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CENTRO UNIVERSITÁRIO

LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO


UNIASSELVI 2016

Organização
Meike Marly Schubert

Autoria
Rafaela Liberali

Reitor da Uniasselvi
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação
Eloisa Amanda Rodrigues

Capa
Djenifer Luana Kloehn

Revisão Final
Harry Wiese
Diógenes Schweiger

Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci

EDUCAÇÃO FÍSICA em foco


Ficha catalográfica
Elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – UNIASSELVI – Indaial.

613.7
L695e Liberali, Rafaela

Educação física em foco/ Rafaela Liberali; Meike Schubert (Org.)


: UNIASSELVI, 2016.

135 p. : il.

ISBN 978-85-7830-993-0

1.Educação física.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

EDUCAÇÃO FÍSICA em foco


EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
------------------ [ APRESENTAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO ] ------------------

Prezado(a) acadêmico(a)!

Bem-vindo(a) ao Caderno de Educação Física em Foco, que tem como


objetivo levar os principais conteúdos trabalhados ao longo de seu curso. Assim, ele
estará dividido em três unidades e cada um abordará diferentes e variados conteúdos.

Ao longo da leitura deste Caderno de Estudos, você verá que o foco será
trabalhar os principais conteúdos que envolvem o professor de Educação Física,
passando desde os conceitos da formação profissional, pedagógica, curricular
e política educacional, até os aspectos específicos relacionados à Educação
Física, como os conhecimentos fisiológicos, anátomo-biológicos e biomecânicos
aplicados à Educação Física Escolar.

Na última unidade abordaremos a Educação Física Escolar, os esportes


coletivos e individuais e a Educação Física adaptada, que darão conhecimentos
necessários a sua formação e que permitam desenvolver atividades práticas na
escola com segurança, aplicando esse conhecimento com maior inteligência,
autonomia, responsabilidade e sensibilidade.

Desejo a você uma ótima leitura e que aproveite ao máximo o estudo dos
temas abordados neste Caderno de Estudos.

Bons estudos e sucesso!
Professora Dra. Rafaela Liberali

EDUCAÇÃO FÍSICA em foco


EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PEDAGÓGICA, CURRICULAR
E POLÍTICA EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA ......... 1

TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ............. 3


1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO
FÍSICA (PRÁTICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR) ....... 3
2 PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA (ASPECTOS PEDAGÓGICOS,
CIDADANIA E INCLUSÃO) .......................................................................... 10
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................. 12
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 15

TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO, GÊNERO E EDUCAÇÃO


FÍSICA ......................................................................................... 17
1 CULTURA DO MOVIMENTO: AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA
CULTURA CORPORAL ................................................................................ 17
2 PEDAGOGIA DO ESPORTE ........................................................................ 20
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................. 23
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 25

TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE ENVOLVEM A


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................ 27
1 METODOLOGIA E CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ..... 27
2 MÍDIAS ESPORTIVAS .................................................................................. 31
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................. 33
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 35
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 39

UNIDADE 2 – MOTRICIDADE HUMANA/CORPOREIDADE (O


CONHECIMENTO SOBRE O CORPO HUMANO) ................... 43

TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA ................................... 45

EDUCAÇÃO FÍSICA em foco


1 DANÇA, ATIVIDADE RÍTMICA E LINGUAGEM CORPORAL NA
ESCOLA ........................................................................................................ 45
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................. 51
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 53

TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE, GINÁSTICA E LUTA NA


ESCOLA ...................................................................................... 57
1 DIMENSÕES DO ESPORTE E APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR ..................................................................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................. 66
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 69

TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE .................................................. 73


1 EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE, APTIDÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR ..................................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................. 78
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 80
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 85

UNIDADE 3 – A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E OS ASPECTOS


CINESIOLÓGICOS, BIOMECÂNICOS, FISIOLÓGICOS ......... 89

TÓPICO 1 – APLICAÇÃO DA BIOLOGIA, ANATOMIA, CINESIOLOGIA E


BIOMECÂNICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA .................................. 91
1 CONHECIMENTOS ANÁTOMO-BIOLÓGICOS, CINESIOLÓGICOS E
BIOMECÂNICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ........... 91
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................. 98
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 100

TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DOS ASPECTOS FISIOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO


FÍSICA ......................................................................................... 103
1 CONHECIMENTOS FISIOLÓGICOS NECESSÁRIOS AO PROFESSOR
DE EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................... 103
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................. 110
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 112

EDUCAÇÃO FÍSICA em foco


TÓPICO 3 – OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM
NA ESCOLA) .............................................................................. 117
1 DESENVOLVIMENTO MOTOR E A EDUCAÇÃO FÍSICA ........................... 117
2 OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM NA
ESCOLA) ...................................................................................................... 120
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................. 124
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 125
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 131

Educação Física em foco


Educação Física em foco
UNIDADE 1
FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PEDAGÓGICA, CURRICULAR E POLÍTICA
EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:

• entender a importância e as características na formação do professor de


Educação Física;

• entender a regulamentação da educação física em contexto histórico e da


legislação nacional;

• entender os diferenciais do conteúdo pedagógicos da Educação Física em


diferentes níveis educacionais, baseado nos PCN;

• analisar os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física


1
escolar.

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você


encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados.

TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA


EDUCAÇÃO FÍSICA

TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO,


GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA

TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE


ENVOLVEM A EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR

Educação Física em foco


2

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ] ------

Nesta unidade, você estudará os conteúdos relacionados à formação


do professor de Educação Física, desde sua formação pedagógica, sobre os
conhecimentos curriculares e de política educacional.

1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA


(PRÁTICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR)

Caro(a) acadêmico(a)! Você já parou para refletir sobre o que representa ser
um professor de Educação Física? É sobre isso que conversaremos a partir de agora.

Por volta da década de 80, associava-se à formação dos professores a


profissionalização, somando conhecimento de base para o ensino (forma mais
complexa de obter conhecimento sobre os estudantes, escola e contexto social,
pois pode dificultar o discernimento de como este conhecimento é convertido 3
adequadamente para atender às exigências da prática), com responsabilidade
coletiva (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008).

Shulman (1987 apud RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008) aponta sete


categorias que fazem parte do conhecimento de base para o ensino:

• conhecimento do conteúdo, o conhecimento pedagógico geral (princípios ou


estratégias de gestão e organização de classe, úteis para ensinar o conteúdo);
• conhecimento curricular (conhecimento do professor para selecionar e organizar
os programas, bem como os meios que dispõe para isso);
• conhecimento pedagógico do conteúdo (combinação especial entre conteúdo e
pedagogia, típico do professor);
• conhecimento dos alunos e de suas características;
• conhecimento dos contextos educacionais (ambiente de trabalho, região e
características culturais da comunidade);
• conhecimento dos fins educacionais (valores sociais, propósitos e bases
filosóficas e históricas).

Educação Física em foco


Dentre todos esses conhecimentos, podemos argumentar que o
conhecimento pedagógico do conteúdo tem certa singularidade frente aos demais
e seria o mais provável para distinguir entre o conhecimento do conteúdo de um
especialista de uma determinada área e o conhecimento de um professor nesta
mesma área (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008).

Assim, perguntamo-nos qual é o conhecimento pedagógico do conteúdo


voltado exclusivamente para o professor de Educação Física?

Iniciamos esse assunto apontando que muitos alunos ingressam no curso


de Educação Física com a concepção desta profissão sendo somente promotora
de saúde apoiada em aspectos biológicos, treinamento de atletas, instrutora de
exercícios físicos etc.; no entanto, ela deve ser compreendida em outras dimensões
além da saúde, como culturais, sociais, lúdica e estética (FIGUEIREDO, 2004).

