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a chave
da consciência
1
hinaldo breguez
a chave
da consciência
2
Título:
A chave da consciência
Organizadores:
Lucas Domith e Hinaldo Breguez
Autor:
Hinaldo Breguez
Revisão:
Isabella Brandão
Diagramação:
Hinaldo Breguez
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feliz por ter encontrado
na vida uma chave mestra.
obrigado Gigi.
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sumário
5
1ª parte
como
você é
6
não se prenda em como você está,
mas no que você pode se tornar
7
E
xistem várias tradições que definem como é o ser humano.
Desde sua constituição mais física, densa, concreta, passando
por aspectos vitais, energéticos, sua estrutura psíquica, emo-
cional, seus pensamentos, sua parte cognitiva e aquilo que é mais
sutil, ultrapassa o plano da matéria e para muitos é conhecido como
uma parte espiritual, transcendente ou divina.
Pare para avaliar um simples dia de toda sua vida, e você irá perceber
que durante um único dia você foi capaz de produzir incontáveis pensa-
mentos, gerar diferentes emoções e inúmeras reações biológicas.
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Você se levanta feliz, caminha em direção ao banheiro, com passos
leves, suaves, mas de repente seu percurso é interrompido quando
você chuta a quina do guarda roupa com o dedinho do pé esquerdo, e
sua manhã e seu dia que começava feliz e tranquilo foi transformado
abruptamente.
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De alguma maneira a nossa educação vem se voltando, cada vez
mais, para essas necessidades físicas e biológicas e deixando de lado
necessidades não menos importantes, como a de educar os nossos
pensamentos e emoções. Afinal de contas, quando um jovem termina
o ensino médio, realiza o vestibular e entra na faculdade, esse mesmo
jovem que após se formar irá se deparar com o mercado de trabalho,
ele se encontrará em uma sociedade com situações que irão exigir dele
uma clareza dos seus pensamentos e qualidade das suas emoções.
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somos tudo isso
N
ão basta para o ser humano investir tempo e dinheiro em
uma preparação técnica, operacional. Um dos problemas en-
frentados pela educação, no mundo contemporâneo, é o fato
das pessoas procurarem as escolas não para se educarem, mas sim com
a finalidade de aprenderem um ofício.
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quando a dúvida e o medo nos dominam
perdemos o sentido da vida
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o que é educação
E
ducação vem de “eduzir”. Que significa extrair do ser humano
algo que está dentro, a sua melhor versão, o que ele possui de
melhor. Ou seja, extrair do ser humano o que é próprio da sua
natureza, o seu grande diferencial se comparado aos outros seres.
Não basta para o ser humano ter uma formação técnica, se faz necessá-
rio ter uma educação psíquica e mental, porque é justamente essa edu-
cação emocional que fará com que a pessoa faça bom uso da educação
técnica. Sem essa educação complementar, enchemos nossa cabeça de
dúvidas e nosso coração de medos e ansiedade.
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as necessidades do
ser humano
O
ser humano, ao longo da sua vida, apresenta diferentes ne-
cessidades pedagógicas. Da infância até a velhice, cada ida-
de da vida merece um cuidado específico.
14
Por isso, é uma idade da vida onde a criança deve ser protegida
das maldades do mundo e afastada dos problemas dos adultos, pois
uma vez que ela não possui um critério de seleção, ela absorve tudo
que está em seu entorno, seja bom ou ruim.
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É o momento para ser desafiado e tomar contato com uma outra
realidade da vida, fazendo exercícios de superação. Como a prática
de esportes, o contato com a natureza, a aventura e correr riscos
moderados Quando isso não é feito, a tendência é se explodir de
tanta energia, gerando brigas nas escolas, em casa ou na rua, ou até
mesmo se envolvendo com drogas lícitas, como o álcool e o cigarro,
e até ilícitas.
Dos 14 aos 21 anos, tende a ser uma das etapas mais dramáticas,
justamente por coincidir com a consolidação das emoções. Nessa
idade, o jovem está formando sua estrutura psicológica de maneira
mais sólida, e por isso é a etapa, por excelência, das crises psíquicas
de natureza emocional.
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Dos 21 aos 28 anos, terminamos de formar a estrutura básica de
nossa personalidade, desenvolvendo nessa etapa a consolidação de
algumas ideias e pensamentos, e formando, de maneira geral, nossa
estrutura mental.
Muitas vezes, o fato de, quando crianças, termos tido contato com
problemas dos adultos, e por não possuirmos, na ocasião, uma capa-
cidade de assimilar esse problema, isso gera um ‘’nó’’ na estrutura de
nossa personalidade, que nos acompanha em diferentes formas de
instabilidade.
17
sem consciência não
aprendemos nada
18
um futuro com
mais consciência
U
m futuro com mais consciência é um futuro em que você
está livre para viver o instante presente. Não fica comple-
tamente absorvido pelos problemas do passado, se afe-
tando emocionalmente por erros que você cometeu, e nem sofren-
do por antecipação por coisas que ainda não aconteceram.
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você não
está sozinho
É
natural que todo ser humano tenha experiências com o
medo, ansiedade, ou que em diferentes etapas de sua vida,
não tenha conseguido assimilar todas as suas experiências.
