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JAMIE BEGLEY

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Disponibilização: E v a
Tradução: Da n i , Th a y P r i de , G l e n d a , I a r a , C A R O L
Revisão: L i v i n ha , F a b y Pr i de , Tha y Pr i d e
Leitura Final e Formatação: E v a

Outubro/2019

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

ROAD TO SALVATION:
A Last Rider's Trilogy

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Gavin se considerava intocável. Não havia um centímetro do seu corpo que


não foi treinado para eliminar qualquer ameaça, fosse para si mesmo ou
para os outros, por ser um SEAL da Marinha.

Ele não apenas foi treinado para ser um soldado, mas para ser um
estrategista que fosse capaz de realizar qualquer missão que lhe
ordenassem... Até o dia em que foi pego por um irmão com objetivos
próprios e forçado a aceitar que tudo em que acreditava era ilusão.

Ilusão de que ele era capaz de amar.


Ilusão sobre a mulher que o manteve são durante seus dias mais sombrios.
Ilusão de que os Last Riders sempre estariam lá para ele.
Agora ele é forçado a aceitar o homem que eles o tornaram. Um homem
que não se importa com nada ou ninguém, levando uma vida sem
propósito, alegria ou paz.

Uma alma tão destruída que não tem conserto, à procura de um único
motivo para continuar respirando.
Como ele poderia supor que esse motivo seria uma música?

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PRÓLOGO

Gavin corre ao longo do trecho arenoso da praia,


aproveitando a brisa fresca que vem do oceano.

“Você decidiu quem vai convidar para a fogueira hoje à


noite?”

Com a pergunta do seu melhor amigo, Gavin não desacelera


enquanto continua a correr. “Ainda não. Alguma ideia?”

“Algumas, mas nenhuma que você gostaria de convidar.”

Gavin ri do sarcasmo de Tony, não levando isso a sério. Os


dois, sendo atraídos por diferentes tipos de garotas, trabalham
com suas vantagens. Tony gosta de magra e fácil, enquanto Gavin
é atraído por garotas de formas diversas e que o desafiem. Ele é
igualmente atraído por garotas mais independentes tanto quanto
qualquer garoto de dezesseis anos de sangue vermelho, mas se vê
gostando das garotas mais experientes que são inteligentes o
suficiente para evitar todos os Tom, Dick e Tony.

“Eu estava pensando em convidar a Lacey.”

Gavin para de correr quando Tony começa a rir.

Seu amigo se vira quando vê que Gavin não está perto dele.
“O que?” Ele grita, voltando para ele.

“O que faz você pensar que Lacey não vai sair


comigo?”

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“Além do fato dela estar fora do seu alcance.” Respirando


fundo, Tony começa a rir novamente. “Ela está saindo com Devan
desde o primeiro ano e ela zomba de você por ir na velha moto de
Loker para a escola.”

“É uma clássica.”

“É uma merda.”

“Eu estou trabalhando nela.”

“Seria melhor conseguir um emprego de meio período para


comprar um carro. Há uma razão pela qual garotas gostam de um
cara com carro. É chamado de banco traseiro.”

“Quem precisa de um assento traseiro?” Gavin acena com a


mão para os quilômetros de praia à frente deles. “Eu tenho um
cobertor no meu alforje.”

“Cara, as garotas odeiam foder na praia o tempo todo. Uma


ou duas vezes é divertido, mas essa porra de areia é um pé no
saco. Enfia-se em todo lugar.”

Gavin dá de ombros, despreocupado. “Se elas se cansarem


disso, então podemos ir para minha casa. Ton não se importa se
eu fizer uma festa do pijama.”

“A maioria das meninas não quer fazer certas coisas com os


pais em casa.”

“Eu não tive um problema com isso. A maioria delas gosta


dele. Elas acham o meu pai legal.”

Os ombros de Tony caem. “Ele é. Meus pais são chatos pra


caralho. Meu pai teria um ataque cardíaco se eu tentasse
esgueirar uma garota para o meu quarto e você nem precisa
espreitá-las lá dentro. Ton permite que você faça o que quiser.”

“Ah tá bom. Eu gostaria disso. Ton pode ser um


idiota quando se trata de trabalhos escolares, beber e

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sair depois do toque de recolher. Ele prefere que eu esteja em casa


à noite do que na minha moto.”

“Prefiro aguentar essa merda do que ter que caber no meu


banco de trás toda vez que quero transar.”

Gavin sorri, girando nos calcanhares para começar a correr


novamente; Tony o alcança.

Inferno, ele sabe que tem tudo. Ele temia que Ton se
aposentasse das forças armadas, pois estava acostumado a ser
apenas ele e Loker desde os doze anos de idade. A mãe deles
acordou um dia e decidiu do nada que estava farta de esperar Ton
se aposentar e ser responsável por dois filhos. Para dar crédito,
ela esperou até Loker ter dezessete anos e estar prestes a se
formar antes de ir embora. Ton quase renunciou ao seu trabalho
antes que Loker lhe dissesse que ele cuidaria de Gavin até que seu
pai terminasse sua missão. Três anos depois, Ton voltou para casa
e Loker saiu no dia seguinte para realizar seus próprios sonhos de
estar na Marinha.

O último ano foi difícil de se adaptar a Ton em tempo


integral, em vez de ficar em segundo plano, como ele havia
passado a maior parte de sua vida. Para complicar a transição, ele
sentia falta de Loker. Seu irmão mais velho tinha sido mais um
pai para ele do que Ton. Eles eram próximos antes de sua mãe ir
embora e se aproximaram ainda mais depois de serem deixados
sozinhos.

Quando era mais jovem, ele adorava Loker. Não havia nada
que ele não pudesse fazer. Todos os seus amigos ficavam com
inveja. Loker era seu irmão. As meninas eram fascinadas por ele
e até os professores admiravam Loker e automaticamente
gostavam de Gavin por ser parente dele. Loker tinha amigos legais
e não se importava com ninguém. Os agressores e bandidos
aprenderam a dar um amplo espaço a Loker. Ele ganhou
uma reputação na escola e em toda a cidade que se
fosse forçado a fazer, ele não fugiria de uma briga.

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Seu irmão é apenas cinco anos mais velho que ele, mas
sempre teve a maturidade de alguém mais velho. Embora tenha
beneficiado Gavin que Loker assumiu a responsabilidade por ele
até Ton se aposentar, isso teve suas desvantagens. De certa forma,
ele foi um responsável mais difícil que o pai. Loker era super
protetor às vezes. Os dois meses anteriores à sua partida foram
gastos com os dois debatendo. Mesmo agora quando ele liga, Loker
lhe puxa a orelha se Ton lhe diz que Gavin quebrou uma de suas
regras. Gavin só quer que eles voltem a ser irmãos como antes de
sua mãe sair e que deixe a paternidade para Ton — agora que ele
está em casa.

Virando a cabeça para o lado, ele percebe que Tony


sucumbiu atrás dele, está de pé com as mãos nas coxas e ofegando
por ar.

Correndo de volta, ele coloca a mão em suas costas,


preocupado com o fato de o amigo ter se esforçado demais. “Você
está bem? Precisa do seu inalador?”

“Não, apenas me dê um segundo.”

“Descanse um pouco. Eu preciso de uma pausa também.”


Gavin cai em um monte de areia, apoiando os braços nos joelhos.

“Foda-se. Não preciso que você fique me mimando como um


bebê.”

“Buá... Buá... então pare de soar como um”, Gavin zomba.


“Descanse. Quando estiver pronto, voltaremos. Preciso tomar um
banho e ligar para Lacey para ver a que horas ela quer que eu vá
buscá-la.” Ele se gaba, confiante de que ela dirá que sim.

Ele fica aliviado quando Tony afunda na areia e recosta-se


nos cotovelos.

“Eu tenho que ouvir isso...”

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Gavin também se apoia nos cotovelos para olhar o céu,


deixando os últimos raios do sol atingirem seu rosto. Ele vê um
pequeno avião voando.

“Está meio baixo, não está?” Ele pergunta distraidamente,


interrompendo o que Tony estava dizendo.

“Sim. Talvez eles estejam procurando casas na praia?”

“Acho que não. Está indo na direção errada.”

Gavin fica de pé, observando o avião continuar seu voo


sobre o oceano até desaparecer de vista. Afastando a sensação
estranha de ver o avião, ele se vira e dá uma mão a Tony. “Você
es...”

Gavin quase tropeça quando Tony começa a se levantar e a


repentina sensação de falta de peso o domina. Desorientado, é
Tony quem os impede de cair na areia.

“Cara, você está tentando me beijar?”

Gavin tem que balançar a cabeça quando os arrepios


percorrem seus braços e os cabelos na parte de trás do pescoço se
arrepiam, como se sentisse que algo perigoso está prestes a
ocorrer. “Desculpa”, ele murmura enquanto se endireita.

Virando-se para encarar as ondas rolando em direção à


praia, ele dá um passo à frente, estreitando os olhos na água,
tentando entender por que quer correr para a água e começar a
nadar.

“Que diabos está errado com você? Você está me


assustando, porra!”

“Eu não sei...” Gavin passa a mão pelos cabelos, sentindo-


se tão assustado quanto Tony por seu próprio comportamento. Ele
nunca experimentou algo assim antes e não pode explicar
isso ao seu amigo.

“Você deve ter ficado em pé muito rápido.”

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Gavin assente, sem tirar os olhos da água. “Acho que você


está certo.”

“Está pronto? Preciso encontrar alguém para sair comigo,


diferente de você, não consigo tirar uma de um chapéu mágico.”
Tony começa a andar de volta pelo caminho que tinham vindo.
“Você vem?”

Gavin tem que se forçar a se mover. “Estou indo.”

Quando estão de volta, Tony dá um sorriso torto. “Você sabe


que eu estava apenas brincando sobre a parte do beijo, certo?”

Gavin sorri de volta. “Não se preocupe; você não faz meu


tipo.”

“O que há de errado comigo?”

“Cara, você fede. Você precisa de um banho.”

Desviando do cotovelo que seu amigo tenta esmagar em


suas costelas, Gavin dá uma última olhada no oceano antes de
partir atrás do seu amigo — em vez de correr para a água como
queria. Tony pensaria que ele enlouqueceu e Gavin concordaria
com ele. Como ele poderia explicar a sensação de que todas as
terminações nervosas em seu corpo estão em chamas? Se dissesse
a verdade a Tony, ele realmente surtaria. Inferno, ele queria e
estava acontecendo com ele. Seu irmão riria muito se contasse.
Ele praticamente podia ouvir a conversa imaginária em sua
cabeça.

“Então, por que diabos o Tony teve que tirá-lo da água?”

“Eu estava perseguindo arrepios.”

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A equipe de homens caminha silenciosamente pela floresta,


suas expressões determinadas indicando a seriedade mortal de
sua missão. Vidas estão em risco, o fato de duas dessas vidas
serem crianças impedia que os homens se envolvessem em suas
brincadeiras típicas.

Levantando uma mão dominante quando chegam ao local


que ele observou anteriormente, a folhagem densa e as enormes
palmeiras protegendo os olhos curiosos ou satélites, a equipe se
prepara. Em seguida dois avançam, inflando os dois barcos
semirrígidos que foram lançados no ar uma semana antes.

Os barcos estão arrumados de acordo com as especificações


dele, incluindo as portas de mergulho, de modo que, se alguma de
suas informações estiver errada e eles forem avistados, ninguém
da praia isolada será capaz de ver o que está acontecendo no
barco.

No entanto, ele não está preocupado em ser visto; a


informação não está errada. Ele mesmo cuidou disso, assim como
escolheu os homens.

Seus nove membros da equipe são os melhores dos


melhores de cada ramo militar, especialmente treinados para
realizar resgates em terra e água. Ele comandou cada um dos
membros antes e escolheu aqueles que não apenas tem as
capacidades necessárias para tornar a missão um sucesso, mas
também aqueles que nunca fizeram escolhas ruins, pessoalmente
ou em missão. Eles dariam a própria vida antes de aceitar o
fracasso.

Ele não queria envolver muitos membros da equipe no


resgate, mas decidiu ter medidas de segurança suficientes contra
falhas para que qualquer erro de cálculo não termine com a perda
de vidas.

Enquanto os barcos inflam, os homens vestem o


equipamento de mergulho, preparam o equipamento
e verificam novamente o equipamento. Então ele e

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três de seus homens vão até um dos barcos e cinco vão para o
outro para esperar o sinal.

Olhando para o relógio, vê que está quase na hora. A


adrenalina corre por sua corrente sanguínea quando ele levanta a
mira de alta potência, procurando o avião que deverá estar à vista
a qualquer minuto.

Ao avistá-lo, ele sobe no poderoso barco preto para quatro


homens que se misturará às ondas do mar, tornando-os invisíveis
a olho nu. Levantando a mão, ele espera o sinal que procurava e,
quando a asa do avião mergulha, depois se endireita e mergulha
novamente, ele solta a mão e imediatamente abaixa o corpo até o
barco enquanto ele decola.

Quando o avião mergulha em direção ao oceano, tudo o que


ele pode fazer é esperar o ato final de seu meticuloso plano. Todas
as etapas desta missão são de sua responsabilidade. Ele não
apenas escolheu os homens nos barcos, como também escolheu o
piloto por causa de sua experiência em missões de alto risco.

Ele não é um piloto tão bom quanto Bull, mas está muito
perto. Bull poderia colocar um helicóptero ou um avião sobre um
centavo, e ele precisa dessa experiência para o sucesso da missão.

Esta é sua última missão e ele não tem intenção de terminar


seu comando com fracasso. Ele passou anos puxando o saco dos
superiores para conseguir a promoção que está prestes a
conseguir. Ele ganhou, sacrificando a mulher que amava e a vida
que eles poderiam ter tido. Ele não estava disposto a deixar sua
carreira, que é a única coisa que significa mais para ele do que
ela. Por mais que queira, o tempo para fazer uma escolha diferente
chegou e se foi; é tarde demais para arrependimentos.

Virando a cabeça, ele se manobra para a porta de mergulho.


Ele será o primeiro na água. O homem que ele escolheu como
substituto estará pronto para fazer a mesma coisa no
outro barco. Assim como ele, o fracasso não está em
seu vocabulário.

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Com o corpo tenso, ele vê o avião cair em queda livre em


direção ao oceano. Enquanto isso, seu próprio desafio no sucesso
da missão o faz querer entrar na água muito cedo, como um
nadador competitivo, impaciente demais para esperar o sinal
disparar. No entanto, um começo errado não só poderá custar a
vida das meninas que eles estão resgatando, mas também o futuro
que ele trabalhou tão duro para alcançar.

Não lhe incomodou nem um pouco que ele usará friamente


a missão que ele comanda para promover sua própria agenda. Ele
não será o primeiro funcionário do governo que sacrifica sua moral
para atingir seu nível de poder, e não será o último. A preparação
meticulosa que os militares implantaram nele garantirá o sucesso
da operação que ele planejou para a missão. A única coisa que
está no caminho dele é a sobrevivência da menina de três anos no
avião, que tem o potencial de acender um barril de pólvora entre
nações, pelo que sabe. Não apenas ela inconscientemente tem o
destino deles nas mãos, como também o dele. Seus inimigos
ririam muito do fato de que o major Timothy Cooper, que destruiu
mais de uma carreira militar com uma única palavra, agora tem
sua própria carreira em risco.

Assim que o nariz do avião estiver a uma curta distância do


oceano, ele estará na água. O medo de que o avião possa cair sobre
ele não é nada comparado ao horror que sua vida se tornará se
sua privacidade for exposta. Ao contrário do homem que estará
habilmente nadando ao seu lado, que ainda acredita no trabalho
que estará assumindo, mas que não sabe que isso foi
cuidadosamente manobrado em um plano sombrio sem seu
conhecimento.

O som do avião se aproximando faz com que os músculos


da coxa se contraiam, preparando-o para empurrar-se pela porta
aberta. Pela primeira vez, ele teme não ter sucesso.

Nesta posição, ele tem que se virar em uma


fração de segundo para dar ao outro membro da
equipe o sinal final; se for muito cedo, o avião

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poderá cair sobre eles e se for muito tarde, as meninas — mais


importante, a garota de três anos — se afogarão.

Os cabelos de seu corpo eriçam sob o traje, enquanto outros


dois mergulhadores se preparam para segui-lo na água turva,
visível da porta transparente.

“Vão! Vão!”

Em um milésimo de segundo ele está deslizando através da


água, em direção a um futuro que nem mesmo um corpo de água
tão vasto quanto o oceano é forte o suficiente para impedi-lo de
reivindicar.

O céu sem nuvens parece eterno. A garota de três anos,


Evangeline, olha pela minúscula janela desejando estar de volta à
casa da avó; sua mãozinha treme na mão da irmã. O cheiro
persistente do jantar de Natal que eles tiveram no dia anterior
ainda paira no ar quando eles vão para o aeroporto.

Em vez de cereais, ela implorou à avó um sanduíche de


peru, molho e creme de cranberry. Ela nunca experimentou
gelatina antes, e não queria comê-la no começo, mas agora é a
coisa mais maravilhosa do mundo para ela. Tem gosto de Natal.

Se a irmã não tivesse conseguido convencer os pais a irem


sozinhas visitar a avó, para que pudessem experimentar um
verdadeiro Natal com neve e presentes, ela nunca saberia que
gelatina de cereja escura tem um sabor tão bom. Ela quer viver
com a avó para sempre, para poder comer todos os dias.

A visita foi tão curta que a árvore brilhantemente


decorada ainda estava de pé quando elas saíram

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naquela manhã. Sua irmã teve que puxá-la para longe da árvore,
enquanto a avó esperava impaciente perto da porta.

“Temos de ir.”

Olhando para a estrela que piscava no topo da árvore,


Evangeline queria cair no chão e implorar para ela deixá-las ficar
mais tempo. Ao captar o olhar preocupado que a irmã deu à avó,
ela se deixou levar.

“Vai ficar tudo bem. Não tenha medo.”

Pressionando os lábios trêmulos, Evangeline se afasta da


pequena janela para olhar para Trudy. Sua irmã nunca mentiu
para ela, então se ela disse que tudo ficará bem, então ficará. Mas
por que ela está tão assustada?

Seu estômago revira quando o avião em que ela está sacode


de repente. Segurando a mão da irmã com mais força, ela morde
o lábio para não gritar.

“Vai ficar tudo bem.”

Apertando os olhos com força com o conforto reiterado, ela


tenta não chorar. “Estou assustada. Não quero mais jogar nosso
jogo.”

Ela sente a irmã se mover tão perto dela quanto o apoio de


braço permite.

“Você precisa, Evangeline. Branca de Neve não queria fugir.


Ela também estava assustada, mas teve um final feliz, não teve?”

“Acho que sim”, Evangeline resmunga com relutância,


tentando não chorar. “Eu quero ficar com você.”

“Você não pode. Se eu for com você, o rei e a rainha


malvados encontrarão você.

A única parte boa do jogo que Trudy a


convenceu a jogar é que ela não precisará ver seus

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pais novamente. Eles a assustam. Eles assustam todos. Até


Manny, que é mais velho e mais forte que ela.

“Não chore.”

Ela abre os olhos para a voz da irmã. Trudy parece que


também quer chorar.

“Eu não vou.”

“Você me prometeu ser corajosa.”

Assentindo com a cabeça ao lembrar da irmã, ela se força a


soltar a mão da irmã. “Eu serei corajosa.” De todas as promessas
que Trudy implorou para ela jurar durante a viagem, essa a
assusta mais. Ela não quer quebrar suas promessas. Trudy lhe
disse o que poderá acontecer se ela o fizer.

“Eu sei que você será. Eu irei também.”

Sua irmã mais velha, tão assustada quanto ela, ajuda a


acalmar seu estômago tenso. Evangeline não quer que sua irmã
tenha medo. Isso a deixa triste, e ela não quer que Trudy comece
a chorar novamente como fez ontem à noite. Ela ouviu o som dela
chorando na cama pequena que elas compartilharam depois que
a avó as cobriu e apagou a luz.

Um movimento da frente do avião a faz agarrar a mão da


irmã novamente. O terror a enche quando o homem se levanta e
se aproxima delas.

Colocando a mão no encosto do assento de Trudy, ele se


inclina sobre elas e ajusta os cintos de segurança. “Vocês,
meninas, estão prontas?”

Evangeline mal consegue ouvi-lo acima do som do motor,


então olha para a irmã e imita o aceno de Trudy.

“Quando eu gritar, agora, quero que prendam a


respiração e fechem os olhos com força.” Seus olhos
a prendem no lugar, seu olhar direto torna difícil

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engolir o pânico que a faz querer chorar novamente. “Vocês


ouvirão muitos sons assustadores, mas não ficarão embaixo
d’água muito tempo até que alguém as ajudem. Não deixarei
nenhuma de vocês se machucarem.”

Evangeline sente o nó apertado de medo diminuindo com a


segurança do homem.

“Eu não estou com medo.” Sua voz sai tão estridente que
Evangeline têm que limpar a garganta. “Eu não estou com medo.”

A expressão do piloto se suaviza. “Trudy disse que você não


ficaria.”

Os olhos de Evangeline lacrimejam quando ele pressiona a


palma da mão na cabeça de Trudy para abaixá-la até os joelhos.
Vendo que ele está prestes a fazer o mesmo com ela, Evangeline o
impede fazendo sozinha. Ela treme tanto que fica feliz por ele ter
apertado o cinto de segurança, com medo de que ela escapasse da
cadeira se ele não o tivesse feito.

Ouvindo o som dele voltando para a frente do avião, ela não


pode deixar de estender a mão para Trudy novamente.

“Evangeline?”

Demora um segundo para responder, sem ter certeza de que


não irá chorar de medo. Ela quer ser corajosa por Trudy e mostrar
a ela que pode cumprir suas promessas, porque precisa da irmã
para manter as dela.

“Sim?” Ela finalmente consegue murmurar.

“Promete que você não vai me odiar quando sentir minha


falta?”

“Ok.” Ela funga. “Eu não vou.”

“Água! Socorro! Socorro! Socorro! Eu perdi a força!


Eu vou bater!”

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Com a mente cheia de terror, ela aperta a mão de Trudy com


mais força, todas as promessas que fez foram esquecidas quando
o pânico e o medo do avião bater se tornam reais e não apenas
algo que sua irmã disse que aconteceria no jogo em que foi
convencida a jogar. No fundo de sua mente, ela pensou que era
apenas um jogo imaginário que terminaria quando elas voltassem
para casa na ilha com seus pais.

Evangeline chora mais quando ouve o grito vindo da frente


do avião. Como ela supostamente irá prender a respiração como
Trudy lhe ensinou quando o nariz está entupido de tanto chorar?

“Agora! Agora!”

Terror a faz querer erguer a cabeça para gritar com a irmã


e fazê-la parar. Virando a cabeça para o lado, ela abre os olhos
para ver os olhos de Trudy abertos e a encarando com a cabeça
no colo. A emoção que vê lá dá-lhe a coragem de parar de chorar.
É culpa dela que Trudy teve que inventar o jogo que ela também
não quer jogar.

Em vez de gritar como queria, ela começa a cantar a


primeira música que Trudy lhe ensinou. “Sim, Jesus me ama,
porque a Bíblia me disse isso.”

Trudy começa a cantar a parte seguinte com lágrimas


escorrendo pelo colo. “Jesus me ama, isso eu sei.”

Antes que Evangeline possa cantar, a vida que ela conhece


termina com o som do avião batendo no oceano em que ela
aprendeu a nadar antes de conseguir andar.

Quando a água a alcança, ela fecha os olhos e respira fundo,


sentindo o oceano a engolir em um vazio cego.

Sentindo a mão de Trudy soltar a dela, ela se descontrola,


procurando-a. Aterrorizada, ela abre a boca para gritar por
Trudy, mas em vez de a água entrar em sua boca, ela
respira no ar quando uma máscara é empurrada
abruptamente contra seu rosto.

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Quanto mais ela respira, mais adormecida fica.


Sonolentamente, ela aperta os olhos com mais força, com medo
do que verá se os abrir.

Ficando mole, ela sente seu corpo deslizar sem esforço pela
água, apertada nos braços fortes de alguém. Instintivamente, ela
quer se afastar, mas depois lembra-se de sua promessa a Trudy.
Ela tem que ser corajosa até que Trudy possa escapar do rei e da
rainha. Sua irmã lhe disse que o homem que a tiraria do avião a
protegeria e garantiria que nenhuma maçã envenenada chegasse
perto dela.

“Prometa-me que você fará tudo o que ele mandar.”

Evangeline assentiu obedientemente, sentindo o quão


importante a promessa era para Trudy.

“Não importa o quão infeliz, ou o quanto você sinta minha


falta.”

Evangeline estendeu a mão e enxugou as lágrimas que


escorriam pelas bochechas de sua irmã. “Eu prometo, maricas.”

A memória se quebra quando a máscara é retirada. Ela está


deitada em um pequeno barco com um estranho ao seu lado que
está enrolando um cobertor ao seu redor.

Evangeline reconhece o homem da imagem que Trudy lhe


mostrou antes de rasgá-la. Ele é quem Trudy disse que a
protegeria até que ela pudesse fazer isso sozinha. Na foto, ele
parecia um pouco malvado, mas de perto, ele parece meio legal.
Ele a olha como Manny fazia.

“Você está bem, garota?”

Balançando a cabeça trêmula, ela começa a se levantar para


ver se Trudy está no pequeno barco, mesmo que sua irmã tenha
dito que não estaria. Ela fica feliz que ele a segura quando
o fundo do barco em alta velocidade atinge a água.

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Está indo tão rápido que ela tem medo de sair voando.

“Eu sou Hammer.” O homem não dá um sorriso amigável,


como a maioria dos adultos costumam fazer quando olham para
ela.

Engolindo em seco, ela olha para o céu escuro. “Eu sou


Ginny.”

O jogo começou, quer ela queira ou não.

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CAPÍTULO UM

Evangeline enfia a mão na tigela de pipoca, assistindo a um


desenho animado na televisão em frente à pequena cama em que
está sentada. Mastigando um bocado de bondade amanteigada,
sente-se culpada por apreciá-la sem sua irmã para compartilhar.
Pensar na irmã dificulta a engolir e não começar a chorar
novamente.

Enrolando-se em uma bola, ela puxa a tigela de pipoca na


curva da cintura, fechando os olhos depois de perder o interesse
no desenho animado que Hammer ligou para ela assistir antes de
ele ir ao banheiro.

Ela está entediada em assistir desenhos animados; isso é


tudo o que ela faz desde que Hammer a levou para a pequena casa.
Ele nem a deixa sair para brincar, apesar de quantas vezes ela
pede. Puxando o ursinho de pelúcia que Hammer lhe deu mais
perto, ela esfrega a bochecha contra o pelo macio, fingindo que é
Trudy.

Ela nem sequer levanta a cabeça quando ouve uma batida


suave na porta, acostumando-se aos amigos de Hammer que vem
conversar com ele ou tomar banho.

Nenhum de seus amigos conversa com ela, fazendo-a sentir


falta de Trudy ainda mais. Sua irmã poderia convencer Hammer
a deixá-las sair para brincar e fazer com que seus amigos
brinquem com elas. Trudy é boa em jogos, muito

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melhor do que ela. Ela sempre errava e se metia em problemas


quando jogava os jogos da maneira errada.

“Nós precisamos conversar.”

Evangeline treme com a voz do homem que chegou à porta.


Ele estava no barco quando Hammer finalmente a deixou se
sentar.

Evangeline não queria dizer a Hammer que o estranho lhe


dava uma sensação de repulsa. E se ela dissesse a Hammer que
não gostava do amigo dele? Hammer ficaria bravo com ela? Ela
realmente não queria deixá-lo bravo com ela. Desde que ela está
com ele, ele a deixa comer o que quer e assistir a tantos desenhos
animados quanto queira. Ela perguntou se ele tinha uma
menininha e ele disse que não. Ela aposta que ele seria um bom
pai. Ela desejou que ele fosse seu pai. Ela não gostava do seu e
ela realmente, realmente não gostava de sua mãe. Ela não sentia
falta deles, como sentia falta da irmã e da avó.

Seu estômago revira. O que o homem de quem ela não gosta


quer falar e não quer que ela ouça? Ele irá falar sobre Trudy e não
quer que ela saiba? Ele está usando o mesmo tom de voz que a
mãe e o pai usavam quando não queriam ela e Trudy ouvindo o
que estavam dizendo.

Evangeline faz questão de não se mexer quando passos se


aproximam da cama.

“Ela está dormindo. Nós podemos ir lá fora.” A voz baixa de


Hammer some quando ele se afasta da cama.

Depois que ouve a porta se abrir e fechar atrás deles, fica


quieta até ter certeza de que nenhum dos dois está voltando.
Abrindo os olhos com cuidado, ela se certifica de estar sozinha no
quarto antes de sair da cama.

Hammer não a deixa sair para brincar, mas ele


a deixa brincar onde queira dentro. Apressando-se
pelo lance estreito de degraus na pequena cabana,

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ela se arrasta pelo loft até uma pequena janela. Sentada embaixo
da janela, ela a empurra lentamente para abrir uma fresta antes
de envolver os braços em volta dos joelhos para ouvir.

“O que diabos está acontecendo, comandante? Deveria


haver uma oficial do sexo feminino enviada para me render duas
semanas atrás. Eu deveria ficar aqui apenas um dia, no máximo
dois.”

Evangeline aperta os braços em volta dos joelhos com a


palavra feia que Hammer usou. É uma das palavras que Trudy
disse a ela que é muito feia quando Manny uma vez usou na frente
delas.

“Houve uma mudança de planos.”

“Que mudança? E por que não fui notificado até agora?”

“Decidi que era melhor esperar. Não quis questionamentos


por que precisamos de uma oficial mulher até a morte da criança
ser aceita. Teria sido muito suspeito que de repente uma oficial
mulher recebesse ordens para sair do mapa.”

“Isso não teria sido um problema se você tivesse escolhido


uma integrante feminina para a equipe, da qual eu e os outros
estivemos dizendo que precisava.”

“Você está questionando minhas decisões sobre a equipe?”

“Não, não estou questionando suas decisões; Eu


simplesmente não gosto delas.”

Evangeline pula com a voz elevada de Hammer.

“Não me faça adverti-lo por insubordinação. Você não


gostará se eu fizer. Existem trabalhos piores para fazer além de
brincar de babá.”

Ela estremece com a ameaça que até ela pode


entender. Hammer deve ter ouvido também, porque

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JAMIE BEGLEY

ele age de forma mais cortês, como Trudy fazia quando ela tinha
problemas com os pais.

“Sim senhor.”

Evangeline pensa que Hammer terminou de conversar com


o comandante malvado e está prestes a voltar às escadas. De
joelhos, ela começa a se arrastar para longe, depois congela
quando Hammer começa a falar novamente.

“Tudo correu como esperado?”

“Sim, no que diz respeito a todos, Evangeline está morta,


assim como o piloto. Trudy foi a única resgatada com sucesso do
acidente de avião.”

“Então minha substituta está a caminho?”

“Não exatamente.”

“O que você quer dizer com não exatamente?”

“Houve uma mudança nos planos, como eu disse, que


finalmente está nas suas mãos.”

“Minhas mãos?”

“Eu tenho uma situação em que preciso da sua ajuda,


Hammer.”

“Minha ajuda?”

Evangeline rasteja de volta para a janela.

O comandante de Hammer parece Trudy quando ela queria


que ela fizesse algo que não queria.

“Eu me encontro em uma situação delicada com a qual


preciso da sua cooperação.”

“Peyton.”

“Sim.”

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JAMIE BEGLEY

“Você não terá ajuda minha para cobrir essa manobra de


merda da qual me fez fazer parte. Convidei você para ficar em
minha casa enquanto sua esposa e filhos foram visitar o pai
moribundo e você deveria procurar um novo lar mais perto da
base. Em vez disso, você estava usando seu tempo livre para fazer
uma garota jovem e impressionável se apaixonar por você. Você
não apenas tirou vantagem de Peyton, mas a família dela confiou
em você. Eles pensaram que você era um cara legal porque você
era meu amigo. Inferno, eu não queria acreditar. Como você pode
ter sido tão idiota?”

Evangeline não entende a maior parte do que Hammer está


dizendo, mas pode ouvir a raiva em sua voz.

“Quando voltei do exterior e descobri que a tia dela a


expulsou porque estava grávida e se recusou a dizer quem era o
pai, você mentiu na minha cara, porra, que não era você.”

“Eu disse a você que iria encontrá-la. Você pode ser bom em
espionagem, mas Jonas é melhor. Você deveria tê-lo aprovado
para a equipe. Jonas não investiga seus comandantes. Pode ter
levado mais tempo do que eu queria, porque você se certificou de
que esse segredo está oculto, mas ela ainda está perto o suficiente
para você usar sempre que consegue fugir.”

“Peyton pode ter mais de dezoito anos agora, mas você ainda
pode ser abordado por violações éticas. Tenho provas suficientes
para garantir que você não vai se safar. Prometi a você a chance
de renunciar antes de denunciá-lo, porque não queria que você
fosse substituído na missão de libertar Evangeline. As equipes se
esforçaram demais para se preparar para isso e, por mais que eu
te odeie, não colocaria em risco a segurança daquela garotinha.
Se você acha que pode mudar de ideia agora que acabou, pode se
ferrar. Pretendo ligar para o diretor quando voltar para dentro ...”

“Eu não acho que isso seria do seu interesse.”

Evangeline se aproxima da parede sob a


janela, ficando com medo e sem saber o porquê.

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JAMIE BEGLEY

“Mova-se, Cooper, ou eu mesmo moverei você.”

Ela começa a tremer com a raiva de Hammer.

“Veja como você fala comigo. Enviei a equipe de volta à sede;


agora somos apenas nós dois. Eu posso ter treinado você, mas
posso derrubá-lo a qualquer momento, e ninguém me perguntará
por que eu fiz isso.”

“Tente.”

Ela quer parar de ouvir, mas está com muito medo de se


afastar.

“Hammer, me ouça antes de cometer um erro que vai se


arrepender.”

“Eu cometi muitos erros na minha vida, mas denunciá-lo


por engravidar uma garota menor de idade não será um deles.”

“Nem mesmo para salvar a garotinha que você tem


protegido nas últimas duas semanas? Nem mesmo para proteger
Peyton e Rae?”

Balançando de um lado para o outro na bunda enquanto


passa os braços pelos joelhos novamente, Evangeline sabe que
eles estão falando sobre ela. Ela fica ainda mais assustada quando
Hammer não responde à pergunta do homem mau.

“Não? Então você está assinando a sentença de morte


daquela criança e de todos os homens da equipe, incluindo nós.”

“Você é cheio de merda. Você está só tentando salvar sua


própria bunda.”

“Eu? Você é um dos quatro homens na terra que sabe de


quem estamos protegendo Evangeline. Você realmente acha que o
Presidente Patterson levantará a mão para salvar uma de nossas
vidas se ele tiver alguma dúvida de que poderíamos estar
relacionados ao desaparecimento dela? Mesmo com
todas as agências à sua disposição não seriam

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capazes de manter Patterson vivo. Ele não apenas nos jogará


embaixo do ônibus, mas também estará atrás do volante. Ele fez
o que pôde para salvar a vida dela, mas levar uma bala? Ele
entregará cada nome antes que isso aconteça e você sabe que
estou dizendo a porra da verdade sobre isso. Mesmo tirando-o da
equação, você acha que algum de nós terá a chance de respirar
outra vez se descobrirem que a temos ou onde ela está?”

“Nós estaríamos protegidos se fosse descoberto.”

“Por quem? Nossa equipe não será capaz de nos ajudar,


tornaríamos eles em alvos. Quem resta para ajudar? O governo —
incluindo o presidente — e o mundo inteiro sabe que poder
Allerton detém. Ele possui imunidade diplomática por quaisquer
crimes que comete nos Estados Unidos e possui casas e empresas
em todo o mundo. A única razão pela qual a criança ainda está
respirando é porque Garrick passou por cima da cabeça do diretor
e pediu ao pai que puxasse as cordas para ter uma reunião
particular com o presidente. Se o pai de Garrick e o presidente não
tivessem sido colegas de faculdade, não estaríamos aqui
conversando. E, se Allerton descobrir que Evangeline ainda está
viva, a vida de Garrick não valerá nada. Nenhum de nós sabia da
existência de Evangeline até que Garrick quebrou o disfarce para
salvá-la.”

Garrick? Evangeline não conhece ninguém chamado


Garrick.

“Você pensou sobre isso antes de concordar com a missão,


quando o presidente perguntou se era possível tirá-la de lá, não
é?”

“Eu mentiria se dissesse não. E antes que você coloque uma


bala na minha cabeça do jeito que eu sei, sugiro que escute o resto
do meu plano antes de fazê-lo.”

“Eu tenho uma escolha?”

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“Na verdade, não. Não se você quiser manter todos vivos.”

Evangeline deita a cabeça na parede, querendo voltar para


o andar de baixo, dormir e acordar na casa da avó, com Trudy
dormindo ao lado dela.

“Eu entreguei minha demissão. Meu último pedido foi fazer


você líder da equipe.”

“Você acha que, ao me fazer comandante, vou manter


minha boca fechada?”

“Não, eu te conheço bem o suficiente para saber que não


será o caminho mais fácil para mim. Eu o fiz comandante pelo
simples fato de que isso me beneficia. Ofereceram-me uma vaga
em Washington e tenho toda a intenção de aceitá-la. Há apenas
uma coisa no meu caminho.”

“Eu.”

“Você se dá muito crédito, Hammer. Ter uma amante pode


me tornar persona non grata nas funções militares para as quais
serei convidado, mas, quanto aos deveres que assumirei, isso será
varrido. Os parentes de Peyton já desistiram dela. Uma mãe
solteira não se encaixa em seus círculos sociais.”

“Eles me dão nojo tanto quanto você.”

“Acredite ou não, eu amo Peyton.”

“Eu não acredito.”

“Sim e se você me denunciar ou não, continuarei a ver


Peyton.”

“Você não se importa com Peyton ou Rae.”

“Eu não vou ficar aqui a noite toda e discutir com você sobre
o que eu faço ou não com Peyton. Rae pode ser um estorvo
infeliz...”

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JAMIE BEGLEY

Evangeline começa a chorar quando ouve o barulho dos


homens brigando.

“Se você chamar Rae de infeliz novamente, eu mato você. A


única razão pela qual você ainda está respirando é porque Peyton
me pediu para não te matar quando a encontrei. Você a convenceu
de que ela te ama e que se alguém descobrir sobre ela, você tirará
Rae dela.”

“Eu gostaria.”

O homem mau é tão horrível quanto a mãe dela. Evangeline


sente pena de Hammer; ele não vai vencer a luta contra o homem
mau. Ele é muito legal.

“Sobre o meu cadáver.”

“Você não entendeu? Se meu plano não funcionar, nenhum


de nós estará vivo. Se você escutasse, teria que admitir que é a
única chance de qualquer um de nós permanecer vivo. Caso
contrário, você pode começar a cavar todos os nossos túmulos. Os
outros homens da equipe talvez não saibam por que era tão
importante pegar Evangeline, mas Allerton não se importará. Eles
serão riscos para ele. Riscos que ele não permitirá que manche
sua imagem.”

“Você e Allerton têm muito em comum.”

“Se isso fosse verdade, não estaríamos aqui conversando,


nem Peyton seria um problema. Peyton não estaria respirando.
Quem chega perto de expor Allerton está morto.”

Quando Evangeline ouve apenas o silêncio, começa a se


ajoelhar para ver o que estão fazendo. Antes que ela consiga, no
entanto, o homem mau continua falando.

“A irmã de Evangeline está com a avó. Soleil está furiosa


por sua filha de ouro ter morrido e ela está culpando
Trudy, dizendo que Evangeline ainda estaria viva se
não a tivesse convencido a deixá-las sair da ilha no

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Natal. Você deveria ter visto o teatro de Trudy quando sua mãe
disse que ela ficaria em um hotel com ela em vez de com a avó
quando ela e Jasper chegaram aos Estados Unidos.”

“Não foi um teatro. Ambas as meninas têm pavor de sua


mãe. Dos pedaços que Evangeline me contou desde que estamos
aqui, Soleil controla todos os aspectos da vida de seus filhos, bem
como as pessoas que ela deveria estar ajudando. Quando ela não
pode, Soleil envolve o pai delas. Jasper pode agir como um
engenheiro hidráulico brilhante, mas pelas informações que
Garrick conseguiu vazar, ele não tem remorso em destruir certas
aldeias por sua lista de prioridades.”

“Trudy teve um ataque histérico quando seus pais lhe


disseram que estavam prestes a voltar para a ilha. Ela continuou
gritando que não voltaria de avião. A avó disse que Trudy poderia
ficar com ela até se recuperar do trauma de perder Evangeline e
do acidente de avião. Nem Soleil nem Jasper tentaram muito
mudar a decisão de Trudy e eles não esconderam o fato de que a
culpam por Evangeline estar no avião.”

Evangeline fica feliz que sua irmã possa ficar com a avó. Ela
se enche de alegria com o que o homem mau está dizendo a
Hammer.

Isso significa que ela será capaz de ir morar com a avó


também? Ela sente muita falta da sua irmãzinha. Ela só conheceu
a avó quando elas foram à casa dela no Natal. Ela não se
importará de viver com ela para sempre se puder estar com a irmã.
Ela pode comprar para ela mais da geleia enlatada.

“Isso funcionou melhor do que prevíamos. Teria sido muito


suspeito não recuperar ninguém do acidente de avião, mas não
me agradou que não pudemos libertá-la.”

Ela está certa; Hammer é um homem legal.

“Fizemos o que podíamos. Trudy não é uma


ameaça para Allerton; Evangeline é. Ou seja, se

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

podemos mantê-la viva. Isso vai depender de você. A única


maneira de mantê-la viva é fazê-la desaparecer sem contar a
ninguém onde ela está. Se a missão for comprometida, ninguém
poderá ser forçado a denunciar seu paradeiro se não souberem a
localização dela. Encontrei um lugar onde Peyton e Rae podem
morar, alguns estados afastados. Se meu envolvimento com a
missão for comprometido, serei o primeiro alvo que Allerton
buscará e cobrirei todos os rastros que possam levar a elas.
Allerton não hesitará em usá-las para me fazer falar e é por isso
que eu já entreguei o comando a você. Você será o único que sabe
onde ela está. Eu não quero saber e o presidente também não quer
saber. A segurança dela estará exclusivamente em suas mãos.”

“E por que eu concordarei em manter minha boca fechada


sobre Peyton e Rae? Você já entregou o comando para mim.”

“Farei o que for preciso para manter Peyton segura. Allerton


não vai me matar se for eu quem lhe dirá que Evangeline está viva
e o que ela sabe. Serei um aliado que ele só pode sonhar em ter.
Não vou querer vender Evangeline, mas vou ter certeza de que
Peyton esteja fora de perigo. Não vou machucá-la para obterem
informações de mim.”

“Só será necessário que o presidente decida usá-la como


moeda de troca, ou que alguém da equipe ferre tudo e discuta a
missão com a pessoa errada para colocar Allerton na pista de
encontrá-la. Como comandante da missão que a libertou, eu serei
a pessoa óbvia para ele ir atrás primeiro.”

“Se você está tão preocupado com alguém estar seguro, que
tal a esposa e os filhos que você reconhece?”

“Cassandra concordou em colocar Tim e Marilyn em um


internato particular, onde estão equipados para proteger os filhos
de pais de alto nível. Também comprei uma casa onde ela é
vigiada, fechada e eu mesmo instalei segurança adicional.
Eles estão tão seguros quanto eu posso mantê-los,
mas, sinceramente, ninguém é intocável se Allerton

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

decidir atacá-los. A única maneira de qualquer um de nós levar


uma vida normal é se a morte de Evangeline for aceita e ninguém
a encontrar, pelo menos até estarmos em uma posição em que
nenhum de nós estará em perigo.”

“Quando diabos será isso?”

“Essa não é a nossa decisão; é do presidente.”

“Jesus Cristo! Você quer que eu venda minha alma,


mantendo silêncio sobre Peyton para proteger Evangeline?”

“Eu quero que você cumpra seu maldito dever! Por mais que
você me odeie, dê um passo atrás e pense objetivamente da
maneira como foi treinado. Não tenho orgulho do meu
comportamento com Peyton. Eu estraguei tudo. Se pudesse fazer
as coisas de maneira diferente, faria, mas não posso. A única
maneira de fazer as pazes é mantê-la segura. Para fazer isso,
preciso da sua ajuda.”

“Você esqueceu uma coisa; Eu tenho outra escolha. Uma


que manterá Peyton, Rae e Evangeline igualmente seguros.”

“Me matar? Você me conhece melhor que isso. Eu planejo


toda eventualidade. É por isso que nunca falhei em uma missão,
mesmo quando as chances estão contra mim. Eu criei um arquivo
que precisa ser atualizado diariamente. Se algo acontecer comigo,
Allerton será contatado sobre Evangeline.”

“Você é louco? E se algo acontecer com você fora do meu


controle?”

“Então eu sugiro que você tenha uma vida longa até que
Evangeline possa ser útil. Bem, como vai ser?”

“Eu realmente não tenho escolha, tenho?”

“Não, você não tem.”

“Não pareça tão satisfeito consigo mesmo. Você


é bom, muito bom. Vou lhe dar crédito por jogar

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

sujo e amarrar minhas mãos, mas você não terá tudo do seu jeito.
Vou encontrar um lugar para Peyton morar e tornarei o mais difícil
possível para você chegar a ela. Vou ficar de olho nela para que,
quando você conseguir vê-la, levará mais de algumas horas para
alcançá-la. Limitar o seu acesso a ela não a fará feliz, mas fará a
porra do meu dia. Você vai convencê-la de que a ideia é sua ou ela
não vai aceitar. Eu te cortaria da vida dela se pudesse.”

“Peyton já ameaçou fugir com Rae quando eu disse a ela


que iria denunciá-lo. Alguma distância de você é a única coisa que
posso fazer por ela agora e se ela descobrir que eu sou o
responsável por afastá-la de você, ela me odiará.”

Evangeline vê uma pequena aranha rastejando sobre o


peitoril da janela enquanto continua ouvindo a explosão de raiva
de Hammer, ainda não entendendo tudo o que ele está dizendo ao
homem mau.

“Você está arrependido seu merda” ela o ouve gritar ainda


mais alto “você acha que ganhou? Espero estar lá no dia em que
você finalmente perceber o que poderia ter tido com Peyton. Se
você realmente se importasse com ela, teria se divorciado de
Cassandra e esperado Peyton envelhecer. Você poderia ter tudo,
mas tinha que ser um bastardo ganancioso. Saia da minha frente
antes que eu decida que matar você valeria a pena arriscar a vida
dessa garotinha.”

Quando Evangeline ouve o som de passos voltando para


dentro da cabana, ela usa um dedo gentil para empurrar a aranha
de volta pela janela antes de cuidadosamente fechar a janela. Ela
rapidamente se arrasta pelo loft para voltar às escadas e já se
cobriu e fechou os olhos, quando ouve a porta abrir e fechar. Atrás
das pálpebras fechadas, ela vê a luz se apagar e ouve a televisão
ser desligada.

Prendendo a respiração, ela espera Hammer subir


as escadas para dormir.

“Garota, eu sei que você está acordada.”

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JAMIE BEGLEY

Seus olhos se abrem para ver a sombra de Hammer nos


degraus.

“Da próxima vez, é melhor não te pegar ouvindo minhas


conversas.”

“Ok”, ela sussurra.

“Seu esgueirar-se é o que nos colocou nessa bagunça em


primeiro lugar.”

Sua voz áspera tem lágrimas brotando nos olhos dela.

“Eu não vou fazer isso de novo”, ela soluça.

“Pare de chorar.”

“OK.” Evangeline tem medo de deixar Hammer com mais


raiva dela, mas ela quer fazer uma pergunta. “Posso ir morar com
minha avó?”

“Vamos ver.”

Qualquer esperança que ela tinha de poder morar com


Trudy morre.

“Vamos ver” sempre é a resposta quando os adultos não


querem dizer a verdade quando você chora.

“Vou para a cama. Você precisa de alguma coisa?”

“Não.”

“Boa noite.”

Evangeline não responde, muito chateada com ele para ser


educada do jeito que Trudy lhe ensinou. Hammer pode ser um
homem legal, mas ela o odeia agora. O homem mau disse que
Hammer poderia escondê-la onde quisesse. Ele poderia deixá-la
ficar com a avó e Trudy, se ele quisesse.

Evangeline ouve Hammer subir os degraus e


depois ouve o farfalhar dele subindo no colchão.

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JAMIE BEGLEY

Puxando o canto do cobertor até a boca, ela o usa para


enxugar as lágrimas. Ela sente tanta falta de Trudy….

Enquanto está deitada na cama chorando, lembra-se de que


o homem mau disse que se ela fosse encontrada, Trudy seria
machucada. É quando finalmente se dá conta de que Hammer não
pode deixá-la ficar com sua avó e Trudy. Hammer quer protegê-
los da maneira que Trudy disse que a estava protegendo quando
inventou o jogo que estavam jogando.

A culpa é dela, porque ela fez algo que Trudy continuava


dizendo para ela não fazer. Ela não quer que sua irmã se
machuque e fará o que prometeu a Trudy até que possam ficar
juntas novamente.

Ela será corajosa.

Meninas de três anos devem ser corajosas? Ela não sabe,


mas vai descobrir.

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO DOIS

“Você quer que eu empurre o balanço para você?”

Evangeline balança a cabeça, esfregando o tênis na terra em


vez de usá-lo para colocar o balanço em movimento. Ela não quer
se divertir. Ela nunca mais irá se divertir.

Olhando para o parque escuro, Evangeline está pronta para


voltar para a pequena cabana. Ela ficou animada quando Hammer
disse que ele a deixaria sair para brincar, e ficou ainda mais
animada quando ele a colocou em um assento de carro, dizendo
que a estava levando para um parque. Seu entusiasmo diminuiu,
no entanto, quando ela começou a ficar enjoada com a longa
viagem de carro.

Quando ele parou no parque, já estava escuro e ela não


queria mais brincar. Não há outras crianças por perto e as árvores
são grandes e assustadoras, como se elas pudessem alcança-la e
a agarrá-la com seus galhos.

Faróis brilhantes entrando no estacionamento a empolgam


novamente. Pode ser uma mamãe ou papai trazendo outra menina
para brincar.

A decepção a enche quando apenas um homem mais velho


sai do carro.

“Hammer.”

“Hunter.”

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JAMIE BEGLEY

Evangeline olha de onde ela está cavando sulcos na terra


para ver os homens apertarem a mão um do outro antes de se
abraçarem.

“É bom ver você.”

“Ótimo ver você também. Agradeço por você ter vindo.”

“Gostei do passeio. Eu queria que você tivesse me deixado


trazer Rachel; ela gostaria de conhecer você. Ela está sempre
dizendo que quer dar um rosto ao homem de quem estou sempre
falando. Como está o Jonas?”

“Ele está indo bem. Espero encontrar Rachel um dia. Como


está o John?”

“John é um militar agora. Ele acabou de ir embora depois


de passar uma semana com a mãe e a irmã.”

“Exército?”

“Marinha. Eu sei. Não faça essa cara para mim. Rangers


podem liderar o caminho, mas ele queria seguir os passos de seu
velho.”

“Então ele está seguindo um dos bons.”

O homem ri. “Você sempre soube como me bajular quando


queria um favor. O que é desta vez?”

“É um grande problema.”

“Diga-me o que é, então eu decidirei se posso fazê-lo.”

“Justo.”

O sapato dela escorrega na pilha de terra, quase fazendo-a


deslizar para fora do balanço, quando Hammer acena com a
cabeça em sua direção.

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JAMIE BEGLEY

O homem chamado Hunter se aproxima dela, seu rosto


ficando mais claro pela luz que brilha dos postes de luz que
cercam o playground.

“Olá, pequena dama. Qual o seu nome?”

Ela dá uma rápida olhada em Hammer antes de responder.


“Eu sou Ginny.”

“Ela é o favor que eu preciso de você.”

Hunter não olha para Hammer, continuando a encará-la.


Seus olhos gentis observam o rabo de cavalo torto que Hammer
tentou consertar e as roupas que são tão grandes que ele teve que
enrolar a parte de baixo do jeans para que ela não tropeçasse
neles. “Meu nome é Will.”

Evangeline pega a mão grande que ele estende para ela. Por
causa do calor da mão dele, ela de repente quer irromper em
lágrimas. Os olhos dele ficam ainda mais suaves quando ela não
solta a mão dele. Virando a mão, ele aperta a dela
confortavelmente.

“Você não parece estar se sentindo bem. Você está bem?”

“Meu estômago dói”, diz ela chorosa.

“Ela ficou enjoada no caminho”, explica Hammer. “Tentei


fazê-la comer, mas ela não quer nada. Consegui fazê-la beber um
pouco de Gatorade.”

“Pobre bebê.”

Evangeline se vê erguida em seus braços. Então ele a apoia


no quadril com um braço enquanto procura no bolso com a outra
mão um pouco de doce para dar a ela.

“É doce de menta. Eu sempre mantenho um pouco


comigo. Minha esposa também fica enjoada.”

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JAMIE BEGLEY

Ela olha para o doce na mão antes de desembrulhá-lo e


colocá-lo na boca. Então ela coloca o braço em volta dos ombros
dele e relaxa contra ele.

“Sente-se melhor?”

Evangeline assente contra seu ombro.

“Ela é fofa como um botão”, diz Hunter, voltando-se para


Hammer. “Ela não é sua, então como você acabou com ela?”

Hammer inclina a cabeça para o lado. “Como você sabe que


ela não é minha?”

“Além de que ela não se parece com você? As roupas não


servem e você não sairia com ela na calada da noite, a menos que
fosse necessário. Ela é o favor que você precisa de mim?”

“Sim.”

“O que você precisa?”

Pela primeira vez em muito tempo, Evangeline sente que


tudo vai ficar bem. Ela se sente segura com Hammer, mas o
homem que a segura a acalma como ela sempre quis que seu pai
fizesse quando estava assustada.

“Eu preciso que ela desapareça.”

“Você vai me dizer por que? Ou por quanto tempo?”

“Eu não posso te dizer muito.”

“Jonas não pode ajudá-lo?”

“Jonas e eu estamos muito próximos um do outro. Cooper


se aposentou. Fui designado como comandante como seu
substituto. Eu preciso do Jonas no time. Ele já deveria estar, mas
Cooper não aprovaria.”

“O major provavelmente não queria que Jonas


bisbilhotasse — ele é um dos melhores que eu já

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treinei. Mas quando me aposentei, não recomendei Cooper para


preencher meu comando. Ele poderia ser um filho da puta
sorrateiro quando lhe convinha e foi por isso que te avisei antes
de sair.”

“Se você não o recomendou, como Copper conseguiu o


comando da equipe?”

“Cooper tem sido um bajulador muito antes de você entrar


no serviço. Por mais que eu suspeitasse dele, ele é brilhante e
mereceu a promoção. Poderia ter sido uma escolha mais difícil se
você não fosse tão novato para assumir o controle, mas você só
entrou na equipe um ano antes de eu sair. Se Jonas não estivesse
terminando seu treinamento como especialista em informática, eu
poderia solicitá-lo para a equipe. Eu gostaria agora de ter esperado
para sair.”

“Por que você desejaria isso? Você só encontrou Jonas


algumas vezes quando saiu para beber conosco.”

“Reconheço o talento quando o vejo. Além disso, eu queria


que alguém que eu conhecesse tivesse suas costas. Um homem é
tão bom quanto os homens com quem você se cerca; essa é a lição
que tenho ensinado a John desde que ele era criança. E Cooper
estava ficando com ciúmes de suas realizações. Um líder não tem
inveja das realizações de outra pessoa; você as usa para beneficiar
a equipe.”

“Concordo.”

“É por isso que você será um comandante melhor do que


Cooper, especialmente se você puder colocar Jonas em seu time.”

“Obrigado, senhor.”

“Não foi um elogio; é um fato. Só não prove que estou


errado.”

“Eu não vou.”

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“De volta a essa pequena dama. Ficarei feliz em cuidar dela.


Rachel vai estragá-la com mimos.”

Seu coração dispara com o que o homem que a está


segurando diz. Ela poderia morar com ele e ele estaria lá para
abraçá-la o tempo todo.

“Eu não acho que isso seria seguro. Tivemos a sorte de fingir
a morte dela. Se descobrir que ela ainda está viva, eles olharão
para qualquer pessoa com uma conexão comigo. Eu acho que você
estaria baixo o suficiente no totem para escapar do aviso dele, mas
não vou arriscar. Allerton é conhecido por fazer sua lição de casa
antes de atacar.”

“Gabriel Allerton?”

Evangeline sente os cabelos tremerem quando Will respira


com a menção do nome que ela não aprendeu a ter medo até que
fosse tarde demais.

“Por que você ficaria preocupado com ele descobrir sobre


Ginny? Ele dirige a maior organização de caridade do mundo. Ele
está sempre na televisão, mostrando o trabalho que está
realizando.”

“Ajudar os países do terceiro mundo a aprender a prosperar


não é tudo o que ele está realizando.”

“Entendo. E sem detalhes, sobre os quais você não pode me


contar, por que não o expulsamos em vez de ter que desaparecer
com esse anjinho?”

“Não foi nossa decisão.”

“Ahh, entendi. Um tem seus usos; o outro é dispensável.”

“O que significa dis-pen-sável?” Ela questiona, levantando


a cabeça para encarar o homem que a segura.

“Nada, pequena dama. Você está se sentindo


melhor?”

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“Você vai me colocar no chão se eu disser que sim?”

“Não, a menos que você queira.”

“Eu estou melhor.” Evangeline deita a cabeça para trás,


começando a mexer com um botão em sua camisa.

“O que você quer que eu faça com ela, se você não acha que
Rachel e eu podemos ficar com ela?”

“Não quero saber. Eu confio no seu julgamento. Encontre


um lugar onde ela esteja segura e guarde para si. Se Allerton
descobrir que ela está viva, ela não só será eliminada, mas
também qualquer pessoa que tenha tido contato com ela.”

“O que significa eli-man-dm?” Ela pergunta sonolenta,


ainda brincando com o botão.

“Nada. Pare de ouvir, ou eu vou te descer.”

Evangeline para de brincar com o botão para colocar a mão


sobre a orelha. Ela sente uma risada sobre sua cabeça.

“Ela é muito esperta, não é?”

“Você não tem ideia.”

“Já lidei com isso antes. John era bem esperto quando era
pequeno. Qual a idade dela?”

“Ela acabou de fazer quatro. Ginny é uma lousa limpa que


você pode preencher da maneira que quiser. Ninguém além de
Cooper sabe que eu a tenho, e ele não sabe que eu passei os
cuidados dela para você. Para todos os efeitos, ela não existe mais.
Eu não vi ou conversei com você desde a sua aposentadoria. Até
o telefone que usei para ligar para você está limpo. Você terá que
providenciar a documentação dela, e quando sairmos daqui hoje
à noite, você não me verá mais. Você se tornará apenas alguém
com quem servi brevemente e perdi o contato.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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“Hammer, eu posso não estar mais nas forças armadas,


mas o governo não chegaria a esse nível para proteger alguém, a
menos que haja uma razão. Isso geralmente se resume a quão
úteis elas podem ser. Então, você talvez queira reconsiderar pedir
minha ajuda. Se eu fizer, ela não vai acabar sendo um peão em
algum lugar pelo caminho.”

“Eu sei.”

Evangeline sorri para Hammer, imitando o sorriso


engraçado que ele está dando ao amigo. Ele parece tão bonito
quanto Manny quando sorri.

“Mais alguma coisa que preciso saber antes de sair? Onde


estão as coisas dela?”

“Ela não tem nada. Eu disse que você está começando com
uma lousa limpa e falei sério. Jogue as roupas que ela está
vestindo quando você conseguir novas para ela.”

“Irei fazer isso. Ginny, você quer se despedir de Hammer?”

“Tchau, Hammer”, diz ela, sem levantar a cabeça.

“Você sempre teve um jeito com as crianças”, diz Hammer,


enquanto avança para dar um tapinha desajeitado nas costas
dela. “Não há outro homem em quem eu confie, além de Jonas.
Obrigado Will.”

Ele se inclina para encará-la. “Ginny, quero que você


pratique os números que eu lhe disse para se lembrar todos os
dias.”

“Eu vou. Prometo” ela diz inocentemente, ignorando o olhar


repreensivo que Hammer está dando a ela.

“Devolva, Ginny.”

Obstinadamente, Evangeline agarra o que está em


sua mão com mais força.

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“Will, há algumas coisas que eu deveria ter avisado sobre


ela.”

“Como o quê?”

“Ela é uma batedora de carteiras.”

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CAPÍTULO TRÊS

“Devolva.”

Evangeline coloca a mão contra o peito com o pedido de


Hammer. “Mas eu gosto. É brilhante.”

“Devolva.”

Ela teimosamente balança a cabeça, colocando a mão sob a


axila, depois se aconchega no bom Will. “É meu agora.”

Ela não sentirá falta de Hammer; ele sempre a faz devolver


as coisas.

“Não, é de Will. Não me faça pedir novamente ...”

Ela olha para ele penosamente por baixo dos cílios antes de
começar a chorar. “Mas eu quero... por favor.”

Erguendo os olhos com surpresa pelo riso de Will, ela tem


que usar a mão livre para circundar o pescoço dele quando
Hammer a alcança para tirá-la de seus braços.

“Deixe-me lidar com isso”, diz Will.

Hammer a olha com raiva, mas para.

“Que tal uma troca?”

Ela para de chorar. “O que você tem?” Ela olha para


baixo com interesse quando ele enfia a mão no bolso e

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tira um punhado de balas de cores diferentes. “Quantos posso


ter?”

“Você pode escolher uma.”

Evangeline sabe quando ela está sendo enganada. “Três.”

“Uma”, diz Will com firmeza.

“O meu é melhor.”

“Duas.”

“Combinado.” Lenta e desconfiadamente ela tira a mão da


axila, esperando que ele puxe seu pulso antes que ela possa abri-
lo. Quando ele não o faz, ela abre a mão lentamente para mostrar
a estrela brilhante. “É tão bonita. Posso ficar com isso?”

“Eu preciso disso para o meu trabalho. Que tal eu encontrar


uma loja no caminho de volta, comprar roupas novas e ver se eles
têm uma de plástico?”

“OK.” Ela levanta a mão para que ele possa pegar a estrela
enquanto ela pega duas balas da palma da mão dele.

“Recompensá-la com balas não vai ensiná-la a parar.”

Estreitando os olhos para Hammer, ela imita o olhar cruel


que ele está dando a ela.

“Você teve muito trabalho com ela, não é?”

“Você não tem ideia. Eu acredito em palmadas e ela chegou


perto algumas vezes. Ela pegou meu relógio quando eu estava
dormindo e eu nunca consegui recuperá-lo dela. Estou lhe dando
um aviso justo; suas coisas favoritas para surrupiar são óculos de
sol, qualquer coisa...”

Ela se inclina para frente nos braços de Will para colocar


a mão na boca de Hammer, para que ele pare de falar.

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Will quase a deixa cair quando Hammer afasta a mão


porque está rindo muito.

“...brilhante”, termina Hammer.

“Dedo-duro”, diz Evangeline, colocando a língua para fora.

“Vamos trabalhar para quebrar esse hábito, não é?” Will diz
quando ele para de rir.

“Nós temos que parar?”

“É melhor você se comportar. Will tem uma prisão na qual


ele pode colocar você por um tempo.”

“O que é uma prisão?”

“Do jeito que você está indo, descobrirá antes dos seis
anos.”

“A prisão é boa ou ruim?”

“Estou pensando que a prisão seria boa para você.”

“Vocês dois parem. Do jeito que vocês dois estão indo, terei
sorte de estar de volta em Treepoint antes da próxima semana. E
Hammer, não vou usar minha prisão para assustar uma
sequestrada de quatro anos.”

“Ela tem quatro anos mas age como se tivesse vinte e não
diga que não avisei. Certifique-se de ficar de olho nela. Ela é tão
escorregadia quanto uma enguia quando quer se afastar de você
para brincar.”

“Eu gosto de jogar.”

“Você gosta?” Ela ergue os olhos do doce que pegou e abre


cuidadosamente, colocando-o na boca.

“Sim, eu costumava brincar com meu filho quando


ele era pequeno. Talvez eu possa te ensinar alguns dos

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jogos que costumava jogar com ele e você pode me ensinar os que
você gosta?”

“OK.”

Hammer sacode a cabeça para eles. “Obviamente, eu


estraguei tudo, não mantendo um suprimento constante de
açúcar para fazê-la se comportar. Vou colocar a cadeirinha no seu
carro. Quando você comprar as roupas e o distintivo de plástico,
pegue outro assento ...”

“Eu sei. Vou descarta-lo.”

Alegremente sugando o doce de morango, ela segura o


ombro de Will enquanto ele a carrega até o carro. É somente
quando o assento do carro está no banco de trás que ela realmente
percebe que estava indo com Will e deixando Hammer para trás.

No momento em que seu traseiro bate no assento do carro,


ela desata a chorar e começa a lutar para impedir que Will a afivele
no lugar.

“Hammer!” Ela soluça.

Will coloca a mão no peito para impedir que ela caia, mas
vai para o lado para deixar Hammer se inclinar.

“Garota, eu te disse que você não ficaria comigo.”

“Eu serei boazinha”, ela promete.

“Eu sei que você vai, mas você precisa de mais do que eu
posso lhe dar. Eu não sei jogar. Você precisa de alguém que a
deixe jogar e não precisa ficar dentro de casa o tempo todo. Dentro
de algumas semanas, você nem se lembrará de mim.”

“Sim, eu vou.” Lutando, ela tenta sair da cadeirinha


enquanto Hammer a afivela.

Uma vez que ela não consegue fugir, Hammer


vira-se para Will. “Dê-me um minuto com ela.”

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Com lágrimas nos olhos, Evangeline observa Will se afastar


e Hammer se abaixar até ficar de olho nela. “Garota, eu fiz uma
promessa e preciso que você cumpra a sua. Você disse à sua irmã
que podia ser corajosa e, até agora, tem sido. Ela está tão triste
quanto você, mas você sabe o que a faz se sentir melhor?”

“Não... o quê?” Ela soluça entre o choro.

“Que você está segura. Eu lhe disse que, de alguma forma,


vou descobrir uma maneira de fazer você vê-la novamente sem que
ninguém descubra, e eu o farei. Só vai levar algum tempo. Até lá,
você tem que ser o que?”

“Corajosa.”

“Isso mesmo.” Hammer coloca uma mão gentil na cabeça


dela. “Eu não posso fazer um estúpido rabo de cavalo. Você
merece alguém que possa. Will pode encontrar alguém que possa.”

“Ele vai?” Ela olha para onde Will está parado, vendo que
ele está chateado por ela estar chorando.

“Sim. Will tem um talento especial para ajudar crianças. Ele


me ajudou uma vez quando ninguém mais o fez. Eu não confiaria
nele com você, a menos que tivesse 100% de certeza que ele pode
fazer o mesmo por você.”

Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela apoia a cabeça no


banco do carro. “OK.”

“Pratique esse número que eu te dei todos os dias, mas você


só liga se for realmente importante, ok?”

Evangeline para de chorar, estendendo a mão com


expectativa para o telefone que ele a ensinou a usar. Hammer ri,
batendo no bolso da camisa para se certificar de que seu telefone
ainda está la.

“Will vai comprar um para você.”

“Um brilhante?”

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“Vou dizer a ele para deixar você escolher.”

“OK.” Evangeline abre sua última bala para colocar na boca.


“Tchau, Hammer.”

“Tchau, garota.”

Ela observa impaciente quando Hammer fecha a porta do


carro, depois fica do lado de fora conversando com Will. Sua mente
já está no telefone novo e brilhante que Hammer prometeu a ela.
Ela vai escolher o mais brilhante que a loja tiver.

Ela dá um sorriso brilhante quando Will entra no carro


atrás do volante.

“Podemos pegar meu telefone e distintivo agora?” Ela


pergunta ansiosamente.

“Sim. Você está confortável aí atrás?”

Assentindo, ela acena para Hammer quando o carro começa


a se mover.

“Posso pegar outra bala? Eu não gostei desta.” Evangeline


estende a língua para mostrar a ele.

“Que tal arranjarmos comida de verdade primeiro e depois


eu deixo você escolher outra?”

“Só estou com fome de balas.”

“Depois que você comer.”

“OK.” Engolindo a pequena bala que está em sua boca, ela


se mexe em seu assento para alcançar o bolso.

“O que você está fazendo?”

“Nada”, ela mente sem remorso, finalmente capaz de colocar


a mão no bolso e retirar o que está procurando. Abre a
embalagem, ela coloca a bala roxa na língua,

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finalmente contente. Então ela olha para cima e vê Will olhando


para ela por cima do ombro.

“O que você está fazendo?”

“Nada”, ela murmura ao redor da bala.

“Ginny, não é legal roubar.”

“O que é roubar?”

“Tenho certeza de que Hammer lhe disse o que é roubar,


mas, caso ele não o tenha, é pegar algo que não é seu.”

“Não é roubo se eu compartilhar.” Movendo-se em seu


assento para alcançar o bolso novamente, ela estende a mão.
“Você pode ficar com as verdes.”

“Quem te ensinou como fazer isso?”

“O que?”

“Roubar.”

“Manny. Nós compartilhávamos tudo.”

“Vocês faziam?”

“Mmmhmm”, diz ela ao redor da bala. “Ele era meu melhor


amigo no mundo inteiro.”

“Era?”

“Eu não posso mais brincar com ele.”

“Talvez um dia você consiga brincar com ele novamente.”

“Foi o que Trudy disse.”

“Ela falou?”

“Mmmhmm. Ela disse que demoraria muito tempo,


mas que eu tinha que ir a outro lugar antes de poder
ver Manny novamente.”

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“Para ficar com Hammer?”

“Não. Para o céu.”

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CAPÍTULO QUATRO

“Posso sair para brincar?” Evangeline ergue os olhos do


vestido da boneca em que estava tentando colocar o distintivo.

“Daqui a pouco.”

Esperando obter a mesma resposta que vem recebendo


desde que veio ficar com Will, ela quer pular de felicidade, mas o
olhar triste que Will dá a impede.

“Eu não quero brincar lá fora. Vou ficar aqui e brincar com
minha boneca.” Protetoramente abraçando seu monte de
brinquedo, ela se esconde atrás de uma cadeira ao lado do sofá.

“Ginny.”

“Eu não quero brincar lá fora. Quero brincar aqui com


você”, ela implora, inclinando a cabeça para o lado para espiar por
cima do braço da cadeira em Will. “Por favor.” Ela morde o lábio
trêmulo, segurando sua boneca mais apertado.

“Querida...”

Uma batida na porta a faz recuar até bater na parede.


Ninguém bate na porta desde que Will a trouxe para sua casa.

Inclinando a cabeça de lado, ela vê um homem alto


entrar. Ele é maior que Will e tem a mesma idade. A
barba espessa esconde a maior parte do rosto. O

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macacão que ele usa lembra as roupas que Hammer lhe deu que
eram muito grandes.

“Você está adiantado, Freddy.”

“Eu tenho que pegar Ezra e Leah cedo. Não há necessidade


de eu fazer duas viagens quando posso fazer uma.”

“Eu disse a Ginny que seria mais tarde hoje. Talvez


devêssemos esperar até amanhã se for mais conveniente para
você.”

“Onde ela está?”

Will aponta para a cadeira onde ela está escondida. “Atrás


da cadeira. Mas se ela não quiser ir, esperaremos até amanhã.
Posso adiar a volta de Rachel com sua sobrinha por mais alguns
dias.”

Evangeline pressiona contra a parede quando o homem se


move para ficar em cima dela.

“Ela é uma coisinha, não é?”

“Sim”, Will diz rispidamente.

O homem empurra a cadeira para o lado e depois se agacha


ao lado dela. “Essa é uma boneca bonita. Qual é o nome dela?”

“Molly.”

“Esse é um nome bonito. Minha garotinha tem uma boneca.


Ela a chama de Issie.”

“Esse é um nome bobo.”

Sua boca se abre em um sorriso. “Eu disse isso a ela, mas


ela ainda a chama assim. Talvez você possa ajudá-la a dar outro
nome a ela.”

“Eu não quero.”

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“Tudo bem se você não quiser. Issie está me conquistando.”

Ela olha de volta para o homem com curiosidade. “Quantos


anos tem sua garotinha?”

“Leah tem quatro anos. Quantos anos você tem?”

“Quatro. Então, ela tem a minha idade?”

“Sim. Ela gosta de brincar com a boneca dela também, mas


às vezes fica triste.”

“Por quê?”

“Porque ela não tem nenhuma outra garota para brincar.


Ela tem muitos irmãos, mas eu não tenho nenhuma outra garota.
Eu estava esperando que você pudesse me ajudar com isso.”

“Quantos meninos você tem?”

“Até agora, sete.”

Evangeline fica boquiaberta. “Eles são anões?”

Freddy ri quando se senta no tapete. “Apenas Ezra, mas ele


é apenas um.”

“Ah... ele é um bebê?”

“Sim. Leah tenta usá-lo como sua boneca, mas ela o devolve
quando ele chora.”

“Você a deixou segurá-lo?”

“Claro, ela é irmã dele. Leah é muito cuidadosa com ele.”

“Ela parece legal”, diz ela de má vontade.

“Acho que sim, mas sou um pouco parcial porque ela é


minha. Posso?” Freddy aponta para o distintivo que está quase
caindo no vestido de Molly.

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Esperando até que ela assinta com relutância, ele estende


a mão e endireita o distintivo de Molly. “Pronto.”

“Obrigada.” Evangeline engole o nó na garganta.

“De nada.”

“Você vai me fazer ir morar com você?” Ela pergunta, sem


tirar os olhos da boneca.

Freddy limpa a lágrima que está deslizando por sua


bochecha. “Só se você quiser. Eu poderia usar outra garota para
mimar. Seus novos irmãos estão animados para conhecê-la. Os
dois mais velhos estão fazendo biscoitos. Espero que você goste de
biscoitos.”

“Que sabor são eles?”

“Gotas de chocolate.”

“Eu gosto de manteiga de amendoim.”

“Acho que podemos espalhar um pouco de manteiga de


amendoim nos seus.”

“Leah gosta de brincar lá fora?”

“De fato, ela gosta. Você?”

“Às vezes”, ela admite trêmula. “Eu quero ficar com Will.”
Incapaz de conter as lágrimas, ela começa a chorar.

Molly cai no chão quando Freddy a pega e a coloca em seu


colo.

“Você não quer que eu seja seu novo papai?”

“Eu quero que Will seja meu pai!” Ela uiva em suas mãos.

“Acho que podemos resolver isso.”

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Evangeline para de chorar. Abrindo os dedos, ela levanta os


cílios para ver o homem mais velho e sorridente.

“Que tal de segunda a sábado, você pode ser minha


garotinha e domingo, ele pode ser seu papai? Isso fará você parar
de chorar?”

Ela teve que pensar sobre isso. Ela teria sete irmãos, uma
nova irmã e dois novos papais.

Os homens ficam em silêncio enquanto ela se senta no colo


de Freddy.

“Posso segurar o bebê?”

“Se você prometer ter cuidado e não largá-lo.”

“Terei muito cuidado.”

“Então eu acho que você pode. Obviamente, nós apenas


deixamos a família abraçar Esdras. Todo mundo é superprotetor
com ele, então não podemos dizer a eles que Will também é seu
pai. Teremos que manter isso em segredo apenas entre você, eu e
Will.”

“Eu posso fazer isso. Sou boa em guardar segredos.”

“É bom saber disso. Claro, isso significa que você terá que
ser uma Coleman para ser uma família de verdade. Como Ginny
Coleman soa para você?”

“Eu posso segurar o bebê?” Ela confirma.

“Tanto quanto você quiser”, seu novo pai concorda.

“Então eu gosto de Ginny Coleman.”

“Então acho que precisamos pegar suas coisas e pegar a


estrada.”

Freddy a senta no chão antes de se levantar e


estender a mão para ela. Segurando a mão dele, ela

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se levanta e corre para o quarto que Will lhe deu para pegar a mala
que ele fez para ela esta manhã.

Rolando a mala da Barbie pela porta do quarto, ela ouve


Freddy e Will conversando.

“É melhor você se certificar de que essas acusações contra


mim sejam retiradas.”

“Eu te disse que sim. Preocupe-se apenas com o fim da


barganha. Se ela não estiver feliz e cuidada, assegurarei que o que
resta de você passe os próximos 25 anos na penitenciária federal.”

“Eu jurei que a trataria como minha e fui sincero. Não vou
tolerar você respirando por cima do meu ombro. Quando ela sair
por aquela porta, ela será uma Coleman e você não terá mais nada
a dizer sobre Ginny do que meus outros jovens.”

Will parece que quer discutir com Freddy, mas, em vez


disso, entra na cozinha e volta com uma sacola de compras.

“Use isso para seus brinquedos”, diz ele, dando-lhe a bolsa.

Evangeline a pega, mas não ensaca seus brinquedos; ela


coloca os braços em volta das pernas de Will e enterra o rosto na
calça dele. “Que dia é hoje?”

“Quinta-feira.”

Olhando para cima, ela vê a tristeza nos olhos olhando para


ela. “Quantos dias até domingo?”

“Três.”

“Isso não é tão ruim, é?”

“Não, não é tão ruim afinal. O domingo estará aqui antes


que percebamos.” Will se abaixa para pegá-la e a segura com força
contra o peito antes de lhe dar espaço suficiente para
respirar. “Freddy te trará à igreja e eu te verei lá. Seu

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novo papai e eu vamos levá-la para o café da manhã após o culto.”

“Não deixo nenhum jovem meu perto daquele maluco. Eu


levo as crianças para o parque depois que dou a elas a lição da
escola dominical. Não vou deixar que aquele maluco ensine meus
filhos sobre o Bom Livro quando ele não pratica o que prega.”

“E você pratica?” Will disse cético.

“Sou muito melhor nisso do que Saul Cornett e isso é um


fato.”

“O parque funciona para mim”, Will concorda.

“Tudo bem por mim.”

Ela lentamente junta seus brinquedos, sentindo seus


papais a observando. Quando ela não tem mais nada para pegar,
ela levanta a bolsa nos braços.

Freddy pega a bolsa em uma mão e a pega com a outra, seu


traseiro descansando em seu braço forte com as pernas
penduradas. “Não fique tão triste. Eu acho que, se você sentir
muito a falta do xerife antes do domingo, posso levá-la à cidade
para um rápido abraço.”

Evangeline dá um sorriso brilhante ao seu novo papai.

Fazendo uma cara engraçada para ela, ele finge largá-la


antes de colocá-la de volta em seu braço. “É melhor você lembrar
que sou seu pai de verdade ou ficarei com ciúmes.”

Rindo, Evangeline estende a mão para dar um abraço em


Will. “Eu te amo.”

Will a abraça de volta. “Eu também te amo, mocinha.”

“Tenho que ir. Sonia vai arrancar uma tira da minha pele se
eu a fizer perder o horário no cabelereiro. Vejo você no
domingo, Will.”

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Evangeline acena para Will quando seu novo pai começa a


carregá-la pela porta.

“Só um segundo, Freddy.”

O sorriso dela desaparece quando Will estende a mão.

“Devolva, Ginny.”

“Mas eu quero isso. O meu não é brilhante como o seu.”

“Eu pedi uma brilhante para você. Quando chegar pelo


correio, você vai tê-la.”

“Eu devolverei a sua quando você me der a minha nova.”

“Vou te dar uma bala.”

Evangeline dá um tapinha no bolso enorme do macacão


rosa. “Não.”

Ele olha para o bolso inchado dela, desconfiado, antes de


colocar a mão no bolso, pegando duas balas. Ambas são verdes.

“Ligue para Sonia”, Will diz ao seu novo papai. “Você vai se
atrasar.”

“Por quê? Aquela mulher me fode com força quando estou


atrasado.”

“Quero mostrar a Ginny onde eu trabalho.”

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CAPÍTULO CINCO

Evangeline se inclina para a frente no banco do carro


enquanto o carro pula pela estrada esburacada que seu novo pai
está dirigindo. As árvores são tão grandes que o teto do carro a
impede de ver o topo.

Um grito repentino a faz voltar para a cadeirinha infantil


que foi colocada no meio do banco traseiro.

“Leah, coloque a chupeta de volta na boca de Ezra.”

Ela observa com inveja a menina bonita sentada em outra


cadeirinha como a dela habilmente colocar a chupeta na boca do
bebê chorando.

“Se ele cuspir novamente, eu deixarei você fazer, se quiser.”

Evangeline assente, observando atentamente o bebê,


esperando que ele cuspa de novo. Quando ele não o faz, ela olha
para cima e vê a garota de cabelos castanhos olhando para ela
com curiosidade.

Alcançando o bolso, ela pega um punhado de balas para


mostrar a ela. “Você quer um pouco?”

Os olhos de Leah se arregalam de admiração. “Sua mãe


deixa você comer toda essa bala?”

“Não se preocupe sobre onde ela conseguiu essa


bala”, Freddy late do banco da frente.

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As duas garotas dão um pulo, assustadas. Evangeline


quase larga a bala, assustada por ter feito algo errado.

“Eu sinto muito. Não quis levantar minha voz. Você pode
compartilhar a bala.”

Lentamente, com medo de deixar seu novo pai com raiva de


novo, Evangeline estende a bala para Leah escolher.

“Não tenha medo. Papai gosta de gritar muito. Você vai se


acostumar com isso.” Pegando uma bala, Leah lhe dá um olhar
simpático.

Lançando um olhar apreensivo para o banco da frente, ela


abre uma de suas balas antes de colocar o resto de volta no bolso.

“Mamãe não nos deixa comer balas. Ela diz que isso me
deixa agitada e vai apodrecer os dentes.”

“O que é agitada?” Evangeline pergunta curiosamente.

Leah dá de ombros. “Eu não sei, mas ela diz que sim.”

“Isso vai me deixar agitada?” Abrindo a boca, ela mostra os


dentes para a nova irmã. “Meus dentes apodreceram?”

“Eles parecem bem para mim.” Ela dá de ombros novamente


enquanto se esforça no assento do carro para ver melhor os
dentes. “Se você está preocupada com isso, eu posso comer o resto
das balas para você.”

“Comporte-se, Leah. É a bala dela. Os dentes dela estão


bem.”

As duas começam a rir quando o carro passa por outro


buraco, fazendo seu novo pai pular de um lado para o outro. O
movimento oscilante deve ter sacudido a chupeta pela boca do
bebê. Hesitante, ela estende a mão para colocá-la de volta,
olhando para Leah para se certificar de que é permitido.

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Ao aceno encorajador, Evangeline desliza gentilmente a


chupeta de volta na boca gritante de Ezra. Então ela sorri
orgulhosamente para Leah, que sorri de volta.

Quando o carro para, ela tenta olhar por cima do banco da


frente para ver onde eles estão, mas só consegue ver o painel.

“Estamos aqui!” Leah grita animadamente.

Evangeline chupa nervosamente sua bala quando seu novo


pai sai do carro.

“Silas, Isaac, Jacob! Tragam essas bundas aqui para fora!”

Ela pula com o grito quando ele bate a porta.

“Eu te disse que ele faz muito isso. Você vai se acostumar.”

Evangeline dá um tapinha no bolso frontal, querendo ligar


para seu outro pai para buscá-la. Os gritos a assustam. Antes que
ela possa pegar seu telefone brilhante, as duas portas traseiras
são abertas e rostos desconhecidos se curvam para olhar no banco
de trás.

“Ela é uma coisinha pequena, não é?” O adolescente magro


comenta criticamente, abaixando-se para desatar o cinto de
segurança em seu assento de carro.

“Você tem certeza que ela é uma Coleman?”

Ela aponta a cabeça para o outro adolescente do sexo


masculino que está desatando o de Leah. Os dois garotos a fazem
sentir como se houvesse algo errado com ela.

Ela flexiona o queixo. “Eu não gosto de você.”

O adolescente solta as travas da cadeirinha para poder tirá-


la e depois ergue uma sobrancelha para ela.

“Qual dos dois?”

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Evangeline estende a mão, puxando as alças por cima dos


ombros. “Você.” Então ela aponta para o outro. “E ele.”

Os meninos riem. Então o primeiro garoto a tira das alças,


apesar de seu aperto firme e Evangeline é levantada em seus
braços.

“Ela é uma Coleman.” Piscando, ele dá um sorriso amigável.


“Não se preocupe; engordaremos você.”

“Silas, não a assuste antes que ela entre na casa.”

“Estou apenas brincando com ela, pai.”

Evangeline olha inquisitivamente para a casa de dois


andares que ele a está trazendo.

Ao som das risadas de Leah, ela olha para o lado e vê o outro


adolescente carregando-a enquanto uma versão menor do garoto
que a carrega os segue, segurando o carrinho de bebê.

Quando Silas sobe os degraus da varanda, seu nariz se


contrai com o aroma que enche o ar. São biscoitos. A sua avó tinha
feito no Natal.

Evangeline quase engasga com a bala em sua boca quando


vê o grande grupo de garotos que estão esperando lá dentro.

“Ah ... ela é tão fofa.”

“Qual é o nome dela?”

“Ela é muito magra, pai. Ela está doente?”

“Silêncio! Deixe-me apresentá-la antes de começar a


tagarelar. Jody, pegue Ezra e troque sua fralda. Eu tenho sentido
o cheiro nos últimos dois quilômetros.”

“Não é a minha vez; é de Moisés.”

“Eu não me importo com quem muda, basta


fazê-lo antes que eu vomite meu rim esquerdo.”

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“Vou fazer isso”, Silas oferece, colocando-a no chão antes de


pegar o carrinho de bebê e sair da sala.

“Alinhem-se, seus pagãos e vou apresentá-los à sua nova


irmã.”

Espantada, Evangeline observa as crianças formarem uma


fila na enorme sala de estar. Tem uma grande lareira que ocupa
uma parede inteira. Dois sofás enormes estão colocados um em
frente ao outro com cadeiras entre eles.

Seu novo pai vai para o final da fila, colocando a mão no


garoto mais alto do final. “Este é o Matthew. Isaac vai acabar
gostando de você. Não se preocupe com o que ele disse lá fora.”
Ele vai para o terceiro e coloca a mão na cabeça dele. “Este é Jody.”
Continuando a fila, ele a apresenta a seus novos irmãos, um por
um. “O bonito que se parece comigo é Jacob.”

“Moisés quebrou o braço ordenhando a cabra. Não se


preocupe; vamos esperar até que você fique mais velha antes de
lhe dar essa tarefa.” Virando-se, ele pega o bebê de Silas, que havia
voltado à sala quando terminava as apresentações. “Você já
conheceu Silas e o traseiro fedido aqui é Ezra. Meninos, essa é sua
nova irmã, Ginny.”

Ela se vira para olhar para Leah, que se moveu para o lado
dela. “Eles são todos seus irmãos?” Ela sussurra.

“Agora eles são todos seus irmãos”, Leah sussurra de volta,


pegando a mão dela.

Olhando ao redor da sala, ela nota que alguém está


faltando.

“Onde está a mamãe?”

“Todos nós temos mães diferentes”, explica Leah com


naturalidade. “Exceto eu e Ezra.” Todos os meninos
moram com o papai, eu e Ezra moramos com a minha
mãe e ficamos aqui durante a semana.”

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“Oh ...” São como ela. Ela tem dois papais, mas eles têm
seis mães diferentes. Isso significa que agora ela tem seis mães
diferentes?

“Você quer um biscoito?” Leah pergunta.

Assentindo, ela passa pela larga porta e entra em outra sala


com uma mesa comprida com um longo banco de cada lado e uma
cadeira no final.

Subindo no banco, ela pega um biscoito colocado em um


prato na mesa. Leah morde seu biscoito antes dela.

“Jody deve ter feito isso. Ele sempre os queima.” Ela cai de
bunda, puxando Evangeline para baixo com ela.

A ponto de se sentar ao redor da mesa, Evangeline desvia o


olhar de Leah e vê que os meninos haviam se mudado para o outro
lado da mesa para observá-la.

Envergonhada, sem saber o que fazer, ela nervosamente


começa a dar uma mordida. Antes que ela possa, o biscoito é
retirado de sua mão.

“Não coma isso. Eu estava prestes a jogá-los fora quando o


Pai gritou para sairmos. Você e Leah querem me ajudar a fazer
um pouco mais?”

“Você é o melhor, Silas. Vou pegar as gotas de chocolate!”


Leah grita, pulando da mesa para ir para a sala ao lado.

“Arranje algo para ela comer antes de fazer os biscoitos”, diz


seu novo pai, pegando um dos biscoitos no prato.

“O que você gosta de comer, Ginny?”

Sentindo todos os olhos nela, esperando sua resposta,


Ginny de repente quis irromper em lágrimas. Ela quer voltar
para a casa de Will. Ela nunca irá se lembrar de todos os
nomes e por mais que queira segurar o bebê, não quer
trocar a fralda fedida dele.

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JAMIE BEGLEY

“Nada. Não estou com fome”, ela murmura, cruzando os


braços sobre a mesa e deitando a cabeça. Ela não quer chorar na
frente de todos os seus novos irmãos.

Silas se senta ao lado dela no banco. “Eu sou um bom


cozinheiro. Você gosta de queijo grelhado?”

“Não”, ela murmura, começando a chorar.

“Miojo?”

“O que é isso?” Ela murmura, chorando mais, trazendo os


dedos para o bolso frontal debaixo da mesa.

“Tem que haver algo que você gosta.”

Evangeline só consegue pensar em uma coisa que queira.


“Eu gosto de molho de geleia.”

“Molho de geleia?”

“Faça para ela um sanduíche de manteiga de amendoim e


geleia”, diz seu novo pai. “Todas as crianças gostam de sanduíches
de manteiga de amendoim e geleia.”

“É isso que você quer?” Silas pergunta suavemente.

“Não.”

“Com o que se parece?”

“É vermelho e em lata.”

“Ela está falando de molho de cranberry!”

Evangeline olha para cima e vê que Jody descobriu.


Fungando, ela assente.

“Você quer um pouco de molho de cranberry?”

Ela assente novamente.

“Isso vai fazer você feliz?”

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Evangeline assente.

“Então eu vou pegar um pouco para você. Acho que ainda


temos uma lata do Natal.”

Endireitando-se, ela observa Silas sair da sala, depois volta


com uma lata familiar em uma mão e um abridor de lata na outra.
Sentando-se ao lado dela, ele começa a abrir a lata.

“Ela vai ficar doente se isso é tudo que ela vai comer”, diz
Isaac, duvidoso.

Silas dá a seu irmão um olhar severo antes de gritar: “Leah,


traga-me uma colher!”

A garotinha volta correndo para a sala, carregando uma


colher e um saco de gotas de chocolate, depois sobe no banco.

“Posso ter um pouco?” Leah pergunta quando Silas desliza


a lata aberta na frente de Evangeline.

“Sim.” Tomando a colher que Leah entregou a ela, ela espera


até Leah voltar com outra colher antes de mergulhar a colher na
geleia vermelha. Abrindo a boca, ela come a geleia com todos a
observando.

“Gosto de molho de cranberry”, diz Silas. “Exceto, que eu


gosto de comer o meu em um sanduíche de peru.”

A colher para na metade da boca. “Eu também.”

“Não temos peru, mas posso fazer um sanduíche de


presunto para você. Você quer que eu faça um para você?”

“Sim por favor.”

“Posso ter um?” Leah pergunta.

“Eu vou fazer um para você”, Silas concorda.

“Eu também”, diz Jody, sentando-se no banco.

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JAMIE BEGLEY

“E eu!” Moses grita, sentando-se ao lado de Jody.

Seu novo pai se senta na cadeira solitária no final da mesa.


“É melhor trazer o pacote inteiro de presunto e pão. Jacob, aqueça
aquela sobra de caçarola de batata que jantamos na noite
passada. Vamos fazer o primeiro jantar de Ginny conosco. Então
todos nós vamos fazer cookies. Vou fazer alguns de manteiga de
amendoim só para nós. Como isso soa, Ginny?”

“Leah pode ter um?”

“Filha, é melhor você saber uma coisa sobre mim.” Seu rosto
fica sério quando ele se inclina para frente. “O que dou a um
jovem, dou a todos.” Sorrindo, ele desliza o molho de cranberry
em sua direção para despejar em uma tigela que Silas colocou na
frente dele. “Bem, exceto Ezra, mas assim que ele tiver dentes,
compartilharemos com ele. O presunto ainda é um pouco
borrachudo para ele.” Seu novo pai muda Ezra para a outra coxa
quando o bebê pega a tigela.

Olhando em volta da mesa, Evangeline deseja que Trudy


estivesse ali. Ela acha que sua irmã iria gostar da sua nova
família. Trudy prometeu a ela que faria, e ela sempre cumpre suas
promessas. Se ela manteve esta, manterá a mais importante.
Encontrará Trudy e elas estarão juntas novamente. Ela só tem que
ser corajosa até que esse dia chegue. Hoje não é esse dia, mas
conseguir sete irmãos, outra irmã e poder comer geleia de cereja
está bom.

Dando uma mordida no sanduíche, ela tem que admitir que


o presunto não é ruim. Não é peru, mas é bom.

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6
8 anos depois

Ginny 12 / Gavin 25

Gavin se ergue sobre o cotovelo para encarar a mulher com


quem acabou de fazer amor, incapaz de resistir a lamber a gota de
suor que se agarrou ao lábio inferior.

“Eu te amo.” Descansando os antebraços em cada lado da


cabeça dela, Gavin não pode acreditar que a bela mulher lhe
pertence.

Taylor passa os braços em volta do pescoço dele, enquanto


ela se curva sedutoramente sob o peso do corpo dele. “É melhor
mesmo, ou você acabou de desperdiçar seu dinheiro comprando
um anel para mim.”

Ele procura por seu pulso em seu pescoço, abaixando-o


para ver a enorme pedra que ele lhe deu duas horas atrás. “Você
gosta disso?”

Não é o anel que ele esperava que ela desejasse, mas quando
eles foram às compras, os olhos de Taylor foram atraídos como
um ímã para o grande diamante que estava na frente e no centro
da caixa do joalheiro.

“Eu amo quase tanto quanto eu amo você.”

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Puxando a mão dela para os lábios dele, ele a beija antes de


colocá-la de volta em seu pescoço. “Eu sou o homem mais sortudo
do mundo.”

Gavin estremece com a ponta dos dedos dela na nuca. “Eu


retiro. Sou o homem mais sortudo do universo.”

Os lábios dela se curvam em um sorriso satisfeito. “Valeu a


pena esperar?”

“Eu esperaria mais quatro meses, se fosse o tempo que


levaria para ter você na minha cama.” Ele geme, seu pau já ficando
duro novamente quando ela circula suas coxas em torno de seus
quadris, então sua buceta embala o seu pênis crescente.

“Eu só queria ter certeza de que você sabia onde estava sua
cabeça.” Ela sensualmente esfrega os seios no peito dele, fazendo-
o cerrar os dentes para impedir que seu pau se aprofunde dentro
de sua buceta. “Não é como se você não tivesse um clube cheio de
mulheres para cuidar de você.”

“Eu disse que não importava quantas mulheres estavam no


clube, se nenhuma delas era você.”

“Acredito em você, mas queria ter certeza.”

“Você tem certeza agora?” Ele pergunta, então espera


ansiosamente pela resposta dela.

“Com certeza eu concordei em casar com você, não é?”

“Vamos nos casar amanhã”, ele resmunga enquanto


acaricia a curva do pescoço dela.

“Eu disse que quero um grande casamento.” Afastando a


cabeça, sua expressão se torna suplicante. “Você não quer me ver
andando pelo corredor em um lindo vestido?”

“Prefiro ver meu anel de casamento em seu dedo


amanhã.”

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JAMIE BEGLEY

Seus lindos olhos escurecem de dor quando Taylor desliza


por baixo dele para se levantar. “Se você me amasse, entenderia o
quão importante é um grande casamento para mim.”