Segundo Pretto e Label (2015, p. 1), a partir da regulamentação da


Educação Física, ocorreram transformações e exigências sociais, educacionais
com o surgimento a cada ano de novas modalidades, novas formas de praticar
4
o exercício físico, assim exigindo que a Educação Física escolar também entre
nesse processo integrado na escola.

Veja no quadro a seguir um resumo breve historicamente da perspectiva


que a legislação federal tem sobre a profissão do professor de Educação Física,
sua regulamentação, profissionalização e saberes.

QUADRO 1. A EDUCAÇÃO FÍSICA SOB A PERSPECTIVA DA LEGISLAÇÃO FEDERAL E OS


SABERES DE CADA ÉPOCA

Anos Características
1939 – A constituição do campo “Educação Física”
- Desenvolvimento dos exercícios físicos relacionados à
1824 e 1931 preparação física, à defesa pessoal, aos jogos e esportes
dentro do âmbito militar, médico e social.
- O primeiro programa civil de um curso de Educação Física = o
curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo.
1934

Figura 1 = programa com conteúdos e saberes.

Educação Física em foco


1932 a 1945 (Era - Educação Física estruturou-se profissionalmente na luta pelo
Vargas) seu espaço na sociedade
- Na busca de legitimidade para a área e o reconhecimento
social de seus profissionais a Educação Física tornou-se
Constituição de
obrigatória nas escolas.
1937

- Surgimento de um currículo mínimo para a graduação.


- Decreto-lei nº 1.212, que criou a Escola Nacional de Educação
Física e Desportos e estabeleceu as diretrizes para a formação
profissional.

- Criação da Universidade do Brasil e a Escola Nacional de


Educação Física e Desportos.
1939
- Com exceção do curso para formar professores com duração de
dois anos, os demais eram desenvolvidos no período de um ano.

- Formação do professor é a de um técnico generalista, mas


carregada no compromisso de ser um educador.

Figura 2 = programa com conteúdos e saberes. 5


- Exigência para o exercício das funções de professor de
Educação Física, nos estabelecimentos oficiais (federais,
1º de janeiro de
estaduais ou municipais) de Ensino Superior, secundário,
1941
normal e profissional, em toda a República, a apresentação de
diploma de licenciado em Educação Física.
1945 – Revisão do currículo
- Segue a mesma sequência da proposta anterior de 1939,
redimensionando-a em sua organização.
1945, decreto-lei
- A duração do curso de formação do professor passou de dois
n. 8.270 anos para três anos.

Figura 3 = programa com conteúdos e saberes.

Educação Física em foco


- Pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB – nº 4.024/61, a
formação do professor passou a exigir um currículo mínimo
e um núcleo de matérias que procurasse garantir formação
cultural e profissional adequadas.

- Os cursos deveriam atender a um percentual de 1/8 da carga


horária para a formação pedagógica, visando a fortalecer a
1945 e 1968
formação do professor e fazer dele um educador.

- Em função dessa LDB, o Conselho Federal de Educação (CFE)


apresentou os pareceres nº 292/62 e nº 627/69, estabelecendo
os currículos mínimos dos cursos de licenciatura, sublinhando
que “o que ensinar” preexiste ao “como ensinar” e estabelecer
um núcleo de matérias pedagógicas.
1969 – Currículo mínimo e formação pedagógica
- Parecer CFE nº 894/69 e a resolução CFE nº 69/69, os
cursos de formação de professores passam a se restringir
apenas aos cursos de Educação Física e técnico de desportos
previsto para três anos de duração, com uma carga horária
1969
6 mínima de 1.800 horas-aula e redução das matérias básicas
de fundamentação científica.

Figura 4 = programa com conteúdos e saberes.

Educação Física em foco


1987 – Licenciatura e bacharelado
- Promulgação do parecer CFE nº 215/87 e da resolução CFE
nº 03/87, criando o bacharelado em Educação Física.

- Os saberes anteriormente divididos entre as matérias básicas


e profissionalizantes – localizadas dentro dos núcleos de
fundamentação biológica, gímnico-desportivo e pedagógica
– assumem uma nova configuração, tendo como fundamento
da distribuição dos saberes na estrutura curricular duas
1987 grandes áreas: Formação Geral – humanística e técnica – e
aprofundamento de conhecimentos.

- O curso passou das 1.800 horas-aula para 2.880 horas-aula,


com prazo mínimo de quatro anos, tanto para o bacharelado
quanto para a licenciatura, estabelecendo, assim, uma nova
referência para a formação profissional.

Figura 5 = programa com conteúdos e saberes.


- Com as publicações da LDBEN nº 9.394/96, da Lei de

7
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e da Lei nº 9.696/98
com a regulamentação profissional da Educação Física,
1996-1998
observou-se um novo desenho curricular como um todo e um
novo delineamento no campo da intervenção profissional da
Educação Física, bem como da educação, marcados por um
novo fenômeno, o “profissionalismo”.
FONTE: Adaptado de Souza Neto et al. (2004)

A seguir, veja as figuras que complementam os saberes apresentados no


Quadro 1, relacionados aos programas desenvolvidos para a profissionalização da
Educação Física.

Educação Física em foco


FIGURA 1: PROGRAMA DE SABERES DO CURSO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO
DE SÃO PAULO DE 1934

FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 115)

FIGURA 2: PROGRAMA DE SABERES DO DECRETO-LEI Nº 1.212


8

FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 117)

Educação Física em foco


FIGURA 3: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1945

FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 118)

9
FIGURA 4: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1969

FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 118)

Educação Física em foco


FIGURA 5: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1987

FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 121)

Com toda essa construção de saberes ao longo do tempo, a Educação Física


ganha legitimidade e passa ser importante dentro do contexto social, educacional,
cultural. Na escola, a Educação Física precisa garantir que, de fato, as ações físicas
10 e as noções lógico-matemáticas que a criança usará nas atividades escolares e fora
da escola possam se estruturar adequadamente (PRETTO; LABEL, 2015).

2 PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA (ASPECTOS PEDAGÓGICOS,


CIDADANIA E INCLUSÃO)

Vimos acima, acadêmico, as sete categorias que fazem parte do


conhecimento de base para o ensino. Para o entendimento do conteúdo
pedagógico, podemos diferenciá-los.

- o conhecimento da matéria apontando que ele se refere à


quantidade e organização do conhecimento por si só na mente
do professor;
- o conhecimento curricular do conteúdo representa o conjunto
de programas elaborados pelo professor sob um tema
particular, considerando o nível dos alunos, bem como os
meios disponíveis ao professor para o ensino da matéria; e
- o conhecimento pedagógico do conteúdo como a forma
de representação e transformação da matéria de ensino que

Educação Física em foco


torna esta mesma matéria compreensível ao aluno, em outras
palavras, é o conhecimento sobre como ensinar um conteúdo ou
tópico a um grupo específico de estudantes em um específico
contexto (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008, p. 163).

Em 1997 foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)


referentes aos 1º e 2º ciclos (1ª à 4ª séries do Ensino Fundamental) e, no ano
de 1998, os relativos aos 3º e 4º ciclos (5ª à 8ª séries), incluindo um documento
específico para a área da Educação Física e, em 1999, foram publicados os PCN
do Ensino Médio (DARIDO et al., 2001).

Assim, os PCN possuem a função de orientar e garantir a coerência das


políticas de melhoria da qualidade de ensino, socializando discussões, pesquisas
e recomendações, além de nortear a prática pedagógica do professor de Educação
Física com um planejamento direcionado no Projeto Político-Pedagógico da escola,
de maneira dinâmica e concreta (SOUSA; FÁVERO, 2010).

Segundo Darido et al. (2001), os PCN abriram espaços para a construção


de uma escola comprometida com a cidadania e com a rejeição à exclusão, ao
11
abordar na lei os princípios da educação, a garantia aos direitos e deveres da
cidadania, a política da igualdade, a solidariedade e a ética da identidade.