Algumas coisas ficam para trás.
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Uma vez que a etapa final da consolidação da personalidade do ser
humano é a estruturação dos nossos pensamentos, é justamente
através deles que podemos compreender como somos, e desenhar-
mos como podemos vir a ser.
Pense que você pode estar prestes a abrir portas da sua consciên-
cia que jamais imaginou. Novas experiências te aguardam após
esse livro. Você só precisa ser uma pessoa disposta a ponto de
aplicar os ensinamentos transmitidos aqui, e assim escrever uma
nova história em sua vida.
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2ª parte
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“o deprimido está preso ao passado;
o ansioso está preso ao futuro;
o prudente vive o presente”
lao tze
23
O
momento histórico em que vivemos se caracteriza pelo avan-
ço da tecnologia, velocidade das informações, pela grande e
brutal concorrência no mercado de qualquer área, fazendo
com que as pessoas tenham que estar sempre correndo atrás de alguma
coisa em alta velocidade. As cidades estão cheias, o trânsito cada vez
mais complicado, alimentos modificados geneticamente, falta de espa-
ços naturais e excesso de construções de concreto.
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como isso
te afeta
I
sso nos obriga a forçar nossa natureza, a assumir uma série
de compromissos e responsabilidades, sem necessariamente
termos sido preparado para isso. E, como consequência, não
damos conta de tudo que temos para fazer. Em um dia, com 24
horas, ocupamos, no mínimo 8 horas com trabalho, 8 com uma
noite de sono, muitas vezes mal dormida, e alguns afazeres do-
mésticos, e assim já se foi boa parte do nosso dia, ocupado com
questões básicas de sobrevivência do mundo atual.
Ou seja, antes de iniciarmos nosso dia, a maior parte dele já está com-
prometida com uma série de obrigações que vão testando nossa resis-
tência psíquica e mental (entenda psíquica como emocional).
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A medida em que vamos deixando algumas coisas para trás,
pelo fato de ter se comprometido a fazer muitas coisas e não dar
conta de executar todas elas, vamos acumulando, pouco a pou-
co, um sentimento de dívida, uma sensação de que não estamos
dando conta e que talvez o problema seja com você mesmo. Uma
sensação de que não somos bons o suficiente e que nunca iremos
conseguir ser melhores.
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Isso continua se arrastando ao longo de semanas, meses, até o mo-
mento em que é engolido pela sensação de dívida e o peso que isso
gera na sua estrutura psicológica, desenvolve algum transtorno de
ansiedade, síndrome do pânico ou depressão.
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“cuidado com o vazio de uma
vida ocupada demais”
sócrates
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como saber o que é
importante para mim
S
ócrates foi um grande filósofo da Grécia Antiga, considerado
um dos homens mais sábios de sua época. Eu entendo que é de
fundamental importância que o ser humano esteja ocupado.
Mas que o seu tempo seja preenchido com aquilo que é essencial,
fundamental.
29
Todos nós necessitamos de gerar experiências com emoções
profundas, aquilo que chamo de sentimentos.
30
mas afinal, como
conseguir definir o que é
importante para mim
V
ocê precisa equilibrar os compromissos que assume, entre
coisas que irão saciar suas necessidades físicas, e aquelas
que irão saciar suas necessidades emocionais.
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A troca de experiências, a convivência, é fundamental para o desen-
volvimento humano gerando sentimentos profundos e, tornando
assim, nossa estrutura psíquica cada vez mais robusta. Uma vez com
o seu veículo emocional mais forte, você terá mais resistência para
lidar com as adversidades do dia a dia ao longo de toda sua vida.
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o essencial é invisível
aos olhos
Saint-Exupéry
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o problema não é fazer
muitas coisas, o problema
é não fazer o essencial
A
maneira como a sociedade contemporânea está estrutu-
rada facilmente nos obriga a assumirmos uma série de
compromissos cada vez mais cedo. Alguns anos atrás, em
uma entrevista com o diretor de Marketing de uma grande in-
dústria de brinquedos, se comentava da dificuldade de produzir
brinquedos para crianças no mundo atual. Uma vez que a criança
do século XXI não tem mais tempo para brincar.
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Eu trabalho com a ideia de que é fundamental que todo ser
humano esteja de fato ocupado. No entanto, ocupado com aquilo
que é essencial. Algo que, definitivamente, nunca é e nunca foi
fazer coisas.
Após ser acompanhada por uma psicóloga durante uma semana, foi
detectado que um dos problemas que ela apresentava era a falta de ro-
tina. Não tinha um horário para acordar, não tinha afazeres a cumprir
ao longo do dia, não tinha nenhuma obrigação, além dos cuidados bá-
sicos ao bebê, mas que não eram suficientes para ocupar todo seu dia.
Ou seja, o excesso de tempo livre, o fato de não estar ocupada, somado
a experiência prematura de ser mãe muito jovem, precipitou na Júlia
quadros de enfermidades de natureza emocional.
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Como diz o ditado, “mente vazia, oficina do diabo”. E nesse caso o dia-
bo é símbolo da angústia, ansiedade, baixa autoestima, tristeza e outras
emoções negativas.
