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Centro de Humanidades
Departamento de Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Fortaleza
2014
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SUMÁRIO
DELIMITAÇÃO DO OBJETO.............................................................................................03
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................03
REFERÊNCIAL TEÓRICO..................................................................................................05
JUSTIFICATIVA....................................................................................................................07
METODOLOGIA...................................................................................................................09
REFERÊNCIAS......................................................................................................................11
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DELIMITAÇÃO DO OBJETO
A pesquisa aqui descrita tem por objetivo estudar os significados da religiosidade para
jovens que se denominam como sem religião, uma categoria utilizada em algumas pesquisas
como a realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2009) e pelo censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Considero necessário aprofundar a
compreensão dos significados da religiosidade para esses jovens e entender como tal
segmento percebe a presença do religioso na vida pública.
INTRODUÇÃO
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Esses objetivos específicos surgiram durante o processo de elaboração da monografia, que auxiliou na
definição do objeto de estudo deste projeto de mestrado, mais especificamente durante entrevistas onde essas
reflexões permaneceram inexploradas adequadamente e que considero importante serem trabalhadas.
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A escolha desse campo específico deve-se ao fato dele abranger cursos da área de humanidades e ciências
sociais aplicadas, onde considero existir uma variedade de debates relacionados à temática aqui tratada. Por
razões de viabilidade com relação ao tempo disponível para realização da pesquisa, foi colocado o recorte dos
campus localizados no Benfica.
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Geertz (2001) chama atenção para as mudanças no cenário mundial que ocorreram no
século passado como as duas Grandes Guerras Mundiais, a Guerra Fria e o declínio do
Imperialismo. Essas transformações, que traziam em seu âmbito disputas de caráter político e
econômico, compunham a maior parte das definições de identidade das nações e,
consequentemente, dos indivíduos que delas faziam parte. Entretanto, com o fim da Guerra
Fria, que possui como marco importante a queda do Muro de Berlim, houve uma
despolarização dos valores que existiam como preponderantes na definição da conduta,
determinações maniqueístas como comunista ou capitalista. Sobre isso Geertz (2001) afirma:
Além dos dados da FGV, outros que mostram esse crescimento são os que estão
presentes no livro "Religiões em movimento: o censo de 2010"3, que comenta os resultados do
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Essa obra reúne 19 artigos produzidos por especialistas de diversas áreas das ciências humanas que tratam
sobre o panorama religioso no Brasil, com base nos números obtidos pelo Censo de 2010.
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censo elaborado pelo IBGE, relacionando-o com outras pesquisas realizadas. Segundo esses
dados, o grupo de pessoas que se identificava como sem religião no ano 2000 representava
7,4% e atualmente esse número corresponde a 8%. Esse aumento está abaixo das expectativas
de especialistas, mas representa 15,3 milhões de pessoas que passaram a se declarar como
sem religião.
REFERENCIAL TEÓRICO
Os ciclos etários
[...] a propagação da religião, de modo geral, dá-se pelo proselitismo ou por meio
dos vínculos de parentesco, isto é, ou alguém adere ou herda uma religião (ou
nenhuma) [...] Frente às mudanças contemporâneas, pode-se ter como hipótese
inicial que a família tem sido cada vez menos eficaz na transmissão em relação a
décadas atrás [...] (MENEZES; TEIXEIRA, 2013, pg. 311)
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O capítulo do qual foi extraída a citação corresponde a um texto elaborado utilizando obras dos dois autores
escritas em anos diferentes do que acompanham a citação.
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Os dados utilizados correspondem ao espaço de tempo entre 1980 e 2010.
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pluralidade existente no país, ocasionada pelo surgimento de novas doutrinas cristãs nos
últimos anos. Sobre a pluralidade no Brasil, Ronaldo Almeida (2013) afirma:
O que se torna claro pela análise dos dados de pesquisas como as realizadas pelo IBGE
e FGV é a mudança do cenário religioso brasileiro. Os indivíduos tem progressivamente
buscado novas formas de identidade religiosa, sendo essa busca facilitada pela grande
variedade de opções religiosas disponíveis (HERVIEU-LÉGER, 2008).
Com efeito, não existe transmissão sem tensões. Verifica-se uma intensificação de
processos de ruptura quando o assunto é a reprodução da religião na família e nos domicílios.
