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VEÍCULOS HÍBRIDOS: VANTAGENS E DESVANTAGENS

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DANIELLI KATHERINE NASCIMENTO


E-mail: daniellikatherine@gmail.com
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RESUMO

O objetivo deste estudo é identificar as vantagens e desvantagens na aquisição de um veículo com


sistema híbrido, apresentar as principais limitações para a implementação da tecnologia de forma
ampla no mercado e ainda comparar os dados de alguns veículos híbridos de duas empresas bem
conceituadas no ramo automobilístico: a Honda e a Toyota, apontando assim, as principais
semelhanças e as diferenças entre as marcas. Nos resultados encontrados é possível identificar que
as vantagens ambientais, são de grande relevância por se tratarem de redução na emissão de gases
e de ruídos que é bem menor nos veículos do tipo híbridos do que nos convencionais. Contudo, as
desvantagens são bem acentuadas, principalmente no que diz respeito ao destino das baterias
utilizadas e melhorias no sistema com catalisadores.

Palavras-chaves: Híbrido, Automóveis, Honda, Toyota, Baterias.

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INTRODUÇÃO

A busca incessante dos consumidores por conforto, comodidade, espaço e segurança é o que
move as indústrias automobilísticas a inovarem e se reinventarem todos os anos com o objetivo de
atender as demandas e exigências do público comprador. Uma demanda muito forte que vem
crescendo nos últimos anos, é a de produtos e serviços sustentáveis. Como demonstração de
preocupação com o meio ambiente, as empresas buscam fortes meios de redução de emissão de
gases poluentes, controles rigorosos sobre descarte de resíduos de processo, entre outras tantas ações
que são tomadas.
Segundo Queiroz (2006), a emissão dos gases pelos veículos é composta por hidrocarbonetos (HC),
monóxido de Carbono e CO², que apesar de sua baixa toxidade possuí uma grande parcela de culpa
no “efeito estufa”. O aumento de poluição está relacionado com nossa qualidade de vida e bem estar
e por isso a preocupação das pessoas em relação aos impactos ambientais têm se tornado cada vez
maior devido ao grande número de informações que recebemos diariamente sobre as projeções
negativas que são esperadas, caso não se tomem medidas preventivas imediatas quanto a esses fatos.
Em 2017, um estudo realizado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), mostrou a
parcela de poluentes emitidos de cada tipo de veículo em São Paulo. O estudo aponta que os
automóveis são responsáveis por 72,6% dos gases efeito estufa, maiores responsáveis pelo
aquecimento global (Barbosa, 2017).
Uma prova do comprometimento das empresas automotivas com o meio ambiente nos últimos anos,
é o investimento que vem sendo realizado na implementação e aperfeiçoamento de veículos cada
dia mais sustentáveis, como veículos elétricos e híbridos, que buscam formas alternativas para gerar
propulsão em seu motor, reduzindo a emissão dos gases responsáveis pela poluição. Diante do
cenário atual, os veículos híbridos vêm se tornando uma aposta na contribuição dos cuidados com
o planeta. Mas, o que são os veículos híbridos? De acordo com a definição no site da Toyota:
“Um veículo híbrido é qualquer tipo de veículo que tenha duas fontes de
energia. Isso inclui veleiros (vento + motor) ou uma locomotiva (diesel +
eletricidade). No caso de um automóvel, um híbrido é aquele que combina um
motor a combustão e um motor elétrico que pode ser alimentado por uma
bateria híbrida”. (Toyota)
Mas, como funciona um veículo híbrido? É simples. Segundo Angelo (2018), as fontes de energia
podem atuar juntas ou separadas e isso vai variar de acordo com o tipo de configuração, que podem
se dividir da seguinte maneira: em série, paralelos ou mistos. O primeiro, segue o princípio de que
o motor elétrico serve para tudo e o motor a combustão serve apenas para recarga da bateria. No
paralelo, os dois motores são utilizados para darem força ao motor, porém, apenas o motor a
combustão consegue acionar o veículo. Já o misto, por assim dizer, une os dois conceitos anteriores,
fazendo com que ambos motores possam conduzir o veículo e a alteração de um motor para o outro
ainda ocorre de forma automática.
O estudo em questão busca elaborar uma análise comparativa entre os veículos das montadoras
Toyota e Honda, que já possuem alguns modelos híbridos no mercado, além de expor as vantagens
e desvantagens de cada uma delas, e por fim analisar quais os possíveis entraves para que essa
tecnologia chegue de forma massiva ao mercado mundial. A relevância deste trabalho está baseada
nas necessidades humanas de preservação do meio ambiente e cuidado com a natureza, bem como
na qualidade de vida de toda a população.
Figura 1: Esquema de funcionamento de um carro híbrido
Fonte: Site Portal São Francisco

