os estímulos externos possam exercer presentam eventos comportamentais previamente
um controle sobre os desempenhos manifestos. Me observados e situações ambientais. É extremamente
diadores verbais, na forma de auto-instruções, res difícil pensar a respeito das ações de pessoas em
postas de categorização implícita ou elos por meio dados contextos ou aspectos do seu ambiente físico
de associações de palavras comuns são talvez os re
D
PS
de estímulo que variam na sua capacidade de evo são consistentes com os citados anteriormente nos
car imagens vívidas. Os achados demonstram que quais estímulos internos são dotados de proprieda
durante as apresentações aos pares os sujeitos codi des controladoras por meio do condicionamento in-
ficam os estímulos e as respostas em imagens men teroceptivo.
tais para representação na memória; mais tarde, os O poderoso controle interno do comportamento
U
estímulos servem como pistas que reinstalam a é vividamente ilustrado no comportamento des-
imagem composta a partir da qual o componente viante flagrante para o qual as contingências con
O
da resposta é decodificado na sua forma verbal troladoras são geradas quase inteiramente de modo
original. A aprendizagem associativa mediacionada simbólico. O trecho citado abaixo (Bateson, 1961)
por meio de imagens é muito superior àquela na foi retirado de um relato de um paciente relativo à
R
qual este tipo de processo representacional opera sua psicose muito antes que se tornasse moda es
minimamente. crever sobre suas experiências psiquiátricas. O nar
G
Existe alguma evidência que sugere que mediado rador tinha sido criado de forma escrupulosamente
res incitadores também podem exercer uma função moral, sendo que até os padrões de com porta
reguladora sobre o comportamento emocional. De mento mais aprovados socialmente eram conside
rados desviantes, pecaminosos e tendentes a provo
KS
acordo com a teoria do processo duplo do compor
tamento de esquiva, os estímulos adquirem, por car a ira de Deus; conseqüentemente, muitos atos
meio de sua conjunção têmpora) com as experiên inócuos, como aceitar medicação, provocavam
cias aversivas, a capacidade de produzir reações in- apreensões terríveis, que, por sua vez, motivavam e
citadoras que possuem componentes centrais e au mantinham rituais excessivamente dolorosos desti
O
tonômicos. Também se assume que as respostas ins nados a evitar as conseqüências desastrosas imagi
trumentais de esquiva se tornam parcialmente con nadas.
dicionadas a estímulos correlacionados com a inci
BO
que foi emparelhado com um som enquanto que colocado num a atitude cansativa, descansando
um som contrastante nunca foi associado à estimu sobre os meus pés, meus joelhos levantados e sobre
IN
lação aversiva. Em testes subseqüentes, os animais a minha cabeça, e obrigado a balançar o meu corpo
de lado a lado sem cessar. Enquanto isso, ouvia
apresentaram essencialmente o mesmo grau de es vozes do lado de fora e dentro de mim, e sons
quiva em resposta à luz e ao som com valência ne como o ranger de correntes, e a respiração de
gativa, que ambos evocaram com reações comuns grandes foles e a força das chamas. Compreendi
de incitamento, ao passo que respostas de esquiva que só pela misericórdia de Jesus eu estava salvo de
raramente ocorreram em relação ao som neutro. ver, assim como ouvir, o inferno em volta de mim,
Considerando que a luz e os sons nunca foram as e que se eu não fosse obediente a seu espírito, ine
sociados, e assumindo que o curare bloqueou todas vitavelmente acordaria no inferno antes da manhã.
as atividades dos músculos esqueléticos (Black, Depois de algum tempo descansei um pouco, e de
pois, movido pelo mesmo espírito, assumi uma po
1967), desta forma evitando qualquer condiciona
sição similar no chão, onde permaneci até que eu
mento diferencial das respostas de esquiva aos sons, compreendi que o trabalho do Senhor estava ter
o poder controlador do estímulo auditivo com va minado, e que agora a minha salvação estava asse
lência negativa tem que ser mediado ou por even gurada; ao mesmo tempo, a orientação do espírito
tos no sistema nervoso central ou por mecanismos me deixou, e fiquei em dúvida sobre o que fazer
de retroalimentação autonômica. depois. Compreendi que isto provocou a Deus,
24 PROCESSOS CAUSAIS
t imo se eu estivesse fingindo ignorância quando blasfêmia ter-se apossado de mim ,.. que eu preci
sabia o que tinha que fazer, e, após certa hesitação, sava, no poder do Espírito Santo, me redimir e me
escutei o comando: “Assuma novamente sua posi livrar dos espíritos de zombaria e blasfêmia que
ção no chão”, mas eu não linha orientação ou talvez se tinham apossado de mim.
nenhuma orientação perfeita para fazê-lo, e por A maneira pela qual eu era tentado a fazer isto
isso não podia assumi-la de novo. Disseram-me, era jogando-me para trás no topo da minha cabeça,
contudo, que a minha salvação dependia da manu e, descansando apenas no topo da minha cabeça e
tenção desta posição da melhor maneira que eu sobre os meus pés, virar de um lado para outro até
pudesse até de manhã; e, oh! grande foi a minha que quebrasse o meu pescoço. Suponho que então
alegria quando percebi os primeiros raios da au já estava num estado de delírio febril, mas o meu
rora, que eu não acreditava que pudesse aparecer bom senso e prudência ainda se recusavam a exe
tão cedo [págs. 28-29]. cutar esta ação estranha. Fui então acusado de falta
de fé e covardia, de temer o homem mais do que a
PS
A citação acima nos dá um exemplo claro de Deus.
como o comportamento pode vir a ser colocado sob Tentei executar a ordem, o empregado me im
o controle completo de contingências fictícias e re pediu. Deitei-me contente por ter-me mostrado
pronto a obedecer apesar da sua presença, mas
forços fantasiados suficientemente poderosos para agora eu era acusado de não ter coragem de lutar
sobrepujar a influência das contingências de refor-
U
com ele até chegarmos às vias de fato. Novamente,
çam ento existentes no am biente social. Desta tentei fazer o que me ordenavam. O empregado
forma, a aceitação de um remédio, ato que mais me segurou, eu livrei-me dele dizendo-lhe que era
O
tarde foi considerado como rebelião contra a des necessário para a minha salvação; ele deixou-me
crença no Deus Todo-Poderoso, gerou alucinações e desceu as escadas. Tentei, então, fazer o que
extremamente aversivas de torturas infernais, cujo tinha começado; mas agora percebi ou que eu não
R
cessar era contingente do desem penho de um conseguia jogar-me assim em volta da minha ca
beça ou que o meu medo de quebrar o pescoço era
com portamento estranho e árduo. A não-ocor-
realmente demasiado forte para a minha fé. Neste
rência de ameaças subjetivamente vivenciadas mas
objetivamente não existentes, indubitavelm ente
G caso, eu certamente zombava, pois os meus esfor
ços não eram sinceros.
serve como um mecanismo importante para manter Falhando nas minhas tentativas, ordenaram-me
muitos outros tipos de comportamento psicótico. que expectorasse violentamente, para me livrar dos
KS
Dada à conjunção de contingências fictícias e um meus dois inimigos formidáveis; e depois me disse
sistema reforçador interno poderoso, o comporta ram para beber água, e o Todo-Poderoso estava sa
mento da pessoa tende a permanecer sob um con tisfeito; porém que eu não estava satisfeito (nem
trole ambiental muito precário mesmo com a ocor poderia, sinceramente, estar, porque sabia que
não tinha executado suas ordens), e deveria tomar
O
rência de punições externas severas e experiências de novo a minha posição; assim o fiz, o meu aten-
não confirmadoras flagrantes. dente veio com um assistente e me forçaram a co
BO
Quando abri a porta, vi um empregado gordo no locar uma camisa de força. Mesmo assim eu tentei
hall, o qual me explicou que lá estava para me im de novo assumir a posição que me ordenavam to
pedir de sair, em virtude de ordens dadas pelo dr. mar. Eles então amarraram as minhas pernas aos
P. e meu amigo; quando reclamei, entrou no meu pés da cama, e assim me seguraram [págs. 34-35].
quarto e ficou adiante da porta. Insisti em sair; ele,
em me impedir. Adverti-o do perigo que ele corria O processo de modificação do comportamento
ao se opor à vontade do Espirito Santo, roguei que será conceitualizado de maneira muito diferente,
EX
me deixasse passar ou, de outra forma, algum mal dependendo de se a pessoa admite que as respostas
lhe aconteceria, porque eu era um profeta do Se são reguladas predominantemente por eventos es
nhor. Ele não se mostrou nem um pouco abalado timuladores externos ou parcialmente por eventos
pelo meu discurso, portanto, após adverti-lo várias mediadores simbólicos. Nas interpretações não-
vezes, pelo desejo do Espírito cuja palavra eu ou
D
Pensei eiHão: me fizeram de tolo! Mas eu não nifestas por meio do reforço diferencial. Em con
passei a desconfiar das doutrinas que fizeram-me traste, nas formulações mediacionais o aprendiz
expor a esse erro por tal motivo. As doutrinas, tem um papel muito mais ativo e a sua reatividade
pensei, são verdadeiras; mas eu sou ridicularizado é sujeita a uma determinação cognitiva extensiva.
pelo Todo-Poderoso pela minha desobediência a Na base da saliência de eventos ambientais e expe
elas e, ao mesmo tempo, tenho a culpa, assim como riências passadas de aprendizagem, as pessoas sele
a tristeza de trazer descrédito à verdade, pela
minha obediência a um espírito de ridículo, ou
cionam os estímulos aos quais irão responder; os
minha desobediência ao Espírito Santo; pois não eventos ambientais são codificados e organizados
faltavam vozes a me sugerir que a razão pela qual o para representação na memória; hipóteses provisó
milagre falhou era que eu não aguardara que o rias relativas aos princípios que governam a ocor
Espírito orientasse a minha ação quando a palavra rência do reforço são derivadas de conseqüências
foi dita e que tinha agarrado o braço do homem diferenciais que acompanham o comportamento
com a mão errada .. . [pág. 33], manifesto; e depois que uma dada hipótpse implí
As vozes me informaram que a minha conduta cita foi adequadamente confirmada por ações cor
era devida ao fato de um çspírito de zombaria e respondentes bem-sucedidas, as regras ou princí
PROCESSOS CAUSAIS 25
pios de mediação servem para orientar o desem posta de contenda exigida, produziram um meio
penho de respostas apropriadas em ocasiões futu altamente aversivo. Quando as mudanças de res
ras. Evidências empíricas relevantes relacionadas posta são selecionadas como dados para a análise,
com estas duas abordagens teóricas serão revistas no como é o caso quase invariavelmente, então as con
último capítulo desta obra. tingências ambientais aparecem como condições fi
Tem sido habitual na teorização psicológica cons xas, controladoras; se, ao contrário, os dados fos
truir esquemas explanatórios inteiros a partir de sem analisados em função da quantidade de esti
uma só formá de controle comportamental, com a mulação aversiva criada por cada sujeito, então o
negligência relativa de outras variáveis e processos ambiente se torna o evento mutável, que pode va
obviamente influentes. Assim, por exemplo, alguns riar consideravelmente para sujeitos diferentes e
psicólogos tenderam a se concentrar sobre o con em ocasiões diferentes para o mesmo sujeito.
trole de estímulos efetuado principalmente por Dentro do contexto da análise ambiental, poder-se-
PS
meio de operações de condicionamento clássico; os ia, por exemplo, administrar álcool a um grupo de
skinnerianos focalizaram primordialmente o con sujeitos no paradigma de Sidman e água a outros, e
trole do comportamento por meio do reforçamento depois comparar os tipos de ambientes aversivos
externo; e pesquisadores que favorecem interpre produzidos sob ajndições de intoxicação e sobrie
tações cognitivas têm estado mais preocupados com dade.
U
os processos mediacionais. Estas adesões entusiásti As situações interpessoais, naturalmente, ofere
cas a processos parciais são tipicamente acompa cem uma latitude muito maior para determinar as
O
nhadas por certo desdém em relação às variáveis contingências que mantêm o comportamento. Em
aceitas por teóricos dos outros grupos. Uma teoria trocas sociais, o com portamento de uma pessoa
compreensiva do comportamento humano tem que exerce um certo grau de controle sobre as ações
R
englobar todas as três fontes da regulação do com dos outros. Para dar um exemplo, contra-reações
portamento, isto é, controle por meio de estímulos, provocadas por respostas hostis são provavelmente
G
controle simbólico interno e controle pelos resulta muito diferentes das provocadas por respostas
dos. Em muitas situações, naturalmente, dois ou amistosas. A análise experimental feita por Rausch
mais destes processos podem operar simultanea (1965), das trocas seqüenciais entre crianças, revela,
mente dirigindo a reatividade. de fato, que o ato estimulador imediatamente’pre
KS
camente descrevem as ações desviantes dos indiví ao passo que atos cordiais antecedentes raramente
duos como impelidas por forças internas poderosas as elicitaram. As crianças agressivas, desta forma,
que não são apenas capazes de controlar, mas criaram pelas suas ações um ambiente hostil, ao
BO
de cuja existência nem ao menos têm reconheci passo que crianças que apresentavam modos de
mento. Por outro lado, as formulações comporta- resposta interpessoais amistosas geravam um meio
mentais muitas vezes caracterizam os padrões de social amistoso. Estes achados dem onstram que
resposta como dependentes das contingências am pessoas, muito longe de serem reguladas por um
bientais. O ambiente é apresentado como uma pro ambiente impositivo, desempenham um papel ativo
na construção das suas próprias contingências de
EX
O funcionamento psicológico, de fato, envolve tuo. As pesquisas estimuladas por esta conceituali-
uma interação recíproca contínua entre o compor zação oferecem numerosas demonstrações de como
resultados em trocas diádicas são conjuntamente
IN
crianças serve para ilustrar este último ponto. Na produtos secundários de distúrbios psíquicos. Pro
maioria dos casos, as solicitações suaves de crianças cessos recíprocos nocivos podem ser melhor elimi
não são atendidas porque os pais estão ocupados nados retirando-se o reforço que aptfia o compor
com outras atividades. Se exigências subseqüentes tamento desviante e apressando-se em elaborar
também não são recompensadas, a criança irá ge meios mais construtivos de assegurar as reações de
ralmente apresentar progressivamente formas mais sejadas dos outros.
intensas de comportamento que se tornam crescen O tratamento de um indivíduo somente é justifi
temente aversivas aos pais. Neste ponto da seqüên cável porque existe certo grau de autodeterminação
cia de interação, a criança está exercendo um con dos resultados. À medida que padrões de compor
trole aversivo sobre os pais. Eventualmente, os pais tamento recém-estabelecidos criam processos de re
são forçados a term inar o comportamento incô forçamento reciprocamente favoráveis, eles serão
modo dando atenção à criança, desta forma refor efetivamente mantidos durante certo tempo. Con
PS
çando uma reatividade desregrada. Tais práticas de tudo, nos casos em que o comportamento da pessoa
reforçam ento diferencial são extrem am ente efi exerce pouco ou nenhum controle sobre as ações
cientes na produção de formas aversivas de com dos outros, talvez por causa de disparidades em
portam ento de inusitada resistência. Alguns dos status ou poder, pode-se tornar necessário efe
exemplos mais vívidos do controle recíproco nocivo tuar modificações nas outras pessoas importantes
U
são oferecidos no estudo clássico de Levy (1943), a para ela ou no próprio sistema social.
respeito da superdependência infantil:
O
O paciente (4 anos e 9 meses) dirige o lar pelos Substituição de Sintomas
seus gritos e voz imperativa A mãe sempre satisfaz Terapeutas que subscrevem inodelos psicodinâ-
suas exigências para não ouvi-lo b e rra r. . . O pa
R
micos geralmente admitem que a modificação di
ciente é desobediente, hiperativo, imprudente em
relação aos pais; xinga-os, dá pontapés e arranha- reta do comportamento desviante tende a originar
os quando suas vontades não estão satisfeitas . .. uma “substituição de sintomas”. Esta questão, como
G
[págs. 361-363}. outras que estão relacionadas com o desenvolvi
mento e tratamento das disfunções comportamen-
Em comando completo, dominando a mãe e a
irmã, que sempre cediam em cada caso para não tais, se tornou confusa a ponto de não poder mais
KS
serem obrigadas a agüentar suas cenas, um rapaz ser elucidada pelo uso de um esquema conceituai
de quatorze anos se recusou a ir à escola. Ficava inadequado que obscurece completamente os pró
deitado na cama, ordenava sua irmã a lhe trazer o prios fenômenos que pretende esclarecer. É ainda
café da manhã, trazer suas roupas e batia nela mais ofuscada por argumentos partidários de que
quando o desobedecia [pág. 163]___ tais fenôm enos não existem (Yates, 1958), e
O
A mãe afirma que ele (criança de 10 anos) foi contra-argumentos de que a substituição de sinto
estragado por ela mesma e pela avó maternal, e mas não apenas ocorre, mas que as formas trans
BO
que mais tarde ela cedia às suas exigências em prol formadas podem colocar em perigo a própria vida
da paz e do sossego ... Sempre que se lhe recusava dos clientes atirados a um destino fatal (Bookbin
algo, ele conseguia as coisas por meio dos berros der, 1962). Resultados relevantes citados mais
[págs. 383-384]... Quando os gritos já não surtiam adiante levam-nos a suspeitar que os prognostica-
efeito, ele usava o método de apoquentar, monoto
namente repetindo suas éxigências [pág. 163]. dores de conseqüências perniciosas pretendem
mais dissuadir inovações terapêuticas que proteger
EX
Os materiais de casos acima ilustram como certas o bem -estar dos clientes. Na realidade, como
práticas de reforçam ento geram um com porta Grossberg (1964) assinalou, muito mais sério do
mento particular, o qual, em virtude de suas pro ponto de vista humanitário é o fracasso das psicote-
priedades aversivas, por sua vez cria as próprias rapias “profundas" em efetuar mudanças significa
condições que tendem a perpetuá-lo. Desta forma, tivas nas condiçõep comportamentais que produ
D
enquanto que a programação da natureza assegu zem sofrimento crônico e uma desencorajante in-
rou que a aflição das pessoas não ficasse por muito capacitação social e profissional.
IN
tempo sem atendimento, também ofereceu a base O debate sobre a substituição de sintomas en
para o estabelecimento de padrões de resposta so volve um fenômeno psicológico importante, mas
cialmente perturbadores. As dificuldades interpes poucos progressos para resolvê-lo serão obtidos, à
soais tendem a surgir em condições nas quais uma medida que for apresentado distorcidamente como
pessoa desenvolveu uma estreita amplitude de res uma questão de tratamento sintomático versus tra
postas sociais que periodicamente forçam ações re tamento não-sinLomático, ou de modificação de
forçadoras dos outros por meio do controle aver eventos causais versus comportamentais. Mesmo se
sivo (por exemplo, queixas incessantes, comporta os conceitos de sintoma e doença mental fossem
mento agressivo, dependência, desempenho de pa pertinentes às disfunções comportamentais, o que
péis de doente e expressões emocionais de rejeição, não são, a hipótese de substituição de sintomas
sofrimento e aflição, e outros modos de resposta nunca poderia ser testada satisfatoriamente porque
que atraem a atenção). As estratégias de tratamento falha em especificar precisamente o que constitui
são bem diferentes, dependendo de se tal compor um “sintoma”, quando a substituição deveria ocor
tamento é visto em termos do seu valor funcional rer, e quais as condições sociais nas quais ocorrerá
no controle da reatividade dos outros ou como com maior probabilidade e a forma do sintoma
PROCESSOS CAUSAIS 27
substituto. Se fosse possível obter um consenso na cionais e convencionais de pensar e de agir [pág.
elaboração de uma lista exaustiva de possíveis com 3],
portamentos sintomáticos, seríamos forçados, para Ao tratar a realização persistente de um compor
provar definitivamente que a substituição de sin tamento estranho e aparentemente sem semido,
tomas não ocorre, a efetuar avaliações repetidas e este terapeuta, na base de sua explicação causal,
completas do comportamento do cliente por um submeteria a mulher a um exame interpretativo ex
período indeterminado. Este trabalho exaustivo tenso de seus conflitos sexuais e idéias de onipotên
mesmo assim não serviria para nada, porque não cia. Por outro lado, o terapeuta comportamental,
existem critérios fidedignos para determinar se a encarando os resultados recompensadores como o
ocorrência dos com portamentos “sintomáticos” principal determinante do àssim chamado sintoma
após complemento do tratamento representa pro psicótico, alteraria a contingência de reforçamento
dutos •secundários substitutos emergentes de uma que orientava o com portamento. Na realidade,
patologia psíquica, desenvolvim ento de novos quando as recompensas ocasionais por carregar
PS
modos de respostas, desadaptadas às pressões am uma vassoura foram, completamente retiradas, o
bientais, ou a persistência de velhas formas de “sintoma” desapareceu prontamente e, de acordo
comportamento desadaptado que passaram des com um estudo de acompanhemento de dois anos,
percebidas até que comportamentos ainda piores nunca reapareceu.
U
fossem eliminados. À luz das considerações acima, seria ao mesmo
A questão da substituição de sintomas nunca tempo mais exato e mais vantajoso redefinir a con
O
teria sido apresentada na sua forma atual engana trovérsia tratamento causal versus tratamento sin
dora se tivesse sido reconhecido que não se pode tomático como se ocupando prim ariam ente da
eliminar o comportamento como tal, exceto talvez questão se uma forma particular de terapia escolhe
R
por meio da remoção direta dos sistemas neurofi- modificar as condições que, na realidade, exercem
siológicos necessários. Os padrões de resposta só um controle forte, fraco ou não significativo sobre o
podem ser modificados alterando as condições esti
muladoras que regulam a sua ocorrência. Portanto,
G
comportamento em questão.
De acordo com o ponto de vista da aprendizagem
todas as formas de psicoterapia, apesar de seus títu social, no decurso do seu desenvolvimento, uma
los honoríficos autoconcedidos e objetivos virtuo pessoa adquire diferentes maneiras de lidar com as
KS
sos, efetuam mudanças comportamençais por meio pressões e exigências ambientais. Estas várias estra
de uma manipulação deliberada ou involuntária de tégias de resposta formam uma hierarquia orde
variáveis controladoras. nada pela probabilidade de obter resultados favo
As abordagens psicoterápicas, psicodinâmicas e ráveis em certas situações. Um modo particular de
O
de aprendizagem social estão, portanto, igualmente reagir pode ocupar uma posição dominante em vá
preocupadas com a modificação dos determinantes rias hierarquias; estratégias subordinadas podem
“subjacentes” de padrões de resposta desviantes; diferir de uma situação para outra e podem variar
BO
contudo, estas teorias diferem, muitas vezes radi amplamente na sua freqüência de ocorrência rela
calmente, no que julgam ser estas “causas", uma di tiva tanto às tendências de resposta dominantes e
ferença crucial que, por sua vez, influencia os tipos entre si. Conseqüentemente, os efeitos de remover
de condições estimuladoras favorecidas nos dife um padrão de respostas dominante dependerá do
rentes tratamentos. Para tomar um exemplo sim número de diferentes áreas de funcionamento nas
quais é caracteristicamente ativado, e a natureza e
EX
j tempo uma resposta estranha de carregar uma vas quenas, imprevisíveis ou não persistentes no com
soura num esquizofrênico adulto por meio de um portamento desviante, sugestivas de “substituição de
sintomas”. Um tratamento que falha em alterar as
IN
algum valor no passado. Se essas formas inicial A discussão precedente focalizou abordagens
mente mais fracas são não desviantes e adequada que, se usadas como o único método de tratamento,
mente reforçadas, então os padrões desviantes ten podem não somente eliminar uma forma de com
dem a ser abandonados em favor de alternativas portamento desviante, mas conduzir a outra forma
competidoras sem a emergência de quaisquer ca diferente. O problema de substituição de respostas
racterísticas negativas. Se, por outro lado, o con desviantes pode, porém, ser facilmente combatido
junto subordinado de respostas no repertório do incluindo-se no programa de tratamento original
cliente é em grande parte insatisfatório, o terapeuta processos que efetivamente removem as condições
é obrigado a encarar a tarefa de eliminar uma reforçadoras que sustentam o comportamento des
longa sucessão de padrões de resposta não eficien viante e concorrentemente apoiam a emergência de
tes. modos desejáveis de comportamento alternativo.
A substituição de respostas também tende a ocor Tais estratégias de tratamento serão revistas com
PS
rer quando o comportamento desviante é elimi pletamente nos capítulos subseqüentes, não apenas
nado não pela remoção de suas condições de manu para produzir modificações duradouras na direção
tenção, mas pela superimposição de um conjunto escolhida, mas também para colocar em ação mu
competidor de variáveis controladoras (Bandura, danças benéficas em áreas relacionadas de funcio
namento psicológico.
U
1962). Desta forma, por exemplo, um comporta
mento anti-social que serve como um meio eficienir
de assegurar um reforço positivo pode ser tempo Eficiência dos Métodos Convencionais
O
rariamente suprimido por meio de castigos severos. de Mudança Comportamental
Contudo, se o ofensor aprendeu relativamente L. tn levantamento casual de métodos contempo
poucos modos de comportamento pró-sociais, a
R
râneos de mudança com portam ental mostraria
eliminação de um padrão desviante será provavel uma multiplicidade de “escolas” de abordagem,
mente seguido por outro conjunto de respostas cada qual reivindicando razões de melhoria acentua
G
desviantes que são melhor sucedidas em evitar a das para a sua clientela particular. Um exame mais
descoberta e as punições subseqüentes. Além do profundo destas abordagens de tratamento, porém,
mais, o comportamento suprimido tende a reapa revela que os sistemas aparentemente múltiplos re
KS
recer em situações nas quais a probabilidade de presentam essencialmente um único procedimento:
descoberta é baixa ou a ameaça da punição é mais todos utilizam uma relação social e se apóiam for
fraca. temente sobre métodos de interpretação verbal
Substituições bem-sucedidas de comportamento para induzir mudanças no comportamento social.
desviante também ocorrem em condições nas quais Além do mais, apenas um pequeno número de
O
as respostas defensivas são ou punidas ou restritas pessoas que exibem desvios de comportamento são,
fisicamente sem neutralizar as propriedades aversi na realidade, tratadas, com graus variados de su
BO
vas das situações subjetivamente ameaçadoras. Este cesso, por métodos interpretativos.
processo é bem ilustrado pelo estudo clássico do Em primeiro lugar, a maioria das personalidades
co m p o rtam en to de esquiva de M iller (1948). anti-sociais, que constituem uma fração considerá
Aplicou-se um choque elétrico a animais que esta vel da população desviante, apenas “servem seu
vam no compartimento branco de uma caixa de tempo” em instituições penais ou permanecem sob
choques. Os animais aprenderam a escapar da es vigilância legal. Como tais pessoas geralmente não
EX
timulação dolorosa atravessando uma porta que respondem às técnicas tradicionais, muitos psicote-
dava acesso a um compartimento preto. As pistas rapeutas se tornaram pessimistas sobre o valor da
brancas inicialmente neutras rapidamente adquiri psicoterapia para modificar o comportamento “psi-
ram propriedades aversivas e os animais continua copático” ou anti-socialmente desviante. No caso de
ram com suas respostas de esquiva, muito embora a delinqüentes mais jovens, instituições de correção,
D
estimulação por meio de choques tivesse sido intei embora muitas vezes oferecendo um ambiente mais
ramente suspensa. Os animais foram então coloca estruturado e não punitivo do que as crianças ti
IN
dos no compartimento branco com a porta fechada nham experimentado antes, raram ente oferecem
para bloquear o comportamento de fuga. Contudo, programas sistemáticos que são efidentes na pro
a porta poderia ser aberta girando-se uma roda. Os dução de modificações de comportamento e atitu
animais aprenderam rapidamente a girar a roda e des duradouras. Similarmente, a maioria das pes
mantiveram este comportamento pela redução do soas que exibem disfunções com por ta men tais fla
medo. Quando as condições foram novamente alte grantes, que também derivam pouco benefício das
radas de maneira que girar a roda já não abria mais abordagens tradicionais de entrevistas, recebem
a porta, mas o animal poderia escapar do compar principalmente medicação, “terapia ocupacional”
timento ameaçador abaixando uma alavanca, a sob a forma de desempenho de rotinas institucio
primeira resposta foi rapidamente descartada, ao nais, atividades recreativas e custódia nas institui
passo que a segunda se estabeleceu firmemente. ções mentais, das quais se tornam residentes inter
Desta forma, intervenções que eliminavam respos mitentes ou permanentes. Na realidade, os psicóti
tas de esquiva sem reduzir o potencial ativador dos cos menos socialmente reativos são habitualmente
estímulos condicionados aversivos apenas produzi colocados em enfermarias essencialmente de custó
ram novas formas de comportamento defensivo. dias, onde recebem apenas medicação e onde mu-
PROCESSOS CAUSAIS 29
tuamente extinguem seus comportamentos sociais Terra iniciam programas de tratamento caros e de
limitados. Os métodos convencionais de mudança morados para efetuar modificações nas respostas
com porta mental também não tiveram um impacto dos seus Rorschach, TAT ou MMPI, ao invés de
muito benéfico sobre os problemas amplamente di sobrepujar inibições comportamentais, obter con
fundidos de alcoolismo, drogaadição e uma pletora trole sobre o alcoolismo, ou de outra forma levan
de outros problemas sodais importantes que, em tar o nível do seu funcionamento social. Como os
alguns casos, requerem modificação dos sistemas correlatos comportamentais dos resultados dos tes
sociais e não do comportamento de indivíduos iso tes de personalidade são postos muito em dúvida
lados. (Mischel, 1968), a evidência de que as respostas aos
Mesmo na amostra restrita de pessoas que con testes mudaram é de limitado valor para julgar o
sultam os psicoterapeutas e são aceitas para trata sucesso relativo de dadas abordagens de trata
mento, as taxas de evasão e as estimativas de mu mento. Isto é especialmente verdadeiro pelo fato
PS
dança comportamental para aqueles que permane de que as respostas aos testes de personalidade são
cem sob tratamento nos oferecem poucas razões facilmente deturpadas por vieses de disposições
para complacência. Entre 30 e 60 por cento deste para respostas, influenciadas por expectâncias im
grupo altamente selecionado (diagnosticado pre plícitas inerentes ao contexto e outras influências
dom inantem ente como neuróticos e excluindo estranhas.
U
casos flagrantemente psicóticos, alcoólatras, anti-so Uma terceira linha para a avaliação da eficácia
ciais e com envolvimento neurológico) terminam o terapêutica, em voga por muito tempo, focaliza as
O
tratamento contra o conselho de seus terapeutas mudanças no comportamento verbal dos clientes
após várias entrevistas iniciais (Frank, Gliedman, nas situações de entrevista. Pesquisadores dedica
Im ber, Nash e Stone, 1957; Garfield e Kurz, dos gastaram literalmente milhares de horas árduas
R
1952; Im b er, Nash e Stone, 1955; K irtner e contando a freqüência das afirmações de auto-refe-
Cartwright, 1958; Knight, 1941; Kurland, 1956; rência dos clientes, observações auto-exploratórias,
G
Mensh e Golden, 1951; Rickles, Klein e Bas- verbalizações afetivas, comentários de resistência,
san, 1950). Daqueles clientes que permanecem nos razões de tipos e símbolos e uma pletora de outros
programas de terapia, qualquer que seja o tipo de conteúdos verbais. Embora esta abordagem forneça
tratam en to aplicado, cerca de dois terços são dados facilmente quantificados, que possuem al
KS
usualmente avaliados como exibindo algum grau guma validade aparente, há pouca evidência de que
de melhora (Appel, Lhamon, Myers e Harvey, mudanças observadas no comportamento verbal
1951; Eysenck, 1952; Frank et al., 1957; Kirtner dos clientes influenciem consideravelmente sua rea-
e Cartwright, 1958; Zubin, 1953). Embora os alga tividade interpessoal de todos os dias. Estes índices
O
rismos acima sejam baseados em estudos de adul verbais, portanto, são mais pertinentes para avaliar
tos, há pouca razão para crer que o quadro seja o condicionamento verbal do que processos1fun
muito diferente no caso de crianças (Levitt, 1963). damentais de mudança comportamental.
BO
CRITÉRIOS DE MUDANÇA
Uma vez que as pessoas tipicamente procuram a
ajuda de psicoterapeutas para modificar modos de
O algarismo de melhoria de dois terços, que tem reagir interpessoais inadequados e as conseqüências
sido aceito amplamente e sem espírito crítico como adversas que estes provocam, é de surpreender que
a taxa-base típica da mudança que acompanha as até recentemente as mudanças comjx rtamentais
EX
terapias de entrevista, superestima a quantidade de como medida de êxito não foram apenas seria
benefício que as pessoas na realidade derivam de mente negligenciadas, mas muitas vezes acusadas
tais tratamentos. Os critérios sobre os quais os jul de superficiais. Na realidade, não existe nenhum
gamentos de eficácia terapêutica geralm ente se outro empreendimento que se diz humanitário no
apóiam deixam muito a desejar. Em muitos casos as qual as preocupações principais dos clientes são
D
impressões globais dos psicoterapeutas em relação a postas de lado de modo tão arrogante. Quaisquer
seus resultados servem como os principais indica que sejam as mudanças de personalidade, que um
IN
dores dos resultados. Considerando que tais avalia psicoterapeuta possa escolher para promover, elas
ções refletem a competência profissional dos tera devem ser consideradas de valor dúbio se não se
peutas, é razoável admitir que os terapeutas não refletem no comportamento social do cliente. Para
subestimem o valor terapêutico de seus métodos. usar um exemplo análogo, tratamentos médicos
Testes projetivos e questionários de personali que, baseados nas impressões dos médicos e outros
dade também foram extensivamente empregados indicadores ambíguos, supostamente promovem
como medidas principais para avaliação da psicote- mudanças fisiológicas profundas mas, narrealidade,
rapia. Sua popularidade muito difundida prova não produzem mudanças evidentes no sofrimento e
velmente é atribuível mais à sua disponibilidade e disfunções físicas, seriam sumariamente deixados
facilidade de aplicação e correção do que à sua re de lado como ineficazes e enganadores. C lara
levância direta aos tipos de mudanças comporta- mente, medidas objetivas de mudanças no compor
mentais que os clientes esperam alcançar por se tamento constituem os critérios mais severos e mais
submeter à psicoterapia. Se o proverbial marciano importantes do poder de um dado método de tra
fosse rever a literatura sobre os resultados da tera tamento. Como as áreas de funcionamento que re
pia, indubitavelmente concluiria que os homens da querem modificação podem diferir grandemente
30 PROCESSOS CAUSAIS
de pessoa a pessoa, medidas de mudança globais média de mudança em relação aos controles não-
que servem para todos os propósitos devem ser tratados, mas o tratamento geralmente produz efei
substituídas por critérios comportamentais que são tos mais variáveis. Ao passo que, os controles ou não
específicos e adaptados individualmente aos objeti mudam ou melhoram em certa extensão, aqueles
vos de tratamento selecionados pelo cliente (Pascal que receberam tratamento ou permanecem sem
e Zax, 1956). Achados de estudos comparativos modificações e, se beneficiam um pouco, atingem
que utilizam índices de melhora baseados em mu uma melhora considerável ou ficam piores. Para
danças comportamentais (Fairweather, 1964; Laza- que estas diferenças de variação não reavivam tem
rus, 1961; Paul, 1966) fornecem taxas de sucesso porariamente o interesse nos métodos de uma mu
que são substancialmente mais baixas do que o al dança comportamen tal fraca, é necessário assinalar
garismo lendário de melhora de dois terços geral que os efeitos induzidos pelos tratam entos são
mente citado para as terapias de entrevista. menos favoráveis, e, portanto, menos variáveis
PS
Além do mais, algarismos de melhora geralmente quando são usadas medidas mais severas e social
apresentam um quadro enganoso da eficácia dos mente mais significativas. Isto está muito bem ilus
métodos de entrevista porque o número de clientes trado pelos resultados de uma pesquisa conduzida
evadidos invariavelmente foram excluídos das aná por Rogers (1967) e seus colaboradores sobre a efi
lises estatísticas, Quando um procedimento particu cácia da terapia centrada no cliente.
U
lar fornece uma taxa de atrito relativamente alta, Aplicou-se a esquizofrênicos uma bateria de tes
deixar de lado aqueles que abandonam o trata tes incluindo o Rorschach, o MM PI, o Teste de
O
mento ao avaliar a psicoterapia se torna especial Apercepção Temática, a Escala de Inteligência de
mente crítico. Suponhamos, por exemplo, que de Wechsler, Escalas de Reação da Ansiedade, os Tes
100 pessoas que iniciaram o tratamento, 80 o aban tes de S troop, a Escala de A utoritarism o de
R
donaram após várias entrevistas iniciais, ao passo Adorno, o Q-sort e as Escalas de Avaliação Psiquiá
que todos os 20 casos permanecentes exibiram uma trica de Wittenborn. Um grupo de esquizofrênicos
G
melhora significativa. Se aqueles que abandonam o participou de um tratamento intensivo centrado no
tratamento são ignorados, o tratamento aparece cliente com terapeutas altamente qualificados, ao
como 100 por cento eficiente, quando, na reali passo que um grupo de controle equivalente não
dade, apenas 20 por cento dos casos se beneficia recebeu terapia nenhuma, Depois de completa a
KS
ram dele. O leitor recordará que uma considerável fase de tratamento a bateria de testes foi reaplicada
percentagem dos clientes que iniciam tratamentos e dois psicólogos clínicos fizeram julgamentos glo
de entrevista os abandonam após algumas visitas. bais, principalmente a partir do Rorschach e do
MMPI, do grau de mudança nos níveis de funcio
TAXAS DE MELHORA PARA CASOS
O
condição que contribui para resultados observáveiá, que receberam tratam ento, diferentem ente dos
é necessário comparar as mudanças apresentadas controles, apresentaram algumas melhoras mais
por clientes que se submeteram a tratamento com consideráveis e outros apresentaram uma mudança
as de um grupo comparável de casos não-tratados. para pior. Numa tentativa de explicar esta variabi
Tal grupo de comparação é essencial para fornecer lidade, o comportamento dos terapeutas foi ava
liado a partir de amostras gravadas de suas entre
EX
em relação às variáveis relevantes, qualquer mu cas não diferiram significativamente dos pacientes
dança diferencial entre casos tratados e não-tra cujos terapeutas apresentaram baixa reatividade
IN
tados pode ser então vista como induzida terapeuti- positiva ou dos controles não-tratados, em autocon-
camente. Existem relativamente poucos estudos de ceitos, funcionamento intelectual, avaliações de seu
resultados psicoterapêuticos que preenchem os re comportamento na enfermaria hospitalar e avalia
quisitos mínimos de um grupo adequado de con ções globais baseadas em vários testes de personali
trole e especificação clara e medida objedva dos re dade. Parece, em vista do padrão geral de resulta
sultados. dos, que um paciente hospitalizado tem pouco a
Bergin (1966) reviu achados de sete estudos (que ganhar submetendo-se à terapia centrada no cliente
preenchem as exigências mínimas de um plano de e pode, de fato, sofrer algumas perdas se o seu te
dois grupos e algumas medidas de mudança), nos rapeuta for desprovido de amabilidade.
quais os resultados de um grupo tratado e um Face à crescente evidência de que as terapias de
grupo comparável de clientes não-tratados foram entrevista têm eficácia limitada, alguns pesquisado
comparados. Todos os sete estudos, envolvendo di res concluíram que os estudos de resultados deve
ferentes formas de terapia e critérios diversos, mos riam ser sustados enquanto se fizessem esforços in
tram que as pessoas submetidas à psicoterapia não tensificados para elucidar o processo subjacente a
diferem significativamente quanto à quantidade estes procedim entos. Os estudos de resultados
PROCESSOS CAUSAIS 31
PS
fraco m uitas o u tras variáveis estra n h as (por mudanças, mas os ganhos podem ter vida curta
exemplo, características de personalidade dos tera porque as condições adequadas de manutenção não
peutas, atributos sociais dos clientes, variações téc foram previstas. Similarmente, em alguns casos,
nicas menores de procedimentos) emergirão isola mudanças comportamentais duradouras são conse
damente ou em combinação como determinantes guidas, mas elas não se transferem a situações ex
U
da mudança. Ao invés de examinar estes fatores traterapêuticas, desta forma exigindo procedimen
limitantes, seria muito mais proveitoso elaborar tos suplementares para assegurar efeitos ótimos de
O
novos métodos que fossem suficientemente pode transferência. Os estudos de resultados deveriam,
rosos para sobrepujar suas influências. Se é que portanto, ser planejados para fornecer dados não
erros similares de estratégia de pesquisa possam ser confundidos quanto à magnitude, generalidade e
R
evitados no desenvolvimento de novas abordagens durabilidade dos resultados associados com as
de tratamento, é essencial estabelecer a superiori dadas abordagens de tratamento.
G
dade relativa de uma abordagem particular antes
de iniciar estudos intrincados de processos que pos PSICOTERAPIA E EXPERIÊNCIAS AMISTOSAS
sam elucidar mecanismos subjacentes ou sugerir re
finamentos ulteriores de procedimento. Também é Da ausência de razões diferenciais de melhora
KS
necessário escolher critérios de mudança severos e para grupos tratados e não-tratados parece que as
não ambíguos para estabelecer exatamente o que mudanças com portamentais favoráveis, quando
um dado método de tratamento pode ou não con ocorrem, devem ter sido produzidas por fatores
seguir. que não se relacionam com os métodos especiais
que são rigorosamente aplicados pelos psicotera-
O
Processos Múltiplos que Orientam Mudanças Compor peutas. Portanto, não é de surpreender que o trei
tamentais. A avaliação de procedimentos psicológi namento especializado intensivo e a experiência
cos é muitas vezes desnecessariamente obscurecida
BO
variáveis sociais. Neste último caso, as questões per pesquisa ousado, comparou as modificações no
tinentes são se um dado conjunto de condições funcionamento psicológico de pacientes psicóticos
pode induzir com êxito uma mudança no compor que ou receberam cinco meses de psicoterapia de
tamento, se as mudanças estabelecidas se generali grupo com psiquiatras e assistentes sociais psiquiá
zam a situações extraterapêuticas e se as mudanças tricos, discussões de grupo com estudantes não
D
são mantidas num considerável período de tempo. graduados ou nenhum tratamento especial. Os es
Como estes fenômenos são fundamentalmente di tudantes que responderam a um anúncio, para em
IN
ferentes dos processos mórbidos eles exigem um prego no verão, foram selecionados sem quaisquer
esquema conceituai separado e mais adequado. As requisitos adicionais, não possuíam treino ou expe
sim, se um tumor maligno primário foi removido riência em psicoterapia e não receberam nenhuma
cirurgicamente, é razoável falar de curas e recaídas sugestão de como deveriam conduzir suas sessões.
possíveis, já que as células cancerosas podem não Os pacientes vistos pelos estudantes apresentaram
ter sido completamente extirpadas. Em contraste, o ganhos maiores do que os controles ou os casos tra
comportamento desviante não pode ser erradicado tados por psicoterapeutas profissionais; estes dois
pela remoção de um determinante global interno; últimos grupos não diferiam muito um do outro.
ao invés disso, a ocorrência do comportamento Rioch e seus associados (Rioch, Elkes, Flint, Us-
desviante é extensivamente controlada pelas suas dansky, Newman e Silber, 1963) também verifi
conseqüências prováveis e pode, portanto, variar caram que mulheres casadas escolhidas, que recebe
consideravelmente em diferentes contextos am ram um treino prádco de tempo parcial num pe
bientais, em relação a pessoas diferentes e em dife ríodo de dois anos na aplicação de métodos psicote
rentes ocasiões. Isto seria análogo ao fato de que rapêu ticos, se saíram tão bem quanto os seus com
tumores malignos aparecessem numa dada pessoa petidores profissionais. Contudo, tendo em vista os
32 PROCESSOS CAUSAIS
achados de Poser, seria essendal estudar a eficácia meteram a alguma forma tradicional de psicotera
comparativa de um grupo de terapeutas não-trei- pia (Bergin, 1966). Os tipos de clientes que derivam
nados para determinar se a instrução prolongada algum benefício da participação em formas con
foi irrelevante para os resultados obtidos pelas vencionais de psicoterapia tendem a exibir vários
donas-de-casa treinadas. graus de melhpria favorável com pouco ou ne
Contudo, permanece a questão de saber por que nhum tratamento formal (Frank et al., 1959; Sas-
certas pessoas sofrem mudanças e outras não, este low e Peters, 1956; Taylor, 1955). Estas mudanças
jam envolvidas ou não em terapia formal. Investi demonstráveis são provavelmente em função de
gações comparativas dos atributos dos clientes que experiências de aprendizagem social, resultantes de
term inaram o tratam ento prem aturam ente com interações interpessoais casuais ou mais estrutura
aqueles clientes que permanecem e melhoram são das com médicos, advogados, padres, professores,
particularmente relevantes a respeito. Em relação amigos próximos e respeitados, e outros agentes
às pessoas que continuam o tratamento, aquelas sociais que possuem algum grau de prestígio, poder
PS
que o abandonam tipicamente provêm de níveis social e bom julgamento. Todas essas diferentes
sócio-econômicos inferiores, são não-conformistas fontes de influência social ap aren tem en te se
em relação a figuras de autoridade, são impulsivas, apóiam primariamente sobre elementos terapêuti
relativamente não-ansiosas, têm uma história pre- cos comuns — embora não os mais fidedignos e po
U
gressa de comportamento anti-social, apresentam tentes — para a modificação do comportamento so
déflcits na reatividade verbal e emocional, exibem cial.
uma inabilidade relativa para estabelecer e manter Os dados gerais de resultados que acompanham
O
relações sociais e reconhecem poucas contingências o tratamento por meio da conversa indicam a ne
entre o seu próprio comportamento e as ações das cessidade de distinguir entre psicoterapia de um
R
outras pessoas em relação a elas. Em contraste, lado, e experiências de amizade de outro. Num livro
aquelas que permanecem geralmente provêm de provocante intitulado Psicoterapia: A Compra da Ami
níveis sócio-econômicos superiores, são mais bem- Gzade, Schofield (1964) argumenta que os psicotera-
educadas, apresentam disposição para èxplorar peutas essencialmente oferecem a seus clientes uma
seus problemas pessoais, reagem ao reforço social, amizade substituta de apoio que não requer trei
são sugestionáveis, introspectivas, relativamente an nam ento profissional técnico. Argumenta ainda
KS
siosas, não satisfeitas consigo mesmas e auto- que uma ampla gama de pessoas na sociedade, em
condenadoras (Auld e Myers, 1954; Frank et al., virtude de seus papéis sociais supra-ordenados, sua
1957; Hiler, 1954; Imber et al., 1955; Katz, Lorr sabedoria e devoção, são igualmente capazes de
e R ubinstein, 1958; L orr, Katz e R ubinstein, oferecer amizades e discussões satisfatórias de
1958; McNair, Lorr e Callahan, 1963; Ru^ins- preocupações pessoais. Portanto, indivíduos que
O
tein e Lorr, 1956). Exceto em relação aos índices necessitam de um amigo compreensivo e digno de
sódo-econômicos e educacionais — que geralmente confiança com quem podem periodicamente com
BO
se correlacionam significativamente com a conti partilhar os seus problemas, e aqueles que estão à
nuação no tratamento mas tendem a não estar rela procura de uma fé ou doutrina que adicionaria
cionados com os resultados — a maioria das variá maiores objetivos às suas vidas, fariam melhor em
veis de personalidade citadas também é preditora procurar o conselho e apoio emocional de colegas
de uma melhoria subseqüente na psicoterapia. As respeitados e agentes sociais esclarecidos do que se
sim, o tipo de pessoa que continua a participar e dirigir a psicoterapeutas cujo treino não lhes asse
EX
melhorar na psicoterapia possui atributos similares gura experiência especial no domínio dos valores.
àquelas pessoas que nos estudos de laboratório de Deve ser reconhecido que, embora discussões sé
conformismo, mudanças de atitudes e condicionabi- rias no contexto de uma amizade que apóia possam
lidade dem onstram m aior reatividade a quase ser altamente significativas e satisfatórias, geral
D
qualquer forma de procedimento de influência so mente têm pouco impacto sobre as dificuldades
cial (Berg e Bass, 1961; Biderman e Zimmer, 1961; comportamentais específicas das pessoas. Poucos
Janis e Hovland, 1959). gagos crônicos, por exemplo, foram curados por
IN
Os achados acima indicam que as características meio da amizade, conversa introspectiva e conse
sociais dos clientes, e não o método psicoterapêu- lhos sábios. Na modificação do com portamento
tico escolhido, são os principais determinantes dos desviante persistente e para sobrepujar déficits
sucessos da psicoterapia tradicional. Isto pode ex comportamentais, a amizade por si só não basta. É
plicar por que, apesar de acentuadas divergências necessário organizar condições de aprendizagem
conceituais, todas as “escolas” de psicoterapia con social que devem ser mantidas habilmente por um
seguem taxas similares de melhoria (Appel et al., longo período de tempo para conseguir mudanças
1951; Miles, Barrabee e Finesinger, 1951), e em psicológicas desejadas e mantê-las adequadamente.
bora as diferenças possam ocasionalmente favore Estas atividades, para as quais a “psicoterapia” é um
cer os grupos tratados (Frank, Cliedman, Imber, rótulo adequado, exigem habilidades singulares e
Sione e Nash, 1959; Leary e Harvey, 1956) a procedimentos especializados para efetuar mudan
magnitude da mudança comportamental exibida ças de comportamento previsíveis.
por casos não-tratados não é substancialm ente Os anos recentes testemunharam uma prolifera
menor do que a mudança em clientes que se sub ção acentuada de empreendimentos psicológicos
PROCESSOS CAUSAIS 33
PS
cupar com as conseqüências de suas práticas e as
sumir a responsabilidade para a verificação empírica comportamento, alguma atenção será dedicada a
de suas reivindicações. Além do mais, considera procedim entos farmacológicos, particularm ente
ções éticas exigem que os clientes especifiquem de quando são empregados como auxiliares dos pro
que modo desejam mudar, que os resultados pre cedimentos de aprendizagem social. A ênfase psico
U
tendidos do processo terapêutico sejam tornados lógica, porém, não pretende minimizar os determi
conhecidos, e que os clientes sejam informados da nantes genéticos, bioquímicos e neurofisiológicos
O
possibilidade de que as intervenções terapêuticas do comportamento. Um modelo de aprendizagem
poderão possibilitá-los a lidar mais eficientemente social não admite, decerto, que o comportamento se
com os problemas de vida em relação aos quais de ja determinado exclusivamente por variáveis psico
R
sejam ajuda. lógicas. A dotação genética e os fatores constitucio
nais podem colocar certos limites tantò sobre os
Enquanto os terapeutas estão promovendo os tipos de repertório comportamental que podem ser
G
seus discernimentos favorecidos nas abordagens de desenvolvidos numa certa pessoa, e a rapidez de
entrevista, podem muitas vezes simultaneamente aquisição da respostas. Em certos casos, condições
(embora inadvertidamente) recompensar os seus neurofisiológicas podem contribuir para o mau
KS
clientes com aprovação por exibir padrões de res funcionamento comportamental observado. Além
posta desejados e mostrar desaprovação de formas do mais, fatores biológicos e psicológicos tipica
desadaptadas; podem reduzir as ansiedades por mente interagem de maneiras sutis e complexas na
meio de suas reações permissivas e de apoio em re produção de certos padrões de comportamento so
lação às auto-revelações perturbadoras de seus cial.
O
mudanças terapêuticas que ocorrem na terapia como fatores contribuintes, tendem a'ser associadas
convencional podem portanto derivar prim aria com efeitos não-específicos, refletindo-se no ritmo
mente da aplicação involuntária de princípios de geral de reatividade e no nível de aquisição das res
aprendizagem social. O ponto que desejamos frisar postas. Estas variáveis, contudo, não determinam
é que estes resultados benéficos são mais facilmente padrões de comportamento específicos, os quais são
devidos a experiências particulares de aprendiza
EX
PS
ini postas. como os flagrantemente desviantes podem ser su
A psicopatologia não é apenas uma propriedade cessivamente eliminados e reinstalados pela varia
inerente ao comportamento mas reflete as reações ção de suas conseqüêndas imediatas. Estes efeitos
avaliativas de agentes sociais a ações que violam có conseqüentes e influentes podem induir experiências
digos de conduta prescritos. A rotulação social de
U
sensoriais que são intrinsecamente produzidas pela
um dado padrão de resposta como patológico é, de própria atividade, por meio de resultados tangíveis
fato, influenciado por numerosos critérios subjeti ou simbólicos organizados exteriormente, ou por
O
vos incluindo a aversidade do comportamento, os reações de auto-avaliaçâo. A suscetibilidade do
atributos sociais da pessoa desviante, os padrões compôrtamento ao controle por meio do reforça
normativos das pessoas que fazem os julgamentos,
R
mento é também demonstrada pelo fato de que até
o contexto social, no qual o comportamento é de variações sutis na freqüência e padrão dos resulta
sempenhado, e uma pletora de outros fatores. Con dos levam a características de desempenho diferen
G
seqüentemente, o mesmo padrão de resposta pode tes.
ser diagnosticado como “doente” ou pode ser nor-
mativamente sancionado e considerado digno de O terceiro, e em certo sentido o mais influente
imitação por grupos diferentes, em ocasiões dife mecanismo regulador, opera por meio de processos
KS
rentes ou em diferentes contextos ambientais. Con de mediação central. Neste nível superior os insu-
siderando a natureza arbitrária e relativista do ju l mos de estímulos são codificados e organizados; hi
gamento social e da definição do desvio, o valor póteses preliminares sobre os princípios que gover
principal da dicotomia normal versus anormal re nam a ocorrência de recompensas e punições são
O
side na orientação de ações sociais e legais de agen desenvolvidas e testadas na base das conseqüências
tes da sociedade preocupados com a manutenção diferenciais que acompanham as respectivas ações;
de uma sociedade que funcione efetivamente. Esta e, uma vez estabelecidas, regras e estratégias implí
BO
dicotomia, porém, possui pouco significado teórico, citas servem para orientar desempenhos apropria
visto que não existe nenhuma evidência de que os dos em situações específicas. Uma reatividade afe
comportamentos assim dicotomizados sejam ou tiva simbolicamente gerada e operações encobertas
qualitativamente diferentes ou estejam sob controle de auto-reforçam ento também podem figurar
de variáveis fundamentalmente diferentes. proeminentemente na regulação de reações mani
As teorias de personalidade geralmente admitem festas.
EX
que 'traços dotados de energia e estados motivado- Neste esquema conceituai o homem não é nem
nais ocultos impelem o comportamento numa va um sistema impelido internamente ou um reagente
riedade de direções. Estas condições hipotéticas in passivo à estimulação externa. Ao invés disso, o
ternas tendem a ser vistas como relativamente au funcionamento psicológico envolve uma interação
D
tônomas da estimulação externa e a sua relação recíproca entre o comportamento e o seu ambiente
com o comportamento permanece um tanto vaga. controlador. O tipo de comportamento que a pes
Na teoria da apr.endizagem social tanto os compor
IN
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D
IN
2
Questões de Valores e Objetivos
A especificação dos objetivos é de importância dagens comportamentais modificariam somente o
PS
central no desenvolvimento e execução de progra comportamento superficial. Essa diferença apa
mas para a modificação do comportamento. Caso rente de objetos, entretanto, existe, antes de mais
os objetivos sejam definidos de modo imperfeito, o nada, nas conceituações dos terapeutas e não na
agente da modificação comportamental não terá prática como tal.
U
uma base racional para a seleção dos procedimen
tos apropriados de tratamento ou para a avaliação A força do ego, exemplificando, é um constructo
da eficiência de sua intervenção. Exemplos de hipotético e não uma entidade existente dentro do
O
como a escolha dos resultados determina a seleção cliente. Não se pode observar nem modificar cons
dos procedimentos podem ser observados em di tructos hipotéticos. O comportamento do indivíduo
— definido de modo amplo para incluir expressões
R
versas práticas sociais. Um médico, por exemplo,
não prescreve determinada medicação ou interven cognitivas, emocionais e motoras — constitui a
ção cirúrgica a seu cliente sem antes decidir que única classe de eventos que podem ser alterados
mudanças físicas deseja induzir; um pesquisador
não escolhe variáveis independentes para estudo
antes de especificar os fenômenos que deseja modi
G
por meio de procedimentos psicológicos e é, por
tanto, o único objeto significativo da psicoterapia.
De modo semelhante, as variáveis de estímulo são
os únicos eventos que o terapeuta pode modificar,
KS
ficar; um agente de viagens não seleciona um ro
teiro para um cliente antes de informar-se de seu a fim de efetuar mudanças comportamentais. A
destino; e um professor não distribui tarefas a seus psicoterapia, como qualquer outro em preendi
alunos na ausência de algum tipo de objetivo edu mento de influência social, é, portanto, um pro
cacional. De modo semelhante, o primeiro passo cesso no qual o terapeuta organiza as condições de
O
em termos de estados hipotéticos mal definidos (em o psico terapeuta pode modificar.
lugar de resultados comportamentais), os quais
fornecem poucas indicações para a seleção de mé Em última análise, as abordagens da aprendiza
IN
todos e experiências de aprendizagem apropriados. gem social e todas as outras formas de tratamento
De fato, a conceituação de abstrações psicológicas existentes modificam o mesmo objeto, isto é, os fe
como propriedades internas dos clientes em vez de nômenos comportamentais. A maior parte das dis
como constructos hipotéticos dos terapeutas resul cussões sobre processos indutores de modificação,
tou numa considerável confusão a respeito do tipo entretanto, se focaliza no tratamento das inferên
de mudanças efetuadas pelas diferentes aborda cias feitas a partir de eventos comportamentais,
gens na modificação do comportamento. como se tais abstrações existissem independente
Geralmente supõe-se que as abordagens compor mente e causassem seus referentes comportamen
tamentais e psicodinâmicas lidem com objetos fun tais. Os filósofos das ciências já se manifestaram a
damentalmente diferentes. Os métodos psicodinâ- respeito dos perigos envolvidos em se atribuir po
micos tratariam complexos, impulsos reprimidos, tência causal a propriedades descritas do compor
forças do ego e aparelhos mentais, as causas subja tamento. Suas observações, entretanto, tiveram
centes do comportamento, enquanto que as abor- pouco impacto sobre os teóricos da personalidade.
41
42 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
Nem traços nem tipos, como conceitos, têm qual dubitavelmente arregimentar um bom número de
quer existência real. São simples palavras, e pala seguidores, portadores da mesma extraordinária
vras não existem nem no olho do observador nem convicção da importância vital e potência causativa
nas pessoas observadas. Não se pode dizer que um dos zoognicks que mostram os partidários das for
homem tenha um tipo ou um traço, mas sim que se
ajusta a um tipo ou traço. No momento, esse ajus ças da libido, dos complexos de Édipo, dos incons
tamento não seria exato, uma vez que as dimensões cientes coletivos e dos dinamismos do self. Final
da personalidade ainda não foram suficientemente m ente, os hum anistas abraçariam a leoria do
quantificadas para permitir medidas acuradas. No zoognick como mais adequada à complexidade dos
caso dá altura, a medida pode ser precisa e pouca seres humanos, em comparação com as simplistas
ou nenhuma confusão pode surgir de se dizer que doutrinas mecanicistas que insistem teimosamente
um homem, tem uma certa altura. Observação e em afirmar ser o zoognick o próprio comporta
conceito estão ■relacionados tão estreitamente que a mento divergente rebatizado.
frase não é em geral considerada como signifi
PS
A maior parte das abordagens de tratamento de
cando mais do que diz, isto é, que a extensão de
um determinado dado da observação numa certa dica atenção extraordinariamente pequena à sele
direção se ajusta a uma seção de uma dimensão ção de objetivos; quando são eles especificados
ideal de distância. Mas, se se tentar ajustar um (Mahrer, 1967), os resultados pretendidos incluem
certo modo da conduta humana ao traço da cora geralmente uma variedade de virtudes abstratas
U
gem, a imprecisão da correspondência entre ( C o m descritas por meio de termos socialmente aceitáveis,
portamento e conceito leva a uma reificação enga tais como reorganização do self, restauração da efi
O
nadora. O conceito separa-se do comportamento, ciência funcional, desenvolvimento da individuação
adquire noções indefinidas em sua fuga da reali e auto-realização, estabelecimento do equilíbrio
dade e, finalmente, ganha uma existência real in homeostático, substituição do id pelo ego e do su
R
dependente de direito próprio, de modo que,
quando se diz que um homem tem coragem, passa perego pelo ego consciente, estabelecimento da
ele a ser considerado como o afortunado proprie identidade, fortalecimento da força do ego, aceita
tário de algo consideravelmente mais significativo
do que um certo padrão de comportamento [Pratt,
1939, pág. 115].
G
ção da autoconsciência, obtenção do autoconheci-
mento, maturidade emocional e saúde mental posi
tiva. Embora alguns desses termos aludam a carac
terísticas comportamentais vagamente definidas, a
KS
De modo semelhante, uma pessoa afligida pelo que
se denom ina “ego fraco” passará a ser visuali maior parte deles se refere a nebulosos estados hi
zada como sofrendo de algo muito mais significa potéticos. Essas abstrações fornecem pouca iti for
tivo do que os referentes comportamentais a partir mação, a não ser que sejam em seguida definidas
dos quais é esse constructo inferido. em termos de comportamento observável.
O
roso poder causativo seria então atribuído ao hipo mento” é usado em sentido amplo, de modo a in
tético zoognick, enquanto que o comportamento cluir um complexo de atividades observáveis e po
observado e do qual foi o conceito inferido seria tencialmente mensuráveis cobrindo classes de res
depreciado, passando a constituir uma manifesta postas motoras, cognitivas e fisiológicas.
ção comportamental superficial. Mais tarde, testes Após terem sido os objetivos especificados em
D
em diagnóstico atribuiriam tautologicam ente o sobre as experiências que mais provavelmente pro
comportamento dos clientes à ação do zoognick duzirão os resultados desejados. Por exemplo, a de
subjacente. Procedendo na pressuposição de que claração, “Aumentar a autoconfiança e a auto-esti-
“as variáveis do paciente não são concebidas como ma da pessoa”, designa um objetivo terapêutico,
sendo comportamentos, mas constructos corres mas fornece pouca orientação, já que não revela os
pondendo a constelações internas” (Wallerstein, tipos de com portam ento que deverá a pessoa
1963), os objetivos psicoterapêuticos seriam estabe apresentar após ter obtido um aumento em sua
lecidos em termos de remoção do pernicioso zoog auto-estima. Uma vez que a auto-estima e os com
nick. De outro lado, a modificação direta do com portamentos capazes de produzi-la, no caso de um
portamento viria a ser considerada não somente cliente particular, tenham sido descritos, é possível
superficial mas potencialmente perigosa, um a vez estabelecer as condições que criarão os comporta
que a eliminação das expressões sintomáticas pode mentos convenientes, produzindo-se assim a condi
ria forçar o zoognick a emergir sob outras formas ção de auto-avaliação positiva. Em alguns casos,
igualmente perniciosas. Um expoente da teoria do aprender determinadas habilidades pode ser alta
zoognick suficientemente carismático poderia in mente relevante para a aquisição de auto-estima;
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 43
em alguns casos, desenvolver competência interpes resultados desejados são definidos por meio de
soal, que garantirá respostas positivas de outros, termos observáveis e mensuráveis, torna-se pron
pode ser muito apropriado; em outros casos, elimi tamente aparente quando os métodos obtiveram
nar comportamentos sociais alienantes pode ser ne êxito, quando falharam e quando necessitam de
cessário, se se desejar alterar a auto-avaliação; e, fi maior desenvolvimento para aumentar sua potên
nalmente, nos casos em que a pessoa é relativa cia. Essa característica autocorretiva constitui uma
mente competente do ponto de vista social e voca salvaguarda contra a perpetuação das abordagens
cional, o aumento no comportamento de auto-esti- ineficazes, que são dificilmente elimináveis se as
ma pode exigir a modificação de padrões de com mudanças, que se supõem devam produzir, perma
portamento rígidos e auto-impostos, a partir dos necem ambíguas.
quais são formuladas as respostas de auto-apro-
vação e autodesaprovação. De modo semelhante, a
SEQÜÊNCIA DE OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS
PS
não ser que os objetivos especifiquem o comporta
mento que exibirão as pessoas quando felizmente O estabelecim ento de com portam ento social
auto-realizadas, internamente integradas, pessoal
complexo e a modificação dos padrões de resposta
mente reconstruídas, homeostaticamente equilibra
existentes podem ser realizados de modo mais con
das ou emocionalmente amadurecidas, fornecerão
U
sistente através de um processo gradual em que a
eles muito pouca orientação.
pessoa participa de uma seqüência de aprendiza
Além de descrever os com portam entos que gem ordenada, que a orienta passo a passo em di
O
refletem as metas escolhidas, os objetivos devem reção a desempenhos mais intrincados e difíceis.
freqüentemente sofrer maior elaboração por meio Embora a especificação dos objetivos últimos for
da especificação das condições sob as quais espera-
R
neça alguma orientação e continuidade a um pro
se que o comportamento ocorra. Suponhamos que grama de mudança, o progresso diário é altamente
o aumento da assertividade seja a meta para o tra influenciado pela definição de objetivos interme
tamento de um indivíduo excessivamente passivo.
Após ter sido o comportamento assertivo definido
com suficientes detalhes de modo a deixar poucas
dúvidas a respeito das habilidades interpessoais a
G
diários e das experiências de aprendizagem neces
sárias à sua consecução. Uma formulação com
preensiva de objetivos deverá, portanto, conter uma
KS
seqüência de metas intermediárias que levem gra
serem aprendidas, condições apropriadas podem dualmente a modos de comportamento mais com
ser estabelecidas para a produção das mudanças plexos.
desejadas. Para se demonstrar, entretanto, que a Esse princípio de gradação é amplamente apli
pessoa alcançou o objetivo, não será exigido que cado nos procedimentos de aprendizagem social
O
exiba comportamento assertivo em todas as situa discutidos nos capítulos seguintes. Em cada caso, o
ções sociais. Pelo fato de serem as exigências inter com portamento complexo final é analisado em
pessoais muito complexas, o funcionamento social
BO
jetivos complicados, que não podem ser atingidos contexto de fortes respostas positivas incompatíveis
com sucesso por método algum enquanto perma (Wolpe, 1958). O terapeuta organiza prim eira
IN
necerem encobertos em termos gerais e mal-defini- mente um conjunto ordenado de situações amea
dos. O comportamento complexo é um agregado çadoras às quais o cliente responde com graus cres
de com ponentes mais simples que devem ser centes de ansiedade. Inicialmente, é apresentado ao
aprendidos individualmente e apropriadamente in cliente o evento menos ameaçador sob condições
tegrados. Após serem os desempenhos complexos favoráveis, até que sua resposta emocional seja
adequadamente analisados, poder-se-á passar para completamente extinta. À medida que o tratamento
a fase da descrição das condições que permitirão a progride, as propriedades de eliciar medo das si
aprendizagem dos comportamentos componentes. tuações aversivas são gradualmente aumentadas,
Sem esse tipo de análise comportamental, os agen até que a resposta emocional a eventos que origi
tes da mudança não saberão como proceder, e sim nalmente eram por ele considerados altamente
plesmente regressarão às rotinas favoritas. ameaçadores seja extinta. Embora a gradação do
A definição comportamental dos objetivos não estímulo não seja uma condição necessária à extin
fornece somente orientação na seleção de procedi ção do comportamento de medo, permite ela con
mentos apropriados mas desem penha também trole maior sobre a orientação e o progresso das
uma importante função de avaliação. Quando os mudanças do comportamento.
44 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
PS
dura, 1969; Lovaas, 1967) e reforçamento da ela ças essencialmente semelhantes no comportamento.
boração gradual de respostas. Esse ponto de vista — que é, de alguma forma,
A adequada colocação em seqüência dos objetivos análogo ao de contar com “o jeito de lidar com o
interm ediários pode ajudar na consecução das doente” em vez de com intervenções terapêuticas
metas de diversos modos. Quando se avança em di
U
específicas no tratamento de enfermidades físicas
reção a um resultado final de aprendizagem com — pode ser seriam ente questionado p o r um
plicado através de submetas sucessivas, as experiên exemplo em que os objetivos aparecem claramente
O
cias de fracasso podem ser reduzidas a um mínimo, identificados. Suponhamos que duas crianças te
já que nenhuma submeta requer habilidades consti nham sido encaminhadas para tratamento, uma
tuintes que os participantes já não possuam. O grau
R
passiva e não agressiva e a outra exibindo um pa
de reforçamento positivo pode portanto ser man drão de comportamento altamente agressivo. Uma
tido em nível alto pelo progresso contínuo. Se, de vez que a meta é aum entar a assertividade na
outro lado, se exigir das pessoas que desempenhem
comportamento complexo prematuramente, passa
rão elas por. um número grande de fracassos des
necessários. Essas experiências podem prejudicar o
G
criança passiva e diminuir as tendências dominado
ras da criança hiperagressiva, deverá o terapeuta
utilizar os mesmos métodos? A resposta no caso é
KS
claramente negativa. Com base nos princípios esta
programa de tratamento por diminuir a motivação belecidos da mudança comportamental, os proce
positiva, por facilitar o aparecimento de respostas dimentos destinados a reduzir inibições (Wolpe,
obstrutivas ç de esquiva, e inesmo por aumentar os 1958), a apresentação de modelos de comporta
comportamentos divergentes para cuja modificação mento assertivo (Bandura, 1965) e o reforçamento
O
o tratamento foi inicialmente projetado. Objetivos de padrões de respostas assertivas (Jaclc, 1934;
graduados permitem maior controle sobre o resul Page, 1936; Walters e Brown, 1963) são altamente
tado da aprendizagem e orientam e focalizam o
BO
dos desencorajadores, em bora sejam válidos os liott, 1965), combinada com modelação e reforça
princípios que estariam supostamente orientando m ento positivo de respostas de frustração não*
as práticas sociais. agressivas (Chittenden, 1942), é altamente eficiente
na redução da agressividade. Embora em ambos os
casos cordialidade, compreensão, interesse e outros
D
Em vista da importância da definição das condi gerais aumentassem a agressividade numa criança e
ções de aprendizagem necessárias em termos de a reduzissem em outra. Não obstante, os terapeutas
metas específicas, é de surpreender que a questão freqüentemente aderem a um único conjunto de
dos objetivos tenha recebido tão pouca considera condições terapêuticas, desconsiderando a natureza
ção na teorização e prática da psicoterapia. Quase do comportamento divergente do cliente. O com
sem exceção, os tratados de psicoterapia contêm portamento desadaptativo poderá ser, desse modo,
prescrições detalhadas das condições essenciais fortalecido em vez de enfraquecido, nos casos em
para efetuar mudanças e observações sobre os pe que as experiências de aprendizagem são inapro-
rigos do desvio dos métodos prescritos. Os resulta priadas.
dos que tais procedimentos pretendem produzir e O ponto de vista da relação na modificação do
os julgamentos de valor implicados por essas metas comportamento implica também em que nenhuma
são expostos de modo inadequado. Diversas razões modificação significativa permanente no compor
possíveis podem ser consideradas para o caso dessa tamento social pode ser obtida, a não ser que uma
tradicional desatenção com respeito às questões da relação social seja firm em ente estabelecida. Do
seleção de metas. mesmo modo, até recentemente, acreditou-se con-
QUESTÕES de valores e o bjetivo s 45
fiantem erue que um a relação professor-estu- riências da relação podem exercer controle pode
dante cordial constituiria pré-condição necessária roso sobre o comportamento. As questões centrais,
ao processo educacional. Estudos comparativos, en contudo, são as seguintes: deve a relação social ser
tretanto, revelam que os programas de auto-ins- considerada como condição necessária ou facilita-
trução podem igualar ou até mesmo sobrepujar a dora para a aprendizagem e deve ela ser utiliza
eficácia de instrutores na promoção da aprendiza da ritualística ou ponderadam ente para benefi
gem. A suposição de que fatores da situação de re ciar o recipiente? O Cap. 4 apresenta um bom vo
lação constituem requisitos para a aquisição e modi lume de evidência empírica dem onstrando que
ficação de comportamento social é refutada por um comportamentos altamente divergentes apresenta
sem-número de estudos de aprendizagem social. É dos tanto por crianças quanto por adultos —■in
possível , por exemplo, adquirir padrões complexos cluindo comportamento infantil, tendências auto-;
de comportamento social por meio da observação destrutivas, comportamento hipocondríaco e deli
PS
de modelos simbólicos ou de vida real, com os quais rante, alheamento extremo, anorexia crônica, ata
não se tenha estabelecido nenhuma relação prévia ques psicogênicos, tendências psicóticas e outros
(Bandura, 1965). Além disso, inúmeras respostas comportamentos prejudiciais — podem ser elimi
utilizadas em situação interpessoal foram adquiri nados, reinstalados e substancialmente aum enta
U
das sob condições em que estava ausente qualquer dos, dependendo do volume de interesse, atenção e
relação interpessoal. Esse processo de transferência cuidado solícito que esses comportamentos eliciam
foi experimentalmente demonstrado por Walters e em outras pessoas. Uma relação positiva tem, por
O
Brown (1963), que constataram que crianças, quan conseguinte, tanto a potencialidade de ajudar
do intermitentemente reforçadas por golpear um quanto de prejudicar. As atitudes benevolentes e
R
grande boneco, apresentavam subseqüentemente bem-intencionadas, freqüentemente preconizadas
um aumento no comportamento fisicamente agres por inúmeras teorias da personalidade, podem de
sivo com relação a outras crianças em situações de fato promover contingências de reforçamento so
frustração.
As experiências da situação de relação são fre
qüentem ente designadas como influências não-
G
cial que levam a conseqüências prejudiciais; essa
observação sugere que as práticas de criação de
crianças, educacionais e terapêuticas, devem ser ava
KS
específicas e contrastadas com diversos procedi liadas por seus efeitos sobre os recipientes e não
mentos de aprendizagem que são considerados pela intenção hum anitária dos agentes da m u
como influências específicas. É difícil conceber in dança. Inúmeras pessoas bem-intencionadas que
fluências não-específicas em trocas sociais. Cada aderem a essas práticas de higiene mental, as quais
expressão de uma pessoa elicia algum tipo de res têm sido am plam ente divulgadas ao longo dos
O
posta no outro participante, o que inevitavelmente anos, podem algumas vezes, de modo inadvertido,
cria uma contingência específica de reforçamento manter ou mesmo aumentar exatamente os pro
BO
que tem um efeito específico no comportamento blemas que pretendem com seus esforços resolver
imediatamente anterior. Numerosos estudos sobre (Harris, Wolf e Baer, 1964; Gelfand, Gelfand e
processos de mudança estimulados pela teoria do Dobson, 1967; Lovaas, Freitag, Gold e Kassoria,
reforçamento social revelam que respostas inter 1965).
pessoais têm efeitos específicos e previsíveis sobre o A suposição principal envolvida na maior parte
comportamento. É possível, obviamente, para um das abordagens convencionais do tratamento é a de
EX
agente de mudança apresentar respostas unifor que os clientes reviverão, em sua relação com o psi-
memente positivas ou negativas sem levar em conta coterapeuta, os padrões interpessoais desadaptati-
o comportamento da outra pessoa. Em tais casos, vos que caracterizam suas interações quotidianas
entretanto, seria mais correto caracterizar a intera com pessoas significativas. Uma vez evocada com
ção social como envolvendo reforçamento indiscri
D
Brawley e Harris (1968), e outros mais, que abun cada no ambiente terapêutico. Alexander (1956),
dante receptividade social, apresentada nessa base entre outros, questionou essas suposições a respeito
“não-condicional”, não pode nem criar nem manter dos fenômenos de transferência. Argumentou ele
características de personalidade convenientes. Inte ue a diferença marcante da situação terapêutica e
resse desprovido de direção é claramente insufi as características sociais do terapeuta poderá vir
ciente. a constituir um estímulo pouco conveniente para a
Antes que os leitores concluam que as aborda eliciação de fortes respostas generalizadas. Assim
gens da aprendizagem social negligenciam as variá sendo, inúmeros problemas comportamentais dos
veis da relação, é preciso enfatizar aqui que, muito clientes não seriam efetivamente modificados so
ao contrário, os processos de reforçamento social mente em termos de relação com o terapeuta. Além
desempenham um papel de grande importância na disso, as pessoas que têm uma vida emocionalmente
modificação e manutenção de padrões de persona pobre tornam-se freqüentemente mais interessadas
lidade. De fato, foi a pesquisa realizada dentro do em obter reforçamento positivo do terapeuta do
quadro de referência da aprendizagem social que que em resolver seus problemas interpessoais. As
mostrou, do modo mais conclusivo, que as expe mudanças na personalidade podem também ser di
46 QUESTÕES de valores e objetivo s
ficultadas se o terapeuta, devido a satisfações limi sintam mais confortáveis. Se igual raciocínio diri
tadas em suas próprias relações não profissionais, gisse a prática da medicina — suponham um pa
usar seus clientes como fonte substituta de gratifi ciente portador de um tumor no cérebro que con
cação. Por essas e outras razões, Alexander reco sulta um médico que se sente mais à vontade pro
mendou maior utilização de relações extra terapêu cedendo a apendicectomias —» uma considerável
ticas para efetuar mudanças no comportamento so porção da população de pacientes já teria deixado
cial. há muito esse mundo enquanto que uma porção
Ficou evidente, a partir dos estudos sobre resul ainda maior se veria desprovida de convenientes es
tados apresentados no Cap. 1, que, seja o que for truturas anatômicas. A modificação do comporta
que os clientes revivam com seus terap eu tas, mento bem sucedida exige determinadas condições
são relativamente poucos os efeitos benéficos dessas de aprendizagem. Assim sendo, ao se planejar um
representações que filtram para as relações inter programa de mudança, o foco principal deverá ser
PS
pessoais da vida diária. É bem mais provável que a dirigido sobre os objetivos desejados e as condições
relação artificial forneça gratificações substitutas convenientes e não sobre o conforto dos agentes da
para as que estão faltando nas relações naturais do mudança. Essa posição não minimiza as diferenças
cliente, em vez de servir como um veículo impor individuais na capacidade dos terapeutas para criar
tante de mudança de personalidade. As pessoas se tipos diferentes de condições de aprendizagem.
U
riam mais fundam entalm ente ajudadas se seus Muito pelo contrário, acentua a necessidade de se
padrões de comportamento fossem modificados de lecionar agentes de mudança na base dos resulta
O
modo a permitir que pudessem auferir maiores sa dos desejados da aprendizagem.
tisfações das relações de suas vidas diárias, tor A desconsideração comum de métodos e objeti
nando assim desnecessárias as relações compradas. vos deriva também do fato de que a maior parte
R
Inúmeros psicoterapeutas que não subscrevem a dos psicoterapeutas são treinados essencialmente
teoria da transferência pressupõem entretanto que num único enfoque de tratamento, o qual é por
uma atitude benevolente não-contingente para com
os clientes poderá produzir mudanças benéficas na
personalidade. A aderência estrita à posição de que
G
eles aplicado, com pequenas variações, a um amplo
número de padrões de comportamento divergente.
Os rogerianos oferecem a seus clientes um tipo par
KS
os terapeutas devem m ostrar-se incondicional ticular de psicoterapia para todos os propósitos, os
mente receptivos é virtualmente impossível, con psicanalistas um tipo-padrão de algum modo dife
forme demonstrado em numerosas análises de con rente; da mesma forma, adlerianos, junguianos,
teúdo (Bandura, Lipsher e Miller, 1960; Dittes, sullivanos, gestaltistas, existencialistas e rank.ianos
1957; Goldman, 1961; Winder, Ahmad, Bandura e apresentam outras tantas formas diferentes de psi
O
Rau, 1962). Os terapeutas, incluindo aqueles que coterapia para todos os casos. Uma vez que o
preconizam uma atitude positiva incondicional cliente deve conformar-se com o método oferecido,
ao invés de ter procedimentos especialmente sele
BO
forçamento não contingente na modificação de empregará em sua prática; ela definirá também os
qualquer forma de comportamento. Se fosse esse problemas centrais do cliente, para cuja solução as
princípio de fato aplicado na criação dos filhos, os técnicas da escola foram criadas. Psicanalistas des
pais deveriam responder de modo aprovador e afe cobrirão e resolverão complexos de Édipo; adleria
tuoso quando seus filhos'aparecessem com ardgos nos descobrirão problemas de inadequação e tenta
D
roubados ou se comportassem de modo inade rão alterar a resultante luta compensatória pelo
quado na escola ou quando atacassem fisicamente poder; rogerianos identificarão e -reduzirão as dis-
IN
seus irmãos ou companheiros ou se recusassem a crepandas do self ideal; rankianos trabalharão com
seguir qualquer rotina doméstica ou ainda apresentas as ansiedades de separação; existencialistas promo
sem comportamento cruel. “Amor incondicional” tor verão ativamente o autoconhecimento. Assim, nos
naria as crianças desorientadas, irresponsáveis e com enfoques terapêuticos tradicionais, procedimentos
pletamente imprevisíveis. De modo semelhante, se e objetivos tendem a ser pré-seledonados com pe
os pesquisadores praticassem reforçamento positivo quena referência às diversas formas de divergência
indiscriminado nos experim entos a respeito do exibidas por diferentes pessoas. Considerando o
processo de aprendizagem social, os resultados ob modo addental por meio do qual as divergências
tidos seriam igualmente pequenos. Talvez seja essa com porta menta is são pareadas com as condições de
circunstância relevante para os dados sobre resul aprendizagem, não é de surpreender que os clien
tados da psicoterapia discutidos no capítulo intro tes freqüentem ente interrompam a terapia após
dutório. somente algumas entrevistas e que não seja possível
Outro corolário do ponto de vista da relação es determinar a probabilidade de melhora para os que
tabelece que os psicoterapeutas devam selecionar os continuam. O enfoque da aprendizagem sodal não
métodos de tratamento no emprego dos quais se se baseia sobre um único conjunto de condições
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 47
para efetuar mudanças na personalidade; ao con Goldman, 1961; Murray, 1956; Rosenthal, 1955;
trário disso, fornece, dentro de um quadro de refe Truax, 1966; Winder et al., 1962), é de surpreen
rência unificado, diversos métodos para a modifi der que inúmeros terapeutas continuem a conside
cação de multiformes fenômenos psicológicos. ra r o processo psicoterapêutico como não envol
Os psicoterapeutas menos fortemente compro vendo influência e controle comportamental.
metidos com uma determinada orientação teórica Em seus últimos escritos, Rogers (1956), um im
tentam geralmente variar as técnicas adotadas de portante proponente da posição anticontrole, reco
diferentes sistemas para problemas particulares. nheceu que os psicoterapeutas de fato manipulam e
Entretanto, pelo fato de a literatura não fornecer controlam o comportamento de seus clientes na si
critérios explícitos para a escolha de diferentes mé tuação de tratamento. Argumenta ele, entretanto,
todos, o conjunto de procedimentos conhecido por que esse controle externo benevolente acaba por
um terapeuta é utilizado na realidade de acordo produzir pessoas “auto-realizadas", “flexíveis” e
PS
com sua intuição. Essas tentativas são, portanto, “criativamente adaptativas", cujo comportamento
menos definidas, menos compreensivas e geral pós-terapia fica sob controle interno e livre da su
mente menos eficientes do que um programa em jeição à influência do terapeuta. Os resultados
que determinadas intervenções são levadas a cabo reais, entretanto, estão em considerável desacordo
devido a seus efeitos demonstrados sobre o com com essas pretensões idealizadas. Uma breve com
U
portamento social. paração dos protocolos de entrevistas de casos tra
tados por terapeutas rogerianos com os de clientes
SELEÇÃO DE OBJETIVOS E QUESTÕES ÉTICAS
O
de terapeutas representando diferentes orientações
DO CONTROLE COMPORTAMENTAL teóricas revela claramente que, ao contrário de so
Os objetivos comportamentais não são freqüen frerem um processo de individualização e auto-
R
temente especificados, de modo a evitar o reconhe realização, os clientes foram completamente condi
cimento dos julgamentos de valor e as influências cionados e convertidos ao sistema de crenças, ao
sociais envolvidas na modificação do com porta
mento. Psicoterapeutas que subscrevem métodos
coloquiais costumam descrever essa forma de tra
tamento como um processo de influência social
G
vernáculo e às interpretações da realidade específi
cos de seus respectivos psicoterapeutas. A confor
midade no comportamento verbal é parcialmente
obdda por meio do reforçamento seletivo. A análise
KS
não-contingente, em que o terapeuta serve como seqüencial das trocas verbais em casos tratados por
um catalisador incondicionalmente amoroso, per Rogers revelou que o terapeuta aprovava consisten-
missivo, compreensivo e empático para os esforços temente determinados comportamentos e desapro
do cliente na obtenção da autodescoberta e da vava outros (Murray, 1956; Truax, 1966). À me
O
de seus clientes, deliberadamente ou não manipu uma reclassificação conveniente a fim de minimizar
lou ele os fatores que o controlam. É interessante as decisões éticas que devem ser tomadas por tera
notar a esse respeito que condições impostas a ou peutas e outros agentes de mudança. Na primeira
tros de modo não planejado são geralmente consi categoria, designada de controle externo, a pessoa A
deradas de modo favorável, enquanto que condi cria condições que alteram o comportamento da
D
ções idênticas, estabelecidas após cuidadosa avalia pessoa B sem o seu consentimento. A segunda
ção de seus efeitos sobre outros, são freqüente forma e presumivelmente a mais humanitária, de
IN
mente consideradas culpáveis. Não existe nenhum nominada influência, envolve processos em que A
outro empreendimento que dê um valor tão alto ao estabelece condições que modificam o comporta
desconhecimento, freqüentemente a expensas do mento de B, às quais ela dá um certo grau de con
bem-estar do cliente. E possível que esse sistema de sentimento. A distinção entre controle externo e in
valores centrado no terapeuta viesse a mudar rapi fluência entretanto é mais aparente do que real.
damente, se os contratos terapêuticos estabeleces Em muitos exemplos, certas condições são impostas
sem que a remuneração financeira devesse ser feita aos indivíduos sem sua concordância, conheci
pelo menos parcialmente contingente ao volume de mento ou compreensão e das quais poderão eles vir
mudança demonstrável obtida pelos clientes nos a se livrar mais tarde modificando docilmente seu
problemas interpessoais para os quais solicitaram com portamento na direção sutilmente prescrita
ajuda. pelos agentes controladores. Assim, por exemplo,
Em vista da substancial evidência obtida em pes pessoas que foram legalmente encam inhadas a
quisa de que psicoterapeutas servem como modelos hospitais para doentes mentais ou instituições pe
e reforçadores positivos para o comportamento de nais podem participar voluntariamente de progra
seus clientes (Bandura, Lipsher e Miller, 1960; mas de tratamento, a fim de adquirir os tipos de
48 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
comportamento que melhorarão suas condições de turbadoras na estrutura do self dos clientes. Entre
vida na instituição e lhes assegurarão uma alta rá tanto, após terem sido os valores parentais interna
pida. Uma distinção ética mais fundamental pode lizados suplantados pela adoção das atitudes e
ser feita em termos de se estabelecer se o poder de padrões do terapeuta, o cliente é lisonjeiramente
influenciar outros é utilizado para a conveniência descrito — pelo psicoterapeuta — como auto-reaii-
do controlador ou para o benefído do controlado, zado, flexivelmente criativo e autodirigido!
a qual poderia substituir a que é feita em termos do Uma boa parte da controvérsia entre Rogers e
critério ilusório de consentimento voluntário. Skinner está centralizada em tomo de suas prefe
O controle interno, a terceira categoria de Rogers, rências de valores para outros. Skinner preconiza
envolve um processo em que a pessoa estabelece as que as pessoas devem ser tornadas “realmente feli
condições necessárias para controlar suas próprias zes, seguras, produtivas, criativas e dirigidas para o
respostas. Embora os sistemas auto-reguladores de futuro”; Rogers argumenta em termos de autodire-
PS
sempenhem um papel influente na regulação do ção e auto-realização de potencialidades como os ob
comportamento humano, não são eles inteiramente jetivos prescritos para a influênda social. É necessá
independentes das influêndas externas. Os siste rio observar entre parênteses que, no contexto da
mas auto-reguladores são transmitidos através de prodamação do objetivo da auto-realização, Rogers
processos de modelação e de reforçamento. Após levanta-se de modo vigoroso contra a auto-reali
U
uma pessoa ter adotado um conjunto de padrões zação em termos skinnerianos. O leitmotiv dessa
comportamentais para proceder à auto-avaliação, apresentação parece ser o da conform idade de
O
tenderá ela a selecionar associados que comparti crenças em vez da auto-realização. Como acontece
lhem sistemas de valores e normas comportamen geralmente nas disputas sobre os resultados tera
tais semelhantes (Bandura e Walters, 1959; Elkin e pêuticos, "felicidade” e “conform idade com as
R
Westley, 1955). Os membros desse grupo de refe normas sociais’' são selecionados como exemplo de
rência, por sua vez, servem para reforçar e susten produtos inconvenientes equadonados com passi
tar seus padrões de conduta autoprescritos. Uma
pessoa que escolhe um pequeno grupo de referên
cia seledonado, que não compartilha dos valores do
público em geral, pode parecer altamente indivi
G
vidade; a auto-realização, de outro lado, é apresen
tada como um objetivo enobrecedor. Para contraba
lançar as duas escalas avaliativas, é preciso notar
que a ética da auto-realização centrada no self po
KS
dualista e “internamente dirigida” quando, de fato, deria ser igualmente posta em questão em termos
é ela muitíssimo dependente da aprovação e desa morais, particularmente pelas vítimas inocentes dos
provação real ou imaginada de alguns poucos indi déspotas auto-realizados ou das pessoas centradas
víduos cujo julgamento considera como fundamen em seu próprio self, menos óbvias, mas igualmente
O
ção, os valores, atitudes e padrões de conduta de por terapeutas de linhas diferentes podem ser usa
seus terapeutas para a auto-avaliação (Pentony, dos para produzir efeitos humanos antagônicos.
1966; Rosenthal, 1955). A receptividade à influên- A característica mais notável da atada retórica,
d a da modelação pode ser particularmente aumen aparentem ente humanista, consiste em que ne
tada numa relação em que a pessoa desenvolveu nhum dos partidpantes parece reconhecer que a
EX
uma forte ligação positiva com um modelo in escolha dos objetivos comportamentais pertence de
fluente (Bandura e Huston, 1961; Henker, 1964; direito ao cliente. Uma pessoa pode não estar pro
Mussen e Parker, 1965), condição essa que é consi curando na terapia nem a segurança de Skinner
deravelmente enfatizada na maior parte das psico- nem a conversão de Rogers sob a forma de auto-
terapias. Estudos sobre os efeitos da modelação re realização. Voltaremos em breve a essa questão de
D
velaram ainda que as pessoas tendem a desempe padronização de valores e à inclinação dos terapeu
nhar o comportamento do modelo em sua ausência tas de impor a seus clientes seus próprios acarinha
IN
conjugal e sexual, suas crenças religiosas e políticas, moral, deveriam eles preocupar-se mais a respeito
sua escolha vocacional, suas práticas de treina de sua própria limitada eficácia em ajudar pessoas
mento infantil — escapa ao repetido escrutínio e dispostas a se submeter a sacrifícios financeiros para
influência do terapeuta ao longo de um período de obter as mudanças desejadas, em vez de devanear
vários anos. Uma vez que essa abordagem tende a sobre seus poderes potenciais. A tendência de exa
considerar as dificuldades comportamentais como gerar as possibilidades do controle comportamental
manifestações superficiais de eventos internos mais por métodos psicológicos tão-somente, sem consi
fundamentais e freqüentemente inconscientes, as deração da cooperação voluntária do cliente, e a
tentativas de influência são principalmente dirigi* falha em reconhecer a natureza recíproca do con
das para temas de relevância questionável. Não é trole interpessoal obscurece tanto as questões éticas
incomum, portanto, encontrar clientes cujos siste quanto a natureza dos processos de influência so
mas de valores tenham sido completamente modifi cial.
PS
cados, a despeito da pequena melhora apresentada Ao discutir as questões morais e práticas do con
para as dificuldades comportamentais que os leva trole comportamental é essencial reconhecer que a
ram inicialmente a solicitar ajuda. influência social não é uma questão de impor con
Ao contrário disso, os terapeutas de orientação troles onde antes não existiam. Todo o comporta
comportamental confinam geralmente sua inter
U
mento é inevitavelmente controlado e a operação
venção terapêutica aos problemas comportamentais das leis psicológicas não pode ser suspensa por con
apresentados pelo cliente. São eles classificados cepções românticas do comportamento humano, da
O
como estilos de comportamento aprendidos e não mesma forma que a rejeição indignada da lei da
como expressões de processos inconscientes esoté gravidade como anti-humanista não pode impedir
ricos ou como manifestações de doença mental.
R
as pessoas de caírem. Como foi observado por
Além disso, os procedimentos e objetivos são com Homme e Tostí (1965) “ou se manipulam as con
pletamente claros, o tratamento tem tipicamente tingências ou são elas manipuladas por addeute.
pequena duração e é evidentemente dirigido para
uma meta. É óbvio que, dentro dessa interação al
tamente estruturada, o terapeuta deve exercer con
G
De qualquer forma, se trata de contingêndas e
produzirão seu efeito [pág. 16]”. O processo de
mudança do comportamento envolve portanto a
trole responsável sobre condições que afetam seg
KS
substituição das condições que até então controla
mentos relevantes do comportamento do cliente, ram o comportamento de uma pessoa por condi
uma vez que pretenda cumprir suas obrigações te ções novas. A questão moral básica não diz respeito
rapêuticas. Nesse tipo de abordagem, entretanto, o a se deve o comportamento humano ser controlado
psicoterapeuta está menos inclinado a conformar os mas sim por quem, por que modos e para que fins.
O
sistemas de crenças de seus clientes de acordo com O critério prindpal que pode ser aplicado no ju l
seus próprios pontos de vista. Embora possa pare gamento das implicações éticas das abordagens de
cer paradoxal, os psicoterapeutas que se orgulham
BO
ciso esclarecer, entretanto, que os princípios com parte populadas por individualistas socialmente
portamentais não estabelecem a maneira pela qual prejudiciais. A liberdade de auto-expressão de uma
são aplicados. Sem dúvida alguma, alguns terapeu pessoa pode ser restrita de diversos modos, cada
tas do comportamento abusam do direito das pes um dos quais apresenta problemas éticos algo dife
soas de decidir sobre a direção em que desejam ter rentes no restabeledmento da autodeterminação.
D
de ação. Questões éticas surgem somente se um amplo âmbito de alternativas socialmente toleradas
agente de mudança utiliza sua influênda egoistica- ou de não estabelecer nenhum limite para seu pró
mente ou para tornar seus clientes socialmente ir prio comportamento e ser relegadas pela sodedade
responsáveis. a determinadas instituições. O dilema ético é mais
Deficiências comportamentais também restringem sério quando as normas sociais são questionadas
consideravelmente a liberdade de escolha e redu por inúmeros membros da sodedade e novos pa
zem portanto as oportunidades de autogoverno. As drões de comportamento são preconizados. Existem
posições das pessoas em diversas hierarquias de es hoje em dia abertas controvérsias sobre a morali
tatutos e poder são em grande medida determina dade do homossexualismo, da relação sexual pré-
das por suas competências sociais, educadonais e marital, do uso de drogas que não implicam em
vocadonais. O grau de controle que uma pessoa dependênda, da desobediência civil a leis injustas e
pode exercer sobre suas próprias atividades, o de inúmeras formas de comportamento social que
PS
poder de formar e de modificar o seu próprio am são publicamente definidas como ilegais. Em casos
biente e a acessibilidade e o controle dos recursos como esses, os agentes terapêuticos poderão apoiar
desejados aumentam com posições e estatutos mais mudanças na orientação socialmente prescrita ou
altos. Pessoas que desenvolveram capaddades inte dar legitimidade a padrões divergentes, depen
U
lectuais e vocacionais superiores desfrutam de uma dendo das conseqüêndas sociais e pessoais do com
ampla latitude de escolhas ocupacionais; possuem portamento, das preferências do cliente e da escala
de valores do próprio terapeuta.
O
elas considerável liberdade de regular tanto suas
próprias atividades quanto o comportamento de Inúmeras pessoas cuja liberdade é limitada por
outros; e têm elas os meios financeiros de obter restrições socialmente impostas e que procuram
R
privilégios adidonais que aumentam mais ainda sua ajuda psicoterapêutica não estão na realidade for
autonomia. De modo contrário, os que abandonam tem ente apegadas a seu com portam ento diver
a escola e são, portanto, defidentes em termos de
proficiência sócio-vocacional, acabam relegados a
um estatuto subordinado, em que não somente seu
bem-estar está sujeito a controles externas arbitrá
G
gente; mas, pelo fato de ser ele poderosamente re
forçador ou porque não dispõem de alternativas
mais satisfatórias, têm dificuldade em abandoná-lo.
O estabelecimento do autocontrole e a redução das
KS
rios mas também são eles irreversivelríiente canali valêndas positivas associadas com atividades diver
zados numa vida econômica e sodal que restringe gentes exigem algumas vezes a utilização de proce
ainda mais suas oportunidades de utilizar suas po- dimentos aversivos como parte do programa de tra
tendalidades e de afetar suas próprias circunstân- tamento. O uso de métodos aversivos pode ser cri
aas de vida. A eliminação dessas deficiêndas com
O
ocorrer de modo contingente ao abandono por externamente restringida por práticas sociais pre-
parte do indivíduo dos padrões de comportamento judidais, as mudanças necessárias devem ser feitas
socialmente proibidos. Se um agente de mudança a nível de sistema social.
agir em oposição à sociedade que o apóra institu- Admite-se freqüente e erroneamente (London,
cionalmente, estará ele furtando-se às responsabili 1964) que as psicoterapias tradicionais abracem
dades sodais mais amplas que lhe foram conferi fervorosamente a causa do humanismo enquanto
das. Se, por outro lado, ele impuser a seu cliente que as abordagens comportamentais, por motivos
cativo condições destinadas a forçar a conformi nunca esclarecidos, não estariam supostamente in
dade a normas sodais, ele estará subvertendo o di teressadas nas implicações morais de suas práticas
reito do cliente de escolher como deseja viver sua ou tomariam posição antagônica com relação aos
vida. Esses dilemas morais são menos difíceis de re valores humanistas. De fato, a terapia comporta
solver nos casos em que o comportamento da pes mental é um sistema de princípios e procedimentos
soa prejudica ou infringe a liberdade de outros. e não um sistema de ética. Seus métodos, como
Essas pessoas têm a escolha de recobrar sua auto quaisquer outros procedimentos efetivos, diga-se
nomia, submetendo-se a mudanças dentro de um de passagem, podem ser utilizados tanto para
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 51
ameaçar a liberdade e dignidade humanas quanto ção realizada pelos clientes de seu próprio compor
para garanti-las. tamento e das contingências ambientais que reci
Quando a liberdade é discutida em termos abs procam ente o influenciam . C ontrariam ente à
tratos é em geral equacionada com não-deter- crença comum, as abordagens comportamentais
minismo; reciprocamente, o automatismo é asso não somente podem apoiar uma moralidade hu
ciado com a posição determinista. A questão de se manista, mas também, devido à sua relativa eficiên
saber se liberdade e determinismo são compatíveis cia em estabelecer autodeterminação, mostram-se
ou irreconciliáveis depende da maneira pela qual esses métodos muito mais promissores do que os
são os processos causais conceituados. De acordo procedimentos tradicionais para a promoção da li
com as principais teorias da personalidade, as ações berdade comportamental e da realização das po
humanas seriam ou impelidas de dentro por forças tencialidades humanas.
encobertas ou externamente predeterminadas. Se
OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS NA
PS
os indivíduos fossem meros organismos passivos e
MODIFICAÇÃO DE ESTADOS INTERNOS E
reativos que respondem a influências externas, en
tão seu comportamento seria inevitável; e, por conse
DISFUNÇÕES COMPLEXAS
guinte, seria absurdo elogiá-los por suas realizações Até então, a falha em não orientar o tratamento
ou puni-los por suas transgressões. Seria mais sen para os resultados comportamentais desejados foi
U
sato, desse ponto de vista, elogiar ou castigar os de atribuída à prevalência de determinados métodos
terminantes externos. Mas, como tais eventos são terapêuticos utilizados para todos os propósitos, à
O
também inevitavelmente determinados por condi confiança em que fatores inerentes a uma relação
ções antecedentes, a análise resulta numa infinita benevolente viriam a produzir diversas mudanças e
regressão de causas. Um certo grau de liberdade é à relutância em reconhecer as questões de valores e
R
possível dentro de um ponto de vista determinista, controle comportamental envolvidos na modifica
se se reconhecer que o comportamento de uma ção do comportamento social. A falha em nãó espe
pessoa constitui um fator contribuinte para os
eventos causais subseqüentes. Como já foi visto na
discussão anterior sobre os processos de influência
recíproca, os indivíduos desempenham um papel
G
cificar os objetivos em termos comportamentais se
origina também em parte do ponto de vista de que,
em inúm eros casos, estados internos psíquicos
podem constituir os principais problemas necessi
KS
ativo na criação de seu próprio ambiente controla tando modificações. Essas condições são usual
dor. mente definidas em termos amplos tais como infeli
Do ponto de vista da aprendizagem social, a li cidade, ausência de significado e propósito na vida
berdade não é incompatível com o determinismo. e sentimentos de inutilidade. Antes de discutir sobre
O
Na realidade, a pessoa é considerada livre até onde como poderiam os eventos fenomenológicos ser
pode ela influenciar os eventos futuros por meio da efetivamente alterados, é preciso notar que se tor
nou altamente elegante formular os próprios pro
BO
dicalmente diferentes em dias alternados. Mesmo cer desesperadoras deficiências pessoais, inadequa
admitindo que a seleção de um determinado curso ções heterossexuais evidentes, fracasso intelectual,
de ação dentrfc alternativas disponíveis constitua ela falta de vocação e produtividade e inabilidade em
própria o resultado de fatores determ inantes, estabelecer relações interpessoais satisfatórias.
pode, apesar disso, uma pessoa exercer algum con Problemas abstratos como infelicidade e falta de
D
trole sobre as variáveis que governam suas próprias objetivo não podem ser modificados com sucesso
escolhas. De fato, está sendo feito uso crescente de por nenhum a form a de tratam ento, enquanto
IN
Maiores progressos poderiam ser obtidos no tra da maneira mais bem-sucedida. Alguns teóricos
tamento dos assim chamados distúrbios complexos, afirmam que o comportamento constitui essencial
se fossem eles conceituados como condições psico mente um produto secundário das experiências fe-
lógicas envolvendo múltiplos problemas com graus nomenológicas; selecionam portanto eles esses úl
variados de interdependência — e não como nebu timos eventos como o tema principal das conversa
losos estados gerais. A partir dessa perspectiva, a ções terapêuticas. De acordo com a teoria da
alteração de disfunções comportamentais comple aprendizagem social, autodescrições e experiências
xas não requererá métodos radicalmente diferentes fenomenológicas são parcialmente produtos secun
dos aplicados na modificação de distúrbios isolados. dários de resultados produzidos por comportamen
Esse ponto poderá ser melhor ilustrado, se se con tos. Pessoas, por exemplo, que não possuem as
siderar o problema de deficiências de aprendiza competências sociais e vocacionais necessárias para
gem. Uma criança pode ter desenvolvido habilida satisfazer as exigências ambientais e que recorrem a
des acadêmicas satisfatórias em todas as áreas com estratégias competitivas inconvenientes provocarão
PS
exceção da matemática. Uma outra criança mostra sem dúvida inúmeras conseqüências adversas, que
grande deficiência na matemática e em outras darão origem a desalento, a auto-avaliações negati
áreas, evidencia falta das habilidades comporta vas e a outros problemas subjetivos. De modo seme
mentais sociais que lhe permitiriam manter relações lhante, as que recebem reforço positivo inadequado
U
interpessoais satisfatórias e não desenvolveu a por suas atividades vocacionais e interpessoais ex
competência motora necessária às atividades lúdi perimentarão sentimentos de alienação e de falta
cas. Não existe um único tratamento não-específico de objetivos. A p a rtir de uma perspectiva de
O
que possa simultaneamente criar competência nas aprendizagem social, eventos fenomenológicos,
áreas de funcionamento intelectual, lingüístico, so bem como outros eventos internos, podem ser mais
cial e motor. Programas separados terão que ser eficientemente modificados por meio de mudanças
R
desenvolvidos para cada tipo de problema. Entre comportamentais e da retroalimentação das conse
tanto, os procedimentos usados para desenvolver qüências resultantes do que através dos procedi
competência na aritmética serão essencialmente os
mesmos no caso do problema único e no caso de
problemas múltiplos. É essa precisamente a abor
G mentos convencionais de entrevista.
Um estudo de laboratório realizado por Keister
(1938) ilustra como eventos fenom enológicos
KS
dagem empregada por Lovaas (1967) ao estabele podem ser alterados por retroalimentação a partir
cer funções da linguagem, capacidades interpes de uma série de primorosos experimentos cuidado
soais e habilidades intelectuais e ao eliminar com samente conduzidos. O autor selecionou um grupo
portamento altamente bizarro em crianças autistas de crianças que exibia tendências extremamente
que apresentam, sob formas extremas, um dos dis desadaptativas, incluindo afastamento, destrutivi-
O
túrbios psicológico^ mais generalizados e mais dade, birras e choro, e expressões de sentimentos
complexos com que os psicoterapeutas têm que li de incompetência quando diante de tarefas de so
dar. Exemplos adicionais de modificação bem su
BO
lela aos da medicina, onde tratamentos globais para mas graduados que se tomavam progressivamente
todas as finalidades e de eficácia limitada foram fi mais difíceis, tornando assim possível a construção
nalmente substituídos por procedimentos específi de habilidades para tratar com tarefas de dificul
cos poderosos para o tratamento de distúrbios físi dade crescente. Além disso, o pesquisador recom
cos particulares: pensou consistentemente as soluções corretas das
D
servações acima. A maior parte das funções psico respostas das crianças a tarefas excessivamente difí
lógicas são pelo menos interdependentes. Assim ceis mostrou que as experiências de sucesso foram
sendo, mudanças convenientes numa área do com altamente efetivas na substituição das tendências
portamento podem produzir modificações benéfi desadaptativas existentes por comportamento cons
cas em outras áreas não envolvidas diretamente no trutivo e produtor de autoconfiança.
programa de tratamento. Freqüentemente, como Pelo fato de não terem sido as mudanças cogniti
será demonstrado mais adiante, um problema rela vas e de atitudes sistematicamente avaliadas em
tivamente circunscrito pode ter conseqüências so program as orientados para o com portam ento,
ciais muito amplas; e uma mudança num compor supõe-se geralmente que esses tipos de aborda
tamento divergente específico pode ter efeitos psi gem de tratamento alteram somente o funciona
cológicos difusos. mento comportamental específico. Diversos expe
Se o objetivo principal da terapia é a modificação rimentos foram recentem ente planejados, espe
de eventos fenomenológicos, surge a questão empí cialmente para fornecer evidência empírica das
rica de saber como tais mudanças podem ser feitas conseqüências afetivas e cognitiva* das mudanças
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 53
PS
social seletivo, alteraram favoravelmente sua auto- afirmam que mudanças de personalidade rápidas e
avaliação e a avaliação de outros. Como seria de se fundamentais podem ser obtidas somente por meio
esperar, sua avaliação dos eventos estreitamente li de interpretações profundas de processos internos
gados aos objetivos do tratamento mostrou a m u dos quais o cliente está com pletamente incons
dança mais substancial. ciente. Pesquisas realizadas a esse respeito (Collier,
U
A verdade é que não somente são as auto-ati- 1953; Dittmann, 1952; Harway, Dittmann, Raush,
tudes e os estados subjetivos fundamentalmente Bordin e Rigler, 1955) mostraram interesse especial
O
afetados pelas experiências produzidas pelo com nas tentativas de medir a profundidade das respos
portamento; mas, uma mudança favorável também tas interpretativas do terapeuta, que são tipica
mente distribuídas num continuum que se estende
R
promove a aceitação da pessoa e um aumento no
estatuto social (Hastorf, 1965). A retroalimentação desde a repetição superficial de observações do
social positiva obtida pela competência comporta- cliente até a sugestão de relações causais e eventos
mental pode ter portanto conseqüênçias fenomeno-
lógicas importantes. Nos capítulos seguintes» será
apresentada evidência de pesquisa mostrando que
G
psicológicos que são completamente estranhos à
visão que os cÉentes têm de si próprios. Além disso,
as trocas verbais que ocorrem entre o terapeuta e o
cliente têm sido ocasionalmente analisadas, numa
KS
modificações cognitivas e afetivas podem ser alcan
çadas com maior sucesso através de mudança com- tentativa de estabelecer relações entre variações nas
portamental planejada do que por meio de tentati respostas interpretativas e índices verbais de pro-
resso terapêutico (Colby, 1961; Dittmann, 1952;
vas de alterar diretamente eventos internos. A su
perioridade relativa de uma abordagem do tipo f rank e Sweetland, 1962; Speisman, 1959).
O
comportamental origina-se provavelmente do fato A despeito da falta de consenso com relação aos
de poder uma mudança básica no comportamento procedimentos interpretativos ótimos, supõe-se
BO
fornecer uma base genuína e objetiva sobre a qual geralmente que a hábil identificação de impulsos
construir a pessoa auto-respeito, autoconfiança e reprimidos, que se manifestam sob diversas formas
dignidade. derivativas, tomará gradualmente conscientes os de
terminantes inconscientes do comportamento do
INTROVISÀO COMO OBJETIVO TERAPÊUTICO cliente. Após terem sido os eventos inconscientes
Os tipos de psicoterapia mais tradicionais consi trazidos para a consciência, supôe-se que cessem
EX
jetivos das estratégias de entrevista. Por essa razão, por comportamento voluntariamente dirigido.
dentre as inúmeras questões técnicas discutidas nas Embora a aquisição da introvisão seja conside
IN
exposições de procedimentos terapêuticos, as rela rada uma meta essencial do tratamento e resulte
tivas a ocasião e profundidade das interpretações, a supostamente numa variedade ampla de efeitos
métodos para canalizar as verbalizações para áreas benéficos, a introvisão não foi nunca adequada
supostamente carregadas de conflito, a estratégias mente definida (Zilboorg, 1952) nem foi clara
para lidar com as resistências dos clientes e a expli mente especificada ou demonstrada a maneira pela
cações da possível significação simbólica de respos qual possibilitaria ela mudanças comportamentais.
tas verbais e não-verbais receberam sempre atenção Além das dificuldades de definir introvisão, a his
considerável. tória do comportamento do cliente é raramente co
Na prática terapêutica, o desenvolvimento da in nhecida, e o conteúdo reconstruído tanto de even
trovisão é em grande parte alcançado pela interpre tos históricos quanto de contemporâneos é alta
tação repetidamente feita pelo terapeuta das res mente influenciado pela investigação dirigida pelo
postas verbais, afetivas e sociais que os clientes re terapeuta e pelo reforçamento seletivo das verbali
portam ou exibem em situação terapêutica. Um zações do cliente. Assim, como salientou Marmor
certo número de autoridades propôs regras com re (1962), surgem as escolas de psicoterapia com seu
54 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
PS
Cada escola apresenta sua marca particular de introvi predileções teóricas e da linguagem de seus psico
são. Quais são as introvisóes corretas? O fato é que terapeutas. Na prática tradicional, a introvisão re
pacientes tratados por analistas de todas essas escolas presenta prinapalm ente uma forma de comporta
poderão não somente responder favoravelmente mento auto-avaiiativo que é condidonável e extin-
como também acreditar profundamente nas intro-
U
guível, como são os desempenhos não-verbais. Se
visões que lhes são fomeádas. Até mesmo inter subordinarmos o desenvolvimento da introvisão ao
pretações reconhecidas como “inexatas*' mostraram
O
possuir valor terapêutico! Além disso, o problema é quadro de referênda mais amplo da persuasão social,
ainda mais complicado; dependendo do ponto de muito do que foi descoberto pela psicologia social
vista do analista, os pacientes de cada escola pare experimental pode ser aplicado ao conhecimento
R
cem apresentar precisamente o tipo de dados fe- de como os terapeutas induzem, alteram e contro
nomenológicos que confirmam as teorias e inter lam as introvisóes de seus clientes — mesmo se, em
pretações de seus analistas 1 Assim, cada teoria alguns casos, aderem os terapeutas a crenças tão
tende a ser autoconfirmadora. Freudianos elidam
material sobre complexo de Édipo e ansiedade de
castração; adleriano» sobre luta pelo poder e sen*
G
idiossincráticas sobre as condições que determinam
o comportamento humano a ponto de forçar os li
mites da racionalidade.
timentos de inferioridade; homeyanos sobre ima
KS
gens idealizadas; sullivanos sobre relações interpes Diversos fatores da situação de tratamento con
soais insatisfatórias, etc. O fato i que, numa transa tribuem para o processo de persuasão, particular
ção tão complexa como é o processo terapêutico mente quando se aplica a mudanças na maneira
psicanalitico, o impacto que exercem o terapeuta e em que os dientes concebem suas próprias ações e
o paciente um sobre o outro, e particularmente o
O
dados aos quais reage ou ignora e as interpretações tipos de pessoas que procuram a psicoterapia e
que apresenta — tudo isso exerce um impacto su permanecem nela exibem atributos pessoais seme
gestivo sutil mas significativo sobre o paciente, de lhantes aos das pessoas que, nos estudos de labora
modo a produzir certos tipos de dados de prefe tório sobre conformismo, mudanças de atitude e
rência a outros [Marmor, 1962, pág. 289]. condidonabilidade, são facilmente sujeitas à in
fluência sodal. Além da seleção de dientes persua-
EX
num experimento realizado por Heine (1953), em exercem geralmente mais influência sobre as opini
que clientes que haviam sido tratados por terapeu ões dos redpientes do que os expressados por fon
tas da linha psicanalitica rogeriana e adleriana tes de baixa credibilidade (Berg e Bass, 1961; Ber-
IN
foram solidtados a espedficar os fatores responsá gin, 1962; Hovland, Janis e KeUey, 1953). Interpre
veis pelas mudanças em suas personalidades. Em tações feitas por psicoterapeutas de grande prestí
bora os dientes tratados por terapeutas de corren gio têm, portanto, maior probabilidade de alterar
tes teóricas diferentes tenham reportado um grau as opiniões que os clientes construíram a respeito
semelhante de melhora, tendiam eles a explicar seu de si próprios do que de produzir descrença ou
comportamento em termos da interpretação favo destruir sua confiança no terapeuta.
recida por seus respectivos terapeutas. Esses resul Outro fato, estreitamente ligado a esse último,
tados, e outros que serão citados mais adiante, indi que parece tanto aumentar a conformidade de ati
cam sobremaneira que o conteúdo da introvisão e o tudes quanto diminuir a depreciação do terapeuta,
“inconsdente” emergente de um cliente particular consiste na ambigüidade da situação terapêutica.
podem ser previstos de modo mais acurado a partir Usualmente, as metas do tratamento, ainda que
do conhedmento do sistema teórico de crenças de discutidas com algum detalhe, são apresentadas
seu terapeuta do que da história real da aprendi 2a- somente de modo geral; os dientes recebem so
gem sodal do cliente. mente instruções gerais sobre a natureza da tarefa
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 55
terapêutica e a maneira pela qual os objetivos deve tes, conforme recomendado por Rosen (1953) e
rão ser alcançados. Freqüentemente, o terapeuta se Klein (1960)?
esforça por permanecer ambíguo, de modo a facili A procura de um nível ótimo de interpretação
tar a generalização inapropriada de padrões desa- poderá constituir na verdade uma tarefa estéril
daptadvos de comportamento paia seu dispor. Ain uma vez que, de acordo com a teoria da persuasão,
da mais im portante, o tema das interpretações a eficiência da variação dos graus de comunicações
diz respeito principalm ente a inferências sobre discrepantes é altamente dependente dos atributos,
processos internos não observáveis em vez de lidar credibilidade, prestígio social e poder do comuni
com eventos comportamentais mais objetivos. Os cador. Terapeutas que não desfrutam de alta cre
clientes não teriam, sem dúvida algUma, nenhuma dibilidade e prestígio, por exemplo, mostrar-se-ão
dificuldade em verificar a validade dos juízos do te relativamente ineficientes em produzir mudanças
rapeuta sobre questões factuais; entretanto, têm de atitude, mesmo se aderirem fervorosamente a
eles pequena base objetiva para avaliajr se possuem interpretações que sejam apenas moderadamente
PS
ou não complexos de Édipo, hostilidade reprimida, diferentes das crenças que os clientes alimentam a
tendências homossexuais latentes, impulsos orais respeito de si próprios. Por outro lado, quando os
sádicos e outras forças motivacionais esotéricas, 'psicoterapeutas são considerados como consti
cuja identificação é ainda mais complicada pelo fato tuindo uma fonte de alta credibilidade e possuem o
U
da freqüente inferição, tanto a partir da alta inci poder de recompensar e punir o comportamento
dência quanto da ausência do mesmo comporta do cliente, então as interpretações “profundas”
mento. Estudos sobre submissão social (Asch, 1952; podem ser altamente influentes na formação das
O
Berg e Bass, 1961) docum entaram abundante- introvisões do cliente a respeito de si próprio. Tal
mente que as pessoas podem ser mais facilmente vez seja essa a razão por que Rosen, que exerce
induzidas a aceitar as opiniões de outros sobre as considerável poder de recompensa e de coerção
R
suntos subjetivos e pouco familiares do que na in sobre seus pacientes psicóticos, acha que interpre
terpretação de eventos para os quais existem pistas tações profundas produzem rápidas mudanças de
objetivas. Após terem alterado seu julgamento, os
sujeitos tipicamente subestimam a extensão de sua
submissão e o papel da influência social na modifi
G
atitude; enquanto que estratégias interpretativas
semelhantes, utilizadas por terapeutas qué não pos
suem o mesmo grau de controle sobre o ambiente
KS
cação de suas opiniões (Rosenthal, 1963). de seus clientes, geralmente se mostram ineficien
tes. Os efeitos de interação dessas diferentes variá
O fato de prometer o tratamento psicológico alí veis sociais sobre a conformidade das auto-avalia>
vio das aflições ocasionadas pelas dificuldades ções aparecem claramente ilustrados no estudo de
com portam entais do cliente tam bém trabalha Bergin (1962), que manipulou independentemente
O
contra a possibilidade de vir ele a recusar ás intro- tanto a credibilidade do comunicador quanto o
visões oferecidas pelo psicoterapeuta, que é fre grau de incongruência das interpretações.
qüentemente procurado como último recurso. A
BO
atitudes que freqüentemente interessam aos tera Após terem os estudantes avaliado suas caracte
peutas. rísticas interpessoais em diversas escalas de avalia
Ao fazer interpretações, o terapeuta comunica ção, foram eles submetidos a uma extensa bateria
informações sobre o cliente que é de alguma forma de testes psicológicos que foram apresentados como
discrepante com relação à visão que tem ele de si medidas válidas dos dinamismos subjacentes da
próprio. A controvérsia a respeito da profundidade personalidade. Numa sessão realizada alguns dias
da interpretação ótima poderia portanto ser refor mais tarde, o pesquisador informou aos estudantes
mulada do seguinte modo: podem as auto-adtudes que, de acordo com os resultados da avaliação pro
de uma pessoa ser alteradas mais rapidam ente funda, seu nível de autocompreensão era muito
por meio da apresentação de uma série progressiva acurado em todos os traços avaliados, com exceção
de comunicações moderadamente discrepantes, li da área masculinidade-feminilidade. Receberam
geiramente além do ponto que o cliente se mostra então eles, de acordo com designaçào aleatória, in
disposto a aceitar, ou por meio da confrontação terpretações que os descreviam como moderada
clara com comunicações extremamente divergen mente, altamente ou extremamente mais femininos
56 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
PS
representam principalm ente uma conversão do
cliente ao ponto de vista do terapeuta em vez de
um processo de autodescoberta. Não é de sur
Figura 2*1. Mudança média na auto-avaliação conside preender, portanto, que a introvisão possa ser ob
rada mais aceitável por sujeitos como função da credibi
U
lidade do comunicador e do grau de discrepância da in tida sem se ajudar o cliente com relação às dificul
terpretação em comparação com a visão que tinham os dades que o levaram antes de mais nada a procurar
ajuda. Não há nenhuma razão, por exemplo, para
O
sujeitos de si próprios. Bergin, 1962.
se esperar que um gago convertido ao Freudia-
nismo, Junguianism o, Existencialismo, Behavio-
R
rismo — ou a qualquer outro sistema téorico —
(ou masculinas, para o caso de moças) do que ha comece a falar fluentemente. Sua gagueira seria
viam julgado ser. Mais tarde, voltaram os estudan mais provavelmente eliminada por meio das neces
tes a se avaliar, de modo que pudessem ser verifi
cadas m udanças em suas auto-avaliações. Do
mesmo modo, os estudantes da condição de baixa
G
sárias experiências de reaprendizagem do que pela
descoberta gradual de introvisões predeterminadas.
Para explicar a falta de adequação entre introvisão
KS
credibilidade completaram as auto-avaliações ini e comportamento social, diferentes variedades de
ciais, receberam um dos três níveis de interpreta introvisão foram distinguidas. Existe, de um lado,
ções discrepantes com relação ao estatuto mascu a “introvisão intelectual”, que se supõe ocorrer
lino e repetiram depois a auto-avaliação. Nesses ca quando as respostas cognidvas estão presentes mas
sos, entretanto, as avaliações foram feitas num de está ausente o comportamento social ou emocional
O
crépito escritório situado num porão por um rapa que deveria acompanhá-las. Existe também a “in
zinho magricela na base de observação casual. trovisão emocional”, que é tipicamente definida em
BO
Os resultados, apresentados graficamente na Fig. termos dos efeitos dos quais consütui presumivel
2-1, mostram que, em condições de alta credibili mente a causa. Se o cliente exibe mudanças com-
dade, quanto mais divergente a interpretação tanto portamentais, obteve ele a “introvisão emocional”;
maior a mudança nas auto-atitudes; de outro lado, se fracassa em modificar seu comportamento social,
quando as interpretações tinham origem num a então adquiriu somente a “introvisão intelectual”.
fonte de baixa credibilidade, o volume de mudança Embora o ponto de vista de que constitui a intro
EX
das atitudes decrescia com o aumento da discre visão um pré-requisito para a mudança comporta-
pância entre os julgamentos dos participantes. mental seja am plamente aceito, alguns teóricos
Embora a generalidade do comportamento de (Alexander, 1963) consideram a introvisão uma
auto-avaliação conformista não possa ser determi conseqüência da mudança em vez de seu determi
D
nada a partir das descobertas do estudo acima, su nante. Assim, à medida que as ansiedades são pro
gere ele, contudo, de modo marcante, que as pes gressivamente reduzidas por meio das condições
soas têm a disposição de adotar atributos subjacen permissivas da situação de tratamento, pensamen
IN
tes errôneos que lhes sejam sugeridos por especialis tos até então inibidos são gradualmente restaurados
tas de prestígio. Pode-se supor que os esforços per na consciência. Recentemente, entretanto, inúme
suasivos dos psicoterapeutas acabam por ser espe ros terapeutas vêm se tornando cada vez mais cé
cialmente efetivos porque as mesmas interpretações ticos com respeito ao valor das introvisões relacio
são apresentadas, de modo repetido, durante tra nadas a hipotéticos eventos psicodinâmicos. As
tamento prolongado e são dirigidas não somente questões éticas e empíricas levantadas a respeito das
para os supostos determinantes inconscientes como terapias interpretativas aplicar-se-iam igualmente
também para a resistências dos clientes contra as às abordagens comportamentais, se também elas
introvisões oferecidas. usassem procedimentos de entrevista de modo se
Comunicações sugestivas oferecidas por agentes melhante para ensinar os clientes a construir seu
de prestígio, sob condições de ambigüidade e in próprio funcionam ento psicológico em termos
tensa afiição pessoal, podem ser apropriadas para comportamentais e não efetuassem nenhuma mu
transmitir introvisões a clientes; mas, após terem dança significativa nos problemas de personalidade
sido as autocrenças socialmente induzidas, sua ma para os quais os clientes procuraram ajuda.
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 57
Embora a introvisão de pressupostos determ i de que seu comportamento está sendo modificado;
nantes psíquicos das respostas interpessoais possua os estudos sobre condicionamento verbal são tipi
validade questionável e tenha pequeno efeito sobre camente citados como evidência. Essa descrição do
o comportamento, considerável evidência experi poder de controle pode ser muito lisonjeira, mas,
mental, que será examinada no capítulo final, su na realidade, é extremamente difícil influenciar o
gere que o f onhecimento das relações entre respos comportamento de outra pessoa sem seu conheci
tas e suas contingências pode influir de modo mar mento e seu concurso. De fato, como já foi salien
cante sobre o desempenho observável. Contraria tado (Bandura, 1962), os experimentos de condi
mente à natureza arbitrária e enigmática dos even cionamento verbal demonstram na verdade a fra-
tos psicodinâmicos, a função controladora das con qufza relativa das tentativas de influência sutil. No
tingências ambientais é prontamente demonstrável estudo do condicionamento verbal típico, a classe
e passível de verificação. de respostas a ser modificada não é identificada
para o sujeito e o experimentador utiliza delibera
PS
OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS E damente reforçamentos sutis verbais e não-verbais
“SAÜDE MENTAL POSITIVA” (por exemplo, acenos, sorrisos, “bem”, “certo” e ou
tros gestos) de modo que o sujeito tenha dificul
Discussões a respeito das práticas psicoterapêuti-
dade em reconhecer a contingência reforçadora da
U
cas e de socialização costumam condenar a falta de resposta. Nessas circunstâncias, os sujeitos que dis
consenso entre os cientistas sociais sobre o que
cernem a base sobre a qual está o reforço sendo
constitui “saúde mental positiva”. Subjacpnte a esse
O
administrado mostram mudanças crescentes nas
interesse por um acordo está a crença em que os
respostas críticas; de outro lado, os que não são ca
princípios da m udança com portam ental não
pazes de fazê-lo não demonstram geralmente ne
podem ser adequadamente aplicados até que uma
R
nhum condicionamento. Entretanto, se o experi
concepção conveniente de saúde mental e da natu
mentador selecionar incentivos .atraentes e especifi
reza da “vida boa” seja desenvolvida. O fato de que
uma concepção universal da saúde mental viria a
requerer a padronização de valores fica geralmente
obscurecido pela natureza abstrata do discurso. Por
G
car que comportamento será recompensado, pode-
se com certeza predizer que os sujeitos produzirão
as desejadas respostas em nível assintótico quase
instantaneamente.
KS
outro lado, quando as questões são colocadas de
forma mais específica, torna-se aparente que a A fascinação psicológica por processos de in
busca de critérios uniformes de “bom” funciona fluência social sutil e encoberta, e a ineficiência
mento não é somente uma empresa estéril; poderá comparativa desses procedimentos são também
ela também levantar problemas éticos sérios, caso demonstrados pelo curto interesse despertado pela
O
os padrões venham a ser oficialmente adotados e experimentação sobre percepção subliminar. Os es
impostos à população. Quem prescreverá qual a tudos iniciais geraram considerável alarme público
atividade ocupacional, a crença política ou religiosa, diante da possibilidade de estarem os cientistas
BO
o estilo de vida, as relações sociais ou conjugais oy comportamentais abrindo caminho para a “mente
as preferências artísticas “mais saudáveis”? inconsciente”, fornecendo assim aos persuasores
As pessoas diferem amplamente quanto a grupos escondidos da Madison Avenue um meio de co
sociais e ao longo do tempo em seus pontos de vista merciar com mensagens subliminares que modela
sobre o padrão ideal de vida. De fato, conforme ob riam e controlariam os interesses, atitudes e ações
sociais das pessoas sem seu conhecimento. Essa
EX
individualismo, a “vida boa" pode assumir uma nadas por tecnocratas possuidores de terríveis mé
ampla variedade de padrões aceitáveis. Embora al todos de controle comportamental. Alguns estados
chegaram a pôr em vigor leis destinadas a controlar
IN
gumas vezes recomendada, na suposição de que o mais provavelmente levarão às mudanças psicológi
conhecimento da pessoa das tentativas de influên cas desejadas. Após a especificação de cursos alter
cia não só despertará um comportamento prejudi nativos de ação e suas prováveis conseqüências, o
cial de contracontrole como também reduzirá a po cliente pode participar da seleção dos resultados de
tência dos estímulos reforçadores. Embora essas seu tratamento. Esse processo de decisão não difere
suposições possam ter alguma validade em situa do diagnóstico médico, em que um paciente pro
ções em que as tentativas de influência são princi cura alívio para um determinado mal, mas não é
palmente destinadas a induzir pessoas a realizar capaz de especificar as causas do mesmo ou a medi
ações contrárias a seus interesses e sistemas de valo cação apropriada. Assim, deve o médico detectar os
res (por exemplo, publicidade, persuasão política), fatores que produzem o mal e indicar as probabili
são elas menos apropriadas para situações em que o dades de benefícios imediatos e a longo prazo que
aprendiz seleciona seus próprios objetivos. De fato, resultariam de intervenções curativas alternativas.
o conhecimento de resultados especificados e o Uma vez que tenha o cliente selecionado uma das
PS
compromisso tomado para com eles, compartilha alternativas, ele não somente espera como também
dos com o agente da mudança, tendem a aumentar exige que o terapeuta manipule e controle eventos
a avaliação positiva dos esforços do agente da mu de modo que obtenha o desejado restabeleci
dança e a facilitar a aceitação de sua influência. mento. Um médico que fracasse em assumir con
U
trole total sobre o progresso do tratamento pode
ser acusado de imperícia no exercício da medicina.
RESPONSABILIDADES DE DECISÃO DOS Por outro lado, problemas éticos sérios poderão
O
AGENTES DE MUDANÇA E DOS CU ENTES surgir, se um paciente consultar um médico espe
As implicações éticas do controle comportamen- cialista e for prontam ente submetido a radicais
R
tal não podem ser discutidas de modo significativo procedimentos médicos ou cirúrgicos sem que se
sem a especificação do alcance do comportamento obtenha sua concordância com base na compreen
são clara da maneira em que seu estado físico será
de tomada de decisões do cliente e do agente da
mudança. Em qualquer tipo de empreendimento
de influência social, existem dois sistemas de deci
são básicos. Um conjunto de decisões diz respeito à
G
modificado. Embora os exemplos apresentados se
tenham focalizado nas implicações éticas do tra
balho terapêutico, processos de decisão e questões
KS
seleção de metas; requerem essas decisões juízos de de valores análogos estão envolvidos quando uma
valor. O segundo conjunto de decisões, que envolve pessoa consulta advogados, arquitetos, banqueiros e
questões de natureza empírica, diz respeito à sele outros agentes sociais que possuem o poder de in
ção de procedimentos específicos para a consecução fluenciar devido à sua perícia profissional. Até re
centemente, o principal obstáculo a uma séria utili
O
Contudo, embora o agente da mudança determine Seria ingenuidade supor que os agentes de mu
os meios pelos quais resultados específicos deverão dança não desempenham papel algum na determi
ser alcançados, o cliente deve desempenhar o papel nação de metas. Na psicoterapia, por exemplo,
principal na determ inação das direções em que para não influenciar a escolha de comportamentos
EX
deve seu comportamento ser modificado. Até onde pelo cliente, o terapeuta seria forçado a efetuar,
o diente funciona como o principal tomador de de com extrema objetividade, um levantamento com
cisões na área dos valores, as questões éticas fre pleto de todos os resultados alternativos possíveis
qüentemente levantadas com respeito ao controle na base do qual o cliente pudesse fazer a sua es
D
se tornariam, portanto, mais receptivos à influência meio da obtenção da introvisão. Após reestruturar
do terapeuta. o problema central, o terapeuta tenta alcançar obje
Ocasionalmente, um a pessoa pode selecionar tivos que são em geral completamente diferentes
metas que o agente da mudança não esteja disposto dos originalmente apresentados pelo cliente. Se o
a promover ou porque os resultados visados en cliente for suficientemente convencido de que está
tram em conflito com seus valores básicos ou por resolvendo problemas mais gerais, suas dificulda
que não possui a perícia necessária na utilização dos des comportamentais assumirão importância se
métodos que levariam aos objetivos escolhidos. cundária no decurso da terapia, de modo que,
Nesses casos, pode ele recusar-se a participar do mesmo se não forem modificadas, poderá ele supor
tratamento ou, se as mudanças desejadas lhe pare que o contrato foi cumprido. A introvisão foi alcan
cerem apropriadas, pode indicar ao cliente um çada.
outro profissional. Um contrato terapêutico envolve uma obrigação
Problemas especiais na seleção de metas podem
PS
da pane do terapeuta de modificar os problemas
também surgir quando as pessoas se mostram con apresentados pelos clientes. Um terapeuta pode co
fusas a respeito de seus próprios valores e propósi locar no mercado um tipo particular de introvisão
tos; ou quando apresentam deficiências severas em sem levantar objeções de ordem ética desde que
seu comportamento orientado para a realidade e acrescente duas importantes ressalvas: primeira,
U
pequena capacidade de comunicação. Pode-se colo deverá ele informar aos clientes que as introvisões
car em questão a capacidade dessas pessoas para se que provavelmente alcançarão refletem seu próprio
O
lecionar para si próprias objetivos realmente signi sistema de crenças; e segunda, que o fato de
ficativos. Fairweather, Sanders, Maynard e Cressler alcançá-las poderá vir a ter um impacto muito pe
(1969) mostraram em seu trabalho com esquizofrê queno nas dificuldades comportamentais que os le
R
nicos crônicos que esses indivíduos podem partici varam a procurar a terapia. Torna-se evidente,
par com sucesso da stleção de metas pessoais desde pelos resultados das abordagens interpretativas,
que as alternativas sejam definidas em termos com
preensíveis de desempenho e seja dada aos clientes
a responsabilidade pela tomada de decisões que
afetam suas vidas diárias. Algumas pessoas alta
G
que o terapeuta que leva seus clientes a acreditar
que as introvisões aliviarão seus problemas compor-
tamentais tem muito poucas probabilidades de rea
lizar as mudanças que subentende.
KS
mente divergentes podem naturalmente recusar-se
a buscar modificações de qualquer tipo. Freqüen TOMADAS DE DECISÃO SUCESSIVAS
temente constituem elas uma ameaça para si pró
Decisões a respeito de objetivos não são irrevogá
prias ou para o bem-estar de outros. Se essas pes
veis. As conseqüências que resultam das mudanças
O
os problemas criados pelas incertezas sobre o que rientado em direção a novos objetivos e a experiên
desejam realmente as pessoas obter com o trata cias de aprendizagem apropriadas. Pelo fato de
IN
mento. Uma questão ética muito mais importante, manter flexibilidade na seção, sucessão e regulação
embora largamente ignorada, diz respeito à redefi dos objetivos, o programa de tratamento perma
nição unilateral pelo terapeuta das metas apresenta nece altamente sensível à retroalimentação das mu
das pelo cliente. Essa revisão do contrato compor- danças resultantes e o terapeuta menos inclinado a
tamental ocorre mais freqüentemente nas aborda invocar uma moratória prolongada para a modifi
gens que focalizam a principal atenção não sobre o cação do comportamento enquanto procura pelo
comportamento do cliente mas sobre estados inter objetivo fundamental. A preocupação com a identi
nos inferidos. O terapeuta toma usualmente a posi ficação acurada do problema central reflete um re
ção de que o cliente não sabe qual é o seu problema síduo do ponto de vista revivalista em psicopatolo-
real e que só pode ele ser revelado por meio de gia, de acordo com o qual diversos problemas in
uma longa série de entrevistas interpretaüvas; os terpessoais se originariam de uma experiência cen
problemas comporta mentais do cliente são em ge tral patogênica. Acredita-se além disso que a revivi-
ral subestimados e considerados como derivativos su fkação e ab-reação do trauma central resultará em
perficiais de condições subjacentes que se supõe rápidas e amplamente generalizadas mudanças na
seriam m odificadas d e' m odo mais efetivo por personalidade.
60 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
Contrariamente a essa posição, pesquisas sobre o aprendizagem social, os que têm contato mais in
processo de aprendizagem social (Bandura e Wal- tensivo com o cliente, uma vez que recebam trei
ters, 1963) fornecem considerável evidência de que namento apropriado, podem servir como os agen
o comportamento divergente é tipicamente contro tes de mudança mais poderosos. Sua eficácia po
lado por diversas variáveis e não é gerado por um tencial deriva do fato de que em tais posições exer
único agente patogênico. Um tratam ento bem- cem eles controle considerável sobre as condições
sucedido exige, portanto, a seleção e consecução de que regulam o comportamento. Aplicações bem-
uma variedade de objetivos específicos, ao invés de sucedidas desse princípio geral são fornecidas pelas
um único resultado de valor geral. A extensão em novas abordagens na terapia infantil, em que os
que mudanças num sistema de comportamento afe pais são utilizados no tratamento- do com porta
tam outras áreas de funcionamento será parcial mento de seus próprios filhos (Hawkins, Peterson,
mente determinada pela semelhança dos dois sis Schweid e Bijou, 1966; O ’Leary, O'Leary e Becker,
temas e pelo grau em que o comportamento alte 1967; Patterson, Ray e Shaw, 1968; Risley e Wolf,
PS
rado põe o cliente em contato com novos modelos 1966; Russo, 1964; Wahler, Winkel, Peterson e
de papéis e com novos padrões de reforçamento. Morrison, 1965; Williams, 1959).
Em um programa bem formulado, uma análi
SELEÇÃO DOS AGENTES DE MUDANÇA
E DO LOCAL DO TRATAMENTO se comportamental cuidadosa é realizada em primei
U
ro lugar, a fim de se identificarem as condições sociais
Após terem sido estabelecidas as metas e as ne que mantêm os diversos distúrbios do comporta
O
cessárias experiências de aprendizagem, surge um mento. Em seguida, os padrões de respostas diver
novo conjunto de decisões para a seleção dos agen gentes a serem eliminados e os comportamentos de
tes de mudança que, em virtude de seu treina sejados a serem fortalecidos são claramente especi
R
mento especializado ou relações estreitas com o ficados. Recebem então os pais uma descrição deta
cliente, são melhor indicadas para implementar os lhada de como devem eles alterar suas maneiras ca
procedimentos de tratamento. Na prática clínica
tradicional, as mudanças no comportamento são
caracteristicamente efetuadas por psicoterapeutas
profissionais em consultórios, principalmente atra
G
racterísticas de reagir ao comportamento de seus fi
lhos a fim de obter mudanças terapêuticas. Envolve
isso tipicamente uma reversão das práticas de re
fo rçam en to d iferen cial ad o tad as pelos pais.
KS
vés da modificação dos conteúdos verbais simbóli Quando o comportamento divergente da criança
cos, Embora a decidida preferência por ambientes recebia previamente atenção e o comportamento
artificiais e substitutos simbólicos em contraposição desejado passava praticamente ignorado, os pais
à ocorrência natural dos eventos tenha sido teori eram aconselhados agora a ignorar ou reforçar ne
O
camente jusdficada, essas condições de tratamento gativamente seu comportamento aberrante e a res
foram provavelmente adotadas mais para a conve ponder positivamente às formas de comportamento
niência do terapeuta do que por qualquer superio que desejavam promover. \< >c. ; lso de problemas de
BO
Como conseqüência dos princípios da generaliza ções somente têm eficiência limitada, a não ser que
ção, entende-se que as condições ótimas para efe sejam combinadas com outros procedimentos que
IN
tuar mudanças comportamentais, do ponto de vista ajudem a alterar e a apoiar o comportamento dos
da maximização dos efeitos da transferência, exi pais. Os pais podem compreender os princípios da
gem que as pessoas desempenhem os padrões de m udança, mas podem te r d ificu ld ad e s para
comportamento desejado de modo bem-sucedido traduzi-los em ações apropriadas. A fim de minorar
nas diversas situações sociais em que o comporta esse problema, as estratégias de tratamento são de
m ento é mais ap ro p riad o . Em co n trap artid a, lineadas de modo extremamente detalhado; mas,
quando o tratamento fica principalmente centrali além disso, inicialmente, as práticas recomendadas
zado sobre respostas verbais expressadas num con são modeladas pela pessoa encarregada do plane
texto aü'pico e invariante, não é possível supor-se jamento do programa enquanto os pais observam a
que as mudanças induzidas se generalizarão neces interação. Após terem sido os procedimentos ade
sariamente para os desempenhos da vida real de quadam ente dem onstrados e ter-se obtido um
modo considerável. certo grau de controle sobre o comportamento di
As questões referentes ao local e conteúdo do vergente da criança, os pais tomam gradualmente a
tratamento estão estreitamente ligadas à escolha seu cargo a função terapêutica. Os pais são direta
dos agentes de mudança. Do ponto de vista da mente supervisionados até que obtenham profi
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 61
ciência em lidar com o comportamento do filho comportamentais não são facilmente reproduzíveis
sem direção externa. numa clínica, o processo de mudança pode ser ini
Instruções detalhadas, combinadas com demons ciado de modo mais efetivo em casa, com os pais
trações e prática supervisionada, constituem meios funcionando como terapeutas. A praticabilidade da
efetivos de introduzir m udanças no com porta abordagem do tratamento em casa foi demonstrada
mento dos pais, mas são necessários resultados fa por Hawkins et al., em 1966.
voráveis para garantir a adesão às práticas reco O caso ilustrativo que apresentaram envolveu um
mendadas. O problema do reforçamento dos pais é menino de quatro anos de idade que exigia agressi
particularmente crítico nos estágios iniciais do tra vamente atenção constante, comportava-se fre
tamento, quando a retirada das conseqüências posi qüentemente de maneira agressiva e fisicamente
tivas, que tinham sido periodicamente evocadas perigosa e era em geral muito difícil de ser contro
pelo comportamento divergente da criança, produ lado. Após ter sido medida a linha de base da inci
zem freqüentemente um aumento temporário em dência do comportamento hiperagressivo, foi ini
PS
tal comportamento. Durante esse período, pode ser ciado o programa de tratamento. A mãe foi ins
necessário fornecer considerável apoio social para truída para prosseguir com suas atividades caseiras;
manter o desejado comportamento dos pais. Em e, cada vez que o menino exibia comportamento
fases posteriores, as mudanças positivas no compor que exigia alguma providência, o observador indi
U
tamento da criança funcionam como fontes natu cava um entre três modos possíveis de responder.
rais e poderosas de recompensa para os esforços Todas as vezes em que o menino se comportava de
dos pais, de modo que os novos padrões de intera modo repreensível, a mãe era avisada para lhe
O
ção familiar tornam-se reciprocamente reforçado dizer que parasse ou para colocá-lo em seu quarto
res e, portanto, capazes de se automanter. Às vezes, d u ra n te um intervalo cu rto . Por o u tro lado,
R
pode ser difícil para os pais levar a cabo os pro quando ele se comportava de modo recomendável,
gramas necessários devido a condições sociais que, a mãe era encorajada a dem onstrar interesse e
independentemente da criança, afetam seu com aprovação. Conforme mostra a Fig. 2-2, as novas
portamento. Tais obstáculos podem ser superados
com sucesso por meio da modificação das influên
cias conflitantes impostas aos pais.
G
práticas de reforçamento produziram um decrés
cimo notável no comportamento indesejável. Na
fase seguinte a mãe foi solicitada a retomar suas
KS
Quando o comportamento divergente de uma práticas habituais de punir os comportamentos in
criança é suficientemente predominante para ocor desejáveis e ignorar os desejáveis, mas ela teve difi
rer freqüentemente na situação clínica, podem os culdades em reproduzir seu estilo anterior. As con
pais obter a prática necessária por meio de sessões tingências terapêuticas foram mais uma vez restabe
de consulta supervisionadas sobre estratégias de lecidas e um estudo do seguimento do caso foi rea
O
tratam ento a serem aplicadas em casa. Similar lizado aproxim adam ente um mês mais tard e,
mente, nos casos em que os principais problemas quando a interação mãe-filho foi observada du
BO
EX
D
IN
Figura 2-2. Número de intervalos de 10 segundos em que o menino exibiu comportamento inconveniente durante cada
sessão de uma hora. Hawkins et al., 1966.
62 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
rante diversas sessões sem nenhuma orientação ul mento está sendo modificado e eliminem rotinas
terior. Os resultados totais mostram não somente antigas que tinham algum valor funcional, é de se
que a mãe manteve as mudanças favoráveis no esperar uma certa resistência. Na fase inicial de um
comportamento do filho por longo tempo após projeto de Ayllon e Azrin (1964), destinado a res
ter-se o terapeuta retirado de cena mas também tabelecer comportamentos de cuidados pessoais em
que o menino comportava-se geralmente de ma esquizofrênicos crônicos, notou-se, por exemplo,
neira mais afetuosa e atenciosa, que contrastava de que os atendentes do hospital deixavam freqüen
modo marcante com sua beligerância indiscrimi temente de pôr em prática os procedimentos esta
nada anterior. Conforme salienta Hawkins, o prin belecidos, mesmo após terem sido repetidamente
cipal beneficio em utilizar os pais como agentes de instruídos a fazê-lo. Somente após terem recebido
mudança consiste no fato de poderem eles, após os atendentes a retroalimentação a respeito de seus
adquirir prática em métodos de tratamento efeti próprios desempenhos e as conseqüências sociais
PS
vos, aplicá-los de modo bem-sucedido a futuros de seu próprio comportamento, dedicaram-se eles
problemas de desenvolvimento numa variedade de fielmente ao programa prescrito.
circunstâncias. Os esforços dos agentes de mudança são reforça
Embora a discussão até então se tenha concen dos e mantidos até certo ponto pelas experiências
trado na implementação de programas de mudança
U
positivas que resultam das mudanças favoráveis no
por parte dos pais, os mesmos princípios gerais se comportamento de seus clientes. De fato, alguns es
aplicam quando outros agentes de mudança de tudos (Hawkins et al., 1966; Wahler e Pollio, 1968)
O
sempenham funções semelhantes. A direção da tiveram dificuldades em utilizar a rèplicação intra-
mudança deve ser defmida em termos de compor sujeito para dramatizar as relações funcionais entre
tamento observável; os métodos para alcançar esses
R
comportamento e suas conseqüências porque os
resultados devem ser claramente especificados e, de pais, após terem experimentado os benefícios das
preferência, modelados; orientação suficiente deve mudanças comportamentais produzidas em seus fi
ser fornecida para assegurar o bom êxito; e, se ne
cessário, conseqüências favoráveis especiais pa
ra a prática dos procedim entos recom endados
devem ser organizadas. As abordagens comporta-
G
lhos, mostravam-se extremamente relutantes em
reverter às suas antigas práticas de reforçamento.
Entretanto, quando as condições de tratamento ne
KS
cessárias são difíceis de criar ou de manter, quando
me ntais, como mostraremos mais tarde, utilizam a taxa de melhora é relativamente lenta ou a evi
professores, enfermeiras, companheiros e estudan dência do progresso tem fraco valor reforçador, é
tes de modo amplo, sob a orientação de pessoas que desejável fornecer recompensas adequadas também
possuem conhecimento e competência profissional para os agentes de mudança. Por exemplo, para
O
de mudança, não somente como uma maneira eco serem procedimentos essenciais aplicados de modo
nômica de aliviar a séria falta de pessoal, mas por indiferente ou somente esporadicamente. Qualquer
que estão eles numa posição mais vantajosa para suspensão temporária de contingências, particu
obter melhores resultados do que os profissionais, larmente nas fases iniciais de um programa, resulta
que só podem ter um contato breve com o cliente em geral no reforçamento intermitente do compor
D
num ambiente artificial em que o comportamento tamento indesejado. Não devem portanto os pro
divergente é exibido d e modo bem pouco fre gramas de tratamento ser tentados, a não ser que
IN
>rigem a questões importantes sobre a moralidade alternativas serão estabelecidos. A questão principal
i os processos de decisão que orientam as mudan- reside aqui em se saber se a autoridade para a sele
;as instituídas. Nos casos envolvendo comporta ção de metas deverá pertencer a uma elite política
mento divergente amplamente difundido, tal como ou tecnológica ou se deverá ser determinada atra
delinqüência ou condições predominantes de defi vés da participação informada e cooperadora da
ciência resultantes de ambientes empobrecidos, queles cujas vidas serão afetadas por qualquer polí
mudanças sociais profundas são necessárias para se tica que venha a ser adotada. Se se for partidário
obter a reabilitação. Por exemplo, tentativas de re do valor da determinação pelo grupo dos objetivos
duzir a incidência de comportamento anti-social sociais, então mais atenção deverá ser dada ao de
por meio do tratamento de membros individuais senvolvimento de métodos ótimos para esclarecer
por acaso apreendidos constituem esforços estéreis. as conseqüências associadas com as diferentes esco
Problemas de grupo exigem soluções de grupo. lhas de valores, para identificar as preferências co
Novos ambientes sociais envolvendo contingências letivas e para resolver conflitos entre diferentes
PS
apropriadas, modelos de papéis e incentivos devem grupos de interesse. Além disso, salvaguardas e
ser criados, se é que modos de com portamento apoios sociais adequados devem ser providenciados
construtivo devem ser estabelecidos e normativa- para as tentativas garantidas de influência pessoal
mente sancionados. das políticas sociais. Contemplando o futuro não
U
À medida que se acumula conhecimento sobre as tão distante, Hofstadter (1967), por exemplo, prevê
causas e conseqüências de padrões sociais diferen a utilização da tecnologia do computador, em que
tes, e os princípios de mudança comportamental as decisões individuais por voto são conectadas a
O
sofrem novos desenvolvimentos, a sociedade ganha computadores que recolhem dados de modo quase,
meios não somente de evitar o desenvolvimento de instantâneo, a fim de permitir maior participação
R
problemas sociais graves mas também de realizar individual nas tomadas de decisão da sociedade
seus objetivos declarados. Programas preventivos e sempre que praticável.
sistemas aperfeiçoados de vida social exigem novas Sob o efeito de uma burocratização ampla, que
práticas sociais, algumas das quais podem vir a se
chocar com as ideologias e tradições de diversos
grupos de interesse. Controvérsias éticas, portanto,
G
efetivamente obscurece as responsabilidades da
tomada de decisões, a maioria das pessoas acaba
por sentir que é pequeno o controle positivo que
KS
surgem inevitavelmente com respeito aos tipos de podem exercer sabre seu ambiente. Conseqüente
mudança social preconizados, bem como sobre os m ente, ficam elas inclinadas a responder com
métodos pelos quais deverão ser eles alcançados. aquiescência relutante a importantes mudanças so
O conflito de valores resultante de pressões ciais que são freqüentemente orientadas por consi
derações econômicas, decretos baseados na régua
O
força para introduzir novos padrões de comporta acabam por ser frustradas pela faita de modos
mento em outras sociedades que ocupam posições prontamente acessíveis de afetar as decisões sobre
subordinadas. Em inúmeros casos, as mudanças as prioridades culturais que devem ser promovidas.
preconizadas, que envolvem práticas médicas pre- Entretanto, temos assistido nos últimos anos a exi
venuvas, reorganização de sistemas econômicos e gências veementes, principalmente de parte dos
de agricultura, criação de programas educacionais membros mais jovens da sociedade, de maior parti
EX
e introdução de tecnologias que libertam a popula cipação nas tomadas de decisão que afetam o de
ção de trabalho aviltante, têm o poder de enrique senvolvimento e qualidade de suas vidas.
cer a vida social e de desenvolver a liberdade hu Os conflitos de valores surgem não somente na
mana. Embora as mudanças possam ter resultados formulação de metas comuns mas também na sele
D
benéficos, exigem elas freqüentemente modifica ção de métodos para a indução das mudanças dese
ções radicais de crenças e modos de viver estabele jadas. De um modo ou de outro, decisões são to
cidos e são portanto compreensivelmente combati- madas sobre até onde objedvos sociais devem ser
IN
das. Além disso, tais tentativas de influência envol promovidos por meio de métodos coercitivos, por
vem tipicamente a exportação não somente de meio de reforçamento positivo de comportamentos
modos melhores de alcançar objetivos culturais apropriados ou por meio de modelos a serem imi
como também de novas ideologias e fins últimos. É tados os quais exemplificam os padrões comporta-
principalmente a imposição de novos padrões de mentais desejados.
moral, alguns dos quais podem ser disfuncionais no A noção de mudança social planejada tem a ten
am biente estranho, e da prescrição externa de dência de despertar na mente das pessoas associa
como o povo de uma outra cultura deve viver suas ções negativas de arregimentação, invasão da priva
vidas que dá origem a problemas éticos. cidade e redução da autodeterminação. De fato,
Os processos de decisão e as questões de valores conform e argum entaram d e form a irrefutável
envolvidos na seleção das metas de grupo são, sob Benne (1949) e Mannheim (1941), a mudança so
muitos aspectos, semelhantes aos que operam no cial planejada coletivamente, em vez de ser anti-
nível individual. Primeiramente, é necessário deci individualista, geralmente protege e amplia a liber
dir que objetivos sociais dentre uma variedade de dade humana. A necessidade de planejamento so-
64 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS
ciai origina-se do falo de serem as experiências das mento deve ser modificado, as preocupações fre
pessoas, em inúmeras áreas de funcionamento so qüentemente apresentadas sobre a manipulação
cial, reciprocamente determinadas pelas ações de humana tornam-se essencialmente pseudoquestões.
cada uma. Assim, se os motoristas não dispusessem O papel do agente da mudança no processo de de
do benefício dos códigos de tráfego, eles se obstrui cisão deve consistir principalmente na exploração
riam e se prejudicariam continuamente uns aos ou de cursos alternativos de ação praticáveis e suas
tros; mas, por terem concordado com alguns pou prováveis conseqüências, na base da qual os cli
cos regulamentos convenientes, tiveram seu bem- entes podèm fazer escolhas bem informadas, En
estar pessoal e sua liberdade de movimentos alta tretanto, o sistema de valores do agente da mu
mente ampliados. Sem alguns controles sociais dança intrometer-se-á inevitavelmente, até certo
sobre o comportamento humano, a liberdade pes ponto, no processo de seleção de metas. Esses vieses
soal estaria constantemente ameaçada, Paradoxal não são necessariamente prejudiciais, desde que
PS
mente, individualistas zelosos atacam freqüente clientes e agentes de mudança endossem valores
mente justamente as instituições sociais que são es semelhantes e o agente da mudança identifique seu
tabelecidas para proteger a liberdade de auto- julgamento como preferências pessoais em vez de
expressão. apresentá-lo como denotando prescrições científi
cas. Muito mais séria do ponto de vista ético é a
U
Os problemas de restrições inadequadas ocorrem
freqüentemente quando o controle social é esten redefinição unilateral de metas por meio das quais
dido indevidamente a áreas de funcionamento que os psicoterapeutas freqüentemente impõem o obje
O
não envolvem conseqüências interdependentes de tivo da introvisão (que envolve principalmente sutis
nenhuma importância. Crenças, estilos de vida e conversões a determinadas crenças) a pessoas que
hábitos pessoais considerados não convencionais desejam mudar seu funcionamento comportamen
R
podem ser negativam ente sancionados mesmo tal.
quando essas atividades, deixando de lado seu pe
queno valor irritante, raramente afetam o bem-
estar de outros. Pressões desse tipo para a padroni
zação da vida constituem de fato ameaças à liber
dade pessoal.
G Problemas comportamentais de proporções am
plas não podem ser nunca adequadamente elimi
nados em bases individuais, mas exigem tratamento
e prevenção a nível de sistemas sociais. À medida
KS
que as ciências do comportamento continuarem
progredindo em direção ao desenvolvimento de
Sumário princípios de mudança eficientes, a capacidade do
Um dos principais obstáculos ao desenvolvimento homem de criar o tipo de ambiente social que mais
O
de programas de mudança efetivos tem origem na desejar será substancialmente aumentada. Os proces
falha em não especificar precisamente o que deve sos de decisão por meio dos quais são estabelecidas
ser realizado; ou então, na prática ainda mais co as prioridades culturais devem, portanto, ser mais
BO
mum, de definir as metas estabelecidas em termos explícitos, de modo a garantir que a “engenharia
de estados internos hipotéticos. Quando os objeti social” seja utilizada pra produzir condições de vida
vos permanecem ambíguos, as experiências de que enriqueçam a existência e a liberdade compor
aprendizagem são desordenadas e quaisquer que tamental em vez de efeitos humanos aversivos. O
sejam os procedimentos consistentemente aplicados controle sobre as escolhas de valores a nível social
tendem eles a ser determinados mais pelas prefe pode ser aumentado por meio da formulação de
EX
rências pessoais dos agentes de mudança do que novos sistemas de tomadas de decisão coletivas, que
pelas necessidades do cliente. permitam aos membros participar de modo mais
Os métodos e condições de aprendizagem apro direto no estabelecimento dos objetivos do grupo.
priados para qualquer program a de m udança Nas discussões sobre as implicações éticas dos di
D
comportamental não podem ser convenientemen ferentes modos de obter mudanças na personali
te selecionados, até que as metas desejadas te dade, os comentadores freqüentemente emprestam
IN
nham sido claram ente definidas em termos de de modo errôneo uma moralidade negativa às
comportamento observável. Progresso rápido po abordagens comportamentais, como se fosse ela
derá vir a ser assegurado se objetivos intermediá inerente a esses procedimentos. A teoria da apren
rios forem estabelecidos, os quais descrevem as se dizagem social não é um sistema de ética; é, isto
qüências de aprendizagem ótimas para a introdu sim, um sistema de princípios científicos que podem
ção dos componentes comportamentais de desem ser aplicados com sucesso à obtenção de qualquer
penhos sociais mais complicados. A necessidade de resultado moral. Na realidade, devido à sua eficácia
especificação comportamental dos objetivos fica relativa, as abordagens comportamentais se mos
mais claramente ilustrada no caso de padrões com tram muito mais promissoras do que os métodos
plexos de comportamento, que não podem ser al tradicionais para o desenvolvimento da autodeter
cançados de modo algum até que sejam analisados minação e a realização das capacidades humanas.
em suas funções constituintes essenciais. Se aplicadas em direção a objetivos apropriados, os
A seleção de metas envolve escolhas de valores. métodos da aprendizagem social podem tornar-se
Até onde as pessoas tomam a principal responsabi um apoio completamente efetivo para uma morali
lidade de decidir a direção em que seu comporta dade humpnista.
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 65
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The International Journal of Psycho-analysis, 1963, 44, 3 1-A1.
Walters, R. H., & Brown, M. Studies of reinforcement of aggression: III. Trans
fer of responses to an interpersonal situation. Child Development, 1963,
KS
34, 563^571.
Williams, C. D. The elimination of tantrum behavior by extinction procedures.
Journal of Abnormal and Social Psychology, 1959, 59, 269.
Winder, C. L., Ahmad, F. Z., Bandura, A., & Rau, L, C. Dependency of patients,
O
PS
tipos de comportamento são adquiridos e padrões aparece ilustrado pela posição de Parsons (1951),
existentes são modificados envolve modelação e quando afirma que “uma ligação catética generali
processos vicários. De fato, a pesquisa realizada zada” constitui o pré-requisito para a identificação,
den tro do quadro de referência da teoria da mas não é essencial ou está ausente no caso da imi
U
aprendizagem social (Bandura, 1965a; Bandura e tação. Kohlberg (1963), por outro lado, reserva o
Walters, 1963) demonstra que virtualmente todos termo “identificação” para comportamento imita-
os fenômenos de aprendizagem resultantes de ex tivo, que se supõe estar sendo mantido pelo reforço
O
periência direta podem ocorrer em base vicária intrínseco da semelhança percebida, e utiliza o
através da observação do comportamento de outras constructo “imitação” para respostas instrumentais
R
pessoas e de suas conseqüências. Assim, p o r mantidas por recompensas extrínsecas. Outros de
exemplo, uma pessoa pode adquirir complicados finem imitação como a apresentação de comporta
padrões de respostas simplesmente observando o mento imitativo na presença do moedelo, reser
desempenho de modelos apropriados; respostas
emocionais podem ser condicionadas por observa
ção das reações afetivas de outras pessoas enquanto
G
vando identificação para o desempenho do com
portamento do modelo na ausência deste último
(Kohlberg, 1963; Mowrer, 1950). Como se pode
KS
passam por experiências dolorosas ou agradáveis; observar, é pequeno o consenso quanto aos crité
comportamentos de medo ou de esquiva podem ser rios de distinção; contudo, alguns teóricos pressu
extintos vicariamente através da observação do põem que a imitação produz identificação, enquanto
comportamento de aproximação modelado em di que outros afirmam, com convicção igualmente
reção aos objetos temidos, sem que nenhuma con forte, que a identificação resulta em imitação.
