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ALÉM DE VOCÊ

1ª EDIÇÃO
2017

Revisão: Anna Carolina


Diagramação: G.R. Oliveira
Capa: G.R. Oliveira

Esta é uma obra fictícia. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação do
autor. Qualquer semelhança com pessoas reais vivas ou
mortas é mera coincidência.

Esta obra segue as regras da nova ortografia da língua


portuguesa.

Todos os direitos são reservados e protegidos pela lei nº


9.610, de 10 de fevereiro de 1998.

É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de


qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios -
tangível ou intangível - , sem o consentimento escrito do
autor.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus por ter


escrito e terminado este livro.
Quero agradecer também em especial a variedade
de autoras de livros do gênero Romance Hot. A maioria
delas não me conhece, mas suas obras me deram
motivação para que eu publicasse este livro. Obrigado
por promulgarem e ajudarem o crescimento do gênero.
Sou grato também aos meu seguidores do
wattpad. Nunca pensei que conseguiria ter mais de 9.000
pessoas me seguindo em tão pouco tempo. Este livro é
para vocês também, obrigado pelo apoio.
SINOPSE

* O sucesso no wattpad com mais de 1,5


milhões de visualizações chega na Amazon com sua
versão completa.
Jake Galagher é um cirurgião dentista renomado
e extremamente safado. Em seu trabalho se porta como
uma pessoa extremamente profissional, mas sua vida
pessoal é mais agitada do que o normal, principalmente
quando o assunto são as mulheres com quem se relaciona,
que não são poucas.
Bella Swan trabalha como massoterapeuta em
uma grande clínica da cidade de Princetown. Sexy e
carismática, tem aos seus pés vários homens, e aproveita
a vida de forma intensa. Uma mulher com personalidade e
decidida quando o assunto é relacionamento, em sua
cabeça os homens só servem para uma ou, quando muito,
duas noites.
Jake e Bella procuravam sexo sem compromisso,
mas a vida pregou-lhes uma peça que jamais se
esquecerão. Seria uma noite, somente isso, nada mais...
Existem formas de amor e desejo que não são
decifradas por um olhar e por simples palavras. Dizem
que os opostos se atraem, mas, e quando duas pessoas são
extremamente parecidas?
Embarque em uma história que inicialmente tinha
tudo para dar errado, mas, com o tempo, os corações
envolvidos se abrem para uma nova e inesperada forma
de amor.
"Além de você" é um romance indicado para
pessoas que estão dispostas a rir, chorar, se emocionar, e,
principalmente, que entendam que o amor chega em
nossos corações de uma maneira: INTENSA,
PROVOCANTE, EXCITANTE.
** Contém cenas não recomendadas para
menores de 18 anos.
CAPÍTULO 1
"O que queremos deve ser feito no
momento propício para tal, mas agir por
instinto tem suas qualidades..."

JAKE

Prazer, meu nome é Jake Pecado... brincadeira,


não resisti.
Vou começar novamente, não quero causar uma
péssima primeira impressão. Meu nome é Jake Gallagher,
sou cirurgião dentista e moro na cidade de Princetown.
Atualmente atuo em minha área e sou safado, são as duas
coisas que me definem com mais âmbito.
Em relação ao meu trabalho, bem, ele me exigia
muito em dias específicos. Uma das coisas boas nestes
tempos afins era a incessante rotatividade de mulheres que
passavam por mim. Só pela lembrança de suas roupas
apertadas, o perfume que emanava delas, os olhares com
segundas intenções... ah, elas me deixavam de pau duro.
Sempre fui safado ao extremo, comprometimento
amoroso e relacionamento sério são palavras proibidas
em minha vida. Ser assim é normal, pelo menos pra mim.
Antes que me perguntem, a resposta é não! Não sou assim
por causa de alguma mulher que me colocou um par de
chifre, nada disso. Até porque nunca namorei, essa é a
verdade, um dia vocês entenderão...
Meu instinto é de um animal selvagem pronto para
o ataque. Tenho vários amigos que me julgam por ser um
tanto quanto "diferente" neste aspecto, ou melhor, pela
minha opinião diferente sobre a palavra amor.
Tenho uma grande quantidade de "amigas", e
claro, transo com a maioria. É normal para mim e para
elas. Mas se existe algo que não gosto é de envolvimento
com mulher casada ou com namorado. Pode não parecer,
mas tenho muita índole nesse ponto. Respeito para ser
respeitado. As pessoas com quem me envolvo querem o
mesmo que eu: sexo sem compromisso.
Se tenho vergonha em afirmar isso explicitamente
para qualquer pessoa? Não, nem um pouco. A opinião
importante sempre foi e será a minha. Não vou para onde
a maré está indo, faço meu próprio caminho, pois quem se
lembrará das minhas experiências serei eu.
Hoje é um dia que estava pronto para o ataque.
Estou sedento por sexo, e nem serei tão seletivo dessa
vez. Peco nesse aspecto, por determinados momentos fico
analisando as mulheres, e estou errado neste ponto.
Pensando desse jeito fica parecendo que as trato como
mercadorias, o que não é verdade.
O problema dessa escolha por assim dizer é que
como tenho muitos contatos, fico a mercê da seletividade,
invariavelmente tenho que analisar as características de
algumas. Se elas chupam da forma adequada ao meu
gosto, se tem uma preliminar bem feita, ou até mesmo se
conseguem me fazer gozar várias vezes em um tempo
relativamente curto.
Outra coisa que não abro mão entre quatro
paredes é de estar no comando. Não importa quem seja
minha parceira no ato, neste "meu" momento quem manda
sou eu. Em várias ocasiões “deixo” elas pensarem que
estão me dominando, mas... na hora certa todas tem uma
surpresa, e posso garantir que a maioria delas aprovam o
resultado final.
Prazer, sou assim em meu cotidiano. Sei que não
agrado a maioria das pessoas, mas sou o que sou, e
pretendo continuar no comando da minha vida, sem
influências alheias.
Me acho atraente, não sou maravilhoso ou
especial em algum quesito quando se trata de beleza.
Tenho 29 anos, sou moreno, minha barba preenche meu
rosto de forma impecável, tenho os cabelos castanhos,
eles são curtos e de um tom claro, meus olhos são
castanhos claros e meço 1,90m de altura, acho que as
mulheres gostam dessa estatura nos homens, minha
opinião. Além disse já pratiquei vários tipos de lutas e
frequento a academia pelo menos cinco vezes na semana,
em suma, me considero gostoso e desejável.
Em relação à minha vida... bem, passei por
algumas dificuldades em minha história a ponto de quase
entrar em depressão, mas já faz muito tempo, e não gosto
de lembrar muito dessa parte da minha vida. E se engana
vocês que pensam que é por causa de alguma mulher!
Me envolvi em um acidente com implicações que
irão durar por toda minha vida, sei disso. Os resquícios
desse desastre ainda me atormenta profundamente como as
ondas do mar, que vão e voltam sem fim.
O acidente que mencionei anteriormente ocorreu a
mais ou menos três anos atrás. No dia em questão estava
voltando de uma festa feita na casa de um amigo da minha
faculdade. No carro estava eu e Fabrízio, meu irmão.
Sempre quando a gente saia junto adotávamos um
código. Algo simples, mas primordial. Sempre um de nós
não bebia nada alcoólico, independente da festa.
Seguíamos a risca esse procedimento, nunca tivemos
nenhum tipo de problema. É claro que em algumas
ocasiões um dos dois ficava chateado por não beber, mas
nunca quebramos nosso “pacto”, por assim dizer.
Nesse dia eu estava conduzindo o carro, quando
em um cruzamento movimentado em nossa cidade um
outro veículo furou o sinal vermelho e colidiu
lateralmente com o meu. Não sei qual palavra usar para
descrever a forma que tudo aconteceu. O fato é que o
veículo em questão bateu em cheio do lado que Fabrízio
estava, e... o matou instantaneamente.
Se engana vocês se sabem ou imagina o que sinto
quando lembro do acontecido. Durante muito tempo a
raiva tomou conta de mim, me consumiu de uma forma que
nem eu mesmo consigo explicar. Ela ainda me corrói... e
faço coisas das quais não me orgulho.
Nunca fui religioso, mal ia na Igreja, mas mudei
neste ponto. Houve uma vítima neste caso, meu irmão.
Não nego que no começo fiquei extremamente perturbado.
Meus sintomas pioraram conforme o tempo passava, meu
desespero era evidente a cada dia que eu "vivia". Refleti
várias vezes sobre a ideia de dar um fim em minha vida,
só pensava nisso e como faria.
Durante este tempo fiquei um pouco mais próximo
de Deus, só que de um jeito diferente. Nunca pedia nada
exacerbado para mim, somente orava a ele para que eu
nunca mais passasse por uma situação parecida
novamente. Muitas pessoas sabem que a dor da perda
queima por dentro, e não tem hora e nem lugar para se
apossar dos nossos pensamentos.
Apesar de ser do jeito que sou, me acho bastante
centrado em determinados aspectos em minha vida. Meu
emprego é bastante importante pra mim, sou cirurgião
dentista, e relativamente famoso na cidade de Princetown.
No local onde moro há aproximadamente 100.000
habitantes, e gosto muito daqui, principalmente por ter
mais mulheres que homens, isso me atrai bastante, não vou
negar.
Trabalho em tempo integral, e amo o que faço.
Consigo ser importante para as pessoas de um modo
simples, mas que me satisfaz. Muitas indivíduos dizem
que ser dentista não é nada demais, até entendo o ponto de
vista deles, mas discordo totalmente. A partir do momento
que você ama o que faz, e executa bem feito, tudo se torna
prazeroso, e comigo não é diferente, encho a boca pra
dizer a todos: tenho orgulho da minha profissão. Gosto de
ser útil e ajudar as pessoas com algo que sei executar, e
agradeço a Deus por isso.
Apesar de ser cafajeste, que é uma boa palavra
pra dizer como sou, quando estou trabalhando me
mantenho sempre focado. Lógico que há mulheres
maravilhosas que passam em meu consultório, mas não
confundo as coisas, não faço nada "por lá", se é que me
entendem. Não vou mentir que as vezes dá uma vontade...
mas, sou profissional antes de qualquer coisa.
Quando rola um olhar a mais e tal, eu geralmente
marco de sair com elas. Até porquê não sou de ferro não
é? Homens e mulheres tem suas necessidades cotidianas, e
não sou diferente. O sexo em minha vida é algo
corriqueiro, e a variedade de moças que entram em minha
vida é grande também. Só estou unindo o útil ao
agradável, não só para mim, mas para elas também. Todos
temos desejos, necessidades, ânsias e outras coisas,
então... nada melhor que satisfazê-las, não concordam?
A casa onde moro é bem propícia para pequenas
festinhas a dois. Não tenho vizinhos casados, ou seja, não
tenho tantos problemas se houver alguns barulhos vindo
da minha casa, pois eles tem suas resenhas de vez em
quando. Então onde me estabeleço é um ótimo lugar para
aproveitar os desejos da nossa carne sem me preocupar
com confusões.
Quando estou em casa gosto de colocar músicas
para ouvir em alguns momentos, é algo que me relaxa, me
tiram de mim, entendem? Na verdade poucas coisas me
deixam menos tenso quando estou eufórico, mas essa
adrenalina que sinto do nada não irá mudar, independente
do que eu faça. Tenho essa "coisa" desde a perda do meu
irmão, e acho que sempre a carregarei.
Uma outra coisa que gosto muito é de desenhar e
aprender línguas novas. Sendo que essa segunda é minha
paixão, por assim dizer. Apesar da pouca idade já falo
fluentemente 5 línguas: português, inglês, espanhol,
francês e mandarim. Tenho vontade de conhecer vários
países, e na maioria deles é falado uma dessas línguas.
A respeito dos desenhos é mais por hobbie.
Desenho de tudo, tudo mesmo. O que me dá vontade de
colocar no papel ou nas telas eu ponho. Geralmente
observo algo por alguns segundos ou minutos e tento
reproduzir por minha conta, sem olhar novamente.
Tenho quinze quadros pintados por mim com base
em fotografias do meu irmão. Na época do seu
falecimento essa era uma das únicas coisas que me
mantinham " no chão" por assim dizer. Do jeito que falo
fica parecendo que meu irmão era importante para mim
não é? Ele era tudo pra mim, a única pessoa que eu
confiaria de olhos fechados, o ser humano que me ensinou
o que são os princípios da vida, apesar de mais novo. O
problema é que ele se foi, só o tenho em meus
pensamentos, e nada irá tirar a culpa e angústia que sinto
dia após dia.
A respeito dos quadros, não vou negar que pintei
mais do que esses quinze que tenho em casa, devia ser uns
quarenta no total, mas com o tempo fui tendo explosões de
raiva, e destruía a maioria deles, é complicado entender o
que se passa comigo, nem eu mesmo sei.
Uma outra coisa que gosto bastante é de ouvir
musicas. Não me importo de qual seja o ritmo, claro que
tenho algumas preferências, mas ouço de tudo.
Ultimamente estou ouvindo rock clássico, R&B e algumas
músicas eletrônicas, mas minha paixão mesmo é a música
country.
Adoro deitar em meu sofá e me imaginar no
campo ouvindo aqueles sons rústicos característicos que
te transmitem paz e sossego. Isso tudo com uma música
country de pano de fundo. Quer coisa melhor?
Mas voltando a vida corrida que levo, hoje é
sexta feira, dia de farra!
Ainda era de manhã, e estava fazendo minha
higiene pessoal, me preparando para mais um dia de
trabalho.
Após tomar meu café da manhã fui em direção ao
local onde trabalho. Ele fica em uma área nobre da
cidade, praticamente no centro. A clínica onde atendo se
chama Vida Plena, e é muito bem conceituada, sou
praticamente o dono, um dia vocês saberão o motivo da
palavra "praticamente".
Ao chegar lá, passei para conversar com a nossa
secretária, Marie, ela era quem resolvia a maioria dos
problemas daqui, e uma ótima pessoa também. Gostava
muito dela, pois era muito comunicativa e sincera.
— Bom dia Marie. Tenho alguma cirurgia de
emergência que foi marcada ontem? — Sorri para ela,
gostava de sorrir o máximo possível aqui na clínica, não
vou negar.
— Bom dia doutor Jake. Não tem nenhuma,
somente consultas normais. — Ela retribuiu meu sorriso.
Marie tinha 45 anos de idade, e sabia que não
estava a paquerando, sempre a tratei com cordialidade e
sinceridade.
— Meu último paciente é qual horário mesmo?
— Será às 18:00 horas , é aquela mulher, dona
Mirella. — Ela começou a me olhar fixamente para ver
qual seria minha reação a essa notícia.
— Meu Deus! Será que saio daqui hoje?
— Comecei a rir um pouco. Ela era dureza, não vou negar.

— Boa sorte, eu já fico maluca com ela aqui na


espera.
— Não tenho nada contra ela sabe?! — Emendei.
—O problema é que ela não para de conversar, e como
preciso dela um pouco mais calma... fica difícil conseguir
executar os procedimentos.
— Um dia você irá conseguir dar um jeito doutor.
— Ela acha que eu consigo entender ela quando
está com a boca aberta, e fico sem graça de dizer que não,
por isso só concordo com ela. — Cocei a cabeça.
Marie balançou a cabeça e riu um pouco em sinal
de negação.
— Posso te fazer uma pergunta doutor? Quero que
seja sincero.
— Você sabe que pode.
— Seu trabalho dentro do consultório te estressa?
É que... nunca vi você saindo daqui irritado com algo,
muito menos apressado.
— Não vou mentir e dizer que nunca me estressa,
mas na maioria das vezes não. É algo que gosto de fazer
desde que me formei no Ensino Médio. Todo trabalho tem
sua carga de exaustão, mas tento fazer meu melhor para
que as pessoas não sejam afetadas por algo que posso
estar sentindo.
— Entendo doutor.
Neste momento veio aquela loira que me deixa...
esquece. Que mulher quente, gostosa! Ele era a nova
dentista da clínica Vida Plena. Nós somos quatro no total,
dois homens e duas mulheres, Lexie, a outra dentista é
casada, ou seja, não me interessa nem um pouco, mas
Jeniffer, essa loira me deixa duro só de olhar pra ela,
tenho que descobrir urgentemente se ela tem alguém em
sua vida.
— Oi bonitão. — Ela me deu uma piscadinha.
— Olá Jeniffer. Não é bom ficar me chamando
assim, posso ser perigoso. — Tentei jogar um charme pra
cima dela, apesar de quase nunca fazer isso tipo de coisa
na clínica, deixo pra outras ocasiões mais específicas.
— Você com essa cara de quietinho e tímido?!
Duvido!
Essa mulher trabalhava aqui não tinha nem um
mês e já era a terceira vez que me provocava. Podia ter
tudo, menos cara de santo, e ela sabia, mas gostava de me
provocar!
— Um dia descobre. — Disse olhando firmemente
para ela.
— Quem sabe. — Ela se virou para Marie. — Bom
dia Marie. Tem como desmarcar o último paciente do dia
pra mim.
— Claro doutora Jeniffer.
—É sexta não é Jeniffer? Eu entendo você querer
ir pra farra um pouco mais cedo. — A provoquei sorrindo.
— Quem dera, estou precisando sair um pouco
mesmo, mas irei viajar para a cidade dos meus familiares
e me encontrarei com papai.
— Entendo. — Simulei um pouco de frustração em
minha voz para ver qual seria a reação dela.
— Mas... próxima vez, quem sabe não cairei na
noite, você podia me mostrar alguns bons locais. Que tal?
— Tudo bem. Marcado. — A olhava fixamente
para ver se ela se sentia intimidada ou algo parecido, mas
não. Era uma mulher firme como pedra, do tipo que eu
gosto, que não se abala fácil, seria melhor ainda quando a
pegasse de jeito, e isso garanto que não demoraria muitos
dias.
— Entrarei agora para o consultório, até mais
gostosão. — Me deu mais uma piscadinha e uma encarada
me olhando de cima em baixo.
— Essa é maluca Jake, sabe disso não é? — Marie
resmungava pra mim.
— Sim, ela não está nem ai com o que fala.
— Você não fica com vergonha? Ela fica te
falando essas coisas aí... você entendeu.
— Não. Ela pode falar o que quiser, não me abalo
muito Marie.
Só que em minha cama garanto que ela ficaria
quietinha, e em breve colocaria isso em prática. Pensei
comigo enquanto conversava com Marie.
Hoje era sexta mas as horas do meu dia passaram
rapidamente sem problemas, e meu dia transcorreu
tranquilamente no fim das contas. A respeito da minha
última paciente, aquela mulher falante, não sei o que
aconteceu, ela parecia estar com depressão hoje,
coitadinha, quase não conversou comigo. Eu até tentei
puxar algum assunto, mas não obtive sucesso.
Hoje ficarei de plantão até às 22 horas. Não
mencionei anteriormente, mas toda sexta feira fico. Faço
um trabalho voluntário em ajuda com uma clínica que fica
do outro lado da cidade. Sou especialista em cirurgia
buco-maxilo-facial, e quando há algo relacionado a minha
especialidade dou um pulinho lá, e quando possível faço a
cirurgia na hora, ou comunico o paciente o que deve ser
feito para o procedimento ser realizado no dia seguinte,
dependendo dos meus horários.
Ao chegar em casa coloquei uma música para
relaxar, a escolhida de hoje era Wolf - Tungevaag &
Raaban.

Breath by breath I run for thousando miles / A


cada respiração eu corro por mil milhas
Pumping blood, adrenaline deep inside /
Bombeando sangue, adrenalina lá no fundo
Cause when your conscious starts to crumble /
Pois quando sua consciência começa a se desintegrar
In the city of the jungle / Na cidade da floresta
And the holy mumbles / E todo o coro murmura
Now is the time / Agora é o tempo
To howl like the wolf that you are / Para uivar
como o lobo que você é
So howl like the wolf that you are / Então uive
como o lobo que você é
Oh, you better howl / Oh, você uiva melhor
You better howl / Você uiva melhor

Era assim mesmo que estava me sentindo. A


sensação de me parecer com um lobo, um animal com
hábito noturno, que tem sentidos bem apurados, e que está
pronto para qualquer situação me motivava.
Estava imerso em meus pensamentos, quando o
telefone tocou às 19 horas, ao atendê-lo recebi a notícia
que precisaria ir para a outra clínica, a que faço plantão
nas sextas feiras, e pelo que conversei ao telefone, teria
que realizar um procedimento cirúrgico. Pedi para a
doutora que me ligou fazer um raio x completo na
paciente, e disse a ela que em alguns minutos estaria lá.
A cirurgia foi rápida, não durou nem duas horas, e
tudo correu bem graças a Deus! Como agora era 21 horas,
ainda dava tempo de sair, e saber qual mulher terminaria
em minha cama.
Sou muito diferente do que as pessoas pensam.
No consultório sou um cara centrado, sério e até
sistemático em determinados momentos. Agora quando
saio com amigos e estou a procura de mulher... a coisa
desanda. Uso todas as minhas artimanhas para conseguir
quem quer que seja para uma noite a dois, e adoro esse
poder que tenho de induzir alguém a ficar ao meu lado.
Hoje não seria diferente. Murillo estava me
cobrando para sair hoje, notei isso pelas treze chamadas
que havia no meu celular em duas horas, já dava pra se
identificar que ele queria desesperadamente procurar
mulher, e olha que coincidência, eu também estava com
esse desejo, e não estava para brincadeira, hoje era matar
ou morrer!
CAPÍTULO 2
" Deixe que o tempo ajeite tudo em sua
vida, é quando menos se espera que... a coisa
desanda pra valer"

BELLA

Meu nome é Bella Swan, tenho 26 anos e sou


Massoterapeuta.
Atualmente resido na cidade de Princetown. Amo
essa cidade, principalmente por ser uma cidade que não te
deixa parado, e também por ter homens maravilhosos.
Sou formada em Medicina Veterinária, mas não
exerço a profissão. Me apaixonei pela massoterapia de
uma forma que nada tirou da minha cabeça que faria disso
meu sustento, mas mesmo assim terminei a faculdade.
Tenho os olhos cor de mel que contrastam com a
minha pela clara. Meu cabelo é castanho claro e longo, e
como sou baixinha e magrinha, algumas características
ficam mais marcantes em mim. Meus 1,60m de altura são
bem distribuídos em meu corpo.
Sou bastante vaidosa, e gosto de me sentir bem
em todos os aspectos. Faço musculação seis dias por
semana e prático Muay thai também, posso dizer que tenho
um corpinho bem interessante.
Hoje ao acordar recebi a notícia que minha irmã
está grávida, esse acontecimento me fez sentir emoções
que nunca havia presenciado. Iria ser titia! Felicidade não
cabia em meu peito, estava extasiada, era alegria demais
para uma só pessoa!
Minha semana estava transcorrendo
perfeitamente. Não me lembro de quando em minha vida
as coisas estavam dando tão certo. Foi uma aglomeração
de acontecimentos que fizeram eu me sentir especial de
uma maneira diferente, não sei explicar, não sou uma
pessoa muito boa com palavras.
Me considero uma pessoa bastante feliz, pois
vivo a vida intensamente. Nunca deixo para o amanhã o
que consigo resolver hoje, pois nunca saberemos o que o
destino nos apronta para o futuro, não é?
Em relação a homens... bem, não sou santinha,
passo longe disso! Mas sou uma mulher que se dá o valor
necessário, me amo acima de tudo. Tenho desejos,
limitações, carências, essas coisas. Todas as mulheres são
assim, só nos diferenciamos pela forma de que sentimos
essas sensações. Algumas se apaixonam fácil, já eu... não
vou dizer impossível, mas dificilmente me apaixonarei
por esses tempos. Não sou de me gabar, mas tenho vários
homens aos meus pés, e me aproveito deles... ops, não era
pra falar desse jeito, vou reformular... quer dizer, não vou,
faço isso mesmo.
Havia se passado algumas semanas desde que não
experimentava uma boa transa. O último que chegou nisso
foi Michael. Falando nele, tentei ligar ao longo do dia em
seu celular para combinarmos de fazer algo hoje, mas não
obtive sucesso.
Sou muito "pra frente" em certos aspectos, não
tenho nenhum problema em ligar para algum homem que
sinto desejo de estar perto. Existem vários paradigmas em
relação às mulheres nesse aspecto, mas constantemente eu
os quebro quando relacionados a mim.
O sexo não pode ser tratado como algo
indiferente. Praticamente todos transam, e ponto final.
Muitas pessoas não se sentem a vontade de conversar ou
pensar sobre o ato em si, mas para mim é normal, e
bastante excitante relembrar momentos íntimos, e mais
ainda os picantes...
Sexo sem compromisso é o meu lema. Tem sido
assim pelos últimos três anos. Sou avessa à
relacionamentos, até tentei namorar, mas vi que não estou
bem quanto a isso. Não que eu não consiga transar
somente com um cara, esse nunca foi e nunca será o
problema. A questão é a comodidade, a transparência e o
comprometimento com a pessoa em questão. Não quero
ter que dar satisfações a ninguém!
Sou independente financeiramente e
emocionalmente. Moro sozinha e me sinto bem com isso.
Tenho um carinho especial para com a minha irmã
mais velha, Julyana. Após ela mencionar sua gravidez
fiquei maravilhada, sempre fui muito apegada a ela. Meu
caráter e a minha personalidade foram moldadas por ela,
mesmo que não intencionalmente.
Estou dizendo desse modo pois minha mãe ficava
o dia inteiro fora por causa do trabalho, minha irmã
cuidava de mim e me fazia companhia nesse tempo. Devo
muita coisa a ela, sempre serei grata a toda paciência que
ela teve comigo.
Julyana atualmente mora a 200 km de distância da
minha cidade. Neste dia não teria como visitá-la, mas
prometi que daqui alguns dias iria ao seu encontro. Quero
tentar sentir pelo menos um pouco da felicidade que ela
demonstrou ao telefone comigo. Ser mãe é algo único, e
um dia quero sentir isso também, mas beeeeem pra frente.
Devido a distância que minha irmã estava teria
que festejar de uma forma diferente. Combinei de sair
hoje com minha amiga Marcelle após receber a notícia de
Julyana. Iríamos em um barzinho, já que não havia
conseguido conversar com Michael.
Quem sabe eu não teria uma sorte maior nessa
noite não é?
Mas meu dia só estava começando, e não gosto de
ficar pensando no que irei fazer pela noite antes de me
planejar em relação ao meu trabalho. Até porque ser
massoterapeuta é lidar com o inesperado, e tudo pode
acontecer no decorrer do dia.
Ao chegar no meu local de trabalho me encontrei
com Lucy, minha amiga maluquinha. Ela e mais duas
mulheres trabalham com a gente aqui na Solaris Clinic, o
nosso querido local de trabalho.
— Bom dia Lucy.

— Bom dia Bella! Hoje é dia de quê? Me diz, me


diz, me diz!
Lucy era meio doidinha mesmo, mas todos nós da
clínica adorávamos ela. Não nego que tem horas que ela
fala demais, mas... fazer o quê? Ela é muito especial pra
mim, e fala pelos cotovelos, mas eu gosto, ela é autêntica.
Essa é uma qualidade que admiro nas pessoas.
— Bella, aquele moço... sabe né, aqueeeele moço
pediu seu telefone. — Ela começou a suspirar.

- — Imaginei. — Dei de ombros.


— Sério? — Ela se mostrou um pouco espantada
com a minha falta de... interesse pela notícia.
— Sim. Ele não para de me encarar, mas só fica
nisso, deve achar que mordo. Mas até que ele dá pro
gasto.
—E então... posso passar seu número a ele?
Olhei para Lucy sorrindo, com os dentes bem a
mostra, tadinha, Em alguns momentos ela era tão ingênua.
— Claro... que não.
— Nossa, mas por quê? — Ela me perguntou
espantada e com as duas mãos no quadril, marca típica
dela quando fica surpresa com algo.
— Se ele quer meu telefone ou outra coisa ele que
venha me pedir! Homens tem que ter atitude, e não sou eu
que vou chegar lá oferecendo meu número, muito menos
dar indiretas para ele!
— Que isso Bella! Na minha opinião ele nunca irá
fazer isso.
— Então na minha opinião ele nunca terá meu
número. — Dei um sorriso e pisquei para ela.

— Você é a minha amiga mais... mais... como


posso dizer?
— Desbocada, autêntica, independente. — Joguei
meus cabelos ao ar. Não era metida, só estava valorizando
e tirando um pequeno sarro.
— Diferente. — Ela finalizou por fim.
— Sua fala não saiu como eu esperava. — Parei
por um momento. — Mas se você acha isso, quem sou pra
discordar?!
— Você sabe que tem um monte de homens aos
seus pés, não é? Que pode escolher e tal... mas por que
não tenta algo sério, um relacionamento...
— Opaaaa, pode parar, palavra proibida no
salão. — Disse mais alto do que gostaria.

—O que tem contra a palavra relacionamento


Bella? Você já namorou alguma vez?
— Sim, foi horrível, pra não dizer coisas piores.

— Já eu sonho com meu príncipe encantado, e


acho que o encontrei. — Ela suspirou novamente olhando
para cima, típico ato de pessoa apaixonada, se é que me
entendem.
— Não fale assim Lucy, desce daí de cima, por
favor.
— Você é muito insensível às vezes, sabia? — Ela
fez uma cara de desapontamento.
— Põe uma coisa na sua cabeça, se você não usar
os homens, eles te usam. É simples assim.
— Nem todos são desse jeito Bella, pode parar.
— Concordo, nem todos. 99% são, e esse outro
1% que sobra não me interessa, pois eles se apegarão a
mim, e eu... bem, não quero isso pra minha vida.
—E por isso... — Ela deixou a frase no ar.

— Prefiro ficar com os 99% restantes, pois eles


querem o mesmo que eu no fim das contas. Nós nos
divertimos e fica tudo bem.
— Entendo. Coração de pedra! — Ela
praticamente cuspiu essas palavras para ver minha reação.
Comecei a rir com o comentário de Lucy e dei-lhe
um abraço.
— Amiga, é bom ser assim. Acredite em mim,
chegará um momento que nós, ou melhor, eu sossegarei.
Mas até esse dia chegar quero aproveitar o máximo que a
vida pode me oferecer, e isso inclui alguns homens
maravilhosos que me dão bola.
— Quero ver quando se apaixonar...
— Opaaa! Outra palavra proibida! O que está
havendo com você hoje? — Balancei a cabeça em
negação.
— Nada, você que parece estar mais feliz e
falante que o normal.
—É sexta e recebi boas notícias pela manhã.
Preciso dizer mais alguma coisa?
O que ela disse é verdade. Meu bom humor era
notório na sexta feira. Conversava até com os passarinhos
da rua se me desse vontade, e sempre traduzia meu bom
humor em noitadas, e adorava na maioria das vezes.
Ainda mais agora sabendo da notícia da gravidez da
minha irmã.
— Quer dizer que hoje você vai... tipo... como
posso dizer? — Ela parou pra refletir para falar uma
palavra bem simples de ser dita.
— Transar? Pretendo.

— Hm, posso te confessar um segredo? — Ela


chegou mais perto de mim.
— Sim.

— Sabe por que acho que Derek gosta de mim?


Derek era o "peguete" dela por assim dizer. Havia
alguns meses que ela tocava em seu nome
esporadicamente.
— Por quê?

— Pois estamos ficando tem quase dois meses e


ainda não fizemos sexo. Ele sempre insiste, e eu digo pra
esperar, e... ele está esperando.
— Você só pode estar brincando comigo Lucy.
— Coloquei minhas mãos na cabeça inconformado com a
imaturidade da minha amiga.
— Não estou Bella! Estou falando muito sério.
— Lucy disse brava. Tem condições?! Ela ficou nervosa.

— Você não tem jeito. As vezes penso que tem 18


anos de idade amiga! — Complementei meu raciocínio
ainda não acreditando que ela estava se segurando durante
esse tempo.
— Não tenho, mas acho que estou fazendo o
certo. — Ela continuava firme em seu propósito.
— Me responde uma coisa: se você gosta desse
tal... como é mesmo o nome dele? — Me esqueci por
alguns instantes.
— Meu Derek... — Ela disse revirando os olhos.

— Meu Derek... É pior do que eu pensei. Ah, que


seja. — Retomei. — Você acha que é mais fácil segurar um
homem transando com ele ou não transando?
— Depende, ele é diferente, e...

— Não, não. Vou ter que te perguntar de novo,


você...
— Acho que transando. — Ela ficou cabisbaixa.
— Então... qual o motivo de não fazer sexo com
ele, posso saber?
Ela ficou triste depois que disse isso. Eu só
estava tentando ajudar, mas posso ter sido muito agressiva
com ela, não entendi bem sua reação agora. No meu
entendimento parecia ter algo escondido, não sei ao certo.
— Eu não transo amiga, tipo... com frequência
sabe? Eu pra me satisfazer tenho o... o...
— Lucy pare de falar em código. — Disse
ternamente e olhando bem no fundo dos olhos dela.
— Meu vibrador, pronto, falei! Tem um ano que
não transo, e estou com medo de Derek não me aprovar,
por isso estou adiando. É isso!
Ela disse tudo de uma vez, e eu fiquei com aquela
cara de tipo: "como é possível alguém ficar sem fazer
sexo tanto tempo?" Mas relevei, ela precisava da minha
ajuda agora, e não iria caçoá-la de maneira nenhuma.
— Olha. — Peguei uma de suas mãos. — Podemos
ser diferentes, e você sabe que somos em muitas coisas,
mas uma coisa eu posso te dizer com sinceridade neste
momento: nenhum homem, escute bem, nenhum homem
merece que nós mulheres fiquemos com medo de não
satisfazê-los na cama. Temos que nos amar, nos sentirmos
bem com nós mesmas e com nosso corpo. O que quero
dizer é que temos que focar em primeira instância é no
nosso prazer.
— Mas e se ele não gostar?

— Problema dele, só dele! — Eu disse ríspida e


sem rodeios, ela precisa ouvir o que eu tinha pra falar,
pois a ajudaria. — Você tem que ter algo que sinto que
falta em você: autoconfiança. Você é o centro do universo!
Sei que é exagerado eu falar dessa maneira, mas você tem
que se sentir assim amiga, tem que ter amor próprio acima
de todas as coisas. Se ele não gostar parte pra outro, você
acha que não existe mais nenhum homem do mundo que irá
te querer?! Isso é bobagem. Se ame acima de tudo!
— Tenho medo de quando fizermos pela primeira
vez... ele sumir depois.
— Não vou mentir, isso pode acontecer. Mas se
você gosta dele, e acha que ele gosta de você, isso não irá
acontecer. Mas se não liberar vai ficar complicado, uma
hora ele vai chutar o balde e já sabe... ou perde ele, ou vai
ser a primeira e única vez transando com Derek!
— Tudo bem Bella! Seguirei seus conselhos, serei
mais ousada. Muito obrigada, estava precisando ouvir
esse tipo de coisa.
— Você não tem que me agradecer nada, vou
sempre ser sincera contigo, não irei ficar passando a mão
na sua cabeça, quero que cresça em todos os sentidos.
Dito isto, ela se despediu e foi bastante sorridente
para sua pequena sala.
Como eu estava bastante atarefada hoje, meu dia
passou como em um piscar de olhos. No fim do
expediente ao me encaminhar para a recepção vi um
homem a espera de alguém.
— Posso lhe ajudar?
— Oi meu nome é Derek. Estou procurando a
Lucy, ela é...
— Sua enrolada, já sei. — O antevi antes de
terminar.
— Mais ou menos. — Ele ficou um tanto sem
graça.
— Conselho grátis: leve ela em um bom
restaurante hoje, é hoje viu?! — Dei ênfase na palavra
hoje pra ele. — Dê algum... sei lá, buquê de flores serve.
Depois, abra a porta do carro, arraste a cadeira, seja um
cavalheiro. Tenho certeza absoluta que hoje vocês dois
fazem amor!
Ele ficou com uma cara de tacho! Acho que ele
não esperava que eu dissesse esse tipo de coisa, mas
estou tentando ajudar. Ou melhor, tenho certeza que ajudei.
—E não diga que conversamos, se não farei sua
caveira pra ela. Estamos entendidos?!
Como conheço bem Lucy, sei que esse lance de
buquê, restaurante e outras coisas irá ajudar. Já se fosse
comigo... bem, não ia durar cinco minutos o encontro. A
questão não é que eu não seja fã de cavalheirismo, mas
alguns mimos me deixam um pouco descrente e enjoada.
Resumindo: não gosto disso e dificilmente mudarei minha
opinião!
— Tá bom, e... obrigado moça.
— Meu nome é Bella! — Sorri pra ele.
— Obrigado Bella. Farei isso hoje mesmo. — Ele
disse essas palavras não olhando diretamente em meus
olhos.
O que pude notar é que ele era tímido também,
por isso os dois davam certo um com o outro. Por mais
que Lucy as vezes seja muito falante e tal, ela se encaixa
mais como sendo introvertida.
Ao terminar meu dia de trabalho fui em direção
ao apartamento onde moro. É um lugar bastante atrativo e
pequeno, não sou muito espaçosa, ele tem 60m², e já está
bom demais para mim, pois moro sozinha.
É um apartamento alugado com dois quartos. Ele
é todo decorado, tem várias telas espalhadas pelo local,
bem como bastante bugigangas na mesinha de centro ,
todas advindas de minhas viagens. Adoro viajar!
Notei que Marcelle estava me ligando
insistentemente, e faltava duas horas para o horário
combinado pela gente de nos encontrarmos. Ela é o
desespero em pessoa! Mas a amo de paixão, a considero
minha melhor amiga.
Resolvi me "apressar" um pouco mais. Após um
demorado banho fui me arrumar, hoje iria para arrasar,
como sempre.
Resolvi colocar um vestido preto curto, sinto meu
corpo bem o bastante para usá-lo. Mas não era algo
extravagante ou curto demais, tenho curvas bem
distribuídas em meu corpo de modo que sei o que cai bem
em determinados momentos e ocasiões propícias.
Além do vestido coloquei alguns acessórios,
entre eles algumas pulseiras e brincos de argolas
prateados, que ajudavam a destacar um pouco mais o meu
corpo. Eu levava muito a sério minha aparência, pois
trabalhei para ter um corpo "desejável" , por assim dizer,
foram alguns anos de academia e trabalho duro para que
isso acontecesse.
Depois de arrumada e confiante que tudo correria
bem, fui em direção ao ponto de encontro com a minha
amiga Marcelle, um bar famoso na cidade.
Ao chegar lá, antes de encontrar a minha amiga,
notei a maioria dos homens me olhando. Hoje era isso que
eu queria. Neste dia era matar ou morrer!
Não pensem que sou pervertida! Não saio
transando com qualquer um. Tenho alguns princípios, e
sigo a risca eles. Gosto de ser desejada como a maioria
das mulheres, mas isso não quer dizer que caio no
papinho de todos os homens que me olham querendo algo
a mais.
Marcelle já estava me esperando no local onde a
gente havia combinado de se encontrar. Depois de nos
cumprimentarmos ela logo veio dizendo sobre a notícia
que havia contado pra ela pela manhã.
— Bella, fiquei muito feliz com a notícia que sua
irmã está grávida.
— Eu também, nem acredito que serei titia! Só de
pensar que irei segurar meu sobrinho ou sobrinha chego a
ficar emocionada.
— Já sabe o dia que irá visitar sua irmã?
— Bem provável que semana que vem. No
momento estou com bastante clientes agendados na
clínica. Mas na outra semana devo passar o final de
semana na casa de Julyana.
Marcelle conversava comigo mas olhava
constantemente ao redor tentando analisar os homens que
estavam no local, mas por enquanto nenhum a interessava.
Ela nunca foi discreta, e se eu soubesse que alguém
chamou a sua atenção ela daria um jeito de mostrar para
mim.
Ela é uma amiga que se assemelha muito a mim. É
independente, avessa à relacionamentos sérios e uma
ótima companhia. Nos conhecemos na faculdade de
Veterinária, sou formada em Medicina Veterinária mas
trabalho como massoterapeuta, vai entender né?!
Eu e Marcelle e sempre fomos grandes amigas,
mesmo depois de nossa formatura continuamos a estar
juntas em vários momentos, principalmente nas farras.
Vimos que o bar começava a lotar, e bem ao
fundo notei um olhar em minha direção, e percebi que
minha sorte estava mudando mais rápido do que havia
pensado...
CAPÍTULO 3
" O bom da vida é que as oportunidades
aparecem a todo o momento, basta aproveitá-
las e não remoer as chances perdidas, pois
sempre terão mais..."

JAKE

Lá pelas 22 horas liguei para Murillo, meu


parceiro de farra. Combinamos de nos encontrar no Boom
Bar, um antigo e famoso bar de nossa cidade.
Este bar é o lugar perfeito para homens que nem
eu saírem à caça sem ter que precisar pagar para ter sexo.
Nada contra com quem paga para transar, nada mesmo. Eu
já fiz isso inúmeras vezes há alguns anos, mas não faz
muito meu estilo atualmente.
Tentarei explicar rapidamente o porquê. Eu
preciso, tenho uma necessidade incontrolável de
conquistar, apoderar, desvendar os mistérios das mulheres
com quem eu tento uma aproximação. Pra mim não basta
somente foder com elas, tenho que entrar em suas mentes,
elas tem que me dizer que me desejam sem dizer,
entende?! Pode parecer complexo para algumas pessoas
essa linha de pensamento, mas é como eu vivo.
Ao chegarmos ao bar reparei bem o movimento
como se meu dia dependesse da escolha certa... e
dependia. Em uma dessas olhadas vi exatamente quem
estava procurando. Aquela visão... meu pau latejava.
Como era gostosa essa mulher que ficava posicionada
estrategicamente em minha frente.
— Olha aquilo Murillo. — Apontei na direção da
gostosa em questão.
— Linda. — Ele resmungou e voltou a olhar em
direção ao seu celular.
— Táde sacanagem comigo não é? Uma maravilha
dessas e você olha um segundo pra ela?! — Era notório
que havia ficado bravo com a sua indiferença.
— Foi mal, estou conversando com Letícia. Ela
não me dá mais sossego.
— Nem vou dizer nada.

— Não me critique, você sabe que ela é gostosa e


safada. — Ele me olhou com aquela cara de: "ela faz tudo
que eu peço".
— Não sei, você que diz. Não quero saber do
sexo de terceiros.
Aquela gostosa estava me fitando, tinha certeza
disso. Nunca tive problemas em abordar nenhum tipo de
mulher, não quando ela está sozinha. Neste caso era um
pouco diferente, ela está com uma amiga em um papo
notoriamente animado, e não estava muito à vontade de ir
em sua mesa sozinho e do nada.
Teria que recorrer ao Murillo, infelizmente. E
teria que ser rápido também, pois percebi vários olhares
de outros caras em sua direção. Não gostei. Sou meio
possessivo, principalmente com algo que desejo, mas que
não é meu. E a queria, como precisava dela neste
momento.
Despertei dos meus pensamentos sobre aquela
mulher com Murillo rindo histericamente ao meu lado.
Olhei pra ele novamente, e adivinha? Ainda estava
mexendo na porra do celular.
— Caramba! Sai dessa vida Murillo, se eu pegar
esse celular eu vou quebrá-lo. Me chama pra sair e fica só
mexendo nisso?
— Foi mal Jake, não resisti. Mas tudo bem, irei
guardar ele agora, não se preocupe. — Ele finalmente
colocou o celular no bolso, e quase soltei um graças a
Deus por essa proeza.
— Estou pouco me lixando, nunca precisei de ti
pra pegar mulher. Só é meio chato estarmos conversando e
você mexendo no celular.
— Eu sei. — Ele parou por alguns segundos. — Já
viu alguém interessante hoje?

Olhei pra ele com cara de incredulidade, tinha


praticamente acabado de falar da mulher na minha frente
que eu estava fitando.
— Que mundo você está Murillo, posso saber?

— Por quê?

— Ah, esquece. Eu desisto de você.

— Calma Jake, não se sinta assim porque eu sou


mais bonito e mais elegante que você.
— Só se for em outra vida.
— Você não fica com a metade das mulheres que
eu fico. Pode confessar!
— Confesso. Mas eu prezo qualidade, já você
quantidade, então... — Deixei a frase no ar. Ele ficava puto
da vida quando eu dizia isso, pois sabia que era verdade.
— Você me irrita as vezes!
—E você me irrita toda hora! Principalmente
quando o celular está em suas mãos.
Quando me preparava para dizer mais alguma
coisa, a moça que eu estava fitando se levantou em
direção ao interior do bar e sua amiga ficou na mesa que
estavam acomodadas. Não pensei duas vezes.
— Sabe o que fazer não é? — Dei uma olhada para
Murillo e uma segunda olhada para a mesa em questão.
— Claro. — Ele piscou para mim.

Instantes depois fui no mesmo caminho que ela


percorreu, mas não vi onde ela tinha ido. Como não a
achei imediatamente deduzi que estaria no banheiro.
Esperei por alguns momentos para que pudesse
abordá-la alguns instantes depois dela sair do local que
estava. Não sou deselegante. Não ficarei feito uma estátua
na porta do banheiro esperando ela sair.
Quando ela saiu, esperei ela passar perto do
balcão onde eu estava, e finalmente olhei bem nos seus
olhos, em uma distância que não passava de um metro.
— Você não consegue disfarçar. — Ela disse
decidida ao parar bem em frente a mim.
— Não, e nem preciso.
—E é direto.

— Muito. E decidido também. Notei você desde o


momento que me sentei naquela mesa. Fiquei bastante
feliz por vê-la, mesmo não a conhecendo.
— Você está me dizendo que está satisfeito
somente em me ver? — Ela deixou um sorriso de canto
aparecer.
Pronto! Realmente quando estamos em algo que
fazemos corriqueiramente a maioria dos sinais das
mulheres podem ser interpretados, e esse era um dos
casos. Uma simples pergunta já concedia o mínimo de
abertura que eu precisava para colocar todo meu arsenal
de galanteios e provocações em ação.
— Não. Te ver não basta. Eu iria me aproximar de
você hoje sem sombra de dúvidas. Sei que todos os
homens aqui estão olhando em sua direção, mas não me
importa, quando desejo algo eu vou e faço o que tem que
ser feito.
— Então você me deseja? — Ela olhava em minha
direção claramente me provocando para ver até onde ia
com essa história, mas como não me conhecia bem, não
sabia que eu estava disposto a tudo para ter uma boa
transa hoje. E definitivamente ela era meu alvo da noite,
pois era muito gostosa.
— Desde o momento que lhe vi aqui te desejei.

— Não vá me dizer que sou a mais bonita daqui


ou algo do tipo, não seja igual a maioria.
— Claro que não! Não olho somente beleza. Você
é linda, claro! Mas não somente por isso que resolvi vir
aqui conversar com você.
— Posso saber o que fez com que viesse aqui
falar comigo?
— Você tem uma cara...
—O quê?

— De safada, uma mulher que sabe o que quer, e


quando quer! — Disparei essas palavras sem titubear.
— Você me chamou de safada? — Ela fez uma cara
assustada, mas no fundo eu sabia que era cena, que ela
havia gostado desse elogio. Claro, pra mim isso é um
elogio, não sei pra vocês.
— Sim. Sua cara te condena, e nem me venha falar
que achou ruim.
BELLA

Não podia negar, esse homem era uma bela


espécime. Confiança nas alturas, não titubeou hora
nenhuma, falava firmemente me olhando nos olhos como
se nada em sua volta importasse, e ainda era lindo e
gostoso de morrer!
Sempre convivi com homens bonitos, é normal.
Mas ele era diferente, até pelo modo de falar, vi que
minha noite hoje estaria salva se ele não cometesse
alguma cagada bem grande.
— Quer se juntar a mim e minha amiga em nossa
mesa? Por mais que a gente tenha conversado pouco,
gostei de você.
— Na verdade não. — Ele continuava decidido.
— Não?! — Perguntei confusa com sua negação
instantânea.
— Quero me juntar a você, somente. E de
preferência agora.
— Você é muito...
— Direto. — Ele me interrompeu. — Esse é o meu
defeito-qualidade. Para certos momentos acho um defeito,
para outros... bem, pode ser propício.
—E pra esse em questão, o que você acha?
Pela primeira vez o vi pensar um pouco para
responder. Ele não é o único que sabe fazer joguinhos,
queria ver até onde ele chegaria, mas estava adorando o
que ele me transmitia.
— Querendo inverter os papéis não é?! Você é boa
com as palavras também, mas...
—O quê? — Ele deixou a frase vaga e a
curiosidade me atiçava.
— Não é o suficiente. Sei ler as pessoas, pelo
menos a maioria delas. Você não deixaria sua amiga esses
poucos minutos esperando se não quisesse conversar
comigo. Você me deseja, e eu te desejo. É uma equação
simples, e fácil de ser resolvida.
Olhei para o lado, e ele viu que titubeei. Droga!
Não gostava de perder nem em par ou ímpar, quanto mais
ser desvendada por alguém desconhecido em tão pouco
tempo.
— Eu sei. Sou bom no que faço. Mas não pretendo
continuar jogando com você. O que quero é sua
companhia hoje, e sei que quer a minha também.
— Você venceu! Fiquei surpresa com suas
palavras, mais ainda por suas atitudes, mas infelizmente
não sei se será possível.
— Por quê? — Ele parecia calmo, mesmo com
minha negação inicial.
— Prometi acompanhar minha amiga a noite toda.
— Menti. Queria ver até onde ele ia para me convencer do
contrário. Quero saber mais das suas artimanhas.
— Sério?! Esqueceu de combinar com ela então.

Ele começou a rir e olhar diretamente para onde


Marcelle estava. E para minha surpresa o amigo dele
estava em um bate papo animado com ela. Comecei a rir.
— Você planejou tudo...

— Não. Murillo é um cara esperto, previ que ele


iria lá, e bem... ele foi. Tem mais alguma desculpa?
Antes de eu conseguir falar qualquer coisa ele
veio em minha direção, me puxou contra si, e me beijou.
Não deu tempo de me desvencilhar, e na verdade nem
queria. Pude perceber que assim como suas palavras
exalavam confiança, sua pegada não ficava para trás. Seu
corpo reagia da mesma maneira que o meu. Quando
colocou uma de suas mãos em torno da minha cintura e a
outra em minha nuca senti uma força que me atraia para
seu corpo. Por um momento eu era dele, e ele era meu.
Ao meu ver ele se sentia a vontade com tudo e
qualquer coisa. Não havia intimidação com nada que eu
dissesse a ele, e gostei muito disso. Mas ainda nem sabia
o seu nome.
— Tenho um lugar especial para essa sua
boquinha. A propósito, meu nome é Jake. — Ele sussurrou
após o beijo.
— Bella. — Foi a única coisa que consegui dizer
neste momento.
— Então Bella, agora que somos um pouco mais
íntimos, que tal irmos para um lugar mais calmo, onde eu
possa me aproveitar de você, digo, curtir o momento.
Jake também tinha seu lado engraçado, me
parecia ter várias cartas na manga, estava gostando muito
dessa conversa, e principalmente do que ocorrerá depois,
pois da minha parte tenho certeza que não deixarei que
fique só na conversa.
— Quer se aproveitar de mim então? — Cheguei
mais perto de sua boca, como se fosse o beijar, mas
recuando quando via que ele queria tocar os lábios nos
meus.
— Não é muito esperta em me deixar atiçado.
— Sério? Você faz o quê? — O olhei desconfiada,
e de cima a baixo com uma cara lerda, que sei fazer muito
bem quando quero.
— Você não me conhece mesmo, não fique
tentando me decifrar, pois você poderá ter grandes
surpresas.
— Adoro surpresas! Principalmente quando estou
sozinha com alguém! — Pisquei pra ele.

Vamos ver até onde ele aguenta, quero ver se


minha noite estará a salva como previ quando ele veio
conversar comigo.
—E o que estamos esperando para você
descobrir então?
— Só estou tentando conhecer um pouquinho mais
de você.
— Você irá me conhecer fazendo e não
conversando.
— Fiquei com vergonha agora sabia? — Tentei
forçar uma cara de tímida, mas não sei se surtiu efeito.
— Você com vergonha? Com essa carinha de...

Ele parou, e fiquei bastante curiosa com o que


seria.
— Cara de quê?

— Lerda, abusada, sexy. — Ele falava


pausadamente com um semblante de quem me desejava.
— Sério que acha isso tudo? — Notei que ele
estava duro por debaixo da calça, e eu o provocava
roçando meu corpo no dele.
— Acho muito mais coisas, você com esse
vestido... está me deixando maluco a cada momento que
passa, e não sei se isso é bom ou ruim.
— Tem medo de quê? Eu não mordo, só às vezes,
mas acho que irá gostar do local onde mordo, e irá pedir
por mais.
— Vem cá!

Ele me beijou mais uma vez, e sentia no momento


que quanto mais tempo passávamos juntos, mais eu queria
ter sua companhia para uma noite a dois. Ele se mostrou
uma pessoa bem diferente do habitual, e isso me excitava!
— Gostei do pequeno aperitivo, será que tem mais
alguma coisa guardada ? — O indaguei já sabendo o que
me reservaria mais tarde.
— Isso não foi nada! Quando descobrir o que farei
com você entre quatro paredes irá pedir por mais.
— Hm, não sei viu! Sou um tanto quanto cética,
não acredito muito em palavras, e sim em ações.
— Que tal eu lhe mostrar então?

— Quando isso irá acontecer? — Beijei o seu


pescoço.
— Pretendo que seja agora.

— Aonde vamos?
— No motel mais perto, não estou me aguentando,
você me deixa com muito tesão, quando eu lhe ver sem
roupa então... tenho certeza que meu dia irá ficar
completo.
— Espero que seja tudo isso que está falando, não
quero me decepcionar igual ultimamente. Espero que seja
diferente, e um pouco ousado. — Pisquei pra ele.

— Pode apostar que sim!

