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MBA em Finanças, Auditoria e


Controladoria

Contabilidade Financeira

Fabiano Simões Coelho


fabiano@fabianocoelho.com.br
http://www.fabianocoelho.com.br

Realização
Fundação Getulio Vargas
FGV Management

Contabilidade para Executivos


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Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à


Fundação Getulio Vargas.
Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao(s)
autor(es).

COELHO, Fabiano Simões.

Contabilidade Financeira. 1ª Rio de Janeiro: FGV


Management – Cursos de Educação Continuada.
247 p.

Bibliografia

1. Contabilidade

Coordenação Executiva do FGV Management: Prof. Ricardo Spinelli de Carvalho


Coordenador Geral da Central de Qualidade: Prof. Carlos Longo
Coordenadores de Área:
Prof. Ernani Hickmann
Prof. José Carlos Sardinha
Prof. Marilson Gonçalves
Prof. Ronaldo Andrade
Profa. Sylvia Constant Vergara.

A sua opinião é muito importante para nós


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Central de Qualidade – FGV Management
* ouvidoria@fgv.br
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Sumário
PROGRAMA DA DISCIPLINA........................................................................................ 1

EMENTA ............................................................................................................................. 1
CARGA HORÁRIA TOTAL..................................................................................................... 1
OBJETIVOS ......................................................................................................................... 1
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .............................................................................................. 1
M ETODOLOGIA .................................................................................................................. 2
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................................. 2
B IBLIOGRAFIA RECOMENDADA .......................................................................................... 2
CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR............................................................................ 3

2 - MATERIAL COMPLEMENTAR................................................................................ 4

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 4
OBJETIVOS DA CONTABILIDADE .................................................................................. 4
SISTEMA DE INFORMAÇÕES .......................................................................................... 4
USUÁRIOS DA CONTABILIDADE.................................................................................... 5
CONCEITOS BÁSICOS...................................................................................................... 5
DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS ........................................................................................ 14
INTRODUÇÃO .................................................................................................................14
BALANÇO PATRIMONIAL..............................................................................................14
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ....................................................16
DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS E PREJUÍZOS ACUMULADOS.....................................17
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO................................18
DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS...............................18
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA..................................................................19
BALANÇO SOCIAL..........................................................................................................20
B ALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................................. 26
PATRIMÔNIO...................................................................................................................26
BALANÇO PATRIMONIAL (BP)......................................................................................26
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ............................................................. 32
CONCEITO DE RECEITAS...............................................................................................32
CONCEITO DE GANHOS.................................................................................................32
CONCEITO DE DESPESAS...............................................................................................32
CONCEITO DE PERDA.....................................................................................................32
OUTRAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ......................................................................... 41
DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR) ...................41
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ......................................................................53
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNOO LÍQUIDO (DMPL) .................58
INSTRUMENTOS DA ANÁLISE ECONÔMICA – FINANCEIRA................................. 60
DEMONSTRATIVOS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS....................................................60
AJUSTES ..........................................................................................................................60
RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO................................................................................61
INDICADORES ECONÔMICOS-FINANCEIRO S.......................................................... 63
ÍNDICES DE ESTRUTURA PATRIMONIAL.....................................................................65
RELAÇÕES ENTRE AS FONTES DE RECURSOS (RFR)..................................................66

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ENDIVIDAMENTO GERAL (EG) .....................................................................................66


COMPOSIÇÃO DAS EXIGIBILIDADES (CE) ...................................................................68
IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (IPL)........................................................68
PASSIVO ONEROSO SOBRE ATIVO (POSA) ..................................................................69
ÍNDICES DE LIQUIDEZ....................................................................................................69
LIQUIDEZ CORRENTE....................................................................................................70
LIQUIDEZ SECA..............................................................................................................70
LIQUIDEZ GERAL ...........................................................................................................71
ÍNDICES DE RENTABILIDADE.......................................................................................71
RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (RPL)....................................................72
MARGEM OPERACIONAL DE LUCRO (MOL)................................................................72
MARGEM LÍQUIDA DE LUCRO (ML).............................................................................72
ROTAÇÃO DO ATIVO (RA).............................................................................................73
RENTABILIDADE DOS INVESTIMENTOS (RI)...............................................................73
INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS .............................................................................74
PRAZO MÉDIO DE COMPRAS (PMC) .............................................................................75
PRAZO MÉDIO DE ESTOQUES (PME) ............................................................................75
PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTOS (PMR)...................................................................76
CICLO OPERACIONAL (CO) ...........................................................................................76
CICLO FINANCEIRO (CF)................................................................................................77
CAPITAL DE GIRO (CDG) ...............................................................................................78
NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG) OU INVESTIMENTO OPERACIONAL
EM GIRO (IOG) ................................................................................................................78
FONTES DE COBERTURA DA NCG................................................................................80
EFEITO TESOURA...........................................................................................................82
SALDO DE TESOURARIA ...............................................................................................82
CAUSAS DO EFEITO TESOURA:.....................................................................................85
ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL E ÍNDICES-PADRÃO.........................................87
ANÁLISE VERTICAL.......................................................................................................87
ANÁLISE HORIZONTAL .................................................................................................89
ÍNDICES-PADRÃO...........................................................................................................91
QUADRO-RESUMO DE ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS....................................93
PROCESSO ANALÍTICO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ............................................ 95
RECLASSIFICAÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS. .......................................95
ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS..........................................................96
AGRUPAMENTO TÉCNICO DAS CONTAS (FUNDAMENTAÇÃO).................................99
PROCEDIMENTOS DE ADEQUAÇÃO DOS BALANÇOS À ANÁLISE...........................103

3 - MATERIAL COMPLEMENTAR............................................................................ 125

3.1 - EXERCÍCIOS........................................................................................................ 125


3.1.1 - D.R.E. VERSUS FLUXO DE CAIXA......................................................................125
3.2 - LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................... 129
3.2.1 - RETORNO SOBRE INVESTIMENTO E SUA VELOCIDADE................................129
3.3.1 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA.................................................................130
3.3.3 - ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA - AMBEV........................................... 133
3.4 EBITDA................................................................................................................... 140
3.5 TRANSPARÊNCIAS............................................................................................... 157

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Programa da disciplina

EMENTA

Contabilidade e o conjunto das demonstrações econômico- financeiras. Balanço: significado


das contas do ativo, passivo e patrimônio líquido. Variações no patrimônio líquido: receita,
despesa e resultado. Processo contábil: contas (plano de contas), registros no livro diário,
razão geral, balancete de verificação. Tópicos especiais na determinação das demonstrações
financeiras: contas a receber, contas a pagar, avaliação de estoques, ativo imobilizado e a
depreciação ou amortização, operações financeiras, as contas do patrimônio líquido. DOAR e
o fluxo de caixa.

C ARGA HORÁRIA TOTAL

24 horas/aula

OBJETIVOS
O alunos deverá, ao final do módulo, ser capaz de:

Ô Reconhecer o significado das informações constantes nos relatórios econômico-


financeiros, especialmente no Balanço Patrimonial (BP), nas Demonstrações de Resultado
do exercício (DRE), de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e de Fluxo de Caixa
(DFC);
Ô Compreender o fluxo da informação contábil até os seus reflexos nas demonstrações
contábeis;
Ô Compreender os conceitos de Liquidez, Segurança e Rentabilidade para efeitos de
avaliação econômico-financeira;
Ô Executar uma análise elementar da saúde financeira da empresa com base em índices
específicos;

CONTEÚDO P ROGRAMÁTICO
Significado das informações dos relatório
As informações financeiras, seu
econômicos- financeiros: Balanço Patrimonial
significado e seus principais usuários.
e Demonstrativo de Resultado do Exercício.
Descrição do processo contábil e do
O processo contábil: o fluxo da informação
fluxo da informação contábil. Os fatos
financeira e seu registro no Balanço
geradores e seus reflexos no
Patrimonial.
patrimônio da empresa.
A estrutura do Balanço Patrimonial.
As informações do Balanço relacionadas com
Classificação das contas: Ativo,
o Ativo e as com o Passivo: o retorno do ativo
Passivo e Patrimônio Líquido. Grupos
frente a demanda dos investidores.
de contas.

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A estrutura da Demonstração do
A compreensão das informações do Resultado do Exercício. Receitas,
Demonstrativo de Resultado do Exercício Despesas e suas classificações. O
para as várias empresas na economia. lucro: bruto, operacional e líquido.
Resultado não-operacional.
A estrutura da Demonstração de
A compreensão das informações da Origens e Aplicações de Recursos. Os
Demonstração de Origens e Aplicações de conceitos de Origem e Aplicação. O
Recursos para as várias empresas na ajuste no Lucro Líquido. O significado
economia. da variação do Capital Circulante
Líquido (CCL).
A estrutura da Demonstração do Fluxo
A compreensão das informações da de Caixa. A relação da demonstração
Demonstração do Fluxo de Caixa para as do fluxo de caixa com as outras
várias empresas na economia. demonstrações financeiras. Os métodos
de elaboração.

METODOLOGIA

Aula expositiva com auxílio de microcomputador, projetor multimídia e quadro branco com
marcadores. Aos alunos serão fornecidos os seguintes itens: apostila e transparências a serem
utilizadas durante a exposição dos assuntos. Serão ministrados exercícios, estudos dirigidos e
estudos de caso.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Deverá ser elaborada, pelos alunos, uma prova individual, que envolva os assuntos
desenvolvidos no módulo.

B IBLIOGRAFIA RECOMENDADA

BRASIL, Haroldo Vinagre, BRASIL, Haroldo Vinagre Filho. Gestão financeira das
empresas – um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1991.

IUDÍCIBUS, S., MARTINS, Eliseu, GELBCKE, E. R.. Manual de contabilidade das


sociedades por ações. São Paulo: Atlas, 1995.

MARION, Josá Carlos. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 1990.

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços. São Paulo: Atlas, 1995.

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CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR

Fabiano Simões Coelho é Mestre em Ciências Contábeis pela FAF/UERJ – Faculdade de


Administração e Finanças da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pós graduado em Ciências
Contábeis pela FGV/EPGE em 2000. Graduado em Ciências Contábeis pela UERJ em 1998. É
professor e Coordenador do Programa de Cursos Conveniados da FGV Management, Professor da
Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas e instrutor do Conselho
Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro. Trabalha também como consultor de empresas e
sócio proprietário do Instituto valor. Autor de trabalhos publicados em revistas especializadas
no Brasil e no exterior.

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2 - Material Complementar
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DA CONTABILIDADE

O FIPECAFI 1 definiu objetivamente a Contabilidade como sendo “um sistema de


informações e avaliação destinado a prover os seus usuários com demonstrações e análises
de natureza econômica, financeira e de produtividade, com relação à entidade objeto de
contabilização.” (1995, pg. 58).
O AICPA, American Institute of Certified Public Accountants, publicou em 1973 que:
“ ...a função fundamental da Contabilidade (...) tem permanecido
inalterada desde os primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos
demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar
decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de
usuários e nas formas de informação que têm procurado. Todavia, esta
função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O objetivo
básico dos demonstrativos financeiros é prover informação útil para a
tomada de decisões econômicas...” ( apud, Iudícibus, 1986, pg. 17)

Ao analisarmos as duas definições acima, podemos deduzir sem maiores dificuldades,


a definição resumida indicada por autores como Iudícibus, de que o objetivo da Contabilidade
é fornecer informações para vários usuários, afim de auxiliar o processo de tomada de
decisões.

SISTEMA DE INFORMAÇÕES
De acordo com Chiavenato, o conceito de informação significa, em poucas palavras, a
busca pela redução da incerteza. Esta busca ganha importância quando tratamos da obtenção
de conhecimento, para uso na orientação da ação a ser tomada no processo de tomada de
decisão.
Sistemas de Informações sob um ponto de vista contábil seria:
“ ...um conjunto articulado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e editagens de
relatórios que permite:
a) tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo possível de
relevância e o mínimo de custo;
b) dar condições para, através da utilização de informações primárias
constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivantes da própria Contabilidade

1
Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras.

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e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de exceção para finalidades específicas em


oportunidades definidas ou não.” ( FIPECAFI, 1995, pg. 58).

USUÁRIOS DA CONTABILIDADE
O estudo do IPECAFI definiu usuários como “ ... toda pessoa física ou jurídica que
tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal
entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar.”( 1995,
pg. 59).
O quadro a seguir que resume quais seriam os usuários da Contabilidade:

a. Diversificados X Concentrados
I – INVESTIDORES b. Ativos X Passivos
c. Profissionais X Amadores
a. Analistas Financeiros
II – INTERMEDIÁRIOS DE INFORMAÇÕES b. Serviços de Aconselhamento
c. Corretoras de Valores
a. IBRACON
III – ÓRGÃOS REGULADORES E b. CFC, CRC’s
ASSOCIAÇÕES DE CLASSE c. CVM
d. Fisco
a. Empresas grandes X pequenas
IV – DIRETORES, ADMINISTRADORES
b. Empresas abertas X fechadas
V – AUDITORES Empresas grandes X pequenas
Fonte: MOST, Keneth S. Accounting Theory. Columbus. Grid. 1977. pag. 91, apud,
adaptação de TOSTES, Fernando P. Evidenciação e Qualidade nas Demonstrações
Financeiras.

CONCEITOS BÁSICOS
A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a
prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira e de
produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.
A Contabilidade tem por fim fornecer informações, a diversos tipos de usuários, que
subsidiem a tomada de decisão. Para o cliente interno, deve suprir as informações que
auxiliem o planejamento e o controle. Para o cliente externo, deve informar a situação
econômica e financeira da empresa.
É a ciência que tem por funções: Registrar, controlar e analisar os atos e fatos
administrativos de uma atividade econômica (Empresa).

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Registro
Linguagem contábil de nível elevado, identificando-se com profissionais da área
contábil.
Registros contábeis em livros próprios.
Ex: Diário, Razão, Caixa etc.
Controle
Exerce praticamente os controles dos registros contábeis, principalmente dos bens
patrimoniais.
Análise
Executa análise a qualquer tempo dos registros e dos controles patrimoniais.
Ex: Compra de bens de venda.
1- Registro contábil no livro Diário.
Estoques
a Caixa / Fornecedores
2- Controle
Controle da existência física do estoque, cujo custeio se confrontará com o registro
contábil.
3- Análise
Divergência dos inventários
Estoque mínimo
Tempo de permanência, etc.
FAMILIARIZAÇÃO COM A MECÂNICA CONTÁBIL

1º CASO: CONSTITUIÇÃO DE UMA EMPRESA

Alexandre e Fernanda (pessoas físicas) resolveram constituir uma sociedade


(pessoas jurídica) a que decidiram denominar Felicidade Com. & Ind. Ltda. Assinam um
Contrato Social e disponibilizam à sociedade, cada um, o valor de $ 1.000, que passam a
constituir o Capital Social da nova entidade.

A pessoa jurídica Felicidade Com. & Ind. Ltda. deve ( é devedora da )


pessoa física Alexandre ⇒ $ 1.000 pessoa física Fernanda ⇒ $ 1.000

A pessoa física Alexandre tem direito de receber da ( é credora da )pessoa


jurídica Felicidade Com. & Ind. Ltda. ⇒ $ 1.000

A pessoa física Fernanda tem direito de receber da ( é credora da ) pessoa


jurídica Felicidade Com. & Ind. Ltda. ⇒ $ 1.000

O patrimônio da sociedade Felicidade Com. & Ind. Ltda. será representado da


seguinte forma:

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PATRIMÔNIO
( + ) ( - )

BENS OBRIGAÇÕES
Dinheiro 2.000 Capital Social
Alexandre 1.000
Fernanda 1.000 2.000
TOTAL 2.000 TOTAL 2.000

2º CASO: BEM - DIREITO

Parte do dinheiro ( $ 1.500 ) é depositada numa Caderneta de Poupança. Nesta


transação a empresa trocou Bem por Direito, isto é, saiu dinheiro (que é um Bem) e entrou o
recibo de depósito na Caderneta de Poupança (que é um Direito).
O patrimônio da sociedade Felicidade Com. & Ind. Ltda. passará a ser demonstrado da
seguinte forma:

PATRIMÔNIO
( + ) ( - )

BENS OBRIGAÇÕES
Dinheiro 500
Capital Social
Direitos Alexandre 1.000
Fernanda 1.000 2.000
Caderneta de
Poupança 1.500

TOTAL 2.000 TOTAL 2.000

OBSERVAÇÕES

1. A soma do lado positivo ( + ) é igual à soma do lado negativo ( - )

2. As somas dos lados ( + ) e ( - ) desta demonstração continuam sendo as mesmas da


demonstração anterior ( $2.000 ). isto ocorre porque houve apenas uma troca de um bem por
um direito. Assim, diminuiu o valor de bens e aumentou o valor de direitos.

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3. No lado esquerdo ( + ) está indicado em que a empresa aplicou os recursos: manteve


uma quantia em dinheiro ( $500 ) e o restante depositou na poupança ( $ 1.500 ); no lado
direito está indicada a origem desses recursos: o capital social.

3º CASO: BEM - OBRIGAÇÃO


A empresa compra máquinas e equipamentos a prazo no valor de $ 500. O pagamento
será efetuado após 60 dias.
Neste fato administrativo, a empresa conseguiu adquirir duas coisas, sem incorrer em
nenhuma troca:
Equipamentos e
uma dívida, por ter comprado a má quina a prazo.
OCORRERIA TROCA SE A EMPRESA TIVESSE PAGO OS EQUIPAMENTOS À
VISTA ( trocaria dinheiro pelos Equipamentos )

O patrimônio passará a ser demonstrado da seguinte forma:

PATRIMÔNIO
( + ) ( - )
BENS OBRIGAÇÕES
Dinheiro 500 Fornecedor 500

DIREITOS
Depósito em
Caderneta de
Poupança 1.500
CAPITAL
SOCIAL
Alexandre 1.000
Equipamentos 500 Fernanda 1.000 2.000

TOTAL 2.500 TOTAL 2.500

4º CASO: RECEITA

No final do mês, o Banco pagou à sociedade juros no valor de $300, referentes ao


dinheiro depositado em Caderneta de Poupança.

Nesta transação, a empresa:


Não trocou nada;

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Não adquiriu nada;


Ganhou o direito de retirar da Poupança $1.800 em vez dos $1.500 que tinha
depositado.

Os juros correspondem, portanto, a um ganho que a empresa teve. Não é um Bem, não
é um Direito, nem uma Obrigação. Trata-se de uma Receita.
Receitas, em contabilidade, são valores que a empresa gera, produz, como fonte de
recursos financeiros ( dinheiro ), para atender aos seus gastos e manter as suas atividades.

Exemplos: Vendas de Mercadorias ou Produtos;


Juros da poupança;
Juros cobrados de Clientes por atraso no pagamento;
Aluguéis de imóveis de sua propriedade, etc...

5º CASO: DESPESA

Para come morar e divulgar o início das suas atividades, a empresa ofereceu um
coquetel que lhe custou $ 200.

Nesta transação, a sociedade:

Não trocou nada;


Não adquiriu nada;
Não ganhou nada; e
Gastou parte do dinheiro que possuía.

O coquetel corresponde a um gasto que a empresa teve. Não constitui um Bem, um


Direito, uma Obrigação ou uma Receita. Trata-se de uma Despesa.

Despesas, em contabilidade, são valores que a empresa necessariamente gasta para


manter sua atividade e gerar receitas.

Exemplos: Compras de Mercadorias;


Gastos com Refeições;
Publicidade;
Telefone;
Combustível;
Energia Elétrica, etc...

Receitas e despesas são computadas em separado pela contabilidade, para depois


serem incluídas no patrimônio.

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10

Se a receita é maior que a despesa, a empresa gerou lucro.

Se a despesa é maior que a receita, a empresa gerou prejuízo.

Uma empresa tem lucro ou prejuízo independentemente do patrimônio que possui;

As receitas e despesas não são demonstradas no gráfico patrimonial, mas num gráfico
à parte, denominado resultado operacional

RESULTADO OPERACIONAL
+ -
DESPESAS 200 RECEITAS 300

As despesas são colocadas sempre do lado esquerdo ( + ), indicando em que foi


aplicado ( gasto ) o dinheiro da empresa: em despesas com luz, água, produtos de limpeza,
etc.

As receitas são colocadas sempre do lado direito ( - ), indicando a origem dos ganhos
da empresa: as vendas, as aplicações na poupança, etc.

Um fato provoca pelo menos duas alterações no patrimônio ou no resultado


operacional:

uma delas se refere à aplicação de recursos


a outra à sua origem
Quando um fato representa uma despesa ou receita, ele poderá alterar ao mesmo
tempo o gráfico do patrimônio e o do resultado operacional:

FATO: JUROS GANHOS COM APLICAÇÃO NA POUPANÇA

ALTERAÇÃO NO GRÁFICO DO ALTERAÇÃO NO GRÁFICO DO


PATRIMÔNIO RESULTADO OPERACIONAL
CADERNETA DE POUPANÇA $ 1.500 JUROS DA POUPANÇA: $ 300
+ 300 = $ 1.800
APLICAÇÃO ORIGEM

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11

FATO: GASTOS COM A REALIZAÇÃO DO COQUETEL

ALTERAÇÃO NO GRÁFICO DO ALTERAÇÃO NO GRÁFICO DO


RESULTADO OPERACIONAL PATRIMÔNIO

DESPESAS BENS

GASTOS COM O COQUETEL: $ 200 DINHEIRO: $ 500 - 200 = $ 300

APLICAÇÃO ORIGEM

Vamos ver quando e como o resultado das operações de uma empresa é integrado
ao seu patrimônio.
Chama-se de exercício ao período que a contabilidade toma como base para fazer um
balanço geral de tudo aquilo que ela realizou, avaliando a situação do patrimônio e apurando
o resultado operacional ( lucro ou prejuízo ).
Portanto, exercício é o período decorrido entre um balanço e outro.
ele tem , geralmente, a duração de 12 meses e coincide com o nosso ano civil, que
começa em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro.
Ao terminar o exercício, a contabilidade realiza o balanço da situação da empresa: o
que tem / o que deve; o que ganhou / o que gastou, obtendo o resultado operacional, que é
então integrado ao patrimônio.
Resultado operacional é o resultado que a contabilidade de uma empresa apura no
final do exercício, para saber se ela teve lucro ou prejuízo

No nosso exemplo, temos:


RECEITA ( maior que a Despesa ) 300
DESPESA ( menor que a Receita ) 200
LUCRO 100

Extraímos as seguintes conclusões:


todo lucro apurado por uma pj pertence aos seus donos.
todo prejuízo apurado por uma pj é de responsabilidade dos seus proprietários.
logo, tanto o lucro como o prejuízo apurados devem estar juntos do capital social,
elevando-o, se houver lucro, ou diminuindo-o, se houver prejuízo.

Vejamos, agora, como fica a demonstração do patrimônio:

PATRIMÔNIO
(+) (-)

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12

BENS OBRIGAÇÕES
Dinheiro 300 Fornecedor Equipamentos 500
Equipamentos 500
800
DIREITOS CAPITAL SOCIAL
Depósito em Cad. Alexandre 1.000
Poupança 1.800 Fernanda 1.000
Resultado Operacional 100
2.100
TOTAL 2.600 TOTAL
2.600

A CONTABILIDADE, POR MEIO DE TÉCNICA PRÓPRIA,


PROCURA DEMONSTRAR O QUE SE TEM E O QUE SE DEVE, O
QUE SE GASTA E O QUE SE GANHA, A APLICAÇÃO DOS
RECURSOS DA EMPRESA E A ORIGEM DESSES MESMOS
RECURSOS

6º CASO: PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Vamos supor que Alexandre e Fernanda resolvam encerrar as atividades da empresa.


naturalmente, cada um vai querer retirar do patrimônio o que é seu por direito.

A EMPRESA TEM:
BENS. 800
DIREITOS 1.800 2.600

A EMPRESA DEVE:
FORNECEDOR 500
CAPITAL 2.000
SOCIAL
LUCRO 100 2.600

A empresa somente pode pagar o que deve com o que tem. o primeiro passo, portanto,
é liquidar as dívidas que possui com terceiros, deixando por último a devolução do capital
social aos sócios, acrescido dos lucros ou diminuído dos prejuízos.

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13

assim:

BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES = SITUAÇÃO LÍQUIDA OU


PATRIMÔNIO LÍQUIDO
$ 800 $ 1.800 $ 500 $ 2.100

Patrimônio líquido é um componente do patrimônio no qual são indicados os valores


do capital social de todos os sócios, acrescido dos lucros ou diminuído dos prejuízos
verificados em cada exercício.

É separado das obrigações normais da empresa, tendo em vista que ele só será exigido
se a empresa encerrar suas atividades ou se algum sócio se retirar da sociedade.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO = BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES

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14

DEMONSTRATIVOS C ONTÁBEIS

INTRODUÇÃO
A Contabilidade enquanto sistema de informações destinadas a auxiliar o processo de
planejamento e controle na empresa, fornece a esses usuários demonstrativos.
As demonstrações financeiras obrigatórias, a periodicidade e a base para sua
elaboração são determinadas pelo artigo 176 da Lei n0 6.404/76:
"Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na
escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão
exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no
exercício:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração do resultado do exercício;
c) demons tração dos lucros ou prejuízos acumulados ( pode ser substituída pela
demonstração das mutações do patrimônio líquido); e
d) demonstração das origens e aplicações de recursos."
Existem entretanto demonstrações não abrangidas (ainda) pela Lei. As mais comuns
são a demonstração dos fluxos de caixa (DFC) e o Balanço Social.

BALANÇO PATRIMONIAL

O artigo 178 da Lei n0 6.404/76 determina a forma de classificação das contas no


balanço patrimonial:
"Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do
patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da
situação financeira da companhia."
A NBC-T-3.2 _ Do Balanço Patrimonial aborda alguns aspectos específicos desta peça
contábil. O subitem 3.2.1 estabelece o conceito do balanço patrimonial:
"3.2.1.1 _ O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar,
quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da
Entidade."

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15

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Para ser Ativo é necessário preencher os quatro São as contas representativas de obrigação com
requisitos: 1. Bens ou Direitos; 2. De terceiros, que quando de seu vencimento, serão
propriedade da empresa; 3. Mensurável reclamadas. São também mensuráveis
monetariamente; 4. Representar benefícios monetariamente.
presentes ou futuros.
Grupos: Grupos:
- CIRCULANTE - CIRCULANTE
São os Bens e os Direitos com vencimento até o São as Obrigações com vencimento até o término
término do exercício seguinte, ou ainda, com do exercício seguinte, ou ainda, com vencimento
vencimento até 12 meses da data do último até 12 meses da data do último Balanço.
Balanço.
- REALIZÁVEL A LONGO PRAZO - EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
São os Direitos com vencimento após o término São as Obrigações com vencimento após o
do exercício seguinte, ou ainda, com vencimento término do exercício seguinte, ou ainda, com
posterior a 12 meses da data do último Balanço. vencimento posterior a 12 meses da data do
Considera-se também como Longo Prazo, as último Balanço.
transações de empréstimos a Acionistas, Considera-se também como Longo Prazo, as
Diretores, e outras pessoas a fins, independente transações de empréstimos de Acionistas,
do prazo de vencimento, desde que os Diretores, e outras pessoas a fins, independente
empréstimos não façam parte das operações do prazo de vencimento.
principais da empresa.
- PERMANENTE - RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS
Bens e direitos de caráter fixo. Divide-se em: São as Receitas recebidas antes da prestação do
Investimentos, Imobilizado e Diferido. serviço, desde que sejam líquidas e certas.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
São as obrigações para com os Sócios. Tem como
principais contas: Capital, Reservas de Capital,
Reserva de Reavaliação, Reservas de Lucros,
Lucro ou Prejuízos Acumulados e Ações em
Tesouraria.

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16

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A composição da demonstração do resultado do exercício é determinada pelo artigo


187 da Lei n0 6.404/76:
"Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I _ a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os
impostos;
II _ a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços
vendidos e o lucro bruto;
III _ as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV _ o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais e o saldo
da conta de correção monetária (artigo 185, § 3º);
V _ o resultado do exercício antes do imposto de renda e a provisão para o imposto;
VI _ as participações de debêntures, empregados, administradores e partes
beneficiárias e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de
empregados;
VII _ o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital
social."

O parágrafo 1º do artigo 187 impõe que sejam observados os princípios da


competência e do confronto entre receitas e despesas na apuração do resultado do exercício:
"§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua
realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a
essas receitas e rendimentos."
A NBC-T-3.3 _ Da Demonstração do Resultado aborda alguns aspectos específicos
desta peça contábil. O subitem 3.3.1 estabelece o conceito da demonstração do resultado:
"3.3.1.1 _ A demonstração do resultado é a demonstração contábil destinada a
evidenciar a composição do resultado formado num determinado período de operações da
Entidade.
3.3.1.2 _ A demonstração de resultado, observado o princípio de competência,
evidenciará a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas e
os correspondentes custos e despesas."

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17

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA BRUTA
(-) DEDUÇÕES
IPI
ICMS
Abatimentos
RECEITA LÍQUIDA
(-) CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS
LUCRO BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
De Vendas
Administrativas
Financeiras - Receitas Financeiras
Variações monetárias
LUCRO OPERACIONAL
(+/-) DESPESAS/RECEITAS NÃO OPERACIONAIS
(-)PERDAS
(+)GANHOS
LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
(-) PROVISÃO PARA A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
(-) PROVISÃO PARA O IMPOSTO DE RENDA
LUCRO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
PARTICIPAÇÕES NO LUCRO
LUCRO LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS E PREJUÍZOS ACUMULADOS

O conteúdo da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados é determinado pelo


artigo 186 da Lei n0 6.404/76:
"Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:
I _ O saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção
monetária do saldo inicial;
II _ as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
III _ as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao
capital e o saldo ao fim do período."
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deve indicar o montante do
dividendo por ação do capital social e pode ser incluída na demonstração das mutações do
patrimônio líquido (artigo 186, § 2º).
A NBC-T-3.4 _ Da Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados aborda
aspectos específicos desta demonstração. O subitem 3.4.1 estabelece o conceito:

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18

"3.4.1.1 _ A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados é a demonstração


contábil destinada a evidenciar, num determinado período, as mutações nos resultados
acumulados da Entidade."

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

A NBC-T-3.5 _ Da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido aborda


aspectos específicos desta demonstração. O subitem 3.5.1 apresenta seu conceito:
"3.5.1.1 _ A demonstração das mutações do patrimônio líquido é a demonstração
contábil destinada a evidenciar, num determinado período, a movimentação das contas que
integram o patrimônio da Entidade."
O subitem 3.5.2 trata do conteúdo e estrutura desta demonstração:
"3.5.2.1 _ A demonstração das mutações do patrimônio líquido discriminará:
a) os saldos no início do período;
b) os ajustes de exercícios anteriores;
c) as reversões e transferências de reservas e lucros;
d) os aumentos de capital discriminando sua natureza;
e) a redução de capital;
f) as destinações do lucro líquido do período;
g) as reavaliações de ativos e sua realização, líquida do efeito dos impostos
correspondentes;
h) o resultado líquido do período;
i) as compensações de prejuízos;
j) os lucros distribuídos;
l) os saldos no final do período."
A demonstração das mutações do patrimônio líquido, cuja elaboração e publicação é
facultada pela Lei nº 6.404/76 (artigo 186, § 2º), passou a ser obrigatoriamente elaborada e
publicada pelas companhias abertas, por força da Instrução CVM nº 59, de 22.12.86, que em
seu artigo 1º dispõe:
"Art. 1º As companhias abertas deverão elaborar e publicar, como parte integrante de
suas demonstrações financeiras, a demonstração das mutações do patrimônio líquido, referida
ao artigo 186, § 2º in fine da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976."

DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS

A demonstração das origens e aplicações de recursos, cuja finalidade é indicar as


modificações na posição financeira da empresa, tem seu conteúdo determinado pelo artigo
188 da Lei n0 6.404/76:
"Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de recursos indicará as
modificações na posição financeira da companhia, discriminando:

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I _ as origens dos recursos, agrupadas em:


a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e
ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros;
b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital;
c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo
prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos
do ativo imobilizado.
II _ as aplicações de recursos, agrupadas em:
a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo
diferido;
d) redução do passivo exigível a longo prazo.
III _ o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações,
representando aumento ou redução do capital circulante líquido;
IV _ os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes,
montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício."
A NBC-T-3.6 _ Da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos aborda
alguns aspectos específicos desta peça contábil. O subitem 3.6.1 apresenta o conceito:
"3.6.1.1 _ A demonstração das origens e aplicações de recursos é a demonstração
contábil destinada a evidenciar, num determinado período, as modificações que originaram as
variações no capital circulante líquido da Entidade."

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A Demonstração das Modificações da Posição Financeira, que no Brasil é denominada


Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR, vem sendo substituída pela
Demonstração do Fluxo de Caixa em alguns países.
A Demonstração do Fluxo de Caixa apresenta a modificação ocorrida no saldo de
disponibilidades da empresa durante determinado período, através dos fluxos de recebimentos
e pagamentos.
A diferença fundamental entre as duas demonstrações é que enquanto a DOAR é
elaborada com base no conceito de capital circulante líquido, dentro do regime de
competência, apresentando, portanto, a disponibilidade de médio prazo, a Demonstração do
Fluxo de Caixa baseia-se no conceito de disponibilidade imediata, dentro do regime de caixa
(recebimentos/pagamentos) puro.
O entendimento do fluxo financeiro da empresa, notadamente, para o usuário não
familiarizado com a Contabilidade, fica muito mais fácil de ser entendido através da
Demonstração do Fluxo de Caixa. Por esta razão, sugere-se a substituição da DOAR pela
Demonstração do Fluxo de Caixa, como meio de aprimorar a comunicação Contabilidade _
Usuário.

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BALANÇO SOCIAL

O Balanço Social tem por objetivo demonstrar o resultado da interação da empresa


com o ambiente em que está inserida. Possui quatro amplitudes:
a) Balanço ambiental – demonstra os esforços da empresa em preservação do meio
ambiente;
b) Balanço de recursos humanos – evidencia tanto o perfil da força de trabalho da
empresa quanto a contribuição da empresa com o desenvolvimento da comunidade que a
cerca;
c) Demonstração do valor adicionado – discrimina a riqueza gerada pela empresa e
sua destinação; e
d) Contribuições à sociedade.