O
seqüência adversa ocorra para o sujeito envolvido; A não ser que se possa demonstrar que a apren
inibições podem ser induzidas pela observação da dizagem vicária de diferentes classes de comporta
BO
punição do com portamento de outros; e, final- mento imitativo é dirigida por variáveis diferentes,
meme, a expressão de respostas bem aprendidas distinções propostas em termos de tipos de respos
pode ser acentuada e socialmente regulada através tas envolvidas não são somente gratuitas, mas tam
de ações de modelos influentes. Os procedimentos bém causam confusão desnecessária. Progresso li
de modelação são, portanto, altamente apropriados mitado será obtido na elucidação dos processos de
à obtenção de diversos resultados, incluindo elimi mudança comportamental se, por exemplo, meca
EX
nação de deficiências com portamen tais, redução de nismos de aprendizagem fundamentalmente dife
medos excessivos e inibições, transmissão de siste rentes forem invocados, sem uma adequada base
mas auto-reguladores e facilitaçâo social de padrões empírica, para a explicação da aquisição de uma
de comportamento em escala grupai. resposta social versus dez respostas sociais inter
D
Fenômenos vicários são geralmente classificados relacionadas, que são arbitrariamente designadas
de diversos modos. São usualmente utilizados ter como aspectos diversos de um dado papel. Os re
mos como “modelação”, “imitação”, “aprendizagem sultados de inúmeros estudos, que serão discutidos
IN
por observação”, “identificação”, “cópia”, “aprendi mais adiante, demonstram que a aquisição de res
zagem vicária”, “facilitaçâo social”, “contágio” e postas imitativas isoladas e de inteiros repertórios
“desempenho de papel”. Na teoria da personali comportamentais é, de fato, determ inada pelos
dade, a identificação foi mais freqüentemente dis mesmos tipos de condições antecedentes. Além
tinguida da imitação na base pressuposta de que a disso, a retenção e a reprodução retardada de res
imitação envolve a reprodução de respostas discre postas imitativas discretas requerem a mediação
tas, enquanto que a identificação envolve tanto a por representação dos estímulos modeladores. Há
adoção de diversos padrões de comportamento também pouquíssimas razões para se supor, tanto
(Kohlberg, 1963; Parsons, 1955; Stoke, 1950) em bases empíricas quanto teóricas, que os princí
quanto representações simbólicas do modelo (Em- pios e processos envolvidos na aquisição de respos
merich, 1959) ou sistemas de significados semelhan tas imitativas desempenhadas na presença de mo
tes (Lazowick, 1955). Algumas vezes, entretanto, a delos sejam diferentes das desempenhadas mais
distinção é feita em termos da diferença nas condi tarde em sua ausência. De fato, se os diversos crité-
69
70 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
rios enumerados acima forem seriamente aplica sos desinibitórios não estão envolvidos porque o
dos, isoladamente ou em diversas combinações, na comportamento em questão é socialmente sancio
categorização dos resultados da modelação, grande nado e, portanto, só raramente ou nunca foi pu
parle dos comportamentos imitativos, tradicional nido. Um exemplo simples de facilitação social apa
mente rotulados como de imitação, passariam a ser rece nas situações em que uma pessoa observa aten
considerados comportamentos de identificação, e tamente uma vitrina e os demais transeuntes res
boa parte dos dados obtidos em situação natural, pondem de maneira semelhante. Nas seções se
antes cilada como evidência de aprendizagem de guintes, as variáveis e processos mediadores que di
identificação, seria reclassificada como imitação. rigem esses diversos fenômenos de modelação
É evidentemente possível estabelecer distinções serão discutidos m inuciosamente. As m aneiras
entre diversos termos descritivos com base em va pelas quais as influências de modelação podem ser
riáveis antecedentes, mediadoras ou comportamen- utilizadas com sucesso para efetuar mudanças indi
PS
lais. Entretanto, também se pode questionar a con viduais e mudanças sociais mais amplas serão tam
veniência de fazê-lo, uma vez que existem numero bém examinadas.
sas indicações de ser essencialmente o mesmo o
processo de aprendizagem envolvido, independen
Conceituações Teóricas da
temente da generalidade do que é aprendido, dos Aprendizagem por Observação
U
modelos que apresentaram os padrões de compor As formulações mais antigas, que datam de Mor
tamento a serem adquiridos e das condições de es gan (1896), Tarde (1903) e McDougall (1908), con
O
tímulo sob as quais o comportamento imiiativo é sideram a modelação como uma tendência inata.
subseqüentemente desempenhado. Essa interpretação em termos instintivos dissuadiu
R
a investigação empírica das condições sob as quais
TRÊS EFEITOS DE INFLUÊNCIAS DA ocorre a modelação; e, devido às reações veementes
MODELAÇÃO contra a doutrina dos instintos, até recentemente
G
Para elucidar as influências vicárias é essencial até mesmo os fenômenos classificados desse modo
distinguir entre diferentes tipos de modificação do foram repudiados ou amplamente ignorados nas
comportamento resultantes da exposição a estímu explicações teóricas dos processos de aprendiza
KS
los modeladores, porém a distinção deve ser feita gem.
em termos de critérios mais fundamentais do que
os discutidos acima. Existe grande evidência (Ban- TEORIAS DA ASSOCIAÇÃO E DO
dura, 1965a; Bandura e Walters, 1963) de que a CONDICIONAMENTO CLÁSSICO
exposição a influências modeladoras tem três efei À medida que a doutrina do instinto caía em des
O
tos claramente diferentes, cada um dos quais de crédito, um certo número de psicólogos, entre os
terminado por um conjunto diferente de variáveis. quais Hum phrey (1921), Allport (1924) e Holt
BO
Prim eiram ente, um observador pode adquirir (1931), passou a explicar o comportamento de mo
novos padrões de respostas que não existiam pre delação em termos de princípios associativos. A
viamente em seu repertório comportamental. Para contigüidade temporal entre os estímulos modela
demonstrar experimentalmente essa aprendizagem dores e a resposta semelhante do imitador foi con
por observação ou efeito modelador, é necessário que o siderada como a condição suficiente para a ocor
modelo exiba respostas novas que o observador rência da imitação. De acordo com a conceituação
EX
ainda não aprendeu a desempenhar e que deve de Holt, por exemplo, quando um adulto copia a
mais tarde reproduzir de forma substancialmente resposta de uma criança, esta última tende a repetir
idêntica. Qualquer comportamento que tenha uma o comportamento imitado e, à medida que essa se
probabilidade de ocorrência muito baixa ou nula qüência associativa circular continua, o comporta
na presença de estímulos apropriados pode ser mento do adulto torna-se um estímulo de eficiência
D
ladas e suas conseqüências para o modelo pode for penha uma resposta que é nova para a criança, esta
talecer oú enfraquecer respostas inibitórias nos ob a copiará. Piaget (1952) descreve do mesmo modo
servadores. Os efeitos inibitórios e desinibitórios o processo de modelação como sendo um processo
tornam-se evidentes quando a incidência de com em que os comportamentos espontâneos do imita
portamento imitativo ou dessemelhante aumenta, dor servem inicialmente como estímulos para res
geralmente em função de ter o sujeito observado postas semelhantes do modelo em seqüências imita-
um modelo experimentar conseqüências positivas, tivas alternadas. Também Allport considerou os
e diminui quando o modelo não as experimenta. fenômenos da modelação corçio exemplos de condi
Em terceiro lugar, o comportamento de outras cionamento clássico de verbalizações, respostas mo
pessoas serve como estímulo discriminativo para c toras ou emoções a determinados estímulos sociais
observador, facilitando a ocorrência de respostas com que foram associados por contigüidade.
previamente aprendidas da mesmg classe geral. As diversas teorias associativas isolaram uma das
Esse efeito de facilitação da resposta pode ser distin condições sob as quais as pistas para modelação
guido da desinibição e da modelação pelo fato de podem adquirir funções eliciadoras de comporta
não ser aprendida nenhuma resposta nova; proces mentos imitativos que já existam no repertório de
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 71
PS
que deseja ensinar, expressões essas que claramente último caso, as pistas de modelação constituem um
não existem sob forma integrada no repertório aspecto indispensável do processo de aprendiza
vocal do pássaro. gem. Além disso, uma vez que o paradigma do re
forçamento na aprendizagem por observação re
TEORIAS DO REFORÇAMENTO
U
quer que o sujeito desempenhe a resposta imitativa
Com o advento dos princípios do reforçamento, antes de poder aprendê-la, a teoria apresentada
as explicações teóricas da aprendizagem transferi por Miller e Dollard evidentemente explica mais
O
ram a ênfase do condicionamento clássico para a adequadamente o desempenho de respostas seme
aquisição instrumental de respostas baseada nas lhantes previamente aprendidas do que a sua aqui
conseqüências reforçadoras. As teorias dos fenô sição. Continuando com o exemplo da aprendiza
R
menos de modelação supuseram de modo seme gem da linguagem, para que um pássaro mainá
lhante que a ocorrência da aprendizagem por ob aprenda a palavra “reforço” imitativamente, deverá
G
servação seria contingente ao reforçam ento do ele pronunciar a palavra "reforço” em meio a voca
comportamento imitativo. Esse ponto de vista foi lizações randômicas, emparelhá-la acidentalmente
claramente exposto por Miller e Dollard (1941) em com as respostas verbais do treinador e obter assim
KS
seu trabalho clássico Social Leaming and Imitation. um reforço positivo. As condições que Miller e Dol
De acordo com essa formulação, as condições ne lard consideram como necessárias para a aprendi
cessárias para aprendizagem por modelação in zagem por imitação limitam severamente os tipos
cluem um sujeito motivado que é positivãmente re de mudanças com portamentais que podem ser
forçado por imitar as respostas corretas de um mo atribuídas à influência de modelos sociais.
O
delo durante uma série de respostas de ensaio e A análise skinneriana dos fenômenos da modela
erro inicialmente randômicas. ção (Baer e Sherman, 1964; Skinner, 1953), que é,
BO
Os experimentos realizados por Miller e Dollard sob inúmeros aspectos, semelhante à proposta ori
envolveram uma série de problemas de discrimina ginariamente por Miller e Dollard, também estabe
ção entre duas escolhas, em que um líder treinado lece o reforço como condição necessária para a
r.espondia a estímulos ambientais ocultados do su aprendizagem por observação. Nessa abordagem, a
jeito', de modo que *este último dependia tão-so- modelação é tratada corno uma forma de empare-
mente das pistas fornecidas pelo comportamento lhamento de estímulos em que a pessoa imita o pa
EX
do modelo. As escolhas do líder eram consistente- drão de estímulos gerado por suas próprias respos
mente recompensadas e o sujeito observador era tas às pistas modeladoras apropriadas. A duplica
reforçado de modo semelhante sempre que imitava ção do estímulo dá-se presumivelmente através de
essas respostas. Essa forma de imitação foi denomi um processo de reforçamento diferencial. Quando
nada pelos autores com portam ento “imitativo- o comportamento de imitação é positivamente re
D
dependente”, uma vez que os sujeitos dependiam forçado e respostas divergentes não são recompen
do líder para as pistas relevantes e imitavam suas sadas ou são punidas, o comportamento de outros
IN
respostas. Com base nesse paradigma, foi demons passa a funcionar como estímulo discriminativo
trado que os sujeitos aprendiam prontamente a se para reforçamento no controle das respostas so
guir seus respectivos modelos e generalizavam as ciais.
respostas de cópia para situações novas, modelos Mais recentemente, Gewirtz e Stingle (1968) con
novos e diferentes estados motivacionais. ceituaram a modelação como sendo análoga ao pa
Embora esses experimentos tenham sido ampla radigma do emparelhamento-com-amostra usado
mente aceitos como demonstrações de aprendiza para estudar a aprendizagem de discriminação.
gem imitativa, representam eles de,fato somente o Nesse procedimento, um sujeito escolhe entre um
caso especial de aprendizagem de lugar por discri certo número de estímulos para comparação um es
minação, era que o comportamento de outros for tím ulo que com partilhe de um a p ro p ried ad e
nece estímulos discriminativos para respostas que já comum com o estímulo-amostra. Embora a modela
existem no repertório comportamental do sujeito. ção e o desempenho no emparelhamento-com-
De fato, se as pistas ambientais relevantes tivessem amostra tenham alguma semelhança pelo fato de
sido apresentadas de modo mais claro, o compor ambos envolverem um processo de emparelha-
tamento dos modelos ter-se-ia tornado completa mento, não podem eles de fato ser considerados
72 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
idênticos. Uma pessoa pode chegar a apresentar es reforçamento e que aproximadamente metade das
colhas perfeitamente corretas no emparelhamento crianças restantes, cujos dados foram reportados,
de árias líricas com um recital wagneriano, mas mostrou incrementos no comportamento imitativo
permanecer totalmente incapaz de desempenhar o reforçado, porém não exibiu a resposta modela
comportamento vocal exibido na amostra. A dis da não-reforçada em qualquer nível significativo.
criminação acurada de estímulos constitui uma Uma vez que o reforço não exerceu efeitos clara
pré-condição para a aprendizagem de respostas por mente previsíveis sobre a ocorrência da imitação
observação, mas não se equivale a ela. A principal generalizada, esta deve ter sido em grande parte
controvérsia existente entre as teorias da modela determinada por outras variáveis não-mensuradas
ção está concentrada em torno da questão de se es e não-controladas.
tabelecer quais são as condições necessárias e sufi Usando procedimentos de reforçamento seme
cientes para a aquisição de respostas novas em lhantes com modelos sociais .e incentivos mais po
PS
bases observacionais. derosos, Baer, Peterson e Sherman (1967) foram
Em condições naturais, o comportamento exibido capazes de estabelecer imitação generalizada em
por modelos é tipicamente reproduzido na ausên três crianças severamente retardadas, que apresen
cia de reforçam ento direto. Conseqüentemente, tavam inicialmente um nível muito baixo de com
U
teorias que presumem que alguma forma de re portamento imitativo (ver Fig. 3-1). Após ter um
forço seja necessária à aprendizagem tendem a in longo período de imítação-reforço contingente au
vocar um a fonte intrínseca de reforçam ento. mentado de modo marcante o comportamento imi
O
Supõe-se então que, se a reprodução acurada de es tativo nessas três crianças (sessões 1-14), algumas
tímulos modeladores for consistentemente recom respostas de imitação puderam ser efetivamente
mantidas sem reforçamento, quando eram rando-
R
pensada, a semelhança com porta me n ta 1 por si só
adquire propriedades reforçadoras secundárias. A micamente intercaladas entre imitações positiva
partir de então, a pessoa tenderá a apresentar alta m ente reforçadas (sessões 15-26). E ntretanto,
incidência de ações precisamente imitativas, as
quais, devido ao seu valor de recompensa adqui
rido, serão fortalecidas e mantidas mesmo se não
G
ambos os tipos de respostas imitativas declinaram
rapidamente quando aprovação social e alimento
foram apresentados às crianças em base temporal e
KS
forem nunca externamente reforçadas. não contingentemente ao comportamento imitativo
Baer e seus colegas realizaram diversos experi (sessões 27-31). Foi em seguida demonstrado que
mentos organizados para dem onstrar o controle os dois tipos de respostas de emparelhamento pu
por reforço intrínseco da imitação generalizada. deram ser rapidamente reinstaladas em seu alto
Num estudo (Baer e Sherman, 1964), três respostas nível anterior pela reintrodução de resposta-refor-
O
imitativas (acenar com a cabeça, caretear e verbali çamento contingente (sessões 32-38).
zações novas) foram estabelecidas em crianças pe Foi demonstrado de modo semelhante que crian
ças esquizofrênicas podem adquirir e manter ter
BO
alavanca entremeado entre as outras três respostas inglesas quando corretamente reproduzidas.
imitativas recompensadas. Sob tais condições, al Embora a disposição generalizada de imitar o
gumas das crianças imitaram o pressionar da ala comportamento de outros possa ser desenvolvida
vanca com diversas freqüências, mesmo sem ter fazendo-se com que diferentes pessoas reforcem
sido nunca esta resposta específica positivamente diversos tipos de comportamento numa variedade
D
outras respostas imitativas, a aprovação social por rentes à semelhança comportamental. Se fosse esse
acenar com a cabeça, caretear ou apresentar verba de fato o mecanismo em ação, as respostas imitati
lizações novas foi descontinuada com dois sujeitos. vas não sofreriam extinção abrupta e marcante (ver
Esse procedimento de extinção resultou numa re Fig. 3-1) no momento em que é retirado o reforço
dução do comportamento imitativo de pressionar a para a subclasse mais ampla de respostas imitativas,
alavanca numa das crianças; quando o reforça uma vez que não seria de se esperar que as pistas
mento das outras três respostas modeladoras foi de semelhança perdessem seu valor reforçador tão
restabelecido, o pressionamento imitativo da ala repentinamente. Em vez disso, as recompensas in
vanca também reapareceu. trínsecas que têm origem na duplicação precisa da
A referência freqüente ao estudo acima como resposta deveriam manter o comportamento imita
fornecendo evidência para a função auto-refor tivo por algum tempo, mesmo na ausência de re
çadora da imitação de respostas negligencia o fato forços administrados externamente. Estudos que
de que, mesmo sob exigência explícita, o compor incluíram variações mais extensas nas condições de
tam en to im itativo de um terç o das crianças incentivo mostraram, de fato, que a imitação gene
mostrou-se completamente imune às operações de ralizada está em grande parte sob o controle do in
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 73
PS
U
O
R
G
Figura 3-1. Percentagem de respostas modeladas reforçadas e não reforçadas reproduzidas por uma criança durante
períodos em que as recompensas foram apresentadas contingentemente à ocorrência de respostas de imitação ou após
a passagem de um determinado período de tempo (DRO). Baer, Peterson e Sherman, 1967.
KS
centivo, e não sob o do seu valor recompensador respostas reforçadas seguidas pela série de respos
O
inerente. Berkowitz (1968) descobriu que crianças tas prontamente discrimináveis e nunca reforçadas,
retardadas, recompensadas com respostas imitati- o observador poderia acabar por reconhecer que as
vas somente ao fim da sessão experimental mos últimas respostas nunca produzem resultados posi
BO
travam uma alta taxa de comportamento imitativo tivos e, muito provavelmente, descontinuaria sua
desde que as recompensas alimentares estivessem reprodução. A hipótese discriminativa leva pois a
presentes na sala. Durante as sessões em que o ali uma predição que é oposta à derivada do princípio
mento não esteve à vista, a imitação baixou sensi do reforçamento secundário. De acordo com a ain-
velmente; mas foi prontamente restabelecida pela terpretação d a aquisição da função reforçadora,
introdução da visão do alimento. quanto mais longamente forem reforçadas as res
EX
É preciso notar que o fenômeno de laboratório postas imitativas tanto mais fortemente ficará a se
rotulado de "imitação generalizada” envolve so melhança comportamental provida de proprieda
mente imitação ao longo de respostas sob condições des reforçadoras e, conseqüentemente, maior de
em que os sujeitos são instruídos a repetir o com verá ser a resistência à extinção de respostas empa
D
postas em diferentes situações sociais. Uma explica rencial mais provavelmente será capaz o observa
ção alternativa para essa forma limitada de modela dor de distinguir entre comportamento imitatiyo
ção generalizada pode ser oferecida em termos de reforçado e não-reforçado, tendo como resultado
discriminação em vez de processos de reforçamento um rápido declínio das respostas imitativas não-
secundário. Quando um pequeno número de res reforçadas.
postas modeladas não-recompensadas é distribuído A ocorrência de modelação generalizada é tam
randomicamente entre um número maior consis bém provavelmente determinada em parte pelas
te ntemente reforçado, os dois conjuntos de respos condições invariantes sob as quais são realizadas as
tas não podem ser facilmente distinguidos, sendo experiências de laboratório. Respostas reforçadas e
portanto bem provável que tais respostas venham a não-reforçadas são tipicam ente exibidas pelo
ser desempenhadas com freqüênda semelhante. Se, mesmo modelo, na mesma situação social, durante
por outro lado, a complexidade discriminativa da o mesmo período de tempo e após terem sido os
tarefa de modelação fosse reduzida, fazendo-se sujeitos explicitamente instruídos a se comportar
com que o modelo desempenhasse uma série de imitativamente. Por outro lado, sob condições natu
74 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
rais, que são altamente variáveis e mais facilmente zagem social, dois dos eventos (R S r) do para
distingüíveis, parece existir considerável especifici digma dos três termos estão ausentes durante a
dade com relação à modelação do comportamento. aquisição, e o terceiro elemento (Srf ou estímulo
Se respostas de emparelhamento produzissem de modelador) está tipicamente ausente da situação
fato automaticamente efeitos auto-reforçadores, em que a resposta aprendida por observação é de
então as pessoas deveriam apresentar reprodução sempenhada. DejTKxlo semelhante à teoria de Mil-
ampla de todos os comportamentos modelados por ler e Dollard, a interpretação skinneriana dos fe
crianças, barbeiros, policiais, delinqüentes, profes nômenos da modelação explica satisfatoriamente o
sores e outros. Na realidade, as pessoas tendem a controle de respostas de emparelhamento, previa
ser seletivas com respeito ao que reproduzem, su mente aprendidas, por seus estímulos antecedentes
gerindo esse fato que o desempenho imitativo seja e suas conseqüências imediatas. Entretanto, não é
principalmente regulado por seu valor utilitário e capaz de explicar como uma nova resposta de em
não por reforçamento inerente derivado da seme parelhamento é adquirida por observação na pri
PS
lhança da resposta comportamental. Em outras pa meira vez. Ocorre isso por meio de processos sim
lavras, a teoria da imitação generalizada explica bólicos encobertos durante o período de exposição
mais do que tem sido até então observado. Parece aos estímulos modeladores, antes da apresentação
tratar-se mais de um caso de comportamento regu da resposta manifesta ou do aparecimento de qual
U
lado do que de aprendizagem, uma vez que as pes quer evento reforçador. De fato, se tivessem sido as
soas sabem como imitar o comportamento de ou crianças do experimento de Baer e Sherman testa
tras. O desempenho constitui antes de mais nada das em termos de aprendizagem vicária imediata
O
uma função dos resultados antecipados os quais, mente após ter o modelo feito a demonstração das
por sua vez, são parcialmente determinados pelo quatro respostas críticas, é provável que tivessem
R
grau de semelhança entre situações novas e passa reproduzido o repertório modelado sem ter que
das, nas quais determinadas respostas foram refor ser submetidas a qualquer operação do tipo i-
çadas. mitação-reforçamento contingente. Como mostra
Implicações importantes para o tratamento deri-
vaih das interpretações da modelação generalizada,
uma vez que, em ambos os casos, a meu» consiste
G
remos mais adiante, a aprendizagem por observa
ção envolve a codificação simbólica e a organização
central de estímulos modeladores, sua representa
KS
em estabelecer tendências para a modelação que ção na memória, sob forma verbal ou imaginada, e
não se restrinjam ao ambiente de tratamento mas sua subseqüente transformação de formas simbóli
se generalizem a outros ambientes mais naturais. cas em formas motoras equivalentes. Devido à na
Na base da hipótese do reforçamento secundário, o tureza inferencial desses processos básicos, os beha-
vioristas funcionais m ostram -se inclinados a
O
de que quanto mais reforços uma pessoa receber sados não somente em termos das variáveis da sele
por emparelhamento de comportamentos, mais re ção de respostas, mas também em termos de seus
forçador se tornará para ela imitar em qualquer determinantes mediadores antes que as condições
outra situação. Na base da hipótese discriminativa, necessárias e suficientes para a modelação possam
por outro lado, o programa deveria envolver so ser acuradamente especificadas.
mente operações de reforçamento necessárias o su Ao se avaliar o papel do reforço nos processos de
EX
ficiente para estabelecer o comportamento de em modelação, é essencial distinguir entre a aquisição
parelhamento, o qual seria então recompensado da resposta e o desempenho, uma vez que esses even
por pessoas diferentes numa variedade de situa tos são determ inados por variáveis diferentes.
ções. Não se supõe que a generalização ocorra au Inúmeras pesquisas, diferindo consideravelmente
D
tomaticamente; deve ser ela construída no pro na escolha dos incentivos, tipos de emparelhamento
grama de tratamento. de respostas e idade dos sujeitos mostraram que o
A análise skinneriana dos fenômenos da modela desem penho de em parelham ento de respostas
IN
ção está inteiramente apoiada sobre o paradigma- sofre aumento substancial ao se recompensar tal
padrão dos três termos Sd -►R -* Sr, onde re com portam ento tanto com relação ao modelo
presenta o estímulo discriminativo modelado, R (Bandura, 1965a; Kanfer, 1965; Parke e Walters,
uma resposta manifesta de emparelhamento e S f o 1967) quanto com relação aos sujeitos (Kanareff e
estímulo reforçador. E difícil perceber como pode Lanzetta, 1960; Lanzetta e Kanareff, 1959; Metz,
ria ser esse esquema aplicado à aprendizagem por 1965; Schein, 1954; Wilson e Walters, 1966); en
observação, em que um observador não desem quanto que o comportamento imitativo sofre redu
penha manifestamente as respostas do modelo du ção pela punição direta ou vicária. Entretanto, os
rante a fase de aquisição, em que reforços não são resultados de um experimento relacionado com a
administrados quer ao modelo, quer ao observador, distinção entre aprendizagem e desempenho for
e em que o primeiro aparecimento da resposta ad necem apoio à teoria de que a aquisição de respos
quirida pode ser retardado por dias, semanas ou tas de emparelhamento resulta principalmente da
até mesmo meses. Neste último caso, que repre contiguidade de estímulos e processos simbólicos
senta uma das formas predominantes de aprendi associados, enquanto que o desempenho de respos-
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 75
Las aprendidas por observação depende em grande atrativos apresentados contingentemente à sua re
pane da natureza das conseqüências reforçadoras produção das respostas do modelo, de modo a
para o modelo ou para o observador. promover o desempenho do que tinham adquirido
Nesse estudo {Bandura, 1965b), crianças obser por meio da observação. Conforme aparece na Fig.
varam um modelo Filmado que exibia uma seqüên 3-2, a introdução de incentivos positivos eliminou
cia de respostas novas verbais e físicas de natureza completamente as diferenças de desempenho pre
agressiva. Numa condição do tratamento, o modelo viamente observadas, revelando uma quantidade
foi severamente punido após ter exibido o compor de aprendizagem equivalente entre as crianças nas
tamento agressivo; na segunda, o modelo foi gene condições de modelo recompensado, de modelo
rosamente recompensado com guloseimas e elo punido e de ausência de conseqüências. Do mesmo
gios; a terceira condição não apresentava nenhuma modo, a diferença inicialmente ampla entre crian
conseqüência para a resposta do modelo. O teste de ças de sexos diferentes, a qual em estudos seme
desempenho de imitação realizado após a exposição lhantes, tipicamente interpretada como refletindo
PS
revelou que as contingências de reforço aplicadas uma deficiência de identificação com o papel mas
às respostas do modelo resultaram em diferentes culino por parte das meninas, foi virtualmente eli
graus de com portam ento de em parelham ento. minada.
Comparadas com sujeitos da condição do modelo Os resultados do experimento precedente e de
U
punido, as crianças do grupo do modelo recom outros que discutiremos mais adiante sugerem que
pensado e as do grupo em que o modelo não so a análise comportamental, preconizada pelos pro
freu conseqüência alguma desempenharam espon ponentes da abordagem skmneriana, poderia de
O
taneam ente uma variedade significativam ente senvolver a compreensão dos processos de modela
maior de respostas imitativas. Além disso, os meni ção se fosse dividida em análise da aprendizagem e
R
nos reproduziram quantidade maior do repertório análise do desempenho. A análise da aprendizagem
do modelo do que as meninas, aparecendo essa di se refere à maneira pela qual variáveis em operação
ferença de modo particularmente marcante no tra por ocasião da exposição aos estímulos modelado
tamento do modelo punido (Fig. 3-2).
Em seguida ao teste de desempenho, as crianças
dos três grupos receberam incentivos altamente
G
res determinam o grau de aprendizagem do com
portamento modelado. A análise do desempenho,
por outro lado, refere-se a fatores que dirigem a
KS
O
BO
EX
D
IN
Figura 3-2. Número médio de diferentes respostas imitadvas reproduzidas por crianças como função das conseqüências
da resposta para o modelo de incentivos positivos. Bandura, 1965b.
76 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
disposição das pessoas de desempenhar a resposta ordem superior, o observador ficará predisposto a
que aprenderam. reproduzir as respostas de emparelhamento devido
Embora exista ampla evidência de que conse à retroalimentação sensorial positiva que as acom
qüências reforçadoras podem alterar significativa panha.
mente a probabilidade de ocorrência futura de res Existe evidência substancial (Bandura e Huston,
postas de emparelhamento, eventos conseqüentes 1961; Grusec, 1966; Henker, 1964; Mischel e Gru-
dificilmente poderão servir como condição prévia sec, 1966; Mussen e Parker, 1965) de que a mode
para a aquisição de respostas que já tenham sido lação pode ser aumentada por meio da ampliação
desempenhadas. A importante questão de se saber das qualidades reforçadoras de um modelo ou
se o reforçamento constitui um pré-requisito para a fazendo-se o observador testemunhar situações em
aprendizagem observacional pode ser resolvida de que o modelo experiencia resultados recompensa
modo mais definitivo pelo uso de organismos infra- dores. Esses mesmos estudos, entretanto, contêm
alguns achados contraditórios com relação à teoria
PS
huma nos, cuja história de reforçamento pode ser
controlada. Num estudo preliminar, Foss (1964) des da retroalimentação afetiva.. Mesmo se as qualida
cobriu que pássaros são capazes de imitar padrões des reforçadoras de um modelo forem igualmente
sonoros não-usuais apresentados num gTavador associadas com os diferentes tipos de comporta
mesmo na ausência de qualquer reforçamento pré mentos que desempenhar, os efeitos modeladores
U
vio de respostas de emparelhamento. Na aprendi tendem, contudo, a se mostrar específicos em vez
zagem humana, sob condições em que incentivos de gerais. Isto é, a alimentação do modelo aumenta
O
são repetidam ente apresentados a um modelo à a reprodução de algumas respostas, não tem efeito
medida que exibem uma série contínua de respos algum sobre outras e pode de fato diminuir a ado
tas, a observação de resultados reforçadores ocor ção de algumas outras (Bandura, Grusec e Men-
R
rendo no início da série poderá levar a aumentar a love, 1967a). Estudo limitado realizado por Foss
vigilância do observador com respeito ao compor (1964), em que alguns pássaros mainás foram ensi
tamento subseqüentemente modelado. A antecipa
ção de reforçam ento positivo para respostas de
emparelhamento por parte do observador pode,
portanto, influenciar indiretam ente o curso da
G
nados a reproduzir assobios incomuns apresenta
dos num gravador, também não foi capaz de con
firmar a proposição de ser a modelação intensifi
cada por condicionamento positivo. Os mainás imi
KS
aprendizagem observacional por promover e foca taram sons diferentes de modo proporcional, quer
lizar respostas de observação. tivessem sido apresentados na ausência de qualquer
reforço quer quando os pássaros estavam sendo
TEORIA DA RETROALIMENTAÇÃO AFETIVA alimentados. Deve-se notar, entretanto, que nem o
O
A teoria da imitação por retroalimentação senso- estudo de Foss nem os experimentos citados ante
rial de Mowrer (1960) salienta semelhantemente o riormente utilizaram o tipo de relação temporal
papel do reforço, mas contrariamente às aborda entre pistas de modelação e administração de re
BO
gens precedentes que reduzem a imitação a um forços que seria considerada ótima para emprestar
caso especial de aprendizagem instrumental, Mow aos eventos modeladores uma valência afetiva.
rer enfatiza o condicionamento clássico de emoções Numa elaboração da teoria da imitação por re
positivas e negativas acom panhando o reforça troalimentação afetiva, Aronfreed (1968) apresen
mento de estímulos que se originam das respostas tou o ponto de vista de que estados afetivos agra
de emparelhamento. Mowrer distingue duas for dáveis ou aversivos tornam-se condicionados aos
EX
Através de repetidas associações por contigüidade durante o desempenho de um ato manifesto. Essa
do comportamento do modelo com experiências conceituação da imitação é dificilmente verificável
IN
recompensadoras, adquirem essas respostas gra do ponto de vista empírico, uma vez que não espe
dualmente um valor positivo para o observador. Na cifica de modo suficientemente detalhado as carac
base da generalização do estímulo, o observador terísticas dos padrões, o processo pelo qual os
pode mais tarde produzir experiências de retroali padrões cognitivos são adquiridos, a maneira pela
mentação auto-reforçadoras simplesmente repro qual as valências positivas se tornam condidicona-
duzindo tão acuradamente quanto possível o com das aos padrões ou como as propriedades de des
portamento do modelo positivamente valorizado. pertar emoções dos padrões são transferidas para
Na segunda forma de aprendizagem imitativa ou intenções e pistas proprioceptivas intrínsecas às
“empática", o modelo não somente exibe a res respostas manifestas. Existe, entretanto, alguma
posta, mas também experimenta as conseqüências evidência experimental que tem implicações impor
reforçadoras. Supõe-se pois que o observador, por tantes para as pressuposições básicas das noções de
sua vez, experiende empaticamente os concomitan retroalimentação.
tes sensoriais do comportamento do modelo e tam As teorias da retroalimentação, particularmente
bém intua suas satisfações ou seu desconforto. as que se apóiam de modo parcial sobre as funções
Como resultado -desse condicionamento vicário de controladoras das pistas proprioceptivas, são seria
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 77
mente desafiadas pelos achados dos experimentos antecipados com base em conseqüências prévias
de condicionamento envolvendo a aplicação de cu que foram diretamente enfrentadas, vicariamente
rare, nos quais os animais são esqueleticamente experienciadas ou auto-administradas.
imobilizados durante o condicionamento aversivo Embora as concepções da modelação por retroa
ou extinção. Esses estudos (Black, 1958; Black, limentação não exijam que uma resposta seja de
Carlson e Solomon, 1962; Solomon e T u rn e r, sempenhada para que possa ser aprendida, não
1962) demonstram a ocorrência dos fenômenos da conseguem entretanto explicar a aquisição de com
aprendizagem na ausência de respostas esqueléticas portamento imitativo quando não são dispensados
e sua retroalimentação proprioceptiva correlata. reforços nem ao modelo nem ao observador. Além
Resultados de estudos com eliminação do influxo disso, uma grande parte das respostas adquiridas
sensorial (Taub, Bacon e Berman, 1965; Taub, por observação não recebem uma valência afetiva.
Teodoru, Ellman, Bloom e Berman, 1966) também Fica tal fato exemplificado pelos estudos de apren
mostraram que as respostas podem ser adquiridas, dizagem por observação de tarefas perceptomoto-
PS
desempenhadas de modo discriminativo e extin ras a partir de demonstrações filmadas (Sheffield e
guidas, mesmo que a retroalimentação sensorial Maccoby, 1961), que não contêm os estímulos posi
somática seja cirurgicamente abolida. Parece evi tivos ou aversivos essenciais ao condicionamento
dente, a partir desses achados, que a aquisição, in clássico de respostas emocionais. Já havia Mowrer
U
tegração, facilitação e inibição de respostas podem salientado, é claro, que as experiências sensoriais
ser levadas a cabo por meio de mecanismos cen não só condicionam classicamente emoções positi
O
trais, independentemente da retroalimentação sen vas ou negativas, mas produzem também sensações
sorial periférica. ou imagens condicionadas. Na maior parte dos
É também evidente que a rápida seleção de res casos de aprendizagem observacional, imagens ou
R
postas dentre um conjunto variado de alternativas outras formas de representação simbólica dos estí
não pode ser dirigida por retroalimentação pro mulos modeladores podem constituir os únicos
prioceptiva, uma vez que relativamente poucas res
postas poderiam ser ativadas, mesmo de modo in
cipiente, durante os períodos caracteristicamente
breves que antecedem a decisão (Miller, 1964). Re
G
mediadores importantes. As teorias da imitação por
retroalimentação sensorial podem, portanto, ser
principalmente relevantes para os casos em que as
respostas modeladas são acqmpanhadàs de conse
KS
conhecendo esse problema, Mowrer (1960) levan qüências reforçadoras relativamente potentes, ca
tou a hipótese de que o exame e seleção de respos pazes de dotar os estímulos correlacionados com a
tas iniciais poderiam ocorrer principalmente a nível resposta de propriedades motivadoras. O condicio
simbólico em vez de a nível de ação. namento afetivo deverá, portanto, ser considerado
O
postas de atacar fisicamente pais, companheiros e form a de rep resen tação cognitiva. Q ualquer
objetos inanimados diferem muito pouco, se é que aprendizagem que se realize sob essas condições
diferem; entretanto, respostas de agressão física ocorre puramente em base observacional ou enco
contra os pais são em geral fortemente inibidas, berta. Esse modo de aquisição de respostas foi de
enquanto que a agressão física contra companhei signado apropriadam ente de aprendizagem sem
D
ros é livremente exprimida (Bandura, 1960; Ban- ensaio (Bandura, 1965a), porque o observador não
dura e Walters, 1959). Além disso, em determina se envolve em nenhum ensaio de resposta manifesta,
IN
dos contextos bem definidos, particularmente em embora possa necessitar de múltiplos ensaios obser
esportes competitivos de contato físico como o vacionais para reproduzir acuradamente os estímu
boxe, as pessoas iniciam e mantêm com facilidade los modelados. Diversas análises teóricas da apren
comportamento físico agressivo e continuado. É dizagem por observação (Bandura, 1962, 1965a;
possível, portanto, predizer mais precisamente a Sheffield, 1961) atribuem um papel importante a
expressão ou inibição de respostas agressivas idên mediadores da área da representação, que se su
ticas a partir do conhecimento do contexto de estí põem sejam adquiridos com base num processo de
mulos (por exemplo, igreja, sala de esportes), do aprendizagem por contigüidade. De acordo com a
objeto (por exemplo, pais, padre, policial ou com formulação dos autores, a aprendizagem observa
panheiro) e de outras pistas que apontam para con cional envolve dois sistemas de representação — o
seqüências previsíveis do que a partir da avaliação da imaginação e o verbal. Após terem sido os estímu
do valor afetivo do comportamento agressivo. Foi los modeladores codificados em imagens ou pala
amplamente demonstrado (Bandura, 1968) que a vras para representação na memória, funcionam
seleção e desempenho de respostas de emparelha- eles como mediadores para a subseqüente recupe
me n to são principalmente dirigidos por resultados ração e reprodução da resposta.
78 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
Supõe-se que a formação de imagens ocorra aprendizagem observacional revelou que as crian
através de um processo de condicionamento sen ças que rotularam verbalmente os padrões modela
sorial. Isto é, durante o período de exposição, os dos reproduziram um número significativamente
estímulos modeladores eliciam nos observadores maior de respostas de emparelhamento do que as
respostas perceptivas que se tornam associadas em que simplesmente assistiram ao filme; estas últimas,
seqüência e centralmente integradas com base na entretanto, por sua vez mostraram um nível mais
contigüidade temporal da estimulação. Se seqüên alto de aprendizagem em com paração com as
cias perceptivas são repetidamente eliciadas, um es crianças envolvidas na simbolização competitiva.
tímulo constituinte adquire a capacidade de evocar O trabalho de Gerst (1969) fornece evidência ul
imagens (isto é, percepções centralmente ativadas) terior em apoio à influência das operações de codi
dos eventos estimuladores associados, mesmo se ficação simbólica na aquisição e retenção de respos
não estiverem mais fisicamente presentes (Conant, tas modeladas. Sujeitos observaram um modelo
PS
1964; Ellson, 1941; Leuba, 1940). Assim, por filmado desempenhar respostas motoras comple
exemplo, se uma campainha for tocada em associa xas, variando com respeito à facilidade com que
ção com o retrato de um carro, o som da cam podiam ser verbalmente codificadas. Foram eles
painha por si só tenderá a eliciar a imagem do instruídos a codificar os itens sob a forma de ima
carro. Sob condições em que os eventos estimula gens vívidas, de descrições verbais concretas dos
U
dores forem altam ente correlacionados, como elementos da resposta e de rótulos sintéticos con
quando um nome é consistentemente associado venientes que incorporassem os ingredientes essen
O
com uma dada pessoa, é virtualmente impossível ciais das respostas. Em comparação com o desem
ouvir o nome sem visualizar a imagem das caracte penho do grupo de controle, cujos sujeitos não ti
rísticas físicas da pessoa. Os achados dos estudos veram a oportunidade de produzir mediadores
R
acima citados indicam que, ao longo da observação, simbólicos, todas as três operações de codificação
fenômenos perceptivos transitórios produzem ima intensificaram a aprendizagem observacional (Fig.
gens relativamente duráveis e recuperáveis das se
qüências modeladas do comportamento. O restabe
lecimento posterior das imagens mediadoras serve
como orientação para a reprodução do comporta
G
3-3). A rotulação concisa e a codificação por ima
gens foram igualmente efetivas em promover re
produção im ediata das respostas modeladas, e
ambos os sistemas mostraram-se superiores nessa
KS
mento imitativo. condição à forma verbal concreta. Entretanto, um
O segundo sistema de representação, que prova teste subseqüente de retenção dos comportamen
velmente explicaria a notável velocidade da apren tos imitativos demonstrou que a rotulação concisa
dizagem por observação e a retenção prolongada constituía o melhor sistema de codificação para re
O
dos conteúdos modelados por parte dos seres hu presentação na memória. Os sujeitos dessa condi
manos, envolve a codificação verbal de eventos ob ção conservaram uma quantidade significativa do
servados. A maior parte dos processos cognitivos que aprenderam, enquanto que os outros, que se
BO
visual numa seqüência de voltas direita-esquerda resposta (Bandura, 1965a), indicaram que a orga
(por exemplo, DDEDD) do que por dependência nização de elementos comportamentais em novos
das imagens mentais do itinerário percorrido. A padrões semelhantes as respostas modeladas pode
aprendizagem observacional e a retenção são facili ocorrer a nível central sem apresentação de res
tadas por tais códigos, uma vez que estes podem posta manifesta. A presente teoria presume, entre
D
conservar uma grande quantidade de informações tanto, que a contigüidade de estímulos é condição
numa forma facilmente armazenável. Após terem necessária, mas não suficiente, para a aprendiza
IN
sido as seqüências modeladas de respostas trans gem por observação. Os fenômenos da modelação
formadas em símbolos verbais facilmente utilizá de fato envolvem diversos subprocessos inter-rela
veis, os desempenhos posteriores do com porta cionados de modo complexo, cada um deles com
mento imitativo poderão ser efetivamente contro seu próprio. conjunto de variáveis controladoras.
lados por auto-instruções verbais encobertas. Logo, uma teoria compreensiva da aprendizagem
O papel influente da representação simbólica na por observação deve abranger os diversos subsiste
aprendizagem verbal é revelado num estudo (Ban mas que dirigem os fenômenos mais amplos. As
dura, Grusec e Menlove, 1966) em que crianças principais funções componentes que influenciam
foram expostas a diversas seqüências complexas de de modo marcante a natureza e o grau da aprendi
comportamento modelado num filme, durante o zagem por observação serão discutidas a seguir.
qual assistiam com atenção ou verbalizavam as res
postas novas à medida que eram apresentadas pelo PROCESSOS DE ATENÇÃO
modelo ou contavam rapidamente enquanto assis Uma vez. que a estimulação contígua repetida tão-
tiam ao filme para* impedir a codificação verbal das somente não resulta sempre em aquisição da res
pistas de modelação. Um teste subseqüente de posta, é evidente que condições adicionais são ne-
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 79
PS
portanto, a contigüidade do estímulo deve ser
acompanhada de observação discriminativa.
Um certo número de variáveis controladoras da
atenção, algumas relacionadas com as condições de
U
incentivo, outras com as características do observa
dor e outras ainda com as propriedades das pistas
O
modeladoras como tais, exercem influência na de
terminação de quais estímulos modeladores serão
pbservados e quais serão ignorados. A seletividade
R
dos estímulos modeladores pode ser em parte fun
ção de suas propriedades físicas inerentes baseadas
em intensidade, tamanho, nitidez e novidade. Im
portância m uito m aior tem en tre tan to para a
aprendizagem social a diferenciação aprendida dos
atributos do modelo (Miller e Dollard, 1941). Por
G
KS
serem repetidam ente recompensadas por imitar
certos tipos de modelos e não serem recompensa
das por imitar o comportamento de modelos pos
suidores de características diferentes, as pessoas
O
aprendem finalmente a discriminar entre pistas Figura 3-3. Percentagem de respostas modeladas repro
modeladoras que significam diferentes probabili duzidas pelos sujeitos do grupo de controle e pelos que
dades de reforçamento. Assim, modelos que te codificaram o comportamento modelado sob a forma de
BO
nham dem onstrado alta com petência (Gelfand, imagens, descrições verbais concretas ou rótulos concisos
1962; Mausner, 1954a, b; Mausner e Bloch, 1957; para representação na memória. Gerst, 1969.
Rosenbaum e Tucker, 1962), que se apresentem
como peritos (Mausner, 1953) ou celebridades
(Hovland, Janis e Kelley, 1953) e que possuam sím jeito, que afetam as relações e preferências sociais,
bolos conferidores de status (Lefkowitz, Blake e também determinarão em grande escala os tipos de
EX
Mouton, 1955), têm maior probabilidade de obter modelos a quem será um sujeito repetidamente ex
mais atenção e de servir de fontes mais influentes posto e, conseqüentemente, os modos de compor
de comportamento social do que modelos a quem tamento que serão mais perfeitamente aprendidos.
faltem tais qualidades. Outras características como Uma teoria da aprendizagem vicária adequada
D
idade (Bandura e Kupers, 1964; Hicks, 1965; Ja- deve também explicar por que, sob condições es
kubczak e Walters, 1959), sexo (Bandura, Ross e sencialmente idênticas de estimulação modeladora,
Ross, 1963a; Maccoby e Wilson, 1957; Ofstad, algumas pessoas apresentam níveis mais altos de
IN
1967; Rosenblith, 1959, 1961), poder social (Ban aquisição de respostas do que outras. Existe evidên
dura, Ross e Ross, 1963b; Mischel e Grusec, 1966) e cia razoável de que características dos observadores,
status étnico (Epstein, 1966), que estejam correla que derivam de suàs experiências prévias de
cionadas com diferentes probabilidades de refor aprendizagem social, podem ser associadas com di
çamento, influenciam do mesmo modo o grau em ferentes padrões de observação. A forma com que
que os modelos que possuem tais atributos serão se são reproduzidos padrões modelados é significati
lecionados para imitação. vamente influenciada por características dos obser
A valência afetiva dos modelos, mediada por suas vadores, tais como dependência (jakubczak e Wal
qualidades atrativas ou outras características re ters, 1959; Kagan e Mussen, 1956; Ross, 1966),
compensadoras (Bandura e Huston, 1961; Grusec e auto-estima (de Charms e Rosenbaum, 1960; Gel
Mischel, 1966), pode aumentar a aprendizagem ob fand, 1962; Lesser e Abelson, 1959), nível de com
servacional eliciando e mantendo forte comporta petência (Kanareff e Lanzetta, 1960), e status racial
mento de atenção. No nível social, as afiliações or e sócio-econômico (Beyer e May, 1968); e inúmeros
ganizacionais e as circunstâncias de vida de um su- estudos demonstraram que os efeitos dos estímulos
80 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS
modeladores são parcialmente determinados pelo condições, apresentações repetidas dos estímulos
sexo dos observadores. Pessoas que foram freqüen modeladores serão necessárias para a produção de
tem ente recom pensadas por exibir com porta respostas imitativas completas e precisas.
mento imitativo (Miller e Dollard, 1941; Schein, Finalmente, a proporção e o nível da aprendiza
1954) tendem também a se mostrar mais atentas a gem por observação serão afetados pela discrimi-
pistas modeladoras. Finalmente, variáveis motiva- nabilidade dos estímulos modeladores. Característi
cionais e estados emocionais transitórios alteram de cas modeladas altamente discerníveis podem ser
modo significativo os limiares perceptivos e, por mais prontam ente aprendidas do que atributos
tanto, facilitam, impedem ou .canalizam de outros sutis que devem ser abstraídos de respostas hetero
modos as respostas de observação (Bandura e Rx> gêneas diferindo em numerosas dimensões do es
senthal, 1966; Easterbrook, 1959; Kausler e Trapp, tímulo. Em sistemas de respostas altamente intrica
1960). dos, tais como o com portam ento verbal, p o r
exemplo, as crianças experimentam considerável
PS
É difícil avaliar, a partir de medidas do desem
penho unicamente, se os efeitos das características dificuldade em adquirir estruturas lingüísticas por
do observador refletem diferenças no grau de que as características identificadoras de diferentes
aprendizagem por observação ou na disposição de construções gramaticais não podem ser pronta
desempenhar o que foi aprendido. Os resultados mente distinguidas dentro de expressões orais ex
U
de diversos estudos utilizando uma análise de trem am ente diversas e complexas. E ntretanto,
aprendizagem da modelação (Bandura, Grusec e quando pistas modeladoras verbais são combinadas
O
Menlove, 1966; Grusec e Brinker, 1969; Maccoby e com procedimentos planejados para aumentar a
Wilson, 1957) revelaram que as características do discrim inabilidade sintática (B andura e Harris,
observador podem servir como determinantes da 1966; Lovaas, 1966a; Odom, Liebert e Hill, 1968),
R
aprendizagem por observação. padrões de com portamento lingüístico relativa
O comportamento de observação pode ser efeti mente complicados podem ser adquiridos e modifi
vamente intensificado e focalizado sobre determi
nados pontos por meio da organização de condi
ções de incentivo apropriadas. Se informarmos às
G
cados por meio da observação.
Nas aplicações terapêuticas de procedimentos de
modelação, a aprendizagem observacional é fre
qüentemente retardada por falhas na discriminação
pessoas envolvidas na observação que serão solici
KS
tadas mais tarde a reproduzir as respostas de um que têm origem em deficiências de habilidades
dado modelo e recompensadas em termos do nú cognitivas, limitações no comportamento sensorio-
mero de elementos desempenhados corretamente, motor ou aprendizagem anterior inconvéniente.
é de se esperar que prestem muito mais atenção aos Em tais casos, um programa de treinamento de dis
O
A influência facilitadora do incentivo sobre a aprenderam a discriminar entre sons corretos e in
aprendizagem observacional m ostrar-se-á alta corretos anteriormente articulados, foram capa?es
mente operativa no caso da exposição a modelos de apresentar subseqüentemente melhor aprendi
múltiplos que exijam atenção seletiva a pistas con zagem imitativa de palavras do que crianças que
flitantes. De fato, o controle por incentivo do com não haviam recebido um pré-treinamento em dis
criminações relevantes.
EX
fluência sobre o processo de aquisição, funcionam dores. Entretanto, existe uma outra função compo
principalmente aumentando e mantendo a atenção nente básica a ser considerada na. aprendizagem
IN
Existe grande número de controvérsias teóricas trolador, uma pessoa imaginará diferentes cursos
com relação aos processos da memória, que não de ação para recebimento de ajuda ou evitação de
serão reexaminadas aqui porque não interessam censura e tentará antecipar, tão acuradam ente
aos objetivos deste livro. As questões principais quanto possível, as prováveis respostas do modelo a
dizem respeito aos problemas de se saber se os tra essas tentativas de aproximação. De outro lado, ha
ços de memória são estabelecidos por incrementos verá pouco incentivo para se preparar ou para pra
ou em termos de tudo-ou-nada; se existe um único ticar encobertamente o comportamento de modelos
mecanismo para a memória ou dois; e às especula que não possuam poder de recompensar ou punir.
ções sobre os processos bioquímicos e neurofisioló- O ensaio antecipatório implícito de respostas
gicos por meio dos quais os pós-efeitos neurais modeladas pode ser mantido até certo ponto por
transitórios da estimulação resultam em alterações reciprocidade de papel e ameaça por parte dos con
estruturais relativamente permanentes no sistema troladores de recursos; contudo, é preciso notar
PS
nervoso central. Embora os mecanismos da memó que as pessoas também se mostrarão inclinadas a
ria não tenham sido até agora adquadamente expli praticar respostas modeladas que se mostrarem efe
cados, pesquisas de laboratório identificaram um tivas na produção de resultados recompensadores.
certo número de condições que facilitam a reten Além disso, de acordo com a teoria da aprendiza
ção, algumas das quais mostraram ser capazes de gem social, o comportamento de modelos podero
U
aumentar os desempenhos de modelação. sos será observado, ensaiado e reproduzido, mesmo
Entre as inúmeras variáveis que governam os que os observadores não tenham nenhuma intera
O
processos de retenção, as operações de ensaio efetiva ção direta com eles, visto que seu comportamento
mente estabilizam e fortalecem as respostas adqui terá muito provavelmente alto valor utilitário. É
ridas. O nível de aprendizagem observacional pode isso particularmente verdadeiro no caso de mode
R
portanto ser consideravelmente desenvolvido atra los que possuam o poder de peritos em especia
vés da prática ou ensaio manifesto de seqüências de lidades particulares. Seria desnecessário, por
respostas modeladas, especialmente se o ensaio for
encaixado após segmentos naturais de um padrão
m odelado mais am plo (Margolius e Sheffield,
G
exemplo, pàra um novato estabelecer uma relação
de papéis complementar com um mecânico de au
tomóveis qualificado, a fim de dominar sua perícia
por meio da observação durante o treinamento de
KS
1961). Ainda de maior importância é a evidência de
que o ensaio encoberto, que pode ser prontamente aprendizagem. O comportamento de ensaio é sem
posto em prática quando a participação manifesta é dúvida dirigido por tipos diferentes de condições
ou impedida ou impraticável, pode de modo seme de incentivo, alguns dos quais podem ser comple
lhante aumentar a retenção de respostas de imita tamente independentes do modelo cujo comporta
O
ção adquiridas (Michael e Maccoby, 1961). Poucos mento está sendo imitado.
são os dados, entretanto, a respeito dos tipos de Supõe-se geralmente que os efeitos de facilitação
respostas que são mais suscetíveis ao fortalecimento do ensaio não resultem da mera repetição, mas sim
BO
através do ensaio encoberto. Inúmeros experimen de processos mais ativos. A interpolação do ensaio
tos envolvendo uma variedade de tarefas (Morri- em complicadas seqüências modeladas distribui a
sett, 1956; Perry, 1939; Twining, 1949; Vandell, aprendizagem; isso reduz a perda por interferência
Davis e Clugston, 1943) mostraram que o ensaio dentro da série de outros elementos apresentados
simbólico de atividades desenvolve significativa (Margolius e Sheffield, 1961). A reprodução de com
EX
mente seu desempenho posterior. Tais práticas pa portamento emparelhado, quer em nível manifesto,
recem ser mais efetivas para tarefas que dependam quer em nível encoberto, também fornece ao ob
fundamentalmente de funções simbólicas. servador a oportunidade de identificar os elemen
O papel influente da prática encoberta de com tos da resposta que não foi capaz de aprender, e
assim dirigir sua atenção às pistas modeladoras ne
D
vidades de controle, alimentação e prestação de dica de segmentos modelados tem boa probabili
cuidados requerem com portamentos recíprocos dade de elidar e manter maior atenção aos estímu
explícitos por parte de pais e filhos. Conseqüente los modeladores do que a observação passiva de
mente, ao longo de freqüentes interações mutua longas e contínuas seqüências de comportamento
mente dependentes, ambos os participantes apren (Hovland, Lumsdaine e Sheffield, 1949; Maccoby,
dem, antecipam e ensaiam de modo encoberto as Michael e Levine, 1961).
respostas costumeiras uns dos outros. Além da fre As operações de codificação simbólica, a que nos refe
qüência e da intimidade das interações sociais, o rimos anteriormente, são ainda mais eficientes do
grau de poder exercido pelo modelo sobre recursos que os processos de ensaio na facilitação da reten
desejados é considerado como constituindo um de ção a longo prazo de eventos modelados. Durante a
terminante importante da freqüência do ensaio de exposição às seqüências de estímulos, os observado
papel a nível simbólico. Nessa teoria, o ensaio de res se mostram inclinados a codificar, classificar e
papel vicário serve fundamentalmente como fun reorganizar elementos em esquemas familiares e de
ção defensiva; isto é, no esforço de dirigir seu com rememoração mais fácil (Bower, 1969; Mandler,
portamento por modelos que possuam poder con 1968; Paivio, 1969; Tulving, 1968). Esse meca
82 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
nismo de codificação pode tomar diversas formas, disponibilidade das respostas componentes neces
tais como representar os elementos do estímulo em sárias. Padrões de comportamento de complexi
imagens vívidas, traduzir seqüências de ações em dade de ordem superior são produzidos pela com
sistemas verbais abreviados e agrupar padrões de binação de componentes previamente aprendidos
comportamento constituintes em unidades integra que podem, por si sós, representar compostos rela
das maiores. Os benefícios resultantes do ensaio tivamente complicados. Padrões de respostas mode
podem de fato ser amplamente atribuídos não aos ladas são mais prontamente atingidos quando re
efeitos associativos fortalecedores da repetição, mas querem principalmente a síntese de componentes
sim aos processos de codificação e organização em previamente adquiridos em novos padrões exibidos
operação durante as representações repetidas. pelos modelos. Por outro lado, observadores que
Decréscimos na reterçção resultam freqüente não dispõem de alguns dos componentes necessá
mente e de modo direto da interferência ou do de rios exibirão, com toda a probabilidade, somente
PS
saprender que têm origem ou em conteúdos ante reprodução parcial do comportamento de um mo
riormente aprendidos ou em informações de ob delo. Em tais casos, os elementos constituintes
servações subseqüentes. Esses processos de interfe devem ser primeiro estabelecidos através da mode
rência são altamente influenciados pelo grau, distri lação e, em seguida, de modo graduado, conjuntos
de complexidade crescente poderão ser adquiridos
U
buição temporal e organização serial da entrada de estí
mulos. Sob condições de exposição maciça, quando imitativamente. Assim, por exemplo, quando uma
os estímulos modeladores são apresentados em se criança autista muda não é capaz de imitar a pa
O
qüências longas e ininterruptas, efeitos substanciais lavra bebê, o terapeuta modela os sons componentes
de interferência são produzidos, efeitos esses que e, após terem sido esses elementos estabelecidos
não só prejudicam a retenção mas que podem tam através da imitação, a criança reproduz pronta
R
bém resultar no desenvolvimento de respostas de mente a palavra bebê (Lovaas, 1966b). Como será
modelação altamente errôneas. Num estudo (Ban- ilustrado mais tarde, procedimentos de modelação
dura, Grusec e Menlove, 1966), por exemplo,
crianças que haviam observado cinco seqüências de
comportamento modelado relativamente comple
xas, durante uma única exposição, combinavam al
G
graduada mostraram ser altamente efetivos na mo
dificação de deficiências comportamentais maciças.
Em diversos casos, padrões de respostas modela
KS
dos foram adquiridos e conservados sob forma de
gumas vezes, de modo errôneo, elementos de seg reprçsentações, embora não pudessem ser repro
mentos diferentes em reproduções comportamen- duzidos sob forma comportamental devido a limi
tais subseqüentes. O volume de esquecimento e de tações físicas. Poucos entusiastas do jogo de bas
intrusão entre padrões variará com o grau de seme quete poderiam reproduzir com sucesso os notá
O
lhança dos elementos comportamentais nas várias veis desempenhos de um altíssimo jogador profis
seqüências modeladas. De outro lado, as pistas mo- sional a despeito de sua atenção e cuidadoso ensaio.
deladoras apresentadas em unidades menores e em
BO
da modelação envolve a utilização de representa ras poderá auferir consideráveis benefícios da ob
ções simbólicas de padrões modelados sob a forma servação da perfeita voz do instrutor; entretanto, a
de conteúdos verbais ou de imagens para a direção reprodução vocal satisfatória será prejudicada pelo
dos desempenhos manifestos. Supõe-se que o res fato de não serem as respostas dos músculos da la
tabelecimento de esquemas representativos fornece ringe e respiratórios do modelo nem prontamente
D
uma base para a auto-instrução com respeito à ma observáveis nem facilmente descritas de modo ver
neira pela qual as respostas componentes devem bal. O problema da reprodução comportamental
IN
ser combinadas e postas em seqüência para produ torna-se ainda mais complexo no caso de habilida
zir novos padrões de comportamento. O proces des motoras altamente complicadas, tais como o
so de direção representativa é essencialm ente golfe, em que uma pessoa não pode observar boa
o mesmo que a aprendizagem de respostas sob parte das respostas que está apresentando e deve,
condições em que uma pessoa segue, por meio de portanto, basear-se principalmente nas pistas de re
comportamentos, um padrão externamente apre troalimentação proprioceptiva. Por essas razões,
sentado, ou é dirigida através de uma série de ins desempenhos que abranjam um número conside
truções para apresentar novas seqüências de res rável de fatores motores requerem em geral, além
postas. A única diferença é que, nesses últimos ca da direção de um modelo proficiente, alguma prá-
sos, o desempenho é dirigido por pistas externas, tica manifesta.
enquanto que na modelação retardada a reprodu
ção compor ta mental é monitorizada pela reprodu PROCESSOS MOTTVACIONAIS E DE INCENTIVO
ção simbólica dos estímulos ausentes. Uma pessoa pode adquirir e reter eventos mode
O grau e nível da aprendizagem por observação lados e possuir as capacidades para a execução ha
serão parcialmente dirigidos, a nível motor, pela bilidosa de com portam ento m odelado, mas a
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 83
aprendizagem poderá vir a ser raramente ativada a dominar complexas tarefas ocupacionais ou so
sob a forma de desempenho manifesto, se sanções ciais. Se roedores, pombos ou primatas que labu
negativas ou condições desfavoráveis de incentivo tam em situações planejadas de laboratório viessem
estiverem p resen tes. Sob tais circunstâncias, a ser eletrocutados, esquartejados ou contundidos
quando incentivos positivos são introduzidos, a pelos erros que inevitavelmente ocorrem durante
aprendizagem observacional é prontamente tradu as primeiras fases da aprendizagem, pouquíssimos
zida em ação (Bandura, 1965b), As variáveis de in desses aventurosos sujeitos conseguiriam sobreviver
centivo não somente regulam a expressão mani ao processo de modelagem.
festa do com portamento imitativo, mas também Mesmo deixando de lado a questão da sobrevi
afetam a aprendizagem por observação ao exerce vência, é bem pouco provável que inúmeras classes
rem controle seletivo sobre as pistas modeladoras às de respostas viessem a ser adquiridas se o treina
quais a pessoa se mostrará muito provavelmente mento social procedesse unicamente por meio do
PS
mais atenta. Além disso, facilitam a retenção sele método das aproximações sucessivas com reforça
tiva pela ativação da codificação deliberada e ensaio mento diferencial das respostas emitidas. A técnica
das respostas modeladas que têm alto valor utilitá da modelagem reforçada exige que o sujeito de
rio. sempenhe algum tipo de aproximação da resposta
U
Fica pois evidente, a partir da discussão acima, terminal antes que possa aprendê-la. Nos casos em
que os observadores não funcionam como passivos que um padrão comportamental representar uma
gravadores video-tape, que registram e estocam in combinação de elementos altamente incomuns, se
O
discriminadamente todas as pistas modeladoras en lecionados a partir de um número quase infinito de
contradas na vida diária. Do ponto de vista da alternativas, a probabilidade de ocorrência da res
aprendizagem social, a aprendizagem por observa posta desejada, ou até mesmo de uma que lhe seja
R
ção constitui um fenômeno complexo envolvendo remotamente semelhante, é nula. Conseqüente
múltiplos processos, no qual a ausência de respostas mente, não pode o procedimento de modelagem
G
apropriadas de emparelhamento em seguida à ex ajudar muito na evocação das necessárias respos
posição a estímulos modeladores pode ser o resul tas constituintes a partir do comportamento espon
tado de faihas no registro sensória], de transforma taneamente emitido. É extrem am ente duvidoso,
ção inadequada de eventos modelados em modos por exemplo, que um experimentador possa ensi
KS
simbólicos de representação, de decréscimo na re nar um pássaro mainá a emitir a frase “aproxima
tenção, de deficiências motoras ou de condições ções sucessivas” por reforçam ento seletivo dos
desfavoráveis de reforçamento. guinchos e grasnidos aleatoriamente apresentados
pela ave. Por outro lado, donas-de-casa são capazes
O
A pesquisa e as interpretações teóricas dos proces verbal das frases desejadas, quer pessoalmente,quer
sos de aprendizagem focalizaram-se quase que ex por meio de gravações. Semelhantemente, se as
clusivamente sobre um único modo de aquisição de crianças não fossem expostas a modelos verbais,
respostas, o qual é exemplificado pelo paradigma muito provavelmente seria impossível ensinar-lhes
do condicionamento instrum ental ou operante. os tipos de respostas que constituem a linguagem.
Nesse procedimento, um organismo é instigado, de Nos casos em que estão envolvidos padrões de
EX
mano complexo se desenvolva de modo semelhante comportamento sob condições em que as respostas
em condições naturais, seguindo pois esse tipo de são compostas de elementos prontamente disponí
modelagem gradual. veis, em que existem estímulos capazes de ativar
IN
Felizmente, em razão da sobrevivência e eficiên ações que se assemelham aos padrões desejados, em
cia, a maior parte da aprendizagem social não se oue respostas erradas não produzem conseqüências
desenvolve da maneira antes descrita. Nas pesqui indesejáveis e em que o agente da aprendizagem
sas de laboratório sobre processos de aprendiza possui persistência suficiente. Mesmo nesses casos,
gem, os pesquisadores geralmente organizam am o processo de aquisição de respostas pode ser con
bientes comparativamente benignos, nos quais os sideravelmente abreviado e acelerado pelo forne
erros não produzem conseqüências fatais para o cimento de modelos sociais apropriados. Tal fato é
organismo. Em contraste, os ambientes naturais particularmente verdadeiro se um padrão de com
estão carregados de conseqüências potencialmente portamento abranger alguns jelementos que são ra
letais, que desapiedadamente ocorrem para qual ramente desempenhados. Por exemplo, Luchins e
quer sujeito que cometa qualquer erro. Por essa ra Luchins (1966) descobriram que estudantes univer
zão, seria extremamente insensato contar princi sitários cometeram mais de um milhar de erros e
palmente com os métodos de ensaio e erro ou de jamais chegaram a adquirir inteirapiente uma se
aproximações sucessivas para ensinar crianças a qüência complicada de comportamentos, quando a
nadar, adolescéntes a dirigir automóveis ou adultos única orientação para a resposta que recebiam es
84 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS
PS
timo ponto está ilustrado num experimento plane delos que exemplificam os repertórios culturais
jado para testar se o julgamento moral reflete uma acumulados em seu próprio comportamento. Na
seqüência fixa de desenvolvimento, conforme suge aprendizagem social em condições naturais, as res
rido pela teoria de Piaget (1948), ou se é modificá postas são tipicamente adquiridas através de mode
lação em largos segmentos ou in toto, e não por
U
vel por variáveis de aprendizagem social. Numa das
condições do estudo (Bandura e McDonald, 1963), meio de uni processo de ensaio-e-erro fragmentá
crianças que exibiam uma orientação moral pre rio.
O
dominantemente subjetiva ou observavam modelos Um bom volume de aprendizagem social é fo
adultos que expressavam julgamentos morais obje mentado através da exposição a pistas modeladoras
R
tivos ou não eram expostas aos modelos, mas eram comportamentais sob forma real ou pictória. Entre
positivamente reforçadas sempre que expressavam tanto, após ter sido atingido o desenvolvimento
julgamentos morais objetivos que iam de encontro adequado da linguagem, a maioria das pessoas
às suas tendências de avaliação predominantes. A
apresentação de modelos mostrou ser altamente
efetiva na alteração das respostas de julgamento
G baseía-se de modo considerável sobre pistas modela
doras verbais para dirigir seus comportamentos. As
sim, por exemplo, um indivíduo pode usualmente
KS
das crianças (Fig. 3-4). Por outro lado, o procedi montar um equipam ento mecânico complicado,
mento exclusivo de reforçamento provocou pouca adquirir habilidades sociais e vocacionais rudimen
mudança na orientação de julgamento das crianças tares e aprender modos apropriados de se compor
devido à ausência relativa do comportamento dese tar em quase todas as situações simplesmente por
jado. meio da imitação das respostas descritas nos ma
O
penho são obtidos quando o comportamento dese habilidosos demonstradores. Os observadores mi-
jado é claramente especificado ao invés de ser infe ves apresentaram soluções imitàtivas instantanea
rido de alguns poucos exemplos. mente em 76% dos testes! Adler e Adler (1968)
Os componentes básicos no desenvolvimento de descobriram que cachorrinhos novos resolvem pro
unidades de comportamento integradas e comple blemas por meio da aprendizagem observacional
xas estão usualm ente presentes nos repertórios logo após terem seus olhos se tornado funcionais.
comportamentais dos sujeitos, quer como produtos Resultados de diversos experimentos (Darby e Rio-
da maturação, quer como produtos de aprendiza pelle, 1959; Herbert e Harsh, 1944) mostram que
gem por observação e condicionamento instrumen os incrementos no desempenho, resultantes da ob
tal anteriores. Por exemplo, as pessoas podem pro servação, não são atribuíveis ao fato de poder ter a
duzir uma variedade de sons elementares como demonstração do modelo simplesmente chamado a
parte de sua dotação natural. Por combinação dos atenção para estímulos não-sociais relevantes na si
PS
sons existentes, um indivíduo pode criar uma res tuação.
posta verbal nova e altamente complexa, como, por Estudos com animais, com poucas exceções, en
exemplo, supercalifragiUsticexpiaUdocious. De modo volveram respostas relativam ente simples que
semelhante, as pessoas são dotadas da capacidade foram reproduzidas ou simultaneamente ou ime
de mover seus dedos, mas arranjos complexos de
U
diatamente após a demonstração. Embora não dis
seqüências de movimentos são necessários para que ponhamos de dados comparativos relevantes, é al
um indivíduo possa ser capaz de tocar um con tamente provável que, ao contrário dos seres hu
O
certo para piano. Embora a maior parte dos ele manos que são capazes de adquirir por observação
mentos em atividades que são tipicamente modela e reter unidades de comportamento amplas e in
das em estudos de aprendizagem por observação tegradas, espécies inferiores demonstrem uma ca
R
esteja sem dúvida presente, a combinação particu pacidade limitada para reprodução retardada de
lar dos componentes em cada resposta pode ser estím ulos m odeladores devido a deficiências
única.
Existem inúmeros experimentos sobre aprendi
zagem observacional em espécies infra-humanas,
G
sensoriomotoras. Imitação retardada requer tam
bém alguma capacidade de simbolização, uma vez
que os estímulos modeladores ausentes devem ser
KS
desde os primeiros estudos de Thorndike (1898) e retidos em códigos de meinória simbólicos. Como
Watson (1908). Essas investigações iniciais, realiza era de se esperar, a evidência mais poderosa da
das numa época em que estavam em voga interpre aprendizagem de respostas por observação em
tações da imitação em termos de instinto, afastaram animais provém de estudos naturalísticos de imita
sumariamente a existência da aprendizagem obser ção imediata e retardada de respostas humanas por
O
1952) e animais de ordem inferior podem adquirir pagação é grandemente influenciado pelas redes de
discriminações (Bayroff e Lard, 1944; Church, associação preexistentes e pelo estatuto social do
1957; Miller e Dollard, 1941; Solomon e Coles, inovador.
1954), respostas de pressionamento de alavancas Os dados disponíveis, cobrindo diversas espécies,
(Corson, 1967) e comportamento de fuga (Anger- sugerem portanto que o grau e o nível da aprendi
D
meier, Schaul e James, 1959), e podem dominar ta zagem observacional serão determinados pela posi
refas relativamente complicadas (Herbert e Harsh, ção dos sujeitos quanto às capacidades seiisoriais re
IN
1944) mais rapidamente por meio da observação do queridas para uma acurada receptividade dos estí
que os modelos originais foram capazes de fazê-lo mulos modeladores, às capacidades motoras necessá
por ensaio-e-erro ou técnicas de modelagem de rias para uma precisa reprodução comportamental
respostas. Por exemplo, Warden e seus associados e à capacidade para mediação por representação e ensaio
(Warden, Fjeld e Koch, 1940; Warden e Jackson, encoberto, a qual constitui fator crucial para a aquisi
1935) utilizaram um volume considerável de tempo ção bem-sucedida e a retenção a longo prazo de se
treinando macacos rhesus, por meio de métodos de qüências de comportamento complexas e extensas.
ensaio-e-erro, a tentarem dominar quatro tarefas No caso de seres humanos, uma ampla variedade
de solução de problemas em que os animais abriam de padrões de resposta diferindo consideravel
portas para obter passas puxando correntes, gi mente em conteúdo, novidade e complexidade
rando maçanetas ou manipulando trincos num de foram transmitidos através de procedimentos de
terminado modo prescrito. Após o treinamento, os modelação em condições de laboratório. Entre as
modelos primatas manipularam os quebra-cabeças, diversas classes de comportamento que foram de
enquanto macacos naives, a quem se apresentara senvolvidas, temos padrões de respostas estilísticos
um conjunto igual de problemas, observavam os (Bandura, Grusec e Menlove, 1966; Bandura, Ross
86 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
e Ross, 1963b), modos distintos de comportamento sobre efeitos modeladores generalizados são reali
agressivo (Bandura, Ross e Ross, 1963a; Hicks, zados por experimentadores diferentes, em situa
1965; Kuhn, Madsen e Becker, 1967), padrões ções diferentes, com os modelos ausentes e com di
dramáticos de desem penho (Marshall e Hahn, ferentes itens estimuladores. Os resultados revela
1967), reações de frustração (Chittenden, 1942) e ram que os observadores respondem a novas situa
estilos de ensino (Feshbach, 1967; McDonald e Al- ções de estímulos de uma maneira consistente com
len, 1967). Num nível ainda mais alto de complexi as disposições dos modelos, mesmo quando os su
dade, foi possível demonstrar que, através da expo jeitos não testemunharam nunca o comportamento
sição a modelos, as pessoas podem adquirir padrões dos modelos em resposta aos mesmos estímulos.
para respostas de auto*reforçamento e auto-avalia- Na forma de modelação de ordem superior
ção (Bandura e Kupers, 1964; Bandura e Whalen, acima descrita, os estímulos modeladores transmi
1966; Bandura, Grusec e Menlove, 1967b), com tem informações aos observadores sobre as caracte
PS
portamento conceituai (Flanders e Thistlethwaite, rísticas das respostas apropriadas. Os observadores
1969; Reed, 1966), orientações de julgam ento devem abstrair atributos comuns exemplificados
moral (Bandura e McDonald, 1963), padrões auto- em diversas respostas modeladas e formular um
impostos de atraso de gratificação (Bandura e Mis- princípio para a geração de padrões de comporta
chel, 1965), estruturas lingüísticas (Lovaas, 1966a) e mentos semelhantes. As respostas desempenhadas
U
variações fonéticas características no comporta por sujeitos corporificando a regra derivada da ob
mento verbal (Alyokrinskii, 1963; Hanlon, 1964). servação muito provavelmente se assemelharão ao
O
comportamento que o modelo se mostraria incli
GENERALIDADE DAS INFLUÊNCIAS DA nado a exibir em circunstâncias sem elhantes,
MODELAÇÃO mesmo quando os sujeitos envolvidos não tenham
R
Constitui suposição geral, com base na evidência nunca testemunhado o comportamento do modelo
de produzirem as pessoas freqüentemente respos nessas situações específicas. A abstração de regras a
tas novas nunca vistas ou desempenhadas antes,
que os princípios da aprendizagem não podem ex
plicar o comportamento inovativo. As teorias que
Gpartir de pistas modeladoras é realizada por meio
da aprendizagem de discriminação vicária (Ban
dura e Harris, 1966), na qual as respostas do mo
delo contendo os atributos relevantes são reforça
KS
utilizam os princípios da modelação foram critica
das de modo semelhante, na suposição errônea de das enquanto que as que não apresentam tais as
que a exposição ao comportamento de outros não pectos críticos são consistentemente não-recom-
poderia senão produzir a imitação de respostas pensadas.
modeladas específicas. Embora as variáveis da modelação desempenhem
O
Na maior parte das pesquisas experimentais dos um papel importante no desenvolvimento da maior
processos de modelação, um único modelo exibe parte dos comportamentos sociais, sua posição com
relação à aprendizagem da linguagem é única.
BO
tradas. Por outro lado, estudos utilizando procedi generativo do comportamento lingüístico, supõe-se
mentos mais complexos indicaram que comporta comumente que a imitação não pode desempenhar
mento inovativo, orientações comportamentais ge um papel muito grande no desenvolvimento e pro
neralizadas e princípios para a geração de combi dução da linguagem. O principal argumento, ba
nações novas de respostas podem ser transmitidos a seado numa concepção imita ti va da modelação, de
D
observadores por meio da exposição a pistas mode- clara que crianças podem construir uma variedade
ladoras. Sob condições em que são fornecidás opor quase infinita de sentenças que nunca escutaram.
IN
por exemplo, uma pessoa colocar uma série de ob envolvendo análises em seqüência de verbalizações
jetos sobre mesas, sobre cadeiras, sobre caixas e de crianças e as respostas dos pais apresentadas
sobre outros objetos e simultaneamente verbalizar imediatamente em seguida. Esses estudos revelam
as relações preposicionais comuns entre esses obje que a fala de crianças pequenas é quando muito
tos, uma criança acabará Finalmente por discernir o semigramatical; em aproximadamente 30% dos ca
princípio gramatical. Poderá ela então facilmente sos, os adultos repetem a verbalização das crianças
gerar uma nova sentença gramatical se um hipopó sob forma gramaticalmente mais complexa, acen
tamo de brinquedo for colocado sobre um xilofone tuando os elementos que podem ter sido omitidos
e lhe pedirem para descrever o evento estimulador ou empregados de modo inconveniente (Brown e
apresentado. Bellugi, 1964); e as crianças freqüentemente re
Ao contrário das respostas sociais que são em produzem as reconstruções gramaticalmente mais
geral prontamente adquiridas, a aprendizagem da com plicadas m odeladas pelos adultos (Slobin,
linguagem é consideravelmente mais difícil; as sen 1968).
PS
tenças representam padrões de estímulos comple As descobertas prometedoras baseadas em estu
xos, em que os aspectos identificadores das estrutu dos de laboratório dos processos de modelação in
ras sintáticas não podem ser facilmente discrimina dicam que o programa eficiente de modificação
dos. O papel influente tanto da modelação quanto Comportamental é aquele em que os agentes da
U
dos processos de discriminação no desenvolvimento mudança modelam o comportamento que desejam
da linguagem é demonstrado pelos achados de um seja adquirido pelos clientes. Durante os últimos
experimento (Bandura e Harris, 1966) planejado anos, um certo número de procedimentos de mo
O
para alterar o estilo sintático de crianças pequenas delação foram projetados e sistematicamente apli
que não tinham nenhum conhecimento gramatical cados para efetuar mudanças psicoterapêuticas.
R
formal dos aspectos lingüísticos que foram manipu Essas abordagens de tratamento serão examinadas
lados. As construções gramaticais escolhidas para mais adiante.
serem modificadas foram a frasé preposicional, que
tem uma alta freqüência básica de ocorrência, e a
voz passiva, que é gramaticalmente mais complexa
e raramente exibida por crianças pequenas,
G
ELIMINAÇÃO DE CONDIÇÕES DE DEFICIÊNCIA
ATRAVÉS DA MODELAÇÃO
Uma boa parte das perturbações generalizadas
KS
Desta form a, o reforçam ento social, mesmo do comportamento, que são as mais dificilmente
quando combinado com situação estimuladora de tratáveis, caracterizam-se por deficiências conside
atenção para identificação das-características das ráveis não só no comportamento, mas também nas
sentenças “corretas”, não se mostrou efetivo para funções psicológicas básicas essenciais à aprendiza
aumentar o uso de passivas nas sentenças geradas
O
produziu uma só sentença passiva e, conseqüente suem eles as habilidades sociais que levam a rela
mente, não ocorreram respostas que pudessem ser ções reciprocamente recompensadoras; e os estímu
reforçadas. Nem foram as crianças capazes, dentro los interpessoais, que servem comumente como o
do tempo de exposição relativamente breve, de dis meio principal de influência social, têm freqüente
cernir a categoria sintática crítica simplesmente por mente impacto relativamente pequeno sobre eles.
observar um modelo construir uma série de sen Uma vez que o com portam ento hum ano é em
EX
tenças passivas. Ao contrário, crianças foram capa grande parte adquirido através da modelação e re
zes de gerar um número significativamente maior gulado por pistas verbais e reforçadores simbólicos,
de passivas quando as pistas modeladoras verbais deficiências profundas em funções dessa natureza
foram combinadas com procedimentos destinados a criam os principais obstáculos ao tratamento. Essas
D
aumentar a discriminabilidade sintática. A condição questões são melhor exemplificadas pelo trata
de tratamento mais poderosa foi aquela em que a mento de autistas.
predisposição à atenção foi induzida, construções A eliminação do comportamento autista é ainda
IN
passivas modeladas foram intercaladas com algu mais complicada pelo fato de ficarem tais crianças
mas sentenças na voz ativa, de modo a promover a caracteristicamente absorvidas em atividades moto
diferenciação de propriedades gramaticais relevan ras repetitivas e outras formas de comportamento
tes, e tanto o modelo quanto as crianças foram re auto-estimulador. Conseqüentemente, perm ane
compensados por construções passivas. No caso de cem elas a maior parte do tempo completamente
uma construção sintádca tão comum como as frases fechadas às influências ambientais relevantes. O
preposicionais, o reforçamento aliado com situação auto-isolamento marcante aparece também geral
estimuladora de atenção mostrou-se efetivo em al mente aliado a forte resistência às exigências situa-
terar o uso de preposições pelas crianças, mas as cionais, como fica evidenciado pela sua ausência de
pistas modeladoras não se constituíram num fator disposição de desempenhar respostas apropriadas
contribuinte significativo. que são obviamente capazes de apresentar (Covan,
Evidência ulterior do papel influente desempe Hoddinoth e Wright, 1965). Quando exigências
nhado pelos processos modeladores na aquisição da comportamentais dentro de suas capacidades são
linguagem é fornecida por estudos naturalísticos firmemente estabelecidas, as crianças se mostram
88 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
inclinadas a evitar responder fugindo do terapeuta externos resulta dos efeitos da interferência da alta
ou recorrendo a birras ou a atividades motoras bi ativação central, de ativação insuficiente, da intensa
zarras (Lovaas, 1966a; Colby, 1967). Quando tais preocupação das crianças com sua própria estimu
comportamentos aversivos perdem seu valor fun lação autoproduzida ou de qualquer outro fator.
cional de evitar exigências sociais através do não-re- Qualquer que seja a razão envolvida, é evidente
forçam ento consistente, crianças autistas tipica que pouco progresso poderá ser alcançado, em
mente respondem com comportamento apropriado termos de se efetuar mudanças comportamentais, a
(Risley e Wolf, 1967). Entretanto, o contracontròíe não ser que se adquira controle adequado sobre o
aversivo e a falta de respostas positivas acabam fi comportamento de atenção das crianças. O método
nalmente por extinguir os esforços organizados de de Lovaas para desenvolver as funções da lingua
terapeutas menos persistentes. Resultados de tra gem em crianças profundam ente autistas, que
tamento desapontadores são, portanto, freqüente apresentam alheamento marcante e comportamen
mente atribuídos a disfunções neurofisiológicas. tos auto-estimuladores bizarros durante a maior
PS
Embora as variáveis fisiológicas desempenhem parte do tempó, leva ao controle da atenção através
provavelmente um papel contribuinte no autismo é de diversos meios. Primeiro, o terapeuta estabelece
preciso notar que mesmo organismos biologica estreito contato físico sentando-se diretam ente
mente deficientes são capazes de aprender desde diante da criança, de modo que não possa ela igno
rar as respostas que estão sendo modeladas. Se
U
qúe sejam estabelecidas condições apropriadas- É
entretanto evidente, a partir das características des gundo, durante a sessão, não se permite à criança
favoráveis do comportamento autista, que inter evitar a tarefa terapêutica por meio do alheamento
O
venções extraordinárias devem ser utilizadas, parti ou recorrendo a atividades bizarras. Se necessário,
cularmente nas fases iniciais, se é que se deseja efe o terapeuta impede fisicamente a criança de se des
viar, estabelece contato visual pedindo-lhe que olhe
R
tuar mudanças fundamentais no funcionamento
psicológico das crianças autistas. para ele, recusa atenção positiva, dirige-se firme
Um dos enfoques comportamentais mais estimu mente à criança ou até mesmo lhe dá um pequeno
lantes no tratamento do autismo, no qual figuram
de modo proeminente procedimentos de modela
ção, foi desenvolvido por Lovaas e seus colegas
Gtapa na coxa para interromper comportamento bi
zarro estereotipado. Firmes intervenções desse tipo,
se utilizadas convenientemente, podem servir a
funções terapêuticas, quando a falha em não res
KS
(Lovaas, 1967). O programa terapêutico está ba
seado na concepção de que a reabilitação total de ponder apropriadamente às exigências da situação
crianças autistas e esquizofrênicas pode ser melhor refletem não-disposição ao invés de inabilidade. Tal
alcançada por meio do estabelecimento de funções fato está dramaticamente ilustrado nas seqüências
de estímulo que tornem o sujeito mais sensível a de um filme representando o programa de apren
O
influências sociais. Esse processo envolve princi dizagem da linguagem (Lovaas, 1966b). Um tera
palmente o desenvolvimento nas crianças da capa peuta pergunta repetidamente a uma menina qual
é a cor de um lápis amarelo; e ela responde sacu
BO
aprovação social e outros estímulos simbólicos. ‘amarelo”. Reforço alimentar, expressões de afeto
Após ter sido estabelecida uma poderosa atitude de e aprovação social são apresentados contingente
modelação e as crianças se tenham tornado ade mente à imitação, como meios adicionais de aumen
quadamente sensíveis às influências ambientais, a tar e manter a atenção da criança às pistas modela
tarefa principal de ampliar a competência social e doras.
D
intelectual das crianças pode ser efetivamente le Se o repertório comportamental das crianças está
vada a cabo por pais, professores e outros agentes. empobrecido, suas reproduções comportamentais
IN
Uma vez que' a com unicação interpessoal e a podem ser deficientes, ainda que prestem grande
aprendizagem social são am plamente mediadas atenção às pistas modeladoras; isso significa que os
através da linguagem,o desenvolvimento de habili componentes necessários das respostas modeladas
dades lingüísticas é também selecionado como um estão ausentes. Em tais casos, padrões complexos
objetivo central do tratamento. de comportamento devem ser reduzidos a peque
Como foi anteriormente observado, os resultados nas subunidades de comportamento, cada uma das
da modelação dependem de uma percepção acu quais é estabelecida através da modelação. Seqüên
rada do ambiente. Crianças autistas geralmente cias de aprendizagem projetadas de modo inconve
apresentam recepção deficiente dos estímulos ex niente, as quais resultam em experiências éstressan-
ternos, deficiência essa que tem sido atribuída por tes de fracasso, prejudicam o controle da atenção
alguns pesquisadores a um dano neurofisiológico por reduzir a motivação da criança para observar as
(Hutt, H utr e Ounsted, 1965; Rimland, 1962). respostas modeladas e por ativar comportamentos
Ainda não se pode determinar, a partir dos dados de fuga disruptivos. A fim de evitar esse problema,
disponíveis, se o registro deficiente dos estímulos as respostas modeladas são cuidadosamente gra
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 89
duadas em termos de complexidade, de modo a as ris (1968) em programas terapêuticos para crianças
segurar às crianças um alto grau de sucesso na re pequenas deficientes da fala.
produção com por lamentai. Como exemplificado pelo caso ilustrado na Fig.
Para ensinar fala comunicativa a crianças autistas, 3-5, podem ser necessários diversos dias para que
é utilizado um procedimento de modelação e refor- uma criança autista domine a primeira palavra, mas
çamento, no qual o terapeuta exibe formas pro a aprendizagem subseqüente de imitação de pala
gressivamente mais complexas de comportamento vras procede em ritmo comparativamente rápido.
verbal e recompensa as reproduções que cada vez O fato de ser o estabelecimento de dois sons e uma
se aproximam mais das respostas modeladas. Ao resposta verbal acompanhado pela reprodução
ensinar um a criança muda a falar, por exemplo, o imediata de inúmeras palavras novas, compostas de
terapeuta recompensa primeiro qualquer compor elementos que não foram jamais diretamente trei
tamento de atenção visual e qualquer som emitido nados, indica que as crianças autistas possuem,
PS
pela criança. Quando a vocalização tiver sido au maior competência lingüística e compreensão de
m entada, o terap eu ta pronuncia um som e a aspectos gramaticais do que se acredita comu-
criança só é recompensada se produzir uma res mente. Era de esperar que alguma aquisição de lin
posta vocal dentro de um certo limite de tempo. guagem viesse a ocorrer através da aprendizagem
Após ter Picado a fala do terapeuta estabelecida por observação como função da exposição extensa
U
como um estímulo efetivo para as vocalizações da à fala gramatical. A ausência de comportamento
criança, é ela reforçada somente pelas reproduções verbal em crianças autistas pode, portanto, repre
O
verbais precisas dos sons específicos, palavras e fra sentar em parte uma deficiência motivacional ao
ses modeladas pelo terapeuta. Por esse método, as invés de comportamental. Permanece entretanto a
crianças são ensinadas primeiramente a pronunciar questão de se saber se o aumento abrupto na pro
R
sons elementares que tenham componentes visuais dutividade resulta da aquisição pelas crianças de
marcantes e possam ser sugeridos manualmente; e uma disposição para a mpdelàção, de terem elas
então, gradualmente, são acrescentadas expressões
mais complicadas e combinações de palavras. Mé
todos essencialmente semelhantes, destinados a es
tabelecer a imitação verbal, são descritos mui deta
G
c o m p re e n d id o q u e as tá tic a s de o p o sição
tornaram-se não-funcionais ou de quaisquer òutros
fatores.
Lovaas também fornece alguma evidência de
KS
lhadamente por Risley e Wolf (1967) no tratamento que, durante a fase inicial do treinamento de imita
de crianças autistas, e por Sloane, Johnston e Har- ção, incentivos extrínsecos podem ser essenciais à
O
BO
EX
D
IN
Figura 3-5. Freqüência da imitação verbal de uma criança autista previamente muda durante os primeiros 26 dias de
treinamento. As palavras e os sons foram impressos com letras minúsculas nos dias em que foram introduzidos e
treinados, e com letras maiúsculas nos dias em que foram aprendidos. Lovaas, Berberich, Perloff e Schaeffer, 1966.
90 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
PS
U
O
R
Figura 3-6. Percentagem de respostas modeladas reproduzidas corretamente e incorretamente por uma criança autista
G
durante períodos em que as recompensas foram apresentadas contingentemente à imitação perfeita da fala do adulto
(contingente à resposta) ou após a passagem de um certo período de tempo (contingente ao tempo). Lovaas, 1967.
KS
observação e reprodução acuradas dos desempe apropriadas às palavras impressas na ausência de
nhos do terapeuta. As crianças exibiram um nível pistas vocais ou ilustradas.
alto de respostas imitatívas acuradas quando as re Após terem sido as crianças ensinadas a falar e a
compensas foram apresentadas contingentemente à
O
igualmente generoso após ter decorrido um certo recompensar as respostas discriminativas das crian
período de tempo sem consideração da qualidade ças a eventos modelados verbalmente ou de modo
de suas verbalizações, seu comportamento imitativo comportamental. Sempre que a criança não conse
deteriorou progressivamente até apresentar pe gue responder ou responde incorretamente, é ela
quena semelhança com as respostas dos modelos auxiliada por pistas verbais ou manuais que são
(Fig. 3-6). Entretanto, em estágios posteriores do gradualmente esmaecidas em ensaios sucessivos. O
EX
palavras novas, passam a aprender um vocabulário do que a rotulação verbal de eventos não-verbais.
de rótulos de modo que possam entender o que Assim sendo, inicialmente o adulto apresenta uma
significam as palavras. Trata-se no caso de uma instrução verbal envolvendo uma preposição (por
IN
forma de aprendizagem associada por emparelha- exemplo, “Ponha a bola dentro da caixa”) e a
mento, em que o terapeuta apresenta um objeto criança é recompensada por realizar a resposta mo
(por exemplo, um copo de leite) ou modela uma tora apropriada ao estímulo verbal. Se a criança
atividade (por exemplo, bate palmas) e simulta não consegue executar a resposta corretamente, o
neamente fornece o rótulo verbal correto. Nos en terapeuta desloca a mão da criança com a bola até a
saios sucessivos, a pista verbal do adulto é gradual caixa enquanto verbaliza a ação. Na segunda dis
mente retirada até que finalmente a criança for criminação, objetos são distribuídos de um modo
nece sozinha a resposta verbal correta a eventos particular e solicita-se à criança que descreva ver
não-verbais. Desse modo, uma ampla variedade de balmente as relações entre os objetos, usando as
associações objeto-palavra são aprendidas e discri preposições adequadas. No terceiro estágio, em que
minadas. A habilidade da leitura é estabelecida de se passa à conversação gramadcal, a criança res
modo semelhante; entretanto, as associações letra- ponde verbalm ente a um estím ulo verbal (por
figura e letra-palavra são apresentadas às crianças exemplo, “Onde coloquei a bicicleta?”), sem a re
até que aprendam a emitir as respostas verbais presentação concomitante com portam ental dos
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 91
eventos aos quais se faz referência. Como em ou ças; padrões de respostas complexos são gradual
tras formas de aprendizagem de regras, as crianças mente elaborados por atividades de modelação em
são ensinadas a generalizar a regra lingüística por pequenas unidades de dificuldade crescente; pistas
meio da modelação de uma variedade de objetos manuais são utilizadas se as crianças não conse
numa variedade de relações preposicionais. Essen guem responder. As pistas são gradualmente es
cialmente os mesmos procedimentos foram empre maecidas e o reforçamento por comportamento in
gados com sucesso para estabelecer formas de duzido é mais tarde retirado para eliminar o mero
comportamento lingüístico e conceituai de comple responder passivo. Após ter sido o comportamento
xidade crescente (Lovaas, Berberich, Kassorla, imitativo fortemente desenvolvido, o controle de
Klynn e Meisel, 1966; Lovaas, Dumont, Klynn e estímulo do com portamento das crianças é des
Meisel, 1966). Nos casos de crianças ecolálicas, res viado das pistas modeladoras para pistas verbais e
postas de imitação inapropriadas são extintas atra estímulos ambientais apropriados. As crianças po
vés da remoção do reforço; porém, sob os demais dem, por exemplo, envolver-se inicialmente em ativida
PS
aspectos, o programa de treinamento é semelhante des de pintura somente quando são modeladas por
ao empregado nos casos de crianças mudas. Entre um adulto, mas o reforçamento do comportamento
tanto, uma vez que as crianças ecolálicas já desen de pintar em resposta a sugestões verbais e material
volveram a fala imitativa, já começam elas num artístico leva as crianças a aprender finalmente a
U
nível mais adiantado e avançam com ritmo mais rá desempenhar tais atividades sem requerer um mo
pido. delo apropriado.
O
O treinamento formal da linguagem é conve Os resultados encoraj adores do projeto antes
niente para o estabelecimento de habilidades ver descrito sugerem que uma abordagem que abranja
bais, mas pode resultar em fala desprovida de es a modelação e o reforçamento mereceria consi
R
pontaneidade e manifestamente dependente de deração no que diz respeito ao tratamento dos dis
pistas externas específicas. Para remover esse pro túrbios esquizofrênicos. Uma vez que os resultados
G
blema, após terem sido estabelecidas as necessárias benéficos são alcançados com enfermeiras, pais e
habilidades para fala gramatical generativa, as crian estudantes universitários servindo como terapeutas,
ças são ensinadas a usar sua linguagem para ini essa abordagem de tratamento adquire significação
ciar e manter interações sociais, expressar seus de social adicional. Entretanto, a evidência de que as
KS
sejos e emoções e procurar e trocar informações crianças variam tremendamente no seu grau de
sobre seu ambiente. A fala espontânea autogerada aprendizagem, particularmente nos estágios iniciais
é inicialmente promovida de diversos modos. Pri do treinamento, indica a necessidade de estudos
meiro, removendo objetos e atividades desejadas comparativos para desenvolver procedimentos que
O
até que as crianças verbalizem seus desejos, são elas permitam ainda maior controle sobre os processos
ensinadas a influenciar e controlar seu ambiente de de mudança. Por exemplo, a discriminação dos es
modo verbal; segundo, são elas encorajadas a de tímulos modeladores é um importantç pré-requi
BO
senvolver comentários e histórias sobre atividades sito para sua aquisição. No caso da aprendizagem
apresentadas de modo pictórico em revistas e livros da linguagem, um breve programa de pré-treina-
e recompensadas por verbalizações novas e crescen mento em discriminação pode acelerar de modo
temente elaboradas; terceiro, são elas solicitadas a considerável os resultados da modelação e reduzir a
relatar, detalhadamente, experiências passadas; e variabilidade resultante das deficiências na percep
finalmente os conceitos que aprenderam nas tare ção da fala.
EX
fas formais são estendidos para interações diárias Para crianças que não conhecem o significado
informais. De fato, à medida que o tratam ento das expressões modeladas, a reprodução das pala
progride, os procedimentos de treinamento formal vras pode constituir um exercício enfadonho e can
são incorporados em interações interpessoais mais sativo. Um programa preliminar destinado a pro
D
naturais, onde aprovação verbal, expressão de duzir a compreensão das palavras tornará a situa
afeto, atividades lúdicas e experiência de realização ção mais significativa e poderá talvez facilitar uma
substituem os reforços primários como eventos re aprendizagem produtiva de palavras. Uma seqüên
IN
forçadores principais. cia sem elhante a esse tipo foi em pregada por
Habilidades de cuidados pessoais, padrões de ati- Humphrey (1966) ao desenvolver funções da lin
vidade lúdica, com portam entos apropriados ao guagem em crianças autistas. A fim de assegurar a
papel sexual, habilidades intelectuais e modos de atenção necessária, as crianças são colocadas num
comportamento interpessoal podem ser estabeleci quarto semi-escuro e equipadas com fones de ou
dos em crianças audstas mais rapidamente do que vido. Na fase inicial do programa, relativa à com
padrões lingüísticos por meio da modelação das preensão da linguagem, as crianças observam figu
atividades apropriadas e reforçamento da imitação ras de objetos projetadas sobre uma tela e ouvem os
das crianças (Lovaas, Freitag, Nelson e Whalen, rótulos verbais co rrespondentes sem te r que
1967). O programa de treinamento em comporta reproduzi-los. Após ter sido a associação palavra-
mento não verbal baseia-se sobre os memsos méto objeto repetida o número suficiente de vezes para
dos fundamentais empregados na aprendizagem da estabelecer o significado das expressões, as crianças
linguagem. O terapeuta estabelece primeiro con são reforçadas pela produção correta das verbaliza
trole sobre o comportamento de atenção das crian ções modeladas. A generalização e a discriminação
92 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
não são deixadas ao acaso. Assim, as crianças vêem cessem as respostas alternativas. Nesses casos, o
primeiro um cão como o objeto focal de um slide, processo de mudança pode ser grandemente facili
mas mais tarde é ele apresentado como parte de tado pelo uso de procedimentos de modelação des
conjuntos de animais que aumentam gradativa- tinados a transmitir, eliciar e manter modos de res
mente e que devem ser acuradamente discrimina posta que sejam incompatíveis com o comporta
dos. Por meio da indusão de imagens ou demons mento divergente que o terapeuta esteja tentando
trações representando ações, atributos qualificado- eliminar. Foi essa de fato a estratégia empregada
res e inter-relações de objetos, o mesmo procedi por Chittenden (1942), ao modificar respostas hi-
mento pode ser estendido para desenvolver habili peragressivas e de dominação apresentadas por
dades lingüísticas de com plexidade crescente. crianças diante de situações frustradoras.
Humphrey também descobriu ser vantajoso incluir Tornou-se pressuposição geral, na base das teo
amostras das próprias crianças ou de seus compa rias psicodinâtnicas e dos modelos'energéticos da
nheiros desempenhando determinadas atividades personalidade, que tanto a participação vicária em
PS
em seu ambiente natural; a imediação desses estí comportamentos agressivos quanto a sua expressão
mulos faz deles estímulos especialmente vívidos e direta serviriam para descarregar '‘energias e afetos
irresistíveis. Éssa abordagem é semelhante, sob reprimidos”, e portanto para reduzir, pelo menos
inúmeros aspectos, à aprendizagem da linguagem temporariamente, a incidência de comportamento
sob condiçoes naturais, quando crianças observam
U
agressivo. Orientados por essa teoria da catarse,
um volume considerável de comportamento verbal inúmeros pais, educadores, profissionais da área da
antes que sejam ensinadas a produzir palavras e reabilitação e psicoterapeutas infantis encorajam
O
sentenças gramaticais. Entretanto, as seqüências sutil ou encobertamente crianças hiperagressivas a
ótimas para o treinamento de palavras e significa expressar agressão de um modo ou de outro. A
dos ainda não foram descobertas.
R
evidência total de estudos de laboratório (Bandura,
Com a exceção de algumas poucas aplicações 1965a; Berkowitz, 1969) indica claramente que as
(Sherman, 1965; Wilson e Wakers, 1966), ainda psicoterapias envolvidas na utilização desses proce
não houve uma utilização sistemática de procedi
mentos de modelação no tratamento de psicóticos
adultos. Trata-se de fato surpreendente se se con
siderar que a maioria de casos crônicos apresenta
G
dimentos convencionais de catarse ou ab-reação
podem estar involuntariamente mantendo o com
portamento divergente em sua força original ou,
KS
ainda mais provavelmente, aumentando-o, em vez
deficiências com portamentais debilitadoras que de produzir as esperadas reduções nas tendências
devem ser corrigidas para que possam eles funcio agressivas. Ao contrário disso, a terapia baseada
nar de modo efetivo na vida comunitária. A negli nos princípios da aprendizagem social se concentra,
gência relativa dessa poderosa abordagem resulta desde o início, sobre o desenvolvimento e fortale
O
PS
U
O
R
Figura 3-7. Grau de comportamento cooperativo e dominador exibido por crianças altamente agressivas antes e depois
de serem submetidas a tratamento com modelação simbólica. Extraído de dados de Chittenden, 1942.
mente após o tratamento e um mês mais tarde (Fig. tamento introduzidos por meio de alguma forma
3-7). Não é possível determinar, a partir desses da de modelação, sua manutenção será amplamente
dos, a contribuição relativa do reforçamento vicário controlada pelas prádcas de reforçamento existen
e da modelação nos resultados obtidos. Os comen tes no ambiente natural. Por conseguinte, será ne
tários e representações espontâneas das crianças cessário organizar conseqüências favoráveis para
durante os ensaios de teste, em que foram elas soli manter padrões de comportamento recém-adqui-
EX
citadas a fornecer suas próprias soluções aos confli ridos. Esse procedimento se aplica de modo parti
tos sociais envolvendo os bonecos, indicaram que cular a um comportamento ordinariamente asso
haviam aprendido as estratégias cooperativas. Al ciado com condições de reforçamento que não che
gumas, entretanto, também apresentaram evidên gam a um nível ótimo, como no caso da coopera
D
cia de terem ficado fortemente afetadas pelas con ção, que é mais difícil de estabelecer e manter. O
seqüências apresentadas: “Olhe, não vamos deixar uso combinado de procedimentos de modelação e
eles brigarem; não gosto de ver eles baterem um no
IN
PS
tratamento, as crianças pertencentes ao grupo de
controle permaneceram notavelmente retraídas,
enquanto que as crianças que haviam recebido a
modelação simbólica mostraram um aumento subs
U
tancial na interação social até o nível da Unha de
base exibida por crianças não-retraídas (Fig. 3-8).
Com o fornecimento de prática adequada e de re-
O
forçam ento para as habilidades sociais recém-
Figura 3-8. Grau de interação social mostrada por crian estabelecidas, esse comportamento adquirirá sem
R
ças retrai das nas condições de modelação simbólica e con dúvida maior valor funcional e se manterá.
trole antes e depois das sessões experimentais. A linha
tracejada representa o grau de interação social exi
OUTRAS APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS E
bida por um grupo de crianças não-retraídas, cujo com
portamento foi observado na fase pré-teste do estudo.
O’Connor, 1969.
G INSTRUCIONAIS DA MODELAÇÃO
As aplicações dos procedimentos de modelação
não estâo de modo algum confinadas a crianças ou
KS
a condições extremamente divergentes. Os métodos
de representação comportamental são freqüente
interações diárias. A ausência de qualquer mudança mente utilizados para uma ampla variedade de
significativa no com portamento lúdico dos gru propósitos, em que as pessoas que desejam desen
O
pos de controle de crianças, que ou tinham rece volver novas competências são expostas a modelos
bido a mesma quantidade de cordialidade e atenção reais ou simbólicos do comportamento desejado.
do adulto durante o jogo com blocos e quebra- Oportunidades são fornecidas a essas pessoas para
BO
cabeças ou não tinham tido nenhum contato com o desempenhar esses padrões, inicialmente sob con
adulto, indica que a modelação e o apoio do com dições não-ameaçadoras, antes que sejam encoraja
portamento social lúdico havia sido o principal de das a aplicá-los em suas vidas diárias. Uma vez que,
terminante. na abordagem da modelação, uma pessoa observa e
Os estudos acima mostram como o mesmo mé pratica meios alternativos de e comportar em con
todo, jogo com bonecos, pode ser utilizado de dições semelhantes às da vida real, a transferência
EX
modos radicalmente diferentes dependendo de ser da aprendizagem para situações naturais é gran
o comportamento concebido em termos psicodinâ- demente facilitada.
micos ou em termos da aprendizagem social. No Algumas abordagens de tratamento, como a te
primeiro caso, as crianças são tipicamente induzidas rap ia do papel estabelecido de Kelly (1955),
D
a representar no jogo com a boneca suas tendências apóiam-se quase exclusivamente sobre procedimen
a responder de modo agressivo ou de qualquer tos de modelação. Na fase inicial, o terapeuta es
outro modo igualmente negativo a pais, professo creve um esboço de personalidade apropriado à
IN
res, irmãos e companheiros, comportamento esse representação do cliente. É ele então solicitado a
que, se transferido para situações de vida real, virá desem penhar os com portam entos relativos ao
a exacerbar ainda mais seus problemas. Ao contrá papel de modo continuado, como se fosse ele real
rio, no segundo caso, a abordagem em questão for mente a pessoa descrita no esboço. Por exemplo,
nece soluções mais satisfatórias para os conflitos in uma pessoa passiva e não-assertiva pode receber
terpessoais e modela modos de comportamento be um papel ativo e assertivo. Os novos padrões com-
néficos, que têm grande probabilidade de promo portamentais, que estâo em geral em contraste
ver experiências sociais positivas. marcante com o modo de responder habitual do
Resultados de um estudo de O ’Connor (1969), cliente, são constantemente representados por di
envolvendo modelação simbólica positiva, empres versas semanas ou por outro qualquer período de
tam confirmação empírica adicional aos pontos de tempo previamente estabelecido. Essa fase do pro
vista expostos acima. Crianças em idade pré-escolar grama é estruturada para o cliente como represen
foram selecionadas com base na apresentação de tando um breve período experimental com novas
retraimento social extremo, um problema compor- características em vez de se tratar de uma adoção
MODELAÇÀO E PROCESSOS VICÁRIOS 95
permanente. Ainda mais, o cliente não é nunca so neira em que são eles expressados, as conseqüên
licitado a se tornar o novo personagem, mas sim a cias mais prováveis do comportamento modelado
comportar-se como se fosse ele em bases de ensaio. podem ser controladas em extensão considerável,
A ênfase em experimentação breve e simulação é ao invés de deixadas a circunstâncias fortuitas.
considerada essencial para minimizar a ameaça ini Há inúmeras outras abordagens de tratamento
cial de se introduzir mudanças drásticas no modo em que as técnicas de modelação, rotuladas de
de vida de uma pessoa. modo variado como representação psicodramática
A prescrição de um papel por si só terá um valor (Moreno, 1958; Sturm, 1965), ensaio comporta-
limitado, a não ser que uma pessoa saiba como tra mental (Lazarus, 1966; Wolpe e Lazarus, 1966) e
duzir suas características em ações concretas sob representação de papéis (Corsini e Putzey, 1957)
uma variedade de condições. Na abordagem de são utilizadas para corrigir deficiências de respostas
Kelly, as sessões de tratamento, usualmente marca específicas ou para transmitir repertórios mais ex
tensos de comportamento social. A modelação sob
PS
das para dias alternados, são principalmente devo
tadas ao ensaio do papel prescrito da maneira como forma de prática de papel foi também adotada am
poderá ele ser aplicado aos eventos diários envol plamente para o treinamento de habilidades indus
vendo relações sociais e vocacionais, interações he triais e administrativas (Corsini, Shaw e Blake,
terossexuais, relações parentais e orientações de 1961). As estratégias a serem seguidas na imple
U
vida. Terapeuta e cliente geralmente alternam-se mentação dos princípios da modelação são apresen
na representação do papel. Por meio da troca do tadas em termos fortemente prescritivos, e os mé
O
papel, o cliente não só se beneficia das demonstra todos têm recebido o crédito de amplo sucesso; en
ções feitas pelo terapeuta de modos convenientes tretanto, como acontece geralmente na literatura
de se relacionar com os outros, mas também expe- psicoterapêutica, estudos rigorosamente controla
R
riencia como as pessoas são afetadas pelos compor dos dos resultados obtidos estão virtualmente au
tamentos sendo modelados. sentes.
Após terem sido novas formas de respostas a di
ferentes tipos de situações adequadamente ensaia
das, e as experiências do cliente na implementação
do papel detalhadamente discutidas, o cliente de
G
A eficiência das abordagens de modelação será
largamente determinada pelo que está sendo re
presentado. Se os agentes da mudança encorajam
principalmente seus clientes a desempenhar suas
KS
cide se deseja ou não adotar os comportamentos do formas de comportamento usuais e ineficientes,
novo papel em bases mais duradouras. Se tiver para reconstruir experiências passadas de relações
achado o novo papel efetivo e desejar continuar e para reavivar as reações emocionais provocadas
com o programa, os ensaios comportamentais são por suas inadequações, então tais métodos não al
O
repetidos tanto quanto necessário. Com o aumento cançarão provavelmente melhor resultado do que
da experiência, o cliente torna-se cada vez mais ha as abordagens de entrevistas interpretativas que
bilidoso e confortável no desempenho dos compor acentuam de modo semelhante os aspectos negati
BO
tamentos do novo papel, até que finalmente são vos envolvidos. Por outro lado, as abordagens de
eles espontaneamente desempenhados. tratamento que utilizam procedimentos de modela
Embora haja razões suficientes, a partir da evi ção para estabelecer modos efetivos de se compor
dência fornecida pelos estudos de modelação, para tar apresentam freqüentemente a falha de não in
se esperar que o tipo de abordagem preconizado cluir um programa de treinamento de transferên
por Kelly deva ser altamente eficaz, não houve ten cia adequado, no qual os clientes tenham a oportu
EX
tativas sistemáticas para medir o grau de sucesso as nidade de testar suas habilidades recém-adquiridas
sociado com esse método particular. Também seria sob condições que levem à produção de conseqüên
necessário pesquisar se as práticas recomendadas — cias recompensadoras. Se os próprios agentes da
a seleção do comportamento altamente contras mudança representarem as competências interpes
D
tante continuamente representado sob situação si soais convenientes e organizarem condições ótimas
mulada em todas as áreas do funcionamento social para que seus clientes aprendam e pratiquem
modos mais efetivos de lidar com problemas poten
IN
quanto na área das atitudes. Essas descobertas for pia é também demonstrada por Pentony (1966).
necem apoio para o ponto de vista de que eventos Não se pode determinar, contudo, a partir desses
dè auto-avaliação e cognitivos podem constituir dados, se a semelhança de valores pode ser atri
parcialmente epifenômerros, que têm origem nas buída à modelação ou ao reforçamento diferencial
competências do sujeito e nas conseqüências de seu das verbalizações dos clientes; sem dúvida alguma,
comportamento. A modelação, mesmo sob condi ambos os tipos de processo de influência estiveram
ções simuladas, pode ter efeitos de grande alcance. em operação.
Tem havido recentemente diversas demonstra
ções de que as classes de respostas que os psicote-
PROCESSOS DE MODELAÇÃO NAS rapeutas tradicionais estão interessados em modifi
PSICOTERAPIAS DE ENTREVISTA car podem ser influenciadas de modo significativo
Supõe-se geralmente que modificações da perso por procedim entos de m odelação. Schwartz e
PS
nalidade em tratamentos verbais convencionais são Hawkins (1965) descobriram que esquizofrênicos
çbtidas em parte pela identificação dos clientes com adultos, cujas declarações emocionais foram positi
seus psicoterapeulas. Entretanto, como observou vamente reforçadas em terapia de grupo, aumenta
Mowrer (1966), os terapeutas modelam caracteristi ram as expressões afetivas quando seu grupo rece
camente uma área muito limitada de comporta beu dois pacientes-modelos que verbalizavam fre
U
mento social; e o que exemplificam eles de modo qüentemente seus sentimentos; sob as mesmas con
mais proeminente pode ter valor utilitário muito dições de reforçamento, as respostas afetivas dimi
O
pequeno para os clientes. A parcimônia de pistas nuíram quando os modelos em questão passaram a
modeladoras úteis aparece como particularmente exibir verbalizações predominantemente não-afe-
evidente nas abordagens de tratamento que advo tivas. Marlatt, Jacobsen, Johnson e Morrice (1966)
R
gam uma espécie de incógnita comportamental, em descobriram que entrevistados se mostravam mais
que os sentimentos, opiniões pessoais e respostas inclinados a revelar problemas pessoais após terem
sociais do terapeuta são exibidos tão pouco quanto
possível, de maneira a facilitar a ocorrência de rea
ções de transferência infantis. Até onde o compor
tamento taciturno e interpretativo dos terapeutas
G
testemunhado uma breve conversação na sala de
espera, em que a auto-revelação de um modelo foi
aceita e socialmente recompensada pelos entrevis
tadores,, do que quando o comportamento do mo
KS
vier a ser imitado pelos clientes em suas relações delo era desencorajado ou os sujeitos não eram ex
sociais, como não é raro, correrão eles o perigo de postos a modelos que admitiam ter determinados
serem considerados ou maçantes ou verdadeiras problemas.
pestes. Ao contrário das práticas convencionais, que Um dos obstáculos à condução eficiente da tera
O
preconizam um certo grau de ambigüidade e de pia de entrevista tem origem no fato de estarem os
dissimulação para o terapeuta, Mowrer defende o clientes usualmente confusos sobre o que supõem
ponto de vista de que os agentes terapêuticos devam fazer para obter efeitos benéficos e às expli
BO
devem ativamente modelar o que se supõe que seus cações verbais que transmitem de modo inade
clientes devam aprender a organizar as condições quado os comportamentos requeridos. Esta ambi
necessárias à promoção dessa identificação. Assim güidade pode ser facilmente resolvida se se forne
sendo, na terapia de integração (Drakeford, 1967; cer aos clientes exemplos concretos das respostas
Mowrer, 1964), que se destina a levar os clientes a terapêuticas apropriadas (Marlatt, 1968a, 1968b).
reconhecer que são parcialmente responsáveis por
EX
rapeuta são inevitavelmente reveladas através de lidade do que os clientes que receberam o mesmo
suas reações seletivas e comentários interpretativos tipo de tratamento sem a experiência inicial de
(Parloff, Iflund e Goldstein, 1960).’Essas atitudes modelação.
inferidas são muito provavelmente imitadas pelos Os estudos adm a indicam que os procedimentos
clientes, ainda que os terapeutas tentem m anter de modelação podem ser empregados com sucesso
neutralidade no domínio dos valores. Alguma evi para induzir mudanças no comportamento verbal.
dência sugestiva desse efeito é apresentada por Ro- Entretanto, considerando a relação fraca que existe
senthal (1955), que descobriu que os clientes consi entre alterações no nível verbal — quer sob a forma
derados como exibindo um grau maior de melhora de preferência de valores e declarações verbais,
clinica alteraram seus valores nas áreas de sexo, quer sob a forma de endossamento de itens de tes
agressão e autoridade na direção dos valores de tes de personalidade — e modos de resposta não-
seus terapeutas, enquanto que os clientes conside verbais, p>arece-nos que os modelos poderiam ser
rados como não tendo m elhorado se tornaram usados de modo mais vantajoso para promover
menos semelhantes a seus terapeutas. A ocorrência comportamentos interpessoais efetivos de modo di
da congruência de valores durante o curso da tera reto.
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 97
Condicionamento Vicário das Respostas ções entre as crianças pequenas, mas a reação de
Emocionais crescia progressivamente com o aumento da idade.
Supõe-se geralmente que as pessoas desenvolvem A relação inversa obtida foi atribuída à maior habi
respostas emocionais com base na estimulação do lidade das pessoa mais velhas tanto de discriminar
lorosa ou agradável direta experienciada em asso entre situações reais e imaginárias quanto de ate
ciação com determinados lugares, pessoas ou acon nuar a aversão das pistas de perigo por meio da
tecimentos. Embora inúmeras respostas emocionais previsão de resultados finais favoráveis. Como era de
sejam sem dúvida adquiridas por meio do condi esperar-se, as reações emocionais a cenas eróticas
cionamento clássico, a aprendizagem afetiva em foram mais fortes entre os sujeitos dos grupos de
seres humanos ocorre freqüentemente por meio de idade maior.
emoções vicariamente ativadas. Inúmeros compor Demonstrações mais recentes da instigação emo
tamentos fóbicos, por exemplo, têm origem não em cional vicária por meio de estimulação filmada
foram fornecidas por uma série de experimentos
PS
experiências reais desagradáveis com o estímulo
fóbico, mas sim do fato de testemunharem os sujei realizados por Lazarus e seus associados (Lazarus,
tos outras pessoas responderem medrosamente Speisman, Mordkoff e Davison, 1962). Registros
diante de certas coisas ou serem feridas por elas contínuos de respostas autônom as de sujeitos
(Bandura, Blanchard e Ritter; 1969; Bandura e foram obtidos, durante a apresentação de um filme
U
Menlove, 1968). De modo semelhante, pessoas ad que mostrava um ritual primitivo da puberdade
quirem freqüentemente, com base na exposição a realizado por uma tribo australiana, no qual um
menino nativo era submetido a uma grosseira ope
O
correlações de estímulos modeladas, atitudes emo
cionais intensas com relação a membros de grupos ração genital. Estudantes universitários apresenta
minoritários ou nacionalidades impopulares com ram reação autônoma intensa enquanto assistiam às
R
quem tiveram pouco ou nenhum contato. cenas em questão, aparecendo as respostas de
Como foi sugerido acima, o condicionamento modo particularmente marcante quando a opera
ção era acompanhada por soluços e outras pistas
emocional vicário resulta da observação de expe-
rienciarem outras pessoas efeitos emocionais positi
vos ou negativos em associação com determinados
eventos estimuladores. Ambos os processos de con
G
indicadoras de dor por parte dos jovens iniciados.
Tanto o cancelamento das pistas vocais de dor
quanto a inclusão de comentário sonoro minimi
KS
dicionamentos direto e vicário são dirigidos pelos zando a aversão da operaçao apresentada reduzi
mesmos princípios básicos de aprendizagehn asso ram significativamente o nível de ativação emocio
ciativa, mas diferem quanto à fonte de ativação nal dos sujeitos; de modo inverso, comentários en
emocional. No protótipo direto, o próprio aprendiz fatizando o sofrimento e oá perigos de tais opera
ções aumentaram a ativação fisiológica dos sujeitos
O
dora, e suas expressões afetivas, por sua vez, ser Berger (1962) restringe o fenômeno de instigação
vem como estímulos ativadores para o observador. vicária a situações em que um observador responde
Portanto, esse processo de condicionamento so emocionalmente às supostas experiências afetivas
cialmente mediado exige tanto a ativação vicária de um executor. Uma vez que o estado emocional
das respostas emocionais quanto o estreito empare- de uma outra pessoa não é observável diretamente,
lhamento temporal desses estados afetivos com os sua presença, qualidade e intensidade serão tipica
EX
cionalmente ativadas pelas experiências de outras. de seu filho, mesmo se a criança não sofreu ne
Alguns desses estudos tentaram identificar as pistas nhum ferimento. Semelhantemente, um transeunte
sociais que se mostram mais influentes na produção pode reagir com apreensão ao ouvir um grito sú
da ativação vicária, enquanto ainda outros foram bito, muito embora, sem que ele o saiba, se trate de
planejados para elucidar as condições da aprendi um grito simulado como parte de um jogo.
zagem social a partir das quais as pistas sociais se Argumentou Berger que um grito forte que eli-
tomam portadoras do poder de elidar emoção. cia uma resposta de medo no observador pode re
Um dos primeiros estudos sobre a ativação afe presentar um caso de instigação pseudovicária,
tiva vicária foi relatado por Dysinger e Ruckmick porque a pista vocal pode servir simplesmente
(19SS), que mediram as respostas autônomas de como um estímulo condicionado de medo, inde
crianças e adultos diante de cenas filmadas exi pendentemente da resposta emocional incondiao-
bindo situações perigosas e cenas de romantismo nada do executor ou da situação estimuladora. A
erótico. Os achados mostraram que cenas de pe base para tal distinção está sujeita a debate, uma
rigo, conflito ou tragédia eliciavam as maiores emo vez que as pistas expressivas são os indicadores ob
98 MODELAÇÃO -E PROCESSOS VICÃRIOS
serváveis de um suposto estado emocional do exe respostas de esquiva do que reproduções do mesmo
cutor e, como será mostrado mais tarde, é precisa animal em atitudes que não denotam medo indica
mente porque tais pistas sociais adquiriram pro que somente simples expressões faciais e de postura
priedades de evocar emoção que um observador constituem pistas suficientes para eliciar respostas
pode ser vicariamente ativado pelas experiências de emocionais. As pesquisas mostraram, além disso,
outras pessoas. Existem casos, contudo, em que co- que respostas emocionais em macacos podem ser
variações nas respostas emocionais de observadores vicariamente ativadas não somente pela visão de
e executores não envolvem necessariamente pro suas parelhas experimentais, mas também, através
cessos de instigação vicárria. Após um determinado da generalização do estímulo, por outro macaco
estímulo ambiental ter adquirido forte poder de que não esteve nunca envolvido nas contingências
eliciação para um observador, suas respostas emo aversivas iniciais. Ainda mais, a mera exposição a
cionais serão muito provavelmente evocadas dire macacos reagindo de modo apreensivo ou medroso
tamente pelo estímulo condicionado, independen pode reinstalar respostas de esquiva no observador,
PS
temente do com porta nr^ento de outros. Assim, por após terem sido elas extintas até um nível nulo.
exemplo, quando indivíduos sentem medo ao ouvir Os estudos citados demonstram que expressões
o som de um alarme de fogo no edifício em que afetivas exibidas por outros podem servir como es
estão trabalhando, poderão eles estar respondendo tímulos aversivos condicionados, mas não explicam
U
de modo semelhante, devido a histórias de condi como tais pistas adquirem esse poder. A hipótese
cionam ento iguais, mas independentem ente às de resultar a sensibilidade a pistas expressivas de
mesmas pistas não-sociais. Em tais circunstâncias, é
O
experiências de aprendizagem social recebe apoio
altamente difícil estabelecer de modo preciso as de Miller, Caul e Mirsky (1967), que descobriram
fontes çle estímulo do estado emocional do sujeito, que macacos criados em isolamento social total du
R
uma vez que o comportamento de outros, depen rante a infância mostravam-se incapazes de res
dendo de seu caráter, sem dúvida alguma aumenta ponder, quer comportamentalmente, quer autono
ou diminuí os efeitos dos estímulos ambientais eli-
ciadores. A demonstração mais convincente da ins
tigação vicária é portanto fornecida sob condições
em que as respostas emocionais do observador são
G
mamente, a expressões faciais de emoção de outros
macacos. Há evidência de que pistas sociais signifi
cando ativação afetiva adquirem propriedades de
evocar emoção por meio do mesmo processo de
KS
eliciadas inteiramente pelas expressões afetivas do condicionamento clássico que está envolvido no es
executor. Tais condições são estabelecidas por meio tabelecimento da valência positiva ou negativa para
de procedimentos que garantam que os estímulos estímulos ambientais não-sociais. Assim, se expres
eliciadores de respostas emocionais no executor sões afetivas de outros foram repetidamente segui
não são observáveis pelos sujeitos observadores ou
O
1962, 1963; Miller, Murphy e Mirsky, 1959) identi nais em observadores. Em situações naturais, tais
ficaram, através da utilização de um engenhoso covariações emocionais ocorrem freqüentemente.
procedimento de condicionamento de esquiva coo Pessoas que estão experienciando emoções positivas
perativo, algumas das pistas sociais que servem muito provavelmente tratarão os outros amavel
como estímulos condicionados para a ativação afe mente, o que ativará neles emoções agradáveis; em
tiva em “observadores. Macacos rhesus foram pri contrapartida, quando as pessoas estão deprimidas,
EX
em aposentos diferentes e a alavanca foi removida laboratório com sujeitos infra-humanos, em que as
da cadeira de um macaco e o estímulo luminoso da necessárias contingências sociais e temporais são
instituídas.
IN
vicária foi medida em resposta às reações de sofri ativa em vez de sobre a identificação automática
mento de outro rato, que estava recebendo choques através da semelhança. De fato, se pessoas que pos
contínuos numa gaiola vizinha. Os animais que ha suem as mesmas características experienciassem ra
viam experienciado previamente as conseqüências ramente éfeitos semelhantes, exibiriam muito pro
emparelhadas foram afetados de modo marcante vavelmente uma empatia fraca. A influência rela
pelas respostas de sofrimento do outro rato; o tiva da semelhança pessoal e da semelhança de efei
grupo de controle inostrou pouca responsividade tos sobre a ativação vicária poderia ser melhor ava
empática; e animais cujas experiências dolorosas liada por um experimento em que pessoas seme
passadas não foram associadas com as respostas de lhantes experienciassem conseqüências opostas an
sofrimento de outro membro de sua espécie mos teriormente ao teste de empatia enquanto que o
traram um efeito intermediário entre os dos dois contrário acontecesse para pessoas dessemelhantes.
grupos. Poder-se-ia prevpr, a partir do ponto de vista da
PS
O condicionamento nos seres humanos é fre teoria da aprendizagem social, que os efeitos dis
qüentem ente mediado por meio de estimulação crepantes sobrepujariam a influência dos efeitos da
simbólica autogerada, a qual também desempenha semelhança pessoal. A mais forte responsividade
um papel influente nas respostas vicárias (Bandura empática deveria evidentemente ocorrer sob condi
e Rosenthal, 1966; Stotland, Shaver e Crawford, ções de alta semelhança entre observador e modelo
U
1966). Na teoria da personalidade, a ativação emo e conseqüências análogas.
cional vicária é tipicamente discutida sob o conceito
CONDICIONAMENTO CLÁSSICO VICÁRIO
O
de empatia. Dentro do quadro de referência da
personalidade, supõe-se de modo geral que um ob Na seção anterior revisamos algumas das condi
servador torna-se empaticamente ativado como re ções sob as quais as respostas emocionais de um
R
sultado de ser capaz de intuir as experiências e es modelo, transmitidas por manifestações auditivas,
tados afetivos de outra pessoa. A pesquisa relatada faciais ou-de postura, adquirem a capacidade de
por Stotland indica, entretanto, que um processo
algo diferente pode estar envolvido. Observadores
reagiram de modo mais emocional à visão de uma
pessoa sendo submetida a estimulação dolorosa
G
ativar respostas emocionais em observadores. No
caso de condicionamento clássico vicário, as emo
ções vicariam ente eliciadas nos observadores
KS
tornam-se condicionadas através da associação por
quando foram previamente solicitados a imaginar contigüidade a estímulos anteriormente neutros.
como eles próprios se sentiriam se estivessem sendo fe Um dos primeiros experimentos de laboratório
ridos do que quando foram solicitados a imaginar sobre esse processo foi relatado por Kriazhev
como a outra pessoa se sentia durante o tratamento. (1934), que condicionou um animal em cada sete
O
Essas descobertas sugerem que as pistas afetivas pares de cães a estímulos apresentados em associa
modeladas produzem ativação vicária em grande ção com alimento ou choque elétrico, enquanto que
parte por meio de um processo interveniente de o outro membro do par simplesmente testemu
BO
não foi adequadamente estabelecido. Uma explica clássico vicário em seres humanos (Barnett e Bene-
ção plausível poderia ser fornecida em termos de detti, 1960; Berger, 1962) envolvem tipicamente o
IN
dicionamento vicário era a freqüência da resposta outra pessoa sendo submetida a experiências de
galvânica da pele do obseryador ao som d a, cigarra, condicionamento aversivo, nas quais uma cigarra
•que servia como estímulo condicionado. Observa soava a intervalos periódicos e, pouco tempo de
dores que haviam sido informados de que o mo pois, o modelo fingia estar sentindo dor suposta
delo estava recebendo estimulação aversiva e que mente em resposta ao recebimento de choques elé
testemunharam as respostas de dor simuladas do tricos dolorosos. Antes da fase do condicionamento
modelo por meio da retirada do braço exibiram um vicário do estudo, os grupos de observadores foram
alto grau de condicionamento vicário, em compara submetidos a diferentes graus de ativação emocio
ção com os observadores dos outros três grupos. nal manipulada tanto psicologicamente quanto fi-
Numa extensão ulterior do condicionamento so siologicamente, por meio da adm inistração de
cialmente mediado, Craig e Weinstein (1965) des doses variadas de adrenalina, um estimulante sim
cobriram que a observação de um executor expe- pático. A freqüência com que os observadores ma
rienciando fracassos repetidos produz ativação nifestaram respostas galvânicas da pele, condicio
PS
emocional vicária, que se torna condicionada a pis nadas somente ao soar da cigarra, mostrou consti
tas ambientais anteriormente neutras. tuir uma função positiva do grau de stress psicoló
Embora o fenômeno de condicionamento vicário gico (Fig. 3-9). Entretanto, uma função monotônica
tenha sido claramente demonstrado, as pessoas di decrescente é obtida quando, além do estresse si-
U
ferem amplamente no grau com que desenvolvem tuacional, os sujeitos experienciavam ativação cres
respostas emocionais condicionadas de modo ob cente fisiologicamente induzida. Se for possível
servacional e na estabilidade das respostas adquiri supor que as cinco condições de tratamento repre
O
das. Uma vez que esse processo exige que o obser sentam níveis diferenciais de ativação emocional
vador experiencie conseqüências dolorosas vica- numa única dimensão, então os resultados combina
R
riamente, produzindo-se assim ativação afetiva, as dos sugerem uma relação de U invertido entre a
variáveis que influem sobre o nível geral da emoti magnitude da ativação e o condicionamento vicário.
vidade do observador muito provavelmente serão
capazes de retardar ou promover a aprendizagem
vicária. Há alguma evidência (Bandura e Rosen-
thal, 1966) de que a ativação emocional constitui de
G Enquanto o estudo acima estabelece uma relação
entre nível de ativação e condicionamento vicário, a
maneira pela qual a ativação intensa produz efeitos
disruptivos ainda está para ser demonstrada. Os re
KS
fato um determinante significativo do condiciona latos dos sujeitos sugerem que os efeitos disruptivos
mento vicário, mas essas últimas variáveis não estão podem em parte ser mediados por respostas com
relacionadas de forma simplesmente linear. Nesse petitivas autogeradas, destinadas a reduzir a aversi-
experimento, grupos de adultos observaram uma vidade da situação de instigação vicária. Em alguns
O
cionada é também freqüentem ente medida em extinta, então tanto a motivação quanto um con
termos de supressão comportamental. Se experiên junto de estímulos controladores do comporta
cias desagradáveis forem repetidamente empare mento de esquiva serão removidos. Black (1958)
lhadas com estímulos neutros, adquirem eles o mostrou que a neutralização de um estímulo aver
poder de evocar reações emocionais que tendem a sivo através da utilização exclusiva de procedimen
inibir o comportamento instrumental em sua pre tos de extinção facilitou de modo notável a elimina
sença. Crooks (1967) mostrou que forte supressão ção subseqüente do comportamento de esquiva.
comportamental pode ser estabelecida somente na Alguma evidência sugestiva inicial da ocorrência
base de experiências de observação. Após terem da extinção vicária é fornecida por Masserman
sido testados quanto à amplitude com que manipu (1943) eJones (1924), em estudos exploratórios da
lavam determinados objetos, macacos participaram eficácia terapêutica relativa dos procedimentos de
de um experimento de condicionamento vicário de modelação. Masserman produziu fortes inibições
medo durante o qual observaram o som de vocali alimentares em gatos emparelhando respostas de
PS
zações de dor (através de ufti gravador de fita) aproximação ao alimento com estimulação aversiva.
sempre que um macaco-modelo tocava num objeto Na fase terapêutica do experimento, os animais
particular. Mais tarde, os observadores também inibidos observaram um companheiro de gaiola,
foram submetidos a um procedimento de condicio que não havia sido negativamente condicionado,
U
namento de controle, no qual testemunhavam os exibir aproximação rápida e resposta de alimenta
contatos do modelo com um objeto diferente em ção. Os observadores inicialmente encolhiam-se ao
parelhado com as vocalizações de dor tocadas de
O
ser apresentado o estímulo condicionado, mas, com
trás para diante, obliterando assim o valor de per a exposição continuada a seu companheiro despro
turbação dos sons. Em teste subseqüente, os ani vido de medo, começaram a avançar, a princípio de
R
mais observadores brincaram livremente com os modo hesitante e em seguida de modo mais cora
itens de controle, mas evitaram ativamente os ob joso, até a caixa-meta, e consumiram o alimento.
jetos que acompanharam experiências suposta
mente dolorosas para outro animal.
Embora o comportamento emocional seja com
toda a probabilidade desenvolvido com freqüência
G
Alguns dos animais, entretanto, mostraram pe
quena redução no comportamento de esquiva, ape
sar da fome prolongada e dos ensaios repetidos de
modelação. Além disso, as respostas de esquiva
KS
nas situações de vida diária através de processos vi reapareceram em alguns animais depois de ter sido
cários, poucas são as ocasiões em que as formas o animal sem medo removido, indicando o fato
aversivas do. condicionamento clássico podem ser que, neste último caso, os estímulos modeladores
utilizadas intencionalmente para propósitos tera serviram tão-somente como inibidores tem porá
O
pêuticos. Existem relatos clínicos (Miller, Dvorak e rios externos das respostas de esquiva. Jones
T u rn e r, 1960), e n tre tan to , em que o contra- (1924), de forma semelhante, obteve resultados va
condiáonamento aversivo foi aplicado em situação riados ao extinguir respostas fóbicas em crianças
BO
de grupo para criar aversão ao álcool em alcoóla por meio da exposição a companheiros que se
tras crônicos. Reações aversivas são rapidamente es comportavam sem ansiedade na presença dos obje
tabelecidas sob tais condições, e a maior parte dos tos evitados.
clientes exibe fortes efeitos de condicionamento vi Uma vez que a não-ocorrência de conseqüências
cário. Condicionamento vicário positivo, de outro aversivas antecipadas é condição requerida para a
lado, tem sido raramente empregado sistematica extinção do medo, as exibições modeladoras que
EX
mente para o desenvolvimento da empatia, de rea têm maior probabilidade de produzir fortes efeitos
ções agradáveis e atitudes sociais favoráveis. em observadores medrosos são aquelas em qpJe os
desempenhos que consideram-nos como perigosos
são repetidamente demonstrados como seguros sob
D
tintos bem como adquiridos em base vicária. A ex fluenciadas pelo comportamento modelado e suas
tinção vicária de medos e de inibições comporta- conseqüências, então as respostas de observação
inentais é obtida fazendo-se com que as pessoas ob necessárias devem ser eliciadas e mantidas. A apre
servem modelos desempenhando comportamentos sentação de respostas modeladas de aproximação
provocadores de medo sem experienciar conse com relação à situação mais ameaçadora desde o
qüências adversas. Como podem as respostas de .es início, como ocorreu nos estudos acima citados, tem
quiva ser extintas sem ter sido eliciadas pode ser grande probabilidade de gerar alto nível de ativa
melhor explicado em termos de uma teoria de pro ção de medo nos observadores. Até onde tais con
cesso duplo do comportamento de esquiva. Con dições ativam respostas de esquiva (como retrair-se
forme observado na discussão anterior sobre pro ou desviar o olhar), destinadas a reduzir vicaria-
cessos causais, estímulos aversivos condicionados mente a ansiedade instigada, impedirão elas a ocor
evocam a ativação emocional que exerce um certo rência da extinção vicária. A eficiência dos proce
grau de controle sobre as respostas instrumentais. dimentos de extinção vicária pode, portanto, de
Conseqüentemente, a partir dessa teoria, se a capa pender em parte da maneira como os desempenhos
cidade de ativação de um estímulo ameaçador for modelados são apresentados.
102 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS
PS
exibições anteriores, são gradualmente introduzi repetida do animal temido. Portanto, a fim de
das e neutralizadas. A graduação do estímulo não é medir os efeitos da exposição ao objeto ameaçador
uma condição necessária para a extinção vicária, como tal, um terceiro grupo de crianças observou o
mas permite ela maior controle sobre o processo de cão no contexto positivo, mas com o modelo au
U
mudança e provoca menor eliciação da ansiedade sente. Um quarto grupo participou das atividades
do que as abordagens envolvendo exposição repe positivas, mas não foi sequer exposto nem ao cão
tida a eventos modelados portadores de alto valor nem às exibições modeladoras.
O
de ameaça. Completa a série de tratamentos, as crianças
Além das variáveis da exposição ao estímulo, os foram mais uma vez submetidas ao teste de esquiva,
R
aspectos qualitativos do comportamento modelado consistindo de seqüência graduada de tarefas de in
têm grande probabilidade de influir sobre os resul teração com o cão. Foram elas solicitadas, por
exemplo, a aproximar-se e acariciar o cão, soltá-lo,
tados da extinção vicária. Os estudos sobre ativação
emocional vicária revisados anteriormente demons
traram que impressões afetivas negativas de outros
podem servir como pistas poderosas para a ativação
G
remover sua coleira e alimentá-lo, permanecendo
cada criança um determinado período de tempo
sozinha num aposento com o animal. O conjunto
KS
de medo e esquiva nos observadores. Pode-se, por de tarefas final e mais difícil apresentado às crian
tanto, esperar que respostas de aproximação mode ças era o de entrar no pequeno cercado com o cão
ladas acompanhadas por expressões afetivas positi e, após ter fechado o portão, acariciá-lo e permane
vas produzam maiores efeitos de extinção do que as cer sozinha com ele sob condições de confinamento
provocadoras de medo.
O
dos porque os próprios pais se mostram apreensi significado terapêutico limitado, a não ser que se
vos e são forçados a entrar num contato tenso com possa demonstrar que os padrões de resposta esta
os objetos temidos. belecidos se generalizam para estímulos outros que
Como parte de um programa de pesquisa desti não os encontrados na situação de tratamento e que
nado a elucidar o fenômeno da extinção vicária, di as mudanças induzidas perduram mesmo após
versos procedimentos de modelação efetivos foram terem sido descontinuadas as condições terapêuti
EX
desenvolvidos para modificar os distúrbios da an cas. Portanto, as crianças foram submetidas a testes
siedade. O prim eiro estudo da série (Bandura, para comportamento de esquiva com relação a cães
Grusec e Menlove, 1967b) envolveu um teste rigo diferentes, após o término do programa de tra
roso da extensão em que um forte comportamento tamento e mais uma vez um mês depois.
D
de esquiva de longa duração pode ser vicariamente O procedimento de modelação produziu extin
extinto. Também explorou o estudo a possibilidade ção vicária de respostas de esquiva altamente está
de poder a indução de respostas afetivas positivas
IN
PS
vadores cuja responsividade emocional a um con
junto restrito de elementos modelados for extinta
poderão exibir efeitos de extinção mais fracos.
Além disso, sob condições em que uma série de es
tímulos aversivos é apresentada uma vez somente,
U
determ inadas características dos observadores
podem também influenciar a extensão em que são
O
as respostas emocionais extintas. Observadores al
tamente suscetíveis à ativação emocional se mostra
riam inclinados a responder a exibições modelado-
R
ras ameaçadoras com medo acentuado e poderiam Figura 3-10. Média dos escores de aproximação ao cão
portanto mostrar resistência relativamente forte à obtidos por crianças em cada uma das condições de tra
extinção vicária. Assim sendo, a emotividade pode
servir como um determinante adicional do grau em
que o comportamento de esquiva virá a ser redu
zido por meio de procedimentos de modelação.
G
tamento nos três diferentes períodos de avaliação. Ban
dura, Grusec e Menlove, 1967.
PS
U
O
R
G
KS
O
BO
Figura 3-12. Uma menina que tinha medo de cães empenhando-se em interações desprovidas de medo, após exposição
à série de filmes em que um companheiro-modelo exibia interações progressivamente ameaçadoras com cães. Bandura
e Menlove, 1968.
EX
ser a última forma de tratamento superior na eli res mostram o com portam ento desprovido de
minação completa do comportamento de esquiva medo do modelo; as inferiores assinalam as intera
de cães. Embora a modelação tenha sido igual ções da criança com os animais, que ela corajosa
D
mente efetiva, independentemente da severidade mente encerrou no cercado, após o teste formal.
do comportamento fóbico das crianças, as que ma A comparação dos resultados dos dois experimen
nifestavam uma ampla variedade de medos se be tos sugere que a modelação simbólica é menos po
IN
neficiaram algo menos do tratamento de modela derosa do que a demonstração ao vivo do mesmo
ção múltipla do que as outras crianças com poucos comportamento. Embora o tratamento com modelo
medos. único tenha realizado mudança significativa nas
Como teste ulterior do valor terapêutico da mo respostas de esquiva dás crianças, não enfraqueceu
delação simbólica, crianças do grupo de controle ele suficientemente seus medos de modo a permitir
receberam um tratamento de modelo múltiplo que levassem a cabo o comportamento terminal
antes de ter sido completado o experimento princi ameaçador de aproximação. Entretanto, a eficiên
pal. As crianças-controle, cujo comportamento de cia menor da modelação simbólica pode ser con
esquiva permanecera imutável em diversos testes tornada por uma amostragem mais ampla de mo
realizados durante o período de controle, demons delos e de objetos estim uladores aversivos. As
traram um aumento notável no comportamento de crianças submetidas ao tratamento de modelação
aproximação a cães após o tratamento. A intrepidez diversa não somente mostraram melhora conti
crescente de uma das crianças do grupo de con nuada no comportamento de aproximação entre os
trole, que havia sido tratada subseqüentemente, períodos de pós-teste e seguimento, mas também
aparece ilustrada na Fig. 3-12. As figuras superio realizaram os desem penhos terminais em grau
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 105
comparável a crianças portadoras de igual compor tinção vicária poderiam vir a mostrar-se.relativa
tamento de esquiva que, no experimento anterior, mente fracos e imprevisíveis.
observaram comportamento desprovido de medo O terceiro projeto (Bandura, Blanchard e Ritter,
realizado por um só modelo pm situação de vida 1969) utilizou um planejamento experimental ela
real. Hill, Liebert e Mott (1968)« Spiegler, Liebert, borado para avaliar a eficiência comparativa da
McMains e Fernandez (1968) também eliminaram modelação e do tratamento de dessensibilização na
com sucesso comportamento de esquiva persistente produção de mudanças comportamentais, afetivas e
em crianças e adultos por meio de breve modelação de atitudes. Os participantes eram adolescentes e
simbólica, mas no segundo estudo os desempenhos adultos que sofriam de fobia a' cobras e que, na
modelados foram acom panhados por narrativa maior parte dos casos, restringiam desnecessaria
persuasiva e outras variáveis destinadas a mitigar o mente suas atividades e afetavam de modo negativo
medo. o funcionamento psicológico de diversos modos.
PS
A potência das influências da modelação na Algumas das pessoas eram incapazes de executar
transmissão da ansiedade é amplamente reconhe suas tarefas em situações em que houvesse a mais
cida, mas seu valor terapêutico foi algumas vezes remota possibilidade de que pudessem vir a entrar
questionado (Jersild e Holmes, 1935) na base de em contato com cobras; outras não podiam tomar
que os medos persistem mesmo quando freqüen parte em atividades recreativas como caçar, fazer
U
temente ocorre a modelação sob condições ordiná jardinagem, acampar ou fazer excursões devido a
rias de vida. A eficiência de qualquer princípio de seu medo mortal a cobras; e outras ainda evitavam
O
aprendizagem depende não somente de sua vali comparar casas em áreas rurais ou experiendavam
dade mas também d a maneira em que é ele imple notável sofrimento sempre que se viam na presença
mentado. Experiências de aprendizagem organiza de cobras criadas como animais de estimação no
R
das de modo inconsistènte, casual e inadequado decurso de suas atividades sociais ou ocupacionais.
produzirão resultados desapontadores, indepen Na fase inicial do experimento, os participantes
dentemente da irrefutabilidade do princípio que
estaria supostamente dirigindo o tiatamento.
Em numerosos casos, medos fracos são indubita
G
eram submetidos a um teste comportamental que
media a força de sua esquiva a cobras. Além disso,
preenchiam um inventário completo de medos, de
modo a se poder determinar se a'eliminação do
KS
velmente extintos ou substancialmente reduzidos
por meio de modelação fortuita em condições na- medo a cobras estaria associada com mudanças
turalísticas. Entretanto, experiências de modelação concomitantes em outras áreas de ansiedade. Foi
cuidadosamente planejadas são essenciais para a também obtida a classificação de atitudes em diver
modificação das tendências de esquiva mais tena sas escalas descrevendo diversos encontros com co
O
zes. Existe alguma evidência (Bandura e Menlove, bras e nas dimensões avaliativas da técnica do dife
1968) de que pais de crianças que exibem medos rencial semânticos. As últimas medidas foram in
cluídas para fornecer dados relativos ao interes
BO
por exemplo, é aquela em que um pai acaricia dili e adultos envolvidos em interações progressiva
gentemente um cão que lhe salta em tom o e simul mente ameaçadoras com uma grande cobra (Fig.
IN
taneamente tenta convencer o filho, que se afasta 3-13). Para aumentar ainda mais o poder desse mé
com medo, a tocar o animal amarrado. Ao contrá todo, dois outros aspectos foram acrescentados: os
rio disso, os tratamentos de modelação, além da uti sujeitos foram ensinadps a induzir e manter um es
lização do princípio da graduação para reduzir a tad a de. relaxamento inibidor da ansiedade, du
ativação do medo, envolvem exposições concentra rante o período da exposição, e lhes foi permitido
das a exibições de modelação sob condições de ob regular o ritmo da apresentação dos estímulos por
servação protegida e variação ampla das caracterís meio do controle remoto de seu aparecimento e de
ticas do modelo, da intimidade do comportamento dispositivos de reversão. O fundamento lógico do
de aproximação e das propriedades aversivas do segundo aspecto envolve a convicção de que um
objeto temido. Se fossem as seqüências de modela tratamento de modelação auto-regulado permitiria
ção apresentadas de modo amplamente disperso e maior controle sobre a extinção ao que aquele.em
casual, e restringidas às respostas mais reservadas que as pessoas fossem expostas a uma seqüência de
de acarinhar dos adultos (que as crianças seriam pistas aversivas sem consideração de suas reações
provavelmente levadas a discriminar como sendo as de ansiedade. Os sujeitos foram instruídos a parar o
mais capazes de protegê-las), os resultados da ex filme sempre que um determinado desempenho
106 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
IN
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 107
PS
O seg u n d o g ru p o d e sujeitos recebeu um a form a d e atitudes, sem ser subm etidos d ep o is às p rá ti
cas de tratam en to . Esse g ru p o forneceu p rincipal
d e tra ta m e n to que com binava a m odelação g ra
d u a d a com p a rtic ip a ç ã o d irig id a . O s p rin cip ais m ente um co n tro le p ara as m udanças resultantes
elem entos desse m étodo foram desenvolvidos p o r das operações d e m ed id a repetidas. U m a'p seu d o te-
U
R itter (1968, 1969a) com o dessensibilização p o r rapia d e relação não foi em p re g ad a p o rq u e div er
sas pesquisas an terio res haviam d em o n strad o que o
contato. No procedim ento utilizado no presente es
co m portam en to d e esquiva de cobras não é afetado
O
tud o , o m odelo d em onstra inicialm ente o com por
tam en to desejado sob condições de observação se p o r tais e x p e riê n c ia s . A lém disso, os c o n tro le s
guras; em seguida, os sujeitos são ajudados, p o r foram subm etidos mais ta rd e à adm inistração do
R
m eio d e dem onstrações adicionais e d esem p en h o tratam en to de m odelação simbólica sem o relaxa
co n ju n to , a ex e cu tar respostas progressiv am en te m ento, de m odo a avaliar sua contribuição às m u
danças p roduzidas p o r este m étodo.
mais difíceis. S em pre que os sujeitos não eram ca
pazes d e d esem p e n h ar um d ad o com p o rtam en to
após a d em o nstração som ente, representavam eles
as atividades tem idas ju n ta m e n te com o modelo. A
G
A o té rm in o d a s é rie d e tr a ta m e n to s ,
os proced im en to s d e avaliação foram readm inis-
trados a todos os sujeitos. A fim de d eterm in a r a ge
KS
orientação física era en tão g rad u a lm en te redu zid a n eralid ad e dos efeitos d a extinção, m etad e dos su
até que fossem capazes d e d esem p en h ar o com por jeitos em cada u m a das condições foi testada inici
tam ento p o r si sós. alm ente com a cobra fam iliar, d e listras m arro n s
e, em seguida, com u m a cobra não-fam iliar, d e
N a aplicação desse m étodo p a ra a elim inação d a m anchas verm elhas, notavelm ente d ife re n te em sua
O
fobia a cobras, a cada passo o p ró p rio ex p erim en coloração; os sujeitos restantes foram testados com
ta d o r desem p enhava o co m portam ento em questão as duas cobras na o rd em inversa. O teste co m p o r
BO
e g rad u a lm en te levava os sujeitos a tocar, m an ip u tam ental consistiu d e um a série d e tarefas que re
lar e envolver o corpo d a cobra, p rim eiro com as qu eriam q ue os sujeitos se aproxim assem , o lh as
mãos enluvadas e depois nuas, en q u a n to m an tin h a sem, tocassem e envolvessem u m a cobra com mãos
a cobra seg u ram en te presa pela cabeça e pelo rabo. nuas e enluvadas; retirassem a cobra d e sua gaiola,
Se um sujeito se m ostrasse incapaz d e tocar a cobra a deixassem solta no aposento e em seguida a reco
após am pla d em onstração, e ra en tão ele solicitado a locassem na gaiola; a m antivessem a 12 cm d o p ró
EX
colocar sua m ão sobre a d o e x p e rim e n ta d o r e a prio rosto e finalm ente tolerassem a cobra no colo,
movê-la g rad u alm en te p ara baixo até tocar o corpo conserv an d o as m ãos imóveis ao lado. Im ed iata
d a cobra. Q u an d o os sujeitos já não sentiam mais m ente antes e d u ra n te o d esem p en h o de cada ta
n en h u m a ap reen são com relação a locar a cobra refa, os sujeitos avaliavam a intensidade da ativação
d o m edo n u m a escala de 10 intervalos, p a ra m ed ir
D
a c o m p a n h a d a p o r u m a re d u ç ã o n o n ú m e ro d e
m edos a anim ais e u m a dim inuição geral na inten
sidade d a an sied ad e em diversas o u tras áreas d e
fu n c io n a m e n to . A m o d e laç ão p a rtic ip a n te , p o r
o u tro lado, p ro d u ziu am plas red u çõ es de m edos
com relação a ü m a v aried ad e cie am eaças envol
vendo ta n to eventos interpessoais q u an to n ão so
ciais. A tran sferên cia o b tid a reflete a o peração d e
pelo m enos dois processos algo d iferen tes. O p ri
m eiro envolve a generalização dos efeitos d a ex tin
ção dos estím ulos tratad o s a fontes de an sied ad e re
lacionadas. O seg u n d o tem com o conseqüência o
PS
refo rçam en to positivo d e um senso de capacidade
p o r m eio d o sucesso, o q u al m itiga respostas em o
cionais a situações p o te n cia lm e n te am eaçad o ras.
A pós te r d o m in a d o com sucesso u m a fobia q u e os
a to rm e n ta ra d u ra n te a m aio r p a rte d e suas vidas,
U
os sujeitos relatavam um au m en to na confiança de
q u e p o d eriam lid ar de m odo efetivo com o u tro s
O
eventos provocadores de m edo.
A pós a avaliação pó s-tratam en to , os sujeitos do
g ru p o d e co n tro le fo ram subm etidos ao tratam en to
R
de m odelação sim bólica sem o co m p o n en te d o re
laxam ento. A m odelação sim bólica exclusiva levou
m e n o r ativação em ocional ao ex ecu tar respostas d e tanto, os sujeitos q ue em p arelh a ram a m odelação
aproxim ação a cobras, a m agnitude dessa redução com o relax am en to exigiram um n ú m e ro m en o r d e
d o m edo foi m en o r do q u e nos casos dos sujeitos exposições p ara n eu tralizar as cenas aversivas, ex-
BO
dessensibilização, que envolvem principalm ente a m ente m elhora parcial, -se as deficiências tin h am
extinção de afetos negativos ativados p o r estím ulos origem no m é to d o d e tra ta m e n to ou no sujeito,
aversivos, p ro d u ziram m udanças favoráveis nas ati todas as pessoas que n ão foram capazes d e ex ecu tar
tudes com relação a cobras. De m odo consistente o co m p o rtam en to term in al receberam em seguida
com a expectativa teórica, a condição d e tratam en to o tratam e n to d e m odelação participante. O com
D
q u e red u ziu as p ro p rie d ad e s eliciadoras d e ansie p o rtam en to d e fobia a cobras foi com pletam ente
d ad e das cobras e p erm itiu aos sujeitos envolver-se ex tin to em todos esses sujeitos após um n ú m ero
IN
PS
U
O
R
Figura S-15. Número médio de respostas de aproximação à cobra obtidas de sujeitos antes e depois (pòs-teste) de
receber tratamentos diferentes. Os sujeitos do grupo de controle foram submetidos subseqüentemente a tratamento de
modelação simbólica sem relaxamento. Todos os sujeitos das condições de dçssensibilização, modelação simbólica e
G
controle tratado que não foram capazes de desempenhar o comportamento de aproximação terminal receberam então
o tratamento de modelação ao vivo e participação dirigida (logo após). O comportamento de aproximação à cobra de
sujeitos de todos os quatro grupos foi avaliado mais uma vez num estudo de seguimento realizado um mês mais tarde.
Bandura, Blanchard e Ritter, 1969.
KS
zes de m a n ip u lar cobras inofensivas; e alguns che m odelado sem n en h u m a conseqüência desfavorá
g aram m esm o a servir com o terapeutas-m odelos vel; info rm ação incidental recebida a respeito dos
p ara seus p ró p rio s filhos e am igos m edrosos. objetos tem idos; e co n tato pessoal d ireto com os o b
je to s am eaçadores q ue não provocam efeitos desfa
R itte r (1968) o b tev e sucesso u n ifo rm e sem e- voráveis. N um ex p erim en to d estin ad o a isolar a in
'h a n te com procedim entos d e m odelação d e g ru p o flu ên c ia rela tiv a dessas variáveis c o m p o n e n te s,
EX
ad m in istrados a crianças que apresentavam m edo a B lanchard (1969) em p arelh o u sujeitos em term os
cobras. G rupos de crianças participaram de d uas d e se u c o m p o rta m e n to d e e s q u iv a a c o b ra s e
sessões d e 35 m inutos em q u e ou sim plesm ente ob designou-os a um a e n tre q u a tro condições. U m su
servavam o utras crianças não-m edrosas exibir inte je ito em cada q u arte to recebeu o p ro ced im en to p a
D
rações estreitas com um a cobra ou eram subm eti dronizado, q ue inclui os benefícios d a m odelação,
dos à fo rm a de tratam en to de m odelação partici inform ação e in teração d irig id a com um a cobra.
pante, d u ra n te a qual o te ra p eu ta exibia respostas Um seg u n d o sujeito sim ultaneam ente observava as
IN
positivas à cobra e grad u alm en te levava as crianças sessões de m odelação e ouvia d eterm in ad as trocas
a executar o co m portam ento tem ido. Fobias a co verbais, sendo assim exposto ta n to à influência d a
b ras fo ra m c o m p le ta m e n te ex tin ta s em 53 p o r m odelação q u an to à da inform ação. O terceiro su
cento das crianças p o r m eio d a m odelação exclusi jeito recebia som ente o co m p o n en te d a m odelação
vam ente e em 80 p o r cento das crianças q u e foram en q u a n to q ue o q u arto , que sim plesm ente partici
subm etidas a m odelação com binada com p articipa p a ra dos p ro ce d im en to s de testag em , n ão expe-
ção dirigida. A potência dessa ab o rd ag em recebe rienciava n en h u m a das influências em questão. A
confirm ação adicional d e Rimm e M ahoney (1969), Fig. 3-16 resu m e as m u d an ças co m p o rtam en tais,
q ue ex tin g uiram com sucesso o com portam ento de afetivas e de atitudes associadas com essas diversas
esquiva a cobras em adultos p o r m eio d a m odelação condições de tratam en to . A m odelação foi resp o n
participante; tais adultos tinham -se m ostrado inca sável p o r ap ro x im ad am en te 60 p o r cento d a m u
pazes de o b te r m elh o ra em seu c o m p o rtam e n to dança d o co m p o rtam en to e 80 p o r cento das m u
q u an d o receberam recom pensas m onetárias cres danças nas atitudes e na ativação d o m edo; a p a rti
centes p o r ex ecu tar um a série g rad u a d a de respos cipação d irigida contribuiu com o in crem en to res
tas de aproxim ação. tante. Influências inform acionais, p o r o u tro lado,
110 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
PS
U
O
R
G
KS
Figura 3-16» P ercentagem de m u d an ça em c o m p o rtam e n to d e aproxim ação, m ed o e atitu d es exibida p o r sujeitos que
foram subm etidos a d ifere n te s c o m p o n en tes do tratam e n to d e m odelação com participação dirigida. B lanchard, 1969.
O
BO
desem p enham respostas progressivam ente mais di de m odelação levam a efeitos de extinção. R esulta
fíceis e, se necessário, o m odelo os assiste fisica dos d o ex p erim en to d e B a n d u ra, B lanchard e Rit
m ente na execução do co m p o rtam en to requerido te r (1969) fornecem , em bases tentativas, apoio à
etn cada passo d a série g rad u a d a de tarefas. A fim proposição d e ser o co m p o rtam en to d e esquiva re
d e av aliar a in flu ê n c ia desses elem en to s, R itte r
D
PS
p a ra ativação de respostas d e esquiva, p erm itin d o
assim às pessoas se envolverem , m uito em bora de
um m o d o um pouco ansioso, em com p o rtam en to
d e aproxim ação. C ontato d ireto com am eaças q ue
U
j á não são mais objetivam ente justificadas fornece
u m a v aried ade d e novas experiências que, se favo
ráveis, levam à extinção adicional d a ansiedade re
O
sidual e de tendências d e esquiva. Sem o benefício
d a extinção vicária prévia, a reinstalação d e com Figura 3-17. Nível médio de ativação do medo evocado
R
p o r ta m e n to se v e ra m e n te in ib id o r e q u e r g e r a l por estímulos modeladores inicialmente e após cada ex
m ente um p ro g ra m a p ro lo n g ad o e tedioso. A pós posição subseqüente às mesmas cenas filmadas em sujeitos
ter sido o co m p o rtam en to d e aproxim ação em di submetidos às modelações simbólicas simples e com rela
reção a objetos a n te rio rm e n te tem idos com pleta
m ente restau rad o , as novas experiências resultantes
d ão origem a substancial reorganização de atitudes.
G
xamento. A média foi calculada para cenas em cada exibi
ção e marcada para as primeiras seis exposições somente,
uma vez que os sujeitos raramente necessitam de mais do
que seis apresentações para neutralizar qualquer cena de
KS
Os achados dos estudos acim a exam inados indi terminada. Bandura, Blanchard e Ritter, 1969.
cam q u e u m a fo rm a p o d e ro sa d e tra ta m e n to é
aqu ela em q ue os p ró p rio s agen tes terap êu tico s
m odelam o co m p o rtam en to desejado e organizam
p o rtam en to m odelado p u n id o , assim com o as que
O
d espid o de m edo. Os resultados terapêuticos asso igu alm en te baixa. Os efeitos inibitórios p o rtan to
ciados com essa a b o rd a g e m são su ficien te m e n te podem ser m elh o r avaliados p o r m eio d a m edida
convenientes p ara g ara n tir sua extensão u lterio r a d a red u ção na resp o sta a p a rtir dos níveis d e linha
o u tro s tipos d e condições de ansiedade. É sem d ú d e base o u p o r com paração com d esem p en h o s de
vida mais a p ro p riad o p a ra as disfunções co m p o r sujeitos q u e ten h am observado o m esm o com por
tam en tais em q u e as co nseqüências tem idas são tam en to m o d elad o sem n e n h u m a conseqüência. No
EX
observação, a exposição a eventos m odelados pode seqüência evidente De fato, a punição vicária p ro
fortalecer ou en fraq u e cer as inibições dos observa duziu virtu alm en te supressão com pleta d e agressão
d o res d e padrões de respostas bem aprendidos. A imitativa em m eninas, cujas inibições com relação a
ocorrência d e efeitos inibitórios é indicada q u an d o , form as físicas d e agressão são inicialm ente relati
com o função d a observação das conseqüências n e vam ente fortes. Evidência adicional p a ra os efeitos
gativas de um a resposta p ara o m odelo, os observa supressivos d a pu n ição vicária é fo rn ecid a p o r estu
d o re s m o stram o u re d u ç ã o d a m esm a classe d e dos c o m p a ra n d o rec o m p en sa vicária co n sisten te
co m p o rtam entos ou um a red u ção geral d a respon- com recom pensa sucessiva e punição d o -com por
sividade. E preciso observar q u e, q u an d o o sujeito tam ento d o m odelo (Rosekrans e H artu p , 1967).
te ste m u n h a u m com p o rtam en to que é subseqüen Punição subseqüente te n d e a cancelar os efeitos de
tem en te p u n id o , os efeitos d e facilitação d a res intensificação co m p o rtam en tal das conseqüências
posta d as pistas m o d elad o ras po d em ser contra- recom p en sad o ras p a ra o m odelo.
atacados pelos efeitos supressivos dos resultados in Os estudos citados dem onstram a influência ini
convenientes. Q u a n d o essas influências opostas são bitória de resultados negativos observados num m o
de força com parável, pessoas q u e observaram com- d elo p a ra o co m p o rtam en to agressivo dos observa
112 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
dores. Walters e seus associados (Parke é Walters, zir comportamento conflitivo em situações de ten
1967; Walters, Leate Mezei, 1963; Walters, Parke e tação (Ross, 1962).
Cane, 1965) mostraram, do mesmo modo, que a Blake e seus associados (Blake, 1958) realizaram
observação de companheiros-modelo, punidos por pesquisas sobre algumas das condições que deter
se engajarem em atividades lúdicas proibidas, au minam a influência de modelos conformistas ou
mentou a resistência dos observadores a compor não nas inibições dos observadores em situações de
tam ento divergente quando eram tentados de proibição. Num estudo, Freed, Chandler, Mouton e
modo semelhante com os objetos proibidos. Num Blake (1955) descobriram que, embora a exposição
estudo comparativo, Benton (1967) descobriu que a modelo não-conformisia tenha baixado a resis
observadores que haviam testemunhado outros su tência de estudantes à divergência, as transgressões
jeitos serem censurados por m anipular objetos ocorriam mais freqüentemente quando a restrição
proibidos mostraram mais tarde o mesmo grau de era relativamente fraca e o modelo violava as indi
PS
inibição de resposta apresentada pelos executores cações proibitivas, enquanto que a combinação de
punidos. Os possíveis mecanismos através dos quais forte restrição e um modelo conformista provocava
a punição vicária produz efeitos inibitórios foram a incidência mais baixa de divergência. Um se
discutidos com algum detalhe no capítulo introdu gundo experimento (Krimbell e Blake, 1958) de
tório deste livro. monstrou que a eficiência de pistas modeladoras
U
Em inúmeros casos, as pessoas respondem de para a modificação de inibições varia com o nível
modo autopunitivo e autodesvalorizador a seu pró do observador de instigação para a transgressão.