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

A tecnologia híbrida parece ser uma invenção um tanto atual, porém, não é bem isso que a
história nos conta. Há mais de um século, quando o mundo estava em uma corrida de tentativas
frustradas em busca de um tipo de combustível ou motorização que fizesse com que os veículos
tivessem um bom desempenho, já se pensava nela e surgiam então, os primeiros modelos de veículos
híbridos.
Segundo Calmon (2011), o primeiro automóvel híbrido começou a ser desenvolvido em 1900 por
Ferdinand Porscher, também conhecido posteriormente pela criação do fusca. De acordo com Viera
(1986) da revista Motor 3 em sua edição especial de 100 anos do automóvel, Porsche estaria
encantado com a tração dianteira dos Carros Gräf & Stift, veículo que seria 14 anos depois, cenário
do atentado que deu início a primeira guerra mundial. Porsche então, foi contratado como
engenheiro chefe por Ludwing Lohner em decorrer de seu entusiasmo, então, desenvolveu um
modelo diferente de tudo que já tinha sido criado colocando um motor elétrico em cada caixa de
roda dianteira. A solução eliminava as perdas por transmissão de correias e eixos, além de dobrar a
força. Este teve o nome de Lohner-Porsche-Chaise. Calmon, ainda cita que no começo de 1901, a
nova versão recebeu o nome de ‘Semper Vivus’ (sempre vivo) e que no final do mesmo ano, a versão
final teve o nome modificado para Lohner-Porsche-Mixte das quais foram vendidas cinco unidades
e teria a tecnologia que chamamos hoje, de híbrido misto.
Mais de um século se passou com o conceito de veículo híbrido adormecido, até que em 1997, a
Toyota lança no Japão o Prius, primeiro carro híbrido produzido em série, onde o motor elétrico
dava a partida e o a combustão só passava a funcionar após uma determinada velocidade. Após ele
ser acionado, o outro passava a ser apenas complemento. Dois anos mais tarde a Honda lança nos
Estados Unidos o Insight primeiro híbrido da marca vendido em grande escala que tinha grandes
semelhanças com o Prius, porém, todo funcionamento era realizado pelo motor a combustão e o
elétrico servia só como complemento (Site São Francisco).
Sobre os híbridos no Brasil, Angelo (2018), destaca que o Mercedez Benz S400 foi o primeiro carro
híbrido a chegar ao país e isso aconteceu só em abril de 2010. Em outubro do mesmo ano aparece o
Ford Fusion e apenas em 2013 o Prius chega ao Brasil.

DESENVOLVIMENTO

Algumas das vantagens de um veículo híbrido listadas pelo site da Mapfre são a baixa
emissão de gases, a autossuficiência dos veículos que possuem o KERS, um sistema da Fórmula 1,
que permite aproveitar a energias das frenagens para abastecer o motor elétrico, o baixo índice de
ruído desses veículos, além, também de ter autonomia de centenas de quilômetros sem necessidade
de carregar as baterias ou fazer um abastecimento do combustível.
As desvantagens também são citadas pelo site, como o peso consideravelmente maior dessa
modalidade devido a necessidade de comportar bateria e dois motores, a contaminação de gases na
atmosfera mesmo quando seu propulsor está desativado e finalmente a parte que mais afeta os
consumidores, sendo ainda a desvantagem que mais pesa na escolha de um veículo, o valor. Tanto
na aquisição quanto na manutenção os custos são bem elevados.
Segundo Feldman (2020), após alguns testes, foi identificado que dependendo das condições em
que um veículo híbrido é exposto, como é o caso de quando a bateria acaba e o motor a combustão
passa a operar sozinho. Como há um intervalo de três minutos até o catalisador chegar a temperatura
adequada para realizar a tarefa de reduzir a emissão dos gases, durante esse período o carro pode
emitir mais poluentes do que em mil quilômetros rodados em condições normais, por isso, o
condutor tem que se manter atento aos momento de abastecimentos do veículo.
Outra desvantagem forte em cima desses carros é o descarte das baterias após o fim da sua vida útil,
em média as empresas estimam um tempo de oito a dez anos para substituição do conjunto. Algumas
empresas como a Toyota já colocaram propostas de incentivos para que os consumidores levem o
veículo até às concessionárias para realizar o descarte adequado (samahá).

OS HÍBRIDOS NO MUNDO

Os EUA possuem há alguns anos incentivos para que os consumidores adquiram automóveis
híbridos, não só o governo na parcela de dedução fiscal, mas, empresas particulares como a Google
estipulam um valor e oferecem como forma de incentivar a compra deles (Queiroz, 2006).
De acordo com Álvarez, no blog da CEA (Comisariado Europeo del Automóvil), em Madri os
benefícios de se adquirir um veículo híbrido surpreendem pela quantidade de incentivos que a
tecnologia ganha, como redução de impostos relacionados ao trafego rodoviário, isenção de imposto
de inscrição do veículo, além de disponibilidade para andar em seu carro sem restrições que os
veículos convencionais sofrem pra ajudar na contenção da poluição, além de poder trafegar nas
faixas exclusivas de ônibus se você não estiver com passageiro. As medidas trouxeram um aumento
de 85% nas vendas dos veículos híbridos na cidade em um ano.
Trazendo para a atualidade, o site do Jornal The New York Times mostrou que a Europa teve um
aumento de 10% nos veículos híbridos e elétricos registrados no continente em outubro de 2019 e
que as vendas subiram 40% em relação ao ano anterior em resposta aos incentivos criados pelo
governo como redução de impostos sobre o veículo (Ewing, 2019).