Um dos elementos mais importantes e diretamente responsável pela produção


econômica nacional, é a empresa. As empresas compõem o sistema de produção da economia
nacional, produzindo os bens e serviços que atendem às necessidades de consumo e de
acumulação da sociedade.
Na Ciência Econômica, o conceito de valor adicionado é obtido em função da
Produção e é utilizado para mensurar as atividades econômicas de uma nação através de
definição do seu Produto Nacional. Na Ciência Contábil, em geral, utiliza-se o conceito das
Vendas para obter-se o valor adicionado (riqueza criada) da empresa.
O valor adicionado de uma empresa representa o quanto de valor ela agrega aos
insumos que adquire num determinado período. Pode-se definir valor adicionado como sendo
a diferença entre o valor da produção e os consumos intermediários (compras a outras
empresas) num determinado período, ou seja, a mesma definição utilizada pela econo mia.
Este valor será, ainda, igual à soma de toda a remuneração dos esforços consumidos nas
atividades da empresa.
Estreitamente relacionada com o conceito de responsabilidade social, a Demonstração
do Valor Adicionado surgiu para atender às necessidades de informações dos usuários sobre o
valor da riqueza criada pela empresa e sua utilização.
Trata-se de uma visão diferente em termos de demonstrações contábeis. Em geral, as
tradicionais demonstrações contábeis estão preocupadas em evidenciar para os investidores
qual o lucro da empresa e como ele foi calculado. A demonstração do resultado do exercício,
por exemplo, está mais voltada para um determinado tipo de usuário: o proprietário da
empresa que quer conhecer o valor do seu lucro final. A demonstração do resultado do
exercício avalia a parte da riqueza criada pela empresa (o valor adicionado) que se destina ao
proprietário; é o enfoque do proprietário. E, para ele, os salários, juros, impostos etc. são
tratados como despesas, pois na realidade representam reduções de sua parte da riqueza
criada, ou seja, do seu lucro. A demonstração do valor adicionado vem evidenciar, além do
lucro dos investidores, a quem pertence o restante da riqueza criada pela empresa.

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Isto não significa dizer que a demonstração do resultado do exercício é incorreta. A


demonstração do resultado do exercício atende adequadamente ao seu principal objetivo, que
é o de evidenciar o resultado da empresa aos seus investidores. Entretanto, devido a algumas
transformações socioeconômicas, surgiram diferentes tipos de usuários de informações
econômicas-financeiras, com diferentes tipos de necessidades, também. A demonstração do
valor adicionado surgiu para evidenciar o quanto de valor a empresa adiciona aos insumos
que adquire, bem como sua distribuição aos elementos que contribuíram para essa edição,
atendendo a esses diferentes tipos de usuários.
METODOLOGIA 2

VA = Receitas brutas – Insumos adquiridos de terceiros – depreciação/ amortização ±


transferências

onde: VA = Valor adicionado

Definições sobre o cálculo do valor adicionado:

o Receitas brutas = inclui vendas de mercadorias, produtos e serviços, provisão


para devedores duvidosos (reversão/constituição) e receitas não operacionais;
o Insumos adquiridos de terceiros = matérias-primas consumidas + custo das
mercadorias e serviços vendidos + materiais, energia, serviços de terceiros +
perda/recuperação de valores ativos (essa parcela inclui os impostos ICMS e
IPI);
o Retenções = depreciação, amortização e exaustão contabilizadas no período.
o Transferências = resultado da equivalência patrimonial + receitas financeiras.
Inclui valores recebidos como dividendos relativos a investimentos avaliados
ao custo.

Distribuição do valor adicionado

o Remuneração do trabalho = Salários e honorários (férias, 13o salário e


adicionais), encargos sociais compulsórios, encargos sociais voluntários e
outros encargos gerais com pessoal;
o Remuneração do governo = Impostos, taxas e contribuições (ICMS, Imposto
de Renda, IPI, COFINS, Contribuição Social, Contribuição ao INSS, PIS,
CPMF, ISS, IPTU, etc.). No caso do ICMS e do IPI foi considerado o valor
devido ou já recolhido aos cofres públicos, representando a diferença entre os

2
ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química, Valor Adicionado Setor Químico Brasileiro 1998. São Paulo,
22/10/99.

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impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados dentro do item


insumos adquiridos de terceiros.
o Juros e aluguéis = Despesas financeiras e de juros relativas a quaisquer tipos
de empréstimos e financiamentos junto à instituições financeiras.
o Juros sobre o capital próprio e dividendos = Valores pagos aos acionistas.
o Lucros retidos / Prejuízo do exercício = Lucros/prejuízos destinados às
reservas.

RESUMO

Em relação a 1998, a receita bruta do setor evoluiu 25,3% em 1999, enquanto o valor
adicionado bruto evoluiu 39,1%. O valor adicionado a distribuir aumentou 40,9% conforme
discriminado a seguir:

Unid.: R$ 1.000
SETOR SIDERÚRGICO
DISCRIMINAÇÃO
1999 1998

Receita Bruta 14.118.381 11.272.124


Insumos Adquiridos de Terceiros 7.545.837 6.545.652
Valor Adicionado Bruto 6.572.544 4.726.472
Retenções 1.082.880 842.006
Valor Adicionado Líquido 5.489.664 3.884.466
Transferências 1.133.797 814.883
Valor Adicionado a Distribuir 6.623.461 4.699.349

Em 1999, o valor adicionado da amostra do setor siderúrgico representou 46,9% da receita


bruta, contra 41,7% em 1998. A distribuição desse percentual pelos diferentes subsetores foi a
seguinte:

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VALOR ADI CI ONADO COMO % DA RECEI TA BRUTA

1999 1998
Subsetores
Valor Adicionado % da Receita Valor Adicionado % da Receita
R$ mil Bruta R$ mil Bruta

Subsetor Planos 3.037.602 54,2 2.645.216 52,6

Subsetor Longos 1.912.679 47,6 1.359.737 47,6

Subsetor Aços Especiais 729.052 34,1 70.011 4,1

Produtores Semi-Acabados 944.128 39,9 624.385 37,6

Setor Siderúrgico 6.623.461 46,9 4.699.349 41,7

As distribuições no setor siderúrgico das parcelas específicas, em 1999 e 1998, estão


indicadas a seguir.

DI STRI BUI ÇÃO DO VALOR ADI CI ONADO COMO % DA RECEITA BRUTA – 1999
Unid.: %
Subsetor Subsetor Subsetor Produtores Setor
Discriminação
Planos Longos Aços Especiais Semi-Acabados Siderúrgico

Valor Adicionado 54,2 47,6 34,1 39,9 46,9

Remuneração do Trabalho 10,7 10,9 13,2 9,6 10,9

Remuneração do Governo 16,2 16,0 10,6 (3,6) 12,0

Juros e Aluguéis 15,9 13,2 46,4 57,3 26,7

Juros s/ Capital Próprio e 4,3 2,5 - - 2,4


Dividendos

Lucros / Prejuízos Retidos 7,1 5,0 (36,1) (23,4) (5,1)

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DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO COMO % DA RECEITA BRUTA – 1998


Unid.: %
Subsetor Subsetor Subsetor Produtores Setor
Discriminação
Planos Longos Aços Especiais Semi-Acabados Siderúrgico

Valor Adicionado 52,6 47,6 4,1 37,6 41,7

Remuneração do Trabalho 12,9 13,4 17,9 14,7 14,1

Remuneração do Governo 15,0 16,9 10,6 7,0 13,6

Juros e Aluguéis 8,7 8,5 25,8 18,2 12,7

Juros s/ Capital Próprio e 4,9 2,7 - 2,3 3,2


Dividendos

Lucros / Prejuízos Retidos 11,1 6,1 (50,2) (4,6) (1,9)

A parcela “juros e aluguéis” apresentou a maior evo lução, de R$1,434 bilhão para R$3,763
bilhões (163%). A COFINS (81%) e o ICMS (34%) apresentaram as evoluções de maior
impacto.

Unid.: R$ 1.000
SETOR SIDERÚRGICO
DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
1999 1998
REMUNERAÇÃO DO TRABALHO (Pessoal e Encargos) 1.547.981 1.583.875
REMUNERAÇÃO DO GOVERNO 1.692.497 1.533.650
(Impostos, Taxas e Contribuições)
- ICMS 939.549 701.735
- Imposto de Renda (130.307) 10.758
- IPI 352.554 340.266
- COFINS 302.531 166.834
- Contribuição ao INSS 153.264 161.405
- Contribuição Social (62.520) 43.745
- PIS 68.555 55.221
- CPMF 39.863 27.420
- ISS 4.060 2.345
- IPTU 18.388 19.085

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- Outros 6.560 4.836


JUROS E ALUGUÉIS 3.763.954 1.433.674
JUROS SEM CAPITAL PRÓPRIO E DIVIDENDOS 340.937 361.454
LUCROS RETIDOS / PREJU ÍZO DO EXERCÍCIO (721.908) (213.304)
TOTAL 6.623.461 4.699.349

DISTRIBUIÇÃO DA REMUNERAÇÃO AO GOVERNO, PELOS DIFERENTES TIPOS DE


IMPOSTOS, COMO % DO VALOR ADICIONADO E DA RECEITA BRUTA – 1999
Unid.: %
EM RELAÇÃO AO VALOR EM RELAÇÃO À RECEITA BRUTA
DISCRIMINAÇÃO ADICIONADO
1998 1999 1998 1999

Remuneração do Governo 32,5 25,6 13,6 12,0

ICMS 45,8 55,5 6,2 6,6


IR 0,7 (7,7) 0,1 (0,9)
IPI 22,2 20,8 3,0 2,5
Cofins 10,9 17,9 1,5 2,1
INSS 10,5 9,1 1,4 1,1
Contribuição Social 2,9 (3,7) 0,4 (0,4)
PIS 3,6 4,0 0,5 0,5
CPMF 1,8 2,4 0,2 0,3
ISS 0,1 0,2 - -
IPTU 1,2 1,1 0,2 0,1
Outros 0,3 0,4 0,1 0,1
TOTAL 100,0 100,0 13,6 12,0
Disq.42/catia32/18.09.2000/jcs/cmc

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B ALANÇO P ATRIMONIAL

PATRIMÔNIO

Patrimônio é o conjunto de BENS, DIREITOS e OBRIGAÇÕES de uma empresa. Os


bens e direitos constituem o ATIVO e as obrigações perante terceiros compõem o PASSIVO
EXIGÍVEL.
A parcela de patrimônio que pertence aos proprietários, denominada PATRIMÔNIO
LÍQUIDO ou CAPITAL PRÓPRIO, aparece no PASSIVO por representar uma "obrigação"
da empresa para com seus titulares.
O valor do PATRIMÔNIO LÍQUIDO pode ser apurado pela seguinte equação:

PATRIMÔNIO LÍQUIDO = BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES

Esta equação pode ter como resultado três situações possíveis:

OBRIGA- BENS +
BENS ÇÕES BENS OBRIGA- DIREITOS OBRIGA-
+ SITUAÇÃO + ÇÕES SITUAÇÃO ÇÕES
DIREITOS LÍQUIDA DIREITOS LÍQUIDA
NEGATIVA

(B+D)>Obrigações (B+D)=Obrigações (B+D)<Obrigações


PL positivo PL nulo Passivo a decoberto

Normalmente, a soma dos BENS e DIREITOS é maior que a das OBRIGAÇÕES para
com terceiros, resultando situação de PATRIMÔNIO LÍQUIDO positivo.
Quando a soma dos BENS e DIREITOS for igual às OBRIGAÇÕES para com
terceiros, ocorrerá PATRIMÔNIO LÍQUIDO nulo ou inexistente.
Finalmente, se a soma dos BENS e DIREITOS for menor que a das
OBRIGAÇÕES, diz-se que o PATRIMÔNIO LÍQUIDO é negativo, comumente denominado
PASSIVO A DESCOBERTO.

BALANÇO PATRIMONIAL (BP)

O Balanço Patrimonial é um demonstrativo estático padronizado, que discrimina de


forma sintética e ordenada os saldos de todos os valores integrantes do patrimônio de uma
empresa em determinada data. De um lado, são relacionadas às contas que refletem

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APLICAÇÃO de recursos - bens e direitos (ATIVO) - e, de outro, as que representam as


FONTES de recursos (PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO).
Na estruturação do Balanço Patrimonial, as contas são classificadas por grupos, de
acordo com sua natureza. Por exemplo: os bens e direitos de curto prazo são representados
pelo "Ativo Circulante" e as máquinas, móveis e imóveis são agrupados no "Ativo
Permanente - Imobilizado".
Os grupos de contas, por sua vez, são escalonados em ordem decrescente de liquidez,
no ATIVO e de exigibilidade, no PASSIVO.
Por isso, o Ativo inicia relacionando as disponibilidades (caixa e saldos bancários);
depois seguem-se: direitos de curto prazo (clientes, duplicatas a receber), estoques e outros
valores de curto prazo a receber, direitos realizáveis a longo prazo e bens permanentes.
Resumindo, os bens que são mais líquidos (passíveis de se transformarem em dinheiro mais
rapidamente) aparecem em primeiro lugar.
No Passivo aparecem primeiro as contas de fornecedores e empréstimos bancários; a
seguir: outras obrigações de curto prazo, obrigações de Longo Prazo e finalmente o
Patrimônio Líquido. Assim, as obrigações com vencimentos mais próximos da data do
Balanço aparecem em primeiro lugar. Os recursos dos sócios (PL), por não serem exigíveis,
aparecem ao final do Passivo.

ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL


ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante

Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo

Permanente Resultado de Exercício Futuros


- Investimentos
- Imobilizado Patrimônio Líquido
- Diferido

ATIVO
CIRCULANTE - disponibilidades, bens e direitos realizáveis no decorrer do
exercício seguinte ao do balanço sob análise (até 360 dias).
Exemplos: Disponibilidades, Duplicatas a Receber, Estoques, Despesas Antecipadas
etc.

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO - bens e direitos realizáveis após o


encerramento do exercício seguinte (mais de 360 dias). Exemplos: Duplicatas a Receber,
Empréstimos a Diretores, Empréstimos a Interligadas etc.

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PERMANENTE - valores aplicados com a intenção de permanência, subdividindo-se


em:

Investimentos : participações de natureza permanente em outras empresas e outros


bens e direitos não destinados à manutenção da atividade da empresa. Exemplos: Ações e
Participações, Imóveis para Aluguel etc.
Imobilizado: bens e direitos necessários à manutenção das atividades da empresa.
Exemplos: Imóveis de Uso, Máquinas e Equipamentos, Veículos, Marcas e Patentes etc.
Diferido : gastos que beneficiarão vários exercícios futuros. Exemplos: Despesas de
Reorganização, Despesas pré-operacionais etc.

PASSIVO
CIRCULANTE- dívidas vencíveis no decorrer do exercício seguinte (até 360 dias).
Exemplos: Fornecedores, Salários e Encargos a Pagar, Impostos a Pagar, Empréstimos
Bancários, Provisão para Imposto de Renda.

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO - dívidas vencíveis após o encerramento do


exercício seguinte (mais de 360 dias). Exemplos: Financiamentos, Empréstimos de Diretores,
Empréstimos de Interligadas etc.

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS - receitas de competência de


exercícios futuros, subtraídos os custos e despesas respectivas. Exemplos: Aluguel Recebido
Antecipadamente etc.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO - recursos pertencentes aos proprietários e que formam o


capital próprio da empresa e que, portanto, não são exigíveis. Subdividem-se em:
Capital Social (Capital Subscrito - Capital a Integralizar);
Reservas de Capital ( Resultado de Correção Monetária, Doações recebidas);
Reservas de Reavaliação (Contrapartida da Reavaliação de Imobilizados);
Reservas de Lucros (Reserva Legal, Reservas Estatutárias, Reserva para
Contingências);
Lucros / Prejuízos Acumulados.

Observação:
No Balanço Patrimonial (BP) aparecem contas retificadoras, entre parênteses ou
com sinal negativo, que diminuem o saldo da conta retificada. As principais são:

No Ativo Circulante: Duplicatas Descontadas e Provisão para Devedores Duvidosos.


No Ativo Permanente : Depreciação, Amortização e Exaustão Acumuladas.
No Patrimônio Líquido : Capital a Realizar e Ações em Tesouraria.

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BALANÇO PATRIMONIAL DA SEARA

ATIVO SEARA

(Reais Mil)
Código da Conta Descrição da Conta 31/12/02
1 Ativo Total 1.539.951
1.01 Ativo Circulante 630.350
1.01.01 Disponibilidades 19.715
1.01.01.01 Caixa E Bancos 16.469
1.01.01.02 Aplicações Financeiras 3.246
1.01.02 Créditos 365.860
1.01.02.01 Clientes 326.162
1.01.02.02 Impostos A Recuperar 29.573
1.01.02.03 Outros Créditos A Receber 10.125
1.01.03 Estoques 241.095
1.01.03.01 Produtos Acabados 41.443
1.01.03.02 Produtos Em Processo 650
1.01.03.03 Animais Para Abate 137.816
1.01.03.04 Matérias-primas 45.268
Materiais De Manutenção E
1.01.03.05 Auxiliares 14.848
1.01.03.06 Importação Em Andamento 1.070
1.01.04 Outros 3.680
1.01.04.01 Despesas Do Exercício Seguinte 3.680
1.02 Ativo Realizável A Longo Prazo 502.802
1.02.01 Créditos Diversos 0
1.02.02 Créditos Com Pessoas Ligadas 454.231
1.02.02.01 Com Coligadas 0
1.02.02.02 Com Controladas 454.231
Código da Conta Descrição da Conta 31/12/02

1.02.02.03 Com Outras Pessoas Ligadas 0


1.02.03 Outros 48.571
Bens Destinados A Venda,
1.02.03.01 Líquidos 12.388
1.02.03.02 Impostos A Recuperar 3.425

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1.02.03.03 Tributos Diferidos 17.316


1.02.03.04 Depósitos Judiciais 12.405
1.02.03.05 Outras Contas A Receber 3.037
1.03 Ativo Permanente 406.799
1.03.01 Investimentos 61.035
1.03.01.01 Participações Em Coligadas 0
1.03.01.02 Participações Em Controladas 60.829
1.03.01.03 Outros Investimentos 206
1.03.02 Imobilizado 345.721
1.03.03 Diferido 43

PASSIVO SEARA

(Reais Mil)
Código da Conta Descrição da Conta 31/12/02
2 Passivo Total 1.539.951
2.01 Passivo Circulante 594.634
2.01.01 Empréstimos E Financiamentos 421.888
2.01.02 Debêntures 0
2.01.03 Fornecedores 72.021
2.01.04 Impostos, Taxas E Contribuições 12.321
2.01.05 Dividendos A Pagar 11.622
2.01.06 Provisões 0
2.01.07 Dívidas Com Pessoas Ligadas 34.712
2.01.08 Outros 42.070
2.01.08.01 Adiantamento Sobre Contrato De Câmbio 0
2.01.08.02 Salários E Encargos Sociais 26.081
2.01.08.03 Contas A Pagar Com Partes Relacionadas 0
2.01.08.04 Outras Contas A Pagar 15.989
2.02 Passivo Exigível A Longo Prazo 597.517
2.02.01 Empréstimos E Financiamentos 92.336
2.02.02 Debêntures 0
2.02.03 Provisões 28.150
2.02.03.01 Prov.contingências Fiscais e Trabalhista 28.150
2.02.04 Dívidas Com Pessoas Ligadas 477.031
2.02.05 Outros 0
2.02.05.01 Tributos Diferidos 0
2.03 Resultados De Exercícios Futuros 0
2.05 Patrimônio Líquido 347.800
2.05.01 Capital Social Realizado 202.658

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2.05.02 Reservas De Capital 33.933


2.05.03 Reservas De Reavaliação 0
2.05.03.01 Ativos Próprios 0
Código da Conta Descrição da Conta 31/12/02

2.05.03.02 Controladas/coligadas 0
2.05.04 Reservas De Lucro 111.209
2.05.04.01 Legal 8.207
2.05.04.02 Estatutária 16.414
2.05.04.03 Para Contingências 0
2.05.04.04 De Lucros A Realizar 0
2.05.04.05 Retenção De Lucros 86.588
2.05.04.06 Especial P/ Dividendos Não Distribuídos 0
2.05.04.07 Outras Reservas De Lucro 0
2.05.05 Lucros/prejuízos Acumulados 0

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DEMONSTRAÇÃO DO R ESULTADO DO EXERCÍCIO

CONCEITO DE RECEITAS
O IBRACON, no pronunciamento VII - Receitas e Despesas - Resultados, nos itens 5
e 6, conceitua os desdobramentos do conceito de receita:
“5. Receita Operacional - Corresponde ao evento econômico relacionado com a
atividade ou atividades principais da empresa, independentemente de sua freqüência neste
contexto, consequentemente. O conceito de receita é de elemento “bruto”, e não “líquido”,
correspondendo, em última análise, ao valor pelo qual a empresa procura se ressarcir dos seus
custos e despesas e auferir o crédito.
6. Receita Não-Operacional - Corresponde aos eventos econômicos aditivos ao
patrimônio líquido, não associados com a atividade ou atividades principais da empresa,
independentemente, da sua freqüência.
O conceito de receita não-operacional é de elemento líquido, ou seja, ela é considerada
pelo líquido dos correspondentes custos. Como casos comuns desse tipo de receita temos os
ganhos de capital, correspondentes a transações com imobilizados ou com investimentos de
natureza permanente, desde que não relacionados com a atividade principal da empresa.”3

CONCEITO DE GANHOS
Para ganhos, Iudícibus 4 apresenta um outro conceito, segundo ele: “ganho representa
um resultado líquido favorável, resultante de transações ou eventos não relacionados às
operações normais do empreendimento.”

CONCEITO DE DESPESAS
Podemos entender por despesa todas as saídas de recursos da entidade que foram
totalmente absorvidas no processo de gerar receitas.

CONCEITO DE PERDA
As perdas correspondem aos eventos diminutivos ao patrimônio líquido, não
associados com atividades relacionadas ao objetivo principal da entidade.
A maneira prática de diferenciar despesa de perda consiste em identificar a operação,
se tratar-se de transação normal da empresa, objetivo de sua atividade, fica caracterizada a
ocorrência de despesa. No entanto, se o evento possuir a característica extraordinária, ou seja,
não se inclui nas atividades centrais da entidade, tem-se uma perda.

3
FIPECAFI & ANDERSEN, Arthur. Normas e práticas no Brasil. Ed. Atlas: São Paulo, 1991. p. 413.
4
IUDÍCIBUS, Sergio de. Op. Citada. p. 126.

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DEMONSTRAÇÃQO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A Demonstração do Resultado do Exercício é a apresentação, em forma resumida,


das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma
a destacar o resultado líquido do período.
O artigo 187 da Lei das S.A estabelece a ordem de apresentação das receitas,
despesas e custos, nessa demonstração, para fins de publicação.
Antes de abordar aspectos mais detalhados dos seus componentes, cabe destacar os
princípios contábeis que devem nortear a contabilidade das empresas no reconhecimento
contábil das receitas, custos e despesas, princípios esses expressos no parágrafo 1º do artigo
187 da referida Lei:

“§ 1º - Na determinação do resultado do exercício serão computados:


as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente de sua realização
em moeda; e
os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas
receitas e rendimentos.”

OS GRUPOS DE CONTAS DA DRE

RECEITAS DE VENDAS

A Lei nº6404/76 estabelece que as empresas devem discriminar “a receita bruta das
vendas e serviços, as deduções das vendas, dos abatimentos e dos impostos” e “a receita
liquida das vendas e serviços”.
Dessa forma, a contabilização das vendas deverá ser efetuada pelo seu valor bruto,
sendo que o valor dos impostos, das devoluções e dos abatimentos deverão ser registradas em
contas de natureza devedora específica, as quais serão classificadas como contas redutoras das
vendas.
A Instrução Normativa do SRF nº051, de 03/11/78, acrescentou que “na receita bruta
não se incluem impostos não cumulativos, cobrados do comprados ou contratante (IPI) e do
qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário”.
Assim o ICMS faz parte das Receitas Brutas e o IPI não, para fins de cálculo do
Imposto de Renda. Par atendimento a legislação societária, ambos fazem. A maneira de se
conciliar o problema é utilizar a designação Faturamento Bruto para o somatório total e sem o
IPI de Receita Bruta.

1.1. DEDUÇÕES DAS VENDAS

1.1.1. VENDAS CANCELADAS

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As vendas canceladas devem ser lançadas em conta específica de devoluções e não


deve ser deduzida diretamente das vendas. Este procedimento é útil para acompanhamento
interno da administração, para verificar o volume de vendas posteriormente devolvidas.

1.1.2. ABATIMENTOS
A conta Abatimentos deve abrigar os descontos concedidos a clientes, posterior à
entrega do produto, por defeito de qualidade apresentado ou por defeitos oriundos do
transporte. Assim os abatimentos não referem-se a descontos financeiros por pagamentos
antecipados ou descontos concedidos no momento da venda.

1.1.3. IMPOSTOS INCIDENTES SOBRE VENDAS


Os impostos incidentes sobre vendas devem ser deduzidos da receita bruta de vendas,
que de ser registrada pelos valores totais incluindo os impostos sobre ela incidentes, os quais
devem ser registrados em contas devedoras, apresentados como redução das vendas brutas.
ISS (Imposto sobre Serviços)
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias)
IVVC (Imposto sobre Venda a Varejo de Combustíveis Líquidos ou Gasosos)

CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS OU DOS SERVIÇOS PRESTADOS


O custo dos produtos vendidos ou dos serviços prestados devem corresponder ás
receitas de vendas dos produtos e serviços reconhecidos no mesmo período.
A apuração dos custos dos produtos vendidos está diretamente relacionada aos
estoques da empresa, pois representa a baixa efetuada nas contas dos estoques por vendas
realizadas no período. Ou seja:
CPV = EI + C – EF
onde:
CPV -> Custo dos Produtos Vendidos
EI -> Estoque Inicial
EF -> Estoque Final
C -> Compras
No caso de empresas comerciais a equação é aplicada com simplicidade, pois as
entradas são representadas apenas pelas compras de mercadorias destinadas à venda. No caso
de empresas industriais, as entradas representam toda a produção completada no período.

DESPESAS OPERACIONAIS
As despesas operacionais constituem-se das despesas incorridas para vender produtos
e administrar a empresa, sendo que , dentro do conceito da Lei nº6404/76, abrange também as
despesas líquidas para financiar suas operações e o resultado liquido de atividades acessórias
da empresa.

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O artigo 187 da Lei das S/A estabelece, para chegarmos ao lucro operacional, a
dedução das “despesas com vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais”. São elas:
o DE VENDAS
o ADMINISTRATIVAS
o ENCARGOS FINANCEIROS LÍQUIDOS
o OUTRAS RECEITAS E DESPESAS OPERACCIONAIS
o DESPESAS DE VENDAS E ADMINISTRATIVAS

DESPESAS DE VENDAS
As despesa de vendas representam gastos de promoção, colocação e distribuição dos
produtos da empresas, bem como os riscos assumidos pela venda, constando dessa categoria
despesas como: com o pessoal da área de vendas, marketing, distribuição, pessoal
administrativo interno de vendas, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, gastos
estimados com garantia de produtos vendidos, perdas estimadas dos valores a receber,
provisão para devedores duvidosos etc.

DESPESAS ADMINISTRATIVAS
As despesas administrativas representam os gastos incorridos, para a direção ou gestão
da empresa, se constituindo de várias atividades gerais que beneficiam todas as fases do
negócio ou objeto social. Constam dessa categoria itens como honorários da administração,
salários e encargos do pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, material de
escritório etc.

EXEMPLO DE DESPESAS DE VENDAS E ADMINISTRATIVAS

DE VENDAS ADMINISTRATIVAS
a)Despesa com o Pessoal a)Despesa com o Pessoal
b)Comissão de Vendas b)Ocupação
c)Ocupação c)Utilidades e Serviços
d)Utilidades e Serviços d)Honorários
e)Propaganda e Publicidade e)Despesas Gerais
f)Despesas Gerais f)Impostos e Taxas
g)Impostos e Taxas
i)Provisão para Devedores
Duvidosos

DESPESAS COM PESSOAL


No caso de despesa com o pessoal deve ser dividida por setor de atuação, incluído
nesta conta todos os encargos trabalhistas do empregado (ordenados, gratificações,

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indenizações, férias, 13º salário, IAPAS, FGTS, assistência médico-social, seguros, etc.),
segregado em subcontas distintas.

COMISSÕES DE VENDAS
Aplica-se, logicamente, apenas as despesas de vendas e engloba todas as despesas com
comissões devida sobre vendas incluindo os encargos sociais decorrentes destas.

OCUPAÇÃO
No subgrupo ocupação estarão registradas as despesas com a ocupação física dos
imóveis e as instalações representadas por aluguéis e despesas de condomínio, quando o
imóvel e os bens forem de terceiros. A apropriação destas despesas enter a produção, a
administração e a venda depende da utilização de cada setor. No caso de bens próprios a conta
utilizada seria a de “Depreciação e Amortização”.

UTILIDADES E SERVIÇOS
O subgrupo utilidades e serviços também deve ser rateada de acordo com a utilização
de cada setor e compreende os gastos com:
Energia Elétrica
Água
Telefone, Fax, Telex, Telegrama etc.
Correio e Malotes
Reprodução e impressão
Seguros
Transporte de Pessoal
Outras

PROPAGANDA E PUBLICIDADE
È um subgrupo das despesas de vendas que em certas circunstâncias poderá fazer parte
do grupo de despesas administrativas, como no caso de propagandas para melhoria da
imagem da empresa, não vinculada a venda do produto.

HONORÁRIOS
As contas de honorários foram previstas somente no grupo de despesas administrativas
e segregadas em:
Diretoria
Conselho Administrativo
Conselho Fiscal

DESPESAS GERAIS
É outro subgrupo comum às despesas administrativas e de vendas, tendo o seguinte rol
de contas classificáveis:

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Viagens e Representações
Material de Escritório
Materiais Auxiliares e de Consumo
Copa, Cozinha e Refeitório
Conduções e Lanches
Revistas e Publicações
Donativos e Contribuições
Legais e Judiciais
Serviços Profissionais e Contratados
Auditoria
Consultoria
Recrutamento e Seleção
Segurança e Vigilância
Treinamento de Pessoal

IMPOSTOS E TAXAS
São registrados impostos como IPTU, IPVA, a contribuição sindical, a contribuição
para o PIS, a contribuição para o PASEP, etc.
A Receita federal determinou que o PIS e o PASEP calculado sobre a receita bruta de
vendas poderá ser considerada como redutora desta, na determinação de receita líquida, e a
parcela calculada sobre as demais receitas poderá ser considerada como despesa operacional.

PROVISÃO PARA DEVEDORES DUVIDOSOS


O valor a ser contabilização em provisão para devedores duvidosos nas despesa de
vendas é somente a diferença entre o saldo anterior da provisão, já deduzido as baixas de
contas incobráveis, e o novo saldo. Para evitar dúvidas a conta é subdividida em duas
outras:
Constituição de Novo Saldo (conta devedora)
Reversão do Saldo Anterior (conta credora)

ENCARGOS FINANCEIROS LÍQUIDOS


A Lei das S.A., no seu artigo 187, define a apresentação como despesas operacionais
“as despesas financeiras deduzidas das receitas financeiras”.
A Lei das S.A. não distingue as despesas financeiras das variações monetárias, como
ocorre na legislação do Imposto de Renda, apesar disto procuramos harmonizar ambos os
textos legais.

RECEITAS E DESPESAS FINANCEIRAS


São incluídos aí os juros, o desconto e a atualização monetária prefixada, além de
outros tipos de receitas ou despesas, como as oriundas de aplicações temporárias em títulos.

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Como se verifica, nas despesas ou receitas financeiras, só se incluem os juros, mas não
as atualizações monetárias ou variações cambiais de empréstimos as quais são registradas
separadamente nas Variações Monetárias.
Todavia quando se tratar de atualização prefixada, será considerada como despesa(ou
receita) financeira e não como variação monetária.

VARIAÇÕES MONETÁRIAS
A Lei do Imposto de Renda, no artigo 253 e 254 do RIR, considera como “variações
monetárias” as variações cambiais e as correções monetárias (exceto as prefixadas).
A contabilização em contas segregadas das demais despesas ou receitas financeiras era
necessária para fins fiscais para apurar o lucro inflacionário e conseqüente tributação do saldo
credor da Correção Monetária do Balanço.
Atualmente não é mais exigida esta segregação, mas nada impede a contabilidade de
manter seus registros separadamente , o que facilita na divulgação clara das informações.

OUTRAS RECEITAS E DESPESAS OPERACIONAIS


O conceito de lucro operacional é que engloba os resultados das atividades principais e
acessórias, sendo que essas outras receitas e despesas operacionais são atividades acessórias
do objeto da empresa.

LUCRO E PREJUÍZO DE PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS SOCIEDADES


Serão registrados como operacionais os lucros ou prejuízos oriundos dos
investimentos em outras empresas, normalmente de caráter permanente.
A contabilização desta participação prevê as seguintes contas:
Participação nos Resultados de Coligadas e Controladas pelo Método de Equivalência
Patrimonial
Os acréscimos (ou diminuições) na conta dos Investimentos avaliados pelo método da
equivalência patrimonial, oriundos de lucros e prejuízos nas coligadas e controladas, são
registrados nessa conta. Par fins de publicação, essa conta deverá sempre aparecer destacada
na Demonstração do Resultado do Exercício
Dividendos e Rendimentos de Outros Investimentos
As receitas oriundas de outros investimentos, não avaliados pelo método da
equivalência patrimonial, são aqui registradas. Originam-se dos dividendos recebidos. Essa
receita de dividendos também poderá ser registrada na data do balanço, quando a investida
contabilizar uma Provisão para Dividendos, sendo que a investidora registraria a parte
correspondente à sua participação, debitando uma conta de realizável, Dividendos Propostos a
Receber
Amortização de Ágio ou Deságio de Investimentos
Refere-se à parcela periodicamente registrada para amortização da conta de
Ágio/Deságio de Investimentos

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VENDAS DIVERSAS
Outro tipo de resultado operacional poderia ser o oriundo de vendas esporádica de
sucatas ou sobras de estoques, nesse caso, líquido do ICMS correspondente. Se todavia, as
vendas forem de sucatas normais e inerentes ao processo produtivo, essa receita deve ser
registrada como redução do custo de produção.

RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS


O grupo de contas do resultado não operacional limita-se a um pequeno número de
operações. A Lei das S.A., na verdade não fornece detalhes do seu conteúdo, somente
mencionando, no seu artigo 187, que após o resultado operacional devem aparecer “as receitas
e despesas não operacionais”.
Todavia, em face do conteúdo dos resultados operacionais, e considerando os
conceitos complementares contidos na legislação do Imposto de Renda, somente farão parte
dos resultados não operacionais os lucros ou prejuízos na venda ou baixa do Ativo
Permanente.
Portanto, farão parte dos resultados não operacionais o resultado das baixas ou
alienações de Investimentos, de Ativo Imobilizado ou Ativo Diferido. A tais resultados a
legislação fiscal da o nome de “Ganhos e Perdas de Capital”.
Englobam os ganhos e perdas de capital “os resultados na alienação, inclusive por
desapropriação, na baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou exaustão, ou
na liquidação de bens do ativo permanente”.