O
prio comportamento, que pode ser considerado Em condição de provocação extrema, os sujeitos
permissível òu mesmo recomendável por outros. desconsideravam tanto a restrição imposta quanto o
modelo conformista. Entretanto, sob condições em
R
Resultados de pesquisas sobre a transmissão social
de sistemas de reforçamento auto-regulado (Ban- que a instigação não era muito forte de modò a
dura e Kupers, 1964; Bandura, Grusec e Menlove, forçar a divergência, sujeitos que observaram um
1967b) fornecem evidência de que testem unhar
punição auto-administrada por um modelo inibe os
observadores no desempenho do Comportamento
G
modelo conformista exibiram comportamento mais
submisso do que outros que .testemunharam um
modelo violar a proibição.
Em situações naturalísticas, os observadores fre
KS
desvalorizado. O bservação de reforços a u to - .
administrados por um modelo tem o mesmo efeito qüentemente presenciam as transgressões do mo
sobre comportamento transgressivo, conforme foi delo serem de fato recompensadas ou punidas. Em
demonstrado por Porro (1968). No caso, crianças outras ocasiões, entretanto, podem somente inferir
assistiram a um Filme em que um modelo exibia as conseqüências prováveis a partir de símbolos e
O
respostas de auto-aprovação para suas transgres atributos discriminativos do modelo que tendem a
sões; 80 por cento delas subseqüentemente manipu ser correlacionados com reforçamento diferencial.
laram brinquedos que tinham sido proibidas de A maneira pela qual características distintivas do
BO
locar enquanto que o grau de transgressão foi so modelo significando resultados prováveis podem
mente de 20 por cento para crianças que haviam aumentar a eficiência de um modelo na redução de
observado o mesmo modelo expressar reações au inibições aparece ilustrada num experimento reali
tocríticas com relação a suas transgressões. zado por Lefkowitz, Blake e Mouton (1955). Viola
Restrições comportamentais, estabelicidas por ções dos sinais de tráfego por uma pessoa de status
EX
modelação prévia ou condicionamento aversivo di presumivelmente alto, vestido com terno impecá
reto, podem ser reduzidas na base de experiências vel, sapatos brilhantes, camisa branca e gravata
de observação. Esses efeitos desirúbitóríos são eviden produzem uma incidência de violação por parte
tes quando observadores exibem aum ento em dos pedestres maior do que a mesma transgressão
comportamento socialmente desaprovado como desempenhada pelo mesmo modelo metido em um
D
função da observação de modelos que são recom par de calças amarrotadas, sapatos velhos e camisa
pensados ou não experienciam nenhuma conse azul de qualidade ordinária. A diferença na redu
IN
qüência desagradável por desempenhar respostas ção' da restrição, notada nesse último experimento,
proibidas. A redução de inibições por meio da mo é provavelmente atribuível ao fato de serem as
delação foi demonstrada claramente em estudos de transgressões cometidas por pessoas que ocupam
formas intensas de agressão física, que tendem a posição alta numa hierarquia de prestígio menos
ser inibidas em observadores como resultado de freqüente e severamente punidas do que as come
treinamento sodal passado (Bandura, Ross e Ross, tidas por transgressores de status baixo. A indul
1963a; Epstein, 1966; Walters e Llwellyn Thomas, gência envolvida poderá ser temporariamente es
1963; Wheeler, 1966). Foi também demonstrado tendida também ao imitador, quando a transgres
(Grosser, Polansky e Lippitt, 1951; Ross, 1962) que são é desempenhada ao mesmo tempo que a do
a incidência de outros tipos de divergência por modelo-divergente.
parte dos observadores é significativamente aumen Outras propriedades discriminativas do modelo,
tada como resultado da observação de transgres tais como idade, sexo, status sócio-econômico,
sões não punidas do modelo. Por outro lado, mode poder social, raízes étnicas e status intelectual e vo
los conformistas tendem a fortalecer as respostas de cacional, que são associadas com contingências de
autocontrole do observador, e desse modo a redu reforçamento previsíveis, podem do mesmo modo
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 113
PS
d e p r o b le m a s e r e a liz a ç ã o d e ta re fa s , p o d e m
desenvolver-se tendências contrárias p o r m edo d e dos recursos que, de o u tro m odo, lhes seriam ne
vir a ser o co m p o rtam en to im itativo considerado gados. Assim, não é necessária g ra n d e q u an tid ad e
trapaça, cópia ou subserviência e, p o rtan to , social de m odelação d iv erg en te reco m p en sad a para re d u
m ente d esap ro v ad o (Luchins e Luchins, 1961; P at zir vicariam ente os efeitos supressivos sobre com
U
terson, L ittm an e B row n, 1968; Schein, 1954). O po rtam en to pessoalm ente reco m p en sad o r. Em co n
efeito inibitório das sanções negativas antecipadas trap a rtid a, efeitos inibitórios são bem mais difíceis
d e estabelecer e m an ter p o r m eio de punição vicá
O
p ara a im itação p o d e ser d o m in ad o nos observado
res através do refo rçam en to positivo das respostas ria ou d ireta, q u an d o envolve ela o ab an d o n o de
do m odelo (Clark, 1965). co m p o rtam en to s q ue levam a refo rçam en io im e
R
diato e d ireto . C o n sid eran d o q u e a exposição a
É in te ressa n te n o ta r q u e, q u a n d o u m m odelo m odelos divergentes Filmados ten d e a en fraq u ecer
exibe co m p o rtam en to punível, a ausência d e con as restrições co m p o rtam en tais, poder-se-ia supot
seqüências adversas an tecipadas a u m en ta o com
p o rtam en to d e transgressão nos observadores no
m esm o g rau em que o au m en ta o fato de testem u
G
que as exibições ap resen tad as na televisão de tran s
gressões executadas com sucesso ten h am eleitos d e
sinibi tórios sobre os observadores.
KS
n h arem o m odelo experien ciar resultados recom
p e n sa d o re s (B a n d u ra , 1965b; W alters, P arke e Efeitos de Facilitação da Resposta das
C a n e, 1965). Essas d e s c o b e rta s su g e re m q u e a Influências Modeladoras
não-reação a atividades a n te rio rm e n te proibidas
O c o m p o rta m e n to de m odelos serve com fre
po d e a d q u irir, através do co n tra ste , significação
O
pelo con texto em q u e ocorrem os eventos e as san Hall, 1952), d esem p e n h ar atos altruísticos (Blake>
R osenbaum e D uryea, 1955; Bryan e T est, 1967;
ções h ab itu ais associadas com d e te rm in a d o s p a
IN
H a r r i s , 1 9 6 8 ; R o s e n h a n e W h ite , 1 9 6 7 ),
d rõ es de respostas m odelados.
em p en h a r-se n u m a ta re fa d e ação social (Blake,
Devido ao fato de terem utilizado os estudos a n M outon e H ain, 1956; H elson, Blake, M outon e
teriores m odos divergentes d e com portam ento, q ue O lm stead, 1956), assistir pessoas em ap u ro s (Bryan
p o dem ser p ro n tam en te desinibidos p o r m eio d a e T e s t, 1967), p r o c u r a r in fo rm a ç ã o re le v a n te
omissão de conseqüências negativas, os resultados (K rum boltz e T h o re se n , 1964; K rum boltz, Vare-
não fornecem evidência clara da ocorrência de r e n h o rst e T h o resen , 1967) e selecionar certos tipos
fo rçam en to vicário positivo. E n tretan to , os achados de alim ento (D uncker, 1938; Bam w ell, 1966), ati
d e um ex p e rim en to (B andura, G rusec e Menlove, vidades (M adsen, 1968) ou artigos (B andura, Ross
1967b) envolvendo co m p o rtam e n to m odelado posi e Ross, 1963b; G elfand, 1962). A lgum as das fo rm u
tivam ente sancionado revelam q u e as recom pensas lações teóricas mais im p o rtan tes dos processos imi-
sociais dispensadas a u m m odelo au m en tam as res tativos (M iller e D o llard , 1941; S k in n e r, 1953)
postas d e im itação em com paração a um a condi m ostraram -se de fato quase q ue exclusivam ente in
ção em q u e as ações exem plificadas não pro d u zem teressadas na função discrim inativa das pistas so
conseqüências evidentes. ciais. No ex p erim en to prototípico, as respostas do
114 MODELAÇÀO e p r o c e ss o s v ic á r io s
m odelo servem com o ocasião em q u e um o u tro o r dos aos pares d o q ue q u an d o são alim entados em
ganism o virá m uito provavelm ente a ser refo rçad o situação d e isolam ento; e galinhas saciadas recom e
p o r d esem p e n h ar respostas sem elhantes. A pós um çarão a com er ao ver o u tras aves serem alim enta
perío d o d e exposição a refo rç am e n to diferencial, as das. É in teiram en te possível que, nessas ocasiões, as
tendências imitativas se to rn am fortem en te estabe pistas m odeladoras sirvam p rin cip alm en te a um a
lecidas; p o r o u tro lado, alteran d o as contingências, fu n ç ã o de orientação, co n sid eran d o que as respostas
d e m odo que respostas im itativas não sejam nunca consum aiorias das galinhas são reinstaladas e m an
refo rçad as e as respostas nâo-im itativas recebam tidas pelo g rão p ara o qu al sua atenção foi d e novo
recom pensas consistente m ente, a im itação fica r e dirigida. O fato d e c o n ter fre q ü en te m e n te o con
du zida a um nível m uito baixo ou a zero (M iller e ju n to de estím ulos ao q u al estão os anim ais obser
D ollard, 1941). vadores resp o n d en d o , além das pistas sociais, estí
O s etó lo g o s fo rn e c e m e x te n sa d o c u m e n ta ç ã o m ulos liberadores e o u tro s eventos am bientais co n
sobre a função d e facilitação d a resposta das pistas tro lad o res d a resposta to rn a com plicada a identifi
PS
sociais em p ássaro s, p eixes e m a m ífero s (H all, cação e a análise do fen ô m en o m im ético genuíno.
1963; T h o rp e , 1956). T ipicam ente, a visão de c e r Os co m p o rtam en to s dos m odelos p odem funcio
tas respostas executadas p o r um anim al elicia um n ar não som ente com o pistas discrim inativas p ara
p ad rã o d e co m p o rtam en to sem elhante ou idêntico respostas sem elhantes, mas servir tam bém p a ra d i
U
em o u tro s m em bros d a m esm a espécie. Esse p ro rigir a atenção dos o bservadores p ara os objetos es
cesso é g eralm ente d esignado de “facilitação social” tim u lad o res p articu lares m anipulados pelo execu
O
ou “contágio co m p o rtam en tal”, q u an d o é p resu m i to r (C raw ford e Spence, 1939). C om o conseqüên
velm ente d eterm in a d o p o r refo rçam en to discrim i cia, os observadores p o dem su b seq ü en tem en te uti
nativo an terio r, e “m im etism o”, q u an d o p adrões d e lizar os mesmos objetos em m aior extensão, em bora
R
respostas incondicionadas co rresp o n d en tes são su não necessariam ente d e m odo imitativo. N um e x
postam ente eliciadas d e m odo instintivo. p e rim e n to d e m o d e laç ão (B a n d u ra , 1962), p o r
C o n fo rm e salienta H in d e (1953), a ocorrência d e
G
exem plo, o m odelo su rrav a um boneco d e plástico
co m p o rtam e n to im itativo em anim ais é com fre com um m alho. C rian ças q u e haviam observ ad o
q ü ên cia a trib u íd a e rro n e a m e n te a processos d e esse ato agressivo exibiram mais ta rd e q u an tid ad e
m im etism o. Em p rim eiro lugar, o q u e parece ser sig n ific ativ am en te m a io r d e tal c o m p o rta m e n to
KS
co m p o rtam en to m im ético p o d e envolver p adrões q u an d o m artelavam um pino d e m ad eira d o q u e a
de respostas que ten h am sido d e fato estabelecidos exibida pelos sujeitos d o g ru p o d e co n tro le e pelos
p o r m eio de apren d izag em social an terio r. Mesmo que tinham observado um m odelo não-agressivo.
nos casos em q ue o co m p o rtam e n to im itativo é cla Os efeitos de acentuação do estímulo devem ser distin
O
espécie. Assim , q u a n d o os estím ulos lib erad o res cetibilidade à facilitação social está am p lam en te d i
ap ro p riad o s são exibidos p o r um m odelo d u ra n te o rigida p o r três co n ju n to s d e variáveis, discutidos
d esem p en h o de u m a d a d a atividade, as respostas lo n g am en te nas seções p re c e d e n te s e em o u tras
co rresp o n d en tes ap re sen ta d as p o r anim ais obser obras. Incluem elas características d o o bservador,
D
vadores podem estar prin cip alm en te sob o controle c o n tin g ê n c ia s d e r e f o rç a m e n to asso ciad as com
d e estím ulos liberadores em vez de sob o controle co m p o rtam en to im itativo na situação p articu lar e
d e p istas c o m p o rta m e n ta is d o m o d elo . T em o s, os atrib u to s d o m odelo (B an d u ra, 1968; C am pbell,
IN
habilidade, ocupam posições altas em diversas hie surgir de novos padrões de respostas não podem
rarquias de status. Por outro lado, os comporta em geral ser claramente demonstrados até que te
mentos de modelos que são inefetivos, mal infor nham sido utilizados durante um certo período de
mados e que alcançaram status vocacional, intelec tempo. Uma vez que as "inovações não obtêm fre
tual e social baixo aparecem como possuindo valor qüentemente sucesso e seus promotores geralmente
utilitário consideravelmente menor. Como resul superestimam suas potencialidades, as pessoas se
tado de refòrçamento diferencial por imitação de mostram compreensivelmente apreensivas quanto a
modelos que possuem diversos atributos, as caracte abandonar comportamentos existentes de utilidade
rísticas identificadoras passam a servir gradual estabelecida por novos com portam entos envol
mente como estímulos discriminativos, que sinali vendo conseqüências possivelmente superiores mas
zam as conseqüências prováveis associadas com incertas. A maior parte das pessoas portanto apre
comportamento modelado por diferentes agentes senta relutância em modificar suas práticas costu
PS
sociais. Além disso, através ao processo de genera meiras até que tenham os novos comportamentos
lização do estímulo, o efeito do prestígio de um se mostrado recompensadores para os aventurosos
modelo migra de uma área do comportamento que os adotam. Terceiro, padrões convencionais
para outra e as respostas imitativas tendem a se ge são usualmente fortalecidos por sistemas de crenças
neralizar para pessoas não-fami liares, na medida e códigos morais, que anunciam conseqüências de
U
em que compartilhem de características semelhan sastrosas para os que abandonam as práticas so
tes a modelos produtores de recom pensas do cialmente sancionadas. Assim, por exemplo, práti
O
passado. cas psicoterapêuticas ineficientes e sistemas de me
O fato de estar o comportamento social sob o dicina caseira são muito mais difíceis de remover
amplo controle de estímulos modeladores sugere quando as pessoas estão aterrorizadas pelas crenças
R
que os fenômenos sociais podem ser parcialmente de que procedimentos inovadores as afetarão pre
regulados por meio da alteração de influências judicialmente em ocasiões e modos mal definidos
modeladoras focais. Lippitt e seus colegas (Lippitt,
Polansky e Rosen, 1952; Polansky, Lippitt e Redl,
1950) mostraram, em diversos estudos de campo,
que pessoas a quem se atribui alto poder social
G
do que quando tais crenças supersticiosas não
foram usadas para reforçar a adesão a costumes
existentes.
KS
constituem as principais fontes de comportamento Um quarto obstáculo à introdução e difusão
bem-sucedida de novos modos de comportamento
imitativo para outros membros do grupo. Esses
é criado por indivíduos em posições de autoridade
achados indicam que as atitudes e ações de grupos
que têm um interesse adquirido em preservar pres
inteiros podem ser modificadas de modo mais rá
tígio tradicional e estruturas de poder. Estão eles
O
adotado ou são reconstruídas de um modo que seja cas para as pessoas menos favorecidas e, portanto,
consistente com as crenças preexistentes. desejadas por elas. Nesse caso, poucas mudanças
Entre a variedade de métodos disponíveis para serão obtidas, a não ser que as pessoas que adotam
acelerar mudanças sociais, a modelação desem novos padrões sejam protegidas de maus-tratos e
penha um papel altamente influente. Se novos sejam estabelecidas condições para que as novas
padrões de respostas devem ser aprendidos, os práticas tragam alguns benefícios para todas as pes
adotantes em potencial devem ser expostos a mode soas envolvidas. Pode ser isso parcialmente conse
los competentes na exibição do comportamento de guido através do uso de contingências socialmente
sejado e que tenham a maior probabilidade de imi interdependentes, em que os resultados recompen
tação. Uma vez que o reforçamento vicário pode sadores para uma certa pessoa sejam determinados
facilitar a modelação, os que exemplificam os pa tanto pelo grau com que desempenha o comporta
drões preconizados devem ser adequadamente re mento desejado quanto pelo conjunto dos desem
compensados para demonstrar aos outros os bene penhos individuais do grupo inteiro. Mostraremos
PS
fícios das novas práticas. Além das influências da no Cap. 4 como a inclusão do reforçamento do
modelação, novas contingências de reforçamento grupo pode afetar favoravelmente o desempenho
devem ser introduzidas no sistema social para favo de seus membros. Entretanto, se uma minoria or
recer a adoção e desempenho continuados dos ganizada continuar a forçar a obediência a prádcas
U
novos padrões de com portam ento (Holmberg, antigas, então deverão ser aplicados controles aver
1960). Os efeitos benéficos de novas práticas e habi sivos. Os objetivos desejados devem ser postos em
lidades geralmente não se tornam aparentes até vigor por meio da legislação social e sua desobe
O
que tenham sido aplicados por um longo período. diência produzir conseqüências custosas. Pres-
Um agente de mudanças pode, portanto, enfrentar supõe-se, pois, que as agencias de mudanças exer
R
o problema de levar pessoas céticas a estabelecer e çam algum grau de controle sobre os recursos re
dar continuidade a um enfadonho processo de pu compensadores disponíveis para a, comunidade e so
rificação da água por um longo período antes que bre suas lideranças, que tenham o p o d er de
possam obter qualquer evidência clara de que seu
trabalho está levando à redução de doenças infec
ciosas. Como observou Erasmus (1961), novas prá
G
impor sanções negativas e que tenham apoio social
suficiente para afrontar as repercussões políticas
das mudanças postas em vigor. Num esforço para
KS
ticas cu ltu ra is são mais p ro n ta m e n te aceitas tentar evitar ofender as lideranças existentes, as
quando produzem benefícios observáveis imediatos agências sociais geralmente se valem para, a imple
e a relação causal entre o novo comportamento e mentação de mudanças desejadas da elite tradicio
resultados convenientes possa ser facilmente verifi nal, a qual, infelizmente, utiliza com freqüência
cada. A questão de espetaculosidade e da imediação essas oportunidades para continuar a promover
O
trepitosos para forçar a mudança social. vações não tenham nem poder de recompensar
Nos casos em que a vantagem a ser obtida por nem poder de controlar, deverão eles primeiro es
novos padrões de comportamento fica considera tabelecer seu valor, demonstrando em áreas que
velmente retardada, é necessário fornecer incenti apresentam pouca ou nenhuma resistência que as
vos imediatos subsidiários para mantê-los até que práticas preconizadas produzem resultados alta
ocorram os benefícios a longo prazo e tomem sua mente favoráveis. Após terem assim promovido sua
EX
função reforçadora. Essas recompensas subsritutas credibilidade e potência modeladora, estarão eles
temporárias podem envolver compensação finan em posição mais favorável para tentar as modifica
ceira, reconhecimento social, posições nas novas ções que conflítam com as tradições existentes e in
hierarquias de liderança e formas apropriadas de teresses adquiridos.
D
a resistências que têm origem em crenças conflitan de modelação por meio dos quais novos rtiodos de
tes resultem de fato da falha em fornecer modelos comportamento são adquiridos e padrões de res
a serem imitados e apoios de reforçamento ade postas existentes são extensamente modificados por
quados para as práticas novas. meio da observação do comportamento de outras
Outro fator importante que milita contra a mu pessoas e de suas conseqüências para elas.
dança social reside em serem as pessoas que ado Foi apresentada uma teoria da aprendizagem por
tam novos padrões de comportamento freqüente observação em termos de processos múltiplos de
mente submetidas a sanções negativas por parte de conformidade com a qual eventos estimuladores
companheiros invejosos e funcionários importantes modelados são transformados e retidos em códigos
cujos interesses podem estar sendo ameaçados. Cria de memória sob forma verbal ou de imagens. Mais
essa circunstância problemas especialmente difíceis, tarde, o restabelecimento desses mediadores repre-
quando aqueles que ocupam posições poderosas sentacionais, em conjunção com pistas ambientais
minam e bloqueiam as reformas sociais que não apropriadas, dirigem a reprodução comportamen-
promovem seus próprios interesses mas são benéfi lal tias respostas imítativas. O desempenho das res
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 117
postas aprendidas de modo observacional está am envolva a extinção vicária de reações de ativação
plamente regulado por resultados reforçadores que para. baixo do nível de ativação das respostas de es
podem ser externamente aplicados, auto-adminis- quiva, permitindo assim às pessoas desempenhar
trados ou vicariamente experienciados. Uma vez comportamentos de aproximação. O fato de a eli
que fenômenos de modelação são controlados por minação do potencial de ativação dos estímulos
diversos subprocessos inter-relacionados, a ausência ameaçadores por meio de um procedimento de ex
de efeitos modeladores em cada caso determinado tinção em termos de não-resposta reduzir subse
pode resultar de falhas no registro sensorial devido qüentemente o comportamento de esquiva fornece
a atenção inadequada a pistas sociais relevantes, apoio adicional para uma teoria da aprendizagem
codificação simbólica deficiente de eventos mode de processo duplo, em que efeitos classicamente
lados em mediadores funcionais de comportamento condicionados dirigem parcialm ente respostas
manifesto, decréscimo na retenção, deficiências aprendidas instrumental mente.
PS
motoras ou condições desfavoráveis de reforça- A exposição a eventos modelados pode também
mento. fortalecer ou enfraquecer as inibições dos observa
dores com relação a padrões de comportamentos
Processos de modelação foram amplamente utili
zados com considerável sucesso, para inúmeros existentes. A ocorrência desses efeitos inibitórios ou
desinibitórios é principalmente determinada por
U
propósitos, especialmente para o desenvolvimento
de modos de comportamento conceituai e interpes conseqüências reais ou inferidas para as respostas
soal. Nessa abordagem, agentes da mudança mode do modelo. O refonçamento positivo das ações dos
O
lam os comportamentos em questão e organizam as modelos geralmente facilita comportamento seme
condições ótimas para que os observadores possam lhante nos observadores, caso seja ele apropriado a
aprender a praticar as atividades até que sejam de seus papéis e status sociais; entretanto, a observação
R
sempenhadas de modo habilidoso e espontâneo. de conseqüências punitivas para os modelos tende a
Além da utilização dos princípios de modelação inibir responsividade semelhante nos outros. Esses
para o estabelecimento de competências sociais e
cognitivas, a responsibidade emocional pode ser
condicionada e extinta em base vicária. No caso de
G
efeitos de reforçamento vicário podem constituir o
resultado da informação transmitida pelas conse
qüências sofridas pelo modelo quanto ao que cons
titui ações permitidas ou punidas em determinadas
KS
condicionamento afetivo vicário, a exposição a res
postas emocionais de um modelo ativa nos obser situações, de aumentos na motivação por observa
vadores respostas emocionais que se tomam condi ção de outros recebendo incentivos desejados, de
cionadas, através da associação contígua, a deter mudanças no status do modelo produzidas por rea
minadas pistas presentes na situação. Entretanto, o ções sociais depreciativas ou elogiosas e da aquisi
O
a eventos modelados, em que as respostas de apro voráveis. Como resultado de reforçamento diferen
ximação de um modelo com relação a objetos temi cial repetido para a imitação de modelos que dife
dos não produzam efeitos desfavoráveis ou possam rem quam o a inteligência, idade, status sócio-
IN
levar a conseqüências positivas. Estudos sobre ex econômico, competências sociais e vocacionais,
tinção vicária revelam que esse procedimento, par prestígio e poder, os atributos do modelo que signi
ticularmente quando combinado com participação ficam conseqüências prováveis para o comporta
dirigida, não só produz reduções duradouras e ge mento exemplificado determinam em grande parte
neralizadas em persistentes comportamentos de es que modelos terão os maiores efeitos de facilitação
quiva, mas também induz a mudanças de atitude de da resposta. Pelo fato de esLar o comportamento
longa duração e diminuição do medo com relação a social sob controle amplo de estímulos de modela
objetos que não foram nunca especificamente in ção, as atitudes e ações de grupos podem ser modi
cluídos no programa de tratamento. Supõe-se que ficadas por meio da alteração das normas de con
um fator importante nos procedimentos de mode duta modeladas pelas principais fontes de contágio
lação que acelera as mudanças com por tamen tais comportamen tal.
118 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS
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O
PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
IN
4
Controle Positivo
Na modificação de condições psicológicas que re tamento. Um evento reforçador é aquele que reduz
PS
fletem primariamente déficits comportamentais, o um impulso satisfazendo ou removendo a necessi
desenvolvim ento de repertórios complexos de dade. Uma forma mais compreensiva deste ponto
comportamento e o fortalecimento das respostas de vista da redução dos impulsos foi aventada por
existentes constituem objetivos importantes. Além Miller e Dollard (1941), que enfatizaram as pro
do mais, depois que o comportamento estiver bem priedades ativadoras de estímulos fortes ao invés
U
estabelecido, é necessário criar condições apropria das necessidades. De acordo com a sua teoria da
das para mantê-lo num nível satisfatório. Os proce redução do estímulo, qualquer estimulação, seja ou
O
dimentos de reforçamento são os mais adequados não baseada numa necessidade, pode se tornar um
para estes propósitos. impulso se for suficientemente intensa; a redução
Foi amplamente demonstrado que o comporta da estimulação aversiva possui efeitos reforçadores.
R
mento é controlado pelas suas conseqüências, em Existe um considerável corpo de evidência de
grande extensão. Quaisquer tentativas, portanto, que as operações indutoras de impulsos aumen
para produzir mudanças permanentes na reativi-
dade devem alterar a incidência e, muitas vezes, a
natureza dos resultados reforçadores que são habi
tualmente produzidos por dados modos de res
G
tam grandemente a potência dos estímulos refor
çadores e que a atenuação ou o término da estimu
lação aversiva pode ter fortes efeitos reforçadores
KS
sobre o comportamento. A concepção homeostática
posta. Existem duas classes amplas de conseqüên do reforçamento recebe mais apoio ainda de estu
cias — eventos recompensadores e punitivos — que dos que demonstram que procedimentos destina
servem como determinantes importantes do com dos a alterar diretamente os estados fisiológicos,
portamento. O presente capítulo se preocupa prin excluindo o reforçamento secundário derivado da
O
cipalmente cora o estabelecimento e com a manu estimulação sensorial e das respostas consumató-
tenção de padrões de resposta por meio da aplica rias, podem funcionar como reforçadores eficientes
ção sistemática do reforçamento positivo.
BO
lidade de que a resposta seja repetida em ocasiões contingente das respostas corretas. De forma simi
subseqüentes aumenta. Embora haja poucas dispu lar, injeções endovenosas de insulina, que produ
tas a respeito da validade do princípio empírico do zem um rápido decréscimo no nível do açúcar do
reforçamento, numerosas explicações alternativas sangue, têm efeito punitivo sobre o comportamento
foram propostas para o modo pelo qual o reforça (Coppock, Headlee e Hood, 1953).
D
mento produz os seus efeitos (Hilgard e Bower, O pressuposto de que o reforçamento requer a
1966; Kimble, 1961). As várias abordagens teóricas redução dos impulsos foi inicialmente questionado
IN
diferem à medida que consideram os estados pul- por experimentos que demonstraram que a saca
sionais, os eventos estimuladores ou as proprieda rina não nutritiva reforça o comportamento (Shef-
des das respostas como sendo os fatores críticos que field e Roby, 1950). Similarmente, a cópula sem
governam os processos de reforçamento. ejaculação, que não produz redução de tensão
HIPÓTESE DA REDUÇÃO DOS IMPULSOS (Sheffield, Wulff e Backer, 1951; Whalen, 1961),
poderia servir como uma recompensa eficaz. Con
Uma teoria do reforçam ento influente (Hull, tudo, as conclusões derivadas destes achados
1943) admite que os efeitos das conseqüências re quanto à validade da teoria do reforçamento ba
forçadoras são produzidos pela redução das neces seado na redução dos impulsos foram contestadas
sidades. Ao interpretar o processo do reforçamento por Miller (1963) na base de evidência de que dar
primário, admite-se que a privação ou a estimula sacarina a animais com fome de fato reduz o seu
ção dolorosa produzem uma necessidade fisiológica consumo subseqüente de alimentos, e com base no
que dá origem a um impulso que ativa o compor pressuposto de que o sexo não pode envolver um
129
130 CONTROLE POSITIVO
impulso unitário que só pode ser reduzido pela eja suais e auditivos revelaram que estímulos novos e
culação. Ao responder a críiicas da teoria da redu complexos funcionam como reforçadores mais efi
ção dos impulsos baseadas no fáio de que as pes cazes do que eventos estimuladores simples e fami
soas muitas vezes se engajam em comportamentos liares. Os dados também indicam que, como é o
que produzem uma estimulação mais imensa, caso com incentivos biologicamente relacionados, a
Brown (1955) assinalou que o impulso uão pode ser potência dos reforçadores sensoriais é aumentada
definido apenas em termos da imensidade da esti pela privação de experiências sensoriais e é dimi
mulação. A razão para isto é que os estímulos fortes nuída pelas operações de saciação de estímulos.
podem ]>erder a sua função de ativação se apresen A existência do reforçamento sensorial foi de
tados com valores que aumentam gradativameute, monstrada de forma convincente, mas a natureza
se tiverem sido associados com experiências recom dos mecanismos que provocam o fenômeno não foi
pensadoras, ou se se lornain discriminativos para ainda esclarecida. Berlyne (1900) e Harlow (1953)
uma reatividade menos ativa. DesLa forma, Brown
PS
postularam impulsos de curiosidade, manipulativos
argumenta coerentemente que a definição de vim e exploratórios que presumivelmente são elictados
estímulo impulsivo deve incluir, além da sua imen por estímulos externos novos e reduzidos pela ex
sidade, ouLros critérios como a quantidade e tipo da posição contínua a tal estimulação. No experimento
ex]>eriência anterior com o estímulo, e a maneira e que serve de protótipo, os animais colocados numa
U
o contexto em que c apresentado. caixa herm eticam ente fechada à luz e ao som
Deve ser assinalado de passagem que, embora re aprendem a desempenhar respostas discriminativas
sultados de experimentos que envolvem a alimen
O
que abrem uma porta, permitindo-lhes ver o am
tação por meio de fístulas e injeção de substâncias biente externo |x>r alguns minutos, ou a pressionar
nmriiivas demonstrem que a redução de uma ne alavancas para uma estimulação auditiva. A princi
R
cessidade fisiológica pode ser suficiente para refor pal dificuldade para explicar o comportamento dos
çar uma resposta instrumental, lais estudos não es animais em termos de um impulso de curiosidade
tabelecem, necessariamente, as bases fisiológicas do
reforçamento. Qualquer explicação fisiológica desse
lipo pode ser levada até o ponto em que os efeitos
reforçadores são interpretados em termos de alte
G
eliciado externamente é que os animais uão são ex
postos aos estímulos novos antes que as respostas,
das quais se presumem que os estímulos sejam a
causa, foram executadas com êxito. Como assinala
KS
rações intracelulares. Embora relações estabelecidas Brown (1953): "Se a exploração visual fornecesse o
a nível molecular possam ter um considerável signi único motivo significativo, então os macacos devem
ficado teórico quanto aos mecanismos básicos do ter sido não tnoitvados alé que a janela se abrisse depois
reforçamento, o conhecimento deste tipo é de utili de nma resposta correta. Mas os macacos pareciam
dade limitada na elaboração de programas incenti-
O
neurofisiológicos para influenciar a reatividade. do falo de ver [pág. 54].” As experiências visuais e
auditivas que ocorrem mais distalmente podem
HIPÓTESE DA ESTIMULAÇÃO SENSORIAL servir como eventos reforçadores, mas é evidente
Embora alguns eleitos reforçadores possam ser que as respostas instrumentais devem ser aüvadas
governados por estados impulsivos viscerais, exis- por estímulos antecedentes.
lem limitas condições de reforçamento que não pa lanio Mifler (Myers e Miller, 1954) como Mow-
EX
recem envolver a redução de necessidades fisiológi rer (1900) reituerprelaram os efeitos do reforça-
cas ou a remoção de estímulos aversivos, a não ser inento sensorial em termos da redução de um im
que se passe a aceitar uma pletora de impulsos sen- pulso aversivo. Admitem que a monotonia produz
soriais e de atividade. Os animais aprendem a de o tédio, que possui propriedades aversivas, e que o
D
sempenhar respostas que produzem estimulação vi confinamento severo e a redução drástica do con
sual ou auditiva, ou oportunidades para se engajai tato sensorial com o ambiente podem gerar uma
em atividades manipulativas e exploratórias (Bar-
IN
dades recompensadoras inerentes aos estímulos alimentação, dinheiro, sensações novas, atenção e
novos é ainda mais complicado pelo fato de que a aprovação social, estimulação intracraniana etc.) e
maioria das atividades exploratórias produzem sua eficácia sob várias condições de privação.
uma rápida saciação. Baseando-se nos resultados de uma série enge
Algu us investigadores (Fox, 1962; Isaac, 1962;nhosa de experimentos, Premack (1965) apresen
Leuba, 1955) ofereceram unia explicação neurofi- tou uma explicação do reforçamento que enfatiza a
resposta reforçadora ao invés do estímulo reforçador.
siológica tio reforça mento sensorial que é sitnilar,
em certos aspectos, à operação dos impulsos ho- Nestas investigações, os valores de reforçamento de
meosiáiicos. Baseados na evidência de que a pro atividades diferentes são estimados a partir do
longada privação de insumos sensoriais resulta tempo pelo qual os sujeitos se engajam de forma
numa disfunção psicológica, admite-se que, para espontânea em determ inados com portam entos
que haja um funcionamento «fisiológico normal, o quando não existem restrições de tempo ou res
posta. Se a oportunidade para se engajar na ativi
PS
organismo deve manter um nível ótimo de estimu
lação sensorial. Portanto, os sujeitos desempenha dade mais recompensadora for tornada condicional
rão respostas instrumentais para aumentar o in- ao desem penho prévio de com portam entos de
sumo sensorial se houver um déficit, e inversa baixa probabilidade, então estas últimas respostas
mente, trabalharão para reduzir a estimulação sen aumentam de freqüência. Baseado nestes achados,
U
sorial se ela excede o nível ótimo. Premack propôs o seguinte princípio de reforça
mento: para cada par de atividades, a mais prová
É difícil de explicar, com base num impulso para
vel reforçará a menos provável.
O
quantidades ótimas de estimulação sensorial, por
que animais confinados numa caixa insípida, à Dados obtidos por Premack indicam que, sob
prova de luz e som, irão trabalhar incessantemente condições apropriadas, praticamente qualquer ati
R
para certas visões e sons mas não desempenham vidade pode funcionar como um reforçador eficaz.
respostas que são insLrumentais para produzir es Desta forma, animais que preferem correr ao invés
tímulos com valências negativas nas mesmas moda
lidades sensoriais. Desta forma, macacos desempe
nham respostas para ter a oportunidade de ver ou
G
de comer desempenharão respostas consumatórias
para libertar uma roda de'atividades que lhes per
mita correr, ao passo que sujeitos que preferem
tros macacos, películas cinematográficas e trens elé
comer e não correr se engajarão num comporta
KS
tricos, e para ouvir os sons de uma colônia de ma mento de corfida para ter acesso ao alimento. Além
cacos no ambiente externo, ao passo que a visão ou do mais, pela manipulação das condições de priva
os sons emitidos por um cachorro ou vocalizações ção, a relação de reforçamento entre atividades
aflitivas rapidamente suprimem suas tendências pode ser facilmente invertida, com o resultado de
O
exploratórias (Bluter, 1954; 1958b). Os achados que eventos reforçadores são convertidos em even
claramente indicam que o conteúdo e não a quanti tos passíveis de reforço. Para continuar com o
dade de insumo sensorial pode ser o fator crítico exemplo acima, comer reforçará o comportamento
BO
que determina a incidência das respostas explora de correr etn animais privados de comida, mas de
tórias. Estudos nos quais tanto a quantidade da es
pois que eles forem alimentados e a sua mobilidade
timulação sensorial e a valência condicionada de es
tiver sido restrita, comer pode servir como a ativi
tímulos visuais e auditivos são manipulados sistema
dade instrumental que é reforçada pelas oportuni
ticamente ofereceriam uma base para deierminar dades para correr. A reversibilidade é aparente
se os efeitos do reforçamento sensorial são melhormente um fenômeno geral que se estende até a
EX
vos e exploratórios é geralmente interida dos pa ção cerebral, o beber reforça a auto-estimulação in
drões de resposta, ao invés de ser definida em termos
tracraniana (ICS), e inversamente, nos animais para
das condições antecedenLes para a produção do os quais o ICS é mais recompensador que beber,
IN
impulso específico. A não ser que impulsos e res tornar o ICS condicional ao beber produz um au
postas sejam diferenciados operacionalmente, não mento no comportamento de beber (Holstein e
existem limites para a proliferação dos estados pul-
Hundt, 1965). Se novas pesquisas demonstrarem
sionais que podem ser mais economicamente expli que a estimulação elétrica do sistema límbico, que
cados em termos de disposições de resposta. Se não se admite ser inerentemente reforçador, for ela
forem empregados critérios independentes, novos mesma reforçável por eventos de respostas contin
impulsos ou motivos podem ser invocados para gentes, podemos então questionar a existência de
cada evento reforçador ou comportamento preva- uin centro cerebral integrado que governa todo o
lente. reforçamento. Como Premack assinala, teríamos
que localizar outra região de reforçamento central
HIPÓTESE DA RESPOSTA PREPOTENTE nos casos em que a estimulação intracraniana é
Ao descrever as propriedades essenciais dos aumentada pelo seu valor instrumental em produ
eventos reforçadores, geralmente se enfatiza a na zir eventos de resposta mais altamente preferidos.
tureza dos estímulos reforçadores (por exemplo, Também não é claro como explicações em termos
132 C O M ROLE POSITIVO
de focos de reforçamento central podem elucidar a zida pelas ações de uni sujeito que desempenha um
reversão das funções instrumentais e recompensa papel.
doras de uma dada atividade. Na realidade, a evi Esta breve descrição torna evidente que even
dência experimental demonstra convincentemente tos consideravelmente diferentes, que aparentemen
que o reforçamento é uma propriedade relacional e te não possuem propriedades em comum, podem
não absoluta da atividade. Um evento resposta par todos servir uma função reforçadora. Uma teoria
ticular não terá nenhuma potência reforçadora em do reforçamento que imegra adequadamente estas
relação à atividade mais altam ente preferida, conseqüências heterogêneas num sistema unificado
porém funcionará como um reforçador positivo ainda não foi formulada. Considerando que a po
eficaz quando emparelhado com resposta de menor tência reforçadora de um dado evento é determi
valor. nada felacionalmenie, uma teoria compreensiva do
reforçamento não pode se basear em propriedades
Quando os eventos reforçadores são definidos
inerentes ao próprio evento. Os achados experi
PS
em termos de seus efeitos — como estímulos que
mentais indicam, contudo, que se pode utilizar uma
aumentam a probabilidade das respostas preceden
amplitude maior de reforçadores do que os geral
tes — o princípio empírico do reforçamento torna- mente empregados em program as de mudança
se alvo da crítica da circularidade. Revidando,
comportamental.
Meehl (1950) argumenta que esta crítica ignora o
U
fato de que os reforçadores são transituacionais,
isto é, um estímulo que foi eficaz para reforçar uma
FUNÇÃO DE INCENTIVO DOS REFORÇADORES
O
resposta pode ser usado preditivãmente para refor Até aqui, a discussão se preocupou prim aria
çar outros tipos de resposta. Os achados discutidos mente com os efeitos de aumento do desempenho
acima, porém, indicam que o pressuposto da transi- de vários eventos contingentes, quer fossem re
R
tuacionalidade só é válido sob certas condições limi dutores de impulsos, sensoriais ou sob a forma de
tadoras porque a maioria dos estímulos não pos atividades prepotentes. Duas explicações diferentes
sui um a p o tên cia re fo rç a d o ra g en eralizad a.
Premack resolve o problema da circularidade de
finindo o poder reforçador de conseqüências dife
rentes, independentemente das mudanças de res
G
foram propostas quanto à forma pela qual as con
seqüências reforçadoras afetam o comportamento.
Algumas teorias do reforçamento pressupõem que
os resultados positivos das respostas têm um efeito
KS
posta. fortalecedor direto sobre as associações de estímu
los e respostas, e que, por conseguinte, a aprendi
É altamente duvidoso se os efeitos reforçadores zagem ocorre apenas como conseqüência do refor
de respostas prepotentes podem ser interpretados çamento. A teoria da contiguidade, por outro lado,
O
como processos de redução dos impulsos ou meca distingue entre aquisição e desempenho. A apren
nismos de respostas sensoriais. Não houve virtual dizagem, de acordo com este ponto de vista, pode
mente nenhuma especulação ou pesquisa relativa ocorrer mediante a associação contígua de eventos
BO
aos aspectos específicos da prepotência que podem estimuladores e processos cognitivos acompanhan
contribuir para o seu potencial reforçador e, por tes na ausência de recompensas e punições imedia
tanto, os processos associados permanecem obscu tas. Para fazer um teste da aprendizagem por con-
ros. Embora o princípio da resposta prepotente tigüidade foram empregados paradigmas experi
possa abranger uma grande amplitude de condições mentais nos quais a reatividade manifesta ou o re
que funcionam como reforçadores efetivos, não forçamento, ambos necessários para o fortaleci
EX
pode explicar a eficácia de conseqüências que não mento associativo, são eliminados. Os resultados
envolvem desempenho de respostas. Assim, nos gerais destas investigações oferecem um apoio subs
casos em que o comportamento é fortalecido ou tancial para o princípio da contigüidade. Nos estu
pela introjeção direta de substâncias nutritivas no dos de precondiconamento sensorial, por exemplo,
D
estômago ou na corrente sangüínea, ou por conse se um de dois estímulos neutros que foram repeti
qüências mais convencionais como elogio, atenção dam ente emparelhados é então condicionado a
positiva, recompensas monetárias ou vários tipos de uma resposta, o segundo estímulo também se torna
IN
retroalimentação sensorial, parece difícil aplicar o capaz de evocar a resposta sem nenhuma associação
princípio da resposta prepotente. Mesmo quando direta reforçada (Seidel, 1959). Muitos experimen
pares de respostas são organizados numa relação tos, utilizando procedimentos cirúrgicos e de cu
contingente, a especificação correta do evento re rare para evitar respostas motoras durante a aquisi
forçador é complicada pelo fato de que mudanças ção ou extinção, consistentem ente obtiveram
na estimulação sensorial que acompanham o com aprendizagens na ausência de uma reatividade ma
portamento ao invés da própria atividade podem nifesta. Semelhantemente, inúmeros estudos de
ser primariamente responsáveis pelos efeitos refor modelação mostraram que novos padrões de res
çadores. A contribuição relativa das conseqüências posta podem ser adquiridos pela observação, sem
sensoriais do comportamento para o efeito refor que os observadores se engajem em qualquer ativi
çador total pode ser avaliada por paradigmas vicá dade manifesta ou recebam qualquer estimulação
rios nos quais as respostas de um observador empa reforçadora.
relhado podem ser mantidas pelo testemunho das Embora a aquisição de respostas seja, em grande
m udanças na estimulação visual e auditiva produ- parte, dependente da contigüidade do estímulo, as
CONTROLE POSITIVO 133
variáveis cie reforçamento são consideradas como se devem ser otimamente eficazes. Em terceiro lu
seiulo altamente influentes na regulação do de gar, um procedimento fidedigno para eliciar ou in
sempenho. Contudo, uesia iuierprelação mais cog duzir os desejados padrões tle resposta é essencial;
nitiva tios processos tle mudança comporlanieniais, caso contrário, se ocorrem raramente ou nunca,
admite-se que os reforçadores afetam o desem existirão poucas oportunidades para influenciá-los
penho principalmente por meio de suas funções in por meio tio reforçamento contingente.
formativas e tle incentivo. Conseqüências reforça
doras veiculam informação sobre o tipo ile compor SISTEMA DE INCENTIVOS
tamento exigido em dada situação. A antecipação Geralmente se aceita que a motivação é crucial
tias recompensas desejadas pelo desempenho dos para a mudança coniportaniental. Na maioria das
comportamentos exigidos pode aumentar e manter teorias tia personalidade, a motivação é conceituali-
a reaúvidade apropriatla mesmo que a apresenta zatla como sistemas energéticos d u arad o u ro s
ção dos reforçadores ganhos possa ser adiada du dentro do organismo, rotulados de forma diversa
PS
rante um tempo considerável. Na realidade, na como necessidades, impulsos ou motivos que impe
maioria tios casos, as pessoas são motivadas por e lem e mantêm a reatividade. Quando a motivação é
trabalham para recompensas antecipadas ao invés tratada como se fosse uma entidade interna persis
tle resultados reforçadores imediatos. tente, este tipo de orientação não apenas impede o
U
A ocorrência contígua de evenios estimuladores desenvolvimento tle programas eficientes de modi
não assegura que eles serão necessariamente obser ficação, mas também cria um pessimismo quanto à
vados. Recompensas antecipadas podem influen
O
possibilidade de tratar pessoas que presumivel
ciar, em certa extensão, aquilo a que as pessoas mente carecem da motivação exigida. Oferece tam
prestarão atenção. Desta forma, despertando, foca bém uma razão conveniente para os fracassos que
R
lizando e mantendo a atenção para eventos estimu resultam primariamente do uso de métodos fracos
ladores relevantes, o que é necessário para a tle controle comportamental.
aprendizagem, os reforçadores podem servir como
determinantes indiretos da aquisição de respostas. A
principal controvérsia entre as teorias de aprendi
zagem relaciona-se, portanto, com a maneira pela
G
As teorias de incentivo da motivação pressupõem
que o comportamento é, em grande parte, ativado
pela antecipação de conseqüências reforçadoras.
Deste ponto de vista, a motivação pode ser regu
KS
qual o reforçamento afeta a aprendizagem, ao invés lada pela formação de condições de incentivo e
de se o reforçamento desempenha um papel no pelos meios de saciação, privação e operações de
processo de aquisição. condicionamento que afetam a eficácia relativa dos
O pressuposto básico de que o reforçamento é vários reforçadores em qualquer momento deter
um pré-requisito para a aprendizagem é difícil de ser
O
tas vezes afastadas invocando-se fontes de reforça nizar condições favoráveis de reforçamento com re
mento obscuras ou não detectadas que presumi lação ao comportamento de realização, ao invés de
velmente operam na situação. Uma interpretação
tentar criar de forma mal definida um motivo de
puramente cognitiva dos efeitos de reforçamento é, realização, cuja presença é tipicamente inferida dos
contudo, desafiada pelos resultados dos experimen comportamentos que presumivelmente ativa.
tos com sujeitos infra-humanos, nos quais substân
Dado que o desempenho é em grande parte de
EX
de fortalecimento associativo como efeitos de au programa de pesquisa a respeito da leitura, por
mento do desempenho. exemplo, Staats e seus colegas (Staats, Staats,
Componentes Essenciais das Práticas de Schutz e Wolf, 1962) apresentaram a crianças prè-
escolares um material program ado destinado a
Reforçamento ensinar-lhes a ler as palavras individualmente e de
Existem três aspectos essenciais na aplicação pois combinadas em sentenças curtas. Quando as
bem-sucedida dos procedimentos de reforçamento. crianças foram elogiadas pelas respostas corretas
Em primeiro lugar, deve-se selecionar reforçadores mas não lhes foi oferecida nenhuma recompensa
que sejam suficientemente poderosos e duradouros extrínseca, elas trabalharam nas tarefas de leitura
para manter a reaúvidade durante longos períodos, durante 15 a 20 minutos, depois ficaram entedia
enquanto padrões complexos de comportamento das e inquietas, e pediram para ir embora. Depois
estão sendo estabelecidos e fortalecidos. Em se que elas já não queriam mais ficar na situação, re
gundo lugar, os eventos reforçadores devem ser compensas tangíveis, consistindo de balas, adornos
tornados contingentes do comportamento desejado e fichas que podiam ser trocadas por brinquedos
134 CONTROLE POSIIIVO
atraentes, (oram introduzidas. Sob a influência dos verbais, os reforçadores sociais habituais não são
reforçadores positivos, contingentes das realizações eficazes para modificar o seu comportamento, e as
em leiuira, a "atenção limitada” (.las crianças repen atividades escolhidas muitas vezes carecem de um
tinamente aumentou, e elas não só ilabalharam valor de recompensa adquirido para tais pessoas.
com entusiasmo nas tarefas de leiuira diiranie 13 \estes casos, os agentes de mudança se vêem for
inimnos como também participaram ativamente de çados a se apoiar, inicialmente, em reforçadores
sessões adicionais. primários, geralmente na forma de comida. Para
L'in segundo grupo cie crianças de quatro anos aumeiitar os efeitos do tratamento, as sessões de
originalmente desempenhou a tareia de leitura sob condicionamento geralmente são conduzidas antes
condições cie reforçamento durante duas sessões, ou durante o horário das refeições, ocasiões em que
sendo depois retiradas as recompensas até que as as recompensas alimentares são mais eficazes na
crianças deixassem de participar, moiueiuo em que manutenção de um alto nível de reatividade (Lo-
os incentivos extrínsecos foram novamenLe reinsta vaas, Berberich, Perloff e Schaeffer, 1966).
PS
lados. Durante as sessões iniciais de reforçamento, Embora as recompensas alimentares j>ossam ser
as crianças prestavam atenção ao material de leitura utilizadas com eficácia durante períodos curtos, não
e trabalhavam ativamente para adquirir novas res é possível apoiar-se nelas, exclusivamente, em pro
postas de leitura. Quando os reforçadores foram gramas de modificação. As preferências por ali
U
retirados, porém, a atenção, participação e realiza mentos muitas ve/.es variam consideravelmente
ções de leitura das crianças se deterioraram rapi entre os indivíduos e até na mesma pessoa de
damente. Staats (1965) dem onstrou ainda que, tempo em tempo. Mais importante, porém, o valor
O
dado um sistema de incentivo apropriado, até de incentivo da comida depende grandemente do
crianças imiiio pequenas se engajarão em aüvida- nível de privação de alimentos num dado mo
R
des de aprendi/agem complexas, maniendo-se in- mento; conseqüentemente, a comida rapidamente
leressadas durante uma longa série de sessões. perde o seu valor reforçador pela saciaçào. Como
os programas de mudança exigem sessões freqüen
As mudanças acentuadas na reaLividade positiva
ocorridas nos estudos acima citados ilustram como
a baixa persistência em tarefas acadêmicas resul
tante de incentivos inadequados é muitas vezes er-
G
tes e às vezes demoradas, é necessário utilizar os
eventos reforçadores que possuem um valor de in
centivo mais permanente.
KS
roneameuLe atribuída a déficits básicos cia criança, Para indivíduos que apresentam grandes defi
na forma de dificuldade de concentração da aten ciências nos reforçadores condicionados, e que por
ção ou baixo limiar de resistência à frustração. tanto só reagem a conseqüências físicas primitivas,
Levin e Simmons (1902) também descobriram que um objetivo inicial importante do Lratametilo é
a baixa persistência em meninos hiperagressivos, dotar estímulos sociais e simbólicos de proprieda
O
impulsividade, fraco controle do ego e uma incapa comportamento humano é freqüentemente fortale
cidade generalizada de tolerância cla frustração, cido, mantido e modificado por elogio, aprovação,
pode de fato ser devida a um reforçamento positivo encorajamento, atenção positiva e afeição.
inadequado. Quando os meninos apenas eratn elo Geralmente um estímulo neutro adquire pro
giados pelas respostas apropriadas, rapidamente priedades reforçadoras por meio da associação re
deixavam de responder, às vezes de forma alta petida com o reforçamento primário (Kelleher e
EX
mente desorganizadora, jogando o material pela Gollub, 1962; Zimmerman, 1957). No seu trabalho
janela ou subindo nos arquivos. Por outro lado, com crianças autistas, Lovaas e associados (Lovaas,
quando a comida era usada como reforço, os meni Freitag, Kinder, Rubenstein, Schaeffer e Simmons,
nos continuavam a trabalhar na tarefa, mesmo 1966) verificaram que propriedades reforçadoras
D
quando o reforçamento foi reduzido progressiva negativas poderiam ser facilmente condicionadas
mente e eventualmente eliminado. As dificuldades ao estímulo verbal “não” por meio da associação
alegadas de concentração das crianças retardadas com a estimulação aversiva. Por outro lado, um
IN
ou com lesões cerebrais também diminuíram consi número muito grande de sessões em que a palavra
deravelmente pela criação de condições de incen “bom” foi contiguamente emparelhada com a co
tivo favoráveis (Martin e Powers, 1967). Os estudos mida não teve êxito em dotar o estímulo social
acima, e os resultados obtidos por outros investiga de qualquer valor de recompensa. Os resultados
dores (Slack, 1960; Whitlock e Bushell, 1967; Wolf, contrastantes foram atribuídos a diferenças de
Giles e Hall, 1968) indicam que os incentivos ex atenção por parte das crianças. Prestavam muita
trínsecos muitas vezes são essenciais, especialmente atenção a pistas externas durante a estimulação ne
durante as primeiras fases de programas de modi gativa, ao passo que em sessões que empregavam
ficação do comportamento. recompensas elas se engajavam num comporta
A questão do incentivo apresenta maiores pro mento de auto-estimulação considerável e pareciam
blemas no tratamento de pessoas que manifestam tão absortas que não reparavam nos estímulos so
um retardo profundo e severo do desenvolvimento ciais relevantes. Decidiu-se então utilizar um par-
social. Como já assinalamos previamente, tais indi digma de condicionamento instrumental no qual as
víduos geralmente são pouco reativos a estímulos crianças só recebiam recompensas alimentares se se
CONTROLE POSITIVO 135
aproximassem do terapeuta sempre que ele dissesse mente usado na seleção de eventos reforçadores.
a palavra "bom”. Desla forma, as crianças se viam C onsiderando que certas atividades preferidas
obrigadas a prestar atenção à pisla verbal apro podem reforçar atividades de menor valor, inúme
priada e a discriminá-la de outros estímulos que es- ros eventos podem ser utilizados com eficácia para
livessein ocorrendo ao mesmo lempo. Depois que o iniciar e manter o comportamento desejado. Nas
eslínuilo social foi estabelecido como discriminativo aplicações práticas deste princípio (Homme, 1966),
para o reforçam ento primário, as respostas de essencialmente uma pessoa concorda em desempe
aproximação das crianças foram recompensadas in- nhar uma certa quantidade de comportamento de
Lermitentemente numa razão crescente para au baixa probabilidade para poder se engajai numa
mentar ainda mais a capacidade recompensadora atividade preferida por um período de tempo es
da pisia verbal. Este procedimento se revelou alta pecífico. Além da sua flexibilidade e simplicidade,
mente eficaz. Nas fases seguintes do experimento, este tipo de sistema de reforçamento permite a uti
PS
novas respostas podiam ser estabelecidas e manti lização de atividades que ocorrem naturalmente
das em crianças autistas por meio da apresentação como reforçadores, organizando-se as mesmas em
contingente da aprovação verbal isolada. Além do contingências temporais apropriadas. As atividades
mais, o estímulo social manteve sua {jotência refor recompensadoras são freqüentemente utilizadas em
çadora durante um longo período mediante a asso combinação com reforçadores generalizados. Em
U
ciação periódica com recompensas alimentares. tais aplicações, os indivíduos ganham fichas jjelo
Com crianças menos gravemente autistas, os re desempenho do comportamento desejado, fichas
O
forçadores sociais foram estabelecidos mais rapi estas que depois podem ser usadas para obter,
damente. Nestes casos, a aprovação verbal e a afei entre outras coisas, acesso às atividades preferidas.
ção sob forma de abraços e carícias mantinham a A discussão acima enfatizou o papel influente do
R
reatividade positiva das crianças durante numero reforçamento extrínseco com pessoas que, por uma
sas sessões dedicadas à aprendizagem da linguagem ou outra razão, não apresentam uma motivação in
e à aquisição de habilidades sociais. Ocasional
mente, porém, recompensas aliinentares acompa
nhavam os reforçadores sociais como meio de pre
servar a sua eficácia. Muitos dos programas de mo
G
trínseca suficiente para desenvolver os repertórios
de comportamento necessários para lidar com efi
cácia com as exigências ambientais habituais. Deve
ser assinalado aqui, porém, que num programa de
KS
dificação a serem discutidos mais adiante se apóíam tratamento cuidadosamente planejado os incentivos
g ra n d em en te em re fo rç a d o re s interpessoais, extrínsecos deveriam ser eliminados gradualmente
respondendo-se com atenção, interesse e aprovação e substituídos por sistemas de reforçamento simbó
ao comportamento desejado, e ignorando-se consis- licos e autodirigidos à medida que os padrões novos
O
ocasiões com muitos tipos de reforçadores primá duzidas e com as implicações humanísticas de dife
rios e secundários adquire a capacidade de funcio rentes formas de influência comportamental, será
nar como um reforçador generalizado. No trata discutida extensivamente numa seção subseqüente
mento de crianças pequenas ou de adultos para os deste capítulo.
quais os estímulos sociais positivos ou verbais têm
EX
jetos recompensadores, ou então privilégios espe nizar as contingências entre os desempenhos espe
ciais. Um sistema de incentivo que utiliza fichas cíficos e os estímulos reforçadores. Pais, professores
IN
possui várias vantagens sobre outras formas de re e psicoterapeutas intuitivamente empregam re
compensas financeiras: O valor de reforço das fi compensas nas suas tentativas de influenciar e mo
chas é relativamente independente de estados de dificar o comportamento, mas seus esforços muitas
privação momentâneos; as fichas não estão sujeitas vezes produzem resultados limitados porque os mé
a efeitos de saciação e, portanto, retêm as suas pro todos são utilizados inadequada, inconsciente e/ou
priedades de incentivo durante períodos longos; ineficazmente. Em muitos casos são dadas recom
podem ser facilmente apresentadas, se necessário, pensas consideráveis, mas elas não são tomadas
imediatamente após o desempenho apropriado; e condicionais ao comportamento que os agentes de
finalmente, já que os indivíduos podem trocar suas mudanças desejam promover; grandes atrasos mui
fichas economizadas por uma variedade de itens tas vezes ocorrem entre a ocorrência do comporta
atrativos de sua própria escolha, é provável que a mento desejado e suas conseqüências previstas; pri
motivação e a reatividade se mantenham num nível vilégios especiais, atividades ou recompensas são
consistentemente elevado. geralmente oferecidos de acordo com esquemas
Nos últimos anos o princípio de probabilidade fixos de tempo ao invés de exigências de desem
diferencial de Premack (1965) tem sido extensiva penho; e, em muitos casos, os reforçadores positi-
136 CONTROLE POSITIVO
vos são inadvertidamente tornados contingentes para oferecer orientação positiva e apoio para
dos tipos errados de comportamento. novos modos de conduta, ao invés de extrair uma
A maioria dos programas de tratamento resi obediência mínima a exigências situacionais. Os
denciais, por exemplo, é conduzida numa base de programas de mudança social se tornariam muito
contingência da punição e não-contingência da re mais eficientes, especialmente na modificação de
compensa. Isto é, os participantes obtêm os benefí perturbações aberrantes muito difundidas, se, ini
cios recompensadores máximos praticamente sem cialmente, o ambiente fosse organizado para ofere
restrições, mas estas recompensas e privilégios são cer recompensas não contingentes num nível ade
rapidamente retiradas sempre que os residentes quado mas relativamente baixo, e reforçadores pre
forem não-cooperadores, desafiantes ou agitados. feridos fossem fáceis de obter contingentes da
Em um centro residencial de tratamento para me ocorrência de padrões de resposta desejados. Nes
ninos delinqüentes visitado pelo autor, as crianças tas condições, um programa de reabilitação pode
ser mantido primariamente numa base de reforça-
PS
recebiam 20 pontos ao chegar, o que inicialmente
lhes assegurava acesso a todos os recursos recom mento positivo sem necessidade de recorrer àquelas
pensadores que a instituição oferecia. Contudo, os medidas punitivas que usualmente são empregadas
meninos eram. penalizados com a perda de pontos e em tratamentos residenciais.
de privilégios conseqüentes sempre que exibissem O com portamento é influenciado uão apenas
U
um comportamento desviaiue ou infringissem as re pelas contingências que operam na situação, mas
gras da casa. Num contexto institucional no qual também pelos aspectos temporais do reforçamento.
O
recompensas não-contingentes são oferecidas em Achados de estudos experimentais (Renner, 1964)
alto nível, os membros da equipe assumem o papel demonstram que as mudanças comportamentais
]x>uco invejável de agentes punitivos, e os meninos ocorrem de modo mais eficiente quando o refor
R
só podem se mover numa direção para baixo. Desta çamento é tornado imediatamente contingente do
forma, a ameaça de castigo está sempre presente, comportamento que se deseja promover; geral
mas os incentivos positivos para a mudança com-
portamental, embora amplamente disponíveis, são
mal organizados. Nestas circunstâncias, a maioria
dos participantes obedece, de má vontade, às exi
G
mente, o grau de controle exercido pelo reforça
mento decresce com o aumento do atraso. Sempre
que ocorre um atraso entre uma determinada res
posta e suas conseqüências previstas, outros com
KS
gências mínimas da instituição para evitar penali portamentos aparecem no período interveniente e
dades decorrentes de qualquer violação das regras. a resposta que ocorre mais próxima do resultado
Similarmente, na maioria das facilidades psiquiátri adiado é imediatamente reforçada. Como tipica
cas, no máximo os pacientes podem manter suas mente temos pouco controle sobre as respostas que
O
recompensas adotando apenas um papel passivo de podem ocorrer num intervalo temporal específico,
pacientes. o reforçamento adiado pode na realidade fortale
A necessidade de organizar contingências de re- cer formas de com portamento que o agente de
BO
forçam ento apropriadas é ilustrada dram atica mudança não tinha nenhuma intenção de promo
mente por estudos nos quais as recompensas são ver.
mudadas de uma contingência de respostas para Na base de resultados de estudos de laboratório
uma contingência temporal (Lovaas, Berberich, sobre o reforçamento adiado, admite-se geralmente
Perloff e Schaeffer, 1966; Baer, Peterson e Sher- que os efeitos das conseqüências recompensadoras
man, 1967). Durante sessões em que as recompen
EX
mesmas recompensas são dadas depois que certo condições nas quais a base para o reforçamento não
tempo se passou, independentemente do compor é explicada. Quando as contingências impostas
tamento do cliente, há uma queda acentuada do
IN
indivíduo, ele é capaz de ligar conseqüências even forçamento é aumentado deste modo em pequenas
tuais com desempenhos específicos. A mediação etapas em direção a formas mais complicadas de
verbal irá. provavelmente, eliminar respostas irre comportamento até que eventualmente apenas o
levantes mesmo que um tempo considerável possa comportamento desejado é reforçado.
se escoar entre o desempenho do comportamento A utilização eficiente dos procedim entos de
exigido e suas conseqüências. Uma pessoa que é aproximação sucessiva é ilustrada num estudo de
paga em função do que produz, por exemplo, pro K.ing, Armitage e Tilton (1960), destinado a au
vavelmente manterá um nível de desempenho ele mentar a reatividade interpessoal de esquizofrêni
vado, embora receba o seu pagamento total no final cos gravemente isolados. Trabalhando com o pres
do mês ao invés de em pequenas quantidades ime suposto de que as respostas motoras poderiam ser
diatamente depois de completar cada unidade de eliciadas mais facilmente nestes pacientes do que
trabalho. um comportamento verbal ou social, os terapeutas
Com crianças pequenas, adultos acentuadamente
PS
primeiramente lhes deram a tarefa de executar
desviantes cujo comportamento está sob um con uma única resposta motora que redundava em re
trole fraco de estímulos e indivíduos cujos esforços compensas sociais e materiais. Em fases sucessivas,
se extinguem rapidamente sob contingências de re- a complexidade da tarefa foi aumentada, e respos
forçamento adiado, poderá ser necessário, inicial tas interpessoais foram eliciadas e recompensadas.
U
mente, empregar recompensas concretas imediatas; Ainda, nas fases subseqüentes, as recompensas só
em outro caso, tais pessoas tendem a exibir um de eram apresentadas quando os pacientes se comuni
O
créscimo rápido da reatividade se as conseqüências cavam verbalmente e cooperavam com o terapeuta
reforçadoras são adiadas. Por outro lado, pessoas e outros pacientes para resolver problemas de certa
que reagem ao controle instrucional geralmente são complexidade. Três outros grupos de pacientes,
R
capazes de funcionar adequadamente sob um re- em parelhados com o grupo de reforçam ento
forçam ento adiado desde que as contingências quanto à gravidade da perturbação e a duração da
sejam explicitam ente definidas e os incentivos
sejam suficientemente atraentes. Além do mais, sa
tisfações imediatas derivadas da própria atividade e
sinais de progresso muitas vezes suplementam, e
G
hospitalização, concorrentemente participaram de
uma terapia de entrevista tradicional, ou terapia
lúdica, ou não receberam nenhum tratamento. A
abordagem do reforçamento provou ser mais eficaz
KS
podem eventualmente substituir os reforçamentos do que todas as outras três técnicas na produção de
extrínsecos últimos na manutenção do comporta mudanças favoráveis no comportamento social em
mento. termos da observação na enfermaria e de entrevis
tas padronizadas. Depois de 15 semanas de terapia,
INDUÇÃO E EVOCAÇÃO DE RESPOSTAS
O
pouca importância, a não ser que estejam disponí vidades ocupacionais. e estavam mais preparados à
veis métodos para produzir as respostas que devem transferência para uma enfermaria mais adiantada,
ser reforçadas. Se o comportamento que um agente do que os pacientes nos três outros grupos. Bens-
de mudança deseja fortalecer já está presente- e berg e seus colegas (Bensberg, 1965; Bensberg,
ocorre com certa freqüência, então a aplicação con Cowell e Cassei, 1965) oferecem ilustrações adicio
nais de como mudanças substanciais podem ser ob
EX
mento devem ser organizados em etapas crescentes, Entre os proponentes do condicionamento ope
das quais cada um a é facilm ente ad q u irid a . rante admite-se, em larga escala, que o procedi
IN
Quando o nível inicial do comportamento desejado mento acima, que é denominado aproximação su
é extremamente baixo e se o critério de reforça- cessiva, modelagem ou diferenciação de respostas,
mento for inicialmente muito elevado, a quase tota ajusta-se de forma ideal ao desenvolvimento de
lidade das respostas da pessoa não é reforçada, de modos de resposta novos e organizados que pre
modo que seus esforços se extinguem gradual viamente estavam ausentes do repertório compor-
mente e a sua motivação diminui. Conseqüente tamental do organismo. Conseqüentemente, muitos
mente, nas etapas iniciais geralmente se adota um terapeutas gastam inúmeras horas pacientemente
baixo critério de reforçamento de forma que as modelando o comportamento, pedaço por pedaço,
respostas que estão dentro das capacidades indivi quando na realidade este procedimento tedioso
duais, mas apenas têm uma ligeira semelhança com pode ser drasticamente reduzido. Como demons
o comportamento desejado, são reforçadas. Depois tramos no capítulo precedente, padrões complexos
que aproximações grosseiras ao padrão complexo de comportamento podem ser desenvolvidos em
de comportamento se tornam mais freqüentes, o seres humanos mais rapidamente pela modelação
reforçamento é tornado contingente de uma va gradual combinada com o reforçamento positivo
riante de resposta mais próxima. O critério de re das respostas emparelhadas. Contudo, o condicio-
138 CONTROLE POSITIVO
nameuio operante por meio da aproximação suces qualquer espécie, envolve a orientação de respostas f í
siva pode ser empregado exclusivamente com um sicas, nas quais os indivíduos são auxiliados fisica
êxito considerável para reinstalar respostas previa mente a darem as respostas corretas. Ao ensinar a
mente adquiridas que foram extintas e para forta crianças autistas as relações gramaticais eiure os ob
lecer desempenhos estabelecidos de torma fraca jetos (Lovaas, 1966), por exemplo, se uma criança
como resultado de condições de incentivo inade deixasse de executar a resposta correspondente à
quadas. Desta forma, selecionando reforçadores instrução verbal, “Ponha o bloco dentro da caixa”,
poderosos e organizando as contingências necessá o terapeuta moveria a mão da criança com o bloco
rias, um terapeuta pode induzir um catatónico até à caixa e recompensaria a ação desempenhada
mudo que possui um repertório lingüístico a reto passivamente. Em ensaios subseqüentes a quanti
mar a comunicação verbal (Isaac, Thoinas e Gol- dade de orientação manual é gradualmente redu
diamond, 1960); esquizofrênicos que desenvolve zida até que o comportamento é executado sem as
ram repertórios adequados de trabalho podem ser sistência.
PS
induzidos a participar de novo de atividades voca Implicações Éticas das Práticas de
cionais (Ayllon e Azrin, 1965); delinqüentes que se Reforçamento
recusam a obedecer às exigências escolares podetn O uso deliberado do reiórçamento positivo, es
ser motivados a melhorar o seu desempenho aca pecialmente sob a forma de recompensas tangíveis,
U
dêmico (Cohen, 1968); e, em experimentos de con muitas vezes causa objeções éticas e preocupações
dicionamento verbal, estudantes universitários que com os efeitos perniciosos que podem resultar de
possuem o comando de uma grande quantidade áe
O
tais práticas. A atitude expressa mais comumente
pronomes pessoais podem ser sutilmeme induzidos é a de que o comportamento desejável deveria ser
a emitir estas respostas verbais numa razão relati intrinsecamente satisfatório. Teme-se que se as pes
R
vamente elevada (Krasner, 1958). soas forem recompensadas freqüentemente se in
Além de utilizar o método da aproximação suces clinarão a um comportamento adequado a não ser
siva e da modelagem comportameutal para a pro
dução de respostas complexas, podemos nos apoiar
em instruções verbais que especificamente informam
os indivíduos de como e quando desempenhar o
G
que sejam pagas para isto, e que, quando as recom
pensas habituais forem eliminadas, as pessoas dei
xarão de responder. Admite-se também que não só
as práticas de recompensa estabelecem um compor
KS
comportamento reforçável (Baer e Woll, 1967). tamento fraco e pouco permanente como o refor
Contudo, nos casos que não reagem a formas sociais çamento contingente tende a interferir no de
de orientação de respostas, pode ser necessário senvolvimento da espontaneidade, criatividade, sis
empregar estímulos não-sociais que exercem um temas motivacionais intrínsecos e outras caracterís
O
forte controle sobre o comportamento em questão, ticas determinantes da personalidade altamente va
mesmo que o objetivo eventual seja o de fazer com lorizadas. Algumas das críticas mais veementes con
que o comportamento ocorra em resposta a condi sideram o uso deliberado do reforçamento como
BO
exemplo, ao aumentar o comportamento de prestar regulado (Rogers, 1960). Também é necessário as
atenção em crianças severaínènte rptardacias que sinalar que, paradoxalmente, encontramos menos
eram totalmente não reativas, Bensberg (L965) ini preocupação pelo uso de métodos aversivos de con
IN
cialmente projetou luzes numà parede enquanto, trole por ameaças, coerção e privação de privilé
simultaneamente, lhes dizia parã olhar para a luz, gios, métodos estes que muitas vezes produzem re
recompensando-as por esta atitude. Desta maneira, sultados comportamentais negativos inapropriada-
respostas de prestar atenção, que são um pré-requi mente atribuídos a procedimentos que se apóiam
sito da aprendizagem social, foram aumentadas e em incentivos positivos.
eventualmente colocadas sob o controle de estímu O fato de que o comportamento é fortemente in
los verbais. O uso de tarefas graduadas quanto à fluenciado pelas suas conseqüências não é um fe
dificuldade também inclui casos nos quais as condi nômeno criado pelos cientistas do comportamento,
ções estimuladoras são prganizadas para que o assim como os físicos não são responsáveis pela lei
com portam ento recompensável possa ser facil da gravidade. O processo de seleção natural favo
mente eliciado em cada passo sucessivo. receu organismos com sistemas de retroalimentação
Um método final para evocar o comportamento controladores adaptaüvos nos quais as conseqüên
desejado, que é às vezes empregado com pessoas cias reforçadoras servem como o principal regula
que se demonstram não-reativas a estímulos de dor do comportamento. Na realidade, se o coinpor-
CONTROLE POSITIVO 139
lamento não mudasse em função de seus resulta forçam entos m ediados pelos agentes d e m udança
dos, a duração das nossas vidas seria drasticamente são de pouca m onta, a não ser q u e os padrões de
reduzida. A seleção dos tipos de incentivos me resposta persistam p o r m uito tem p o depois que as
diante os quais o comportamento dos outros deve contingências especialm ente criadas forem ab an
ser estabelecido, orientado e mantido, é, natural donadas. H á várias m aneiras pelas quais os sistemas
mente, uma questão de ética. Contudo, os efeitos de reforçam ento podem ser elaborados e alterados
comportamentais que resultam da aplicação de di no d ec u rso d o tratam e n to p ara asseg u rar que o
ferentes procedimentos psicológicos é, em sua tota co m p o rtam en to existente não se extingue rap id a
lidade, uma questão empírica. A evidência disponí m ente.
vel a partir dos estudos de laboratório e psicoterá- M u dança na Freqüência ou M agn itu de do R ejorça
picos sugere que os procedimentos de reforça mento. D ejxás que os p ad rõ es de resposta foram
mento, se executados cuidadosa e habilmente, firm e m e n te estab elecid o s p o r m eio d o re fo rç a
PS
podem produzir mudanças permanentes 110 com m enio contínuo, o esquem a é g rad u alm en te alte
portamento social e facilitar a aquisição de sistemas rado, oferecendo-se reco 111peusas a intervalos cada
de reforçamenio autodírigidos. Se, por outro lado, vez mais variados, de m odo q u e as conseqüências
as técnicas operantes forem aplicadas grosseira re c o m p e n s a d o ra s só o c o rra m p e rio d ic a m e n te .
mente e os incentivos não forem apropriados aos
U
Com o m ostram os no capítulo in tro d u tó rio , o com
níveis de desenvolvimento do indivíduo, então o p o rtam en to in term iten tem en te reforçado é ex tre
programa de mudança pode ser insultante e inefi
m am ente resisLente à extinção. A d u rab ilid ad e d o
O
caz.
co m portam en to sob condições m enos favoráveis de
Ao discutir a utilização sistemática dos incentivos
r e f o r ç a m e n t o ta m b é m p o d e s e r a u m e n ta d a
positivos é importante reconhecer que um pro
R
reduzindo-se g radativam ente a q u an tid ad e d a re
grama de mudança representa um contínuo de ex
com pensa d epois q u e o co m p o rtam e n to foi su fi
periências psicológicas nas quais o tipo, quantidade
cientem en te fortalecido, ou au m en tan d o -se a q u an
e fonte do reforço que regula o comportamento são
gradualmente modificados. Portanto, os incentivos
empregados inicialmente para estabelecer novos
padrões de comportamento social e para desenvol
G
tidade d e trab alh o p o r recom pensa (Staats e Bui-
terfield, 1965).
M u dança na Localização do Reforçamento. Xa m aio
KS
ver reforçadores simbólicos podem diferir conside ria dos casos, m uitas recom pensas interpessoais e
ravelmente do estímulo que, ao final, assume fun m ateriais d iferen tes esião potencialm ente d isp o n í
ções controladoras e reforçadoras. veis, mas p erm an ecem inacessíveis aos indivíduos
Os críticos dos métodos de reforçamento geral que carecem das habilidades sociais e vocacionais
O
mente criam a impressão de que os agentes de mu p ara atingi-las. Sim ilarm ente, p o r causa de déficits
dança trabalham com pessoas amadurecidas e mo com portam en tais ou Lendências inibitórias, as pes
tivadas intrinsecamente, mas que, ao invés de ape soas podem d eixar de p articip ar de atividades que
BO
lar para motivações simbólicas mais elevadas, insis lhes forneceriam ricas fontes d e p razer. Se fosse es
tem em impor a elas incentivos materiais grosseiros. tabelecida um a proficiência nas habilidades neces
Indubitavelmente existem alguns terapeutas que sárias e respostas sociais, elas p o deriam ser a d e
aplicam os procedimentos incentivadores de forma q u ad a m e n te apoiadas pelos refo rç am e n to s re g u
impensada e ineficiente. Via de regra, porém, as larm ente disponíveis no am biente. O principal ob
recompensas primárias são empregadas nos está jetivo do refo rçam en to es}jecificamenle organizado
EX
gios iniciais com pessoas que não são reforçáveis é desenvolver e m an ter rep ertó rio s co m p o rtam en
com outros tipos de eventos e que, de modo con tais até o p o n to em q ue o indivíduo estabelece um
trário, permaneceriam inacessíveis ao tratamento. contato bem -sucedido com foiues existentes de re
Nestes últimos casos não seria mais apropriado se fo rçam en io positivo. U m a vez q ue isto é conse
D
apoiar em incentivos mais avançados do ponto de guido, as contingências arb itrárias podem ser (o-
vista do desenvolvimento, do que seria ensinar talm ente retirad as sem en fraq u ecer ou red u zir o
crianças pequenas a contar começando com os co m portam en to social.
IN
verteu ao seu padrão isolado de comportamento; a ção. Mais tarde, as fichas foram gradualmente eli
reinstalação da contingência terapêutica restauroü minadas e o comportamento cooperador foi man
o jogo social a seu nível anterior elevado. À medida tido de forma estável apenas pela aprovação social.
que a menina passou a sentir um prazer cada vez A fim de adquirir proficiência eni comportamen
maior nas atividades lúdicas com os companheiros, tos complexos, as pessoas são obrigadas a se engajar
as recompensas adultas para a interação com as ou em longas horas de árduo trabalho, a desistir de
tras crianças foram gradualmente diminuídas para atividades competitivas atraentes e a adiar uma ple
uma quantidade normal de atenção, e o esquema tora de gratificações imediatas que podem estar fa
do não-reforçamento dos contatos com os adultos cilmente disponíveis. Uma vez que o processo de
foi gradualmente relaxado. Eventualmente, o pro aprendizagem envolve um certo grau de auto-sacri
grama de tratamento parou por completo e não fício e outros aspectos negativos, muitas pessoas
foram mais organizadas contingências especiais. deixam de desenvolver competências mínimas, em
Contudo, o aumento da interação social com as ou- bora ameaças e pressões coercitivas lhes sejam im
PS
Lras crianças persistiu, como ficou patente a partir postas continuamente. Este problema prevalente
de observações do comportamento feitas em várias pode ser retificado de forma mais satisfatória e
ocasiões depois do término do programa. Em ou humana aplicando uma contingência de recom
tros estudos de casos, especificamente elaborados pensa arbitrária até que o comportamento seja de
U
para investigar a durabilidade das mudanças com- senvolvido num estágio 110 qual possa produzir
jjortamentais (Baer e WoJf, 1907), mosLraram que conseqüências reforçadoras naturais. Assim, por
O
se os adultos mantiverem o seu apoio de reforça- exemplo, recompensas extrínsecas podem ser tem
mento do comportamento social nas crianças até porariamente empregadas para ensinar as crianças
que elas consigam interações reciprocamente re a ler, mas depois que os textos impressos se tornam
R
compensadoras com as outras crianças, o compor suficientemente reforçadores para apoiar um de
tamento infantil passará cada vez mais para o con senvolvimento ulterior de capacidades de leitura, a
trole dos companheiros e pouco será afetado pela
retirada tio reforça mento social por parte dos adul
tos.
Os resultados dos estudos acima, e outros condu
G
contingência artificial pode ser retirada. Muitas
formas de comportamento como a facilidade de
comunicação e as habilidades de manipulação, que
permitem ao homem regular mais eficientemente o
KS
zidos de modo semelhante, mostram que padrões seu ambiente, persistem com pouco apoio externo
de comportamento estabelecidos mantêm sua força porque são funcionais 11a produção de resultados
depois que as conseqüências especialmente organi recompensadores. Novos desempenhos também
zadas são abandonadas, desde que o comporta são parcialmente sustentados pela retroalimentação
O
mento seja trazido sob a influência de contingências sensorial que produzem naturalmente.
favoráveis 110 meio social do indivíduo. Em casos, Quando as recompensas são associadas contínua
porém, nos quais as práticas de reforça me iito nas e explicitamente com pistas que significam compe
BO
situações naturais são ou deficientes ou grande tência ou exatidão, então os estímulos simbólicos
mente desviantes, é duvidoso se mudanças compor- que possuem valor informativo e as diferenças
lamentais permanentes podem ser conseguidas, a qualitativas de desempenho adquirem proprieda
não ser que o programa seja ampliado para incluir des reforçadoras secundárias. Neste nível de de
membros significativos do ambiente social do iindi senvolvimento mais elevado, pistas que designam a
víduo.
EX
dores primários imediatos que eram gradualmente ção do comportamento se torna menos dependente
reduzidos e eventualmente abandonados à medida de incentivos sociais ou materiais extrínsecos. De
IN
que os estímulos sociais adquiriam funções de re- vemos assinalar, contudo, que qualquer reforça-
forçamento. Outra ilustração da transformação de meuto oriundo da confirmação da exatidão das
apoios reforçadores do comjiorlamento 110 decurso respostas é provavelmente mediado por meio de
do tratamento é oferecida por Wahler (1968) que um processo de auto-rerorçamento e não automati
modificou, com êxúo, o comportamento extrema camente gerado. É extremamente improvável, por
mente antagonístico de crianças alterando as práti exemplo, que a retroalimentação da exatidão em
cas reforçadoras dos pais. Um programa inicial 110 tarefas que são pessoalmente desvalorizadas ou são
qual os pais ignoravam a resistência de seus filhos a consideradas elementares tenha muito, se é que o
solicitações e recompensavam o comportamento de tem, valor reforçador. Por outro lado, a confirma
cooperação por meio da aprovação demonstrou ser ção de êxitos que excedem os padrões pessoais do
relativamente ineficaz. Um sistema de reforça- que constitui um desempenho valioso tenderá a ati
meiuo subseqüente que combinava a aprovação dos var auto-avaliações positivas.
pais com fichas que poderiam ser trocadas por O nível mais elevado de autonomia é obtido
brinquedos valorizados produziu aumentos dratiiá- quando o com portam ento gera conseqüências
l í c o s e persistentes no comportamento de coopera auto-avaliativas ou outras conseqüências auto-
CONTROLE POSITIVO 141
reforçadoras. Em tais casos, a pessoa estipula a si nhosidade necessária, não é de surpreender que,
própria padrões de realização explícitos e cria embora os princípios de reforçamento já existam
conseqüências a u to recompensadoras ou autopuni- há muitas décadas, a derivação de procedimentos
tivas, dependendo da qualidade do comportamento eficientes seja desapontadoramente vagarosa. Por
em relação a seus padrões auto-impostos. Reações motivos similares, o uso de sistemas de contingência
de auto-avaliação podem não apenas m anter o por amadores ou por práticos operantes menos in
comportamento sob condições de apoio externo ventivos é muitas vezes assustadoramente grosseiro.
mínimo, mas podem também sobrepujar a influên
cia de recompensas sociais para um com porta ESPECIFICAÇÃO DAS CONTINGÊNCIAS DE
mento que conflita com as próprias normas da REFORÇAMENTO
conduta aceitável. Já discutimos previamente como Na maioria das investigações experimentais dos
os procedimentos de modelação e reforçamento processos de reforçamento, as instruções que espe
PS
podem ser usados para estabelecer padrões de de cificam o comportamento desejado e suas conse
sempenho intrínseco mediante os quais um indiví quências programadas são deliberadamente mini
duo dirige o seu próprio comportamento. mizadas ou ignoradas por completo. Realmente,
Os padrões estabelecidos de com portam ento Skinner (1963) nos acautelou vigorosamente contra
tendem a persistir numa variedade estonteante de
U
o uso de procedimentos de controle instrucional
contingências de reforçamento se os eventos refor em experimentos de aprendizagem porque eles
çadores significativos são ou intrinsecamente rela iludem e obscurecem a análise funcional do com
O
cionados com o comportamento, ou são auto-admi- portamento. As experiências de laboratório desti
nistrados. As condições necessárias para desenvol nadas a explorar até que ponto os fenômenos com
ver repertórios complexos de comportamento por
R
portamentais podem ser trazidos sob o controle de
meio de métodos de reforçamento foram explici diferentes tipos de condições de reforçamento de
tamente definidas e em geral são fielmente cum veriam, naturalmente, evitar combinar variáveis de
pridas. Procedimentos para desenvolver funções
reforçadoras em eventos simbólicos necessitam ser
ainda refinados e aplicados sistematicamente a
programas de mudança comportarnental. A julgar
G
tal modo que suas contribuições individuais não
possam ser distinguidas. Contudo, uma adesão rí
gida a procedimentos isolados não é de bom alvitre
KS
em programas de mudança que freqüentemente
pela evidência dos estudos de laboratório, os tipos precisam com binar uma variedade de métodos
de mecanismos auto-reguladores que os comenta para obter resultados ótimos. Alguns estudiosos
dores humanisticamente orientados consideram ser devotados à abordagem operante, contudo, muitas
amiiéticos às abordagens comportamentais são, de vezes se apóiam exclusivamente sobre práticas de
O
fato, desenvolvidos mais facilmente a partir de mé reforçamento para desenvolver padrões de respos
todos derivados da teoria da aprendizagem social. tas que podem facilmente ser produzidos por sim
ples instruções, demonstrações de comportamento
BO
bem-sucedido dos métodos de aprendizagem social cação com portarnental. Também é abundante
exige considerável engenhosidade e sensível reaü- mente evidente, como qualquer pai ou mãe pode
vidade a mudanças psicológicas dos indivíduos du testemunhar, que conselhos, instruções, solicitações
rante o período de tratamento. Entre outros requi e outras formas verbais de orientação muitas vezes
sitos, é necessário elaborar sistemas eficientes de in não têm efeitos permanentes ou não são levados em
D
centivo, selecionar esquemas de reforçam ento consideração. Estudos sistemáticos conduzidos com
apropriados, organizar contingências essenciais e crianças (O’Leary, 1968) e adolescentes (Phillips,
IN
modificá-las gradualmente à medida que o trata 1968) mostram, de fato, que prescrever regras de
mento progride. Também é necessário criar méto conduta é ineficaz, por si mesmo, para mudar o seu
dos para evocar respostas desejadas com uma fre comportamento. O poder da influência verbal é em
qüência suficiente para que se tornem fortemente grande parte determinado pelas conseqüências de
estabelecidas. Finalmente, é necessário selecionar e resposta antecipadas ou acompanhantes. Isto é re
treinar pessoas apropriadas para utilizar os proce velado num estudo de Ayllon e Azrin (1964) desti
dimentos em contextos naturais. Ao passo que nos nado a avaliar a eficácia relaüva de instruções e do
tratamentos convencionais as pessoas freqüente reforçamento, usados isoladamente e em conjunto,
mente são deixadas livres para, por sua própria para reinstalar um comportamento social nas refei
conta,transferir o que quer que tenham aprendido ções em adultos esquizofrênicos.
no quotidiano, as abordagens da aprendizagem so O programa de tratamento tentava obter dos pa
cial dedicam considerável atenção às condições ne cientes o comportamento de apanhar os talheres no
cessárias para assegurar uma generalização ótima e centro de serviço, o que faziam raramente; ao invés
para manter os novos modos de comportamento es disso, preferiam comer com suas próprias mãos.
tabelecidos. Tendo em vista a quantidade de enge- Após um período de linha de base observacional,
142 CONTROLE POSITIVO
PS
U
Figura 4-1. Percentagem de pacientes que apanharam os talheres durante o período de linha de base, durante a fase
de reforçamento na qual as respostas apropriadas foram imediatamente recompensadas e durante um período em que
O
as instruções foram combinadas com o reforçamento. Ayllon e Aírin, 1964.
R
durante o qual não foram organizadas conseqüên das conseqüências de resposta, praticamente todos
cias especiais, um procedimento de reforçamento
foi introduzido, no qual os pacientes que apanha
vam os utensílios necessários recebiam imediata
mente, sem qualquer explicação, uma escolha de
G
os pacientes exibiam regularm ente o comporta
mento adequado. A comparação dos dois conjuntos
de dados revela que o acesso adiado a recompensas,
produzido pela não-reatividade, foi consideravel
KS
alimentos extra ou de cigarros. Numa fase subse mente mais poderoso na modificação do compor
qüente, foram adicionadas instruções aos procedi tamento dos pacientes do que recompensas extras
mentos de reforçamento, nas quais os auxiliares para o desempenho das respostas apropriadas.
explicavam: “Por favor, apanhe sua faca, garfo e
O
não produziu qualquer mudança no com porta zam incentivos positivos de uma ou outra forma‘nos
mento dos pacientes. Aqui, o procedimento de re impede de fazer uma resenha completa das inúme
forçamento foi totalmente ineficaz porque a grande ras aplicações clínicas, corretivas e de desenvolvi
maioria dos pacientes nunca exibia quaisquer res mento dos princípios de reforçamento. Ao invés
postas que pudessem ser reforçadas, e os poucos disto, algumas contribuições representativas que
EX
que ocasionalmente apanhavam os talheres nunca ilustram os procedimentos e sua eficácia na modifi
descobriam por que recebiam gratificações adicio cação de uma vasta gama de comportamentos serão
nais. Ao contrário, quando as instruções foram discutidas. Como as investigações das variáveis de
combinadas com as conseqüências réforçadoras os reforçamento isoladas são geralmente feitas por
pacientes apresentavam um aumento súbito e acen pesquisadores que trabalham dentro de um con
D
tuado do comportamento apropriado, e um certo texto skinneriano, o grau de êxito destes métodos
número manteve esta mudança depois que as re raramente é avaliado pelo uso de grupos de con
IN
compensas contingentes foram abandonadas. trole para medir a contribuição de variáveis não
Para avaliar a eficiência das instruções apresen controladas, ou por meio de comparações de gru
tadas isoladamente, pediu-se a um segundo grupo pos que envolvem operações experimentais dife
de pacientes que apanhasse os talheres necessários rentes. Ao contrário, o plano de replicação intra-
em cada refeição. Descobriu-se que as instruções subjetiva é geralmente usado para isolar as variá
eram inicialmente eficientes para a metade dos pa veis que governam a mudança. Neste método de
cientes, mas na ausência de quaisquer conseqüên pesquisa, um dado padrão de comportamento é
cias por seguir ou ignorar os pedidos, as diretivas repetidamente induzido e eliminado no mesmo su
verbais cedo perderam quase todo seu poder con jeito, por meio da reversão sucessiva das condições
trolador (Fig. 4-2). Durante a fase seguinte, as ins de tratamento (Sidman, 19li0). A replicação intra-
truções continuavam, mas, além disto, os pacientes subjetiva é o meio mais convincente de demonstrar
tinham acesso imediato ao balcão onde se servia a a relação funcional entre os fenômenos comporta-
comida sem pre que apanhassem seus talheres, mentais e suas condições controladoras. Contudo,
sendo mandados para o fim da fila quando não o existem certas limitações e problemas avaliativos no
faziam. Sob a influência combinada das instruções e uso desta metodologia.
CONTROLE POSITIVO 143
PS
U
O
R
G
KS
Figura 4-2. Percentagem de pacientes que apresentaram as respostas apropriadas durante a linha de base, durante a
instrução e durante a fase de combinação do reforçamento com a instrução, Ayllon e Azrin, 1964.
O
BO
A replicação intra-subjetiva é bastante apro mite que os sucessos resultam das variáveis de re
priada para a investigação dos processos de con forçamento manipuladas. É inteiramente possível,
trole do desempenho mas não pode ser empregada porém, que em casos bem-sucedidos, as mudanças
no estudo de fenôftienos de aprendizagem nos de comportamento sejam em grande parte devidas
quais certas experiências produzem uma mudança à influência de variáveis inobservadas que variam
EX
mais ou menos irreversível no comportamento de paralelamente com a reversão das condições de tra
um organismo. Por exemplo, depois que pessoas tamento. O problema de avaliação se torna ainda
adquiriram a linguagem comunicativa, habilidades mais complexo pelo fato de que, nos casos em que
de leitura e várias competências sociais e psicomo se consegue um controle comportamental bem-
toras, não é possível apagar essas capacidades de sucedido, não foram desenvolvidos critérios estatís
D
resposta e assim restaurar os déficits comportamen- ticos para avaliar se a magnitude da mudança pro
tais originais por meio de operações de não-refor- duzida por um dado tratamento excede a variabili
IN
çamento ou qualquer outro procedimento psicoló dade resultante de fatores não controlados que
gico. operam enquanto a condição de ti*atamento não
No uso desta metodologia surge um certo nú está atuando. Muitos leitores indubitavelmente se
mero de complicações interpretativas mesmo no es sentiram frustrados ao tentar avaliar conclusões ci
tudo das mudanças de desempenho. Não existe di tadas por investigadores à base da inspeção visual
ficuldade em avaliar os resultados quando mudan de curvas de freqüência que não apenas envolvem
ças sucessivas acentuadas de comportamento ocor considerável variabilidade durante as condições de
rem rápida e consistente mente em diferentes sujei linha de base, mas diferem grandemente de sujeito
tos. Em muitos casos, porém, não só as mudanças para sujeito e são um tanto irregulares em sucessi
de com portam ento acom panhantes são menos vas replicações.
dramáticas, mas alguns indivíduos permanecem es O plano de replicação intra-subjetiva também
sencialmente não-afetados pela exposição repetida impede uma avaliação precisa da eficiência relativa
às mesmas condições de tratamento. Fracassos de de diferentes variáveis de tratamento. Mudanças
replicação geralmente são atribuídos a inadequa que são produzidas seqüencialmente num dado in
ções nos reforçadores usados, enquanto que se ad divíduo pela aplicação de métodos diversos não
144 CONTROLE POSITIVO
jxxlem ser comparadas diretamente por inúmeras pessoas que até então se mostravam totalmente re-
razões. O grau de influência necessário para criar fraiárias a ouiros métodos de modificação.
uma mudança inicial pode diferir do necessário
MODIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO SOCIAL
para efetuar melhoras adicionais num dado com-
poriamenio. Ao desenvolver funções lingüísticas DESVIANTE
em’ crianças autistas, por exemplo, Lovaas (190(3) O reforço diferencial tem sido amplamente em
descobriu que as mesmas eram lenias em adquirir pregado para a modificação do comportamenio
as primeiras palavras, mas que a aprendizagem de desvia me tanto de adultos como de crianças. Nestes
palavras subseqüentes ocorria numa razão relati- programas de tratamento, as conseqüências re
vamenie rápida. Um aumento similar da razão de compensadoras pelo comportamento desejado são
aquisição das respostas à medida que o tratamento tipicamente combinadas com a extinção, a modela
progredia foi notado por Siaals, \linke, Goodwin e ção e, em alguns casos, com procedimentos puniti
Landeen (1967). vos. Contudo, os estudos relatados nesta seção são
PS
Em muitos casos, a linha de base original não é primariamente organizados em função do controle
recuperável; conseqüentemente, os efeitos de va do comportamento por meio de suas conseqüências
riáveis diferentes sobre o comportamento deve ser positivas.
comparado com níveis de desempenho dissímilares. Ayllon e seus associados conduziram um extenso
U
Mesmo que a linha de base original de respostas programa de pesquisas sobre o desenvolvimento de
possa ser recuperada, pode ser muito mais fácil procedimentos de reforçamento para a modificação
O
reinstalar um dado comportamento do que criá-lo de perturbações graves de com portam ento em
inicialmente. Zeilberger, Sampen e Sloane (1968) adultos psicóticos. Nos estudos mais antigos (Ayllon
mosiraram, de fato, que o comportamento pode ser e Michael, 1959), as enfermeiras e os atendenies
R
modificado mais rapidamente da segunda vez, uma eram treinados para registrar a freqüência com que
descoberta que é evidente na maioria dos gráficos os pacientes exibiam padrões específicos de com
G
baseados em experimentos nos quais as mesmas va portamento, e para organizar, em situações natu
riáveis controladoras são sucessivamente aplicadas e rais, as contingências de reforçamento — geral
retiradas. Não apenas o desempenho anterior das mente sob a forma de atenção social e recompensas
respostas aumenta a rapidez com que elas podem alimentares — necessárias para obter as mudanças
KS
ser reinstaladas depois de terem sido extintas, mas desejadas. Não dando atenção, a formas estranhas
durante as experiências iniciais são adquiridas dis de com portam ento e reforçando seletivamente
posições para a aprendizagem que podem resultar padrões racionais de resposta, as 'enferm eiras
na melhoria acentuada do desempenho de respos foram bem-sucedidas em reduzir acentuadamente
O
tas muito diferentes (kimble, 19(51; Harlow, 1949). ou eliminar completamente verbalizações psicóticas
(Ayllon e Haughton, 1964), anorexia crônica (Ayl
Finalmente, o valor reforçador de um dado lon, Haughton e Osmond, 1964), e uma pletora de
BO
evento pode ser acentuadamente alterado pelo con outros comportamentos desviantes de há muito
traste com condições prévias ou contemporâneas de existentes e considerados indicativos de uma pato
reforça mento (Buchwald, 1960; Dunham, 1968). logia psicótica (Ayllon, 1963; Ayllon e Michael,
Portanto, mudanças seqüenciais associadas com di 1959). Em estudos posteriores (Ayllon e Azrin,
ferentes tipos de operações de reforçamento refle 1965, 1968), o escopo dos métodos de condiciona
tem influências relacionais, assim como as proprie mento operante foi ampliado pelo uso de uma
EX
dades específicas dos procedimentos de reforça maior amplitude de incentivos positivos, que foram
mento. Portanto, os pressupostos implícitos de que aplicados numa base de grupo para estabelecer
o controle repetitivo não altera a modificabilidade competências sociais e vocacionais em pacientes
do comportamento em questão, que o comporta psiquiátricos crônicos. Um relato detalhado deste
mento é igualmente modificável em níveis diferen programa será apresentado mais adiante.
D
quantidade de interesse e atenção por parte dos experimentos nos quais a eficácia relativa de diver
adultos, produzidos pelo com portam ento des- sos métodos de terapia seja avaliada sistematica
viante. Entre as perturbações tratadas com êxito mente, os resultados de diversas investigações con
por meio de tal reforçamento seletivo estão o iso troladas com pacientes esquizofrênicos (King, Ar-
lam ento extrem o (Allen et al., 1964; Brawley, niitage e Tilton, 1960; Peters e Jenkitis, 1954;
Harris, Allen, Fleming e Peterson, 1969; Johnston, Schaeffer e Martin, 1966) e perturbações cle caráter
Kelley, Buell, Harris e Wolf, 1963), o engatinhar anti-social (Colman e Baker, 1968) revelam que o
regressivo (Harris, Johnston, Kelley e Wolf, 1964), tratamento baseado nos princípios de reforçamento
passividade extrema (Johnston, Kelley, Harris e produz maiores mudanças no com portam ento
Wolf, 1966), hiperatividade e com portam ento interpessoal do que os programas que seguem li
agressivo (Allen, Henke, Harris, Baer e Reynolds, nhas convencionais.
1967; Hall, Lund e Jackson, 1968), e sentimentos Numa extensão significativa dos procedimentos
depressivos e extrema superdependência (Wahler e de reforçamento, Patterson e seus colegas (Patter-
PS
Pollio, 1968). son, Ray e Shaw, 1968) obtiveram algum êxito na
Um aspecto notável dos procedimentos acima modificação do com portam ento desviante alte
apresentados, além da sua eficácia demonstrada, é rando os padrões de reforçamento de sistemas fa
o fato de que os programas de mudança são con miliares e de grupos de companheiros. De acordo
U
duzidos dentro de contextos naturais por professo com a formulação etiológica dos autores, o compor
res e pais mediante a utilização de eventos reforça tamento desviante ocorre, cle forma típica, sob
dores que formam parte natural de relações inter
O
condições de baixos níveis de reforçamento positivo
pessoais espontâneas. É possível, naturalm ente, e interações sociais não-recíprocas entre os mem
modificar o comportamento sob condições artifi bros da família. As crianças são, portanto, forçadas
R
ciais com incentivos altamente atrativos, os quais a utilizar formas extremas de comportamento para
são raramente» usados, por motivos práticos ou eliciar reações reforçadoras dos outros. Como uma
outros em situações do quotidiano, Embora os
resultados de tais estudos possam ter algum
valor ao demonstrar que uma forma determinada
de comportamento pode ser controlada por conse
G
conseqüência ulterior da não-reciprocidade, as
crianças tendem a se tornar cada vez mais contro
ladas pelo grupo de companheiros e menos reativas
aos adultos. Esta mudança, por sua vez, leva os
KS
qüências artificiais, tais procedimentos de trata adultos a lançarem mão de formas aversivas de
mento eventualmente têm que ser substituídos por controle, o que reduz ainda mais a sua influência
várias razões: Primeiro, mudanças comportamen- como agentes de reforçamento.
tais estabelecidas sob condições artificiais devem ser
suplem entadas com um trein o de generaliza A abordagem de tratamento, que envolve um
O
ção, tanto aos tipos de tarefa como aos tipos de programa de quatro passos, ocorre no lar. Depois
incentivo usados, para assegurar efeitos de trans de duas semanas de observação da linha de base,
relativa às interações familiares, os pais recebem
BO
conta as possíveis conseqüências auto-avaliativas terpessoal. Na segunda fase, pede-se aos pais que
que as intervenções arbitrárias têm sobre seus reci façam uma lista dos comportamentos infantis que
pientes, assim como efeitos sociais sobre as atitudes desejam modificar. É-lhes atribuída, então, uma
e o comportamento dos outros que tiveram opor hora especial durante cada dia para registrar a in
tunidades de observar o tratamento. cidência destes comportamentos, as conseqüências
D
companheiros inicialmente recebem recompensas competências dentro dos limites de suas habilida
desejadas pelo bom comportamento. Os reforçado des.
res materiais são então retirados gradualmente até
que eventualmente o comportamento da criança APRENDIZAGEM SIMBÓLICA
seja inteiramente mantido pelo reforçamento social Ein anos recentes, os procedimentos de reforça-
dos professores e companheiros. Depois que o pro menio têm sido usados com êxito em conjunção
grama formal de tratamento termina, mantém-se cotn materiais de instrução programada para esta
um contato telefônico num esquema de diminuição belecer formas simbólicas complexas de comporta
progressiva, e durante um período de seis meses mento. O programa de pesquisa de Staats (1905) ua
são feitas observações no lar. aquisição do com portam ento de leitura é um
Os resultados baseados em seis famílias que par exemplo destes procedimentos.
ticiparam do programa descrito mostram que os A leitura envolve processos complicados nos
quais as crianças devem aprender tanto a discriminar
PS
pais reduziram a freqüência com que reforçavam
positivamente o comportamento desviante de uma entre símbolos verbais intricados como a associar
taxa média de 35 por cento durante o período da respostas verbais apropriadas aos mesmos. A com
linha de base a 10 por cento no fim do programa plexidade surge primariamente porque os mesmos
de intervenção. A modificação das contingências elementos numa palavra-estímulo composta devem
U
familiares não apenas diminuiu o comportamento eliciar respostas diferentes, dependendo do con
desviante emitido pela família, mas também au texto em que ocorrem. Como as palavras contêm
O
mentou a quantidade de reforçamento social posi muitas propriedades estimuladoras comuns (por
tivo no sistema social como um todo, e produziu exemplo, “courisel” e “council”) e, na maioria dos
uma qualidade de maior reciprocidade nas intera casos, a diferenciação da palavra se apóia em pistas
R
ções entre os vários membros da família. Além do sutis, o desenvolvimento das respostas de leitura
mais, estas mudanças favoráveis tendem a ser efeti constitui uma tarefa associativa de discriminação de
vamente mantidas durante um certo decurso de
tempo. Embora esta abordagem pareça ser promis
sora, a acentuada variabilidade das taxas de linha
de base do comportamento desviante antes que as
G
formas muito exigente. Além das dificuldades
criadas pela elevada similaridade de estímulos, o
material instrucional tipicamente serve como uma
fonte fraca de reforçam ento positivo, especial
KS
novas práticas de reforçamento sejarçi inauguradas mente para crianças pequenas. Um programa de
e também a reatividade diferencial das famílias ao leitura eficiente requer, portanto, treino extensivo,
programa indicam que novos aperfeiçoamentos e utilizando um material que é cuidadosamente colo
avaliações são necessários. cado em seqüência, um emparelhamento repetido
de palavras com as suas associações verbais ou pic
O
nível primitivo de comportamento, são geralmente eram reforçadas para imitar vogais simples ou pala
consideradas ineducáveis e portanto são relegadas a vras ditas pelo experimentador. Depois que a mo
enferm arias institucionais. Tais crianças foram delação verbal tenha sido bem estabelecida, é mos
treinadas em seus hábitos higiênicos (Giles e Wolf, trada uma palavra com vários desenhos de objetos
D
1966; Hundziak, Mowrer e Watson, 1965), apren simples, um dos quais corresponde ao estímulo im
deram a se vestir sozinhas, a se alimentar com uten presso, e o experimentador pronuncia a palavra.
sílios, a cuidar da sua própria aparência, e a reagir Quando, por meio de conseqüências discriminati
IN
a comandos verbais, o que é de considerável ajuda vas, as crianças aprenderem a emparelhar as pala
no processo de treinamento social (Bensberg, Col- vras com suas representações pictóricas, sem auxí
well e Cassei, 1965; Girardeau e Spradlin, 1964; lios de pistas orais, começa o verdadeiro treino da
Minge e Bali, 1967; Roos, 1965). Além disso, a efi leitura. A tarefa de leitura é apresentada às crian
cácia destes métodos para desenvolver habilidades ças primariamente sob a forma de um processo dis
de comunicação, padrões de respostas interpessoais criminativo de emparelhamento com a amostra.
e outras formas complexas de comportamento nos Em cada seqüência de aprendizagem, uma palavra-
retardados graves está sendo explorada. Bensberg amostra é mostrada na abertura de cima de um
assinala, entre parênteses, que tais programas não painel, e é emparelhada por uma de três palavras
beneficiaram apenas as crianças retardadas, mas as mostradas simultaneamente numa linha debaixo
funções das pessoas que cuidavam destas crianças, de janelas. O experimentador pronuncia a palavra-
que utilizavam os procedimentos de treinamento, estímulo e pede às crianças que repitam a palavra e
m udaram do cuidado custodiai árido para uma escolham o item comparável dentro das alternativas
participação ativa em ajadar as crianças a ganhar apresentadas. Se a criança lê a palavra correta-
JONTROLE PO SITIVO 147
netue, ela é im ediatam ente refo rçad a com fichas aprovação em q u alq u er m atéria escolar; ap esar de
ue podem ser trocadas p o r b rinquedos pré-sele- oito anos e m eio de instrução em classe, sua capa
ionados ou o u tro s ileiis desejados. Q u an d o a res cidade d e leitura p erm anecia no nível d o 2." ano.
posta d a criança é incorreta, a sequência total é re- Em v irtu d e das suas atitudes não-caridosas e com
>etida. Depois q u e as crianças ap re n d em a ler as p o rtam en to em relação à eq u ip e escolar, e danos
>alavras individualm ente, elas são apresen tad as em ocasionais à p ro p rie d a d e escolar, ele e ra conside
entenças e em parág rafo s curiós com postos d e ma- rad o ineducável, incorrigível e m en talm en te re ta r
erial já p reviam ente ap ren d id o , dado.
N uina tarefa d e aprendizagem da discrim inação, U tilizando-se m éto d o s paralelos aos em p reg ad o s
a taxa d e e rro p o d e ser c o n tro la d a eficazm ente nos estudos d e laboratório, o rapaz ap re n d e u p ri
pelo uso d e procedim entos de pistas e alternativas m eiro a ler as palavras ap resen tad as isoladam ente,
le estím ulos q ue são facilm ente discrim inados d a depois com binadas em sentenças, e finalm ente o r
;scolha co rre ia . A b a n d o n a n d o g ra d u a lm e n te os ganizadas em histórias curtas. O s itens d e vocabulá
PS
ipoios e s tim u la d o re s d o c o m p o rta m e n to a p r o rio, que foram selecionados d e m aterial-p ad rão d e
priado e e m p re g a n d o co n tra ste s c a d a vez mais leitura organizados d e acordo com o nível de difi
inos e n tre as altern ativ as d e estím u lo (R ocha e culdade, eram ap re sen ta d o s in d iv id u alm en te em fi
Jilva e Ferster, 1966) as crianças podem eventual- chas e pedia-se ao rapaz q u e os pronunciasse. De
U
n eiu e a p re n d e r a reag ir a aspecLos sutis das pala- pois d e cada resposta d e leitu ra correLa, o rapaz re
/ras. A m aioria das o u tra s atividades simbólicas, cebia recom pensas artificiais q u e ele econom izava
:omo a abstração e a form ação d e conceitos, d e p ara vários artigos e p a ra tro car p o r d in h eiro . De
O
fe n d e tam bém do estabelecim ento d e discrim ina pois que o rapaz lin h a m eslria dos itens d e vocabu
ções su tis . I s to p o d e s e r m e lh o r c o n s e g u id o lário ele g anhava recom pensas adicionais p ara a lei
R
itiliz an d o -se p rim e iro c o n tra ste s re la tiv a m e n te tu ra co rreia oral de p arág rafo s, leitu ra silenciosa d e
rrosseiros, substituindo os mesmos p o r diferenças histórias inteiras, e p ara respostas co rretas a ques
;ucessivam ente m enores e n tre os estím ulos. tões q u e visavam a m ed ir a co m p reen são d o con
E m bora n ão tenham sido feitas com parações com
outros m étodos instrucionais p o r causa d a natureza
exploratória desta pesquisa, Staats acum ulou consi
G
te ú d o das histórias.
D urante o p ro g ra m a de trein am e n to o rapaz co
briu um a g ra n d e am p litu d e d e m aterial d e leitu ra
KS
deráveis d ados (Staats, Finley, M inke e W olf, L964; sem p e rd e r o interesse. Não ap en as ad q u iriu novas
Staats, M inke, Finley, W olf e Brooks, 1964) a res respostas de leitu ra num a razão relativam ente ele
peito d o valor potencial deste pro g ram a p ara esta vada, mas m o stro u u m a habilidade crescente p ara
belecer o co m p o rtam e n to d e leitura em crianças ler palavras novas na p rim e ira ap resen tação , re
pré-escolares. Além d o mais, a influência dos es te n d o m u ito d o q u e tin h a a p re n d id o . Este p ro
O
quem as d e refo rçam en to sobre a taxa d e aquisição gresso notável tam bém se refletiu nos escores nos
da leitu ra foi estu d ad a sistem aticam ente em vários testes d e leitura, obtidos antes, d u ra n te e depois do
BO
rim e n ta is , a in te ra ç ã o social e n tr e o tu to r e a
criança fosse severam ente restringida. Em aplica
ções educacionais ou corretivas, questionaríam os,
sem dúvida, a sabedoria d e a d e rir tão rigidam ente
a tais práticas im pessoais e de se ap o iar exclusiva
D
ira ia n ie n to pro d u ziu efeitos educacionais e com - tuados, ap esar tios n um erosos anos gastos inutil
p o riam eiuais generalizados é indicado pelo faio d e m ente em ir à escola.
que o rapaz recebeu noias m édias mas suficientes Desde q u e sejam elaborados habilidosam ente e
p ara a aprovação em iodas as disciplinas pela p ri ad ap tad o s às exigências individuais, os sislemas tle
m eira vez na sua ca rreira escolar tu rb u len ta, dim i auto -in siru ção possuem vários aspecios q ue podem
n u in d o tam bém ac e n tu a d a e ev e n iu a lm e n ie ces facilitar o processo de aprendizagem . Em p rim eiro
sando o sen co m p o riam e n io agressivo desafiador. lugar, apresen tam o m aterial ao estu d an te num a
O p ro g ra m a inteiro, aplicado p o r um funcionário ordem g rad u al bem organizada. A utilização tle se
en c arreg ad o d a vigilância de réu s beneficiados pelo qüências o rd en a d as logicam ente evita q ue os alunos
“ s u r s i s ” , envolveu um gasto total d e US$ 20.31 para fiquem confusos o u p erd id o s pela om issão tle eta
os itens que seriam trocados p o r fichas. pas in term ed iárias essenciais na exposição; isto re
Essencialm ente os m esm os procedim entos foram move um im p o rta n te aspecto aversivo tia iustruçào
aplicados com cerio g rau de êxito p o r adultos vo c o n v e n cio n al. Em se g u n d o lu g a r, o fe re c e m ao
PS
luntários e estu d an tes do 2.° g rau no ensino d e ha aluno um a retro alim en tação im ediata d a exatidão
bilidades d e leitura a crianças retard ad as, em ocio das suas respostas, aju d an d o -o a vigiar co n tin u a
n a lm e n te p e riu rb a d a s e c u h u r a lm e n ie p rivadas m ente a sua co m p reen são tio assunto. Em terceiro
(Staais et al., 19(37). As crianças ad q u irira m as res- lugar, com o o alu n o pode p ro ced er p ara um a nova
U
posias d e lei lu ra num a razão acelerada, apesar do info rm ação ap en as se ti eu respostas co rretas aos
m aterial insirucional le r au m en ta d o de dificuldade itens preced en tes, a participação ativa exigida do
alu n o força um a observação cuidadosa d o m aterial
O
e a q u an tid ad e d e refo rç am e n to extrínseco te r sido
progressivam ente reduzida. C on iu d o , vários p ro estim ulador. Desta form a, se o aluno com eça a d e
blem as m etodológicos associados com as tarefas-cri- v an ear em classe, o co n teú d o insirucional, assim
R
tério, assim com o o falo d e que sujeitos tio g ru p o com o um rio, co n tin u a a fluir, ao passo que na ins
d e coiu ro le receberam trein o especial com maLe- tru çã o p ro g ra m a d a o tu to r p acien te p e rm a n ec e
inativo en q u a n to o alu n o «ião eslá engajado. Em
riais sim ilares, im pedem a execução d e um lesie se
vero para saber se um p ro g ra m a que envolve con
tingências rígidas e refo rç ad o res m ateriais p roduz
resultados m elhores do q u e as práticas educacionais
G
q u arto lugar, o aspecto tle auio-estabelecim ento d o
progresso nos m étodos de instrução p ro g ra m ad a
to rn a possível um a instrução individualizada para
KS
padronizadas. pessoas q ue d iferem em habilidade e m estria tio
Sislemas de Auto-Inslrnçào. A aquisição das habili
m aterial. Nos sistemas co m putadorizados, nos quais
d ad es cognitivas básicas e d o conhecim ento, que um novo co n teú d o instrucional é escolhido em cada
são o pré-requisiio para atividades simbólicas su p e e ta p a na b ase tios d e s e m p e n h o s a n te r io r e s d o
ap ren d iz, os alunos jxxlem g era r suas p ró p rias se
O
cado. C om o m uitas destas funções podem ser exe- [jor um a progressão g rad u al tia d ificuldade do con
cm adas mais eficientem ente p o r técnicas d e auto- te ú d o , a a p re n d iza g em com os p ro g ra m as auto-
ensino p ro g ra m ad o do q u e p o r m étodos conven insirucionais é pouquíssim o am eaçadora. As carac
cionais d e tre in a m e n to , os sistem as in sirucionais terísticas tle p rogresso individual e tle não-am eaça
sem i-auiom áticos esião sendo cada vez mais usados são especialm ente im p o riam es em aplicações clíni
para a aprendizagem simbólica. Ao avaliar o papel cas ou em endativas a pessoas q ue tiveram um a ex
EX
desias ab ordagens no processo educacional, deve periência m uito extensa tle fracasso e q u e d iferem
mos enfatizar q u e a quesiào crucial não é o apoio g r a n d e m e n te nas á re a s tle c o n te ú d o n as q u ais
so b re u m a a p re s e n ta ç ã o m e câ n ica v ersu s u m a apresenLam déficils.
apresentação social do m aterial estim ulador, mas o N um esforço para aliviar o m edo tle q u e as m á
D
saber qu e sislemas tuioriais, aplicados isoladam ente quinas possam substituir os pedagogos reais, tem
ou em com binação, m elhor se aproxim am tias con sitio h ábito re le g a r o en sin o tle m aterial faiu al,
dições ótim as p ara a aprendizagem . E m bora os co árid o , a en g en h o s tle instrução p ro g ram ad a, rese r
IN
m entadores sociais m uitas vezes atribuam um a le vando as -habilidades criativas, tle solução tle p ro
gião d e virtudes aos m odos convencionais de ins blem as e conceituais a professores que seriam libe
trução e um a p letora d e efeilos d an in h o s aos m éto rados tle tarefas rotineiras. Com o Resnick (1963)
dos prog ram ad o s, m uitos in siru to res tle fato não assinala com razão, a d ificuldade tle en sin ar habili
ap resentam o tipo tle organização tio conteú d o que dades intelectuais com plexas resulta p rim ariam en te
asseguraria um a aprendizagem ráp id a e um a re não tias lim itações in eren tes aos procedim entos tle
ten ção eficaz; m uitos a p re se n ta m o m aterial d e instrução p ro g ram ad a, mas tio fatò d e q ue as ativi
m aneira a ex tin g u ir os interesses intelectuais dos d ad es cognitivas são usu alm en te descritas em le r
alunos; e m uitas vezes muitos, in advertidam ente, mos niuiio gerais ou en tão p erm anecem essencial
estabelecem fo n e s tendências tle esquiva com rela m en te n ão definidas. Por esta razão, m esm o p ro
ção ao assu n to que está sendo ensinado. C onse fessores tle talento m uitas vezes têm d ificuldade em
q ü en tem en te, m uitos alunos, esjíecialm ente aqueles tlecidir q u e tipos tle ex periência d e ap ren d izag em
q ue são pouco m otivados ou m enos dotados intelec seriam os mais ap ro p riad o s p ara o desenvolvim ento
tu alm en te, ap re sen ta m déficils intelectuais acen das ap tid õ es abstraias. D epois q u e os co m p o ria-
CONTROLE POSITIVO 149
mentos componentes tias habilidades mais comple zagem programada com recursos audiovisuais. Em
tas foram adequadamente especificados não há conseqüência, as atividades de pesquisa se preocu
razão para que estas não possam ser ensinadas por param excessivamente com comparações entre as
seqüências de aprendizagem cuidadosamente prepa instruções convencionais e variações menores de
radas. Na realidade, há evidências que sugerem características do programa, ao invés de realizaFem
Ljue os méiodos aulo-iusirucionais podem ser utili investigações sistemáticas dos processos de aquisi
zados com eficiência no ensino de habilidades inte ção associados com sistemas de auto-instrução. Este
lectuais relativanienie complexas como as funções último tipo de pesquisa não apenas aumentaria a
tia linguagem, raciocínio matemático, tomada de eficiência da instrução programada, mas também
decisões, pensamento abstraio, estratégias de solu elucidaria processos de aprendizagem fundamen
ção de problemas, uma grande amplitude de h a b i tais envolvidos em habilidades complexas. Por
lidades vocacionais e não-vocacionais, e os conceitos exemplo, a aprendizagem da leitura por meio de
básicos e princípios de diversas áreas de estudo. um método automatizado de emparelhamento com
PS
Além tio mais, numerosas investigações comparati amostras aplicado a crianças pequenas num pe
vas (Silberman, 1902; Slolurow, 1963) geralmente ríodo extenso de tempo deveria fornecer informa
mostraram que a instrução program ada é pelo ções básicas sobre processos discriminativos, a fim
menos ião eficiente como, e às vezes melhor do de suplementar o conhecimento derivado de estu
U
que, os méiodos convencionais de ensino, redu dos breves de laboratório em pregando procedi
zindo ainda substancialmente o tempo dos alunos, mentos idênticos com um conteúdo menos signifi
o cusio e o número de profissionais necessários. cativo.
O
Como o desenvolvimento de aiitudes favoráveis em Embora atualmente muita atenção esteja voltada
relação aos assumos ensinados é uma parte tão im para as variáveis programáticas e tecnológicas, as
R
portante do processo de aprendizagem como a exigências de incentivo para a aprendizagem têm
aquisição de habilidades intelectuais específicas sido essencialmente ignoradas. Este estado de coisas
(Mager, 19(>8), a avaliação dos sistemas tutoriais
deveria medir lanto atitudes como realizações. Infe
lizmente, os efeitos alitudinais da instrução pro
gramada, ou do ensino convencional, raramente
G
resulta em grande parte dos pressupostos ampla
mente divulgados de que o formato programado é
eficaz para assegurar a atenção e que a retroali
mentação informativa a respeito da exatidão das
KS
são levados em conta. respostas funciona como um reforçador positivo
Com ulteriores avanços na auio-instrução, tanto automático para manter a reatividade. Isto pode
do ponto tle vista tecnológico (nas áreas de sistemas ser verdade para as pessoas que aprenderam a va
de projeção tle figuras, programação vocal e o uso lorizar realizações intelectuais, ou que esperam de
tle computadores para permitir aos alunos uni con rivar alguns benefícios imediatos do aumento da
O
trole mais completo sobre as seqüências de apren sua competência em áreas específicas de funciona
dizagem) e no conhecimento dos processos de aqui mento. Contudo, para alunos inteligentes alta
BO
sição, deveria ser possível organizar condições óti mente motivados, uma programação linear passo a
mas de aprendizagem mais facilmente e estender a passo envolvendo respostas fortemente induzidas, o
instrução programada a formas ainda mais com que assegura uma aprendizagem bem-sucedida em
plexas tle comportamento simbólico. Na realidade, indivíduos com menos talento, pode oferecer in
num estudo elaborado da instrução por meio de crementos tão triviais no desempenho que a tarefa
computadores, realizado por Atkinson e Suppes de aprendizagem não se torna nem desafiadora
EX
(Alkinson, 196S) alunos de l.a série do l." grau re nem pessoalmente recompensadora. Embora estes
ceberam toda a sua instrução de leitura e matemá efeitos negativos possam ser evitados até certo
tica por meio de unidades de aprendizagem apre ponto ajustando-se o tamanho das unidades infor-
sentadas na televisão e controladas por um compu macionais ao nível de aptidão, o problema do in
centivo se torna muito mais sério no caso de pes
D
e ao progresso individual de cada aluno. A instru cazes. Nestes casos, um sistema de incentivos ex
ção fornecida por este sistema produz maior profi trínsecos deve ser adicionado aos procedimentos de
ciência tio que o modo usual de ensino na sala de auto-instrução para que seja possível manter per
aula. Se os custos puderem ser reduzidos, sistemas manentemente o interesse e a reatividade dos alu
baseados em computadores poderão eventualmente nos.
substituir as técnicas convencionais de instrução em
muitas áreas de estudo. Tais sistemas instrucionais MUDANÇA GOMPORTAMENTAL
poderiam, de fato, oferecer várias formas de mate AUTOMANIPULADA
rial educativo em diferentes níveis e sob condições A maioria dos programas que estivemos discu
ótimas de aprendizagem a lares, escolas, facilidades tindo até agora consegue mudanças comportamen-
comerciais e outros contextos equipados com uni tais primariamente pela manipulação externa das
dades de ensino televisionadas. contingências de reforçamento. Os anos recentes
O progresso nesta área tem sido impedido, em testemunharam um crescente interesse nos proces
certa extensão, pela identificação entre a aprendi sos de autocontrole pelos quais os indivíduos regu-
150 CON TROLE POSITIVO
lam o seu próprio comporia mento organizando tlessem «s seus desempenhos anteriores, assegu
contingências apropriadas para si mesmos. Estas rando assim um a|>erfeiçoamento contínuo.
tentativas auto-dirigidas compreendem unia varie Como o comportamento está extensivamente sob
dade de estratégias, algumas das quais foram origi controle de estímulos externos, as pessoas podem
nalmente propostas por Fersler, Nürnberger e Le- regular a freqüência com que se engajam em certas
vitt (1962). atividades alterando as condições estimuladoras sob as
Os esforços de auto-influência geralmente não quais o com portam ento habitualm ente ocorre.
são bem-sucedidos porque envolvem auto-instru- Comer em excesso, por exemplo, ocorrerá mais
ções vagas que não têm implicações comportamen- freqüentem ente quando alimentos gostosos são
tais imediatas. Além do mais, a não ser que as apresentados em lugares muito freqüentados da
auio-insiruções sejam apoiadas por operações de casa do que quando são guardados fora da vista da
reforçamento, externas ou auto-apliçadas, não con pessoa e tornados menos acessíveis. Na realidade,
seguirão elas exercer muito controle sobre o com demonstrou-se que, comparadas com indivíduos de
PS
portamento. A seleção de objetivos bem definidos, tanto peso normal, as pessoas obesas são menos reativas a
intermediários como últimos, é um aspecto essen estados internos cle fome (Stunkard e koch, 1964),
cial de qualquer programa de mudança autodiri- ao passo que o seu comportamento alimentar é ex
gido. Os objetivos que os indivíduos escolhem para cessivamente dependente de estímulos externos re
lacionados com a comida (Schachter, 1967). Algum
U
si mesmos devem ser especificados em termos
comportameniais suficientemente detalhados para grau tle autocontrole pode ser conseguido desta
forma por organizações ambientais sábias que re
O
oferecer uma orientação adequada às ações que
devem ser tomadas diariamente para atingir os re duzem os determinantes externos do comporta
sultados desejados. mento. Ao contrário, a incidência de atividades de
sejadas pode ser aumentada pela introdução de es
R
Para aumentar ainda mais o engajamento em re tímulos apropriados.
lação aos objetivos, os participantes devem fazer O comportamento que oferece um reforço posi
acordos contratuais para praticar comportamentos
auiocontroladores nas suas atividades diárias. As
sim, por exemplo, na modificação do comporta
mento de fumar (Tooley e Pratt, 1967) e obesidade
G
tivo imediato, por exemplo, comer, fumar e beber,
tende a ser desempenhado em situações diversas e
ocasiões variadas. Portanto, outro aspecto impor
KS
tante da mudança autom anipulada envolve um
(Fersler, Nürnberger e Levitt, 1962), os clientes progressivo estreitamento do controle dos estímulos
concordam em restringir cada vez mais, em etapas sobre o com portam ento. C ontinuando com o
graduadas, os lugares e as ocasiões em que se enga exemplo da obesidade, os indivíduos são encora
jarão no comportamento nào-desejado. Sob condi jados gradualmente a delimitar as circunstâncias
O
ções em que os indivíduos voluntariamente se com nas quais comem até que eventualmente o seu
prometem com certas linhas de ação, as tendências comportamento alimentar é colocado sob o con
subseqüentes ao tlesvio tendem a ser contrariadas
BO
ajudam a snsiemar as tentativas bem-sucedidas. Os outras atividades como assistir a televisão, ler ou
indivíduos |>odem, portanto, utilizar registros objeti ouvir rádio. Um procedim ento essencialmente
vos de mudanças comportameniais como uma fonte similar é empregado para aumentar o comporta
adicional de reforçamento para o seii comporta mento esforçado que está sob um controle situacio-
nal fraco. Assim, para conseguir que os alunos es
D
jiara manter um registro exato da freqüência com mulos potencialmente perturbadores são retirados.
que apresentavam os comportamentos desejados e Para preservar o valor estimulador da mesa para o
não-desejados durante o dia. Os dados foram apre comportamento de estudo, sempre que os estudan
sentados graficamente para oferecer uni quadro tes jíercebem que seus pensamentos divagam ou
claro das mudanças comportameniais que os alunos seus interesses diminuem, devem eles deixar a si
esiavam conseguindo com os seus próprios esfor tuação e se ocupar com outras atividades. Desta
ços. Uma retroalimentação diária deste tipo não só maneira se consegue períodos progressiva mente
[jossui uma função reforçadora, mas também serve inais longos de estudo concentrado (Fox, 1966;
para evitar uma realização irregular e feita de má Goldiamond, 1965).
vontade tios procedimentos autoprescritos. Num Os procedi mentos anteriores se destinam prima
estudo destinado a aperfeiçoar o comportamento riamente à instituição de um comportamento auto-
de auto-instrução, Fox (1966) descobriu que os controlado; entretanto, a não ser que conseqüên
alunos que registravam a sua produtividade diária cias |x)sitivas também sejam organizadas, as práucas
continuavam a trabalhar nas tarefas até que exce- bem-intencionadas serão de curta duração. O com-
CONTROLE POSITIVO 151
portamento de autocontrole é difícil de se manter volta ao peso anterior [pág. 79].” De um modo di
porque é associado, pelo menos inicialmente, com verso das abordagens que se focalizam no consumo
condições relativamente desfavoráveis de reforça- de calorias ou nas causas internas inferidas do
mento. Tipicamente, atividades prepotentes ofere comer eiH excesso, os programas de autocontrole
cem um reforçatnento positivo imediato para o in tentam obter uma mudança permanente nos pa
divíduo, ao passo que as suas conseqüências aversi drões do comportamento alimentar regulando as
vas não são experimentadas por algum tempo. Ao condições estimuladoras e as conseqüências autoge-
contrário, as medidas de autocontrole geralmente radas do comportamento. Stuart (1967) relata re
produzem efeitos desagradáveis imediatos, en duções de peso acentuadas e duradouras em oito
quanto que os benefícios pessoais são adiados con mulheres obesas que seguiram um programa que
sideravelmente. Portanto, operações de auto-rejor- combinava os vários elementos acima discutidos
çamento são empregadas para oferecer um apoio (Fig. 4-4). Num estudo controlado, Harris (1969)
imediato do comportamento de autocontrole até descobriu que homens e mulheres que foram trei
PS
que os benefícios que eventualmente aparecem nados para usar procedimentos de autocontrole
tomem para si a função reforçadora. similares perderam peso e mantiveram a perda,
As contingências que os indivíduos organizam enquanto um grupo de controle em parelhado,
para si mesmos podem envolver diferentes tipos de que recebeu cartões com o cálculo das calorias e foi
U
eventos reforçadores. Pede-se-lhes que selecionem incentivado a reduzir o peso, continuou obeso.
uma variedade de atividades que julgam recom Ambos os estudos revelam ainda que esta aborda
pensadoras e que as tornem contingentes do de gem é acompanhada de poucas desistências e não
O
sempenho do comportamento desejado. Ver televi tein efeitos emocionais desagradáveis. Os achados
são, tomar café, ler revistas, períodos de recreação, preliminares encorajadores indicam que os méto
R
recompensas financeiras ou alimentos gostosos po dos de autocontrole merecem investigações sistemá
dem, por exemplo, se tornar condicionais a uma ticas ulteriores tanto como tratamentos em si como
certa quantidade de comportamento de estudo. funcionando como meios complementares a outros
Como assinalamos no capítulo introdutório, o re-
forçamento autom anipulado pode desempenhar
uma importante função de manutenção do com
G
procedimentos.
CONDICIONAMENTO VERBAL
KS
portamento (Bandura e Perloff, 1967). No caso de O método de reforça mento positivo também tem
comportamentos apetitivos poderosos, é possível se sido amplamente aplicado nos estudos do condicio
engajar em atividades positivamente competitivas, namento verbal. Estas investigações tipicamente uti
para ajudar o autocontrole, sempre que a instiga lizam uma situação de entrevista livre ou de apren
ção para desempenhar um comportamento não- dizagem discriminativa, na qual um experimenta
O
desejado seja elevada. A disposição para desempe dor seletivamente reforça certas classes de respostas
nhar um comportamento prepotente também pode verbais e ignora todas as outras verbalizações. O re-
BO
ser reduzida gerando-se conseqüências aversivas forçamento geralmente consiste em acenar com a
im ediatas, ou sim bolicam ente (Cautela, 1960; cabeça, sorrir, repetir ou parafrasear as observa
Homme, 1965), ou por meio do uso de engenhos ções do entrevistado, ou simples afirmações verbais
de estimulação portáteis (McGuire e Vallance, com conotações positivas. A simplicidade do proce
1964). O modo pelo qual efeitos aversivos autoge- dimento e a sua semelhança com as entrevistas clíni
rados têm sido utilizados para obter controle sobre cas conduziram a uma rápida adoção dos paradig
EX
perversões sexuais, alcoolismo crônico e outros mas de condicionamento verbal para a testagem de
tipos de comportamento de adição recebe uma con hipóteses sobre os processos de interação psicote-
sideração detalhada no Cap. 8. rapêuticos. Os resultados gerais de inúmeros estu
Como um aspecto final dos programas de mu dos (Kanfer, 1968; Krasner, 1962; Salzinger, 1959)
dança autodirigidos, aumentos no comportamento
D
incidência do desconforto sentido é mantida baixa, lecionadas. Foi demonstrado, por exemplo, que
e um progresso constante em relação ao alvo even expressões afetivas, afirmações positivas ou negati
tual pode ser conseguido. vas de auto-referência, verbalizações confiantes,
A eficácia das abordagens autodirigidas em rela hostis e afiliativas, expressões de opiniões e crenças,
ção à modificação do comportamento é melhor respostas “alucinatórias” e “neuróticas”, referências
ilustrada na modificação da obesidade, que se mos maternais, memórias da primeira infância e respos
trou refratária a uma grande variedade de proce tas comuns a estímulos de associação verbal podem
dimentos médicos e psicológicos. Stunkard (1958) ser aumentadas por um mínimo de reforçamento
descreve sucintamente os resultados usuais associa social e diminuídas abstendo-se de reações que vei
dos com os tratamentos convencionais como segue: culam interesse ou aprovação. Experimentos desti
“A maioria das pessoas obesas não permanece no nados a isolar as variáveis que orientam a extensão
tratamento da obesidade. Daqueles que permane do condicionamento verbal mostraram que a reati-
cem no tratamento, a maioria não perde peso, e vidade dos sujeitos aos reforçadores sociais é afe
daqueles que perdem peso, a maioria novamente tada por fatores como as características do experi-
152 CONTROLE PO SITIVO
PS
U
O
Figura 4-4. Perdas de peso alcançadas por oito mulheres que usaram procedimentos de autocontrole. Stuart, 1967
R
mentador, os tipos de eventos reforçadores empre pessoas muitas vezes permanecem em tratamento
gados, o cometklo das respostas escolhidas para
modificação, as interpretações dos sujeitos em rela
ção aos estímulos reforçadores, as características de
G
por períodos prolongados, e que a potência do te
rapeuta como um agente reforçador é aumentada
pelo seu status elevado e pela dependência emocio
KS
personalidade e o estado emocional dos entrevista nal do cliente, não é de surpreender que os clientes
dos, e a qualidade da relação entre o experimenta muitas vezes apresentem mudanças acentuadas no
dor e seus sujeitos. seu comportamento verbal.
A significância teórica e prática dos experimentos As pessoas raramente iniciam uma psicoterapia e
O
que demonstram que o conteúdo verbal é modi gastam, com boa-vontade, tempo, dinheiro e es
ficável pelo reforçam ento depende em grande forço consideráveis apenas para aprender a falar
parte dos eventos psicológicos que se deseja expli de modo diferente. Portanto, a questão da utilidade
BO
com a psicoterapia, as intervenções reforçadoras do para outras pessoas no ambiente natural e, ainda
entrevistador sejam análogas às empregadas regu mais importante, que as mudanças verbais influen
larmente pelos terapeutas e as classes de respostas ciam os comportamentos não-verbais em extensão
escolhidas para estudo exemplifiquem as preocu considerável. Vários investigadores descobriram
D
pações de tratamento dos psicoterapeutas. Neste que as mudanças nas respostas verbais apresentam
contexto, os estudos de condicionamento verbal in alguma transferência para situações diferentes
dicam fortemente que o conteúdo específico das (Ullmann, Krasner e Collins, 1961) e podem afetar
IN
verbalizações do cliente» que geralmente são toma as respostas não-verbais (Lovaas, 1961; 1964); con
das como refletindo processos intrapsíquicos, tudo, a maioria dos estudos falhou em obter gene
pode ser em grande parte determinado pelo in ralização, por meio de medidas de tarefas que va
teresse seletivo e atenção do entrevistador. Isto é riavam quanto à similaridade (Rogers, 1960; To-
c o rro b o ra d o p o r análises de c o n tin g ê n c ia s bias, 1960; Ullmann, Krasner e Edinger, 1964; Wil
re sp o sta -refo rça m e n to com o o co rre n a tu ra l liams, 1959).
m ente em interações psicoterapêuticas (Ban- Os efeitos contraditórios e fracos de generaliza
dura, Lipsher e Miller, 1960; Goldman, 1961; ção acima assinalados não são surpreendentes
Murray, 1956; T ruax, 1966; W inder, Ahmad, quando consideramos que as manipulações expe
Bandura e Rau, 1962). O reforçamento positivo de rimentais na maioria dos estudos de condiciona
certos tipos de respostas verbais por parte dos tera mento são praticamente insuficientes para produzir
peutas aumenta a sua ocorrência, ao passo que os um efeito de condicionamento; o que se dirá então
clientes evitam discutir questões que produzem da generalização das respostas ou dos estímulos? É
reações menos favoráveis. Considerando que as possível que modificações maiores poderiam ser ob*
CONTROLE POSITIVO 153
lidas por meio do condicionamento verbal se os en Aplicações de Organização Social das
trevistadores continuassem o tratamento por pe Contingências de Reforçamento
ríodos mais longos e instituíssem programas siste Até agora, a discussão eslava primariamente vin
máticos de treino de generalização. A generalidade culada à alteração de respostas circunscritas de in
é usualmente assegurada variando-se as configura divíduos isolados por meio do reforçamento posi
ções dos estímulos. Isto requer a mudança dos tivo. Em muitos casos, os agentes de mudança se
agentes reforçadores e a modificação das condições defrontam com a tarefa muito mais complexa de
de tratamento, de modo que tanto o contexto social efetuar modificações extensas nas atitudes e no com
como as respostas que estão sendo reforçadas sejam portamento de grandes grupos de indivíduos em
cada vez mais similares às encontradas no ambiente estabelecimentos educacionais, de reabilitação ou
natural. Como notamos anteriormente, os terapeu outros estabelecimentos sociais. Para obter mudan
tas muitas vezes escolhem modificar o comporta ças comportamentais extensas é necessário alterar
mento verbal num hospital ou num consultório ao
PS
práticas institucionalmente organizadas do sistema
invés de alterar o com portamento social direta social maior de maneira que irão simultaneamente
mente sob condições naturais, mais por motivos de afetar o cqmportamento individual de maneira be
conveniência do que por motivos de eficácia tera néfica. Algumas das questões e problemas associa
pêutica. Seria muito mais significativo e vantajoso dos com os sistemas de contingências orientados
U
efetuar as mudanças comportamentais desejadas para o grupo são melhor ilustradas nas aplicações
desde o início e oferecer aos clientes tarefas de de de tratamento dos procedimentos de reforçamento
sempenho graduadas para realizar no seu meio so
O
em populações institucionalizadas.
cial. Tal abordagem evita os problemas desnecessá Nos últimos anos apareceram numerosos estudos
rios associados com estratégias circulares de trata sociológicos do hospital psiquiátrico como sistema
R
mento que começam com o condicionamento ver social (Dunharn e Weinberg, I960; Goffman, 1961;
bal, e que devem mais tarde ser suplementadas por Stanton e Schwartz, 1954; Wessen, 1964), cada qual
uma série de procedimentos destinados a estabele
cer e a transferir padrões de resposta social a situa
ções extraterapêuticas. Há ocasiões, naturalmente,
quando os agentes de mudança se defrontam com
G
documentando os efeitos debilitadores que as práti
cas institucionais prevalentes têm sobre a população
de seus membros. Por causa do grande número de
pacientes que precisam ser tratados com recursos
KS
o problema de restabelecer uma comunicação ver pessoais e materiais limitados, a maioria das insti
bal em pessoas mudas (Isaac, Thomas e Goldia- tuições, apesar dos seus objetivos expressos, está
mond, 1960; Salzinger, Feldman, Cowan e Salzin- primariamente preocupada com o governo e o con
ger, 1965; Sherman, 1965), ou de modificar verba trole social dos pacientes, ao invés da sua reabilita
lizações delirantes ou outros tipos de verbalizações
O
cionam ento verbal pode ser um procedim ento consecução de um funcionamento social adequado
apropriado, embora não necessariamente o mais e que muitas vezes se mostram mais perniciosas do
eficiente para estes objetivos. que os problemas comportamentais que original
Além do uso do condicionamento verbal como mente conduziram à hospitalização dos pacientes.
um método para obter a compreensão dos proces A socialização inicial dos pacientes geralmente
sos de entrevista e como técnica de tratamento, esta envolve algum grau de supressão de modos indivi
EX
abordagem tem sido empregada para estudar a in dualizados de comportamçnto. Ao serem admiti
fluência de certas variáveis no processo de aprendi das à instituição, as pessoas são caracteristicamente
zagem. Achados iniciais de experimentos de condi privadas da maioria de suas posses pessoais, seus
cionamento verbal foram aceitos como demonstra direitos civis, seu status social, suas satisfações cos
D
ciência que os sujeitos tinham das contingências de cionalização, o comportamento dos pacientes é es
reforçamento levantaram questões fundamentais a treitamente regulado e acomodado a rotinas hospi
respeito do que, na realidade, é aprendido em tais talares fixas. Sob estes tipos de contingências orga
experimentos (isto é, respostas verbais ou hipóteses nizacionais, a iniciativa, a autoconfiança e a autode
acerca de contingências). Com a conceitualização terminação, necessárias ao ajustamento indepen
do condicionamento verbal como um processo de dente satisfatório fora do hospital, são geralmente
testagem de hipóteses ao invés de um processo au extintas, ao passo que os comportamentos mais dó
tomático de fortalecimento de resposta, o foco do ceis do papel do paciente trazem as maiores re
interesse da pesquisa se deslocou das variáveis tra compensas e a promoção no sistema graduado de
dicionais de aprendizagem para o papel da cons enfermarias. Além do mais, quaisquer tarefas que
ciência no processo de aprendizagem. Os resulta sejam atribuídas aos pacientes contribuem prima
dos desta linha de pesquisa e a sua implicação pai^a riamente para a manutenção do hospital e não para
teorias da mudança comportamental serão revistos o desenvolvimento ulterior de habilidades ocupado*
mais adiante. nais. Com a retirada prolongada dos incentivos ha-
154 CONTROLE POSITIVO
bítuais para sustentar repertórios comportamentais designados pela equipe como repostas a reforçar.
complexos, os pacientes geralmente apresentam Em segundo lugar, uma moeda simulada, que pode
uma perda progressiva de competência social e vo ser trocada por uma variedade de objetos deseja
cacional, que os torna ainda mais incapazes para dos, atividades e privilégios especiais, pode ser
governar suas vidas lá fora. ganha pelo desem penho dos com portam entos
Além do reforçamento da dependência institu apropriados. Em terceiro lugar elabora-se um sis
cional e perdas comportamentais por meio de in tema de trocas no qual um número especificado de
centivos deficientes, o abandono gradual dos pa pontos ou fichas é necessário para a compra de vá
cientes pelos seus parentes, a sua estigmatização rios objetos e privilégios, à semelhança das transa
como mentalmente doentes, e a sua perda de con ções financeiras na comunidade externa.
tato com pessoas e eventos contemporâneos fora do O controle poderoso exercido por procedimentos
hospital contribuem ainda mais para a cronicidade. de reforçamento de grupo sobre o comportamento
PS
A maioria dos pacientes que são sujeitos aos pa d e .unia população inteira de uma enfermaria psi
drões tradicionais de contingência nos hospitais psi quiátrica é inelhor exemplificado por uma série de
quiátricos durante um período de tempo de vários experimentos (Ayllon e Azrin, 1965) nos quais as
anos se torna permanentem ente resignada ou a contingências organizacionais de reforçam ento
uma vida institucional regimentada simples ou a foram sistematicamente variadas. Em cada um dos
U
um padrão de “uma vida de paciente intermitente” estudos, poderiam ser usadas as fichas ganhas para
(Friedman, von Mering e Hinko, 1966). Embora, assegurar, entre outras coisas, a privaticidade (por
O
na troca pela autodeterminação a residência no exemplo, a escolha do dormitório, a escolha do
hospital ofereça mais conforto físico e menos exi grupo de refeições, a seleção de móveis pessoais e
gências rígidas do que os pacientes com limitados uma divisão do quarto), liberdade para deixar a en
R
recursos pessoais podem atingir no seu próprio fermaria e o terreno do hospital, uma audiência
ambiente social, é evidente que eles são raramente particular com os membros da equipe hospitalar,
alegres ou contentes com a sua existência abrigada.
Portanto, mudanças radicais nos padrões de con
tingências de reforçamento no nível do sistema so
cial são necessárias para que os estabelecimentos
G
oportunidades de recreação (por exemplo, filmes,
concertos, funções sociais, aluguel exclusivo de um
rádio ou de um aparelho de televisão), e uma va
riedade de artigos que poderiam ser obtidos me
KS
institucionais possam desempenhar uma im por diante uma solicitação especial.
tante função de reabilitação. Um experimento, conduzido em um grupo de
Os anos recentes testemunharam um uso cada pacientes femininas crônicas, estudou a influência
vez maior do reforçamento contingente numa base das contingências de reforçamento sobre o desem
O
de grupo. Estes procedimentos foram aplicados sis penho das pacientes em trabalhos fora da enferma
tematicamente, por exemplo, em enfermarias hos ria que normalmente eram efetuados por pessoal
pitalares para psicóticos altamente debilitados (Au- hospitalar pago. Na fase inicial, cada paciente esco
BO
howe e krasner, 1968; Ayllon e Azrin, 1965) e al lhia a sua tarefa preferida e recebia 70 fichas por
coólatras (N arrol, 1967), em program as sócio- cada dia de seis horas completas. Para verificar se a
educacionais para crianças retardadas (Bijou, 1965; seleção das tarefas era na realidade determinada
Girardeau e Spradlin, 1964), em programas aca por incentivos extrínsecos ou por recompensas so
dêmicos corretivos para crianças que abandonam a ciais e intrínsecas derivadas da própria atividade,
escola ou têm baixo rendimento (Clark, Lackowicz na segunda fase do estudo as pacientes já não rece
EX
e Wolf, 1968; Wolf, Giles e Hall, 1968), em sistemas biam um pagamento por participar de suas tarefas
educacionais para lidar com perturbações de com preferidas, mas podiam ganhar fichas por executar
portamento (O’Leary e Becker, 1967) e para fo trabalhos não-preferidos. Durante a terceira fase, o
mentar um comportamento produtivo em sala de reforçamento original para a tarefa preferida foi
D
qüentes (Cohen, 1968). Diferentemente dos siste trabalho geralmente irregular e letárgico das pa
mas tradicionais de tratamento, estes programas cientes antes do programa de incentivos, sob o sis-,
contêm sistemas de incentivos de remuneração pelo lema de economia simulada todas as pacientes apa
trabalho e estruturas de contingência que são alta reciam pontual e regularmente ao trabalho, sem se
mente compatíveis com as usadas na sociedade em queixar, muito em bora tivessem liberdade pa
geral. ra deixá-lo sempre que o desejassem. O fato de
Existem três características principais das práticas que a estrutura de contingências era altamente
de reforçamento orientadas para os grupos na me influente na regulação do com portam ento do
dida em que são aplicadas a populações que exi grupo é demonstrado pelo fato de que todas as pa
gem, pelo menos inicialmente, o uso de incentivos cientes, exceto uma, mudaram as suas tarefas ime
extrínsecos. Em primeiro lugar, os comportamen diatamente quando o reforçamento foi deslocado
tos essenciais a um funcionamento eficiente no das tarefas preferidas para as não-preferidas (Fig.
dia-a-dia (por exemplo, autogoverno, realizações 4-5). Quando as pacientes foram informadas de
educacionais, com portamento social apropriado, que as pessoas com as quais estavam trabalhando
desem penho satisfatório no trabalho etc.) são estavam muito satisfeitas com o seu desempenho e
CONTROLE POSITIVO 155
PS
U
Número médio de horas em que os pacientes trabalhavam por dia quando o reforçamento positivo varioa
O
Figura 4-5.
entre tarefas preferidas e n ã o - p r e f e r i d a s . Ayllon e Azrin, 1965.
R
gostariam que elas continuassem, mas que para dar O sistema de contingências também foi igual
uma chance às outras pacientes no desempenho da
tarefa não haveria distribuição de fichas, várias pa
cientes explicaram às enfermeiras: “Não, querida,
G
mente eficiente para manter uma participação ativa
das pacientes em várias atividades da enfermaria,
incluindo tarefas complexas çomo nutricionistas,
auxiliares de secretaria, garçonetes e balconistas da
KS
eu não posso trabalhar na lavanderia sem receber
nada. Trabalharei no laboratório. Se eu não for
paga, não poderei pagar o meu aluguel.” . . . “Você
quer dizer que se eu trabalhar no laboratório não
serei paga? Preciso das fichas para comprar cigar
O
PS
tragrupo pela manipulação das variáveis de refor
çamento. Uma complicação adicional foi infeliz
mente introduzida em vários estudos pela designa
ção do período não-contingente como “férias pa
gas", o que traz consigo uma forte sugestão de que
U
o trabalho poderia ser temporariamente abando
nado. As mudanças observadas foram, portanto,
O
provavelmente uma função composta de condições
de incentivo, influências de modelação e disposi
ções sustentadas pelas instruções.
R
As sucessivas alterações de desempenho consis-
tentemente obtidas pela variação sistemática das es
cionais.
Atthowe e R rasner (1968) estabeleceram um
programa de incentivos numa população psiquiá
BO
loja do hospital, em trabalhos de limpeza e arrum a trica de uma enfermaria completa, com 86 pacien
ção das enferm arias, lavanderia, auxiliares dos tes esquizofrênicos crônicos cujo tempo de hospita
programas recreativos, cuidado pessoal dos outros lização variava de 4 a 49 anos, com uma residência
pacientes, e serviços especiais. Como mostramos na institucional mediana de 24 anos. Como grupo,
Fig. 4-6, quando as recompensas eram dependentes estes pacientes tinham mantido uma existência apá
tica, isolada e quase que inteiramente vegetativa na
EX
contingente foram reinstalados, a sua panicipação maioria tinha perdido por completo o contato com
foi reiniciada imediatamente e se manteve no nível a comunidade externa e estava essencialmente re
IN
atividades sociais e vocacionais. Cada paciente era fato, um contribuinte significativo para as mudan
imediatamente recompensado depois do término ças observadas é demonstrada pela participação so
bem-sucedido de alguma atividade desejável. Um cial aumentada dos pacientes quando eram recom
sistema de sanções negativas e multas fietidas foi pensados mais generosamente, ao passo que a par
estabelecido para controlar comportamentos acen- ticipação nas atividades de grupo declinava um
tuadamente desorgapizadores e roubo de fichas. pouco quando a razão das trocas era reduzida mais
Este último problema atesta o fato de que os com tarde a seu nível original.
portamentos criados pela economia simulada eram, Entre as mudanças generalizadas estavam uma
de fato, análogos aos que ocorriam na comunidade comunicação social maior dos pacientes, medida
externa maior. por avaliações de comportamento, e maior inte
Aqueles que funcionavam de forma mais inde resse pela comunidade externa. Isto se refletia no
pendente e podiam assumir responsabilidade com uso crescente de passes, de uma média de 9 por
pleta pelas suas tarefas eram recompensados mais semana antes do tratamento a 37 por semana de
PS
generosamente. Contudo, recebiam as fichas ape pois que o programa de incentivos foi instituído.
nas uma vez por semana para ensinar-lhes a contro Na realidade, 26 por cento dos pacientes deixaram
lar os seus gastos. Utilizando sistemas bancários e o hospital de dia ou com passes noturnos pela pri
de organização de orçamentos, os pacientes eram meira vez em muitos anos, e um paciente, para
U
preparados para o êxito na vida da comunidade. quem o hospital se tinha convertido num local
Bônus especiais em fichas também eram oferecidos permanente de residência, se aventurou a sair pela
se os pacientes recebessem avaliações satisfatórias primeira vez em 43 anos!
O
no seu treinamento industrial e fizessem contribui As taxas de alta também confirmaram os efeitos
ções valiosas para o seu grupo social. benéficos das novas práticas de reforçam ento.
R
O programa de incentivo da enfermaria também Vinte e um pacientes deixaram o hospital por meio
espelhava as práticas da sociedade em outro as do grupo privilegiado, quase o dobro da taxa de
pecto. Os pacientes que eram capazes de funcionar altas da mesma enfermaria no ano anterior. Os re
produtivamente nas suas tarefas, que tinham um
plano de alta realista e suficientes economias em fi
chas para pagar uma taxa substanciai de entrada,
G
sultados gerais do projeto indicam que a alteração
das estruturas de contingência num sistema social
hospitalar pode não apenas agir para anular os
KS
podiam, se existissem vagas, se juntar a um grupo efeitos entorpecentes d a institucionalização prolon
privilegiado na enfermaria que os liberava de quase gada, mas também produzir aumentos generaliza
todas as restrições institucionais. Os membros rece dos nos modos autodiretivos e interpessoais de
biam um cartão de crédito que lhes permitia uma comportamento.
liberdade considerável em regular o seu próprio Um programa compreensivo de tratamento não
O
com portam ento. Dava-lhes todas as vantagens tem apenas por objetivo produzir um funciona
dentro do sistema de fichas e outras vantagens adi mento eficiente em áreas circunscritas dentro da
BO
cionais. Tinham, por exemplo, liberdade para esco instituição, mas restabelecer as competências sociais
lher seus lugares para comer e dormir, recebiam e vocacionais necessárias para um autogoverno
passes extras nos dias de semana e privilégios ilimi bem-sucedido na sociedade em geral. Pacientes ins
tados de saída nos fins de semana, e podiam depo titucionalizados que possuem habilidades valiosas
sitar o seu dinheiro nos bancos da comunidade sem no mercado e que têm um ambiente razoavelmente
quaisquer restrições a sua retirada. adequado para o qual retornar podem, indubita
EX
A eficácia deste programa de treinamento foi velmente, se beneficiar muito de programas que
avaliada em termos de vários índices, incluindo oferecem uma orientação adequada e apoio refor
tanto alterações nos comportamentos específicos çador para padrões adaptativos de comportamento.
que eram envolvidos nas contingências de reforça- Resultados favoráveis podem ainda ser assegurados
inento e resultados mais generalizados. Consistentes pelo uso de facilidades transicionais que incorpo
D
com os resultados de Ayllon e Azrin (1965), ram sistemas de contingência que fomentam o tra
descobriu-se que os com portamentos desejados balho assalariado e uma participação cada vez mais
IN
eram restaurados rápida e dramaticamente depois ativa na vida da comunidade. Contudo, pacientes
da introdução dos incentivos. Isto é mostrado mais hospitalizados crônicos, que carecem de recursos
claramente pelo decréscimo acentuado da freqüên pessoais e sociais, apresentam o problema de reabi
cia com que os auxiliares tinham que acordar os litação mais desafiador. Resultados baseados em es
pacientes, ajudá-los a se vestir, fazer suas camas e tudos de acompanhamento mostram que aproxi
prepará-los para as atividades diárias. O número de madamente 70 por cento dos pacientes crônicos,
infrações matinais caiu de uma taxa de linha de que receberam alta de hospitais psiquiátricos vol
base de aproximadamente 75 por cento por se tam dentro de 18 meses, qualquer que seja o tipo
mana antes do reforçamento a cerca de 9 por cento de tratamento recebido durante o período de hos
depois de vários meses de tratamento. Os pacientes pitalização (Fairweather, Simon, Gebhard, Wein-
também apresentavam uma maior participação nas garten, Holland, Sanders, Stone e Reahl, 1960;
atividades de grupo, que também eram desempe Fairweather e Simon, 1963). Como conseqüência
nhos especificamente reforçados. Alguma evidência desta elevada taxa de readmissão, os hospitais se
adicional de que o sistema de incentivos era, de defrontam com uma população sempre crescente
158 CONTROLE POSITIVO
de pacientes crônicos. Além do mais, pelas razões ascendendo a um nível superior ou voltando para
citadas acima, a maioria destes pacientes está desti um mais baixo, dependendo da adequação das de
nada a uma residência institucional permanente. cisões tomadas pelo grupo.
É geralmente reconhecido que, a não ser que os Desta forma, os comportamentos sociais exigidos
papeis e as competências sociais adquiridos pelos tanto dos pacientes como da equipe eram acentua-
pacientes em contextos institucionais aproximem-se damente diversos nos dois programas. No trata
dos comportamentos essenciais para fazer face às mento convencional a equipe hospitalar era prima
exigências mais rigorosas da comunidade, é alta riamente responsável pela regulamentação das ati
mente improvável que eles sejam capazes de conse vidades diárias dos pacientes, por tomar decisões
guir um ajustam ento in d ep en d e n te satisfató relativas à distribuição de dinheiro, passes e outros
rio. l endo isto em mente, Fairweather e seus cole tipos de privilégios, e pela execução de vias de ação
gas (Fairweather, 1964) conduziram um experi disciplinares ou corretivas. Os pacientes, por sua
mento de campo elaborado para determinar se pa vez, ocupavam o papel tradicional subordinado dos
PS
cientes cronicamente hospitalizados podem ser de pacientes. Em contraste, embora a equipe no grupo
volvidos à comunidade, dando-se-lhes oportunida de tomada de decisões pudesse contrariar ou modi
des para desenvolver, dentro do hospital, alguns ficar recomendações orientadadas para a ação pro
dos comportamentos de solução de problemas e au postas pelos pacientes, os membros da equipe fun
U
togoverno exigidos na comunidade externa. cionavam primordialmente como consultores ou
Os participantes, predominantemente pacientes pessoas a quem recorrer na última instância. Esta
esquizofrênicos, foram em parelhados quanto à estrutura social dava aos pacientes uma considerá
O
idade, diagnósüco e duração da hospitalização, e vel liberdade e responsabilidade para governar suas
atribuídos aleatoriamente a um programa hospita atividades e tomar decisões que afetavam significa
R
lar convencional ou a grupos de soluções de pro tivamente o comportamento dos seus membros.
blemas liderados pelos pacientes. Os programas de Num esforço para controlar os possíveis efeitos
tratamento eram similares em todos os aspectos, das características diferenciais da equipe sobre o
com a única exceção de que os pacientes nos dois
grupos desenvolviam atividades diferentes durante
duas sessões diárias de duas horas. Os pacientes do
G
comportamento social dos pacientes, os dois con
juntos de membros da equipe trocaram de enfer
marias na metade do experimento. A eficácia rela
KS
programa de tratamento convencional participa tiva das abordagens de tratamento foi objetiva
vam de tarefas individuais e tinham unja hora de mente avaliada em termos de diferentes critérios,
recreação durante o tempo em que o outro grupo incluindo um conjunto de avaliações do comporta
se engajava em trabalhos de grupo e sessões de to mento, preferências sociometricamente obtidas,
mada de decisões. auto-avaliações, índices administrativos e questio
O
Na condição de tarefas de grupo foi aplicado um nários de atitude. A ftiaioria das avaliações compor-
sistema de incentivos no qual os participantes rece tamentais foi executada durante as 27 semanas do
BO
biam recompensas financeiras e privilégios de passe experimento, outras foram obtidas ao término do
cada vez maiores, contingentemente ao desenvol estudo e seis meses após o mesmo.
vimento de quatro níveis de um comportamento Os dados volumosos deste estudo de campo, am
social e autodiretivo progressivamente mais com bicioso e bem executado, demonstram que o pro
plexo. A responsabilidade para avaliar ou modifi grama especificamente destinado a restabelecer a
car o comportamento de cada membro e para fazer reauvidade interpessoal e o comportamento auto-
EX
funcionar o sistema de incentivos foi delegada ao dirigido nos pacientes apresentou resultados consis-
grupo. Este se reunia diariamente para discutir o tentemente superiores. Os pacientes nesta última
progresso dos membros individuais, seus proble condição de tratam ento rapidam ente formaram
mas e modos construtivos mediante os quais tais grupos coesos, nos quais os membros apresentavam
problemas poderiam ser contornados ou modifica
D
necessitadas pelo grupo para chegar a uma decisão cientes, e assumiram responsabilidade total para lo
razoável, mas a equipe se abstinha de recomendar calizar empregos para os membros elegíveis. Tam
que linhas de ação deveriam ser tomadas. bém estabeleceram programas educativos informais
Cada semana, o grupo também tinha encontros nos quais membros do grupo que tinham habilida
com a equipe hospitalar para apresentar suas re des ou conhecimentos específicos ensinavam.
comendações relativas ao nível alcançado por cada Os climas contrastantes das duas enfermarias são
membro individual, assim como o dinheiro e os ainda mais acentuadamente revelados nas atitudes
passes concomitantes para a próxima semana, as específicas e comportamentos sociais dos padentes.
ações tomadas com relação ao comportamento pro Em relação aos padentes que receberam o cuidado
blemático e suas avaliações do progresso, moral e e tratamento convencionais, aqueles que estavam
funcionamento do seu grupo. A equipe, então, no programa de recompensas graduadas mostra
de posse das recomendações do grupo, aprovava vam uma reatividade interpessoal maior, mais co
algumas e rejeitava outras. Se fosse necessário, o municação verbal e um comportamento menos es
grupo inteiro poderia ser recompensado ou punido tranho. Alguns destes dados comparativos são re
DONTROLE POSITIVO 159
PS
U
O
R
G
KS
O
Figura 4-8. Mudanças comportamentais apresentadas por pacientes que receberam o tratamento hospitalar con
vencional ou um programa destinado a estabelecer competências de soluções de problemas ou de autogoverno, a)
percentagem de observações durante as quais os pacientes manifestaram comportamento patológico; b) percentagem
BO
de observações durante as quais os pacientes se engajaram em interações sociais que envolviam três ou mais pessoas; c)
tempo total em que os dois grupos de pacientes permaneceram silenciosos durante os encontros semanais da enfermaria;
d) número médio de pacientes participantes das discussões nas reuniões semanais da enfermaria. Fairweather, 1964.