Os conteúdos dos PCN do Ensino Fundamental em Educação Física são


divididos em três blocos, para melhor contextualização e aplicação no âmbito
escolar (SOUSA; FÁVERO, 2010):
• esportes, jogos, lutas, ginásticas;
• atividades rítmicas e expressivas;
• conhecimentos sobre o corpo.

Os PCN trazem avanço nas dimensões do conteúdo para a


profissão educação física, pois ultrapassam o ensinar esporte,
ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e
conhecimento sobre o próprio corpo para todos, em seus
fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas inclui
também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os
alunos devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão
atitudinal). E busca, assim, garantir o direito do aluno de
saber porque ele está realizando este ou aquele movimento,
isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos
(dimensão conceitual) (DARIDO et al., 2001, p. 21).

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• Sete categorias fazem parte do conhecimento de base para o ensino,


conhecimento do conteúdo, curricular, pedagógico do conteúdo, dos alunos e
de suas características, dos contextos educacionais e dos fins educacionais.

• O conhecimento pedagógico do conteúdo é o mais singular frente aos demais.

• O curso de formação do educador físico, além de ser promotora de saúde


apoiada em aspectos biológicos, deve ser compreendido em outras dimensões,
como culturais, sociais, lúdicas e estéticas.

• Com a regulamentação da Educação Física ocorreram transformações e


exigências sociais, educacionais.

12 • Surgimento de novas formas de praticar exercício físico, exigindo que a


Educação Física escolar também entre nesse processo, atuando como qualquer
outra disciplina da escola, e não desintegrada dela.

• Em 1934, desenvolvido o primeiro programa civil de um curso de Educação


Física, o curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo.

• Com a Constituição de 1937, a Educação Física tornou-se obrigatória nas


escolas, bem como surgiu um currículo mínimo para a graduação.

• Em 1939, ocorreu a criação da Universidade do Brasil e a Escola Nacional de


Educação Física e Desportos.

• Em 1941, entrou nos estabelecimentos oficiais (federais, estaduais ou


municipais) de Ensino Superior, secundário, normal e profissional, em toda a
República, a apresentação de diploma de licenciado em Educação Física como
exigência para o exercício das funções de professor de Educação Física.

Educação Física em foco


• Pela nova lei, a Lei de Diretrizes e Bases – LDB – nº 4.024/61, a formação
do professor passou a ter um currículo mínimo e um núcleo de matérias que
procurasse garantir formação cultural e profissional adequadas. E os cursos
deveriam atender a um percentual de 1/8 da carga horária.

• Em 1969, o Parecer CFE nº 894/69 e a Resolução CFE nº 69/69 restringiram


apenas aos cursos de Educação Física e técnico de desportos três anos de
duração, com uma carga horária mínima de 1.800 horas-aula e redução das
matérias básicas de fundamentação científica.

• Em 1987, foi criado o bacharelado em Educação Física. Com os saberes


divididos entre as matérias básicas e profissionalizantes, divididos em uma nova
configuração, tendo como fundamento dos saberes na estrutura curricular duas
grandes áreas: formação geral – humanística e técnica – e aprofundamento de
conhecimentos.

• O curso passou das 1.800 horas-aula para 2.880 horas-aula, com prazo
mínimo de quatro anos, tanto para o bacharelado quanto para a licenciatura,
13
estabelecendo, assim, uma nova referência para a formação profissional.

• Com toda essa construção de saberes ao longo do tempo, a Educação


Física ganha legitimidade e passa a ser importante dentro do contexto social,
educacional, cultural.

• O conhecimento pedagógico do conteúdo seria como a forma de representação


e transformação da matéria de ensino que torna esta mesma matéria
compreensível ao aluno.

• O conhecimento pedagógico do conteúdo seria o conhecimento sobre como


ensinar um conteúdo ou tópico a um grupo específico de estudantes em um
específico contexto.

• Em 1999, a Educação Física foi incluída pelos Parâmetros Curriculares


Nacionais (PCN).

Educação Física em foco


• Os PCN abriram espaços para a construção de uma escola comprometida com
a cidadania e com a rejeição à exclusão.

• Os PCN abordaram na lei os princípios da educação, a garantia aos direitos


e deveres da cidadania, a política da igualdade, a solidariedade e a ética da
identidade.

• A educação é dividida em três blocos nos PCN, para melhor contextualização


e aplicação no âmbito escolar (esportes, jogos, lutas, ginásticas, atividades
rítmicas e expressivas e conhecimentos sobre o corpo).

• Os PCN buscam incorporar a dimensão procedimental, atitudinal e conceitual.

14

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 11 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.

A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos


alunos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso
de todos, adotando novas práticas pedagógicas. Não é fácil e imediata a
adoção dessas novas práticas, pois ela depende de mudanças que vão além
da escola e da sala de aula. Para que essa escola possa se concretizar,
é patente a necessidade de atualização e desenvolvimento de novos
conceitos, assim como a redefinição e a aplicação de alternativas e práticas
pedagógicas e a educacionais compatíveis com a inclusão.

15
Avalie as propostas a seguir, feitas por professores de Educação Física,
para um projeto de inclusão escolar e indique quais estão em consonância
com o texto.

I. Um torneio esportivo com equipes formadas apenas por estudantes com


deficiências, para que os demais alunos possam assistir aos jogos e aprender
a conhecer e a lidar com as pessoas com deficiência, contemplando ainda
a participação de gestores da escola, funcionários, pais e professores que
trabalharão na organização do evento.

II. Uma gincana com jogos motores com a participação de várias equipes
compostas e mescladas por alunos com deficiências, alunos do Ensino
Fundamental e Médio, gestores da escola, professores, funcionários e a
comunidade local.

III. Atividades em equipes (membros dos vários segmentos da comunidade


escolar e alunos com deficiência), com o objetivo de verificar se a escola e

Educação Física em foco


o ambiente de seu entorno possuem barreiras arquitetônicas que dificultam
a locomoção dos alunos com deficiência física na escola e a sua inserção e
interação nas atividades motoras espontâneas de pátio.

É correto o que se afirma em:


( ) A = I, apenas.
( ) B = II, apenas.
( ) C = I e III, apenas.
( ) D = II e III, apenas.
( ) E = I, II e III.

Gabarito
Questão 1 – Letra D.

16

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO E PEDAGOGIA ] ------
DO ESPORTE

Especialmente, neste tópico, você entenderá que a definição de cultura,


entendida como um produto da coletividade, está relacionada diretamente à cultura
do movimento. Também abordaremos a questão de gênero e sua relação com a
Educação Física.

1 CULTURA DO MOVIMENTO: AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA


CULTURA CORPORAL

Iniciemos esse tópico, caro(a) acadêmico(a), levantando alguns


questionamentos sobre o que é educação “corporal” e porque ela deve ser
entendida pelo professor de Educação Física que atua principalmente nas escolas.

Começaremos entendendo que cultura, segundo os PCN (BRASIL, 1997, 17


p. 23), é “um produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem,
ou seja, um conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo”. E a relação
com a educação física, segundo os PCN (BRASIL, 1997, p. 23):

Assim, a área de Educação Física hoje contempla múltiplos


conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a
respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram
fundamentais as atividades culturais de movimento com
finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e
emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação
e manutenção da saúde. Trata-se, então, de localizar em
cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança,
ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos
e suas possibilidades de utilização como instrumentos de
comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí
as propostas para a Educação Física escolar.