Fomos no carro dele ao motel mais próximo. A


todo o momento Jake ficava me olhando, eu sabia mexer
com a cabeça de um homem, e com ele não seria diferente.
Ele havia começado jogando comigo quando me viu, mas
quem irá terminar esse jogo serei eu...
CAPÍTULO 4
"A válvula de escape do amor é o sexo,
sem sombra de dúvidas"

JAKE

Fomos para o primeiro motel que vi. Para ser


honesto nem me lembro o nome. Como queria chupar a
bocetinha e passar minha língua pelo corpo todo dessa
mulher. Bella nua dever ser um espetáculo. Só de pensar
meu pênis inchava.
Ao fechar a porta do quarto, estava atrás dela
contemplando seu rabo enorme roçando em meu pau. Não
consegui segurar a onda e puxei seu cabelo ao ponto que
minha boca ficasse a centímetros de sua orelha.
— Eu quero ir até o fundo dessa sua boceta. Está
me ouvindo? — Ela arfou por causa da puxada brusca que
dei em seu cabelo.
— Claro. — Ela sorria e recostava sua bunda cada
vez mais rápido em meu pênis, me atiçando mais ainda.
— Irei te comer de todas as formas possíveis.
Você redescobrirá o que é uma boa chupada e uma transa
animal hoje. — Continuava segurando seu cabelo, e metia
a outra mão por entre suas coxas.
— Você é bom com as palavras, espero que não
me decepcione com seus atos.
Essa safada estava me atiçando! Odiava ser
tirado do sério. Quem manda neste espaço sou eu! Ela
provaria da pior maneira possível, ou melhor, de uma boa
maneira...
— Você está me provocando? — Meti um dos
dedos dentro de sua vagina.
Ela gemeu e começou a rir.
— Qual é a graça? — Eu disse mordiscando sua
orelha.
—É só isso que você tem? — Ela perguntava
sussurrando, mas gostando, não precisa ser um expert pra
entender alguns sinais.
— Você não viu nada, pagará caro por duvidar da
minha capacidade.
Neste momento a virei, ficamos frente a frente.
Coloquei uma das minhas mãos em sua nuca e com raiva a
aproximei de mim. Vi que ela me olhava com desejo e
cinismo. A vagabunda queria saber exatamente até onde eu
iria para satisfazê-la, e sabia me provocar, admito.
Tirei minha camisa, minha calça jeans e meu
tênis. Fiquei somente com minha cueca box. Quando Bella
olhou para baixo viu meu pau desesperado para ser
libertado. Ah... ele seria.
Momentos depois Bella colocou a mão dentro da
minha box e soltou um risada maliciosa.
— Será que isso tudo vai caber dentro de mim?
— Ela perguntava massageando meu pau, e eu já estava
ficando maluco para poder comê-la da forma que desejei
quando a vi.
— Vai, e tenho certeza que você vai adorar

Dito estas palavras, rapidamente retirei seu


vestido. Contemplei seu corpo coberto somente por uma
calcinha preta e um sutiã vermelho, percebi que ela havia
ido ao bar decidida em transar com alguém, e esse sortudo
sou eu.
Grudei meu corpo no dela, contemplei sua boca
pedindo para ser beijada pela minha. A cada mordidinha
que ela dava em seus lábios eu ficava com mais tesão.
Coloquei uma das minhas mãos em sua nuca e a forcei
contra meu corpo, sentia o calor dela e o seu desejo
latente.
Não perdi muito tempo e removi seu sutiã
instantes depois. Passei a mão em seu mamilo enquanto
olhava fixamente para ela tentando ver em que momento
sua expressão facial mudaria. Eu queria a deixar louca de
tesão, e sabia exatamente como iria fazer.
Coloquei Bella no colo e levei-a para a cama.
Roçava meu pênis em sua calcinha enquanto beijava toda
a extensão de seus seios até a sua boca. Passava por seu
pescoço e chegava em suas orelhas, percebi ela arfando
de prazer. Sentia seu corpo se aquecer com o simples
toque das minhas mãos. Observava seus olhos se
revirando de desejo.
Eu já estava todo duro neste ponto, mas ainda não
havia nem começado as preliminares. Deitei-a na cama e
rapidamente tirei sua calcinha. Mordi os lábios olhando
em um ponto específico: sua boceta rosadinha. Essa é a
imagem mais bonita que vejo nas mulheres despidas.
—O que você vai fazer com essa boca? — Ela
lambia os beiços enquanto passava uma das mãos em
meus cabelos.
— Vou te chupar todinha. Todo o seu corpo será
percorrido por minha língua. Irei te dar um prazer
inimaginável essa noite. Você me implorará por mais.
—E depois? — Ela continuava a me atiçar falando
com uma voz suave, mas sexy.
— Irei comer você! Você será a minha escrava do
sexo! E quando eu terminar com você, tenho certeza que
estará acabada.
— Não diga o que não pode cumprir.

Neste momento mergulhei minha boca em sua


boceta. Gemidos ecoavam pelo quarto, podia contemplar
que seus olhos agora estavam fechados, notei em sua face
que ela estava aprovando e ansiava por mais. Sugava por
completo os seus grande lábios. Estimulava seu clitóris
com alguns dedos enquanto a chupava, queria vê-la
implorando por mais.
— Oh, não para! — Ela começou a ficar mais
ruborizada.
— Parar?! Ainda nem comecei.

Minha língua roçava toda a extensão da sua


boceta em movimentos ora lentos, ora rápidos. Quando
sentia que ela tinha espasmos parava e focava em outros
locais. Escalei seu corpo com minha boca. Minha língua
também ia e voltava por todas as direções de sua barriga
até seus seios. A pele do seu corpo era desbravada por
minha boca a cada movimento.
Rapidamente foquei na extensão dos seus seios.
Habilmente coloquei dois dedos em sua vagina para
estimular novamente seu clitóris. Sentia ela arfar e pedir
por mais. Meu cabelo já estava desarrumado pela intensa
movimentação das suas mãos.
Com uma mão em sua boceta, coloquei meu dedo
indicador em sua boca para que ela sentisse o sabor do
meu corpo. Neste momento eu já sentia seu gosto também,
minha boca estava em seus mamilos. Eu a chupava com
toda a vontade e perspicácia do meu ser. Minha língua
passeava em torno dos seus mamilos corados e eriçados.
Depois de um tempo a saboreando, retirei minha
cueca. Coloquei meu pau entre os seus seios ainda com
ela deitada na cama. Fazia movimentos de vai e vem
enquanto a glande do meu pau chegava perto de sua boca.
Nos momentos que meu pênis se aproximava de seus
lábios gostosos ela colocava sua língua toda para fora, e
sentia pelo menos um pouco o sabor da cabeça do meu
pau.
Voltei novamente a focar em sua vagina. Com
minha língua deslizei do seu pescoço até sua barriga, e
após certos momentos abocanhei sua boceta que já estava
molhadinha de desejo para ser penetrada.
— Quero que você goze pra mim! — Disse com
autoridade.
O movimento da minha boca em sua boceta agora
estavam acompanhados com alguns dedos da minha mão, e
eles ficavam cada vez mais acelerados em seu interior.
Queria senti-la o mais rápido possível, queria que ela
gozasse para mim.
Depois de alguns minutos praticando sexo oral em
Bella, ela puxou com força meus cabelos, e nesse
momento sabia o que aconteceria.
— Oh, é agora. Vou gozar.

Feito. Olhei bem em seus olhos, ela estava


extasiada. Notei que estava bastante vermelha. Sem
titubear ela logo foi dizendo: — Minha vez! Agora eu
estarei no comando. — Ela disse olhando pra mim com
aquela cara sexy que me acostumei a ver ao longo da
noite.
Deixe ela pensar assim por enquanto, pensei
Ao deitar-me na cama, sua boca quente e macia
percorria a extensão do meu tórax. Ela me incitava e eu
estava a ponto de explodir.
Lentamente começou a descer para perto da minha
barriga, uma de suas mãos segurava meu pau fazendo
movimentos de vai e vem, me estimulando cada vez mais.
Como era bom ter relação com uma mulher que sabe o que
quer!
Instantes depois, ela deu a entender que colocaria
aquela boca gostosa em meu pau, mas antes me deu aquela
olhada de que faria travessuras quando chegasse esse
momento.
Enquanto me masturbava se recusava a colocar a
boca em meu pau. Em certos momentos colocava a língua
em torno da glande e tirava, olhando diretamente em meus
olhos com a cara mais safada possível. Ela sabia como
proceder, e tinha consciência que estava me deixando
maluco.
Aquela rosto sexy e lerdo estava me
proporcionando reações estranhas. Queria tê-la por
completo, a desejava mais e mais a cada instante.
Alguns segundos depois ela colocou todo o meu
pau na sua boca.
— Hm, que delícia. Que boca maravilhosa! — Eu
segurava seus cabelos e pressionava sua boca contra o
meu pênis.
Finalmente ela começou a fazer sexo oral.
Primeiramente sua língua corria toda a extensão do meu
membro vagarosamente, e já assim estava adorando, pois
sua boca era macia e quentinha. Depois começou a chupar
minhas bolas enquanto massageava lentamente meu pau.
Não estava me aguentando.
— Engole ele todo! Agora! — Rosnei com os
olhos ainda um pouco abertos.
— Ainda não terminei, e seu pau é muito grande
para entrar todo da minha boca. — Ela sorria com aquela
cara de menina travessa.
A língua dela continuava fazendo loucuras em
meu pau. Bella chupava gostoso! Percebi que no ritmo que
estava ela faria eu gozar em questão de pouco tempo. Não
queria ejacular somente com um boquete, claro que não!
Precisava comê-la agora, não estava aguentando o desejo
que emanava do meu corpo!
Peguei a camisinha que havia ao lado da cama e
coloquei-a rapidamente.
— Vira esse rabo pra cá agora. — Ordenei.

— Em que nível de intimidade você acha que


estamos pra falar isso comigo? — Ela resmungou irritada,
mas ao mesmo tempo com aquela carinha lerda que me
deixava com mais tesão ainda.
— Não quero saber de intimidade com você.
Quero somente foder com você. Preciso ser mais claro?!
— A olhava com desejo.

— Você é muito abusado. — Ela dizia mordendo


os lábios vindo em minha direção.
Botei ela de quatro. Com uma das mãos segurei
seus longos cabelos e com a outra pressionei a parte do
seu dorso para baixo para que abrisse suas pernas até o
limite.Neste momento meu pau estava extremamente
rígido.
Toda a raiva que sentia da tragédia que ocorreu
em minha vida era descontada no sexo com as mulheres,
não havia dito para vocês. Era um dos poucos momentos
que eu tinha para soltar minha ira de uma forma que só eu
entendia, e adorava.
Rapidamente penetrei sua boceta. A estocava de
forma gradativa e lenta. Alguns segundos depois já estava
praticamente todo dentro dela, e comecei a penetrá-la com
força. Ela gemia e pedia por mais, e eu estava só
começando.
— Mete mais fundo e mais forte! — Ela gemia e
pressionava sua bunda contra meu pau.
Fiz o que ela praticamente implorava.
Grunhidos ecoavam pelo quarto do motel. Eu
estava enlaçado em seu corpo, queria tocar seus seios
mesmo sem a visão deles.
— Tenho certeza que quando rebolar em seu pau
você não se aguentará de excitação garanhão!
— Me mostre! Agora! — Ordenei.

Neste momento ela veio por cima de mim.


Começou a rebolar e pular em meu pau como se ele fosse
o último existente na Terra. Emitia palavras de baixo
calão que me deixava mais maluco. O que ela tinha de
gostosa ela tinha de safada!
Ainda em cima do meu pau, ela virou o rosto na
direção contrária a minha e novamente começou a engolir
ele com sua boceta alternando momentos de vagareza e
rapidez. Ela pulava incessantemente no meu pau e emitia
gemidos que estavam ecoando por meus ouvidos a todo
instante como se agora fizessem parte de mim. Gozar seria
uma questão de tempo, de pouco tempo.
— Porra! Vou gozar. — Disse estremecendo.
Depois de dizer isso Bella acelerou mais ainda o
processo que em minha cabeça já estava rápido, e me
surpreendi que ela conseguia cavalgar em meu pau mais
rápido que instantes atrás.
O inevitável aconteceu, alguns segundos depois
gozei.
Me senti um pouco frustrado, não nego. Queria
comê-la em mais posições antes disso acontecer, mas
pretendia fodê-la de novo, disso não tinha dúvidas.
— Vou tomar um banho. — Disse sem olhar
diretamente em sua face.
— Vai lá gostoso!

Fui tomar uma ducha, uma foda não seria


suficiente com essa mulher. Essa cavalgada que ela fez em
meu pau precisava ser repetida. Sei que sonharia com
esse rabo empinado para mim, pois ele era de uma
dimensão perfeita, tudo nela era nas proporções ideais
para o Jake aqui.
Ao voltar vi ela deitada na cama, ainda nua. Meu
pau começou a subir novamente.
— Satisfeita? — Eu ria maliciosamente em sua
direção.
— Pode melhorar! — Ela disse sério, sem um
pingo de emoção.
O quê?! Como ela ousava dizer isso a mim. Essa
mulher é abusada ao extremo, sei que dei um prazer
extraordinário a ela.
— Como é? — Estava fulo de raiva e perplexo.

— Mas não se preocupe Jake. Você não me


decepcionou. Acho que até semana que vem ainda
lembrarei dessa transa. Já mês que vem... dificilmente.
O que posso dizer? Ela acabou de despertar o
animal que habita em mim...
BELLA

O semblante dele havia mudado. Aquele seu novo


olhar me deixou um pouco confusa. Era aquilo um misto
de desejo e ódio? Não sei bem.
Nessa primeira transa focamos no prazer, e nisso
ele era bom. Não gostava de nada muito lento e carinhoso
demais, exceto nas preliminares, que por sinal haviam
sido bem feitas. Na hora do sexo pra valer tudo muda,
gosto da maioria das coisas, sem nenhum pudor.
Essa minha fala quando ele fez a pergunta foi para
ver até onde ele ia. Basicamente dizendo que tive sexos
melhores mexeu com o seu psicológico. Dessa vez eu que
estava no comando. Estava ansiosa para saber o que iria
vir agora.
Tive que mentir falando que me esqueceria dessa
transa em um mês, o que não é verdade. Mas como ele
começou os seus joguinhos no bar, eu terminaria eles, e
até sabia como...
Só que algumas coisas não saíram bem como
esperado, seu rosto havia mudado drasticamente. Quando
dei por mim ele veio em minha direção e segurou meus
cabelos com força e autoridade e disse ao pé do meu
ouvido: — Você não sabe o que acabou de fazer!

— Eu só disse que...

— Calada! Não mandei você abrir a porra da


boca! — Ele grunhiu com a cara fechada.

— Eu...

Tomei um tapa bem dado na bunda. Daqueles que


ficaria com a marca alguns dias.
— C-A-L-A-D-A. — Ele disse pausadamente e
com raiva.
Assenti, essa mudança repentina me assustou um
pouco, e não tinha noção do que viria a seguir.
— Agora provarei seu rabo. — Ele segurava meus
cabelos com força ainda.
— Eu...

— Você é surda? Eu te mandei abrir a boca por


acaso? — Ele me olhava irado.

Jake me tirou da cama e me colocou de pé com o


rosto voltado para a parede. Suas duas mãos estavam
segurando meus cabelos. Roçou seu pênis em minhas
nádegas, pude sentir que ele contemplava minha bunda,
tinha certeza que me penetraria com força, pois ele não
estava brincando neste momento.
De repente senti um ardor em meu ânus. Foi como
pressentido, ele começou enfiar seu pau incessantemente
em mim. Ele nem havia me perguntado se eu já havia feito
ou se eu gostava de sexo anal, ele simplesmente afundou
seu pênis em mim.
Para sorte eu gostava sim de sexo anal, não tinha
nenhum problema. E mesmo se eu tivesse não sei se
conseguiria argumentar vendo seu semblante irritado
depois da minha piadinha.
Jake me estocava tão forte e rápido que em pouco
tempo eu senti aquele misto de dor e prazer.
Depois brutalmente retirou minhas mãos na
parede e fez eu as colocar na cama. Ele queria me comer
de quatro.
Literalmente ele estava cumprindo o que falou
quando adentramos no quarto de motel, estava sendo
fodida de todas as formas possíveis. De quatro, de lado,
em pé. Só que após sua mudança repentina sempre fiquei
de costas pra ele. Praticamente fui proibida de olhar em
seus olhos. E cada olhar era um tapa em minhas nádegas
ou uma mordida pra valer em meu corpo.
Não nego, eu estava amando e odiando!
Jake me mostrava dois lados do sexo em questão
de minutos. E essa discrepância atingiu meu corpo em
cheio. Por mais que gostasse dessa mudança depois detê-
lo provocado, nos poucos momentos que tivemos contato
visual sua face estava diferente, parecia que ele queria
ver a dor ao invés de obter prazer, não sei bem o que
dizer, o que sei é que ele havia mudado radicalmente.
— Abre agora sua boca, você vai engolir tudo!

Imediatamente fiz o que me foi ordenado. Me


contive para não falar nenhuma palavra.
— Me chupa vai! O que está esperando?!

Comecei a chupá-lo, e neste momento ele


estocava seu pau em minha boca, o estimulando. Ele
forçava a minha nuca contra seu pau. Eu tentava sugá-lo
de todas as formas possíveis.
— Vou gozar, fique com a boca aberta.

Ele segurou meus cabelos e pressionou minha


boca em seu pênis. Instantes depois provei o líquido
quente emanado do seu pau.
— Engole tudo. — Ele ordenou.
Obedeci. Após essa segunda transa fiquei
ofegante, vermelha, e até roxa em alguns locais do meu
corpo. Mas valeu a pena! Foram duas fodas excepcionais,
principalmente a segunda.
Foi algo bruto, sem receio, selvagem. Não tive o
poder da palavra, não tive como decidir o que seria feito
em nenhum momento. Fui uma marionete em suas mãos
hábeis e fortes. Ele conseguiu o que poucos homens
conseguiram. Com ele fui ao céu e ao inferno em minutos.

***

Não vi que apaguei logo depois, e ao acordar vi


que Jake não estava mais lá. Foi embora sem nem ao
menos falar nada. Mas notei um bilhete em cima da
pequena pia do banheiro.

Sei que disse que já teve melhores, mas vi que


era para me provocar, CONSEGUIU...

Ao sair do motel liguei e combinei de almoçar


com Marcelle. Estava curiosa em saber se seu fim de
noite foi tão proveitoso quanto o meu.
Ao nos encontrarmos ela ignorou minhas
perguntas e queria saber como foi a minha noite no fim
das contas.
—E como foi com ele? — Ela me perguntou.

— Se fosse definir em uma palavra seria... animal.

— Como assim?

— Não sei bem explicar. É algo estranho. É um


misto de sensações em um curto período de tempo que ele
me proporcionou. Um desejo incontrolável, uma ânsia
animal, e principalmente uma raiva incondicional.
— Raiva? — Ela claramente estava confusa.
— Sim. Como o amor e o ódio misturados, a dor e
a alegria.
— Você gosta de uma metáfora Bella.

— Um pouco, mas... resumindo: foi diferente. Ele


me mostrou dois lados.
— Mas proveitoso pelo visto.
— Sim. Suprimos nossa carência momentânea.
Ambos queriam relaxar, pra ser mais direta: transar.
— Pretende se encontrar com ele novamente?

— Não preciso correr atrás de nenhum homem.


Mas confesso: seria ótimo reencontrá-lo, mas não
trocamos contatos, então acho complicado isso acontecer.
CAPÍTULO 5
"Existem dores que duram para sempre"

JAKE

Já era manhã. Estava com os olhos inchados.


Existem certas coisas que acontecem comigo que serão
segredos que ficarão guardados. O que quero dizer é
simples...
Ontem, após sair do motel, chegando em casa fiz
o ritual que faço praticamente todos os dias pela noite. Fui
ao outro quarto da minha casa, botei a cabeça na parede e
comecei a chorar. Isso mesmo! A dor que me consumia era
forte a esse ponto. Tudo era extravasado neste meu
momento, só meu.
Ninguém entrava neste local da minha casa, nem
meus amigos mais íntimos. Lá era como se fosse o meu
"muro das lamentações". Neste quarto continha várias
fotos minhas e do meu irmão.
A dor da perda é algo que não desejo a ninguém.
Ela nos consome e se mistura ao nosso ser de uma forma
impiedosa. Não sinto prazer por quase nada mais na vida.
A única coisa que me abstém do ódio é o sexo, quer dizer,
acho que nem isso pra falar a verdade. O alívio de gozar é
o que chega perto de ter algum conforto em minha vida. E
só.
Todos temos mistérios ocultos em nossas vidas. E
o meu maior segredo é o porquê de fazer sexo do modo
que faço: animal, voraz, e de um modo frenético quando
sou provocado. A resposta disso é a raiva. Acordo e
durmo com um cão raivoso, e é isso. Só tenho paz quando
estou em meu trabalho.
Eu juro pra vocês que tento olhar no olho das
mulheres que eu transo, mas não consigo na maioria das
vezes. A única coisa que tenho inveja de alguns casais de
namorados é essa relação de olho no olho. Não sou muito
de me importar com o prazer alheio, eu quero me
satisfazer, somente. Essa é a única coisa que eu anseio
melhorar em relação ao sexo.
Sei que algumas mulheres não gostam de homens
iguais a mim. Já as safadas apreciam, pois existe um
desejo momentâneo, e elas procuram isso.
Todo dia me culpo pela morte do meu irmão. O
alívio em ter um sexo bruto é a única coisa que me faz
esquecer por certos momentos essa minha perda.
Olhei meu celular e uma pessoa havia ligado
insistentemente, eu sempre a ignorava. Não era momento
de atendê-la. Não estava preparado ainda.
No dia seguinte fiquei em casa pela manhã e pela
tarde. Estava relembrando coisas que aconteceram em
minha vida quando meu irmão era vivo. Coloquei o DVD
de uma filmagem que nós estávamos juntos em uma festa
surpresa que fizemos para nossos pais. Eu nunca
conseguia chegar ao fim da gravação, a dor me consumia a
certo ponto que vocês não fazem idéia do que eu passava
ao lembrar dele.
Não admitia pra ninguém, mas eu era uma pessoa
muito solitária. Em alguns dias específicos ficava em casa
pensando nas coisas que gostaria de fazer, mas que não
tenho iniciativa. Os sábados e domingos são os piores
dias ao meu ver, pois são neles que minha tristeza vem à
tona.
Quando estou em meu consultório consigo me
abster destes pensamentos, pois sempre fico focado no
que estou fazendo. O problema mesmo é quando fico
ocioso, pois penso em coisas negativas, e isso gera
pensamentos dos quais não quero e nem preciso ficar
recordando.
Já era noite, o dia havia se passado rapidamente.
Felizmente para mim, quanto mais anoitece menos a dor
me consome, e fico com mais vontade de sair e... transar.
Não sei porque sou assim, devo ser doente, ter algum
problema psicológico, realmente não me entendo, pois na
mesma hora que estou mal, consigo poucos momentos
depois me reorganizar, e em alguns casos terminar a noite
de uma forma razoável.
Depois de tomar um bom banho resolvi tentar
aproveitar minha noite. Iria em um bar qualquer, dessa vez
sozinho. Se não achasse ninguém interessante no local,
olharia em minha lista de contatos e escolheria quem
foder novamente. Até porque quando vai chegando o fim
da noite eu fico respirando sexo.
Sou assim e não sei como mudar. Eu pelo menos
quero mudar? Não sei. Viu como soa confuso? Preciso de
tratamento...
Acredito em uma coisa chamada Lei da Atração,
que basicamente consiste em mentalizar algo e acreditar
que essa coisa em questão irá acontecer, e bem, espero
que dê resultado agora.
Após me arrumar, fui em direção a qualquer bar
movimentado no centro da cidade. Iria ficar no local por
uma ou duas horas, e ver no que ia dar.
Cheguei em um bar qualquer e fiquei por um
pequeno tempo. Realmente minha noite não estava boa,
havia várias pessoas acompanhadas no local. E as que
estavam desacompanhadas pareciam menores de idade,
que dia ruim, precisava transar, a necessidade foi
crescendo a medida que o tempo passava.
Resolvi ir embora. Andando na rua fui pesquisar
em meu celular se alguma “amiga” minha estava
disponível. E o que aconteceu quando fui procurar em
minha agenda alguém em questão para me satisfazer? Na
minha frente eu vi uma pessoa que poderia fazer isso
acontecer.
Na porta de um restaurante vi ela esperando do
lado de fora. Não me recordava do seu nome, mas esta
mulher estava bastante arrumada para a ocasião, deduzi
que estaria esperando alguém. Mas nem pensei muito, fui
em sua direção.
Quando fui em sua direção me lembrei do seu
nome: Bella.
— Olá.

— Jake!? — Ela me pareceu surpresa.


—O próprio. Perdida?

— Não, estou esperando... alguém.


— Não deixaria você esperando, principalmente
hoje que está maravilhosa.
— Obrigado . O que você quer? — Bella me
indagou ainda um pouco assustada por minha aparição
repentina.
— Se for ser direto... você. E agora.

— Jake... em pouco tempo estarei acompanhada.

— Qual o problema? Prefere a companhia dele ou


a minha?
Essa mulher mexia comigo. Era certo. É como se
ela não me deixasse escolha ao vê-la, e isso era estranho,
não havia experimentado esse tipo de coisa com ninguém.
— Olha Jake, naquele dia você nem ao menos me
esperou...
— Aqui. Se mudar de idéia. — Comecei a
escrever em um papel e entreguei a ela. Era o endereço da
minha casa.
— Jake, eu...
— Nunca precisei implorar para mulher nenhuma
e nem vou. Só a vi aqui e relembrei do nosso sexo
selvagem e que foi uma das poucas que mexeu com meu
psicológico. A vida é feita de escolhas, certamente esse
cara quer foder com você hoje, e eu também. Basta você
escolher.
— Já passou pela sua cabeça que posso estar mais
interessada em transar com ele? — Ela me lanço um olhar
desafiador.
— Não. — Ele parou. — Isso é o que sua boca fala,
mas que seu corpo desmente. Seus olhos fixos em mim
tentando não demonstrar fraqueza, suas mãos trêmulas e
tentando arrumar desculpas inviáveis, seus ombros eretos
tentando parecer que está no controle de algo que nunca
estará. Eu tenho o controle da situação Bella, aceite!
— Você se acha! Como você...
— Até ás 22 horas. E se você for, que tenho quase
certeza, não espere piedade por minha parte. Sua última
provocação não passará impune.
BELLA

Como ele faz isso?! Portei-me como uma pessoa


inabalada. O olhei firme nos olhos sem mesmo desviar
nem por um segundo. E mesmo assim ele conseguia me
ler, não sei o que acontece, mas odiava ser desvendada
tão facilmente. O conhecia a um dia, mas já o odiava... e
o queria ao mesmo tempo.
Fiz o óbvio! Neste caso meu certo não é igual ao
da maioria das pessoas. Fui ao encontro de Jake, deixei
Michael sem ao menos vê-lo hoje.
Segui meu instinto. Espero não me arrepender...
Ao chegar no endereço mencionado e tocar a
campainha vi um rosto familiar, era ele.
— Eu sabia que você viria.
— Só vim pois...
— Porque quis. Não te obriguei. Não lhe implorei.
Não te pedi. Simplesmente entreguei um papel a você.
Saiba que veio por sua conta. Não me importa com quem
você estava ou o porquê.
— Você não muda.

— Jamais.

Desta vez fui vorazmente em sua direção.


Enquanto o beijava coloquei a mão em seu pau.
— Faça valer a pena! — Supliquei.
Mentia para mim mesmo, mas internamente eu
sabia que esse homem conseguia mexer com meus
instintos mais profundos.
O brilho que brotava do seu olhar era o suficiente
para que eu me sentisse cobiçada nesta noite.
— Espero que eu não me arrependa de ter vindo.
— Olhava sua face com desejo enquanto corria minha mão
em seu pau.
— Irei te provar que não.
Jake me tomou em seus braços. Seus beijos eram
calmos, mas com um tom firme de quem sabia o que faria
agora e depois.
Me peguei passando a mão pelo seu corpo, e que
corpo! Seus músculos sobressaltavam a sua camisa.
Gostava especialmente da sua barba, ela me dava o maior
tesão quando roçava em mim, pois me arrepiava toda.
Jake fazia o mesmo que eu, sua mão ia e voltava por toda
a extensão do meu corpo.
Subitamente ele me pegou no colo e me levou
para o quarto. Eu já havia tirado sua camisa, e seus
músculos peitorais já estavam me deixando maluca de
tesão, e olha que não havia passado de alguns beijos,
ainda...
Jake me colocou na cama com aquele olhar
flamejado em minha direção, e eu já estava ficando
maluca para tê-lo dentro de mim.
— Um momento Bella.

— Não sei o que irá fazer, mas seja rápido.


— Você não irá se arrepender.

Ele voltou com uma venda preta e algemas. A


coisa estava ficando interessante.
— Acho que alguém andou assistindo 50 tons de
cinza.
— Na verdade. — Jake parou por um momento.
— Mr. Gray que me perdoe, mas eu já fazia isso antes, e
melhor. — Ele piscou de uma forma safada em minha
direção.
— Hm, que homem confiante, gosto disso. — Dei
uma mordidinha nos lábios.
Sua boca mergulhava na região do meu abdômen.
Sua língua quente e úmida provava o meu corpo, comecei
a perceber que minha escolha havia sido certa em vir a
sua procura.
Em pouco tempo Jake havia me deixado somente
de calcinha e sutiã. Suas mãos deixavam rastros pelo meu
corpo. Sua pegada firme me mostrava que ele é um homem
decidido no que faz, e que gosta de fazer o que se propõe
bem feito.
Sua língua ia nos pontos estratégicos onde eu
tinha mais sensibilidade, e com isso ficava mais excitada
a cada momento que passava.
— Isso Jake! — Revirava os olhos.

— Do que está gostando exatamente Bella? — Ele


me provocava. Queria ouvir da minha boca que ele estava
no caminho certo.
— Da sua língua passeando em meu corpo. Da
sensação de não estar no controle, e também por não saber
qual será seu próximo passo.
— Você ainda não viu nada.
Ele se despiu, e vi aquela coisa enorme
emergindo no meio das suas pernas, já estava duro, e
como era grande. Nem parecia que havíamos transado um
dia atrás.
— Como é grande.

— Você ainda não viu nada.


Após dizer essas últimas palavras ele me vendou
e me algemou na cama. Era a primeira vez que alguém
fazia isso comigo, por mais que eu tenha tido várias casos,
nenhum homem havia tido essa ousadia, e claro, nunca
pediria pra tomarem essa atitude comigo, até porque os
homens tem que se "tocarem" de quando a mulher deseja
algo diferente entre quatro paredes.
Ainda estava de calcinha e sutiã, mas estava
doida para que Jake os tirasse. O problema é que
enquanto eu pensava a respeito dessas coisas sua boca
passeava pelo meu corpo, e inevitavelmente meus
pensamentos se embaralhavam, e só conseguia pensar no
prazer momentâneo que eu estava sentindo.
— Hoje é o seu dia Bella! — Ele dizia ainda
beijando algumas partes do meu corpo, mas bem distante
da minha boca.
— Hm, posso saber o motivo? — Eu ofegava.
— Você veio me procurar, e será recompensada.

Quando iria falar algo sua boca encontrou a minha


em um beijo voraz e decidido. Queria abraçá-lo, mas
estava presa, sorte ou azar?
— Vai machucar as mãos. — Ele disse depois de
ver que havia forçado-as ao tentar abraçá-lo.
— Por um momento me esqueci.

Jake me enlaçou e retirou meu sutiã.


— Olha o que temos aqui. — Ele parou enquanto
apalpava meus seios. — Eles são maravilhosos, chuparei
eles com toda vontade do meu ser. — Ele sussurrou em
meu ouvido. — É uma pena você não ver o jeito que estou
olhando para eles...
— Jake... você está me provocando. — Me
contorcia com seu toque e suas palavras.
— Essa é a intenção.

Depois de dizer isso ele mergulhou a boca em


meus seios. Delicadamente ele sugou um dos meu mamilos
enquanto passeava com a mão na extremidade da minha
pelve claramente me atiçando.
Eu estava no escuro, literalmente. Não podia
prever seus próximos passos, e estava adorando essa
sensação.
É estranho... nunca fui vendada. E por isso agora
pude perceber que fico mais sensível ao toque, e o prazer
aumenta intensamente, pois como não estou vendo nada
nunca sei seu próximo passo, somente na hora que sua
mão encontra meu corpo, ou sua boca...
— Saiba que estou todo duro Bella! Quero foder
com você hoje de um jeito que você nunca irá esquecer.
Você não tem ideia do quanto estou me controlando nesse
momento para não te comer.
— Sou sua hoje, faça o que quiser comigo.

Após dizer essas palavras, Jake passou a mão em


minhas coxas, e depois foi em direção ao meu sexo. Eu
estava gemendo com o prazer que me era dado, e já tinha
meus primeiros espasmos na noite. Estava sensível
demais, confesso.
— Tenho mais lugares para redescobrir em seu
corpo.
— Faça! — Ordenei.

Ele retirou minha calcinha vermelha. Não nego


que estava ansiosa para ver como ele olhava para meu
corpo, sabia que o desejo e tesão era notório só pela
forma que ela sussurrava as palavras perto do meu
ouvido.
— Porra Bella! Como você é gostosa! Isso
porque ainda nem mergulhei minha boca em todos os
lugares que quero do seu corpo.
Ele colocou dois dedos em minha vagina e soltei
um gemido pela surpresa. Como havia dito, vendada não
dá para prever algumas coisas.
— Você está toda molhadinha já Bella?! Tão
rápido assim? — Sua boca estava perto do meu ouvido
neste momento. Seu peito forte tocava minha face. Tinha
um homem gigante em todos os aspectos em cima de mim,
literalmente.
— Jake... não me provoque. — Sorri com a boca
meio torta por causa de sua mão tateando meu corpo.
— Seu corpo é uma delícia meu bem. E fica mais
gostosa ainda quando geme.
Após alguns segundos sua boca tomou a minha
novamente por alguns segundos enquanto sua mão que
estava em meu sexo dançava em meu corpo.
— Está excitada meu anjo?

Sua voz estava um pouco longe, sabia que Jake


estava bem perto das minhas pernas.
— Muito, você nem tem noção do....
Não consegui terminar a frase e ele enterrou sua
boca em minha vagina.
— Muito saborosa... — Ele sibilou.

Sua língua se movia para baixo e para cima em


minha vagina. Ele sabia o que estava fazendo, e eu estava
ficando perdida de tesão nesse homem!
— Jake...

— Mal posso esperar para você gozar. Você é


muito gostosa.
Enquanto ele mergulhava sua boca em meu sexo,
com uma das mãos ele estimulava meu clitóris, e com a
outra percorria da direção do meu abdômen até meus
seios. Quantas mãos esse homem tinha? Meu Deus!
— Isso Jake... essa boca, hmm. Por favor não
pare!
Foram alguns segundos fazendo esses movimentos
em meu corpo que pareciam minutos. Estava
convulsionando, meu corpo entregue ao prazer que Jake
me proporcionava.
— Se for muito para você assimilar eu paro.
— Ele disse com a voz melosa e risonha.

— Jake... por favor, me coma, não estou


aguentando.
Minhas pernas tinham vida própria, tomava
pequenos "choques" em curtos intervalos de tempo.
— Goze pra mim meu bem!
Sua mão se movimentava mais rápido dentro do
meu sexo, e cada vez mais tinha espasmos. Sua boca ora
abocanhava meus seios, ora mordia minha barriga ou ora
chupava minha boceta, que já estava extremamente
encharcada.
— Jake, não estou aguentando, por favor... entre
dentro de mim. Me coma de jeito vai!
— Quero ver você implorando Bella!

— Eu imploro Jake! — Gritei.

Instantes depois Jake acelerou o processo.


Estimulava meu clitóris, me chupava, me lambia, passava
por todas as extremidades do meu corpo... literalmente
estava sendo fodida por sua boca e seus dedos.
— Hmm, eu... Ah, meu bem.
Não aguentei muito tempo, tive um orgasmo. Já
estava toda suada pelo modo que Jake fez sexo oral em
mim.
— Adoro seu sabor.
—E eu adoro essa sua boca, essa língua gostosa e
esse cheiro e jeito de macho que sabe provocar uma
mulher.
— Ainda não acabou Bella.

Jake posicionava a glande do seu pau


friccionando em meu clitóris, e estava ficando maluca por
não poder ver nada e também por não saber o que viria
em seguida. Estava adorando essa sensação que nunca
havia experimentado. Meu corpo estava em frenesi, o
tesão que sentia era delicioso.
— Tenho algo pra você. Abra a boca.

Obedeci e imediatamente provei do seu pênis.


Ainda me lembrava dele, é claro! Suas veias
sobressaltadas, rígido como pedra, grande e gostoso.
Confesso que imaginando sem poder ver era
melhor ainda.
— Ainda lembra dele? — Ele estocava seu pênis
de forma lenta em minha boca.
Fiz que sim com a cabeça, provando o seu sabor.
Seu gosto era delicioso, e o queria todo dentro de mim.
Jake ficou por alguns segundos estocando seu
pênis dentro da minha boca, eu beijava a cabeça do seu
pau e lambia o orifício, estava me deliciando com seu
pênis quente em minha boca quando de repente ele me
surpreendeu e retirou minha venda.
— Você está me deixando doida Jake.

— Isso porque ainda nem te comi.

Logo após essas palavras Jake se posicionou


entre minhas pernas.
—O que vai fazer? — Perguntei prevendo as suas
próximas ações.
—A preliminar foi lenta, mas agora tudo irá
mudar Bella! — Ele beijou meus lábios

— Isso! Do jeito que você quiser.

Após Jake pegar a camisinha na gaveta ele


enterrou seu pau dentro de mim em um ritmo acelerado
enquanto eu revirava os olhos. Titubeei e olhei para o
lado, tentando entender o prazer que ela estava me
concedendo.
— Não Bella! Quero que olhe para mim. — Ele
segurou meu queixo.
—É difícil... — Murmurei agonizante.

— Não vou pedir de novo, olhe para mim se não


te vendarei de novo. Eu preciso que olhe para mim, pois
tenho que olhar para você, eu preciso...
O que ele queria dizer com precisar olhar para
mim? Não pensei muito, obedeci. Sabia que seria difícil,
mas eu precisava ter algum controle nesta noite, até
porque não tive nenhum até agora.
— Quero que saiba quem está fodendo com você.
— Ele dizia.
— Tudo bem Jake.

O ritmo aumentava, Jake me penetrava e


estimulava meu clitóris com uma das mãos, estava indo ao
paraíso rápido demais, isso não estava normal, não em
"meu normal".
— Como você quer me comer agora Jake? — O
aticei.
— Quero te comer de quatro Bella!

Rapidamente ele tirou as algemas do meu pulso.


Logo depois fui ávido em sua direção para tomar-lhe a
boca. Enquanto o beijava massageava seu pau para que
ele ainda continuasse duro, o que era muito fácil, pois só
o vi rígido até agora.
Em nenhuma das situações que Jake havia me
colocado eu estava no controle, e vi que era proposital.
Como me ordenado virei minha bunda e a
encaixei em seu pau. Se ele queria me comer de quatro,
era isso que teria!
Jake ficou poucos minutos estocando minha
vagina enquanto eu gemia e gritava de prazer. Eu estava
frenética abocanhando seu pau com minha vagina. Jake é
grande e delicioso, em todos os sentidos.
Algum tempo depois o ouvi urrar, e como
consequência ele gozou.
Após esse momento Jake beijou delicadamente
minhas costas, nós dois estávamos suados e exaustos.
Não havia sido suficiente transar somente uma
vez, e fizemos sexo no banho também. Jake era insano!
Buscava meu corpo a todo momento, e eu retribuía com
todo prazer.
Só que eu lembrei algo enquanto estávamos no
banho, e fiquei o encarando por pelo menos uns quinze
segundos sem falar nada antes de cair na gargalhada.
— Posso saber o motivo da graça? — Jake disse
rindo um pouco também.
— Meu Deus! Já se deu conta de que nós dois nem
sabemos o que o outro faz da vida?
Jake parou para refletir um pouco.
—É verdade. É que quando te vejo perco o norte
sabe? — Ele tentou ajeitar a situação.
— Nem me venha com essa. Me diga, com o que
trabalha?
—O que acha?

— Hm, acho que é advogado.

— Deus me livre. Não sou de ficar lendo papéis.

— Algo relacionado à Tecnologia da Informação?

— Não.

— Vendedor?

— Já te disseram que você é péssima de chute?

— Ah é sabichão? E eu, tenho cara de que


trabalho com o quê? Você tem três chances igual eu.
— Olha... você é gostosa demais pra não ser
personal trainer. Mas como posso chutar mais duas
coisas, eu diria que você pode ser médica ou... sei lá,
advogada.
— Já te disseram que você é péssimo de chute?

Ambos gargalhamos.
— Tábom, eu desisto. — Ele disse por fim.

— Sou massoterapeuta.
— Não me diga... se eu soubesse eu teria
aproveitado mais o que sabe fazer com as mãos.
— Haha, engraçadinho. E você?

— Sou cirurgião dentista, o melhor da cidade,


modéstia à parte.
Tá aí algo que nunca esperaria ouvir. Jake...
cirurgião dentista? Era muito para assimilar, chutaria tudo
menos dentista.
— Sei que está surpresa.
— Muito.

Ao sair do banho, nos trocamos e logo após me


despedi de Jake sem falar muita coisa. Pra quem vive a
vida que vivemos isso é normal, e ele sabe bem disso.
Dei um beijo em sua boca e um até logo que sabia
muito bem que poderia não existir, até porque novamente
ele não pegou nenhum dado meu...
CAPÍTULO 6
“Se conselhos fossem bons, ninguém...
mentira. Algumas pessoas não desejam nada em
troca, somente a felicidade estampada quando
algo bom e verdadeiro é dito”

BELLA

Havia se passado quase uma semana que havia


estado com Jake, e como previ, ele não pediu meu
telefone, era melhor assim. Não consigo me comportar na
presença dele. Em dois que o vi ele havia me mostrado
como e o porquê sexo era essencial em minha vida. Mas
uma coisa era fato: não pretendia de maneira nenhuma me
apegar a ele e nem ninguém. Alguns homens são somente
uma boa transa, e nada mais. Ele é um exemplo disso.
Irei viajar para a cidade da minha irmã hoje.
Como havia deixado meus pertences bem arrumados no
dia anterior, era só colocar a mala no carro e partir para a
cidade de Hashville, para encontrá-la. Resolvi ir no fim
de semana, pois poderia passar um tempinho bom com ela
até no domingo.
Depois dos ajustes finais parti para Hashville,
com aquela sensação que coisas boas iriam ocorrer. É
incrível que quando as coisas se ajeitam em nossas vidas,
é como se nós esperássemos algo mais, entende? Na
verdade é difícil até mesmo eu entender o que acabei de
dizer, mas sempre espero mais e mais de algumas coisas,
principalmente se me proporcionar alegria e um
sentimento de preenchimento interior.
Minha pequena viajem transcorreu
tranquilamente, e em pouco tempo já estava na porta da
casa da minha irmã. Ao tocar a campainha, minha irmã
Julyana atendeu e logo veio feito uma criança correndo ao
meu encontro para me abraçar. Como amava minha irmã, e
além de tudo, agora teria mais uma lindo bebê para a
futura titia encher de mimos.
— Você está linda Bella!

— Obrigado. Você não está de se jogar fora


Julyana! — Dei uma piscadinha para minha querida irmã.

— Eu sei. — Julyana deu uma voltinha se enchendo


de orgulho por não aparentar ter ganhado nenhum kilo
aparente estando grávida.
Adentrei em sua casa.
—E o nosso irmão, ele virá?

— Sim, ele está um pouco atolado de tarefas no


consultório, mas me prometeu vir no máximo até semana
que vem. E você Bella, como anda sua vida? — Ela disse
enquanto fechava a porta.
— Muito bem, estou feliz, não nego.

— Algum namorado é o motivo da felicidade?


— Minha irmã desatou a rir.
— Não mesmo. — Ri do comentário dela. — Estou
vivendo a vida intensamente Julyana, e estou aproveitando
ao máximo. Faço tudo que dá vontade de fazer, e na hora
que quero.
— Você sempre foi a mais decidida de nós três. E
a mais centrada em alguns aspectos.
— Tive que ser Ju. Não tenho paciência pra certas
coisas, sabe disso.
— Isso eu sei.

Começamos a rir, era tão bom conversar com


minha irmã. Sentia saudades imensas de ter minha família
por perto novamente, nem que fosse por pouco tempo.
—E como é a sensação de em breve ter uma filha
ou um filho Ju? Me explica, estou adorando ser titia, você
nem tem ideia a felicidade que estou no momento. Seu
bebê será tão... tão lindinho, eu tenho uma fraqueza com
bebês e crianças não vou mentir.
—É um sentimento diferente Bella, posso
garantir. Leopold e eu não planejamos ter um filho por
agora, mas... aconteceu, e não posso reclamar de nada.
Estou amando novamente, e sei que minha vida está
melhor do que eu poderia ter pedido a Deus!
— Você sempre foi a mais amável e gentil de
todos os irmãos. Será uma mãe maravilhosa, e eu serei
uma titia babona, isso é fato.
Fiz um pequeno bico e abracei minha irmã, como
a amava, ela sempre me ajudou quando me sentia triste,
cabisbaixa e isolada do mundo. Eu era assim na minha
época de adolescência, e como minha irmã é cinco anos
mais velha que eu, ela me ajudou e ensinou muitas coisas
importantes para ser o que eu sou agora.
O telefone começou a tocar.
— Bella, irei na cozinha atender, fique à vontade.

— Claro. — Assenti.

Houve uma parte da minha vida que passei


"apertado", sofria bullying diretamente. Eu usava um
óculos "fundo de garrafa", tive vários problemas nos
olhos, e por fim pensei até em desistir de tudo, se é que
me entendem. Mas foi minha irmã, esse anjo maravilhoso,
que foi meu alicerce, e eu agradeço a Deus todos os dias
por tê-la comigo.
Meu irmão também é importante em minha vida,
ele é quase dez anos mais velho que eu, sou a caçulinha da
família. Ele é mais reservado , mas seus conselhos são
essenciais em minha vida, e ele mora na mesma cidade
que eu, tenho um pouco mais contato com ele do que com
a minha irmã.
Eu necessito deles em minha vida, pois minha
família... bem, perdi meu pai e minha mãe, não sei se isso
culminou na depressão que tive algum tempo depois, mas
ajudou a aumentá-la em proporções alarmantes. As
pessoas que tenho e confio em minha vida são meus
irmãos, e sei que dificilmente terei alguém que irei me
apegar tanto quanto eles.
Mas... não sabemos quando a vida nos pregará
uma peça. Por isso estou tentando viver um dia de cada
vez, apesar de ser um tanto complicado não pensar no
futuro, pois penso nele em certos momentos.
Hoje era sexta, mas Marcelle havia me ligado
para sairmos no domingo, quando eu voltasse, ela queria
me apresentar o Robert, um dos seus amigos. Achei uma
boa ideia, depois de uma viajem de 200km que fiz, ao
voltar precisaria relaxar um pouco. E quem sabe não
rolaria algo com esse tal amigo não é?
Estou numa fase meio away de ficar com homens
muito tempo. Desapego é meu sobrenome! Ou melhor, nem
sei, pra desapegar você tem que se apegar a alguém, e
ainda não estou nesse estado, graças a Deus! Deixarei
para depois dos 30 anos, sou muito nova.
A questão com Jake foi a química que rolou entre
a gente, mas tenho uma regrinha de não transar muitas
vezes com o mesmo homem, justamente para não me
apegar. Mas com Jake posso abrir uma exceção, pois sei
que ele é igual a mim, ou até pior. Sei que ele nunca irá se
apegar a mim.
Somos duas pessoas que necessitam de sexo
regularmente, e por causa disso a gente se deu bem... do
nosso jeito claro. Os dois se satisfazem, ou melhor, um
satisfaz o outro. É bem isso do que eu preciso pra dizer a
verdade, preciso levar a vida da minha maneira, tenho que
me sentir uma pessoa feliz por ter feito as escolhas certas.
Não ligo muito para o que pensam de mim. Eu
quero estar bem comigo mesma a todo o tempo, pois
ninguém consegue ver no fundo as decepções e desilusões
que nós passamos em momentos específicos de nossas
vidas. É complicado para qualquer pessoa que seja
entender nossas aflições, desejos e pensamentos. Então,
pensando assim, creio que para conseguir ser feliz, basta
seguir o que minha mente e meu coração desejam, pois a
vida é minha, e não tenho que vivê-la da maneira de
terceiros.
Imersa em meus pensamentos ouvi a porta da
entrada se abrir. Era Leopold, o marido da minha irmã.
— Bom dia Leo! Quer dizer que alguém será
pai?! — Não perdi tempo e logo fui despejando algumas
palavras enquanto ia ao seu encontro abraçá-lo.
— Bom dia Bella! Você viu? Mal posso esperar
para que esse dia chegue logo.
Leopold era bastante parecido com a minha irmã.
Confesso que em um primeiro momento a similaridade
dos dois me deixou preocupada. Pessoas tão iguais assim
geralmente não dão certo. Não sei o porquê, mas todos os
exemplos que tive de amigas e conhecidos próximos que
se envolveram com pessoas muito parecidas não deram
em nada, ou melhor, acabaram se separando mais rápido
do que imaginei.
Agora, em relação a minha irmã e Leopold, as
coisas aconteceram de um modo impressionante aos meus
olhos.
Os dois se tratam com respeito, carinho, ternura.
Ambos estão alegres a todo o momento, e isso ainda é
estranho para mim, pois me perguntava às vezes se eles
não brigavam.
— Eu acho que o bebê veio no momento certo, e
você Leo? — Chamava ele de Leo carinhosamente.
— Eu também acho, ou melhor, tenho certeza. Me
estabilizei na empresa que trabalho, consegui um cargo
melhor à alguns meses, e sinto que estou feliz aqui na
cidade. Então posso dizer que não há momento melhor
para que um filho chegue, só tem um problema.
— Qual?

— Agora ficarei mais ansioso que o normal. Quer


logo pegar meu filho no colo e dizer o quanto o amo.
— Seus olhos brilhavam, era verdadeiro o que ele dizia.

— Que bonitinho. Alguns homens não são tão


sensíveis quanto você.
— Que bom! Cá entre nós. — Ele chegou bem
perto de mim. — Sua irmã disse que o que mais chamou a
atenção dela a meu respeito foi a sensibilidade. Nunca
pensei que isso seria algo a ser notado, ou até mesmo um
diferencial.
— Entendi. — Comecei a rir com seu comentário.
É bem a cara da minha irmã dizer essas coisas. — Mas
tem mulheres que preferem homens sensíveis, que passem
a elas o que estão sentindo no momento. É normal Leo,
algumas requerem um pouco mais de atenção, por assim
dizer, Querem ser cuidadas na maioria do tempo, e
algumas até mimadas.
— Sua irmã quer ser mimada a todo o tempo, não
vou negar. — Ele murmurou.
—E o senhor nem gosta de mimá-la não é?
— Cruzei os braços e balancei a cabeça em negação.

— Como sabe? — Ele fez uma cara de


desentendido, mas sabendo que algumas coisas minha
irmã me contava, e com detalhes.
— Nem te conto, um passarinho verde me disse.

Nós dois começamos a rir.


Eu gostava muito de Leo, em minha cabeça não
havia melhor parceiro para a minha irmã.
Ao encerrar minha conversa com ele, me
estabeleci no quarto de hóspedes, e logo após decidi
andar um pouco pela cidade, precisava do ar puro de um
local de pequena movimentação, como era o caso de
Hashville. Não havia nem 30.000 habitantes na cidade, e
as ruas eram lotadas de bicicletas, não de carros. Achei
isso algo diferente e extraordinário. Como tudo era
pertinho, o pessoal acabava tendo como seu principal
meio de transporte a bicicleta.
A paz transmitida aqui me chocava pra dizer a
verdade. Em Princetown tudo é corrido, as pessoas são
afobadas em sua maioria, e nunca dá tempo de fazer tudo
que planejamos para o dia. Mas aqui... parece que o
pessoal anda na segunda ou terceira marcha, enquanto lá...
bem, no mínimo na quarta.
Só não sei se eu me sairia bem morando em
alguma cidade com esse estilo da onde minha irmã mora.
Por um tempo sei que me sentiria bem, mas preciso de
algo que me motive. Não, essa não é a palavra certa, o
que quero dizer é que preciso de algo que não me deixe
ociosa, é mais ou menos isso. Aqui temo que iria ficar
relaxada demais, e tudo iria desandar. Mas não minto que
passaria tranquilamente poucos meses nessa cidade, acho
que irá chegar um tempo que até precisarei disso na
verdade. Tudo está uma correria tremenda... tem dias que
minha vida está de pernas pro ar.
Minha parte da tarde e da noite foi basicamente
fazendo um tour pela cidade de Hashville. Fiz o que não
consigo em minha cidade: notar as pequenas coisas ao
meu redor. Estou me sentindo um pouco diferente, é muito
bom respirar novos ares, e tudo aqui estava me fazendo
bem.
Ao voltar novamente para casa da minha irmã,
rapidamente conversei com ela. Nessa conversa Julyana
disse pra nós duas conversarmos amanha de manhã um
pouco mais a vontade na cafeteria que ficava praticamente
ao lado da sua casa. Percebi pelo jeito que ela havia
falado que seria algo relacionado ao Leopold.
Minha irmã é um pouco "boazinha" demais, e de
vez em quando tem medo de falar o que dá vontade, ainda
mais se for com o Leo. Então, pelo tom que ela havia
usado... teria que usar meus conselhos para ajudá-la.
Ao chegar no quarto de hóspedes e deitar-me na
cama senti o cansaço em meu corpo, pois havia
percorrido grande parte da cidade andando, pois
dispensei em grande parte do trajeto o meu carro.
Não deu muito tempo de repensar meu dia, logo
apaguei...
***

Minha irmã já me esperava onde havíamos


combinado de nos encontrar. É sábado e Leopold havia
saído para trabalhar. Ele é médico e seus plantões são no
sábado de manhã e de tarde nos fins de semana.
Tenho uma inveja boa da minha irmã. A considero
mais bonita que eu, mais madura em muitos aspectos, e até
mesmo mais forte emocionalmente. Julyana não é aquela
frequentadora assídua de academia, mas seu corpo é
praticamente perfeito para quem não faz exercícios
frequentemente.
Ao me ver ela se levantou da cadeira que se
encontrava e me abraçou por um longo momento. Nem
parecia que havíamos nos visto no dia anterior. Mas
minha irmã era assim, e eu gostava dela com esse seu
jeitinho característico.
Ao me sentar, Julyana olhou para o lado e viu uma
moça com uma roupa bastante curta exibindo seus
músculos da coxa bastante torneados.
Eu reparo mesmo, pode ser homem ou mulher,
dependendo de como se vestem me chamam bastante à
atenção.
— Bella... sabe aquela vontade de frequentar
academia e moldar meu corpo igual ao dessa moça que
está passando aqui agora? — Ela continuava a olhar para
essa tal mulher.
— Sim. — Disse orgulhosa, pois eu era mais ou
menos assim, mas não tão obcecada quanto algumas
mulheres.
— Nunca tive. — Ela disse por fim.

Nós duas começamos a rir. Minha irmã além de


autêntica é bastante extrovertida. Na verdade, pensando
aqui agora, a única coisa que não parecemos uma com a
outra é em relação a calma, ela tem muuuuuuito, mas
muuuuuuito mais paciência que eu. Meu pavio é curto,
curtíssimo, e tem horas que não consigo me controlar.
Bem que eu queria, mas não consigo.
— Me diga minha querida irmã mais velha, qual o
problema com Leopold? — Disse por fim, sem enrolação.
— Como assim? Espera... como você sabe que o
assunto é o meu Leo?
— Ah, anos de convívio Julyana, e também pelo
tom que falou ontem. De vez em quando consigo pegar
algumas coisas "no ar".
— Parabéns! Pegou. Não é bem um problema
sabe?! É falta de algo mais, como posso dizer... mais
ardente!
— Falta?

— Ai meu Deus! Como vou te explicar isso?!


— Não precisa ter vergonha de mim irmã.
— Não é bem vergonha, é que você irá pensar
algumas coisas do Leo, até porque o assunto gira em torno
dele. — Ela ainda parecia meio receosa.
— Claro que irei pensar. E pode ter certeza que
serei sincera com você com qualquer assunto que seja!
— Pra ser direta sinto falta de algo a mais no sexo
entre a gente! E agora ainda mais.
— Certo. E por que agora "ainda mais" você está
dizendo?
— Por causa do bebê. Ele está mais cuidadoso
ainda por este fato.
— Não entendo... isso não afeta em nada, e ele
sabe disso, ele é médico.
— Eu sei, mas tem alguns homens que tem um
cuidado a mais, não sei explicar Bella! Sentem medo de
machucar as mulheres, sendo que elas não está sendo
prejudicadas em nada, muito pelo contrário, estão
sentindo falta desse algo a mais.
— Você está me dizendo que ele é "paradão"
fazendo sexo. É isso?
— Não é bem "paradão" a palavra, mas não
inovamos sabe?! É tudo muito mecânico, e digo nós, pois
eu também não estou ajudando em nada. Como do nada
chego pra ele e falo que tá ruim ou repetitivo demais às
vezes? É complicado.
— Simples de resolver! Chega e fala Julyana!
Esse não é o tipo de coisa que você fica guardando para si
de jeito nenhum! Nós duas sabemos que transar além de
necessário é muito bom! Até demais no meu caso... mas
bem, voltando ao assunto, você tem que botar os "pingos
nos is", e falar que quer algo mais, alguma coisa diferente
do habitual, sei lá, pede pra ele inovar.
— Mas...