36
se ocupando com
o essencial
O
fato da personalidade do ser humano ter uma constituição
complexa, formada por estruturas sutis, como são as emo-
ções, pensamentos, mas tudo conjugado com a sua parte fí-
sica, traz para si necessidades de diferentes naturezas. Necessidades
biológicas, emocionais e mentais.
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Quando você não acredita no que faz, ou quando não acredita
no que fala, tome cuidado, pois você está agindo de forma física,
mas deixando de se ocupar de forma emocional, não colocando
sentimento naquilo que você faz.
Você age vazio de conteúdo. Você faz algo, toma alguma ati-
tude, mas vazio de sentimento, sendo que é justamente o senti-
mento que vai oferecer força suficiente para sustentar suas ações.
É como se você tivesse comprado algo com boa embalagem, mas
estragado por dentro.
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Então pare para observar se as suas ações estão mecânicas, no pi-
loto automático, ou se você tem conseguido colorir com suas boas
emoções os afazeres do seu dia a dia. Quando você faz algo com
sentimento, isso que você faz tende a ter uma pitada de bom hu-
mor, cortesia, convivência e concórdia.
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saindo da
bolha social
E
m alguma medida, todo ser humano tem dificuldade em
viver o presente. Por isso, aquele que consegue projetar
a sua consciência, em algum grau, no agora, se destaca.
Independente da sua área de atuação profissional ou pessoal, se
você tem interesse em se diferenciar e se destacar, ou até mesmo
em ser uma pessoa melhor, faça isso, pois essa é uma dificuldade
de todo o ser humano. Obviamente que algumas pessoas tendem
a apresentar mais consciência no agora, e outras tendem a apre-
sentar uma quantidade menor.
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No capítulo seguinte você iniciará a jornada da consciência, com
reflexões profundas e exercícios práticos, que irão te ajudar a en-
frentar, de maneira direta, enfermidades de natureza emocional,
como ansiedade e baixa autoestima, decorrentes da sua ausência
no agora, do momento presente.
41
3ª parte
o início da jornada
da consciência
42
“nenhum caminho leva à felicidade,
a felicidade é o caminho”
43
S
e a sua personalidade pudesse ser representada simbolica-
mente como um prédio de três andares, a consciência tal-
vez seja o elevador. Uma parte do prédio, que sobe e desce,
passando por todos os andares, de acordo com a necessidade. Em
um exemplo já citado anteriormente, quando você acorda bem-
-disposto, com uma certa alegria no coração, mas ao se levantar,
bate com o pé em algum objeto, e imediatamente sente muita dor,
imagine para onde vai sua consciência.
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Dentro do terceiro andar desse nosso prédio, o andar dos pensa-
mentos, existem salas mais organizadas, mais nobres, onde guar-
dam as ideias altruístas, os pensamentos elevados, mas também
existe o depósito de lixo. Salas mal organizadas, carregadas de su-
jeira, e de todo o lixo que carregamos no andar dos pensamentos.
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Existem salas que nos conduzem até a sabedoria e outras que nos man-
tem na ignorância, como diz o grande clássico da literatura tibetana,
‘’A voz do silêncio”. As salas da ignorância, ou esses depósitos de lixo,
onde acumulamos os pensamentos e emoções desorganizadas, repre-
sentam tudo aquilo que distorce a realidade, que nos atrapalha a ver as
coisas como elas realmente são, entorpece nossa visão e nos faz sofrer.
46
de que adianta mudar fora
se você não mudou dentro
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o que acontece com aquele
que está na sala da ignorância
I
magine que na sala da ignorância exista uma janela e essa janela tem
um vidro escuro. Portanto, tudo que você enxerga fora do prédio,
através dessa janela, tende a ser escuro e sombrio. Quando você diz
que não vai conseguir passar no vestibular, um novo emprego, se curar de
uma doença, aprender um novo idioma, isso tende a indicar que você está
no depósito de lixo de algum dos andares do prédio da sua personalidade.
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Um comportamento comum de quem passa muito tempo dentro
dessa sala, é não terminar aquilo que começa. Muda sempre de ati-
vidade, porque se motiva por qualquer tipo de novidade, mas falta
força interior para manter a perseverança e a constância. Como re-
sultado, prefere ficar onde está.
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É natural para o ser humano ter dúvidas. É natural ter a dúvida como
um ponto de partida. O grande problema é você ter a dúvida como um
ponto de permanência. E isso destrói o ser humano.
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Para isso acontecer, temos que dissolver as dúvidas, substituí-las por
convicções e pequenas experiências na sala da sabedoria.
Sem esperança você não sai da sua cama no outro dia pela manhã. Sem
acreditar que, a cada dia você terá uma nova oportunidade da vida, o
que irá fazer você sair de casa para viver?
51
“o verdadeiro conhecimento
vem de dentro”
sócrates
52
Se, diante de você, se apresenta uma dúvida, ela também pode ser
vista como um problema. Na matemática, o problema é uma equa-
ção, ou seja, um enigma a ser desvendado. Na vida, o problema é
visto como um desafio, uma prova a ser superada, uma oportuni-
dade para mostrarmos o nosso valor diante de uma adversidade.