Educação Física em foco


FIGURA 6: PRODUÇÕES DA CULTURA CORPORAL, INCORPORADAS PELA
EDUCAÇÃO FÍSICA

FONTE: BRASIL (1997, p. 24)

Observamos, caro(a) acadêmico(a), que as produções da cultura corporal


relatadas acima na Figura 6 tem em comum a representação corporal, com
características lúdicas, de diversas culturas humanas (BRASIL, 1997, p. 24).
18

Daolio (1996) observa que se a Educação Física trata da cultura de


movimento, temos que fazer com que na escola, tanto no 1º quanto no 2º grau, ela
deva ser feita nos mesmos moldes das outras disciplinas escolares, partindo do
conhecimento corporal popular e das suas variadas formas de expressão cultural,
almejando que o aluno possua um conhecimento organizado, crítico e autônomo a
respeito da chamada cultura humana de movimento.

Daolio (1996) faz uma análise da Educação Física na escola, apontando


que geralmente sua prática valoriza a Educação Física biológica e universalizante,
excluindo muitos alunos. O autor vai além, propondo uma nova aula focando na
Educação Física Plural, cuja condição mínima e primeira é que as aulas atinjam
todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, ou dos
gordinhos, dos baixinhos, dos mais lentos, partindo do pressuposto que os alunos
são diferentes, recusando o binômio igualdade/desigualdade para compará-los.

Educação Física em foco


QUADRO 2. PROPOSTA DE CONTEÚDOS BASEADO NA EDUCAÇÃO FÍSICA PLURAL

Anos Características
Objetivo dessa Educação Física = abarcar todas as formas da chamada cultura
corporal – jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas – e, ao mesmo tempo, abranger
todos os alunos.
- conhecimento a respeito da cultura corporal, desenvolvido
prioritariamente, de forma vivencial.

- ampla gama de oportunidades motoras.


Nos anos iniciais - explorar a capacidade de movimentação, descubra novas
expressões corporais, domine seu corpo em várias situações,
experimente

ações motoras com novos implementos, com ritmos variados.


- enfatizar o desenvolvimento e a reconstrução das técnicas
esportivas,

ginásticas ou de dança, considerando-se diversos níveis de


Nos anos iniciais
relação.
e finais
19
- não se trata de ensinar a técnica tida como correta, mas de
propiciar aos alunos o desenvolvimento de uma série de relações
com o espaço.
- partindo da capacidade cognitiva que os alunos possuem, que
permite a eles pensar de forma abstrata, é possível ampliar os
Nos anos finais e objetivos da Educação Física.
ensino Médio. - trabalhar com a cultura corporal não só no sentido de
vivenciá-la, mas também compreendendo-a, criticando-a e
transformando-a.
FONTE: Adaptado de Daolio (1996, p. 41-42)

Acadêmico(a)! Ao ler o quadro acima (Quadro 2), consegue-se visualizar


“Por que a proposta da Educação Física Plural se torna uma alternativa importante
de valorização da cultura do movimento para as aulas de Educação Física?”
Vejamos a resposta:

Propor uma Educação Física Plural significa fazer com que


esta prática seja democrática, colocando seus serviços

Educação Física em foco


à disposição de todos os alunos. Para isso, é necessário
considerar as individualidades dos alunos, expressas nas
diferenças apresentadas por eles. Uma Educação Física
Plural tentará considerar, num sentido mais amplo, o contexto
sociocultural onde ela se dá, e num sentido mais específico, as
diferenças existentes entre os alunos. Uma Educação Física
Plural permitirá fazer das diferenças entre os alunos, condição
de sua igualdade, ao invés de ser critério para justificar
preconceitos que levam à subjugação de uns sobre outros. Só
assim, será garantido o direito de todos e de cada um à prática
de Educação Física na escola (DALIO, 1995, p. 136).

[...] jogos, brincadeiras e brinquedos populares são parte da


cultura, habitualmente transmitidos de geração para geração,
por meio da oralidade. Muitos desses brinquedos e brincadeiras
preservam sua estrutura inicial; outros se modificam, recebendo
novos conteúdos. No entanto, observa-se, cada vez mais, que
o contato das crianças com jogos, brinquedos e brincadeiras
tradicionais vem perdendo espaço, possivelmente como
consequência dos processos de urbanização e de produção/
consumo de equipamentos de alta tecnologia (videogames,
computadores, televisores e brinquedos de controle remoto)
(GONÇALVES JUNIOR, 2004, p. 133).

20 Portanto, vimos que a Educação Física que leva em conta a pluralidade


seria uma excelente alternativa de trabalho a ser desenvolvido, pois engloba todos
os princípios propostos pelos PCN, tais como inclusão, autonomia, cooperação e
diversificação.

2 PEDAGOGIA DO ESPORTE

O que seria pedagogia do esporte? Que relação existe entre a pedagogia


e o esporte voltado à Educação Física escolar? O conteúdo a seguir responderá
a estas perguntas, caro(a) acadêmico(a), levando-o ao entendimento que ao
trabalharmos no ambiente escolar devemos ter em mente não somente a técnica,
mas a forma como ela é construída.

Para Bento (2006, p. 14), “a pedagogia objetiva entender o conhecimento


historicamente produzido pelo sujeito, ao longo de sua existência e, assim, se

Educação Física em foco


interessa pelas práticas esportivas corporais, pois o esporte é um fenômeno social”.

Atualmente, essa área de conhecimento chamada de pedagogia do


esporte objetiva contribuir com propostas relacionadas ao processo de ensino e
aprendizagem de modalidades esportivas, ou seja, com métodos e estratégias
de ensino que favoreçam uma aplicação apropriada do esporte dentro e fora do
ambiente escolar (BARROSO; DARIDO, 2009).

Para Reverdito, Scaglia e Paes (2009, p. 603), devemos ter claro que
toda essa prática pedagógica se apoia além dos princípios pedagógicos com a
diversidade,

do ensinar esportes a todos, ensinar esporte bem a todos, ensinar


mais que esportes e ensinar a gostar de esportes, pautando-
se no aprendizado do jogo por meio do jogo jogado, sendo o
ensino orientado para compreensão do jogo, com o objetivo do
desenvolvimento da capacidade tática (cognitiva) em direção
à especificidade técnica (motora específica), privilegiando
situações de jogos e brincadeiras populares da cultura infantil,
metodicamente orientados pelo jogo-trabalho. Os autores
apoiam-se nos fundamentos das abordagens interacionista e 21
do pensamento sistêmico-complexo, para as bases da teoria
do jogo, privilegiando o aprendizado na interação entre a
capacidade de aprender e das diferentes produções culturais já
existentes, sendo o jogo principal ambiente dessa interação.

Para ser abordado na escola, o esporte, como um conteúdo tradicional


da Educação Física, precisa receber um tratamento pedagógico adequado, não
somente ensinando movimentos e gestos técnicos específicos, mas proporcionando
um conhecimento específico, para que ele saiba analisar o porquê da realização
de tais movimentos, como também possa atribuir valores e ter atitudes apropriadas
para e nas diversas práticas esportivas (BARROSO; DARIDO, 2009).

Ao abordarmos a Educação Física enquanto pedagogia do esporte,


devemos ter em mente a importância de valorizar o indivíduo em sua totalidade,
proporcionando estímulos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, estimulando as
inteligências múltiplas com destaque a autoestima, autoconfiança, iniciativa,
autonomia e cooperação (GALATTI, PAES, 2006).