—E outra coisa, pede com cara de desejo, de...


com o perdão da palavra, com um olhar de pervertida,
maníaca sexual! Faz uma cara dessas pra você ver como
ele não irá ficar atiçado e excitado. Ficar rindo para os
homens na cama não dá certo, alguns até broxam...
— Bella... como sabe de todas essas coisas!?

— Irmã, se você soubesse da minha vida sexual de


uns tempos pra cá... daria um belo livro, só que com
páginas bem distintas.
— Mas então Bella, o que faço? — Ela balançava
a cabeça em negação. — Na sua opinião eu devo ser muito
direta com ele, tipo: "quero algo agressivo, sexy, que
nunca mais irei esquecer" ?
— Isso. Se for o que está sentindo em seu peito.
Não pode existir tabus entre vocês dois, ainda mais agora
que estão esperando um bebê, e além de tudo são casados.
Você tem que ser sincera com ele, e dizer olhando nos
olhos dele que não está satisfeita com as relações sexuais
feitas de uns tempos pra cá. Simples!
— Simples pra você! Ele é muito doce, tenho
medo de magoá-lo.
— Ah, vai ter que perder esse medo Julyana! Ou
viver infeliz, você que sabe! — Disse olhando séria em
sua direção.
— Não quero viver infeliz Bella! Vou dizer tudo
que tenho vontade de dizer. Vou criar a coragem que me
falta na maioria das vezes.
— Isso mesmo! Seja decidida! Vocês tem mais
problemas ou é só em relação ao sexo mesmo?
— Mais nenhum na verdade. Temos bons
empregos, nos damos muito bem e raramente brigamos.
— Ótimo! É mais fácil do que eu pensei que seria,
basta você ter atitude e ele entender e querer mudar pra
você se sentir melhor. Consequentemente as coisas irão
melhorar para ele, acho que Leo ainda não sabe, mas uma
mulher com desejos carnais em excesso é algo que
homens apreciam, até demais.
— Quero te perguntar algo Bella.

— Claro.

— Você não sente falta de um homem romântico?


Como posso explicar melhor, sei que não sai transando
com qualquer um, no fundo te conheço, mas também sei
que faz sexo com muitos homens pelo jeito que fala.
— Sim e não.
— Isso quer dizer o que na verdade?

— As mulheres em geral gostam de homens


românticos, raramente alguma não irá gostar, e não sou
diferente. O problema é que não sou muito de apreciar
mimos, de carinhos em excesso, daquela "melação" de
casal sabe? Claro, um dia irei namorar e me casar, assim
espero, e quero que ele seja atencioso comigo e seja uma
pessoa romântica em proporções normais, não exageradas
por assim dizer.
— Entendo.

— Vou lhe dar um exemplo melhor: mulheres em


geral gostam de flores certo? Não sou diferente, eu adoro.
Não ficarei pensando que é "o fim do mundo" algum
homem que eventualmente eu saio me presentear desse
jeito. O problema é isso virar algo corriqueiro, e essas
flores passarem para presentes inesperados, convites para
viagens, essas coisas não são do meu feitio.
— Mas um dia isso irá acontecer Bella!

— Eu sei, o que estou querendo te dizer é que não


quero que seja "forçado" , quero que seja natural, que o
homem que eu realmente me apaixonar espere meu tempo,
pois não sou igual a maioria das mulheres, sou
complicada em vários aspectos, e sei disso mais do que
ninguém. Pra me aturar ele terá que se desdobrar, tem
horas que nem eu me aguento, quero saber com o um
homem irá me aguentar! Então, claro que gosto de um
romantismo, algo diferente, mas nada exacerbado e que
não seja toda hora, gosto de ser surpreendida, e para isso
acontecer, não pode ser algo igual beber água, que é feito
todo dia.
— Você me surpreende cada dia mais sabia?!

— Sim.

A conversa fluiu normalmente. Falamos sobre


muita coisa além de Leo, entre elas sobre nosso irmão que
viria semana que vem visitá-la. É complicado ter
familiares distantes, mas no caso da minha irmã creio que
foi um bem necessário, pois ela veio pra cá porque surgiu
uma vaga para médico aqui em Hashville. Leopold se
candidatou e conseguiu o emprego. Pouco tempo depois,
minha irmã que é formada em Contabilidade, conseguiu
uma vaga em uma empresa bastante conceituada na
cidade, e se estabeleceram por aqui.
A parte da noite fiquei em minha cama pensando
na vida. Voltaria amanhã para minha cidade, e já estava
sentindo falta de muita coisa na realidade. Mas o tempo
que passei aqui serviu para me revigorar, e perceber os
simples detalhes de uma vida pacata. Mas continuo
afirmando que ficaria louca se passasse muito tempo aqui,
pois me tornaria bastante relaxada, e isso não seria nada
bom.
Peguei no sono rapidamente e só acordei por
volta das 12:00 horas no domingo. Estava chegando a
hora de voltar para minha cidade, e pelo jeito meu
domingo seria corrido, pois ignorei várias ligações da
minha amiga. Por um momento esqueci que ela queria me
apresentar o tal amigo que ela tanto fala.
Me despedi da minha irmã e de Leopold. Disse a
ela para me manter informada sobre o andamento do
"processo" em relação a Leo. Tinha certeza que se ela
quisesse resolver esse pequeno probleminha seria
teoricamente fácil, mas se ele também desse o braço a
torcer e tentasse mudar.
CAPÍTULO 7
“Quais os sentimentos provocados bem no fundo
do nosso peito quando recebemos um NÃO?!
Difícil generalizar... e aceitar”

JAKE

Havia combinado de me encontrar com Lucas


hoje. Ele é um dos meus amigos que mais gosto de
conversar, e por incrível que pareça não é um “galinha”
que nem a maioria. Com ele posso ter conversas
diferentes das habituais, e prezo muito sua amizade.
— Jake, posso lhe perguntar algo?

— Por que está me perguntando se pode me


perguntar? Você sabe que pode me perguntar qualquer
coisa. Só não garanto que irei responder. — Ri de uma
forma maléfica pra ele.
— Certo. Então... você já... sei lá...
— Desembucha, depois de velho começou a ter
vergonha? — O interrompi.

— Já bateu em alguma mulher? — Ele disse por


fim.
— Bati? Como assim? — Fiquei um pouco confuso
com essa pergunta, não nego.
— Ah, você sabe, fazendo sexo. Você me
entendeu.
— Por que está me perguntando isso? — O olhei
de forma inquisitória.
— Ouvi uma conhecida de uma das garotas que
estou pegando dizendo que você é meio... como posso
dizer, agressivo.
—E isso quer dizer que bato nelas? — Comecei a
ficar tenso com o rumo da conversa.
— Não, por isso estou te perguntando. Vai me
responder ou ficar nervosinho? — Ele estava começando
a caçoar de mim.
Não gosto de ficar expondo algumas coisas da
minha intimidade entre quatro paredes, mas sei que se não
responder essa pergunta Lucas ficará me amolando.
— Cara... nunca bati em nenhuma mulher. E é bem
provável que nunca irei fazer isso. No máximo é uns
tapinhas na bunda, nada de anormal. E quando acontece
esse tipo de coisa garanto que elas ficam excitadas.
— Então porque...

— Sou agressivo? — O interrompi. — Primeiro:


ser agressivo não quer dizer que de alguma forma elas
estão apanhando. Segundo: predadores são agressivos, e
quando estou fazendo sexo elas são a presa e eu o
predador, e garanto que elas sabem. E terceiro: Não é da
sua conta, mas a maioria das mulheres que me acham
agressivo gostam, e acabam por pedir mais.
— Vou te contar um segredo: você é o meu amigo
mais estranho. — Ele disse gargalhando.

— Ah, eu sou estranho? Por acaso sou eu quem


pergunta como sou na cama com as mulheres? — O
indaguei fuzilando com o olhar.
— Não é por isso. Você é a pessoa mais articulada
que eu conheço. Tem saída pra tudo. Podemos falar da
língua japonesa que você terá assunto. Até mesmo se eu
falar da política da Rússia você saberá argumentar. Mas...
tem alguns gostos estranhos.
— Eu tenho culpa disso? Eu leio, acompanho
notícias nos mais variados sites, estudo algumas coisas
que não vem ao caso, entre outras coisas.
— Não, só te acho diferente, saiba disso. Mesmo
assim, na verdade... você sabe que é estranho não é Jake?
— Se você diz. — Dei de ombros enquanto bebia
mais um gole de cerveja.
— Você não tem sentimentos.
— Isso é uma pergunta ou uma afirmação?

— Não sei, me diga você senhor articulado. — Ele


debochava de mim, mas nem liguei, eu o conhecia bem, e
esse era seu jeito de conversar comigo.
— Se tenho estão bem escondidos. — Me limitei a
dizer.
— Um dia tenho fé que uma mulher irá virar seu
mundo de pernas pro ar, e irão namorar, e quem sabe até
casar. Espero que seus filhos não fiquem revoltados que
nem você. — Ele começou a rir com o copo de cerveja na
mão.
— Onde te desliga? Nunca vi alguém falar tanta
abobrinha bebendo tão pouco.
— Você sabe que é verdade. No fundo sabe que
precisa de alguém presente em sua vida quando se cansar
de farra, ou melhor, quando encontrar alguém que pode
chamar de sua.
— Maldita hora que fui arrumar você como
amigo. — Balançava a cabeça em negação.

— Não tenho culpa de ser psicólogo.


— Mas eu tenho culpa de não ter perguntado o que
fazia da vida quando te conheci. Deixa de ser chato,
porra! — Gargalhei enquanto balançava a cabeça.
— Mas seu caso é um pouco mais grave. — Ele
ignorava meus argumentos sobre o que pensava dele, era
típico.
— Ah, tenho uma caso grave agora? — Disse em
um tom de deboche e cinismo.
— Sim, na verdade você precisa de um psiquiatra.
Mas meu medo é você deixá-lo doido.
— Palavras tocantes as suas. — Comecei a rir.

— Cara, você não se irrita mesmo, puta que pariu.


Onde você desconta a raiva que você sente?
Após dizer isso, me lembrei exatamente onde
desconto a raiva, a solidão, e o desespero que eu sinto.
Até porque tenho as marcas em minhas mãos.
— Não desconto, simplesmente guardo comigo.
— Um dia você explode Jake! E não sei como irá
fazer se eu não estiver por perto.
— Que tocante! Ganhei um guarda costas agora.

— Ei. — Ele parou. — Estou falando sério agora.


Você acha que sou idiota Jake?
— Não estou entendendo.

Agora era ele que me olhava firme, havia algo


por detrás de toda aquela "fala de psicólogo" alguns
instantes atrás. Dessa vez ele iria falar algo sério, e o
pior, que eu não esperava no fim das contas.
— Você acha que não sei de algumas coisas não
é? — Nesse momento ele me olhava firmemente.

— Está me seguindo ou perguntando algo de mim


sobre alguém por acaso? Porque se sim já adianto que não
irá encontrar nada de errado. — Olhei com incredulidade
para ele.
— Não precisa. Sei que se passa algo com você,
eu quero te ajudar, de verdade. Te disse que é o meu
amigo mais estranho, mas é o mais autêntico e o que mais
me diverte no fim das contas. Sei também que sempre está
presente quando preciso.
— Onde quer chegar? — Pela primeira vez estava
ficando impaciente com toda a situação que uma simples
conversa estava me proporcionando.
— Essas marcas em suas mãos. O que são?

Eram as marcas do meu “muro das lamentações”


que ele estava mencionando.
— Agora realmente estou ficando nervoso. — O
olhei firmemente.
— Estou tentando ajudar.

— Essas marcas não são problema seu. Se quiser


ajudar de verdade pare de me perguntar sobre elas.
— São sim, você é meu amigo.
— Até agora te considerei meu amigo, mas se
começar a me perguntar mais coisas da minha vida
pessoal você se tornará meu inimigo.
— Mas cara... ah, tudo bem, prometo parar de
falar nesse assunto. Mas somente se me prometer uma
coisa.
— Não prometo nada! E é melhor parar. — Disse
decidido olhando para ele.
— Toma. — Ele me entregou um cartão. — É sem
compromisso. Se algum dia tiver vontade ir lá.
O filho de uma mãe depois de tudo que eu falei
teve a coragem de me entregar o cartão de um psicólogo,
tem base isso?
— Você é muito cara de pau mesmo.

— Por favor, de coração, guarde isso. — Ele


parou — Ou rasgue, sei lá, mas quando eu não estiver por
perto.
— Vai ficar sentido se eu rasgar ou jogar fora?

— Sim, e no futuro você também.


Dito isso ele se levantou.
— Vou pagar a conta, espero que continue meu
amigo.
— Se eu ouvir você falando de...

— Não vou falar mais disso, fique tranquilo,


continuamos amigos? — Ele me estendeu a mão.

— Tudo bem. — O cumprimentei. — Nada desse


assunto de novo.
— Fechado. — Ele sorriu.

***

Eram aproximadamente 21 horas. Precisava sair,


essa conversa com Lucas me deixou muito puto! Quem ele
pensa que é pra invadir minha privacidade assim?! E
ainda querendo que eu vá na porra de um psicólogo?! Ele
só pode estar de sacanagem comigo! Vou sair, beber,
transar, quem sabe ganho mais!
Entrei na NightClub, uma boate bastante
conceituada da cidade. A maioria das garotas me conhece
por lá, tenho certeza que não sairia daqui
desacompanhado.
E adivinha o que aconteceu? Aproximadamente
trinta minutos depois vejo aquela gostosa aqui. Ela me
segue, só pode, deve estar doida pra me ter de novo. Acho
que terei que satisfazê-la pela terceira vez. E veio com
uma amiga ainda, mas nem estava ligando. Bella seria
minha hoje, mais uma vez.
Quando fui em sua direção notei um cara
conversando com ela ao pé do ouvido, mas ele tinha uma
cara de bobo, sei lá, acho que não iria dar em nada essa
conversinha, mas por via das dúvidas resolvi esperar um
pouco.
Após longos e intermináveis cinco minutos ele
parou de falar e foi pedir uma bebida no balcão. Era a
deixa pra eu ir com tudo fazer o que queria.
— Oi coisa linda. — Me aproximei um pouco mais
contido que o normal.
— Jake?! — Bella parecia surpresa ao me ver, até
porque isso já estava acontecendo com uma frequência
bastante estranha.
— Não, seu realizador de desejos.
— Ai meu Deus! — Ela colocou uma das mãos em
sua cabeça.
— Não precisa ser muito esperto Bella, eu
percebi.
— Percebeu o quê?

— Que você me segue! — Eu disse abrindo um


largo sorriso.
— Só pode estar de brincadeira, desde quando
preciso seguir algum homem?!
— “ O homem”. — Deixei no ar a frase. — Que
tal sairmos daqui? Quem sabe eu seja bonzinho com você
hoje?
— Estou acompanhada, não vai rolar.
— Por esse babaca que estava conversando com
você há alguns instantes atrás? — A indaguei.
— Ele não é babaca, na verdade quem é...

— Olha o que vai falar. — Cheguei bem perto de


sua boca.
— Vem aqui. — Ela chegou mais perto de mim, e
colocou uma das mãos em meus cabelos.
— Eu sabia. — Me aproximei mais um pouco.
— Vou dizer pausadamente: você que é o babaca
aqui. — Ela parou. — Sabe por quê? Infelizmente, você
não tem o mínimo de respeito, se está me fitando aqui é
porque sabe que estou acompanhada desde o momento que
cheguei. Então...
— Você está pensando que...

— Estou pensando simplesmente que você é uma


criança pequena que não aceita a palavra NÃO. Sabe
aquelas crianças que fazem birra quando não ganham um
brinquedinho dos seus pais? Então...
— Você é uma pessoa corajosa, mas não é muito
esperta em me falar essas coisas. Você será minha hoje, de
novo. — Olhando fixamente em sua direção, coloquei uma
das minhas mãos em sua cintura a puxando contra mim.
— Viu! É uma criancinha rebelde que não aceita
uma resposta negativa. — Ela continuava a me olhar
decidida, e eu estava ficando impaciente.
Coloquei-a contra a parede.
— Quem você pensa que é pra falar assim
comigo? — Comecei a ficar nervoso com o tom que ela
estava usando.
— Jake... como posso dizer isso sem você se
ofender? — Ela parou pra pensar um pouco nas próximas
palavras. — Você não significa nada pra mim, e nem
significou. Você foi apenas... sexo. É, acho que era isso.
Preciso dizer mais alguma coisa pra você entender?
— Sua...

— Passar bem! — Ela se desvencilhou dos meus


braços, e eu nem tive forças para segurá-la, sua última
frase me abalou de um modo que nem eu sei como
explicar.
Quem ela pensa que é pra me despachar desse
jeito? Maldita! Não sabe do que sou capaz para ter uma
mulher em minha cama. Odeio ser dispensado, ainda mais
do jeito que fui agora! Fui tratado com lixo, e por causa
de um... ah, que se foda!
Esse tipo de coisa ainda não havia acontecido
comigo, merda! Ser dispensado assim, humilhado desse
jeito... essa mulher não perde por esperar.
Minha noite havia acabado completamente!
Depois de uma dessas fiquei sem rumo, minha vontade por
sexo havia sido dissipada completamente, estava aturdido
e surpreso com o que Bella havia dito pra mim!
Infelizmente nós dois somos duas pessoas
explosivas! Vi isso agora. Ao mesmo tempo em que ela
consegue ser doce ela é amarga, não compreendo o
porquê e como ela consegue essa façanha!
Ao chegar em casa, aquele ataque de raiva me
tomou novamente, bem como acontecia nos últimos anos,
só que dessa vez o motivo era diferente, era alguém
diferente.
Fiquei completamente inquieto, ninguém nunca
havia falado dessa forma comigo. Claro, já havia levado
alguns foras em minha vida, mas nada se compara a ser
tratado como um lixo igual fui à poucos instantes atrás.
Tenho certeza que as palavras ditas por ela irão ficar
martelando em minha cabeça por longos dias, e não sei o
que fazer para que elas saiam da minha cabeça.
Tentei por um momento relaxar, ver televisão,
navegar na internet, mas tudo sem sucesso. Bella se
impregnou em minha cabeça de um modo que não estava
conseguindo me concentrar em mais nada, e isso não era
bom, odiava não conseguir me centralizar em alguma
coisa.
Optei por tomar um bom banho frio, na verdade
gelado. Tentei incessantemente tirar essa mulher da minha
cabeça, pois apesar de tudo que ela havia falado para
mim, eu ainda a desejava, e não sei se ela sairia da minha
cabeça independente do que eu fizesse.
Enquanto tomava banho comecei a sorrir um
pouco. Não, não sou bipolar. A maneira que Bella me
tratou ainda faz meus olhos arderem de raiva. O motivo do
meu sorriso é a semelhança que temos um com o outro.
Ela não tem papas na língua, e nem eu consigo ter. Então
acho que eu e ela temos mais coisas em comum do que
imaginei no fim das contas. Pude perceber que ela faz o
que dá vontade na hora que quer.
Eu sei, ela me despachou dessa vez. Mas quando
disse pra ela meu endereço e ofereci meus serviços, por
assim dizer, ela veio correndo, e me satisfez como da
primeira vez que transamos. Dessa vez... bem, não correu
como o esperado, fiquei a mercê da vontade dela.
Mas o dia de hoje foi uma aprendizado em minha
vida, não que o que aconteceu seja positivo ou negativo,
mas serviu para ver que algumas mulheres são mais
parecidas comigo do que eu poderia imaginar, só não sei
se ela carrega em si a dor que tenho que suportar...
CAPÍTULO 8
“É errando que se... quebra a cara”

BELLA

Que raiva! Havia perdido meu dia. É incrível,


toda vez que vejo Jake ele mexe com minha cabeça! E o
pior de tudo, quando penso que meu acompanhante irá me
defender, o cara vai e fica parado que nem uma estátua
com os olhos arregalados. É pra acabar viu!
Sou chata com algumas coisas, e com homem
“pamonha” sou mais ainda. Não tenho paciência nenhuma
e não gosto de ter que bancar o “homem” em alguma
discussão. Em vez dele me puxar e me beijar, se colocar
na minha frente quando Jake disse aquilo, nãoooo.... ele se
acovardou, e ficou parado como se nem me conhecesse,
que saco! E o pior de tudo, tenho quase certeza que fingiu
ir ao banheiro! Ah, se fosse o contrário, se fosse Jake
nessa situação, do jeito que ele é, as coisas não iriam
ficar boas.
— Você está bem Bella? — Marcelle me
perguntava sabendo muito bem da resposta.
— Você sabe que não! Você sabe quem estava aqui
agora e veio falando como se fosse meu dono não é?
— Jake... aquele gostoso. — Minha amiga
revirava os olhos.
— Não começa Marcelle, só porque ele é um
pecado em pessoa não quer dizer que possa falar do jeito
que fala comigo, não sou um de seus brinquedos.
— Entendo Bella.
— Jake pensa que sou sua propriedade. Ele só
pensa em transar.
— Não sei por que está julgando ele, há alguns
dias era só o que queria também. Sexo até o mundo
acabar!
— Não é assim, sexo é bom, até demais. Mas
chega um ponto que temos que sossegar o facho como diz
minha vó. Em outras palavras: cansei.
— Nem me venha com essa Bella. — Marcelle me
olhou indignada.
— Quero segurança, talvez algum companheiro
fixo. Chega de ficar conhecendo pessoas novas e me
envolvendo com elas. — Menti.

— Ah não! Cadê a Bella que eu conheço? Pode


parar, só está dizendo isso porque está nervosa, tenho
certeza!
— Pode ser! Mas chega uma hora que cansa, isso
é fato!
Depois de dizer que iria ao “banheiro”, Richard
voltou. E logo veio despejando palavras.
— Me desculpe por não fazer nada Bella, é que
eu... achei que resolveria. Não queria entrar na briga de
vocês!
Me desculpe por ser um pamonha, isso sim era o
que tinha que ter me dito, mas não vou me estressar mais
do que já estou.
— Não tem problema. — Resmunguei. — Só quero
ir embora.
— Mas...

— Não tem mas, nem meio mas, essa noite já deu


o que tinha que dar. — Disse calma, mas com cinquenta
tons de ironia.
— Que tal irmos para o meu apartamento?

Se ele me perguntasse à cinco minutos atrás é bem


provável que ele iria ter uma resposta positiva da minha
parte, mas agora eu estava como aquelas mulheres
enfurecidas quando o namorado ou marido se esquecem
de alguma comemoração importante, meu dia havia ficado
péssimo, e se fosse embora com ele não iria rolar nada,
pois ficaria remoendo essa aparição do Jake.
— Não, irei embora agora.
Me despedi de Marcelle, e nem olhei direito na
cara de Richard. Afinal, meu dia já estava péssimo
mesmo.
***

Hoje já é segunda feira mas não posso mentir que


fiquei remoendo a abordagem de Jake um dia atrás. Por
que ele sempre tem que ser assim? Não gosto de ser
abordada da maneira que fui quando estou acompanhada.
Na outra ocasião foi diferente, nunca irei dizer
para Jake isso, mas estava esperando Michael já tinha
uma hora do lado de fora daquele restaurante, era quase
certo que havia levado um bolo. Daí como não sou boba
nem nada, após o surgimento de Jake resolvi seguir minha
vontade, e dispersar a raiva que estava sentindo naquele
momento.
Agora na clinica parei para pensar um pouco nos
resquícios da noite passada.
— No mundo da lua Bella?
— Só relembrando alguns acontecimentos desse
final de semana Lucy.
— Bons ou ruins? — Lucy me indagava
esperançosa com a resposta.
— Na verdade os dois. Tive alguns bons
momentos, mas também tive maus momentos.
— Falando desse jeito parece, ou melhor, tenho
quase certeza que algum homem está metido.
— Sim. Dois na verdade. — Sempre fui sincera e
direta quando as pessoas me perguntam algo. Pois se me
perguntam é porque querem ouvir a resposta.
— Que isso menina? Enrolada com dois? — Ela
me perguntou espantada como de costume.
— Na verdade não. — Comecei a rir. — É que
estava acompanhada com Richard, um amigo de Marcelle,
que ela insistiu em me apresentar, daí Jake, que é o
homem que eu "teoricamente" saí com mais frequência
esse mês apareceu, e...
— Ele armou um barraco? Te ofendeu na frente de
todo mundo? Tentou te bater? — Lucy havia despertado do
nada.
— Calma. Ele não fez nada disso. Só me
perguntou se eu queria dar uma "fugidinha" com ele, se é
que me entende.
— Mas você estava acompanhada.

— Isso mesmo! Não gostei da sua abordagem por


isso. Não acho certo. Na verdade...
—O quê?

— Teve uma vez, que iria jantar com uma pessoa,


ele apareceu do nada, e me convidou a ir em sua casa.
— Mas você não foi. — Ela complementou.
— Então, na verdade eu fui sim.
— Acho que esse foi seu erro Bella.

— Como assim?
—É que você deu um pouco de "liberdade" pra
ele. Tipo, ele deve ter pensado: " se naquele dia eu
consegui fazer com que ela despachasse o outro cara, hoje
devo conseguir também". Entende?
Lucy havia me falado algo que não pensei em um
primeiro momento. Jake deve ter achado que tinha alguma
intimidade a mais comigo, só pode.
— Isso que disse é verdade. Até porque dessa
primeira vez eu fui ao seu encontro.
— Viu?!

— Mas vamos parar de falar de Jake, não quero


me irritar por coisa à toa, e ultimamente ele me irritou
muito. Como está você com o Derek?
— Você acredita que naquele dia que você me deu
o conselho ele me levou no melhor restaurante da cidade?
— Nossa! Estou surpresa! — Estava nada! Até
porque se não fosse eu dando a ideia para ele, nada disso
iria ocorrer por um bom tempo. Mas não vou estragar a
felicidade dela e contar que foi um conselho meu, quero
ver ela feliz, é bem melhor do que remoendo as coisas.
—E não foi só isso!
—O que mais aconteceu?

— Me presenteou com rosas ao me buscar em


casa. Abriu a porta do carro, arrastou a cadeira, fez de
tudo Bella!
— Uau! E vocês transaram depois não é?! Pelo
amor de Deus, depois disso tudo, se você deixou ele na
mão você merece ficar brincando com seu vibrador por
um longo tempo.
— Não o deixei na mão. Não sei bem, mas... foi
tudo tão perfeito que me entreguei, e vi que foi o melhor a
se fazer.
— Graças a Deus! E como ele está agora? Sumiu?
Ficou grudento?
— Ele não sumiu. Derek me manda alguma
mensagem em cada turno do dia.
— Credo!

— Qual o problema?

— Que grude! Não aguentaria, mas pelo visto


você gosta de alguém presente, nesse caso, presente até
demais.
— Prefiro ele assim, você sabe que não tenho
tanta auto confiança que nem você, estou trabalhando isso
em mim. Então acho melhor ter um homem com as
características de Derek, e além de tudo gosto muito dele.
— Espero que sejam felizes. Eu não gostar deste
tipo de homem não tem nada a ver. A opinião que importa
é a sua, e se esta feliz eu também estou.
— Obrigado por tudo Bella! Realmente você me
ajudou bastante, por mais que fale que não foi nada... pra
mim foi tudo.
— De nada! Esse mês está muito estranho pra
dizer a verdade. — Lembrei dos conselhos para Lucy e
também para minha irmã em assuntos um tanto quanto
parecidos.
— Por que diz isso?
— Minha irmã também conversou comigo sobre
relacionamento, você já havia falado comigo também.
Estou me sentindo uma pessoa importante, não vou negar.
— Sério?! — Ela parecia surpresa com o que
havia acabado de mencionar. — Mas é bem parecido com
o que havia dito sobre Derek?
— Não, nem um pouco. A única coisa que se
assemelhou é que ambos os assuntos eram sobre relações.
Só que não estou acostumada a dar conselhos sobre esse
tipo de coisa, não sou experiente com a palavra
"relacionamentos".
— Mas não tem nada a ver Bella! Você tem uma
vivência maior que nós duas em relação ao conhecimento
sobre homens. Você sai bem mais que eu, e pelo que sei,
sua irmã se casou nova, ela não deve ter curtido tanto a
vida igual você tem a oportunidade de curtir.
— Sim. Sou a irmã mais nova, mas nunca havia
pensado que poderia dar conselhos para ninguém,
entende? É... estranho, até mesmo pra mim.
— Em um universo paralelo esse tal de Jake pode
dar conselhos amorosos para os amigos dele, o que acha
disso? — Ela levantou as sobrancelhas e comecei a rir
com a comparação que ela havia acabado de fazer.
— Acho muito... impossível.

— Igual você não se imaginaria fazendo esse tipo


de coisa, Jake pode muito bem ter esse lado também.
— Não, homens são diferentes nesses aspectos. O
máximo que vejo dele dando algum conselho é dizendo
mais ou menos assim: " aquela ali é gostosa, tem o meu
apoio fulano". Nada mais que isso.
— Nossa! Não julgue assim Bella. Ele pode ser
diferente. — Lucy dizia rindo sem graça para mim.

—A propósito... — Deixei a frase no ar. — Por


que mesmo estamos falando dele?
— Ué, qual o problema?
— Você sabe o que se passou com nós dois na
última vez que nos vimos, te contei agora a pouco.
—E o que é que tem? Você irá perdoá-lo
facilmente Bella, tenho certeza disso.
— Desde quando você tenta ler pensamentos
Lucy?
—É o que sinto. Ele pode ter te irritado neste dia
específico, mas acho que gosta quando ele aparece de
surpresa. Sei lá, na minha opinião você fica mexida com a
presença dele.
— Agora eu vi... você está muito saidinha hoje.

— Vou te dar um conselho amiga: um dia você irá


fazer uma baita cagada com ele, e será a vez dele de te
perdoar. Então, pare de ficar remoendo as coisas e o
perdoe.
— Não sei com o que fico mais surpresa sabia?
— Olhei em sua direção desconfiada.
— Como assim?

— Se é com você me dando conselhos, se é com


você me dizendo que eu fico mexida na presença de Jake,
ou com você me jogando praga que algum dia irei magoá-
lo. — Fiz uma cara incrédula para ela.
— Tenho que te abrir os olhos ás vezes amiga.

— Todo mundo tem uma amiga maluquinha sabia?!


E a minha é você. E te adoro por causa disso. — Pisquei
pra ela.
— Verdade?! Que coincidência!

— Por quê?

— Pois todo mundo tem uma amiga cabeça dura


sabia?! E a minha é você. E te adoro por causa disso.
— Lucy piscou de volta pra mim.

— Copiou minha frase só trocando uma palavra,


que bela amiga você hein?! Mas devo confessar a você
que a frase que mais escutei recentemente é: você é
cabeça dura.
— Você é Bella! E nem adianta dizer que não!
— Não estou negando. Eu sei disso. Preciso
melhorar isso em mim, mas não sei como. Tem
determinados assuntos que não aceito uma segunda
opinião, e no fundo sei que estou errada nesse ponto.
— Nunca é tarde para mudar algo.
— Verdade. Obrigado pela dica. Acho que pra
algo entrar em minha cabeça é necessário que seja falado
muitas vezes.
— Pode deixar que te lembrarei que você é
cabeça dura todos os dias da semana, faço questão.
— Não é pra tanto. — Balancei a cabeça em
negação pra ela.
— Vamos almoçar juntas hoje Bella? — Ela mudou
de assunto.
— Me desculpe, hoje não dá. Tenho que encontrar
meu irmão, preciso entregar alguns papéis a ele.
— Tudo bem.
— Marcamos pra amanhã, pode ser?

— Sim. Mas eu escolho o restaurante.


— Pode ser, nada exacerbado por favor.

— Somente o mais caro da cidade, até porque irei


sair de férias semana que vem, e terei um dinheiro a mais
em minha conta.
— Você terá, eu não! Já pensou nisso?
— Bella, você já pensou em ser conselheira
amorosa? — Ela mudou totalmente de assunto de novo,
típico dela. Só que neste caso ela retornou ao nosso
assunto inicial.
— Não. Estou sendo com você, e o trabalho que
está me dando não está escrito. — Disse caçoando um
pouco dela.
— Nossa Bella!

— Não resisti amiga. — Dei um abraço carinhoso


nela. Adorava brincar com ela, pena que Lucy sente muito
fácil as coisas, e tenho que maneirar na maioria das vezes.
Depois de finalizar a conversa com Lucy, fiz meu
trabalho pela manhã. Eram poucas pessoas agendadas,
então tudo correu bem, mas ainda tinha coisas para
resolver no meu intervalo.
Quando chegou meu horário de almoço, saí da
clínica e fui encontrar meu irmão. Meu irmão é... bem,
melhor deixar vocês descobrirem, mas ele é totalmente o
oposto de mim, tanto fisicamente quanto intelectualmente.
Ele é disparado o mais inteligente da família, e saberão o
porquê...
CAPÍTULO 9
"Algumas palavras são como navalhas,
e quando mencionadas, cortam como se sua
existência dependesse disso"

JAKE

Hoje pela manhã fitei por longos e intermináveis


minutos aquele cartão que Lucas havia me entregado
alguns dias antes, isso mesmo, aquele tal cartão do
psicólogo. Estava complicado entender que eu iria fazer o
que farei agora.
Nunca pensei que consideraria ir em algum
psicólogo, mas, tenho que ser humilde e aceitar que estou
precisando de ajuda. Mas mesmo assim, odiava admitir
que necessitava de auxílio, odiava de verdade.
Resolvi ligar no número em questão, e ao
conversar com a atendente ela disse que teria um horário
hoje. Não hesitei e marquei de ir ao local.
Não mencionei nada a respeito, mas fiz uma
varredura, por assim dizer, sobre as credenciais dele. Me
parecia muito bom no que fazia. Havia na Internet várias
matérias sobre ele que mostravam alguns auxílios seus
para determinadas pessoas, e até mesmo vídeos de outras
pessoas explicando o quanto ele as ajudou..
Ao chegar no consultório e informar para a
recepcionista que tinha um horário agora, ela me
encaminhou para uma outra sala, que deduzi que era a de
espera.
Poucos minutos depois, ele abriu a porta e
anunciou meu nome. Me levantei e fui ao seu encontro.
Ao adentrar em sua sala vi tudo perfeitamente
alinhado e impecável. Praticamente tudo era branco, os
tons predominantes da sua sala eram claros, e havia
vários quadros de paisagens que me lembravam aqueles
locais isolados, onde as pessoas vão somente para
observar e usufruir da paisagem.
Ao ver ele mais de perto fiquei abismado. Isso
que dá ficar julgando as pessoas sem ao menos conhecê-
las. Ele tinha a aparência nova, mas já era calvo e um
tanto quando gordinho. Me chamou a atenção também que
ele era baixo. Me desculpe mas 1,75m é alguém baixo pra
mim, e ele seguramente não passava disso.
— Olá, você deve ser o Jake, prazer, meu nome é
Colin.
— Você então que é o tal psicólogo do cartão que
Lucas me entregou? — Parei por alguns segundos . — Não
me parece tão intimidador.
— Sou eu mesmo, e não sou perigoso. — Ele
começou a rir. — Não estou aqui para intimidar ou tentar
intimidar você.
— Percebi. — O fitava sem desviar o olhar.
— Fiquei curioso pra saber qual seria a "enrolação" que
me diria, ou melhor, seu papo de psicólogo.
— Quer dizer que veio aqui só pra ouvir algumas
“enrolações”, e não por vontade própria de melhorar?
— Ele deu um sorrisinho.
— Hm. Estou vendo que vamos nos divertir. Você
parece ser esperto.
— Sente-se.

Sentei-me em uma pequena poltroninha, que já


devem imaginar que seja... branca.
— Lucas me falou sobre você, me pediu até para
tomar cuidado.
— Cuidado? — Indaguei confuso.
— Sim, mas não nesse sentido que está pensando.

— Não estou pensando em nenhum sentido.


Ele começou a rir.
— Ele disse em relação a confundir minha cabeça.

— Ah, isso. Não pretendo, pode ficar tranquilo. É


você quem está aqui pra fazer isso doutor.
— Eu ajudo, não confundo. Cabe a você entender
e aceitar as palavras que eu digo. Agora se não consegue,
não posso fazer nada, é porque você não tem uma mente
muito aberta.
— Você fala assim com seus pacientes? — Simulei
espanto.
— Não, só com você. — Ele sorriu. — E este tipo
de joguinho não adianta muito comigo.
— Sou um paciente seu agora?

— Quem sabe, não é? — Ele se recostou na


cadeira que havia se sentado.
Não iria admitir, mas estava um tanto
desconfortável, parecia que eu estava em terapia
intensiva.
— Estou começando a gostar de você, tem um bom
senso de humor.
— Lucas disse pra não lhe perguntar sobre o que
ocorreu em suas mãos, mas irei perguntar mesmo assim, o
que houve?
E além de tudo ele era direto.
— Ah, isso? — Apontei para minhas mãos.
— Quase que diariamente eu soco a parede de um quarto
específico onde moro.
—E você diz isso na maior naturalidade. — Ele
não esboçava nenhuma reação.
— Sim.

— Olha, não irei dizer isso para...

— Não me importa. — O interrompi. — Quem sabe


não era melhor Lucas saber que sou uma pessoa
descontrolada em certos momentos.
—E por que faz isso?
— Essa é a parte que não te conto. — Disse
rapidamente.
— Certo. Eu era como você Jake. — Ele olhou ao
longe por certos momentos.
—E eu sou como para você poder afirmar isso?

— Eu estava perdido. — Ele ignorou minha


pergunta. — Tive duas grandes perdas em minha vida, e
sei que por mais que o tempo passe, nunca poderei
esquecê-las. — Ele ficou um pouco triste ao mencionar
essas palavras, ou simulou bem, ainda não sei.
— Perdas? — Havia ficado curioso com o
assunto.
— Sim, perdi meus pais em um acidente de
trânsito quando tinha 17 anos de idade.
— Minhas condolências. — Disse dessa vez não
com ironia ou deboche, mas com pesar, até porque sei o
que é a dor da perda.
— Obrigado. Mas Beth, minha esposa, me ajudou
a superar esse incidente, depois do ocorrido, nós, que
éramos somente amigos na época, ficamos mais próximos
e começamos um relacionamento, e ela foi o ápice para eu
conseguir me reerguer. E nossa relação deu frutos...
— Está querendo dizer que uma única mulher
resolverá o problema da minha perda? — Estava tentando
entrar no joguinho dele, se ele realmente estivesse
jogando comigo.
— Hm, muito interessante. — Ele anotou algo em
um papel.
—O quê?

— Quer dizer que perdeu algo, ou em minha


opinião: alguém.
Mas como ele sabia?
— Espero que esse papo de perda de mãe e pai
seja verdade, pois com isso não se brinca. — Fiquei
nervoso.
— Sim. Infelizmente é verdade, você pode
confirmar se quiser, teve uma grande repercussão na
época. Mas, voltando a falar de você, quem perdeu?
— Por que acha que eu perdi alguém?

— Pela sua reação. Por mais que tente se manter


firme a todo momento conversando comigo, já vivi
inúmeras situações aqui, sei na maioria das vezes quando
alguém se sente tocado ou ofendido com algo. E se for
para mim, como vou dizer, "chutar", acho que perdeu
algum parente próximo, bem próximo mesmo, tipo um
irmão ou irmã.
Por acaso esse cara é algum tipo de guru? Em
cinco minutos ele já identificou muita coisa da minha vida
sem eu falar praticamente nada. E nem posso dizer que
Lucas contou algo pra ele, pois nem ele sabe, aliás
pouquíssimas pessoas sabem.
— Realmente... você é muito bom. Não vou
mentir, nem omitir. Ganhou o meu respeito, em poucos
minutos pôde identificar muitas coisas sobre mim.
— Que bom, é o meu trabalho tentar extrair certas
coisas que não são faladas, e ajudar de algum modo a
melhorar algo.
— Certo. Pode perguntar o que deseja, que irei lhe
responder.
— Tem muito tempo que esse familiar morreu?
— Sim, quer dizer, depende de quem está
analisando. Pra você pode fazer muito tempo, pra mim... é
como se fosse ontem. — Parei. — Foi meu irmão, ele
faleceu em um acidente de carro, e eu estava dirigindo.
Tem alguns anos esse acontecimento.
—É uma pena. Acho que tem bastante raiva do
momento que isso tudo aconteceu. — Ele olhou para as
minhas mãos agora.
— Sim. Minhas mãos que o digam. Tenho um
quarto onde soco a parede constantemente por causa
disso. — Ri, sem graça.

— Você me parece um cara culto, boa pessoa, se


expressa bem, mas... me diga, você entende que isso tudo
não adianta? Que ele não irá voltar independente do que
faça?
— Sei disso. — Estava cabisbaixo. — Mas a dor é
a única coisa que me conforta, infelizmente.
— Como assim a dor te conforta?
— Não sei dizer ao certo. A adrenalina que sinto,
misturada com a raiva, me fazem sentir vivo de uma forma
que não sei lhe explicar.
Não iria dizer a ele que fazer sexo como se fosse
um animal me confortava também, não sou íntimo dele, e
nem se eu fosse precisaria ficar explicando essas coisas.
— Vamos mudar as coisas se não se importa.

— Como assim?

— Irei lhe dizer como me senti quando aconteceu


a tragédia com minha família. E irei te dizer também como
fiz pra superar, pode ser que ajude, não sei bem, mas se
não se importa... quero tentar.
— Fique à vontade.

— Após perder meus pais fiquei sem chão, essa é


a real história. Perdi meu ânimo para todas as coisas que
"anteriormente" importavam. Eu não fiz nada no começo
Jake!
— Como assim não fez nada?!

— Deixei a dor me consumir. Foi isso que fiz, ou


melhor, me entreguei.
— Mas sua atual esposa ajudou não é?
— Não no começo, não éramos tão íntimos assim
na época. Outras pessoas me ajudaram, ou melhor, eu tive
que ter forças para ajudar ao invés de ser ajudado.
— Não estou entendendo.

— Tenho duas irmãs mais novas. — Ele parou por


uns segundos. — Agora imagine você em meu lugar o que
faria. Eu tirei forças sabe-se lá de onde por causa delas,
não podia as deixar desamparadas, então meio que
"ignorei" o que estava sentindo quando a tragédia ocorreu,
tive que ser forte por nós três.
— Certo.

— Graças a Deus na época eu já trabalhava em


tempo integral e tinha uma boa renda apesar de ter 17
anos, de forma que consegui que elas não passassem
nenhum tipo de dificuldade.
—E quais os resquícios em relação a elas?
— Ficaram arrasadas no começo, não suportavam
a ideia de que haviam perdido nossos pais. Mas auxiliei
elas em tudo que pude, tanto financeiramente quanto
emocionalmente, e sei que fiz o meu melhor. Acho que por
isso me tornei psicólogo, mas não posso afirmar.
— Entendo. Você foi um bom irmão.

— Acho que sim. — Ele parou por alguns


instantes . — Por mais que não te conheça muito, quero te
fazer uma pergunta mais pessoal, posso?
— Sim.

— Você constantemente chora? Digo, por causa da


perda do seu irmão.
Parei pra pensar se responderia essa questão. Por
mais que a conversa não esteja parecida com nada do que
previ, e estava boa na verdade, não sei se logo de cara era
necessário responder esse tipo de questionamento. Mas,
que se dane!
— Sim, muito. Alguns dias são mais difíceis que
os outros, ainda mais quando estou com raiva.
— Isso aconteceu recentemente?

Me lembrei instantaneamente de Bella, do dia que


ela me botou pra correr de uma forma humilhante, de um
jeito que nenhuma mulher havia feito comigo.
— Sim, por causa de uma mulher. Ela não quis
minha companhia, e eu surtei.
— Na frente dela?

— Não, quando ela me disse o que disse fiquei


sem reação. Minha fúria tomou forma somente quando
cheguei em minha casa. Ai...
— Uma coisa se misturou com a outra, você
lembrou do seu irmão, do episódio com ela, e descontou
tudo, não é?
— Isso mesmo.

— A raiva é complicado de ser domada em certos


pontos. Principalmente por quem já está acostumado a
lidar com isso. Você simplesmente...
— Se acostuma. — O interrompi sabendo que era
essa palavra que ele poderia usar.
— Isso mesmo! É algo normal pra você, digo,
como já é algo corriqueiro, você simplesmente se entrega
ao inevitável, e deixa acontecer.
— Isso mesmo. E não consigo parar de sentir essa
raiva. Às vezes nem quero parar de senti-la, ela me
deixa... vivo, por assim dizer.
— Entendo.

De repente ouvi três batidas na porta, como se


fosse um código, ou algo similar. Quando ia perguntar se a
sessão estava terminando ou se o tempo já havia se
esgotado ele me informou que era outra coisa.
— Não se preocupe Jake, é somente minha irmã,
pedi pra ela trazer uns papéis para mim.
— Tudo bem.

Eu estava de lado para a porta que Colin se


encaminhou para abrir. Não me importava de alguma
pessoa me ver aqui, hoje eu estava naqueles dias do foda-
se tudo, até porque boa parte da minha vida eu estava
contando pra um estranho nesse momento.
Só que eis que o destino pregou uma peça em
mim, e da pior forma possível. Quando vi uma moça
entrando pela porta, raiva e ódio brotaram em mim, e não
consegui disfarçar ao olhar bem nos olhos dela.
— Jake?! — Bella me olhava com espanto.

Que ótimo! Era tudo que eu queria neste momento.


— Que ótimo...

— Quer dizer que você é um...

— Não! — Fui firme em dizer a interrompendo.


Olhei para Colin, e se ele ficou surpreso em saber
que eu conhecia Bella não deixou transparecer. Mas
percebi que ele me olhava fixamente tentando entender
algo, que não pude perceber o que era.
— Vejo que já se conhecem. — Colin emendou.

— Nem tanto. — Bella dizia com indiferença. — É


só de vista mesmo.
Depois de ter dito essas palavras, ela se
encaminhou para deixar algo na mesa dele.
Como estava puto neste momento! Como ela pode
mexer com minha cabeça desse jeito? Mas precisava
tentar não ficar por baixo.
—É verdade. Foi até ela que me reconheceu, eu
nem lembrava do seu nome.
— Percebi. — Bella disse me fuzilando.

— Aqui estão todos os papéis que me pediu, em


breve marco um dia para a gente almoçar juntos, quando
não estiver lotado com seus pacientes. Até porque alguns
dão mais trabalho que os outros não é?
Ela olhou diretamente em meus olhos por alguns
segundos.
Desmoronei, fiquei sem reação pela segunda vez
em sua presença. Não tive forças para confrontá-la
novamente. Bem no fundo eu sabia que ela estava
magoada comigo pela forma que fui ao seu encontro na
noite passada. Mas o que ela havia dito... foi pesado até
mesmo pra mim.
—É melhor ir embora agora Bela! — Colin olhou
firme em sua direção.
—É melhor mesmo. Até mais.

Bella saiu da sala poucos instantes depois.


— Me desculpe por isso, de verdade. — Ele
virou-se pra mim novamente depois que a porta havia se
fechado.
Não respondi, não estava acreditando que isso
podia estar acontecendo comigo. Maldita! Isso é um
sonho, só pode ser! Nunca podia ter ficado tão vulnerável
quanto fiquei, principalmente perto dela.
— Jake, está me escutando? — Colin chegou mais
perto de mim, e meio que despertei.
— Estou sim. Agradeço pelos conselhos, mas já
vou indo, tenho algumas coisas pra resolver.
— Tem certeza? Ainda temos mais tempo.
— Sim, tenho certeza. — Me limitei a dizer.
— Posso marcar algum retorno, ou algo parecido?
— Pode deixar que... ligarei.

Não sei ele acreditou em mim, mas assentiu, pois


ele deve ter percebido o modo que fiquei. As palavras
custaram a sair da minha boca, fiquei aturdido.
— Ok. Posso te dar um conselho?

— Claro. — Respondi no automático.

— Quando se sentir nervoso a ponto de fazer


algum tipo de coisa errada: medite. Ou simplesmente
feche os olhos.
Não entendi muito bem no que isso me ajudaria,
mas fiz que sim com a cabeça, e saí do consultório dele
feito uma bala, ainda bastante irritado com quem havia
aparecido no local.
CAPÍTULO 10
“O perdão é algo necessário, e quando é
de coração, se faz mais importante ainda”

BELLA

Jake parecia vulnerável, nunca pensei que viria o


semblante dele como havia visto no momento. Isso mexeu
comigo de uma forma que não sei como explicar, doeu no
fundo, isso porque não temos nada um com o outro.
Mas o pior de tudo foi o jeito que o tratei naquela
sala, fui uma idiota em todos os sentidos, assumo. Alguma
coisa séria pode estar acontecendo com ele, e a retardada
aqui tratou ele com extrema frieza e descaso, como se ele
fosse um inválido ou alguém com sérios problemas
mentais.
Depois de pensar na burrada que fiz, tive a
mínima decência de ir à casa do meu irmão, queria
perguntar a ele o que se passa com Jake. Não quero
admitir, mas fiquei um pouco preocupada com ele, e não
sou de ficar assim com pessoas que conheço a pouco
tempo, principalmente com quem não tenho vínculo
nenhum, e que me irritou profundamente na última vez que
vi.
Ao chegar na casa de Colin toquei a campainha,
alguns segundos depois fui recebida pelo mesmo.
— Oi irmão. — Disse bastante sem graça.

Meu irmão nem me cumprimentou direito, só


acenou com a cabeça. Eu já sabia o porquê disso. Até ele
se sentiu mal pelo jeito que me comportei.
— Eu... queria pedir desculpas a você. — Baixei a
cabeça, sabia que estava errada.
— Tem certeza que é pra mim que você deve
desculpas?
— Colin... é sério, você sabe que não sou assim.
Não trato as pessoas daquele jeito, no fundo você me
conhece.
— Verdade. Não entendi nada do que aconteceu
naquela hora. O que sei é que sua atitude me decepcionou.
— Colin, qual o problema do Jake? — Disse
abruptamente, precisava saber o que estava acontecendo
com ele.
— Bella...

— Por favor Colin. — Disse subitamente. — Não


estou te pedindo muita coisa, eu só quero...
— Não. — Meu irmão me interrompeu. — Você
sabe que é confidencial essa parte do que é falado entre
mim e ele.
— Mas é algo sério? — Ainda insisti, pois queria
saber o que estava ocorrendo. — Por favor...
— Não vou lhe contar, não adianta. Se você se
importa com ele, converse com ele você mesma.
— Colin...

— Bella... — Ela parou e respirou profundamente.


— Você viu o jeito que falou com ele no consultório?
— Ele me interrompeu.

— Ele me provoca, eu...

—E por acaso vocês sabe o que se passa na vida


dele pra fazer aquele tipo de piada que você fez? Me
responda!
— Me desculpe. — Estava bastante chateada e
triste por tudo que aconteceu. Ainda mais sabendo agora
que aos olhos do meu irmão o erro havia sido maior ainda
do que eu imaginei.
— Não é pra mim que você deve pedir desculpas
Bella! Brincar com os sentimentos das pessoas igual você
fez aquele hora não é algo divertido. Como você pode
dizer olhando diretamente pra ele que eu tenho alguns
pacientes que dão mais trabalho? Você quer piorar a
situação de tudo? Eu estava lá para ajudá-lo, e estava
ajudando, mas depois que falou aquilo... praticamente
tudo foi por água abaixo.
— Eu...errei, e sou humilde em dizer isso.
— Você não errou comigo Bella, errou com ele!
Não era pra falar o que irei dizer agora, mas ele saiu
arrasado de lá! — Meu irmão estava calmo, mas com um
tom de voz diferente do usual. Estava tomando um sermão
bem dado, e sentia que era necessário.
— Ah, ele não é de demonstrar sentimentos, não se
preocupe, ele é meio frio, e...
— Como é? Você é minha irmã mesmo? — Ele me
interrompeu perplexo gesticulando com as mãos.
— Colin... não fale assim. — Choraminguei.
— Além de falar isso ainda diz que ele não tem
sentimentos. O que está acontecendo com você? Cadê
aquela irmã doce e meiga que eu sempre tive? — Ele me
indagava com um grande pesar na voz agora.
—É o que ele demonstra comigo, o que quer que
eu faça? — Disse mais alto do que gostaria. — Parece não
se importar com nada que eu falo, vem onde eu estou
somente em horas impróprias, mexe com a minha cabeça,
e... só me irrita.
—E você gosta dele mesmo assim. — Colin disse
por fim.
— Não... nem passa pela minha cabeça uma
besteira dessas.
— Não minta pra mim Bella!
— Ele mexe comigo. Isso não quer dizer que eu
tenha sentimentos por ele. São duas coisas diferentes.
— Tudo bem, não quer admitir. Mas não tem
problema.
— Ele falou de mim por acaso? — Tentei mudar
um pouco o rumo da conversa, mas ainda assim estava
mal por dentro.
— Por que ele falaria?

— Estou falando antes dele me ver sabe... tipo


alguma coisa sobre alguma pessoa.
— Depois me fala que não gosta dele. Eu conheço
a irmã que tenho. E depois de hoje é melhor ir pedir
desculpas a ele, não vou lhe falar isso novamente.
— Ele não irá querer me ver, tenho certeza, não
depois de hoje. Você sabe como ele é... cabeça dura, se
irrita fácil e ainda é teimoso feito uma mula! — Disparei a
falar o que estava sentindo com os olhos marejados.
— Independente de como ele seja Bella, se você
tem algum sentimento por ele, converse com ele, você
deve conhecê-lo melhor que eu pelo visto, pode até ajudá-
lo mais, então faça o que seu coração mandar.
— Colin... ele não irá querer me ver!

— Você só saberá se tentar.

***

Resolvi seguir o conselho do meu irmão. Fui em


direção à casa de Jake, precisava me desculpar pelo
modo que falei com ele hoje pela manhã. Já era noite, ele
devia estar em casa.
Toquei a campainha inúmeras vezes, quando
estava quase indo embora, eis que uma figura masculina
surgiu. Eu podia afirmar categoricamente que Jake estava
chorando.
Seu olhar nada me lembrava aquele Jake
imponente que costumeiramente via quando nos
esbarrávamos. Seu rosto além de inchado estava um
pouco vermelho. Reparei também que seus punhos
estavam machucados, sabia que algo grave estava
acontecendo.
—O que quer? — Ele se limitou a dizer não se
dando ao luxo de olhar diretamente minha face.
— Eu... — Fiquei sem fala ao ver ele nessas
condições, alguma coisa me travou por certos momentos.
— Eu vim te ver. — Me limitei a responder, tentando não

transparecer nada.
— Qual o motivo? — Agora finalmente ele havia
fixado seu olhar no meu.
— Nenhum específico. — Tentei ficar séria, mas
sem sucesso. Preocupação brotava em minha face, era
notório.
— Seu irmão, ele contou...

— Não. Ele não pode contar nada dessa relação


psicólogo e paciente. Mas não vou negar que perguntei a
ele. — O interrompi.
— Ele não disse nada?

— Não.