EX
sumidos graficamente na Fig. 4-8. Nas suas respos foram efetuadas no comportamento dos pacientes,
tas ao teste sociométrico e aos questionários, os pa apesar da equipe explicitamente oferecer apenas
cientes do grupo de incentivos viam os seus com um conjunto geral de contingências e relativamente
panheiros de forma mais positiva; viam o seu tra poucos incentivos concretos. Os investigadores rela
D
tam ento como mais difícil e exigente, mas, ao tam que as recompensas monetárias e o privilégio
mesmo tempo, mais benéfico; e demonstravam um de passes eram essenciais na fase inicial do trata
mento, mas que depois dos pacientes estabelecerem
IN
PS
U
Figura 4-9. Número de infrações ocorrentes sob dois tipos de sistemas de contingência: 1) Na condição de administra
O
ção, um dos rapazes comprou uma situação de administrador que lhe atribuía a responsabilidade de selecionar indiví
duos para desempenhar as tarefas e de pagar-lhes ou aplicar-lhes uma multa de acordo com a qualidade do seu
trabalho. O administrador recebia ou perdia pontos de acordo com o número de tarefas completas. 2) Na condição de
R
multas, a equipe impunha penalidades a todo o grupo pelo fracasso no desempenho das tarefas exigidas. Os números
sob as setas indicam o número de pontos que constituíam as multas do grupo. Phillips, 1968.
grandes penalidades aplicadas pela equipe ao mento aplicado pela equipe, envolvendo um con
grupo inteiro falharam na redução do comporta junto elaborado de contingências exatas do tipo
mento indesejável, ao passo que este foi rápida e usado por Ayllon, Atthowe e Krasner, com um
permanentemente eliminado quando penalidades em que alguns incentivos são usados para fomentar
menores foram individualmente aplicadas por um uma forte coesão do grupo, mas as funções contro
membro do grupo que tinha assumido a responsa ladoras são em grande parte delegadas aos mem
EX
bilidade de lidar com atividades perturbadoras bros do grupo. Os méritos destas duas abordagens,
(Fig. 4-9). que envolvem muitos princípios comuns, poderiam
O êxito de sistemas de contingência manipuladaser facilmente combinados para formar um pro
pelo grupo ainda se apóia sobre os processos de re grama no qual um conjunto especificado de con
D
equipe, funcionam como os principais agentes re Outra variável de contingência importante que
forçadores. Embora Fairweather enfatize o funcio requer uma investigação sistemática é a relacionada
namento autônomo dos grupos e a emergência com o fato de saber se recompensas estão ligadas a
gradual das normas de grupo, deve ser assinalado desempenhos individuais ou a conjuntos inteiros de
que os membros da equipe continuamente aplica comportamento. No último sistema, são elaboradas
vam contingências específicas aos grupos, tanto em fases sucessivas que requerem níveis de funciona
seus comunicados escritos descrevendo os compor mento progressivamente mais elevados em várias
tamentos problemáticos de membros individuais áreas diferentes. À medida que os indivíduos pro
que se esperava que o grupo controlasse como nas gridem por estas etapas seqüenciais, adotando os
suas respostas avaliativas às decisões do grupo. Por padrões de comportamento exigidos, recebem re
tanto, não é de surpreender que cada grupo desen compensas e privilégios num a quantidade cres
volvesse padrões de reforçamento que fomentavam cente. Ao tratar um grupo de adolescentes delin
as mudanças comporta mentais desejadas. Na au qüentes, Martin, Burkholder, Rosenthal, Tharp e
sência de uma monitoria adequada por parte da Thorne (1968) descobriram que um sistema de re-
CONTROLE POSITIVO 161
força me li to contingente à fase produzia mudanças biente social para o qual os pacientes retornam é o
mais rápidas e uniformemente positivas no com- principal determinante de um ajustamento bem-
(joriamento do que um sistema prévio no qual res sucedido à comunidade, Fairwealher decidiu insti
i s t a s específicas eram individualmente reforçadas. tuir um subsistema social que provou ser altamente
\ a realidade, esla última estrutura de contingência eficaz no hospital numa residência cotnuniiária
produziu muitas disputas e acusações de parciali onde as exigências comportameniais são essencial
dade, porque, num esforço de assegurar um refor- mente as mesmas de qualquer membro residente
çamenu) adequado do progresso feito pelos jovens na comunidade. Um grupo de pacientes crônicos
funcionando em diferentes níveis, se lhes exigia sa foi formado no hospital, e, depois que eles conse
tisfazer a diferentes padrões com poria mentais e guiram alcançar um grau suficiente de organização
realizações diversas para obter recompensas simila e coesão no hospital e tiveram um treino adequado
res. Os autores atribuem a maior eficácia do sis no com portamento de tomada de decisões para
tema de reforçamento ligado a comportamentos de funcionarem eficiente mente, o grupo foi transfe
PS
papel ao faio de que uma especificação clara dos rido para uma residência localizada tia comuni
objetivos seqüenciais e dos compor lamentos neces dade. Ali os membros eram responsáveis, como
sários para a promoção de nina fase a ouLra servem unidade, para regular o comportamento recíproco,
como deixas e guias positivos para mudanças nas cuidando dos negócios da residência, incluindo a
U
direções desejadas. compra e a preparação de alimentos, mantendo re
Na maior parte das aplicações dos princípios de gistros dos gastos e empréstimos pessoais do seu
reforçamento a pessoas grandemente incapacita próprio banco de poupança e, quando necessário,
O
das, as melhorias comportamentais são inicialmente obtendo informações sobre a dosagem de remédios
obtidas por um reforçamento imediato de desem de um médico da localidade, assim como a adminis
R
penhos específicos. Contudo, à medida que suas tração dos medicamentos. Além disso, os pacientes
competências aumentam, os indivíduos são promo operavam um negócio rentável (um serviço de lim
vidos a um sistema de fases análogo às estruturas peza, tanto comercial como residencial, suplemen
de reforçamento hierárquico existentes na vida da
comunidade.
Apesar das mudanças favoráveis no comporta
G
tado por trabalhos de jardinagem, transportes ge
rais e pinturas) na comunidade. Assumiam a maior
parte da responsabilidade de receber e processar
KS
mento produzidas pelo programa do grupo de in ordens de serviço, arranjar transporte para o tra
centivos desenvolvido por Fairweather, as taxas de balho, atribuição dos pacientes a tarefas apropria
readmissão para os pacientes que receberam as di- das a seu nível de funcionamento, e administração
feremes formas de tratamento foram essencial do sistema de incentivos financeiros. Inicialmente,
mente as mesmas. Oitenta por cento dos psicóticos uma equipe de pesquisa coordenava as operações
O
que tinham sido hospitalizados por um período diárias da residência, mas mais tarde esta função
breve mantiveram um ajustam ento adequado à foi desempenhada com mais êxito ainda por unia
pessoa leiga com consultas periódicas oferecidas
BO
duzir program as de modificação do com porta das pelo grupo. A renda dêrivada do negócio, que
mento dentro de um contexto hospitalar. As exi foi de t:m total de 52.000 dólares num período de
gências com portamentais para um ajustamento dois anos e nove meses, era distribuída semanal
bem-sucedido ao hospital e à comunidade diferem mente entre os participantes, sendo que a parte
destinada a cada membro era determinada pela sua
D
posta consistenies com os da sociedade ein geral, a A fim de avaliar a eficácia relativa deste pro
maioria dos comportamentos sociais e vocacionais grama, baseado na comunidade, um grupo indivi
que podem ser desenvolvidos nos hospitais tem um dualmente emparelhado de 75 pacientes recebeu o
valor de transferência limitado. Afastamentos mais tratamento das decisões tomadas em grupo no hos
radicais das abordagens institucionais convencio pital, junto com os tipos convencionais de ajuda e
nais são claramente necessários para que se possa terapia ambulatorial após a alta da instituição. Me
devolver os psicóticos cronicamente hospitalizados didas repetidas das mudanças nas auto-avaliações
à sociedade como membros socialmente produtivos. dos pacientes, suas atitudes, comportamento inter
Um segundo experimento conduzido por Fair pessoal e habilidade para manter um ajustamento
weather e seus associados (Fairweather, Sanders, independente satisfatório na comunidade foram
Maynard e Cressler, 1969) representa um exemplo realizadas.
de um programa inovador que tem uma promessa Os resultados deste projeto mostram que, dentro
considerável para a reabilitação de psicóticos crôni de unia subcomunidade de apoio, indivíduos croni
cos. Baseado na evidência de que o tipo de am camente marginais podem lidar com os seus negó-
162 CON TRO LE PO SITIVO
PS
U
O
R
G
KS
Figura 4-10. Percentagem de (empo em que os pacientes nos programas de residência e de hospital permaneciam na
comunidade durante um período de acompanhamento de 40 meses. O programa de residência foi terminado após 33
O
cios diários e também ter uma vida valiosa e cons competências sociais e vocacionais necessárias para
trutiva. Um estudo de acompanhamento de qua viver independentemente. Contudo, aqueles que
renta meses revelou que o subsistema criado expe não têm famílias imediatas para a elas retornar e
rimentalmente sustentava os pacientes na comuni pouco ou nenhum recurso financeiro, e aqueles
dade, ao passo que aqueles tratados no hospital que provavelmente seriam incapazes de obter um
EX
eram incapazes de se ajustar à vida lá fora (Fig. emprego individualmente no mercado de trabalho
4-10). As diferenças entre estes grupos sáo ainda aberto por causa de sua idade avançada, habilida
mais surpreendentes no seu funcionamento voca des vocacionais limitadas e estigmatização podem
cional: o sistema residencial permitia aos pacientes obter o ajustamento mais satisfatório no seu pró
D
manter um trabalho remunerado, ao passo que ne prio sistema social de apoio. Individualm ente,
nhum dos pacientes que receberam o tratamento podem não ser capazes de enfrentar as exigências
no contexto h ospitalar estava em pregado em
IN
PS
U
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R
G
Figura 4-11. Percentagem de tempo em que os pacientes dos programas de residência e de hospital estavam emprega
dos durante tempo integral nos 40 meses de acompanhamento. Fairweather et al., 1969.
KS
A adoção de, e aderência a, padrões de compor apoiado numa economia de pontos foi portanto es
tamento pró-sociais é altamente dependente das tabelecido para fomentar comportamentos acadê
O
proficiências adequadas nas habilidades educacio micos. Os pontos obtidos por escores de rendi
nais e vocacionais necessárias para uma aquisição mento elevados em cursos instrucionais programa
BO
legítima de recursos que são altamente valorizados dos e outras atividades acadêmicas podiam com
pela cultura. A maioria dos delinqüentes se en prar acomodações favoráveis e uma ampla gama de
contra em desvantagem por causa de déficits gros serviços e comodidades. Partindo de um paga
seiros nas habilidades educacionais necessárias a mento básico de 10 a 15 dólares por semana, pagos
um ajustamento vocacional satisfatório. Em conse para um rendimento escolar elevado e um numero
qüência, aqueles que valorizam posses caras e as re míninuo de horas de trabalho acadêmico, os rapazes
EX
compensas sociais que se seguem a símbolos de sta poderiam ganhar um nútnçro adicional de pontos
tus elevado são forçados a recorrer a meios des- pelo estudo.
viantes para obtê-los. Não importa que outros obje A maioria das sanções coercitivas impostas aos
tivos possam ser selecionados na reabilitação de de delinqüentes pelas instituições corretivas estava au
D
linqüentes, pouco progresso será alcançado ná alte sente deste programa. Ao invés disto, havia um
ração do comportamento anti-social, a não ser que grande apoio sobre incentivos positivos, iniciativa
os ofensores habituais sejam dotados de habilidades individual e autodeterminação. Consistentemente
IN
vocacionais que permitam alcançar de modo legí- com o sistema básico de contingências na vida diá
iimo as recompensas materiais e sociais desejadas. ria lá fora, os rapazes pagavam pelos seus quartos
Portanto, o programa experimental elaborado por particulares (6 dólares a semana, ou 600 pontos) e
Cohen focalizou prim ordialm ente a criação de selecionavam refeições que variavam na sua escolha
competências educacionais e de atitudes favoráveis de alimentos. Utilizavam os pontos para alugar
a atividades acadêmicas. itens recreativos e salas particulares, e para pagar a
Os garotos adolescentes, escolhidos aleatoria tutoria em cursos desejados. Podiam também pagar
mente para o programa experimental de uma po pela admissão a atividades de recreação ou lazer
pulação institucionalizada, apresentavam históricos oferecidas por um salão de projetos e com prar
escolares extrem am ente pobres. Todos tinham mercadorias disponíveis na loja do projeto ou por
abandonado a escola, tinham muito pouco interesse meio de catálogos de venda pelo correio. Sempre
por questões acadêmicas e nenhum deles derivava que possível, os preços dos itens correspondiam a
alguma satisfação intrínseca das. atividades intelec taxas na comunidade externa. Dentro deste am
tuais. Um sistema de recom pensas extrínsecas biente, os rapazes tinham considerável IthtMiUidt*:
164 CONTROLE POSITIVO
determinavam as suas próprias rotinas de estudo e membro não são afetados pelo comportamento dos
descanso, selecionavam as suas próprias atividades outros. Pode-se, naturalmente, influenciar o grau
lie lazer e planejavam seus próprios programas ex de interação social entre as pessoas mesmo numa
ternos, ajudavam no planejamento das refeições e base de reforçamento individualista simplesmenie
tinham privilégios de enviar cartas e receber visitas. pela recompensa das respostas de cooperação (Co-
Um rapaz poderia deixar de participar de qual hen e Lindsley, 1964), ou outras formas de com
quer atividade escolar ou de reabilitação, mas se os portamento social.
seus pontos caíam abaixo de 1.200, ele era posto Em algumas ocasiões, um agente de mudança
em "socorro”. Embora esle problema surgisse ra jxxle ser chamado para aumentar o nível de res
ramente, enquamo estivesse de “socorro” o rapaz ponsabilidade mútua, coesão, compromisso e con
perdia o seu quarto particular, comia a refeição ins tribuição a um alvo comum a todos os membros do
titucional comum e nao tinha nenhum luxo extra. grupo. Esle objetivo pode ser alcançado de forma
Este sistema de tratamento corresponde, de perto, mais eficiente instituindo-se contingências de refor
PS
aos princípios sugeridos antes para alterar o com çamento numa base grupai. Nestas circunstâncias,
portamento numa base de reforçamento positivo os resultados recompensáveis individuais depen
criando um ambiente 110 qual as gratificações não- dem do nível de desempenho do grupo e, ao con
contingentes são oferecidas num nível adequado, trário, um comportamento censurável de qualquer
U
porém baixo, e 110 qual o desempenho de modos membro do grupo pode produzir conseqüências
desejados de comportamento produz novas recom negativas para o grupo inteiro. Fazendo com que as
pensas. Se um tal sistema for bem administrado, as pessoas compartilhem nas conseqüências de suas
O
ações hostis e de resistência por parte dos parti decisões e ações, o grau de responsabilidade social e
cipantes devem ser acentuadaniente reduzidas envolvimento social é aumentado desta forma.
R
porque o seu próprio comportamento determina o Houve algumas investigações de laboratório da
seu bem-estar, não as ordens da administração. produtividade do grupo como função de diferentes
Sob contingências ambientais especificamente
elaboradas para apoiar a aprendizagem, os rapazes
delinqüentes que tinham recebido poucas aprova
ções prévias pelo estudo e tinham abandonado a
G
lipos de estruturas de contingência grupais. Glaser
e klaus (1966) descobriram que o comportamento
de grupo era influenciado por contingências de re
forçamento do mesmo modo que o comportamento
KS
escola, trabalharam produtivamente em atividades individual quando se exigia que iodos os membros
educacionais autodirigidas. Estudaram consciente do grupo se desempenhassem de forma correta para
mente nas suas horas de folga e ganharam mais do produzir resultados recompensadores para si pró
que dois graus num leste padronizado de rendi prias. O rendimento do grupo aumentou quando
mento escolar durante um período de oito meses.
O
dos com êxito não apenas na reabilitação de delin grupo não mais resultava em conseqüências refor
qüentes, mas também na reabilitação de outras çadoras. Por outro lado, uma estrutura de contin
criat iças educacional mente retardadas. gência 11a qual uma resposta correta por qualquer
O sistema de contingências acima discutido linha membro produzia um reforçamento para todo o
por objetivo a implantação quase exclusiva de com grupo muitas vezes resultou numa deterioração do
portamentos escolares e, embora mudanças benéfi desempenho para o grupo ou para os membros in
EX
cas nas atitudes e 110 comportamento social fossem dividuais. Esta última condição é análoga a situa
notadas, não houve nenhum esforço intencional ções naturais onde os indivíduos se beneficiam dos
para alterar os padrões de resposta interpessoais. esforços de outra pessoa. O declínio da readvidade
As contingências poderiam, naturalmente, ser fa pode facilmente ser controlado pelo uso de uma
cilmente estendidas para incluir um com porta
D
numa ocupação escolhida, removeria as principais penho geral do grupo. O leitor lembrar-se-á certa
barreiras pessoais a um ajustamento pró-social bem mente de que o programa de tratamento residen
sucedido. cial de Fairvveather se apoiava neste Lipo de sistema
de contingência para a alocação das recompensas
SISTEMAS DE CONTINGÊNCIA financeiras.
INTERDEPENDENTES Wolf e Risley (1967) oferecem alguma evidência
Os sistemas sociais precedentes envolvem prima sugestiva com relação à eficácia relativa dos siste
riamente contingências grupais, mas os reforça- mas de contingência individual e grupai. Eles es
menios ainda são administrados numa base indivi tudaram a quantidade de comportamento desorga-
dual. Por exemplo, o pagamento das tarefas é ge nizador em sala de aula apresentado por uma
ralm ente o mesmo para todos os membros do criança na ausência de qualquer reforçamento es
grupo, embora a compensação real dependa do pecial e durante períodos subseqüentes, nos quais
lipo e da quantidade de trabalho realizado por cada ou ela sozinha ganhava cinco pontos, ou ela e seus
pessoa. Sob tais condições, os resultados de um colegas ganhavam cada qual um ponto pelo com-
CONTROLE POSITIVO 165
poriainenio aceitável dela própria. É interessante maioria das sociedades. Portanto, quando contin
notar que as atividades da criança foram controla gências interdependentes são instituídas para au
das de forma mais eficiente sob a contingência mentar a unidade do grupo e a sua responsabili
grupa], mesmo que esta só produzisse um quinto dade, cada meinbro também deveria ter oportuni
do reforçam ento oferecido na base individual. dades para uma realização independente.
A parentem ente, por meio da recom pensa em
grupo, os agentes de mudança foram capazes de Sumário
assegurar o auxílio dos colegas na modificação de O presente capítulo fez uma resenha das teorias
comportamento de sua companheira. Os achados de reforçamento em termos da sua ênfase relativa
do presente estudo de casos, e os citados anterior sobre as funções dos reforçadores, ou de associação
mente, são suficientemente interessantes para justi e fortalecimento ou de incentivo. A evidência em
ficar uma exploração sistemática ulterior dos efei relação às explicações alternativas dos efeitos do re-
tos de diferentes estruturas de. contingência grupai forçamento em termos de redução dos impulsos,
sobre o desempenho social.
PS
estimulação sensorial e oportunidades para se enga
Práticas de reforçam ento orientadas para o ja r em respostas prepotentes também foi revista. O
grupo têm sido adotadas em larga escala na Uniào faio de que eventos acentuadam ente diversos
Soviética para o propósito explícito de desenvolver podem assumir funções reforçadoras e que o seu
uma fone moralidade coletivista em seus cidadãos valor é determinado por propriedades relacionais e
U
(Bronfenbrenner, 1962). Este objetivo é alcançado não-fixas apresenta dificuldades para a elaboração
pelo uso de coletivos escolares, onde o comporta de uma teoria inclusiva do reforçamento.
mento das crianças é regulado por recompensas e
O
Como o comportamento é em grande parte go
castigos aplicados numa base grupai, de modo que vernado pelas suas conseqüências, o reforçamento
iodos os membros de uma dada unidade social são diferencial foi extensivamente aplicado, tanto iso
R
afetados pelas ações de cada indivíduo. A socializa ladamente como em combinação com outros méto
ção na escola é iniciada nos graus elementares distri dos, para sobrepujar déficits comportamentais,
buindo as crianças em unidades de filas. Mantêm-se
registros diários do desempenho de cada grupo
numa variedade de atividades sociais e acadêmicas.
Os graus que uma pessoa recebe são baseados no
G
manter padrões de resposta existentes e alterar o
comportamento desviante que é apoiado pelos seus
efeitos recompensadores.
Três conjuntos de variáveis são importantes na
KS
desempenho geral da sua unidade, e não nas suas aplicação eficiente dos prindpios de reforçamento.
realizações individuais e, de tempo em tempo, as Em primeiro lugar, é essencial elaborar um sistema
filas mais bem-sucedidas são elogiadas em público, de incentivos capaz de manter um elevado nível de
recebendo privilégios especiais. A realização cole reatividade durante longos períodos. Sem incenti
tiva é ainda mais reforçada introduzindo-se compe
O
de incentivos de grupo, o controle e a modificação das podem ser reforçadas inadvertidam ente e,
do comportamento é delegado ao grupo de colegas. mesmo quando contingências adequadas são elabo
Inicialmente os professores estipulam os padrões radas, elas muitas vezes só se aplicam esporadica
de comportamento e avaliam o desempenho do mente.
D
grupo. Tão cedo quanto possível, porém, a respon A terceira exigência se relaciona com métodos
sabilidade da avaliação do comportamento dos in suficientemente poderosos para induzir ou eliciar
divíduos e da aplicação de recompensas e sanções os modos desejados de respostas com freqüência
IN
é delegada aos membros da unidade social. Esta suficiente para que possam ser fortemente estabe
transferência é conseguida designando*se monito lecidos por meio do reforçamento positivo. Várias
res de fila para cada atividade que devem julgar as estratégias diferentes podem ser usadas com este
tarefas, criticar falhas dos seus companheiros e ela propósito. A abordagem mais popular, embora não
borar meios eficientes para ajudar os outros mem necessariamente a mais eficiente, se apóia sobre um
bros da sua coletividade. Sempre que os indivíduos processo de moldar gradualmente as respostas emi
são elogiados pela sua ajuda mútua, a contribuição tidas em padrões desejados pelo reforçamento sele
para a realização do grupo é cuidadosamente regis tivo de aproximações cada vez mais maiores. Con
trada. tudo , na maioria dos casos as respostas complexas
Uma aplicação universal e rígida dos sistemas de podem ser criadas mais rapidamente pela provisão
reforçamento orientados para o grupo que amor de guias de desempenho sob a forma de pistas de
daçam a autonomia e a autodeterminação são cla modelação verbais ou comportamentais apropria
ramente antitéticas aos objetivos valorizados pela das. Outro método, aplicável quando as respostas já
166 CONTROLE POSITIVO
estão disponíveis mas são raramente exibidas, de Resultados de uma miríade de projetos nos quais
pende das técnicas de indução e apagameiuo nas as condições exigidas são adequadamente estabele
quais quaisquer estímulos que exercem um forte cidas demonstram que o reforçamento contingente
controle sobre o comportamenio desejado é usado pode ser um meio altamente eficiente de estabele
até que sua incidência seja suficientemente aumen cer e modificar diversas classes de resposta. Isto é
tada, depois do que os estímulos auxiliares são gra revelado de forma mais impressionante por estudos
dualmente retirados. nos quais um comportamento desviante tenaz é su
cessivamente eliminado e reinstalado, variando-se
O processo de mudança comportamentaf é ainda as suas conseqüências sociais. Tal controle replica-
mais complicado pelo fato de que é necessário or tivo poderoso sobre o com portam ento não tem
ganizar condições de aprendizagem adicionais para apenas considerável significância terapêutica, mas
que os padrões de resposta estabelecidos possam se acentua o papel influente das contingências am
generalizar além da situação específica de trata
PS
bientais na regulação das perturbações de compor
mento, e persistir muito tempo depois que as con tamento. Condições que são geralmente atribuídas
tingências especificamente criadas tenham sido re a determinantes internos complexos, que se pre
tiradas. Mudanças permanentes do comportamento sume operar em grande parte a nível inconsciente,
podem ser obtidas reduzindo-se gradualmeute a respondem de maneira ordenada ao controle ex
U
freqüência ou a m agnitude do reforçainento; terno.
deslocando-se o lugar do reforçamento de agentes Em anos recentes tem havido um reconheci
O
de mudança Lransitórios a contingências favoráveis mento crescente de que, em sua maioria, os proble
existentes no ineio social da pessoa; e alterando a mas sociais devem ser tratados primariamente a nível
forma dos eventos que assumem funções reforça de sistemas sociais e não a nível individual. Portan
R
doras. Desta forma, incentivos extrínsecos arbitrá to, uma considerável importância é atribuída a exten
rios, que podem ser necessários durante as primei sões dos procedimentos de reforçamento demons
ras etapas do tratamento, podem ser gradualmente
retirados e substituídos por pistas simbólicas que
significam realizações de desempenho conjugadas
com conseqüências auto-avaliativas e com outras
G
trando que mudanças amplas nas atitudes e no
com portamento podem ser obtidas aplicando-se
contingências organizacionais aos membros de um
determinado grupo. Sistemas interdependentes de
KS
conseqüências auto-reforçadoras. À medida que contingência, nos quais os resultados para os mem
tais eventos estimuladores que são mais intrinseca bros individuais dependem do desempenho con
mente relacionados com os desempenhos adquirem junto do grupo e não de suas próprias realizações,
uma capacidade de reforçam ento, padrões de também foram empregados com êxito para aumen
comportamento pessoalmente valorizados podem
O
exercem algum grau de controle sobre o compor cias positivas, sanções negativas são habitualmente
tamento crucial e variando-se sistematicamente as empregadas, especialmente nos esforços para redu
condições estimuladoras sob as quais o comporta zir padrões de resposta nocivos. Us processos en
mento é estabelecido. volvidos no controle aversivo são revistos a seguir.
D
IN
CONTROLE POSITIVO 167
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5
Controle Aversivo
Conseqüências negativas são amplamente usadas veremos mais tarde. Boa parte dos resultados des
PS
para modificar o comportamento, mas tais práticas favoráveis, entretanto, que são algumas vezes asso
são geralmente desaprovadas. Existem diversas ciados com a punição, não são necessariamente ine
razões, algumas racionalmente fundamentadas e rentes aos métodos como tais, mas resultam do
outras insustentáveis, pelas quais é a punição consi modo inconveniente como são usados. G rande
U
derada de modo desfavorável. Uma das principais quantidade do comportamento humano é de fato
objeções ao controle aversivo tem origem na crença modificada e rigorosamente regulada por contin
difundida de que forças internas, freqüentemente gências aversivas naturais sem nenhum efeito in
O
inconscientes, constituem os principais determinan conveniente. Na base de conseqüências negativas,
tes do comportamento. A partir dessa perspectiva, as pessoas aprendem a evitar ou a se proteger de
R
a punição pode temporariamente suprimir certas quedas perigosas, objetos quentes ou em chamas,
expressões, mas os impulsos subjacentes conservam sons ensurdecedores e outros estímulos nocivos;
sua força e exercem pressão contínua para des trocam elas suas roupas para se m anter con
carga através de ações alternativas. Além disso,
quando a punição é descrita na teoria comporta-
mental como possuindo efeitos inibitórios ou su
G
fortáveis em temperaturas abafadas ou frias; e se
empenham em considerável quantidade de com
portamento que é quase inteiramente mantido pela
KS
pressivos, também tal descrição contém a implica remoção de estímulos irritantes. Nos casos em que
ção de que tendências de respostas não-expressadas certas atividades podem ter efeitos danosos, con
permanecem ativas em nível encoberto, reque tingências aversivas devem ser socialmente organi
rendo, portanto, neutralização contínua. zadas de modo a assegurar a sobrevivência. Rara
Tanto os efeitos imediatos quanto os de longo mente é a punição criticada como ineficiente ou
O
prazo das sanções negativas podem ser considera por acarretar efeitos colaterais prejudiciais quando
dos de modo menos deformado, se supormos que o usada, por exemplo, para ensinar crianças peque
BO
comportamento é amplamente determinado por nas a não inserir objetos metálicos em tomadas elé
suas conseqüências. Até quando um determinado tricas, a não atravessar ruas movimentadas diante do
padrão de respostas produzir resultados aversivos sinal vermelho e a não desempenhar comporta
de força suficiente para suplantar os efeitos de ou mentos que resultem em mutilação. Certos tipos de
tras condições mantenedoras, não será ele usado. sanções négativas, se aplicadas de modo ponde
Se modos mais efetivos de obtenção dos resultados rado, podem da mesma forma ajudar na elimina
EX
desejados forem desenvolvidos durante esse pe ção do comportamento autofrustrador e do com
ríodo, a mudança comportamental iniciada por portamento socialmente prejudicial sem criar ne
meio da punição será conservada após terem sido nhum problema especial.
descontinuadas as contingências aversivas. Assim, Raramente é a punição utilizada como método
por exemplo, se o comportamento competitivo for único para modificar o comportamento: contudo se
D
tornado não-funcional por meio do estabeleci usada de modo judidoso em conjunto com outras
mento de conseqüências desfavoráveis e a coopera técnicas destinadas a promover opções de respostas
IN
ção recompensada, a competição será finalmente mais efetivas, esses procedim entos combinados
abandonada sem nenhuma repressão de energia in podem apressar o processo de mudança. Além
terna. Quando a pessoa se comporta de modo coo disso, conseqüências aversivas são usadas com fre
perativo, não significa isso que esteja ela supri qüência para modificar comportamento divergente,
mindo ativamente uma resposta competitiva ati que é automaticamente auto-reforçador pelo pró
vada de modo simultâneo, da mesma maneira que prio fato de sua ocorrência, e nos casos em que cer
uma pessoa sentada não está continuamente lu tos padrões de respostas devem ser postos rapida
tando contra uma resposta de ficar de pé, o que se mente sob controle, devido a seus efeitos nocivos
esforça simultaneamente por expressar. sobre quem o desempenha ou sobre outras pessoas.
O uso do controle aversivo é também freqüente As conseqüências negativas podem envolver
mente posto em questão na base de que produz tanto a remoção de reforçadores positivos quanto a
uma certa variedade de produtos secundários inde apresentação de estímulos aversivos. Os eventos
sejáveis. Esse argumento tení um certo valor, como dessa última categoria podem tomar a forma de
174
CONTROLE AVERSIVO 175
punição física, estimulação por choque, retroali ticas dos agentes sociais punitivos. O grau de con
mentação auditiva desagradável ou reprimendas trole exercido pelas conseqüências aversivas sobre o
verbais. No primeiro caso, podem ser instituídos comportamento em cada caso particular é, por
custos para respostas ou as pessoas podem vir a ser tanto, altamente dependente de um conjunto de
privadas de privilégios, posses, contatos sociais e variáveis operativas além das contingências de pu
outros eventos reforçadores positivos aos quais este nição.
jam habituadas. Embora ambas as operações repre Diversas formulações teóricas foram apresenta
sentem formas de punição, têm elas efeitos diferen das para explicar os variados efeitos comportamen
tes sobre o comportamento e podem produzir di tais produzidos por diferentes tipos de punição.
versos efeitos colaterais ^ reações antagônicas com Teorias da emotividade condicionada (Estes, 1944),
relação aos agentes punitivos. Conseqüentemente, por exemplo, atribuem os efeitos da punição prin
os achados de pesquisas e de aplicação dessas duas cipalmente a reações emocionais que são classica
formas de punição serão discutidos separadamente. mente condicionadas a estímulos ambientais d u
PS
rante o andamento do tratamento aversivo. Mais
Apresentação de Reforçadores Negativos tarde, a exposição à situação ameaçadora gera uma
Teorias e pesquisa sobre punição mostraram-se ativação emocional que perturba ou inibe a res
principalmente interessadas pelo grau em que pa posta. O principal apoio a esse ponto de vista é for
U
drões de respostas podem ser removidos através da necido por um sem-número de estudos demons
administração direta de estímulos aversivos. Por trando que o comportamento pode ser suprimido
pela apresentação de estímulos ambientais que te
O
motivos éticos óbvios, os estudos das mudanças
comportamentais produzidas por punição de alta nham sido previamente pareados com experiências
intensidade ou longa duração restringiram-se a su aversivas. A teoria da punição apresentada por
R
jeitos infra-hum anos. Pesquisas de laboratório Mowrer (1960) supõe que emoções negativas são
sobre os efeitos da punição em seres humanos utili condicionadas não somente aos estímulos ambien
tais, mas também às pistas proprioceptivas geradas
zam tipicamente estímulos físicos fracos ou conse
qüências negativas simbólicas. Nesses estudos, a
punição é aplicada a respostas que estão sendo si
multaneamente mantidas com esquema de refor-
G
pelo próprio comportamento punido.
De conformidade com as interpretações em ter
mos de competição de respostas (Guthrie, 1935), a pu
KS
çamento positivo intermitente ou a padrões de res nição produz mudanças comportamentais por eli-
posta que estão sendo submeddos à extinção. ciar respostas incompatíveis na presença de pistas
que anteriormente controlavam o comportamento
CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS punido. As respostas competitivas são presumivel
DOS EFEITOS DA PUNIÇÃO
O
uma redução ou cessação da responsividade. Após utiliza processos mediadores, é seriamente posta à
terem sido as conseqüências aversivas descontinua prova pelos resultados de experimentos em que es
das, o comportamento reaparece algumas vezes, tímulos previamente neutros são dotados de pro
sugerindo esse fato que a punição suprime as ten priedades de inibir respostas sob condições em que
dências de respostas, mas não as elimina. Sob de animais são esqueleticamente imobilizados com cu
terminadas condições, entretanto, a punição pode rare para impedir a ocorrência da resposta motora
EX
produzir m udanças duradouras no com porta (Rescorla e Solomon, 1967). Não obstante, em con
mento. Como mostraremos mais tarde, o grau em dições ordinárias a punição ativa respostas instru
que um comportamento é positivamente reforçado mentais bem como medo; conseqüentemente, a
constitui um determinante tanto do poder de redu punição pode produzir comportamentos notavel
D
ção da punição quanto da extensão em que as res mente diferentes sob níveis semelhantes de ativação
postas punidas são subseqüentemente restabeleci emocional, dependendo do tipo de resposta que
das. Além das contingências recompensadoras que originalmente evocava (Bolles, 1967). Portanto, o
IN
mantém o comportamento punido, os efeitos do mesmo estímulo punitivo pode acelerar ou retardar
mesmo podem variar consideravelmente em função o desempenho do mesmo comportamento, depen
de inúmeras outras variáveis (Azrin e Holz, 1966; dendo da maneira como venha a ser aplicado, seja
Church, 1963; Solomon, 1964), incluindo a inten evocando respostas que sejam compatíveis ou que
sidade, duração, freqüência e distribuição das con entrem em conflito com as atividades em curso
seqüências aversivas; sua relação temporal com o (Fowler e Miller, 1963).
comportamento a ser modificado; a força das res Enquanto a teoria precedente explica os efeitos
postas punidas; a disponibilidade de padrões de da punição em termos de aprendizagem associativa
comportamento alternativos que sejam positiva competitiva, as explicações por condicionamento da
mente reforçáveis; a presença de estímulos discri esquiva (Dinsmoor, 1954) enfatizam as conseqüên
minativos que indicam a probabilidade de resultar cias reforçadoras que são produzidas pelo compor
um dado desempenho em conseqüências adversas; tamento incompatível e servem para mantê-lo. Até
o nível de instigação para desempenhar o compor onde retraimento, esquiva e inibição da resposta
tamento negativamente sancionado; e as caracterís fornecem alívio com respeito à estimulação pertur-
176 CONTROLE AVERSIVO
badora, o comportamento é por esse modo refor para fortalecer novos desempenhos. Após ter um
çado. ruído suprimido completamente uma resposta re
As teorias acima mencionadas enfatizam a capa compensada em esquizofrênicos crônicos, foi ele
cidade da punição em motivar, reforçar e eliciar então pareado de modo intermitente com fichas
respostas. Por outro lado, as hipóteses da discrimi que tinham valor de recompensa. Mais tarde, o
nação (Holz e Azrin, 1961, 1962) focalizam a função ruído contingente somente manteve um número
informativa dos eventos punitivos. Os efeitos inibi enorme de respostas numa tarefa nova. Os experi
tórios produzidos por meio da punição vicária, por mentos acima ilustram como os eventos punitivos
exemplo, resultam em grande parte da informação podem alcançar funções reforçadoras duradouras,
transmitída aos observadores de que certos tipos de que após se tornam dissociadas das condições ori
desempenho são negativamente sancionados em si ginais de reforçamento. O comportamento auto-
tuações particulares (Bandura, 1965). As proprie punitivo resultante, quer esteja sendo mantido por
PS
dades discriminativas da punição são também cla medo de ameaças que já não existem quer por an
ram ente reveladas por experimentos em que a tecipação de recompensas ocasionais que já não
ordem temporal da punição, recompensa e extin estão mais disponíveis, aparece claramente como
ção são sistematicamente variadas. Punições seve inapropriado, se considerado em termos de reali
ras, que precedem regularm ente a recompensa, dade objetiva.
U
acabam por sinalizar p c ? orçamento positivo e acele No material apresentado acima, revisamos sepa
ram a resposta; contrariamente, punições até então radamente os diversos efeitos que podem os estí
O
fracas e ineficentes, quando precedem a remoção mulos punitivos te r sobre o com portam ento.
de recompensas, reduzem a resposta. De modo se Grande parte dos teóricos adere a uma concei-
melhante, punições que iniciam um período de alí tuação ein termos de processos múltiplos para a
R
vio com relação à estimulação dolorosa adicional maneira como a punição leva à redução da resposta
tornam-se sinalizadores de segurança e levam a um e para os fatores que dirigem toda recuperação
aumento da responsividade (Hendry e Van Toller,
1964).
Evidência adicional da maneira pela qual estímu
G
subseqüente das respostas punidas. De conformi
dade com esse ponto de vista, a estimulação dolo
rosa produz ativação emocional generalizada e res
postas de retraimento e fuga, que são habitualmen
KS
los punitivos podem adquirir propriedades nota
velmente diferentes através de sua relação com ou te incompatíveis com o comportamento em questão
tros eventos reforçadores é demonstrada de modo e podem, portanto, substituí-lo. Qualquer estímulo
notável por Sandler e Quagliano (1964). Após ma ambiental e qualquer resposta que regularmente
cacos terem aprendido a prem er uma alavanca precede ou acompanha as experiências aversivas
O
para evitar o recebimento de choques, uma se adquire, através da associação por contigüidade, a
gunda contingência envolvendo estimulação dolo capacidade de ativar reações emocionais por algum
rosa auto-administrada foi introduzida. Premer a tempo, após ter sido a punição descontinuada.
BO
Ainda mais surpreendente, após ter sido o choque sos, serão capazes de suplantar as tendências de
que esquivavam completamente descontinuado en respostas punidas. Entretanto, na ausência de al
IN
quanto as respostas de premer a alavanca (que se ternativas adequadamente recompensadas, após ter
tinham tornado agora inteiramente inúteis) ainda sido a punição descontinuada, as propriedades
produziam conseqüências dolorosas, os animais aversivas dos estímulos mantenedores podem ser
continuavam a se punir desnecessariamente com as extintas por meio da exposição repetida a situações
imensidades de choque que os tinham levado ante provocadoras de medo ou de eliciações de respostas
riormente a trabalhar para evitar. Qualquer pessoa parcialmente suprimidas sem conseqüências desa
que observasse o comportamento autopunitivo des gradáveis, por observação de desempenhos não-
ses animais, sem ter conhecimento de sua história punidos ou por outros modos de informação. Nes
de aprendizagem prévia, ficaria sem dúvida intri ses tipos de condições, o comportamento inibido fi
gada com seu tenaz “masoquismo”. nalmente reaparecerá.
As descobertas de um estudo de Ayllon e Azrin
(1966) identificam as condições sob as quais um es LOCUS DO CONTROLE AVERSIVO
tímulo anteriormente punitivo pode não somente Como observado na discussão precedente, diver
manter a resposta por meio de seu valor de infor sas interpretações alternativas foram propostas com
mação, mas servir também como reforço positivo relação à fonte dos estímulos controladores para os
CONTROLE AVERSIVO 177
processos inibitórios criados por meio da punição. com o estímulo sobre a aquisição, generalização e
De acordo com uma explicação, o controle reside extinção da supressão condicionada de respostas
principalmente nos estímulos ambientais, Assim, se que haviam sido interm itentem ente reforçadas.
uma pessoa é submetida regularmente a experiên Para os sujeitos do grupo de estímulos, os choques
cias punitivas numa situação particular, as pintas foram continuamente associados com um som, mas
ambientais, através de suas novas propriedades de as respostas de premer a alavanca não foram nunca
evocar emoção, produzem supressão generalizada punidas; por outro lado, na condição da resposta, o
do comportamento, esquiva dos eventos situacio- som foi apresentado e os animais só recebiam os
nais ameaçadores ou atividades destinadas a evitar choques quando premiam a alavanca na presença
sua ocorrência. do estímulo auditivo. Ambos os procedimentos re
Uma segunda interpretação supõe que o controle sultaram em supressão quase completa da resposta
aversivo reside no próprio comportamento punido. sempre que o som era apresentado. Entretanto, o
Quando conseqüências punitivas aparecem contin método destinado especificamente a dotar as pistas
PS
gentemente a certos tipos de respostas, supõe-se ambientais de propriedades aversivas produziu
que pistas proprioceptivas que acompanham a res perturbação emocional e inibição generalizada
posta adquiram a capacidade de ativar reações maiores, mostrando-se mais resistente à extinção.
emocionais condicionadas. A estimulação aversiva, Resultados essencialmente idênticos foram obddos
U
gerada pela iniciação de comportamento anterior em estudo anterior (Hunt e Brady, 1951), mesmo
mente punido, evita a completação da seqüência de quando os sujeitos na condição de punição contin
ação. Acredita-se que a inibição da resposta seja re gente à resposta receberam maior número de cho
O
forçada pela terminação da ativação emocional ques. Num experimento muito bem planejado, em
produzida pela resposta. Assim, nesse último caso, que houve equiparação do número e da distribui
R
indivíduos aprendem a evitar sofrimento autoge- ção temporal dos choques, Hoffm an e Fleshler
rado por meio da supressão do comportamento do (1965) descobriram que animais punidos somente
tado de valência negativa. respondiam na presença de certas pistas, exibiam
Um certo número de pesquisadores tem compa
rado o poder supressivo da punição quando é ad
ministrada em base contingente à resposta ou em
G
m enor supressão comportamental e extinguiam
mais rapidamente do que os sujeitos emparelhados
que eram punidos durante a apresentação das
KS
conjunção com estímulos ambientais específicos in mesmas pistas sem consideração de seu comporta
dependentemente do comportamento em questão. mento. Fornecem assim esses resultados a evidência
Revelam esses estudos que ambos os tipos de con de que, sob certas condições, as inibições estão
tingências aversivas reduzem a resposta; mas, há principalmente ligadas à situação, e não à resposta.
Ao contrário da conclusão acima, Azrin (1956)
O
viam recebido choques somente em ocasiões em lação aversiva não contingente na supressão de
que não estavam engajados em comportamento de comportamento recompensado. Azrin atribui os re
prem er a alavanca, exibiam essencialm ente o sultados conflitantes ao fato de terem os sujeitos em
mesmo grau de supressão e recuperação subse seu experimento recebido choques severos durante
qüente das respostas de premer a alavanca que os um longo período de tempo, enquanto que os es
sujeitos cuja punição fora estritamente contingente tudos anteriores haviam utilizado períodos de pu
EX
à ocorrência da resposta. Num teste ulterior para nição relativamente breves. Essa interpretação não
se descobrir se os efeitos supressivos eram dirigidos explica inteiramente os diversos resultados porque
por estfmulos ambientais ou por pistas produzidas Boe e Church (1967) reportam que a punição con
pela resposta, os animais cujo comportamento de tingente à resposta é mais supressiva do que o cho
que não contingente, mesmo quando administrada
D
citação da resposta punida, mas permitia a neutra choque, descobriu que os efeitos supressivos da
lização das pistas situacionais ameaçadoras. Um punição contingente à resposta eram maiores do
leste subseqüente de extinção revelou que a mera que os e fe ito s in ib itó rio s da p u n iç ã o não-
reexposição à situação provocadora d e m edo, contingente, mas as diferenças entre os dois proce
porém sem a ocorrência de experiências desa dimentos eram relativamente pequenas.
gradáveis adicionais, resultou em extinção quase A inibição da resposta deve ser, com m uita
completa da supressão condicionada. Os achados probabilidade, altamente ligada à situação quan
desse estudo sugerem assim que as pistas internas do as experiências aversivas ocorrem re p e ti
que acompanham a resposta punida exercem in dam ente no mesmo am biente. Se, p o r o u tro
fluência relativamente pequena sobre o processo lado, respostas selecionadas são punidas na pre
inibitório. sença de estímulos específicos e não incorrem em
H unt e Brady (1955) estenderam a pesquisa conseqüências negativas dentro do mesmo am
acima num estudo comparativo da influência da biente quando outros fatores estão ausentes, então
punição contingente à resposta e da correlacionada os estímulos onipresentes terão menos prohabili-
178 CONTROLE AVERSIVO
dade de se tornarem dotados de forte poder su- mantido quando mudanças nos estados afetivos,
piessivo. Sob condições naturais, é clarof raramente que constituem conseqüências reforçadoras intrín
a punição é contingente ao comportamento so secas, são mediadas por pistas produzidas pela res
mente, nem são as pessoas invariavelmente punidas posta.
em d eterm inadas situações. Ao invés disso, o Testes empíricos da teoria da retroalimentação
mesmo comportamento pode ser permitido ou pu afetiva da internalização pesquisaram principal
nido no mesmo ambiente, dependendo da pessoa mente a supressão comportamental como função
para quem o comportamento é dirigido, do papel da apresentação temporal da punição. No para
ocupado pelo executor do comportamento, da oca digma experimental típico, em cada uma das séries
sião e das circunstâncias específicas sob as quais o de ensaios as crianças eram solicitadas a escolher
comportamento é exibido, das condições instigado entre um brinquedo altamente atrativo e um relati
ras e de inúmeros outros fatores. vamente desinteressante. Numa das condições, o
PS
Teorias periféricas da inibição da resposta, que experimentador repreende verbalmente as crianças
enfatizam a resposta esquelética e a sua retroalimen assim que fazem um movimento em direção ao
tação proprioceptiva concomitante, não podem ex brinquedo atrativo; nos outros tratam entos, as
plicar adequadamente a maneira altamente discri crianças só são verbalmente repreendidas depois de
minativa com que as mesmas respostas são livre terem alcançado o brinquedo e com ele se divertido
U
mente apresentadas ou suprimidas sob condições durante períodos de tempo variados. No teste da
ligeiramente diferentes. A regulação do compor supressão comportamental internalizada, é apre
O
tamento humano com base em experiências puniti sentado às crianças um brinquedo altamente atra
vas é, sem dúvida alguma, mediada em grau consi tivo e um desinteressante e anota-se se elas tocam
derável através de mecanismos centrais. As princi ou não o brinquedo atrativo durante a ausência do
R
pais questões teóricas e evidência básica envolvidas experimentador. O fundamento lógico para a sele
no controle simbólico da responsividade, que constitui ção da variável temporal reside no fato de se supor
um terceiro locus para o controle aversivo, são
apresentadas 110 capítulo final deste livro. Supõe
essa concepção que, na base de informações trans
mitidas por conseqüências anteriores da resposta
G
que a punição aplicada no início de uma transgres
são empresta o máximo de ansiedade a pistas que
acompanham respostas preparatórias; como conse
qüência, o comportamento é suprimido em seus es
KS
experimentada em conjunto com diferentes pistas tágios iniciais. Por outro lado, se a punição é apli
situacionais, temporais e sociais, os indivíduos infe cada seguindo a transgressão, a ansiedade e suas
rem a probabilidade de que um dado curso de ação respostas inibitórias concomitantes não são evoca
será ignorado, recompensado ou punido. O com das até que o ato desaprovado tenha sido comple
O
essencialmente um processo em que estados afeti se ausente da sala, inúmeras pistas controladoras
vos aversivos ou agradáveis tornam-se ligados a pis externas permanecem. Seria de fato interessante
tas produzidas pela resposta e suas representações estudar a diminuição progressiva das respostas de
cognitivas. Esse resultado é presumivelmente ob autocontrole à medida que progressivamente mais
tido na base do condicionamento clássico da ansie pistas comuns à situação de punição são removidas.
dade a estímulos proprioceptivos inerentes à ação Resultados de diversos experimentos baseados
como tal e, através do gradiente temporal do refor- nesse procedimento (Aronfreed, 1968; Aronfreed
çajnento, a seus precursores comportamentais e e Reber, 1965; Benton, 1967; Walters, Parke e
cognitivos. Assim sendo, estímulos que acompa Cane, 1965) mostram que crianças punidas nos
nham movimentos preparatórios, ou mesmo inten estágios iniciais da seqüência de resposta divergem
ções, ativam a ansiedade, a qual, por sua vez, evita a menos freqüentemente do que as crianças punidas
resposta. A supressão do comportamento é auto- somente após a cotnpletação da transgressão. Além
reforçadora pela redução resultante da ansiedade. disso, quanto mais tempo as crianças permanece
Conseqüentemente, de acordo com essa concepção, rem engajadas no comportamento divergente mais
o comportamento se torna internalizado ou auto- fraca será a supressão com portam ental subse
CONTROLE AVERSIVO 179
qüente. Esses achados foram interpretados como resultados negativos foram atribuídos à separação
fornecendo forte evidência de ser o com porta insuficiente dos componentes dos estímulos resul
mento regulado por conseqüências afetivas condi tantes nas diferentes condições de punição; con
cionadas aos resultantes estímulos intrínsecos corre* tudo, uma interpretação alternativa pode ser apre
latos de um ato punido. Resultados de experimen sentada em termos de redução do efeito perturba
tos com animais, que pesquisaram os efeitos do dor da recompensa que ocorre na condição da pu
atraso da punição sobre a resistência à tentação (So- nição retardada.
lomon, T urner e Lessac, 1968), são também fre Parece também altamente provável que uma pes
qüentemente citados como corroborando a media soa ao censurar uma criança antes mesmo de ser
ção intrínseca da supressão comportamental. um ato divergente desempenhado venha a ser con
Os achados produzidos pelos experimentos sobre siderada como muito mais proibitiva e punitiva do
apresentação temporal da punição não podem ser que uma outra que não mostra desaprovação até
PS
convenientemente interpretados com respeito à hi que a criança já se tenha engajado no comporta
pótese da retroalimentação afetiva porque, entre ou mento transgressivo por algum tempo. De fato,
tros problemas metodológicos, as manipulações do nesse último caso, o punidor deve aparecer como
tempo envolvem uma confusão de variáveis. Na uma pessoa muito mais branda ou, pelo menos,
condição da punição prematura, o comportamento como inconsistente. As crianças punidas nos pri
U
transgressivo produz somente punição, enquanto meiros estágios podem, portanto, tornar-se relutan
que na condição da punição retardada o compor tes em desempenhar o comportamento proibido
O
tamento recebe recompensa imediata e punição não em decorrência da ligação de estados afetivos a
subseqüente. O efeito supressivo da recompensa pistas incipientes produzidas pela resposta, mas sim
imediata seguida pouco tempo depois por punição devido aos intensos medos antecipados evocados
R
é muito mais fraco do que o da punição isolada. No cognitivamente pelo severo disciplinador.
estudo realizado por Solomon, por exemplo, ca Além dos problemas metodológicos considerados
chorros novos privados de alimento, que foram fi
sicamente punidos pelo experimentador assim que
tocavam em alimento proibido, exibiam maior re
sistência à divergência do que cachorros novos pu
G
adma, o tipo de tarefa de discriminação udlizado
na maior parte dos experimentos sobre a ocasião da
punição não é <J mais conveniente para a determi
nação do grau em que a supressão da resposta é
KS
nidos pouco tempo após terem começado a consu mediada por suas pistas proprioceptivas. Deve-se
mir a saborosa carne de cavalo. A diferença na ini isso ao fato de envolver a seleção, tanto de objetos
bição da resposta, que tem sido freqüentemente atradvos quanto não-atrativos, respostas de alcance
atribuída por outros autores à ligação da ansiedade virtualm ente idênticas e, portanto, ativação do
O
em diferentes pontos na seqüência das pistas pro mesmo padrão de estimulação interoceptiva. Con
duzidas pela resposta, simplesmente demonstra que seqüentemente, até onde a ansiedade estíver condi
uma resposta é mais efetivamente jnibida ppr puni* cionada a pistas inerentes à própria resposta, o ato
BO
ção somente do que por uma recompensa inicial de tentar alcançar o objeto não-atrativo deveria ser
seguida por punição. Confundir os efeitos da re igualmente suprimido. A demonstração do controle
compensa e da punição, conforme observa Solo do comportamento por estímulos proprioceptivos
mon, é vantajoso para a compreensão das práticas exigiria que os sujeitos desempenhassem respostas
naturais de socialização, mas os dados têm valor li diferentes, cada uma delas produzindo diferentes
mitado para a elucidação dos processos intrínsecos padrões de estimulação interna que ficariam asso
EX
mento aversivo das pistas produzidas pela resposta dentes das discriminações cognitivas e das conse
ou do fato de que, nas condições de punição retar qüências afetivas simbolicamente geradas. Por ana
dada, as crianças são recompensadas por lhes ser logia com os experimentos sobre a ocasião da puni
IN
permitido brincar brevemente com um brinquedo ção, uma pessoa que tentasse alcançar uma cobra
altamente atrativo antes da administração da re repulsiva ou uma deliciosa sobremesa estaria, com
primenda. Como seria de supor, levando em conta toda a probabilidade, experimentando estados emo
os efeitos de promoção da resposta do reforça- cionais aversivos e prazeirosos, respectivamente.
mento positivo, quanto mais tempo ficam as crian Entretanto, como as respostas desempenhadas para
ças engajadas no comportamento transgressivo re tentar alcançar ambos os objetos produzem padrões
compensador tanto mais fraca é a punição subse de estimulação interoceptiva essencialmente idênti
qüente. Por outro lado, quando as crianças são pu cos, os estados afetivos resultantes devem ser me
nidas quase imediatamente após cometer o ato proi diados centralmente e não perifericamente.
bido (Parke e Walters, 1967; Walters e Demkow, Pelas razões apresentadas acima, é duvidoso que
1963), as diferenças na supressão da resposta entre os paradigmas da ocasião do reforçamento possam
sujeitos punidos mais cedo e mais tarde tornam-se fornecer evidência decisiva a respeito das teorias da
extremamente pequenas e, na sua maior parte, es retroalimentação sensória! da internalização. Entre
tatisticamente desprovidas de significância. Esses tanto, os experimentos de condicionamento com
180 CONTROLE AVERSIVO
PS
vés da generalização para trás, às intenções e repre
postas de aproximação a certos objetos estimulado sentações cognitivas do ato punido. Nenhuma pes
res discrimináveis são submetidas à punição, os es quisa empírica foi até agora realizada em que so
tímulos externos também adquirem a capacidade mente as intenções verbalizadas fossem punidas.
de eliciar respostas emocionais condicionadas que Entretanto, existe alguma evidência, que será exa
U
podem, por sua vez, controlar respostas instrumen minada no Cap. 8, demonstrando que a punição da
tais de modo completamente independente de me representação por imagens de atividades sexuais
O
canismos de retroalimentação correlacionados com divergentes fica associada com uma redução no
a resposta. com portamento correspondente. Aronfreed d e
O papel dos processos centrais na inibição com- monstrou que, quando da punição, crianças são in
R
portamental poderia ser estabelecido por meio dos formadas de que a seleção de brinquedos atrativos
procedimentos tradicionais, com a inclusão de con proibidos é desaprovada porque seu funciona
dições de treinamento em que os sujeitos simples
mente verbalizassem suas escolhas e fossem puni
dos sempre que escolhessem os itens desaprovados
sem realizar nenhuma resposta de tentar alcançá-
G
mento é difícil de ser descrito e são em conseqüên
cia mais apropriados para crianças mais velhas, os
sujeitos mostram-se mais tarde menos inclinados a
violar a proibição. É difícil avaliar sem estudos adi-
KS
los. Se crianças nessas condições exibissem um grau donais se tais instruções facilitam o comportamento
de supressão igual ao de sujeitos cujas respostas submisso porque “criam uma estrutura cognitiva”
motoras de escolha tivessem sido punidas, então os ou p o r o u tras razões. É possível su p o r, por
achados indicariam que a retroalimentação pro exemplo, que punições arbitrariamente adminis
O
prioceptiva não participa do processo regulatório. tradas venham a gerar mais ressentimento e com
Essa questão também pode ser facilmente pesqui portamento de oposição do que quando a base da
sada por meio da comparação dos efeitos inibitórios sanção negativa é consideravelm ente explicada
BO
da punição, quando administrada à parte do corpo (Pastore, 1952). Sob condições em que a base para a
que responde e quando administrada à parte que punição é prindpalm ente transmitida pelos atribu
não responde. Num experim ento relatado por tos físicos dos objetos proibidos, o papel das fun
Kaufman (1964), adultos participaram de uma ções cognitivas fica consideravelmente reduzido.
série de sessões que consistiam de períodos alter Por outro lado, quando os fatores que determinam
nados de respostas punidas e não-punidas. Na me quando dados desempenhos incorrerão em puni
EX
tade dos períodos de punição, o choque foi admi ção são complexos e difirilmente identificáveis, a
nistrado na mão que executava a resposta, en informação das regras que regulam as contingên
quanto que, na outra metade, a mão que não res cias de punição deveria facilitar a auto-regulação da
pondia recebeu o choque. Com intensidades baixas responsividade.
D
e altas, variações no local da punição não tiveram Ao se avaliar o papel dos processos cognitivos no
efeitos diferentes; mas, com intensidades modera controle comportamental, é essencial distinguir
das, o choque aplicado à mão que respondia pro entre os efeitos da representação cognitiva das
IN
duziu supressão ligeiramente maior. Alguma evi próprias respostas e as conseqüências antecipadas
dência adicional de que a inibição da resposta cons simbolicamente geradas. Em teorias que se supõem
titui principalmente um fenômeno cognitivamente serem as propriedades de ativação da emoção dire
controlado aparece no £ato de que, sob punição se tamente condidonadas às respostas, a inidação de
vera, os sujeitos suprimiam completamente a res comportamento de valência negativa ou seus equi
posta, mas as mesmas respostas eram desempenha valentes cognitivos aparece como podendo evocar
das em freqüênda alta e estável durante períodos automaticamente efeitos negativos que põem em
de não-administração de choques na mesma sessão. ação a inibição da resposta. Uma conceituação al
Outro meio efetivo de avaliar se as pistas produ ternativa dos mecanismos de controle consideraria
zidas pela resposta assumem funções controladoras, que os desempenhos são internamente regulados
através do condicionamento afetivo, consistiria na não por emoções diretamente ligadas ao compor
indusão de observadores participantes nos para tamento, mas sim por conseqüêndas aversivas ante
digmas de punição. Esse procedimento foi, de fato, cipadas. Em face de resultados esperados diferen
utilizado por Benton (1967). Enquanto grupos de tes, o mesmo comportamento pode ser inibido ou
CONTROLE AVERSIVO 181
livremente expresso, o que não poderia ocorrer se punição branda ou severa por tocarem um brin
a ativação emocional fosse diretam ente evocada quedo atrativo mas proibido. Metade dos sujeitos
pela resposta. em cada tratam ento passou por um breve pe
Diversos estudos que foram realizados dentro do ríodo livre de vigilância, durante o qual podiam
quadro de referência da teoria da dissonância cog eles transgredir sem risco de punição, enquanto
nitiva também levantam uma questão que é rele que o experimentador que introduzia a proibição
vante para o controle aversivo. Supõe-se nessa for permanecia no aposento com o outro grupo de
mulação que, se uma pessoa receber justificação in crianças. Virtualmente, nenhuma das crianças em
suficiente para seu comportamento, as cognições nenhum dos grupos violou a proibição. Imediata
inconsistentes resultantes gerarão um estado aver mente após a sessão, reavaliaram elas sua preferên
sivo que poderá ser reduzido, entre outros meios, cia pelos diversos brinquedos e, aproximadamente
pela desvalorização da atividade. Quando um indi um mês mais tarde, tiveram a oportunidade de
PS
víduo evita desem penhar um com portam ento brincar com o brinquedo proibido sob condições
transgressivo devido à ameaça severa, supõe-se que permissivas. O com portam ento transgressivo
tenha uma desculpa adequada para seu comporta mostrou-se baixo entre as crianças que receberam a
mento submisso e, portanto, continue a valorizar al ameaça branda e que se abstiveram de divergir na
tamente a atividade proibida. Em contrapartida, se ausência de vigilância social. As crianças que foram
U
exibir ele inibição da resposta em seguida a uma ameaçadas com punição severa e não transgredi
ameaça branda, poderá vir a convencer-se de que ram na ausência do experimentador mostraram-se
O
os objetos desejados não tinham grande valor, a fim mais inclinadas a manipular o brinquedo anterior
de eliminar a dissonância perturbadora criada. mente proibido e não diferiram, quanto a isso, dos
sujeitos na condição combinando ameaça branda e
R
Aronson e Carlsmith (1963) testaram a noção
acima, fazendo com que crianças avaliassem, após vigilância social. É um pouco difícil explicar esses
três tipos de intervenção, um brinquedo que ha resultados em termos de dissonância cognitiva, uma
viam inicialmente classificado em segundo lugar.
Na fase envolvendo ameaça branda, o experimen
tador informou às crianças que ficaria aborrecido
G
vez que, ao contrário do que se esperava e dos
achados de Aronson e Carlsmith, o brinquedo
proibido não foi mais desvalorizado sob sanções
brandas do que sob ameaça de punição severa, ü
KS
se brincassem com o brinquedo proibido; na condi
ção de ameaça forte, as crianças foram informadas autor interpreta os achados discrepantes como in
de que, se utilizassem o brinquedo, o experimenta dicando que os sujeitos não selecionaram a desvalo
dor ficaria muito zangado e retiraria todos os ou rização do objeto proibido como o meio principal
tros brinquedos; e, na condição de controle, o ex de reduzir a dissonância nesse experimento parti
O
perimentador simplesmente removeu o brinquedo cular. Essa explicação pode ter alguma validade,
crucial para determinar se seu valor podia ser au mas levanta questões quanto à possibilidade de ser
a hipótese da dissonância cognitiva refutada empi
BO
gação à transgressão. Com respeito à linha de pre (Powell e Azrin, 1968; Rotenberg, 1959), demons
ferência pelo brinquedo, em seguida à ameaça trando que o grau de redução da resposta constitui
branda, 36 por cento das crianças reduziram sua uma função crescente da intensidade da punição.
preferência pelo brinquedo proibido, enquanto Punição branda geralmente produz pequena mu
nenhuma das crianças reduziu sua apreciação do dança em desempenhos positivamente reforçados;
D
objeto proibido em seguida à ameaça severa ou re em níveis intermediários, conseqüências aversivas
moção física dos itens. Embora ameaças variando têm efeitos parcialmente supressivos, enquanto que
IN
em severidade tenham afetado a avaliação da pre punição intensa tipicamente resulta em reduções
ferência, resta demonstrar se é possível produzir estáveis no comportamento.
avaliação negativa de atividades desejadas somente A evidência conflitante pode ser interpretada de
por meio de ameaças, independentemente de sua diversos modos. Nos experimentos acima, conse
severidade. qüências punitivas foram realmente administradas
A punição é habitualmente aplicada com a inten de modo contingente à ocorrência do comporta
ção de criar controles comportamentais que possam mento transgressivo, enquanto que os estudos
perdurar em situações apropriadas, mesmo quando sobre dissonância envolveram uma única ameaça
os agentes punitivos não estejam mais presentes. verbal de punição. Uma segunda e ainda mais crí
Mudanças na preferência somente têm portanto tica diferença diz respeito ao tipo de comporta
significação limitada, a não ser que fique também mento que está sendo controlado. Na abordagem
dem onstrado que tais mudanças influenciam o do paradigma da dissonância, as respostas são ini
com portam ento au to controlador subseqüente. bidas com relação a uma entre diversas alternativas
Num experimento bem planejado por Freedman positivas possíveis. Sob essas condições vantajosas, a
(1965), grupos de crianças foram ameaçadas com instigação à transgressão é aparentemente tão fraca
182 CONTROLE AVERSIVO
que um'a branda ameaça verbal é suficiente para postas que são negativamente sancionadas. Puni
produzir obediência em todos os sujeitos» indepen ções -severas, particularmente se aplicadas durante
dentemente de eslar o agente da proibição presente período longo, podem resultar em ampla generali
ou não. Dada uma tendência de resposta de qual zação dos efeitos supressivos a padrões de compor
quer força, o comportamento transgressivo é ordi tam en to socialm ente desejáveis. Assim, p o r
nariamente desempenhado mais freqüentemente exemplo, punição severa repetida da agressão pode
em situações livre de vigilância social do que não somente vir a elihiinar esse comportamento in
quando o agente desaprovador está fisicamente conveniente, mas também sufocar a assertividade.
presente (Hicks, 1968). Por contraste, em estudos A amplitude da inibição generalizada que tem ori
sobre o controle aversivo, os pesquisadores selecio gem na punição contingente varia inversamente
nam respostas altamente resistentes à mudança ou com o grau de semelhança das novas situações com
o comportamento a ser eliminado tem sua força as do treinamento aversivo original (Desiderato,
PS
aumentada e é contemporaneamente mantido num 1964; Hoffman e Fleshler, 1961; Honig e Slivka,
favorável esquema de reforçam ento positivo. É 1964). Amplos segmentos do comportamento têm,
precisamente sob esse tipo de circunstâncias que a portanto, a probabilidade de serem negativamente
punição é empregada na vida quotidiana. Nas apli afetados, sob condições em que as contingências de
U
cações de procedimentos aversivos, utiliza-se um punição são ambíguas ou quando as sanções nega
mínimo de sanções negativas necessárias à obtenção tivas são aplicadas a uma área ampla de respostas
de um controle comportamental adequado. Depois sociais em situações diversas.
O
disso, o controle é geralmente mantido por conse Embora a princípio a inibição condicionada apre
qüências negativas ocasionais sob formas mais fra sente ampla transferência, se a punição for descon
R
cas e amplamente simbólicas. tinuada o gradiente da generalização se reduz gra
dualmente até que finalmente o sujeito só suprime
PROBLEMAS POTENCIAIS QUE SURGEM DO a resposta no contexto de estímulos em que o com
CONTROLE AVERSIVO
Devido aos complexos e variados efeitos da puni
ção, o controle aversivo, particularmente quando
G
portamento foi punido. Contudo, estudo realizado
por Hoffman, Fleshler e Jensen (1963) sugere que
alguns pós-efeitos podem persistir. Quando ani
KS
mediado socialmente, deve ser em pregado com mais são submetidos a stress emocional sem relação
cuidado e habilidade nos programas de mudança definida com o episódio anterior três anos após ter
comportamental. Muitas das conseqüências inde sido a supressão comportamental quase completa
sejáveis que podem acompanhar a punição podem mente extinta, os animais ainda exibem inibição
ser até certo ponto evitadas. Alguns desses produ considerável na presença dos antigos estímulos
O
tos secundários comuns e os meios de minimizá-los aversivos. Essas pistas não somente readquiriram,
são discutidos em seguida. sob ativação emocional geral, parte de sua capaci
BO
PS
tude e direção da supressão comportamental não
deverá simplesmente aplicar sanções negativas a
padrões de resposta indesejáveis, mas também or
Figura 5-2. Efeitos do stress emocional sobre a generali
ganizar conseqüências diferentes para formas de zação da supressão da resposta produzida por treino de
comportamento correlatas em diferentes contextos discriminação anterior. Uma razão de 1,0 representa su
U
sociais. Por exemplo, o comportamento de agressão pressão completa. Hoffman e Fleshler, 1964.
física deve ser punido, mas a assertividade conve
O
niente recompensada. Além do reforçamento sele
tivo, a discriminação é grandemente facilitada pelo são mais facilmente encontrados quando existe des-
uso de apoios verbais. Por meio de rotulação dara continuidade marcante nas exigências culturais,
R
do comportamento que é permitido e dos que são como acontece no caso do comportamento dexual.
punidos, pela especificação das ocasiões e lugares Assim, uma criança que foi severamente punida
em que certos cursos de ação se mostram apropria
dos ou inconvenientes, pode ser assegurada maior
especifiddade para os efeitos da punição.
Condicionamento Emocional. O utro acompanha
G
por todas as suas expressões de curiosidade sexual
poderá vir a tornar-se ansiosa a respeito de sexo e
perm anecer sexualm ente inibida em suá vida
adulta, quando esse comportamento já será sodal-
KS
mento possível do controle aversivo, que já foi dis mente aprovado e esperado dela. Quando existe
cutido amplamente em seções anteriores, é consti descontinuidade marcante em termos temporais ou
tuído pela capacidade da punição de dotar estímu situacionais, o uso de procedimentos de treina
los anteriormente neutros de propriedades evoca- mento social que resultam em comportamento rí
O
respostas de esquiva resultantes podem ser mais so minho trabalhoso e tortuoso para obtenção de re
cialmente indesejáveis do que o comportamento compensa alimentar em vez de um outro caminho,
que a punição pretendia originalmente reduzir e, direto e consideravelmente mais fádl. Sempre que
uma vez estabelecidas, podem ser consideravel a via mais fácil era escolhida durante o treina
D
mente mais difíceis de eliminar. mento, um grupo de animais encontrava uma bar
Como veremos mais tarde, nem todas as formas reira física, o segundo grupo não recebia recom
IN
de punição criam ativação emocional condidonada. pensa, enquanto que o terceiro era punido com
É mais provável que a aprendizagem do medo choque elétrico. Os animais punidos abandonaram
acompanhe procedimentos baseados na apresenta a passagem curta mais rapidamente; contudo, tam
ção social de estímulos dolorosos. Sanções negativas bém persistiram mais tempo na via tortuosa após
envolvendo principalmente a remoção de reforça terem sido removidas as sanções negativas origi
dores positivos não têm geralmente efeitos de ati nais. Para que o leitor não conclua que a rigidez
vação do medo. Por meio de escolha cuidadosa dos comportamental constitui um concomitante ine
procedimentos de punição, é possível evitar ou mi vitável do controle aversivo, é necessário enfatizar
nimizar a ocorrência de condicionamento emocio que a punição combinada com treino de discrimi
nal indesejável. nação teria resultado em responsividade apropria
Inflexibilidade Comportamental. Em muitos casos, os damente flexível. Se, por exemplo, atalhos curtos
agentes de mudança têm que enfrentar a tarefa de levarem a choque na presença de uma luz vermelha
desencorajar padrões de comportamento que serão mas resultarem em recompensa sempre que a luz
não somente permitidos, mas também esperados estiver ausente, os animais adquirirão, sem dúvida
em períodos posteriores da vida. Tais problemas alguma, inibições discriminadas e reverterão rapi-
184 CONTROLE AVERSIVO
damente ao caminho fácil, após a descontinuação mente, a retirada de situações parcialmente aversi
da contingência de socialização ser sinalizada por vas é suficientemente reforçadora para contraba
remoção permanente das pistas ambientais signifi lançar os efeitos de condições de reforçamento re
cando punição. lativamente desfavoráveis à que leva o comporta
A natureza transitória da supressão comporta- mento de fuga. Punições de intensidades relativa
mental induzida por meio da punição, freqüente mente baixas, embora ineficazes na supressão do
mente notada em estudos de laboratório, não é de com portam ento, levarão entretanto o sujeito a
surpreender, tendo em vista os curtos períodos du fugir da situação (Azrin et al., 1965). Ilustra esse
rante os quais a punição é tipicamente aplicada. En fato as limitações dos controles aversivos quando
tretanto, existe evidência limitada mas consistente aplicados na ausência de restrições ou atrações que
(Solomon, 1964) de que, sob certas condições, impeçam a retirada.
mesmo a punição excepcionalmente breve pode re Até onde sanções negativas promovem o medo e
PS
sultar em distúrbios profundos do sistema nervoso a esquiva ativa com relação aos agentes de mu
autônomo e inibições duradouras. Poucos choques dança, suas oportunidades de influenciar o com
administrados num animal durante uma resposta portamento de outros ficam reduzidas. Trata-se no
consumatória podem produzir inibições alimenta caso de um empecilho sério, quando se lida com
res extremamente poderosas (Lichtenstein, 1950), extensas mudanças em atitudes e comportamento
U
levando freqüentemente a um estado de inanição social que são mais efetivamente promovidas por
em meio a abundância de suprimento de alimentos meio da modelação. Com contato social restrito,
O
(Appel, 1961; Masserman, 1943). Os fatores res haverá pequena aprendizagem de identificação.
ponsáveis por essa aprendizagem de inibição ex Não se deve supor, a partir dessas observações, que
tremamente rápida e duradoura ainda não foram a punição invariavelmente reduz a modelação es
R
identificados, mas a ocasião da punição parece ser pontânea. Risley (1968) mostrou que, no caso de
uma variável influente. Não é possível, a partir dos crianças tão envolvidas em comportamento bizarro
dados limitados disponíveis, determinar se o poder
supressivo extraordinário da punição bem plane
jada esteja principalmente confinado a respostas
consumatórias em espécies sub-humanas. É preciso
G
auto-injurioso que permanecem indiferentes à es
timulação social, a eliminação do comportamento
inconveniente por meio da punição aumenta sua
atenção e responsividade a pistas modeladoras.
KS
exercer extrema cautela na utilização de procedi
mentos aversivos, se se desejar replicá-los com As tendências à fuga podem, é claro, ser até certo
comportamento instrumental desempenhado por ponto contrabalançadas,aumentando-se o valor de
seres humanos. recompensa dos ambientes em que as punições são
periodicamente administradas e promovendo-se a
O
lhagem usada ou sua liberdade de movimentos é de psicológicas tão poderosas contra a retirada que as
alguma forma fisicamente limitada, de modo a não pessoas permanecerão em situações que também
ser possível escapar da situação experimental. Nem têm aspectos punitivos. É preciso também notar
têm os sujeitos a liberdade de escolher se voltarão a que a punição baseada sobre a remoção de reforça
situações em que seu comportamento é punido ou dores positivos, embora temporariamente frustra-
de interromper sua estada todas as vezes que se dora, tende contudo a manter e até mesmo a au
EX
sentirem descontentes com o tratamento inóspito mentar as tendências de aproximação com respeito
infligido por seus anfitriões. Em situação natural, a agentes de mudança.
entretanto, as pessoas podem geralmente evitar ou Modelação Negativa. Nas aplicações sociais do con
restringir, até certo ponto, o contato com os agen trole aversivo, é preciso também considerar a fun
D
tes punitivos e as situações sociais em que sanções ção modeladora do comportamento punitivo. Em
negativas são freqüentem ente aplicadas (Azrin, inúmeros casos, as pistas modeladoras fornecidas
IN
1958; Powell e Azrin, 1968). Por essa razão, mesmo pelas ações disciplinares são inconsistentes com re
se a punição mostrar ser altamente efetiva no con lação aos efeitos do treinamento direto e portanto
trole do com portamento, poderá revelar-se de se contrapõem a eles. Se, por exemplo, um pai
valor limitado sob circunstâncias nas quais os even punir seu filho fisicamente por ter batido num
tos desagradáveis possam ser facilmente esquiva companheiro, o que pretende ele com a punição é
dos. que a criança deixe de agredir seus companheiros.
Os poucos estudos permitindo fuga de situações Concomitantemente com tal intenção, contudo, o
que contêm alguma característica negativa revelam pai está desavisadamente fornecendo exemplos ví
que os sujeitos repetitivamente recuam para situa vidos do próprio comportamento que pretende re
ções não punitivas, mesmo se os locais de refúgio duzir na criançá. Por medo da retaliação, a criança
forem menos recompensadores (Azrin, Halse, Holz pode não contra-agredir na presença do pai, mas
e Hutchinson, 1965) exigirem maior dispêndio de pode não obstante isso vir a modelar seu compor
esforços para uma dada recompensa (Dardano e tamento pelo comportamento do pai, quando tiver
Sauerbrunn, 1964) ou não oferecerem nenhum re ela própria que lidar com o comportamento de ou
forço positivo (Hearst e Sidman, 1961). Aparente tros ou lentar controlá-lo.
CONTROLE AVERSIVO 185
De modo consistente com a teoria da modelação, 1959, 1960; Holz, Azrin e Ulrich, 1963). Pais que
Hoffman (1960) descobriu em mães que, ao força utilizam freqüentemente controles aversivos pode
rem a obediência a suas exigências através de técni riam sem dúvida apresentar testemunhos corrobo-
cas assertivas de poder, tinham Filhos que exibiam rativos de que, após um certo tempo, a punição
assertividade de poder agressiva ao controlar o deixa de exercer muito efeito sobre o comporta
comportamento de seus companheiros. Embora a mento de seus filhos.
direção da relação causal não possa ser estabelecida Punição severa produz redução notável de com
de modo inequívoco a partir desses dados, resulta portamentos reforçados de .modo intermitente com
dos baseados em estudos de laboratório (Bandurâ, pouca ou nenhuma recuperação, enquanto as res
1965) dem onstram claram ente que padrões de postas continuarem a incorrer em conseqüências
comportamento agressivo podem ser prontamente aversivas. Altas intensidades de punição são entre
transmitidos através da modelação adulta. Num ex tanto necessárias para manter a supressão compor-
PS
perimento já citado, Mischel e Liebert (1966) des tamental, se a punição for administrada somente de
cobriram que sanções negativas impostas a crianças modo intermitente, não existirem alternativas re
eram menos efetivas quando o comportamento do compensadas, o comportamento estiver fortemente
agente modelador era inconsistente do que quando estabelecido e for simultaneamente apoiado por
U
os padrões impostos e modelados eram congruen condições de reforçamento altamente favoráveis
tes. Indicam esses achados que qualquer pessoa, (Azrin e Holz, 1966; Boe, 1964).
que esteja tentando controlar respostas inconve
O
nientes específicas, deverá evitar modelar formas PUNIÇÃO E DISPONIBILIDADE DE MODOS
punitivas de comportamento que possam não só ALTERNATIVOS DE RESPOSTA
contra-atacar os efeitos do treinamento direto, mas
R
Conseqüências punitivas severas deverão ser
também aumentar a probabilidade de que, em oca
aplicadas durante um longo período de tempo para
siões futuras, o indivíduo possa responder a pro
blemas interpessoais de modo imitativo.
que’ mantém o comportamento inconveniente, não tarem de dois modos a uma situação aversiva. Um
pode ser identificado ou quando, apesar de conhe grupo aprendeu primeiramente a sentar sobre as
cido, não pode ser prontamente modificado. E con patas traseiras, a fim de reduzir a intensidade de
BO
sideravelmente mais fácil, embora menos efetivo, um choque. Após ter sido essa resposta aprendida,
por exemplo, punir o comportamento anti-social de as condições foram alteradas de modo que os sujei
delinqüentes do que rem over as contingências tos podiam desligar o choque completamente acio
subculturais que moldam e controlam essas ações. nando um pedal. Uma vez que essa última resposta
Na maior parte das pesquisas examinadas aqui, a competitiva era consideravelmente mais efetiva,
punição foi aplicada a determinadas respostas após tomou-se ela em pouco tempo fortemente estabele
EX
terem sido removidas as recompensas que as man cida. Um segundo grupo de sujeitos aprendeu so
tinham, a fim de se determinar se a adição de con mente a resposta de premer o pedal. Quando a
seqüências aversivas acelerava o processo de extin resposta de premer o pedal foi subseqüentemente
ção. As pesquisas sobre os efeitos da punição sobre punida em ambos os grupos, os animais que tinham
D
comportamentos que são simultaneamente manti aprendido uma só resposta continuaram a desem
dos por reforçamento positivo se revestem, con penhar o comportamento punido durante toda a
tudo, de importância consideravelmente maior, duração do experimento, enquanto todos os ani
IN
uma vez que os padrões de respostas que as pessoas mais menos um que tinham à disposição dois
tentam freqüentemente modificar têm como con modos diferentes de ajustamento reverteram rapi
seqüência alguns resultados recompensadores para damente ao primeiro padrão de comportamento.
os sujeitos que as desempenham. A evidência dis Azrin e seus associados (Herman e Azrin, 1964;
ponível indica geralmente que a punição não tem Holz, Azrin e Ayllon, 1963) dem onstraram , de
efeitos de redução duradouros sobre o comporta modo semelhante, com adultos psicóticos, que a
mento que estiver sendo simultaneamente mantido punição era em geral inefetiva quando a resposta
por um esquema favorável de reforçamento posi punida constituía o único meio de obtenção de re
tivo. Estímulos brandos e moderadamente puniti forço positivo. De outro lado, quando os pacientes
vos reduzem tipicamente a ocorrência de compor - aprendiam uma maneira alternativa de obter re
taménto intermitentemente reforçado, mas, à me compensas, a punição produzia uma imediata e-
dida que a punição continua, os sujeitos se adaptam completa redução do comportamento indesejável.
às conseqüências aversivas e exibem alguma recu Os achados acima sugerem que pessoas que dis
peração da responsividade, mesmo enquanto a con põem de poucas opções de respostas mostrar-se-ão
tingência de punição está ainda atuando (Azrin, lentas em abandonar comportamentos que resul-
186 CONTROLE AVERSIVO
tam em conseqüências negativas. Essa é uma das rer, 1943) demonstraram de modo consistente que
razões pelas quais a punição é inefetiva na modifi respostas podem ser rápida e du rad o u ram en
cação dos padrões anti-sociais de delinqüentes e in te eliminadas, quando o comportamento em ques
fratores adultos a quem faltam modos alternativos tão é punido e respostas competitivas são simul
socialmente aceitáveis de responder para adquiri taneamente recompensadas. Um programa de tra
rem os bens que valorizam. Em tais condições, a tamento baseado sobre uma combinação de con
punição do comportamento anti-social poderá levar trole aversivo das respostas divergentes e reforça
os infratores a adotar modos mais seguros de de m ento positivo de respostas desejadas pode
senvolver suas atividades ilegítimas ou a alterar m ostrar-se altam ente efetivo na eliminação de
suas técnicas de modo a evitar a descoberta e a pu padrões de comportamento seriamente problemáti
nição em ocasiões futuras. Um exemplo excelente cos. Quando o reforçamento diferencial é aplicado
do modo em que a punição resulta em refinamento a modos de comportamento competitivos, as res
PS
do comportamento anti-social em vez de em sua postas punidas podem ser contra-atacadas pela in
eliminação aparece na autobiografia de um talen terferência de respostas eliciadas pelos estímulos
toso infrator habitual. aversivos ou pelo comportamento competitivo man
tido na base de reforçamento positivo. Em tais cir
Meu ambiente na prisão estava de tal forma apar
U
tado da vida, era algo tão distante que às vezes
cunstâncias, uma supressão duradoura é provavel
eram as circunstâncias reais que me pareciam fan mente obtida mais pela prepotência das alternativas
tásticas. Nesses períodos, eu examinava os traba recompensadas do que pelas respostas inibitórias
O
lhos que havia feito e os analisava mentalmente estabelecidas. Esse fato é sugerido pelos achados de
para ver se podiam ser aperfeiçoados. Então, vol um experimento realizado por Timmons (1962),
tava a examinar meus erros e tentava descobrir que comparou a eficácia relativa da extinção, puni
R
como tinham ocorrido e como me haviam levado à ção verbal e contracondicionamento de uma res
prisão. Assim, vocês podem ver, sempre tinha posta competitiva na eliminação de respostas ver
muito que fazer enquanto estava lá, sem nenhuma
ocupação senão pensar. E planejar trabalhos futu
ros. Oh sim, se fosse feito um levantamento, ficaria
provado que a maioria dos grandes trabalhos cri
Gbais anteriormente apropriadas. O contracondicio
namento mostrou ser mais poderoso, mas a adição
da punição ao contracondicionamento pouco con
tribuiu para os processos de mudança. Entretanto,
KS
minosos e milhares de pequenos crimes foram pla
nejados na cadeia. Planejados até os mínimos deta essa conclusão poderá não se aplicar quando o
lhes, porque não há interesses alternativos suficien comportamento inconveniente estiver tão forte
tes para ocupar a mente dos prisioneiros [Hill, mente estabelecido que poucas oportunidades pos
1955, pág. 39]. sam surgir para a recompensa de tendências com
O
que será capaz de evitar a descoberta e a punição eomportamental na mesma proporção de níveis se
em ocasiões subseqüentes, terá esse comportamento veros de punição, desde que respostas alternativas
grande probabilidade de ser repetido. sejam concomitante mente recompensadas (Boe,
1964).
REDUÇÃO COMPORTAMENTAL ATRAVÉS DE
REFORÇAMENTO POSITIVO DE RESPOSTAS
EX
padrões de respostas dominantes são reduzidos lismo de corações ternos. Os achados examinados
através da punição. Estímulos que exercem algum nas seções precedentes, embora não inteiramente
IN
grau de controle sobre diferentes tipos de respostas consistentes, fornecem apesar disso considerável
podem também ser utilizados em combinação com documentação empírica de que, sob uma ampla va
procedimentos aversivos para eliciar tendências de riedade de condições, os efeitos redutivos da puni
respostas mais fracas. A suspensão temporária do ção tendem, de fato, a ser transitórios. As conclu
comportamento desaprovado fornece assim uma sões extraídas desse amplo corpo de pesquisa não
o p o rtu n id ad e de fortalecim ento de respostas podem ser facilmente desconsideradas como lendá
emergentes ou ativamente eliciadas. Quando as al rias ou espúrias. É igualmente verdadeiro que pu
ternativas desejadas não existem no repertório nições administradas em combinação com outros
eomportamental do sujeito, a modelação positiva e procedimentos podem produzir mudanças dura
os procedimentos de reforçamento podem ser utili douras no comportamento (Beach, Conoviu, Stein-
zados de modo efetivo para estabelecer e fortalecer berg e Goldstein, 1956; Boe e C hurch, 1967;
padrões de respostas incompatíveis com o compor Storms, Boroczi e Broen, 1963). Além disso, inú
tamento desadaptativo. meros estudos mostraram que inibições e compor
Os resultados de diversos experimentos (Boe, tam entos de esquiva tenazes são estabelecidDs
1964; Hòlz, Azrin e Ayllon, 1963; Whiting e Mow- quando a ativação, emocional é condicionada a es
CONTROLE AVERSIVO 187
PS
auto-imposta (Lichtenstein, 1950) ou inibição des tuacionais potencialmente ameaçadoras. Os diver
necessária de modos efetivos de obter reforça- sos esquemas explicativos (Brutten e Shoemaker,
mento (Whiting e Mowrer, 1943) são citados como 1967; Shames e Sherrick, 1963; Sheehan, 1958;
evidência do poderoso controle aversivo do com Wischner, 1950) diferem principalmente no papel
portamento, mas a rigidez comportamental e ou que atribuem à emotividade condicionada e aos
U
tros produtos secundários indesejáveis da punição processos de reforçamento positivo e negativo na
são tratados como preocupações desprovidas de regulação dos problemas de fluência.
O
fundamento. Inúmeras avaliações foram feitas das característi
cas de personalidade dos gagos e de seus pais, mas
Aplicações de Sistemas de Contingências faltam estudos sobre as contingências que ocorrem
R
Aversivas naturalmente em associação com os problemas de
tluência. Com base em dados retrospectivos de fa
Quando procedimentos aversivos são necessários
à correção de uma situação prejudicial, são eles ge
ralmente considerados pelos adultos como uma
parte desagradável, embora necessária, do trata
G
mílias de gagos e de não-gagos, Johnson (1942),
que preconizou uma abordagem de aprendizagem
semântica, considerou como críticas as seguintes
condições com respeito ao desenvolvimento inicial
KS
mento, comparável às rotinas dolorosas da medi dos distúrbios da fala. Todas as crianças pequenas
cina física, em vez de como um assalto interpessoal. exibem algumas repetições de palavras, frases e sí
Por essa razão, pacientes raramente desenvolvem labas sem o acompanhamento de nenhuma ativação
medos am plam ente generalizados e com porta emocional ou autoconsciência de ser sua fala defi
mento hostil com respeito a dentistas ou médicos
O
mente, se apresentadas num contexto de trata gagueira e respondem a ela com aumento de vigi
mento, contingências aversivas poderão vir a ter lância, reprimendas verbais e tentativas ansiosas de
menos efeitos colaterais adversos do que quando correção. Supõe-se então que, como conseqüência
são elas apresentadas ditatorialmente para eliminar de avaliações negativas e interpretações errôneas de
um comportamento que tem alto valor funcional
deficiências naturais, reações de ansiedade se tor
para o sujeito que o desempenha.
nem condicionadas ao ato de comunicação verbal.
EX
Quando o controle aversivo é utilizado para mo As repetições anteriormente desembaraçadas são
dificar comportamento social prejudicial, as mes agora acompanhadas de bloqueios, prolongamen
mas conseqüências punitivas podem ser fortemente tos, tensão muscular, alterações respiratórias e mo
ressentidas ou aceitas de bom grado, dependendo vimentos faciais e corporais compensatórios. Uma
D
da intenção percebida do agente e de serem as san vez que os problemas de fluência adquiram pro
ções aplicadas principalm ente para sua própria priedades aversivas, são eles transform ados-em
IN
conveniência ou para beneficio do sujeito envol respostas de gagueira e, de modo semelhante a ou
vido. Efeitos emocionais indesejáveis podem ser tras fo rm as de co m p o rta m e n to de esquiva,
substancialmente reduzidos pela organização ante tornam-se capazes de criar suas próprias condições
cipada de contingências contratuais explícitas, que mantenedoras.
definam claramente os limites gerais dos compor Resultados de estudos de laboratório que serão
tamentos permitidos e punidos. Sempre que o examinados mais tarde não se mostram inteira
comportamento indesejável for desempenhado, as mente consistentes com a formulação etiológica
conseqüências aversivas deverão ser imediatamente acima mencionada. Estímulos regularmente asso
aplicadas, consistentemente e de modo positivo. Se ciados com punição podem ter efeitos disruptivos
as conseqüências preestabelecidas forem implemen sobre a fala, mas conseqüências negativas apresen
tadas de maneira não punitiva, as sanções negativas tadas de modo especificamente contingente aos
tenderão a ser consideradas pelo sujeito como con problemas de fluência reduzem geralmente sua
seqüências legítimas e previsíveis de seu compor ocorrência (Brookshire e Martin, 1967; Siegel e
tamento em vez de como reações arbitrárias e vin Martin, 1966; Quist e Martin, 1967). Pode-se con
gativas. cluir, a partir desses achados, que a punição leva a
188 CONTROLE AVERSIVO
um aumento da freqüência da fala não-fluente so imediata redução da tensão sobrepujem os efeitos
mente se os efeitos disruptivos da ativação classica inibitórios da punição temporária mais remota.
mente condicionada sobrepujam os efeitos reduti- Na sua te o ria da g a g u e ir a p o r c o n flito
vos das conseqüências punitivas. Outro determi aproximação-esquiva, Sheehan (1958) considera de
nante importante dos problemas de fluência, que é modo semelhante a gagueira como redutora da an
em geral ou ignorado ou relegado a nível secundá siedade, mas postula ele um processo de reforça
rio nas teorias da ansiedade da gagueira, consiste mento em dois estágios. A gagueira, de acordo com
110 fato de poder o solícito interesse parental apre Sheehan, constitui uma resultante de necessidades
sentado contingentemente à fala não-fluente fun competitivas de se comunicar e de se evitar falar.
cionar como um poderoso reforçador positivo de Sempre que as tendências conflitantes de aproxi
Lal comportamento. Os pais podem assim,portanto, mação e esquiva alcançam um ponto de equilíbrio,
de modo inadvertido, aumentar os problemas de o fluxo da fala é interrompido ou bloqueado. A
PS
fluência de seus filhos através de sua atenção sele inibição momentânea da fala reduz o medo gerado
tiva. pela comunicação verbal, reforçando assim o blo
A modelação familial pode também desempe queio e, pelo fato de diminuir o gradiente de es
nhar um papel influente, quer de modo direto quiva motivado pelo medo, libera a palavra blo
quer de modo indireto, no desenvolvimento de queada. Além disso, a redução da tensão que se
U
padrões de fala não-fluente. Nelson (1939) compa segue à completação da palavra reforça as respostas
rou a incidência de gagos em três gerações de famí de gaguejar precedentes bem como qualquer mo
O
lias de 204 gagos e de um grupo emparelhado que vimento facial ou corporal que as acompanhe na
não exibia nenhum problema de fala. A gagueira tentativa de auxiliar a restauração da fluência.
apareceu em mais do que uma geração em somente Brutten e Shoemaker (1967) consideram ser a
R
2 por cento dos não-gagos, enquanto que a incidên gagueira um fenômeno que envolve tanto proces
cia foi de 51 por cento nas famílias de gagos. Evi sos de condicionamento clássico quanto instrumen
dência mais direta da força do exemplo é fornecida
por Van Riper (1937), que descobriu que gagos não
só exibem uma proporção mais alta de fala não-
fluente após exposição a um modelo gago em com
G
tal, assumindo o prim eiro deles papel mais in
fluente. De acordo com esse ponto de vista, os pro
blemas de fluência refletem os efeitos disruptivos
KS
da ativação emocional que se tornou classicamente
paração com um modelo não-gago, mas também condicionada a certas pistas situacionais e de pala
passam a adotar alguns dos aspectos idiossincráticos vras através de experiências desagradáveis. Diver
do comportamento verbal do modelo gago. Nelson sos estudos foram publicados fornecendo alguma
defende a hipótese da transmissão genética na base evidência em apoio à influência da ativação classi
O
de que, em alguns casos, os pais não apresentam cam ente condicionada sobre os problem as de
gagueira ou o contato com avós não-fluentes foi li fluência. Hill (1954) descobriu que estudantes exi
mitado. A interpretação genética pode muito bem biam desorganização da fala na presença de uma
BO
ser válida, mas uma explicação em term os de luz que havia sido previamente pareada com a
aprendizagem social é igualm ente sustentável. apresentação de um choque. Aumentos semelhan
Adultos que sofreram de problemas de fala num tes nos problemas de fluência foram também obti
período inicial de suas vidas ou cujos pais apresen dos durante períodos de stress emocional produ
taram gagueira mostram-se inclinados a responder zido por punição arbitrária (Stassi, 1961) ou por
com interesse excessivo à fala não-fluente natufal
EX
mento negativo que estaria mantendo as respostas um componente instrumental secundário. Assim,
de gaguejar. Suas interpretações diferem princi os gagos adotariam modos idiossincráticos de ex
IN
palmente no ponto da seqüência da fala em que o pressão nas áreas da fonação, articulação e resso
reforçamento supostamente ocorreria. De confor nância, destinados a permitir a fuga ou a evitação
midade com Wischner, a ansiedade eliciada por dos distúrbios emocionais ocasionados pelos pro
palavras específicas e pistas situacionais resulta em blemas de fluência. Essas respostas de ajustamento,
bloqueio momentâneo da porção final de uma res a maior parte das quais toma uma forma não-
posta verbal, numa tentativa de pospor ou evitar verbal, são instrumentalmente reforçadas pela sub
desaprovação social antecipada, embaraço ou ou seqüente completação da palavra e resultante redu
tras experiências negativas. Supõe-se que o com ção da aflição. A partir desse esquema explicativo,
portamento de gaguejar seja reforçado em virtude conclui-se que a gagueira só poderá ser efetiva
de sua estreita justaposição temporal com a redu mente eliminada pela extinção das propriedades
ção de ansiedade e tensão que acompanha a com- provocadoras de emoção dos estímulos ameaçado
pletação bem-sucedida da palavra em que é a difi res.
culdade experimentada. Embora a gagueira produ Em vista da crença difundida de ser a redução da
za geralmente também conseqüências negativas, ansiedade o principal mecanismo mantenedor dos
Wischner supõe que os efeitos recompensadores da problemas funcionais da fala, é de supreender que
CONTROLE AVERSIVO 189
um número relativamente pequeno de estudos de estendido para teste de sua eficácia terapêutica. Em
laboratório tenha sido realizado com o propósito vez disso, o autor (Sheehan, 1954) advoga as mes
específico de avaliar essa hipótese central. Os me mas abordagens de entrevista que envolvem consi
canismos de reforçamento' adotados nas teorias dis derável gasto de tempo e que já mostraram ter
cutidas acima são bastante adequados para explicar valor limitado na alteração de outras formas de
a persistência incomum dos problemas da fala. Se comportamento divergente.
as respostas de gaguejar produzem reforçamento No experim ento citado, qualquer possível re
quase instantâneo através da redução da ansiedade forço das respostas de gaguejar ocorrendo no
que se segue à sua ocorrência, como se supõe, seria ponto terminal da seqüência verbal foi removido. A
possível prever-se que a gagueira jamais se extin eficiência do reforço pode ser reduzida se um in
guiria, a não ser que conseqüências especiais fos tervalo de tempo ou outras atividades intervêm
sem de alguma forma prontam ente interpostas entre uma resposta e suas conseqüências previstas.
PS
entre o aparecimento do bloqueio e a completação No estudo de Sheehan, o arranjo tem poral de
da resposta. Entretanto, um estudo retrospectivo eventos não foi o mais favorável para eliminar o
de Sheehan e Martyn (1966), mostrando que apro problema de fluência; isto é, as respostas de gague
ximadamente 80 por cento dos estudantes universi jar terminavam finalmente com a completação das
tários que foram gagos acabaram finalmente por palavras a qual, por sua vez, era seguida pelas con
U
adquirir fala fluente, sugere que a recuperação da seqüências negativas de ter que repetir a palavra
gagueira sem intervenção especial exige também em que o sujeito encontrava dificuldades. Assim, a
O
explicação do mesmo modo que a exige a persis completação bem-sucedida da palavra era punida
tência da fala não-fluente. de modo mais forte do que repetições e bloqueios
Além do número reduzido de dados experimen temporalmente remotos. Resultados de um estudo
R
tais sobre aquisição e manutenção das respostas de realizado por Daly e Cooper (1967), entretanto, le
gaguejar, as teorias da redução da ansiedade não vantam dúvidas quanto à suposição de que a puni
fornecem modos específicos de tratamento. Um
experimento de Sheehan (1951), entretanto, apre
senta implicações terapêuticas que não foram
nunca desenvolvidas. Nesse estudo, foi apresentada
G
ção contingente ao gaguejar possa vir a ter maior
efeito redutivo. Esses pesquisadores compararam a
freqüência da fala não-fluente sob condições em
que o choque era administrado durante o ato de
KS
a hipótese de que o ponto do reforçamento das gaguejar ou imediatamente após a completação de
respostas de gaguejar está constituído pela redução cada palavra gaguejada. O sistema contingente ao
da ansiedade que se segue à completação da pa gaguejar produziu redução maior da não-fluência,
lavra. Assim, numa téntativa de evitar o reforça mas a diferença não foi estatisticamente significa
O
mento de respostas de gaguejar, foram organizadas tiva. No m étodo p ro jeta d o p o r G oldiam ond
condições em que somente a fala fluente podia (1965a) para modificação da gagueira crônica, que
tornar-se instrumental na completação de cada pa será examinado em seguida, cada momento de
BO
lavra em sentenças apresentadas. Gagos adultos não-fluência produz uma imediata conseqüência
liam determinadas passagens em voz alta em dias desagradável.
diferentes sob duas condições em ordem contraba Não ficou inteiramente claro no artigo de Gol
lançada. Nas condições de controle, os sujeitos sim diamond, que é, sob outros aspectos, bastante in-
plesmente liam o material seis vezes em sua ma
EX
formativo, o que considera ele como condições crí (1940), mostrou, de fato, que o comportamento
ticas para a aquisição e manutenção das respostas não-fluente ocorria mais freqüentemente quando
de gaguejar. Embora reconhecendo que a gagueira as crianças estavam emocionalmente ativadas ou
pode envolver um componente emocional, a teoria desejavam conquistar a atenção de outros.
da redução da ansiedade é sumariamente afastada. Praticamente todas as formas de abordagem te
Em vez disso, inúmeros relatos de cunho anedótico rapêutica foram aplicadas numa ocasião ou em ou
são apresentados para ilustrar que gagos são ge tra aos problemas da fala, com graus limitados de
ralmente submetidos a exigências menores em ter sucesso. Goldiamond (1965a) relata resultados uni
mos de realização, são menos freqüentemente soli formemente favoráveis com gagos por meio de pu
citados a desempenhar tarefas difíceis, têm seus nição contingente ao gaguejar, os quais, se confir
erros encarados com maior compreensão pelos ou mados por uma avaliação mais extensa realizada ao
vintes, recebem prazos mais longos para responder longo de um período de tempo mais dilatado, virão
a perguntas e podem realmente obter atenção po
PS
a representar uma notável realização terapêutica.
lida por meio de sua não-ftuência. Esses relatos Na primeira fase do procedimento, os gagos são
acentuam tanto a função de esquiva das respostas instruídos a ler em voz alta trechos de determina
de gaguejar quanto o seu valor na obtenção de res das páginas durante períodos de aproximadamente
postas positivas por parte de outros. 50 minutos, de modo a fornecer uma medida de
U
Devido à natureza das contingências utilizadas, os linha de base do gaguejar. Nessa avaliação inicial,
achados de um experimento projetado para produ são registradas a velocidade da leitura e a freqüên
O
zir respostas de gagueira num sujeito normalmente cia do comportamento de gaguejar. Durante a fase
fluente (Flanagan, Goldiamond e Azrin, 1959) têm do tratamento do programa, a velocidade da leitura
valor limitado na elucidação das condições sob as é deliberadamente diminuída e conseqüências ne
R
quais seria a gagueira mais provavelmente adqui gativas são apresentadas de modo contingente à
rida. Nesse experimento, um sujeito recebia choque ocorrência de respostas de gaguejar. Retroalimen
contínuo; um bloqueio verbal entretanto desligava
o choque por 10 segundos e cada emissão não-
fluente adicional pospunha a estimulação aversiva
por um tempo determinado. Como era de prever, a
G
tação auditiva retardada da própria voz da pessoa é
utilizada como estímulo aversivo produzido pelo
gaguejar.
Pausas ocorrem freqüentemente como partes na
KS
freqüência do bloqueio aumentou consideravel turais da fala fluente e, conseqüentemente, um ob
mente, até o ponto em que o sujeito quase evitava servador independente teria que suspender o jul
completamente a estimulação desagradável por gamento para decidir se uma determinada hesita
meio de fala continuamente não-fluente. Embora ção estaria representando uma pausa natural ou
O
demonstre esse estudo que é possível induzir com um bloqueio na fala. De maneira a garantir que as
portam ento verbal divergente, é altam ente im conseqüências aversivas sejam apresentadas de
provável que os pais de sujeitos gagos punam con modo im ediatam ente contingente à fala não-
BO
tudo acima. Podemos aceitar que experimentos não tivo de retroalimentação retardada durante um
sejam projetados para reproduzir de modo deta tempo determinado. Esse procedimento estabelece
lhado os eventos estimuladores que ocorrem na finalmente um padrão de comportamento verbal
vida real, mas devemos pelo menos exigir que as lento e isento de gaguejo.
D
contingências experimentais apresentem alguma Após ficar o padrão fluente substituto estabili
semelhança com a realidade social, se é que seus zado, o comportamento verbal do cliente é progres
resultados pretendem ter valor explicativo.
IN
PS
lendo aproximadamente 140 palavras por minuto,
nível esse bem superior ao de sua linha de base
prévia, enquanto que as respostas de gaguejar, que
se estendiam de 0,2 a 0,6 palavra por minuto,
U
foram quase completamente eliminadas.
Goldiamond relata mudanças ainda mais d ra
O
máticas na fluência verbal (Fig. 5-5) em um se
gundo sujeito que, devido a limitações de tempo,
participou de uma versão altamente condensada do
R
procedimento-padrão. A retroalimentação retar
dada produzida pelo gaguejo combinada com apre
sentação lenta de material de leitura foi introduzida
após três sessões; pouco tempo depois, a velocidade
de leitura foi aumentada em estágios sucessivos e a
contingência aversiva gradualmente removida. No
G
KS
oitavo dia, o final do tratamento, o cliente estava
lendo 256 palavras por minuto sem manifestar um
só problema de fluência.
Dados quantitativos são apresentados para oito
O
mond, 1965a.
tura rápida, que se mantiveram em condições de
laboratório, foram estabelecidos em 30 gagos em
prazo notavelmente curto. Esses achados prelimi
nares indicam que os procedimentos projetados um papel, quando imitam o estilo verbal de uma
D
por Goldiamond podem ser considerados como outra pessoa ou quando sozinhos. Por essa razão,
realmente promissores. Entretanto, a avaliação de conseguir que uma pessoa leia um texto sem gague
sua eficácia terapêutica deve ser adiada até que tes
IN
PS
tuações ativ ad o ras d e em oção, en tão p o d e r-s e ia
p en sar em um p ro g ra m a de dessensibilização. Da
dos publicados a resp eito d e alguns casos parecem
ind icar q ue a fala não-fluente co n tro lad a p o r estí
m ulos aversivos condicionados p o d e ser elim inada
U
de m odo bem -sucedido p o r m eio d a extinção da
responsividade em ocional a essas ameaças.
O
U m caso ilu strativ o é fo rn ecid o p o r W alton e
M ather (1963) no tratam e n to d e um arq u iteto de
R
40 anos de id ad e, q ue sofria d e um d istú rb io d a
articulação caracterizado p o r bloqueios e ra n g e r d e
dentes. Os estím ulos co n tro lad o res dos problem as
G
de fluência d o cliente incluíam situações em que
e ra solicitado a fo rn e ce r in fo rm açõ es específicas,
p articu larm en te na presença de estranhos, su p erv i
KS
sores e pessoas a quem desejava im pressionar. Foi
utilizada inicialm ente um a técnica em q u e <J te ra
p eu ta lia trechos de um livro e o cliente im itava
suas verbalizações sem ver o texto. E m bora esse
m étodo se m ostrasse altam en te efetivo na p ro d u ção
O
d im en to s d e re fo rç a m e n to p a ra re s ta u ra r a fala
Figura 5-5. Eliminação dos problemas de fluência por flu en te com m étodos q u e possam ex tin g u ir o p o
meio da retroalimentação retardada produzida pelo ga tencial d e ativação d e estím ulos eliciadores de g a
IN
outro tipo qualquer de comportamento automuti- extinção, pode ele aumentar temporariamente em
lador. Devido ao sério risco de lesão física perma intensidade, o que pode tornar-se potencialmente
nente, essas crianças são em geral conservadas con perigoso. Essas respostas podem ser pronta e com
tinuamente sob restrição .física. pletamente eliminadas por meio da aplicação con
As condições mantenedoras do comportamento tingente de uns poucos choques dolorosos. Em
autolesivo ainda não foram completamente com um dos diversos casos relatados por Bucher e Lo
preendidas, mas inúmeros experimentos mostra vaas (1968), um menino esquizofrênico de sete anos
ram que é esse comportamento passível de controle de idade, que havia apresentado comportamento
através da variação das conseqüências reforçadoras. autolesivo desde os dois anos, desempenhou cerca
Lovaas, Freitag, Gold e Kassorla (1965) descobri de 3.000 respostas de esmurrar seu próprio rosto
ram que respostas de autolesão podiam ser redu durante um período de 90 minutos, quando foi li
zidas por pistas representadas por estímulos que berado de restrições físicas. Esse comportamento
PS
indicavam a remoção de reforço social para outros foi quase totalmente eliminado em quatro sessões,
comportamentos e tendiam a aum entar em fre com a utilização de 12 choques contingentes. Com
qüência e intensidade quando reações sociais eram portam ento autodestrutivo, que havia persistido
apresentadas contingentemente à sua ocorrência. por um período de seis anos, foi também rápida
Demonstrações de que o comportamento autolesivo e duradouramente removido numa menina esqui
U
pode ser reduzido através do reforçamento de res zofrênica, após ter recebido um total de 15 cho
postas fisicamente incompatíveis e aumentado pela ques por bater com a cabeça (Fig. 5-6). Em cada ca
O
extinção de atividades competitivas pouco revelam so relatado, conseqüências aversivas contingentes
sobre as variáveis que controlam esse comporta não somente removeram com portam ento auto-
mento. As mudanças produzidas por variações das mutilador, mas as crianças choramingavam menos e
R
contingências aplicadas diretamente ao comporta mostravam-se muito mais inclinadas a atender às
mento autolesivo são de muito maior interesse. solicitações do terapeuta.
Foi demonstrado (Bucher e Lovaas, 1968; Lovaas
et al., 1965) que expressão física de afeto e comen
tários bondosos e tranquilizadores, apresentados às
crianças quando se empenhavam em comporta
G
De modo semelhante, Tate e Baroff (1966) obti
veram controle rápido sobre comportamento auto
lesivo crônico em um menino psicótico parcialmen
te cego, por meio de procedimentos de punição. O
KS
mento autolesivo, levavam-nas a responder de comportamento, que ele havia exibido continua
modo ainda mais autodestrutivo; em contrapartida, mente por cinco anos, incluía vigorosas batidas com
era esse com portamento prontam ente reduzido a cabeça, pancadas no rosto e pontapés auto-
para sua linha de base original quando as reações aplicados. Devido ao fato de ser o contato físico
O
positivas eram descontinuadas. Sugerem esses com pessoas altamente reforçador para o menino,
achados que o comportamento autolesivo pode ser foi ele utilizado como evento conseqüente na pri
parcialmente mantido por suas conseqüências so meira fase do programa de tratamento. Uma série
BO
ciais, embora não seja muito clara a evidência sobre de passeios diários foi organizada, em cada um dos
esse ponto. Mudanças sutis no reforçamento social, quais o terapeuta removia sua mão da mão da
como permanecer o experimentador com a criança criança e parava de falar sempre que ocorria uma
embora sem lhe dar atenção, parecem não afetar a resposta autolesiva; o contato físico era restabele
freqüência de respostas autolesivas (Lovaas et al., cido se o menino não se golpeava por um período
de três segundos. Como pode ser visto na Fig. 5-7,
EX
poderosas (Risley, 1968). Quaisquer que sejam as tamento remanescente de bater com a cabeça, que
variáveis controladoras em cada caso específico, os constituía uma .ameaça adicional para seus olhos.
IN
achados preliminares indicam que comportamento Foi explicado ao menino que, se continuasse a se
autolesivo crônico e intratável pode ser eliminado golpear, receberia choques dolorosos. A contingên
de modo bem-sucedido com efeitos benéficos por cia aversiva, combinada com elogio verbal e reações
meio de aplicação breve de uma cofitingência aver afetivas por comportamento conveniente, eliminou
siva. permanentemente as respostas autolesivas. Como
A punição é geralmente usada como um com até então o menino havia ficado fisicamente restrito
plemento tanto dos procedimentos de extinção ao leito, após ter sido completado o programa de
quanto do reforçamento diferencial de padrões de tratamento passou ele a participar livremente das
respostas competitivos. Um breve afastamento so atividades diárias com satisfação e espontaneidade
cial contingente ao comportamento autodestrutivo crescentes.
é geralmente suficiente para sua remoção perma Risley (1968) fornece relato detalhado de um
nente (Hamilton, Stephens e Allen, 1967; Lovaas et caso em que conseqüências sociais foram total
al., 1965; Wolf, Risley e Mees, 1964). Em alguns mente ineficentes para reduzir comportamento au
casos, entretanto, quando o comportamento auto- tolesivo. Tratava-se de uma menina de seis anos, de
mutilador é inicialmente colocado em processo de comportamento notavelmente divergente, que so-
194 CONTROLE AVERSIVO
PS
U
O
R
Figura 5-6. Freqüência de comportamento autolesivo e quantidade de esquiva e choro exibidos por uma criança autista
G
durante as sessões pré-tratamento (de 1 a 15), e quando tal comportamento foi punido com choque (P) ou com a
reprimenda verbal “não” (N) durante as sessões 16, 17, 19 e 21. Os numerais abaixo dos números das sessões identifi
cam o terapeuta presente durante a sessão. Bucher e Lovaas, 1968.
KS
frera inúmeros ferimentos no rosto e no corpo duziu nenhuma mudança significativa. Ao contrá
como conseqüência das perigosas atividades de es rio dos casos citados acima, breve isolamento físico
calada a que se dedicava continuamente. Um pro contingente ao perigoso comportamento de escalar
O
grama de reforç^mento diferencial, a partir do também não se mostrou efetivo. Após terem esses
qual o comportamento de escalar foi ignorado e as outros métodos falhado, foi aplicada a punição com
respostas incompatíveis recompensadas, não pro choque combinada com reprimenda verbal. A ad
BO
EX
D
IN
Figura 5-7. Média diária das freqüências de respostas autolesivas desempenhadas por minuto nos dias de controle,
quando tais respostas não foram seguidas por conseqüências espedais, e em dias experimentais, quando o comporta
mento de se autogolpear produziu breve remoção de contato físico. Tate e Baroff, 1966.
CONTROLE AVERSIVO 195
ministração de diversos choques e, mais tarde, a espasmo do distúrbio foi obtida de dois modos:
reprimenda verbal somente, eliminaram comple primeiro, os clientes traçavam vários padrões de li
tamente as escaladas inapropriadas quando o expe nhas (similares aos movimentos requeridos para o
rimentador estava presente, mas não se notou re ato de escrever) sobre uma placa de metal com um
dução aparente nesse com portamento em casa. estilete, e qualquer desvio do traçado produzia um
Quando a mãe subseqüentemente aplicou choque choque. Em seguida a esse treino no aparelho, pas
contingente em casa, as escaladas perigosas declina savam eles a escrever com uma caneta eletrificada
ram prontamente de uma freqüência média de 29 que produzia um choque todas as vezes que o pole
para 2 por dia em um período de poucos dias. Em gar exercia pressão excessiva. No tratamento da
seguida, o comportamento foi convenientemente cãibra de datilógrafos, um pequeno dispositivo
controlado fazendo-se com que a criança se sen eletrificado foi colocado na palma das mãos dos su
tasse em uma cadeira por um breve período após jeitos, de modo que o ato de contrair os dedos
PS
cada comportamento de escalar, sobre a palma produzia a aplicação de um choque.
É importante observar que programas surpreen Relatam os autores que, após 3 a 6 semanas de
dentemente breves de choque contingente e reti treinamento, escrita de qualidade satisfatória foi
rada de reforço não são somente efetivos na remo restabelecida em 24 dos casos; os clientes foram ca
U
ção do comportamento autolesivo de longa duração pazes de voltar a seus empregos, que freqüente
mas também promovem em geral o funcionamento mente envolviam o ato de escrever por períodos ex
social. Essas mudanças relacionadas adicionais são tensos, e os estudos de seguimento realizados até
O
claramente reveladas nos achados relatados por quatro anos e meio mais tarde mostraram que a
Risley (1968). Após ser o com portam ento dis- melhora se tinha mantido. Cinco clientes reagiram
ruptivo autolesivo removido, as crianças se tornam
R
de modo favorável ao tratamento, mas subseqüen
mais atentas, socialmente sensíveis e exibem com temente mostraram recorrência da disfunção mus
portamento imitativo crescente, o que lhes permite cular, enquanto que 10 casos não apresentaram
adquirir novos padrões de comportamento. Se es
tudos adicionais apoiarem essa conclusão, não há
justificativa de se deixar crianças se mutilarem ou
G
nenhuma melhora. Os casos em que houve fracasso
tinham sofrido desse problema motor durante um
longo período de tempo (de 6 a 21 anos), o que
KS
transcorrerem seus primeiros anos inutilmente, explica parcialmente o fato de não terem respon
submetidas a condições de restrição física. dido bem ao tratamento.
DISFUNÇÕES MOTORAS Os procedimentos projetados por Liversedge e
Em uma das primeiras aplicações de contingên Sylvester são suficientemente efetivos para merecer
O
tica psicológica comum, sugerindo esse fato que A partir dos achados de Liversedge e Sylvester, é
contingências de reforçamento específicas e não fa possível supor-se que as contingências aversivas te
IN
Em um caso, por exemplo, o sujeito se submetera em combinação com relaxamento, o estudante foi
a um ano inteiro de psicanálise, um ano de hipno- capaz de escrever de modo rápido e relaxado sem
terapia e 10 sessões de condicionamento aversivo, manifestar nenhum distúrbio muscular. O anúncio
sem obter nenhum melhoramento em suas cãi de um exame final, entretanto, restabeleceu as res
bras de escrivão que duravam há cinco anos. Assim postas de tremores, embora sob forma menos in
que tomava uma caneta, o dedo indicador se con tensa. Uma segunda série de sessões de dessensibi
traía e o pulso se dobrava abruptamente, causando lização dirigidas para situações de exame eliminou
dor intensa, cansaço e imobilização da mão. O efetivamente a incapacidade de escrever do estu
cliente participou de sete sessões de extinção, cada dante.
uma dàs quais consistiu de uma evocação maciça de Os estudos de casos relatados por Beech foram
firmes contrações do dedo, até o ponto em que não principalmente destinados a demonstrar que os dis
podia mais contraí-lo. Testes de escrita, adminis túrbios da escrita, que estão aparentemente sob o
PS
trados após cada período de extinção, mostraram controle de estímulos aversivos e podem portanto
não somente um rápido e progressivo declínio na ser exacerbados pela punição, podem ser modifica
incidência da contração do dedo, mas também uma dos em condições de laboratório por meio de ou
mudança semelhante nos espasmos do braço não- tros métodos. Embora esses achados tenham um
tratado. Além disso, no dia seguinte à sessão expe certo valor, aplicações mais extensas e avaliação
U
rimental final, o cliente foi capaz de escrever 24 li desses procedimentos são necessárias para o estabe
nhas com somente uma ocorrência de espasmo na lecimento de sua utilidade na eliminação dos dis
O
mão. túrbios motores ocupacionais.
Resultados semelhantes, embora menos estáveis, Um estudo realizado por Barrett (1962) fornece
foram obtidos por extinção envolvendo evocação uma demonstração de laboratório da redução de
R
repetida da resposta com um segundo cliente, que tiques por meio da utilização de conseqüências da
apresentava ambas as mãos severamente imobiliza resposta automaticamente programadas. O cliente,
das. Tentativas de escrever produziam intensas e
dolorosas contrações musculares e, quando muito,
garatujas ilegíveis; sua mão esquerda, que havia usa
do anteriormente para datilografar, mantinha-se
G
um contador de 38 anos de idade, apresentava um
extenso número de múltiplos tiques que se haviam
mostrado refratários a tratamentos psicoterápicos e
farmacológicos. De acordo com o relato do cliente,
KS
firmemente cerrada e ele só podia abri-la por pou os tiques se haviam desenvolvido após uma expe
cos segundos de cada vez. Em uma tentativa de riência amedrontadora no exército, quando acor
extinguir o comportamento de cerrar a mão em pu dou uma noite com uma sensação de sufocação
nho, o cliente realizou repetidamente respostas de acompanhada por uma incapacidade temporária de
O
fechamento da mão em um dinamômetro, até o respirar ou deglutir. Na ocasião do estudo, seu pa
ponto de não poder mais apertar a pega do apa drão motor incluía contrações dos músculos do
relho. Após 33 sessões de extinção, foi ele capaz de pescoço, peito, ombro e do abdome, movimentos
BO
abrir sua mão por período indefinido; entretanto, de cabeça, piscar de olhos, abertura da boca, outros
preocupações a respeito de seu trabalho e expe movimentos faciais e dificuldades de deglutir.
riências interpessoais estressantes tipicam ente D urante as sessões experim entais, o cliente
reinstalavam os problemas motores. Uma vez que sentava-se confortavelmente numa cadeira de bra
as situações que envolviam o ato de escrever elicia- ços projetada de modo que os movimentos espas
EX
vam ansiedade considerável no cliente, os tremores módicos produzidos pelos tiques eram automatica
e espasmos associados com o ato de escrever foram mente registrados e punham em funcionamento o
tratados por meio do p roced imen to-padrão de des sistema de controle de contingências. A organiza
sensibilização, no qual atividades de escrever ima ção dás contingências foi programada para que
ginadas eram progressivamente desempenhadas cada tique produzisse ou uma breve interrupção de
D
em um contexto de relaxamento. Escrita de quali música ou ruído. A música foi escolhida como estí
dade satisfatória e sem tremores foi temporaria mulo positivo porque o cliente trabalhava parte do
IN
mente restabelecida dessa maneira, mas foi seguida tempo como músico e a interrupção de concertos
mais tarde por recaídas repetidas. de jazz gravados, selecionados por ele próprio, po
No caso acima, as disfunções motoras estavam dia servir como um evento negativo adequado.
aparentemente controladas, em grande parte, por Os efeitos da retirada da música e da apresentação
eventos perturbadores de ordem vocacional e in do ruído foram comparados com os esforços deli
terpessoal. É possível que mudanças mais duradou berados do cliente para controlar seus tiques. Re
ras pudessem ter sido obtidas, se se tivesse proce sultados baseados em oito sessões mostraram que,
dido à neutralização da ativação emocional a essas enquanto a freqüência dos tiques podia ser redu
últimas situações. Esse tipo de abordagem foi utili zida de alguma forma pelo autocontrole, pelo ruído
zado com sucesso com um estudante estrangeiro, produzido pelo tique e música contingente, as re
que não era capaz de tomar notas de aulas devido a duções mais dramáticas e mais estáveis resultaram
severos tremores na mão e conseqüente cansaço. da interrupção da música produzida pelo tique.
Após participar de um programa breve de dessen Esse último procedimento reduziu a freqüência dos
sibilização, em que situações envolvendo o ato de tiques de 55 a 85 por cento abaixo do nível de linha
escrever, imaginadas ou reais, eram apresentadas de base durante as diversas sessões, mas permanece
CONTROLE AVERSIVO 197
PS
poderia ser dispensada, se estudos comparativos de tratamento, um terço das respostas de esquiva
demonstrassem que um simples procedimento de dos clientes a figuras de homens são reforçadas
extinção, envolvendo repetidas evocações não- pela terminação do choque; em um terço dos en
reforçadas dos tiques, poderia ser igual ou mais saios, os estímulos aversivos são administrados,
efetivo do que os métodos que utilizam punição mesmo se o cliente desempenha as respostas de es
U
contingente à resposta. quiva apropriadas dentro do tempo estabelecido; c,
nos ensaios restantes, a retirada do slide é retar
O
DESVIOS SEXUAIS dada por períodos de tempo variados após ter sido
O Cap. 8 descreve procedimentos de condicio a resposta de esquiva apresentada
namento clássico destinados a eliminar aberrações Além de estabelecer respostas de esquiva com re
R
sexuais por meio da atribuição de propriedades lação a homens, procura-se condicionar as proprie
aversivas aos estímulos eliciadores do comporta dades do alívio da ansiedade a mulheres, por meio
mento em questão. Foram realizadas algumas ten
tativas de se controlar o comportamento sexual di
vergente por meio da estimulação aversiva contin
G
da introdução de slides representando mulheres
contiguamente com a remoção das figuras dos ho
mens. Para aumentar ainda mais as tendências de
aproximação a mulheres, o cliente pode pedir a
KS
gente à resposta. Feldman e MacCulloch (1964,
1965) fornecem relato detalhado de um método de volta do slide de uma mulher após ter sido remo
tratamento, principalmente baseado em um para vido e assim pospor as experiências aversivas pe
digma de condicionamento de esquiva, desenvol riodicamente associadas com os estímulos dos slides
vido por eles para a modificação do homossexua de homens. A apresentação e retirada dos slides de
O
exibindo homens vestidos e completamente nus. É Inicialmente, o slide do homem menos atraente é
também preparada uma hierarquia semelhante de pareado com o da mulher mais encantadora. Um
slides de mulheres, variando em atratividade. A fim determinado slide de homem é exibido repetida
de facilitar os efeitos de transferência, sempre que mente até que o cliente relate indiferença ou desa
possível são usados slides de homens e mulheres grado com relação a ele e, além disso, retire o slide
EX
até quando continuar a lhe parecer sexualmente U ma sessão típica envolve completação de cerca de
atraente. O cliente é informado de que lhe serão 30 ensaios e requer 20 minutos para a sua realiza
IN
administrados choques durante os períodos de pro ção. As séries de tratamento, que chegam em média
jeção, mas que ele pode acionar um comutador que a 15 sessões, continuam a ser aplicadas até que o
simultaneamente põe fim à projeção e aos choques. cliente exiba uma mudança clara na sua orientação
Se ele desligar a projeção dentro de um período de sexual. Além disso, o cliente volta ao consultório
8 segundos, o choque é esquivado; se, por outro para cerca de 8 ou 10 sessões de “incentivo” du
lado, continuar a observar o slide além do tempo rante o ano seguinte à completação do programa.
designado, receberá um choque doloroso através Feldman e MacCulloch (1965) apresentam resul
de eletródios ligados à sua perna. tados preliminares para 19 homossexuais crônicos
Na suposição de que procedimentos de treina não-selecionados e tratados com esse método. Três
mento variados produzirão respostas de esquiva al casos abandonaram a terapia; 10 entre 12 clientes
tamente resistentes à extinção, a ocorrência de con com menos de 40 anos e 1 entre 4 casos com mais
seqüências negativas é variada randomicamente de 40 obtiveram mudanças acentuadas em sua
com respeito à sua freqüência e distribuição. Con orientação sexual. De acordo com os autores, o in
tingências aversivas imprevisíveis podem produzir teresse dos clientes em homens diminuiu conside
freqüências estáveis de respostas de esquiva na si ravelmente e as práticas homossexuais foram vir
198 CONTROLE AVERSIVO
tualmente eliminadas, enquanto que interesses, pleta só poderá ser feita após a realização de estu
fantasias e comportamento heterossexuais aumen dos controlados.
taram substancialmente. Além disso, em todos os
casos menos um, o comportamento heterossexual Remoção de Reforçadores Positivos
desenvolvido, notado imediatamente após o trata Consequências aversivas sob a forma de punição
mento, foi mantido ou aumentado durante os pe física são raram ente utilizadas como método de
ríodos de seguimento que variaram de 2 a 14 me controle do comportamento em situações naturais.
ses. A remoção de reforçadores positivos, por outro
MacCulIoch, Feldman e Pinshoff (1965) também lado, é uma maneira muito comum de se exercer
registraram as latências das respostas e os concomi controle aversivo (Bandura e Walters, 1959; Sears,
tantes fisiológicos do condicionamento de esquiva Maccoby e Levin, 1957). É esse método exemplifi
em uma pequena subamostra de casos, a fim de cado por sanções negativas, em que pessoas são
PS
determinar se as medidas de respostas obtidas du privadas por um certo tempo de recompensas e
rante o tratamento tinham valor para a predição do privilégios que estão em geral disponíveis, como,
comportamento sexual pós-terapia. Clientes que al por exemplo, o uso de televisão, automóveis ou cer
cançaram e mantiveram uma orientação heterosse tas facilidades; são elas temporariamente removidas
xual exibiram latências de respostas de esquiva a de situações recompensadoras; são impedidas de
U
estímulos homoeróticos progressivamente mais cur sair ou de participar de atividades agradáveis; ou
tas; mostraram eles fortes respostas de aproxima são elas temporariamente forçadas a privar-se de
O
ção a fotografias femininas à medida que a terapia outros objetos ou passatempos que valorizam. Pena
progredia, e exibiam respostas autônomas condi lidades de caráter monetário são também freqüen
cionadas a figuras masculinas. Em contraste, aque temente impostas como punição, particularmente
R
les que voltaram às práticas homossexuais exibiram no caso de adultos.
irregularidade considerável nas latências das res A remoção de reforçadores positivos como téc
postas, tendências fracas de aproximação a estímu
los- femininos e pequeno ou nenhum condiciona
mento autônomo. Esses resultados, embora extre-
memente interessantes e consistentes com os corre-
Gnica de punição deve ser operacionalmente distin
guida dos procedim entos de extinção, em bora
ambos os métodos possam estar reduzindo a res
posta através de alguns processos comuns. Na ex
KS
latos que seriam de esperar para o caso de uma tinção, conseqüências que ordinariamente seguem
aprendizagem de esquiva bem-sucedida, devem ser o comportamento são simplesmente descontinua
confirmados em uma amostra mais ampla antes das; na punição, o comportamento resulta na apli
que seu valor preditivo possa ser adequadamente cação de conseqüências aversivas através da priva
O
confinados a procedimentos em que a ocorrência des negativas (Ferster, 1960; Ferster, Appel e Hiss,
de respostas selecionadas produzia uma perda ou 1962). Ao contrário dos efeitos da punição física,
afastamento tem porário do reforço positivo até entretanto, os eventos estimuladores que sinalizam
então disponível. Um certo número desses experi o advento da remoção do reforço não parecem dar
mentos foi principalmente destinado a determinar origem a ativação emocional disruptiva (Leiten
se a punição por remoção de reforço positivo fun berg, 1965).
ciona como um estímulo aversivo análogo à estimu Diversas tentativas foram feitas para comparar o
lação por choque ou outros eventos fisicamente do poder relativo da remoção do reforço e da apresen
lorosos (Azrin e Holz, 1966; Leitenberg, 1965). Os tação de estímulos fisicamente aversivos na redução
resultados geralmente demonstram que as conse de padrões de respostas selecionados. Tolman e
qüências da remoção de reforço positivo podem Mueller (1964) utilizaram tipos diferentes de puni
produzir reduções duráveis em respostas, se um ções com um macaco rhesus jovem, que havia de
PS
modo alternativo de comportamento estiver dispo senvolvido uma notável afinidade por um dedo do
nível para o sujeito (Holz, Azrin e Ayllon, 1963) ou pé; dormia geralmente com ele na boca e o sugava
se tiverem sido removidas as contingências que enquanto se movimentava sobre as duas mão e um
mantinham o comportamento (Baer, 1961; Nigro, pé. Uma vez que o macaco havia interagido princi
1966). palmente com seres humanos (as práticas de cria
U
Os resultados de um experimento ilustrativo rea ção de macacos não teriam provavelmente produ
lizado por Baer (1962), entretanto, revelam que os zido um sugador crônico do dedo do pé), o contato
O
efeitos redutivos são transitórios, no caso de com visual com pessoas (vistas através de uma pequena
portam ento que continue a produzir poderosas janela) serviu como reforçador positivo. Períodos
conseqüências auto-reforçadoras. Meninos peque de punição, durante os quais a janela era fechada
R
nos que apresentavam persistente comportamento todas as vezes que o macaco colocava o dedo do pé
de chupar o polegar foram colocados em uma sala na boca e aberta após a remoção do dedo, foram
onde se exibiu um desenho animado. Os dois me
ninos assistiam ao filme juntos, mas a interrupção
do desenho se dava de modo contingente ao com
G
alternados com períodos de não-punição, durante
os quais a ja n ela perm aneceu continuam ente
aberta. A segunda fase do experimento seguiu pro
cedimento semelhante; o fechamento da janela, en
portamento de chupar o polegar por parte de um
KS
deles, enquanto que essa mesma resposta não resul tretanto, foi substituído por sons desagradáveis
tava em interrupção do filme no caso do segundo contingentes à colocação do dedo do pé na boca,
menino. No meio do experimento, as condições que eram eliminados assim que o dedo era remo
foram invertidas. A interrupção contingente do de vido. Durante a punição não-contingente, os sons
O
senho animado produziu um decréscimo notável aversivos foram simplesmente apresentados a in
no comportamento de chupar o polegar, mas ne tervalos periódicos sem consideração do compor
nhuma redução ocorreu quando a punição foi rela tamento do animal. A punição através de estimula
BO
cionada randomicamente ao comportamento. En ção sonora aversiva produziu redução marcante do
tretanto, durante os períodos em que a punição comportamento de chupar o dedo; a recuperação
contingente foi suspensa, os meninos prontamente foi retardada, mas, uma vez emitida a resposta,
reverteram ao comportamento de chupar o pole reapareceu ela com freqüência relativamente alta.
gar. Destarte, a punição por remoção dos estímulos so
EX
Os estudos acima demonstram que a remoção ciais resultou num decréscimo menos abrupto; a
breve de um reforço pode funcionar de modo recuperação foi mais gradual e menos completa.
análogo a um estímulo aversivo na redução do Dados com parativos são de avaliação ditícil
com portam ento. Efeitos redutivos semelhantes quando baseados em experim ento com sujeito
podem ser obtidos por punição por meio da con único, no qual a potência dos estímulos punitivos
D
tingência do custo da resposta, na qual pontos mo não foi equacionada e possíveis efeitos ae ordem
netários são perdidos todas as vezes que for de não foram controlados. Entretanto, os achados de
IN
métodos que envolvem principalmente a remoção programa prescrito sob orientação e direção dos
de reforçadores positivos não somente geram efei psicólogos.
tos emocionais muito mais fracos, mas tendem A maior parte dos problemas comportamentais
também a promover e manter a orientação em di recorrentes do menino, que dificultavam qualquer
reção aos agentes que controlam os recursos positi tentativa de tratamento, foi eliminada por um pro
vos desejados. Se a restauração dos reforçadores cedimento combinando extinção e punição através
positivos é feita de modo contingente ao desem da remoção de reforço. Na modificação do com
penho de comportamentos alternativos, rápidas portam ento de acessos de cólera, por exemplo,
mudanças com por lamentais podem de fato resul sempre que o menino se esbofeteava e choramin
tar. gava, era colocado em seu quarto, onde permanecia
até que o acesso terminasse. Durante a fase inicial
CONTROLE COMPORTAMENTAL POR do tratamento, os atendentes apresentavam elabo
REMOÇÃO DE REFORÇADORES POSITIVOS
PS
radas explicações e justificativas enquanto o escol
A remoção do reforço mostrou ser um meio efe tavam até o quarto e o cumulavam de atenções
tivo de controlar comportamentos inconvenientes quando retornava, com o resultado de passar o
que freqüentemente impedem o próprio desenvol menino a exibir freqüentes acessos de cólera segui
vimento da pessoa e prejudicam seriamente o dos de breves e maquinais voltas para o quarto. Um
U
bem-estar de outros. Se combinada com métodos tempo mínimo de 10 minutos foi então instituído
que promovem alternativas construtivas, essa forma para a permanência no quarto, e os atendentes
O
de controle comportamental pode ser útil na ob foram instruídos para minimizar o inadvertido re-
tenção de mudanças duradouras no com porta forçamento social. Sob essa contingência, a fre
mento social. qüência dos violentos acessos de cólera declinou
R
Nas aplicações dos procedimentos de remoção de gradualmente e finalmente desapareceu. Proble
reforçadores positivos, comportamentos que são mas com relação à alimentação — o menino rou
considerados inaceitáveis e as conseqüências que
passarão a produzir são claramente explicados an
tecipadamente. Quando a exclusão social é empre
gada como a conseqüência negativa, como geral
G
bava alimento do prato de outras crianças, atirava-o
pelo aposento ou comia com os dedos — foram ra
pidamente eliminados de modo semelhante. Os
atendentes simplesmente o removiam da sala de re
KS
mente acontece, cada transgressão rçsulta numa feições durante o resto da sua refeição sempre que
breve remoção social que é levada a cabo imedia se apoderava de alimento dos outros meninos ou
tamente, naturalmente e de maneira firme mas não quando o atirava em volta após uma advertência, e
hostil. Se, durante o intervalo da remoção, a pessoa retiravam seu prato por alguns minutos sempre
O
autocontrole é rapidamente estabelecido. Uma vez dos. Durante o período de isolamento, a criança
que a atenção social que acompanha uma interven pode, por exemplo, passar a quebrar a mobüia do
ção disciplinar pode reforçar o comportamento di quarto, infligir-se ferimentos ou exibir outros com
vergente precedente, o agente da mudança deve portamentos prejudiciais. Esse problema surgiu sob
minimizar tanto quanto possível a interação social e forma branda durante o tratamento dos padrões
verbal enquanto estiver sendo aplicada a sanção do com portam ento de dorm ir do menino, que
EX
nino autista de três anos de idade por Wolf, Risley cama, deixando a porta do quarto aberta. Se se re
e Meers (1964). Além de comportamento social e cusasse a permanecer na cama, a porta era fechada,
o que inicialmente deu origem a acessos de cólera.
IN
para leVar o menino a usar os óculos, e foi ele posi des diárias sociais e recreativas, após ter sido elimi
tivamente orientado e recompensado por padróes nado o contínuo comportamento de automutilação.
de comportamento mais apropriados. Antes do tra Fizeram os autores a interessante observação de
tamento, o menino não dispunha de nenhum a que, em seguida à remoção do difuso comporta
habilidade de comunicação, que foi depois gra mento divergente, os sujeitos começaram a fazer
dualmente estabelecida através da modelação re contato com aspectos do ambiente potencialmente
forçada. O desenvolvimento de competências mais recompensadores, que sempre estiveram disponí
recompensadoras contribuiu, sem dúvida alguma, veis e que automaticamente reforçaram modos de
para a eficácia da punição branda. comportamento adequados. Uma vez que se tenha
iniciado uma interação auto-regulada entre com
À medida que as condições do menino melhora
portamento e contingências comportamentais, am
vam, os contatos com sua família e sua casa foram plas mudanças podem surgir mesmo se comporta
progressivamente aumentados. Inicialmente, os mentos alternativos não tiverem sido deliberadamente
PS
pais visitavam o hospital por uma hora e observa estabelecidos.
vam o modo pelo qual acessos de cólera e proble
mas à hora de dormir eram tratados pelos atenden- Diversos relatos de casos adicionais foram publi
tes. Subseqüentemente, os pais fizeram diversas vi cados, fornecendo dados quantitativos que indicam
sitas por semana, durante as quais um atendente os a eficácia dos procedimentos de remoção na modi
U
observava e instruía enquanto lidavam com o filho. ficação de diversos distúrbios comportamentais.
Em seguida, começou o menino a fazer pequenas Sloane, Johnston e Bijou (1968) eliminaram rapi
O
visitas aos pais em casa, acompanhado por um damente agressividade extrema num menino em
atendente, seguidas de visitas progressivamente idade pré-escolar, e Burchard e Tyler (1965) redu
mais longas. Após a alta, não manifestou mais seve ziram o comportamento anti-social de um adoles
R
ros problemas comportamentais, tornou-se crescen cente delinqüente por meio da exclusão social con
temente verbal e as interações em família passaram tingente. Esse procedimento foi também utilizado
a ser consideravelmente mais agradáveis. Os pro
cedimentos de reforçamento foram extensamente
aplicados durante diversos anos durante sua per
manência numa escola maternal, onde o menino
G
por Tyler e Brown (1967) em termos grupais com
delinqüentes institucionalizados. O “staff’ de um
centro de reabilitação teve dificuldades em contro
lar comportamento disruptivo e agressivo em me
KS
fez progressos suficientes para poder matricular-se ninos delinqüentes, que se mostravam excessiva
numa escola pública (Risley e Wolf, 1966; Wolf, mente turbulentos durante os períodos de recrea
Risley, Johnston, Harris e Állen, 1967). Os proce ção, mas não tanto a ponto de merecerem punições
dimentos de remoção foram usados ocasionalmente severas. Foi então instituído um programa envol
O
nas primeiras fases para eliminar os acessos de có vendo períodos breves de punição branda por
lera, exibidos sempre que era solicitado a desem comportamento inadequado, a fim de controlar o
penhar determ inadas tarefas, e para controlar grupo. Todas as vezes que um menino exibia um
BO
comportamento lesivo para com outras crianças. comportamento faltoso era imediatamente colo
cado num aposento do “cottage” por 15 minutos,
Já foram feitas referências a diversos estudos em sem nenhuma ameaça, invectiva, sermão ou nego
que o comportamento autolesivo em crianças autis ciação para uma segunda oportunidade. De modo
tas foi completamente eliminado ou consideravel consistente com achados anteriores, remoção social
mente reduzido por remoção de reforço. Métodos breve produziu um declínio marcante na incidência
EX
semelhantes foram utilizados com sucesso por Ha do comportamento disruptivo. A fim de se deter
milton, Stephens e Allen (1967) na eliminação de minar se a punição tinha efeitos duradouros, as
comportamento agressivo lesivo e autodestrutivo conseqüências aversivas foram descontinuadas; em
em adolescentes severamente retardados. Em cada vez disso, o “staff’ repreendia os meninos verbal
D
caso, o indivíduo foi fisicamente confinado a uma mente, e ocasionalmente fechava o local de recrea
cadeira numa área reservada aos procedimentos de ção temporariamente quando seu comportamento
remoção por um período determinado em seguida mostrava-se completamente incontrolável. Durante
IN
à ocorrência de comportamento lesivo. Num caso, o período em que sanções negativas foram removi
por exemplo, uma menina bateu a cabeça e as cos das houve um aumento rápido na freqüência das
tas contra uma parede num total de 35.906 vezes faltas. Entretanto, quando a contingência de puni
durante quatro períodos de observação de seis ção foi subseqüentemente reinstalada, o compor
horas — cerca de uma vez em cada três segundos! tamento disruptivo cedeu com igual rapidez e per
Quando foi mais tarde utilizada a contingência de maneceu num nível baixo. Aparentemente, os me
remoção, o comportamento de bater com a cabeça ninos foram capazes de discriminar rapidamente as
sofreu rapidíssima redução para um nível negli- mudanças nas condições de reforçamento e regula
genciável de 7, 2, 0, 1,0 por cinco semanas sucessi ram seu comportamento em conformidade. Ficou
vas e nunca mais reapareceu durante os nove meses assim provado que constitui o controle aversivo
em que se fez um estudo de seguimento. De impor uma técnica de controle altamente efetiva; mas, ao
tância considerável, tanto do ponto de vista clínico contrário dos achados anteriores, não foi capaz de
quanto ético, é o fato de os retardados terem pas produzir m udanças durad o u ras no com porta
sado a participar com prazer evidente das ativida- mento.
202 CONTROLE AVERSIVO
PS
tido enquanto permanecerem em efeito as sanções ção do psicólogo é a de estruturar e supervisionar o
institucionais. Entretanto, quando os controles programa, oferecer aos participantes assistência po
aversivos forem removidos, as práticas de reforça sitiva quando necessária e decidir quando devem as
mento dos companheiros reinstalarão rapidamente contingências ser descontinuadas.
os padrões de comportamento divergente. Para al
U
Relatam os autores que aplicação sistemática das
cançar mudanças estáveis no comportamento, é conseqüências de exclusão produz rápida e dura
preciso modificar os sistemas de contingências pra doura redução de comportamento cronicamente
O
ticados pelos companheiros como foi feito, por disruptivo, mas nenhum dado quantitativo é apre
exemplo, por Cohen (1968), que colocou com su sentado e não há nenhuma especificação das condi
cesso o modo de vida dos delinqüentes dentro da
R
ções sob as quais é esse método mais eficiente. É
instituição em bases de autodeterminação. Quando aparente que um procedimento de exclusão não
as contingências são organizadas de modo que o produzirá nenhuma modificação comportamental
comportamento construtivo venha a ser adequa
damente reforçado e o comportamento anti-social
tenha vantagens lim itadas, as personalidades
anti-sociais se mostram menos inclinadas a procu
G
ou poderá até mesmo aumentar as respostas diver
gentes, se a situação da qual a pessoa está sendo
removida não é recompensadora ou é altamente
KS
desagradável. Sob tais circunstâncias, a remoção
rar recompensas logrando os membros do “staff’ terá efeitos reforçadores e não punitivos. Foi mos
ou a partir das reações perturbadas de outros às trado por meio de estudos de laboratório (Herrns-
transgressões produtoras de crises (Colman e Ba tein, 1955), por exemplo, que o comportamento
ker, 1968). que produz uma remoção temporária da situação
O
A “exclusão sistemática” está sendo cada vez mais de reforçamento aumenta em freqüência, se as
empregada na situação escolar (Chapman, 1962; condições de reforçamento que o comportamento
evita são relativamente desfavoráveis.
BO
comportamento disruptivo da criança e suas conse mento disruptivo. Seria também interessante pes
qüências sociais. Nessa reunião, o papel de cada quisar o grau em que o comportamento divergente
participante é especificamente delineado. É expli diminui como função das diferentes durações da
cado que a escola não pode perm itir que uma exclusão, dos tipos de situação para a qual é a
criança continue a perturbar as atividades educa criança removida e da atratividade ao ambiente do
D
cionais de uma classe inteira. A ajuda da criança é qual é retirada. Achados de estudos utilizando con
solicitada para controlar, tanto quanto possível, o tingências de remoção para controlar comporta
IN
comportamento que tem efeitos perturbadores em mento seriamente divergente indicam que períodos
todos os envolvidos. Todas as vezes que a criança muito breves de exclusão podem funcionar tão bem
exibir comportamento que claramente exceda cer ou até melhor do que a suspensão de um dia in
tos limites explicitamente definidos, o professor lhe teiro das atividades escolares.
solicitará que deixe a escola pelo resto do dia. A fim
de remover qualquer reforçamento posidvo inad Sum ário
vertido para o comportamento divergente, o pro O presente capítulo discutiu os processos pelos
fessor é instruído para não ameaçar, induzir, solici quais padrões de respostas são eliminados através do
tar ou censurar a criança, e também para não se uso de estímulos punitivos. Conseqüências de puni
envolver em tentativas de persuadi-la a alterar seu ção podem envolver tanto a remoção de reforçado
comportamento. Em vez disso, as sanções estabele res positivos quanto a apresentação de eventos
cidas previamente são aplicadas imediata, franca e aversivos. Supõe-se que a punição desenvolva seus
diretamente e com toda a naturalidade. O fato de efeitos redutivos pela produção de medo condicio
o professor aplicar contingências discutidas e esta nado que elicia comportamentos inibitórios ou pela
CONTROLE AVERSIVO 203
facilitação do aparecimento de respostas que são tente são consideravelmente mais encorajadores do
incompatíveis com o comportamento punido .e são que os achados de laboratório nos levariam a fazer
portanto capazes de suplantá-lo. O grau de con crer. C om portam ento auto m u tilad o r crônico,
trole exerddo pela punição é em grande parte uma cãibras ocupacionais enfraquecedoras de longa
função da intensidade, duração e distribuição das duração, gagueira, agressão anti-social e padrões
conseqüências aversivas, sua relação temporal com divergentes de comportamento social foram subs
o comportamento a ser modificado, a força com tancialmente reduzidos ou eliminados por métodos
que as respostas punidas estão sendo concomitan- baseados sobre a aplicação contingente de conse
temente reforçadas, a disponibilidade de modos al qüências negativas.
ternativos de comportamento para a obtenção de
recompensas, o nível de instigação para o desem A relativa ineficiência da punição ha produção
penho de comportamento negativamente sancio de efeitos redutivos duráveis em situação de labora
nado e as características psicológicas dos agentes tório deve ter provavelmente resultado do fato de
PS
punitivos. constituir a resposta punida, com poucas exceções,
o único meio de obter recompensas. Portanto, não
Um certo núm ero de teorias diferentes foi é de surpreender que, em situações em que só é
proposto com relação ao locus do controle aver possível uma resposta, o comportamento punido
sivo. Estímulos ambientais que são regularmente
U
seja desempenhado por algum tempo mesmo se in
associados com experiências punitivas podem correr em conseqüências aversivas, e reapareça fre
tornar-se eliciadores condicionados de medo e ter qüentemente quando a punição é descontinuada.
O
efeitos supressivos sobre o comportamento. Uma Ao contrário disso, as pessoas têm geralmente nu
segunda interpretação é a de que estímulos pro- merosas opções disponíveis na vida diária. Mesmo
prioceptivos tendo origem no próprio comporta
R
se a punição puder somente inibir temporariamente
mento punido adquirem propriedades reforçado as respostas dominantes, durante o período de su
ras negativas através da associação com experiên pressão, modos alternativos de com portam ento
cias punitivas em ocasiões anteriores. Embora a
punição contingente à resposta produza efeitos re-
dutivos, a evidência de que inibições comportamen-
tais podem ser prontamente adquiridas e extintas,
G
podem ser suficientemente fortalecidos para su
plantar as tendências de resposta originais. Além
disso, a breve cessação do comportamento que é al
KS
tamente perturbador para outros pode evpntual-
sob o efeito do curare ou através de experiências mente dar origem a reações positivas por parte de
vicárias sem a intervenção de nenhuma resposta pessoas envolvidas. As novas condições de reforça-
motora, desafia seriamente os pontos de vista peri mento criadas pela cessação das respostas divergen
féricos de que o controle aversivo resida principal tes podem promover e manter o seu abandono.
O
mente em pistas produzidas pela resposta. Ao con Pela mesma razão, roedores ou pombos, que fos
trário disso, esses achados dão peso à teoria de que sem subitamente cumulados de pelotas de alimento
os efeitos da punição são mediados através de me
BO
tais semelhantes, como resultado de discriminações aversivo devem ser aceitas com reservas.
complicadas de diferenças nas contingências de re-
forçamento.
IN
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PS
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BO
PS
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nuarão a exibir este comportamento por um tempo da fadiga é fornecido pelo fenômeno bem conhe
limitado. Sob repetido não-reforçamento, porém, o cido da remissão espontânea. Quando uma res
comportamento decresce e eventualmente desapa posta foi inicialmente extinta, ela tende a reapare
U
rece. Este decréscimo na reatividade como função cer, embora tipicamente com força reduzida, com o
da repetição não-recompensada de uma resposta passar do tempo, sugerindo uma dissipação de uma
recebe o nome de extinção. Em situações naturais, forma transitória de controle inibitório. O fato, po
O
os padrões de resposta sustentados pelo reforça rém, de que a quantidade de recuperação que se
mento positivo são freqüentem ente eliminados segue a extinções sucessivas se torna progressiva
R
simplesmente pela descontinuidade das recompen mente menor até que eventualmente chega a zero
sas que geralmente produzem o comportamento. O claramente indica que processos adicionais estão
comportamento de esquiva, que é mantido com envolvidos. Portanto, Hull postulou que além da
grande força pelo seu êxito em evitar experiências
aversivas antecipadas, pode, similarmente, ser ex
tinto se, quando impedido de ocorrer na presença
G
inibição produzida pela resposta, a extinção tam
bém envolve a produção de uma inibição condicio
nada. O decréscimo persistente do comportamento
KS
de estímulos ameaçadores, nenhuma conseqüência foi explicado como segue: Quando a inibição rea
adversa é gerada. Com a exposição repetida não- tiva atinge um alto nível, a cessação da atividade
reforçada a ameaças subjetivas, o comportamento alivia o estado motivacional aversivo, e, conseqüen
protetor que é desapropriado às circunstâncias al temente, quaisquer estímulos associados com a pa
teradas é eventualmente abandonado. Em ambos os rada da resposta se tornam inibidores condiciona
O
casos o processo de extinção é essencialmente o dos. Nesta formulação, a redução da fadiga resul
mesmo, em bora os procedim entos variem de tante do término do comportamento que produz
BO
acordo com a natureza das conseqüências mante uma estimulação aversiva constitui o evento refor
nedoras. çador primário.
com que o comportamento foi reforçado no pas contexto são a razão da evocação das respostas e a
sado, a quantidade de esforço necessária para quantidade de esforço exigida para desempenhar o
desempenhá-lo, o nível de privação presente du comportamento. Em geral, os achados das pesqui
rante a extinção, a facilidade com que mudanças sas (Kimble, 1961) indicam que há pouca diminui
nas condições de reforçamento podem ser percebi
D
da resposta. Existe ampla evidência, contudo, que o dança no foco da'atenção para outros aspectos dis
desempenho não-reforçado do comportamento é tintos do ambiente. No primeiro caso, que essen
uma condição facilitadora mas não necessária da cialmente envolve um processo de contracondicio-
extinção. Estes achados são baseados em diferentes namento, a extinção resulta do desenvolvimento de
paradigmas, em cada um dos quais as respostas são novas respostas incompatíveis aos mesmos estímu
ou parcialmente ou totalmente extintas sem jamais los, ou do reaparecimento de respostas de interfe
terem sido desempenhadas. Nos estudos de “extin rência que foram previamente aprendidas.
ção latente”, por exemplo, animais que são sim Quaisquer condições, à parte da omissão do re
plesmente colocados diretamente na caixa de alvo forçamento, que reduzam a probabilidade da ocor
vazia um certo número de vezes, subseqüentemente rência do comportamento original, irão facilitar o
extinguem respostas instrumentais com maior ra aparecimento de padrões de resposta competido
pidez do que grupos de controle colocados em ou res. Algumas destas condições, originalmente pro
PS
tras situações que não possuem recom pensas postas por Guthrie (1935) incluem a introdução dos
(D eese, 1951; Sew ard e Levy, 1949; Moltz, estímulos controladores numa intensidade tão re
1955). A extinção das respostas de esquiva pode, duzida que eles falham em evocar o comporta
similarmente, ser grandemente facilitada indepen mento não-desejado; a repetição dos estímulos con
dentemente das reações dos músculos do esqueleto troladores depois que as respostas originais foram
U
apresentando-se repetidamente um estímulo aver inibidas pela fadiga, para que novas tendências
sivo condicionado a sujeitos que estão muscular comportamentais possam ser aprendidas; e a apre
O
mente imobilizados pelo curare (Black, 1958). Além sentação dos estímulos no contexto de eventos es
do mais, as respostas autonômicas, que não produ timuladores mais poderosos que evocam respostas
zem estados de fadiga, também sofrem a extinção incompatíveis suficientemente fortes para sobrepu
R
com uma eliciação repetida não-reforçadora. A ex ja r o comportamento indesejado. As técnicas de
tinção das não-respostas é talvez mais claramente prevenção das respostas que se apóiam sobre bar
revelada pelos experimentos de extinção vicariante
(Bandura, 1968), nos quais resposlas de esquiva
com as quais é difícil de lidar e que já se instalaram
há mutio tempo são completamente eliminadas
G
reiras físicas (Carlson e Black, 1959; Solomon,
Kamin e Wynne, 1953) também fornecem um
meio para assegurar a ocorrência de respostas al
ternativas na presença de estímulos condicionados
KS
utilizando-se apenas experiências de observação. aversivos. Numa teoria da extinção que enfatiza
A limitação das explicações da extinção em ter processos condicionados de relaxamento, Denny e
mos de inibição produzida pelas respostas também seus associados (Denny e Weisman, 1964; Weis-
é aparente nas investigações da resistência à extin tnan, Denny, Platt e Zerbolio, 1966) argum en
O
ção como função das variações da percentagem, tam que o término ou a omissão de estimulação
magnitude e padrão serial do reforçamento, e das aversiva automaticamente produz respostas de re
condições de aquisição variáveis. Embora os níveis laxamento que se generalizam retroativam ente
BO
terminais da aprendizagem alcançados sob circuns para a situação eliciadora de medo e competem
tâncias constantes e variáveis sejam essencialmente com o comportamento de esquiva.
idêniicos, aumentar as irregularidades das condi Dada a emergência de respostas competitivas,
ções de reforçamento e treino aumenta a resistên qualquer que seja a sua fonte, a natureza do refor
cia subseqüente à extinção. Finalmente, em certos çamento que mantém as novas tendências compor
EX
casos a eliciação não-reforçada pode resultar numa tamentais dentro da situação de extinção perma
extinção extremamente rápida, às vezes num só en nece como digna de explicação. O leitor se recor
saio antes que muita inibição reativa se possa de dará que a redução da fadiga associada com a ces
senvolver. A evidência geral de pesquisa indica, sação do comportamento que demanda esforço era
portanto, que, embora a inibição produzida pela vista, na teoria de Hull, como reforçadora das res
D
resposta possa ser um dos determinantes da extin postas inibitórias. Algumas pesquisas sugerem que
ção, sem dúvida existem processos adicionais en a cessação dos efeitos emocionais aversivos gerados
IN
PS
procedeu da seguinte maneira: A fase inicial do es
tudo, que duplicou o procedim ento do experi mesmos estímulos controladores. A teoria da dis
mento anterior, similarmente demonstrou que os criminação da extinção, que será revista a seguir,
animais primeiro detidos no compartimento amea trata a extinção como um fenômeno mediado cen
çador subseqüentemente extinguiram suas respos tralmente, e não perifericamente.
U
tas muito mais rapidamente do que os animais de
controle que receberam ensaios de extinção regula TEORIA DA DISCRIMINAÇÃO
O
res. Na segunda fase do estudo, projetada para As interpretações da extinção em termos da dis
medir as propriedades aversivas dos estímulos con criminação enfatizam o papel dos processos obser
dicionados, os animais foram colocados no compar vacionais e cognitivos. De acordo com esta formula
R
timento neutro depois de terem sido privados de ção, o comportamento é desempenhado durante
alimento e o experimentador mediu a rapidez com algum tempo depois que o reforçamento foi omi
que entravam no compartimento de choque para
obter a comida. Além disso, um grupo de animais
de controle que nunca tinham sido expostos à esti
mulação de choque foi testado. As latências das
G tido porque o sujeito falhou ao não reconhecer que
as contingências prévias de reforçamento não estão
mais operando. SeguirTse-ia, desta hipótese, que
variáveis capazes de reduzir a discriminabilidade
KS
respostas de aproximação foram, em média, 25, 60 entre condições prévias de reforçamento e as de ex
e 110 segundos para os grupos de controle, extin tinção deveriam prolongar a resposta em condições
ção regular' e prevenção da resposta, respectiva de não-recompensa.
mente. Os dois conjuntos de dados mostram que Numerosos experimentos, nos quais a diferença
O
sob exposição forçada a estímulos eliciadores de entre aquisição e extinção ou foi sistematicamente
medo um modo dominante de resposta de esquiva variada ou é facilmente inferível, fornecem evidên
foi eliminado, mas os animais, apesar disso, retive cia de apoio à hipótese da discriminação. O com-
BO
ram algum medo do compartimento negativo. Estes portamenLo estabelecido sob reforçamento intermi
achados indicam que os estímulos ameaçadores tente, per exemplo, é mais resistente à extinção do
continuam a gerar estimulação aversiva e que que as respostas que seguem um reforçamento con
quaisquer respostas de proteção que os animais tínuo. Quando as recompensas são retiradas subi
adotaram na situação foram reforçadas pela omis tamente, é razoável supor que as pessoas que forem
são de choques dolorosos. reforçadas cada vez que respondem irão reconhe
EX
Na extinção do comportamento de esquiva, a au cer a mudança mais rapidamente do que aquelas
sência de conseqüências aversivas esperadas for que sem pre forem reforçadas irregularm ente.
nece uma fonte poderosa de reforçamento para Quanto mais baixa a freqüência do reforçamento,
respostas competidoras. Na eliminação do compor menos discerníveis são as mudanças. Talvez seja
D
tamento previamente mantido pelo reforçamento por motivos similares que, mesmo sob idêntico
positivo, a redução das reações emocionais aversi grau de reforçamento parcial, o comportamento
vas produzida pela omissão de recompensas anteci recom pensado de forma irregular se extingue
IN
padas também pode constituir o principal reforço menos rapidamente do que as respostas estabeleci
para respostas antagônicas. De acordo com a inter das por um esquema regular, previsível, de refor
pretação de frustração da extinção (Amsel, 1962; çamento interm itente (Ferster e Skinner, 1957;
Wagner, 1966), a repetição não-recompensada de Kimble, Mann e D ufort, 1955; L ongenecker,
respostas gera uma reação aversiva capaz de evocar Krauskopf e Bitterman, 1952). Além do mais, o
tendências de respostas conflitantes que interferem comportamento que se segue a um treino que in
no com portam ento em curso. S uplantando o clui uma longa série de ensaios consecutivos não-
comportamento não-recompensado, as respostas reforçados é altamente resistente à* extinção (Sla-
competidoras reduzem as reações emocionais per mecka, 1960). Estas últimas condições devem tor
turbadoras e são desta forma reforçadas negativa nar especialmente difícil determinar quando a ex
mente. De um modo consistente com estas especu tinção começou.
lações teóricas, foi mostrado que a não-recompensa As discriminações podem ser formadas não ape
produz efeitos aversivos análogos às operações de nas na base da freqüência e dos padrões de estímu
punição. Os estímulos previamente associados com los reforçadores, mas também em termos de outros
EXTINÇÃO 213
aspectos distinguíveis do ambiente que significam O papèl potencialmente influente das experiências
uma mudança nas prádcas de reforçamento. A pre observacionais na extinção é patenteado por estudos
sença, durante a extinção, de estímulos que pre citados anteriormente, os quais empregaram pro
viamente significaram que o desem penho ade cedimentos de extinção vinculados à não-resposta.
quado será reforçado, resulta numa extinção mais A simples observação de que as situações que ante
rápida do que quando as pistas discriminativas po riormente ofereciam recompensas já não contêm
sitivas estão ausentes (Elam, Tyler e Bitterman, mais as mesmas facilita a eliminação das respostas
1954; McNamara e Paige, 1962; Slamecka, 1960). instrum entais de aproximação. Além do mais,
Estes achados, que são contrários à teoria do refor quanto maior o número de estímulos positivamente
çamento secundário, estão de acordo com a hipó discriminadores retidos na situação na qual as re
tese da discriminação. Se respostas na presença de compensas eram dadas anteriormente, mais rápida
estímulos que anteriormente significavam uma ele será a extinção da resposta (Denny e Ratner, 1959;
vada probabilidade de recompensa não são mais re
PS
Molt7, 1955).
forçadas, torna-se aparente que as contingências E nquanto a eficácia dos procedim entos de
originais de reforçam ento não estão mais ope extinção observacionais foi bem estabelecida sob
rando. Contudo, Longstreth (1966) interpretou uma variedade de condições (Deese, 1951; Dyal,
achados semelhantes em crianças em tçrmos da 1963; K o p p m an e G rice, 1963; S ew ard e
U
teoria da frustração, segundo a qual sempre que Levy, 1949; Wilson e Dyal, 1963), os decréscimos
um estímulo anteriormente ligado a uma recom da resposta podem ser interpretados de várias ma
O
pensa é apresentado subseqüentemente sozinho neiras. Uma possível explicação é em termos de
gera respostas emocionais aversivas que interferem processos cognitivos. A observação repetida de que
com o comportamento que está sendo desempe recompensas anteriormente disponíveis são agora
R
nhado. ausentes, indubitavelmente veicula informação ao
observador sobre as condições de reforçamento al
Condições irregulares de aprendizagem também
deveriam aumentar a complexidade da discrimina
ção e, portanto, prolongar a persistência de desem
penhos não-recompensados. Em vários experimen
G
teradas. Contudo, quando os estímulos ambientais
que significam as contingências de reforçamento
associadas a dado comportamento também são re
movidos, a situação observada apresenta pouca se
KS
tos, padrões de resposta que foram adquiridos sob
melhança a tal comportamento e, portanto, oferece
condições estimuladoras diversas (por exemplo,
pouca informação a respeito da situação original.
mudanças flagrantes nos estados de impulsão, es
Não há nenhuma razão para supor que sob tais cir
tímulos ambientais, desempenhos exigidos, e na
freqüência, magnitude e atraso do reforçamento) cunstâncias as expectativas relacionadas com as
O
sário um tempo maior para extinguir um conjunto foram freqüentemente evocados como fatores ex-
variado de respostas do que uma simples resposta planatórios, No caso de seres humanos, que pos
suem capacidades superiores de discriminação e
IN
PS
eventos estimuladores mas impede o reconheci reforçamento diferencial na base da qual as pistas
mento da sua relação contingente, a taxa de extin verbais se tornam indicadores confiáveis de
ção é a mesma para respostas originalmente adqui prováveis conseqüências de resposta. Nos casos em
ridas sob reforçamento parcial ou contínuo. que os agentes sociais ou as comunicações verbais
U
O achado comum de que o reforçamento irregu são considerados indignos de confiança, onde as
lar produz um comportamento que é mais resis conseqüências reais e imaginadas de certas ações
tente à extinção do que o reforçamento contínuo são altamente nocivas, e onde os eventos ambientais
O
também é desconfirmado quando a discriminabili não são totalmente previsíveis, o controle verbal da
dade entre aquisição e extinção é neutralizada, extinção tende a ser fraco. É extremamente im
R
informando-se aos sujeitos no início da extinção provável, por exem plo, que inform ar pessoas
que estímulos dolorosos não serão apresentados em que têm fobias a cobras que um determinado réptil
ensaios subseqüentes (Bridger e Mandei, 1965). é inofensivo irá resultar em qualquer decréscimo
Como pode ser visto na Fig. 6-1, o efeito do refor
çamento parcial foi obtido para sujeitos desinfor-
mados, mas a conscientização induzida essencial
G perceptível no comportamento de esquiva em rela
ção às cobras.