Educação Física em foco


QUADRO 3. EXEMPLO DE UMA ESCOLINHA DE FUTEBOL BASEADO NA PEDAGOGIA DO ESPORTE

Princípios Características
- Futebol entendido como processo de ensino e aprendizagem
para todos.
- Competição e disputa vistas como conteúdos de uma ação
pedagógica.
- A não cobrança de resultados e a não preocupação com a
formação de equipes, como fator relevante para uma escolinha
de futebol.
Primeiro Conjunto
- Gerar uma organização para que o aluno pegue mais vezes
de Princípios
na bola, ou seja, tenha muito contato com a bola durante a aula,
portanto, evitando-se grandes filas.
- Possibilitar oportunidades para que eles saibam se auto-
organizarem, se preciso for até que eles aprendam a votar, para
tomadas de decisões democráticas.
- Estimular a construção de regras, para que os alunos sejam
regidos por suas próprias regras.
- Divisão das turmas através de uma adequação etária.
- Desenvolvimento harmônico e global das crianças, atentando-
22 se sempre aos seus aspectos cognitivos, afetivos (sociais),
sensitivos e motores.
Segundo Conjunto
- Variações mais complexas da brincadeira, estimulando o
de Princípios
aumento da complexidade dos movimentos destas.
- Nunca realizar atividades que se resumem na prática pela
prática, através de conversas e explicações situar o aluno no
contexto em que a atividade é executada.
- Resgatar a cultura infantil, adaptando brincadeiras infantis,
adequando-as à aprendizagem do futebol.
- Liberdade no transcorrer do processo de ensino-aprendizagem
do futebol.
Terceiro Conjunto
- Levar em conta o que a criança traz com ela, suas
de Princípios
características, sua
bagagem motora e cultural.
- Aproveitar o conhecimento do aluno, que deve aprender,
avançar a partir do que já sabe.
FONTE: Adaptado de SCAGLIA (1996)

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 2 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• Cultura definida pelos PCN como um produto da sociedade.

• Produções da cultura corporal, incorporadas pela Educação Física (jogo,


esporte, dança, ginástica e luta).

• A Educação Física, quando trata da cultura de movimento, deve partir do


conhecimento corporal popular e das suas variadas formas de expressão
cultural.

• O professor de Educação Física na escola deve resgatar o conhecimento que o


aluno possui a respeito da chamada cultura humana de movimento.

• O professor de Educação Física na escola não deve apenas levar em conta sua
prática biológica e universalizante, excluindo muitos alunos. 23

• O professor de Educação Física deve propor uma nova aula focando na


Educação Física Plural, cuja condição mínima e primeira é que as aulas atinjam
todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, ou
dos gordinhos, dos baixinhos, dos mais lentos, partindo do pressuposto que
os alunos são diferentes, recusando o binômio igualdade/desigualdade para
compará-los.

• A Educação Física que leva em conta a pluralidade seria uma excelente alternativa
ao professor de Educação Física, pois engloba todos os princípios propostos
pelos PCN, tais como inclusão, autonomia, cooperação e diversificação.

• A pedagogia se interessa pelo esporte, por este ser um fenômeno social.

• A pedagogia do esporte objetiva contribuir com propostas relacionadas ao


processo de ensino e aprendizagem de modalidades esportivas.

Educação Física em foco


• A pedagogia do esporte utiliza métodos e estratégias de ensino que favoreçam
uma aplicação apropriada do esporte dentro e fora do ambiente escolar.

• Na escola, o esporte, como um conteúdo tradicional da Educação Física,


precisa receber um tratamento pedagógico adequado, não somente ensinando
movimentos e gestos técnicos específicos, mas proporcionando um conhecimento
específico.

• O professor de Educação Física deve mostrar ao aluno o motivo da realização de


tais movimentos, como também pode atribuir valores e ter atitudes apropriadas
para e nas diversas práticas esportivas.

24

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 18 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.

O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta, enquanto componentes


culturais da Educação Física, têm como características comuns a ludicidade e
a função educativa, nas quais cada manifestação corporal vivida no interior da
escola possibilita a formação e o desenvolvimento humano em sua totalidade.
Assim, a Educação Física contempla conhecimentos produzidos e usufruídos
pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com finalidade de lazer,
manutenção da saúde, expressão da afetividade e da cidadania.

Com base no texto, e considerando o papel do professor ao planejar,


25
participar e avaliar projetos pedagógicos, educacionais e da gestão escolar,
avalie as afirmações a seguir.

I. Deve-se valorizar a rotina da aula e a improvisação, o que estimulará


a renovação do conhecimento, que deve ser diariamente produzido pelo
professor e seus alunos.

II. É recomendável que o aluno desenvolva sua bagagem cultural através


de jogos e brincadeiras, considerando sua criatividade e seu poder de
imaginação.

III. É preciso considerar o espaço físico onde as brincadeiras devem ser


realizadas, pois este deve transmitir a sensação de conforto, de segurança
e de confiança.

IV. É importante promover a formação integral dos alunos, visando às


finalidades educacionais, com a intenção de proporcionar o bem-estar e o

Educação Física em foco


desenvolvimento corporal em suas diferentes dimensões.

É correto apenas o que se afirma em:


( ) A= I e II.
( ) B = I e III.
( ) C= III e IV.
( ) D = I, II e IV.
( ) E = II, III, IV.

Gabarito
Questão 1 – Letra E.

26

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE ENVOLVEM ] ------
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Neste tópico, você entenderá os aspectos metodológicos que envolvem


a Educação Física e a importância atualmente das mídias esportivas, tanto no
esporte de rendimento quanto na aplicação no âmbito escolar.

1 METODOLOGIA E CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Todos os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física são


as mesmas substancialmente das demais áreas do conhecimento e devem ter
como meta a busca constante de estratégia metodológica que possa dar conta das
novas necessidades (OLIVEIRA, 1997).

Hoje, a Educação Física conta com várias propostas metodológicas de


destaque. No entanto, para o presente estudo destacamos: metodologia do ensino 27
aberta; metodologia crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia
crítico-emancipadora (OLIVEIRA, 1997, p. 23).

Para que seja efetivo o ensino, deve-se sempre buscar a realidade do


educando para ensinar fatos, pessoas e objetos que os alunos conhecem na sua
vida diária e sobre os quais manifestam interesse e curiosidade para ampliar seus
conhecimentos, sendo que para isso o professor pode utilizar várias metodologias
que utilizam essas estratégias (SHIGUNOV, 2008). Veja algumas caraterísticas
no quadro a seguir, destas metodologias que você, professor de Educação Física,
pode optar em usar em suas aulas:

QUADRO 4. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS METODOLOGIAS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO


FÍSICA
Características
1 – METODOLOGIA DO ENSINO ABERTO
- Reiner Hildebrandt e Ralf Laging da Alemanha (1986) e Cardoso
Idealizadores da
et al. (1991) – Grupo de Trabalho Pedagógico), UFPe e UFSM,
proposta
do Brasil.

Educação Física em foco


Referencial - Teoria Sociológica do Interacionismo Simbólico (Mead/Blumer) e
teórico Teoria Libertadora (Paulo Freire).
Tendência
Progressista crítica.
educacional
Objeto de estudo O mundo do movimento e suas implicações sociais.
Trabalhar o mundo do movimento em sua amplitude e
Objetivos gerais complexidade com a intenção de proporcionar, autonomia para as
capacidades de ação.
Seriação escolar Pode ser trabalhada dentro da atual estrutura curricular escolar.
O mundo do movimento e suas relações com os outros e as
Conteúdos coisas.
básicos
os conteúdos são construídos através de temas geradores.
- Ações problematizadoras.

- Ações metodológicas organizadas para aumento no nível de


Enfoque complexidade dos temas tratados e realiza-se em uma ação
metodológico participativa, em que professor e alunos interagem na resolução
28 de problemas e no estabelecimento de temas geradores; o
ensino aberto exprime-se pela “subjetividade” dos participantes.
Avaliação Privilegia a avaliação do processo ensino-aprendizagem.
2 - METODOLOGIA CRÍTICO-SUPERADORA

Idealizadores da - Valter Bracht et al. (1992).


proposta - Coletivo de autores.
Referencial
Teoria do materialismo histórico-dialético.
Teórico
Tendência
Progressista crítica.
Educacional
- Temas inerentes à cultura corporal do homem e da mulher
brasileiros, entendendo-a como uma dimensão da cultura.
Objeto de estudo Busca desenvolver a apreensão, por parte do aluno, da cultura
corporal, como parte constitutiva da sua realidade social
complexa.