— Qual o motivo verdadeiro de estar aqui se você


não sabe nada do que está acontecendo comigo?
— Vi no seu semblante quando fui ao consultório
que não estava bem. Fiquei preocupada, vim dizer que se
precisar de ajuda eu...
— Como é? — Ele me interrompeu. — E desde
quando você se preocupa comigo Bella? Pior... como uma
pessoa que disse aquilo pra mim tem a coragem de dizer
que veio aqui me ajudar?
— Jake... eu me preocupo. Pode não parecer, mas
não gostei de ver sua fisionomia do jeito que estava no
consultório.
— Sei. — Ele deu de ombros.

— Não vai me convidar pra entrar?

— Estou pensando ainda. Não sei se será uma boa


idéia.
— Não precisa ter vergonha.

— Eu não tenho vergonha. — Ele disse um pouco


mais sério.
— Isso concordo, você é bem sem vergonha
mesmo. — Ri contidamente, não sabendo se foi uma boa
ideia fazer essa brincadeira para tentar quebrar o gelo.
Mas para minha surpresa, parecia ter surtido
algum efeito. Nesses poucos instantes, havia sido a
primeira vez que tinha conseguido tirar um sorriso mínimo
do seu rosto, e isso já havia me feito tremendamente feliz.
— Não estou em condições de sorrir agora. — Ele
voltou a ficar mais sério.
— Mas sorriu, mesmo que minimamente. Eu
reparei. — Dei uma piscadinha discreta para ele.

— Quem sabe... ah, pode entrar Bella.

Adentrei à casa dele.


Não vou mentir, estava uma bagunça! Várias
coisas estavam espalhadas, bastante fotos jogadas em
todos os cantos possíveis da casa. Tentei não transparecer
nada em meu rosto.
Além disso havia vários jornais com uma matéria
específica grifada. Não estava entendo nada do que se
passava.
— Sente-se. Posso te oferecer alguma coisa?
— Não precisa Jake. Eu quero somente conversar
com você. — Disse decidida e olhando ele sem titubear.
— Quem diria... nós dois conversando. — Ele
coçou a cabeça e riu um pouco das minhas palavras.
— Qual o problema?
— Nenhum. Nós só fazemos duas coisas quando
nos vemos.
— Que seriam?

— Quando não estamos fazendo sexo estamos


brigando.
— Tenho que concordar. — Comecei a rir.

Nós dois estávamos sentados no sofá lado a lado.


Ficamos quietos por alguns segundos, ninguém dizia ao
menos uma palavra. Confesso que ainda estava bastante
incomodada com sua fisionomia, e além de tudo estava
tensa, pra não dizer nervosa.
— Não sou esse monstro que pensa Bella! — Ele
disse abruptamente olhando de uma forma desesperada em
meus olhos, quase que implorando para que eu de alguma
forma pudesse entendê-lo.
— Ei, não penso isso de você.
— Algumas coisas aconteceram... e bem, não
consigo lidar com elas. — Havia uma sinceridade notória
em sua voz, era como se ele suplicasse para que eu
entendesse o porquê dele levar a vida do jeito que levava.
Nesse momento ele colocou suas duas mãos em
sua cabeça e debruçou sobre suas pernas.
Não pensei duas vezes e fui para mais perto dele.
— Jake, está tudo bem, tudo vai se resolver.
— Tentava consolá-lo, mas acho que não sou muito boa
com palavras.
— Não vai.

Retirei suas mãos da cabeça e as segurei. Notei


que ele estava com lágrimas nos olhos.
— Estou aqui com você Jake, não vou deixar que
fique assim.
— Perdão Bella! — Ele murmurou tão baixinho
que quase não ouvi o que ele disse.
— Pelo o quê? Você não fez nada.
— Por ser do jeito que sou, por na maioria das
vezes te tratar mal, por te irritar e te aborrecer, por
aparecer quando não quer que eu apareça, por... tudo.
O abracei, foi automático. Dessa vez era eu que
havia ficado um pouco emocionada, e olha que me
considero dura como pedra! Só que não estava preparada
para ver esse lado de Jake, aliás, não sabia que ele
poderia ter um lado assim.
— Não precisa se desculpar, não quero que mude
seu jeito.
— Não sou assim Bella, ou melhor, não era até...

—O que houve Jake? Sei que não somos tão


próximos, mas quero te ajudar de alguma forma.
— Ninguém pode me ajudar Bella.
Neste momento ele começou a chorar
copiosamente. Não estava acostumada a isso, nem quando
era alguma amiga íntima que tinha alguma crise existencial
perto de mim. Fiz o que minha mãe fazia às vezes comigo:
coloquei sua cabeça em minhas pernas e afaguei seu
cabelo. Esperei até ele se acalmar para que ele pudesse
continuar conversando comigo.
Colin tinha razão no fim das contas, sentia algo
por Jake, mas não estava pronta para que eu o aceitasse
em meu coração, e realmente não sabia que sentimento
podia ser esse.
— Nenhuma dor dura para sempre Jake. — Eu
continuava a passar a mão em seus cabelos.
— Eu perdi meu irmão Bella! Ele morreu por
culpa minha. — Ele disse com a voz embargada e olhando
pra mim com os olhos cheios de água.
—O que houve?

Ele me contou a história do que havia acontecido.


Do acidente que acometeu os dois. Do que haviam
passado juntos. Basicamente me contou à vida que ele
levava ao lado do irmão.
Jake estava tão vulnerável agora que não sabia
como poderia consolá-lo, era difícil pra mim, pois não
sou de demonstrar sentimentos para quem não é da minha
família.
— No fundo não foi culpa sua, você tem que
entender isso.
— Se eu não tivesse...
— Não! É impossível prever o futuro. — O
interrompi na hora que percebi que ele queria jogar a
culpa em si mesmo. — Você nunca poderia saber que isso
aconteceria, não fique assim por algo que você não foi o
responsável!
— Como não fui Bella?! Era eu que estava
dirigindo a porcaria do carro! Se eu tivesse... sei lá, visto
antes, eu... droga! Meu irmão está morto por minha causa,
e nunca aceitarei isso!
— Jake... se acalme! No fundo sabe que não foi
culpa sua, não piore as coisas pra você, por favor. Não
quero terminar chorando também poxa! Vim toda
arrumada pra te ver, não quero voltar chorando.
Ele riu um pouco com meu comentário. Era isso
que eu queria, que o gelo fosse quebrado pelo menos um
pouco, não estava sabendo muito bem como me portar
nessa situação.
— Posso dizer algo com sinceridade pra você.
— Ele olhou bem fundo em meus olhos.
— Claro que pode.

— Eu prefiro você arrumada quando está em


algum bar, ou em uma boate. Hoje você veio parecendo
que iria em um funeral.
— Ahé? Seu idiota! — Dei uns tabefes nele.
— Ei, estou mal, não precisa me bater.

— Parece que o Jake antigo engraçadinho voltou,


não é mesmo? — O indaguei rindo um pouco.

— Obrigado Bella! Digo... pela companhia agora.


Você me fez rir em um dia que nunca esboço um sorriso
sequer, um dia que durmo praticamente no chão, e um dia
que só penso em coisas ruins.
— Você não tem que me agradecer.

Neste dia passei a noite inteira com Jake, e


passamos conversando, o que uma vitória, ou melhor, um
milagre! Não se passou em minha cabeça, em momento
nenhum sexo nem brigas, o que queria mesmo era ajudá-lo
a seguir em frente e fazer com que ele confiasse em mim
de alguma forma.
Vi que o relógio marcava 23 horas, precisava ir
embora. Tinha que descansar um pouco, mas não queria ir
na verdade, queria ficar com Jake.
— Preciso ir. — Disse por fim chateada.

— Tudo bem. Sei que tomei bastante tempo seu


neste dia.
— Não se preocupe, eu quis vir, se lembra?

— Obrigado pelo dia Bella. Você fez toda a


diferença em minha vida hoje.
Dei um abraço terno e demorado nele quando nos
levantamos. Achei estranho, não vou negar. Estávamos
parecendo um casal de namorados, e não me imaginei
fazendo uma coisa dessas tão cedo em minha vida.
Ao me despedir dele notei que seu semblante
havia melhorado bastante em relação ao momento que o vi
abrindo à porta para mim. Por mais que eu achasse que
não seria uma boa companhia para ele em um momento
assim, vi que alguma diferença havia feito, e me sentia
bastante grata e feliz por isso.
CAPÍTULO 11
"O que fazer quando nossos corpos
desejam mas nossos corações tentam negar..."
BELLA

Hoje ao acordar fiquei em minha cama pensando


no que faria. Não tinha certeza se iria novamente à casa de
Jake, não queria estar parecendo intrometida demais em
sua vida. Tenho umas neuras de vez em quando, e esse era
o momento de uma delas. A falta de costume de se
importar com alguma pessoa que não seja alguém da
minha família está me fazendo divagar sobre o que quero
fazer neste momento. Está difícil...
Após tomar um belo banho, algo não relacionado
a Jake me veio a cabeça. A lembrança dos meus pais
aflorou em meus pensamentos. Fazia algum tempo que
evitava ter esse tipo de lembrança. Não! Não sou uma
pessoa fria, de jeito nenhum! Pelo menos não era com a
minha família. A perda dos meus pais ainda me choca, e
não sei bem como faço pra tirar essa tristeza que carrego
em meu peito.
Eu penso que a minha falta de sentimentos veio
por decorrência dessa perda. Sabe aquela coisa que morre
em você quando se perde algo que não é possível mais
recuperar? Pois bem, é isso que martela bem no fundo do
meu peito. Sei que foi tirado um grande pedaço de mim a
partir do momento que meus pais se foram, e não sei se
ele será preenchido novamente.
Eu era muito apegada aos meus pais, a ponto de
por certo tempo não conseguir fazer nada direito após eles
falecerem. As dores nas pessoas não são iguais, algumas
coisas jamais poderemos expressar para que uma terceira
pessoa tenha entendimento.
Acho que o jeito que fiquei ao ver Jake daquele
modo mexeu comigo principalmente pela similaridade
dos nossos casos, ambos haviam perdido alguém na
família, e sabíamos que no fim das contas essa cicatriz
nos acompanharia até o fim de nossas vidas. A questão é:
como posso ajudá-lo se nem eu mesma consegui esquecer
o que se passou comigo há alguns anos? Essa é uma
pergunta que não tenho resposta, e quanto mais eu penso
em desvendá-la, mais eu fico confusa.
Após meu banho, tomei um café reforçado, ainda
não sabia o que me esperaria hoje. Esse tanto de dúvidas
que brotavam em minha cabeça não era normal, Jake
estava mexendo comigo em partes que nunca pensei que
alguém pudesse chegar, algo estava estranho.
Depois de pensar por muito tempo, me
encaminhei ao local onde Jake abriu seu coração pra mim
ontem. Precisava mostrar a ele que eu estaria presente,
mesmo sabendo que eu ainda não estava pronta para tê-lo
desse modo em minha vida.
Ainda era muito cedo quando cheguei à sua casa,
por sorte o vi saindo. Nossos olhares se conectaram por
alguns segundos sem dispersarmos, vi algo diferente em
seu olhar, Jake estava um pouco diferente de ontem.
— Você está melhor Jake? — Perguntei depois de
algum tempo o encarando. Precisava quebrar esse silêncio
que me atormentava.
—E por qual motivo eu estaria mal? — Sua voz
saiu cheia de frieza e indiferença.
— Por... ontem. Você sabe. — Disse por fim.

— Estou bem, não precisa se preocupar. — Ele foi


ríspido na resposta.
— Você não precisa ser grosso comigo em todos
os momentos, sabe disso?! — Neste momento eu já estava
irritada pelo modo que ele disse essa última frase, não foi
nem de longe a recepção que esperaria dele depois de
tudo que conversamos ontem.
—E você deveria cuidar da sua vida, e não se
meter em assuntos que não te dizem respeito! — Ele disse
me fuzilando com o olhar, e sem titubear.
— Seu grosso! Eu te ajudei ontem de noite! Passei
praticamente a noite inteira com você, e agora vem e me
fala uma coisa dessas! Qual o seu problema?
— Não tenho nenhum problema. — Ele estava
ficando nervoso também, senti somente pelo seu olhar,
pois sua voz não havia se alterado em nenhum momento.
— Se depender de mim da próxima vez irá ficar
sozinho, sem nenhum tipo de ajuda.
— Quando precisar de algo te chamo. — Ele fez
um sinal com a mão pra eu ir embora, isso me tirou do
sério em grandes proporções. Que tipo de idiota faz uma
coisa dessas?!
— Seu babaca! Ridículo! — Berrei.

— Não me chame de babaca. — Ele veio em minha


direção e seu rosto ficou bem perto do meu.
— Espero que se afogue nesta amargura que você
sente todos os dias.
— Bella... — Ele me segurou pelo braço.

— Você não merece que as pessoas sintam algo


por você, pois não sabe nada do que é realmente se
importar com alguém. — Disse fuzilando ele com olhar,
realmente eu estava com muita raiva.
— Quer dizer que se importa comigo Bella?
— Seu olhar mudou um pouco, parecia surpreso com o que
eu havia mencionado.
— Infelizmente sim! — Eu disse rangendo os
dentes, puta de raiva. Meu olhos saíam faíscas.
— Por que infelizmente?

— Pois você não merece, você não é homem!

Depois de ter dito isto, ele abruptamente me


puxou contra si.
— Me diga isso de novo e você...
— Vai fazer o quê? Me bater? Me xingar? — Parei
por um momento com os olhos fixos no dele. — Ah, já sei,
vai chorar igual um garotinho de 6 anos, como fez ontem
no meu colo.
Eu confesso, foi pesado o que disse pra ele agora.
E pelo seu semblante vi que havia sido uma das piores
coisas que eu poderia pronunciar neste momento.
— Tudo bem. — Ele me soltou. Tristeza marcava
sua expressão no momento, e eu sabia que era pelas
palavras que havia dito sem pensar. — Você venceu.

— Eu não quis...

— Nunca bati em nenhuma mulher, se é isso que


pensa de mim, e nunca precisarei.
— Jake, sinto muito por ter dito isto.

— Só me deixe Bella. Como você mesmo disse,


não me importo com ninguém, e não precisa se preocupar
comigo afogando em amargura, pois me acostumei a viver
com isso.
— Jake, não quis dizer essas palavras, me
desculpe.
— Quem te deve desculpas sou eu por desperdiçar
seu tempo precioso comigo!
Ele estava claramente irritado, mas não aumentou
o tom de voz comigo. Mas mesmo assim, quem começou
foi ele, eu só disse aquilo na hora da raiva.
— Vou embora Jake, eu tentei ajudar. A culpa é
sua, você fingiu que nada aconteceu ontem, eu tentei te
ajudar, poxa! — Uma lágrima quase caiu do meu rosto
após dizer essas últimas palavras.
— Até agora você não entendeu não é? — Ele
segurou minha duas mãos com força, e eu fiquei bastante
assustada, pois seus olhos estava bastante diferentes do
normal, e vi no seu semblante que ele estava com bastante
raiva.
— Entendi o quê? Que você não gosta de ser
ajudado pelas pessoas?
— Não! Que nunca fui ajudado! Era isso que
queria ouvir? Me fala! — Ele disse essa frase gritando.

— Eu...

— Deixa eu te falar uma coisa: ninguém nunca


veio aqui em casa e me viu no estado que fique ontem.
Posso contar nos dedos quantas pessoas sabem o que
passei em minha vida em relação ao meu irmão. Você acha
que pra mim é fácil assimilar que você, logo você, veio
aqui em casa e me viu praticamente chorando a todo
momento por causa da morte do meu irmão? Me responde
Bella!
Jake mostrava sua vulnerabilidade perante mim, e
eu, aquela pessoa que nunca ficava sem resposta pra nada
estava sem ter o que dizer, sem ter o que responder.
— Eu não sabia... que você estaria assim.
— Murmurei.

— Pois agora sabe como me sinto. O motivo de


ser do jeito que sou. Não sou de demonstrar carinho,
sentimentos, nem nada do tipo. Você quer o quê? Que eu te
abrace agora e diga muito obrigado?
— Eu queria que sim, pois fiz algo que não faço
por ninguém. — Eu que havia ficado com o semblante
triste agora.
— Eu quero... mas não consigo Bella! De
verdade, me desculpe. Eu...
—O quê?

— Não consigo demonstrar que preciso de alguém


em minha vida. - — Ele abaixou sua cabeça. Percebi que
ainda estava abalado por ontem.
— Mas precisa...

— Não consigo! — Ele gritou. — Ainda não


entendeu? — Seus olhos soltavam faíscas, e vendo isto
tomei uma decisão: não ficaria ali sendo saco de pancada
de alguém que mal conhecia.
— Tudo bem, então faça o que quiser da sua vida,
fique sozinho.
Neste momento virei minhas costas e sai do local
com um aperto no coração. Sabia que ele precisava de
mim, e no fundo também sentia que eu o queria ao meu
lado.
Precisava desabafar com alguém, não estava
lidando bem com essa situação. Liguei para Cassie, ela
trabalhava comigo na clínica, e sempre tinha bons
conselhos para quase tudo que eu a perguntava, desde
homens até estudos e moda. Realmente queria saber por
que os homens agem como idiotas na maioria do tempo.
Combinamos de nos encontrar na casa dela em
meu horário de almoço. Ela é uma mulher solteira
também, mas não levava a vida que nem eu. Cassie é mais
reservada em relação a relacionamentos, mas tinha muita
experiência em falar do assunto, pois já teve uma relação
que durou um bom tempo. Então resolvi pedir algum
conselho pra ela, saber se os homens agem como babacas
quando nervosos, ou se isso é por causa do que havia
ocorrido com ele.
Ao chegar lá, acabei desabafando por longos 30
minutos. Cassie não conhecia nada de Jake, mas se
mostrou atenta a tudo que eu dizia sobre ele. Precisava de
conselhos, e tinha certeza que Cassie poderia me ajudar
nesse sentido.
Quando acabei de contar o que estava passando
ela logo veio dizendo para mim: — O problema é que
você explode fácil Bella. E Jake parece ser do mesmo
jeito. Fica complicado. — Ela dizia olhando diretamente
em meus olhos.
— Tenho culpa dele ser um idiota Cassie?
— Olhava pra ela balançando a cabeça em negação.
— Um idiota que você gosta mais do que pensa,
mas não admite. E pare de chamar ele assim! Agora você
sabe o que ele está passando.
— Cansei desses jogos dele! Quando está
vulnerável é um doce de pessoa, quando está normal é um
cavalo. Ele nunca irá mudar. — Estava quase chorando,
essa é a verdade.
— Como você pode saber disso?

É algo que sinceramente preferia estar errada. No


fundo eu sentia que poderia mudar algumas atitudes de
Jake, se eu conseguisse, é claro, conversar de forma
franca com ele, algo quase impossível quando ele não está
abalado com algo.
— Eu não sei...
— Bella, você não quer admitir, mas nutre por ele
sentimentos que não está acostumada a sentir.
— Eu sei. Eu gosto dele... mas eu não sei o que
fazer. Nós dois somos... teimosos, nunca daremos certo
um com o outro.
— Isso só o tempo dirá. Mas quer um conselho de
amiga? — Ela segurou minhas mãos neste momento.

— Sim, eu preciso de um na verdade.

— Deixe as coisas fluírem normalmente. Você


agora sabe que o jeito que ele é, e não é por sua causa
que ele se comporta assim. Ele teve uma perda, e as
pessoas reagem de maneiras diferentes a respeito disso.
— Eu sei, não me importo com o modo dele se
expressar. O que me incomoda é a indiferença dele
comigo, poxa! Eu estava com ele, fiz companhia, e ele
finge que nada aconteceu?! Isso não está certo!
— Eu sei Bella! Mas mesmo assim, não piore as
coisas, vocês são muito iguais! Você mais que ninguém
tem que entender o lado dele!
— Vou ficar na minha Cassie, espero que ele me
peça desculpas, mas não vou ficar correndo atrás dele,
isso pode ter certeza que não farei, não sou de fazer essas
coisas, e você sabe bem.
— Não estou pedindo para correr atrás dele. O
que quero é que dê tempo ao tempo, você irá ver que as
coisas irão se resolver. Agora se não der certo, parte pra
outra e tente esquecê-lo.
— Você fala como se fôssemos namorados.
— Dessa vez esbocei um riso contido por ela estar
pensando desse modo.
— Quem sabe não serão...

— Não... pode parar, essa palavra dói a minha


cabeça. — A interrompi sabendo que ela estava pensando
que éramos mais próximos que o normal.
— Tudo bem, só pense no que te disse.

— Eu irei pensar, prometo. Mas não quero ficar


remoendo essa história, e minha cabeça insiste em
lembrar dele a todo momento.
— Pelo pouco que me disse sobre ele, é bem
provável que os sentimentos dele se parecem com o seu,
só que...
Ela parou.
—O quê?

— Ele não é de demonstrar, e pelo que a conheço,


você também não é. Desse jeito será um pouco
complicado Bella!
— Não entendo por que seria complicado. É
nosso jeito, dificilmente iremos mudar.
— Esse é o problema. Um dos dois terá que ceder
no fim das contas, se não a relação dos dois irá piorar.
— Eu já disse que não temos relação Cassie!
— Disse nervosa.
—É claro que vocês tem! Você acha que pra duas
pessoas se relacionarem, especificamente elas tem que
estar namorando?
— Eu entendo que sim.

— Pois está totalmente errada. Não


necessariamente é assim, vocês se relacionam Bella!
— Certo. — Assenti.
— Vai dar tudo certo amiga.

Neste momento ela veio em minha direção e me


abraçou. Eu estava precisando de carinho, na verdade,
mais que o normal. Com minha irmã morando longe, uma
das poucas pessoas que eu poderia contar o que me afligia
era Cassie, e no fundo eu sabia que poderia confiar nela.
— Obrigado Cassie!

— Não precisa me agradecer, já passei por


situações parecidas. Eu só quero que faça o certo para
depois, no futuro, não ficar remoendo as decisões erradas
que possa ter tomado.
— Vou tentar parar de ficar irritada por bobagem
quando estiver perto dele. Somos duas pessoas
explosivas, e não será bom que ambos se irritem.
— Tente conversar com ele Bella!
— Não sei. Eu entendi tudo que me disse, e
concordo também, mas quando nos vimos hoje... ele me
tratou muito mal, não vou ir novamente ao encontro dele.
Irei esperar ele vir conversar comigo, e se isso não
acontecer, não sei como irei me portar daqui pra frente.
— Cabeça dura!

— Sou mesmo! — Disse sorrindo a ela.

— Você está apaixonada Bella... pare de negar a si


mesma.
— Eu...

— Não adianta me dizer que não está apaixonada.


— Eu não... posso estar apaixonada Cassie, eu...
não quero. Minha vida estava tão boa antes de conhecer
Jake. Não quero me apegar a alguém igual está sendo com
ele, não faz parte de mim entende?!
— Não entendo Bella! Todos nós nos
apaixonamos na decorrência de nossas vidas, você não é
imune a isso, nem adianta tentar não se apaixonar por
alguém, pois quando menos esperar irá acontecer o que
está acontecendo com você neste momento, e sabe que o
que estou dizendo é verdade!
— Não estou dizendo que não acontecerá, só
que... é cedo pra isso. Quero a simplicidade e a
tranquilidade da minha vida de volta. — Murmurei.

—E pode ter, mas terá que abrir mão de algumas


pessoas pra isso, e isso inclui Jake pelo que estou vendo.
— Então não posso continuar vendo ele.
— Bella, você gosta dele, e pelo jeito é recíproco,
mas os dois são cabeça dura. Então vai ser difícil levar
isso tão simples igual está achando.
— Ele quer farra, e eu também, acho que não dará
certo nem mesmo uma pequena relação entre a gente.
— Meu Deus! Como você consegue ser tão
teimosa?! Agora você irá ficar disputando com ele quem
se apaixona por último é? — Cassie gesticulava
impaciente.
— Não é da nossa alçada sabe? Pessoas que nem
nós não se apaixonam, elas curtem o momento, e depois
tchau e beijo, entendeu?
— Estranho, pois parece que nesse caso não
aconteceu isso não é? E falo pelo lado dele também.
Eu sei que Cassie tinha razão no que falava, era
inútil argumentar contra. Algo cresceu em meu peito em
relação a Jake, isso não podia esconder.
— Vou embora Cassie, preciso repensar minha
vida totalmente. Mas obrigado por me ouvir, de verdade.
— Não precisa agradecer, sou sua amiga, estarei
aqui pra quando precisar, nunca se esqueça disso.
— Tudo bem, obrigado novamente.

Saí da casa dela e fui em direção a minha.


Pensamentos inundavam minha cabeça, estava tudo tão
difícil... mas tinha fé que iria resolver logo esse problema
chamado Jake da minha vida, só não sabia como...
CAPÍTULO 12
" O medo nos afasta das pessoas que
sentimos algo verdadeiro"

JAKE

Bella talvez estivesse com a razão em tudo que


disse sobre mim. Na verdade, ela tinha razão. O problema
sou eu. Ainda não aceito estar errado sobre algumas
coisas, mas acho que ela está mudando isso em mim. Olha
como estou agora!
Eu não parei pra pensar em certas coisas. Como
sou idiota! Bella perdeu os pais. Ela sabe como é se sentir
sozinha no mundo, enquanto eu... bem, ainda tenho os
meus, mas não consigo encará-los por causa de tudo o que
aconteceu.
Realmente, o jeito que a tratei não condiz com o
que penso a respeito. A recebi hoje com desprezo total,
como se ela não fosse nada nem ninguém importante em
minha vida, o que não é verdade, pois ela se tornou...
Não disse a ela, mas foi por seu carinho e por
suas palavras que consegui dormir em paz ontem. Foi ela
quem cuidou de mim quando poderia estar fazendo outras
coisas. Foi ela que aceitou o modo que tenho de
extravasar minha raiva em certos momentos, e foi ela que
disse que quando eu precisasse estaria aqui por mim.
Fiz tudo errado! E agora a culpa me consome,
pois não sei o que fazer. Nem mesmo sei aonde ela mora,
estou tão ferrado...
Resolvi fazer algo inesperado. Liguei para o
consultório de Colin e marquei uma consulta com ele,
queria o horário mais imediato, e para minha sorte seria
daqui trinta minutos.
Me arrumei e fui em direção ao seu consultório,
tinha sorte em não ser tão longe da minha residência, isso
me pouparia bastante tempo.
Ao chegar lá, Colin me recebeu sorridente.
— Fiquei surpreso quando ligou para ver se havia
algum horário disponível.
— Eu também fiquei surpreso... por ligar. — Ri um
pouco sem graça, havia bastante tempo que não ficava sem
graça.
—E está até rindo, posso dizer que está
mudando?
— Eu preciso mudar, não quero ficar remoendo o
passado. Não quero decepcionar as poucas pessoas com
quem convivo.
— Isso mesmo. É bom ter uma rotina somente em
determinados aspectos. Quando falamos de solidão, se
sentir abatido ou depressivo, as coisas mudam de figura.
Se continuar fazendo as mesmas coisas que te levam pra
baixo, infelizmente, a tendência é que você fique parado
no mesmo lugar, ou pior, que desça mais fundo ainda.
— Sinto que não estou me movendo. Aliás, se eu
estiver de algum modo caminhando, é em direção oposta a
do que é necessário.
— Eu preciso lhe perguntar algo Jake.

Tinha uma ideia do que seria. Mas, eu estava


necessitando de ajuda, e pela primeira vez queria esse
tipo de ajuda.
— Claro.

— Sua família, você tem contato com ela?

Era o que eu esperava que ele perguntasse.


Algumas outras lembranças afloraram meu pensamento.
— Não muito. Quando converso com meu pai ou
minha mãe é por telefone, e por pouco tempo.
— Qual o motivo?
— Não consigo encará-los. Sinto que eles me
culpam pela morte de Fabrízio. — Fui sucinto.
— Tem mais alguma coisa?

— Se eu vê-los... bem, não sou muito de


demonstrar sentimentos. Não quero passar uma imagem de
“manteiga derretida” pra eles, ou o contrário, demonstrar
frieza e indiferença.
— Entendo.

— Apesar de que sua irmã me viu assim...

Essa frase saiu automática. Não me dei conta de


que em minha frente estava o irmão da mulher que mexe
com a minha cabeça de uma forma que ainda não sei
explicar.
— Minha irmã? Está enrolado então.

Nós dois começamos a rir.


— Estou mesmo, ela me falou poucas e boas. Se
ela fosse psicóloga... ou seria um sucesso, ou um fracasso.
Colin começou a rir, a conversa estava fluindo
bem agora, parecia que a gente se conhecia a um
tempinho.
— Vou encerrar a sessão de psicólogo e paciente
agora e vamos falar de algo diferente.
— Tudo bem. Seria o quê?

— Minha irmã, vamos falar da minha irmã. — Ele


afirmou. — Será uma conversa informal, como se
estivéssemos em um bar, ou algo similar.
— Por que iremos falar da sua irmã? — Perguntei
confuso.
— Pois acho que ela pode te ajudar mais do que
pensa, até mais do que eu.
— Ela disse algo a você sobre o dia que esteve
em minha casa?
— Não, mas imaginei que ela iria lá.

— Sério?

— Ela quase me implorou para que eu contasse o


que estava se passando com você. Insistiu tanto que não
sabia mais o que dizer para que ela parasse de perguntar.
Um sorriso de canto de boca transpareceu em
mim, não vou negar.
— Eu gosto da sua irmã, mas não sei demonstrar
da forma que ela gostaria. Mas não sei que sentimentos
também eu posso nutrir por ela.
—E posso afirmar que ela gosta de você, mas não
sabe demonstrar da forma que gostaria.
Ri com seu comentário, que praticamente copiou
o meu.
— Ela é decidida, e principalmente firme com as
coisas que diz.
— Verdade, ela tem um gênio forte, quase nunca
admite culpa por estar errada, e gosta de fazer as coisas
do jeito dela. Mas notei que ela tem sentimentos por ti.
— Por que está me dizendo isso? — Perguntei
confuso.
— Veja bem Jake, eu reparei a forma como ela te
olhou naquele dia que o viu aqui. Minha irmã não é de
demonstrar sentimentos com um simples olhar igual fez
aquele dia. Por mais que eu notei seu semblante pouco
tempo, vi um brilho no olhar no momento que ela te viu.
Digo também pela forma desesperada que ela me
perguntou o que estava acontecendo com você.
— Eu só a decepciono. — Coloquei uma das minha
mãos na cabeça. — Ela foi em minha casa me ajudar em
uma das crises que tive, mas fui um idiota com ela, fingi
que nada havia acontecido. E você sabe não é? Duas
pessoas que dificilmente admitem estar erradas, quando
estão juntas...
— Imagino. Devem ter brigado, e como conheço
bem ela, é bem provável que ela falou poucas e boas pra
você.
— Sim, mas o errado fui eu. Mas vou consertar
isso, e preciso da sua ajuda.
— Minha ajuda?

— Sim. Quero te pedir um favor já que tocamos


no nome de Bella.
— Claro.

— Poderia me passar o endereço dela? Acho


improvável ela me procurar depois de ontem.
— Sim, com uma condição.
— Qual?

— Não vá se for para brigar. Ela irá saber que fui


eu que passei o endereço, e se for lá pra discutir com
ela... próxima vez que eu a ver irei ouvir um monte. E
você não sabe o quanto ela fala quando está irritada...
— Tenho uma ideia viu. — Comecei a rir.

— Mas te adianto, ela é rancorosa. Dependendo


da última conversa de vocês... bem, não é querendo te
desanimar, mas terá que se superar.
— Bom saber, sempre terá uma primeira vez pra
tudo.
Saí do consultório, parecia que algo havia se
acertado em minha vida, eu estava feliz. Estranho dizer
que estou feliz! Mas não importa, iria ver até onde este
início de sentimento me levaria, e estava pronto para
descobrir.
Sem pensar muito fui em direção ao endereço que
Colin havia me entregado. Para minha surpresa era perto
do local onde eu morava, aproximadamente cinco minutos
de carro.
Ao chegar no local mencionado por ele, um
conjunto de apartamentos, vi que não poderia entrar sem
interfonar para ela. Droga!
Não pensei muito e quando vi um carro saindo do
local entrei pela garagem. Se o homem me viu entrando eu
não sei, mas se viu, ignorou completamente.
Desesperadamente fui ao 3º andar, e quando vi o
número na porta, dei algumas batidas fortes, ignorando
completamente a campainha que se encontrava ao meu
lado direito.
Depois de alguns segundos uma pessoa abriu a
porta. Era Bella, e estava linda. Não sei se isso é coisa da
minha cabeça pelo fato de precisar desesperadamente do
seu perdão, ou se havia algo nela que mexia com meus
instintos, só sei que fiquei fascinado no momento que a vi.
— Jake! — Ela claramente estava surpresa ao me
ver.
— Oi Bella. Posso conversar um minuto com
você?
— Como entrou na portaria? O que você fez?
— Ela claramente estava confusa.

— Uma pessoa estava saindo, eu... Bella, por


favor, podemos conversar?
— Depende, vai me irritar ou fingir que não se
importa com as coisas que digo? — Ela disse sem titubear,
e me encarando do seu jeito característico.
— Não Bella! Quero conversar francamente
contigo.
— Tudo bem. Então pode entrar!

Entrei e fui em direção ao sofá. Ao me sentar


olhei diretamente nos olhos dela. Bella havia ficado em
pé, sua expressão demonstrava descontentamento, também
pudera, o jeito que havia falado com ela foi muito rude.
Ela esperava que eu dissesse algo. Estava de
braços cruzados e olhando pra mim sem ao menos piscar,
seria difícil uma conversa franca com ela sem tomar umas
"pancadas" , tinha ciência disso.
— Bella, eu quero me desculpar. — Irrompi o
silêncio que pairava na sala.
— Pelo quê? Por ser um idiota comigo, ou por
fingir que eu não estive com você naquele dia?
É, seria mais difícil do que pensei domar essa
fera.
— Pelas duas coisas, por tudo na verdade, me
desculpe. — Abaixei a cabeça e disse essa frase em um
sussurro.
— Você me pedindo desculpas desse jeito... com
essa fala mansa. Aposto que meu irmão obrigou você vir
aqui. — Ela balançou a cabeça em negação.
— Bella... não piore as coisas, você não sabe
como foi difícil vir aqui.
— Tudo bem, eu... — Ela parou por um momento.
— Espera aí, como sabia meu endereço?
— Essa é a parte que não te conto.
Tentei rir um pouco, para quebrar o clima na sala.
Logo eu que nunca ficava sem graça estava ficando
desconcertado. Ao olhar para Bella de novo, vi que ela
olhava para cima, pensando em algo por alguns segundos.
— Eu vou matar meu irmão! Vou fazer um barraco
na porta do consultório dele! — Ela disse um pouco
emburrada e com os punhos fechados.
Bem que Colin disse que Bella é rancorosa. Mas
ela é linda de qualquer jeito, brava então, nem se fala.
— Não faz isso! Por favor. Você sabe que é difícil
eu vir aqui lhe falar isso. Não sou de ficar pedindo
desculpas. — Despejei essas palavras em pequenos
segundos.
— Pensando bem... melhor não fazer barraco
nenhum, não se preocupe quanto a isso. — Ela sorriu pela
primeira vez, pouco, mas sorriu.
— Então... aceita minhas desculpas?
— Boa pergunta, não sei se está sendo sincero, ou
se meu irmão que lhe convenceu a vir.
— Você é muito difícil garota! Nunca passei por
isso. Estou praticamente... implorando seu perdão.
— Disse a contra gosto.

— Sou mesmo! Terá que se acostumar. — Ela me


olhava firme. Do mesmo modo que uma mãe olha para o
filho quando ele acaba de fazer alguma bagunça tremenda.
— Interessante. — Sorri descaradamente.
—O quê?

— Se eu terei que me acostumar, é porque estarei


perto de você, e se estarei perto... — Nesse momento me
levantei do sofá rapidamente e comecei a chegar perto
dela.
— Pode parar aí, ainda estou nervosa com você! E
outra coisa, não me venha com essas palavras que me
confundem, na primeira vez que te vi não deu muito certo.
— Ou deu certo até demais. — Dei uma piscadinha
pra ela.
— Você não muda mesmo. — Ela riu de uma forma
doce dessa vez, um pouco embaraçada também. Era a
primeira vez que via Bella de uma forma mais real, se é
que me entendem.
— Estou mudando Bella! E graças a você e seu
irmão. — Neste momento estava a poucos centímetros da
sua boca.
—O que pensa que está fazendo? — Ela deu um
passo para trás.
— Não fiz nada... ainda. — Passei uma das minhas
mãos em seu cabelo.
— Acho bom. — Ela firmou o rosto em minha
direção tentando parecer séria, mas sem sucesso. Podia
jurar que estava fazendo biquinho, ou charme, se for usar
outras palavras.
— Estou tentando te seduzir. — Disse um pouco
sem graça. Pois é, eu estava sem graça, quem diria!
— Está fazendo errado. — Ela balançava a cabeça
em negação com os braços cruzados.
— Sério? – Minha mão agora passava
carinhosamente em seu rosto.
— Muito sério. Ainda não entendeu que estou
brava com você? Não adianta ficar fazendo essas coisas,
eu não vou ceder, e...
A beijei, ela estava falando demais. Não iria
conseguir ficar muito tempo perto de sua boca sem a
beijar.
Chega a ser estranho o que acontece quando estou
perto dela, dá uma vontade de fazer com que ela fique em
meus braços por tempo indeterminado. Será mesmo que
estou nutrindo por ela algum sentimento?
—E no fim cedeu. — Pisquei a ela após o beijo.

— Você não presta sabia? — Bella lançou um


olhar duro em minha direção.
— Eu sei, adoro isso em mim. — A abracei forte.
— Eu também, mas somente certas vezes. Gosto
do seu lado bruto em algumas ocasiões.
— Sério?

— Calma lá! Em algumas situações. — Ela deu


ênfase na palavra algumas.
— Entre quatro paredes?

— Quem sabe... — Ela me lançou um olhar


enigmático.
Agora ela que me comprimiu contra seu corpo.
Fez com que tocássemos nossas testas de modo que
ficamos por pelo menos uns trinta segundos sem dizermos
nada um ao outro.
— Vai deixar eu cuidar de você quando... você
sabe, ficar mal daquele jeito. — Ela irrompeu o silêncio.

— Infelizmente não Bella! — Disse decidido


olhando em sua direção.
— Eu sabia, você não muda. — Ela tentou se
desvencilhar dos meus braços.
— Ei, sabe o porquê não vou deixar?

— Porque é orgulhoso, cabeça dura, e...


— Pois não pretendo que aquilo volte a
acontecer. — A interrompi enquanto passava minha mão
em seu rosto. — E porque não quero que me veja naquele
estado novamente.
— Para de me dizer essas coisas Jake, desse jeito
ainda... — Ela deixou a frase no ar.

— Qual o problema? — Disse confuso, não estava


familiarizado com toda essa sensação que estava sentindo
no momento.
— Sou mulher . Eu... tenho meu lado carente,
romântico, essas coisas. E você está estranho hoje.
— Estou estranho Bella? — Comecei a rir.
— É, está romântico, e quem diria... fofo. Não
estou acostumado a me envolver com homens assim.
— Isso é ruim por acaso?

— Não é que seja ruim, mas não estou habituada


com ninguém assim comigo, principalmente se for você
essa pessoa.
— Ei, os brutos também amam. — Pisquei a ela.
— Você é uma peça.
Fui em sua direção e a beijei enquanto desbrava
seu corpo com as minhas mãos.
Momentos depois a peguei no colo e levei para o
quarto.
— Tenho que retribuir algo a você Jake. — Ela
disse sorrindo.
— Não se sinta obrigada.

—A última noite que transamos foi uma das


melhores transas da minha vida, e a mais diferente, nunca
imaginaria ser vendada.
— Que bom que se sentiu bem.
Rapidamente a tomei para mim. A beijei com
volúpia enquanto reparava o semblante dela.
— Sou eu quem lhe mostrará coisas novas agora.

— Vai me vendar por acaso? — Pisquei para ela.


— Não. Só vou te pedir que não mexa esse seu
pau gostoso. Deixe que eu faço tudo. Hoje você será uma
mero expectador.
Cheguei bem perto dela e pressionei meu corpo
contra o dela.
— Sou inteiro seu.

— Irei fazer você delirar, que tal Jake?

— Tem certeza disso Bella?

— Entenda como uma troca de favores, tudo bem?


Você me deu prazer, agora será minha vez...
Bella é muito apertadinha, quente e gostosa.
Perco minhas estruturas quando olho seu olhar sacana em
minha direção, mordendo os lábios como uma safada
descarada que é. Meu pau sobe de uma maneira rápida e
latente.
Já no quarto, rapidamente retirei minha camisa e
calça jeans. Bella veio em minha direção beijando meu
pescoço, passando sua língua voluptuosa na extensão do
meu tórax.
— Duro como pedra! — Ela apalpou meu pênis
por fora.
— Você não viu nada.

Retirei praticamente toda sua roupa em tempo


recorde. A deixei somente com a parte de baixo. E para
meu delírio sua calcinha era branca. Essa mulher é
gostosa demais!
Peguei-a no colo enquanto a beijava vorazmente.
Por causa do meu tamanho Bella era como se fosse uma
pluma em minhas mãos, facilmente a segurava, e tinha
forças para mantê-la por um bom tempo.
Passei as mãos em todo o seu corpo enquanto
olhava pra ela a desejando de uma forma ávida. Volta e
meia ela colocava a cabeça para trás, gemia baixinho
deliciada com o momento.
Ainda suspensa no ar beijava e chupava a
extensão dos seus seios. Seus mamilos quentes e bem
torneados deliciavam minha boca, como eu adorava seus
peitos, como adorava esse corpo gostoso, sexy, sensual...
A coloquei na cama depois de alguns instantes e
rapidamente removi sua calcinha, aproximei-me da sua
vulva e abocanhei sua vagina.
— Delícia! Adoro quando coloca a boca ai,
sabia?
Ela suspirava e mordia os lábios.
— Você é uma gostosa safada sabia?

— Fico maluca quando me pega forte desse jeito,


não sei que mágica você tem nessas mãos e nessa língua
quente e gostosa.
Continuei com a boca em seu sexo, só que agora
com a companhia de alguns dedos que estimulavam seu
clitóris. Bella ficava molhadinha rápido demais, e eu me
deliciava em seu interior, minha boca pedia por mais a
cada instante que passava. Como chupar sua boceta era
tão bom!
— Não se esqueça que hoje é meu dia para te
mostrar algumas coisas novas. — Ela dizia sussurrando
com os olhos fechados.
Movimentei minha boca e dedos mais rápido.
Bella já convulsionava, e com as duas mãos em minha
cabeça pressionava em alguns momentos meu rosto para
trás, estava sendo demais os estímulos que eu
proporcionava a ela.
— Jake.. vai Jake... não para.

— Goze pra mim, por favor, você é muito gostosa


Bella! Sinta esse prazer.
Continuei chupando sua boceta e estoquei meus
dedos com mais intensidade. Poucos segundos foram
necessários para que eu me deliciasse com seu sabor, ela
teve espasmos e gozou. Adorava o seu sabor em minha
boca.
— Vem cá, você é meu agora, todo meu!
Seu olhar me assustou um pouco. Seu semblante
estava diferente. Seus olhos estavam lascivos, cheios de
pecado.
Bella inverteu a posição comigo, agora eu estava
deitado na cama enquanto ela olha maravilhada meu pau.
Dele eu tinha orgulho, e como tinha...
Poucos momentos depois ela abocanhou meu
pênis enquanto massageava minhas bolas. Em nenhum
momento Bella parou de olhar em meus olhos. Via o fogo
emanando do seu semblante, minha noite valeria a pena, e
não queria que acabasse tão cedo.
— Você não irá levantar dessa cama, está me
ouvindo? No máximo sentar, fui clara? — Ela passava a
mão em meu peito e passava a língua pela glande do meu
pau.
— Como quiser. — Coloquei as mãos em minha
cabeça maravilhado com o que poderia acontecer.
Bella continuava me pagando o melhor boquete
que eu me lembrava ter recebido, e olha que já foram
muitos. O problema é que do jeito que ia não aguentaria
por muito tempo, pois Bella além de hábil, sabia muito
bem o que estava fazendo, e sua outra mão alisava meu
corpo todo, seu toque ia nos lugares que eu tinha mais
sensibilidade.
— Bella... você me deixa bastante excitado. Desse
jeito irei gozar rapidinho sem te comer. — Dei um tapa
bem dado em seu traseiro, estávamos lado a lado enquanto
ela me chupava.
— Você bate como uma moça Jake, sabia?

— Sua safada. — Dei outro tapa em suas nádegas,


dessa vez bem mais forte.
Feito isso ela abocanhou de novo meu pênis, e
nesse momento eu já tinha ido do céu ao inferno por
várias vezes. Como é gostoso um boquete bem feito. Meu
pau estava duro feito pedra.
— Sabe... — Ela parou de me chupar. — Seu pênis
é tão grosso e tão grande que não consigo colocá-lo todo
na boca.
— Sorte a minha.

— Terei que colocá-lo em um lugar mais


confortável. — Ela piscou e riu de uma forma bem sexy.
Nesse momento ela veio por cima de mim.
A comprimi contra meu corpo na cama, a
apalpava intensamente, seu rabo era muito grande, que
sorte ter uma mulher dessa na cama...
Essa era uma das poucas vezes que havia ficado
desnorteado com uma mulher entre quatro paredes.
Sabe aquele momento que você não sabe o que
fazer pois você quer fazer tudo de uma vez? Pois é, eu
estava assim. Não sabia se estocava em Bella, se chupava
seus seios, se dava uma palmadas naquela sua bunda
enorme.
— Jake... você vai ficar paradinho tudo bem?
Paradinho... — Ela deu ênfase na última palavra
sussurrando em meu ouvido.
— Sou todo seu Bella, você está me deixando
maluco, não vou aguentar muito tempo, já aviso. Seu
boquete foi... espetacular.
— Vai aguentar o tempo que eu achar necessário
gostosão.
Nesse momento Bella encaixou seu corpo no meu
e meu pau entrou rasgando no seu interior. Quando ia
estocá-la mais ela me reprimiu.
— Ei, o que disse, é pra ficar parado. — Ela
chegou perto da minha boca. — Eu vou rebolar tanto nesse
seu pau gostoso e duro que você vai se lembrar dessa
noite pelo resto da sua vida.
Dito isto Bella começou a cavalgar em meu pau
de maneira ora lenta, ora com mais mobilidade. Bella é
tão quente...
Ela pegou uma das minhas mãos que estava
posicionada em suas nádegas e fez com que eu passasse
por sua barriga, seus seios, e por fim colocou minha mão
em sua boca. Meu Deus! Ela estava me deixando maluco!
— Que tesão sentir você em cima de mim. — Dei
outra palmada bem dada em sua bunda.
— Vamos melhorar as coisas agora.

Dito isto, Bella começou a rebolar em meu pau de


uma maneira frenética, e eu estava como um mero
espectador contemplando seu corpo pulando e pulsando
sobre o meu. Sua cara de lerda e safada estava me
deixando de um jeito que nunca imaginaria nem em minha
melhor transa.
Bella já estava se tornando uma mulher
inesquecível, até mesmo pra mim que estou acostumado a
me envolver com várias mulheres.
— Vou gozar Bella!

— Não. — Ela me repreendeu. — Você ainda não


provou tudo de mim.
Dito isto, ela saiu de cima, e colocou um dedo na
boca, típico sinal de adolescente que vai aprontar alguma
safadeza inesquecível.
— Você estava me olhando agora, só que dessa
vez você vai olhar diretamente para minha bunda
rebolando em seu pau.
Bella inverteu, ficando com o rosto da direção
oposta a minha, e seu rabo bem na minha frente. Ainda
estava deitado, mas aquele visão me estremecia por
dentro.
— Coloca vai, só que agora em outro lugar...
Ela deixou as palavras no ar. Gostosa! Safada!
Ao botar meu pau em seu rabo Bella começou a
rebolar, pular, gemer, gritar. Eu só estocava meu pau até
onde conseguia enquanto batia em sua nádegas, como um
cavalheiro chicotea um cavalo para ele ir mais rápido.
— Isso Jake, me fode mais.

—É pra já meu bem.

Penetrei-a repetidas e repetidas vezes enquanto


ela rebolava e pulsava em cima de mim. Não aguentei
muito...
Acho que em minha vida nunca tive tanto alívio
em uma única gozada. Senti o jato sair quente e como um
tiro, surreal. Foi incrível o que se passou aqui agora.
Tenho certeza que minha semana será boa depois
do que aconteceu aqui...
CAPÍTULO 13
"Amigos desbocados... todos temos"

BELLA
1 SEMANA DEPOIS

Alguns dias atrás recebi a notícia que meu irmão


havia convidado Jake para vir em um almoço de família,
confesso que esse convite por parte de Colin me pegou
bastante desprevenida. Até porque seria aqui na cidade
que minha irmã mora.
Eu estava tensa!
Mas a surpresa maior foi que Jake havia falado
para meu irmão que viria, eu estava ficando bastante
confusa e apreensiva, não vou negar.
Na realidade meu irmão havia combinado de
visitar nossa irmã na semana seguinte a qual eu vim. Mas
com o surgimento de alguns imprevistos no consultório,
ele pôde vir somente nesta semana.
Resolvi vir também. Não me perguntem o porquê,
aliás, todos sabem. Na verdade Jake pediu para eu vir,
não acompanhada com ele, mas somente para ele não se
sentir deslocado. Até então, minha irmã não sabia nada
sobre ele, e prefiro que continue assim.
Meus pensamentos foram interrompidos por
Julyana, aqui no quintal da casa dela.
— Bella, posso te pedir uma coisa? — Minha irmã
dizia rindo do seu jeito costumeiro.
— Claro que pode.

— Seja mais discreta por favor. — Ela me encarou


com aquele olhar inquisitório que ela sabe muito bem
fazer.
— Discreta com o quê? — Indaguei um pouco
confusa.
— Vou ter que dizer mesmo? — Julyana começou a
rir e apontar com a cabeça para Jake, que estava se
divertindo com o pessoal na mesa que ficava alguns
metros de onde estávamos arrumando algumas coisas.
Havia umas vinte pessoas nessa pequena festinha
organizada pela minha irmã. Jake estava se divertindo
com algumas delas jogando UNO.
— Ah, pode parar Julyana. — Dei de ombros.

— Sei que o conhece, não precisa ficar com


vergonha.
— Nosso irmão te disse que a gente se conhecia?

— Não, e nem precisou.


— Não entendo...

—O jeito que você o olha. Um olhar pode dizer


várias coisas sabia? — Ela me deu uma piscadinha.
—E o que meu olhar diz?

— Que alguém está apaixonada... — Ela deu


alguns pulinhos.
Minha irmã sempre foi muito sensitiva. Aquele
tipo de pessoa que pega as coisas “no ar”. Nunca entendi
como ela faz isso, mas era algo diferente, pra não falar
estranho.
E agora ela falando assim... que posso estar
apaixonada por Jake, é complicado, não sei o que pensar,
pois nesta última semana não consegui pensar em nada, a
não ser nele. Não sei o que fazer para controlar isso, não
tenho experiência com esse tipo de coisa.
— Nem brinca com uma coisa séria dessas! Não
posso e nem quero me apaixonar! — Desconversei.

— Acho, ou melhor, tenho certeza que alguém está


finalmente descobrindo o que é estar gostando de verdade
de alguém.
—É impressão sua.

— Você gosta dele do mesmo tanto que é cabeça


dura?
— Não sei, mas acho que sou mais cabeça dura
viu!
Nós duas começamos a rir com meu comentário.
Quando me virei para reparar em Jake, ele estava me
olhando, e me deu um pequeno sorriso, isso foi o
suficiente para eu ficar alegre, e... boba. O que está
acontecendo comigo meu Deus?!
— Estou achando que é recíproco. — Ela dizia
sem me fitar, e disfarçando quando olhava na direção
dele.
— Não é.

— Nenhum dos dois disfarça no fim das contas.


Ele parece gostar de você também, ou melhor, ele gosta.
— Acho difícil... — Deixei a frase no ar.

— Vai por mim, ele te admira. Não sei o que


pode ter feito para ele ficar assim com você, mas...
Nem te conto, pensei comigo.
Ela deixou novamente a frase no ar, mas eu já
sabia que Jake poderia nutrir algo por mim, a questão de
tudo sou eu mesmo, não sei se estou aberta para
relacionamentos sérios, por mais que eu saiba que no
fundo quero ele por perto.
E foi só pensar nele, que o gostoso veio pegar
carne assada perto de mim. Minha irmã percebendo que
ele havia se levantado da mesa, saiu de fininho do meu
lado e foi em direção à entrada da sua casa, mas não antes
de me dar "aquela" olhadinha, se é que me entendem.
Ao se aproximar de mim, ele com aquele jeito
lerdo me deu uma olhada de cima em baixo. Como ele me
deixava doida!
— Gostou do restante da minha família e dos
amigos deles? — Interrompi os pensamentos da minha
cabeça pulsando de desejo a respeito do corpo de Jake.
— Sim. Mas estou um pouco sem graça, confesso.
O bom é que estamos jogando UNO, e por mais que eu
esteja perdendo até o rumo de casa, estou me divertindo.
— Você sem graça? Acho difícil!
Nós dois começamos a rir.
— Estou. Não quero que pense... que eu vim aqui
por... você sabe.
— Não sei. Tente falar sem parecer que esteja
com vergonha, por favor. — Dei um sorriso para ele.

— Tudo bem. Não quero que pense que “forcei”


minha vinda aqui pela sua presença. Seu irmão me
convidou, e pensei bastante em aceitar o convite, pois
sabia que poderia pensar que eu estava...
— Me seguindo, sendo grudento, me irritando,
tendo um sentimento de posse sobre mim como se
estivéssemos juntos de alguma forma.
— Agora vi que não foi bom ter aceitado esse
convite. — Ele balançou a cabeça em negação.
— Ei, vem cá. Estava brincando.

Por um momento quase esqueci que estávamos


rodeados de pessoas, e quase o puxei para mim. Acho que
ele notou, mas não esboçou nenhuma reação que pudesse
nos comprometer.
— Eu gosto da sua presença Bella. — Ele disse
por fim.
— Eu gosto um pouquinho de você, quando está
um doce de pessoa gosto mais, não vou mentir. Mas não
estou acostumada ainda com esse seu jeito quieto.
— Nunca pensei que seria uma pessoa mais
calma. Mas graças a seu irmão estou conseguindo
controlar minha raiva, e esquecendo meus medos. As
sessões com ele aumentaram, e estou progredindo. — Jake
sorriu.
— Não só graças a ele não é? — Dei uma
piscadinha a ele.
— Ah, claro que não, tem outra pessoa que está me
ajudando bastante. — Ele me olhou firmemente.
— Quem seria? — Perguntei curiosa.

— Eu mesmo. Se não fosse por mim não estaria


melhorando, mas seu irmão é de grande ajuda.
Fiz uma cara enfezada. Pensei que ele
mencionaria meu nome, quebrei a cara!
—O que foi? — Ele me olhou com aquele tom de
deboche típico quando ele quer me irritar.
— Nada, acho que já pode ir embora né! Já comeu
demais, e falou algumas abobrinhas como agora.
— Sério que quer que eu vá embora Bella?

— Sim. Não. Sim.

—O que significa isso? — Ele começou a


gargalhar de uma forma estranha, até mesmo para mim.
— Não sei. Meu irmão que te convidou, pode
ficar o tempo que quiser. Se fosse eu...
— Queria te dizer algo, com sinceridade. — Ele
me interrompeu.
— Pode falar.

— Você fica mais linda do que já é quando está


emburrada com alguma coisa, sabia?
— Quem disse que estou emburrada com algo?
Eu estava na verdade!
— Você sabe que eu...
— Lê as pessoas, já sei.

