Você está na página 1de 12

ANOMALÍAS DE VISÃO BINOCULAR NÃO ESTRABICAS E ACOMODATIVAS

1 Exames acomodativos

1.1 Amplitude de acomodação


É a capacidade máxima de acomodar ou força máxima de acomodação do sistema visual, isto é, é o
máximo de acomodação que o indivíduo consegue ativar. Lembrando que a acomodação pode ser
ativada por 3 mecanismos: aproximação do objeto, adição de lentes negativas e ativação das vergências.
A amplitude de acomodação como exame clínico é feito monocularmente justo porque a acomodação é
uma função monocular e isso ajuda a anular o efeito das vergências sobre a acomodação.
Qualquer exame clínico de acomodação é importante primeiro corrigir o paciente, caso não o valor será
influênciado pelo erro refractivo não corrigido. E é importante conhecer a AV do paciente para que a
escolha do alvo acomodativo esteja em conformidade, visto que o paciente sempre debe fixar em uma ou
duas linhas da melhor AV.

1.1.2 Metodo de Donders (aproximação)


É um dos métodos mais utilizados para medir a amplitude, tem vantagem pela simplicidade, rapidez em
fazer e supõe-se que o paciente esta em condições naturais (do dia a dia).
Procediemnto:
a) Corrigir o paciente ou ao menos conhecer o erro refractivo do paciente para poder compensar depois;
b) Escolher o alvo certo (respeitando a AV do paciente)
c) Ocluir um olho, colocar o alvo à 50 cm do paciente (em frente ao olho que se avalia) e pede-se que o
paciente fixe no alvo;
d) Partindo dos 50 cm vamos aproximando o alvo em direcção ao olho do paciente até que o paciente
reporte borrosidade do alvo (letra).
e) Assim que o paciente reportar borrosidade medimos a distancia entre o ponto de borrosidade e o
canto externo do olho avaliado.
f) Pegamos no valor (distancia) e convertemos para dioptrías ( 100/d = D).
g) E depois repetimos o mesmo procedimento no outro olho.

1.1.3 Método de Sheard (lentes negativas)

É um dos métodos mais utilizados para medir amplitude de acomodação, geralmente tem valores mais
baixos que o donders, visto que com a adição de lentes negativas as letras ficam mais pequeñas (pelo efeito
do negativo) o que dificulta a distinção da letra.

Para este método pode se usar lentes de prova, mas o mais recomendado é usar foroptero ou reguas
esquioscópicas.

Procedimento:

a) Colocar a correção do paciente na armação de prova, ocluir um dos olhos.

Dulnério Sengo
b) Escolher o alvo e a distancia. Lembrando que a distancia neste teste é por preferencia do clínico. E
dependendo da distancia que vai usar, terá que compensar no valor final da amplitude, isto é: se a
última lente que o paciente vir nítido é -6.00 e o alvo está a 40 cm do paciente, a amplitude resultará
da soma da lente 6 + 2.5 (distancia) = 8.5 (sem sinal, amplitude não leva sinal).
c) Posicionamos o alvo a 33 cm (nesta distância o paciente já acomoda 3.00 D) e pedimos para que o
paciente olhe para o alvo e procure deixa-lo sempre nítido. Vamos adicionando lentes negativas (em
passos de 0,25) até que o paciente não consiga mais distinguir a letra. No final, por exemplo, se a
última lente foi -4.00, então a amplitude neste olho será 7.00D (4 + 3). Caso faça o teste sem
correção, deberá compensar a correção no valor final.
d) Os valores do teste Sheard costumam ser mais baixos que os de Donders em -2.00, isto é, se o valor
normal da amplitude para certa idade em Donders é de 8-12 D, então Sheard será 6-10D.

1.1.4 Análise do resultado

A amplitude de acomodação é uma função cujo os valores normais variam consoante a idade do paciente.
Portanto, não temos como saber se amplitude é normal ou baixa se não conhecemos a idade do paciente. E
através da idade vamos poder obter o valor normal (a amplitude que o paciente deveria ter com sua idade), e
isso pode ser feito através da seguinte fórmula:

AA = 18-1/3 (idade) (+ ou – 2)

Exemplo: Um paciente com 24 anos, qual seria Amplitude de acomodação normal para o método Donders e
Sheard?