GANHOS E PERDAS DE CAPITAL NOS INVESTIMENTOS


Aqui são contabilizados os ganhos e as perdas nos seguintes itens:

GANHOS E PERDAS NA ALIENAÇÃO DE INVESTIMENTOS


Lucro ou prejuízos apurados na venda de investimentos permanentes a terceiros. O
valor total do ganho ou perda será apurado da diferença entre o valor total líquido que o bem
está contabilizado no balanço e o valor da venda deste para terceiros.

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
Essa conta deve registrar o valor da contribuição social apurada ao final do exercício.

PROVISÃO PARA O IMPOSTO DE RENDA


Nesta conta será lançada a despesa de Imposto de Renda, a ser paga no próprio
exercício.

EXEMPLO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA COMPANHIA


NORDESTE DE PARTICIPAÇÕES (CONEPAR), PUBLICADO PELA GAZETA
MERCANTIL EM 15 DE ABRIL DE 1998.

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Exercícios findos em 31 de dezembro de 1997 e 1996.
1997 1996
Receita operacional bruta
Vendas no mercado interno 794.117,00 729.974,00
Vendas no mercado externo 75.879,00 84.897,00
869.996,00 814.871,00
Deduções de vendas
Impostos sobre vendas (139.827,00) (131.276,00)
Devoluções (2.100,00) (2.195,00)
Receita operacional líquida 728.069,00 681.400,00
Custo dos produtos vendidos (590.358,00) (555.820,00)
Lucro bruto 137.711,00 125.580,00
Receitas e despesas operacionais
Vendas e distribuição (29.363,00) (29.393,00)
Gerais e administrativas (60.124,00) (56.683,00)
Despesas financeiras, líquidas (41.589,00) (50.210,00)
Outras receitas operacionais, líquidas 6.087,00 4.112,00
Lucro operacional 12.722,00 (6.594,00)
Resultado não operacional
Ajuste de equivalência patrimonial inicial - (8.022,00)
Outras despesas não operacionais (6.526,00) (4.530,00)
(6.526,00) (12.552,00)
Prejuízo antes do IR, contribuições sociais das
participações dos empregados nos resultados 6.196,00 (19.146,00)
Imposto de renda (2.639,00) (2.877,00)
Contribuição social (22,00) -
Participação dos empregados nos resultados (1.147,00) (2.811,00)
Prejuízo do exercício 2.388,00 (24.834,00)

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OUTRAS D EMONSTRAÇÕES F INANCEIRAS

DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS


(DOAR)

OBJETIVO DA DOAR
Essa demonstração visa identificar as modificações ocorridas na posição financeira de
curto prazo da empresa, motivadas:
a) pelo ingresso de novos recursos, além dos gerados pelas próprias operações;
b) pela forma como estes recursos foram aplicados.
A posição financeira de curto prazo da empresa é representada pelo valor do Capital
Circulante Líquido (CCL). Este é obtido diminuindo-se o Passivo Circulante (PC) do
montante do Ativo Circulante (AC).

CCL = AC-PC

ESPÉCIES DE CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL)


CCL próprio ou positivo: ocorrerá quando o valor do ativo circulante (AC) for
superior ao do passivo circulante (PC);
CCL de terceiros ou negativo: ocorrerá quando o valor do AC for menor do que o PC;
CCL nulo: ocorrerá quando o valor do AC for igual ao do PC.
Se o CCL é positivo (AC > PC), isto significa que os bens e direitos que a empresa
possui, realizáveis em dinheiro no prazo de um ano, são mais que suficientes para quitar suas
obrigações vencíveis nesse mesmo prazo, de tal sorte que sua posição financeira pode ser
considerada satisfatória.
No caso contrário, CCL negativo, os bens e direitos são insuficientes para honrar as
obrigações vencíveis a curto prazo e a posição financeira da empresa inspira cuidados.

OBRIGATORIEDADE DE ELABORAÇÃO

A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos é de apresentação obrigatória


para todas as companhias abertas e para as companhias fechadas com patrimônio líquido, na
data do balanço, superior a R$1.000.000,00 (um milhão de reais).

ESQUEMA BÁSICO

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Contas do Ativo: representam aplicações, quando aumentam de saldo; e origens, caso


ocorram diminuições dos respectivos saldos.

ATIVO + APLICAÇÕES
( - ) ORIGENS

Contas do Passivo (Passivo Exigível, Resultado de Exercícios Futuros e Patrimônio


Líquido): representam origens, quando aumentam de saldo; e aplicações, caso ocorram
diminuições dos respectivos saldos.

PASSIVO + ORIGENS
( - ) APLICAÇÕES

Contas de Resultado: as receitas representam origem de recursos e as despesas,


aplicações.
Contas em Geral: o esquema acima pode ser, também, aplicado em todas as contas,
segundo a natureza do seu saldo, da seguinte forma:

TRANSAÇÕES INCLUÍDAS NA DOAR

Apesar do nome da demonstração, nem todas as transações que geram novos recursos
ou que representem aplicação dos mesmos são incluídas na DOAR.
Somente farão parte da DOAR as transações representativas de origens e aplicações de
recursos que impliquem uma modificação direta ou indireta no CCL da companhia.

EXEMPLOS DE TRANSAÇÕES QUE NÃO SÃO INCLUÍDAS POR NÃO


AFETAREM O CCL

Pagamento de fornecedores
Há uma saída de recursos, representada pelo desembolso de caixa, e uma simultânea
entrada de recursos, representada pela diminuição do Passivo Circulante; entretanto, o CCL
não é alterado, pois o Ativo Circulante (AC) e o Passivo Circulante (PC) diminuem
simultaneamente.

AC ( - ) PC ( - ) CCL (=)

Compra de mercadorias à vista


Há uma saída de recursos, representada pelo desembolso de caixa, e uma entrada,
representada pelo aumento do estoque de mercadorias;

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43

O CCL permanece sem alteração, pois o AC é diminuído e aumentado pelo mesmo


valor.

AC ( - ) AC ( + ) CCL (=)

c) Compra de mercadorias a prazo


Há uma aplicação de recursos representada pelo aumento de estoque e uma origem,
devido à criação de uma obrigação para com o fornecedor; o AC e o PC se elevam no mesmo
montante e o CCL fica inalterado.

AC ( + ) PC ( + ) CCL (=)

d) Pagamento de despesas ativadas


Por exemplo, o pagamento de prêmios de seguros cuja apólice vige rá também no
exercício seguinte. Há uma origem de recursos em função do desembolso e uma simultânea
aplicação em despesas ativadas (despesas antecipadas); o CCL permanece inalterado.

AC ( + ) AC ( - ) CCL (=)

Atenção:
Quando uma parcela da despesa antecipada é apropriada ao resultado do exercício, o
CCL será modificado, pois o AC diminuirá em contrapartida à diminuição do Patrimônio
Líquido (veja o subitem seguinte).

EXEMPLOS DE TRANSAÇÕES INCLUÍDAS POR AFETAREM O CCL

Receitas auferidas e despesas incorridas pela pessoa jurídica


As receitas aumentam o AC e o PL simultaneamente e, portanto, elevam o CCL; o
inverso ocorre com as despesas; se considerarmos que a soma algébrica das receitas e
despesas da empresa resulta no resultado do exercício, pode-se afirmar que este último,
quando positivo, é uma origem de recursos para a empresa.

AC ( + ) PL ( + ) CCL (+)

b) Integralização de capital em dinheiro


Há um aumento do AC vinculado a um aumento do PL; o CCL se eleva.

AC ( + ) PL ( + ) CCL (+)

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44

c) Recebimento de um empréstimo de longo prazo de uma instituição financeira


Há um aumento no AC (débito de Bancos c/ Movimento) em contrapartida a uma
elevação no PELP (Passivo Exigível a Longo Prazo); o CCL aumenta.

AC ( + ) PELP ( + ) CCL (+)

d) Aquisição à vista de bens do Ativo Permanente


A saída de recursos é registrada através da diminuição do AC e a entrada, pelo
aumento do AP; logo, há uma diminuição do CCL.

AC ( - ) AP ( + ) CCL ( - )

e) Dividendos propostos
Haverá um aumento do PC, pelo crédito na conta Dividendos a Pagar, e uma
diminuição do PL, em virtude do débito na conta Lucros Acumulados; o CCL diminuirá.

PC ( + ) PL ( - ) CCL ( - )

f) Dividendos pagos mediante débito na conta de Lucros Acumulados, sem terem


transitado pelo Passivo Circulante
Haverá diminuição do AC, em virtude do desembolso, e diminuição do PL; o CCL
será reduzido.

AC ( - ) PL ( - ) CCL ( - )

CASOS ESPECIAIS

RECEITAS E DESPESAS QUE NÃO AFETAM O CCL

Fizemos um pressuposto implícito que as receitas aumentam o Ativo Circulante e as


despesas o diminuem (ou aumentam o Passivo Circulante) e, em virtude disso, o CCL é
afetado em ambos os casos.
Entretanto, embora seja menos comum, há despesas e receitas que não afetam o CCL e
que, em conseqüência, não devem figurar na DOAR.

Exemplos:

a) Despesas de depreciação, amortização ou exaustão

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45

Essas despesas não implicam desembolso (nem imediato, nem futuro) para a empresa,
portanto não influenciam o CCL; são registradas contabilmente como diminuição simultânea
do AP e do PL.

AP ( - ) PL ( - ) CCL (=)

Receitas transferidas de Resultados de Exercícios Futuros (REF) para a conta


Resultado do Exercício
Por tratar-se de simples movimentação contábil e não representar entrada de novos
recursos, não afetam o valor do CCL; por out ro lado, quando são recebidas e classificadas em
conta de REF, há entrada de recursos e essa transação, embora não seja computada no
resultado do exercício, aumenta o CCL.

REF ( - ) PL ( + ) CCL (=) ⇒ 1º caso


E
AC ( + ) REF ( + ) CCL (+) ⇒ 2º caso

c) Os ganhos ou perdas na avaliação de investimentos avaliados pelo método da


equivalência patrimonial
Essas receitas ou despesas são registradas como aumento /diminuição simultâneo(a)
do AP e do PL e, consequentemente, não modificam o valor do CCL.

AP ( + ) PL ( + ) CCL ( = )

d) As variações monetárias de direitos realizáveis ou de passivos exigíveis a longo


prazo
Essas receitas ou despesas são contabilizadas como aumento da Ativo Realizável a
Longo Prazo (ARLP) ou do Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP) e variação
correspondente no PL, não alterando o valor do CCL.

ARLP ou PELP ( + ) PL ( + ) CCL ( = )

e) Até 31-12-95, o saldo da conta de Resultado da Correção Monetária, quando era


obrigatória a sistemática de correção monetária das demonstrações financeiras, explicada no
capítulo 4, era efetuada através do aumento das contas do Ativo ou do Passivo e da variação
correspondente no próprio PL, não influenciando, em conseqüência, o CCL.

A( + ) ou P ( + ) PL ( + ) CCL ( = )

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46

f) O lucro ou prejuízo não-operacional decorrente da alienação de bens e direitos do


Ativo Permanente.
No valor da alienação do bem ou direito do que figura como origem na DOAR, já está
computado o lucro ou prejuízo decorrentes da operação ter sido efetuada por um montante
maior ou menor que o custo contábil do bem, logo, tais resultados devem ser ajustados (+) ao
resultado do exercício para não afetarem duas vezes o CCL.

(+) Perda de Capital (lucro não-operacional )


(-) Ganho de Capital (prejuízo não-operacional )

Notas:
O lucro líquido do exercício deve ser ajustado pelo valor das receitas e das despesas
que não influenciam o CCL para fins de apresentação na DOAR;
As transações descritas nas alíneas c e d podem ser desdobradas em duas operações
que afetam o CCL, de forma similar ao que será analisado logo a seguir; nesse caso, elas
poderiam registrar na DOAR.

PRINCIPAIS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS QUE NÃO


AFETAM O CCL, MAS CONSTAM DA DOAR

Embora as operações descritas a seguir não afetem o CCL, elas devem ser incluídas na
DOAR porque podem ser decompostas em duas outras que influenciam.

a) Integralização de Capital Social em Bens do Ativo Permanente


Representa:
aplicação: incorporação de bens ao Ativo Permanente;
origem: integralização de capital;
conseqüência: é como se houvesse movimentação no disponível, via entrada no caixa,
pelo aumento de capital (aumento do CCL) e saída do caixa para aquisição dos referidos bens
(diminuição do CCL).

b) Aquisição de Bens do Ativo Permanente para pagamento a Longo Prazo


Representa:
aplicação: aquisição de bens do Ativo Permanente;
origem: financiamento obtido com aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo;
conseqüência: é como se houvesse movimentação no disponível via entrada no caixa,
pelo financiamento obtido e saída do caixa para aquisição dos bens.

c) Alienação de Bens do Ativo Permanente para Recebimento a Longo Prazo


Representa:

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aplicação: aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo, devido ao financiamento


efetuado pela empresa;
origem: a baixa do valor do Ativo Permanente;
conseqüência: é como se a movimentação no disponível fosse efetuada:
o Entrada no caixa pelo valor recebido pela venda;
o Saída do caixa pelo financiamento concedido pela empresa a ser recebido em
longo prazo.

d) Conversão de Dívidas de Longo Prazo em Capital Social


Representa:
aplicação: redução da dívida do Passivo Exigível a Longo Prazo;
origem: integralização do Capital Social;
conseqüência: é como se houvesse movimentação no disponível, via saída do caixa
para pagamento da dívida de longo prazo, e entrada no caixa via aumento do Capital Social.

ESTRUTURA DA DOAR

I - ORIGENS DE RECURSOS

1) Das Operações

(+) resultado Líquido do Exercício


(+) Despesas de Depreciação, Amortização e Exaustão
(+) Perda por Equivalência Patrimonial
(+) Prejuízo na Venda de Be ns e Direitos do Ativo Permanente (AP)
( -) Ganhos por Equivalência Patrimonial
(- ) Lucro na venda de Bens e Direitos do Ativo Permanente (AP)
(+) Recebimentos no período classificados como REF (Resultado
de Exercícios Futuros)
(- ) Transferência de REF para o resultado do exercício
(+) Outras despesas e receitas que não afetam o Capital Circulante Líquido

2) Dos Proprietários
(+) Realização do Capital Social e contribuições para Reservas de Capital

3) De Terceiros
(+) Redução de Bens e Direitos do Ativo Realizável a Longo Prazo (ARPL)
(+) Valor de alienação de Bens ou Direitos do Ativo Permanente (AP)
(+) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP)

II - APLICAÇÕES DE RECURSOS

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a) Dividendos Pagos, creditados ou propostos


b) Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP)
c) Aquisição de Bens e Direitos do Permanente (AP)
d) Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP)

III - VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (1 - II )

IV - DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇOES DO CAPITAL CIRCULANTE


LÍQUIDO

Elementos Inicial Final Variações


Ativo Circulante (AC) x x x
( - ) Passivo Circulante (PC) x x x
(=) Capital Circulante Líquido (CCL) x x x

Atenção:
O Excesso ou a insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações representará
aumento ou redução do Capital Circulante Líquido (CCL), da seguinte forma:
a) Quando as origens forem maiores que as aplicações, haverá aumento no valor do CCL;
b) Quando as aplicações forem maiores que as origens, haverá diminuição no valor do CCL.

Perceba que as origens e aplicações de recursos que são demonstradas nas partes I e II da
DOAR representam apenas origens e aplicações de longo prazo, ou seja, resultantes de
variações dos ativos e passivos não-circulantes.

EXEMPLO PRÁTICO

I – Balanço em 19X0
(Empresa constituída em dezembro e ainda não em Operação)
Ativo Passivo
AC PC
Caixa 300 Fornecedores 1.000
Estoques 1.700 2.000
PL
AP Capital 2.000
Imobilizado 1.000

3.000 3.000

II - Fatos contábeis em19X1

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01. Compra a prazo de mercadorias ..................................1.200


02. Venda a prazo de mercadorias...................................... 3.000
03. Custo das Mercadorias Vendidas...................................1.500
04. Pagamento a fornecedores no ano ...............................1.600
05 Recebimento de clientes no ano ................................... 2.700
06. Aumento de capital em dinheiro .....................................500
07. Compra do Imobilizado com 20% de entrada :
à vista e o restante financiado a longo prazo ............1.500
08. Compra de investimentos à vista......................................300
09. Depósitos Judiciais de longo prazo..................................250
10. Seguro contra incêndio constituído em janeiro de
19X1 com prazo de 2 anos .............................................200
11. Despesas Operacionais, exceto Depreciação e
Seguros, sendo que 10% do valor será pago
em19X2 ............................................................................. 400
12. Apropriação das Despesas de Seguros em 19Xl............100
13. Despesas de Depreciação..................................................140
14. Variação monetária do financiamento de
longo prazo ........................................................................ 60
15. Ganho na Equivalência......................................................100
16. Provisão para a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL) .......................................................70
17. Provisão para o Imposto de Renda (PIR) ......................150
18. Transferência do ARE para Lucros Acumulados ........ 680

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IV – Demonstração do Resultado do Exercício


Vendas ..........................................................................................................................
3.000
( - ) CMV .....................................................................................................................
(1.500)
( = ) Lucro Bruto ....................................................................................................... 1.500
( - ) Despesas, exceto Depreciação e Seguros ....................................................... (400)
( - ) Despesas de Depreciação ................................................................................. (140)
( - ) Despesas de Seguros ........................................................................................ (100)
( - ) Variação Monetária Empréstimos Longo Prazo ......................................... (60)
( + ) Ganho na Equivalência .................................................................................. 100

( = ) Lucro Operacional Líquido .......................................................................... 900


( - ) Contribuição Social sobre o Lucro ............................................................. (70)
( - ) Imposto de Renda ........................................................................................ (150)

( = ) Lucro Líquido do Exercício ....................................................................... 680

V – Balanço 19X1
Ativo Passivo
AC PC
Caixa 490
Clientes 300 Fornecedores 600
Estoques 1.400 Contas a Pagar 40
Desp. Ant. 100 2.290 CSL a recolher 70
IR a recolher 150 860
ARLP
PELP
Desp. Judicial 250
Empr. Longo Prazo 1.260
AP
PL
Investimentos 400 Capital 2.500
Imobilizado 2.360 2.760 Lucros Acumulados 680 3.180

Total 5.300 Total 5.300

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VI – DOAR 19X1
Origens
Das Operações
Resultado Líquido do Exercício 680
( + ) Despesas Depreciação 140
( + ) Variação monetária de empréstimo (LP) 60
( - ) Ganho na Equivalência (100)
( = ) Resultado Ajustado 780

Dos Proprietários
Integralização de capital em dinheiro 500

1.3 De Terceiros
Novos empréstimos de longo prazo 1.200

Total das Origens 2.480

Aplicações
Aquisição de Imobilizado 1.500
Aquisição de Investimentos 300
Aplicação em Depósitos Judiciais 250

Total das Aplicações 2.050

3. Variação do CCL ( 1 – 2 ) 430

4. Demonstração das Variações do CCL

Elementos 31-12-X0 31-12 -X0 Variações

AC 2.000 2.290 290


( - ) PC 1.000 860 (140)

( = ) CCL 1.000 1.430 430

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VII – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – 19X1

Origens
Das Operações
Resultado líquido do exercício ajustado
(igual ao DOAR) 780
( - ) Aumentos do Ativo Circulante
Clientes ( 300 – 0 ) 300
Despesas antecipadas ( 100 – 0 ) 100 (400)
( - ) Diminuição do Passivo Circulante
Fornecedores ( 1.000 – 600 ) (400)
( + ) Diminuição do Ativo Circulante
Estoques ( 1.700 – 1.400 ) 300
( + ) Aumentos do Passivo Circulante
Contas a pagar ( 40 – 0 ) 40
CSL a recolher ( 70 – 0 ) 70
IR a recolher ( 150 – 0 ) 150 260
540

Integralização de capital 500


1.3 Empréstimos de Longo Prazo 1.200
1.4 Total das Origens 2.240

Aplicações
2.1 Aquisição de Imobilizado 1.500
2.2 Aquisição de Investimentos 300
2.3 Aumento de Depósitos Judiciais 250
2.050

3. Variação do Disponível ( 1 – 2 ) 190


4. Saldo do Disponível em 31-12-X0 300
5. Saldo do Disponível em31-12-X1 ( 3 + 4 ) 490

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53

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Alterações ocorridas no saldo e Equivalentes de Caixa segregadas por:

. Fluxo das Operações;


. Fluxo dos Financiamentos;
. Fluxo dos Investimentos.

A DFC, à semelhança da DOAR, também visa identificar as modificações ocorridas na


posição financeira da empresa.
No caso da DFC, a posição financeira retratada é a de curtíssimo prazo, representada
pelo saldo do Disponível5 .

Atenção:
O DOAR demonstra as causas da variação do Capital Circulante
Líquido num determinado exercício. A DFC demonstra as causas da
variação do Disponível.

DFC - MÉTODO INDIRETO

A DFC, pelo método indireto, é muito similar à DOAR, com a diferença que as
variações do Ativo Circulante (exceto do Disponíveis) e do Passivo Circulante passam a
integrar as origens e aplicações de recursos da demonstração.
Conforme já analisado, aumentos do AC representam aplicações e diminuições,
origens. O inverso ocorre com as contas do PC.

ESQUEMA BÁSICO

1 - Origens dos Recursos


lº) Das Operações
(+) Resultado Líquido do Exercício
(+) Ajustes (iguais aos da DOAR)
(=) Resultado Líquido Ajustado
(+) Aumentos Líquidos nas contas do Passivo Circulante 6
(-) Aumentos Líquidos nas contas do Ativo Circulante

5
Disponível = Caixa + Bancos + Aplicações Financeiras de liquidez imediata
6
Alguns autores preferem não incluir os empréstimos de curto prazo como origens de
recursos derivados das operações. Nesse caso, o recebimento desses empréstimos seria
incluído na demonstração como recursos de terceiros (1, 3*) e o pagamento, como aplicações
(II).

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2°) Dos Proprietários (igual DOAR)

3º) De Terceiros (igual DOAR)

II - Aplicações dos Recursos (igual DOAR)


III - Variação líquida do Disponível (I - II)
IV - Saldo Inicial do Disponível
V - Saldo Final do Disponível (III + IV)

DFC - MÉTODO DIRETO

Corresponde a uma descrição do fluxo de entradas e saídas no Disponível durante o


exercício.
O fluxo do Disponíveis pode ser esquematizado da seguinte forma:

ENTRADA DISPONÍVEL SAÍDA


DE RECURSOS DE RECURSOS

Recebimentos Pagamentos
Créditos operacionais Compra de mercadorias e
Resgate de aplicações financeiras insumos
Obtenção de empréstimos e Despesas antecipadas
financiamentos Depósitos judiciais
Receitas recebidas Empréstimos a sócios
antecipadamente Compra de imobilizado
Integralização e/ou aumento de Aplicações em investimentos ou
capital social diferidos
Receitas de vendas, serviços e Pagamento de obrigações
outras Devolução de capital
Dividendos de investimentos Custos e despesas
avaliados pelo custo Dividendos
Outros Outros

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ESQUEMA BÁSICO

1. Ingressos (entradas de recursos)


Recebimento de Clientes
(+) Recebimento de empréstimos de curto prazo
(+) Dividendos recebidos de investimentos avaliados pelo custo
(-) Pagamento a fornecedores
(-) Impostos e contribuições pagos
(-) Pagamento de despesas operacionais, inclusive despesas antecipadas
(=) Recursos derivados das Operações
(+) Recebimentos por venda de bens permanentes
(+) Resgate de aplicações temporárias
(+) Ingresso de novos empréstimos
(+) Integralização de capital
(+) Resgate de depósitos judiciais
(+) Ingressos de outros recursos
(=) Total das entradas de recursos

2. Aplicações de recursos
Pagamento de dividendos
Aquisição de participações societárias
Aplicações no AP (imobilizado e diferido)
Pagamento de empréstimos a longo prazo
Outros pagamentos

3. Variação líquida do disponível (1- 2)


4. (+) Saldo inicial do disponível
5. (=) Saldo final do disponível (3 + 4)

Observe que a diferença entre a DFC no método indireto e direto reside apenas na
forma de apresentar os recursos derivados das operações.

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EXEMPLO PRÁTICO

Utilizando-se os dados do subitem anterior, tem-se que:


1. Ingressos de Recursos
1.1. Derivados das Operações
Recebimento de clientes 2.700
(-) Pagamento a fornecedores (1.600)
(-) Pagamento de despesas (exceto
seguros e depreciação) (360)
(-) Pagamento de despesas antecipadas (200)
540
1.2. Dos Sócios
Integralização de capital 500

1.3. De Terceiros
Empréstimo de longo prazo 1.200
Total 2.240

2. Destinação dos Recursos


Compra do imobilizado 1.500
Compra de investimentos 300
Depósitos judiciais 250
Total 2.050
3. Variação do Disponível (1- 2) 190
4. Saldo do disponível em 31-12-X0 300
5. Saldo do disponível em 31-12-Xl (3 + 4) 490

Observe que a DFC, pelo método direto, pode ser obtida a partir da movimentação da
conta Caixa (= Disponíveis) em nosso exemplo. Comprove olhando o razonete dessa conta no
subitem anterior. A única diferença reside na forma de registrar a aquisição do imobilizado,
que entra na DFC pelo seu valor total e não apenas pelo pago à vista, o que é contrabalançado
pelo registro dos empréstimos de longo de longo prazo na demonstração (é como se o
financiamento tivesse entrado no caixa e saído para a aquisição do bem).
É possível também fazer a estimativa dos valores transitados pelo Disponível através
da comparação dos valores observados nos dois balanços patrimoniais e demonstrações de
resultado. Veja a seguir:

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1. Recebimento de clientes
Saldo inicial da conta Clientes -0-
(+) Vendas 3.000
(-) Saldo final ( 300)
(=) Valores recebidos 2.700

2. Pagamento a fornecedores
Saldo inicial da conta 1.000
(+) Compras 1.200
(-) Saldo final (600)
(=) Valores pagos 1.600
3. Pagamento de despesas
(inclusive antecipadas, exceto depreciação)
Despesas do exercício, exceto depreciação 500
(+) Saldo inicial de Contas a Pagar -0-
(-) Saldo final de Contas a Pagar (40)
(-) Saldo inicial de Despesas Antecipadas -0-
(+) Saldo final de Despesas Antecipadas 100
(=) Valores pagos 560

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58

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNOO LÍQUIDO


(DMPL)

Ao contrário da DLPA (Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados) que


fornece a movimentação, basicamente, de uma única conta do Patrimônio Líquido (Lucros
Acumulados), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia a
movimentação de diversas (todas) contas do PL ocorrida durante o exercício. Assim, todo o
acréscimo e diminuição do Patrimônio Líquido são evidenciados através desta demonstração,
bem como a formação e utilização das reservas (inclusive aquelas não originadas por lucro).
Embora não seja uma demonstração obrigatória a DMPL é muito mais completa e
abrangente que a DLPA. É consideravelmente relevante para as empresas que movimentam
constantemente as contas do Patrimônio Liquido. Se elaborada esta demonstração não há
necessidade de se apresentar a DLPA uma vez que aquela inclui esta.
Ressaltamos, ainda, que a DMPL é fundamental para elaboração da Demonstração de
Origens e Aplicações de Recursos e para ser fornecida às empresas (investidoras) que avaliam
seus investimentos permanentes em coligadas ou controladas pelo Método da Equivalência
Patrimonial.
A técnica da elaboração desta demonstração é bastante simples:
Indicaremos uma coluna para cada conta do Patrimônio Liquido (preferencialmente
indicando o grupo de Reservas a que pertence). Se houver a conta dedutiva "Capital a
Realizar”, subtraí- la-emos da conta Capital Social e será utilizada a conta Capital Realizado.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PL


Empresa ....................................................................

Capital Reserva de Reservas de Lucros


Total
Realizado Capital Lucro Acumulados
Ágio na
emissão de Legal
ações
Movimentação Doações Estatutária
Contingência
Lucros a
Realizar

A seguir faremos as adições e/ou subtrações de acordo com as movimentações.


Vamos admitir que o Capital em 31-12-X0 fosse de $ 7.000.000 e que durante o período

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houve um aumento com a utilização de $ 1.000.000 de Reservas Estatutárias, cujo saldo


inicial era de $ 1.500.000.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Empresa ..............................
Em
$ mil
Capital Reserva de Lucros
Movimentações Realiza - - - Estatutária - - Total
do
Saldos em 31-12-Xo 7.000 1.500 8.500

Aumento de Capital 1.000 (1.000)

Saldos em 31-12-X1 8.000 500 8.500

Observação: Neste exemplo estamos admitindo que não houve nova Reserva
Estatutária.
Fizemos, assim, uma movimentação no Patrimônio Líquido, explicando o porquê do
acréscimo no Capital e da diminuição da Reserva Estatutária.
Veja que, no inicio, o total do PL era de $ 8.500 mil e em nada alterou no final do ano,
pois não houve novos acréscimos no PL, mas apenas uma permuta. Repare ainda que, se
fizéssemos a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, não seria identificada tal
movimentação no PL.

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INSTRUMENTOS DA ANÁLISE ECONÔMICA –


FINANCEIRA

DEMONSTRATIVOS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Para a realização da análise econômico- financeira de uma empresa o analista utiliza,


pelo menos, os seguintes itens:
Balanço Patrimonial (BP);
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
informações complementares;
montante das compras no período a que se referem os demonstrativos;
DOAR, DMPL e as notas explicativas, quando houver.
Os Demonstrativos Financeiros devem conter a assinatura do contador e do
responsável pela empresa.
Após a análise prévia das informações fornecidas, os dados deverão ser ratificados ou
retificados mediante verificação in loco, ajustando-os à realidade da empresa, se necessário.
Esse assunto é abordado no caderno "Visita ao Cliente".

AJUSTES

De posse das Demonstrações Financeiras e informações complementares, recomenda-


se que sejam procedidos ajustes com vistas a padronizar os demonstrativos para análise, entre
os quais destacam-se os seguintes:
Duplicatas Descontadas - retirar do Ativo Circulante e alocar no Passivo Circulante.
O Desconto de Duplicatas é um empréstimo para capital de giro. A reclassificação possibilita
analisar mais adequadamente as fontes de recursos que a empresa vem utilizando.
Empréstimos a Interligadas - quando aparecerem no Ativo Circulante deverão ser
reclassificados para Realizável a Longo Prazo. Esses valores até podem retomar a empresa no
curto prazo. No entanto, como os devedores exercem influência decisiva sobre a credora,
normalmente esses empréstimos não têm data para serem liquidados. Aliás, a própria Lei
6.404/76 determina que os negócios realizados com partes relacionadas (empresas
interligadas, diretores, sócios etc.), quando não fazem parte das atividades normais da
empresa, devem ser classificados no Longo Prazo.
Empréstimos de Diretores e/ou Interligadas - quando aparecer no Passivo Exigível a
Longo Prazo, deverá ser reclassificada para o Passivo Circulante. Este caso é o oposto do
anterior. Valores que a empresa toma das pessoas ou empresas ligadas, a título de

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empréstimo, podem ser exigidos a qualquer momento. Por isso, conservadoramente, usa-se
lançá- los no Passivo Circulante.
Deduções do Patrimônio Líquido - é a contrapartida dos valores deduzidos do Ativo
por representarem valores não realizáveis ou de realização duvidosa.
Obs.: A cada valor consignado em Deduções do PL, corresponde a exclusão de parcela
equivalente no Ativo.

Principais deduções do PL:

Bens Obsoletos: bens que ainda constam na contabilidade da empresa mas não
possuem valor de venda ou condições de utilização;
Débitos de Diretores, Cotistas e Solidários: normalmente esses valores constituem
retiradas feitas pelos sócios, não contabilizadas como despesa;
Débitos de empresa do mesmo grupo econômico, quando a situação assim o
recomendar. Não se incluem neste item os débitos por fornecimento de mercadorias ou
serviços (atividade normal da empresa). A dedução somente deve ser feita quando os débitos
forem considerados de realização duvidosa;
Depósitos Judiciais: valores depositados em juízo enquanto a empresa discute uma
dívida fiscal, trabalhista ou outras;
Excesso na reavaliação de bens do imobilizado: quando for identificado que a
empresa reavaliou seus bens em níveis superiores ao seu real valor de mercado;
Provisão para Devedores Duvidosos (no caso de inexistência ou se insuficiente): esse
valor representa a estimativa de créditos vencíveis no exercício seguinte que não serão
recebidos. Apesar de a Legislação do Imposto de Renda aceitar somente 1 ,5% do saldo de
clientes (ou a média dos últimos três anos), a provisão deve incluir toda a estimativa de perdas
da empresa. Recome nda-se que os balanços analisados sejam ajustados de forma a apresentar
uma provisão de, pelo menos, 3% da conta clientes/duplicatas a receber;
Outros Valores de difícil realização ou incobráveis: outros valores registrados no
Balanço que efetivamente não representem bens ou direitos realizáveis (ex.: cheques sem
fundos, duplicatas incobráveis, estoques invendáveis).

RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO

Além dos ajustes anteriores, as contas do Ativo e Passivo Circulante são classificadas
em dois grupos: Financeiro e Cíclico.
O Ativo Circulante Financeiro engloba as contas que representam dinheiro e
aplicações financeiras em títulos e ouro.
O Passivo Circulante Financeiro engloba as contas representativas de dívidas a curto
prazo que não fazem parte das atividades diárias da empresa. Normalmente estão sujeitas a
juros (empréstimos bancários, duplicatas descontadas, impostos renegociados, imposto de
renda a recolher etc.).

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O Ativo Circulante Cíclico compreende as aplicações de recursos em contas que


estejam relacionadas com a atividade de compra, transformação e venda. Está relacionado
com o ciclo operacional da empresa (clientes/duplicatas a receber, estoques, adiantamento a
fornecedores etc.).
O Passivo Circulante Cíclico compreende as contas que identificam os
financiadores normais da atividade da empresa, constituindo fontes espontâneas de
recursos (fornecedores, salários e encargos a pagar, impostos sobre vendas a recolher etc.).