Educação Física em foco


Desenvolver a apreensão, por parte do aluno, da sua cultura
Objetivos gerais corporal, entendendo-a como parte constitutiva da sua realidade
social complexa.
– Pré e anos iniciais – organização da identificação dos dados da
realidade.

– anos iniciais – iniciação à sistematização do conhecimento;


Seriação escolar
– anos finais – aplicação da sistematização do conhecimento;

– Ensino Médio – aprofundamento da sistematização do


conhecimento.
Conteúdos - Temas que, historicamente, compõem a cultura corporal
básicos brasileiro, tais como o jogo, a ginástica, a dança e os esportes.
- Práticas constitutivas da cultura corporal como “práticas
Enfoque
sociais”, produzidas pela ação (trabalho) humana com vistas a
metodológico
atender a determinadas necessidades sociais.
Avaliação - Privilegia a avaliação do processo ensino-aprendizagem.
3 – METODOLOGIA CONSTRUTIVISTA
29
idealizadores da
João Batista Freire – na Educação Física – (1989).
proposta
Piaget, especialmente com as obras “O nascimento da
Referencial
inteligência na criança” e “O possível e o necessário, fazer e
Teórico
compreender”.
Tendência
Construtivista (com tendência ao socioconstrutivismo).
Educacional
Objeto de estudo Motricidade humana.
Objetivos gerais Ensinar as pessoas a se saberem corpo.
Adaptada ao currículo atual, mas aponta para alterações no
Seriação escolar
currículo, inclusive na seriação.
Conteúdos Educação dos sentidos, com a educação da motricidade, com a
básicos educação do símbolo.
A partir do que o sujeito sabe sugerir mudanças no conteúdo,
Enfoque
criando o conflito entre o que se sabe e o que é preciso ser
metodológico
aprendido. Do conflito vem a consciência do fazer.
Avaliação -

Educação Física em foco


4 - METODOLOGIA CRÍTICO-EMANCIPADORA
Idealizadores da
Elenor Kunz (1994).
proposta
Referencial
Teoria sociológica da razão comunicativa (Habermas).
Teórico
Tendência
Progressista crítica.
Educacional
Objeto de estudo Movimento humano – esporte e suas transformações sociais.
Conhecer e aplicar o movimento conscientemente, libertando-se
Objetivos gerais
de estruturas coercitivas; refuncionalizar o movimento.
Seriação escolar -
Conteúdos O movimento humano através do esporte, da dança e das
básicos atividades Lúdicas.
Enfoque
Categorias de ação: trabalho, interação e linguagem.
metodológico
Avaliação Processo ensino-aprendizagem.
30 FONTE: Adaptado de Oliveira (1997)

Devemos ter em mente que, para as metodologias expostas no quadro


acima, para funcionarem, elas devem facilitar a aprendizagem do aluno, apresentar
o conteúdo, atingir os objetivos propostos, mesmo com os estilos de atuação
diferenciados, levando em conta a ação, a forma de comunicação do professor em
contato com os alunos (SHIGUNOV, 2008).

[a comunicação no ensino] mediante a comunicação que se


estabelece em todo o processo de ensino, o aluno adquire uma
determinada informação. Esta informação, que é fornecida em
função de um desenvolvimento ótimo de habilidades nos níveis
cognitivo, afetivo e motor, tem que servir para ajudar o indivíduo
a tomar as decisões corretas sobre seu movimento corporal e
os mecanismos cognitivos corretos para a realização eficiente
de uma tarefa (SHIGUNOV, 2008, p. 42).

Educação Física em foco


2 MÍDIAS ESPORTIVAS

Kellner (2003, p. 5) aponta que atualmente a indústria cultural possibilitou


a multiplicação dos espetáculos por meio de novos espaços e sites, e o próprio
espetáculo está se tornando um dos princípios organizacionais da economia, da
política, da sociedade e da vida cotidiana, incluindo o esporte. A economia baseada
na internet permite que o espetáculo seja um meio de divulgação, reprodução,
circulação e venda de mercadorias.

A cultura da mídia promove espetáculos tecnologicamente


ainda mais sofisticados para atender às expectativas do público
e aumentar seu poder e lucro, em que novas multimídias –
que sintetizam as formas de rádio, filme, noticiário de TV e
entretenimento – e o crescimento repentino do domínio do
ciberespaço se tornam espetáculos de tecnocultura, gerando
múltiplos sites de informação e entretenimento, ao mesmo
tempo em que intensificam a forma-espetáculo da cultura da
mídia (KELLNER, 2003, p. 5).

O avanço do uso das novas mídias nos últimos anos, além de aumentar
os setores de aplicação e o espectro daqueles que podem interagir no mundo 31
virtual, possibilitou a criação de um espaço de expressão de ideias e concepções,
para muitos que antes não tinham qualquer relação com a mídia informativa formal
(jornais, revistas, televisão etc.) (REBUSTINI et al., 2012).

Os fatos esportivos são usados diariamente pelas mídias impressa,


televisiva, radiofônica e virtual que se apropria (mobiliza estratégias simbólicas
singulares) da cena discursiva do fato para produzir sentidos (agendas) (BORELLI,
2001). O mesmo autor, caro(a) acadêmico(a), faz uma análise da representação
da mídia nos eventos esportivos, a saber:

Os eventos esportivos, como movimentos sociais, não se


limitam apenas a representar uma competição, pois refletem
também características culturais, econômicas, sociais, políticas,
étnicas, religiosas etc. Assim, tomam-se os acontecimentos
esportivos como fatos complexos, que trazem um conjunto de
dimensões das relações interculturais, em que os atores sociais
não são apenas os competidores, mas a plateia, os dirigentes,
os mídias, os patrocinadores, os diretores esportivos etc.
(BORELLI, 2001, p. 3).

Educação Física em foco


Atualmente, a televisão vem se “naturalizando” como um membro das
famílias brasileiras e é um dos mais importantes e poderosos meios de produção
midiática e veiculação de informações (KENSKI, 1995).

Expresso especialmente pela televisão, o esporte apresenta-se como um


dos principais elementos da cultura marcado pelo processo de espetacularização
midiática, por gerar um mercado “de milhões”, a compreensão do esporte na
atualidade precisa considerar a sua mediatização pela televisão, ou seja, este meio
de comunicação de massa não pode ser considerado instância externa à cultura
esportiva, mas parte integrante que concorre para a instauração de uma nova
percepção e prática desse elemento da cultura de movimento (LISBÔA, 2007).

Temos que deixar claro que, nesse contexto, o professor de Educação


Física deve ter conteúdo de cultura midiática, através da problematização do
esporte da mídia nas aulas de Educação Física.

Lisbôa (2007, p. 2) aponta a importância desses conhecimentos trazidos


pelas crianças:
32
Acreditando na capacidade transformadora e produtora de
conhecimentos por parte das crianças, que não apenas
recebem estas informações da televisão passivamente, mas
também são capazes de ressignificá-las à luz de suas “múltiplas
mediações”, surge a necessidade de se estabelecer um nexo
entre as representações sociais produzidas pela mídia/TV, e
aquelas que efetivamente se constituem em sua cultura lúdica.
Desta forma, sabendo que existem milhares de crianças
na escola com uma bagagem da televivência esportiva, o
professor deve explorar esse conhecimento.

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 3 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• Os aspectos metodológicos das demais áreas do conhecimento são as mesmas


que envolvem a Educação Física.

• A Educação Física conta com várias propostas metodológicas de destaque, que


vão desde metodologias tradicionais, como metodologias que apoiam na cultura
do movimento.

• As metodologias não tradicionais são: metodologia do ensino aberta;


metodologia crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia
crítico-emancipadora.