Donders = 18- 24/3= 18-8 = 10 então AA = 10 (+/-2.00), isto é, será normal entre 8.00D e 12.00D;

E o Sheard é -2.00D de Donders, então será 8 (+/-2.00), isto é, será normal entre 6.00D e 10.00D.

E amplitude de acomodação, mais importam os valores mínimos, pois ou é baixa ou é normal, clínicamente
valores acima do limite são considerados normais.

E para o exemplo dado, se um paciente de 24 anos apresentar uma amplitude de acomodação em Donders a
baixo de 8.00, será considerado baixo e já se poderá pensar em um quadro clínico de anomalía acomodativa
(ver tabela a baixo, qual quadro clínico tem amplitude baixa).

1.2 Flexibilidade Acomodativa Monocular (FAM)


A flexibilidade acomodativa é a capacidade do sistema acomodativo de ativar e relaxar a acomodação de
forma eficiente e eficaz. É algo que os nossos olhos fazem constantemente no dia a dia, desde o
momento em que olhamos um objeto distante e em poucos instântes mudamos o foco e olhamos algo
próximo e vice-versa.
FAM é feito monocularmente, o clínico escolhe a distância do teste, e a distância do teste definirá que
lentes serão usadas para estimular e relaxar a acomodação. Exemplo, se usamos 33 cm, iremos usar lente
+3.00 e -3.00; se escolhemos 40 cm usaremos +2.50 e -2.50.
Procedimento:
a) Ocluímos um dos olhos do paciente;
b) Escolhemos o alvo
c) Posicionamos o alvo na distância certa e preparamos as lentes tendo em conta a distância.

Dulnério Sengo
d) Ajustamos a correção do paciente na armação de prova e pedimos ao paciente que olhe para o alvo, e
explicamos ao paciente que reporte sempre que a imagem estiver nítida e diga “está nitida”.
Primeiramente sem lente, ele nos dirá se vê nítido, a posterior, ligamos um temporizador para que
vejamos em 1 minuto quantas vezes trocaremos as lentes (quantos ciclos fará o paciente), assim
sendo, se sem lente o paciente nos diz que vê nítido então começamos o teste colocando a lente
positiva (de relaxamento) e acionando o temporizador simultaneamente e assim que o paciente
sinalizar ver nítido trocamos a lente e colocamos a negativa (estímulo acomodativo), caso o paciente
paciente reporte ver nítido (já terá completado 1 ciclo) trocamos novamente para lente positiva e
depois negativa contando os ciclos até que termine 1 minuto. Quanto mais rápido for o sistema do
paciente em aclarar a imagem melhor flexibilidade terá o paciente. Nunca se deve trocar a lente se
que o paciente tenha sinalizado nitidez da imagem.
e) Anotação: anota-se 3 c.p.m (3 ciclos por minutos, se tiver trocado a lente 3x em ciclos completos);
caso o paciente ainda no começo do teste não consiga passar da lente positiva (não consiga aclarar)
em 10 segundos, trocamos e experimentamos a lente negativa, caso consiga anotamos 1/5 cpm (meio
ciclo porque só consegue com uma lente, não consegue com a outra, então esse paciente nunca irá
completar 1 ciclo).
f) Análise: consultar na tabela a baixo os valores normais de FAM e ver em que quadros clínicos este
se vê alterado.

1.3 Flexibilidade Acomodativa Binocular (FAB)


É a flexibilidade em ativar e relaxar a acomodação, porém binocularmente. O procedimento de avaliação
é o mesmo que o FAM, porém por ser binocular entram em ação as vergencias, o que serve para avaliar
indirectamente as vergências (mais a baixo explicarei com mais detalhes).

1.4 MEM (método de estimulação monocular - retinoscopia)

É o que em outras palavras chama-se retardo acomodativo, que é a diferença entre o estímulo e impulso
acomodativo. Este retardo acomodativo ou essa diferença é fisiológico, visto que fisiologicamente, se
olhamos um alvo situado a 40 cm, nós não precisamos acomodar exactamente 2.5 D (estímulo) para
poder ver bem (discriminar o alvo), acomodamos somente 2.00 D (impulso) que é suficiente para
conseguir ver. Assim sendo, estímulo é o que era suposta acomodar e impulso é o que realmente a gente
acomoda.