A decepção em seu rosto o faz perceber que será outro


daqueles momentos em que ele terá que ceder às exigências dela
para fazê-la feliz.

Levantando-se da cama, ele a puxa para seus braços. “Se é


tão importante para você, então é importante para mim. Se um
grande casamento é realmente o que você quer, então você pode
ter todos os sinos e assobios.” Sentado na cama, Gavin a puxa
para seu colo.

As palavras dele não iluminam o humor dela. “Talvez você


não esteja pronto para se comprometer comigo do jeito que eu
quero. Você está preocupado que os Last Riders vão convencê-lo
a não se casar comigo?”

“Essa não é a razão, querida. Prometo que a única razão


pela qual queria me casar o mais rápido possível é porque não
quero arriscar que você mude de ideia.”

Seus cílios grossos caem para cobrir a dor em seus olhos


que o faz pensar em maneiras de acalmá-la.

“Viper me odeia, não é?”

“Não, ele não odeia.” Isso é mentira. Seu irmão não gosta da
mulher que ele escolheu passar o resto da vida, mas até agora ele
mantem suas opiniões para si mesmo, ao contrário do seu melhor
amigo, com quem ele é tão próximo quanto Viper. “Eu não sei por
que você continua dizendo isso. Viper não diz nada sobre o nosso
relacionamento.”

“Só porque ele espera que você se canse de mim. Se ele


tivesse o que queria, você nunca mais me veria.”
Descansando a cabeça no ombro dele, ela passa a mão
acariciando seu peito. “Ele me odeia quase tanto
quanto Rider.”

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JAMIE BEGLEY

Gavin fica rígido quando a mulher que ele ama soluça, se


aproximando dele como se procurasse refúgio. “O que faz você
pensar que Rider não gosta de você?”

“É óbvio para mim; Não sei como você não percebe. Ele é
sempre rude comigo quando você não está por perto, mas quando
você está lá, ele não poderia ser melhor. Na noite em que cozinhei
aquele jantar agradável para você e você não apareceu, você não
disse que Rider era o motivo?”

“Ele precisava da minha ajuda naquela noite”

“Ele está sempre se intrometendo em nossas noites


especiais. Você precisa abrir os olhos, Gavin, e perceber que Rider
está tentando nos separar.”

“Estamos acostumados a cuidar um do outro quando algo


acontece. Eu o chamo quando preciso de algo resolvido.”

Ela levanta os olhos brilhantes para os dele. “Em outras


palavras, quando você precisa de algo, sempre se volta para ele e
não para mim?” Taylor tenta escorregar de seu colo. “Talvez você
deva se casar com ele.”

Gavin aperta os braços em volta da cintura dela, mantendo-


a imóvel. “Você está me pedindo para deixar os Last Riders?” Ele
observa a expressão dela atentamente, lendo as emoções
conflitantes brilhando em seu rosto.

“Você iria?”

Gavin não perde o brilho desejoso em seus olhos que ela


tenta esconder atrás dos cílios abaixados.

“Você está perguntando?”

Quando ele disse a Rider que estava pensando em pedir que


Taylor se casasse com ele, Rider avisou que Taylor nunca
ficaria satisfeita com ele ficando no clube. Ele estourou
com Rider, dizendo-lhe que Taylor sabia desde o

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início que ele nunca deixaria o clube. Agora ela o faz reconsiderar
as palavras de Rider. Taylor está certa e Rider está tentando
separá-los, implantando o pensamento em sua cabeça?

Os olhos dela se arregalam seriamente. “Eu nunca pediria


que você deixasse o clube. Eu sei o quanto isso significa para
você.”

Aliviado por ele não ter que fazer a escolha, seus braços
suavizam ao redor dela. O alívio foi de curta duração.

“Eu nunca pediria que você fizesse algo que o deixasse


infeliz. Você sair do clube tem que ser sua decisão. O que se
resume é: poderemos fazer nosso casamento funcionar se você
constantemente colocar o clube em primeiro lugar? Eu sempre
colocarei você em primeiro lugar. Só estou pedindo o mesmo. É
pedir demais a um homem que jura que me ama tanto quanto
você diz que ama?”

“Não.” Os braços dele ficam rígidos enquanto o corpo dela


fica mole contra ele.

Ela desliza os lábios sobre o peito, por cima do ombro, para


morder o lóbulo da orelha dele enquanto tenta convencê-lo a
deixar o clube. “Os Last Riders esperam que você se jogue na
frente das balas para protegê-los. Eles vão esperar a mesma
lealdade depois que nos casarmos?”

Taylor desliza suavemente a mão em volta do pescoço dele


quando ele não responde sua pergunta imediatamente. “Será que
algum dia vou chegar primeiro com você ou constantemente vou
ficar atrás dos Last Riders?”

Gavin estreita os olhos nos dela enquanto espalha as coxas,


deixando Taylor cair no chão acarpetado sem levantar a mão para
impedir sua descida. O queixo dela cai com a reação inesperada
dele.

Ele ama Taylor, mas nenhuma mulher corta


suas bolas e acha que ele correrá em círculos em

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volta dela apenas para mantê-la feliz. Sua lealdade sempre estará
com os Last Riders, apesar de quanto ele se importa com uma
mulher.

Ele afasta as mãos dela, irritado porque ela esperou até que
ele deslizasse um anel em seu dedo, enquanto os lençóis ainda
estão quentes de onde eles haviam fodido antes de expressar suas
preocupações sobre onde estão suas lealdades.

“Você não se importou que eu era um Last Rider quando


pediu a Jewell que a levasse a uma das festas e se certificou de
que ela me apresentasse a você. Minha lealdade vai para quem
ganha. Viper não é apenas meu irmão, ele ganhou minha lealdade,
assim como os outros irmãos. Se você acha que não sou capaz o
suficiente para garantir que, como minha esposa, eu saiba quando
colocá-la em primeiro lugar, você deve desistir do noivado
enquanto ainda há tempo e encontrar outro otário que não se
importará com você mudar sua música para conseguir o que quer,
porque sinto muito por sua sorte, mas eu não sou esse homem.”

Em qualquer outro momento, Gavin teria rido da boca


aberta de Taylor.

Até agora, ele foi facilmente maleável para a maioria de suas


demandas, astutamente consciente de que ela poderia ser uma
cadela quando estivesse fora de vista. Ele queria transar com ela
e estava disposto a jogar qualquer jogo que ela quisesse para
entrar em sua cama. E mesmo que ele se apaixonou por ela
gradualmente, não ficou cego para a pessoa que ela é por baixo.

Taylor tende a ser manipuladora, possessiva e dramática.


Nenhuma dessas qualidades lhe causa problemas, principalmente
quando associada à atração física que ele sente por ela. Desde que
conheceu Taylor, ele conseguiu entender melhor a atração de
Rider por Delara, apesar dos avisos dos outros irmãos e de si
mesmo e dos sinais de alerta que haviam se tornado
realidade.

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Gavin, por outro lado, não está fazendo vista grossa para as
falhas de Taylor, apenas dando a ela a chance de perceber que
não precisa recorrer a jogos mentais para controlá-lo. Ele não
tinha planejado um longo compromisso, mas agora, percebendo
que ela não está bem com ele permanecendo como um Last Riders
como ela fingia, talvez seja melhor esperar. Ele terminará seu
relacionamento com Taylor antes que ele se afaste dos irmãos. Se
demorar muito tempo para ela descobrir isso, então ele estará
esperando. Melhor ainda, ela precisa entender essa merda antes
que qualquer casamento seja planejado.

Olhando para Taylor, sua expressão endurece com o que ela


está tentando fazer. Inclinando-se para a frente, ele segura o
queixo dela, erguendo os olhos para encontrar os dele. “Você deve
nos fazer um favor e terminar com isso agora se estiver
reconsiderando sua decisão de se casar comigo. Eu sempre fui
sincero com você sobre o clube. Posso prometer ser fiel e protegê-
la com a minha vida se nos casarmos, mas fugir dos irmãos não é
uma opção. Se você pode lidar com isso, não tem nenhum motivo
para questionar minha lealdade a você.” Soltando a mão do queixo
dela, ele levanta a palma da mão na frente dela. “Se não, você pode
devolver meu anel e podemos seguir em frente sem
ressentimentos.”

Consternação traz um rubor vermelho às bochechas diante


de sua atitude intransigente. Ele não conseguiu sua posição nas
forças armadas e no clube por ser um ingênuo.

Os Last Riders lhe confiaram não apenas a lealdade, mas


também as finanças. No momento, ele está procurando iniciar um
negócio que assegure seu futuro e ajude outras pessoas. Os
irmãos podem não estar mais nas forças armadas, mas ainda
assim querem melhorar a vida dos necessitados, motivo pelo qual
muitos responderam ao chamado para servir.

Taylor dá uma pequena risada; não o enganou


que ela estivesse falando sério sobre tentar fazê-lo
escolher lados entre ela e o clube.

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“Eu te amo. Acho que só estou preocupada em ficar em


segundo lugar para você.”

“Você nunca poderia ficar em segundo lugar comigo. Eu te


amo.” Sua expressão suaviza quando ele tenta tranquilizá-la. “Eu
não estaria disposto a me comprometer com você, a menos que
acreditasse que poderia ser o marido que você precisa que eu
seja.”

Taylor se ajoelha para enlaçar os braços em volta do pescoço


dele, ignorando a mão estendida. “Você tem certeza sobre isso? Eu
pretendo ser uma esposa muito exigente.”

Erguendo-a de volta ao seu colo, ele passa os braços em


volta da cintura dela para pressioná-la firmemente contra ele.
Sentindo a pressão satisfatória de seus seios se ajustando
confortavelmente contra seu peito, seus pensamentos passam de
irritação a desejo.

Caindo na cama, ele só pode olhar para a criatura


deslumbrante acima dele. Mesmo com o cabelo bagunçado e
maquiagem borrada, Taylor tem aquela qualidade que atrai
homens para ela. Ele não foi o único irmão que a queria em sua
cama, mas ele foi o único a ter sucesso. “Agora sim está aqui a
mulher que eu amo. Fiquei preocupado por um segundo que ela
tivesse se afastando de mim.”

Taylor revira os olhos para ele. “Eu posso ser uma bruxa de
verdade às vezes. Desculpa.”

O sorriso arrependido o faz agarrar seus quadris para


pressioná-la sugestivamente em seu pau. “Faça as pazes comigo
e eu vou te perdoar.”

Ela começa a deslizar a mão entre seus corpos. “Eu posso


fazer isso.”

Sua cabeça recua quando Taylor agarra seu pau


e começa a usar seu toque mágico para fazê-lo
esquecer as dúvidas que ele estava tendo sobre

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JAMIE BEGLEY

pedir que ela se casasse com ele. Ele abre as coxas na cama
quando ela começa a se abaixar para colocar a boca sobre a ereção
que dói para reviver as carícias hábeis da noite anterior.

Colocando uma mecha de seu cabelo castanho-


avermelhado que esconde sua visão atrás da orelha, ele respira
fundo quando Taylor cobre a cabeça do seu pau com os lábios
sedosos.

O som do celular o faz cerrar os dentes de frustração.


Erguendo-se sobre os cotovelos, Gavin começa a pegá-lo ao
mesmo tempo em que Taylor aperta a mão em seu pulso.

“Não.” Seus olhos imploram para que ele não responda


enquanto ela empurra seu ombro para pressionar com a outra
mão.

“Baby, eu tenho que responder.”

“Deixe para lá desta vez.” Agarrando seu pulso, ela usa toda
sua força para detê-lo enquanto implora. Ele não sabia que Taylor
é capaz de usar a quantidade de força que ela está exercendo. É
quente pra caralho.

Gavin começa a relaxar de volta na cama enquanto ela


balança de volta para baixo em direção ao pau dele. Tanto seu pau
quanto sua cabeça querem ceder à sua demanda quando o
telefone para de tocar, mas sua consciência não o deixa.

Erguendo a mão da dela com a outra mão, Gavin pega o


telefone. Todos os irmãos sabem que ele estava propondo a Taylor
ontem à noite, para que não interrompessem a menos que fosse
importante.

Quando ele pega o telefone, uma sensação estranha o


golpeia para não rediscar o número que acabou de ligar. Dando
de ombros, assim como com as reclamações que vem de
Taylor, ele disca o número.

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JAMIE BEGLEY

Enquanto ouve a voz do outro lado, ele começa a deslizar


seu corpo nu por baixo de Taylor para pegar as roupas que estão
espalhadas no chão da noite anterior.

“Esteja lá em dez.” Desligando a ligação, ele larga o telefone


na cama e começa a puxar as botas.

Taylor joga ressentidamente o cabelo por cima do ombro


enquanto se senta na cama. “Deixe-me adivinhar. Foi Rider, não
foi?”

“Você adivinhou errado.” Colocando o pé no chão, ele torce


lateralmente para colocar a mão na cama ao lado do quadril dela.
De pé, ele coloca a outra mão do outro lado do quadril dela.
Deixando sua boca pairar sedutoramente sobre a dela, ele traça o
contorno dos lábios dela com a ponta da língua antes de
responder. “Era Shade.”

A testa dela franze. Taylor já está com ele há tempo


suficiente para saber que Shade só liga quando é uma emergência.
“O que ele queria?”

“Não vou saber até eu chegar lá. Vou vê-la hoje à noite no
clube ou você vai me fazer pagar por abandoná-la agora?”

Quando ela vira o rosto para o lado, ele tem sua resposta.

“Por que eu deveria?”

Uma mão firme volta o rosto dela para o dele. “Faça como
quiser.”

Cessando após a reação insensível dele à sua recusa, ela


rapidamente se afasta, retrocedendo descaradamente quando vê
que ele não estará implorando para que ela reconsidere. “Eu
estarei lá.”

Gavin pressiona um beijo forte em seus lábios. “Agora


é a mulher pela qual me apaixonei.” Ele leva a mão à
buceta ainda úmida que quase o faz postergar o

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pedido de Shade para encontrá-lo. “Eu vou compensar isso esta


noite.”

“Melhor fazer.”

Removendo a mão, ele se levanta. “Pergunte a qualquer um


dos irmãos; sempre mantenho minhas promessas.”

Tirando as chaves da moto da mesa de cabeceira, ele se vira


para a porta do quarto, seus pensamentos já mudando para o que
Shade precisa discutir com ele.

“Gavin ...”

Ele dá um sorriso arrogante por cima do ombro. “O que?”

“Deixa pra lá.” Ela balança a cabeça para ele. “Não é


importante. Vou vê-lo hoje à noite.”

“Tem certeza?”

“Você ficaria se eu te implorasse?”

Gavin se vira da porta para encará-la. “De onde diabos isso


está vindo?”

“É uma pergunta legítima. Você sempre vai sair da minha


cama toda vez que um dos Last Riders ligar?

“Depende de quem está ligando e por quê”, ele responde


honestamente.

“Eu não deixaria a cama em que você está, não importa o


motivo.” Em vez de dar a ele o olhar zangado que ele espera, ela
tira a bunda da cama para caminhar sensualmente em direção a
ele. “Acho que vou ter que trabalhar mais para conseguir que você
fique.”

O perfume sensual que ela está usando provoca suas


narinas enquanto ela se aproxima.

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Ele agarra seus braços para puxá-la para seu corpo. Se


Taylor quer tomar como desafio mantê-lo na cama, ele não está
prestes a ser estúpido o suficiente para contradizê-la. Enquanto
ele lhe dá um beijo rápido que é difícil para ele terminar, ele quer
ser sugado de volta ao redemoinho de desejo com o qual Taylor é
uma especialista em tentá-lo e levá-la para a cama para começar
de onde eles pararam. Se fosse outro irmão, ele pularia a reunião,
mas precisa da ajuda de Shade para convencer Viper a expandir
os negócios.

“Mande-me uma mensagem antes que você esteja pronta


para ir para o clube; podemos nos encontrar em algum lugar para
jantar.” Com isso, Gavin, infelizmente, a solta de seus braços.

“Estou com vontade de italiano.”

“O que você quiser”, ele concorda.

Taylor roça os seios nus contra o peito dele quando ela abre
a porta do quarto para ele. “Você tem certeza que não quer mudar
de ideia?” Ela brinca.

“Baby, eu me arrependo de cada vez que deixo você.”

Ela se recosta na porta aberta e leva as mãos ao cinto dele.


“A melhor maneira de você parar de se sentir assim é fácil. Só não
ir embora.”

“Nada sobre você é fácil; por isso me apaixonei por você.”

“Você está tentando me falar gentilmente para voltar para a


minha cama hoje à noite?”

Sorrindo, ele lhe dá outro beijo forte. “Está funcionando?”

“Você terá que esperar até hoje à noite para descobrir.”

“Acho que sim.” Ele se afasta dela. “Adeus querida.”

Lamentavelmente, força-se a passar pela porta.


Ele planejou passar o dia inteiro com ela para que

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pudesse lhe contar que iria sair da cidade na próxima semana.


Agora ele terá que esperar até amanhã para contar, já que ela já
está com raiva dele. Se ele disser a ela hoje à noite, ela não apenas
devolve o anel, mas Taylor o enfiará na sua garganta.

Saindo pela porta da frente, ele faz questão de trancar a


porta atrás dele. Taylor mora em um bairro nobre onde há pouco
ou nenhum crime, mas não há necessidade de tentar o destino.
Enquanto ele está fora da cidade, ele pedirá a um dos irmãos para
ficar de olho nela. Ele espera convencê-la a se casar nos próximos
dias e aproveitar a oportunidade do seu tempo livre na rotina
diária da fábrica como lua de mel.

Ele tem que explorar vários locais e achou que a viagem


seria uma lua de mel perfeita. Agora ele pode ver que sua ideia
meia-boca seria um fracasso desde o início.

Talvez ele devesse perguntar a Rider se ele está animado


para uma viagem? Assim que essa ideia lhe vem à mente, ele a
corta. Ele não quer passar as próximas semanas tranquilizando
Taylor que Rider não está tentando secretamente separá-los. Ele
sentirá falta de ter Rider como seu segundo, mas Gavin prefere
voltar para uma noiva feliz ao invés de uma que questiona cada
movimento que ele faz enquanto está fora. Ou alguém que
terminará com ele antes que ele possa arrumar o carro para a
viagem.

Ao ligar sua moto, ele sabe que Rider e sua moto serão
deixados para trás. Não ter Rider será péssimo, mas não ter sua
moto será tão ruim quanto.

A viagem está começando a ser mais do que ele esperava


quando teve a ideia. Felizmente, ele não demorará muito, e ele e
Taylor não se separarão novamente depois. Eles passarão o resto
de suas vidas juntos.

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO SETE

Gavin xinga enquanto estaciona sua moto e depois olha


para o relógio. Ele passou muito tempo apaziguando Taylor.

Ao descer da moto, ele acena para vários irmãos do lado de


fora da sede do clube. O prédio já foi uma taberna falida que ele e
Rider conseguiram comprar do proprietário, que estava mais do
que pronto para seguir para um clima mais quente. Ele
praticamente teve que arrastar Rider para dentro quando eles
pararam e depois que eles passaram pelos quartos de hóspedes e
pelos banheiros, ele literalmente teve que tirá-lo de sua moto antes
que ele pudesse convencê-lo a entrar na área do bar. Construído
na década de 1870 aqui em Ohio, foi passado de filho para filho e
as únicas coisas que mudaram foram as torneiras nos barris.

Ele comprou a taberna enquanto Rider bebia a cerveja que


o proprietário lhe entregou. Gavin ri para si mesmo com a
memória. Rider não parou de chorar até que as reformas
terminassem. Ele ainda acha que metade das lágrimas deve ter
sido da maior parte do trabalho e a outra metade foi pelo dinheiro
que ele deu para tornar o clube dos Last Riders uma realidade.

Caminhando em direção à porta, Moon a abre enquanto ele


se aproxima. Sorrindo, Gavin lhe dá um tapinha no ombro antes
de entrar.

Olhando ao redor do grande salão, ele passa pelo


longo bar até a mesa no final. O sorriso de Gavin não
desliza com a expressão de Shade. Ele odeia ficar

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esperando e Gavin sabe que o irmão frio como pedra não vai
considerar ele tentar manter Taylor feliz como uma razão para
mantê-lo mofando até que ele pudesse chegar aqui.

Gavin não acha que ele viverá o suficiente para ver aquele
filho da puta apaixonado. Se Shade tem um pingo de emoção nele,
ele ainda não viu. Eles se tornaram amigos no serviço, se é que
pode ser chamado de amizade. A amizade é uma via de mão dupla.
Enquanto ele chama Shade de amigo, Gavin não acha que Shade
tem o mesmo sentimento internamente. Ele não acha que Shade
sinta nada por ninguém. Inferno, o irmão pode foder como se não
houvesse amanhã e ainda deixar mais de uma mulher implorando
por mais.

Seu sorriso aumenta quando vê quem está sentado com


Shade, encoberto pelo canto do bar. Quando o homem se levanta
com um sorriso em resposta, Gavin estende a mão quando se
aproxima o suficiente.

“Will! Shade não me disse que você estava na cidade!”

“Cheguei ontem à noite.” O pai de Shade aperta sua mão


com olhos brilhantes. “Eu teria telefonado e dito para você vir
aqui, mas Shade me disse que você estava ocupado propondo à
garota bonita que você me apresentou na última vez que estive na
cidade.”

“Eu teria esperado se soubesse que poderia ter perdido sua


visita”, brinca Gavin, soltando a mão de Will para dar um abraço
de urso no pai de Shade. “Porra, é bom te ver, velho.”

Will o abraça de volta antes de afrouxar o aperto para


encará-lo criticamente. “Ela deve ter dito que sim. Você parece
feliz demais para um homem que foi informado de que não.”

“A menos que ele esteja aliviado que ela disse não”, Shade
interrompe antes de tomar um gole de cerveja.

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JAMIE BEGLEY

“Ignore-o, Gavin”, diz Will, sentando-se novamente. “Meu


filho não tem um osso romântico no corpo.”

Gavin se senta do outro lado da mesa em frente aos dois


homens. “O clube inteiro está ciente desse fato, senhor”, ele
brinca, virando-se para dar à mulher atrás do bar uma piscada
despreocupada. “Não é mesmo, Jewell?”

“Bliss e eu estávamos conversando sobre isso há alguns


minutos atrás, quando ele estava indo te ligar para ver o que
estava te atrasando tanto.”

Gavin se vira para Shade. “Desculpe por isso, mas estou


aqui agora. Você contou as boas notícias ao seu pai?”

Shade arqueia uma sobrancelha irônica para ele. “Que você


quer que gastemos o último dinheiro do clube na compra de um
novo imóvel ou que você quer que eu empreste dinheiro para
construir uma nova fábrica quando o fizer? Sim, eu disse a ele.”

Will lança um olhar de censura ao filho. “Eu penso que é


uma grande ideia.” Ele volta sua atenção para ele. “Onde você está
pensando em procurar uma propriedade?”

Gavin não deixa Shade abafar sua excitação. “Jewell, você


se importa de me entregar a pasta que deixei atrás do balcão e
uma xícara de café?”

Enquanto espera Jewell pegar o café, ele pergunta sobre a


esposa de Will, madrasta de Shade.

“Rachel está ocupada. Ela deve estar chegando… Ahh…


Aqui está ela agora. Eu prometi a ela uma viagem de compras.
Você se importa se ela se juntar a nós até terminarmos?”

“De jeito nenhum”, diz Gavin, levantando-se para abraçar a


mulher sorridente quando ela alcança a mesa.

“Gavin, você fica mais bonito toda vez que venho


à cidade.”

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JAMIE BEGLEY

“Tome cuidado. Você deixará Will com ciúmes. Eu não teria


pedido que Taylor se casasse comigo se achasse que tinha a
chance de convencer você a se divorciar dele.”

Rachel dá um tapinha na bochecha dele. “Você não poderia


me controlar. Estou no auge da minha vida. Você está apenas
começando.”

Gavin ri, colocando a mão sobre o coração. “Você sempre


me mata. Um dia vou fazer você reconsiderar e dar a Will algo para
se preocupar.”

Quando eles se sentam, Jewell coloca a xícara de café e a


pasta na frente dele antes de se abaixar para colocar um braço
sobre o ombro de Rachel para lhe dar um abraço lateral.

“Posso pegar alguma coisa para você?”

“Como meu marido está bebendo uma cerveja, vou tomar


uma xícara de café. Não quero que ele seja parado e tenha que
explicar por que um xerife tem álcool em seu hálito.”

Gavin pisca para ela. “Traga uma cerveja para ela, Jewell.
Ficarei feliz em levá-la por aí esta manhã. Isso me dará a chance
de passar o dia com você antes de sair.”

Rachel arrasta a cadeira para a frente. “Ouviu isso, Shade?


Alguém que realmente quer passar algum tempo conosco.” Ela dá
um sorriso agradecido quando Jewell desliza uma caneca de
cerveja na frente dela.

“Passei os últimos dois dias levando você às compras. Se


Gavin quer ser voluntário, pode ir em frente. Papai e eu podemos
ficar aqui e conversar.”

“Você quer dizer, ficar aqui e jogar poker?” Ela revira os


olhos para o baralho de cartas parado no meio da mesa. “Quando
eu voltar, ninguém no clube terá um centavo em seu
nome.”

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JAMIE BEGLEY

Shade se inclina para frente, pegando as cartas para


embaralhá-las. “Vou precisar de cada centavo que conseguir, se
Gavin me convencer a dar o empréstimo que ele está tentando.”

É a vez de Gavin revirar os olhos para Shade. “Você poderia


emprestar ao clube o suficiente para construir três fábricas e
ainda ter o suficiente para uma refeição feliz.”

Shade corta as cartas. “Por que precisamos de duas


fábricas? Nós poderíamos apenas vender a que estamos usando
agora e comprar uma maior.”

“Nós poderíamos fazer isso, mas eu quero expandir os


negócios. Uma será usada principalmente para produção e a outra
será para distribuição.”

“Faz sentido para mim, filho.” Will se recosta na cadeira


para colocar o braço nas costas da cadeira de Rachel.

“Faz sentido para você, porque não é o seu dinheiro.” Shade


enfileira seis cartas na mesa com a face para baixo.

“Podemos encontrar uma cidade pequena que precisa de


crescimento econômico e dar a quem mora lá novas oportunidades
de ganhar uma vida decente. Dar a eles empregos para criar um
futuro e, na verdade, construir uma aposentadoria, para que não
precisem se preocupar em não ter dinheiro suficiente para viver.”

“Parece Treepoint”, Rachel diz sem alegria. “Eles precisam


desesperadamente de empregos lá.”

“Treepoint?” Gavin abre a pasta que está usando para


montar possíveis locais. “Onde você e Will moram? No Kentucky?”

“Sim. É uma cidade pequena. Tem apenas algumas


empresas ainda abertas. A maioria dos jovens deixou a cidade.
Will e eu crescemos adorando morar lá.”

Gavin toma um gole de seu café morno,


lembrando exatamente por que o pai e a madrasta

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de Shade foram para Treepoint em primeiro lugar. “Como está a


garotinha que você foi verificar?”

Curiosamente, Gavin nota a expressão assustada de Will


com a pergunta.

“Beth ou Lily?” Rachel pergunta calorosamente. “Elas estão


indo bem desde que Will é xerife. Graças a Deus que Cash pediu
a Will para checá-las depois que ele se aposentou...”

“Rachel ...” Will avisa.

Rachel fecha a boca com raiva e encolhe os ombros. “Eu


sinto muito. Eu não deveria ter dito nada. É que aquele homem
me deixa doente.”

“Cash me disse que estava surpreso por você não ter


decidido sair de Treepoint depois que os pais delas morreram.”

Os olhos de Rachel ficam embaçados. “Eu me apeguei à


cidade e às pessoas da cidade, mas sempre sonhei em ter aquele
trailer que Will continua me prometendo e viajar.” Dando um olhar
amoroso ao marido, ela coloca a mão sobre a dele sobre a mesa.
“Ele simplesmente não está pronto para deixar de ser xerife ainda.
Provavelmente vai partir alguns corações se ele o fizer.”

Gavin acha estranho o jeito como Will começa a se


concentrar nas cartas com as quais Shade está jogando, evitando
o olhar de sua esposa. Atribuindo à relutância de Will em deixar
Treepoint, Gavin tem a sensação de que Will não está tão ansioso
para pegar a estrada quanto Rachel.

“Várias mulheres na cidade estão sempre parando no


escritório para deixar tortas ou bolos. Eu juro, desde que ele se
tornou xerife, ele ganhou 7 quilos. As crianças da cidade sabem
que ele é massinha nas mãos delas. Uma em particular tem que
sentar com ele todos os domingos na igreja e ele a leva para
almoçar depois.”

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JAMIE BEGLEY

“Onde estão os lugares que você está pensando?” Will


aponta com a cabeça para a pasta. “E eu pensei que você queria
passar o seu último dia aqui fazendo compras, não escondida aqui
no clube discutindo Treepoint.”

Gavin fica pensando nessa mudança abrupta de assunto.


Algo em sua atitude o faz pensar que Will não quer discutir a
garota que Rachel mencionou. Ele nota que Shade sabe alguma
coisa sobre isso também. Seus dedos param sobre as cartas e
amplia os instintos que o mantiveram vivo nas forças armadas.

Pegando dois papéis, Gavin os coloca sobre a mesa.


Tocando um com a ponta do dedo, ele explica seu interesse. “Este
está em uma pequena cidade na Flórida. O espaço não é muito
grande, mas possui metragem quadrada suficiente que pode ser
separada em diferentes áreas. Possui uma doca de carregamento
e é facilmente acessível à interestadual, a um aeroporto e a
instalações de expedição próximas. O único problema real que
vejo é que não há propriedades próximas que possamos usar como
clube.”

Movendo a mão, Gavin coloca a outra em cima. “Esse


espaço no Texas já foi equipado como uma fábrica, também possui
as docas de carregamento de que precisamos. A interestadual, o
aeroporto e as instalações de expedição são igualmente acessíveis.
Há uma propriedade próxima onde poderíamos construir um
clube. O único problema com este é que a metragem disponível na
propriedade é menor do que eu queria e está conectada a outro
negócio em que teríamos que compartilhar a doca de
carregamento.”

Gavin move a mão quando Will estende a mão para pegar


os papéis. Segurando os dois papéis na mão, ele os estuda com
Rachel.

“Planejo ir ao Texas esta semana para examinar a


propriedade lá e passar alguns dias na cidade antes
de ir para a Flórida para fazer o mesmo.”

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JAMIE BEGLEY

Ele espera a reação de Shade, depois fica desapontado


quando ele não faz nenhum movimento para pegar os papéis
quando Will os coloca de volta na mesa.

“Parece uma perda de tempo explorar novas propriedades


que têm desvantagens.” Shade vira uma das cartas para cima.
“Classificaria essas propriedades em cinco.” Jogando a carta nos
papéis, Shade ergue o olhar de aço para ele enquanto vira outra
carta. “Você quer um empréstimo, é melhor procurar um que
obtenha isso de mim.”

Olhando para a carta dez, ele sabe que têm seu trabalho
descartado por ele.

“As pessoas lá têm uma alta taxa de desemprego e ...”

“Você tem certeza de que Rider sendo do Texas e você da


Flórida não influenciaram sua pesquisa?”

A palavra que Gavin quer usar não será possível na frente


de Rachel, então, engole-as de volta, ele se força a admitir a
verdade. “Eu tenho que admitir que gostaria de estar perto da
água novamente e Rider sente falta do Texas.”

“Você teria melhor sorte em conseguir dinheiro comigo para


comprar uma passagem de avião e voltar para casa para uma
visita. Eu não estou pessoalmente investindo milhares de dólares
porque vocês dois têm saudades de casa.”

Pegando os papéis para recolocá-los na pasta, Gavin sabe


que será inútil tentar mudar a decisão de Shade. Ele terá que
começar sua busca novamente. Olhando pelo lado positivo, ele
não precisará deixar Taylor tão cedo depois de ficarem noivos.

“Eu tenho uma sugestão.” Rachel se senta ansiosamente à


frente. “Você já planejava ir para a Flórida e o Texas; por que não
vai à Treepoint e dá uma olhada? Aposto que há vários
lugares vazios com baixo preço e que pode construir
como quiser.”

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JAMIE BEGLEY

“Eu estive lá. Os irmãos formarão uma fila para deixar o


clube se algum deles tiver que trabalhar lá” Shade diz enquanto
habilmente embaralha as cartas novamente.

“Não dê ouvidos a ele, Gavin. Você vai se apaixonar pela


cidade quando estiver lá.”

O apelo de Rachel o faz odiar ser o vilão e lhe contar as


inúmeras razões pelas quais isso não funcionaria. Apenas uma
coisa o impede de recusar sua oferta. Pode haver uma dúzia de
razões pelas quais isso não é possível a longo prazo, mas ele pode
aproveitar a oportunidade de visitar um amigo.

“Quanto tempo dura a viagem?”

Gavin sente os olhos azuis de Shade dando um aviso


silencioso. Ele sabe que Shade o está advertindo sobre Rachel. O
irmão não está se arriscando a mencionar sem querer que conhece
alguém que morava em Treepoint.

“Quando eu dirijo, cerca de cinco horas. Quando Will faz,


cerca de três anos e meio”, ela brinca com o marido. “Você
provavelmente poderia construir duas fábricas pelo mesmo preço
que pagará por uma que procura. O dinheiro que você
economizará permitirá contratar mais trabalhadores. Além disso,
você poderá encontrar um clube maior.”

O último comentário desperta seu interesse. Eles precisam


de um clube maior. Os irmãos estão reclamando por não terem
espaço suficiente. Muitos deles haviam entrado juntos para tentar
alugar apartamentos que pudessem compartilhar. Até agora, eles
não tiveram sucesso. Gavin não pode culpá-los; alguns dos irmãos
podem ficar desordeiros e, se ele possuísse um apartamento, não
sabe se alugaria para alguns homens com base na aparência
deles. Knox está tendo o maior problema. O irmão grande, de peito
largo, é intimidador o suficiente sem depilar deliberadamente
a cabeça e exibir um anel de língua toda vez que fala.

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JAMIE BEGLEY

Todos os irmãos serviram nas forças armadas uma vez ou


outra. Suas aparências ásperas foram conquistadas da maneira
mais difícil, por nunca saber se viveriam para ver outro dia.
Alguns deles ainda estão sendo solicitados para missões especiais.

Shade é capaz de escrever sua própria demanda, realizando


tarefas que ele quer e mandando que se fodam quando não o faz.
Lucky deixou o serviço e assumiu um papel de policial, enquanto
Train, Rider e ele foram recrutados para ingressar em uma equipe
encarregada de realizar missões de alto risco. Train pode pilotar
qualquer coisa com um motor, Rider é um mentor estratégico que
consegue descobrir o objetivo de um oponente em uma fração de
segundo e, no próximo, conceber uma maneira de detê-los. Ele foi
treinado para ser o apoio de Rider, mas Gavin é o primeiro a
admitir que não tem o talento de Rider em terra. A água é seu
domínio.

Ele se sente mais à vontade na água, é capaz de olhar para


uma extensão de água e entender as profundezas misteriosas
como a maioria das pessoas pode ler um mapa. Ele sabe nadar
por cavernas que muitos consideram intransponíveis e tem a
capacidade de nadar longas distâncias, adaptar-se a percorrer
trajetos longos e repetir as distâncias várias vezes. Ele pode não
ter a mente afiada de Rider, mas não pode ser derrotado pelo vigor.
A única outra pessoa que tem a mesma habilidade é Shade. Gavin
se gabou várias vezes de que Shade poderia levá-lo à exaustão em
terra, mas na água, ele acabaria puxando a bunda de Shade de
volta à costa.

Gavin ri para si mesmo, pensando que Shade se afogaria


antes de deixá-lo superá-lo.

Uma das salas do clube foi transformada em uma academia


improvisada em que Rider, Shade e ele foram juntos para comprar
o equipamento, apesar dos outros irmãos reclamarem que
queriam a sala como moradia. Ele deu um basta,
apesar de ter cedido às demandas deles e encontrou
outro lugar para se exercitar, mas não vai arriscar

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JAMIE BEGLEY

que Rider e Shade não consigam o que precisam para manter seus
corpos em forma. Para pertencer à sua unidade de elite, manter
seus corpos em forma é tão importante quanto manter seus
equipamentos em bom estado de funcionamento para sair a
qualquer momento. Enquanto Shade não trabalha com o mesmo
grupo, ele tem que estar pronto para as tarefas que aceita.

Colocando os papéis de volta na pasta, ele sabe que a


semana seguinte será gasta para encontrar outras propriedades
com as quais Shade concorde. A viagem para Treepoint não
demorará tanto, então ele poderá voltar no dia seguinte. Isso fará
Rachel feliz e ele será capaz de ver seu amigo.

“Você ganhou. Vou até lá e olhar em volta,” ele concorda.


“Apenas não tenha muitas esperanças. Não vejo Treepoint sendo
um local viável.”

A expressão alegre de Rachel não muda. “Eu não estou


preocupada. Você vai se apaixonar por Treepoint.”

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CAPÍTULO OITO

Eu sou tudo menos apaixonado.

Gavin estaciona cansadamente sua moto antes de entrar no


clube. Ele passou dois dias em Treepoint e não há uma
propriedade que atenda às necessidades dos Last Riders. A única
que chegou perto foi uma pousada antiga que precisaria de
reparos extensos para ser reprojetada como uma sede do clube. A
fábrica que ele sonha teria que ser construída do zero.

Entrando, Gavin olha ao redor do clube, sem ver quem ele


está procurando. Ele está prestes a ligar para Viper para descobrir
onde está quando uma mulher se joga em seus braços.

“Você voltou!”

Envolvendo seus braços em torno de Natasha, Gavin


retribui o abraço. “Os irmãos estão tratando você direito desde que
eu saí?”

“Você sabe que eles me tratam bem, esteja você por perto
ou não”, ela brinca. “Eles têm muito medo que você os expulse do
clube, se não o fizerem.”

“Isso é bom. Estou cansado demais para chutar a bunda de


alguém agora.” Soltando-a, ele dá outra olhada ao redor do clube.
“Você viu o Viper?”

“Ele está lá fora no escritório.”

“Obrigado.”

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JAMIE BEGLEY

Natasha dá-lhe um abraço rápido antes que ele possa se


afastar. “Estou feliz que você está de volta.”

“Acredite em mim, eu também.”

Afastando-se quando ela o solta, Gavin caminha para fora.


Dando uma breve batida, Gavin espera até ouvir seu irmão pedir
para ele entrar.

Viper se vira na cadeira quando ele entra na sala. “Como foi


a viagem?”

Gavin fecha a porta antes de responder à pergunta de seu


irmão. “Uma completa perda de tempo, além de poder ver Lucky.”

“Ele me disse. Disse que não achou que você ficou


impressionado com a cidade,” diz Viper, colocando o celular em
cima da mesa.

“Da cidade, gostei, apenas não como outro local para a


fábrica.”

Quando seu irmão gira em sua cadeira, Gavin sabe que


Viper lhe dirá algo que ele não vai gostar. Seu irmão nunca
encontra seus olhos quando ele usa sua autoridade como
presidente dos Last Riders sobre ele.

“Por que não funcionaria?”

Gavin se senta na cadeira ao lado da mesa de Viper. “A


interestadual mais próxima fica a uma hora e meia de distância,
o aeroporto fica a três e fica a oito horas de carro do oceano mais
próximo.”

“Você não gostou de nenhuma das propriedades que o


corretor de imóveis lhe mostrou?”

“Não. A única que chega perto é uma antiga pousada. Ele


tem uma quantidade razoável de imóveis à venda, mas
não quero começar outra reforma quando

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JAMIE BEGLEY

terminarmos esta. Os irmãos preferem voltar ao serviço antes de


morar em Treepoint e não posso culpá-los.”

“Você falou com Lucky sobre como está indo a investigação


dele?”

“Você sabe que sim. Economize-nos algum tempo, Viper;


Taylor está me esperando.”

“O tráfico de drogas lá é pior do que Will sabe. Lucky


descobriu que há um canal de drogas em pleno funcionamento
passando direto por Treepoint.”

“Nós já sabíamos disso. É por isso que Lucky está lá,


disfarçado como pastor.”

“Existem várias remessas grandes em andamento que a ATF


planeja deixar escapar pelas rachaduras para que seus agentes
possam rastrear os envolvidos.”

“Então é melhor que Lucky se ocupe. Pelo que ele disse,


estava tendo problemas para conseguir que as pessoas da cidade
se abram. Espera-se que a maioria das pessoas não queira
discutir o uso de drogas com o pastor. Lucky sabia quando ele se
disfarçou que isso não seria realizado da noite para o dia.”

“Ele estava apenas esperando ter mais avanços do que teve.


Como ele estava quando você o viu?”

“Ele sente falta dos irmãos. As poucas horas que passei com
ele, ele parecia bem.”

“Ele parecia bem quando eu falei com ele também.”

“Mas você não acredita que ele está?”

“Não. Will me disse que Lucky foi visitar uma paroquiana


doente cujo marido estava se recusando a levá-la ao hospital
porque achava que Deus a curaria. O marido chamou
Will porque Lucky se recusou a sair. Will teve que
arrastá-lo para fora de lá. Will conseguiu acalmá-lo

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

e convencer o marido a não apresentar queixa. Se ele cometer


outro erro como esse, colocará em risco sua investigação e todo o
seu trabalho árduo irá pelo ralo.” Preocupação marca a testa de
Viper.

Viper se tornou presidente dos Last Riders porque cada um


deles sente que ele protege suas costas, além de poder lidar com
a responsabilidade do clube como um todo. O mesmo sangue corre
pelas veias dele e de Viper, mas quando os homens se juntaram
ao clube, todos se tornaram uma família para ele. Não há um
homem entre os quais Viper não daria sua vida.

“O que você está pensando?” Gavin interrompe o silêncio na


sala.

“Se nenhuma das pessoas da cidade estiver disposta a


conversar com Lucky, poderíamos dar-lhes alguém com quem elas
se sintam mais confortáveis conversando.”

Gavin sente em seu íntimo onde esta conversa está indo.

“Você está brincando certo?”

“Não.”

“Você está falando em enviar outro Last Rider para se


disfarçar, ou estamos falando sobre a fábrica? Porque, se você
quiser enviar alguma ajuda à Lucky, sou a favor, mas investir esse
tipo de dinheiro em uma fábrica que não pode recuperar nosso
investimento não será algo com o qual eu possa estar a bordo.”

“Esta é uma cidade pequena que desconfiará de quem chega


à cidade, fazendo perguntas. Eles podem não sentir a necessidade
de desabafar suas almas sobre as drogas na cidade, mas estarão
muito menos desconfiados de alguém que distribui seu dinheiro
pela cidade.”

“Exceto que será o nosso dinheiro!” Gavin


argumenta.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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O rosto de Viper tensiona. “Você disse que queria fazer a


diferença na cidade que escolher. Você pode fazer a diferença em
Treepoint. Nós dois sabemos disso. Você não é o único que sabe
fazer pesquisas. A última vez que alguém tentou iniciar um
negócio em Treepoint, o investidor prometeu dezenas de
empregos. A cidade investiu o último de seus recursos para iniciar
a fábrica quando as minas de carvão foram fechadas. Várias
pessoas perderam suas economias, enquanto o investidor vive nas
Bahamas. Se alguém precisa de um descanso, é o Treepoint.”

“Porra.” Gavin passa a mão pelos cabelos. Ele se absteve de


pesquisar Treepoint porque se conhece o suficiente para saber que
tem um fraquinho por aqueles que estão tentando avançar e
depois são sacaneados.

“Vamos pensar nisso logicamente”, começa Gavin, tentando


convencer Viper a se afastar da direção que está seguindo, apesar
de sua própria opinião. “Número um, os irmãos odeiam aquilo lá,
e número dois, e o mais importante, é que nunca conseguiremos
convencer Shade.”

“Você acha que não?”

“Eu sei disso. Ele me cortou em locais mais adequados que


Treepoint.”

Viper faz uma careta. “Você está certo.”

Gavin tenta segurar as palavras que selarão o destino dos


Last Riders, bem como suas carteiras, mas não consegue. “Shade
aprovaria se ele pensasse que Lucky precisa dos Last Riders para
ajudá-lo a lidar com seu transtorno de estresse pós-traumático.”

“Isso deve ter doído.” A boca de Viper se curva para cima em


um sorriso torto. “Eu sei que você também não quer Treepoint.”

“Por mais que eu odeie admitir, acho que o TEPT está


chegando até ele. Ele também me informou sobre o
canal de drogas. Ele acha que é muito maior do que

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o que pensa o Narcóticos. Se isso for verdade, eu não o quero lá


sozinho.”

“Nem eu”, concorda Viper, parecendo pensativo. “Fale com


Shade, consiga o seu aval e envie-me um e-mail com a propriedade
que você viu.”

“Como você planeja convencer os irmãos?”

“Eu não vou precisar.” Viper cruza uma perna sobre a outra.
“A maioria dos irmãos pode ficar aqui. Vamos equipar a fábrica
em Treepoint para fabricação e deixar a distribuição aqui.
Podemos escolher alguns irmãos para preparar tudo e, quando a
investigação de Lucky terminar, eles poderão voltar para Ohio
depois que todos forem treinados. A pousada pode ser usada para
compradores interessados em ver o processo de fabricação.”

Descruzando a perna, ele volta para a mesa. “Você usou o


nome de solteira da mãe quando estava em Treepoint?”

“Sim. É mais fácil obter um preço mais baixo na


propriedade, se eles acharem que somos uma startup, em vez de
procurando para expandir.”

“Parece bom.”

Gavin se levanta. “Exceto uma coisa, e Rider? Uma grande


parte do dinheiro virá dele.”

“Nós dois sabemos que tudo que você precisa fazer é pedir.”

“Não uso nossa amizade no que diz respeito ao dinheiro. É


assim que permanecemos amigos.”

“Você continuaria amigo mesmo se ele passasse tudo o que


possui para você.”

“Viper ...”

O irmão dele suspira. “Então elabore os


números e eu falo com ele. Ele pode tomar sua

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decisão com base nos números que você apontar. Você acha que
os Last Riders ganhará dinheiro construindo outra fábrica?”

“Sim.”

“Aí está. Problema resolvido.”

Gavin assente. Viper pode ter tirado a pressão dele com


Rider, mas ainda permanece a pressão de que todos os irmãos
estão colocando o futuro deles em suas mãos e ele não pode fazê-
lo, a menos que esteja lá para garantir que não se arrependam de
confiar nele.

“Quero ser quem inicia a fábrica.”

Viper volta-se para ele. “Isso levará pelo menos um ano. Não
quero que você demore tanto.”

“Não posso deixar que os irmãos percam esse dinheiro. Vou


ficar até ter a fábrica em pé e os trabalhadores treinados.”

Viper estreita os olhos nele. “Não.”

“Eu não sou mais a porra de uma criança. Não preciso que
você me diga se posso ou não fazer alguma coisa.”

“Talvez não como irmão, mas como Presidente dos Last


Riders, eu posso. Foi você quem me convenceu a ser presidente.
Você não vai ouvir ordens minhas quando todos os irmãos deste
clube sabem as repercussões por me desobedecerem?”

“Você não teria problemas se escolhêssemos a Flórida ou o


Texas.” Gavin se força a manter o tom calmo. Ele está velho
demais para brigar com o irmão. “Qual deles você acha que eu não
posso lidar — construir a fábrica ou ajudar Lucky?”

Viper não tem a mesma hesitação em levantar a voz. “Eu


não disse que você não poderia lidar com isso, só que eu preciso
de você aqui. Que porra é essa, Gavin? Você nem queria
escolher Treepoint e agora está me dando uma surra
porque eu não vou fazer você ir?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Eu não preciso que você me proteja o tempo todo, Viper.”

“Jesus, você já pensou em como Taylor reagiria a viver em


Treepoint? Eu não estive lá, mas pelas fotos que vi, não a vejo
querendo morar lá pelo próximo ano.”

“Ela vai.”

“Você tem certeza disso, irmão? Você está esperando muito


de uma mulher que acabou de pedir em casamento.”

Gavin pode não estar confiante de que Taylor gostaria de se


mudar para Treepoint, mas está confiante de que ela não gostaria
que ele passasse o ano longe dela. Ela mandou mensagens para
ele dezenas de vezes desde que ele se foi, e isso foi apenas dois
dias.

“Ela vai.”

“Irmão, você está indo para uma derrota. Estou lhe dizendo,
ela não vai.”

“Acho que vamos ver, não vamos?”

Viper volta para sua mesa, sua raiva palpável na sala. “Sim,
nós vamos.”

Gavin abre a porta, sai e depois a fecha com força.

Seu irmão tem que aprender que ele é capaz de se defender


sem tê-lo constantemente na mira. Mesmo quando estavam no
serviço, Viper permaneceu ativo até que ele decidiu sair. O fato de
ele permanecer na unidade quando era necessário foi outro ponto
de discórdia entre eles. E quanto mais velho o Viper fica, mais
superprotetor ele se torna. Ele confia em seu julgamento em
relação ao dinheiro do clube, mas não em sua segurança. Ele
também não pactua do mesmo entendimento de que Gavin não
precisa de seus conselhos constantes em relação à sua vida
pessoal.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Quer Viper goste ou não, Gavin está determinado a ir a


Treepoint. Ele construirá a fábrica e ajudará Lucky a descobrir
exatamente como as drogas estão se movendo pela pequena
cidade. Quando ele terminar, Viper perceberá que seu irmãozinho
é capaz de se segurar sem qualquer ajuda dele.

Eu vou fazer isso, Gavin jura mentalmente para si mesmo.


Mesmo que isso me mate.

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CAPÍTULO NOVE

“Não tem como eu ir para uma cidade caipira onde não


conseguirei arrumar um emprego.” Taylor empurra-o para fora de
seu corpo nu quando ele finalmente consegue recuperar o fôlego
após a maratona de sexo que acabaram de ter e dizer a ela que
abrirá a fábrica no Kentucky.

“Nós não sabemos disso.”

“Levei seis meses para encontrar o emprego que tenho


agora. Treepoint sequer tem um hospital?”

Gavin se apoia nos cotovelos, observando enquanto ela


enfurecidamente coloca um robe de seda. “Tenho certeza que sim.”

“Não importa. Eu não vou.”

“Se nos mudássemos para a Flórida ou Texas, você teria que


deixar seu emprego.”

“Estou disposta a deixá-lo por um hospital maior; não vou


dar um passo para trás na minha carreira, Gavin. Eu não farei
isso.”

“Como farmacêutica, você pode encontrar um emprego em


qualquer lugar. Só demorou seis meses depois de se formar
porque foi muito exigente.”

“Isso mesmo, eu fui e não me desculparei por isso.


Tenho milhares de dólares em empréstimos

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

estudantis para pagar e, até que o faça, a única coisa que me


levará a sair é se você os pagar.”

“Eu não tenho esse dinheiro. Investi o resto dele na fábrica.


Já lhe disse que, quando puder, eu vou pagar. Até então, ficarei
no meu lugar.” Taylor vai até sua mesa de cabeceira e pega um
elástico para prender o cabelo. “Você quer se casar comigo?”

Ele se sente culpado quando vê seu lábio inferior tremer


quando ela se senta ao lado da cama.

Levantando-se, ele contorna a cama para segurá-la. “Você


sabe que sim.”

“Então por que está colocando esse obstáculo?”

“Como isto é um obstáculo? Podemos nos casar quando


quiser.”

“Como podemos casar se não concordamos sobre onde


morar? Eu estava disposta a me casar com você quando disse que
poderíamos acabar na Flórida ou no Texas. Por que não pode
ceder um centímetro quando digo que não vou me mudar para o
Kentucky?”

Gavin quer que Taylor diga que está disposta a ir aonde ele
quiser. Se ela não for, ele não pode culpá-la. Ele está pedindo que
ela mude sua vida para um lugar que não estava no horizonte
quando ele a pediu em casamento.

“Para quando está pensando em marcar a data do


casamento?”

“Pensei em falar com você sobre isso hoje à noite; agora você
estragou tudo.”

“Eu sinto muito.” Gavin envolve a mão no pescoço dela.


“Baby, esqueça Treepoint e a fábrica. Quando quer se
casar?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ela deita a cabeça no ombro dele, deixando a mão cair em


sua coxa. “Daqui a oito ou nove meses.”

“Um grande casamento leva tanto tempo para planejar?”

“Geralmente mais.”

“Se for daqui um ano, você pode ter o casamento do


tamanho que quiser, e devo poder sair da fábrica em Treepoint até
lá. Um dos outros irmãos pode assumir o treinamento.”

“Mas isso significa que ficaremos separados por um ano


inteiro!”

“Você pode encontrar uma casa para nós. Este apartamento


não é grande o suficiente para nós dois. Posso dirigir para cá na
sexta à noite e voltar segunda de manhã. De qualquer maneira,
não nos vemos muito durante a semana.”

“Não planejo fazer esse casamento sozinha. Metade da


diversão de se casar é escolher o bolo e a comida, além de todas
as outras coisas.”

Gavin sente seu corpo tenso relaxar contra o dele. “Você


marca as provas e estarei lá, mesmo que tenha que vir andando”,
ele promete.

“Você diz isso agora, mas quando chegar a hora, cancelará


tudo e terei que levar Jana.”

“Jana me odeia. Ela escolherá as porcarias que detesto só


para se vingar. Se digo que estarei aqui, eu estarei aqui.”

Taylor ri, virando em seus braços e balançando a perna para


montá-lo. “Você me abandona em um compromisso, apenas um,
e cortarei seu pau.”

“Isso é um pouco drástico por faltar num teste de bolos,


você não acha?” Ele brinca.

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JAMIE BEGLEY

Taylor o empurra de volta na cama, deslizando a buceta


sobre seu pau e deixando as dobras molhadas esfregarem contra
ele. Girando os quadris, Taylor se move até o pau dele deslizar em
sua buceta. Usando as costas e os pés, ele os move para o meio
da cama quando Taylor começa a fodê-lo.

“Você não vai sentir falta disso se for para Treepoint?”

“Deus, sim.” Gemendo, ele arqueia os quadris para fodê-la


também.

“Então não vá.” Ela levanta a mão para o mamilo e começa


a brincar enquanto se move sedutoramente sobre ele.

“Você estará tão ocupada que nem sentirá minha falta.”

“Pelo menos nenhuma das mulheres irá com você.”


Inclinando-se para frente, ela lambe o mamilo dele antes de
chupá-lo.

“Não. Nenhuma delas irá.”

“Pelo menos é algo positivo. Nenhuma das mulheres


daquela cidade caipira será capaz de lhe dar o que eu dou.”

Taylor pode tê-lo mantido esperando para fodê-la, mas ela


com certeza fez valer a pena os banhos frios que ele tomou.
Quando percebeu que estava se apaixonando por ela, ele afastou
as outras mulheres de sua cama.

Taylor participou de várias festas dos Last Riders, mas


Gavin não ficou interessado até ela vê-lo foder Jewell na sala do
clube. As festas do clube são livres para todos no que diz respeito
ao sexo e as mulheres são tão observadas quanto os irmãos.

Gavin ainda se lembra da noite em que ele e os irmãos


estavam bêbados e criaram as regras nas quais todos tinham que
concordar em se juntar à diversão. Taylor não participou,
mas também não ficou chocada ao descobrir as regras.

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JAMIE BEGLEY

Gavin não é estúpido; ele sabia que a mulher confiante


estava esperando para fazer sua escolha. Ela não era uma mulher
disposta a compartilhar ou ser compartilhada. Não, o homem que
ela escolhesse foder desejaria o que ela oferece — sem sentir que
está perdendo a quantidade de buceta disponível, pronta e ansiosa
para dar a ele o que quiser.

Taylor oferece muito. Ela é sexy pra caralho, pode fazer um


boquete como ninguém, e não tem um osso tímido em seu corpo.
Ela pode não ter deixado nenhum dos outros irmãos fodê-la, mas
ela não se importa com eles assistindo. Ela ganhou seus votos ao
permitir que os homens a observassem se tocar até gozar.

Quando ele fodeu Jewell, Taylor, sem vergonha, subiu a saia


curta até os quadris e deslizou a mão na buceta nua. Não houve
um irmão no clube que não parou o que fazia para ver os dedos
mergulharem em sua buceta. Ele ainda fodia Jewell quando ela
tirou a mão e contornou a mesa para pressionar os dedos
molhados nos lábios dele. Ele os chupou enquanto entrava em
Jewell. Essa foi a última vez que ele tocou numa das mulheres do
clube, então perseguiu Taylor até que eles começaram a namorar.
Levou ainda mais tempo para entrar na cama dela. Ele não
comprometeria o direito de deitar ao lado dela.

Rider avisou que ele estava se precipitando pedindo Taylor


em casamento, dizendo que ele sempre mergulhava de cabeça
quando queria uma mulher. Isso levou a uma discussão e eles
passaram vários dias sem conversar antes de Rider estender a
mão e romper o silêncio tenso, pedindo desculpas e prometendo
manter suas opiniões para si mesmo a partir de agora. Gavin
lamentou a discussão da mesma forma, já que Rider estava
apenas expressando suas preocupações. Foram as próprias
dúvidas de Gavin que tornaram a discussão pior do que deveria
ter sido.

Taylor arrastando as unhas por seu peito o traz


de volta ao presente. Os olhos dela estão fechados e
Gavin sabe que ela está prestes a gozar. Segurando

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JAMIE BEGLEY

seus quadris, ele os gira até que ela esteja de costas, depois
começa a empurrar dentro dela o mais forte que pode.

“Foda-me, Reaper1!”

Ele para os quadris no meio do movimento, Taylor deve


estar com pressa para gozar, mas usar o apelido que ele ganhou
nas forças armadas sempre o faz dar uma pausa quando a fode.
Ela precisa ter a fantasia para chegar ao clímax? Ainda o desejará
quando ele estiver velho e grisalho e não puder mais refletir a
imagem que ela tem dele?

“Por que está desacelerando?” Taylor vira a cabeça para o


lado e morde seu antebraço.

“Você é uma coisa cruel quando quer meu pau.” Ele leva a
boca ao ombro dela e devolve a mordida, tomando cuidado para
não marcar a pele dela quando retoma seus impulsos.

Fodendo-a com força, ele puxa os braços dela sobre a


cabeça, enquanto o ato de amor se torna selvagem do jeito que ela
quer. Ele a deixa lutar antes de liberar suas mãos e se arrepende
um segundo depois, quando ela passa as unhas pelas costas dele.

“Da próxima vez, não diminua a velocidade quando eu


gozar!” Ela resmunga.

“Um homem precisa de uma armadura para te foder.”


Cerrando os dentes, ele afunda em seu corpo, deixando-a suportar
todo seu peso.

1 Ceifador.

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JAMIE BEGLEY

Taylor não ri da piada, atacando-o com as unhas


novamente.

Sabendo que a única maneira de tirar as garras das costas


dele é dar o que ela quer, ele empurra mais rápido para enviá-la
ao limite.

Taylor coloca as pernas em volta dos quadris dele enquanto


eles fodem furiosamente até o esquecimento.

Quando ela finalmente deixa as coxas deslizarem para o


lado, Gavin se levanta da cama para remover o preservativo e ver
que dano ela causou nas costas dele. Olhando seu reflexo no
espelho, ele volta para a cama.

“Da próxima vez, você usará luvas.” Levantando-a da cama,


ele a leva para o banheiro e a coloca no chuveiro.

Entrando, ele liga a água e fica na frente dela para tomar o


jato até a água esquentar. Ela desliza os braços em volta da
cintura dele por trás até seu pau semiereto. “Por que ainda
precisamos usar camisinha? Eu te disse que estou tomando
pílula.”

“É um hábito que ficarei feliz em abandonar quando nos


casarmos.”

Ele geralmente deixa Taylor fazer do seu jeito sexualmente,


exceto pela regra dura e rígida que ele criou para si mesmo. Ele
viu muitas vidas destruídas por gravidezes inesperadas e, até que
ele se estabelecesse num só lugar, crianças podem esperar.

“Eu quero pelo menos dois”, ela sussurra, deslizando a mão


na parte de trás do ombro dele.

“E se eu quiser três?”

“Três é um número ímpar.”

Gavin ri. “Então serão dois. Quatro é demais


para mim.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Pegando o gel de banho, ele o esfrega no peito enquanto


fazem planos para o futuro — descrevendo a casa que querem
comprar com garagem para três carros, uma conversa intercalada
com beijos e toques delicados enquanto Taylor compensa a
bagunça que fez nas costas dele. Quando eles terminam, ele
enrola uma toalha em volta dela para secá-la.

Ele ainda a está secando quando ela agarra seus pulsos.

“Quando você vai?”

“Em breve.”

“Quanto tempo?”

“Alguns dias.”

“É melhor você não esquecer que estou aqui te esperando.”

“Baby, ficarei fora uma semana de cada vez.”

Ela afunda as unhas na pele dele, mostrando que não está


feliz com a resposta.

Sorrindo, ele puxa os pulsos para levantá-la até que ela está
olhando-o. Então ele lhe dá um sorriso de lobo. “Como eu poderia
te esquecer? É melhor você não se esquecer de mim. Só provará
os bolos comigo.”

“Você promete?” Passando as mãos pelos cabelos úmidos,


seus olhos ardem nos dele.

“Eu juro, querida. Eu juro.”

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO DEZ

Gavin bate de brincadeira no quadril de Natasha com o dele


enquanto ele se vira entre ela e Evie.

“Eu teria pego isso para você.” De brincadeira, ela o cutuca


de volta com seu próprio quadril.

“Não há necessidade. Sou um garoto crescido; posso fazer


isso sozinho.” Circulando o pescoço de duas garrafas com os
dedos, ele passa um braço pelo pescoço de Natasha para beijar
sua bochecha. “Obrigado por oferecer”, ele diz antes de se afastar.

Voltando ao bar, ele caminha pelo clube, sentindo-se


incrível por que tudo está preparado para ele sair e começar a
construir a fábrica. Sua vida está se estabelecendo perfeitamente,
seus objetivos se tornando realidade, ele não poderia estar mais
feliz. Os negócios dos Last Riders estão florescendo e ele vai se
casar com a mulher que ama. Ser capaz de ajudar as pessoas a
realizar seus próprios sonhos é um bônus.

Colocando uma das cervejas na frente de Rider, ele se senta


na cadeira vazia ao lado dele e toma um gole enquanto pega as
cartas que foram distribuídas. “Aconteceu alguma coisa enquanto
eu estava fora?”

“Além de Memphis decidir aumentar a aposta, não.”

Gavin olha suas cartas antes de sorrir para


Memphis. “Você vai se arrepender disso.”

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JAMIE BEGLEY

“Não vai me pegar dessa vez. Você não tem nada.”

“Quer apostar?”

Memphis acende o resto de um baseado. Dando uma


tragada, ele sopra a fumaça nele. “Foda-se.”

Cinco minutos depois, Gavin suavemente desliza o dinheiro


de Memphis para se juntar à sua crescente pilha.

“Você esteve blefando a noite toda e quando aposto meu


salário, você tem um full house?” Tomando outro golpe, ele pega
as cartas de Rider para embaralhá-las. “Darei as cartas desta vez.”

Quando Memphis se prepara para jogar uma para ele,


Gavin balança a cabeça. “Estou fora. Preciso falar com Viper e
Taylor está esperando por mim.”

“Está sendo chicoteado pela buceta que você pediu em


casamento?”

Gavin abaixa a garrafa de cerveja que levava aos lábios. “O


que disse?”

“Você me ouviu.” Os olhos dilatados de Memphis não se


afastam dos dele.

“Se eu ouvir você chamar minha mulher de buceta


novamente, será a última palavra da sua boca.”

Memphis dá outra tragada antes de passar o que resta para


Crash. Quando ele abre a boca, Gavin está pronto para outro
comentário desagradável. Preparado para voar por cima da mesa
e quebrar a porra do seu pescoço, ele afasta o braço da mão
restritiva de Rider.

“Memphis, dê uma volta. Você está chapado pra caralho.


Não será uma luta justa entre você e Reaper.”

“Merda, Rider. Seu gosto por mulheres não é


melhor que o dele.”

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JAMIE BEGLEY

“Pela última vez, sugiro que você dê uma volta. Não direi
novamente.”

Memphis joga as cartas sobre a mesa e empurra a cadeira


com tanta força que ela tomba quando ele se levanta. “Porra.”
Colocando o pouco que resta do seu dinheiro no bolso, ele olha
para os dois. “Por que você não diz a verdade? Se você é o melhor
amigo, pelo menos seja sincero com ele.”

Gavin volta o olhar para seu melhor amigo. “Do que ele está
falando?”

Rider pega as cartas e começa a distribuí-las para os outros


três homens na mesa enquanto a expressão de Memphis desafia
Rider a explicar do que ele está falando. “Nada.”

“Não parece nada. Você está falando do meu relacionamento


pelas minhas costas?”

“Quer que eu conte a ele?” Memphis instiga. “Rider e eu


estávamos no bar e vimos Moon com as mãos em Taylor...”

“Você realmente deve dar uma volta”, a voz baixa de Rider


interrompe Memphis.

“Continue.”

Memphis pode estar chapado, mas pela postura rígida de


Rider, ele não quer que Memphis repita o que foi dito.

“Quando foi isso?” Gavin pergunta.

“Esqueci-me de marcar no meu calendário”, Memphis diz


para ele.

Gavin não tem nenhum problema com Moon tocando Taylor


antes que ele a reivindicasse. Vários irmãos tentaram subir na
cama dela.

“O que isso tem a ver com Rider?”

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JAMIE BEGLEY

Rider joga as cartas na mesa. “Por que você não pergunta a


mim em vez de para ele?”

“Então me conte.”

“Não há nada para falar que já não te disse antes”, Rider


resmunga.

“Vá em frente, Memphis. Termine sua história.”

Memphis endireita a cadeira, empurrando-a para debaixo


da mesa. “Rider riu e disse que Moon não tinha chance de chegar
perto daquela interesseira.”

“É isso?”

“Sim, é isso.” Memphis sorri. “Acho que vou dar aquela volta
agora, Rider.”

Gavin o deixa ir, sua raiva agora direcionada ao homem ao


seu lado. “Você chamou Taylor de interesseira?”

Rider cerra a mandíbula teimosamente. “Não disse nada a


Memphis que não falei na sua cara.”

“Por que acha que ela é uma interesseira? Se isso fosse


verdade, Taylor teria perseguido todos os irmãos aqui. Ela não fez.
Nenhum deles recebeu a menor atenção, exceto eu.”

Rider estreita os olhos para ele em aviso. “Irmão, eu já disse


o que penso sobre Taylor antes. Você está tão iludido sobre ela
quanto eu estive com Delara.” Os olhos de Rider escurecem com
simpatia.

“Não, eu não estou.”

“Tudo bem, eu estou errado.” Rider joga uma nota de vinte


na pilha crescente.

“Não me acalme”, Gavin retruca.

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JAMIE BEGLEY

Rider joga as cartas na mesa novamente. “Preciso de outra


cerveja. Você está pronto para outra?”

“Ela não é uma interesseira!” Gavin insiste, apesar de Rider


tentar se afastar da crescente discussão.

De pé, Rider apoia a mão na mesa e abaixa a voz para que


os outros irmãos não possam ouvir o que ele diz, deixando clara
sua opinião sobre Taylor. “Você está certo; ela não é uma
interesseira. Ela é uma caçadora de medalhas.”

O que Rider está dizendo o atinge tão profundamente como


se ele andasse de moto por cima de uma tábua de pregos.

Gavin se levanta, confrontando Rider antes de se afastar da


mesa. “É isso o que diz para explicar por que Taylor me escolheu
em vez de você?”

“Não, estou lhe dizendo porque é a verdade. Nenhum dos


outros está disposto a se levantar e dizer para você abrir os olhos
e ver que a cadela está te levando para dar umas voltas.”

Gavin ataca antes que possa se segurar, socando Rider na


bochecha. Assim que seu punho o atinge, ele se arrepende. Eles
juraram há muito tempo que nunca deixariam uma mulher entre
a amizade deles.

Rider tem direito a sua opinião. Levar isso para o físico não
mudará o que pensa, apenas o tempo. O que o fez perder o
controle foi o fato de Rider não confiar em seu julgamento e
chamar Taylor de prostituta, mostrando desrespeito não apenas a
ela, mas com ele. Por mais que ele odiasse a esposa de Rider, ele
sempre mostrou o respeito que ela merecia como mulher de Rider.

“Foda-se, Gavin.” Tirando o dinheiro da mesa, Rider


empurra Gavin para fora do caminho. “Encontre alguém para
levá-lo de volta a Treepoint. Pegue Memphis, vocês dois
podem ir para o inferno, e eu não sentirei saudades.”

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JAMIE BEGLEY

Sentindo-se um idiota e irritado consigo mesmo, Gavin evita


as expressões de censura de Crash, Nickel e Knox e caminha até
os fundos para a reunião com Viper. Então ele precisa encontrar
Rider e fazer as pazes antes de ir para a casa de Taylor. Por que
ele deixou Memphis o atingir? Sempre que o irmão perde nas
cartas, ele é um desmancha-prazeres. Ele sabia disso antes de se
sentar para participar do jogo, Memphis ainda parece gostar de
provocar ele e Rider.

“Porra”, Gavin murmura para si mesmo. Apesar da amizade


que tem, não é a primeira vez que eles brigam. Ele é tão próximo
de Rider quanto de Viper, em alguns aspectos, mais próximo.
Embora ele e Rider nunca hesitassem em festejar juntos em
brincadeiras sexuais com mulheres, ele nunca o fez com Viper.
Em vez disso, discutem sobre o controle de Viper sobre ele,
enquanto ele e Rider falam sobre merdas estúpidas, como para
qual bar ir ou quem tem a melhor moto — até Delara e agora
Taylor. Não é tanto Memphis causando a luta, mas Gavin fica cada
vez mais frustrado que ninguém — especialmente Rider e Viper —
respeitem suas decisões. Quando ele manifestou preocupação
com Delara, Rider disse que acreditava no relacionamento deles;
ele ficou ao lado de Rider e nunca disse outra palavra, nem mesmo
quando se casaram. Seria demais esperar o mesmo apoio em
troca? Foda-se, neste ponto, ele apenas aceitará todo mundo
incomodado com ela.

Gavin para na porta do escritório. Vendo o que está


acontecendo lá dentro ele quase sai, mas quer encerrar a
conversa, já que a noite já acabou e ele não quer passar o resto do
tempo discutindo com Taylor sobre o atraso.

“Tem um minuto, Viper?”

A mulher sentada no colo de Viper não fica feliz com a


interrupção.

“Não, ele não tem.” Os olhos de Evie brilham


tanto quanto seus cabelos ao vê-lo.

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JAMIE BEGLEY

Viper se inclina para o lado para pegar sua blusa,


devolvendo-a. “Preciso falar com ele. Podemos fazer isso mais
tarde.”

Pegando a blusa, ela desce do colo dele. “Talvez eu esteja


ocupada.”

Viper pega sua mão antes que ela possa sair. “Dê-me trinta
minutos.”

O descontentamento de Evie com ele desaparece.

Gavin entra mais no escritório para que Evie tenha espaço


para passar por ele.

“Trinta minutos”, ela avisa.

Gavin levanta solenemente a mão antes de ocupar a cadeira


ao lado da mesa de Viper enquanto Evie fecha a porta.

“Você está atrasado.”

“Desculpe”, ele diz brevemente, não querendo explicar a


discussão que teve com Rider.

Viper cruza as mãos sobre a cintura. “O que é tão


importante que queria falar comigo?”

“Decidi ir para Treepoint mais cedo do que esperava. Vou


sair de manhã.”

“Qual é a pressa?”

“Marquei uma reunião para garantir outro empréstimo do


banco de lá e quero dar mais uma olhada na propriedade.”

“Rider irá mais cedo?”

“Rider não irá; só eu.”

“Então reagende a reunião até que ele possa. Não


posso sair agora com a grande encomenda que acaba

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JAMIE BEGLEY

de chegar ou iria com você. Dê-me uma semana e poderemos fazer


a viagem juntos.”

Gavin lhe lança um olhar incrédulo. “Você está brincando


né? Acha que não posso lidar com Treepoint?”

“Eu não disse isso.”

“Você poderia ter dito. Não sou mais um garoto. Está me


tornando seu vice-presidente apenas para fazer os homens me
respeitarem?”

Viper se endireita na cadeira. “De onde diabos isso está


vindo?”

“Estou cansado de ser ofendido.”

“Ninguém está te ofendendo!”

“Você está se acha que eu não posso lidar com aquela


cidadezinha.”

“Aquela cidadezinha tem uma quadrilha contrabandeando


drogas através dela.”

“Lucky está lá. Se precisar de ajuda para trocar um pneu,


tenho certeza de que posso ligar para ele.”

“Cuidado, Gavin. Você é quem está sendo desrespeitoso.”

“Estou cansado de todo mundo duvidar de minhas


decisões!”

“Não estou duvidando de suas decisões; estou questionando


por que a mudança de planos e não levar Rider com você. Além
disso, pensei que seria uma viagem divertida que poderíamos fazer
juntos. Eu poderia dar uma olhada na cidade para que, quando
os compradores perguntarem, posso dar instruções e saber do que
diabos estou falando.”

“Rider não quer mais ir.”

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JAMIE BEGLEY

“Desde quando essa é uma decisão dele?”

“Desde que discutimos sobre Taylor.”

“Oh.”

A única palavra diz tudo.

“Você tem um problema comigo casando com ela também?”

“Não. Talvez eu não goste dela, mas é sua decisão.”

“Estou ficando muito cansado de todo mundo compartilhar


opiniões que eu não quero ou pedi.”

“Estamos apenas tentando cuidar de você...”

“Não preciso que cuide de mim, Loker. Você serviu um ano


a mais porque não quis me deixar no exterior sozinho. Não preciso
que seja meu pai a cada cinco segundos. Nem Ton me vigia como
você. Eu não entendo por que você não gosta dela. Ela tem um
bom emprego, mantém o próprio teto sobre a cabeça e tem mais
dinheiro na conta corrente do que eu.”

“Você quer saber por que Taylor foi atrás de você quando
ela tinha todos os irmãos do clube querendo transar com ela?”

“Cuidado, Viper. Algumas coisas não podem ser apagadas


depois que são ditas.”

“Se quer ouvir a verdade de mim, vá em frente. Mas nunca


vou lhe contar o que penso, porque temo que você me tire da sua
vida. Taylor te quer porque o único outro homem no clube que tem
mais medalhas do que você é Shade e ele a afastou quando ela fez
um movimento.”

“Se eu fosse um homem ciumento, não pertenceria aos Last


Riders. Taylor não será a primeira mulher a tentar ter algo com
Shade.”

“Não, mas ela foi a primeira a interrogar Evie


sobre qual irmão voltou para casa com o maior

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número de medalhas presas no peito. Você conhece Evie; ela não


pôde deixar de se gabar de Shade. Quando Shade não estava
interessado, ela continuou perguntando quando conheceria
Lucky. E quando Evie finalmente acordou e parou de falar com ela
sobre Lucky, ela de repente decidiu deixar você pegá-la. Droga,
Gavin, pensei que fosse inteligente o suficiente para não ser
atraído por uma coelhinha. Você foi inteligente o suficiente para
ver através de Delara, irmão. Eu te criei para reconhecer que uma
oportunista é uma oportunista...”

“É o bastante! Terminamos.” Gavin tira furiosamente o


colete, jogando-o em Viper. “Estou farto pra caralho de você
tentando controlar minha vida. Estou farto, porra! Ouviu?” Ele
grita. “Eu a amo, porra! Você entendeu? Não estou pedindo para
você ou qualquer outra pessoa no clube gostar dela; tudo o que
peço é que respeitem minha decisão.”

“Taylor estava certa! Ela me disse que o clube está tentando


criar intriga entre nós! Mas não, eu não acreditei. Eu acreditei em
cada um de vocês filhos da puta!”

“Você está certo, Viper. Taylor não é quem está tentando me


enganar. Tenho me enganado achando que você me vê como um
adulto capaz de viver de acordo com seus padrões. Eu nunca
conseguirei isso, certo?”

Gavin vai até a porta, a mão na maçaneta. “Vou cumprir


meu compromisso com os Last Riders porque todos os
empréstimos e documentos estão em meu nome. Quando
terminar, sairei com a consciência limpa de que não deixei você
ou os irmãos com um trabalho pela metade. Estou indo sozinho.”

“Você não vai sozinho!” Viper grita tão alto que a jarra de
água no bebedouro treme.

Ao contrário da discussão que teve com Rider, Gavin


não se sente culpado. Essa briga já vem se formando
há um tempo. Ele simplesmente não consegue
acreditar que é uma mulher que o fez perceber que

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

nunca atingirá os padrões de Viper. A única maneira de


conquistar o respeito que merece é se afastar dos Last Riders.
Mostrar a eles que não precisa do clube como escudo. Ninguém se
preocupa com os outros membros quando partem para missões,
apenas perguntam quando voltarão. Não, é só com ele que fazem
um grande negócio nisso. E isso vai parar agora! Ele pensa
furiosamente consigo mesmo.

Viper abaixa a voz, mas diz: “Se Rider não quiser ir, leve
Train.”

“Train não irá. Quero que ele fique aqui. Ele será
responsável por Taylor enquanto eu estiver fora.”

“Você me pediu cuidar dela.”

“As coisas mudam. Eu quero Train.”

“É sua escolha.”

Gavin se vira para encarar o irmão e diz com voz trêmula:


“Sim, é. Se você está determinado a enviar alguém, envie
Memphis. Pelo menos ele é honesto e não vai ficar em cima de
mim.”

“Ok. Leve-o.”

“Obrigado. Pelo menos você pode concordar com uma coisa


que digo”, Gavin zomba. Abrindo a porta, sente um momento de
arrependimento por ter deixado a discussão sair do controle.

“Gavin...”

Gavin começa a se virar, pensando que Viper irá se


desculpar. Ele vai pedir desculpas quando as próximas palavras
de Viper o atravessam como gelo.

“...você pode mandar Evie de volta. Diga a ela que


terminamos.”

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JAMIE BEGLEY

Com uma sensação que ele nunca acreditou que sentiria,


enquanto houvesse ar em seu corpo, ele deixa escapar a
oportunidade de pedir desculpas e diz: “Sim, nós terminamos.”

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO ONZE

“Vá para a cama e durma um pouco. Vou segurar Fynn por


um tempo.”

Ginny levanta os olhos sonolentos com a voz baixa de Silas.


Então, afastando-se da mão que Silas coloca em seu ombro, ela
segura o pequeno bebê mais perto de seu peito. “Não estou
cansada.”

“Você está exausta.”

“Não, eu não estou.”

“Você é tão teimosa quanto ele.”

Seus lábios tremem por ser comparada ao homem que a


acolheu e a fez dele. Ela nunca sentiu diferença entre ela e os
filhos de quem ele realmente é pai.

“Eu o amei tanto.”

Ginny olha para o bebê que está segurando, vendo a


semelhança com Silas e seus irmãos mais velhos.

“Eu sei que você fez. Ele também te amou.”

Ela não nota que falou em voz alta até Silas confirmar os
sentimentos do seu pai por ela.

“O que vamos fazer sem ele? Estou assustada.”

“Eu também.”

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JAMIE BEGLEY

A admissão de Silas a faz afastar os olhos do bebê. Ela fica


ainda mais assustada que seu irmão grande e forte esteja
revelando seu medo. “Nós só temos o dinheiro que você ganha.
Ninguém vai contratar os outros meninos. Não entendo por que
todo mundo nos odeia. O que vamos fazer?”

“Teremos que fazer o que tivermos que fazer.”

O medo dela aumenta quando a expressão dele endurece.

“Nenhum de nós esperava que papai e Leah fossem mortos


naquele quadriciclo.”

“Todo mundo está dizendo que ele estava bêbado.” Cansada


dos rumores que ouviu no túmulo do pai, ela ainda se arrepende
de não ter gritado com os poucos que compareceram só porque
queriam mais fofocas para espalhar.

“São apenas rumores. Não deixe que isso a incomode. Papai


fez inimigos na cidade. Eu já fiz mais do que alguns. Além de
deixá-la ir à igreja uma vez por semana, papai nos manteve longe
dali. Ele não tinha amigos, e as mães das crianças o odiavam por
não se casar com elas. Metade da razão pela qual as pessoas da
cidade nos odeiam é por falarem mal dele.”

Ginny não consegue entender como alguém não pode amar


seu pai. Não havia um osso mau em seu corpo.

“Foi um acidente horrível. Ele não quis matar Leah.”

Ela engole o nó na garganta. O pai deles acabara de comprar


o novo quadriciclo e estava dando uma carona para todas as
crianças. Ele havia acabado de voltar com Moses.

“Quem é o próximo?”

Ele riu quando todas as crianças gritaram. “Eu! Eu!”

Sorrindo feliz, ele fez um gesto para ela. “Vamos lá,


Ginny.”

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JAMIE BEGLEY

Praticamente pulando com a emoção de ir, ela estava


prestes a subir na máquina quando viu a decepção de Leah.

“Está tudo bem, pai. Leah pode ter a minha vez.”

“Tem certeza disso?”

“Tenho certeza.”

Sua irmã a puxou para um abraço. “Você é a melhor irmã


do mundo. Eu te amo.”

“Eu também te amo.”

Vendo o rosto excitado de sua irmã enquanto montava nas


costas, Ginny sabia que tinha feito a escolha certa. Ela poderia ir
na próxima volta.

Enquanto ela vivesse, Ginny nunca esqueceria a aparência


de seu pai e Leah quando se afastaram.

“Eu não deveria ter deixado que ela tomasse minha vez. Ela
está morta por minha causa.”

“Eu disse que não queria ouvir isso sair da sua boca
novamente. Foi um acidente. Papai estava indo rápido demais e
nenhum deles usava capacete. Disse para ele esperar para andar
até que eu voltar da concessionária. Você me culpa por me
esquecer de colocar os capacetes na caminhonete quando
compramos o quadriciclo?

“Não, você estava ocupado colocando Fynn no banco do


carro.”

“Ele deveria ter esperado.” Sentado no sofá ao lado dela,


Silas enterra o rosto nas mãos.

Ginny usa a ponta do cobertor de Fynn para enxugar uma


lágrima que caí por sua bochecha.

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JAMIE BEGLEY

Quando Silas levanta o rosto, um nó apertado de medo


inexplicavelmente surge em seu peito. Ela nunca viu este olhar
em seu rosto antes. Ele parece derrotado.

“Isaac, leve o bebê. Ginny, precisamos conversar.”

“Por que não podemos conversar aqui?”

Todos os seus irmãos, que estão sentados ao redor da sala,


olham Silas com a mesma pergunta nos olhos.

“Dê o bebê para Isaac. Vamos para o seu quarto.”

De pé, ela dá a Isaac o bebê. Suas pernas parecem gelatina


enquanto ela caminha em direção aos degraus. Segurando o
corrimão para não cair, ela ouve Silas vindo atrás dela. Passando
o banheiro no topo, ela entra no pequeno quarto que
compartilhava com Leah. Ela não dorme lá desde que Leah
morreu, incapaz de suportar ver a cama em que sua irmã não
voltará a dormir.

Ginny se senta na cama de solteiro enquanto Silas a segue


para dentro e fecha a porta atrás dele. Atravessando o quarto para
se sentar na cama de Leah, ele a encara.

“Você sabe que eu te amo, certo?”

Ginny assente.

“Que eu sempre vou te amar, certo?”

“Sim”, ela resmunga. “O que está errado? Você está me


assustando.”

Silas se inclina para frente, colocando os antebraços nas


coxas. “Você tem que sair.”

Lambendo os lábios secos, ela balança a cabeça para ele.


“Eu não quero.”

“Eu não quero que você vá também. Mas tem


que ser assim. Eu tenho que aumentar minhas

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

horas de trabalho. A única razão pela qual meu chefe no depósito


de madeira me contratou foi porque minha mãe o convenceu. Isso
foi antes dele descobrir que mamãe estava se escondendo para se
encontrar com papai enquanto ele estava no trabalho. Depois que
descobriu, ele se divorciou dela, mas fui capaz de manter meu
emprego. Nenhum dos garotos será contratado, já que eles
pensam que somos todos traficantes de drogas por causa dos
sinais malucos que meu pai colocou para afastar invasores.”

“Por minha causa.”

Silas dá um sorriso torto. “Ele pode ter cultivado algumas


plantas num vaso para si. Papai não era santo, apesar do que você
pensa.”

“Ele era um bom homem—”

“Ginny...”

“Ele era.” Ginny teimosamente se recusa a pensar mal sobre


seu pai. “Papai colocou aqueles sinais para me proteger.”

“Sim e não. Ele se divertiu ao competir com os Hayes e os


Porters sobre quem poderia fazer o melhor sinal de não ultrapasse.
Papai encarou isso como um desafio.”

Ginny não podia discutir com isso. Algumas de suas


melhores lembranças foram quando o pai sentou todas as
crianças na mesa com cartazes e tintas para fazer as placas. “Sim,
ele fez.”

O rosto de Silas se contorce de dor antes que ele olhe o


relógio em sua mesa de cabeceira. “Você precisa escolher o que
quer levar. O xerife estará aqui em uma hora para levá-la ao seu
novo lar.”

“Por favor….” Seu coração doí tanto. É como se o pai e Leah


morressem de novo. “Não quero ir. Deixe-me ficar... Por
favor, não me faça sair.” Incapaz de se conter, ela
começa a chorar.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Não torne isso mais difícil para mim do que já é.”

Ginny não se importa que Silas também esteja se


esforçando para não chorar. Ela não quer deixar sua família.

“Eu não vou comer muito, juro. Farei todas as tarefas. Posso
cuidar das crianças.”

“Pare com isso! Eu não tenho escolha. Papai está morto e


ele não vai voltar. Alguém na cidade informou ao serviço social
que as crianças mais novas não estão na escola. Eu tenho que
solicitar a tutela delas.”

“Você pode solicitar a minha também—”

“Eu não posso. Você sabe que não posso. Escute, Ginny,
isso não é uma coisa ruim. Você poderá ir à escola agora. Não
precisará mais ter aulas em casa.”

“Os meninos vão para a escola comigo?” Ela pergunta.

“Sim.”

“Serei capaz de vê-los na escola e vir visitar como as mães


de Ezra e Fynn fazem?”

“Não, acho que será melhor fazer um corte limpo.”

“Mas por que? Eu posso vê-los na escola...”, ela soluça.

“Jesus, estou fazendo isso para protegê-la. Ninguém nesta


cidade gosta de nós, então quanto mais você ficar longe, melhor
será. Eles acharão que você nos odeia como o resto da cidade.”

“Queimei muitas pontes quando era mais jovem. Nem


sempre fomos educados em casa. Eu, Isaac e Jacob
costumávamos ir à escola. Fomos ridicularizados porque todos
tínhamos mães diferentes. É um país bíblico — você deve se casar
quando tem bebês aqui. Papai não. Ele não podia se
importar menos com o que aqueles hipócritas
pensavam. Eu me importava, e os outros meninos

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também. Eu não deixaria os pequenos serem tratados da mesma


maneira. Fiz coisas das quais não tenho orgulho para me
expulsarem da escola. Não posso mudar a maneira como os outros
na cidade vão agir em relação às outras crianças, mas posso
mudar com você.”

“Não me importo com como eles vão me tratar se eu ficar


aqui!”

“Você se importa, Ginny. Você não é de pele grossa como


nós e é mais esperta do que qualquer um de nós sonha em ser.
Você foi quem ensinou Leah e Ezra a ler. Você é inteligente demais
para fazer desta montanha a sua vida.”

“Papai nunca me disse por que o xerife queria esconder você


de todos, e eu não quero saber. Papai ficou paranoico em deixá-la
sozinho em casa, certificando-se de que ele ou eu sempre
estivéssemos com você. Ele se foi agora e não posso estar em casa
o tempo todo. Para manter os mais jovens alimentados, os mais
velhos não podem estar aqui com você constantemente. Matt’s
fará quatorze; ele poderá cuidar dos menores enquanto estivermos
fora, mas não é forte o suficiente para protegê-los se quem quer
que o xerife esteja te escondendo venha procurá-la.”

“Então, eu sou des-pensavel.” Ela chora tanto que mal


consegue falar.

“É dispensável.” Seus lábios se apertam numa linha firme.


“E não, você não é dispensável. Eu simplesmente não posso perder
outra irmã.”

“Se você me fizer partir, vou te odiar para sempre. Por favor,
Silas, posso falar com papai Will. Ele vai me deixar ficar...”

“Ele concorda comigo.” Ele levanta-se. “Vou pegar uma


sacola para você colocar suas coisas. Apresse-se; o xerife está
vindo e você se despedirá dos meninos.”

Quando Silas sai do quarto, Ginny pula na


cama e atravessa a cama feita para alcançar a

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JAMIE BEGLEY

prateleira. Jogando o canguru marrom no chão, ela cai de costas


e enfia a mão no bolso, pegando o celular que Will lhe deu. Todo
ano, ele troca por um modelo mais novo. Ela então disca
freneticamente o número que Hammer a fez memorizar anos
atrás, rezando para que ele atenda antes que Silas volte.

“Alô?”

“Sou... eu”, ela soluça as palavras.

“Ginny... pare de chorar. Eu mal posso ouvi-la.”

Respirando fundo, ela segura o telefone com força. “Faça


papai Will me deixar ficar.”

Ela só pode ouvir o silêncio do outro lado.

“Por favor, Hammer, juro que não ligarei mais para


incomodá-lo sobre Trudy. Não me faça deixar minha família.”
Lágrimas escorreram de seus olhos, mas ela consegue conter os
soluços para que ele possa ouvi-la.

“Estamos apenas fazendo o que é melhor para você. Will


encontrou um lugar onde você pode morar e ele pode ficar de olho
em você.”

“Eu não preciso de Will. Papai me ensinou a atirar. Eu posso


me proteger.”

“Não, você não pode.”

“Eu posso—”

“Não, Ginny, você não pode. Lembra-se do homem que


estava no barco conosco depois que te tirei do avião? Ele veio para
a cabana na noite antes de eu te levar para Will?”

“Sim.” Ginny nunca esquecerá o rosto do homem mau.

“Ele está morto. Ele e a esposa estão mortos. Ele


conseguia se cuidar muito melhor do que você jamais
poderá. Você entende o que estou dizendo?”

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“Você está dizendo que eles estão mortos por minha causa?”

Confusa com o que Hammer está falando, ela espera


ofegante pela resposta dele.

“Talvez sim, talvez não. Não podemos ter certeza. Não há


necessidade de ter medo. Isso aconteceu alguns anos atrás, e se
ele tivesse dado alguma informação sobre você, alguém teria
aparecido muito antes.”

“Então por que eu não posso ficar?”

“Porque Will disse que o homem que estava te protegendo


está morto. Se eles te encontrarem, você quer que sua família se
machuque?”

“Não”, ela murmura, colocando a cabeça nos joelhos.

“Desculpe, garota. Eu gostaria que você pudesse ficar. Eu


realmente gostaria.”

“Eu te odeio. Não vou mais ligar para você.” Erguendo a


cabeça para encerrar a ligação, ela vê Silas parado na porta com
um saco de lixo preto na mão.

“Onde você conseguiu o celular?”

Chorando silenciosamente, ela desce da cama para


caminhar em direção a ele. Pegando o saco de sua mão, ela
começa a jogar suas coisas dentro dele enquanto Silas observa.
Indo para o armário, ela tira as roupas dos cabides e as enfia na
bolsa. “Vá embora. Eu vou descer em um minuto”, ela responde,
incapaz de lidar com ele olhando-a.

Esperando-o sair, ela vira para o guarda roupas, as


lágrimas embaçando sua visão enquanto olha para as roupas
restantes. São de Leah.

Deslizando a jaqueta rosa do cabide e deixando


exatamente a mesma jaqueta que seu pai lhe
comprou no Natal, ela coloca a de Leah. Ela quer

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JAMIE BEGLEY

afundar no chão e fechar a porta quando sente o cheiro de Leah


ainda agarrado a ela.

Com a porta do quarto aberta, ela pode ouvir alguém


batendo na porta da frente.

“Boa noite, xerife.”

“Boa noite Silas. Como vão os meninos?”

Não prestando atenção ao que Silas diz, ela volta para a


cama. Amarrando o saco de lixo, ela o levanta e, sem olhar para
trás, desce as escadas para ver o xerife e Silas em pé ao lado da
porta.

“Estou pronta”, diz ela ao xerife, sem olhar para Silas.

Quando o xerife alcança o saco de lixo, Ginny afasta-o.

“Eu posso carregá-lo”, ela retruca.

“Tudo bem.” O xerife abre a porta e passa por ela.

“Você não quer se despedir dos meninos?” Silas pergunta


com voz rouca.

Ginny envolve suas emoções em aço. Não é a primeira vez


que ela deixa sua família para trás — Manny, Trudy, seu pai,
Leah. Ela não terá outro adeus.

Com o rosto seco, ela sai pela porta, determinada a não


quebrar quando seus irmãozinhos saem para a varanda, chorando
por ela.

Ela não olha para trás, carregando o saco para o carro e


abrindo a porta de trás, ela o joga para dentro antes de entrar e
fechar a porta. Ela nem olha pela janela do carro quando Ezra,
Jacob e Jody começam a bater no vidro ao lado dela quando o
xerife entra no carro.

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Ela também não olha para trás quando ouve Silas e Isaac
dizer aos meninos para recuarem para deixar o carro sair.

“Ginny, você está indo—”

“Não fale comigo nunca mais. Eu te odeio.”

Ela olha pelo espelho retrovisor enquanto ele se afasta ao


som dos gritos de seus irmãos.

Aturdida, ela olha pela janela enquanto as árvores passam


do lado de fora, enterrando o eco de suas vozes infantis no fundo
de sua memória. Como se ela ouvisse o riso de seu pai e Leah.
Como se ela ouvisse a voz de Trudy antes que o avião caísse.

Quando o carro para, ela olha para a casa em que o xerife


estaciona.

“É isso. Sua nova casa.”

Soltando o cinto de segurança, Ginny abre a porta e pega o


saco preto. Ela desce quando o xerife dá a volta na frente do carro.

Batendo a porta, ela não olha para trás, nem para o celular
brilhante que deixa para trás.

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CAPÍTULO DOZE

Encarando a parede rosa nua, Ginny se senta com as


pernas cruzadas em sua cama, ouvindo música enquanto faz sua
lição de casa. Uma coisa é certa, ela não irá para a faculdade. Ela
odeia a escola. Não que ela não possa fazer o trabalho, mas ela
definitivamente não é a lâmpada mais brilhante de sua classe.

Mordiscando o lábio, ela olha para a confusão de números


que não consegue entender, apesar de usar as fórmulas que o
professor ensinou.

Colocando uma mecha de cabelo castanho para trás, ela


está prestes a voltar à resolução do problema quando a porta do
quarto abre.

Escondendo os olhos com os cílios, ela esconde a aversão


que sente pela mãe adotiva.

“O jantar está pronto.”

Ginny não se deixa enganar pelo sorriso falso que a mulher


lhe dá. Lisa West é linda, tem um marido bonito e mora numa
casa linda, mas há algo faltando na mulher e Ginny não consegue
descobrir o que é.

Mesmo tão brava quanto estava no primeiro dia, ela foi


educada quando o xerife a apresentou a Lisa e Dalt West.
Seus sorrisos a cegaram no começo, porque eram
muito amigáveis. Lisa até colocou um braço

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maternal ao seu redor enquanto a conduzia pelas escadas para


seu novo quarto. Fazia tanto tempo desde que ela experimentou o
toque de uma mãe que o simples gesto quase a fez cair em
lágrimas.

O quarto para onde Lisa a guiou era três vezes maior que o
que ela deixou para trás. Decorado em rosa pálido e branco, tinha
uma cama enorme com um dossel pendurado no alto, a cortina
branca e fina entrelaçando os quatro pilares da cama. Era um
quarto de conto de fadas que as meninas sonhavam.