BALANÇO BALANÇO
TRADICIONAL RECLASSIFICADO

PCF
Empréstimo de
CP
ACF
Caixa, Bancos, PCC
PC Aplic.Financeir Fornecedores,
as Impostos
s/Vendas
A Recolher
AC Salanos a Pagar

ACC
Estoques,
Clientes, PELP
PELP Adiantamentos

ARLP REF REF


ARLP

AP PL
PL AP

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AC= Ativo Circulante ACF= Ativo Circulante Financeiro


ARLP= Ativo Realizável a Longo Prazo ACC = Ativo Circulante Cíclico
AP= Ativo Permanente ARLP= Ativo Realizável a Longo Prazo
PC= Passivo Circulante PCF = Passivo Circulante Financeiro
PELP= Passivo Exigível a Longo Prazo PCC = Passivo Circulante Cíclico
REF= Resultado de Exercícios Futuros REF= Resultado de Exercícios Futuros
PL= Patrimônio Líquido PL = Patrimônio Liquido

INDICADORES ECONÔMICOS-FINANCEIROS

Para o exame da situação econômico- financeira de uma empresa, com vista à


avaliação da sua capacidade, em termos de SEGURANÇA, LIQUIDEZ e
RENTABILIDADE, o analista deve valer-se de Demonstrativos Financeiros de pelo menos
três exercícios sucessivos, e deles extrair os diversos indicadores que lhe forneçam as
informações desejadas.
O objetivo da análise definirá não só o tipo de INDICADORES a serem utilizados,
mas também a postura do analista.
Ao proprietário da empresa importa, fundamentalmente, detectar problemas e pontos
fortes existentes para, a partir daí, traçar estratégia no sentido de corrigir as falhas ou
aproveitar as oportunidades. Já ao analista externo interessa saber da viabilidade ou não da
aplicação de recursos na empresa. A ótica do analista, pois, é que determinará os caminhos a
serem trilhados.
Num empréstimo de capital de giro de cur to prazo, por exemplo, o gerente de um
banco - interessado basicamente no retomo seguro dos capitais emprestados - privilegiará os
aspectos de LIQUIDEZ e SEGURANÇA. Já em se tratando de empréstimo de longo prazo, o
gerente dará, também, ênfase à capacidade de geração de lucro e à eficiência operacional da
empresa, ou seja, ao enfoque da RENTABILIDADE.
O principal instrumento utilizado para a análise da situação econômico-financeira de
uma empresa é o índice, ou seja, o resultado da comparação entre grandezas.
Os índices estabelecem a relação entre contas ou grupo de contas dos Demonstrativos
Financeiros, visando evidenciar determinado aspecto da situação econômico- financeira de
uma empresa. Os índices, portanto, servem como termômetro na avaliação da saúde financeira
da empresa.
Porém, o índice não deve ser considerado isoladamente, mas sim sob o aspecto
dinâmico e dentro de contexto mais amplo, onde outros indicadores e variáveis devem ser
conjugadamente ponderados.
Exemplificando, um elevado grau de endividamento não significa, necessariamente,
que a empresa esteja à beira da insolvência. Há empresas que convivem com níveis altos de

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endividamento, sem comprometer sua solvência, já que há outros fatores que podem atenuar
essa condição.
Para melhor compreensão da influência de cada indicador na análise, faremos seu
estudo em cinco grupos.
Índices de Estrutura avaliam a segurança oferecida pela empresa aos capitais alheios e
revelam sua política de obtenção de recursos, bem como sua alocação nos diversos itens do
Ativo;
Índices de Liquidez medem a posição financeira da empresa, em termos de capacidade
de pagamento;
Índices de Rentabilidade avaliam o desempenho global da empresa, em termos de
capacidade de gerar lucros;
Indicadores de Prazos Médios revelam a política de compra, estocagem e venda da
empresa;
Necessidade de Capital de Giro (NCG) mostra a carência ou não de capital de giro da
empresa.
Apresentamos a seguir um exemplo de Balanço e DRE, cujos dados servirão de base
para o estudo dos índices econômico- financeiros, já reclassificados em conformidade com o
descrito anteriormente:

Empresa: EXEMPLO S.A.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO 9.600 PASSIVO 9.600

Ativo Circulante 5.000 Passivo Circulante 2.000

Financeiro 500 Financeiro 500


Caixa e Bancos 500 Empréstimos 500

Cíclico 4.500 Cíclico 1.500


Clientes 3.500 Fornecedores 1.000
Estoques 1.000 Salários a Pagar 300
Impostos a Recolher 200

Realizável a Longo Prazo 1.600 Passivo Exigível a Longo Prazo 3.500


Clientes a Longo Prazo 1.600 Financiamentos 3.500

Ativo Permanente 3.000 Patrimônio Líquido 4.100


Imobilizado 300 Capital 3.000
Reservas 1.100

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Receita Operacional Bruta (ROB) 16.200
Impostos sobre Faturamento (3.100)
Receita Operacional Líquida (ROL) 13.100
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) (5.700)
Lucro Operacional Bruto (LOB) 7.400
Despesas Comerciais (2.100)
Despesas Administrativas (1.100)
Despesas Gerais (600)
Outras Receitas Operacionais 250
Despesas Financeiras (1.450)
Receitas Financeiras 50
Resultado da Correção Monetária (220)
Lucro Operacional Líquido (LOL) 2.230
Receitas/Despesas não Operacionais (280)
Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) 1.950
Provisão para IR e Contribuição Social (690)
Lucro Líquido do Exercício (LL) 1.260

Montante de Compras: $ 5.300

ÍNDICES DE ESTRUTURA PATRIMONIAL

Os índices de estrutura patrimonial avaliam a SEGURANÇA que a empresa oferece


aos capitais alheios e revelam sua política de obtenção de recur sos e de alocação dos mesmos
nos diversos itens do Ativo.
O Ativo de uma empresa é financiado pelos capitais próprios (PL) e por capitais de
terceiros (obrigações). Quanto maior for a participação de capitais de terceiros nos negócios
de uma empresa, maior será o risco a que eles (terceiros) estão expostos.
Na análise da estrutura de capital são utilizados os seguintes índices:

Relação entre as Fontes de Recursos RFR


Endividamento Geral EG
Composição das Exigibilidade CE
imobilização do Patrimônio Liq uido IPL
Passivo Oneroso sobre Ativo Total POSA

Todos os índices acima são interpretados como: QUANTO MAIOR, PIOR.

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RELAÇÕES ENTRE AS FONTES DE RECURSOS (RFR)

PC + PELP + REF
X 100
PL

Também tratado como PCT (Participação de Capitais de Terceiros), esse índice


estabelece a relação percentual entre os recursos de terceiros (PC + PELP + REF) e os
recursos próprios (PL) aplicados na empresa.
Quando esse índice for igual a 100%, estará indicando que os capitais de terceiros são
iguais aos capitais próprios; se o resultado for maior que 100%, indicará a predominância de
capitais de terceiros e, quando o índice for menor que 100%, mostrará que os capitais próprios
superam as obrigações com terceiros.
Assim, pode-se concluir que, quanto MENOR for a RFR, mais capitalizada e,
consequentemente, mais tranqüila é a situação da empresa.
A análise desse indicador por diversos exercícios mostra a política de obtenção de
recursos da empresa: está mantendo uma maior dependência de capitais de terceiros ou está
utilizando predominantemente capitais próprios?
A Exemplo S.A. apresenta uma RFR de 134% [ ($2.000 + $3.500) / $4100 x 100 ], ou
seja, há predominância de capitais de terceiros na empresa. Para cada $100 de capital próprio
(PL), a empresa possui $134 de capitais de terceiros.

ENDIVIDAMENTO GERAL (EG)

PC + PELP
X 100
ATIVO

Este índice revela o grau de endividamento total da empresa.


Expressa a proporção de recursos de terceiros financiando o Ativo e,
complementarmente, a fração do Ativo que está sendo financiada pelos recursos próprios.
O Resultado de Exercícios Futuros não representa exigibilidade na definição legal.
Para o setor imobiliário, entretanto, por força da legislação fis cal, essa rubrica abriga valores
expressivos, podendo encobrir parte significativa do endividamento da empresa.
Recomenda-se, para esses casos, reclassificação da rubrica para o passivo exigível a
longo prazo.
A análise desse indicador por diversos exercíc ios mostra a política obtenção de
recursos da empresa. Isto é, se a empresa vem financiando o seu Ativo predominantemente
com recursos próprios ou de terceiros e em que proporção.

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O endividamento de uma empresa pode apresentar as seguintes situações:

PC PC PC
PELP PELP PELP
ATIVO ATIVO ATIVO

PL PL PL

EG < 50% EG = 50% EG > 50%

O endividamento é O ativo é financiado Há predominância de


Menor que o PL. em Capitais de terceiros
Há predominância de Igual proporção por Investidos na empresa.
Capitais próprios Recursos de terceiros e
Investidos na empresa Próprios.
O PL é igual às
Exigibilidades.

ATIVO
ATIVO PASSIVO PASSIVO

PL negativo

EG = 100% EG > 100%


A empresa não tem PL. Passivo a descoberto.
Todo o Ativo é financiado Insolvente.
Por recursos de terceiros As obrigações perante terceiros
superam o total de Ativo.

Quanto menor for o endividamento, menor o risco que a empresa estará oferecendo
aos capitais de terceiros. Entretanto, deve-se considerar que determinadas empresas convivem
muito bem com endividamento relativamente elevado, principalmente quando o
endividamento tiver um perfil de longo prazo, ou quando o Passivo de Curto Prazo não for
oneroso, mas fruto de uma adequada administração de prazos de fornecedores.
A Exemplo S.A. apresenta um EG de 57,29% [($2.000 + $3.500) / $9.600 x 100]. De
onde se pode concluir:

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A empresa deve, a curto e/ou longo prazo, o correspondente a 57,29% de seu Ativo;
Há predominância de capitais de terceiros na empresa;
Dos recursos investidos no Ativo, 57,29% provêm de terceiros (fornecedores, bancos
etc.) e o restante (42,71%) são recursos próprios (Patrimônio Liquido).
A análise da adequação deste índice para a empresa dependerá, entre outros aspectos,
de comparações com os índices apresentados por outras empresas de mesmo setor econômico,
da tendência demonstrada na análise de diversos exercícios, da composição do endividamento
(curto ou longo prazo) e, ainda, do custo financeiro dessas dívidas.

COMPOSIÇÃO DAS EXIGIBILIDADES (CE)

PC
X 100
PC + PELP

O índice de CE é uma medida da qualidade do passivo da empresa, em termos de


prazos. Compara o montante de dívidas no curto prazo com o endividamento total.
Admite-se que, quanto mais curto o vencimento das parcelas exigíveis, maior será o
risco oferecido pela empresa. De outra forma, empresas com endividamento concentrado no
longo prazo, principalmente decorrente de investimentos efetuados, oferecem uma situação
mais tranqüila no curto prazo.
A Exemplo S.A. apresenta uma CE = 36,36% [$2.000 / ($2.000 + $3.500) x 100]. Ou
seja, 36,36% do endividamento da empresa concentra-se no curto prazo. Ou, ainda, de cada
$l00 de dívidas totais, $ 36 estão no Passivo Circulante.

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (IPL)

AP
X 100
PL

O índice exprime o quanto do Ativo Permanente da empresa é financiado pelo seu


Patrimônio Líquido, evidenciando, dessa forma, a maior ou menor dependência de aporte de
recursos de terceiros para manutenção de seus negócios.
A correta administração dos recursos de uma empresa pressupõe um adequado
"casamento" dos prazos das aplicações dos recursos com os prazos das fontes. Assim,
convencionou-se dizer que o Ativo Permanente é financiado pelo Patrimônio Líquido (pois
são recursos próprios que, também estão "permanentes" na empresa) ou por financiamentos
de Longo Prazo.

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Em princípio, o ideal é que as empresas imobiliza a menor parte possível de seus


recursos próprios. Assim, não ficarão na dependência de capitais alheios para a movimentação
normal de seus negócios.
O analista deve atentar para os casos em que a empresa possui financiamentos de
longo prazo para novos investimentos, como, por exemplo, expansão, relocalização ou
modernização de seu parque. Nesses casos, o índice IPL poderá apresentar-se em níveis muito
elevados. A política de obtenção de fontes de longo prazo, porém, revela decisão
administrativa correta dos empresários. Tal fato deverá merecer comentários do analista para
melhor subsidiar decisão de crédito.
A Exemplo S.A. apresenta uma IPL de 73,17% [ $3.000 / $4.100 x 100]. Isto indica
que a empresa está imobilizando 73,17% de seu Patrimônio Líquido. Sobram, portanto,
26,83% de recursos próprios para aplicação no Ativo Circulante/Longo Prazo da empresa.
Admitindo-se que o índice de 73,17% seja elevado para esse tipo de empresa,
deve-se observar, então, se os Financiamentos de Longo Prazo ($ 3.500) estão financiando o
Permanente a um custo compatível com sua capacidade de gerar lucros.

PASSIVO ONEROSO SOBRE ATIVO (POSA)

PCF + PELP
X 100
ATIVO

Este índice mostra a participação das fontes onerosas de capital no financiamento dos
investimentos totais da empresa, revelando sua dependência a instituições financeiras.
Estamos supondo que todo exigível a longo prazo seja oneroso. Caso contrário, deverá ser
feita a exclusão da parcela não-onerosa.
Deve-se observar que, quanto maior for esse índice, maiores serão as despesas
financeiras incorridas, influenciando o resultado do exercício.
Exemplo S.A. apresentou um POSA de 41,66% [($500 + $3.500) / $9.600 x 100]. Isto
representa que 41,66% do Ativo está sendo por recursos onerosos de terceiros. A principio, é
um índice bastante elevado. Entretanto, deve-se ponderar o custo financeiro incidente sobre os
$3.500 de financiamentos a longo prazo, bem como sua finalidade. É oportuno lembrar,
também, que o analista sempre deve tomar um padrão como referência para análise.

ÍNDICES DE LIQUIDEZ

Os índices de Liquidez são medidas de avaliação da capacidade financeira da


empresa em satisfazer os compromissos para com terceiros. Evidenciam quanto a empresa
dispõe de bens e direitos em relação às obrigações assumidas no mesmo período. Entre os

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índices de Liquidez mais conhecidos estão a Liquidez Corrente, a Liquidez Seca e a Liquidez
Geral. Cada um fornece informações diferentes sobre a situação da empresa.
De maneira geral, define-se que QUANTO MAIOR a liquidez, MELHOR será a
situação financeira da empresa.
Devemos ter em mente, no entanto, que um alto índice de liquidez não representa,
necessariamente, boa saúde financeira. O cumprimento das obrigações nas datas previstas
depende de uma adequada administração dos prazos de recebimento e de pagamento.
Assim, uma empresa que possui altos índices de liquidez, mas mantém mercadorias
estocadas por períodos elevados, recebe com atraso suas vendas a prazo ou mantém
duplicatas incobráveis na conta Clientes poderá ter problemas de liquidez, ou seja, poderá
ter dificuldades para honrar seus compromissos nos vencimentos.

LIQUIDEZ CORRENTE

AC

PC

A liquidez corrente é um dos índices mais conhecidos e utilizados na análise de


balanços. Indica quanto a empresa PODERÁ dispor em recursos de curto prazo
(disponibilidades, clientes, estoques etc.) para pagar suas dívidas circulantes (fornecedores,
empréstimos e financiamentos de curto prazo, contas a pagar etc.).
A Exemplo S.A. apresenta uma liquidez corrente de 2,5 ($ 5.000 / $2.000). Isto é, a
empresa poderá dispor de $ 2,50 de AC (bens e direitos de curto prazo) para cada $ 1,00 de
PC (obrigações de curto prazo).

LIQUIDEZ SECA

AC – Estoques

PC

Este índice é uma medida mais rigorosa para avaliação da liquidez da empresa. Indica
o quanto PODERÁ dispor de recursos circulantes, sem vender seus estoques, para fazer frente
a suas obrigações de curto prazo.
A Exemplo S.A. apresenta uma liquidez seca de 2($ 4.000 / $2.000). Mesmo sem
vender seus estoques, ela poderá dispor de $2,00 para cada $l,00 de obrigação de curto prazo.
Assim, não depende da venda de estoques para liquidar seus compromissos.
Se a liquidez seca for igual ou maior que 1, pode-se dizer que a empresa não depende
da venda de estoques para saldar seus compromissos de cur to prazo. Por outro lado, quanto
mais abaixo da unidade, maior será a dependência de vendas para honrar suas dívidas.

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Existem autores que propõem outras fórmulas para o cálculo da liquidez seca. Uns
recomendam comparar somente disponibilidades e clientes com as obrigações de curto prazo.
Outros usam excluir, além dos estoques, todas as contas que não representam entrada
efetiva de recursos na empresa (despesas antecipadas, impostos a compensar,
adiantamentos a funcionários, entre outros). Qualquer que seja a fórmula utilizada, o
importante é que o analista tenha consciência dos valores envolvidos e da relação expressa
pelo índice.

LIQUIDEZ GERAL

AC + ARLP

PC + PELP

A LG é uma medida da capacidade de pagamento de todo o passivo exigível da


empresa. O índice indica o quanto a empresa PODERÁ dispor de recursos circulantes e de
longo prazo para honrar todos os seus compromissos.
A Exemplo S.A. apresenta uma Liquidez Geral de 1,2 [ ($5.000 + $ 1600) / ($2.000 +
$3.500)], ou seja, para cada $l,00 de dívidas totais a empresa poderá dispor de $ 1,20 de
recursos de curto e longo prazo.

ÍNDICES DE RENTABILIDADE

A partir desse momento, passaremos a utilizar, para a nossa análise, não somente o
Balanço Patrimonial, mas também a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).
Os índices de rentabilidade têm por objetivo avaliar o desempenho final da empresa. A
rentabilidade é o reflexo das políticas e das decisões adotadas pelos seus administradores,
expressando objetivamente o nível de eficiência e o grau do êxito econômico- financeiro
atingido. Todos os índices de Rentabilidade devem ser considerados: QUANTO MAIOR,
MELHOR.
Os principais índices de rentabilidade utilizados são:

Rentabilidade do Patrimônio RPL


Líquido
Margem Operacional de Lucro MOL
Margem Liquida de Lucro ML
Rotação do Ativo RA
Rentabilidade dos investimentos RI

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RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (RPL)

Lucro Líquido
X 100
Patrimônio Líquido

A RPL mede a remuneração dos capitais próprios investidos na empresa, ou seja,


quanto foi acrescentado em determinado período ao patrimônio dos sócios. Do ponto de vista
de quem investe numa empresa, este deve ser o índice mais importante.
A RPL permite, além de avaliar a remuneração do capital próprio, analisar se
esse rendimento é compatível com outras alternativas de aplicação. Um investidor, por
exemplo, avaliando a RPL, poderá optar por uma aplicação no mercado financeiro em vez de
aplicar
numa empresa que está oferecendo baixa rentabilidade.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar a
média do Patrimônio Líquido para comparar com o Lucro Líquido, de forma a melhor traduzir
a rentabilidade do período, tendo em vista que o PL pode sofrer alterações durante o
exercício, tais como: aumento de capital, distribuição de dividendos, saída de sócios etc.
A empresa Exemplo S.A. apresentou uma RPL de 30,73% [($1.260/ $4.100) x 100].
Isto significa que os sócios obtiveram uma remuneração de 30,73%, no período, sobre o
capital investido na empresa.

MARGEM OPERACIONAL DE LUCRO (MOL)

EBIT
X 100
Receita Operacional Líquida

A MOL é uma medida de lucratividade das vendas (lucro sobre as vendas).


Esta no entanto, avalia o ganho operacional da empresa (resultado antes das receitas e
despesas não operacionais) em relação a seu faturamento. A MOL representa a capacidade da
empresa em gerar resultado com suas vendas.
A Exemplo S.A. apresenta uma MOL de 17,02% [($2.230 / $l3.100) x 100]. Ou seja, a
empresa obteve 17,02% de lucro operacional sobre seu faturamento.

MARGEM LÍQUIDA DE LUCRO (ML)

Lucro Líquido
X 100
Receita Operacional Líquida

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A exemplo do índice anterior, margem líquida (ML) é uma medida da lucratividade


obtida pela empresa. Este índice reflete o ganho líquido da empresa em cada unidade de
venda.
A Exemplo S.A. apresentou uma ML de 9,62% [ ($l.260 / $l3.100) x 100]. Ou seja, a
margem liquida sobre as vendas eqüivale a 9,62%.

ROTAÇÃO DO ATIVO (RA)

Receita Operacional Líquida

Ativo Total

Embora não seja um índice essencialmente de rentabilidade, o estudo da rotação ou


"giro" do Ativo constitui-se num aspecto importante para o entendimento da rentabilidade do
investimento.
Este índice indica quantas vezes girou, durante o período, o Ativo Total da empresa.
Em outras palavras, comparando o faturamento do período com o investimento total, indica
quantas vezes a empresa conseguiu "vender o seu Ativo".
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos deve-se utilizar a
média do Ativo Total para comparar com as Vendas (ROL).
A Exemplo S.A. apresentou uma RA de 1,36 ( $13.100 / $9.600 ). Ou seja, a empresa
vendeu durante o período o equivalente a 1,36 vezes o valor de seu Ativo.

RENTABILIDADE DOS INVESTIMENTOS (RI)

EBIT
X 100
Ativo Total

Também conhecida como Taxa de Retorno dos Investimentos (TRI ) ou Poder de


Ganho da Empresa (PGE).
Esse índice reflete o quanto a empresa está obtendo de resultado em relação aos seus
investimentos totais.
A pernacilidade dos Investimentos pode ser estudada de diferentes formas. Aqui
optamos por utilizar a fórmula acima por entendermos o que melhor representa o poder de
ganho da empresa ao vários exercícios, já que não inclui as receitas/despesas operacionais
(que são eventuais).

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Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar o


Ativo Total médio para comparar com o Lucro Operacional.
S.A. apresentou uma RI de 23,23% [($2.230 / $9.600] x 100] ou seja, o Lucro
Operacional do exercício representa 23,23% do total da empresa.
Deve ser obtida, também, pela conjugação da MOL (Margem Operacional de Lucro)
e da RA (Rotação do Ativo) que podem causar, separadamente ou em conjunto, variações na
rentabilidade.
Conjugando os dois indicadores, teremos:

MOL X RA = RI

17,02 % X 1,36 = 23,15%

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS

Os indicadores de Prazos Médios, também conhecidos como índices de


atividade, indicam a dinâmica de algumas verbas do patrimônio, isto é, quantos dias elas
levam para girar durante o exercício (Rotação). Não devem ser analisados individualmente,
mas sempre em conjunto.
A análise dos Prazos Médios constitui importante instrumento para se conhecer a
política de compra e venda adotada pela empresa. A partir dela pode-se constatar a eficiência
com que os recursos estão sendo administrados (Duplicatas a Receber, Estoques e
Fornecedores).
Todos os indicadores de prazos médios pressupõem que os valores utilizados como
numerador (estoques, clientes e fornecedores) não sofrem grandes alterações durante o
exercício. Assim, por exemplo, se a conta estoques apresenta o valor de $300,00 no Balanço,
pressupõe-se que a empresa mantenha
m um estoque médio desse valor durante o exercício.
Os prazos médios comumente utilizados são:

Prazo Médio de Compras PMC


Prazo Médio de Estoques PME
Prazo Médio de Recebimentos PMR

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Ciclo 0peracional CO
Ciclo Financeiro CF

PRAZO MÉDIO DE COMPRAS (PMC)

Fornecedores
X 360
Montante de Compras

O PMC exprime o prazo que a empresa vem obtendo de seus fornecedores para
pagamento das compras de matérias-primas e/ ou mercadorias.
Assim, podemos dizer que Prazo Médio de Compras é o número de dias que decorre,
em média, entre a compra e o respectivo pagamento.
Quanto maior for o PMC melhor será a situação da empresa, pois estará financiando o
seu giro com recursos não onerosos.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar a
média da conta Fornecedores para comparar com montante de compras (MC). Caso não
fornecido o montante de compras, este valor poderá ser estimado da seguinte forma :

IMC = CPV + Estoque Final - Estoque inicial

A Exemplo S.A. apresenta um PMC de 68 dias [($1.000/$5.300) x 360] = 67,92, ou


seja, em média, a empresa está pagando seus fornecedores com 68 dias de prazo.

PRAZO MÉDIO DE ESTOQUES (PME)

Estoques
X 360
Custo dos Produtos Vendidos

Exprime o número de dias, em média, em que os estoques são renovados (ou


vendidos).
Assim, Prazo Médio de Estoques é o número de dias que decorre, em média, entre a
compra e a venda ou, também, o número de dias, em média, em que os estoques ficam
parados na empresa. Considera-se ideal que os estoques girem o mais rápido possível.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos deve-se utilizar a
média da conta Estoques para comparar com o Custo dos Produtos Vendidos.
A Exemplo S.A. apresenta um PME de 63 dias [$1.000 / $5.700 x 360 = 63,15]. Isto é,
a empresa, em média, mantém a mercadoria em estoque por 63 dias até à venda.

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PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTOS (PMR)

Clientes
X 360
Receita Operacional Bruta

Exprime o prazo médio de recebimentos das vendas totais da empresa, indicando o


tempo decorrido entre a venda de seus produtos e o efetivo ingresso de recursos. O ideal é que
o recebimento das vendas se efetue no menor prazo possível.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar a
média da conta Clientes para comparar com as Vendas (Receita Operacional Bruta - ROB).
Deve-se ter em mente, também, que no valor de Clientes deverão estar contidos os
créditos de curto e longo prazo. No caso da Receita Operacional Bruta, deverão ser
descontados os valores referentes às Devoluções ocorridas no período.
A Exemplo S.A. apresenta um PMR de 113 dias [(($3.500 + $16.200) x 360]= 113,33.
Ou seja, a empresa vende para receber, em média, após 113 dias.

CICLO OPERACIONAL (CO)

PME+PMR

Indica o tempo decorrido entre o momento em que a empresa adquire as matérias-


primas/mercadorias e o momento em que recebe o dinheiro relativo às vendas.
Graficamente, assim pode ser representado:

CICLO OPERACIONAL

COMPRA VENDE RECEBE

PME = 63 dias + PMR = 113 dias = 1 76 dias

0 30 60 90 120 150 180


dias

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CICLO FINANCEIRO (CF)

PME + PMR - PMC ou CO - PMC

É o tempo decorrido entre o instante do pagamento aos fornecedores pelas


mercadorias adquiridas e o recebimento pelas vendas efetuadas. É o período em que a
empresa necessita ou não de financiamento complementar do seu ciclo operacional.

CICLO OPERACIONAL 176 DIAS

Compra Vende Recebe

PME = 63 d PMR = 113 d

PMC = 68 d Ciclo Financeiro = 108 d

Compra Paga

A diferença entre Ciclo Operacional (PME + PMR) e o Prazo Médio de Compras


(PMC) é o "Ciclo Financeiro" e corresponde ao período de tempo entre o pagamento ao
fornecedor e o momento em que a empresa recebe do cliente o dinheiro das vendas.
Para este período (Ciclo Financeiro), a empresa precisa conseguir financiamento
complementar. Normalmente o Ciclo Financeiro é financiado:
o pelo capital próprio;
o por recursos de terceiros, onerosos.
A boa gestão empresarial revela-se muito pela competência na administração dos
prazos médios, expressos finalmente através do Ciclo Financeiro.
Exemplo S.A. apresentou um CF de 108 dias [PME(63) + PMR (113) - PMC ( 68)].
Isto significa que a empresa paga seus fornecedores 68 dias após a compra e somente 108 dias
após esse pagamento receberá o valor da venda a seus clientes. Para financiar seus clientes
por 108 dias a empresa poderá, então, utilizar-se de recursos próprios ou recorrer a desconto
de duplicatas ou outros empréstimos para capital de giro.

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CAPITAL DE GIRO (CDG)

O capital de giro - ou capital em giro - de uma empresa corresponde aos


valores aplicados em seu Ativo Circulante.
A empresa compra mercadorias, estoca, vende e recebe. Repetindo esse ciclo
permanentemente, ela mantém o giro dos negócios.
Existem, no entanto, diversas utilizações para a terminologia do CDG,
dependendo do autor e do conceito abordado.
Utilizamos a expressão CDG para definir o Capital de Giro Líquido. Isto é, o Ativo
Circulante (recursos aplicados no giro) deduzido do Passivo Circulante (fontes de recursos
para o giro).
CDG = Ativo Circulante - Passivo Circulante

ou ainda:
CDG = (PL + REF + PELP) - (AP + ARLP)

O CDG da empresa Exemplo S.A. pode ser definido por:

CDG = 5.000(AC) - 2.000(PC) = 3.000 ou


CDG = (4.100 + 3.500) - ( 3.000 + 1.600) = 3.000
( PL + PELP) - ( AP +ARLP)

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG) OU INVESTIMENTO


OPERACIONAL EM GIRO (IOG)

NCG é a diferença entre as aplicações cíclicas (Ativo Circulante Cíclico - ACC) e as


fontes cíclicas (Passivo Circulante Cíclico - PCC), que se renovam automaticamente no dia-a-
dia. As aplicações cíclicas são valores do Ativo financiados pela empresa até sua realização.
As fontes cíclicas são valores exigíveis, financiados por terceiros ligados à área operacional.
O ideal seria que a empresa utilizasse os financiamentos de terceiros para cobrir suas
aplicações. Quando isso não acontece, há necessidade de se recorrer a fontes não diretamente
ligadas à atividade.
A análise da Necessidade de Capital de Giro - NCG enfoca o ciclo operacional do
sistema empresa, tendo como referencial de pesquisa deus demonstrativos financeiros. A
ênfase recai sobre as fontes e aplicações cíclicas.

NCG=ACC-PCC

Essas fontes e aplicações estão intimamente ligadas às atividades da empresa e


ocorrem de forma espontânea e natural.

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APLICAÇÕES CÍCLICAS - ACC


É o somatório das contas:
duplicatas a receber (menos provisão para devedores duvidosos);
estoque (matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados);
adiantamentos a fornecedores;
mercadorias em trânsito;
importações em curso (de matéria-prima);
despesas antecipadas.

FONTES CÍCLICAS – PCC


Corresponde ao somatório das contas:
fornecedores (de matéria-prima/mercadorias);
salários a pagar;
comissões a pagar;
encargos sociais a recolher (INSS, FGTS);
imposto de renda retido na fonte (sobre a folha de pagamento);
contas a pagar (referentes a desp operac: água, energia elétrica, aluguel, telefone etc.);
adiantamento de clientes;
impostos a pagar.

Fontes
Aplicações - Cíclicas = POSITIVA
Cíclicas

NCG

Aplicações Fontes
Cíclicas Cíclicas

- = NEGATIVA

NCG

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Analisando a diferença entre as aplicações cíclicas e as origens de recursos cíclicos no


quadro anterior, tem-se as seguintes situações;
Quando POSITIVA, significa que a empresa apresenta Necessidade de Capital de
Giro, que deverá ser obtido junto a seus proprietários ou junto a terceiros (onerosos).
Quando NEGATIVA, significa que a empresa dispõe de sobra de recursos para
o giro, que poderá ser destinada a aplicação no mercado financeiro.

TIPOS DE NCG

A NCG ou IOG pode apresentar-se de duas maneiras:


o Permanente;
o Sazonal.

NCG ou IOG Permanente - próprio de empresas cujo nível de atividade de produção


e vendas é distribuído com certa homogeneidade ao longo do ano.
NCG ou IOG Sazonal - característico das empresas com forte concentração de
atividades em certas épocas do ano. É o caso das empresas que produzem brinquedos, artigos
juninos, natalinos, entre outras.
O conhecimento do tipo de NCG das empresas é importante na medida em que oferece
ao cliente da informação subsídios para realização de negócios.

FONTES DE COBERTURA DA NCG

Vimos há pouco que a empresa com NCG negativa não necessita de financiamento
bancário. Ao contrário, é indicativo de sobra de recursos para aplicar no mercado financeiro,
caso não tenha optado por investimentos no Ativo Permanente ou distribuição de lucros.
Quando a NCG é positiva, entretanto, a empresa tem de buscar recursos próprios ou de
terceiros (onerosos) para complementar seu capital de giro.
Essas fontes podem ser:
Fonte Onerosa - o que caracteriza essa fonte é o custo financeiro dos recursos
alocados no giro. Geralmente, a empresa recorre a bancos para financiar essa parcela da NCG.
Há que se ter presente que eventuais parcelas lançadas inicialmente em "fontes cíclicas"
poderão ser reclassificadas como "onerosas". É o caso, por exemplo, de tributos e impostos
não pagos nas datas certas. A partir daí, há incidência de correção, juros e multa,
descaracterizando, por conseguinte, sua condição de "natural e espontânea".
Fonte Operacional - No decorrer do exercício social podem – e devem - acontecer
lucros. Esses lucros vão sendo incorporados à conta Caixa, quando do recebimento das
vendas e, consequentemente, agregando-se ao giro dos negócios da empresa, constituindo-se
fonte operacional de financiamento da NCG. Essa fonte operacional é constituída pelo Lucro
Líquido do Exercício, acrescido ou diminuído das receitas ou despesas não monetárias (Ex. :
depreciação, provisões), como veremos a seguir:

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GERAÇÃO INTERNA DE RECURSOS


Exercícios X1 X2 X3
Contas
LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
( + ) ( - ) Saldo da Correção Monetária
( + ) ( - ) Resultado Equivalência Patrimonial
( + ) Depreciação Amortização Exaus tão
( + ) Variações Monetárias Passivas
( - ) Variações Monetárias Ativas
( + ) Provisão para imposto de Renda
( + ) Provisões e Reservas
( + ) ( - ) Outras
GERAÇÃO INTERNA DE RECÚRSOS

Saldo da correção monetária - representa fato econômico que afeta o resultado,


embora não corresponda, no momento da sua contabilização, à entrada ou saída de recursos
do caixa. Se negativo na DRE, deve ser somado ao lucro (no quadro acima); se positivo, deve
ser subtraído.
Resultado da equivalência patrimonial - representa fato econômico decorrente do
ajuste das aplicações da empresa no patrimônio de interligadas. Igualmente, não representa
entrada ou saída efetiva de recursos do caixa. Apenas registra o reconhecimento de ganhos ou
perdas obtidas em outras empresas. Se negativo, deve ser somado; se positivo, deve ser
subtraído.
Depreciação/ amortização/ exaustão - as despesas de depreciação, exaustão ou
amortização de bens e direitos do Ativo afetam o resultado da empresa. Não representam
saída efe tiva de recursos do caixa e devem, portanto, ser somadas ao Lucro.
Variações monetárias ativas/passivas - as variações monetárias correspondem à
variação cambial ou correção monetária de valores a receber e empréstimos a pagar
registrados no longo prazo, desde que não tenha ocorrido entrada ou saída efetiva de recursos
do caixa. As variações ativas devem ser deduzidas no cálculo da Geração Interna de Recursos
e as variações passivas, somadas. Exemplo:

Empréstimo de Longo Prazo $ 3.000


Juros do Período: $ 360 (despesa financeira)
Correção Monetária do $ 1.500 (variação monetária passiva)
Empréstimo (capitalizada):

O valor da correção monetária ($ 1.500) será, neste caso, somado ao Lucro do


Exercício, pois não representa saída de recursos da empresa.