Procedimento:

Dulnério Sengo
Clinicamente o MEM pode ser avaliado com o retinoscópio e o paciente corrigido. Geralmente os
retinoscópicos veem acompanhados de um alvo acomodativo (pequenas cartilhas) que se encaixam na
cabeça do retinoscópio justamente para que o paciente tenha o que fixar em procedimentos como estes.

Fonte: https://docplayer.es/87576576-Centro-de-ciencias-biomedicas-maestria-en-ciencias-biomedicas-area-
optometria.html

Este é um teste feito em cada olho (monocular) mas feito em condições boniculares (não se ocluí nenhum
olho). Pede-se ao paciente que fixa no alvo, que estará a 40 cm (isto é, o clínico deve posicionar-se numa
posição em que a partir do alvo do retino até ao olho do paciente tenha 40 cm de distância). O paciente
olhando para o alvo acomodativo, o clínico observa as sombras retinoscópicas em cada olho, visto que a 40
cm era suposto acomodar 2.50 mas o paciente só acomoda 2.00, o sistema visual fica positivo como se
tivesse uma hipermetropia de +0.50, por isso em pacientes normais o clínico irá observar sombras a favor.
Após observar as sombras do retinoscópio, o clínico deve neutralizar as sombras, porém a neutralização é
feita de forma diferente da retinoscopia estática, visto que no MEM durante a neutralização o clínico deve
Dulnério Sengo
colocar e tirar a lente sobre o olho do paciente de forma rápida (alguns segundos), não deve colocar a lente e
deixa-lá sopreposta na armação porque pode influência na resposta acomodativa, então é importante ser
rápido para que não dê tempo para acomodação reaja ao efeito da lente de neutralização. O clínico deve
colocar a lente e observar de forma rápida se a lente neutraliza o movimento ou não. Se for movimento
contra usar lentes negativas, se for a favor usar lentes positivas.

O valor normal do MEM é +0.50 (+/-0.25), isto é, varia de +0.25 a +0.75 D (como na primeira figura
abaixo), fora deste intervalo é considerado alterado.

Que pode ser baixo, quando é inferior a +0.25 D, isso indica que há muito impulso acomodativo, o que pode
fazer com que o MEM seja neutro ou até mesmo assuma valores negativos (indicando que o impulso é maior
que o estímulo, como na terceira figura a baixo). Este MEM é típico de casos de excesso de acomodação.

O MEM pode ser alto, quando assume valores superiores a +0.75D (como na segunda figura a baixo), o que
indica que o impulso é muito inferior ao recomendado, resultado da escassa resposta acomodativa, como em
casos de insuficiência de acomodação.

1.5 Acomodação relativa (positiva e negativa)


A acomodação relativa é a força máxima de acomodação ou relaxamento mantendo a convergência.
Este é um teste que é feito em condições binoculares (os dois olhos abertos) razão pela qual avaliamos
acomodação tendo em conta as vergências. É um teste acomodativo, porém é considerado um teste
indirecto para as vergências (mais a baixo explicarei com mais detalhes).
A acomodação relativa positiva (ARP) é a capacidade máxima de ativar a acomodação mantendo a
convergência, este teste é feito com lentes negativas binocularmente, e anotação é negativa. Ex:
ARP: -2.50
A acomodação relativa negativa (ARN) é a capacidade máxima de relaxar a acomodação mantendo a
convergência, este teste é feito com lentes positivas binocularmente, e a anotação é positiva. Ex:
ARN: +2.50

Dulnério Sengo
Procedimento:
a) Corrigir o paciente e escolher o alvo de acomodação ideal com respeito a AV do paciente
b) Posicionar o alvo a 40 cm do paciente, pedir que olha para o alvo, e pergunte se vê nítido e simples
(sem diplopia)
c) Adicionar lentes positivas binocularmente (em caso de avaliar ARN) ou negativas (em caso de
avaliar ARP) em passos de 0.25, até que o paciente reporte embaçamento ou diplopia. O teste só
pára quando o paciente reporta um dos dois sintomas (borrosidade ou diplopia)
d) A conselha-se a fazer primeiro ARN (lentes positivas) e só depois o ARP (lentes negativas)