— Então... mas se serve de consolo, você me


ajudou bastante também, mais do que pensa.
— Não ajuda se quer saber! — Disse fazendo
charme.
— Ei, para com isso. — Ele se aproximou um
pouco mais de mim.
— Isso o quê?

— Sei lá... isso. Eu fico com vontade de te beijar,


e teoricamente aqui não posso fazer isso. Então... me
ajude vai.
— Como posso lhe ajudar?
— Não sei, de verdade. Desde o momento que te
vi hoje quis ficar contigo. Mas não estou muito à
vontade... ainda.
— Gente, que mudança! Ficou tímido de uma hora
pra outra? — Ele parecia sem graça em minha presença,
logo Jake!
— Não, e nem vou ficar. Só que é estranho não
acha?
— Se acha isso, não posso fazer nada. Só sei
que...
Parei um pouco, claro que iria atiçá-lo. Nunca
perderia a oportunidade.
—O quê?

— Quando temos vontade de fazer algo,


geralmente fazemos. — Dei uma piscadinha pra ele e fui
em direção ao local onde meus outros parentes estavam.
Em relação a confraternização, no momento está
tudo perfeito, de verdade. Mas o que eu queria mesmo era
dar uns "pegas" no meu amigo Jake. Amigo, que palavra
estranha! Mas por via das dúvidas é isso que ele é, pelo
menos por hoje! Não, por algumas horas!
Não queria que as pessoas que estavam aqui
ficassem com a impressão que eu estava em algum tipo de
relacionamento, qualquer um que fosse, com qualquer
pessoa também. Mas meu coração está me dizendo outra
coisa... não estou entendendo o que se passa comigo.
Imersa em meus pensamentos, alguém chegou
pelas minhas costas.
— Oi Bella, está linda como sempre.

Tomei um susto, era Megan, ela havia acabado de


chegar.
— Não acredito...Megan, sua piranha. — Dei um
abraço bem espalhafatoso nela. — Alguém está diferente,
olhe pra você! Pintou o cabelo, está toda empinada como
aquelas peruas que vemos na televisão.
Eu tinha intimidade o bastante pra falar assim
com Megan, e ela o mesmo. Sempre fomos muito ligadas,
e com a gente não tem frescura, a gente fala o que pensa, e
doa a quem doer.
Geralmente nossos melhores amigos e amigas
tendem a ser um tanto quanto diferentes da gente, mas
nesse caso é totalmente o oposto. Megan e eu somos
extremamente parecidas em vários aspectos. Diante disso
era pra gente discutir muito, pois temos gênios fortes, mas
não é o caso.
— Perua? Amiga você me magoou sabia? — Ela
colocou uma mão no meio dos seios e a outra tampando
um pouco o rosto, ou seja, fez aquela cara de cachorro
abandonado que não fiquei com pena nem por um segundo.
— Haha. Magoou, sim... logo você.

— Falsa. — Ela começou a rir. — Você me


conhece muito bem, não consigo disfarçar.
— Claro. Outra pessoa até poderia cair nesse seu
papinho, mas eu... bem, te conheço de longa data.
— Já você... me parece que continua a mesma
pessoa, fico feliz que não tenha mudado amiga.
Sentia muito sua falta, mas desde que mudamos de
cidade não conversávamos tanto, e não curto muito ficar
conversando pelo whatsapp determinados assuntos.
— Continuo sim, e não vou mudar.

— Assim espero. Como vai a vida? Já tem um


amor, ou continua na vida boêmia?
— Continuo na mesma. — Me limitei a dizer.

— Somos duas. Até tentei sabe, mas não durou 2


meses.
Isso, me desanima, pensei comigo.
— Pois é, tenho alguns princípios que preciso
seguir, se não minha vida sexual irá desmoronar, e não
quero isso, estou muito nova, e preciso aproveitar mais
um pouco que seja. — Disse por fim.

— Isso mesmo amiga.

Não sei o porquê Jake estava em minha cabeça no


momento que estava conversando com Megan. Acho que o
fato de tocarmos nesse assunto de relacionamento me
mostra que a única pessoa que eu imaginaria me
relacionar de um modo sério seria ele, mas ainda penso
que é errado pensar assim.
—O que está achando da pequena
confraternização? Até porque chegou por agora não é?
— Você que não me reparou antes, estou aqui tem
alguns minutos. A respeito da festinha, estou amando, de
verdade. E adorando principalmente aquilo ali. — Ela
apontou o dedo pra mesa decorada com comidas típicas
da região.
— Sério? Algo que nem comeu ainda?

— Claro que não, estou falando daquele ali.

Quando meus olhos foram ao local, me deparei


com aquilo que não queria ver, ou melhor, queria, mas
desejado por mim, e sem roupa mais tarde!
— Jake?

—É o nome do Deus grego? Que imponente!


— Ela disse com uma ar de superioridade.
— Que exagero!

— Pode parar Bella! Ele é lindo, e não me venha


falar o contrário!
— Eu concordo com o que disse, ele é lindo
mesmo, e gostoso. Achei exagerado você dizer que ele
tem nome de Deus grego.
— Hm, entendo. Será que tenho uma chance com
ele? Até tentei flertar um pouco, mas me parece que ele
não está muito interessado, será que tem namorada?
— Namorada ele não tem.

— Como você sabe?

— Quer saber mesmo, posso frustrar um pouco


suas expectativas.
— Como assim Bella? Não estou entendendo.

— Resumindo: a gente se pega direto. Ambos não


gostam de compromissos, então a vida que levamos é o
ideal para os dois.
— Pera aí... você e ele...
— Isso mesmo, tem um tempinho razoável que
isso acontece. Então acho que não terá muitas chances
com ele, não hoje, e comigo aqui.
— Você fala isso assim?!

— Assim como?

— Com a maior naturalidade do mundo. Vocês


ficam e você fala como se ele não fosse nada pra você,
tipo um objeto.
Tomei uma porrada bem na boca do estômago
com essas palavras! Mas mereci, o jeito que falei parecia
que não nutria nada de bom por ele, o que não é verdade.
Bem feito Bella! Isso é pra aprender a falar
direito, e eu não esperava outra atitude de Megan.
— Me expressei mal, não foi isso que quis dizer.

— Mas disse.

— Nossa história é complexa Megan, então é


complicado te dizer o que se passa em nossas cabeças,
somos muito iguais.
— Me responde uma coisa então Bella. — Ela
parou por alguns instantes. — Pra você não teria nenhum
problema ver ele beijando uma mulher na sua frente?
— Eu...

— Antes de responder quero que saiba que não


estou falando isso por minha causa, tudo bem? Só pra
entender como é a relação de vocês mesmo. — Ela me
interrompeu quando explicaria para ela meu raciocínio.
— Não sei.
— Não sabe?

— É. Não vou mentir pra você e dizer que não


gosto dele, mas também não vou dizer que o que temos é
algo forte o bastante para não continuarmos fazendo o que
praticávamos antes da gente se conhecer. Mas... quanto
mais eu fico perto dele, mais eu gosto, e isso é perigoso.
—É perigoso, mas quem sabe não é pra acontecer
algo entre os dois.
— Não quero pensar nisso. Ainda é cedo demais
pra tomar esse tipo de decisão. Vou apenas curtir o
momento, pois sei que ele está fazendo o mesmo.
— Tudo bem Bella! Mas não dê bobeira, aquilo
ali deve deixar as mulheres malucas na cama. — Ela me
deu aquele olhada que nós mulheres entendemos sem
nenhuma dificuldade.
— Malucas e muito mais. — Disse e dei outra
olhada pra ela.

***
Já era hora de voltar para minha cidade,
juntamente com meu irmão. Eu havia vindo com ele dessa
vez, e Jake veio no seu próprio carro.
Despedi-me de todo mundo que havia vindo na
pequena festa, e quando vi Jake por fim, logo fui dizendo:
— Que tal uma festa a dois?

— Que tal se a festa for na minha casa? — Ele


disse de uma forma sensual chegando bem perto da minha
orelha.
— Claro. Só precisarei passar em casa, quero que
você veja algo hoje pela noite.
— Será que irei gostar?
— Ahh, claro que vai, até porque farei você tirar
com a boca...
CAPÍTULO 14
“Como explicar ao coração o inexplicável...”

JAKE

Fui embora de Hashville.


Bella disse que precisava passar em casa e trocar
de roupa. Além disso ainda me disse que tiraria sua
lingerie com a boca. Só de pensar nessas coisas meu pau
já ficava duro como pedra.
Cerca de uma hora depois que eu havia me
estabelecido em casa, minha campainha tocou. Era a
minha gostosa.
Mal atendi a porta e ela se jogou em meus braços.
Como gostava da sua companhia...
Ela roçava seus seios em meu corpo, que já
clamava pelo dela.
— Você me provoca Bella! — Beijei seus lábios
de leve.
— Sabe qual lingerie estou usando? — Ela
sussurrava mordiscando minha orelha.
— Estou doidinho para descobrir, você nem tem
ideia.
Em um pulo levei-a para meu quarto. Hoje queria
fodê-la calmamente e por mais tempo. O difícil é não
gozar rápido com uma boceta tão apertadinha, quente e
gostosa como a dela.
— Não estou me aguentando Bella. hoje não
haverá preliminares. — Já fui logo dizendo a ela.
— Então me coma Jake, faça com que meu dia
valha a pena, por favor! Me faça sua! — Ela dizia entre
amassos e beijos.
Rapidamente peguei um preservativo na gaveta do
meu criado e coloquei em meu pau. Ele estava duro como
uma pedra, como de costume quando vejo Bella.
— Você é muito gostosa, fique de quatro Bella,
agora! — Ordenei.

— Claro!

Ainda estávamos de pé. Mas Bellla ficou de


"gatão" enquanto posicionei meu pênis para estocá-la.
Passava a ponta da minha glande nos seus grandes lábios
a provocando.
— Enfia logo Jake! Quero ele todo dentro de mim,
consegue?
Quanto mais ela me provocava mais eu adorava.
Grudei em seu corpo e a estoquei em um ritmo lento.
Enquanto uma das minhas mãos estava em torno da sua
barriga a comprimindo contra meu pau, a outra estava em
seus cabelos puxando-os contra mim.
— Isso Jake, quero mais forte. — Ela gemia.
— Adoro seu corpo porque você tem carne, posso
explorá-lo todo com minha mão e meu pau.
—E eu adoro esse seu pênis grosso e grande.
Principalmente quando está dentro de mim, sabia?
Comecei a estocá-la mais rapidamente. Esse seria
o sexo que mais duraria com Bella, pois não houve
nenhum tipo de preliminar, queria fodê-la a todo custo e
de todas as formas.
Fomos para cama e nos deitamos, resolvi comê-la
de lado, levantei sua perna direita e comecei a estocá-la
intensamente enquanto beijava seu ombro.
— Hm... que delícia Jake, sabe que essa posição
está me deixando mais excitada? — Bella mordia os
lábios e gemia, sabendo que isso me deixava maluco de
tesão!
Quanto mais Bella falava mais eu ficava com
vontade de fodê-la forte, que mulher insana!
Era muito bom comer a sua boceta apertadinha e
quente.
— Porra! Como você é boa mulher, puta que
pariu!
— Mais forte Jake! mais forte! — Ela começou a
gemer e gritar friccionando sua boceta em meu pau.
Comecei a meter mais rápido ainda. Sentia sua
boceta bem encharcada, poderia deslizar meu pau com
vontade, para frente e para trás.
— Como você quer que eu te coma agora meu
bem?
— Quero a posição papai e mamãe.

Coloquei-a deitada, na posição escolhida por ela,


afastei suas pernas e comecei a estocá-la novamente.
Minha mão passeava pelos seus seios e pescoço, Bella
colocava alguns dedos na minha boca, que delícia.... ela
era uma delícia!
Ainda na mesma posição, grudei meu corpo no
dela, seus seios roçavam em meu tórax, passei uma mão
em suas nádegas e a outra estava firme em sua nuca.
Estocava lentamente agora, queria olhar em seus olhos e
perceber suas expressões faciais.
— Mais Jake! Mais...
Bella gemia de prazer e revirava os olhos a cada
estocada que eu dava em seu interior, e sempre pedia por
mais.
— Você terá muito mais. — Eu estava olhando
decidido em seus olhos.
— Continue que irei gozar. — Ela dizia entre
gemidos e espasmos involuntários.
Nesse momento tomei sua boca. A beijei
vorazmente enquanto minhas mãos exploravam seu corpo
suado pelo modo frenético que fazíamos sexo.
— Essa sua boca me mata Bella! Adoro foder com
você, adoro poder te comer de todas as formas que
desejo, adoro esse seu corpo cheio de pecado e desejo!
— Olhei pra ela e vi seu sorriso brotar.

— Você sabe muito bem como me deixar


louquinha sabia?! — Ela cravou as unhas em minhas costas
e eu urrei.
Momentos depois coloquei ela de quatro
novamente, só que agora ela ficaria desse modo na cama,
inclinei meu corpo sobre detrás dela, em um ponto que
meu pau entrasse até o talo em sua entrada. Sua boceta
estava mais justa que o normal e meu pau mais inchado
que normalmente.
— Seu pau é tão grande. — Ela sibilou. — Quero
todo ele dentro de mim, e agora!
Enfiei tudo de uma vez em estocadas rápidas.
Estava me sentindo uma máquina hoje.
O minuto seguinte foi estocando em Bella
intensamente. Ela gemia e gritava extasiada enquanto eu
murmurava coisas lascivas e obscenas em seus ouvidos,
de modo que ela ria daquela forma sexy e sensual que eu
havia me acostumado.
— Vou gozar Jake!

— Vamos gozar juntos meu bem.


Rapidamente inverti novamente a posição, e
voltamos para papai e mamãe.
— Jake...

— Quero gozar olhando em seus olhos suas


safada, e quero que faça o mesmo.
— Seu desejo é uma ordem. — Ela puxava meu
cabelo nesse instante.
Mais alguns instante se passaram enquanto eu
metia nela rápido e forte. Minhas mãos estavam
posicionadas firmemente eu seus seios, eu estava me
deliciando com esse momento. Não me recordava de uma
transa tão proveitosa com ninguém como essa que estou
tendo agora.
— Não aguento mais Bella! Vou gozar!

Ela colocou as duas mãos em meu rosto de modo


que eu não desviasse o olhar.
— Juntos... — Ela deixou a palavra no ar.
Dito isto, gozamos juntos segundos depois. O
pouco que reparei do seu semblante vi que ela
convulsionava e seu rosto estava ruborizado. Posso dizer
que foi uma das melhores fodas da minha vida, sem
dúvidas. Achei que minha camisinha sairia do meu pau de
tão forte que a porra esguichou. Que delícia, que mulher...
Estava exausto, mas ainda precisava fazer uma
coisa quando Bella pegasse no sono...

***

Depois de algumas horas, Bella acordou de um


sono profundo. Conversamos por poucos minutos antes de
dizer algo pra ela que tenho certeza que a deixaria
ensandecida, ou melhor, puta de raiva!
— Preciso te dizer uma coisa meu bem!
Bella odiava quando alguém falava desse jeito
com ela, mas era pra causar um suspense mesmo.
—O que é Jake? Não me deixe apreensiva.

— Eu te apaguei agora a pouco... com intenção.


— Você o que Jake?

— Eu te dopei Bella!
— Como é? Não estou acreditando que está
dizendo isso na maior naturalidade do mundo! Qual é seu
problema afinal?
— Foi por uma boa causa.

— Seu... eu te odeio.

Bella foi levantando da cama extremamente


irritada.
— Não quer saber o porquê de eu ter feito isso?

— Porque é um lunático, psicopata, maluco.

Ela pegou suas coisas e foi em direção a saída do


quarto.
— Ei, não vá. — A segurei pelo braço impedindo
que fosse embora do quarto.
— Me solta, pois se não irei gritar!

— Vou te falar do motivo de ter feito isso. Não


fique brava antes de saber Bella! O que fiz agora não faço
há anos.
— Dificilmente aceitarei qualquer motivo, eu...
— Eu pintei um quadro. E nele está a sua imagem
deitada. Me desculpe fazer isso do jeito que fiz, mas você
não ficaria quieta da maneira que eu precisava. — Sorri
sem graça pra ela.
— Jake...

— Eu fiquei acordado a noite toda pra conseguir


finalizar, não quero que fique chateada comigo, até porque
o que fiz foi... de coração, e não estou acostumado a
expressar esse tipo de coisa com ninguém.
— Não devia ter feito isso Jake... me dopado
assim sem avisar... eu...
— Ei, vem cá.
Fui em sua direção e a tomei nos braços. Dei um
beijo terno em seus lábios e sussurrei em seu ouvido:
— Eu sei que foi errado, mas quis fazer uma surpresa pra

você. Quis que se sentisse feliz com esse gesto. Eu não


pinto desde... você sabe. Desde alguns meses após a
morte do meu irmão, e você me deu essa inspiração de
novo. Queria te agradecer por isso.
Bella parou por alguns instantes, realmente notei
que ela não sabia bem o que dizer depois do que havia
acabado de contar a ela.
— Olha... não vou mentir que fiquei chateada com
isso que fez, mas...
—O quê?

— Posso te perdoar com uma condição.

— Qual é?

— Ficarei com o quadro. — Ela me deu uma


piscadinha ainda um pouco emburrada pelo que fiz, era
notório.
— Ahh, é pra ele ser meu. — Balancei a cabeça.
— Eu que pintei, e queria observá-lo aqui quando você
não estiver por perto.
— Não, o quadro ficará comigo! Eu vou estar por
perto, não se preocupe! Quero o quadro pra mim, e quero
vê-lo agora também!
— Fui vencido, tudo bem.
Levei Bella ao quarto que antigamente era minha
perdição e local de todo o sofrimento que me afligia. Mas
dessa vez seria por razões diferentes, e por alguém que
realmente estava me fazendo sentir feliz e vivo.
Ao mostrar o quadro, vi na expressão de Bella
tamanha felicidade que não pude conter o sorriso que
crescia em minha boca.
— Jake... é lindo.

— Obrigado. A modelo ajudou, ficou bem


quietinha, e no fim deu tudo certo.
— Claro que ela ajudou, ela foi sedada não é?
— Seu rosto ficou duro, mas com traços de felicidade.
— É... tem essa parte. Você é sempre tão difícil
assim?
— Sou. Se acostume.

— Estou tentando.

— Tente mais um pouco. — Ela fez um bico.

—E esse bico que faz quando está emburrada, é


só comigo?
Consegui tirar um sorriso do seu rosto. E quando
menos esperei Bella veio em minha direção e me beijou.
— Olha... eu sou bicuda mesmo. Mas não quer
dizer que não goste das coisas que fala. Eu sou assim
Jake, uma pessoa difícil de lidar, sempre fui desse jeito.
Eu gosto de você, no começo você me deu todos os
motivos para não gostar nenhum pouco de ti, mas conheci
outro lado seu, vi que você não era "somente sexo" como
havia dito anteriormente, e no fim das contas...
— Me diz.

— Não sei se é o momento certo pra dizer isso.

— Pois eu digo. — Parei tentando me recompor.


— Bella, eu me apaixonei por você! — Disse por fim o que
estava com medo de dizer.
— Jake... eu também estou apaixonada por você.
— Ela parou por alguns segundos. — Mas não me cobre
amor e carinho, coisas que para casais são normais, pois
não sou de demonstrar muito meus sentimentos.
— Eu sei, digo o mesmo. Vamos deixar acontecer,
acho que com o tempo as coisas se ajustam... sei lá Bella,
não sei o que dizer. Também não sou de demonstrar
sentimentos, e você sabe disso.
— Vamos deixar acontecer então!

— Combinado!

***

Os dias que se seguiram foram bastante estranhos


pra dizer a verdade. Me encontrava com Bella por pelo
menos três vezes na semana. Não estávamos namorando,
nem tocamos neste assunto pra dizer a verdade.
Em relação ao tempo atual, foi o que eu achei
melhor, pois não queria e não podia me acostumar com
sua presença a todo o momento, pois isso iria evoluir de
uma forma que eu não controlaria, e como não gosto de
ser controlado... bem, não iria dar certo.
Mas em relação aos meus sentimentos a situação
ficou bem diferente. Sabe quando seu coração diz algo e a
razão diz outra coisa? Bem, estou assim no fim das contas.
Pela minha falta de costume, me pego pensando
no que Bella pode refletir sobre mim. É estranho... estou
parecendo aqueles adolescentes que se pegam pensando
no que a namoradinha deles refletem a seu respeito, isso
não está certo.
Daí você junta isso tudo com a vontade de ver a
pessoa desesperadamente. É ai que a coisa desanda pra
valer. Esse é o ponto principal de não querer vê-la todos
os dias, pois me conhecendo o pouco que conheço, isso
não iria me ajudar em nada.
Disse a Bella que estava apaixonado por ela, mas
não sei bem se foi certo dizer essas palavras. Não sei o
que é estar apaixonado, e não sei na verdade se realmente
estou apaixonado por ela. Posso ter dito da boca pra fora
ou no calor do momento, não sei bem.
Outra coisa é que ainda sinto coisas por outras
mulheres. Tipo assim, olho para as mulheres nas ruas e
sinto desejo de estar com elas, de poder comê-las, igual
sentia antes. E em minha concepção quem está apaixonado
não fica fazendo esse tipo de coisa.
Merda! Será que foi errado dizer o que falei a
Bella?! Estou tão ferrado...

***

Havia combinado de almoçar com ela hoje. Ao


nos encontrarmos não perdi tempo e logo fui contando
outra coisa que estava martelando em minha cabeça.
— Quero te fazer um pedido Bella! E ele é um
pouco urgente.
— Pode pedir.

Bella riu, e se ficou surpresa não transpareceu.


— Eu quero... quer dizer, acho que estou pronto
para rever minha família. E eu quero que vá comigo. Você
e o seu irmão foram e estão sendo de bastante ajuda para
que essa ideia amadurecesse em minha cabeça.
— Nossa, não sei o que lhe dizer Jake. Eu...

— Não se sinta pressionada. — Interrompi ela.


— Será estranho pelo fato de que não sei ainda como te
apresentarei a eles. Com a idade dos dois... bem, acho que
eles não sabem muito bem o que significa a palavra
"ficar" no nosso cotidiano. Eu poderia falar que você é
minha amiga, mas vai que eu sinto alguma necessidade de
te beijar lá, entende?
Bella veio em minha direção e me abraçou, não
entendi bem o gesto, não vou negar.
— Olha Jake... estou muito feliz que tenha me
convidado para conhecer seus pais, de verdade. Mas
estou mais feliz ainda por ser uma das pessoas que está te
ajudando a superar seus medos. Acho que não terei
problemas em conhecê-los. Na verdade terei os mesmos
problemas que você, pois se me apresentar como amiga
teremos que nos comportar, e ultimamente está muito
difícil me comportar ao seu lado.
—O que faremos então?

— Me apresente como sua namorada, não tem


problema. Mas por favor... — Ela deixou a frase no ar.
—O quê?

— Não confunda as coisas. Isso vale pra mim


também, não somos namorados.
Dito isto, era pra me sentir melhor, mas bem no
fundo não foi isso que senti realmente. Mas não reclamei.
— Claro! Será por um dia.

— Ótimo. — Ela disse por fim. — Mas confesso a


você que nem conheço sua família, e logo de cara
precisaremos mentir sobre a nossa relação.
— Eu sei. Mas faço questão que você vá, quero
que eles saibam que... — Parei de falar, não sei se estava
pronto para falar uma coisa dessas.
— Saibam que... — Ela deu ênfase nessas duas
palavras.
— Esquece Bella!

— Não esqueço! — Ela foi firme nas palavras.


— Fale.

— Saibam que você foi a responsável para que


isso acontecesse, e fizesse meus dias mais felizes com sua
presença.
Bella ficou sem palavras diante do que eu falei,
Também pudera, foi romântico demais. Quer dizer, não foi
muuuito romântico assim, mas para quem não está
acostumado a falar essas coisas, foi bem... diferente.
— Jake, isso foi...

— Estranho, eu sei. — A interrompi balançando a


cabeça em negação.
— Lindo... era isso que eu ia dizer. O que está
acontecendo com nós dois?
— Como assim?
— Não estamos parecendo em nada aquelas
pessoas que se viram naquele bar. Estamos parecendo um
casal de namorados.
—É verdade. Isso é bom ou ruim?
— Não sei. O que sei é que não podemos misturar
as coisas.
CAPÍTULO 15
"O que pode acontecer em uma jantar
de família? Nada demais, somente detalhes
embaraçosos"

BELLA

Meus pensamentos estão desconexos e estranhos.


Minha vida deu uma reviravolta que não sei explicar.
Quando Jake me disse que havia se apaixonado por mim,
fiquei eufórica por dentro, e no calor do momento disse o
mesmo. A questão é que não sei se foi certo dizer a Jake
que estou apaixonada por ele, não desse modo, meio que
parece que foi "obrigação" por ele ter dito primeiro.
Eu sei que sinto algo por ele, mas não sei se é
paixão. Na verdade é um desejo insano de ser tocada por
ele, de ter meu corpo conectado ao dele, de... meu Deus, o
que faço agora? Não estou acostumada a esse tipo de
sentimento, de sensação...
Tenho que prometer a mim mesma que eu e Jake
não passaremos de sexo e prazer! Posso soar egoísta, mas
é o melhor a se fazer. Ultimamente não me relacionei com
ninguém além dele, e nem sinto vontade para tal. Ele
consegue me satisfazer, e eu sinto que consigo
proporcionar o mesmo a ele. Então... é melhor curtir o
momento, e estar somente com ele, mas não me apegar.
Repensando melhor sobre o que ele havia me dito
sobre conhecer seus pais, ainda não tenho certeza se
deveria ter aceitado. Primeiro: não somos namorados, e
uma mentira gera outra mentira, e não sei se é um bom
modo de conhecer os pais dele. Segundo: vou me sentir
estranha, conhecer uma família que teoricamente não tenho
vínculo nenhum.
O que fez eu aceitar o seu pedido tão rápido foi
que vi que não havia segundas intenções por parte dele.
Ele só quer alguém que o ajude a encarar novamente a sua
família, e me parece que ele ainda não consegue sozinho,
ou pelo menos acho.
E adivinha porque estou pensando nessas coisas
somente agora com mais afinco?! Simplesmente porque
hoje é sábado e Jake irá passar aqui para irmos conhecer
a sua família.
Confesso que estou nervosa como nunca estive.
Esse tipo de coisa não é algo corriqueiro, e além de tudo
não será algo "normal".
Jake pelo jeito está distante de sua família, e juro
que tenho medo de como vai ser esse reencontro.
Ouvi alguém tocando o interfone, era Jake.
Depois de dizer que desceria em um instante, respirei
fundo.
Vai dar tudo certo, pensei.
Jake me recebeu com um abraço e um beijo terno
no rosto.
— Jake, eu estou tensa. — Não neguei o que sentia
no momento para ele.
— Não se preocupe Bella! Eu estou mais que
você. Pode deixar que se alguém fizer uma cagada serei
eu, com toda certeza. — Ele riu discretamente, tentando me
deixar mais à vontade.
— Mesmo assim...

— Ainda não havia visto esse lado seu.


— Qual lado? — Perguntei desconfiada.

— Tímido, preocupado.

— Não gosto de mentiras.


— Eu também não, mas espero que entenda que foi
necessário. Meus pais são conservadores, eles não iriam
entender. Te prometo que não te pedirei mais esse tipo de
coisa, eu só quero que saibam que segui minha vida, e que
estou bem acompanhado.
— Quer dizer que está bem acompanhado Jake?
— Olhei ele de cima em baixo.
— Com o tempo descubro se estou mesmo.

Entramos no carro e fomos em direção à casa dos


pais dele. A todo o momento ele me olhava e ria
discretamente, ele sabia que estava nervosa.
— Relaxa Bella!

— Você diz isso pois não é você que está no meu


lugar.
Depois de vinte minutos chegamos no local. Era
do outro lado da cidade de Princetown, em um bairro
mais tranquilo, mais afastado do centro da cidade.
Saímos do carro e fomos em direção à porta.
— Preparada? — Ele disse olhando diretamente
em meus olhos.
— Não, mas já estou aqui.

Ele riu e tocou a campainha. Depois de alguns


segundos vi "outro Jake". Seu pai era praticamente o Jake
mais velho. Tinham praticamente a mesma altura, boca e
olhos parecidíssimos. Percebi neste instante que Jake não
era adotado.
— Filho!

Eles deram um abraço. Jake estava visivelmente


sem graça, e isso era estranho.
— Olha quem você trouxe... — O pai dele me
fitava.
— Meu nome é Bella, é um prazer te conhecer.
— Sorri. Ele parecia ser uma pessoa descontraída, de bem
com a vida. Havia gostado dessa primeira impressão que
ele me passou.
— Olá Bella, meu nome é John! — Ele apertou
minha mão. — Então você que fez nosso filho perder esse
medo bobo de nos visitar?
— Pai?! — Jake olhou ele com uma expressão
séria.
— Eu... um pouco. Estou feliz de ajudar ele
senhor.
— John está bom, não me chame de senhor, ainda
estou muito novo. — Ele olhou para Jake. — Vem cá me
dar outro abraço filho.
Foi estranho, ou melhor, é estranho o que se passa
aqui. Me sinto uma pessoa um pouco deslocada, pois não
sei muito bem como me portar nessas situações familiares.
Mas o tanto que estou rindo por dentro de ver Jake sem
graça igual estou vendo... ahh, isso é impagável.
— Venha Bella! Me deixe te apresentar para o
restante da família.
Ao adentrarmos, fomos em direção a sala de
estar. Sentados no sofá havia três pessoas.
— Pessoal, esta é Bella, a namorada de Jake!
Podem soltar fogos, Jake desencalhou!
Todos nós rimos. Mas a palavra namorada ainda
soava estranho aos meus ouvidos!
Uma figura pequenina e com os cabelos grisalhos
veio em minha direção. Ela é uma gracinha, tem os olhos
verdes e o sorriso dela é muito fácil. Parece aquelas
senhorinhas que não se abalam com nada.
—É um prazer Bella! Meu nome é Helen, sou a
mãe de Jake.
—O prazer é meu dona Helen.
Olhei para Jake, e podia jurar que ele estava
rindo com a situação. Vou matá-lo depois, ah se vou!
— Bella! — Ele chegou perto do meu ouvido.
— Não fique com vergonha, pense como se estivéssemos
sozinhos entre quatro paredes, sei que lá você não tem
vergonha nenhuma.
— Ótima analogia. — Sussurrei pra ele. — Você
não perde por esperar.
Uma outra pessoa veio em minha direção.
— Olá, meu nome é Sofia , e esse é meu namorado
Harrison. Sou a irmã do Jake.
— Olá, meu nome é Bella. É um prazer conhecê-
los.
Ela se parecia bastante com Jake. Tinha um olhar
imponente, decidido. Além de tudo ainda tinham alguns
traços bem parecidos, como a testa e os olhos.
Definitivamente, eram irmãos.
— Pessoal, vou voltar para a cozinha para
terminar o almoço. Fique à vontade Bella.
— Claro, precisa de ajuda em algo? — Me
prontifiquei para ajudar.
— Não meu bem, mas muito obrigado.

Sentei-me no sofá, ainda um pouco sem graça com


o que estava se passando. Jake não estava mais no
ambiente, e nem o namorado da sua irmã. Me deixou
sozinha com a irmã dele que me fitava.
Não havia mais ninguém visível no ambiente, e
logo ela veio dizendo: — Me explique, como fez pra
domar o cabeça dura do meu irmão? — Seus semblante era
convidativo para iniciar uma conversa.
— No começo foi difícil, não nego. — Ri um
pouco.
— Vocês ficam tem muito tempo?
Como assim ficamos? O que será que ela quer
dizer com isso? Pensei que Jake havia dito para a sua
família que namorávamos.
— Eu...
— Não se preocupe, eu sei. — Ela piscou pra
mim. — Jake me disse que não namoram, só se pegam. E
foi melhor mesmo, acho que conversando com você eu
descobriria, sou boa para observar certas coisas. — Ela
sorria a todo momento.
— Realmente, você é a irmã dele então. Mas
respondendo a sua pergunta, tem quase dois meses.
— Bem recente pelo jeito.

— Sim. Mas confesso que não estou bem com essa


situação de mentir para seus pais.
— Não se preocupe. Já foi uma vitória Jake vir
aqui, tem anos que não vejo pessoalmente meu irmão aqui
em casa. E acho que ele não iria vir sem você. Obrigado!
— Ei, não precisa me agradecer, a ideia foi dele.
— Mesmo assim. Como já deve saber, Jake é
cabeça dura para certas coisas. Pra ele ter esse gesto de
voltar... é porque você está diretamente ligada.
— Na verdade meu irmão que o ajudou. Não estou
dizendo que não fiz nada, não é isso, mas não contribui
tanto.
— Você que pensa. — Ela sorriu. — Meu irmão
está rindo novamente. — Ela apontou a cabeça pra onde
estavam seus pais e Harrison, seu namorado. — Isso não é
normal Bella!
Eles haviam voltado, e estavam conversando
perto do local que julguei ser a cozinha.
— Por que diz isso?

— Depois da morte de nosso irmão, Jake ficou


mais um tempo aqui em casa, cerca de 6 meses. Mas como
posso te dizer... — Ela parou por alguns instantes. — Ele
parecia não estar neste Universo entende? Não vimos
mais ele sorrir, ele mudou completamente.
— Deve ter sido difícil essa mudança dele pra
todos vocês.
— Foi muito. — Ela parou um pouco pra pensar
em alguma coisa. — Preciso te falar algo.
—O quê? — Perguntei curiosa.

— Não me interprete mal, pois o que direi pode


não ser bem o que gostaria de ouvir.
O que será que ela queria dizer com isso? Tantas
perguntas em minha cabeça...
— Pode falar, não tem problema.

— Jake não é do jeito que você conhece. — Ela


parou. — Se você gosta dele desse jeito, deve saber que
antes de tudo acontecer ele não era nem um pouco
parecido com o Jake que conheceu.
Fiquei sem palavras agora. Não imaginaria Jake
de outro modo.
— Em que sentido?

— Estou dizendo isso porque após a tragédia ele


se distanciou dos nossos pais, mas continuou a se
encontrar e conversar comigo, e como sou sua irmã, notei
que ele mudou bastante, que não se parecia em nada com
meu irmão.
— Entendo.

— Mas notei que você me parece gostar desse


jeito dele, essa forma solitária, um pouco temperamental,
essas coisas.
— Jake tem seus problemas, como todos temos.
Mas não acho que ele seja solitário. Sei que ele tem suas
recaídas, fica nervoso facilmente, me irrita muito. — Ela
começou a rir. — Mas já percebi o seu lado carinhoso e
prestativo em várias ocasiões. Tenho certeza que iria
gostar do seu jeito se não tivesse ocorrido a tragédia.
— Você está apaixonada mesmo pelo meu irmão.
— Não digo apaixonada, eu gosto...

— Não foi uma pergunta Bella! — Ela riu


contidamente.
— Vocês se parecem demais... ficam tentando
decifrar as pessoas. — Balancei a cabeça em negação, e
sem graça, confesso.
—E somos bons, não é?
Começamos a rir. Gostei da versão feminina do
Jake, apesar de que quando ela me olha, dá pra se notar
que ela tenta olhar por dentro de mim, apesar do sorriso.
— Quero te pedir algo Bella. Sei que não somos
íntimas, começamos a conversar agora, mas tenho um
pedido.
- — Pode dizer.

— Não o veja mais.

— Ei, como você...


—A menos que realmente goste dele. — Ela
terminou a frase e ficou com um semblante triste.
— Por que está me dizendo isso?

— Pois conheço meu irmão, conheço seu olhar,


conheço ele todo. E de coração, não acho que ele te trouxe
aqui somente para dizer que você o ajudou em sua
recuperação. Realmente ele sente algo por você.
— Acredite em mim, eu gosto dele.

— Não basta Bella! Não depois que eu vi a forma


que ele te olha. Se vocês continuarem desse jeito... temo
que não será bom para o meu irmão. Ele não sabe o que é
se apaixonar, nunca soube na verdade. Ele se fechou para
tudo depois que Fabrízio partiu. Não quero que ele sofra
mais. Não aguento ver meu irmão remoendo coisas das
quais ele não é culpado. Quero o Jake antigo de volta,
aquele que me fazia sorrir quando estava triste, que
cantava pra mim quando eu estava com medo, que ria das
minhas piadas ruins. — Sua voz embargada era como uma
súplica. Pude notar que Jake era realmente importante
para ela.
— Sofia...

— Não estou dizendo para você deixá-lo. Não sei


realmente seus sentimentos por ele. O que quero é que se
você gosta realmente dele, não finja, o ame, dê o carinho
que ele nunca recebeu de nenhuma mulher, tenha cuidados,
essas coisas simples mas que significam tudo para muita
gente. Agora se não sente nada... que o deixe, será melhor
agora do que no final.
— Não sei bem o que dizer. Geralmente eu tenho
saída para quase tudo, dessa vez estou sem palavras.
— Eu sei. Te surpreendi com o que disse.

— Um pouco. O que sinto por Jake... é estranho.

— Mas me parece recíproco. Ele viu algo em


você, não posso identificar no momento o que seria, mas o
que importa é que ele se importa com você Bella, e quer
ter você por perto, tenho certeza disso, acredite em mim.
Fiquei com certo receio de perguntar para Sofia
se Jake conversava sobre mim. Do jeito que ela fala, me
parece que tem um pouco de conhecimento sobre mim, e
estava quase certa que Jake já havia mencionado meu
nome para ela.
— Filha, você pode vigiar as panelas pra mãe?
— Helen surgiu do nada, para minha surpresa.
— Claro mãe. Até logo Bella!

— Até!

Helen se sentou no sofá onde Sofia havia


levantado.
— Obrigado por vir Bella! E mais ainda, muito
obrigado por trazer meu Jake de volta, nem que seja por
um dia. — Ela me parecia emocionada.

Não posso chorar, não posso chorar, dizia pra


mim mesma.
—A ideia foi dele dona Helen. Mas fico feliz
dele ter voltado, até porque notei que ele ficou feliz de
ver a família dele novamente, do jeito dele claro.
Começamos a rir, ela havia entendido o que se
passava depois de tanto tempo sem vê-lo.
— Sim, muito minha filha. — Ela parou por certos
momentos. — Quero te mostrar uma coisa, pode me
acompanhar rapidinho?
— Claro.

Fomos para um dos cômodos da casa dos pais de


Jake. Após Helen abrir a porta vi que se tratava do quarto
do irmão de Jake, ou melhor, o quarto dos dois.
—É aqui onde tenho as melhores recordações da
minha vida. — Helen sorria olhando pra mim. — Neste
local tenho gravado em mim cada momento marcante que
meus filhos passaram.
O quarto era simples, dentro dele havia uma
beliche, uma pequena mesa de centro e um guarda roupa
tamanho família. Observei também que havia uma grande
estante onde vários portas retratos estavam dispostos. Não
estava tão perto, mas observei que a maioria das fotos
eram compostas por Jake e uma figura... igual! Meu Deus!
Eles eram gêmeos?!
— Jake não me disse que... — Cheguei perto das
fotos.
— Que ele e Fabrízio eram gêmeos? — Helen riu
com a situação.
— Isso mesmo.
— Acho que, ou melhor, tenho certeza que a morte
de Fabrízio foi um choque maior por serem gêmeos. Eles
iam em todos os lugares juntos, faziam as mesmas coisas,
estudavam na mesma classe. Era muito estranho, pois não
se separavam hora nenhuma.
Agora entendo um pouco o porquê de Jake ficar
tão afetado com a morte do irmão. É claro que quando
perdemos um ente querido nosso mundo desaba, e no caso
dele foi profundo a esse ponto, mas agora vendo que eram
gêmeos, e praticamente inseparáveis, compreendo melhor
a sua dor, entendo agora o quão apegados eles eram um
com o outro, a ponto de Jake ficar do jeito que fica às
vezes.
— Estou surpresa, não vou negar. E triste também,
por Jake, e por você agora que não tem mais a presença
de um dos seus filhos.
— Eu perdi mais que um filho quando Fabrízio se
foi. Perdi algo dentro de mim, não sei explicar Bella.
— Ela enxugou uma lágrima que caia do seu rosto. — E pra

piorar, Jake se tornou uma pessoa triste, cabisbaixa, e


melancólica. Não sabíamos o que fazer para ajudá-lo,
tentamos de tudo, mas nada surtia efeito. Até que... ele foi
embora, e não voltou mais. Mal conversava com a gente
pelo telefone, e quando conversava dizia que não sabia
como nos encarar, foi tudo muito difícil sabe? Ele pensa
que colocamos a culpa nele por estar dirigindo o veículo
no momento do acidente.
Para a família de Jake foi e está sendo um fardo
esse sentimento que Jake se apossou. Pois alem da mãe
perder um filho em um acidente fatal, o outro mudou
completamente seu jeito de ser, e ainda saiu de casa. Não
posso imaginar o que eles passaram no fim das contas, por
mais que eu tente, sei que a dor e a tristeza marcavam toda
a família.
— Eu entendo, pelo menos um pouco. Creio que
Jake não lhe disse mas perdi meus pais em um acidente
quando era adolescente.
— Verdade? — Ele pareceu despertar de algumas
lembranças.
— Sim, eu era muito nova, mas senti grandes
impactos na minha vida. Felizmente tenho dois irmãos que
são anjos em minha história, e os dois me deram apoio e
suporte para que eu crescesse como uma adolescente
normal, mas sabendo que eu iria ter cicatrizes por toda a
minha vida.
Depois que terminei de dizer essa última frase,
Helen me abraçou e começou a chorar. Como relembrei
do acontecimento com a minha família, desatei a chorar
com ela.
Eu não sou aquele pessoa fria e forte que tento
desesperadamente passar para quem eu convivo. Sou
humana, tenho sentimentos escondidos, e vai chegando um
ponto que não consigo segurá-los. E este foi um desses
momentos, onde que com simplicidade Helen fez com que
eu entendesse que a vida é feitas de momentos dos quais
nunca esqueceremos, mas que as lembranças boas sempre
existirão em nossos corações, e que por mais que nos
façamos de fortes a maioria do tempo, um dia nossos
sentimentos irão transparecer e mostrar o quão
vulneráveis somos perante à vida.
— Não quero que meu filho veja que eu estou
chorando, e nem que fiz você chorar Bella. Vamos ficar
mais um pouco aqui, por favor.
Não tinha problemas em Jake saber que eu havia
chorado, mas ela ainda lutava para que alguns sentimentos
não fossem demonstrados na frente do filho, e acatei seu
pedido.
Ficamos no quarto olhando os pertences dos dois
enquanto ela conversava comigo sobre algumas manias
deles. Podia dizer que estava feliz com o modo com que
ela contava as histórias. Vocês sabem como são as mães
não é? Sempre adoram contar as coisas que os filhos
aprontam.
Voltamos ao local onde todos se encontravam.
Pelo jeito Helen queria falar mesmo comigo, pois fez a
filha terminar o resto dos afazeres. Mas não achei ruim.
Na verdade gostei bastante desse tempinho que passamos
juntos.
Quando estávamos jantando vi que Jake havia
perdido aquele medo inicial de encarar a família. Ele
estava alegre e conversava bastante com os pais e com
Harrison, o namorado da sua irmã. Já eu tagarelava com
Sofia, ela gostava muito de falar, e eu também, então em
pouco tempo demos certo uma com a outra.
Helen ainda estava bastante emocionada em ver o
filho. A todo momento perguntava como andava sua vida,
se ficava doente com frequência, coisas de mãe super
protetora. De vez em quando Jake me olhava com uma
cara de surpresa, acho que nem ele imaginava que essa
visita seria desse modo.
Após o jantar, me despedi de todo mundo com a
promessa que voltaria mais vezes. Na verdade eu queria
que isso acontecesse, não sei bem, mas a família de Jake
me cativou, gostei de cada pessoa de um jeito diferente, e
foi isso que me fez querer voltar.
Mas o dia não havia acabado, ainda teria uma
festinha a dois...
CAPÍTULO 16
"É tão bom ter um momento que
podemos esquecer de tudo à nossa volta..."

BELLA

Em vários momentos quando estava com Jake no


carro nos olhávamos e riamos. A visita à sua família havia
sido excelente, pra não dizer perfeita.
— Vamos fazer algo diferente, que tal? — Sorria
para ele como uma criança que esperava algo de bom
acontecer em alguns instantes.
— Diferente como Bella?

— Algo impensado, sei lá. Estava tão tensa ao


conhecer sua família, preciso liberar minhas energias.
— Já sei de algo para fazermos então...
Ele me deu aquela olhadinha safada que me
deixar maluca de desejo e tesão por seu corpo. Mas...
queria me divertir antes com outras coisas.
— Ah, isso vai acontecer, daqui a pouco. Mas
agora estou com desejo de algo diferente.
— Você e seus desejos. — Jake começou a rir.

— Ahvai. — Massageei sua perna. — Já que somos


namorados por um dia, vamos fingir até meia noite.
Jake começou a rir e balançar a cabeça.
— Tudo bem. Te devo um favor pela visita na casa
dos meus pais.
— Deve mesmo, e cobrarei ele agora.

— Pode pedir. Farei o possível para que seja


atendida.
- — Quero ir ao parque de diversões que chegou
na cidade semana passada.
— Parque de diversões? — Sua face demonstrava
espanto com o que havia acabado de ter dito.
— Urhum. Por quê? Tem medo de altura?
— Comecei a rir.

— Posso ter. — Ele disse sério e um pouco sem


graça também.
— Está brincando Jake?! — Agora havia sido a
minha vez de ficar surpresa dele mencionar essas
palavras.
— Até certo altura não tenho, depende muito
Bella.
— Ahnão. Quero ir nos brinquedos mais radicais
possíveis. Você me desanimou. — Fiz meu biquinho
característico de desânimo.
— Ei. — Ele passou alguns dedos em meus
lábios. — Nada de desanimar. Nós iremos sim, e vou com
você em todos que tiver vontade de ir.
— Mas...

— Nada de mas, nem meio mas. — Ele me


interrompeu.
—E se você der um "treco" lá? Um homem grande
desse jeito não vou conseguir segurar, muito menos levar
para casa.
— Relaxa Bella! Posso até ter medo de altura,
mas nesse caso é seguro.
— Sério? Se quiser vamos em outro lugar.

— Mas que mulher...

— Se me chamar de cabeça dura não tem festinha


a dois depois daqui. — Disse o fuzilando, mas não brava,
estava me divertindo com essa situação.
— Eu?! Jamais diria essas palavras.
— Falso.

Começamos a rir e por fim decidimos ir ao


parque.
Ao chegarmos lá, notamos que o parque de
diversões montado em nossa cidade era relativamente
grande. Havia pelo menos uns vinte brinquedos.
Fomos a bilheteria comprar os tickets. Reparei
que havia uma quantidade considerável de pessoas, em
sua maioria adolescentes e crianças.
Após comprarmos os bilhetes nos encaminhamos
para a fila do Big Tower, um dos brinquedos que sempre
tive vontade de ir, mas nunca havia oportunidade. Ele é
um brinquedo de queda livre, ele sobe, sobe, sobe e...
despenca. É, acho que é uma descrição resumida dele.
Mas o que mais me chamou a atenção era Jake
olhando as pessoas subindo e gritando ao descer, eu podia
jurar que ele estava com medo. E esse brinquedo nem era
tão radical assim no meu ponto de vista.
— Gente, um homem desse tamanho com medo de
altura. Ainda não acredito. — Interrompi seus
pensamentos enquanto olhava o brinquedo.
— Você está impossível hein! — Ele dizia
balançando a cabeça e suspirando, nitidamente
preocupado.
— Somente surpresa.
— Vou te provar que não tenho tanto medo.
— Quer que eu segure sua mão?

Comecei a rir.
— Vem cá.

Ele me segurou e fez cócegas em meu corpo. Suas


mãos fortes não deixavam eu desvencilhar-me dele.
Estava chorando de tanto rir. O pessoal da fila começou a
rir da situação embaraçosa que Jake fazia eu passar, mas
ele não estava nem aí.
Realmente, este dia está sendo atípico. Não
trocaria nada no que está acontecendo hoje com nós dois,
em minha visão tudo está correndo perfeitamente.
— Pare com isso Jake! — Lágrimas saiam do meu
rosto devido a maneira com que eu estava gargalhando.
— Agora você vem com gracinha de pára Jake
não é?
— Você me surpreende, não tenho culpa dessas
coisas que acontecem entre nós dois.
Depois que finalmente conseguimos usufruir do
brinquedo fomos andar um pouco pelo parque. Jake se
portou muito bem neste primeiro brinquedo radical, e
ainda fez piadinha dizendo que se morresse iria me
atormentar se houver uma outra vida.
Nossa noite estava ficando mais interessante a
cada hora que passava. Comemos pipoca, amendoim,
maçã do amor e várias outras coisas.
Não nego que em um primeiro momento achei que
Jake não iria se divertir, principalmente por causa do seu
medo de altura, mas não, muito pelo contrário, ele me
acompanhou em todos os brinquedos que tive vontade,
principalmente nos mais radicais deste parque como era o
caso do Extreme, Kamikaze e uma Montanha Russa.
Nossa visita ao parque chegava ao fim.
Estávamos indo em direção a saída, mas não sairia antes
de dizer o quanto sua companhia havia me feito bem.
— Eu me diverti bastante com você Jake. — Disse
por fim.
— Eu então nem se fala. Nunca imaginaria vir em
um parque de diversões, e nem mesmo havia passado em
minha cabeça que você gostava de brinquedos radicais.
— Amo coisas radicais.

— Bom descobrir certas coisas suas, não vou


negar. Você é uma caixinha de surpresas.
— Tem muita coisa para descobrir sobre mim
ainda, tenho certeza que ainda não viu nada!
— Tudo bem. E agora... — Ele chegou mais perto
de mim, e seu cheiro já me dava vontade mordê-lo,
abraçá-lo e beijá-lo. — Que tal uma adrenalina à dois? O
que acha?
— Hm. Não sei o porquê, mas adorei sabia?
— Então vamos. Meu amigo aqui de baixo está
pedindo atenção.
— Jake! — Ri com a situação espontânea.

— Pode parar! Nem me venha com essa cara de


santinha e de surpresa, existem certos hábitos que nunca
morrem.
— Pensei que esse Jake mais calmo e sereno não
falava esse tipo de coisa, não mais.
— Que tipo de coisas?

— Sacanagens.

— Ahfalo, e como falo. E ainda faço. Nisso não


mudei em nada, até piorei depois que te conheci. — Ele
fez aquela carinha de safado que adorava.
— Estou vendo.

— Vamos pra minha casa ou para a sua?


— Tanto faz, indo com você.

— Hoje você será tratada como uma rainha... na


minha casa.
— Como uma rainha? — Eu o olhei confusa.

— Sim, faremos sexo como você fosse minha, até


porque... você hoje é minha namorada por um dia. Que
tal?
—É algo novo, mas a dorei a ideia.
***

Confesso que fiquei apreensiva quando Jake me


disse que eu seria tratada como uma rainha, ninguém
nunca havia me falado esse tipo de coisa, mas queria
saber como seria isso.
Resolvi de última hora que iríamos para minha
casa. Queria lhe mostrar umas coisinhas, Jake não relutou.
Em minha cabeça havia demorado uma eternidade
para chegarmos, mas enfim chegamos em meu
apartamento.
Aquela vontade de tê-lo conectado ao meu corpo
já era dilacerante.
— Vem cá. — Jake me chamou.

Fui em sua direção e ele me abraçou ternamente e


me deu um beijo na testa. Jake estava mais carinhoso que
o normal, e estava com um sorriso estampado em seu
rosto a todo o momento.
— Você sabe que gosto da sua cara de lerdo e
safado em vários momentos não é?
— Claro que sei. — Ele foi enfático.

— Quero te dizer que também gosto da maneira


que está me olhando agora. Gosto dessa mistura desses
dois lados seu.
— Não sou somente bruto Bella, em certos
momentos sei ser carinhoso e atencioso. E hoje é esse
dia. — Jake fazia carinhos em meu rosto.

— Por que está falando essas coisas hoje? Está


muito romântico...
— Isso é ruim? — Ele se assustou.
— Não acho que seja ruim, eu gosto. Só não estou
acostumada vindo de você?
— Entendo. Você terá os dois lados do Jake
sempre que quiser, que tal?
— Quero! — Disse rapidamente.
Jake me pegou no colo, para minha surpresa. Ele
me olhava diretamente nos olhos, notei um brilho intenso
emergindo do seu cenho, estava ansiosa pelo que viria,
pois nunca fui de me relacionar com homens carinhosos
em excesso, na verdade eu nem gostava, mas esse homem
sendo Jake me deixava feliz e com vontade de que ele me
mostrasse esse seu lado.
Ao me colocar na cama ele veio por cima de
mim, ainda de roupa, e me beijou os lábios de uma forma
suave, mas decidida. Minhas mãos passeavam nas suas
costas e em seu pescoço enquanto nossos lábios se
encontravam.
Momentos depois Jake me colocou de pé e retirou
meu vestido olhando atentamente meu corpo, estava sendo
despida literalmente pelo seu olhar. Estava com a lingerie
branca neste dia e ele olhava maravilhado o meu corpo,
como se nunca tivesse o visto.
— Fico de caracomo você é gostosa Bella! Como
esse seu corpo é perfeito aos meus olhos. Você não tem
noção de quanto fico duro somente ao olhar você, consigo
te foder só com o olhar. — Ele dizia claramente
maravilhado.
— Você merece o melhor de mim. — Disse
enquanto virava de costas pra ele, de modo que seu pênis
roçava em minhas nádegas. Queria senti-lo duro para
mim, somente pra mim.
— Meu pau tem vida própria quando te vê, não
consigo controlar nada. Enquanto ele não entra em sua
bocetinha não fico sossegado.
—É sério? — Eu sussurrava baixinho.

— Muito.

Saí do seu alcance e fui em direção ao banheiro


da minha casa e deixei Jake em meu quarto com o pênis
duro como pedra.
Eu estava tramando algo? Claro...
Ao retornar ao quarto, fui em direção a uma
gaveta que ficava do lado oposto da minha cama e peguei
um óculos.
— Como você adivinhou? — Jake mordeu os
lábios a alguns metros de distância de mim.
— Adivinhei o quê? — O provoquei.

Jake veio em minha direção com um olhar safado


e decidido.
— Sempre quis comer alguma mulher com um
batom vermelho e óculos.
— Hm, quer dizer que tem alguns fetiches?
— Colei meu corpo no dele.

— Sim, tenho alguns, com o tempo irá descobrir.


Coloquei a mão por dentro da sua cueca, queria
sentir seu pau pulsar em minhas mãos.
— Bella... esse é o momento de te dar prazer, te
tratar como uma rainha, mas você está me provocando.
— Não sabe como quero colocar minha boca
nesse pênis grosso e grande, chuparei ele todinho.
— Não estou aguentando ver você com essa batom
e óculos, puta que pariu!
Jake estava de roupa, mas abri o zíper da sua
calça jeans e tirei seu pênis para fora da cueca, ele já
estava grande e duro como antevi.
— Seu pênis além de tudo é lindo sabia? Ainda
mais com essa pinta que você tem nele, me dá mais
vontade de chupá-lo e provar do seu gosto.
—É todo seu. Faça o que quiser dele.

Dito isto fiquei de joelhos e o segurei pela base.