• Para que seja efetivo o ensino, deve-se sempre buscar a realidade do educando
para ensinar fatos, pessoas e objetos que os alunos conhecem na sua vida diária.
33
• A indústria cultural possibilitou a multiplicação dos espetáculos por meio de
novos espaços e sites.

• O esporte virou espetáculo.

• A indústria cultura e mídia tornou-se um dos princípios organizacionais da


economia, da política, da sociedade e da vida cotidiana.

• A economia baseada na internet permite que o espetáculo seja um meio de


divulgação, reprodução, circulação e venda de mercadorias.

• A cultura da mídia promove espetáculos tecnologicamente sofisticados para


atender às expectativas do público e aumentar seu poder e lucro.

• Os fatos esportivos são usados diariamente pelas mídias impressa, televisiva,


radiofônica e virtual que se apropria (mobiliza estratégias simbólicas singulares)
da cena discursiva do fato para produzir sentidos (agendas).

Educação Física em foco


• A televisão é um dos mais importantes e poderosos meios de produção midiática
e veiculação de informações.

• Expresso especialmente pela televisão, o esporte apresenta-se como um dos


principais elementos da cultura marcado pelo processo de espetacularização
midiática.

• O esporte gera um mercado “de milhões”, como parte integrante que concorre
para a instauração de uma nova percepção e prática desse elemento da cultura
de movimento.

• A Educação Física deve se apropriar desse conhecimento de televivência das


crianças e explorá-lo nas aulas.

34

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 15 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.

É preciso considerar que as mídias privilegiam a forma do espetáculo e


do entretenimento, quase sempre distante das preocupações educativas-
escolares. O que as mídias proporcionam é um grande mosaico sem
estrutura lógica aparente, composto de informações desconexas, em geral
descontextualizadas e recebidas individualmente, sem instaurar, portanto,
um verdadeiro processo de comunicação.

Em uma escola, o Projeto Político-Pedagógico (PPP) prevê a discussão


da questão étnico-racial em todas as disciplinas curriculares. Para atender
35
a esse PPP, o professor de Educação Física escolar pediu que os alunos
prestassem atenção ao que os comentaristas de jogos de futebol falam
sobre os jogadores, com atenção a possíveis comentários que diferenciam
jogadores brancos, negros ou de origem asiática.

Avalie as afirmações a seguir, que descrevem as atividades que podem ser


desenvolvidas em sala de aula com base nos relatos da pesquisa realizada
pelos estudantes.

I. Mediação entre o discurso televisivo e os discursos presentes em


outros tipos de mídia, demonstrando como informações tendenciosas e
preconceitos étnicos-raciais estão enraizadas na sociedade e podem ocorrer
em situações de jogo nas aulas de Educação Física.

II. Mediação entre o discurso midiático e os objetivos da Educação Física


escolar, discutindo situações em que se evidenciaram informações
tendenciosas e preconceitos em relação às diferentes identidades.

Educação Física em foco


III. Discussão e reflexão sobre questões étnico-raciais, frequentemente
presentes em redes sociais, apesar de não estarem previstas nas diretrizes
curriculares nacionais da Educação Básica.

É correto o que se afirma em:


( ) A = I, apenas.
( ) B = III, apenas.
( ) C = I e II, apenas.
( ) D = II e III, apenas.
( ) E = I, II e III.

Questão 2: QUESTÃO 24 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.

Tendo em vista a Educação Física que se renova, recria e aprimora seus


conceitos, conteúdos e didáticas, sugerem-se algumas reflexões sobre
propostas contemporâneas e as práticas que vemos constantemente nas
36
ruas. Por que não levá-las para a escola? Por que não perguntar e conversar
com as crianças? Talvez, muitas queiram novas modalidades dentro do
âmbito escolar. Às vezes, as crianças já praticam tais atividades nos
momentos livres e recreativos, porém se não olharmos para o ser humano
em plena formação, talvez algumas desistam no meio do caminho, por não
se desenvolverem, nem melhorarem em tais práticas.

O trecho sugere que existe uma integração entre os conteúdos escolares


e a vida do ser humano fora da escola. De acordo com essas reflexões,
conclui-se que:

( ) a - conversas com as crianças a respeito de seus momentos livres


garantem que o professor consiga inserir corretamente os saberes
construídos nas ruas nos conteúdos de suas aulas.
( ) b - saberes construídos nas ruas são os que agradam aos alunos e,
por isso, são conteúdos escolares de caráter atitudinal essenciais para o
desenvolvimento social de crianças e adolescentes.

Educação Física em foco


( ) c - saberes construídos nas ruas são conteúdos escolares que podem
promover o desenvolvimento integral dos alunos e que lhes ensinam mais
possibilidades para usufruir dos momentos de lazer.
( ) d - práticas que as crianças realizam nos momentos livres precisam
ser bem analisadas antes de se tornarem conteúdos escolares, de forma a
privilegiar aquelas que todos conheçam.
( ) e - práticas que as crianças realizam nos momentos livres são conteúdos
escolares por excelência, excetuando-se aquelas que apresentam caráter
elitista, por não serem compatíveis com os ideais igualitários.

Questão 3: QUESTÃO 16 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.

A mídia televisiva em geral tem privilegiado as transmissões de espetáculos


esportivos que comumente reforçam a supremacia do sexo masculino em
relação ao feminino, reforçando também o caráter sexista da prática esportiva.
As consequências de tal situação são preocupantes, pois os índices de
desrespeito aos direitos da mulher continuam altos. No que diz respeito à 37
Educação Física, infelizmente ainda é comum encontrarmos aulas em que as
práticas reforçam negativamente as diferenças entre os sexos e incentivam o
sexismo, como aulas de futebol para meninos e queimada para as meninas,
ou até mesmo aulas separadas por sexo com a alegação de que os meninos
machucam as meninas. O enfrentamento desta situação perpassa várias
condições, como, por exemplo, os ordenamentos legais, as políticas públicas
de vários segmentos, a formação de educadores, a concepção de mundo dos
professores e as representações dos próprios alunos.

Em se tratando de política pública de Educação Física, considerando os


Parâmetros Curriculares Nacionais, há pouco posicionamento com relação a
essa temática. Assinale a alternativa que sintetiza tal posicionamento.

( ) a - as aulas mistas de Educação Física devem possibilitar a convivência


de estudantes de sexos diferentes para conhecerem as diversidades de
gêneros, desenvolverem uma postura de inconformidade com relação a

Educação Física em foco


essas diferenças e promoverem práticas de superação das meninas sobre
os meninos.
( ) b - as aulas mistas de Educação Física permitem que meninos e
meninas convivam, se observem, se descubram e aprendam a se respeitar,
a não discriminar e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir
relações autoritárias.
( ) c- as aulas mistas de Educação Física devem ser mescladas com aulas
separadas por sexo, para propiciar momentos de diversão (aulas mistas),
de aprendizados técnicos (aulas separadas) e de desenvolvimento de uma
postura de tolerância entre os gêneros.
( ) d - as aulas mistas de Educação Física devem ser intercaladas com aulas
separadas por sexo, para promover momentos de convivência pacífica, de
conscientização para os alunos do sexo masculina e de desenvolvimento de
uma postura de tolerância entre os sexos.
( ) e - as aulas mistas de Educação Física tem o objetivo de levar os
estudantes, que são os futuros cidadãos, a reproduzi a concepção histórica
sobre a inferioridade feminina, sendo, por esse motivo, fundamentais no
38 contexto da educação básica.

Gabarito
Questão 1 – Letra C.
Questão 2 – Letra C.
Questão 3 – Letra B.