Dessa forma, a dúvida não é algo ruim, é apenas um degrau que
se ultrapassado, irá te projetar para um local superior, mais eleva-
do. Um outro nível, com outros desafios, com outras provas e com
outros questionamentos. É natural, para todo ser humano, experi-
mentar inúmeras dúvidas ao longo de sua vida. O problema não é
ter dúvida, e sim permanecer na dúvida, como dito anteriormente.
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Na mitologia grega existe uma representação simbólica muito conhe-
cida que conta, alegoricamente, histórias sobre um rapaz muito forte,
conhecido pela tradução latina de Hércules. Esse jovem rapaz, que pos-
suía uma força descomunal, foi destinado a cumprir com doze traba-
lhos. Curiosamente, a grande maioria das pessoas desconhece o restan-
te do mito de Hércules e, equivocadamente, acabam achando que para
Hércules cumprir com seus doze trabalhos, ele terá que fazer uso de sua
grande força divina. O interessante é que no mito de Hércules, sempre
que ele utiliza sua força física, tudo dá errado. Para Hércules passar pe-
las doze etapas da iniciação humana, ele precisa usar de sua inteligência.
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Todo herói só consegue vencer o medo e a dúvida motivado pelo amor.
Em antigas e arcaicas representações míticas, o amor sempre se fez
fundamental para transformar o ser humano em alguém especial.
55
como fazer reflexões
profundas na prática
U
m dos professores que tive falava que na vida quando a gente
entra pelo cano, só tem um jeito de sair: para frente, adiante,
porque atrás de nós já tem uma fila enorme de pessoas, então
não temos como voltar. Em outras palavras, filosofia da banana. Quan-
do você aperta, ou ela é esmagada, ou ela sai por cima. Isso é o que de-
vemos fazer com nossas dúvidas. Apertá-las como se fosse uma banana.
Quando estiver, diante de você, uma prova, uma dúvida, um desafio,
imagine que diante de você se apresenta uma equação matemática, um
quebra cabeça e que você precisa encontrar a saída, a chave que vai de-
cifrar esse enigma.
Não se livre dessa equação enquanto você não encontrar uma respos-
ta. Uma resposta cuja a execução e realização dependa única e exclusi-
vamente de você.
Talvez você não consiga montar todo o quebra cabeça em uma única
jogada, no mesmo dia em que você começa a reunir as suas peças. Tal-
vez você tenha que separar vários dias, meses, ou até mesmo anos, em
um mesmo quebra cabeça.
56
Porém, o mais importante, é a disciplina de, cotidianamente, você
conseguir reunir peças. Se a cada dia você conseguir colocar uma peça,
isso já é suficiente para te trazer um sentimento de vitória, isso já é uma
conquista real e bem objetiva. Pode ser que ainda esteja muito distante
de terminar o quebra cabeça, mas está uma peça mais próximo do fim
do enigma. Esse é um comportamento que são raras as pessoas que exe-
cutam.
Então para você conseguir substituir suas dúvidas por convicções será
necessário confrontar os questionamentos com plausibilidade, buscan-
do entender sua natureza, diferenciando fantasia de realidade. Isso vai
exigir que você se concentre nesse desafio que se apresenta na sua frente,
e não largue até encontrar uma resposta. Se estiver muito difícil, talvez
possa ser saudável um breve intervalo, deixar ele de lado temporaria-
mente para você recuperar sua energia, respirar novos ares, se reciclar,
para depois confrontá-lo com esse problema novamente. Mas saiba que
a dúvida se combate com compreensão e isso vai exigir um esforço da
sua parte de entender o que está acontecendo com você e o que pode
aprender com cada coisa que se está apresentando na sua vida.
57
Essa postura mental traz um conforto de natureza emocional,
te tornando uma pessoa muito mais agradável e bem-sucedida
psicologicamente.
58
não há sucesso em uma
vida sem sentido
59
técnica de
concentração
C
oncentração é uma forma de consciência, uma forma de se
situar no instante presente. Sem consciência não registramos
nossos aprendizados e desta forma não conseguimos evoluir
e esse é um conceito fundamental de sucesso. Todo ser humano ne-
cessita de dar sentido para tudo o que faz e isso exige concentração /
consciência. Para te ajudar a gerar uma experiência imediata com al-
guma dessas ideias que eu estou apresentando, vou te ensinar um exer-
cício prático e simples, porém muito eficaz, que, conjugado com esses
conceitos abordados até aqui, fizeram parte dos grandes resultados
de muitos alunos que tive a oportunidade de trabalhar de forma mais
próxima comigo, nos meus treinamentos presenciais e online de Con-
centração e Controle Emocional.
60
o exercício
O
exercício consiste em uma técnica de respiração que será divi-
dida em quatro etapas e para você executá-la, terá que memo-
rizar a seguinte sequência numérica: 4 – 10 – 6 – 3
Mas atenção, não serão 4 inspirações, será uma única inspiração que
terá a duração de aproximadamente 4 segundos.