Instantes depois coloquei uma parte bem pequena na boca,
seu pau era enorme, não conseguia que minha boca o
preenchesse por completo.
Jake forçou minha cabeça para que eu tentasse
engolir seu pau todinho, eu sabia que não iria até o fim
dele, mas vendo seus olhos revirarem fez com que eu me
esforçasse mais ainda por tê-lo preenchendo minha boca.
— Ele émuito grande, não consigo colocá-lo todo
em minha boca. — Eu disse mordendo os lábios como uma
menininha indefesa, mas ao mesmo tempo safada,
ansiando por mais.
— Você vai engolir minha porra toda quando
gozar está me ouvindo?
— Cada gota. — Sibilei.

Comecei a engolir seu pau. Nada muito rápido,


mas nada muito lento. Estava na medida certa para que ele
enrijecesse da maneira que eu ansiava. Só que não durou
muito, acho que Jake levou muito a sério essa parte de me
tratar como rainha e fez eu parar.
— Vem cá meu bem. Promessa é promessa!

Jake me botou sentada em cima da mesa que havia


em meu quarto e afastou bem minhas pernas.
— Olha o que vai fazer o com essa boca gostosa.
— Eu dizia afagando seus cabelos.
Instantes depois ele mergulhou sua língua gostosa
em minha vulva e começou a chupar incessantemente
minha vagina. A todo momento comprimia sua cabeça
contra meu sexo, queria que ele me provasse por inteira, e
queria já!
Jake passou suas mãos sobre meus seios e forçou
minha barriga para baixo, de modo que eu deitasse sobre
a mesa.
Abri minha pernas o máximo que consegui,
precisava do seu toque, precisava ser dele por inteira, o
queria, como queria...
— Como é bom chupar essa sua bocetinha Bella.
Ficaria provando seu sabor hoje o dia inteiro, quero você
toda pra mim, e agora!
— Sou toda sua Jake, faça o que quiser comigo.

Dito isto, Jake começou a me penetrar com alguns


dedos enquanto estimulava meu clitóris com a língua.
Meus olhos reviravam a cada instante de prazer que me
era concedido. Não podia acreditar que Jake era tão bom
no que fazia a ponto de eu pensar que só ele me bastava.
O sexo oral continuou por mais alguns minutos e
meu corpo já cobrava seu pênis dentro de mim. Jake
percebeu e me botou em pé contra a parede, e brincando
deslizou seu pênis entre as minhas duas entradas.
— Estou na dúvida meu amor, onde colocar, eis a
questão... — Ele dizia colado no meu ouvidinho. Isso já
me fazia estremecer por dentro.
— Coloque onde quiser, meu corpo vai engolir ele
por completo.
Tomei um tapa bem dado em minhas nádegas.
— Safada gostosa!

Jake colocou a glande do seu pau em minha


vagina, e gemi ao sentir que a espessura dele me levava
ao paraíso mesmo sem me preencher por completo.
Jake começou a me penetrar de forma lenta. Ele
deslizava a mão direita do meu pescoço até meus seios, e
com a outra mão ele segurava meu queixo, estava imóvel,
completamente presa por suas mãos fortes.
Um homem desse tamanho me firmando contra a
parede me mostrava que não havia escapatória, a não ser
sentir o que me era concedido, e pedir por mais...
Momentos depois Jake me prensou perto da
mesinha que ficava no recinto. Ainda não tínhamos contato
visual, mas estava adorando o jeito que ele me fodia,
queria mais na verdade.
— Farei diferente agora.

Jake fez eu colocar minhas mãos na extremidade


da mesa, fiquei em uma posição de 45 graus. Percebi que
ele queria brincar com meu sexo.
— Agora será penetrada em dois lugares meu
bem.
Habilmente Jake colocou seu pau em meu ânus
enquanto colocava dois dedos dentro da minha vagina. A
outra mão estava firme segurando meu cabelo comprido.
— Rebola vai, me deixa entrar todo em você sua
gostosa!
Não nego que a sensação que estava no momento
era maravilhosa. Mesmo tendo um ardor em meu ânus,
estava adorando ser fodida pelo seu pênis e pelo seus
dedos.
— Isso Jake, continua, não para não!
Gemia, gritava, estremecia por dentro, e engolia
todo seu membro enquanto ele estocava firme.
Além de me estocar, me foder com dedos e puxar
meus cabelos, Jake ainda conseguia morder minha orelha
e murmurar palavras que me deixavam excitadas a cada
momento que passava. O sexo com ele não era bom, era
excelente...
Ficamos nessa posição por poucos minutos, mas
atingi um orgasmo intenso como nunca havia conseguido
atingir com ninguém. Além de ter sido o orgasmo mais
rápido que tive fazendo sexo, ainda foi o mais gostoso que
eu tinha lembrança.
— Ahhh. — Choraminguei com as pernas bambas .
— Jake, te quero só pra mim.

— Você já me tem, todinho seu. — Ele beijou meus


lábios. — Mas ainda não terminei com você.
Quando ele disse essas últimas palavras ele
literalmente me jogou na cama. Após esse momento ele
veio por cima de mim e começou a penetrar minha boceta,
eu era uma marionete nas suas mãos. Não conseguia
pensar em nada além de querer ser completamente tomada
por ele.
Jake levantou minhas duas pernas ainda deitada,
fiquei de um jeito que ele conseguia livre acesso para
beijar meu corpo e minha boca, e isso que ele fez. Além
de me penetrar a todo momento ele se deliciava com meu
corpo.
— Me desculpe não te tratar como uma princesa,
mas quando olho seu corpo e sua boceta, a única coisa
que penso é em te foder como um animal. — Ele dizia com
os olhos brilhando.
— Não se preocupe, adoro ser tratada como uma
escrava.
Após dizer essas palavras a penetração ficou
frenética, e eu sentia na pele a sagacidade e a brutalidade
que ele me tomava pra si. Jake agora segurava um de meus
seios enquanto sua boca tomava o outro. Ele me deixava
nas nuvens.
— Vou gozar Bella!
— Vamos meu bem, goze pra mim, vai.
Jake urrou por alguns segundos e seus olhos se
fecharam por instantes quando o prazer atingiu seu corpo.
Após este seu momento ele se deitou na cama
extasiado. Vi um sorriso sincero se formando em seu
rosto. O sexo havia sido proveitoso para os dois.

***

Estávamos pelados e abraçados em minha cama,


quando tomei coragem para falar algo para ele.
— Quero te pedir uma coisa. — Estava com medo
de dizer isso da forma que diria.
— Claro meu bem, tudo que quiser. — Ele disse
sorrindo enquanto passava os dedos em minha face.
— Quero você exclusivo para mim.
— Hã? Como assim? — Ele ficou um tanto quanto
surpreso.
— Não é bem um namoro, mas quero que fique só
comigo por algum tempo. Sinto que você já me basta Jake,
quero tentar entender o que sinto em relação a você, a nós
dois...
Não sabia qual seria sua reação depois de dizer
siso, mas um sorriso estampou seu rosto quando terminei
de dizer essas palavras.
— Eu também a quero só pra mim. — Ele me
beijou. — Vamos fazer esse teste por um tempo.

— Vamos. — Disse sorrindo.


CAPÍTULO 17
“Nosso corpo deseja o proibido, o problema é
que o proibido às vezes é perigoso...”

JAKE

Uma sensação estranha percorreu meu corpo. Não


sei bem o que é. Sabe aquele sentimento de perda, de algo
que acontece pela última vez? É muito estranho isso que
senti.
—O que foi? Você está muito pensativo. — Bella
estava agarrada em meu corpo enquanto estávamos nus na
cama.
— Nada. Só pensando um pouco nessa coisa
doida que acontece com a gente. — Menti.

—É algo maluco mesmo. Mas eu gosto disso. Nós


dois nos damos prazer, mas sem compromissos com algum
tipo de relacionamento, por isso estamos nos dando tão
bem.
Ou nem tanto.
Sempre que Bella falava na palavra
relacionamento algo doía em meu peito. Sei que a culpa
não é dela de falar desse modo, ela está fazendo o certo
em não criar expectativas sobre mim, que sou sexo casual,
entre outras coisas. Mas e eu? Bem, não estou ajudando
em nada. Eu... estou gostando dela, pensando nela,
querendo ela só pra mim. Isso não está certo, não pra
quem vive do modo que vivemos.
— Pensa em ter um relacionamento sério daqui
quantos anos Bella? — Toquei neste assunto novamente.
— Na verdade nem penso!

Outra patada em meu peito, mesmo que sem


querer por parte dela.
—E você?
— Também não penso nisso. — Era a segunda
mentira que eu dizia em menos de um minuto. — Você se
sente à vontade em falar sobre os seus pais? — Mudei de
assunto.
— Sim. Por quê?

— Não é nada, é que você nunca mencionou nada


sobre eles. Achei que não gostasse de tocar nesse assunto.
— Não vou mentir, é algo que ainda me dói, e que
não falo com muitas pessoas.
— Entendo. O dia que se sentir à vontade saiba
que pode confiar em mim, digo... se quiser se abrir com
algo, ou falar sobre eles. Mas não quero que se sinta
obrigada.
—E porque eu me sentiria obrigada Jake? — Ela
me olhou nos olhos agora.
— Pois te contei o que me atormenta, e creio que
sabe de praticamente tudo agora.
Quase tudo, pensei comigo.
— Bem que você poderia ter me dito que você e
Fabrízio eram gêmeos não é?
— Achei irrelevante. Se um Jake já dá trabalho,
imagina você sabendo que houve dois? — Comecei a rir.

— Mas vocês eram muito iguais? Digo, pela


aparência é claro que eram semelhantes, mas estou
falando sobre as coisas que conversavam, os lugares que
iam juntos, os desejos profissionais, essas coisas.
— Teoricamente sou o irmão mais velho, com
alguns minutos de diferença. Então, não sei se por isso,
meu irmão tinha um respeito além da conta por mim, por
vezes eu até estranhava, ele me tratava como se eu tivesse
no mínimo uns 5 anos a mais que ele.
— Sério? — Ela parecia surpresa com minhas
palavras.
— Sim. — Comecei a gargalhar. — Meu irmão era
uma peça. Pedia conselhos toda hora pra mim, logo pra
mim! — Dei ênfase na última frase.
— Meu Deus! Coitado!

Rimos.
— Íamos praticamente em todos os locais juntos.
Não vou negar que meu irmão se parecia bastante comigo
em relação a desejos... se é que me entende. Era
mulherengo igual eu. O que mais nos diferenciava era a
questão de sonhos profissionais, ele queria ser arquiteto.
— Realmente vocês eram bastante apegados.

— Sim, até demais.

O silêncio preencheu o quarto por alguns


segundos, mas mesmo assim estava gostando de ter essa
conversa com Bella. É bom desabafar em determinados
momentos, contar para as pessoas que você confia sobre
certas coisas.
Em pouco tempo de convívio eu já confiava em
Bella para que eu me abrisse mais a cada dia que passava,
e estava me fazendo bem.
— Passei por muitos problemas quando perdi
meus pais. — Ela disse depois do tempo que passamos em
silêncio. – Não sei bem o porquê, mas eu perdi a
confiança nas pessoas.
— Confiança?

— Sim. É estranho, eu sei. Mas algo dentro de


mim mudou, e não consegui mais aquela coisa de
depositar outros sentimentos nas pessoas. Por isso no
fundo acho que sou fria. Acho que o medo de perder
alguém que pode entrar em minha vida me fez assim.
— Não te acho fria Bella!

— Mas eu sou Jake. Eu mudei muito depois de


tudo que ocorreu, e sei que não foi uma mudança boa. Em
vez dos meus sentimentos bons aumentarem, o que
realmente aconteceu foi que os sentimentos ruins
cresceram em iguais proporções que os bons. A raiva, a
dor, o pânico, e principalmente o medo.
— Do que tem mais medo?

Ela parou por alguns instantes olhando fixamente


para mim, me parecia estar lutando contra algo lá no
fundo, pensando se era o certo me contar o que tanto
martelava em sua cabeça.
—O que tenho mais medo é me apegar a alguém.
Após ela dizer essas palavras olhei bem no fundo
dos olhos dela e sorrindo disse: — Nisso somos iguais
Bella, só há um problema... — Ela me olhou desconfiada.
— Já me apeguei a você.

***

No dia seguinte ao qual dormi com Bella,


combinei de me encontrar com Murillo no meu horário de
almoço. Trabalhávamos perto, então seria fácil vê-lo.
Queria falar a verdade para ele, sei que vou ouvir
um monte, mas precisava desabafar e dizer que estava
realmente gostando de alguém.
Quando o vi não titubeei e fui logo dizendo:
— Vou te contar algo, mas não pense em fazer qualquer

tipo de gracinha se não parto sua cara. — Fui enfático.


— Também preciso te dizer uma coisa Jake.
— Murillo dizia embaraçado.
— Me diga primeiro então.

Depois de me fitar intermináveis segundos ele


disse.
— Estou namorando. Não poderei ser seu parceiro
de farra! — Ele parou. — Eu sei Jake, a coisa desandou... e
ela acabou sendo pra mim o que tentei encontrar na
maioria da mulheres que fiquei ultimamente.
Fiquei sem reação. Não esperava Murillo me
dizer isso, logo ele...
— Diga alguma coisa Jake, ou melhor, me xingue,
sei que você está doido para falar um monte pra mim.
— Meus parabéns, espero que sejam felizes.
— Me limitei a dizer.
— Como é? Meus parabéns? É sério isso?
— Espanto o definia, sabia que essa seria sua reação.
— Sim. Quero que seja feliz.

— Espera aí, deixa eu entender o que está se


passando aqui... você está achando que eu estou brincando
com você não é? — Ele me olhava perplexo.

— Não acho que está brincando. Ou está?

— É... mas... não sei, ou melhor não entendo sua


reação. Nas únicas duas vezes que falei de relação pra
você... — Ele parou.

— Eu o quê?

— Surtou, faltou me bater falando que as mulheres


que saímos querem curtir igual nós, que não sei o que, bla
bla bla.
— Eu mudei.

— Você? — Ele começou a gargalhar. — Conta


outra Jake.
Depois dele ver em meu semblante que não estava
rindo, ou melhor, que na verdade estava sério até demais,
ele me perguntou de um maneira séria: — É sério isso
Jake?
— Sim. Por isso lhe disse que queria te dizer algo,
e tem a ver com o que me disse.
— Pera aí... você está namorando? Não acredito,
você está namorando. Namorando, você namorando...
— Para de ficar repetindo essa palavra. E não,
não estou namorando!
— Então para de me deixar confuso e vai direto
ao ponto, merda!
Olha isso! Murillo bravo comigo e falando alto,
olha a que ponto cheguei em minha vida... mas não estou
nem aí, na verdade estou contente demais pelas coisas que
estão acontecendo no meu cotidiano.
— Estou gostando de verdade de alguém! Pronto!

— Que gracinha, Jake está apaixonado, que fofo!


Agora sim ele estava me irritando, principalmente
com essa “voz manhosa” que ele disse essa última frase.
— Você está doidinho pra apanhar não é? Por
acaso eu te zoei por estar namorando?
— Não, mas só não o fez pois está que nem eu:
gostando de alguém.
— Não importa. Só espero que entenda.

— Ainda tenho minhas dúvidas.

— Não sei porque teria, não confia em minha


palavra?
— Se passasse uma gostosa aqui e te desse bola, o
que faria? — Ele ignorou minha pergunta.

— Não vou mentir, não sei qual seria minha


reação. Mas sinto que Bella me basta!
Merda! Eu disse o nome dela, não era pra ele
saber, droga!
— Opa! Bella?! Essa não é aquela que... ah,
lembrei! Amiga da Marcelle, a moça que dei uns pegas
aquele dia no Boom Bar.
Puta memória do caralho essa dele!
— Meu Deus...

— Agora sim eu vi valor Jake, ela é gostosa pra


cara...
— Quer apanhar? — Cheguei mais perto dele.
— Ops, foi mal.

— Foi péssimo! — Olhei irritado pra ele.

— Agora terei que me controlar quando for


mencionar ela.
— Sim, e muito. Há algumas coisa no velho Jake
que ainda não morreram, e nem irão morrer.
— Tipo bater nas mulheres?

Começamos a rir.
— Lucas te contou que algumas mulheres me
achavam bruto?
— Sim, ele usou outra palavra, mas não me
recordo no momento.
— Agressivo.

— Isso, esta mesmo.

— Mas não me importo, como disse a ele,


algumas gostavam.
—E Bella gosta?
Olhei pra ele com uma cara de poucos amigos.
— Ah, me desculpe Jake. Eu esqueci que agora ela
é um assunto proibido.
— Não é proibido, mas é melhor você parar de
falar desse jeito, pois estou vendo que do jeito que as
coisas estão, nós dois iremos parar na delegacia.
— Certo, não quero ter que te dar uma surra meu
amigo. — Ele me olhou me desafiando.

— Tenho 1,90m, já pratiquei vários tipos de lutas,


e peso 90 kg. Vejamos você... 1,75m no máximo, chassi de
grilo e nunca lutou nada na vida. É meio lógico o que
aconteceria não é?
— Que se dane, não me rotule.
Murillo é uma peça mesmo, é um amigo palhaço
que não tem freios na boca. Só não sei se isso é bom.
— Vou embora. Tenho duas cirurgias para fazer
hoje, não vou ficar perdendo tempo com você. Só uma
última coisa que esqueci de avisar. — Dei uma olhadinha
sinistra em sua direção.
— Diga.

— Mande um beijo bem gostoso pra sua


namorada, na boca. E fale que foi eu que mandei. — Dei
uma piscadinha pra ele.
— Seu maldito. — Ele deu dois passos em minha
direção.
— Que bom que agora viu como me senti quando
falou de Bella, até mais nervosinho.
Deixei ele lá, não antes de me virar por um
momento e ver sua expressão séria se tornar a de alguém
sorridente. Ele entendeu o recado, tenho certeza que
pensará duas vezes quando tocar no nome de Bella!

***

Bella! Bella! Bella! Só dá essa mulher em minha


cabeça! O que está acontecendo comigo meu Deus?! Estou
realmente apaixonado ou minha cabeça está tentando me
pregar uma peça? Preciso descobrir o que fazer para
resolver este problema. Não posso estar assim
perdidamente apegado a uma pessoa que conheço a
poucos meses.
Preciso fazer algo, mas o que faço? Como vou
descobrir se realmente gosto de Bella a ponto de não ter
vontade de me envolver com ninguém?

Merda!
— Algumas fumaças estão saindo da sua cabeça
gostosão.
Era aquela dentista que me tirava o ar. Vai ser
gostosa assim lá na puta que pariu. Estávamos na
recepção da clínica, mas só a notei agora.
— Problemas. — Disse tentando desviar o olhar
dela, o que era muito difícil, ainda mais com aquele
jaleco apertadinho que ela usava.
— Uma massagem ajudaria nesse momento. — Ela
disse sorrindo, claramente se insinuando para mim.
— Depende hoje será a massagem. — Olhei
decidido em seus olhos.
Ainda havia alguns resquícios do Jake antigo em
mim. E tem outra coisa: ela sempre me provoca, está na
hora de revidar um pouco.
— Hm, isso pode ser bom sabia?! — Ela mordeu
os lábios.
Estou tão ferrado que nem sei explicar. Mas três
perguntas sem resposta martelavam em minha cabeça: Por
que estou com medo? É certo isso que estou pensando?
Por que me parece que estou traindo Bella se nem ao
menos estamos namorando?
São tantas coisas que brotam em minha cabeça
que não consigo focar em uma única coisa. Mas dane-se,
farei o que me dá vontade. Se ela quer me provocar tudo
bem! Mas quero ver aguentar a pressão!
— Você me atiça desde que veio trabalhar aqui, e
confesso pra você que até estou tentando levar numa boa,
mas não gosto de ser provocado nem um pouco.
— Alguma pessoas que tem probleminhas não
gostam de ser provocadas, é normal... — Ela deixou no ar
essa frase.
— Probleminhas?

— Sim, autoconfiança. — Ela fez uma cara de


desapontada, claramente tentando me deixar constrangido,
e ao mesmo tempo se passando por vítima.
— Estranho... nunca pensei ter problemas com
autoconfiança.
— Mas tem, infelizmente.
— Acho que não, posso provar a você que sou
confiante até demais.
— Duvido.

Mas que mulher... provocante. Está doida para me


ter, mas não abre mão de "estar por cima" a todo
momento. Resolverei isso...
— Te provo hoje ao sair do trabalho. Ou vai dar
para trás?
— Eu... — Ela parou. — Você acha...

— Só me responda, pois geralmente quem fala


muito faz pouco, e você conversa demais. — Não deixei
ela terminar a frase e disse com autoridade.
— Minha casa...

— Eu sei onde mora. — A interrompi de novo.

— Hm. — Ela sibilou. — Me busque as 20 horas.


Iremos para algum lugar para conversarmos.
— Combinado.

Sabia que no fim das contas iria para o motel com


ela, mas como ela gosta de joguinhos, vamos ver até onde
ela vai.
— Quero ver do que é capaz.

— Irei lhe mostrar.


Fui para minha casa com a consciência pesada.
Não era pra estar desse modo. Não estou traindo ninguém,
pois não estou namorando. Quer dizer... na verdade havia
prometido a Bella que ficaríamos somente um com o outro
durante algum tempo para vermos o que é isso que a gente
sente um pelo outro. Mas mesmo assim... ah, sei lá.
Será que fui burro em ter caído nos joguinhos de
Jeniffer?
Agora terei que resolver outro impasse em minha
vida. Sei que o que sinto por Bella é real, mas no fundo
preciso saber se consigo transar com outra mulher tendo
esse sentimento no meu peito.
Posso soar egoísta, safado, ridículo, mas o que eu
sei é que nunca me apaixonei, e iria até as últimas
instâncias para saber se o que sinto por Bella é paixão de
verdade...
CAPÍTULO 18
“Há vários caminhos em nossa vida,
alguns deles são necessários percorrermos...
mas doídos”

BELLA

Não havia dúvidas por minha parte que o que


sentia por Jake havia se tornado grande ao ponto de
repensar várias coisas a respeito da palavra
relacionamento.
Assumi para mim mesma que preciso de carinhos
e cuidados. Chega de ficar pulando de galho em galho em
minha vida, quero viver intensamente com alguém, e quero
que seja com Jake.
Eu... gosto dele. É simples isso que estou
dizendo, mas pra mim é um passo enorme. Logo eu que
odeio a palavra relacionamento estou cogitando ter algo
mais sério com alguém. O problema é que ainda não sei
como funciona a sua cabeça, pior, não sei o que realmente
ele pensa sobre nós dois.
Ontem havia sido tão diferente quando fizemos
amor. Coisa típica de mulher ficar pensando essas coisas
que estou refletindo agora! Parecia que éramos um casal
de namorados.
Começou pelo sexo, bem diferente do habitual,
mas que não deixou nada a desejar. Foi estranhamente
gostoso transar com ele de forma mais calma e o olhando
nos olhos em determinados momentos, isso não era
costumeiro. Depois de tudo ainda veio a parte da
conversa mais que espontânea que tivemos. Aquilo foi o
ápice para mim! Me senti querida, cuidada. Vi em seu
semblante que ele estaria ao meu lado para superar meus
medos, pois também tenho vários receios a respeito da
vida, na verdade, a respeito de tudo que me cerca.
Não acredito que irei falar isso, mas se Jake me
pedisse em namoro naquele momento eu aceitaria sem
pensar duas vezes. A segurança e a paz que ele está me
transmitindo nestes últimos tempos chega a ser estranha,
ainda mais vindo de uma pessoa tão machucada quanto
ele.
Sei que não dei abertura para ele. Quando ele fala
da palavra relacionamento, não entendo bem se sua
vontade é evitar que nós dois tenhamos algum tipo de
relação, ou se ele está procurando uma brecha para falar
sobre essa questão.
Não posso afirmar nada, pois Jake me
surpreendeu muito até hoje, tanto negativamente quanto
positivamente. Só que no momento, minha surpresa em
relação a ele está sendo somente positiva, e é isso que me
faz pensar sobre um futuro junto com ele.
Estava em casa, era sexta feira mas não estava
com a mínima vontade de sair, ao contrário de Marcelle,
que havia me ligado doze vezes, mas não atendi em
nenhuma oportunidade. No fim sabia o que ela queria.
Não acho justo com a minha amiga deixar ela no
escuro, sem saber de nada. Mas não sei bem qual seria a
reação dela ao dizer que eu quero ficar mais quieta, pior
ainda, dizer toda a verdade.
Depois dos trinta minutos mais longos da minha
vida pensando no que iria falar, resolvi retornar à sua
ligação.
A parte mais difícil do meu dia seria contar a
Marcelle que eu estava gostando de alguém, e o queria
como meu.
Conversamos por alguns minutos por telefone, e
ela disse que viria aqui em casa às 20 horas, e eu estava
preparando meu psicológico para contar a verdade a ela.

***

—O que há com você Bella? Ultimamente anda


toda desanimada, não estou te entendendo amiga. — Ela
me olhava com aquela cara de preocupação característica.
— Marcelle... é melhor você se sentar. — Disse
sorrindo um pouco sem graça.
— Meu Deus! Qual é a bomba amiga? Ou melhor,
qual a proporção dela? — Nesse momento ela "meio que
surtou".
— Você nem pode imaginar o que irei te dizer.

— Fala logo, estou ficando preocupada!

Pensei em várias formas de como iria contar a


ela, mas no fim das contas sabia que iria dar na mesma,
então era melhor apressar o defunto!
— Me envolvi com uma pessoa, e realmente estou
gostando dele. — Disse por fim, sem enrolações.
— Peraaí, você o quê? — Seus olhos agora
estavam esbugalhados, e posso dizer que até mostravam
um sinal de desespero.
— Isso mesmo que ouviu!

— Não posso acreditar, logo você Bella!?


— Surpresa definia ela nesse momento, e eu não sabia
como tentar amenizar a situação.
— Verdade, logo eu... na verdade ainda não estou
acreditando.
— Você tem certeza que gosta mesmo dele? Pode
ser... sei lá, uma fixação, um desejo forte, mas não
"gostar" entende? — Ela tentava de várias maneiras me
convencer que poderia ser somente uma amarração
momentânea.
— No começo pensei exatamente assim, mas
quando fui o conhecendo vi que os meus sentimentos
aumentavam com o tempo.
— Não acredito! — Ela choramingou. — Por que
não caiu fora antes que isso acontecesse amiga? E o nosso
trato de sairmos juntos até pelo menos trinta anos de
idade? Não acredito que fez isso comigo.
— Marcelle... eu sei do nosso combinado, mas
aconteceu, e eu ainda não sei o que irei fazer da vida.
— Mas espera aí, você não firmaram nenhum tipo
de compromisso?
— Na verdade evitamos de tocar nesse assunto.
— Disse por fim.
— Ué, então teoricamente você está solteira, e
pode sair comigo pra vários lugares ainda. — Seus olhos
retornaram o brilho inicial de quando eu a chamava para
sair.
— Sim. A questão é que não estou procurando
nenhum homem no momento, a não ser ele. Se você se
sentir à vontade de sair comigo desse modo, não vejo
problemas.
Pensei que falando desse modo ajudaria em algo,
mas não...
— Meu Deus Bella! Ainda não estou acreditando.
— Ela colocou as duas mãos na cabeça.

— Ah, pode parar! Deixa de drama, um dia


sabíamos que isso aconteceria, e que seria com alguma
primeiro.
— Pensei que seria eu, não nego pra você.
— Eu também. Mas foi comigo, e estou com a
cabeça bem doída pra dizer a verdade.
— Você já sabe o que sente, não precisa ficar
desse jeito.
— Esse é o problema. E se eu tiver errada?

— Por que estaria Bella?

— Nunca me apaixonei por ninguém Marcelle!


Você pelo menos sabe como é isso, já namorou por mais
de dois anos, já eu... você sabe o tempo que durou meu
relacionamento, e no fim não sentia nada por ele.
— Se envolver com alguém é algo perigoso. — Ela
foi enfática, e eu sabia bem que seria algo diferente e
arriscado.
—E você acha que não sei? Ainda mais se a
pessoa leva o mesmo tipo de vida que eu.
—O que quer dizer com isso?
— Então... lembra naquele dia que fomos no Boom
Bar, que você me viu saindo com um cara?
— Lembro sim.
—É ele.
— Jake?! — Ela deu um grito.

— Isso mesmo.

—A não, qual a piada Bella? — Ela disse


assustada, e não estava entendendo o porquê da surpresa
de ser ele. Jake é gostoso, lindo, bom de cama, entre
outras coisas. E eu já havia contado essas coisas para
Marcelle.
— Por quê?

— Ele é pior que você.


— Ei, o que quer dizer com isso? — Fiquei
confusa e sentida.
— Enquanto você sai duas vezes na semana ele sai
cinco. É mais ou menos por ai. E ainda é homem... você
sabe o que querem esses homens que saem desse tanto não
é?
— Acho que ele mudou um pouco também depois
que me conheceu. — Ignorei sua pergunta.
— Você que pensa. — Marcelle deu de ombros.

— Você está sabendo de algo que não sei?

— Não, estou dizendo pelo jeito dele. Lembra


aquele dia que você estava acompanhada com Richard
que ele chegou falando pra você ir embora com ele e tal?
— Lembro sim. Como posso esquecer? Ele me
irritou pra caramba naquele dia.
— Então, não sei se ele é do tipo que será um
"bom namorado" por assim dizer. Ele tem um jeito de
safado permanente.
"Safado permanente", essa foi boa.
— Eu sei, mas não pense isso dele. — Parei por
um momento. — Você sabe que somos iguais, quando me
dá vontade de fazer algo, eu vou lá e faço. Não posso
ficar julgando ele por ser parecido comigo.
— Não acredito que irá me abandonar amiga,
ficarei tão...sozinha. — Ele fez charminho, pra variar.
— Que exagero! Sempre seremos amigas, e no
momento que quiser sairei com você.
— Tudo bem... vai me deixar sozinha, eu supero!

— Dramática! Você tem varias amigas de farra


que sei, pode parar com essa ceninha Marcelle!
— Mas a que eu mais gosto de sair é você! Quer
dizer, gostava né...
— Não me recordo de ser tão dramática assim em
nenhum momento, sabia?!
— Ontem tomei um bolo, por isso estou assim. E
agora estou tomando outro da minha melhor amiga. Mas
não mude de assunto, você já me deixou triste.
— Meu Deus! Vem cá me dar um abraço.

Fui em sua direção e a apertei contra mim.


— Espero que um dia ache alguém que te tire da
sua estabilidade aparente em relação aos homens.
— Pisquei para ela enquanto sorria.

— Aceitar eu até aceito você arrumar algum


namorado. Mas me jogar praga é outra coisa.
Seria mais difícil do que havia pensado no fim
das contas. Marcelle estava igual aquelas crianças
necessitadas de carinho e atenção. Não sou de ter muita
paciência com essas coisas, mas com pessoas mais
íntimas eu não me importava tanto de dar uma "ajudinha"
por assim dizer.
— Eu posso aceitar você namorar com o gostoso
do Jake. Mas com uma condição. — Ela deitou em meu
colo enquanto eu passava a mão em seus cabelos.
— Pode dizer. — Relevei ela chamar ele de
gostoso, mas só porque ela ainda estava cabisbaixa.
— Vai ter que me levar nos lugares onde forem.

— Claro! Você irá em todos, inclusive quando


formos no motel.
— Adoraria. - — Ela me olhou com uma cara de
sonhadora, e sabia que em sua cabecinha ela estava
doidinha para ver Jake pelado, até porque já disse
algumas coisinha a ela.
— Você não presta sabia?!
— Hm, não prestávamos. Agora somente eu não
presto. — Marcelle ficou cabisbaixa.

— Hoje você está demais.

— Sim, e não quero que reclame, quem jogou uma


bomba em cima de mim foi você.
— Tudo bem, hoje é o "seu dia".

Nossa conversa foi até agradável, pelo menos do


meio para o fim. Pois no começo... nossa, como ouvi, meu
Deus do céu!
Minha amiga se machucou bastante em sua
primeira relação, e desde então ela botou na cabeça que
nenhum homem presta, independente de idade, cor, país,
essas coisas.
Ela me contou que havia sido traída duas vezes, e
mesmo assim perdoou o infeliz. O erro já começa ai de
perdoar uma traição, se eu estivesse namorando jamais
perdoaria. O problema é que ela deu corda pro cara, e ele
viu que podia fazer suas "festinhas" longe dela. Daí... deu
no que deu, na terceira traição ela jogou tudo pro alto e
prometeu que não teria um relacionamento tão cedo, e está
cumprindo melhor do que eu esperava.
A questão é que ela não consegue mais confiar em
nenhum homem. Acho uma coisa muito extrema, as coisas
não são assim. Se bem que alguns homens são sacanas
mesmo, e alguns ainda tem cara de santinho. Entretanto
determinados homens podem dar o valor merecido para
alguma mulher. O difícil é tentar convencer Marcelle do
contrário, e achar esse tal cara.
Depois de mais alguns momentos conversando de
outros assuntos ela se despediu de mim, ainda um pouco
triste após o que havia contado pra ela. Paciência né?
Após ela sair repensei mais algumas coisas sobre
o que estava se passando comigo. Estava tentando unir
meu coração com a razão, e eles não pareciam andar
juntos. Enquanto meu coração pedia para ter Jake, a razão
pedia para esperar mais um pouco.
Mas, dane-se. O que sei, é que tentarei exprimir
do meu modo que quero Jake somente ao meu lado. Quem
sabe ele entenda que meus sentimentos por ele estão
aumentando cada vez mais não é?
Senti uma vontade incontrolável de ouvir alguma
música agora. Liguei meu computador e coloquei uma
playlist para tocar. E para minha surpresa a primeira
música já mexeu com meus instintos, era ela Closer - The
Chainsmokers.

So baby pull me closer / Amor me puxe para


mais perto
In the back seat of you rover / No banco de trás
do seu carro
That I know you can't afford / Que eu sei que
você não consegue pagar
Bite that tattoo on your shoulder / Mordo a
tatuagem no seu ombro
Pull the sheets right off the corner / Puxe as
cobertas do canto
Of the mattress that you stole / Do colchão que
você roubou
From your roommate back in Boulder / Da sua
colega de quarto lá em Boulder
We ain't ever getting older / Nós nunca vamos
envelhecer
We ain't ever getting older / Nós nunca vamos
envelhecer
We ain't ever getting older / Nós nunca vamos
envelhecer

Eu estava tão feliz que estava dançando com a


música, e eu nunca faço esse tipo de coisa. Realmente,
meu problema estava sério.
Após mergulhar mais alguns instantes na letra e
melodia da música tomei um banho demorado, é algo que
me ajuda a organizar os pensamentos. Enquanto a água
caía pelo meu corpo fiquei repensando momentos em
minha vida, mas nestes casos, momentos bons. Muitas
vezes nos arrependemos das coisas que não fizemos, mas
ainda bem que não tenho esse problema. Por mais que eu
erre fazendo algo, não fico remoendo que não fiz a tal
coisa. Sucesso ou fracasso é uma consequência, enquanto
que não tentar nada, ao meu ver, é um fracasso.
Após o banho, e com a cabeça fresca resolvi
fazer umas comprinhas um pouco diferentes. Estava
falando de ir ao sex shop. Queria comprar algumas
coisinhas para agradar a minha próxima noite com Jake.
Já tinha até uma ideia do que seria, e tinha certeza que ele
iria adorar e pedir por mais, até porque né... homens
gostam de algumas coisinhas mais picantes e um pouco
diferentes do habitual, e por isso iria propiciar isso e ele.
Ao sair de casa me encaminhei a um dos sex shop
mais conhecidos da cidade, mas mal sabia que minha vida
mudaria naquele instante que estava entrando na loja...
CAPÍTULO 19
"E quando achamos que nosso dia não
pode piorar..."

JAKE

Vocês já viram algum homem feliz por não


conseguir transar com uma mulher gostosa? Detalhe: ela
estava nua na minha frente. Pois é... eu meio que estava
feliz por não ter conseguido ter algum tipo de relação
sexual com Jeniffer.
Antes que me julguem, espero que possam
entender o raciocínio por trás de algo tão complexo, e...
sério.
Bem, realmente fiz certas coisas que a maioria
dos homens NÃO fazem para saber se estão apaixonados
por uma mulher. Mas como ajo por instinto... então já
sabem, fui e fiz. E no fim das contas não me arrependo,
pois foi o melhor nessa situação, descobri coisas que não
descobriria se ficasse quieto.
Levei Jeniffer ao motel, e realmente estava todo
duro de vê-la com aquele vestido vermelho. E isso que eu
não havia visto nada debaixo daquilo, ainda.
Até aí tudo bem, tudo nos padrões normais do
velho Jake. Mas a coisa começou a enrolar quando
adentramos ao quarto do motel...
Aquele desejo de tentar fazer com ela o que
geralmente faço com Bella não aconteceu! Eu
simplesmente... travei. A todo momento que eu a beijava
me lembrava de Bella, e a coisa não fluía, e estava
ficando desesperado com isso.
Pensei que era algo passageiro, então tirei sua
roupa e vi que não era bem assim... não senti desejo por
ela igual sinto por Bella. Foi muito estranho, nunca havia
acontecido isso comigo.
Não vou dizer que depois de um certo tempo eu
não fiquei excitado, mas eu não quis transar com ela
entende? Não deu vontade...
Que dia em meus sonhos eu diria que não
transaria com uma gostosa daquelas?! Nem eu mesmo
estou acreditando...
Eu sei das consequências deste ato meu, ou
melhor, a falta dele. O que eu já pensava sobre Bella
agora é fato em minha vida. Realmente sinto por ela um
sentimento forte ao ponto de ficar travado. Nunca pensei
que algo desse modo aconteceria comigo, e não sei se fico
feliz ou triste por essa situação, pois nós dois não somos
nada além de "amigos com benefícios" , então ainda não
sei bem o que faço da vida, pois as coisas entre nós dois
mudaram, e agora não sei o que faço para manter tudo no
eixo.
Hoje é sexta feira, mas havia combinado de me
encontrar com Colin, o irmão de Bella, e a pessoa mais
inesperada que posso chamar de amigo. Dessa vez era
uma conversa informal, pois durante esse mês tive várias
sessões com ele. Colin pediu para que não comentasse
nada com Bella, no começo não entendi bem o porquê
disso, mas ele disse que seria melhor, que o resultado
seria mais acintoso.
Em suma, neste último mês fiz 8 sessões de
"terapia" por assim dizer com Colin, trabalhando várias
áreas que foram afetadas pela morte do meu irmão. Em
cada sessão pude perceber o quanto ficava remoendo
sobre minha perda, e com isso levava esses problemas
para outras áreas em minha vida, e por isso não progredia,
na verdade a regressão era bem maior do que eu pensava.
Fui ajudado por Colin a focar nas partes boas da
minha vida. Claro, problemas todos nós temos, mas ficar
potencializando eles só nos enfraquece, e por isso foquei
em "esquecer" minhas adversidades por assim dizer.
Eu não esperava ter esse tipo de resultado que
estou colhendo, nem nos meus sonhos mais otimistas
poderia pensar que estava me tornando uma pessoa mais
cheia de vida e com a raiva controlada. Isso me mostra
que dei bobeira por muito tempo, pois o que eu precisava
era me ajudar, e nunca havia feito uma coisa assim.
Por várias vezes liguei para Lucas para agradecer
aquele cartão da clínica de Colin. Por mais que no dia eu
tenha ficado puto com ele por insinuar que eu estava
precisando de tratamento, vi que ele estava certo e que eu
precisaria superar meus medos, e assim o fiz.
Não vou mentir e dizer que estou "curado". Ainda
sinto raiva por vários momentos em meu dia, mas o que
mais mudou é que não sinto "aquela" vontade de quebrar
as coisas, ou até mesmo me machucar. Neste momento
estou focando nas partes boas quando lembro do meu
irmão, e vocês não sabem o bem que isso está me fazendo.
Parece que os setores da minha vida se
encaixaram, tanto a parte de trabalho quando a parte de
relacionamentos. Não estou dizendo isso só por conta da
minha relação com Bella, mas também estou tendo mais
paciência para conversar com as outras pessoas que me
cercam, estou mais bem humorado.
A respeito de Bella... bem, não posso fingir mais
o que sinto por ela, eu realmente estou apaixonado. Não a
amo, está muito recente pra afirmar esse tipo de coisa,
mas com o tempo acho que ela será a pessoa certa para
amar.
Mas Bella é cabeça dura, e não sei sua opinião
sobre mim. Esse é o meu maior medo...
Ela é decidida, faz o que pensa quando dá
vontade, e na verdade é disso que tenho medo. Não quero
forçá-la a nada, e meu receio maior é ela mudar de
opinião sobre mim, e se distanciar. Mas, em meu coração,
meu maior medo é perdê-la, e não estou conseguindo lidar
bem com isso.
Como explicar o que comecei a nutrir por ela? Eu
não sei... não sei mesmo.
Ela desconversa sempre que falo da palavra
relacionamento. Mas no fundo eu sinto que ela gosta
quando toco nisso, eu sei, é estranho pensar desse jeito,
mas acredito que se as coisas continuarem desse jeito,
podemos sim pensar em um futuro juntos.
O que me fez estar com ela esse tempo todo são
os seus dois lados! Deixe-me explicar melhor: ela
consegue ser tímida e sensual ao mesmo tempo, nervosa e
calma, santa e safada, é mais ou menos isso. Mas eu me
apaixonei de verdade foi por sua personalidade, que se
parece bastante com a minha. Somos muito iguais, as
vezes dá um receio gigante de falar algo pra ela, pois sei a
maioria das suas respostas, pelo simples fato de... ela ser
praticamente igual a mim.
Não me lembro quando notei que estava me
apaixonando por ela. A questão é que quando vi, já estava
totalmente comprometido com esse desejo de ficar ao
lado dela, e não podia mais ignorar esse sentimento que
crescia em mim a cada dia que se passava.
Agora mesmo estou pensando em seu sorriso, nos
seus traços e na sua boca que já estou com uma vontade
imensa de beijar. Sei que isso soa apaixonado demais,
mas é o que sinto no fim das contas. Nunca me apaixonei,
mas agora tenho uma ideia de como seja, pois conheço
várias pessoas que se sentem assim, e por mais que eu
seja leigo neste assunto, posso afirmar que consigo ter
esses sentimentos, e ainda mais, consigo planejar um
futuro com alguma pessoa.
Mas ficar pensando nela não ajudaria em nada
nesse momento, o que na verdade me ampararia era a sua
presença ao meu lado, e isso é o que mais quero neste
momento, quer dizer, não só nesse, mas em todos as
nossas próximas ocasiões juntas.
Depois de pensar mais um pouco no que iria fazer
e como diria a ela o que estava sentindo, resolvi ligar
para Bella. Já era noite, mas queria dizer a ela o que não
consigo mais esconder. Não acredito que estou pensando
nisso, mas quero tê-la como minha namorada, e no fundo
acho que ela pode aceitar, pois o jeito que estamos um
com o outro está perfeito ao meu ver. Quero ela só pra
mim, dane-se os outros, encontrei a pessoa que quero
passar meus dias, definitivamente!
Liguei no seu celular por várias vezes, mas foram
várias ligações sem sucesso, só chamava.
Resolvi então deixar para amanhã, seria até
melhor pois iria pessoalmente em seu apartamento para
conversar com ela, é até mais fácil ao meu ver. O que não
posso negar é que as horas vão demorar a passar para
encontrá-la de novo...
***

Hoje pela manhã liguei novamente para Bella,


mas não obtive sucesso. Estava tenso, queria
desesperadamente marcar de encontrá-la e dizer tudo que
tinha vontade. Claro que não iria falar por telefone, mas
marcaria de... sei lá, jantar com ela, alguma coisa eu iria
fazer, sei disso.
Não sei se tínhamos intimidade o bastante para eu
ir direto ao seu apartamento sem avisar, mas fiz o que me
deu vontade e me encaminhei até sua residência, quem
sabe ela não estaria lá, hoje ainda era sábado, e pelo
pouco que a conheço, ela costuma ficar em casa de manhã
e pela tarde.
Peguei meu carro e fui em direção à casa dela.
Muitos pensamentos passavam em minha mente, entre eles
a abordagem que faria para dizer o que estou sentindo por
ela. Preciso escolher muito bem as palavras, pois não sei
bem qual será a sua reação diante do que pretendo falar. A
única coisa que sei é que há certos momentos em nossa
vida que não podemos deixar oportunidades passarem, e
esse é um deles.
Foi pensando que será um momento especial que
resolvi comprar um buquê de flores para ela, isso mesmo,
Jake levando flores para uma mulher! Tem certas coisas
que não acredito que posso estar fazendo, parece um
sonho na verdade!
Ao chegar no prédio que ela morava toquei o
interfone por várias vezes, mas sem sucesso em ser
atendido. Presumi que ela poderia estar dormindo, pois
notei seu carro na garagem. Merda! Será que vim aqui pra
nada?!
Depois de alguns momentos de reflexão fui
perguntar ao porteiro se poderia entrar, tem lógica? O que
está acontecendo comigo que estou tão desesperado para
conversar com ela? Ah, que se dane, já estou aqui mesmo.
Por sorte o porteiro que estava hoje no local já
havia me visto entrando com ela algumas vezes no
condomínio. Disse a ele que faria uma surpresa pra ela, o
buquê acabou servindo nesse caso, pois ele nem me
perguntou nada demais, simplesmente sorriu e me deixou
entrar, além de ter me desejado sorte.
Agora, em frente a porta do seu apartamento
estava tenso. Nada em mim no momento lembrava o Jake
decidido, sem receio e imponente que eu estava
acostumado a ser.
Não estava me considerando muito decidido, pois
estava titubeando em meus pensamentos, e por isso estava
suando frio, mas já estava aqui, então iria fazer o que meu
coração mandava.
Toquei a campainha uma, duas, três vezes, e nada
de ver o rosto de Bella. Estava ficando preocupado, pois
sabia que ela estava em casa. Não é possível que uma
pessoa dorme feito uma pedra a ponto de não ouvir o
interfone tocar.
Fiquei esperando por cerca de cinco minutos, e
nada. Não fiquei nervoso, mas confesso que um
sentimento de desapontamento tomou conta de mim.
Resolvi deixar o buquê de flores encostado em
sua porta, juntamente com um pequeno bilhete. Mas antes
de ir embora toquei pela quarta vez a campainha, e para
minha surpresa alguns segundos depois a porta foi aberta
por Bella, com o cabelo um pouco bagunçado e de pijama.
Mas não me importava, ela continua linda aos meus olhos,
independente de estar ou não usando maquiagem, o que me
chamava atenção era sua beleza natural.
— Bella! — Sorri ao vê-la.

—O que está fazendo aqui Jake?! — Seu olhar era


duro em minha direção.
— Eu vim te ver, você não atendeu minhas
ligações, e...
— Ou melhor, como entrou aqui? — Ela me
interrompeu nervosa.
— Usei de alguns meios para isso, espero que não
se importe.
— Me importo sim, até porque não fico entrando
na residência das pessoas sem ser convidada. — Ela parou
por alguns instantes. — É melhor ir embora, estou
ocupada.
— Ei, por que está dizendo isso? — Cheguei mais
perto dela, e ela recuou.
— Jake...

— Descobri algo Bella. — Parei por um momento


tentando escolher as palavras certas. — Demorei para
desconfiar e perceber, mas quero ter você em meus
braços, somente nos meus.
— Aonde quer chegar? — Seu olhar não estava
parecendo em nada aquele que eu me acostumei a
observar quando passei a reparar mais sua face.
— Quero que seja minha namorada, se for pra ser
mais direto. Descobri que estou apaixonado por você!
Estou desesperado para te ter em meus braços. Na
verdade nem sei como estou dizendo isso pra você, não
sou de falar esse tipo de coisa, mas sinto que é o melhor
para se fazer, quero te contar toda a verdade do que sinto.
Bella titubeou por alguns instantes. Era notório
que ela estava surpresa, mas não sabia até que ponto isso
era bom.
— Não! — Ela foi firme.

— Não o quê Bella!? — O desespero era evidente


em mim.
— Não quero ser sua namorada, e... — Ela parou.

—E o quê?

— Não quero mais nenhum tipo de relação


contigo. Não sinto nada por você Jake, lembra do que eu
já havia lhe dito algum tempo atrás? — Ela chegou bem
perto de mim. — Se não se lembra, farei você recordar. Eu
disse: você não passa de sexo pra mim, nada mais. Você
não significa e nunca significará nada pra mim.
—O que está acontecendo? Por que está me
dizendo essas coisas? E os momentos que passamos juntos
recentemente, você se esqueceu deles tão rápido assim?
— O sangue fervia em meu corpo por ser tratado como um

lixo igual estava sendo agora, e o pior: sem motivo


aparente.
— Não está acontecendo nada, somente percebi
que a nossa pequena relação está sendo prejudicial para
mim, e não quero regredir em minha vida estando com
você. Deu pra entender? — Ela me fuzilava com o olhar.

— Regredir? Você só pode estar de brincadeira


Bella!
— Eu por acaso estou com cara de quem está para
brincadeira Jake?
— Estávamos tão... bem. Por que está me dizendo
essas coisas somente agora, posso saber?
— Simples: cansei de você, enjoei. — Ela deu de
ombros.
O que essa mulher está falando? Ela está de
sacanagem com a minha cara por acaso? Estávamos bem
um com o outro, sem discussões, nem nada do gênero, isso
está estranho e ridículo pra não falar coisas piores.
— Por acaso você é maluca Bella!? — Falei mais
alto que gostaria.
E foi nesse momento que tive uma decepção
maior do que ser negado por ela desse jeito.
— Quem está ai meu bem? — Uma voz masculina
gritou da direção do quarto dela.
— Não é ninguém Michael, ele já está de saída.
— Ela continuava a olhar firme para mim.
— Bella...

— Se não tem mais nada a dizer peço que vá


embora. — Ela me interrompeu com os olhos um pouco
carregados.
Ela estava se segurando para chorar. O que está
se passando aqui?
— Bella, você está com outro?! Eu... não posso
acreditar... eu pensei que... nós dois estávamos nos dando
bem. — Minha voz saiu como um murmuro, realmente eu
não estava sendo eu.
— Jake você foi sexo momentâneo, quantas vezes
vou ter que te dizer? — Ela falou alto.
—O que está havendo Bella? Eu...
— Vá embora! — Ela gritou aos prantos.

Olhei chocado alguns segundos para Bella antes


dela fechar a porta na minha cara. Em poucas vezes na
vida fiquei sem reação igual neste momento. Não
entendia, não... queria entender o porquê dela estar
fazendo isso comigo, não tinha lógica.
Saí arrasado do prédio onde ela morava, e me dei
conta que havia deixado o buquê de flores encostado na
parede rente a porta. Ah, que se dane!
Como fui burro! Fiz papel de idiota enquanto
Bella transava com outro cara! Não estou acreditando até
agora, ou melhor, não quero acreditar que tudo que eu
sinto por ela não foi correspondido em momento nenhum
por sua parte.
Dirigi até minha casa com um turbilhão de
pensamentos, estava no automático, não conseguia pensar
em nada a não ser nessa conversa, quer dizer, na
discussão que tive com Bella. Não estava certo o que se
passou, por que ela estava assim comigo?
Como devem imaginar meu dia está péssimo.
Ainda não entendo o que se passou, principalmente o jeito
que ela me tratou. No começo até pensei que Bella
poderia estar preocupada ou magoada com alguma coisa
que eu havia feito, mas vi que o problema é nosso estilo
de vida, ou melhor, o dela. Fui idiota em pensar que uma
pessoa que tem os mesmos costumes que eu pudesse ser
minha parceira em algum relacionamento.
O que me cortou o coração foi a maneira que ela
me despachou, sei que não foi a primeira vez que ela fez
isso, já a abordei quando estava acompanhada, mas dessa
vez foi diferente, eu estava disposto a lutar por ela, não
iria embora até que ela me contasse o que estava se
passando, juro! Ficaria lá até descobrir o real motivo dela
me tratar daquele jeito, mas foi então que ouvi aquela voz
masculina saindo do quarto dela, e... percebi tudo que
estava se passando no momento.
Mas se Bella pensa que irei atrás dela novamente,
ela está muito enganada. É por esse tipo de situação que
resolvi não me apegar a ninguém.
Maldita hora que pensei que ter um
relacionamento com ela seria algo bom. No fim, vi que
minha vida em relação à mulheres estava muito boa até
conhecê-la, fui um idiota essa é verdade.
Burro, pensei comigo.
Chegando em casa a dor me consumiu, mas não
fiquei nervoso a ponto de me arrebentar com as coisas.
Simplesmente fiquei nervoso igual homens ficam quando
tomam um pé na bunda. E sim, era exatamente como eu
estava me sentindo. O desprezo no seu olhar foi o pior, ela
me olhava como se eu fosse um estranho, como se eu...
não significasse nada pra ela.
O que quero saber é como a esquecerei, pois não
faço a mínima ideia...
CAPÍTULO 20
“Enquanto houver razões eu não
desistirei do que meu coração sente...”

BELLA

Deve ser fácil para vocês me julgarem diante do


que acabou de acontecer. Jake me vendo com outro
homem depois de tudo que passamos e após combinarmos
que seríamos somente um do outro durante um tempo.
É verdade... fiz isso. Liguei para Michael ontem
exatamente às 22 horas. E sabe o porquê fiz isso? Pois
realmente estou apaixonada por Jake. Estranho não?!
Quando nos apaixonamos por alguém, a tendência é que a
gente fique com essa pessoa, e não com terceiros. É ai que
meu problema fica maior...
Vou começar do início, quem sabe vocês
entendam o porquê de fazer o que fiz.
Como disse, não estou acostumada a gostar tanto
de uma pessoa igual gosto de Jake. Quando fui ao sex
shop e vi que no motel ao lado Jake estava entrando com
outra mulher... me perdi.
Não podia acreditar que fiz planos com um
homem que não honrou a palavra que seríamos um do
outro durante um tempo. Que se dane que não estávamos
namorando! Se ele não consegue cumprir esse pequeno
trato de ficar comigo, como será se namorarmos? Nós
tínhamos um trato, que ele não respeitou no fim das
contas.
Posso soar desesperada, até porque quem faz esse
tipo de trato não é? Mas a questão não é essa, eu queria
saber se Jake me bastava, se com ele podia ter um
sentimento maior do que estou tendo agora, foi por isso
que propus isso a ele, seria por um pequeno tempo, mas
ele botou tudo a perder.
Talvez a burra dessa história seja eu de cogitar
pedir esse tipo de coisa a um homem, é... o erro foi meu
mesmo, as mulheres não fazem esse tipo de coisa que fiz,
não existe meio termo entre ficar e namorar.
Agora vi porque a maioria das pessoas sofrem
por gostar de alguém. É exatamente assim que estou me
sentindo agora, por dentro estou acabada, triste e
decepcionada. Evitei a todo custo me sentir assim, mas no
fim das contas não consegui que esse sentimento se
apossasse de mim.
Ao ver Jake aqui na porta do meu apartamento me
senti pior ainda. Como depois de transar com uma mulher
ele vem aqui me falar que queria ser meu namorado?! Ele
deve ter algum tipo de problema, só pode. E ainda deixou
um buquê de flores na minha porta. É pra acabar uma
coisa dessas!
Estava sem cabeça pra nada. Despachei Michael
alguns minutos depois de Jake aparecer aqui em casa. Não
quero e nem estava com saco de olhar para nenhum
homem. Já deu por hoje!
A única coisa que tinha certeza era que meu dia
começou ruim e está terminando uma merda! A raiva que
estava sentindo não era normal, não mesmo!
Precisava fazer algo, sei lá, beber até cair, chorar,
menos ver algum homem na minha frente, isso não!
Minha tarde e início da noite foram remoendo
tudo que havia se passado entre mim e Jake, e... chorando!
Pode não parecer, mas sai lágrimas dos meus olhos tá? E
no fundo sou uma pessoa que chora apesar de insensível
na maioria das vezes!
Resolvi sair pra beber, era o melhor a se fazer,
não queria ficar voltando no assunto Jake, não mais!
O lugar que escolhi para encher a cara se chama
Girls Whise, pelo nome já devem entender que é um lugar
de "meninas", não que homens não entrem, mas é algo
difícil. E outra coisa, escolhi lá justamente por isso, quero
beber em paz, encher a cara, e ficar grogue! Quando fico
irritada faço coisas parecidas com esses adolescentes, e
hoje era dia.
Ao chegar já pedi uma dose whisky duplo, pra
aquecer.
Hoje está sendo um dia atípico aqui, pois não
estava lotado. Não sou de frequentar muito este local
como algumas de minhas amigas, mas hoje estava
paradão, e não estava reclamando, o problema era uma
destrambelhada que ria feito uma hiena a mais ou menos
três metros de mim, estava doidinha pra ir lá esfregar a
cara dela no chão! Isso porque eu não estava aqui a nem
cinco minutos!
Passaram-se mais alguns instantes e a rodinha
composta pela "hiena" e mais duas amigas ficavam mais
bêbadas, e eu já estava ficando nervosa, pois nem aqui
teria sossego. Mas tentei esquecer que elas estavam no
recinto pedindo mais uma dose de whisky duplo, foi aí
que a gritaria delas começou a ficar mais estridente.
—É sério meninas, ele broxou. — A mulher falava
alto e todas gargalhavam.
Que mulher idiota! Sei que a maioria dos homens
podem não prestar, mas gargalhar porque não conseguiu
transar com alguém, e ter prazer em ver que a pessoa não
deu conta do recado é ridículo em minha opinião!
—É sério amiga? — A morena do seu lado direito
perguntava.
— Sim, é verdade. — Ela soluçava claramente
bêbada.
— Não posso acreditar que aquele gostoso
broxou.
— Verdade. " Jake o imponente" broxou comigo.