Hervieu-Léger endossa que doutrinas religiosas hegemônicas são confrontadas na atualidade
com uma multiplicidade de alternativas religiosas. Essas novas expressões da crença
constituem as dinâmicas da 'religião em movimento', em processos de inovação, ruptura ou
descontinuidades de religiões herdadas. O que se verifica é o aumento do caráter privativo da
escolha em detrimento do social. A possibilidade de escolher, migrar ou desvincular-se da
religião de origem é uma recorrência sociológica, segundo analistas das transformações da
religião no mundo contemporâneo.
JUSTIFICATIVA
A escolha desse tema deve-se ao meu interesse no que diz respeito ao tipo de
relação estabelecida entre pessoas que se percebem como sem religião e os outros segmentos
sociais. Inicialmente, minha preocupação era com aqueles que se denominavam ateus, mas
durante o processo de orientação para elaboração da monografia, minha atenção foi chamada
para a categoria mais neutra dos sem religião, uma vez que essa categoria é a utilizada pelas
pesquisas e representa de forma mais ampla pessoas que compartilham uma forma de
pensamento semelhante.
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O estudo de temas que envolvem religião possui importância social, pois é um fator de
relevância na formação da moral dos indivíduos de uma sociedade e representa um aspecto
essencial da cultura. A religiosidade constitui um poder de coerção na vida das pessoas, na
medida em que os coloca sobre a influência de suas orientações de conduta, constituindo um
fato social. Aquilo que assim se estabelece tem por característica condicionar o
comportamento e as formas de pensar dos indivíduos, possui assim um poder coercitivo
(DURKHEIM, 2002). Isso se reflete pelo modo que temas como aborto, homossexualidade,
AIDS, o uso do preservativo como modo contraceptivo, dentre outros tópicos da vida social
têm sido objeto de controvérsias na vida pública, dividindo a formação da opinião dos
indivíduos.
Na sociedade brasileira, de forma mais explícita no campo político dos últimos anos,
as controvérsias geradas pela presença da religião na esfera pública têm tomado destaque nos
meios de comunicação. Exemplo disso são as declarações do atual deputado federal Marco
Feliciano (reeleito no pleito de 2014 com expressiva votação pelo estado de São Paulo), se
colocando claramente contra a sanção da PLC122/2006, projeto de lei que criminaliza a
homofobia. Bem como defende a chamada “bancada evangélica” no Congresso Nacional, ele
afirma que projetos dessa natureza, que objetivam a legalização do casamento homoafetivo ou
aborto, representam a destruição da família tradicional brasileira e um desrespeito à vida.
METODOLOGIA
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dotados de maior qualidade a abrangência. Cabe ao pesquisador colocar-se de maneira
adequada no campo para garantir que isso ocorra.
Além disso, pretende-se fazer o uso da técnica de entrevista voltada para a história de
vida dos jovens, pois esse método, através do relato oral do entrevistado, torna explícito
momentos da trajetória individual que são importantes para o indivíduo com o mínimo de
influência do pesquisador em relação a sua fala. Sobre a importância do relato oral como
forma de obtenção de dados em pesquisas qualitativas, Maria Isaura Pereira de Queiroz
(1991) afirma:
[...] o relato oral se apresentava como técnica útil para registrar o que ainda não se
cristalizara em documentação escrita, o não-conservado, o que desapareceria se não
fosse anotado; servia pois para captar o não-explícito, quem sabe mesmo o indizível
[...] A história oral pode captar a experiência efetiva dos narradores, mas destes
também recolhe tradições e mitos, narrativas de ficção, crenças existentes no grupo
[...] (QUEIROZ, 1991, p. 1,2 e 5).
Outro método a ser utilizado é a etnografia como definida por Geertz (1989), mais
especificamente sua descrição densa, onde ele determina que uma das característica do estudo
etnográfico é a microscópica, de forma que "[...] o antropólogo aborda caracteristicamente
tais interpretações mais amplas e análises mais abstratas a partir de um conhecimento muito
extensivo de assuntos extremamente pequenos" (p.15).
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Para o empreendimento de uma pesquisa de qualidade, faz-se necessário a obtenção de
certa quantidade de informações sobre o campo e objeto a ser estudado. Com relação a esse
aspecto, Beaud e Weber (2007) afirmam:
REFERÊNCIAS
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BEAUD, Stéphane e WEBER, Florence. Preparar a pesquisa. In:______. Guia para a pesquisa
de campo. Petrópolis: Editora Vozes, 2007. p. 44-63.
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