Ginny odiou.

O quarto era perfeito. Numa revista, ele teria oohs e ahhs,


mas viver nele é doloroso.

“Tire os sapatos. Não quero que o tapete fique sujo. A partir


de agora, quando entrar em casa, coloque seus sapatos embaixo
da mesa de entrada.” O tom maternal com que ela a cumprimentou
se fora.

Caminhando rapidamente pela sala, seus calcanhares


afundaram no tapete branco como a neve enquanto ela abria o
armário mais próximo. “Você pode pendurar suas roupas lá dentro.”
Flashes de luz atingiram o anel de diamante em sua mão enquanto
ela acenava em direção a uma porta de madeira do lado oposto da
sala. “Você pode usar isso para coisas que não deseja colocar em
um cabide.”

“Sim, madame.”

Ela estremeceu, cruzando os braços sobre o peito. “Pode me


chamar de Sra. West ou Lisa. Não ligo para o madame.”

“Sim, senhora West.” Ginny agarrou o nó no saco de lixo com


mais força pela maneira crítica como a mulher a encarava.

“Eu não gosto de bagunça, então mantenha seu


quarto limpo. Há uma cesta no banheiro para suas

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roupas sujas e, de manhã, mostrarei como gosto da cama feita.”

Ginny não conseguia falar em torno do nó na garganta que


estava se formando, então ela assentiu, entendendo o que era
esperado dela.

“O jantar será daqui a dez minutos. Lave-se e desça as


escadas.” Lisa elegantemente voltou para a porta, parando antes
de sair e dando-lhe um olhar duro. “Outra coisa, este é o seu quarto.
Exceto a sala de jantar para refeições, você não é permitida em
nenhum outro cômodo, nem no banheiro. Você tem o seu próprio,
então não há necessidade de usar o de hóspede. Eu fui clara?”

Ginny finalmente encontra sua voz. “Sim, Sra. West.”

“Dez minutos”, ela a lembra. “O xerife ficará para o jantar.


Ele quer ter certeza de que você está confortável e acomodada antes
de ir embora.” Sua voz ficou ainda mais fria. “Eu não gostaria que
ele levasse mais tempo do que precisa para garantir a si mesmo
que você está bem. O xerife é um homem ocupado e tem assuntos
mais importantes com que lidar do que atender uma criança de doze
anos. Você entendeu?”

Ela entendeu. Se não estivesse tão brava com o xerife por


fazê-la deixar sua família, ela carregaria seu saco de lixo escada
abaixo e imploraria para que ele a levasse a qualquer lugar, menos
aqui.

“Sra. West. Eu já vou.”

Olhando para trás, Ginny percebe que foi um erro teimoso


com o qual ela agora tem que conviver no futuro próximo.

Ela se sentou à mesa do jantar, recusando-se a responder


a qualquer tentativa que o xerife fez para conversar com ela. Ela
ainda estava sentada à mesa, olhando para uma fatia de porco
nadando em maçãs, querendo vomitar, quando ele se
despediu e a deixou para trás. Ele olhou para trás,
dando-lhe tempo para detê-lo. Firmando os lábios,

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ela lhe deu um olhar zangado, que esperava que o machucasse


tanto quanto ele a feriu.

O mês em que ela morou lá foi miserável. A única parte boa


do dia era a escola e isso não dizia muito.

Ela sentiu falta de ser educada em casa pelo pai. Ele lhes
dava uma pasta no início de cada semana e, na sexta-feira, ela
teria feito tudo no seu próprio ritmo. A melhor parte disso era que
seu pai era péssimo em matemática da mesma maneira que ela.
Ele dava a Silas a pasta dela para avaliar as tarefas de matemática
e o irmão de alguma forma a fazia entender como ter a resposta.
O professor da escola não se importava, apenas riscando uma
marca vermelha no topo. Cada marca vermelha fazia seu coração
murchar um pouco mais a cada dia. Assim como quando Lisa
aparecia e falava com ela todos os dias.

“Não estou com fome.”

Sua mãe adotiva se apoia no batente da porta, cruzando os


braços sobre o peito numa pose que Ginny estava começando a
odiar tanto quanto ela. “Você não acha que é hora de parar de agir
como uma cadela mimada?”

A boca de Ginny se abre.

“Está certo; Eu te chamei de cadela. Se vai agir como uma,


é assim que você será tratada por mim.”

Ela não sabia o que dizer. Nunca falaram assim com ela
antes.

“Eu já me cansei de sua atitude. Há apenas uma cadela


nesta casa e querida, não é você.”

Seus comentários severos a cortam como uma faca. Ela


quer se vingar da mulher, mas o medo a detém. Há um brilho
nos olhos de Lisa que ela lembra-se de ter visto quando
era mais jovem. Ela instintivamente fecha a boca,

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decidindo não provocá-la, com muito medo do que acontecerá.

“Sua professora me ligou para marcar uma reunião. Ela


está preocupada do porque você está falhando, que não está
fazendo nenhum esforço para fazer a lição de casa e, quando o faz,
está errado.” Andando pelo quarto, ela para ao lado da cama.

O corpo de Ginny está tenso de medo, vendo a fúria que ela


não viu quando estava mais longe.

Lisa curva os lábios num sorriso cruel. “Relaxe, querida.


Não vou colocar uma mão em você. Posso ser forçada a viver em
um centro de caipiras, mas isso não significa que tenho que agir
como eles.” Sentada na cama, Lisa cruza as pernas elegantemente
enquanto fecha o livro, forçando sua atenção para ela.

Passando a ponta do polegar sobre as unhas bem feitas, ela


começa a falar e, enquanto o faz, Ginny quer pular da cama e sair
correndo do quarto. O medo a mantem no lugar.

“Precisamos chegar a um acordo. Tornei-me mãe adotiva


por um motivo e é porque não tenho nenhum filho. Para ser
franca, existem certos convites e funções que apenas os pais
recebem. Preciso de um filho para atingir esse objetivo. É aí que
você entra. Se eu não posso te usar dessa maneira, você é inútil
para mim.”

“Eu queria um filho muito mais novo. Infelizmente, deixei o


xerife me convencer a aceitá-la em minha casa. Uma decisão da
qual agora me arrependo.”

“Eu também não gosto daqui.” Arqueando os ombros para


trás obstinadamente, Ginny tenta esconder sua apreensão. Ela
não quer que sua mãe adotiva veja seu medo. É uma lição difícil
que ela aprendeu quando lidou com alguém ainda mais
assustador do que a mulher charmosa que tenta intimidá-la.

“Cale-se. Quando eu quiser sua pequena e


estúpida opinião, vou pedir”, ela diz cortante,
fazendo-a se sentir completamente reduzida.

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JAMIE BEGLEY

“Você deveria estar beijando o chão em que eu ando, para


ter o benefício da minha orientação. A melhor coisa que já
aconteceu com você é que estou disposta a ignorar esse lixo”, as
mãos de Ginny se fecham em punhos para a família dela ser
chamada de lixo, “o buraco em que você nasceu e agora você pode
se tornar uma mulher que pode ter uma carreira da qual se
orgulhe, diferentemente de sua mãe que a deixou para ser criada
por um homem cuja única maneira de ganhar a vida era ser pai
de tantos filhos quanto pudesse. Você, minha querida, não vai
parir um pirralho todos os anos para ganhar outro cheque.”

Ginny abaixa os cílios, escondendo seu desagrado pela


mulher que pensa que é melhor que seu pai. Seu pai a banhou
com tanto amor e autoestima que ela é capaz de ver através da
escravidão do medo que sua mãe adotiva tenta incutir nela.

Deslizando da cama, Ginny vai até o baú para tirar uma


braçada de roupas e as joga na cama. Ela está indo ao armário
pegar sua jaqueta quando se vira ao som de uma risada maliciosa.

“Indo para algum lugar?”

“Estou indo embora.”

“Você pode querer pensar sobre isso”, diz ela


maliciosamente.

“Você não pode me parar. Tudo o que tenho a fazer é dizer


ao xerife que não vou mais ficar aqui.”

Lisa dá de ombros. “Você está certa. Estou perfeitamente


ciente de que o xerife tem um fraquinho por você.”

Ginny está com medo de novo. Lisa está muito confiante de


que pode obriga-la a fazer o que quiser. Dizendo a si mesma para
não ouvir sua mãe adotiva, ela começa a voltar para a porta. Pode
estar frio lá fora, mas vale a pena continuar sem uma jaqueta
ao invés de ouvir Lisa. Ela fará o xerife pegá-la para
ela.

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JAMIE BEGLEY

“É claro que não apenas o xerife procurará um novo lugar


para você, mas para todos aqueles seus pequenos irmãos.”

“Por que ele teria que fazer isso?”

“Vi seu irmão mais velho pela cidade com eles pendurados
ao redor. Ele parece sobrecarregado agora, não é? Ah, esqueci que
você não o viu desde que saiu. Se eu notei o quanto ele está tendo
dificuldade, é apenas uma questão de tempo até que o serviço
social perceba também. Naturalmente, eu odiaria me envolver
nesses assuntos, mas por você eu abriria uma exceção.”

A ameaça velada de Lisa a detém.

“O xerife não vai te deixar fazer isso.”

“Como ele pode me parar? Ele tem que fazer o que o juiz
manda.” Lisa inclina a cabeça com curiosidade. “Você tem certeza
de que o xerife interferirá. Por que ele se importaria? Você não é a
única criança que o tribunal ordenou que ele cuidasse.”

Ginny treme com o jeito que ela está a olhando.

“Eu vi você na lanchonete com ele algumas vezes depois da


igreja. Agora que penso nisso, você também se senta ao lado dele
durante o serviço. Talvez eu deva denunciar alguém ao serviço
social.”

Enojada com o que Lisa está sugerindo, Ginny quer sair do


quarto e nunca mais a ver, mas sabe que, se o fizer, Lisa se vingará
no xerife e em Silas.

“Eu te odeio.”

A mulher levanta os lábios num sorriso satisfeito. “Eu não


poderia me importar menos. Também não gosto de você, então
estamos quites.” De pé, ela alisa o vestido e depois se move em
sua direção para se elevar sobre os saltos, fazendo Ginny
inclinar a cabeça para olhá-la.

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“Estou perfeitamente disposta a fazer uma trégua. Está


tudo nas suas mãos. Vou à cozinha pegar um saco de lixo para
você ou vai se esforçar mais para me fazer feliz?”

Não há como ela fazer Lisa feliz, a menos que admita a


verdade. “Eu não sou boa em matemática, não importa o quanto
tente.”

“Não estou surpresa. Seu professor me informou que


nenhum dos Colemans tem um histórico do qual se orgulhar na
escola. Levando isso em consideração, pedi a um amigo meu para
te ensinar. Espero que você esteja em seu melhor comportamento
perto dele. Não me decepcione duas vezes, Ginny. Você não vai
gostar de mim se o fizer.”

“Por favor, escove o cabelo antes de descer para jantar. Está


uma bagunça.” Usando uma unha com ponta rosa, ela joga o rabo
de cavalo sobre o ombro. “Marquei um horário para você com meu
cabeleireiro. Acho que um corte mais curto combina mais com
você.”

Ginny toca seu cabelo, preocupada. “Eu gosto do meu


cabelo comprido.”

“Faz você parecer um lixo. Estamos tentando fugir disso,


não é?”

Apenas o pensamento de seus irmãos e do pai Will a faz


concordar com a cabeça. “Sim, Sra. West.”

Ginny se vira para ver sua mãe adotiva sair. Então, trêmula,
vai ao banheiro escovar os cabelos. De olhos secos, ela se olha no
espelho. “Isso tudo é culpa sua”, ela diz a seu reflexo. “Você
merece ter que viver com a bruxa má. Eu te odeio tanto!” Ela puxa
a escova, puxando o pente pelos cabelos, indiferente se arranca os
fios. “Ela está certa; você é estúpida. Tão estúpida.”
Repetidamente, ela desliza a escova pelo cabelo até ficar
liso e então preso novamente num rabo de cavalo.

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Lavando o rosto e as mãos, ela pega a toalha que está


cuidadosamente dobrada na pia. Secando o rosto, ela abaixa a
toalha, revelando seu reflexo novamente.

“Por favor, lembre-se...”, ela implora impotente. “Por favor,


lembre-se ...”

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TREZE

Ginny sai da escola, seu coração afundando com a visão de


Lisa falando com o diretor. Ela deseja poder ser como as outras
crianças que fazem fila para pegar os ônibus escolares ou as que
estão obedientemente se revezando para entrar nos veículos que
estão na fila. Lisa não só não está esperando sua vez de entrar no
carro, como também não está vestida como as outras mães.

Ginny arrasta os pés para frente, parando ao lado de Lisa.


Ela quer vomitar com o sorriso que Lisa lhe dá, mas permanece
em silêncio, esperando a conversa terminar.

Pelo canto do olho, ela vê um garoto sair pela porta,


parecendo tão infeliz quanto ela. Não demora muito para ela
entender o porquê. Dois estudantes mais velhos estão zombando
dele enquanto o seguem até o ônibus. Moses está na classe deles,
seu corpo magro é um terço do tamanho de um dos valentões o
incomodando.

“O que há de errado, bebê chorão? Você esqueceu sua


chupeta?”

Seu temperamento brilha com as zombarias deles.

Ginny vê que os professores na zona de saída não estão se


esforçando para impedir o comportamento ofensivo, então,
firmando a mochila no ombro, afasta-se da mãe adotiva e
aparece atrás dos dois agressores que atormentam seu
irmão.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Ufa-ee ...” O maior dos dois inclina a cabeça para farejar


de longe o Moses. “Você e seus irmãos lavam suas roupas no
banheiro ou no chiqueiro?” Eles riem zombando, ambos ocupando
lados opostos de Moses para prendê-lo entre eles.

Chegando ao lado deles, eles não percebem até ser tarde


demais que ela está testemunhando cada um deles estendendo
um pé para Moses tropeçar.

Ela avança furiosamente, batendo a mochila no mais


próximo dela.

“Ai!” Um rosto sardento vira-se para ela em choque, com a


mão na lateral do rosto.

“Fique longe do meu irmão!” Correndo para Moses, ela


descontroladamente balança a mochila para o outro garoto antes
que ele possa fugir. “Seu grande e feio cocô. O único que fede é
você.”

“Ginny!”

“Ginny!”

Alheia ao grito da mãe adotiva e do diretor, Ginny chuta o


pé nos dois meninos aterrorizados, fingindo que está prestes a
bater neles novamente.

“Meu irmão mais velho vai te espancar quando eu contar a


ele!”

Balançando o pé novamente, ela consegue acertar o


sardento nas costas quando ele sobe os degraus do ônibus. Ela
coloca o pé no degrau para persegui-lo quando se sente ser
puxada para trás pelo vestido.

“Pare com isso!” Lisa sibila em seu ouvido. Agarrando-a pelo


braço, ela a empurra em direção à escola. Ginny faz questão
de não estremecer quando as unhas de Lisa afundam

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

a pele que ela está segurando com força. “Como você ousa agir
como lixo com todo mundo assistindo!”

Ginny sente as mãos apertando-a quando entram. Ela sabe


que está com um grande problema quando Lisa não para até que
estão no escritório do diretor e ela está na cadeira de frente para
a mesa.

“Sinto muito, Ross!”

Impenitente, ela deixa a mochila cair no chão e encara


teimosamente os dois adultos que não fazem nenhum esforço para
esconder seu desgosto pela maneira que ela agiu.

Ginny não se importa. Moses é o mais doce de seus irmãos.


Ele não suporta que nada seja ferido. Ginny não consegue nem
contar o número de vezes que ele amamentou um animal doente
e os animais retornaram a saúde naturalmente, deixando-o tocá-
los apesar de não conhecer o toque da mão humana. O fato de
dois meninos caçarem Moses a deixa enjoada.

“Você não tem nada pelo que se desculpar, Lisa. Já lidei


com os Colemans antes. Devo admitir que descobrir que eles
entrariam no sistema escolar não foi um dos meus melhores dias.”

“Eu posso imaginar. Só tive que lidar com Ginny por três
meses e estou no meu juízo final. Ela está muito perturbada,
Ross.”

Sob o olhar crítico do diretor, Ginny entende melhor porque


Silas odeia a escola. Ela também odeia. Os professores são
esnobes, e o destaque do seu dia é ver quantas crianças eles
podem depreciar quando passam por eles nos corredores.

Ginny levou a maior parte da vida na montanha, vivendo


numa bolha de proteção. Sendo tirada desse ambiente, ela não
está lidando muito bem e não sabe como torná-lo melhor. Ela
sente como se estivesse em queda livre e não tivesse
nada ou ninguém para impedi-la.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Você é uma mulher incrível, Lisa. Admiro o que está


fazendo, trazendo Ginny para sua casa.”

Algo no tom da voz do diretor a faz franzir a testa em


confusão. Movendo o olhar entre os dois, ela fica confusa com o
que é.

Ela observa o diretor se dirigir à mesa dele, parando ao lado


de Lisa para colocar uma mão reconfortante em suas costas. Se
ela não os estivesse estudando tão de perto, Ginny não notaria a
maneira como ele desliza a mão pelas costas dela. O toque
persistente deixa Ginny desconfortável, e ela não consegue
explicar o porquê.

Ginny enrijece na cadeira com o olhar que acontece entre


eles. Inocentemente, sem saber por que aquilo a incomoda, ela
não tem tempo de se perguntar antes que o diretor vá para trás de
sua mesa para encará-la com indiferença.

“O que aconteceu lá fora não pode ficar impune, Ginny.


Espero receber telefonemas quando Calvin e Evan chegarem em
casa. Vou dizer a eles que tomei medidas para impedir que seu
comportamento perigoso continue.”

Ginny aperta os lábios com tanta força que o lado de fora se


curva para dentro.

“Para fazer isso, sinto que a melhor coisa para garantir que
seu melhor comportamento fique sob controle seja você ficar na
sala de detenção ao lado da minha, onde ficarei de olho em você o
dia inteiro. Vou acompanhá-la pessoalmente até o carro de sua
mãe adotiva à tarde e, a qualquer momento, que sinta que você
não aprendeu a lição sobre qual comportamento é esperado,
estenderei sua punição até que isso aconteça. Eu fui claro?”

Ginny o encara sem hesitar com a censura em seus olhos.


Ele a punirá?

Ginny abaixa a cabeça para que ele não veja o


ódio derramando por sua falta de cuidado com o

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JAMIE BEGLEY

fato de Calvin e Evan estarem atormentando Moses. Não é justo,


mas Ginny já aprendeu uma lição muito mais difícil do que o
pensamento dele puni-la.

A vida não é justa. É como um rio que está ali - sem rumo
ou razão. Não tem sentimentos, não se importa com o que todos
os seres vivos precisam para sobreviver, mas compartilha sua
riqueza ou é tão mesquinho quanto um avarento. Isso pode te
excitar indiscriminadamente, criando estragos a qualquer
momento, destruindo vidas e tudo mais em seu caminho furioso.
Exatamente como o diretor e seus pais adotivos estão tentando
fazer com ela.

O diretor usa sua autoridade para espremê-la num molde


plástico que não tem substância, como Lisa e Dalt. Bonita por fora
e oca por dentro.

“Sim senhor.”

“Você tem sorte, Ginny. O Sr. Henderson poderia ter te


expulsado por seu comportamento.”

Ginny se encolhe com o olhar que Lisa dá ao diretor.

Vendo que ela os observa, sua expressão se torna ainda


mais agourenta, silenciosamente, dando-lhe um aviso que ela é
incapaz de entender. “Pegue sua mochila. Prometo, Sr.
Henderson, que o castigo dela se estenderá em casa. Estou
ansiosa para trabalhar com você para por Ginny nos trilhos, onde
ela será capaz de superar um cenário que, acho que nós dois
diríamos, infelizmente tem falta de graças sociais.”

Ginny não dá a Lisa a satisfação de deixá-la vê-la


estremecer quando sua mão vai ao ombro de Ginny, afundando
as unhas em sua pele. Estendendo a mão para a mochila, fica
aliviada quando Lisa solta seu ombro para apertar a mão do Sr.
Henderson.

Seguindo a mãe adotiva do escritório, Ginny


sabe que sua atitude educada mudará assim que

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JAMIE BEGLEY

estiver sozinha com ela. Para sua surpresa, Lisa não diz nada a
ela quando estão no carro, nem o faz quando entram pela porta
da casa.

“Vá para o seu quarto e comece sua lição de casa. O pastor


Dean está livre esta noite e quer começar suas sessões de tutoria.”

Seu estômago ronca quando ela sobe os degraus. Ela está


gradualmente aprendendo a ignorar as dores de fome com as
quais nunca teve que lidar antes. A cozinha é outro cômodo que
ela não pode entrar. Se está com fome, tem que esperar até a hora
das refeições. Ela pode pegar um copo para encher na torneira do
banheiro em seu quarto, mas se Lisa entrar, como faz
periodicamente durante o dia em que está em casa, e o copo não
estiver no apoio, ela não aceitará. Ela demorou três dias para criar
esse hábito.

Tirando os livros da mochila, ela começa a fazer a lição de


casa que não consegue terminar durante o dia. Mal ela começa,
Lisa entra para dizer que é hora de sair. Ela nem foi capaz de
começar o trabalho que precisa ser concluído em casa. Apesar do
quanto ela tente, está ficando para trás.

Silas sentia pena dela e verificava suas respostas mesmo


quando estavam erradas? Lisa está certa? Ela é burra? Sua
família sempre a fez se sentir inteligente. Tudo foi uma mentira
para impedi-la de perceber a verdade?

Ginny olha pela janela enquanto dirigem a curta distância


até a igreja. Lisa não tenta falar com ela, a menos que faça algo
que não goste.

Entrando no estacionamento, Lisa para o carro. Em vez de


sair como Ginny espera, sua mãe adotiva abaixa a janela antes de
usar o espelho para aplicar novamente o batom.

“Você precisa entrar comigo?”

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JAMIE BEGLEY

“Não. O pastor Dean me ligará quando terminar. Espere


dentro das portas da igreja até ver o meu carro.”

Assentindo, ela caminha em direção à igreja.

O prédio está silencioso quando ela entra. A grande cruz na


parede atrás do púlpito de frente para ela é a primeira coisa que
ela vê. Os bancos vazios estão arrumados fileira após fileira, com
um corredor central no meio. A atmosfera pacífica afrouxa o nó
apertado em seu peito que ela desconhece. As lembranças de estar
sentada no terceiro banco do púlpito trazem de volta lembranças
de estar ali todos os domingos com Papai Will.

Lágrimas surgem em seus olhos. Ela não falou com ele


depois que ele a levou de seus irmãos.

Virando à esquerda, ela vai em direção ao escritório do


pastor Dean. A porta está aberta. Aproximando-se, ela vê o pastor
sentado atrás de sua mesa.

Ao vê-la na porta, o pastor dá um sorriso acolhedor. “Entre,


Ginny. Estava esperando por você.”

“Pastor”, Ginny o cumprimenta.

“Não pareça tão apreensiva. Eu não mordo.”

Ginny força um sorriso aos lábios, temendo que ele


descubra o quão burra ela é.

O pastor é mais jovem que o anterior. Além disso, ele é


muito melhor. Até o pai dela disse que o pastor Dean o fez querer
ir à igreja novamente. Ele não o fez, embora tenha ficado do lado
de fora durante os cultos, dizendo a cada vez que tentaria na
semana seguinte. Aquele domingo nunca chegou e nunca chegará.

“Coloque seus livros na minha mesa e puxe uma cadeira.


Vamos começar.”

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Fazendo o que ele pediu, Ginny coloca seus livros sobre a


mesa. Arrastando a cadeira da frente da mesa e para o lado dele,
ela se senta.

O pastor Dean olha os livros que ela trouxe com uma


sobrancelha levantada. “Você tem dever de casa em todas as
disciplinas?”

Corando, ela começa a se mexer na cadeira. Não demorará


muito para ele descobrir como ela é burra. “Sim, pastor.”

“Qual deles está lhe dando mais problemas?”

Ginny pega seu livro de matemática, movendo-o para o topo


da pilha.

“Matemática é minha melhor matéria. Que capítulo?”

Ginny abre o livro no capítulo que está tentando resolver.

“Você está apenas no capítulo três?”

Ficando vermelha, ela olha fixamente para a página,


rezando para que milagrosamente tenha aprendido a lidar com os
problemas no caminho para a igreja. Ela não o fez, e agora Deus
e o pastor sabem quão burra ela é.

“Estou atrasada.”

“Então vamos alcançá-los.” Encorajadoramente, ele


pergunta em qual problema ela está.

Pegando uma apostila da pasta da lição de casa, ela entrega


a ele. Esperando que o pastor comece imediatamente a dizer-lhe
como resolver o problema, Ginny tira um lápis da bolsa. Quando
ele coloca o papel em cima da mesa e apenas o encara com uma
careta, Ginny se pergunta se ele está tendo tanto problema com
ele quanto ela.

“Você tem algum dos seus papéis de matemática


com você?”

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JAMIE BEGLEY

Ela abre o caderno na seção que usa para matemática e o


pastor pega os papéis que estão classificados. Ele dá uma rápida
olhada quando vê a marca vermelha no topo de cada um deles
antes de retornar aos papéis verificados. Leva alguns minutos
para ele erguer a cabeça novamente.

“Eu sei que sou burra”, diz ela miseravelmente,


interrompendo-o antes que ele possa lhe falar o que já foi dito.

O cenho dele fica mais profundo. “Quem te disse que você é


burra?”

Ao ver a raiva crescente dele, Ginny se retira


apressadamente para dentro de sua concha, onde ninguém pode
extrair informações dela, se ela não quiser contar.

“Ninguém. Não preciso que ninguém me diga o que já sei”,


diz ela, fechada.

Sua expressão fica gentil. “Você não é estúpida, Ginny; você


é disléxica.”

“O que é isso?”

“Isso significa que números e letras parecem diferentes para


você do que para mim.”

“Isso significa que eu preciso de óculos?”

“Não, óculos corrigem a visão. Não pode ajudar a maneira


como seu cérebro está vendo as informações. Depois de aprender
uma maneira diferente de ver letras e números, você poderá
acompanhar. Sua professora deveria ter percebido isso quando
classificou suas atividades e a ajudado em vez de usar tanto o
lápis vermelho. Ela nem se deu ao trabalho de mostrar como
resolver os problemas que você errou. Você tem um pedaço de
papel limpo que eu possa usar?”

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Ginny arranca um pedaço de papel do caderno e entrega a


ele. Enquanto isso, o pastor folheia o resto do caderno, voltando-
se para a seção de leitura.

“Você está atrasada nos outros assuntos?”

“Não, eu estou conseguindo. Tive que parar de fazer meu


dever de matemática primeiro e fazê-lo por último. Acabo mais
rápido com essas matérias, mas não consigo acompanhar
matemática.”

“A dislexia pode afetar crianças em diferentes áreas. Pode


ser apenas matemática com a qual você precisa de ajuda. Não
tenho treinamento para ensinar, mas vou trabalhar com você até
que alguém da escola seja designado para isso.”

Colocando o papel na mesa, ele começa a resolver o primeiro


problema na folha, mostrando a ela como ter a resposta.

“Você pode tentar fazer o próximo sozinha.”

Concentrando-se nos números do problema, ela o resolve


da maneira que o pastor havia mostrado a ela. Quando ela olha
para cima, ela o vê franzindo a testa novamente.

“O que fiz errado?”

“Eu não entendo. Eu não acho que você é disléxica. Não há


nada errado com a maneira como resolveu este.” Pegando uma
das folhas de lição de casa já verificadas, ele aponta para um
problema. “Esse é o mesmo problema daqui. Você trocou o nove e
o seis e o segundo e terceiro passo. Sua professora lhe mostrou
como lidar com o problema dessa maneira?”

“Não, a professora não me mostrou como resolver. Ela só


colocou o número da apostila para trabalharmos.”

“Então, como aprendeu a fazer isso?”

“Aprendi a resolver problemas assim quando


meu pai me ensinou em casa. Papai não era bom

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em matemática, então ele mandou Silas nos ensinar. Ele é


realmente inteligente”, ela se gaba do irmão, apesar de ainda estar
brava com ele.

O pastor a encara pensativo antes de apontar para outro


problema. “Resolva esse problema da maneira que eu mostrei a
você, não da maneira que Silas lhe ensinou.”

Focando no problema, ela o resolve da maneira que o pastor


Dean mostrou a ela. Quando termina, ela desliza o papel de volta
para ele.

“Ginny...?”

“Sim, pastor?”

“Você não é burra. Na verdade, acho que é mais inteligente


do que você e sua professora lhe dão crédito.”

“Você acha?” Seu elogio é o primeiro raio de sol que ela sente
desde que seu pai e Leah morreram.

“Sim, eu acho. Falarei com a Sra. West quando eu ligar para


ela depois que terminarmos e vou pedir sua permissão para ir à
escola amanhã e apresentar um plano para igualá-la com seus
colegas de classe.”

O raio de sol se espalha para seus olhos. “Você faria isso


por mim?”

“Irei com uma condição.”

Ela não se importa com o que ele queira, desde que tire Lisa
e sua professora de suas costas. Se a professora continuar
chamando Lisa para reclamar, ela ligará para o serviço social
sobre seus irmãos. Ela está infeliz o suficiente sem se preocupar
que eles fiquem infelizes se forem levados de Silas.

“Qualquer coisa”, ela promete fervorosamente.

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“Bom. Então espero vê-la na igreja neste domingo.”

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CAPÍTULO QUATORZE

“Ela está a caminho.”

Ginny assente enquanto fecha a mochila. “Obrigada.”


Levantando-se, ela joga a mochila no ombro. “Vou esperar na
porta.”

“Fique na porta. Eu tenho que me trocar. Um paroquiano


está no hospital, e eles me mandaram uma mensagem pedindo
que eu fosse até lá. Vou te fazer companhia até que ela chegue, se
ainda estiver aqui quando eu terminar de me trocar.”

Em vez de se afastar, ela se levanta, olhando o pastor e


tentando encontrar o jeito certo para agradecê-lo por lhe mostrar
que ela não é tão burra quanto todos pensam que ela é, sem se
fazer parecer idiota. Não encontrando opções, ela desiste, indo
para a porta.

“De nada.”

Ruborizando que o pastor entendeu o que ela tentava dizer,


Ginny corre para a porta da frente. A última coisa que ela quer é
fazer Lisa esperar.

Ela usou alfinetes e agulhas para mantê-la feliz desde a


conversa. Ela estragou tudo esta tarde e está aterrorizada com o
que fará se a deixar com raiva duas vezes no mesmo dia. O
estranho é que Lisa não parecia chateada. Ela parecia
estar de bom humor quando a deixou enquanto

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JAMIE BEGLEY

enviava uma mensagem para alguém em seu telefone.

O estacionamento permanece imóvel enquanto ela


praticamente pressiona o rosto contra a porta para olhar para
fora. O silêncio na igreja é assustador. A fraca iluminação deixa
áreas da igreja envoltas em sombras, criando um efeito
sobrenatural que a faz tremer com a repentina onda de ar frio que
a atinge, enviando arrepios por seus braços.

Engolindo um monte de medo, Ginny congela, sentindo-se


boba por ter medo numa igreja. Então, ouvindo um som da frente
da igreja, ela se vira.

Seu coração quase para quando vê uma sombra passar na


frente da cruz. Ela coloca a mão sobre a boca para não gritar de
terror. Assustada, ela quer correr para o escritório do pastor e se
trancar lá dentro. No entanto, incompreensivelmente, ela não o
faz. Em vez disso, ela dá um passo à frente, caminhando pelo
corredor em direção ao púlpito.

Ninguém está lá.

Ela podia jurar que viu alguém.

Foi surreal. Do jeito que ela pensou ter visto a sombra


passar na frente da cruz, parecia ter asas.

Abalada, ela tenta dar outro passo à frente. Sentindo que


seus joelhos não aguentam seu peso, ela agarra a lateral de um
banco para se firmar.

“Tem alguém aí?” Ela diz, prometendo a si mesma nunca


assistir a outro filme de terror pelo resto da vida.

A igreja está tão silenciosa que ela seria capaz de ouvir


qualquer som, mas ela não escuta nada. Balançando a cabeça
para si mesma, Ginny volta para a porta, sentindo-se tola. Ao
fazer isso, ela percebe que a porta do pastor se fechou.
Dando um passo nessa direção, ela dá um pequeno

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grito quando a porta principal da igreja abre, fazendo-a largar a


mochila.

“Por que está demorando tanto?” Lisa diz quando a vê.

“Desculpe”, Ginny murmura, curvando-se para pegar a


mochila. “Não demorarei um minuto. Vou dizer ao pastor Dean
que estou indo embora.”

A porta fechada está silenciosamente pedindo que ela a


abra, impulsionando os pés para a frente como um forte ímã em
sua direção.

“Agora! Eu não tenho a noite toda. Vou mandar uma


mensagem para ele quando entrarmos no carro.”

Ginny relutantemente corre para a porta que Lisa está


mantendo aberta.

“Da próxima vez, você pode ir para casa.”

Ginny não discute quando se senta no banco de trás, com


a mente ainda na igreja. Afivelando o cinto de segurança sem tirar
os olhos da igreja, ela quer correr de volta para dentro.

Quando Lisa coloca o carro na estrada, ela abre o zíper da


mochila, certificando-se de ter todos seus livros e cadernos
enquanto tenta explicar por que ela se sente como se tivesse
deixado algo importante para trás.

Três minutos depois, Ginny está saindo do carro e entrando


na casa. A sala não está vazia; Dalt está assistindo televisão.
Ginny vê o copo quadrado na mesinha ao lado dele sem um
protetor embaixo. Ela quer correr para dentro.

“Como foi?” Ele pergunta enquanto ela sobe as escadas.

Seu pai adotivo tenta ser mais amigável com ela do que
Lisa, mas ela passou a odiá-lo ainda mais do que sua
mãe adotiva. O problema é que os ocidentais
realmente não fizeram nada que ela pudesse

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contar. Eles são legais? Eles fornecem uma casa como a que ela
está acostumada? Não. Talvez com uma criança mais nova eles
pudessem se relacionar melhor do que com ela. Ela não sabe. Ela
apenas espera que um dia abra a porta e Silas esteja lá para levá-
la para casa onde é seu lugar.

“Bem. O pastor me ajudou muito. Ele disse que...”

Ginny percebe que ele nem estava ouvindo. Lisa vai ao sofá
para se aconchegar ao lado do marido.

Ela os deixa sozinhos, subindo as escadas onde toma banho


e se arruma para dormir. Apagando a luz, ela se deita e olha para
o teto. Incapaz de dormir, porém, ela está prestes a acender a luz
novamente e ler um livro quando ouve a maçaneta da porta.

Mantendo os olhos fechados, ela finge estar dormindo,


sabendo que é Lisa. Ela a examina todas as noites antes de ir
deitar para se certificar de que está na cama. Ouvindo a porta
fechar, ela ouve Lisa falando do outro lado.

“Ela está dormindo.”

“Tem certeza disso?”

“Tenho certeza.”

Ginny faz uma careta de engasgo ao ouvi-los se beijando


antes de irem para o quarto, no fim do corredor.

Rolando de bruços para aliviar suas dores de fome, ela enfia


o travesseiro sob o queixo. As noites são as piores. É quando ela
sente mais a falta do pai e de Leah.

Ela odeia o lindo quarto rosa. O que ela compartilhava com


Leah era pequeno, e não tinham seu próprio banheiro, mas era
sua casa. Ela sente falta de sentar ao lado do pai enquanto
assistem a um filme. Ela sente falta do jeito que ele
reclamava quando ia ao banheiro e alguém já estava
lá. Ela sente falta da maneira como ele ria quando

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um dos irmãos brincava um com o outro. Não há nada que ela não
tenha amado sobre ele ou Leah. Ela não compensou a perda de
Trudy, mas o tempo com eles facilitou a espera por Trudy.

Ela força as lágrimas a recuarem, com medo de que Lisa


note manchas na fronha de manhã, quando a ver arrumar a cama.

Girando, ela cai num sono profundo, sonhando com um


anjo sombrio que a persegue. Desesperadamente tentando fugir
dele, ela se vê presa em seus braços. Aterrorizada, ela tenta ver o
rosto dele, mas não consegue distinguir seus traços obscuros.
Gritando de terror, ela para abruptamente, sentindo que ele não
a machucará. Quando ela não tem mais medo dele, ele
gentilmente a abaixa de volta na cama enquanto o sonho se
transforma num sono profundo e sem sonhos que a faz ignorar o
estrondo do despertador na mesa de cabeceira.

“Desligue essa maldita coisa!”

De repente, despertando com o grito alto, Ginny olha


lentamente para a porta enquanto Dalt deliberadamente entra no
quarto para ficar ao lado de sua cama, esperando
impacientemente até que ela desligue o relógio.

Lisa é a única pessoa que entrou em seu quarto. Dalt nunca


entrou lá antes, e ela não gosta que ele esteja lá. Por mais que ela
despreze Lisa, ela a toleraria um milhão de vezes por dia e não a
ele.

“Vista-se. Levarei você para a escola hoje.”

Normalmente, Dalt é legal com ela, mesmo que ele a ignore


a maior parte do tempo. Sua irritação óbvia a faz ficar
cautelosamente quieta.

“Ok. Vou me apressar”, diz ela, tentando acalmá-lo.

Satisfeito com a resposta rápida, Dalt assente com


a cabeça.

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Esperando-o sair antes de ir silenciosamente na ponta dos


pés até a porta, Ginny a tranca rapidamente antes de se vestir.
Colocando jeans e uma camisa azul o mais rápido que pôde, ela
passa uma escova pelos cabelos castanhos sem brilho. Ela não
sabe se deve arrumar a cama ou descer as escadas correndo.
Torcendo as mãos juntas, ela vai até a mesa pegar sua mochila e
depois desce as escadas correndo, onde Dalt a espera na porta da
frente.

Seu estômago faminto terá que esperar até a hora do


almoço. Ela está com muito medo de provocá-lo novamente,
pedindo café da manhã.

Sentada no banco de trás, Ginny se sente desconfortável


por estar sozinha com ele depois da maneira como ele agiu esta
manhã.

Ela deseja que o anjo sombrio que a levou embora durante


a noite não a tivesse trazido de volta. Se alguma vez sair da casa
de Lisa e Dalt, ela promete a si mesma que fará o que quiser e não
terá que ouvir ninguém sobre onde pode morar. Ela comprará
uma casa grande, encontrará Trudy, e definitivamente não terá
um apoio para copos em cada lugar da casa. Ela não é mais uma
garotinha; ela nunca mais vai acreditar em felizes para sempre.
Perder Leah lhe ensinou isso.

Leah não teve seu final feliz, Ginny pensa consigo mesma e
ela também não acha que terá um.

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CAPÍTULO QUINZE

Gavin silenciosamente abre a porta traseira da igreja,


olhando por cima do ombro para se certificar de que ninguém pode
vê-lo quando ele fecha a porta atrás dele. Ele não disse a Lucky
que viria, querendo manter a reunião deles em particular.

Os últimos nove meses em Treepoint passaram. Ele


manteve sua palavra para Taylor, indo e voltando de Kentucky
para Ohio todo fim de semana. O casamento está a um mês de
distância e ela o pressiona a decidir sobre os padrinhos e os
convidados; e até agora, ele não estendeu a mão para resolver a
briga entre ele, Viper, Rider e o clube.

Ele teria se desculpado meses atrás por sua reação e


ameaça de tirar o colete, mas a razão pela qual ele não o fez é por
que ele entra furtivamente na porta dos fundos para conversar
com Lucky. Durante o período de Gavin em Treepoint, Memphis
foi um visitante frequente. Ele ajudou a verificar as entregas,
certificando-se de que as equipes de construção chegassem a
tempo e ficassem na estalagem - certificando-se de que nenhum
material de construção fosse roubado.

Gavin está tão ocupado supervisionando a construção que


só marcou uma reunião matinal de vinte minutos com Memphis
todos os dias para discutir as atividades do dia. É um arranjo que
funcionou, Gavin foi capaz de manter distância dos Last
Riders, e Memphis era o único a atualizar Viper. O fato
dele ter se castigado ao deixar o clube funcionou
para a vantagem de Memphis - não apenas para

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encher os bolsos, mas para destruir o futuro do clube e de seus


membros.

Atravessando a frente da igreja, ele congela quando ouve


um movimento pelas costas. Protegendo sua presença, ele
caminha pela parte de trás do púlpito, com os pés silenciosos
enquanto se move para a porta lateral onde o coro costuma ficar.

Enquanto passa pela porta, ouve alguém descer pelo


corredor. Entrando no escritório, ele fecha a porta atrás de si,
frustrado por Lucky não estar lá. Ele não quer usar seu celular e
certamente não quer ser visto na igreja, não querendo que alguém
faça uma conexão entre ele e o pastor Dean. Ele conseguiu manter
em segredo sua conexão com o pastor Dean, e a última coisa que
ele quer é ser pego e destruir seu disfarce. Somente os membros
originais dos Last Riders sabem que o pastor Dean é na verdade
Lucky, e Gavin quer mantê-lo assim.

Decidindo ligar para Lucky, ele acaba de pegar o telefone


quando de repente e explicitamente quer abrir a porta. Seus
sentidos ficam em alerta. Todos os ossos de seu corpo o chamam
para expor o que há do outro lado.

Querendo saber quem é, ele segura a maçaneta da porta e


começa a girar, quando ouve um grito do outro lado, seguido por
uma voz aguda.

“Por que está demorando tanto?” Uma mulher diz.

Gavin não consegue entender as próximas palavras


murmuradas, mas ele pode ouvir claramente a outra pessoa que
não se importa que ela esteja levantando a voz em uma igreja.

“Agora! Eu não tenho a noite toda. Vou mandar uma


mensagem quando entrarmos no carro. Da próxima vez, você pode
ir para casa.”

Não mais capaz de ignorar a onda de proteção


que invade seu corpo, Gavin abre a porta,
encontrando a entrada vazia. Indo para a porta

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principal, ele olha para fora, vendo as costas de uma mulher que
ele não reconhece e de uma jovem carregando uma mochila
enquanto corre para acompanha-la. Seu olhar se concentra na
figura leve da garota que entra no banco de trás do carro.

Em vez de voltar ao escritório de Lucky, ele espera


ansiosamente ver o rosto da garota, dizendo a si mesmo que ele
só quer ter certeza de que ela está bem. Mas, no fundo, a proteção
que ele está experimentando o perturba.

“Gavin, o que está fazendo aqui?”

Assustado, ele se vira para ver Lucky aparecer atrás dele.


“Estou perdendo a porra da minha mente”, ele finalmente é capaz
de dizer. Ninguém foi capaz de esgueirar-se atrás dele desde seus
primeiros dias no serviço.

“O que?” Lucky olha-o estranhamente, confirmando que ele


enlouqueceu.

Desesperadamente, afastando a sensação estranha, ele dá


uma última olhada para ver as luzes traseiras do carro saindo do
estacionamento.

“Precisa falar comigo sobre alguma coisa?”

Gavin é severamente lembrado do que ele precisa discutir


com Lucky. “Você tem alguns minutos?”

“Não muitos. A família de um paroquiano está esperando.”

“Isso não vai demorar muito.”

Juntos, eles entram no escritório de Lucky. Gavin não fala


até a porta fechar.

“Não quero mais que me ligue ou me mande mensagem.”

“Por quê?” Lucky pergunta, sentando-se atrás de sua


mesa.

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Gavin suspeita que o oleoduto que Lucky está investigando


atinja os Last Riders perto de casa. Ele não tem intenção de alertar
Lucky até que possa provar que dois dos homens que chamam de
irmãos estão sujos. Para fazer isso, ele tem que limitar suas
interações com Lucky. Se o que ele está pensando for verdade,
pode haver mais de um irmão envolvido e ele terá fácil acesso às
comunicações entre ele e Lucky. Inferno, se for verdade, Lucky
não apenas estará em perigo, mas os outros irmãos no caso
também estarão.

“Vou te avisar em alguns dias”, Gavin diz.

“É isso? Acho que devemos ligar para Viper e trazer mais


irmãos...”

“Não!” Essa é a última coisa que eles precisam. Se ele ou


Lucky ligarem e pedirem mais ajuda, Gavin está preocupado que
seja uma bandeira vermelha para Memphis e o outro Last Rider
que ele está tentando expor. Eles cobrirão seus rastros e ele nunca
será capaz de provar que estão envolvidos no oleoduto e roubando
os Last Riders.

Se ele não fosse meticuloso em fazer cópias de todos os


contratos, eles teriam se safado muito mais do que pretendiam.
Gavin se culpa. Se ele não estivesse tão determinado a provar a
Viper que poderia lidar com a construção da fábrica, reformar a
pousada e ajudar Lucky sozinho, Memphis e as atividades
obscuras de seu cúmplice teriam sido notadas antes que sua
traição resultasse em mais do que apenas ser divulgado pelo
clube. Quando a verdade surgir, será uma sentença de morte para
todos os envolvidos.

Os Last Riders protegem o dinheiro que investiram na


construção de seus negócios. Eles não apenas ganham dinheiro
fabricando e vendendo equipamentos de sobrevivência, mas
vários membros possuem patentes, dando direitos
exclusivos aos Last Riders. Algumas dessas patentes
valem muito dinheiro e é por isso que contrataram

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apólices de seguro de vida como forma de proteger a empresa se


algo acontecer com algum membro original. Foi a porra da ideia
dele, e agora ele está se arrependendo. Se Memphis é sujo o
suficiente para reatribuir as patentes em seu nome, ele é perigoso
o suficiente para matar pelos lucros.

No entanto, é preciso que alguém com conhecimento de


computadores forjasse documentos e transferisse as patentes
para o nome dele. Memphis é inútil num computador, então quem
o está ajudando é um profissional - ele terá que estar em ordem
para manter ele ou Viper no escuro. Knox e Crash são os dois Last
Rider com formação em ciência da computação, e ambos tem as
habilidades e acesso à correspondência do clube.

Gavin terá a prova em alguns dias. Ele pediu uma cópia dos
documentos de transferência mostrando o nome de Memphis na
patente. Quando o receber, terá provas e irá ao clube conversar
com Viper, com quem não fala desde a discussão deles. O clube
terá uma reunião neste fim de semana e ele tem toda a intenção
de informar o irmão sobre a traição de Memphis e curar a brecha
que os mantem separados. Até então, ele precisa manter Lucky no
escuro. Há muito em jogo para Knox ou Crash serem alertados.

“Eu tenho tudo resolvido por enquanto. Só estou sendo


cauteloso. Viper deve estar me odiando.”

“Tem certeza?”

“Eu tenho.” Tentando apagar a preocupação no olhar de


Lucky, ele muda de assunto. “Vou para Ohio na sexta-feira. Quer
ir junto?”

“Não me tente. Estou começando a esquecer como é minha


moto.”

Gavin pode simpatizar com ele. Quando deixou os Last


Riders, ele não apenas devolveu o colete, como também
desistiu da moto, aquela que esperou para comprar

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até Viper deixar o serviço. Ele finalmente comprou uma nova, mas
não tem o mesmo significado para ele.

“Então venha”, ele insiste. “Diga a seus paroquianos que


precisa de um período sabático ou algo parecido no fim de
semana. Pode ficar comigo e Taylor se estiver com medo de que o
clube seja tentação demais para você.”

Lucky pode ser um agente disfarçado da DEA, mas no


momento em que seu amigo aceitou a tarefa e voltou a ser pastor,
ele permaneceu celibatário. Ele leva seus votos a sério. É por isso
que, quando teve dúvidas sobre sua capacidade de servir, ele se
afastou para se dar tempo de tomar uma decisão sobre um futuro
sem a igreja.

Gavin entende o dilema de Lucky, estando dividido entre


suas crenças enquanto deseja a liberdade que não terá como
pastor. Gavin está dividido entre os Last Riders e Taylor. Nem se
encaixam como ele pensou que faria. À medida que seu casamento
se aproxima, ele está duvidando que eles jamais o façam,
especialmente se ele recuperar a amizade com Viper, o que ele
planeja fazer. Os Last Riders não serão os únicos com quem ele
terá uma conversa direta. Taylor precisa ser informada de que ele
planeja restabelecer sua associação e que, se ela quiser
interromper o noivado, ele entenderá. Na verdade, Gavin não sabe
se são dúvidas de última hora que surgem em sua mente conforme
o casamento se aproxima, ou a verdade das palavras de Rider
voltando para assombrá-lo. Ele ama Taylor e quer se casar com
ela, mas quer ser sincero com o fato de que os Last Riders farão
parte de sua vida juntos.

“Verei como está o paroquiano no hospital hoje e amanhã.


Vou até lá com você, mas terei que voltar no domingo cedo.”

“Isso é bom. Eu voltaria com você, mas Taylor marcou uma


consulta para um teste de bolo no domingo. Ela vai chutar
minha bunda se eu não for. É nossa quarta tentativa
de escolher. Eu disse a ela, se ela não escolher um

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

dessa vez, ficará presa numa caixa fazendo isso sozinha”, ele
brinca, não mostrando nenhuma dúvida para Lucky. “Volto
amanhã para ver se você quer ir.”

“Parece bom. Vejo você amanhã.”

Apertando as mãos, Gavin sai pelos fundos, ficando fora de


vista até ficar longe o suficiente da igreja para andar na calçada.

O presidente do banco local combinou que ele ficaria com a


sogra. Ele aproveitou a oportunidade quando Vincent Bedford o
apresentou à Sra. Langley. Ficava a uma curta distância da igreja
e do escritório do xerife e a cerca de dez minutos de carro da
fábrica que ele supervisionava a construção.

Entrando na casa grande com sua chave reserva, ele entrou


na sala formal para ver a Sra. Langley assistindo a um filme de
terror.

“Quer companhia?”

“Eu adoraria. Você gostaria de algo para comer?”

Gavin se senta numa cadeira. “Não, obrigada. Acabei de


jantar na lanchonete.”

Vendo a mulher envolvida em seu filme, ele não faz


nenhuma tentativa de distraí-la. Sua mente volta à igreja antes
que Lucky aparecesse. Quem quer que fosse a jovem, sentiu pena
dela por estar recebendo a raiva da mulher. Preocupado, ele
planeja perguntar a Lucky sobre elas amanhã.

“Está pronto para a parte dois?” A senhora Langley


pergunta, apontando o controle remoto para a televisão.

“Você tem certeza que não terá pesadelos?” Ele brinca.

“Eu tomo uma pílula para dormir todas as noites. Levaria


mais do que um zumbi para me acordar.”

“Então vá em frente.”

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JAMIE BEGLEY

Gavin quer rasgar a carta que está segurando em pedaços.


Em vez disso, ele a dobra cuidadosamente e coloca de volta no
envelope que recebeu por correio registrado minutos atrás. Ele
tem todas as provas necessárias para falar com o clube agora.

Ele já descobriu que Memphis é quem transferiu o estoque


de patentes para o seu nome; o que ele não sabe é quem o está
ajudando. Gavin não quer nenhuma dúvida sobre quem realmente
é o responsável. Ele tem as evidências agora, e Crash não pode
argumentar sobre sua inocência. A carta que ele recebeu continha
o documento falsificado de Razer passando uma de suas
invenções para Memphis.

Colocando a carta no porta-luvas, ele o fecha com tanta


força que se abre de novo. Fechando-o novamente, ele sai do carro
alugado e o tranca atrás dele. Ele acabou de sair da fábrica. Se
alguém estivesse assistindo, assumiria que ele está a caminho do
restaurante.

Atravessando a rua principal, Gavin finge interesse


examinando as vitrines até poder deslizar entre dois prédios e
voltar pela igreja. Ele ainda pode ser visto de alguns prédios em
frente à igreja, mas a maioria desses escritórios está vazio ou
fechado às cinco em ponto.

Atravessando a porta lateral, encontra Lucky em seu


escritório. Ele levanta uma sobrancelha interrogativa antes de
fechar a porta.

“Está limpo. Ninguém está aqui. Tenho uma aula particular


em vinte minutos, no entanto. Vou mandar uma
mensagem para ela esperar do lado de fora ou na
igreja até você sair.”

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JAMIE BEGLEY

Ele se senta na beira da mesa de Lucky para encará-lo.


“Então, você vai junto ou vai ser chato e ficar aqui no fim de
semana?”

“Por mais que eu queira ir, não posso. A família do


paroquiano doente precisa de mim. O médico disse que ele não
resistirá. Quando terminar a aula, vou voltar ao hospital para
passar o resto da noite com eles.”

“Droga, odeio ouvir isso.”

Lucky inclina a cabeça para o lado. “Que não vou ou que


alguém está morrendo?”

“Ambos. Você é um homem bom e um pastor ainda melhor.”

Lucky aceita o elogio com um sorriso irônico. “Eu queria que


isso fosse verdade. Tenho um caminho a percorrer para alcançar
seu padrão.”

A cabeça de Gavin cai para trás enquanto ele ri. “Irmão,


estou tão longe quanto você pode estar de ser pastor.”

“Você acha? Tem um forte senso de certo e errado. Não há


meio termo para você. Quando ama alguém, você tem a crença
inabalável de que eles compartilham o mesmo senso de certo e
errado. Você percorreria quilômetros extra que ninguém mais faria
para provar que está certo. Irmão, se eu tivesse sua fé, esse colar
não ficaria tão apertado no meu pescoço.”

“Pastor”, diz Gavin sinceramente, “esse colar está bem em


você.”

Suspirando, Gavin vê que seu amigo não está convencido.


“É melhor eu ir. Se mudar de ideia, vou parar no posto de gasolina
em Jamestown amanhã às dez da manhã. Vou lhe dar trinta
minutos para aparecer, caso esteja atrasado. Parece que você
poderia usar um pouco de descanso e relaxamento.”

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JAMIE BEGLEY

Quando Lucky está prestes a responder, os dois olham em


direção à janela, ouvindo alguém cantando lá fora. Gavin sente
como se tivesse levado um soco no estômago.

“Ela tem uma voz bonita, não é?” Lucky diz, tirando os olhos
da janela para voltar para ele.

Gavin não poderia responder se sua vida dependesse disso.

Levantando-se da mesa, ele caminha até a janela. Ele apoia


a mão no parapeito e olha para fora.

A menina está sentada numa mesa de piquenique de costas


para a igreja. Ela está cantando “In the Arms of an Angel” de Sarah
McLachlan, e a maneira como ela canta é muito dolorosa, fazendo-
o pensar se ela está ciente disso. É assustadoramente bonito e
toca sua alma como se ela falasse diretamente com ele.

“Ela esteve aqui ontem à noite, não é?”

“Sim, ela é a garota que estou ensinando.”

“Quem era a mulher com ela?”

“Deve estar falando de sua mãe adotiva.”

“Ela é uma cadela.”

“Diga-me algo que não sei.” A voz triste de Lucky mostra a


antipatia pela mãe adotiva. “Ela é uma boa criança.”

“Ela teria que ser para cantar assim.” Deixando cair a mão,
ele se força a dar um passo para longe da janela, ignorando os
sussurros do vento leve que agita as cortinas, dizendo para ele
esperar apenas mais um segundo.

Sentindo-se ridículo por estar imaginando o vento falando


com ele e por estar observando uma jovem, ele se afasta,
recusando-se a olhar para trás. Ele não tem um pingo de
interesse sexual nela. É mais como sentir... Alguma

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JAMIE BEGLEY

coisa... Como ver alguém numa mercearia e ser incapaz de colocar


um nome ou rosto ou por que isso importa.

Começando a sentir que precisa de um psiquiatra, Gavin


volta seu foco para Lucky. “Sairei de madrugada. Não esqueça que
estarei esperando se mudar de ideia”, ele diz secamente, indo em
direção à porta.

“Vou sair com você e mantê-la ocupada até que esteja fora
de vista.”

Saindo pela porta lateral, ele se vira na direção oposta a


Lucky, dando-lhe um breve aceno antes de sair, sem mencionar
Memphis, Crash, ou o que ele planeja contar ao Viper quando
chegar a Ohio.

Decidindo voltar para a casa da Sra. Langley, em vez de


jantar no restaurante, Gavin entra.

Não vendo a Sra. Langley, ele sobe as escadas para o quarto


que ela lhe deu. Tomando banho, ele veste um short e uma
camiseta antes de voltar para a cozinha e fazer um sanduíche.

Ele está sentado e vendo televisão quando a Sra. Langley


entra, dando um olhar exasperado para ele comendo um
sanduíche. “Eu poderia ter feito algo melhor do que isso.”

“A última vez que deixei você cozinhar para mim, ganhei


cinco quilos”, diz ele, levantando-se para acariciar sua barriga
lisa. “Preciso manter a forma.”

Dando um sorriso que faz a vovó corar, ele leva o prato para
a cozinha e depois volta para ver que ela está se acomodando para
assistir televisão. “É melhor você não assistir nenhum filme de
terror hoje à noite. Não serei capaz de combater os zumbis por
você. Preciso de uma madrugada. Amanhã vou embora cedo.”

“Então eu assisto a um documentário e jogo com


segurança.”

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JAMIE BEGLEY

“Faça isso”, diz ele, dirigindo-se para as escadas. “Boa


noite.”

“Boa noite, Gavin.”

Subindo os degraus de dois em dois, ele entra em seu


quarto, onde cansadamente apaga a luz e senta na beira da cama.
Ele manda uma mensagem para Memphis que ele estará na
fábrica para assistir à instalação do equipamento antes de partir
para Ohio. Ele quer ter certeza de que não há problemas antes de
pagá-los.

Deitado na cama com um travesseiro nas costas, ele clica o


número que liga todas as noites antes de ir para a cama, franzindo
a testa quando cai no correio de voz.

“Oi querida. Só quero dizer que te amo antes de dormir.


Falarei com você amanhã. Te amo.” Desligando a ligação, ele
coloca o celular na mesa de cabeceira.

Bocejando, ele se senta no colchão, deixando sua mente em


branco. Ele colocou o alarme para as seis, planejando tomar café
da manhã antes de ir para a fábrica. A parte que ele teme neste
fim de semana não tem nada a ver com pedir desculpas a Viper e
tudo a ver sobre ter que comer outro bolo. Se ele nunca mais
comer outro pedaço de bolo, ficará feliz.

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO DEZESSEIS

“Pastor Dean está em seu escritório com um paroquiano.


Ele disse que você pode esperar dentro da igreja ou sentar na mesa
de piquenique até que ele esteja pronto para você. Tenho um
horário com a manicure e não posso deixar Sherrie esperando. O
pastor me mandará uma mensagem quando terminar. Se não
estiver escuro, você pode ir para casa. Se estiver, Dalt virá buscá-
la. Certifique-se de não deixá-lo esperando como fez comigo.”

“Eu não vou.” Ginny sai do carro e está a um passo de Lisa


antes dela sair, deixando-a sozinha no estacionamento.

Decidindo desfrutar da liberdade de estar sozinha, ela


atravessa o portão que dá para a área de playground. Colocando
a mochila na mesa de piquenique, Ginny sobe no topo e pega o
rádio e os fones de ouvido, colocando-os nos ouvidos. De costas
para a igreja, ela pega sua pasta de tarefas e começa a resolver o
primeiro problema.

Inconscientemente, ela começa a cantar junto com a música


tocando em seus ouvidos. Perdendo a noção do tempo, é somente
quando sente os cabelos na nuca formigarem que ela olha para
cima e para de cantar. Puxando um dos fones de ouvido para
pendurar frouxamente para que ela possa ouvir, Ginny tem a
estranha sensação de ser observada. O pastor Dean chamou o
nome dela?

Fechando a pasta e colocando-a de volta na


mochila, ela pula da mesa de piquenique e vai em

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JAMIE BEGLEY

direção à igreja. Ao virar no corredor, vê o pastor caminhando até


ela.

“Estava vindo buscá-la”, ele a cumprimenta com um sorriso


largo.

Ginny faz uma careta confusa. “Pensei ter ouvido você me


chamar.”

“Não, uma das janelas do meu escritório tem vista para a


mesa de piquenique. Você provavelmente nos ouviu elogiando seu
canto. Você tem uma voz adorável.”

Ginny empalidece. Ela não tinha conhecimento de alguém


ouvindo. Ela não canta na frente de ninguém desde Trudy.

“O coral poderia usar uma voz como a sua”, ele diz


persuasivamente.

Ela balança a cabeça.

“Por que não?” Ele a olha intrigado quando entram na


igreja.

Porque ele é um pastor, ela não mente. “Eu não gosto de


cantar na frente de outras pessoas.”

“Você tem medo do palco?”

“Se isso significa que não gosto de cantar na frente de


outras pessoas, então sim.” Quando era pequena, adorava cantar
para quem quisesse ouvir. Ela não tinha um osso tímido em seu
corpo. Manny ligava o rádio com frequência, tendo problemas com
os pais quando eram pegos.

“A melhor parte de pertencer a um grupo é que não se trata


do indivíduo. É apenas uma sugestão, mas você pode ir para o
coral e ver se gosta antes de fechar completamente a porta de
algo que obviamente gosta”, aconselha o pastor Dean
enquanto reorganiza a cadeira em frente à mesa para
ela sentar ao lado da dele. “Não vai doer.”

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JAMIE BEGLEY

Ginny pensa sobre isso. Ela gosta de cantar. “Não, não fará
mal”, ela admite, sem intenção de aceitar sua oferta. Apenas o
pensamento de cantar na frente dos outros a faz querer pedir
licença para ir ao banheiro e vomitar.

“Temos um acampamento de coral com outras igrejas


durante o verão. Daria a você algo para fazer além de ficar presa
em casa.”

Ela faz uma pausa em tirar as coisas da mochila. Qualquer


coisa que a tire da casa de Lisa e Dalt é melhor do que ficar presa
a eles.

“Quando eles ensaiam?”

“Quarta e sexta à noite até a escola sair para o verão. Você


pode pedir a Lily Cornett a programação do acampamento de
verão.”

“Eu vou. Mas não sei se os West vão me deixar ir.”

“Gostaria que eu falasse com eles?”

Ela inconscientemente morde o lábio inferior. Isso os


deixará com raiva dela? Ela aprendeu que a melhor maneira de se
dar bem com o casal é exigir menos tempo e paciência.

“Não, não faça. Se eu decidir fazer isso, falarei com eles


sobre isso.” É melhor estar do lado seguro com eles. Se os deixar
com raiva, eles recusarão ao pastor Dean e a farão pagar por ele
pedir.

O pastor abre o livro de onde pararam antes de levantar os


olhos perturbados para ela. “Como estão os Wests como pais
adotivos? Você está feliz?”

Ginny senta na cadeira, vendo que o pastor está preocupado


e sinceramente querendo ajudar. Por mais que ela queira
confiar nele, ela sabe que não deve. Ela sabe que Lisa
será vingativa se sentir que Ginny está falando mal

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JAMIE BEGLEY

dela. Lisa e Dalt começaram a entender por que Silas está


tentando tanto manter seus irmãos mais novos - ele não queria
que o mesmo que está acontecendo com ela acontecesse com eles.

O pensamento do gentil Moses ter que conviver com pessoas


como os West envia um calafrio por suas costas. Ela pode não
gostar de morar com eles, mas lidará com isso até que tenha idade
suficiente para fugir. Moses não merece ser tirado de sua família.
Lá é o lugar dele; não dela.

“Está indo bem.” Incapaz de encontrar os olhos dele, ela


pega o lápis. “Eu resolvi o problema certo?”

Seus olhos duelam numa batalha silenciosa para ela dizer


a verdade. Olhando de volta para ele, inexpressiva, como se ela
não estivesse recebendo a mensagem silenciosa que ele está
tentando dar, ela pode ver a simpatia em seu olhar e pensa em
dizer a ele que não a merece.

Seu pai e Leah mereciam sua simpatia. O que aconteceu


com eles não foi culpa deles. Ela é a única responsável por estar
à mercê dos West. Só ela. E, por mais que se arrependa, não pode
voltar o tempo para o dia que está ficando menos claro à medida
que continua.

Ela nasceu na ilha de Clindale. Sua lembrança mais antiga


é de estar escondida no colo da mãe enquanto ela se sentava na
areia branca com a água batendo sobre elas. Lembra-se de bater
palmas e depois pedir que a água voltasse quando a água escorria.
Ela ainda pode ouvir a lembrança distante do riso de sua mãe
quando começava a bater palmas quando a água voltava. O pai,
querendo participar do jogo, abraçava-a e a levava para a água,
com Trudy e mamãe correndo com eles.

Seu pai a ensinou a nadar antes que ela pudesse andar. Era
um lugar mágico que se tornou seu playground. Quando ela
estava andando, era difícil para seus pais acompanhá-
la. Ela sempre se afastava deles para brincar em seu
parquinho mágico. Sua mãe estava com as mãos

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cheias, ensinando crianças e adultos a falar e escrever em inglês,


e seu pai estava muito ocupado construindo um sistema de água
para a pequena ilha.

Trudy era jovem demais para assumir a responsabilidade


de observá-la, então eles se voltaram para um dos alunos mais
velhos de sua mãe. Ele se tornou o melhor amigo dela, pois
esperava-se que Trudy tivesse aulas com as crianças que sua mãe
ensinava e não era mais capaz de passar a maior parte do dia com
ela.

Olhando para trás, o adolescente fazia parte de sua família


tanto quanto ela e Trudy. Ela amava Manny como um irmão mais
velho. Ele a deixava correr solta na praia, nadava com ela e foi
quem a ensinou a cantar. Ele batia palmas quando ela se
lembrava das palavras das músicas.

Em retrospectiva, ela pode olhar para trás e ver a diferença


entre Silas e Manny, nenhum deles era relacionado por sangue,
mas um foi um verdadeiro irmão dela e o outro usou sua afeição
e inocência contra ela. Isso não a faz amar Manny menos, mas
quando ela cresceu, o amor que sentia veio com uma visão clara,
permitindo que ela visse através dos olhos da experiência e não
dos da criança inocente que ela foi.

Gradualmente, Manny ganhou a confiança de seus pais e


foi autorizado a levá-la a explorar a ilha. Foi quando ela viu a vila
onde os alunos de sua mãe moravam e nesse momento, ela
realmente se apaixonou pelas pessoas que a amavam e à sua
família com o coração aberto. Eles não moravam nos edifícios que
seu pai e sua equipe construíram. Os deles eram menores, com
piso de terra e telhados de colmo. Ela se sentava no chão e
brincava alegremente com as crianças mais novas que eram como
ela e que não tinham idade suficiente para ir à escola. Ela ficava
com eles até Manny levar sua forma adormecida de volta ao
complexo que seu pai construiu.

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JAMIE BEGLEY

Um dia, ela se lembra de brincar com o irmão mais novo de


Manny, quando Gyi, o pai deles, entrou empolgado na cabana
para dizer “eles estavam de volta”. Ginny não tinha entendido
quem estava de volta até Lagi, o irmão mais velho de Manny, leva-
la para fora e para a praia, no lado oposto da ilha.

“O que é aquilo?”

“São iates”, respondeu Manny.

Lembra-se de ter memorizado os belos barcos que eram


diferentes de todos os que vira antes.

“Eu quero ver.”

Lagi balançou a cabeça para ela, apontando para uma


grande ilha mais distante da praia em que estavam. “Eles não
estão vindo para cá. Eles estão indo para a ilha Sherguevil.

“Eu quero ir.”

“Talvez seus pais a levem”, disse Lagi, colocando-a na areia


e depois se afastando para conversar emocionadamente com o pai.

Evangeline queria dar um passeio em um dos belos barcos.


“Quero ir”, ela implorou para Manny, puxando o short dele.

Ele se agachou ao lado dela e abaixou a voz. “Eu vou ter


problemas se te levar.”

“Não vou contar, eu prometo.” Ela levou a mão ao coração,


como fazia quando Trudy queria que ela prometesse fazer alguma
coisa.

Manny olhou para o pai antes de abaixar a voz novamente.


“Eu te levo amanhã, mas você não pode dizer às outras crianças
que iremos. Vou tentar escondê-la a bordo, mas você não pode
contar a ninguém.”

“Eu prometo”, disse ela, prestes a levantar a mão


novamente. “Posso contar a Trudy?”

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“Ela vai dizer, então não posso te levar”, ele avisou.

Ela olhou por cima da água em direção ao belo barco, depois


colocou a mão no coração. “Eu prometo.”

Manny repetiu o gesto, colocando a mão sobre o coração.


“Então eu prometo levá-la.”

Ele a levou para casa então, e ela ainda consegue se lembrar


de como estava tão inocentemente ansiosa por estar no barco, até
conseguindo convencer Manny a deixá-la subir no maior.

Olhando para trás agora, Ginny só queria cerrar os dentes


com o quão jovem e inocente ela era para deixar a beleza cegá-la
de fazer o que seus pais não gostariam que ela fizesse. Ela não
deveria guardar segredos, mas ficou quieta, abraçando seus pais
e Trudy antes de pegar a mão de Manny e partir. Ela até se
lembrava de sua mãe reclamando com Manny sobre tantos
estudantes ausentes; ela deu a ele um olhar de advertência que a
jovem Evangeline não havia entendido na época. Quando ela e
Manny foram embora, ela não tinha conhecimento do complexo
labirinto em que estava prestes a entrar - um do qual ainda não
conseguira encontrar saída.

Ele a levou pelo caminho normal para a outra praia, seguindo


uma trilha que lhes permitia ouvir os moradores, mas mantinha ela
e Manny escondidos.

“Espere aqui.”

Manny deixou a selva e, quando começou a ficar com medo


de ser deixada sozinha, ele voltou.

“Você tem que brincar de esconde-esconde quando entrarmos


no barco. Eu vou te esconder e você tem que ficar muito quieta até
que eu diga que está tudo bem sair.”

“Ok”, ela concordou inocentemente.

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Manny a pegou e a levou pelo resto do caminho pela floresta,


saindo para a praia em que estivera no dia anterior.

Seus olhos se arregalaram quando viu que havia ainda mais


barcos. “Eles são tão bonitos”, disse ela, impressionada.

“Sim, eles são.”

Evangeline olhou para Manny. Ele não parecia os achar


bonitos. Quando ele a pegou olhando, sua expressão se iluminou
quando ela colocou um dedo nos lábios, silenciosamente dizendo
que precisava ficar quieta.

Caminhando com ela, Manny entrou no cais e parou quando


chegaram a um barco. Colocando-a nos ombros, ele subiu a escada,
depois a sentou no convés antes de subir os degraus restantes e
cair ao lado dela. Atravessaram o convés até outra escada e
desceram ao andar de baixo. Manny levou-os a uma grande caixa
branca com um grande colchão em cima. Ele levantou o colchão e
fez um gesto para ela entrar dentro da gaveta/beliche2.

Ao entrar, ele colocou um travesseiro embaixo da cabeça


dela. “Lembre-se, fique muito quieta.”

Assentindo, ela tentou não ter medo quando ele fechou a


gaveta. Então ela ouviu o som de vozes altas de crianças e relaxou,
pensando que era um jogo de esconde-esconde e que uma de suas

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amigas a encontraria. Enrolando-se de lado, ela colocou a mão


sobre a boca para impedi-los de ouvi-la rir.

Ela devia ter adormecido, porque mal sabia que Manny a


tirou do seu esconderijo e depois a ajudou a subir os pequenos
degraus do convés. Havia três filhos pequenos da idade dela e Lagi,
cujos olhos se arregalaram quando a viu.

“Gyi vai puni-lo por trazê-la.”

“Não quando ele vir o que ela pode fazer. Você vai contar?”

Evangeline ouviu pela metade os irmãos discutirem em sua


língua nativa e, em vez de focar nisso, ficou boquiaberta com os
belos barcos que agora estavam muito mais próximos. Fixada neles,
ela foi para o lado do barco, mas Manny pegou sua mão antes que
ela pudesse descer.

“Espere.”

Impaciente, ela tentou afastar a mão, mas Manny não a


soltou. “Temos que sair e voltar antes de Gyi.” Manny a pegou e a
carregou escada abaixo enquanto Lagi e as outras três crianças os
seguiam.

Desapontada, Evangeline notou que estavam se afastando


dos barcos, não mais perto como quando Manny saiu do cais. Ela
iria reclamar com ele, mas então as pessoas tomando banho de sol
na praia sob enormes coisas coloridas que ela nunca tinha visto
antes despertaram seu interesse. Eles não tinham isso na praia
dela. Ela queria um.

Evangeline apontou para uma. “Posso pegar um?”

“Não.” Manny se afastou das pessoas sentadas na praia por


um caminho que ela nunca tinha visto antes. Seus pés não
afundaram na areia.

Subindo o caminho, passaram por prédios ainda


maiores que os da praia.

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“Quero ver!”

“Pare com isso, Evangeline. Não temos permissão para entrar


lá.”

Sua boca abriu de decepção enquanto tentava pensar em


uma maneira de fazer Manny mudar de ideia.

Ela estava prestes a chorar por não poder entrar nos belos
edifícios quando Manny a levou para um lugar mágico que nunca
tinha visto antes. Estandes de cores vivas estavam situadas ao
longo de um trecho de estrada. Grupos de homens e mulheres
estavam indo para as bancas e escolhendo o que queriam delas.
Cada uma tinha algo diferente. Alguns tinham caixas de frutas,
alguns peixes frescos, mas os que a interessavam tinham joias
penduradas nas laterais, captando a luz colorida enquanto
giravam.

“Quero um!”

“Não.”

As crianças e Lagi formaram um círculo ao redor deles


quando Manny a pôs de pé, depois se agachou ao lado dela.

“Não temos dinheiro para comprar nada”, explicou,


abaixando a voz.

“Dinheiro?”

“Os turistas usam para pegar o que querem comprar.”

“Quero um pouco.”

“Todos nós queremos, mas precisamos consegui-lo primeiro.”

“Como?” Ela perguntou, determinada a comprar um dos


colares chamativos.

“Tentamos convencê-los a nos dar um pouco.”

“Como?”

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“Você sabe como você canta para Gyi e Lagi?”

Ela assentiu ansiosamente.

“Se eles gostarem o suficiente, eles lhe darão dinheiro. Então


todos nós podemos comprar alguma coisa.”

Ginny lembra-se de querer comprar algo para todos


também.

Manny a virou para encarar a multidão de turistas. “Cante a


música que você cantou para Gyi ontem.”

Ela começou a cantar ansiosamente, sem prestar atenção em


Manny acenando para Lagi e as outras crianças antes de
desaparecerem na multidão. Querendo comprar os colares, ela
cantou a música como havia feito no dia anterior.

No início, nenhum dos turistas olhou para ela, depois se


aproximaram gradualmente, sorrindo para ela. Ela adorava cantar
na frente de alguém. Que tantos quisessem ouvi-la, ela sorria de
volta para eles.

“Ela é adorável”, ouviu uma mulher dizer.

“Ela é tão talentosa.”

“Eu só quero levá-la para casa comigo”, outro murmurou.

Ela agarrou a mão de Manny. Ela não queria ir para casa


com a mulher.

Quando sua música terminou, ela colocou a mão na cintura


e curvou-se da maneira que Trudy havia lhe ensinado quando
cantou por ela. Os turistas riram e aplaudiram, o que a fez querer
fazê-lo novamente para que eles aplaudissem novamente.

“Cante outra”, Manny sibilou entre os dentes.

Ela imediatamente recomeçou quando Manny


colocou um pano no chão à sua frente e os turistas
jogaram moedas e pedaços de papel coloridos sobre

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ele. Ela instintivamente sabia que esse era o dinheiro que Manny
havia lhe contado.

Quando ela terminou e se curvou novamente, ainda mais


dinheiro caiu sobre o pano.

Manny a fez cantar mais três músicas antes de dobrar o


pano, depois a pegou e levantou. “Temos de ir. Gyi voltará para o
barco”, ele disse, começando a se afastar.

“Eu quero o meu colar”, ela lamentou.

Manny voltou para a cabine, inclinando-a para o lado para


que ela pudesse ver. “Escolha um.”

Ela já sabia qual ela queria. Com a mãozinha, ela pegou o


mais brilhante.

Fazendo malabarismo com ela, Manny abriu o pano e pegou


uma das notas para pagar. Ela não terminou, no entanto; ela
estendeu a mão para pegar mais três. Manny lhe deu um olhar
exasperado, mas tirou mais três notas para entregar à pessoa atrás
da barraca.

Contente, ela olhou os colares com admiração. Eles eram as


coisas mais bonitas que ela já tinha visto. Quase tão bonitos quanto
o barco.

Enquanto voltavam para o barco, Lagi e as três crianças


correram atrás deles para segui-lo. Ninguém falou até voltar ao
barco e descer os degraus no convés abaixo.

Desta vez, Manny a colocou no beliche, não dentro dele, e os


três filhos a cercaram para ver o que ela tinha.

Pegando um que tinha uma pedra roxa, ela a entregou a Fini.


Aquele com o azul, ela deu a Nati. Então ela deu a pedra preta a
Fetu, mantendo a pedra vermelha para si. Ela o pendurou no
pescoço enquanto eles comparavam animadamente
todos eles.

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Lagi começou a tirar objetos dos bolsos.

Sua atenção distraída dos colares, Evangeline observou com


curiosidade enquanto vários itens chamavam sua atenção. Um
deles a atraiu, e Manny apressadamente agarrou seu pulso.

“Não, Evangeline.”

“Quero”, ela implorou, tentando puxar a mão livre.

“Você não pode ter. É de Gyi.”

“Mas eu quero isso”, ela argumentou.

“Temos que compartilhar. Você apenas compartilhou sua


parte.”

“Quero mais.”

Manny e Lagi riram dela, então seus olhos ficaram com medo.

“Ele voltou”, alertou Lagi, indo para o final da escada antes


de voltar para o beliche para enfiar os objetos de volta nos bolsos.

Rapidamente, Manny a levantou enquanto Lagi apressou as


outras crianças acima do convés.

Encontrando-se abaixada de volta ao seu esconderijo, ela


começou a dizer a ele que não queria mais brincar de esconde-
esconde, quando Manny pressionou um dedo nos lábios para detê-
la.

Assentindo, recostou-se e começou a brincar com o colar. Ela


não sabia quanto tempo se escondeu lá, apenas que estava ficando
com sono novamente. Quando o colchão foi finalmente levantado
novamente, ela viu o rosto de Manny.

“Posso mostrar a Trudy?” ela perguntou, girando a pedra


pendurada na corrente na mão para vê-la brilhar.

“Se você mostrar a Trudy, não poderei levá-la de


novo”, disse ele, levando-a para o convés vazio.

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JAMIE BEGLEY

O sorriso dela caiu. “Quero voltar. Não andamos de barco.”

Tirando-a do barco, ele esperou até que estivessem no


caminho de volta para sua casa antes de conversar. “Se você quiser
voltar, precisamos esconder seu colar para que eles não saibam que
eu te levei a Sherguevil.”

Ela apertou o colar no peito, sem vontade de tirá-lo.

“Seus pais não vão deixar você ficar com ele.”

Ela balançou a cabeça para ele. “É meu.”

“Sim, é seu, e eu quero que você fique com ele. É por isso que
eu quero que esconda isso”, ele persuadiu.

“OK.” Tirando-o, ela segurou o colar na mão. “Onde?”

“Vamos encontrar um lugar só para você.”

Amando seu novo jogo, ela procurou pela floresta, mas ficou
em branco.

“Aqui. Você pode colocar aqui.” Manny a colocou no chão,


depois tirou o pano da bermuda. Desatando o nó, ele enfiou o
dinheiro de volta no bolso. “Coloque aqui.”

Evangeline colocou seu tesouro sobre o pano, depois


observou Manny amarrá-lo com um nó. Segurando a mão dela, ele
seguiu a curta distância até a praia onde ela morava. Parando num
pequeno prédio que seu pai e seus trabalhadores haviam
construído, Manny olhou em volta, certificando-se de que ninguém
os observava antes de esgueirá-la para dentro. Ele então tirou um
pequeno canivete do bolso e levantou uma das tábuas do chão e
largou o pano dentro antes de fechá-lo novamente. Empurrando
uma caixa sobre o tabuleiro, ele sorriu para ela.

“Ninguém vai encontrar aqui.”

Ginny balançou a cabeça para o eu confiante de


três anos de idade com o quão ingênua ela era.

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JAMIE BEGLEY

“Nós precisamos ir. Certifique-se de não contar, ou eles não


vão deixar você ir amanhã”, ele insistiu com a pequena Evangeline.

“Eu não vou.”

E ela não entendeu o jogo. Ela não contou a ninguém sobre


o colar ou os outros colares que ela pediu quando ele a levou de
volta à ilha. Encolhendo-se por não ter dito aos pais como ele a
ensinou a roubar - assim como as outras crianças foram treinadas
para fazer. Usando-a como cantora para desviar a atenção dos
turistas, eles não notavam os pequenos batedores de carteira com
olhos de águia. Depois que as crianças os despojaram de seu
dinheiro - ou o que quer que estivesse em seus bolsos e bolsas -
eles entregavam a Lagi, no caso de uma das crianças ser pega. Era
um grupo de roubo bem organizado, e Evangeline, de três anos,
não fazia ideia de que era usada como engodo. Até que foi tarde
demais.

Então, ela não merecia a simpatia do pastor Dean. Ela


passou a maior parte da vida vivendo uma mentira, fingindo ser
outra pessoa, com todos tentando protegê-la. Manny não foi o
único a manipulá-la. As lembranças de seus pais eram as mais
dolorosas. As crianças nascem com a capacidade inata de amar
os pais, independentemente de quem sejam, de sua renda ou
beleza física. O amor de uma criança ocupava todo o coração. Foi
naquele último dia horrível na ilha Sherguevil que ela descobriu a
verdade. Seus pais, a quem ela amava a cada batida de seu
coração infantil, eram tão falsos quanto a pedra vermelha
pendurada naquela corrente manchada. Se morar com os West
tornasse possível recuperar uma parte de sua vida, permitindo
que ela se escondesse da vista daqueles que tinham que acreditar
que ela estava morta, ela continuaria morando lá com um sorriso
falso estampado no rosto — assim como Lisa.

Apontando para o problema novamente, Ginny está


determinada a desviar o pastor Dean da verdade sobre
os West. “Está certo?”

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JAMIE BEGLEY

Ele, infelizmente, desiste. “Sim, está certo. Se continuar


nesse ritmo, estará me ensinando daqui a algumas semanas.”

“Eu duvido disso.” Ela não acredita nele, mas isso dá a ela
a centelha de confiança que ela desesperadamente precisa.

“Claro, isso não significa que será capaz de parar de vir à


igreja.”

“Não, pastor, não vou. Prometo que estarei aqui todo


domingo. Chova ou faça sol.”

“O sol está sempre brilhando quando eu dou um sermão;


você só precisa procurar para encontrá-lo.”

Ginny olha o pastor com pena. “Pastor, seus sermões são


bons”, diz ela, tentando não ferir seus sentimentos, mas querendo
ser verdadeira na casa de Deus “mas eles não são tão bons.”

Ginny coloca o guarda-chuva molhado no apoio ao lado da


porta da frente da igreja como os Wests passando à frente dela
para ocupar um banco, uma vez que o sermão do pastor Dean já
começou.

Ao ver os West sentados no final de um banco que não tem


mais assentos, ela fica aliviada. Ela não quer sentar ao lado deles
de qualquer maneira. Olhando para a parte de trás da cabeça dos
paroquianos, Ginny procura por um, querendo evitar o mesmo
banco que o xerife. Não o vendo, ela encontra um assento num
banco que não está cheio.

Sentada, ela abre a Bíblia quando alguém se


aproxima do banco em que está. Ela olha para cima,

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mas só vê as costas da mulher. Concentrando-se em encontrar a


página correta, ela não olha quando a mulher se senta ao lado
dela.

“Desculpe. Você poderia ir para o lado? Ele quer se sentar.”

Ginny ergue os olhos para lentamente olhar duas vezes,


reconhecendo que Trudy a encara. Enquanto desliza para abrir
espaço, ela se vira e vê o xerife esperando para se sentar.
Movendo-se para Trudy, ela quer abraçá-la e irromper em
lágrimas. No entanto, um pequeno movimento da cabeça de Trudy
a detém.

Ginny morde o lábio para conter as lágrimas enquanto o


xerife senta ao lado dela. Agradecendo-lhe com os olhos antes de
olhar de volta para Trudy, ela sente medo dela desaparecer no
breve momento em que desvia o olhar.

A irmã pousa a mão no banco ao lado da coxa, com a palma


da mão levantada. Ginny olha diretamente para o pastor enquanto
ele dá seu sermão com lágrimas nos olhos, enquanto agarra a mão
de Trudy.

Em sua próxima sessão de tutoria, ela terá que retirar o que


disse ao pastor. Ela viu o sol através da chuva durante o sermão
dele.

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CAPÍTULO DEZESSETE

Gavin se vira para olhar o relógio, vendo que são 3:04 da


manhã. Gemendo que ele está acordado e não será capaz de voltar
a dormir, ele se culpa por ir para a cama tão cedo. É quando seus
sentidos ficam em alerta, ouvindo o rangido do assoalho do lado
de fora da porta.

Ele sabe que não é a sra. Langley, já que seu problema no


quadril torna difícil percorrer os degraus. Além disso, ela tem
ajudante de limpeza para manter o segundo andar em ordem e
nenhum serviço de limpeza sobe as escadas no meio da noite.

“Porra.” Amaldiçoando a si mesmo por deixar a arma no


carro, ele pula da cama e pega o celular enquanto corre pela porta.

Ele não faz isso antes que ela se abra.

Ele fica atordoado por uma fração de segundo com os dois


homens em pé na porta, reconhecendo quem eles são com a luz
do corredor iluminando suas feições. Essa fração de segundo lhe
custou muito.

Memphis está lá, mas não é isso que o leva a perder aquele
segundo. É o homem ao seu lado. Vincent Bedford, genro da sra.
Langley. Aconteceu alguma coisa com ela e ela o chamou para
ajudá-la? Em vez de reagir imediatamente, Gavin espera para ver
o que eles querem, sem perceber inicialmente que é uma
ameaça à sua segurança.

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JAMIE BEGLEY

Quando a mão de Vincent estende a mão para acender a


luz, ele percebe seu segundo erro tarde demais; sem armas, ele
deveria ter usado a escuridão em seu proveito. Se um prospecto
no clube tivesse cometido o mesmo erro, ele o teria ferrado no dia
seguinte.

Usando seu polegar sem olhar para a mão, ele espera que
nenhum dos homens note a ação enquanto se prepara para o que
os homens farão em seguida.

“Memphis...” Gavin começa, tentando encontrar uma


maneira de convencer o irmão a abandonar qualquer plano que
ele conspirou com Vincent, embora ele possa dizer que será um
empreendimento inútil.

“Eu manteria a porra da boca quieta, se você não quiser que


a velha cadela morra.” Memphis aponta a cabeça para Vincent.
“Dê a ele seu telefone.” O homem que ele chamou de irmão levanta
a arma na mão, mostrando que está falando sério, mas Gavin não
tem intenção de desistir do telefone pressionando nove, depois
um, um. Pode levar algum tempo para o operador descobrir onde
a ligação se originou, mas isso proporciona uma pequena chance
de sobrevivência, que parece menor com a arma que Memphis tem
apontada para ele.

“Você quer o telefone, seus filhos da puta podem vir buscá-


lo”, retruca Gavin.

Os lábios de Memphis se curvam em um sorriso sarcástico.


“Eu não sou idiota.”

“Não sei sobre isso. Você foi burro o suficiente para eu


descobrir que está trocando as patentes para seu nome. Se algo
acontecer comigo, Viper saberá que é você.”

Memphis mantem a arma apontada para ele, enquanto


Vincent vai até a porta e olha para fora preocupado.

“Viper não sabe de nada.” O sorriso de


Memphis se torna triunfante. “Eu ainda estou

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respirando, não estou? Encontrei a carta no seu porta-luvas.


Porra, Gavin, eu deveria ter sido quem se juntou aos SEALs. Sei
de todos os movimentos que você fez no último mês. A única coisa
que você fez direito foi manter a boca fechada para Lucky. O irmão
nem vai saber que você salvou a vida dele, mas nós vamos, não
é?”

Gavin franze a testa. Ele pensou que Memphis estava


prestes a matá-lo, mas pelo jeito que ele está falando parece como
se tivesse outros planos.

“Apresse-se!” Vincent se muda da porta para o lado de


Memphis. “Precisamos sair daqui.”

“A brincadeira acabou, Gavin. Coloque as mãos atrás das


costas.”

“Não.”

“Lembre-se, tentei fazer isso da maneira mais fácil. Vá em


frente.”

Gavin reconhece imediatamente o que Bedford tira do bolso


do casaco. Sua única opção que resta é atacar Memphis.

Ele está a um centímetro de distância dele, antes de cair de


joelhos e depois de lado, tremendo.

“Dê um choque nele novamente”, Memphis late. “Quero


garantir que ele não seja capaz de quebrar meu pescoço quando
eu colocar as algemas nele.”

Gavin sente outro choque de eletricidade fluir através do


seu corpo, impotente e incapaz de fazer qualquer coisa, a não ser
deitar no chão enquanto seu corpo se rebela contra a corrente.

“É o bastante.” Memphis entrega a arma a Bedford. “Se ele


me tocar, atire nele.”

Apressando-se para onde ele está deitado no


chão, Memphis empurra suas mãos atrás das

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JAMIE BEGLEY

costas antes que o choque passe. Quando os sentidos começam a


voltar, Gavin tenta se desvencilhar do aperto de Memphis, apenas
pressionando uma bota nas suas costas, mantendo-o imóvel e
incapaz de impedir que Memphis o algeme. Quando ele termina,
Memphis o joga de costas.

“Você é um homem morto.” É o único aviso de Memphis.

Pressionando as costas com força, Gavin levanta as pernas,


circulando a cabeça de Memphis em uma chave de cabeça.
Torcendo os quadris e usando a força nas pernas, ele força
Memphis a cair no chão. Apertando os músculos da coxa, ele
começa a cortar o oxigênio de Memphis.

Memphis se agita como um peixe, tentando soltar seu


aperto e se livrar das pernas dele. Gavin aperta ainda mais as
pernas enquanto olha para Bedford, esperando sua reação e
rezando para que Memphis desmaie ou ele possa quebrar a porra
do pescoço dele antes que Bedford reaja.

Ele está preparado para outra corrente ou para Bedford


atirar nele, mas ele não faz nada. Em vez disso, ele corre para eles
e bate com o lado da arma na testa de Gavin. Apesar da dor, ele
se recusa a liberar Memphis, mas foi muito intenso. Contorcendo-
se em agonia com o golpe ao lado da órbita ocular, Memphis ganha
sua liberdade.

Incapaz de se mover, ele suporta os chutes de Memphis nas


costelas, roubando-lhe o ar. Memphis puxa a arma para longe de
Bedford. “Se você não valesse mais dinheiro para mim vivo, eu
explodiria sua cabeça.” Ofegando, Memphis o chuta novamente.
“Junte as coisas dele”, ele ordena a Bedford. “Certifique-se de não
deixar nenhuma porcaria dele para trás.”

Gavin está tentando recuperar o fôlego de Memphis


continuar batendo em seus pulmões.

“Peguei tudo. Vamos.”

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JAMIE BEGLEY

Memphis cruelmente o chuta mais uma vez antes de


abaixar o rosto para olhar nos olhos dele. “Bons sonhos.”

Explosões de estrelas piscam atrás de seus olhos, deixando-


o sem saber o que está acontecendo ao seu redor. Seus
pensamentos confusos e cheios de dor não podem trazer um nome
ou divindade para chamar quando Memphis o levanta por cima do
ombro, o movimento desagradável finalmente causando a
inconsciência que Memphis estava tentando tanto alcançar.

Foi outro movimento brusco que o sacode de volta à


consciência. Mantendo os olhos fechados, ele ouve os sons ao seu
redor enquanto avalia a dor em seu corpo. Sua cabeça dói como
uma mãe, sua caixa torácica não está muito melhor e ele não sente
mais as algemas ao redor dos pulsos. Há um piso frio de pedra
embaixo dele e ainda usa apenas a camiseta fina e o short que
usava na cama.

Sua avaliação mental dos ferimentos acaba e, sem ouvir


nenhum som, ele ergue as pálpebras. Ele está na escuridão
completa. Não há um ponto de luz que lhe dê qualquer indicação
de onde ele está.

Ele quer se levantar, mas sabe que isso provocará ainda


mais o martelar de sua cabeça. Então, usando movimentos
mínimos, ele se apoia no cotovelo, reprimindo o gemido de dor nas
costelas. É tudo o que ele pode fazer para permanecer em silêncio
enquanto finalmente consegue se sentar. Ele quer se levantar,
mas não acha que seu corpo possa suportar a tensão.

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JAMIE BEGLEY

Combatendo o desejo instintivo de vomitar, ele se força a


respirar superficialmente para diminuir a dor. A última coisa que
ele precisa fazer é vomitar e desmaiar.

Estendendo a mão na escuridão, ele não sente nada ao seu


redor, então desliza a perna para o lado, sentindo nada além do
chão. Gavin está pensando em seu próximo passo quando uma
luz se acende.

Lentamente, vira a cabeça na direção do som de alguém


descendo os degraus, ele confirma o que a luz revela. Chão e
paredes de concreto, sem janelas, um lance de degraus de
madeira. Não há chance de escapar do contorno embaçado de um
homem que se aproxima dele.

A situação está tão ruim quanto possível, e, reconhecendo


o rosto presunçoso que brilha sobre ele, Gavin sabe que Memphis
não será capaz de resistir a dizer isso para ele.

“Bem-vindo à sua nova casa longe de casa.”

Gavin deixa Memphis ter seu momento, não querendo dar


ao filho da puta a satisfação de gritar ameaças inúteis que ele será
incapaz de realizar na condição em que está. Ele sabe que está
fodido. Ele não precisa de uma porra de soletração para descobrir
isso.

Memphis não irá deixá-lo tão fácil, no entanto. Usando a


ponta da bota, ele chuta a parte inferior do pé. “Droga, Gavin, eu
pensei que você lutaria mais.”

Cerrando os dentes, ele toma a dor, deixando-a passar por


ele enquanto Memphis anda, apreciando a visão dele com dor.
Gavin nem se encolhe quando Memphis cospe nele.

“Você deve estar brincando comigo, certo? Uma criança de


dez anos lutaria mais que você!” Confiante de ter vencido a
luta, Memphis bate na sua cabeça. Gavin deixa, mal
conseguindo ficar de pé, sentindo como se seu

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cérebro estivesse agitando dentro dele, batendo no crânio.

“Eles te chamam de fodido Reaper?” Risos fortes seguidos


de um chute rápido nas costelas fazem Gavin envolver as costelas
em agonia enquanto Memphis continua seu discurso. “Perdedor
do caralho. Se os Last Riders pudessem vê-lo agora, eles me
tornariam presidente. Quem quer que seja que o fez vice-
presidente merece que seu colete seja tirado dele.”

Fazendo uma careta de agonia quando Memphis estende a


mão e pega um punhado de seus cabelos, Gavin implora a
Memphis. “Por favor, pare”, ele choraminga.

Deleitando-se com a dor que está causando, Memphis se


abaixa para usar o cabelo para puxar a cabeça para trás,
vangloriando-se dele. É a chance que Gavin estava esperando.

Levantando a palma da mão, ele atinge Memphis na


traqueia. Se ele estivesse com força total, o teria matado. De
qualquer maneira, Gavin aceitará o que pode conseguir,
desfrutando da satisfação em enviar Memphis para sua bunda,
apertando sua garganta.

Determinado a ganhar do bastardo traidor, ele libera a raiva


que está segurando para buscar vingança. Ele desconsidera a dor
que isso lhe causará e se joga em Memphis, com a intenção de
rasgar sua garganta traiçoeira.

“Uau, Reaper!” Mãos ásperas pousam em seus ombros,


puxando-o para fora de Memphis.

Ele se encontra olhando para três homens reunidos ao seu


redor, esperando-o ir atrás de Memphis novamente, Gavin é
forçado a permitir que Memphis escape do seu alcance. Dois dos
homens, Gavin não reconhece. É o outro que o faz cerrar os
punhos.