O poderoso controle simbólico sobre respostas
KS
mente aboliu respostas autonômicas condicionadas emocionais desenvolvidas sob condições de labora
que poderiam ter sido adquiridas num esquema de tório contrasta acentuadamente com a qualidade
reforçam ento de 100 por cento como num es refratária dos medos adquiridos por meio de expe
quema de 25 por cento. Numerosas outras investi riências naturais. A diferença pode surgir parcial-
O
BO
EX
D
IN
Figura 6-1» Taxa de extinção das ondas GSR em função da conscientização e do esquema de reforçamento empregado
durante a fase de aquisição. Bridger e Mandei, 1965.
EXTINÇÃO 215
mente do grau de controle exercido por agentes de comportamento. Depois que um sujeito se persua
mudança sobre os eventos temidos. Os experimen diu de que ele realmente gosta de se engajar no
tadores podem remover completamente quaisquer comportamento, torna-se mais resistente à extinção
ameaças potenciais da situação desligando o apa quando as recompensas extrínsecas são mais tarde
relho de choques ou removendo os eletródios. Em removidas.
contraste, os objetos temidos naturalmente e que
são ordinariamente inócuos podem, contudo, oca Diferentes tipos de condições de reforçamento
sionalmente produzir efeitos daninhos, apesar de são identificados como especialmente aptos a indu
afirmações em contrário. Mesmo cobras e cães ino zir a dissonância durante o período de aquisição. O
fensivos às vezes mordem. Contudo, esta expli comportamento que freqüentemente não é recom
cação não reconcilia totalmente os achados em con pensado, que exige um grande dispêndio de es
tradição, porque as pessoas com fobias a cobras vi- forço e para o qual as recompensas são adiadas,
vendam uma perturbação emocional considerável seria mais resistente à extinção. Tais autores (Law
PS
uando se deparam com figuras de répteis (Ban- rence e Festinger) demonstraram, numa série de
u ra , B lan ch ard e R itter, 1969), ao m esm o experimentos bem elaborados com sujeitos infra-
tempo em que reconhecem não ter sentido sua agi humanos, que respostas estabelecidas sob essas
tação, uma vez que cobras pictóricas não podem condições menos vantajosas são na realidade mais
persistentes do que aquelas que são contínua e
U
infligir nenhum dano. A evidência geral parece
indicar que o comportamento emocional é contro imediatamente recompensadas, com pouco dispên
lado por duas diferentes fontes de estímulos. Uma dio de esforço.
O
é a reação emocional autogerada por atividades Outros investigadores têm, naturalmente, atri
simbólicas na forma de pensamentos geradores de buído a influência destas variáveis de reforçamento
R
emoção a respeito de eventos ameaçadores ou sobre a extinção à operação de outros mecanismos
agradáveis. A segunda é a resposta evocada dire envolvendo os processos de discriminação, os efei
tamente por estímulos condicionados aversivos. O
primeiro componente seria prontamente suscetível
à extinção por meio de uma reestruturação cogni
tiva das prováveis conseqüências das respostas, ao
G
tos da frustração, e o contracondicionamento de
respostas competidoras. Estas teorias alternativas
devem, portanto, ser testadas sob condições nas
quais elas fazem p ro g n ó stico s opostos. Por
KS
passo que a eliminação do segundo componente exemplo, a resistência à extinção que se segue tanto
pode exigir uma exposição repetida não-reforçada a um esquema variável como a um esquema total
a eventos am eaçadores direta ou vicariamente mente regular do mesmo reforçamento parcial
(Bridger e Mandei, 1964). A taxa diferencial de ex total foi estudada. O número absoluto de ensaios
tinção de respostas emocionais oriundas da auto-
O
derações da regulação simbólica do com porta ser despertada e presumivelmente reduzida. A teo
mento. As investigações de laboratório nas quais ria da dissonância prognosticaria a mesma taxa de
elevada credulidade é assegurada aos relatórios extinção sob ambas as condições, ao passo que a
verbais dos experimentadores, os estímulos aversi teoria da discriminação nos levaria a esperar que o
vos são de imensidades relativamente fracas e os esquema imprevisível produzisse o comportamento
experimentadores possuem um controle total sobre mais persistente. Bitterman e seus associados con
EX
a ocorrência de eventos aversivos, podem portanto duziram vários experimentos nos quais os sujeitos
fornecer uma explicação insuficiente do processo são reforçados em 50 por cento dos ensaios de trei
de extinção, particularmente no que se aplica ao namento; para um grupo as recompensas são ad
comportamento de esquiva refratário. ministradas ao acaso, ao passo que os sujeitos no
D
explicação, em termos dos processos de dissonância man, 1953) depois de um reforçamento aleatório
cognitiva, da razão pela qual o comportamento que de 50 por cento do que após um reforçamento re
originalmente foi adquirido sob condições relati gular alterando 50 por cento das reações. Resulta
vamente desfavoráveis de reforçamento pode ser dos análogos são obtidos na extinção de reações au
especialmente resistente à extinção. De acordo com tonômicas que não envolvem o desempenho de
esta interpretação, quando um sujeito é induzido a quaisquer respostas que exigem esforço (Longe-
se engajar num comportamento que é insuficien necker, Krauskopf e Bitterman, 1952). Além do
temente recompensado, cria-se um estado aversivo mais, o treinam ento intensificado, que oferece
de dissonância cognitiva péla informação conflitante maior número de oportunidades de redução da
de ter feito esforços para uma recompensa inade dissonância, facilita a extinção qué se segue ao re
quada. Sob circunstâncias nas quais não é fácil ao forçam ento alternativo, mas não tem nenhum
sujeito deixar de responder, a dissonância resul efeito sobre o comportartiento recompensado de
tante é reduzida ao aumentar a atratividade ou o acordo com um padrão imprevisível (Capaldi,
valor da atividade para justificar a continuação do 1958).
216 EXTINÇÃO
PS
combina a recompensa intermitente com ocasionais
irracional e deveriam, por isso, vivenciar maiores
punições geralmente resulta num comportamento
pressões para justificar suas ações, persuadindo-se
de que realmente gostam da atividade. Por outro que é resistente à mudança. Além do mais, muitas
intervenções que pretendem ser punições na reali
lado, os sujeitos que efetuaram o desempenho por
que esperavam ser recompensados possuem justifi dade servem como reforços positivos que mantêm o
U
comportamento indesejável. Contingências de au-
cativas adequadas sem que necessitem atribuir atra
toderrotas geralmente não são notadas porque as
tivos adicionais à atividade. Se o desempenho relu
O
pessoas tendem a ver apenas os resultados imedia
tante de uma ação é aceito como evidência compor-
tamental para a existência da dissonância (Law- tos, ao passo que raramente avaliam sistematica
mente as mudanças produzidas pelas suas práticas,
rence e Festinger, 1962), então os sujeitos trei
R
nados sob o reforçamento alternado nos experi ou os efeitos a longo prazo que o seu comporta
mentos acima vivenciaram uma dissonância mais mento pode ter em relação aos outros. Portanto,
severa. À medida que o treino progredia, eles con
tinuaram a desempenhar o comportamento nos en
saios não-recompensados embora evidenciando con
siderável hesitação.
G
sistemas sociais maléficos são muitas vezes criados
involuntária e mutuamente sustentados, porque o
com portamento desviante é recompensado pela
atenção que recebe e técnicas de controle ineficien
KS
A literatura contém outros achados que não tes são reforçadas pelo seu êxito em sustar tempo
podem adequadamente ser explicados quer pela rariamente desempenhos perturbadores.
teoria da dissonância ou pelas formulações alternaOs efeitos reforçadores positivos de reprimendas
tivas. Young (1966) mediu a resistência à extinção
verbais são bem ilustrados num estudo de campo
O
como uma função da variação no esforço exigido por Madsen et al. (1968) do comportamento desor-
pela resposta, na freqüência da recompensa e do ganizador no contexto da sala de aula. Depois que
número de ensaios não-recompensados. Os resul foi registrada a freqüência com que as crianças
BO
tados mostraram que, sob condições nas quais os abandonavam as suas carteiras, os professores con-
anim ais ex p erim entaram m uitos ensaios não- sisten temente as repreendiam por estar de pé e
recompensados durante a aquisição, quanto maior lhes ordenavam que se sentassem. As admoestações
era o esforço necessário para desempenhar a resprontamente aumentaram o número de crianças
posta, tanto mais rapidamente ela era extinta, ao
em pé (Fig. 6-2). Na fase subseqüente de linha de
passo que a relação oposta foi obtida quando o pe
EX
É aparente a partir dos achados experimentaisrante a fase final do estudo, os professores ignora
revistos nas seções precedentes, que nenhuma con-
vam o comportamento de ficar de pé e elogiaram
ceitualização teórica pode abranger adequada as crianças por trabalharem em suas carteiras, uma
mente todas as diversas variáveis que governam o prática que reduziu a incidência do comportamento
decréscimo no comportamento quando o reforço é desorganizador a seu nível mais baixo
retirado. Uma pessoa pode deixar de responder Na eliminação do comportamento mantido pelo
por muitas razões diferentes; portanto, uma expli
reforçamento positivo, a extinção pode ser obtida
cação compreensiva dos fenômenos de extinção simplesmente pela retirada das conseqüências re
exige uma teoria de processos múltiplos. forçadoras. Em programas de mudança social os
Extinção do Comportamento Reforçado procedimentos de extinção são muitas vezes combi
nados com o reforçamento positivo do comporta
Positivamente mento incompatível. Quando a extinção é um com
Previamente mostramos como o comportamento ponente num procedimento multiforme, sua con
desviante persistente é muitas vezes mantido por tribuição separada para as mudanças comporta-
EXTINÇÃO 217
PS
U
O
R
Figura 6-2. Número de crianças em pé na sala de aula durante os períodos de linha de base e quando este comporta
G
mento produziu reprimendas verbais ou quando respostas incompatíveis foram positivamente reforçadas. Madsen et
al., 1968.
KS
mentais é difícil de avaliar, e a categorização do mé continuam a fazê-lo, a criança irá, com muita pro
todo de tratamento é um tanto arbitrária. Várias babilidade, exibir um padrão discriminativo de
questões relacionadas com o processo de extinção comportamento negativo em relação aos outros de
são reveladas no estudo de Williams (1959), que acordo com as suas práticas habituais de reforça
O
conseguiu a eliminação de um com portam ento mento. A taxa de extinção pode ser ainda mais im
agressivo exigente num menino pequeno. Esta pedida se o mesmo agente, por meio da inconsis
criança tinha estado doente durante os primeiros tência nas suas próprias ações, coloca o comporta
BO
dezoito meses da sua vida e exigira considerável mento num esquema de reforçamento parcial. No
atenção e cuidados especiais. Durante este período, caso discutido acima, por exemplo, os pais e uma
sem dúvida se estabeleceu um forte com porta
mento de dependência. Quando a criança se recu
perou, os pais tentaram redrar um pouco da aten
EX
tia alternavam-se na rotina desagradável de colo ções psicóticas continuaram menos freqüentes do
car a cria n ça na cam a. Os acessos de raiva que o eram no começo do programa de extinção e
foram rapidam ente reinstalados e reforçados, não mais provocavam o comportamento punitivo
depois de terem sido extintos, pela atenção dada por parte dos outros pacientes.
pela tia numa ocasião em que a criança resolveu Um relatório de Groot (1966) fornece algumas
fazer “manha” depois de ter sido posta para dor inform ações sobre as mudanças colaterais que
mir. Foi então efetuada uma segunda série de ex podem resultar da extinção de um comportamento
tinção, a qual resultou numa eliminação completa e desviante relacionado. Também ilustra como, sob
estivei dos acessos de raiva (Fig. 6-3). O compor condições nas quais as práticas de tratamento são
tamento de atirar longe a comida e outros compor apoiadas independentemente dos efeitos que têm
tam entos desorganizadores foram extintos de sobre os recipientes, é freqüentemente mais difícil mo
m odo sim ilar, rem ovendo-se im ediatam ente a dificar as práticas da equipe de tratamento do que
criança da mesa sempre que ela deliberadamente modificar o comportamento dos clientes. Um es
PS
deixava cair ou jogava longe o alimento do seu quizofrênico crônico, que tinha recebido trata
prato. Quando esta prática foi instituída da pri mento de choques e insulínico, terapia individual
meira vez, o menino foi removido da sua cadeira 12 e de grupo e uma lobotomia, se engajava continua
vezes, mas após isto o comportamento de atirar mente em verbalizações psicóticas e escrevia nume
U
fora a comida declinou rapidamente e cessou por rosas cartas estranhas. Um programa de extinção
ocasião da sétima refeição (Williams, 1962). foi aplicado às verbalizações psicóticas, e os seus
efeitos concomitantes sobre o comportamento de
O
Se intermitentemente reforçado, o controle aversi
vo de uma criança em relação aos seus pais tende a escrever cartas estranhas e a incidência de compor
se generalizar para outras áreas de comportamento tamento perturbado foram medidos. Quando a ex
R
e outras pessoas. Como foi demonstrado por Wil tinção foi instituída, o número de cartas estranhas
liams, depois que os comportamentos coercitivos aumentou de uma linha de base de aproximada
mente 13 cartas por semana para 43 cartas em dois
inapropriados são extintos, a atmosfera familiar
muda de uma na qual ocorriam constantes batalhas
para outra de interações recíprocas recompensado
ras.
G
dias, e depois declinou t se estabilizou em cerca de
5 cartas por semana. A freqüência relativa do com
portamento perturbado também decresceu de 71
KS
A importância de se estabelecerem contingên por cento durante o período de linha de base a
cias uniformes na implementação de um progra apenas 16 por cento quando o programa de extin
ma de mudança baseado na extinção é também ção estava sendo implementado. Tanto os compor
mostrada num caso relatado por Ayllon e Michael tamentos perturbados como o número de cartas
psicóticas aumentaram quando a equipe voltou a suas
O
surras em várias ocasiões por parte dos outros pa fermeiras foram novamente persuadidas a não dar
cientes num esforço de mantê-la calada. Os pacien atenção às verbalizações psicóticas.
tes respondiam negativamente às verbalizações de Como parte de um programa de pesquisa no de
lirantes dessa m ulher, mas as enferm eiras, de senvolvimento de procedimentos para a modifica
tempo em tempo, prestavam atenção às suas verba ção do comportamento psicótico, Ayllon e seus as
lizações estranhas a fim de “chegar à raiz de seus sociados (Ayllon e H aughton, 1962; Ayllon e
EX
problemas” ou então respondiam com afirmativas Michael, 1959) oferecem numerosos exemplos nos
superficiais de simpatia e compreensão. A paciente quais o comportamento desviante de psicóticos in
recebia assim um reforçamento social intermitente ternados é extinto pela retirada das suas conse
para um comportamento que em outras ocasiões qüências positivamente reforçadoras. Em um es
D
era punido ou ignorado. Instruiu-se as enfermeiras tudo (Ayllon e Haughton, 1962), um grupo de
a não dar atenção à verbalização psicótica e a refor esquizofrênicos, que exibiam sérios problemas rela
çar uma conversa sensata. Embora as respostas psi cionados com a comida, du ran te muito tempo
IN
cóticas da paciente tivessem persistido por três anos permaneceu totalmente sem reagir a advertências
antes disto, du rante um período relativamente de que as refeições estavam sendo servidas e a ou
breve de tratamento a percentagem destas respos tros apelos persuasivos. Conseqüentemente, os pa
tas caiu de 91 a menos de 25. Contudo, um au cientes eram individualmente levados para a sala de
mento das verbalizações psicóticas ocorreu na nona refeições pelo pessoal da enfermaria, alimentados
semana de tratamento, quando, sem conhecimento com colher ou com tubos, e sujeitos à “terapia” de
do pessoal da enfermaria, uma assistente social teve eletrochoque e outras formas de tratamento puniti
várias entrevistas com a paciente e inadvertidamen vas e infantilizadoras.
te reforçou sua fala psicótica; o efeito destas entre A equipe de pesquisa assumiu que o reforço so
vistas generalizou-se para as interações da paci cial involuntário das enfermeiras, sob a forma de
ente com as enfermeiras e também com outros paci apelos, persuações e alimentação dos pacientes,
entes. Reforços fornecidos pelos empregados do hos mantinha seus problemas com a comida, uma con
pital e outras visitas à enfermaria produziram ou tingência que também serviu para reduzir a função
tros acréscimos temporários. Contudo, as verbaliza controladora dos estímulos verbais. Todos os refor
EXTINÇÃO 219
ços sociais por ignorar a advertência quanto ao pesquisa de estudos sócio-psicológicos que d e
horário das refeições e recusas de comer foram, monstra o fato de que depois que um padrão de
portanto, retirados; após a advertência de que che resposta foi persistentemente modificado, 3 cogni
gara a hora da refeição, a sala de refeições ficava ção parece se acomodar para apoiar ou justificar o
aberta durante 30 minutos, e qualquer paciente novo comportamento.
que deixasse de aparecer simplesmente ficava sem Procedimentos similares de extinção foram usa
comer. Sob esta nova contingência de reforça- dos por Ayllon e Haughton (1964) para modificar
mento, os pacientes prontamente atendiam ao cha o repertório verbal aberrante em três mulheres
mado para as refeições e os problemas crônicos de diagnosticadas como esquizofrênicas crônicas. Em
comida foram completamente eliminados. cada caso, após um período de observação da linha
É interessante notar que afirmações delirantes de de base, o comportamento verbal desviante foi ex
que a comida estava envenenada ou que Deus os tinto retirando-se a atenção social e as recompensas
linha instruído para não comer, desapareceram tangíveis sempre que as pacientes se engajavam ou
PS
logo que os pacientes começaram a se alimentar so em verbalizações psicóticas ou em queixas psicos
zinhos (Ayllon e Michel, 1959). Estes achados somáticas. Nestas ocasiões, as enferm eiras e os
sugerem que em alguns casos respostas delirantes atendentes da enfermaria pareciam distraídos, en
podem ser um produto e não uma fonte do com tediados ou simplesmente dirigiam a sua atenção
U
portam ento desviante. A dotando um papel de para outro evento que estivesse ocorrendo na en
doente, apoiados por justificativas delirantes, os pa fermaria. Para demonstrar que as mudanças obser
cientes são melhor sucedidos em atrair a atenção e vadas durante o período de extinção não eram de
O
o cuidado do pessoal ocupado da enfermaria, que, vidas a outras variáveis, as verbalizações desviantes
de outra forma, rejeitaria exigências inapropriadas foram positivamente reforçadas na segunda fase do
R
de atenção personalizada. Na realidade, as enfer experimento, após a qual as contingências de extin
meiras freqüentemente encorajavam e reforçavam ção foram novamente reinstaladas.
positivamente padrões de resposta infantis na su A Fig. 6-4 mostra a modificação das verbalizações
posição de que os pacientes eram incapazes de um
comportamento maduro orientado para a realida
de, visto que eles eram “mentalmente doentes”.
G
delirantes numa paciente cujo conteúdo de con
versa nos 14 anos precedentes tinha sido dominado
por auto-referêndas régias (por exemplo, “Eu sou
KS
As mudanças verificadas nas crenças delirantes que a Rainha. A Rainha quer um cigarro. .. .Como
se seguiram à reinstalação da alimentação própria está o Rei Jorge, você o viu?”). Os resultados forne
estão de acordo com uma considerável evidênda de cem uma flagrante evidência de que a atenção so-
O
BO
EX
D
IN
Figura 6-4.Mudanças na incidência de comportamento verbal psicótico e neutro como resultado nas variações de
reforçamento social destas duas classes de verbalizações. Ayllon e Haughton, 1964.
220 EXTINÇÀ
Figura 6-5. Freqüência das queixas somáticas durante o período de linha de base e quando verbalizações somáti
PS
foram sucessivamente recompensadas com atenção e ignoradas. O aumento temporário das queixas somáticas mos
trado pela seta na quarta fase do tratamento coincide com a visita de um parente. Ayllon e Haughton, 1964.
U
cíal da equipe exercia um controle considerável reforçamento social positivo tendem a produzir
sobre o comportamento verbal aberrante da cliente. uma elevada incidência de comportamento des
As respostas verbais psicóticas foram aumentando viante que se destina chamar a atenção sobre o pa
O
gradativamente como função do reforçamento po ciente. Naqueles ambientes familiares que também
sitivo, mas decresceram rapidam ente quando a oferecem um reforçamento social mínimo, o inte
R
atenção social foi retirada. A freqüência das respos resse e a atenção podem ser dados primariamente a
tas verbais apropriadas também decresceu óu au distúrbios somáticos ou perturbações psicológicas
mentou de forma similar pela alteração das contin que não podem ser ignorados facilmente. Walton
gências de reforçamento.
As Figs. 6-5 e 6-6 ilustram a modificação do
comportamento de queixas somáticas em duas m u
G (1960a), por exemplo, relata um caso de uma mu
lher de 20 anos que sofria de uma prolongada neu-
rodermatite na parte de trás de seu pescoço, a qual
KS
lheres que continuamente alegavam inúmeros sin era agravada continuamente por um coçar persis
tomas físicos na ausência de qualquer disfunção or tente. A cliente tinha feito inúmeros tratamentos
gânica. Suas preocupações somáticas e as respostas médicos, incluindo pomadas, pílulas, loções e tera
emocionais acompanhantes como chorar e soluçar pia de raios X, mas a sua condição dermatológica
foram drasticamente reduzidas quando elas não permanecia essencialmente inalterada. Uma avalia
O
foram mais consoladas, ou deixaram de receber ção das inter-relações da família revelou que o
simpatia e atenção para queixas de vários achaques filho, que sempre tinha tido um status preferencial,
BO
ou dores. Sem dúvida, neste último caso, o processo estava no momento recebendo quase toda a atenção
de extinção foi acelerado pelo reforço positivo con dos pais e os seus limitados recursos financeiros, ao
corrente de reações verbais mais apropriadas. passo que a filha tinha sido relegada a uma posição
Como demonstram os estudos de Ayllon e seus inferior, ignorada. Com o advento da dermatite,
colegas, os ambientes institucionais que carecem de porém, a filha recebeu mais atenção solícita do que
EX
D
IN
Figura6*6. Freqüência das queixas somáticas durante o período de linha de ha se e quando as verbalizações somáticas
foram sucessivamente recompensadas com atenção e ignoradas. Ayllon e Haughton, 1964.
e x t i n ç Ao 221
jamais tinha tido, e o Seu noivo, que expressava a Miller (1969) especula que as condições psicos
sua solicitude a respeito da dermatite de forma si somáticas podem ser desenvolvidas em parte por
milar, freqüentemente auxiliava na aplicação das meio da atenção contingente e outras conseqüên
pomadas prescritas. cias reforçadoras. Se isto for o caso, deveria ser
Na suposição de que o comportamento de coçar, possível modificar as respostas viscerais envolvidas
que perpetuava a condição dermatológica, estava nas perturbações psicossomáticas pelo uso dos pro
sendo inadvertidamente reforçado pelo elevado cedimentos de extinção e reforçamento diferencial.
nível de atenção, os membros da família foram ins
truídos para que ignorassem a dermatite, e ao CURSO TEMPORAL DA EXTINÇÃO
noivo foi dito que abandonasse a rotina de passar a Quando o reforçamento de um comportamento
pomada. Seguindo-se à retirada das ministrações anteriormente recompensado é retirado, o sujeito
solícitas, o comportamento de coçar diminuiu e no tende a exibir, durante as fases iniciais da extinção,
PS
fim de três meses a dermatite tinha desaparecido uma aceleração ou intensificação temporária do
por completo. Um seguimento de quatro anos não comportamento num esforço para produzir o re
revelou nenhuma recorrência da neurodermatite; a forçamento habitual. Isto é especialmente verda
cliente estava casada e feliz e tinha um emprego sa deiro em relação a desempenhos que foram manti
tisfatório. Walton atribui a eliminação do coçar dos num esquema de reforçamento contínuo. Um
U
compulsivo à rápida acumulação do potencial inibi acesso de raiva que não é notado, tipicamente
tório com o desempenho não-recompensado e a se atinge imensidades ensurdecedoras; exigências ini
O
leção eventual de meios menos dispendiosos de es ciais leves de dependência, se não atendidas,
forço para obter a atenção. Uma explicação mais podem culminar com um forte pontapé nas cane
plausível seria em termos da discriminação das con las; e o comportamento negativo de chamar a aten
R
tingências de reforçamento alteradas por parte da ção que é consistentemente ignorado tipicamente
cliente, ao invés da provocação de potenciais inibi assume formas cada vez mais ridículas. Contudo, se
tórios produzidos pelas respostas.
No caso acima, uma perturbação somática foi in
diretam ente p erp etu ad a pelo com portam ento
motor reforçado que exacerbava a condição. Um
G
estas respostas mais vigorosas também não são
bem -sucedidas, elas declinam gradualm ente e
padrões alternativos de comportamento emergem.
As seqüências particulares e os padrões de res
KS
engenhoso programa de pesquisa de Miller (1969) posta que aparecem durante as últimas fases da ex
fornece evidência impressionante de que as respos tinção são primariamente determinadas pelas op
tas fisiológicas envolvidas nas condições psicos ções de resposta disponíveis para o indivíduo. À
somáticas podem ser diretamente modificadas pelo medida que modos dominantes de comportamento
O
reforçamento contingente. Nestes estudos, os ani são extintos, uma pessoa irá experimentar vias al
mais são tratados com curare para eliminar as in ternativas de ação que foram bem-sucedidas em
fluências mediadas pelos músculos esqueléticos, e ocasiões prévias em situações similares. Nenhum
BO
as respostas fisiológicas espontâneas são alteradas problema especial é criado pelo uso da extinção so
pela aplicação de conseqüências reforçadoras zinha, desde que as alternativas disponíveis sejam
sempre que ocorrem respostas viscerais de uma desejáveis. Se, contudo, as respostas no repertório
taxa ou intensidade selecionada. Os animais são ti do indivíduo são em grande parte inadequadas, um
picamente reforçados por uma estimulação cere agente de mudança pode se defrontar com a tarefa
bral ou pela cessação de choques elétricos. Os resul
EX
forçados. Uma grande variedade de respostas vis A utilização simultânea da extinção e dos proce
cerais, incluindo modificações nas batidas cardíacas, dimentos de reforçamento é ilustrada por um de
pressão sangüínea, atividade vasomotora, contra
IN
PS
U
O
R
G
Figura 6-7. Grau de comportamento social apresentado por uma criança como resultado das variações no reforçameíito
soda) das interações com os adultos e com os companheiros. Allen et al., 1964.
KS
va. Estas tentativas eram em parte malsucedidas aumentaram de aproximadamente 10 até cerca de
porque o professor se retirava pouco depois que a 60 por cento, ao passo que os contatos cóm os adul
O
menina se juntava ao grupo, desta forma fazendo tos caíram de 40 a menos de 20 por cento (Fig.
com que a perda do mestre fosse contingente da 6-7).
BO
Para aumentar a sua reatividade social, o com achava sozinha, observavam-na quando ela se enga
portamento isolado foi consistentemente não-re- java em atividades solitárias e conversavam com ela
compensado e ela recebia um mínimo de atenção enquanto esta permanecia perto deles. Nenhuma
para contatos com adultos que competiam com os tentativa foi feita para iniciar ou recompensar a in
D
jogos com o grupo de companheiros. Contudo, teração social com os companheiros. Nestas condi
a atenção era dada livre e acaloradamente sempre ções, o contato da menina com os adultos aumen
que ela se aproximava ou interagia com os compa tou, as queixas hipocondríacas e os problemas de
IN
nheiros. Inicialmente, por causa de seu forte com articulação reapareceram e ela imediatamente vol
portamento de esquiva, aproximações a interações tou ao seu padrão isolado de comportamento (Fig.
sociais, como ficar de pé próxima das outras crian 6-7). Vários dias depois que as contingências tera
ças ou o brinquedo paralelo, foram positivamente pêuticas foram novamente instituídas, os contatos
reforçadas. Um professor se aproxim ava dela da menina com os adultos se estabilizaram em cerca
sempre que estava próxima dos companheiros, de 25 por cento e as interações sociais com os
conversava com ela, comentava a respeito da ativi companheiros aumentaram para o nível anterior de
dade de jogo próxima e sugeria maneiras de parti cerca de 60 por cento.
cipar da brincadeira. Mais tarde, a atenção, aprova À medida que as atividades de jogo e os compa
ção e proximidade do adulto foi tornada contin nheiros se tornaram mais agradáveis para a me
gente ao jogo direto com as outras crianças. A in nina, as recompensas dos adultos pela interação
trodução destas novas contingências produziu uma com as crianças foram progressivamente dimi
mudança flagrante e rápida no comportamento so nuindo e o esquema de não-reforçamento dos con
cial da menina: as interações com os companheiros tatos com os adultos foi gradualmente relaxado. No
EXTINÇÃO 223
fim do período de 10 dias, o programa foi inter uso combinado da extinção e da modelação fornece
rompido e não foram mais organizadas quaisquer considerável orientação positiva.
contingências especiais. Estudos observacionais fei
MODIFICAÇÃO DE PADRÕES DE RESPOSTA
tos durante vários períodos após o tratamento reve AGRESSIVOS
laram que a menina continuava a apresentar um
elevado nível de interação social com outras crian As teorias sobre as condições que governam a
ças (Fig. 6-7). Não apenas o padrão isolado de ocorrência e a modificação do com portam ento
comportamento foi modificado com êxito, mas a agressivo têm sido consideravelmente influenciadas
sua fala, que era lenta, interrompida e freqüente pela hipótese da frustração-agressão até bem recen
mente inaudível, melhorou consideravelmente. Já temente (Berkowitz, 1962; Dollard, Miller, Doob,
não mais exigia remédios desnecessários e apresen M owrer e Sears, 1939). De acordo com este
tava uma capacidade muito maior para se afirmar e ponto de vista, a agressão é a resposta natural do
minante à frustração, e reações não-agressivas só
PS
defender quando necessário.
Resultados similares foram obtidos num proce tendem a ocorrer se a agressão não foi recompen
dimento combinado de extinção e reforçamento no sada ou punida. Como a agressão era considerada
tratamento de dois meninos pré-escolares que exi uma resposta não-aprendida à frustração, a pes
biam freqüentes episódios de choro quando ligeira quisa estimulada por esta teoria se preocupava
U
m ente frustrados ou contrariados pelas outras principalmente com os efeitos da frustação sobre a
crianças (H a rt, A llen, Buell, H arris e Wolf, agressão, com sua inibição e deslocamento e com
O
1964). A observação revelou que os seus gritos lan a ocorrência da catarse. Por outro lado, as questões
cinantes geralmente eliciavam palavras de conforto cruciais de como padrões relativamente complexos
e um interesse solícito por parte dos professores. de comportamento agressivo eram originalmente
R
Conseqüentemente, os professores foram instruí aprendidos e a influência de um sem-número de
dos para não prestar atenção aos episódios de variáveis controladoras além da “frustração” foram
choro, a não ser que a criança se tivesse machu
cado. Se ela estava perto da professora quando co
meçava a chorar, esta se afastava ou se ocupava
com outros afazeres. Por outro lado, sempre que a
G
em grande parte ignoradas.
O homem é dotado de mecanismos neurofisioló-
gicos que lhe permitem comportar-se agressiva
mente, mas a ativação destes mecanismos depende
KS
criança lidava com situações de stress de modo da estimulação e está sujeita a controle cortical.
mais construtivo, ela prontam ente recebia uma Portanto, a freqüência com que o comportamento
atenção aprovadora. Dentro de cinco dias depois da agressivo é apresentado, as formas específicas que
introdução das novas contingências, a choradeira toma, as situações nas quais é expresso e os alvos
O
diminuiu de 5 a 10 vezes por manhã a pratica que são selecionados para ataque estão fortemente
mente um nível zero, e continuou sendo negli- influenciados pela experiência social. Uma teoria
genciável daí por diante. Etzel e Gerwirtz (1967) da aprendizagem social relativa à agressão distin
BO
conseguiram resultados igualmente favoráveis com gue a aquisição de respostas instrumentais que pos
crianças que persistiam no choro ao combinar a ex suem potencial destrutivo ou causador de dores das
tinção do mesmo com o reforçamento de um com condições que governam o seu desempenho subse
portamento mais alegre. qüente. Padrões de resposta agressivos são caracte
Como revelam os estudos acima, a modificação risticam en te a d q u irid o s sob condições não-
frustradoras na ausência de intenção de dano e
EX
dos efeitos emocionais que acompanham a extinção ladas; os boxeadores desenvolvem os seus socos
também podem ser evitados desta maneira. Con u tiliz a n d o bolas de tr e in o e p a r c e iro s de
disputa os quais não pretendem necessariamente
IN
PS
de um reforçam ento diferencial m odelador e participaram de uma tarefa de condicionamento
vicário tendiam muito menos a reagir agressiva verbal depois de terem sido tratados de uma
mente numa situação interpessoal de frustração, maneira hostil ou amistosa por um associado do
tanto em testes situacionais como nas suas intera experimentador. Para metade dos sujeitos em cada
ções do dia-a-dia. condição, a resposta verbal correta era reforçada
U
Existe um substancial corpo de evidência (Ban- pela visão do associado submetido a choques elétri
dura e Waiters, 1963) de que novos modos de cos, ao passo que para os outros alunos o evento
O
comportamento agressivo são prontamente adqui contingente foi um raio de luz. Os sujeitos encoleri
ridos por meio da observação de modelos agressi zados que observaram o provocador sentir dor
vos. Os achados destas investigações controladas mostraram um aumento das respostas condiciona
R
apoiam estudos de campo que demonstram o papel das, mas os sujeitos que não tinham sido insultados
crucial da modelação na gênese do comportamento não demonstraram este acréscimo. Estes achados
agressivo anti-social (McCord e McCorti, 1958) e
na transmissão cultural de padrões de resposta
agressivos (Bateson, 1936; Whiting, 1941). As in
fluências de modelação continuam a regular a rea-
G parecem indicar que sob a provocação da raiva as
pistas de dor podem servir como reforçadores posi
tivos, embora necessitemos de informações adicio
nais antes que as diferenças de condicionamento
KS
tividade agressiva, em certa extensão, mesmo de possam ser inequivocamente atribuídas à influência
pois que o comportamento foi adquirido. O com da provocação da cólera. Testemunhar outra pes
portamento de modelos continuamente exerce um soa sentir dor elida respostas emocionais (Berger,
controle seletivo sobre os tipos de resposta exi 1962), e os observadores que estão emocionalmente
O
bidos por outros em qualquer situação apresen despertos são condicionados mais facilmente por
tada. Além do mais, o fato de ver indivíduos com tais apresentações do que sujeitos não despertos
portando-se agressivamente sem conseqüências (Bandura e Rosenthal, 1966). Como o despertar
BO
adversas reduz as restrições nos observadores, des das emoções facilita o condicionamento, um plano
ta forma aum entando a freqüência com que se experimental, no qual os efeitos das pistas de dor
engajam em atividades agressivas (Wheeler, 1966) e em sujeitos encolerizados e amedrontados fossem
a aspereza com que tratam os outros (Epstein, comparados, seria mais adequado para avaliar se as
1966; Hartmann, 1969). conseqüências condicionadas são devidas especifi
camente à raiva ou aos efeitos gerais da deflagração
EX
admitem que as pistas de dor e outras conseqüên também as classes muito mais amplas de compor
cias injuriosas vivenciadas pela vítima constituem os tamento agressivo nas quais a lesão é essencial
IN
principais reforçadores do comportamento agres mente irrelevante ou, no melhor dos casos, uma
sivo. O processo pelo qual os sinais de injúria e afli condição controladora secundária. Se houver qual
ção adquirem propriedades reforçadoras positivas quer validade nos estudos naturalísticos que mos
nunca foi estabelecido. Sears, Maccoby e Levin tram que o reconhecimento social é muitas vezes
(1957) sugerem que as expressões da dor e do des contingente ao desempenho do comportamento de
conforto produzidas em outros pelo com porta assaltos e se a agressão é definida como o compor
mento agressivo são freqüentemente seguidas de tamento que pretende produzir conseqüências le
uma retirada das frustrações ou de conseqüências sionais, então algumas das atividades interpessoais
recompensadoras para o agressor. Por meio de tal mais violentas seriam excluídas da nossa considera
associação emparelhada, as pistas de dor adquirem ção. É evidente que as pessoas freqüentemente lan
um valor de recompensa condicionado. Poderíamos çam mão da agressão não em função de pistas de
também esperar que as expressões de sofrimento dor, mas porque ela possui um elevado valor uti
adquirissem propriedades de satisfação sob condi litário. Por meio do comportamento agressivo ou
ções de conseqüências interdependentes competi da dominância pela força verbal ou física, os indi-
EXTINÇÃO 225
víduos podem obter recursos materiais, mudar as Estudos psicofisiológicos, alguns dos quais discu
regras para adequá-las aos seus próprios desejos, tidos no Cap. 8, mostram que as situações que pro
obter controle sobre e forçar a subserviência dos vocam medo e raiva produzem reações fisiológicas
outros, acabar com a provocação e remover barreiras altamente similares (Ax, 1953; Schachter, 1957).
físicas que bloqueiam ou atrasam a consecução de Além do mais, o mesmo estado fisiológico induzido
resultados desejados. Portanto, não é de surpreen diretamente por um estimulante simpático pode ser
der que os padrões agressivos e dominadores sejam vivenciado como raiva ou euforia dependendo do
tão prevalentes. tipo de comportamento emocional exibido por ou
A análise sistemática das contingências de refor- tras pessoas na mesma situação (Schachter e Singer,
çamento em interações que ocorrem naturalmente 1962). Estes dados lançam dúvida sobre a pressu
revelam, de fato, que o comportamento agressivo é posição de que a frustração cria uma forma dife
fortalecido e mantido, em certa extensão, pelas suas rente de deflagração emocional que somente pode
conseqüências sociais positivas. Nas subculturas ser reduzida por meio do comportamento agres
PS
desviantes, nas quais a agressão física é vista como sivo. Na realidade, contrariando a teoria dos impul
um comportamento a imitar (Buehler, Patterson sos agressivos, os achados de numerosos experi
e Furniss, 1966; W olfgang e Ferracuti, 1967; mentos controlados revelam que, muito longe de
Yablonsky, 1962), a agressão é muitas vezes delibe produzir uma redução catártica da agressão, o de
U
radamente recompensada e sancionada coletiva sempenho do comportamento agressivo num con
mente. Os estudos da agressão que ocorrem em situa texto permissivo a mantém no seu nível original
ções familiares e outras situações sociais mostram que (Feshbach, 1956; Kenny, 1952; Mallick e McCan-
O
os indivíduos são muitas vezes inadvertidamente dless, 1966). Também foi repetidamente mostrado
treinados para se comportar de modo agressivo por que a participação vicária nas atividades agressivas
R
pessoas que normalmente repudiam tal comporta aumenta a probabilidade de que os observadores se
mento. Por causa das suas propriedades aversivas o comportem de modo agressivo (Bandura, 1965;
com portam ento agressivo não apenas chama a Berkowitz, 1969).
atenção, mas é muitas vezes bem-sucedido na re
moção de exigências de desempenho desagradáveis
e no controle do comportamento das outras pes
G
A persistência dos efeitos da frústração emocio
nal pode ser interpretada mais adequadamente em
termos de um mecanismo de auto-eliciação ao invés
KS
soas. Tanto os pais (Hawkins, Peterson, Schweid de um impulso agressivo remanescente que neces
e Bijou, 1966) quanto os companheiros (Patter sita ser descarregado por meio de um comporta
son, Littman e Bricker, 1967) desta forma refor mento de assalto ou destrutivo. Depois que uma
çam intermitentemente as respostas agressivas. pessoa foi insultada, tratada de forma injusta ou
O
Um processo similar de reforçam ento tipica- frustrada de outra maneira, a excitação emocional
ifiente o p era em níveis sociais mais am plos. resultante é repetidamente revivida e muitas vezes
Quando as exigências legítimas e os esforços cons aumentada em ocasiões posteriores por meio da
BO
trutivos necessários para a produção de mudanças reinstalação simbólica dos incidentes que provoca
necessárias são repetidamente frustrados por pes ram a raiva. Desta forma, pensar sobre o trata
soas que se beneficiam do sistema prevalente, isto mento lesivo e as possíveis conseqüências aversivas
evoca ações mais intensas e desorganizadoras que dos episódios perturbadores pode reinstalar senti
não podem ser ignoradas. Em muitos casos, as mentos intensos muito depois que as reações ini
práticas existentes carecem de justificação sufi ciais à situação se apagaram. A persistência desses
EX
ciente para poder resistir a quaisquer esforços con estados emocionais, de acordo com o ponto de vista
juntos e agressivos para forçar as mudanças. Em da aprendizagem social, é atribuída à estimulação
conseqüência, o com portamento agressivo even autogerada e não à existência de um reservatório
tualmente é bem-sucedido para assegurar os objeti não descarregado de impulsos agressivos. Se uma
D
vos desejados e, como qualquer outro comporta pessoa se engajasse em novas atividades que afas
mento eficaz modelado, é am plamente imitado tam as ruminações provocadoras de emoção, ou se
como método de obter uma mudança social. ela reinterpretasse a experiência provocadora origi
IN
As teorias dos “impulsos” agressivos admitem nal numa luz mais favorável, a “tensão” tenderia a se
que a frustração provoca um impulso agressivo ou reduzir acentuadamente. Por exemplo, uma pessoa
“drive”, que somente pode ser reduzido por meio que está com raiva por causa de uma insulto pre
de alguma forma de comportamento agressivo. A sumido irá provavelmente vivenciar uma redução
partir de uma perspectiva da aprendizagem social, rápida e completa da raiva, sem ter que assaltar
a frustração é vista como uma condição facilitadora, ninguém, ao saber que apesar de tudo ela foi con
e não necessária, da agressão. Isto é, a frustração vidada para o acontecimento social. Da mesma
produz um estaco geral de intensificação emocio forma, admitindo-se que o decréscimo na violência
nal que pode conduzir a uma variedade de respos das emoções é uma conseqüência de mudanças nas
tas dependendo dos tipos de reação à frustração atividades simbólicas, ao invés de um efeito
que foram previamente aprendidos e das conse catártico por ter vivenciado vicariamente a agres
qüências reforçadoras tipicamente associadas com são, deveríamos esperar que indivíduos emociona
linhas diferentes de ação. Esta conceitualização é dos sentissem efeitos igualmente salutares ao mer
apoiada por várias linhas de evidência. gulhar na leitura de um livro fascinante, assistir a
226 e x t í n ç Ao
um filme, ir ao teatro ou assistir a uni programa O papel influente desempenhado pelos fatores
de televisão que não apresente cenas de agressão. de aprendizagem social na agressão é também de
Os resultados de vários experimentos, os quais di monstrado por estudos nos quais o comportamento
ferem acentuadamente quanto às características dos agressivo é induzido em primatas por meio da es
sujeitos, à forma pela qual a agressão é expressa e timulação elétrica do hipotálamo (Delgado, 1967).
às medidas dependentes, estão de acordo com as A estimulação talâmica de um macaco que assume
considerações teóricas acima expressas. Kahn um papel dominante na colônia o instiga a atacar
(1966) sujeitou estudantes universitários a expe membros machos subordinados. Em contraste, a es
riências provocadoras de raiva, sendo que depois timulação talâmica elicia um comportamento sub
ou eles expressaram seus sentimentos de raiva a um misso e de medo num macaco de posição social in
“médico” encorajador e simpático ou simplesmente ferior. Ainda mais impressionante é a evidência de
permaneceram inativos por um período equiva que a estimulação elétrica do mesmo mecanismo
lente. Os alunos que participaram da entrevista cerebral pode evocar quantidades diferentes de
PS
catártica dem onstraram significativamente mais agressão no mesmo animal quando a sua posição
raiva do que os do grupo de controle e, durante o social é modificada pela alteração na espécie de
período de recuperação, os sujeitos submetidos à membros da colônia. Desta forma, a estimulação ta
catarse eram em geral mais excitados fisiologica- lâmica elicia um comportamento submisso no ani
U
mente do que os alunos da condição de controle. mal quando ele ocupa uma posição hierárquica in
Num experimento realizado com crianças, Mallick ferior, e agressividade acentuada quando é o
e McCandless (1966) descobriram que a reinterpre- membro dominante do grupo.
O
tação dos eventos provocadores de raiva reduziu Na aprendizagem humana, as respostas à frus
substancialmente o comportamento agressivo em tração freqüentemente se originam da observação
R
relação ao opositor, ao passo que a livre expressão de modelos paternos e de outros modelos que for
da agressão física não diminuiu o seu comporta necem repetidos exemplos de como lidar com even
mento punitivo. Kaufmann e Feshbach (1963a,b) tos frustradores. Conseqüentemente, quando ob
fornecem mais evidência sugestiva para os efeitos
mitigadores da raiva dos processos cognitivos.
O termo frustração foi empregado com condi
G servadores se deparam com situações de stress
tendem a responder imitativamente ao invés de sfe
engajar num comportamento de ensaio e erro ini
KS
ções excepcionalmente diferentes incluindo a obs cial. Somente quando uma pessoa aprendeu o
trução, omissão ou atraso do reforçainento, a reti comportamento agressivo como uma resposta do
rada de recompensas e a aplicação de estímulos minante a estímulos que despertam as emoções é
punitivos. Foi demonstrado, em pesquisas que en que haverá uma elevada probabilidade dela reagir
volveram tanto sujeitos animais como humanos, agressivamente à frustração. Por exemplo, Ban-
O
que essas operações produzem resultados bastante dura (1962) descobriu que crianças que tinham ob
diferen tes, e que até a mesma condição nem servado um modelo comportar-se de forma agres
BO
sempre tem um efeito comportamental invariante. siva reagiam à frustração dando pontapés, batendo
A maneira pela qual os indivíduos respondem a com martelos e outras respostas agressivas imita ti -
condições vistas como frustradoras é prim aria vas, ao passo que crianças que também tinham sido
mente determ inada pelos padrões de comporta frustradas e que tinham observado um modelo
mento previamente aprendidos para lidar com tais não-agressivo apresentaram menos respostas agres
situações. sivas do que um grupo de controle que imitava o
EX
A importância do treino direto no desenvolvi comportamento inibido do seu modelo. O papel in
mento das respostas de frustração é demonstrada fluente da modelação na formação de reações de
num experim ento de Davitz (1952). Depois de frustração ou de stress é bem documentado em
terem sido observados na interação livre, vários inúmeros estudos que mostram que os padrões de
comportamento desviantes são muitas vezes trans
D
contraste, outros grupos de crianças foram recompen renciais de modelação e reforçamento, a frustração
sados por um comportamento construtivo e coopera- pode eliciar uma ampla variedade de respostas.
dor. Todas as crianças foram depois severamente frus Quando frustradas, algumas pessoas podem se tor
tradas e, im ediatam ente após esta experiência, nar dependentes e procurar ajuda e apoio, algumas
foram de novo observadas na interação livre. As se isolam e apresentam-se resignadas, algumas têm
crianças que tinham sido treinadas a um comporta disfqnções psicossomáticas, outras procuram refú
mento agressivo mostraram um aumento na agres gio em experiências induzidas por drogas e doses
são, ao passo que as crianças que tinham recebido anestesiadoras de álcool, algumas reagem agressi
tre in o no c o m p o rta m e n to d e c o o p e ra ç ã o vamente e a maioria simplesmente intensifica os es
mostraram-se de forma mais construtiva em res forços construtivos para sobrepujar os obstáculos
posta à frustração. Este estudo ilustra como a frus com que se defrontam. Portanto, não causa sur
tração serve como um estímulo elidador que faz presa que, em estudos de laboratório nos quais a
sobressair quaisquer respostas que dominam os re frustração é sistematicamente variada, ela às vezes
pertórios comportamentais dos sujeitos. aumenta a agressão (Berkowitz, 1964; Geen, 1968;
EXTINÇÃO 227
Hartmann, 1969), não tem efeito sobre o compor bais. Scott, Burton e Yarrow (1967) relatam resul
tamento agressivo (Buss, 1966; Jegard e Walters, tados similares num estudo controlado de um me
1960; Walters e Brown, 1963), ou reduz as respos nino de escola maternal que apresentava freqüen
tas de agressão (Kuhn, Madsen e Becker, 1967). tes reações de agressão não-provocada. Quando as
Os experimentos que relatam respostas positivas à condições usuais de reforçamento adulto estavam
frustração usualmente exercem uma influência so operando, o menino exibia uma elevada freqüência
mente quando estão conjugados com um treino de com portam ento negativo em relação a seus
prévio na agressão ou com uma exposição a pistas companheiros. Em contraste, durante períodos em
modeladoras agressivas. O fato de que achados ne que os adultos significativos consistentemente igno
gativos ocorreram em estudos nos quais outras ravam as ações agressivas e concorrentem ente
variáveis foram altamente influentes apóia o ponto davam atenção ao comportamento desejado, o me
de vista de que a frustração é apenas uma, mas não nino exibia um acréscimo significativo de formas
necessariamente a mais importante das variáveis positivas de interação com as outras crianças.
PS
que determinam o comportamento agressivo. Na
realidade, de acordo com a teoria da aprendizagem Extinção do Comportamento Defensivo
social, seria possível produzir indivíduos altamente Como Mowrer (1950) noiou previam ente, o
agressivos oferecendo-lhes modelos cujas agressões comportamento humano é freqüentemente ativado
U
são bem-sucedidas e recompensando intermitente não por desconfortos físicos imediatos mas por
mente o com portamento agressivo enquanto se efeitos aversivos antecipados. Isto é, as donas-de-
mantém a frustração em níveis baixos. Seguir-se-ia,
O
casa não precisam sentir fome para ir comprar co
dos achados revistos nas seções anteriores, que mida; os proprietários de residências não esperam
mudanças duradouras no comportamento agres até sentir o desconforto de uma casa pegando fogo
R
sivo podem ser conseguidas com êxito reduzindo-se para comprar um seguro contra incêndio; os alu
o valor utilitário da agressão por meio do desenvol nos usualmente não esperam sentir a aflição criada
vimento de modos alternativos de respostas mais
eficazes.
Uma variedade de procedimentos de aprendiza
gem social tem sido empregada com êxito na modi
G
pelo fracasso nos exames para começar a estudar; e
usualmente os motoristas não esperam que o carro
pare por falta de gasolina para reabastecê-lo. Por
meio de mecanismos de representação, os eventos
KS
ficação do comportamento agressivo extremado. futuros podem ser convertidos em estímulos atuais
Chittenden (1942) obteve reduções na agressivi que são funcionalmente similares aos estímulos físi
dade por meio da modelação de modos mais cons cos na sua capacidade de evocar linhas de ação
trutivos de lidar com conflitos interpessoais. Vário adaptativas.
investigadores (Hawkins et al., 1966; Sloane, Johns-
O
mento destrutivo, e um comportamento social de nas proximidades, o cliente compulsivo respondeu,
sejável é promovido ativamente. “Vê, dá resultado”. A realidade deste fenômeno é
A agressão também foi eficientemente modifi demonstrada de forma flagrante por meio de estu
cada por um reforçamento social diferencial no dos de laboratório da esquiva não-sinalizada, nos
D
qual o comportamento agressivo é colocado num quais os animais podem impedir o choque por uin
esquema de extinção. Brown e Elliott (1965) ins período fixo de tempo cada vez que desempenham
truíram os professores a ignorar a agressão e a re uma resposta defensiva (Sidman, 1966). Sob estas
IN
compensar o comportamento cooperativo num es condições, os animais apresentam uma taxa estável
forço para reduzir a quantidade de agressão exi de comportamento de esquiva, e, como resultado,
bida por 27 meninos numa turm a de escola mater raramente se defrontam com os eventos punitivos
nal. Sob estas contingências de reforçamento, a in atuais. Além do mais, o comportamento de esquiva
cidência da agressão tanto física como verbal dimi persiste durante muito tempo depois que os estímu
nuiu. Depois que o programa foi interrompido, o los aversivos foram retirados, e é facilmente reinsta
comportamento de agressão física mostrou alguma lado em ocasiões futuras por algumas poucas expe
recuperação durante um período de seguimento, o riências negativas.
que foi atribuído ao fato de que os professores Depois que o comportamento de esquiva foi de
achavam difícil não atender e interagir com os me senvolvido com êxito, elé pode ser controlado cog-
ninos quando eles se engajavam em tais aüvidades. niüvamente e por meio de estímulos discriminati
Os procedimentos de reforçamento social foram vos sem necessitar de um deflagramento das emo
novamente aplicados consistentemente e produzi ções. N uma comparação de diferentes procedimen
ram reduções adicionais nos assaltos físicos e ver tos de extinção, Notterman, Schoenfeld e Bersh,
228 EXTINÇÃO
(1952) condicionaram as batidas cardíacas a um A extinção do comportamento de esquiva é ob
tom p o r meio de uma estimulação de choque. tida pela exposição repetida a eventos ameaçadores
Quando os ensaios de extinção foram iniciados, o sem a ocorrência de quaisquer conseqüências adver
tom foi apresentado a um grupo de sujeitos sem sas. O principal obstáculo para se obter uma extin
comentários, informou-se ao segundo grupo que os ção rápida é o caráter auto-reforçador do compor
choques tinham sido permanentemente retirados e tamento de esquiva, o qual deriva de sua capaci
ao terceiro grupo foi dito que poderia evitar o dade de remover ou adiar a ameaça antecipada.
choque abaixando uma tecla telegráfica sempre que Além do mais, a inibição de respostas que foram
o tom fosse apresentado. A conscientização das punidas no passado e a evitação bem-sucedida de
contingências alteradas facilitem a extinção, mas as situações que provocam medo efetivamente impe
respostas autonômicas foram quase que completa dem o indivíduo de reavaliar as condições de refor-
mente eliminadas quando os sujeitos dispunham de çamento que prevalecem atualmente. A deflagra
um meio adequado para evitar a estimulação aver ção antecipatória e os comportamentos defensivos
PS
siva (Fig. 6-8). que não são mais objetivamente justificados são
Em condições naturais, os indivíduos periodica assim protegidos da extinção. Uma contínua reex-
mente se defrontam com experiências punitivas e posição a estímulos provocadores de medo sem
freqüentem ente se deparam com situações que conseqüências desfavoráveis eventualmente elimina
U
provocam medo. As atividades defensivas, são, por tanto o comportamento emocional como o instru-
tanto, reforçadas não somente pela evitação de m ertal por meio dos mecanismos que já discutimos
ameaças potenciais, mas também pela redução do previamente. Muitas variações de procedimentos
O
medo que acompanha o escape de situações aversi de extinção foram elaboradas para acelerar e obter
vas que provocam perturbações. Em experimentos melhor controle sobre os processos de extinção.
R
destinados a avaliar separadamente os vários fato
res que pudessem reforçar o comportamento de
esquiva, Kamin (1956, 1957) descobriu que ou a EXPOSIÇÃO FORÇADA POR MEIO DA
terminação do sinal que provocava o medo ou a
evitação de uma estimulação fisicamente dolorosa
aumentava a freqüência de respostas de esquiva e a
G PREVENÇÃO DE RESPOSTAS
O comportamento de esquiva pode ser rapida
mente eliminado bloqueando-se a sua ocorrência
KS
rapidez com que estas eram desempenhadas. O na presença de estímulos que eliciam o medo. Con
comportamento de esquiva era mais pronunciado tudo, existe alguma evidência para indicar que a
quando terminava o aparecimento de sinais provo exposição forçada pode produzir apenas mudanças
cadores de medo e também quando evuava a esti temporárias sem alterar o potencial de deflagração
mulação de choque. de situações subjetivamente ameaçadoras. Em al
O
BO
EX
D
IN
Figura 6-8. Extinção das respostas de batidas de coração a um estímulo condicionado em sujeitos que não sabiam
que Q. choque tinha sido retirado, tinham sido avisados que não haveria mais choques ou receberam uma resposta
motipra para evitar o choque. B-l representa o número de batidas cardíacas durante o período de liríha de base em
resposta ao som antes do condicionamento aversivo. Redesenhado de Notterman, Schoenfeld e Bersh, 1952.
e x t i n ç Ao 229
guns casos, por exemplo, a cessação das respostas no qual animais confinados numa situação ameaça
de esquiva apenas reflete a formação de discrimi dora adquiriram uma longa sucessão de respostas
nações errôneas que protegem a capacidade de de esquiva à medida que cada resposta precedente
despertar o medo dos estímulos ameaçadores da era obstruída. A importância de distinguir entre
extinção. Solomon, Kamin e Wynne (1953) treina mudanças que refletem a neutralização do estímulo
ram cachorros para pular uma barreira numa caixa e substituição de respostas é também ilustrada pela
especial sempre que se tocava um a campainha evidência de que sujeitos que extinguiram respostas
antes de um choque elétrico intenso. Depois que o de esquiva a um dado estímulo condicionado po
com portam ento de esquiva foi bem aprendido, dem, no entanto, ter algum medo deste estímulo,
instituiu-se a extinção. Sob o procedimento regular medido pela supressão do comportamento recom
de extinção, os animais continuaram a desempe pensado sempre que o estímulo era apresentado
nhar a resposta de esquiva ao som da campainha (Kamin, Brimer e Black, 1963).
com uma rapidez não diminuída por várias cente Avaliações dos efeitos variados que acompanham
PS
nas de ensaios sem receber nenhum choque adicio o impedimento da resposta sugerem que este mé
nal. Nesta etapa da investigação, várias modifica todo pode produzir rápidas mudanças comporta-
ções do procedimento foram introduzidas. Para al mentais sem lograr a extinção do jnedo. Isto é mos
guns animais, uma barreira de vidro, que impedia a trado por evidência que, quando comparado com a
U
resposta de salto, foi colocada entre os comparti extinção regular, o comportamento que foi elimi
mentos da caixa, mas esse método também se de nado pelo bloqueio de respostas reaparece com
monstrou ineficaz para facilitar a extinção para a maior freqüência em apresentações ulteriores do
O
maioria dos animais. Neste experimento, a obstru estímulo condicionado (Benline e Simmel, 1967);
ção física foi utilizada somente no quarto e no sé os sujeitos relutam mais em se aproximar das pistas
R
timo dos dez ensaios que os cachorros recebiam d u eliciadoras de medo, indicando que estas retiveram
rante cada sessão diária. Sob estas mudanças previ algumas das suas propriedades aversivas (Page,
síveis de estímulos os animais aparentemente dis 1955); e que não somente os sujeitos cujo compor
criminavam entre os ensaios nos quais a barreira
era apresentada como segura e aqueles nos quais
era ausente como perigosa. Conseqüentemente,
G
tamento defensivo fqi removido desta maneira são
mais suscetíveis a um condicionamento aversivo
subseqüente, mas também o comportamento de es
KS
continuavam a pular rapidamente nestes últimos quiva restabelecido é mais resistente à extinção
ensaios, mas permaneciam sem mostras de pertur (Polin, 1959).
bação em função do tom aversivo sempre que a Os métodos de prevenção da resposta raramente
barreira de vidro fosse introduzida. foram empregados clinicamente. Contudo, Meyer
Evidência para a interpretação discriminativa da
O
mento acima, com a exceção que a barreira de certas condições comportamentais. Um caso envol
vidro foi empregada durante a série inicial de en via uma mulher de 33 anos que estava quase total
saios, de extinção, após a qual ela foi permanente mente incapacitada por rituais de limpeza. Ela fobi-
mente retirada. Sob esse procedimento, o compor camente evitava tocar objetos comuns e deixou de
tamento de esquiva foi rapidam ente eliminado. ter relações sexuais com medo da contaminação. A
Usando um método similar, Page e Hall (1953) maior parte do tempo era gasta lavando e lim
EX
também demonstraram que a técnica da prevenção pando a casa de modo compulsivo. A segunda mu
de respostas pode acelerar a extinção, desde que lher sofria há 36 anos de “pensamentos de blasfê
seja empregada em cada ensaio durante uma série mia” intrusivos que se centralizavam sobre o fato
longa na fase inicial de extinção. W einberger de ter relações sexuais com o Espírito Santo. A
D
(1965) também demonstrou que a taxa de extinção culpa e a ansiedade resultantes eram aliviadas pelo
do comportamento de esquiva aumenta com dura desempenho de vários comportamentos rituais um
ções longas de exposição forçada a eventos que certo número de vezes. Estes pensamentos obsessi
IN
relações sexuais com o Espírito Santo, comer salsi com o EC numa intensidade total. De fato, 80 por
chas etc.) e o pessoal da enfermaria as impedia de cento dos animais na condição de mudança de es
se engajar no comportamento ritualístico destinado tímulos rapidam ente extinguiram as respostas
a evitar conseqüências desagradáveis. As mulheres emocionais a versões mais fracas do EC e, conse
evidenciavam uma aflição intensa quando, pela qüentemente, não apresentavam nenhum compor
primeira vez, o desempenho das atividades ritualís- tamento de esquiva quando confrontados com o es
ticas foi irtipedido. Contudo, as' suas reações emo tímulo anteriormente aversivo em elevada intensi
cionais gradualm ente diminuíram, e o compor dade.
tamento de esquiva e os rituais compulsivos foram
substancialmente reduzidos depois que as restri Um procedimento graduado pode produzir uma
ções tinham sido removidas. De acordo com estudos extinção comparativamente rápida porque respos
de acompanhamento, a primeira cliente continuou tas competidoras tendem a ocorrer mais na pre
com a sua rotina de limpeza, mas a sujeira a inco sença de estímulos aversivos fracos do que em formas
PS
modava muito menos, suas relações familiares me mais intensas que ativam um forte comportamento
lhoraram muito, ela passou a ter novamente rela de esquiva. Uma vez que as respostas de não-
ções sexuais e era capaz de participar de um certo esquiva ocorrem em situações que contém poucos
número de atividades sociais que ela previamente elementos que provocam medo, as respostas com
U
evitava por medo de contaminação. A segunda petidoras também se generalizam para estímulos
cliente diminuiu os comportamentos ritualísticos de similares contendo um maior número de elementos
cerca de 80 a 4 por dia e a ocorrência de pensa amedrontadores. Desta maneira é possível extin
O
mentos intrusivos foi reduzida de modo similar. guir o comportamento emocional sem eliciar ne
Estes resultados preliminares encorajadores suge nhum comportamento de esquiva, desde que os es
R
rem que o comportamento de esquiva que é pode tímulos condicionados aversivos sejam aumentados
rosamente m antido pelo afastamento de conse em incrementos suficientemente pequenos.
qüências daninhas imaginárias pode inicialmente
exigir um procedimento de extinção forçada para
sua eliminação.
G O processo de extinção pode ser ainda mais ace
lerado coinbinando-se a mudança dos estímulos
aversivos com condições estimuladoras positivas
destinadas a evocar um comportamento capaz de
KS
EXPOSIÇÃO A AMEAÇAS GRADUADAS QUANTO
À AVERSIVIDADE sobrepujar as tendências de esquiva. Empregando-
se este tipo de procedimento múltiplo, que é expli
O comportamento defensivo não apropriado é cado com mais detalhes no próximo capitulo, a
freqüentemente extinto pela introdução de estímu ocorrência de um comportamento não receoso a
los aversivos com intensidades fracas que não evo
O
maioria das situações am edrontadoras seja neu tes para eliminar as inibições comportamentais.
tralizada. Pela hábil aplicação dos procedimentos Depois que os animais aprenderam a pressionar
de mudança de estímulos, a capacidade de deflagra uma alavanca para obter comida, receberam cho
ção do estímulo aversivo pode ser eliminada sem ques imediatamente depois que ouviram um som,
eliciar medo ou formas alternativas de comporta até que este tivesse adquirido a capacidade de su
mento defensivo. primir totalmente as respostas. Os estímulos de
EX
Vários estudos compararam a eficácia relativa da choques foram então retirados e aos animais foi
extinção regular e o procedimento de mudança atribuída uma de cinco condições de tratamento.
de estímulos usado sozinho ou como um compo Para um grupo de sujeitos que recebiam extinção
nente de um método múltiplo para eliminar as rea regular, o som eliciador de medo foi apresentado
D
PS
Figura 6*9. Reduções na supressão de respostas obtidas por sujeitos em cada uma das cinco condições de tratamento
U
durante dez sessões de extinção. Um valor zero indica supressão completa da resposta de pressionar uma barra, inter
mitentemente reforçada, ao passo que uma razão de 0,50 representa nenhuma inibição da resposta. Poppen, 1968.
O
R
As reduções na supressão das respostas obtidas um até que ela pròferiu uma série de palestras para
pelos vários procedimentos de tratamento são re um auditório de nove ouvintes. Para assegurar
sumidas na Fig. 6-9. A extinção regular foi a menos ainda mais a generalização adequada de efeitos de
eficiente para eliminar o medo condicionado, mas o
potencial deste método foi consideravelmente au
mentado pela apresentação do estímulo ameaçador
G
extinção, as condições estimuladoras foram conti
nuamente variadas utiliza ndo-se várias salas de aula
diferentes, fazendo com que a estudante visuali
KS
de forma gradual. As inibições comportamentais zasse seus novos colegas durante as palestras de
foram removidas de modo mais rápido e completo demonstração e fazendo com que o próprio tera
reduzindo-se a aversividade dos estímulos eliciado- peuta estivesse ausente durante algumas de suas
res de medo pela apresentação gradual, combinado sessões. Após completar a série de extinção, a estu
com a eliciação simultânea de respostas incompatí dante proferiu seis palestras e obteve conceito “B"
O
veis. Um padrão de resultados essencialmente simi no curso de oratória do qual ela antes tinha fugido,
lar foi obtido para o número de ensaios necessários procurando um médico depois de uma tremenda
BO
para eliminar completamente as inibições comporta luta para completar um discurso de um minuto.
mentais. Tanto a apresentação dos estímulos amea De acordo com a teoria psicanalítica, as interpre
çadores numa série graduada quanto a eliciação das tações destinadas a reduzir a força das defesas
respostas competidoras aceleraram a extinção, mas devem preceder a rotulação das expressões de im
o procedimento que combinava estes dois fatores pulsos. Na base de deduções consistentes com esta
reduziu o tempo de extinção para a metade. última teoria, feitas a partir do paradigma de con
EX
Foram publicados alguns estudos de casos nos flito de Miller (1948), Dollard e Miller (1950) pro
quais um procedimento de extinção graduado foi puseram o ponto de vista de que a ansiedade que
utilizado para modificar um comportamento emo motiva as respostas de esquiva num conflito de
cional intenso. Uma ilustração do uso deste princí aproxim ação-afastam ento deveria ser reduzida
antes de se tentar reforçar o comportamento de
D
completar um curso de oratória exigido para com A pessoa com uma neurose grave que chega até o
pletar os créditos do seu curso universitário, consultório do psicoterapeuta é um caso especial
mesmo com a ajuda de tranqüilizantes, terapia de mente selecionado com tendências de esquiva espe
grupo com outras pessoas que sofriam da mesma cialmente fortes. Portanto, tentar aumentar a sua
fobia e 30 horas de psicoterapia individual. motivação para se aproximar dos objetivos irá ape
nas aumentar o seu medo e conflito. Este aumento
O programa de extinção consistiu de 17 sessões, na sua infelicidade tenderá a fazê-la abandonar a
nas quais a estudante fez palestras cada vez mais terapia. É exatamente isto o que parece acontecer.
longas a audiências cada vez maiores em situações Os terapeutas descobriram que a primeira coisa a
que gradualmente se aproximavam das condições fazer é concentrar-se na redução dos medos que
da sala de aula. Inicialmente, a estudante lia tre motivam o afastamento (isto é, analisar as resistên
chos familiares e não-familiares de um livro, e de cias) ao invés de tentar aumentar a motivação para
se aproximar do alvo temido [pág. 359].
pois fazia pequenos discursos ao terapeuta sozinho
no seu consultório e em uma sala de aula pequena, Esta teoria implica que o comportamento de es
vazia. Os ouvintes foram depois introduzidos um a quiva pode ser modificado de forma mais eficiente
232 EXTINÇÃO
por procedimentos interpretativos de entrevista, e intensas (Haslam, 1965; Walton, 1960c) e respos
que não deve ser feita nenhuma tentativa, durante tas de esquiva mais circunscritas (Freem an e
as etapas iniciais do tratamento, de conseguir que Kendrick, 1960). Numa série de estudos individuais
os clientes desempenhem o com portam ento te interessantes, Foster (1967; Foster e Campos,
mido. É altamente provável que, se os terapeutas 1964) foi capaz de melhorar os espasmos clínicos e
forçassem os seus clientes a se aproximar das situa a disritmia no EEG evocada por uma estimulação
ções que provocam mais medo, logo no início, os estroboscópica ou certas seleções musicais por meio
clientes realmente sentiriam uma ansiedade muito da apresentação repetida dos estímulos sensoriais
intensa, e que até se retirassem da psicoterapia. eliciadores inicialm ente em níveis inócuos e
Contudo, a evidência experimental revista previa aproximando-se gradualmente das formas evocati
m ente dem onstra que as respostas de esquiva vas.
podem ser prontamente extinguidas se os sujeitos Walton e Mather (1963b) relatam que procedi
são expostos a estímulos aversivos que inicialmente mentos de extinção similares forneceram resultados
PS
são fracos e depois gradualmente vão aumentando variáVeis cóm o c o m p o rta m e n to obsessivo-
de intensidade. Um procedim ento de extinção compulsivo, que como se presume foi original
deste tipo foi, de fato, empregado com êxito por mente condicionado a estímulos produzidos pelas
Herzberg (1941) no tratamento de uma dona-de- respostas ao invés de pistas ambientais. Tentando
U
casa que sofria de agorafobia. Esta mulher apresen explicar esses resultados diversos, Walton e Mather
tava intensa ansiedade e reações psicossomáticas distinguem as estratégias de comportamento di
sem pre que saía sozinha; conseqüentem ente, rigidas para a eliminação “do impulso condicionado
O
recusava-se a sair de casa a não ser na companhia autonômico mais básico” (CAD) daquelas dirigidas
de outra pessoa ou então transportada num táxi. para a eliminação do comportamento de esquiva a
R
Primeiro foi-lhe atribuída a tarefa de andar sozinha estímulos ambientais generalizados. De acordo com
num parque, o que constituía uma ameaça conside o seu raciocínio, nas perturbações agudas de ansie
ravelmente mais fraca do que andar na rua. As rea dade as respostas instrumentais de esquiva são eli-
ções de ansiedade na sitiiação do parque foram fa
cilmente extintas, e então ordenou-se-lhe que an
dasse sozinha numa rua tranqüila na vizinhança.
G ciadas pelo impulso condicionado autonômico sub
jacente; conseqüentemente, nesta última condição o
tratamento deve se concentrar na extinção da reati-
KS
Deste modo, a cliente foi gradualmente exposta a vidade autonômica, já que a sua remoção irá elimi
pistas progressivamente mais eliciadoras de medo, nar respostas associadas de esquiva sem nenhuma
até que eventualmente ela conseguia andar em intervenção direta.
quase todos os lugares sozinha sem experimentar Para apoiar esta suposição, Walton e Mather
ansiedade ou reações psicossomáticas. Herzberg
O
entrevista para eliminar várias formas de compor casos, um ritual de lavar as mãos, que se acredi
tamento de esquiva e para promover novos padrões tava ser evocado pela ansiedade de culpa sobre
de resposta. Em alguns desses casos, portanto, os fantasias violentas de agressão, desapareceu depois
clientes se defrontam com tarefas relativamente que o cliente passivo recebeu um treinamento de
exigentes com experiências preparatórias insufi auto-afirmação. Um desenvolvimento similar de
cientes que poderiam assegurar um progresso mais auto-afirmação no segundo cliente resultou numa
EX
tos de extinção que se generalizam para as formas que não as originalmente envolvidas no condicio
mais inteiisamente inibidas de comportamento, re namento aversivo, podem, por meio do processo da
duzindo assim todo o gradiente de esquiva. Desta generalização de estímulos, adquirir uma potência
maneira, a ansiedade associada com variantes su eliciadora de modo que as respostas de esquiva “se
cessivamente mais próximas do comportamento de tornem funcionalmente autônom as” ou parcial
sejado pode ser progressivamente extinta até que mente independentes do CAD cronologicamente
os clientes sejam capazes de executar as respostas- anterior. Portanto, a modificação de perturbações
alvo sem experimentar reações emocionais fortes. crônicas requereria a extinção tanto das respostas
Esta estratégia, de fato, tem sido aplicada com êxito condicionadas autonômicas iniciais quanto do pró
à modificação das agorafobias (Jones, 1956; Meyer, prio comportamento de esquiva. Os resultados de
1957; White, 1962), claustrofobias (Meyer, 1957; vários casos crônicos, que apresentaram apenas
Walton e Mather, 1963a), padrões de resposta com uma melhora parcial quando o seu tratamento foi
pulsivos (Walton, 1960b), fobias escolares (Ganvey e restrito ou aos estímulos condicionados originais ou
Hegrenes, 1966; Kennedy, 1965), inibições sexuais às próprias respostas de esquiva, são apresentados
EXTINÇÃO 253
como um apoio parcial da última hipótese pro O tratamento se destinava especificamente a di
posta. minuir as ansiedades sexuais mediante o empare-
Os pressupostos de Walton e Mather sobre as Ihamento da relaxação induzida por drogas com
condições que regulam o comportamento de es cenas de interação progressivamente mais íntimas
quiva sáo negados por um corpo de evidência con com homens. Conseqüentemente, suas respostas de
siderável de que o comportamento de esquiva não ansiedade aos estímulos heterossexuais foram acen-
está sob controle autonômico. Estes achados, que tuadamente reduzidas:
serão discutidos em detalhe no Cap. 7, apóiam o
ponto de vista de que as respostas de esquiva auto Ela podia passar por homens na rua, sentar ao lado
deles nos transportes públicos, esperar com eles em
nômicas e instrumentais são co-efeitos do condicio filas para entrar nas lojas ou nos ônibus, e falar com
namento aversivo e não eventos ligados causal- eles. Ela relatou dois incidentes desta natureza com
mente. Quando as respostas emocionais são condi satisfação. Havia esperado por meia hora numa
cionadas a um estímulo particular, outras pistas que
PS
fila diante da parada de ônibus com um homem
recaem sobre a mesma dimensão estimuladora fí jovem e tinham tido uma conversa bastante longa,
sica ou semântica também adquirem potência de que quase resultou na marcação de um encontro
eliciação por meio do processo de generalização. posterior. Numa segunda ocasião, ela reatou um
Uma avaliação comportamental sistemática prova conhecimento de longa data com um rapaz da sua
U
idade [pág. 167].
velmente revelaria que tanto os estímulos primários
como os secundários evocam a reatividade autonô De acordo com os princípios de generalização, o
O
mica e de esquiva. Também não é verdade que a medo generalizado da cliente em relação à micção,
amplitude da generalização dos estímulos é neces à defecação e aos excrementos, estímulos muito afas
sariamente determinada por fatores temporais. O tados dos estímulos sexuais primários, foi apenas
R
foco autonômico-motor no tratam ento proposto parcialmente reduzido.
por Walton e Mather, de fato, reduz-se à questão Num segundo conjunto de dados apresentados
de saber se as reações emocionais deveriam ser ex
tintas a estímulos primários ou generalizados ao
invés de uma distinção impulso-comportamento.
Os resultados relatados pelos autores estão comple
G
por Walton e Mather, uma mulher solteira desen
volveu preocupações obsessivas a respeito da con
taminação pela sujeira e rituais compulsivos de
lavar as mãos, depois de um caso amoroso com um
KS
tamente de acordo com os prognósticos, feitos a homem casado, o que lhe provocou profundos sen
partir do princípio da generalização, de que a re timentos de culpa. Neste caso particular, porém, as
dução no comportamento emocional será maior em ansiedades sexuais não foram tratadas, mas as res
relação aos estímulos que foram neutralizados, postas compulsivas a estímulos eliciadores generali
qualquer que seja a sua posição no gradiente de
O
quanto mais distantes os estímulos evocativos não tivo. como, por exemplo, usar pias e vasos sanitários
tratados são em relação àqueles que foram selecio em banheiros públicos, tocar os trincos das portas,
nados para o tratamento de extinção. apanhar objetos do chão e andar em ruas sujas de
Em um dos relatos (Walton e Mather, 1963b) poeira. O comportamento compulsivo da cliente foi
que apóiam a formulação acima, uma mulher sol substancialmente reduzido por este programa, mas
teira de 24 anos que tivera uma criação excepcio as suas ansiedades sexuais não diminuíram.
EX
nalmente moralista sofria de ansiedades sexuais in Pareceria, a partir dos dados discutidos acima,
tensas. Qualquer forma de contato físico ou social conjuntamente com os achados de laboratório a
com hom ens, e até mesmo as relações sexuais respeito da generalização dos efeitos de extinção
dentro do casamento, era considerada pecaminosa. (Bass e Hull, 1934; H offeld, 1962; Hovland,
D
Após a adolescência, período no qual a exposição à 1937), dé que a decisão a respeito de orientar um
informação sexual e um episódio masturbatório ge program a de extinção no sentido dos estímulos
raram sentimentos de culpa intensos, as ansiedades primários ou os generalizados, ou ambos, deveria
IN
sexuais acentuadas da moça se generalizaram para ser determ inada pela natureza e amplitude das
as funções geniturinárias. Durante este período ela mudanças que se deseja produzir.
desenvolveu .uma preocupação obsessiva a respeito Uma aplicação de grupo interessante de extinção
da micção e da defecação, e instituiu rituais elabo graduada é descrita por Saul e seus associados
rados destinados a assegurar a limpeza absoluta. As (Saul, Rome e Leuser, 1946), no tratamento da
respostas de ansiedade também se transferiram ansiedade intensa e am plam ente generalizada
para a urina e as fezes dos animais; de modo que oriunda de experiências militares traumáticas. Foi
ela evitava cuidadosamente bancos no parque, pos mostrada aos soldados, num contexto seguro e re-
tes de iluminação e cadeiras em casas particulares laxante, uma série de filmes de cenas de combate,
nas quais pudessem ter ficado animais de estima iniciando-se por exposições que eles podiam tole
ção. Por causa da sua incapacidade de usar banhei rar. Inicialmente, os filmes mostraram cenas prepara
ros públicos e bancos, e a sua acentuada restrição tórias de combate, seguidas de cenas de bombardeio
de interações sociais com homens, a moça foi even aéreo e de superfície das quais a apresentação de
tualmente forçada a deixar o seu emprego. feridas e destruição tinha sido retirada. Em sessões
234 EXTINÇÃO
posteriores, apresentou-se aos soldados cenas gra oposição. Felizmente, existem vários fatores que
dualmente mais assustadoras. Além de regular a apóiam os esforços de aproximação apesar da an
aversividade dos estímulos pictóricos, a apresenta siedade. A aflição e o funcionamento inadequado
ção de ruídos de combate provocadores de ansie criados pelos medos e inibições não-apropriados,
dade também foi controlada. No início, as cenas de juntamente com a expectativa de eventuais benefí
combate eram apresentadas silenciosamente, e só cios, indubitavelmente servem como atrativos fortes
gradualmente o som foi introduzido. Dia a dia os para que as pessoas se engajem em atividades ante
ruídos de metralhadoras, explosões e bombardeio riormente inibidas. Além disso, recompensas sociais
aéreo foram aumentados até que a intensidade na forma de interesse e aprovação pelos agentes de
total foi alcançada. Como uma ulterior salvaguarda mudança e outros indivíduos significativos funcio
contra uma deflagração excessiva de emoções, cada nam como incentivos positivos para o desempenho
soldado recebeu o seu próprio controle de volume, de comportamentos essenciais. Finalmente, a habi
com o qual poderia regular a quantidade de esti lidade com a qual as experiências de exdnção são
mulação aversiva. organizadas é um fator influente, facilitando ou
PS
Uma média de 12 apresentações de aproxima impedindo a mudança comportamental. Se as pes
damente 15 minutos cada efetivamente extinguiu soas forem inicialmente encorajadas a desempe
as respostas emocionais intensas dos soldados, que nhar os comportamentos inibidos sob condições al
passaram a reagir com calma e até tédio a cenas tamente favoráveis a possibilidade de resultados
U
que os tinham terrificado anteriormente. Uma evi negativos que poderiam pôr em perigo a motivação
dência adicional de que a dessensibilização dos solpositiva é minimizada. Ao tornar a progressão em
cada tarefa sucessiva tão gradual que os fracassos
O
dados tinha sido coroada de êxito nos é fornecida
pelas suas reações relativamente não-perturbadas a ocorram raramente, as recompensas associadas com
um filme de üma invasão por fuzileiros navais que o. progresso tangível continuo ajudarão a fortalecer
R
apresentava um combate muito intenso e um nú a disposição para tentar tarefas mais difíceis. Em
mero muito grande de feridos graves. Além do alguns casos, contudo, o agente de mudança terá
necessidade de introduzir alguns incentivos positi
estudos de modelação utilizando filmes graduados fóbicos é ilustrado por estudos nos quais uma re
q u an to à av ersividade (B an d u ra e M enlove, troalimentação precisa do desempenho é seqüen
1968) sugerem que os procedimentos de extinção cialmente adicionada e removida. Num experi
em grupo envolvendo ameaças apresentadas picto mento (Leitenberg et al., 1968), mulheres com
ricamente poderiam ser empregados de modo efi claustrofobia e fobia de facas foram instruídas para
ciente para extinguir medos comuns que já não são se engajar nas atividades temidas em períodos cada
EX
apropriados. vez mais longos, sob condições nas quais, para cada
ensaio, elas anotavam o tempo exato em que fica
vam num recinto pequeno ou olhavam para facas
O PAPEL DOS INCENTIVOS POSITIVOS NA ou então não recebiam informações quanto ao
D
EXTINÇÃO
tempo gasto. A retroalimentação explícita facilitou
A seleção de tarefas de desempenho apropriadas a mudança comportamental, a omissão dos dados
e a sua organização seqüencial geralmente é consi relativos ao tempo produziu um declínio no de
IN
PS
U
O
R
Figura 6-10. Efeitos do reforçamento social e do
não-reforçam ento de melhorias de desem penho
sobre a razão de progresso de dois clientes agorafó-
bicos. Agras, Leitenberg e Barlow, 1968.
G
KS
O
BO
EX
D
IN
É importante lembrar que nem todo o compor é que qualquer mudança comportamental significa
tamento de esquiva necessariamente representa um tiva deva ser conseguida, as recompensas associadas
problema de ansiedade. Em alguns casos, as condi com o comportamento de esquiva devem ser reti
ções aversivas originais cessaram de operar e o radas e tornadas contingentes de modos de res
comportamento de esquiva é, de fato, primaria posta mais benéficos.
mente mantido pelas suas conseqüências positivas. Em muitos casos, o comportamento de esquiva é
Uma criança com fobia escolar, por exemplo, pode apoiado tanto por reforços positivos quanto negati
continuar a evitar as situações escolares depois que vos. Portanto, alcançar os objetivos do tratamento
elas perderam o seu valor ameaçador, por causa de de forma apenas parcial pode produzir algum de
maior atenção e outras recompensas associadas com sapontamento por causa da perda dos benefícios
o ficar em casa. Sob estas condições, um programa anteriormente derivados da perturbação compor
de extinção do medo seria inapropriado e inútil. Se tamental. Nestes casos, é necessário providenciar
2S6 EXTINÇÁ
recompensas substitutas adequadas. Também seria painha, com uma barreira física colocada para evi
recomendável protelar temporariamente o compor tar a resposta de esquiva; o grupo de “inundação"
tamento desviante que possui elevado valor funcio recebeu cada dia 100 segundos de uma estimulação
nal até que fontes adicionais de recompensa sejam auditiva contínua numa situação de resposta livre; e
estabelecidas. É necessário, portanto, identificar os o grupo de controle apenas recebeu quatro dias de
fatores que mantêm o comportamento desviante descanso. Nas fases subseqüentes do experimento,
antes de iniciar os procedimentos de mudança, e todos os animais receberam uma série idêntica de
utilizar esta informação para preparar os indiví ensaios de extinção regular, seguida de dois dias de
duos para as mudanças nos reforçamentos habi recondicionamento da esquiva, tios quais a cam
tuais que a sua recuperação provavelmente irá painha foi de novo associada com o choque elétrico,
produzir. e finalmente uma série de ensaios regulares de
reextinção.
EXTINÇÃO p o r m e i o d e e x p o s i ç ã o Como resumimos graficamente na Fig. 6-11, os
PS
PROLONGADA OU MACIÇA A ESTÍMULOS animais que foram expostos continuamente ao es
AVERSIVOS
tímulo eliciador de medo por longo tempo extin
Na abordagem de extinção precedente, os estí guiram as respostas de esquiva muito mais rapida
mulos aversivos são inicialmente apresentados em mente do que o grupo da barreira ou o grupo
U
baixas intensidades que são facilmente toleráveis, e de controle em ambas as fases de extinção. Os re
as situações de maior stress são gradualmente in sultados também indicam que a extinção baseada
troduzidas à medida que as respostas emocionais a na exposição forçada por meio de restrições físicas
O
ameaças mais fracas são eliminadas progressiva não possuía valor duradouro e pode, de fato, ter
mente. Considerando que nas investigações de la impedido a eliminação do comportamento de es
R
boratório a extinção é tipicamente obtida em rela quiva. Se as respostas forem impedidas fisicamente,
ção a estímulos aversivos na intensidade de treino, podem não ocorrer, e portanto estão impossibilita
é evidente que a extinção do medo pode ser conse das de ser eÜmmadas por meio da não-recompensa.
G
guida sem graduação dos estímulos. Na realidade, Desta forma, inicialmente, os sujeitos fisicamente
até a exposição prolongada ou maciça a esdmulos impedidos mostraram uma extinção mais rápida do
aversivos em elevadas intensidades pode produzir que os animais do grupo de controle, mas tanto nas
KS
uma extinção rápida e estável das respostas de es fases ulteriores como na reextinção, o grupo da
quiva. barreira apresentou uma incidência muito maior de
Polin (1959) treinou animais para pular um respostas de esquiva, embora ambos os grupos co
obstáculo ao ouvir o som de uma campainha para meçassem no mesmo nível de recondicionamento.
evitar o choque elétrico. Depois disso, os animais
O
uma exposição de cinco segundos ao som da cam tímulos imaginários altamente aversivos. A avalia-
EX
D
IN
Figura 6-11. Razão de extinção e de recondicionamento do comportamento de esquiva eliminado por diferentes pro
cedimentos de extinção. Polin, 1959.
EXTINÇÃO 237
ção desta abordagem particular é um tanto compli A terapia implosiva se baseia na premissa de que
cada pelo fato de que a conceitualização de pertur a extinção- da ansiedade pode ser conseguida de
bações psicológicas parece ter uma relação limitada maneira mais eficaz por meio da eliciação repedda
com o procedimento de extinção efetivamente em de respostas emocionais intensas sem a ocorrência
pregado. Admite-se que os estímulos mais proxi de conseqüências fisicamente nocivas. Principal
mamente associados com as experiências traumáti mente em razão da facilidade, a í respostas emocio
cas estão investidos de intensa ansiedade e são, por nais são ativadas simbolicamente. O terapeuta des
tanto, reprimidos e inacessíveis. Outros estímulos creve vividamente as experiências mais revoltantes
mais remotamente ligados com o trauma também e terríveis concebíveis, e os clientes devem imaginar
adquirem propriedades de eliciação da ansiedade, que estão ativamente engajados nestas atividades
embora em menor grau. Estes estímulos aversivos chocantes. Um sujeito que lava as mãos compulsi-
mais fracos, que são vivenciados como ameaçado vamente em sua obsessão a respeito da sujeira, por
PS
res, eiiciam um comportamento de esquiva mesmo exemplo, deve visualizar-se colocando sua mão
quando a ameaça focal está ausente. As respostas numa lata de lixo e depois retirando-a, com a sua
de esquiva ativadas na etapa inicial da seqüência de mão respingando uma mistura revoltante de muco,
estímulos protegem, com êxito, os estímulos rema saliva, vômito e fezes. Se se acredita que a fobia à
nescentes, mais ameaçadores, da extinção. sujeira deriva da ansiedade sobre as funções anais,
U
Em estudos de laboratório citados em apoio à também se pede ao cliente que imagine residir num
formulação acima, Levis (1966, 1967) empregou tanque séptico onde ele faz as suas refeições, recebe
O
um paradigma no qual os animais receberam um os amigos e se locomove neste local encharcado.
condicionamento aversivo comum, exceto quanto Stampfl raciocina que “aquele que viveu num tan
ao fato de que vários estímulos diferentes precede que séptico não precisa ter medo do lixo encon
R
ram o aparecimento da estimulação de choque. Em trado numa lixeira”. Este método decididamente
um experimento, primeiro a porta do comparti não é apropriado para terapeutas melindrosos. As
mento de choques foi levantada, seis segundos após
acenderam-se luzes, depois houve o toque de uma
campainha, o qual, por sua vez, foi seguido do choque.
Durante a extinção, os animais rapidamente saíram
G
cenas aflitivas são apresentadas repetidamente com
floreios apropriados até que cessem de provocar
reações emocionais. Este procedimento é repetido
com outras variações pará as principais fontes de
KS
do compartimento ameaçador ao aparecimento do perturbação. A fim de acelerar o processo de extin
primeiro sinal de perigo, impedindo, assim, a reex- ção, os clientes também são instruídos para recriar
posição aos estímulos aversivos remanescentes. cenas perturbadoras na sua imaginação nos interva
Eventualmente, respostas de esquiva à pista inicial los entre as sessões de tratamento.
O
foram extintas, mas o contato resultante com a se Relativamente pouco tempo é gasto para tentar
gunda pista temida, que retinha a aversividade descobrir as fontes cruciais de ansiedade num dado
transmitida pelas experiências primárias, tempora caso. Isto é devido, em parte, à suposição de que a
BO
riam ente reinstalou o potencial deflagrador do extinção da reatividade emocional a situações ex
primeiro estímulo, de forma que ele recuperou a tremamente ameaçadoras irá se generalizar am
sua capacidade para manter o comportamento de plamente a Outras que provocam menos medo.
esquiva por algum tempo antes que fosse perma Uma segunda razão é que os eliciadores de ansie
nentemente neutralizado. Um processo de reaqui dade que se supõem reprimidos são selecionados
sição similar, embora progressivamente mais curto, rotineiramente de um conjunto limitado de catego
EX
ocorreu com cada estímulo da seqüência, resul rias relacionadas com agressão, sexo, rejeição, fun
tando numa quantidade fenomenal de respostas de ções orais e anais, dano físico, castigo, perda do
esquiva. Um animal, por exemplo, executou 921 controle dos impulsos e culpa.
respostas de esquiva ao estímulo mais remoto, 75 à A extinção é geralmente iniciada com os estímu
D
segunda pista ameaçadora, mas apenas 4 ao estí los ambientais que são eliciadores evidentes de
mulo diretamente associado com as experiências comportamento de esquiva. Depois que estas pistas
IN
ser sujeitos desnecessariamente à estimulação aver diferiu de forma significativa no grupo de terapia
siva, enquanto que os terapeutas estão neutrali implosiva (70 por cento) e de terapia verbal (40 por
zando determ inantes hipotéticos de relevância cento), estes sujeitos eram consideravelmente mais
questionável. A relação tênue entre os preceitos corajosos do que aqueles que receberam bibliotera-
conceituais e a prática também é mostrada em ava pia (10 por cento). Além disso, o procedimento im-
liações experimentais de terapia implosiva, na qual plosivo foi bem-sucedido com 67 por cento das
conteúdos supostamente significantes do ponto de alunas que previamente não tinham conseguido
vista dinâmico nunca são perseguidos. pegar numa cobra após terminar a terapia verbal
Resultados de experiências com animais (Polin, ou a biblioterapia. O fato de que uma breve discus
1959; Poppen, 1968) e algumas aplicações clínicas são verbal produziu critérios de desem penho
(Malleson, 1959) indicam que o comportamento de aceitáveis em 40 por cento dos casos sugere que ou
esquiva pode ser extinto por uma exposição pro o comportamento de esquiva de muitos dos sujeitos
longada ou maciça a estímulos subjetivamente era fraco ou então o teste não era suficientemente
PS
ameaçadores. Estudos preliminares (Hogan, 1966; difícil. Em avaliações futuras da terapia implosiva
Levis e Carrera, 1967) demonstram que a terapia seria portanto adequado exigir desempenhos mais
implosiva produziu maior redução do número de provocadores de medo em relação aos objetos fóbi-
respostas desviantes no MMPI do que o tratamento cos, e testar a generalidade e estabilidade das mu
danças comportamentais obtidas por este método.
U
convencional. Tais resultados são um tanto não
convincentes por causa da fraca medida de critério Contrariando os resultados dos estudos prece
usada. Investiga.ções subseqüentes de laboratório dentes, Mealiea (1967) relata achados baseados
O
apresentam evidência, baseada em medidas objeti num experimento bem planejado que lança dúvi
vas de respostas comportamentais de mudança, de das sobre a eficácia do método implosivo. Sujeitos
R
que esse método pode conseguir extinção do com com fobias de cobras foram submetidos ou a uma
p o rtam en to de esquiva. Em um experim ento dessensibilização gravada em fita, terapia implosiva
(Kirchner e Hogan, 1966), alunas que temiam ratos que evocou imagens causadoras de extrema ansie
foram ou alocadas a uma condição de controle na
qual receberam a instrução de im aginar cenas
agradáveis, enquanto ouviam música, ou receberam
Gdade, um procedimento de dessensibilização modi
ficado no qual o relaxamento foi emparelhado com
cenas retiradas do tratam ento implosivo, uma
KS
terapia implosiva de grupo. Para minimizar possí pseudoterapia com binando o relaxam ento com
veis influências sociais, os sujeitos desta última con imagens agradáveis ou nenhum tratamento. O
dição escutavam por meio de fones de ouvido num comportamento de aproximação a cobras desem
laboratório de línguas a uma fita gravada com uma penhado pelos diferentes sujeitos antes do trata
hora de duração que descrevia, entre outras cenas mento, imediatamente após o tratamento e um mês
O
atem orizantes, ratos m orderem , arrancando a após o tratamento é resumido graficamente na Fig.
carne e atacando uma pessoa em massa. Um teste 6-12. A dessensibilização graduada se mostrou su
BO
para o comportamento aversivo revelou que 62 por perior às outras condições na redução do compor
cento dos sujeitos na condição implosiva eram ca tamento de esquiva em relação a cobras e em rela
pazes de pegar num rato branco, ao passo que 26 ção a um segundo animal temido, que serviu como
por cento dos controles executavam o mesmo com medida de generalização. Contudo, os sujeitos que
portamento. Resultados essencialmente similares receberam a terapia implosiva não diferiram de
foram obtidos num segundo experimento (Hogan e qualquer um dos grupos de controle. Em vista
EX
Kirchner, 1967) na base de uma única sessão de desses resultados negativos, o método implosivo
tratamento implosivo individual. Sessenta e sete deveria ser utilizado com cautela até que tenha sido
por cento dos sujeitos tratados e 9 por cento dos submetido a um maior número de testes de labora
controles, podiam pegar num rato num teste com- tório.
portamental subseqüente. Deve-se fazer uma distinção entre os procedi
D
A eficácia deste método foi também avaliada mentos de “inundação” nos quais os estímulos aver
num estudo comparativo (Hogan e Kirchner, 1968) sivos condicionados são simplesmente apresentados
IN
com alunas que tinham medo de cobras. Um grupo em formas intensas dos procedimentos implosivos
participou de uma' sessão implosiva de 45 minutos que apresentam relatos vívidos das conseqüências
na qual deveriam imaginar cobras viscosas andando perigosas que os objetos temidos podem produzir.
sobre os seus corpos, mordendo-as sem cessar e fi Existe uma diferença considerável entre expor as
nalmente se enroscando em volta de seus pescoços, pessoas repetidamente a uma coleção atemoriza-
estrangulando-as lentamente. Um segundo grupo dora de ratos sem quaisquer efeitos negativos e
de sujeitos, alocados a uma condição de terapia mostrá-los comendo carne humana. Algumas das
verbal, discutiu as suas relações interpessoais, suas conseqüências apresentadas podem nunca ter ocor
experiências prévias com cobras e recebeu uma rido com os sujeitos fóbicos e poderiam estabelecer,
comunicação reconfortadora no sentido de que as pelo menos temporariamente, uma nova base de
cobras eram inofensivas. O terceiro grupo de sujei autodeflagração receosa. É interessante notar, a
tos leu material a respeito dos mitos e hábitos das respeito, que os tipos de conseqüências chocantes e
cobras. Ao passo que a percentagem de sujeitos ca nauseantes utilizadas na terapia implosiva para ex
pazes de pegar numa cobra após o tratamento não tinguir o comportamento de esquiva também estão
EXTINÇÃO 239
PS
detalhada das mudanças na magnitude e qualidade
da deflagração emocional numa série de ensaios em
que as experiências aversivas são eliciadas em con
junção com objetos atraentes, neutros e provoca
U
dores de medo.
O
DE RESPOSTAS
A evocação repetida não-reforçada do compor
R
tamento voluntário cria conseqüências aversivas sob Figura 6-12. Número m édio de respostas de ap ro x im a
a forma de dor e fadiga, que inibem as respostas ção a cobras desempenhadas por sujeitos em cada uma
produtoras de desconforto. Operações sucessivas
de extinção deste tipo tipicamente resultam num
declínio progressivo, e eventualmente na elimina
ção completa do comportamento. O método do de
G
das cinco condições antes do tratamento, imediatamente
após o tratamento e um mês após. Desenhado a partir de
dados de Mealíea, 1967.
KS
sempenho maciço foi aplicado numa base limitada
a tiques incapacitadores e outros movimentos es originem de um a variedade de condições de
pasmódicos que se mostraram refratários a uma aprendizagem,
pletora de mínistrações médicas e psicológicas.
Respostas de esquiva que são automaticamente
O
Estes padrões de contração muscular são geral auto-reforçador as, quando ocorrem, podem ser
mente conceitualizados como respostas condiciona eliminadas de várias maneiras diferentes. Numa
BO
das de esquiva, que originalmente foram evocadas abordagem orientada para o estímulo neutraliza
em situações altamente traumáticas (Yates, 1958). ríamos os estímulos aversivos condicionados contro
Presume-se que os tiques provavelmente ocorreram lando a ocorrência do comportamento de esquiva.
por acaso numa proximidade temporal acentuada Por outro lado, numa abordagem orientada para a
do térm ino ou da redução de uma estimulação resposta, são feitos esforços para anular o valor re
aversiva intensa e, por meio da correlação aciden compensador das respostas de esquiva ou pela apli
EX
tal, adquiriram qualidades reduzidoras de emoção. cação externa de conseqüências negativas (Barrett,
A contração muscular possui algum valor inerente 1962; Goldiamond, 1965), ou pela evocação maciça
de diminuição da dor e da tensão que por sua vez que resulta em efeitos aversivos produzidos pelas
aumentaria ainda mais o caráter auto-reforçador respostas. Os procedimentos de dessensibilização
destas respostas. O fato de que a incidência de ti
D
toras. Depois do programa experimental, a cliente dos na condição drogada muitas vezes não se trans
fez os exercícios em casa (Jones, 1960) e anotou o ferem para o estado não-drogado.
número de tiques que ela era capaz de produzir in Em oposição aos resultados favoráveis preceden
tencionalmente durante cada período de um mi- tes, Feldm an e W erry (1966) não conseguiram
nüto. Os resultados demonstram um declínio pro obter nenhum decréscimo no balançar da cabeça e
gressivo na incidência de respostas emitidas volun pestanejar num garoto adolescente por meio da
tariamente com períodos sucessivos de extinção, prática maciça. Os autores atribuem o fracasso à
assim como uma redução significativa nos seus ti presença de uma elevada ansiedade. É inteiramente
ques involuntários nas situações do dia-a-dia. possível que estes achados conflitantes sejam em
Clark (1966) tratou três adultos, todos os quais parte devidos às consideráveis diferenças no modo
manifestavam uma repetição explosiva de obsceni pelo qual a extinção foi conduzida. Os outros inves
dades e outros palavrões junto com vários tiques tigadores utilizaram períodos prolongados de de
PS
motores. Por causa deste comportamento peculiar sempenhos maciços durando várias horas, ao passo
um dos homens era incapaz de aparecer em pú que no estudo de Feldman e Werry o menino pra
blico ou ter quaisquer amigos, ao passo que o se ticou o tique da cabeça apenas em sessões de cinco
gundo estava ameaçado de perder o seu emprego minutos por causa da tonteira resultante, ao passo
por causa do seu incessante vociferar. Um regime que o pestanejar serviu como um controle não pra
U
de prática maciça foi utilizado, no qual os clientes ticado. Contudo, esta interpretação pode não expli
repetiam os tiques verbais tantas vezes quanto fosse car totalmente as discrepâncias. Dados publicados
O
possível, até que não mais conseguissem emiti-los. por Abi Rafi (1962) mostram que até o mesmo pro
Em um dos três casos, uma mulher na qual o tique cedimento de evocação prolongada da resposta
motor era mais acentuado, parou com o tratamento pode produzir resultados diferentes. Em um caso,
R
depois de um início relutante; nos outros dois, os de um homem que perdeu muitas horas de sono
espasmos musculares desapareceram espontanea por causa da interferência de caretas acentuadas,
mente à medida que os tiques verbais eram extintos
com êxito. Os clientes permaneceram livres de ti
ques como foi corroborado por entrevistas de se
guimento gravadas.
G
houve um benefício considerável com este método
O segundo caso foi o de uma senhora idosa que era
forçada a deixar muitas atividades que lhe davam
prazer por causa de um tique de bater com o pé
KS
que perturbava muito as outras pessoas. A evocação
Resultados positivos similares são relatados por maciça prolongada não produziu nenhum decrés
Costello (1963) no tratamento de um menino de 12 cimo aparente da resposta. O seu tique obstinado
anos que apresentava um tique persistente de foi subseqüentemente modificado com êxito pelo
pestanejar. Em primeiro lugar, instruiu-se o me
O
tos várias vezes ao dia. A duração da prática maciça gar, em função da resposta favorável da cliente a
foi gradualmente aumentada para sessões de uma um simples tratamento alternativo, se maiores pro
hora. Embora não sejam apresentados dados quan gressos poderiam ser conseguidos na modificação
titativos, o autor relata que a freqüência dos tiques do comportamento se os fracassos fossem menos
declinou acentuamente e permaneceu num nível freqüentemente atribuídos a estados inferidos de
baixo quando novamente avaliado um ano depois. ansiedade.
EX
Baseado no pressuposto de que a extinção ocorre Os estudos acima relatados indicam que um pro
mais rapidamente sob condições de impulsões bai grama de prática maciça prolongada pode extin
xas ao invés de altas, Walton (1961; 1964) utilizou guir tiques extremamente persistentes, mas os fato
um desempenho maciço combinado com a medica res específicos responsáveis pelas mudanças obser
D
ção para reduzir o deflagramento emocional ao vadas e os procedim entos mais eficientes não
eliminar tiques intensos em dois meninos. Um deles podem ser demonstrados a partir dos dados acima.
apresentava movimentos violentos de braços e per A interpretação dos resultados é especialmente
IN
nas que tomavam muito difícil fazer as refeições e complicada quando remédios ou outros métodos
perturbavam todos na vizinhança imediata; o se são usados conjuntamente com a repetição do de
gundo sofria há on 2e anos de um balancear vigo sempenho. Até mesmo as condições ótimas reco
roso da cabeça e uma expiração nasal barulhenta. mendadas de prática maciça devem ser aceitas com
Em ambos os casos, os tiques foram permanente rfeserva, uma vez que os dados experimentais de
mente eliminados pela extinção reativa. A contri apoio (Yates, 1958) são baseados em um único jcaso,
buição da medicação para estas mudanças não pode no qual tanto a duração como a intensidade da res
ser avaliada, porém, na ausência de casos tratados posta foram variadas continuamente; conseqüen
sem o suplemento farmacológico. Mesmo que as temente, não fica nada claro se as mudanças na
respostas possam ser extintas mais rapidamente taxa de extinção representam os efeitos cumulati
num estado tranqüilizado do que num estado sem a vos de um desempenho anterior não-reforçado ou
administração de drogas, o uso clínico das drogas as variações na duração das sessões de evocação. Se
pode ser contra-indicado. A razão disto, como será os efeitos aversivos produzidos pela resposta de
mostrada depois, é que os efeitos de extinção obti sempenham um papel influente na eficiência dos
EXTINÇÃO 241
métodos de prática maciça, seria de considerável in críticas, portanto, que permanecem para ser res
teresse investigar as taxas de extinção como função pondidas se relacionam com o grau de generaliza
tanto do tamanho do desempenho repetido como ção dos efeitos de extinção a comportamento não-
dos esforços ocasionados pela resposta. De acordo verbal e em relação a outras pessoas. Estas questões
com a hipótese da inibição, um gasto maior de es são especialmente críticas, já que não é incomum
forços, qüe poderia ser variado em termos do vigor que os clientes expressem pensamentos e sentimen
com o qual as respostas são desempenhadas, deve tos livremente na segurança do contexto de entre
ria resultar numa extinção mais rápida. vista, mas permaneçam inibidos e receosos nas suas
A eliminação do comportamento persistente sob interações diárias. Se um grau satisfatório de trans
condições de evocação maciça não-reforçada é ge ferência puder ser demonstrado, o que é duvidoso
ralmente atribuída ao desenvolvimento de respos em vista dos resultados geralmente desencorajado-
tas condicionadas inibitórias que surgem de estados res, estudos controlados seriam necessários para
de fadiga reativos. Como notamos antes, contudo, avaliar a eficácia relativa dos procedimentos de ex
PS
as respostas de interferência podem surgir de um tinção verbal e das abordagens que empregam tare
número muito grande de fontes; portanto, os resul fas de desempenho graduadas na eliminação de um
tados da extinção podem refletir vários processos comportamento afetivo inapropriado e de esquiva.
diferentes. Além do mais, alguma redução nos ti "Ab-reação” e extinção. Mudanças efetuadas por
U
ques é provavelmente atribuível a esforços aumen procedimentos de ab-reação, nos quais os clientes
tados de autocontrole (Barrett, 1962). são induzidos a reviver eventos passados traumáti
O
cos por meio da hipnose, barbitúricos aplicados por
via endovenosa ou pela inaláção de anestésicos,
A EXTINÇÃO NAS ABORDAGENS DE
podem também ser explicadas em termos de um
R
ENTREVISTA
processo de extinção. Durante a reinstalação simbó
As abordagens de tratamento baseadas na entre lica dos episódios traumáticos, os indivíduos tipi
vista geralmente consideram que a permissividade
é uma condição importante para a mudança com-
portamental. Espera-se que quando um cliente re
petidamente expressa pensamentos e sentimentos
G
camente expressam tendências emocionais intensas
similares às vivenciadas na época dos incidentes
provocadores de medo. A expressão emocional é
freqüentem ente acompanhada por uma redução
KS
que, como resultado de uma história prévia de pu no comportamento de esquiva que fora original
nição, elidam ansiedade ou culpa, mas que não são mente eliciada na situação traumática e subseqüen
desaprovados ou criticados pelo terapeuta, as res temente generalizada para outras situações simila
postas emocionais inadequadas do cliente serão res de stress.
gradualmente extintas pela falta de reforçamento.
O
O processo de c o n d ic io n a m e n to aversivo
Também se presume que os efeitos de extinção irão traumático, generalização e extinção, é ilustrado
se generalizar a pensamentos que se relacionam numa ab-reação bem-sucedida com o emprego do
BO
com tópicos que também podem ser inibidos e ao éter de uma perturbação de ansiedade aparente
com portam ento verbal e físico correspondente mente oriunda de uma experiência de combate
(Dolfard e Miller, 1950). atemorizante ocorrida há 18 anos (Little e James,
Alguma evidência sugestiva para a relação entre 1964). O cliente tinha matado dois jovens soldados,
a permissividade e a extinção da emocionalidade atirando nas suas costas com uma arma escondida
condicionada associada com o comportamento ver enquanto era preso perto das linhas inimigas. De
EX
bal é fornecida por dois estudos relatados por Dit- pois de desarmar dois outros soldados, ele atraves
tes (1957 a,b). Em uma das investigações (195*7 b) sou* uma porta numa pequena casa de campo e en
que envolvia análises das seqüências de interação controu 12 tropas inimigas despertando. Ele ficou
específicas entre o cliente e o terapeuta, Dittes per de guarda sobre eles durante 10 horas de tensão,
D
cebeu que respostas permissivas da parte do tera finalmente matou o sargento deles, que continua
peuta em relação a afirmações sexuais eram segui m ente exortava os soldados para se atirarem
das por decréscimos nas respostas autonômicas do contra o seu capturador, e trouxe os prisioneiros
IN
cliente, em afirmações de resistência e esquiva e in para o acampamento à hora do crepúsculo. No dia
terrupções na verbalização. Uma análise seqüencial seguinte, ele apresentou um a paraplegia tem
de 30 intervenções psicoterapêuticas com o mesmo porária quando um a granada explodiu na vizi
cliente revelou que inicialmente as afirmações se nhança. Após a sua saída do Exército, o cliente con
xuais eram acompanhadas por uma deflagração tinuou a sentir uma ansiedade crônica e culpa, evi
emocional forte, mas que com a evocação repetida tou todas as funções militares e durante 18 anos foi
as respostas de ansiedade a expressões verbais se incapaz de abrir e atravessar uma porta se ouvisse
xuais foram gradualmente extintas vozes do outro lado.
Há toda razão para se esperar que se os psico- O cliente recebeu cinco sessões de ab-reação, nas
terapeutas respondam favoravelmente em relação quais ele recriava, pela ação e com violenta emo
às expressões verbais dos pensamentos e sentimen ção, o episódio militar traumático. Os autores rela
tos do cliente, expressões estas que anteriormente tam uma redução progressiva da ansiedade e da
eram punidas, as rçspostas emocionais acompa culpa em cada sessão. Além do mais, a fobia de
nhantes serão eventualmente extintas. As questões abrir portas foi eliminada, e de acordo com um re
242 EXTINÇÃO
latório de seguimento após 12 meses, o cliente es ças assinaladas refletem um efeito genuíno de ex
tendeu seu raio de interação social e continuou a tinção, ao invés de um processo geral de adaptação^
não ter dificuldades em passar por quaisquer por Os procedimentos de ab-reação são provavel
tas. mente mais adequados para produzir uma extinção
As técnicas hipnóticas- e farmacológicas de ab- rápida e estável das respostas emocionais desenvol
reação atualmente em uso derivam historicamente vidas em situações traum áticas de condiciona
do trabalho pioneiro de Freud e Breuer (1940) que mento, desde que as ameaças não estejam mais presentes.
utilizaram a ab-reação hipnótica na modificação de Dados clínicos (Shrovon e Sargant, 1947) parecem
perturbações sensoriomotoras funcionais tais como apoiar este ponto, apesar de que nos casos em que
anestesias, neuralgias, paralisias, perturbações da a ab-reação é usada juntam ente com mudanças
vista, convulsões epileptóides e outras formas de ambientais drásticas, assim como outros procedimen
reações defensivas. Este m étodo, contudo, foi tos de tratamento, é impossível isolar os fatores
PS
abandonado por Freud em favor dos procedimen responsáveis pelas modificações comportamentais
tos de livre associação e interpretação porque a ex relatadas.
pressão afetiva parecia produzir apenas uma elimi Os relatos tradicionais do processo de ab-reação
nação temporária das perturbações comportamen- geralm ente atribuem os resultados benéficos à
tais associadas. “descarga de emoções represadas” e à “elaboração”
U
Como mostramos antes a fim de obter uma ex do material recordado espontaneamente. Do ponto
tinção permanente ou completa das respostas emo de vista da teoria da aprendizagem, o fator tera
O
cionais é necessário apresentar os estímulos elícia- pêutico crítico é a repetida eliciação das respostas
dores de medo repetidamente sem reforçamento. emocionais sem reforçamento ao invés das descar
gas de energia ou dos discernimentos históricos.
R
Durante o curso da extinção, as respostas emocio
nais tendem a reaparecer com certa força, embora Por essa razão, não é inesperado que pessoas as
a quantidade de recuperação diminua com as ex quais expressam sentimentos acentuadamente hos
tinções sucessivas. Não é, portanto, surpreendente
que algumas poucas sessões de extinção, nas quais o
cliente foi simbolicamente reexposto a eventos es
G
tis, dependentes ou depressivos enquanto estão sob
o efeito de barbitúricos e anestésicos deixem de
o bter benefícios d u rad o u ro s (H ordern, 1952)
quando as contingências de reforçam ento que
KS
timuladores altamente traumáticos, falhassem em
reduzir a reatividade emocional a um nível zero geram e mantêm estes estados emocionais desa
estável. Se Freud tivesse estendido as séries de ex gradáveis permanecem inalteradas. Discussões da
tin ção , é provável que o seu p ro c e d im e n to eficácia dos procedimentos de ab-reação estão ge
“catártico” original tivesse se mostrado mais efi ralmente limitadas à influência das características
O
afogamento que ela tinha tido aos 10 anos de cias reforçadoras de um determinado padrão de
idade. “Ela estava na praia com seu pai, entrou resposta são consiste ntemente retiradas a recorrên
longe demais na água, foi atirada por uma sucessão cia do com portamento é dim inuída e eventual
de ondas, inalou e engoliu água, e estava com medo mente cessa. Já que os efeitos de decréscimo do
D
de se afogar quando o pai a salvou [pág. 248].” não-reforçam ento são controlados por diversas
Sob hipnose, o sujeito lembrou espontaneamente variáveis, várias interpretações teóricas diferentes
IN
este episódio específico sete vezes, durante cada da extinção foram propostas.
qual as seguintes reações autonômicas foram cohti- Contrariamente à conotação do termo, o com
nuamente registradas: duração da ab-reação reve portamento extinto é agastado mas não permanen
lada especialmente por expressões faciais; batidas temente perdido. De fato, o comportamento não
cardíacas imediatamente antes da descrição da ex reforçado é muitas vezes abandonado sem ser de
periência desagradável; razão respiratória máxima sempenhado somente em função da observação de
durante a ab-reação; reatividade GSR; atividade mudanças nas condições do reforçamento, e é fa
dos músculos frontais; temperatura das faces e mo cilmente recuperável pela reinstalação das contin
vimento corporal geral. Como é m ostrado no gências originais de tal reforçamento. Tais mudan
Quadro 6-1, a evocação repetida não-reforçada das ças rápidas no comportamento sugerem que os fe
respostas emocionais ao evento traumático passado nômenos de extinção refletem primariamente a
produziu uma diminuição da reatividade emocio operação de conjuntos inibitórios cognitivamente
nal. O fato de que o sujeito continuou a exibir res m ediados ao invés da alteração de associações
postas fisiológicas acentuadas a outros eventos estímulos-resposta específicos. Isto é, quando um
traumáticos não relacionados indica que as mudan organismo percebe que as conseqüências usuais das
EXTINÇÃO 243
PS
durante a ab-reação pouca pouca
Temperatura da face durante Queda Queda Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma
a ab-reação (temperatura mudança mudança mudança mudança mudança
dos dedos
do pé)
Movimento na cama durante Moderado Acentuado Nenhum Nenhum Nenhum Muito Pouco
U
a ab-reação pouco
O
respostas foram retiradas, o comportamento é des ção da extinção de respostas indesejáveis com pro
cartado e suplantado por padrões de resposta al cedimentos de controle de estímulos e com a mode
R
ternativos. Contudo, no caso de um com porta lação e o reforçam ento positivo das tendências
mento intenso de esquiva, o controle cognitivo competidoras de respostas.
pode ser relativamente fraco e a ausência de conse
qüências aversivas deve ser repetidamente viven-
ciada, direta ou vicariamente, antes que o compor
tamento seja abandonado.
G
A extinção do comportamento de esquiva é con
seguida mediante a exposição repetida a estímulos
subjetivamente ameaçadores sob condições desti
KS
nadas a assegurar que nem as respostas de esquiva
Sob condições nas quais nenhum reforço é apli nem as conseqüências adversas antecipadas ocor
cado externam ente durante a fase de extinção, ram. O principal obstáculo para eliminar o compor
admite-se que o desempenho continuado do com tamento defensivo surge porque a evitação bem-
portamento não-recompensado gere efeitos aversi sucedida de eventos que já não são mais perigosos
O
vos e que a sua cessação produza um reforçamento preserva a sua aversividade e o impedimento de
negativo para padrões de resposta competidores. conseqüências antecipadas reforça as atividades de
Isto pode tomar a forma de redução da fadiga,
BO
trado por evidência de que os estímulos previa mulo. Isto é conseguido reexpondo-se os indiví
mente associados com a não-recompensa adquirem duos inicialmente a estímulos aversivos em imensi
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R
G
KS
O
BO
EX
D
IN
7
Dessensitização por Contracondicionamento
Dentre os vários métodos de modificação do estimulação aversiva na ausência dos indícios críti
PS
comportamento derivados da teoria da aprendiza cos. Na segunda fase, os animais sào submetidos a
gem, os mais amplamente aplicados ao comporta um procedimento de condicionamento clássico no
mento no qual a emotividade condicionada desem qual um tom (S") é repetidamente emparelhado
penha um papel proeminente são aqueles deriva com um choque para dotá-lo de potencial de exci
U
dos do princípio do contracondicionamento. Estas tação, enquanto um tom diferente (S°) nunca é as
condições psicológicas, que constituem aquelas ob sociado com estimulação de choque com vistas a
servadas com maior freqüência nos tratamentos preservar as suas propriedades neutras; durante a
O
por entrevista tradicional, incluem estados de an fase de condicionamento clássico, os animais são
siedade, tensões crônicas e outras formas de hipe- submetidos à imobilização esqueletal pelo uso do
R
ratividade autônoma, que se refletem em uma va curare a fim de se evitar a reatividade instrumental.
riedade de perturbações somáticas de natureza Depois de completado o condicionamento emocio
funcional. A emotividade condicionada também nal diferencial, S" e S° são apresentados a interva
está envolvida na maioria das inibições comporta-
mentais e dos padrões de resposta de esquiva.
O capítulo introdutório abordou o processo pelo
G
los aleatórios sob condições nas quais os sujeitos
estão livres para dar respostas motoras, sendo me
dida a freqüência com a qual estes dois estímulos
KS
elidam respostas de esquiva. O estímulo que foi do
qual eventos originariamente neutros, através de
tado de capacidade de excitação evoca proporções
sua conjunção com experiências aversivas, adqui
de comportamento de esquiva caracteristicamente
rem propriedades deflagradoras de emoção. Se
elevadas, o que raramente ocorre na presença do
eventos de valência negativa forem repetidamente
estímulo neutro. Além disso, outras variáveis do
O
cional condicionada fará decrescer ou eliminará o sido bem estabelecida, não foi determinada a natu
comportamento instrumental de esquiva. Na pre reza dos mediadores e os mecanismos através dos
sente discussão, a excitação emocional engloba quais o controle do comportamento é realizado.
IN
tanto os processos de excitação autônoma como os Foram propostas muitas explicações alternativas,
centrais. Este resultado pressupõe que os efeitos do testadas primeiramente com paradigmas de condi
condicionamento clássico exerçam um controle cionamento aversivo (Rescorla e Solomon, 1967). A
mediacional sobre o comportamento instrumen- estimulação dolorosa não elicia apenas reações
talmente aprendido. Em numerosos experimentos emocionais internas, mas também respostas não
com sujeitos infra-humanos tem-se demonstrado aprendidas e outras previamente adquiridas de
que respostas de esquiva a estímulos dados podem fuga. Sob condições nas quais os sujeitos sejam li
ser estabelecidas através dos clássicos emparelha- vres para responder de forma motora enquanto
mentos prévios do estímulo com experiências aver submetidos a condiaonamento clássico, é possível
sivas (Rescorla e Solomon, 1967). Estes estudos que as respostas instrum entais também estejam
em pregam tipicam ente um paradigm a de três sendo aprendidas e reforçadas de maneira ope
estágios, no qual os animais aprendem primeira rante. Existe alguma evidência, fom edda por Solo
mente a dar respostas instrumentais de esquiva à mon e T urner (1962), sugerindo que os mediadores
252
DESSENSIT1ZAÇÁO POR CONTRACONDICIONAMENTO 253
esqueleüàs não podem sozinhos dar conta da trans dida única de reatividade como índice adequado de
ferência. Eles observaram estes efeitos de transfe excitação autônoma.
rência mesmo quando os animais foram condicio Um teste mais crítico da hipótese de que as res
nados classicamente sob efeito do curare, que pre postas autônomas desempenham função media
vine quanto à reatividade esqueletal. Entretanto, dora no comportamento de esquiva é fornecido
estes procedimentos não excluem conclusivamente pelas investigações de laboratório sobre aquisição e
os mediadores motores porque sob níveis mais bai manutenção de respostas de esquiva em animais
xos de influência do curare as respostas eletro- submetidos à simpatectomia (Wynne e Solomon,
miográficas podem ser aumentadas através do re- 1955). Neste último experimento,- a função autô
forçamento contingente, podendo posteriormente noma foi eliminada num grupo de cães através do
facilitar a ocorrência de respostas de esquiva no es seccionamento cirúrgico do segmento simpático do
tado normal (Black, 1967). Além do mais, como sistema nervoso autônomo, de procedimentos de
PS
perceberam Rescorla e Solomon (1967), mesmo em bloqueio parassimpático pelo uso de medicação
sujeitos postos totalmente sob efeito do curare, atuante sobre o nervo pneumogástrico (vago) ou
eventos neurais efereiiles, que regulam central- pela combinação dos tratamentos cirúrgico e far
mentfe a reatividade, podem ser eliciados e modifi macológico. Os animais foram então treinados para
cados durante o condicionamento clássico.
U
esquivar-se de um choque intenso saltando por
Muitas teorias populares em psicopatologia admi sobre uma barreira à apresentação de um sinal lu
tem que os efeitos do condicionamento aversivo minoso. Depois da aprendizagem de esquiva, o
O
controlam o comportamento de esquiva através de choque foi aplicado de maneira descontínua a fim
mediadores autonômicos. De acordo com esta interpre de examinar o processo de extinção das respostas
tação, indícios de valência negativa eliciam excita de saltar unicamente ao aparecimento da luz. Parti
R
ção autônoma (usualmente designada como ansie ciparam da mesma situação experimental animais
dade), a qual produz retroalimentação autônoma, não operados, os quais funcionaram como grupo
possuindo tanto propriedade de estímulo como de
pulsão. O com portamento de esquiva eventual
mente se tom a condicionado à sua estimulação au-
tonomicamente produzida, de tal modo que tanto
G
de controle para comparação. Além disso, dois cães
foram submetidos aos procedimentos cirúrgico-
farmacológicos e ao teste de extinção depois que as
KS
respostas de esquiva tinham sido bem estabelecidas.
instiga como dirige o cumprimento de padrões de Os resultados demonstram que a remoção de
resposta defensiva. respostas autônomas periféricas tem apenas um
Tal teoria da ansiedade recebe um baixo nível de efeito parcial na aquisição de comportamento de
confirmação empírica se, como geralmente acon esquiva, ocorrendo as diferenças principalmente na
O
tece, a ansiedade for equacionada com a reativi fase inicial de aprendizagem. Os animais submeti
dade autônoma periférica. Estudos nos quais res dos à simpatectomia foram mais lentos do que os
BO
postas autônomas e de esquiva são medidas simul de controle para escapar do choque, necessitando
taneamente revelam que estes dois conjuntos de de um número significativamente maior de tentati
eventos podem estar parcialmente correlacionados, vas para aprender sua prim eira resposta de es
mas não vinculados de maneira causal. Black (1959) quiva e tendendo mais rapidamente- à extinção,
descobriu que, durante a extinção, as respostas de embora, a este respeito, as diferenças tenham sido
esquiva ainda persistiram por muito tempo, mesmo pequenas. No entanto, a rapidez da extinção nos
EX
depois das respostas autônomas terem sido extin animais que foram privados de seu funcionamento
tas. Notterman, Schoenfeld e Bersh (1952) também autonômico normal, depois das respostas de es
demonstraram que, depois dos sujeitos terem sido quiva terem sido firmemente estabelecidas, não di
supridos de um procedimento efetivo para enfren feriu daquela dos animais de controle. Além disso,
tar uma situação potencialmente ameaçadora, con não foi obtida qualquer relação consistente entre o
D
tinuaram eles a m ostrar com portam ento de es padrão da aprendizagem de esquiva e a porção do
quiva adequado, embora sua reatividade autônoma sistema nervoso autônomo bloqueada ou submetida
IN
postas esqueletais; conseqüentemente, o compor Estudos particularmente relevantes são os que de
tamento de esquiva é tipicamente executado antes m onstram que a neutralização de um estímulo
que seja possível eliciar reações autônomas. Este aversivo por si só facilita marcantemente a exünção
fato por si só impossibilita o controle autônomo do comportamento de esquiva. Num experimento
quanto ao comportamento de esquiva. realizado por Black (1958), depois que os animais
Num retrospecto amplo de literatura pertinente, aprenderam a dar respostas de esquiva ao choque
Rescorla e Solomon (1967) propõem a perspectiva frente a um tom foram eles esqueletalmente imobi
de que a reatividade instrumental é regulada prin lizados com curare para evitar resultados ambíguos
cipalmente por mediadores centrais passíveis de esta devidos a qualquer extinção de desempenho du
belecimento e eliminação por intermédio de opera rante o período de tratam ento. Os animais do
ções de condicionamento do tipo clássico. Tal pers grupo de controle passaram por 50 tentativas de
pectiva é defensável, principalmente se nos ba extinção de desempenho e lhes foi então adminis
trado curare sem tratamento especial. O grupo ex
PS
searmos mais na exclução de hipóteses incompatí
veis do que nas evidências confirmatórias. À me perimental teve simplesmente a experiência de 50
dida que processos centrais exercem controle tanto apresentações do tom provocador de medo durante
sobre a reatividade autonômica como sobre a ins o estado de imobilização por curare. Num teste
trumental, estes dois sistemas de respostas estão, subseqüente, aqueles submetidos ao tratam ento
U
em geral, parcialmente correlacionados. Os princi clássico de extinção necessitaram aproximadamente
pais obstáculos à clarificação do papel dos media de 40 tentativas regulares de extinção para eliminar
O
dores centrais no comportamento de esquiva são completamente seu com portamento de esquiva,
criados pelo fracasso em se estabelecer a localização e enquanto que o grupo submetido à extinção de de
a natureza dos sistemas mediacionais, além de índi sempenho precisou de 450 tentativas suplementa
R
ces mais válidos de suas atividades. O problema se res antes que os animais parassem de dar respostas
tom a ainda mais complexo pela evidência sugestiva de esquiva.
(Lacey, 1967) de que sistemas de excitação diferen
tes — eletrencefalográficos, autônomos e compor-
tamentais — podem ser funcionalmente isoláveis.
Embora em geral apareçam concomitantemente,
G No estudo anterior, a extinção clássica foi obtida
pela exposição repetida a estímulos deflagradores
de ansiedade sem qualquer experiência adversa. O
processo de extinção pode ser acelerado pela apre
KS
excitações fisiológica e comportamental podem ser sentação de estímulos de caráter ameaçádor junta
dissociadas farmacologicamente de forma m ar mente com estímulos .positivos que eliciam respos
cante. Portanto, os organismos podem estar cen tas incompatíveis suficientemente fortes para su
tralmente excitados mas comportamentalmente não plantar as reações de ansiedade. Gale, Sturmfels e
O
respondentes ou, de forma contrária, podem estar Gale (1966), por exemplo, descobriram que a emo
comportamentalmente excitados na ausência de tividade condicionada era eliminada mais rapida
ativação central, conforme mensurada por sinais mente com apresentações repetidas de estímulos
BO
eletrocorticais padronizados. Estas descobertas in aversivos em p arelh ad o s com com ida do que
dicam que, sob certas condições, estímulos externos quando os mesmos estímulos eram apresentados
podem controlar respostas de esquiva de forma in sozinhos.
dependente da excitação Fisiológica. Todavia, fica Os efeitos facilitadores do eliciamento de respos
claro a partir de estudos nos quais os estímulos são tas antagônicas na extinção do comportamento
dotados de propriedades de excitação fisiológica
EX
eventos mediadores comuns a outros estímulos com eram apresentados sozinhos ou em conjunção com
relação aos quais as respostas de esquiva tenham recompensas alimentícias. A Fig. 7-1 mostra o nú
sido previamente aprendidas. Depois que as respos
IN
PS
esta interpretação do processo, os procedimentos
de extinção convencionais freqüentemente envol
vem uma espécie de contracondicionamento não
dirigido. Uma vantagem importante dos métodos
que incluem eliciamento de contra-respostas é que
U
a ocorrência e a força de atividades concorrentes
são controladas ao invés de deixadas a cargo de fa
O
tores fortuitos; isto permite maior contrple sobre os
resultados desejados.
R
CONCEITUAÇÃO DO PROCESSO DE
CONTRACONDICIONAMENTO Figura 7-1. Número médio de ensaios não-reforçados
necessários para eliminar a supressão da resposta em cada
G
Embora aplicações do princípio de contracondi um dos valores de estímulos da hierarquia aversiva me
cionamento já tivessem sido relatadas por Jones em diante procedimentos de extinção e contracondiciona
1924, esta abordagem recebeu pouca atenção até mento. Poppen, 1968.
que Wolpe (1958) elaborou um procedimento en
KS
genhoso que ampliou grandemente a variedade de
perturbações que poderiam ser tratadas por este
método. Baseando-se numa cuidadosa análise dos gradores de emoção. Em segundo lugar, os eventos
estímulos determinantes da reatividade emocional, aversivos são inicialmente apresentados de forma
O
o terapeuta elabora uma lista ordenada de situações atenuada, de modo que as respostas emocionais a
às quais o cliente reage com graus crescentes de an serem neutralizadas sejam relativamente fracas e
siedade ou esquiva. Quando o contracondiciona portanto facilmente extinguíveis. Supõe-se que o
BO
mento se baseia em procedimentos de relaxamento, potencial deflagrador das situações mais aversivas
o terapeuta induz no cliente um estado de relaxa seja progressivamente reduzido pela generalização
mento profundo, que presumivelmente contra- da extinção da ansiedade dos itens precedentes
ataca a ansiedade, e solicita-lhe que visualize o item mais fracos. Por meio de sucessivos avanços de ex
mais fraco na hierarquia dos estímulos causadores tinção e generalização, estímulos de aversividade
de emoção. Se o cliente sentir qualquer perturba
EX
na presença imaginária da ameaça, as respostas o estímulo aversivo devem estar associados conti-
emocionais do cliente ao próximo item da hierar guamente.
IN
quia são submetidas à extinção, prosseguindo-se Como mostraremos mais tarde, o método de des-
assim com a série graduada. Desta maneira, a in sensitização de Wolpe tem-sé mostrado eficiente
tensidade dos estímulos aversivos é aumentada de para modificar o comportamento emocional, mas
sessão para sessão até que os eventos mais ameaça as especulações teóricas a respeito da maneira pela
dores tenham sido completamente neutralizados. qual a ansiedade é adquirida e os mecanismos que
Detalhes ulteriores deste método especial e suas va governam o processo de contracondicionamento
riantes foram publicados por Wolpe (1961), Wolpe (Wolpe, 1958) são em grande parte contestados por
e Lazarus (1966) e Lazarus (1964). achados empíricos. De acordo com as formulações
Wolpe considera três conjuntos de variáveis es de Hull, Wolpe favorece uma teoria da redução das
senciais para obter resultados de contracondicio pulsões em relação ao condicionamento clássico e
namento consistentes. Em primeiro lugar, é neces uma teoria da fadiga em relação à extinção. Con
sário escolher um estímulo neutralizador da ansie trastando com este ponto de vista, os resultados ex
dade capaz de induzir uma condição competidora perim entais (Mowrer, 1960; Solomon e Brush,
de intensidade suficiente para sobrepujar as rea 1956) claramente apóiam uma teoria da contigüi-
ções normalmente evocadas pelos indícios defla- dade em relação ao condicionamento, no sentido
256 DESSENSITIZAÇÂO POR CONTRACONDICION AMENTO
de q ue a reatividade em ocional é m elhor ad q u irid a d e extin ção associados com este m étodo. Infeliz
e fortalecida m ediante a associação d e um estím ulo m ente, os resultados d e m uitos destes estudos não
com o início do choque, ao invés d a sua redução. p o dem ser in te rp re tad o s, p o rq u e os tam an h o s das
E m b o ra a fa d ig a r e s u lta n te d a ev o c a ç ã o n ão - am ostras são p eq u en o s d em ais p ara p ro v a r algum a
re fo rç a d a d o c o m p o rta m e n to q u e exige esforço coisa, as m edidas dos resu ltad o s são inadequadas,
possa fo m en tar o ap arecim en to d e respostas inibi- as condições d e tratam en to são aplicadas d u ra n te
d o ras na extinção do desem penho, é duvidoso se p eríodos excessivam ente breves, e p o rq u e existem
um a fadiga suficiente, se é q u e q u a lq u e r fadiga o u tras deficiências m etodológicas q u e g eralm en te
p ode ser g erad a p o r respostas simbólicas e a u to são d esculpadas pelo fato dos ex p erim en to s serem
nôm icas p ara explicar os decréscim os d e ansiedade ap en as exploratórios. E m bora os au to re s d e tais es
obtidos por m eio d e ensaios distribuídos nos tra ta tu d o s g e ra lm e n te reco n h eçam -n o s com o tecnica
m entos d e dessensitização simbólica. U m a in te rp re m ente insuficientes, os achados resu ltan tes são ra
PS
tação m ais plausível d a extinção nestas condições é ram e n te afastados pelo seu valor d e evidência insu
q u e as respostas em ocionais são elim inadas g ra ficiente. Os achados d e alguns ex p erim en to s que
d u alm en te p o r um a eliciação d elib erad a d e respos são bem p lanejados em o u tro s aspectos p o dem ser
tas incom patíveis e p o r so b rep o r estím ulos aversi e n g a n ad o res p o rq u e o teste co m p o rtam en tal usado
vos a eventos positivos q u e m itigam a excitação au- re q u e r, n o m áxim o, um contato breve com o objeto
U
loprovocada. tem ido (por exem plo, tocar o u seg u rar u m a cobra).
De acordo com a m aioria das teorias tradicionais As condições d e tra ta m e n to q u e p are cem igual
O
da psicopatologia, W olpe (1958) ad o ta a posição d e m en te eficientes com base n u m critério d e teste
q ue a ansiedade é a principal causa d eterm in a n te fraco pod eriam o ferec er resu ltad o s d iferen tes se ti
d o co m p o rtam e n to d e esquiva n ão -apropriado. A vessem sido usadas tarefas d e d esem p e n h o mais
R
ansiedade é d efin id a p rincipalm ente em term os d e exigentes e am eaçadoras.
unia super-reatividade d a divisão sim pática do sis As pesquisas discutidas nas seções su bseqüentes
te m a n erv o so a u tô n o m o . O s efe ito s d o c o n tra -
co n d ic io n a m e n to são e x p lica d o s p o r W olpe em
term os d e processos d e inibição recíp ro co s qu e
o co rrem ao nível do sistem a nervoso au tônom o.
G
se lim itam p rin cip alm en te a ex p erim en to s q u e são
suficientem ente bem p lanejados p ara p erm itir u m a
in te rp re ta ç ã o significativa dos d ad o s. A m aio ria
destes estu d o s em p re g a o p arad ig m a d a fobia a co
KS
Este esquem a conceituai se baseia p rincipalm ente b ras o rig in alm en te elab o rad o p o r Lazovik e L ang
no pressuposto d e que as reatividades sim páticas e (1960). Este tipo d e p ertu rb ação fóbica é especial
parassim páticas são em geral fisiologicam ente a n ta m e n te a d a p ta d o ao esclarecim ento d o p apel das
gônicas. Assume-se ainda q u e o relax am en to m us variáveis consideradas com o sendo co n trib u id o res
O
cu lar, o c o m p o rta m e n to sexual, as resp o stas d e in flu en tes n o processo d e co ntracondicionam ento.
afirm ação e outras estim ulações agradáveis eliciam O motivo disto é q u e a incidência de fobias d e co
um a reatividade parassim pátiça que, se suficiente b ras é re la tiv a m e n te alta, a fo rça d o c o m p o rta
BO
m ente forte, inibe as respostas p red o m in an tem en te m en to d e esquiva p o d e ser objetivam ente m ed id a e
sim páticas da ansiedade. en co n tro s não ex p erim en tais com cobras, que po
E im p o rta n te te r em m ente que o princípio psico d eriam c o n fu n d ir os efeitos d o tratam en to , o cor
lógico d o co n tra co n d icio n am en to e a eficácia d e rem ra ra m e n te o u p o d em ser co n trolados.
p rocedim entos baseados neste princípio são in d e
EX
tu am ente inibitórios, é mais provável que eles o p e nação ráp id a do co m p o rtam en to de esquiva. N um
rem a nível subcortical do q u e no sistem a au tô n o tratam e n to relativam ente com plexo, co n ten d o n u
m o. E in te r e s s a n te n o ta r, n e s te c o n te x to , q u e m erosos elem en to s, é possível q u e q u a lq u e r n ú
existe algum a evidência (John, 1961) d a existência m ero d e variáveis, o p e ra n d o isoladam ente ou em
d e dois sistemas d e excitação reciprocam ente inibi c o m b in a ç ã o , se ja re s p o n s á v e l p e lo s r e s u lta d o s
tórios na form ação reticular que servem com o m e observados. Assim, p o r exem plo, o co m p o rtam en to
diad o res do co m p o rtam en to d e defesa e ap ro x im a d e esquiva p o d e ser red u zid o , em certo g rau , ap e
ção. nas p elo trein o d e relaxam ento, p o r u m a exposição
g rad u al a situações p rogressivam ente mais am eaça
O Controle das Variáveis na d o ras o u p o r expectativas d e q u e a participação
Dessensitização n u m p ro g ra m a d e tra ta m e n to irá resu ltar em m o
Foram realizados alguns exp erim en to s d e labora dificações favoráveis. O u tra possível fo n te d e in
tório p ara d e te rm in a r se as variáveis com ponentes fluência é a- relação social q u e se desenvolve e n tre
nos p rocedim entos d e 'lessensitização são necessá os agen tes d e m u d an ça e seus clientes. A fim de
rias, facilitadoras o u irrelevantes p ara os resultados co m p ro v ar se os m étodos d e dessensitização alcan
d e s s e n s it iz a ç ã o po r CONTRACONDICIONAMENTO 257
çam os seus efeitos por meio de processos de con- não suspeitadas. No projeto inicial (Lang e Lazovik,
tracondicionamento ou por outros processos ex 1963; Lang, Lazovik e Reynolds, 1965), que envol
trínsecos, Davison (1968) realizou um experimento via adultos com fobias de cobras, um grupo rece
que se desenrolou da seguinte maneira. beu a forma padronizada do tratamento de dessen
Estudantes com fobias de cobras foram indivi sitização; um segundo grupo participou num a
dualmente emparelhados à base da força do seu forma de terapia de relacionamento na qual, após
comportamento de esquiva em relação a uma cobra receber um a explicação plausível do seu trata
e alocados a uma dentre quatro condições. Para m ento placebo, discutiu experiências não rela
aqueles que receberam o tratamento que preenchia cionadas com a sua fobia no contexto de um rela
as exigências do contracondicionamento, represen xamento profundo. Um grupo de controle que não
tações imaginárias de interações com cobras pro recebeu tratamento também foi incluído.
gressivamente mais ameaçadoras foram contigua- Os sujeitos de controle e os que receberam a
PS
mente emparelhadas com o relaxamento muscular, pseudoterapia não apresentaram mudanças signifi
como na prática padronizada. Um segundo grupo cativas ou no seu comportamento de esquiva a co
participou de um tratamento de pseudocontracon- bras ou em quaisquer dos índices de ansiedade reti
dicionamento que era idêntico ao procedimento rados de auto-avaliações. Contrastando com este
empregado na primeira condição, exceto que os fato, os sujeitos que receberam o tratamento de
U
conteúdos simbólicos emparelhados com o relaxa contracondicionam ento exibiram um com porta
mento eram experiências infantis inteiramente des mento de aproximação a cobras maior relativo aos
O
ligadas das cobras. Por causa da crença muito di resultados combinados dos dois últimos grupos, e
fundida de que as perturbações da ansiedade re sentiam menos ansiedade em relação às cobras.
presentam manifestações derivadas de conflitos in Contudo, os resultados deste estudo devem ser
R
fantis reativados, foi possível utilizar itens irrele aceitos com reserva por várias razões. Durante a
vantes às cobras sem pôr em perigo a verossimi medida do comportamento fóbico o experimenta
lhança da abordagem de tratamento. Este grupo
oferecia um controle para o efeito de variáveis ex
trínsecas associadas com as experiências de relacio
nam ento, expectativas de mudanças benéficas,,
G
dor modelou cada resposta de aproximação antes
de pedir ao sujeito que executasse a mesma tarefa.
Embora a quantidade de modelação possa não ter
sido suficiente para reduzir respostas inibitórias em
KS
treino de relaxamento ou outros fatores possivel sujeitos-controle, ela pôde facilitar o comporta
mente não reconhecidos. O terceiro grupo recebeu mento de aproximação em sujeitos cujas tendências
as mesmas cenas graduadas provocadoras de medo de esquiva foram enfraquecidas, até certo ponto,
e que envolviam cobras, mas na ausência de qual por meio do contracondicionamento prévio. Resul
O
quer relaxamento. Esta condição de exposição ser tados de outros estudos (Wolpin e Raines, 1966)
viu primariamente como controle para a influência também são confundidos de maneira semelhante
de uma exposição repetida a estímulos ameaçado pela extensa modelação de interações íntimas com
BO
res. Finalmente, um pequeno grupo de controle os objetos temidos durante a aplicação dos testes de
participou dos procedimentos de avaliação sem re esquiva. A magnitude dos escores de mudança faz
ceber qualquer forma de tratamento interveniente. crer que algumas das diferenças entre os grupos
Com o objetivo de equiparar os grupos quanto à num nível marginal de significância poderiam se
duração e os padrões específicos de experiência, os mostrar não-s ig n ifica tivas se a dessensitização ti
estudantes nos grupos de pseudocontracondicio- vesse sido comparada apenas com a pseudoterapia
EX
namento e exposição foram emparelhados com os ao invés de combinada com o grupo-controle não-
seus parceiros no tratamento de contracondiciona tratado. Não há dúvida, porém, de que os estudan
mento, cujo progresso determinou o número total tes que haviam sido dessensitizados com êxito à
de sessões de tratamento, a duração de cada sessão, maioria dos itens na hierarquia de ansiedade alcan
D
e o número e duração de cada exposição ao estí çaram reduções substancialmente maiores no com
mulo. Depois que os tratamentos foram completa portamento de esquiva do que os sujeitos no grupo
IN
o item. Se os sujeitos indicam um aumento de an mente na Fig. 7-2. Todos os três tratamentos pro
siedade durante a reexposição à mesma cena aver duziram reduções nos ataques de respiração ofe
siva, eles são conduzidos de volta ao item prece gantes de acordo com os auto-relatos dos clientes,
dente da hierarquia. Enquanto que os sujeitos sina mas apenas o método de contracondicionamento
lizam uma excitação diminuída com exposições su melhorou significativamente a função respiratória
cessivas a uma dada cena, ela é repetidam ente baseada em medidas físicas.
apresentada até que cesse a eliciação de respostas Embora os achados relatados por Davison (196S)
emotivas. Desta maneira, os sujeitos dirigem o seu e Rachman (1965) pareçam indicar que o relaxa
próprio tratamento de dessensitização durante a mento desempenha um papel altamente influente
série graduada. na dessensitização simbólica, esta conclusão requer
O procedimento acima foi elaborado prim or qualificações, tendo em vista os resultados de um
dialmente para fins de pesquisa, mas um histórico estudo realizado por Schubot (1966). O leitor se re
PS
de um caso por Migler e Wolpe (1967) sugere que cordará que, no experimento de Davison, os sujei
possa ter também aplicações clínicas. Um cliente tos na condição de exposição deveriam continuar a
masculino que era incapaz de participar de reuni visualizar cenas perturbadoras depois que tivessem
ões de equipe por causa de fortes ansiedades de sinalizado ansiedade, com o objetivo de tornar
falar em público dessensitizou-se ele mesmo, com equivalentes as durações de exposição nos diferen
U
êxito, no seu lar, utilizando um gravador modifi tes tratamentos. Miller (1967) mostrou que o pro
cado que continha instruções pré-gravadas de rela cedimento de dessensitização conduz a resultados
O
xamento e cenas progressivamente mais ameaçado igualmente benéficos, quer seja o sujeito ou o expe
ras de situações de falar em público. Estes dados rimentador quem controla o término dos estímulos
clínicos preliminares são corroborados por resulta aversivos. É concebível, contudo, que se os sujeitos
R
dos de estudos comparáveis de Melamed e Lang que eram expostos apenas aos estímulos aversivos
(1967), Donner (1967) e Krapfl (1967), que desco tivessem podido terminar cenas ameaçadoras antes
briram que a dessensitização auto-aplicada produ
ziu a mesma quantidade de redução no comporta
mento de esquiva que a forma-padrão aplicada so
cialmente. Lang também empregou com êxito o
G
que elas gerassem ansiedade excessiva, procedi
mento que foi usado com o grupo de contracondi
cionamento, a exposição repetida isolada poderia
eventualmente ter produzido alguma extinção do
KS
procedimento semi-automatizado para investigar comportamento de esquiva. Para comprovar esta
mudanças nos indicadores autonômicos de excita noção, Schubot (1966) comparou a eliminação do
ção emocional durante o curso do processo de des comportamento fóbico em grupos de adultos que
sensitização. foram alocados a duas condições: 1 ) aplicação da
O
ção porque eles essencialmente replicam os achados foram prontamente retirados para todos os sujeitos
citados acima com um tipo radicalmente diferente sempre que eles assinalavam estar aflitos.
de disfunção emocional. Pessoas asmádeas que não A interpretação dos resultados deste experi
tinham reagido favoravelmente a tratamento mé mento bem elaborado em outros aspectos é um
dico receberam só o relaxamento ou o relaxamento tanto complicada pela falta de uma condição de
EX
combinado com sugestões de que apresentariam exposição emparelhada na qual a duração das vi
tanto uma melhora progressiva da função respira sualizações é externamente controlada independen
tória e sensibilidade reduzida a situações que pro temente das respostas emocionais do sujeito. Con
vocam ataques de asma, ou receberam o tratamento tudo, os dados disponíveis (Fig. 7-3) demonstram
de contracondicionamento. Neste último procedi que o relaxamento era essencial para modificar um
D
mento, o relaxamento profundo foi emparelhado comportamento fóbico extremo, mas não facilitou a
com situações graduadas baseadas em dificuldades extinção de respostas de esquiva de intensidade
IN
PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
Figura 7-2. Mudanças nos ataques de asma relatados e duas medidas fisiológicas da função respiratória associada com
cada uma de três condições de tratamento. Moore, 1965
IN
ameaçadores provavelmente revivem as conseqüên combinação uns com os outros. Em alguns destes
cias aversivas que acompanharam seu comporta experimentos, porém, o teste comportamental é
mento, desta forma reforçando e não enfraque excessivamente curto, os experim entadores não
cendo seus temores. Por causa da relevância da ex estão familiarizados com o uso do método (Cooke,
tinção encoberta para a questão geral do controle 1968) ou os sujeitos recebem um treino limitado em
simbólico do comportamento manifesto, seria im relaxamento (Proctor, 1968). Outros estudos, como
portante determinar se este fenômeno é facilmente o relatado por Folkins, Lawson, Opton e Lazarus
reproduzível e quais as suas condições limitadoras. (1968) sofrem de deficiências metodológicas e de
Vários investigadores descobriram que os com uma tendência a ler mais através dos dados do que
ponentes da dessensitização separadamente conse eles realmente podem oferecer. Folkins e seus asso
guem reduções no comportamento de esquiva, mas ciados mediram auto-relatos e respostas fisiológicas
eles não ganham uma eficácia adicional quando em de estudantes a um filme que apresentava acidentes
260 DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO
PS
que os benefícios derivam da manipulação explícita
das atividades musculares. Na realidade, Rachman
(1968) argumentou que os sentimentos de calma
induzidos pelo procedimento ao invés do relaxa
mento muscular em si é o fator decisivo operante.
U
Nesta explicação alternativa, as instruções de rela
xamento e a apresentação de cenas agradáveis à
O
imaginação reduzem a excitação afetiva que atenua
a reatividade aos estímulos aversivos. Esta interpre
tação é consistente com o ponto de vista esposado
R
Figura 7-5. Reatividade diferencial de sujeitos fóbicos
moderados e graves a procedimentos de contracondido- nesta obra de que as modificações do comporta
namento e extinção. Schubot, 1966. mento são em grande parte governadas por meca
G
nismos centrais ao invés de processos periféricos.
Se as atividades competidoras que funcionam
para reduzir a capacidade de excitação de estímulos
ameaçadores são, de fato, simbolicamente media
KS
industriais depois que eles receberam um de quatro
tipos de tratamento. Para os sujeitos na condição das, então certas mudanças na prática padronizada
simulada de dessensitização, foram apresentadas da dessensitização poderão ser vantajosas. Como
cenas breves do filme verbalmente no contexto de sugere Rachman, colocaríamos maior ênfase no de
um relaxamento muscular e imagens agradáveis senvolvimento de imagens tranqüilas e agradáveis
O
durante três sessões. Contudo, de forma dissimilar do que nos exercícios de relaxamento motor. Esta
ao procedim ento-padrão, os estímulos de stress questão pode ser melhor resolvida por estudos de
laboratório dos efeitos mitigadores da ansiedade
BO
estímulos aversivos são introduzidos de forma ate ansiedade, sob condições nas quais os próprios su
nuada e gradualmente aumentados até o seu valor jeitos controlavam a terminação das cenas aversivas,
completo de ameaça, os efeitos de extinção podem entre subgrupos que apresentavam um comporta
ser obtidos com um mínimo de eliciação de ansie mento de esquiva extremado. A taxa de sinalização
dade. Na realidade, apresentando inicialmente um da ansiedade por sujeitos acentuadamente esquivos
estímulo aversivo de forma tão fraca que não elicie que recebiam a exposição sozinha foi três vezes
nenhuma ansiedade, e incrementando a sua dura mais elevada do que a apresentada pelos seus par
ção e intensidade em pequenos passos progressivos, ceiros igualmente medrosos, para os quais a exposi
deveria ser possível extinguir a reatividade emocio ção foi emparelhada com o relaxamento. Além do
nal sem a ocorrência de respostas emocionais. mais, as reações emodonais do último grupo foram
A extinção livre de ansiedade em situações aver neutralizadas mais rapidamente a cenas individuais,
sivas foi pouco estudada. Experimentos com sujei e eles completavam um número significativamente
tos infra-humanos (Kimble e Kendall, 1953; Pop- maior de itens na hierarquia durante o mesmo pe
PS
pen, 1968) mostraram que a exposição a estímulos ríodo de tempo. Interessantemente, as taxas de si
graduados quanto à aversividade produz uma ex nalização da ansiedade não diferiram entre os sub
tinção mais rápida do comportamento emocional grupos moderadamente medrosos que consegui
do que quando são repetidamente apresentados ram ganhos comparáveis no com portamento de
U
com o seu valor completo. Terrace (1966) ofereceu aproximação. De maneira consistente com o ponto
uma evidência considerável de que o comporta de vista expresso antes a respeito da reatividade da
mento discriminativo pode ser estabelecido com ansiedade durante a extinção, Schubot verificou
O
virtualmente nenhuma resposta a estímulos negati que a freqüênda da eliciação dá ansiedade era in
vos, por meio do uso de procedimentos de mu versamente relacionada com o grau de extinção do
R
dança progressiva de estímulos. Desta forma, para comportamento de esquiva.
alterar as respostas dadas a um estímulo negativo Admitindo que a auto-estimulação imaginativa
(S~) ele é gradualmente introduzido num complexo dos sujeitos corresponde de maneira aproximada
estimulador positivo (S+) que evoca uma forma de
sejável de comportamento. Os elementos nos últi
mos estímulos são progressivamente reduzidos até
G
às cenas apresentadas pelo experimentador, os acha
dos acima indicam que uma abordagem que com
bine á apresentação graduada de estímulos com
KS
que eventualmente S~ sozinho produz as respostas uma eliciação deliberada de respostas neutralizado-
qüe originalmente eram controladas por S+. A evi ras da ansiedade presta-se mais à redução do com
dência de que o controle pelo estímulo pode ser portamento de esquiva com um stress mínimo. Ao
transferido por este método sem respostas negati avaliar abordagens de tratam ento diferenciais,
vas levanta a questão de saber se é verdadeira a temos que considerar não apenas a taxa de modifi
O
crença muito difundida de que a ocorrência de cação do comportamento de esquiva, mas também
respostas de ansiedade é uma condição necessária os prejuízos emocionais para o cliente. Este último
BO
de sua eliminação. É essencial, porém, que os estí critério é especialmente importante se um dado
mulos que estão sendo neutralizados possam ter método consegue resultados relativamente rápidos
uma potência de eliciação da ansiedade em sua mas afasta muitos dos partidpantes por gerar uma
forma original. Esperaríamos pouco ganho tera aflição excessiva.
pêutico de programas que fomentassem reações Achados de um experimento realizado por Krapfl
não-emocionais a estímulos que normalmente não (1967) são relevantes a várias das questões adma
EX
exercem controle sobre as respostas emocionais. discutidas. Os sujeitos que tinham fobias a cobras
Em outras palavras, as exigências se referem .às recebiam uma dessensitização socialmente aplicada
propriedades motivadonais dos estímulos ao invés ou várias formas de dessensitização efetuadas por
da eliciação das respostas emodonais. gravações. Nos tratamentos semi-automáticos, os
D
veis elevados de ameaça sem reagir ansiosamente. dos estímulos que elidavam mais ansiedade para os
Alguma evidênda sugestiva de que é isso o que na que eliciavam menos ansiedade, ou numa ordem
realidade ocorre é oferecida pelo estudo de Davi- aleatória. Dois grupos de controle também foram
son (1968), no qual sujeitos em diferentes condi incluídos: um que não recebeu tratamento e outro
ções de tratam ento foram emparelhados indivi ao qual foram apresentados estímulos agradáveis
dualmente, e portanto receberam o mesmo n ú mas não relevantes a cobras. Os testes comporta-
mero, ordem, conteúdo e duração das exposições mentais de esquiva foram aplicados depois de dnco
aos estímulos. Os estudantes que viram as cenas sessões de tratamento e depois seis semanas mais
am eaçadoras no contexto do relaxam ento p ro tarde.
fundo sinalizaram aflição em 27 por cento das Os sujeitos em todas as condições de tratamento
apresentações, ao passo que aqueles que receberam conseguiram aumentos permanentes no compor
os mesmos itens sem relaxamento registraram an tamento de aproximação e diferiram dos dois gru
siedade em 61 por cento dos ensaios. Schubot pos de controle neste aspecto (Fig. 7-4). Não foram
(1966) relata diferenças similares de eliciação da encontradas diferenças significativas entre as con-
262 DESSE N SITIZ AÇÀO POR CONTRA CONDICIONAM ENTO
PS
U
O
R
G
KS
O
Figura 7-4. Número médio de respostas de aproximação desempenhadas por sujeitos em cada uma de quatro condi
ções de tratamento e duas condições de controle. Gráfico elaborado com dados de Krapfl, 1967.
BO
dições experimentais, exceto que o procedimento vidade variava diretamente com o número de asso
aleatório consisten temente produziu efeitos mais ciações emparelhadas. É evidente, portanto, que a
fracos do que os procedimentos que utilizavam a relação temporal entre eventos estimuladores no
EX
um nível elevado de reatividade emocional e rea as respostas condicionadas são produzidas mais
ções negativas ao procedimento. Nas aplicações clí prontamente quando o CS antecede o UCS por um
nicas, este método corre, portanto, um risco mais intervalo muito breve. Contrastando com isso, no
IN
exemplo, experimentos nos quais os animais rece cia. Um estímulo condicionado não apenas evoca
bem choques elétricos em compartimentos pintados meramente uma parte componente da reação ori
de uma certa cor, o CS (isto é, o indício da cor) está ginal, mas muitas vezes ativa respostas antecipató-
presente continuadamente e a estimulação dolorosa rias que se parecem muito pouco com a resposta
é vivenciada intermitentemente. De forma similar, não-condicionada. Seria, portanto, mais plausível
a em otividade condicionada pode ser extinta encarar os resultados do condicionamento como
quando indícios aversivos e estímulos positivos que um reflexo da operação de mecanismos mediado
eliciam respostas antagônicas são ambos continua res, ao invés da ligação direta de estímulos com
mente presentes (Farber, 1948). respostas evocadas por outros eventos. Como as
A fim de estabelecer respostas condicionadas é respostas a um estímulo aversivo contém um com
essencial que os efeitos induzidos pelo UCS ocor ponente autogerado não se esperaria que elas fos
ram conjuntamente com o CS. Sob circunstâncias sem idênticas àquelas provocadas pelo estímulo ex
terno.
PS
onde os eventos a serem condicionados ao CS são
controlados quase exclusivamente pelo UCS, exige- Similarmente, depois que um estímulo aversivo
se uma relação temporal próxima entre os dois con foi repetidam ente em parelhado com o relaxa
juntos de estímulos. Conjudo, na aprendizagem mento, é excessivamente improvável que os indícios
humana, as respostas emocionais são geralmente anteriormente ameaçadores possam prontamente
U
elicíadas não apenas por um UCS externo, mas produzir uma flacidez muscular. Ao invés disto, tais
também pelas representações simbólicas de expe indícios não geram mais uma exictação emocional.