Dei mais um gole no que eu achei ser um


Whisky... pera aí! Será que é o Jake que estou pensando?!
Inicialmente não estava prestando muito atenção
na conversa, estava ouvindo algumas coisas mais pela
altura que as três mulheres falavam, principalmente a loira
que havia dito que o homem broxou com ela.
—E o que fez amiga? — A outra mulher a indagou.

— Ah, tentei de tudo. Me esfreguei nele, tirei a


roupa, o masturbei, mas nada surtiu efeito.
— Ele deve ter ficado arrasado.

— Ficou, e tentou jogar a velha desculpa de que


gostava de outra mulher a ponto de não rolar nada comigo.
Ele disse até havia percebido que estava apaixonado por
ela somente agora. Típica desculpa dos homens!
Gargalhadas ecoavam no meio da rodinha das
mulheres.
— Mas pode ser verdade. — Uma delas insinuou.

— Jake?! Aquele dentista safado que já comeu


praticamente toda a cidade? Só pode estar de brincadeira.
Meu Deus! Era... meu Jake. Quer dizer, ele não
tem nada de meu, mas... estou chocada!
— Se ele gosta dela por que não foi atrás? — Uma
delas indagou.
— Sei lá amiga. Tenho culpa no cartório,
confesso. Sempre o provoquei, e nesse dia havia passado
dos limites.
— Você fez ele estragar o relacionamento com
outra mulher então, isso não se faz. — A morena que disse
essas palavras claramente estava caçoando a loira.
— Problema dele. Quer dizer... por que estamos
considerando que ele falou a verdade?
— Ué, pois como bem disse ele já comeu a cidade
inteira, e porque não rolou nada como você? Pode ser que
ele goste dela e tenha se arrependido de ir para a cama
com você.
— Duvido!

Depois de ouvir essa conversa, precisei ir


embora. O que ouvi não caiu bem, não mesmo! Será que...
não Bella, tire da sua cabeça que Jake estava sendo
sincero, isso está errado, foi ele que fez a burrada
primeiro.
Mas aquelas "vozinhas" ficavam falando em
minha cabeça que também me deitei com outra pessoa, e
ao contrário de Jake, fizemos sexo. Se fosse pra comparar
fiz até mais coisas que ele. Mas mesmo assim, não posso
me remoer, pois nada disso teria acontecido se eu não
tivesse visto a cena dele entrando com aquela mulher no
hotel.
Neste dia não me recordei do rosto da moça em
questão. Fiquei tão aturdida vendo que era Jake que não
reparei nela, só sabia que era loira, e pelo jeito, era essa
perua mesmo.
Minha vontade de encher a cara havia se
dissipado em questão de segundos, e tudo isso ao ouvir o
nome Jake na boca daquelas mulheres.
Ele não imaginava, mas a vergonha que ele
passaria se ouvisse essa cena seria... surreal. Mas na
verdade eu só queria responder duas perguntas que
vinham em minha cabeça toda hora: por que estou
querendo ver Jake depois de tudo que aconteceu? E será
que isso é por causa das pequenas doses que bebi? Não é
possível que fiquei chapada com essas poucas doses...
Minha cabeça está dando voltas, não sei o que
pensar depois do que ouvi. Será que Jake gosta de mim a
ponto de não ter conseguido transar com outra mulher?
Logo ele...tão viril, atraente, gostoso.
Meu Deus, tenho que parar de ter esses
pensamentos a seu respeito.
Mas isso não apaga o tanto que estou
decepcionada com ele. Por mais que no fundo eu tenha
ficado feliz de saber que eu seria o motivo dele não ter
transado com ela, a questão maior foi que havíamos
combinado de não nos envolver com ninguém, e o pior,
quem havia proposto isso a ele foi eu.
No fundo eu queria tê-lo somente pra mim, e
queria ter uma resposta sobre meus sentimentos. Mas no
fim ele traiu minha confiança, e essa palavra é muito forte
pra mim, a ponto de eu não conseguir engolir meu orgulho
e perdoar. Ou perdoaria? Olha isso, cadê a Bella decidida
que havia me tornado? Não é possível que mudei tanto
após conhecer Jake...
Algumas mulheres devem pensar que sou
exagerada, principalmente pelo fato de que eu já me
envolvi com vários homens, que em sua maioria não
queriam nada sério. Mas o que elas não sabem sobre mim
é que eu tenho dificuldades em ter confiança nas pessoas,
principalmente nos homens. E Jake... bem, seria somente
mais um sexo, mas... ah, não sei se posso confiar nele
novamente.
Não sei o que fazer... era pra eu ter uma raiva
imensa dele, e eu estava com ela, mas depois de tudo isso
que ouvi, que ele não transou com ela, e que poderia ser
eu o motivo disso tudo, acabei por ficar feliz! Pois é,
fiquei feliz! Mulher é boba mesmo né?! O cara vai lá e faz
uma cagada e eu aqui feliz e pensando em perdoar depois
de saber que ele se ferrou! Mas... né, fazer o quê?
Não pensei muito, peguei a chave do meu carro e
fui em direção à sua casa para... sei lá, ainda não sei o
que vou fazer, posso ir para xingá-lo ou para beijá-lo,
ainda não decidi, mas não irei para caçoá-lo por causa do
que ocorreu, isso jamais. A única coisa que sei é que
jogarei a culpa na bebida, nunca fiz isso, mas hoje é uma
ocasião especial. Difícil mesmo é jogar a culpa na bebida
sabendo que não bebi mais que três doses!
Em poucos minutos já estava na porta da sua casa.
Toquei a campainha.
Seja o que Deus quiser, pensei comigo.
Jake abriu a porta, só de short, por que esse
homem é tão gostoso? Só de vê-lo já quis pular em seu
colo, mas precisava me controlar.
— Bella!?

Jake irrompeu minha fala, e notoriamente havia


ficado surpreso em me ver, na verdade era eu que estava
surpresa em ter vindo aqui. Mas sou assim, faço o que me
dá vontade na hora, e nunca me arrependo no fim das
contas, melhor se arrepender do que fez do que não fez!
— Eu sei, depois de tudo que lhe disse é estranho
eu estar aqui. — Sorri sem graça pra ele na tentativa de
achar uma pequena brecha.
Ele me fitou intermináveis segundos, e pela
primeira vez eu não consegui identificar seus sentimentos.
Dessa vez, não havia sinais de tristeza ou raiva como da
primeira vez que o vi naquele estado.
— Concordo. — Ele disse de uma maneira fria.
— Posso entrar?

Aquele mesmo silêncio que pairou no começo da


conversa voltou a acontecer. Ele parecia estar lutando
internamente contra algo.
— Qual o motivo Bella? Você não acha que já me
disse o suficiente não? — Ele me indagou com a voz um
pouco embargada.
— Eu...

— Bella... não quero machucar seus sentimentos.


E nem quero machucar os meus... que nem sabia que
existiam pra falar a verdade.
— Jake, algumas coisas ficaram mal acertadas
entre nós, quero te dizer porque lhe tratei daquele jeito
naquele dia. Michael estava na minha casa, pois...
— Olha. — Ele me interrompeu. — Chega Bella!
Não quero mais me preocupar com nada além do meu
serviço. Estou cansado, entenda isso. Você não fez nada
errado, só seguiu sua vida, você está certa.
— Você não está deixando eu falar. — Franzi o
cenho.
— Falar o quê Bella? — Ele me olhava com um
olhar de súplica. Nunca vi ele olhando desse modo pra
mim. — Não quero problemas pra mim, quero viver em
paz. Você não sabe o quanto que foi e está sendo difícil
me tratar a respeito do meu irmão. Não quero agravantes
pra mim.
—O que quer dizer com agravantes Jake? Eu sou
um agravante?
— Bella... de verdade, eu agradeço a você e ao
seu irmão. Sem vocês não teria conseguido lutar contra a
perda de Fabrízio, que vem me assombrando há muitos
anos. Eu tinha tudo para me tornar uma pessoa distante e
revoltada antes de conhecer vocês.
— Não fale assim Jake. Isso é passado.
—É a verdade Bella! O que quer que eu diga a
você?
— Qualquer coisa, menos o que está me dizendo
agora. Me parece que... está se despedindo de mim.
—E estou. — Jake abaixou a cabeça, lutando
contra algo dentro de si. — Bella, você não sabe, mas eu
errei com você. Não é certo você vir me procurar igual
está fazendo agora. Isso não está certo! Você não fez nada
de errado, quem merece seu perdão sou eu, não o
contrário. Ainda não estou acreditando que veio aqui me
procurar...
— Por favor Jake, me deixe falar.

— Por favor, agradeça bastante o seu irmão. — Ele


parou para refletir sobre as próximas palavras. — A
terapia está me ajudando bastante, e seu irmão se tornou
um grande amigo meu também, e isso foi embaraçoso até
mesmo pra mim. — Ele riu, mas não olhando diretamente
pra mim. — Eu sou uma pessoa nova agora em algumas
características, o Jake que você conheceu naquele dia do
bar morreu em partes, nas ruins principalmente.
— Jake, espera, eu vim aqui para tentar... sei lá,
nós dois estamos mal resolvidos.
— Bella... viva sua vida sem olhar para trás. Nós
dois somos muito iguais, e você sabe disso.
— Eu realmente gosto muito de você Jake, apesar
de você fazer muitas cagadas de vez em quando.
Ele riu, dessa vez me olhando.
— Eu sou apaixonado em você Bella! E agora,
depois de tudo que passei, não tenho vergonha ou receio
de dizer isso a ti. Ver você com outro alguém me fez
perceber que consigo sentir sentimentos dos quais eu
nunca pensei sentir. — Ele riu de uma forma tão pura, que
não estava entendendo o que estava acontecendo.
— Você sabe ao menos o motivo pelo qual
Michael estava em minha casa?
— Não, e nem quero. — Jake foi enfático. — Você
pode fazer o que bem entender Bella! Como você disse
anteriormente, faço muitas bobeiras, e estou pagando da
pior forma. Quando fui embora confesso para ti que fiquei
bastante abalado, mas não havia se passado em minha
cabeça, em momento algum, fazer alguma cagada, socar
paredes ou quebrar coisas. — Ele parou um pouco para
respirar. — Fiquei triste, mas vi que ver aquilo... foi o
melhor no final das contas.
— Não fale assim Jake. — Disse baixinho, mas
decidida.
— Bella... eu traí sua confiança. Me deitei com
outra mulher sendo que havíamos combinado de ficarmos
somente um com o outro por um tempo. Me deixei levar
pelo calor do momento, e quando vi já estava no motel
com outro alguém que não era você. Não sei se sou capaz
de cumprir promessas, e falhei na mais importante que fiz
pra você. Mas...
—O que Jake? — Ele parou. Esperança em
alguma coisa que não sei brotava em meus olhos.
— Não consegui tocá-la do mesmo modo que te
toco, me excitar ao vê-la nua igual acontece sempre com
você, até mesmo... transar com ela não consegui. Eu... só
via você em meus pensamentos Bella.
Após Jake dizer estas palavras desmoronei por
dentro. Ele estava conversando de um modo tão estranho...
mas tão sincero. Suas feições nada lembravam aquele
Jake assustado que vi por algumas vezes quando
enfrentava alguma crise. Ele estava "limpo" por assim
dizer, e suas palavras estavam tocando meu coração.
— Por que faz isso comigo Jake? — Falei
baixinho. — Por que mexe tanto com minha cabeça e com
meu coração? — Não me contive e comecei a chorar. — Eu
também estou apaixonada por você Jake, não consigo mais
negar para mim mesma, muito menos para você. Eu... não
consigo mais ficar sem te ver, te tocar.
Ele veio em minha direção e me abraçou.
Ficamos por pelo menos um minuto abraçados um com o
outro sem falarmos nada.
O calor do seu corpo irradiava no meu, tive
certeza que queria passar o resto dos meus dias com
aquela pessoa que mesmo com cicatrizes, me fez perceber
que realmente não sabemos quando vamos dar uma chance
ao amor.
— Você mexe comigo de uma forma surreal Bella,
você nem imagina. É por isso que irei embora da sua
vida. — Ele foi enfático nessas palavras.
— Como é? — O olhei assustada.
— Bella, eu...

— Jake, descobri, ou melhor, te disse com todas


as letras que estou apaixonada por você, e você me fala
uma coisa dessas? Vim aqui por ti, estou me entregando,
estou dizendo realmente o que sinto em meu coração,
estou chorando por dentro e por fora pra você me dizer
isso? Depois do que fez... eu ainda assim vim aqui pra te
dizer essas coisas. Não estou acreditando...
—É o melhor para nós dois que eu me afaste.
— Ele me cortou.

— Você não presta! Seu... idiota, insensível,


retardado. — Ainda estávamos abraçados, mas neste
momento estava dando socos em seu peito enquanto
lágrimas rolavam em minha face.
Tentava me desvencilhar dos seus braços, mas
não tinha forças o suficiente, parece que ele queria ao
menos uma última vez me sentir junto dele, pois ele não
me soltava.
— Bella... — Com lágrimas nos olhos ele disse o
que eu mais queria ouvir, mas em outra ocasião. — Eu não
sei nada sobre meus sentimentos, digo... expressá-los, mas
sinto que meus sentimentos por ti são verdadeiros! Sou
loucamente apaixonado por ti!
— Falso! — Falei mais alto que gostaria. — Como
você me diz isso e quer se afastar de mim? Você é maluco
ou doente por acaso?
— Sou uma bomba relógio e você também é
explosiva, nunca daremos certo em um relacionamento.
Não pense que disse essas coisas da boca pra fora, pois
realmente é verdade. Eu não quero... me machucar e muito
menos machucar você.
— Não quer me machucar mais do que está me
machucando agora? — Me desvencilhei dos seus braços
ainda aos prantos e gritando.
— Bella, você é linda e autêntica. Não é o
momento, mas nervosa você fica mais linda ainda aos
meus olhos, pois sei que nada é encenado. — Ele forçou
um sorriso.
— Jake, você é um idiota, grosso e insensível, e
fica mais ridículo a cada momento que passa, e sei que
nada é encenado. — O fuzilava com olhar ainda chorando.

Ele começou a rir com a cabeça baixa.


— Quem diria que um dia eu encontraria alguém
tão parecido comigo.
— Não quero mais saber de você Jake! Está me
ouvindo?! Nunca mais me procure, eu te odeio sabia?
ODEIO!!! — Dei ênfase nessa palavra. — Você fez eu me
humilhar vindo aqui em sua casa, mesmo sabendo que
quem errou primeiro foi você não honrando o que
havíamos combinado. E agora vem "bater na minha cara"
desse jeito? Você precisa se tratar, você... é problemático.
Dessa vez a expressão dele tornou-se mais séria e
triste. Mas eu precisava desabafar, se ele acha que irá sair
por cima está muito enganado.
— Não faça com que eu me arrependa de ter dito
o que sinto por você Bella! — Seu tom era mais sério
agora.
— Você é um falso! Quando as pessoas se gostam
de verdade elas fazem de tudo para ficarem juntas. Mas
você... nãooooo, joga tudo pro alto, como se eu não fosse
nada, como se nós não fossemos nada um para o outro.
—O quer que eu faça Bella?! Me diga!? — Agora
ele que gritou e veio em minha direção.
— Só quero...

— Não! Do que adianta tentarmos algo se


sabemos que na primeira ou segunda discussão vamos
jogar tudo para o alto, me diz! Toda hora um de nós vai ter
que ir atrás do outro quando cometer alguma burrada?
Você acha mesmo que seremos felizes desse jeito? — Seu
olhar era duro.
— Não é assim...

—É claro que é! Nós nem namoramos e olha o


que estamos fazendo agora! Estamos gritando um com o
outro praticamente... na rua. Como acha que seria uma
relação entre nós dois?
— Você... — Parei, precisava escolher minhas
palavras. — Você é um medroso! Realmente... tenho pena
da mulher que escolher passar o resto dos dias em sua
companhia, espero que esse medo que você tem nunca
mais o deixe!
Eu sei, minhas palavras foram pesadas, mas era
essa a intenção.
Jake me machucou com o que disse, e por isso
quero e vou deixar que ele sinta o desprezo e a dor que
estou sentindo agora.
— Depois de tudo que fez pra mim... como ousa
falar uma coisa dessas? Nunca te desejei nenhum mal, em
momento algum quis que se sentisse triste, e você vai e
diz... isso?
— Não vou me desculpar! — Disse gritando.
— Ótimo! Esqueça tudo que te disse,
principalmente que me apaixonei por você.
— Sem problemas, pois não sinto nada por você,
foi... da boca pra fora. Na verdade disse sem pensar, pois
sou uma idiota.
É mentira, mas tenho que forçar o meu coração a
acreditar que Jake não significa nada pra mim, não mais...
— Vá embora Bella! Não temos nada pra dizer um
ao outro.
— Se vier a minha procura novamente você irá se
arrepender. — Me virei para ir embora, mas não antes de
ouvir algo que me machucaria por um bom tempo.
— Não vou, não precisa se preocupar. Pensei que
era madura o suficiente para entender que não daríamos
certo, mas em vez disso desejou que meus problemas
permaneçam em minha vida. E logo você que sabe das
coisas que passei e passo ainda, alguém assim... esse tipo
de pessoa não quero em minha vida, pois pretendo
melhorar e não regredir, e pelo jeito estando ao seu lado a
tendência é só piorar. — Me virei para tentar falar algo,
mas Jake abaixou a cabeça e caminhou para a entrada da
sua casa, levando meu coração junto com ele.
— Adeus Bella!
Não consegui dizer nada, só pensar que por mais
que eu disse aquilo tudo na hora da raiva, estava
apaixonada de verdade...
CAPÍTULO 21
" Alguns corações sentem dores que
raramente serão apagadas"

JAKE
6 MESES DEPOIS

É estranho falar como estou, o modo que minha


vida está neste momento.
Eu amadureci nesses últimos 6 meses mais tempo
do que nos últimos anos, e agora vejo claramente certas
coisas que errei em minha vida.
Um dos motivos que saí de Princetown foi para
tentar entender o que se passa em minha cabeça. Antes
vivia em meu mundinho fechado, onde o que eu já havia
aprendido e conquistado ao longo da vida me bastava,
agora vejo que minha mente tem que ser aberta, pois nunca
sabemos quando boas oportunidades baterão a nossa
porta.
Percebi que todos nós temos que ficar ligados o
tempo todo para que possamos entender o que se passa em
nossa volta, e com isso conseguirmos tomar decisões
acertadas para não ter nenhum tipo de arrependimento.
Posso dizer que, apesar do pouco tempo, me
tornei uma pessoa melhor, mas para isso tive de me
afastar de quem realmente eu nutria algo.
Nossa vida é feita de escolhas, e nem sempre
entendemos que alguns males vem pra bem. Algumas
situações devem ocorrer para que a gente entenda o tanto
que fizemos coisas erradas e incompletas ao longo da
vida, e... eu me sinto assim.
Apesar de estar em uma cidade que fica a 100km
da minha cidade natal, não vim para me esconder, pelo
contrário, um dos motivos principais foi o meu
redescobrimento como pessoa.
Eu simplesmente cansei da minha antiga vida.
Não estou dizendo nada relacionado a trabalho, longe
disso, o que estou falando é que minhas atitudes fora do
meu ambiente de trabalho não estavam me levando à lugar
nenhum.
Se tornar uma pessoa rancorosa, nervosa, fria,
insensível, e até mesmo indiferente estava me matando por
dentro... sem eu notar. Eu precisava mudar, por isso vim
pra cá, eu necessitei de me transformar como homem.
Outro motivo para o qual vim pra cá foi abrir uma
filial. Sempre tive essa vontade de ter um consultório em
outra cidade. Por mais que eu não possa estar em dois
lugares ao mesmo tempo, sinto que estou "abrindo portas"
em minha vida. Nada melhor que aceitar a mudança, pois
acredito que seja o primeiro passo para uma vida
renovada.
Antes de sair de Princetown conversei com Colin
sobre a terapia que estava fazendo com ele, eu já estava
em estágio final.
Na opinião dele eu havia conseguido melhorar
uma grande porcentagem em um período curto de tempo,
mas isso não queria dizer que eu não devesse continuar
com a terapia. A questão é que como saí da cidade, não
iria conseguir consultar regularmente com ele, e por isso
precisei tomar a decisão de interromper o meu processo.
Não vou mentir que fiquei incomodado, pois em
minha cabeça sabia que a falta da conversa com Colin
sobre o que eu passei poderia piorar a minha situação. Foi
então que ele teve a ideia de pesquisar se na cidade que
eu me estabeleci havia algum profissional, para que eu
continuasse a ter um acompanhamento, e por minha sorte
havia uma amiga dele que poderia fazer o mesmo papel
importante que ele fez pra mim.
O que posso dizer é que Kimberly é uma boa
pessoa também, e suas técnicas estavam me ajudando do
mesmo modo que Colin conseguiu. Mais do que nunca vi
que eu precisava somente "me aceitar" e procurar ajuda
para o meu problema.
Eu era egocêntrico e acreditava que essa dor
nunca diminuiria em meu peito, muito menos se
extinguiria, mas com a terapia vi que posso diminuir ela
bastante, a ponto de levar a vida como uma pessoa
normal. O que eu mais desejava é ser uma pessoa que tem
problemas normais, uma vida natural.
Mas além do meu irmão, eu tinha mais um
problema para resolver, e ele se chamava Bella!
Fiz promessas que estão sendo difíceis de serem
cumpridas. Uma delas foi me distanciar da minha Bella!
Por mais que nossa última conversa não tenha
sido agradável, vi que meus sentimentos por ela não
diminuíram em nada, muito pelo contrário, aumentaram
mais do que eu poderia imaginar.
Bella tem seu jeitinho característico, às vezes se
irrita fácil, é cabeça dura, mas... acho que eu a amo, e não
escolhemos quem amar. Mas essas coisas de maneira
nenhuma ofuscam suas qualidades, não mesmo. Ela me fez
perceber que todos temos algo de especial que será
notado por alguma outra pessoa.
Vocês podem até falar que amar é uma palavra
forte, ainda mais pra quem levava uma vida igual a minha,
mas eu nunca tive vontade de ficar somente com uma
pessoa em minha vida, NUNCA!
Fui até no dicionário para procurar o significado
da palavra amor e me convencer que eu nunca senti isso
por ninguém, mas de nada adiantou, pois quanto mais eu
pensava neste assunto, mas Bella aflorava em meus
pensamentos, e isso estava me deixando maluco, confesso.
Quando parti para Eldorado, botei em minha
cabeça que os meus sentimentos por Bella eram
passageiros, que seguramente encontraria uma pessoa
mais calma, mais romântica, etc. Mas do que adianta
colocar isso na cabeça se seu coração não está de acordo?
Pois é, nada.
Seu jeito é o que mais sinto falta, principalmente
quando ela se faz de forte, sabendo que por dentro está tão
vulnerável quanto eu.
Sou teoricamente velho pra dizer que Bella foi o
meu primeiro amor, mas realmente é isso, de verdade.
Nunca senti o que sinto por ela, nem ao menos me envolvi
com alguma mulher tanto tempo como ela, ou melhor,
nunca quis ficar com alguém por mais de uma semana
direto.
Agora aqui em outra cidade vejo que a vida é
algo difícil de ser estudado. Como que em tão pouco
tempo as pessoas conseguem se apegar assim? Eu achava
impossível isso acontecer comigo, mas vi que não há dia,
hora ou lugar para que nossos sentimentos brotem dentro
de nós. Está difícil...
Não nego que foi incrível o que passei nesse ano.
Por mais que Bella não esteja ao meu lado, tive um ano
maravilhoso, e boa parte por causa dela. Digo isso pois
consegui me abster do medo que tanto me machucou, que
me mutilou, que fez eu me sentir um lixo de pessoa em
vários momentos da minha vida.
Agora não, descobri que todos nós temos valores
e qualidades que são notadas aos olhos de alguém. Uma
hora ou outra as pessoas encontram quem as compreende,
e é nesse dia que tudo que você fez para trás valerá a
pena.

***
Hoje cheguei mais cedo na clínica, e como de
costume Rosie já estava no local. Ela era uma das
recepcionistas da clínica.
Durante esses meses ajeitei tudo aqui no novo
consultório. Contratei seis dentistas e duas
recepcionistas.
— Bom dia Rosie. Tudo bem? — Sorri.

— Tudo sim Doutor. Precisa de algo?

— Não, obrigado.
Ao adentrar na pequena cozinha do consultório
observei Brunno tomando seu café. Além de meu amigo
ele é meu sócio, e em pouco tempo acabou se tornando
uma grande amizade.
— Bom dia Brunno. — O cumprimentei com um
aceno.
— Bom dia Jake. Chegou cedo. Caiu da cama?
— Confesso que foi difícil pregar o olho última
noite.
—O clima aqui muda demais, até você se
acostumar vai levar um tempo.
— Concordo.

— Eu nunca cheguei a te perguntar. — Ele parou


por alguns segundos. — Está gostando da cidade Jake?

— Sim, aqui é bem menos agitado que


Princetown, pensei em um primeiro momento que não
gostaria, mas mudei minha opinião.
—E as pessoas que deixou na sua cidade, sente
muita falta delas?
— Não vou mentir que tinha muitos amigos, pois
na verdade não tinha tantos. E também não era tão
presente com a minha família, mas eu precisava vir pra cá
pra saber que sinto falta deles.
— Nunca falamos sobre isso, mas deixou alguma
namorada ou rolinho em Princetown?
— Tive rolos, mas nunca namorei. — Fui enfático.
—É sério isso? — Ele havia ficado surpreso, pois
já sabia a minha idade, e sei que é meio estranho alguém
com quase 30 anos não ter namorada.
— Sim. Era uma galinha assumido, mulherengo,
depravado.
— Caramba!

— Eu era terrível Brunno. — Sorri.

—E por que não é assim aqui? Percebi que fica


mais quieto em casa, quase não sai.
— Por causa de alguém. Nunca gostei de verdade
em ninguém na minha vida, mas o destino me pregou uma
peça, e me vi gostando de uma pessoa, mas infelizmente
não deu certo no fim.
— Posso perguntar o motivo?
— Somos muito iguais.

— Só isso? — Ele pareceu indiferente.


—É difícil conviver com a minha versão
feminina, você não tem ideia. — Gargalhei lembrando
alguns aspectos de Bella.
— Mas você ainda gosta dela, certo?

— Tenho certeza que sim.

—E ainda não foi atrás dela por qual motivo?

— Nossa última conversa não foi muito agradável,


falamos coisas um para o outro que... como posso dizer,
foram como uma despedida. E agora tenho certeza que ela
me odeia por eu "fugir" como fiz.
— Jake... nenhuma dor dura para sempre. Você
deveria ir atrás dela, se a ama.
— Eu a amo, não me envolvi com ninguém depois
da última vez que a vi. E nem sei como isso é possível. Só
que não quero insistir no erro.
— Do que tem tanto medo?
— Tenho medo de não ser pra Bella alguém que
ela quer por perto... pra sempre.
— Isso você só vai saber se tentar.

— Nós brigávamos muito. E a gente nem


namorava, ou algo do tipo.
— Brigas são normais. Qualquer casal tem seus
momentos de discussão.
— Ela me irritava também, de propósito. — Dei
ênfase na palavra propósito.
— Outra coisa normal.

— Você está falando sério ou está querendo me


animar?
—É sério. Ela se parece com Anna, minha
esposa.
— Vocês brigam muito?
— Então... — Ele parou. — Agora nem tanto, mas
antes... Deus do céu.
—E o que você fazia?

— Eu a ignorava, deixava ela falando sozinha.


—E isso resolvia? — Perguntei confuso, pois não
tinha pensado ainda em uma coisa dessas, pois achava que
isso agravava o problema.
— Não, piorava na verdade.

Nós dois começamos a rir.


— Você simplesmente deixava ela falando então?

— Sim. Por mais que piorasse, depois ela se


acalmava, e voltava a ser aquela pessoa calma que
conheci.
— Pra você deve se fácil, pois me parece ser uma
pessoa bastante relaxada.
— Confesso que sim. Tenho um grande auto
controle.
— Eu não tinha na época.
—E agora?

— Acho que tenho o suficiente.


— Problema resolvido!

Brunno tinha razão em certas coisas. Meu maior


problema com Bella era a falta de paciência, por mais que
ela me irritasse alguma vezes eu devia relevar, pois era o
jeito dela, não dá pra mudar uma pessoa que foi moldada
assim.
Já eu... bem, tenho certeza que seria uma pessoa
mais calma se não houvesse essa perda em minha vida, e
ainda de quebra seria uma pessoa menos revoltada.
O que quero dizer é que eu preciso melhorar
aspectos em minha vida, e não Bella, pois ela á natural,
enquanto eu sou fruto de ódio e ressentimentos.
— Até logo Jake. — Brunno se despediu enquanto
meus pensamentos estavam desconexos.
— Até mais.

Meu dia foi corrido, mas com foco em tudo que


precisava fazer bem feito.
Por mais que eu detivesse grande porcentagem do
consultório, ainda assim resolvi exercer a profissão, pois
não conseguiria ficar parado. Além de tudo, gosto do que
faço.
Cheguei exatamente as 20 horas em casa, exausto.
Fui em minha caixa de correios ver se tinha
alguma correspondência, e tinha. Me deparei com várias
contas para pagar, mas um pequeno envelope me chamou a
atenção, pois a remetente era conhecida por mim.
Peguei a carta e levei-a para meu quarto, mas
ainda assim não acreditava que ela poderia ter sido
escrita por Bella. O que será que ela queria comigo? Ou
melhor, como ela sabe o local onde moro? Eram tantas
perguntas sem resposta que acabei abrindo o envelope
rapidamente.

Olá Jake... há quanto tempo não é?


Não me pergunte ou tente entender o motivo de
eu estar escrevendo pra você neste momento. Você sabe
tão bem quanto eu que sou impulsiva e do nada faço
coisas impensadas.
Então, na verdade quero te dizer que... não fui
sincera com você no fim das contas. Na verdade se eu
não ouvisse o que ouvi não sei se iria atrás de você no
último dia que nos vimos.
Já que estou expondo algumas coisas quero te
dizer do porquê ter ido atrás de você naquele dia...
Em um bar frequentado basicamente por
mulheres percebi uma moça praticamente gritando que
um homem não havia conseguido sentir desejo por ela,
muito menos transar. Ela disse que o homem alegou
gostar de outra... e esse homem é você...
Como posso te explicar sem que fique triste: eu
gostei de ouvir isso vindo dela, pois quando descobri
que era você pude acreditar que poderia nutrir algum
sentimento por mim. Eu... realmente fiquei feliz. Mas
quando fui atrás de ti não consegui expressar bem as
palavras que queria te dizer.
Eu quero que entenda Jake, ou melhor, que me
entenda. Não sou uma mulher que consegue demonstrar
algumas coisas, mas as que demonstro são feitas de
forma sincera, e na maioria das vezes com muita
veemência como aconteceu na porta da sua casa.
As palavras que te disse... não foram verdade.
Me deixe expressar melhor o que acabei de dizer agora:
as coisas ruins, as palavras duras, e principalmente
quando disse que não estava apaixonada... não são
verdade, pois estou sentindo na pele o que meu coração
sentiu a mais tempo que minha mente.
Jake... nunca me senti mal do jeito que estou
nestes últimos 6 meses. Sou uma pessoa cabeça dura,
como você e várias pessoas dizem a mim. Antes eu não
me importava quando diziam isso, mas agora eu me
importo bastante, pois isso me atrapalhou bastante, na
maioria das vezes não segui meu instinto, e por isso
perdi oportunidades em minha vida, e... perdi você, e a
ficha está caindo só agora!
É difícil Jake, ser orgulhosa, não dar a braço a
torcer, tentar controlar todas as coisas... mas essa sou
eu, e de uma hora pra outra não consigo mudar isso em
mim, mas no fundo eu quero...
Mas o que mais queria era voltar no tempo, e
principalmente por sua causa. Faria várias coisas
diferentes, tentaria dar a devida atenção para você, e me
deixar levar pelos sentimentos, mas não o fiz, fiquei
ressentida, e no fim, com o perdão da palavra, me ferrei.
Você já deve imaginar o porquê de eu ter escrito
essa carta, mas se não sabe lhe direi com sinceridade: a
maioria das coisas não consigo dizer pessoalmente. O
que quero escrevendo essa carta? Bem, somente que
você entenda que a pessoa que mais errou em nossa
"relação" foi eu. Sei que joguei a culpa em você, mas no
fundo entendo que fui a culpada, e assumo a
responsabilidade.
Você pode estar confuso comigo falando esse
tipo de coisa, mas no fundo eu sei que quando você
falava sobre relação, na sua cabeça queria saber de mim
se eu estava disposta a tentar algo com você, mas eu
ignorava. Eu sei que você sentia que eu desconversava
sobre o assunto, quem sabe se eu não tivesse
desconversado tanto nós dois poderíamos estar juntos...
Bem, é isso. Espero que um dia possa me
perdoar por fugir de você, sei que na verdade quem saiu
da cidade foi você, mas quem escondeu muito bem
escondido os sentimentos foi eu.
Outra coisa que espero é que possa encontrar
uma pessoa que saiba te dar valor, que te ame e que
cuide de você quando estiver com algum problema.
Não sei se quer saber disso, mas... não consegui
me envolver com ninguém após a nossa última conversa,
não vou mentir para você que tentei algumas vezes, mas
por fim vi que nada iria surtir efeito, e por um tempo
fiquei desesperada por causa disso. Em todos os homens
que eu conheço, na verdade quero ver... o Jake, você.
Não aguento mais procurar nos mínimos detalhes dos
homens que tenho contato algum traço que me lembre o
seu jeito,o seu toque.
Então, é isso Jake, me desculpe por tudo. Por
mais que nós dois erramos em algumas coisas, nada
interferirá no que sinto por você. E não se sinta
obrigado em me pedir desculpas, nem nada do tipo, pois
sei que sou difícil, e só um santo me perdoaria por ser
do jeito que sou, com manias e defeitos que irritam
muitas pessoas.
Não me leve a mal mas... somos as pessoas
certas para dar errado. E isso não é uma crítica, mas
ainda sinto que o que nos uniu é mais forte do que nos
separou...
Obrigado por me mostrar que posso ser querida
e desejada por alguém...

Com carinho, Bella.


CAPÍTULO 22
"Os nossos sentimentos são confusos a
ponto de percebermos o erro somente quando
perdemos algo... ou alguém"

BELLA

Estava na cidade da minha irmã, minha sobrinha


havia nascido há alguns dias. Quando Julyana recebeu alta
do hospital, eu e meu irmão viemos para Hashville ver ela
e a nossa pequena sobrinha, Mirella.
— Quem diria que seríamos tios tão cedo Bella!
— Meu irmão sorria em minha direção.
— Nossa Colin, nem me diga! — Estava
maravilhada após o nascimento de Mirella.
— Não tivemos muito tempo de conversar
ultimamente Bella. Como anda sua vida?
— De uns tempos pra cá mudei algumas coisas em
mim.
— Sentimentais ou em relação ao seu trabalho?

— Sentimentais.

— Tem a ver com quem estou pensando?

— Colin não precisa falar em código comigo.


— Comecei a rir pra ele.
— Você pegou rápido Bella. Sendo direto com
você: tem contato ainda com Jake?
— Não mais. — Me limitei a dizer.
— Você sabe... sou psicólogo e tal. — Ele
gargalhou e me deu um piscadinha. — Quero que saiba que
pode contar comigo se precisar desabafar.
— Tudo bem irmão. Estou fazendo algo diferente,
simplesmente estou seguindo minha vida, mas estou vendo
que está mais difícil do que pensei. Está complicado tirar
Jake da cabeça, não vou mentir.
—O que houve?

— Está difícil seguir minha vida sem ele. Por


mais que eu tente, penso muito nele, e não sei o que fazer
mais.
— Posso dizer que vivi para ver minha irmã
apaixonada?
Nós dois começamos a gargalhar, realmente nem
eu acreditaria nessa palavras há algum tempo atrás.
— Como é difícil ficar assim... a pessoa não sai
da sua cabeça, você começa a ficar louco para vê-la,
ahColin, bem complicado. — Disse entre sorrisos
discretos.
— Sei bem como é, quando casei estava nesse
ponto de não pensar em outra coisa além de Beth.
—E o que fez?

— Casei, minha irmã.

— Obrigado por nada. — Ri discretamente.


— Na minha opinião quem quer corre atrás,
independente se seja homem ou mulher, a questão nem é
essa. Ficar remoendo algo que você deixou de fazer é bem
pior do que tentar algo e dar errado. Vai por mim, a gente
se arrepende amargamente de algumas decisões.
É verdade o que Colin me disse, sou um exemplo
vivo. Me arrependo das coisas que não fiz em minha vida,
foram poucas, mas sempre tem aquele objetivo não
cumprido que nos faz querer voltar no tempo.
— Por isso fiz algo impensado há alguns dias.

— Estou com medo de te perguntar o que é agora.

— Engraçadinho. Eu... escrevi uma carta para


Jake. Sei que ele mudou de cidade, como também sabe.
Fiz algumas pesquisas na Internet para localizar onde ele
estava trabalhando, e por sorte descobri o endereço da
sua residência. Então, criei coragem e disse a maioria das
coisas que não tive coragem de dizer pessoalmente.
— Olha... temos uma hacker na família.
Balancei a cabeça em negação.
— Não é pra tanto.
—E o que aconteceu para que isso acontecesse?
Ou melhor... — Ele parou. — Desde quando você escreve
cartas?
— Nunca havia escrito, na verdade nem queria
escrever uma carta, não sou muito disso. Mas.. sei lá,
mensagens via whatsapp, correios eletrônicos, essas
coisas não me dão nenhum tipo de garantia que Jake iria
ler. Então, parti para a apelação.
Começamos a rir novamente enquanto meu irmão
me olhava de uma forma diferente da habitual.
— Estou gostando desse novo lado seu.

— Não estou com nenhum lado, pode parar.


— Claro que está! Você se tornou uma pessoa
romântica, por mais que pense que não. Você está
correndo atrás do que deseja.
— Colin... por mais que eu tenha escrito a carta,
não quer dizer que estou correndo trás de Jake, nada
disso. Só escrevi algumas coisas que senti vontade, e que
não tive coragem de falar pessoalmente.
— Me dê um exemplo de alguma coisa que você
não tinha coragem de dizer a ele.
— Curta e grossa?

— Sim.

— Que eu estava apaixonada, que o desejava só


pra mim, que eu adorava seu jeito safado comigo em
certas ocasiões, que na cama sentia prazer com seu toque,
seu... — Aumentei muita coisa para ver sua reação.

— Pode parar, já entendi. — Colin me


interrompeu. — Estou vendo que a boca continua a mesma
não é?
— Sempre fui desbocada, sabe disso. Mas é
brincadeira, não disse essas coisas, não desse jeito.
— Você fez uma coisa tão... certa, que nem
imagina.
— Eu sinto isso. Sei lá, parece que me livrei de
um peso que estava me atormentando.
— Só espero que não vá atrás dele depois de tudo
que fez. Não me leve a mal, mas se você escreveu a ele, e
se Jake ainda sente algo por ti, no tempo certo ele virá ao
seu encontro.
— Como disse, não escrevi para ele voltar para
cidade, ou me procurar. Na verdade redigi a carta para
que ele saiba que eu não sou aquela pessoa fria que
aparentava na maioria das vezes.
— Como disse, você fez o certo Bella. Mas me
responda algo: você acha que teria coragem de dizer essas
coisa pessoalmente agora que enviou a carta?
Essa é uma pergunta que sinceramente não sabia
responder. Na verdade, eu ansiava ter coragem de falar
cara a cara, mas não sabia ao certo se conseguiria.
— Não sei, ainda me considero travada pra dizer
certas coisas pessoalmente.
Percebi que o olhar do meu irmão estava
estranho, isso não é normal vindo dele, estou acostumada
a vê-lo sério na maioria do tempo, e ele estava com
sorrisinhos além do normal.
— Entendo Bella! Mas sua carta pode ter
consequências.
—O que quer dizer com "consequências"?

— Nada minha querida irmã... nada.

— Você está muito estranho Colin, não estou


entendendo esses seus sorrisinhos bobos.
— Tenho certeza que irá me matar quando
descobrir, então é melhor ver por si mesma.
—O que fez? — O perguntei preocupada, sabendo
que seria alguma coisa relacionado a Jake.
— Seu irmão não fez nada demais. Somente me
convidou para conhecer a mais nova integrante da família.
Me virei e Jake estava a poucos metros de
distância.
Se ele ouviu a conversa com meu irmão? Não sei,
e por incrível que pareça, não me importava.
— Jake... — Surpresa me definia. Não pude deixar
de estampar um sorriso bobo e sem graça pela sua
presença.
— Olá Bella! — Ele sorriu para mim. Estava do
mesmo jeito que da última vez. Barba bem alinhada,
musculoso, cabelo um pouco desarrumado do jeito que eu
gosto...
Se segure Bella! Não vá correndo até ele, se
comporte por favor, minha cabeça pedia.
— Oi Jake, há quanto tempo. — O olhava sem
graça, não estava preparada para esse reencontro, ou
melhor, não imaginaria vê-lo de novo.
— Verdade.

— Então... vou ali pegar comida, depois volto.


Colin deu uma piscadinha para Jake e se afastou.
— Você ouviu muito da nossa conversa?

—O suficiente. Mas não pense que fiquei tentando


ouvir, é que quando cheguei, não quis interromper. — Ele
coçou a cabeça.
— Por isso que meu irmão estava com aqueles
sorrisos bobos. Eu mato ele!
— Acho que sim. — Ele riu de uma forma doce.

— Relaxa, não me importo.

— Não?

— Ah, perdi o medo de esconder as coisas. — Fui


enfática.
— Só não sabe se consegue falar pessoalmente,
não é? — Ele sussurrou.
— Vejo que ouviu a conversa mais tempo do que
pensei. — Ri sem graça.

Pois é, estava um pouco sem graça dele ter


ouvido especificamente essa parte.
— Sim. Mas... não me importa Bella. — Ele parou
por uns instantes sem tirar os olhos de mim. — Você não
devia ter escrito aquela carta pra mim. — Ele dizia sério,
agora com aquele olhar das primeiras vezes que nos
vimos.
— Devia sim Jake! Eu precisava te dizer aquelas
coisas. — Enfatizei.

— Por que acha isso?

— Cansei de viver nas sombras, quero paz comigo


mesma. E o único jeito de isso acontecer é liberando o
que está em minha cabeça e em meu coração.
Ele veio em minha direção, e ficamos bem perto
um do outro.
— Como disse... você não devia ter escrito aquela
carta para mim. — Seu olhar ainda era duro. — A última
vez que nos vimos, bem... você foi muito clara quando
disse para não te procurar.
— Devia, e fiz! E eu sei que disse para não vir
atrás de mim. — Fui firme novamente.
— Agora é tarde demais Bella!

— Eu sei Jake... perdi você, e aceitei, quem sabe


foi melhor assim.
— Você não entende ainda Bella! — Ele balançava
a cabeça de leve em negação.
— Não entendo o quê?

— Eu disse que é tarde demais, mas não te disse


para quê.
— Para te ter de volta. — Complementei.

— Não, é tarde para negar o que sinto por você.


— Ele colocou as duas mãos em meu rosto, uma de cada
lado.
— Não fale essas coisas Jake. Não estou te
entendendo. — Sussurrei sem olhar em sua direção.

— Não precisa entender Bella, só me aceite, por


favor. — Sua voz era como uma súplica. — Não houve um
só dia que não pensei em você, não se passou um só
momento que não pensei no seu corpo conectado ao meu.
O que quero dizer é que você já faz parte da minha vida, e
não estou preparado para que você vá embora, ou melhor,
não quero que se distancie de mim novamente.
— Não me dê falsas esperanças Jake. Não depois
de tudo que passei quando foi embora. — Meus olhos
ficaram marejados.
— Não é algo permanente. Só abri uma clínica em
outra cidade, e fiquei lá por um tempo. Minha vida sempre
foi e sempre será em Princetown.
— Jake...

— Sei que foi o melhor me afastar por um tempo,


para ter certeza do que realmente sinto por você.
— Isso quer dizer...

— Que voltarei para Princetownsemana que vem.


— Ele me interrompeu.

Fiquei feliz mais do que o normal, mas não queria


ficar dando saltinhos de alegria na frente dele, ainda não
era o momento.
— Que bom! — Me limitei a dizer.

— Tenho assuntos mal resolvidos aqui, com


alguém que realmente descobri que tenho sentimentos,
espero que não seja tarde demais.
— Algumas mulheres são difíceis. Principalmente
se a dita cuja for cabeça dura. — Disse agora o olhando
decidida.
— Ela é, muito, mas muito cabeça dura. — Ele
passava os dedos carinhosamente em minha face.
— Boa sorte então. Espero que tenha paciência.

— Não preciso de sorte, preciso somente dela ao


meu lado.
Ele veio em minha direção e meu puxou contra si.
Ficamos alguns segundos contemplando um ao
outro sem dizermos nada. Alguns momentos depois Jake
me beijou de uma forma diferente da habitual, ele estava
ávido por minha boca, e eu pela dele.
Foi um beijo com um certo desespero, pois
estávamos a bastante tempo sem nos tocarmos. Vi que ele
se continha um pouco pelo ambiente que estávamos, e
principalmente por ter mais pessoas em nossa volta.
Estava com saudades dele, do seu toque, do seu
cheiro, do seu corpo...
Meu coração pedia por mais, minha boca o
ansiava, e eu queria me entregar neste momento para o
homem que fez eu me redescobrir como mulher.
— Só fique comigo Bella. Esqueça o passado
turbulento que vivemos, só isso que te peço. Apenas...
fique comigo. Não consigo mais viver sem você, ou
melhor, não quero viver sem você.
— Tem certeza que está me dizendo isso sem
obrigação? Ou tem algo a ver com a carta?
— Bem que disse que é cabeça dura! — Ele sorriu.

— Um pouco... demais.
— Claro que não é por obrigação. Várias vezes
pensei em voltar para pedir desculpas a você.
— Você não tem motivos para me pedir desculpas
Jake.
— Tenho, não fui sincero com você, e sabe disso.
Mas esqueça essa história Bella! Só fique ao meu lado,
vamos fazer com que dê certo.
— Não Jake.

— Não?! — Tristeza tomou conta do seu rosto


após minhas palavras.
— Não... consigo ficar sem você na minha vida.
Não mais. — Sorri enquanto puxei ele para mais perto de
mim.
Jake fazia falta em minha vida, chegava a ser
estranho a ausência que estava sentindo dos seus beijos,
abraços e seu corpo junto ao meu.
— Quase ficou sem mim agora, meu coração gelou
de desespero. — Ele beijou minha testa enquanto me
abraçava.
— Exagerado.

— Cabeça dura.
— Sim, e terá que conviver com isso.

— Com todo o prazer.


— Estou tentando mudar algumas coisas, essa é
uma delas. Pretendo ser mais maleável.
— Não mudaria nada em ti, você é perfeita ao seu
modo, e suas imperfeições não apagam ou diminuem em
nada o que sinto por você.
— Olha... consegui despertar o lado romântico no
Jake sério e sistemático.
— Não é bem assim, a frase que te disse foi de um
livro que li. A decorei para falar a você. — Ele franziu o
cenho.
— Sabia! Era bom demais pra ser verdade.
— Comecei a rir.

— Ei, vem cá. — Ele me aninhou mais forte em


seus braços. — É brincadeira, nunca ouvi e nem vi o que
lhe disse agora a pouco. Saiu espontaneamente e sincero.
— Tarde demais, não sei se acredito. Mas por via
das dúvidas jogarei no googlepara ver se foi copiada ou
não, pois foi muito bonita. — Beijei sua boca de leve.
— Estou vendo que terei trabalho com você.

— Não quero isso Jake. — Fui enfática. — Quero


que a gente se dê bem. Estou cansada de discutir, de
especular, quero somente ser feliz.
— Não quero e não vou deixar que mude seu jeito
por minha causa Bella! — Ele também foi enfático.

— Minhas mudanças serão pra melhor.

Após as palavras ditas por mim, eis que minha


irmã e meu irmão vieram em nossa direção.
— Apostei com Julyana que não se beijariam nos
próximos cinco minutos após começarem a conversar, e
como sempre: perdi. Não tenho feeling pra essas coisas.
— Não acredito que fez isso Colin!
— Fiz irmã. Obrigado por fazer eu ganhar esse
dinheiro fácil. — Julyana disse entre risos.
Todos nós rimos, eles eram uma peça.
— Colin, preciso conversar com você um pouco,
coisa rápida. — Jake falou para meu irmão.
— Claro. — Meu irmão assentiu.

Os dois foram para o quintal. Minha irmã me


olhava maravilhada e surpresa, eu sabia.
— Me parece que se acertaram pelo jeito que se
beijaram. — Ela me cutucou.

— Não sei o que te falar. Fiquei parecendo uma


adolescente depois que o vi. — Sussurrei baixinho.

— Meus parabéns, alguém está mudando e


deixando de ser orgulhosa.
— Eu preciso mudar, aos poucos estou
conseguindo. E por incrível que pareça, as coisas
melhoraram a partir do momento que aceitei que a
mudança seria melhor em minha vida.
— Hm, interessante. — Ela sibilou. — Seja feliz
Bella, mesmo que isso custe não se importar com a
opinião alheia. Você sabe dos seus sentimentos, e pronto.
Se acha que está preparada para ir com tudo em algo, vá.
— Farei isso irmã. Quero ser feliz. Chega de ficar
batendo a cabeça.
—É assim que se fala. Aliás... seu futuro
namorado é bem bonito, pra não dizer outra coisa.
— Julyana! — Ri com seu comentário, não antes de
fingir uma cara nervosa por causa de suas palavras.
— Saiu sem querer.

Nós duas rimos.


— Ainda não decidimos sobre isso, essa parte de
namoro, hoje não é o melhor momento pra falar essas
coisas.
— Eu discordo. — Ela disse veemente e eu
estranhei o modo que ela falou.
— Como assim? Está sabendo de alguma coisa
que não sei.
— Quem sabe... — Ela deixou a frase no ar.
— A não! Primeiro meu irmão sabendo coisas que
não sei, agora você?!
— Não tem nada a ver com relacionamento, mas
pode ser um indício. — Ela finalizou. — Colin me disse
que ligou para Jake avisando sobre o nascimento da minha
filha.
— E...
— Ele perguntou várias coisas. Disse que ficou
feliz, essas coisas. Depois Colin disse a ele que teria uma
pequena festinha aqui em Hashville, e adivinha?
— Meu Deus...

—A primeira coisa que ele perguntou foi se você


viria? Disse para Colin que precisava desesperadamente
falar contigo.
— Sério? Que dia foi isso?

— Tem poucos dias. Não se faça de desentendida,


pode falar que gostou de saber dessas coisas.
— Gostei sim. E mais ainda por ele ter vindo,
apesar dele não ter motivos para querer me ver.
— Não é assim Bella.

— Tratei ele mal na última vez que nos vimos,


você não tem ideia. E ainda disse para ele nunca mais me
procurar.
— Mas ele veio, isso que importa. Sabe que isso é
um sinal?
— Sinal de quê?

— De que os dois são cabeças dura.

Ela tinha razão, somos dois cabeças dura que não


conseguem se afastar um do outro...
Julyana foi cumprimentar algumas pessoas que
estavam chegando, e Jake voltou para o meu encontro.
— Você ficará na cidade da sua irmã hoje? — Jake
perguntou.
— Sim, pelo menos até amanhã, por quê?
— Eu queria passar a noite contigo, queria de
verdade, mas precisarei dentro de alguns minutos para
Eldorado, e ainda tenho que passar em Princetownpara
ver minha família. — Sua face agora era de
desapontamento.
—É sério? — Também havia ficado triste, pensei
que teríamos um tempinho a mais juntos.
— Infelizmente é sério meu bem. — Jake passou a
mão em meu rosto. — Tenho assuntos inacabados para
resolver lá, mas te prometo que quando voltar para
Princetown será em definitivo.
— Me promete? — Meu olhar era como uma
súplica, ter Jake do meu lado havia se tornado algo
necessário.
— Sim, quero ter vários momentos ao seu lado,
estamos combinados?
— Sim. Obrigado Jake. — Disse beijando seus
lábios.
— Pelo quê?

— Por voltar, por me falar essas coisas, por me


fazer acreditar que tudo será diferente entre nós agora.
— Não precisa me agradecer. Você faz toda a
diferença em minha vida meu anjo.
CAPÍTULO 23
"E deixe o tempo ver no que vai dar.."

JAKE

Eu já me estava em Princetown, mais


especificamente na casa dos meus pais.
Durante os seis meses que me ausentei tive
contato por telefone com toda a minha família, fiz questão
na verdade. Expliquei a eles que iria abrir um consultório
em outra cidade, mas que voltaria assim que sentisse que
minha distância não causaria turbulência ao meu novo
empreendimento.
Fiquei algumas horas na casa dos meus
familiares, jogamos conversa fora e falei que estava
voltando. Vocês não imaginam como minha mãe e meu pai
ficaram felizes com essa notícia.
Notei que estava mudando também em relação à
maneira que eu conversava. Geralmente me portava como
uma pessoa séria na maioria dos momentos, mas agora vi
que estava risonho e arriscava até algumas piadinhas.
Esse meu novo lado estava me surpreendendo cada dia
mais!
Ao me despedir dos meus pais, combinei de
almoçar com minha irmã. Ela ainda mora com meus pais,
mas como eles estavam um pouco mais eufóricos pela
minha aparição, não tive tempo de conversar algumas
coisinhas com Sofia.
Fomos ao restaurante mais próximo. Notei que
minha irmã parecia ansiosa para me perguntar algo, e eu
já tinha uma pequena ideia do que seria.
—E o coração irmão, como foram os seis meses
sem Bella ao seu lado?
Minha irmã é minha confidente, principalmente
neste tempo que me ausentei da cidade. Como ela é
mulher achei melhor contar algumas coisas que ficavam
martelando em minha cabeça, e a maioria era em relação à
Bella.
Já contei basicamente tudo a Sofia. Desde o dia
que conheci Bella, até nosso último encontro, quer dizer,
briga.
— Foram difíceis, não nego.