“Slate.”

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JAMIE BEGLEY

O homem musculoso serviu doze meses antes de ser


dispensado por má conduta. Dois desses meses, Slate passou em
uma prisão militar, graças a Gavin testemunhando contra ele.

“Faz tempo que não o vejo, Reaper” Slate zomba,


agachando-se na frente dele enquanto os outros dois homens se
movem para ficarem de cada lado dele, esperando para segurá-lo
se ele fizer um movimento em direção a Slate.

“Não o suficiente.”

“Eu posso entender você se sentir assim. Não lhe dei as


boas-vindas direito, mas a culpa é de Memphis. Você não serve
para mim todo arrebentado. Mas o que posso dizer? Eu tenho que
trabalhar com o que tenho.”

Slate vira a cabeça loira em direção aos degraus de madeira.


“Ink!”

Gavin vê pés de botas descendo os degraus ao grito de Slate.

“O que você precisa, Slate?”

“Tire esse idiota daqui antes que Reaper tente novamente.


Da próxima vez, talvez eu não o pare.”

“Certamente.”

Sentindo-se maligno, Gavin observa Ink ajudar Memphis a


se levantar, praticamente o carregando pelos degraus estreitos.

Gavin não volta sua atenção para Slate até que ele estala os
dedos na frente do rosto.

“Agora, eu sei que você quer matar a bunda fodida dele, mas
não posso deixar você fazer isso. Por mais que queira fazer isso eu
mesmo, teremos que nos controlar, não é?”

Dando a Slate toda a força de sua hostilidade, agora


que Memphis se foi, Gavin diz: “Por que não vemos

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JAMIE BEGLEY

quão corajoso você é sem seus amigos? Mas já sabemos como isso
terminaria, não é?”

“Isso não é legal. Aqui estou eu, sendo todo amigável e você
só precisa mencionar besteiras do passado. Oh, bem, eu tentei.”
Ficando em pé, Slate anda em volta dele.

Gavin não confia nele pelas costas, mas antes que ele
consiga que suas costelas protestando o deixem se virar, Slate o
segura com uma chave de braço e o homem à esquerda enfia uma
agulha em seu braço.

Assim que ele consegue enfiar o que quer que estava na


seringa nele, eles o soltam.

Slate volta para encará-lo. “Pronto. Isso deve torná-lo mais


receptivo.”

“Você sabe que é um homem morto, não é?”

“Quem vai fazer o trabalho? Certamente você não. Viper?


Nenhum dos Last Riders sequer sabe que você está desaparecido,
e quando souberem, os Road Demons nem estarão no radar.
Pessoalmente, não acho que eles se importem. Eles já tentaram
falar com você desde que devolveu seu colete?”

Descobrir que Memphis informou Slate sobre o que havia


acontecido entre ele e o clube não foi um choque. A culpa está
diretamente sobre seus ombros e Memphis aproveitou a
oportunidade para entregá-lo em um prato.

“O que você me deu?”

“Espere e veja. Acho que você vai gostar dos planos que
tenho para você. Sei que eu vou.” Afastando o olhar dele, ele olha
para os homens atrás dele. “Hock, quando ele estiver pronto, você
e Brewer o levarão para cima.”

“Levarei”, responde o maior dos dois.

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JAMIE BEGLEY

“Vou ter Ink e Chain providenciando uma cama para ele.


Não podemos ter nosso convidado sentado no chão.”

Gavin tenta analisar se será capaz de enfrentar os homens


deixados para trás quando Slate sobe as escadas, mas tem
problemas para centralizar seus pensamentos. Ele tenta se forçar
a ficar acordado, mas quanto mais tenta, mais sonolento fica.
Incapaz de ficar de pé, sente-se cair para trás. Hock e Brewer
tornam-se imagens borradas quando ele olha para eles.

Colocando a mão no chão frio, ele tenta se levantar


novamente. É um esforço desperdiçado. Um dos homens levanta
o pé para empurrá-lo novamente quando ele está na metade do
caminho.

Não querendo ceder ao esquecimento da droga, Gavin tenta


se levantar de novo.

“Porra, como ele ainda está se movendo?” Ele ouve um dizer.

“Não sei. Mas é melhor dizermos a Slate que lhe dê uma


dosagem mais alta na próxima vez.”

“Ou podemos fazer isso à moda antiga.”

Um punho na bochecha faz o que a droga não foi capaz de


fazer, deixando-o incapaz de se mover ou reunir seus
pensamentos confusos.

“Deixe-me ter uma vez.”

Indefeso, Gavin é forçado a olhar para o abismo do inferno


que Memphis, Crash e Bedford abriram. E com seu último
pensamento claro, ele pensa, o pesadelo está apenas começando.

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CAPÍTULO DEZOITO

“ Ah ... aqui está minha nova cadela.”

Gavin tenta desesperadamente combater o que eles


injetaram nele. Os golpes na cabeça dele estão tornando a batalha
ainda mais difícil. Ele não sabe qual é o responsável por confundir
sua mente e roubar sua força de vontade para que ele possa ficar
acordado para encontrar uma maneira de escapar.

Alguém levanta o corpo flácido por cima do ombro e o


carrega pelos degraus, depois o deixa cair em algo macio. Sua
mente está confusa demais para distinguir um rosto do outro, as
vozes se fundindo.

Quando ele ouve a voz de uma mulher, ele percebe a


diferença. “Você tem certeza que ele não vai me machucar?” A
mulher pergunta.

“Eu dei a ele o suficiente para que ele não possa machucar
uma mosca se quiser.”

Gavin sente uma mão tocar seu ombro, sacudindo seu


corpo.

“Vê?” A voz zombeteira machuca sua cabeça tanto quanto


ter seu corpo empurrado. “Ink, tire a roupa dele enquanto eu
preparo o equipamento. Butcher, verifique quando o Ink estiver
pronto. Não quero que ele morra. Ele não vale nada se
estiver morto.”

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JAMIE BEGLEY

Gavin ouve um gemido vindo de dentro do seu peito, mas


ele não está ciente de emitir o som, nem sente suas roupas sendo
removidas de seu corpo, só que elas estão fora quando ele sente o
ar frio em seu peito.

“Santa mãe”, a mulher ronrona. “Ele vai nos fazer uma


merda de dinheiro.”

“Sim, ele vai”, Slate se alegra. “Como ele está, Butcher? Ele
vai viver?”

“Não se ele levar outro golpe na cabeça. Encontre outro


lugar para atingi-lo. Suas costelas precisam descansar. Eu lhe dei
o suficiente nessa seringa; não deveria ter sido necessário causar
esse tipo de dano.”

“Memphis fez isso antes de eu tê-lo. Se eu soubesse que ele


tinha um poste de luz como um pau, não teria dado a ele a dupla
que dei.”

“Nem eu.” Outra voz masculina ri.

Tonto, Gavin tenta combinar imagens em turbilhão com as


vozes e tem que fechar os olhos novamente, sentindo como se
fosse vomitar.

“Então, ele vai viver ou não?”

“Sim.”

“Certo! Vamos começar esse show. Está pronta?”

“O que você acha?” A fêmea ronrona.

O riso estridente ao seu redor é ainda pior do que ver as


figuras alucinógenas em pé sobre ele. Tentando abrir a boca seca,
ele tenta lhes dizer que vai vomitar.

“O que ele disse?” Uma voz masculina pergunta.

“Não sei, não me importo”, responde outro.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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“Acho que ele disse que vai vomitar”, responde a mulher,


sem ronronar.

“Então fique longe da boca dele.”

Orando pelo esquecimento, Gavin tenta erguer o ombro,


determinado a se afastar dos golpes cruéis.

“Eu pensei que você disse que ele não podia se mover?” O
medo entrelaçado com emoção na voz da mulher o faz tentar se
mover novamente.

“Butcher?”

“Você o queria incapacitado, não morto. Não se preocupe;


acho que você pode levá-lo da forma que ele está.”

Mais uma vez, quando o riso enche sua cabeça, ele tenta se
mover quando sente algo repousar sobre ele.

“Porra, ele é lindo pra caralho.” Gavin sente sua boca


enquanto fala. Então ela lambe o peito dele, descendo até o
abdômen enquanto os dedos exploradores vão para o seu pau. “Ele
está pendurado como um touro.”

“Chupe”, ordena um homem.

“Slate, você não precisa me dizer o que fazer.” O gemido


baixo da mulher o faz tentar fazer com que sua língua trabalhe
para que ela pare.

Gavin sente uma boca quente cobrir seu pau antes que ela
chupe, puxando-o mais para dentro. Ele passa de tentar falar para
tentar impedir que seu pau fique duro. Com os dedos carinhosos,
ela encontra as bolas dele, tornando ainda mais difícil parar a
reação involuntária que está recebendo.

“Eu acho que ele gosta.”

“Ele teria que estar morto para não gostar.


Vamp pode sugar o suco de um limão seco.”

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JAMIE BEGLEY

Esforçando-se, Gavin tenta empurrá-la para longe dele.


Levantando as pálpebras pesadas, ele está atordoado por luzes
fortes brilhando sobre ele.

“Como está parecendo na câmera?”

“Ela está me deixando excitado pra caralho. Isso responde


à sua pergunta?”

“Não é você que estou tentando deixar com tesão. Da


próxima vez, não vou dar a ele dose completa. Ele está deitado lá
como um peixe mole,” alguém reclama.

“Nem tudo nele.”

O pau dele é removido da boca dela.

Gavin desesperadamente continua tentando se concentrar


na mulher borrada em seu corpo, nem mesmo capaz de distinguir
a cor do cabelo sob o brilho das luzes.

Sob suas costas, o colchão se move quando a mulher


levanta o peso de suas pernas. Pensando que ela tinha terminado
com ele, ele tenta se afastar novamente quando o seu pau é
envolvido em uma borracha antes de ser colocado em um buraco
aveludado.

“Vamp, você deve estar perdendo seu toque. Eu acho que


ele está tentando fugir.”

“Mmhmm ... espero que ele continue tentando”, a mulher


geme.

O corpo de Gavin salta para cima e para baixo no colchão


quando a mulher começa a transar com ele. Ele ouve outro gemido
em seu peito quando ela coloca as mãos em sua caixa torácica e a
cama começa a se mover mais rápido.

“Foda-o mais forte!”

“Leve tudo!”

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JAMIE BEGLEY

“Eu sou o próximo”, uma voz cheia de luxúria murmura


perto dele. “Quanto tempo dura aquela dose que você deu a ele?”

“Tempo suficiente para você tirar seu dinheiro dele.”

Essa resposta envia um calafrio através dele. O que está


acontecendo com ele tem que ser um pesadelo. Mas quando a
mulher aperta mais as costelas dele, ele é forçado a reconhecer
que não é.

Os cabelos caem sobre o rosto dele quando ela para de se


mover para cair sobre ele. “Ele é todo seu!” Ela grita em seu ouvido
antes de sair dele.

“Você não me deixou muito com o que trabalhar.” A voz está


grossa de luxúria, enquanto se afasta dele, então Gavin sente o
colchão afundar perto de seus pés. “Felizmente, eu gosto de
sobras, desde que o resto dele seja novinho em folha.”

A mão que segura seu pau não é feminina, nem os


murmúrios vindos da boca que deslizam sobre ele.

Gavin tenta novamente se jogar da cama. Risos irrompem


com seus esforços.

O fato dele ter traído Taylor com uma mulher e agora um


homem perfura seu ego. Não importa que ele não esteja disposto
e que esteja fora de si pela droga; o que mais dói é a traição do seu
próprio corpo. É mais devastador do que as traições de Memphis
e Crash porque, embora ele não possa controlar as ações deles,
ele deveria ter sido capaz de controlar as dele. Quando seu pau
fica ereto, apesar da resistência de sua mente e corpo, isso o atinge
em um nível fundamental que ele nunca experimentou antes -
vergonha.

Ele sente uma língua percorrer o comprimento de sua haste


antes que uma mão se enrole ao redor dele enquanto
continua chupando.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Certifique-se de que ele não goze na sua boca. Eu preciso


do gozo.”

A escuridão rodopia no limite de sua consciência, enquanto


Gavin tenta se concentrar com toda a sua força de vontade para
se lembrar de todos os detalhes para poder matar todos e cada um
que estão fazendo e testemunhando o que está acontecendo com
ele.

“Aqui vem ele!”

A humilhação queima com os comentários grosseiros na


sala. Bloqueando-os, Gavin fica aliviado quando sente quem quer
que seja liberar o aperto que ele tem em seu pau.

“Eu vou deixar você limpá-lo, Vamp.” A boca cheia de


luxúria se move para o pescoço dele. “Espero que você tenha
gostado disso. Eu sei que sim. Esse foi um pequeno aperitivo do
que posso fazer por você.”

Gavin não aguenta mais o vômito e começa a arfar.

Uma mão cai sobre sua boca. “Você não vai estragar isso!”

Com os olhos esbugalhados, ele luta muito para conter o


vômito, sabendo que se não o fizer, asfixiará.

Lentamente, a mão é removida. “Melhor? Certo. Vamos para


o prato principal! Ink, vire-o. Vamp, prepare o balde. Se ele
vomitar, não quero que faça no colchão.”

Mãos ásperas o viram de bruços. Então, encontrando-se de


pernas abertas, Gavin tenta rolar de volta, seu cérebro
entorpecido entendendo o que está prestes a acontecer.

“Amarre suas mãos. Não quero que ele se solte e danifique


meu equipamento.”

“Se ele se soltar, não vai atrás do equipamento”,


brinca alguém. “Vire a cabeça dele. Não queremos
que ele sufoque.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Eles agarram seus pulsos e os erguem sobre sua cabeça.


Gavin não tenta mais limpar sua mente, não querendo aceitar que
está prestes a ser estuprado novamente. No entanto, um tapa forte
em sua nádega não o deixa escapar da realidade de que agora os
dedos deslizam entre suas bochechas fechadas.

“Meus clientes sabem que negocio produtos limpos. Eu


quero uma camisinha no seu pau antes que você chegue mais
perto da bunda dele.”

“Estou limpo.”

“Eu não dou a mínima. Coloque-a ou perderá o dinheiro que


me pagou. Se eu fiz a Vamp colocar um preservativo nele, você
com certeza vai ter um. Você é uma prostituta maior do que ela.”

Momentaneamente, a mão se afasta, mas não demora muito


para voltar. Gavin tenta puxar as correntes que o prendem quando
dedos lisos mergulham dentro dele.

“Eu te disse que ele é um virgem. Ele está prestes a arrancar


as correntes da parede.”

Gavin freneticamente se esforça mais quando duas mãos


pressionam seu peito ainda mais no colchão.

“Vá em frente e lute. Isso me deixa ainda mais duro.” A voz


masculina atrás dele faz Gavin tentar se livrar do peso pesado que
o pressiona.

Um grito alto enche o quarto quando a cama começa a se


mover novamente. Leva um segundo para ele perceber que o grito
cheio de dor está vindo dele, quando ele é brutalizado pelo homem
se forçando em seu corpo apertado.

Uma e outra vez, um pau é empurrado dentro dele,


entrando cada vez mais. Gavin tenta enrolar a corrente em torno
de seus pulsos com mais força para se dar mais tração,
mas ele não tem força suficiente em seus músculos
para ter sucesso.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Seu estuprador agarra o cabelo na parte de trás da cabeça,


puxando a cabeça para trás, quando outra mão desliza por baixo
da cintura para pegar seu pau.

“Não se preocupe; você vai se acostumar com isso. Você vai


me implorar por isso em pouco tempo.”

Gavin usa toda a força de vontade para expressar as


palavras, mas sua língua grossa não o deixa.

“O que ele disse?”

“Eu acho que ele disse, vá se foder.”

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO DEZENOVE

Gavin acorda e todas as partes do seu corpo doem e ele sabe


que sua tortura não terminou. Ele experimentalmente move os
dedos antes de levantar a mão para ver se a droga que eles lhe
deram desapareceu.

Com cuidado e devagar, ele se coloca em uma posição


sentada, seu estômago enjoado se rebelando. Incapaz de conter o
vômito, Gavin se inclina sobre a beirada da cama e perde o pouco
que havia no estômago. Percebendo que ele está nu, seu estômago
revira ainda mais.

“Você terá que limpar isso. Ninguém mais vai limpar sua
bagunça.”

Gavin segura a beirada da cama para não cair. Quando ele


consegue parar de vomitar por tempo suficiente para olhar para
cima, vê Slate parado no pé da escada segurando uma arma.

“De um jeito ou de outro, vou te matar.”

“Eu pareço assustado? Você não é nada sem o Viper


apoiando você. Até o Viper sabe disso. Por isso, ele teve que se
inscrever em outra missão - para garantir que ele pudesse cuidar
de você. A única coisa para você se orgulhar é formar os Last
Riders, e você não teria conseguido isso sem a ajuda de Rider. Vê
um padrão, Gavin? Você não é nada, a menos que esteja se
escondendo atrás de outra pessoa.”

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JAMIE BEGLEY

“Os Last Riders não é o que mais me orgulho. Ser


responsável por tirá-lo do serviço é.”

“Bem, amigo, é aí que você fodeu tudo. Se eu ainda estivesse


no serviço, você não estaria sentado no meu porão, vomitando.”

“Prefiro estar aqui do que você aterrorizando mulheres e


crianças indefesas.”

“Vamos ver se você ainda poderá dizer isso da próxima vez


que o Conde quiser bater seu pau na sua bunda.”

Há apenas uma pessoa que ele quer matar mais do que


Slate e é o homem que o estuprou. A mulher é a terceira na lista
dele.

“Nada a dizer?”

“O que você quer que eu diga? Por que você não enfia o cano
da arma na sua bunda e vê como gosta?”

“Vou passar.”

“Eu pensei assim. Você é o único covarde aqui, mas nós dois
sabemos disso, não sabemos?”

Os olhos de Slate ficam escuros e maus. “Vou mandar Ink


e Hock com algo para limpar essa bagunça. Quando terminar,
você pode comer alguma coisa.”

“Eu não estou com fome.”

“Só vou te alimentar uma vez por dia, então eu pensaria


duas vezes antes de recusar a comer. E não se preocupe comigo
colocando qualquer coisa na sua comida. É muito divertido
cutucá-lo com uma agulha.”

Recuando os degraus, Slate o deixa sozinho. Gavin ouve a


porta se fechar e o som de uma fechadura clicando no lugar.
Com Slate fora, ele estuda o quarto, procurando por
qualquer coisa que possa transformar em arma. O

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JAMIE BEGLEY

cômodo está vazio, exceto pela cama do Exército em que ele está
sentado. Não há sequer uma caixa de fusíveis e há apenas um
conjunto de iluminação de trilhos no teto.

Tonto, ele se levanta para andar ao lado de cada uma das


paredes, procurando uma câmera instalada. Descobre que não há
nenhuma, o que mostra que Slate está confiante de que não há
como escapar.

A única saída será subir os degraus e passar pela porta.


Gavin sabe que Slate terá guardas do outro lado. A ironia da
situação é que ele é um estrategista militar e a única saída será
buscar um milagre.

Slate teve os mesmos cursos que ele e está familiarizado


com as mesmas táticas. É como jogar xadrez com alguém que
aprendeu com o mesmo campeão de xadrez.

Eles antipatizaram um do outro à primeira vista, o que só


aumentou quanto mais tempo serviram juntos. Por fim, Slate
subestimou Gavin, pensando que ele seria capaz de intimidá-lo,
como os outros em sua unidade. Ele teria continuado sua
ascensão nas fileiras, deixando vidas destruídas para trás.

Quando uma jovem mãe foi injustamente acusada e quase


espancada até a morte porque uma relíquia pertencente à aldeia
se foi, Gavin suspeitou que Slate estava comprando e vendendo
artefatos - entre outras coisas. Levou uma semana para rastrear
as evidências contra Slate e, quando ele mostrou a prova ao
supervisor, Slate concordou em devolver o artefato e vários outros
que ele roubou. Ele passou dois meses em uma prisão militar
antes de ser dispensado por má conduta. Gavin suspeitava que
roubar artefatos era o menor de seus crimes, mas era o único que
ele podia provar.

Gavin vai para o meio do porão, quando ouve a porta


sendo destrancada. De lá, ele será capaz de ver as
escadas e o que está além da porta. Assim que se
abre, ele tem apenas um breve vislumbre antes dos

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JAMIE BEGLEY

corpos de Ink e Hock bloquearem a vista. Pelo pouco que ele pode
ver, é um quarto de dormir.

“Fique de costas contra a parede.” Ink aponta com a pistola


para fazê-lo se mover.

Gavin segue suas instruções e não porque ele está


preocupado que Ink aperte o gatilho, mas ele não quer outra briga
física antes que seu corpo se recupere das batidas que lhe haviam
dado. Sua cabeça ainda parece uma bagunça fodida e suas
costelas doem toda vez que ele respira. Mais um soco e seu pulmão
poderia perfurar. E Gavin tem toda a intenção de viver. Ele quer
viver com o propósito expresso de matar todos e cada um desses
filhos da puta.

Ink mantém a arma apontada para ele quando Hock vem de


trás dele para pousar um galão de água e um balde. Depois, Hock
sobe os degraus para ficar atrás de Ink. Juntos, eles começam a
subir os degraus.

“Eu preciso usar o banheiro.”

Quando eles terminaram com ele no dia anterior e enquanto


ele ainda estava fora, ele se lembrou de ter sido levado a um
banheiro e mantido sob o chuveiro, onde havia se aliviado.

“Use o balde quando terminar de limpar o vômito.”

Gavin não é estúpido; ele sabia que é para isso que serve o
balde. Fazendo uma careta de nojo, ele levanta as mãos, palmas
para cima. “Vamos; dê-me cinco minutos para cuidar dos meus
negócios. Vou até deixar você me algemar.”

“Você pode lidar com Slate quando ele voltar.”

Gavin aproveita a oportunidade deles parados nos degraus


para dar outra olhada pela porta.

Depois que eles saem, Gavin vai até o balde e vê


um rolo de papel toalha e um sanduíche embrulhado

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em papel alumínio. Colocando o sanduíche na cama, ele usa as


toalhas e a água para limpar o chão. Ele então pega uma toalha
nova, derramando uma pequena quantidade de água nela para
limpar o suor da testa de fazer a simples tarefa. Jogando as
toalhas sujas no balde, ele o coloca no canto mais distante do
porão.

Agarrando o sanduíche de onde ele o jogou na cama, ele


abre o papel para ver que é manteiga de amendoim. Dando uma
pequena mordida, ele fecha o papel novamente. Ele só dará
pequenas mordidas até que lhe deem mais comida. Caso a comida
esteja envenenada, ela será dissolvida em seu corpo em pequenas
doses. Ele não confia em Slate, mas seu corpo não irá se curar
sem nutrição.

Sentado na cama, de costas contra a parede, conta alguns


segundos antes de dar outra mordida, junto com um pequeno gole
da água. Terminando a pequena refeição, ele passa o tempo
pensando em Taylor. Ela já teria ligado para Viper agora para dizer
que ele está desaparecido. Seu irmão é inteligente, mas Gavin sabe
que ele tem três coisas contra ele - Memphis, Crash e Bedford.
Viper serviu com Memphis. O vínculo estreito entre eles é o motivo
pelo qual Viper convidou Memphis para se juntar aos Last Riders.
Inferno, ele não queria acreditar que Memphis e Crash estavam
roubando os Last Riders, mas agora ele sabe que Memphis
participa do tráfico de drogas em Treepoint. Se Memphis o estava
observando, então ele está em gelo fino - mesmo que não estivesse
roubando do clube. Os irmãos têm uma regra estrita sobre
medicamentos essenciais. Eles são descontraídos sobre maconha
e álcool, mas qualquer outra coisa fará você entregar seu colete e
sua moto. Memphis violou essa regra. Gavin saiu por conta
própria para ajudar Lucky a rastrear informações sobre o
narcotráfico, e ele viu mais do que esperava. Memphis é quem
entra e sai da suspeita casa de drogas, quando deveria estar
de volta a Ohio.

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JAMIE BEGLEY

Pelo que ele reuniu, a estrada entre Treepoint e Molly's


Valley são pontos de parada. Algumas casas isoladas afastadas da
estrada são usadas pelas mulas como ponto de partida - para
esconder ou vender antes de passar para outra casa na Virgínia
ou no Tennessee. Pelo que ele percebeu, as mulas não sabem qual
parada está além da que estão indo. É a maneira perfeita para
membros de alto nível da organização de tráfico de drogas
manterem suas rotas em segredo. Eles criam um sistema
complexo, impossibilitando a aplicação da lei.

Para se integrar em Treepoint, ele começou a comer no


restaurante local, não apenas para conhecer pessoas da cidade,
mas para ouvir as conversas ao seu redor. Durante seus dias
militares, ele aprendeu que algumas de suas melhores
informações vinham de estabelecimentos locais e bares. Um dia,
teve sorte de conseguir um assento ao lado de um morador na
lanchonete, com quem ficou feliz em iniciar uma conversa.

“O café é o melhor da cidade. Não sei se isso é uma


recomendação, mas é melhor do que a porcaria que eles vendem no
posto de gasolina.

A garçonete se aproximou e Gavin esperou até que ele


pedisse antes de se virar na direção do homem. “Tomei todos os
cafés da cidade e posso concordar que é o melhor.”

Eles conversaram enquanto bebiam seus cafés e tomavam


seu café da manhã.

“Você é novo, não é?” O homem perguntou.

“Estou aqui há alguns meses. Estou reformando a pousada.”

O homem não ficou surpreso. Seu rosto duro abriu em um


sorriso. “Treepoint é pequena. As notícias do motivo de você estar
fazendo algo aqui se espalham rapidamente.”

“Eu descobri isso.”

“Você planeja morar em Treepoint?”

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JAMIE BEGLEY

Se fizessem essa pergunta quando ele chegou, ele teria digo


não, mas Treepoint havia o conquistado. E se ele não amasse
Taylor e soubesse que ela nunca seria capaz de se adaptar, ele
consideraria torná-la uma base. Mas Taylor estava em seus planos,
então não seria uma opção.

“Não, minha noiva é uma garota da cidade grande.”

“Você está noivo?”

Gavin ergueu os olhos do prato e viu uma expressão


decepcionada cruzar o rosto do estranho antes de abaixar o rosto
para o prato e o boné que usava escondia o que estava pensando.

“Preparando-me para me amarrar no próximo mês.”

“Parabéns.”

“Obrigado.”

“Deve ter sido difícil para você ficar separado.”

“Tem sido sim.”

“Treepoint não tem o suficiente para mantê-la ocupada.”

“Não, não tem.”

Gavin não se incomodou que Treepoint não tivesse as


conveniências que Ohio tinha. Ele não precisava de dezenas de
restaurantes, shoppings ou de outros lugares numerosos que Taylor
frequentava para mantê-lo satisfeito.

O estranho terminou o café e pegou a conta. Girando no


assento, ele parecia estar prestes a partir. “Quanto mais tempo você
ficar aqui, mais portas se abrirão para você.”

Gavin parou com a xícara a meio caminho dos lábios


enquanto o homem continuava.

“A maioria das pessoas gosta de ficar sozinho. É


por isso que a maioria por aqui não mora na cidade;

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JAMIE BEGLEY

eles moram onde é preciso um pouco de trabalho para encontrá-los.


Havia aqui uma velha que dirigia uma loja de bebidas em sua casa.
O xerife nunca entendeu o que estava acontecendo, e ficava
correndo pelas estradas irregulares tentando descobrir de onde
vinha o álcool em um condado seco. Eu acho que um homem pode
encontrar qualquer coisa aqui em Treepoint que pode encontrar na
cidade grande, se procurar com bastante afinco.”

“Posso pegar um café para você?”

Gavin olhou para a garçonete e disse que não. Quando ele se


virou, o homem estava saindo.

Se o estranho não tivesse lhe dado a dica, ele nunca teria


prestado atenção nas saídas que levavam às casas isoladas.
Dirigir de um lado para o outro nos fins de semana lhe deu a
chance de ver quais saídas estavam sendo usadas. Então, durante
as noites da semana, ele encontrava um local para vigiar as casas.
Foi quando ele viu Memphis se transformando em um deles.

Se Memphis o estava observando, ele também sabia que


estava vigiando as casas. O fato de ter cometido vários erros com
sua segurança o faz querer chutar a própria bunda. Ele deveria
ter ido imediatamente ao Viper quando descobriu o que estava
acontecendo com as patentes, em vez de levar em consideração a
amizade de Memphis com o Viper.

Mas, porque ele estava tão determinado a fazer tudo sozinho


e provar a Viper que ele era tão capaz de cuidar de si mesmo, ele
nem alertou Lucky. Se algo acontecer com Lucky por causa dele,
nunca se perdoará.

Dormindo intermitentemente, Gavin não sabe quanto


tempo se passou. Quando acorda e as batidas em sua cabeça se
foram, ele se levanta lentamente, depois caminha pelo pequeno
quarto para retomar a circulação.

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JAMIE BEGLEY

As luzes estão acesas constantemente e, sem janelas, ele


não faz ideia de quanto tempo se passou desde o sequestro.

Esticando seus músculos tensos, ele ainda sente a dor em


seu corpo. Ele se recusa a pensar no que aconteceu com ele
enquanto estava drogado, agarrando-se aos pensamentos da
imagem de Taylor. Para passar o tempo, ele se lembra das
diferentes roupas em que a vira desde que se conheceram.
Quando ele esgota isso, muda-se para os diferentes lugares que a
havia levado.

Seu estômago roncando interrompe sua cadeia de


pensamento, e ele se pergunta quanto tempo passou desde que
comeu o sanduíche. No instante em que se senta na cama, ouve a
fechadura se abrir. Antes que ele possa voltar para os degraus, ele
vê algo ser jogado do topo para aterrissar no chão e então a porta
é fechada com força. Ele pega o papel de alumínio e abre enquanto
volta para a cama. É um sanduíche de mortadela.

Dando uma pequena mordida, ele começa a contar


segundos e depois minutos. Se eles estão o alimentando uma vez
por dia, então é o segundo dia do seu cativeiro.

Ele sabe que está na merda quando pode jurar que já está
ali há uma eternidade.

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO VINTE

Gavin percebe que seu quinto dia de cativeiro será diferente


quando ouve Ink gritar com ele para ficar contra a parede.

Mesmo que seu corpo não esteja tão dolorido, ele se sente
mais fraco devido à pouca comida e água que recebe. Seus
sequestradores alternam entre sanduíches de manteiga de
amendoim e mortadela e raramente dão a ele uma garrafa de água.

Indo para a parede, ele vê Ink e Hock descerem os degraus.

“Jesus, fede aqui embaixo.” Ink se engasga com o cheiro


quando ele chega ao fundo, mirando a arma nele.

“É o que acontece quando você não me deixa usar o


banheiro.” Gavin está tão enojado quanto os outros dois homens,
mas não deixa transparecer.

“Vou pegar uma das cadelas para lhe trazer outro balde.
Não tocarei nessa merda. Agora vire-se e coloque as mãos atrás
das costas.”

“Não.”

“Você realmente quer que eu traga o Slate aqui?”

“Você realmente quer que Slate saiba que você e Hock não
podem me segurar?” Ele zomba.

“Sou homem o suficiente para saber que não


posso lidar com você sozinho. E você, Hock?”

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JAMIE BEGLEY

“Eu também tenho problemas com isso. Slate!”

Gavin observa a porta, contando mentalmente os segundos


para Slate aparecer. Demora apenas dois minutos, então ou as
paredes são finas e a voz de Hock pode ser ouvida por toda a casa,
ou há uma abertura de ar que carrega sua voz.

Slate desce os degraus com antecipação nos olhos, tirando


a arma de Ink. “Você está dando problemas aos meus meninos?”

“Na verdade, não. Eu apenas disse a eles que se me


quisessem algemado, eles mesmos poderiam fazer isso. Seus
amigos são tão covardes quanto você, não é realmente um
choque.”

“Estou ficando muito cansado de você não entender como


sua bunda poderia ser enterrada onde ninguém soubesse, em vez
de agradecer por eu estar te mantendo vivo. Faz-me pensar se vale
a pena o esforço.”

“Por que você não vem aqui e descobre?” Ele provoca.

“Você não quer que eu tenha que te dar o coquetel do


Butcher para o show de hoje à noite, não é? Vou lhe dar uma
chance de tomar um banho, mas preciso que você faça uma coisa
por mim, ou posso te dar um coquetel e passaremos diretamente
para a segunda parte do show. É a sua escolha. De qualquer
maneira, eu vou ganhar dinheiro com você. Depende de você se
estará em seus pés ou de costas.”

Slate tira as algemas de Hock, jogando-as a seus pés.


“Coloque-as.”

Realmente não há muita escolha. Ele prefere ter sua mente


e corpo sob seu próprio controle, com uma chance de escapar em
vez de estar à mercê de Slate.

Abaixando-se, ele pega as algemas, clicando uma


em seu pulso. Então ele coloca as duas mãos atrás

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das costas, manobrando o outro manguito ao redor do pulso livre.

“Vire-se.”

Gavin se vira, mostrando que ele está com as algemas.


Ouvindo passos atrás dele, ele sente as mãos verificando se estão
bem apertadas antes de Ink pegar seu braço e empurrá-lo em
direção à escada.

“Hock, troque esse balde de merda. Cheira a esgoto aqui


embaixo.”

Slate sobe primeiro, depois ele com Hock e Ink seguindo


atrás. Gavin fica tentado a empurrá-los escada abaixo, mas suas
chances de escapar não são altas o suficiente para arriscar, já que
Slate tirou a arma de Ink. Ele precisa conhecer o layout da casa
e, para fazer isso, precisa ter a mente clara para se lembrar dos
detalhes.

Entrando pelo closet do quarto, eles o levam para o lado e


para o banheiro. Slate e Ink estão na porta, permitindo que ele
use o banheiro e o chuveiro. Não é fácil gerenciar com as mãos
atrás das costas. Eles se recusaram a abrir a torneira do chuveiro,
então foram necessárias muitas voltas e mais voltas, provocando
picos de dor nas costelas ainda machucadas.

Saindo do chuveiro, pingando água, ele deixa de ser


complacente, sabendo que não há como secar com as mãos
algemadas.

“Você quer me deixar secar?”

“Não se preocupe com isso.” Slate se afasta da porta para


deixá-lo sair. “Você logo vai se molhar novamente.”

Gavin sai do banheiro, não gostando do jeito que Slate e Ink


estão olhando para ele.

“Mexa-se. Todo mundo está esperando.” Slate


usa a arma para apontar para uma porta fechada.

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Gavin vai até a porta e, quando se aproxima, Hock a abre e


depois se afasta apressadamente, deixando-o entrar primeiro.

Andando por um corredor, Slate o conduz por outro


corredor, depois por outra porta, levando-o a um quintal cercado
por árvores. Gavin desce o pequeno lance de escada quando sente
o empurrão da arma nas costas. Ele fecha os olhos com o brilho
do sol, percebendo que não é tão tarde como pensara.

Havia pelo menos vinte pessoas em pé com bebidas nas


mãos, como se estivessem dando uma festa. Quando eles se viram
e o encaram, seu estômago revira de medo. A tranquilidade que
ele pode ver seus rostos, juntamente com o fato de que eles não
estão horrorizados com o fato de um homem nu estar sendo levado
para o quintal com as mãos algemadas nas costas e conversando
animadamente entre si, o faz querer sair correndo. Fica muito
claro que ele não é a primeira vítima a ser desfilada na frente
deles.

Pegando o olhar de um homem, ele de alguma forma sabe


que é aquele que Slate chama de Butcher. Seu olhar verde-
nublado tem um tom maligno, como alguém que se alegra em
torturar os fracos.

“Todo mundo, deixe-me apresentar o Reaper. Se alguém


quiser aumentar sua aposta, vá em frente. Apenas levante sua
mão e Chain estará lá para pegar seu dinheiro.”

A conversa aumenta de volume quando várias mãos sobem


no ar. Gavin olha para os rostos, memorizando-os e adicionando
mais nomes à sua lista mental de pessoas que morrerão.

“Um de vocês deve ser inteligente e chamar a polícia, porque


quando eu me afastar desses filhos da puta doentes, vou matar
cada um de vocês.” Gavin olha fixamente para todas as pessoas
no quintal.

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JAMIE BEGLEY

Não é um bom presságio que Slate não o impeça de ameaçar


seu público, e ter mais mãos no ar o torna ainda pior.

“Se é isso, as apostas estão encerradas. Vamos terminar a


primeira parte do show para que possamos passar a melhor parte
da noite.” Slate pega o braço dele e o leva a uma piscina de plástico
que alcança sua cintura.

Gavin levanta uma sobrancelha para Slate quando ele o


para. “Você quer que eu nade?”

Slate começa a rir e os outros que estavam assistindo


também. “Nada tão mundano quanto isso. Veja bem, Reaper, eu
disse aos meus amigos o que você fez no serviço. Queremos ver
quanto tempo você pode ficar debaixo d'água.”

“Vocês todos podem ir se foder.”

A sensação de pavor volta quando as risadas explodem


novamente.

“Reaper, não esperávamos ter sua cooperação.”

Antes que ele possa se mover, Gavin é atacado. Ink pega um


braço e Raff o outro, jogando-o no chão, enquanto o chamado
Butcher agarra uma das pernas e Chain segura a outra com força.

Gritos de encorajamento enchem o ar quando o erguem


sobre a beira da piscina e na água até que todos os cinco estão em
pé no meio.

“Reaper, eu respiraria fundo se fosse você.”

Gavin respira fundo instintivamente, então eles empurram


o rosto para baixo logo abaixo da superfície da água, enquanto ele
se debate e luta contra as mãos restritivas, esperando que percam
o controle. Eles não fazem. Eles apenas o seguram mais apertado.
Seu corpo faminto se cansa muito mais cedo do que ele
esperava.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Não apenas seu corpo desiste da luta, mas seus pulmões


estão começando a queimar. Por quanto tempo ele lutou contra
eles? Suas lutas mudaram de tentar fugir para apenas querer
respirar, sabendo que ele gastou seu reservatório de oxigênio.

Ele agora luta pela sobrevivência.

À medida que a queimação nos pulmões aumenta, Gavin é


um nadador experiente o suficiente para saber que a
inconsciência não está longe. Ele fica pendurado nos braços deles
quando a dura realidade chega a ele: eles não estão apostando
quanto tempo ele pode ficar embaixo da água, mas quanto tempo
levaria para ele se afogar.

Seu corpo se rebelando, ele começa a lutar para tomar ar


fresco novamente em uma tentativa final de viver. A água que ele
ama desde a infância e sempre foi seu santuário será responsável
por mandá-lo para o túmulo. Não, a água não é responsável. É
Memphis, Crash, Vincent Bedford e Slate.

O ódio o abastece, enviando adrenalina correndo por seu


corpo em um último esforço para viver o tempo suficiente para se
vingar. Usando cada grama de força, ele consegue tirar um par de
mãos de um braço por tempo suficiente para tomar um breve gole
de ar antes de ser retido novamente sob a água.

Seus pulmões famintos queimam como fogo quando ele não


consegue se soltar pela segunda vez. Mesmo com a percepção
clara de que ele está enfrentando sua morte e nunca se casará
com Taylor ou consertará seu relacionamento com Viper, ele não
tem mais energia. Seu corpo incapaz de lutar torna isso mais fácil
para ele, fazendo-o esquecer o resgate, cobrindo-o em uma
escuridão acolhedora.

Batidas fortes no peito o rasgam da escuridão quando ele é


virado para o lado para vomitar a água que ele engoliu.
Vomitando impotente, Ink e Chain agarram um braço
e o erguem. Gavin só pode ficar ali, suspenso por Ink
e Chain, enquanto recupera o fôlego.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Aspen, seu tempo chegou mais perto. Parabéns!” Slate fala.


“Quando o Reaper estiver pronto, mudaremos o resto das
festividades para dentro. Espero que você tenha economizado
algum dinheiro. Aspen e Butcher já fizeram suas ofertas para
passar o resto da noite com nosso campeão aqui.”

Gavin balança a cabeça para tirar o cabelo úmido dos olhos.


Ele vê Slate em pé na frente dele, apontando uma câmera para
ele. Seu sentimento anterior de pavor volta rapidamente. Slate
descaradamente o filmou sendo afogado e agora está em leilão.

Puxado para cima, ele é arrastado de volta para dentro da


casa e para o quarto com a porta do porão. Ink e Chain o jogam
de bruços na cama, e ele imediatamente tenta empurra-los,
ouvindo o barulho de várias pessoas entrando no quarto.

Um deles levanta as algemas pelas costas, prendendo-o com


um joelho pressionado contra a coluna. “Depressa, Butcher!”

Gavin vira a cabeça, rosnando para o homem que vem com


uma agulha na mão. O homem o espeta no braço antes que ele
possa empurrá-lo.

“Ink, você e Hock, deixem-no pronto. Ninguém superou


Aspen, então o resto da noite é dele.”

Olhos verde-nublados o encaram com promessas. “E a


minha oferta?” Butcher pergunta a Slate. “Eu não tenho
prioridade para ser o segundo?”

“Não, você fica em terceiro.”

“Eu vou ficar em terceiro.” Butcher fica alegre.

“Aspen, você quer ele de pau ou bunda para cima?”

“Bunda.”

Gavin está de bruços, de frente para a cabeceira


da cama. Ele pensa que seus ombros se deslocaram
quando as correntes presas à cabeceira da cama

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

foram enroladas em seus braços, levantando-os nas costas.


Enquanto isso, outras mãos abrem suas coxas, amarrando os pés
nos postes no final da cama.

“Por que você teve que dar o coquetel a ele? Ele não será
capaz de escapar amarrado do jeito que está.”

A mente de Gavin está enevoada, mas ele reconhece a voz


de Butcher.

“Aspen não quer se arriscar quando seu pau está em risco.”


A voz de Slate desaparece quando a droga corre através de sua
corrente sanguínea. “Vá em frente, Aspen. Este é o seu show.”

Gavin dá um puxão no primeiro golpe na bunda dele. No


momento em que o cinto é jogado ao lado de sua cabeça, ele não
consegue sentir nada, nem quando é estuprado por um, depois
por outro, cada um pairando sobre ele.

Encarando sem ver pela janela, ele é forçado a olhar para a


noite escura enquanto suporta a tortura. O terceiro tem a sua vez
quando o sol está nascendo. É quando a droga está perdendo sua
eficácia. Ele sente tudo o que Butcher faz com ele, e sabe que
Butcher está ciente, razão pela qual ele estava tão animado para
ir por último. Ou foi o que ele pensou até ver Slate entregar a
câmera para Ink. Ele pega sua vez, andando sobre ele com um
ódio que finalmente o deixa incapaz de conter seus gritos.

Quando ele descobriu que seus gritos excitam Slate a bater


com mais força ainda, ele os força a voltar e começa a rezar pela
morte. O vento sopra as cortinas para o lado e uma lembrança
vem à sua mente da última música que ele ouviu antes de ser
sequestrado.

As palavras não proporcionam o conforto que a música


pretendia, Gavin passou do ponto onde o consolo pode ser
encontrado. O que ele precisa é de uma lufada de ar
quente. É o sussurro para suportar, acariciando o que
resta da minúscula brasa de sua vontade de viver

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

com promessas de causar estragos naqueles que o machucam, a


um amor que está esperando por ele... apenas por ele.

Tudo o que ele tem que fazer é sobreviver.

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO VINTE E UM

“Vá para a parede.”

Gavin permanece sentado de lado na cama, de costas para


a parede, um dos braços apoiados no joelho levantado.

“Gavin, vá para a parede!”

Imóvel, ele não se importa se o alimentam ou não. Ele


prefere morrer de fome a comer outro sanduíche de manteiga de
amendoim ou mortadela.

Observando o lado da escada, ele vê três pares de pernas


descerem.

“Sua mãe não lhe ensinou boas maneiras? Você não sabe
que existem crianças famintas no mundo? Slate pega os
sanduíches enquanto Ink aponta a arma para ele.

Gavin não se encolhe quando os sanduíches são jogados


contra ele, um de cada vez. Ele apenas olha sem piscar quando
Ink e Brewer descem os degraus para ficar ao lado de Slate.

“Você realmente quer fazer isso da maneira mais difícil?”


Slate gira as algemas nos dedos.

“Ele está bem?” Ink sussurra, como se ele não pudesse ouvi-
lo a meros centímetros de distância.

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JAMIE BEGLEY

“Ele está bem. Gavin aguenta mais do que ser estuprado


algumas vezes para ele se perder. Não é mesmo, Gavin?”

Mais uma vez, ele não se incomoda em dar a reação que eles
estão esperando.

“Você acha que ele está brincando de morto?” Brewer


pergunta.

“Acho que ele está esperando que baixemos a guarda para


nos matar.” Slate estreita os olhos nele. “Facilite para si mesmo -
coloque as algemas.” Slate joga as algemas, acertando-as no
queixo dele. Elas caem frouxamente no colo dele.

“Você desperdiçou o suficiente do meu tempo. Dê-me a


arma, Ink, e vá buscar Hock e Chain. Quando eu terminar, ele
desejará que tivesse colocado as malditas algemas.” Quando Slate
pega a arma, ele também tira uma seringa do bolso de trás.

Quando Ink se vira para subir os degraus, Gavin desce da


cama, deixando as algemas e os sanduíches caírem no chão. Os
três homens congelam no lugar.

“Seja legal, Gavin. Eu não quero te matar. Mas Memphis


não terá nenhum problema em acabar com seus joelhos e Butcher
gostará de colocá-lo de costas novamente.”

Desconsiderando as ameaças de Slate, Gavin vai ao balde e


faz o seu negócio. Lançando um jato de mijo, ele ignora os homens
que o olham estupefatos.

“Eu te disse, acho que ele se perdeu”, murmura Ink.

Slate permanece em silêncio, observando todos os seus


movimentos.

“Eu também acho”, afirma Brewer quando Slate não diz


nada.

Gavin balança o pau enquanto eles assistem.


Ele aproveita a oportunidade pela qual estava

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JAMIE BEGLEY

esperando, pegando o balde quase cheio e jogando-o nos três


agrupados. Os homens tentam sair do caminho para evitar o
conteúdo.

Ink esbarra em Slate, impedindo-o de disparar a pistola e


derruba a seringa da mão.

Gavin corre para os homens como um trator, agarrando a


parte de trás da camisa de Ink e batendo sua cabeça no lado da
escada. Quando ele cai, Gavin já está correndo, passando a agulha
para cima quando Slate se vira para ele, puxando o gatilho.

Gavin chuta a arma da mão de Slate, enviando-a para a


parede oposta. Gavin nem tenta pegá-la, sabendo que os homens
o levariam pelas costas. Em vez disso, ele chuta Slate no
estômago, enviando-o para a cama.

Seu pé está no primeiro degrau quando Brewer tenta


derrubá-lo. Gavin dá uma volta, pegando a agulha, enfiando-a em
seu pescoço e jogando-o para trás. Girando com a ponta do pé,
Gavin sobe os degraus, ouvindo passos e xingos atrás dele.

Chegando ao topo, ele agarra a porta aberta e, com uma


sacudida de ombros, puxa a porta das dobradiças frouxas.
Voltando, ele joga a porta para eles, fazendo-os cair da escada.
Correndo sem destino, ele passa pela porta, sai do closet e entra
no quarto vazio.

“Chain, Butcher!”

Gavin sabe que se pode ouvir os gritos de Slate, então os


outros também podem, mas ele já havia antecipado que a casa
estava cheia dos homens de Slate. Gavin pega uma lâmpada,
arranca-a da parede e corre para a janela, quebrando o vidro, a
moldura e tudo.

O corpo de Gavin está no meio da janela quando o som


de balas explode atrás dele. Ignorando a picada no
ombro e os cortes nos braços, ele se levanta do chão

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JAMIE BEGLEY

e parte correndo para as árvores espessas mais próximas a ele.

“Filho da puta!”

“Merda, como ele pode correr tão rápido?”

Gavin bombeia as pernas mais rápido. Ele está a


centímetros das árvores quando um corpo duro se joga contra
suas costas. Gavin não para, tentando afastar o peso dele
enquanto continua correndo.

“Não o deixe ir, Hock!”

Alcançando as árvores, Gavin deixa cair o ombro para a


frente e torce o corpo para o lado, tentando usar a árvore para
arrastar Hock das costas.

Grunhindo, Hock segura-se, recusando-se a deixa-lo ir. Não


há como Gavin voltar vivo e Hock o está atrasando.

Em um movimento, ele levanta o braço e puxa Hock por


cima do ombro. Ele circula o pescoço de Hock e dá um puxão forte,
estalando-o. Jogando-o para o lado, Gavin dispara entre duas
árvores, sentindo a picada ardente da bala que atinge a parte de
trás da coxa. Cerrando os dentes, ele empurra a dor, a adrenalina
corre por suas veias, dando-lhe o ímpeto para continuar a corrida
louca pela liberdade. O único foco do seu corpo é fugir, voltar à
vida que lhe foi tirada. Ele usa toda a sua força, que o estimula
para ultrapassar a barreira física de suas limitações, vendo em
sua mente aqueles para quem ele precisa voltar como estímulo
para continuar colocando um pé na frente do outro.

Não há tantas árvores na medida em que ele se afasta da


casa. Outra bala o atinge na parte de trás do ombro. Contornando
outra árvore, ofegando por ar, ele vê um grande campo à sua
frente e, mais longe, consegue distinguir uma estrada. Ele será
um alvo fácil, a menos que, por algum milagre, um policial
passe.

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JAMIE BEGLEY

Não, seu objetivo é a floresta do outro lado da estrada. Ele


pode não ser capaz de sinalizar um motorista na estrada para
escapar, mas ele pode se perder na floresta com um pouco de
sorte.

Ele tem que atravessar o campo e atravessar a estrada. É


um grande se, mas ele terá uma chance de um por cento de
escapar contra ser levado de volta ao porão que se tornou seu
inferno. Ele mal deu três passos no campo quando ouve os
motores de motos vindo atrás dele.

“Deus, por favor...”, ele reza, empurrando seu corpo com


mais força. “Por favor...”

Os sons das motos se aproximando o fazem rezar com mais


força.

“Deus, não ...”

Ele não consegue terminar sua oração enquanto Slate anda


de moto mais perto dele. Mantendo a moto firme, ele chuta-o,
atingindo-o nas costelas.

Gavin cai como uma pedra, segurando suas costelas,


incapaz de respirar.

Slate para sua moto, cuspindo terra e grama no ar. Gavin


está com muita dor para olhar quando Slate se aproxima dele e
coloca a arma na sua cabeça.

“Faça”, Gavin resmunga.

“Foda-se, não. Não vou mata-lo tão facilmente!” Slate grita


com ele. “Quando eu acabar com você, você vai pensar que ir para
o inferno será um paraíso.” Slate cruelmente empurra suas mãos
atrás das costas e Gavin sente as algemas se encaixarem.

“Ink, Raff, voltem para casa. Butcher, cuide de suas


feridas e certifique-se de que Ink e Raff o prendam na
cama antes de trabalhar nele.”

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JAMIE BEGLEY

Seguindo as ordens de Slate, ele se levanta e marcha de


volta para casa. Quando Ink o empurra no chuveiro, Gavin tem
que usar o ombro para se segurar. O sangue escorre do seu corpo
através dos cortes e buracos de bala, vai pelo chão do banheiro e
corre pelo ralo quando Ink liga o chuveiro.

“Você sabe que ele vai fazer você pagar por matar Hock, não
é?”

Gavin usa o ombro para bater o bastardo estúpido contra a


parede, enviando-o para trás, com a bunda no chão.

“Da próxima vez, vou ter certeza de que você é quem eu


mato”, promete Gavin.

“Não haverá uma próxima vez”, diz Slate, entrando no


banheiro e dando um soco em seu queixo, mandando-o de volta
contra a parede. Slate entra no chuveiro e o agarra pela garganta.

Gavin encontra o olhar furioso de Slate, erguendo o queixo,


silenciosamente desafiando-o a sufocá-lo.

“Dê-me isso, Ink.”

Pelo canto dos olhos, ele vê o que Butcher entrega a Ink.

“Você vai aproveitar esta viagem.”

Gavin tenta jogar seu corpo em Slate para desequilibrá-lo,


mas Slate o segura no lugar enquanto Butcher agarra o seu braço,
segurando-o enquanto Ink amarra um torniquete em seu braço.

“Você vai implorar para chupar o meu pau para conseguir


mais”, diz Slate, deixando-o cair no chão enquanto Ink puxa a
agulha de sua pele.

Gavin passa os cabelos molhados para trás para encará-lo.


“Você não quer a minha boca em qualquer lugar perto do seu
pau.”

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JAMIE BEGLEY

Slate sorri, deixando o chuveiro para trocar de roupa.

Gavin deita a cabeça nas pernas dobradas quando sente as


drogas começarem a transformar Slate em uma caricatura
grotesca de si mesmo. Ele levanta a cabeça para recostar-se na
parede do chuveiro.

“Do que ele está rindo?” Ink, com medo, dá um passo para
fora da porta.

“Eu estou rindo de vocês idiotas. Você cheira como minha


merda e mijo, e eu já consegui matar um de vocês filhos da puta.”
Gavin vira a cabeça para encarar os três homens. “E a única
coisa...” Gavin não consegue mais conter o riso histérico, “que
Slate acha que pode me manter na linha é me fazer chupar o pau
dele. Aposto que você nem consegue levantar, seu pedaço inútil
de...”

Gavin passa os braços em volta das pernas, se espremendo


em uma bola, enquanto Slate exala sua raiva nele com botas e
punhos.

A melhor parte do que Butcher enfiou nele foi não sentir


nada. Nenhuma ... fodida... coisa.

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CAPÍTULO VINTE E DOIS

Gavin anda freneticamente pelo pequeno porão, torcendo as


mãos. Ele ouve todos os sons que se aproximam da porta,
erguendo os olhos com expectativa quando ouve o menor rangido
e fica decepcionado quando a porta não é aberta.

Ele perdeu a noção do tempo e dos dias. Ele não conta mais
os sons e os minutos para se alimentar. Não, o que o faz levantar
é a dose pela qual ele não luta mais. Coçando o braço, ele não
percebe que desenhou vergões sangrentos em sua pele.

Quando Ink virá? Ele já passou tanto tempo sem conseguir


sua dose? Gavin acha que não, mas não tem certeza. Esfregando
a parte de trás do pescoço, ele continua andando, parando
intermitentemente para olhar a porta antes de retomar o ritmo
frenético.

Eles esqueceram que ele está aqui em baixo? Crash disse a


eles que não queria mais que ele fosse mantido vivo? Memphis já
parou de provocá-lo que os Last Riders não se preocupam em
procurá-lo.

Gavin ficou feliz quando Memphis parou de vir. Suas


provocações e insultos sobre Viper ser feliz porque ele está fora de
sua vida não são críveis. Crash fez visitas esporádicas,
provocando-o com sua presença e provocando-lhe que ninguém
está procurando por ele.

O inferno de sua existência cresce cada vez


que ele é arrastado do porão para satisfazer

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JAMIE BEGLEY

qualquer necessidade depravada que Slate possa inventar.


Gradualmente isso o desgasta como a água que corrói uma pedra.

A esperança dos Last Riders encontrá-lo e resgatá-lo foi


extinguida sob os golpes maldosos de Slate e as drogas constantes
que distorcem a verdade.

Cada um dos irmãos tinha uma característica que os


tornava oponentes formidáveis - lealdade, integridade,
comprometimento, honra, bravura, força, nobreza e inteligência.
Ele não é mais capaz de encontrar uma dessas qualidades em si
mesmo, porque a degradação que Slate impõe a ele é um golpe em
seu âmago. Ele acreditava arrogantemente que tinha um pedaço
de todos os membros originais. Os militares permitiram que ele
aprendesse sobre si mesmo e lhe ensinou maneiras de sair de
qualquer situação. Sua incapacidade de escapar de seus captores
não apenas rasga sua arrogância em pedaços, mas o faz
questionar se ele já possuiu essas qualidades. Viper e os Last
Riders se cansaram dele, não correspondendo aos padrões deles,
fartos de seus argumentos, e eles ficaram aliviados quando ele
com raiva devolveu seu colete?

Ele se senta trêmulo em sua cama, gemendo. Todos os


ossos do seu corpo doem. Cruzando os braços sobre o peito para
combater o frio, ele se balança, tentando se aquecer. Então ele se
levanta ansiosamente quando a porta se abre.

Praticamente correndo para a parede para encará-la, ele


coloca as mãos atrás das costas, esperando as algemas para
continuarem. Ao som do grito de uma mulher, ele se vira e vê Ink
forçando-a a descer os degraus.

Incapaz de compreender o que está vendo, Gavin permanece


paralisado enquanto Ink joga a mulher nua no chão de concreto.
Ink sai do caminho, depois Brewer empurra um homem ao lado
da mulher, que está chorando no chão.

“Por favor, não nos machuque!” Ela grita.

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JAMIE BEGLEY

Slate desce os degraus, a arma apontada para o casal que


se agarra aterrorizado. “Trouxe uma companhia para você,
Reaper. Conheça... Com licença, mas como vocês disseram que se
chamam?”

O homem e a mulher parecem aterrorizados demais para


responder.

“Espere. Eu lembrei. São Brad e Cami.” Ele olha


orgulhosamente para eles como se lembrar de seus nomes fosse
uma conquista. “Brewer e Chain ofereceram a eles minha
hospitalidade quando o carro deles quebrou. É claro que eles
concordaram com relutância quando o Ink e Chain se recusaram
a aceitar o não.”

“Deixe-os ir, Slate.” Gavin não sabe quanto tempo se passou


desde que as palavras realmente saíram dele.

“Por que diabos eu faria isso?”

“Deixe-os irem.”

“Felizmente para mim, não importa o que você quer. Só o


que eu quero conta.”

Slate então descansa seus olhos frios no casal. “Perdoe


nossa discussão. Sintam-se em casa enquanto eu faço algumas
ligações. Não posso deixar meus amigos fora deste show. Eles
nunca me perdoariam. Vocês três devem se familiarizar melhor.
Posso dizer que vocês serão bons amigos.”

Ink e Brewer sobem os degraus com Slate seguindo atrás,


sem dar as costas para eles. Quando a porta se fecha, a mulher
começa a chorar histericamente.

“Vai ficar tudo bem”, o homem tenta acalmar a mulher que


ele está segurando em seus braços.

“Não, não vai.” Gavin tem que forçar as palavras.


Eles precisam estar preparados e deixá-los acreditar

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que nada lhes acontecerá não lhes fará um favor. Eles precisam
aproveitar qualquer chance de escapar, como se a vida deles
dependesse disso, porque depende.

Quando eles se viram para ele, seus olhares horrorizados


fazem a mulher se afastar dos braços, segurando-se para subir os
degraus e bater na porta.

“Isso não fará nenhum bem.”

O homem sobe as escadas para colocar o braço em volta da


mulher, conversando baixinho com ela antes de levá-la de volta
pelos degraus. Sentados lado a lado no terceiro degrau, eles o
encaram com medo.

“Eu não vou machucar vocês.” Essa é uma promessa que


ele pode fazer para eles.

“Como você acabou aqui?”

Gavin sente seus lábios se curvarem em um meio sorriso.


“Eu me pergunto isso o tempo todo.”

“Oh... há quanto tempo você está aqui?”

Pela reação inicial deles ao vê-lo, sua aparência deve estar


pior do que ele pensa. Ele sabe que seu corpo está abatido. Slate
usa-o para fazer vídeos com menos frequência e, pelas expressões
deles, ele percebe o porquê. O que eles fazem com ele agora é
sádico, atendendo a desejos mais distorcidos. Ele teria morrido de
fome muito tempo atrás, se Slate não tivesse aumentado sua
quantidade de comida dias antes de gravar novos vídeos.

“Também não sei disso. Qual é a data…?”

Quando eles lhe dizem a data e o ano, Gavin deseja não ter
perguntado.

Chocado, ele caminha entorpecido até a cama e


senta-se, enterrando a cabeça nas mãos. Slate não

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tinha roubado apenas dias e meses dele. Ele roubou quase nove
anos.

Sentindo a umidade escorregar entre os dedos, ele se deita


na cama para olhar fixamente para o teto. Memphis lhe disse a
verdade - os Last Riders não o procuraram.

“Deve haver uma saída daqui?” O homem vem para ficar ao


lado dele.

Gavin não responde até o homem balançar o ombro. “Não


tem. Eu tentei dezesseis vezes e ainda estou aqui.”

O homem abre a boca. “Dezesseis vezes?”

“Pode ter sido mais. Parei de contar aos dezesseis.”

“Tem que haver uma maneira...”

Gavin aperta os lábios. Ele se recusa a dar falsas


esperanças, mas três podem trabalhar mais rápido que um. Seu
cérebro lento começa a pensar em suas chances, quando a porta
se abre e Slate desce com Ink e Butcher.

“Desculpe, Brad, não precisamos de você para isso. Este


show é apenas para Cami e Reaper.”

Gavin tenta sair da cama, seus músculos espasmódicos


falhando com o esforço. Quando a mulher começa a gritar, Gavin
tenta novamente, desta vez conseguindo se levantar.

“Deixe-a ir!” Ele grita quando Ink começa a arrastar a


mulher pelos degraus.

“Por favor, não”, ela implora.

“Espere.”

Ink para com a ordem de Slate.

“Estou recebendo o pedido de um novo vídeo


para enviar. Eu realmente não dou a mínima para

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quem é, então vou deixar você decidir quem deve ser a estrela do
show - você ou Brad aqui.”

“Eu não vou tocá-la.”

“Bem, eu não preciso de vocês dois. Vou dar a vocês uma


chance de conversar sobre isso por alguns minutos.” Slate faz um
gesto para Ink libertar a mulher.

Livre, ela corre para os braços do homem, enterrando o


rosto no ombro dele.

Slate começa a subir os degraus, depois para no terceiro.


“Eu mencionei que três é uma multidão? Não vou levar mais duas
bocas para alimentar, então...” Ele usa a mão para cortar a
garganta, o movimento doentio não deixando dúvida de que aquele
um não irá viver, qualquer que seja a escolha feita. “Volto em
alguns minutos. Ainda estou esperando alguns dos meus
convidados chegarem.”

“Ele realmente não está falando sério, não é?” A mulher


sussurra.

“Ele fala sério.” Gavin enxuga o suor da testa. A necessidade


de uma picada de uma das seringas de Butcher faz sua pele
arrepiar como se insetos estivessem se banqueteando com sua
carne.

“O que nós vamos fazer?” A mulher grita com eles. “Temos


que sair daqui!”

Gavin flexiona sua mandíbula. Ele sabe o que vai acontecer


com a mulher quando Slate voltar.

“Você não pode deixá-los matar meu noivo.”

“Ajudem-me.” Gavin vai até a cama para ficar ao lado dela.

Nenhum deles se mexe.

“Ajudem-me a mover a cama.”

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Isso os coloca em movimento.

Gavin levanta uma extremidade da cama enquanto o


homem levanta a outra, sem se importar que Slate e seus homens
vejam o que ele fez. Ele expõe o túnel que estava cavando.

“Eu tenho tentado cavar o mais longe possível da casa. Não


é muito longe, então se eles nos virem da janela do quarto no
andar de cima, será uma corrida a pé. Vou romper o chão do outro
lado, garantir que esteja claro e depois deixar vocês dois irem
primeiro. Se formos flagrados, saiam correndo pela floresta do
outro lado da estrada. Separem-se. Dessa forma, um de vocês tem
uma chance melhor de conseguir ajuda.”

Gavin mal tem força suficiente para abaixar o corpo no


chão. Curvando-se, ele está prestes a abaixar a cabeça e os
ombros no buraco quando ouve: “Slate, você pode querer descer
aqui!”

Gavin fecha os olhos com força quando percebe que um de


seus “novos sequestradores” chamou por Slate. Ele nem se dá ao
trabalho de se virar quando ouve os passos. Ele não sabe quantos
ou quem tinha vindo assistir sua humilhação.

“Eu tenho que lhe dar crédito, Reaper. Eu sabia que você
estava tramando algo, mas simplesmente não conseguia descobrir
o que era. Tive que pedir ajuda a alguns dos meus fãs. Tive que
prometer a eles um show próprio. Butcher não está muito feliz
com essa parte, mas vai superar.”

Ele é levantado por debaixo dos braços para encará-los.

“Podemos sair daqui?” A mulher torce o nariz com nojo.


“Fede aqui em baixo.”

Slate ironicamente acena com as mãos em direção aos


degraus. “Damas primeiro.”

Olhos amargos e âmbares a observam sair


antes que ele se vire para o homem que estava

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disposto a enganá-lo. “Espero que tudo o que Slate prometeu a


você valha a pena.”

Olhos cheios de desejo encontram os dele. “Eu acho que vai


valer muito a pena.”

Sem emoção, Gavin o observa sair antes de voltar sua


atenção para os homens que ficaram com ele. Segurando o braço
em direção a Butcher, ele espera a picada da agulha que nublará
sua mente.

Butcher olha para Slate com uma sobrancelha


interrogativa.

“Dê a ele. Ele estará trabalhando duro para isso hoje à noite.
Ink, você e Chain preencham esse buraco. Eu acho que você
deverá ficar algumas semanas sem cama. Você terá que
conquistar minha confiança novamente. A partir de agora, vamos
movê-lo para outro lugar. Pronto?” Slate pergunta a Butcher
quando ele lança o torniquete.

“Dê a ele alguns minutos, e ele estará pronto.”

“Sabe, Reaper, você poderia ter tido sucesso com isso. Eu


pensei que quase convencer Butcher a ajudar durante sua última
tentativa de fuga foi brilhante, mas acho que posso apreciar a
ingenuidade que você mostrou com essa.”

“Faça-me um favor, Slate. Quando eu morrer, não quero


mais ir para o céu. Quero passar a eternidade no inferno com
você.” O céu é apenas um lugar fictício em que todos acreditam
para fazer as pessoas se sentirem melhor sobre a morte. O único
consolo que ele tem é a certeza de que Slate o matará quando
estiver pronto e se houver apenas uma pitada de verdade de que
o Céu e o Inferno existem, então ele prefere o Inferno.

Deus lhe deu as costas. Quando a justiça encontrar


Slate e o mandar para o inferno, esse Reaper já o
esperará de braços abertos.

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CAPÍTULO VINTE E TRÊS

“Taylor, você ainda me ama?” Gavin está tremendo tanto


que não tem consciência que a cama em que está deitado está
tremendo mais. “Ainda te amo.” Ele estende a mão para a mulher
flutuando ao lado dele.

Esfregando os olhos para focá-la, seus dentes estalam


quando outra rodada de calafrios o agarra.

“Eu irei te amar para sempre. Teremos o maior casamento


que Ohio já viu.”

A única centelha de sanidade que ele tem é quando fala com


Taylor.

“Não me deixe sozinho novamente. Eu não gosto quando


você fica longe por tanto tempo. Você já conversou com o Viper?
Disse a ele onde estou? Ele não se importa, não é? Memphis disse
que não. Diga a ele que se me ajudar, vou deixa-lo em paz. Que
farei qualquer coisa que ele queira que eu faça.”

“Com quem ele está falando?”

Gavin esfrega os olhos. A voz feminina falando não parece


Taylor.

“Quem se importa?”

Ele não tem dificuldade em reconhecer a voz de


Slate. Ele a ouve cada vez que fecha os olhos.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

A luz brilhante no quarto está queimando um buraco em


seus olhos. Colocando um braço sobre os olhos, ele usa a mão
livre para se manter firme quando sente a cama afundar sob o
peso de alguém.

“Você tem certeza de que pode fazê-lo fazer isso?”

Mesmo em seu estado drogado, Gavin pode ouvir o tom de


desespero na voz da mulher.

Abaixando o braço, ele tenta distinguir o perfil vago da


jovem sentada de joelhos ao lado de seus quadris. Ela não parece
as outras mulheres que estão ansiosas para usá-lo.

“Eu não teria pegado seu dinheiro se não pudesse. Garanto


a satisfação de todos os meus clientes. Não se preocupe, você não
estará por perto para reclamar.”

“Taylor, faça-os ir embora”, implora.

Um forte golpe o faz tentar se concentrar no rosto distorcido


de Slate olhando para ele.

“Você quer ir para casa, Reaper? Então você precisa fazer


algo por mim.”

“Você está mentindo. Você não vai me deixar ir.”

“Eu vou. Você não serve mais para mim. Vou mandar o Ink
te levar para onde você quiser. Você quer ver aquela sua vadia de
novo, eu posso fazer isso acontecer.”

Gavin não confia em Slate, se pudesse iria o arremessar dali


agora, mas está tão fraco que não pode jogar uma barra de sabão
pelo quarto. “Você está mentindo.”

“E se eu não estiver? Você poderá estar em casa com Taylor


hoje à noite. Tudo o que você precisa fazer é uma coisa para mim
antes de partir.”

“O que é?” Ele murmura.

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JAMIE BEGLEY

“Você vê a garota sentada ao seu lado? O nome dela é


Runner. Ela quer que você faça um favor a ela.”

Gavin leva a mão ao nariz, beliscando-o, tentando


desesperadamente encontrar um ponto focal com as luzes
cegando-o. “O que ela quer?”

“Ela quer que você a estrangule.”

“Não. Vá embora.”

“Se não, Butcher se ofereceu para fazer isso por ela, mas ela
quer que você faça.”

“Não.”

Deus, por que ele não pode morrer? Ele já parou de orar
para ser salvo. Ele sabe que nenhuma ajuda está chegando. A
única coisa pela qual ele ora agora é a morte. Ele nem se importa
se será um fim insuportável, apenas que haverá um suspiro final.

Gavin sente uma mão em seu peito.

“Por favor. Eu quero que você faça isso. Você está tão
machucado como eu. Tire-me da minha miséria. Por favor, Slate
me jurou que ele deixaria você ir.”

“Não. Vá embora. Não vou fazer isso. Nunca farei isso.”

Mãos fortes agarraram seu pescoço, estrangulando o ar.


“Você vai fazer isso ou então Deus me ajude ...”

O riso chiado consegue encontrar uma saída por sua


garganta. “Faça. Por favor, faça.”

As mãos vão embora.

“Você o deixou tão chapado...” Slate rosna.

“Não me culpe por isso. Foi você quem me disse para


fazer.” A voz cheia de medo de Butcher se afasta da
cama.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Porra! Leve-o de volta para o andar de baixo.”

A mulher sentada ao seu lado se joga em seu peito com a


ordem de Slate. “Não! Ele fará isso.”

Gavin sente as mãos baterem em seu rosto.

“Faça!” Ela grita com ele.

Gavin olha para ela sem entender.

“Se você não fizer isso ... eu vou ... vou encontrar Taylor e
matá-la.”

“Não.”

“Eu vou. Vou fazer com que Slate me diga onde ela está ...
eu a mato. Eu juro que vou.”

Gavin torna-se frio. Ela está ameaçando a mulher que ele


ama. Ainda assim, ele não pode dar a ela o que está pedindo. Se
a mulher está determinada a morrer, ela poderá fazê-lo por sua
própria mão. Ele não pode, não fará isso por ela.

“Vá embora ... Obtenha ajuda.” Gavin tenta pensar em algo


que fará a mulher perceber como a vida é preciosa.

“Melhor ainda,” Slate intervém, “que tal eu mandar Ink e


Butcher para buscá-la? Eu posso vê-la se tornando uma estrela
maior que você.”

A ideia de Taylor ser submetida ao mesmo horror faz uma


raiva crescer em seu peito. “Eu vou te matar antes que eu deixe
você colocar a mão nela.”

“Como você pode me parar? Crash me dirá onde ela está e


você sabe que ele fará isso.”

O rosto enfurecido de Slate nada em sua visão.

“Não.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Slate está empurrando sua raiva como um aríete, não


desistindo.

“Eu vou. Vou me certificar de que sou o primeiro a transar


com ela. Então eu vou deixar Butcher tê-la. Quando ele terminar
com ela, você nem a quererá mais. Eu garanto isso.”

O riso de Slate o envia para o fundo do poço. Pressionado


com a ameaça a Taylor, Gavin se agita, agarrando o pescoço sob
a máscara grotesca de Slate. Agarrando com mais força, ele puxa
a máscara para mais perto.

“Morra, morra, morra, morra...”, ele grita o canto


repetidamente.

“Você pode deixá-la ir agora, Reaper.”

Gavin abre os olhos com a voz de Slate. A luz brilhante foi


apagada e agora a única luz é do banheiro, enchendo o quarto.

Confuso que Slate está de pé ao pé da cama, segurando o


gravador de vídeo, Gavin levanta as mãos para afastar os cabelos
do rosto para poder ver claramente. Quando ele faz, algo desliza
para o lado dele.

Seu olhar horrorizado cai no corpo de uma jovem mulher


deitada ao lado dele, os olhos abertos e vazios, olhando de volta
para ele.

Gritos de loucura saem dele sem começo nem fim. Os gritos


maníacos continuam até que uma picada em seu braço faz o som
enlouquecido diminuir até que não haja nada além da concha
vazia que ele se tornou.

“Ink, tire-a daqui. Butcher, algeme-o na cama até que Ink e


Chain voltem depois de despejar o corpo dela. Preciso fazer o
upload deste vídeo. Este vai me render mais dinheiro do que
aquele que deixei o Count dirigir, dizendo como queria
que Reaper se machucasse. Tem certeza de que ele
não vai a lugar algum?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Está brincando? Porra, acho que ele nem está mais no


planeta Terra.”

Alheio a ser deixado sozinho no quarto, em vez de sua cama


no porão, ele fica imóvel na cama, sem nem mesmo um leve
lampejo de razão ou a capacidade de sentir o vento leve que faz a
cortina balançar.

Música confusa brinca com ele, tentando acender a faísca


infinitesimal moribunda que foi deixada dentro dele. O vento
sopra mais forte através da janela enquanto trovões rugem e
relâmpagos iluminam o céu, aumentando a força do ar que o
atinge. Ele viaja pelo braço dele e pousa na palma da mão, como
se uma mão estivesse segurando a dele, fazendo promessas que
ele não pode mais ouvir.

“Não desista... Resista... Você não está sozinho... Sobreviva...


Eles estão chegando.”

A carcaça vazia não pode ouvir as promessas que as drogas


lhe sussurram. Não restou mais nada.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO VINTE E QUATRO


Ginny 18 / Gavin 31

“Pode me servir mais café?”

“Dê-me um segundo.” Colocando o lápis atrás da orelha,


Ginny dá um sorriso rápido para o cliente enquanto corre para
trás do balcão. É só porque ela está cansada ou a lanchonete está
mais lotada que o normal? Ela já está começando a ficar esgotada
depois de trabalhar ontem à noite no teatro. Em vez de dormir
quando chegou em casa, passou metade da manhã se
contorcendo e virando antes de conseguir adormecer. Há mais
duas horas em seu turno na lanchonete, depois ela tem que comer
algo antes de ir para seu segundo emprego.

O trabalho no teatro é moderadamente melhor -


simplesmente limpando e arrumando o lugar para o dia seguinte
-, mas seus dias e noites são invertidos, o que é péssimo.

“Você tem clientes esperando para se sentar.” Sua colega de


trabalho lhe dá um olhar condescendente quando Ginny passa
por ela para pegar a cafeteira.

“Estou vendo-os.” Encarando Carly, Ginny responde:


“Ajudaria se você sentasse os clientes depois que Toby arrumar as
mesas, quando você não estiver ocupada no balcão.”

“Estou ajudando a preparar os pedidos.”

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JAMIE BEGLEY

“Realmente?” Colocando a cafeteira na mesa de preparação,


ela alcança a janela do pedido e pega o prato quente e a comanda.
Ginny rapidamente digitaliza o pedido antes de deslizar a
comanda para o avental. “Eu devo ter perdido essa.” Agarrando o
prato e a jarra de café, ela corre para servir os pedidos, ignorando
o olhar desagradável que Carly dá a ela.

A garçonete de 29 anos tem o dono na palma da mão, e ela


o usa para fugir de sua parte do trabalho. Normalmente Ginny
ignora seu comportamento hostil, mas quanto mais ela trabalha
na lanchonete, mais difícil é fazer isso.

Carly pode ter uma personalidade mais forte, por causa de


seu relacionamento com o proprietário - o que a faz pensar que
pode dizer o que quer -, mas Carly está brincando com a garota
errada. Ginny foi forçada a viver com as exigências de Lisa, e não
há como ela se encontrar novamente sob o controle de outra
pessoa, não importa o quanto ela precise de um emprego.

Lisa era uma péssima mãe adotiva, mas forçou Ginny a


ganhar coragem para poder facilmente enfrentar outra cadela
tentando passar por cima dela.

Recarregando a xícara de café e entregando o hambúrguer


ao cliente, ela volta a encher outras quatro xícaras de café antes
de levar a jarra para a cafeteira. Contando os cardápios, ela corre
para a porta para escoltar o grupo esperando para se sentar,
mostrando ao pastor Dean, Willa e quatro crianças uma mesa
para seis.

Mesmo apressada como Ginny está, ela sente por Willa,


percebendo que ela está desconfortável com os intrometidos da
cidade os observando enquanto sentam em seus lugares. Ela
ouviu os rumores circulando pela lanchonete sobre Willa acolher
filhos adotivos, mas não tem dúvida de que a mulher gentil fará
melhor do que Lisa fez por ela.

Todo mundo nascido e criado em Treepoint


conhece Willa. Ginny a conhece casualmente da

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JAMIE BEGLEY

igreja e a conheceu brevemente quando entrou no escritório de


seguros em que Ginny trabalhou antes da lanchonete.

“Vocês sabem o que vão pedir, ou precisam que eu volte


depois?” Ela pergunta uma vez que Willa, Dean e as crianças estão
acomodadas.

“Podemos pedir e poupar uma viagem a você.”

Ginny dá um sorriso agradecido a Willa quando ela começa


a receber os pedidos. Willa pede para os dois mais novos antes de
deixar os filhos mais velhos pedirem por si mesmos.

Anotando o pedido de bife e batatas fritas do pastor Dean,


ela olha com expectativa para Willa. “E você, Willa?”

“Eu vou tomar café.”

“Traga para ela o mesmo que eu pedi.”

Vendo que Willa está prestes a discutir, Ginny dá uma


piscadela rápida ao pastor quando Willa vira a cabeça na direção
dele, depois parte antes que possa mudar o pedido.

Ao fazer o pedido, ela prepara as bebidas e depois leva-as


para a mesa antes de verificar seus outros clientes. Quando vê os
pratos subirem pela janela, volta ao balcão para pegar uma
bandeja.

Ela se mantém ocupada, ocasionalmente dando a alguns


clientes olhares de repreensão quando os pega encarando a mesa
de Willa por muito tempo. Não será um dia brilhante para receber
gorjetas, mas ela não se importa. Ela não suporta a expressão de
perseguição no rosto de Willa, sentindo a censura de todos.

No final da refeição, Ginny percebe que Willa parece mais


relaxada e não tão constrangida. Ela volta para a mesa deles
quando o pastor faz sinal para ela trazer a conta.

“Eu não sabia que você trabalhava aqui?”

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JAMIE BEGLEY

“Fui demitida do meu último emprego”, ela responde Willa


sem constrangimento.

Willa assente com simpatia. “Eu estava pensando onde você


estava na última vez em que parei no escritório de seguros.”

“Eu tenho que trabalhar em dois empregos para compensar


a perda daquele. Eu também estou trabalhando no cinema.”

“Imagino que trabalhar em dois empregos não seja fácil.”

“Prefiro trabalhar em quatro empregos do que aguentar o


velho Dawkins.” Ela quer engasgar com nojo toda vez que pensa
em Carter Dawkins.

Willa deve ter visto o desgosto em seu rosto. “Eu não quis
aborrecê-la. Se houver algo que eu possa fazer, me avise. Se eu
abrir a padaria que estou planejando, talvez possa lhe oferecer um
emprego. Mas vai demorar um pouco,” acrescenta Willa às
pressas.

Ginny quer pular para cima e para baixo com a oferta, mal
conseguindo evitar se fazer de boba. “Avise-me. Não me importo
com este, mas o cinema é o terceiro turno.”

“Eu ficaria feliz em contratá-la.”

A mulher rouba seu coração com sua bondade. Ginny não


pode acreditar que ela se arriscaria. Ela sabe que as pessoas da
cidade consideram-na lixo, apenas mais uma bastarda de
Coleman que nem sua mãe quis. Não ajuda que os Coleman ainda
se recusam a se misturar com as pessoas da cidade. Mesmo que
ela não more mais com eles, ela ainda está manchada pelo nome
deles - orgulhosamente. Não importa que ela seja uma boa
trabalhadora, tenha uma vida tranquila e nunca tenha namorado,
a cidade como um todo ainda considera seu sangue ruim e não
quer nada com ela, como se a sua associação os
contaminasse.

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JAMIE BEGLEY

“Obrigada, Willa. Ouvi dizer que você está noiva. Parabéns.”


Ela olha para ela e para o pastor Dean, emocionada pelo homem
que ela respeita ser inteligente o suficiente para prender a mulher
mais doce do Kentucky.

Os dois são perfeitos um para o outro. Ambos levam a sério


ajudar a comunidade, envolvendo ou não a igreja. O pastor Dean
a ensinou até a formatura e queria que ela fosse para a faculdade.
Quando ela lhe disse que estava contente em ficar aqui, ele
discutiu com ela incessantemente, apenas recuando quando ela
parou de ir à igreja.

Ela não é a única aluna que ele ajudou. Mais de um devia


seu diploma a ele. Willa financiou o programa alimentar que faz
refeições para estudantes de baixa renda, fornecendo-os durante
os fins de semana, feriados e verões.

“Obrigado. Vejo você amanhã na igreja.”

Pensando em um possível novo emprego e trabalhando com


alguém tão legal quanto Willa, Ginny praticamente anda no ar o
resto do dia. Mesmo Carly saindo cedo - de novo - não pode
arruinar seu humor. Sua situação de trabalho é miserável. Ela foi
forçada a deixar a companhia de seguros depois que seu chefe
quase a estuprou, depois teve que conseguir dois empregos para
conseguir pagar seu carro, comida e o aluguel do seu pequeno
quarto na casa de Toby. Ela estava muito ocupada para sair da
casa de Lisa e Dalt para alimentar pensamentos sobre uma
carreira.

Limpando e esfregando o restaurante em tempo recorde, ela


enfia a cabeça pela janela do pedido e acena. “Estou indo embora,
Toby.”

“Vejo você amanhã.”

Trancando a porta atrás dela, ela vai para o carro e


depois vai ao cinema. Depois de estacionar, ela pega
uma barra de proteína de mirtilo.

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JAMIE BEGLEY

Deixando o estresse de trabalhar na lanchonete se soltar de


seus ombros enquanto ouve música no rádio do carro, Ginny olha
para o estacionamento, observando os clientes saírem em
pequenos grupos enquanto os filmes acabam.

Terminada sua barra de proteína de mirtilo, ela pega um


pequeno pacote pela metade de ursinhos de goma que ela selou
em uma sacola plástica reutilizável e os coloca no bolso da calça
preta.

Esticando o braço para o banco de trás, ela pega a camisa


polo vermelha limpa com o logotipo do cinema. Olhando em volta
do estacionamento escuro, ela puxa a camisa vermelha por cima
da cabeça e, em seguida, tira os braços da blusa que usa,
estendendo a mão para desabotoar a blusa e deslizá-la por baixo
da camisa do cinema. Jogando a blusa no banco de trás, ela pega
as chaves do carro e a bolsa antes de sair do carro. Trancando a
bolsa no porta-malas, ela caminha até a frente do cinema,
ignorando os poucos retardatários que saem dos filmes que evitam
o contato visual com ela, como se pegassem piolhos de alguém
com o sobrenome Coleman.

Batendo na porta, Ginny espera enquanto a estudante do


ensino médio atrás do balcão se aproxima para deixá-la entrar.
“Ei, você chegou cedo. Você está tentando fazer o resto de nós
parecer ruim?”

Ginny revira os olhos para Norah, quando a estudante de


dezessete anos de idade tranca a porta atrás dela.

“Olha quem fala, eu pensei que você estava de folga hoje à


noite.”

“Eu deveria estar. Jerry ligou e me pediu para trabalhar. O


treino de Nathan atrasou.”

Fazendo uma careta, Norah a segue enquanto


Ginny caminha para o armário de manutenção. A

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JAMIE BEGLEY

adolescente bonita lhe dá uma mãozinha, empurrando a grande


lata de lixo para fora do armário.

“Eu posso ficar e ajudar, se você quiser?” Norah oferece


enquanto Ginny forra a lata de lixo com um saco limpo. “Não farei
nada por algumas horas e tenho todo o meu dever de casa pronto.”

Pegando outra caixa de sacos de lixo de uma prateleira, ela


se vira para a estudante, vendo a expressão esperançosa no rosto
de Norah. Ginny reconhece uma alma afim e solitária. Embora
Ginny foi banida do ensino médio por causa do seu sobrenome,
Norah não se encaixa socialmente com seus colegas. Ginny sabe
que Norah não pode se relacionar com a mentalidade de se divertir
e se esquivar de responsabilidades. Ao evitar esse comportamento,
ela ganhou uma bolsa de estudos e ingressou cedo em um
programa de pré-medicina da Universidade de Louisville.

“Seus pais não estarão esperando você em casa?”

Ginny percebe que ela está procurando uma desculpa para


dar aos pais para evitar problemas se ela não chegar em casa
antes da meia-noite.

Tentando salvá-la do constrangimento e da possibilidade de


ter problemas com seus pais rígidos, Ginny recusa sua ajuda. “A
última vez que você se atrasou, seu pai veio te procurar. Você não
quer que seu carro seja levado de novo, não é?”

“Não.” Norah, conscientemente, arrasta a ponta do tênis


contra o tapete. “Eu sinto muito.”

“Não há nada para se desculpar. Seus pais estão apenas


cuidando de você. Você trabalhou duro para essa bolsa de estudos
e seus pais não querem que você comprometa o seu futuro
andando com alguém... como eu.”

“Você quer ir às compras neste fim de semana?” Norah


fala junto com Ginny. “Eu preciso de um novo jeans.
Poderíamos nos encontrar no mini shopping em

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JAMIE BEGLEY

Jamestown. Meus pais nem saberiam contanto que eu esteja em


casa antes de voltarem dos meus avós.”

“Estou ocupada neste fim de semana.” Ginny dá a desculpa


sem dar detalhes, salvando a reputação da garota amigável. As
pessoas da cidade podem ser cruéis ao espalhar fofocas e não se
importariam se fosse uma excursão inocente de compras.

“Norah, você já acabou? Ou estou pagando você e Ginny


para ficar por aí conversando?”

A adolescente pula como um gato escaldado; o gerente está


na porta.

“Eu estava apenas mostrando a ela onde estão os sacos de


lixo, Jerry.” Norah dá uma risada nervosa. “Vejo vocês amanhã.”

Ginny não se incomoda em negar a mentira quando coloca


a caixa de volta na prateleira, depois pega a alça do aspirador de
pó e se prepara para sair da sala.

“O inventário da concessão está faltando novamente.”

“Você está me acusando?”

“Você está roubando de mim?” Ele late.

“Você fez a Nathan, Mark e Norah essa pergunta?” Ela


levanta uma sobrancelha interrogativa diante de sua postura
intimidadora na porta.

Jerry coloca a mão no batente da porta, mantendo-a


efetivamente na sala de manutenção.

“Eles não são Coleman.”

“Se fossem, você não ficaria aquém. Colemans não são


ladrões. Nós dois sabemos o motivo e quem é responsável pelas
perdas. Nathan os esconde para seus amigos quando eles
vêm ao cinema. Você não vai me culpar por suas
perdas para proteger o trabalho do seu sobrinho.”

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JAMIE BEGLEY

“Nathan é um bom garoto.”

“Não estou dizendo que ele não é, apenas que ele está dando
um desconto ilegalmente para seus amigos. Se você precisar
encontrar alguém para culpar para impedir o proprietário de
despedir Nathan, não posso impedi-lo, contanto que meu nome
não seja o mencionado.”

Ginny enfia a mão no bolso, saindo com o celular e fazendo


o sorriso dele desaparecer.

“Para quem você está ligando?”

“Para sua esposa. Vou perguntar se ela sabe que seu


sobrinho está roubando dela e que você está tentando me culpar.”

“Você não tem o número dela.” A fúria ferve em suas


bochechas rechonchudas.

“Teste-me. Ela me deu o número quando eu a atendi na


lanchonete e reclamei sobre você comprar sacos de lixo de merda.”

“Você não fez isso.” Ele solta as mãos, apertando os punhos


como se quisesse bater nela.

“Pergunte a ela”, diz ela docemente.

“Se disser alguma coisa para ela, eu vou demiti-la.”

“O que eu tenho a perder? Você está querendo me demitir


desde o dia em que comecei. A única razão pela qual ainda estou
aqui é porque sua esposa não encontra mais ninguém que queira
esse emprego pelo dinheiro que você está disposto a pagar.”

Dando-lhe um olhar cortante, ele se afasta da porta. “Vou


instalar câmeras atrás do balcão amanhã.”

“Bom para você. Certifique-se de avisar Nathan; fará com


que aqueles churrascos de família no domingo sejam
estranhos se você precisar demiti-lo.”

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JAMIE BEGLEY

Ginny pega a alça do aspirador, colocando-o atrás dela.

“Ignorante, não serve para nada, bruxa.”

Girando com um olhar aquecido, o aspirador balança de


volta quando ela rapidamente solta a alça.

“Eu te desafio a repetir isso na minha cara.”

Jerry parece estar mordendo a língua antes de cuspir


furiosamente. “Vá trabalhar.”

Ginny agarra a alça do aspirador, deixando o


comportamento hostil de Jerry escorregar por suas costas e pensa
no envelope com quarenta dólares nele que estará esperando em
cima do balcão de doces quando ela terminar de limpar.

Empurrando o celular de volta no bolso, ela deixa o


aspirador parado onde está, enquanto segue fila por fila, jogando
os restos descartados de copos, baldes de pipoca e embalagens de
doces em um saco de lixo, o tempo todo querendo ir para casa e
subir em sua cama no quarto barato que Toby a deixa alugar nos
fundos da casa dele.

Fazendo uma careta com a quantidade de lixo deixada para


trás, ela sempre pode dizer qual cinema passou o mais novo
lançamento pelo número de sacos de lixo que ela precisa usar para
limpar. Este é dois sacos pelo menos.

Suspirando, ela espera que pelo menos tenha sido um filme


bom, antes de largar o saco e ir para a sala de projeção.
Começando o filme, ela pega o saco de lixo, despejando um balde
de pipoca vazio antes de voltar para o cinema.

“Eu sabia que hoje não iria terminar com uma nota ruim”,
ela diz para si mesma feliz, ansiosa para assistir a um novo filme
de terror. Então ela quase morre de susto com o grito assustador
da tela do filme.

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JAMIE BEGLEY

“Inferno!” De boca aberta, ela vê um inseto gigantesco comer


a cabeça de um zumbi antes de voar para comer uma mulher
gritando alto.

“Obrigada”, Ginny consegue suspirar, colocando a mão


sobre o coração ainda batendo rapidamente. “Seja como for, ela
quase me assustou até a morte.” Pegando o saco de lixo, ela volta
a recolher o lixo. “Mova-o ou o cara com esse rifle vai explodir você
em pedacinhos.” Os olhos dela se arregalam em um dos zumbis.
“Não! Volte. Pegue quem está tentando passar por cima da cerca!
Ela grita. O zumbi grotesco parece extraordinariamente com
Jerry. “Coma-o!” Ginny canta, indo para a próxima fila. “Coma-o!”
Infelizmente, ela vê o inseto ser cortado ao meio por um laser de
nave espacial e as duas partes caem frouxamente no chão.
“Diabos. Pelo menos uma vez o idiota terá o que merece?”

Ela supõe que não. O zumbi consegue escalar a cerca e


começa a mastigar as partes do inseto.

Ele apenas mostra que idiotas como Jerry sobreviveriam


mesmo na forma de zumbis, enquanto ela teria sido uma ração
para formigas. Ginny usa os filmes como uma ferramenta de
aprendizado e este foi um bom exemplo. Quando a merda atinge
o ventilador, apenas aqueles com o estômago mais forte
sobrevivem.

Saindo da loja de penhores, Ginny está fechando a bolsa


quando ouve seu nome ser chamado. Ao se virar, vê Willa
atravessando a rua.

“Oi!” Ginny cumprimenta quando Willa se


aproxima dela, segurando dois sacos de papel.

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JAMIE BEGLEY

“Ei! Eu ia ligar para você hoje, mas quando vi você, pensei


em aproveitar.”

Preparando-se para Willa ter mudado de ideia sobre


oferecer o emprego que ela mencionou alguns meses atrás, Ginny
tenta parecer despreocupada quando as pessoas carrancudas
passam por elas na calçada.

“Eu tenho que falar algo com você, mas vamos ser
atropeladas se ficarmos aqui. Você tem alguns minutos?”

“Hoje é o meu dia de folga.” As pessoas na cidade


convenceram Willa de não lhe oferecer o emprego?

“Nós poderíamos ir à igreja, está por perto e eu quero lhe


mostrar onde você estará trabalhando.”

Ginny sente como se uma tonelada de tijolos tivesse


acabado de ser tirada de suas costas.

Dando um passo ao lado dela, caminham os dois


quarteirões até a igreja. Elas conversam um pouco sobre os
negócios para os quais Willa vende seus doces, incluindo a
lanchonete e o restaurante Silver Slipper. É somente quando Willa
a leva para a grande cozinha da igreja e ela vê cupcakes em cima
de uma mesa de metal que ela percebe que Willa está usando o
espaço como sua padaria.

“Eu aluguei o espaço da igreja; vai tornar mais conveniente


para mim administrar meus negócios enquanto cumpro meus
deveres como esposa do pastor.” Colocando os dois sacos de papel
em um balcão, Willa dá um sorriso feliz.

Tentando não se concentrar nas garrafas de uísque que


Willa está retirando das sacolas, Ginny caminha mais para dentro
da cozinha, vendo que Willa já organizou seu equipamento de
panificação. Seus dedos coçam para alisar o brilho suave da
batedeira cara que ela só sonhou em ter uma um dia,
muito menos as três que estão descansando no
balcão.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Com sua própria entrada e o estacionamento do lado de


fora, acho que trabalhar aqui é uma ótima ideia”, Ginny se
entusiasma.

“Então, quando você pode começar?”

Ginny quer pular com a pergunta de Willa, mas se contém.

“Você tem certeza? Muitas pessoas na cidade não gostam de


mim e não ficarão felizes por você estar contratando um Coleman.”

Willa, franze a testa com as mãos indo até os quadris. “Por


que não?”

“Meu pai irritou várias famílias quando se recusou a se


casar com as mães de seus filhos.”

“O que seu pai fez ou não fez não é da minha conta e não
tem relação com você fazendo um bom trabalho para mim.”

Ginny acha necessário dar a Willa mais uma chance de


desistir. “Você não tem ideia de como elas podem ser más.”

“Você acha? Eu tive meu próprio quinhão de comentários


feios. Você já foi comparada a um cofrinho de porco gordo?”

Ginny empalidece com a comparação; seu coração dói,


porque alguém realmente insultaria uma mulher que se esforça
para ajudar os outros.

“Quem disse isso para você?”

“Não importa.”

Ginny já foi a destinatária de muitos insultos para saber


que isso não é verdade.

“Isso importa a mim.” Ginny estende a mão e dá um abraço


em Willa. “Diga-me quem foi e eu me recusarei a servi-los
quando forem na lanchonete. Vou fazer Carly servi-los,”
ela brinca.

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JAMIE BEGLEY

Willa ri abraçando-a de volta. “Obrigada. Isso


definitivamente daria o troco.”

Interrompendo o abraço, Ginny dá um sorriso cheio de


alegria para Willa. “Você realmente, quer que eu venha trabalhar
para você?”

“Sim.”

“Então darei meu aviso prévio de uma semana amanhã à


noite no cinema e posso começar na próxima segunda-feira? Dê-
me um horário em que você quer que eu trabalhe e entregarei a
Toby para organizar meus turnos na lanchonete.”

