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CURSO DE PSICOLOGIA
Belém
2020
FERNANDO SANTOS ROSA
MANUELLA DANDARA DE ARAUJO GOMES
Belém
2020
R788o ROSA, Fernando Santos.
O Fenômeno da Ansiedade à Luz da Gestalt-Terapia / Fernando
Santos Rosa,
Manuella Dandara de Araújo Gomes - Belém, 2020.
19 f.
Orientador(a): Profº. Me. Francisco Aires Neto.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título
de Licenciado e Bacharel em Psicologia pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).
____________________________________ - Orientador
Prof. Me. Francisco Aires Neto.
Mestre Em Educação
Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).
____________________________________ - Examinador(a)
Profa. Ma. Juliana Antônio Cardoso.
Mestra em...
Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).
____________________________________ - Examinador(a)
Profa. Amanda Pereira de Carvalho Cruz.
Mestra em Psicologia.
Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).
____________________________________ - Examinador(a)
Profa. Amanda Medeiros.
Maior Titulação
Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).
O FENÔMENO DA ANSIEDADE À LUZ DA GESTALT-
TERAPIA . 1
Resumo
O presente trabalho se propôs em seu desenvolver apresentar como se concernem os
princípios da gestalt-terapia, como funciona a ansiedade e como a gestalt-terapia compreende
e aborda as demandas de ansiedade emergidas no cotidiano. Em seguida aborda a ansiedade
como fenômeno de campo se atrelando ao processo de autorregulação organísmica através de
formas de se ajustar. Posteriormente abrange como funciona o manejo e intervenção do
gestalt-terapeuta para com o cliente frente ao processo ansiolítico, como esse funciona. A
metodologia utilizada para a realização do trabalho foi feita a partir de pesquisas
bibliográficas qualitativa e por fim buscou-se apresentar possíveis propostas de intervenção
nas demandas de ansiedade sob a ótica da Gestalt-terapia.
1
Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Psicologia, da Escola
Superior da Amazônia (ESAMAZ).Orientador: Prof. Me. Francisco Aires Neto, Lattes:
<http://lattes.cnpq.br/8249594838074911>
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Graduando do curso de Psicologia ESAMAZ - 2019
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Graduanda do curso de Psicologia ESAMAZ - 2019
Abstract/Resumen/Resumé
The present work aims to develop to present how the principles of gestalt therapy are
concerned, how anxiety works and how gestalt therapy understands and addresses the
demands of anxiety that emerge in everyday life. Then, it addresses anxiety as a field
phenomenon linked to the process of organismic self-regulation through ways of adjusting.
Subsequently, it covers how the management and intervention of the gestalt-therapist towards
the client facing the anxiolytic process, how it works. The methodology used to carry out the
work was based on qualitative bibliographic research and, finally, we sought to present
possible proposals for intervention in the demands of anxiety from the perspective of Gestalt-
therapy
1 Introdução................................................................................................................................8
3 Ansiedade e Gestalt-terapia...................................................................................................10
3.1 Ansiedade como fenômeno de campo............................................................................11
3.2 Ansiedade como autorregulação organísmica................................................................12
3.3 Neurose e Gestalt-terapia................................................................................................13
4 Manejo e intervenção.............................................................................................................15
5 Considerações Finais.............................................................................................................16
Referências................................................................................................................................18
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1 Introdução
O presente trabalho nasce da percepção dos crescentes casos de ansiedade
cotidianamente nos consultórios de psicologia, e sobretudo na vivência de estágio e
atendimentos de psicoterapia na clínica escola da instituição Escola Superior da Amazônia
(Esamaz) posteriormente a partir dessas experiências o despertar para estudar, pesquisar e
produzir sobre essa temática.
Em seguida, iniciaremos apresentando brevemente o olhar da gestalt para com o ser
humano, sua percepção de si e de mundo, em seguida indicaremos como a gestalt descreve o
fenômeno da ansiedade, sob dois aspectos: fenômeno de campo e autorregulação organísmica,
e por fim o manejo e intervenção sob a ótica da Gestalt-terapia.
A Gestalt-terapia é uma abordagem de base fenomenológico-existencial fundada por
Frederick Perls na década de 1940. Nesta abordagem, o homem é visto em sua totalidade
como um ser bio-psico-social em constante e contínua interação com o meio na qual está
inserido. É uma abordagem integrativa, experiencial que visa a awareness (Yano, 2015).
Como afirma Cesarin (2005), o processo de awareness consiste em dar sentido às
expressões do “organismo”. Para Perls, Hefferline e Goodman (1997), awareness diz respeito
a capacidade de cada um perceber o que se passa consigo em nível motor, emocional e
cognitivo.
Ainda de acordo com os autores supracitados, awareness é uma consciência
integrada de si próprio que tem por características o contato, o sentir (sensação e percepção).
Surge da relação estabelecida entre organismo e meio. É uma forma de experenciar o contato
consigo e com o mundo.