1.6 Reservas Fusionais Positivas e Negativas

Reservas fusionais positivas (RFP) é a capacidade máxima de convergir, enquanto que as reversas fusionais
negativas (RFN) é a capacidade máxima de divergir do sistema visual. São responsáveis por manter a
binocularidade, e é necessário que haja um equilíbrio entre as reservas fusionais e as forias para garantir tal
binocularidade. Uma foria só é foria (desvio latente) porque existem reservas fusionais capazes de
compensar a foria para que não vire tropia (desvio manifesto). E as RFP (forças de convergência –
convergência fusional sendo mais específico) compensam as exoforias, e as RFN (as forças de divergência)
compensam as endoforias. Exemplo, se tens um desvio tipo “Endo” de 4 ∆ para que não seja tropia no
mínimo temos que ter RFN de 4∆ (ruptura), e o aconselhavel para que o paciente tenha conforto visual (sem
sintomas) é que tenha o dobro do desvio, isto é 8∆ de RFN (ruptura), e o mesmo acontece para as RFP com
respeito as exoforias, caso um paciente tenha desvio maior que as reservas (exemplo: 8∆ Endo e RFN 6∆ de
ruptura) este paciente sempre terá uma tropia e nunca foria, porque o sistema não tem força para suprir a
demanda.

As reservas fusionais se medem de longe (6 m) e perto (40 cm) e igualmente seus valores são associados
com o cover teste de longe (6m) e de perto (40cm).

RFP

As reservas fusionais positivas são avaliadas clinicamente usando prismas base temporal, isto porque se
vamos avaliar a máxima capacidade de convergir temos que estimular a convergência até o máximo,
descobrir até quanto de convergência o sistema é capaz de ativar.

Lembrando que quando colocamos um prisma base temporal em um dos olhos, a imagem desloca para a
retina temporal, e para que não perceba duplo (diplopia) a fóvea vai atrás da imagem (no lado temporal)
provocando um movimento do olho para dentro (convergência) e quanto mais prismas adicionamos por cima
ou quanto mais potência prismática aumentamos mais convergência deve fazer o paciente o paciente, isto é,
mais para temporal deve ir a fóvea se não terá visão dupla.

Assim sendo, o teste consiste em aumentar prismas base temporal até que o paciente reporte diplopia. Porém
quando se estimula a convergência ou divergência há efeito sobre a acomodação, e o embaçamento é um
valor que diz respeito a acomodação com respeito as vergências (vergência relativa), quando colocamos
prisma base nasal também estamos a avaliar a capacidade de relaxamento da acomodação e quando
colocamos prisma base temporal também estamos a testar a capacidade de activa a acomodação.

Dulnério Sengo
Normalmente, antes que o paciente reporte diplopia reportará embaçamento (borrosidade) e só depois
diplopia. E após diplopia, reduzimos os prismas até que o paciente reporte recuperação (procedimento
similar ao PPC).

Resumindo:

Procedimentos:

a) Corrigimos o pacinte e escolhemos o alvo acomodativo respeitando a AV do paciente;


b) Pedimos ao paciente que olho para o alvo e diga como vê (se está simples e nítido), e explicamos que
vamos adicionar prismas e que ele deve reportar tudo que perceber. Advertindo-o que assim que ver
nítido ou duplo deve reportar, e caso fique duplo após troca do prisma e segundos depois consiga
juntar as imagens deve igualmente reportar. E após ficar duplo a ponto de não conseguir mais juntar
as imagens deve reportar (é o prima que será considerado como diplopia) e o passo seguinte será
reduzir os primas até que o paciente diga que voltou a ficar simples (única imagem).
c) Coloca-se a barra de prisma num dos olhos começando com a potência mínima e aumentando
gradualmente (prismas BT). Geralmente, o paciente vai reportar depois de alguns prismas
“embaçamento”, então continuamos aumentando a potencia prismática até que reporte diplopia
(ruptura), e assim que reportar diplopia começamos a reduzir prismas até que o recupere e veja
simples (recuperação).
d) Anotação: anota-se três valores (Borrosidade/Diplopia/Recuperação): 8/16/11, quer dizer que com
8∆ teve embaçamento, com 16∆ ruptura (diplopia) e 11∆ recuperou.
e) Análise: com respeito aos três valores, o mais importante é o segundo valor (diplopia), é com base
neste valor que podemos concluir se as RFP ou RFN estão baixas ou normais.
f) E Assim como no teste PPC, existem casos de pacientes que nunca reportam diplopia, isto porque
suprimem, visto que este este forma a binocularidade. Nestes casos, vale a experiência do clínico
para achar um valor aproximado de diplopia objetivamente (do mesmo jeito que é feito no PPC) ou
caso não anota “supressão” como resultado do teste.