“Obrigada Senhor. Estou ansiosa para ter alguém para


ajudar a manter os pedidos em dia comigo, estou tentando
organizar tudo o que preciso antes do casamento. Espero que você
possa participar?”

“Enviei o convite de volta ontem. Sinto muito, mas tenho


que trabalhar na lanchonete; o proprietário está esperando um dia
agitado com todos os intrometidos entrando para ver quem vem
ao casamento. A lanchonete oferece uma visão panorâmica da
igreja.”

“Isso explica por que Toby dobrou seu pedido. Pensei que
era porque eu disse a ele que estava fazendo um novo sabor de
cupcakes.”

“Não. Ele está esperando uma grande multidão. Qual é o


novo sabor?”

“Chocolate bêbado. Eu preciso de uma segunda opinião;


você quer experimentar um? Não gosto do sabor do Bourbon,
então não sei dizer se estou usando muito ou pouco.”

“Eu nunca recuso um cupcake, especialmente se for de


chocolate.”

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JAMIE BEGLEY

Indo para a mesa de metal, Willa pega um dos cupcakes e


entrega a ela. Dando uma mordida, Ginny quase engasga com o
forte sabor do licor. Forçando-se a engolir, ela pensa loucamente
em uma maneira de dar outra mordida.

“O que você acha?”

“Uh... é um pouco forte demais.” Não dando outra mordida,


ela vê a decepção de Willa. “Só um pouco.”

“Ah bem. Comprei mais um pouco de Bourbon, então farei


outro lote esta tarde.”

Sentindo-se mal, Ginny abre a bolsa para pegar o presente


de casamento que comprou. “Eu queria te dar um presente de
casamento. Eu ia embrulhá-lo e entregá-lo amanhã depois da
igreja para que você o tivesse no grande dia.” Observando Willa
abrir a sacola da loja de penhores, Ginny avista uma lata de lixo
e joga o cupcake dentro.

Quando Willa levanta os olhos confusos para ela, Ginny


explica: “A moeda é um centavo de prata. É um amuleto da boa
sorte. Você deveria colocar um no seu sapato no dia do casamento
para trazer amor, felicidade e prosperidade ao seu casamento.”

“Eu nunca ouvi isso antes.”

“É uma superstição antiga, como usar algo velho, algo azul.”

“Obrigada, vou me certificar de colocá-la no meu sapato. É


muito gentil da sua parte.”

“De nada.” Ginny olha para o grande lote de cupcakes


bêbados. “O que você vai fazer com os cupcakes?”

Willa coloca a moeda no bolso, antes de franzir a testa para


os cupcakes. “Vou jogá-los fora.”

“Eu odeio eles irem para o lixo. Vou levá-los se você


não os quiser. Conheço alguém que apreciaria
essas... iguarias.”

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JAMIE BEGLEY

“Vou encaixotá-los para você.”

Ginny gentilmente levanta as duas lindas caixas rosa nos


braços.

“Obrigada por levá-los; Detesto deixar que a comida seja


desperdiçada.”

“Eu também, especialmente quando se trata de chocolate.”


Com boa consciência, Ginny sente a necessidade de levar em
consideração a segurança da comunidade versus ferir os
sentimentos de Willa. “Eu usaria apenas meia colher de chá de
Bourbon. Depois da sua próxima fornada, me ligue e vou voltar e
prová-los para você.”

“Eles estão tão fortes?”

“Digamos que. Estou indo para casa andando e volto mais


tarde para pegar meu carro.”

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CAPÍTULO VINTE E CINCO

Ginny felizmente vinca o papelão rosa antes de dobrá-lo


numa caixa. É uma tarefa tão mundana, mas não se compara às
longas horas que ela passa de pé na lanchonete. Ela teve que se
beliscar inúmeras vezes que estava realmente trabalhando com
Willa e quão mais fácil sua vida se tornou em três meses. A única
desvantagem era estar cercada pelo aroma de produtos recém
assados que ela jurava que acrescentava centímetros à sua
cintura a cada cheiro.

Depois que as caixas foram formadas, ela começa a colocar


nelas os cupcakes que Willa havia congelado. Fechando a caixa
ordenadamente, ela começa a trabalhar meticulosamente em
encher outra, começando a se preocupar que está fazendo errado
quando sua nova chefe não conversa com ela enquanto
trabalham.

“Fiz algo de errado?” Ela pergunta timidamente, não


querendo que Willa se decepcione com o trabalho que está
fazendo.

“Não, me desculpe. Hoje não estou de bom humor.”

Ginny sorri com o pedido de desculpas e relaxa. “Tudo bem.


Eu só queria ter certeza de que não tinha estragado algo.”
Empilhando as caixas cheias, ela sorri para ela. “Estou animada
por poder cozinhar em tempo integral. Quando você quer
que eu comece na sede do clube?”

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JAMIE BEGLEY

Ginny queria amarrá-la a um encontro oficial, com medo de


que Willa ainda mudasse de ideia. Ela odiava trabalhar na
lanchonete e Willa havia lhe oferecido um salário real com seguro.
Ela finalmente começa a sentir como se sua vida estivesse no
caminho certo. Ela não sente falta de trabalhar no teatro e está
ansiosa para colocar a lanchonete no espelho retrovisor.
Trabalhar com Willa destacou o quanto ela odiava trabalhar com
Carly.

“Avise na lanchonete e me avise quando seria bom para


você.”

“Vou contar a eles esta tarde quando eu entrar.” Enchendo


outra caixa com os lindos cupcakes, ela teve que se conter de
comer um deles. “Estou alugando uma kitnet, porque não posso
pagar nada maior agora. Como não trabalho muito como
garçonete, assim que começar a trabalhar em tempo integral para
você, espero alugar um quarto.”

Ela saiu do quarto dos fundos de Toby com seu primeiro


salário de Willa e entrou na kitnet. Depois que Willa contou a ela
que os Last Riders precisavam de uma cozinheira e faxineira em
tempo parcial, ela estava com o coração em um quarto no terceiro
andar de seu condomínio.

Ela imediatamente se sentiu confortável com Willa, que


compartilhava traços de personalidade semelhantes aos de Leah.
Quando ela está com ela, enche uma pequena parte dela que havia
perdido com a morte de Leah.

“Posso te fazer uma pergunta pessoal?”

“Manda,” Ginny responde sem pensar, pensando em como


ela decoraria o apartamento imaginário de um quarto. Tudo o que
ela conseguiu pagar depois de mudar para a kitnet foi um sofá de
segunda mão e uma mesa de café. Não tinha muito na
cozinha, com apenas um pequeno fogão e geladeira.
Por outro lado, é melhor que o pequeno quarto na
casa de Toby.

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JAMIE BEGLEY

“Por que você não gosta dos Wests? Quero dizer, você viveu
lá por vários anos, mas os evita quando os vê na igreja.”

Ginny pega outra caixa para ganhar tempo antes de


responder.

“Estava pensando nisso, já que eles têm a custódia de


Darcy. O irmão mais velho dela, Cal, está morando com um amigo
meu, Drake Hall.”

“Eles nunca me deram uma surra ou fizeram algo


inapropriado, se é isso que você está pensando.”

“Ela está segura?”

Ginny pensa na melhor maneira de explicar as dificuldades


que tinha com os Wests, enquanto transfere os cupcakes do
balcão para a caixa. “Seu marido está saindo de Treepoint ou vai
ficar aqui para sempre?”

“Nós não vamos a lugar nenhum.”

“Então ela está segura”, diz ela, balançando a cabeça.

“Lucky...?”

“Lucky salvou minha vida. Eu nunca serei capaz de


recompensá-lo pelo que fez. Eles não são pessoas más; eles
apenas têm padrões muito altos que eu não conseguia alcançar.”
Se o pastor Dean não tivesse ajudado em seus trabalhos escolares,
ela teria ficado para trás. Ele tinha se esforçado para mostrar suas
preocupações a Lisa. Ver que Ginny tinha alguém de olho nela e
em Dalt mantinha a sua negligência sob controle.

Eles se aproximaram nos anos em que ela morou com eles?


Não, mas Ginny não acha que eles são capazes de se importar com
alguém além de si mesmos.

Ela não sabia que eles haviam recebido outro filho


adotivo. Se Willa estava preocupada o suficiente para
perguntar a ela sobre os Wests, ela teria expressado

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JAMIE BEGLEY

essas preocupações ao marido. Se Will ainda morasse na cidade,


ela teria conversado com ele sobre os Wests terem outro filho
adotivo. Depois de superar a raiva, finalmente confessou a Will
que não queria ficar com Lisa e Dalt. Embora, mesmo que ele
ainda estivesse na cidade, sabia que ele lhe daria a mesma
explicação agora que lhe deu na época - que sem provas de que os
Wests não estão aptos para serem pais adotivos, havia pouco que
ele pudesse fazer. Pelo menos, como eles moravam perto da
delegacia, ele ficou de olho neles e esperou que estragassem tudo.
Eles não fizeram.

“Sei como é isso. Eu nunca me aproximei dos padrões da


minha mãe.”

“Você? Eu não acredito nisso. Você é perfeita. Você é doce,


gentil e tenta ajudar a todos. Eu gostaria de ser mais como você.”
Ginny sinceramente quis dizer isso. Willa trata todos como se
fossem seus amigos. Ela é a esposa ideal para o pastor. Ela
esperava um dia cumprir os padrões que Willa vive todos os dias.
Infelizmente, ela nunca conseguiria ser a esposa de um pastor.
Ela não é tão boa em dar a outra face quanto Willa.

“Vá almoçar na lanchonete enquanto eu termino o pedido.


Vou levar um sanduíche de frango e uma salada.”

Ginny pega os vinte que Willa entrega a ela.

“Compre seu almoço também. Notei que você não comeu


ontem” diz Willa, piscando para ela. “Você pode dar seu aviso
enquanto estiver lá.”

Ginny sorri alegremente em resposta. “Vou esperar até


pegar nossa comida e depois falo com eles.” Ela está praticamente
pulando no ar quando deixa Willa contando caixas.

Seu bom humor dura até ela estar saindo da lanchonete e


passar por Lisa West, que está na porta de entrada. Ela
está sozinha, vestida como se valesse um milhão de
dólares. Quando elas se cruzam, nenhuma das

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JAMIE BEGLEY

duas fala, ignorando uma à outra como se fossem completas


estranhas.

Fazendo o pedido a Carly, Ginny vai à cozinha para avisar


Toby. O gerente descontraído não fica chateado.

“Eu vou desenterrar a placa de Contratando do escritório.


Pelo menos você me notificou. A última jogou o avental em mim
depois que Carly tomou uma de suas mesas.”

Aliviada que Toby não está chateado, ela passa alguns


minutos ouvindo-o reclamar da artrite em seus pulsos enquanto
ele faz seu pedido.

“Você está virando hambúrgueres demais”, diz ela,


simpatizando com ele enquanto faz as saladas dela e de Willa.
Quando terminam os sanduíches, ela pega seu próprio pedido
antes de ir ao caixa pagar.

Voltando à igreja, ela se vê inesperadamente sozinha.


Colocando o almoço no balcão, Ginny vai até a janela e vê a van
de Willa desaparecer. Pegando o celular para ligar para Willa, ela
estende a mão para as caixas de cupcakes que ainda estão lá.

Mordendo o lábio preocupada quando a ligação vai para o


correio de voz, ela disca o número do pastor Dean quando ouve o
som de uma sirene da polícia passando pela cidade. Ainda mais
preocupada, ela decide limpar a cozinha e examinar os pedidos de
entrega dos cupcakes. Até então, Willa ainda não voltou ou
retornou a ligação.

Olhando para o relógio, vê que está quase na hora do seu


turno na lanchonete, então decide entregar os cupcakes ao
restaurante Silver Slipper. Ela está levantando as caixas
empilhadas nos braços quando o celular toca.

“Pastor, obrigada por ligar. Você viu Willa...”

“Ela está comigo no hospital.”

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“O que aconteceu…?” Visões de perder Leah fazem Ginny


agarrar o balcão em pânico.

“Ela tem um ombro deslocado. Ela está sendo tratada


agora.”

“Como? Ela estava aqui quando saí para almoçar!”

“Willa ligará para você assim que puder.”

“Tudo bem... eu estava encerrando o dia. Devo entregar o


pedido em que ela estava trabalhando?”

“Tenho certeza que ela vai gostar. Obrigado.”

“De nada. Se houver mais alguma coisa que eu possa fazer,


por favor me avise.”

“Eu vou.”

Ginny, trêmula, desliga a ligação. Leva alguns minutos para


se recompor antes de colocar as caixas de cupcake nas mãos
trêmulas. Perder Manny, seu pai e Leah haviam lhe mostrado
como a vida é frágil.

Triste por Willa ter sido ferida enquanto estava na


lanchonete, ela olha pela cozinha tentando descobrir como sua
chefe se machucou.

Depois de entregar os cupcakes ao Silver Slipper, ela dirige


até o restaurante. Agarrando o uniforme no banco de trás, ela
corre para dentro e se troca no banheiro. Puxando seu cabelo
castanho claro em um rabo de cavalo, ela sai do banheiro para
começar seu turno.

Carly, que está em uma pausa, lança-lhe um olhar


desagradável antes de pegar a bolsa embaixo do balcão.
“Engraçado, você não se atrasou desde que começou a trabalhar
aqui, mas no dia em que pede demissão, está atrasada.”

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JAMIE BEGLEY

Ginny levanta o queixo com o comentário malicioso. “Estou


dez minutos atrasada”, diz ela calmamente, deslizando um bloco
de pedidos no bolso da frente. “Trabalhei trinta minutos para te
cobrir ontem e uma hora no dia anterior. Vou comparar meu
cartão de ponto com o seu qualquer dia da semana.”

O olhar da mulher está quente o suficiente para reaquecer


as xícaras de café da cliente sentada no balcão. Tirando o avental,
Carly passa pelas portas de vaivém que levam à cozinha.

Encolhendo os ombros com a raiva de Carly, ela fica


ocupada atendendo os clientes, sem parar até que tranca a porta
depois que o último sai. Ela cansadamente limpa as mesas e as
prepara para o serviço da manhã.

“Boa noite, Ginny. Você precisa de uma carona para casa?”

“Não, obrigada Toby. Eu tenho meu carro.”

“Você quer que eu fique?”

“Não, vai em frente. Você deve estar cansado.”

“Eu não gosto de deixar você sozinha.”

“O escritório do xerife fica do outro lado da rua. Estou bem.


Vai.”

Ginny tranca a porta atrás dele. Então, indo atrás do


balcão, liga o rádio de Toby, ouvindo-o enquanto se senta no
balcão para enrolar os talheres. Ouvindo uma batida na porta,
Ginny vira-se para ela. Seus lábios se apertam quando vê quem é.

O rosto vaidoso de Carter Dawkins olha para ela, dando


outro forte golpe com os nós dos dedos para ela abrir a porta.

Ela casualmente vai até a porta como se fosse abrir para


ele. Em vez de destrancá-la, porém, ela desliga o sinal de aberto.

“Eu quero um hambúrguer”, ele grita pela porta.

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“Então vá para casa e frite um.” Ginny não levanta a voz.


Ela não se importa se ele a ouve ou não. Carter receberia a
mensagem quando ela não abrisse a porta.

Suas sobrancelhas cinzentas e amplas franzem a testa para


ela.

Ela revira os olhos e pega o celular, falando alto o suficiente


para Carter ouvir. “Xerife, acho que alguém está tentando entrar
na lanchonete. Tenho medo de sair para o meu carro. Você poderia
pedir para que alguém me acompanhe?”

“Estou na recepção preenchendo um relatório. Eu vi quem


está na porta. Estou indo aí.”

“Obrigada, xerife.”

Ginny se vira, dando as costas para o ex-chefe.

Deslizando o recipiente de talheres para a parte de trás do


balcão, ela pega sua bolsa e suas roupas normais antes de pegar
as chaves da lanchonete no caixa e voltar para a porta. Dawkins
se foi e o xerife a espera pacientemente.

“Boa noite, Knox”, diz ela, cumprimentando o xerife quando


sai pela porta e a tranca.

“Quantas vezes eu disse para você não ficar na lanchonete


sozinha?”

“Demais para contar”, ela brinca enquanto ele a acompanha


até o carro.

“Não é uma piada. Eu te disse na semana passada para vir


ao escritório e fazer uma ordem de restrição sobre ele.”

“Seus dias de ser capaz de me encontrar na lanchonete


estão quase no fim. Pedi demissão hoje.”

“Eu me sentiria melhor se você pegasse a ordem


de restrição.”

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JAMIE BEGLEY

Ginny abre a porta do carro. “Willa me contratou para


limpar e cozinhar para os Last Riders. Depois de cumprir meu
aviso, acho que Carter não estará mais me incomodando,
principalmente quando descobrir onde é o meu novo emprego. O
que você acha?”

Os lábios do enorme xerife se contorcem de humor. “Não.”

Ginny sorri. “Viu? Tudo está bem e vai acabar bem.”

Ele balança a cabeça para ela, seu humor se tornando


preocupação. “Qualquer outra mulher na cidade teria gritado
comigo para prendê-lo por assédio e perseguição.”

“Knox, vou te contar um pequeno segredo, poucas pessoas


na cidade sabem disso sobre mim.”

Ele estreita os olhos para ela, como se ela fosse confessar


ter uma arma para se proteger. Ela pode ver que ele está apenas
esperando para avisá-la para não se matar.

Sorrindo mais, ela descansa um braço sobre a porta do


carro, abaixando a voz para que ninguém possa ouvir seu segredo,
apesar de ninguém estar por perto tão tarde da noite.

“Eu não sou nenhuma outra mulher.”

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CAPÍTULO VINTE E SEIS

Ginny finge se beliscar, a pele em seu braço está muito


sensível de realmente se beliscar tantas vezes, então ela gira ao
redor com os braços abertos em sua novíssima sala de estar. Bem,
não exatamente nova, mas nova para ela.

Ginny espera que Willa ligue e lhe diga para sair — que ela
mudou de ideia e que não venderia a casa em que morava antes
de se casar com o pastor Dean. Em duas curtas semanas, ela foi
de economizar para se mudar para um apartamento de um
quarto, para uma futura proprietária de uma casa de três quartos.

Fazendo um sanduíche de queijo grelhado, ela pensa em


subir as escadas e perguntar à sua nova colega de quarto se ela
quer um, depois muda de ideia, não querendo incomodar Bliss se
ela estivesse tirando uma soneca.

Levando o sanduíche pegajoso para a mesa, ela come


enquanto detalha seu orçamento. Willa está cobrando apenas
quinhentos por mês pela casa, além de se oferecer para assinar
conjuntamente um empréstimo quando ela tiver economizado
dinheiro suficiente para um depósito para comprar a casa.

Fechando o pequeno caderno, ela guarda os cupons e


anúncios de venda que usaria naquela semana e depois se
levanta, colocando o prato sujo na pia. Guardando o caderno na
pequena gaveta ao lado da pia da cozinha, ela vai para o
quarto trocar de roupa. Ela tem a manhã de folga da

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padaria e é sua tarde para trabalhar com os Last Riders.

Ela trabalhava meio período para Willa em sua padaria e o


outro período no clube dos Last Riders, limpando e cozinhando,
alternando manhã e tarde entre os dois. Ela gosta dos dois. Até
agora, o trabalho mais exigente que eles lhe deram foi cozinhar
comida suficiente para satisfazer o enorme apetite dos homens
que moram lá. Ela teve que fritar um pacote extra de bacon apenas
para manter Train e Rider felizes.

A limpeza não é ruim. A maioria dos homens e mulheres


que moram lá limpam suas bagunças. Nos dias em que trabalha
no turno da manhã, depois de tomar o café da manhã, ela aspira,
tira o pó e lava roupas. Ela não tem permissão para subir.

A única coisa que Lisa West havia lhe ensinado era manter
tudo em seu devido lugar e manter tudo arrumado e organizado.
O hábito está tão arraigado nela que ela usou seu próprio dinheiro
para comprar porta-copos e os colocou nas várias mesas da sala
do clube.

Desde que vai trabalhar na sede do clube, ela veste seu


jeans favorito e uma camiseta lisa. Saindo do quarto, ela está
prestes a bater na porta de Bliss para dizer que está saindo, mas
então abaixa sua mão. Ela apenas deixará um bilhete e enviará
uma mensagem mais tarde, perguntando se ela quer que pegue
algo a caminho de casa. Ginny não espera receber uma mensagem
de volta, mas quer estender a oferta.

Bliss, até agora, resistiu à sua amizade. Ginny não está


chateada com as rejeições; ela sente que entende a infelicidade de
Bliss melhor do que a pequena mulher lhe dá crédito. Treepoint é
uma cidade pequena e é de conhecimento geral que Bliss foi
expulsa do clube. Ela perdeu os Last Riders, que considerava
família e amigos. Ginny a viu muitas vezes na padaria com eles
para não ter notado mais do que alguns toques e olhares
íntimos que ela compartilhava com os homens, então,

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JAMIE BEGLEY

quando Bliss perdeu o relacionamento com os Last Riders, isso


não doeu apenas, queimou.

Quando ela tinha dez anos, Ginny pediu a Silas que a


ajudasse a preparar o jantar de Ação de Graças. Ele lhe deu
tarefas simples, como descascar ovos cozidos, cortar o pão para
rechear e untar os rolinhos com manteiga. Olhando para trás,
Ginny foi mais um obstáculo do que uma ajuda, constantemente
atormentando-o com o que fazer em seguida.

Ela estava ralando as cenouras para o bolo que ele estava


fazendo, quando ele parou de misturar a massa para tirar o peru
do forno. Tinha sido uma coisa bela, a crosta toda dourada e
grande o suficiente para alimentar o pequeno exército de crianças
que estavam reclamando de fome.

“É lindo, Silas.” Colocando o descascador no chão, ela vai até


o balcão onde ele colocou o peru, enquanto Silas vasculhava os
armários em busca do prato.

“Não toque, Ginny, está quente” Silas adverte, curvando-se e


mantendo os olhos nela enquanto ele puxa o prato.

“Eu não vou”, ela promete, mantendo-se longe da travessa


de metal. Ela desliza os olhos sobre o peito, onde um termômetro se
projeta. Pensando em ajudar Silas, ela estende a mão para retirá-
lo.

“Não!” Silas grita, derrubando o prato com um estrondo


enquanto ele corre em sua direção.

O aviso chega tarde demais. A dor agonizante a faz tentar


soltar o termômetro de metal, mas ele grudou na sua mão. A
sensação inconcebível de sua pele derretendo a deixa de joelhos
quando ela embala sua mão.

“Pai! Pai!” Silas grita quando ele a agarra em seus


braços e corre para a pia ligando a água e colocando
sua mão sob o fluxo.

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JAMIE BEGLEY

Chorando de dor, ela se sente tonta porque dói muito.


Abrindo a boca para gritar de dor, ela olha para Silas e se obriga a
parar. Ela aperta os lábios trêmulos, vendo a auto recriminação no
rosto do seu irmão enquanto ele inspeciona o dano em sua mão.

“Está tudo bem, Silas”, ela o acalma. “Não dói.”

A palma da mão dela parecia estar pegando fogo, mas ela


não queria que ele soubesse o quanto doía, com a intenção de
fazê-lo se sentir melhor que ela mesma. Ela nunca esqueceu a
primeira explosão de dor agonizante, ou a dor que sentiu quando
seu pai e Leah morreram e ela foi forçada a deixar sua família.

Bliss ainda está de luto pela perda dos Last Riders; não é
algo que ela superaria em um único dia, se é que iria algum dia.

Silas e seus outros irmãos ainda permanecem distantes.


Mesmo quando ocasionalmente os vê pela cidade, eles dizem um
olá rápido ou a evitam completamente. Ela teve sorte de se reunir
com Trudy e, após restabelecer esse relacionamento, perdoou
Silas e fez inúmeras tentativas de restabelecer seus laços, mas,
como Bliss, toda e qualquer abertura foi rejeitada. Mas no fundo
ela não tentou preencher a lacuna entre eles, porque sabia que
eles estão mais seguros sem ela. Ainda assim, é triste que ela
nunca teve a oportunidade de conversar com Silas.

Ela deixa a nota onde Bliss a verá. Sua nova colega de


quarto ainda está na fase de cura, com receio de ser queimada,
como ela foi todos aqueles anos atrás. Ginny tem que ganhar sua
confiança, e ela é boa nisso — ela tinha o mesmo hábito.

Dirigindo para o clube, ela aumenta o volume do rádio,


cantando alegremente na privacidade do seu carro.

Entrando pela porta dos fundos do clube, ela


vê Viper e Winter sentados à mesa, tomando café.

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“Olá”, ela os cumprimenta, indo direto para a geladeira para pegar


um pacote enorme de hambúrguer.

“Oi”, os dois a cumprimentam quando Winter se levanta,


colocando sua xícara no balcão.

“Vi que você irá fazer bolo de carne e batatas no almoço. Eu


já deixei as batatas fervendo e cortei os legumes. Em que mais
posso te ajudar?”

“Se você puder retirar os ingredientes do chili e começar a


fritar um pouco desses hambúrgueres, eu posso juntar tudo uma
vez que eu colocar o bolo no forno”, Ginny diz enquanto se move
rapidamente pela cozinha. Durante cada uma das refeições,
alguém sempre está lá para ajudá-la.

Com as duas trabalhando juntas, não demora muito para o


almoço estar pronto e posto no balcão para homens e mulheres se
alinharem e encherem seus pratos.

Puxando constantemente os rolos do forno e enchendo as


travessas vazias, ela não tem tempo de recuperar o fôlego até
Train, Rider, Razer e Beth estarem comendo à mesa.

“Por que você não faz uma pausa e se junta a nós?” Beth
pergunta quando ela começa a carregar a máquina de lavar louça.

“Obrigada, mas eu almocei antes de vir.” Pegando o que


resta do bolo, Ginny o leva para a mesa, colocando-o no meio.
“Vocês podem acabar com isso.”

Rider enfia o garfo no bolo de carne, colocando-o no prato


antes que ela possa se afastar. Ela balança a cabeça quando Train
usa o garfo para roubar metade do prato de Rider.
Compartilhando um olhar divertido com a esposa de Razer, ela se
afasta da mesa para terminar de carregar a máquina de lavar
louça.

Além de comentários breves e amigáveis,


nenhum dos motociclistas fez um esforço para falar

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com ela. Willa diz a ela que Viper e Lucky haviam avisado aos
homens que, se dissessem algo que pudesse ser considerado
paquerador ou inapropriado para ela, seriam enviados de volta à
Filial de Ohio.

Os homens não lhe deram uma segunda olhada.


Pessoalmente, ela não acha que é por conta da ameaça.
Comparada às mulheres à sua disposição no clube e àquelas
acessíveis na cidade, não valia a pena arriscar a raiva de Viper e
Lucky. Tudo o que ela precisa fazer é se olhar no espelho para ver
que não há nada nela que mereça outro olhar de um homem.

Ela não é bonita, mas também não é feia. Ela não é alta ou
magra; seu corpo está do lado ‘comum’, ela também não tem
curvas visíveis, além da pequena saliência na barriga que é a
desgraça da sua existência. Seu cabelo é um castanho simples,
como tudo sobre ela — tudo simples.

Para ser franca, é melhor que ela passe despercebida. A


menos que seja Carter Dawkins, ela se corrige. Ela soube desde o
momento em que Dalt a apresentou a ele que deveria ter recusado
a oferta de emprego.

Dalt e Carter eram amigos, e ele disse que Dalt precisava de


uma nova recepcionista quando a atual saísse em licença
maternidade. Querendo um emprego para poder finalmente sair
da casa dos West, e Ginny sabia que esse era o motivo pelo qual
foi apresentada ao Sr. Dawkins, ela disse sim.

Ela mal havia iniciado o trabalho e se mudado para o quarto


de hóspedes de Toby, quando notou que o Sr. Dawkins estava
demorando demais em sua mesa para explicar o trabalho. Ela era
muito mais magra e não precisava dele de pé por cima do ombro
como ele fazia. Quando ele começou a lhe dar pequenos toques no
seu ombro e braços, ela se afastou. Depois de duas semanas de
trabalho, após eles fecharem o escritório e os outros
trabalhadores saírem, ele quase a estuprou, mas ela
conseguiu fugir.

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JAMIE BEGLEY

Ela não se incomodou em pedir demissão formalmente e


nunca mais voltou. Ela também não havia apresentado queixa,
pois é muito cautelosa em expor a identidade fictícia que Will
havia lhe dado. Carter Dawkins tinha poder suficiente para que
um bom advogado pudesse começar a bisbilhotar seu passado e
Ginny não queria nenhuma bandeira vermelha em relação à sua
identidade.

O verdadeiro problema é que Carter Dawkins não acredita


em aceitar não como resposta. Apesar de quase arrancar os lábios
dele quando a atacou — o suficiente para ele conseguir pontos —
Carter começou a frequentar a padaria, olhando-a com
intensidade assustadora durante seus turnos.

Ela está agradecida pelos trabalhos que Willa lhe deu na


padaria e na sede do clube, o que reduz suas chances de ver
Carter para quase zero. Treepoint é pequena, mas a chance de
encontrá-lo na cidade não é mais ou menos do que qualquer outra
pessoa e se ela o encontrasse, não importaria; ela está confinada
a este lugar por causa do seu passado.

Ela já tinha ligado as duas panelas para o jantar quando


pegou o aspirador. Foi um trabalho rápido e quando ela o recoloca
no armário, a alça enrosca em um dos coletes pendurados dentro.
Afastando o colete, ela empurra o aspirador para dentro do
armário e nota o nome costurado em um remendo na manga.

Reaper.

Sem pensar, ela estende a mão, passando um dedo pelas


letras. Ela não ouviu falar de ninguém com esse nome. Arrepios
descem pelo seu braço enquanto ela se pergunta que tipo de
homem ganhou esse apelido.

“Não o toque.”

Ginny dá um pulo com a voz áspera atrás dela.


Virando-se, ela vê Viper atrás dela com Winter ao seu
lado.

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“Sinto muito. Eu estava apenas guardando do aspirador.”


Ela explica, afastando-se do armário quando Viper se adianta para
pegar o colete.

“Problema resolvido.” Uma expressão irritada surge em seu


rosto quando ele entra no armário e pega o colete que tem seu
nome antes de fechar a porta.

“Eu sinto muito. Não quis ser desrespeitosa.” Preocupada


que ele pense que ela está bisbilhotando, Ginny não quer que
Viper reclame com Willa e a coloque em problemas por contratá-
la.

Winter sorri enquanto segura o braço do marido. “Está tudo


bem. Viper é sensível sobre esse colete. Era do irmão dele.”

O medo a enche com a implicação. “Era?”

“Sim.”

“Vamos, Winter.” Ele a abraça, dirigindo-a para a porta.

Ginny se sente péssima pelo olhar angustiado no rosto de


Viper.

“Sinto muito”, ela diz suavemente, fechando a porta do


armário. “Eu sei como é doloroso perder um irmão. Perdi minha
irmã há alguns anos... no mesmo dia em que perdi meu pai.”

Viper e Winter fazem uma pausa, ouvindo.

Ginny dá a Viper um sorriso agridoce. “Eu ainda a vejo


acenando para mim enquanto eles se afastavam.” Ginny pisca
para conter as lágrimas, “e eu ainda tenho a jaqueta rosa dela no
meu armário. Sinto muito por sua perda.” Ela termina
simplesmente.

“Obrigado. Sinto muito pela sua também.”

Ginny assente, afastando-se para que eles


possam sair. Ela vai para a cozinha, depois desce ao

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porão para começar a lavar roupas. Felizmente, não há ninguém


lá e ela é capaz de ter tempo para controlar suas emoções.

A expressão do presidente durão dos Last Riders mostrou a


mesma dor profunda que ela sente, isso o tornou mais agradável
e não tão assustador. Perder alguém que você ama levaria até o
homem mais forte de joelhos. A perda é um golpe devastador,
independentemente da capacidade da pessoa de suportar a dor,
queimando sua alma para sempre. Viper, Bliss e ela foram
marcados; a única diferença é a profundidade da queimadura.

Ouvindo passos descendo as escadas do porão, Ginny se


vira e vê Jewell carregando uma cesta de roupas.

“Desculpe, eu pretendia trazê-las ontem à noite. Você se


importa? Eu quero usar a blusa hoje à noite.”

“Sem problemas. Eu nem comecei a primeira carga.”


Pegando a cesta de roupas, ela a coloca na mesa dobrável e pega
uma blusa azul, acidentalmente deslocando um conjunto de
chaves. Ao vê-las cair, ela as pega com a mão no ar.

“Boa pegada.” Jewell sorri, pegando as chaves dela. Então


seus olhos se arregalam na palma exposta de Ginny.

“Droga, isso deve ter doído pra caramba”, ela diz com
simpatia.

Examinando o resto das roupas, Ginny vê que Jewell ainda


está olhando para sua mão com curiosidade. “Você conhece o
velho ditado.”

“Qual?”

Ginny dá um sorriso triste. “O que não mata, te faz mais


forte.”

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CAPÍTULO VINTE E SETE

Ginny corre ao redor da casa, organizando tudo.


Certificando-se de que a toalha de banho está pendurada antes de
pegar seu babyliss, ela volta para o quarto para enfiá-lo na mala
e depois a fecha. Levando a pequena mala para os degraus, ela a
segura pela alça.

“Você quer que eu...”

“Não, eu não quero que você me arrume nada para comer.


E não, não quero que me traga nada de Lexington. Apenas vá.
Divirta-se no jogo de basquete.”

Ginny afasta o esforço determinado de sua colega de quarto


para não se tornar amigável com ela, apesar do fato de Bliss não
se importar em pegar emprestado algo dela quando atenda às suas
necessidades. “Eu vou te trazer uma camiseta. Você não pode
morar no Kentucky e não ter uma camiseta da Go Cat.”

“Eu não tenho nenhum problema com isso e você também


não deveria.”

Ginny não deixa a resposta irritada chateá-la. Ela ainda não


acha que Bliss gosta dela, mas pensa que gradualmente chegará
lá... em cerca de dez ou quinze anos.

Bliss ergue os olhos da revista. “Você tem que estar de bom


humor o tempo todo? É deprimente.”

“Por que não estar de bom humor? Eu tenho


o resto do dia de folga, ganhei ingressos para um

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jogo de basquete que todo mundo quer ir e ganhei um quarto de


hotel gratuito com jantar incluso.”

“Posso pensar em algumas coisas que me deixariam de bom


humor.”

“Como não tenho um namorado bonito como o Drake, o jogo


de basquete terá que servir pra mim.”

Os olhos de Bliss ficam curiosos. “Não há homens na cidade


em que você esteja interessada?”

“Não”, ela responde com sinceridade.

“Nem mesmo os Last Riders?”

Ginny finge estremecer de horror. “Deus, não.”

“Você está mentindo.”

“Não, eu não estou.” Ginny ri. “Nenhum deles é do meu


tipo.”

“Qual é o seu tipo?”

“Não sei, mas quando eu descobrir, você será a primeira a


saber.” Abrindo a porta, Ginny passa a mala por ela. “Não se
esqueça de trancar a porta e...”

“Tchau.”

Ginny manda um beijo para ela, só para ver a reação de


Bliss, antes de fechar a porta rapidamente na revista que vem
voando em sua direção.

“Ela definitivamente está começando a gostar de mim.”

Jogando a mala no porta-malas, ela entra no carro e afivela


o cinto de segurança. Ginny liga o rádio antes de partir com um
sorriso. Ela espera até estar fora dos limites da cidade,
depois aumenta o rádio ainda mais, abaixando a
janela para permitir que a brisa a atinja.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Pressionando o acelerador quando o limite de velocidade mostra


60 km, Ginny está pulando junto com a música.

A pura liberdade a chama, como se a boa e confiável Ginny


desse lugar à imprudente e despreocupada que ela guarda para si
mesma.

A viagem para Lexington sempre foi emocionante. Por


aquelas quatro horas, ela pode deixar aquele lado dela correr livre
e selvagem, que, mesmo sendo apenas dentro do carro, não a
incomoda.

Chegando em Lexington, ela dirige diretamente para o hotel.


Dando um assobio baixo quando entra no saguão, olhando em
volta impressionada. Ao fazer o check in, ela pega a chave e vai
para o elevador, apertando o botão do oitavo andar.

Um homem bonito entra com ela, pressionando o décimo


andar. “Você vai ao jogo hoje à noite?” Ele pergunta.

“Está brincando? Esses ingressos custam uma fortuna.”

“Alguns dos meus amigos estão se encontrando no bar para


assistir ao jogo; pare por lá e eu lhe comprarei uma cerveja.” Ele
convida.

“Desculpe, viajei o dia todo e planejei ter uma boa noite de


sono.” Sorrindo quando a porta se abre, ela tira a mala do
elevador.

Olhando para a chave, ela desce o corredor, parando três


portas antes da escada. Deslizando a chave eletrônica na porta,
ela entra, dando outro assobio apreciativo. Ela tranca a porta,
enfia a mão no bolso da frente para tirar a trava da porta e desliza-
a para debaixo da porta. Em seguida, ela fecha as cortinas antes
de ir para a mesa e arrastar a cadeira pelo chão, apoiando as
costas sob a maçaneta da porta.

Acendendo a fraca luz noturna ao lado da


cama, ela puxa as cobertas, bagunçando a cama.

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JAMIE BEGLEY

Colocando as mãos nos quadris, ela olha ao redor do quarto,


satisfeita.

Levando a mala para a porta de conexão, ela a abre e entra


no quarto vazio, trancando a porta.

Ela olha para a televisão de frente para as duas camas.


“Quem está ganhando?” Ela pergunta aos dois homens que estão
sentados nas camas.

“Está empatado”, Hammer diz a ela, pegando um punhado


de pipoca do saco que está em seu colo.

“Como foi a viagem?” Jonas pergunta, comendo do seu


próprio saco.

“Boa.” Caminhando para a outra porta de conexão, ela


estende a mão e a abre. “Não se esqueça de colocar a trava de
segurança na porta antes de dormir”, ela lembra. “Boa noite,
pessoal.”

“Noite.”

Ginny é recebida ao som de gritos quando cinco mulheres


saltam da cama para se revezarem abraçando-a.

“Eu trouxe minha tesoura. Seu cabelo está uma bagunça.”

“Meu cabelo está bom, Sex Piston. Estou tentando deixar


crescer.” Vendo sua decepção, Ginny cede. “Você pode cortar as
pontas.”

“Garota, quando você vai encher seu sutiã do jeito que eu


te disse? Esses seus filhotes não te farão transar.” Ginny afasta
as mãos de Crazy Bitch de seus seios.

Dá um beijo na bochecha e um abraço em Fat Louise


enquanto ela dá um tapinha na barriga, ela se vira para
Killyama.

“Nem pense nisso.”

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JAMIE BEGLEY

Ginny lança um olhar malicioso e faz assim mesmo.


Killyama fica rígida quando recebe um abraço e um beijo na
bochecha. Pelo menos ela não deu um soco nela. Dando às amigas
a chance de dizer oi primeiro, T.A dá um passo à frente, mantendo
os braços abertos. Ginny joga os seus ao redor dela, abraçando-a
de volta.

“Senti sua falta.”

“Eu senti mais sua falta”, Ginny sussurra de volta. “Trudy,


seu cabelo está incrível.”

“Ela parece gostosa, não é?” Sex Piston se gaba.

“Estamos perdendo o jogo”, Killyama diz, voltando para a


cama e pegando uma fatia de pizza de uma das caixas gigantescas
no meio. O quarto do hotel tem duas camas queen size e um sofá.
Há caixas de pizza em cada uma delas e várias garrafas de tequila
ao redor do lugar.

“Kentucky está perdendo.”

“Eles vão conseguir”, Ginny diz enquanto ela e T.A de mãos


dadas se sentam na beira da cama.

Dando-lhes olhares contorcidos, Ginny tira os sapatos e


depois sobe na cama. “Vocês começaram sem mim?”

“Cadela, tequila não espera por mulher nenhuma.”

Ginny pega duas asas de frango e dois pedaços de pizza,


colocando-os no prato de papel. “Quem ficou pobre para comprar
desta vez?” Ginny se inclina para o lado para pegar uma das
garrafas de tequila fora do alcance de Killyama.

“Todas nós compramos.” T.A pega outra garrafa longe do


alcance de Killyama.

“Desde quando? Nenhuma de vocês cadelas me


pagou.”

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JAMIE BEGLEY

“Eu disse que pagaria quando eu encontrasse um caixa


eletrônico”, Trudy diz, tentando esconder outra garrafa de
Killyama.

“Você nem tem um cartão para caixa eletrônico.” Killyama


bufa em descrença.

“Sim, eu tenho.”

“Então me deixe ver.” Killyama diz, pegando-a na mentira.

“Deixei em casa. Vamos, deixe-me tomar uma das garrafas.”


Sua irmã faz um beicinho que deixa Fat Louise orgulhosa,
tentando sorrateiramente pegar a garrafa novamente.

“Não me faça tirar a minha arma de choque. Vou deixar você


ter uma quando chegarmos em casa.” Ela diz maliciosamente.

“Seja legal, Killyama. Deixe que ela beba.” Ginny diz,


abrindo sua própria garrafa para tomar uma bebida.

“Por que eu deveria?”

“Ser gentil tem suas próprias recompensas”, ela diz


piedosamente.

“Quem diabos te disse essa merda?” Sex Piston aponta com


raiva uma fatia de pizza para ela.

“Pastor Dean.”

Todos no quarto do hotel começam a rir.

“Isso é conveniente.” Soltando uma gargalhada, Crazy Bitch


continua um jogo de cabo de guerra sobre a garrafa de tequila com
Trudy.

Ginny se acomoda confortavelmente na cama ao lado da


irmã, sentada de pernas cruzadas e apoiando a garrafa de
tequila na parte interna da coxa. Dando uma mordida
na pizza, ela olha com amor para as mulheres
reunidas ao seu redor.

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“Ouvi dizer que você se divertiu na sua festa de formatura,


Crazy Bitch.”

As mulheres param de rir e beber.

Ginny engole um pedaço de pizza em volta do nó em sua


garganta. Não seria a primeira ou a última coisa importante que
ela perdeu desde que reencontrou Trudy. Ginny precisa se
lembrar constantemente de que há mais que um preço a se pagar
por suas ações quando era jovem demais para entender que
algumas ramificações duram a vida inteira.

“Willa me disse que o truque do polegar funcionou como um


encanto para Jenna.” Ginny dá uma pequena risada, tentando
aliviar a atmosfera.

“Não funcionou tão bem quanto morder o lábio de um filho


da puta, mas você tem que trabalhar com o que está disponível.”

“Sim, você tem.” Ginny toma outro gole da sua tequila,


tentando lavar as lembranças de Carter Dawkins.

“Você está gostando de trabalhar para os Last Riders?” Sex


Piston muda de assunto astutamente.

“Eu amo isso. É menos trabalhoso que a padaria e eu


trabalho com Willa a maior parte do tempo.”

“Ela ainda faz alguns cupcakes de Bourbon? Crazy Bitch e


Killyama juram que eram 90% de teor alcoólico.”

“Mais como cem.” Ginny diz, pensando na reação da mulher


inocente quando sugeriu que ela comprasse uma garrafa de teor
alcoólico mais baixo ou um extrato com sabor depois de mais de
duas formas terem falhado. Crazy Bitch, Trudy e Killyama
colheram as recompensas dos fracassos. Fat Louise estava grávida
e Sex Piston estava amamentando, elas se queixaram de ter que
perder os cupcakes que Ginny renomeara de Desmaiar
de Bêbado.

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JAMIE BEGLEY

“Você gosta muito dela, não é?”

Ginny ouve o leve tom de ciúmes na voz da irmã.

“Ela torna tudo mais fácil quando temos que passar longos
períodos sem nos ver.”

Trudy estende a mão, colocando-a no seu joelho. “Pelo


menos está melhor desde que nos tornamos amigas de Beth.
Hammer quase nos matou quando descobriu a nossa façanha no
posto de gasolina, quando nos tornamos amigas dela. Ele ainda
nos enche sobre isso.”

“Ele deixava vocês se verem duas vezes por ano. Eu disse a


ele que estava cansada da minha cadela sentir falta da irmãzinha
dela.” Sex Piston dá de ombros. “Funciona muito melhor assim.
Vocês se veem mais e podemos acompanhar o que está
acontecendo uma com a outra. Além disso,” sua expressão se
suaviza, “fui capaz de adicionar outra cadela ao meu arsenal.”

Ginny sabe que as mulheres ficaram próximas de Beth.


Mesmo que Trudy sinta ciúmes de Willa, sinceramente, Ginny
sente o mesmo em relação a Beth. Ela tem o relacionamento que
Ginny gostaria de ter e foi capaz de compartilhar as ocasiões
importantes que Ginny perdeu — casamentos, nascimentos,
cerimônias de formatura — e ela nunca teria a chance. O tempo
que ela passa com elas é sempre muito breve e gasto com
brincadeiras, como quando elas se encontram em uma das
estradas de terra a caminho de Jamestown para passar coisas
uma para a outra, como os cupcakes, ou quando Hammer
organiza uma noite para elas passarem juntas na segurança da
sua presença e de Jonas.

Ginny toma outro gole de sua tequila, deixando a


queimadura secar as lágrimas que ela quer derramar para cada
vez que perdeu um momento com a irmã, é como uma pedra
preciosa que foi dada a outra pessoa.

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“Lucky está gostando de ser pastor na igreja novamente?”


Dessa vez, é Trudy quem inicia a mudança na conversa.

“Pelo quão feliz Willa parece quando chegam para trabalhar


pela manhã, está dando certo para eles.”

“Como está o ombro dela?”

“Ela diz que está bem. Ainda tomo cuidado para garantir
que ela não levante nada muito pesado.”

O grupo cai na gargalhada quando Fat Louise quase cai da


cama depois que Trudy tenta fazer um ataque furtivo para tirar
sua garrafa de Killyama.

“Dê a ela a garrafa. Vou te emprestar o dinheiro.”

“Eu pago de volta, Ginny. Eu prometo.” Sua irmã pisca para


ela. O dinheiro passa pelas mãos da irmã como água. Se alguém
precisasse de dinheiro mais do que ela, Trudy tinha um coração e
uma carteira abertos.

“Sim... quando o inferno congelar.” Killyama começa a


entregar a garrafa a Trudy, depois para, puxando-a de volta para
enfiá-la sob a axila. “Eu darei a ela de graça se você fizer uma
pequena missão de reconhecimento por mim.”

Ginny levanta as sobrancelhas para Killyama. “O que você


quer que eu descubra.”

“Pergunte a uma daquelas cadelas dos Last Rider quão


baixas são as tatuagens do Shade.”

Traçando o lábio pela sua garrafa, ela a olha fixamente. “Eu


descobrirei para você, se assumir uma missão para mim.”

O interesse de Killyama desperta, ela se inclina para frente


ansiosamente. “O que você quer que eu descubra?”

“Como o ombro de Willa foi realmente


machucado.”

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“Pequena Cadela, você tem um acordo, porra.”

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CAPÍTULO VINTE E OITO

“Você já teve inveja de Beth e Lily?” Deitando a cabeça no


ombro de Trudy, Ginny olha para o teto.

“Às vezes.” Trudy mantém a voz baixa por causa das outras
mulheres que estão esparramadas nas duas camas.

“Willa se ofereceu para assinar em conjunto para eu


comprar a casa dela. Estamos quase lá, Trudy. Teremos um lar
para chamar de nosso.”

“Bliss pode ter algo a dizer sobre isso.”

“Ela teve uma vida difícil. Eu gosto muito dela.”

“Irmãzinha, você gosta muito de todo mundo.”

“Estamos quase lá.”

“Evangeline...”

“Eu disse para você não me chamar mais assim.”

“Ginny, uma casa não é tudo.”

“É tudo para mim. Você pertence a algo quando possui uma


casa. Se quer se mudar, é porque você quer se mudar ou não pode
pagar. Você tem o poder de ficar ou ir embora. Não importa o que
alguém mais queira que você faça.”

“Você pertence a algo.”

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“Não, não pertenço. Mas eu vou”, ela promete.

“Você gosta mesmo de trabalhar para os Last Riders? Tem


certeza de que não é demais?”

“Não é. Eles compartilham o trabalho. Até os caras


trabalham tanto quanto as mulheres. O único problema que tive
foi quando toquei acidentalmente o colete do Reaper.”

“Reaper?”

“Irmão de Viper. Eu não sabia que ele havia perdido um


irmão.”

“Foi ele que desapareceu em Treepoint quando você foi


morar com os Wests.”

“É o irmão de Viper?”

“Sim.”

Ginny continua olhando para o teto. “Deve ser difícil para


os outros do clube também. Todos eles parecem próximos para
mim.”

“Mais próximos do que você pensa.”

Ginny se vira para encarar a irmã. “O que isso significa?”

“Isso significa, fique lá embaixo como Willa disse para você


fazer.” Trudy rola para o lado dela, colocando a cabeça sobre o
cotovelo para poder olhar para Ginny. “Não se interesse pelos
homens do clube.”

“Eu não vou.”

“Estou falando sério, Evangeline. Eles não têm


relacionamentos como a maioria das pessoas.”

“Já te disse que não vou. Não se preocupe.”

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“Seria difícil não me preocupar; você está muito próxima


deles. Eles têm um monte de coisas acontecendo lá.”

Ginny encaixa um travesseiro embaixo da cabeça. “Você


acha que alguns Last Riders são gostosos?”

“Eu daria para alguns deles... ou quatro.”

“Quem?”

“Rider. Vamos lá, me diga que tem um que você deu uma
ou duas olhadas. Todas aquelas tatuagens e corpos duros... então
diga, qual?”

Ginny considera os homens com quem entrou em contato,


incluindo aqueles que não são Last Riders e não tem uma
resposta.

“Você acredita em almas gêmeas?” Ela pergunta à irmã,


ouvindo Fat Louise roncando na outra cama.

“Almas gêmeas? Você quer dizer alguém que foi feito apenas
para você?”

Ginny sabe que parece ridícula. “Mais ou menos. Alguém


não apenas feito para você, mas que é a razão pela qual você foi
criado.”

“Se houver, estou com problemas”, Trudy brinca.

Ginny vira a cabeça no travesseiro. “Sim, e acho que ele está


morto.”

O sorriso de Trudy desaparece com a seriedade de Ginny.


“Evangeline, você está apenas super romantizando o amor.”

“Ele está morto, Trudy. Eu sinto. Não sinto nada que deveria
sentir em relação aos homens. Eu sempre me senti diferente.
Quando outras garotas falam sobre os caras, mesmo
quando você fala, eu não sinto nada. Só me sinto
triste.”

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“Talvez haja outro motivo para você não se sentir assim.


Seria possível que sua alma gêmea não fosse um homem?”

“Pensei nisso, mas não. Só sei que parecia que ele estava lá
fora esperando que eu o encontrasse. Então nada. Eu acho que
ele esteve em um acidente de carro ou algo assim, mas isso não
era para acontecer com ele. Acho que algumas pessoas perderam
suas almas gêmeas e é por isso que não podem ser felizes com
quem estão.” Ginny dá uma risada suave e depreciativa. “Você não
precisa me dizer. Você acha que eu sou louca, não é?”

“Eu não acho você louca. Se você acredita em almas


gêmeas, eu acredito.”

“Provavelmente estou errada...”

“Eu não acho que você esteja errada. Stud é minha alma
gêmea. Não há outro homem na terra que me ature”, Sex Piston
diz do outro lado.

“Eu sei quem é o meu, mas o filho da puta ainda não


percebeu”, Killyama diz da outra cama.

“Todas vocês são umas estúpidas. Não existe tal coisa.


Ouça, cupcake, há apenas duas coisas que você precisa saber: há
sexo bom e sexo ruim. Se você faz sexo bom, então você é de ouro.
Não se preocupe com essa outra merda.” Crazy Bitch inclina a
garrafa para os lábios depois que termina de dar sua opinião.

“E a terceira alternativa?”

Ginny percebe que Trudy estava tentando não rir.

“Qual?” Crazy Bitch morde a isca.

“Sexo realmente ruim, que é o que você costuma fazer”,


Killyama diz, rindo da vida sexual de Crazy Bitch.

Crazy Bitch não discute sobre esse ponto. “Três


coisas, então.”

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“Cade é a minha”, Fat Louise murmura.

“Isso não existe. Agora se afaste; você está monopolizando


minha parte da cama. E Killyama ter uma alma gêmea é a melhor
piada de todas. Vou beijar a bunda dela se ela tiver uma.”

“Então beije, puta, porque eu tenho...”

A porta de conexão se abre e o corpo de Hammer é uma


silhueta na escuridão. “Cale a boca antes que Jonas e eu
explodamos nossos cérebros, porra!” Ele rosna.

“Você deveria perguntar a ele. Ele é um homem; peça a


opinião dele.” Trudy a incentiva.

Ginny decide seguir o conselho da irmã. “Hammer, existe...”

A porta batendo é a única resposta que ela recebe.

“Ele é um idiota quando está cansado.” Ela descobriu isso


aos três anos de idade.

Trudy cobre a boca para não rir.

Killyama bufa. “Ele é um idiota quando está bem acordado.”

“Talvez você deva perguntar a Jonas”, Trudy a induz


novamente entre risadinhas.

“Trudy...” Ginny se levanta na cama. “Você ouviu isso?”

Os instintos protetores de sua irmã a levam


apressadamente ao lado dela. “Não, eu...”

Ginny bate nela com um travesseiro antes que possa evitá-


lo, mas antes de puxá-lo para trás, Trudy o puxa da sua mão e
bate em suas costas.

“Que porra é essa...?” Sex Piston rosna. “Dê-me essa


merda.”

“Pegue-a, Sex Piston!” Crazy Bitch grita.


“Mostre a ela quem é a chefe.”

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O som da porta de conexão sendo aberta faz com que todas


as mulheres caíam como pedras nos colchões, imóveis. Quando
Hammer acende as luzes, todas fingem estar dormindo.

“Se ouvir mais um chiado neste quarto, farei Ginny dormir


no outro quarto”, ele rosna. “Nem... Mais... Um... Pio!” Apagando
a luz, Hammer bate a porta atrás dele.

“Ele tem problemas”, Killyama se desculpa, lealmente


tentando defendê-lo.

“Sim...” Ginny sufoca sua risada com o travesseiro, com


medo de que ele volte. “Ele não tem uma alma gêmea.”

“Elas se foram. Espere uma hora, então você pode sair.”

“Ok. Espere. Eu preciso de um favor.” Ginny diz antes que


ele possa sair.

Hammer empurra a porta de conexão, adentrando mais no


quarto do hotel. “O que é?”

“Quero que você e Jonas encontrem algo que eu possa usar


contra os Wests. Eles não deveriam ser pais adotivos.”

Hammer endurece. “Eu não teria colocado você em uma


casa onde você poderia se machucar. Nem Will.”

“Eu disse a você que não quero falar sobre o que aconteceu
depois que tive que sair dos Colemans.” Apesar de dizer que não
quer falar sobre isso, não resiste em acrescentar uma censura
dolorosa. “Você ou Will poderiam ter dado um jeito para
eu ficar se você quisesse.”

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Seus lábios se apertam em uma linha fina. “Não dependia


de nós.”

“Dependia de quem, então?” Ela retruca. A mágoa de deixar


os Colemans é tão forte hoje quanto quando aconteceu.

“Silas.”

Ginny vira o rosto como se tivesse levado um tapa. “Você


pode fazer isso ou não?” Afastando seus sentimentos feridos, é
tarde demais para fazer a diferença em sua vida, mas as
informações podem ajudar outra criança. Ela odeia jogar sujo,
mas por outra garotinha, ela jogaria.

“Verei o que posso fazer. O que você fará com a informação


depois de consegui-la?”

Ginny sabe que não pode mostrar uma conexão com


Hammer, mas há uma pessoa em quem ela confia de todo o
coração que fará a coisa certa.

“Entregarei ao pastor Dean.”

“Como está o jogo?” Ginny faz uma careta quando se senta


na arquibancada enquanto um estudante do ensino médio lança
na cesta de basquete, errando e deixando o time adversário
assumir o controle da bola.

O homem vira a cabeça friamente com a pergunta dela,


observando-a e depois a ignora. Ginny não mantém sua repulsa
contra ele; ela ouviu sobre quais ativos físicos atraem Bridge, e
seus seios tamanho P não estão nem perto do tamanho de
Willa, que ele comentou insultuosamente para
machucar sua chefe bondosa. A frieza que o ex-amigo
militar de Lucky demonstra em relação a Ginny

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empalidece em comparação com o comportamento dele em relação


a Willa. Tratá-la com insultos grosseiros não é nada comparado
ao dano que ele causou a Willa quando a machucou no ombro.

“Depende para qual time você está torcendo.”

“Para qual deles você está torcendo?” Ela pergunta


enquanto observa os garotos desengonçados correrem no chão do
ginásio.

“Nenhum.”

Inclinando a cabeça para o lado, ela desvia o olhar do jogo.


“Então por que você está aqui?”

“Não é da sua conta. Há um ginásio inteiro de assentos,


encontre outro.”

“Eu me perguntei se você era rude com Willa apenas porque


ela é casada com Lucky.” Ginny pousa a bolsa casualmente ao
lado dele, sentindo Bridge direcionar seu olhar para ela em vez do
jogo. “Obrigada por responder essa pergunta para mim.”

“Quem diabos é você?”

“Uma amiga de Willa.”

“Lucky enviou você?”

“Você conhece Lucky melhor que isso, ou deveria, já que fez


da missão de sua vida matar a mulher que ele ama.”

“Deixe-me adivinhar; você está grampeada, então eu vou me


incriminar.”

“Não. Infelizmente, Willa não quer você na cadeia. Por isso


ela não apresentou queixa contra você. Por que você não seguiu o
conselho de Lucky e saiu da cidade?”

“Eu não irei a lugar algum.”

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“Ou não, até que você tenha conseguido fazer Lucky pagar
pela morte do seu irmão, pela qual nós dois sabemos que ele não
é responsável.”

“Shade enviou você, não foi?”

Ginny balança a cabeça. “Não. Já te disse, sou amiga de


Willa. Tecnicamente, ela é realmente minha chefe, mas é mais
amiga do que chefe.”

“Como se eu me importasse!” Bridge estende a mão,


colocando a mão na coxa dela. “Isso é para me surpreender e dar
a Shade a chance de me tirar daqui?”

“Não. Eu vim aqui para lhe oferecer isso.” Ginny enfia a mão
dentro da bolsa para pegar um cartão e então o entrega a Bridge.
“Arranjei para você receber aconselhamento para ajudá-lo a lidar
com a morte de seu irmão. As sessões já estão pagas por...”

Bridge joga o cartão, lançando-o pelas arquibancadas


abaixo.

Ginny olha para ele desinteressada. “Você não quer


machucar Lucky por causa de seu irmão, é porque ele é tudo que
você não é.”

Ela não se encolhe com a fúria que escurece as feições dele.

“Não me encha a paciência. Se eu não escuto os sermões


falsos de Lucky, eu não quero ouvir um vindo de outra prostituta
dos Last Rider.”

Pegando sua bolsa, Ginny se levanta para sair. “Sinto muito


por você”, ela diz sinceramente.

“Não sinta pena de mim.” Ele zomba dela com desprezo.

“Bem. Então eu não vou.” Ela desce as arquibancadas e


sai do ginásio para o estacionamento, onde sobe no
banco da frente de um SUV preto.

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“Eu posso dizer pela sua cara que ele não aceitou as sessões
de aconselhamento.”

“Você já se cansou de estar certo, Hammer?”

“Não.”

Ginny sabia que seria um esforço fútil tentar colocar algum


senso em Bridge, mas ela queria dar uma chance a ele. Quando
Killyama contou a ela como o ombro de Willa havia sido
machucado, ela ficou aterrorizada com a proximidade de perder a
amiga.

Bridge a atraiu para a beira de um penhasco onde ele


segurou uma garota na mira de uma arma. Ela era uma criança
adotiva de Willa. Ele ameaçou a vida dela se Willa se recusasse a
pular do penhasco. Willa teria pulado, mas a garota mordeu
Bridge. Na briga para derrubá-la, a menina se desequilibrou no
penhasco. Willa a pegou a tempo, mas isso as fez cair de lado. Se
Lucky não tivesse contratado um guarda-costas particular para
ela, as duas teriam morrido. Ela teve muita sorte de ter sofrido
apenas uma lesão no ombro.

“Você tem certeza que quer que eu faça isso?”

Ginny olha do para-brisa para a escola onde Bridge está


sentado lá dentro, ainda não dando a mínima que ele quase
causou duas mortes. Willa é um patinho contra um homem como
Bridge. Sua gentileza e carinho a tornariam um alvo fácil. O pastor
Dean sabe disso tão bem quanto ela. A vida de Bridge está com o
tempo contado, e Ginny deve muito ao pastor Dean para deixá-lo
viver o resto de sua vida com a morte de um ex-amigo em sua
consciência.

“Tenho certeza.”

Como garantia, Hammer aperta o botão na lateral do


rádio. “Vão.”

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JAMIE BEGLEY

Eles assistem quando a multidão começa a sair do ginásio.


Ginny vê Bridge quando ele sai, caminhando em direção a sua
moto. Assim que ele coloca a perna sobre o assento, vários homens
saltam dos carros próximos.

Ele é algemado e enfiado na traseira de um dos carros.


Acaba em menos de sessenta segundos.

“Ele não vai gostar de ser chamado de volta ao serviço ativo”,


Hammer observa.

“Para onde você o mandará?”

“Ainda não decidi. Se ele voltar a ter a cabeça no lugar, eu


quero ele no meu time. Antes da morte de seu irmão e dessa
necessidade de vingança, ele costumava ser um oficial
excepcional.”

“Você vai conseguir a ajuda que ele precisa?”

“Sim”, ele assegura. “Aliás, não consegui encontrar nada


sobre os Wests, assim como Will e eu lhe dissemos. Eles mantêm
uma reputação bastante limpa.”

“Obrigada por tentar. Se você não se importa de me levar


para o meu carro, amanhã vou me levantar cedo.”

Hammer liga o SUV e dirige os trinta minutos até o carro


dela, sem nenhuma conversa ociosa, ambos perdidos em seus
próprios pensamentos.

Quando ele estaciona o veículo ao lado do dela, que ela


havia estacionado em uma estrada escura, fora da vista e do
alcance do som, ela agarra a maçaneta da porta.

“Menina?” Sua voz baixa a impede de sair. “Fique longe de


problemas.”

Ginny se vira para olhá-lo por cima do ombro,


dando-lhe um olhar inocente. “Eu não sei o que você

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quer dizer.” Depois do revirar de olhos dele, ela diz sinceramente:


“Obrigada novamente. Eu aprecio sua ajuda.”

Hammer não compra. “Tudo o que estou pedindo é: não seja


pega.”

Ginny alegremente aponta dois dedos para a testa em uma


saudação. “Sim, senhor.”

“Você é a razão pela qual eu nunca tive filhos”, Hammer


reclama, engatando o SUV.

“Ah”, Ginny ri. “Você sabe que me ama.” Fechando


rapidamente a porta antes que ele possa lhe dizer o problema que
ela é, Ginny entra no carro, dando-lhe outra saudação enquanto
ele espera que ela se afaste em segurança. Seus faróis brilhando
na frente do veículo dele destacam a saudação com um dedo que
ela recebe de volta.

Ginny se senta à pequena mesa no restaurante ao lado da


janela cuja vista dá para a rua em frente ao escritório do xerife.
Bebendo café, ela assiste o trânsito passar. Vendo um dos carros
que ela procura, Ginny se levanta da mesa para ir ao caixa pagar.
Carly pega seu dinheiro como se estivesse contaminado. Deixando
a aversão da mulher para trás, ela abre a porta do restaurante
para sair quando vê o segundo carro pelo qual está esperando.

Ela começa a se mover, os passos ficando mais rápidos


enquanto corre pela lateral do prédio, passando pelo carro e indo
até a lixeira. Escalando agilmente a cerca, ela cai do outro lado
e se mantém sob as árvores, enquanto caminha pela
lateral da casa. Quando chega aos fundos da casa,
ela sai casualmente para o quintal arborizado,

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JAMIE BEGLEY

como se devesse estar lá. Ginny não acha que o vizinho do outro
lado possa vê-la, mas não perde tempo inserindo a chave que
manteve da porta dos fundos.

Entrando na casa dos Wests, ela tira os tênis e os carrega


debaixo do braço enquanto sobe as escadas. A visão do seu antigo
quarto, da mesma forma imaculada em que ela teve que mantê-lo
quando era mais nova, faz seu coração bater com raiva. A
motivação de tirar Darcy da casa deles a faz querer gritar quando
não consegue encontrar nada.

Indo para o quarto deles, Ginny tem que lutar com anos de
sermões sobre nunca entrar no quarto deles. Ela leva um segundo
para olhar ao redor antes de começar a procurar pelas gavetas e
armários, procurando algo para usar contra eles.

Ginny sai do armário, colocando as mãos nos quadris


enquanto olha ao redor do quarto mais uma vez. “Pense, Ginny,
pense”, ela diz a si mesma. Tem que haver uma razão para ela
nunca poder limpar o quarto deles. Dois dias por semana, ela
tinha que limpar a casa de cima a baixo, exceto por este quarto.
Lisa tinha sido séria sobre ficar fora, apenas nos outros cômodos
da casa quando demitiu uma governanta que costumava vir
regularmente. Por que pagar alguém quando Lisa tinha Ginny
fazer isso de graça? Lisa tinha escolhido cada tarefa que lhe foi
dada e a fez temer os dias de limpeza com paixão.

“Droga.” Olhando para o relógio, ela vê que precisa sair


antes de Lisa voltar após deixar Darcy na creche. Lisa é uma
criatura de hábitos, e Ginny a viu deixando Darcy na creche
quando ela ainda estava trabalhando na lanchonete.

Ela está prestes a desistir e está fechando as portas do


armário atrás dela quando sente uma grade de metal sob o pé.
Abaixando-se, ela usa os dedos para puxar a ventilação de
aquecimento para cima. Desapontada, ela a fecha, mas
procura outra. Abrindo o armário novamente, ela sorri

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JAMIE BEGLEY

quando vê a ponta de uma espreitando debaixo de uma caixa de


sapatos.

“Por favor... por favor...” ela implora enquanto abre a grade


em uma tentativa desesperada de encontrar algo e quase dá um
pulo de alegria quando vê uma sombra.

Sentando-se, ela levanta a tampa de metal e tira uma caixa.


Soltando a fechadura, Ginny quer cantar pelo seu triunfo.
Certificando-se de que ela se lembra da posição dos objetos, ela
procura através deles, sua alegria diminuindo, transformando-se
em fracasso ao encontrar apenas brinquedos sexuais. Inferno,
Ginny não pode culpá-la por isso ao ter uma garotinha em casa.

Decepcionada ela fecha a caixa, feliz por ter usado luvas.


Quando ela estende a mão para deslizá-la de volta ao buraco, um
gancho de metal na base da caixa chama sua atenção. Deixando
a caixa de lado, ela puxa o gancho e fecha os olhos em alívio.

Folheando as pilhas de fotos, ela encontra várias cópias.


Pegando uma que tem Lisa fazendo sexo com um homem que
reconhece, ela fecha a caixa e a desliza de volta em seu
esconderijo. Colocando a foto no bolso de trás, ela se certifica de
que tudo está como antes dela entrar.

Ela passa pela porta de Darcy quando para e entra.


Removendo uma luva, ela coloca o copo de água no porta-copo da
mesa de cabeceira da menina, sai do quarto e desce as escadas
para sair pela porta dos fundos.

Depois de calçar os sapatos, ela volta por onde veio, jogando


as luvas no caixote do lixo.

Ela está destrancando a porta do carro quando vê o carro


de Lisa passar em direção a sua casa. Uma vez dentro do carro,
ela tira a foto. A mulher que a chamou de lixo muitas vezes para
contar tinha inúmeros amantes; foi difícil escolher qual
delas levar, mas a que ela está olhando mostra quem
é o verdadeiro lixo.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Desgostosa com a escolha do amante de Lisa, ela enfia a


mão no porta-luvas e encontra um envelope vazio para selá-la
dentro. Trancando a foto no porta-luvas, Ginny liga o carro. Ela
começa a cantar junto com a música no rádio, indo para o trânsito
matinal, e vai trabalhar enquanto decide quem será o melhor para
levar Lisa ao seu momento venha-para-Jesus. Ela sempre
planejou dar qualquer evidência que pudesse encontrar ao pastor
Dean, mas precisa de alguém um pouco mais cruel do que o bom
pastor. Ela não quer dar a Lisa a capacidade de explicar a imagem.
Não, ela precisa de alguém menos santo...

“Ninguém precisa de recarga?” Erguendo o bule sobre a


mesa da cozinha, ela interrompe Viper enquanto ele conversa com
Shade, Rider e Cash.

Rider e Cash fazem sinal para ela encher a caneca deles.

“Desculpe interromper você, Viper”, Ginny se desculpa.


“Prometi limpar a máquina de café durante a última semana e
quero fazer isso hoje, se ninguém mais quiser.”

“Não, vá em frente.”

Afastando-se, ela aperta o botão do ciclo de limpeza e volta


a descarregar a lava-louças.

Ela está preparando comida para o almoço quando os


homens se levantam para sair. Através de seus cílios, ela vê Shade
pegar seu colete de couro, as mãos indo para os bolsos enquanto
Cash mantém a porta dos fundos aberta para os homens.
Deixando Viper e Rider saírem primeiro, ela vê Cash
mostrar uma careta curiosa para Shade quando ele
não sai imediatamente pela porta.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“O que foi?” Ela ouve Cash dizer a ele e seu coração para de
bater, esperando a resposta de Shade.

“Nada.” Apontando para Cash ir em frente, Shade coloca a


mão na porta enquanto usa a outra mão para deslizar a foto no
bolso de trás.

Erguendo a cabeça, ela sente o coração recomeçar a bater


agora que ninguém está olhando para ela.

Shade sai pela porta e então seu coração para novamente


quando ele se vira. Ginny quase deixa cair no balcão o saco de
batatas que está carregando quando os olhos dele encontram os
dela.

“Você esqueceu alguma coisa?” Ela pergunta, segurando as


batatas mais perto do peito. Mesmo que ela tenha deixado a foto
para ele encontrar, o homem a assusta até a morte.

“Eu estava prestes a fazer a mesma pergunta”, ele diz,


erguendo uma sobrancelha interrogativa.

Decidindo mergulhar com os pés em uma aliança profana


que ela espera que Shade aceite, ela coloca as batatas no balcão.
“Você é um homem de Deus, Shade?”

“Eu pareço um homem de Deus para você?” Seu rosto é


sério, pois sua pergunta é mais como uma resposta. “O que você
está querendo, Ginny?”

Ignorando o frio agourento que quase a faz pensar duas


vezes, Ginny diz sem rodeios sua história. “Eu passei por muitos
problemas para que essa foto torne impossível para os Wests
continuarem sendo pais adotivos. Quero que seja colocada nas
mãos certas.”

“Então você quer que eu dê a Knox?”

“Eu poderia ter feito isso sozinha. Não, quero


que você entregue a Tate Porter.”

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JAMIE BEGLEY

“Por que Tate e não o xerife?”

“Knox terá que entregá-la à Sra. Tackett e ela e Lisa são


amigas. A pequena Darcy terá dezoito anos antes de ser
removida.”

“Por que Tate, então?”

“Lisa tem um péssimo hábito de mentir. Eu a ouvi rindo


com Dalt sobre uma mentira que ela contou a Sutton Creech. Ela
se gabou de que isso fez Sutton correr com o rabo entre as pernas.
Ela voltou à cidade e acho que essa foto dará a Tate uma moeda
de troca para manter Lisa fora da vida dele e de Sutton para
sempre. Em recompensa por dar a ele essa foto, quero que você
receba a promessa de que ele a fará deixar de ser uma mãe
adotiva.”

“Por que não confrontar Lisa você mesma?”

“Ela vai ficar furiosa. Não quero que ela importune Willa
quando eu não estiver por perto, pois trabalho para ela. Ela terá
medo de mexer com Tate.”

Ele astutamente observa quando ela começa a lavar as


batatas. “Por que você não dá a ele em vez de me envolver?”

“Eu não posso. Os Porters e os Colemans são inimigos.”

“Não pensei que você ainda era próxima da sua família?”

“Eu não sou”, Ginny reconhece. “Mas sempre serei uma


Coleman.”

“Verei o que posso fazer. Vou para a cidade; você precisa de


alguma coisa enquanto eu estiver fora?”

“Não, estou bem.”

Depois que as batatas são limpas, ela as coloca de


lado e começa a limpar a casa. O resto da manhã passa

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JAMIE BEGLEY

voando. Quando ela vê Shade na fila para o almoço, nenhum dos


dois menciona o que ocorreu pela manhã.

A cozinha ainda está cheia quando chega a hora de partir


para a padaria. Garantindo que Beth e Lily têm tudo o que
precisam para terminar o almoço, ela vai embora. Abrindo a porta
do carro, ela para ao ver uma sacola plástica no assento do
motorista. Pegando-a, ela entra e, uma vez que a porta é fechada,
Ginny abre a sacola para encontrar um saco de doces. Sorrindo,
ela abre o saco e pega o seu favorito. Desembrulhando o doce,
coloca-o na boca e então abre sua bolsa para despejar o restante
dos doces.

“Droga, Shade”, Ginny murmura alto para si mesma


enquanto liga o carro. “Se eu tiver uma cárie, vou lhe enviar a
conta.”

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CAPÍTULO VINTE E NOVE

Ginny coloca seu copo de suco limpo no armário, na linha


arrumada de copos iguais.

Sorrindo para o gatinho que se esfrega em sua perna por


atenção, ela não resiste em pegar seu novo bebê em seus braços.
“Não posso brincar com você agora, tenho que me preparar para
o trabalho.” Ela murmura, carregando o gatinho para a sala de
estar e deitando-o no sofá. “Brinque com seu brinquedo.”
Colocando um rato de plástico ao alcance do gato, Ginny ri
quando o brinquedo é ignorado em favor de amassar a almofada
do sofá. Ainda bem que é um sofá usado, ela pode ver que outro
virá em breve. Pegando o celular, ela sobe as escadas para o
banheiro do corredor para terminar de se preparar para o
trabalho.

Ela poderia ter se mudado facilmente para o quarto com o


banheiro agora que Bliss se casou com Drake e é a nova mãe da
ex filha adotiva dos Wests, Darcy. Ginny não tem ideia de como
Shade conseguiu isso, mas na manhã seguinte, quando ela foi
trabalhar depois de lhe dar a foto, Willa lhe disse que Darcy havia
sido colocada em outra casa. Ela não ficou lá por muito tempo.
Então Drake pediu a Bliss que se casasse com ele, e eles se
tornaram uma família antes do Natal.

Ginny não pegou o quarto maior de Bliss, decidindo


guardá-lo para Trudy assim que Hammer desse o sinal
verde e permitisse que ela passasse uma noite
ocasional. Elas estão esperando para morar juntas

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JAMIE BEGLEY

permanentemente até que ele se sinta confiante o suficiente de


que Trudy não está mais na lista de observação de Allerton.

Tanto ela quanto Trudy pensam que Hammer está sendo


excessivamente cauteloso, mas suas preocupações com a
segurança da outra as fizeram concordar em esperar. Trudy já
havia testado a paciência de Hammer o suficiente, contando a Sex
Piston, Killyama, Fat Louise e Crazy Bitch seus segredos.

Ele admitiu de bom grado que estragou tudo colocando


Killyama e Trudy na mesma cidade, facilitando para ele monitorá-
las. A avó delas queria dar a Trudy um novo começo sem as
lembranças de antes, então ele as mudou para Jamestown. Foi
também para onde ele mudou a localização de Peyton e Killyama.
Sabendo que a cidade era pequena, era provável que se
encontrassem, mas elas formarem uma amizade não estava nos
planos dele.

A mudança de jogo de Hammer foi a amizade que Trudy


formou com Fat Louise quando elas moravam ao lado uma da
outra. Foi o catalisador que uniu as meninas e foi cimentado
quando Sex Piston foi atacada e quase morta no ônibus escolar no
ensino médio. O incidente forjou a amizade no grupo das cinco
mulheres, que chutariam a bunda de qualquer um que mexesse
com elas. Mesmo assim, Hammer subestimou que as mulheres
discutiriam os segredos que lhes foi dito repetidamente para não
discutir.

Enquanto Hammer mantinha distância de Trudy, ele não


fazia isso com Killyama. Jonas e Hammer haviam assumido
papéis ativos na vida dela.

Foi quando as meninas foram presas, por brigar no Dairy


Queen com cadelas de outra escola, que Trudy reconheceu
Hammer do dia em que foram resgatadas. A partir de então, o
plano bem elaborado de Hammer caiu. As duas garotas
descobriram que o objetivo de Hammer era protegê-
las — Killyama de seu pai, Tim Cooper, e Trudy de

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Allerton. Foi quando elas colocaram Sex Piston, Fat Louise e Crazy
Bitch a par dos seus segredos, fazendo um pacto para se
defenderem de suas mortes.

Fat Louise teve a ideia de que, se Hammer as colocou perto


o suficiente para cuidar das duas, fazia sentido que ele fizesse o
mesmo por Evangeline. Quando confrontado, Hammer negou,
mas nenhuma delas acreditou nele. Quando isso falhou, elas
foram a reuniões locais, dando a Trudy a chance de encontrar sua
irmã.

Não foi até depois de começar uma briga em uma partida de


futebol local que Hammer cedeu e disse a verdade a Trudy.

“Você tem que parar, T.A.”

“Não era para nos separar por tanto tempo!”

“Não é seguro o suficiente.”

“Quando será?”

“Somente Evangeline pode responder a essa pergunta.”

“E se ela nunca se lembrar?”

“Não sei o que você quer que eu te diga.”

“Eu quero a verdade!”

Trudy disse a ela que foi apenas quando todas as meninas


começaram a chorar que Hammer cedeu.

“Não acredito que Allerton pense que Evangeline está morta.”

“Ele pensa… Nada aconteceu comigo. Se ele acha isso, por


que não veio atrás de mim?”

“Ele poderia estar esperando você levá-lo até ela. Não quero
arriscar, você quer?”

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“Ele não está nos observando”, Trudy argumenta. “Você está


sendo um idiota, como você é sobre tudo!”

“Você acha que as meninas estão prontas para enfrentar os


figurões? Killyama, você achou que seu pai poderia cuidar de si
mesmo?”

“Claro. Ele foi o líder que lhe deu sua posição. Eu poderia
odiá-lo, mas ele sabia se cuidar.”

“Não o suficiente para impedir que ele ou sua esposa estejam


mortos.”

Trudy disse que foi um dos momentos mais assustadores


de sua vida quando Hammer contou a eles.

Killyama responde: “Foi um assassinato-suicídio.”

“Foi feito para parecer assim. Quem quer que fosse, era bom.
Não foi um maldito suicídio. A esposa dele não o matou. Ela sabia
que ele tinha Peyton ao lado e não se importava.”

“Se isso é verdade, por que nenhum dos outros membros da


equipe foi alvejado por quem estava lá naquele dia?”

“Porque, Killyama, Tim não quebrou. Mesmo sabendo que


eles morreriam. Se ele não deu a informação, não quebrou. Ele tinha
uma salvaguarda que deveria disparar se algo acontecesse com ele
inesperadamente. Não disparou. Acho que Tim sabia que alguém
estava tentando encontrar Evangeline.”

“Tudo bem, Hammer, mas eu preciso saber que minha irmã


está feliz, que ela não precisa de mim.”

Sex Piston disse a ela o que finalmente havia influenciado


Hammer. “Sua irmã chorou como um bebê, até que ele cedeu.”

“Ela está feliz; tenho certeza disso, Trudy. Evangeline sente


sua falta. Ela pergunta o tempo todo como você está, mas
ela não precisa de você.”

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“Como você sabe?” Trudy pergunta, não aceitando sua


palavra.

“Ela me liga o tempo todo. Evangeline liga para me dizer o


quanto ela sente sua falta e pergunta como você está. E toda vez
que ela liga, pergunto se ela precisa de alguma coisa e ela sempre
me diz que não.”

“Ela está perto de nós? Como Killyama e eu estamos?”

“Não.”

Trudy disse a ela mais tarde que sempre acreditou que ele
mentiu quando disse não.

“Posso ver uma foto dela? Quero ver como ela é agora.”

“Não, não é possível. E se você a vir e quiser falar com ela?”

“Então, ela está perto?”

Preso em uma armadilha de sua própria autoria, Hammer


permanece em silêncio.

“Apenas me mostre uma foto, e nós te deixaremos em paz, e


eu não perguntarei novamente até que você diga que está tudo
bem? Por favor?”

Quando as meninas se juntam ao pedido, Hammer cede.


“Verei o que posso fazer, mas se o fizer, você não poderá mantê-la.”

“Qualquer coisa, eu só quero ver como ela é. Ela se parece


comigo?”

“Eu não faço ideia. Eu não a vi. Só falei com ela por telefone.”

Trudy disse a ela que demorou uma semana para mostrar


a foto de Ginny em pé em uma mesa, soprando suas velas de
aniversário. Ginny sabia que a foto tinha vindo do seu pai antes
dele morrer. Ela não teve um bolo de aniversário desde
a morte dele.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“O que você fez para finalmente fazê-lo concordar em deixar


a gente se ver novamente?” Ginny perguntou, encantada com a
história de sua irmã.

“Nada. Ele ligou para Killyama e disse para ela me levar até
o posto de gasolina perto de Treepoint e enviou uma foto do
homem que me levou para a igreja.”

“Hammer disse o que o fez mudar de ideia?”

“Ele não seria capaz de dizer que você estava feliz se eu


perguntasse novamente.”

“Eu sempre disse que não, porque sabia que se pedisse o


que mais precisava, ele não me daria.”

“E o que era?”

“Você. Eu precisei de você.”

Trudy parecia que daria uma surra em Hammer quando


Ginny lhe contou esse fato.

Pondo Trudy de lado, Ginny toma um breve banho e começa


a se vestir, não querendo se atrasar com a quantidade de comida
que precisa cozinhar no café da manhã. O clube dos Last Riders
está lotado com a visita da irmã de Shade, Penni. Enquanto ela
está com Shade e Lily na casa deles, Penni passa a maior parte do
tempo indo e voltando entre lá e o clube. Ela veio com um homem
chamado Jackal, que é diferente dos homens que normalmente
ficam ou visitam os Last Riders. Ele usa um colete dos Predators.
O olhar frio em seus olhos a lembra de Shade, e a cicatriz que
percorre toda a sua bochecha lhe dá uma aparência assustadora.
Ginny definitivamente não brigaria com ele em um bar, ela pensa,
rindo de si mesma.

Ela nem percebeu que Penni trouxe uma terceira pessoa


para visitar até que Viper solicitou que ela preparasse
uma bandeja para o hóspede, que esteve lá em cima

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JAMIE BEGLEY

nas primeiras semanas em que Penni e Jackal estavam lá.

O hóspede misterioso não é exatamente cordial. Ginny não


levou o comportamento de Hennessey para o lado pessoal; ele é
como um grande tigre com uma pata dolorida. Das poucas
informações que ela ouviu, Hennessy é o presidente de seu próprio
clube, e ele ficaria no andar de cima até que seus ferimentos
sarassem.

Não apenas alguns dos Last Riders estiveram recebendo


comentários bruscos, mas ela também. Ela se encolheu quando
chegou perto dele um dia enquanto limpava a cozinha. Um
comentário sarcástico do homem fez com que ela escapasse para
o porão para evitar uma réplica sarcástica. Penni assumiu
erroneamente que Ginny estava chateada, mas ficou do lado dela
quando Hennessey pensou que ela se encolheu devido à cor dele.
Penni a defendeu, dizendo que era devido ao seu tamanho grande
e que ela a viu fazer a mesma coisa quando Knox estava muito
perto dela.

A reação dela não teve nada a ver com o tamanho ou a cor


dele, e tudo a ver com o simples fato de que ele era um homem.
Ela não é intimidada por homens; qualquer que seja a etnia ou
tamanho. Ela está fugindo do verdadeiro mal desde os três anos
de idade. Como você pode temer homens normais, do tamanho do
monstro do Lago Ness, quando você ainda está tentando superar
o Kraken? Ela seria capaz de pegar o monstro do Lago Ness e
derrotá-lo com a arma certa. O Kraken, por outro lado, nenhuma
pessoa ou arma comum poderia destruir.

Não, ela não tinha medo de Knox ou Hennessey. Ginny


considera os dois homens peixinhos em seu lago. A verdadeira
razão pela qual ela se afastou de Hennessey não era algo que ela
tivesse liberdade de explicar a alguém. Além dos homens que
salvaram sua vida e os homens de sua família, ela mantinha
uma distância estrita de qualquer outro.

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JAMIE BEGLEY

Desde o momento em que viu a figura sombria na igreja,


não parecia certo ficar muito perto de qualquer homem. É por isso
que mantinha uma distância física de todos os homens, além
daqueles com os quais havia ficado próxima e considerava família.

Ginny começou a perceber que não suportava estar perto


de um membro do sexo oposto logo depois de ver a figura sombria
na frente da igreja. Ela não consegue explicar, mas se um garoto
chegasse ao alcance de seu braço, ela imediatamente se afastaria.
Ela racionalizou seu medo dos homens por Allerton encontrá-la.
Havia muitas vidas em risco, se ele alguma vez a encontrasse. Será
que ela abrigava um medo secreto de se aproximar de alguém, com
medo de que Allerton a encontrasse e matasse os dois?

Quando nota Penni a observando, Ginny praticamente vê as


rodas girando em sua cabeça, tentando descobrir algo. Em uma
manhã, Penni entrou e a pegou cantando no porão enquanto ela
lavava roupa. Nenhum dos Last Riders acordava tão cedo na
manhã de domingo, então ela pensou que estava sozinha e
inconscientemente começou a cantar junto com a música
enquanto dobrava as roupas.

Penni a assustou e, com a guarda alta, respondeu com


cautela as perguntas que Penni fez sobre seu passado. Ela deu
respostas curtas, esperando satisfazer a curiosidade de Penni.
Mas Shade era afiado, e Ginny sabia que não havia muito que ele
deixava passar. Quanto mais tempo ela estava com a irmã dele,
mais ela percebeu que irmão e irmã herdaram a mesma
inteligência astuta.

Percebendo que demorou muito tempo secando o cabelo, ela


o puxa para um rabo de cavalo, depois desce as escadas correndo
e se certifica de que o gatinho adormecido tem comida e água
suficientes. Ginny não pode deixar de pegar o bebezinho peludo
que levanta a cabeça para ser acariciado sob o queixo.

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JAMIE BEGLEY

“Tenho que trabalhar, Smokey. Seja bom enquanto eu


estiver fora.” Ela cantarola, dando-lhe um breve afago antes de
colocá-lo de volta na almofada do sofá.

Trancando a porta da frente, ela vai até o carro e lança um


olhar orgulhoso em sua casa antes de sair. Os papéis foram
assinados e a casa agora é dela. Ela economizou muito nos
últimos oito meses e limpou sua conta corrente para fazer o
pagamento de dez mil dólares, mas valeu a pena cada centavo e
cada hora de trabalho.

Ela é a mestra do seu próprio destino, e parece ótimo!

Sua explosão de euforia dura até a luz vermelha acender no


painel. Ela se esqueceu de comprar gasolina a caminho de casa
no dia anterior. Fazendo um desvio para o posto de gasolina, ela
acaba de colocar o bico no tanque quando Lisa estaciona do outro
lado da mesma bomba. Saindo do carro, Lisa fica parada ali,
observando-a encher o tanque.

“Você poderia avançar seu carro; a próxima bomba está


vazia.” Ginny declara o óbvio com a postura séria de Lisa.

“Eu não estou com pressa. Não demorará muito para você
gastar cinco dólares.”

A observação cortante passa por ela. Viver pouco tempo com


Bliss e depois trabalhar com Willa lhe deu o impulso de confiança
que precisava para enfrentar a mulher que odeia.

Em vez de agir como um filhote de cachorro com a cabeça


baixa sempre que Lisa está por perto, Ginny continua enchendo
apenas para deixá-la com raiva.

“Estou enchendo o tanque.”

“Bom para você. Não sabia que Willa paga o suficiente para
conseguir esse luxo. Ou os Last Riders dão melhores
gorjetas que os clientes da padaria? “

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JAMIE BEGLEY

A rédea de Lisa sobre ela acabará hoje.

“Vá para o inferno.”

Lisa levanta a mão com o anel de diamante do tamanho da


rocha de Gibraltar para enfiar a bolsa cara debaixo do braço.
“Lixo.” Lisa olha com desdém para ela. “A única coisa que me
surpreendeu sobre você é que não tem dois pirralhos atrás de
você.”

“Sério?” Ginny inclina a cabeça para o lado, estudando a


cadela desdenhosa. “A única coisa que me surpreendeu em você é
que você deixou Carter Dawkins tocar em você. O diretor não me
chocou. Você cheirava a colônia dele quando me escolheu no
coral. Você deve deixar os outros homens tirarem as fotos; a que
Dalt tirou não faz justiça a você.”

“Sua puta!” Lisa larga a bolsa enquanto se aproxima dela.

“Tome cuidado; há câmeras de segurança em todos os


lugares. Eu odiaria ver seu nome arrastado pela lama por agressão
e baderna.”

“Você foi quem deu a foto a Tate.”

“Eu dei?” Ginny pergunta com inocência fingida.

“Como você invadiu minha casa?”

“Eu não entrei na sua casa”, Ginny nega com um sorriso ao


ver que Lisa está pronta para explodir.

“Eu sei que você invadiu minha casa”, Lisa murmura


quando outro carro para ao lado do seu.

Ginny desliga o bico de combustível, pendurando-o


novamente na bomba, depois rosqueia a tampa sobre o tanque de
combustível e a fecha. “Prove.”

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JAMIE BEGLEY

“Bem, se você tiver um segundo, eu gostaria de uma palavra


com você.”

Endireitando as cadeiras sob as mesas na sala de jantar,


Ginny olha para Viper, seu coração afundando com a expressão
em seu rosto. Ela fez algo errado? Deus a faria pagar por ser uma
bruxa com Lisa? Valeu a pena baixar seus padrões para ver Lisa
voltar ao carro e acelerar para fora do posto de gasolina? Bastante.
Ela nem se importou em gastar os dez dólares extras em gasolina
que ela não planejou em seu orçamento para a semana.

Sua mente gira e gira sobre o que Viper quer falar. Durante
os oito meses em que ela trabalhou no clube, ele havia dito talvez
vinte palavras para ela.

A dura realidade de perder o emprego quando ela acabou de


comprar sua casa e não teve tempo de renovar suas economias a
faz tremer enquanto caminha para a mesa. Viper está sentado
com Jackal, Train, Rider e Hennessey enquanto eles almoçam.

“Com tantos convidados aqui, precisamos de alguém em


tempo integral até que eles saiam.”

Ele a está demitindo para contratar alguém em período


integral.

Rapidamente, ela pensa em suas opções. Ela pode voltar


para a lanchonete. Ela pode conversar com o gerente do cinema
para recontratá-la. Ela pediu demissão.

“Eu falei com Willa. Ela está disposta a ceder você até que
você possa voltar ao seu horário normal de trabalho.”

“Você não está me demitindo?” Aliviada, ela


respira novamente.

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JAMIE BEGLEY

“Demitir você? Não, estou lhe dando um aumento pelas


horas que você terá que dedicar aqui. Você pode pegar o quarto
no porão, ele tem seu próprio banheiro. Queremos que você se
sinta confortável durante a sua estadia.”

“Eu não preciso ficar aqui. Eu posso trabalhar a qualquer


hora que você quiser e ir para casa dormir.”

“Precisamos de alguém de plantão.”

“Acabei de pegar um gatinho. Não posso deixá-lo sozinho à


noite.”

“Você pode trazê-lo com você.”

Viper a está fechando, combatendo-a cada vez que ela dá


uma desculpa para não se mudar. Decidindo ser franca, ela deixa
claro seu argumento. “Não quero me mudar para cá. Eu tenho
minha própria casa.”

“É apenas por algumas semanas.”

A reafirmação de Train não a faz mudar de ideia.

“Não.”

Viper não está disposto a aceitar não como resposta. “Eu


não estava te dando uma escolha. Pagarei pelo inconveniente.” Ele
diz.

Ginny fica rígida, balançando a cabeça. “Não é pelo


dinheiro. Se você precisar que eu trabalhe mais horas, estou bem
com isso, mas quero ir para casa à noite.”

Ela realmente não quer perder o emprego com os Last


Riders, e ela realmente não quer deixar Willa chateada o suficiente
para demiti-la — mas ela não quer ceder às demandas de Viper.
Willa é sua amiga, mas Ginny nunca se deixou esquecer de que
é sua chefe e manteve uma distância respeitosa entre
elas como empregado e empregador.

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JAMIE BEGLEY

“Ginny, vamos conversar na sala da frente.”

Ginny se vira e encontra o pastor Dean atrás dela. Vendo


sua expressão compreensiva, ela se acalma e vai para a frente do
clube. Grata pelo quarto estar vazio, ela enfia as mãos nos bolsos
da calça jeans.

“Não vou sair de casa. Eu posso trabalhar a qualquer hora


que Viper quiser.”

“Ginny, quando Willa e eu discutimos sobre você aceitar o


emprego aqui, avisamos que ocasionalmente haveria coisas que
não poderíamos discutir com você. Este é um desses momentos.”

Ginny engole em seco. Ela não é cega. Ela notou os homens


extras nas portas quando ela entrou e saiu do clube. Ela não
deixou de observar os homens adicionais que usam as jaquetas
do Predators e de todas as mudanças ocorridas desde a chegada
de Penni e de suas amigas. O fato de Hennessey ter se machucado
tanto, estar de cama por algumas semanas, não precisa ser um
cientista de foguetes para descobrir que havia problemas
acontecendo no clube e eles pensam que ela pode estar em perigo.

Ela confia no pastor Dean e pode simpatizar com ele ter que
andar em uma linha tênue entre ser seu pastor e o outro lado dele
— aquele que pertence ao clube. Mais do que saber, ela entende o
dilema em que ele se encontra, já que ela segue uma linha tênue
semelhante, e é por isso que disse a Trudy para parar de chamá-
la de Evangeline. Ela e a irmã haviam desistido de muito pelo seu
passado para abrir mão agora.

“Eu vou ficar na minha casa. Se o Viper quiser me demitir,


eu entendo.” Ela resolutamente termina a conversa, voltando para
a cozinha para carregar a lava-louça.

Qualquer que fosse o problema do clube, ela não está


envolvida e se recusa a ser arrastada para isso. Se
Hammer pensasse que ela está em uma situação
perigosa com os Last Riders, ele nunca deixaria

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JAMIE BEGLEY

Trudy fazer as visitas de uma noite que elas se prometeram, e ela


não quer Trudy em perigo. Ela é apenas uma governanta; se
começar a ficar em período integral, seus inimigos podem assumir
que ela está mais próxima deles do que apenas uma funcionária.
Viper não está pedindo aos trabalhadores da fábrica que se
mudem, então ele não deve esperar que ela deixe sua casa
também.

Ginny continua preocupada enquanto coloca uma


assadeira na lava-louça.

Quando Penni invade a cozinha para pegar uma cerveja e


uma jarra de chá para levar para fora, Ginny diminui o ritmo,
pegando a assadeira. Depois de ver Penni sair de novo, ela olha
pela janela e vê Fat Louise, Killyama e Sex Piston fazendo um
piquenique com Lily e seus filhos. Ela está se iludindo? Trudy
simplesmente não teve coragem de lhe dizer a verdade, que elas
nunca estariam seguras o suficiente para serem colegas de
quarto? Como seria estar lá fora, rindo e se divertindo com eles?
Mesmo que apenas por uma vez, ela deseja saber.

