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“Consequências dos Desastres Ambientais no Brasil”

O rompimento da barragem de Brumadinho foi a segunda tragédia desse tipo em poucos anos. As
evidências mostram que as autoridades e as mineradoras responsáveis não aprenderam com os erros
do passado.
O rompimento da barragem da vila de Brumadinho, em 2019, no estado de Minas Gerais, é, sem
dúvida, um dos piores desastres humanos e ambientais da história do país. Foi relatado que 142 pessoas
foram mortas e outras 194 ainda estão desaparecidas após o desastre que ocorreu em 25 de janeiro.
Moradores de Brumadinho disseram que ninguém escapou da tragédia – todos tinham um amigo, um
parente ou conhecido que foi morto ou ainda está desaparecido.
Em um incidente semelhante em novembro de 2015, uma barragem maior em Minas Gerais estourou
no povoado de Mariana, matando 19 pessoas e causando um desastre ambiental semelhante. Nessa
tragédia, a lama tóxica da mina enterrou toda a vila de Bento Rodrigues, contaminou a bacia do Rio
Doce e deixou milhares de pessoas sem água. O impacto ambiental foi tão catastrófico que os resíduos
tóxicos atravessaram os rios atingidos e desembocaram no oceano Atlântico.
O impacto ambiental total do desastre de Brumadinho ainda é desconhecido. "Estamos preocupados
com a forma como isso se espalhará pela região. Se tivermos chuvas, aumentará o fluxo de lama tóxica
e se espalhará mais rapidamente," disse o professor de biologia da FAESA, Thiago Gaudio. Ele
também disse que o impacto ambiental total do desastre de 2015 em Mariana também não foi ainda
avaliado: "a lama tóxica continua no solo e na água por muitos anos. Ainda não se sabe as dimensões
do desastre e os problemas futuros." Assim, é difícil avaliar os impactos ambientais de longo prazo na
região.
Após o rompimento da barragem, o presidente Jair Bolsonaro, falou: “Faremos todo o possível para
chegar às vítimas e minimizar os danos, descobrir os fatos e buscar a justiça para evitar novas tragédias
semelhantes aos de Mariana e Brumadinho, para o bem do povo brasileiro e do meio ambiente". No
dia seguinte ao rompimento da barragem, o presidente Bolsonaro sobrevoou o local de helicóptero e
criou um Ministério Consultivo para Supervisão e Investigações de Desastres composto por dez
ministros. Ele também aceitou a oferta de Israel de enviar soldados israelenses para ajudar as missões
de resgate do Brasil e assistência às vítimas.
No entanto, o presidente Bolsonaro também prometeu durante sua campanha presidencial reverter as
leis ambientais brasileiras. Poucos dias antes da tragédia da barragem, Bolsonaro declarou no Fórum
Econômico Mundial em Davos que o Brasil está empenhado em cuidar do meio ambiente. Mas ele
também disse que é primordial tornar as leis ambientais e políticas ambientais do Brasil “mais
flexíveis” para aprofundar a integração do Brasil com a economia global e implementar seu projeto
“nacional”.
O abandono da população pelas autoridades estaduais aumenta o sentimento de desespero dos
brasileiros e o déficit democrático. O desencanto com a política e a desconfiança com a democracia
vêm aumentando gradualmente, resultando na eleição de um presidente autoritário e fascista. De acordo
com uma pesquisa recente do Datafolha, 16% dos brasileiros apoiam a tortura como forma de obter
confissões; 43% dos brasileiros acreditam que o conteúdo das mídias sociais deve ser controlado; 24%
dos brasileiros não apoiam o direito de greve dos trabalhadores e 33% dos brasileiros apoiam a noção
de que alguns partidos políticos sejam banidos. Além disso, 50% dos brasileiros acreditam que no
Brasil pode se instaurar uma nova ditadura.
Infelizmente, sob o atual estado de abandono e desespero, políticos populistas e suas narrativas
messiânicas podem ganhar cada vez mais apoio político.

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