RFN

As reservas fusionais negativas são avaliadas clinicamente usando prismas base nasal, isto porque se vamos
avaliar a máxima capacidade de divergência temos que estimular a divergência até o máximo, descobrir até
quanto de divergência o sistema é capaz de ativar.

Lembrando que quando colocamos um prisma base nasal em um dos olhos, a imagem desloca para a retina
nasal, e para que não perceba duplo (diplopia) a fóvea vai atrás da imagem (no lado nasal) provocando um
movimento do olho para fora e quanto mais prismas adicionamos por cima ou quanto mais potência
prismática aumentamos mais divergência deve fazer o paciente, isto é, mais para nasal deve ir a fóvea se não
terá visão dupla.

O procedimento e anotação é similar ao das RFP.

A única diferença é que em RFN para longe (6 m), em condições normais o paciente nunca reportará
embaçamento (borrosidade) porque não haverá efeito sobre a acomodação porque a mesma encontra-se já
relaxada, por isso na tabela de valores normais não vem nehum valor de embaçamento para longe. Caso o
paciente reporte embaçamento é porque não estava relaxado (por motivos de má correção ou excesso de
acomodação).

Dulnério Sengo
Posteriormente os valores devem ser analisados consoante os valores normais (ver a tabela a baixo, de
valores normais). Valores baixos de diplopia estão associados a anomalias de visão binocular (não
estrabicas) e valores baixos de embaçamento estão associados à problemas acomodativos.

1.7 Testes indirectos para reservas fusionais negativas e positivas


Temos que lembrar que existem varios componentes de convergência (como o caso da convergência
tônica, proximal, fusional e acomodativa) assim como da acomodação (acomodação tônica, proximal,
vergencial, reflexa). Há uma relação muito directa entre a acomodação e as vergência, por efeito da
convergência acomodativa e da acomodação vergencial. Quando acomodamos, ativamos a convergência
acomodativa e convergimos, e quando relaxamos a acomodação relaxamos a convergência acomodativa
e divergimos.
- Quando avaliamos a ARP, adicionamos lentes negativas a 40 cm enquanto o paciente fixa em um alvo,
binocularmente, deixando-o nítido e simples. A questão da nitidez está directamente relacionada com a
acomodação que vai se ativando a medida em que são adicionadas lentes negativas enquanto que a
questão da hablopia (visão simples) está directamente ligada a convergência, isto é, para que o paciente
veja simples a 40 cm precisa manter certa convergência de modo que a imagem caia nas duas fóveas (de
ambos olhos), porém quando adiciona-se lentes negativas binocularmente o paciente acomoda e
acomodando estimula a convergência acomodativa (convergindo) e levando os olhos para dentro
(induzindo uma endoforia), no entanto para que o paciente não perceba duplo (diplopia), visto que as
endoforias são compensadas por reservas fusionais negativas, o sistema irá ativar as RFN para
compensar essa endoforia induzida quando se adicionam lentes negativas. Lembrando que o teste ARP
só para quando o paciente percebe borroso ou duplo, por essa razão se o paciente não tiver boas RFN
pode influênciar nos valores de ARN. Por esse motivo se diz que ARN é um teste indirecto para RFP.

TPC:

- Faça o mesmo raciocíno com respeito ao ARN e FAB.

ANOMALÍAS ACOMODATIVAS

As anomalias acomodativas podem ser agrupadas em 3 tipos:

As Insuficências: podendo ser insuficiência de acomodação ou Fadiga acomodativa

Os excessos: podendo ser excesso de acomodação ou espasmo acomodativo

Inflexibilidade: podendo ser inflexibilidade acomodativa

INSUFICIÊNCIA DE ACOMODAÇÃO E FADIGA ACOMODATIVA

Dulnério Sengo
Esses dois quadros clínicos tem mesmos sinais, a única diferença é que a fadida acomodativa ou
acomodação mal sustentada é uma condição clínica em que numa primeira avaliação pode dar valores
normais e nas avaliações posteriores (em caso de repetir os testes) pode dar valores baixos, e quanto mais se
repete os testes mais baixos ficam os valores, portanto é uma condição de cansaço anormal que se
manisfesta como a insuficiência de acomodação. Exemplo, quanto à amplitude de acomodação, pode ser
normal na primeira tentativa e ser baixo ao repetir o procedimento.