A boca dela se abre quando Penni joga a jarra de chá sobre


a cabeça de Killyama. Uma briga eclode entre as duas mulheres,
provocando um tumulto no quintal que faz os homens correrem
do lado de fora para separá-las.

Talvez assistir da segurança do outro lado do vidro não fosse


tão ruim assim.

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CAPÍTULO TRINTA

“Greer, você está com fome? Posso fazer algo para você
comer depois que guardar as compras” Ginny grita por cima do
ombro, destrancando a porta depois de ir ao supermercado com o
guarda-costas.

Ginny tenta não rir do fato de Greer Porter ser seu guarda-
costas.

Willa a encurralou quando saiu do trabalho no dia em que


se recusou a se mudar para o clube. Ela conseguiu convencê-la a
deixar os Porters ficarem de olho nela quando ela não estiver no
trabalho. Ginny estava hesitante, mas Willa a convenceu, dizendo
que isso faria todos mais felizes, inclusive ela, se souberem que
ela está segura.

“Eles sabem que sou eu que eles estarão protegendo?”

“Sim.” Willa deu-lhe um olhar estranho. “Por quê?”

“Porque os Porters e os Colemans são inimigos.”

“Eu pensei que os Porters e os Hayes que eram inimigos?”

“Eles são. Também são inimigos dos Colemans.”

“Os Colemans são inimigos dos Hayes?”

“Não, apenas os Porters. Os Hayes e os Coleman não


gostam um do outro, mas não são inimigos.” Ginny
começou a pensar sobre isso. Fazia um tempo desde

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que ela conversou com qualquer um de seus irmãos. Eles poderiam


estar com uma rixa com os Hayes desde que ela se mudou para a
cidade. “Ou, pelo menos, não que eu saiba. Vou ter que perguntar
a Jessie quando a vir pela cidade.”

“Tenho certeza de que a briga entre os Colemans e os Porters


está no passado, ou eles não aceitariam o trabalho.”

“Você se importa de perguntar aos Porters?” Ginny


perguntou. “Eu realmente não quero deixar meus irmãos bravos
comigo.”

Willa colocou a mão gentilmente no braço dela. “Você não


quer perguntar a seus irmãos?”

Ginny abaixou os cílios para que Willa não pudesse ver a


mágoa em seus olhos. “Eles não falam comigo.”

“Vou pedir a Lucky que fale com os Colemans e os Porters e


negocie um cessar-fogo até que esta situação seja resolvida.”

Ginny ficou agradecida pela intervenção de Willa e Lucky


disse que ambas as famílias haviam prometido deixar de lado suas
diferenças até que Viper sentisse que não havia mais necessidade
dela ser protegida.

Não tem sido ruim. Os Porters mantêm distância, a menos


que ela tenha que sair, então um dos três irmãos vai com ela.
Greer é quem foi com ela ao supermercado, dizendo que ele tinha
algumas coisas que poderia pegar. Na verdade, ela lutou para tirá-
lo do supermercado.

“Você é jeitosa para fazer pãezinhos?” Ele perguntou quando


entraram no supermercado.

“Sim.”

“Se eu fizer os acompanhamentos, você acha que pode


fazê-los para mim?”

“Certamente, eu não me importaria.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Você é boa em fazer salsicha e molho? Tem que ter algo para
acompanhar os pãezinhos.”

“Vou pegar salsicha quando passarmos pelo corredor de


carne.”

Não foi seu último pedido. Todos os corredores por onde


passavam, ele adicionou ao menu. Antes de finalmente
terminarem, ela tinha um carrinho cheio e quase se esqueceu dos
ingredientes que havia se voluntariado para pegar para Willa.

Carregando uma sacola de compras para dentro, ela chama


seu gatinho quando Greer entra com os braços carregados de
compras.

“Ginny!”

Assustada, Ginny se vira com o grito de Greer, congelando


quando ele larga as compras e começa a correr em sua direção.
Arremessando as compras para longe dela, ele agarra seu braço e
começa a correr, tentando arrastá-la para fora da porta.

Afastando-se freneticamente, ela mal tem tempo de


arrebatar o gatinho do sofá antes de Greer apertar seu braço
novamente, desta vez forçando-a a sair correndo pela porta.

“O que…?” Ela ofega quando eles correm pelo gramado.

“Vazamento de gás!”

Chocada, Ginny se vira para encarar Greer, incrédula,


quando uma explosão balança sua casa, enviando-a e Greer ao
chão.

“Smokey!”

Seu gatinho aterrorizado escapou por baixo e subiu na


árvore mais próxima.

Gritando o nome do seu gatinho novamente, ela


tenta se levantar.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Fique abaixada!” Greer assobia, cobrindo-a com o corpo


quando outra explosão faz faíscas pousarem na grama ao lado
deles.

Greer está levantando-a quando os bombeiros e os carros


da polícia descem a rua com as luzes piscando e as sirenes
soando.

Deixando Greer contar a Knox o que aconteceu, Ginny vai


até a árvore, tentando convencer Smokey a descer. “Venha para a
mamãe”, ela cantarola soluçando em seus lábios. “Aqui, gatinho,
gatinho.”

Os bombeiros que ligaram as mangueiras de água enviaram


o gatinho para o alto da árvore. Ela ainda está tentando
desesperadamente convencer o gatinho quando outro som soa de
dentro de sua casa.

“Greer, pegue um cobertor para ela e dê o fora daqui!” Knox


berra, pegando-a para afastá-la da casa.

“Eu não posso deixar o meu gatinho!” Ginny grita, tentando


se livrar do aperto dele.

“Vou pedir a um dos bombeiros para desce-lo quando


controlarmos o incêndio.” Knox a entrega a Greer, que a arrasta
para uma caminhonete estacionada atrás do caminhão de
bombeiros.

Greer ergue Ginny para o assento, depois entra ao seu lado.


Tate, um dos irmãos de Greer, senta-se estoicamente ao volante
enquanto ele dá uma ré para fazer o retorno e sair do bairro.

Encarando cegamente pela janela, ela vê chamas


alaranjadas brilhando no espelho retrovisor. Seus vizinhos estão
do lado de fora de suas casas, vendo como tudo o que ela possui
queima até o chão.

Sua luta acabou, ela sai da caminhonete


quando chegam à delegacia e senta-se no saguão

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

enquanto Tate e Greer sentam-se ao seu lado. Os três ficam


sentados, ouvindo o atendente falar de um lado para outro com
Knox.

Ela torce o cobertor ao seu redor quando ouve Knox enviar


um rádio ao despachante para pedir um caminhão de reboque em
seu endereço para pegar um carro queimado.

“Vamos sentar no escritório de Knox.” Greer começa a


levantar.

Ginny balança a cabeça.

“Talvez não seja tão ruim quanto parece”, diz Tate,


mexendo-se desconfortavelmente em seu assento.

Ela olha à frente, olhando pela janela de vidro, observando


os clientes entrando e saindo da lanchonete. A vida deles não foi
afetada pelo que virou a dela de cabeça para baixo mais uma vez.

Greer estende a mão para colocar mais do cobertor em volta


dela. “Seu seguro de carro deve pagar ...”

“Era um carro usado. Eu só tenho dívidas.”

Ginny aprecia os incentivos de Greer e Tate e por ficarem


com ela. E eles ainda estão com ela quando Knox, Viper, Shade e
Jackal entram na delegacia, seus rostos são máscaras sombrias.

Jackal parece ter se enroscado com um leão da montanha.


Seu rosto está coberto de sujeira, sua camiseta já viu dias
melhores e sua calça está praticamente rasgada.

Viper se move para ficar na frente dela. “Sua casa está


destruída. Os Last Riders irão conserta-la.”

“O que causou a explosão?”

“Não poderemos ter certeza até que seja investigado”,


ele diz protetoramente.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Você acredita que tem algo a ver comigo trabalhando para


os Last Riders, ou vocês não precisariam consertar isso.” Ela se
vira de olhar pela janela para encontrar os olhos de Viper.

“O seguro que tenho cobre apenas o custo do empréstimo


que tomei para a casa. Não moro lá há tempo suficiente para
acumular patrimônio.” Ginny volta a olhar pela janela. “Eu nem
vou conseguir o suficiente para recuperar o depósito que investi
nela.”

“Vou resolver isso. Você receberá seu depósito de volta e eu


pessoalmente comprarei a casa que quiser.”

“Não. Obrigada, mas não. Se eu conseguir o suficiente para


pagar o empréstimo, ficarei bem. O meu gatinho está morto, não
está?” Ela pergunta, preparando-se para a resposta que sabe que
está por vir.

Jackal se move na frente dela. “Subi na árvore para pegá-


lo. Quando eu estava chegando, pulou da minha mão e correu
para a rua. Um de seus vizinhos o atropelou acidentalmente
quando ele estava tentando tirar o carro da garagem ao lado da
sua. Eu tentei salvá-lo.”

“Eu sei que você tentou. Ouvimos o carro quase bater em


você também.”

Ela não tem para onde ir. Ela não tem ideia do que vai fazer.
Ela não tem mais nada, exceto as roupas do corpo. Ela não pode
ligar para Hammer ou Trudy; e se Viper estiver errado e a explosão
não tiver nada a ver com os Last Riders. Pode ter sido o inimigo
de quem ela foge desde os três anos de idade, testando para ver
se Hammer ou Trudy fazem contato.

“Viper, seu convite para eu ficar no clube ainda está de pé?”


Ela tem que limpar sua voz rouca para expressar as palavras.

“Sim.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Então, você se importaria se formos? Estou cansada.”

“Claro.”

Quando ela se levanta, os homens se separam para deixá-


la ir primeiro, exceto Shade. Seu olhar enigmático pega o dela.

“Como você sabia que o gato estava morto?”

“Porque qualquer coisa que eu amo sempre é destruída.”

Ginny fica olhando a concha da casa que ela estava tão


orgulhosa de possuir. Não só está em cinzas, mas também todos
os sonhos e esperanças que ela enganou a si mesma que poderia
se tornar realidade. A verdade é que seus sonhos nunca se
tornarão realidade. Se ela ficar em Treepoint, ela sempre estará do
lado de fora olhando.

Na noite em que sua casa foi destruída, Penni lhe ofereceu


um emprego como fornecedora de serviços para a banda que ela
administra. Ginny esperou até Penni estar pronta para ir embora
antes de decidir aceitar a oferta.

Os Last Riders pensaram que ela estava indo embora


porque Raci - a mulher responsável por dar seu nome e endereço
– a ofereceu ao cartel para atacar no clube. Willa confessou a ela
que Raci fez isso para salvar seu primo e marido, que foram
sequestrados pelo mesmo cartel que matou o pai e a irmã de Fat
Louise. Willa esperava que a informação a impedisse de ir embora.
Isso não aconteceu.

Raci escolheu a única pessoa que ela pensou


ter menos repercussões. Ginny não tem um marido

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JAMIE BEGLEY

ou um amante que sentirá sua falta. Em vez disso, tem amigos


que poderiam esquecer dela e trabalhos que podem ser feitos por
outra pessoa. Ela é dispensável. Até Trudy tem quatro amigas que
considera irmãs. Na verdade, elas são mais irmãs para ela do que
Ginny. Pelo menos Trudy não precisará se preocupar em ser
explodida em pedacinhos se ela decidir passar a noite em sua
casa. Ela levaria a vida da irmã em suas mãos, mesmo que elas
fingissem ser apenas amigas como Beth e Lily.

Perder Smokey lhe mostrou que quanto maior a distância


entre ela e os outros, melhor. É o que Hammer está tentando lhes
dizer sempre que ela e Trudy querem se encontrar. O gatinho teria
ficado melhor no abrigo de animais do que com ela, assim como
Trudy ficará melhor se ela se for.

Uma forte rajada de vento faz seus cabelos girarem em


desordem. Lutando contra o vento, uma dose de realidade fria e
dura a atinge de repente. O cartel realmente fez um favor a ela,
provando que ela não é forte o suficiente para enfrentar Allerton
ainda. Especialmente se ela quiser manter Trudy fora de perigo.

Para ela lutar contra Allerton, ela terá que chegar ao ponto
em que nada mais importa, além de derrubá-lo. Para fazer isso,
ela precisa criar estratégias como um mestre em xadrez. Não
apenas isso, mas ela tem que se tornar física e mentalmente mais
forte. Ela precisa se tornar uma força a ser reconhecida e, para
fazer isso, precisa ficar sozinha. Somente quando conseguir
derrotar Allerton será capaz de parar de olhar de fora para dentro
e finalmente conseguir se juntar à vida daqueles que ama.

“Você está pronta?” Pergunta Penni, esperando ao lado do


carro com um homem que trabalha com segurança para a banda.
Foi assim que Penni convenceu Shade a deixá-la ir embora.

“Estou pronta.” Ginny se abaixa, pegando o saco de lixo


preto com as poucas coisas que conseguiu salvar dos
escombros.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Enquanto caminha em direção ao carro, Penni senta no


banco de trás enquanto o segurança pega o saco dela para colocar
no porta-malas.

Ginny coloca a mão no teto do carro, inclinando-se para


mergulhar a cabeça antes de entrar. Outra forte rajada de vento
faz seus cabelos girarem como se um demônio da Tasmânia a
estivesse irritando. Isso a lembra de quando Silas se escondia
atrás dela e Leah para bagunçar seus cabelos.

Incapaz de se conter, ela ri enquanto mergulha no carro


para escapar.

“Viu? Eu disse que seria bom você parar e se despedir” diz


Penni quando ouve o riso. A princípio, ela pensou que Penni estava
louca quando sugeriu parar e se despedir da carcaça queimada da
sua antiga casa. Ginny está feliz por ela ter feito isso; sua cabeça
está muito mais clara.

Ginny passa os dedos pelos cabelos finos para


desembaraçá-los. “Não é um adeus”, diz ela, afivelando o cinto de
segurança e olhando para a frente. “É só um até logo.”

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TRINTA E UM

Gavin mexe na cama. O homem da Marinha, que ainda está


em algum lugar dentro dele, escondido há tanto tempo, o faz abrir
os olhos, tentando reconhecer o som que faz parte do seu passado,
tentando racionalizar o que aquilo significa. A heroína que eles
acabaram de despejar em suas veias coloca em sua mente
imagens e sons que ele não consegue decifrar o suficiente para
saber o que é real e o que é imaginado.

Os cabelos na parte de trás do pescoço estão arrepiados,


enquanto a audição aumenta, como costumava ser no dia anterior
à missão, mas a droga o embala de volta, dizendo que é apenas
mais uma invenção de sua imaginação.

Fechando os olhos, ele imagina que as drogas devem ser


uma nova mistura de Butcher. Não apenas a parte dele que já foi
um SEAL da Marinha, mas todas as visões de ser digno de ser um
Last Rider desaparecem. O que resta é apenas um fantasma do
homem que ele costumava ser.

Ouvir o som novamente, não o inspira a lutar contra o


veneno que o mata dia após dia, muito abatido para dar a mínima.
Ser salvo é algo que Gavin não deseja mais. Inferno, a única coisa
pela qual ele ora agora é para não ser salvo. Através de todas as
suas orações sem resposta, sua última esperança é que essa única
oração seja concedida. Ele não mais procura Deus para
responder suas orações, ou mesmo os Last Riders. Não,
é Slate a quem ele implora para enviá-lo para o
inferno - para conceder-lhe a morte que, não

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

importa o que Butcher bombeie em seu corpo, permanece fora de


alcance. Essa é a desgraça de ser o Reaper - você já está morto.

Então, quando ouve os passos mortalmente silenciosos de


vários homens descerem aqueles temidos degraus de madeira, ele
não quer acreditar. Nem mesmo quando um homem muito
tatuado, que costumava chamar de irmão, aparece em sua visão
envidraçada.

Dez anos de sua vida foram gastos nesse porão de três por
quatro. Dez anos que ele nunca terá de volta. E, mesmo se ele
conseguisse, não teria mais uma vida digna de ser vivida, não
depois do que suportou. Foi por isso que ele parou de tentar fugir.
Ver os olhos cegos da mulher que ele matou o prendera
efetivamente ao porão, como se estivesse usando ferros nas
pernas fortes demais para escapar.

Uma mão com tatuagem enche sua visão distorcida. Ele


reza para que seja outra alucinação da heroína correndo em suas
veias, como a que ele tinha com Taylor. Ele está convencido de
que essa nova visão é apenas mais uma viagem. Mas, ao contrário
das que ele está acostumado, a mão com tatuagem não
desaparece; parece que ele está sendo tocado pela primeira vez em
anos por alguém que realmente se importa. É o momento em que
ele sabe que deveria ter rezado mais, aterrorizado, o rosto curvado
sobre ele não é uma miragem e os olhos sem alma são os que ele
reconhece.

Shade é um homem incapaz de falhar em uma missão. Ele


foi a primeira pessoa que ele rezou para ver entrar pela porta
quando ele foi trancado neste inferno... mas agora ele era o último.

Gavin viu aquele olhar de determinação em seu rosto em


muitas missões para contar. Reaper está saindo daqui - e ele está
saindo vivo.

Shade cuidará disso.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

O mundo merece Gavin James, não Reaper. Libertar o


Reaper liberará uma ira diferente da que a Terra já viu. Será um
fogo do inferno queimando cada centímetro, até que todas as
coisas bonitas e feias morram, queimando até que no chão reste
apenas uma coisa: cinzas.

Lutando para se manter ali, para manter Reaper onde ele


pertence, é tudo o que sabe fazer quando Shade e agora Train
lutam para levantá-lo. Seus irmãos têm boas intenções, mas não
viram que Gavin não é quem estão salvando. Eles vieram tarde
demais; Gavin se foi.

Eles estão liberando exatamente o que os Last Riders


passaram a vida protegendo a todos.

Ele luta contra o falso Shade e Train, criados em uma mente


induzida por drogas, um estado de consciência que não pode mais
distinguir a diferença entre realidade e fantasia, como um jogador
perdido na realidade virtual. Há apenas uma realidade que sua
mente pode aceitar. Tendo suas esperanças esmagadas tantas
vezes, a mesma coisa que ele quer se torna outro inimigo fora de
alcance.

Gavin luta contra o sequestrador que usa uma máscara que


parece o rosto de Shade; ele se lembra vagamente de como
costumava temê-lo de vez em quando, mas agora o Reaper está
sendo desencadeado, eles combinam.

“Afaste-se, Train, Shade. Deixe Killyama levá-lo.”

Ele ouve o comando de um homem que ele nem sabia que


estava lá. Instantaneamente, as figuras dos homens que ele
conhece o libertam. Caindo de volta em sua cama, as drogas
pesam nele como uma tonelada de tijolos.

“Venha comigo, Gavin. Eu tenho algo para fazer você se


sentir melhor.”

Seus olhos enlouquecidos se afastam dos do


sem alma para ver a silhueta de uma mulher

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

alcançando através da névoa. Pensando que Taylor está lá mais


uma vez, ele espera que ela desapareça novamente quando a mão
dela toca seu braço e o levanta. O rosto perto dele não é de Taylor,
mas ele não briga com ela como fez com os outros. Ele não pode
ter a morte de outra mulher em sua consciência.

A mulher ajuda a levantá-lo, levando a maior parte de seu


peso mínimo. “Isso mesmo. Só um pouco mais,” ela persuade
enquanto eles sobem os degraus muito lentamente.

Um passo à frente do outro, eles seguem atrás das imagens


de Shade e Train, para o quarto que foi sua câmara de tortura. Ele
quer implorar para que não o façam mais jogar, mas sabe que eles
não ouviriam seus pedidos; eles sempre caem em ouvidos surdos.

A névoa continua pelo corredor até que ele ouve tiros. Ele é
empurrado contra uma parede e a mulher a quem ele se agarra
atira de volta. Incapaz de se sustentar, ele escorrega, finalmente
entendendo que essas pessoas o estão protegendo.

A mulher implacável o pega de volta, mas ele foi arrastado


para fora muitas vezes para a cruel diversão deles para permitir
que a frágil faísca em seu peito cresça.

Quando a porta da liberdade é aberta, ele aperta os olhos e


desvia o rosto da luz brilhante. Por um segundo, ele pensa que
recebeu a morte que desejava... até que percebe que um homem
como ele não teria acesso ao céu.

Agarrar-se nela é como segurar Taylor. Ela é sua única


razão para entrar no sol pela primeira vez em quatro anos - a
última vez que ele tentou escapar - e é a única razão pela qual ele
não quer tirar a arma da mão dela e puxar o gatilho.

Estou voltando para casa, Taylor.

Com o pensamento, ele começa a cair no chão e,


novamente, a mulher o levanta para forçá-lo a correr
ao seu lado. Quase inútil, Gavin é meio levantado e
meio empurrado dentro de um veículo, então ele

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

sente o corpo dela mergulhar em cima dele quando a porta bate e


uma saraivada de balas sopra contra o SUV.

“Fase quatro, completa! O refém está seguro. Caia fora


agora! Vá, vá!”

O motorista acelera o veículo enquanto as balas continuam


atingindo. Ele sente as tábuas do assoalho balançarem com a
velocidade em que estão dirigindo. No momento em que a mulher
se levanta dele, ela recua quando uma bala atinge a traseira do
veículo.

“O filho da puta acertou meu carro.”

Gavin ouve uma maldição no banco da frente.

“Acerte esse canhoto, ou eu vou.”

Ele ouviu a voz vinda do banco da frente quando ele foi


empurrado pela primeira vez no veículo. Uma lembrança fraca o
provocou, depois desapareceu quando sentiu o veículo desviar
novamente.

“Fique abaixado!” Outro homem grita da frente, mas Gavin


sente a mulher subir um pouco, apesar da ordem.

Ele está ficando enjoado com a maneira como o veículo está


sendo conduzido, com o estômago vazio rolando a cada guincho
dos freios ou declives na estrada.

“Espero que aquele que vai cuspir vidro pela boca no


pronto-socorro seja o canhoto”, alguém murmura.

Quando o SUV faz outra curva, Gavin grita, sua imaginação


febril pensando que uma bomba explodiu. A mulher segurando-o
cantarola baixinho, conversando com ele. Quando ela estende a
mão para tirar a máscara, ele percebe que não é uma máscara,
mas óculos e um fone de ouvido.

“Nós temos você, Gavin. Você está seguro


agora.” Empurrando os cabelos oleosos para trás,

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

ela olha para ele, com o rosto em silhueta no escuro. “Você é mais
bonito que o seu irmão Viper. Aposto que as mulheres brigam por
você. Viper é casado e agora tem uma filha, mas sente sua falta
todos os dias. Todos os Last Riders sentem. Você só precisa
esperar um pouco mais até chegarmos a um lugar onde você
estará seguro. Você pode fazer isso por mim?”

“Quem ... quem é você?” Ele finalmente consegue organizar


seus pensamentos o suficiente para perguntar.

“Eu sou Rae.”

“Leve-me de volta ao meu quarto. Se eles me pegarem, eles


vão te machucar” Gavin a avisa. Ele não tem força suficiente para
salvá-los se forem pegos.

“Doçura, ninguém é estúpido o suficiente para mexer


comigo. Você nunca mais voltará àquele quarto - o Viper cuidará
disso. Quando ele terminar com os Road Demons, o clube deles
não estará de pé.”

Gavin a sente alcançar algo. Então ele sente algo úmido


limpando a sujeira e imundície que deve estar em seu rosto. “Isso
o faz sentir melhor?”

Ele não consegue se lembrar da última vez que o deixaram


tomar banho. A pouca água que ele teve permissão tinha que
durar até que estivessem prontos para recarregá-la.

A agitação doentia em seu estômago está piorando, assim


como as batidas em sua cabeça. Ele só quer dormir - e assim, se
for dormir e não acordar, morreria livre daquele porão fedorento.

“Gavin! Escute-me! Não desista agora. Ainda estou aqui. Eu


não vou te deixar, então é melhor você não me deixar!”

“Por-Por quê? Ninguém mais veio para mim. Ninguém.”

Não demorariam muito para se arrepender de tê-


lo encontrado. Ele matou Memphis e Crash um

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

milhão de vezes em sua mente. Ele só precisará de uma chance


quando estiver em boas condições físicas. Ele exigirá seu plano de
vingança.

“Ninguém sabia. Eles pensaram que você estava morto.


Todos pensaram. Viper e Ton ainda não sabem que você está vivo.
Eles não teriam deixado você lá se soubessem. Nem um dia, nem
por um segundo. Doçura, você não foi deixado para trás ou
esquecido.”

“Viper estava com raiva de mim. Ele... todos me deixaram


morrer. Crash me disse que era o castigo de Viper.” Crash gostava
de conversar com ele do topo da escada. O filho da puta conhecia
a mente de Gavin. Se ele chegasse mais perto dele descendo as
escadas, teria valido a bala que Slate teria colocado nele, apenas
para matar Crash.

“Crash mentiu. Viper teria matado todo mundo lá dentro,


se soubesse. Não há um homem no clube que não daria a vida por
você.”

Gavin a sente descansar a cabeça no ombro dele e a


umidade de suas lágrimas nele.

“Você viu Train e Shade? Eu deveria ter levado uma caixa


de lenços de papel comigo; eles estavam chorando tanto.”

“Eles não estavam lá-”

Ele não os viu, viu? Ele saberia se eles estivessem lá. Eram
Ink e Chain que estavam lá, usando máscaras, tentando fazê-lo
acreditar que eram os Last Riders. Será que foi realmente eles?

“Sim, eram eles. Eles eram os que choravam no canto.”

Gavin a sente se mexer, mas não sabe o que está fazendo.

“Eu fui a única que não chorou”, ela se gaba.

Ele não acredita nela. “Você está chorando


agora.”

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JAMIE BEGLEY

“Isso é porque você fede.”

Ele tenta sair de debaixo dela. Com a névoa da heroína se


dissipando, ele percebe o quão horrível deve cheirar e que está nu
debaixo dela. Encolhendo-se de que a mulher tenha que ser
exposta à sujeira dele, ele tenta se afastar dela.

“Não se mexa; você é o meu lenço de papel.”

“Eu sinto muito. Eles não me deixavam tomar banho a


menos que ...”

Ela o interrompe, cobrindo a boca dele com a mão. “Você


cheira como um sobrevivente, Gavin. Respire fundo. Você está
livre. Você está livre.”

Ouvir as palavras várias vezes o faz finalmente perceber que


não é uma alucinação. Alucinações não choram, não é?

Ouvi-la chorar envia uma reação em cadeia dentro dele que


o faz incapaz de conter os soluços de alívio que vem do seu peito.
Ele não está orgulhoso de ter sobrevivido à crueldade de Slate; ele
está retornando ao mundo derrotado e todos os Last Riders verão
isso.

“Eu... desisti.”

“Você não desistiu. Você sobreviveu. Você fez o que


qualquer bom soldado faria. Você fez o que tinha que fazer para
viver. Não ouse falar em cheirar mal ou desistir, ou eu vou chutar
sua bunda quando sairmos deste carro!”

“Killyama!”

Gavin pula com o grito alto da frente.

“O que?” Ela grita de volta.

“Você pode se levantar.”

“OK.”

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JAMIE BEGLEY

Tirando o fone de ouvido, a mulher afasta-se dele e sobe no


assento, depois se abaixa para ajudá-lo a se sentar ao lado dela.
A mudança de posição o deixa ofegante.

“Aqui, eu tenho um saco de vômito. A condução de Hammer


também me faz vomitar.”

Pegando o saco, ele o abre e respira devagar,


desesperadamente segurando a bile que está subindo em sua
garganta. Gavin levanta a cabeça do saco quando sente uma onda
de ar quando ela abaixa a janela.

“Eu pensei que não fedia”, comenta ele quando vê o que ela
está fazendo.

“Eu fiz isso para dar-lhe um pouco de ar fresco.”

Deitando a cabeça para trás, ele se vira para encará-la.


“Você está mentindo.”

“Um pouco.”

Gavin olha para baixo quando ela pega sua mão no escuro.
O movimento, por menor que foi, esgotou sua força. Ele nem
sequer luta contra a inconsciência, deixando-a envolvê-lo em seu
calor escuro, não se importando se ele emergirá novamente.

Uma janela abaixando na frente envia outra corrente de ar


para revivê-lo. Entorpecido, seu cérebro patina na borda da
consciência o suficiente para ouvir.

“É bom ver você, Reaper.”

Sua cabeça no ombro da mulher, o nome da pessoa da voz


passa por sua mente, depois desaparece.

“Reaper?”

Gavin estava acostumado a ouvir aquelas vozes


familiares em sua outra vida e sabe a quem elas
pertencem. Os SEALs que desceram depois que ele

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

ouviu a porta do porão abrir não foram uma ilusão. Finalmente


cai a ficha. Hammer e Jonas estão no veículo com ele. Os homens
com quem ele saiu em missões tinham que estar lá também.

Parte do seu cérebro se segurou a uma vida preciosa,


porque ele sabia que se cedesse completamente à escuridão
reconfortante, ele voltaria àquele buraco do inferno, desistindo
completamente. Ele não sabe onde Shade está agora, mas ele
estava lá. A mulher disse que Train também estava lá. E, se
Hammer e Jonas estavam lá, o inferno teria que esperar. Aqueles
quatro soldados não apenas levariam uma bala por você, mas
cuspiriam nos olhos do diabo antes de deixá-lo levar sua alma.

Gavin é levantado com força; um braço é colocado sobre um


ombro musculoso e o outro sobre outro, enquanto as mãos de
apoio passam pela cintura. Os dois homens pegam o peso dele.

Levantando as pálpebras para ter certeza de que não são


seus captores, ele vê os rostos sombrios de Train e Shade olhando
de volta para ele.

“Não deixe que eles me levem de volta...”, ele implora, mal


conseguindo expressar as palavras e envergonhado pelos soluços
que ele não consegue conter.

Shade aperta a mão no braço em volta do ombro. “Irmão, a


única maneira de você voltar para lá é quando formos lá para
queimar o filho da puta. Você me ouviu, Reaper? Essa é a única
maneira, porra. Eu juro pela porra da minha vida, essa é a única
maneira que você vai lá de novo.”

“Eu estou realmente indo para casa?” Ele muda seu olhar
para Train, ainda não acreditando que as palavras de Shade não
são uma invenção de sua imaginação.

“Sim irmão. Você está realmente indo para casa.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Rostos e vozes flutuam ao seu redor enquanto ele entra e


sai da fantasia de ser resgatado. Ele imaginou estar em um SUV
com uma mulher, Hammer e Jonas?

“Gavin... irmãozinho.”

Uma voz rouca no mar de outras vozes o faz forçar as


pálpebras a abrir, tentando se afastar dos braços tentando
segurá-lo.

“Apenas me mate. Prefiro estar morto do que voltar para lá,”


ele implora à pessoa que o encara.

“Ele não nos reconhece.” Outro rosto aparece em sua visão


e o medo aumenta porque ele não tem força suficiente para se
afastar de dois deles. Ele está tão cansado. Seu corpo inútil é
incapaz de se levantar e correr, apesar de sua mente gritar com
ele que tem que fugir.

“Gavin... não.”

Ele tenta se mover novamente, apesar da voz suplicante


tentando chamar sua atenção.

“Sou eu, Loker.”

“Loker, me desculpe”, ele soluça para a alucinação,


sentindo os braços apertarem em torno dele.

“Eu sinto muito. Eu não sabia...”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Gavin tenta encontrar um ponto focal para que seu cérebro


pare de nadar e endireita os rostos para focalizá-los.

“Gavin...”

Reaper instintivamente vira a cabeça para o outro lado,


reconhecendo a voz cheia de alegria de seu pai.

“Gavin!”

“Papai?” Indo mais longe na direção da imagem embaçada


de seu pai, ele quer se afundar nele como quando era pequeno e
seu pai chegava em casa de licença, esperando que se ele o
segurasse forte o suficiente, ele não poderia ir embora. Ele sempre
foi, apesar de tudo o que tentou. Reaper não consegue fazer seus
braços trabalharem o suficiente para agarrar seu pai.

Abaixando a voz para que ninguém mais possa ouvir, ele


implora ao pai: “Não deixe que eles me machuquem.”

Um soluço rasga seu pai quando ele puxa seu filho em seus
braços. O soluço aterroriza Reaper. Seu pai nunca chorou. É
apenas mais um dos truques de Slate.

“Não deixe que eles me levem de volta!” Ele grita.

Por que ninguém o ajuda? Eles continuam chamando-o de


Gavin, mas ele não quer mais ser Gavin. Eles machucaram Gavin.
Reaper não pode se machucar. Eles estão apenas tentando
enganá-lo novamente...

Ninguém se importa…

Reaper não pode se machucar ....

A dor de ser levantado o faz acordar novamente, onde quer


que esteja deitado se move quando os rostos passam por ele. Ele
não sabe onde está, mas não é o porão. Um rosto que é diferente
dos outros o tem estendendo a mão para ela. Lembra-se
dela carregando-o, protegendo-o...

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Qualquer mulher que me deixa dormir em seu ombro,


cheirando como eu, merece uma dúzia de rosas.”

“Não foi tão ruim assim desde que abaixei a janela.”

“Faça-me um favor?” Ele espera até que ela assente. “Tem


uma garota - Ton tem o nome dela. Ligue para ela por mim. Diga
a ela que eu...” Ele começa a tremer. “Diga a ela onde estou e que
preciso dela.”

Exausto em dizer as palavras, ele não consegue entender o


que ela diz, mas sente a mão que segurou a dele antes se mover
novamente.

Não posso ceder à dor, ele pensa febrilmente.

Quando ele acordar, Taylor estará aqui... Ela estará aqui...

Ele aperta as mãos na coberta fria sobre seu corpo, com


medo de abrir os olhos. O pensamento de que seu resgate foi falso
o congela, muito petrificado para se mover, caso Slate ou Ink
estejam lá quando ele abrir os olhos.

Memórias trêmulas cruzam atrás de suas pálpebras


fechadas de Viper estar com ele em uma sala. Ele não tem certeza
de que isso aconteceu ou se foi apenas mais uma ilusão que as
drogas plantaram em sua mente. Ton estar lá e chorar acabou de
aumentar a confusão da memória. Ele nunca viu o pai chorar.

Repetir a lembrança nebulosa o ajuda a ficar parado,


ocupando sua mente e ajudando-o a ignorar a coceira na
pele que o faz querer roçar as unhas sobre a pele...
repetidamente até que não reste a pele irritante.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Quando ele sente as cobertas serem levantadas, ele a agarra


de volta e então agarra a mão que pressiona seu ombro.

“Não me toque”, ele geme de medo.

“Eu preciso te dar um banho.”

No passado, a voz feminina teria assegurado a ele que ele


está em mãos carinhosas, mas não mais. Isso apenas eleva seus
instintos de proteção.

Algumas mulheres não são as criaturas estimulantes que


fingiam ser. Algumas ocultam suas más intenções por trás de
lábios sorridentes, fingindo ser gentis, quando são tão más quanto
os homens. Ele não confia mais em ninguém, homem ou mulher.

“Está tudo bem, Gavin. A enfermeira só quer lavar você. Eu


estou bem aqui.”

Ele levanta as pálpebras para ver Viper parado ao lado de


sua cama de hospital e uma mulher de meia-idade de bata com
uma toalha de lavar, dando-lhe um sorriso encorajador.

“Eu posso me lavar.” Segurando o lençol branco contra o


peito, ele se prepara para pular da cama se ela tentar tocá-lo
novamente.

“Sr. James, não vai demorar muito.” A maneira profissional


como ela fala não alivia a tensão crescente em seu corpo. Ele não
quer ser tocado, por ninguém.

“Eu posso fazer isso”, oferece Viper, pegando a toalha da


enfermeira. “Eu ligo para você quando terminarmos.”

Reaper vê brotar uma discussão em seu rosto. Então ela dá


o pano para Viper com o olhar ameaçador que ele lhe devolve. “Vou
avisar o médico que ele está acordado.”

Reaper se recosta na cama quando ela sai. “Você


sempre pode assustar todo mundo com esse olhar.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Isso nunca te assustou”, diz Viper, mergulhando o pano na


bacia de água retangular rosa pálida.

“Ah, sim. Eu apenas tentei não deixar você ver.”

Seu irmão torce o pano, deixando o excesso de água cair de


volta na bacia. Quando Viper dá um passo em direção à cama,
Reaper balança a cabeça para ele. “Há um chuveiro no quarto?”

Viper inclina a cabeça para o lado. “Você está ligado a um


IV. Receio que você tenha que se contentar com a minha ajuda.”

“Dê-me a toalha. Eu posso fazer isso sozinho.” Ele move os


dedos para os botões que estão claramente marcados na cama
para levantar a cabeceira.

Viper dá a ele o pano. “Você quer que eu desamarre a


camisola para você?”

Estendendo a mão, ele se atrapalha atrás do pescoço,


desatando-a. Estendendo a mão lentamente, Viper abre os fechos
dos braços, ajudando-o a remover a camisola.

Reaper endurece quando os olhos de Viper vão para seu


corpo. Ele não perde a emoção exibida em seu rosto antes de Viper
se virar para colocar a camisola em uma cesta contra a parede.
Quando ele se vira, no entanto, sua expressão está de volta sob
seu controle, quando volta para o lado da cama para assistir.

“Eu posso fazer isso”, Reaper murmura, ficando


desconfortável sob o olhar de Viper.

“Eu não achei que não pudesse.” Viper senta-se na cadeira,


mas não desvia os olhos dele.

Reaper coloca o pano no rosto, respirando o perfume limpo


de sabão. Ele quer gemer com o prazer.

“Como você está se sentindo hoje?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Colocando o pano de volta na água e depois torcendo, ele


lava o rosto novamente. “Uma merda. Como vai você hoje?” Ele
dispara de volta, irritado com a expressão abatida no rosto de seu
irmão. Não é difícil interpretar o tormento em seus olhos ou a
causa. Viper está se culpando.

Os lábios de Viper se curvam em um sorriso cansado.


“Estive melhor.”

“Há quanto tempo estou aqui?”

“Você está entrando e saindo da consciência há cinco dias.”

Reaper puxa o pano para longe do rosto, percebendo as


diferenças no Viper. A idade foi gentil e dura com ele. Ele sempre
foi um filho da puta duro, mas o tempo endureceu suas feições,
removendo qualquer suavidade da juventude. Uma força inflexível
aparece em sua mandíbula intransigente, e mesmo cansado o
poder emana de Viper, fazendo Reaper parecer uma sombra pálida
em comparação.

“Estou aqui há cinco dias?”

“Quase seis.”

“Ha quanto tempo você está aqui?” ele pergunta enquanto


lava os braços e o peito.

“O tempo todo. Ton também está aqui. Ele foi pegar um café
para nós.”

Reaper volta a molhar o pano antes de começar a lavar as


pernas. “Eu sonhei que você disse que está casado?”

“O nome dela é Winter. Temos uma filha, Aisha.”

Jogando o pano na bacia, ele se recosta na cama, exausto.


“Sua esposa sabe que eu fui estúpido o suficiente para me deixar
ser sequestrado?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Viper aperta sua mandíbula com suas palavras. “Nada


sobre o que aconteceu com você foi sua culpa.”

Dando uma risada curta, Reaper balança a cabeça para seu


irmão. “Cada parte do que eu passei foi toda minha culpa, e sabe
disso.”

Quando vê que Viper está prestes a dizer algo, Reaper


agarra a toalha novamente para torcer, seus músculos lentos
tremendo com o movimento. “Você se importa?”

Viper se levanta, indo até a janela para olhar e dar as costas


a Reaper para que ele possa lavar o pau sem ser forçado a fazê-lo
sob o escrutínio de Viper.

“Quanto tempo levou Taylor para descobrir que eu estava


desaparecido?”

“Soube que você estava desaparecido no dia seguinte. Lucky


decidiu se juntar a você para voltar para Ohio. Quando você não
apareceu no posto de gasolina, ele ligou para Taylor. Ela disse que
estava esperando por você e ligaria para ele quando você chegasse
à casa dela. Quando você não apareceu lá às seis, sabíamos que
algo estava errado. Lucky decidiu não continuar em Ohio sem você
e enviou Will para verificar você na casa da sra. Langley. Todas as
suas coisas haviam sumido, até seu carro e moto. Era como se
você tivesse desaparecido da terra.”

“Crash olhou em suas contas; ele viu que você pagou por
uma refeição no dia anterior em Treepoint. Ele também nos disse
que faltava dinheiro para pagar as máquinas que seriam
compradas na segunda-feira. Quando Will foi checar isso, Vincent
Bedford disse a ele que você havia encerrado a conta no dia
anterior sem nenhuma explicação.”

“Eu não roubei o dinheiro.”

Viper dá uma volta. “Eu sabia que você não tinha


roubado a porra do dinheiro. Demorou um pouco,
mas finalmente descobrimos quem foi o

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

responsável quando Bedford tentou matar Beth. Ela era a mulher


que Bedford contratou para cuidar da sra. Langley. Beth
encontrou a papelada que Bedford havia escondido no sótão;
mostrando que foi ele quem roubou o dinheiro da sua conta. Ele
e a filha, Sam, tentaram matar Beth; Samantha finalmente
admitiu o que aconteceu com você para ficar fora da prisão. Se
Beth não tivesse decidido examinar os papéis antes de destruí-los,
todos estaríamos mortos. Memphis estava prestes a explodir o
clube e matar todos nós.”

“Ele planejou isso tudo.” Pegando uma camisola limpa na


mesa do hospital, ele aceita a ajuda de Viper para fixa-la nos
braços.

Tirando o lençol da cama, Viper o coloca na cesta antes de


pegar um limpo da mesa e colocá-lo sobre ele.

Desviando o olhar de Viper, Reaper olha para a parede em


branco. “Por que você demorou tanto tempo para me encontrar?”

Viper caminha ao redor da cama e entra em seu campo de


visão. “Nós pensamos que você estava morto. Sam nos disse que
você estava e Memphis também. Merda, ele até nos disse onde
você foi enterrado, e encontramos um corpo lá.”

“Como você me achou?”

“Hammer e Jonas são caçadores de recompensas agora.


Uma de suas recompensas tinha um computador que eles
invadiram. Eles encontraram um vídeo seu no disco rígido que os
levou ao Crash. Hammer, Jonas e Killyama organizaram seu
resgate.”

Hammer e Jonas viram as fitas. Reaper quer jogar a bacia


com água e sabão contra a parede.

“Killyama?”

“A mulher que você quer que eu dê as rosas.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Ela me disse que seu nome é Rae.”

“Killyama é o apelido dela.”

Reaper não ri do apelido. A mulher salvou sua vida por não


hesitar em usar sua arma para protegê-lo. Ele pediu a Viper que
lhe desse as rosas porque, depois que eles abandonaram os Road
Demons que tentaram impedir sua fuga, ele desmaiou no ombro
dela. Tão ruim quanto ele cheirava, qualquer outra mulher teria a
cabeça pendurada para fora da janela, engasgando.

“Você já deu a ela?” Ele força a pergunta, apesar da


vergonha que sente por saber que ela viu o vídeo.

“Ainda não. Estive aqui com você, mas vou.”

“Como eu acabei no lugar que eles me levaram depois que


me salvaram?”

“Killyama pertence ao Destructors MC. Não foi um resgate


sancionado para a equipe de Hammer, então eles não queriam
correr o risco dos Road Demons descobrirem e moverem você ou
matá-lo antes que pudessem extrair você, e não nos disseram
porque não queriam alertar Crash pelo mesmo motivo.”

Cada vez que Viper abre a boca, acrescenta outro conjunto


de olhos que viram sua humilhação. Ele não quer saber qual fita
eles assistiram. Qualquer um dos vídeos que Slate fez com ele era
doentio e repulsivo para quem não quer alimentar suas próprias
necessidades distorcidas. Os vídeos atendiam às larvas da
sociedade, aqueles que procuravam outros para desfrutar de um
banquete de suas vítimas. Essas vítimas não tinham mais
importância para elas do que as moscas que enxameavam as
mortes na beira da estrada enquanto passavam em seus carros
caros, sabendo que outra pessoa irá aparecer e recolher os restos
mortais.

Engolindo sua mortificação, ele cerra os dentes


para fazer a próxima pergunta. “Algum dos Last
Riders viram as fitas?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Shade e Train viram antes do seu resgate. Eu vi quando


descobri que você estava vivo.”

Ele deseja que Viper tivesse mentido. Sentindo um abismo


entre eles, à medida que o tormento nos olhos de seu irmão
aumenta, mostrando as profundezas de sua dor pelo que ele
passou e não estava lá para proteger Gavin - como Loker fez
quando estavam crescendo – isso força Reaper a olhar longe. Ele
simplesmente não consegue lidar com a dor de Viper quando não
consegue lidar com a sua.

“Onde está Memphis?” Ele pergunta, voltando a cabeça para


o irmão.

“Morto.”

Isso dói. Ele imaginou o homem morto de um milhão de


maneiras diferentes, tudo por sua própria mão.

“Bedford?”

“Ele morreu seis meses atrás de um ataque cardíaco


enquanto estava na prisão.”

Que coração? Reaper pergunta a si mesmo. O bastardo não


tinha um.

“Crash?”

“No gelo. Estamos esperando você distribuir o castigo dele.”

Ter Crash deixado para ele nem sequer marca o placar, pois
ele não conseguiu derrotar os outros dois homens.

O ódio arde como bílis na garganta por ser incapaz de


assistir a vida escorrer de seus corpos com o mesmo prazer que
eles assistiram sua tortura. A explosão de intensa emoção o faz
suar frio.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Levantando a mão trêmula para afastar o cabelo comprido,


ele diz: “Está muito quente aqui. Diminua a temperatura do ar
condicionado.”

Reaper se mexe desconfortavelmente na cama, sob a leitura


de Viper, enquanto se move para ajustar o termostato.

“Cadê a Taylor? Ela está com Ton?”

“Eu ainda não liguei para ela”, diz Viper, lentamente


afastando a mão do termostato.

“Por que não? Eu quero vê-la.” Afastando uma gota de suor


que escorre pela lateral da testa, seus olhos começam a percorrer
o quarto. Ele precisa sair dali, longe dos olhos de Viper, antes de
começar a implorar pelas drogas que impedem seu corpo de sentir
como se fosse uma massa trêmula de gelatina.

Ton entrando pela porta desvia o olhar de Viper. Reaper vê


os copos de café tremerem em suas mãos ao vê-lo. Seu pai larga o
café e se inclina sobre as barras da cama para abraçá-lo. “Filho,
você não sabe como é bom vê-lo acordado!”

Ele só pode suportar ser abraçado por um segundo antes


de ter que se afastar do abraço de seu pai, sentindo o mesmo
abismo com Ton que ele estava experimentando com Viper. A
conexão emocional compartilhada entre eles foi com um homem
que ele não é mais, o homem retornou a eles como um animal
fedorento.

Passando a mão pelo braço, ele começa a tremer.

“Seja cuidadoso; você vai desalojar seu IV,” adverte Viper.

“O médico já veio?” Ton pergunta preocupado.

“Não.” Viper se move ao redor da cama para conter os


movimentos de Reaper.

Reaper congela. “Eu irei parar.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Não querendo mais ficar com eles, olhando para ele como
se fosse um garoto de dois anos exigindo supervisão constante, ele
precisa de Taylor para preencher a lacuna que se torna mais
profunda a cada minuto.

“Onde está Taylor?” Ele agarra a barra da cama para se


manter quieto quando tudo o que ele quer fazer é arrancar o IV do
braço e correr para encontrar o alívio que continuará desejando
que é bombardear cada centímetro de seu corpo.

Ele não está tão fora de si para perder o olhar compartilhado


dos homens ao lado da cama.

“Eu não entrei em contato com ela porque queria esperar


para ver o que você quer que eu faça...”, começa Viper.

“O que?” Ele grita, depois olha para Viper e baixa a voz com
medo, “não há nada para entender. Eu quero vê-la.” A lembrança
de Crash dizendo a ele que Viper estava feliz por ele estar fora dos
Last Riders o faz temer que eles o devolverão a Slate.

O rosto de Viper empalidece quando ele dá um passo mais


perto da cama, levando a mão à nuca de Reaper para puxá-lo para
mais perto do lado da cama. “Não há mais o que temer, nem Slate,
Crash ou qualquer pessoa que eles usaram contra você para
tornar sua vida um inferno. Você está seguro. Ninguém pode
chegar perto de você, mesmo que tentem, e são espertos o
suficiente para não tentar.”

Reaper começa a tremer em pânico. “Crash disse.”

“Eu não dou a mínima para o que ele te disse”, diz Viper
severamente, seu rosto uma máscara torturada. “Nós nunca
viramos as costas para você. Nós sabíamos que você só estava
desabafando quando devolveu o colete. Ficamos magoados, mas
nunca com raiva de você.”

Viper se abaixa para pressionar a testa contra a


dele, encontrando seus olhos de frente e segurando
sua nuca com mais força. “Eu te amo, irmãozinho.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

E mesmo se você enfiasse uma faca no meu peito para arrancar


meu coração, eu ainda te amaria. Nunca duvide disso.”

Reaper fecha os olhos com força e assente.

“Bom.” Viper solta o pescoço e passa a mão por cima da


cabeça. “A razão de eu não ter ligado para Taylor é porque ela está
casada.”

Reaper sente como se tivesse sido arrastado por uma onda


de três metros.

“Ela está casada?” Ele olha para o pai, implorando-lhe


silenciosamente que lhe diga que não é verdade.

“Sinto muito, filho.” Ton passa a mão sobre os olhos.

Reaper começa a rir histericamente. “Ela está casada! Estou


surpreso que Crash não tenha me contado. Isso deve ter feito seu
maldito ano.”

“Vou chamar a enfermeira”, ele ouve Ton dizer do que


parece ser a um milhão de quilômetros de distância.

“A única coisa que me manteve vivo foi pensar nela, querer


segurá-la novamente.”

“Não, não foi. Você permaneceu vivo nas forças armadas


durante missões das quais ninguém mais conseguiu sair, porque
não desistia. Foi a mesma determinação que o manteve vivo todos
esses anos, não Taylor.”

“Eu não posso passar por isso sem ela.”

“Escute-me.” Viper coloca a mão em seu braço quando


Reaper começa a abaixar rapidamente a barra da cama. “Eu ligo
para Taylor e falo com ela. Se ela quiser vir, eu a trarei aqui o mais
rápido possível. Eu só queria esperar para ver o que você quer
que eu faça.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Aprendi uma lição difícil sobre o quanto você se importa


com ela. Só não quero repetir o mesmo erro, interferindo no seu
relacionamento com ela novamente. Eu não aguentaria te perder
de novo.”

Reaper sempre soube que Viper o amava, mas, ao lado dele,


tentando acalmá-lo, a guarda de seu irmão foi baixada e o
confiante e seguro presidente dos Last Riders expôs as
profundezas do remorso que ele tem vivido com os anos que
estiveram separados.

Reaper fecha os olhos com força, odiando-se por ser o único


elo deformado na armadura de Viper. Como presidente dos Last
Riders, ele carrega inúmeras vidas de homens na palma de suas
mãos. Ser marido e pai tem as mesmas responsabilidades.

Pela primeira vez em suas vidas, Reaper sente uma onda de


proteção atravessá-lo, como um raio atingindo um transformador.
Deitado na cama, ele para de tentar se levantar e olha para o teto,
dando a Viper a oportunidade de recuperar a compostura.

“Ligue para o Taylor.”

Viper está pegando o telefone quando Ton e um homem


vestindo um jaleco branco entram na sala. Ignorando o que o
médico está dizendo, ele assiste Viper sair pela porta e espera que
ele volte. Ele acena com a cabeça como se estivesse prestando
atenção no que está sendo dito.

“Quando sua condição melhorar, seu irmão conseguiu que


você seja internado em uma instalação de tratamento para afastar
as drogas das quais seu corpo se tornou dependente. Geralmente,
há uma lista de espera de seis a sete meses, mas,
independentemente das cordas que ele puxou, funcionou. Se seus
órgãos vitais permanecerem estáveis pela próxima semana e
conseguirmos que você coma sozinho, poderemos tirá-lo
desta cama de hospital.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ele espera impacientemente Viper voltar para dentro da


sala, querendo que o médico termine de falar. Ele e Taylor
descobrirão para onde ele está indo quando for libertado. Ele quer
estar onde ela estiver, por perto, para poder vê-la a qualquer
momento.

Depois que o médico sai, ele espera que Viper entre e


termine a conversa com Taylor. Ele está prestes a enviar Ton para
ele quando seu irmão volta, com o telefone não mais na mão. Pela
sua expressão sombria, a esperança de que Taylor pediu para falar
com ele é outra decepção que quebra mais uma imagem de como
seria quando ele fosse libertado.

“O que ela disse?”

“Ela não pode vir agora. Taylor precisa de tempo antes de


falar com você. Ela tem medo de que isso seja muito perturbador
para ela até que possa processar que você está vivo. Taylor está
gravida, e ela está preocupada que isso possa ser demais para ela
e para o bebê.”

“Ela está gravida?”

“Sim.”

A mulher que ele ama está tendo um filho de outro homem.


Durante todo o tempo em que ele foi mantido em cativeiro, nem
uma vez ele se permitiu pensar que ela não estaria esperando por
ele de braços abertos. Agora, não só ela não está esperando por
ele, ela está nos braços de outro homem.

“Ela vem me ver e, quando o fizer, estaremos juntos


novamente.”

Nem Viper nem Ton tentam convencê-lo de que não,


mudando de assunto para falar sobre o que foi discutido quando
Viper estava ligando para Taylor.

“Você terá um quarto com um pátio privado”,


diz Ton. “O Viper fez os arranjos para que um de

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

nós possa ficar com você, para que não fique sozinho. É contra as
regras, mas o diretor fará uma exceção para nós.”

“Acho que seria melhor fazer isso sozinho.”

“Eu não vou deixar você sair da minha vista novamente.”


Ton cora um tom avermelhado. “Viper disse que eu estava
namorando? É por isso que você não me quer por perto?”

“Ton.” Viper lança um olhar afiado ao pai.

Reaper olha para Ton e Viper desconfiado. “Ele não me


contou. Quem você está vendo?”

“A Tia de Winter, sra. Langley.”

“A sogra de Vincent Bedford?”

“Sim. Shay não é nada como o genro.”

Reaper não sente ódio pela Sra. Langley. Ela foi gentil com
ele durante sua estadia com ela. Lembra-se do aviso de Slate a
Vincent de que, se ela acordasse, ele a mataria. Felizmente, a
mulher de natureza doce não foi outra vítima de Slate; ele está
feliz que seu pai encontrou alguém para amar.

“Não, ela não é.” Seu estômago revira quando outra


abstinência o atinge. Ele precisa da onda feliz de drogas
bombeando em sua corrente sanguínea. Ele agarra o lençol com
as mãos suadas e se vira quando Viper estende a mão para tocá-
lo. Ele não pode mais esconder a agonia da necessidade, levando-
o a largar a fachada que ele está mostrando a eles.

“Chame a enfermeira”, Reaper consegue soltar.

Viper salta para pressionar o botão Chamar. Reaper o deixa


atender a enfermeira pelo interfone antes de agarrar o pulso de
Viper.

“Eu quero que você e Ton saiam.”

“Nós não vamos embora.”

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JAMIE BEGLEY

“Eu não posso fazer isso com você e papai aqui”, ele implora.
“Por favor, Viper. Estou seguro e vou passar pela abstinência, mas
não posso fazer isso com vocês dois observando cada movimento
que faço. Vocês dois aqui está fazendo isto pior. Por favor ... este
é o único fragmento de dignidade que me resta. Não tire isso de
mim. Apenas vão.” Com as últimas forças, ele consegue o último
pedido antes que a enfermeira chegue para administrar um
sedativo para empurrá-lo de volta à inconsciência que tira a dor.
Ele assiste com uma mistura de agonia e alívio enquanto Viper e
Ton o deixam em paz para combater os demônios que não estão
prontos para liberar seu domínio sobre um corpo que possuíram
há tanto tempo, determinado a levá-lo de volta ao inferno que Slate
governou.

Viper e Ton nunca seriam capazes de entender a atração de


retornar a esse inferno, porque são fortes demais. Eles têm outras
pessoas importantes, que se importam se dormem e não acordam
no dia seguinte. Ele não tem mais isso.

Viper, seu pai, os Last Riders e Taylor foram seus motivos


para respirar, apesar de ser mais fácil desistir e encontrar consolo
na morte. Ele não tem mais isso e sente como se houvesse uma
profunda divisão entre ele, Viper e Ton. As amizades que ele teve
com os Last Riders foi construída em torno de um homem que ele
não é mais - e nunca mais será.

Por fim, a motivação mais forte para sua sobrevivência foi


Taylor. Durante seus momentos mais sombrios, ele se apegou ao
futuro deles. Ele não desistiu desse futuro, não quando eles ainda
têm uma chance agora que ele está livre. Ela gostará de vê-lo
assim que o choque passar. Eles se entreolharão e tudo ficará bem
novamente. Ele vai prometer nunca mais deixá-la, e ela deixará o
marido.

Tudo vai ficar bem ...

Tem que ficar bem ....

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

É uma merda. Uma criança de cinco anos poderia matá-lo.


Ele não consegue nem caminhar a curta distância até o banheiro
sem suar frio. Quando um ajudante traz uma bandeja de comida
ele fica animado, até ver o prato. A comida não é apetitosa e faz os
sanduíches que Ink lhe dava, ter uma aparência de refeição
gourmet. Fazia anos que ele não comia hambúrguer e batatas
fritas.

Sua irritação desaparece quando passa a hora seguinte


vomitando o caldo e a gelatina. Ele não tem somente o corpo de
um homem de oitenta anos, como também parece ter o estômago
de um.

A semana se arrastou para duas, antes que ele pudesse


comer pequenas quantidades de comida e se estabilizar o
suficiente para ser transferido para o centro de reabilitação.

Viper e Ton passaram a viagem de quatro horas até a


instalação, tentando convencê-lo a deixar um deles ficar.
Permanecendo calado, olhou pela janela deixando seu silêncio
falar por ele.

Olhando pelo espelho lateral, observou as quatro fileiras de


Last Riders seguirem o carro. Ver os irmãos sentados em suas
motos e usando seus coletes, os corpos musculosos controlando
as poderosas máquinas com facilidade, é apenas outra
distinção entre eles. O poder que irradia deles é a
prova visual de quão longe ele está do homem que

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JAMIE BEGLEY

costumava ser, e cada quilômetro percorrido apenas reforça o


contraste.

Da forma que está não teria a oportunidade de se tornar um


Last Riders. Para conseguir entrar no clube, um candidato tem
que lutar contra três dos oito membros originais. Se conseguir
sobreviver, torna-se um membro.

Enquanto Viper estacionava seu SUV no estacionamento,


ele quer implorar para não o fazer entrar. A única coisa que o
impede é saber que nem o irmão nem o pai fariam isso. Eles o
levariam a uma de suas casas em um piscar de olhos.

Saltando do carro assim que para e com medo de quebrar


se ficar, ele corre para a porta da frente antes que qualquer um
dos Riders atrás do SUV possa falar. Ele para abruptamente e olha
em volta descontroladamente, sua mente já procurando por rotas
de fuga.

O som de portas se abrindo atrás dele o faz pular para


enfrentar a ameaça que se aproxima com o peito ofegante.

“Filho, eu não vi você se mover tão rápido desde que entrei


no seu quarto para te acordar para a escola e te peguei se
masturbando.”

Reaper cora com a lembrança, seu coração acelerado se


abranda quando vê seus rostos perturbados.

Com os lábios cerrados, ele deixa Viper cuidar do seu check


in enquanto ele e Ton são escoltados para o seu quarto. É maior
do que ele esperava e não parece tão frio e impessoal quanto o
hospital. As portas da varanda dão para um jardim com um pátio
privativo e fechado, dando a impressão de ser um pequeno
apartamento em vez de uma sala cara para monitorar viciados
como ele.

Antes de Viper retornar a Treepoint, Reaper


prometeu a si mesmo que conversaria com ele sobre
o pagamento da conta por sua estadia. Viper não

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

falou sobre dinheiro com Reaper desde o seu retorno, e cada vez
que ele fala nisso, Viper e Ton lhe dizem que discutirão isso
quando ele estiver melhor. Não tinha discutido com eles, mas se
vai se reerguer, precisa descobrir em que situação ele está
financeiramente.

Viper disse a ele que Bedford havia roubado o dinheiro para


o equipamento da nova fábrica, e Reaper tem certeza — mesmo
que Viper não tivesse dito isso — que Bedford também roubou o
dinheiro de suas contas pessoais.

A mulher que o acompanhou até o quarto se apresentou


como enfermeira e disse que daria tempo para ele se instalar e que
o médico dele viria discutir seus medicamentos e tratamento.

“O sofá se torna uma cama. Eu poderia ficar...”

Abrindo a porta da varanda, Reaper sai, não dando a Ton a


oportunidade para mudar de ideia. Respirando fundo, ele tem que
se lembrar de que, mesmo que seja vigiado aqui, ele não está preso
aqui. Está livre. É um mantra que precisa se lembrar
repetidamente para não ficar furioso e não mais se sentir preso no
clube dos Road Demons, esquecido por Deus.

“Como está o quarto?” Viper pergunta, saindo para ficar ao


lado dele.

“Bom.”

Reaper olha para o irmão quando Viper fecha a porta.

“Taylor ligou quando eu estava preenchendo sua papelada.”

“O que ela disse?”

“Ela quer ver você.”

A alegria de ouvir isso foi silenciada pela consciência de


sua saúde frágil, tanto mental quanto física. Ele não é o
mesmo homem de quem ela se despediu.

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JAMIE BEGLEY

“Diga a ela que devemos esperar até que eu me sinta


melhor.”

Viper balança a cabeça para ele. “Você pode falar isso para
ela. Eu lhe dei seu número. Disse para esperar até hoje à noite.
Não queria jogá-la em você sem nenhum aviso.”

“Eu não estou pronto para falar com ela”, ele retruca
irritado por Viper ter lhe dado seu número sem ser autorizado.
Viper dá de ombros, imperturbável por sua raiva. “Essa é sua
decisão. Você não quer falar com ela, é simples — não atenda.”
Ele volta para a porta deslizante. “Agora, se você estiver pronto
para entrar, há algumas pessoas esperando para conhecê-lo.”

Reaper dá meia-volta, depois franze a testa ao ver um


homem e uma mulher conversando com Ton. “Quem são eles?”

“Calder é amigo de Killyama e a mulher é mãe dela.”

“Por que eles querem me conhecer? Killyama está aqui?”

“Não. Eles se ofereceram para se revezar em ficar com você.”

Os lábios dele se apertam. Reaper deveria saber que Viper


tinha um plano B quando ele não concordou em deixá-lo ou Ton
ficar.

“Antes de dizer não, basta conhecê-los, ok? Nenhum deles


foi informado sobre os Road Demons. Você pode contar a eles o
quanto quiser.”

“Que bem eles fariam...”

“Ambos são viciados em recuperação.” A voz de Viper fica


mais rouca enquanto fala. “Dê uma chance para mim e Ton. É
difícil deixar você, sabendo que, se ficar ruim, você não vai nos
contar, então pelo menos saberemos que você tem alguém a quem
recorrer...”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Reaper levanta a mão para detê-lo. “Não vou fazer nenhuma


promessa, mas um deles pode ficar alguns dias.”

Viper dá um suspiro de alívio, depois vai para a porta


quando começa a envolver o braço em volta dos ombros de Reaper,
mas Reaper corre para frente antes que Viper possa concluir o
movimento.

Acenando para as apresentações de Calder e Peyton,


enquanto evita o contato visual com seu irmão, ele acaba deixando
a reunião desconfortável.

“Ton e eu deixaremos você se instalar. Vejo você em alguns


dias.” Viper sorri, segurando a porta aberta para Ton.

Reaper o prende no lugar. “Alguns dias?” Ele reconhece a


expressão determinada que toma conta do rosto de Viper muito
bem.

“Estarei aqui pelo menos duas vezes por semana; uma vez
será no fim de semana para que Aisha e Winter possam vir. Ton
tem seu próprio carro, então espere algumas visitas dele. Os
irmãos lhe darão alguns dias antes de começarem a visitar.”

Seu pai corre pela porta, vendo a batalha prestes a


acontecer entre ele e Viper.

“Não quero visitantes até que eu esteja pronto”, ele


esbraveja.

“Eles não são visitantes”, Viper diz, saindo pela porta. “Eles
são irmãos.”

Reaper olha para a porta quando ela se fecha, então,


irritado vira a cabeça para o lado com o riso vindo do sofá.

Calder está com as pernas compridas espalhadas sobre a


mesa de café e começa a mexer no controle remoto da
televisão, enquanto Peyton o estuda por um momento
antes de dizer que vai procurar sua enfermeira para

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JAMIE BEGLEY

conseguir algo para ele comer. Ela sai da sala antes que ele possa
dizer que não está com fome.

“Eu também tenho um desses.” Calder ri mais com a


expressão irritada de Reaper.

“O quê?” Ele surta. “Um irmão mais velho super protetor ou


uma dor no pescoço?”

“Viper não é tão ruim.” Diversão aparece nos olhos de


Calder.

A diversão faz Reaper perder o controle de sua língua como


não tinha conseguido com seu irmão. “Tente viver de acordo com
um irmão que nunca estraga tudo. Fiquei com raiva dele e devolvi
o meu colete, perdi milhares de dólares da empresa, me
sequestraram e todos pensaram que eu estava morto por mais de
nove anos. A mulher com quem eu deveria me casar agora está
casada com outro homem e vai ter um filho, e estou preso aqui
porque, por mais que eu queira subir em uma moto, não tenho
força suficiente nem para fazer uma refeição completa e muito
menos sair daqui por vontade própria.”

Calder cruza as pernas nos tornozelos. “Tente viver de


acordo com um irmão mais velho que tinha milhares de dólares
em investimentos e desistiu de tudo para tentar me limpar depois
que eu comecei a usar, depois que matei meu pai. Não apenas o
dinheiro secou como também o casamento dele. Minha Old lady
me largou quando eu estava na prisão e, quando saí, o único
emprego que consegui foi para trabalhar para o meu irmão. Todos
os dias, enquanto trabalho, percebo que ele está se perguntando
se esse é o dia em que voltarei a usar.”

“Esta é sua primeira tentativa de reabilitação. Eu tive três.


Se eu não estivesse trancado tempo suficiente para me limpar,
ainda estaria usando. E apesar de toda a merda que ele fez
por mim, você sabe o que me incomoda sobre ele?”

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Reaper sente tremores sacudindo suas pernas enquanto ele


cambaleia até a cama para se sentar. “Não. O quê?”

“O maldito apelido dele. Stud”, ele bufa com inveja. “E você


sabe o que realmente coloca a cereja em cima da porcaria do meu
sundae?” Calder balança a cabeça para frente e para trás, levando
Reaper a fazer a pergunta que ele quer.

“Não. O quê?” Reaper cede, compadecendo-se com ele como


só um irmão mais novo podia.

“Ele se casou com uma mulher apelidada de Sex Piston e


ela é gostosa pra caralho.”

“Droga, isso é péssimo.” Reaper pode sentir sua dor.

Calder levanta as mãos em frustração. “Sim, pode ficar


pior?” Baixando as mãos, seu rosto fica triste. “Eu costumava
querer ser ele apenas por um único dia para ver como seria.”

Reaper levanta uma sobrancelha interrogativa. “Você não


quer mais?”

Calder balança a cabeça tristemente. “De jeito nenhum!


Finalmente tive que admitir que nunca seria homem suficiente
para ficar no lugar dele, nem mesmo por uma hora, muito menos
um dia inteiro.”

“Por que não?” Ele pergunta curiosamente, deitado na cama


e enfiando um travesseiro embaixo da cabeça.

Calder lhe dá um olhar dolorido de aceitação. “Eu mencionei


que ele é casado com a Sex Piston? Irmão, eu nunca desejaria
enfrentar esse desafio.”

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CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

“Você pode bloquear o número dela, se não quiser atender.”


Shade sugere do outro lado da mesa, colocando o guardanapo no
prato vazio.

Reaper levanta os olhos para longe do telefone celular sobre


a mesa do pátio. “Eu sei.”

O olhar de Shade encontra o dele. Ao contrário de Viper,


Ton e os outros irmãos que o visitaram, Shade não força nada.

“Você parece horrível. Precisa começar a comer mais.”

“Eu não tenho muito apetite.”

“Por quê? Por que seu estômago não pode tolerar comida ou
você simplesmente não se importa?”

Dando-lhe um sorriso sombrio, Reaper se prepara. Shade é


um homem brutalmente honesto e quaisquer que sejam as
concessões que ele tenha feito para Reaper estavam rapidamente
evaporando cada vez que ele ia fazer uma visita.

“Por que você está aqui, Shade? Não sinta que precisa
apenas porque os outros irmãos sentem. Não finja que tem um
pingo de sentimentos por mim. Eu te conheço muito bem.”

O olhar de Shade se torna aço. “Eu te conheço muito bem


também. O suficiente para saber que, se está esperando
para ver Taylor porque quer ficar parecido com como
era antes, então está perdendo seu tempo. Você é

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quem se gabou dela amar você, independentemente de quantas


medalhas você tivesse. Se ela te amasse tanto quanto você pensa,
ela não se importaria em como você está agora ou o que aconteceu;
ela ficaria feliz por você estar vivo.”

“Se Taylor me amasse, ela teria vindo me ver no hospital e


não tinha que pensar nisso. Quanto tempo ela esperou até
começar a namorar?”

“Quer mesmo falar disso? Não vou adoçar minhas respostas


para você.”

“Quanto tempo?” Reaper flexiona sua mandíbula.

“Um tempo. Para dizer a verdade, não acompanhei. Train foi


quem passou mais tempo com ela. Razer e eu estávamos em
Treepoint, tentando iniciar a fábrica quando Viper ligou e disse
que ela tentou se matar antes de Train vir para Treepoint. Ele ficou
até ela melhorar. Ela começou a namorar Burn antes dele se
juntar a nós.”

“Ela se casou com Burn?” Ele encontrou Burn algumas


vezes antes de sair do clube. Ele serviu na Marinha com Moon,
parou para visitá-lo e ficou. Foi assim que a maioria dos membros
se juntou.

“Sim.”

“Ele era um cara legal.” Tornando-se enjoado, Reaper


empurra seu prato ainda cheio de comida.

“Ele ainda é.” Shade assente. “Ele deixou o clube antes de


se casarem.”

“Eles são felizes?”

“Você terá que fazer essa pergunta a Taylor quando falar


com ela.”

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JAMIE BEGLEY

Reaper coloca a mão no telefone, silenciando-o quando ele


começa a tocar novamente. “Depois eu vou.”

“Como queira.”

“Viper mandou quem vigiar o clube dos Road Demons?”

“Rider e Moon.”

“Slate apareceu?”

“Não.”

O ódio pelo homem que havia destruído sua vida queima


mais, a cada dia que passa combatendo o vício que ainda faz dos
seus dias e noites uma prova de resistência.

Shade se inclina para frente em sua cadeira, obrigando


Reaper a se concentrar novamente nele, em vez das memórias
atormentadoras. “Escute-me; eu sei que você quer vingança. Slate
não vai te pegar, e se quiser capturar o filho da puta, terá que
esquecer o que ele fez com você — finja que os filhos da puta estão
mortos, se for necessário. O que precisa fazer é se concentrar em
melhorar. Então, quando estiver pronto, você poderá usar essa
merda estratégica em que se destaca para encontrar ele ou
qualquer outra pessoa que desejar.”

“Slate tem toda uma rede de amigos para se esconder.


Aposto que ele chantageou mais de três ou quatro para mantê-lo
seguro até agora, se não mais. Se eu percebi isso, você deveria ter
também. Você nunca entrou em uma batalha ou missão
despreparado, então não comece agora quando isso significa
muito para você. Porque, se não fizer e continuar deixando suas
emoções liderarem, você estará morto sem ninguém para culpar
além de si mesmo.”

Shade empurra o prato que Reaper descartou, novamente


na frente dele. “Agora coma a porra do sanduíche.”

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JAMIE BEGLEY

Reaper ansiosamente observa a porta, esperando Taylor


chegar. Ele está ciente de que Calder e sua namorada, Crazy
Bitch, haviam deixado o quarto para esperar no pátio, dando-lhes
privacidade.

Os nervos já agitados fazem sua respiração ficar presa na


garganta quando a porta se abre.

Ela está tão bonita quanto ele se lembrava. Seus olhos


luminosos já estão brilhando com lágrimas quando ela entra pela
porta.

Onde está o batimento cardíaco acelerado que ele pensou


que teria?

Confuso com sua reação ele se levanta, ainda sem ter


certeza se deve dar o primeiro passo para abraçá-la ou esperar
que ela o faça. Nas fantasias dele, ela correria para os seus braços.
Em vez disso, ela apenas fica lá, olhando para ele com tristeza
enquanto gira uma aliança que não foi ele a colocar em sua mão.

“Você ainda é tão bonita quanto eu me lembro.” Nervoso, ele


dá um pequeno passo à frente e depois para, sentindo-se incerto.

“Quando Viper me disse que você estava vivo, eu não podia


acreditar. Ainda não acredito que seja verdade”, ela sussurra em
lágrimas. “Eu senti sua falta.”

“Sonhei com você todos os dias; foi o que me manteve vivo.”

Taylor olha para suas mãos enquanto ela continuamente


torce seu anel de casamento. “Eu sou casada. Teremos um
bebê.”

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JAMIE BEGLEY

“Você está feliz?” Medo de que ela esteja ou não, aperta seu
estômago em indecisão, sem saber qual resposta ele quer ouvir de
seus lábios.

“Eu estava...” Sua voz trêmula se torna mais firme. “Nós


somos.”

“Eu nunca deixei de te amar.” Ele deixou? Ele procura


interiormente o sentimento de amor que uma vez sentiu por ela,
arranhando cegamente para encontrar um elo para aproveitar a
agonia do que está sentindo — há apenas a mesma desconexão
com ela que com todos os outros do seu passado.

Ele imaginou se encontrar com ela tantas vezes... era o que


mantinha sua sanidade. Sem ela, não restaria nada dele. Ele já
sabia que o velho Gavin se foi, mas tinha esperança de que a parte
dele que pertencia a Taylor o manteria no chão e não o deixaria
ceder ao desespero pela vida que tinha brutalmente perdido. Agora
definitivamente está perdida para ele.

“Não vou deixar meu marido por você. Construímos uma


vida juntos. Talvez eu não o ame do jeito que te amei, mas é bom.
Eu nunca seria o suficiente para você e com Burn, sou tudo o que
ele quer.”

“Não diga isso. Eu farei o que você quiser”, ele implora,


sentindo como se houvesse uma parede invisível entre eles.

Por que não estou tentando escalar essa parede e segurando-


a em meus braços? Tristeza profunda o invade, sabendo a
resposta, mesmo que seja a última coisa que ele quer admitir. Ela
é casada e carrega o filho de Burn. Tentando fazer com que Taylor
quebre seus votos, ele alterna entre querer ter sucesso e sentir
repulsa por si mesmo.

“Sinto muito, Gavin. Sinto muito... eu não deveria ter


vindo. Eu só precisava te ver uma última vez e me
despedir pessoalmente.” Virando, ela vai até a porta.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Não vá”, ele implora, sentindo como se ela estivesse


sugando o ar dele, quanto mais longe ela se move. “Por favor,
fique... eu te amo”, novamente ele implora impotente.

“É a primeira vez que diz que me ama e eu realmente


acredito”, ela diz de costas para ele.

“Eu te amo!” Ele grita, agarrando-se freneticamente ao


encontro que ele havia imaginado e não ao que estava realmente
acontecendo.

“Se você tivesse dito isso antes de partir para Treepoint, não
estaríamos nessa posição. Não vou deixar Burn, porque ele fez por
mim o que você nunca esteve disposto a fazer.”

Reaper fecha os olhos em agonia. “Taylor...”

“Adeus, Gavin.”

“Por favor, não vá embora... fique e converse comigo.”

“Eu não posso.”

Com seus pés enraizados no chão, ele não faz nenhuma


tentativa para detê-la. Ele não conseguiu. Gritou o nome dela para
que voltasse, aliviado por ela ter feito o que ele não tinha sido
capaz de fazer por si mesmo. Ela mostrou a ele que é forte e nunca
precisou dele. Ela será feliz com Burn de uma maneira que nunca
seria com ele, porque Burn é forte o suficiente para sobreviver sem
os Last Riders e sua única tentativa de se separar do clube
mostrou o fracasso que tinha sido.

Gemendo em desespero, ele pega o controle remoto da


televisão, jogando-o em uma foto emoldurada dos Last Riders na
parede que Peyton havia dado a ele. “Taylor, volte!”

Foi Gavin, com 25 anos, que se dirigiu para a porta, incapaz


de voltar à realidade de que o amor que tinha por Taylor, o
único salva-vidas que o manteve vivo, se foi.

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JAMIE BEGLEY

Ele é puxado para trás quando alcança a maçaneta da


porta.

“Taylor, volte!” Enfurecido por não ser forte o suficiente para


se afastar dos braços de Calder, ele tenta desesperadamente
chegar à porta.

“Deixe-me ir, Calder. Não quero machucá-lo, mas


machucarei se não o fizer.”

“Taylor! Deus... por favor, não me deixe.”

“Gavin, ela se foi. Não dificulte para ela.” Calder o aperta


mais forte.

“Dificultar para ela? E quanto a mim? Ela é a única razão


pela qual estou vivo.”

Ouvindo suas próprias palavras, ele para de lutar contra


Calder. Se o amasse, ela voltaria quando o ouvisse chamá-la.
Mesmo se ele não amasse mais a mulher, ele teria voltado e
conversado com ela se as posições fossem invertidas.

Cegamente ele se senta na cama, olhando para a parede em


branco onde a foto estava pendurada. Slate havia lhe dito que
Taylor o queria de volta. Em sua mente, ele podia ver Slate rindo
dele.

Palavras incoerentes tentam filtrar através do riso maníaco


de Slate. O corpo imaginário de Slate cresce em tamanho,
impedindo-o de alcançar as vozes que estão tentando chamá-lo de
volta. Afogando-se no mar das provocações maliciosas de Slate,
não consegue subir à superfície. Mesmo que o faça, ele não tem
como permanecer à tona sem Taylor.

Ele não luta quando as mãos o deitam na cama, ou quando


sente uma picada de agulha, agradecido pelo esquecimento que
vem, não se importando que não provoquem a mesma
aceleração que as drogas que Butcher lhe dava,

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

permitindo-lhe encontrar a única saída que pode — através do


sono.

Ele se senta do lado de fora, olhando sem sentido para o


muro branco de concreto que o mantém no interior destas
paredes. E a única barreira que resta para proteger o mundo de
Reaper e o que ele acredita ser a única coisa que o mantém
afastado de Taylor.

Pensamentos únicos giram em sua mente, e cada um deles


é tão ruim quanto as coisas que lhe foram feitas naquele porão.

Eu gostaria que eles nunca me encontrassem.

Então eu nunca saberia que ela seguiu em frente.

Que ela está carregando um filho que não é meu.

Eu ainda poderia estar lá embaixo.

Apenas morreria lá como eu deveria.

E aquelas fitas... teriam morrido comigo...

Cada pensamento se torna mais difícil de formar em seu


estupor apático, enquanto o calor irradia de uma mão colocada
em seu ombro. É como se ele estivesse sendo puxado das
profundezas mais escuras do oceano até flutuar logo abaixo da
superfície, vendo o sol brilhar através da água.

Uma canção comovente enche a água, chamando por ele. A


voz triste que ele ouviu naquele dia na igreja de Lucky o
faz querer encontrar o consolo que a voz promete... até
que ele finalmente alcança... rompendo a água.

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JAMIE BEGLEY

Reaper balança a cabeça como se estivesse piscando a água


dos olhos e se vê sentado à mesa na varanda, e um homem está
sentado na cadeira ao lado dele. Normalmente, ele teria
perguntado por que diabos o homem está lá, mas sente uma
súbita tranquilidade que o mantém estranhamente calmo.

“Eu te reconheço. Você veio com Shade uma vez quando


cheguei aqui.” Reaper se lembra do breve encontro. O homem
chegou, mas depois de ser apresentado, saiu rapidamente,
dizendo que esperaria Shade no carro.

“Greer Porter”, o homem se apresenta. “Eu bati; você não


me ouviu, então esperei cinco minutos para você dizer ‘vá se foder
ou entre’, mas não tenho o dia todo para desperdiçar”, ele explica,
depois acena com a cabeça para a comida intocada no prato de
Reaper. “Você vai comer isso?”

Reaper olha para o sanduíche pouco apetitoso. Quando foi


mantido em cativeiro, jurou nunca mais comer outro sanduíche,
mas eles são a única coisa que consegue comer sem vomitar.

“Não, pode ficar com ele.” Pelas feições pálidas, Greer parece
precisar mais do que Reaper — e isso diz muito.

“Obrigado. Agradeço a hospitalidade.”

Reaper vê Greer desdobrar cuidadosamente um


guardanapo, colocando o sanduíche dentro. Então ele o embrulha
cuidadosamente antes de olhar para ele.

“Você nunca vai colocar carne nesses seus ossos magros


comendo sanduíches insignificantes como este. Alguns T-bones
engordam em pouco tempo. Se eu tivesse um irmão tão rico
quanto Viper, comeria bife todas as noites e alguns no almoço,
provavelmente um pouco em um lanche a meia-noite. Por que você
está se contentando com sanduíches de queijo?” Ele questiona.
“Há uma boa churrascaria a cerca de 1,6 km daqui. Fiz
Shade me levar lá quando eu vim aqui com ele.”

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“Eles são a única coisa que consigo segurar no estômago”,


ele admite sentindo como se fosse uma criança de dez anos sendo
repreendido.

“Então peça dois. Coma um e, quando vomitar, coma o


outro. Você poderá manter o segundo. Se não, quem se importa?
Você comeu dois bifes.”

Reaper olha para o homem que está rindo de sua própria


piada, começando a entender por que Shade estava de mau humor
o tempo todo que esteve lá com Greer.

O rosto de Greer fica sério quando Reaper não ri de seu


humor. “Se seu estômago está com problemas pare de tentar
comer comidas congeladas. Basta dar algumas mordidas de cada
vez. Se você puder manter, dê mais algumas mordidas. Comece
devagar. Eu iria com o bife de lombo e depois me esforçaria até
um desses T-bones. Eles têm uma promoção especial agora; você
pode conseguir camarão ilimitado. Coloque alguns desses bebês
em sua boca com alguns pedaços de bife e você ficará novo em
folha em pouco tempo.”

“Apenas não diga a eles que eu te enviei. Eles ainda podem


estar um pouco irritados comigo. Jantei lá ontem à noite. O
gerente teve que enviar um trabalhador para outra loja para pegar
mais camarão. O gerente insignificante não me deixou entrar hoje
à tarde quando fui almoçar lá. Vou falar com Diamond — a esposa
de Knox — quando eu voltar para casa. Acho que eles violaram
meus direitos constitucionais ao se recusarem a me servir. O que
você acha?”

Reaper quer dizer que ele é louco pra caralho, mas se


contém, com medo de fazer o homem começar outro discurso
retórico. “Eu não sei.”

“Vou te informar sobre o que eu descobrir depois de


falar com ela. Você já a conheceu?”

“Não.”

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“Ela é uma advogada decente. Minha esposa trabalha para


ela. Quando você a conhecer, não mencione meu nome. Eu e ela
tivemos negócios no passado. Ela fica um pouco irritada quando
ouve meu nome. Se precisar dos serviços dela, garanta um
pagamento fixo ou vai ajudá-la a comprar mais de um daqueles
sapatos caros que ela ama.” Reaper observa o homem em silêncio
atordoado. Ele não cala a boca.

“Droga”, Greer xinga, olhando para o relógio. “Tenho que ir.


Minha velha vai se perguntar por que não estou em casa para
jantar. Um conselho: case com uma mulher que saiba cozinhar.”

“Ah, a propósito... eu esqueci o que vim fazer.” Levantando-


se, ele dá a volta na cadeira de Reaper para pegar uma caixa que
está no chão. Reaper não entende como foi parar lá. “Eu preciso
deixar isso aqui para alguém pegar. Você tem um lugar que eu
possa esconder?”

Olhando para a caixa grande, Reaper balança a cabeça.

Greer o ignora, carregando a caixa pelo quarto e a enfiando


no armário.

Reaper olha boquiaberto para ele. “Você não pode deixar


isso aqui.”

“Por que não? Não há nada ilegal dentro. Quero que saiba
que sou oficial da lei... por meio período” esclarece, voltando à
mesa do pátio para pegar o sanduíche. “Você pode abrir se quiser.
Apenas entregue a quem pedir.”

“Quando virão buscar?”

“Não sei.”

Greer se move para o lado dele, colocando a mão em seu


ombro. “Peça esse bife, está me ouvindo? Você será capaz de
mantê-lo no estômago. Quando você voltar a Treepoint,
peça a Shade para levá-lo à minha casa. Vou
apresentá-lo a minha velha e as crianças. Shade

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disse que você gosta de acender um de vez em quando;


celebraremos o seu regresso a casa em grande estilo. Claro,
teremos que ir ao celeiro. Minha mulher fica um pouco sensível se
fumarmos ao seu redor e das crianças.”

“Você sabe que estou aqui porque sou um viciado em


recuperação, certo?”

“Claro. Eu pareço estúpido? Não estou lhe oferecendo um


agora. Eu disse quando você voltar para Treepoint.”

O rosto de Reaper se torna frio. “Eu nunca voltarei para


Treepoint.”

Os lábios de Greer se curvam em um sorriso. “Por que não?


O que você tem contra o Kentucky? Loretta Lynn nasceu lá. Você
gosta de música, não gosta?”

“Sim.”

“Além disso, você vai gostar de morar em Treepoint agora


que me conhece.”

Reaper não acha que seja um ponto a favor do Estado.


“Nunca mais vou pisar em Treepoint novamente.”

“Deixe-me dar outro conselho. Nunca diga nunca. Jurei que


nunca me casaria com uma mulher que não soubesse cozinhar.
Pergunte-me o quão bem isso acabou. Holly não sabe fazer uma
travessa de pão de milho se sua vida depender disso, e eu tenho
que me sentar à mesa todos os domingos e fingir que é o melhor
que já provei.”

“O nunca dura apenas o tempo que uma mulher leva para


mudar de ideia. Eu deveria saber; sou especialista em mulheres.
Tinha três mulheres querendo se casar comigo. Quantas mulheres
querem se casar com você?”

“Nenhuma”, ele resmunga entre os dentes


cerrados.

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“Viu? Essa é outra razão para vir para o Kentucky — vou


casar você em pouco tempo. Estou disposto a verificar as
habilidades culinárias antes de apresentá-lo a elas. Claro, eu
espero uma comissão se você decidir fazer a proposta...”

“Eu pensei que você precisava sair?” Reaper o interrompe.

“Você está tentando me empurrar pela porta?” Greer dá um


pulo, assumindo que Reaper está tentando expulsá-lo.

“Sim.”

“Legal. Eu respeito um homem honesto. Preciso estar na


estrada de qualquer maneira. Eu mencionei que não deve contar
a ninguém que eu estive aqui ou sobre a caixa até que alguém
pergunte?”

“Não, você esqueceu essa parte.”

“Agora você sabe, então é isso. Eu não gostaria que você


estragasse a surpresa.”

“Você tem certeza de que está bem o suficiente para dirigir?”


Por mais que ele queira que Greer vá embora, o homem parece
mais doente a cada momento.

“Ficarei bem quando comer e dormir um pouco. Se eu não


estivesse escondido, pediria a um dos Last Riders que está
observando o prédio para me levar para comer antes de ir para
casa.”

“Os Last Riders estão me observando?”

“Você não acha seriamente que qualquer um deles não se


certificaria que você está são e salvo antes que possam levá-lo para
casa?” Greer bufa incrédulo.

“Se você está escondido, como entrou?”

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“O dia em que eu não puder ser mais esperto que um Last


Rider é o dia em que meus familiares me enterrarão.”

“Se dinheiro é um problema, há dinheiro na gaveta sob o


micro-ondas.”

Greer lhe dá um olhar pesaroso. “Eu não posso tirar


dinheiro de você.”

“Não é meu dinheiro; é do Viper. Ele deixou para Peyton ou


Calder, caso eu queira comida nos restaurantes próximos.”

“Nesse caso, eu posso levar o suficiente para pegar um


hambúrguer no caminho de casa.”

Reaper se vira na cadeira para observar Greer entrar na


pequena cozinha. Abrindo a gaveta, Greer pega o dinheiro antes
de vir para a mesa para mostrar a ele. Desdobrando o maço de
dinheiro, Reaper não perde o brilho avarento nos olhos de Greer.

Apontando duas notas de dez para cima, Greer as coloca no


bolso da camisa da frente. “Isso vai me comprar um bom
hambúrguer. Estou com pouca gasolina; você se importa se eu
levar o suficiente para chegar em casa? Viper pode pagar.”

Reaper aperta seus lábios. “Vá em frente.” Ele daria tudo


aquilo se Greer fosse embora.

“Obrigado. Fico agradecido.” Greer pega mais três notas de


vinte. “Minha caminhonete tem um tanque grande.” Empurrando
os sessenta dólares no bolso para adicionar aos vinte que ele já
pegou, ele dá a Reaper um olhar sofrido antes de colocar o
dinheiro restante na mesa.

Reaper diz a si mesmo para não perguntar, mas não


consegue se conter. “Precisa de mais alguma coisa?”

“Agora que você mencionou, a churrascaria sobre a


qual eu estava falando tem outro restaurante a

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caminho de casa. Eu poderia parar por lá e respirar. Isso é... se


você não se importar?”

Reaper range os dentes. “Fique à vontade.”

“Obrigado.” Greer pega o dinheiro novamente, retirando


cinco notas de vinte.

“É um bife caro.”

“Eles cobram $9,99 a mais pelo camarão ilimitado, e eu


sempre gosto de dar uma boa gorjeta.”

Colocando os cem dólares no bolso, ele larga o dinheiro


restante na mesa e pega o sanduíche que ele largou.

Reaper olha para ele por pegar o sanduíche quando está


indo a um restaurante.

“Isso me dará algo para comer durante a viagem. Além


disso, eu disse que você precisa de carne vermelha. Não se
esqueça de pedir a Calder que peça uma quando voltar, ele foi
buscar Peyton no apartamento dela.”

“Como...?”

Greer bate na testa. “Eu não seria um Porter se deixasse


algo passar por mim. Os Last Riders precisam começar a pensar
como eu.”

“Vou dizer a eles que você disse isso.”

“Faça isso. Apenas espere até que alguém venha buscar


essa caixa.” Puxando o cinto da calça jeans, Greer assente. “É bom
vê-lo novamente e obrigado pelo dinheiro. Também vou agradecer
ao Viper. Claro, vou ter que esperar...”

“Até que alguém venha buscar a caixa”, Reaper termina


para ele.

“Claro.” Greer sorri então sua expressão muda


como se uma ideia viesse a ele. “Por outro lado, vou

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lhe fazer um favor. Vou colocar esse dinheiro em uma conta para
você.”

“Para mim?” Greer se tornou o paciente aqui? O homem é


mais louco que ele.

Greer assente seriamente. “Sim. Vou encontrar uma esposa


para você.”

Reaper quer estrangular o homem. Ele coloca as mãos sobre


a mesa para ajudar a se levantar.

Uma mão firme o empurra de volta.

“Não é preciso se levantar para me agradecer. Eu já tenho


uma mulher em mente para você. É claro que terei que provar a
comida dela antes de poder apresentá-lo, mas se ela puder
cozinhar pão de milho, podemos engatá-lo rapidamente. Vou
manter contato.” O homem pega o dinheiro restante e guarda na
gaveta.

“Greer?” Reaper chama antes que ele possa sair pela porta.

“Sim?”

Revirando os olhos, Reaper fica novamente tentado a


estrangulá-lo, mas ele quer ter certeza de uma coisa antes de sair.

“Você tem meu número de telefone?”

Greer dá a ele um sorriso de gato Cheshire. “O que você


acha? Eu sou um Porter, não sou?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ele está secando o cabelo quando Peyton e Calder entram


em seu quarto, olhando para ele como se nunca tivessem o visto
antes.

“Você está melhor”, Peyton diz, hesitante, dando a Calder


um olhar surpreso. Calder parece atordoado.

“Eu me sinto melhor. Calder, você se importaria de sair


novamente para trazer algo para eu comer?”

“Vou chamar a enfermeira e pedir para trazer...”

“Não, estou com vontade de comer de fora.”

Calder e Peyton se entreolham antes de voltarem para ele.

“Eu posso conseguir o que você quiser.”

“Bom. Há uma churrascaria nas proximidades; você pode


me pedir um lombo pequeno? Eu gosto mau passado.”

O rosto de Calder abre um sorriso feliz. “Eu volto já.”

O estômago de Reaper começa a doer só de pensar na


comida. Engolindo em seco, ele força as próximas palavras. “Peça
dois.”

Saindo pela porta lateral, vestindo apenas short e tênis,


Reaper respira fundo, enchendo os pulmões de ar fresco enquanto
o vento sopra as folhas nas árvores. Os terrenos particulares do
centro de reabilitação são pitorescos, dando a ilusão de liberdade
enquanto as câmeras estrategicamente colocadas em torno
dos terrenos monitoram os pacientes.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Levantando o queixo, ele deixa o sol bater em seu rosto,


aproveitando o calor.

Começando a caminhar, coloca o fone de ouvido sem fio e


gradualmente aumenta sua caminhada para uma corrida,
enquanto ouve música. Respirando fundo enquanto diminui a
velocidade, ele ultrapassou o limite que havia estabelecido para si
no dia anterior. O ódio o motiva a seguir em frente, enquanto faz
planos para sua vingança.

Ódio por Slater.

Butcher.

Ink.

Vamp.

Count.

Todos os nomes e mais alguns que foram tatuados em sua


alma para sempre, como as tatuagens escuras pintadas em sua
pele.

Reaper começa a correr novamente, desta vez diminuindo a


batida de um coração que não tem mais nada a perder...

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Reaper olha para a mala na cama. Arrumando


cuidadosamente o colete dos Destructors que Stud lhe deu e o
colete dos Blue Horseman que Calder lhe deu, ele fecha a mala
antes de colocá-la na posição vertical no chão.

Pegando o terceiro colete que está na caixa que Greer pediu


para guardar, ele vai para a porta quando Viper entra em seu
quarto.

“Eu assinei a ordem de dispensa. Estou pronto para sair.”


Ele dá ao irmão um olhar impaciente. Viper deveria estar lá trinta
minutos atrás.

Seu irmão deixa a irritação de Reaper escorregar de seus


ombros. “Eu estava cuidando da conta e tive que esperar e assinar
os remédios que eles querem que você continue tomando.” No
passado, Viper teria retrucado a ele em vez de explicar o que levou
tanto tempo.

Pegando o papel da alta, Reaper entrega o seu colete a Viper


e depois abre a parte superior da mala para colocar o papel dentro.

“É seu agora”, Viper protesta.

“Não sou digno.” Enojado com as lembranças dos atos que


ele foi forçado a realizar por ordem de Slate, ele não merece tocar
o colete, muito menos usá-lo em seus ombros.

Crazy Bitch e Calder pediram a caixa.


Tirando-a do armário, Crazy Bitch explicou que

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JAMIE BEGLEY

era para ele. Abrindo a caixa, havia três coletes, cada um com
diferentes patches e nomes de clubes nas costas.

Dando um passo à frente, Crazy Bitch tocou no que estava


por cima. “Este é do Stud. Como presidente dos Destructors, ele
está lhe dizendo que eles sempre estarão com você. No bolso tem a
chave de uma moto. Pertencia a Stud, mas agora é sua.”

Calder pegou o colete Blue Horsemen, estendendo-o para


tirar as chaves do bolso. “Este é o meu colete. Como presidente dos
Blue Horsemen, e irmão, eu sempre estarei com você.” Reaper
pegou a segunda chave que lhe foi entregue. “Essa é a chave da
minha moto. É sua. Stud colocará as duas motos em um trailer e as
estacionará no clube dos Last Riders amanhã.”