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Quando você alcançar o número 4, o próximo passo será prender a
respiração. Nessa nova etapa do exercício, você irá segurar o ar enquan-
to você conta até 10. Ou seja, você vai inspirar durante 4 segundos, e vai
segurar o ar durante mais 10 segundos.
Após prender o ar enquanto você conta até 10, a próxima etapa é você
soltar o ar, pelo nariz, enquanto faz a contagem até 6. Para isso você terá
de administrar a saída de ar pelo nariz, para conseguir alcançar o núme-
ro 6 sem perder o fôlego. Ao chegar no número 6, agora com o pulmão
vazio, você irá ficar sem respirar, (mantendo) com o pulmão vazio, até 3.
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Se você tiver muita dificuldade na execução do exercício você pode
diminuir a contagem. Se tem dificuldade de segurar durante 10 segun-
dos diminua para 8, e assim nos outros movimentos também. Dessa
4ª parte
forma você vai, gradativamente, aprimorando a execução dessa técnica
e gerando uma experiência muito direta e objetiva com o princípio da
concentração. Agora, recomeçando nossas reflexões...
apor
consciência
que viver
no dia a dia
o agora
D
e forma bem objetiva, como que você pode conseguir iden-
tificar se você está vivendo um dia consciente ou passando
pelas horas de forma mecânica?
63
“todos os caminhos estão errados quando
você não sabe onde quer chegar”
shakespeare
64
A
ntes de você iniciar a leitura desse capítulo, faça uma
breve avaliação do seu desempenho na aplicação do exer-
cício apresentado no capítulo anterior. Qual foi a maior
dificuldade que você teve? Reflita sobre esse tema e registre em
algum diário a sua experiência. Isso será de fundamental impor-
tância para a sua jornada da consciência.
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A importância de projetar a consciência no momento presente é que,
dessa maneira, e não de outra, conseguimos registrar as nossas experiên-
cias, gerando com isso algum grau de aprendizado, de evolução. Como
já foi dito, consciência é um grau de concentração e um trabalho execu-
tado de forma concentrada tende a apresentar resultados objetivos.
Para a folha de jornal pegar fogo, o que você teria que fazer é concen-
trar uma quantidade específica de calor em um único ponto. A questão
aqui não é a quantidade de consciência que você tem, mas sim se a cons-
ciência que você tem está sendo bem canalizada, bem direcionada para
um ponto específico.
66
No momento histórico em que vivemos, algo que me chama muito
a atenção é a confusão que se faz entre o que se deseja, o que se quer
alcançar e o que de fato se faz necessário para se conquistar isso que
se almeja. Vejo muitas pessoas desejando ter saúde, mas sem estarem
dispostas a manter uma alimentação saudável e realizando práticas
de exercícios físico. Vejo pessoas desejando ter muito dinheiro, mas
em contrapartida com muito pouca disposição ao trabalho. Vejo pes-
soas querendo ter um parceiro ou uma parceira, mas que não estão
dispostas a construírem um relacionamento. Dessa maneira ainda
não iniciaram a jornada da consciência, pois desejam o resultado
sem estarem dispostos a assumirem os compromissos necessários
para alcançarem os seus objetivos.
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Se você pretende aprender a tocar um instrumento musical, e entra
em uma aula de piano, por exemplo, você pode ter o melhor profes-
sor do país, um excelente instrumento, mas, ainda sim, você precisa-
rá separar um tempo para colocar a mão nas teclas e treinar todas as
escalas musicais. Se você pretende aprender natação, você pode até
assistir todos os vídeos na internet sobre nadadores profissionais, ler
vários livros, acompanhar grandes competições, mas, sem entrar na
água, você nunca vai aprender a nadar.
68
viver é tomar decisões e
assumir riscos
69
porém nem
tudo são flores
A
necessidade de que todos temos, em maior ou menor grau, de
sermos aceitos pela a sociedade em que vivemos, ou por algum
grupo específico, acaba nos afastando dessa jornada da consci-
ência. Perdemos o controle da nossa vida porque aceitamos fazer aquilo
que a maioria das pessoas estão fazendo, mesmo que muitas vezes isso
não faça sentido para você, mas para não ser uma pessoa diferente, para
não bancar o papel da pessoa desagradável, você acaba cedendo.
Eu entendo que uma coisa é você fazer isso por uma causa justa
e difícil. Você ceder em prol do coletivo, para um bem maior, que
responda por uma necessidade universal, inegoísta, atemporal, ao
invés de atender somente a um pequeno grupo, a uma pequena par-
te. Outra coisa, bem diferente, seria você se afastar da sua jornada
da consciência em troca de compromissos superficiais, vulgares e
sem sentido. Isso não me parece uma troca inteligente.
70
Se é para você abandonar um desejo pessoal, faça isso em troca de
algo mais grandioso, porque dessa forma você continuará adiante
em sua jornada.
71
aprenda a gostar daquilo
que faz bem
72
sacrifício: algo
bom ou ruim
A
palavra sacrifício, para muitos, tem uma conotação um tanto
quanto trágica. No entanto carrega consigo um sentido mui-
to especial. Sacrifício vem de ‘’sacro’’ ‘’ofício’’, que significa
ofício sagrado. Para todos os heróis míticos, o heroísmo é um ofício
sagrado. Para esses modelos simbólicos de vida moral, é sempre um
bom negócio trocar vontades comuns por vontades altruístas. Deixar
de beneficiar a si mesmo para beneficiar a todos os outros.