A interpretação precedente do contracondiciona-
O
riências aversivas ou agradáveis. O papel influente
da deflagração autogerada no condicionamento mento difere das explicações baseadas na teoria de
clássico é indicado por estudos mostrando que res G uthrie'(1935) ou do modelo de Wolpe (1958), os
R
postas condicionadas podem ser desenvolvidas fa quais admitem uma religação das respostas condi
zendo-se com que os sujeitos apenas associem um CS cionadas aos estímulos.
com uma estimulação imaginária na ausência do
UCS apropriado; ao contrário, se os sujeitos não
perceberem que os dois estímulos estão relaciona
dos, as respostas condicionadas geralmente não se
G
INFLUÊNCIA DO REFORÇAMENTO SOCIAL E
DAS VARIÁVEIS COGNITIVAS SOBRE A
DESSENSITIZAÇÀO
KS
desenvolvem, mesmo que o CS e o UCS sejam Os estudos revistos até agora investigaram a in
apresentados repetidamente sob uma contigüidade fluência das variáveis de aprendizagem tradicionais
temporal ótima. As pesquisas relevantes a este pro nos processos de dessensitização. Esta classe de de
blema e as interpretações alternativas de achados terminantes se preocupa primariamente com os
O
empíricos são discutidas mais plenamente no úl eventos estimuladores, isto é, seu conteúdo, in
timo capítulo. Na medida em que a estimulação au tensidade, valência, freqüência, modo de apresen
togerada substitui ou suplementa os insumos ex tação e relação temporal. As variáveis de aprendi
BO
ternos, o condicionamento pode ocorrer sob uma zagem muitas vezes exercem efeitos diferenciais
grande variedade de arranjos temporais externos. sobre o comportamento, dependendo de variáveis
A questão de saber se os resultados da dessensitiza- sociais e cognitivas concomitantes. A relação obtida
ção são conseguidos por meio do condicionamento entre as respostas e as conseqüências de estímulo
no sentido tradicional talvez devesse ser colocada programadas, por exemplo, podem variar conside
entre parênteses até que os processos psicológicos ravelmente quando os mesmos estímulos reforça
EX
que fundamentam o condicionamento clássico te dores são aplicados por pessoas de prestígio
nham sido mais adequadamente explicados. variável (Prince, 1962), diferentes quanto à atração
Além da questão tem poral, surgem também (Marder, 1961), sexo (Epstein e Liverant, 1963;
questões a respeito da natureza da resposta condi Stevenson, 1965), status étnico (Smith e Dixon,
D
cionada. Deduz-se, dos estudos de laboratório do 1968) e amizade (Hartup, 1964; Patterson e Ander
condicionamento clássico, que a resposta condicio son, 1964). Similarmente, as variáveis inform acio
nada raramente, se é que o é, é idêntica ao compor nais podem ser influentes na determinação da rea-
IN
tamento originalmente evocado pelo estímulo não- tividade a apresentações de estímulos. Por estas
condicionado. Por exemplo, um choque dolorosÒ razões, as mudanças comportamentais efetuadas
aplicado ao antebraço de uma pessoa após a apre pela dessensitização não podem apenas ser atribuí
sentação de um tom irá tipicamente eliciar reações das aos efeitos do emparelhamento de estímulos.
autonômicas, retração do braço e vocalização da dor. A aprendizagem não é apenas controlada mulii-
Depois de uma série de ensaios, a apresentação do plamente por variáveis que interagem, mas a dispo
tom sozinho irá provavelmente eliciar uma excita sição para desempenhar as respostas que foram
ção autonômica e central, porém sem os elementos adquiridas pode ser afetada por uma pletora de in
motores e vocais. Ná realidade, se o organismo fluências relacionadas com a motivação. Exigências
fosse construído de tal forma que um estímulo situacionais sutis, pressões de realização auto-
condicionado tivesse a capacidade de criar o dano impostas, expectativas de que um determinado mé
aos tecidos que acompanha eventos fisicamente no todo irá resultar em mudanças benéficas e o desejo
civos, então a aprendizagem teria um valor de au de agradar a terapeutas conscienciosos são muitas
todestruição, ao invés de um valor de sobrevivên vezes in v o cad o s com o d e te rm in a n te s não-
264 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO
PS
múltipla do comportamento em termos de prefe suscetibilidade a influências situacionais. Também
rências rivais para certas variáveis componentes foram feitas comparações estatísticas de medidas de
causou muita discussão e pesquisa pouco produti comportamento de aproximação e de avaliações da
vas. Isto é especialmente verdadeiro com relação a melhora por meio de entrevistas entre várias com
U
investigações que são explicitamente elaboradas binações dos grupos, exceto a alta e baixa expecta
para negar as influências da aprendizagem. Num tiva, condições de principal relevância para a hipó
esforço para determinar que apenas as expectativas tese da expectativa. Uma análise completa de seus
O
relativas ao tratamento poderiam explicar reduções dados publicados revela que os sujeitos experimen
no comportamento de esquiva na terapia de des- tais obtiveram uma taxa de melhora mais elevada
R
sensitização, Efran e Mareia (1967) aplicaram a es do que os controles, mas os grupos de alta e baixa
tudantes com medo de cobras uma pseudoterapia expecativa não diferiram significativamente em ne
na qual eles ocasionalmente recebiam choques elé nhuma destas medidas. Em contraste direto com a
tricos ao olhar para diapositivos em branco num
taquistoscópio que, segundo tinham sido induzidos
a acreditar, continham figuras dos estímulos fóbi-
G
conclusão dos autores, os resultados mostram de
fato que os aumentos no comportamento de apro
ximação produzidos em relação às ameaças atenua
KS
cos apresentados a níveis subliminais. Metade des das, embora na direção. prevista, eram essencial
tes sujeitos foi alocada a uma condição de “baixa mente comparáveis qualquer que tenha sido a ex
expectativa” na qual foram informados de que o pectativa do sujeito quanto à eficácia ou não do tra
tratam ento carecia de um elemento crucial, ao tamento. Também devemos assinalar que os “prin
passo que os sujeitos na condição de “expectativa cípios do condicionamento” não nos levariam a
O
elevada” ouviam que o tratamento fornecia resul prognosticar que vários emparelhamentos aleató
tados promissores. Para aum entar ainda mais a rios do choque com um cartão em branco, espalha
BO
manipulação da expectativa, mostraram-se aos su dos por uma centena de ensaios, deveriam necessa
jeitos registros de polígrafos fictícios indicativos de riamente conduzir a um aumento de esquiva de co
que a sua reatividade fisiológica aos “estímulos su bras ou aranhas. Na realidade, o resultado oposto é
bliminais” tinha decrescido no decurso do trata inteiramente possível considerando que os sujeitos
mento. Um grupo de controle participou nos pro tinham sido levados a acreditar que respostas in
cedimentos de avaliação sem exposição a nenhum conscientes a estímulos fóbicos subliminais seriam
EX
usaram espécimes não-vivos dos objetos fóbicos. condicionar alívio da ansiedade, ao invés de reações
Objetos mortos deflagram inibições relativamente aversivas, a qualquer coisa que os sujeitos estives
IN
fracas que são especialmente suscetíveis à manipu sem imaginando em relação aos diapositivos em
lação motivacional. branco.
Com base numa análise parcial dos dados, os au Pesquisas nas quais as variáveis sociais e cogniti
tores concluem que as expectativas positivas podem vas são estudadas como componentes dos procedi
reduzir as respostas de medo. Este achado é consi mentos de contracondicionamento podem oferecer
derado especialmente significativo porque punir os informações valiosas sobre o grau em que estes di
sujeitos por reagir com medo deveria, se exercesse ferentes fatores, tanto isoladamente como em com
algum efeito, aumentar o seu comportamento de binação, facilitam resultados de extinção. Se fosse
esquiva. descoberto que a resposta à dessensitização era par
De fato, os três grupos de sujeitos não diferiram cialmente determinada por expectativas induzidas e
significativamente no grau de medo auto-relatado outros insumos informacionais, seus mecanismos
vivenciado durante o teste de aproximação. Os au de ação a in d a necessitariam ser explicados.
tores atribuem este achado negativo a uma falta de Como as expectativas negativas induzidas tendem a
independência entre o medo e a quantidade total decrescer a participação comportamental (Kelley,
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 265
1950), supostamente as variáveis cognitivas pode* presa, quando se lhes aplica um teste comporta-
riam afetar os resultados do condicionamento prin mental.
cipalmente por meio de processos periféricos, re Contrariando a conclusão dos autores de que
duzindo a atenção e eliciando uma aceitação apenas “cognições a respeito das reações internas são mo
limitada dos procedimentos necessários. dificadores importantes do comportamento”, os su
jeitos do grupo de retroalimentação das batidas
Um estudo de Valins e Ray (1967) destinado a cardíacas e os sujeitos do grupo de controle não di
demonstrar que a rotulação cognitiva das nossas feriram significativamente no seu comportamento
reações fisiológicas internas pode afetar o compor de aproximação. Quando os sujeitos que relataram
tamento de esquiva, também sofre de deficiências ter tocado previamente uma cobra foram excluídos
metodológicas que resultam em dados facilmente da amostra, apareceu uma diferença; mas o efeito
sujeitos a interpretações erradas. De acordo com o não pôde ser necessariamente atribuído à rotulação
raciocínio dos autores, na medida em que as pes
PS
cognitiva, porque a variável independente no
soas podem ser levadas a acreditar que não são grupo reconstituído inclui tanto influências de ro
mais afetadas internamente por um objeto temido, tulação como de auto-seleção. Um número de fato
elas considerarão que seu medo não é justificado e res desconhecidos associados com a exatidão da
reduzirão, concomitantemente, o seu comporta evocação do passado pode entrar como determi
U
mento de esquiva. Para testar esta idéia, voluntários nantes plausíveis. Os resultados de um segundo
pagos que se avaliaram como tendo medo de cobras experimento também oferecem uma evidência limi
foram defrontados com figuras de cobras progressi
O
tada, uma vez que o medo inicial dos sujeitos não
vamente mais ameaçadoras, assim como com diaposi foi avaliado objetivamente e os efeitos do trata
tivos nos quais aparecia a paiavra “choque”, seguida mento não foram avaliados pela quantidade de
R
de uma estimulação por meio de um choque. Um comportamento de aproximação à cobra, mas pela
grupo recebia uma retroalimentação falsa de suas quantidade de dinheiro necessário para induzir os
batidas cardíacas, sugerindo que estas não eram
afetadas pelos estímulos relativos a cobras, mas ad
versamente afetadas por choques. Um grupo de
controle foi exposto a gravações em fita idênticas,
G
sujeitos a apenas tocar em uma oobra, uma exigên
cia comportamental relativamente fraca.
Diferentemente da dessensitização, que elimina a
deflagração do medo por meio de reexposições não
KS
exceto que os sujeitos foram informados de que es
tavam ouvindo sons sem sentido, ao invés de uma reforçadas a ameaças subjetivas, a abordagem cog
ampliação de suas reações internas. Todos os sujei nitiva antes discutida tenta produzir mudanças
tos foram testados, então, com relação a respostas comportamentais rotulando erroneamente a reati-
de aproximação para com uma cobra. vidade emocional existente. Qualquer redução do
O
sujeitos que, de fato, apresentam uma excitação efetuem mudanças genuínas nas reações antecipató-
emocional e um comportamento de esquiva com re rias de excitação das pessoas. Se o nosso pressu
lação às cobras. É de pouco valor, por exemplo, posto de que os estímulos condicionados geram
demonstrar que os sujeitos que não temem cobras efeitos emocionais em parte por meio de um meca
irão desempenhar respostas de aproximação depois nismo interveniente de auto-excitação for correto,
EX
de terem sido informados de que estão interna então as pessoas a quem se faz crer que não
mente não-afetados por figuras de cobras. Por sentem mais m edo dos eventos am eaçadores,
outro lado, a informação errônea a sujeitos me podem subsequentemente reduzir as cognições que
drosos esquivadores de que não estão mais afeta deflagram o medo em resposta a estas situações e
dos internamente por estímulos aversivos condi de tal forma diminuir sua reaüvidade emotiva. Um
D
cionados produz reduções significativas no com teste da teoria da auto-excitação requereria medi
portamento de esquiva, então os processos de rotu das de respostas fisiológicas e auto-avaliativas a-es
IN
lação cognitiva poderiam servir como influências tímulos aversivos condicionados antes e depois
contribuidoras nos tratamentos de desse nsitização. da rotulação enganadora dos estados internos.
Em virtude da ausência de evidência objetiva rela Deve ser lembrado que as reivindicações cogniti
tiva aos medos iniciais dos sujeitos com relação às vas foram minadas muitas vezes com resultados te
cobras, este estudo não oferece nenhuma base para rapêuticos desapontadores. No caso das pessoas
julgar se a rotulação cognitiva é uma variável irre que apresentam inibições relativamente fracas, ex
levante, fraca ou forte. Como 44 por cento dos plicações errôneas para a deflagração fisiológica a
sujeitos-controle desempenharam com êxito a ta situações que provocam medo podem diminuir seu
refa terminal de aproximação, é evidente que uma medo a ponto de levá-los a desempenhar o com
proporção considerável da amostra já começou o portamento desejado. É duvidoso, porém, se medos
experimento sem medo algum. Outros investigado e inibições intensas podem ser eliminados ou por
res também descobriram, similarmente, que apro rotular de modo enganador as reações internas ou
ximadamente 40 por cento dos sujeitos que dizem atrib u in d o -as a fontes e rrô n ea s. Um severo
ter medo de cobras, na realidade se mostram relati agoráfobo, por exemplo, pode ser enganado tem
vamente pouco medrosos, para sua grande sur porariamente e levado a acreditar que seu medo
266 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO
não é mais justificado fisiologicamente, mas é las foram obtidas em todas as medidas, mas a me
provável que receba uma retroalimentação interna lhoria do desempenho em situações de vida real foi
assustadora ao se defrontar com alturas na reali menor do que a extinção .da ansiedade a estímulos
dade temidas. Há poucas razões para esperar que simbólicos. Contudo, não se encontrou nenhuma
cogníções auspiciosas induzidas por uma rotulação relação consistente entre extinção das respostas
enganadora possam substituir as experiências cor GSR e aos itens do teste e a mudança comporta
retivas de aprendizagem na modificação estável do mental relatada. Hoenig e Reed (1966) também en
comportamento humano. contraram apenas uma correspondência parcial
Leitenberg, Agras, Barlow e Oliveau (1969) ofe entre o grau de redução do comportamento fóbico
recem evidência de que instruções terapeutica- e a extinção da reatividade GSR quando os indícios
mente orientadas e um reforçamento social podem fóbicos eram representados por rótulos verbais,
aumentar as mudanças favoráveis de respostas que pela imaginação e por objetos estimuladores reais.
acompanham o tratamento de dessensitização. Es Estes resultados discordam um tanto dos relatados
PS
tudantes com fobias de cobras a quem foi aplicado por Rachman (1966), que testou a ansiedade auto-
este procedimento disfarçado de um experimento avaliada pelos sujeitos a estímulos fóbicos reais
de visualização obtiveram alguma redução no com imediatamente depois que eles tinham sido dessen-
portamento de esquiva. As mudanças comporta- sitizados a representações imaginárias de situações
U
mentais, porém, foram muito maiores para os sujei idênticas. Uma generalização imediata da redução
tos a quem se havia dito que estavam recebendo de ansiedade, medida pelos relatos do sujeito, ocor
uma forma de terapia bem-sucedida na redação do reu em 82 por cento dos testes. Infelizmente, ne
O
medo, e que foram louvados pela conclusão dos nhum dos estudos precedentes envolve um teste
itens na hierarquia. Estas variáveis sociais não ex sistemático de comportamento de esquiva. Consi
R
plicam o êxito da dessensitização auto-aplicada (Me- derando que o comportamento de esquiva parece
lamed e Lang, 1967; Krapfl, 1967), a não ser que, ser influenciado mais por mediadores centrais do
como sugerem os autores, os sinais de progresso que autonômicos, apoiar-se na reatividade GSR
auto-observados assumam uma função reforçadora
similar.
G como o único indicador da excitação emocional
deixa muito a desejar.
As aparentes discrepâncias dos achados prova
velmente dependem, em parte, de diferenças na
TRANSFERÊNCIA DOS EFEITOS DA EXTINÇÃO
KS
No procedimento-padrão de dessensitização, as gravidade das perturbações fóbicas, de se a transfe
respostas emotivas são extintas a representações rência é medida em termos de um desempenho
simbólicas de situações que provocam medo. O tia melhorado ou diminuição na aflição subjetiva, e de
tamento não é dirigido apenas a formas atenuadas variações nos próprios procedimentos de teste.
O
de ameaças reais, mas um número relativamente Num plano experimental no qual os mesmos sujei
limitado de estímulos aversivos é geralmente neu tos são repetidamente testados com estímulos reais
BO
tralizado. Desta forma, uma pessoa com uma fobia após a neutralização das contrapartes imaginadas,
social muito difundida pode ser dessensitizada a quaisquer mudanças observadas refletem os efeitos
uma dúzia ou mais de situações imaginárias que não combinados da extinção do desempenho e da des
podem, possivelmente, abranger a grande varie sensitização simbólica. Uma avaliação exata da ge
dade de circunstâncias interpessoais que provocam neralização não confundida por mudanças produ
ansiedade. Nestas condições os efeitos da extinção zidas pelos testes requeriria a dessensitização de di
ferentes grupos de sujeitos a diferentes níveis da
EX
portamental. Isto é mostrado não somente numa me entre os estímulos imaginários que são dessensiti-
lhoria do desempenho como também no fato de zados e os encontrados na situação de vida real.
que o número de itens hierárquicos neutralizados Do conhecimento da generalização de estímulos
com êxito se correlaciona positivamente ao grau de não esperaríamos que a dessensitização simbólica
redução do comportamento fóbico (Davison, 1968; por si só pudesse exercer grandes efeitos de trans
Lang, Lazovik e Reynolds, 1965). Contudo, a ex ferência na reatividade instrumental. O grau de
tensão da transferência comportamental é um tanto generalização irá depender, entre outros fatores,
menor do que geralmente é reivindicado na base como a semelhança dos mediadores, do número de
de observações clínicas. elementos estirftuladores que diferentes situações
Agras (1967) comparou os progressos de dessen têm em comum. O procedimento tradicional de
sitização e reduções nas respostas GSR a cenas de dessensitização envolve uma amostra demasiado
teste imaginárias com relatos do desempenho numa limitada de elementos estimuladores aversivos, e as
situação real temida por um pequeno grupo de ameaças são neutralizadas de forma excessivamente
clientes severamente agoráfobos. Mudanças parale atenuada para produzir uma extinção completa das
DESSENSIT1ZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 267
respostas emocionais a eventos ameaçadores encon çamento social positivo e outros resultados recom
trados em circunstâncias de vida real. Quanto mais pensadores que provêm do desem penho bem-
os estímulos imaginários do tratamento diferirem sucedido de atividades previamente inibidas podem
de suas contrapartes reais, maiores os decréscimos ajudar a extinguir quaisquer ansiedades residuais.
de transferência. De acordo com as expectativas Em alguns casos, a dessensitização é também su
teóricas, a evidência geral dos estudos de laborató plementada por procedimentos de modelação que,
rio (Agras, 1967; Bandura, Blanchard e Ritter, em si mesmos, podem produzir uma extinção vicá
1969; Davison, 1968) mostram que a dessensitiza- ria substancial da excitação emocional. Assim, por
ção simbólica reduz significativamente tanto a afli exemplo, no caso freqüentemente citado de Jones
ção subjetiva como o comportamento de esquiva, (1924), a extinção da fobia animal do menino não
mas o número de respostas de aproximação que os foi conseguida apenas ao dar-lhe o seu alimento
sujeitos podem desem penhar com portam ental- preferido na presença de estímulos gradualmente
PS
mente é geralmente menor do que o número que mais intensos de eliciação da ansiedade, mas tam
foi dessensitizado com êxito na imaginação. Além bém fazendo-o observar a resposta positiva de ou
do mais, novas respostas de aproximação são ge tras crianças ao brincarem com o animal temido.
ralmente acompanhadas de uma ansiedade relati Aumentos abruptos do comportamento de aproxi
vamente elevada quando desempenhadas inicial mação eram associados com cada uma das expe
U
mente. riências modeladoras.
Conclui-se erroneamente, às vezes, em função da Nas investigações de laboratório, naturalmente,
O
evidência de que pessoas vivenciam ansiedade ao estas influências “extrínsecas” são excluídas inten
desempenhar respostas que deixaram de ser amea cionalmente. Uma vez que os resultados clínicos são
çadoras na sua forma simbólica, que os procedi geralmente obtidos por diversas combinações de
R
mentos de dessensitização não conseguem mudan métodos, os resultados são difíceis de se avaliar e
ças comportamentais por meio da extinção do po comparar com mudanças produzidas por procedi
tencial excitatório dos estímulos aversivos. Como
um certo grau de perda devida à transferência
opera na dessensitização simbólica, estes procedi
mentos tendem a produzir decréscimos de ansie
G
mentos singulares sob condições de laboratório.
Apesar disto, achados relativos aos efeitos de trans
ferência questionam a sabedoria de se apoiar uni
camente sobre a dessensitização simbólica para eli
KS
dade ao invés de uma completa extinção da ansie minar as inibições comportamentais e a ansiedade
dade. Foi repetidamente mostrado em estudos de condicionada. Quando tais métodos são emprega
laboratório que os sujeitos do grupo de controle dos com fins clínicos, devem ser suplementados
manifestam uma crescente ansiedade quando de com tarefas graduadas de desempenho, reforça-
O
vocar a ansiedade para sujeitos emparelhados de modelação para aumentar ainda mais a mudança
pois que se submetem ao tratamento de dessensiti do comportamento. O uso de procedimentos su
zação. À medida que a excitação emocional é redu plementares para obter resultados mais consistentes
zida abaixo do limiar que ativaria respostas de es de extinçãb será discutido com detalhes mais
quiva, as pessoas tornam-se capazes de se engajar adiante.
num comportamento de aproximação, embora com
EX
dem a facilitar efeitos de transferência. A dessensi aqueles obtidos por meio de outros métodos de
tização simbólica é combinada na maioria das vezes mudança. Paul (1966) relata um estudo metodolo
IN
com uma extinção do desempenho na qual se soli gicamente sofisticado no qual ele comparou, com
cita aos clientes que desempenhem um comporta controles adequados, o êxito relativo das aborda
mento anteriormente inibido em situações naturais gens de dessensitização e de entrevista para a modi
cuidadosamente selecionadas, à medida que os seus ficação da ansiedade de desempenho debilitadora
medos se extinguem em relação a ameaças imagi em estudantes universitários que vivendavam uma
nárias equivalentes. Mesmo que os agentes de mu aflição extrema em situações onde tinham que falar
dança possam não prescrever tarefas de desem em público. Inicialmente, aplicou-se uma série de
penho apropriadas, a maioria das pessoas, não obs questionários de personalidade medindo tanto a
tante, eventualmente se engaja no comportamento reatividade em ocional generalizada q u anto a
de aproximação à medida que as suas tendências de apreensão ao falar diante de um auditório. Aqueles
esquiva gradualmente se enfraquecem pelo trata estudantes que receberam escores elevados nas
mento. medidas pré-teste participaram de um teste situa-
O desejo de agradar ao agente de mudança e aos cional relativamente estressante no qual se lhes soli
outros pode induzir os indivíduos a se aventurarem citava que fizessem um discurso de improviso
num comportamento que provoca medo. O refor- diante de uma audiência não-familiar, incluindo^
268 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAM ENTO
como se disse aos estudantes, vários psicólogos clí A terapia foi limitada a cinco sessões distribuídas
nicos que estariam avaliando o seu desempenho. sobre um período de seis semanas. Cinco clínicos
Imediatamente antes dos discursos-teste foram praticantes, que tinham uma experiência consi
medidos o pulso e o suor nas palmas das mãos dos derável com o uso de abordagens terapêuticas
estudantes; além disso, o seu desempenho no dis orientadas para o discernimento, aplicaram cada
curso foi avaliado em termos de indicadores com- um de três procedimentos terapêuticos; isto contro
portamentais usuais de ansiedade. Na base destes lava a possível variabilidade derivada de diferenças
escores, os estudantes foram aleatoriamente aloca nas características dos terapeutas. Depois de com
dos de blocos estratificados a diferentes condições pletar a série de tratamento, o grau de excitação
de tratamento e grupos de controle. fisiológica dos sujeitos, o seu disfuncionamento
Um grupo de estudantes recebeu uma psicotera- comportamental e a aflição auto-relatada foram
pia orientada para o discernimento na qual a auto- medidos na situação de teste (discurso) ameaça
compreensão e o discernimento dos determinantes dora; aproximadamente seis semanas mais tarde o
PS
psicológicos de seus problemas de discursar eram conjunto original de questionários de personali
debatidos por meio de técnicas interpretativas con dade também foi reaplicado.
vencionais. Para avaliar o grau de mudança resul A percentagem de estudantes em cada grupo que
tante dos efeitos da interação social e da expectativa exibiu decréscimos no comportamento emocional
U
de resultados benéficos, a um segundo grupo de de uma magnitude especificada, objetivamente ava
estudantes foi atribuída uma condição “atenção- liada na situação padronizada de teste, é resumida
O
placebo”. Durante cada sessão estudantes recebe graficamente na Fig. 7-5. Análises estatísticas de
ram um placebo com fortes sugestões de que a uma variedade de medidas, incluindo a magnitude
droga que tinham recebido na realidade reduzia da mudança assim como a percentagem de casos
R
eficazmente a ocorrência da ansiedade nas situa apresentando decréscimos na emotividade, revelam
ções de stress. Após a aplicação dos placebos os es que sujeitos em todas as três condições de trata
tudantes desem penharam uma tarefa suposta
mente estressante que, na, realidade, produzia sen
timentos de sonolência. Para os estudantes no
G mento mostraram um comportamento manifesto
significativamente menos indicativo da ansiedade e
relataram menos aflição no teste situacional, com
grupo de contracondicionamento, o relaxamento parados com o grupo de controle sem tratamento.
KS
foi progressivamente associado com itens de falar Contudo, somente os sujeitos que receberam o tra
em público numa hierarquia de ansiedade tempo tamento de contracondicionamento alcançaram
ral, graduada desde ler a respeito de um discurso uma redução significativa no estado de excitação fi
duas semanas antes da apresentação a fazer um siológica comparados com os controles. Adicional
discurso perante uma grande audiência. Estudantes
O
Figura 7-5. Percentagem de sujeitos em cada uma de quatro condições que apresentaram decréscimos na ansiedade
medida pelas avaliações comportamentais, auto-relatos de perturbação emocional e medidas de excitação fisiológica.
Gráfico elaborado com dados de Paul, 1966.
d e s s e n s i t i z a ç Ao POR CONTRACONDICIONAMENTO 269
mente uns dos outros. Dados de acompanhamento mento e placebo. Além disso, os sujeitos tratados
também mostraram que os estudantes tratados por com a dessensitização em grupo mostraram um
meio do contracondicionamento relataram sentir ganho modesto no coeficiente de rendimento mé
menos ansiedade relacionada com fazer discursos dio, ao passo que os controles não-tratados apre
do que os estudantes dos outros grupos de trata sentaram um decréscimo considerável. Este último
mento e dos grupos de controle. achado é um tanto surpreendente porque não seria
É também de interesse assinalar que os terapeu de esperar que os graus acadêmicos fossem deter
tas, que em sua prática clínica favoreciam métodos minados, em qualquer grau apreciável, pela quan
orientados para o discernimento, não apenas ava tidade de participação em público. A extensiva ge
liaram os estudantes tratados pelo procedimento de neralização das mudanças favoráveis também reve
dessensitização como tendo melhorado em grau ladas nos testes de personalidade — admitindo que
mais elevado, mas também indicaram um prognós estas se manifestem também no comportamento so
PS
tico significativamente m elhor para eles. Estes cial real — pode ocorrer porque a comunicação
prognósticos foram corroborados numa avaliação verbal aparece de forma proeminente em virtual
adicional de acompanham ento (Paul, 1967), na mente todas as atividades sociais e intelectuais. As
qual todos os sujeitos receberam os mesmos testes melhoras observadas se mantiveram com êxito,
de personalidade aproximadamente dois anos de como é revelado por um estudo de acompanha
U
pois de terminado o experimento formal. A des mento de dois anos (Paul, 1968a). As diferenças de
sensitização forneceu a maior percentagem de su grupo no desempenho acadêmico oferecem um
O
jeitos (85 por cento) que mostraram decréscimos atestado ainda mais impressionante dos benefícios
(das avaliações pré-terapia) na ansiedade relacio duradouros que acompanham o tratam ento de
nada com os discursos dois anos mais tarde, se dessensitização. Dois anos depois que o projeto foi
R
guida pelos estudantes do grupo de discernimento completado, 90 por cento dos estudantes que ti
(50 por cento), placebo (50 por cento) e controles nham recebido a dessensitização»em grupo ou gra
não-tratados (22 por cento). As percentagens cor
respondentes de melhoria nas medidas generaliza
das de ansiedade interpessoal foram 36, 25, 25 e 18
por cento para os quatro grupos, respectivamente.
G
duaram ou estavam completando os seus estudos
com um bom rendimento, ao passo que 60 por
cento dos controles não-tratados tinham abando
nado o curso. O coeficiente médio de rendimento
KS
Não apenas os casos dessensitizados mantiveram para os estudantes da condição de dessensitização
seus ganhos por este período de tempo, mas ne em grupo e controle, no semestre de acompanha
nhum apresentou aumentos na ansiedade de de mento, foi de 3,5 e 2,4, respectivamente.
sempenho ou outra evidência de formas substitutas
Os efeitos benéficos da dessensitização sobre o
O
se baseiam inteiram ente em m edidas de auto- cola elementar. Comparadas com controles não-
avaliação. tratados, as crianças que sofriam de ansiedade
O projeto acima discutido foi mais tarde am frente às provas mostraram mudanças significativas
pliado (Paul e Shannon, 1966) aplicando-se um tra na ansiedade e nos escores de leitura depois de re
tamento de dessensitização em grupo a estudantes ceber a dessensitização individualm ente ou em
grupo. Interessantemente, os observadores partici
EX
cionais foram neutralizadas a uma hierarquia diversas formas de perturbações fóbicas é apresen
comum de situações de falar em público. U'm tado por Lazarus (1961), que utilizou um plano ex
IN
mesma pessoa serviu como terapeuta para todas as tintas com êxito. Exigia-se que os sujeitos permane
três condições de tratamento. cessem num cubículo com uma tela móvel a algu
Somente clientes que exibiam um com porta mas polegadas de distância sem sentir qualquer
mento fóbico grave, medido por testes comporta- perturbação durante um período de cinco minutos.
mentais reais, foram selecionados para o experi Um segundo observador estava presente durante
mento. A Fim de minimizar a possível influência de os testes situacionais para oferecer uma checagem
experiências de relacionamento preliminar, as hie Fidedigna de que o cliente tinha vencido com êxito
rarquias de ansiedade relevantes foram construídas os critérios de tolerância. Por motivos óbvios, os
a partir das respostas escritas dos clientes aos itens homens impotentes não foram sujeitos a um teste
do questionário, ao invés de entrevistas pessoais. Os situacional, e o com portamento dos clientes no
clientes que participaram da dessensitização em grupo misto não foi medido objetivamente. Nestes
grupo foram tratados em pequenos grupos homo casos as razões de melhora foram baseadas em rela
PS
gêneos separados. Para os clientes acrófobos, foi tórios de mudança comportamental signiFicativa.
contruída uma hierarquia de estímulos comum uti Embora os testes de capacidade de desempenho es
lizando primariamente uma dimensão de proximi tejam menos sujeitos a influências extrínsecas do
dade física, começando com uma cena em que o que as medidas de auto-relato, os resultados deste
sujeito está olhando para baixo de uma altura de estudo teriam sido mais definitivos se as avaliações
U
cerca de 10 pés e terminando com itens altamente fossem apresentadas por um testador que não ti
provocadores de ansiedade. A hierarquia de ansie vesse conhecimento das condições a que os sujeitos
O
dade claustrofóbica representava um continuum es ha\iam sido alocados, e não pelo próprio terapeuta.
timulador no qual o grau de constrição espacial e O comportamento fóbico foi completamente ex
ventilação era variado simultaneamente a partir tinto em 13 dos 18 clientes que receberam o trata
R
de cenas mostrando o cliente “sentado num recinto mento de dessensitização, ao passo que os trata
grande e arejado com todas as janelas abertas” a mentos interpretativo e interpretativo mais relaxa
“sentar-se diante de uma lareira acendida num
quarto pequeno com todas as portas e janelas fe
chadas”. Finalmente, a hierarquia de itens estimu
ladores construída para os homens impotentes des
G
mento modiFicaram com êxito as respostas fóbicas
em apenas 2 entre 17 casos. Evidência adicional
para a eficácia do contracondicionamento é ofere
KS
cida pelo achado de que 10 dos 15 clientes, cujas
crevia situações sexuais progressivamente mais ín fobias permaneceram essencialmente sem modiFi-
timas, variando desde sentar-se perto de uma mu cação pelos procedimentos interpretativos, foram
lher a uma relação sexual pré-coito desnuda. tratados com êxito pela dessensitização em grupo
Durante as sessões de dessensitização, foi intro em dez sessões. Um estudo de acompanhamento
O
duzido um profundo nível de relaxamento, após o conduzido a intervalos variáveis depois do término
que pediu-se aos participantes que visualizassem a do programa de tratamento revelou que 80 por
cena que tinha sido apresentada a eles e Fizessem cento dos casos que foram tratados com êxito por
BO
um sinal para o psicoterapeuta sempre que qual meio dos procedimentos de contracondicionamento
quer item demonstrasse ser perturbador. A razão e mantiveram suas mudanças comportamentais, de
a duração da apresentação dos itens da hierarquia acordo com um critério severo no qual até a volta
foram sincronizados de acordo com o membro mais de respostas fóbicas fracas foi considerada como
ansioso do grupo. Clientes que participaram da uma reincidência. Gelder e Marks (1968) descobri
EX
condição de tratamento interpretativa receberam ram similarmente que um grupo de clientes fóbi-
uma forma tradicional de psicoterapia de grupo cos que não havia melhorado com 18 meses de psi
que acentuava a exploração pessoal de sentimentos coterapia de grupo mostrava uma redução sig
e relações interpessoais, permissividade para e acei nificativa do comportamento fóbico depois de al
tação de expressões emocionais, e o desenvolvi guns meses de tratamento de dessensitização.
D
mento do discernimento das origens e fatores do Embora a maioria dos estudos de laboratório dis
seu comportamento fóbico, Estes clientes recebiam cutidos nas seções anteriores tenha sido primaria
IN
uma média de 22 sessões, o mesmo número que mente elaborada para isolar a contribuição das
suas contrapartes emparelhadas nos grupos de des variáveis componentes no procedimento de dessen
sensitização. sitização, o seu resultado deve, contudo, possuir
Os resultados terapêuticos para os acrófobos e alguma relevância a respeito da eFicácia desta abor
claustrófobos foram objetivamente avaliados por dagem. Ao avaliar os resultados deve-se fazer uma
meio de testes situacionais aplicados um mês depois distinção entre a melhora comportamental e a eli
do término das sessões de tratamento. Os acrófobos minação completa do comportamento de esquiva.
deviam subir numa escada de incêndio a uma al Os achados em geral revelam que um programa re
tura aproximada de 50 pés, depois acompanhar lativamente breve de dessensitização envolvendo de
o experimentar num elevador ao telhado do edifí cinco a dez sessões produz desempenhos melhora
cio oito andares acima do nível da rua, onde, por dos em virtualmente todos os participantes. No es
um período de dois minutos, deveriam contar os tudo de Bandura, Blanchard e Ritter (1969), por
automóveis que passavam embaixo. Um critério exemplo, 90 por cento dos sujeitos que receberam
identicamente rigoroso foi adotado como evidência o tratamento de dessensitização apresentaram au
de que as reações claustrofóbicas tinham sido ex mentos no comportamento de aproximação que
DESSENSITIZAÇÁO POR CONTRACONDICIONAMENTO 271
execederam os desempenhos dos seus controles sultados comportamentais, mas são compreendidos,
emparelhados não-tratados. Contudo, dependendo ao contrário, como diferenças entre respostas de
do rigor do teste-critério, apenas entre 30 e 50 por juízo dos terapeutas (que raramente se correlacio
cento dos sujeitos conseguem uma extinção com nam perfeitamente com o funcionamento compor
pleta evidenciada pela sua capacidade de desempe tamental real dos clientes). Na realidade, seria de
nhar as tarefas terminais de aproximação nos testes esperar uma correspondência decrescente entre o
comportamentais (Bandura, Blanchard e Ritter, com portam ento real e as avaliações subjetivas
1968; Davison, 1968; Lang, Lazovik e Reynolds, quando nos movemos das medidas objetivas do
1965; Schubot, 1966). Deve-se assinalar, porém, comportamento do cliente para as suas próprias
que estas taxas de melhoria estão baseadas em te auto-avaliações, dos relatórios verbais dos clientes
rapias muito breves, limitadas no tempo, em que em relação a suas mudanças de desempenho para
todos os sujeitos são testados após várias sessões de os julgamentos de melhora dos terapeutas, das in
tratamento qualquer que tenha sido o número de ferências dos terapeutas baseadas nos auto-relatos
PS
itens da hierarquia aos quais tenham sido dessensi- dos clientes para a informação que é registrada nas
tizados. Os limites terapêuticos reais desta forma fichas individuais, e das fichas individuais de fide-
particular de contracondicionamento podem ser dignidade não-determinada para avaliações globais
melhor estabelecidos por estudos nos quais a me retrospectivas feitas por outro conjunto de juizes
U
lhora comportamental e as taxas de extinção com que nunca tiveram qualquer contato com o cliente.
pleta são obtidas por meio de medidas objetivas Diferenças essenciais nos tipos de apontamentos de
depois que os sujeitos forám completamente des- caso feitos por terapeutas de convicções comporta
O
sensitizados ao conjunto inteiro de estímulos pro mentais e psicodinâmicas também excluem qual
vocadores de ansiedade. Ao- avaliar a eficácia dos quer comparação significativa entre as taxas de
R
procedimentos de tratamento, a incidência dos de êxito. Muito progresso na redução de controvérsias
sempenhos terminais deveria ser de principal inte inúteis a respeito da superioridade relativa de mé
resse para desencorajar o desenvolvimento da todos rivais pode ser obtido abandonando-se o jogo
complacência acerca de métodos que consistente-
mente obtêm ganhos de desempenho, mas deixam
muitos de seus participantes comportamental mente
G
dos números de resultados no qual julgamentos dos
terapeutas em relação aos relatos verbais dos seus
clientes são avaliados em função de uma linha de
KS
incapacitados em algum grau. base lendária de dois terços de melhoria.
Há um certo número de relatórios clínicos que Estes tipos de dados de quase-resultados têm, na
apresentam dados de resultados sob a forma de melhor das hipóteses, apenas valor sugestivo. À
julgamentos do terapeuta acerca das suas taxas de parte da natureza subjetiva e geral das avaliações
O
êxito. Wolpe (1958) e Lazarus (1960, 1963b) afir clínicas, as intervenções terapêuticas são excessiva
mam que entre 75 e 90 por cento,dos clientes que mente variadas, incluindo treino de afirmação, uma
trataram “estavam acentuadamente melhorados ou reexposição a situações temidas, procedimentos de
BO
realizados a intervalos que vão desde seis meses a influências ambientais não medidas. Conseqüente
vários anos depois do término do tratamento, com mente, é impossível identificar que variáveis de tra
poucas exceções mostram que os clientes não só tamento são responsáveis pelas mudanças observa
mantêm os seus ganhos, mas apresentam mudanças das, mesmo se os números de resultados fossem
D
manipulações bem definidas de variáveis de trata England e Mohoney, 1965; Lazarus e Rachman,
mento e medidas objetivas de mudanças compor- 1957; Rosenthal, 1968; Walton e Mather, 1963a),
tamentais irão, eventualmente, fornecer informa de pesadelos recorrentes (Geer e Silverman, 1967)
ções fidedignas a respeito dos parâmetros críticos e insônia (Geer e Katkin, 1966), e do alcoolismo
nos métodos de contracondicionamento. Pesquisas crônico (Kraft e Al-Issa, 1967a). Finalmente, pro
deste tipo não só deveriam aumentar grandemente blemas interpessoais complexos foram eliminados
a compreensão dos processos de condicionamento, extinguindo-se as ansiedades dos clientes associadas
mas também oferecem a base para refinamento nos com comportamentos sexuais íntimos, agressivos e
procedimentos de tratamento. Os estudos de labo hostis, relações sociais íntimas, censura e rejeição
ratório revistos antes representam um avanço enco- social, fracasso em cumprir exigências de realização
rajador nesta direção. externas ou auto-impostas e medo de pessoas em
Inúmeros relatórios de casos individuais são de posição de autoridade (Hain, Butcher e Stevenson,
1966; Kraft e Al-Issa, 1967b; Madsen e Ullmann,
PS
interesse não por validar alguma coisa mas porque
ilustram como os princípios do contracondiciona 1967; Wolpe, 1958; Wolpe e Lazarus, 1966).
mento podem ser aplicados a perturbações ansiosas Admite-se comumente, especialmente na teoriza
muito diversas. A maioria destes estudos incluem ção psiquátrica, que o comportamento acentuada-
relatórios detalhados, muitas vezes independente mente desviante é primariamente uma função de
U
mente verificados, das modificações obtidas no determinantes bioquímicos, ao passo que desvios de
funcionamento comportamental dos clientes. Con menor intensidade são governados por fatores vi-
O
tudo, em tratamentos que envolvem o uso combi venciais. Aceitando-se embora que as variáveis fisio
nado de diferentes procedimentos, a dessensitiza- lógicas possam contribuir significativamente p an fa
ção obviamente não é o único determinante das variabilidade comportamental, tal evidência não
R
mudanças observadas. É também importante lem justifica uma teoria dicotômica da psicopatologia,
brar que os relatórios de casos podem oferecer uma especialmente tendo em vista que não existe um
impressão excessivamente favorável da eficácia de
um determinado método de tratamento por causa
da publicação seletiva de casos bem-sucedidos.
G
critério objetivo para traçar a Unha de separação
entre os chamados padrões de respostas “neuróti
cos” e “psicóticos”. De acordo com a tese dicotô
mica, Wolpe (1958) questiona se os esquizofrênicos
KS
APLICABILIDADE DOS TRATAMENTOS DE podem se aproveitar da terapia de dessensitização.
DESSENSITIZAÇÀO Esta posição implica, entre outras coisas, que as
Os procedimentos de dessensitização foram utili pessoas consideradas psicóticas são incapazes de
zados para extinguir inúmeras fobias circunscritas, condicionamento clássico. Ao contrário deste ponto
O
porém parcialmente incapacitadoras, incluindo es de vista, os estudos de laboratório não só oferecem
quiva de lugares e atividades que poderiam resultar evidência de que os esquizofrênicos apresentam
em contato com animais temidos, pássaros, répteis uma condicionabilidade emocional (O’Connor e
BO
e insetos (Clark, 1963; Cooke, 1966; Friedman, Rawnsley, 1959; Vinogradov, 1962) mas, aparen
1966; Ramsay, Barends, B renker e Kruseman, temente, diferem pouco, se é que diferem neste as
1966), esquiva amedrontada de automóveis, aviões pecto, dos grupos julgados normais (Howe, 1958;
e outros tipos de transporte (Kraft e Al-Issa, 1965a; Spence e Taylor, 1953). Resultados favoráveis
Lazarus, 1960; Rosenthal, 1967; Wolpe, 1962); foram obtidos nos poucos casos em que os proce
medo da água (Bentler, 1962); tempestades (Cos- dimentos de contracondicionamento foram aplica
EX
tello, 1963); aversão ao calor que impedia a pessoa dos ao comportamento emocional exibido por indi
de se banhar em água quente e de comer ou beber víduos diagnosticados como esquizofrênicos (Cow-
alimentos quentes (Kraft e Al-Issa, 1965b); e temor den e Ford, 1962; Zeisset, 1968).
a desastres nucleares que resultou numa esquiva de A facilidade com que a dessensitização simbólica
D
rádios, televisão, filmes, jornais, conversas e outras é conseguida depende em parte de fatores secun
formasf de comunicação que poderiam trazer notí dários como a atenção, cooperação na visualização
cias de desarmonia internacional (Ashem, 1963);
IN
PS
de extinção, os estímulos determinantes primários
tipo os déficits comportamentais constituem o prin
cipal problema, ao passo que o componente emo do com portamento emocional devem ser exata
tivo é uma conseqüência secundária. Um trata mente identificados e neutralizados. Na prática
mento devotado apenas à extinção das respostas atual, a seleção das fontes de ansiedade se baseia
U
em dados coletados informalmente de entrevistas,
emotivas seria, na melhor das hipóteses, um meio efi
ciente de produzir uma. pessoa incompetente e re
históricos de casos e vários testes de personalidade,
laxada. Por outro lado, um tratamento que estabe
muitos dos quais foram originalmente construídos
O
para fins inteiramente diferentes. Embora não te
lecesse competências comportamentais decresceria
nham sido realizados estudos de fidedignidade nos
substancialmente a punitividade do ambiente social
R
quais diferentes terapeutas selecionam dos mesmos
do cliente e assim conseguiria reduções estáveis na
apreensão do mesmo. protocolos o que consideram ser* as fontes críticas
da ansiedade, não surgiria como surpresa encon
Um programa de indução de respostas pode ser
G
trar um consenso baixo, especialmente nos casos
necessário mesmo quando as perturbações ansiosas
que envolvem problemas multiformes.
não se originam em déficits comportamentais. Pes
soas que sofrem de medos não-realistas ou desproSe desejarmos maximizar a eficácia dos métodos
KS
de contracondicionamento, as abordagens presen
porcionados tendem a evitar engajar-se em ativida
tes de avaliação informal devem ser substituídas
des produtoras de medo. Isto muitas vezes resulta
por procedimentos mais eficientes e fidedignos. Em
num processo em espiral, no qual o medo e a es
muitos casos, naturalmente, os estímulos eliciadores
quiva impedem uma elaboração ulterior de habili
são facilmente identificáveis. Em outros, porém, a
O
que parecem estar regularmente correlacionados tamento que está sendo reforçado, còfn que fre
com variações nas respostas de ansiedade observa qüência, e por que meios nos diferentes sistemas
das. Por causa das inúmeras e complexas varieda destinados a modificar o funcionamento psicoló
des das histórias de aprendizagem representadas gico.
por populações clinicas, necessitamos de um proce Por causa das ambigüidades e impressões errô
dimento altamente flexível de exploração de estí neas associadas com os termos “terapia comporta-
mulos. Quando a utilização de eventos físicos é de mental” e “psicoterapia”, o seu uso continuado obs
masiadamente pesada e pouco prática, as situações curece as questões mais fundamentais neste campo.
suspeitas de provocarem medo podem ser facil Por exemplo, a rapidez com que um determinado
mente apresentadas de forma verbal ou pictórica. comportamento pode ser extinto depende da natu
As respostas emotivas a essas ameaças potenciais reza das suas condições mantenedoras ao invés do
podem ser medidas comportamentalmente, fisiolo- fato de ser “monossintomático” ou parte de um
gicamente, por meio de relatos verbais ou por uma
PS
problema multiforme. De fato, muitas perturbações
combinação destes métodos. consideradas simples, como os tiques, que são ime
Antes de nos voltar para outras questões de espe diatamente auto-reforçadores porque a sua ocor
cificação de estímulos, é necessário esclarecer várias rência reduz a tensão, são inusitadamente resisten
concepções errôneas comuns a respeito da ampli tes à mudança. Portanto, alguns comportamentos
U
tude de aplicabilidade dos procedimentos de con- aparentem ente simples fracassam em responder
tracondicionamehto. Na maioria das discussões po bem ao tratamento, ao passo que muitas perturba
lêmicas da psicoterapia, as abordagens comporta-
O
ções complexas são prontamente modificáveis (La-
mentais e psicodinâmicas são geralmente apresen zarus, 1963a; Meyer e Crisp, 1966). Além do mais,
tadas como métodos rivais de tratamento adequado se as respostas emocionais são limitadas ou difusas
R
para diferentes tipos de condições de ansiedade. Os é muitas vezes determinado pela infiltração de in
defensores dos m étodos psicodinâmicos tipica dícios provocadores de emoção ao invés de condi
mente pressupõem que a dessensitização se limita
essencialmente a perturbações simples “monossin-
tomáticas” sob o controle de estímulos bem defini
dos, ao passo que os procedimentos psicodinâmicos
G
ções existentes dentro do indivíduo. Aqueles para
os quais as cobras são ameaçadoras exibirão uma
perturbação fóbica altamente circunscrita porque
os répteis são raram ente ou nunca encontrados
KS
são adequados a problemas de ansiedade mais em contextos urbanos. C ontrastando com isso,
complexos e profundos. Os terapeutas de orienta quando a ansiedade foi condicionada a estímulos
ção comportamental, por outro lado, afirmam que que aparecem numa variedade de situações fre
os procedimentos de dessensitização são aplicáveis a qüentemente encontradas, as pessoas vivenciarão
qualquer disfunção que envolva a ansiedade e vêem
O
Consideremos, por exemplo, o caso de uma mulher A discussão acima não pretende implicar que os
agoráfoba que é incapaz de se aventurar a sair de estímulos determinantes são sempre inferíveis do
casa. Deveríamos dessensitilizá-la a excursões, pro conteúdo das respostas desviantes. Em muitos ca
vocadoras de ansiedade, progressivamente mais sos, contudo, o comportamento emocional está sob
afastadas de casa? Poder-se-ia argumentar que o o controle de estímulos múltiplos, nos quais alguns
seu com portam ento fóbico surge de um medo dos indícios evocativos, por causa de histórias de
m órbido de encontros sexuais, apreensões de condicionamento peculiares, podem ser tematica-
abandono ou exposição desamparada a multidões, mente remotos. Também comportamentos sociais
ou de outras fontes, e são estes conteúdos que complexos caracteristicamente dependem de ativi
devem ser enfatizados no tratamento. Para dar dades inter-relacionadas, cada qual governada por
outro exemplo, deveria uma pessoa que tem fobia a estímulos um tanto diferentes. Um desempenho
cobras ser dessensitizada a interações cada vez mais determinado pode conseqüentemente ser inibido
próximas com répteis ou a preocupações genitais, ou desorganizado por ansiedade que surge de fun
PS
baseando-se no pressuposto de que “a vista de co ções componentes tematicamente diferentes que
bras provoca emoções ligadas ao pênis (Fenichel, não são prontamente evidentes. A operação destes
1945, pág. 48)”? Os estudos de laboratório acerca estímulos determinantes mais intrincados é melhor
da dessensitização fornecem alguma evidência de ilustrada pelas aplicações de procedimentos de des
U
que a claustrofobia pode ser eliminada com êxito sensitização à modificação de diversas perturbações
neutralizando-se as emoções dos indivíduos a indícios sexuais.
de constrição espacial crescente (Lazarus, 1961) De acordo com Bond e Hutchison (1960) as clas
O
sem focalizar os seus receios de “se sentirem sós ses mais freqüentes de estímulos eliciadores da ex
com impulsos e fantasias perigosas (Cameron, posição para exibicionistas sexuais são experiências
R
1963, pág. 286)”; acrófobos perderam o seu medo de stress provocando sentimentos de inadequação
de alturas utilizando-se de hierarquias de elevação e mulheres que possuem certas características físi
(Lazarus, 1961), ao invés de receios de “perder a cas que foram dotadas pelo exibicionista com va
auto-estima” ou “impulsos autodestrutivos (Came-
ron, 1963, pág. 280)”; e inúmeros fóbicos em rela
ção a cobras foram curados sendo dessensitizados a
G
lências sexuais inusitadamente elevadas. Os auto
res, portanto, empregaram tanto hierarquias se
xuais como herarquias de desvalorização no trata
KS
estímulos de répteis, não a estímulos fálicos. Em vista mento de um homem de 25 anos que apresentava
destes interessantes achados, seria muito instrutivo uma longa história de exposição genital persistente
comparar o grau no qual o comportamento fóbico que levou a 24 acusações de exposição indecente e
é extinto quando a dessensitização é dirigida ou 11 condenações à prisão. O cliente tinha passado
contra os próprios estín\ulos fóbicos ou contra as por uma variedade de tratamentos sem benefício
O
jetiva de mudanças no comportamento de esquiva moestações de cunho moral sob hipnose; final
oferece um çxcelente meio de testar diferentes teo mente, em desespero, ele recorreu a um cinto de
rias acerca dos estímulos determinantes de padrões castidade especialmente elaborado que sua esposa
de resposta emocionais. trancava de manhã e destrancava à noite. Mesmo
Como ilustramos nos exemplos precedentes, as estas restrições físicas fracassaram em controlar o
formulações psicodinâmicas admitem que as ansie com portam ento do cliente, que foi novamente
EX
dades são geradas internamente pela excitação de preso por assalto indecente quando tentou segurar
impulsos inconscientes que depois são deslocados e as pernas e seios de uma mulher jovem enquanto
projetados em objetos ambientais. Indícios fóbicos usava o seu cinto de castidade.
externos são, portanto, vistoS como estím ulos Três hierarquias de estímulos provocadores da
D
pseudo-evocativos. De modo contrário a esta inter exposição foram construídas para o tratamento de
pretação, a neutralização bem-sucedida de respos dessensitização. Um conjunto de estímulos foi gra
tas emocionais a estímulos fóbicos não apenas pro duado à base da idade e da aparência física das mu
IN
duz decréscimos estáveis no comportamento de es lheres, indo desde mulheres mais idosas, que pro
quiva sem a emergência de novas respostas desvian- vocavam um mínimo de exposição, a mulheres jo
tes, mas é muitas vezes acompanhada por reduções vens e atraentes. Estes estímulos foram apresenta
na ansiedade em outras áreas de funcionamento dos em cada um de quatro contextos em que a ex
(Bandura, Blanchard e Ritter, 1969; Lang, Lazovik posição dos genitais ocorria freqüentemente (isto é,
e Reynolds, 1965; Paul, 1967). Estes últimos acha em lojas de departamentos, nas praias, nas calçadas
dos fazem com que o ponto de vista de que o com e nos automóveis). Além disso, foi construída uma
portamento de esquiva é controlado por valências hierarquia separada à base de situações de lavató
de estímulos deslocadas e projetadas pareça de va rio, uma vez que estas serviam como os estímulos
lidade questionável, ou alternativamente, sugerem contextualm ente mais potentes para o exibicio
que a neutralização de estímulos externos projeta nismo. A terceira dimensão de estírnulos continha
dos é um dos mais poderosos meios atualmente situações sociais que davam origem a sentimentos
disponíveis para extinguir as propriedades excita- de inadequação. Estes conjuntos de estímulos eli
tórias dos eventos internos inconscientes. ciadores foram então progressivamente em pare
276 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACOND1CIONAMENTO
lhados com um relaxamento induzido hipnotica- Mais evidências sugestivas de que em alguns
mente num período de 30 sessões. Também se ins casos a inibição do comportamento heterossexual
trui o cliente .a praticar o relaxamento e a iniciar pode ser mantida primariamente pela ansiedade li
esta cadeia de respostas com a palavra “relaxe”. gada a indícios de contato social e físico e não a
À medida que o tratamento progredia, o cliente estímulos sexuais por si só, são oferecidas por Ste-
se tornou menos emocionalmente excitado por mu venson e Wolpe (1960) no tratamento de um pedó-
lheres provocantes, seus impulsos exibicionistas e filo e de dois homossexuais. Todos os três clientes
fantasias sexuais diminuíram de freqüência e inten apresentavam um comportamento acentuadamente
sidade, e ele apresentava um controle voluntário passivo, submisso e afastado que aparentemente
crescente sobre o seu comportamento de exibição derivava de um controle autoritário por pais tirâni
em ocasiões em que sentia algum grau de excitação cos. Como conseqüência deste treino social aver
emocional. À medida que o cliente continuava a sivo, uma classe ampla de respostas interpessoais
melhorar, ele era capaz de participar de atividades foi inibida, exceto para com meninas pequenas
PS
de grupo envolvendo contatos heterossexuais pró num caso, e para com companheiros masculinos
ximos sem sentir nenhuma tensão ou impulsos para não-ameaçadores e protetores nos outros dois. A
se exibir. Não mostrou nenhum comportamento estratégia de tratamento em todos os três casos con
exibicionista por um período de 13 meses após o sistiu essencialmente no treino de um comporta
U
término da terapia (Bond e Hutchison, 1964). Sub mento de afirmação social. O fato de que estes
seqüentemente, o cliente se exibiu em algumas clientes prontamente adotaram padrões exclusiva
poucas ocasiões a mulheres em lavatórios em res mente heterossexuais de comportamento e os vi-
O
posta a estresses financeiros e profissionais severos, venciaram como positivamente reforçadores depois
mas mulheres provocativas em lugares públicos que as respostas afirmativas foram desenvolvidas
R
como parques, ruas e lojas de departamentos não sugerem que a sexualidade desviante era uma fun
mais eliciavam o exibicionismo sexual. ção de ansiedades interpessoais generalizadas, ao
invés de origem sexual específica.
É interessante assinalar que no caso acima o
com portam ento sexual desviante era em parte
controlado por eventos de stress não sexuais.
Wolpe (1958) relata similarmente o tratam ento
G A relação de covariação entre o comportamento
afirmativo e a sexualidade vista nos casos preceden
tes é demonstrada de forma convincente por Kahn
KS
bem-sucedido de um farmacêutico que sofria de (1961) num experimento de laboratório com sujei
impotência dessensitizando-o a indícios essencial tos infra-humanos. Dois grupos de camundongos
mente não-sexuais. Este cliente, que tinha experi foram treinados para um comportamento social
mentado relações sexuais satisfatórias com várias mente agressivo ou submisso. Ambos os grupos
foram então testados quanto à reatividade sexual
O
pressões. D urante esta sedução malsucedida, o efeito diferendal marcante sobre as respostas de
cliente percebeu que estava pensando sobre um acasalamento dos machos. Enquanto que os animais
evento perturbador da sua infância, no qual ele ou treinados agressivamente imediatamente persegui
vira o coito dos pais; os protestos e o choro da mãe ram as fêmeas, copularam com elas e permanece
tinham aparentem ente sucedido em condicionar ram sexualmente ativos durante a sessão de teste,
significados agressivos e brutais ao ato sexual. Este nem um único animal submisso se comportou desta
EX
também por uma generalização secundária dela agressão é um componente importante do compor
para uma outra amiga subseqüente que se parecia tamento sexual (Ford e Beach, 1951), então qual
fisicamente com a primeira. Na base de uma análise quer aumento ou inibição das respostas agressivas
de aprendizagem da impotência, os indícios de dor poderia estar associado com um aumento e inibição
e dano físico antecipados ocorrentes durante a de- correspondente da sexualidade. Como, porém, os
floração foram considerados os eventos críticos que animais fracassaram em iniciar quaisquer respostas
produziam as inibições sexuais. O diente foi, por sexuais, incluindo as preparatórias, quaisquer estí-
tanto, desse nsitizado a várias dimensões de estí mulos provocadores de ansiedade acompanhante
mulo, incluindo dano físico, vocalização da dor e do comportamento agressivo ou sexual não pode
sofrimento, e trocas verbais violentas que se asse riam ter sido gerados na situação de teste. Portanto,
melhavam às disputas incessantes dos pais. Uma uma segunda, e possivelmente mais verossímil, ex
reatividade sexual completa foi restaurada depois plicação destes achados é que as ansiedades de con
que os indídos de dor e agressão perderam sua ca- tato físico previamente adquiridas motivaram e re
paddade de evocar a ansiedade. forçaram respostas generalizadas de esquiva que
DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO 277
impediam a ocorrência de qualquer com porta dade a indícios heterossexuais constituiriam a estra
mento sexual, mesmo que tais respostas estivessem tégia terapêutica nestes casos. Estes métodos são
apenas fracamente inibidas. discutidos detalhadamente no próximo capítulo.
Até agora, a discussão ilustrou como a ansiedade A necessidade de identificar os estímulos contro
oriunda de fontes não-sexuais pode controlar a in- ladores e determinar o valor funcional das disfun
bição de um comportamento heterossexual apro ções comportamentais antes de selecionar o método
priado. Na realidade, é possível delinear vários es de tratamento está bem ilustrada num estudo clí
tímulos diferentes determinantes do desvio sexual, nico relatado por Lazarus (1963b). Dezesseis mu
cada qual exigindo uma estratégia de tratamento lheres com frigidez crônica receberam o procedi
diferente. Em primeiro lugar, temos a síndrome mento de dessensitização-padrão no pressuposto de
comportamental, à qual já nos referimos, na qual que a frigidez representa uma esquiva condicio
os contatos físico e social despertam reações de an
PS
nada mantida por uma ansiedade gerada sexual
siedade, mas os estímulos sexuais em si podem pos mente. A dessensitização foi realizada ao longo de
suir valência positiva. Nestes casos, um programa dimensões de estímulos de intimidade crescente e
de tratamento utilizando a modelação e procedi outros estímulos sexualmente inibidores que eram
mentos de reforçamento destinados a fomentar e únicos em cada caso. Melhoras significativas nas re
U
desinibir tendências de aproximação interpessoal lações sexuais, relatadas pelas mulheres e corrobo
provavelmente resultará num aumento correspon radas por seus maridos, foram conseguidas em 9
dente do comportamento heterossexual.
O
das 16 mulheres para as quais a frigidez parecia ser
Um segundo padrão encontrado com freqüência determinada por ansiedades sexuais. A maioria das
é um em que a pessoa possui poucas ou nenhuma outras, das quais muitas apresentavam atitudes hos
R
apreensão quanto a interações sociais íntimas, mas tis intensas e generalizadas em relação aos homens,
os indícios sexuais, particularmente os associados terminou a terapia depois de várias entrevistas.
com desempenho no coito, possuem valência nega
tiva. Impotência, frigidez e outras inibições sexuais
específicas são queixas comuns associadas com esta
última síndrome. Para problemas deste tipo, a neu
G
Este subgrupo de mulheres evidentemente necessi
tava de um programa de tratamento cujo objetivo
fosse o de reduzir o comportamento hostil. Quando
a hostilidade em relação aos homens decorre de um
KS
tralização de estímulos relacionados com o sexo, sentido de inadequação e submissão, um programa
mediante alguma forma de procedimento de des- de treinamento de afirmação não só reduziria a ex
sensitização, seria o m étodo a escolher. Um ploração, a que a pessoa submissa tende a estar su
exem plo é oferecido p or Lazarus e Rachman jeita, como, ao mesmo tempo, aumentaria os senti
(1957) que trataram com êxito um caso de impo
O
sexuais estão menos fortemente estabelecidas, a çamento positivo, poderiam ser empregados pro
impotência pode ser eficazmente modificada fa cedimentos de dessensitização para diminuir a ex
zendo com que o cliente siga um programa de des- cessiva hostilidade a situações evocativas inevitáveis.
sensitização auto-aplicado, nas próprias situações Para obter os maiores ganhos seria talvez necessá
sexuais (Wolpe, 1958). Este último procedimento é rio, também, reduzir o comportamento causador
descrito com mais detalhes em uma outra seção de hostilidade da parte do marido.
EX
Muitas teorias admitem que mudanças compor- mensões. Quando as respostas emocionais são eli-
tamentais estáveis e amplas só ocorrem se o condi ciadas por eventos não-sociais, elas podem ser or
cionamento prototípico envolvendo o objeto esti denadas em termos da proximidade física dos objetos
m ulador prim ário é modificado. Conseqüente temidos. O uso de uma dimensão de proximidade é
mente, uma porção considerável de tempo é tipi ilustrado no tratamento de Wolpe (1962), de uma
camente dedicada a uma exploração diagnóstica e a mulher que sofria de uma grave fobia de automó
uma reconstrução da história social do cliente antes veis que se originara de um addente automobilís
que sejam feitas quaisquer intervenções terapêu tico num cruzamento. Foi construída uma hierar
ticas. Se fosse descoberto que neutralizar um estí quia de ansiedade envolvendo cenas nas estradas
mulo de generalização tivesse aproximadamente o nas quais os carros ficavam cada vez mais próximos
mesmo efeito sobre o gradiente de extinção do que do automóvel da cliente à medida que este se apro
o que resultaria de extinguir as respostas emocio ximava de um cruzamento rodoviário.
PS
nais ao estímulo condicionado original, então faria Hierarquias de estímulos foram construídas em
pouca diferença em que ponto do continuum de termos de uma dimensão temporal para tratar medos
estímulos o agente de mudança começasse o pro de falar em público (Paul, 1966), ansiedades de se
cesso de contracondicionamento. Infelizmente, os paração (Lazarus, 1960) e apreensões sobre provas
(Em ery e K rum boltz,. 1967). Um a dim ensão
U
experimentos de laboratório necessários para resol
ver esta questão ainda não foram realizados. Con simbóiico-real é freqüentemente usada ao elaborar o
tudo, têm sido relatadas algumas investigações nas continuum estimulador de ansiedade. Uma série
O
quais a magnitude das respostas emocionais ao CS claustrofóbica pode variar desde ler a respeito de
originalmente usado no estabelecimento das res outras pessoas estarem confinadas em recintos pe
postas condicionadas é avaliada como função da ex quenos a se imaginar “presa” num elevador parado
R
tinção de reações emocionais a estímulos de genera por períodos progressivamente maiores de tempo
lização situados a várias distâncias do CS. Achados (Wolpe, 1961); uma série de fobias a cobras pode
destes estudos (Bass e Hull, 1934; HofFeld, 1962;
Hovland, 1937) consistentemente demonstram que
neutralizar qualquer estímulo relevante, quer adja
G
variar desde escrever a palavra “cobra” a manipular
espécimes plásticos e segurar um réptil vivo não-
venenoso (Lazovik e Lang, 1960).
KS
cente ou afastado do CS, tem o efeito de reduzir O utra maneira eficiente de graduar os indícios é
um tanto a reatividade emocional a indícios de variar o número de elementos provocadores de emoção no
todos os pontos do gradiente de generalização. O complexo estim ulador total. No tratam ento de
decréscimo de ansiedade, porém, se torna progres Wolpe (1962), da fobia de automóveis acima des
sivamente menor quanto mais afastados estão os es crita, o valor eliciador da ansiedade das cenas de
O
tímulos do teste do estímulo selecionado para ex tráfego foi controlado variando a velocidade dos
tinção. automóveis, a confiabilidade dos motoristas nos
BO
Os achados acima descritos sugerem que resulta carros que se aproximavam, a presença ou ausência
dos positivos podem ser obtidos, em certo grau, de símbolos e sinais de tráfego, e as características
descondicionando-se qualquer estímulo que possua da pessoa que estava dirigindo o carro da cliente.
propriedades de eliciação da ansiedade, mas que os Para muitas pessoas que procuram tratamento,
maiores benefícios serão derivados se focalizarmos estímulos sociais relativamente complexos ou as
os eventos particulares que o agente de mudança próprias respostas interpessoais servem como fon
EX
deseja neutralizar, quer eles constituam o estímulo tes primárias de ansiedade. Ao escalonar as pro
original ou generalizado. Na base destes achados priedades de excitação da emoção de tais indícios
não há razão para esperar que dessensitizar o estí sociais, a natureza e a intensidade do comportamento dos
mulo condicionado primário teria um efeito mais outros podem ser utilizadas como a base para gra
amplo sobre os indícios de generalização do que
D
um dado indivíduo a pessoas de autoridade repre hierarquia de estímulos que variavam desde uma
sentam primariamente uma generalização de expe situação na qual alguns hom ens se engajavam
riências prévias de castigo por parte dos pais, bene numa disputa moderada a uma na qual os partici
fícios mais rápidos e substanciais seriam derivados pantes atacavam-se fisicamente uns aos outros
de neutralizar respostas emocionais às figuras de (Wolpe, 1958); similarmente, uma série graduada
autoridade que ele teme atualmente do que às rela de situações de desvalorização foi elaborada para
tivas aos pais. um ginecologista que era extremamente sensível a
qualquer crítica ou rejeição das outras pessoas
DIMENSÕES DE ESTÍMULOS BÁSICOS (Wolpe, 1962). Um homem intensamente ciumento
Depois de escolhidos os estímulos a serem con- foi tratado utilizando-se uma série de hierarquias
tracondicionados, precisam eles ser escalonados em provocadoras de- ciúme, cada qual apresentando
term os do seu potencial eliciador de emoções vários graus de interações amistosas entre a noiva
quando se utiliza uma abordagem graduada. Ao do cliente e vários homens rivais (Wolpe, 1958).
elaborar as hierarquias de estímulos, a potência dos Nas ilustrações apresentadas até aqui, os deter
indícios aversivos pode ser variada em diversas di minantes das respostas emocionais eram primaria
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 279
mente indícios Sociais externos ou situacionais. Se tivas (Jones, 1924), instrui-se o sujeito para-visuali
uma pessoa foi repetidamente punida por apresen zar o coelho e a imaginar a si mesmo comendo al
tar uma forma particular de comportamento, a guma delícia culinária. Em vista do fato de o mé
tendência a desempenhar estas respostas sociais se todo de Wolpe se apoiar grandemente nos proces
torna, por meio da sua associação com o castigo, sos simbólicos, é surpreendente descobrir que esta
um estímulo da ansiedade. Assim, por exemplo, se abordagem é descrita criticamente como estando
o castigo ocorreu freqüentemente em conjunção preocupada apenas com processos esqueletais peri
com o comportamento agressivo, sua expressão irá féricos (Murray, 1963; Shoben, 1963).
eiiciar reações em ocionais antecipatórias. Oa A utilização de eventos aversivos simbólicos é re
mesma forma, se o comportamento sexual for asso comendada com base na afirmação de que estímu
ciado com o castigo, as respostas sexuais irão gra los nesta forma possuem propriedades de eliciação
dualmente adquirir propriedades evocadoras de da emoção análogas às suas contrapartes da vida
ansiedade. Ambas as reações emocionais conside
PS
real. Se este não fosse o caso, o método simbólico
radas são correlacionadas com a resposta ou são au- daria pouca oportunidade para diminuir o poten
togeradas. As hierarquias de estímulos no trata cial deflagrador das ameaças reais, e, portanto, não
mento de tais classes de perturbações ansiosas con haveria efeitos de tratamento consideráveis para
teriam intensidades crescentes das respostas sociais nega serem transferidos de situações imaginárias a reais.
U
tivamente valenciadas, variando desde formas ate Os resultados de diversos estudos demonstram que
nuadas que tendem a eiiciar uma ansiedade branda os pensamentos têm capacidades de eliciação de
a expressões mais intensas capazes de provocar
O
respostas. Miller (1950) descobriu que respostas
respostas emocionais de grande magnitude. emocionais condicionadas a verbalizações manifes
Embora a discussão precedente tenha iluminado tas se generalizavam extensivamente a seus equiva
R
dimensões individuais ao longo das quais as pistas lentes cognitivos, de modo que pensamentos de
eliciadoras de emoção podem ser ordenadas, em eventos com valências negativas geram forte reati-
muitos casos as hierarquias de estímulo podem ser
construídas variando as pistas em várias dimensões
simultaneamente. Além do mais, muitos problemas
psicológicos são de caráter multiforme, e, conse
G
vidade GSR, ao passo que pensamentos de respos
tas que nunca tinham sido punidas falharam em
eiiciar qualquer excitação emocional. Barber e
Hahn (1964) mediram o desconforto subjetivo e as
KS
qüentemente, um núm ero de diferentes hierar respostas fisiológicas (batidas cardíacas, ten&ão dos
quias de estímulo contendo tanto pistas ambientais músculos frontais e redução da resistência da pele)
como produzidas por respostas pode ser necessá em sujeitos que recebiam um stress frio doloroso
rio para um dado indivíduo, a fim de abranger a ou então apenas imaginavam esta desagradável ex
gama completa das suas respostas de ansiedade.
O
gido a representações simbólicas de ameaças reais. Os indivíduos que, por uma ou outra razão, são
A apresentação simbólica evita a inconveniência incapazes de visualizar os estímulos ameaçadores de
prática e o estorvo das apresentações físicas gra forma vívida, ou para os quais as cenas imaginadas
duadas; também permite ao cliente terminar os es não evocam reações emotivas, provavelmente deri
D
tímulos provocadores de medo sem efetuar respos varão pouco benefício de uma forma exclusiva
tas de esquiva reais simplesmente pensando em mente cognitiva de tratamento de contracondicio
outra coisa qualquer. Como ilustramos na seção namento. Não está inteiramente esclarecido por
IN
precedente, as pessoas podem ser dessensitizadas a que, em alguns casos, os estímulos simbólicos não
imagens de comportamento agressivo, intimidade adquiriram espontaneamente, por meio da genera
sexual, rejeição social ou qualquer outro tipo de si lização, algum potencial de excitação emocional de
tuação provocadora de emoções. O procedimento suas contrapartes reais, às quais as respostas condi
de dessensitização elaborado por Wolpe, portanto, cionadas foram originalmente estabelecidas. Este
representa uma forma de contracondicionamento cog fenômeno pode refletir, em parte, o resultado de
nitivo na qual tanto os eventos aversivos como a uma forma particular de treinamento de discrimi
condição positiva oposta são verbalmente induzidos nação que influencia acentuadamente o gradiente
e sustentados por meio de uma auto-estimulação de generalização. Sob condições em que pensamen
encoberta, ao invés da apresentação emparelhada tos, sentimentos e verbalizações são aceitas e até en
dos próprios estímulos físicos. De modo diverso das corajadas, mas as ações manifestas correspondentes
formas diretas de descondicionamento nas quais, são punidas, o condicionamento emocional tende a
por exemplo, um coelho temido aparece em con se confinar às atividades reais. Este tipo de refor-
junção* temporal com respostas consumatórias posi çamento diferencial das verbalizações e ações é, de
280 DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO
fato, muitas vezes recomendado nos livros popula e chapéus de pluma, e sofria de persistentes “so
res sobre a educação dos filhos (Baruch, 1949), e nhos de ansiedade com pessoas jogando penas e
grandemente praticado socialmente. aves se dirigindo a ela”. As sessões de tratamento
Como os terapeutas só podem exercer um con foram conduzidas da seguinte maneira: Depois que
trole indireto sobre a auto-estimulaçào do cliente, sentimentos de um relaxamento tranqüilo foram
as condições de tratamento necessárias são às vezes hipnoticamente. induzidos pelo terapeuta, este pri
difíceis de criar e de manipular numa dessensitiza- meiro apresentava uma pena a distância e gra
ção cognitivamente mediada. Weinberg e Zaslove dualmente a trazia mais para perto, enquanto a
(1963), por exemplo, relatam que os indivíduos cliente não mostrasse nem perturbação subjetiva
ocasionalmente atenuavam a aversividade das si nem alterações no GSR. As repetidas apresentações
tuações apresentadas para sua visualização incorpo do estímulo foram intercaladas com sugestões de
rando elementos protetores. Lazovik e Lang (1960) relaxamento e tranqüilidade. Desta maneira, a mu
lher foi descondicionada a uma grande variedade
PS
similarmente descobriram que um sujeito fóbico,
que derivava pouco benefício da dessensitização, de estímulos físicos crescentemente perturbadores,
tendia a modificar a cena apresentada visualizando que incluíam penas de todos os tipos e tamanhos,
simultaneamente a si mesmo numa situação con bolsas cheias de penas, aves empalhadas com as
fortável. As respostas emocionais podem ser prote asas dobradas e esticadas, e, finalmente, aves vivas
U
gidas da extinção, com êxito, pela introdução de em gaiolas.
indícios de segurança discriminativos (Solomon, À medida que a cliente apresentava uma cres
O
Kamin e Wynne, 1953), Além das alterações que cente tolerância às penas, ela era encorajada a de
atenuam o estímulo, os indivíduos às vezes geram sempenhar uma série graduada correspondente de
níveis excessivamente altos de excitação, adicio tarefas em situações de vida real para aumentar
R
nando involuntariam ente elementos aversivos a ainda mais o descondicionamento e a generaliza
uma cena apresentada, Num esforço de aumentar ção. Depois de 20 sessões de tratamento, ela “ficava
o valor afetivo de estím ulos im aginários não-
excitatórios e de minimizar as modificações dos es
tímulos em direções não desejadas, muitas vezes se
dá instruções de verbalizar em voz alta o que estão
G completamente tranqüila dormindo sobre traves
seiros de penas, aceitava que se lhe jogassem pu
nhados de penas, podia pôr suas mãos numa bolsa
cheia de penas e não tinha mais medo de sair de
KS
visualizando a clientes que apresentam estes tipos casa ou de aves no jardim (pág. 65)”
de problemas (Wolpe, 1958). Freeman e Kendrick (1960) similarmente em
Os estímulos aversivos podem ser mais preci pregaram uma dimensão de estímulos físicos ao
samente controlados, a potência dos métodos de con- tratar uma mulher que se sentia aterrorizada por
O
tracondicionamento pode ser aumentada e os pro gatos, e respondia ansiosamente a uma grande va
blemas de transferência dos efeitos de extinção a riedade de objetos peludos. Os itens da hierarquia
situações de vida real podem ser em grande parte incluíam pedaços de materiais graduados quanto à
BO
ajudados com a utilização de objetos ou situações textura e à aparência que variavam desde o veludo
que realmente provocam ansiedade. Estes benefí a pêlos típicos de gato, gatinho de brinquedo, figu
cios ocorrem porque a reatividade emocional é ex ras de gatos, um gatinho vivo e, finalmente, um
tinta aos estímulos reais que exercem um forte con gato adulto. Assim como ocorre com os adultos,
trole sobre o comportamento de esquiva sob condi que são incapazes de produzir uma imaginação que
ções naturais, ao invés de a eventos simbólicos que produza excitação emocional, também é difícil em
EX
podem possuir um potencial excitatório mais fraco pregar a dessensitização simbólica com crianças pe
por causa da sua dissímilaridade com os instigado quenas. Conseqüentemente, as aplicações deste?
res primários. De acordo com este pressuposto, métodos a grupos de pouca idade tipicamente en
Strahley (1966) demonstrou que sujeitos fóbicos aos volvem exposições cuidadosamente graduadas aos
D
quais se exigia interagir com o objeto temido con verdadeiros objetos temidos (Bentler, 1962; En-
seguiram uma maior redução do medo e no com glish, 1929; Jones, 1924; Lazarus, 1960).
portamento de esquiva do que sujeitos que recebe
IN
vento progredindo desde brisas suaves a grandes Mais uma ilustração de como a extinção do de
tempestades de vento foram cuidadosamente ajus sempenho pode até suplementar o contracondicio
tadas em volume e turbulência às respostas emo namento envolvendo estímulos reais é oferecida
cionais da cliente, assim como vigiadas fisiologica- por Clark (1963) no tratamento da fobia a aves des
mente durante o tratamento. crito antes. Depois que um estímulo aversivo parti
cular tinha sido neutralizado com êxito (por
O contracondicionamento das respostas emocio
exemplo, uma única pena, uma bolsa cheia de pe
nais náo causa sérios problemas enquanto os estí
nas, uma ave empalhada) a cliente levou os objetos
mulos físicos puderem ser manipulados com facili
para casa. De forma similar, quando as reações
dade. Mesmo se os objetos reais não puderem ser
emocionais a aves em palhadas foram extintas,
introduzidos na situação de tratamento por causa
foram programadas visitas a um viveiro de aves e a
do seu tamanho e complexidade, a dessensitização
um museu que continha uma coleção variada de
pode ser realizada em contextos naturais nos quais
aves empalhadas. Nas últimas etapas do trata
PS
os estímulos críticos ocorrem com regularidade. Os
mento, após a dessensitização a uma ave viva, a
problemas de procedimento, porém, se tornam
cliente visitou, com o apoio da família, um parque
consideravelmente mais difíceis nos casos em que a
cheio de patos domesticados e outras aves. Como
excitação emocional é primariamente gerada por si
medida de precaução contra um possível recondi-
tuações sociais complexas ou pelo próprio compor
U
cionamento negativo pela exposição prematura ou
tamento da pessoa. Seria de considerável interesse
pela ocorrência de ameaças nào-antecipadas, a
neste caso experimentar com estímulos pictóricos
cliente recebeu instruções de se retirar da situação
O
graduados (Bandura e Menlove, 1968) ou seqüên
cias de interação social gravadas, Evidência preli ou terminar o comportamento de aproximação se
minar (Bandura, Blanchard e Ritter, 1969) indica este se tornasse emocionalmente perturbador.
R
que estes modos mais tangíveis de apresentação de Considerando os decréscimos de transferência de
estímulos, particularmente se combinados com pis situações imaginárias a situações de vida real, tare
fas cuidadosamente selecionadas e bem cronome
tas de modelação, podem extinguir a ansiedade de
forma mais completa do que quando as ameaças
subjetivas são cognitivamente reinstaladas. Estes
achados sugerem que seria vantajoso elaborar se
G
tradas deveriam ser incluídas como parte inte
grante da dessensitização. Neste tipo de trata
mento, a dessensitização formal é principalmente
KS
qüências graduadas filmadas para objetos e situa utilizada para reduzir as reações ansiosas o sufi
ções sociais que são fontes comuns de ansiedade. ciente para permitir aos clientes desempenhar as
respostas desejadas em situações anteriormente te
midas, onde a principal extinção das respostas
DESSENSITIZAÇÀO AUTO-APLICADA EM
emocionais ocorre,
O
agora, o agente de mudança manipula a apresenta dessensitização simbólica, mas como um método de
ção tanto dos estímulos provocadores de emoção tratamento em si. Hutchison (1962) tratou com
quanto dos estímulos competidores com a ansie êxito um técnico em eletrônica com uma longa his
dade, de tal forma que as respostas aos ültimos in tória de exibicionismo em 26 sessões, treinando o
dícios prevaleçam sobre as primeiras. À medida cliente a desempenhar um conjunto de respostas de
que uma pessoa possa ser treinada para manipular relaxamento imediatamente após a ocorrência de
EX
com habilidade estes dois conjuntos de eventos em estímulos que tipicamente precediam a exposição
suas experiências cotidianas, ela pode conseguir genital. As primeiras entrevistas foram dedicadas à
algum grau de dessensitização autodirigida. identificação das covariações essenciais entre os
Tarefas de desempenho graduadas foram em eventos sociais e as respostas exibicionistas. Neste
D
pregadas com êxito em certo grau em conjunção caso particular, os determinantes críticos envolve
com o contracondicionamento simbólico. Na reali ram críticas de seu supervisor ou de sua esposa, e
dade, uma vez que muitos indivíduos às vezes apre sentimentos de inadequação ligados às suas realiza
IN
sentam melhoras insuficientes no desempenho de ções profissionais e pessoais. O cliente recebeu
pois da dessensitização simbólica completa, Meyer treino no relaxamento até que foi capaz de induzir
(1966) adotou um procedimento no qual se exige um relaxam ento m uscular rápido e profundo.
que os clientes desempenhem comportamentos sob Desta forma, ao desempenhar as respostas de rela
circunstâncias ótimas de vida real depois que a an xamento imediatamente depois da ocorrência de
siedade foi com pletam ente extinta às situações experiências que eliciavam a exposição, ele foi
imaginárias correspondentes. A superioridade rela capaz de obter um controle completo do seu exibi
tiva deste tipo de abordagem é corroborada empi cionismo. Um estudo de acompanhamento reali
ric a m e n te p o r G a rfie ld , D arw in , S in g e r e zado um ano após o término da terapia revelou que
McBrearty (1967). Estes autores descobriram que o a exposição genital tinha sido completamente eli
com portam ento de esquiva era mais extensiva minada.
mente reduzido por uma dessensitização simbólica Wolpe (1958) relata um êxito considerável com a
combinada com tarefas de desempenho graduadas dessensitização autodirigida da impotência em ho
do que pela dessensitização sozinha. mens que eram sexualmente reativos, mas para os
282 DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO
quais a ansiedade produzida pelo desempenho do da excitação emocional pode servir de indício p a n
coito dava origem a ejaculações prem aturas, ou significar a presença dos eventos eliciadores
uma incapacidade de conseguir e manter a ereção. enigmáticos. Desde que o indivíduo seja capaz d e
Brevemente, o procedimento é o seguinte. O indi discriminar mudanças na sua excitação e induzir
víduo primeiro recebe treino no relaxamento pro respostas positivas de força suficiente imediata
gressivo como uma ajuda para contrabalançar as mente com o início da excitação, as respostas in
ansiedades eliciadas na situação sexual. Além disso, compatíveis autoprovocadas podem coincidir com
para assegurar resultados benéficos, ele é aconse os esdmulos eliciadores da ansiedade, desta forma
lhado a só se engajar no comportamento sexual assegurando os requisitos temporais do recondicio
quando tiver um forte desejo positivo para fazê-lo e n a me iHo. Em contrapartida, quando as pessoas
sob as circunstâncias mais favoráveis. É então ins apenas se engajam no relaxamento por um dado
truído a se deitar na cama com o parceiro de um período de tempo, geralmente no fim do dia, os
modo relaxado, mas inicialmente restringir a ativi eventos eliciadores e os neutralizadores estão essen
PS
dade sexual a carícias e jogos de amor preliminares. cialmente não-correlacionados.
A fim de evitar qualquer possível reforçamento da Na maioria das situações sociais as pessoas ob
ansiedade, nenhuma tentativa de coito é feita até viamente não podem cair num relaxamento muscu
que as inibições sexuais sejam suficientemente re lar completo. Este problema, porém, não impõe li
U
duzidas. À m edida que o descondicionam ento mitações sérias à utilidade do relaxamento, porque
prossegue, o cliente tende a exibir um aumento um certo grau de redução do stress pode ser obtido
O
gradual de reatividade sexual e eventualmente o por meio do relaxamento seletivo de grupos de
coito pode ser tentado depois que as ereções ade músculos que não estão em uso num dado mo
quadas forem conseguidas. Exemplos adicionais do mento (Jacobson, 1964; Wolpe, 1958). Além do
R
uso do relaxamento por indivíduos na autodireção mais, imagens positivas e atividades agradáveis nas
da ansiedade crônica são oferecidos por Jacobson quais é fácil se engajar podem servir de forma
(1964), e por Haugen, Dixon e Dickel (1958).
A extensão em que uma m udança estável no
comportamento pode ser produzida pela utilização
deliberada de respostas auto-induzidas que compe
G
ainda mais eficiente como redutores do stress.
Nas circunstâncias de respostas livres, o uso de
eventos positivos numa situação provocadora de
medo pode acelerar a eliminação das respostas de
KS
tem com a ansiedade e a suplantam, depende de se esquiva porque os indícios positivos permitem ao
elas servem primariamente para reduzir a aflição indivíduo se expor a ameaças durante períodos
ou para neutralizar os estímulos eliciadores críticos. mais longos, e não por causa dos seus efeitos de
Nas aplicações do relaxamento por Haugen, Dixon contracondicionamento diretos. Nelson (1966) des
O
e Dickel (1958), por exemplo, as pessoas são sim cobriu que os animais entravam, com-boa vontade,
plesmente instruídas a praticar o relaxamento mus numa situação temida duas vezes mais freqüente
cular, mas de outro modo os terapeutas parecem mente e ali permaneciam três vezes mais tempo
BO
mostrar pouco interesse nos estímulos determinan quando a comida estava presente na situação do
tes das respostas emocionais. Desta forma, um que faziam quando esta estava ausente. Contudo,
cliente que consegue um relaxamento suficiente animais que foram confinados no compartimento
para contrabalançar a ansiedade, pode obter um temido por um período de tempo equivalente sem
alívio tem porário, mas se os indícios eliciadores comida apresentaram uma quantidade similar de
estão ausentes durante este processo ele continuará redução do medo. O papel influente da duração da
EX
vulnerável aos estímulos perturbadores porque as exposição sobre a extinção é ainda corroborado por
suas propriedades de excitação não foram alteradas Proctor (1968), que apresentou filmes de cobras
de modo nenhum. Qualquer descondicionamento de uma duração de 5 ou 20 segundos a sujeitos
que possa resultar de um program a de relaxa com fobias de cobras num paradigma de dessensiti
D
mento dirigido exclusivamenre às respostas irá, zação. A exposição mais longa produziu maior re
portanto, depender da ocorrência contígua fortuita dução no com portamento de esquiva. Os dados
de estímulos eliciadores e respostas competidoras comparativos relatados por Nelson entram em con
IN
com a ansiedade. Por outro lado, nos programas de flito com o achado de Davison (1968) de que os es
dessensitização prescrita de Hutchison (1962) e tudantes que receberam apenas exposição aos estí
Wolpe (1958), os clientes são encorajados a induzir mulos aversivos sentiam mais afiição e apresenta
um relaxamento muscular profundo ou outras res vam menos extinção da esquiva do que sujeitos que
postas competidoras enquanto estão expostos aos estí tinham tido a mesma exposição emparelhada com o
mulos cruciais provocadores de emoção. Sob estas condi relaxamento. Os eventos positivos provavelmente
ções temporais, as propriedades motivacionais dos servem ta n to com o incentivos p ara a auto-
eventos estim uladores podem ser significativa exposição às situações aversivas como são redutores
mente modificadas. do medo.
Se os estímulos controladores das respostas emo A dessensitização auto-aplicada tem várias limita
cionais não forem identificados, os efeitos de des ções im portantes como método único de trata
condicionamento podem ainda ser conseguidos em mento. Em primeiro lugar, os indivíduos muitas
certo grau desde que as respostas competidoras vezes não têm um controle suficiente sobre a inci
ocorram numa relação temporal próxima. O início dência e intensidade dos estímulos aversivos e do
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICION AMENTO 263
contexto social no qual ocorrem (Wolpe, 1958). Em ças emocionalmente perturbadas sempre que elas
certas ocasiões será, portanto, difícil dispor de res estavam para ser expostas a situações potencial
postas competidoras de força suficiente para con mente eliciadoras de medo.
trabalançar experiências emocionais adversas. Em Que o alimento possa servir como um neutrali-
segundo lugar, as pessoas que exibem fortes ten zador da ansiedade eficiente obtém apoio da evi
dências de esquiva se inclinam a evitar situações dência sugestiva citada antes (John, 1961) de que a
temidas mesmo que objetivamente elas possam ser formação reticular possui sistemas excitatórios re
relativamente inócuas. Finalmente, em casos que ciprocamente inibidores que mediam atividades de
envolvem inibições severas e muito generalizadas, a fensivas condicionadas e alimentares. Durante a
extinção da ansiedade pode ser obrigada a come ativação alimentar, a resposta a estímulos aversivos
çar, sob condições controladas, no fim simbólico do é essencialmente eliminada. Geralmente se supõe
continuum da generalização dos estímulos. Depois que os procedimentos de contracondicionamento
que as respostas emocionais a ameaças imaginárias que empregam comida são limitados em aplicabili
PS
foram substancialmente reduzidas, o indivíduo se dade a crianças nas quais a excitação emocional não
acha numa posição mais favorável para tentar um pode ser reduzida por meios verbais. Na realidade,
comportamento prévia mente inibido em situações os adultos poderiam facilmente dirigir um curso in
progressivamente maís provocadoras de medo. teiro de desse nsitização por si próprios sistemati
U
camente emparelhando estímulos aversivos reais,
Atividades Antagônicas no pictóricos ou imaginários com atividades alimenta
Contracondicionamento res gratificantes. Tais contingências, de fato,
O
Com o objetivo de atingir o conLracondiciona- podem ser auto-aplicadas mais facilmente do que a
mento, estímulos aversivos que normalmente evo dessensitização baseada no relaxamento. Ainda está
R
cam respostas emocionais são introduzjdos na pre por demonstrar se este tipo de abordagem possui
sença de atividades incompatíveis. Embora o rela capacidades de contracondicionamento.
xamento tenha recebido a maior parte da atenção, Foi demonstrado que o relaxamento, que é em
uma grande variedade de operações foi em pre
gada para induzir tendências de respostas antagô
nicas. A prim eira aplicação deste princípio de
G
pregado mais como o redutor de stress na des
sensitização de adultos, aumenta a tolerância dos
estímulos aversivos e pode facilitar a eliminação do
KS
aprendizagem (Jones, 1924) se apoiou em alimentos comportamento de esquiva. Contudo, o seu modo
apetitosos. Este caso particular envolvia um menino de influência não é bem compreendido. Por causa
pequeno que exibia severas respostas de ansiedade do freqüente equacionamento da ansiedade com
de origem desconhecida a animais, e a uma pletora reatividade autonômica, as pesquisas nesta área se
de objetos peludos, incluindo casacos de pele, lã, preocuparam exclusivamente com os efeitos auto
O
tapetes de pele e penas. Ao testar as reações do nômicos do relaxamento. Foi relatado que o rela
menino a vários estímulos provocadores de medo, xamento muscular profundo diminui a pressão
BO
um coelho eliciou a resposta emocional maís forte, sangüínea (Jacobson, 1939), as batidas do pulso (Ja-
e portanto ele foi selecionado como o estímulo a ser cobson, 1940) e a reatividade GSR (Clark, 1963).
neutralizado. Numa avaliação mais sistemática dos efeitos fisioló
O contracondicionam ento foi obtido alimen gicos relativos do relaxamento, Grossberg (1965)
tando-se o menino na presença de estímulos pro comparou mudanças nas batidas cardíacas, con-
vocadores d e an sied ad e inicialm ente fracos, dutáncia palmar, e tensão dos músculos da testa
EX
mas progressivamente crescentes. Enquanto comia em estudantes universitários que faziam exercícios
o seu alimento preferido, um coelho numa gaiola de relaxamento a instruções gravadas em fita, ou
foi colocado no quarto a uma distância suficiente viam música que consideravam relaxante, ou sim
mente grande para não despertar reações emocio- plesmente foram solicitados a se relaxar da melhor
m aneira que podiam sem 'aju d a externa. Não
D
tuais respostas de ansiedade, e, eventualmente, foi sultados sejam aceitos com reserva porque a con
liberado da gaiola. Durante a fase final do trata tração aüva dos músculos durante os exercícios de
mento, não só o menino não demonstrava medo treino eleva as batidas cardíacas e diminui a resis
tendo inclusive posto o coelho em cima da mesa de tência da pele, o que confundiu os efeitos autonô
comer ou até no seu colo, mas espontaneamente micos do relaxamento.
verbalizou um sentimento positivo em relação ao Paul (1969) conduziu uma série de estudos nos
animal que previamente o tinha atemorizado. Tes quais os efeitos autonômicos do relaxamento mus
tes objetivos ulteriores mostraram que os efeitos da cular são comparados com os que acompanham su
extinção da ansiedade tinham-se generalizado a gestões hipnóticas de sonolência e relaxamento, e
todos os objetos peludos que ele temera anterior uma cond ição-controfe na qual os sujeitos simples
mente. Alguns terapeutas (Bettelheim, 1950), tra mente recebiam ordens para relaxar. Uma varie
balhando dentro de um contexto psicodinâmico, fi d ad e de m udanças fisiológicas é m edida, in
zeram uso extensivo de alimentos apetitosos para cluindo tensão muscular tônica do antebraço, bati
contrabalançar as respostas de ansiedade de crian das cardíacas, volume respiratório, condutância da
284 DESSE.NSITIZAÇÃO POR CONTRACOXDICIONAMENTO
pele, e diferencial de ansiedade. Tanto o treino do se então à criança que feche os olhos e imagine
relaxamento como a sugestão hipnótica reduzem a uma seqüência de eventos suficientemente próxima
reatividade fisiológica a imagens de stress, mas o da vida real para poder ser acreditável, mas na qual
relaxamento obtém decréscimos um tanto maiores. é entrelaçada uma história ligada a seu herói favo
Os estudos acima demonstram que os procedi rito (pág. 192)”. Depois que um grau suficiente de
mentos de indução do relaxamento podem dimi afeto positivo, foi criado, o terapeuta introduz na
nuir a reatividade fisiológica. Também foi mos narrativa o item mais baixo da hierarquia, e a
trado por Grings e Uno (1968), por meio de um criança é instruída a sinalizar se se sentir com
plano de “transferência de estímulos compostos", medo, infeliz ou desconfortável. Quando a criança
que a apresentação de um estímulo aversivo em registra perturbação, o elemento ameaçador é ime
conjunção com o relaxamento reduz as capacidades diatam ente retirado e as imagens positivas são
de excitação do indício temido. Os sujeitos foram acentuadas. Este procedimento continua até que o
separadamente treinados para reagir emocional item mais fóbico tenha sido neutralizado. Na maior
PS
mente ã uma luz colorida e a relaxar sempre que a parte dos casos, a imaginação redutora de excitação
palavra “agora” fosse projetada numa tela. Em tes pode ser apresentada e controlada de forma mais
tes subseqüentes, os sujeitos apresentavam as res eficiente em ensaios de condicionamento discretos
postas autonômicas mais fortes à pista de medo co do que sob a forma de uma narrativa contínua.
U
lorida, a resposta mais fraca quando as pistas de Imagens agradáveis e pensamentos tranqüilizado
medo e relaxamento eram apresentadas simulta res são muitas vezes usados nesta maneira com
neamente como um estímulo composto, e respostas adultos para aum entar os efeitos calmantes dos
O
de uma intensidade intermediária a um estímulo procedim entos de relaxam ento. C ontudo, não
composto contendo a pista de medo e uma palavra foram feitas tentativas para determinar os efeitos
R
neutra. Paul (1968b) relata uma relação posidva fisiológicos das imagens positivas, ou para determi
(r = 0,50) entre um índice fisiológico composto do nar se elas aceleram a extinção do comportamento
grau de relaxamento e a redução na resposta de de esquiva.
stress. Contudo, um procedimento de relaxamento
gravado em fita foi menos eficiente do que um
aplicado socialmente, tanto em induzir o relaxa
G Aqueles que muitas vezes medem experiências
agradáveis ou a redução do desconforto nos outros
tendem a adquirir propriedades positivas; conse
KS
mento como em atenuar a excitação a imagens qüentemente, a simples presença de tal indivíduo
estressantes. irá eliciar respostas afetivas positivas que podem
Um procedimento de relaxamento muscular in servir como neutralizadores da ansiedade. Um con
clui pelo menos três componentes distintos: suges tato social freqüente, mesmo não acompanhado de
tões tranqüilizadores de calma e relaxamento, ima funções de proteção, pode também dotar os outros
O
gens positivas, e tensão e relaxamento de vários de valências positivas (Cairns, 1966; Homans, 1961).
grupos de músculos. Os efeitos destes componentes Foi claramente demonstrado, tanto com sujeitos
BO
necessitam ser estudados separadamente, para de humanos como infra-humanos, que os estímulos
terminar se a atividade muscular em si contribui sociais familiares podem funcionar como redutores
significativamente para reduções no nível de exci de ansiedade. Mason (1960) descobriu que respos
tação. Parece pouco provável que a pesquisa fisio tas indicativas de perturbação emocional eram exi
lógica possa esclarecer os efeitos comportamentais bidas menos freqüentemente a situações de stress
do contracondicionamento numa grande extensão por macacos na presença dos companheiros do que
EX
até que uma teoria viável seja apresentada quanto à na companhia de macacos adultos (que eles ti
natureza e localização dos mecanismos que contro nham visto apenas raramente desde o nascimento),
lam o comportamento emocional. Como a evidên outros animais, ou quando estiveram a sós na situa
cia apóia fortemente um ponto de vista central e ção. A influência da familiaridade sobre a redução
do stress social recebe também apoio de um estudo
D
siedade que poderiam ser empregadas no contra para diminuir a excitação autonômica ao fracasso
condicionamento têm sobre os mecanismos de exci induzido do que a companhia de um estranho, cuja
tação centrai. presença não tinha valor de redução da aflição.
Lazarus e Abramovitz (1962) apoiaram-se oca Há motivos para esperar, dos achados de labora
sionalmente sobre imagens positivas para modificar o tório acima descritos, que as respostas induzidas pela
comportamento de medo de crianças para as quais relação podem servir para mitigar a excitação emo
o relaxamento não era exeqüível. Este procedi cional em certa parte. Wolpe (1958), de fato, ar
mento é idêntico ao método-padrão de dessensití- gumenta que os resultados favoráveis obtidos pelos
zação, exceto que os estímulos aversivos graduados métodos tradicionais de entrevista derivam prima
são apresentados dentro de um contexto de idéias riamente do contracondicionamento inadvertido da
positivas fortes. A criança é entrevistada sobre suas ansiedade pelas respostas positivas evocadas na re
áreas de interesse e sobre os seus ídolos, geral lação cliente-terapeuta. Esta interpretação é consis
mente retirados da televisão, filmes, histórias de tente com a conceitualização de Shoben (1949) do
ficção ou da própria imaginação da criança. “Pede- processo terapêudco, como aquele no qual a ansie
DESSENSITIZAÇÁO POR CONTRACONDICIONAMENTO 285
dade simbolicamente reinstalada é contracondiciona- nível de excitação. Como seria de esperar, este fe
da mediante associação com as reações de conforto nômeno não ocorria com um sujeito que tinha tido
derivadas da relação terapêutica. Embora este tipo de uma experiência negativa com o operador em al
descondicionamento seja possível, os dados de re guma ocasião antes da sessão experimental.
sultados revistos no capítulo introdutório sugerem A taxa na qual o comportamento emocional é ex
que ele não ocorre com qualquer grau de consis tinto por agentes terapêuticos que variam nas suas
tência. As altas taxas de evasão e freqüentes apre propriedades redutoras de stress não foi investi
sentações de com portam ento de esquiva pelos gada sistematicamente. Observações informais de
clientes que continuam em tratamento sugerem casos nos quais os pais servem como terapeutas na
que os terapeutas provavelmente eiiciam mais an eliminação do comportamento fóbico de seus filhos
siedade do que reações de conforto. Muitos dos (English, 1929) têm um valor sugestivo e estão
comportamentos amplamente prescritos do papel acordes com os achados experim entais. Uma
do terapeuta seriam, de fato, claramente contra- criança de 7 meses de idade tinha desenvolvido o
PS
indicados se fossem julgados primariamente em medo acentuado de um gato empalhado, com base
termos de sua função de induzir conforto. Os tera numa súbita experiência aversiva. Num esforço
peutas de persuasão psicanalítica, por exemplo, se para extinguir este medo, um terapeuta apresentou
esforçam muito para manter urri alto grau de am o animal empalhado repetidamente, mas cada vez a
bigüidade, baseando-se no pressuposto de que esta
U
criança reagia com afastamento, tremores e gritos
última facilita e intensifica respostas de transferên de susto. Quando o gato mais tarde foi oferecido
cia. Estudos controlados (Bordin, 1958; Dibner, na presença de ambos os pais, ela o aceitou com
O
1958), por outro lado, demonstram que o aumento hesitação e continou a exibir certa apreensão. Uma
da ansiedade sentida pelo cliente varia positiva breve experiência durante a qual a criança segu
mente com a ambigüidade do terapeuta. Desta
R
rava o brinquedo enquanto estava no colo da mãe
forma, enquanto a ambigüidade pode facilitar a eliminou eficazmente o medo residual; depois
generalização de padrões de resposta não apro disto, a criança prontamente aceitou o animal em
priados, ela é antitética ao contracondicionamento.
O fato de que a força das respostas produzidas
pela relação não pode ser facilmente controlada ou
G
palhado e brincava com ele aparentando felicidade.
As diferenças de aflição demonstradas pela criança
em relação ao objeto temido quando os pais esta
KS
rapidamente aumentada, se necessário para con vam presentes e ausentes são similares aos achados
trabalançar uma excitação emocional forte, coloca de Liddell (1950) com sujeitos infra-humanos de que
limitações adicionais na extensão pela qual as a presença da mãe aumenta a tolerância que seus
variáveis de relacionamento por si mesmas podem filhos evidenciam em relação a estímulos de stress.
criar as condições necessárias para a dessensitização Embora a eficácia relativa de diferentes pessoas pa
O
bem-sucedida. Respostas positivas induzidas pela ra mitigar a perturbação emocional não tenha sido
relação podem, desta forma, servir como um ad explorada, Bentler (1962) relata um caso no qual
BO
junto importante, mas não como um substituto uma mãe extinguiu completamente uma fobia de
confiável, para procedimentos mais poderosos de água na sua filhinha pequena reexpondo-a conti
neutralização da ansiedade. Mesmo se as reações de nuamente a quantidades progressivamente maiòres
conforto competidoras necessárias fossem forte de água no contexto de um contato maternal pró
mente estabelecidas, os resultados da dessensitiza- ximo suplementado por uma flotilha de brinquedos
ção permaneceriam imprevisíveis se a introdução muito queridos. A maioria dos pais similarmente
EX
explícito de induzir fortes reações de conforto, gados em casos nos quais os procedimentos psico
podem também acentuar o valor de indício de re lógicos para induzir atividades competidoras se
dução da ansiedade do terapeuta. Um estudo an demonstraram ineficazes ou inexequíveis por várias
tigo da hipnose feito por Estabrooks (1930) de razões (Friedman, 1966; Walton e Mather, 1963b).
monstrou que até uma pessoa que, nas experiências Brady (1966) fez uso extensivo de barbitúricos de
dos sujeitos, tinha sido indiretam ente associada ação curta (por exemplo, meto-hexitona de sódio)
com o relaxamento adquiria propriedades de desati em conjunção com instruções de relaxamento como
vação. Durante as fases iniciais deste experimento, um meio rápido de produzir um relaxamento mus
o nível de excitação autonômica dos sujeitos só de cular profundo. Este método foi aplicado com
crescia quando a hipnose era induzida. Contudo, notável êxito no caso do tratamento da frigidez
depois que tinham sido hipnotizados um certo nú grave em mulheres que raramente se engajavam no
mero de vezes, a simples presença do operador do coito porque este lhes causava considerável dor
aparelho antes da indução da hipnose tinha prati física, repulsa e ansiedade. Depois que foram des*
camente o mesmo efeito sobre o decréscimo do sensítizadas a hierarquias individualizadas de an
286 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO
siedade sexual, elas nâo somente se tom aram con transição de um estado sedado para um estado
sideravelmente mais reativas sexualmente como normal. Considerando que o comportamento de
chegaram a ter prazer erótico no coito. Num artigo esquiva é extensivamente controlado por estímulos
posterior, Brady (1967) reafirma a eficácia da des- externos, parece improvável que mudanças na es
sensitização baseada no relaxamento induzido por timulação interna expliquem adequadamente por
meio de drogas com uma variedade de perturba que animais podem mostrar uma perda dramática
ções ansiosas. Friedman (1968) relata taxas de êxito de 200 respostas recompensáveis sob influência da
similarmente elevadas no tratamento da impotência droga a apenas 3 respostas esparsas na mesma si
por meio da dessensitização com a ajuda de drogas. tuação sob condições não-drogadas (Sherm an,
Os resultados citados são suficientemente pro 1967). Uma interpretação alternativa envolveria
missores para justificar avaliações sistemáticas com déficits de aprendizagem, ao invés de generaliza
parativas do grau em que, se isto na reaiide ocorre, ção. As drogas, especialmente em altas dosagens,
podem produzir não apenas uma desativação pas
PS
os efeitos produzidos pelas drogas facilitam o pro
cesso de contracondicionamento. Existe alguma sageira mas também prejudicar as funções de
evidência de laboratório para indicar que os efeitos aprendizagem. Não esperaríamos que mudanças
tranqüilizantes benéficos das drogas podem ser comportamentais que são primariamente induzidas
parcialmente erradicados pelos seus efeitos retarda por via química persistam após a recuperação far
U
tários sobre a aprendizagem (Cole e Gerard, 1959; macológica. Por outro lado, doses ótimas que pro
Mitchell e Zax, 1959; Schneider e Costiloe, 1957). duzem efeitos tranqüilizantes benéficos sem afetar
negativamente os processos de aprendizagem po
O
Não apenas o condicionamento pode ser impedido
mas, se os resultados da experimentação animal deriam aumentar a extinção do potencial eliciador
forem aplicáveis a seres humanos, as mudanças in de ansiedade dos estímulos aversivos. Mesmo que
R
duzidas durante um estado drogado podem ter avaliações com parativas m ostrassem que isto
valor limitado de transferência. Barry, Etheredge e ocorre, as ajudas farmacológicas deveriam ser pri
mariamente restritas a pessoas que não se benefi
Miller (1965) descobriram que várias dosagens de
sódio amobarbital capacitavam os animais a reence-
tar uma resposta produtora de alimentos que tinha
sido previamente inibida pelo condicionamento do
Gciam com o uso exclusivo de procedimentos psico
lógicos. Tendo em vista os efeitos desagradáveis das
injeções intravenosas e os perigos potenciais da de
KS
medo, mas que a redução da inibição comporta- pendência das drogas com o uso repetido, os ga
mental fracassava na transferência para o estado nhos em extinção deveriam ser substanciais para
normal não-drogado. Um estudo por Sherman justificar o uso freqüente das drogas como adjuntos
(1967) sugere, porém, que o decréscimo da transfe dos procedimentos padronizados de contracondi
cionamento.
O
dio amobarbital restaurava o comportamento pre zantes” não irão necessariamente vivenciar uma ex
viamente inibido em animais durante o estado de tinção progressiva das respostas emocionais. A ob
sedação; contudo, sujeitos que experimentavam tenção de resultados permanentes de descondicio-
uma retirada abrupta da droga exibiam um decrés namento exige tanto a presença de um estado tran
cimo precipitado no desempenho ao nível do grupo qüilo ou positivo emotivo de força suficiente
de controle de sal, ao passo que aqueles que conti quanto reexposições judiciosas a estímulos cruciais
EX
ser determinada sem dados de um grupo que é tados, por outro lado, estão geralmente sedados de
descondicionado sob uma dosagem constante da forma tão profunda que não são capazes de muito
droga por um período equivalente de tempo antes recondiciona mento.
que a droga seja abruptamente retirada.
Acompanhamentos Fisiológicos do
Permanece a questão de saber por que os orga
nismos que repetidamente desempenham respostas Comportamento Emocional
de que têm medo, que são intermitentemente re As teorias da personalidade e da psicoterapia ge
compensadas durante um estado drogado, fracas ralmente diferenciam entre tipos de “impulsos” ou
sam em apresentar algum grau de extinção perma estados emotivos como se eles representassem for
nente do meda. Uma interpretação, favorecida por mas distintas de excitação fisiológica. Desta forma,
Barry, Etheredge e Miller (1965), pressupõe que num caso se admite que a pessoa esteja sofrendo de
ocorre uma extinção permanente, mas que a trans “impulsos hostis reprimidos” e ela é, portanto, en
ferência dos efeitos terapêuticos é impedida pela corajada a expressar a agressão física ou verbal
acentuada m udança de estímulos resultante da destinada a ser uma descarga do estado afetivo hos-
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACOND1CIONAMENTO 287
til incômodo. Em outro caso, a “ansiedade” pode estimuladoras induzentes sem dúvida desempenham
ser vista como a principal condição emocional que um papel influente. Desta forma, por exemplo, a
presumivelmente reflete uma forma um tanto dife excitação visceral que é gerada por uma estimula
rente de excitação fisiológica. Se os comportamen ção ameaçadora será provavelmente interpretada
tos emocionais rotulados como raiva, medo ou eu como medo ou ansiedade; excitação produzida por
foria fossem controlados por eventos fisiológicos obstáculos e pelas atividades impeditivas de agentes
separados, então, diferentes tipos de tratamento se frustradores tenderá a ser vivenciada como raiva; e
riam necessários para extinguir estes diversos tipos a excitação produzida por uma estimulação alta
de comportamento emotivo. mente agradável será identificada como alegria ou
Os estudos fisiológicos mostram que a grande va euforia. Num estudo destinado a identificar as ca
riedade de emoções que as pessoas vivendam fe- racterísticas das situações que poderiam servir
no m en o lo g icam en te não é aco m p an h ad a de como pistas para diferençar entre emoções, Hunt,
uma diversidade correspodente de padrões de res Cole e Reis (1958) descobriram que estudantes se
PS
posta fisiológicos. Nos procedimentos habitual inclinavam a avaliar eventos ambientais como pro
mente usados, os indivíduos são sujeitos a uma es vocadores de medo quando eram ameaçadores,
timulação que provoca medo ou raiva durante a como raiva, quando os agentes frustradores apare
qual mudanças em numerosas respostas fisológicas ciam de form a proem inente, e como tristeza
U
são simultaneamente registradas. A interpretação quando os objetos desejados eram irrecuperavel
destes achados é complicada pela falta de evidência mente perdidos.
independente de que os dois estímulos são com
O
Até mesmo a operação induzidora e sua excitação
paráveis quanto à aversividade. É conseqüente fisiológica associada podem resultar em emoções
mente difícil determinar se as diferenças obtidas diferentes dependendo da forma das pistas efetivas
R
são atribuíveis a dessemelhanças nos aspectos quali de modelação que servem para definir o comporta
tativos ou nas intensidades relativas dos estímulos mento emotivo apropriado sob condições de ambi
aversivos. Além do mais, como notou Duffy (1962),
a não ser que seja mostrado que estímulos dissimi
lares dentro da mesma classe emocional produzam
padrões idênticos de excitação fisiológica, a genera
G
güidade. De acordo com a teoria da emoção apre
sentada por Schachter (1964), quando uma pessoa
vivência um estado de excitação fisiológica e não
pode identificar claramente a sua fonte, a mesma
KS
lidade dos achados produzidos por um único estí condição emocional pode ser interpretada como
mulo de medo e um único estímulo de raiva ainda raiva, eüforia, ansiedade, ou outro tipo de senti
é questionável. mento, dependendo da natureza das influências ex
Baseado em manipulações nas quais os sujeitos ternas. A interação entre determinantes de mode
O
sentiam choques de intensidade crescente enquanto lação, cognitivos e fisiológicos, do estado emocional
o experimentador se mostrava alarmado por causa é revelada num experimento por Schachter e Sin
de um perigoso curto-circuito de alta voltagem no ger (1962), que procederam da seguinte maneira.
BO
aparelho, e nas quais também recebiam um trata Um grupo de estudantes universitários recebeu in
mento rude e sarcástico de um auxiliar, Ax (1953) jeções de adrenalina, um estimulante simpático, e
encontrou algumas diferenças sutis nas reações fi foi ao mesmo tempo corretamente informado de
siológicas à provocação da raiva e do medo. Dados seus efeitos físicos colaterais. Um segundo grupo
relatados por Schächter (1957), utilizando manipu de sujeitos também recebeu a adrenalina mas não foi
lações análogas, mostram uma reatividade cardio informado de seus efeitos colaterais, enquanto que
EX
vascular essencialmente semelhante ao medo e à outros estudantes recebiam uma injeção placebo de
raiva estimulados, mas ambos diferem significati uma solução salina. Imediatamente depois da ma
vamente de reações à dor induzida por um teste de nipulação experimental da excitação fisiológica,
um estímulo frio. Contudo, na base de categoriza- todos os sujeitos foram enviados a uma sala onde
D
ções subjetivas dos dados, o autor extrai uma especi foram expostos ao assessor do experim entador,
ficidade fisiológica maior do que os achados real supostamente outro sujeito, que apresentava uma
mente justificam. Parece pouco provável que dife raiva e agressão verbal considerável em relação ao
IN
renças pequenas num padrão de outro modo idên procedimento experimental. Os sujeitos do grupo
tico de reatividade fisiológica, são suficientemente adrenalina-não-informados apresentavam mais si
discrimináveis, se é que o são, para servir como pis nais de raiva do que os estudantes nas condições de
tas para diferençar entre diferentes estados emoti adrenalina-informados ou de placebo, que não di
vos. feriram um do outro. Em outra fase deste experi
Os resultados de estudos tanto fisiológicos como mento, foram empregados quatro tratamentos, os
psicológicos apóiam a conclusão de que um estado três descritos acima e um no qual os sujeitos rece
comum difuso de excitação fisiológica medeia di beram injeções de adrenalina e foram deliberada
versas formas de comportamento emocional e que mente informados de forma errônea a respeito de
os diferentes estados emocionais são identificados e seus efeitos colaterais, de maneira que não tinham
discriminados primariamente em termos de estímu nenhuma explicação adequada para o seu estado
los externos ao invés de pistas somáticas internas. de excitação. Nesta fase, o assessor se compor
Entre as pistas situacionais que ajudam a rotular tou numa maneira eufórica extraordinária, por
um dado estado de excitação fisiológica, as condições exemplo, jogando aviões de papel, brincando com
288 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO
um aro e jogando basquete com o equipamento que modificar diferentes formas de comportamehto
havia na sala. Os sujeitos que sentiram a excitação afetivo. A medida que os procedimentos de contra-
fisiológica e tinham sido erroneamente informados condicionamento podem neutralizar com êxito o
ou não-in formados sobre a base de sua reatividade potencial de excitação de eventos estimuladores va-
apresentaram muita euforia, ao passo que os sujei lenciados, então o método deveria ser aplicável não
tos igualmente excitados, mas que tinham uma ex apenas a problemas de ansiedade mas também a
plicação correta, e o grupo placebo nào-excitado emoções vivericiadas como hostilidade, ciúme, íuto
foram pouco afetados pelo comportamento do as ou qualquer outro nome. Deveria também ser pos
sessor. sível decrescer emoções rotuladas positivamente
Num experim ento relacionado, Schachter e por este mesmo método se a teoria do controle vis
Wheeler (1962) aumentaram a gama da excitação ceral não-específico fosse válida. Finalmente, alguns
autonôm ica aplicando adrenalina, uma injeção problemas emocionais poderiam resultar de um ro-
salina placebo ou clorpromazina, um depressor tulam ento errôneo de estados de sentim entos;
PS
simpático, a diferentes grupos de sujeitos. Depois aceito isto, a pessoa teria que ser ensinada a discri
de receber suas injeções, todos os sujeitos assistiram minar adequadamente os determinantes de seus es
a uma comédia tipo “pastelão”. O grupo injetado tados de excitação.
com adrenalina mostrou-se mais divertido, medido As pessoas muitas veies vivenciam uma deflagra
U
tanto por auto-relatos como por avaliações de com ção da ansiedade sem ser capazes de identificar os
portamento, do que os sujeitos placebo; ao passo estímulos evocativos. Nas terapias interpretativas
que o grupo injetado com clorpromazina foi o tais respostas emocionais são freqüentemente atri
O
menos afetado pela apresentação da comédia. buídas a causas hipotéticas operando a nível in
Pesquisas ulteriores, feitas por Nisbett e Schach consciente. Se a excitação emocional puder ser re
R
ter (1966), mostraram que os estados emocionais duzida em certa extensão por atribuir erronea
induzidos por estímulos am bientais são m ani mente as reações a fontes não-emocionais, então é
concebível que estímulos neutros pudessem se tor
puláveis até certo ponto, como foi demonstrado
pela excitação induzida por drogas. Aplicou*se aos
estudantes choques fracos ou muito intensos depois
de terem recebido uma pílula placebo. Metade dos
G
nar investidos de propriedades evocadoras de
medo se fossem erroneamente interpretados como a
fonte das reações de ansiedade.
KS
sujeitos em cada condição foi levada a acreditar
que os efeitos colaterais que acompanhavam a Sumário
droga eram similares a reações emocionais produ Neste capítulo, o princípio do contracondiciona-
zidas por choques, ao passo que os outros sujeitos mento foi discutido em relação à modificação do
O
foram corretamente informados de que o choque com portam ento em ocional pela neutralização
evoca sintomas excitatórios, como palpitações e tre do potencial de excitação dos estímulos ameaçado
mores. Os estudantes que receberam um choque res. O processo de recondicionamento é obtido
BO
fraco e atribuíram a sua excitação autonômica à pí induzindo-se atividades incompatíveis com as res
lula toleraram uma estimulação mais dolorosa e re postas emocionais na presença de estímulos causa
latavam menos dor do que aqueles que interpreta dores de ansiedade. Este modo de mudança com-
vam a sua excitação como devida ao choque. Còn- portamCntal se baseia no fato de que os efeitos
tudo, atribuir a excitação a uma fonte artificial não condicionados classicamente podem exercer um
tinha influência sobre a tolerância à dor quando os controle mediador, principalmente por meio de
EX
choques eram severos. Estes últimos achados indi mecanismos centrais, sobre o com portam ento
cam que os estados de excitação são menos suscetí aprendido instrumental mente.
veis a uma nova rotulação quando os estímulos con Três conjuntos de variáveis, umas necessárias e
troladores são aparentes e poderosos. outras apenas facilitadoras, foram destacados como
D
variáveis sociais e cognitivas podem desempenhar capaz de eliciar eventos competidores de suficiente
um papel crucial na determinação tanto da natu força para predominar sobre as respostas caracte
reza como da intensidade das emoções vivendadas, risticamente evocadas por indícios provocadores de
especialmente quando os indivíduos não podem ro emoção. Na prática, o relaxamento muscular, ali
tular adequadamente a fonte de sua condição de mentos apetitosos, imagens positivas, respostas afe
excitação. Desta forma, o mesmo estado de excita tivas induzidas pela relação, e agentes farmacológi
ção fisiológica pode ser vivenciado como euforia, cos que reduzem a excitação emocional foram em
raiva ou outro tipo de condição emocional depen pregados como neutralizadores da ansiedade. Estes
dendo das cognições definidoras e das reações afe tipos de atividades competidoras aumentam a tole
tivas dos outros às situações induzentes de excita rância dos estímulos aversivos, aceleram a taxa de
ção. dessensitização e geralmente favorecem a extinção
Os achados precedentes têm várias implicações de um comportamento de esquiva severo.
terapêuticas importantes. Não é necessário reduzir A segunda classe de variáveis pertence aos even
tipos específicos de excitação fisiológica a fim de tos provocadores de emoção. As questões aqui se
DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACOND1CIONAMENTO 289
relacionam com a identificação exata dos estímulos mente abrangem toda a gama de elementos aversi
determinantes do comportamento emocional, e as vos contidos nas situações de vida real. O contra
formas e imensidades com as quais os estímulos ex- condicionamento por si só também tende a efetuar
citatórios são neutralizados. Os tratamentos de con- melhoras comportamentais limitadas nas condições
tracondicionam ento são dirigidos, tipicam ente, em que a reatividade ansiosa é uma conseqüência
contra representações simbólicas de ameaças reais, realista de déficits comportamentais, ou quando as
porque, nesta última forma, podem ser facilmente recompensas associadas com o funcionamenrto res
controlados e o método pode ser aplicado a uma taurado são sobrepujadas pelas vantagens de per
variedade quase infinita de fontes de ansiedade. manecer comportalmente incapacitado.
Contudo, nos casos em que os estímulos simbólicos A dessensitização simbólica poderia servir prima
carecem de capacidade eliciadora ou outras condi riamente para diminuir o valor de evocação da an~
ções necessárias para se atingir a dessensitização siedade dos estímulos aversivos abaixo do limiar,
PS
não possam ser adequadam ente induzidas por para ativar o com portamento de esquiva, desta
meios verbais, as ameaças reais são apresentadas de forma permitindo às pessoas engajar-se, embora
forma física, pictórica ou auditiva. um tanto ansiosamente, num novo comportamento
Na maioria das aplicações do princípio de con- de aproximação. Isto oferece a oportunidade para
tracondicionamento, os eventos aversivos são ini
U
uma ulterior redução da ansiedade residual e do
cialmente aplicados de forma atenuada, d e modo comportamento de esquiva em situações naturais.
que as respostas em ocionais a serem contra- Em casos envolvendo perturbações ansiosas graves,
O
atacadas são relativamente fracas e podem portanto o descondicionamento poderá ter que começar com
ser extintas prontamente, A medida que itens fra estímulos simbólicos que estão suficientemente dis
cos perdem o seu valor <\e produção da ansiedade,
R
tantes das ameaças reais para evocar reações menos
estímulos progressivamente mais ameaçadores, qt^e intensas. Depois que as respostas emocionais aos es
presumivelmente foram enfraquecidos por meio de tímulos imaginários foram substancialmente redu
generalização dos efeitos da extinção, são introdu
zidos gradualmente. Embora a graduação dos estí
mulos não seja uma condição necessária para alcan
çar a dessensitização, ela permite maior controle do
G
zidas, o indivíduo estará mais preparado para se
defrontar com as situações de vida real correspon
dentes. O comportamento emocional pode ser mais
KS
completamente extinto suplementando-se a dessen
processo de mudança e produz uma eliciação da sitização simbólica com tarefas graduadas de de
ansiedade mínima quando comparada com abor sempenho, reforçamento positivo do com porta
dagens que envolvem uma confrontação repetida mento de aproximação desejado e procedimentos
com estímulos de alto valor ameaçador. de modelação apropriados. £ possível que a eficácia
O
A terceira variável se relaciona com os pré- da dessensitização em si seja ainda mais aumentada
requisitos temporais para a ocorrência dos resulta e os problemas de transferência reduzidos pelo uso
de ameaças mais tangíveis em conjunção com ativi
BO
Numerosas investigações de laboratório e estudos por meio da associação emparelhada repetida. Ou
individuais controlados utilizando o paradigma da tros mecanismos também estão operando. Alguma
dessensitização simbólica com o relaxamento mos redução no comportamento de esquiva indubita
tram que esta abordagem é eficaz para extinguir a velmente resulta da seleção de objetivos comporta
capacidade de excitação emocional dos estímulos mentais explícitos e reforçam ento positivo dos
D
aversivos e para reduzir o comportamento de es avanços progressivos em direção ao alvo escolhido.
quiva. Além do mais, melhoras generalizadas no As mudanças resultantes também refletem em
IN
funcionamento comportamental muitas vezes resul parte a influência da exposição a estímulos aversi
tam de mudanças especificamente induzidas. Con vos independentemente dos efeitos das atividades
tudo, análises mais refinadas do grau de transfe competidoras explicitamente program adas. Por
rência dos efeitos de extinção dos estímulos simbó este motivo, o procedimento multiforme, combi
licos a situações de vida real mostram algum de nando exposição graduada, eventos neutralizadores
créscimo da generalização. Não somente o número de ansiedade e reforçamento positivo, é geralmente
de respostas de aproximação que as pessoas podem mais eficaz para extinguir o comportamento de es
desempenhar com portal mente é geralmente menor quiva do que os componentes separados, sozinhos.
do que o número que foi neutralizado com êxito de Embora os métodos de contracondicionamento
forma simbólica, mas o comportamento de aproxi fossem primariamente empregados para extinguir a
mação restaurado é geralmente acompanhado de “ansiedade”, a evidência de que diversos compor
uma ansiedade moderada quando executado pela tamentos emocionais são mediados por um estado
primeira vez. Este decréscimo da transferência re difuso comum de excitação fisiológica indica que
flete em parte as limitações inerentes ao trabalho esta abordagem poderia ser aplicável também a ou
exclusivo com contranarres simbólicas que rara tras condições emocionais. Além do mais, os pro
290 DESSE N Srm A Ç À O POR CONTRÀCONDICIONAMENTO
cedimentos de contracondidonamento podem ser cípios que governam estas formas aversivas de con
utilizados não só para neutralizar eventos aversivos, tracondidonamento são discutidos no capítulo se
mas para atribuir valêndas negativas a estímulos guinte.
positivos que são potencialmente nodvos. Os prin
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Wolpin, M., & Raines, J. Visual imagery, expected roles and extinction as
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IN
PS
tos a m e a ç a d o re s p o d em ser n e u tra liz a d o s gramas de tratamento nos quais uma estimulação
associando-os com experiências positivas. Algumas aversiva é apresentada a alcoólatras no ato de beber
formas de disfunções psicológicas refletem um bebidas alcoólicas, e a travestis enquanto vestem
problema contrário, resultante do fato de que cer roupas de baixo de mulheres, a designação do pro
tas atividades ou objetos, que são potencialmente
U
cedimento é um tanto arbitrária.
nocivos ou socialmente proibidos, adquiriram um
valor de reforçamento excepcionalmente poderoso Desenvolvimento da Aversão
O
para o indivíduo. Tais desvios geralmente assumem Condicionada e da Esquiva
a forma de adição a várias drogas ou intoxicantes,
ou atração sexual acentuada a estímulos inapro- Os processos básicos envolvidos 110 desen\oiw-
R
priados como os manifestados no travesti, no feti- mento da aversão condicionada e da esquiva foram
chismo, no exibicionismo, na homossexualidade e em discutidos em detalhe no Cap. 5. Resumidamente,
outras expressões sexuais aberrantes. Às vezes são
feitas tentativas para controlar tal comportamento
pelo desenvolvimento de uma aversão condicio
nada aos estímulos positivamente reforçadores
G
um objeto ou uma atividade que é repeddamente as
sociada com experiências aversivas adquire algumas
das propriedades negativas do estímuka_ aversivo.
Enquanto os estímulos negativamente condicionados
KS
emparelhando-os contiguamente com experiências retiverem seus efeitos aversivos, o indivíduo estará
negativas. Elaborou-se uma série de métodos para inclinado a evitá-los.
produzir a aversão condicionada. Tais métodos têm Na maioria das investigações de laboratório da
sido aplicados principalmente às pessoas que dese aversão condicionada, estímulos anteriormente neu
O
jam obter controle sobre um comportamento in tros adquirem propriedades negativas. De maior re
tratável que pode produzir conseqüências-sérias a levância às questões da mudança comportamental,
longo prazo para elas. contudo, são os estudos que mostram que a aversão
BO
tal, os resultados negativos são correlacionados com as- contracondicionamento aversivo utilizou agen tes
respostas para inibir o desempenho de respostas farm acológicos nauseantes para criar as condições ne
IN
desviantes. O castigo que é tornado contingente ao gativas exigidas. Os procedimentos específicos se
aparecimento de um comportamento indesejável guidos nesta forma de terapia são bem ilustrados
pode temporariamente suprimir a sua ocorrência, por Lavin, Thorpe, Barker, Blakemore e Conway
mas se os estímulos positivos que evocaram o com (1961) no seu tratamento de um travesti masculino.
portamento estiverem ausentes durante a punição, O cliente, um chofer de caminhão, casado, com 22
provavelmente irão reter a sua atratividade. Embora a n o s , freqüentemente usava indumentária femi
as abordagens clássica e instrumental possam ser nina, padrão de comportamento que se iniciara na
facilmente diferenciadas operacionalmente, este úl primeira infância, quando ele ocasionalmente usava
timo procedimento muitas vezes produz, alguns dos os vestidos de suas irmãs. Após a puberdade, ele
efeitos do condicionamento clássico. Quando um tinha orgasmos quando vestido com indumentária
determinado comportamento é punido, os estímu feminina, e se masturbava com o acompanhamento
los que surgem -da' própria resposta punida e os de fantasias de travesti. Usar as vestimentas do
eventos ambientais presentes podem adquirir pro oütro sexo se tornara um poderoso reforço sexual,
297
298 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
mas o receio de conseqüências legais sérias; uma eventos positivamente reforçadores estão adqui
vez que ele ocasionalmente aparecia em público rindo um valor negativo e não um valor de alívio
vestido de mulher, e as pressões da sua esposa, in do desconforto. As exigências temporais ótimas são
duziram o paciente a procurar tratamento. difíceis de conseguir com o uso de agentes bioquí
Este caso ilustra a aplicação cuidadosa de vários micos por causa do início gradual e muitas vezes
dos requisitos para um contracondicionam ento imprevisível das reações fisiológicas. Em conse
bem-sucedido. Ao selecionar o estímulo condicio qüência, a apresentação dos estímulos condiciona
nado é necessário determ inar quais dos aspectos dos é tipicamente adiada para algum tempo depois
específicos dos eventos estimuladores têm maior va que as pessoas começam a exibir reações de náusea
lência positiva. Neste caso particular, por exemplo, ou outros sinais de desconforto crescente. Além da
notou-se que a textura ou as sensações táteis da in questão temporal, foi mostrado (Fromer e Berko-
dumentária feminina não produziam nenhuma ex witz, 1964) que estímulos aversivos com um início
PS
citação sexual, mas ver-se a si próprio no espelho gradual produzem respostas aversivas considera
vestido de m ulher era altam ente estim ulante. velmente mais fracas do que aquelas que têm um
Decidiu-se, então, empregar uma série de slides co início súbito. (3omo não existe nenhum modo eficaz
loridos do cliente em várias etapas de uso de rou de terminar abruptamente os estados aversivos in
pas de mulher, iniciando-se apenas de calcinhas duzidos pelas drogas, as reações de náusea são pro
U
até estar completamente trajado, para condicio longadas desnecessariamente. Além do mais, como
nar reações negativas a todos os aspectos do uso elas também tendem a subsidir gradualmente, o te
O
da indumentária do sexo oposto. Além disso, uma rapeuta carece de critérios fidedignos para precisar
gravação em Fita do cliente descrevendo o compor o momento de retirada dos estímulos condiciona
tamento de travesti mostrado (por ex., “eu agora dos a fim de evitar a sua associação com a redução
R
vesti e estou usando calcinhas de mulher”) acom do desconforto.
panhava cada slide. As pistas auditivas eram prima Além dos problemas criados pelo controle inade
riamente usadas para aum entar o estímulo condi
cionado, para assegurar a presença do estímulo
caso o cliente não estivesse prestando atenção aos
slides e para facilitar os efeitos de generalização.
G
quado sobre a razão do início, duração, intensidade
e recuperação da atividade da droga, efeitos colate
rais fisiológicos indesejáveis são às vezes produzi
dos, exigindo a administração de remédios adicio
KS
Injeções intram usculares de hidrocloreto de nais. Algumas das ações das drogas que acompa
apomorfina serviram como o estímulo incondidona- nham, mas não estão relacionadas com, os ^feitos
do, embora ocasionalmente hidrox cloreto eme- em razão dos quais estão sendo administradas, po
tina tenha sido substituído depois que a tolerância dem, naturalmente, prejudicar o próprio processo
O
do cliente à apomorfina tenha aumentado. Tão logo de condicionamento. Drogas de ação depressora
ele dissesse estar nauseado, era projetado um slide central diminuem o condicionamento,- ao passo que
sobre a tela e iniciava-se a rotação da fita; os estímu drogas estimulantes facilitam a formação de respos
BO
los pictóricos e auditivos eram prontamente retira tas condicionadas (Franks, 1966). A emetina é, pois,
dos dêpois que os vômitos começavam. O cliente geralmente favorecida, uma vez que a apomorfina
recebeu 66 ensaios eméticos, um cada duas horas, tem efeitos sedativos. Quando esta última droga é
durante seis dias, À medida que o condicionamento usada, estimulantes como sulfato de dexanfeta-
aversivo progredia, o travestismo assumiu suficien mina (Lavin et al., 1961) ou cafeína (Freund, 1960)
tes propriedades desagradáveis, de modo que o
EX
pleta do comportamento travesti e continuada indi emetina seja mais apropriada porque não possui
ferença a roupas que anteriormente o excitavam. propriedades depressoras, sua administração fre
IN
Em outras seções deste capítulo analisamos nu qüente pode resultar em seqüências cardiovascula
merosos estudos, nos quais drogas eméticas, usual res (Barker, Thorpe, Blakemore, Lavin e Conway,
mente apomorfina ou emetina, foram empregadas 1961). Finalmente, o uso de métodos farmacológi
para criar aversão. Existem, contudo, muitas des cos exige a hospitalização e impõe certas limitações
vantagens nos procedimentos farmacológicos que sobre a maneira pela qual os estímulos condiciona
impõem certas limitações à sua utilidade e aplicabi dos podem ser apresentados.
lidade. A estimulação elétrica aversiva foi crescentemente
Estímulos contíguos com o início das experiências empregada no tratamento aversivo, principalmente
aversivas gradualm ente adquirem propriedades porque perm ite um controle preciso sobre as
negativas, ao passo que estímulos associados com a variáveis de condicionamento (Rachman, 1965).
redução ou o término do desconforto podem na Choques aversivos podem ser apresentados e ter
realidade adquirir uma função paliativa (Mowrer, minados abruptamente; podem ser facilmente va
1960). É, portanto, necessário exercer um controle riados em sua duração e intensidade; e, exceto no
preciso sobre a introdução temporal e a seqüência caso de perturbações cardíacas, não produzem ne
de variáveis estimuladoras para assegurar que os nhum efeito fisiológico adverso. Este controle
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 299
maior torna possível não só organizar relações capaz de conseguir um controle temporário sobre a
temporais ótimas entre os estímulos condicionado e d roga adição num médico fazendo com que ele
incondicionado, mas também conduzir numerosos aplicasse a si mesmo um choque por meio de um
ensaios de aversão numa só sessão. O tratamento aparelho portátil sempre que o desejo da droga
pode até ser auto-aplicado em situações naturais aparecia.
nas quais o comportamento-problema é evocado.
Nos métodos discutidos até agora, o contracondi
Durante os ensaios de condicionamento, choques cionamento aversivo é obtido por meio de uma as
m oderadam ente severos são aplicados ao ante sociação repetida de uma náusea criada farmacolo-
braço (Kushner e Sandler, 1966) ou aos pés (Bla- gicamente ou por meio de uma estimulação elétrica
kemore, Thorpe, Barker, Conway e Lavin, 1963) desagradável. Uma abordagem muito mais interes
do cliente em conjunção com os eliciadores do sante, que tem numerosas vantagens sobre os estí
comportamento indesejado. Um número de ensaios mulos físicos nocivos, envolve a aversão induzida sim
PS
de choque são apresentados durante cada uma das bolicamente. Nesta form a de contracondiciona
sessões, que são marcadas num período de uma ou mento, eventos de valência positiva são repetida
duas semanas. mente emparelhados com fortes sentimentos de
Às vezes é difícil introduzir no tratamento os náusea e respostas eméticas que são verbalmente
U
eventos estimuladores do comportamento desviante induzidas. Os conteúdos negativos verbais são ge
na forma e intensidade com as quais são geral ralmente retirados de experiências desagradáveis,
mente encontrados nas situações do dia a dia. Con
O
dolorosas ou revoltantes que ocorreram anterior
seqüentemente, as reações de aversão podem ser mente em conexão com os objetos e atividades
condicionadas a representações verbais, pictóricas prazeirosos ou em outros contextos. Como nos ou
R
ou imaginárias dos verdadeiros objetos do estímulo, tros paradigmas, os ensaios de condicionamento
com a esperança de que ocorrerá uma transferên são continuados até que os estímulos anteriormente
cia suficiente para inibir tendências de aproxima positivos por si só eliciam sentimentos de revulsão.
ção nas situações de vida real. McGuire e Vallance
(1964) elaboraram um aparelho de estimulação elé
trica portátil que torna possível ao cliente, depois
G
Miller (1959, 1963) oferece várias ilustrações do
uso bem-sucedido dos métodos de aversão simbóli
KS
de algum treino preliminar, efetuar o seu próprio cos na modificação do homossexualismo e do alcoo
contracondicionam ento em contextos naturais lismo. A maioria dos homossexuais vivenciou rea
sempre que se sente impelido a desempenhar o ções específicas de desgosto, numa ou outra época,
comportamento desviante. nas relações íntimas com certos parceiros masculi
nos. Durante o tratamento,reações nauseantes revi
O
mente provocadoras, fotografias de pessoas vesti são tipicamente reforçadas por ensaios suplementa
das com roupas fetichistas eram empregadas como res de condicionamento com intervalos mensais du
estímulos condicionados. Além disso, ele foi encora rante o primeiro ano. Além de ligar uma valência
jado a usar o aparelho de condicionamento em casa negativa a respostas e objetos de amor homoeróti-
sempre que sentia vontade de se masturbar. As fan cos, os procedimentos de contracondicionamento
tasias fetichistas foram completamente eliminadas simbólico são também empregados para aumentar
dentro de um curto período, a incidência do com o valor de reforço positivo dos estímulos heterosse
portamento masturbatório foi substancialmente re xuais. No caso ilustrativo acima, o cliente participou
duzida, e naquelas ocasiões em que ele se mastur ao mesmo tempo num número de sessões nas quais
bava, pela primeira vez em sua vida este compor certos atributos femininos, que ele achava d e
tamento foi acompanhado por fantasias heterosse sejáveis, eram hipnoticamente aumentados e asso
xuais. Os autores relatam resultados favoráveis com ciados às mulheres. Embora nas poucas ocasiões em
o uso do procedimento de autocondicionamento que o cliente tinha tido encontros com moças ele
para reduzir ruminações obsessivas, obesidade, escolhera tipos masculinos, após o tratamento de
fumo e alcoolismo. Similarmente, Wolpe (1965) foi contracondicionamento, era atraído por, e n u r c u a
300 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
encontros com, mulheres que possuíam atributos Uma visão alternativa dos efeitos de contracondi
fémininos acentuados. cionamento é a de que estímulos externbs adqui
rem a capacidade de ativar um mecanismo de
No tratamento de aversão do alcoolismo, que auto-estimulação o qual, por sua vez, produz as
será revisto mais adiante, experiências de ressaca Teações aversivas. Assim, por exemplo, depois que
verbalmente revividas são associadas contigua- uma pessoa repetidam ente experim entou forte
mente com o cheiro e gosto das bebidas alcoólicas. náusea em conjunção com bebidas alcoólicas, a
Técnicas essencialmente similares de aversão sim simples visão ou cheiro do álcool a leva a reviver
bólica foram aplicadas numa base limitada ao tra suas experiências nauseantes passadas. Nesta con
tamento da obesidade (Cautela, 1966), alcoolismo ceitualização as reações aversivas, são, em grande
(Abram s, 1964; Anant, 1967), adições e perversões parte, auto-induzidas e não automaticamente evo
sexuais (Kolvin, 1967). As principais vantagens cadas. Se a auto-estimulação aversiva estabelecida
desta técnica é que ela não tem efeitos colaterais
PS
por meio do contracondicionamento é suficiente
aversivos, é altam ente adaptável e as pessoas mente potente, uma pessoa pode ser capaz de com
podem ser ensinadas a aplicar o tratamento a si bater a disposição para se engajar num comporta
mesmas nas situações naturais nas quais o seu com mento desviante pela reinstalação simbólica de rea
portamento problemático tende a ocorrer. ções de náusea sempre que necessário.
U
A maneira pela qual o contracondicionamento é
PROCESSOS QUE GOVERNAM A AVERSÃO aplicado irá diferir em muitos aspectos importan
CONDICIONADA
O
tes, dependendo de se ele é visto como uma forma
A maneira pela qual os procedimentos aversivos de imunização automática ou uma técnica de auto
controle. No primeiro caso, os métodos que permi
R
são empregados e a durabilidade das aversões re
sultantes tendem a ser influenciadas num grau con tem administração precisa e uma determinação exa
siderável pela nossa conceitualização do mecanismo ta do momento da aplicação dos estímulos são favo
mediante o qual a estimulação aversiva produz os
seus efeitos. A maioria dos relatos tradicionais do
contracondicionam ento produz a impressão de
G
recidos. Na segunda abordagem, por outro lado, os
procedimentos são elaborados para desenvolver
aversões a certos objetos ou atividades, aversões
estas que são fortes e facilmente recriadas. Para
KS
que, como resultado da associação em parelhada
com as experiências negativas, estímulos anterior este objetivo, os agentes verbais e farmacológicos
mente positivos evocam reações aversivas direta e podem regenerar aversões mais naturais e simboli
automaticamente. A relação tem poral entre os camente reproduzíveis do que o choque elétrico,
eventos estimuladores é, portanto, considerada cujas manifestações fisiológicas são relativamente
O
como um determinante principal da força e durabi sutis. U n procedimento ótimo pode envolver ini
lidade das aversões condicionadas. Como mostra cialmente o uso combinado de indução verbal e de
drogas eméticas ou choques para criar reações
BO
sujeitos são apenas informados de que um dado es um sistema aversivo de auto-estimulação foi estabe
tímulo não será mais acompanhado de estimulação lecido com suficiente força, os indivíduos seriam
dolorosa. Além do mais, respostas emocionais con instruídos a evitar se engajar no comportamento
dicionadas podem ser estabelecidas cogni tivãmente desviante induzindo deliberadamente reações de
sem o apoio imediato da estimulação aversiva ex náusea. Quando aversões condicionadas são vistas
D
terna. Já que nos tratamentos aversivos as expe como reações auto-induzidas ao invés de produtos
riências negativas associadas com as atividades automáticos de emparelhamento de estímulos, o
IN
agradáveis são relacionadas com o comportamento agente de mudança assume maior responsabilidade
de forma arbitrária e não-intrínseca, os indivíduos para dispor de incentivos positivos com o objetivo
podem facilmente discriminar que, na vida diária, dè assegurar que os indivíduos utilizem este meio
as mesmas atividades não somente não são acom potencialmente efetivo de autocontrole. Num pro
panhadas de conseqüências desagradáveis, mas po grama compreensivo de tratamento, esta prática se
dem, de fato, ser altam ente recom pensadoras. ria, naturalmente, usada em conjunção com Outros
Dado o controle cognitivo sobre os efeitos de con métodos de autocontrole, assim como procedimen
dicionamento e contingências situacionais acentua- tos destinados a reduzir a instigação para se engajar
damente diferentes, poderíamos esperar que as no comportamento desviante.
aversões condicionadas fossem facilmente extintas e Quando algumas pessoas que se submeteram ao
que mostrassem pouca transferência do tratamento tratamento aversivo mais tarde revertem a suas ati
para as situações da vida real. Por outro lado, existe vidades desviantes, estes resultados são muitas
uma evidência considerável de que revulsões esta vezes atribuídos a deficiências inerentes ao próprio
belecidas usualmente se generalizam a outras situa procedimento de condicionamento. Tipicamente, a
ções e podem ser relativamente de longa duração. escolha inadequada de ocasiões, a má seqüência dos
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 301
eventos estimuladores, a seleção de agentes aversi imediatas aos estímulos que tipicamente evocam o
vos inadequados, e os déficits de condicionabilidade comportamento.
são invocados como fatores explanatórios. Similar O principal valor dos procedimentos aversivos é
mente as recomendações para aumentar a eficácia que eles fornecem um meio de obter controle sobre
deste método escolhem variáveis de condiciona- o comportamento nocivo durante um período de
mento. Estas incluem o uso de esquemas intermi tempo no qual modos de resposta alternativos e
tentes de reforçamento, a continuação dos ensaios mais recompensadores podem ser estabelecidos e
por um período suficiente para garantir a sobrea- fortalecidos. Usado sozinho, este método pode re
prendizagem, e a inclusão de tratamentos auxiliares sultar numa supressão apenas temporária das ten
em intervalos periódicos depois que o programa dências desviantes. A resposta à redução das taxas
formal terminou (Eysenck, 1963). Existe uma evi de reversão, portanto, reside no escopo do pro
dência sugestiva (Voegtlin, Lemere, Broz e 0 ’Hol- gram a de tratam ento em pregado ao invés das
PS
laren, 1942) de que a aversão condicionada e a es variáveis que operam no paradigma de condicio
quiva podem ser mantidas com êxito por meio de namento. Esta questão será discutida mais detalha
ensaios periódicos de recondicionamento. Apare damente no contexto da modificação de perturba
lhos portáteis que permitam a auto-aplicação dos ções específicas de comportamento.
estímulos aversivos e o uso judicioso de conseqüên
U
cias geradas simbolicamente, indubitavelmente re EVENTOS ESTIMULADORES NO
duziriam também a disposição para se engajar no TRATAMENTO DE AVERSÃO
O
comportamento desviante. Contudo, existe pouca As conseqüências de selecionar eventos estimula
razão para se esperar que o reforçamento intermi dores inapropriados para o tratamento aversivo são
tente aumentaria a durabilidade das reações aversi
R
consideravelmente mais sérias do que aquelas para
vas. O reforçamento parcial retarda a taxa de ex as abordagens de dessensibilização. Neste último
tinção ao reduzir a discriminabilidade das ocasiões caso, descondicionar um estímulo irrelevante ape
nas quais as conseqüências habituais ocorrerão ou
não (Spence, 1966). A aplicação de reforços de uma
maneira imprevisível pode produzir respostas con
dicionadas estáveis durante o tratamento, mas as
G
nas prolonga o tratamento, ao passo que os proce
dimentos anteriores podem estabelecer aversões e
comportamentos de esquiva desnecessários. Em
KS
bora os riscos associados com o contracondiciona-
condições de reforçamento que prevalecem na si mento aversivo sejam maiores, nos tipos de pertur
tuação de tratamento e na vida diária diferem acen- bações comportamentais que são usualmente trata
tuadamente e são facilmente distinguíveis. A mu das por estes métodos os objetos recompensadores
dança 5Ítuacional ordinariamente resultaria num são facilmente identificados (por ex., bebidas alcoó
O
rápido decremento de reatividade, a não ser que as licas, drogas específicas, objetos fetichistas, indu
funções cognitivas fossem utilizadas num sistema mentárias do sexo oposto, estímulos auto-eróticos).
de auto-reforçamento que poderia durar muito
BO
ansiedades. Esta taxa diferencial de reversão é pro portanto, uma questão importante. Um agente de
vavelmente atribuível às diferentes contingências mudança se defronta com a tarefa de apresentar
de manutenção associadas com estas duas formas estímulos aversivos suficientemente intensos para
de comportamento. No caso das condições compor- provocar forte aversão, ao mesmo tempo que res
tamentais envolvendo o medo, a remoção das res tringe a generalização a uma classe particular de
D
postas de esquiva permite às pessoas se engajarem atividades. Para conseguir este objetivo duplo, os
em muitas atividades potencialmente recompensa eventos estimuladores devem ser distintos e cuida
IN
doras, as quais, por sua vez, fortalecem mais ainda dosamente delimitados. Aplicações da terapia de
o novo comportamento estabelecido. Modificações aversão à modificação do homossexualismo servi
comportamentais iniciais tendem, portanto, a colo rão para ilustrar este último ponto. Tipicamente,
car em ação um processo positivo de influência re fotografias de homens nus, parcialmente nus e
cíproca. Em contraste, o comportamento sexual completamente vestidos são contiguamente asso
apetitivo e aditivo produz um reforçamento ime ciadas a experiências desagradáveis. Nestes casos,
diato muito poderoso, ao passo que as conseqüên as aversões são estabelecidas a uma classe geral de
cias aversivas que ocorrem são tipicamente muito estímulos, de modo que alguma generalização inde-
retardadas. Estes tipos de condições de controle re sejada possa ocorrer, mas os eventos esümuladores
sultam num comportamento que não somente é re- mais relevantes (isto é, práticas homossexuais espe
fratário à mudança, mas também facilmente reins- cíficas) não são incluídos no processo de condicio
talável por causa dos efeitos reforçadores que namento. Portanto, não há nenhuma segurança de
acompanham a sua recorrência. Os tratamentos de que o condicionamento negativo se transferirá ne
aversão tentam impedir a recorrência do compor cessariamente de modo extensivo de fotografias de
tamento desviante desenvolvendo reações aversivas homens a respostas homossexuais específicas a d o .
302 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
Está claro que uma transferência mais forte 'e cir tamento. Para ressaltar ainda mais os estímulos vi
cunscrita seria conseguida se as apresentações dos suais, muitas vezes são usadas gravações, nas quais
estímulos contivessem todos os aspectos do homos os clientes se descrevem engajando-se no compor
sexualismo que o tratamento pretende eliminar. tamento desviante, ou eles são instruídos para de
O problema da transferência negativa pode ser senvolver imagens mentais envolvendo as ativida
ainda mais complicado nos casos em que o compor des indesejadas. No tratamento aversivo do com
tamento existente é inteiramente satisfatório, mas portamento de jogo compulsivo, Barker e Miller
os estímulos evocadores são tão estranhos e pertur (1966), e Goorney (1968) utilizaram itens de jor
badores para os outros que são feitas tentativas nais, programas radiofônicos, apresentações na te
para anular suas capacidades deflagradoras por levisão e aparelhos de jogo reais que ordinaria
meio de procedimentos aversivos. Esta situação mente serviam de estímulos evocativos.
ocorre mais freqüentemente no tratamento de feti- Existe alguma evidência baseada na modificação
PS
chistas heterossexuais e travestis, os quais, para do alcoolismo (Lemere e Voegtlin, 1940; Quinn e
obter uma ereção e se engajar no relacionamento Henbest, 1967) e desvios sexuais (Marks e Gelder,
sexual, precisam usar as roupas de suas mulheres 1967) de que, quando um único estímulo é utili
(Blakemore et al., 1963), capas de chuva (Oswald, zado no contracondicionamento aversivo, as rea
U
1962) e receber pontapés com botas de borracha ou ções de aversão resultantes podem ser altamente
sapatos de salto alto (Marks, Rachman e Gelder, específicas àquela classe particular de estímulos.
1965). Tais modos singulares de excitação sexual Conseqüentemente, quando se deseja, como no tra
O
criam sérios conflitos conjugais, chegando até a tamento do alcoolismo, uma aversão generalizada,
condicionar revulsões nos parceiros sexuais. Um uma ampla amostra de estímulos é empregada.
R
problema similar existe quando são feitos esforços
para negar o valor de excitação sexual de fantasias Desvios Sexuais
de autoflagelação, fetichistas e sádicas que provo Existe uma considerável evidência intercultural
cam o comportamento masturbatório ou heterosse
xual sem suprimir o próprio comportamento. É de
considerável importância que, em muitos dos casos
G
(Ford e Beach, 1951) de que nas sociedades onde o
homossexualismo e o travestismo são socialmente
desaprovados, as inversões sexuais ocorrem rara
KS
publicados, fantasias sexuais mais apropriadas mente; em contraste, usar roupas do sexo oposto,
emergem à medida que o potencial deflagrador dós relações anais, contatos genitais orais e masturba
eliciadores estranhos é eliminado, e que o compor ção mútua são praticados regularmente pela maio
tamento sexual desejável é mantido no seu nível ria dos membros das sociedades nas quais tal com
original ou ainda aumentado (Blakemore et a l, portamento é completamente sancionado e positi
O
1963; Cooper, 1963; Kushner e Sandler, 1966; vamente reforçado. Enquanto que na nossa própria
Marks e Gelder, 1967; McGuire e Vallance, 1964; sociedade provocar dor no parceiro sêxual é consi
BO
Oswald, 1962; Raymond, 1956). derado uma perversão sádica, em outras culturas,
A direção e extensão da generalização de efeitos insinuações de dor, resultantes da agressão que
aversivos pode ser regulada mediante um pro normalmente acompanha as atividades de coito,
grama de reforçamento diferencial, no qual even servem como reforçadores sexuais poderosos
tos indesejáveis são repetidamente associados com (Holmberg, 1946; Malinowski, 1929). Também
experiências negativas, ao passo que os desejados existem variações culturais amplas nos atributos fí
EX
são em parelhados com conseqüências recom sicos e adornos que se transformam em estímulos
pensadoras ou não aversivas. A rotulação verbal sexuais culturalmente condicionados. O que adqui
pode também ser utilizada eficientemente tanto riu propriedades de excitação erótica em uma so
para delimitar o que está sendo condicionado nega ciedade — corpulência, magreza, seios hemisféricos
rijos ou seios longos pendurados, dentes brancos
D
poderiam ser suplementados com descrições do amplos ou pelve estreita e quadris estreitos, cor de
cliente, gravadas com a sua voz, engajando-se em pele clara ou escura — pode ser neutro ou alta
relações sexuais anais e interfemorais, relações ge mente repulsivo a membros de outro grupo social.
nitais orais, masturbação manual mútua e outras Estes dados interculturais que mostram a ampli
formas de reatividade erótica a homens. tude dos reforçadores sexuais preferidos são um
Parece razoável esperar que, como no caso da testemunho flagrante do papel influente da apren
dessensibilização, quanto mais inclusiva a represen dizagem social no desenvolvimento do comporta
tação de estímulos relevantes no programa aver mento sexual que pode ser julgado desviante por
sivo, e quanto mais similares eles são aos eventos da algum grupo social.
vida real, mais potentes serão os resultados do con- Embora a nossa sociedade imponha proibições
tracondicionamento. Esta prática geralmente é se sociais e legais severas contra certas formas de
guida no tratamento do fetichismo, travestismo, e comportamento, as quais se acredita que tenham
as várias adições, visto que, no caso de cada uma implicações sexuais, certos membros podem, não
destas perturbações, os estímulos atrativos podem obstante, vivenciar reforçamento pouco usual e in
ser facilmente incluídos nos procedimentos de tra fluências de modelação que servem para promover
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 303
PS
xuais excepcionalmente intensas. liar promove uma modelação transexual (Whitener
Litin, Giffin e Johnson (1956) descrevem o de e Nikelly, 1964). O comportamento apropriado ao
senvolvimento do travestismo num menino que sexo não é recompensado, e, quando os pais enco
continuamente se vestia com as roupas da sua mãe, rajam relações com os companheiros, as associações
homossexuais tendem a ser favorecidas (Fleck,
U
incluindo cosméticos e jóias, exibia um comporta
mento quase completamente feminino e até adotou 1960; Kolb e Johnson, 1955).
um nome de menina sugerido pela sua mãe. O O reforçamento ativo do comportamento sexual
O
vestir-se com roupas de mulher apareceu primeiro desviante por parte da mãe é novamente evidente
depois de um episódio no qual a mãe, em resposta no caso de um exibicionista de 17 anos descrito por
R
ao comentário do filho de que ela parecia bonita Giffin, Johnson e Litin (1954). A mãe muitas vezes
nos seus sapatos novos, o abraçou e deu-lhe seus tomava banho com o filho, se engajava em inter
sapatos velhos. Ele usou estes sapatos diariamente, mináveis discussões sexuais, gostava de se exibir a
obtendo considerável aprovação materna. A mãe
continuou a encorajar e recompensar o comporta
mento sexual inadequado com demonstrações de
G
ele, e sentia prazer em olhar o corpo nu do me
nino, especialmente os “seus belos dotes masculi
nos”. Um fetiche de roupas foi também condicio
KS
afeto e aprovação, enquanto que a avó e os vizinhos nado num menino de dez anos de idade por uma
suplementavam o treino materno no travestismo mãe que respondia com demonstrações de afeto
dando ao menino, em quantidades generosas, sapa sem pre que o menino acariciava sua roupa ou
tos velhos, chapéus, bolsas, véus de noiva e outras cumprimentava as mulheres pela sua indumentária
indum entárias femininas. Quando o com porta (Johnson, 1953).
O
mento invertido do menino se defrontou com de Que experiências eróticas podem dotar estímulos
saprovação por parte de outras pessoas, a mãe ten anteriormente neutros com propriedades^fle exci
BO
tou algum treino discriminativo, dizendo ao filho: tação sexual é apoiado pélos resultados de um inte
“Você nunca se deve vesiir assim na presença de ressante estudo de Rachman (1966), destinado a
pessoas estranhas, apenas na presença da família.” criar um fetiche moderado sob condições de labo
Num estudo de mães e esposas de 32 travestis, Stol- ratório. Depois que fotografias de botas femininas
ler (1967) descobriu que os sujeitos foram iniciados foram repetidamente associadas com slides de mu
no travestismo ao serem trajados em roupas de lheres nuas sexualmente estimulantes, os sujeitos
EX
m eninas ou ao serem m uito recom pensados exibiam excitação sexual (medida pelas mudanças
quando se vestiam a si próprios com indumentária de volume do pênis) às botas sozinhas e generaliza
feminina. O comportamento de travesti foi ainda ram as respostas sexuais condicionadas a outros
mais elaborado pelas mães e esposas que dedicavam tipos de sapatos pretos. De acordo com estes acha
muitas horas ensinando aos sujeitos como se vestir dos, McGuire, Carlisle e Young (1965) relatam que
D
com roupas femininas, como aplicar cosméticos e a sexualidade desviante muitas vezes se desen
como se comportar como mulheres. volve por meio de um condicionamento masturba-
IN
Litin, Giffin e Johnson (1956) mostram como tório, no qual fantasias sexuais aberrantes são do
uma mãe ativam ente condicionou o com porta tadas de elevado valor erótico por meio da repetida
mento de observação sexual no seu filho dormindo associação com as experiências prazerosas da mas
com ele, e sendo física e verbalmente sedutora en turbação. Os detalhes do seu esquema interpreta-
quanto aparecia nua à sua frente. Quando o me tivo e suas implicações terapêuticas, são discutidos
nino tinha seis anos de idade, a mãe lhe tinha mos mais adiante.
trado sua vagina várias vezes, mas depois ela aban Os casos acima descritos representam uma pe
donou o seu comportamento fisicamente sedutor quena amostra daqueles documentados nos relató
quando o menino sugeriu que tivessem relações rios aos quais nos referimos. Três variáveis de
sexuais. O comportamento fortemente estabeleci aprendizagem social emergem destes estudos natu
do de observação sexual do menino tinha se gene ralísticos como determinantes importantes do com
ralizado para a empregada e outras pessoas; even portamento sexual desviante. A primeira conside
tualmente ele foi preso pela polícia ao espiar nos ração envolve o grau em que os próprios pais mo
quartos de dormir de outras casas usando uma es delam padrões de comportamento homossexuais,
cada. fetichistas, travestis ou exibicionistas de forma fia-
304 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
grante ou atenuada. Em segundo lugar; uma vez de estímulos apropriados ou não por meio de pro
que as respostas são eliciadas, quer por instigação cedimentos de condicionamento diferenciais.
direta ou modelação, são dotadas de significado se
xual exagerado e forte valência positiva. Isto pode EFICÁCIA DAS ABORDAGENS CONDICIONADAS
derivar da associação repetida com demonstrações DE AVERSÃO NAS PERTURBAÇÕES SEXUAIS
de afeto relativamente intensas, com uma intimi Não existem estudos controlados da eficácia rela
dade física próxima ou do condicionamento mas- tiva dos tratamentos de aversão para a modificação
lurbatório. Na realidade, para muitas das crianças, do comportamento sexual desviante, mas há nume
pistas inadequadas e respostas não apropriadas ad rosos estudos de casos que possuem um certo valor
quiriram uma valência positiva forte e, em alguns de evidência. Estes resultados relatados, embora
casos, resultaram em padrões bem desenvolvidos muito interessantes, devem ser aceitos com reserva
de comportamento sexual muito antes do início da por várias razões. Muitos dos programas de trata
PS
puberdade. Em terceiro lugar, os pais tendem a mento envolvem uma combinação de métodos, o
manter as respostas sexuais desviantes das crianças que torna difícil avaliar a contribuição relativa dos
numa base instrumental por um longo período, procedimentos de aversão. Além do mais, as mu
tanto pelo reforçamento direto como pelo vicário. danças nos padrões de resposta sexuais são tipica
As respostas sexuais que adquiriram forte valên
U
mente medidas em termos dos auto-relatos dos
cia positiva podem tam bém se to rn a r auto- clientes, embora informações substanciais sejam ob
reforçadoras por meio das suas capacidades de re tidas por cônjuges e associados próximos sempre
O
dução de stress. A diminuição dos estados emo que possível.
cionais aversivos pelo engajamento no comporta Vários testes objetivos de excitação sexual foram
mento sexual pode refletir a operação de dois pro
R
desenvolvidos, os quais começam a ser empregados
cessos psicológicos um tanto diferentes. Primeiro, para medir o progresso durante o tratamento, o
as atividades sexuais podem produzir experiências grau de alteração nos padrões de excitação sexual
agradáveis suficientemente intensas para se opor a
sentimentos de apreensão ou frustração. Segundo,
o desempenho do comportamento sexual também
modifica a situação estimuladora, dirigindo tempo
G
no término da terapia e sua estabilidade ao longo
do tempo. Um dos procedimentos de laboratório,
o rig in alm en te elab o rad o p o r F reu n d (1963;
KS
Freund, Sedlacek e Knob, 1965) mede, por meio de
rariam ente a atenção da pessoa para longe dos uma aparelhagem especial, as mudanças no volume
eventos provocadores de stress. Esta mudança de do pênis em resposta a figuras de homens e mulhe
atenção pode por si só produzir alívio substancial res de várias idades, ou a outros objetos eróticos.
da ansiedade. Vários estudos de validação (Freund, 1967a, b;
O
Evidência desta função de redução do stress McConaghy, 1967) mostraram que esta medida
das respostas sexuais desviantes é mostrada num pode diferenciar com êxito entre pessoas com pre
relatório publicado por Cooper (1963). O cliente ferências homo ou heteroeróticas por adultos, ado
BO
inicialmente o comportamento de travesti servisse a duas exposições por segundo enquanto ele vê itens
uma função sexual, ele mais tarde adquiriu, por de teste alternando com padrões de controle empa
meio de uma contingência acidental, um valor ge relhados quanto ao brilho. O filme é depois aumen
neralizado de término da ansiedade. Um dia, en tado e o diâm etro.da pupila é medido manual
quanto sentia considerável apreensão por causa de mente, exposição por exposição, ou eletronica
D
um exame escolar, o cliente descobriu que vestir mente por meio de células fotoelétricas. Foi mos
roupas de m ulher provocava uma dim inuição trado que a dilatação da pupila ocorre em resposta
IN
abrupta da ansiedade. Depois disso, uma ampla a estímulos que têm alto valor de interesse, ao passo
gama de" situações de stress eliciava o compor que estímulos com valência negativa produzem
tamento de travesti. Vários outros autores (Bond e constrição da pupila. Achados de um estudo-piloto
Hutchison, 1964; Conn, 1954) notaram uma se (Hess, Seltzer e Shlien, 1965) no qual respostas pu
qüência comportamental similar na qual a tensão pilares de homossexuais e heterossexuais foram
crescente é abruptamente reduzida pela execução medidas em relação a figuras de homens e mulhe
de respostas sexuais desviantes. Estes dados obser res, confirmam que este procedimento pode dife
vacionais parecem indicar que o comportamento renciar preferências sexuais com considerável exa
sexual desviante de caráter especialmente persis tidão. Todos os heterossexuais apresentaram res
tente é provavelmente mantido não apenas pelo re postas maiores a figuras de mulheres do que a de
forçamento sexual, mas também pelos seus efeitos homens, enquanto que os homossexuais mostraram
de redução de tensão. um padrão oposto, Os autores sugerpm que sejam
Nas aplicações do contracondicionamento aver elaborados conjuntos de estímulos figurativos para
sivo a perturbações de natureza sexual, são feitas fornecer medidas fidedignas de atração sexual.
tentativas para mudar o valor de excitação sexual Contudo, o condicionamento aversivo pode ser di
CONTRA COND ICIONAM EN TO AVERSIVO 305
fícil de avaliar por meio de medidas da pupila por outros pesquisadores deveriam imitar. Um grande
que as respostas pupilares podem representar número de travestis e fetichistas recebeu um tra
interesse sexual ou o despertar da ansiedade condi tamento de aversão, no qual choques eram aplica
cionada a estímulos sexuais. Este problema inter- dos enquanto eles desempenhavam o seu compor
pretativo não ocorre com respeito às respostas de tamento desviante ou se imaginavam desempe
ereção. nhando estas mesmas atividades. Em cada caso, o
Embora seja habitual questionar o valor de estu processo de tratamento foi estudado registrando-se
dos de casos, os resultados favoráveis não devem ser as mudanças na excitação sexual por meio do uso
abandonados casualmente, visto que os desvios se de um aparelho para medir o volume do pênis. As
xuais são extremamente resistentes à mudança. atitudes dos clientes aos objetos de seu desvio, às
Padrões sexuais desviantes raramente mudam “es relações sexuais, a eles próprios e ao terapeuta
pontaneamente”, e eles se mostraram igualmente também foram medidas por escalas avaliativas do
não-reativos aos esforços planejados de psicotera- diferencial semântico. Além disso, mudanças pro
PS
peutas que empregaram variadas estratégias (Cur- gressivas na latência das imagens sexuais e as res
ran e Parr, 1957; Woodward, 1958). O fato de que postas acompanhantes de ereção foram registradas.
a maioria das pessoas que recebem terapia de aver Diferentes aspectos do comportamento desviante
são já tinha se submetido a formas tradicionais de do cliente foram modificados um de cada vez para
U
tratamento por períodos prolongados de tempo, determinar se as mudanças observadas refletiam a
porém sem qualquer grau de êxito, torna im operação de fatores gerais presentes em qualquer
provável que as modificações comportamentais que tratamento ou os procedimentos específicos de con
O
acompanham o contracondicionamento aversivo tracondicionamento.
sejam atribuíveis a variáveis interpessoais e cogniti A Fig. 8-1 mostra as mudanças durante o curso
R
vas que são proeminentes nas terapias de entre da terapia de aversão na freqüência e latência das
vista. A natureza e a brevidade do tratamento tam respostas de ereção de um travesti a diferentes ti
bém limitam a oportunidade para que os fatores pos de roupas femininas que ele usava regular
sociais exerçam uma forte influência sobre os resul
tados.