Casos de insuficência de acomodação tem dificuldade para ativar a acomodação, e sendo que para ativar a
acomodação usamos lentes negativas, pode-se concluir que todos testes clínicos em que usa-se lentes
negativas os valores serão baixos, tanto testes monoculares quanto binoculares. Lembrando que uma
condição monocular (como o caso de problemas acomodativos) sempre interfere nos resultantos de testes
monoculares assim como binoculares, mas uma condição binocular não interfere em testes monoculares,
somente interfere em testes binoculares. Exemplo claro, é em quadros de insuficiência de convergência, vai
interferir no teste FAB mas FAM está normal (por ser monocular), porém uma condição monocular como
Insuficiência de acomodação vai interferir tanto em FAB como em FAM.

EXCESSO DE ACOMODAÇÃO E ESPASMO ACOMODATIVO

Espasmo acomodativo e excesso de acomodação são quadros clínicos similares, sendo o espasmo um caso
mais grave e mais avançado, em que para além da simples dificuldade em relaxar a acomodação há também
um espasmo do músculo ciliar que provoca dor ocular.

O problema de excesso de acomodação deve ser visto com dificuldade para relaxar a acomodação, razão
pela qual todos os testes clínicos a qual usa-se lentes positivas haverá falha e os valores serão baixos.

NB: o grande problema das anomalias acomodativos, no geral, é que para sua resolução na maior parte das
vaezes é necessário uma boa correção óptca (anular os defeitos refractivos não corrigidos), porém a refração
nestes casos não é fácil.

Um paciente com dificuldade para acomodar (como nos casos de excesso de acomdação) é muito mais
difícil fazer refração porque uma boa refração depende também da capacidade de relaxamento do paciente.

Um paciente com +3.00D, caso não relaxe perfeitamente durante a refração é bem possível que o clínico
encontre um valor menor de hipermetropia do que realmente o paciente tem (ex: +2.00), porque a falta de
relaxamento esconde positivo, podendo até em alguns casos induzir miopio (falsa miopia ou pseudomiopia).
Por isso é importante, sobretudo em casos de suspeita de excesso de acomodação para além da refração
estática fazer também a cicloplégica, dinâmica e um subjetivo com boa miopização e massagem
acomodativa. Porém a questão que se coloca é: como chegar essa suspeita no atendimento fucional (geral)?

Quanto a sintomatologia: astenopias, cefaleias frontal e ocipitais, lacrimejamento, embaçamentos


transitórios são comuns em problemas acomodativos.

Porém é importante analisar a AV do paciente e as sombras durante a retinoscopia. Quanto temos boa AV e
na retinoscopia observamos sombras contra regra é sinal de que a miopia não é real, pois se fosse realmente
miope tería baixa AV correspondente ao grau de miopia. Por isso, o recomendado é que durante a refração e
análise das sombras é importante avaliar muito bem as sombras e não correr para neutralizar as sombras,
Dulnério Sengo
caso veja sombras contra, continue por uns minutos observando e pedindo ao paciente que observe
atentamente ao alvo distante (6m) para que relaxe a acomodação, e em alguns casos é possível que durante
esses primeiros minutos iniciais as sombras mudem de direção (fiquem a favor) o que é sinal de
relaxamento, e só depois disso pode se neutralizar as sombras e posteriormente miopizar o paciente no
subjetivo para garantir máximo relaxamento (máximo positivo) e boa AV.

A cicloplegia também seria importante visto ser o único procedimento capaz de oferecer com garantia todo
valor da hipermetropia.