73
Porém, quando estamos entediados em casa sem ter o que fazer,
temos vontade de fugir para uma experiência de prazer na rua, com
os amigos. Quando vamos para a rua com os amigos, conversamos
sobre os problemas do trabalho.
Essas serão as tarefas que você terá que se concentrar ao longo desse
dia ou semana e que ninguém poderá resolver por você.
74
Uma pessoa sem metas claras e objetivos bem definidos facilmente
se perde. Um exemplo interessante para ilustrar essa reflexão é de um
atleta de salto com vara. Para ele alcançar uma grande altura é funda-
mental que ele tenha um ponto de referência, uma meta, um obstáculo.
De longe ele consegue visualizar o limite que ele se propõe a ultrapas-
sar. Se você tira esse obstáculo que delimita uma marcação, dificilmen-
te o atleta irá conseguir saltar tão alto. Isso porque ele perdeu o seu
ponto de referência.
75
consciência nos
relacionamentos
A
falta de consciência também afeta de forma direta as nos-
sas relações e, talvez seja, uma das áreas que mais sofrem
com a nossa ausência do momento presente. Agir de forma
mecânica, presos no passado ou no futuro, sem consciência do ago-
ra nos tira qualquer possibilidade de construir laços verdadeiros e
profundos. Eu insisto na ideia de que relacionamento é algo que se
constrói através de experiências conscientes, em que conseguimos
aplicar, em alguma medida, sentimentos superiores aqueles que en-
contramos na sala da sabedoria do andar das emoções.
76
Se ao invés do galho se manter rígido, ele se curvar à medida que pau-
latinamente a neve for depositada sobre ele, chegará a um momento
que, ao estar bastante inclinado, a neve cairá no chão e ele irá se reer-
guer novamente. Devemos ser firmes, mas não devemos ser duro.
77
5ª parte
um dia sem
consciência
78
a felicidade não
exclui a dor
79
E
xiste um mito muito antigo que chega para nós, ainda hoje, de
origem da cultura grega, chamado mito de Narciso. Era um
jovem muito bonito, mas que nasceu impedido de ver a sua
própria imagem. Essa era a sua única restrição: ficar sem contemplar
seu próprio reflexo. Ele então caminha em direção à floresta, esbanja
seu encanto para todos os seres que ali estavam. Depois de caminhar
por algumas horas sente sede e vai em direção a um lago para beber
um pouco de água.
80
Essa percepção também nos afastada da realidade e pode nos pa-
ralisar, afastando-nos de novas experiências, da luta pelos nossos
sonhos ou até mesmo da construção de um novo sonho. Quando
você considera que nada do que você faz está bom o suficiente ou
que você não tem nada a acrescentar em um grupo, que ninguém
irá sentir a sua falta, que você não faz nenhuma diferença, possi-
velmente sua percepção já está completamente deturpada pela sua
baixa autoestima.
81
Porém, em muitas situações da vida, por medo, optamos em desistir
da luta. Quando escolhemos não lutar, ou seja, quando não assumimos
responsabilidades em nossa vida, agimos então de uma forma tamásica.
No entanto, o Bhagavad Gita nos ensina que para qualquer ser hu-
mano crescer e se tornar uma pessoa melhor, ele precisa fazer isso
através da via da ação. Agir é próprio do ser humano que quer ser
melhor, pois quando agimos somos obrigados a nos tornar respon-
sáveis pelas escolhas que tomamos. Somos responsáveis pelo nosso
destino. Assim, crescemos à medida que assumimos responsabilida-
de de forma consciente ao longo da vida.
82
Esse exemplo ilustra os momentos em que mostramos muita dis-
posição, força de vontade para fazer coisas para nós mesmos.
Quando sempre temos tempo livre e disponibilidade para ganhar
algo em troca. Nessa obra clássica indiana, agir com apego ao fru-
to, se enchendo de expectativas, também não é uma ação própria
do guerreiro, pois quando geramos muita expectativa proporcio-
nalmente ficamos com muita ansiedade.
Quando você escolhe fazer algo não influenciado pelo o que você vai
ganhar com isso no final. Isso é sattva. Quando você decide algo não
motivado pela recompensa, mas sim pelo ato de fazer o bem e pelo
princípio moral que existe nessa ação.
83
a verdade está no
caminho do meio
84
os males causados pela
falta de consciência
A
gora vamos analisar algumas consequências que sofremos em
função da falta de consciência, da falta de viver o momento pre-
sente. Quando somos envolvidos fortemente por essa energia
tamásica que, nos convida a inércia, corremos grandes riscos de sermos
aprisionados pela depressão. Ela pode ser consequência do medo de
agir ou também de uma autocrítica muito grande, proveniente de uma
baixa autoestima. O que pode ser observado em comum entre o medo
paralisante a baixa autoestima é a inclinação à tristeza.
A tristeza pode ser justificada, uma vez que entendemos que nem
todas as experiências que passamos na vida são agradáveis. No en-
tanto, todas as experiências podem ser válidas para nos fazer cres-
cer e aprender algo com elas.