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Provisão para imposto de Renda - essa provisão afeta o Lucro Líquido da empresa no
período em questão, mas somente será desembolsada durante o período seguinte. Portanto,
deve ser adicionada.

EFEITO TESOURA

O Efeito Tesoura é um indicador que evidencia o descontrole no crescimento das


fontes onerosas de recursos no curto prazo. Ocorre quando o Saldo de Tesouraria apresenta-
se cada vez mais negativo a cada exercício, variando em níveis superiores ao crescimento da
NCG.

SALDO DE TESOURARIA
O ST é obtido pela diferença entre as contas de Ativo Circulante e de Passivo
Circulante que não guardam relação com a atividade operacional da empresa. Ou seja Ativo
Circulante Financeiro menos Passivo Circulante Financeiro.
É revelado pelas equações:

ST = ACF – PCF Ou ST = CDG - NCG

PCF
ACF
-

= ST ( - )

ACC

PCC

Saldo de tesouraria positivo significa que a empresa tem disponibilidade de recursos


que poderão ficar aplicados no mercado financeiro e utilizados a qualquer momento
aproveitamento oportunidades negociais.
Se negativo, demonstra dependência de fontes onerosas de recursos de curto prazo.
Saldo de tesouraria que, período após período, se revele crescentemente negativo
evidencia que a empresa caminha para a insolvência ou overtrade. É importante observar que
o fato isolado de o saldo de tesouraria ser negativo não é preocupante. Grave é a tendência.

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Portanto, o Efeito Tesoura é conseqüência de saldo de tesouraria (ST) cada vez mais
negativo, variando em proporção superior à NCG. A tendência é dada pela relação [ ST /
NCG ], sendo que a NCG deverá ser considerada sem o seu sinal (+/-).
Resultado decrescente evidencia que a empresa recorre, cada vez mais, a empréstimos
onerosos de curto prazo.
Para melhor avaliar o Efeito Tesoura, deve-se observar o comportamento do indicador
em diversos períodos.
O índice [(NCG /vendas) X 360] indica a NCG em dias de venda. Em outras palavras,
indica quantos dias a empresa precisa vender (faturar) para obter os recursos complementares
necessários ao seu capital de giro (a NCG).
Para melhor compreensão desse assunto, apresentamos, para análise, dois exemplos.

Exemplo 1:
A empresa Y apresenta os seguinte números nos últimos cinco exercícios

ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano5


NCG 250 600 1.200 2.400 4.800
CDG 200 300 400 400 500
ST -50 -300 -800 -2.000 -4.300
ST/NCG -0.20 -0.50 -0.66 -0.83 -0.89

5000
4000
3000
2000 NCG
1000 CDG
0
-1000 ST
19X1 19X2 19X3 19X4 19X5
-2000 ST/NCG
-3000
-4000
-5000

Analisando o gráfico, podemos afirmar:


A NCG da empresa está aumentando substancialmente a cada ano;
O CDG tem-se mantido estável (possive lmente a empresa não está tendo lucro ou o
lucro está sendo distribuído);

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Como a empresa não consegue financiar sua necessidade de capital de giro com as
fontes internas de recursos, vem recorrendo cada vez mais a empréstimos bancários,
evidenciado pelo ST negativo e decrescente;
O ST é negativo e está aumentando proporcionalmente em níveis maiores que a NCG
(ST/NCG), confirmando, assim, o "Efeito Tesoura". Na prática, significa que, se o banco
credor não renovar os empréstimos, a empresa quebra imediatamente. Por outro lado, se o
banco continuar a rolar suas dívidas, a empresa quebrará do mesmo jeito, dentro de pouco
tempo, pois os encargos financeiros provocarão prejuízos cada vez maiores.
A única solução para uma empresa na situação descrita acima é a capitalização
(injeção de recursos novos dos sócios) conjugada com uma completa revisão de prazos e
margens de lucro.

Exemplo 2:
Agora analisemos o gráfico da empresa Z. Ela apresenta a mesma NCG da empresa Y
e também está com o ST cada vez mais negativo.

6000
5000
4000 NCG
3000 CDG
2000 CDG/NCG
1000 ST
0
ST/NCG
-1000 19X1 19X2 19X3 19X4 19X5
-2000

Uma análise superficial poderia induzir a dizer que a empresa está passando por
dificuldade financeira, pois o ST é negativo e a linha da NCG está se distanciando da linha
do CDG a cada ano. Ocorre que a relação percentual entre a NCG e o CDG se mantém.
Veja no quadro a seguir:

ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano 5


NCG 250 600 1.200 2.400 4.800
CDG 200 480 960 1.920 3.840
ST -50 -120 -240 -480 -960
ST / NCG -0.20 -0.20 -0.20 -0.20 -0.20

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Essa empresa, apesar de apresentar a mesma NCG da empresa Y (exemplo 1 ) em


todos os anos, vem financiando essa necessidade de duas formas: capital de giro (maior parte)
e financiamentos bancários. O Saldo de Tesouraria (negativo), no entanto, representa 20% da
NCG .
Isso acontece, normalmente, em empresas que estão aumentando o volume de vendas.
O endividamento bancário financia um percentual das vendas e o lucro da atividade, que é
reinvestido, garante à empresa boa parte do financiamento necessário.
Admitindo-se que, repentinamente, a empresa deixe de contar com o financiamento
bancário, bastará a ela fazer uma pequena redução nas suas vendas a prazo, para ajustar
sua NCG ao CDG disponível.

CAUSAS DO EFEITO TESOURA:


Crescimento real das vendas a prazo, em percentuais muito elevados, sem
correspondente obtenção de prazo de fornecedores;
imobilizações com recursos onerosos de curto prazo;
prejuízos;
distribuição excessiva de lucros;
dependência sistemática a empréstimos de curto prazo, com pagamento de altas taxas
de juros;
ciclo financeiro crescente.

SINAIS DE ALERTA

A NCG é um instrumento que nos permite visualizar, com bom grau de


confiabilidade, a efetiva necessidade de capital de giro da empresa, mantido seu nível de
atividade. Todavia, tal como nos demais sinalizadores econômico-financeiros, há que se
observar a performance de outros indicadores - inclusive NCG/vendas - , e estes com o
setor, permitindo, assim, verificar o desempenho global da empresa.
A NCG positiva, se crescente, período após período, pode ser indicador de anomalia
empresarial. O crescimento da NCG pode acontecer, também, por força de expansão dos
negócios da empresa. O que não pode (ou não deve) ocorrer é o crescimento da NCG em
proporção superior ao volume das vendas.
O quadro seguinte constitui instrumento verificador dessa anomalia, com interpretação
mais detalhada.

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NCG – SINAIS DE ALERTA

Dificuldades de obtenção de ( + ) Adiantamento


Matéria-prima/produto a Fornecedores

Concessão de maiores prazos, ( + ) Duplicatas a


Novos produtos Receber

Especulação, redução da ( + ) Estoques


demanda

Redução de prazos ( - ) Fornecedores


+ ? NCG
(oligopólio), VENDAS
escassez de matéria-
prima/produtos

Redução nos prazos de ( - ) Despesas


impostos Provisionadas

Novos concorrentes ( - ) Adiantamento


de Clientes

De posse do quadro, vamos tomar como ponto de partida o acréscimo positivo da


relação NCG/VENDAS.
Caminhando para a esquerda vemos, por exemplo, que o acréscimo na conta
"Adiantamento a Fornecedores" pode ser, entre outros ali consignados, fato causador da
variação positiva de NCG em proporção superior às vendas. Continuando na investigação,
evoluindo ainda mais para a esquerda, observamos que “dificuldades na obtenção de matéria-
prima/produtos” foi o elemento causal do "Adiantamento a Fornecedores" já agora tomado
como efeito. E, finalmente, a origem da dificuldade de a empresa obter matéria-prima pode
estar no ambiente externo.

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(+) SISTEMA EMPRESA


Financiamentos Equilíbrio Dinâmico
Onerosos
RENTABILIDADE

AMBIENTE
EXTERNO
( + ) Despesas
Financeiras
ESTABILIDADE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO-
FINANCEIRA
( - ) Lucro
Líquido

Voltando ao ponto de origem, mas agora caminhando para a direita na planilha, vemos
que a evolução da NCG/VENDAS na forma comentada pode provocar variação na
dependência de financiamentos onerosos, ocasionando aumento nas despesas financeiras e,
por conseguinte, determinar diminuição no lucro da empresa.
A combinação crônica desses fatores tende a provocar desequilíbrio econômico-
financeiro (overtrade) na empresa, podendo levá- la à morte com repercussão negativa para a
economia, com ênfase na subtração de emprego e renda.

ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL E ÍNDICES-PADRÃO

ANÁLISE VERTICAL

Trata-se de metodologia de análise que mostra a participação percentual de cada


um dos itens das demonstrações financeiras em relação ao somatório de seu grupo.
Com esse instrumento podemos visualizar de modo objetivo e direto a
representatividade de cada componente das demonstrações, identificando aqueles que mais
contribuem para a formação do conjunto objeto da análise.
A análise vertical é de grande importância, principalmente quando aplicada à
Demonstração de Resultado do Exercício, porque possibilita detectar a composição percentual
das receitas e despesas, evidenciando aquelas que mais influenciaram na formação do lucro
ou prejuízo.

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Empresa Exemplo S.A.


Balanço Patrimonial ( $ mil )
19X1 %
ATIVO 9.600 100,00
Ativo Circulante 5.000 52,08
Caixa e Bancos 500 5,21
Clientes 3.500 36,46
Estoque 1.000 10,42
Ativo Realizável a Longo Prazo 1.600 16,67
Cliente Longo Prazo 1.600 16,67
Ativo Permanente 3.000 31,25
Imobilizado 3.000 31,25
PASSIVO 9.600 100,00
Passivo Circulante 2.000 20,83
Empréstimos 500 5,21
Fornecedores 1.000 10,42
Salários a Pagar 300 3,13
Impostos a Recolher 200 2,08
Passivo Exigível a Longo Prazo 3.500 36,46
Financiamentos 3.500 36,46
Patrimônio Líquido 4.100 42,71
Capital Social 3.000 31,25
Reservas 1.100 11,46

Demonstração do Resultado do Exercício


( $ mil ) %
Receita Operacional Bruta 16.200 100,00
( - ) Impostos sobre Faturamento 3.100 -19,14
( = ) Receita Operacional Líquida 13.100 80,86
( - ) Custo das Mercadorias Vendidas 5.700 -35,19
( = ) Lucro Operacional Bruto 7.400 45,68
( - ) Despesas Comerciais 2.100 -12,96
( - ) Despesas Administrativas 1.100 -6,79
( - ) Despesas Gerais 600 -3,70
( - - ) Outras REC./Desp Operacionais +250 1,54
( - ) Despesas Financeiras 1.450 -8,95
( + ) Receitas Financeiras 50 0,31
( +/- ) Resultado da Correção Monetária -220 -1,36
( = ) Lucro Operacional Líquido 2.230 13,77

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( +/- ) REC. / Desp. Não Operacionais -280 -1,73


( = ) Lucro Antes do IR 1.950 12,04
( - ) Provisão IR e Contribuição Social 690 4,26
( = ) Lucro Líquido do Exercício 1.260 7,78

No Balanço, verificamos o percentual que representa cada conta, ou grupo de contas,


em relação ao Ativo ou Passivo total. Da mesma forma, na DRE faz-se a comparação de cada
conta de custo, despesa ou subtotal com a Receita Operacional Bruta.
Assim, podemos avaliar a relevância de cada conta ou grupo em relação aos valores
totais da empresa.
Com base nos demonstrativos da empresa Exemplo S.A. podemos responder as
seguintes questões, entre outras:
quais as contas mais significativas do Ativo? Clientes (36,46%) e Imobilizado
(31,25%);
quais as contas mais significativas do Passivo? Financiamentos L.P. (36,46%), Capital
Social (31,25%);
qual o percentual de custo embutido no faturamento da empresa? 35,19%;
quanto representam as despesas administrativas no faturamento da empresa? 6,79%.

ANÁLISE HORIZONTAL

A análise horizontal é efetuada tomando-se por base dois ou mais exercícios


financeiros - preferentemente todos expressos em moeda constante e em valores monetários
da mesma data - com a finalidade de observar a evolução ou involução dos seus componentes.
Cumpre ressaltar que é na análise horizontal que podemos observar o comportamento dos
diversos itens do patrimônio e, principalmente, dos índices, permitindo a análise de
tendência.

EMPRESA EXEMPLO S. A
BALANÇO PATRIMONIAL
19 X 1 % 19 X 2 % 19 X 3 %
ATIVO 9.600 100 10.100 105 11.300 118
Ativo Circulante 5.000 100 4.200 84 4.500 90
Caixa e Bancos 500 100 700 140 400 80
Clientes 3.500 100 1.500 43 2.600 74
Estoques 1.000 100 2.000 200 1.500 150
Ativo Realizável a 1.600 100 800 50 400 25
Longo Prazo
Clientes Longo Prazo 1.600 100 800 50 400 25
Ativo Permanente 3.000 100 5.100 170 6.400 213

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90

Imobilizado 3.000 100 5.100 170 6.400 213


PASSIVO 9.600 100 10.100 105 11.300 117
Passivo Circulante 2.000 100 1.800 90 2.000 100
Empréstimos 500 100 600 120 400 80
Fornecedores 1.000 100 700 70 1.100 110
Salários a Pagar 300 100 300 100 400 133
Impostos a Recolher 200 100 200 100 100 50
Passivo Exigível a 3.500 100 2.900 -83 2.100 60
Longo Prazo
Financiamentos 3.500 100 2.900 83 2.100 60
Patrimônio Líquido 4.100 100 5.400 132 7.200 175

DRE ( $ mil ) 19 x 1 % 19 x 2 % 19 x 3 %
Receita Operac. Bruta 16.200 100 18.300 112 26.400 163
( - ) Imposto sobre Faturamento 3.100 100 3.500 112 5.200 168
( = ) Receita Operacional Líquida 13.100 100 14.800 112 21.200 162
( - ) Custo Mercadorias Vendidas 5.700 100 6.100 107 7.800 137
( = ) Lucro Operacional Bruto 7.400 100 8.700 117 13.400 181
( - ) Despesas Comerciais 2.100 100 2.600 123 3.960 189
( - ) Despesas Administrativas 1.100 100 1.100 100 1.200 109
( - ) Despesas Gerais 600 100 700 116 800 114
( + ) Outras Receita Operacionais 250 100 50 20 200 80
( - ) Despesas Financeiras 1.450 100 1.150 79 1.100 76
( + ) Receitas Financeiras 50 100 80 160 70 140
( +/- ) Resultado da Correção Monetária (220) 100 (140) 63 (80) 36
( = ) Lucro Operacional Líquido 2.230 100 3.140 140 6.530 293
( +/- ) REC. / Desp. Não Operacionais (280) 100 100 -35 (1.200) 429
( = ) Lucro Antes do IR 1.950 100 3.240 166 5.330 273
( - ) Provisão para IR e Contribuição 690 100 1.130 163 1.860 270
Social
( = ) Lucro Líquido do Exercício 1.260 100 2.100 167 3.470 275

Com os demonstrativos estruturados da forma acima, podemos fazer diversas análises


comparativas, tanto da variação dos valores de cada conta ou grupo de contas ao longo dos
exercícios, quanto da variação dos índices apresentados pela empresa nos períodos analisados.
A análise horizontal dos índices possui a grande vantagem de dispensar a preocupação
do analista quanto aos patamares de inflação no período considerado, uma vez que os índices
são resultados de comparações de grandezas de uma mesma data.

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91

ÍNDICES-PADRÃO

Os índices-padrão são obtidos através de método estatístico que consiste em tabular


dados de um determinado universo previamente definido e, a partir daí, chegar a um
referencial para servir de comparação a casos particulares.
No cálculo dos índices-padrão, torna-se por base os indicadores produzidos para uma
quantidade expressiva de empresas, classificadas de acordo com o ramo de atividade,
tamanho e região geográfica.
Vistos individual e isoladamente, os índices extraídos das demonstrações financeiras
propiciam poucas conclusões. É necessário, portanto, que sejam comparados com os
“ÍNDICES- PADRÃO", para que se possa fazer juízo mais adequado da empresa sob
análise.

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93
QUADRO-RESUMO DE ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS

SÍMBO INTERPRET
ÍNDICE FÓRMULA INDICA
LO AÇÃO
Estrutura de
Capital
Participação de
Capital de Terceiros Quanto a empresa tomou de capitais de Quanto
CT/PL
(endividamento) terceiros para cada $100 de capital próprio menor, melhor

Composição do Qual o percentual de obrigações a curto Quanto


PC/CT
Endividamento prazo em relação às obrigações totais menor, melhor
Quantos reais a empresa aplicou no
Imobilização do Quanto
AP/PL Ativo Permanente para cada $100 de
Patrimônio Líquido menor, melhor
Patrimônio Líquido
Que percentual de recursos não
AP/(PL Imobilização dos correntes (Patrimônio Líquido e Exigível a Quanto
+ ELP) Recursos não Correntes Longo Prazo) foi destinado ao Ativo menor, melhor
Permanente
Liquidez
Quanto a empresa possui de Ativo
Quanto
LG Liquidez Geral Circulante + Realizável a Longo Prazo para
maior, melhor
cada $1 de dívida total
Quanto a empresa possui de Ativo Quanto
LC Liquidez Corrente
Circulante para cada $1 de Passivo Circulante maior, melhor

Quanto a empresa possui de Ativo Quanto


LS Liquidez Seca
Líquido para cada $1 de Passivo Circulante maior, melhor

Rentabilidade
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94

Quanto a empresa vendeu para cada $1 Quanto


V/AT Giro do Ativo
de investimento total maior, melhor
Quanto a empresa obtém de lucro para Quanto
LL/V Margem Líquida
cada $100 vendidos maior, melhor
Rentabilidade do Quanto a empresa obtém de lucro para Quanto
LL/AT
Ativo cada $100 de investimento total maior, melhor
Quanto a empresa obtém de lucro para
Rentabilidade do Quanto
LL/PL cada $100 de capital próprio investido, em
Patrimônio Líquido maior, melhor
média, no exercício
Fonte: Matarazzo, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1998. P.158.

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95

P ROCESSO ANALÍTICO DAS D EMONSTRAÇÕES F INANCEIRAS

RECLASSIFICAÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS.

Como já discutido anteriormente, “as demonstrações financeiras são um


conjunto único de documentos, dirigido a uma pluralidade de entidades interessadas na
empresa, cada uma a seu modo (sócios, bancos, fornecedores, clientes, Estado,
funcionários, concorrentes e assim por diante). As demonstrações fornecem uma
informação padronizada, de caráter geral, que com frequência não atende
suficientemente ao problema específico de cada uma dessas entidades”7 .
Assim, as informações contidas nas demonstrações contábeis devem ser
reclassificadas em função dos objetivos para que possam ser úteis e permitirem um
padrão de procedimentos e ordenamento na distribuição das contas, com o propósito de
minimizar as diferenças nos critérios utilizados pelas empresas no processo de
evidenciação.
No sentido de permitir uma correta interpretação dos dados contidos nos
balanços, é necessário proceder-se a certas retificações de alguns valores registrados nos
demonstrativos sob exame.
Esse reajuste se constitui no início de uma sistemática lógica, coerente entre si,
em função dos objetivos perseguidos e obriga o analista ao conhecimento responsável
da função e funcionamento de cada uma das contas contidas nas demonstrações
contábeis, sabendo como aqueles valores surgiram, o que eles representam e como serão
liquidados para fazer com que as demo nstrações sejam apresentadas de forma simples e
fácil de correlacionar os diversos itens, segundo critérios gerais adotados pela
comunidade de analistas financeiros 8 .
Outro ponto a ser considerado é o da metodologia: “para melhor compreensão
do modelo de análise financeira que se pretende definir, as contas do ativo e passivo
devem ser consideradas em relação à realidade das empresas, onde as contas
relacionam-se ao tempo, que lhes confere estado de permanente movimentação”9 .
Ao término do trabalho de reajuste das contas evidenciadas, o analista estará
apto para realizar verdadeiro levantamento orientado, visando preencher necessidades
adicionais a respeito do conteúdo dos demonstrativos em análise, organizando-os de
conformidade com os critérios de interpretação da gestão empresarial, habilitando-se à
emissão do respectivo parecer.

7
SILVA, José Pereira da. Análise Financeira das Empresas. São paulo. Editora Atlas. 1988.
8
SILVA, José Pereira da. Análise Financeira das Empresas. São Paulo. Editora Atlas. 1988.
9
FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo & BLANC, Georges. A Dinâmica Financeira das Empresas
Brasileiras - Um Novo Método de Análise, Orçamento e Planejamento Financeiro. 2ª Edição. Belo
Horizonte. Fundação Dom Cabral. pag. 13.

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96

ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


A expressão Balanço no sentido técnico-contábil representa equilíbrio,
manifestado pela equação de Ativo é igual a Passivo adicionado do Patrimônio
Líquido. Essa igualdade tem origem nos registros contábeis no qual se adota o método
de partidas dobradas e que consiste na simultaneidade de movimentação de débito e
crédito para cada fato contábil registrado. Não há débito sem crédito e vice-versa.
Por ocasião do encerramento de um exercício fiscal, em que os fatos contábeis
são apurados, uma nova expressão patrimonial se apresenta, quer em conseqüência da
sua natureza, através dos fatos permutativos, quer pelas variações resultantes do
aumento ou diminuição da riqueza, através dos fatos modificativos.
O Balanço é pois, a síntese demonstrativa do Patrimônio em um dado momento
e de suas variações num dado período. É através dele que se fica conhecendo a situação
patrimonial que, comparada a de outros Balanços anteriores, mede-se o grau de
evolução dos capitais administrados.
Análise de Balanço, portanto, é o estudo da situação de um todo patrimonial ou
de uma parte deste, através da decomposição dos elementos que o integra, para que se
conheça uma realidade, um estado de equilíbrio e se faça um julgamento da ação
administrativa, objetivando um fim pré-determinado.
O processo de análise das demonstrações contábeis objetiva examinar toda a
documentação da entidade sob o perfil financeiro, patrimonial e de rentabilidade,
identificando:
1. Eficiência:
o Operacional;
o no Uso de Capital;
2. Perfil de Risco.
o Financeiro;
o Patrimonial

Os constructos para Eficiência Operacional estão relacionados com a maneira


pela qual a empresa vem sendo conduzida, ao passo que a eficiência no uso de capital
reflete a capacidade do investimento em gerar receitas.
O perfil de risco diz respeito ao processo de alocação de capital, seu
financiamento e às taxas de retorno associadas, pois, para cada combinação de
financiamento a ser utilizado haverá uma taxa de retorno associada ao respectivo risco
de insolvência; em contrapartida, quanto maior a liquidez maior a probabilidade de
existir um custo de oportunidade a pressionar os resultados da entidade para resultados
relativos menores.

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97

O investimento nas empresas visa impulsionar suas atividades em direção à


consecução dos seus objetivos de sobrevivência, continuidade e crescimento através de
recompensas operacionalizadas pelo lucro.
O resultado, que é a expressão numérica do lucro obtido com a exploração do
negócio, confrontado com o investimento realizado poderá apresentar três situações
possíveis: superavitário, nulo ou deficitário.
Mantido o mesmo nível de lucro, fica evidente que quanto maior for o
investimento menor será a taxa de rentabilidade do empreendimento e menor será o
grau de risco derivado da política de financiamento da necessidade de capital escolhida.
“O risco é a possibilidade de perigo por acontecimento eventual incerto, que
ameaça de dano a pessoa ou coisa”10 . Para Lawrence J. Gitman, “ risco, no sentido mais
básico, pode ser definido como a possibilidade de perda ” 11 ; já, Ezra Salomon e John J.
Pringle definiram risco como “o grau de incerteza a respeito de um evento”12 .
A taxa de retorno prevista para o nível de investimento a ser financiado é uma
medida que indica a tendência central do campo de variação de possibilidades; ou seja,
é preciso conhecer o número total de resultados possíveis que aquele dado volume de
recursos poderá apresentar.

“ Um refinamento dessa abordagem conduz ao emprego de


árvores de decisão que proporcionam uma base racional para elaborar
uma lista de resultados. Mas quando o número de resultados é grande,
essa listagem se torna muito trabalhosa; é necessário então recorrer a
fórmulas matemáticas para determinar o número total de resultados
possíveis”13 .

“Como qualquer um poderia imaginar, há várias medidas de dispersão,


exatamente como há várias tendências centrais. O campo de criação dos resultados é
uma dessas medidas de dispersão. ( ... ) O campo de variação usa somente dois
resultados e desejamos utilizar uma medida como a sua probabilidade de ocorrência.
Devido a uma série de razões complexas, e que não serão aqui discutidas, a medida
geralmente mais aceita é o desvio padrão, que pode ser calculado como segue:
Determinar a medida em que uma taxa de retorno possível ( Ri ) diverge
da taxa de retorno prevista ( ER );
a) Multiplicar o valor por si mesmo ( isto é, elevá-lo ao quadrado );

10 Ross, Stephen A.; Westerfield, Randolph W.; Jaffe, Jeffrey F. Administração financeira Corporate finance. São
Paulo. ed, Atlas. 1995. 670 p.

11 Gitman, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira; São Paulo. Harbra. 1984, pag. 131,144.

12 Salomon, Ezra; Pringle, John J. Introdução à Administração Financeira. São Paulo, Atlas, 1981.

13 Stevenson, William J. Estatística Aplicada à Administração. São Paulo. Harbra, 1981.495 p.

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98

b) Multiplicar a resposta ( 2 ) pela probabilidade ( Pi ) da taxa de retorno


considerada (SR );
c) Repetir ( 1 ) ; ( 2 ) e ( 3 ) para cada taxa de retorno possível;
d) Extrair a raiz quadrada da soma; esta é o desvio padrão da taxa de
retorno considerada ( SR ).

A fórmula para este cálculo é:

n
2
SR = ∑ ( R − ER)
i Pi
i =1

O desvio padrão da taxa de retorno é uma medida do grau de risco. Ele não mede
as perspectivas de não-realização dos retornos previstos, nem reflete somente as
probabilidades de prejuízos. É uma medida de dispersão dos resultados possíveis. Um
desvio padrão da taxa de retorno corresponde à noção usual de risco ” 14 .
Por isto, a utilização do desvio padrão da taxa de retorno como uma medida do
grau de risco acarreta um problema por não refletir a magnitude do resultado previsto.
“Para levar isso na devida consideração, devemos nos preocupar mais com a dispersão
relativa, uma vez que ela permite efetuar comparações relevantes entre os graus de risco
existentes em investimentos distintos. Para tornar os desvios padrão uma medida
comparável, nós os expressamos em termos das suas respectivas esperanças
matemáticas. O quociente SR / ER é conhecido pelo nome de coeficiente de variação.
Este quociente entre a desvio padrão da taxa de retorno e a taxa de retorno prevista se
constituirá, a partir daqui, na nossa medida do grau de risco”15 .
Outra medida bem mais prática de ser usada, consiste em calcular os fluxos de
caixa líquidos associados com as propostas de investimentos e determinar o nível de
atratividade para os negócios e assim selecionar aquelas de maior interesse segundo seu
poder de geração de caixa (denominado de “earning power” ou taxa interna de retorno);
a seguir confronta-se o nível médio de taxas de “earning power “ obtidas com as taxas
efetivas de juros a serem pagas ao Banco ou outros tipos de aplicadores de capital. O
resultado positivo ajudará a estabelecer a decisão.

14 Archer, Stephen H. Dámbrosio, Charles A. .Administração Financeira (Teoria e Aplicação). São Paulo. Atlas.1969.
633
15 ________________________________________ , op. cit. pag. 92.

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99

AGRUPAMENTO TÉCNICO DAS CONTAS (FUNDAMENTAÇÃO)

A classificação estrutural legal do Balanço, entre nós, no Brasil, segue a filosofia


norte-americana, onde prevalece, no Ativo, a ordem de liquidez decrescente e, no
Passivo, a ordem de exigibilidade, também decrescente.
“Um dos pré-requisitos da análise financeira com ênfase na liquidez, ou seja,
considerando que a empresa não vai encerrar suas atividades, mas continuará no
mercado, é uma reclassificação das contas das várias demonstrações. Isso implica
agrupar essas últimas por afinidade, em obediência aos novos objetivos de utilização
dos dados financeiros”16 .
O modelo, a seguir discriminado, procurou conciliar a evolução sentida na
Europa, principalmente na França, com a posição nacional, no sentido de manter-se a
segurança necessária ao diagnóstico do real estado da entidade, visando o processo
decisório de investimento. Esses objetivos nortearam toda a classificação técnica
adotada no item correspondente a Balanços Ajustados.
As análises resultantes estarão compreendidas entre os conceitos dados pelos
métodos Convencional x Fleuriet, abrangendo:
Demonstrações Ajustadas;
Análise Horizontal;
Análise Vertical;
Índices relativos aos estados rentabilidade, liquidez e segurança;
Análises Especiais de gestão do Caixa e dos Lucros;
Análise Gerencial, e
Estudo Prospectivo com diagnóstico do poder de geração de resultados que o
negócio apresente.
O processo de confecção da Análise Econômico-Financeira apresentará a
dinâmica analítica passo a passo, usando alguns conceitos relativamente novos, de fácil
compreensão, até dos mais leigos no assunto.
“O balanço de uma empresa contém todas as contas que compõem o seu ativo e
passivo. A apresentação tradicional mostra o balanço como um quadro no qual as
diversas contas encontram-se agrupadas de acordo com dois critérios de classificação. o
primeiro distingue, verticalmente, as contas do ativo das contas do passivo. Em sentido
amplo, as contas do passivo representam aplicações ou uso de fundos utilizados pela
empresa. O segundo agrupa, horizontalmente, as contas do ativo e passivo de acordo
com os prazos das aplicações e das origens de fundos numa ordem de disponibilidade
decrescente”17 .

16
VIEIRA, Luiz Eduardo Alves. Avaliação Financeira das Empresas dos Setores: Têxtil, Couro,
Calçados,. Um Estudo de Caso - Período 1990 - 1994. Dissertação de Mestrado. UERJ. 1966.. cit.
17
FLEURIET, Michel & outros. op. cit.

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100

Neste contexto, existe uma necessidade de se proceder ao agrupamento das


contas dentro de uma lógica consistente, capaz de evidenciar simplicidade e capacidade
de formulação de diagnósticos.
“Para se proceder à padronização, também conhecida como reclassificação de
balanços, são necessárias duas condições básicas:
que haja definições, isto é, critérios de padronização, indicando o tratamento a
ser dado a cada rubrica das demonstrações financeiras; e
as planilhas onde os valores serão transcritos, para gerar os quadros, índices e
relatórios a serem obtidos”18 .

DEMONSTRAÇÕES I - PATRIMÔNIO
CONTÁBEIS AJUSTADAS EMPRESA:
BALANÇOS DE
ATIVO VA A V A V AV AH V AH AV
H A A
1 DISPONIBILIDADES
2 APLICAÇÕES
FINANCEIRAS
3 OUTRAS CONTAS
4 CIRCULANTE
FINANCEIRO (
ERRÁTICAS)
5 CLIENTES
6 ESTOQUES
7 DESPESAS
ANTECIPADAS
(FORNECEDORES)
8 OUTRAS CONTAS
9 CIRCULANTE
OPERACIONAL (
CÍCLICAS )
10 TOTAL DO ATIVO
CIRCULANTE
11 CLIENTES
12 TÍTULOS A RECEBER
13 OUTRAS CONTAS A
LONGO PRAZO
14 TOTAL DO REALIZÁVEL

18
SILVA, José Pereira da. op. cit.

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101

A LONGO PRAZO
15 INVESTIMENTOS
16 IMOBILIZADO
17 DIFERIDO
18 TOTAL DOS ATIVOS
PERMANENTES
19 ATIVO LÍQUIDO TOTAL -
APLICAÇÕES
20 FORNECEDORES
21 SALÁRIOS E ENCARGOS
SOCIAIS
22 IMPOSTOS E TAXAS
23 OUTRAS OBRIGAÇÕES
24 PASSIVO CIRCULANTE
OPERACIONAL
25 INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS
26 TÍTULOS DESCONTADOS
27 OUTRAS CONTAS
FINANCEIRAS
28 PASSIVO CIRCULANTE
FINANCEIRO
29 PASSIVO CIRCULANTE
30 INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS - LONGO
PRAZO
31 DEBÊNTURES - LONGO
PRAZO
32 OUTROS
33 EXIGÍVEIS A LONGO
PRAZO
34 RESULTADO DE
EXERCÍCIOS FUTUROS
35 CAPITAL REALIZADO
36 RESERVAS DE CAPITAL
37 RESERVAS DE
REAVALIAÇÃO
38 RESERVAS DE LUCROS
39 LUCROS / (PREJUÍZOS

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102

ACUMULADOS)
40 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
41 PASSIVO TOTAL -
FONTES
42 RECEITA OPERACIONAL
BRUTA
43 Deduções da Receita Bruta
44 RECEITA OPERACIONAL
LÍQUIDA
45 Custo das Vendas
46 LUCRO/PREJUÍZO
BRUTO
47 Despesas Comerciais
48 Despesas Administrativas
49 Despesas de Provisão
p/Devedores Duvidosos
50 Despesas de Deprec./
Amort./ Exaustão
51 Outras Receitas/Despesas
Operacionais
52 Ganhos/Perdas de Itens
Monetários
53 LUCRO/PREJUÍZO
OPERACIONAL 1
54 Receitas Financeira
55 Despesas Financeiras
56 RESULTADO
FINANCEIRO ( 54 - 55 )
57 Resultado da Correção
Monetária
58 Variações Monetárias
Líquidas a Longo Prazo
59 LUCRO /PREJUÍZO
OPERACIONAL 2
60 Resultado de Equivalência
Patrimonial
61 LUCRO/PREJUÍZO
OPERACIONAL 3
62 Receitas/Despesas Não

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103

Operacionais
63 LUCRO/PREJUÍZO AN TES
DO IMP, RENDA
64 Provisão para
IR/Contribuição Social
65 Dividendos e Participações
66 LUCRO/PREJUÍZO
LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

PROCEDIMENTOS DE ADEQUAÇÃO DOS BALANÇOS À


ANÁLISE

“A reclassificação das Demonstrações Contábeis visa trazê- las a um padrão de


procedimentos e de ordenamento na distribuição das contas, visando minimizar as
diferenças nos critérios utilizados pelas empresas na apresentação de tais demonstrações
financeiras”19 .
O modelo apresentado na página anterior reflete a abordagem relacionada com a
dinâmica das empresas, cujo elenco e definição das contas obedece aos conceitos a
seguir formulados:

A - ATIVO

1. Disponibilidades
Este grupo compõe-se de valores que podem ser utilizados ou aplicados
livremente na movimentação de negócios, com única dependência na decisão gerencial,
pois não há necessidade de se realizar qualquer operação Intermediária. Possuem
liquidez ou conversão imediata.
Tais valores são apresentados comumente pelos seguintes elementos:
- Caixa;
- Depósitos Bancários à vista;
- Bancos C/ Movimento;
- Numerário ( Cheques ) em Trânsito;
- Cheques a Receber, etc.