Ele reconheceu o terceiro colete quando Calder colocou a mão


no bolso e puxou outra chave.

“Você não precisa que eu lhe diga que esse é o colete de Viper
ou que os Last Riders estarão com você; você já sabe disso.” Calder
colocou a chave na mão de Reaper.

Reaper só podia olhar para os coletes e chaves. Os


presidentes de clubes não desistiam de seus coletes ou motos.

“Viper disse que pilotará para você, mas que você precisa
andar na sua própria moto. Eles querem que você saiba que é hora
de voltar para casa.”

Indo para o armário, ele pega uma jaqueta de couro preta e


dá de ombros. Ele nunca será um homem que mereça vestir o
colete de Viper.

Apertando a mandíbula, ele pega a mala, deixando Viper


segui-lo. Quando ele foi internado no centro de tratamento, ele
mal pesava 45 quilos. Os médicos disseram que era um milagre
que seu coração ainda estivesse batendo. Reaper não achou
que fosse um milagre; ele sabia que seu coração não
existia mais.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ele não olha para o quarto onde suportou a agonia da


abstinência das misturas de drogas de Butcher. Levou meses para
ganhar força suficiente para sair por conta própria. Sem a mãe de
Calder e Killyama, ele teria sido levado para a maca de um médico
legista.

Foi uma luta longa e difícil combater as substâncias


viciantes com as quais ele foi envenenado por anos. Slate poderia
não se importar se ele comesse ou bebesse todos os dias, mas ele
se certificou de que algo fosse injetado em sua veia para mantê-lo
sob seu controle.

Sua salvação foi a determinação de reconstruir o corpo que


Slate havia feito tudo que estava ao seu alcance para destruir.
Cada dia que passava na reabilitação, depois de ficar forte o
suficiente para começar a se exercitar novamente, era usado para
fortalecer seus músculos. Comer calorias suficientes para os
treinos foi a parte mais difícil. Ele odiava admitir, mas dar
pequenas mordidas tinha funcionado. Gradualmente, ele ficou
mais forte até poder tolerar exercícios mais longos e o aumento de
calorias restaurava sua aparência abatida. Ele pesava mais agora
do que quando havia sido sequestrado, seus músculos definidos
e esculpidos com o treino desafiador que fazia duas vezes por dia.
Peyton trouxe quatro tamanhos diferentes de roupas para ele usar
durante sua estadia. A camisa e o jeans que ele estava vestindo
agora já estavam ficando muito apertados, mostrando que o corpo
por baixo é tudo menos frágil.

Andando em direção às portas de vidro deslizantes, ainda


parece que um de seus captores está esperando para sequestrá-lo
novamente. Ele não conversou com Viper sobre onde planeja
morar para reconstruir sua vida. Cada vez que Viper fala sobre
isso, Reaper o ignora. Ele tem apenas uma coisa em mente e até
que isso seja resolvido, não há necessidade de pensar no que
acontecerá a seguir.

Parando antes das portas serem ativadas, está


prestes a pedir sua arma para Viper — ele não quer

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

sair em campo aberto sem uma arma — quando Killyama e Peyton


entram pela porta.

Enquanto as mulheres caminham em sua direção, ele pensa


sobre como se não tivessem afirmado o relacionamento, ele não
teria acreditado que eram mãe e filha. Killyama tem o dobro da
altura da mãe; Peyton é pequena. Enquanto as duas são
femininas, a mãe chama a atenção de um homem e Killyama o
deixa de boca aberta. Suas personalidades são igualmente
diferentes. Peyton exala carinho e maternidade e nenhuma dessas
características se aplica a Killyama.

Quando Killyama o visitou no centro de reabilitação, ele


esperava a mesma ternura e bondade que ela demonstrou quando
o levou para fora do clube dos Road Demons. Não foi isso que ele
conseguiu.

Ela é uma espertinha com uma língua rápida que pode


rasgar um homem em pedaços com uma palavra. Conquistando o
amor de Killyama, Train merecia outra medalha para acompanhar
as que ganhou nas forças armadas que decoravam seu uniforme.

Peyton dá um sorriso sentimental quando ela se aproxima.


“Você está fantástico.”

Preparando-se, ele não se afasta quando Peyton estende a


mão para abraçá-lo. Abraçando-a desconfortavelmente, ele olha
para a pequena mulher que o ajudou a enfrentar as piores crises
de abstinência. Ela e Calder se revezaram em ficar com ele,
encorajando-o quando ele precisava e dando a verdade brutal de
que tudo ficaria muito pior antes de melhorar.

Ele descobriu isso depois que Taylor veio vê-lo.

A fantasia que ele construiu durante sua recuperação o


levou a ter a pior das crises. Essa fantasia deles juntos terminou
no dia em que ela veio vê-lo.

Por mais que Taylor tivesse jurado amá-lo, ela


nunca foi sincera com ele sobre ela querer — não,

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JAMIE BEGLEY

precisar — que ele se separasse dos Last Rider. Ela conseguiu isso
com seu atual marido. Quando ela veio vê-lo e se recusou a ficar
e conversar com ele, foi uma remoção da necrose, deixando-o
vulnerável e exposto enquanto ela se afastava.

Ele não se lembra do que aconteceu depois que ela saiu. O


médico tinha um termo clínico, mas a maneira que Crazy Bitch
disse era mais adequado. Ele fugiu da realidade e teve que ser
medicado por três dias; a próxima coisa que ele se lembra é que
Greer Porter estava sentado com ele. Depois que Taylor saiu, ele
percebeu que ela tinha feito um favor ao vir.

Com a última ilusão de que ele conseguiria uma vida


normal, o amor que ele sentia por ela foi destruído, deixando uma
concha dura e com cicatrizes no seu coração, cujo único objetivo
era bombear sangue cheio de gelo para um órgão que não tinha
mais a capacidade de manter emoções duradouras para qualquer
pessoa, inclusive ele próprio.

Fisicamente e emocionalmente, ele não quer ninguém perto


dele, a única exceção que fez foi Calder e Peyton. Eles
conquistaram sua confiança, mas mesmo com eles, manteve o
contato estritamente necessário.

Ele permite a Peyton um abraço de cinco segundos, antes


que ele se solte. Ela olha para ele com orgulho, soltando as mãos
para pegá-lo. “Eu estava aqui no seu primeiro dia e queria estar
aqui no seu último dia.”

“Nunca serei capaz de retribuir o que você fez por mim.”

Afastando as mãos, ele cumprimenta Killyama. Ao contrário


de sua mãe, ela não faz nenhuma tentativa de tocá-lo, mas o
examina dos cabelos às botas.

“Eu não diria que você está fantástico, mas você parece
muito bem. Se Train e eu já não estivéssemos ligados, eu
e você poderíamos ter alguma coisa.”

Reaper levanta uma sobrancelha.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Killyama usa uma calça de couro apertada e camiseta que


diz Sai da frente idiota ou atropelo sua bunda. Ela também tem
uma arma no coldre no quadril.

“Com licença, você não pode carregar uma arma aqui.” Um


segurança sai de trás da recepção.

“Não vi nenhum aviso que eu não possa carregá-la.”

“Armas pessoais devem ser guardadas.”

“Você sabe o quão quente está lá fora?” Ela esbraveja.

“Senhora, você precisa sair ou eu serei forçado a pegar sua


arma e chamar a polícia.”

“Chame-os. Não tenho medo da polícia, Aspirante-a-policial-


de-verdade.”

“Rae!” Peyton agarra a filha pelo braço e a puxa para a porta.


“Sinto muito, senhor. Ela irá embora e não será mais problema.”

O segurança estufa o peito. “É melhor ela não ser.”

Reaper está atento e conhece os sinais de um ataque


iminente. A mulher que foi tão gentil com ele na noite em que foi
salvo tem um temperamento explosivo que ainda o impressiona.
Isso e o fato dela ser filha de Peyton.

Reaper bloqueia o segurança, acenando para Killyama ir até


a porta. Ela bufa e depois sai, afastando-se da mãe.

“Rae pode ser um pouco temperamental”, ela diz quando ele


e Viper chegam ao seu lado.

“Você tem certeza de que não houve uma troca no dia em


que você a teve?” Reaper não pode deixar de perguntar quando as
portas se abrem.

“Ela tem a personalidade do pai.”

“Você disse que a esposa dele o matou.”

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JAMIE BEGLEY

“Sim, ela matou. Deus guarde a sua alma.”

“Você já pensou em esconder as armas do Train para que


ela não possa pegá-las?”

Quando saem do prédio, há uma pequena área com bancos.


Todo o estacionamento da frente é um espaço para deficientes, e
está cheio com vários veículos. Quando passam pelos bancos ele
vê que o estacionamento está cheio de motos e duas vans. Train
está ao lado de uma das vans e Hammer e Jonas estão parados ao
lado da outra. Killyama está entrando furiosa na van onde Train
está parado.

“Meu carro está ali.” Peyton aponta para um pequeno


Honda cinza. “Eu sei que você tem todos os seus amigos
esperando. Só queria dar uma passada e desejar-lhe tudo de bom.
Só porque não seremos melhores amigos, não significa que não
vou esperar uma ligação a cada dois dias para me informar como
você está.”

“Eu posso fazer isso.” Reaper sabe o que ela está esperando.
Curvando-se, dá-lhe um abraço de despedida e a deixa dar um
beijo rápido em sua bochecha antes de se afastar dela. Então ele
e Viper observam enquanto ela caminha para o carro.

“Eu pretendo pagar-lhe por ficar comigo”, Reaper diz ao


irmão.

“Ela não aceita dinheiro. Eu tentei.”

Quando tem certeza de que ela está em segurança no carro,


eles se viram para os homens que lotam o estacionamento.

“Por que os Last Riders estão aqui?” Reaper mantém sua


atenção em Viper, já que não viu alguns dos Last Riders desde o
seu cativeiro. “Eu pensei que seríamos apenas nove?”

Viper enfia a mão no bolso da jaqueta e tira uma


arma, entregando-a a ele. “Também pensei. Eu não
disse a eles que você sairia hoje. Mas os outros

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descobriram quando marquei o dia. Eles já estavam nas motos


quando cheguei ao estacionamento. Como eu poderia dizer não a
eles?”

“Você nunca teve problemas para dizer não em sua vida.”


Colocando a arma nas costas, ele caminha em direção a sua moto.

Viper senta-se na moto ao lado da dele e coloca a chave na


ignição.

Reaper joga a perna sobre o assento para ligar a sua. “Eles


sabem que estamos chegando?”

“Tenho certeza de que eles esperam desde a sua fuga.”

“Bom.”

A seis quilômetros do clube Road Demons, eles param em


um posto de gasolina para reabastecer. Depois de cada tanque
estar cheio, eles vão até o lado do estacionamento para os
membros originais olharem a planta da casa que Jonas havia feito.
Hammer dá instruções breves e concisas sobre a responsabilidade
de cada pessoa no ataque. Reaper não presta atenção em nada
disso, seu sangue fica cada vez mais frio quando Hammer aponta
para diferentes áreas da casa.

Ver a planta da sua câmara de horrores, onde cada


quadrado isolado continha mais lembranças de sua degradação
do que ele podia contar, é um lembrete macabro da tortura que
ele resistiu.

O sol está começando a se pôr quando Hammer dobra a


planta. “Não haverá muitos por lá”, Hammer diz a ele. “A maioria
deles correu como pulgas quando você escapou. Os covardes nem
se deram ao trabalho de voltar ao clube para buscar suas coisas.
Jonas tem rastreado eles para nós. Até agora, conseguimos
encontrar Raff e Ink.”

Reaper nunca esperou que nenhum dos que ele


queria estivesse lá, apenas os idiotas drogados que

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JAMIE BEGLEY

não tinham para onde ir. Hammer pega o telefone, dando-lhe um


olhar pensativo, entregando-o apenas quando Viper assente.

Reaper olha para a foto do homem ao telefone, ciente de


Killyama se aproximando de seu ombro. Ela está em pé na parte
de trás da van que Train está dirigindo, ficando para trás
enquanto os homens conversam.

“Foi o que tirei na saída.”

Ele não tira os olhos da foto. “Esse é Chain.”

“Não é mais”, Killyama diz com orgulho.

“Role para o lado. Essas são as outras que tiramos.”

Reaper desliza o polegar para o lado. Ele não reconhece


nenhum dos outros. Nenhuma das imagens evoca lembranças de
vê-los durante o seu cativeiro.

Ele pode entender como Slate se safou em mantê-lo por


tanto tempo. Ele limitou seus contatos àqueles em quem mais
confiava dentro do clube. Pelo que Viper havia lhe dito, os que
tinham participado de suas torturas eram aqueles que Slate havia
conhecido online e que pagava para estarem lá.

Deslizando o polegar novamente, ele vê um rosto que


reconhece. “Esse é Brewer.”

Reaper não fica satisfeito ao ver o motociclista baleado.


Preferia que ele estivesse fugindo com os outros.

Entregando o telefone de volta a Hammer, ele faz a pergunta


que está queimando como um incêndio em seu cérebro. “Você
encontrou Slate?”

“Ainda não. Jonas e eu estamos perto, mas até agora ele


está pulando entre esconderijos.”

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JAMIE BEGLEY

“Você pode parar de procurar.” Subindo na moto, Reaper


coloca as luvas de couro novamente. “Será eu a encontrá-lo. Ele é
meu.”

Viper assume a liderança quando saem do posto de


gasolina. A um quilômetro e seiscentos metros de distância do
clube, eles param em uma estrada de terra. Estacionando sua
moto, Reaper vai até a van pegar sua arma. Train a entrega a ele.
Reaper segurou o bebê nas mãos, sentindo o peso familiar como
se ele a tivesse segurado no dia anterior.

“Precisa de alguma ajuda?” Viper fala ao lado dele.

Os irmãos trocam um olhar, lembrando-se de todas as vezes


que brigaram um com o outro, tão familiarizados com os hábitos
um do outro que não precisam dizer uma palavra.

Reaper entrega a ele seu lança-chamas modificado, para


que ele possa tirar a jaqueta de couro que pediu a Peyton para
comprar antes de deixar o centro de tratamento. Colocando a
jaqueta na traseira da van, ele vai pegar o lança-chamas de Viper.

“Não se esqueça disso.” Rider salta da van e entrega-lhe


uma caixa.

Ao abrir a caixa a mão de Reaper treme quando ele olha


para Viper. “Eu pensei que você o tivesse cortado.”

Os Last Riders tinham duas regras rígidas e rápidas.


Quando você sai do clube, perde sua moto e seu colete é cortado
em pedaços, essencialmente cortando os laços com o clube.

“Irmão, você sabe que sou um idiota. Se eu cortasse um


colete toda vez que você ficasse chateado comigo, teria me custado
uma fortuna para substituir todos.” Viper entrega a Rider o lança-
chamas quando Reaper hesita em colocar seu colete. Então,
tirando o colete da caixa, ele o gira para que Reaper possa
deslizar os braços para dentro.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ele dá um passo à frente, virando-se e colocando os braços


para dentro enquanto Viper o segura. Com um forte tapinha no
ombro, Viper se move para encará-lo.

“Ainda serve”, Reaper diz, rispidamente.

“Se você ganhar mais músculos em seus ombros, ficará


muito apertado.” Viper pega o lança-chamas de Rider para
devolvê-lo.

Pegando-o, ele desliza a alça no ombro ao lado de um botão


na gola. Reaper usa a outra mão para virar uma aba fina sobre a
alça. Uma vez no lugar, ele pode balançar o lançador por cima do
ombro e deixá-lo nas costas até que esteja pronto para usá-lo.

Silenciosamente, os Last Riders voltam para suas motos.

Eles não planejaram um ataque furtivo aos Road Demons;


eles sobem a longa entrada, de dois em dois, com as vans
passando por último.

Reaper e Viper param a alguns metros da porta,


economizando espaço suficiente para as duas vans táticas
estacionarem de lado, dando cobertura aos Riders de qualquer
bala vinda de dentro da casa. Não tem nenhuma.

Reaper deixa Viper descer primeiro, depois é a vez dele.


Lucky é o próximo, e então... um por um, os Last Riders saem de
suas motos de acordo com sua classificação. Apenas um Last
Rider está faltando no êxodo que invade a casa.

Shade, que está aguardando sua chegada, empoleirado no


alto de uma das árvores ao redor, esperando para matar quem
fugisse.

Foi um esforço desperdiçado. Os únicos que encontram lá


dentro são catorze idiotas. Nove deles são mulheres.

Moon, Train e Killyama os conduzem para o lado


de fora enquanto o resto vasculha a casa por alguém

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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escondido. Reaper fica na sala, esperando até Hammer e Viper


voltarem. Ele vê pela expressão pálida no rosto de seu irmão que
Viper havia entrado no quarto e no porão.

“Está...” Viper tem que limpar a garganta antes de


continuar, “limpo.”

Reaper assente sombriamente para Hammer. “Tire todos


daqui.”

Hammer grita: “Recuem!”

Quando estão apenas os três, Hammer assente que a casa


está vazia, deixando o Reaper e Viper sozinhos.

“Saia.” Reaper espera e sua fúria aumenta a ponto de


ebulição. Ele quer Viper fora de perigo.

“Deixe-me fazer isso.”

Reaper não consegue olhar para o irmão. Ele não quer ver
a angústia de Viper. Ele está consumido pelo ódio pelos Road
Demons e por ele mesmo para lidar com a reação de Viper, ao ver
o lugar onde haviam roubado anos dele. Não há nada que Viper
ou qualquer um dos Last Riders possam dizer que vá corrigir o
que havia acontecido com ele.

“Não.” Alcançando as costas, Reaper puxa o lança-chamas


para o peito. “Saia.”

Viper permanece imóvel. Reaper pode ler a indecisão em seu


rosto.

“Não se preocupe; não vivi no inferno para fazer deste lugar


meu cemitério.” É difícil de fazer, mas ele dá a Viper o que precisa.
“Vá para fora. Não tenho intenção de me incendiar.”

Seus medos diminuem, Viper caminha para fora,


deixando-o sozinho.

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JAMIE BEGLEY

Colocando o dedo no gatilho, Reaper caminha ao redor do


clube, quarto por quarto, usando seu lançador para pulverizar o
líquido claro em cada objeto. Ele pode ouvir o som de suas botas
enquanto caminha nas tábuas do chão, cada som ecoando pela
casa vazia.

Chegando ao quarto, ele faz questão de molhar a cama até


o líquido escorrer para o chão. Então ele entra no banheiro e o
pulveriza em um amplo arco antes de descer os degraus do porão.

Em sua mente o fantasma do cativo o espera no fundo,


voltando-se para a parede como havia feito quando um dos Road
Demons vinha buscá-lo.

O fantasma contra a parede não foi induzido por drogas; foi


ele quem esperou anos para ser resgatado. Foi ele que, cada vez
que essa porta se abria, esperava que alguém o libertasse.

Ele estava tão louco quando Train e Shade desceram que


não foi capaz de desfrutar do triunfo ou a alegria que esperou por
tanto tempo.

De pé no meio do quarto, ele borrifa o lugar em círculo


algumas vezes, deixando uma coisa intocada.

Quando termina, vê o fantasma atravessar o chão e deitar-


se na cama. Quando seu espectro imaginário vira a cabeça em sua
direção, Reaper usou o último spray para encharcá-lo de ponta a
ponta.

Deixando seu lança-chamas cair para o lado, ele usou a


outra mão para jogá-lo por cima do ombro.

“Fique tranquilo, irmão. Vou fazê-los pagar mil vezes mais


pelo que fizeram com você.”

Subindo os degraus, Reaper abandona o enfraquecido


Gavin que nunca teve chance de escapar. Aquele que
acreditava no amor, esperança, lealdade e bondade

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

humana, apenas para descobrir que essas qualidades não


existiam.

Entrando na cozinha nojenta, cheia de pratos sujos


espalhados por toda parte, Reaper fica surpreso por não ter
morrido envenenado por salmonela, de tão nojento que o lugar
está. Pegando um copo sujo no balcão, ele vê as baratas se
espalharem atrás de uma pilha de pratos de papel.

Ele abre a torneira, sem se preocupar em lavar o copo antes


de enchê-lo até a borda. Carregando a água de volta para o quarto,
ele entra no armário para olhar os degraus antes de jogar a água
no chão.

Girando os calcanhares rapidamente quando as chamas


começam, ele volta ao quarto para jogar o copo na cama. Há
apenas uma ou duas gotas no copo quando ele pousa na cama,
mas é todo o líquido que ele precisa. A cama pega fogo,
espalhando-se pelo colchão até o chão, cada chama acendendo
outra gota do spray.

Reaper atravessa despreocupado as chamas altas.

Razer havia desenvolvido o spray especial, juntamente com


o spray retardador de chamas com o qual encharcou suas botas e
jeans. Enquanto volta para sua antiga prisão, chamas brotam ao
seu lado, mas ele permanece intocado. Quando sai pela porta da
frente, um homem livre, as chamas estão chegando ao teto,
consumindo o segundo andar.

Do lado de fora, Reaper assiste com os Last Riders enquanto


a casa queima até o chão.

“Você ligou para o corpo de bombeiros e disse para eles não


virem, porque estamos apenas limpando um campo?” Reaper ouve
Razer perguntar ao Viper.

“Sim. Eles não virão. Se o fizerem, o fogo já


estará apagado.” Viper responde.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Os sprays que Razer desenvolveu não estão disponíveis para


venda — apenas Razer possui a fórmula. Quando o irmão
morresse a fórmula iria com ele.

Ele discutiu a decisão com Viper, deixando a palavra final


para ele. Razer estava trabalhando para os Last Riders quando
inventou o spray e o testou usando os recursos da empresa. Os
militares teriam pago dinheiro suficiente para preencher suas
contas pelo resto de suas vidas e por quaisquer filhos que
tivessem, mas o uso destrutivo é muito mortal para deixar nas
mãos do governo. Cada um dos membros originais votou,
assinando seus direitos ao Razer.

Cada vez que ele testemunha a devastação letal do spray,


ele fica surpreso com a forma como as chamas acendem e
queimam o que está em seu caminho, independentemente do que
fosse feito, até a terra, sem deixar cinzas para trás. Como um
cirurgião com um bisturi a laser, ele apenas destrói o que foi
pulverizado, deixando intocado o que não tinha.

Razer havia equipado o lança-chamas apenas para ele usar.


Reaper perguntou uma vez porque ele não fez um para ele mesmo.

O irmão balançou a cabeça. “Porque se eu ficar bravo com


uma pessoa, não tenho problemas em eliminar todo o grupo do filho
da puta.”

“Então por que me deixar usar?”

“Você não fica bravo; você se vinga.”

Reaper fica parado enquanto anoitece, observando as


chamas alaranjadas consumirem a casa e desaparecendo
subitamente, como se o clube nunca tivesse estado lá. A única
coisa que restou é à terra queimada.

Reaper caminha em direção à van, com o colete aberto


pegando o vento e esvoaçando. Dando a Train o lança-
chamas, ele vai para a moto e passa a perna por cima
do assento.

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Viper sobe na dele, ligando a moto e depois levantando o


suporte. Reaper liga sua moto, esperando Viper assumir a
liderança. Quando não o faz, Reaper vira-se para olhar para o
irmão com curiosidade.

“Por que a demora?” Ele murmura, sua mente ainda no


fantasma patético que está deixando para trás.

“Esperando você me dizer para onde estamos indo.


Treepoint ou Ohio?”

“Estou indo para Ohio. Você e os outros podem ir para casa


em Treepoint.”

“Não será assim que funcionará desta vez, Reaper. Razer,


Cash, Knox, Lucky, Shade, Rider e Train fizeram uma votação. Se
você escolher Ohio, nós vamos. Você escolhe Treepoint, então
ficaremos lá. Mas não estamos nos separando novamente. Desta
vez, quando cairmos, todos nós vamos cair, porra.”

“Nunca mais vou pisar em Treepoint novamente.” Reaper


levanta a voz para que todos os homens possam ouvir. “Voltem
para suas esposas e seus lares!”

“Nossas esposas também votaram.” Viper sorri. “Lembre-se,


elas também são membros. Os Last Riders nunca deixarão um de
nós para trás novamente.”

“Porra!” Reaper grita com cada um dos homens. “Va...”

Lucky começa a acelerar o motor tão alto que Reaper não


pode ouvir seus próprios gritos.

“... filho da puta...”

Razer começa a acelerar o motor, depois Knox... depois


Rider... depois Cash.

Reaper sabe que está derrotado quando Train


começa a acelerar o motor da van.

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Levantando a mão no ar, os motores voltam à marcha lenta.

“Bem? Para onde?” Viper pergunta, com as mãos na


embreagem e no acelerador.

“Treepoint!” Ele perde a cabeça.

“Legal. Esperávamos que você escolhesse isso.” Viper brinca


com um sorriso.

Killyama abre a janela. Pendurada na van, ela grita: “Então,


aonde diabos nós vamos?”

Reaper vê o sorriso no rosto de Viper.

“Legal.” Ela bate na lateral da porta da van. “Se vocês, filhos


da puta, nos vir encostados e a van balançar e tremer, nos vemos
em Treepoint.”

O olhar de Viper fica preocupado. Ao descer da moto, vai até


a traseira da van de Train e pega o lança-chamas de Reaper,
colocando-o na van de Hammer. Dando a volta de moto, ele vê
Killyama parecendo uma criança na feira que deixou cair a
casquinha de sorvete.

“Não importa, todos vocês podem comer nosso pó.” Ela


mostra a ele o dedo do meio antes de fechar a janela. A mulher
não vai mais receber rosas dele.

“Sabe, se você quer ir para Ohio, podemos abandonar Train


antes de entrar na interestadual”, Viper oferece.

Ele não quer voltar para Treepoint, mas outro fantasma


precisa ser deixado de lado e ele não conseguirá isso em Ohio.

“Treepoint serve”, Reaper afirma, deixando Viper montar


antes de completar sua sentença. “Por enquanto.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TRINTA E SEIS

Reaper segue Viper pelo corredor, com lembranças


agridoces de quão orgulhoso ele era quando o trabalho no clube
estava em andamento. Era mais uma coisa que ele poderia incluir
na crescente lista do que havia perdido.

Será que ele e Taylor teriam durado? Eles já teriam filhos?

Ele enfia as mãos nos bolsos traseiros quando entram no


quarto no final do corredor.

“Rider fez sua mala enquanto estávamos na cozinha. Posso


pegar alguma coisa para você antes de ir para casa?”

“Sim, você pode parar de pisar em ovos ao meu redor e dizer


aos outros para fazerem a mesma coisa.”

“Eles estão felizes em tê-lo em casa.”

“Este não é o meu lar, e nunca será. Vou ficar aqui até eu
cuidar dos Road Demons e de algumas outras coisas que preciso
cuidar. Ficarei fora do caminho de todos e gostaria da mesma
cortesia.”

“Gavin...” O rosto de Viper se torce em tormento. “Eu sinto


muito.”

Reaper estremece com o nome do fantasma que ele havia


colocado para descansar.

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JAMIE BEGLEY

“Não me chame assim.” Pegando sua mala, ele a joga na


cama. “Se você não se importa, preciso tomar meus remédios e
dormir um pouco. Você poderia perguntar a Knox se a esposa dele
tem algum horário nos próximos dias? Eu tenho alguns assuntos
legais que precisam ser resolvidos.”

“Vou dizer a ele para dar seu número a Diamond.” Seu


irmão vai até a porta. “Dessa forma, vocês podem descobrir o que
é conveniente para os dois.”

Reaper ouve a porta se fechar.

Ele toma seus remédios, e um banho. Verifica se as janelas


e portas estão trancadas antes de deslizar a grande mesa em
frente à porta. No dia seguinte, irá à loja de ferragens e comprará
fechaduras mais fortes. Ao fechar a mala, ele não se incomoda em
desfazê-la antes de se deitar na cama, nu. Apaga a luz e se vira,
tentando dormir.

Depois de uma hora, ele se levanta e começa a andar pelo


quarto, contando quantas fotos há nas paredes. Feito isso, começa
a contar as tábuas do piso. Então ele olha cansado para o relógio
na parede.

Tentando dormir novamente, apaga a luz. O quarto abafado


o faz começar a suar, mas não quer abrir uma janela.

Liga a televisão e fica assistindo o noticiário até que seus


olhos ficam pesados. Deixando a televisão ligada, acende a luz e
vai até a pequena geladeira, pegando uma garrafa de água e
bebendo-a enquanto está na frente da geladeira, deixando o ar frio
atingir sua pele suada. Joga a garrafa vazia na lata de lixo ao lado
da geladeira e pega mais duas antes de fechar a porta.

Colocando as garrafas na mesa de cabeceira, deita-se


novamente, olhando para o canal de notícias com o volume baixo.
As noites ficaram piores desde o seu resgate. É preciso
exaustão para ele dormir por algumas horas.

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JAMIE BEGLEY

Saindo da cama novamente, começa a fazer flexões e


abdominais. Quando o suor escorre dele, volta ao banheiro para
tomar outro banho. Secando os cabelos, deita-se na cama. Ele
está assistindo o noticiário da manhã quando finalmente
adormece.

Três horas depois entra na cozinha, sentindo todos os olhos


se voltarem para ele enquanto faz um prato de comida. Ignorando
Rider, Viper e Razer sentados à mesa da cozinha, ele entra na sala
de jantar para se sentar em uma mesa pequena.

Reaper derrama a calda sobre sua pilha de panquecas,


ciente de Jewell e Stori olhando-o, debatendo se deve falar com
ele. Resolvendo o problema, pega o prato e volta para o quarto
para comer.

Ele fica trancado em seu quarto, tentando se familiarizar


com o computador em sua mesa. Fica frustrado com o quanto eles
mudaram, ele assiste a vários vídeos do YouTube, explicando
diferentes modelos. Ele anota o que precisa em um computador;
assim, quando sair para comprar um, ele saberá suas diferentes
capacidades.

Ele está adicionando mais fechaduras e ferrolhos à sua lista


quando uma batida soa em sua porta. Abrindo a porta, há uma
mulher de cabelos escuros de frente para ele.

“Desculpe, estou atrasada. Eu fiquei presa no tribunal.”


Diamond explica, dando um passo quando ele fica de lado.

“Isso é bom. Estou feliz que tenha tido uma abertura hoje.”
Reaper faz sinal para a esposa de Knox se sentar.

Diamond não é o que ele esperava quando Calder lhe disse


que Knox e sua esposa estavam indo visitá-lo no centro de
reabilitação. Como todas as outras vezes que lhe disseram que
alguém estava visitando, Reaper tentava dissuadi-los.

Ele esperava que ela fosse como Evie ou até


Jewell. Não demorou muito para descobrir por que

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JAMIE BEGLEY

Knox finalmente se acalmou e deixou seu coração partido para


trás. A primeira esposa de Knox e Diamond tinham uma coisa em
comum: As duas adoravam Knox.

Sentado à mesa, Reaper tenta pensar em uma maneira de


pedir sua ajuda. Calder havia lhe contado sobre sua irmã, Sex
Piston, que pertence a um grupo de amigas que incluíam Crazy
Bitch e Killyama. Calder brincou antes de ficar sério, dizendo: “Ela
sabe como calar a boca sobre o que está trabalhando e sabe como
chegar ao fundo das coisas. Ela é uma das melhores advogadas
de defesa do Kentucky. Ela fará o certo por você.”

Isso não importa para Reaper. O que ele tinha feito ia sair.
Ele precisa ser punido por isso. Talvez dessa maneira, ele não
visse o rosto da mulher que ele matou toda vez que fecha os olhos.

“Você queria falar comigo sobre uma questão legal?” Ela


pergunta quando ele permanece em silêncio.

“Eu preciso que você descubra algumas informações para


mim e me represente quando me entregar a Knox.”

Os olhos dela se arregalam. “Não vamos pular à frente de


nós mesmos. Pelo que você acha que é responsável?”

“Eu não acho. Eu sei que matei uma mulher quando fui
mantido em cativeiro. Quero que descubra quem ela era para que
eu possa me entregar.”

Reaper espera que ela arranje uma desculpa para remarcar


a reunião ou pelo menos peça para descer as escadas para ficar
perto de outras pessoas depois de confessar ter assassinado
alguém. Poucas mulheres gostariam de ficar sozinhas com um
assassino sem barras entre eles.

“Você está tão ansioso para ser preso novamente?”

Reaper empalidece com o pensamento.

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“Você tem certeza de que é responsável pela morte dela?”

“Eu a estrangulei. Não me lembro muito de como aconteceu,


mas sei que fiz.”

“Primeiro, pare de dizer isso e certifique-se de não dizer isso


a mais ninguém. Vamos esclarecer os fatos antes de se condenar.”
Ela não parece ter repulsa. Na verdade, ela está sendo nitidamente
direta.

Reaper passa a mão pelo rosto cansado. “Só me lembro de


partes. E não é só isso que quero de você. Knox falou sobre as fitas
que Slate fez de mim?”

Francamente ela admite que o marido lhe contou os


detalhes do seu cativeiro. “Ele falou. Knox queria que eu estivesse
preparada para o que você ia me dizer.”

“Funcionou?”

“Nada poderia me preparar para o que ele me disse.”

Reaper faz uma pausa, mudando de ideia. “Obrigado pelo


seu tempo, Diamond, mas acho que seria melhor contratar um
advogado. Não quero que você tenha que assistir a essas fitas.”
Reaper começa a se levantar para abrir a porta para ela.

“Eu ficaria honrada em ajudá-lo, se você me permitir”, ela


diz suavemente, “tenho um estômago bem forte. Se eu ficar muito
sensível, vou te dizer, ok? Sou muito mais resistente do que
pareço. E para dizer a verdade, eu me ressinto que você pense que
não seria capaz de assistir essas fitas. Você acha que Knox não
pode lidar com qualquer coisa lançada em seu caminho?”

“Não.”

“Knox não viu aquelas fitas e nem quer. Se você acha que
vai se entregar a Knox para colocá-lo na cadeia, pense
novamente. Ele largaria o emprego antes de virar a
chave na sua cela da prisão.”

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Ele se senta novamente. “Se você mudar de ideia, eu


entenderei.”

“Você viu as fitas?” Ela pergunta.

“Não, e não vou. Eu vivi aquilo; não preciso revivê-lo do


ponto de vista de outra pessoa.”

Ela não poupa os sentimentos dele. “0Você as verá quando


formos a tribunal se o promotor decidir ir contra você.”

“Vou atravessar a ponte quando chegar a ela.”

“Justo.” Diamond abre a pasta, pegando um bloco de notas


e um gravador. “Você se importa? Dessa forma, posso reproduzi-
lo caso perca alguma coisa.”

“Não, vá em frente.”

Pressionando. Gravar, Diamond segura a caneta sobre o


papel. “Comece da noite em que você foi sequestrado.”

Reaper franze a testa. “Por que temos que começar por aí?
Pensei que você precisaria que eu lhe dissesse que matei a mulher.
Slate deve ter gravado. Ou ele ficou fascinado vendo as pessoas
morrerem ou as pessoas que pagaram por suas fitas fizeram. Não
sei qual. Ele atendeu a muitas fantasias doentias.”

Diamond pressiona o botão. Parar. “Anteriormente, quando


você disse que queria descobrir quem você matou, não é a única
coisa para a qual você precisa de mim, isso envolve outras coisas
que você fez?”

“Sim.”

“Que outras fantasias ele teve?”

“Slate fez leilões para vender uma noite comigo. Ele me


drogava até que eu fizesse o que eles pedissem.” Ele esfrega
a testa com força com a palma da mão, tentando
apagar os pedaços que lembra daqueles leilões.

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“Ok. Deixe essa pergunta. Vou assistir o maior número de


fitas que Jonas puder encontrar. Também pedirei a Knox que
procure no computador de Crash para ver se há alguma. Quando
terminar, não só vou ter uma imagem mais clara do que aconteceu
com você, mas você também.”

Ele assente.

“Quero que você volte à memória mais antiga. Preciso saber


os detalhes do que aconteceu para que eu entenda a sua mente
quando cada incidente ocorreu. Você terá que ser brutalmente
honesto sobre o que se lembra...” ela levanta a mão com
autoridade quando ele ia interromper. “Se eu não aguentar, vou
lhe contar. Se você tiver problemas para discutir comigo
pessoalmente, posso deixar o gravador e você poderá fazê-lo em
seu próprio tempo.”

“Nós podemos fazer as duas coisas.”

“Essa é uma boa escolha.” Ela leva o dedo ao botão Gravar.


“Qual é a primeira coisa que você lembra?”

Seus lábios se curvam em um sorriso.

Surpresa, Diamond ergue o lápis do bloco de notas.

“Eu sei que parece estranho, mas a primeira coisa que me


lembro daquela noite foi uma música.”

“Uma música? Qual foi a música?”

“In the arms of the angel.”

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TRINTA E SETE

Reaper está vestido todo de preto, das botas ao jeans, com


a jaqueta de couro preta aberta, mostrando a camiseta preta que
se agarra a ele. Por fora, ele é o homem saudável e vital que era
antes do sequestro, mas por dentro, ele sente como se Slate tivesse
distorcido seu DNA para o homem doente que agora está entrando
no círculo para exigir o castigo que Crash merece.

Os membros originais que circulam Crash ainda não


conseguem entender que o velho Gavin se foi. Eles continuam
procurando por vestígios dele, apesar da verdade que eles sabem
bem. Eles estão vasculhando um cemitério e nem sabem disso.

Crash empalidece quando o vê. “Gavin...” Crash começa.


“Irm...”

Reaper estica a mão, acertando a bochecha de Crash.


“Nenhum irmão poderia fazer comigo o que você fez. Eu não faria
isso com o meu pior inimigo. Não preciso contar o que fizeram;
eles enviaram os vídeos para você. Eu teria morrido antes de
deixar alguém que chamo de irmão sofrer o que sofri.”

Crash começa a chorar. “Eu não sabia o que fazer...”

A raiva o enche com a desculpa de Crash. Golpeando-o


novamente, Crash nem tenta evitar o punho que o joga um passo
para trás.

“Eu sei o que eu teria feito. Sei o que todos os


irmãos deste círculo teriam feito. Sei o que Stud e

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Calder teriam feito e eles não são Last Riders!” Indo com tudo para
cima dele, Reaper finalmente é capaz de dizer as palavras que não
conseguiu quando Crash olhou para ele daqueles degraus do
porão. “Você comeu e dormiu na sua cama limpa e agradável,
enquanto eu dormia na sujeira e tive que mijar em um balde! Você
comeu comida em um prato, enquanto eu comia restos. Você
transou com mulheres com quem queria transar, enquanto eu fui
fodido por homens e mulheres pervertidos que queriam se
divertir.” Slate pode nunca ter filmado quando Crash estava
presente, mas o irmão recebeu as gravações, então Crash sabe a
extensão da tortura que ele sofreu.

“Eu sinto muito!” Crash chora mais em sua condenação.

“Se eu pudesse te matar mil vezes, isso nunca superaria o


que passei.”

“Eu sei...”

Reaper ataca novamente, acertando Crash e derrubando-o.


“Cale a boca!”

Crash enrijece a coluna até ficar em pé novamente. “Fiz o


que pude. É por isso que eles te mantiveram vivo por tanto tempo.”

“Obrigado por se preocupar comigo.” Cheio de desprezo,


Reaper se aproxima de Crash, passando um braço em volta de seu
pescoço antes que Crash possa reagir. “Eu farei o que queria que
alguém tivesse feito por mim no primeiro mês com Memphis e
quando você me deixou apodrecer no porão dos Road Demons.”
Reaper torce o pescoço de Crash de maneira não natural até ouvir
o estalo satisfatório.

Soltando o homem que ele chamou de irmão, ele vê a


decepção em todos os rostos dos Last Riders, pois cada um estava
esperando sua vez.

“Você deveria deixar algo para nós”, Viper diz


enquanto se inclina para verificar o pulso de Crash.

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JAMIE BEGLEY

Olhar para o cadáver do homem não é difícil para ele,


porque Reaper esteve do lado oposto da traição de Crash. Os
outros não. Em quinze ou vinte anos, eles se arrependeriam de
participar da punição de Crash? De qualquer maneira, Reaper tira
o arrependimento da equação e o coloca exatamente onde
pertence. Nele.

Reaper não tem consciência, não mais. Quando ele terminar


com todos que participaram de seu cativeiro, não será o único
sangue em suas mãos.

Saindo do elíptico, Reaper pega sua toalha. Limpando o


suor do rosto, ele a coloca contornando seu pescoço.

“Precisa de ajuda com isso?” Jewell pergunta, levantando-


se do banco de exercícios.

Reaper congela no lugar. Jewell pertencia ao clube antes do


seu noivado com Taylor. Sexualmente ela estava pronta para
qualquer coisa naquela época e ainda está. Reaper observou-a e
aos outros irmãos várias vezes desde que começou a viver no
clube.

Depois de alguns meses, a maioria das mulheres fez


insinuações sexuais, mas ele as ignorou ou saiu da sala.

“Estou bem”, ele diz, indo em direção aos degraus que o


levarão para o andar de cima, planejando tomar um banho.

“Posso ir devagar, apenas para deixar você se aliviar, ou ser


alguém com quem possa conversar”, ela diz, dando a volta para
impedi-lo de sair quando ele pausa para ouvi-la.
Pegando cada ponta da toalha, ela levanta os olhos

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cheios de compaixão. “Posso ser o que você quiser”, ela oferece.

Ele a agarra pelos pulsos, afastando as mãos dele. Ele sente


como se sua pele estivesse em chamas e ela nem está tocando sua
pele. “Quando precisar de algo, eu te aviso.”

Contornando-a, ele sobe as escadas correndo. Entrando na


cozinha, ele vê Shade em pé na frente da geladeira com um copo
no dispensador de gelo.

“E aí?” Ele pergunta quando Reaper vai saindo sem dizer


nada.

“Nada. Vou tomar banho”, ele diz secamente, ciente de que


Jewell saiu do porão atrás dele.

Os olhos de Shade se desviam de sua expressão, depois


para a cara infeliz de Jewell antes dele pressionar a alavanca de
gelo por mais gelo. “Jewell, você tem o relatório que pedi?”

Reaper aproveita a oportunidade para sair da cozinha


quando Jewell responde à pergunta de Shade.

Atravessando a sala de estar e subindo a escada, ele corre


em direção ao quarto, fechando e trancando a porta atrás de si
enquanto rios de suor correm por suas costas. Mesmo com a porta
trancada, ele empurra a mesa na frente dela.

“Porra!” Ele diz, correndo para o banheiro anexo, onde tira


o short para entrar no chuveiro. Pegando sabonete e esponja, ele
lava cada centímetro do corpo. Não é o toque dela que ele está
lavando; é a sujeira que se agarra à sua pele, não importa o quanto
tente lavá-la.

Trinta minutos depois, ele sai do chuveiro.

Depois de vestir uma camiseta e jeans, ele afasta a mesa,


decidindo descer as escadas para pegar algo para comer.
Penteando o cabelo úmido para trás com as mãos, ele
destranca a porta.

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Os Last Riders estão apenas começando a se alinhar no


balcão onde a comida está arrumada. Entrando na fila atrás de
Lily e Beth, ele pega um prato quando chega ao balcão. Willa e
Stori estão trabalhando para manter os pratos cheios assim que
eles esvaziam.

“Ouvi dizer que Penni e seus amigos farão uma visita.”


Sorrindo, Willa empurra o ketchup para frente quando Lily o
alcança.

“Como descobriu? Eles acabaram de me contar cerca de


dois minutos atrás.”

“Lucky acabou de me ligar. Ele me avisou que irá fazer outra


tatuagem.”

Desinteressado, Reaper pega dois pãezinhos e manteiga


suficiente para quatro.

“Colton sempre manda mensagens para os homens quando


marca um horário com eles. Na última vez ele ficou sem tempo
para fazer a do Lucky”, Willa explica, “ele prometeu que posso ir
primeiro desta vez.”

Reaper pega dois hambúrgueres, seu interesse está


despertando. “Ele é bom?”

Lily e Beth se viram, chocadas por ele ter iniciado uma


conversa com elas. Então Lily levanta a manga do vestido,
mostrando sua tatuagem.

Quem quer que seja Colton, ele é melhor que bom. Ele é um
especialista.

“Quem é ele?” Espetando uma batata cozida, ele a coloca no


prato.

“Uma vez por ano Penni vem fazer uma visita e suas
amigas de Queen City vem junto. Colton é um
tatuador. Ele é casado com Vida, uma amiga de

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Penni. Todos eles se tornaram amigos de Lily e Shade desde que


os conheceram quando foram a Queen City visitar Penni.”

“Acha que ele teria tempo para me tatuar?”

“Vou pedir ao Shade para mandar uma mensagem com o


número dele; você pode perguntar. A maioria dos caras o mantém
ocupado, mas ele pode ser capaz de fazê-lo enquanto estiver aqui.”

“Obrigado.”

Assentindo, Lily se volta para Willa. “Aposto que está


ansiosa para ver Ginny. Ela ficará com você? Shade e eu ficaremos
com Penni e Jackal, Sawyer e Kaden e Vida e Colton.”

“Não, ela quer ficar no hotel na cidade. Não consegui


convencê-la a vir aqui.”

Pegando o prato, ele deixa as mulheres e vai para uma


pequena mesa para dois no canto, longe de todos os outros.

Reaper está tomando um gole de leite quando Lily e Beth se


sentam numa mesa não muito longe. Enquanto come, ele observa
as irmãs conversarem animadamente sobre seus visitantes.

Passando manteiga no pão, ele vê Shade e Razer entrarem


na sala de jantar. Razer se senta ao lado de sua esposa enquanto
Shade se inclina para beijar Lily na bochecha e diz algo em seu
ouvido antes de dar a volta na mesa para se sentar à mesa dele.

“Sentei aqui para poder comer sozinho.” Reaper encontra o


olhar enigmático de Shade. “Vá sentar com sua esposa.”

Shade pega seu hambúrguer. “Precisamos conversar sobre


Raff e Ink.” Dando uma mordida na comida, ele observa a reação
de Reaper. “Os irmãos que os observam não acham que eles se
encontrarão com Slate como esperávamos. Viper quer saber o que
você quer — continuar esperando ou tirá-los. Podemos ter
um melhor uso de mão de obra se não precisarmos

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mais mantê-los sob vigilância e estender a busca por Slate.”

Reaper casualmente passa manteiga no outro pão. “Vou


pensar nisso e falarei com Viper.”

“Faça isso”, Shade diz, dando outra mordida em seu


hambúrguer. “Com Rider visitando seus meio irmãos com Jo,
temos uma situação com um amigo nosso que poderíamos usar
sua opinião sobre como...”

Reaper pega sua bandeja. “Acabamos?”

Shade apoia os cotovelos na mesa e entrelaça os dedos. “Eu


acho que sim.”

Ele sabe que Shade está se impedindo de agir. Todos os


irmãos estão lidando com ele com luvas de pelica. Ele nem se
importa mais, não se isso significa que eles mantem distância e o
deixam sozinho.

Se Viper ou Shade precisam de informações sobre como


lidar com uma situação, é melhor perguntar a outra pessoa.
Alguém que não se deixará usar como brinquedo para todo filho
da puta pervertido que tiver um computador.

No quarto, ele veste um jeans escuro e uma camiseta de


mangas compridas. Pegando a jaqueta, ele desce as escadas e sai
pela porta da frente.

Moon é o vigia, guardando a porta da frente. Sentado no


corrimão com uma perna enganchada no parapeito, ele leva o
cigarro aos lábios. “Onde vai?”

“Sair.”

“Não brinca.”

Reaper não se vira com a resposta sarcástica, descendo as


escadas para pegar sua moto. Ligando o motor, ele
acelera. Dirigindo pela cidade ele continua

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acelerando, chegando à estrada que leva a Jamestown.

Quatro horas depois, ele está saindo de um restaurante e


recebendo várias mensagens de texto do Viper.

Reaper coloca o telefone de volta no bolso, nem mesmo


abrindo para ver o que as mensagens dizem. Ele sabe que Viper
quer saber onde ele está.

Reaper não para até a manhã seguinte, ficando num quarto


de hotel para dormir algumas horas. Exausto, ele fecha a porta
atrás de si e depois a tranca antes de deixar cair os alforjes numa
cadeira e sobre a cama. Ele acaba de fechar os olhos quando o
telefone toca.

“O quê?” Ele diz ao telefone.

“Onde você está?” Viper parece preocupado.

“Vim dar uma volta. Porra, eu preciso da sua permissão


para fazer isso?”

“Depende da direção que você está seguindo. Você não está


onde Raff ou Ink estão?”

“Estou a cerca de 16 quilômetros de distância de Raff.”

“Eu queria estar aí...”

“Com medo de eu não poder fazer o trabalho sozinho?”

“Não, só queria um pedaço dele também.”

“Você pergunta ao Shade quando ele sai para fazer um


trabalho?”

“Não.”

“Então me deixe em paz. Volto em alguns dias. Raff será


rápido e fácil. Vou deixar os irmãos terem um pedaço do
Ink. Vou levá-lo comigo.” Desligando a ligação, ele joga
o celular no colchão ao seu lado.

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Colocando o braço sobre os olhos, Reaper sente a dor de


Viper mesmo que ele tente bloqueá-la. Seu irmão e todos os Last
Riders continuam tentando diminuir a crescente desconexão
entre eles. Eles queriam ir para Raff e Ink meses atrás, mas ele
quis esperar. Os dois homens estavam acostumados a Slate
ordenando todos os seus movimentos. Ele quer se vingar de Ink e
Raff, mas quer mais Slate. Eles serão fáceis de encontrar, indo e
voltando para diferentes reuniões. É Slate quem está se
mostrando esquivo.

Slate é a razão pela qual ele não consegue dormir. Ele é o


motivo de seus pesadelos. E a maior razão de todas — uma que
ele não contou a Viper ou aos Last Riders — é que Slate sabe que
ele está indo atrás dele, que ele não parará a menos que a terra
não exista mais. A única maneira de Slate salvar sua própria vida
é desaparecer primeiro. Reaper usará todos os meios possíveis,
até mesmo usar qualquer um dos Last Riders, para atraí-lo.

Calder lhe contou sobre o cartel Silva quando ele estava na


reabilitação e como os Last Riders, Destructors, Blue Horseman e
Predators se uniram para derrotar o cartel. Agora, por terem que
lidar com isso, Reaper está determinado a encontrar Slate antes
que os Last Riders tenham que viver com a ameaça de um ataque
por causa dele. Gavin falhou; Reaper não cometerá o mesmo erro.
Dessa vez, quando Slate ou um de seus lacaios vierem buscá-lo,
ele não será um homem. Ele será o Reaper.

Pegando seu refrigerante e cachorro-quente do carrinho,


Raff observa a bunda da mulher à frente dele quando volta
para o banco à beira da piscina. Dando um suspiro de
arrependimento quando a mulher sexy entra na
piscina, ele se senta ao lado do seu primo.

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“Você me trouxe um cachorro-quente?”

Raff enfia metade do cachorro-quente dentro da boca,


mordendo-o. Ele dá a outra metade ao primo.

“Não quero depois que você colocou a boca nele.” O garoto


de dezoito anos assobia quando uma mãe gostosa passa por eles,
segurando a mão do seu bebê.

“Droga.” Raff toma um gole de refrigerante antes de comer


a outra metade do cachorro-quente. “Tenho que arrumar uma
buceta. É melhor você se virar hoje à noite, porque aquela cadela
que trouxe para casa ontem à noite foi inútil. O único que transou
foi você”, ele reclama, terminando a bebida enquanto puxa a
sunga para baixo.

Uma cadela de cabelos grisalhos pendurada na beira da


piscina lhe dá uma careta de desaprovação.

“Você pode culpá-la? Você é feio pra caralho. Poderia pelo


menos usar uma camisa limpa.”

“Eu ficarei nu quando fodê-la”, ele brinca, jogando o lixo


fora.

“Está pronto para ir? Pensei que quisesse se acalmar.”

“Estava escondido; é por isso que não transei. Nada vai


acontecer comigo aqui. Além disso, ouvi dizer que o filho da puta
que tenho evitado está fazendo reabilitação na Nova Zelândia.”

“Você deve ter fodido com ele.”

“Com certeza... de mais de uma maneira.” Ele ri.

De pé, ele olha para uma loira com seios do tamanho de


pedras.

“Vou nadar. Se ver algum daqueles homens que te


mostrei nas aí fotos, finja que está se afogando.”

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“Eu teria que estar na água para isso. Eu te disse que não
nado. Só vim aqui para te dar cobertura e ver umas bundas.”

“Estou apenas garantindo que está guardando minhas


costas e não vendo bundas enquanto estou nadando.”

“Então, nade. Posso fazer duas coisas ao mesmo tempo.


Além disso, há apenas vinte caras aqui. Se algum deles chegar
perto de você, você o verá.”

Seu primo está certo. Examinando a área da piscina, ele não


vê um homem que se pareça com Gavin, nem nenhum dos Last
Riders. Crash lhes deu fotos para que se familiarizassem com eles.

Deslizando na água morna, Raff nada para o meio da


piscina em direção a ‘Seios Gigantes’. Ele está exibindo suas
habilidades de natação quando sente algo no seu tornozelo puxá-
lo para a água.

Lutando contra o movimento, Raff abre a boca para gritar e


engole água. Indo mais para baixo, ele começa a lutar, seus braços
e pernas sacudindo sob a água.

Seus olhos se abrem quando ele sente ser virado, suas


costas pressionadas no fundo da piscina de três metros de
profundidade. Bolhas de água saem de sua boca quando ele vê
quem o está afogando.

Gavin o olha, com ódio brilhando nos olhos enquanto usa


as pernas e o peito para mantê-lo preso sob a água.

As bolhas saem cada vez mais devagar de sua boca quando


ele perde o oxigênio. Raff sente seus olhos incharem quando seus
pulmões tentam respirar. Seu último pensamento não é sobre si
mesmo, mas sobre o fodido Slate. Ele os abandonou para seguir
seu próprio caminho. Ele merece o que irá para ele...

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JAMIE BEGLEY

O apito soa quando ele sai da água do outro lado da piscina.


Ele não se vira para ver o que os salva-vidas correm e os
espectadores saem da piscina para ver.

Indo para uma cadeira de praia, ele pega sua toalha para se
secar antes de colocar os óculos de sol. Empurrando a toalha na
bolsa preta, ele ignora as mulheres deitadas em suas cadeiras,
observando-o.

“Parece que alguém está com problemas”, uma morena


alegremente diz, tentando chamar sua atenção, seus olhos
traçando cada linha do seu corpo.

Ele se vira para olhar por cima do ombro antes de virar as


lentes dos óculos escuros de volta na mulher. “Sim. Parece que os
salva-vidas têm tudo sob controle. Boa tarde, senhoras.”

Passando pela catraca, ele vê uma ambulância chegar. As


medidas de ressuscitação serão um esforço desperdiçado. Ele
manteve Raff debaixo d’água por tempo suficiente. Raff não tem
chance de bater seu recorde.

Ink sai do cinema, olhando o celular. A mensagem o


mandou correndo para o seu quarto de hotel barato. Ele só tem
que fazer isso mais um dia e então sua ex-esposa estará lá para
levá-lo à casa da irmã dela, onde ele pode se esconder por um
tempo.

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JAMIE BEGLEY

Seus esconderijos estão ficando cada vez mais escassos. Ele


já esgotou as boas-vindas e seus amigos pararam de atender às
ligações. Inferno, eles estão fugindo da mesma pessoa que ele.
Nessa carnificina, apenas um sobreviverá ao Reaper e Ink está
determinado a ser o sortudo. Ele se candidatou a um emprego em
uma plataforma de petróleo e, se conseguir, estará a salvo por seis
meses.

Abrindo a porta, Ink entra e a tranca atrás dele.

Ligando a televisão e as luzes, ele anda pelo quarto, olhando


várias vezes pela janela. Nervoso, ele puxa uma grande cadeira em
frente à porta. Então, tirando a arma pelas costas, ele deita na
cama, de costas para a parede, esperando que Reaper passe pela
porta. O hotel está numa área tão escassa que os policiais
levariam uma hora para chegar lá, se é que apareceriam sem um
corpo estar estirado na rua.

Voltando a atenção para o canal de televisão quando se


sente cochilando, Ink encontra um antigo filme de ação para
assistir. Ele sai da cama, vai até a janela para olhar novamente e,
sem ver nada, caminha até o banheiro para mijar. Empurrando
seu pau de volta para dentro, ele fecha o jeans.

Enquanto passa pela porta, um braço estende a mão,


envolvendo seu pescoço, puxando-o contra um peito duro.

“Sua mãe não lhe ensinou a dar descarga e lavar as mãos


quando vai ao banheiro?”

Aterrorizado, Ink não tenta revidar, pendendo frouxamente


debaixo do braço. “Gavin, Slate me fez...”

O homem atrás dele dá uma risada irônica. “Você e Crash


devem ter combinado as histórias antes que eu quebrasse o
pescoço dele.”

“Por favor, não me machuque...” ele implora. “Eu


posso te entregar o Slate...” ele ofega. “Eu juro.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Se fosse você eu não juraria. Você não quer irritar Deus
antes que Ele o envie para o inferno.”

“Por favor...” ele continua a implorar, arranhando as unhas


no braço em volta do seu pescoço, os pés chutando loucamente
contra o aperto de morte ao seu redor.

Provando o sabor salgado do sangue em sua boca por


morder a língua, Ink fica agradecido por Reaper estar fazendo isso
rápido... e indolor.

Ink acorda com água sendo jogada em seu rosto.


Desorientado, ele olha para o que parece ser uma parede branca.
Ele tenta se sentar para ver o que está ao seu redor, mas não
consegue. Suas mãos e pernas estão algemadas em barras de
metal que percorrem todo o corpo; os punhos permitem que seus
braços e pernas deslizem pelas barras, mas não o suficiente para
levantá-los no ar. Gemendo, ele pisca para o sol brilhando. Quase
se borrando de tanto medo, ele vira a cabeça e vê que está em
algum tipo de caixa pesada. Ele levanta os olhos para ver sujeira
por toda parte, depois começa a gritar quando percebe que a caixa
é de cimento e ele está em um buraco profundo.

Aterrorizado, ele luta para escapar, a cabeça balançando


para frente e para trás. “Socorro! Socorro!” Ele grita a plenos
pulmões, esperando que alguém o ouça.

Soluços de alívio sacodem seu peito quando uma sombra se


projeta de cima.

Ele grita para a silhueta de um homem: “Ajude-me!”

“Por que eu faria isso? Eu te coloquei aí.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Quando o contorno sombrio dá um passo mais perto da


beira do buraco, Ink dá uma olhada mais clara no homem.
“Reaper... por favor. Eu tenho filhos.”

“Que estão melhor sem ter você como pai. Até sua ex-esposa
não quer você perto deles.”

“Puta do caralho! Ela me denunciou?”

“Nós sabíamos onde você estava o tempo todo. A única razão


pela qual eu deixei você viver tanto tempo é porque quero o Slate.
Acho que ele não é tão leal a você quanto você é a ele.”

“Posso pegá-lo para você, eu juro...”

Reaper se apoia nos quadris com uma garrafa de cerveja na


mão, dando-lhe um olhar zombador. “O que eu te disse sobre
jurar?” Tomando um gole de cerveja, Reaper o observa enquanto
tenta tirar as mãos das algemas.

“Você reconhece este lugar?”

Ink começa a chorar, suas mãos estão ensanguentadas.

“Este é o túmulo onde meu irmão me enterrou... ou, pelo


menos, o corpo do homem que ele pensou ser eu.”

“Não tive nada a ver com isso. Foi tudo Crash e Slate.”

“Infelizmente, para você, não me sinto tão perto de Crash


quanto de você. Ele está enterrado em um cemitério diferente.
Não, este é especial. É esse que, quando eu morrer, serei
enterrado. Por que não?” Ele ri. “Ele já tem minha lápide. Viper é
a favor de economizar cada centavo.”

Outro homem fica ao lado de Reaper. “Paguei uma fortuna


por essa lápide. Eu pensei muito nesse poema.”

“Ele é péssimo. Certifique-se de mudar quando eu


morrer.”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Os dois homens bebem suas cervejas enquanto o encaram.


Ink então vê outros homens cercando o buraco.

“Ajude-me! Ele é maluco!” Ink implora, chorando tão forte


que dificulta a respiração.

“Receio não poder negar isso.” Reaper se endireita a toda a


sua altura novamente. Jesus, ele está ainda maior do que quando
foi sequestrado. Não é de admirar que Slate quisesse mantê-lo
quase faminto.

“Porra, está ficando quente aqui fora. Você precisa de algo


para beber?”

Ink sabe que não deve pedir algo que não terá. Ele muitas
vezes ignorou as súplicas de Reaper por água para esperar que ele
lhe dê.

“Você tem medo de pedir?” Um sorriso sinistro aparece na


boca do Reaper. “Não fique. Como vamos passar um tempo juntos,
o mínimo que posso fazer é lhe dar água.” Reaper estende a mão
para um homem que está fora de vista. Ink reconhece o homem
que se aproxima; Crash mostrou fotos dos outros Last Riders.

“Lucky... ajude-me! Por favor. Você é um pastor!”

“É por isso que você terá água”, ele diz, encontrando um


espaço vazio ao redor do buraco.

Reaper deixa cair a garrafa de água. “Eu disse a ele que era
um desperdício de água boa. Caso você não tenha entendido, está
em um cofre para caixão. Quando a tampa fecha, ela aspira todo
o ar de dentro. Lucky acha que você pode ter alguns minutos. Eu
não. Então terá que nos dizer qual de nós está certo quando eles
colocarem o meu caixão em cima dos seus ossos.”

A boca de Ink abre. Reaper vai enterrá-lo vivo, no túmulo


que era dele.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ink começa a rir hilariante. “Filho da puta! Eu esperarei por


você!”

Reaper dá um sorriso antes de tomar o último gole de sua


cerveja. “Nunca tive medo de fantasmas. São com filhos da puta
fodidos como você que eu deveria ter cuidado.” Virando a garrafa
para que Reaper possa segurá-la na mão, ele a joga, atingindo-o
na testa.

Viper então termina sua cerveja, demorando um pouco


antes de jogar da mesma maneira e bater na testa de Ink.

Ele sente a algema escorregar o suficiente para tirar o


polegar? Ink começa desesperadamente a mexer os dedos
tentando libertar a mão enquanto cada um dos Last Riders se
reveza jogando suas garrafas nele. Quando alguém acerta em seu
pau, ele se irrita. Ink para de tentar libertar a mão. Ele sabe que
está fodido. Slate sabe que está fodido. Por isso ele os abandonou.
Ele prefere ter uma bala no cérebro a ser enterrado vivo.

“Você está agindo como se não gostasse de várias coisas que


fizemos com você. Viper, sabia que Gavin era a cadela de Slate?
Inferno, ele era a nossa puta. Ele faz um boquete melhor do que
as putas do clube”, Ink incita o presidente dos Last Riders.

Um grito de tormento feroz sai da boca de Viper quando sua


mão vai atrás das costas para pegar sua arma e apontá-la para
ele.

Graças a Deus, pensa Ink.

“Não.” Reaper estende a mão, pegando o pulso de Viper


levantando-o e a arma para o céu. “Não, Viper”, Reaper diz
novamente quando Viper tenta puxar o braço de volta para baixo.
“Shade, Knox, tire-o daqui”, ele murmura.

Reaper espera até que seu irmão é forçado a sair do


buraco. “Boa tentativa, Ink. Não vou facilitar as coisas
para você. Eu implorei muitas vezes para me tirar da
minha miséria. Estou lhe dando a mesma

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

compaixão que você me deu.” Reaper faz um sinal para algo fora
da vista e, em seguida, Ink ouve o motor dar partida.

“Sabe o que é engraçado pra caralho?” Reaper pergunta a


ele.

Ink o encara, recusando-se a falar.

“Este cofre é muito melhor do que a merda em que fui


forçado a viver.”

Ink começa a gritar novamente quando vê o topo sendo


abaixado, os dois pedaços do cofre se encontrando com um som
de metal.

“Não me deixe aqui... por favor...” Ink começa a implorar


quando a parte superior começa a deslizar, lacrando-o por dentro.
“Filhos da puta!”

Reaper fica observando a retroescavadeira soltar a corrente


da parte superior do cofre que envolve completamente Ink.

Ele não olha para Viper quando volta para o seu lado,
enquanto observa montes de terra sendo jogados sobre o cofre.

“Como você aguentou?” Viper diz com voz rouca.

Reaper dá a ele a verdade dura e fria. “No começo eu pensei


que podia escapar. Quando isso falhou, pensei que os Last Riders
me resgatariam. Quando isso não aconteceu, orei a Deus para me
ajudar. Ele não ajudou; Ele me deixou afundar naquela imundície.
Quer saber como sobrevivi ao que eles me fizeram passar?”
Os lábios de Reaper se curvam com a sombra de um
sorriso. “Eu não sobrevivi.”

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO TRINTA E OITO

“Essa cor fica bem em você.”

“Obrigada. Também gosto da sua.” Ginny elogia a mulher


sentada ao lado dela no sofá.

Inspecionando os dedos dos pés, ela passa a ponta da unha


ao longo da lateral do dedão do pé, limpando um pouco de
esmalte.

“Não sou apaixonada pela que escolhi. Prefiro o ameixa que


me emprestou semana passada.” Gianna estende o pé para
mostrar todo o efeito do novo esmalte vermelho que ela comprou.
“Qual você gosta mais?”

“Ambos ficam bem em você. Ameixa parece mais elegante”,


Ginny inclina a cabeça, olhando os dedos de Gianna, “mas o
vermelho é sexy. Você quer ser a bancária estilosa ou prefere ter
o vermelho vem me pegar?”

“Existe um meio termo?”

“Claro.” Ginny se inclina em direção à mesa de café para


pegar um frasco, entregando a ela. “Olá, pink.”

Gianna levanta os olhos do esmalte. “É claro”, ela diz, rindo.


Colocando o esmalte no colo, ela pega o removedor de esmaltes e
as bolinhas de algodão para começar a tirar o vermelho dos
dedos dos pés. “Por que quando você se mudou para
cá no mês passado, só tinha duas mochilas e uma

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JAMIE BEGLEY

maleta de maquiagem com esmalte para as unhas? Você tem mais


brilho do que roupas.”

“Tenho minhas prioridades”, Ginny brinca, vendo que


Gianna a está estudando seriamente. Ela troca de pé e começa a
polir as unhas do outro. “No ônibus, você recebe apenas um
pequeno compartimento para suas coisas. Fiquei enjoada quando
tentei ler; fazer as unhas e assistir filmes no meu iPad acelerou o
percurso.”

“Gostou de fazer uma turnê com o Mouth2Mouth?”

“Eu gostei.” Surpreendentemente, ela gostou. Isso lhe deu


tempo para se recuperar da perda da sua casa e abrir novos
horizontes. Fechando a tampa novamente, ela apoia a mão no
joelho enquanto se abre para sua nova colega de quarto. “Adorei
morar no Kentucky; sempre será minha casa.” Ginny
inconscientemente esfrega a palma da mão. “Se não tivesse
perdido minha casa, acho que não sairia e então teria perdido a
oportunidade de ver e fazer coisas que nunca me imaginei
fazendo.” Isso compensou a saída do Kentucky? Não, mas ela
adquiriu experiências as quais recordará quando envelhecer e
poderá dizer que esteve lá ou fez isso.

Viajar com o Mouth2Mouth também a ensinou que a vida é


uma troca. Ela teve que escolher quais itens levar com ela nas
mochilas e apenas os mais importantes ou úteis chegam lá. É uma
lição que ela aprendeu da maneira mais difícil na primeira turnê,
quando só arrumou as roupas para os climas mais quentes. Ela
congelou o traseiro durante as viagens de ônibus com ar
condicionado e quando saíam à noite. Ela largou metade das
roupas de verão no quarto dia. Ela também aprendeu a não aceitar
tudo sem mais explicações. Viajando com os roadies, ela
testemunhou todas as ligações e corações partidos que se
mantinham tão perto do ônibus.

Viver com Lisa lhe deu uma espinha dorsal,


mas ela se machucou quando perdeu a casa. Então,

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JAMIE BEGLEY

deixar o Kentucky quebrou seu coração, mas também a


fortaleceu. A turnê foi uma lima, moldando-a até que ela estivesse
mais forte e capaz de suportar mais pressão. E se ela sofresse,
apenas se tornaria mais resistente. No Kentucky, ela sempre teve
alguém com quem contar em algum momento. Hammer, Will e, no
fundo, ela sabia que se ligasse para o clã inteiro dos Colemans,
Trudy e todos os seus amigos como Willa e o Pastor Dean —
qualquer um deles atenderia sua ligação. Ao sair, se alguma coisa
acontecesse, era apenas ela e é assim que ela quer que seja até
encontrar uma maneira de voltar ao Kentucky sem pôr Trudy em
risco. Perder a casa mostrou que ela vivia no paraíso dos tolos.

Dinheiro governa o mundo e ela não o tinha. Isso a deixou


fraca. Cada centavo que ela economiza a torna mais forte, mais
capaz de se ver voltando para o Kentucky e ter a vida que quer.

É uma dádiva de Deus que a rede de amigos de Penni inclua


Gianna. Penni mencionou que sua amiga estava procurando uma
colega de quarto. Ginny suspeita que Penni perguntou isso a
Gianna quando o Mouth2Mouth decidiu fazer uma pausa nas
turnês. Quando a banda estava de folga, Ginny a encontrou
algumas vezes na casa de Penni. É fácil de gostar da mulher que
a lembra bastante de Beth. Ela parece muito profissional,
agradável, divertida e amigável.

Viver com ela é o completo oposto de viver com Bliss.


Gianna faz de tudo para fazê-la se sentir confortável, abrindo sua
vida para ela como se Ginny sempre fizesse parte dela. Até agora,
a única desvantagem de viver com ela é sua incapacidade de
encontrar um emprego em Queen City enquanto a banda está de
folga, então ela tem que mergulhar em suas economias.
Geralmente, quando está de escala, apenas aluga um quarto de
estadia prolongada num hotel por uma ou duas semanas em
qualquer cidade em que parassem. Morando com Gianna, ela paga
mais pelo aluguel. Portanto, a menos que encontre um
emprego rapidamente, usará suas economias e irá vê-
las escorregarem por entre os dedos.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Qual membro da banda você mais gosta?”

“Eles são todos muito legais.” Distraída, respondendo a


pergunta, Ginny mexe os dedos dos pés para fazer as unhas
secarem mais rápido.

“D’mon é o meu favorito. Como ele é?”

“Não sei muito sobre ele, exceto que ele não suporta
maionese em seus sanduíches. Realmente não tive muito contato
com eles pessoalmente. Eles viajam em seu próprio ônibus e não
passam muito tempo na área da cozinha dos locais durante os
shows.”

“Você não tentou relaxar com nenhum deles?”

“Não.”

“Por que não?”

“Porque não estou interessada.”

Descrente, Gianna joga uma bola de algodão nela. “Por que


diabos não?”

“Porque não estou.”

“Você tem um namorado no Kentucky?”

“Não.”

“Você está superando um coração partido?” Essa pergunta


a faz parar. Ginny não quer parecer louca, dando a Gianna a
mesma resposta que deu a Trudy quando perguntou por que não
estava atraída por ninguém.

“Eu simplesmente não encontrei a pessoa que faz meu


coração acelerar.”

“Talvez você tenha e não sabe, porque não sai com


eles.”

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JAMIE BEGLEY

“Talvez.” Ginny acha que não, mas concorda na esperança


de que Gianna pare sua linha de perguntas.

Ela dá um pequeno empurrão para afastá-la. “E quanto a


você? Seu namorado é aquele?”

Gianna franze a testa. “Depende se ele irá me propor


quando terminar o doutorado. Caso contrário, essa garota mudará
para um céu mais brilhante.”

“Você vai terminar se ele não propor?”

“Em um piscar de olhos. Você não quer se casar?”

“Eu não preciso de um anel para saber que alguém me


ama.”

“Não é sobre o anel; é sobre o compromisso.” Colocando a


tampa de volta no frasco, Gianna pega uma revista da mesa de
café para abanar irritadamente as unhas dos pés.

“Concordo.”

Ela para de acenar com a revista. “Você concorda?”

“O compromisso é muito importante.” Ginny concorda. “Eu


simplesmente não precisaria de um anel como prova.”

“Eu preciso.”

Ginny fica surpresa por suas unhas não estarem tão secas
quanto as de Gianna, enquanto ela acena com a revista.

“Eu não. Mas não sou eu quem tem namorado.” Ginny


assente sabiamente. “Posso mudar de ideia quando o fizer.”

“Você se sentiu assim quando teve um namorado?”

“Eu nunca tive um. Também nunca saí para um encontro.”

Gianna fica boquiaberta para ela. “Nunca?”

“Nunca.”

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JAMIE BEGLEY

“Eu vou chorar.” Gianna muda a direção do fluxo de ar em


direção ao rosto.

“Por quê? Não disse que não fui convidada, só que não saí.”

“Por que diabos não?”

“Não estava interessada em quem convidou.”

“Aposto que se D’mon perguntasse, você estaria


interessada.”

Ginny liga a televisão, evitando a conversa.

Gianna puxa o controle remoto da mão, desligando a Tv.


“Ele te convidou, não foi? E você o recusou?” Ela grita.

“Eu não estava interessada.”

“Qualquer mulher entre os 13 e as velhas demais para se


interessar estariam interessadas nele.”

“É engraçado como está pegando minhas palavras do


Kentucky.”

Ginny desvia da revista que Gianna joga nela.

“Da próxima vez que ele te convidar, dê o meu número,


porque estou muito interessada nele.”

“Entendi a mensagem”, Ginny brinca. “Onde está toda


aquela conversa de compromisso que queria de Chris?”

Gianna balança a mão esquerda na frente do rosto. “Você


vê um anel neste dedo?”

“Não.”

“Então ligue, garota... por favor.” Gianna levanta as mãos e


junta como se estivesse rezando.

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Ginny revira os olhos. “Se ele me ligar novamente, eu farei.


Posso ter o controle remoto de volta agora? Quero assistir
Slaughter Under the Mistletoe.”

“Você quer?”

“Eu posso assistir Murder, She Wrote se preferir?”

“Vou escolher o programa. Você tem que assistir pessoas


mórbidas?” Ligando a televisão, Gianna começa a procurar filmes
para assistir.

Tocando as unhas dos pés, Ginny se certifica de que estão


secas antes de apoiar o travesseiro nas costas para se sentir mais
confortável. “Murder, She Wrote não é mórbido.”

“Existe um cadáver em cada episódio?”

Ela a pegou. “Sim.”

Gianna pressiona Play e a tela fica escura. A conversa


casual cessa com a montagem de um jovem casal envelhecendo,
as pernas de Ginny tocam o chão.

“Acho que vou deitar na minha cama e ler por um tempo.”

“Ei.” Gianna agarra seu braço, parando-a. “Se você não


quiser assistir, vou escolher outra coisa.”

“Não gosto de filmes assim. Eles me incomodam.”

“Como eles te incomodam?”

“Eles me deixam triste.”

Gianna devolve o controle remoto. “Estava apenas


brincando para mostrar que alguns casamentos são muito bem-
sucedidos.”

“Gianna, não tenho nada contra me casar. Não tive a


intenção de dar essa impressão. Sei que existem
casamentos felizes. Eu os vi em primeira mão.”

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Ginny a vê olhar de lado. “Vá em frente, pergunte.” Por que


as pessoas sempre assumem que ela é sexualmente confusa por
causa de sua falta de desejo de se envolver em um relacionamento
sem sentido?

“São os homens?”

“Eu gosto de homens”, Ginny assegura. Ela acha alguns


homens atraentes; ela simplesmente não quer tocá-los.

“Você gosta de mulheres?”

“Eu gosto de mulheres, mas não sexualmente.”

“Você gosta de homens sexualmente?”

“Gianna...” Ginny começa a avisá-la de que está se tornando


muito pessoal, mas depois não consegue ferir os sentimentos da
mulher. “Quando você olha para um céu escuro e vê as estrelas,
todas são lindas. Há mais de um bilhão de trilhões de estrelas no
universo e mais de sete bilhões de pessoas na Terra — nem todo
mundo consegue encontrar a estrela que as torna inteiras.”

Gianna olha para ela sombriamente, como se tentasse


decidir se concorda ou não. “As estrelas estão muito longe; como
elas deveriam se encontrar, afinal?”

“Elas caem na Terra todos os dias; você simplesmente não


pode vê-las ou elas não pousam perto de você.”

“Então, sua estrela pode estar entre as pessoas que esteve


perto e não reconheceu, ou nunca estiveram onde você pudesse
encontrar?”

“Sim.” Ginny sabe que sua maneira de pensar é a maneira


de explicar a si mesma a angustiante desesperança que sente
todos os dias em que acorda e toda noite que dorme, que o que ela
quer está fora de alcance.

“Em qual você acredita?”

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“A terceira opção.”

“A terceira opção?”

“Que minha estrela veio à Terra e não a encontrei a tempo.”

“Garota, isso é uma merda profunda. Muito profunda para


mim sem um copo de vinho.” Gianna joga a revista de lado. “Quer
um copo?”

“Eu posso pegar. Não quero que estrague suas unhas.”


Ginny vai até a geladeira pegar a garrafa de vinho que está aberta.
Servindo dois copos, ela os leva para a sala para dar um a Gianna.

“Posso fazer outra pergunta?”

Enrolando-se no sofá, Ginny toma um gole do seu vinho.


“Desde que você me apresentou a este vinho, vá em frente. Mas a
próxima garrafa será minha.”

“Não se preocupe com isso. Mantenho várias garrafas em


espera para quando tenho um dia ruim no trabalho ou quando
quero estrangular Penni. O vinho me apazigua e mantém minha
bunda fora da cadeia.”

Ginny pode se identificar. Quando Penni se concentra em


algo, nada fica em seu caminho. Às vezes, funciona muito bem,
como quando ela lhe ofereceu o emprego com a Mouth2Mouth e
se juntou a Gianna como colega de quarto. Depois, há os casos
em que ela quer algo e a persegue até o inferno congelar.

Penni se ofereceu para ajudá-la a se mudar para o


apartamento de Gianna, mas Ginny não tem muito, apenas
algumas caixas de pequenas bugigangas que ela colecionou
quando viajou com a banda e alguns de seus pertences pessoais.
Alugou uma pequena unidade de armazenamento para guardar
suas coisas e Penni a ajudou a esvaziá-la.

Ginny levava uma caixa enquanto Penni


levantava duas das menores. Quando ela voltou,

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uma caixa derramou seu conteúdo no chão e Penni leu uma das
páginas que soltou.

Curvando-se, Ginny pegou a folha de papel, empurrando-a


de volta para dentro do caderno.

“Sinto muito, a caixa era mais pesada do que eu pensava”,


Penni disse.

“Largar a caixa pode ter sido um acidente, mas ler meus


papéis particulares não foi”, Ginny retrucou. Reunindo o resto dos
papéis, ela colocou o caderno de volta na caixa e fechou as abas.

“Não, não foi”, ela admitiu, desculpando-se. “Eu estava


colocando de volta quando percebi que era uma música. Você é
muito talentosa. Eu poderia perguntar a Kaden...”

“Pare, Penni. Não quero que peça que ele leia minha música.”

“Por que não?”

“Eu apenas escrevo música quando estou entediada, então


não faça disso mais do que é.”

“Mas...”

Ginny pegou as caixas dos braços. “Sem desculpas. Você


pode deslizar a porta para baixo; essa é a última das minhas coisas
e terminamos de falar sobre isso.”

“Eu entendi.” Penni levantou as mãos em sinal de rendição.


“Não direi outra palavra. Vamos almoçar.”

Ginny não acreditou nela por um segundo. Elas estavam no


drive-thru de um restaurante de frango quando Penni começou a
persegui-la sobre deixar Kaden ler suas músicas. Isso foi um mês
atrás e Penni ainda fala disso quando a vê ou manda uma
mensagem. O espírito animal de Penni é um bulldog, Ginny pensa
ironicamente, tomando outro gole de vinho.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“O que quis dizer quando disse que não o encontrou a


tempo?”

“Acho que ele se foi — voltou para casa.”

“Você acha que ele está morto?”

“Sim, é por isso que não assisto filmes de drama ou


românticos, porque me deixam triste.”

“Assistir programas de assassinato não te deixam


chateada?”

“Não, eles me ensinam a não cometer erros que possam me


matar.”

Tomando um gole de vinho, Gianna começa a tossir,


erguendo os olhos lacrimejantes para os dela. “Você acha que
alguém vai te matar?”

“Na verdade, não. Mas se tentarem, quero estar preparada.”

“Todos os Kentuckianos pensam como você?”

“Você sabe como os Kentuckianos se despedem?”

Ginny vê os músculos da garganta de Gianna trabalharem


enquanto engole um gole de ar assustado.

“Não. Como?”

“Eles dizem: ‘Tenha cuidado’. Sempre esperamos que algo


ruim aconteça e ficamos felizes quando vemos que nada
aconteceu.”

“O... kay...” Gianna fala demoradamente. “Isso é estranho


pra caralho. Ninguém espera algo ruim só porque alguém sai.”

“Kentuckianos sim.” Ginny assente seriamente. “Eles são


muito supersticiosos. Pelo menos, as cidades menores nas
montanhas são. Aqui está outra: na noite de

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Halloween, olhe um espelho nos degraus do porão e verá o homem


com quem se casará.”

Ginny começa a rir da expressão de Gianna.

Sua colega de quarto ri também, indo à geladeira pegar o


vinho e trazendo a garrafa de volta.

“Case-se com um homem em janeiro, você sempre será


pobre; Fevereiro, você se casará novamente; Março, você fez uma
boa captura; Abril, você estará chorando em breve.”

Suas risadas enchem o apartamento até que elas estão


enxugando lágrimas de riso e a garrafa de vinho está vazia.

Procurando por um filme que ambas possam apreciar sobre


policiais de mente aberta lutando contra um apocalipse zumbi,
Gianna olha para ela antes de pressionar Play. “Não dê a D’mon
meu número.”

“Acho que é uma escolha sábia.” Ginny a saúda com seu


copo de vinho.

“Por quê?”

“Porque você ama maionese; isso é uma coisa grande a


superar.”

“Talvez sim, mas se a maionese não tossir uma pepita de


diamante, vou mudar para mostarda.”

“Alguma sorte?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ginny fecha a porta do carro, deixando Gianna acelerar de


volta ao fluxo de tráfego antes de responder. “Eles me disseram
que entrarão em contato.”

Ela solta um suspiro de frustração. Ela precisa de um


emprego e logo, com certeza o restaurante fast food com placas de
Contratação postadas por toda as lojas ao lado do banco de
Gianna é vitória garantida. Eles lhe deram um talvez e ligarei para
você.

Dando a seta, Gianna vira numa rua lateral. “Eu gostaria


que reconsiderasse a inscrição no banco onde trabalho.”

“Não, obrigada. Não tenho nenhuma experiência


trabalhando em bancos.” Ginny recusa a oferta desde a segunda
semana em que se mudou com Gianna. Sua colega de quarto é
tão persistente quanto Penni quando quer empurrá-la na direção
que quer que ela siga.

“Tem certeza de que não se incomoda em me deixar entregar


meu cartão-chave para Penni?” Mudando de assunto, Ginny
espera se desviar de mais uma rodada das garantias de Gianna de
que não importa que ela não tenha experiência, já que o banco
oferece treinamento. Ela está muito cautelosa com as verificações
de antecedentes necessárias para colocar o pescoço na linha
desnecessariamente. Ela encontrará outro emprego. Ela só tem
que ser paciente e não tomar uma decisão imprudente.

“Eu te disse que não me importo. Estou livre pelo resto do


dia. Além disso, está a apenas alguns quarteirões de distância.”
Entrando numa garagem, Gianna levanta a mão para mostrar o
dedo para o motorista atrás dela. Depois de uma buzina soar alta,
um grande sedã passa voando, quase levando o para-choque de
Gianna.

“Você não usou a seta”, Ginny repreende enquanto


estacionam.

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JAMIE BEGLEY

“Ele não deveria estar indo tão rápido”, Gianna rebate.

As habilidades de direção de Gianna refletem sua


personalidade — ela não deixa as pessoas atrapalharem.

Apertando o botão do elevador, Ginny espera até Gianna


entrar no elevador com ela para pressionar o número do andar.
“Tem certeza de que não quer esperar no carro? Só vou demorar
alguns minutos.”

“Se você for lá sozinha, ficará o dia todo. Penni vai falar com
você até a morte, e estou com fome. Você vai amar meu
restaurante favorito. Chris odeia frutos do mar e não vai comigo.”

“Eu amo frutos do mar.” As memórias dela e Trudy comendo


peixe fresco enquanto observavam sua mãe preparar o que seu pai
ou Manny pegaram trouxeram uma pontada de tristeza misturada
com raiva por essas lembranças terem sido irrevogavelmente
danificadas por suas ações. É como olhar um espelho rachado;
uma parte aparentemente normal, a outra distorcida, mostrando
a feiura que ela era inocente demais para ver que estava lá até ser
tarde demais.

Saindo do elevador, elas caminham pelo corredor até o


escritório de Penni. Como gerente de turnê do Mouth2Mouth, ela
é responsável por contratar a equipe de suporte. Cada contratado
recebe um crachá que funciona como um passe para passar pelas
portas do local, para que os funcionários tenham acesso para
entrar e sair durante os eventos. Todos os funcionários da banda
foram convidados a devolver seus crachás até o Mouth2Mouth
voltar à estrada. Ginny não vê isso acontecer tão cedo. Penni já
havia informado à equipe que Kaden planeja fazer uma pausa de
um ano para escrever músicas para o próximo álbum. Penni disse
a ela com confiança que foram oferecidos vários contratos para se
apresentar em diferentes Estados e está considerando seriamente
as ofertas.

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JAMIE BEGLEY

A porta do escritório de Penni está aberta. Sorrindo para a


mulher atraente atrás da recepção, Ginny se aproxima do
escritório.

“Oi, Grace, como você está hoje?”

Grace devolve o sorriso. “Bem. Penni me disse que você


viria. Vocês, meninas, parecem prontas para enfrentar o mundo.”

“Não sei sobre isso, mas estamos prontas para enfrentar o


Harry's Seafood.” Ainda sentindo a pontada de decepção por não
conseguir um emprego, ela disfarça sua preocupação com falsa
alegria. “Penni está por aqui? Eu preciso entregar meu crachá.”

“Vou avisá-la e pegar a papelada que precisa preencher.”


Grace se levanta elegantemente de sua mesa.

Ginny observa com admiração quando a ex-modelo


caminha a pequena distância até o escritório de Penni para bater
e depois entra, deixando-a e Gianna sozinhas no escritório da
frente.

“Por que ela me faz lamentar a garrafa de vinho e macarrão


que comemos no jantar ontem à noite?” Gianna murmura
baixinho com inveja.

Ginny lança

um olhar surpreso. “Você é tão bonita. Sou eu quem


deveria lamentar a porção extra de linguini.”

A colega de quarto dela é linda em um nível altíssimo. Ela é


quase tão alta quanto Grace e seu tom marrom de pele é
impecável. Enquanto as feições de Grace dão a impressão de
afastamento, as maçãs do rosto altas de Gianna criam uma beleza
altiva; as duas mulheres podem usar o ar de indiferença porque
são muito lindas. Ambas usam vestidos que valorizam seus
corpos, enquanto são casualmente elegantes,
conscientizando os homens de que há mais do que
apenas seu físico. A única diferença real que ela

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

pode ver entre as mulheres é o tamanho de seus seios. Com um


tamanho P, Ginny parece ter treze anos em comparação com o
tamanho voluptuoso de seios de Gianna, o que a faz desejar que
ela pudesse ao menos ser um bom M como Grace.

“Você está mentindo por entre os dentes.” Gianna a cutuca


com um ombro para mostrar que Penni e Grace estão voltando.
“O almoço é meu por fazer o esforço. Eu não acho que posso ficar
sem meu macarrão.”

Ginny balança a cabeça com a oferta, vendo a manobra


sorrateira que Gianna tenta fazer para diminuir a carga sobre sua
renda inexistente.

“Vamos discutir isso mais tarde”, Gianna diz.

“Não, nós não vamos.” Tirando o crachá, entrega-o a Penni


enquanto ela se aproxima da mesa.

“Desculpa. Estava no telefone com Kaden.” Penni coloca o


crachá laminado em um envelope amarelo que Grace dá a ela.

Penni rabisca seu nome primeiro no envelope, depois Grace


desliza o papel sobre a mesa. “Pode assinar isso? Diz apenas que
você devolveu o crachá e não está mais empregada com a
Mouth2Mouth.”

Assinando o papel, Ginny fica aliviada ao ouvir uma voz


alegre do corredor romper o silêncio constrangedor. “Alguém quer
almoçar?”

Abaixando a caneta e entregando o papel a Penni, Ginny se


vira e vê uma mulher parada na porta.

“Estava pronta cerca de dez minutos atrás”, Penni


responde, depois se vira para Grace. “Você pode arquivar isso no
armário e riscar o nome de Ginny da lista. Ainda faltam dois, e
podemos devolvê-los a Alec. Ele está me ligando há uma
semana para enviá-los.”

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“Não sentirei falta das ligações dele todas as manhãs.”


Grace vai até o arquivo, usando uma chave presa a uma pulseira
para abri-lo e o tranca novamente depois de colocar o envelope
dentro. “Como chefe da segurança de Kaden, sei que ele leva seu
trabalho a sério, mas você disse a ele que os teria nesta sexta.”

“Eu deveria ter trazido o meu mais cedo.” Ginny está


familiarizada com o TOC de Alec para proteger Kaden, não apenas
fisicamente, mas de qualquer coisa que possa prejudicar ele e sua
família.

“Não teria importado. Terei que esperar Nick e Kimmy


voltarem do funeral de seus pais.”

A angústia a enche ao lembrar as perdas de seus colegas de


trabalho. O irmão e a irmã viajam com a banda por mais tempo
do que ela e eles a tomaram sob suas asas para mostrar as coisas.
No final dos vinte anos, eles ainda permanecem incomumente
próximos dos pais. Era um ritual noturno para eles ligarem para
os pais e discutirem o dia. Frequentemente eles arrastavam outros
no ônibus para as conversas. Quando Penni disse a ela que os
pais deles morreram em um estranho acidente enquanto
caminhavam. Ginny sentiu a perda repentina e procurou os
irmãos para dar condolências.

Penni está igualmente triste. “Eu não queria pressioná-los


a enviar os crachás de volta. Eles voltam hoje à noite e vão
entregá-los na sexta.” Ela se vira para a mulher que entrou.
“Desculpe, Zoey. Não quis te arrastar para o meu drama com Alec.
Deixe-me apresentá-las. Estas são Gianna e Ginny.” As mulheres
compartilham sorrisos enquanto Penni continua: “Zoey acaba de
alugar o escritório em frente a nós. Ela é coach de vida e está
ganhando muitos seguidores no Instagram. Você deveria dar uma
olhada nela.”

“O que treina as pessoas para fazer?” Gianna


pergunta.

“Depende do que elas querem alcançar.”

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JAMIE BEGLEY

Ginny não sabe como deve ser uma coach de vida, mas, se
soubesse, imaginaria alguém mais exuberante como Gianna ou
Penni, não a mulher que tem quase um tom zen. Ela está vestida
com uma saia de gaze de linho colorida e leve e uma blusa que a
faz se sentir calma só de olhar para ela.

“Ela me treina para viver uma vida mais saudável. Tenho


que admitir que amo cafeína e tenho dependência de alimentos
processados.” Dando uma olhada na máquina de café no canto do
escritório, Penni se senta no canto da mesa de Grace.

“Ela me treina para lidar com Penni”, Grace brinca.

“Você pode me ensinar como conseguir que meu namorado


me peça em casamento?”

“Eu posso.” Zoey sorri. “Ou posso treiná-la para pedi-lo.”

“Você está contratada.”

“Boa sorte em marcar uma consulta.” Grace pega a bolsa da


mesa. “Então, onde comeremos? Penni é a única que passa fome.”

“Gianna e eu vamos ao Harry's Seafood, se quiser vir


conosco.”

“Parece bom. Podemos dirigir no meu carro”, Penni diz. “E


posso trazer você e Gianna de volta depois do almoço.”

“Tudo bem para você, Gianna?” Ginny pergunta.

“Funciona para mim, a menos que seja supersticioso


demais cinco pessoas entrarem num carro”, ela prontamente diz.

O pequeno grupo sai do escritório e para no corredor


quando Grace tranca a porta, onde elas olham para Gianna
interrogativamente.

“Ginny estava me contando algumas das superstições


que os Kentuckianos possuem”, Gianna explica
enquanto se dirigem ao elevador.

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“Nem todo mundo, apenas algumas das pessoas mais


velhas da montanha.”

Zoey aperta o botão. “Como o quê?”

“Por exemplo, se duas mulheres vestem uma noiva, uma


das três morrerá até o final do ano.”

“Eu nunca ouvi essa, e vou regularmente ao Kentucky”,


Penni concorda. “Qual é a outra?”

Ginny tem que pensar por um minuto, depois encontra uma


que não contou a Gianna. “Se contar o número de anéis das
mulheres com quem está e recitar o alfabeto, essa é a inicial do
nome do seu futuro marido.”

Saindo do elevador, as mulheres a rodeiam para estender


as mãos.

“Não vai funcionar com a gente; Gianna e eu somos


solteiras.” Ginny tenta passar entre Zoey e Penni, desejando ter
escolhido outra superstição para entretê-las.

“Zoey também não é casada.” Penni dá um passo para o


lado, bloqueando-a. “Nós apenas contamos de maneira diferente
com cada uma de vocês.”

Com fome, ela sabe que será mais rápido se concordar,


então ela estende as mãos e mostra os dedos sem anéis.

“Cada uma de nós tem que fazer sua própria contagem. É


má sorte para Penni ou Grace. Se contar, são quantos anos antes
de se divorciarem.” Ginny assente para a mulher em frente a ela.
“Gianna, você vai primeiro.”

A colega de quarto conta os cinco anéis nas mãos de Penni.


“Está certo?”

“Sim. Vá em frente”, Ginny a encoraja.

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Gianna muda o olhar para Grace. Ela tem dois em cada


mão. “I. Acho que isso deixa Chris na poeira.” Então ela vai para
as mãos de Zoey. “Você realmente gosta de anéis, não é?” Ela tem
pilhas de anéis delicados nas duas mãos.

“Sim. Geralmente não uso tantos”, ela diz, mexendo os


dedos para Gianna contar. Ela tem dez de um lado e seis do outro.

“Y?” Não conheço ninguém com o nome Y. Irritada, ela olha


para elas como se soubessem alguém que conhece.

“As coisas boas vêm para aqueles que esperam.”

“Dane-se, Zoey.”

“É a minha vez.” Zoey muda o assunto com a crescente


irritação de Gianna, movendo os olhos pela exibição de anéis. “M.”

“Prefiro ter um Mark ou um Marcus”, queixa-se Gianna.


“Tire alguns de seus anéis.”

“Você não pode fazer isso; não vale.” Soltando as mãos, ela
começa a caminhar em direção ao fim da fila em que estão.

“Espere!” Penni a chama. “Não fizemos o seu.”

“Eu contei. Não há vinte e nove letras no alfabeto.”

Todas as mulheres vão para portas diferentes; Ginny pega


a primeira porta na parte de trás, esperando Penni pressionar o
botão de desbloqueio.

“O que acontece quando isso acontece?” Zoey pergunta.


“Você começa a contar com os números restantes?”

“Não, isso significa que será uma solteirona.”

Penni pressiona o dedo no seu chaveiro. “Isso é mal.”

As superstições são mais profundamente enraizadas.