85
Se somos aprisionados pela baixa autoestima, também não podemos
dizer que estamos em um caminho consciente, pois não faz sentido que
nenhuma pessoa no mundo não tenha nada a oferecer de bom ou que
nenhuma pessoa não tenha nada a receber.
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O problema é que com a mesma força e intensidade que geramos todas
as nossas expectativas, geramos a nossa ansiedade. Em uma máxima
oriental, conta-se que o primeiro desejo que teremos que superar para
alcançarmos a vitória é o desejo da vitória. Sempre que realizamos
algum tipo de planejamento, uma coisa que devemos levar em con-
sideração que todo projeto pode ser adaptado na medida em que ele
vai sendo executado. Se nos apegamos de forma muito rígida a nossas
metas, propósitos, as necessidades de adaptações vão surgindo e junto
o sofrimento vem, o que gera muita angústia. Isso tudo porque a alta
expectativa deu origem a uma grande ansiedade.
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como nos livrar dos males
causados pelo medo
e pela dúvida
D
a mesma forma que temos que colocar o nosso corpo
físico em movimento para que ele consiga ganhar força
e assim gerar condições de responder aos nossos coman-
dos, nos auxiliando em nossas atividades cotidianas, também
precisamos aplicar esse princípio no campo emocional e mental.
Observando a natureza, podemos chegar a conclusão de que a
vida se expressa através do movimento e que nada que observa-
mos nesse universo concreto se encontra paralisado.
88
A medicina já compreende que saúde é uma questão de movimento.
Por isso a morte tende a ser relacionada com a ausência dos movimen-
tos. Quando paramos de movimentar o nosso corpo físico, começamos
a enfraquecer a nossa musculatura, tornando-a sem força e flácida.
Outra vez o desafio está nos excessos, pois uma coisa é ter a dúvida e
o medo como um ponto de partida e outra coisa é ter a dúvida e o medo
como ponto de permanência.
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Quando permanecemos muito tempo nesses dois estágios, tanto um
quanto o outro, geram diferentes formas de dores. Mas a dor também é
algo natural para o ser humano, embora isso não signifique que você te-
nha que sofrer. O significado real por trás disso é que a dúvida, o medo
e a dor são sistemas pedagógicos da natureza que sempre surgem para
nos ensinar algo, algo que nem sempre estamos dispostos a aprender.
Até aí tudo bem, desde que haja um equilíbrio entre cada um des-
ses três sistemas de aprendizado. Caso contrário, quando a dor se tor-
na muito grande ou pelo excesso de medo ou pelo excesso de dúvida,
perdemos qualquer possibilidade de consciência. Quando a dor é ex-
cessiva não conseguimos pensar. Tente resgatar na sua memória algum
momento em que você tinha uma grande dor de cabeça, por exemplo. É
provável que seu raciocínio não consiga ficar estruturado em momentos
assim e por isso sua capacidade de entender o que está acontecendo fica
comprometida. Se perde a razão.
90
6ª parte
conquistando a chave
mestra da consciência
91
“a virtude é uma
questão de prática”
aristóteles
92
V
ocê que chegou até aqui consegue ter uma visão mais clara
sobre a natureza de todo ser humano. Toda personalidade é
uma estrutura complexa carregada com sutis conexões dos
diferentes aspectos pessoais, físicos, biológicos, emocionais e men-
tais. Todo ser humano é um mistério, digno de ser desvendado. Cada
pessoa no mundo guarda dentro de si um conjunto de habilidades e
talentos fantásticos, mas que, em sua grande maioria dos casos, não
são desenvolvidos pelo fato de que muitas vezes não temos consciên-
cia da existência dessas habilidades.
93
Entender os prejuízos que podemos levar e os benefícios que
podemos ter através de um uso mais organizado e consciente. Os
aspectos mais sutis de nossa personalidade, que são mais difí-
ceis de serem compreendidos, são as estruturas que recebem os
nossos pensamentos e emoções. Quando não entendemos bem o
funcionamento dessas duas distintas estruturas, cada uma com
suas específicas características e necessidades, deixamos de nos
beneficiar de tudo que elas podem nos oferecer. Isso no melhor
dos casos, porque também podemos ser prejudicados com todos
os transtornos que podem ser gerados pela falta de organização
dos nossos pensamentos e emoções.
94
À todas as ideias nobres que inspiram os seres humanos e, quan-
do conseguimos experimentá-las de forma concreta em nossas vidas,
nos tornamos pessoas mais confiantes, seguras e estáveis.
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Uma grande ferramenta que possuímos para conseguir executar
essa organização é a nossa linguagem. A capacidade de comunicação
do ser humano é absurdamente mais sofisticada e complexa do que a
de qualquer animal que habita nosso planeta. E isso não é aleatório.
Como dizia o matemático Henri Poincaré, “o acaso não é mais que a
medida da nossa ignorância”.