2 .Aplicações Financeiras.

19
______________________ op. cit. pag. 53

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104

Este grupo é composto pelos Títulos e Valores Mobiliários de livre negociação a


curto prazo, derivados do processo de aplicação dos excedentes temporários de caixa.
São as seguintes as contas representativas destas aplicações:
- Títulos de pronta liquidez .
- Letras de Câmbio;
- Certificados de Depósito Bancários, etc.;

3. Outras Contas
Incluem os valores de curto prazo não classificáveis nas contas anteriores,
abrangendo créditos concedidos a terceiros derivados de operações não ligadas ao
objetivo social da entidade, valores vinculados, desembolsos necessários, etc., tais
como:
- Títulos a Receber;
- Valores a Receber;
- Bancos Conta vinculada
- Contas Correntes;
- Empresas Coligadas;
- Devedores Diversos;
- Dívidas em Liquidação, etc.

4. CIRCULANTE FINANCEIRO ( ERRÁTICAS ).


Compreende o somatório dos agrupamentos acima, não necessariamente
renováveis ou ligados à atividade operacional da entidade, representando o ponto
positivo extremo da liquidez da companhia. São as contas táticas da empresa.

5 - Clientes
Representa os créditos de funcionamento da empresa, assim considerados os
créditos de curto prazo concedidos a clientes e necessários à expansão dos negócios da
companhia. Normalmente seus valores estão consignados nas contas Duplicatas a
Receber, cujo saldo indica direito líquido e certo da empresa e Contas Corrente. Os
valores da Provisão para Devedores Duvidosos, Provisão para perdas Futuras, e
similares, por representarem pressuposta perda já ressarcida pela retenção de lucros e
favor fiscal do Imposto de Renda, devem ser deduzidas de Clientes/Duplicatas a
Receber/Contas Correntes.
As Duplicatas que a empresa já tenha recebido antecipadamente, através da
operação de desconto bancário e figurando na conta Duplicatas Descontadas no Passivo
Corrente, nos procedimentos da Análise Tradicional, devem , sob o ponto de vista
contábil, ser deslocadas dessa posição e subtraídas do total de Contas a Receber. Igual
procedimento se terá com as Duplicatas Caucionadas, pelas razões inerentes à
diminuição do valor da conta, devido a operação com parte de seus títulos em carteira.

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105

Todavia, sob a ótica financeira, essas transações representam recursos tomados


pela empresa junto aos bancos, devido a insuficiência de recursos próprios, mantendo
uma correspondência bastante estreita com Empréstimos bancários. Em função disto,
devem figurar no Passivo Circulante financeiro, tal como será detalhado no item
apropriado.
“São contas de curto prazo, renováveis e ligadas à atividade operacional da
empresa” sendo representadas, dentre outras, por:
- Clientes;
- Contas a Receber;
- Duplicatas a Receber
- Títulos a Receber;
- Contas Correntes, etc.

6. Estoques
Compreende o inventário final do período, apurado por ocasião do balanço,
consignando todos os bens destinados a venda, além dos materiais de uso, consumo e
reposição, necessários ao funcionamento técnico e administrativo da empresa. Certas
rubricas que indicam investimentos em bens ainda não recebidos pela Companhia,
como por exemplo, Mercadorias em Trânsito, Adiantamento a Fornecedores,
Importação em Andamento, Câmbio para Importação, etc., quando se referirem a
fornecimento e importação de bens componentes dos Estoques, devem ser consolidadas
nos Estoques. Compreendem, pois, as seguintes contas:

- Estoques;
- almoxarifado;
- Material de Expediente;
- Embalagens
- Mercadorias;
- Existências;
- Inventários;
- Produtos Acabados;
- Produtos em Elaboração;
- Matérias Primas;
- Materiais de fabricação;
- Materiais Diversos;
- Material de Limpeza, etc.

7. Despesas Antecipadas ( Fornecedores)

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Correspondem às despesas feitas com a aquisição de bens e serviços ainda não


utilizados na data do balanço. A sua apropriação como despesa somente ocorrerá no
exercício seguinte:
- Aluguéis a Vencer;
- Encargos Financeiros sobre Duplicatas Descontadas ( ainda não apropriados
às contas de Resultado - art. 253 RIR);
- Comissões Pagas a Vencer;
- Prêmios de Seguros a Vencer;
- Materiais de Expediente;
- Impressos;
- Materiais de Limpeza, etc.

8. Outras Contas
Serão classificados neste grupamento todos os valores não compreendidos nos
anteriores, assim entendidos os créditos concedidos a terceiros em operações que não se
refiram ao objeto social da empresa, os desembolsos ressarcíveis, os títulos negociáveis,
etc., todos necessariamente de realização a curto prazo.

9. CIRCULANTE OPERACIONAL ( CÍCLICAS).


Compreende todas as contas que exprimem investimentos com recuperação em
prazo igual ao inferior a um ano, conforme o ciclo operacional da empresa. Este item é
caracterizado pelo somatório das contas compreendidas no intervalo do Modelo de nos
5 a 8 e representam as contas realmente operacionais da instituição.

10. TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE.


Reúne as aplicações de capital em três áreas de natureza distinta: a dos bens
numerários, a dos bens de venda e a dos créditos de funcionamento. Compreendem,
pois, a parcela do Circulante Financeiro, que tem conotação de eventualidade, e o
Circulante Operacional cujo caráter é cíclico, por serem consequência de transações
havidas no ciclo operacional da empresa e que se repetem durante toda a sua vida útil.

11. Clientes ( Longo Prazo )


Se referem aos créditos de funcionamento da empresa, concedidos a prazos
superiores a doze meses; possuem similaridade com a conta do mesmo nome
classificada no ativo circulante operacional.
As principais contas deste grupo são:
- Créditos com empresas subsidiárias ou coligadas;
- Clientes;
- Duplicatas a Receber;
- Estoques Vinculados, etc.

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107

12. Títulos a Receber.( Contas não Cíclicas ).


A Lei 6.404/76 classifica neste grupo os créditos de operações alheias ao
objetivo social, feitas com sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou
participantes no lucro da empresa; são representadas por:
- Letras a Receber;
- Títulos e Valores;
- Devedores Diversos;
- Créditos com Diretores;
- Créditos com Acionistas; etc.

13.Outras Contas a Longo Prazo.


Compreende os demais valores de prazo superior a 12 meses, não classificáveis
como Ativo Permanente (Investimentos, Imobilizado e Diferido);

14. TOTAL DO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO.


Refere-se ao somatório das contas contidas nos itens 11 até 13; normalmente
estão relacionadas com os créditos de funcionamento da firma, podendo, no entanto,
englobar valores do giro comercial com prazo determinado e superior a 1 ano.

15.Investimentos.
Neste grupamento são consolidados os investimentos acessórios, de caráter
financeiro, representados pela participação acionária em outras empresas, pelos
depósitos para aproveitamento de incentivos fiscais e as ações dele resultantes e pelos
títulos inalienáveis ou de realização indeterminada, não oriundas da atividade
operacional.
- Investimentos em Outras Empresas;
- Participações em Empresas Coligadas;
- Participações em Empresas Controladas;
- Imóveis ( Não destinados a fins operacionais);
- Apólices e Títulos de Renda;
- Ações, etc.

16. Imobilizado
Representa as imobilizações em capitais fixos da empresa, empregado nos bens
necessários à consecução das suas finalidades precípuas. Tais bens podem ser de
natureza tangível (construções, equipamentos, máquinas, etc.) ou intangíveis (marcas e
patentes, concessões e direitos, etc.)

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108

Devido ao desgaste pelos uso, ação do tempo e outros fatores predatórios, deve-
se calcular o valor líquido dos bens listados (custo histórico corrigido menos
depreciação acumulada).
As contas Adiantamentos a Fornecedores e Importações em Andamento
integram este item quando se referem a fornecimentos ou importações de bens
destinados ao Ativo Imobilizado. Por outro lado, os saldos das contas que indicam
Provisão para perdas de Valor de bens do Ativo Permanente devem ser subtraídos dos
respectivos originais, para se obter seu valor líquido.
Dessa forma, abrange rubricas como:
-Terrenos;
- Edifícios;
- Instalações;
- Máquinas;
- Equipamentos;
- Móveis e Utensílios;
- Veículos;
- Construções em Andamento;
- Marcas & Patentes;
- Nome Comercial e Aviamento;
- Adiantamentos a Fornecedores;
- Importações em Andamento;
- Provisão para Depreciação;
- Provisão para Amortização;
- Provisão para Exaustão, etc.

17. DIFERIDO
Está relacionado com as despesas com bens e serviços adquiridos pela empresa,
cujos benefícios se estendem a vários exercícios futuros, devendo a sua apropriação
como despesa correr durante esses exercícios, proporcionalmente a seu consumo ou
período de utilização. São contas representativas destas despesas:
- Salários e Honorários Antecipados;
- Juros Pagos Antecipadamente;
- Despesas Pré-Operacionais;
- Gastos de promoção e Organização da Sociedade;
- Gastos de Reorganização e Reestruturação, etc.

18.TOTAL DOS ATIVOS PERMANENTES


Constitui-se pelo somatório das contas que representam aplicações de capitais,
com condições de permanência na empresa por longo tempo, no sentido de proporcionar
a manutenção ou acrescer o valor atual do investimento dos acionistas da empresa.

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19. ATIVO LÍQUIDO TOTAL


Representa o capital total emprestado pela empresa para plena consecução dos
seus objetivos de maximização da riqueza dos acionistas. No balanço da firma, isto
pode ser definido como total de financiamentos e recursos dos acionistas, quer como os
ativos líquidos da firma, sendo ambos os valores os mesmos.
Os investidores exigem um retorno, seja sob a forma de juros, tratando-se de
capitais emprestados, ou dividendos, para os acionistas, para os recursos a longo prazo
que colocam à disposição das empresas.
Assim sendo, torna-se necessário distinguir estes recursos daqueles fornecidos
por credores comerciais ou empréstimos bancários, que são usados somente por pouco
tempo e, rapidamente, substituídos por capitais diferentes, originários das mesmas
fontes ou de fontes semelhantes.

B - PASSIVO
20 - Fornecedores
Neste grupamento serão reunidas as contas representativas de obrigações
resultantes da aquisição de mercadorias, matérias-primas, materiais, etc., a curto prazo,
destinados à atividade operacional da empresa. As contas que representam este grupo
são, dentre outras:
- Fornecedores;
- Contas a Pagar;
- Contas Correntes;
- Duplicatas a Pagar;
- Fornecimentos a Pagar;
- Credores por Financiamento.

21 - Salários e encargos Sociais


Neste grupo de contas são relacionadas as obrigações referentes a salários e
respectivos encargos a pagar.

22. Impostos e Taxas


Engloba todas as obrigações operacionais da empresa, vencíveis em curto prazo,
oriundas da condição da empresa de depositária de impostos e contribuições sociais.
Contas usuais deste grupamento:
- Impostos a Pagar;
- Provisão para Imposto de Renda;
- Impostos a Recolher;
- INSS - Arrecadação a Recolher;
- Contribuições Sociais a Recolher, etc.

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23. OUTRAS OBRIGAÇÕES.


Engloba todas as obrigações da empresa, de curto prazo, renováveis e ligadas à
sua atividade operacio nal, não compreendidas nos agrupamentos anteriores. Neste
grupo, figuram, também, as obrigações assumidas pela empresa perante seus acionistas,
diretores e empregados, como a distribuição de lucros sob a forma de dividendos,
bonificações em dinheiro, participação e gratificações, a saber:
- Despesas a Pagar;
- Contas a Pagar;
- Gratificações a Pagar;
- Ordenados a Pagar;
- Dividendos a Pagar ;
- Dividendos;
- Credores Diversos;
- Créditos de Terceiros, etc.

24. PASSIVO CIRCULANTE OPERACIONAL.


Representado pelas contas que exprimem débitos de funcionamento, por prazo
de até 12 meses, mas que, comumente oscilam entre 30 e 90 dias e estão vinculados,
quase sempre, ao giro operacional num rodízio constante. Esses débitos, configurados
por capitais de rápida rotação, têm suas origens no fornecimento de bens de venda e de
bens de produção pertinentes ao objeto social, dívidas tributáveis, previdenciárias,
bancárias, etc. É obtido através da soma dos itens 20 até 23.

25. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS


As contas classificadas neste grupamento abrangem os elementos patrimoniais
tais como, Empréstimos Hipotecários e Financiamentos Específicos (compra da
máquina, matérias primas, etc) destinadas à fluidez do capital de giro .
Representa as obrigações assumidas com empréstimos e financiamentos
bancários a curto prazo, contraídas em operações creditáveis passivas objetivando, via
de regra, a expansão do Capital de Giro. Contas inerentes ao grupamento:
- Títulos a Pagar;
- Letras de Câmbio;
- Bancos Conta Garantida;
- Estabelecimentos de Crédito;
- Empréstimos;
- Credores no Exterior;
- Financiamentos;
- Debêntures Emitidas ( ou a Pagar ), etc.

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As Debêntures são classificadas neste grupamento quando consideradas no


Balanço da empresa como exigibilidade de curto prazo.

26. TÍTULOS OU DUPLICATAS DESCONTADAS.


Relacionam-se com o montante dos títulos de crédito da empresa, cuja posse e
propriedade é transferida a Instituições, através de endosso, em troca do valor dos
títulos, após deduzidas as despesas incidentes sobre a operação.
Apesar de sua posição como valor dedutível das contas a Receber no balanço
patrimonial, as Duplicatas Descontadas representam capital de terceiros na empresa,
cuja remuneração compõe as Despesas Financeiras.
- Duplicatas Descontadas;
- Valores Descontados;
- Títulos Descontados, etc.;

27. OUTRAS CONTAS FINANCEIRAS


Englobam as obrigações de curto prazo não necessariamente renováveis ou
ligadas às atividades operacionais da companhia, não inseríveis nos grupamentos
anteriores. Contas representativas podem ser:
- Créditos por Aquisições não operacionais;
- Empréstimos Bancários repassados por empresas coligadas;
- Saques de Exportação;
- Títulos Vinculados a Sociedades em Conta de Participação, etc.

28. PASSIVO CIRCULANTE FINANCEIRO


Compreende, pois, as obrigações com custo financeiro explícito que a empresa
tem com vencimento para o próximo exercício social. Deve ser representados por
valores inexpressivos ( inferiores a 10 % do bloco ), para que não se tenha um perda na
qualidade da análise.
Se, por outro lado, os valores possuírem significância, deve-se pesquisar, junto à
entidade, sua origem para enquadramento em conta que caracterize de forma clara o tipo
de passivo.
É obtido através do somatório das linhas 25 até 27.

29. PASSIVO CIRCULANTE ( TOTAL )


Este item é compreendido pelos Passivo Circulante Operacional ( linha 24 ) e
Passivo Circulante Financeiro ( linha 28 ), perfazendo o total das fontes de recursos de
curto prazo disponibilizados pela empresa para o giro dos seus negócios.
A Lei n.º 6.4004/76 aplica o conceito de ciclo operacional para demarcar a
fronteira temporal de curto e longo prazo, tendo, entretanto, prevalecido a prática de um
ano como o período de tempo estipulável para tal estruturação

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30. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS A LONGO PRAZO.


Estas contas expressam as obrigações não cíclicas, componentes do passivo
permanente da empresa, cuja liquidação excede o prazo de um ano, tais como:
- Letras de Câmbio;
- Títulos a pagar;
- Financiamentos-;
- Empréstimos;
- Credores no Exercício;
- Acionistas - Contas de Empréstimos;
- Hipotecas;
- FGTS : Não Optantes, etc.

31. DEBÊNTURES - LONGO PRAZO.


O fluxo monetário canalizado por esta modalidade de ativos financeiros deve,
normalmente, ser aplicado no programa de reposição e/ ou expansão do Imobilizado
Técnico, com vias ao processo sadio de crescimento da empresa. Abrangem, via de
regra,
- Debêntures;
- Debêntures Conversíveis em Ações.

32. OUTROS
Abrange todos os demais tipos de financiamento da empresa a longo prazo, não
contidos nos itens acima. Deve-se especificá-los por ordem de importância das suas
respectivas grandezas na composição estrutural dos capitais a serem alocados.

33. EXIGÍVEIS A LONGO PRAZO.


O Exigível a Longo Prazo reúne o créditos de terceiros de exigibilidade remota,
isto é, com prazo de liquidação superior a um ano. Em princípio, a característica
fundamental desses créditos é de serem créditos de financiamento, quer sob a forma de
empréstimos diretos, quer sob a modalidade de dívida conversível em capital de risco,
resultantes de operações destinadas ao suprimento do capital de giro permanente ou à
cobertura financeira de renovações ou expansões do Imobilizado. Em dado momento, os
valores exigíveis a longo prazo transformam-se em curto prazo, quando o período para a
sua realização torna-se igual ou inferior a um ano.

34. RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS.


Compreendem as Receitas referentes a exercícios futuros, diminuídas dos custos
e despesas a elas correspondentes ( artigo 181 da Lei 6.404/76 ). São receitas recebidas
antecipadamente, mas que somente serão realizadas no futuro, de acordo com o

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princípio de realização da receita, sem nítida obrigatoriedade de devolução dos valores


recebidos.
Em virtude de se referirem a receitas a serem realizadas no futuro é aplicável o
princípio da confrontação das despesas e receitas. Desse modo, todas os custos e
despesas incorridos ou a incorrer, relacionados com a geração dessas receitas, devem ser
contabilizados e apresentados em contas retificadoras, de forma a se evidenciar o
resultado futuro pelo seu valor líquido. São contas típicas:
- Aluguel recebido antecipadamente
( - ) Custos e Despesas
( - ) Provisão para Imposto de Renda;
- Deságio não absorvido na consolidação,
- Resultado Diferido de Incorporação de Imóveis;
- Resultado Diferido de Venda de Terrenos, etc.

35. CAPITAL REALIZADO


Compreende o Capital Social da empresa, constante dos Estatutos e registrado
na Junta Comercial, devidamente integralizado. Em havendo parcela não integralizada,
deve-se proceder ao ajuste, deduzindo-a do valor do capital social nominal de forma a
se ter o saldo da conta Capital Social Integralizado.
Ações Ordinárias
São títulos de propriedade, representativos de uma parcela do capital da
empresa, que dão direito a voto nas Assembléias.
O portador deste tipo de ativo financeiro não conta com nenhuma promessa cujo
cumprimento possa exigir em relação a pagamentos em dinheiro. Compartilha dos
valores residuais da empresa e lucra ou perde conforme os negócios prosperem ou
declinem.
O valor da ação depende da capacidade de a companhia crescer em valor e desse
modo, os lucros reinvestidos influenciarão no valor de mercado da ação ordinária.
Ações Preferenciais
São ativos financeiros que representam um forma híbrida de participação,
situando-se num ponto médio entre títulos de propriedade e obrigações. Não têm direito
a voto mas possuem direitos preferenciais em relação a dividendos ou a distribuição dos
ativos, em caso de liquidação da empresa emitente, ou em ambos os casos.

36. RESERVAS DE CAPITAL.


Correspondem aos acréscimos ao Patrimônio Líquido que não passam pela
apuração do resultado do exercício a nível de receitas. São classificadas neste
grupamento as seguintes contas:
- Ágio na Emissão de Ações;
- Alienação de Partes Beneficiárias;

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- Correção Monetária do Capital Realizado;


- Prêmio na Emissão de Debêntures, etc.

37. RESERVAS DE REAVALIAÇÃO.


As Reservas de reavaliação, nos termos do artigo 182, parágrafo 3º, da Lei n.º
6.404/76, correspondem às contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos
do ativo provenientes de novas avaliações de bens do ativo baseados em Laudos
aprovados pela Assembléia Geral.
As reservas de reavaliação não realizadas não poderão ser computadas no lucro
que servir de base para distribuição de lucros ( artigo 187, parágrafo 2º).
O IBRACON, em seu Pronunciamento XVII - Reavaliação de Ativos, parágrafo
36, considera que no caso de reavaliação de bens depreciáveis, a realização da reserva
ocorreria quando da depreciação, amortização ou exaustão do valor dos bens
computados como custo ou despesa operacional do período ou pela baixa dos bens
reavaliados em virtude de alienação ou perecimento. São contas usuais:
- Reservas de Reavaliação do Imobilizado;
- Reservas de Reavaliação de Estoques

38. RESERVAS DE LUCROS.


Constitui-se de todas as reservas livres ou estatutárias representadas pelas
retenções do Lucro Disponível, além de outros valores que não passam pela apuração da
D.R.E.; os prejuízos acumulados são levados, subtrativamente, a esta rubrica. A Reserva
Legal, que é constituída a partir da retenção de 5 % do lucro apurado no exercício,
compulsoriamente, conforme determinado pelo artigo 193 da Lei n.º 6.404/76, que não
excederá de 20 % do Capital Social. Principais contas deste grupo são:
- Reserva Legal;
- Reservas Estatutárias;
- Reservas Livres;
- Reserva para Investimentos;
- Reservas para Contingências;
- Reservas de Lucros a Realizar, etc;
As Provisões são uma espécie deste grupamento, significando parcelas retiradas
do lucro líquido da empresa que se destinam à cobertura de compromissos cujos
montantes e prazo de efetivação são mais ou menos incertos e que também não podem
ser caracterizados como obrigações potenciais de curto prazo.
As Provisões para atender compromissos potenciais ou responsabilidades são as
provisões para indenizações, riscos contratuais, etc, todas relacionadas com obrigações
que não deixarão de se verificar, mas cujos valores e prazos de efetivação são mais ou
menos incertos.

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Como elementos subtrativos de valores específicos do Ativo figuram as


Depreciações/Amortizações/Exaustão e a provisão para Devedores Duvidosos.

39. LUCROS / ( PREJUÍZOS ) ACUMULADOS.


Refere-se às transferências dos resultados dos exercícios, realizadas nos
respectivos “fechamentos” e, a partir daí, receber, qua ndo for o caso, as destinações que
lhe são próprias, de acordo com a proposta dos administradores, da assembléia geral ou
a decisão dos sócios, observadas as disposições legais, estatutárias ou contratuais
pertinentes.

40. PATRIMÔNIO LÍQUIDO.


Constitui o capital próprio do acionistas da empresa, representado pelos efetivos
créditos dos proprietários, oriundos da subscrição e integralização do Capital Social, das
Reservas de Lucros e de Correções Monetárias do Imobilizado e Reavaliações de
Ativos. Constituem contas retificadoras do Patrimônio Líquido: Capital a Realizar;
Ações em Tesouraria; Quotas Liberadas, etc.

41. PASSIVO TOTAL - FONTES.


Representa as fontes de financiamento da empresa, ou o capital imobilizado pela
mesma, na ordem decrescente de exigibilidade.

C - APURAÇÃO DO RESULTADO
A Demonstração de Resultado é o instrumento contábil destinado a evidenciar a
formação do resultado num determinado período da vida da empresa, observado o
princípio da competência, para os diversos níveis, mediante confronto entre as receitas e
os respectivos custos e despesas (Normas Brasileiras de Contabilidade NBC - T - 3).
O artigo 187 da Lei n.º 6.404/76, em seu parágrafo 1º estipula que
“a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua
realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a
essas receitas e rendimentos.

42. RECEITA OPERACIONAL BRUTA


É constituída pelo valor do faturamento bruto; corresponde, pois, ao ingresso
bruto de recursos oriundos das operações normais de vendas da companhia:
Na indústria: Venda de Produtos;
No comércio: Venda de Mercadorias;
Em serviços: Prestação de Serviços.

43. DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

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Compreendem os ajustes à Receita Bruta oriundos das operações de vendas


canceladas, devoluções de vendas, descontos incondicionais, abatimentos concedidos e
ainda os impostos incidentes sobre as vendas.

44. RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA.


Esta rubrica representa a receita proveniente do objeto da empresa, assim
entendida a venda de mercadorias e serviços, subtraídos dos ajustes ocasionados pelas
Deduções realizadas durante o exercício.

45. Custo das Vendas


Compreende todos os custos necessários à aquisição dos insumos e matérias
primas aplicados ou consumidos na produção, das mercadorias destinadas à revenda e à
prestação dos serviços vendidos. Seu valor consta, como primeira parcela, do débito da
Demonstração de Lucros e Perdas. Contas representativas são:
- Custo dos Produtos Vendidos;
- Custo das Mercadorias Vendidas;
- Custo dos Serviços Vendidos.

46. Lucro/ Prejuízo Bruto


Resulta da diferença entre as Vendas Líquidas e o respectivo Custo das Vendas,
sem considerar as Despesas abaixo elencadas. Quando a empresa inicia a sua
Demonstração do Resultado do Exercício com este primeiro estágio do Lucro, omitindo
os dois elementos que o compõem, a Analista deverá se valer de um sistema de
informações, que abrange até a ida à companhia para restabelecê- los na Demonstração
ajustada.

47. Despesas Comerciais.


São as despesas de funcionamento incorridas para vender os produtos, promovê-
los e distribuí- los no Mercado e ainda os riscos assumidos pela venda, como garantias e
provisão para devedores duvidosos.

48. Despesas Administrativas.


São agregadas neste grupo todas as despesas relacionadas com a administração,
o funcionamento e as gerais que beneficiam os negócios da empresa.

49. Despesas de Provisão p/ Devedores Duvidosos.


Esta provisão, facultativa, é constituída quando existirem, no final do exercício-
base, créditos da empresa contra terceiros, oriundos de sua atividade operacional, para
“cobertura” dos riscos derivados do seu não-recebimento, descobertos de reserva de

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domínio ou garantias reais, em conformidade com o Regulamento do Imposto de


Renda, sendo uma conta redutora dos Créditos que lhes serviram de base.

50. Depreciações, Amortizações e Exaustão.


Englobará a taxa de depreciação do Imobilizado a parcela dos custos plurianuais,
apropriados no período, e a quota de exaustão sobre as fontes de recursos naturais
explorados pela empresa.

51. Outras Receitas/Despesas Operacionais


Agrega o total do elenco das despesas incorridas para a efetivação das vendas de
mercadorias e dos serviços prestados e não evidenciadas nos grupamentos acima
relacionados.

52. Ganhos/Perdas Itens Monetários.


É o resultado da exposição dos ativos e passivos monetários à inflação. De
acordo com a Lei nº 6.404/76, os itens do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo
são tratados como ativos monetários e o Passivo Circulante e o Exigível a Longo Prazo
são tratados como passivos monetários, perdendo valor real com a inflação.
O ativo monetário sofre perda que deve ser reconhecida pela empresa e no
passivo monetário é representada a perda de valor real dos direitos de terceiros que
acarretam, para a empresa tomadora, um ganho.
As perdas do Ativo e os ganhos do Passivo são confrontados entre si,
considerando-se apenas o saldo que representará despesa quando negativo e receita
quando positivo.
Essa perda/ganho é reconhecida como uma Despesa/Receita porque representa a
quantidade adicional de recursos financeiros para manter o nível dos diversos
componentes do capital circulante em condições reais de utilização.
Em conseqüência, essa inclusão afetará o lucro tributável, deduzindo-o ou
acrescentando-o para efeito de recolhimento do Imposto de Renda.

53. LUCRO/PREJUÍZO OPERACIONAL 1.


Resulta da dedução das Despesas Operacionais do Lucro Bruto. Se o resultado
apurado nesta rubrica for baixo ou negativo, o analista verifica:
a) se os valores que representam deduções ao Custo das Vendas, tais como
Descontos Obtidos, Vendas de Resíduos, se encontram lançados em Outras Receitas e,
em caso positivo, deduz os mesmos daquele custo;
b) se dentre os valores lançados como Outras Receitas se encontram alguns com
a natureza de operacionais e, em caso positivo, agrega-os a Receitas Operacionais;

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c) se dentre as despesas classificadas como operacionais foram incluídas


despesas não-operacionais e, caso positivo, transfere-as para Despesas Não
Operacionais.

54. Receitas Financeiras.


Representa a receita oriunda dos investimentos acessórios, alheios às atividades
fins da empresa, como Dividendos de Ações provenientes de participações societárias;
Juros de Ativos Financeiros, bem como as rendas residuais, ocasionais, advindas como
seu título indica, de fontes não operacionais, representadas pelos “ganhos de capitais
aplicados em Investimentos temporários, bem como outros ganhos de natureza
financeira, tais como:
Descontos Obtidos, decorrentes de pagamentos antecipados de Duplicatas a
fornecedores;
Juros Ativos, referidos aos juros cobrados de Clientes por atraso de pagamento,
postergação de vencimento de títulos, etc.;
Receita de Investimentos Temporários, derivados do registro das Receitas totais
provenientes de Aplicações Financeiras temporárias dos excessos de caixa”20 .

55. Despesas Financeiras


Representa o custo da utilização do capital alheio para o financiamento (de curto
prazo) do capital de giro variável, expresso no pagamento de juros, despesas bancárias,
comissões e taxas, deságios, etc.
Explica-se esta rubrica pelo fato de que os fundos fornecidos pelo sistema
bancário, a curto prazo, devem ser utilizados na parcela do capital de giro voltada para a
concretização social e, portanto, são usados somente por pouco tempo, sendo
substituídos por fundos diferentes, originários das mesmas fontes ou de fontes
diferentes.
Engloba todas as despesas oriundas do uso de “alavancagem financeira” na
estrutura de capital da empresa, objeto da análise, como comissões e taxas, juros sobre o
principal, etc., relacionadas com o fornecimento de fundos a longo prazo.
Observe-se que, quando as Despesa Financeiras forem parte da política operativa
da empresa, em termos de utilização, ano após ano, de empréstimos bancários a curto
prazo, dever-se-á incluí- las neste item, uma vez que são despesas provenientes do
pagamento à fonte de capitais a longo prazo, incorporando-se à parcela do retorno sobre
os fundos totais. Esta adição, nos moldes descritos, relaciona o pagamento com o
retorno do capital empregado e não deve ser omitido da apuração do lucro. Neste
grupamento devem constar:
- Despesas de Financiamentos;

20
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise de Balanços: Abordagem Básica e Gerencial. 3ª Edição. São
Paulo. Atlas. 1995. pag. 74.

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- Despesas Bancárias;
- Descontos Financeiros Concedidos;
- Juros Pagos;
- Juros Passivos;
- Despesas sobre Empréstimos, etc.

56. RESULTADO FINANCEIRO.


Representa o resultado do balanceamento entre as Receitas e Despesas
Financeiras acima descritas.

57.Resultado da Correção Monetária.


Corresponde ao resultado da aplicação da correção monetária sobre o ativo
permanente e o patrimônio líquido da empresa; quando o patrimônio líquido for
superior ao ativo permanente dá-se um Resultado de Correção Monetária credor,
significando que a companhia ganhou dinheiro com a inflação.
Ao contrário, quando o patrimônio líquido balanceado contra o ativo permanente
resultar maior, caracteriza-se pelo saldo devedor, significando que a empresa perdeu
dinheiro durante o período decorrente da inflação.

58. Variações Monetárias Líquidas a Longo Prazo.


Correspondem às atualizações monetárias e camb iais sobre os financiamentos de
longo prazo, deduzidas das atualizações monetárias sobre eventuais valores recebíveis a
longo prazo. São contas representativas típicas:
- Correção de Empréstimos Eletrobrás;
- Correção Cambial sobre Financiamentos, etc.

59. LUCRO/PREJUÍZO OPERACIONAL 2.


É a resultante da subtração algébrica do Lucro/Prejuízo Operacional I, constante
na linha 53, das rubricas de Despesas/Receitas acima mencionadas. Representa o
produto real gerado pelos valores em operação da empresa, após as considerações dos
itens de alavancagem de capital e impactação da inflação.

60. Provisões Diversas


Representa o somatório de todas as provisões constituídas pela empresa à data
do balanço, exceto aquelas retificadoras do Ativo, direcionadas para Devedores
Duvidosos e Depreciações/Amortizações/Exaustão. Do total das provisões formadas a
débito do Resultado são subtraídas as reversões daquelas constituídas no exercício
anterior e lançadas a crédito daquela demonstração, figurando, nesta rubrica, apenas a
diferença. Se as reversões ultrapassam o montante provisionado, o saldo credor é
considerado em Rendas Não Operacionais.

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61. Resultado de Equivalência Patrimonial.


O método da equivalência patrimonial é definido como o custo, na data de
aquisição, ajustado de acordo com a participação do investidor nos dividendos e nos
lucros ou prejuízos da empresa onde tenha sido feito o investimento, a partir da data do
investimento. Do saldo do investimento, deduzem-se os dividendos recebidos da
empresa onde tenha sido feito o investimento e a participação do investidor nos
prejuízos desta empresa. Ao saldo do investimento é somada a participação do
investidor nos lucros da empresa onde tenha sido feito o investimento.
Horngren cita que o método da equivalência patrimonial é relativamente novo.
Os investimentos a longo prazo em títulos de capital foram contabilizados pelo custo
durante muitos anos pelas empresas americanas e ainda são lançados pelo custo por
empresas controladoras em muitos países”.
Em 1971, a Accout ing Principles Board 21 informou suas conclusões iniciais no
estudo da questão do método a ser utilizado na avaliação dos investimentos em ações de
capital e publicou a opinião nº18: “O método da Equivalência Patrimonial para
Investimentos em Ações de Capital”.
Antes, a APB tinha concluído que a adoção do método da equivalência era mais
apropriado quando o investidor tinha participação majoritária na subsidiária, mas não
executava as demonstrações consolidadas. Foi citado posteriormente que o método do
patrimônio líquido é o mais apropriado, mesmo no caso em que o investidor tenha
significante influência nas finanças e decisões operacionais embora possua menos de
50% das ações com direito a voto, representadas pelas ações ordinárias.
A habilidade para exercer influência na administração é determinada pelos
seguintes fatores:
Representação no quadro da diretoria;
Participação nos processos políticos;
Intercâmbio no pessoal administrativo;
Transações materiais entre as companhias, neste caso a sociedade investidora é a
principal fornecedora de matérias-primas da sociedade investida;
A sociedade investidora oferece assistência técnica ou tecnologia para a
sociedade investida, e
A sociedade investidora é a principal cliente da sociedade investida.
Cabe ressaltar que a influência na administração está no sentido de a investidora,
de alguma forma, ter participação nas decisões tomadas na sociedade investida, porém,
essa ingerência tem de ser até o ponto de não exercer o controle, pois, neste caso, a
sociedade investida seria considerada uma empresa controlada.