O método do caso individual pode ser eficiente
G
mente. No início do tratamento ele era altamente
excitado sexualmente por todos os itens. Os proce
dimentos aversivos foram então aplicados a um tipo
KS
mente empregado para avaliar a relação funcional de roupa de cada vez, começando com as calcinhas.
entre as variáveis de tratamento e as mudanças Após aproximadamente 20 ensaios, o cliente já não
comportameniais. Mostramos previamente como a apresentava quaisquer respostas de ereção às calci
replicação intra-sujeito fornece um meio de avaliar nhas, mas respondia com uma excitação sexual não
o papel das variáveis de reforçamento nos proces diminuída aos outros tipos de roupa remanescen
O
sos comportameniais. Nas suas medidas detalhadas tes. À medida que os outros itens foram contracon-
das mudanças que acompanham o contracondicio dicionados em série eles também perdiam a sua ca
BO
namento aversivo, Marks e Gelder (1967; Gelder e pacidade de excitação sexual. É importante notar,
Marks, 1969) oferecem um excelente modelo que contudo, que o cliente manteve 'uma reatividade
EX
D
IN
Figura 8-1. Mudanças na freqüência e latência das respostas de ereção de um travesti a diferentes tipos de roupa
femininos à medida que eram incluídos serialmente no contracondicionamento aversivo, \larks e Gelder, 1967.
306 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
sexual elevada a estímulos heterossexuais adequa experiências aversivas e foi virtualmente eliminada
dos depois que as fontes desviantes de excitação se depois que a contingência aversiva foi reinstalada.
xual foram eliminadas. A seqüência específica das A terapia de aversão produziu muitas mudanças
mudanças comportamentais obtidas pela aplicação flagrantes e duradouras no travestismo (Blakemore
repetida da estimulação aversiva fornece uma de et al., 1963; Cooper, 1963; Glynn e Harper, 1961;
monstração convincente de que a alteração da exci Lavin et al., 1961; Marks e Gelder, 1967; Morgens-
tação sexual foi na realidade produzida pelo pro tern, Pearce e Rees, 1965); no fetichismo (Kushner
cesso de condicionamento. Nos casos estudados, o e Sandler, 1966; Marks, Rachman e Gelder, 1965;
recondicionamento sexual foi seguido pela elimina McGuire e Vallance, 1964; Oswald, 1962; Ray
ção correspondente de desejos e atividades sexuais mond, 1956; Raymond e O’Keeffe, 1965; Thorpe,
desviantes. Schmidt, Brown e Castell, 1964); no exibicionismo
Os achados do estudo acima não só atestam a efi (Evans, 1967; Kushner e Sandler, 1966); e no ho
mossexualismo (Costello, 1963; Freund, 1960; Ja
PS
cácia do condicionamento aversivo, como também
ajudam a esclarecer a função estimuladora dos pro mes, 1962; Max, 1935; Miller, 1963; Thorpe et al.,
cessos simbólicos e sua modificação. Antes do tra 1964), Em outros casos envolvendo perturbações
tamento, imagens do comportamento desviante eli- semelhantes, a terapia de aversão efetuou cessações
ciaram respostas fortes de ereção. À medida que temporárias ou reduções no comportamento sexual
U
estas fantasias foram repetidamente associadas com desviante (Clark, 1963a, b; Freund, 1960; Oswald,
experiências desagradáveis, a latênda das imagens 1962; Thorpe, Schmidt e Castell, 1963). Outros
O
aumentou até que eventualmente elas só podiam clientes derivaram poucos benefícios deste modo de
ser produzidas com dificuldade considerável (Fig. tratamento (Freund, 1960; Solyom e Miller, 1965).
8-1). Além do mais, as ereções que originariamente É difícil identificar os fatores responsáveis pela
R
acompanhavam as fantasias diminuíram gradual eficácia diferencial dos métodos de aversão porque
mente com os ensaios sucessivos e eventualmente os casos envolvem variações na motivação para a
desapareceram, mesmo quando as imagens podiam
ser produzidas. O efeito seletivo do tratamento é
mostrado ainda pelo fato de que os dientes eram
capazes de produzir imagens heterossexuais sem
G
mudança, nos estímulos aversivos, na extensão em
que as atrações heterossexuais foram estabelecidas,
na duração do seguimento, no grau e duração do
comportamento homossexual, e na extensão em
KS
nenhuma dificuldade. que condições favoráveis às atividades heterosse
xuais existiam no ambiente. O papel influente de
O padrão de mudanças de atitudes correspondeu alguns destes fatores é revelado em estudos que
de perto às modificações conseguidas na excitação contêm um número sufidente de casos para com
sexual. Roupas sexualmente atraentes foram seleti
O
pedófilo e um homossexual foram tratados com a trantes podem im pedir o desenvolvim ento de
aversão simbólica num plano replicativo, empres aversões deixando de prestar atenção aos estímulos
tam maior apoio à contribuição de experiências atraentes e também deixando de produzir as ima
contíguas para as mudanças observadas. As respos gens acompanhantes. Podem dar sinais enganado
tas autonômicas e avaliativas aos estímulos sexuais res em pomos cruciais no procedimento onde o te
desviantes e a freqüência de seus impulsos sexuais rapeuta geralm ente depende da orientação do
foram medidas durante períodos em que imagens cliente. Podem até reverter a direção do coutra-
sexualmente excitantes foram emparelhadas suces condicionamemo evocando imagens heterossexuais
sivamente com a náusea induzida verbalmente ou enquanto estão sendo submetidos à estimulação de
ocorreram isoladamente. A excitação sexual des sagradável. Finalmente, se as reações de aversão es
viante declinou acentuadamente durante a fase de tivessem estabelecidas, elas poderiam ser facilmen
condicionam ento aversivo, aum entou gradual te extintas pelo fato de os clientes repetidamente
mente quando as cenas sexualmente excitantes se engajarem em atividades homossexuais. Qual
foram repetidamente apresentadas sem quaisquer quer que seja a razão, os resultados diferenciais as-
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 307
sociados com o desejo de modificar a orientação se m ostrada por Evans (1968), que descobriu que
xual reafirmam o ponto de vista de que, a não ser entre um grande grupo de desviantes sexuais 79
que os indivíduos se sintam comprometidos com os por cento usava fantasias desviantes enquanto se
objetivos escolhidos, seu comportamento tende a masturbava.
anular os efeitos dos programas de mudança. Nos casos em que as fantasias eróticas servem
McGuire, Cariisle e Young (1965) sustentam a como estímulos evocativos para atividades sexuais
tese interessante de que em alguns casos as prefe desviantes, o controle sobre o comportamento pode
rências sexuais desviantes são desenvolvidas me ser conseguido eliminando as fantasias aberran
diante um condicionamento m asturbatório. De tes ou as suas propriedades de excitação. Evans
acordo com os autores, três fatores geralmente (1967) relata um sucesso surpreendentemente ele
aparecem de modo proeminente nesta forma de vado no tratamento de sete exibicionistas pelo con
aprendizagem sexual. Em primeiro lugar, em con dicionamento aversivo de eventos estimuladores
seqüência de experiências heterossexuais desa imaginários. Neste procedimento, se apresentam
PS
gradáveis ou sentimentos de inadequação física e aos clientes frases produtoras de imagens que
social, a pessoa é levada a acreditar que não pode representam um comportamento normal heteros
conseguir uma vida sexual normal, Em segundo sexual ou atividades exibicionistas. As imagens ví
lugar, a pessoa usualmente *tem uma experiência vidas do comportamento desviante são associadas
U
sexual que por si só não é suficiente para estabele com choques, que o cliente pode eliminar mudando
cer preferências eróticas desviantes, mas ela esti para um slide que descreve respostas sexuais nor
mula uma fantasia para uma masturbação poste mais. Dos sete exibicionistas que terminaram o tra
O
rior. O principal condicionamento admite-se acon tamento, cinco não experimentaram mais nenhuma
tecer em relação com as representações simbólicas. vontade de se expor e cessaram por completo o
R
A medida que a pessoa repetidamente se masturba comportamento exibicionista, ao passo que os dois
tendo a fantasia com a sua descarga sexual exclu remanescentes reduziram a sua freqüência de ex
siva, as experiências agradáveis da masturbação posições genitais de um valor pré-terapêutico ele
dotam a fantasia desviante com um valor erótico
crescente. Este é essencialmente o mesmo meca
nismo pelo qual Rachman (1966) condicionou a ex
G
vado de 28 por mês a 2 episódios mensais. Num
estudo subseqüente, Evans (1968) descobriu que a
rapidez do condicionamento aversivo estava rela
KS
citação sexual a sapatos, exceto que ao invés de fo cionada com o conteúdo das fantasias masturbató
tografias sedutoras, os eventos deflagrantes são ex rias. Os exibicionistas que utilizavam fantasias mas
periências orgásmicas mais poderosas. turbatórias normais abandonaram o com porta
Os autores documentam a sua tese com dados mento de exibição dentro de cerca de 4 semanas de
tratamento, ao passo que aqueles que se engajavam
O
mulado sexualmente ao ver uma moça vestida ape cessassem as atividades desviantes. Resultados obti
nas com as roupas de baixo. Daí por diante, ele dos por Mees (1966) na modificação de uma fanta
freqüentemente se masturbava com o acompanha sia sádica sugerem que fantasias eróticas aberrantes
mento mental das imagens da moça pouco vestida. muito antigas podem ser eliminadas com mais efi
Eventualmente, a memória das características da ciência se, além do condicionamento aversivo, as
moça se apagou, mas os anúncios e as vitrinas nas imagens heterossexuais normais são induzidas e re
EX
aumentado ao ponto em que ele já não tinha mais Em muitos dos casos acima citados, os terapeutas
interesse pelas moças, mas derivava a sua estimula não apenas tentaram criar aversões a objetos ina-
ção sexual quase inteiramente das roupas de baixo propriados, mas também desenvolver atração a
IN
das m ulheres, que com prava ou roubava. Isso estímulos heterossexuais. Uma grande variedade
ajuda a explicar como fantasias extravagantes de técnicas diferenciais de condicionamento foi
podem adquirir uma valência sexual poderosa me empregada com este objetivo. Em uma dessas a-
diante a associação contígua com experiências mas bordagens, que é provavelmente muito pouco efi
turbatórias (Mark, Rachman e Gelder, 1965; Mees, caz, clientes homossexuais além de receberem en
1966) e, uma vez estabelecidas, por que elas são tão saios de condicionamento aversivo, vêem fotogra
refratárias à extinção. Outros relatórios de casos fias de mulheres nuas ou parcialmente vestidas vá
por McGuire e seus associados descrevem um pro rias horas depois da administração da testosterona
cesso semelhante no qual fantasias sexuais aberran (Freund, 1960; James, 1962). Os hormônios gona-
tes são reforçadas seletivamente; eventualmente, dais podem aumentar a excitação sexual, mas eles
elas se tornam capazes de provocar um comporta não determinam sua qualidade ou direção. Na rea
mento correspondente homossexual, exibicionista lidade, tentativas para tratar homossexuais pela
ou de observação. A prevalência do condiciona administração de grandes quantidades de andró-
mento masturbatório na sexualidade aberrante é genos simplesmente aumentaram os seus desejos e
308 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
comportamento homoerótico (Ford e Beach, 1951; Não obstante, Solyom e Miller descobriram, du
Perloff, 1965). Permanece duvidoso, portanto, se rante o tratamento de um grupo de homossexuais,
algum condicionamento positivo é obtido por este que as respostas pletismográficas a Figuras de mu
método. lheres se tornavam progressivamente maiores, ao
O condicionamento masturbatório também tem passo que as respostas a Figuras masculinas não se
sido empregado como um meio de aumentar as alteraram essencialmente. Isto sugere que o condi
propriedades de deflagração erótica dos estímulos cionamento diferencial produziu uma mudança de
heterossexuais. Como parte de um método de reaiividade predom inantem ente homossexual a
aversão-alívio, Thorpe, Schmidt, Brown e Castell uma reatividade bissexual. Contudo, estes achados
(1964) Fizeram com que os clientes se masturbassem são difíceis de interpretar porque, como os pró
diante de fotografias de mulheres atraentes e que prios autores reconhecem, a sua medida pletis-
utilizassem estas imagens em fantasias masturbató- mográFica não diferencia entre o deflagrar das rea
rias. Além disso, a estimulação de choque era apre ções sexuais ou de ansiedade. A excitação erótica
PS
sentada em combinação com frases que descreviam pode ser avaliada de modo mais válido em termos
práticas sexuais desviantes, ao passo que descrições de respostas de ereção do pênis, como demonstram
do comportamento heterossexual ocorriam com o Bancroft, Jones e Pullan (1966), que mediram mu
término dos choques, ü s autores relatam que fan danças nas preferências de vários objetos num pe-
U
tasias heterossexuais de elevado valor excitatório dófilo durante o curso da terapia de aversão. Esia
podem ser fortemente estabelecidas desta maneira. medida torna possível conduzir investigações sis
temáticas da eficácia relativa de diferentes proce
O
Num estudo anterior, Thorpe, Schmidt e Castell
(1963) descobriram que o condicionamento mas- dimentos de condicionamento para alterar prefe
lurbaiório por si só não eliminava fantasias homos rências eróticas. Também oferece um critério obje
R
sexuais, mas que um método combinado aos con tivo para determ inar a duração do tratamento,
dicionamentos positivo e negativo eventualmente desta forirta nos assegurando contra o término
prem aturo ou um prolongamento desnecessário
substituiu as fantasias homoeróticas por fantasias
heterossexuais. Na ausência de dados comparativos
de respostas sexuais de indivíduos que receberam
somente os ensaios aversivos ou o procedimento
G das sessões de condicionamento.
Deve ser enfatizado aqui que o condicionamento
da atração sexual a objetos apropriados constitui
KS
combinado, não é possível determinar o grau em apenas parte de um objetivo mais amplo de trata
que o componente positivo facilitou a mudança no mento. Pessoas que se engajaram em práticas se
interesse sexual. xuais desviantes por longo tempo precisam não
Uma estratégia diferencial combinada também somente desenvolver a atração heterossexual, mas
O
foi a empregada por Davison (1968) ao tratar de também padrões complicados de comportamento hete
um estudante universitário cujas atividades sexuais rossexual Isto pode exigir, entre outras coisas, a
eram confinadas à masturbação evocada por fanta aquisição de novos padrões de linguagem, estilos de
BO
sias de m achucar m ulheres. Prim eiram ente, o vestir, comportamentos de namoro, modos de es
cliente recebeu instruções para utilizar a fantasia timulação sexual que estão proximamente associa
sádica para induzir a excitação sexual, mas mastur dos com o coito heterossexual e muitos outros as
bar-se enquanto olhava Figuras de mulheres encan pectos do comportamento sexual. A medida que
tadoras retiradas da revista Playboy. Depois que os tais mudanças comportainentais tornam as pessoas
estímulos sexuais convencionais adquiriram um va
EX
PS
tratamento de aversão por si só parece ter muito
menos êxito nos casos em que o comportamento
desviante constitui o único meio de obter gratifica Ele experimentou os artigos de borracha uma se
ção sexual. Esta eficiência diferencial é bem ilus mana depois de deixar o hospital; descobriu que
trada pelo tratamento feito por Oswald (1962) em não lhe interessavam e descartou-se deles. Foi a
U
dois fetichistas atraídos por vestimentas de bor danças e outros eventos sociais pela primeira vez
racha. Em ambos os casos, a aversão a roupas de em anos. Depois de ü meses ele teve uma recaída e
O
borracha foi estabelecida com êxito, mas um dos depois de 4 meses adicionais levou o seu desvio às
clientes subseqüentemente voltou ao com porta autoridades militares e foi aposentado por invali
mento desviante. dez. Contou-me nessa época que pretendia morar
R
No primeiro caso, as roupas de borracha serviam em Londres onde havia outras pessoas que tinham
primariamente como estímulos excitadores para os mesmos interesses que os seus. Ele tinha voltado
padrões heterossexuais exclusivos de comporta
mento. O cliente se viu compelido a procurar tra
tamento por causa dos conflitos conjugais decor
rentes da recusa da sua mulher em usar a sua capa
G
ao prostíbulo, o qual, assinalou, anuncia numa pu
blicação semanal famosa que é encontrada em
qualquer banca de jornais, disfarçado de uma loja
de roupas de borracha. Tinha feito amizade com
KS
de chuva de borracha na cama. As propriedades de um homossexual masculino (sem ter relações se
excitação erótica dos estímulos fetichistas foram ra xuais com ele), o qual vira peia prim eira vez
pidamente eliminadas por meio de uma série de usando uma capa de borracha preta brilhante no
ensaios de contracondicionamento, em cada um Hyde Park numa noite linda de verão [pág. 202].
O
ções similares. Uma avaliação feita 21 meses após a comportamento heterossexual, desde que respostas
terapia é resumida como segue: “Ele se sente to alternativas já existam no repertório do cliente e de
talmente indiferente a roupas de borracha e custa a que um reforço positivo suficiente seja disponível
acreditar que jamais poderia ter tido interesse ne para mantê-las nas situações diárias. Estas condi
las. A sua carreira prosperou extremamente por ções estavam claramente presentes no primeiro
EX
seus próprios esforços e talentos, e sua mulher con caso revisto por nós, mas o segundo cliente exibia
firma que eles são normais, felizes na sua vida se apenas uni repertório heterossexual fracamente
xual e em geral [pág. 201].” desenvolvido, o qual evidenLemente foi extinto du
O segundo caso, um recruta militar de 32 anos, rante o período após o tratamento quando ele se
experim entava um a excitação sexual intensa tornou socialmente mais ativo.
D
sempre que se amarrava fortemente com uma bor A simples ausência do comportamento heteros
racha preta brilhante. Este comportamento feti- sexual em si não indica necessariamente um déficit
IN
chista aparentemente se originou de uma experiên coinportamental. Uma pessoa pode ter desenvol
cia anterior na qual um grupo de rapazes o pegou, vido certa capacidade e desejo por formas de se
amarrou uma peça de borracha sobre a sua cabeça xualidade culturalmente aprovadas, mas estas ten
e o masturbou. “Desde então ele costumava se dências são fortemente inibidas por causa de ansie
am arrar com lençóis de borracha, um capuz de dades heterossexuais. Portanto, é importante dis
borracha e cordas. Ele veio para o trátamento em tinguir entre déficits de desenvolvimento e efeitos
parte porque receava que pudesse se matar, já que inibitórios ao elaborar programas de tratamento
recentemente tivera dificuldade de se soltar (pág. suplementares à terapia de aversão. A inclusão de
201).” Exceto por uma ocasião na qual tivera rela procedimentos de extinção da ansiedade é espe
ções sexuais numa casa.de prostitutas equipado cialmente importante na modificação de compor
com casacos de borracha, capuzes, correias e maca tamento sexual desviante que é, em parte, mantido
cão de borracha, a masturbação servia como sua pelo medo de envolvimentos heterossexuais. Coo
forma predominante de comportamento sexual. As per (1963) relata um caso deste tipo que ilustra o
sessões de contracondicionamento procederam de uso combinado de terapia aversiva e dessensibiliza
forma similar à do caso acima relatado. Depois da ção autodirigida no tratamento de um farmacêutico
310 CONTRACOND1CIONAMENTO AVERSIVO
de 25 anos cujos problemas centrais eram o traves- neste caso tivesse se limitado ao condicionamento
tismo e a impotência. negativo das respostas de travesti, é altam ente
A discussão da necessidade de programas suple provável que qualquer comportamento heterosse
mentares até agora lidou com condições nas quais xual tentado teria sido rapidamente extinto e o tra-
os rep ertórios heterossexuais são mínimos ou vestismo poderia ter recuperado sua função de gra
fortemente inibidos. O escopo das intervenções tificação sexual.
também precisa ser estendido quando as mu Q uando o comportamento sexual desviante é
danças no comportamento não podem ser facil menos intensamente estabelecido, pode ser possível
mente conseguidas e mantidas devido a um refor- d isp en sar o co n traco n d icio n am en to aversivo
çamento sexual inadequado. Este problema é reve substituindo-o por um programa de tratamento ba
lado no tratamento de um travesti relatado por seado na extinção das ansiedades heterossexuais e
Glynn e Harper (1961). Depois de uma série de en combinado com o reforçamento positivo dos com
PS
saios de aversão na qual o cliente teve náuseas in portamentos alternativos desejados. Repertórios só-
duzidas pela apomorfina enquanto estava vestido cio-sexuais existentes podem ser ainda mais desen
com roupas de mulher, ele exibiu revulsão à vista volvidos desta maneira e .são fortalecidos até que
da indumentária feminina, não sentiu mais desejo eventualmente se tornam mais recompensadores
de vesti-la e declinou um pedido de fazê-lo. En do que as tendências desviantes. Recordamos dos
U
quanto que o contracondicionamento aversivo eli estudos clínicos revistos anteriorm ente (Bond e
minou com êxito o comportamento de travesti, a Hutchison, 1964; Stevenson e Wolpe, 1960) que os
O
relação conjugal do cliente não oferecia absoluta resultados bem-sucedidos foram, de fato, conse
mente nenhuma gratificação sexual. Embora tivesse guidos com exibicionistas e homossexuais tratados
sido casado há quatro anos, o casamento nunca apenas pelos métodos de dessensibilização. Estes
R
tinha sido consumado, devido, em grande parte, à achados sugerem a necessidade de estudos compa
frigidez da sua mulher. As inibições sexuais acen rativos sistemáticos da eficácia relativa do contra
tuadas da esposa foram, portanto, tratadas pelo
procedim ento-padrão de dessensibilização com
considerável êxito, como evidenciado pelo fato de
que “ela agora está grávida e o casamento feliz
G
condicionamento aversivo, da dessensibilização e
dos procedimentos de reforçamento, utilizados so
zinhos ou em combinação, com pessoas que exibem
disposições variadas para o comportamento sexual
KS
mente estabilizado”. U m estudo de seguimento sete desviante.
meses após o tratamento não revelou qualquer tra-
vestismo nem nenhum desejo da parte do cliente Modificação de Atividades Simbólicas
de usar roupas do sexo oposto. Se o tratamento
Embora o contracondicionamento aversivo tenha
O
obsessivas associando a sua ocorrência com choques toda a vontade de quebrar vidros. Um estudo de
elétricos. Em pregando essencialmente o mesmo seguimento revelou que, à exceção de um incidente
procedimento, McGuire e Vallance (1964) trataram menor, o comportamento destrutivo nunca mais
com êxito um professor de 29 anos que sofria de apareceu.
pensamentos intrusivos sobre a fidelidade de sua O contracondicionamento imaginário pode ser
esposa, o que datava de uma afirmação ambígua de grande valor na modificação de perturbações
originalmente feita por sua mãe. Embora ele per nas quais os eventos simbólicos que possuem um
cebesse que estes pensamentos não tinham base na elevado potencial de excitação exercem um consi
realidade, não obstante este conhecim ento de derável controle sobre o comportamento. Se os eli-
pouco lhe servia para controlar suas ruminações ciadores internos são eliminados, as ações relacio
obsessivas. No tratamento, os choques foram asso nadas deveriam decrescer em freqüência. Alguns
ciados contiguamente com pensamentos acerca da investigadores assumiram, contudo, que os estímu
afirmação desagradável da mãe e suas implicações. los simbólicos podem ser substituídos por eventos
PS
Durante a segunda e a terceira sessões, o cliente reais sem sacrificar a eficiência. Se este pressuposto
controlava o aparecimento e a intensidade do cho fosse válido, o método teria ampla aplicabilidade, já
que, continuando o processo de condicionamento que qualquer evento, por mais complexo que fosse,
em casa com um aparelho portátil. Dentro de um poderia ser facilmente visualizado. Na base dos
U
tempo relativamente curto, as ruminações obsessi princípios de generalização esperaríamos que os es
vas foram eliminadas, mudança esta acompanhada tímulos atuais produzissem melhores resultados do
por uma diminuição geral da ansiedade.
O
que os imaginários.
A eliminação de pensamentos perturbadores no
curso da terapia de aversão é bem explicada por OUTROS COMPORTAMENTOS ADITIVOS
R
Marks, Rachman e Gelder (1965), que demonstra Outro problema comportamental ao qual as for
ram que com ensaios aversivos sucessivos a latência
mas aversivas de tratamento foram aplicadas é o de
dos pensamentos pervertidos aumentava até que
eventualmente eles não mais conseguiam ser pro
duzidos. Nos estudos i evistos anteriormente envol
vendo uma medida mais extensiva das mudanças,
G
adição ao fumo. Estudos preliminares de casos rela
tam razões de abstinência relativamente elevadas
acompanhando tratam entos nos quais o ato de
KS
fumar é contjguamente emparelhado com uma es
Marks e Gelder (1967) descobriram que, durante a timulação elétrica aversiva (McGuire e Vallance,
redução das fantasias sexuais desviantes, a excita 1964), náusea induzida por drogas (Raymond,
ção erótica acompanhante das imagens também 1964), ou uma mistura desagradável de fumo e
diminuía progressivamente. Em aproximadamente ar quente (Wilde, 1964). Estes resultados favorá
O
metade dos casos, porém, o condicionamento aver veis contrastam com os de Koenig e Masters (1965),
sivo reduziu o potencial de excitação das fantasias que compararam mudanças no com portamento
sexuais desviantes, mas não eliminou as imagens de fumo em grupos de estudantes que receberam
BO
rece um meio para investigar o controle simbólico Num estudo experimental utilizando controles
do comportamento manifesto. apropriados, Stollak (1968) teve pouco sucesso na
Num certo núm ero de estudos, entretanto, o modificação da obesidade ao emparelhar descrições
comportamento fortemente estabelecido foi per de alimentos que engordam com a estimulação de
choque. Pareceria, considerando as reduções de
D
perturbações sexuais dotando as representações que um amplo programa de autocontrole pode ser
verbais e imaginárias das atividades desviantes com altamente eficiente, ao passo que o condiciona
qualidades negativas pela associação com o choque, mento aversivo por si só tende a produzir resulta
Agras (1967) também aplicou com êxito o para dos pouco impressionantes.
digma de condicionamento simbólico a um com
portamento agressivo de destruição num esquizo Alcoolismo
frênico crônico, que tinha que ser fisicamente res Uma grande variedade de “perturbações de per
tringido por causa de tendências incontroláveis de sonalidade neuróticas” foi proposta como determi
quebrar qualquer vidro à sua vista. O cliente parti nante subjacente do alcoolismo crônico. Entre as in
cipou de uma série de sessões, nas quais se pedia a terpretações mais amplamente aceitas estão aquelas
ele que se visualizasse quebrando vidros, enquanto feitas pela teoria psicanalítica, segundo a qual o al
recebia um choque elétrico doloroso. A medida que coolismo deriva da homossexualidade latente rela
o tratamento progredia, a latência das imagens de cionada com a fixação em “objetivos passivo-
destruição aumentou e eventualmente ele perdeu narcísicos”. Necessidades dependentes orais e es
312 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
truturas caracterológícas são assim freqüentemente sultados geralmente mostram que o álcool em pe
invocadas como fatores de predisposição decisivos quenas doses não tem efeitos consistentes (Docter e
no uso excessivo do álcool. Impulsos autodestruti- Perkins, 1961; McDonnell e Carpenter, 1959), mas
vos, sentimentos de inferioridade, necessidades in pode produzir uma redução substancial na excita
conscientes de domínio e uma pletora de outros fa ção afetiva quando tomado em doses moderadas ou
tores incluindo a superproteção materna, falta de grandes (Carpenter, 1957; Greenberg e Carpenter,
cuidados maternos, imaturidade emocional e neu 1957). Uma comparação do álcool, meprobamato e
roses introvertidas também têm sido propostas um placebo por Lienert e Traxel (1959) revelou
como determinantes do alcoolismo. que o álcool e o tranqüilizante são igualmente efi
Em contraste com a reivindicação muito difun cientes para reduzir as respostas GSR a estímulos
dida de uma personalidade pré-alcoólica, estudos verbais perturbadores. Além do mais, sujeitos que
comparativos de alcoólatras e não-alcoólatras (Sut tinham exibido uma elevada emotividade, medida
PS
herland, Schroeder e Tordella, 1950; Syme, 1957) várias semanas antes das sessões experimentais,
geralmente falharam na identificação de quaisquer eram tranqüilizados pelo álcool num grau maior do
traços de personalidade ou “dinâmicas subjacentes” que aqueles que previamente tinham apresentado
que poderiam diferenciar claramente os alcoólatras baixa excitação.
dos outros grupos desviantes ou, também, de pes As vezès assume-se erroneam ente (Chafetz e
U
soas julgadas “normais”. Mesmo se alguns correla- Demone, 1962) que os princípios do reforçamento
tos consistentes de personalidade tivessem sido ob não podem explicar adequadamente o alcoolismo
O
tidos, seria impossível, sem estudos longitudinais, porque as conseqüências físicas e sociais desastrosas
determinar se os padrões de personalidade dados do beber crônico de muito superam o seu valor de
representavam as conseqüências cumulativas ou as alívio temporário. Este argumento olvida o fato de
R
causas da intoxicação crônica. Não obstante, é evi que o comportamento é mais fortemente contro
dente, de um amplo conjunto de achados empíricos lado pelas suas conseqüências imediatas do que
e do conhecimento dos mecanismos de manutenção
do comportamento que a procura das dinâmicas de
personalidade que supostamente controlam o beber
excessivo é uma ocupação fútil. Assim como pes
G
pelas conseqüências retardadas, e é precisamente
por esta razão que as pessoas podem se engajar
persistentemente em um comportamento imedia
tamente reforçador mas potencialmente autodes-
KS
soas que diferem acentuadamente em seus atribu trutivo. Conseqüências adversas futuras, reinstala
tos de personalidade podem aprender a fazer um das simbolicamente no presente, podem ser sufi
uso excessivo do tabaco, também, se houver condi cientemente fortes para inibir o comportamento de
ções de aprendizagem social adequadas, pessoas beber quando a instigação para o escape é relati
O
que possuem características de personalidade di vamente fraca. Por outro lado, não é razoável espe
versas podem aprender a tomar bebidas alcoólicas rar que pensamentos de futuros efeitos possam
em excesso. De fato, foi demonstrado repetida exercer uma influência inibitória grande nas pes
BO
mente que qualquer que seja o comportamento soas que vivenciam um nível elevado de estimula
desviante escolhido para estudo, ele geralmente é ção aversiva e que apresentam um padrão de res
encontrado numa ampla variedade de tipos de per postas stress-alcoolismo bem estabelecido.
sonalidade. Uma abordagem muito mais frutífera EFEITOS DO ÁLCOOL SOBRE AS RESPOSTAS DE
para a compreensão do alcoolismo seria a de inves FUGA E ESQUIVA
tigar as contingências de aprendizagem especifica
EX
As teorias psicodinâmicas geralmente enfatizam gatos que tinham aprendido a desempenhar mani
o valor simbólico do álcool na gratificação de neces pulações complexas para conseguir comida subse
sidades “orais” e “passivo-dependentes”, mas pouca qüentemente inibiram as respostas manipulativas
atenção tem sido dada às propriedades farmacoló instrumentais e de aproximação depois que recebe
gicas do etanol as quais, sob certas condições, o tor ram choques junto ao alvo. A administração de pe
nam um poderoso reforçador positivo. quenas doses de álcool, contudo, rapidamente res
Um conjunto de experimentos que tem ligação taurou as manipulações aproximativas para obter a
direta com as qualidades reforçadoras do etanol se recompensa do alimento. Além disso, os gatos de
relaciona com seus efeitos sobre a excitação e reati- senvolveram uma preferência por "cocktaiís" de
vidade autonômica. Nestes estudos, as respostas fi leite contendo 5 por cento de álcool em relação ao
siológicas dos sujeitos são medidas antes e depois leite sozinho durante uma série de ensaios de cho
da ingestão de álcool, sendo que o nível de condu- que, mas reverteram à sua preferência original por
tância basal e a amplitude das respostas GSR a es bebidas não-alcooólicas depois que a estimulação
tímulos estressantes específicos servem tipica aversiva foi retirada e as respostas emocionais
mente de índices de reatividade emocional. Os re foram completamente extintas. Numa replicação
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 313
parcial do estudo de Masserman e Yum, Sm au não-reforçado do que aqueles que tinham recebido
(1965) confirmou os efeitos mitigadores da ansie um placebo (Barry, Wagner e Miller, 1962), e que
dade apresentados pelo álcool. aumentavam a razão de suas respostas na presença
Para testar se o álcool reduz o comportamento de de estímulos que significavam ausência de recom
esquiva produzido pela punição ou aum enta as pensa (Blough, 1956; Miller, 1961).
tendências de aproximação num conflito esquiva- Os dados experimentais revistos até agora, ba
aproximação, Conger (1951) elaborou um experi seados na administração forçada de doses modera
mento no qual ele treinou um grupo de animais das de etanol, indicam que o álcool pode produzir
para se aproximarem do Fim iluminado de um decréscimos significativos tanto na excitação auto
atalho para obter comida, e um segundo grupo de nômica quanto no comportamento emocional ge
animais para evitar o fim iluminado do atalho para rado por condições ambientais aversivas. Investiga
escapar dos choques elétricos. Comparado ao com ções referentes às variáveis que governam o con
portamento de animais de controle sóbrios, que ti sumo voluntário do álcool também contribuem
PS
nham recebido injeções de placebo, as respostas de para uma compreensão do desenvolvimento e ma
esquiva dos sujeitos que receberam injeções de ál nutenção da auto-intoxicação. Estas pesquisas são
cool mostraram uma redução substancial de inten revistas a seguir.
sidade, mas as respostas de aproximação não pare
U
ceram ser afetadas. DETERMINANTES DO CONSUMO
Alguns experimentos envolvendo sujeitos huma VOLUNTÁRIO DO ÁLCOOL
O
nos também demonstraram os efeitos desinibidores O método de auto-seleção tem sido extensamente
do álcool sobre as expressões verbais de comporta utilizado em estudos destinados a identificar os de
mento sexual e agressivo em situações sociais em terminantes estimuladores do consumo do álcool.
R
que as pessoas bebiam álcool (Bruun, 1959; Cl^rk T ipicam ente, nestas investigações os anim ais
e Sensibar, 1955). Entre seres humanos, porém, podem escolher entre uma solução alcoólica e um
a mesma dose de álcool pode ter efeitos diversos
porque os indivíduos diferem nos tipos de respos
tas inibidas, na força das inibições e nas variações
nas condições sociais que, em parte, servem para
G
ou mais líquidos; o nível básico do consumo volun
tário do álcool é depois comparado com a quanti
dade consumida sob várias condições ambientais.
Achados de estudos que utilizaram um regime
KS
definir e controlar o comportamento apropriado. forçado de álcool, nos quais toda a quantidade de
Numerosos estudos se interessaram pela influên líquidos ingerida pelo animal durante um certo pe
cia do etanol sobre as respostas de fuga e esquiva ríodo de tempo é restrita a soluções que contêm
testadas numa variedade de situações de condicio várias concentrações de etanol, revelam que o ál
O
nam ento aversivo que não envolviam respostas cool por si não tem propriedades acentuadas ine
competidoras recompensadas. Nestes experimen rentem ente reforçadoras. Sob tais condições, os
tos, os animais aprendem inicialmente a desempe animais consomem quantidades pequenas não-
BO
nhar respostas que evitam o inicio de uma estimu intoxicantes de álcool, mas profitamente voltam a
lação aversiva ou a terminam após a sua ocorrência. tomar outros líquidos quando estes estão disponí
Mudanças na razão das respostas de fuga e esquiva veis (Korman e Stephens, 1960; Richter, 1956). O
como função da administração do etanol são então valor reforçador positivo do álcool, inferido de
avaliadas relativamente ao desempenho de grupos acréscimõs de respostas de consumo alcoólico, pode
de controle, que recebem água ou soluções con ser substancialmente aumentado, porém, sob certas
EX
tendo outras drogas. O etanol em doses moderadas condições fisiológicas e psicológicas. Embora os
produz uma extinção mais rápida das respostas animais que metabolizam o etanol rapidam ente
mediadas pelo medo (Kaplan, 1956; Pawlowski, consumam maiores quantidades de álcool em situa
Denenberg e Zarrow, 1961) e reduz a razão de res ções de livre-escolha do que aqueles que exibem
D
postas destinadas a postergar a ocorrência de estí taxas metabólicas mais baixas, estudos de variações
mulos aversivos (Hogans, Moreno e Brodie, 1961; intra-individuais revelam que deficiências de nutri
Sidman, 1955). Além do mais, a capacidade do ál ção, fatores endócrinos, como insulina, e drogas
IN
cool para reduzir o comportamento emotivo é simi que produzem dano ao fígado aumentam o con
lar à de outras drogas que possuem propriedades sumo voluntário do etanol (Mardones, 1960; Rod-
depressivas centrais (Korpmann e Hughes, 1959). gers e McClearn, 1962). Contudo, estudos do al
A retirada dos reforçadores positivos depois de coolismo humano, embora sejam complicados por
um período de recompensas geralmente produz ambigüidades quanto a causa e efeito, fracassaram
efeitos aversivos que conduzem à supressão das em apontar quaisquer diferenças fidedignas entre
respostas associadas. Mais apoio para a interpreta alcoólatras e não-alcoólatras, no que se refere a ca
ção dos efeitos comportamentais do etanol em ter racterísticas genéticas e endócrinas (Lester, 1966).
mos de processos de redução da emoção é forne Resultados de estudos de laboratório nos quais
cido por experimentos relativos à reinstalação de são comparados o consumo voluntário do álcool an
respostas depois da sua inibição por meio da não- tes, durante e após a estimulação aversiva, lançam
recompensa frustradora. Sob estas condições, os alguma luz sobre os mecanismos possíveis do con
animais que tinham recebido etanol eram mais per sumo de álcool. O leitor recordará que Masserman
sistentes no desempenho de um comportamento e Yum (1946) descobriram que animais que ini
314 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
ciai mente preferiam o leite puro a uma solução de cessiva e insônia (Isbell, Fraser, Wikler, Belleville
leite com álcool desenvolveram uma preferência e Eiseman, 1955; Mendelson e La Dou, 1964). De
pelo álcool durante períodos de stress induzido pois que a pessoa se torna fisicamente dependente
pelo ch o q u e, mas voltaram às bebidas não- do álcool, ela se vê compelida a consumir grandes
alcoólicas depois que os estímulos aversivos tinham quantidades tanto para aliviar reações físicas incô
sido retirados e o medo extinto. Clark e Polish modas como para evitar a sua recorrência. Como a
(1960) mediram o consumo de água e de uma solu ingestão de intoxicantes prontamente acaba com a
ção de 20 por cento de álcool em macacos antes, estimulação aversiva fisiologicamente gerada, o
durante e depois de um treino de esquiva no qual com portamento alcoólatra é automática e conti
íada resposta adiava, de modo breve, a ocorrência nuamente reforçado. Depois que a adição farmaco
de choques elétricos. Embora houvesse pouca m u lógica ocorre, a maior parte do tempo e dos recur
dança no consumo da água nas várias fases, o con sos do alcoólatra é devotada para a manutenção de
sumo de álcool aumentou durante e decresceu após um nível elevado de contínua auto-intoxicação.
PS
as sessões de condicionamento da esquiva. Embora a redução da aversão e outros reforços
Os efeitos da estimulação aversiva sobre o con positivos que tipicamente acompanham o beber em
sumo de álcool tendem a ser mais prolongados companhia dos outros possam explicar adequada
quando o castigo é aplicado num a base não- mente a manutenção da embriaguez, uma teoria
U
contingente e imprevisível. Casey (1960), por adequada do alcoolismo precisa evocar variáveis de
exemplo, estudou o consumo relativo de água e de aprendizagem social adicionais, já que, obvia
O
uma solução de álcool como função dos choques mente, a maioria das pessoas que estão sujeitas a
aversivos programados de acordo com um esquema experiências estressantes não se torna alcoólatra.
de intervalos variáveis. Sob tais condições de incer Tem sido habitual evocar determinantes internos
R
teza, ós animais beberam quantidades um tanto sob a forma de perturbações neuróticas de persona
maiores de álcool durante o período de stress, lidade e patologias subjacentes como as variáveis
mas os maiores incrementos no consumo voluntário
de álcool ocorreram durante o mês seguinte, depois
que os choques tinham deixado de ser aplicados.
Por outro lado, num segundo grupo de animais
G
antecedentes diferenciais. A inadequação das teo
rias do alcoolismo que enfatizam o papel dos traços
de personalidade e da dinâmica interior se torna
prontamente evidente nas diferenças culturais e
KS
que poderiam escolher livremente entre água ou subculturais acentuadas na incidência do alcoo
uma solução de reserpina (que possui efeitos bas lismo. Na realidade, se nos baseamos na teoria de
tante retardados), as mesmas manipulaçpes deixa que uma “neurose” é experimental para o desen
ram de aumentar a atração desta segunda droga. volvimento do alcoolismo crônico, teríamos que
Estes diversos resultados sugerem que a absorção
O
buir em parte para a sua eficiência como um re especialmente baixa de alcoolismo carecem de neu
forço positivo sob condições de estimulação aver roses, privações orais, tendências autodestrutivas,
siva. Além do mais, a emotividade generalizada homossexualismo latente, cuidados maternais ex
pode aumentar ainda os seus efeitos reforçadores cessivos e sentimentos de inferioridade, ao passo
(Korn, 1960). que tais condições nocivas devem ser altamente
prevalentes entre os irlandeses, que excedem todos
EX
positivo que deriva das propriedades dê depressão drão de comportamento aprendido, e não uma
central e anestésicas do álcool. Pessoas que estão manifestação de um tipo particular de patologia
repetidamente sujeitas a stress ambiental são, con predispositiva subjacente, é fornecida pelas taxas
IN
seqüentemente, mais aptas a consumir doses anes extremamente baixas de alcoolismo entre os ju
tésicas de álcool do que aquelas que vivenciam deus, os quais, contudo, não vivenciam menos e em
menos stress e para as quais, portanto, o álcool só toda probabilidade vivenciam mais stress psicoló
possui um valor reforçador fraco. Em muitos casos, gico do que membros de outros grupos étnicos co
também, o beber excessivo pode servir primaria nhecidos pelo seu am or à bebida (Glad, 1947;
mente para aliviar os efeitos aversivos do tédio. Snyder, 1958). Estas diferenças étnicas e subcultu
O uso intenso ê prolongado de bebidas alcoólicas rais no uso de intoxicantes apontam para a impor
produz alterações no sistema metabólico que forne tância da aprendizagem social pré-alcoólica do
cem a base para um segundo mecanismo de manu comportamento de beber no desenvolvimento do
tenção que é independente do valor funcional ori alcoolismo.
ginal do álcool. Isto é, a retirada do álcool elicia As variáveis de aprendizagem social assumem vá
reações fisiológicas extremamente aversivas consis rias formas. No nível mais geral se refletem nas
tindo de tremores, náusea, vômitos, fraqueza acen normas culturais que definem as contingências de
tuada, diarréia, febre, hipertensão, perspiração ex reforço associadas ao uso do álcool. Existe uma evi-
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 515
dênda considerável de que o consumo do álcool é irá experimentar redução do stress em muitas oca
significativamente influenciado pelos costumes re siões. Uma vez que o consumo do álcool é, desta
lacionados com a bebida de determinados grupos forma, reforçado intermitentemente, será pronta
sociais. Membros de culturas que são altamente mente eliciado sob condições frustrantes ou aversi
permissivas em relação ao uso de intoxicantes, ou vas. Portanto, o alcoolismo tipicamente resulta da
até consideram o beber um comportamento a ser habituação após um consumo social intenso adqui
imitado, apresentam uma maior incidência de em rido dentro do contexto do alcoolismo familiar.
briaguez do que indivíduos criados em culturas as A relação entre stress e alcoolismo é talvez mais
quais, por motivos religiosos ou outros quaisquer, forte entre os alcoólatras que são membros de gru
exigem a sobriedade. Similarmente, dentro de cul pos subculturais que sancionam negativamente o
turas heterogêneas como a nossa, a prevalência consumo de bebidas intoxicantes, e cujos pais prati
da intoxicação crônica varia em função dos tipos de caram abstinência total. A história de aprendiza
condições de aprendizagem social que são associa gem social do alcoolismo sob essas condições nunca
PS
das com o “status”, afiliação religiosa, antecedentes foi adequadamente documentada, mas existe al
raciais étnicos, ocupação e residência urbana ou ru guma evidência para sugerir que nestes casos o pa
ral. drão de comportamento é originalmente adquirido
Embora os costumes culturais e dos subgrupos sob condições de stress elevado e depois se gene
U
obviamente desempenhem um papel importante na raliza a circunstâncias emotivas menos agudas (Fort
determinação do -grau de alcoolismo, as injunções e Porterfield, 1961). Além disso, fora da família,
O
normativas por si só não explicam a incidência modelos da mesma idade podem desempenhar um
relativamente baixa do comportamento aditivo de papel muito influente na transmissão do compor
beber em grupos sociais que sancionam de modo po tamento de beber (Skolnik, 1957).
R
sitivo o uso de bebidas alcoólicas, ou a ocorrência Na análise anterior do alcoolismo, a estimulação
do alcoolismo crônico em culturas que proíbem in aversiva e sua rápida redução por meio da ação de
toxicantes.
Os costumes culturais e dos subgrupos são, em
certa extensão, transmitidos por meio do compor
tamento de modelação dos agentes de socialização;
G
pressora das bebidas alcoólicas receberam um
papel central no desenvolvimento e manutenção do
comportamento aditivo ao álcool. Devemos enfati
zar, contudo, que conflito, tédio, frustração e ou
KS
conseqüentem ente, não podem os adinitir que tras condições de stress podem eliciar uma grande
membros de uma determinada classe passem por variedade de reações incluindo agressão, depen
experiências de aprendizagem equivalentes. Estu dência, isolamento, somatização, regressão, apatia,
dos dos antecedentes familiares dos alcoólatras ge autismo, embriaguez ou comportamentos constru
O
ralmente revelam uma incidência inusitadameme tivos. As pessoas que exibem este último padrão de
elevada de alcoolismo familiar {Fort e Porterfield, resposta ao stress serão tipicam ente julgadas
1961; Lemere, Voegtlin, Broz, 0 ’Hollaren e Tup- "normais"; em contraste, “neuroses”, “perturbações
BO
per, 1942b; Wall, 1936). Podemos argumentar que profundas da personalidade” e outros processos
estes dados apóiam uma interpretação genética do mórbidos são freqüentemente evocados como Iato
alcoolismo, mas o padrão do com portamento de res explicativos quando as pessoas adquirir: mi um
beber que é modelado e a amplitude das circuns ou mais padrões de comportamento entiv os cita
tâncias em que ocorre são de maior importância do dos acima. 'Fais patologias pressupostas represen
que a exibição de beber moderadamente ou a abs tam essencialmente pseudo-explicações, uma vez
EX
tinência completa de alguns membros da família. que a principal evidência para a sua existência é o
Por exemplo, em lares italianos e judeus, o uso de comportamento que pretendem explicar.
bebidas alcoólicas diluídas, especialmente o vinho, é Do ponto de vista da aprendizagem social, os al
aprovado sob condições claramente delimitadas coólatras são pessoas que adquiriram, por meio do
D
trito prim ariamente às refeições ou forma uma lação aversiva. A atenção terapêutica será, por
parte integrante de cerimônias religiosas ou outras tanto, mais eficaz se dirigida para a redução do
práticas sociais e familiares, o consumo do álcool nível de estimulação aversiva vivenciado pelos indi
pode ser colocado sobre um controle de estímulos víduos e para a eliminação das respostas alcoólicas
suficientemente restrito para assegurar a modera ao stress diretamente ou, preferivelmente, estabele
ção (Bales, 1946; Glad, 1947; Snyder, 1958). Por cendo modos alternativos de lidar com a situação.
outro lado, em situações familiares nas quais o ál Se lhes forem dados modos mais eficientes e re
cool é objeto de consumo extenso numa grande va compensadores de lidar com as exigências ambien
riedade de circunstâncias e é uma resposta prefe tais, os indivíduos terão menos necessidade de re
rida à monotonia ou stress, um tipo similar de correr à auto-anestesia contra as experiências diá
padrão de comportamento pode ser transmitido rias.
aos filhos que crescem. Embora o comportamento E inteiramente possível que o componente de
de beber seja, em geral, inicialmente adquirido sob stress no alcoolismo tenha recebido um peso des
condições de não-stress, um bebedor social habitual proporcional, principalmente porque as investiga
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
ções envolvendo variáveis psicológicas foram essen experimental, 17 adquiriram reações estáveis de
cialmente limitadas a procedimentos de condicio aversão ao álcool e 14 permaneceram totalmente
namento aversivo negligenciando outros determi abstêmios quando subseqüentemente avaliados em
nantes potenciais significativos do consumo do ál períodos que íam de 3 semanas a 20 meses. Em
cool. Além do mais, embora se tenha mostrado que contraste, todos exceto um dos sujeitos de controle
as condições fisiológicas e o stress ambiental au reverteram aos seus modos alcoólicos habituais
mentam o consumo do álcool, a quantidade con dentro de poucos dias após a sua alta do hospital.
sumida geralmente não excede a capacidade oxida- Embora o procedimento de Kantorovich desper
tiva do animal. Em contraste, Lester (1961) desco tasse pouco interesse, as terapias de aversão que
briu que animais num esquema de intervalos variá empregavam agentes farmacológicos têm sido apli
veis de reforço positivo mantiveram um estado estávél cadas, em larga escala, ao tratamento do alcoolismo.
e prolongado de auto-intoxicação, acompanhado Exceto por variações mínimas, os procedimentos
por sinais manifestos de embriaguez, disfunções de condicionamento são geralmente pautados nos
PS
comportamentais e o desenvolvimento de uma tole métodos originalmente desenvolvidos por Voegtlin
rância metabólica análoga ao alcoolismo humano. e seus associados (Lemere, Voegtlin, Broz, O'Holla-
Uma vez que a recompensa alimentar intermitente ren e Tupper, 1942a; Voegtlin, 1940) num sanató
não pode ser considerada uma situação muito afli rio dedicado exclusivamente ao tratamento do al
U
tiva, evidentemente outros fatores além da redução coolismo. O tratamento consiste essencialmente em
do stress eram primariamente responsáveis pela associar a visão, cheiro, gosto e pensamentos do ál
embriaguez automantida. Os resultados deste úl cool com uma náusea induzida por drogas em 4 a 7
O
timo estudo apontam para a necessidade de inves sessões breves distribuídas por um período de dez
tigações experimentais de outras variáveis psicoló dias.
R
gicas que podem, eventualmente, produzir adição Na manhã precedente ao tratamento, o cliente
ao álcool. recebe somente líquidos e uma droga estimulante
Como o alcoolismo muitas vezes surge em intera
ções sociais recompensadoras, o beber operante, no
qual o consumo do álcool serve primariamente a uma
função instrumental e não-reforçadora, merece um
G
(por ex., sulfato de benzedrina) destinada a aumen
tar o processo de condicionamento. As sessões são
conduzidas num quarto semi-obscurecido, à prova
de som, do qual todos os estímulos auditivos, vi
KS
exame cuidadoso. Neste processo a pessoa bebe suais e olfativos estranhos forara excluídos. Na
para obter uma variedade de recompensas que de frente da cadeira do cliente há uma mesa que con
rivam das interações sociais com companheiros de tém uma grande variedade de líquidos incluindo
“farra”. Um beber intenso e prolongado conduz ao bourbon, whisky escocês, gim, conhaque, rum, cerveja
desenvolvimento da tolerância fisiológica e à de
O
avançados, mecanismos bioquímicos de redução do emetina oral, e imediatamente após uma injeção de
stress e de reforçamento social podem contribuir uma mistura de emetina-pilocarpina-efedrina. A
para a manutenção da adição ao álcool. emetina é utilizada como o agente primário da
Qualquer que seja a teoria do alcoolismo e da produção de aversão primariamente porque a sua
psicoterapia que se adote, a eliminação ou modifi ação emética é mais prolongada e porque não pos
cação drástica do comportamento alcoólatra obvia sui os efeitos sedativos da apomorfina.
EX
seqüentes consideraremos o valor e as limitações vezes com whisky tomado puro ou misturado com
desta modalidade de terapia e as condições sob as água quente para facilitar a ação emética. A ra
quais procedimentos alternativos ou suplementares zão pela qual se utiliza somente o whisky na ses
IN
são essenciais para a modificação bem-sucedida do são inicial e no início de cada sessão subseqüente é
alcoolismt). que esta bebida produz maior irritação gástrica do
que a cerveja ou o vinho e assim serve para facilitar
TERAPIA DE AVERSÃO CONDICIONADA
a reação emética. Kant (1944) questionou seria
A primeira aplicação sistemática do contracondi- mente a sabedoria de udlizar o estimulo condicio
cionamento aversivo à modificação do alcoolismo nado para aumentar a resposta não-condicionada,
foi relatada por Kantorovich (1934). Vinte alcoóla uma vez que este procedimento corre um risco
tras participaram de 5 a 18 sessões nas quais pape muito grande de reforçar o comportamento alcoó
letas contendo os nomes das bebidas, a visão de latra. Se de 4 a 6 doses de álcool são ingeridas antes
garrafas de vodca, vinho e cerveja, e o cheiro e o que ocorra a reação emética, é provável que gran
gosto destas várias bebidas alcoólicas foram sucessi des quantidades de álcool sejam absorvidas. Nestas
vamente emparelhados com choques elétricos. Um condições, os efeitos imediatamente reforçadores
grupo-controle de 10 alcoólatras recebeu sugestões do álcool podem reduzir, ou mesmo ultrapassar, a
hipnóticas e medicação. Dos 20 clientes do grupo eficácia das experiências aversivas subseqüentes.
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 317
PS
durante a náusea, pede-se ao cliente que olhe, chei pede-se ao cliente que cheire e prove bebidas alcoó
re e sinta o gosto das diferentes bebidas alcoólicas, licas, incluindo o whisky, a cerveja e o vinho, Além
devendo depois cuspi-las fora, sem enguü-las. Nas dos ensaios de condicionamento, também se diri
sessões subseqüentes, pede-se ao cliente que beba gem sugestões diretas ao cliente de que, no futuro,
U
algum álcool quando estiver extremamente nau o gosto e o cheiro do álcool irão prontamente pro
seado. Somente nas sessões terminais, quando o vocar sentimentos desagradáveis de náusea. Tanto
O
próprio álcool adquiriu a capacidade de produzir Miller como Strefchuk (1957), o qual também fez
um esvaziamento rápido do estômago, se encoraja experimentos com métodos de indução verbal sob
o cliente a tomar várias doses de álcool. hipnose, mantêm que a aversão induzida hipnoti
R
É importante incluir todas as variedades e tipos camente evoca reações mais estáveis do que aquelas
de bebidas alcoólicas como estímulos condicionados produzidas por drogas eméticas, embora não apre
para estabelecer as respostas de aversão mais
estáveis e generalizadas. Lemere e Voegtlin (1940),
por exemplo, relatam vários casos nos quais a aver
são persistiu em relação à classe de bebidas origi
G
sentem dados comparativos para apoiar esta rei
vindicação.
produziu abstinência total. Quinn e Henbest (1967) de qualquer forma de tratamento do alcoolismo é
relatam uma especificidade similar da aversão na importante ter em mente várias qualificações. Uma
maioria dos casos em que as propriedades negativas avaliação exata do consumo de álcool por parte de
BO
foram condicionadas ao whisky apenas. Embora a uma pessoa necessitaria uma verificação continua
cerveja, o vinho e o whisky sejam usados, a maior de todas as suas atividades. Como isto obviamente
atenção geralmente é dirigida para o tipo particular é antiético e pouco prático, os resultados são tipica
de intoxicante preferido pelo cliente. Os ensaios de mente medidos em termos de auto-relatos do com
condicionamento são continuados até que os estí portamento alcoólatra, de avaliações por pessoas
mulos alcoólicos por si só eliciam reações de náusea que conhecem bem o cliente, de registros públicos
EX
Houve algumas variações no procedimento de suposto dé que os alcoólatras nunca podem aceitar
condicionam ento originalm ente elaborado por um padrão de ingestão de bebidas alcoólicas con
Voegtlin. Miller, Dvorak e T um er (1960) relatam trolado e menos excessivo, de que a completa abs
IN
que excelentes aversões ao álcool podem ser desen tenção de bebidas alcoólicas deveria ser o principal
volvidas pela aplicação deste método em grupo. Os objetivo de qualquer program a de tratam ento.
autores relatam que a presença simultânea de vá C onseqüentem ente, a eficácia das abordagens
rias pessoas sendo submetidas ao tratamento fre comportamentais é tipicamente avaliada em termos
qüentemente produz reações eméticas contagiantes, da duração da sobriedade conseguida entre seus
desta forma facilitando um processo de condicio clientes. Em anos recentes, vários investigadores
namento negativo. (Davies, 1962; Kendell, 1965) relataram que uma
Muitos terapeutas europeus udlizaram um mé pequena percentagem de alcoólatras com uma
todo de contracondicionam ento elaborado por longa história de adição ao álcool foi capaz de
Feldmann (DeMorsier e Feldmann, 1950), no qual beber moderadamente após o tratamento. Se em
a apomorfina serve como estímulo não condicio pregássemos uma medida da mudança no compor
nado e as sessões de tratamento continuam por in tamento alcoólatra ao invés do critério rígido da
tervalos de 2 ou 4 horas até que a aversão completa abstinência total, a proporção de casos que deri-
318 CONTRACONDJCIONAM ENTO AVERSIVO
vam alguns benefícios do programa terapêutico sas que podem resultar da cessação do comporta
seria um pouco mais elevada. Contudo, a validade mento embriagado. A avaliação do comportamento
de avaliações de melhora mais refinadas permanece alcoólatra é portanto grandemente negligenciada
uma questão em aberto, considerando que a avalia em favor de mudanças psicológicas inferidas que
ção do comportamento alcoólatra antes do trata podem fazer com que qualquer forma de terapia
mento geralmente se baseia em relatos retrospecti pareça adequada mesmo se esta falhou em atingir o
vos, e não em medidas diretas da quantidade e do seu objetivo pretendido. Para se salvaguardar
padrão do consumo de álcool. Mello e Mendelson contra a perpetuação de métodos fracos na base de
(1965) desenvolveram uma medida sensível do critérios estranhos, a pesquisa de avaliação deveria
comportamento alcoólatra que poderia ser empre- incluir a avaliação do comportamento alcoólatra,
ada para estudar mudanças no consumo do álcool. quaisquer que sejam os outros critérios de resulta
f , dado livre acesso aos participantes a um aparelho dos que se deseje usar.
de condicionamento operante no qual podem tra O Quadro 8-1 resume as percentagens de absti
PS
balhar para receber reforço m onetário ou re nência completa obtida por diferentes investigadores
forço em forma de álcool. Depois de desempenhar que u^am o contracondicionamento aversivo. Os
um certo número de respostas, uma pequena quan algarismos do quadro geralm ente não incluem
tidade de álcool é dada ao participante, ou, então, casos cujo comportamento alcoólatra não é conhe
U
um certo número de pontos que valem dinheiro é cido porque não puderam ser localizados nos estu
registrado num contador, dependendo do tipo de dos de seguimento subseqüentes. Estes métodos,
reforço selecionado. Este procedimento permite naturalmente, não foram aplicados sob condições
O
um exame detalhado do padrão de consumo do ál psicologicamente esterilizadas. Os eventos condi
cool durante um período específico. cionantes são aplicados socialmente, os clientes, in
R
Embora um dos principais objetivos do trata dubitavelmente, receberam certas sugestões práti
mento deva ser a modificação do comportamento cas para meios mais construtivos de lidar com as
problemático para o qual o cliente solicita ajuda, a suas situações de vida, e elas são provavelmente so
eficácia de um dado método de tratamento pode
ser melhor avaliada em termos de suas conse
qüências totais. Isto é especialmente verdadeiro do
G cialmente reforçadoras para manter a sobriedade.
Também é indubitavelmente verdadeiro que à é-
poca que os alcoólatras aparecem para a terapia
KS
alcoolismo crônico, que tem efeitos profundamente de aversão eles já receberam conselhos sábios, ape
negativos sobre as áreas sociais, conjugais, ocupa- los apaixonados de pessoas significativas na sua
cionais e outras áreas de funcionamento. Contudo, vida, admoestações repetidas, recompensas e uma
ao enfatizar o valor de medir resultados múltiplos, variedade de remédios, sem nenhum resultado. Os
os terapeutas tendem a esquecer a relevância do resultados do tratamento são freqüentemente atri
O
critério de abstinência (Hill e Blane, 1967). Esta buídos às influências sociais comuns, como se estas
reordenação dos critérios é muitas vezes acompa fossem encontradas pela primeira vez na situação
BO
A variabilidade relatada das taxas de abstinência taxas de sobriedade muito mais elevadas (87 por
provavelmente reflete os intervalos diferenciais de cento) do que aqueles que se recusaram a associar-
tempo nos quais os vários investigadores fizeram as se a tais grupos (40 por cento).
suas avaliações de seguimento. Em geral, as taxas De interesse especial é a descoberta de que a dis
de abstinência são extremamente elevadas no pe posição dos clientes de participar e a participação
ríodo imediatamente após o tratamento; a incidên em si de sessões periódicas de recondicionamento
cia de voltas ao comportamento alcoólatra é maior durante o ano imediatamente após o tratamento
durante 6 a 12 meses; depois, a abstinência declina (no qual ocorre a maioria das reversões ao alcoo
gradualmente com o aumento da duração. O fato, lismo) aumentaram significativamente a probabili
porém, de que certa variação nos resultados é en dade da abstinência continuada (Voegtlin et al.,
contrada mesmo quando procedimentos similares e 1942). De um número total de 155 clientes que ini
intervalos iguais de seguimento são usados, sugere cialmente concordaram em participar do programa
que as diferenças também podem ser atribuídas em de pós-terapia, 91 por cento permaneceram abstê
PS
parte à implementação inadequada dos procedi mios durante o ano do estudo, ao passo que a per
mentos necessários de condicionamento, às dife centagem correspondente a 73 clientes que se recu
renças nas características das amostras, e às varia saram a ser voluntários piara sessões de seguimento
ções na extensão em que contingências ambientais foi 71 por cento. Para oferecer mais um grupo de
U
são desfavoráveis para a manutenção da sobrie comparação, cada quarto caso não recebeu a opor
dade. A ausência* conspícua de qualquer experi tunidade de receber ensaios de contracondiciona
mentação controlada nesta área impossibilita a de
O
mento adicionais após o complemento do trata
terminação do grau em que os resultados do trata mento básico. Este grupo de controle obteve uma
mento podem ser afetados diferencialmente pela taxa de 70 por cento de abstinência.
R
natureza do estímulo aversivo, o número e a distri É difícil determinar a partir destes dados a in
buição de sessões de condicionamento, os recursos fluência da motivação em si, porque alguns dos
de que dispõem os clientes para modos alternativos
de resposta ao stress e as contingências ambientais
associadas com o comportamento alcoólatra.
Os resultados relatados por Voegtlin e seus asso
G
clientes que inicialmente concordaram com as ses
sões adicionais deixaram de voltar; reciprocamente,
um número inespecífico de casos de controle, que
subseqüentemente souberam do programa, volun
KS
ciados merecem alguma discussão já que refletem a tariamente pediram e receberam o tratamento adi
aplicação mais judiciosa e extensiva do princípio de cional. Fica claro, porém, da análise dentro dos
contracondicionamento no tratamento do alcoo grupos, que as taxas de abstinência estão positiva
lismo. Exceto naqueles casos em que a terapia foi mente relacionadas com o número de sessões de
O
contra-indicada por razões físicas (4 por cento) e os condicionam ento suplem entares (Q uadro 8-2).
casos que recusaram aceitar o tratamento depois da Baseando-nos nos resultados gerais deste estudo,
desintoxicação (5 por cento), a terapia de aversão podemos dizer que um alcoólatra que está disposto
BO
foi oferecida a todas as pessoas sem seleção ulte favoravelmente em relação ao tratamento penódico
rior. Conseqüentem ente, um a am plitude muito continuado tem uma probabilidade de 86 por cento
grande de idade, vários níveis sócio-econômicos e de permanecer abstêmio pelo menos durante um
praticamente todos os grupos ocupacionais estão ano.
representados. As análises estatísticas dos dados de O contracondicionamento aversivo é assim um
aproximadamente 3.000 casos tratados num pe método simples, breve, econômico e relativamente
EX
ríodo de dez anos revelam numerosos correlatos eficiente para produzir aversão ao álcool pelo
significativos da abstinência (Voegtlin e Broz, menos por um período limitado, e uma abstinência
1949). Os clientes de menos de 25 anos contribuí continuada total em aproximamente 50 por cento
ram com as taxas mais baixas de sobriedade (23 por dos clientes. A terapia de aversão oferece as vanta
D
cento), enquanto que a incidência da abstinência gens adicionais de pronta aceitação por parte dos
aumentou com cada intervalo subseqüente de ida clientes e ampla aplicabilidade. As contra-indica-
de. Embora o status ocupacional, em si, não pare ções incluem, primariamente, certas perturbações
IN
físicas como úlceras gastrintestinais ou hem or (Bowman et al., 1951; Child, Osinski, Bennett e
ragia, hérnia, cirrose hepática, condições cardía Davidoff, 1951).
cas e doenças coronarianas. Apesar dos resultados Por causa das reações fisiológicas violentas que
relativamente favoráveis, o tratamento aversivo do podem ser eliciadas pelo álcool quando o dissulfi
alcoolismo nunca foi largamente aceito e com o ram está presente no organismo, a intolerância
advento do dissulfiram, as aplicações dos proce primária ao álcool e a dose de manutenção são ge
dimentos de contracondicionamento declinaram ralmente estabelecidas durante um breve período
ainda mais. Embora a terapia com dissulfiram se de hospitalização no qual o cliente é mantido sob
apóie sobre contingências aversivas para a manu observação cuidadosa. Contudo, Martensen-Larsen
tenção da sobriedade, como veremos mais adiante, (1953), que tem escrito relatos autoritários sobre
esta abordagem objetiva primariamente eliminar o esta forma de terapia, descreve um regime terapêu
comportamento alcoólatra e não a alteração neces tico que pode ser usado no tratamento ambulató
sária das valências positivas das bebidas alcoólicas. rio. A dose inicial de dissulfiram, calculada na base
de 15 miligramas por quilo de peso corporal, é
PS
O REGIME DE DISSULFIRAM dada ao cliente durante a sua primeira consulta.
Em 1948, Hald e Jacobsen relataram experimen Depois do primeiro tratamento, o tamanho da dose
tos nos quais descobriram que pessoas que tives ótima de manutenção é regulado durante um pe
sem ingerido Antabuse ou dissulfiram (dissulfido ríodo de vários meses, de acordo com as respostas
U
Tetraetiltiuram) por um certo período de tempo do indivíduo aos ensaios do teste de álcool e os efei
experimentavam reações fisiológicas intensamen tos colaterais observados.
O
te aversivas quando, subseqüentemente, bebiam Existem consideráveis dados estatísticos relacio
mesmo quantidades pequenas de álcool. As reações nados com a eficácia do regime de dissulfiram. Em
dissulfiram-álcool (Bowman, Simon, Hine, Macklin, geral, as taxas de abstinência associadas com perío
R
Crook, Burbridge e Hanson, 1951) consistem ini dos de seguimento de duração variada são essen
cialmente de um calor desagradável nas faces, con cialmente da mesma magnitude do que aquelas ob
G
juntiva e taquicardia ocorrendo aproximadamente tidas pelo contracondicionamento aversivo (Bour-
5 a 20 minutos depois da ingestão do álcool, segui ne, Alford e Bowcock, 1966; Bowman et al., 1951;
dos nos próximos 20 a 50 minutos por dores de Brown e Knoblock, 1951; Child et al., 1951; Eps-
cabeça, dispnéia, tonteiras, náusea e vómitos, dores tein e Guild, 1951; Hoff e McKeown, 1953; Jacob
KS
no peito, fraqueza física, palidez e sintomas de res sen, 1950; Shaw, 1951). Apesar dos volumosos
saca. Estas reações, que geralmente persistem por dados estatísticos relacionados com as abordagens
uma ou duas horas, aparentemente resultam da do contracondicionamento e do dissulfiram, há
ação do dissulfiram no bloqueio da oxidação do ál uma pobreza de investigações comparativas nas
O
cool no estágio do acetaldeído. Em virtude da lenta quais a eficácia relativa de diferentes modos de te
eliminação do dissulfiram, uma única dose pode rapia é investigada sistematicamente no mesmo
fazer com que a pessoa fique fisiologicamente sen plano experimental. O problema da avaliação de
BO
sível a bebidas alcoólicas por um período de tempo diferentes abordagens de tratamento é ainda mais
relativamente longo. Relatos dos resultados encora- complicado pelo fato de que os psicoterapeutas que
jadores obtidos com este método, juntamente com a utilizam os procedimentos tradicionais de entrevista
sua simplicidade, conduziram ao uso generalizado geralmente limitam os seus relatórios a afirmações
do tratamento de Antabuse para o alcoolismo. prescritivas relativas à maneira apropriada de con
O regime terapêutico geralmente é o seguinte: duzir a terapia ou a relatos elaborados dos proces
EX
No primeiro dia após a desintoxicação administra- sos psicodinâmicos, mas geralmente deixam de
se oralmente 1 a 2 gramas de dissulfiram* com doses citar dados objetivos quanto à eficácia deste tipo de
progressivamente menores nos próximos três dias. procedimento psicoterapêutico. Levantamentos por
Depois que a intolerância primária ao álcool foi es meio de questionários revelam que os psicoterapeu
D
tabelecida, são dados ao cliente um ou mais ensaios tas relutam em tratar alcoólatras por causa do seu
de teste para determinar a dose de manutenção com portamento aversivo perturbador (Hollings-
ótima de Antabuse. A dosagem é ajustada indivi head, 1956; Robinson e Podnos, 1966). Quando os
IN
dualmente ao nível onde os efeitos colaterais carac métodos de entrevista são usados, os relatórios clí
terísticos, desagradáveis, da droga são reduzidos a nicos transmitem a impressão de que os resultados
um mínimo, mas no qual a dosagem é ainda ade favoráveis são desapontadoramente baixos. Embora
quada para produzir reações suficientemente in não haja dados adequados disponíveis para estimar
tensas para impedir que o cliente condnue a con com precisão as taxas básicas de mudanças na adi
sumir álcool. As reações às doses de teste também ção do álcool sem intervenções terapêuticas, os al
servem para impressionar o cliente com as sérias garismos médios citados são geralmente da ordem
conseqüências físicas de ingerir mesmo pequenas de 10 a 15 por cento.
quantidades de álcool enquanto está tomando o Estudos comparativos experimentais da aversão
dissulfiram . Após o térm ino do tratam ento, o condicionada e das terapias de dissulfiram são par-
cliente recebe uma dosagem de manutenção que dcularmente essenciais, visto que as duas aborda
geralmente varia de 1/8 a 1/2 grama de dissulfiram gens mostraram ser as mais eficientes para modifi
tomado cada dia antes do café da manhã ou à noite car e controlar o alcoolismo crônico. Contudo, dife-
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 321
rentem ente dos métodos de contracondiciona- terminar quais os critérios seletivos empregados
m ento que envolvem poucos riscos e contra- para alocar os casos aos diferentes grupos de tra
indicações, efeitos físicos potencialmente sérios tamento, estes resultados possuem apenas valor su
podem resultar do uso do dissulfiram se o cliente gestivo. Em vista dos resultados limitados e confli
ingerir quantidades moderadas ou grandes de ál tantes, qualquer conclusão quanto à eficácia relativa
cool enquanto está sob a influência da droga. Além dos métodos sob discussão deve ser adiada até que
das reações fisiológicas ao álcool, foi notado um dados empíricos adequados estejam disponíveis.
certo número de efeitos colaterais desagradáveis do Devemos enfatizar que as modificações do com
dissulfiram, inclusive sonolência, dores de cabeça, portamento alcoólatra produzidas pelo contracon-
gostos desagradáveis e odores do corpo, perturba ditionamento aversivo e pelas drogas antialcoólicas
ções gastrintestinais e às vezes um decréscimo da são obtidas por meio de mecanismos inteiramente
potência sexual. Estas reações acom panhantes diferentes. No caso do dissulfiram, a abstinência é
PS
podem ser suficientemente perturbadoras para in mantida numa base química. Enquanto as pílulas
duzir o cliente a terminar a medicação. Existe al são tomadas regularmente, as conseqüências fisio
guma evidência, porém, de que tais efeitos colate lógicas potenciais do consumo de bebidas servem
rais podem ser substancialmente reduzidos pelo como inibidores poderosos. Contudo, o condicio
decréscimo da dose diária de manutenção (Child et namento de propriedades aversivas às bebidas al
U
al., 1951; Martensen-Larsen, 1953). O regime de coólicas é impossível por causa do intervalo tempo
tratamento com dissulfiram é também geralmente ral relativamente longo entre a ingestão do álco
O
contra-indicado para clientes que sofrem de per ol, por um lado, e o início das conseqüências aversi
turbações cardiovasculares, cirrose do fígado, ne- vas, por outro. Conseqüentemente, o álcool retém
frite, diabetes, epilepsia,«arteriosclerose adiantada, o seu valor positivo e o cliente é capaz de beber
R
e em casos de gravidez. dentro de vários dias após terminar a medicação.
É possível que eventualmente seja encontrado Muitos alcoólatras, de fato, tomain o dissulfiram in
G
um agente antialcoólico efetivo que produza poucos termitentemente e se entregam a “bebedeiras" du
efeitos colaterais desagradáveis. Ferguson (1956), rante os períodos em que a sua tolerância fisioló
por exemplo, relata uma droga, carbimídeo citrato gica ao álcool foi restaurada. A duração e o grau de
de cálcio (CCC) cuja ação é similar à do dissulfi abstinência são, portanto, contingentes à duração e
KS
ram na inibição do metabolismo do acetaldeído, regularidade com a qual a medicação é usada (Ja-
mas que está livre de alguns dos seus aspectos de cobsen, 1950).
sagradáveis. Um experimento preliminar no qual Os pré-requisitos temporais para o condiciona
diferentes grupos de alcoólatras foram tratados mento aversivo também estão ausentes dos métodos
O
com CCC e com dissulfiram revelou que menos su nos quais substâncias nauseantes são adicionadas às
jeitos no grupo CCC abandonaram a medicação bebidas alcoólicas. Nestas condições, uma pessoa
por sua própria conta (Armstrong e Kerr, 1956). deixará de tomar “cocktails” eméticos, mas reterá a
BO
l endo em vista as possíveis manifestações físicas sua atração forte a bebidas alcoólicas não medica
associadas com o dissulfiram e a inconveniência da das. Além das restrições contra o uso do álcool, fi-
automedicação continuada, a seleção desta forma siologicamente induzidas, métodos de prevenção fí
de terapia de preferência aos métodos mais curtos, sica também eram empregados para assegurar a
seguros e mais econômicos de contracondiciona- sobriedade nos primeiros tempos da história do tra
mento só se justificaria se a abordagem farmacoló tamento do alcoolismo. Eram dadas sugestões pós-
EX
gica produzisse taxas mais elevadas de resultados hipnóticas de que as pessoas desenvolveriam parali
favoráveis. Num estudo comparativo da eficácia re sia do braço sempre que tentassem tomar bebidas
lativa do contracondicionamento aversivo, Anta- alcoólicas. Esta modalidade de terapia não apenas
buse, hipnoterapia de grupo e terapia ambiental, resultou numa grande quantidade de líquido en
D
Wallerstein (1957) descobriu que o Antabuse era tornado, mas também favoreceu a aquisição de esti
mais eficiente, de acordo com uma avaliação conju los de beber altamente engenhosos.
Diferentemente das abordagens precedentes, os
IN
1949; Voegtlin e Broz, 1949). Às vezes, críticos dos portamentais. Admite-se que os comportamento*
programas de tratamento dirigidos para a modifi de reforço positivo que estão sendo estabelecidos
cação direta do comportamento alcoólatra admitem irão competir com, e eventualmente substituir, a
erroneamente que estas abordagens estão baseadas fuga e a esquiva alcoólatra.
na premissa de que o álcool é o único problema do Num projeto-piloto, Narrol (1967) empregou
alcoólatra. Muito pelo contrário, elas admitem que princípios de reforçamento para promover ativida
o funcionamento psicológico envolve um processo des profissionais em alcoólatras crônicos hospitali
de influência recíproca no qual as características do zados. Foi elaborada uma economia simulada na
comportamento são determinantes importantes do qual pontos obtidos pelo desempenho de tarefas
modo pelo qual o ambiente reage a ele; quando atribuídas eram usados para obter objetos de loja,
uma pessoa muda, assim muda o ambiente. A abs vestuário, licenças para sair do hospital, oportuni
tinência continua é portanto assegurada em grande dades de recreação, e casa e comida em enferma
parte não pelo fato de que o álcool se revestiu de
PS
rias que variavam quanto ao conforto e liberdade
propriedades negativas, mas porque a eliminação que davam aos pacientes. Todos os membros deste
do com portamento alcoólatra remove as conse projeto devotaram aproximadamente o dobro de
qüências adversas da intoxicação crônica e cria no tempo às tarefas que lhes eram designadas do que
vas contingências de reforçamento com respeito a uma os alcoólatras para os quais os privilégios hospitala
U
ampla gama de comportamentos. A restauração do res não eram contingentes do desempenho dos tra
bem-estar físico e as experiências positivas deriva balhos. De acordo com resultados precedentes, este
das do funcionamento social, conjugal e financeiro
O
projeto dem onstra que uma economia simulada
melhorado podem reforçar a sobriedade e reduzir controlará o comportamento enquanto as contin
tendências aberrantes. Por esta razão, “neuroses” e gências estiverem operando. Para testar a eficiência
R
comportamentos flagrantemente desviantes muitas terapêutica deste tipo de programa, as práticas de
vezes desaparecem depois que o alcoolismo foi con reforçamento deveriam ser aplicadas por um longo
trolado (Jellinek, 1962; Thom pson e Bielinski,
briedade possa ser mantida. A terapia interpreta-. tremamente severas a si mesmos. Eventos e realiza
tiva tradicional é geralmente vista como melhor ções consideradas meritórias de auto-aprovação
adequada para tais casos, uma crença que persiste pela maioria das pessoas são vistos pelos alcoólatras
apesar da evidência de que, das várias formas de que se impuseram a si próprios altos padrões de
tratamento disponíveis, as abordagens de entrevista auto-reforçamento como marginais ou inadequa
foram as menos bem-sucedidas na modificação do dos. Conseqüentemente, tais pessoas não apenas
EX
abstêmios por longo tempo, se carecem das compe jetivo do tratamento de alcoólatras que estão es
tências comporiamentais para assegurar gtdiifica- capando de conseqüências aversivas autogeradas
ções enquanto sóbrios. Indivíduos deficientes em envolveria a dim inuição dos padrões de au
IN
os alcoólatras que recebiam a terapia de aversão seu próprio comportamento de acordo com as suas
combinada com um treino no relaxamento eram próprias normas desviantes. Portanto, a reabilitação
mais capazes de manter uma abstinência completa dos alcoólatras das favelas deve envolver um pro
por um período de uin ano do que aqueles que só cesso extensivo de ressocialização, o que só pode ser
tinham recebido o contracondicionamento aversivo. conseguido num ambiente acentuadamente dife
Se o relaxam ento tivesse sido deliberadam ente rente. Os alcoólatras devem adquirir, entre outras
usado para neutralizar fontes de tensão e ansie coisas, um novo conjunto de incentivos e normas
dade, as diferenças poderiam ter sido ainda mais com poria mentais, uma grande variedade de com
acentuadas. petências sociais e habilidades profissionais que
A discussão até aqui focalizou os métodos indivi produzam estima e recompensa financeira para
duais mais adequados para a modificação de dife que possam participar com êxito da sociedade em
rentes condições que podem exercer controle sobre geral. Organizações sociais como a dos Alcoólatras
PS
o comportamento alcoólatra. Em muitos casos, a Anônimos (1952) podem oferecer algumas das
consecução de mudanças estáveis no alcoolismo condições de aprendizagem necessárias para a con
exige uma combinação de procedimentos de trata secução dos objetivos de ressocialização, mas estes
mento na qual as pessoas são desse nsitizadas a si programas não alcançam aqueles que, na base de
tuações que são estressantes para elas; adquirem uma história extensa de extinção, têm poucos moti
U
padrões recompensadores de comportamento que vos para compartilhar os valores da sociedade, e
se tornarão prepotentes sobre a auto-anestesia al que portanto não irão procurar voluntariamente a
O
coólica; desenvolvem aversões a bebidas alcoólicas; reabilitação. Uma vez que qualquer modificação
e aprendem outras técnicas de autocontrole para radical nas atividades sociais do alcoólatra fará, ine
impedir o comportamento alcoólatra no seu am vitavelmente, com que ele perca as gratificações as
R
biente natural. sociadas com a subcultura dos bêbados, a vontade
Abordagem dos Sislemçs Sociais ao Tratamento do Al de sofrer modificações comportamentais relativa
coolismo Generalizado. O contracondicionamento, ou
outra abordagem individual de tratamento, é de
pouco valor na modificação do comportamento al
coólatra dos favelados. Os recursos pessoais empo
G
mente amplas não pode ser conseguida sem o ofe
recimento de alternativas mais recompensadoras.
Para obter mudanças fundamentais no compor
tamento de pessoas de uma subcultura desviante é
KS
brecidos destas pessoas desprivilegiadas e as con necessário criar sistemas sociais que ofereçam as
tingências desviantes de reforçamento que existem condições necessárias para aprender novos estilos
no ambiente dos favelados servem como influên de vida. Tal sistema deve ensinar habilidades no
cias poderosas na formação de um destino alcoó vas, oferecer modelos de papéis exemplares e in
O
tamento alcoólatra. O prestígio social é em grande ção do comportamento humano geralmente é rece
parte contingente do fato de ser um bom compa bido de maneira fria ou hostil pelos psicoterapeutas
IN
nheiro de “farras” e da habilidade de obter o sufi profissionais. Em alguns casos, as técnicas aversivas
ciente para beber sem ter que apelar para o tra são aplicadas de uma forma eticamente censurável
balho remunerado. Similarmente, a maioria das re que ju stifiq u e reações de desaprovação. Por
compensas interpessoais ocorre durante o com exemplo; procedimentos excessivamente nocivos
partilhar do álcool em cliques de bêbados ou “gru são às vezes usados, embora não produzam maiores
pos de farra”. Estes padrões de reforçamento não mudanças do que estímulos de intensidades muito
apenas promovem a embriaguez contínua, mas, li mais fracas (Campbell, Sanderson e Laverty, 1964;
gando valores negativos a normas e exigências so Clancy, Venderhoof e Campbell, 1967; Hsu, 1965).
ciais, também estabelecem barreiras à reentrada na Oswald (1962) promulgou um procedimento mal
comunidade mais ampla. concebido, no qual os clientes não só recebem en
Os alcoólatras das favelas recebem pouca ou ne saios maciços de aversão, mas também são sujeitos a
nhuma atenção construtiva, além das prisões repe afirmações insultuosas que são tocadas sem cessar
tidas pela embriaguez pública ou violação conspí num gravador. A razão desses assaltos pessoais
cua de outros códigos legais. Na maior parte das desnecessários, alguns dos quais são registrados na
vezes, são deixados de lado procurando controlar o voz do terapeuta, aparentemente se baseia nas im
324 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
pressões de Sargeiu (1957), em que conversões so envolvem uma forte instigação para o comporta
ciais são facilitadas por crises emocionais intensas. mento alcoólatra. Neste tipo de programa, as técni
Considerando-se que as verbalizações foram “elabo cas de autocontrole são desenvolvidas, repetida
radas deliberadamente para perturbar emocional mente testadas e adequadamente reforçadas.
mente o paciente”, é compreensível que um certo O fato de que algumas aplicações dos procedi
número de clientes exibiu uma animosidade sus mentos aversivos contêm aspectos censuráveis não
peita, desligando os gravadores e não se subme justifica uma condenação geral do uso responsável
tendo a esta provação inexorável. Deve ser enfati da terapia de aversão (Allchin, 1964; Matthews,
zado que a prescrição da “lavagem cerebral”, que é 1964) sob circunstâncias especiais que demandam
antitética às práticas derivadas dos princípios de uma forma mais drástica de intervenção terapêu
aprendizagem, serve riais para instilar uma aversão tica, assim como não se justificaria a condenação de
acentuada a agentes terapêuticos do que a eventos procedimentos cirúrgicos ou dentários com pacien
PS
estimuladores que provocam o com portam ento tes dispostos a sofrer uma experiência dolorosa
desviante nos clientes. breve para aliviar um sofrimento mais nocivo e de
Muitas das aplicações do contracondicionamento longa duração. O desconforto breve causado por
baseadas em drogas nauseantes empregam ensaios um programa de terapia de aversão é de menor
de aversão maciços, nos quais os procedimentos são importância comparado às prisões repetidas, ostra
U
aplicados continuamente em intervalos de duas cismo social, perturbações sérias na vida familiar e
horas durante um período de vários dias. Ray- autocondenação resultantes de um comportamento
O
mond, que originalmente elaborou este método, nocivo incontrolável. O terapeuta tem a responsabi
subseqüentemente questionou a necessidade de um lidade de oferecer aos clientes informações sobre as
regime tão rigoroso (Raymond, 1904). Além das alternativas de tratamento disponíveis e que resul
R
considerações de natureza ética, as experiências tados são prováveis em função de cada escolha.
aversivas maciças podem produzir muitos efeitos Dado este conhecimento, deveria ser um direito do
colaterais indesejáveis que seriamente obstroem o
progresso. Com a aplicação repetida de drogas
farmacêuticas, a tolerância física se desenvolve e as
drogas se tornam menos eficazes. Os terapeutas
G cliente decidir qual o tipo de tratamento que pre
fere, se é que deseja se tratar.
Como notamos antes, a terapia de aversão foi
menos eficiente com desviantes sexuais que são
KS
são, portanto, forçados a usar doses cada vez maio coagidos ao tratamento numa tentativa de mudar o
res ou substâncias eméticas menos desejáveis para seu comportamento na direção do conformismo
obter suficientes reações eméticas (Cooper, 1963). com práticas mais convencionais. Nos casos em que
Além do mais, as pessoas que são repetidamente su sua conduta ameaça o bem-estar dos outros, eles
O
jeitas a experiências desagradáveis sem quaisquer podem escolher entre alterar o seu comportamento
recompensas e oportunidades para uma relação nocivo ou perder a sua liberdade. Existem outras
positiva com os terapeutas que aplicam os procedi formas de atividade sexual, contudo, que também
BO
mentos aversivos tendem a desenvolver ressenti são legalmente proibidas, como o travestismo e a
mentos, antipatia a toda a situação de tratamento homossexualidade entre dois adultos que aceitam
e comportamentos de fuga. Muitos clientes que esta prática, que geralmente não têm conseqüências
com pletaram um curso de terapia da aversão adversas para os outros. À medida que os costumes
podem necessitar voltar ocasionalmente para ses sexuais se modificam, é provável que um compor
tamento sexual particular desempenhado por pes
EX
mento limitada possa oferecer resultados altamente ções emocionais. Depois que a ameaça de sanções
benéficos. Por estas razões, uma quantidade subs criminosas é removida, pessoas que procuram alte
rar sua orientação sexual o farão sob condições
IN
sivas. Estas experiências negativas são tipicamente aversivo deve ser suplementado por procedimentos,
induzidas pela aplicação de agentes farmacológicos destinados a desenvolver padrões de com porta
nauseantes ou choques desagradáveis, ou podem mento que permitam às pessoas se engajar em inte
tomar a forma de sentimentos de revulsão revividos rações heterossexuais recompensadoras.
simbolicamente. Resultados também variáveis foram obtidos no
O contracondicionamento aversivo não é visto tratamento pelo contracondicionamento do alcoo
como um processo mediante o qual as reações aver lismo crônico. Os procedimentos aversivos utiliza
sivas se tornam direta e automaticamente ligadas a dos isoladamente se mostraram mais bem-sucedidos
estímulos anteriormente positivos. Ao invés, o pro com alcoólatras que possuem suficientes recursos
cedimento de contracondicionamento estabelece pessoais para derivar gratificações adequadas do
um mecanismo aversivo de auto-estimulação que comportamento sóbrio. Na maioria dos casos, po
permite às pessoas ir contra a disposição de se en rém, o tratamento também deve ser dirigido para
gajar no comportamento desviante reinstalando as condições que controlam o comportamento al
PS
simbolicamente reações de náusea previamente vi- coólatra. Isto pode envolver o desenvolvimento de
venciadas durante o tratamento. A evidência mais competências comportamentais ao ponto em que o
direta de que as aversões condicionadas represen comportamento sóbrio é suficientemente reforça
tam, em grande parte, reações auto-induzidas, ao dor para predominar sobre a esquiva anestésica; o
U
invés de produtos automáticos de emparelhamento rebaixamento de padrões de auto-reforçamento
de estímulos, é dada por estudos de laboratório que que resulta em conseqüências aversivas autogera-
demonstram que as respostas condicionadas classi das; e, em casos nos quais o beber excessivo é con
O
camente são sujeitas a controle simbólico. Visto trolado pelo alívio de stress interpessoal, a dessen
desta perspectiva, o contracondicionamento aver sibilização das fontes primárias de tensão e ansie
R
sivo cria um meio de autocontrole, ao invés de umà dade.
imunidade automática de estímulos recompensado De interesse particular são os estudos que de
res ou que promovem a adição. monstram que eventos simbólicos, que podem ser
Os procedimentos aversivos foram aplicados em
maior extensão a comportamentos aditivos nocivos
e a vários tipos de aberrações sexuais. Os progra
G
vir como eliciadores internos importantes de com
portamento desviante, são modificáveis por meio
do condicionamento aversivo. Quando imagens que
KS
mas de tratamento que pretendem modificar as possuem valor afetivo são repetidamente empare
perturbações sexuais geralm ente envolvem um lhadas com experiências negativas, os eventos simbó
condicionamento diferencial da reatividade sexual, licos não apenas perdem o seu potencial de excita
no qual a aversão a estímulos fetichistas, travestis ção, mas são também autogeradas com menos fre
e homoeróticos é desenvolvida, enquanto que pro qüência. O contracondicionamento imaginário é
O
rio dos resultados, baseado principalmente em es O principal valor dos procedimentos aversivos é
tudos de casos individuais, indica que este modo de que eles providenciam um meio rápido de obter
terapia pode, além de eliminar a sexualidade des- controle sobre o comportamento nocivo durante
viante, ajudar a desenvolver o comportamento hete 11111 período no qual modos alternativos e mais re
rossexual, desde que estas respostas alternativas já compensadores de comportamento podem ser es
existam no repertório da pessoa e que as condições tabelecidos. Um tratamento que se dirige tanto aos
EX
ambientais sejam favoráveis à sua manutenção. eventos estimuladores como às respostas tende a
Por outro lado, uma forma exclusiva de terapia de dar resultados uniformemente favoráveis não ape
aversão é muito menos eficiente nos casos que care nas porque altera a valência dos estímulos que evo
cem de comportamentos heterossexuais ou nos cam o comportamento desviante, mas tambem por
quais este comportamento é fortemente inibido. que cria padrões de resposta passíveis de reforça-
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D
PS
Tanto os comportamentos complexos como os eventualmente reconhecer as contingências de re-
desem penhos relativam ente simples que geral forçamento da elevada produção de respostas cor
mente foram encarados como sendo ligações dire retas. Neste ponto de vista, porém, a consciência é
U
tas entre os estímulos externos e as respostas mani uma resultante, ao invés de uma pré-condição da
festas são extensivamente controlados por proces mudança.
sos simbólicos. Estas atividades de nível superior
O
A teoria dos sistemas de respostas independentes (Ver-
envolvem, entre outras coisas, a seleção estratégica planck, 1962), que é uma versão mais recente da
dos estímulos aos quais a atenção é dirigida, a codi posição anterior, trata a consciência apenas como
R
ficação simbólica e a organização dos insumos de um operante verbal, ao invés de um 'fator que con
estímulo, e a aquisição, por meio da retroalimenta trola o desempenho. Como classes verbais e não
ção informativa, das hipóteses mediadoras ou re
gras que desempenham um papel influente na re
gulação da seleção das respostas.
O capítulo introdutório considerou em detalhe
G
verbais do comportamento representam sistemas
de respostas independentes, praticamente qualquer
tipo de relação pode ser obtido entre estes dois con
juntos de eventos, dependendo da maneira em que
KS
questões relacionadas com as variáveis que gover as contingências de reforçamento operantes são or
nam a ocorrência de eventos simbólicos, as diferen ganizadas. Desta forma, as verbalizações e as ações
tes formas que os mediadores podem assumir e as serão congruentes sob condições em que as mesmas
condições sob as quais eles exercem uma função de contingências são aplicadas a afirmações verbais e
pistas na direção de ações manifestas. O presente ca
O
consciência que a pessoa tem dos estímulos que a reforçamentos conflitantes a estas duas formas de
atingem, das respostas que exibem, das conseqüên resposta. Como se admite que os estímulos reforça
cias dos seus comportamentos e das contingências dores exercem um controle automático sobre o
que existem entre estes últimos eventos. Além do cofriportamento independentemente dos seus efei
mais, as relações entre as modificações das atitudes tos sobre a consciência, esta posição teórica também
e do comportamento são revistas com especial refe representa um modelo não-mediacional de mu
EX
Um certo número de teorias diferentes foi suge A informação veiculada pelos estímulos reforçado
rido no que se refere ao papel funcional das ativi res, e não os seus efeitos de fortalecimento de res
dades simbólicas, que geralmente é incluído no postas, é acentuada neste ponto de vista. Admite-se
termo geral “consciência", no processo de modifi que durante a observação das conseqüências dife
cação do comportamento. As principais visões al renciais associadas com os diferentes tipos de res
ternativas são mostradas de forma simplificada na posta emitidos, os sujeitos testam várias hipóteses
Fig. 9-1, seguindo a esquematização de Farber sobre a classe de respostas exigidas e, eventual
(1963), e Spielberger e DeNike (1966). mente, descobrem o que se supõe que eles devam
De acordo com a teoria não-niediacional da apren fazer. A informação adquirida, por sua vez, dá ori
dizagem (Skinner, 1953; Thorndike, 1933), as con gem a intenções ou auto-instruções para produzir
seqüências reforçadoras agem direta e automatica- as respostas corretas, a força da tendência depen
rnente para fortalecer as respostas manifestas pre dendo da valorização dos incentivos contingentes
cedentes. Enquanto a aprendizagem ocorre inde pelo sujeito. A magnitude dos ganhos em desem
pendentemente da consciência, uma pessoa pode penho é assim primariamente uma função da exa-
333
354 CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO
PS
U
O
R
G
Figura 9-1. Esquematização da relação funcional entre a consciência e a mudança de respostas. As Unhas pontilhadas
representam eventos temporariamente contíguos, as setas denotam relações causais, e os sinais mais (+) designam a
KS
magnitude da mudança de respostas.
tidão das hipóteses orientadoras e do valor de in penho que fazem com que as contingências sejam
O
centivo das conseqüências. No entanto, presumi mais óbvias. Uma vez que a hipótese correta é esta
velmente, nenhum condicionamento pode ocorrer belecida, pode resultar num aumento substancial
BO
sem representação simbólica parcial ou correta das da reatividade apropriada e determinadas condi
contingências do reforçamento. ções de incentivo são adequadas.
A teoria da interação recíproca (Farber, 1963; Post- A aquisição de regras e suas funções na regula
man e Sassenrath, 1961), poi outro lado, admite ção do desempenho são tipicamente estudadas na
que a consciência é, ao mesmo tempo» uma conse identificação de conceitos e outras formas de
qüência e uma condição da mudança comporta- aprendizagem discriminativa. Nestes paradigmas os
EX
mental. De acordo com este ponto de vista, uma sujeitos devem categorizar diferentes estímulos à
certa quantidade de aprendizagem pode ocorrer base de alguma propriedade comum que o experi
pela ação automática dos efeitos, independente mentador arbitrariam ente selecionou como rele
mente da compreensão dos sujeitos da base me vante para a classificação. Em situações mais com
D
diante a qual os reforçamentos são aplicados. Du plexas, as respostas corretas são definidas em ter
rante o processo de aprendizagem, contudo, os su mos de uma combinação de atributos ao invés de
jeitos não fazem apenas respostas manifestas, mas um único elemento comum. Nestas circunstâncias,
IN
medidas do grau em que controlam a resposta en condicionamento. Mais freqüentemente, porém, a
saio por ensaio. Estudos deste tipo mostram que as consciência é inferida das observações sobre o ex
regras podem ser fortalecidas pelo reforçamento perimento relatadas pelos sujeitos ou a intervalos
direto» ou indiretamente pelos resultados das res periódicos durante o condicionamento ou em en
postas aos quais elas servem como um determi trevistas conduzidas imediatamente após a sessão
nante primário do comportamento manifesto (Du- experimental. Em outros casos, a consciência é ma
lany e O ’Connell, 1963; O ’Connell e W agner, nipulada indiretamente organizando-se condições
1967). Contudo, sob condições nas quais os estímu que faciliram ou impedem o reconhecimento de
los são mais complexos e o controle verbal das res contingências durante o processo de aquisição.
postas não é explicitamente encorajado, um de
sempenho exato muitas vezes ocorre na ausência de O Condicionamento Verbal como
regras adequadam ente verbalizadas (Hislop e Função da Consciência
Brooks, 1969).
PS
Inúmeros estudos que empregam paradigmas de
Diferentes abordagens, algumas das quais discu condicionamento verbal foram conduzidos para de
tidas anteriormente, foram empregadas nas análi terminar se as conseqüências das respostas aumen
ses experimentais do papçl fias atividades simbóli tam o desempenho, primariamente, por efetuar
cas nos processos de modificação do comporta um controle voluntário simbólico sobre as respostas
U
mento. Estas incluíram investigações das taxas de disponíveis ou por meio de um processo de fortale
condicionamento verbal como função da consciên cimento automático das respostas. Embora a ques
O
cia das contingências de resposta e reforçamento, tão de se saber se a aprendizagem pode ocorrer
controle mediacional do condicionamento clássico e sem consciência ainda não esteja resolvida (Farber,
da extinção, ocorrência da generalização semân 1963; Kanfer, 1968; Postman e Sassenrath, 1961), a
R
tica na qual um assodado cognitivo comum de es maioria dos experimentos fracassa em obter ganhos
tímulos heterogêneos fornece a base para a genera de desempenho na ausência de hipóteses exatas, ou
lização, cdntrole verbal encoberto de atividades de
solução dos problemas, e influência do reconhe
cimento e discriminação de estímulos fracos sobre o
comportamento não-verbal disçriminauvo.
G
pelo menos parcialmente corretas, a respeito das
contingências de reforçamento (Adams, 1957; Du-
lany, 1962; Spielberger e DeNike, 1966). Os sujei
tos capazes de descrever as respostas exigidas para
KS
Os métodos para avaliar as atividades simbólicas reforçam ento geralm ente acusam um aum ento
foram igualmente variados. Em alguns estudos, a substancial das respostas apropriadas, ao passo que
consciência é manipulada instrucionalmente por a exposição às contingências de reforçamento é re
meio de descrições explícitas das contingências de lativamente pouco eficiente na modificação dos su
O
resposta e reforçamento dadas antes das séries de jeitos que permanecem não-cônscios.
BO
EX
D
IN
Figura 9-2. (A) Percentagem média de respostas de nomes humanos dadas por grupos cônscios, não-cônsdos e de
controle numa tarefa de condicionamento verbal. (B) Percentagem média de respostas corretas dadas por sujeitos no
grupo cônscio antes e depois da verbalização da contingência de reforçamento. Spielberger e DeNike, 1966.
SS6 CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO
Experimentos que utilizam medidas da consciên críticas antes que tossem capazes de relatar a con
cia após a aquisição fornecem resultados inconclu tingência de reforçamento, mas aumentaram acen-
sivos, uma vez que é perfeitamente possível que os tuadamente a sua produção de respostas reforçadas
sujeitos possam se condicionar inicialmente sem es depois que discerniram a contingência que orien
tarem cônscios e depois reconhecer o princípio de tava a aplicação de recompensas sociais (Fig. 9-2).
reforçamento utilizado quando ele é tornado apa Considerando, contudo, que cada bloco continha
rente pela produção aumentada de respostas corre 25 ensaios, é perfeitamente possível que a consciên
tas. Para estabelecer se a consciência precede ou cia tivesse resultado da mudança comportamental
segue a mudança comportamental é, portanto, ne durante o bloco no qual a contingência foi perce
cessário avaliar as especulações dos sujeitos sobre as bida. Um teste severo do controle mediacional das
contingências experimentais em intervalos periódi mudanças de desempenho exigiria um inquérito
cos d u ra n te o processo de aquisição. DeNike ensaio por ensaio.
PS
(1964), por exemplo, convidou estudantes uni Os resultados dos experimentos conduzidos por
versitários, que foram reforçados por respostas de investigadores que diferem amplamente nos seus
nomes humanos numa tarefa de nomear palavras, pontos de vista a respeito do papel da consciência
a escrever seus “pensamentos sobre o experimento” na aprendizagem consistentemente demonstram
depois de cada bloco de 25 palavras durante o con que a representação simbólica das condições de re
U
dicionamento. Sobre a base dos relatórios escritos, forço tem um efeito fortemente facilitador sobre o
aproximadamente um terço dus sujeitos adquiriu desempenho manifesto. Contudo, os dados empíri
O
consciência da contingência em pontos diferen cos divergem a respeito da questão de se alguma
tes das séries, ao passo que os restantes foram aprendizagem pode ocorrer sem mediação simbó
considerados não-cônseios. Um grupo-controle de lica. Os achados de Dulany, DeNike e Spielberger
R
sujeitos, que foram reforçados numa base aleatória podem ser contrastados com os de Hirsch (1957),
para 10 por cento de suas respostas, também foi Philbrick e Postman (1955), e Sassenrath (1962),
incluído. Como se pode depreender da Fig. 9-2, su
jeitos cônscios demonstraram um aumento substan
cial nas respostas de nomes humanos, ao passo que
os sujeitos não-cônscios, como o grupo de controle,
G que também analisaram curvas de desempenho
como função do aparecimento temporal da cons
ciência, e acharam melhoras pequenas mas signifi
cativas do desempenho antes do enunciado correto
KS
não m ostraram quaisquer m elhoras de desem das contingências, especialmente entre sujeitos que
penho. Dé interesse consideravelmente maior, con eventualm ente desenvolveram uma consciência
tudo, é a relação temporal obtida entre a emergên completa (Fig. 9-3). A evidência do condiciona
cia da consciência e a ocorrência de grandes incre mento verbal sem consciência é geralmente afas
O
mentos de desempenho. Os sujeitos não apresenta tada por aderentes rígidos das explicações cogniti
ram aumento significativo no número de respostas vas como sendo provavelmente o resultado de
BO
EX
D
IN
Figura 9-S. Número médio de respostas corretas dadas a blocos de palavras a distâncias várias do ponto no qual o
princípio foi pela primeira vez corretamente verbalizado. Philbrick e Poslman, 1955.
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 337
métodos pouco sensíveis para avaliar a consciência, consciência (Krasner, 1958), geralmente se apoia
ou a operação de hipóteses parcialmente corretas. vam em exames rápidos que podem não ter sido
Mesmo que todos os investigadores subscrevam, suficientemente sensíveis para detectar graus par
embora com vacilações, a mesma definição opera ciais de consciência. A falta de fidedignidade de re
cional da consciência (isto é, verbalização correta latórios pós-aquisição da consciência é também en
das contingências de resposta e reforçamento), um fatizada por Weinstein e Lawson (1963), os quais
certo número de fatores pode conduzir a inexati descobriram que entrevistas do tipo coniumente
dões e inconsistências na composição de grupos de em pregado nesta linha de pesquisa forneciam
sujeitos cônscios e não-cônscios. Em primeiro lugar, consciência completa em apenas metade dos sujei
a consciência geralmente é tratada como um fenô tos que tinham sido completamente informados,
meno de tudo ou nada, quando de fato ela pode em meados do experimento, das contingências e do
variar desde uma determinação correta, por hipó propósito total do estudo. Baseados em critérios
PS
teses parcialmente correlacionadas, a noções alta utilizados em experimentos anteriores, aproxima
mente errôneas da razão pela qual o sujeito está damente metade da amostra teria sido falsamente
sendo recompensado. Como Adams (1957) notou, classificada e seus desempenhos melhorados inter
formulações parcialmente corretas (por exemplo, o pretados como evidência para a aprendizagem sem
sujeito acredita que o experimentador está interes consciência.
U
sado em comentários sobre pessoas quando na rea Além da influência do tipo de medida empre
lidade as referências familiares constituem a classe gada, a probabilidade de que os sujeitos relatem
O
de respostas corretas) pqdem produzir alguns au consciência é reduzida se eles foram examinados
mentos de desempenho. Uma vez que os critérios por uma pessoa do sexo feminino ou de status
de consciência são um tanto arbitrários, os tipos de baixo (Krasner, Ullmann, Weiss e Collins, 1961), se
R
relações obtidos entre eventos são parcialmente de uma valência negativa é ligada à classe de respostas
pendentes da rigidez das definições empregadas reforçadas (Krasner e Ullmann, 1963), se se senti-
por diferentes investigadores.
G
rem hostis para com o experim entador (Weiss,
Uma segunda complicação importante na avalia Krasner e Ullmann, 1960) e se eles obtiveram a in
ção da consciência surge do fato de que um certo formação a respeito das contingências de modo es
núm ero de outras variáveis, bem afastadas da púrio (Levey, 1967). Além do mais, existe alguma
KS
quantidade de informação relevante possuída pelo evidência (Rosenthal, Persinger, Vikan-Kline e
sujeito, pode contribuir para os tipos de relatórios Fode, 1963) de que experimentadores que são ten
verbais que são obtidos. denciosos em esperar uma alta incidência de cons
A consciência é freqüentemente inferida das res ciência a obtêm com mais freqüência do que aque
O
postas a uma série de questões de entrevista pro les que admitem que ela seja um fenômeno relati
gressivamente mais sugestivas. Portanto, o número vamente incomum.
de sujeitos julgados cônscios é determinado, em É possível controlar, até certo ponto, a operação
BO
certa extensão, pelo número e natureza das pistas do viés do experimentador, utilizando relatórios es
informativas veiculadas pela sondagem nas entre critos ao invés de procedimentos de entrevista que
vistas. Quanto mais intensivo o questionamento, oferecem maiores oportunidades para a influência
m enor a probabilidade de que sujeitos parcial inadvertida dos relatos dos respondentes. Além do
mente cônscios sejam erroneamente categorizados mais, a relutância em divulgar julgamentos provi
EX
como não-cônscios, mas também maior o perigo de sórios sobre o experimento e distorções intencio
que o procedimento de avaliação em si possa indu nais, podem ser eficientemente controladas pelo
zir ao reconhecimento da contingência correta que oferecimento de incentivos positivos que maximiza
não existia na época do condicionamento. Desta riam a verbalização da informação que os sujeitos
forma, Levin (1961) achou evidência de aprendiza realmente possuem. É evidente dos dados acima
D
gem sem consciência quando o discernimento que que, se atribuirmos muita importância a estudos de
os sujeitos tinham das contingências era estimado mediação simbólica da aprendizagem baseados na
IN
numa entrevista breve, ao passo que a categoriza- informação fornecida pelos sujeitos, então são ne
ção dos mesmos sujeitos na base de suas respostas a cessárias pesquisas extensas para identificar as
um inquérito específico mais extenso forneceu um variáveis que influenciam a consciência relatada
conjunto peculiar de resultados, nos quais os sujei com o propósito de aperfeiçoar a precisão de tais
tos que não estavam cônscios tanto da contingência medidas.
como do reforçador demonstravam tanto condicio Por causa dos numerosos problemas associados
nam ento quanto os sujeitos que estavam plena- com os dados fenomenológicos, alguns pesquisado
menté cônscios, e uma taxa muito maior de respos res recomendaram que a consciência seja relegada
tas do que um grupo que apenas estava cônscio do ao status de uma variável dependente e seja tratada
estímulo reforçador. Embora este padrão irregular como um operante verbal. Este tipo de abordagem
de relações não admitisse o pressuposto comum de resolve decisivamente um problema técnico a ex
que avaliações compreensivas fornecem medidas pensas de uma variável independente potencial
mais válidas, deve ser notado que estudos prévios mente influente, a qual, sob certas condições, pode
de condicionamento verbal, que relatavam incidên exercer um controle discriminativo mais poderoso
cias relativamente elevadas de aprendizagem sem sobre o comportamento do que as variáveis de re-
358 CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO
forçamento (Ayllon e Azrin, 1964; Dulany, 1968; não tinham recebido nenhuma informação. Estes
Kaufman, Ba^ron e Kopp, 1966). últimos grupos, de fato, não exibiram melhoras
Mesmo que aceitemos todas as deficiências dos significativas no desempenho. Neste estudo, o co
relatos verbais como indicadores do nível d e cons nhecim ento do com portam ento desejado era o
ciência dos sujeitos, os achados baseados na relação fator crítico, já que a adição de conseqüências re
temporal entre a consciência e o desempenho indi forçadoras na forma de sons, “Um-hmmms” ou
cam, contudo, que é possível predizer com exatidão omissão de choques elétricos não aumentou o pro
muito maior os incrementos de desempenho du cesso de mudança.
rante o curso do condicionamento levando em Num estudo subseqüente, Dulany (1968) fez com
consideração as hipóteses dos sujeitos do que se as que estudantes desempenhassem uma tarefa verbal
influências auto-instrucionais não são levadas em num recinto mantido a uma temperatura de 43°C
conta. e utilizou um jato de ar contingente de 27°, 39°
A pletora de problemas metodológicos e inter- ou 65°C como reforçadores positivos, neutros ou
PS
pretativos associados com as medidas pós-aquisição negativos para diferentes grupos de sujeitos. Os es
da consciência pode ser facilmente evitada pelo tudantes dentro de cada uma das situações de re
uso de procedimentos de pesquisa nos quais o co forçamento também receberam instruções de re
nhecim ento sobre as contingências de reforça forçamento diferentes: que o jato de ar significava
U
mento é experimentalmente induzido ao invés de uma resposta correta, uma resposta incorreta ou
inferido dos relatos verbais dos sujeitos. Experi não tinha nada a ver com o seu desempenho. Du
mentos nos quais os sujeitos são informados das lany descobriu que as instruções de reforçamento
O
respostas apropriadas e de suas conseqüências exerceram maior controle sobre o desempenho do
antes do condicionamento revelam uma regulação condicionamento do que a natureza das conse
R
simbólica substancial dos desempenhos manifestos. qüências reforçadoras.
Situações de condicionamento social contêm um Os achados de Dulany são, em grande parte, cor
certo número de elementos diferentes dos quais
uma pessoa pode se tornar cônscia. Estes eventos
separáveis incluem as pistas ambientais que eliciam
o seu comportamento, a classe de respostas consi
G roborados por Kaufman, Baron e Kopp (1966),
que deram aos sujeitos informação completa ou
mínima sobre a resposta requerida e/ou um conhe
cimento exato ou errôneo a respeito do esquema de
KS
deradas apropriadas à situação, a ocorrência e o es acordo com o qual as conseqüências recompensa
quema de reforçamentos, e a relação contingente doras seriam aplicadas. Um grupo de estudantes
entre estas últimas classes de eventos. Alguns dos foi informado, corretamente, de que as recompen
experimentos nos quais a consciência é manipulada sas viriam a cada minuto, em média (esquema de
experimentalmente foram esjíecificamente desig
O
fluência com portam ental. Dulany (1962), por minuto, ou depois que tivessem dado 150 respostas
exemplo, decobriu que estudantes inform ados em média (esquema de razão variável).
acerca da contingência correta resposta-reforça A inspeção do Quadro 9-1 revela que o conheci
mento, assim como aqueles que apenas receberam mento sobre o comportamento exigido aumentou
instruções de resposta, aumentaram consideravel acentuadamente à razão de respostas dos sujeitos.
mente a sua produção de respostas corretas compa Ainda mais expressivo, porém, é o achado que os
EX
rada com as suas taxas de linha de base e com esquemas ilusórios governaram a reatividade dos
o desempenho de grupos de controle que só ti sujeitos aproximadamente da mesma forma que o
nham sido informados dos eventos reforçadores ou fazem na realidade: As instruções de intervalo fixo
produziram taxas muito baixas, as instruções de
D
Quadro 9-1. Número Mediano de Respostas razão variável mantiveram uma produção extre
Desempenhadas por Minuto como Função da Informação mamente elevada, e as instruções de intervalos
sobre a Resposta Requerida e Esquemas de Reforçamento variáveis geraram taxas intermediárias de resposta.
IN
Alegados (Adaptado de Kaufman, Baron e Kopp, 1966) Esquemas alegados desta forma sobrepujaram a in
fluência do program a de reforçamento que era
atualmente imposto ao comportamento dos sujei
tos. Um estudo ulterior mostrou que o reforça
mento tinha pouco efeito sobre a taxa de desem
penho sob condições de especificação mínima de
respostas, mas os estudantes que tinham recebido
instruções de razão variável combinadas com re
compensas m onetárias eram aproxim adam ente
duplamente mais produtivos do que aqueles que
receberam as mesmas informações a respeito dos
esquemas sem quaisquer conseqüências reforçado
ras. As influências instrucionais podem ser igual
mente poderosas na regulação da reatividade sob
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 339
PS
processo de aquisição (Hirsch, 1957). governa a aplicação do reforçamento e as restrições
de respostas impostas pela natureza da tarefa de
Os experimentos de Ayllon e Azrin (1964), nos aprendizagem. Os estudos nos quais a verbalização
quais comportamentos altamente persistentes de é acompanhada por ganhos dramádcos em desem
psicóticos foram modificados em contextos natu penho geralmente envolveram classes de respostas
U
rais, revelam q u e quando existem discrepâncias relativamente explícitas ou tarefas de discriminação
entre as contingências representadas verbalmente e simples rias quais os sujeitos devem construir sen
O
as conseqüências reais, as influências instrucionais tenças selecionando um de vários pronomes pes
perdem sua potência com o tempo, e o comporta soais ou verbos impressos em cartões. Quando a
mento fica mais extensivamente sob o controle das classe de respostas críticas não é ambígua e as al
R
condições prevalentes de reforçam ento. Estes ternativas de respostas são severamente restritas,
dados sublinham a necessidade de grande cautela tanto a consciência quanto a “aprendizagem” ten
na generalização a respeito da eficácia relativa das
variáveis cognitivas e de reforçamento baseada em
experimentos muito breves realizados com estudan
tes universitários cooperativos aos quais são ofere
G
dem a ocorrer como um evento de um só ensaio, ao
invés de um processo incremental.
Considerando a natureza fraca e inconseqüente
KS
cidas recompensas triviais para o desempenho de dos reforçadores empregados na maioria dos expe
respostas sem conseqüência, que exigem poucos rimentos de condicionamento verbal, poderíamos
gastos de esforço, sob condições nas quais espera-se seriamente questionar se os processos de reforça
que participem de experimentos para o cumpri mento, que presumivelmente governam os efeitos
mento parcial dos requisitos do seu curso. automáticos de fortalecimento das respostas, são
O
As descobertas das investigações nas quais a mesmo operantes na maioria dos estudos revistos.
consciência é experimentalmente induzida estão de Esta questão é, naturalm ente, de pouca ou ne
BO
acordo com aquelas fornecidas por estudos que se nhuma importância para pesquisadores que se con
tentam com uma lei de efeito empírica circular.
apóiam sobre medidas inferidas de relatórios. Vol
Não obstante, é importante distinguir entre as pro
tamos agora à questão principal controvertida. A
consciência é um pré-requisito para a mudança priedades informacionais e de incentivo dos estímu
los de retroalimentação, ambas as quais podem
comportamental? Os proponentes das teorias cog
nitivas não encontraram qualquer evidência do aumentar o número de respostas corretas (Keller,
EX
condicionamento verbal na ausência de hipóteses Cole, Burke e Estes, 1965). Luzes, ruídos e sons gu
turais ambíguos podem dar aos sujeitos uma in
corretas ou correlacionadas, ao passo que Postman
e seus colegas relatam, baseados em experimentos formação adequada para alterar o seu comporta
que envolvem contingências de reforçamento mais mento, mas é extremamente duvidoso se tais even
tos de retroalimentação possuem um grande valor
D
A questão de se saber se a aprendizagem necessi cionamento verbal para elucidar o papel das ativi
ta ser conscientemente mediada pode ser respondida dades simbólicas nos processos de mudança com-
mais decisivamente por estudos nos quais as respos portamental.
tas reforçadas não são observáveis pelo sujeito, ou
os eventos reforçadores carecem de pistas informa- Efeitos Interativos das Variáveis
cionais mas são de valor recompensador suficiente
para ativar mecanismos que regulam os efeitos do Cognitivas e de Incentivo
reforçamento. Uma destas condições poderia efi Embora a consciência das contingências ambien
cientemente evitar o reconhecimento da contingên tais seja usualmente acompanhada de certos ganhos
cia empregada. Os estudos discutidos antes, nos em desempenho relativos às taxas da linha de ba
quais as respostas corretas em animais Foram signi se, o nível absoluto da reatividade depois que as
ficativamente aumentadas por meio da apresenta contingências foram discernidas ou divulgadas
ção endovenosa de soluções nutritivas, parecem re permanece comparativamente baixo. Isto é, os au
PS
futar o ponto de vista cognitivo radical. Tais even mentos de desempenho são geralmente da ordem
tos reforçadores não são observáveis e, portanto, de 20-30 por cento, o que dificilmente pode ser
não veiculam nenhuma informação ao sujeito. visto como uma produção maciça de respostas cor
Há evidência de que respostas encobertas, tais retas. É também muito provável que se os experi
como contrações mínimas invisíveis do polegar,
U
mentos fossem estendidos além da costumeira ses
podem ser condicionadas com êxito em adultos são única, o controle simbólico, na ausência de in
humanos sem a sua observação das respostas re centivos de apoio, decresceria com o tempo e o
O
compensadas (Hefferline e Keenan, 1963; Heffer- comportamento desejado poderia eventualmente
line, Keenan e Harford, 1959; Sasmor, 1966). Estes voltar a seu nível original. Além do mais, mesmo
estudos oferecem demonstrações convincentes de em situações a curto prazo que envolvem caracterís
R
como as pessoas aprendem a responder de acordo ticas de demanda elevada, um número significativo
com as contingências de reforçamento sem media de sujeitos cônscios nunca apresenta qualquer
ção simbólica apropriada. Nestes últimos experi
por meio de recompensas monetárias ou pelo tér combinada com variáveis relacionadas com os incen
mino da estimulação aversiva. As respostas na cate tivos pode exercer uma influência poderosa sobre o
goria escolhida de amplitude aumentam substan comportamento.
BO
cialm ente d u ra n te o reforçam ento e declinam Spielberger, Bernstein e Ratliff (1966) compara
abruptamente após o reforçamento ter sido reti ram a taxa de respostas de sujeitos cônscios e não-
rado. Como seria de se esperar, nenhum dos sujei cônscios durante uma fase inicial do experimento,
tos podia identificar a resposta que produzia o re no qual “Mm-hmm” serviu como reforçador, e de
forçamento. pois que foi feito um esforço para aumentar o valor
A parte dos achados de laboratório, é difícil
EX
cias do experimentador. Mediadores implícitos as desempenho seguidas por taxas extremamente ele
sumiriam, com efeito, um papel im portante na vadas de respostas sob as condições motivacionais
orientação do desempenho em tarefas que deman aumentadas; um terceiro grupo de sujeitos, que se
dam respostas na base de princípios ou regras rela tornaram cônscios depois da manipulação do incen
tivamente complicados. tivo, exibiu um nível intermediário de reatividade
A evidência geral parece indicar que a aprendi (Fig. 9-4).
zagem pode ocorrer sem consciência, embora numa Estudos nos quais as propriedades reforçadoras
taxa lenta, mas que a representação simbólica das dos eventos de retroalimentação são avaliadas pelos
contingências resposta-refarçamento pode acelerar sujeitos (Spielberger, Berger e Howard, 1963;
acentuadamente a reatividade apropriada. A vali Spielberger, Levin e Shepard, 1962) ao invés de
dade deste ponto de vista, que admite uma intera serem variados independentemente, também reve
ção recíproca entre a consciência e os acréscimos de lam que, entre sujeitos cônscios, aqueles que valori
desempenho, parece ainda mais provável quando zam os reforçadores dem onstram uma elevada
percebemos as limitações dos paradigmas do condi produção do com portam ento-critério. Em con-
CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO 341
PS
jeito s cônscios com disposições d e cooperação reve
lavam um au m en to acen tu ad o das respostas re fo r
çadas, mas sujeitos cônscios não-conform istas d e
m o n stra ra m rela tiv a m e n te p o ucas m u d a n ça s no
com p o rtam en to e não diferiram , nesse respeito, de
U
sujeitos q ue p erm an eceram não-cônscios.
E n q u an to a consciência tipicam ente facilita o d e
O
sem p en h o q u a n d o as respostas correias possuem
conotações negativas, a consciência p o d e ex e rcer
efeitos d e inibição sobre o d esem p en h o , com o é
R
m o strad o no estu d o p o r Ekm an, k ra s n e r e U llm an
(1963). E n tr e os sujeitos cônscios, a q u e le s q u e
foram levados a ac red itar q u e a ta re fa d e condicio
n am en to verbal ex p u n h a debilidades pessoais exi
biam m enos respostas d u ra n te os ensaios reforça
dos com paradas com as suas taxas de linha d e base,
G
Figura 9-4. Percentagem média de respostas corretas
KS
dadas durante as fases de Unha de base (A), incentivo
ao passo q ue aqueles que foram inform ados d e que
baixo (B) e incentivo elevado (C) do experimento por su
a ta re fa m edia em patia e calor h u m an o m ostraram jeitos que ou descobriram a contingência de reforçamento
um in crem en to substancial nas respostas refo rça antes ou depois da manipulação do incentivo ou que
das- Por o u tro lado, g ru p o s d e sujeitos não-cônscios permaneceram não-cônscios d u ran te o experim ento.
O
res. B aseando-nos nos achados discutidos previa Controle Simbólico dos Fenômenos de
m en te, não esperaríam o s que o desenvolvim ento
d o d is c e r n im e n to d a s c o n tin g ê n c ia s p r o d u z is Condicionamento Clássico
se muitas mudanças d e com portam ento se os incen- C.onsistenlcs c o m os estudos t io condicionam ento
D
úvos habituais fossem fracos, retardados ou apenas instrum en tal, os resultados d e num erosas investiga
aplicados esporadicam ente, com o é o caso, m uitas ções do co n d icio n am en to clássico (G rings, 1965)
vezes, em circunstâncias realistas. Em segu n d o lu
IN
Dados desta espécie levaram a sugestões cte que por exemplo, demonstraram que sujeitos que reco-j
se fizesse uma distinção entre o condicionamento nheceram a relação estímulo condicionado-estímuk»|
genuíno e a aprendizagem perceptual ou relacional não-condicionado enquanto estavam sendo subme
(Grings, 1965; Razran, 1955). Implícito nesta dico tidos a um condicionamento diferencial de respos
tomia está o pressuposto de que as respostas emo tas psicogalvânicas dem onstraram considerável
cionais condicionadas estabelecidas por meio de condicionamento autonômico. Em contraste, sujei
manipulações instrucionais representam um fenô tos que permaneceram não-cônscios das contingên
meno de "pseudocondicionamento”. Um esquema cias estim uladoras não responderam diferente
conceituai alternativo, que tem o potencial de elu mente a estímulos auditivos que eram associado«
cidar o processo sem proliferar desnecessariamente com o choque, e aqueles que nunca eram empare
variedades de aprendizagem, admitiria que o con lhados com a estim ulação aversiva. Dawson c
dicionamento baseado na ocorrência de eventos Grings (1969) também mostraram que emparelha-
reais versus imaginados envolve principalmente di mentos mascarados de estímulos condicionados e
ferenças na localização dos estímulos produtores de não-condicionados, que impediam o reconheci
PS
emoção ao invés de diferenças no mecanismo de mento da contingência de estímulo, não foram su
orientação. ficientes para condicionar respostas autonômica«
É extremamente improvável que a associação discriminativas.
verbal de eventos por si só seja suficiente para esta Com o objetivo de verificar se as covariações no
U
belecer respostas condicionadas, já que um estí comportamento simbólico e as respostas condicio
mulo capaz de ativar as respostas autonômicas tam nadas envolvem uma relação causal, Chatterjee e
O
bém é exigido. Existe uma evidência consistente de Eriksen (1962) conduziram um experim ento no
estudos nos quais respostas autonômicas são conti qual a consciência das contingências do estímulo
nuamente registradas durante sessões de dessensi foi m anipulada previamente. Um grupo de su
R
bilização (Clark, 1963; Mackay e Laverty, 1963) e jeitos foi informado de que um choque só se segui
de investigações controladas de laboratório (Barber ria a uma palavra em particular numa tarefa de as
e Hahn, 1964) de que eventos aversivos imaginados
podem produzir efeitos emocionais análogos à G
ocorrência real da estimulação aversiva. Estes acha
dos indicam que os sujeitos podem adquirir respos
sociação em cadeia, mas que a estimulação aversiva
seria interrompida num ponto claramente desig
nado do experimento. Um segundo grupo recebeu
a informação de que, embora o choque sempre se
KS
tas condicionadas na ausência de um estímulo não- seguisse a uma palavra particular na lista* cada uma
condicionado externamente aplicado, na extensão das palavras remanescentes seria emparelhada uma
em que instruções prévias os conduzem a gerar vez com a estimulação aversiva e eventualmente os
pensamentos provocadores de medo em conjunção choques cessariam por com pleto. Um terceiro
O
com o estímulo não condicionado. Por outro lado, a grupo recebeu a instrução de que um certo número
instrução verbal por si só não deveria provocar de choques seria aplicado durante o experimento
qualquer condicionamento em sujeitos que não se sem implicar uma contingência regular. Os sujeitos
BO
engajassem numa auto-estimulação apropriada en nos dois primeiros grupos, que descobriram todos a
coberta. De acordo com esta formulação da auto- relação correta palavra-choque, apresentaram res
excitação, o condicionamento instrucional poderia postas condicionadas de batidas cardíacas, ao passo
representar uma variante do paradigma de condi que os sujeitos que receberam informações míni
cionamento básico no qual respostas autonômicas mas e permaneceram não-cônsdos não evidencia
são induzidas cognitivamente, ao invés de direta ram condicionamento. O poder controlador de
EX
mente eliciadas por estímulos aversivos sob o con eventos simbólicos é também mostrado pela evi
trole do experimentador. dência de que sujeitos cônscios exibiram fortes res
A conceitualização anterior implica que, ao invés postas autonômicas ao estímulo crítico, mas não
de representar um processo simples no qual estí generalizaram estas respostas de modo inadequado
D
mulos externos são direta e autom aticam ente em dimensões semânticas ou físicas. Além do mais,
conectados com resjíostas manifestas, o condicio aqueles que foram informados de que a fase de ex
namento clássico é parcialmente mediado por ativi tinção começara, apresentaram uma perda ime
IN
dades simbólicas. Na interpretação mediaciona), o diata e virtualmente completa das respostas condi
estímulo condicionado elicita atividades simbólicas cionadas antes de experimentar quaisquer apresen
encobertas que produzem respostas autonômicas. tações não-reforçadas do estímulo condicionado.
Certa evidência sugestiva para o papel influente da De acordo com o achado anterior, a evidência
auto-estimulação no condicionamento instrucional mais acentuada do controle simbólico das respostas
é oferecida por Dawson (1966), que descobriu que de condicionamento clássico é fornecida por estu
o grau de crença nas instruções de que o choque se dos nos quais a extinção da reatividade autonômica
seguiria a certo sinal e o aumento da antecipação é comparada em sujeitos aos quais se informou que
do choque estavam positivamente correlacionados não haverá nenhuma estimulação aversiva ulterior
com a extensão do condicionamento autonômico. e naqueles que não receberam esta informação. A
O papel influente das variáveis mediacionais no consciência induzida da mudança nas contingências
condicionamento clássico é também apoiado por de estímulo geralmente resulta num desapareci
outras linhas de evidência. Fuhrer e Baer (1965), mento rápido e praticamente completo das respos
CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO 543
tas condicionadas ao estímulo condicionado (Cook de controle cognitivo. Enquanto que as respostas
e Harris, 1937; Grings e Lockhart, 1963; Wickens, condicionadas pela ameaça foram rapidam ente
Allen e Hill, 1963). O decremento é mais súbito e abolidas pela remoção dos eletródios e a informa
dramático quando os sujeitos que, apesar de afir ção de que os choques seriam interrompidos, res
mativas em contrário, suspeitam que eles poderiam postas emocionais produzidas pela estimulação do
continuar a ser chocados são excluídos da análise lorosa eram muito mais resistentes à extinção. Estes
(Bridger e Mandei, 1965). Por outro lado, sob cir achados apóiam o ponto de vista de que respostas
cunstâncias nas quais o nível de excitação é mantido condicionadas tipicamente contêm componentes
e a operação de fatores cognitivos é impedida pelo duais (Bridger e Mandei, 1965). Uma das partes
mascaramento dos procedimentos de condiciona componentes, que é produzida pelo mecanismo de
mento (Spence, 1966), a extinção procede numa auto-excitação, é facilmente manipulável por varia
taxa comparativamente lenta depois que o refor- das cognições provocadoras de emoção. Por outro
PS
çamento foi interrompido. lado, o componente não-mediado é diretamente
Embora uma relação causal forte fosse estabele evocado por eventos estimuladores externos e exige
cida entre as variáveis cognitivas e a taxa de condi experiências desconfirmadoras para sua extinção.
cionamento clássico e extinção, não deveríamos Um estudo de Mandei e Bridger (1967) da inte
concluir que todas as respostas condicionadas são ração entre as influências cognitivas è as contingên
U
necessariamente mediadas conscientemente. Parece cias de estímulo empresta maior validade ao ponto
extremamente improvável que no caso do condi de vista de que os resultados do condicionamento
O
cionamento interoceptivo o estímulo condicionado tipicam ente refletem a operação de processos
(por exemplo, distensão intestinal) ou o estímulo associativos e mecanismos geradores simbólicos. Su
não condicionado (por exemplo, estímulos quí jeitos que foram informados de que nenhum refor-
R
micos apresentados internamente) sejam simboli çamento negativo ulterior ocorreria apresentaram
camente representados. Nestes e em outros expe decréscimos acentuados na reatividade autonômica
rimentos que empregam procedimentos de estimu
lação interna (Razran, 1961), as contingências in
dubitavelmente estão operando abaixo do limiar da
consciência.
G
condicionada; contudo, a taxa de extinção das res
postas diferia dependendo da ordem na qual os es
tímulos condicionados e não condicionados foram
apresentados durante o período de aquisição e do
KS
Existe também alguma evidência para indicar intervalo temporal entre estes eventos estimulado
que a força do controle simbólico depende de con res.
dições sob as quais o comportamento emocional foi A teoria não mediacional do condicionamento
originalmente adquirido. Bridger e Mandei (1964) clássico admite que os eventos estimuladores asso
O
descobriram que o condicionamento autonômico ciados devem pelo menos ser registrados no sistema
era similar quer o estímulo condicionado estivesse nervoso do organismo para que o condicionamento
associado apenas com a ameaça de choque ou com ocorra. Portanto, em estudos que avaliam o papel
BO
a ameaça e a estimulação de choque (Fig. 9-5). Con da consciência no condicionamento, seria de consi
tudo» respostas emocionais estabelecidas à base de derável valor obter evidência de que, de fato,
experiências reais dolorosas eram menos suscetíveis houve um insumo do estímulo condicionado. Não é
EX
D
IN
Figura ft-5. Respostas GSR médias durante a aquisição e extinção para grupos de sujeitos para os quais o estítnulo
condicionado foi associado à ameaça ou ao choque isolados ou a ambos. As curvas de pseudocondicionamento mostram
as respostas GSR a estímulos de controle que nunca foram emparelhados com a ameaça ou com o choque. Estes últimos
dados oferecem um controle para os efeitos dos mecanismos de excitação geral e orientação. Bridger e Mandei, 1964.
544 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
inconcebível que em experimentos que empregam capítulo anterior, a maioria dos métodos de dessen
procedimentos de mascaramento, nos quais a aten sibilização representa uma forma de contracondicio-
ção do sujeilo é desviada para aspectos irrelevantes namento cognitivo, no qual as respostas de ansiedade,
da tarefa, o estímulo condicionado pode não ser as respostas de neutralização da ansiedade, ou
registrado numa maneira suficientemente consis ambos os conjuntos de eventos são em grande parle
ten te p ara p ro d u z ir respostas condicionadas controlados simbolicamente.
estáveis. Hernández-Péon, Scherrer e Jouvet (1956) Um processo de condicionamento de ordem su
oferecem evidência, baseada em estudos neurofisio- perior similar está envolvido na modificação de
lógicos, de que a atenção focalizada num estímulo formas aditivas ou compulsivas de comportamento
particular simultaneamente reduz sinais aferentes por meio do c&ntracondicionamento cognitivo aversivo
ativados por outros estímulos sensoriais. O poten (Cautela, 1966; Miller, 1959, 1963). Na aplicação
cial auditivo evocado no núcleo coclear de gatos a deste procedimento, os indivíduos tipicamente vi
um e.stímulo auditivo forte foi virtualmente elimi sualizam os objetos para os quais se sentem muito
PS
nado quando olhavam para ratos, sentiam cheiros atraídos e imediatamente revivem reações fortes de
de peixe ou recebiam choques elétricos que dis náusea. Resultados preliminares baseados em estu
traíam sua atenção. Horn (1960) demonstrou uma dos de caso individuais, que foram revistos no capí
diminuição similar das respostas neurais a uma luz tulo precedente, indicam que aversões condiciona
U
durante a atenção ativa a outras pistas visuais e das e respostas de esquiva podem ser estabelecidas
auditivas. Embora haja certa disputa sobre se a ate desta maneira.
nuação dos sinais sensoriais resulta de mecanismos
O
O material discutido antes atesta o fato de que as
operando na periferia ou em níveis mais centrais, mudanças mais rápidas e permanentes no compor
não há dúvida de que as respostas neurais a insu- tamento instrumental são conseguidas quando o
R
mos aferentes possam ser substancialmente reduzi- conhecimento das contingências é suplementado
il is pelo comportamento de atenção dirigido para por conseqüências reforçadoras apropriadas. Nas
eventos estimuladores irrelevantes.
Mesmo na ausência de uma disposição diversa
ex p erim en talm en te induzida, alguns sujeitos
podem escolher prestar atenção a estímulos estra
G abordagens de entrevista, interpretações de contin
gências prováveis e sugestões para vias de ação pre
feríveis são oferecidas repetidamente, mas rara
mente são organizados resultados favoráveis. Por
KS
nhos, deixando de obter desta forma o registro outro lado, os terapeutas que utilizam processos de
apropriado, o reconhecimento ou o condiciona reforçamento planejam cuidadosamente as conse
mento. Nestas circunstâncias, a ausência da apren qüências comportamentais necessárias, mas muitas
dizagem pode erroneamente ser atribuída a uma vezes fracassam em especificar a base do reforça
O
é uma pré-condição necessária para a aprendiza os agentes de mudança deveriam designar as con
gem requeriria evidência de que, apesar de um re dições de reforçamento além de arranjar as conse
gistro adequado de estímulos, o condicionamento qüências de resposta exigidas.
clássico não ocorre sem consciência da contingência Há uma aplicação potencial ulterior do conheci
estimuladora. mento do controle simbólico que vale a pena ex
plorar. Foi amplamente demonstrado que o com
EX
não foi completamente explorado, embora, contra recem evidência de que as pessoas podem exercer
riamente à crença comum, as terapias comporta- um certo grau de controle sobre o próprio compor
mentais se alicercem fortemente nos efeitos que são tamento arranjando contingências favoráveis para
IN
ção dos eventos reforçadores reais. Contudo, há zes de autocontrole ideativo que podem ser utiliza
certa evidência sugestiva de que resultados simbóli dos quando necessários. A abordagem mais preva
cos possuem propriedades reforçadoras semelhan lente, e também a mais fútil, a esse problema é
tes a seus equivalentes físicos. Weiner (1965) desco aconselhar os outros a simplesmente banir os pen
briu que imaginar as conseqüências aversivas e samentos perturbadores da sua mente.
a ocorrência real das mesmas reduzia a reativi- Se uma pessoa deseja obter maior controle volun
dade, comparada com uma condição que não en tário sobre os seus processos de pensamento, ela
volvia retroalimentação, embora os resultados ima deve manipular variáveis que sejam capazes de eli-
ginados produzissem efeitos de redução um pouco ciar e manter atividades ideativas competidoras.
mais fracos. Estes achados dão crédito ao ponto de Isto pode ser conseguido de diferentes maneiras. A
vista de que o comportamento manifesto pode ser mais simples é a de efetuar modificações nas respos
parcialmente regulado por operações encobertas de tas de atenção. Isto é, pensamentos perturbadores
auto-reforçamento. podem ser banidos dirigindo-se a atenção para
PS
Aplicações possíveis desta forma de controle’ eventos absorventes que eliciam atividades cogniti
comportamental são discutidas brevem ente por vas mais fortes. Na realidade, esta forma de auto
Homme (1965) num artigo sobre o condiciona controle, no qual a excitação produzida pelos pen
mento de respostas implícitas. Ao lidar com pro samentos é diminuída pela absorção em material de
U
blemas como o fumar excessivo, comer demasiado leitura, programas de televisão, afazeres profissio
e outras atividades que produzem reforços imedia nais e não-profissionais, e outros projetos engajan-
tos e automáticos, o indivíduo seleciona numerosas tes, é am plam ente praticada inadvertidamente.
O
conseqüências aversivas do com portamento que Sem dúvida, os indivíduos poderiam exercer maior
podem ser empregadas como reforçadores negati autocontrole sobre os seus processos de pensamen
R
vos en c o b erto s. Q u a n d o d ese ja fu m a r, p o r tos e respostas emocionais relacionados por meio de
exemplo, ele imediatamente simboliza os efeitos um uso mais deliberado de atividades prepotentes
aversivos do fumar, ou revive outras experiências que são mantidas de reserva para este mesmo pro
negativas. O fumar pode ser significativamente re
duzido se conseqüências aversivas suficientemente
fortes puderem ser criadas por ideações antifumo.
G
pósito.
Embora até aqui a discussão tenha se preocupado
com os possíveis efeitos tranqüilizadores de mu
KS
Tais conseqüências implicitamente produzidas, se danças de atenção, ela pode ter também uma
forem efetivas, provavelmente exercerão maior função preventiva. Em muitos casos, um estímulo
poder controlador quando aplicadas a formas inci externo relativamente fraco pode eliciar certos
pientes mais fracas do com portam ento do que pensamentos que,, em virtude de suas conexões as
quando a tendência para a resposta é muito compe- sociativas, ativa conteúdos ideacionais ulteriores ca
O
lidora, ou depois que o comportamento já foi de pazes de gerar respostas emocionais fortes. Inter
sempenhado. rompendo esta seqüência associativa nas suas pri
BO
Nos exemplos acima, as atividades cognitivas são meiras etapas, a ocorrência de uma excitação pro
empregadas de maneira contingente como eventos duzida pelos pensamentos pode ser totalmente im
reforçadores para reduzir a incidência de compor pedida.
tamentos manifestos. Muitas vezes, certos pensa Admitindo que as atividades simbólicas obede
mentos produzem respostas emocionais fortes ou cem às mesmas leis psicológicas do comportamento
efeitos de desorganização do comportamento, caso manifesto, deveria ser possível influenciar significa
EX
em que o problema passa a ser o de controlar os tivamente a natureza, incidência e potência dos
próprios eventos simbólicos. Em sua forma menos eventos encobertos. As dificuldades ein detectar a
extrema e mais prevalente, este tipo de disfunção presença de respostas implícitas apresentam um
tende a prejudicar a eficiência e a produtividade da forte obstáculo ao seu controle por práticas de re-
D
pessoa. Como Dollard e Miller (1950) assinalam, o forçamento se aderirmos ao paradigma convencio
trabalho produtivo e criador requer, entre outras nal, no qual um agente externo dirige a ocorrência
coisas, uma atenção concentrada na tarefa. Quais do comportamento desejado, impõe as contingên
IN
quer interrupções de fora, ou intrusão de pensa cias e aplica o reforçam ento. C ontudo, como
mentos irrelevantes de dentro, temporariamente Homme (1965) assinala, a ocorrência ou ausência
sustam as atividades em curso. Enquanto o am de eventos encobertos pode ser fácil e fidedigna
biente físico pode ser arrumado de modo a minimi mente detectada pela pessoa que pensa. Conse
zar distrações externas, obter o controle dos seus qüentem ente, tais respostas são mais facilmente
pensamentos apresenta um problema muito mais condicionadas por meio de operações de auto-
desafiador. reforçamento. Neste tipo de abordagem, as respostas
O meio mais direto e eficaz para reduzir pensa implícitas são autodirigidas, as contingências são
mentos intrusivos deflagradores de emoção é modi autoprescritas e as conseqüências autoproduzidas.
ficar suas condições eliciadoras pelos tipos de pro Homme sugere que a hipótese de probabilidade
cedimentos discutidos nos capítulos precedentes. diferencial de Premack (1965) (ou seja, qualquer
Não obstante, ruminações sobre experiências desa atividade altamente preferida tem capacidades de
gradáveis inevitavelmente ocorrem na vida diária, e reforçamento) p o d e ria ser vantajosamente utilizada
portanto as pessoas devem desenvolver meios efica na organização de contingências e seleção dos
346 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
PS
ternas ou autodirigidas de reforçamento, por mu uma demonstração compelidora da discriminação
danças de atenção e por outros fatores automani- inconsciente. De muito maior significado é a evi
puláveís. dência (Eriksen, 1960) de que o condicionamento
ou a discriminação subliminar raramente ocorre
Discrepância entre os Sistemas de
U
quando os estímulos relevantes estão abaixo do
Resposta e o Inconsciente nível de reconhecimento.
Alé agora a discussão enfatizou o controle cogni Um segundo problema metodológico surge por
O
tivo de comportamento autonômico e instrumental que os relatos verbais podem ser influenciados por
em condições nas quais tanto os apoios estimuladores fatores não-sensoriais. Os sujeitos geralmente relu
R
ambientais quanto os eventos reforçadores são facil tam em admitir a presença de um estímulo fraco
mente reconhecíveis. De igual interesse, especial quando são inseguros, um viés de resposta negativo
mente para teorias da personalidade, é a observa que provavelmente aumenta artificialmente o li
ção de que pessoas às vezes apresentam reatividade
autonômica ou motora discriminativa sem o reco
nhecimento consciente de estímulos eliciadores que
G miar verbal. Uma pessoa cautelosa obteria um li
miar verbal muito mais elevado que, de fato, é o
caso, produzindo assim um efeito sublim inar
KS
são fracos demais para uma identificação fidedigna. grande e espúrio. Um não-reconhecimento fingido
As explicações tradicionais de tais fenômenos ten provavelmente ocorre quando os sujeitos se depa
deram a invocar uma entidade psíquica potente sob ram com um contéudo socialmente censurado
a forma de uma “mente inconsciente” que supos como palavras sexuais tabu.
tamente possui capacidades de discriminação sensí Além da influência do que é considerado apro
O
veis. De acordo com esta interpretação, a mente in priado e da confiança subjetiva dos relatos verbais,
consciente prontamente percebe estímulos ameaça as respostas verbais não transmitem as discrimina
BO
dores que ocorrem abaixo do limiar da consciência, ções mais finas feitas pelôs sujeitos quando se exige
e o ego mobiliza vários mecanismos de defesa para que eles classifiquem suas experiências perceptivas
lidar com eles e mantê-los fora da consciência. em termos de algumas categorias verbais discretas.
D urante muitos anos foram efetuadas consi Efeitos pseudo-subliminares podem surgir da pre
deráveis pesquisas, principalmente por Eriksen cisão diferencial de respostas autonômicas contí
(1958, 1960), para avaliar o status empírico da dis nuas e respostas categóricas discretas no nível ver
EX
criminação e condicionamento subliminares. Os re bal. O fato, porém, de que existem discrepâncias
sultados destas investigações rigorosamente plane nos sistemas de respostas, mesmo quando se per
jadas, além de outras descobertas, apóiam uma mite aos sujeitos usar um conjunto mais refinado
concepção alternativa das características dos pro de respostas verbais, e que respostas motoras são
D
ram que os sistemas Fisiológicos e verbais de res Disparidades genuínas entre diferentes classes de
posta eram igualmente não sensíveis a valores bai comportamento podem ser produzidas mediante a
xos do estímulo, e que a resposta verbal foi um dis- aplicação do reforçamento diferencial. Assim, se
criminador superior em níveis intermediários e ele pensamentos e verbalizações hostis são aprovados
vados de estimulação. ou permissivamente aceitos mas ações agressivas
Embora os achados acima não forneçam evidên manifestas são constantemente punidas, as pessoas
cia de uma reatividade inconsciente a estímulos irão prontamente verbalizar sentimentos agressivos
ameaçadores fracos demais para penetrar na cons sem exibir quaisquer dos seus equivalentes moto
ciência, ocorrem discrepâncias entre respostas si res. Semelhantemente, pela reversão das contin
multâneas a pistas ambientais, as quais, portanto, gências de reforçamento poderíamos inibir com
exigem uma explicação. Este fenômeno, ao invés eficácia as representações cognitivas das manifesta
de ser atribuído à influência reguladora de egos, ções comportamentais. Deveria, outrossim, ser pos
superegos ou outros agentes psíquicos que operam sível produzir outros padrões de correlação va
PS
numa mente inconsciente, pode talvez ser concei- riando sistematicamente as contingências de refor
tualizado de modo mais plausível e parcimonioso çamento nas quais as respostas entram.
em termos da discrepância -entre sistemas de res A maioria do material nas seções precedentes
posta parcialmente independentes, um ponto de trata os fenômenos inconscientes como eventos in
U
vista para o qual Eriksen oferece considerável apoio ternos e ambientais que não são representados na
empírico. consciência. Algumas teorias, porém, consideram
importante distinguir entre o pré-consciente e o in
O
Quando duas respostas aparecem mais ou menos
concomitantemente numa série de estímulos senso- consciente. Nesta distinção, o pré-consciente com
riais, a natureza da relação entre estes eventos preende elementos mentais que são facilmente
R
permanece obscura. Pode ser que o reconheci acessíveis à consciência dirigindo-se a atenção do
mento consciente dos estímulos ameaçadores evo sujeito para eles. Por outro lado, o inconsciente in
clui elementos que são relativamente inacessíveis à
que as respostas autonômicas; a ocorrência das res
postas autonômicas discriminativas pode produzir
um reconhecim ento verbal correto; ou os dois
modos de resposta podem ser eliciados indepen
G
consciência e que só podem ser tornados conscien
tes removendo-se forte resistência, preferivelmente
por meio de um tratamento interpretativo.
KS
dentemente pelo estímulo ambiental. Num esforço Em vista da validade questionável das especula
de deslindar as relações entre as variáveis em estu ções dos psicoterapeutas acerca dos conteúdos in
dos de “subcepção”, Eriksen conduziu uma série de conscientes, a acessibilidade à consciência, inferida
experimentos nos quais as respostas de reconheci do grau de resistência, é um critério excessiva
O
mento verbal e as respostas autonômicas ou moto mente não-fidedigno sobre o qual construir uma
res concorrentes eram distintamente correlaciona teoria estrutural do funcionamento mental. Se um
das com os estímulos eliciadores, com a influência indivíduo se recusa a aceitar certos pensamentos pu
BO
da variável de resposta concomitante excluída esta impulsos que lhe são sugeridos pelo terapeuta,
tisticamente. Por este método de análise é possível permanece a questão de se saber se a resistência
determinar qual relação, se é que existe alguma, há revela conteúdos reprimidos ou uma incredulidade
entre as respostas autonômicas e os estímulos sen- justificada em face de interpretações errôneas. Por
soriais quando as diferenças de consciência são eli exemplo, seria um erro concluir que uma pessoa
minadas. Resultados destes experimentos consisten- que vigorosamente se opõe a interpretações de que
EX
temente mostram que os modos verbal e autonô alguns dos seus comportamentos desviantes repre
mico de comportamento representam sistemas de sentam manifestações derivativas de um zoognick
respostas paralelos, ambos reativos à estimulação clandestino e poderoso, de fato possui um zoognick
sensorial, e são parcialmente independentes uns inconsciente checado por fortes forças repressoras.
D
dos outros. Os achados nãò oferecem nenhuma Como notamos antes, quando o processo interpre
evidência de que as pessoas respondam autonômica tativo é visto num contexto de influência social, o
ou motoramente de modo mais sensível e preciso grau de oposição demonstrado por clientes, assim
IN
do que o fazem a nível verbal consciente. como a quantidade e tipo de elementos que even
Esperar-se-ia que as- variáveis que afetam dife- tualmente emergem do seu inconsciente, hipoteti-
rencialmente os sistemas de resposta simbólicos, fi zado dependem, em grande parte, de prestígio,
siológicos e motores reduzissem o grau de correla credibilidade, sistemas de crenças do psicotera-
ção entre diferentes classes de reações. À medida peuta e de outros fatores estranhos.
que certos fatores prejudicam a exatidão da medida Embora possamos discutir seriamente se a exis
de uma classe de comportamentos sem afetar a tência de eventos psíquicos inconscientes pode ser
outra, obteremos disparidades de resposta mesmo fidedignamente estabelecida por métodos psicote-
que os dois sistemas sejam, de fato, altamente con rapêuticos, não há dúvida de que pensamentos e
gruentes. Variáveis estranhas geralmente exercem outras atividadades implícitas podem ser eficaz
um alto grau de controle quando as pessoas estão mente inibidos. Tradicionalmente, a inibição do
respondendo a estímulos fracos demais para sobre pensamento é atribuída ao mecanismo de repres
pujar o efeito de características mais salientes da si são, que se acredita operar grandemente em níveis
tuação. inconscientes. Admite-se ainda, particularmente
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMEN
nas formulações psicanalíticas, que os elementos formação reativa; se ela Fica irritada com uma
reprimidos não só mantêm uma vida dinâmica soa sem culpa exibe um deslocamento; se evita pe
própria, mas são carregados de uma catexia de sarnentos desagradáveis tornando-se preocupa
energia de pulsão que continuamente força a des com um conteúdo ideacional competidor e ritu
carga diretamente ou de forma derivada. Agentes concomitantes ela se vale de defesas obsessivo-
psíquicos opositores que assumem funções defensi compulsivas.
vas e proibitivas mantêm a repressão gastando uma A teoria da aprendizagem social não apenas
porção da energia psíquica à sua disposição. apela a agentes psíquicos proibitivos na explicação
Na teoria comportamental o fenômeno atribuído do processo inibitório, mas difere das abordagens
à repressão é conceitualizado em termos de proces psicodinâmicas também nos pressupostos acerca da
sos de condicionamento de esquiva. Se certos pen natureza das tendências de resposta inibidas. Em
samentos são repetidamente associados com expe bora respostas anteriormente punidas possam reter
riências dolorosas, eles gradualmente adquirem a sua capacidade de g erar efeitos emocionais
PS
propriedades aversivas. Como os pensamentos são quando atividas, não se presume que levem uma
eventos particulares, só podem ser afetados indire existência dinâmica dentro de uma mente incons
tamente por operações de reforçamento. Uma ma ciente, que possuam uma energia de pulsão que
neira pela qual isto seria possível é por meio do precisa ser periodicamente reduzida, que pressio
U
processo de g eneralização de resp o sta. Por nem continuamente para descarga num ou noutro
exemplo, o experimento de Miiler (1951), discutido disfarce ou que requeiram uma restrição incessante
anteriormente, demonstrou que a ansiedade asso para confiná-las num domínio inconsciente. Ao
O
ciada a uma palavra falada tende a generalizar o invés disto, assume-se que disposições de compor
pensamento da palavra. Além do mais, como os tamento inibidas permanecem inertes a não ser que
R
pensamentos tipicamente precedem ou acompa sejam ativadas por estimulação apropriada. Sob cir
nham respostas manifestas, os eventos implícitos cunstâncias rras quais as respostas controladoras in
podem adquirir a capacidade de provocar a ansie compatíveis aos mesmos estímulos são claramente
dade por meio de sua proximidade temporal a atos
instrumentais punidos.
Uma vez que certos pensamentos passam a fun
G dominantes e, portanto, prontamente evocadas, o
comportamento punido dificilmente alcança até o
nível incipiente. Por outro lado, quando as respos
KS
cionar como estímulos condicionados aversivos, a tas punidas são fortemente estabelecidas e as ten
sua ocorrência gera ansiedade e a sua eliminação a dências competidoras não são completamente do
alivia. Como foi demonstrado no experimento de minantes, as respostas inibidas podem ser excitadas
Eriksen e Kuethe (1956), a inibição dos pensamen até o ponto em que geram conflito e ansiedade.
tos geradores de ansiedade é geralmente obtida por Um elemento reprimido, de acordo com este ponto
O
meio da ocorrência simultânea de atividades idea- de vista, não possui uma natureza qualitativamente
cíonais competidoras. Pediu-se a estudantes que as diferente de qualquer resposta que foi substituída
BO
sociassem uma série de palavras, e eles foram pu por um padrão alternativo de comportamento.
nidos com choques elétricos sempre que responde À parte do seu estatuto empírico mais seguro, o
ram com associações dadas inicialmente a cinco pa modelo do sistema de respostas concorrentes possui
lavras arbitrariamente selecionadas. As associações muitas vantagens sobre as formulações que pres
punidas declinaram rapidamente, ao passo que as supõem a existência de uma mente inconsciente.
associações de palavras não punidas permaneciam Esta conceituação não se presta a pseudo-ex-
EX
sem modificação à medida que os itens eram repe plicações nas quais um rótulo descritivo para dis
tidos. Algumas indicações de que o castigo elimi paridades de respostas é reificado e atribuídas
nava respostas no nível implícito ao invés de apenas propriedades causais — por exemplo, discrepâncias
produzir substituições deliberadas de palavras são entre respostas simbólicas e motoras ou fisiológicas
D
mostradas pelo fato de que a substituição de asso aos mesmos eventos estimuladores recebem o ró
ciações inicialmente dominantes ocorreu em estu tulo descritivo de “inconsciente”, que é então con
dantes que não conheciam a base para os choques vertido numa agência interna que exerce um pode
IN
ou que as suas associações tinham mudado; os efei roso controle sobre o comportamento. A interpre
tos inibitórios também persistiam numa tarefa de tação de sistema de respostas múltiplas dos fenô
associação um tanto diferente, na qual a ameaça de menos designados como inconscientes também en
estimulação aversiva tinha sido removida. coraja a exploração sistemática das variáveis que
Nas interpretações de aprendizagem social da dão origem à disparidade de respostas. Final
repressão, respostas incompatíveis ao invés de mente, a teoria tem importantes implicações de
agentes psíquicos são consideradas como forças ini tratamento. Dada a existência de modos de res
bitórias. Deve também ser assinalado que os vários posta independentes, mas parcialmente correlacio
mecanismos de defesa são definidos, em sua maior nados a estímulos significativos, o psicoterapeuta
parte, pelas características do comportamento que pode concentrar vantajosamente seus esforços
compete e substitui tendências negativamente va- sobre á modificação direta das classes de resposta
lenciadas. Por exemplo, se uma pessoa instigada à que o tratamento pretende alterar, ao invés de em
hostilidade exibe pensamentos e ações positivas em barcar numa busca incessante de agentes causativos
relação ao agente frustrador ela está engajada na inconscientes que é passível de prognóstico anterior
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 349
altamente concordante com as predileções teóricas do que as abordagens aos fenômenos inconscientes
particulares do terapeuta, revistas anteriormente. Como é verdade em relação
às pesquisas sobre a “defesa perceptiva”, a questão
EFEITOS COGNITIVOS DA ESTIMULAÇÃO de saber se estamos lidando com um fenômeno ge
SUBLIMINAR nuíno ou com um artefato metodológico é uma
Os estudos revistos na seção precedente investi constante preocupação. Interpretações dos achados
garam os fenômenos inconscientes principalmente sempre permanecem em dúvida, porque os sujeitos
em termos da discriminação de estímulos fracos. que apresentam efeitos subliminares podem estar
Klein e seus colaboradores (Klein, Spence, Holt e parcialmente cônscios dos padrões de estímulos
Gourevitch, 1958; Spence, 1964; Spence e Holland, antes de relatá-los, de modo que a estimulação está
1962) empregaram uma abordagem um tanto dife realmente no, ou acima do limiar de reconheci
rente ao problema. Os efeitos da estimulação su mento. Como os estímulos subliminares raramente
bliminar são medidos, não em respostas autonômi aparecem em desempenhos cognitivos de forma di
PS
cas ou de reconhecimento, mas em termos de indi reta, os investigadores têm que procurar represen
cadores indiretos de mudanças cognitivas. tações indiretas, distorcidas ou simbólicas remotas
Na maioria destes experimentos, estímulos neu para obter pelo menos algumas respostas concretas
tros ao invés d e estímulos ameaçadores são apre para a maioria dos sujeitos. Para complicar ainda
U
sentados em níveis aparente e suficientemejnte mais as coisas, não existem critérios objetivos para
intensos para registrar e evocar alguma resposta no identificar representações distorcidas ou transfor
madas, e a fidedignidade elevada entre avaliadores
O
sistema nervoso central, mas o insumo sensorial é
ou muito fraco ou muito curto para produzir o é muitas vezes difícil de se conseguir.
pleno reconhecimento ou. a identificação correta Mesmo que se incluam os disfarces alterados que
R
dos eventos estimuladores. Em outros estudos, um * o insumo sensorial não-reconhecido presumivel
estímulo verbal, rapidam ente apresentado bem mente assume, o efeito da estimulação subliminar
sobre o funcionamento cognitivo é éxcessivamente
acima do nível de identificação, está inserido em
outros estímulos competitivos e, portanto, pode não
ser evocado mesmo que tenha sido completamente
registrado. Numerosas medidas indiretas da ativa
G
fraco, e, em alguns casos, é eliminado completa
mente quando fontes de artefatos como a conglome-
ração associativa dos efeitos são controladas (Worell
KS
ção inconsciente foram empregadas, tais como a in e Worell, 1966), e taxas de base de manifestações
clusão de elementos estimuladores similares na indiretas são obtidas de sujeitos que nunca foram
produção de fantasias (por exemplo, histórias pro expostos aos estímulos subliminares (Johnson e Erik-
duzidas em reação a testes projetivos, desenhos, so sen, 1961). Dos resultados indefiníveis e parcos das
pesquisas nesta área parece que a ativação sublimi
O
neutro em termos do tom afetivo de pistas sublimi Enquanto estímulos reconhecíveis assumem uma
nares precedentes; e deflagração de respostas que função poderosa de direção do comportamento, os
pertencem à mesma rede associativa. Duas hipóte estímulos não-reconhecidos têm, na melhor das hi
ses conflitantes foram propostas relacionadas com póteses, efeitos psicológicos fracos, inconsistentes e
as características da estimulação subliminar. De fragmentários.
acordo com o ponto de vista contínuo dos processos
EX
estímulos supralim inares, porque, no prim eiro procuram alterar as atitudes das pessoas não estão
caso, os efeitos de restrição da consciência sobre o interessados nas atitudes em si. Embora os proce
pensamento são removidos. Esta formulação, origi dim entos de influência sejam planejados para
nalmente proposta por Freud (1953), admite que as mudar avaliações e preferências com relação a cer
influências pré-conscientes e conscientes obedecem tas pessoas, bens de consumo ou atividades, o prin
a leis diferentes, com os estímulos que operam fora cipal objetivo é modificar o comportamento. Assim,
da consciência sendo menos restritos por controles por exemplo, o alvo de esforços de persuasão é
lógicos e orientados para a realidade. conseguir que as pessoas comprem certas marcas
Estes pontos de vista alternativos não podem ser particulares de mercadorias, que votem em deter
avaliados empiricamente, uma vez que ainda resta minados candidatos, que fumem ou deixem de fu
demonstrar fidedignamente que a estimulação su mar, ou que se engajem em várias outras linhas de
bliminar de fato influencia as atividades cognitivas ação. A abordagem da mudança de atitudes é sele
em grau apreciável. Pesquisas deste tipo são ainda cionada como um meio de influênciar o compor
mais afetadas por problemas metodológicos difíceis tamento quando o comportamento desejado não
350 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
pode ser diretamente eiiciado e reforçado por mo liações, que constituem as variáveis dependentes na
tivos práticos ou de outra espécie. maioria das pesquisas em psicologia social, sejam
Admite-se amplamente que as atitudes são de indicadores não-fidedignos das opiniões e atitudes
terminantes importantes das ações manifestas e, reais das pessoas. Foi mostrado (Schanck, 1932),
conseqüentemente, que quaisquer mudanças obti por exemplo, que atitudes particulares muitas vezes
das no domínio das atitudes terão efeitos amplos diferem acentuadamente daquelas que são expres
sobre o comportamento subseqüente. Acredita-se, sas publicamente. Comunicações persuasivas po
ainda, que os padrões de resposta alterados que são dem, desta forma, eliciar um conformismo a exi
acompanhados por atitudes alteradas correspon gências situacionais implicadas sem afetar significa
dentes serão mais estáveis temporalmente do que o tivamente as atitudes particulares das pessoas.
comportamento que é diretamente induzido sem Uma segunda explicação, sugerida por Festinger
apoio cognitivo. Por estas e outras razões, o desen (1964) é que mudanças de atitudes resultantes de
volvimento de atitudes benéficas é muitas vezes influências persuasivas são relativamente instáveis e
PS
visto como o principal objetivo das tentativas de irão, portanto, desaparecer a não ser que o com-
mudança social. Se for demonstrado que as mu portamento manifesto correspondente seja apoiado
danças de atitudes têm, de fato, conseqüências por conseqüências adequadas. Este ponto de vista
comportamentais significativas, seria de importân admite que as atitudes produzam mudanças de de
cia considerável elaborar procedimentos eficazes sempenho temporárias; contudo, quando as con
U
que poderiam ser especificamente dirigidos para a tingências ambientais não apóiam as novas ativida
modificação de atitudes. des os indivíduos revertem à seu comportamento
O
Uma volumosa literatura se acumulou nos últi antigo e as atitudes recém-estabelecidas são simi
mos anos a respeito de mudanças de atitudes por larmente alteradas para coincidir com as ações.
meio de exposição a comunicações persuasivas, as A modificabilidade relativa das atitudes e ações,
R
quais, por causa da sua extensa aplicação em massa, assim como o grau de correspondência obtido entre
constituem a técnica de influência prevalente ex as mudanças nestes dois conjuntos de eventos, pode
plorada neste campo. Considerando a multidão de
publicações e as funções controladoras poderosas,
seguramente atribuídas às atitudes, é surpreen
dente descobrir que uma busca completa desta lite
Gvariar com as conseqüências afetivas e sociais que
acompanham o comportamento. Uma dada influên
cia social pode produzir mudanças análogas tanto nas
adtudes como nas ações quando as pessoas são indi
KS
ratura por Festinger (1964) apontou para uma ca ferentes ou favoravelmente dispostas em relação
rência de estudos nos quais a influência da mu às atividades advogadas. A maioria das tentativas
dança de atitudes sobre o comportamento foi espe para controlar o comportamento dos consumidores
cificamente investigada. O número de pesquisas por meio de comunicações persuasivas cairia nesta
O
p ertin en tes tam bém não aum entou de form a categoria. Assim, por exemplo, uma pessoa que
notável nos últimos anos. Os dados disponíveis, está considerando comprar uma televisão pode ser
embora admitidamente parcos, mostram que as levada a comprar um aparelho colorido caro depois
BO
mudanças nas atitudes provocadas por comunica de ter sido convencida por anúncios persuasivos
ções persuasivas geralmente têm pouco ou nenhum que ele oferece maior prazer do que um conjunto
efeito sobre as ações manifestas (Fleishmann, Har- preto e branco. O processo é mais complicado, po
ris e Burtt, 1955; Levitt, 1965; Maccoby, Romney, rém, quando as pessoas resistem a um comporta
Adams e Maccoby, 1962). Em contraste com esses mento advogado que podem desempenhar porque
achados, Greenwald (1965a) relata uma correlação resulta em autoderrogação. Isto é ilustrado por si
EX
positiva, embora fraca, entre as mudanças de atitu tuações nas quais as pessoas são induzidas a se
des e de comportamento, Contudo, para sujeitos comportar de maneiras que estão em conflito com
que expressam um comprOmisso prévio contrário à suas crenças. Obstáculos à mudança também sur
tentativa de influência, as comunicações persuasivas gem quando os indivíduos estão dispostos a se en
D
alteram as atitudes, porém não produzem m udan gajar nas atividades desejadas, mas são incapazes de
ças significativas no comportamento (Greenwald, fazê-lo por causa de fortes medos e inibições. Nes
1965b). Estes resultados aparentemente conflitan
IN
ferencial semântico, a r = 0,59 e r = 0,72 para esco temente, se as auto-avaliações são tratadas como
res de mudança baseados numa variedade de esca uma classe de comportamento, ao invés de recebe
las de atitudes (Bandura, Blanchard e Ritter, 1969; rem um status especial como indicadores de um
Blanchard, 1969): mediador interno que recebe substância e é dotado
Mudanças correlacionadas, quando ocorrem , de poderes reguladores influentes, então a questão
podem refletir a operação de diferentes mecanis da relação entre as atitudes e o comportamento
mos. De acordo com a maioria das teorias contem poderia ser conceitualizada de modo mais significa
porâneas de atitudes, algumas das quais serão revis tivo como um problema de correlação entre dois
tas mais adiante, há um impulso para manter con sistemas de resposta diferentes. Deste ponto de
sistência entre crenças, sentimentos e ações. Uma vista, não existe nenhuma relação intrínseca entre
m udança em quaisquer dos com ponentes irá, estes dois conjuntos de respostas, uma vez que
portanto, gerar modificações congruentes nos ou podem ser ou altamente correlacionados ou disso
ciados, dependendo de suas respectivas contingên
PS
tros constituintes. Nestes modelos de consistência,
mudanças nas atitudes ou comportamento são tra cias de reforçamento.
tadas, não como eventos conseqüentes, mas como A diferenciação entre atitudes e ações manifestas
variáveis causais que afetam outras formas de com desaparece completamente quando as primeiras
portamento. Uma interpretação alternativa é a de são prim ariamente inferidas do comportamento
U
que influências ambientais têm efeitos similares não-verbal, como é geralmente o caso nas interpre
mas independentes sobre sentimentos, crenças e tações dos fenômenos naturais. Por exemplo, uma
O
comportamento. Neste ponto de vista, consistências pessoa que apresenta respostas antagônicas ou ati
de crenças e comportamento representam co-efei- vamente evita membros de um dado grupo étnico é
tos correlacionados ao invés de resultados de um vista como possuindo uma atitude negativa, ao
R
processo no qual modificações de um tipo de com passo que se presume que tenha uma atitude posi
portamento produzem mudanças em outras formas tiva se exibir reações amigáveis e de aprovação. Em
tais circunstâncias, a questão de se saber se as atitu
de reagir.