É importante comparar o valor da retinoscopia estática e dinâmica, lembrando que quando fazemos
retinoscopia dinâmica não só neutralizamos o erro refractivo como também o MEM (erro refractivo +MEM)
e por causa do MEM o valor de retinoscopia dinâmica é sempre mais positivo (em +0.25 à +0.75) que a
retinoscopia estática, em pacientes normais. Se a estática é +1.00, o normal é que dinâmica seja entre +1.25
à +1.75. No entanto, visto que o MEM influência nos valores da dinâmica, caso encontre-se dinamica muito
mais positiva que a estática, exemplo +1.00 de estática e dinamica de +2.00, é porque há uma insuficiência
de acomodação. Caso encontre uma retinoscopia estática de +1.00 e dinãmica de +0.50, que uma dinamica
mais negativa que a estática, é porque temos um excesso de acomodação.

Então, com base na retinoscopia estática e dinãmica se pode predizer que condição acomodativa apresenta o
paciente.

Também geralmente, o subjetivo apresenta um valor mais positivo que a estática porque a miopização
monocular e balança binocular forçam o paciente a relaxar (liberando assim mais positivo) fazendo que o
valor do subjetivo seja mais positivo.

Tabela 1: Resumo de achados clínicos para anomalías acomodativas e VB não estrábicas


Quadros Cover AC/A PPC Reservas AA FAB FAM ARP/ MEM
Teste Fusionais ARN
Insuficiência Normal Normal Normal Ponto de Baixa Falha Falha Baixa Alto
de Borrosidade (-) (-) ARP
Acomodação baixo RFP
VP
Mal Normal Normal Normal Ponto de Baixo Falha Falha Baixa Alto
sustentada Borrosidade (-) (-) ARP
Anomalías (Fadiga baixo RFP
Acomodativas acomodativa) VP
Excesso de Normal Normal Normal Ponto de Normal Falha Falha Baixa Baixo
Acomodação Borrosidade (+) (+) ARN
baixo RFN
VP
Inflexibilidade Normal Normal Normal Ponto de Normal Falha Falha Baixo Normal
Acomodativa borrosidade (+/-) (+/-) ARN e
baixo RFN ARP
e RFP
Insuficiencia Exoforia Baixo Afastado RFP baixas Normal Falha Normal ARN Baixo
de maior em em VP (+)
convergência VP
Excesso de Endoforia Alto Normal RFN baixas Normal Falha Normal ARP Alto
convergência maior em em VP (-)
VP
Anomalias
Insuficiência Endoforia Baixo Normal RFN baixas Normal Normal Normal Normal Normal
Binoculares
de maior em em VL
não estrabicas
Divergência VL
Excesso de Exoforia Alto Normal RFP baixas Normal Normal Normal Normal Normal
Divergência maior em em VL
VL
Exoforia Exoforia Normal Normal RFP baixas Normal Falha Normal ARN Baixo
básica igual VP em VP e (+) baixo
Dulnério Sengo
e VL VL
Endoforia Endoforia Normal Normal RFN baixas Normal Falha Normal ARP Alto
básica igual VP em VP e (-) baixo
e VL VL
Disfunção Normal Normal Normal RFN e RFP Normal Falha Normal ARP e Normal
Vergencial (Exo ou baixas VL e (+) e ARN
Endo VP (-) baixo
pequena)

Tabela 2: Tebla de valores normais

Dados clínicos Valores Normais


Cover Teste VL 1Δ exoforia +/-2 (1ΔEF a 3ΔXF)
Cover Teste VP 3Δ exoforia +/-3 (Orto a 6ΔXF)
PPC Alvo (ruptura) 8-10 cm
PPC Luz (ruptura) 10-12 cm
PPC Filtro (ruptura) 12-14cm
AC/A 2-6/1Δ
Embaçamento 5-13Δ
RFP – VL Ruptura 11-27Δ
Recuperação 6-14Δ
Embaçamento 12-22Δ
RFP - VP Ruptura 15-27Δ
Recuperação 4-18Δ
X X
RFN-VL Ruptura 4-10Δ
Recuperação 2-6Δ
Embaçamento 9-17Δ
RFN-VP Ruptura 17-25Δ
Recuperação 8-18Δ
Facilidade Vergencial (12Δ BT e 3ΔBN) 12-18 cpm
Aproximação (Donders) 18-1/3 (idade) +/-2D
AA Lentes Negativas
2D menor que o método de aproximação
(Sheard)
Dulnério Sengo
FAM 6-16 cpm
FAB 5-15cpm
MEM +0.25 a +0.75D
ARN +1.50 a +2.50D
ARP -1.37 a -3.37D

Dulnério Sengo

Você também pode gostar