21
Accounting Principles Board Opinion No. 18 “The Equity Method of Accounting for Investments in
Common Stock” New York: American Institute of Certified Public Accountants, 1971.

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A principal característica de um investimento avaliado por esse método, advém


que os resultados e quaisquer variações patrimoniais apurados na sociedade investida
devem ser reconhecidos (contabilizados) no momento de sua geração,
independentemente de serem ou não distribuídos.
A principal justificativa para se adotar o método da equivalência patrimonial é
que ele é mais apropriado que o método do custo para se reconhecer aumentos ou
diminuições dos recursos econômicos em que se basearem os investimentos. A
diferença mais marcante entre os dois métodos, de acordo com Horngren, é que o
método do custo permite que a administração influencie o lucro líquido declarado. Por
este método do custo, o lucro líquido declarado pela empresa investidora poderia ser
diretamente afetado pelas políticas de dividendos da empresa onde tenha sido feito o
investimento, pois a empresa investidora poderia ter bastante influência sobre estas
políticas.
Pelo método do patrimônio líquido, o lucro líquido declarado poderia não ser
influenciado pela manipulação das políticas de dividendos.
De acordo com a C.V.M. (Comissão de Valores Mobiliários) 22 , o valor do
investimento pelo método da equivalência patrimonial, será obtido mediante o seguinte
cálculo:
aplicando-se a percentagem de participação no capital social sobre o valor do
patrimônio líquido da coligada e da controlada; e
subtraindo-se, do montante da participação no patrimônio líquido, os lucros não
realizados, líquidos dos efeitos fiscais.
São considerados lucros não realizados aqueles decorrentes de negócios com a
investidora ou com outras coligadas e controladas, quando:
a) o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e controlada e
correspondido por inclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no
balanço patrimonial da investidora; ou

b) o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e controlada e


correspondido por inclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no
balanço patrimonial de outras coligadas e controladas.
Por outro lado, os prejuízos decorrentes de transações com a investidora,
coligadas e controladas, não devem ser eliminados no cálculo da equivalência
patrimonial. Os lucros e os prejuízos, assim como as receitas e as despesas, decorrentes
de negócios que tenham gerado, simultânea e integralmente, efeitos opostos nas contas
de resultado das coligadas e controladas, não serão excluídos para fins de cálculo do
valor do investimento.
O Patrimônio Líquido da coligada e controlada deverá ser determinado com base
nas demonstrações contábeis levantadas na mesma data das demonstrações contábeis da

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122

investidora. Admite-se, entretanto, a utilização de demonstrações contábeis da coligada


e controlada em um período máximo de defasagem de até 60 (sessenta) dias da data das
demonstrações contábeis da investidora. O período de abrangência das demonstrações
contábeis da coligada e controlada deverá ser idêntico ao da investidora,
independentemente das respectivas datas de encerramento. Segundo a C.V.M., admite-
se a utilização de períodos não idênticos, nos casos em que este fato representar
melhoria na qualidade da informação produzida, sendo a mudança evidenciada em Nota
Explicativa. Neste caso, para determinação do valor da equivalência patrimonial, a
investidora deverá:
eliminar os efeitos decorrentes da diversidade de critérios contábeis, em
especial, referindo-se a investimentos no exterior;
excluir o montante correspondente às participações recíprocas;
reconhecer os efeitos decorrentes de eventos relevantes ocorridos no período
intermediário, no caso de demonstrações contábeis levantadas em datas diversas; e
reconhecer os efeitos decorrentes de classes de ações com direito preferencial
de dividendo fixo, dividendo cumulativo e com diferenciação na participação de lucros.

62. LUCRO/PREJUÍZO OPERACIONAL 3


Refere-se ao estágio do Lucro Operacional obtido após a consideração
Receitas/Despesas Não Operacionais
Engloba o resultado das Receitas/Despesas de caráter eventual, não
operacio nais, cuja segregação se torna possível por estarem evidenciadas na
Demonstração de Resultado ou que a consulta direta à empresa permita identificá- las.
Objetiva esse procedimento evitar que despesas alheias à operacionalidade da firma
conduzam a resultados não condizentes com sua realidade.

63. LUCRO/PREJUÍZO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA.

64. PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA/CONTRIBUIÇÃO SOCIAL.


O Imposto de Renda é um encargo que deve gravar o resultado do exercício no
qual se verificou o fato gerador.
Esse procedimento evitará as distorções nos Demonstrativos Financeiros no
sentido de sobrecarregar esta conta mediante a constituição de Provisão específica, o
que, pela adição verificada entre o Imposto a Pagar e Provisão para o Imposto a Pagar,
conduz, naturalmente ao menor dimensionamento do lucro.

65. LUCRO LÍQUIDO OPERACIONAL


Inclui todo o Lucro produzido pelo conjunto de capitais, quer no ativo
operacional, quer no ativo não-operacional. Dessa forma, o conceito de lucro aqui

22
Instrução n. 247, de 27/03/96, da Comissão de Valores Mobiliários, Art. 9.

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123

adotado significa o montante obtido na renda bruta depois de pagas todas as despesas
correspondentes à sua percepção.
Assim sendo, enfatiza-se o fato do lucro líquido operacional significar o produto
dos valores ativos da empresa e não somente do ativo operacional, identificados aqueles
como a fonte direta do resultado caracterizado como lucro do investimento total.

66. DIVIDENDOS, PARTICIPAÇÃO AUTORIZADAS E REVERSÕES


Corresponde aos Dividendos declarados a serem pagos aos acionistas e ao
somatório das Provisões não utilizadas no período, pelo fato de que representando as
mesmas partes do Lucro do exercício anterior, subtraída à distribuição para fazer face a
eventuais prejuízos. Não ocorrendo os mesmos, total ou parcialmente, o saldo daquelas
contas deve retornar à composição do Lucro.
A participação estatutária da Diretoria no lucro apurado no exercício, não vindo
explicitada na Demonstração de Resultado, deve levar o analista a consultar a ata da
Assembléia Geral Ordinária, posterior ao balanço, ou a Demonstração de Resultados
referente ao exercício seguinte, visando fazer a regressão do seu valor no balanço
ajustado.
Inclui-se, nesta rubrica, as retenções do Lucro Líquido operacional para
formação do Fundo de Resgate das Partes Beneficiárias, Debêntures e demais
Obrigações que houverem sido tomadas pela empresa.

67. LUCRO LÍQUIDO DISPONÍVEL


Representa a parcela do Lucro Líquido da empresa disponível para o fluxo de
riqueza acumulada destinada à formação de capital para os proprietários residuais da
empresa. É obtido através da operação algébrica entre o Lucro Líquido Operacional
menos Participações Autorizadas mais Reversões:

68. GERAÇÃO LÍQUIDA DE CAIXA


Representa o volume total de fundos disponíveis à empresa em um dado período
de atividade ( um exercício social, no caso específico ) para fins de reposição de novos
investimentos e pagamento de dividendos. É obtida pelo somatório entre o Lucro
Líquido Disponível com as Depreciações, Amortizações e Exaustão ( 44 + 50) .

DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS OU


DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

De acordo com o artigo 186 da Lei 6.404/76, a empresa pode optar por uma das
duas demonstrações contábeis acima tituladas. A Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados tem como objetivo relatar as modificações ocorridas na conta Lucros ou
Prejuízos Acumulados durante um determinado intervalo de tempo, ao passo que a

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124

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido visa evidenciar as modificações


verificadas nas diversas contas do grupo Patrimônio Líquido durante determinado
período de tempo. Em virtude desta última englobar a anterior e pelo fato da CVM -
Comissão de Valores Mobiliários tornar a Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido obrigatória para as sociedades anônimas de capital aberto (Instrução CVM no
59, de 22/12/1986), esta tem sido objeto das publicações.
Compõe-se esta das seguintes rubricas para cada uma das Contas do Patrimônio
Líquido, a saber, Capital Social, Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação,
Reservas de Lucros, Lucros ou Prejuízos Acumulados ;
O elenco abaixo corresponde ao lado vertical da matriz que é formada em
conjunto com aquelas rubricas, nas titulações das respectivas colunas formatadas em
horizontal, tal como o Mapa fornecido após tais descrições indica.
69 Saldo no Início do Exercício

70. Ajustes de Exercícios Anteriores

71.Aumento de Capital com Correção Monetária do Capital Realizado do


exercício anterior.

72. Integralização em dinheiro do Capital Social e Ágio recebido na emissão de


Ações.
73. Aumento de Ativos por novas avaliações.
74 Realização de Reserva de Reavaliação.

75. Reversões de Reservas de Contingências e de Lucros a Realizar.


76. Destinação aprovada no exercício: Parcela dos lucros incorporada ao Capital.
77. Correção Monetária do exercício.

78. Lucro ou Prejuízo do exercício.


79. Destinações propostas:
Reserva Legal;
Reservas Estatutárias;
Reserva para Contingências;
Lucros Retidos para financ iar Plano de Investimentos;
Reserva de Lucros a Realizar;
Dividendos.

80 Saldo Final do Exercício.

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3 - Material Complementar

3.1 - EXERCÍCIOS

3.1.1 - D.R.E. VERSUS FLUXO DE CAIXA

EXERCÍCIO 01 – EMPRESA COMERCIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 40.000 em que há recebimento de 100% do mesmo
• CMV – corresponde a 60 % da Receita
• Estoque Final – I gual ao valor do CMV
• Política Compras – 100% em 30 dias
• Salários ocorridos e pagos - $ 7.000
• Política - Saldo mínimo caixa = $10.000

EXERCÍCIO 02 – EMPRESA COMERCIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 100.000 em que há recebimento de 60% do mesmo
• CMV – corresponde a 40 % da Receita
• Estoque Final - 50 % do valor do CMV
• Política Compras - pgto 60% e o restante em 40 dias
• Salários - $ 10.000 (pgto 30 % )
• Aluguéis - $ 1.000 por mês (irão ser pagos no final de cada ano)
• Depreciação - 10 % do ativo imobilizado
• Política - Saldo mínimo caixa = $10.000

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EXERCÍCIO 03.1 – EMPRESA COMERCIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 150.000 em que há recebimento de 40% do mesmo
• CMV – corresponde a 60 % da Receita
• Estoque Final – 2/ 3 do valor do CMV
• Política Compras - pgto 75% e o restante em 30 dias
• Salários - $ 20.000 (pgto 30 % )
• Aluguéis - $ 1.500 por mês (irão ser pagos no final de cada ano)
• Seguros - $ 500 por mês, que foram pagos no início do ano
• Depreciação - 10 % do ativo imobilizado
• Política - Saldo mínimo caixa = $10.000 (caso haja necessidade de
empréstimo, o mesmo tem caráter de Curto Prazo)

EXERCÍCIO 03.2 – EMPRESA COMERCIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 150.000 em que há recebimento de 70% do mesmo
• CMV – corresponde a 60 % da Receita
• Estoque Final – 2/ 3 do valor do CMV
• Política Compras - pgto 50% e o restante em 30 dias
• Salários - $ 20.000 (pgto 30 % )
• Aluguéis - $ 1.500 por mês (irão ser pagos no final de cada ano)
• Seguros - $ 500 por mês, que foram pagos no início do ano
• Depreciação - 10 % do ativo imobilizado
• Política - Saldo mínimo caixa = $10.000 (caso haja necessidade de
empréstimo, o mesmo tem caráter de Curto Prazo)

EXERCÍCIO 04.1 – EMPRESA COMERCIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 200.000 em que há recebimento de 40 % do mesmo
• CMV – corresponde a 80 % da Receita
• Estoque Final - 75 % do valor do CMV
• Política Compras - pgto 60% e o restante em 35 dias
• Salários - $ 40.000 (pgto de $18.000)
• Aluguéis - $ 2.000 por mês (irão ser pagos no final de cada ano)
• Seguros - $ 1.000 por mês, que foram pagos no início do ano
• Depreciação - 10 % do imobilizado
• Compra I mobilizado - $ 20.000 – não sofre depreciação
• Saldo mínimo de caixa - $ 10.000

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EXERCÍCIO 04.2 – EMPRESA COMERCIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 200.000 em que há recebimento de 75 % do mesmo
• CMV – corresponde a 80 % da Receita
• Estoque Final - 75 % do valor do CMV
• Política Compras - pgto 40% e o restante em 35 dias
• Salários - $ 40.000 (pgto de $18.000)
• Aluguéis - $ 2.000 por mês (irão ser pagos no final de cada ano)
• Seguros - $ 1.000 por mês, que foram pagos no início do ano
• Depreciação - 10 % do imobilizado
• Compra I mobilizado - $ 20.000 – não sofre depreciação
• Saldo mínimo de caixa - $ 10.000 (caso haja necessidade de empréstimo, o
mesmo tem caráter de Curto Prazo)

EXERCÍCIO 05 – EMPRESA INDUSTRIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 100.000 em que há recebimento de 70 % do mesmo
• CMV – corresponde a 50 % da Receita
• Estoques I niciais:
- $ 20.000 Matéria-prima
- $ 10.000 Produtos em Processo
- $ 20.000 Produtos Acabados
• Estoques Finais:
- $ 30.000 Matéria-prima
- $ 20.000 Produtos em Processo
- $ 10.000 Produtos Acabados
• Política Compras matéria-prima - pgto 50% e o restante em 35 dias
• Mão de Obra Direta (MOD) - $ 15.000 integralmente pagos no período
• Depreciação - 50 % do imobilizado – Comercial – Depreciação de 10%
50 % do imobilizad o – Operacional – Depreciação de 10%
• O Custo I ndireto de Fabricação (CI F), composto de:
- $ 13.000 em gastos que serão pagos dentro do próprio mês; e
- Depreciação do imobilizado operacional
• Salários Mão de obra Administrativa - $ 30.000 (pgto de $25.000)
• Aluguéis - $ 2.000 por mês (irão ser pagos no final de cada ano)
• Seguros - $ 1.000 por mês, que foram pagos no início do ano
• Saldo mínimo de caixa - $ 10.000

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EXERCÍCIO 06 – EMPRESA INDUSTRIAL


Fatos Ocorridos no mês:
• Vendas - $ 200.000 em que há recebimento de 40 % do mesmo
• CMV – corresponde a 60 % da Receita
• Estoques I niciais:
- $ 30.000 Matéria-prima
- $ 30.000 Produtos em Processo
- $ 30.000 Produtos Acabados
• Estoques Finais:
- $ 10.000 Matéria-prima
- $ 10.000 Produtos em Processo
- $ 10.000 Produtos Acabados
• Política Compras matéria-prima - pgto 50% e o restante em 50 dias
• Mão de Obra Direta (MOD) - $ 10.000 integralmente pagos no período
• Depreciação - 50 % do imobilizado – Comercial – Depreciação de 10%
50 % do imobilizado – Operacional – Depreciação de 10%
• O Custo I ndireto de Fabricação (CI F), composto por:
- $ 9.000 em gastos que serão pagos dentro do próprio mês; e
- Depreciação do imobilizado operacional
• Salários Mão de obra Administrativa - $ 40.000 (pgto de $30.000)
• Aluguéis - $ 4.000 por mês (irão ser pagos no final de cada ano)
• Seguros - $ 3.000 por mês, que foram pagos no início do ano
• Saldo mínimo de caixa - $ 10.000

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3.2 - LEITURA COMPLEMENTAR

3.2.1 - RETORNO SOBRE INVESTIMENTO E SUA VELOCIDADE

VOCÊ S.A. - Edição 39 - Ano 4 - Setembro 2001 - pág 72

"Há muitos anos, conduzi um grupo de estudantes a um mercado livre


próximo de Manágua, na Nicarágua. Perguntei a uma mulher que vendia
roupas como ela conseguia o dinheiro para as compras. Ela disse que o to-
mava emprestado a uma taxa de 2,5% ao mês. Um estudante, numa conta
rápida —multiplicou 2,5 por 12 meses — anunciou que a taxa de juros era de
inacreditáveis 30% ao ano. Ela o corrigiu. Acumulado, usando juros compostos,
dava 34% ao ano. Qual era a ta xa de lucro dela? Apenas 5%. Então, como ela
conseguia sobreviver tomando empresta do a uma taxa daquelas? Perturbada
pela estupidez da pergunta, ela gesticulou indicando rotação — giro de
estoque, giro de inventário. Ela sabia que a obtenção de um bom retorno
depende de dois fatores: margem de lucro e velocidade. Se ela vendesse uma
camiseta por 10 dólares, seu lucro seria de apenas 50 centavos. Para pagar os
juros do empréstimo e reabastecer sua barraca, ela tinha de vender roupas
várias vezes todos os dias. Quanto mais rápido vendesse, mais 5% acumulava.
De fato, retorno sobre os ativos nada mais é do que a margem de lucro mul-
tiplicada pela velocidade do ativo. Essa é uma lei universal dos negócios que
pode ser descrita simplesmente assim:

Retomo = Margem x Velocidade

Muitas pessoas focam na margem de lucro, mas desprezam a velocidade.


Aqui temos um ponto em que os presidentes de sucesso dife rem de outros
executivos. Eles nunca deixam de considerar ambas.

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3.3 - ANÁLISE
3.3.1 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA
Apresente a análise econômico-financeira da Cia. Big

19X1 AV 19x2 AV AH 19x3 AV AH


ATI VO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
Circulante 1.960.480 2.269.171 2.933.575
Financeiro 163.634 107.224 87.000
Operacional 1.796.846 2.161.947 2.846.575
Clientes 1.045.640 1.122.512 1.529.061
Estoques 751.206 1.039.435 1.317.514
Realizável a LP 0 0 0
Permanente 765.698 1.714.879 2.719.760

PASSI VO 2.726.178 3.984.050 5.653.335


Circulante 1.340.957 1.406.077 1.957.277
Financeiro 356.798 477.314 834.743
Operacional 984.159 928.763 1.122.534
Exigível a LP 314.360 1.170.788 2.028.231
Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185 1.667.827

31.12.x1 AV 31.12.x2 AV AH 31.12.x3 AV AH


RECEI TA REALI ZADA 5.960.227 124,35% 5.743.114 129,76% -3,64% 7.820.143 133,63% 36,17%
RECEI TA LÍ QUI DA 4.793.123 100,00% 4.425.866 100,00% -7,66% 5.851.586 100,00% 32,22%
Custo dos Prod. Vend 3.621.530 75,57% 3.273.530 73,97% -9,61% 4.218.671 72,10% 28,86%
LUCRO BRUTO 1.171.593 24,45% 1.152.336 26,03% -1,71% 1.632.915 27,90% 41,75%
Despesas
Operacionais
Administrativas 189.205 3,94% 182.419 4,11% -3,70% 242.471 4,14% 32,97%
Vendas 298.394 6,22% 227.225 5,13% -23,83% 227.777 3,90% 0,44%

Financeiras 273.448 5,70% 435.254 9,83% 59,34% 857.363 14,64% 97,01%


LUCRO OPERACI ONAL 410.546 8,58% 307.438 6,94% -25,30% 305.304 5,21% -0,65%
Resultado Não 1.058 - - -
0,02% 0,00% 0,00%
Operacional 100,00%
LUCRO ANTES DO I R 411.604 8,60% 307.438 6,94% -25,49% 305.304 5,21% -0,65%
Provisão para I R 187.863 3,92% 140.322 3,16% -25,53% 139.348 2,38% -0,71%
LUCRO LÍ QUI DO 223.741 4,67% 167.116 3,77% -25,45% 165.956 2,84% -0,60%

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X1 X2 X3 Val

AC
Índice de Liquidez Corrente
PC

Capital de Giro AC - PC

Necessidade de Capital de
ACO - PCO
Giro

Tesouraria ACF - PCF

EBIT
Margem Operacional %
Receita Oper Líquida

Receita Oper Líquida


Rotação do Ativo
ATIVO

Rentabilidade sobre Ativo EBIT


%
Total ATIVO

Lucro Líquido
Rentabilidade sobre PL %
PL

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3.3.2 - ANÁLISE PRAZOS MÉDIOS

CIA IPIRANGA – 98-2000


ANÁLISE FINANCEIRA 2000 1999 1998

LIQUIDEZ
Liquidez Corrente 1,84 1,70 1,44
RENTABILIDADE
Rentabilidade do Ativo 2,86% 6,18% 14,20%
Giro do Ativo 4,54 3,68 3,27
Margem EBIT 0,63% 1,68% 4,35%
Rentabilidade do PL 4,72% 10,29% 21,83%

ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO 2000 1999 1998

Prazo Recebimento 28 27 22
Prazo de Estoques 9 9 5
Ciclo Operacional PMRV +PMRE 37 36 27
Prazo Pagamento 14 12 9
Ciclo de Caixa CO-PMPC 23 24 18

Necessidade de Capital de Giro ACO-PCO 375.040 297.149 113.115


Capital de Giro AC - PC 361.622 299.674 157.804
Tesouraria ACF-PCF -13.418 2.525 44.689

400.000
375.040
350.000
300.000 297.149
250.000
200.000
150.000
100.000 113.115

50.000 44.689
0 2.525
-13.418
-50.000 1998 1999 2000
Necessidade Capital de Giro Saldo Tesouraria

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3.3.3 - ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA - AMBEV


ANTÁRTICA

Balanço Patrimonial (em R$ mil)


CONTAS 31/12/1997 31/12/1998 30/09/1999
ATIVO 3.312.246 3.402.148 3.741.215
Ativo Circulante 857.689 761.544 637.848
AC Financeiro
Disponível e Inv. CP 185.242 126.962 90.703
Outros Créditos CP 0 0 212.897
Adiantamentos 195.079 286.128 44.974
AC Operacional
Duplicatas a Receber 246.240 136.057 85.330
Estoques 231.128 212.397 203.944
Ativo Realizável a Longo Prazo 216.313 296.740 546.991
Ativo Permanente 2.238.244 2.343.864 2.556.376
Investimentos 147.618 136.576 148.016
Imobilizado 1.864.971 1.901.739 1.970.819
Diferido 225.655 305.549 437.541
PASSIVO 3.312.246 3.402.148 3.741.215
Passivo Circulante 762.865 825.202 1.685.059
PC Financeiro
Financiamento CP 291.219 466.390 1.161.950
Debêntures CP 27.451 2.037 22.421
Dividendos a Pagar CP 59.447 23.492 38.929
A Pagar a Controladas CP 34.108 0 0
Outros Empréstimos 85.691 60.385 252.066
PC Operacional
Fornecedores CP 71.771 98.999 91.020
Impostos a Pagar CP 193.178 173.899 118.673
Exigível a Longo Prazo 693.483 655.519 390.423
Patrimônio Liquido 1.855.898 1.921.427 1.665.733

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ANTÁRTICA

Demonstração do Resultado do Exercício (em R$ mil)


CONTAS 31/12/1997 31/12/1998 30/09/1999

Meses 12 12 9
Receita Bruta 2.236.562 2.190.715 1.460.538
Impostos sobre Vendas (803.961) (808.841) (499.634)
Receita Liquida Operacional 1.432.601 1.381.874 960.904
Custo Produtos Vendidos (929.598) (929.889) (605.817)
Lucro Bruto 503.003 451.985 355.087
Despesas Operacionais Próprias (396.851) (389.775) (355.015)
Despesas com Vendas 165.645 186.966 211.051
Despesas Administrativa 231.206 202.779 143.964
Lucro Operacional Próprio 106.152 62.210 72
Resultado Financeiro (99.153) (51.338) (352.885)
Outras Rec. Desp. Operac. 94.043 68.834 227.049
Equivalência Patrimonial (5.415) (3.086) (1.456)
Lucro Operacional 95.627 76.620 (127.220)
Resultado não Operacional (1.009) (4.523) (60.732)
LAIR 94.618 72.097 (187.952)
Provisão I.R. (17.448) (9.473) (30.910)
IR Diferido 0 0 12.658
Partic. Contrib. Estatutária (10.423) (7.861) (784)
Reversão Juros s/ PL 17.500 9.437 14.410
Partic. Acion. Minoritários (45.672) (37.648) (34.236)
Lucro Liquido 38.575 26.552 (226.814)

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135

1997 1998 1999 Val

AC
Índice de Liquidez Corrente
PC

Capital de Giro AC - PC

Necessidade de Capital de
ACO - PCO
Giro

Tesouraria ACF - PCF

EBIT
Margem Operacional %
Receita Oper Líquida

Receita Oper Líquida


Rotação do Ativo
ATIVO

Rentabilidade sobre Ativo EBIT


%
Total ATIVO

Lucro Líquido
Rentabilidade sobre PL %
PL

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BRAHMA

Balanço Patrimonial (R$ mil)


CONTAS 31/12/1997 31/12/1998 31/12/1999
ATIVO 4.303.319 4.669.322 5.425.862
Ativo Circulante 1.678.694 1.959.203 2.723.110
AC Financeiro
Disponível e Inv. CP 884.576 1.081.026 33.643
A Rec. de Controladas 7.446 4.226 0
Adiantamentos 144.381 196.175 2.011.828
AC Operacional
Duplicatas a Receber Líq. 327.538 305.091 294.306
Estoques 314.753 372.685 383.333
Realizável a Longo Prazo 316.999 343.755 553.094
Permanente 2.307.626 2.366.364 2.149.658
Investimentos 11.719 38.377 61.162
Imobilizado Líquido 2.154.619 2.115.962 1.898.580
Diferido 141.288 212.025 189.916
PASSIVO 31/12/1997 31/12/1998 31/12/1999
Passivo Total 4.303.319 4.669.322 5.425.862
Passivo Circulante 1.465.294 1.573.119 1.889.123
PC Financeiro
Financ. Moeda Estrg. CP 710.630 679.170 791.843
Financ. Moeda Nacion. 0 219.579 251.085
Dividendos a Pagar CP 71.230 99.438 101.870
Provisões CP 121.477 49.242 0
Outros Empréstimos 40.305 70.275 156.655
PC Operacional
Fornecedores CP 291.261 255.093 315.774
Impostos a Pagar CP 230.391 200.322 271.896
Exigível LP 1.433.923 1.617.337 1.872.645
Patrimônio Liquido 1.404.102 1.478.866 1.664.094

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137

BRAHMA

Demonstração dos Resultados (R$ mil)


CONTAS 31/12/1997 31/12/1998 31/12/1999

Receita Bruta 5.840.249 7.005.073 6.846.479


Impostos sobre Vendas (3.060.801) (3.849.399) (3.598.205)
Receita Liquida Operacional 2.779.448 3.155.674 3.248.274
Custo Produtos Vendidos (1.625.038) (1.799.726) (1.905.053)
Lucro Bruto 1.154.410 1.355.948 1.343.221
Despesas Operac. Próprias (764.494) (902.456) (929.787)
Despesas com Vendas 463.668 695.622 576.236
Despesas
300.826 206.834 353.551
Administrativas
Lucro Operac. Próprio 389.916 453.492 413.434
Resultado Financeiro (166.722) (277.660) (307.477)
Outras Rec. Desp. Operac. 175.954 (1.453) 9.042
Lucro Operacional 399.148 174.379 114.999
Resultado não Operacional 29.849 36.896 37.389
LAIR 428.997 211.275 152.388
Provisão I.R. (53.659) (34.374) (29.594)
IR Diferido 0 0 12.009
Partic. / Contrib. Estatutária (36.091) (3.224) (39.866)
Participações Estatutárias 0 0 39.866
Rever Juros s/ PL 114.671 144.290 178.169
Partic. Acion. Minoritários (2.405) (11.131) (14.019)
Lucro Liquido 451.513 306.836 259.087

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1997 1998 1999 Val

AC
Índice de Liquidez Corrente
PC

Capital de Giro AC - PC

Necessidade de Capital de
ACO - PCO
Giro

Tesouraria ACF - PCF

EBIT
Margem Operacional %
Receita Oper Líquida

Receita Oper Líquida


Rotação do Ativo
ATIVO

Rentabilidade sobre Ativo EBIT


%
Total ATIVO

Lucro Líquido
Rentabilidade sobre PL %
PL

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AMBEV

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3.4 EBITDA
"EBITDA: a busca de uma melhor compreensão do maior vox populi do
mercado financeiro"

1 – Aspectos Introdutórios
“A era da inovação criou mercados hipercompetitivos. Os compradores estão
mais informados a respeito das ofertas dos concorrentes, mais conscientes em relação ao
preço e mais exigentes quanto às características dos produtos e serviços, do que em
qualquer outra época e em qualquer outro mercado”. 23 Este cenário exige que o
empreendedor moderno saiba colher as informações certas a fim de que se possam
reduzir as incertezas para a tomada de decisão.
Percebe-se que no momento atual, a contabilidade torna-se imprescindível na
disponibilização de ferramentais gerenciais, afinal “é a ciência que se preocupa com a
identificação, mensuração e informação dos recursos alocados a uma determinada
entidade, além dos eventos econômicos que a afetaram e/ou que poderão afetá- la,
objetivando demonstrar sua situação econômica, financeira e física, satisfazendo, assim,
às necessidades informativas de seus usuários na avaliação das decisões a serem
tomadas”. 24
Um dos mais dinâmicos instrumentos informacionais que a contabilidade
fornece é a análise econômica-financeira consolidada através do cálculo de índices e
subsequente exame dos mesmos. Índice é a “relação entre os va lores de qualquer
medida ou gradação” que “indica alguma qualidade ou característica especial”. 25 Ou
seja, o processo de apreciação das demonstrações financeiras é totalmente vinculado à
informação e ao disclosure, cujo fundamento está em consonância com os objetivos da
Contabilidade.
Dentre dos vários índices contábeis existentes, um vem se destacando dentre os
demais: o EBITDA. Este trabalho analisará os atributos do indicador, ponderando
também sobre a importância da contabilidade frente à essência informacional do
EBITDA a fim de serem evitados erros de interpretação e divulgação.

2 – Definição
Atualmente, entre as siglas financeiras, o EBITDA talvez seja a mais popular.
EBITDA significa Earnings before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization. No

23
KOTLER, Philip, JAIN, Dipak C. e MAESINCEE, Suvit. Marketing em ação. Rio de Janeiro: Campus,
2002. Pág 06.
24
IUDÍCIBUS, Sérgio de. In RIBEIRO, Maisa de Souza. Contabilidade e Meio Ambiente. Dissertação de
Mestrado, FEA/USP. São Paulo, 1992. Pág. V.
25
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1986. Pág 937.

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141

Brasil existe o (traduzido) LAJIDA - Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e
Amortização.
Seu cálculo é bastante simples. Parte da premissa de obter informações
estritamente operacionais de uma empresa. Portanto, para seu cálculo, inicia-se pelo
Lucro Operacional. Assim, os Impostos sobre o lucro (taxes) não estarão inclusos no
cômputo. Isso porque tanto o imposto de renda e a contribuição sobre lucro geralmente
são influenciados por outros itens não operacionais.
Do Lucro Operacional, expurga-se as Receitas Financeiras e Despesas
Financeiras (Interest). De uma maneira genérica, pode-se afirmar que as receitas
provenientes das aplicações no mercado financeiro são inerentes ao gerenciamento de
investimentos, não relativo, portanto, a decisões operacionais da empresa. Da mesma
maneira, as decisões que acarretam em juros “são um custo de recursos, e refletem uma
escolha de financiamento”26.
Ao fim do cálculo, implicará em uma sigla também muito conhecida que é o
EBIT (Earnings before Interests and Taxes), definido como o lucro que a empresa
obteve proveniente das decisões operacionais da organização.
A última etapa consiste em eliminar as depreciações, amortizações e exaustões
(depreciation and amortization), visto que as mesmas não representam desembolso por
já terem produzido efeito caixa no passado. O EBITDA demonstra, portanto, uma
aproximação do fluxo de caixa gerado apenas pelas atividades básicas de uma entidade.

2.1 – Exemplo
A Demonstração de Resultado de Exercício da empresa Coelho apresenta:
DRE da empresa Coelho S.A. – Ano R$
2004.
Receita Operacional Bruta: 13.000,00
(-) Deduções da Receita Bruta: (1.700,00)
(= ) Receita Operacional Líquida: 11.300,00
(-) Custo dos Produtos Vendidos: (7.000,00)
(= ) Lucro Bruto: 4.300,00
(-) Despesas Operacionais: (2.000,00)
Despesas com Vendas e (1.200,00)
Administrativas:
Resultado Financeiro (800,00)
(= ) Lucro Operacional: 2.300,00

26
SCHRAND, Cathy in Já é hora de se livrar do EBITDA?
http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&ID=503

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Como já mencionado, para calcular o EBITDA, deve-se eliminar do Lucro


Operacional o Resultado Financeiro e o valor total da depreciação, amortização e
exaustão do Ativo Permanente que, normalmente, já está diluído tanto nas Despesas
Operacionais, como nos Custos dos Produtos Vendidos. Assim, calcula-se o EBITDA
seguindo o quadro abaixo:

DRE da empresa Coelho S.A. – Ano R$


2004.
Receita Operacional Bruta: 13.000,00
(-) Deduções da Receita Bruta: (1.700,00)
(= ) Receita Operacional Líquida: 11.300,00
(-) Custo dos Produtos Vendidos: (7.000,00)
(= ) Lucro Bruto: 4.300,00
(-) Despesas Operacionais: (1.200,00)
Despesas com Vendas e (1.200,00)
Administrativas:
(= ) EBI T 3.100,00
(+ ) Depreciação, Amortização e 250,00
Exaustão.
(= ) EBI TDA 3.350,00
(= ) EBI TDA em % 25,77%

3 – Críticas ao EBITDA
Para tornar as decisões mais assertivas, é indispensável que o gestor, ao utilizar
os índices contábeis de uma análise econômica- financeira, tenha o controle preciso das
características inerentes ao EBITDA. Portanto, serão discutidas tanto as capacidades
informativas do indicador, como as distorções que o mesmo pode causar a um estudo.

3.1 – Contribuições informacionais do EBITDA

Há inúmeros benefícios que tornam o EBITDA fundamental a tomada de


decisão do gestor. O EBITDA é considerado um indicador muito importante, pois se
propõe a medir a eficiência do empreendimento, visto que demonstra o potencial de
geração de caixa derivado de ativos genuinamente operacionais desconsiderando a
estrutura de ativos e passivos e os efeitos fiscais, ou seja, o montante de recurso
efetivamente gerado pela atividade fim do negócio e se o mesmo é suficiente para
investir, pagar os juros sobre capital de terceiros e as obrigações com o governo e
remunerar os acionistas.