Quando eles se originaram, a vida era muito mais
difícil. Parecia uma maneira de mostrar humor ou

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explicar por que coisas ruins estavam acontecendo. A Ginny mais


velha dá menos credibilidade do que dava às superstições antigas
que Freddy ensinou provocativamente a ela e Leah.
“Sinceramente”, Ginny se senta no banco de trás com Zoey
deslizando atrás dela, enquanto Gianna entra do outro lado e
Penni e Grace se sentam na frente, “Não acho que eles
consideravam mulheres usando tantos anéis. Muitas não tinham
dinheiro para eles.”

“Não importa, de qualquer maneira.” Zoey dá um tapinha


em sua coxa. “Superstições não são reais.”

Apertando o cinto de segurança, Gianna faz uma careta


para Zoey. “É fácil para uma mulher falar já que vai se casar com
um Mark.”

Zoey prende o cinto de segurança antes de enfiar a mão no


bolso para dar a Gianna um cartão de visita. “Ligue-me.”

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CAPÍTULO TRINTA E NOVE

“Você tem certeza de que seus maridos estão bem com


estarem comigo esta noite?”

Ginny esconde um sorriso para os esforços determinados


do grupo de amigas claramente ignorando a pergunta de Zoey. A
movimentada boate de Queen City está lotada, e somente Penni
seria capaz de encontrar uma mesa para o grande grupo. Ginny
acha irônico. Se ela tivesse planejado o passeio, elas estariam do
lado de fora na longa fila de pessoas que ainda tenta entrar.

“O que posso trazer para as senhoras beberem?”

“Vou tomar um daiquiri de limão”, Grace diz primeiro.

“Uma margarita de morango para mim”, Casey pede em


seguida.

“Suco de cranberry”, Zoey diz quando a garçonete olha para


ela.

Ginny espera pacientemente sua vez. As mulheres sentadas


à mesa estão atraindo a maior parte da atenção masculina. Ginny
quase sente pena deles, sabendo que nenhum dos homens tem
chance. Grace é casada com o presidente dos Predators, Casey é
casada com Max, um soldado do clube e Penni é casada com
Jackal, o executor. As duas outras mulheres sentadas com elas
são Sawyer, esposa de Kaden, e Vida, sua amiga casada.
As únicas três solteiras na mesa são Zoey, Gianna e
ela. Gianna está esperando o namorado da

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faculdade pedi-la em casamento, Zoey é uma coach de vida e


provavelmente os convencerá a se apresentar a outra mulher e,
com ela, eles simplesmente vão perder tempo.

“Vida e eu queremos amaretto azedo”, Sawyer pede para ela


e sua melhor amiga.

“E você, Ginny?” Penni pergunta.

“Vou tomar um refrigerante diet”, ela pede antes de olhar a


expressão decepcionada de Penni. “A única razão de eu estar aqui
e não na cama é porque você disse que eu preciso ser a motorista”,
ela lembra. As últimas três semanas, desde o último passeio
juntas, não a deixou mais perto de encontrar um emprego e ela
não quer desperdiçar dinheiro.

“Eu disse isso para trazê-la. Menina, é para isso que serve
o uber”, Gianna diz, depois ordena: “Vou tomar um rum com
Coca-Cola e traga um para minha garota também.”

Ginny começa a cancelar o pedido de sua colega de quarto.


Rum é sua bebida alcoólica menos favorita. “Eu não vou beber,
Ginny. Se você quiser, vá em frente”, Zoey diz, inclinando a cabeça
para a música.

“Exatamente como acha que pode nos dar carona para casa
naquele skate?” Penni brinca, batendo a mão na mesa e
chamando a atenção dos clientes nas mesas próximas. “Não se
preocupe em voltar para casa. Tenho isso resolvido.”

Ela ficará com seu refrigerante. Ginny não tem intenção de


se encontrar na traseira da moto de um Predator.

“Estou com você no rum, Gianna, exceto que bebo o meu


em um mojito.” Penni passa seu pedido à garçonete que espera
impacientemente. “E nos traga um prato de nachos. Estou
faminta.”

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“Nós comemos antes de virmos para cá”, Zoey a lembra. “E


você deveria estar bebendo com seu problema de coração?”

Penni dá de ombros. “O hambúrguer e as batatas fritas não


me encheram e se uma bebida me matar, não quero viver”, ela
brinca. “Além disso, o dano ao meu coração foi apenas de curto
prazo. Eu tenho exames anuais desde que tive Wylie. Eu tive sorte.
Não apenas sobrevivi a uma embolia por líquido amniótico quando
quase setenta por cento das mulheres não sobrevivem, mas não
tenho nenhum dano além da perda de memória e Jackal jura que
eu já tinha esse problema antes.”

Ginny quase ri com isso. A única vez em que Penni é


desmiolada é quando quer fazer algo que alguém não quer que ela
faça.

Assim que a garçonete sai, Ginny começa a ouvir a música


e ver os casais na pista de dança enquanto as mulheres casadas
finalmente respondem à pergunta de Zoey sobre quem está
cuidando das crianças. Descobrir que os maridos estão presos
com os filhos por irritar suas esposas é hilário. O que ela acha
ainda mais engraçado é que a coach de vida foi responsável pela
briga entre maridos e esposas.

Zoey encontrou um cachorro que Ice convenceu Grace a dar


a outro membro dos Predators. O cachorro se perdeu e, sendo
meninos, Ice e Stump mentiram sobre isso para Grace.

“Sinto-me péssima por ter causado esse atrito entre vocês e


seus maridos”, Zoey diz arrependida.

Ginny só sintoniza a última conversa quando a música


termina.

“Deixe para lá.” Penni recosta-se para permitir que a


garçonete sirva suas bebidas. “Peça algo mais forte que suco de
cranberry; vai ajudar.”

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Grace se serve dos nachos. “Olhe pelo lado bom. Estamos


tendo uma noite de garotas e estamos todas aqui. Faz muito tempo
desde que isso aconteceu.”

Zoey se anima. “Isso é verdade. Eu não consegui me


familiarizar com Ginny desde que ela se mudou para a cidade e
foi morar com Gianna.”

Ginny sorri para ela. “Estou ansiosa por isso também.


Estive tanto na estrada que ainda estou tentando me acostumar
a dormir em uma cama que não se move. Vai ser difícil até
encontrar outro emprego, mas posso entender a banda querendo
uma pausa de um ano.”

“É uma pausa ou as crianças e eu iremos com Kaden.”


Sawyer balança a cabeça quando Vida move o prato de nacho em
sua direção.

“Eu posso ajudar. Posso dizer aos meus seguidores que você
está procurando um emprego”, Zoey oferece.

“Tudo bem. Prefiro fazê-lo à moda antiga e pesquisar nos


anúncios.”

“Você pode se candidatar ao emprego do Stump na loja de


móveis. Ouvi dizer que o chefe dele está contratando”, Penni
sugere, apontando para a garçonete reabastecer.

“Não mais. Falei com o chefe dele. Parei lá antes de voltar


ao escritório hoje de manhã. Ele vai contratar Stump de volta”,
Zoey diz alegremente.

“Você nunca tem sorte?”

Ginny quase ri do comentário seco de Grace.

“É um bom karma.”

Todas as mulheres na mesa a olham como se ela


fosse uma alienígena do espaço sideral, enquanto a

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garçonete traz uma bebida nova para cada uma das mulheres.

“O karaokê está começando. Fico ocupada quando isso


acontece, não queria deixá-las esperando”, ela explica.

Gianna dá à garçonete mais dez dólares quando paga a


rodada de bebidas. “Gosto de uma mulher trabalhadora.”

Depois que a garçonete sai, Gianna pega sua bebida fresca.


“Eu te disse que há uma vaga no banco. Uma das vantagens de
ser presidente é contratar.”

Aqui vamos nós de novo, Ginny pensa. Então ela repete a


mesma coisa que sempre faz, esperando que dessa vez ela
entenda. “Não tenho nenhuma experiência bancária. Os únicos
trabalhos que já tive foram cozinhar, ser garçonete e limpar. Eu
vou encontrar alguma coisa. Até lá, eu posso usar as férias.”

“O banco treinaria você...”

Sua colega de quarto não consegue entender por que ela


não aceita a oferta e não há como Ginny dizer que não queria que
o banco fizesse uma verificação de antecedentes. Hammer e Will
disseram que ninguém poderia conectá-la à sua vida passada,
mas Ginny não quer arriscar. Ela recuperaria sua antiga vida
quando estivesse pronta, não antes.

“Sou péssima com números e gosto muito de cozinhar e


limpar.”

“Estou feliz que Max não conheceu você até depois de se


casar comigo”, Casey brinca com um revirar de olhos. Ela não é a
única; Ginny revira os olhos também. Max pode ter o dobro do
tamanho de Rider, mas os dois homens têm um apetite infinito.
Ela não teria condições de alimentar qualquer um deles, mesmo
que estivesse atraída por um deles, o que não estava.

A solidão dolorosa que sentiu quando confessou a


Trudy que pensava que sua alma gêmea estava morta
está piorando. A conversa com Gianna e o número

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de anéis contados apenas reafirmou suas crenças, apesar de dizer


a si mesma que está sendo paranoica. Ela está se forçando a olhar
para os homens mais de perto, na esperança de que alguém atraia
seu interesse. Até agora, o único homem a quem ela deu uma
segunda olhada é um vendedor de sapatos, e isso porque tentava
chamar a atenção dele para que lhe desse um par que ela queria
experimentar.

A mesa fica em silêncio quando um homem de cabelos


compridos pula no pequeno palco e levanta um microfone. “Vamos
começar a festa! Quem quer ir primeiro?” Ele grita.

Várias pessoas no bar gritam para chamar sua atenção.

Saltando na ponta dos pés, ele aponta para uma mulher de


meia idade no fundo do bar. Ginny grita encorajamentos para a
mulher depois que as pessoas param de ouvir, vaiando depois que
ela canta as primeiras notas.

“Ela é terrível. Vou precisar de outro drinque se o


entretenimento não melhorar”, Vida reclama, terminando seu
segundo drinque.

“Acho que ela está fazendo um bom trabalho


considerando...”

“Que ela é desafinada.” Sawyer interrompe Zoey. “Até o DJ


parou de pular.”

“Posso cantar melhor que isso e sou desafinada.” Gianna


pega outro nacho, colocando-o na boca.

“Vocês estão sendo muito críticas.”

Ginny concorda com Zoey. Ela não acha que a mulher é tão
ruim. É karaokê. Não é como se esperassem que Ariana Grande
subisse e começasse a cantar.

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“Estamos sendo legais.” Penni levanta-se quando a mulher


termina e desce do palco. “Veja. Vou mostrar a ela como se faz.”

O DJ nem tem tempo de perguntar quem será o próximo


antes de Penni subir ao palco.

Ginny deita a cabeça na mesa quando Penni tenta cantar,


batendo na mesa com a mão ao lado da cabeça.

“Ela é ainda pior!” Sawyer grita.

“Vocês estão sendo hipercríticas porque ouvem o


Mouth2Mouth durante ensaios e shows.” Sempre feliz e mestre
zen, Zoey tenta abafar o riso, vendo que estão ficando barulhentas
o suficiente para que Penni as ouça sobre a música que ela tenta
cantar.

Ginny levanta a cabeça, tentando controlar-se.

“Eu não estou. Ela é simplesmente péssima”, Gianna diz,


enxugando as lágrimas de riso com um guardanapo. “Não tenho
talento musical e posso cantar melhor que isso.”

“Prove.”

O riso de Gianna desaparece quando Penni aparece atrás


dela.

“Você já terminou?” Gianna empalidece ao ser pega falando


mal do canto de Penni.

“O DJ tirou o microfone de mim. Coloque suas amígdalas


onde está sua boca.”

“Você não está fazendo nenhum sentido. Sem mais bebidas


para você.” Zoey tenta afastar a bebida de Penni de sua mão.

“Gianna sabe o que quero dizer.”

“Você acha que eu não vou?”

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Ginny pensa seriamente em colocar o guardanapo na boca


para não rir. Gianna odeia ser provocada; ela tenta amenizá-las
sempre.

“Sei que você não vai”, Penni provoca.

“Observe-me.” Gianna se levanta, dando um olhar


desafiador para Penni.

“Eu não vou precisar. Posso ouvir você daqui.”

É por isso que ela se arrastou para fora da cama e se vestiu.


As mulheres a lembram muito da amizade que Trudy compartilha
com suas amigas.

“Ela é boa”, Zoey elogia Gianna.

Ginny pousa a mão na bochecha, gostando de ouvir Gianna


cantar.

“Ela está ok.” Penni estende a mão para Zoey. “Posso ter
minha bebida de volta se eu agir como ela faz?”

“Não, você já teve o suficiente.”

“Eu pensei que odiava usar a palavra não?” Penni diz a


coach.

Ginny ri interiormente enquanto ainda ouve Gianna. Penni


está solta hoje à noite.

“Sim, mas não me importo quando é apropriado.”

Penni volta sua atenção para a mulher ao seu lado. “Sawyer,


você deveria pedir para Kaden começar a se consultar com a Zoey.
Preciso de um aumento, e tudo o que ele continua me dizendo é
não.” Agora Penni está virando a cabeça para o seu chefe, que não
está lá.

Sawyer parece envergonhada. “Eu tentei, mas ele


diz que não tem tempo de sobra.”

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Penni bufa. “Ela está sendo educada. Ele diz a mesma coisa
que Jackal diz, que é uma bobagem.”

Ginny entende o que Penni tenta fazer. Ela está tentando


atrair mais negócios para Zoey, recrutando as esposas sem que
elas percebam.

“Penni!”

“Está tudo bem, Sawyer. Muitas pessoas dizem isso.”

“Não muitas. Quantos seguidores você tem agora?” Sawyer


pergunta a Zoey, olhando para Penni.

“Estou com cinquenta mil.”

“Isso é fantástico!” Ginny diz entusiasmada. Zoey


sinceramente tenta ajudar as pessoas. Ela está se tornando
popular; tem que estar ajudando seus negócios.

“Quem é o próximo?” O DJ grita do outro lado da sala


lotada.

Gianna cutuca Ginny. “Você vai.”

“De jeito nenhum.” Ela quase derruba o copo com a


sugestão.

“Vamos lá, você gosta de cantar”, Gianna tenta convencê-la


novamente. “Inferno, você faz isso quando limpa o apartamento.
Você não tem nenhum problema em cantar na minha frente
então.”

“Isso é diferente. Somos só eu e você.”

Ginny pensa que desmaiará somente com a ideia.

“Você canta quando cozinha”, Penni se junta, tentando


convencê-la.

“Eu faço?”

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“Sim. Continue. Queen City é tão grande que você nunca


mais verá essas pessoas de novo.”

“Ela canta na igreja também.” Gianna a cutuca novamente.


“Você não pode ter medo do palco pela maneira como canta todos
os domingos.”

“Isso não envolve um palco e você está ao meu lado no


banco, cantando a mesma música.”

“Se eu for lá em cima com você, você fará isso?” Gianna não
lhe dá tempo de responder, levantando-se e agarrando a mão de
Ginny, puxando-a para o palco.

Ginny tenta afastar a mão da colega de quarto, mas Gianna


não a deixa ir, e com tantas pessoas olhando, Ginny não sabe
como sair da situação em que se encontra. Ela finalmente decide
subir do outro lado do palco, quase caindo no chão quando
tropeça num fio. Gianna segurando sua mão a impede de cair.

“Gianna, ela não quer.” Zoey consegue soltar o aperto de


Gianna sobre ela quando se vira para agradecer ao DJ que lhe
entrega o microfone.

Ginny se vê em seu pior pesadelo. O microfone quase bate


na boca porque sua mão treme muito. A multidão turbulenta
começa a gritar para ela cantar. Sua colega de quarto começa a
recuar, dando-lhe um olhar de desculpas quando sai do palco.

Quando elas voltarem para o apartamento, Ginny promete


que a estrangulará. Ela faria isso mais cedo, mas Ginny tem
certeza de que, por mais bêbada que as mulheres na mesa
estejam, ela estará na traseira de uma moto, andando ao lado
delas em outras motos.

Mentalmente, os aviões nunca a incomodaram após o


acidente. Andar de moto, por outro lado, é uma coisa que ela
não quer experimentar em primeira mão. Motos e
cantar na frente de multidões são seu calcanhar de

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Aquiles, e antes que a noite termine, Ginny tem a sensação de que


não escapará de fazer as duas coisas.

Ginny congela quando o DJ começa a tocar ‘Poker Face’ de


Lady Gaga, a letra aparecendo na tela ao lado. Sua mente volta à
última vez que cantou, quando toda a atenção estava focada nela.
Ginny não consegue nem abrir a boca para deixar escapar uma
única palavra. Ela nem nota que Zoey pede ao DJ para mudar a
música ‘Million Reasons’, de Lady Gaga.

Quando a música começa a tocar, ela a tira do transe em


que se trancou. Percebendo que a única maneira de sair do palco
é dar a elas o que querem, ela começa a cantar. Fazendo o que ela
faz quando canta na igreja, ela canta baixo e mal é ouvida.

Flashbacks do dia que mudou irrevogavelmente sua vida


correm por sua mente. Tudo isso para no meio quando Zoey pega
a mão dela para cantar junto. No sorriso encorajador de Zoey,
Ginny relaxa, sua voz gradualmente ficando mais alta, só
querendo terminar a música e sair do palco.

Seus olhos percorrem a multidão, aterrorizados que alguém


reconheça sua voz desde quando ela cantou quando criança. É
um medo irracional, ampliado pelos eventos traumáticos do dia
que assustaram a criança dentro dela, deixando uma marca
duradoura na adulta que deseja correr aterrorizada, exatamente
como no dia em que tinha três anos de idade.

Examinando a multidão, Ginny não percebe que Zoey parou


de cantar, nem percebe que a multidão fica quieta enquanto canta
até a nota final terminar.

Ela volta à realidade quando toda a plateia aplaude com


entusiasmo.

“Cante outra!” Penni grita.

Há pessoas de quem ela prometeu se vingar


quando o público começa a gritar de novo, batendo
os pés. Ginny quer voltar à obscuridade, e não iria

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JAMIE BEGLEY

atingir esse objetivo se tivesse que passar o resto da noite com as


pessoas na plateia querendo que ela cantasse mais. Será mais
inteligente dar a eles o que querem, então eles passarão para outra
pessoa.

Balançando a cabeça com o olhar questionador de Zoey, ela


quer morrer de vergonha quando se vira para o DJ, pedindo outra
música. Gianna disse a todas as mulheres que ela canta toda vez
que limpa a casa? Jurando a si mesma fechar a boca com fita
adesiva quando ligar o aspirador a partir de agora, ela deixa Zoey
começar a cantar ‘Girl on Fire’ da Alicia Keys antes de entrar.

Zoey para de cantar quando a voz de Ginny irradia sua


alegria e ela deixa a música dominá-la. Ela não se preocupa com
a chance de que seja reconhecida ou com as consequências. A
música enche sua alma do jeito que sempre fez desde que ela era
criança. A beleza das palavras a envolve, para que ela possa pintar
uma imagem com a voz e compartilhar com quem quiser ouvir.

Trudy disse uma vez que sua voz é um dom, e ela disse que
um dom é algo que ela deve compartilhar. Ela pode usar sua voz
para cantar para uma criança que está doente, para fazê-la se
sentir melhor, ou compartilhá-la com alguém que acha que
ninguém o entende e mostrar que ela sim. Ela pode dar amor e
carinho àqueles que se sentem perdidos e sozinhos pelos poucos
minutos que a música dura, segurando-os nos braços para que
pelo menos uma pessoa saiba que alguém se importa. É um dom
que ela foi forçada a esconder, como um presente de Natal que
não pode ser aberto, acumulando poeira no fundo de um armário.
Certamente, é bom abrir uma pequena aba e dar à criança, uma
vez inocente que ela foi, o prazer de compartilhar seu dom
novamente.

O som de palmas faz a realidade desabar sobre ela. Hammer


ficará furioso por ela ceder ao pedido de Gianna.

Deixando Zoey aceitar todos os elogios, ela


aproveita a oportunidade para voltar para a mesa.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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Gianna dá uma olhada em sua expressão e levanta as mãos


no ar. “Sinto muito.” Então ela arruína suas desculpas, sorrindo
em triunfo. “Eu sabia que você seria ótima. Disse que qualquer
um que quisesse ouvir que você tem uma ótima voz. Eu disse a
Penni que ela ganharia mais dinheiro gerenciando sua carreira
como cantora do que contratá-la como funcionaria para a
Mouth2Mouth.”

“Ela está certa, Ginny. Sua voz é fantástica”, Penni


concorda alegremente.

Ginny começa a tremer com a ideia que Gianna plantou na


cabeça de Penni. Uma vez que ela tem uma ideia, torna-se um
projeto pessoal até que o resultado que ela quer seja alcançado.
Se Penni trabalhasse no programa espacial, os homens já
estariam andando em Marte. Ela é tão obsessiva. Ela é tão
perigosa.

Penni já está pressionando-a para falar com Kaden sobre


suas composições, então Gianna, acrescentando sua própria
opinião sobre suas habilidades, só acrescenta mais combustível
ao objetivo de Penni de fazê-la trabalhar com o famoso cantor.

“Uau, Ginny, você foi ótima!” Zoey a parabeniza, sentando-


se novamente.

Ginny pega sua bebida, lamentando tardiamente por não


ter pedido algo mais forte.

“Você é melhor que o show de abertura de Kaden! Você


deveria tentar. Jesse não voltará para a próxima turnê”, a esposa
de Kaden grita animadamente do fim da mesa.

“Sawyer, eu não sou cantora. Gosto de cantar para relaxar


ou fazer o tempo passar mais rápido.” Ginny tenta
desesperadamente fechar novamente a caixa, mas a maldita coisa
continua se abrindo. “Nunca tive nenhuma aula...”

“Kaden poderia te ensinar. Ele dá aulas


quando não está em turnê.”

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JAMIE BEGLEY

“Não.” Esqueça a abertura; ela acabará com esse monstro.

“Ginny, não seja negativa com as possibilidades.”

Ginny conhece aquele olhar no rosto de Penni. Ela está com


problemas.

“Não estou sendo negativa. Estou sendo realista. Não desejo


viver como Kaden e o resto da banda.”

“Pensei que você gostava de viajar com a banda?” Zoey


questiona.

“Eu gosto, mas isso não significa que quero cantar.”

“Você ganharia mais dinheiro para comprar a casa que


deseja.”

“Posso fazer isso enquanto economizo dinheiro suficiente


para fazer um trabalho que gosto de fazer, que não é cantar.”

“Isso é verdade.” Zoey assente. “Você tem uma voz adorável.


É preciso muita autoconfiança e autoestima para que os cantores
se exponham para serem abertos a críticas. Alguém zombou do
seu canto?”

Ginny concorda. Ela não tem intenção de discutir porque


não quer cantar.

“Entendo. Você pararia de cozinhar se eu não gostasse da


sua comida?”

“Não”, ela responde com relutância. Zoey está se tornando


uma segunda para Penni em determinação.

“Você fica nervosa se Gianna não gosta da maneira como


limpa o apartamento que compartilham?”

“Não.” Ginny olha em volta à procura da garçonete. Ela


precisa de uma bebida forte. Quanto mais forte, melhor,
forte o suficiente para abafar Penni e Zoey.

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JAMIE BEGLEY

“Porque você é boa nisso. Você tem confiança nas coisas que
faz bem. Se você tiver aulas com Kaden, pode descobrir que faz
isso da mesma forma e vai gostar de compartilhar seu dom.” Zoey
se inclina para mais perto dela. “Não estou falando em dar um
passo gigantesco e mudar sua escolha de carreira, mas estar
confortável o suficiente para que você possa participar de um coral
ou cantar no karaokê sem que alguém esteja ao seu lado.”

“Vou pensar nisso.” Talvez se ela apenas concordar com


Zoey, isso mudaria a cabeça delas tentando convencê-la. Ela
sempre pode inventar desculpas para sair disso mais tarde.

Penni faz uma saudação falsa a Zoey com seu copo. “Droga,
Zoey, você é boa. Você me fez querer ter aulas de canto.”

“Por favor, não.”

A mesa inteira cai na gargalhada com a observação de Zoey.

Ginny relaxa em sua cadeira quando as mulheres começam


a discutir seus filhos. Olhando ao redor da boate, ninguém está
prestando atenção em sua mesa, a atenção de todos está em um
homem que decidiu cantar.

Ela se esquivou de uma bala e agora debate se deve ligar


para Hammer. Decidindo que está exagerando, ela ri de Zoey por
incomodar Gianna por não ter dito ao namorado que queria mais
compromisso dele. Ficar sentada ali com Penni e sua variedade de
amigas pode não ser tão divertido quanto passear em um quarto
de hotel com Trudy e suas amigas, mas chega perto.

Olhos questionadores encaram a mesa cheia de


mulheres, obviamente, se divertindo, tentando
colocar um nome no rosto de quem acabou de

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JAMIE BEGLEY

cantar. Ele tem o dom invejável de nunca esquecer um rosto, e a


mulher provoca sua memória. Ela não é bonita o suficiente ou
velha o suficiente para ter chamado sua atenção. Ele imagina que
a idade dela seja de vinte e poucos anos. Pelas roupas que usa,
ela não se mistura nos mesmos círculos sociais que ele. A única
razão pela qual ele está na boate hoje à noite é porque está
considerando uma oportunidade de negócio. Não, ele tem certeza
de que nunca a conheceu antes, mas algo nela continua fazendo
cócegas em sua memória.

Apontando para a garçonete, ele pega um punhado de


notas. “Faça-me um favor e descubra o nome da mulher que
acabou de cantar.” Colocando cem em cima da mesa, ele volta sua
atenção para a mulher, antes que ela tire o dinheiro da mesa.

Provavelmente é um desperdício, mas ele pode pagar. Ele


provavelmente se lembrará antes da garçonete voltar com as
informações. Ele é um homem bem-sucedido e pode creditar que
foi essa característica que o ajudou a fazer fortuna. Ele nunca
esquece um rosto.

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO QUARENTA

“Porra!” Ginny murmura baixinho, segurando sua bolsa


com frustração enquanto ela se senta na parte superior das mesas
que foram montadas para acomodar o grande grupo. Ela ligará
para Penni e contará a ela na primeira oportunidade que tiver,
uma vez que estiver fora da audição de Shade e Lily.

Ginny está tão frustrada consigo mesma quanto com Penni.


A mulher é uma mestra manipuladora, usando descaradamente
Lily e Shade de Treepoint que estão visitando para atraí-la para
fora do apartamento. Deveria ter dito a Lily que não estava bem,
ao invés de ter sido convencida a ir. Todas aquelas séries de
assassinato que ela assiste são inúteis se uma intrometida loira
com a personalidade de Pandora pudesse mexer em um ninho de
vespas que pode machucar não apenas ela, mas Trudy.

A mesa rapidamente se enche quando alguns membros dos


Last Rider e vários dos Predators, que estão lá com suas esposas,
ocupam as cadeiras próximas. Então ela fica chocada quando
outro rosto familiar de Treepoint se senta em frente a Zoey. Ginny
não sabe o que a surpreendeu mais — que Greer Porter está lá ou
que Zoey esteja sentada ao lado de Stump, um membro dos
Predators, que ela conheceu no chá de bebê da Penni. O mesmo
homem que agora está encarando Greer por algo que ele está
dizendo.

“Deus, você poderia me dizer por que eu me


envolvo nessas situações?” Ginny continua
repetindo a pergunta para si mesma enquanto

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JAMIE BEGLEY

muda seu pedido de um uma bebida suave para um uísque


quando Greer grita seu nome do outro lado da mesa. Deus não
respondeu, então Ginny responde à pergunta. “Porque você é uma
otária!”

Quando Ginny aceitou o convite de Lily, ela disse que eles


estavam indo a um restaurante. Foi só quando ela estava no carro
com Shade e Lily que ela descobriu a verdade. Eles estavam se
encontrando na boate até todo mundo chegar, depois iriam para
um restaurante ao lado.

Chegando ao bar de karaokê, ela passa por Shade e Lily


para chegar antes deles no banco ao lado de Penni. Colocando o
cotovelo na mesa para apoiar o queixo na palma da mão, Ginny
abre os dedos para esconder sua raiva. “Nem pense em me colocar
naquele palco para cantar.”

O olhar arregalado de Penni a engana por um segundo, até


que ela começa a segurar a mão e vê Kaden Cross entrar com sua
esposa, Sawyer.

Colocando um pé sobre o de Penni, ela muda seu peso para


pressionar. “Vou falar com você depois”

Os olhos de Penni se arregalam. “Ginny... eu não... os Cross


estão aqui porque...”

“Diga!” Ginny não ouviria nenhuma desculpa que Penni


inventou para desculpar sua intromissão.

Mantendo o pé pressionado firmemente no de Penni, ela a


olha enquanto espera sua bebida chegar. Todos ao redor delas
supunha que estavam envolvidas em uma conversa privada,
perdendo o fato de que Ginny está deixando seus olhos falarem
por ela.

“Uh... posso ter meu pé de volta?” Penni tenta quebrar


sua concentração quando seu uísque chega.

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JAMIE BEGLEY

“Não.” Ginny leva o copo aos lábios, bebendo tudo de uma


só vez sem tirar os olhos de Penni.

“Só para você saber, você é meio assustadora quando fica


brava.”

“Bom.” Levantando dois dedos no ar com a mão livre, ela


aponta para a garçonete que quer outra bebida.

“Senhoras e senhores, estamos abrindo o palco para o


karaokê da noite. Se você vem sempre aqui, me pediram para
começar com uma mulher que já cantou aqui antes. Ginny, onde
você está?”

Ginny bate a mão na mesa. “Como você pôde fazer isso?”

“Eu vou cantar”, Penni se oferece.

“Não me faça mais favores”, ela sussurra ferozmente


entredentes enquanto finge pressionar Penni de volta em seu
assento com uma mão no ombro.

A boca de Penni se abre quando sua mão vai para o lado da


cabeça. “Você acabou de arrancar um pouco do meu cabelo?”

“Eu peguei três fios.”

“Por quê?”

“Você não quer saber.”

“Sim, eu quero.” Esfregando o lado da cabeça, Penni tenta


prender os cabelos loiros para trás. Ela tinha bom senso suficiente
para se preocupar.

“Que pena. Eu também não queria cantar. Acho que


nenhuma de nós conseguirá os nossos desejos.”

Colocando os três fios de cabelos em sua bolsa, ela a


entrega a Lily. “Você pode ficar de olho na minha bolsa
até eu voltar?”

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Lily a coloca no colo, dando a Penni um olhar de reprovação.


“Sim.”

“Ginny, não faça nada precipitado porque você está com


raiva de mim. Eu só estava tentando ajudar.”

De pé, Ginny fala no ouvido da amiga: “Não posso te ouvir


por causa do barulho.”

A boca de Penni se fecha.

Levantando-se para examinar loucamente as saídas do bar,


ela localiza uma, indiferente aos gritos da multidão que
chama seu nome. Então Penni pega seu pulso, ao mesmo tempo
em que o DJ chama seu nome de novo.

“Você pode não querer cantar”, Penni levanta a voz,


impedindo-a de escapar pela porta lateral que acabou de ver, “mas
a mulher que escreveu a música que eu li, quer sim. Você não está
sendo justa com ela ou com você. Você é boa, Ginny. Tão
malditamente boa que parte meu coração que você está
escondendo essa parte de você.”

Lutando contra o aperto de Penni, seu braço amolece com


as palavras acaloradas que descrevem a agitação que ela sente
cada vez que abre a caixa no fundo do armário para colocar dentro
outro caderno com as músicas que havia escrito.

O rosto de Ginny se contorce de dor. “Eu não posso...” não


é justo cantar quando tantas vidas podem ser destruídas. Ela
havia se sacrificado o suficiente para conquistar os sonhos
daquela garotinha? Ela não consegue explicar nada disso para
Penni nem para os outros que querem que ela suba naquele palco.

“Zoey vai cantar com você. Apenas cante uma música e


depois volte”, Penni insiste.

O olhar ansioso de Zoey demonstra que ela


conseguirá.

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JAMIE BEGLEY

Ela começa a sentir a pressão dos gritos crescentes e da sua


mesa, incentivando seus encorajamentos, exceto Kaden e Sawyer,
que estão conversando em voz baixa, ignorando os gritos que
acontecem ao seu redor. Ela está fazendo um espetáculo,
deixando que a multidão chegue a um ponto febril para convencê-
la e chamando mais atenção a sua recusa do que ela cedendo aos
pedidos deles.

Dando de ombro com indiferença a Penni, ela começa a


caminhar em direção a Zoey, enquanto a coach luta para se
afastar das garras de Stump quando ela tenta se levantar da mesa.
Ginny fica aliviada por seus pedidos silenciosos serem
respondidos quando Stump solta a mão dela. Subindo ao palco,
Zoey pegou a mão dela para encorajá-la. Ginny quer lhe dizer que
não precisa daquilo; ela precisa é de um transplante de cérebro.

Deveria ter fugido quando saiu do carro e viu onde eles


estavam, ou deveria ter ido ao banheiro e ficado lá até que Lily
mandasse uma mensagem dizendo que estavam prontos para ir
ao restaurante. Ela também não tinha feito isso porque, no fundo,
a versão mais jovem de si mesma está chorando para se livrar,
compartilhar a sua voz e atrair as pessoas para o seu mundo,
fazendo as pessoas pararem apenas para ouvir. Para escutá-la.

Usando sua mão na de Zoey para forçá-la a se aproximar do


microfone, ela fica um pouco atrás dela quando o DJ começa a
tocar ‘In My Blood’. Deixando Zoey começar a famosa canção da
Black Stone Cherry, o começo de uma ideia vem a ela. Ela pode
mascarar sua voz, cantar as notas de maneira errada e estragar a
letra como alguém que é desafinada.

Cantando baixinho, ela tenta, realmente tenta, por um


segundo, e então não tem coragem de desrespeitar os
compositores. Eles haviam derramado seu coração nas letras, e
ela não pode fazer nada menos do que dar o melhor de si. Ela
tenta racionalizar os motivos pelos quais ainda está no
palco quando, na verdade, é simples: não pode evitar
isso mais do que pode evitar respirar. Ela foi criada

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para dois propósitos: cantar e estar com sua alma gêmea. Sua
alma gêmea se foi, mas o canto ainda está lá, esperando por ela.
Dar as costas para um seria como dar as costas para o outro.

Freddy não tinha permitido que seus filhos fossem à igreja


até Saul Cornett deixar a cidade. Seu pai havia ensinado a seus
filhos suas crenças em Deus. Ele havia ensinado a cada um deles
que eles tinham um lugar no coração de Deus, e que dar o melhor
deles os faria se destacar aos olhos de Deus como uma estrela
brilhante em um céu cheio de um zilhão de outras.

Enquanto cada uma das notas da música toca, Zoey a


empurra para frente. Ginny não resiste, deixando a sua
preocupação, o medo e os sentimentos de arrependimento
soltarem seus laços, permitindo que sua voz atinja toda a sua
capacidade.

Enquanto a música termina, a multidão começa a bater o


pé no ritmo.

Vendo a lista de músicas no monitor, ela murmura a música


da Halsey, ‘Bad at Love’, montando a onda de tentação de
continuar se apresentando e sem perceber que Zoey não está mais
cantando e se afastou do microfone.

Quando a música termina, o público fica louco novamente.


Os assobios estridentes a trazem de volta à Terra. Agarrando a
mão de Zoey, ela pula do palco e corre pela multidão que agora a
impede de chegar à mesa deles.

“Mais! Mais!”

Ginny ouve o DJ anunciando o nome da próxima pessoa


para se apresentar, mas o público não está ouvindo.

“Mais!”

Agarrando o braço de Zoey, ela se firma quando


várias pessoas a empurram, tentando chegar a
Ginny. Vendo uma abertura, ela tenta empurrar

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Zoey para que ela não se machuque, mas Zoey não se mexe. Ela
continua a segurar seu braço, agradecida quando o segurança do
clube consegue abrir caminho entre a multidão para acompanhá-
las de volta à mesa.

“O quanto você me odeia?” Penni sussurra enquanto ela se


senta.

A fúria de Ginny diminuiu enquanto ela cantava, mas ela


não está disposta a dizer isso a Penni, não está pronta para deixar
Penni em paz.

“Eu vou pegar minha bolsa. Obrigada, Lily.”

“O prazer foi meu.” Lily sorri, devolvendo a bolsa.

Shade capta seu olhar, vendo a tensão entre ela e Penni.

“Tomei a liberdade de pedir um daiquiri de morango para


você. Eu pensei que esfriaria as duas doses de uísque.” Uma
garçonete se inclina por cima do ombro para colocar a bebida na
frente dela.

Ginny suspira. Penni sempre seria Penni.

“Boa escolha.” Com o seu bom humor restabelecido, ela


toma um gole da bebida. Então, seu humor melhora ainda mais
ao ver o casal que entra. Casey e Max, acompanhados pelo irmão
de Casey, Cole.

Você não pode olhar para Cole e ficar de mal-humorada.


Sua natureza doce é a de uma criança presa no corpo de um
homem. Ginny também os conheceu no chá de bebê de Penni, e
depois que Ginny perdeu seu emprego no Mouth2Mouth, Casey
liga ocasionalmente e pergunta se ela está disponível para ajudar
com limpeza doméstica ou como babá. Ginny tinha ficado grata
com o dinheiro extra, mas quanto mais ela trabalha, mais
culpada se sente ao receber o dinheiro por causa de Cole.
Casey disse a ela que ele foi brutalizado pelo padrasto
deles e, como resultado, sofreu uma lesão cerebral.

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Ela gosta de observá-lo. Há algo tão especial nele que faz você se
sentir bem por estar no mesmo lugar que ele.

Ginny os cumprimenta, enquanto Penni se levanta para dar


a volta na mesa para abraçar Casey e Cole. Quando eles se
afastam da mesa, não lhe ocorre que ela não é a única vida que
Penni atormenta. Ela vê o Greer fugir igual a um gato escaldado
quando Penni tenta apresentá-lo a Cole.

Sensível, Cole começa a chorar com a rejeição. Casey tenta


tranquilizar seu irmão enquanto Zoey corre atrás de Greer.

Ginny começa a se levantar, mas Shade coloca a mão em


seu braço. “Fique.”

Ginny não tem intenção de obedecer ao pedido de Shade até


ver que Greer e Zoey estão voltando para Cole. Ela está muito
longe para ouvir o que Greer está dizendo para ele, e eles estão de
costas, para que ela não possa ver o que está acontecendo.

Quando todos de repente inclinam a cabeça, Ginny tem a


impressão de que Greer está rezando por Cole. Então, quando
cada pessoa na mesa se levanta e une as mãos, ela sente o calor
disparar na palma da sua mão enquanto os Last Riders e os
Predators cercam a mesa, e se juntam para dar força e apoio a
Cole.

Sua mão aperta a de Shade com o imenso calor que vem da


mão dele para a dela e então estende sua outra mão para colocar
na de Lily. É como se o calor fosse um fusível, tentando consumir
energia suficiente para acender um poder dentro de Greer, para
fazer Cole brilhar o suficiente para chamar a atenção de Deus.

Quando Shade afasta a mão da dela, ela percebe que os


outros estão começando a se sentar enquanto Shade se move em
direção a Greer. Lily e ela se sentam, nenhuma das duas fala
sobre o que acabou de acontecer enquanto todos pegam
suas bebidas. Até Kaden e Sawyer parecem abalados
com o que aconteceu.

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JAMIE BEGLEY

“Bem, isso foi diferente”, Sawyer diz quando Zoey aparece


atrás de Lily enquanto abaixa seu copo de água para lhe dizer que
Shade está levando Greer de volta ao quarto de hotel. Ginny perde
o resto da conversa de Zoey e Lily quando Kaden desliza um
guardanapo sobre a mesa em sua direção.

Pegando o guardanapo, Ginny levanta os olhos para os de


Kaden.

“Esse é o meu telefone pessoal; me liga. Tenho algum tempo


livre nas próximas semanas. Eu gostaria de trabalhar com você.”

Penni desliza no assento que Lily havia deixado, pela


primeira vez ficando em silêncio e tentando não interferir.

“Eu só canto por diversão. Não levo a sério. Obrigada,


mas...”

“Você pode negar o quanto cantar significa para qualquer


um menos para mim, e você pode se livrar com eles acreditando
em você. Eu estive onde você está e sei o quanto tenta lutar contra
desistir de cantar, mais isso vai querer sair. Parei de cantar depois
que minha família morreu em um acidente. Mesmo vivendo em
uma montanha sem ninguém por perto, eu ainda cantava. Você
não precisa usar o que eu posso ensinar, mas pelo menos você
pode gostar de se ouvir melhor.”

Kaden mostrando um senso de humor é inesperado, além


de torná-lo mais humano. Em turnê, ele é metódico e profissional.
A maioria das festas em que os outros membros foram, tanto
quanto ela sabe, ele não foi.

A música e as canções que ele escreve levam seus fãs a


continuarem assistindo aos seus shows e comprando seus
álbuns. A cada ano, seu sucesso aumentou até que ele pode
escolher o local e o show de abertura que ele quer.

Ginny não inveja o sucesso dele, nem quer o


mesmo para si. O que ela quer é o que ele está
oferecendo: seu conhecimento e a capacidade de

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JAMIE BEGLEY

transformar as palavras que ela escreve em letras. Ele a tornaria


uma compositora melhor.

Os compositores ficam fora dos holofotes. Eles se escondem


por trás de suas músicas e letras, enquanto os artistas aproveitam
a oportunidade para satisfazer suas necessidades de estar no
centro das atenções. Ela prefere cantar suas próprias músicas?
Sim, mas ela sempre terá medo de Allerton encontrá-la. Escrever
suas músicas permite o único vislumbre que ela dá a si mesma de
sua vida passada, e ela não merece tanto. Quanto tempo ela
continuará se punindo?

Abrindo sua bolsa, ela coloca o guardanapo dentro.

“Isso significa que eu posso recuperar meu cabelo?”

“Não.” Ginny fecha a bolsa antes de se virar para Penni.


“Para onde Lily foi?”

“Ela foi com Shade e Greer ao quarto de hotel de Greer.


Quando ele estiver acomodado, eles vão nos encontrar no
restaurante. Se todo mundo estiver pronto, podemos ir agora.”
Penni segura o pager com uma luz piscando para mostrar que a
mesa está disponível.

Penni pega sua bolsa que está caída na mesa quando Kaden
faz um sinal para a garçonete pedir a conta deles.

“Deixa comigo.” Abrindo a bolsa mais uma vez, ela pega um


cartão de crédito e dá para a garçonete. “Coloque a guia da mesa
inteira no meu cartão.”

“Eu vou cuidar de Jackal, Lily e Shade”, Penni protesta.

“Não, eu insisto.” Ginny acena sorrindo para a garçonete


com o cartão.

Penni abaixa a voz para que os Cross não ouçam.


“Você tem certeza? A conta vai ser enorme. Greer pediu

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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tudo que estava no menu antes de sair, e Moon estava tentando


vencê-lo.”

“É só dinheiro. Você não pode o levar com você”, Ginny


repete o velho ditado, pegando a conta e o cartão de crédito.
Segurando o cartão firmemente em uma mão, ela coloca a nota e
a caneta sobre a mesa em frente a Penni.

Os olhos de Penni se estreitam com o nome impresso no


recibo. “Esse é o meu cartão!”

“Sim. Vá em frente e assine. Não queremos perder a nossa


mesa, queremos? E não deixe de dar uma gorjeta generosa. Greer
correu atrás da pobre mulher de lá para cá pelo menos uma dúzia
de vezes.”

Penni preenche o recibo, dando uma gorjeta decente à


garçonete antes de assinar seu nome. Devolvendo o original à
garçonete, ela mantém a cópia. “Posso ter meu cartão de volta?”

“Não, você vai pagar o jantar.” O cartão volta para a bolsa


de Ginny. “Se a comida é tão boa quanto você sempre diz, pode
recuperar seu cabelo.”

Penni estende a mão, pegando o braço da irmã de Greer,


Rachel, enquanto ela e o marido passam por suas cadeiras.
“Rachel, você já ouviu falar de uma superstição de que são
necessários três fios de cabelos?”

Empalidecendo, Rachel lhe dá um olhar cauteloso. “Você


está tentando me provocar?” Afastando sua mão de Penni, ela
pega o braço de Cash, apressando-se e dando a Penni um olhar
como se estivesse com medo de que Penni faça algo pelas suas
costas.

“Eu vou pagar pelo jantar.”

Ginny lhe dá o primeiro sorriso naquela noite


desde que percebeu o que Penni fez. “Não fique muito
chateada. Pelo menos Greer não estará lá.”

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Rachel e Ginny estão tentando esconder o riso de Penni, que


se certificou de sentar na cadeira mais distante dela.

Rachel usa o canto do guardanapo para enxugar as


lágrimas. “Eu não posso acreditar que você realmente puxou o
cabelo dela.”

“Eu estava um pouco irritada com ela”, Ginny confessa.

“Lembre-me de nunca deixar você com raiva de mim”,


Rachel diz enquanto Shade e Lily se sentam nos assentos vazios
ao lado dela.

Uma vez que fazem seus pedidos, Ginny pergunta como


Greer está indo.

“Greer está bem. Rachel, procure no site o que há no menu.


Ele vai mandar uma mensagem com o que ele quer. E quer que
você leve para ele quando terminar de comer.”

Ginny vê a mesma expressão no rosto de Shade que estava


no de Penni.

“Certifique-se de me dar a conta. Penni vai pagar. Ela quer


garantir que todos se divirtam.”

Os lábios de Shade se contraem. “Ela que está pagando, ou


é você?”

“Para dizer a verdade”, ela sussurra de forma conspiratória,


“é uma vingança por me colocar naquele palco.”

“Sabe, eu estou bem com isso. Eu me certificarei de pedir a


coisa mais cara do menu.”

“Experimente o coquetel de camarão. Ele é


fantástico.”

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A conversa ao redor da mesa se volta para Treepoint quando


a comida chega. Ninguém discute o que aconteceu no bar com
Greer e Cole. Ginny pensa no que mais havia acontecido além da
reza, mas não quer se intrometer, tendo sua própria cota de
segredos sem enfiar o nariz na vida das outras pessoas. Ela só
espera que o que realmente aconteceu hoje à noite tenha
funcionado e que Greer não tenha se machucado.

Zoey continua dizendo que se sentiu abençoada. Ela não é


a única. Ela também se sentiu.

Lily e ela passam um tempo conversando sobre Treepoint e


como estão todos no clube desde que ela saiu.

“Estou feliz em saber que o irmão de Viper está no clube”,


diz Ginny, passando manteiga. “Willa me disse que ele foi
encontrado. Ele não quis vir para Queen City com os outros Last
Riders?

“Shade e eu tentamos convencê-lo”, Lily se inclina para o


lado do marido quando ele coloca um braço sobre seus ombros,
“mas ele preferiu ficar em casa.”

T.A. havia lhe contado alguns detalhes do que ele passou,


incluindo a ex-noiva de Gavin indo ao centro de reabilitação. Ela
se sentiu péssima pela dor que ele sofreu por tanto tempo, apenas
para descobrir que a mulher que amava está casada e espera o
filho de outro homem.

“Estou ansioso para conhecer ele na próxima vez que estiver


na cidade.”

Depois do jantar, Ginny abraça Rachel e Lily e se despede


de Shade, ficando a uma distância segura dele. Então se despede
do resto do grupo e está abraçando Sawyer quando, pelo canto do
olho, nota Shade a olhando desconcertantemente, provavelmente
percebendo que mantém distância de todos os homens.
Ginny o ignora. Shade pode estar curioso sobre ela,
mas ele nunca perguntará. Essa é a melhor parte

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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de Shade: ele é um homem de poucas palavras. Ela deseja que


esse fosse um traço que sua irmã compartilhasse.

No fundo, eles estão sentindo que algo está errado com ela.
Toda vez que ela olha para a irmã, ela fica nervosa. Se alguém
pudesse descobrir o relacionamento secreto entre ela e T.A., seria
um deles.

Do lado de fora do restaurante, Ginny devolve o cartão a


Penni.

“Os fios”, Penni a lembra.

Abrindo a bolsa, ela devolve os fios.

“Exatamente o que você faria com eles?”

“Enterre-os à meia-noite quando estiver chovendo. Afasta o


azar por um ano.”

“Você ainda está com raiva de mim?” Penni se afasta


cautelosamente para longe dela.

“Não, eu superei quando Shade me disse que o pedido para


viagem de Greer estava pronto. Ele pediu três coquetéis de
camarão e um prato surf and turf.” Ginny levanta a mão com a
sacola para acenar para Zoey e Stump enquanto eles saem em seu
minúsculo carro.

“Rachel esqueceu o pedido para viagem de Greer?”

“Não, esse é o meu almoço para amanhã.”

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JAMIE BEGLEY

Temendo voltar para casa e para seu quarto, ela sabe o que
precisa fazer — o que deveria ter feito da última vez, apenas para
se assegurar de que não está exagerando. Abrindo a sua bolsa, ela
pega um telefone celular diferente do que costuma usar.
Pressionando um dos três números já discados, ela espera que a
ligação seja atendida. São necessários dois toques.

“O que há de errado? Já faz um tempo desde que você me


ligou.”

Ela não liga para ele desde o dia em que saiu de Treepoint.

“Acho que fiz algo estúpido duas vezes, e quero que você me
diga que está tudo bem e que estou exagerando.”

“O que você fez?” Sua voz não está tranquilizadora.

Sentada na cama, ela conta a ele sobre cantar duas vezes


no bar. “Eu deveria ter fingido desmaiar ou algo assim... não
deveria?”

Há um silêncio completo do outro lado.

“Quero dizer, eu não pareço nada como era naquela época.


Eu era criança! Até minha voz mudou... Hammer, você ainda está
aí?” Uma lágrima desliza pelo canto do olho enquanto espera que
ele responda.

“Quão cheio estava o bar?”

“Eu não sei, talvez sessenta ou setenta pessoas.”

“Cada uma das vezes?”

Ginny levanta os dedos trêmulos para enxugar a lágrima.


“Mais na primeira vez.”

“Quantos mais?”

“Eu não sei. Talvez quarenta ou cinquenta a


mais.” Ginny morde o lábio, não querendo que
Hammer ouça a oscilação em sua voz.

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JAMIE BEGLEY

“Qual faixa etária você diria estar na multidão?”

“Principalmente vinte ou trinta e poucos anos.”

“Não sei o que você quer que eu te diga. Você sabe que
estragou tudo. Você não precisa que eu lhe diga isso.”

Ela sabia. Ela sabia que era um risco perigoso do qual ela
deveria ter fugido.

“Sinto falta disso, Hammer.”

“O que você quer de mim? Você quer que eu lhe dê


permissão para cantar? Você é uma mulher crescida agora. A bola
está do seu lado. Você precisa descobrir como deseja jogar ou
deixar para lá para sempre. Eu sempre deixei que essa fosse sua
decisão. Não vou tentar te influenciar de um jeito ou de outro.
Você é quem tem que pagar o preço pelo que fez, então você é
quem decide usar aquilo.”

“Eu não tenho aquilo...”

“Ginny... você pode não ter em sua posse, mas você sabe
onde o escondeu.”

“Não, eu não...”

“Então, se você não tem, eu começaria a me esforçar mais


para lembrar. Ou isso ou não cante mais em público.”

“Kaden Cross se ofereceu para me dar aulas de canto”, ela


admite. “Faz tanto tempo que acho que não seria reconhecida.”
Ela tenta se dar a garantia que Hammer não deu.

“Garota, você sempre soube o que é melhor para você. Se


acredita que ninguém irá reconhecê-la, basta esperar e ver, não
é? Se é apenas aulas de canto, que mal poderá causar?”

“Eu sei, certo? Obrigada, Hammer. Desculpe-me por


ter incomodado você.”

“Ginny?”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Sim?”

“Seja cuidadosa. Qualquer coisa, e eu quero dizer qualquer


coisa, fizer você sentir como se alguém estivesse te observando,
me ligue. Se algo acontecer comigo, Jonas ou Killyama entrarão
em contato com você. Você ainda se lembra onde fica o
esconderijo, certo?”

“Sim.”

Por um breve e ínfimo momento, ela se esqueceu das outras


vidas que poderiam estar em perigo.

“Deixa para lá. Eu não vou fazer isso.”

“O que T.A. diria para você fazer?”

“Faça a porra da aula.” Ela ri.

“Então faça a porra da aula.”

Ainda cheia de incerteza depois de encerrar a ligação, Ginny


sai da cama, prestes a entrar no banheiro e tomar um banho,
quando um pedaço de papel cai no chão enquanto ela se levanta.
Curiosa, Ginny se inclina para pegá-lo, reconhecendo o papel de
um bloco de notas no quarto de Gianna. Gianna deve ter escrito a
mensagem depois que Ginny saiu para encontrar Lily e Shade.
Gianna não estava no apartamento quando ela saiu, saindo com
o namorado para pegar mantimentos de última hora. Eles
receberam várias pessoas esta noite, incluindo o namorado dela,
comemorando seu aniversário. Não dever ter sido importante, ou
ela teria mencionado isso quando estava à sua porta.

Seu sangue gela enquanto ela lê a mensagem. Gianna não


foi quem deixou a nota.

Mal posso esperar pelo dia em que você cantar apenas para
mim, Rouxinol.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Que porra? O que isso significa? Será que uma das amigas
de Gianna estava brincando e colocou a nota no quarto dela?

Verificando o lado de fora do seu quarto, ela verifica o resto


do apartamento, certificando-se de que tudo está bem trancado.
Ela fica feliz que o namorado de Gianna passou a noite com ela,
se sentindo mais segura com mais pessoas no apartamento.
Quando volta ao quarto e toma banho, ela se convence de que é
apenas uma brincadeira que uma das pessoas da festa fez.

Colocando a nota na mesa de cabeceira, ela dispensa o


cobertor e se deita. Passando a mão por baixo do travesseiro, ela
sente a sensação reconfortante de aço frio sob as pontas dos dedos
antes de apagar a luz.

Ela tem certeza de que é uma brincadeira, mas se não fosse,


esse rouxinol está armado.

Ginny está comendo torradas quando Gianna e seu


namorado entram na cozinha na manhã seguinte. “Noite difícil,
Chris?” Ginny pergunta quando ele coloca a mão no estômago
depois de ver o que ela está comendo.

“Posso ter comido duas fatias de bolo a mais”, ele admite. O


pobre rapaz parece tão doente que está verde.

Gianna não poupa a ele um olhar de simpatia enquanto se


serve de uma xícara de café do bule que Ginny fez quando se
levantou. “Não foi o bolo que fez você vomitar no meu banheiro;
foi toda a cerveja que você bebeu.”

“Eu disse que estava arrependido. Você não me


ama mais? Eu te amo. Você é a luz da...”

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

“Que seja. Eu tenho que ir trabalhar.” O rosto de Gianna


está abrindo um sorriso, apesar de fingir ainda estar brava com
ele.

Ginny entende o porquê. Chris parece exatamente o que é


— um nerd que passa a maior parte do tempo em um laboratório.
Ele parece ter dezoito ou dezenove anos quando, na realidade, tem
vinte e nove. Seus grossos óculos escuros ocupam a maior parte
do rosto e, por estar lá dentro o tempo todo, sua pele está
ressecada. Ginny não entendia a atração de Gianna por ele até
que o conheceu melhor e viu que ele a tratava como se ela fosse a
pessoa mais importante em sua vida. Seria difícil resistir a isso.

Ginny esconde o sorriso quando coloca no balcão a xícara


de café enquanto Gianna vai para trás de onde Chris está sentado
para esfregar suas costas.

“Eu tenho que ir”, Gianna diz, dando um beijo no Chris.

“Gianna, eu não quero te atrasar”, Ginny a detém antes que


ela possa sair, “mas eu encontrei uma nota estranha na minha
cama ontem à noite. Você viu alguém entrar no meu quarto?”

Gianna e Chris franzem o cenho.

“Não. Na verdade, eu tive certeza de que ninguém fosse lá.


Chris e eu deixamos claro que seu quarto estava fora dos limites.
O que a nota dizia?”

Ginny diz a eles e os dois a encaram como se tivesse


crescido nela duas cabeças.

“O que isso significa?” Chris pergunta.

“Ginny canta”, Gianna diz a ele.

“Oh... eu ouvi você mencionando isso para algumas pessoas


na noite passada quando perguntaram onde ela estava.”

Ginny estreita o olhar nela. “Então, você sabia


o que Penni havia planejado?”

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JAMIE BEGLEY

“Não!” Gianna sacode vigorosamente a cabeça. “Nããão!”

Ginny ameaçadoramente estreita os olhos para fendas


finas.

“Tudo bem, eu posso ter falado”, ela admite, depois


disfarçadamente olha para o seu relógio. “Olha as horas. Vou me
atrasar. Eu não me importaria com isso. Provavelmente foi um dos
amigos esfarrapados de Chris tentando ser fofo.”

Os ombros de Chris se levantam. “Por que tem que ser um


dos meus amigos que fez isso?”

“Porque meus amigos não são idiotas.”

Ginny ri quando sua colega de quarto escapa de ser levada


a uma discussão com Chris sobre seus amigos.

O rosto de Chris fica sério depois que Gianna sai. “Sinto


muito se um dos meus amigos escreveu a nota. Não diga a ela que
eu disse isso, mas eles são idiotas e muitos de nós estávamos bem
bêbados ontem à noite.”

“Está bem. Era só uma piada. Espero que nenhum de seus


amigos tenham voltado para casa ontem à noite?”

Chris e a maioria de seus amigos moram a cerca de 45


minutos de distância.

“Eles ficaram em um hotel. Vou encontrá-los para o almoço.


Você quer se juntar a nós?”

“Não, obrigada. Tenho planos para esta tarde.” Ginny diz,


levantando-se. “Você se importa de perguntar se algum deles
deixou a nota?”

“Claro que sim. Vou mandar uma mensagem para você


quando eu estiver indo para casa.”

“Eu apreciaria isso.” Ginny vai até uma gaveta


da cozinha para abrir e tirar uma caixa. Ela a coloca

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JAMIE BEGLEY

no balcão na frente de Chris, que olha surpreso. “Feliz


Aniversário!”

“Você não precisava ter feito isso!” Sorrindo como uma


criança, ele abre e pega um cartão de presente, uma toalha de
praia e uma loção solar. “Você me deu um cartão de presente para
Tidal Wave City?”

“Eu preciso te dizer uma coisa como amiga.”

Chris segura seus presentes como se nunca os tivesse visto


antes.

“Cara, você precisa tomar sol.”

Ginny tinha acabado de se sentar com Lily depois de


trabalhar com Kaden em seu estúdio em casa quando a
mensagem de Chris chega.

“Algo está errado?” Lily pergunta, se aconchegando ao lado


de Shade enquanto ele se senta ao lado dela no sofá.

“Não.” Ginny não quis mencionar o bilhete para Lily ou


Shade. “Eu pensei que Rachel, Cash e Greer deveriam estar aqui
hoje à noite?”

“Eles estão indispostos hoje à noite; foi por isso que


decidimos ficar mais tempo, para poder voltarmos juntos.”

“Sinto muito por ouvir isso.” Ginny notou que Greer parecia
doente logo depois de rezarem por Cole.

Ginny pergunta a Lily se ela tem alguma foto


dos filhos de Beth. Todos os filhos dos Last Riders

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JAMIE BEGLEY

iam ao clube ocasionalmente para tomar café da manhã ou


almoçar com os pais.

Pedindo ao filho caçula que lhe desse o celular, Clint sobe


no colo para observar a mãe enquanto mostra as fotos para Ginny.

“Estes são da casa mal-assombrada em que Stud e Sex


Piston transformaram sua casa e convidaram todos nós. Os Last
Riders e os Destructors vieram para fazer uma festa que nenhuma
das crianças jamais esquecerá. Eles até fizeram os homens de
Stud transformarem o porão em um cemitério.”

Enquanto Lily fala, ela passa a tela com o polegar,


mostrando as fotos da casa assombrada que eles haviam criado.

“Quantas das crianças tiveram pesadelos?” Ginny não teria


ido para o porão com as luzes acesas, muito menos com a pouca
luz que foi capturada nas fotos.

“Aqui está a que eu queria lhe mostrar com Chance e Noah.”

Pegando o telefone, Ginny ri. “Eles eram o Dr. Jekyll e o Mr.


Hyde?”

“Deixa-me ver?” Clint levanta a cabeça do ombro de Lily.

Prestes a entregar o telefone, Ginny dá outra olhada e um


calafrio sobe em seus braços.

Na foto, há um espelho pendurado em uma parede parcial


na escada. Ginny pensa que pode ver um reflexo sombrio no
espelho. Não consegue ter uma imagem clara dos traços dele;
parecem distorcidos, como se o espelho estivesse quebrado. Pela
iluminação escura na foto, você não consegue distinguir a cor do
cabelo dele.

Arrepios de medo e excitação a fazem levantar o telefone da


mão de Clint para mostrar a foto a Lily. “Quem é o homem
no espelho?”

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JAMIE BEGLEY

Lily olha para o telefone e franze a testa. “Eu não vejo


ninguém.” Colocando na frente de Shade, ela pergunta.

Shade olha atentamente para o telefone e depois para ela.


“Eu também não vejo ninguém.”

“Posso ver de novo?”

Lily levanta o telefone sobre a cabeça de Clint para devolvê-


lo.

Olhando de novo para o espelho, ela tem que fechar e abrir


os olhos várias vezes antes de admitir para si mesma que deve
estar enganada. O espelho está vazio.

“Deve ter sido um truque da luz.” Iluminando o que tinha


quase certeza de ver, ela entrega o telefone a Clint. “Os meninos
estão muito fofos. Posso ter uma cópia?”

“Vou mandar uma mensagem para você.” Lily pega o


telefone de Clint, mas o garoto resiste.

“Você pode esperar até mais tarde. Não o chateie. Parece


que ele está pronto para dormir.”

“Ele perdeu a sua soneca hoje.”

“É melhor eu ir e deixar você colocar os meninos para


dormir. Espero poder vê-los novamente antes de você ir embora.”
Ginny alisa os cabelos de Clint. Seu rosto está pressionado contra
o ombro de sua mãe. “Ele é lindo, Lily. Seus dois filhos são.” Ela
diz enquanto Shade se levanta e segura a mão de John.

Dando um abraço em Lily sem incomodar Clint, Ginny


deseja e eles boa noite.

Só quando ela está no carro a caminho de casa que sua


mente volta para a mensagem de Chris. O mesmo sentimento de
pavor a enche como quando ela a leu. Ele mandou uma
mensagem que nenhum de seus amigos admitiu
deixar a nota. Isso deixa duas opções. Ou um dos

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JAMIE BEGLEY

amigos de Gianna tinha feito isso, ou... ela está com sérios
problemas.

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CAPÍTULO QUARENTA E UM

Ela está em um grande, grande problema.

“Você tem alguma ideia de quem poderia ser?”

Ginny está sentada no sofá da sala, com Shade do outro


lado. Ela ainda está tentando processar o que ele disse a ela sobre
o que aconteceu com Zoey na noite passada na casa de repouso
onde ela cuidava de um paciente idoso. Zoey adormeceu e, quando
acordou um homem tentou matá-la e conseguiu matar a paciente.
Agora ela acordou de um sono profundo e encontrou Shade
batendo na porta e tenta fazer seu cérebro entender o fato de Zoey
quase ter sido morta por causa dela.

“Não”, ela mente. Ela realmente não acredita que Allerton


seja responsável por atacar Zoey ou a paciente. Ela ainda acha
que ele acredita que ela está morta. Além disso, se ele soubesse
que ela está viva, teria sido capaz de alcançá-la sem envolver Zoey.
Gianna teria sido o alvo mais óbvio nesse caso.

“Ele tentou matar Zoey porque ela cantou comigo no bar?”

“Sim.”

“Encontrei um bilhete no meu quarto depois que Gianna


deu uma festa para o namorado. Eu pensei que era uma piada,
mas nenhum de seus amigos admitiu ter escrito.”

“Você ainda o tem?”

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JAMIE BEGLEY

“Eu vou buscar.” Ginny se levanta do sofá, tirando os


cabelos do rosto com uma mão trêmula. “Você se importa se eu
levar um tempo para me vestir?”

“Vá logo.”

Ela sente como se estivesse no meio de um pesadelo. Ginny


não questionou por que Shade foi enviado para falar com ela. Ela
sabe desde que descobriu que o pastor Dean é o Lucky que estava
sob a proteção dos Last Riders. Seu trabalho no clube e Viper se
sentindo responsável por sua casa incendiada apenas reforçou a
conexão. Com Shade ainda em Queen City, Stump provavelmente
deu a Shade o trabalho de dizer que ela tinha um perseguidor.
Trudy e suas amigas a ensinaram como os clubes de motociclismo
protegem os seus, muito antes dela ir trabalhar para os Last
Riders. Eles consideram uma afronta pessoal que prejudiquem
alguém que está sob sua proteção.

Vestindo um jeans e uma blusa larga, ela vai até a mesa de


cabeceira e pega o bilhete. Voltando à sala, Shade está na cozinha,
fazendo café para eles. Sentindo como se suas pernas pudessem
ceder, ela se senta em um dos bancos, e desliza a nota em direção
ao Shade.

Colocando um copo na frente dela, ele leva o dele até a boca


enquanto lê a nota.

“Você se importa se eu ficar com isso?”

“Vá em frente.”

“Alguém já te chamou de Rouxinol antes?”

“Não, nunca.”

“A polícia quer que você se apresente. Zoey está trabalhando


com um desenhista. Eles querem ver se você reconhece a pessoa
no esboço. Eles também receberão um relatório sobre
você ter recebido a nota.”

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JAMIE BEGLEY

O pesadelo está piorando.

“Preciso fazer uma ligação primeiro.” Ela precisa


desesperadamente falar com Hammer. A polícia investigaria seu
histórico se ela denunciasse o incidente? Zoey foi ferida, quase
morta, e outra mulher havia sido morta. Ela não pode colocar sua
própria segurança em primeiro lugar. Ela só quer avisar Hammer
para se proteger e proteger Trudy.

“Para quem você precisa ligar?”

“Willa.” Ginny tem que pensar rápido com os olhos azuis de


Shade encarando-a, observando sua reação. “Eu só quero contar
a ela sobre a nota, e o que está acontecendo antes que ela
descubra por outra pessoa.”

“Entendo.”

Sentindo-se nervosa, Ginny vê Shade pôr o copo na mesa


antes de colocar as duas mãos no balcão. “Há uma coisa que eu
achei interessante sobre você.”

Ela realmente não quer saber o que é, mas pode dizer pela
expressão dele que ele espera que ela pergunte.

“O quê?”

“Nada te assusta.”

“Obviamente, você não se lembra da noite em que minha


casa foi incendiada.”

“Eu lembro, na verdade. Você estava com o coração partido,


mas não com medo. Não foi só isso que notei. Você não se intimida
facilmente. Você trabalhava no clube como se estivesse lidando
com os garotos da porta ao lado, não com motociclistas. Você não
abriu mão quando Viper tentou convencê-la a ficar no clube.
Quando você se mudou para Queen City, não fez isso por
causa do clube. Não sei por que fez isso, mas não foi
porque estava com medo. Mesmo com Kaden Cross,

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JAMIE BEGLEY

com quem Lily fica com a boca fechada, você o trata como
qualquer outra pessoa.”

“Onde você quer chegar?”

“O que estou dizendo é: por que você não está assustada?”

“Eu não sei. Acho que é apenas minha personalidade. Eu


fui criada com os irmãos Coleman.”

“Pode ser isso”, ele concorda.

Shade pode estar concordando com ela, mas Ginny não


acredita.

“Seja qual for o motivo, tudo o que o clube quer que você
saiba é que os Last Riders te protegerão. Você só entrou em
contato com quem está te perseguindo porque se mudou para
Queen City depois que perdeu sua casa por nossa causa. Viper
quer que você volte e fique no clube até descobrirmos quem é.”

“Eu não vou voltar.”

“Por que não? Você não tem emprego, não tem casa e tem
mais pessoas que se preocupam com você em Treepoint do que
aqui. O que te mantém aqui? O homem que escreveu esta nota
não vai parar. Ele atacou Zoey duas vezes e não apenas matou a
paciente de Zoey, mas também o segurança.”

O sangue é drenado do rosto dela. “Zoey foi atacada duas


vezes? E você não me disse que o segurança estava morto.”

“A queda de Zoey na escada não foi um acidente, nem o


alarme de incêndio estava sendo acionado para tirá-la de seu
escritório. Quem quer que seja, quer que você esteja no centro do
palco sem a ajuda de Zoey. Ela o tira da fantasia de que você está
apenas cantando para ele. Stump me mandou uma mensagem
quando você estava se vestindo dizendo que o segurança
morreu. Volte para Treepoint conosco.”

“Eu não posso.”

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JAMIE BEGLEY

“Por quê?”

“Quem quer que ele seja, está disposto a tentar matar Zoey
e duas outras pessoas. O que você acha que ele faria se eu fosse
ficar em um lugar que ele não pode me encontrar?”

Shade não responde sua pergunta. Ele não precisa. Ambos


sabem a resposta para a pergunta.

“Não há crianças morando no clube, mas não demora muito


para descobrir as casas que cercam o clube. Todos vocês, suas
esposas, os filhos estariam em perigo por minha causa. Prefiro
abrir minha porta da frente e deixá-lo me levar antes de deixá-lo
machucar outra pessoa. Depois que eu sair da delegacia, vou
arrumar algumas coisas e desaparecer. Não posso ficar aqui.”

“Pode haver outra opção”, Shade sugere.

“Estou aberta a qualquer coisa.”

“Kaden fará um show hoje à noite. Você poderia se


apresentar com ele. Isso poderia atraí-lo. Os Last Riders estão
aqui e aqueles que não estão, chegarão dentro de algumas horas.
Estaríamos na plateia e manteríamos você e Kaden protegidos.
Não apenas isso, mas Kaden já possui uma equipe de segurança.”

Isso simplesmente fica pior.

“Kaden tem multidões assistindo os shows dele. Não posso.”

Se ela se apresentasse na frente de tantas pessoas,


aumentaria as chances de ser reconhecida de quando era criança.
Ela não se apresentaria na frente de oitenta ou noventa pessoas;
ela se apresentaria na frente de milhares.

“Penni disse que você sente medo do palco.”

“Sim.” Ginny se afasta do balcão, incapaz de suportar que


ele a estude por mais tempo. Limpando a palma da mão
no jeans, ela vai olhar pela janela. Ele a está

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observando agora? “É uma das poucas coisas que me assusta”,


ela diz, virando-se para encará-lo.

“Um medo grande o suficiente para nos impedir de tentar


pegar a pessoa responsável por tentar matar Zoey?”

Ginny vira para olhar pela janela novamente. Ela realmente


não tem escolha. Ela disse a Shade que prefere abrir a porta da
frente a deixar mais alguém se machucar. No entanto, se cantar
com Kaden ela abrirá a porta para Allerton.

Ginny levanta a mão para a janela de vidro. Ela está tão


cansada de olhar para fora, mantendo uma parte de si mesma
separada de todos, escondendo Evangeline naquela maldita caixa.

E se ninguém a reconhecesse? Ela poderia viver uma vida


normal. Os Last Riders e a equipe de segurança de Kaden
pensarão que estão a protegendo de um perseguidor, mas sem
querer a protegerão de um adversário mais terrível.

“Um dos Last Riders ou um dos guardas de segurança pode


se machucar.”

O pensamento de alguém ser ferido por causa dela é


inaceitável. Hammer diria a ela para não fazer isso e, em seguida,
descreveria todas as razões, mas, em última análise, diria que a
decisão é dela.

Shade vai à janela para apoiá-la. “A equipe de segurança de


Kaden está ciente do risco.” Shade se apoia na parede ao lado da
janela. “Não há um dia em que um Last Rider pegue sua moto sem
saber que poderá ser o último. Estamos prontos para lidar com
qualquer coisa que acontecer”, ele diz enigmaticamente. “A grande
questão é: você está?”

Com a mão parada na janela, Ginny fecha os dedos até que


a mão se torna um punho. “Sim, vamos fazer isso.”

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JAMIE BEGLEY

Ginny surge atrás da cortina ao lado de Zoey para assistir


Kaden se apresentar no palco. Ela tenta não pensar nas milhares
de pessoas na plateia na frente dele.

“Não é tarde demais, Ginny. Você não precisa fazer isso.”

“Sim, eu preciso. Não vou correr. Não estou com medo.” Ela
decidiu pela ideia de cantar com Kaden. É tarde demais para
desistir. Ela não pode, mesmo que queira.

“Por que você concordou em ter aulas com Kaden?”

“Por causa de algo que você disse.”

“Por causa de algo que eu disse?”

“Você me perguntou, se você não gostasse da minha


comida, eu continuaria fazendo isso.”

“Você disse que sim.”

Ginny assente. “É por isso. Eu amo cantar tanto quanto


cozinhar. O único jeito de superar o canto em público é melhorá-
lo.” Ela desistiu de cantar porque resultou na morte de Manny.
Com medo de alguém reconhecê-la, ela não vê razão para anular
a culpa com a qual vivia desde quando ele foi assassinado. No
entanto, faz tanto tempo que as chances dela ser reconhecida são
minúsculas. O que mais a segura e a magoa é a morte de Manny,
e ela não cantar não o trará de volta, assim como desejar que ela
não tivesse dado a Leah sua vez, não a trará de volta.

Hammer está certo; ela é uma mulher adulta, e a


questão de ser adulta é que você tem que aceitar a
fragilidade da vida humana, e a dor de perder alguém

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


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que você ama é necessário. Ela não colocou a arma na mão de


Allerton e não era ela que dirigia a moto.

“Como aulas de culinária.” Zoey assente.

“Willa me ensinou como amar cozinhar. Eu esperava que


Kaden pudesse me ensinar o mesmo sobre música.”

“Ele ensinou?”

“Estamos prestes a descobrir”, Ginny diz severamente, com


o rosto atormentado com medo. “Eu assinei um contrato que vou
abrir doze shows para ele. Quando terminar, terei o suficiente
para ir para o meu lar e comprar uma casa. Eu poderei pagar em
dinheiro por isso, e será minha. Eu gostaria que você pudesse vir
comigo. Mesmo com as lições que Kaden me deu e ele cantando o
dueto comigo, seria mais fácil com você lá.”

No momento em que seu novo contrato com a banda de


Kaden terminar, ela espera que seu perseguidor siga em frente, se
ele não for pego antes disso. Além disso, dará a Allerton a chance
de encontrá-la se alguém a reconhecer. Ela estará se expondo,
mas pelo menos Hammer, Trudy e todos os seus amigos estarão
seguros. Também dará a ela tempo para decidir qual será seu
próximo passo. Hammer disse que a bola está do seu lado e que é
hora de descobrir como ela quer jogar.

Zoey a abraça mais forte. “Você não precisa que eu cante


com você para lhe dar coragem. Eu sei como é querer ter seu
próprio lar. Eu encontrei o meu, mas não era uma casa; era uma
pessoa. Você encontrará o seu também.”

A música que Kaden está cantando termina, fazendo


aplausos soarem através da plateia.

“Acho que é isso então. Não há retorno.” Ginny se aproxima


da beira da cortina quando Kaden levanta a mão no ar para
acalmar a plateia. Ela sente o coração como se
estivesse batendo fora do peito.

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

Ginny se vira para olhar por cima do ombro, quando Zoey


suavemente chama seu nome ao mesmo tempo em que Kaden
começa a apresentá-la para cantar o dueto com ele.

“Ginny, você sempre foi uma estrela. Você apenas deixa as


nuvens impedirem que você brilhe. Encontrei o caminho de casa
a partir de um mapa; você nunca precisou de um. Você sabe
exatamente onde quer estar. Faça acontecer!”

Ginny assente. Zoey está certa. Ela sabe que quer estar em
Treepoint com Trudy e se quer que isso aconteça, este é um passo
que ela terá que dar.

Ela endireita os ombros antes de sair para as luzes que


brilham no palco.

Sua imagem se junta à de Kaden nas telas enormes, para


que o público possa ter uma visão mais próxima do que está
acontecendo no palco. Sawyer a ajudou a escolher o macacão azul
meia-noite que deixa seus ombros nus. O material oculta os seus
seios antes de acabar em uma calça solta e esvoaçante. Ela
também foi convencida a cortar o cabelo. Tudo nela passou por
uma transformação do lado de fora, enquanto por dentro ela ainda
é a garotinha de três anos que só queria que todos a ouvissem
cantar.

Levantando a mão no ar, ela acena para a plateia enquanto


caminha para ficar atrás do microfone ao lado de Kaden.

Enquanto ela fica em seu lugar, Kaden começa a cantar e


Ginny encara a multidão que a observa. Ela não tem que ficar à
margem e assistir alguém fazer o que ela quer. Pela primeira vez,
ela está exatamente onde quer estar.

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JAMIE BEGLEY

CAPÍTULO QUARENTA E DOIS

“Você vai se esconder na cozinha durante toda a recepção?”

Ginny pega uma toalha para secar as mãos enquanto Trudy


entra na cozinha, olhando para ela com as mãos nos quadris. “Eu
estava terminando de preparar o restante dos aperitivos.”
Largando a toalha, Ginny brinca com a bandeja, esperando a irmã
sair. Quando ela não sai, Ginny tenta apressá-la.

“Você deve ir antes que alguém entre.”

“Eu não ligo.” Trudy se afasta da porta para vir ao balcão e


segurá-la pelos ombros, forçando-a a encará-la. “O que há de
errado?”

“Não importa o que aconteça agora, nunca será apenas eu


e você novamente, não é?”

O rosto de Trudy se suaviza. “Não. Eu amo você, mas


também amo Dalton.”

“Eu sei.” Ginny enxuga as lágrimas. “Eu sei que estou sendo
boba. Ignore-me.” estendendo a mão, ela puxa as mãos da irmã
para baixo para segurá-las. “Você está bonita.”

O rosto de Trudy se abre em um sorriso de tirar o fôlego.


“Você me diz isso toda vez que me vê.”

“Porque é verdade. Dalton é um homem de muita


sorte.”

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JAMIE BEGLEY

“Eu não acho que ele concordaria com você. Acho que ele
acredita que estou tentando matá-lo com sexo.” Trudy ri.

“Você está?” Ela ri de volta.

“Não, eu apenas gosto de fazê-lo pensar assim.” Rindo,


Trudy estende a mão para abraçá-la. Ficando séria, ela a aperta
forte. “Eu queria essa casa porque é grande o suficiente para todos
nós. Ainda seremos uma família; simplesmente não será uma
família de dois.”

Ginny começa a assentir, mas para. “Você vai estragar sua


maquiagem.”

Trudy imediatamente se afasta para arrumar os cabelos e


alisar o vestido, certificando-se de que ainda está perfeita. “Eu não
sou a única que está linda hoje.”

Mesmo que Ginny saiba que Trudy está exagerando, fica


satisfeita com a própria aparência. Ela está vestindo apenas em
um vestido liso azul marinho com uma jaqueta curta. Ela
conseguiu se manobrar em várias fotos de Trudy e planeja
conseguir algumas cópias para si.

“Onde está Dalton?”

“Por aí”, Trudy diz distraidamente.

“O que está rolando?” Ginny pergunta à irmã, não gostando


do olhar em seus olhos.

“Ele está lá em cima com Shade, pegando nossas malas. Lily


quer a chance de dar uma escapadinha para preparar o presente
do dia dos namorados.”

“Como ele voltará para casa? Ele e Lily vieram juntos.”

“Tenho certeza que ele vai pensar em algo”, Trudy diz


despreocupadamente.

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JAMIE BEGLEY

As duas mulheres se viram nervosamente, depois relaxam


quando Killyama entra na cozinha. “A banda está procurando por
Ginny. Eles estão se preparando para começar a música.”

“Eu vou levar esses pratos então...”

“Cadela, vá. Vou colocar eles em cima da mesa.” Killyama


tira os pratos dela.

“Obrigada.” Ginny começa a rir quando Trudy começa a


segui-la, apenas para Killyama enfiar uma das bandejas na sua
mão.

Ver Trudy sozinha por alguns minutos ajudou a aliviar a


tristeza que pairava no ar o dia todo. Casamentos sempre a
deixam triste. É difícil para ela celebrá-los quando sabe que nunca
terá um.

Contornando a multidão, Ginny consegue sair para o


quintal. Foi lindamente decorado. Pequenas mesas foram
arrumadas ao redor da piscina com toalhas de mesa vermelhas e
vasos cheios de rosas brancas por cima. Hoje está frio, então ela
está confortável com a jaqueta que usa.

Os membros da banda concordam que estão prontos.


Quando ela se move para ficar atrás do microfone, a música
familiar começa a tocar nos alto-falantes.

‘Estou procurando por você...’ ela canta, examinando a


multidão, observando a porta dos fundos abrir para Trudy e
Dalton aparecerem. Ela pode não ser capaz de brindar a eles como
um membro da família, mas pode cantar para eles. Ela escreveu
uma música para eles, e quando os dois estão do lado de fora, a
banda toca em seguida.

‘Chamando por você...’

A música que ela escreveu para Trudy e Dalton é


uma celebração ao amor deles. A música que está
cantando agora foi escrita sobre sua mágoa por

Road to Salvation: A Last Rider's Trilogy #1


JAMIE BEGLEY

uma alma gêmea, que ela sabe que não está mais lá, que, por
qualquer motivo, a vida arrancou dela, nunca lhes dando a
oportunidade de se tocarem. Ela havia escrito a música,
esperando que estivesse errada e que ele realmente estivesse lá
fora, pensando a mesma coisa, esperando por ela, esperando por
sua música liderar o caminho até ela.

‘Esperando por você, orando por você...’

Seus olhos se movem sobre os rostos familiares na


multidão, atraindo-os com seu sofrimento para aliviar a tristeza
que cresce como um borrão de tinta em seu coração.

Os olhos dela vão para a porta, então vê um homem


aparecer; os olhos dele encontram os dela.

Ele não está vestido como os outros homens no casamento,


está vestindo jeans preto e camiseta preta. Mesmo sob a cor
escura, seus enormes ombros e peito esticam o tecido, mostrando
o imenso tamanho e força contidos em seu corpo. Ela não nota as
numerosas tatuagens que cobrem suas mãos, braços, pescoço e
viajam pela lateral do rosto até onde ele raspou a cabeça para
mostrar as tatuagens ali. Os olhos dela estão perdidos nos dele...
agarrados a ele, enquanto ele se move ao redor da piscina.

‘Você pode me ouvir?’ Ela canta para a multidão enquanto


implora silenciosamente a ele... apenas por ele.

Sua voz falha, com medo de que ele não saiba que a música
é para ele. ‘Oh...’

Ginny fecha os olhos, aterrorizada que ele não possa ver que
ela é para ele.

Uma brisa de vento a faz abrir os olhos novamente enquanto


ele se move ao redor de uma mulher para encará-la através da
extensão da piscina.

‘Por que você não pode me ouvir?’

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JAMIE BEGLEY

Tirando o microfone do suporte, ela dá um pequeno passo


à frente. Olhando para baixo para garantir que não caia na
piscina, seus reflexos rodopiam com o aumento do vento,
aumentando a velocidade, fundindo seus reflexos como se eles
estivessem dançando... tocando... beijando...

Reaper tira seu telefone do bolso da calça jeans depois que


sente a vibração.

Preciso de uma carona.

Ele rapidamente digita sua resposta.

Peça para outra pessoa.

Ele volta a examinar os registros anteriores de Ink que


Jonas conseguiu marcar para ele. Sua breve mensagem não
funcionou quando o próximo toque chega, interrompendo sua
concentração.

Venha me pegar na recepção.

Eu posso ver onde você está. Dê-me cinco minutos.

Reaper responde sarcasticamente antes de se levantar da


mesa e pegar o celular.

Por que diabos Shade precisa de uma carona? Ele tem o seu
próprio veículo com Lily. Não só isso, mas a maior parte do clube
está no casamento de T.A. e Dalton.

Tirando da parede as chaves reservas da


caminhonete de Train, ele sai pela porta e segue para
a cidade.

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Foda-se. O irmão não poderia ter esperado lá fora por ele?

Reaper encontra uma vaga no estacionamento, recebendo


um olhar intransigente dos vizinhos intrometidos de T.A., que
estão sentados do lado de fora em cadeiras de jardim. Ele olha
para trás até que os filhos da puta decidem que é mais vantajoso
colocar suas bundas para funcionar para entrar.

Ele vê Shade conversando com Dalton na escada quando


entra pela porta, forçado a esperar no fim da escada. Ele não se
incomoda em fechar a porta, esperando voltar para fora.

“Já volto”, Shade diz quando eles chegam ao pé da escada.

“Eu não tenho o dia todo”, ele resmunga.

Esperando seu retorno, tudo o que ele quer é dar o fora dali.
O último lugar que quer estar é em um maldito casamento. É como
se Deus estivesse esfregando os calcanhares nos sonhos
esmagados que ele havia planejado para ele e Taylor. O fato de a
maioria dos Last Riders estarem lá para comemorar apenas
adiciona sal à ferida.

Ele não inveja T.A. e Dalton no dia deles; ele simplesmente


não quer esfregar o nariz no que nunca será para ele.

Cansado de esperar Shade, Reaper não aguenta mais e está


prestes a voltar para fora quando o vento arrasta a porta fechada.
Ele está pegando a maçaneta da porta quando uma voz vem de
um alto-falante do lado de fora.

‘Estou procurando por você...’

Cada maldito fio em seu corpo se arrepia. É a mesma


experiência que ele sentiu em uma praia há muitos anos,
enchendo-o de desespero.

‘Chamando por você...’

A ternura na voz dela faz seus pés andarem


cegamente até a porta do quintal.

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JAMIE BEGLEY

‘Esperando por você, orando por você...’

É como se ela tivesse um poder sobre ele, colocando-o em


transe, enquanto ele se move pela multidão, tudo para ouvi-la
cantar.

‘Você pode me ouvir?’

As batidas do seu coração se agarram a cada palavra dela,


como um instrumento sendo tocado ao fundo.

Logo antes dele afastar a última pessoa, a pura crueza na


voz dela o atinge com uma força poderosa quando ouve a voz dela
vacilar levemente, como se fosse seu coração se partindo.

‘Oh...’ a mulher exclama antes de parar, abrindo os olhos.


‘Por que você não pode me ouvir?’

Seus olhos se fecham imediatamente, e seu coração se fecha


como um punho quando ele finalmente consegue ver a mulher
claramente, sem que todos bloqueassem o rosto dela. Por fim, a
única coisa que os separa é a piscina deslumbrante de três metros
de largura.

Seu olhar âmbar viaja até a água brilhante para ver o que
ela está olhando, vendo seus reflexos na piscina. Pode haver uma
diferença de três metros entre eles, mas a água mostra uma
história diferente. Ela dá um passo à frente e seus reflexos
finalmente se encontram quando a água brilha ao seu redor.

Enquanto suas imagens no espelho d’água se encontram


pela primeira vez, seu coração bate novamente em um ritmo que
somente eles podem entender... que apenas eles podem
testemunhar seus reflexos convergindo em um só... que apenas
ela e o vento podem ouvir sua resposta sussurrada.

“Eu posso ouvir você.”

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CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

Quando a música muda para outra, Ginny sabe que Trudy


e Dalton vieram para fora. Trocando para a música que ela
escreveu para eles, ela nenhuma vez afasta os olhos do homem do
outro lado da piscina. Ela memoriza o rosto dele, como se fosse
uma música que terá que cantar na frente de milhares, com medo
de que, se ele for embora antes que ela termine, ela nunca mais o
verá.

O aperto firme no microfone diminui quando ela percebe


que Shade está ao lado dele. Ela será capaz de encontrá-lo...
poderá tocá-lo.

Quando a música termina, ela começa a dar a volta na


piscina, quando um movimento a leva aos braços de Trudy,
enquanto agradece por cantar e assistir ao casamento.

“Por nada”, ela finalmente consegue expressar as palavras


estranguladas.

Quando Dalton a agradece, Ginny passa o braço de Trudy


pelo dela. “Willa precisa que você cheque alguma coisa na
cozinha.”

“Uh... eu acabei de falar com... a Willa.”

Puxando desesperadamente sua irmã através da multidão


que aumentou ao vê-la cantar, Ginny continua tentando
levá-la pela piscina até a porta dos fundos.

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Inclinando a cabeça para o lado, ela sussurra para Trudy.


“Quem é aquele homem com Shade?”

Ginny não diminui a velocidade, passando rudemente por


Fat Louise e Sex Piston enquanto tenta conversar com Trudy.

“Quem? Não vejo Shade.” Trudy estica o pescoço, tentando


olhar por cima da multidão.

“Cadela, você me deve um novo par de saltos brancos!” Sex


Piston diz, alcançando-as para falar a Trudy o que ela pensa.

“Eu pago por eles”, Ginny diz, tentando calar Sex Piston por
distrair Trudy.

Contornando Crazy Bitch e Calder, ela puxa Trudy para


mais perto dela, para que tenha um ponto de vista melhor.

“Você pode vê-lo agora?” Ginny continua tentando mover a


irmã antes que Trudy possa responder, não se importando que as
amigas de Trudy estão olhando-a como se ela tivesse
enlouquecido.

“Você...?” Ginny começa a dizer quando a boca de Trudy se


abre e seus olhos vão de onde Shade e o homem estão saindo pela
porta, para sua expressão esperançosa. Ela sabe que Trudy sabe
quem ele é.

Sua irmã leva as mãos aos quadris. “Oh infernos, não.”


Trudy começa a sacudir a cabeça, alguns de seus cachos que Sex
Piston estilizou se desfazem.

“Quem é ele?”

“Não.” Trudy balança a cabeça novamente. “Não em um


milhão de anos.”

“Sex Piston, você viu?”

Sex Piston empalidece, depois olha para baixo e


decide encarar as unhas. “Eu não pude vê-lo.”

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“Crazy Bitch?”

Crazy Bitch olha para Sex Piston, depois Trudy. “Eu não vi
nada.”

“O que está acontecendo?” Fat Louise pergunta.

“Nada”, Trudy retruca.

“Você viu com quem Shade estava falando?” Ginny implora.

“Desculpe. Eu preciso ir ao banheiro. Tchau.”

Olhando em volta para quem mais ela poderia perguntar,


seus olhos encontram os de Killyama, e Ginny sabe pelo seu olhar
que ela sabe quem é o homem.

“Se você não me disser quem ele é, eu ligo e pergunto ao


Shade”, ela avisa.

“É Reaper, irmão do Viper.”

“Bom dia”, Ginny cumprimenta Willa enquanto entra na


cozinha da igreja.

“Bom dia. Eu pensei que você estava dormindo.” Abrindo a


porta do forno, Willa desliza uma assadeira.

“É um dia lindo demais para dormir. Você se importaria se


eu saísse por um tempo?”

“Por que eu me importaria? Você não trabalha mais para


mim.” Willa sorri, começando a estender uma massa para
torta.

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“Eu sei, mas planejei passar o dia com você. Porém, eu...”

“Ginny, você não precisa explicar. Vá se divertir.”

“Obrigada.” Ginny passa a mão pelo cabelo, colocando-o


atrás da orelha. “Eu pareço bem?”

O rolo de macarrão para. “Conheço você desde os dezoito


anos. Você nunca me perguntou como se parece.”

Nervosa, ela abaixa a blusa marrom para garantir que sua


barriga não apareça. “Isso nunca importou antes.”

“E agora importa?” Willa pergunta suavemente.

“Sim.”

“Posso perguntar o motivo?” Os olhos de Willa brilham para


ela.

“Pode, mas eu prefiro que não pergunte.”

“Então não vou. Você pode me dizer quando estiver pronta.


Você está muito bonita.” Willa a elogia.

Dando um grande abraço em Willa, Ginny dá um beijo em


sua bochecha. “Obrigada, Willa.”

“Por nada.”

Deixando a amiga fazer massa de torta, Ginny deixa a igreja.


Normalmente, ela fica no hotel quando está na cidade, mas com
tantos amigos de Dalton chegando na cidade, Lucky se ofereceu
para deixá-la ficar na igreja, na parte em que ele e Willa moravam
antes de se mudarem para a área dos Last Riders e construírem
sua própria casa na propriedade.

Entrando no carro, ela afivela o cinto de segurança e liga a


música. Abrindo a janela, ela liga o rádio ainda mais alto.

Ela sai do estacionamento e vê Knox prestes a


entrar no carro da polícia, franzindo o cenho com a

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música alta. Ela não se incomoda em baixar o volume. Knox pode


ser o xerife, mas ela já ouviu a música dele ficar tão alta quanto a
dela quando ele pilotava a moto dele.

Fazendo uma curva, ela passa pelo bar da Rosie e começa a


cantar e balançar a cabeça para outra música que começa. Ela
aperta a buzina quando vê Rider, Train e Shade saindo do bar,
então acena alegremente para eles.

Rindo de suas expressões, ela começa a cantar uma música


que começou a escrever na noite passada.

Reaper está agachado ao lado de sua moto, substituindo a


corrente, quando ouve um carro parar no estacionamento. Ele
nem se dá ao trabalho de ver quem é, pois está atento a corrente
que precisa ser trocada já que tudo o que ele quer é sair da cidade.

“Oi!”

Erguendo a cabeça, ele vê a mulher que os Last Riders estão


protegendo, e determinados a encontrar seu perseguidor, e o
motivo pelo qual ele está saindo da cidade, olhando para ele com
um sorriso de um milhão de watts.

O fato dele não a ter respondido não diminui o sorriso,


enquanto ela caminha em volta da moto para encará-lo como se
soubesse o que há de errado com ela.

“Precisa de ajuda?”

“Não”, ele retruca.

Agachando-se ao lado dele, ela descansa os


pulsos nas coxas. “Eu posso entregar uma chave

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para você, se precisar”, ela oferece, pegando um medidor de


pressão.

Quando ele não faz nada para pegá-lo, ela o larga e pega a
corrente da moto. “Eu posso entregar isso a você quando estiver
pronto.”

“Acabei de tirá-la”, ele diz friamente.

“Oh...” ainda sorrindo, ela a coloca para baixo e depois


passa as mãos na perna limpa e branca da calça. Então ela
estende a mão. “Eu sou Ginny.”

Ele não pega a mão dela, mas vira o rosto em sua direção.

“Reaper.”

O rosto de Ginny se torna suave.

Ele congela quando ela levanta a mão que ele não apertou
para tocar seu rosto, deslizando as pontas dos dedos macios por
sua bochecha, deslizando sobre a pele acima da barba, depois
curvando-se para baixo, parando antes de atingir sua barba.

“Você parece mais um Gavin para mim”, ela sussurra, seus


olhos memorizando os dele. “estou procurando por você há tanto
tempo”, ela diz dolorosamente.

Reaper sente sua boca abrir com as palavras dela.

Retirando a mão do rosto dele, ela vira os dedos para


mostrar as manchas de óleo na ponta dos dedos.

Seus olhos ainda estão colados aos dela quando ela olha por
cima do ombro dele.

“Você está com o meu carregador de telefone, Rider?”

“Sim. Deixei no escritório da fábrica. Nós podemos pegá-


lo.”

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Ginny assente para Rider, depois olha de volta para ele. “Foi
um prazer conhecê-lo, Gavin.”

Ela se levanta e sai com Rider. Inconscientemente, Reaper


fica de pé para vê-la partir.

“Essa é Ginny”, Train diz, sentando-se em sua moto.

“Eu sei quem ela é”, ele retruca.

“Só queria que soubesse de quem é a bunda que você está


observando.”

“Saia da minha moto.” Seguramente, ele esfrega a parte de


trás do pescoço, tentando sair do estupor em que ela o colocou.
Ele não sabia que os irmãos haviam entrado no estacionamento,
voltando depois de devolver os barris do casamento de T.A.

Train sorri, saindo, depois se virando para subir os degraus


da sede do clube. “Você vem, Shade?”

Shade não se mexe. “Estarei lá em alguns minutos.”

Train curiosamente inclina a cabeça para o lado. “O que


você está esperando?”

Reaper sente Shade lhe dar um olhar de antecipação.

“Estou esperando-a voltar.”

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