Testes definitivos das explicações dos efeitos pa
ralelos e da consistência dos processos de mudança
G
des influenciam o comportamento reduz-se à ques
tão sem significado de se um determinado padrão
de respostas se determina a si próprio!
KS
são impossíveis na ausência de uma metodologia Deveria ser enfatizado que a discussão prece
que poderia permitir uma medida simultânea de dente não pretende minimizar o papel dos media
crenças, afetos e ações. Se a incongruência cria um dores simbólicos no funcionamento humano, e sim
estímulo interno para a mudança psicológica, então chamar a atenção para as dificuldades conceituais
um procedimento de testagem seqüencial confunde
O
ambiental poderia ter conseqüências similares em vestigadores estão lidando com abstrações supér
diferentes classes de resposta que seriam erronea fluas do comportamento, com co-efeitos de opera
mente atribuídas à operação de um impulso para a ções da influência social ou com eventos carnal
consistência. Estas formulações alternativas talvez mente relacionados.
devessem ser consideradas como complementares G rande parte da am bigüidade que prevalece
ao invés de conflitantes. Sob a maioria das condi nesta área poderia ser reduzida e as questões teóri
EX
ções, eventos estimuladores poderosos produzem cas delineadas com mais precisão se o conceito “in
diferentes mudanças psicológicas, e o desempenho determinado” de “atitude” fosse completamente
do novo comportamento provavelmente tem con abandonado. A questão básica postulada anterior
seqüências cognitivas e emocionais adicionais. mente poderia ser recolocada como segue: Até que
D
Ein muitos aspectos, a questão de saber se as ati grau, e sob quais circunstâncias, as mudanças ope
tudes regulam o comportamento manifesto poderia radas nas classes de comportamento cognitivo, afe
ser considerada uma pseudo-questão criada por tivo e motor possuem efeitos recíprocos? Poder-se-
IN
distinções arbitrárias entre diferentes tipos de res- ia argumentar que haveria algum proveito em reter
post^i. Uma atitude é definida de várias maneiras o constructo da atitude, além da sua função ta-
como uma disposição para agir de forma favorável quigráfica de rotulação, se ele fosse usado para re
ou desfavorável em relação a dado objeto (Brown, presentar os processos superiores de organização
1965); uma organização de cognições valenciadas que são inferidos de manifestações comportamen-
combinada com uma predileção para a deflagração tais específicas. Contudo, tendo em vista a evidên
de motivos (Newcomb, T urner e Converse, 1965); cia substancial (Bandura e Walters, 1963; Mischel,
uma resposta afetiva avaliativa em relação a um ob 1968) de que o comportamento humano é acen-
jeto (Rosenberg, 1960); ou uma resposta media tuadamente específico e extensivamente regulado
dora antecipatória implícita (Doob, 1947). Como a por pistas discriminativas, contingências de refor
maioria das tendências implícitas, as atitudes são çamento e outros eventos externos, há razão para
caracteristicamente inferidas de várias formas de questionar a utilidade de formulações teóricas que
comportamento manifesto, ao invés de identifica invocam mediadores unitários que não podem pos
das por algum critério independente. Conseqüen sivelmente servir como determinantes de respostas
552 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
heterogêneas que não são correlacionadas em qual de atributos como habilidade, confiabilidade, pres
quer grau significa livo. tígio, imparcialidade, poder social e ocultamento da
Num esforço para explicar a especificidade com- intenção propagandística ou manipulação persua
portamental num contexto de teoria da atitude, siva. A forma e a organização dos argumentos per
Rokeach (1966) apresentou o ponto de vista de que suasivos, que também podem influenciar significa
o comportamento social é determinado por conjun tivamente a formação e mudança de atitudes, envol
tos de atitudes que interagem — um ativado pelos vem tais questões como a ordem ótima de apresen
objetas das atitudes e o outro eliciado pela situação. tação de argumentos fracos e principais, a seqüên
Argumenta com razão que em muitos casos as in cia dos argumentos de apoio e oposição, o grau de
fluências situacionais, que foram negligenciadas na explicitação das conclusões, a quantidade de repeti
teoria das atitudes, podem pesar mais do que os ção, o grau de discrepância entre os pontos de vista
efeitos eliciadores de resposta do objeto atitudinal. dos sujeitos e os advogados, as propriedades afeti
Portanto, os indivíduos muitas vezes apresentam vas dos conteúdos, e se o programa de influência se
apóia numa apresentação unilateral ou também in
PS
atitudes bastante diferentes em relação ao mesmo
objeto atitudinal em diferentes situações sociais. clui alguma consideração e refutação de contra-ar-
Uma teoria que prognostica respostas atitudinais à gumentos. Os achados de pesquisa mostram que os
base de variáveis de sujeito e situacionais indubita efeitos destas diferentes variáveis raramente pro
velmente teria maior poder preditivo do que uma duzem efeitos simples; a sua magnitude e direção
U
que apenas se apóia nas avaliações dos sujeitos do são em parte dependentes da influência simultânea
objeto atitudinal em contextos indefinidos. As pro de outros fatores. Por exemplo, a quantidade de
O
priedades controladoras das situações refletem mudança da atitude pode aum entar como uma
primariamente diferenças nas contingências de re- função direta do grau de discrepância das opiniões
forçamento aplicadas a comportamentos atitudinais advogadas por uma fonte altamente respeitável, ao
R
expressos em diversos contexto? sociais. Podería passo que um persuasor de menos crédito pode
mos obter uma eficácia preditiva ainda maior ao exercer uma influência decrescente quanto mais
tratar as atitudes como respostas avaliativas que
estão sob o controle do reforçamento e dos estímu
los discriminativos, como quaisquer outras formas
de comportamento.
G divergentes suas opiniões (Aronson, T u rn e r e
Carlsmith, 1963; Bergin, 1962). Para complicar
ainda mais as coisas, uma dada variável pode ter
efeitos diferentes imediatos e a longo prazo sobre
KS
as atitudes. Com o passar do tempo, o conteúdo re
Estratégias de Mudança de Atitudes levante pode ser retido mas a fonte esquecida, re
duzindo assim as influências iniciais da credibili
ABORDAGEM ORIENTADA PARA A CRENÇA dade (Hovland e Weiss, 1951; Hovland, Lumsdaine
O
induzir modificações de atitudes. A abordagem in tada por um conjunto de princípios empíricos, ao
formativa ou orientada para a crença tenta efetuar invés de uma teoria sistemática. Contudo, estes
modificações nas atitudes das pessoas alterando as princípios são organizados em função do pressu
suas crenças sobre o objeto atitudinal por meio da posto básico de que a mudança de atitudes é go
exposição a várias formas de comunicações persua vernada em grande extensão por antecipações
sivas. Admite-se que as pessoas podem ser induzi transmitidas por meio de comunicações de conse
EX
das a modificar as suas avaliações de um objeto ati qüências recompensadoras e punitivas para certas
tudinal apresentando-lhes novas informações a linhas de ação. Um comunicador competente ou de
respeito das suas características. prestígio é geralmente mais influente do que um
A maioria das pesquisas geradas por esta abor menos competente, uma vez que as recomendações
D
dagem informacional (Cohen, 1964; Hovland e Ja- comportamentais do primeiro, se executadas, ten
nis, 1959; Hovland, Janis e Kelley, 1953; Rosen- dem a resultar ern conseqüências favoráveis. Como
berg et al., 1960) foi expressam ente planejada notamos abaixo, o conteúdo da comunicação mui
IN
para isolar as condições sob as quais uma dada co tas vezes inclui referências a incentivos ou é expres
municação terá o seu efeito máximo sobre as atitu samente planejado para alterar a valência do objeto
des dos recipientes. T rês conjuntos gerais de atitudinal.
variáveis, a saber, a natureza do comunicador, a Embora mudanças de crenças possam ser induzi
comunicação e os recipientes, foram mais extensi das pela exposição a estímulos comunicativos, há
vamente investigados. Estudos das pessoas a serem pouca evidência de que a simples apresentação de
influenciadas geralmente se preocuparam com as informações sobre o objeto atitudinal altere o com
suas característica^ de personalidade, o nível da sua portamento das pessoas em relação a ele em grande
inteligência e sofisticaçao, a natureza de suas atitu escala. Processos de condicionamento de ordem
des preexistentes, e a força do seu compromisso superior são, portanto, freqüentemente emprega
com uma dada posição. Os efeitos das variáveis do dos para aumentar a potência das comunicações
comunicador no fortalecimento das modificações persuasivas. Um método que se apóia no fenô
de atitudes são tipicamente analisados em termos meno do reforçamento vicário aumenta a probabi-
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 353
lidade de que um observador irá responder da ma irão eventualmente obter o sucesso. Uma pessoa
neira recomendada ao representar as conseqüên que foi levada a antecipar resultados iniciais desfa
cias reforçadoras para um modelo que desempenha voráveis pode deixar de considerar, por certo
o comportamento. Em apelos positivos, o desem tem po, os fracassos subseqüentes. C o n tu d o ,
penho do comportamento sugerido pelo comuni quando existem discrepâncias entre os esquemas
cador resulta numa pletora de efeitos recompensa assumidos e reais de reforçamento, tanto o seu
dores. Desta forma, fumar uma determinada marca comportamento como as suas crenças provavel
de cigarros ou usar uma marca especial de loção mente irão se ajustar gradualmente às condições
capilar cativa a admiração amorosa de belezas vo reforçadoras existentes.
luptuosas, aumenta o desempenho no trabalho, mas- Por causa da sua facilidade de aplicação, as técni
culiniza o próprio autoconceito, atualiza o indivi cas de persuasão apresentadas por meios verbais ou
dualismo e a autenticidade, tranqüiliza nervos irri pictóricos são amplamente empregadas em massa
PS
tados, consegue o reconhecimento social e reativi- em esforços para controlar o comportamento de
dade amistosa de estranhos, e provoca reações afe consumidores, influenciar escolhas de votação e
tuosas nas esposas. Estudos de laboratório (Ban- indicar respostas avaliativas positivas ou negativas
dura, 1968) mostram que, de acordo com a sua na em relação a certos objetos atitudinais e questões
tureza, as conseqüências apresentadas para uma sociais. A eficácia dos métodos de persuasão de
U
pessoa que desem penha o com portam ento não massa é muitas vezes diminuída, porém, pelo limi
apenas facilitam ou inibem tendências de resposta, tado controle que os agentes de influência podem
O
mas os seus efeitos podem pesar mais do que o sis exercer sobre a atenção das pessoas aos estímulos
tema de valores previamente adquirido dos obser comunicativos, e pela falta de meios diretos para
vadores (Bandura, Ross e Ross, 1963). reforçar imediatamente os membros da audiência
R
Apelos negativos, por outro lado, demonstram as pelo desempenho do com portamento recomen
conseqüências adversas que resultam do fracasso dado. Por outro lado, sob condições nas quais os
em obedecer às recomendações comportamentais
do comunicador. Embora o castigo vicário possa
inibir as disposições de resposta existentes em certo
grau, é um procedimento menos fidedigno para
G
estímulos de comunicação selecionados são capazes
de atrair e prender a atenção dos observadores e as
ações advogadas de fato resultam em conseqüências
favoráveis, apelos de massa podem iniciar mudan
KS
produzir atitudes desejadas e padrões correspon ças duradouras nas crenças e comportamentos das
dentes de comportamento. A apresentação de fe- pessoas.
sultados nocivos ou revoltantes tende a excitar for
tes respostas emocionais que podem dar origem à ABORDAGEM ORIENTADA PARA O AFETO
O
Mudanças nas crenças ocasionadas por argumen orientada para o afeto. Neste paradigma, tanto as
tos persuasivos podem temporariamente aumentar avaliações como o comportamento relacionado com
a probabilidade das linhas de ação advogadas, mas- objetos atitudinais particulares são modificados al-
é duvidoso.se este tipo de abordagem por si mesmo terando-se as suas propriedades afetivas. Estas mu
pode produzir efeitos duradouros, a não ser que danças emocionais são tipicamente obtidas por
EX
comunicações persuasivas. Uma moça feia de cabe experiências nocivas nas formas aversivas de con-
los castanhos, por exemplo, que foi persuadida de tracondicionamento, ou pelo emparelhamento de
IN
que “as louras se divertem mais” pode tingir os seus estímulos subjetivamente causadores de aflição com
cabelos de louro pálido, mas se a carência de en eventos positivamente reforçadores nas operações
contros com pessoas do outro sexo persistir, ela de dessensibilização. As demonstrações mais con
provavelmente se descartará da crença e reverterá vincentes dos efeitos de transferência do recondi-
à tonalidade natural dos seus cabelos. cionamento emocional são oferecidas por estudos
Algumas pesquisas indicam que a suscetibilidade nos quais as propriedades afetivas dos objetos ati
à contra-influência e a taxa de extinção de crenças tudinais são independentemente medidas, usual
recém-estabelecidas podem temporariamente ser mente em termos de índices fisiológicos apropria
atenuadas por comunicações preparatórias (Janis e dos, com controles adequados para influências so
Herz, 1949, citado em Hovland, Janis e Kelley, ciais não-específicas (Marks e Gelder, 1967).
1953; McGuire, 1964). Estas servem para estimular Embora o uso dos princípios de associação para
o ensaio de refutações de argumentos opostos ou fadlitar mudanças atitudinais tenha sido muito di
para dar aos recipientes a expectativa de que em vulgado, houve surpreendentemente um pequeno
bora a princípio encontrem fracassos e outros re número de pesquisas sobre a eficácia desta aborda
sultados adversos, se aderirem às suas convicções gem. Há alguma evidência de que respostas avalia-
354 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
tivas podem ser alteradas apresentando-se mensa tribos de acordo com a resposta avaliativa condicio
gens persuasivas ou objetos contígua mente com nada a suas sílabas sem sentido correspondentes.
alimentos apetitosos (Janis, Kaye e Kirschner, 1965; Neste contexto, deve ser assinalado que, diferen
Razran, 1938), cheiros desagradáveis (Razran, temente dos análogos de laboratório da aprendiza
1940) ou estímulos sexualmente excitantes (Smith, gem atitudinal nos quais palavras emocionais isola
1968). Num esforço para determinar se a gratifica das foram apresentadas em ensaios discretos, nas
ção não vinculada facilita as mudanças comporta- situações de vida real reações emocionais conside
mentais por um mecanismo de condicionamento ou ravelmente mais intensas são tipicamente eliciadas
por criar uma atitude positiva para o doador, em audiências pelo impacto cumulativo de uma
Dabbs e Janis (1965) compararam os efeitos atitu- longa série de descrições com tonalidade emocional
dinais do consumo de alimentos ocorrendo contí ou apresentações pictóricas.
gua ou não contiguamente com exposição a mensa Os estudos acima, embora relevantes à questão
gens persuasivas sob duas condições diferentes de da modificação atitudinal por meio de manipula
PS
endôsso. Para metade dos sujeitos, o experimenta ções afetivas, teriam maiores implicações se tives
dor endossava positivamente as mensagens, en sem incluído uma avaliação mais extensa das mu
quanto que para os sujeitos restantes ele pessoal danças emocionais. De muito maior importância
mente discordava das conclusões advogadas pela seria a evidência de que a exposição a estímulos
comunicação. Nem a contigüidade nem a variável
U
comunicativos de fato dota os objetos atitudinais
de endosso por si sós produziram um efeito signifi com propriedades deflagradoras de emoção, e de
cativo, mas o alimento contíguo combinado com o que alterações no domínio afetivo são associadas a
O
endosso positivo aumentou a aceitação de opiniões mudanças correspondentes no com portam ento
impopulares. Estes achados, porém, devem ser manifesto do indivíduo em relação ao objeto em
aceitos com reserva porque as medidas de atitudes questão.
R
são de validade questionável quando obtidas pela Outro método de induzir mudanças afetivas que
mesma pessoa que endossa positiva ou negativa possuem consideráveis conseqüências comporta-
mente as opiniões que estão sendo avaliadas.
Nas situações de influência natural o método que
é mais freqüentemente empregado para induzir
G
mentais se apóia nos processos de modelação (Ban-
dura, 1968). Este resultado é obtido associando-se
os objetos atitudinais ou suas descrições com pistas
KS
mudanças no valor afetivo de um objeto envolve as afetivas de modelação capazes de provocar nos ob
sociações de ordem superior de estímulos simbóli servadores respostas emocionais análogas. A modi
cos. Neste procedimento, os nomes e os atributos ficação de atitudes por meio da modelação é ilus
dos objetos atitudinais são emparelhados com estí trada num engenhoso experimento de Duncker
(1938). Num teste inicial de preferências alimenta
O
primeifa ordem. Em vários estudos de laboratório com um desagradável gosto medicinal. Depois, foi
deste processo de aprendizagem (Insko e Oakes, lida uma história para as crianças na qual um herói
1966; Staats e Staats, 1957), sílabas sem sentido an astuto detestava um alimento de sabor amargo simi
teriormente neutras foram contiguamente associa lar ao alimento preferido das crianças e entusiasti
das com adjetivos de tom emocional. As sílabas ad camente se deleitava com uma substância de gosto
quirem valência negativa por meio do emparelha- doce. As reações do herói admirado reverteram a
EX
me nto repetido com adjetivos de conotações nega preferência inicial das crianças, medida imediata
tivas (por exemplo, feio, sujo) ao passo que os mente após a sessão de histórias e em seis testes su
mesmos itens são avaliados como agradáveis de cessivos nos quais as crianças escolhiam entre o
pois de associados com palavras positivamente con chocolate em pó e o açúcar medicado. Além do
mais, uma breve repetição da história reinstalou as
D
vamente por meio de métodos de condiciona recentem ente, Carlin (19$5) descobriu que as
mento, utilizando palavras emocionais como estí crianças jovens mostravam uma maior preferência
mulos evocativos (Staats e Staats, 1958). pela gratificação retardada depois que viram um
adulto que servia de modelo apresentar reações
Um estudo por Das e Nanda (1963) também re afetivas positivas enquanto esperava por recompen
vela que respostas condicionadas avaliativas tendem sas retardadas do que faziam depois que observa
a generalizar de acordo com redes associativas pre ram o modelo expressar reações emocionais negati
viamente estabelecidas, desta forma resultando em vas e desvalorizar o objeto-alvo durante o período
efeitos generalizados. Depois que as sílabas sem de espera imposto.
sentido foram contiguamente associadas com os Nos estudos precedentes tanto julgamentos ava
nomes de duas tribos aborígines, atitudes fa liativos quanto respostas emocionais foram mode
voráveis e desfavoráveis foram desenvolvidas em lados. As mudanças observadas, portanto, não
relação às sílabas. Num teste subseqüente, os sujei podem ser atribuídas apenas à influência de pistas
tos atribuíram características positivas e negativas às afetivas de modelação. Evidência oferecida por
CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO 355
PS
dés nas quais avaliavam o quanto gostariam ou de
testariam de diferentes tipos de encontros com rép
teis. Depois foram dadas informações factuais aos
sujeitos sobre as características e hábitos das cobras
U
para controlar e avaliar a possível influência da in
formação incidente antes que os procedimentos de
tratamento fossem aplicados. Depois.do teste de
O
comportamento de esquiva em relação a cobras, as
medidas de atitudes foram aplicadas novamente.
R
Na fase seguinte do experimento os sujeitos re
ceberam uma dessensibilização sistemática, modela
ção simbólica, modelação ao vivo combinada com
participação orientada ou nenhum tratamento. De
pois do completamento da série de tratamento as
medidas de atitudes foram novamente aplicadas
G
KS
antes e imediatamente depois do teste de esquiva a
cobras.
Os resultados são resumidos graficamente na Fig.
9-6. O ódio aos répteis evidenciado pelos sujeitos
O
de tratamento que neutralizou as propriedades de as atitudes dos sujeitos antes do teste comportamental, e o
flagradoras de ansiedade das cobras e permitiu aos número 2 mostra as suas atitudes imediatamente depois
sujeitos interagir com o objeto atitudinal repug do teste do comportamento de esquiva. Bandura, Blan
nante sem conseqüências adversas conseguiu a chard e Ritter, 1969.
D
no último método, Blanchard (1969) descobriu que favorável. Resultados essencialmente similares são
a modelação explicava cerca de 80 por cento da relatados por Rosenberg (I960), que mostrou que
m udança de atitudes. A informação, por outro um afeto negativo induzido por meio de sugestões
lado, aumentava a excitação emocional dos sujeitos pós-hipnóticas produz uma mudança correspon
em relação às apresentações modeladoras e possuía dente nas crenças em relação ao objeto atitudinal.
um efeito ligeiramente adverso.
As conseqüências atitudinais da mudança afetiva ABORDAGEM ORIENTADA PARA O
também são vistas em estudos de dessensibilização COMPORTAMENTO
que envolvem atitudes mais gerais que lidam com o
sexo, a agressão e outros conteúdos interpessoais. A terceira abordagem em relação à modificação
Estes achados indicam que o componente cognitivo de atitudes, que é freqüentemente empregada na
avaliativo das atitudes pode ser substancialmente psicologia social experimental (Brehm e Cohen,
modificado pela manipulação direta das proprie 1962; Festinger, 1957), se apóia numa estratégia
dades afetivas do objeto atitudinal sem envolver re orientada para o comportamento. Programas de
356 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
mudança conduzidos num contexto da aprendiza mente, tais crenças são mais prontamente modi
gem social tanibéin favorecem este tipo de aborda ficáveis do que representações cognitivas do pró
gem, embora recebam poucas menções nas discu- prio comportamento, o qual, por causa do seu sta
sões da teoria da atitude porque até recentemente as, tus objetivo, é mais firmemente fixado. Assim, por
conseqüências cognitivas que indubitavelmente exemplo, é mais fácil alterar nossas opiniões sobre
acompanham as modificações com porta mentais ra os efeitos do fumo do que negar que estamos de
ramente foram sistematicamente avaliadas. Antes fato fumando ou deixar de fumar por completo.
de discutir achados experimentais específicos rela Em terceiro lugar, em muitos casos o comporta
tivos às abordagens comportamentais, o esquema mento é tão poderosamente mantido pelas conse
conceituai subjacente à maioria destas pesquisas qüências imediatas que qualquer modificação cog
será rapidamente apresentado. nitiva induzida tenderá a exercer, na melhor das
Investigações do processo de mudança de atitu hipóteses, uma influência fraca e transitória sobre
des foram, em grande parte, guiadas por vários as ações correspondentes. Um psicoterapeuta, por
PS
modelos de consistência cognitiva. Entre as posições exemplo, que estipulou, por contrato, curar o al
teóricas mais proeminentes estão a da congruência coolismo crônico ou rituais compulsivos debilitantes
(Osgood e Tannenbaunv, 1955), equilíbrio (Abelson expondo os seus clientes a informações discrepan
e Rosenberg, 1958; Heider, 195K) e da dissonância tes sobre os perigos fisiológicos do beber em ex
U
cognitiva (Festinger, 1957). Embora estas formula cesso ou sobre a irracionalidade de compulsões
ções difiram um tanto no tipo de eventos que são desnecessárias e penosas sofreria, em curto tempo,
inter-relacionados e nos métodos usados para rom uma falência desastrosa. Obviamente, nos casos em
O
per o equilíbrio interno, elas têm em comum o que o comportamento é altamente resistente à mu
ponto de vista de que as cognições que a pessoa tem dança, a modificação de conseqüências de respostas
R
acerca de si mesmo e do ambiente são organizadâs é essencial para efetuar alterações duradouras no
num sistema internamente consistente. Admite-se desempenho às quais as atitudes eventualmente se
ainda, embora implicitamente, que exista um forte adaptariam.
impulso para a autoconsistência. Conseqüente G No experimento-protóiipo da dissonância, as ati
mente, a introdução de novas informações que con tudes dos sujeitos em relação a uma questão ou ob
tradizem atitudes ou crenças existentes cria um jeto particular são avaliadas por meio de auto-ava-
KS
estado motivacional aversivo que instiga o indiví liações, após o que eles são instigados, de uma ou
duo a eliminá-lo ou reduzi-lo fazendo um ajusta outra maneira, a se engajar num comportamento
mento cognitivo destinado a obter um novo equilí que contradiz os seus pontos de vista particulares.
brio mental. Estas doutrinas da consistência pres As mesmas escalas de avaliação são depois reaplica
O
supõem, portanto, que o rom pim ento da con das, e os escores de mudança são tomados como
gruência interna entre elementos cognitivos consti representação do grau de alteração de atitudes.
tui uni determinante básico da mudançu de atitu Estes estudos (Brehm e Cohen, 1962; Cohen, 1964;
BO
PS
sendo influenciada apresenta elevada auto-estima. tamanho do incentivo financeiro e a mudança de
Deve ser assinalado que, em situações naturais, ge atitudes; outras investigações demonstram tanto re
ralmente não é uma fácil tarefa conseguir que as lações positivas como inversas (Carlsmith, Collins e
pessoas desempenhem ações pessoalmente repug Helmreich, 1966; Linder, Cooper e Jones, 1967),
U
nantes por qualquer período de tempo sob condi nenhum efeito de incentivos estatisticamente signi
ções de incentivo desfavoráveis. ficativos (Elms e Janis, 1965; Janis e Gilmore, 1965;
Nuitin, 1966), ou evidência de que maiores incenti
O
A avaliação das principais questões teóricas e os vos financeiros produzem maiores graus de mu
achados em píricos volum osos a resp eito das dança de atitudes (Collins, 1969; Rosenberg, 1965).
variáveis causadoras da dissonância vão além do es
R
As condições que governam a relação entre os in
copo desta obra. Para o leitor interessado, revisõeá centivos e a mudança de atitudes não podem ser
detalhadas são disponíveis em outro lugar (Abel- identificadas fidedignamente, a não'ser que sejam
G
son, Aronson, McGuire, Newcomb, Rosenberg e apresentados dados para duas outras relações críti
Tannenbaum, 1968; Chapanis e, Chapanis, 1964; cas, a saber, a quantidade do comportamento con
Elms, 1967; Feldman, 1966). Os estudos empíricos tra-atitudinal engajado como função das diferentes
geralmente produziram resultados conflitantes; magnitudes de recompensa, e o grau em que varia
KS
conseqüentemente, as condições exatas sob as quais ções na quantidade do comportamento discrepante
o desempenho discrepante induzido irá ter o maior é associado com a extensão da mudança de atitu
efeito sobre as atitudes ainda permanecem um des. Em experimentos nos quais a quantidade e
tanto obscuras. Uma das principais dificuldades em qualidade do desempenho contra-atitudinal são
O
verificar as derivações da teoria da dissonância e medidos, os resultados são muitas vezes ininter-
em obter conclusões dos dados experimentais surge pretáveis porque as recompensas materiais, que
porque não existe nenhuma medida independente supostamente servem como induzidores externos
BO
do grau em que o estado postulado de dissonância para o comportamento discrepante, são aplicadas
foi excitado por um dado procedimento. Como as numa contingência tão relaxada que a sua função
operações de indução tipicamente envolvem um de incentivo é virtualmente obliterada. As recom
conjunto complexo de eventos, os resultados expe pensas são oferecidas para qualquer desempenho
rimentais se prestam a inúmeras explicações alter que os sujeitos escolhem, mas os incentivos não são
EX
nativas que complicam a interpretação. Para uma explicitamente contingentes do número, persuasi-
ilustração gráfica da am bigüidade relativa às vidade e qualidade elaboradá dos argumentos.
variáveis independentes em estudos de obediência
forçada, o leitor é referido ao debate acalorado Mesmo experimentos conduzidos por proponen
entre Aronson (1966) e Rosenberg (1966), que in tes dos princípios de incentivo têm uma relação li
D
terpretam a mesma manipulação experim ental mitada com a teoria do incentivo porque as recom
como lendo criado quantidades opostas de disso pensas são oferecidas sem exigências de desem
penho específico. Se os incentivos facilitam a mu
IN
nância cognitiva!
dança de atitudes porque motivam os indivíduos a
Uma questão teórica, em função da sua relevân gerar argumentos positivos que são contrários às
cia óbvia ao papel dos incentivos nos processos de suas próprias crenças (Janis, 1968), então os sujei
mudança, merece ser discutida neste contexto. tos deveriam ser recompensados com base no nú
Acredita-se amplamente que os achados experi mero de argumentos favoráveis que produzem.
mentais relativos aos efeitos dos incentivos sobre a Um teste adequado da eficácia preditiva da teoria
mudança de atitude ocasionada pelo comporta do incentivo também requer evidência indepen
mento divergente contradiga derivações da “teoria dente de que variações na recompensa realmente
convencional do reforçamento”. De fato, por causa produzem um número e variedade diferencial de
da aplicação inadequada dos incentivos, os resulta argumentos. Quando as recompensas são ofereci
dos destes estudos são de relevância limitada para das sem levar em consideração a produção de res
os princípios do reforçamento. Além do mais, como postas, não há razão para esperar que tenham
será discytido mais adiante, contrariam ente à quaisquer efeitos comportamentais ou atitudes con
crença comum, tanto a teoria da dissonância como sistentes. Isto é ratificado pelos achados reais. Um
358 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÓES DO COMPORTAMENTO
número de condições limitadoras sob as quais as reações críticas dos outros e outras conseqüências
teorias da consistência têm validade foi proposto, negativas, a inconsistência pode se tornar uma con
incluindo liberdade de escolha, compromisso, de dição aversiva que instiga excitação emocional e
sempenho público ou particular, conseqüências an modificações cognitivas destinadas a remover a
tecipadas de influenciar os outros na direção con- fonte de desconforto. Portanto, os processos de dis
tra-atitudinal e conseqüências de autodesvaloriza- sonância podem estar envolvidos em certo grau sob
ção. Contudo, nenhuma destas explicações reconci condições em que as pessoas voluntariamente se
lia adequadamente todos os resultados divergentes. comprometeram a desem penhar um com porta
A influência positiva dos incentivos também é mento desagradável com pouca indução externa e
freqüentemente anulada nos experimentos de dis se sentem então compelidas a modificar suas cren
sonância introduzindo-se recompensas financeiras ças para justificar suas ações contraditórias. Por
no contexto de pressões sociais intensas sobre os su causa das muitas condições limitadoras sob as quais
jeitos para desempenhar a tarefa desagradável. No se acredita que ocorram os efeitos da dissonância, o
PS
procedimento çm pregado com mais freqüência, fenômeno não pode ser altamente prevalente. A
um experimentador preocupado explica a um su redução da dissonância, portanto, deve ser apenas
jeito involuntário que ocorreu uma emergência um de vários processos ativados pelo desempenho
inesperada porque o assistente regular acabou de contra-atitudinal.
telefonar dizendo que seria incapaz de conduzir a Sempre que uma dada ação é recompesada, os
U
investigação com o próximo sujeito, que já chegou efeitos do reforçamento tendem a se generalizar a
e está esperando por sua sessão programada. Sefá classes similares de comportamento, com o resul
O
que o sujeito estaria disposto, por uma recompensa tado que a incidência de respostas verbais corres
grande ou pequena, a substituir o assistente au pondentes também é aum entada em certo grau
sente informando o sujeito que está esperando que {Lovaas, 1961). Equivalentes cognitivos do compor
R
uma tarefa enfadonha é interessante e agradável? tamento manifesto recompensado também são afe
Não é de surpreender que, dadas tais razões compe- tados de maneira similar (Miller, 1951) mesmo que
lidoras, o mesmo comportamento discrepante seja
desempenhado qualquer que seja o tamanho do in
centivo (Carlsmith, Collins e Helmreich, 1966; Fes-
tinger e Carlsmith, 1959) e que os sujeitos estão
G eles nunca tenham sido diretamente envolvidos na
contingência de reforçamento. Desta forma, em si
tuações nas quais o comportamento contra-atitudi
nal é recompensado de forma contingente, mudan
KS
dispostos a executar a tarefa desagradável mesmo ças análogas no domínio cognitivo podem refletir,
sem incentivos monetários de qualquer espécie parcialmente, um processo de generalização de respos
(Nuttin, 1966). Na realidade, dada esta “crise repen tas.
tina, inesperada e pressionante” e apelos urgentes Uma terceira interpretação dos efeitos do de
O
para o sujeito ajudar o experimentador nesta “en sempenho dos papéis, apresentada por Janis e King
crenca”, nenhuma das condições experimentais, (1954), Janis e Gilmore (1965) e Rosenberg (1965),
qualquer que seja o pagamento prometido, pode
BO
nais, como nas situações de redação de ensaios, in de vista oposto. \ o curso do desempenho do papel,
centivos aumentados muitas vezes produzem au a pessoa se torna influenciada pelos méritos de seus
mentos maiores de mudança de atitudes (Carls próprios argumentos convincentes.
mith, Collins e Helmreich, 1966). Outros investiga Embora haja alguma evidência de que o grau de
dores (Elms, 1967; Janis e Gilmore, 1965; Rosen- mudança de atitudes esteja positivamente relacio
D
berg, 1966) atribuíram, portanto, os efeitos dos pa nado com a quantidade e qualidade do comporta
gamentos diferenciais à provocação do ressenti mento contra-atitudinal, o tamanho do incentivo
IN
mento, suspeita e outras respostas emocionais de por si só não tem efeitos consistentes sobre a im
interferência ao invés do seu valor positivo de in provisação ou sobre a mudança de atitudes (Janis e
centivo postulado. King, 1954; Janis e Gilmore, 1965; Kelman, 1953;
Embora haja evidência abundante de que o de Rosenberg, 1965). Contudo, Janis demonstrou que
sem penho do com portam ento contra-atitudinal incentivos grandes oferecidos por uma fonte fa
pode ser um meio altamente eficaz de alteração das vorável produzem uma melhor qualidade de de
atitudes existentes, achados divergentes quanto às sempenho e maior modificação nas atitudes do que
condições contributivas sugerem que mais do que pequenas recompensas financeiras oferecidas por
um processo mediador é provavelmente envolvido, um patrocinador desfavorável para assumir uma
Alguns destes mecanismos alternativos são discuti posição contraditória. Rosenberg (1966) também
dos mais adiante. oferece a interessante proposição de que as conse
Os indivíduos recebem considerável treino social qüências autopersuasivas do ensaio comportamen-
para serem lógicos e consistentes em suas crenças. tal podem depender da disposição psicológica da
A medida que crenças contraditórias provocam pessoa. Como no caso de influências de fontes ex-
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 359
ternas, a pessoa que rotula os seus argumentos con- a reatividade desejada, são gradualmente reduzidos
tra-atitudinais como sendo manipulativos e engano à medida que o com portamento produz conse
sos pode ser consideravelmente mais resistente a qüências reforçadoras naturais e auto-avaliativas.
seus próprios argumentos persuasivos do que se ela Como as reduções nos incentivos geram efeitos
iniciasse a tarefa com uma orientação positiva de emocionais perturbadores, um agente de mudança
auto-exame. Este fator, se operativo, poderia expli estaria provocando aborrecimentos desnecessários
car alguns dos resultados conflitantes. Bem (1967) pelo uso de recom pensas desnecessariam ente
similarmente argumenta que os efeitos auto persua grandes.
sivos de observação do próprio comportamento Até agora a discussão foi focalizada nos reajus
podem ser em parte determinados pelas condições tamentos internos provocados pela ação inconsis
estimuladoras em que ocorre. tente e sobre os processos mediadores alternativos
X medida que as mudanças de atitude são em que poderiam explicar o fenômeno. Um quarto
PS
parte governadas pela quantidade de comporta mecanismo que equilibra efeitos de desempenho de
mento discrepante no qual a pessoa se engaja, a se papéis — um processo de conseqüências experimentais
leção da magnitude do incentivo como a variável — focaliza o fato de que uma mudança de compor
crítica para testar prognósticos da teoria da disso tamento oferece à pessoa uma variedade de novas
nância e do reforçamento foi uma escolha infeliz, experiências com o objeto atitudinal. A informação
U
porque variações na quantidade da recompensa obtida destas novas interações sociais e observações
não têm efeitos consistentes sobre o desempenho pode, em si, produzir uma reorganização substan
O
de sujeitos humanos (Bruning, 1964; Elliott, 1966; cial das atitudes (Kelman, 1961). Assim, por
Lewis e Duncan, 1961). Isto é análogo a manipular exemplo, uma pessoa preconceituosa que foi indu
uma variável que não tem efeito uniforme sobre a zida a se comportar de modo positivo em relação a
R
quantidade de excitação da dissonância. Para ofe membros de um grupo minoritário pode adotar
recer um teste critico da teoria do reforçamento, é uma atitude mais favorável não tanto pela tensão
necessário variar uma propriedade do incentivo
que possui conseqüências com porta mentais fide
dignas, já que a única razão para utilizar recom
pensas é alterar a incidência do comportamento
G
criada pela inconsistência intrapsíquica, mas por
que associações positivas próximas com grupos mi
noritários fornecem um conhecimento avaliativo adi
cional e resultados recompensadores para os parti
KS
crucial. Em vista da evidência de que o reforça cipantes. Conseqüências experimentais diretas da
mento variável intermitente resulta em maiores de mudança comportamental, dependendo da sua na
sempenhos do que as mesmas recompensas aplica tureza, podem pesar muito mais do que a influên
das ríum esquema fixo, uma variável de incentivo cia das tensões intrapsíquicas na iniciação e manu
O
mais apropriada, do ponto de vista da teoria do re tenção das mudanças de atitude.
forçamento, seria o padrão pelo qual o comporta
Outro aspecto importante deste processo diz res
mento contra-atitudinal é recompensado. Para a
BO
MODIFICAÇÃO DE ATITUDES EM
mento autopersuasivo. RELAÇÃO AO “SELF’
Deve-se assinalar de passagem que, no que se re
fere a programas de modificação do comporta De particular relevância para as abordagens so
mento, não há teorias de reforçamento que pres ciais de desenvolvimento e modificação de atitudes
crevam o uso de recom pensas excessivas. Pelo é a evidência oferecida por Breer e Locke (1965),
contrário, como explicamos no Cap. 4, é mais van de que experiências de tarefas podem exercer uma
tajoso, por várias razões, empregar condições de forte influência sobre as atitudes dos que desempe
incentivo suficientes para eüciar o com porta nham estas tarefas. Nestes estudos, os indivíduos
mento desejado. Em primeiro lugar, o objetivo é ou são diferencial mente recompensados ou viven-
produzir alterações perm anentes no com porta ciam êxitos diferentes por desempenhar as tarefas
mento, e o comportamento parcialmente reforçado de duas maneiras diferentes. Depois das experiên
é mais resistente à extinção. Em segundo lugar, cias de desempenho, as preferências dos sujeitos
num programa bem. elaborado, incentivos artifi para atividades similares ou valores mais abstratos
ciais, externos, inicialmente necessários para eliciar apenas indiretamente relacionados com as próprias
960 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
tarefas são medidos. Os resultados gerais, baseados Em muitos casos, naturalmente, atitudes desfa
em numerosas investigações de atitudes em relação voráveis em relação a si mesmos derivam de déficits
ao individualismo, equalitarismo, teísmo e realiza comportamentais e são repetidamente reforçadas
ção, mostraram que mudanças atitudinais significati por experiências de fracasso ocasionadas pela inca
vas podem ser induzidas oferecendo aos indivíduos pacidade da pessoa para satisfazer expectativas cul
ex p e riên cia s de ta re fa s bem -sucedidas. Por turais realistas. E óbvio que para tais pessoas ne
exemplo, estudantes universitários que trabalha nhuma quantidade de auto-exploração irá fornecer
vam melhor em grupos do que sozinhos se torna habilidades vocacionais geradoras de estima, apti
ram mais coletivistas em suas atitudes, ao passo que dões acadêmicas, competências interpessoais e profi
sujeitos que obtinham maior sucesso ao desempe ciências não-profissionais recom pensadoras que
nhar tarefas independentemente adotavam uma apoiariam auto-avaliações positivas realistas. Nestes
orientação mais individualista. Estes estudos tam casos, a principal preocupação deve ser a do auto-
bém fornecem alguma evidência de que atitudes desenvolvimento e não a da auto-exploração. Evi
PS
induzidas pelo sucesso tendem a se generalizar a dência de que atitudes que são significativamente
tipos relacionados de atividades e a preferências influenciadas pela retroalimentação de desempe
abstratas. nhos recompensadores indicam que auto-avaliações
Os agentes de mudança muitas vezes estão preo positivas perm anentes podem ser obtidas com
U
cupados não com alterar as avaliações individuais maior eficiência organizando-se condições ótimas
de diferentes formas de comportamento mas em para que o indivíduo adquira as competências ne
cessárias. Por outro lado, a probabilidade de que
O
modificar também as suas atitudes em relação ao
self. Na realidade, em algumas escolas de psicotera- atitudes favoráveis em relação ao self, por mais que
pia, tais como a abordagem centrada no cliente sejam induzidas, possam sobreviver em face de ex
R
(Rogers, 1959), as mudanças de autoconceito são periências de desempenho desconfirmadoras, é ex
rotineiramente escolhidas como um dos objetivos cessivamente pequena.
primários de tratamento. De acordo com este ponto
de vista, as atitudes em relação ao self podem sei
mais eficientemente modificadas por meio da ex
ploração intrapsíquica sob condições nas quais o
G
“Internalização” e Persistência de
Mudanças Comportamentais
KS
agente de mudança apresenta empa Lia, considera Geralmente se admite que quando uma mudança
ção positiva e não-contingente e autenticidade. As de comportamento é acompanhada por um con
dificuldades do indivíduo presumivelmente deri junto de atitudes congruentes o comportamento se
vam do fato de que experiências que são incompa tornou efetivamente internalizado. Depois que este
tíveis com o seu autoconceito errôneo são consisten-
O
liativa, o levará a prestar atenção a experiências a resultados. Como resultado do apoio recíproco
afastadas e aceitá-las como parte de si mesmo; isto, das atitudes e do comportamento, tendências de
por sua vez, produz sentimentos aumentados de resposta internalizadas são presumivelmente mais
autovalor, auto-aceitação e maior liberdade de estáveis e duradouras, mesmo sob condições de re-
ação. Esta abordagem se apóia no pressuposto forçamento externo relativamente desfavoráveis,
básico de que a pessoa já desenvolveu repertórios do que o comportamento de aquiescência sem con
EX
de comportamento altamente competentes, a maio vicção pessoal. Este ponto de vista, se verdadeiro,
ria dos quais são inerentemente satisfatórios, mas pareceria, num exame casual, contradizer o princí
que não são nem aceitos nem realizados por causa pio de que o comportamento é regulado pelas suas
das contingências auto-avaliativas deficientes que conseqüências. Esta contradição aparente surge
ela adotou a partir de agentes de socialização mal-
D
experimentam muita aflição autogerada e muitas cando que o comportamento seja governado pelas
restrições auto-impostas como resultado da aderên contingências sittmcionais. De fato, como explicaremos
cia a padrões inadequados ou excessivamente ele mais tarde, até o com portamento internalizado
vados de auto-reforçamento. À medida qye um permanece sob controle de reforçamento, mesmo
agente de mudança reforça difere ncialmente um que seja relativamente independente de conseqüên
comportamento realista de adoção de padrões e eli cias externas.
d a a emulação de padrões de auto-avaliação mais Antes de discutir os mecanismos alternativos que
lenientes, veiculados pelos seus com entários e foram propostos para explicar os fenômenos reu
ações, as atitudes habituais do cliente em relação a nidos sob o term o internalização, é apropriado
si mesmo provavelmente mudarão. Contudo, resul questionar o que, se é que alguma coisa o é, é in
tados de investigações apresentadas anteriormente ternalizado no organismo. Talvez seja desorienta-
indicam que este objetivo pode não ser facilmente dor falar do comportamento sendo internalizado
atingido na base dos tipos de condições prescritas porque, depois que os padrões de resposta foram
pela abordagem centrada no cliente. adquiridos, é duvidoso que eles possam sofrer
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 561
qualquer interiorização adicional. As principais (Ferster e Skinner, 1957; Sidman, 1966) podem
questões, portanto, estão menos relacionadas com a exercer um considerável controle sobre a forma,
localização do comportamento do que com a natureza taxa e padrão das respostas torna extremamente
de suas condições controladoras. difícil afastar os determinantes estimuladores ex
Ao avaliar teorias de internalização e de proces ternos.
sos auto-reguladores, é importante distinguir entre Embora haja apoio extensivo de estímulos para o
as funções reforçadoras e discnrrànatwas dos estímulos. comportamento, é necessário, contudo, explicar di
O comportamento é controlado não apenas por ferenças nas respostas dos indivíduos ao que pare
suas conseqüências reforçadoras, mas lambém por cem ser essencialmente as mesmas pistas. Para vol
estímulos ambientais que indicam os tipos de resul tar ao exemplo do nosso motorista isolado, um es
tados que tendem a seguir certas Unhas de ação. tudo de campo sistemático indubitavelmente mos
Uma grande parte do comportamento humano que traria que sob condições de trânsito desertas alguns
parece ser dirigido internamente de fato está sob o motoristas esperariam, obedientemente, pelo sinal
PS
controle de tais pistas discriminativas. Às vezes os verde, outros poderiam parar momentaneamente e
eventos estimuladores controladores podem ser fa depois continuar o seu caminho e outros ainda
cilmente identificados por causa de suas proprie provavelmente não dariam a mínima atenção ao
dades distintivas, como no caso do motorista que sinal de trânsito. Um não-internalista provavel
U
pacientem ente espera num sinal luminoso ver mente argumentaria que o sinal luminoso, por si
melho numa rua deserta sem que um carro, um só, não define adequadamente o ambiente total
pedestre ou um guarda de trânsito esteja à vista. controlador. Se um indivíduo particular transgride
O
Enquanto que este motorista exibe um acentuado ou não o sinal depende de um grande número de
controle, não obstante o seu comportamento cla outras variáveis estimuladoras (por exemplo, a in
R
ra m e n te e stá re g u la d b e x te rn a m e n te . E ste fluência restritora de outros passageiros, pressões
exemplo, incidentalmente, ilustra alguns dos prd- de tempo sobre o motorista, suas estimativas subje
blemas inerentes às definições de internalização tivas da probabilidade de ser apanhado e a gravi
que ignoram a função de orientação do comporta
mento das pistas, e nas quais o critério primário é a
ocorrência do controle comportamental na ausên
G
dade das conseqüências que poderia ocorrer etc.)
cada qual podendo exercer algum grau de controle
sobre o seu comportamento. É concebível que em
KS
cia de uma vigilância social. muitos casos a consideração de todos os eventos es
Na maioria dos casos, os estímulos controladores timuladores relevantes numa dada situação mostra
externos não são tão facilmente identificados e ria que o comportamento que parece ser gover
conseqüentemente agentes controladores internos nado internamente, é, em grande parte, controlado
por padrões complexos de estímulos múltiplos, que
O
que é muitas vezes citado como exemplo de con Análises sociais sistemáticas indubitavelmente re
trole internalizado, pode servir para ilustrar este velariam também que as pessoas muitas vezes per
ponto. Há algum tempo treinamos o nosso cão por sistem num comportamento que recebe pouco ou
meio do reforçamento diferencial a evitar todas as nenhum apoio social (Bateson, 1961), desistem de
poltronas, exceto uma muito antiga que logo se atividades recompensadoras e de objetos pronta
tornou a habitação semipermanente do animal. mente disponíveis e socialmente permitidos, im
EX
Nosso animal condicionável exibia um “superego” põem a si mesmos exigências de desempenho alta
bem desenvolvido até que um dia minha esposa mente desfavoráveis (Bandura e Perloff, 1967), e
reorganizou a disposição dos móveis. Ao entrar na suas ações podem ser altamente refratárias mesmo
sala fui cumprimentado com a cena tranqüila do a conseqüências externas severas (Farber, Harlow e
D
nosso canino socializado dormindo contentemente West, 1957). Estes e outros dados indicam que me
numa nova cadeira localizada na área previamente canismos de regulação podem ser estabelecidos,
ocupada pela poltrona gasta. Subitamente, tornou- tornando o comportamento parcialmente indepen
IN
se aparente que o comportamento do nosso cão era dente de contingências e resultados situadonais es
regulado por pistas espaciais irrelevantes ao invés pecíficos.
de um governador interno. Podemos diferenciar vários tipos de controle pelo
Tem sido repetidamente demonstrado em pes reforçamento “intrínseco". Como notamos no Cap.
quisas com organismos infra-humanos e com sujei 4, os padrões de resposta podem ser efetivamente
tos humanos que pistas regularmente correlaciona mantidos sem apoio social ou natural pelas suas
das com o reforçamento eventualmente obtêm con conseqüências sensoriais intrínsecas. Incentivos artifi
trole sobre o comportamento associado. Portanto, ciais e uma grande dose de vigilância social podem
em situações nas quais estímulos discriminativos fi ser necessários inicialmente, por exemplo, para in
dedignos estão presentes é razoável questionar o duzir crianças a adquirir as habilidades necessárias
que foi internalizado, e porque é necessário invocar para tocar piano; depois que a proficiência é
uma agência interna que supostamente regula o conseguida, desempenhos no teclado são prova
comportamento observado. O fato de que outros velmente executados pela sua retroalimentação me
tipos de estímulos sutis como pistas tem porais lódica. Outras atividades podem ser similarmente
362 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO
auto-reforçadas pela sua retroalimentação sensória comportar de modo contrário a seus padrões de
intrínseca. Deve ser assinalado, porém, que os valo conduta por meio de respostas de autopunição ai>-
res reforçadores da maioria dos estímulos visuais tecipatórias. Como as próprias auto-exigências e o
ou auditivos gerados por seqüências de comporta auto-respeito servem como seus principais guias e
mento devem eles mesmos ser desenvolvidos por deterrentes, o comportamento que está sob esta úl
meio de um processo de reforçamento diferencial. tima forma de autocontrole tende a ser menos afe
Não há nada inerentemente recompensador a res tado por variações nas contingências situacionais
peito de uma ária wagneriana executada com habi específicas. Pode ser notado de passagem que a dis
lidade, uma pintura abstrata ou um solo de tuba. tinção efetuada entre tipos de conseqüências auto-
Padrões de resposta também podem ser manti geradas é similar à diferenciação comum do com
dos em parte por conseqüências antecipadoras. Estu portamento controlado pelo medo e pela consciên
dos relatados anteriormente mostram que o com cia.
portamento pode ser sustentado por punições ou
PS
As observações precedentes não implicam, natu
recompensas imaginárias. Este processo também é ralmente, em que os padrões de auto-reforçamento
vividamente ilustrado no caso, citado no Cap. 1, do não exijam algum grau de apoio social. As pessoas
paciente que tenazmente desempenhava rituais es tendem a se associar a outras que compartilham
tranhos e árduos destinados a evitar uma tortura ter normas comportamentais similares e mutuamente
U
rível e infernal, mesmo quando os seus rituais de reforçam a aderência aos padrões que adotaram.
expiação eram consistente e severamente punidos Aquelas que escolhem um grupo pequeno e seleto
pelo pessoal da enfermaria. Neste caso, as conse
O
como referência e não compartilha os valores da
qüências aversivas imaginadas tinham tais efeitos maioria podem parecer “dirigidas por dentro”, ao
poderosos sobre o comportamento do paciente que passo que na realidade elas dependem muito da
R
ele se tornou relativamente autônomo dos refor- aprovação ou desaprovação real ou imaginada de
çamentos externos. alguns indivíduos cujos julgamentos são altamente
O terceiro mecanismo pelo qual o com porta
mento se pode tornar grandemente independente
das contingências e dos resultados situacionais en
volve um processo no qual os padrões de resposta
G
valorizados.
Estabilização das Mudanças
Comportamentais por Meio do
KS
são em grande parte controlados pelas suas conse Desenvolvimento de Funções de
qüências auto-avaliativas. Como já discutimos deta
lhadamente, as pessoas adotam certos padrões d t Auto-Regulação
comportamento e geram conseqüências auto-re- O aspecto mais importante e mais negligenciado
compensadoras ou autopunitivas, dependendo de
O
ção das contingências que provavelmente serve de sistência depois que as condições controladoras ori
base para a noção de que os valores governam a ginais deixam de existir. A generalização e a persis
conduta. Sob condições nas quais as conseqüências tência do comportamento podem ser facilitadas por
auto-avaliativas que ocorrem externamente entram três meios diferentes. Estes incluem o treino de
em conflito, como no caso em que um dado padrão transferência, a alteração das práticas de reforça
de comportamento ê socialmente recompensado mento do ambiente social e o estabelecimento de
EX
mas pessoalmente desvalorizado, os efeitos inibitó funções de auto-regulação. Nos casos ein que pa
rios da autocrítica antecipatória podem prevalecer drões de resposta recém-estabelecidos ou desinibidos
sobre as recompensas externas. Ao contrário, um aliviam a aflição subjetiva ou são favoravelmente
auto-reforçamento positivo pode manter, com al recebidos dentro do ambiente natural, este com
D
guma força, o comportamento que não é recom portamento alterado será adequadamente susten
pensado ou é negativamente sancionado por agen tado sem procedimentos especiais de manutenção.
tes da sociedade cujos padrões de comportamento Experiências negativas ocasionais no contexto de
IN
As mudanças mais fundamentais seriam clara recompensa de acordo com as estruturas de con
mente obtidas pela alteração da estrutura de con tingência prevalentes, outros ainda servem de
tingências e práticas de reforçamento que prevale agentes reforçadores. Depois que o comportamento
cem na subcultura desviante. Isto requeriria modi auto-avaliativo preciso está bem estabelecido, a fun
ficação do comportamento de indivíduos que exer ção reforçadora também é transferida, e o indiví
cem uma forte influência .controladora sobre os duo avalia o seu próprio comportamento e se re
seus companheiros no sistema social. Contudo, força de acordo. Além disso, as recompensas mate
dado o viés individualista das abordagens de trata riais artificiais são gradualmente reduzidas à me
mento e as imensas dificuldades encontradas nos dida que o comportamento da pessoa é colocado
esforços para se obter controle adequado de grupos sob o controle de consequências simbólicas e auto-
anti-sociais, o procedimento mais comum é remo aplicadas. A última fase do treino no auto-reforça-
ver o transgressor do seu ambiente usual e sujeitá- mento é produzir um nível de funcionamento no
lo a algum tipo de influência social. qual participantes podem controlar o seu próprio
PS
Um severo comportamento anti-social pode ser comportamento com um mínimo de restrições ex
controlado em centros residenciais por meio do re ternas e incentivos artificiais.
forçamento diferencial. Além do mais, o compor
tamento conformista resultante tende a persistir Outro meio de se organizar funções de auto-regu-
U
enquanto que as sanções institucionais permanecem lação é providenciar amplas oportunidades para que
efetivas. Os residentes, podem, de fato, vir a se os participantes desempenhem comportamentos de
papéis em relação a companheiros, papéis estes que
O
comportar de modo não censurável e até a desem
penhar obedientemente qualquer comportamento são ordinariamente desempenhados por agentes de
que deles se espere para tornar as condições na ins mudança regulares. Especificamente, isto inclui de
R
tituição tão agradáveis quanto possíveis e acelerar legar progressivamente mais as funções de estabe
sua alta. Um sistema de incentivo benéfico num lecimento de padrões, avaliação e reforçamento aos
membros do grupo à medida que progridem no
centro de tratamento pode assim extrair um consi
derável comportamento pró-social dos delinqüen
tes, mas tais pessoas muitas vezes voltam a seus
padrões anti-sociais usuais sempre que os membros
G
programa. Os próprios membros, com orientação
da equipe, se tornam assim os administradores das
contingências. Para aumentar a boa-vontade dos
KS
da equipe de supervisão não estão mais presentes. participantes em adotar novos comportamentos de
A atração da subcultura desviante pode ser redu papéis, privilégios maiores e recompensas são asso
zida fazendo com que os membros adquiram pa ciados à responsabilidade aumentada para guiar o
drões alternativos recompendadores de comporta comportamento dos membros. Uma participação
ativa na tomada de decisões, aplicações de recom
O
cedimentos que podem ser bem-sucedidos no de tucionais, e o desempenho de outros comporta
mentos contra-atitudinais provavelmente exercem
senvolvimento de funções de auto-regulação. Em
maior influência sobre os valores e as preferências
primeiro lugar, os padrões desejados de compor
tamento e os padrões de auto-reforçamento devem do que um programa no qual as contingências são
simplesmente impostas a membros veladamente re
ser adequadamente exemplificados por agentes de
sistentes. Também podemos supor que aqueles que
mudança. Em segundo lugar, um conjunto expli
EX
Da mesma forma que as funções de auto-re- rados também reforçam, pela aprovação e pelo
gulação são socialmente transferíveis e condi exemplo, as ambições universitárias nos jovens de
cionáveis, são também passíveis de extinção a não classe inferior; e associações seletivas com compa
ser que haja uma quantidade suficiente de apoio nheiros orientados para a universidade oferecem as
social. Vários grupos sociais, que diferem conside condições de aprendizagem social para a aquisição
ravelmente nos seus padrões de comportamento e gradual de atitudes, sistemas de crenças e os reper
práticas de refoTçamento, sào potencialmente dis tórios comportamentais complexos necessários à
poníveis aos indivíduos. Os grupos aos quais esco aquisição do status sócio-educacional desejado.
lhem a filiação determinam em grande parte os Bandura e Walters (1959) também mostraram que
modelos de papéis e o sistema de contingências aos os adolescentes tendem a escolher associados pró
quais serão expostos, e, conseqüentemente, a dire ximos que com partilham sistemas de valores e
ção na qual o comportamento será ulteriormente normas comportamentais; os companheiros, por
PS
modificado. Portanto, atenção aos fatores que go sua vez, servem para reforçar e manter os padrões
vernam a seleção dos grupos de referência é de de comportamento adotados pelos jovens.
importância crucial, especialmente nos casos em
que mudanças com porta menta is induzidas são dis Sumário
cordantes da conduta advogada e reforçada pelos
U
associados anteriores do indivíduo. Desta forma, a Várias teorias têm sido propostas em relação ao
generalização e a manutenção das mudanças de papel dos processos simbólicos na regulação do
O
personalidade podem ser melhor asseguradas se o comportamento. Estas vão desde os pontos de vista
program a instila nos participantes competências não-mediacionais que admitem que as conseqüên
comportamentais e padrões de auto-reforçamento
R
cias reforçadoras modificam o comportamento di
que tendem a exercer uma influência decisiva nas retamente e automaticamente, a formulações cogni
preferências associativas. tivas que consideram a representação simbólica das
Depois que uma pessoa adotou novos padrões de
auto-avaliação, as pressões do grupo para o con
formismo a exigências comportamentais conflitan
tes geralmente são resistidas. Em vez disso, quando
G
contingências um pré-requisito para a aprendiza
gem e a mudança do desempenho. Uma teoria da
interação recíproca parece ser mais eficiente em
KS
coordenar os achados diferentes em relação a esta
a conduta advogada não está de acordo com pa questão. De acordo com este ponto de vista, as con
drões auto-impostos, o indivíduo pode tentar alterar seqüências reforçadoras podem alterar o compor
as exigências, permanecer um membro marginal, tamento independentemente da consciência, mas os
ou, se as recompensas da associação são insuficien indivíduos eventualmente inferem, da observação
O
tes, ele pode abandonar a sua associação com o do seu comportamento e seus resultados diferen
grupo. ciais, as regras de reforçamento corretas que con
Para que as pessoas se unam a novos grupos so
BO
das do seu novo ambiente social e, eventualmente, e desempenho, ao passo que sujeitos não-cônseios
ou se afastarão ou serão rejeitadas pelo grupo. geralmente apresentam poucos ou nenhum efeito
Muitos programas de reabilitação, por exemplo, se de condicionamento. A interpretação destes resul
concentram em produzir mudanças radicais no tados, porém, permanece obscura porque os estu
comportamento dos transgressores que fazem com dos carecem dos dados necessários para determinar
D
pouca atenção â provê-los de meios para obter gra inadequado dos insumos sensoriais ou à falta de re
tificações substitutas adequadas. conhecimento dos eventos estimuladores contíguos
O modo pelo qual os processos de afiliação go que foram registrados e evocaram respostas neu-
vernam o curso da mudança de comportamento é rais. Experimentos planejados de tal forma que os
revelado em estudos (Ellis e Lane, 1963; Krauss, sujeitos não possam observar nem as suas próprias
1964) que investigam as fontes de altas aspirações respostas ou a ocorrência de eventos reforçadores
educacionais entre crianças de classe baixa. Nas — assim evitando o reconhecimento das contingên
famílias de tais crianças, os pais não podem eles cias — revelam que o condicionamento pode ocor
próprios oferecer modelos satisfatórios de hábitos rer, embora de forma menos fidedigna, numa base
de linguagem, costumes e habilidades sociais vincu não-mediada. Os achados gerais parecem indicar
lados à classe que são necessários para obter a acei que a consciência é um fator facilitador poderoso,
tação dos companheiros de classe média superior. mas pode não ser uma condição necessária e cer
Os pais caracteristicamente iniciam o processo de tamente não é uma condição suficiente para a mu
mobilidade na direção superior dando valores posi dança comportamental. A consciência em si não
tivos a realizações educacionais; professores admi produz respostas comportamentais a não ser que as
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 965
PS
forma similar, no contracondicionamento aversivo dependentes sobre os sentimentos, as crenças e o
cognitivo, as respostas de esquiva a objetos aditivos comportamento, ou se a mudança em alguns desses
são estabelecidas pela associação contígua de repre componentes gera modificações congruentes nos
sentações simbólicas de estímulos com valência po outros constituintes.
sitiva a reações de náusea provocadas pelo pensa Quando os processos simbólicos reguladores são
U
mento. Conseqüências imaginadas também podem combinados com conseqüências autogeradas, o
ser empregadas instrumentalmente como reforça comportamento pode se tornar “internalizado” ou
O
dores encobertos para o fortalecimento e a re parcialmente independente de contingências e re
dução da incidência do comportamento manifesto. sultados situacionais. Vários tipos diferentes de
Pensamentos perturbadores muitas vezes desorga controle “intrínseco” pelo reforçamento podem ser
R
nizam o funcionamento psicológico, caso em que o distinguidos. O comportamento pode ser susten
problema passa a ser o de controlar os próprios tado pela sua retroalimentação sensorial inerente,
eventos simbólicos. O autocontrole dos processos
de pensamento pode ser conseguido redirigindo-se
a atenção para atividades absorventes que eliciam
cognições competidoras e pelo auto-reforçamento
G
por resultados antecipatórios, oú por conseqüências
auto-avaliativas.
O estabelecimento de sistemas de reforçamento
autodirigidos é essencial à medida que as mudan
KS
de linhas de pensamento mais construtivas. ças comportamentais induzidas devem ser generali
A questão do controle mediacional do compor zadas e se tornam permanentes, especialmente
tamento também é freqüentemente levantada no quando os ambientes sociais oferecem ou um apoio
contexto da teoria das atitudes. Embora se admita fraco para novos modos de com portamento ou
O
geralmente que as mudanças de atitudes têm in padrões de reforçamento conflitantes. A estabiliza
fluências amplas e estabilizadoras sobre as ações ção das mudanças tende a ser assegurada quando
manifestas, alterações induzidas nas atitudes, de os padrões adotados para o auto-reforçamento re
BO
fato, geralmente têm poucos efeitos permanentes sulta na associação seletiva com pessoas que com
sobre o comportamento a não ser que recebam um partilham normas de com portamento similares,
apoio de reforçamento suficiente. Por outro lado, a oferecendo assim um apoio social para o próprio
modificação direta das propriedades afetivas dos sistema de auto-avaliação.
EX
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R
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O
BO
EX
D
IN
Índice Nominal
ielson, R. P., 79, 123, 356, 357, 365, 371 Bandura, A., 2, 5. 8, 10, 12, 16, 17, 18, 19, Bersh. P. J., 214, 227, 228, 249, 253, 294
>i RaH, A., 240, 244 20, 22, 28, 35, 44, 45, 46, 47, 48, 53. 57, Beuelheim, B„ 283, 290
PS
>ramoviiz, A., 284, 293 60, 65, 68, 69, 70, 71, 74, 75, 76, 77, 78, Beyer, N. L., 79, 119
tram s, S., 300, 325 79, 80, 82, 84, 85, 86, 87, 92, 97, 99, Beyrne, F., 272. 290
lam, G., 12, 39 100, 102, 103, 104, 105, 106, 108, 109, Biderman, A. D., 32, 35
Jams, J. K., 335, 337, 365 110, 111, 112, 113, 114, 118. 136, 138, Bielinski, B., 322, 332
dams, J. S., 350, 370 151, 152, 167, 173, 176, 185, 198, 204, Bijou, S. W„ 60, 66, 154, 167, 201, 225,
dler, H. E., 85, 118 211, 215, 224, 225, 226, 234, 244, 267, 227, 247, 250
U
dler, L. L., 85, 118 270, 275, 281, 290, 345, 351, 353, 354, Bis, J„ 162, 168
gras, W. S., 145, 170, 234, 235, 244, 248, 355, 361, 364, 365, 366 Bisese, V. S., 16, 35
266, 267, 293, 306, 311, 325, 326 Banks, J. H., 98, 124 Bitter, F.., 224, 246
O
hmad, F. Z„ 46, 68, 152, 173 Barber, T. X., 279, 290 Bitlerman, M. E,, 212, 215, 246, 248, 250
1-Jssa, I., 272, 293, 322, 329 Barends, J., 272, 295 Black, A. H., 23, 35, 77, 101, 119, 180, 204,
lexander, F., 45, 56, 65, 244 Barker, J. C., 297, 298, 302. 306, 326, 329 211, 229, 245, 247, 253, 254, 290
R
Jford, J. A., 320, 326 Barlow, D. H„ 234, 235, 244, 266, 293, 326 Blair, J. H., 242, 243, 248
Jkhin, W. H., 324, 325 Barnes, G. W., 130, 167 Blake, B. G„ 318, 322, 326
kllen, C. K„ 214, 250, 343, 372 Barnett, P. E., 99, 119 Blake, R. R., 79, 95, 112, 113, 119. 120,
illen, D. W„ 86, 123
\ngerm eier, W. F., 85, 118 Bassan, M. E., 29, 38 Bloom, R. F., 77, 124
\ppel, J. B., 184, 199, 204, 206 Bateson, G., 23, 35, 224, 361, 366 Blough, D. S., 313, 326
Appel, K. E., 29, 32, 35 Bayroff, A. G., 85, 119 Boe, E. E., 177, 185, 186, 205
BO
Armitage, S. G., 137, 145, 170 Beach, F. A., 186, 204, 276, 291, 302, 327 Bolden, L., 245
Armstrong, E. A., 114, 118 Becker, W. C., 60, 67, 86, 122, 154, 171, Belles, R. C., 175, 205
Armstrong, J. D., 321, 326 227, 248 Bond, I. K„ 198, 205, 275, 290, 304, 310,
Aron freed, I., 76, 85, 139, 170, 176, 180, Beech, H. R. 195, 204 326
204 Bell, R. W., 17. 38 Bookbinder, L. J., 26, 36
Aronson, E., 181, 204, 352, 357, 365 Belleville, R. E., 314, 328 Bordin, E. S., 53, 66, 290
Asch, S. E., 55, 65 Bellugi, U., 87, 119 Boroczi, C., 186, 208
Ashem, B„ 272, 290, 318, 326
EX
Bem, D. J., 359, 366 Bourne, E. E., Jr., 22. 36, 334, 366
Atkinson, R. C., 149, 167 Bem, S. L., 22, 35 Bourne, P. G., 320, 326
Atihowe, J. M., Jr., 154, 156, 167 Benedetti, D. T „ 99, 119 Bowcock, J. Z., 320, 326
Auld, F„ Jr., 32, 35 Benline, T. A., 229, 244 Bower, C.. H., 23, 36, 81, i)9, 129. 16y,
Ax, A. F„ 225, 244, 287, 290 Benne, K. D„ 63, 65 252, 290
Avllon, T „ 6, 9, 14, 27, 35. 62, 65, 136, Bennett, R. E., 320, 326 Bowman, K. M., 320, 326
D
138, 141, 142, 143, 144, 153, 154, 155, Bensberg, G. J., 137, 138, 146, 167 Brady, J, P., 285, 290
156, 157, 167. 176, 185, 186, 199,204, Bentler, P. M., 60, 65, 272, 280, 285, 290 Brady, J. V., 177
207, 218, 219, 220. 244, 338, 339, 365Benton, A. A„ 112, 119, 178, 180, 204 Branch, M. N., 84, 124
IN
Azrin, N. H., 14, 35, 62, 65, 136, 138, 141, Berberich, J. P., 72, 89, 91, 123, 134, 136, BrawJey, E. R., 45, 66, 145, 167
142, 143, 144, 154, 155, 156, 157, 167, 170 Breer, P. E., 359, 366
L75, 176, 177, 181, 184, 185, 186, 190, Berg, C„ 53, 65 Brehm, |. W., 35, 355, 356, 357. 366, 371
199, 204, 206, 207, 208, 338, 339, 365 Berg, J. A., 32, 35, 54, 65 Brenker, J., 272, 295
Berger, A., 340, 371 Breuer, J., 242, 246
Bachrach, A. J., 145, 167 Berger, S. M., 12, 16, 35. 97, 99, 119, 224. Bricker, W., 225, 249
Backer, R., 129, 172 244 Bridger. W. H., 214, 215, 245, 341, 343,
Bacon, R. C., 77, 127 Bergin, A. E„ 30, 32. 35, 54, 55, 56, 65, 366, 370
Baer, D. M., 14, 36. 45, 66, 71, 72, 73, 118, 366 Brigham, 1'. A., 72, 119
136, 138, 140, 144, 167, 170, 199, 204 Berkowiu, L , 92, 119, 223, 225. 226, 244, Brimer, (.'. J., 229, 247
Baer, R E., 342, 368 298, 328 Blinker, ü. B., Jr., 80, 121
Bailey. (J. J., 23, 33 Berko wit?, S., 73. 119 Blot!rn, M., 154, 169
Baker, J. L., Jr., 144, 168, 202, 205 Berlew, I). E„ 150, 170 Brodie, D. A., 513, 328
Bales, Ji. 315, 326 Berlyne, D. E„ 130, 167 Brodsky, G., 52, 67
B;i!l, T., 146, 172 Herman, A. j., 77, 124 Broen, W. E., Jr., 186, 208
Bancroft, J. H. J., 308. 326 Bernstein, I. H., 340, 341, 371 Bronfenbrenner, IJ., 165, 168
373
374 ÍNDICE NOMINAL
Brooks, L. R., 147, 172, 335, 368 Clark, B. S., 113, 120 Delgado, J. M., 226, 245
Brookshire, R. H., 187, 205 Clark, D. F. 240, 245, 272, 280, 281, 283, Demkow, L., 179, 209
Brown, B. H., 280, 295 291, 306, 327, 342, 366 Demone, H. W., Jr., 312, 314, 327
Brown, C. T., 320, 326 Clark, M., 154, 168 Denenherg, V. H., 313, 331
Brown, G. D., 201, 209 Clark, R., 314, 326 Denny, M. R., 211, 213, 245
Brown, J. S., 130, 168, 213, 245, 262, 294 Clark, R. A., 313, 326 Desiderato, O-, 182, 205
Brown, M„ 44, 45, 68, 224, 227, 250 Clifford, B., 245 Di Cara, L. V., 14, 36, 221, 245
Brown, P., 44, 65, 227 Clifford, L. T., 245 Dibner, A. S., 285, 291
Brown, P. T., 306, 308, 332 Cloward, R. A., 2, 36 Dickel, H. A., 282, 292
Brown, R., 87, 119 Clugston, H. A., 81, 127 Dinoff, M., 153, 172
Brown, R. W., 351, 366 Cohen, A. R., 350, 352, 355, 356, 357, 366 Dinsmoor, J. A., 175
Brown, T. R., 113, 125 Cohen, D. J„ 138,164 Dities, J. E., 46, 66, 141, 245
Broz, W. R., 301, 315, 316, 319, 322, 329, Cohen, H. L.. 138,154, 162,168, 202,Dittmann,
205 A. T., 53, 66
332 Cohen, J., 162, 168 Dixon, H. H., 282, 292, 295
Bruning, J. L., 16, 17, 36, 39, 359, 366 Cohen, S. I., 272, 291 Dixon, T. R., 263, 295
Brush, E. S., 255, 295 Colby, K. M., 53, 65, 88, 120 Dobson, W. R., 45, 66
PS
Brutten, E. J., 178, 188, 205 Cole, J. O., 286, 291 Docter, R. F., 312, 327
Bruun, K., 313, 326 Cole, M., 339, 369 Dollard, J., 71, 79, 80, 85, 113, 114, 124,
Bryan, J. H., 113, 119 Cole, M. W., 287 129, 171, 223, 224, 231, 241, 245, 345,
Bucher, B„ 193, 194, 205 Coles, M. R., 85, 127 367
Buchwald, A. M., 113, 119, 144, 168 Collier, R. M., 53, 66 Donner, L., 258, 291, 318, 326
U
Buehlcr, R. E., 4, 36, 202, 205, 245 Collins, B. E., 357,358, 359, 366,369Doob, L. W., 223, 245, 351, 367
Buell, J. S., 139, 145, 167, 221, 223, 244, CoUins, B. J., 152,173, 337 Doyle, G. A., 130, 171
247 Colman, A. D., 145, 168, 202, 205 Drakeford, J. W., 96, 120
O
Burbridge, N., 320, 326 Colwell, C. N„ 137, 146, 167 Dubanoski, R. A., 113, 120
Burchard, J., 201, 205 Conani, M. B., 78, 120 Duffy, E., 287, 291
Burke, C. J., 339, 369 Conger, J. J., 313, 327 Dufort, R. H., 212
Burkholder, R., 160, 170 Conn, J. H., 304, 327 Dulany, D. E., 333, 335, 336, 338, 346, 367
R
Burrowes, A., 19, 39 Connor, R., 323, 328 Dumont, D, A., 91, 123
Burton, R. V., 227, 249 Conovitz, M, W., 186, 204 Duncan, C. P., 359, 370
Bum, H., 350, 368 Converse, P, E., 351, 370 Duncker, K., 113, 120, 354, 367
Bushell, D., Jr., 134, 173
Buss, A. H., 245
Butcher, R. H. G., 271, 272, 292
Bu der, R. A., 130, 131, 168
Conway, C. G., 297, 298
G
Cook, S. W., 214, 245, 341, 342, 367
Cooke, G., 259, 272, 291
Cooper, A. J., 302, 304, 309, 324, 327
Dunham, H. W., 153, 168
Dunham, P. J., 144, 168
Duryea, R., 113, 119
Dvorak, A., 101, 124, 317, 318, 330
KS
Butterfield, W. H., 139, 147, 172 Cooper, E. B.p 189, 205 Dyal, J. A., 213, 246
Bykov, K. M., 11, 12, 36 Cooper, J., 357, 370 Dysinger, W. S., 97, 120
Cooper, J. E., 291
Caims, R. R., 284, 290 Coppock, H. W., 129, 168 Easterbrook, J. A., 80, 120
Callahan, D. M., 32, 38 Comeliaon, A. R., 3, 37 Edinger, R. L.. 152, 173
Calvin, A. D., 239, 245 Corsini, R. J,, 95, 120 Edlin, J. V., 318, 327
O
Cameron, N., 275, 290 Corson, J. A., 85, 120 Edmonson, B. W., 239, 246
Camp, D. S., 177 Costello, C. G., 240, 245, 272, 291, 306, Efran, J. A.. 264, 291
Campbell, D., 323, 326 327 Eiseman, A. J., 314, 328
BO
Campbell, D. T., 114, 120 Costiloe, J. P., 286, 295 Ekman, P., 341, 367
Campbell, P., 323, 326 Cowan, P. A., 87, 120, 153, 172 Elam, C. B., 213, 246
Campos, C. B., 232, 246 Cowden, R. C.. 272, 291 Elkes, E., 31, 39
Cane, V. A.. 112, 113, 127, 178, 209 Craig, K. D., 100, 120 Elkin., F., 48, 66
Capaldi, E. J , 215, 245 Crankshaw, E., 10, 36 Elliott, R., 44, 65, 199, 205, 227, 245, 359,
Carkhuff, R. R., 96, 127 Crawford, M. P., 114, 120 367
Carlin, Mi T., 354, 366 Crawford, R., 99, 127 Ell is, R. A., 364, 367
EX
Carlisle, J. M., 303, 307, 330 Cressler, D. L., 59, 66, 161, 168 Ellman, S. J., 77, 127
Carlsmith, J. M., 181, 204, 352, 357, 358, Crisp, A. H., 274, 294 Ellson, D. G., 78, 120
365, 368 Crook, G. H., 320 Elms, A. C., 357, 358, 367
Carlson, N.J., 77, 180, 204, 211, 229, 245 Crooks, J. L., 101, 120 Emery, J. R., 278, 291
Carpenter, J. A., 312, 326, 328, 330 Culbertson, F. M., 354, 367 Emmerich, W., 69, 120
Carrera, R., 238 Curran, D., 305, 327 England, G., 272, 292
D
Cartwright, D. S., 29, 37 Cutler, R. L., 57, 67 English, H. B., 280, 285, 291
Casey, A., 314, 326 Epstein, N. B., 320, 327
Cassel, R. H., 137, 146, 167 Dabbs, J. M., Jr., 55, 66, 354, 367 Epstein, R., 79, 112, 120, 246, 263. 291
IN
Castell, D., 306, 308, 332 Daly, D. A., 189, 205 Erasmus, C. J., 116, 121
Caul, W. F., 98 Darby, C. L., 85, 120 Eriksen, C. W., 310, 327, 342, 346, 349,
Cautela, J. R., 151, 168, 300, 326, 344, 366 Dardano, J. F., 184, 205 366, 367, 369
Chafetz, M. E., 312, 314, 326 Darwin, P. L., 281, 291 Erwin, W. J., 145, 167
Chambers, R. M., 129, 168 Das, J. P., 354, 367 Estabrooks, G. H., 285, 291
Chandler, P. J., 112, 121 Davenport, J. W., 12, 36 Estes, B. W., 140, 171
Chapanis, A., 357, 366 Davidoff, E., 320 Estes, W. K., 175, 177, 205, 211, 246, 339,
Chapanis, N. P., 357, 366 Davies, D. L., 317, 327 369
Chapel, J. L., 272, 290 Davis, D. M.. 187, 190, 205 Etheredge, E. E., 286, 290
Chapman, R. W., 202, 205 Davis, R. A.. 81, 127 Etzel, B. C., 223, 246
Charms, R. de, 79, 121 Davison. G. C., 257, 258, 261, 266, 267, Evans, D. R., 198, 205, 306, 307, 311, 327
Chatterjee, B. B., 342, 366 282, 291, 308, 327 Eysenck. H. J„ 29, 36, 301, 327
Child, G. P., 320, 326 Davison, L. A., 97, 122, 127
Chittenden, G. E., 44, 65. 86, 92, 93, 120, Davitz, J. R., 226, 245 Fairweather, G- W., 30, 36, 59, 60, 66, 157,
224, 227, 245 Dawson, M. E., 341, 342, 367 159, 161, 162, 168
Chu, C. G., 55, 65 De Morsier, G., 317, 318, 327 Färber, I. E., 263, 291, 333, 334, 335, 340,
Church, R. M., 17, 36, 86, 98, 120, 175, De Nike, L. D., 333, 335, 336, 367, 371 341, 361, 368
177, 181, 205 Deese, J„ 211, 213, 245 Feldman, M. P., 197, 198, 206, 207
Clancy, J., 326 Dekker, E., II, 36 Feldman, R. B.. 240, 246
INDICE NOMINAL 575
Feldman, R. S., 153, 172 Gliedman, L. H., 29, 32, 36 Hefferline, R. F„ 340, 368
Feldman, S., 357, 368 Glynn, J. D., 306, 328 Hegrenes, J. R., 232, 246
Feldmann, H., 3f7, 318, 327 Goffman, £., 153, 169 Heider, F., 356, 368
Fenichel, O., 53, 66, 275, 291 Gold, V. J., 45, 67, 193, 207 Heilbrunn, G., 318, 327
Ferguson, J. K. W., 321, 327 Golden, J. M., 29, 38 Heine, R. W., 5, 37, 54, 66
Fernandez, L. E., 105, 127 Goldiamond; I., 138, 150, 153, 162, 168, Helmreich, R. L., 357, 358, 366
Ferracuti, F., 225, 251 169, 187, 189, 190, 191, 206, 239, 246, Helson, H., 113, 121
Ferner, C. B., 14, 16, 22, 36, 51, 66, 146, 368 Henbest, R., 302, 317, 331
150, 168, 172, 199, 206, 212, 344, 361, Goldman, J. R.. 46, 47, 66, 152, 169 Hendry, D. P., 176, 206
368 Goldstein, A. C., 186, 205 Henke, L. B., 145, 167
Feshbach, N. D., 86, 121, 224, 225, 246 Goldstein, N., 96, 125 Henker, B. A., 48, 66, 74, 121
Festinger, L., 215, 216, 248, 350, 355, 357, Gollub, L.-R., 134, 170 Henry, G. W., 277, 292
358, 368 Goodnpw, J. J., 339, 368 Herbert, J. J., 85, 121
Fiedler, F. E., 5, 39 Goodwin, W., 144, 172 Herman, R. L., 185, 206
Filipczak, J-, 162, 168 Goorney, A. B., 328 Hemândez-Péon, R., 344, 368
Finesinger, J. E., 32, 38 Gordon, C. W„ 323, 331 Hermstein, R. J., 199, 202, 206
PS
Finley, J. R., 147, 172 Goureyitch, S., 349 Herzberg. A., 43, 66, 232, 247
Fjeld, H. A., 85, 127 Gray, 6. B., 272, 292 Hess, E. H., 304, 328
Flanagan, B., 190, 206 Greenberg, L. A., 312, 328 Hicks, D. J„ 79, 86, 121, 182, 206
Flanders, J. P., 86, 114, 121 Greenwald, A. G., 350, 368 Hiler, E. W., 32, 37
Fleck, S., 3, 37, 303, 327 Grice, R. G., 213, 248 Hilgard, E. R.. 129, 169
U
Fleishmann, E., 350, 368 Grings, W. W., 214, 246, 253, 284, 292, Hill, B., 186, 206
Fleming, R. S., 145, 167 342, 343, 368 Hill, F. A., 214, 250, 343
Fleshier, M., 177, 182, 206 Groen, J., 11, 36 Hill, H. E., 188, 206
Flint, A. A., 31, 39 Groot, H., 218, 246
O
Hill, J. H., 80, 105, 121, 125
Fode, K. L., 337, 371 Grossberg, J. M„ 26, 36, 43, 66, 246, 279, Hill, M. J., 318, 328
Folkins, C H., 259. 291 283, 292 Hinde, R. A., 114, 121
Ford, C. S., 276, 291, 302, 308, 327 Grosser, D., 112, 121 Hine, C. H., 320, 326
R
Ford, L. 1., 272, 291 Grujfcc, J. E., 18, 35, 43, 65, 76, 78, 79, 80,
Hinko, E., 154, 169
Fort, T„ 315, 327 82, 85, 102, 103, 112, 113, 118, 121, Hirsch, J., 336, 339, 368
Foss, B. M., 76, 121 125 Hislop, M. W., 335, 368
Foster, F. M., 232, 246
Fowler, H., 175, 206
Fox, L., 150, 169
Fox, S. S., 131, 169
Grusec, T., 252, 290
Guild, J., 320, 327 G
Guthrie, E. R.( 175, 206, 211, 246, 263, 292
Hiss, R. A., 199, 206
Hletko, P., 318, 327
Hoddinoth, B. A., 87, 120
Hoenig, J., 266, 292
KS
Frank, G. H., 53, 66 Hahn, K. W., Jr., 279, 290, 342, 366 Hoff, E. C., 320, 328
Frank, J. D., 29, 32, 36 Hahn, S. C„ 86, 93, 124 Hoffeld, D. R., 233, 278, 292
Franks, C. M., 298, 327 Hain, J. D„ 113, 119, 271, 272, 292 Hoffman, H. S., 177, 181, 183, 206
Fraser, H. F., 314, 328 Hald, J., 320, 328 Hoffman, M. L., 185, 206
Frederick, F., 19, 39 Hall, J. F„ 211, 229, 249 Hof stad ter, R., 63, 66
Freed, A., 112, 121 Hall, K. R., 114, 121 Hogan, R. A., 238, 247
O
Freedman, J. L., 206 Hall, R., 113, 126 Hogans, A. F., 313, 328
Freeman, H. L., 232, 246, 280, 291 Hall, R. V., 62,68, 134, 145, 154, 169, 173 Holland, B., 349
Freitag, G., 45, 67, 134, 170, 193, 207 Halse, D. F., 184, 204 Holland, J. I., 157, 168
BO
Freitag, L., 91, 123 Hamilton, C., 11, 38 Holltngshead, A. B., 320, 328
Freud, S., 6, 36, 242, 246, 349, 368 Hamiltoh, J., 193, 201, 206 Holmberg, A. R., 116, 121, 302, 328
Freund, K., 298, 304, 306, 307, 327 Hanlon, C., 86, 121 Holmes, D. S., 341, 368
Friedman, D., 272, 285, 291 Hanson, K„ 320, 326 Holmes, F. B., 105, 122, 285, 293
Friedman, I., 154, 169 Harford, R. A., 340, 368 Holstein, S., 131, 169
Fromer, R., 298, 328 Harlow, H. F„ 130, 144, 169, 361, 368 Holt, E. B., 70, 122
Führer, M. J„ 342, 368 Harper, P., 306, 310, 327 Holt, R. R., 349, 369
Fumiss, J. M., 4, 36, 202, 205, 225 Harris, E., 350, 368 Holz, W. C., 175, 176, 181, 184, 185, 186,
EX
Harris, F. R., 14, 15, 36, 45, 66, 89, 126, 199, 204, 206
Gale, D. S., 254, 291 139, 145, 167, 169, 170, 201, 209, 221,
Homans, G. C., 292
Gale, E. N„ 254, 291 223, 244, 247 Homme, L. E., 22, 37, 49, 66, 135, 151.
Garda, J., 297, 328 Harris, M. B„ 48, 51, 65, 66, 80, 84, 86, 87, 169, 345, 368
Gardner, J. E., 145, 169 113, 118, 121, 151, 169, 311, 328 Honig, W. K., 181, 207
D
Garfield, S. L., 29, 36 Harris, R. E„ 214, 341, 342, 345 Hood, W. R., 129, 168
Garfield, Z. H., 281, 291 Harsch, C. M„ 85, 121 Hooker, E., 277, 292
Garvey, W. P., 232, 246 Hart, B. M., 45, 66, 139, 167, 221, 223, Hordern, A., 242, 247
IN
Gebhard, M. E., 157, 168 244, 247 Horn, G., 344, 368
Geen, R. G., 226, 246 Hartmann, D., 224, 227, 247 Homick, E. J., 318, 331
Geer, J. H., 272, 291 Hartup, W. W., I l l , 126, 263, 292 Hovland, C. 1., 32, 37, 54, 66, 79, 81, 122,
Gelder, M. G., 270, 271, 292, 294, 302, Harvery, J., 245 233, 247, 278, 292, 334, 352, 353, 368,
305, Harvey, J. S., 32, 37
306, 307, 311, 328, 330, 353, 370 369, 371
Gelfand, D. M., 45, 66, 79, 113 Harvey, W. A., 29, 32, 35 Howard, K., 340, 371
Gelfand, S., 45, 66 Harwav, N. L, 53, 66 Howe, E. S., 272, 292
Gerard, R. W., 286, 291 Haslam, M. T., 232, 247, 272, 292 Hsu, J. J., 323, 328, 329
Gerst, M. S., 78, 79, 121 Hasiorf, A. H„ 17, 36, 53, 66 Hughes, F. W., 313
Gewirtz, J. L., 71, 121, 223, 246 Haugen, G. B., 282, 292 Hughes, H. B„ 6, 27, 35
Giffin, M. E., 303, 328, 330 Haughton, E., 6, 27, 35, 144, 153, 167, Hull, C. L., 129, 169, 210, 233, 244, 247,
Giles, D. K., 62, 68, 134, 146, 169, 173 218, 219, 220, 244 278, 290
Gilmore, J. B., 357, 358, 369 Hawkins, H. L., 96, 126, 156, 172 -Humphery, J., 92, 122
Girardeau, F. L., 146, 154, 169 Hawkins, R. Pv 60, 61, 62. 66, 225, 227, Humphrey, G., 70, 122
Gitelson, M., 10, 36 247 Hundt, A. G., 131, 169
Giltelman, M., 93, 121 Hayes, C., 85, 121 Hundziak, M., 146, 169
Glad, D. D., 314, 315, 328 Hayes. K. J., 85, 121 Hunt, H. F., 177, 207
Glaser, R., 164, 169 Headlee, C. P., 129, 168 Hunt, J. MeV., 287, 292
Gleitman, H., 210, 246 Hearn, E., 184, 206 Huston, A. C., 48, 65, 76, 79. 119
376 In d ic e n o m in a l
Hutchinson, R. R., 184, 204 Kendell, R. E., 317, 329 Lazovik, A. D., 256, 257. 266, 271, 275,
Hutchison, H. C., 275, 281, 282, 290, 292, Kendrick, D. C., 232, 247, 280, 291 278, 280, 293
304, 310, 326 Kennedy, W. A., 232, 247 Lazowick, L., 69, 123
Hutt, C., 88, 122 Kenny, D. T., 225, 248 Leary, T., 32, 37
Hutt, S. J., 88, 122 Kerr, H, T., 321, 326 Leat, M., 112, 127
Kessen, M. L., 129, 171 Lee, D„ 122
Iflund, B., 96, 125 Kiersey, D. W., 202, 207 Lefkowitz, M. M., 79, 122, 123
Imanishi, K., 85, 122 Kimble, G. A., 11, 37, 129, 133, 170, 210, Leitenberg, H., 145, 170, 199, 207, 234,
Imber, S. D„ 29, 32, 36, 37 212, 230, 248, 261, 293 248, 266, 293, 306, 326
Insko, C. A., 354, 369 Kimbrell, D. L., 112, 122 Lemere, F„ 301, 302, 315, 316, 317, 329
Isaac, W., 131, 138, 153, 169 Kimeldorf, F. J„ 297, 328 Leon, H. V., 280, 293
Isbell, H., 314, 328 Kimmei, H. D., 14, 37 Lessac, M. S., 179, 208
Kinder, M. 1„ 134, 170 Lesser, G. S., 79, 123
King, B. T., 358, 369 Lester, D„ 313, 316, 329
Jack, L. M.. 44, 67 King, G. F., 137, 145, 170
Jackson, D., 145, 169 Leuba, C., 78, 123, 131, 170
Kirchner, J. H., 238, 247, 248 Leuser, E.t 233, 249
Jackson, J. K., 323, 328
PS
Kirschner, P., 354, 369 Levetuhal, H., 55, 66
Jackson, T. A., 85, 127 Kirmer, W. L., 29, 37
Jacobsen, t., 320, 321, 328 Levin, G. R., 134, 170
Kish, G. B., 130, 170 Levin, H., 138, 172, 198, 208, 224, 249
Jacobsen, E. A., 96, 124 Kissel, S., 284, 293
Jacobson, E., 282, 283, 292 Levin, S. M., 337, 340, 369, 371
Klaus, D. J., 264, 269 Levine, S., 23, 37, 81, 123
Jakubczak, L. F., 79, 122
Klein, G. S., 349, 369 Levis, D. J., 236, 238, 248, 250
U
James, B., 241, 248, 307, 329 Klein, J. J., 29, 39
James, W. T., 85, 118 Leviu, E. B., 51, 66, 150, 344
Klein, M., 53, 55, 67 Levitt, E. E„ 29, 37
Janis, I. L„ 32, 37, 54, 66, 79, 122, 352, Klynn, G. A., 91, 123
Levi it, I., 350, 368, 369
O
353, 357, 358, 367, 369 Knight, R. O., 29, 37
Jegard, S., 227, 247 Levy, D. M.. 26, 37
Knob, K., 304, 328 Levy, L. H., 337, 370
Jellinek, E. M., 322, 328 Knoblock, E. C., 320, 326
Jenkins, H. M„ 334, 371 Levy, N., 211, 213
R
Koch, A, M., 85, 127 Lewis, D. J., 359, 370
Jenkins, R. L., 145, 171
Koch, C., 150, 173 Lewis, J., U , 38
Jensen, P. K., 182, 207 C elling, R. A., 297, 328
Jersild, A. T., 105, 122, 285, 292 Lewis, M., 140, 170
John, E. R., 11, 37, 256, 283, 292
Johnson, A. M., 303, 328, 329
Johnson, D. L., 96, 124
Johnson, H., 349, 369
Koenig, K, P., 311, 329
Kohlberg, L., 69, 122
Kolb, D, A., 150, 170
Kolb, L. C., 303, 329
Kolvin, I., 300, 329
G Lhamon, T. W., 29, 35
Lichtenstein, F. E., 184, 187, 207
Liddell, H., 285, 293
Lidz, T„ 3. 37
Liebert, R. M., 18, 19, 37, 38, 80, 12L. 125,
KS
Johnson, R. H., 318, 327 Kopp, R. E., 338, 369
Johnson, W., 187, 207 127, 185, 207
Koppman, J. W., 213, 248 Lienert, G. A., 312, 330
Johnston, M. K., 89, 126, 145, 169, 170, Korman, M., 313, 329
201, 208, 227, 247, 249 Lifshitz, K., 242, 243, 248
Korn, S. J., 314, 329 Linder, D. E„ 357, 370
Jones, E. E., 357, 369
Korpmann, E., 313, 329 Lindley, R. H„ 214, 248, 249
Jones, H. G., 232, 240, 247, 308, 327
O
Kanareff, V. T., 74. 79, 122 Kuhn, D. Z., 86, 122, 227, 248 Lockhart, R. A., 214, 246, 253, 292, 343,
Kanfer, F. H., 16, 18, 20, 37, 74, 122, 151, Kupers, C. J„ 18, 35, 48, 65, 79, 86, 112, 368
170, 335, 369 118 London, P., 50, 67
Kant, F., 316, 317, 329 Kurland, S. H., 29, 37 Ivongenecker, E. G., 212, 215, 248
Kantorovich, N. V., 316, 318, 329 Kurz, M., 29, 36 Longsireth, L. E., 213, 248
Kaplan, H. S., 313, 329 Kushner, M., 299, 302, 306, 329 Lorr, M., 32, 37, 39
D
Kassorla, I. C., 45, 66, 91, 122, 193, 207 Lovaas, O. I., 44, 45, 52, 60, 67, 72, 80, 82,
Katkin, E. S., 272, 292 La Dou, J., 314, 330 86, 88, 89, 91, 123, 134, 136, 144, 145,
Katz, M. M„ 32, 37 Lackowitz, I., 154, 168 152, 170, 193, 194, 205, 207, 358, 370
IN
Kaufman, A., 180, 208, 338, 339, 368, 369, Lacey, J. I., 253, 254, 293 Luchins, A. S., 83, 113, 123
371 Landeen, J., 144, 172 Luchins, F H„ 83, 113, 123
Kaufmann, H., 226, 247 Lane, W. C., 364, 367 Lumsdaint, A. A., 81, 122, 352, 369
Kausler, D. H., 80, 122 Lang, A., 318, 330 Lund, D., 145
Kawamura, S., 85, 122 Lang, P. J., 256, 257, 258, 266, 271, 275, Luria, A. R., 22, 38
Kaye, D., 354, 469 278, 280, 293, 294
Keenan, B., 340, 369 Lanzetta, J. T., 74, 79, 122 Maccoby, E. E„ 79, 80, 81, 123. 138, 198,
Keister, M. E., 52, 67 Lard, K. E., 85, 119 208, 224, 249, 350, 370
Kelleher, R. T., 134, 170 Larkin, P., 162, 168 Maccobv, N\, 77, 81, 123, 124, 126, 350,
Keller, L., 339, 370 Laverty, S. G., 323, 326, 342, 370 370'
Kellev, C. S., 144, 145, 169, 170, 247 Lavin, N. I., 297, 298, 306, 326, 329 MacCulloch, M. J., 197, 198, 205, 207
Kelley, H. H., 25, 39, 54, 66, 80, 122, 264, Lawrence, D. H., 215, 216, 248 Mackay, H. A., 242, 370
293, 352, 353, 369 Lawson, K., 259, 291 Mackintosh, I., 213, 248
Kellogg, L. A., 85, 122 Lawson, R., 337, 372 Macklin, E. A.. 320, 326.
Kellogg, W. N., 85, 122 Lazarus, A. A., 30, 37, 95, 122, 128, 274, Maddi, S. R., 213, 249
Kelly, G. A., 94, 122 275, 277, 278, 284, 293, 296 Madsen, C. H., Jr.. 86. 113, 122, 123.? 16,
Kelman, H. C.. 49, 67, 352, 359, 369 Lazarus, R. S., 97, 122, 127, 229, 291, 346, 227, 248, 294
Kendall, J. W., Jr., 230, 248, 261, 293 369 Mager, R. F., 42, 67, 149, 170
ÍNDICE NOMINAL 377
Mahoney, M. J., 109, 125 Meyer, V., 229, 232, 249, 274, 281, 294 Oakes, W. F., 354, 369
Mährer, A. R., 4*2, 67 Mezei, L., 112, 127 O’Connell, D. C., 335, 370
Malinowski, B., 302, 330 Michael, D. N„ 81, 123 ,124 O’Connor, N., 272, 294
Malleson, N., 23B, 248 Michael, J., 9, 14, 35, 144, 153, 167, 218, O'Connor, R. D., 94, 125
Mallick, S. K., 225, 248 219, 244 Odom, R. D., 80, 125, 130, 171, 173
Mandel, 1. I., 214, 215, 245, 341, 343, 366, Migler, B., 258, 294 Ofstad, N. S., 79, 125
370 Miles, H. W. H., 32, 38 Ogawa, N., 98, 124
Mandler, G., 81, 123 Miles, R. C., 130, 171 Ohlin, L. E., 2, 36
Mann, J., 269, 294 Müler, E. C., 101, 124, 317, 318, 330 O’Hollaren, P., 301, 315, 316, 329, 332
Mann, L. L. 212, 248 Miller, H. R., 258, 294 O’Keeffe, K., 306. 331
Mannheim, R., 63, 67 Miller, L. B„ 140, 171 O’Leary, K. D., 60, 67, 141, 154, 171
Marcia, J. E., 264, 291 Miller, M., 302, 326 O’Leary, S., 60, 67
Marder, M., 263, 294 Miller, M. M., 299, 317, 318, 330, 344, 370 Oliveau, D. C., 266, 293
Mardones, J., 313, 330 Miller, N. E., 14, 21, 28, 36, 38, 71, 77, 79, Olmstead, J. A., 113, 121
Margolius, G. J., 81, 123 80, 85, 113, 114, 124, 129, 130, 171, Opton, E. M., Jr., 259, 291
Marks, 1. M., 270, 271, 294, 302, 305, 306, 175, 206, 221, 223, 229, 231, 241, 245, Osgood, C. E., 356, 370
PS
307, 311, 328, 330, 353, 370 249, 279, 286, 290, 294, 313, 326, 330,Osinski, W., 320, 326
Mariatt, G. A., 16, 38, 96, 124 345. 348. 358, 367, 370 Osmond, H. O., 144, 167
Marmor, J., 53, 67 Miller, P. E., 46, 47, 65, 152, 167 Oswald, I., 302, 306, 309, 323, 331
Marshall, H. R., 86, 93, 124 Miller. R. E., 98, 124 Ottenberg, P., 11, 38
Marston, A. R., 18, 37, 38 Miller, S., 306, 308, 331 Ounsted, C., 88, 122
Martensen-Larsen, O., 320, 321, 330 Minge, M. R., 146, 171
U
Martin, G. L., 134, 170 Minke, K.. A., 144, 147, 172 Page, H. A, 211, 229, 249
Martin, M., 160, 170 Mirsky, I. A., 98, 124 Page, M. L., 44, 67
Martin, P. L., 145, 172 Mische!, W., 8, 19, 29, 38, 48, 65. 76, 84, Paige, A. B„ 213, 248
O
Martin, R. R., 187, 205, 208 86, 118, 121, 125, 185, 207, 351, 370 Paivio, A., 23, 38, 81, 125
Martyn, M. M., 189, 208 Mitchell, L. E., 286, 294 Panyan, M., 154, 169
Mason, W. A., 284, 294 Mohoney, j. L., 272, 292 Parke, R. D., 74, 112, 113, 125, 127, 178,
R
Masserman, J. H., 101, 124, 184, 207, 297, Mohr, J. P., 145, 167 179, 181, 208, 209, 372
312, 313, 330 'Moltz, H., 211, 213, 239 Parker, A. L., 48, 67, 76, 125
Masters, J., 311, 329 Moore, N„ 11, 38, 258, 294 Parloff, M. B., 96, 125
Masters, J. C.. 84, 124
Mather, M. D., 192, 209, 232, 233, 250,
272, 2Sf>. 296
Matthews, I». C., 324, 330
Mordkoff, A., 97, 122, 127
Moreno, C. M., 313, 328
Moreno, J. L., 95, 125
Morgan, C. L., 70, 125
G Parr, D., 305, 327.
Parsons, T., 9, 69, 125
Pascal, G. R., 30, 38
Paschke, R. E., 17, 38
Pastore, N., 180, 208
KS
Mausner, B., 79, 124 Mongenstcgn, F, S., 306, 330
Max, L. W., 306, 330 Morrice, D. J., 96, 124 Patterson, C. H., 47, 67
May, J. G., Jr., 79, 119 Morriseti, L. N., Jr., 81, 125 Patterson, G. R., 4, 36, 52, 60. 67, 125, 145,
Maynard, H., 59, 66, 161, 168 Morrison, D. C., 60, 68 171, 202, 205, 225, 245, 249, 263, 294
McBrearty, J. F., 281, 291 Morse, W. H., 199, 207 Paul, G. L., 30, 38, 267, 268, 269, 275, 278,
McCandless, B. R., 225, 248 Moser, D., 13, 38 283, 294
O
McCarthy, R., 314, 330 Mott, D. E. W., 105, 121 Pawlowski, A. A., 313, 331
McCleam, G. E., 313, 331 Mouton, J. S., 79, 112, 113, 119, 121, 123 Peacock, L. J., 297, 331
McClearv, R. A., 346, 369 Mowrer, O. H., 4, 38, 69, 76, 77, 96, 125, Pearce, J. F., 306, 330
130, 171, 175, 183, 185, 186, 187, 207, Pelser, H. E., 11, 36
BO
370, 371
McKeown, C. E., 320, 328 Piaget, J„ 70, 84, 125
McMains, M. J., 18, 19, 38, 105, 127 Nachrnias, J., 210, 246 Pinshoff, J. M., 198, 207
McMillan, D. E., 199. 207 Nanda, P. C., 354, 367 Piuman, D. J„ 314, 323, 331
IN
McNair, D. M., 32, 38 Narrai, H. G., 154, 171, 322, 331 Plager, E., 248
McNamara, H. J,, 213, 248 Nash, E. H., Jr., 29, 32, 36, 37 Platt, S. A., 211, 250
McNeil. E. B„ 57, 67 Neisser, U., 210, 246 Podnos, B., 320, 331
Mealiea, W. L., Jr., 238, 239, 249 Nelson, F., 282, 294 Polanskv, N„ 112, 115, 12T, 123, 125
Meehl, P. E., 8, 38, 132, 171 Nelson, K., 91, 123 Polin, Á. T„ 229, 236, 238, 249
Mccs, H., 14, 39, 193, 209, 307, 330 Nelson, S. E., 188, 207 Polish, E., 314, 327
Meisel, J., 91, 123 Newcomb, '1'. M., 598, 351, 357, 365, 370 Pollio, H. R., 53, 62, 68, 145
Melamed, B., 258, 266, 294 Newman, R. G., 31, 39 Poppen, R. L., 230, 238, 249, 254. 255,
Mello, N. K., 318, 330 Nigro, M. R., 199, 208 261, 294
Melvin, K. B., 262, 294 Nikelly, A. G., 303, 332 Porm, C. R., 112, 125
Mendelson, J. H., 314, 330 Nisbect. R. E., 288, 294 Porter, L. W., 23, 35
Menlove, F. L., 18, 35, 43, 65, 76, 78, 80, Noelpp, B„ 11, 38 Porter, R. W., 12, 39
82, 85, 97, 102, 103, 104, 105, 112, 1 13, Noelpp-Eschenhagen, I., 11, 38 Porterfield, L., 315, 327
118, 234, 244, 281, 290 Notterman, I. M., 214, 227, 228, 249, 253, Poser, E. G., 31, 38
Mensh, I. N., 29, 38 294 Postman, L., 334, 335, 336, 339, 368, 370
Merton, R. K., 2, 38 Nürnberger, J. 1., 51, 66, 150, 168, 344,, Powell, J., 181, 184, 208
Mestrallet, A., 318, 330 368 Powers, R. B., IM , 170
Metz, J. R., 74, 124 Nutrin, J. M., Jr., 357, 358, 370 Pratt, C. C.. 42, 67
378 ÍNDICE NOMINAL
Prati, S., 150, 173 100, 118, 160, 170, 224, 244, 269. 272, Sidman, M., 25, 39, 142, 172, 184, 206,
Preisler, L., 80, 128 294, 295 227, 249, 313, 331, 361, 37t
Premack, D., 131, 135, 171, 345, 370 Ross, D„ 17, 35, 48, 65, 79, 85, 112, 113, Siegel, G. M., 187, 208
Prince, A. I., 263, 295 119, 126, 353, 366 Silber, E., 31, 39
Proctor, S., 259, 282, 295 Ross, S. A., 17, 35, 48, 65, 79, 85, 112, 113,Silberman, H. F., 149, 172
Pullan, B. R„ 308, 326 119, 126, 353, 366 Silverman, I., 272, 292
Putzey, L. J., 95, 120 Rotenberg, 1. C., 181, 208 Simmel, E. C., 229, 244
Rubenstein, B. D., 134, 170 Simmons, J. J„ 134, 170
Q>uagliano, J-, 176, 208 Rubinstein, E. A., 32, 37, 39 Simmons, J. Q., 134, 170
^uinn, J. 1., 302, 317, 331 Ruck, F., 318, 331 Simon, A., 320, 326
Quist, R. W\, 187, 208 Ruckmick, C. A., 97, 120 Simon, R., 157, 168
Russo, S., 60, 68 Simon, S., 17, 38
Rabon, D., 154, 169 Singer, B. A., 281, 291
Rachman, S., 6, 39, 258, 260, 266, 272, Salzinger, K.., 151, 153, 172 Singer, J. E., 225, 249, 287, 295
277, 293, 295. 298, 302, 306, 307, 311, Salzinger, S., 153, 172 Skinner, B. F., 9, 13, 14, 16, 21, 36, 39, 47,
330, 33) Satnpen, S. E., 144, 173, 227, 251 68, 71, 113, 126, 141, 172, 212, 239,
PS
Raines, J., 257, 296 Sanders, D. H., 59, 66, 161 246, 250, 333, 361, 368, 371
Ramsay, R. W., 272, 295 Sanders, R., 157, 168 Skolnik, J. H., 315, 331
Ratliff, R. G., 340, 341, 370 Sanderson, R. E., 323, 326 Slack, C. W., 134, 172
Ratner, S. C., 213, 245 Sandler, J., 176, 208, 298, 302, 307, 329 Siamecka, N. J., 212, 250
Rau, L. C., 46, 68, 152, 173 Sargant, W., 242, 249 Slivka, R. M., 182, 207
Rausch, H. L., 25, 39 Sargent, W., 324, 331
U
Sloane, H. N„ Jr., 89, 126, 144, 173, 201,
Raush, H. L., 53, 66 Saslow, G., 32, 39 208, 227, 250, 251
Rawnsley, K., 272, 294 Sasmor, R. M., !;40, 371 Slobin, D. L, 87, 126
Ray, A. A., 265, 296 Sassenrath, I. M., 22, 39, 334, 335, 370, Shicki, H., 12, 39
O
Ray, R., 60, 67, 145, 171 371
Raymond, M. J., 302, 306, 312, 323, 331 Sauerbrunn, D., 184, 205 Sman, R. G., 313, 331
Saul, L. J., 233, 249 Smith, E. W. L., 263, 295
Razran, G. H. S., 12, 39, 342, 343, 354, 370
Smith, G. H., 354, 371
R
Reahl, J. E., 157, 168 Savoye, A. L., 188, 208
Reber, A., 178, 204 Schächter, J„ 225, 249, 287, 295 Snyder, C. R., 314, 315, 331, 332
Solomon, R. L., 23, 39, 77, 85, 119, 127,
Redl, F., 115, 125, 134, 171 Schächter, S., 113, 126, 150, 172, 225, 249,
175, 179, 180, 184, 186, 208, 211, 229,
Reed, G. F., 266, 292
Reed. J. L„ 86, 125, 272, 291
Rees, W. L., 129, 153
Reis, E. E. S., 287, 292
Renner, K. E., 136, 171
287, 288. 295
Schaefer, H. H., 172 G
Schaeffer, B„ 72, 89, 123, 134, 136, 170
Schanck, R. L., 350, 371
Schaul, L. T„ 118
250, 252, 253, 254. 255, 280, 295, 296
Solyom, L., 306, 308, 331
Speisman, J. C., 53, 68, 97, 122, 127
Spence, D. P., 349, 369, 371
KS
Rescorla, R. H„ 175, 208, 252, 254, 295 Schein, E. H., 74. 80, 126 Spence, K. W., 114, 120. 272, 296, 301,
Resnick, L. B., 148, 171 Scherrer, H., 369 332, 343, 371
Reynolds, D. J., 257, 266, 271, 275, 293 Schmidt, E., 306, 308, 311, 332 Spiegler, M. D., 105, 1^7
Reynolds, N. J., 45, 66, 145, 167 Schneideret. A., 286, 295 Spielberger, C. D., 333, 335, 336, 340, 371
Rheingold, H. L., 130, 171 •Schoenfeld, W. N„ 214, 227, 228, 249, 253, Spohn, H. E., 5, 39
Spradlin, J. E., 146, 169
O
Rigler, D., 53, 66 Schutz, R. E., 133, 172 Stampfl, T. G., 236, 250
Rimland, B., 88, 125 Schwanz, A, N., 96, 126, 15U, 172 Stanley, W. C., 130, 171
Rimm, D. C., 109, 125 Schwanz, M. S., 153, 172 Stanton, A. H., 153, 173
Rioch, M. J., 31, 39 Schweid, E., 60, 66, 225, 247 Stassi, E. J„ 188, 208
Riopelle, A. J., 85, 120 Scobie, S. R., 371 Siein, M., 11, 38
Risley, T. R., 14, 39, 52, 60, 67, 88, 89, 125, Scou, P. M., 227, 249 Steinberg, F., 186, 204
164, 173, 193, 195, 201, 208, 209 Seager, C. P., 280, 295 Stephens, H. D., 313, 329
EX
Ritter, B. J., 10, 35, 43, 53, 60, 65, 97, 105, Sears. R. R., 138. 172, 198, 208, 223, 224, Stephens, L., 193. 201, 206
106, 107, 109, 110, 111, 118, 126,215, 246, 249 Stevenson, H. W., 130, 173, 263, 296
244, 267, 276, 275, 281, 290, 351, 355, Sedlacek, F., 304, 328 Stevenson, I., 271. 272, 276, 296, 310, 332
366 Seidel, R. J., 132, 172 Stiles, W. B., 224, 246
Robinson, L. H., 320, 331 Seltzer, A. L., 304, 328 Stingle, K. G., 71, 121
Roby, T. B., 129, 172 Sensibar, M. R., 313, 327 Stoke, S. M., 69, 127
D
Rocha c Silva, M. I., 147, 172 Seward, J. P., 21L, 213 Stollak, G. E., 311, 332
Rodgers, D. A., 313, 331 Shames, G. H., 187, 208 Stoller, R. J., 303, 332
Rogers, C. R., 30, 39, 47, 48, 53, 68. 360, Shanahan, W. M., 318, 331 Stolurow, L. M., 149, 173
IN
370 Shannon, D. T., 269, 294 Stone, A. R., 29, 32, 36, 37
Rogers, J. M., 138, 152, 172 Shaver, K., 99, 127 Stone, G. B., 157
Rokeach, M., 352, 370 Shaw, D., 60, 66, 145, 172 Storms, L. M., 186, 208
Rome, H., 233, 249 Shaw, I. A., 320 Stotland, E., 99, 127
Romney, A. K., 350, 370 Shaw, M. E., 95, 120 Strahley, D. F., 280, 296
Roos, P., 146, 172 Sheehan, J. G., 187, 188, 189, 208 Straughan, J., 145, 173
Rosekrans, M. A., 11, 126 Sheffield, F. D., 77, 81, 122, 123, 126, 129, Strel'chuk, I. V., 317, 332 *
Rosen, J. N., 53, 55, 68 172, 352, 369 Stuart. R. B., 51, 68, L51, 152, 173, 311,
Rosen, S.,t 115, 123 Shepard, M. C., 340, 371 322
Rosenbaum, M. E., 16, 59, 79, 113, 119 Shepard, R. N., 334, 371 Stùnkard, A. J., 150, 151, 173
120, 126 Sherman, A. R., 286, 295 Sturm, 1. E., 95, 127
Rosenberg, M. J., 351, 352, 355, 356, 357, Sherman, J. A., 71, 72, 73, 92, 118, 119, Sturmfels, G., 254, 291
358, 365, 370 126, 136, 153, 167, 172 Surridge. C. T., 212
Rosenblith, J. F., 79, 126 Sherrick, C. C., Jr., 187, 208 Sutherland, E. H., 312, 332
Rosenhan, D„ 19, 39, 113, 126 Shlien, J. M., 304, 328 Sweetland, A., 53, 66
Rosenthal, D„ 47, 48, 68, 96, 126 Shoben, E. J„ Jr., 43, 68, 279, 284, 295 Sylvester, J. D., 195, 207, 208
Rosenthal, R., 264, 295, 337, 371 Shoemaker, D. j., 187, 188, 205 Syme, L., 312, 332
Rosenthal. T. L., 12, 35, 55, 68, 80, 99, Shrovon, H. J., 242, 249 Szasz, T. S., I, 9, 10, 39
In d i c e n o m in a l 379
Tannenbaum, P. H„ 356, 357, 365, 370 Valins, S., 265, 296 Wike, E. L., 213, 249
Tarde, G., 70, 127 Vallance, M., 152, 171, 299, 302, 306, 311, Wik»er, A., 314
Tate, B. G., 193, 194, 209 330 Wilde, G. J. S., 311, 332
Taub, E., 76, 126 Van Riper, C., 188, 209 Williams, C., 217
Taylor, D. M., 32, 39 Van Toller, C„ 176, 206 Williams, C. D„ 60, 68, 218, 251
Taylor. J. A., 272, 296 Vandell, R. A., 81, 127 Williams, R. I., 152, 173
Teodoru, D., 76, 127 Vanderhoof, E., 323, 326 Wilson, F. S., 74, 92, 128
Terrace, H. S., 14, 39, 261, 296 Varenhorst, B. B., 113, 122 Wilson, H., 279
Terry, D., 3, 37 Verplanck, W. S., 333, 371 Wilson, W. C., 80
Terwilliger, J. S., 5, 39 Vika«-Kline, L. I., 337, 371 Wilson, W. J., 213, 251
Test, M. A., 113, 119 Vinogradov, N. V., 272, 296 Winder, C. L., 46. 47, 68, 152, 173
Tharp, R. G., 160, 170 Voegtlin, W. L., 301, 302, 315, 316, 317, Wineman, D., 134, 171
318, 319,-322, 329, 332 Winitz, H., 80, 128
Thibaut, J. W., 25, 39
Thimann, J., 318, 321, 332 Von Mering, O., 154, 169 Winkel, G. H., 60, 68
Thisdethwaite, D. L., 86, 121 Winokur, S., 252, 296
Wagner, A. R„ 212, 250, 313, 326 Winter, S. K., 150, 170
PS
Thomas, D. R., 248
Thomas, J., 138, 153, 169 Wagner, M. V., 335, 370 Wischner, G. J., 187, 188, 209
Wähler, R. G., 53, 60, 62, 68, 140, 145, 178 Wolf, M. M., 14, 36, 39. 45, 52, 60, 62, 66,
Thompson, G. N., 322, 332
Wall, A. M., 140, 170 67, 68, 88, 133, 134, 138, 139, 145, 146,
Thomson, L. E., 145, 170, 248
Wall, J. H., 315, 332 147, 154, 164, 169, 173, 193, 201,209,
Thoresen, C. E., 113, 122
Wallace, J. A., 318, 333 221, 223, 247
Thorndike, E. L., 85, 127, 333, 371
U
Thorne, G. L., 160, 170 Wallerstein, R. S., 42, 68, 321, 333 Wolfgang, M. E., 225, 251
Thorpe, J. G„ 297, 298, 302, 306, 308, 311, Wallers, R. H., 2, 8, 44, 45, 48, 60, 65, 68, Wolpe, J„ 6, 39, 43, 44, 68, 95, 107, 128,
326, 329, 332 69, 74, 76, 79, 80, 92, 112, 113, 119, 255, 256, 258, 263, 271, 272, 274, 277,
O
Thorpe, W H., 114, 127 122, J26, 127, 128, 139, 167, 178, 179, 278, 280, 281, 282, 284, 296, 299, 310,
181, 189, 204, 208, 209, 224, 227, 244, 332
Tighe, T. J., J99, 250 Wolpin, M., 257, 296
Tihon, J. R., 137, 145, 170 247, 250, 364, 366, 372
Walton, D., 11, 39, 192, 209, 220, 232, 233, Woodward, M., 305, 332
R
Timmons, E. O., 186, 209 Worell, J., 349, 372
240, 250, 272, 285, 296
Tinbergen, N., 114, 127 Worell, L., 349, 372
Warden, C. J., 85, 128
Tobias, S., 152, 173 Wortz, E. C., 215
Watson, J. A., 297
Tolman, C. W., 199, 209
Tooley, J. T., 150, 173
Tordella, C. L., 312, 332
Tosti, D. T., 49, 66
Trapold, M.’A., 252, 296
Watson, J. B.p 85, 128
Watson, L. S., Jr., 146
Weinberg, N.- H., 280, 296
Weinberg, S. K., 153
G Wright, B. A., 87
Wulff. J. J., 129
Wynne, L. C., 211, 229, 253, 280, 296
KS
W'einberger, N. M., 229, 250 Yablonsky, L., 4, 40, 225, 251, 323, 332
Trapp, E. P., 80, 122 Yanushevskii, I, K., 321, 332
Weiner, H„ 199, 209, 345, 372
Traxel, W„ 312, 330
Weingarten, E., 157, 168 Yarrow, M. R., 227
Truax, C. B„ 46, 47, 68, 96, 127, 152, 173
Weinstein, M. S., 100, 120 Yates, A. J., 26, 40, 240, 251
Tucker, 1. F., 79, 126
Weinstein, Wr. K., 337, 372 Young, A. G., 216, 251
Tulving, E., 81, 127
Weisman, R. G., 211, 245, 250 Young, B. G., 303, 307, 330
O
208, 224, 296 Wessen, A. F., 153, 173 Zaslove, M., 296
Turner, R. H., 369, 370 West, L. J., 361, 368 Zax, M., 30, 38, 386
Twining, W. E., 81, 127 Westley, W. A., 48, 66 Zeilberger, J., 144, 173, 227, 251
Whalen, C. K„ 18, 35.-86, 91, 119, 123 Zeisset, R. M., 272, 296
Tyler, D. W., 212, 215, 246, 250
Tyler, V. O., Jr., 201, 205, 209 Whalen, R. E., 129 Zerbolio, D. J., Jr., 211
Wheeler, L., 112, 128, 224, 250, 288 Zilboorg, C., 53, 68
White, G. M., 113 Zimmer, H., 32, 36
EX
Ullmann, L. P., 152, 173, 272, 294, 367, White, J. G„ 232, 250 Zimmerman, D. W., 134, 173
369, 372 Whitener, R. W„ 303, 332 Zimmerman, E. H., 145, 173
Ulrich, R. E„ 185, 207 W'hiting, J. W. M., 183, 186, 187, 209, 250 Zimmerman, J., 145, 173
Uno, T., 284, 292 . Whitlock, C., 134, 173 Zimmerman, J. A., 199, 209
Usdansky, B. C., 31, 39 Wickens, D. D., 214, 250, 343, 372 Zubin, J., 29, 40
D
IN
IN
D
EX
BO
O
KS
G
R
O
U
PS
índice Alfabético
ADIAMENTO da(o) gratificação, 140 siológicas aversivas, relaxamento, 261-262, 282, 283, 288
PS
reforço, e perda do controle compor- 314, 316 sociais, estímulos, 284-286, 288
ta m e m a l, 114-115, sob condições de auto-seleção, 314 resultante de déficits comportamentais,
136-137, 301 sociais, recompensas, 315-316 273
simbolicamente mediado, 136-137 “stress”, redução, 312, 314, 315, 316 teoria, central, 254
A gressão, a p re n d iz a g e m e d e se m veja também Alcoolismo, periférica, 253-254
penho, distinção entre, sob condições aversivas, 313 transmitida pela modelação, 105
U
74-75, 223-225 Alcoolismo, aprendizagem, 314-316 veja também Emoção
culturais, influências, 224 auto-reforço e padrões, 20 Aprendizagem, disposições, 144
definição, 224
O
conseqüências, imediatas versus retar e desempenho, distinção, na(o), agres
desinibição, 112 dadas, 312, 314 são, 74-75
deslocamento, 223 em animais, 316 autista, 87, 89-90
discriminação, treinamento, 8 fatores genéticos e endocrinológicos, instrumental, aprendizagem, 132-
R
e, catarse, 92, 225-226 313 133
excitação emocional, 225 sócio-culturais, 314-315 modelação da teoria, 74-76, 82-83
mecanismo de auto-eliciação, 225 favelas, 323 Asma, condicionamento, 11
meios de comunicação de massa, in
fluência, 113
reação fisiológica, 225, 287
recíproca influência, processos, 26
315-316 G
mecanismos de, manutenção, 312-314,
381
382 Ín d ic e a l f a b é t ic o
PS
sobre, 359 Auto-instrução, sistemas de, assistidas travestismo, 297-298, 310, 324
incentivo, teoria, 357-358 pelo computador, 148 preditores da resposta, 307, 319, 321,
indução por meio de mudança, afe comparados com a instrução tradicio 324
tiva, 106, 341, 353* nal, 149 procedimento(s), de autocondiciona-
355, 365 e mudanças de atitudes, 149 mento, 299, 300, 311
comportamento, 52, 108, 355, 365 na aprendizagem simbólica, 148, 149
U
para produzir aversões generaliza
crenças, 352-353 reforçamento, 149 das, 302
influência do reforçamento vicário, seqüência linear versus ramificação, resistência à mudança, 306
352-353, 354-355 149 simbólico, 299, 306, 307-308, 311,
O
por meio da(o), autopersuasão, 358 vantagens e limitações, 148 317, 344, 365
desempenho de papéis, 95 Auto-reforçamento, comparado com o transferência para a reatividade com-
inlluèncias de modelação, 52, 97, reforçamento externo, portamental, 305-306,
R
108-110, 354-355 19-20, 47 344
obediência forçada, 357-358 conflitante com o reforçam ento ex Aversões, drogas, produzidas, 297-298,
Autismo, características, 87-88 terno, 19-20 309, 316, 324
contracontrole, 88
tratamento por meio de, conseqüências
aversivas, 88, 192-193
extinção, 88, 221-222
definido, 17
G
de, atividades cognitivas, 345, 365
desempenho,padrões, 18-19
sobre, 360 108, 151, 345 Catarse, desenvolvimento de, versus al
veja também Autoconceito, Autopuniçáo, psicopatologia, 20-21, 322 ternativas construtivas,
Auto-reforçamento papel, da(o)(s), internaiização, 112 92-94
processos de comparação social, 18-19 hipóteses relativas, 92
Autoconceito, e déficits comportamen- por meio da, autonegação de recom instigadores, efeitos, 92, 225-226
tais, 52, 360 pensa, 18 Causais, processos, analisados em termos
mecanismo auto-reforçador, 18-19, 360 negativa,auto-avaliaçáo, 18, 112 de, estimulo, controle,
mudanças após o reforçamento, 52-53, veja também Auto-avaliação, Autocon 10-13, 34
EX
PS
simbólico, 299, 306, 307, 311, 317, Consciência, de, contingência de, estímu 252, 266-267, 280
341 los, 342 veja também Dessensibilização
sob, curare, 23, 77, 180, 252, 254 reforçamento, 57, 141, 333, 337 Convulsões, 145
emparelhamenio mascarado de estímulos elidadores, 333, 337 Cooperativo' comportamento, desenvol
estímulos, 342-343 regra, 22, 333-334 vimento por meio da
U
subliminal, 346 respostas correias, 333, 337-338 modelação simbólica,
teoria dos componentes duais, 263, definição, 336 92-93
288 e, condicionamento de respostas enco estabelecido por meio do reforça
O
transferência para a reatividade com- bertas, 339, 364-365 mento positivo, 164
portamental, 252-253, déficits comportamentais, 341 Cortical, condicionamento, 11
254, 266-267 reforçadores observáveis, 129, 133, Culturais, dados, sobre o, alcoolismo, 314
variáveis temporais, 262-263, 300, 340, 365 comportamento sexual, 302-303
R
344 influência sobre, condicionamento clás reforçadores sexuais, 302-303
vicário, 12, 76. 97, 99-101, 117 sico, 262, 300, 324,
veja também Aversivo, contracondido- 341, 344, 364 DECISÓRIOS, processos, e seleção de
n a m e n to , V ic ário ,
condicionamento
Cognitivo, controle, como função das
condições de aquisi
verbal, 335
extinção, 214-215, 242, 342
generalização, 342
medida, 334-336, 337-338
G objetivos de grupo,
63-64
na seleção de, agentes de tratamento,
59-63
KS
ção, 343 registro de estímulos versus reconheci conteúdo do tratamento, 55, 59-63
de<o), comportamento emocional, 21, mento de estímulos, métodos de tratamento, 58
222-223, 265, 346 344, 364-365 objetivos do tratam ento, 58-59,
condicionamento, clássico, 11-12, variáveis que afetam, 337 63-64
verbalmente induzidas, 334, 337, 339 seqüências, 59-60
262, 300, 325, 341-344
veja também Discernimento social e cultural, 62-63
O
características, 41, 42, 43, 51, 63-64, Contingêndas de reforçamento, adminis auto-recom pensa, 111-112
148-150 tração, 49, 135, 136, definida, 111-112
como guia de tratamento, estratégias, 137, 140. 165e modelo, características, 112-113
41, 42, 46, 64, 150 autoderrotantes, 156-157 respostas, conseqüências do mo
e, discernimento, 53-56 auto-impostas, 18, 149-151, 344-355 delo, 112-113, 117
D
estados hipotéticos internos, 41-42, combinadas, 165-166 vicária, extinção, 17, 117
63-64 especificações verbais, 141-142, 335, influência do contraste de reforça
eventos fenomenológicos, 51-53 337, 339. 342 mento sobre, 112-113
questões, empíricas, 58
IN
PS
fisiológico, lugar, 256 sobre, de reforçamento, contingências, experiência de amizade, 31-33
grupo, 269-270 335-341 extinção, 241-243
hierarquia, construção, 255, 278-279 veja também Consdência fatores, comuns nas escolas rivais, 28
identificação dos determ inantes do Disciplinares, intervenções, e reforça ■ de relação, 44-47, 284-285
comportamento emo mento inadvertido do gratificações naturais como substitu
cional, 273-279 com portam ento des tos, 32-33, 45-46
U
influência da graduação de estímulos, viante, 200 influências de modelação, 33, 47,
230-231, 260-262, 289 na modelação negativa, 184 96-97
método de tratamento, 255 Discriminação, e, condicionamento clás objetivos, 42-43, 53-54
O
reforçamento, influência, 265, 267, 289 sico, 347 prediiores das respostas, 31-32
relações, influência, 257-258, 261-262 estímulos de contraste, 147 questões éticas, 33, 47-52, 56, 59, 64
resistência à mudança, 273, 289 flexibilidade comportamental, 183 redefinição de objetivos, 59
formação de conceitos, 334
R
simbólica, 255, 260, 273, 279-280, 281, reforçamento seletivo, 5, 7, 46, 47-48,
282, 288-289, 344, 365 gradientes de generalização, 182-183, 56, 152
transferência de estímulos simbólicos e 279, 302 seleção de cliente, 28, 54
emparelhamento com amostra, proce
estímulos da vida real,
266-267,280, 281,289
tratamento de, ansiedades, académicas,
269
interpessoais, 272
livre de erro, 261 G
dimento, 146, 149
Escolares,fobias, 145
perimentados compa
rados, 31-32
KS
com portam ento fóbico, 107-108, rotulação verbal, 13, 302 Espreita, comportamento, 303
263-272, 280 sem consdência, 345-347 Esquemas de reforçamento, adiado, 16
exibicionisnio, 275 “stress” induzido pelo esgotamento, 182 aspectos aversivos, 15
fala, perturbações, 191-192, 272 Dissonânda, teoria da, extinção, 181 auto-impostos, 19-21, 149-150
fobia de falar em público, 258, 267- internalização, 180-182 combinados, 16
270 mudança de atitudes, 355-359 contínuos, -14
O
frigidez, 277-278, 310 Dissulfiram, comparado com o contra- diferencial, reforçamento de taxas bai
hiperesiesia, 272 eondicionamento aver xas, 16
impotência, 269-271, 276, 285 sivo, 320-321 discríminabilidade, 15, 197, 210, 212-
BO
persistência, 26, 216 fisiologia, 225, 286-287, 289 cam ente controlado,
psicodinâmicas, abordagens, 1-2, 5-9, modelação, determinantes, 96-100, 225, 232-234, 253-254, 256
26 287-288 caráter auto-reforçador, 228, 243
reforçamento, 2, 3-6, 9, 14-16, 26, 44, pensamento, induzidas, 99, 116-117, efeitos do álcool sobre, 312-314
192, 216, 218-219 265 em animais simpaiectomizados, 253-
rotulação social, 2-5 rotulação, 287-288 254
veja também Psicopatologia situadonal, definição, 287 extinção, 101, 107, 210, 227-241
Diferencial, probabilidade, princípio da, teorias, 287 reforçado, pela redução do medo,
aplicação, 135, 345 vicária, deflagração, 12, 17, 97-100, 183, 227, 243
definição, 131-132 101-102, 117 por conseqüências positivas, 229-
e, propriedades relacionais do re veja também Ansiedade, Emocional, de 230
forçamento, 132 flagração seqüencial, condicionamento, 236-237
resolução da drcularidade, 132 Emodonal, deflagração, e, atenção, 344 sob controle cognidvo, 222-228
na seleção de reforçadores, 131, atitudes de mudança, 601, teoria do processo duplo, 23
135 condicionamento vicário, 12, 17, vicária, extinção, 101-111, 117
reforçamento, e disparidades entre 99-101 Esquizofrenia, tratamento, 91-92, 137-
sistemas de respostas, efeitos do álcool sobre, 312 138, 145, 156-158, 2
347 extinção vicária, 101-111 Estímulos, codificação, 74, 77-79, 81-82,
na, diferenciação das respostas, generalização da supressão condi- 333
ÍNDICE ALFABÉTICO 385
controle por meio de, complexo, 22 inibições sexuais, 232 dessensibilização, 191-192, 272
da(e)(o), asma, 11 neurodrfmaiiie, 221 modelação reforçada, 88-92
atitudes, 351 perturbações, obsessivo-compulsivas, procedimentos de extinção, 189
comportamento, agressivo, 13, 77 229-230, 232 Favelas, funções, 323
alimentar, 150 psicossomáticas, 221 normas sociais, 323
de esquiva, 227, 252 queixas hipocondríacas, 219-220 padrões de comportamento alcoólatra,
emocional, comportamento, 273- supressão condicionada, 221 323
279 tiques, 230-240 e, adiado, reforçamento, 116
Ética», questões, e seleção dos objetivos, verbalizações psicóticas, 218-220 doença, modelo de, do com porta
48-49, 56, 58-59, 64 e, processos condicionados de relaxa mento desviante, 10
na(o)(s), m udança do c o m p o rta mento, 211 inspecionais benefícios, 116
m en to , 47-51, 58, reforçamento positivo competidores, efeito do reforçamento vicário, 116,
138-141, 323-325 216, 217, 219, 221- 225
tratam e n to s de e n tre v ista, 33, 223, 243 na(o), com portam ento, abordagem
47-48, 64 tratamento implosivo, 238 orientada, 115
PS
Excessiva dependência, 145, 217-218 efeitos comportamentais concomitantes, crença, abordagem orientada, 115
Exibicionismo, determinantes, 275, 281 27-28, 218 necessidades de modelos apropriados,
tratado por, contracondicionamento fontes de reforçamento, 210, 211-212, 116
aversivo, 187 242 por meio do reforçamento de grupo,
desensitização, 275, 281 generalização, 102, 103, 232 116
Explosões de cólera, aversivo, controle grupo, 233 Fetichismo, estabelecido pelo condicio
U
por meio, 60, 87, 201, influência da retroalim entação in namento masturbató-
217 formativa sobre, 213, rio, 306-307
extinção, 87, 217 234-235 tratam ento por, contracondiciona
O
tratam ento peia retirada do reforça- interferência, teoria, 215 mento aversivo, 198,
menlo, 200-201 na(o){s), aberração, 241 299, 306, 309-310
Exünção, como, contracondicionamento, procedimento de entrevista, 232, respostas aversivas, conseqüências,
R
255 241-242 198
fenômeno de multiprocesso, 216 papel da{o)(s), discriminação, 233 Fóbico, comportamento, determinantes,
função da{o){s), condições de priva incentivos positivos, 234-236 6-7, 97
ções, 210
deflagração emocional, 343
discriminabilidade das condições de
re fo rç a m e n to , 197,
210, 212, 213, 215,
G
por meio da(e), evocação maciça de
resposta, 211, 239-241
exposição a ameaças graduadas
quanto á aversividade,
211, 230
extinção, 228-237
método implosivo, 238
modelação, 101-110, 267
reforçamento positivo, 109
tratamento por dessensibilização, 60,
KS
300-301 procedimento de modelação, 101- 107-109, 262-272
disponibilidade das respostas alter 110 Frigidez, determinantes, 277
nativas, 242-243 prolongada exposição a estímulos extinção, 232
distribuição da reatividade, 210, aversivos, 243 tratamento da dessensibilização, 277,
239-241 respostas de prevenção, 28, 211- 285, 310
esquemas prévios de reforçamento, 212, 228, 243 Frustração, como, adiamento do esforço,
O
re sp o sta , 210, 216, substituição de resposta versus extinção castigo, 182-183. 348
240 do medo, 211, 229, extinção, 102-103, 108-109. 230, 233,
variabilidade na aquisição, 211, 236, 243 241,255, 266-267,283
212-213 vicária, 17, 101-111 e, consciência, 342
com parada com, contracondiciona treinamento de transferência, 145,
mento, 230-231, 236, 153, 191-192, 197. 23
D
254, 258 FALA, fobias da, extinção, 232, 234 treino de discriminação, 13
extinção graduada, 230-231 tratam ento pela dessensibilização, imitação, hipótese de discriminação.
inundação, 230, 236 258, 267-270 72-74
IN
da(e){o)(s), afastamento social, 94, 221 perturbações da, controle por meio, reforçam ento intrínseco, hipótese,
agressão, 61, 217, 218, 224 187 72-74
anorexia, 218-219 de, personalidade correlatos, 187 sob incentivo, controle, 73
ansiedade, 107, 213-214, 241 reforçamento mecânico, 188
de estímulos primários ou de gene e, discriminação de sons, 80 HIPÓTESE de substituição de sintomas,
ralização, 233 ocasião da punição, 189 e, alternativas de tra
choro, 223 rotulação inadequada das disfluên tamento, 27-28
claustrofobias, 232 cias naturais, 187 modificação das condições causais,
combate a ansiedade, 233 ecolálicas, 91-92 26-28
com portam ento de esquiva, 101, efeitos da punição, contingente às natureza das hierarquias de resposta,
107-110,210,213, 227 respostas, 187 27
convulsões, 232 não contingente, 188 evidência contra, 52, 157, 193-195,
disfluências, 189 experimentalmente produzidas, 190 217-219, 223, 229,
disfunções motoras, 195-196 papel das influências de modelação, 269-270, 271, 275
ecologia, fala, 91 188 Homossexualismo, de sexos opostos, mo
eletrencefalográficas. descargas, 232 recuperação das, sem tratamento, 189 delação, 303
espasmo do escritor, 195-196 “stress" induzidas, 187, 191 estabelecido por meio do condiciona
explosões de cólera, 87, 217-218 trata m e n to por, conseqüências aversi mento masturbatório,
fobias escolares, 232, 234 vas, 190, 191 307
386 ÍNDICE a l f a b é t ic o
PS
severidade da punição, 181-182
dizagem, observacio dissonância, teoria, 180-182 reforçamemo positivo, 33-34, 60-61,
nal e, apoio de estímulos externos, 178- 1 16, 129, 133-137,
Imagens, como guias para a reprodução 179, 361 301, 303-304, 308, 353
de respostas, 22, 77-78 diferencial, associação, 362-364 e, associativas, preferências, 364
condicionam ento, em ocional, 303, funções reforçadoras e discriminati mudanças em, quantidade de refor-
U
306-307 vas, 213 ç am en to , 139, 148,
sensorial, 78 ocasião da punição, 178-180 165-166, 223
definição, 78 medo versus culpa controlada, 362 Massa, meios de comunicação de, como
O
na(o)(s), aprendizagem observacional, papel da, discriminação de processos, e stím u lo s p a ra a
22, 77-78 180, 361 agressão, 74-75, 111-
associações emparelhadas, aprendiza intrínsecas, conseqüências sensoriais, 112
gem, 23 e mudanças de atitude, 352-353
R
139-140, 361, 365
aversivo, contracondicionam ento, respostas amecipatórias, conseqüên influência, 113'
299, 306, 311, 344, cias, 77, 180, 362. 365 Masturbatório, condicionamento, como
365 por meio da{o), estabelecimento das preditor dos resulta
dessensilização simbólica, 279-281,
299,
redução do potencial de deflagração,
305-306, 307, 311
305, 344, 365 G
fu n ç õ es de a u to -
regulação, 344, 363
punição vicária, 111
teoria(s), central e periférica compara
dos do tra ta m e n to ,
307
da excitação sexual, estímulos, feti-
chistas, 303, 306- 307
KS
reforçamemo, 307 das, 176-180 heterossexuais, 308
Implosivo, tratamento, comparado com a da retroalimentação afetiva, 178-180 homossexuais, estímulos, 307
inundação, 238 Intragrupo, replicação, efeitos dos estí no travestismo, 297
eficáda, 238 m ulos m odeladores Medida da mudança, análise de compo
explicação, 237 sobre. 156 nente, nos métodos de
Impoténda, e, agressão, ansiedade, 276 Intra-subjetiva, replicação, aspecto pode elem entos múltiplos,
O
e, condicionamento subliminal, 346 delinqüentes, 147-148 características, 48, 79-80, 85, 112-113
defesa perceptual, 57, 346 papel dos processos de discriminação, contiguidade, teoria, 77-83
discriminação sem consciência, 346- 146-149 de(o), com portam ento, delinqüente,
347 por meio de computadores assistidos 62-63
implicações terapêuticas, 349 por sfstemas, 149 eufórico, 287-288
teoria psicanalítica, 347-348 processos, assodativos, 90, 146 homoerótico, 303
Inibitórios, efeitos, da(e)(o), antecipató- Liberdade, e, determinismo, 50-51 inovativo, 85-86
rias, conseqüências, processos de influência recíproca, 25, transgressivo, 112-113
77, 178, 203, 312 26, 51 conceituai, comportamento, 85, 91
autopunição, 112 fatores que restringem, 50, 64 estilos de ensino, 86
castigo direto versus vicário, 111, na teoria da aprendizagem social, 50-51 estruturas sintáticas, 86-87, 90-91
180-181 Linguagem aprendizagem, em, adultos fluências, 188
definidos, 111 psicóticos, 91-92 jogos-padrões, 85, 91, 93
e, conseqüências de respostas ao mo crianças autistas, 82, 88-92, 200 julgamentos morais, 83-84, 86
delo, 17, 74-76, 100- retardados, 89 novas respostas, 85-86
101, 111-112, 116-117
da sintaxe, 90 padrões de, autodir^gido, 20, 363
modelo, características, 112-113 efeitos dos incentivos extrínsecos vida desviantes, 2
severidade da proibição, 112 sobre, 90 preferências de valores, 96, 354
vicário, condicionamento do medo. papel da modelação, 80, 86-92 respostas auto-avaliativas, 18-19
ÍNDICE ALFABÉTICO 387
PS
99 associativa, interferência, 81-82 controlados por, auto-reforçamenlo,
efeitos da{o), ambigüidade, 16 como, condicionamento clássico, 7U, 22, 345
atiiudinais, 53, 95-96, 108-110, 350- 76-78 mudança de aietição, 345
351, 354-355 discriminação de aprendizagem, reforçamento externo, 334
reforçamento, 75*77 71-72 e redes associativas, 22, 345, 354
U
em animais, 84-86 comparada com a aprendizagem por instrutivos. 311, 345
generalizada, 48, 71-74 ensaio e erro, 83-84 redução do potencial deflagrador,
graduada, 43, 82-83, 88-91, 93, 95, 105, dc regras comportamentais, 86-87 305-306, 307. 311
O
137-138 doutrina do intestino, 70 veja também Cognitivo, controle, Ima
transexual, 303 e, discriminabilidade dos estímulos de gens, Simbólica, re
na(o)(s), terapia de, grupo, 96-97 modelação, 80, 86-87 presentação
integridade, 95-96 integração de respostas, 78-79, 82 Periféricas, teorias centralistas, da apren
R
papel fixo, 94-95 efeito, de, atenção, processos, 76, dizagem, instrum en
tratamento da, agressão, 44 78-80, 81, 84-85, 92 tal, 132-133
autismo, 88-92 codificação verbal, 74, 77-79, 116, observacional, 71-83
comportamento anti-social, 363
entrevista, 33, 47, 48, 95-97
esquizofrenia, 91-92
problemas interpessoais, 92-96
118
G
deficiência sensorimotoras, 82-83,
85-86, 88-89
encoberto, ensaio, 80-81, 85-86
efeitos da punição, 178, 179-180,
202-203
extinção, 77, 212-215
Perturbações complexas do comporta
KS
ordem superior, 85-86 ensaio, manifesto, 80-81 m en to , an álise tios
papel da, na mudança sócio-cultural, observador, características, 74-76, componentes, 43-44,
115-116 79-80. 85 51-52, 64
veja também Modelos, Observacional, processos organizacionais, 74, 81-82 como múltiplos problemas, 31-32
aprendizagem, Social, sobre codificação imaginária, 74, Positivo, reforçam ento, veja Reforça
facilitação, Simbólica 77-78, 116-117 m ento, padrões de,
O
múltiplos, 80, 86, 102-104 comigüidade mediacional, 77-83, cessos, 182, 202
pictóricos, comportamentais compara 117 estímulos, controle por meio de, pro
dos, 104-105 reforçamento, 70-76 cedimentos, 186
modelação de estímulos, 75-76, 104- veja também Modelação, Vicário, con extinção, 185, 193, 200
105 dicionamento clássico imediata recompensa seguida pela
D
Motivação, teoria da(o), impulsos, 129- PADRÕES de reforçamento, com o com com petidoras, 174-
130 portamento de mode 175, 186, 193, 198.
incentivo, 133-135 los, conflitantes, 184- 200, 203
intensidade do estímulo, 129-130 185 comparação de contingente da resposta
veja também Impulsão e de discriminação de treinamento, 8 e contingente do estí
Mudança, agentes, 62, 105-108, 149-151, punição-não recompensa, seqüência, mulo, 177
282 112-113 definição, 175
reforçamemo, 60, 61-62 recompensa, punição, seqüência, 112- direta e vicária comparada, 112, 180
seleção, 60-62 113 discriminação, propriedade, 176
social, resistência, devida ao reforça seqüência de, recompensa-não recom e, disponibilidade de respostas alterna
m em o in ad eq u ad o , pensa, 112-113 tivas. 175, 185, 199,
115-116 veja também Esquema de reforçamento 202-203
e conflitantes,sistemas de crença, 115, Papéis, desempenho, atitudinais, conse esquiva de, aprendizagem, 175
116 qüências, 95-96 agentes de punição de situações,
por interesses imbuídos, 115-116 como terapêutica técnica, 93-94 184-185. 199
de conflitos versus alternativas cons efeitos concomitantes comportamen
NEGATIVO, reforçamemo, veja Puni trutivas, 92-94, 95-97 tais positivos, 184, 201
ção, R eforçam ento, na terapia de papel fixo, 94-95 generalização dos efeitos inibitórios,
Padrões de reforça- para instilar funções de auto-regula- 182-183, 195
388 ÍNDICE ALFABÉTICO
inflexibilidade com p o rtam en tal, por meio do controle aversivo, 25, intrínseco, 135, 166
182-183, 185 26-27, 60, 216 lei, empírica, 132
inibição da resposta, 175, 182-183 Reforçador(a)(e)(s), atividades, preferi magnitude, 359
medo, condicionamento, 183, 185, das, 131-132, 135, 345 monetário, 322
199, 202 atuais versus imaginados, 345 mudanças na quantidade, 139, 359
efeitos sobre o comportamento conco- auto-ad mi mstrados, 17-21, 150-151, na, aquisição, da leitura, 133, 146-147
mitantemente recom 190-192, 300-301 modelação, 74-76, 80-81, 82
pensado, 175, 181, condicionamento de, cultural, 302 não contingente, 19, 44-46, 89, 136,
184 de estímulos de mudança, 130 139-156, 164,357, 360
eficiência, 174, 198, 201 desenvolvimento por meio da(s), esti parcial, 139, 147, 197, 300
indesejáveis, efeitos colaterais, 182-185, mulação aversiva, 134 por, meio da fístula, alimentação, 129-
187 experiências recompensadoras, 134- 130. 132
informativo, valor, 16-17, 117, 175, 186 135. 140, 176 pistas de, dor, 201-202
intensidade, 175, 181, 185 efeitos das condições de privação sobre, probabilidade da, resposta, princípio,
intermitente, 175, 197 130, 134 131-132, 135
localização do controle aversivo, em es farmacológicos, 312, 314 redução do, esdmulo, teoria, 129-130
PS
tím ulos am bientais, fichas, 135, 140, 154-158, 162-164 regras, afirmações, 334
176-178, 202-203 função, informativa, 16-17, 132-133, resolução, circularidade, 132
no(s), centrais, processos, 178-180, 339-340 resposta contingente versus contingente
202 generalizados, 135 do tempo, 72-73, 89,
punido, comportamento, 177-178, incentivo, função, 132-135 136
346 monetária versus retroalimentação da sensória], 130, 132
U
modelação negativa, 184 exatidão, 140 social, 14, 45, 134-135, 140, 144-146,
muhiprocesso, explicação, 176-177 não observáveis, 129-130, 133, 340 159, 166, 200, 2
não contingente, 198-199 negativos, 174 simbolizado versus atual, 338-339, 344
O
no tratam ento da(e), agressão, 61, pistas de, de dor, 224-225, 302 tangível versus social, 134, 140
201-202 primários, 132, 138-139 teoria do, fortalecimento associativo,
auto-injúria, comportamentos, 192- relacionados com o nível de desenvol 131-132, 165, 333-
R
195, 200 vimento, 138, 140 334, 335
comportamento sexual, 197-198 sensoriais, 130-131 vicária, 16-17, 74-76, 93, 96, 100-101,
disfunções motoras, 195-197 simbólicos, 87, 134, 137, 139, 140-141, 111-113, 116, 117,
fetichismo, 198
perturbações da fala, 189, 190-192
tiques, 196
ocasião, 175, 178-180, 183
G
149, 159, 166, 234-235
sociais, 14-15, 44-45, 133-135, 140,
144-146, 158, 166,
200-201
tangíveis versus sociais, 133-134, 140
180-181, 304
w ja também Contingências de reforça
mento, Punição, Re
forçadores, Padrões
de reforçamento, Es
KS
pela, apresentação de estímulos, 174,
183, 202 transi tu acionais, 132 quem as de re fo rç a
reforçamento retirado, 174, 183, 184, Reforçamento, adiado, 116, 136, 156, mento, Auto-reforça-
189-202 301 memo, 16-17, 74-76,
por meio da(e), anteápatória represen adventício, 238-239 93, 96, 100-101, 111-
tação de conseqüên arbitrário, 140, 359 113, 116, 117, 180-
O
provocação, 196
resposta contingente versus ameaças combinado com instruções, 141, 338, m en to , 22, 24, 90,
verbais, 181-182 344 333-334
companheiros, 139, 145, 160 modelação, 86
retirada do reforçamento, comparada da(e){o){s), afastamento social, 14, 139, veja também Conceitos de aprendizagem
com a apresentação de 144 Representacionais, sistemas, característi
estím ulos aversivos, agressão, 4, 8, 44, 145, 217, 224-225 cas, 22-23
183, 184, 199
autonômicas, respostas, 14 condicionamento, 77-78
EX
sob curare, 175, 180 com portam ento, competidor, 174- função de orientação do d esem
vicário, 69, 74-76, 96, 100-101, 111, 175, 186 penho, 22-23, 25, 69,
117, 176 cooperativo, 140, 164 77-78, 82, 333
condições psicológicas, 220 imaginários, 22, 77-78
QUASE-DOENÇA, modelo da, do compor desempenho, acadêmico, 137-138 na aprendizagem de observação,
tamento desviante, 1 esquiva, 229-230 77-78, 81-82, 85-86
D
conseqüências adversas, 9-10 imitativo, 74-75, 83, 88, 116 verbais, 22, 77-78, 333
social, 14, 137, 146 Representação simbólica, condiciona
REAÇÕES de frustração, agressivas, 226 verbal, 90, 151-153 mento emocional, 21,
IN
aquisição em circunstâncias não frus- disfluências, 188, 211 279, 303, 306-307
tradoras, 223 e mudança, atitudes, 211 da(e)(o){s), ameaças, 263, 279-280, 284,
modeladoras, influências, 74-75, 86, habilidades, de automanejo, 146 342, 344
111-113, 184,224, 226 na aprendizagem , da linguagem , estímulos modelares, 69, 74, 77-78,
não agressivas, 92-93, 226 85-86, 90 81-82, 85-86
transferência, 223 psicótico, comportamento, 3, 144 recompensadores, atividades, e obje
treino direto, 224, 226 queixas, hipocondríacas, 219-220 tos, 299, 302, 306-307,
Reciproca, influência, ambiente como va respostas, aproximação, 109, 145, 234 311, 344
riável dependente, 25 concomitantes, 80, 89 respostas, conseqüências, 77, 99, 178,
do comportamento e suas condições verbalizações, psicóticas, 218-219 179, 180, 202, 300,
controladoras, 24-26, e, autoconceito, 18, 360 312, 344-345
34, 60, 61, 201, 203, condições, de privação, 134 veja também. Cognitivo, controle, Repre
301, 321-322 influência de variáveis sociais, 263 se n taci onais, sistemas
e autodeterminação, 26, 51 em tratamentos, de entrevista, 5, 7, 47 Repressão, como inibição do pensamento,
na(o)(s), agressão, 25-28 função do, informativo, 16-17, 133, 347
comporta mento social, 25-26 333, 339-340 de, aprendizagem e psicodinâmicas
interações pais/crianças, 26-27, 60 grupo, 164-165 com parada à teoria,
nociva, 25-27 intravenoso, 129-130, 132, 340 347-348
ÍNDICE ALFABÉTICO 389
PS
veja também Inibitórios, efeitos, Vkária, de superior, ordem de condiciona modelo dos atributos, 79, 114, 117
punição mento, 303 por meio de reforçamento seletivo,
Retenção, dos estímulos de modelação, medida, 305, 308 113-114
74, 78-79, 80-82, 85 redução por meio do contracondicio- normas, no comportamento desviante,
efeito da(o)(s), operações de codifica n a m e n to a v ersiv o , 2, 4
ção, 77-78, 80-82, 85 305-306, 311 transmissão, 363
U
processos organizacionais, 81-82 variações transculturais, 302 reforçam ento, 14-15, 45, 133-135,
e, ensaio encoberto, 81-82 Simbólica, modelação, auto-aplicada, 105 144-146, 165, 200-
manifesto, ensaio, 81-82 com parada com, dessensibilização, 201, 218
O
papel do reforçamento, 82-83 107-109 subsistemas, como uma, facilidade tran-
Retirada do reforçamento, como proce modelação participante, 107-109 sicional, 157-158
dimento de punição, viva, modelação, 104 subcom unidade semi-autônoma,
R
174, 198-202 e de massa, meios de comunicação de, 162
comparado com os estímulos aversivos efeitos, 74-75 comparados com o tratamento insti
como punidores, 183, efeitos atítudinais, 108-109, 354-355 tucional, 161-162
184,
fatores que determinam eficácia, 198,
202
no controle do comportamento, agres
sivo, 60-61, 201-202
199-200, 203
105-110
deflagração do medo, 110-111
G
extinção da{o), comportamento de
e sq u iv a, 103-104,
VALOR(ES), julgamentos de, e, defini variáveis que afetam, 151-152, 340 reta, 111, 180
ção, da agressão, 3 Vicária, deflagração, 97-98 da agressão, 74-75, 92-93
psicopatologia, 2-5, 34 efeito da(s), conseqüências empare c de adtudes de mudança, 353
questões empíricas distinguidas, 58 lhadas, 98-99 efeito sobre o com portam ento de
na seleção de objetivos, 47-57, 58-59, deprivação social, 98 emparelhamento, 69
60-64 similaridade percebida, 99-100 reforçamento, de(o), comportamento,
saúde mental positiva, 57 generalização do estímulo, 98 agressivo, 74-75, 93,
preferências de, adquiridas por mode mediada por meio da auto-estimula- 111-112, 361
lação, 96 ção, 99, 117 desempenho, 18
alteradas por meio de reforçamento por meio de pistas afedvas de mode transgressivo, com portam ento,
seletivo, 359-360 lação, 12, 17, 97-99, 111-113, 180
e conseqüências de respostas para o 102, 116-117 definição, 16
mode!o, 353, 354 extinção, atitudinais, acompanhados, e resistência ao desvio, 100-101, 111-
Verbal, condicionamento, como, função 108 112
da consciência, 57, 152 de, ansiedades sociais, 94-95 efeito das variáveis sociais, 16-17
e parcialmente correlacionadas à hi fobias, 43, 102 explicado em termos de, condiciona
PS
pótese, 335, 337, 339 definição, 101 m e n to e m o c io n al,
hipótese, tesiagem de, teoria, 152, e graduação dos estímulos modelado 17-18, 117
333 res, 101-102 incentivo, funções, 17
não-mediacional, teoria, 152, 133, efeito das, atividades de neutralização informativas, funções, 17-18, 117
364 da a n sied a d e, 102, na, mudança sócio-cultural, 115-116
U
nas entrevistas de terapia, 5, 46, 47, 105, 108-109, 110 promoção de mudanças de atitudes,
54, 56 generalização, 103, 108-109 352, 354
papel dos incentivos, 333, 340 inform acionais, influências, 109-110 papel dos processos de comparação
múltipla versus modelação simples,
O
teoria, cognitiva, 333, 364 sociais, 17
da interação recíproca, 333-334, 103-105 processos de avaliação social, 17, 117
340, 364 teoria do processo duplo, 101, 110- variáveis que afetam, 16
transferência para o comportamento 111, 117 veja também Vicária, punição
R
social, 152 punição, comparada com a punição di
G
KS
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ISBN 8 v ? l l l - 0 ( ) 7 b 9