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não somos o que comemos e
sim o que assimilamos
97
a linguagem ajuda a
estruturar nosso
pensamento
À
medida em que nos comunicamos, seja com outras pessoas
ou com nós mesmos, ainda que esteja falando sozinho em
voz alta, isso ajuda a organizar muitas das ideias que pas-
sam em alta velocidade na nossa mente. Na prática isso funciona
mais ou menos assim: imagine que você possui na sua casa um am-
biente que está muito desorganizado, porque você foi acumulando
uma série de objetos, sem nenhum método de armazenamento. Esse
lugar pode ser um depósito ou o seu guarda roupa. Uma vez que o
seu guarda roupa está bagunçado, quando você tiver que se arrumar
para algum evento, você pode perder muito tempo e energia para
conseguir encontrar as peças de roupas necessárias para você se ves-
tir da maneira que deseja. Sendo que pode até acontecer o fato de
você não conseguir encontrar as roupas que deseja.
98
Agora, a partir do momento que você decide organizar sua dis-
pensa de comida, o seu guarda roupa, separando peça por peça, se-
lecionando as cores, modelos, os lugares adequados, com certeza
você irá se surpreender. E uma das surpresas será encontrar peças
no seu guarda roupa que você nem lembrava que tinha. Esse é um
fenômeno proporcionado pela ordem.
Isso é o que acontece com você à medida que vai organizando os seus
pensamentos. Você toma consciência dos conhecimentos que tem, de
algumas informações que foram registradas, relaciona algumas ideias
com outras, gerando uma conexão que lhe traz sentido.
99
Resumindo, a comunicação, nesse caso, ajuda a estruturar os
seus pensamentos. Uma vez que os pensamentos estejam melhor
distribuídos se torna muito mais fácil uma conexão entre eles,
assim como se o seu guarda roupa está organizado, você pode
conseguir encontrar o que procura com muito mais facilidade, e
até mesmo tomar conhecimento de coisas que você nem sabia que
tinha.
100
o que eu
ganho
com isso
O
s pensamentos organizados geram clareza das ideias, isso te
faz poupar tempo e energia. O exemplo disso é uma pessoa
que sabe exatamente o que ela quer. No entanto saber o que
quer não é se iludir com qualquer coisa superficial e que não res-
ponde as necessidades mais profundas do ser humano. Antes de de-
finir o que queremos, temos que saber querer. Precisamos de apren-
der a gostar daquilo que nos faz bem e que por isso é fundamental e
deveria ser prioridade em nossa vida.
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Organizar os pensamentos é substituir a dúvida por convicções,
que se começa com pequenas certezas, advindas de constatações coti-
dianas do seu laboratório de aplicação prática das ideias trabalhadas
nesse livro.
Tudo isso pode ser feito através das suas diferentes formas de lingua-
gem. Uma pessoa que, por diferentes motivos, apresenta muita dificul-
dade de se comunicar, seja porque é tímida ou possui dificuldades de se
relacionar com outras pessoas por causa do medo de expor suas ideias,
ela deixa de gerar essa importante experiência, e, dessa forma, terá mui-
ta dificuldade de organizar os seus pensamentos e suas emoções. Será
muito difícil de conviver consigo mesmo. Se você não expressa suas
ideias através de diálogos com outras pessoas, você precisa pelo menos
fazer isso consigo mesmo- ter conversas interiores, colocando para fora
seus pensamentos, ou seja, tirando tudo que está no seu guarda roupa
para fora, para conseguir entender e depois estruturar.
102
A dificuldade aqui é que algumas respostas nós nunca iremos
acessá-las de forma solitária. Para conseguirmos realizar esse exercí-
cio de maneira completa não basta faze-lo sozinho e vamos precisar
de uma segunda pessoa. O diálogo é o contato de duas ou mais inte-
ligências - Dia (dois) logos (inteligência).
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tenha o medo e a dúvida como um
ponto de partida e não como um
ponto de permanência
104
considerações finais
para enfrentar
o medo
E
xiste um mito grego que ilustra muito bem essa ideia apre-
sentada sobre a chave da consciência. O mito de Perseu e
Medusa. Muitos não sabem, mas a Medusa nem sempre foi
um monstro com cabelos de serpente e olhar petrificante. Conta-se
que existiam três belas irmãs conhecidas como as Górgonas e uma
delas era a Medusa. Tinha seus cabelos loiros, encaracolados, com
uma pele branca e macia, com os olhos cor azul do céu.
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Como existem muitas dessas ideias, sendo imateriais, imortais, sutis
e transcendentes, os poetas gregos a representavam como divindades.
A partir daí Medusa foge, com suas outras duas irmãs, para um local
desconhecido. A Medusa pode ser entendida como o medo, o mistério.
Tudo aquilo que nos causa pânico e terror. Porém, para colocar um fim
nessa terrível história, a deusa Atena envia um mítico herói para caçar e
matar, de uma vez por todas, esse terrível monstro.
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Então Perseu entende que polindo o seu escudo ele poderia enxergar
o reflexo da Medusa, se aproximando discretamente, sem ter que olhar
diretamente nos seus olhos.
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Agir com inteligência é uma das maiores armas que o ser hu-
mano possui. Sendo bem trabalhada, nos ajuda a nos libertar de
todos os nossos medos.
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hinaldo breguez
a chave
da consciência
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