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Esta compilação permite, ainda, que o gestor possa confrontar diversas empresas
sem influência das decisões de investimento e financiamento, maximizando, assim, sua
sensibilidade quanto a produtividade e eficiência do negócio. Além disso, esta
comparabilidade estende-se globalmente. Com o EBITDA, eliminou-se diferentes
exigências fiscais e grande parte dos efeitos dos diversos princípios contábeis
existentes. Por exemplo, a contabilização da depreciação no Brasil pode ser distinta das
regras americanas, através do FASB27 , ou européias, através do IASC 28 . “Por isso, ele é
uma ferramenta muito útil quando uma empresa resolve comparar-se com um
concorrente ou globalizar suas operações". 29

O mercado valoriza ainda mais a variação percentual de crescimento ou queda


do EBITDA em relação ao período anterior do que o valor do EBITDA isoladamente.
Este percentual mostra aos investidores se a empresa em questão conseguiu ser mais
eficiente ou aumentar sua produtividade.
É natural encontrar nos relatórios das companhias abertas referências ao
EBITDA, como demonstrado na divulgação dos resultados da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN)30 :
“No quarto trimestre de 2002, o EBITDA apresentou um acréscimo de 103,6%,
tendo alcançado R$ 783 milhões. A margem de EBITDA (EBITDA/Receita líquida)
ficou em 52,4%, com variação positiva de 9,00 % em relação ao mesmo período de
2002. No ano, o EBITDA alcançou R$ 2,15 bilhões, com crescimento de 69,1% e
margem de 46,7%, mantendo-se como uma das mais altas da siderurgia mundial”.

Isto ajuda a promover também um melhor posicionamento e projeção sobre os


resultados futuros da empresa, afinal:
Não se avalia uma empresa pelo que ela produz de lucros, mas sim de caixa.
Afinal, no lucro estão incluídos os valores de depreciação, amortização e exaustão que
representam recuperação de investimento já feito, mas pela empresa. 31

O EBITDA também pode ser indicado percentualmente, como demonstrado no


exemplo em que a Empresa Coelho obteve uma margem EBITDA de 25,77 %, ou seja,
a cada real de receita gerou-se praticamente 26 centavos em caixa operacional. Com
esta informação, há a possibilidade do gestor estabelecer as metas de desempenho para
o ano e estimar cenários futuros.

27
Financial Accounting Standards Board
28
International Accounting Standards Committee
29
GRADILONE, Cláudio. Para que serve o EBITDA. Exame. Ano 36, edição 772, n° 16, 07/08/2002.
Pág 09.
30
http://www.csn.com.br
31
Boletim IOB 10/98. Temática Contábil e de Balanços: Avaliando a Empresa (I). Pág
04.

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3.2 – Miopia informativa do EBITDA


Buscando evitar o uso de informações que podem induzir a decisões errôneas, é
necessário um aprofundamento das falhas na utilização deste índice.
Quando adquiriu notoriedade na década de 70, o EBITDA era usado como uma
medida temporária, para analisar somente o período que uma companhia, investindo em
infra-estrutura, iria levar para prosperar no longo prazo. Na tentativa de expurgar itens
que não eram diretamente resultantes das atividades básicas, muitos gestores pensaram
ser possível realizar uma análise mais exata e uma comparação das “principais
operações” das empresas, pois teriam uma medida da performance futura a partir de
uma “demonstração modificada de fluxo de caixa”.
Entretanto, o investidor não pode confundir EBITDA com Geração de Caixa,
pois “não corresponde ao efetivo fluxo de caixa físico já ocorrido no período porque
parte das vendas pode não estar recebida e parte das despesas pode não estar paga”. 32
Ou seja, mesmo que muitas variáveis da Geração Operacional de Caixa sejam comuns
ao do EBITDA, despesas com investimentos e variação da necessidade de capital de
giro, por exemplo, são fundamentais para o detalhamento da geração de caixa e não
estão incluídas no cálculo do índice em questão. Neste sentido, há uma problemática
quanto à avaliação de uma empresa visto que o valor da mesma está correlacionado a
um conceito de capital, e este valor vem do fluxo de caixa livre no futuro.
Além disso, é natural que as empresas possuam dívidas para alavancar sua
operação. Portanto, normalmente suas despesas financeiras são superiores às suas
receitas financeiras, o que pode representar uma saída relevante de caixa. Despesas com
Imposto de Renda e Contribuições também são naturais para as empresas com lucros
operacionais. Por ignorar muitas fontes de saída de capital, como investimentos em bens
duráveis, uma empresa poderia atingir um EBITDA excepcional, mas não dispor de
capital suficiente para bancar seus juros e outros pagamentos.
Consequentemente, o EBITDA normalmente é superior ao Lucro Líquido
podendo, inclusive, apresentar EBITDA positivo e prejuízo líquido. Por isso, o
investidor precisa tomar cuidado quando o desempenho da empresa é informado apenas
através deste índice, tendo em vista que o mesmo pode estar escondendo realidades
como da Charter Communications, “uma companhia com valor de mercado de US$ 4,1
bilhões que alcançou US$ 1,8 bilhão em EBITDA no ano de 2001”. 33 Simultaneamente,
apresentou um prejuízo de US$ 1,2 bilhão. Da mesma forma, a Cablevision Systems
Corp. obteve mais de US$ 6 bilhões de EBITDA nos últimos três anos. “Neste mesmo

32
MARTINS, Eliseu. EBITDA, o que é isso? Informações Objetivas, Caderno temática
contábil e balanços, São Paulo. Informações Objetivas IOB, n. 19, 1997. Pág 01.
33
BYRNES, Nanette e LOWRY, Tom. A different yardstick for cable. BusinessWeek, New York, set.
2002. Pág 38.

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período (2000 a 2002), a empresa reportou geração líquida de caixa negativa e o valor
de suas ações despencou 75%”34 .
Estes fatos têm transformado companhias sobrecarregadas em endividamento
em "máquinas de fazer dinheiro" para alguns leigos. De qualquer forma, é preciso estar
atento que Lucro Líquido ou EBITDA não são condicionantes básicos para a
perpetuidade de uma empresa, mesmo que esta seja líder mundial de mercado, como
segue o exemplo da Parmalat35 . Apesar dos números demonstrarem aparentemente uma
boa saúde, inclusive evidenciando um aumento da margem EBITDA, percebeu-se no
noticiário do início do ano um escândalo sem precedentes na Europa.

No Brasil pode-se utilizar o exemplo da VARIG36 : “Apesar da série de medidas


tomadas no ano passado (2002) para redução de custos e do fechamento de parcerias
para amortização de dívidas e injeção de recursos, a VARIG fechou o primeiro trimestre
de 2002 com um prejuízo de R$ 135 milhões”. Entretanto, “a geração de caixa das
operações resultado da atividade antes da depreciação e amortização do EBITDA
totalizou R$ 95 milhões”.
Isso faz com que a credibilidade do índice fique abalada. Jordan Rohan37 , por
exemplo, após recalcular as projeções de ganhos não utilizando como norte o EBITDA,
reduziu seu alvo de preço em quatro ações da mídia: Clear Channel Communications;
AOL Time Warner, Inc.; Walt Disney Co. e Viacom, Inc.
Outra censura está associada ao alto volume de aquisições alavancadas nos anos
80. Tal cenário propiciou uma maior atratividade ao EBITDA, pois havia o consenso
que o mesmo fosse um bom indicador da capacidade de uma empresa cumprir com o
pagamento de suas obrigações. Isto era possível a partir de uma projeção de crescimento
do EBITDA somado a possibilidade de que a empresa poderia administrar muito mais

34
FAVARO, Paul. The Evils Of EBITDA.
http://www.fleetcapital.com/resources/capeyes/a03-04-211.html
35
http://www.24oreborsaonline.ilsole24ore.com/Contribuzioni/SchedeAnalisti2/Studi/prev_166.pdf
36
www.qualidadeaeronautica.com.br/ Fiquepordentro.maio.htm
37
Já é hora de se livrar do EBITDA?
http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&ID=503

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dívidas, o que não é verdade se não ocorrer simultaneamente uma boa administração do
Capital de Giro e controle dos Ciclos Operacional e Financeiro.
Além disso, a estrutura dessas aquisições era contabilizada nos Estados Unidos a
partir do método da integração global (em contraposição ao método da equivalência
patrimonial, que foi definitivamente eliminado pelo FASB mais tarde). De acordo com
este método, os ativos adquiridos em uma combinação de negócios geralmente são
registrados pelo comprador em seu justo valor de mercado (Fair value), o qual pode ser
significativamente mais alto que o valor contábil.
"Como a contabilidade de integração global resultou em aumento do valor dos
ativos, também desencadeou despesas maiores com depreciação", explica Neuhausen38 .
“O EBITDA foi visto como uma maneira de comparar o desempenho da empresa antes
e depois de uma aquisição alavancada; foi também considerado um modo de comparar
empresas que realizavam essas aquisições com empresas que não o faziam. Mas as
despesas associadas ao serviço da dívida são custos reais, e custos reais não podem ser
ignorados”.

3.2.1 – Exemplo da miopia do EBITDA


Será desenvolvido a seguir um dos casos mencionados acima sobre como o
EBITDA pode tornar “nebulosa” a análise empresarial.
Supondo que duas empresas, do mesmo segmento, posicionamento e estrutura,
apresentam, coincidentemente, o seguinte balanço no final de dezembro de 2004:

BALANÇO PATRI MONI AL – EMPRESAS α LFA E β ETA


Dez/ 2004 Dez/ 2004
Caixa + Aplicações 20.000,00 Aluguéis a Pagar 5.000,00
Contas a Receber Salários a Pagar 1.000,00
Estoque 30.000,00 Fornecedores
Seguros Pagos Empréstimos CP
6.000,00
Antecipadamente Empréstimos LP 30.000,00
Ativo Circulante 56.000,00 PC + ELP 36.000,00
I mobilizado 150.000,00 Capital 128.000,00
(-) Depreciação Acum (30.000,00) Lucros Acumulados 12.000,00
Ativo Per manente 120.000,00 Patrimônio Líquido 140.000,00
ATI VO TOTAL 176.000,00 PASSI VO TOTAL 176.000,00

Em Janeiro, ocorrem os seguintes fatos:


Vendas - $ 150.000
Custo das Mercadorias Vendidas – para o mês, representa 60 % da Receita

38
Já é hora de se livrar do EBITDA? Op cit.

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Compras - $ 100.000 em me rcadorias


Salários - $ 20.000 - pagamento de 30 %
Aluguéis - $ 1.500 por mês que irão ser pagos no final de cada ano
Seguros - $ 1.000 por mês, que já foi antecipadamente pago
Depreciação - 1 % a.m. sobre o total de ativo imobilizado
Juros Empréstimo de Lo ngo Prazo - 2,0% a.m. – serão pagos no final do mês
Imposto de Renda – 15% do LAIR – serão pagos no final do mês
Depreciação - 1 % a.m. sobre o total de ativo imobilizado
Política - Saldo mínimo caixa = $10.000 (caso haja necessidade de empréstimo,
a ser realizado no final do mês, o mesmo tem caráter de Longo Prazo com juros de 4,5%
a.m.. Caso haja sobra, poderá ser realizado aplicações no final do mês com taxa de
1,25% a.m.)

A única diferença entre as empresas consiste nos prazos médios de pagamento e


recebimento. Enquanto a empresa αLFA recebe 30% da receita no próprio mês e o
restante em 30 dias, a empresa βeta recebe 70% à vista e o restante em 40 dias. Quanto
ao pagamento, a empresa αLFA paga 80% de suas compras à vista e o restante em 30
dias, enquanto a empresa βeta paga metade à vista e o restante em 35 dias. Realizando
os lançamentos pertinentes, o cenário das duas empresas passaria a ser:

EMPRESA α LFA
BALANÇO PATRI MONI AL
jan/ 2005 jan/ 2005
Caixa + Aplicações 10.000,00 Aluguéis a Pagar 6.500,00
Contas a Receber 105.000,00 Salários a Pagar 15.000,00
Estoque 40.000,00 Fornecedores 20.000,00
Seguros Pagos Empréstimos CP 36.910,00
5.000,00
Antecipadamente Empréstimos LP 30.000,00
Ativo Circulante 160.000,00 PC + ELP 108.410,00
I mobilizado 150.000,00 Capital 128.000,00
(-) Depreciação Acum (31.500,00) Lucros Acumulados 42.090,00
Ativo Permanente 118.500,00 Patrimônio Líquido 170.090,00
ATI VO TOTAL 278.500,00 PASSI VO TOTAL 278.500,00

DEMONSTRAÇÃO RESULTADO EXERCÍ CI O


Receita Líquida 150.000,00
(-) CMV 90.000,00
(= ) Lucro Bruto 60.000,00
(-) Despesas Operacionais 24.000,00

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(= ) Lucro Operacional 36.000,00


(-) Resultado Financeiro 600,00
(= ) LAI R 35.400,00
(-) I R 5.310,00
(= ) Lucro Líquido 30.090,00

(= ) Lucro Operacional 36.000,00


+ Depreciação 1.500,00
EBI TDA 37.500,00

EMPRESA βETA
BALANÇO PATRI MONI AL
jan/ 2005 jan/ 2005
Caixa + Aplicações 63.090,00 Aluguéis a Pagar 6.500,00
Contas a Receber 45.000,00 Salários a Pagar 15.000,00
Estoque 40.000,00 Fornecedores 50.000,00
Seguros Pagos Empréstimos CP
5.000,00
Antecipadamente Empréstimos LP 30.000,00
Ativo Circulante 153.090,00 PC + ELP 101.500,00
I mobilizado 150.000,00 Capital 128.000,00
(-) Depreciação Acum (31.500,00) Lucros Acumulados 42.090,00
Ativo Permanente 118.500,00 Patrimônio Líquido 170.090,00
ATI VO TOTAL 271.590,00 PASSI VO TOTAL 271.590,00

DEMONSTRAÇÃO RESULTADO EXERCÍ CI O


Receita Líquida 150.000,00
(-) CMV 90.000,00
(= ) Lucro Bruto 60.000,00
(-) Despesas Operacionais 24.000,00
(= ) Lucro Operacional 36.000,00
(-) Resultado Financeiro 600,00
(= ) LAI R 35.400,00
(-) I R 5.310,00
(= ) Lucro Líquido 30.090,00

(= ) Lucro Operacional 36.000,00


+ Depreciação 1.500,00
EBI TDA 37.500,00

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Percebe-se que as duas empresas apresentam liquidez, endividamento e capital


de giro distintos, entretanto, ambos os índices EBITDA são os mesmos. Obviamente, se
um gestor soubesse apenas o indicador em questão tomaria decisões totalmente
diferentes daquele que não ignorasse todas as circunstâncias das empresas.

4 – A Contabilidade
O uso correto da contabilidade torna-se indispensável ao sucesso organizacional,
afinal “o sistema contábil é o principal – e o mais confiável – sistema de informação
quantitativo em (...) todas as organizações”, 39 pois é, basicamente, o único “meio de
coletar, resumir, analisar e relatar informação acerca dos negócios”40 de uma empresa,
sendo, assim, a linguagem empreendedora aos usuários, ou seja, à “toda pessoa física ou
jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada
entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo
patrimônio familiar”. 41
Independente dos mais variados usuários contábeis, o objetivo da contabilidade é
fornecer a eles, “um conjunto básico de informações que, presumivelmente, deveria
atender igualmente bem a todos”. 42 Ao proprietário da empresa importa,
fundamentalmente, detectar problemas e pontos fortes existentes para, a partir daí, traçar
estratégia no sentido de corrigir as falhas ou aproveitar as oportunidades. Já ao analista
externo interessa saber da viabilidade ou não da aplicação de recursos na empresa. A
ótica do analista, pois, é que determinará os caminhos a serem trilhados pelo investidor.
Deste modo, os investidores compram ações esperando receber dividendos e um
aumento no valor da ação. Os credores emprestam dinheiro com a expectativa de
receber de volta juros e o principal. Ambos os grupos assumem o risco de não receber
os retornos esperados. Utilizam a contabilidade e empregam a análise de balanço para
(1), prever o lucro esperado e (2), acessar os riscos associados a este lucro. Desta forma,
segundo Sardinha, 43 permite-se:
Projetar os Demonstrativos Econômico Financeiro, baseado em informações
passadas;
Fazer comparações com outras empresas do ramo, permitindo inferir quem está
melhor, pior ou na média;

39
HORNGREN, Charles T., et al. Contabilidade de custos. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. Pág 02.
40
ANTHONY, Robert N. Contabilidade gerencial. Tradução de Management accounting principles, por
Luiz Aparecido Caruso. São Paulo: Atlas, 1975. Pág 17.
41
FIPECAFI. Manual de contabilidade das sociedades por ações. 4. ed. rev. e atual. São
Paulo: Atlas, 1994. Pág 59.
42
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1997. Pág 19.
43
O Doutor José Carlos Sardinha é professor do Programa de Mestrado em Ciências
Contábeis da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Coordenador da Fundação
Getulio Vargas.

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150

Em resumo: gerar percepções aos interessados na entidade econômica, de forma


a inferirem quanto à performance, investimento ou risco e deles extrair os diversos
indicadores que lhe forneçam as informações desejadas.

Neste contexto, visando evidenciar determinado aspecto da conjuntura de uma


organização, é fundamental o cálculo dos índices, ou seja, o resultado da comparação
entre grandezas, estabelecido a partir da relação entre contas ou grupo de contas dos
Demonstrativos Financeiros. Sua posterior análise serve como termômetro na avaliação
da saúde financeira de uma entidade, afinal, na busca em obter uma maior sensibilidade
de desempenho, os ind icadores ajudam “no processo de clarificação do entendimento da
situação da empresa e objetiva detectar situações, verificar tendência dos
acontecimentos e dar subsídios para que a administração da companhia enfatize os
esforços nas direções necessárias”. 44

4.1 – Essência Informativa


A dinâmica dos negócios tem motivado a agilização dos gestores na tomada de
decisão, o que passou a exigir medidas modernas da contabilidade a fim de melhor
“fornecer informações sobre o desempenho da administração e da companhia aos
usuários”. 45 Na busca por tais medidas, que ajudariam na identificação de pontos fracos
e prejudiciais à eficiência e eficácia empresarial, um conjunto de indicadores financeiros
não-tradicionais foi desenvolvido, merecendo destaque o EVA (Economic Value
Added), o MVA (Market Value Added) e o EBITDA.
Ou seja, “o objetivo da Contabilidade praticamente permaneceu inalterado ao
longo dos anos; as mudanças substanciais verificaram-se nos tipos de usuário e nas
formas de informação que têm sido demandadas”, 46 exigindo-se uma flexibilidade da
informação contábil e conseqüente adequação desta ciência aos anseios dos usuários,
por meio da criação de índices personalizados. Neste sentido, cada expressão contábil
será aproveitada, desprezada ou adaptada para tornar-se mais útil a complexidade
informativa dos mais diferentes grupos de “clientes”. Por exemplo, ao mesmo tempo em
que, para uns, “a última linha da DRE não diz nada sobre a saúde da empresa”, para
outros o Lucro Líquido é um número universal (sem contar naqueles que, a partir deste
resultado contábil, calculam o resultado econômico).
Quais destes três personagens fictícios estão certos? Pode-se dizer que todos
estão, pois primordialmente, a relevância dos dados está profundamente relacionada aos

44
PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil.
São Paulo: Atlas, 1996. Pág 76.
45
MAHER, Michael. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas,
2001. Pág 44.
46
COLARES, Marcelle e PONTE, Vera Maria Rodrigues. A prática da evidenciação de informações
avançadas e não obrigatórias nas demonstrações contábeis das empresas brasileiras. XXVII ENAMPAD.
São Paulo. Setembro 2003. Pág. 02.

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objetivos pretendidos da análise, por isso a obrigatoriedade de defini- los


detalhadamente. Para o indivíduo que deseja estudar apenas a gestão de capital de giro
de curto prazo da empresa, o Lucro Líquido pode não ser importante. O investidor que
deseja saber quanto irá receber de dividendos, vigiará o mesmo lucro com muita
atenção. Já do ponto de vista do profissional que vislumbra que uma atividade torna-se
lucrativa quando a receita total cobrir todos os custos de oportunidade, explícitos e
implícitos 47 , o mesmo deve calcular o lucro econômico.
Resumidamente, dependendo do grau de complexidade do estudo, diversas
compilações podem ser formuladas a partir dos demonstrativos contábeis. Entretanto,
para evitar qualquer deslize na análise da nova formatação, a essência informacional do
índice utilizado também tem que estar convenientemente dimensionada. Pode-se definir
que a essência do EBITDA não está correlacionada com a precisão numérica, mas sim
em consonância com a tempestividade e comparabilidade da informação.
Quanto à tempestividade, é perceptível que torna-se inútil para o gestor usar a
ferramenta mais precisa, se a mesma não tenha sido utilizada no momento correto.
Observa-se que as companhias raramente divulgam sua demonstração de fluxo de caixa
completa no momento em que anunciam os seus ganhos, então os investidores teriam
que esperar semanas até que os resultados trimestrais sejam divulgados de forma a
conseguir os detalhes que eles precisam para calcular os números reveladores. Deste
modo, os gestores acabam buscando ferramentas que possam consubstanciar a decisão e
“ficaram confortáveis com o EBITDA, que era tido como algo parecido com o Fluxo de
Caixa, mesmo que ele exclua expressamente alguns custos de caixa”, 48 em que, segundo
Martins 49 , realmente não é seu objetivo demonstrar fielmente a geração de caixa, mas
busca representar “o potencial de geração genuinamente operacional de caixa”.
Quanto à comparabilidade, o decisor deseja confrontar empresas do mesmo
ramo independente de sua estrutura de ativos e passivos. Pondera-se, portanto, que o
EBITDA funciona como um minimizador das limitações da análise financeira que,
dentro de algumas, destaca-se:
“Ao comparar os índices de determinada empresa com índices de outras
empresas, é necessário que se levem em consideração diferenças entre elas – utilização
de diferentes métodos contábeis, diferentes métodos operacionais, diferentes tipos de
financiamento”. 50

47
MANKIW, Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro:
Editora Campus, 1999. Pág 269.
48
BYRNES, Nanette e LOWRY, Tom. Op cit. Pág 38.
49
MARTINS, Eliseu. Op cit. Pág 01.
50
ATICKNEY, Clyde P. Contabilidade financeira: uma introdução aos conceitos, métodos e usos. São
Paulo: Atlas, 2001. Pág 254.

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Além disso, cabe ao analista se preocupar também com o ambiente do negócio


vinculado à empresa, afinal antes de iniciar uma análise “fria”, deve-se saber pesquisar
e compreender o próprio empreendimento a ser examinado.
O segmento de aluguel de carros pode ser utilizado como exemplo. Se o
EBITDA for utilizado sem entendimento do contexto operacional como um todo, o
gestor fará o cálculo simples descrito acima. O que passará despercebido é que ele não
considerará, por exemplo, o resultado com a venda dos carros, contabilizada como
Resultado Não Operacional. Este fato, na verdade, faz parte da “cultura operaciona l
normal” do segmento, pois a entidade, após dois ou três anos deve vender seu
imobilizado para financiar novas aquisições e, assim, ter um diferencial mercadológico
de ter uma frota recente.
Neste sentido, o próprio EBITDA pode produzir “versões” para torná-lo mais
completo e adequado. Alguns deles podem ser descritos:

EBITDAL - Earnings before Interest, Taxes, Depreciation, Amortization, and


Leasing – Além das variáveis contempladas no indicador tradicional, este índice
também elimina as despesas de leasing, visando maior comparabilidade de fatores
resultantes apenas de decisões operacionais. Diferencia-se, por exemplo, aquela que
adquiriu imóveis daquela que comprou os mesmos através de operações financeiras. O
leasing aqui é visto como uma decisão de financiamento da empresa. Exemplo 51 :
ShopSite, Inc. reports that it had a net profit for the recently completed 2001
fiscal year based upon EBITDAL.

EBITDAR - Earnings before Interest, Taxes, Depreciation, Amortization, and


Restructuring Costs – Com o mesmo preceito estabelecido no indicador anterior, este
elimina os custos de reestruturação, ou seja, tenta expurgar itens que são próprios da
decisão de investimento, como se duas empresas, apesar de serem do mesmo ramo,
diferem uma da outra porque a primeira comprou o imóvel onde hoje é a fábrica, mas a
segunda preferiu alugar uma fábrica de terceiros. Para comparação, retiram-se do
cálculo a depreciação da fábrica (que incorre na primeira) e as despesas de aluguel (que
ocorre na segunda). Exemplo 52 :
A Iberia anunciou em Madrid que registou um lucro de 135 milhões de euros
nos nove primeiros meses do ano. Neste período o EBITDAR atingiu 533 milhões de
euros, o que representa uma margem sobre as receitas de 15,5 por cento.

EBITDAX - Earnings before Interest, Taxes, Depreciation, Amortization, and


Exploration Expenses – Este índice, muito utilizado pelas empresas de energia, tem
objetivo de expurgar do cálculo as despesas de exploração. Neste segmento, o montante

51
http://www.shopsite.com/news_2001_profit.html
52
http://www.addsolutions.pt/aeropress/ap2003/noticiasdia.asp?noticia=3446

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destas despesas é consideravelmente relevante, assim, busca-se uma maior informação a


respeito do operacional de uma empresa, pois, geralmente, as companhias capitalizam
as despesas de exploração bem sucedidas e contabilizam direto no resultado as más
sucedidas 53 , além das distintas regras de contabilização existente . Como exemplo:54
Equity Oil Company today Reported full- year 2002 was $12.2 million, an 18%
increase over 2001 EBITDAX of $10.3 million.

EBTDA - Earnings before Taxes, Depreciation and Amortization – Usado por


empresas, sempre em confrontação com o EBITDA, de forma a evidenciar o peso dos
juros frente à geração de caixa. Exemplo 55 :

4.2 – Considerações Finais


Muitas vezes há estudos sobre as diversas críticas dos indicadores existentes sem
a devida avaliação dos personagens envolvidos. Muito do que se fala sobre o EBITDA
não é inerente a sua composição, cujo conceito está claro, mas sim na maneira como
este é aplicado e interpretado.
É perceptível o benefício informacional do EBITDA, entretanto apenas
argumenta-se como indicador "definitivo” para avaliar a saúde de uma empresa, ou seja,
“o que vem sendo discutido é até que ponto o EBITDA é suficiente como regra de
decisão sobre o futuro de uma companhia”. 56 É inegável a necessidade das diversas
compilações de índices, pois servem para que o gestor adapte seu desejo a uma tentativa
de diminuir as incertezas acerca de um fato. Entretanto, há alguns questionamentos que
devem ser feitos: O índice formatado está suportado pelo arcabouço teórico? As
informações obtidas com tal índice transmitem realmente o que o gestor interpreta? Os
índices devem ser utilizados como resposta aos problemas ou como ferramentas
auxiliadoras?
Como naturalmente estas respostas não são formuladas, malefícios são
atribuídos ao indicador. O importante não é só a qualidade do modelo, pois o sucesso de

53
NIARDONE, Anthony. Stock enchange release. Woodside Australian Energy.
http://www.investor.woodside.com.au/. Pág 04.
54
http://www.equity-oil.com/pressrel/press030603.pdf
55
http://www.gerdau.com.br
56
GRADILONE, Cláudio. Op cit. Pág 09.

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um sistema de informações depende de como este índice é forjado e como o mesmo é


analisado.
Por um lado existem as empresas que muitas vezes manipulam os resultados do
EBITDA (seja ética ou antieticamente), pois sabem da relevância do mesmo para com
os usuários, em que “ocultar informações ou fornecê-las de forma demasiadamente
resumida é tão prejudicial quanto fornecer informação em excesso”. 57
Isso ficou transparente também no caso da WorldCom, que viu suas ações
caírem drasticamente após a empresa divulgar que havia inflado seu EBITDA em
US$3,8 bilhões durante um período de cinco trimestres através da simples e indevida
classificação de custos operacionais de rotina como custos de capital de longo prazo.
É crescente a apreensão de alguns grupos de estudiosos, visto que além das
companhias da nova economia, por exemplo, estarem tentado convencer os investidores
de que devem ser avaliadas somente pelo EBITDA, há um acentuado aumento das
adaptações ocorridas no cálculo dele. Se uma das essências do EBITDA está apoiada na
possibilidade de confrontação, então o comentário abaixo, cada vez mais comum nos
relatórios, é contraditório 58 :
“NOTE: (…) Management adjusts EBITDA to eliminate other non-cash
expenses, specifically stock option compensation expense. The use of EBITDA may be
different from the presentation used by other companies and, therefore, comparability
may be limited.

Ou seja, o EBITDA passou a ser ajustado, normalmente com a remoção de


despesas “não-recorrentes” de forma indiscriminada, fazendo com que houvesse um
distanciamento do seu objetivo original. Assim, o EBITDA passou a ser relacionado
como um dos “Non-GAAP 59 financial measures” existentes, ou seja, medidas
financeiras calculadas em desacordo com os princípios contábeis geralmente aceitos.
Para disciplinar a liberdade “criativa” existente nos Non-GAAP, bem como sua forma
de disponibilização, no começo de 2003, a SEC – Securities and Exchange Commission
- a Comissão de Valores Mobiliários americana, instituiu a regulação G e
posteriormente a Regulação S-K. Estas foram criadas para que houvesse, entre outros
fatos:
Limitação na evidenciação: A SEC permite que as empresas utilizem tais
compilações, mas sempre que as mesmas forem divulgadas, será necessário fornecer
uma medida GAAP com o mesmo destaque;

57
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1997 in COLARES, Marcelle
e PONTE, Vera Maria Rodrigues. Op cit. Pág. 02.
58
http://www.southwestwater.com/investor/EBITDA_by_Qtr3.pdf
59
GAAP -Generally Accepted Accounting Principles - Princípios Contábeis Geralmente Aceitos

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Controle na titulação: Proíbe-se que as empresas criem medidas Non-GAAP


com nomes semelhantes àquelas contábeis conhecidas, evitando, assim, que o investidor
se confunda com as nomenclaturas; e
Contabilização – As despesas não poderão ser classificadas como “não-
recorrentes”, caso despesas da mesma natureza tenham ocorrido em um dos dois anos
anteriores ou tenham uma probabilidade razoável de ocorrer nos dois anos seguintes.

Portanto, a empresa deve saber de sua influência acerca das informações


disponibilizadas, tornando mais uma questão de ética e responsabilidade corporativa na
divulgação das informações contábeis consideradas de natureza avançada. 60

Por outro lado, têm os usuários contábeis que se iludem com certas utopias. De
certa forma, os gestores começaram a usar o EBITDA como se fosse uma medida exata
de valor de empresa, um “número mágico”. Perderam o referencial básico de uma
análise: o conservadorismo. Deixaram de lado a análise de índices complementares que
serviam como um suporte decisorial. Por exemplo, o EBITDA não considera o endi-
vidamento. Então, partindo desta premissa, como seguir adiante numa negociação de
compra ou em uma análise de investimento sem olhar outros fatores como o
endividamento e a estrutura de capital da companhia? Para Ram Charani 61 “as empresas
têm de voltar a indicadores mais básicos, como entrada e saída de dinheiro do caixa”.
O Chefe financeiro da Viacom Inc, dona da CBS, MTV, Paramount Pictures,
entre outras, que freqüentemente coloca ênfase no EBITDA em seus press releases,
deve focar suas próximas divulgações no lucro por ação. Um exemplo como este pode
forçar mais empresas a retirar o EBITDA do pedestal e dar mais atenção a outros
indicadores.
Muitas vezes, o gestor abandona inclusive uma tradicional e bastante rica forma
de estudo que é a análise horizontal para prever tendências e evolução dos
demonstrativos e indicadores diversos de uma empresa, a fim de detectar o movimento
de longo prazo, projetando o futuro.

Por isso, o EBITDA sem dúvida é um indicador muito útil, mas sua eficácia está
intimamente dependente da confiabilidade dos dados processados e na capacidade do
gestor ter bom senso na confecção da análise, inclusive considerando outros itens, que
além de serem relevantes, são complementares. Quando podera-se sobre o sucesso
empresarial, muitos gestores buscam ferramentas para analisar a eficiência individual e
isolada das decisões operacionais, de investimento e de financiamento, mas “os
executivos mais experientes sabem que essas iniciativas devem ser administradas com

60
COLARES, Marcelle e PONTE, Vera Maria Rodrigues. Op cit. Pág. 02.
61
GRADILONE, Cláudio. Op cit. Pág 09.

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uma abordagem holística. São as três variáveis combinadas que determinam o retorno
sobre o capital e o impacto sobre o valor para o acionista”. 62

5 – Conclusão
Uma análise econômica-financeira envolve a utilização de coeficientes extraídos
das variáveis-chave e uma gama de ferramentas analíticas objetivando determinar a
performance operacional, sua lucratividade e saúde financeira de alguma entidade. É o
estudo da situação de um todo patrimonial ou de uma parte deste, através da
decomposição dos elementos que o integra, para que se conheça uma realidade, um
estado de equilíbrio e se faça um julgamento da ação administrativa, objetivando um
fim pré-determinado.
Objetivando maximizar a utilização dos índices, inúmeras compilações e
adaptações foram feitas. Das diversas criações, surgiu o EBITDA, como auxiliador
tempestivo do potencial de geração de caixa gerado pela operação da empresa que
permite comparar empresas globalmente, independente de sua estrutura de ativos e
passivos e regras fiscais existentes.
Entretanto, frases, que definem que “quanto maior o EBITDA de uma empresa,
maior tende a ser o seu valor de mercado, já que todos querem uma empresa que
produza dinheiro”, 63 podem ser perigosas, pois não consideram detalhes importantes no
que tange o contexto geral de uma avaliação, bem como as particularidades envolvidas
no cálculo do mesmo.
Consequentemente, o que deve ser aprendido, de maneira redundante, é que um
índice indica um acontecimento, uma grandeza. Deve ser entendido como uma foto
sobre uma circunstância. É de extrema relevância saber que as medidas atualmente
empregadas podem ser de grande valia, desde que suas deficiências e, também, suas
formulações arbitrárias sejam conhecidas. Neste sentindo, não deve ser utilizado como
panacéia, isto é, como o único índice, pois pode ser arriscado confiar demais em
qualquer ferramenta analítica isolada. Enfim, “o EBITDA é um índice de extrema
importância, mas como é um indicador econômico têm suas limitações e por isso, como
em toda análise fundamentalista que se preze, não pode ser usado como única opção de
avaliação. Compreendê- lo é o primeiro passo para o entendimento da potencialidade de
geração de caixa de uma entidade, porém não será o último”. 64

62
BOVET, David e JOAS, August. HSM Management. N. 34. Setembro-Outubro, 2002. Pág 72.
63
Boletim IOB 6/98. Temática Contábil e de Balanços: EBTIDA - O que é isso? p. 4.
64
RAMALHO, Caio. Analista financeiro em um fundo de Private Equity no Brasil em entrevista
realizada em Fevereiro de 2004.

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3.5 TRANSPARÊNCIAS

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