Perls (1977) diz que a gestalt-terapia trabalha para promover o crescimento e
desenvolver o potencial inato a cada ser humano. Yontef (1998) ressalta que os objetivos da
Gestalt-terapia incluem tornar os clientes aware (conscientes) daquilo que estão fazendo, a
forma como estão fazendo, como podem mudar e, ao mesmo tempo, se aceitar e se valorizar.
Por ser de base fenomenológica, busca-se compreender o cliente em sua totalidade,
adotando uma postura de não-julgamento através da redução fenomenológica, que de acordo
com Rehfeld (apud FRAZÃO, 2013), significa suspender os juízos sobre o mundo e colocá-
los entre parênteses. Para Fukumitsu (apud FRAZÃO, 2013), a fenomenologia é uma reflexão
daquilo que se apresenta, como se apresenta e visa compreender o processo envolvido na
relação entre o ato de perceber e o objeto percebido.
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Sendo assim, Van Dusen (apud STEVENS, 1977) diz que o estudo fenomenológico
consiste em representar ou descrever a existência da pessoa de acordo com a experiência da
mesma. Pois, como afirma Fukumitsu (apud FRAZÃO, 2013), a fenomenologia é uma
reflexão daquilo que se apresenta e como se apresenta. Como afirma Gomes & Castro (2010,
p.3) o método fenomenológico consiste em uma proposta apresentada por Husserl cuja sua
pesquisa objetiva compreender, aplicar e explanar a experiência consciente, uma vez, que essa
visa a descrição de como os fatos se apresentam nas diversas maneiras em que ocorrem.
É sob esta ótica que iremos discutir a ansiedade que, adiantando brevemente, temos
que a ansiedade ou angústia é uma condição afetiva universal que está presente em todos os
seres humanos, ou seja, é inerente a existência humana (HETEM e GRAEFF, 2013, p.3) fato
este que provocam estados que podem se configurar quantitativamente positivos ou negativos.
O termo é derivado do grego anshein que significa estrangular, sufocar, oprimir (GRAEFF,
2014, p.132).
3 Ansiedade e Gestalt-terapia
organísmica, uma vez que é através dele que o organismo assimila o material necessário do
ambiente para a sua conservação e crescimento.
[…] Lewin alude ao fato de que sua teoria procura descrever o que acontece não
apenas no que se refere a uma objetividade fiscalista, mas levando em conta que o
importante é como o indivíduo experiência o que acontece no momento considerado
[…] (FRAZÃO et al, 2013, p. 59)
equilíbrio é a doença. Porém, ressalta esse autor: “a doença não é somente desequilíbrio ou
desarmonia; ela é também, e talvez sobretudo, o esforço que a natureza exerce no homem para
obter um novo equilíbrio [...] o organismo desenvolve uma doença para se curar”
(GANGUILHEM, 2009, p.12-13).
Dessa forma, os sintomas, bem como a ansiedade, devem ser vistos como formas de
se adaptar, formas de se organizar diante das demandas do meio e as necessidades prioritárias
do organismo (LIMA, 2005). O sintoma aponta para a individualidade, a singularidade, aquilo
que há de único no homem (PERLS, HEFFERLINE E GOODMAN, 1997).
Segundo Lima (2009), por vezes o indivíduo se vê confrontado a executar tarefas às
quais não está habilitado e, como consequência, apresenta um comportamento desordenado
diante de tal situação. A autora ainda complementa dizendo que estas provocações geram
grandes ansiedades no organismo.
De acordo com Lima (2005), Goldstein descreveu casos onde o sujeito evitava
qualquer forma se expor a situações onde fosse preciso realizar uma tarefa para qual não
estivesse apto. Para a autora, Goldstein apontava como consequência, uma tendência dessas
pessoas a se comportar de forma padronizada, evitando qualquer tipo de situação que possa
deixá-los desordenados, o que é uma das características da neurose.
tentativa dos indivíduos para não lidar com o excitamento que foi contido, ou seja, a
ansiedade gerada pelo inesperado. Ainda para a autora, a ansiedade é uma experiência única
para cada indivíduo e interfere em todas as dimensões da experiência dessa pessoa. Nesse
sentido, a o fenômeno da ansiedade está diretamente ligado com uma experiência onde o
indivíduo se vê na impossibilidade de reagir diante das demandas impostas pelo meio.
De acordo com Perls, Hefferline e Goodman (1997), toda forma de contato é um
ajustamento criativo entre organismo e meio. Para esses autores, “o contato é a realidade mais
simples e primeira” (PERLS, HEFFERLINE, GOODAMAN, 1997, p. 23), ou seja, contato é
relação, “é o fenômeno pelo qual o encontro ocorre” (RIBEIRO, 1997), é abertura para se
relacionar. A todas as formas de contato, chamamos de ajustamento criativo.