COMPARATIVO ENTRE MARCAS: TOYOTA X HONDA

As montadoras Toyota e Honda, que são conhecidas mundialmente, já aderiram a muitos


anos aos modelos híbridos e vêm construindo uma trajetória de muitas conquistas em seus modelos.
Da Honda, podemos citar o Insight, produzido de 1999 a 2006, que deixou de ser produzido dando
lugar ao Civic Hybrid com um comando de válvula variável i-VTEC, que ainda é produzido até hoje
(Samahá). Da marca Toytota, temos o Camry, que não é mais produzido pela marca, e o Prius e
Corolla, fabricados até hoje.
HONDA TOYOTA
CARACTERÍSTICAS
INSIGHT CIVIC CAMRY PRIUS COROLLA
MOTOR À GASOLINA 70 CV 95 CV 147 CV 98CV 101 CV
POTÊNCIA

MOTOR ELÉTRICO 12 CV 20 CV 45 CV 72 CV 72 CV

TOTAL - 110 CV - 123 CV 122 CV


ACELERAÇÃO

DE 0 A 96 Km/h - 11 seg. 9 seg. - -

DE 0 A 100 Km/h - - - 12,1 seg. 11 seg.


AUTONOMIA

CIDADE - 17,0 Km/l 14,5 Km/l 23,8 Km/l 17,7 Km/l

ESTRADA - 19,0 Km/l 14,5 Km/h 18,3 Km/l 18,6 Km/l

VALOR - R$ 72.998,00 - R$ 126.600 -

Tabela 1: Dados comparativos entre as marcas Toyota e Honda.


Fonte: Elaboração própria.
Os dados levantados para a produção da tabela 1, foram extraídos das matérias publicas pelo autor
Fabrício Samahá no site Best Cars Web Site, que fala um pouco sobre os veículos híbridos da Honda
e da Toyota, o Vitor Matsubara no site Quatro Rodas, que compara o Prius Hybrid com o Corolla
convencional e o autor Fernando Lalli da Revista Carro que faz um levantamento entre três veículos
distintos e apresenta dados relevantes do modelo Corolla Hybrid. Os dados em destaque na tabela,
indicam as melhores performances levando em consideração apenas a comparação entre os veículos
listados, além disso o valor do Civic foi identificado no site Best Cars, com um valor em dólar e sua
fonte não demonstra o ano da publicação, por esse motivo e para considerações de análise, foi
considerado o valor do dólar no mesmo período em que o site Quatro Rodas comentou sobre o preço
do Prius em fevereiro de 2018, época em que o dólar estava cotado em R$ 3,23, segundo o site Neo
Câmbio.

CONCLUSÃO

Diante disso, podemos verificar que entre as marcas Toyota e Honda, o Civic se destaca
principalmente pelo preço, porém, o Prius faz jus ao seu elevado preço pelos aspectos de potência
total gerada pela combinação dos motores e na autonomia de quilômetros por litro realizada na
cidade, além de ficar muito próximo da aceleração do Corolla. Em termos de comparação em relação
ao meio ambiente, não há dúvidas de que o sistema híbrido é um dos mais vantajosos em termos de
poluição gasosa e sonora.
Os entraves para que esses sistemas sejam cotados como uma saída para a preservação do meio
ambiente ainda são fortes. Porém, com todos os dados apresentados, foi possível verificar que com
incentivos fiscais, redução de impostos e redução de taxas sobre esses veículos é possível sim, fazer
com que a população comece a adquiri-los no lugar dos já conhecidos à combustão e aos poucos
aderir à esse meio de transporte que já está fazendo muito bem ao planeta.
Algumas limitações relacionadas ao meio ambiente como o descarte das baterias e a demora na
resposta do catalisador quando acionado ainda devem ser bem estudadas e analisadas, para que
futuramente, não tenhamos um resultado reverso ao esperado até aqui. Alternativas para esses
problemas seriam a reciclagem das baterias que serão trocadas, fazendo assim o aproveitamento dos
metais nela contido, como o níquel e o cobre. Em exemplo a isso o site EcoSystem (2018), menciona
estudos já iniciados na Bélgica e na Alemanha que visam um aproveitamento considerável dos
componentes internos das baterias. Já o problema com a demora do aquecimento do catalisador para
diminuir os gases emitidos pelos híbridos a resposta estaria em sensores trabalhando de forma
conjunta aos motores, que quando identificado que a bateria está próxima de acabar o sistema
mandaria um sinal e faria o aquecimento do catalisador sem a necessidade da espera de três minutos
para que ele fizesse o seu papel.
BIBLIOGRAFIA

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SAMAHÁ, Fabrício. Evolução da ideia de mover carros com eletricidade, eles ganham espaço
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https://www.portalsaofrancisco.com.br/mecanica/motor-hibrido. Acesso em 02/04/2020.

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