— Ainda pensa nela?

— Mais ainda. Fui ao nascimento do bebê da irmã


dela, e a vi no local.
— E...

— Não tem jeito Sofia, realmente ela abala


minhas estruturas. Não há como negar, e nem quero.
— Hm. É estranho não é? Digo, quando nos
apaixonamos ficamos bobos, fazemos planos em
pensamento com a pessoa, temos sorrisos idiotas em
locais que não são propícios, é estranho Jake.
— Eu que o diga. Não sabia que quando eu
gostasse de verdade de alguém minha cabeça mudaria
tanto. — Parei por alguns momentos. — Nunca pensei que
sentiria desejo de estar somente com uma mulher, sem
diversificar entende?
— Entendo, claro que entendo. — Sofia me deu
uma piscadinha.
— Mas estou me acostumando com o Jake cheio
de vontade e sentimentos. Quem sabe minha vida não
mude em pouco tempo não é irmã?!
— Depende dela também. O que vai fazer agora?

— Vou dizer que a quero pra mim, vou pedir


Bella em namoro.
— Vai entregar o que pra ela?
— Entregar? — Fiquei confuso.

— É. Você acha que é assim, você chega, pede ela


em namoro, transa com ela e pronto, acabou.
Olhei minha irmã incrédulo. Sim! Era isso que
pensei no fim das contas, será que eu estava tão errado
assim?!
— Eu pensei que...
— Homens! Não conseguem ser cavalheiros, são
cavalos no fim das contas! — Ela me olhava incrédula.

— Não tenho muita experiência com isso.

— Me responde uma coisa primeiro: você acha


que ela aceitará namorar com você?
— Não sei. Espero que sim.

— Se tem algum pingo de otimismo faça valer a


pena, só isso que te digo.
— Você quer que eu seja romântico, é isso?
— Não só eu quero, ela também.

— Mas tem mulheres....


— Não, não, não. — Ela colocou uma mão a frente
do rosto, típico sinal para eu calar a boca e prestar
atenção no que ela diria em seguida. — Toda mulher gosta
de homens românticos. Não importa se é algo corriqueiro,
regular ou raro, mas toda mulher espera ser agradada pelo
menos um pouquinho, e se em um pedido de namoro ela
não for agradada, quando ela será poxa vida?!
— Sim, pode continuar, estou prestando atenção.

— Faço algo que ela irá se lembrar pelo resto da


vida!
— Não sei se sou bom com esse tipo de coisa,
tenho medo de estragar tudo.
— Jake, quando digo fazer algo para ela se
lembrar pelo resto da vida, não quer dizer fazer algo
complicado, extravagante ou impossível. Só faça algo que
ela se lembre, torne o momento especial, entende?
— Entendo.

— Faça com que ela se sinta desejada, poderosa,


essas coisas.
— Já sei. Irei comprar aqueles chicotes vendidos
nesses sex shop e uma algema rosa bem bonita. Que tal?
— Vou te bater Jake! — Ele me olhou enfezada.

Tomei uns tapas da minha irmã. Claro que eu


estava brincando com ela, não podia perder
oportunidade.
— Obrigado Sofia. — Fui ao seu encontro abraçá-
la. — Pode deixar que farei o possível para não estragar
tudo.
— Sei que fará o certo. E só estou dizendo isso a
você pois acho que ela irá aceitar, principalmente depois
de você ter recebido aquela carta que mencionou.
Como fiquei um pouco sem norte quando recebi à
carta, resolvi conversar com minha irmã, e literalmente
ler a carta pra ela.
— Confesso que fiquei mais animado ao lê-la.

— Vai tudo se resolver Jake. Pelo pouco tempo de


conversa com Bella vi que ela não é essas mulheres
paradas e enjoadinhas, se é que me entende. Ela tem
posição, e tenho certeza que ela irá te colocar na linha.
— Obrigado por tudo Sofia, por não ter me
abandonado quando me "perdi".
— Você é minha família Jake, não precisa me
agradecer.
***

A última semana que se passou foi estranha.


Fazia sete dias que não via Bella pessoalmente.
Na última vez que nos encontramos em Hashville prometi
a ela que voltaria para nossa cidade natal, e hoje era esse
dia.
Em minha cabeça foi a semana mais demorada da
minha vida. Sei que é minha mente pregando uma peça em
meu coração, mas é o que sentia no meu peito.
Sei que tudo isso é por causa da minha volta para
Princetown. Mas eu precisava dessa semana para
reorganizar minhas ideias, ainda mais agora que revi
Bella.
Quando a avistei, vi que nada diminuiu em meu
peito em relação à sentimentos, na verdade teve um
aumento no momento que a vi, pois percebi que ela é a
pessoa que quero passar mais momentos em minha vida.
Pedi a ela depois da nossa última conversa para
que a gente pudesse esquecer o passado e focarmos no
agora. Bella aceitou de forma sincera e feliz. Assim como
eu, ela estava cansada de brigas e discussões entre nós, e
isso porque nem namorávamos.
Falando em namoro... eu percebi que queria Bella
como minha namorada, mas não disse nada a ela por
enquanto nesta última semana. Queria me estabelecer
novamente em Princetown para conversar com ela.
Confesso que não sou muito romântico, sou
grosso e insensível às vezes, sou esquentado em
determinados momentos, e não entendo o porquê das
mulheres chorarem do nada (nunca irei entender). A
questão é que por mais que eu não possa entender essas
coisas, agora, eu sei que eu consigo sentir... sentimentos.
Nunca pensei que pudesse nutrir sentimentos por
alguém, pois nunca tive, mas com Bella é diferente. Ainda
não sei se foi o seu jeito rebelde e arisco em um primeiro
momento que fez eu notá-la, mas fico feliz de perceber
que eu a observei de tal forma que meu coração, com
custo me disse: " é ela a pessoa que você esperou toda sua
vida... sem esperar".
Além de Bella, senti falta da minha família e dos
meu amigos. Não vou dizer que antigamente eu tinha
saudades, pois não tinha. Claro que tinha preocupações
com eles, mas não os enxergava do mesmo modo que hoje,
sabe? Falando assim parece que não dava a mínima para
meus familiares, mas o problema é que não sentia vontade
de conviver em um ambiente familiar depois de tudo que
ocorreu com meu irmão, isso me blindou de certa forma.
Agora sou uma pessoa mais calma e mais
centrada em minha vida pessoal. Inicialmente pensei que a
terapia me ajudaria somente em relação a perda de
Fabrízio, mas não, estava totalmente enganado. Consegui
controlar minha raiva, potencializar meus sentimentos, e o
principal: sentir desejo de estar em um relacionamento
sério.
É claro que ainda é complicado para mim não
reparar nas mulheres em minha volta, só que... sei lá, não
sei bem quais meus desejos quando as vejo. Ou melhor, eu
só reparo, não sinto vontade mais de tentar uma
aproximação nem algo do tipo, porque penso somente em
Bella, e... ela me basta. Eu desisti de ficar tentando
entender o que não se consegue explicar com palavras, é
simples.
Pequei em minha vida por tratar a maioria das
mulheres como objetos. Acreditava que elas me tratariam
da mesma maneira, então ficava "elas por elas".
Com Bella é diferente, não me perguntem o
motivo.
Nesta última semana que não vi Bella, acabei
ligando pra ela todos os dias, só para ela ter certeza que
eu estava presente, que voltaria para Princetown. Eu sei
que minhas atitudes parecem as de um adolescente, mas e
daí?! Não me importo com opiniões alheias, o que quero é
ser feliz e demonstrar o que estou sentindo no fundo do
meu peito, e quero que Bella sinta também.
Logo eu... Jake o problemático. Jake o
conservador. Jake o safado.
É tão estranho saber que eu tive dois lados. Não
nego que é diferente, pois sempre tive em minha mente
que seria essa pessoa irritante e cheia de si. Mas a vida
nos prega peças, e nem sempre estamos preparados.

***

Marquei com Bella de nos encontrarmos hoje em


seu horário de almoço.
Queria dizer a ela que voltaria, e que
permaneceria. Não quero mais fugir, quero estar no lugar
que gosto com alguém que descobri que amo.
Ao avistá-la vindo em minha direção não me
contive e dei passos rápidos em sua direção para abraçá-
la. Acho que ela ficou surpresa quando peguei seu corpo e
a rodopiei, na verdade até eu fiquei meio assim. Mas não
me importava mais em demonstrar meus sentimentos com
veemência, na realidade queria que ela soubesse que o
que sinto por ela é real e verdadeiro.
— Voltei Bella! — Beijei seus lábios enquanto a
prendia em meus braços
— Espero que permaneça Jake, de verdade.

— Na verdade, você é o principal motivo para


que eu queira retornar para a cidade. — Enfatizei beijando
novamente seus lábios.
— Jake...

— Espere, deixe eu dizer o que sinto. Até porque


são raras essas ocasiões. — Nós rimos com a minha falta
de jeito de tocar em assuntos complicados.
— Pode dizer.

— Quero te agradecer em primeiro lugar Bella.


— Beijei uma de suas mãos.
— Você não tem que me agradecer Jake, você
lutou e venceu seu medo.
— Não Bella! Você ainda não entendeu que se não
fosse por você eu não teria forças.
Ela ficou um pouco surpresa com as minhas
palavras, mas no fundo era verdade o que estava dizendo
a ela, e necessário.
— Discutimos muito? Claro! Brigamos no meio da
rua? Sim. Nos irritávamos? Sem sombra de dúvidas! Mas
era nosso modo de dizer um para o outro que nos
importávamos... um com o outro. — Parei olhando-a
fixamente. — Muitas pessoas podem nos julgar que
podemos ter mudado rápido nossos sentimentos um com o
outro, mas e daí?! Demoramos a nos aceitar, é verdade,
mas quando isso aconteceu... bem, ficou difícil segurar.
— Eu concordo com o que disse Jake. Você me
irritou bastante, eu então... nem sem fala o quanto te
aborreci com minhas palavras. Mas o que poderíamos
esperar? Duas pessoas que não aceitavam a palavra
relacionamento, que viviam uma vida praticamente sem
regras sexuais, que realmente tinham momentos a dois
com mais pessoas, era complicado prever o que
aconteceria. No fundo acho que a gente não aceitava que
poderíamos conseguir um relacionamento duradouro com
alguém.
— Você sabe, não namoramos, mas querendo ou
não temos um relacionamento.
— Sim.

—E eu quero isso Bella, essa coisa estranha de


sentir você junto de mim sabe? Posso estar me
expressando mal, mas eu preciso de você em minha vida.
— Eu acho que é tarde demais Jake. — Ela me
olhou sorrindo.
— Tarde demais?!

—É tarde para negar que eu necessito ter você em


meu lado por vários momentos daqui pra frente.
CAPÍTULO 24
" A vida nos faz perceber que a felicidade
é uma dádiva que não podemos dar o luxo de
perder... "

BELLA

Após me encontrar com Jake em meu horário de


almoço, ele marcou comigo para jantarmos no restaurante
mais famosos da cidade, o Mehill's. Ele disse que sua
volta deveria ser comemorada em grande estilo, e eu
assenti.
Mas é claro que eu iria arrasando né? Ou pelo
menos tentando parecer agradável aos seus olhos.
Após sair do meu trabalho e chegar em casa,
olhei para o meu guarda roupa e fiquei mais confusa
ainda. O que iria vestir? Só tinha algumas horas pra
resolver, só...
Tomei um belo banho onde repensei sobre a volta
de Jake para a cidade. Não posso e nem quero negar que a
felicidade estava estampada em meu rosto. Queria que
essa noite valesse a pena, e faria de tudo para conseguir
isso.
O tempo foi passando e o momento aguardado por
mim estava chegando. Quanto às minhas vestimentas, não
inventei muita coisa. Acabei optando por um vestido
vermelho bastante sensual, um peep toe, por ser mais
moderno em minha opinião, e um blazer preto. Além disso
coloquei um batom vermelho marcante e deixei meu
cabelo com um rabo de cavalo. Algumas mulheres não se
sentem bem com esse tipo de roupa, mas eu me sentia
bastante confortável.
Seja o que Deus quiser, pensei comigo. Até
porque não estou acostumada a frequentar esses lugares
chiques.
Alguns instantes depois meu interfone tocou, era
Jake. Apesar do restaurante em questão ser apenas duas
quadras do meu apartamento, ele insistiu em me buscar.
Ao sair do meu condomínio e ver Jake me
esperando, meu coração bateu mais forte, por que será que
estou sentindo essas coisas?
Jake estava com uma calça chino, uma camisa
branca e um suéter, além disso estava com um sapato de
couro. Não havia visto Jake tão arrumado que nem hoje,
até porque na maioria das vezes o vejo sem roupa, e não
reclamo.
Notei o brilho em seus olhos e um desejo ardente
ao observar seu olhar em minha direção.
— Bella... é incrível, só isso que tenho a dizer.
— Ele balançava a cabeça.

— Como assim? — Disse sorrindo.


— Quando penso que não consigo te ver mais
linda... você faz com que eu mude a minha percepção
totalmente.
— Obrigado. E você está muito elegante, acho que
consigo gostar de você com roupa... e sem também.
— Pisquei para ele.

Em pouco tempo chegamos ao restaurante. A todo


momento Jake me olhava maravilhado e dizia que eu
estava linda, confesso que em alguns momentos havia
ficado sem graça. Não tenho costume de ser elogiada
assim.
Ao seguirmos em direção à mesa, Jake fez
questão de arrastar a cadeira para eu me sentar.
— Que cavalheiro!

— Eu tento, apesar de ser um pouco mais bruto


que o normal.
Ambos rimos.
Olhando o cardápio, reparei que não sabia o que
era a maioria das comidas que eram servidas aqui.
— Aqui é tão requintado que nem eu entendo o
que são alguns desses pratos. — Ele disse por fim.

- — Nem eu. — Confessei aliviada.


Chegamos a um acordo e pedimos uma paleta de
cordeiro ao vinho branco e alecrim. Não sei quanto tempo
iria demorar, mas não me importava, o que realmente
queria era aproveitar a presença de Jake.
Enquanto o prato era preparado conversamos por
alguns minutos. O principal assunto foi o consultório que
ele havia iniciado em Eldorado, e o que ele esperava
agora que iria voltar para Princetown.
Jake também me disse que havia terminado a
terapia a qual ele iniciou com meu irmão. Só pelo modo
que ele conversava, vi que havia surtido efeito a ajuda
que lhe foi dada. Ele parecia uma nova pessoa, não havia
medo em seus olhos, muito menos receio de algo. Fiquei
feliz de ver Jake encarando a vida com outros olhos.
Quando íamos falar de outro assunto, o seu
telefone tocou. Ao atender vi sua expressão se modificar
um pouco.
— Não acredito, logo agora? Estou ocupado!
— Ele parou por instantes — Já disse a você que troquei
com ele o plantão. — Jake se levantou da mesa um pouco
contrariado.
—O que houve?

— Me desculpe Bella, geralmente faço plantão na


sexta feira, só que... troquei com outro dentista essa
semana e ele não está atendendo o telefone, além disso
apareceu uma urgência.
— Se precisar ir...

— Não! De jeito nenhum Bella! Vou resolver isso


agora, me dê só uns minutinhos? Irei fazer algumas
ligações... coisa rápida, te prometo.
— Tudo bem.

Jake foi para o outro lado do salão e sumiu das


minhas vistas.

***

Fiquei quase trinta minutos sem avistar Jake, mas


após esse tempo ele voltou.
— Conseguiuresolver meu bem? — Perguntei
receosa.
— Sim, obrigado pela paciência, e me desculpe
Bella, de coração.
— Não precisa se desculpar.

— Preciso sim, te deixei esperando aqui por um


bom tempo. Mas deu tudo certo, liguei para uns cinco
dentistas conhecidos. E o último topou ficar no "meu
lugar", não queria que nosso jantar fosse adiado.
— Mas você resolveu, e está aqui comigo. E
outra, o prato que pedimos ainda nem chegou.
Após dizer essas palavras o garçom serviu o
prato.
— Tem certeza?

Ambos começamos a rir.


Durante o tempo que ficamos no restaurante
conversamos sobre várias coisas.
Rimos de um episódio que ele disse que
aconteceu em Eldorado. Jake mencionou que um homem
cantou ele, e ele ficou com cara de taxo.
— Eu queria ver sua reação. — Imaginei a cena.

— Não sabia se eu ria ou mandava ele pastar.

Nossa noite estava chegando ao fim, ou melhor,


estava perto de melhorar.
— Vamos? Pretendo usar seu corpo, ops, passar
um tempo com você. — Ele disse se insinuando.
— Você não presta mesmo! — Comecei a
gargalhar.
— Nunca prestei, e você sabe!
— Iremos para meu apartamento, até porque está
pertinho.
— Você que manda! — Ele sorriu.
Fomos para meu apartamento e quando abri a
porta fiquei chocada!
Havia um rastro de pétalas desde a entrada do
meu apartamento até um dos cômodos da minha casa.
— Jake... o que é isso?
— Vamos descobrir? — Ele piscou para mim.

Seguimos na direção que a trilha levava e cheguei


em meu quarto.
— Não acredito!

Quando entrei, vi um amontoado de pétalas


vermelhas em cima da minha cama. Além das pétalas,
havia um grande urso de pelúcia com um coração na mão
e uma embalagem de presente sobre a cama.
— Não entendo... como fez isso Jake? — Eu estava
um pouco emocionada com o que Jake havia feito, pois
ninguém fez algo do tipo pra mim, e na verdade até pensei
que nenhum homem faria esse tipo de coisa.
— Pedi ajuda a seu irmão hoje pela manhã para te
fazer uma surpresa, ele disse que tinha as chaves da sua
casa, para algum caso de emergência, e... bem, preparei
isso tudo. Por qual motivo acha que eu enrolei um pouco
com a ligação no restaurante?
— Não acredito... não havia nenhuma emergência.
Você veio aqui pra casa ajeitar tudo.
— Isso mesmo, espero que tenha gostado.

Fui surpreendido com o que Jake havia falado.


Nunca iria imaginar esse tipo de coisa.
Ao me aproximar da cama, abri o presente que
Jake havia deixado junto com o urso e o coração.
—É algo simples Bella.

Abri a embalagem e me deparei com um lindo


colar banhado com moedas de madrepérola na cor cinza,
espaçado com esferas banhadas à ouro. Achei lindo, amo
esse tipo de colar.
— Obrigado Jake! Não precisava se incomodar.
— Não precisa agradecer. Você merece, só não
repare na minha falta de jeito. Confesso a você que nunca
fiz isso, não sei o que pode estar pensando e...
Interrompi suas palavras e o abracei por longos
segundos.
Fiquei emocionada, logo eu, que sempre dizia que
não gostava de mimos e coisas similares. Acabei
sucumbindo ao romantismo de Jake.
— Obrigado meu bem. — Beijei seus lábios.

— Não foi nada.

— Foi tudo Jake. Você não imagina como meu


coração está agora. Obrigado por voltar pra mim, por me
aceitar do jeito que sou, e por acreditar que eu mereço
esse tipo de coisa.
— Você merece mais que esse simples colar meu
anjo.
Jake veio em minha direção e me tomou em seus
braços.
Momentos depois me beijou como se fosse a
primeira vez. Aquele desejo insano brotava em nós dois,
os beijos eram ávidos e cheios de emoção.
Finalmente Jake havia voltada para mim, e dessa
vez não deixaria ele escapar, o queria pra mim, somente
pra mim...
Instantes depois Jake me colocou na cama.
— Estou com dó de desmanchar isso que fez pra
mim. — Olhei para o lado vendo que estava rodeada de
pétalas.
— Eu também, mas precisaremos da cama. — Ele
me olhou com aquela cara safada costumeira.
Comecei a beijá-lo. Precisava do seu toque, do
seu corpo, precisava dele por completo, hoje ele seria
meu e eu seria totalmente dele.
— Você acha que é o único com surpresas hoje
Jake? — O olhei com uma cara bastante assanhada.

—O que quer dizer com isso?

Primeiro empurrei Jake em direção à cama,


depois fui em direção ao som que ficava no meu quarto, e
coloquei uma música pra tocar. A escolhida era:
Reggaetón Lento - (CNCO)

Qué bien se ve / Que bem se vê


Me trae loco su figura / Me deixa louco sua
imagem
Ese trajecito corto le queda bien / Essa roupinha
curta te cai bem
Combinado com su lipstick color café /
Combinado com o seu batom cor café
Qué bien se ve / Que bem se vê
Me hipnotiza su cintura / Me hipnotiza sua
cintura
Cuando baila hasta los dioses la quieren ver /
Quando ela dança até os deuses a querem ver
Ya no perderé más tiempo, me acercare / Não vou
perder mais tempo, me aproximarei
Permíteme bailar contigo esta pieza / Permite-me
dançar contigo esta dança
Entre todas las mujeres se ressalta tu belleza /
Entre todas as mulheres se destaca a sua beleza
Me encanta tu firmeza, te mueves con destreza /
Me encanta a sua firmeza, se move com destreza
Muévete, muévete, muévete / Mexe, e mexe, e
mexe

Sabia que mexeria com seu psicológico


colocando essa música e dançando sensualmente da forma
que eu fazia. Adorava dançar zumba e reggaeton, e pela
cara de Jake, acho que eu estava sendo aprovada, pois
pelo menos com os olhos eu estava sendo comida,
literalmente.
Em momento nenhum deixei Jake tocar em mim,
muito pelo contrário, o deixei esparramado na cama
enquanto rodopiava ao som da música. Em determinados
instantes roçava meu corpo no dele, mas voltava a ficar de
pé e continuava a dançar. Notei seu olhar me desejando
mais que o normal, e a intenção era essa mesmo.
Quando vi que a música estava chegando ao fim
comecei a me despir lentamente, revelando minha lingerie
vermelha, tão provocante e sensual quanto eu essa noite.
— Você é linda meu anjo! Não tenho nem
palavras...
Cheguei perto dele como um gato, olhando
firmemente para seu rosto, sem desviar o olhar hora
nenhuma. Quando toquei seu corpo desabotoei sua camisa
botão à botão.
Fui para cima dele, enquanto o beijava, passava a
mão pelo seu corpo, senti seu pênis rígido, é isso mesmo
que eu queria, que necessitava.
Desci mais um pouco e fui em direção à sua calça
e abri o zíper.
— Você está me deixando doido meu bem.

Eu não dizia uma palavra sequer, somente o


olhava com a cara mais safada possível. Sutilmente retirei
sua calça chino e sua box, ele estava duro, como eu
queria.
Quando me preparei para colocar seu pênis na
boca ele me puxou contra si.
— Hoje não, esse é o seu dia. — Ele deu ênfase na
palavra "seu".
— Tudo bem. — Assenti risonha.
Jake me colocou na cama e rapidamente tirou
minha lingerie. Instantes depois tomou minha boca com um
beijo intenso e cheio de sentimentos.
—É você Bella... — Ele deixou a frase no ar
enquanto me beijava.
—O quê? — Sussurrei perto do seu ouvido.

—É você a mulher da minha vida.

Jake continuou a me beijar enquanto


delicadamente passeava com suas mãos em meu corpo.
Um simples toque dele já me arrepiava, e a sua ausência
esses longos meses me deixava com mais desejo ainda em
seu corpo, seu toque, seu beijo...
Depois de alguns minutos explorando meu corpo,
Jake pegou a camisinha que estava dentro da sua carteira e
a colocou em seu pênis. Dava para se notar que ele estava
se segurando ao máximo.
Jake se posicionou sobre mim enquanto tomava
minha boca em beijos ora calmos, ora frenéticos. Pouco
tempo depois me penetrou e eu gemi com a intensidade
que ele estocava dentro de mim.
— Estava com saudade dessa boceta apertadinha,
sabia? — Ele dizia entre beijos.

—E eu com saudade do seu pau dentro de mim.


— Sibilei com os olhos quase fechados.

Jake começou me penetrando de forma lenta. Ele


não tirava os olhos dos meus. O desejo emanado por ele
me deixava toda molhada e excitada, mas ele sabia que
me deixava maluca de tesão, e não tinha nem como mentir.
Se eu mentisse com palavras, meu corpo desmentiria com
ações.
Sua língua passava pelo meu pescoço, ia para as
orelhas e acabava sempre voltando para minha boca.
Alguns momentos depois Jake desceu até meu
sexo e o abocanhou da forma deliciosa que somente ele
conseguia. Uma das suas mãos passeava por todo meu
corpo de uma forma mais desesperada que o normal. O
tempo que ele havia ficado sem meu corpo parece ter feito
algo em sua cabeça.
— Hoje faremos amor meu bem.

— Sou toda sua Jake, como desde o momento que


te conheci.
Jake me penetrou muito lentamente enquanto
tomava a minha boca em um beijo cheio de sentimentos.
Estávamos grudados de um jeito que nada nos separaria.
Nada mais, pensei comigo.
Seu olhar era um misto de felicidade e
intensidade, não sei explicar direito, pois nem eu estava
entendendo o que se passava nesse quarto. O carinho em
excesso não era costumeiro para mim, e acho que nem
para ele.
Montei em Jake e passei minha língua na extensão
do seu tórax, seus cabelos foram tomados pelas minhas
mãos. Precisava de Jake dentro de mim, e o queria já.
Comecei a cavalgar freneticamente em seu pênis
enquanto ele me olhava maravilhado. Eu precisava ser
aceita por ele, na verdade eu necessitava que ele
entendesse que eu bastava pra ele, e que estaria com ele
nos próximos momentos que estivéssemos juntos.
— Você me basta Bella! — Ele dizia sussurrando e
gemendo.
— Você me basta Jake.

Quando vi que Jake estava prestes a gozar fomos


para a posição papai e mamãe. Ele me penetrou
incessantemente enquanto passava os dedos pela minha
face.
Eu estava em ebulição por dentro, mas queria que
gozássemos juntos.
— Juntos Bella!
— Juntos... — Murmurei.

Em questão de segundos os dois foram atingidos


por um intenso orgasmo. Reparei sem seu semblante que
ele me olhava diferente, algo não estava em nossos
padrões de sexo, por assim dizer.
— Ei. — Ele tocou meu rosto.
— Diga meu bem. — O abracei mais forte.
— Não quero mais viver sem você Bella!

—É simples de resolver sabia?! Não viva!

— Aceita ser minha... namorada?

Fiquei alguns segundos sem dizer nada, apesar


das coisas que Jake havia feito hoje para mim, não
esperava que ele falasse isso desse modo.
— Eu...

— Me desculpe a falta de jeito, nunca havia


chamado ninguém para namorar, e estou em graça,
confesso.
— Você não deixou eu terminar. — Ri em sua
direção.
— Me desculpe. — Jake começou a rir também.
— Eu aceito. Você me mudou Jake, e quero estar
com você nos momentos bons e ruins.
Após dizer essas palavras Jake me tomou nos
braços e me beijou suavemente nos lábios.
— Prometo te fazer feliz. — Ele disse olhando em
meus olhos.
— Não me prometa o que já consegue.
CAPÍTULO 25
"As mulheres conseguem virar a cabeça
dos homens de formas que eles nem imaginam...
mas no fim eles gostam"

JAKE

Nestes últimos dias acordei como um novo


homem. Faz alguns dias que Bella havia aceitado o meu
pedido de namoro, e estava bastante feliz por isso.
Entre nós dois pouca coisa mudou, mas a
mudança que mais se destacou foi a falta de brigas e
discussões. É claro que tudo está no começo e tal, e sei
que casais de namorados brigam muito, mas aquela
necessidade de provocá-la não existe mais.
Sou uma pessoa sensata e sei que apesar de
estarmos juntos precisamos de espaço. Não posso e nem
quero ser aquele namorado "chiclete", que em todos os
lugares que ela vai eu necessariamente deva ir, não, isso
não faz o meu estilo.
Nós dois temos amigos, e não quero que a gente
prive certas coisas que são corriqueiras em nosso
cotidiano. Esse foi um dos pontos principais que disse a
Bella depois que ela aceitou o meu pedido.
Quanto a filial na cidade de Eldorado, deixei nas
mãos de Brunno, meu sócio e amigo. Tenho certeza que
ele saberá como cuidar melhor que eu do local, até porque
ele reside e entende da maioria das questões da cidade.
Quanto ao meu outro probleminha aqui na cidade
chamado Jeniffer, aquela mulher que eu não consegui
sentir desejo... bem, ela sumiu. Dizem as más línguas que
se envolveu com um tipo errado de cara, e no fim das
contas ele não queria abrir mão dela, chegou até ameaçá-
la, e então, ela sendo um mulher esperta, foi morar com
seu pai, em uma cidade mais afastada aqui. Não irá fazer
falta nenhuma pra mim.
Hoje meu dia na clínica seria bastante
movimentado. Não tinha horários vagos. Quando meus
pacientes souberam da minha volta as coisas
desandaram... ou melhor, meus horários encheram. Pelo
que Marie me disse meus próximos sessenta dias já
estavam com os horários tomados, e agradeço por isso.
Quando fui à recepção Marie logo veio afirmando
o que eu sentia.
—O Doutor está feliz, mais do que eu imaginei
que estaria ao voltar. — Ela sorria pra mim.

— Está tão notório assim? — Sorri sem graça.

— Muito. Mas...

Ela parou interrompendo o raciocínio.


— Mas... — Deixei a frase no ar, incentivando ela
continuar.
— Melhor não, já é meio que uma invasão.

— Marie... te conheço a bastante tempo, pode


perguntar, não tenha vergonha.
— Eu ia dizer que você parece mais feliz, mas não
só pela sua volta, você está com um brilho no olhar
parecendo que alguém em sua vida está te fazendo feliz.
Mulher esperta! É isso mesmo que está
acontecendo.
—É verdade. Comecei a namorar há pouco
tempo, e estou achando que estou mais bobo e feliz.
Nós dois começamos a rir.
— Não pense assim. Se ela te faz feliz é o que
importa.
— Verdade.

Fiquei conversando com Marie por alguns


minutos enquanto meu primeiro paciente não chegava.
O que me surpreendeu é que eu conseguia
dialogar com as pessoas sem aquela pressa de encerrar o
assunto. Antigamente eu era assim, em poucos momentos
de conversa com determinadas pessoas eu já queria por
um ponto final na conversa.
***

Minha manhã transcorreu rapidamente e sem


nenhum empecilho.
Neste momento estava em meu horário de almoço,
e como minha agenda estava apertada, não tinha mais que
45 minutos livre.
De repente meu celular começou a tocar, era
Bella!
— Oi meu anjo!
— Olá Jake. — Ela me respondeu com uma voz
sexy.
— A que devo a honra da ligação?

— Nada, eu só estava... — Ela parou. — Com


vontade de ouvir sua voz.
— Hm. Só a minha voz? — A provoquei.
— Não, estou com saudades de mais coisas em
você.
— Posso saber quais?

Neste momento meu pau já ligava o sinal de


alerta.
Pra quem não sabe o que é isso, é quando ele
começa ficar na dúvida se cresce ou não cresce dentro das
minhas calças. Homens são assim, e tenho certeza que as
mulheres sabem os efeitos que causam em nós. E como
ainda estava recente essa coisa de estar namorando,
qualquer coisinha é sinal de ficar excitado, pelo menos no
meu caso.
— Da sua boca, do seu cheiro, do seu... — Ela
deixou a frase vaga, que namorada safadinha essa que fui
arrumar!
— Não tá faltando nada não?
— Não sei, me diz você. — Ela riu baixinho na
ligação.
— Meu pau, que tal?

— Não me diga isso Jake. — Ela disse com a voz


baixinha e manhosa ao telefone.
— Qual o problema?

—E que estou em minha banheira, e... — Ela


titubeou. — Não consigo me tocar da forma adequada.

Deus do céu, essa mulher tá me provocando no


meu horário de serviço. Não posso acreditar!
— Bella, não me diga essas coisas. — Fui firme.

— Sabe... hoje fiquei de folga, mas estou me


sentindo tão só. — Ela pigarreou.

Se não conhecesse Bella o tempo que eu conheço


diria que ela era uma pessoa tímida e dramática, mas
como a conheço, sei que está me provocando, e
conseguindo me deixar doido, maluco de tesão.
— Se esse for o problema posso passar a noite
com você.
— Só a noite? A não... — Ela deixou a frase no ar
claramente chateada.
— Estou no consultório meu anjo...
— Eu não sei se meus brinquedinhos irão me
satisfazer até de noite sabe? — Ela me cortou. — Eu queria
algo maior e mais rígido dentro de mim agora, só que não
tenho nada do tamanho adequado aqui. Até tentei a
duchinha do banheiro, mas ela não me dá tanto prazer.
Estou triste Jake... — Ela dizia suspirando.

Essa mulher só pode estar de sacanagem! Meu


pau subiu como um raio, e não sei o que fazer.
— Onde quer chegar Bella? Estou trabalhando,
mas meu pau está duro aqui, você quer me foder é?!
— Disse um pouco nervoso, mas extremamente excitado.

— Não Jake... — Ela parou alguns instantes.


— Quero que você me foda.

— Bella, tenho um paciente daqui alguns minutos,


não faça isso comigo, por favor.
— Liguei agora a pouco na portaria, avisei que se
alguém chegasse nos próximos 15 minutos ele poderia
deixar entrar. A propósito... a porta da minha do meu
apartamento está destrancada. Beijos meu gostoso...
Bella desligou o telefone na minha cara antes de
eu conseguir falar algo.
Puta que paril! Puta que paril de novo!
Corri até a recepção parecendo um pato, digo
isso pois meu pau estava apontado pra cima entre as
calças, estava notório.
— Marie, qual o horário da minha próxima
consulta? — Cheguei esbaforido.

— Em 15 minutos doutor Jake.

— Ótimo, se o paciente chegar primeiro que eu,


diga que posso atrasar uns 15 minutos, tudo bem?
— Eu... claro, vai sair?
— Sim, coisa rapidinha.

Isso, será uma rapidinha... pensei comigo.


Saí rapidamente do consultório. Peguei meu carro
e saí ventando até o apartamento de Bella.
Sou muito profissional, não vou negar, raramente
me atraso para qualquer compromisso em relação ao meu
trabalho, e acho que por isso sou indicado por várias
pessoas. Mas essas situação... ah, fugiu do meu controle,
Bella pagaria caro por estar fazendo uma coisa dessas
com minha cabeça e com meu pau, ah se ia...
Estacionei rapidamente na porta do condomínio.
Após descer do carro fui na portaria, e realmente ela
deixou avisado para eu entrar, ela tinha certeza que eu
viria, safada!
Passei pela porta que realmente estava
destrancada, e quando cruzei a porta do banheiro, a vi
deitada na banheira com aquele olhar lascivo que eu
conheço bem.
— Você tem noção do quanto você é safada? Do
quanto me deixa louco?
— Tenho sim. — Ela mordeu os lábios.
— Não tenho muito tempo Bella.
— Então vamos fazer esse pouco tempo valer a
pena.
Dito isto, ela se levantou da banheira e pude
contemplar seu corpo gostoso e ensaboado, como ela era
maravilhosa. Tive a sorte grande de ter conhecido e me
aproximado mais de uma mulher tão sensual e desbocada
assim. E agora ela é só minha...
Quando ela veio em minha direção já comecei a
jogar minhas peças de roupa para longe. Dessa vez teria
que ser uma rapidinha bem dada.
Bella veio caminhando de uma forma sensual em
minha direção, como se dançasse uma música imaginária,
e meu pau já estava latente entre minhas pernas.
Peguei-a no colo e girei ela no ar.
— Bella, vou te comer como uma animal agora.
— Então me coma Jake.
Comecei a enfiar meu pau em sua boceta de pé
mesmo. Não tinha muito tempo, não podia enrolar.
— Seu pênis me deixa toda excitada e
molhadinha. — Ela forçava seu corpo contra meu pau que
já estava rígido.
— Tenho sorte de ter você em minha vida. — Dei
uma palmada bem dada em sua bunda.
— Aiii, assim você me machuca meu bem. — Ela
dizia com a voz sexy e rouca.
— Você merece tomar várias palmadas por ter
feito eu abandonar meu serviço está me ouvindo?
— Hm, está arrependido é? — Ela continuava se
esfregando em mim.
— Jamais.

— Me castigue então, que tal? — Ela passava a


língua em seus lábios.
— Só se for agora.
Comecei a estocá-la mais forte. A apoiei na
parede e segurei sua coxa direita a levantando para que eu
pudesse penetrá-la mais profundamente e com mais
intensidade.
Beijava suas costas enquanto metia mais fundo e
rápido.
— Que pau gostoso, mas quero mais rápido meu
bem, não temos muito tempo.
— Como quiser.

Estocava e grunhia a cada gemido que era ecoado


por ela. Bella fazia movimentos de vai e vem em meu pau
mesmo um pouco desconfortável com a posição.
Depois de poucos minutos nesse estilo, Bella se
virou, grudou em meu corpo e foi me empurrando na
direção da banheira.
— Me come aqui dentro, vai! Por favor! — Ela
implorava com aquela carinha de safada que me deixava
louco.
Não pensei muito e deitei na banheira.
Bella veio por cima de mim, e encaixou sua
bocetinha apertada e úmida em meu pau. Depois disto
começou a praticar movimentos de vai e vem em meu pau,
eu já estava a ponto de explodir.
— Seu pênis é uma delícia. Grande, gostoso e
suculento. — Ela lambia os beiços.
— Só rebola vai, guarde ele todo em seu interior
sua safada!
Bella começou a cavalgar e pular em meu pau que
não estava me aguentando de tesão. Segurei seus braços e
pressionei seu corpo contra o meu de um jeito que
conseguia meter nela sem ela se mexer. E foi isso que
continuei fazendo...
Estoquei-a incessantemente por vários segundos
seguidos. Meu pau era uma máquina, eu era uma
máquina...
Bella começou a gritar de tesão e falar palavrões
altos.
— Mais! Mais! Mais! — Bella gemia, gritava,
rebolava.
— Você é insaciável. — Beijei e chupei seus
mamilos enquanto a penetrava profundamente. Iria gozar
assim nessa intensidade, estava chupando e enfiando meu
pau até o talo.
Pouco tempo depois gozei em seu interior e gritei
de tesão. Devia estar com muita porra acumulada, pois o
jato que saiu foi muito forte.
Que mulher quente, pensei comigo.
Meu Deus, que rapidinha mais revigorante. Iria
trabalhar mais feliz, sem sombra de dúvidas.
Me espalhei na banheira extasiado.
— Adoro seu pênis, mas agora temo que precise
voltar ao trabalho. — Ela piscou em minha direção.

— Me despachando? — Olhei com safadeza pra


ela.
— Não quero te prejudicar. — Ela disse por fim.
— Mais tarde, se for bonzinho, tem mais.

Rapidamente saí e tomei um banho. Precisava


correr para o consultório.
Acabei extrapolando alguns minutos do que havia
combinado, mas tenho certeza que foi por uma boa causa.
Quando cheguei na clínica meu primeiro paciente
marcado para depois do almoço já estava a minha espera.
Como era um conhecido meu a bastante tempo ele não
ficou chateado ou nervoso pelo atraso de alguns minutos,
muito pelo contrário, ficou me perguntando se eu havia
voltado pra cidade para ficar ou se seria algo
momentâneo, típica pergunta de uma pessoa que sente falta
de conversar.
Trabalhei pela tarde só pensando em Bella e na
possibilidade dela estar fogosa hoje pela noite...
CAPÍTULO 26
"Surpresas acontecem quando menos se
espera..."

JAKE
2 MESES DEPOIS

Esses dois meses que se passaram foram muito


bons.
Descobri que minha vida tem um propósito, e que
posso e consigo ser feliz na maioria do tempo.
Estou bem financeiramente como nunca havia
estado. Me consultório na cidade de Eldorado me deu
frutos mais cedo do que imaginei, e por causa disso estava
pensando em ter outro empreendimento.
Em relação a minha Bella... bem, estou muito
grato de tê-la do meu lado. Sinto que ela é o meu alicerce,
minha metade.
Nunca pensei em sentir o que estou sentindo
agora. Sei que a amo, e também sei que ela é a pessoa
certa para construir um futuro maravilhoso, e quero isso.
Não vou negar que de vez em quando temos
algumas discussões, mas não é intenso como antes. Os
dois se permitem ouvir o que é falado, essa é a diferença.
Quando a discussão extrapola um pouco, eu chego
de mansinho perto dela e a beijo, peço desculpas mesmo
estando errado, e falo que ela é a mulher da minha vida.
Isso a acalma, e não vou negar que a desarma a maioria
das vezes. Quando falo dessa maneira não estou mentindo,
realmente sinto que é verdade.
A maneira que estamos nos tratando de uns
tempos pra cá só me provam que o cresce em mim também
aumenta nela.
No começo, quando começamos a namorar, tanto
eu quanto ela tínhamos receios de dizer eu te amo um para
o outro, e sabíamos que era cedo falar palavras tão fortes
assim. Mas com o decorrer dos dias foi se tornando algo
natural dizer a ela o quanto a amo.
Transamos todo dia, a situação até piorou, haha.
Na verdade piorou não é bem a palavra certa, fugiu do
controle seria melhor. Não podia ver aquela mulher
rebolando na minha frente que já ficava todo excitado, e
também ficava todo duro dela dizendo coisas sexy quando
estávamos sozinhos. Bem... já sabem no que dava esse
tipo de provocação.
Hoje ao sair da clínica passei em uma
floricultura. Nasceu um desejo em meu peito de presentear
Bella com flores, realmente eu havia mudado, ou melhor,
ela me mudou.
Eu não entendo muito de flores, homens né... mas
escolhi um buquê de rosas amarelas para levar a ela.
Hoje eu estava com uma sensação estranha, não
sei bem o que era. Não posso afirmar que era algo ruim,
mas não tinha certeza se era bom. Resolvi não ficar
pensando nessas coisas, não agora.
Peguei meu carro e fui em direção à casa de
Bella.
Chegando em seu condomínio não obtive sucesso
interfonando para seu número de apartamento. Notei que
seu carro estava estacionado na garagem.
Bella às vezes é meio dorminhoca e dorme pela
tarde, tive que fazer algo que não gosto muito, que é
passar pela portaria com a cópia da chave dela.
Por mais que nós dois estivéssemos namorando
por pouco tempo, ela sentiu na liberdade de me entregar
as chaves de seu apartamento. Não nego que fiquei um
pouco incomodado com esse gesto, mas não reclamei. Até
porque eu raramente usava, ou melhor, devo ter usado uma
única vez.
Ao ficar frente a frente com a porta do seu
apartamento resolvi tocar a campainha em vez de abrir
aporta, só que nada aconteceu.
Fiquei aproximadamente mais dois minutos
esperando Bella abrir a porta, sem sucesso.
Resolvi entrar com a chave que tinha.
Ao adentrar no local fui em direção ao seu quarto
para fazer uma surpresa a ela, mas não a encontrei.
Procurei também no banheiro e nada.
Aonde Bella estaria?
Caminhei pela casa e momentos depois meu
coração gelou.
Bella estava caída na cozinha.
Imediatamente fui ao seu encontro, desesperado
para entender o que havia se passado.
Bella estava gelada e pálida. Coisas ruins vieram
em minha cabeça, meu desespero ficava maior conforme
os segundos passavam.
Procurei por seus sinais vitais. Chequei seu
pulso, coloquei o ouvido perto do seu peito e vi que Bella
estava viva. Graças a Deus!
Sem pensar muito peguei-a no colo e a levei para
o hospital mais próximo de sua casa.
Chegando ao hospital, fui direto no pronto
socorro com Bella nos braços. Rapidamente uma maca
veio em nossa direção e a levou de mim.
Minha vida mudaria neste instante, eu só não
sabia ainda...

***

Há quanto tempo Bella estaria desacordada? O


que estava acontecendo? Meu Deus, eram tanto perguntas
que brotavam em minha cabeça que estava ficando sem
focar em nada.
Olhei minhas mãos e elas estavam tremendo.
Suava frio à medida que não tinha notícias sobre ela.
Comecei a ficar nervoso, tenso, preocupado e paranóico
com a ideia de não poder vê-la acordada novamente.
A todo o momento eu procurava informações
sobre seu estado de saúde, mas as atendentes e
enfermeiras sempre diziam para aguardar, e por esse
motivo eu ficava mais impaciente que o normal.
Havia se passado algumas horas desde que eu
havia trago ela aqui, e ainda não obtive nenhuma notícia.
A situação era pior do que eu imaginava.
Algum tempo depois um dos médicos do hospital
veio em minha direção.
— Jake é você?

— Isso mesmo doutor. — Afirmei aflito.

— A respeito de Bella...

— Como ela está? Acordou? Posso vê-la? — O


interrompi.
— Bella está bem, pode ficar tranquilo.
— Graças à Deus!

Me aliviei de uma forma surreal com essas


palavras! Um grande peso saiu das minhas costas e pude
sentir um alívio imediato.
— Posso vê-la? — Emendei.
— Sim. Foi só um susto, a pressão dela abaixou
muito, mas não se preocupe, ela e o bebê estão bem.
— Nossa, que alívio, eu... — Ele disse a palavra
bebê ou estou ficando maluco? — Espera... você disse
bebê?
— Sim, ela está grávida.

Bella... grávida!? Mas como...


— Meu Deus! — Coloquei as mãos em minha
cabeça.
— Você parece surpreso...

— Eu não sabia...
Nos olhamos e ficamos sem dizer nada um ao
outro por alguns instantes.
— Você quer vê-la? — O médico disse por fim.

— Claro.

Chegando no quarto que ela estava a vi ainda


bastante pálida, mas acordada. Ao me ver ela sorriu, e eu
quase comecei a chorar. Fui ao se encontro e segurei sua
mão.
— Eu estou bem Jake. — Ela tentava forçar um
sorriso. — Eu conversei com o médico, ele disse que
minha pressão caiu muito rápido, foi por esse motivo que
desmaiei na cozinha.
Eu não sabia o que pensar na hora, a notícia que
eu seria pai me pegou desprevenido.
Ainda não sei o motivo pelo qual Bella não havia
me contado sobre estar esperando um filho, confesso que
não estava bem com a situação. Mas precisava entender o
porquê ela não ter me falado algo tão sério assim.
— Fico feliz. — Abaixei a cabeça.

— Não me parece tão feliz assim, o que houve


meu bem?
— Bella... por que me escondeu algo tão sério?
— Disse com algumas lágrimas brotando em meus olhos.
— Jake, minha pressão abaixou, não te escondi
nada. Isso já havia acontecido outras vezes.
— Tem certeza que é só isso que quer me contar?
— Uma lágrima escorreu do meu rosto.
— Ei, o que está havendo? Porque está chorando
meu bem. — Seus olhos ficaram marejados.

— Por que não me disse que estava grávida


Bella?! — Fui direto.

— Como é?! — Seu rosto mudou de uma hora pra


outra.
— Vai me falar que não sabia? — A indaguei com
um pesar na voz.
— Jake... eu... engordei, mas não sabia... você tem
certeza? Como sabe? Você está brincando não é?
—O médico me disse. Você está falando sério
Bella? Por favor não minta para mim...
— Jake... — Bella pegou uma das minhas mãos,
vendo que visivelmente eu estava abalado
emocionalmente. — Eu te juro, eu não sabia! Eu... meu
Deus! Sou nova demais pra estar grávida. — Agora foi ela
que começou a chorar copiosamente.
— Eu não entendo Bella. Usei camisinha todas as
vezes... isso está errado.
— Nunca te contei, mas eu tomo remédios,
justamente para não engravidar. Não é possível que eu
tenha engravidado. — Ela abaixou a cabeça.

Ficamos algum tempo sem falar nada um para o


outro, estava difícil demais assimilar que eu seria pai,
logo eu...
Foi neste momento que Bella começou a chorar e
rir ao mesmo tempo. Não estava entendendo nada do que
estava se passando.
—O que há Bella?!
— Me abrace Jake, por favor, mais do que nuca
preciso de você agora. — Seu choro se tornou mais forte.
— Fui em sua direção e abracei e beijei seus
lábios.
Foi neste momento que Bella desatou a chorar pra
valer. Eu estava mais perdido que cego em tiroteio, não
estava entendo nada que estava se passando. Será que isso
é típico de mulher grávida? Meu Deus!
— Me desculpe Jake, de verdade, sei que não
estava esperando um filho... me desculpe meu bem. — Ela
soluçava e chorava.
— Ei, se acalme, não foi culpa sua engravidar de
um modo inesperado, não se preocupe. Estou aqui com
você Bella, sempre estarei.
— Foi sim Jake. Lembrei-me de algo, a culpa foi
toda minha. — Ela estava me olhando com um olhar de
súplica.
— Por que está dizendo isso?

— Teve uma semana que falhei com os remédios,


eu... fui burra demais.
— Ei, meu anjo. — Passei a mão em sua face.
— Mesmo assim, usei camisinha em todas as vezes, se
você engravidou era pra ter acontecido.
— Não Jake... você usou em todas as vezes,
menos uma.
— Como assim?
Na verdade eu não me recordava de ter esquecido
de usar a camisinha nenhuma vez. Tinha quase 100% de
certeza quanto a isso.
— Lembra no dia que te liguei te provocando, que
eu estava na banheira... pois é.
Me lembrei do dia. Meu Deus! É verdade...
Comecei a rir e olhar para Bella.
— Porque está rindo Jake? — Ela parecia confusa.

—É que eu não sabia que eu era tão bom em uma


rapidinha.
Bella começou a rir, daquele jeito característico
dela, um jeitinho que fez eu me apaixonar mais e mais a
cada momento que passava ao seu lado.
— Não me faça rir Jake, não estou em condições.

— Meu amor, olhe pra mim. — Bella fixou o seu


olhar no meu. — Você é a mulher que quero estar pelo
resto da minha vida. Foi você que me ensinou que posso
amar e ser amado. Você provou que seu amor foi capaz de
aceitar até mesmo eu, que fui uma pessoa quebrada por
quase toda vida, e no fim de tudo... você me aceitou como
eu sou. Quero te dizer que sou o homem mais feliz do
mundo de ter uma mulher que nem você ao meu lado, e
que em todos os momentos estarei com você, sejas nos
bons, nos ruins, em qualquer um. Você é a pessoa mais
valiosa em minha vida, quer dizer, você e o nosso filho.
Prometo a você que irei amar vocês dois de todas as
formas possíveis, farei o necessário para que nunca falte
nada aos dois. Eu te amo meu amor, coloque isso em sua
cabeça dura. — Sorri.

— Eu te amo Jake. — Ela chorou por alguns


instantes. — Te amei a cada momento que passamos juntos,
e esse sentimento só cresceu ao longo do tempo. Sei que
essa gravidez não estava sendo esperada, mas vou amar
essa criança e protegê-la de tudo, eu prometo pra você.
Dei um beijo terno em seus lábios, e o medo que
inicialmente tive quando vi Bella desacordada deu lugar a
uma alegria incontrolável de ser pai pela primeira vez.
Alguns sonhos meus estavam sendo realizados
neste momento...
EPÍLOGO
" Alguns segredos assustam, ainda mais
se for algo que já deveria ser mencionado há
muito tempo atrás...

BELLA

Minha gestação acabou de entrar no sexto mês.


Estava ficando gordinha, quer dizer, nem tanto,
mas pra quem praticava musculação assiduamente, esses
poucos quilinhos a mais eram muita coisa. Até meu rosto
havia ficado um pouco mais redondo...
Me queixava das gordurinhas em meu corpo para
Jake, mas não adiantava anda. Ele estava tão apaixonado
pelo fato de ter uma filha que nem ligava muito para o que
eu dizia. Aliás sempre que eu dizia esse tipo de coisa ele
ia na direção da minha barriga e a beijava.
Outra coisa que ele sempre mencionava é que eu
estava perfeita, linda e bochechuda. E também que nada
iria mudar o que ele sentia por mim.
Decidimos que nossa filha iria se chamar Rebeca.
Realmente eu o amava, nunca pensei falar uma
coisa dessas abertamente, mas eu amava de verdade Jake.
Ele acha que eu o mudei, mas na verdade foi seu amor que
me fez nascer de novo, e agradeço a Deus todos os dias
por tê-lo comigo.
Mas, eu escondo algo dele...
O que nunca revelei a ele é sobre minha saúde.
Um dia terei que ter coragem de dizer o que se passa
comigo. No momento ainda não tenho a confiança
necessária de me abrir com ele sobre algo que poucas
pessoas sabem sobre mim, mas temo que será necessário,
um dia...

***
Meu irmão havia me ligado dizendo que
precisava conversar um assunto sério comigo, e eu podia
imaginar do que se tratava. Não tocávamos neste assunto
desde... muito tempo. E depois que eu fiquei grávida, vi
nos olhos do meu irmão que ele havia ficado preocupado,
mais até do que eu.
Ao chegar em minha casa, Colin me abraçou e
perguntou como estava de gestação.
— Estou muito bem, e bastante feliz irmão.

— Estou vendo Bella! Nunca te vi tão contente


igual pude reparar nestes últimos meses.
— Verdade. No começo foi difícil me acostumar
com a ideia de que eu estava realmente grávida, mas com
o tempo caiu a ficha, e aceitei. — Sorri.

— Você sabe... que isso pode trazer implicações. -


Ele tocou cuidadosamente no assunto que temia.
— Sim. — Fui enfática.
— Jake já sabe da verdade?
— Não, esse tipo de coisa não é relacionado a
ele. Ou melhor não tem nada a ver com ele, são problemas
relacionados a mim, mais ninguém.
Paramos alguns momentos de falar um com o
outro.
— Temos que ter uma conversa séria sobre isso
Bella!
— Não, não temos. —O olhei decidida.

— Não posso acreditar que você não disse nada


sobre sua doença ao Jake! Me recuso a acreditar.
Cheguei perto dele fula de raiva.
— Não! E nem irei contar, agora estou grávida,
não quero problemas.
— Bella, mas sua saúde....

— Não! — Gritei. — Você vai me prometer agora


que não contará nada pra ele.
— Ele merece saber, ele tem que saber Bella!
— Colin disse mais alto que o normal.
— No tempo certo direi.

— Não existe essa coisa de tempo certo Bella!


Qual o seu problema? Você sabe que sua gravidez...
— Não importa. — O interrompi. — Eu correrei
esse risco, minha filha nascerá bem, mesmo que quem
pague o preço seja eu no fim das contas...

CONTINUA...
DEDICATÓRIA

Dedico este livro a todas as pessoas que me


apoiaram.
Quero agradecer em especial ao meu anjo, minha
paixão e minha inspiração chamada Ana Carolina.
Obrigado por ser essa pessoa maravilhosa que é, seu
apoio me faz mais forte e mais determinado a seguir meus
objetivos. Te adoro de um modo que nem imagina!

BIOGRAFIA
Gabriel Almeida de Oliveira tem 24 anos, é solteiro,
nascido e criado em Uberlândia, Minas Gerais. Leitor
ávido de Romances, já leu mais de 200 livros do gênero,
e por uma simples ideia que amadureceu, resolveu
publicar seu primeiro livro do gênero Romance Hot. Entre
seus projetos há 4 livros que estão em desenvolvimento, e
que em breve estarão disponíveis para o leitor.
Facebook: https://www.facebook.com/gabriel.almeidao
Email: gabriel_almeidao92@hotmail.com

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