Segundo D'acri, Lima e Orgler (2007), o termo ajustamento criativo foi utilizado por
Perls para descrever a natureza do contato que o organismo estabelece com o meio. Sendo
assim, o ajustamento criativo é indispensável para se estabelecer a autorregulação
organísmica, uma vez que é através dele que o organismo assimila o material necessário do
ambiente para a sua conservação e crescimento.
Entretanto, os ajustamentos podem se cristalizar e interromper o processo de
autorregulação, o que torna o indivíduo incapaz de satisfazer suas necessidades, ficando em
estado de tensão. Para Cardela (1994) essa padronização comportamental bloqueia e/ou
impede o fluxo de contato, dificultando o crescimento do organismo. Por estarmos inseridos
em um campo mutável, o mero ajustamento é insuficiente, há a necessidade de uma atitude
criativa, novos comportamentos diante das situações que estão o tempo todo mudando
(D'ACRI, LIMA e ORGLER, 2007).
Perls, Hefferline e Goodman (1997), assinalam que a ansiedade é um fator
característico na neurose e é consequência da interrupção do ciclo de autorregulação. Ainda
complementam dizendo que a ansiedade é a interrupção de um excitamento que leva a um
hábito de conter a respiração. Assim, “a ansiedade, o excitamento que foi de modo repentino
represado muscularmente, continua a vibrar por muito tempo, até que possamos respirar
livremente de novo” (PERLS, HEFFERLINE, GOODMAN, 1997, p.214).
Ainda de acordo com os autores supracitados, o processo de assimilação de novos
materiais por meio do ajustamento criativo implica uma fase de agressão e destruição.
Agressão é uma iniciativa para ir de encontro ao objeto de interesse ou hostilidade
(Perls, Hefferline e Goodman, 1997), de nada tem a ver com violência, ao contrário, a energia
agressiva é necessária para que o organismo possa diferenciar e discriminar conteúdos e fazer
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4 Manejo e intervenção
suas respostas senso motoras das excitações causadas pela ansiedade. A ampliação da
consciência acerca dessa interação permite a apreensão de perspectivas diferentes e viabiliza o
desenvolvimento autônomo do organismo, pautado em formas de ajustamentos criativos.
Para que esses ajustamentos possam acontecer é necessário trabalhar a
autoconsciência através do processo gestáltico de awareness que: […] “é o processo de estar
em contato com o evento mais importante do campo indivíduo/ambiente com apoio
energético, cognitivo, emocional e sensório—motor totais” (YONTEF, 2006, p. 236). Assim,
potencializando suas formas de crescimento.
A partir desses pressupostos, existem formas especificas de atuação do gestalt-
terapeuta, visto que o propósito do método interventivo nos casos de ansiedade, se volta para
onde a excitação não flui, havendo a interrupção do contato e a ansiedade emerge. De modo
que, a experiência se constitui como prática base no processo relacional gestalt-terapeuta e
cliente, potencializando um compartilhamento da visão de homem e de mundo desse cliente e
como sua interação exprime um ajustamento ocasionado pela ansiedade. É dever do terapeuta
tornar consciente o sentido das ações do cliente e posteriormente, a interrupção do seu fluxo
de contato no seu campo vivencial que gera seu processo ansiolítico. (SANTOS & FARIA,
2006)
Dessa forma, foca no “como” estão as vivências desse indivíduo em seu aqui-agora,
para que consiga entrar em contato com o que lhe gera ansiedade, através de um processo de
tomada de consciência. Nesse sentido, em substituição do termo “porquê” pelo “como”, há
uma proposta inclusiva de leitura não definitiva dos fenômenos, buscando apreender o sentido
dos acontecimentos. (LAPORTE & VOLPE, 2009)
Em suma, as intervenções do gestalt-terapeuta em casos de ansiedade se concernem
em tornar “awareness” os aprendizados construídos no passado desse cliente, trazidos para o
seu aqui-agora apresentado ao terapeuta, e na relação terapêutica construída entre ambos se
desenvolvem ferramentas, possibilidades e percepções para a construção do futuro desse
indivíduo e a maneira que decidi caminhar, uma vez que entrou em contato e está consciente
de quais caminhos pode percorrer compreendendo a ansiedade sentida e vivenciada.
5 Considerações Finais
Diante do exposto, afirma-se que, a ansiedade é uma emoção, sentimento inerente ao
indivíduo, uma vez que ela norteará os sinais de alerta, cuidado e preparação para exercer
ações futuras. Mas ao embasar-se fenomenologicamente na gestalt-terapia busca-se
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pretendo sanar seus questionamentos dentro desse contexto, podendo subsidiar futuras
pesquisas nesse âmbito.
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Referências
LEWIN, Kurt. Teoria de campo em ciência social. São Paulo: Pioneira, 1965.
PERLS, Frederick S. Gestalt-terapia explicada: gestalt therapy verbatim. 7. ed. São Paulo:
Summus, 1977. 371 p.
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