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RESENHA

Wagner Luis Monteiro Felix

OUWENEEL, Willem. Coração e alma – uma perspectiva cristã da


psicologia. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.

Willem Ouweneel é um biólogo, filósofo e teólogo holandês com mais de 100


livros publicados e diversos artigos. Tem sua graduação e pós-graduação em biologia,
com estudos nas áreas de genética e embriologia. Tem também doutorado na área de
filosofia e teologia. É um estudioso sobre o teólogo holandês Herman Dooyeweerd.

O livro tem capítulos que estão bem divididos em tópicos e subtópicos. No


primeiro capítulo intitulado “Psicologia e Cristianismo”, Ouweneel aborda, de uma
forma simples e introdutória, os temas relacionados ao que é a psicologia geral e se
existe uma psicologia cristã. Nas palavras do autor, psicologia seria a “ciência do
homem por excelência” (p.8), ou seja, uma ciência que estuda de forma holística o ser
humano. O autor ainda fala neste capítulo a respeito da existência e da necessidade de
uma psicologia cristã. É argumentado que assim como o teólogo toma a Sagrada
Escritura como ponto de partida para suas decisões, o psicólogo que resolve ter uma
psicologia redimida trilhará o mesmo caminho. Se ele fizer isso terá o homem como
criatura de Deus e o tratará desta forma (p.11).

No segundo capítulo, sob o título “Pontos de partida para uma psicologia cristã”,
o autor elabora uma tese de quatro “reinos”, em que estão inseridos todos os seres
criados. Neste ponto de vista são listados os seguintes reinos: o inorgânico (físico), o
orgânico (biótico), o psíquico (reino dos animais) e o espiritual (reino dos seres
humanos) (pp. 18,19). Para o autor, o homem contém todas estas estruturas, e a que irá
tratar das questões relacionadas à psicologia é a última que ele a chama de espiritiva. Já
os animais teriam apenas os três primeiros aspectos. As plantas são exemplos para os
dois primeiros reinos e as pedras se enquadram apenas no reino inorgânico.

O capítulo 3, intitulado “O desenvolvimento da psicologia”, aborda aspectos


gerais do desenvolvimento da psicologia desde o seu início até os dias atuais. O autor
trata historicamente, de forma introdutória sobre as seguintes escolas:
1. Estruturalismo e Funcionalismo – Desenvolvida pelo médico
Wilhelm Wundt (1832-1920), tinha como ideal “observar a estrutura, o
conteúdo, os elementos da consciência” (p. 51);
2. Psicologia Profunda – Desenvolvida pelo psiquiatra Sigmund
Freud (1856-1939), defendia que a psicologia não estava relacionada com a
consciência mas com “uma camada ou estrato muito mais profundo da
personalidade humana, ou seja, o ‘inconsciente’” (p. 52);
3. Reflexologia – Desenvolvida por Ivan Pavlov (1849-1936),
estudava os “reflexos” através de experiências com cães (p. 54);
4. Behaviorismo – Fundada por John B. Watson (1878-1958),
defendia que os psicólogos deveriam romper com as “teoria da consciência” e se
ater ao estudo do comportamento humano (pp. 55,56);
5. Psicologia Humanista – liderada por Abraham Maslow (1908-
1970), propunha pensar em termos da pessoa (saudável) (p.57);
6. Psicologia Cognitiva – determina que as reações não são os
estímulos e sim os “mapas cognitivos” (p.60);
7. Psicologia da Gestalt – Fundada por Max Werthimer (1880-
1943), estuda a percepção das coisas não como elementos, mas na sua totalidade
(p. 62);
8. Psicologia Existencialista – investiga o homem como um todo, a
sua existência no mundo e não apenas na sua natureza humana (p. 62).

O autor conclui apontando que somente uma psicologia cristã, que trata do
coração humano, pode lidar com todos os problemas relacionados ao homem.

O capítulo 4, “As estruturas mentais”, aborda os aspectos relacionados à


estrutura mental como um todo. O autor fala a respeito das partes do cérebro e dos
sistemas nervoso e hormonal. No subtópico que trata das relações entre as partes do
encéfalo, é tratado também acerca dos temperamentos humanos sanguíneo, fleumático,
melancólico e colérico (pp. 69-70). Neste capítulo o autor ainda trata a respeito das
estruturas perceptiva, sensível e espiritiva. Dois fenômenos são tratados, considerados
espiritivos pelo autor, que são a linguagem e a vida social. São parte espiritivas porque
somente os homens apresentam essas partes.
No capítulo 5, sob o título “A personalidade normal”, Ouweneel aborda as
questões relacionadas ao caráter humano. Ali ele mostra os pontos que regem essas
questões que são as necessidades, os desejos e os valores. É notado que este capítulo
trata do que conhecemos como natureza caída do homem, ainda que o ator não use
diretamente este termo. É abordado também acerca dos relacionamentos destes temas
com Deus e com o ser humano (pp. 103-104). O último subtópico deste capítulo o autor
tratará destes temas relacionando-os ao coração, de onde vêm todas as decisões.

No capítulo 6, “A personalidade anormal”, o autor traz a definição do que seria a


anormalidade. Segundo ele, o comportamento anormal teria a característica de imagem
distorcida da realidade e o que ele chama de “aberração sensível” (pp. 116,117), que
envolve as causas ligadas a situações depressivas. Existe para o autor uma ligação entre
as estruturas humanas, inclusive o coração, com as doenças e distúrbios. Algumas
causas dessas doenças são tratadas ainda neste mesmo capítulo. Por fim, o autor trata
sobre algumas formas de tratamento e terapias nas áreas de aconselhamento e
psicoterapia cristãs.

O livro Coração e Alma deve ser lido e entendido como uma introdução a área
da psicologia cristã. Aqueles que têm interesse em ir adiante se sentirão motivados pelo
assunto pela forma simples que é abordado. É importante notar também que o livro foi
publicado pela primeira vez em 1984 e é possível encontrar algumas mudanças ou
avanços na área da psicologia reformacional. No mais, um bom início aos estudantes de
psicologia e pastores que desejam redimir a suas psicologias.

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