Educação Física em foco


REFERÊNCIAS

BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. A pedagogia do esporte e as dimensões dos


conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal. R. da Educação Física/UEM,
v. 20, n. 2, p. 281-289, 2009. Disponível em: <http://eduem.uem.br/ojs/index.php/
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Educação Física em foco


42

Educação Física em foco


UNIDADE 2
MOTRICIDADE HUMANA/CORPOREIDADE (O CONHECIMENTO SOBRE
O CORPO HUMANO)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:

• econhecer novas formas de ver a dança;

• entender os diferenciais do conteúdo pedagógicos da dança na Educação


Física baseado nos PCN;

• analisar os aspectos metodológicos que envolvem a dança, atividades


rítmicas na Educação Física escolar;

• conhecer os aspectos do jogo, esporte, ginástica e luta que devem ser


trabalhados na Educação Física escolar;
43
• analisar os aspectos que caracterizam a Educação Física relacionada à saúde.
sar os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física escolar.

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em dois tópicos. Em cada um deles, você


encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados.

TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA


ESCOLA

TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE,


GINÁSTICA E LUTA NA ESCOLA

TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE

Educação Física em foco


44

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA ] ------

Neste tópico, você verá os conteúdos relacionados à cultura do


movimento que diz respeito à linguagem corporal que engloba a dança,
atividades rítmicas, brinquedos cantados, bem como suas caraterísticas
pedagógicas, curriculares e sociais.

1 DANÇA, ATIVIDADE RÍTMICA E LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA

Na medida em que a Educação Física lida, pedagogicamente, com


expressões da cultura, então, pela educação do corpo também se difunde uma
determinada ordem cultural, da qual a cultura corporal é constitutiva e constituinte
(BRASILEIRO; MARCASSA, 2008). Caro(a) acadêmico(a)! Vamos entender a partir
da leitura a seguir como a dança é uma importante forma de linguagem corporal, da
cultura que pode e deve ser explorada pelo professor de Educação Física.
45
Marques (1997) explica que a dança seria o primo da educação e assim os
educadores buscaram incorporar a dança nos currículos, programas educacionais,
como em 1992, a dança passou a fazer parte do Regimento da Secretaria Municipal
de Educação de São Paulo como linguagem artística diferenciada.

Segundo Oliveira (2001, p. 14), a dança pode ser considerada como uma
das “atividades físicas mais significativas para o homem antigo, utilizada como
forma de exibir suas qualidades físicas e de expressar os seus sentimentos,
praticada por todos os povos, desde o paleolítico superior (60.000 a.C.)".

No Brasil e no mundo, a dança vem ganhando cada vez mais espaço


pelos benefícios comprovados que, de acordo com Gariba (2005), vão desde a
melhora da autoestima, passando pelo combate ao estresse, depressão, até o
enriquecimento das relações interpessoais.

A dança, por ser uma das principais manifestações instintivas, faz parte
da natureza humana (TONELI, 2007), sendo uma atividade completa em vários

Educação Física em foco


aspectos. Veja na figura a seguir os aspectos que a dança aborda enquanto atividade.

FIGURA 7. ASPECTOS DA DANÇA

FONTE: TONELI (2007)

A dança e as brincadeiras cantadas fazem parte dos Parâmetros


Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 38) da Educação Física, no bloco
46 atividades rítmicas, como “manifestações da cultura corporal que têm como
características comuns a intenção de expressão e comunicação mediante gestos
e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal”.

Strazzacappa (2001) aponta que o movimento corporal leva o aluno a sentir


o mundo e por ele ser sentido e que uma das formas seria pela dança, pois esta
proporciona experiências com atividades motoras de real importância para as relações
interpessoais, proprioceptivas, ambientais, necessárias ao desenvolvimento infantil,
ou seja, o processo de ensino e aprendizagem por meio das atividades rítmicas
deve se apresentar como intermédio entre o saber, corpo e movimento.

Nos PCN são descritas algumas características que devem ser abordadas
na dança enquanto linguagem corporal:

Os conteúdos deste bloco são amplos, diversificados e podem


variar muito de acordo com o local em que a escola estiver
inserida. Sem dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais
tradicionais da coletividade, por intermédio principalmente das
pessoas mais velhas é de fundamental importância. A pesquisa
sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes,

Educação Física em foco


com características diferentes das danças e brincadeiras locais,
pode tornar o trabalho mais completo. Por meio das danças
e brincadeiras os alunos poderão conhecer as qualidades do
movimento expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/
lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção, sendo
capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer
algumas técnicas de execução de movimentos e utilizar-se
delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e,
por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas
manifestações expressivas (BRASIL, 1997, s.p.).

Podemos nos perguntar se a dança inserida na escola como uma atividade


rítmica deve ser predominante técnica?

A dança tem, sim, um caráter técnico, mas no âmbito escolar cabe ao


professor de Educação Física não estar centrado predominantemente no domínio
técnico da dança, mas na possibilidade de incorporação das muitas técnicas de
execução que possibilitem a sua transferência para várias outras situações ou
contextos, levando o aluno a vivências diversificadas, proporcionando experiências
de manifestação corporal (RONDON et al., 2010).
47
Surge como uma alternativa dessa forma de dança na escola, a dança
criativa como uma alternativa de variação de movimentos codificados e rígidos
(RONDON et al., 2010). A dança estimula a criatividade e a memorização e, ao
praticá-la, somos induzidos a entrar em contato e nos interessarmos por conhecer
fatos, narrações, histórias e costumes da humanidade acerca da evolução e até de
outras culturas (ARCE; DÁCIO, 2007).

Proporcionar o desenvolvimento da criatividade reforça as interações com


o meio sociocultural, não sendo uma simples determinação biológica, mas uma
possibilidade a ser construída com/através das aulas de dança. Pelo fato de a
dança trabalhar diversos aspectos, como a coordenação motora, agilidade, ritmo e
percepção espacial; desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e natural;
permitir uma melhora na autoestima e quebra de diversos bloqueios psicológicos;
possibilitar o convívio e aumento do rol de relações sociais (ARCE; DÁCIO, 2007).

Na escola, o professor pode explorar o movimento da dança, ou seja,


dançar é combinar movimentos e mais movimentos, formas e mais formas,

Educação Física em foco


modificando-os, refinando-os, entendendo-os com todos os aspectos psíquicos de
possibilidade de intervenção e de elaboração (MANSUR, 2003).

É neste sentido que devemos superar o ensino em que o professor


transmite e o estudante apenas reproduz. Assim surge a improvisação em dança,
um aspecto dentro da dança criativa, que é um caminho que favorece:

FIGURA 8. ASPECTOS DA DANÇA IMPROVISAÇÃO

48
FONTE: Mansur (2003)

Somado às características da dança improvisação, a dança como atividade


pedagógica, segundo Carvalho e Silva et al. (2012), objetiva:

• proporcionar atividades de desenvolvimento da memória, do


raciocínio, da autoestima e autoconfiança;
• estimular a capacidade de solucionar problemas de maneira
criativa;
• fazer com que a criança tenha uma melhor relação consigo
mesma e com os outros;
• ampliar seu repertório de movimentos, despertando no aluno
uma relação concreta de sujeito-mundo.

Devemos pensar a dança, caro acadêmico, como uma atividade rítmica
que deve ser centrada no aluno, com participação em todo o contexto escolar e não
somente em festas juninas e em demais festejos escolares, atuando ativamente na
interdisciplinaridade, na qual tem sentido profundo e desempenha papel integrador
plural e interdisciplinar no processo formal e não formal da educação (SOUSA;

Educação Física em foco


HUNGER; CARAMASCHI, 2010).

Os PCN (BRASIL, 1997, s.p.) apontam uma lista de sugestão de danças e


outras atividades rítmicas e/ou expressivas que podem ser abordadas e deverão
ser adaptadas a cada contexto:

• danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé,


catira, bumba-meu-boi, maracatu, xaxado etc.;
• danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão;
• danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz;
• danças e coreografias associadas a manifestações musicais:
blocos de afoxé, olodum, timbalada, trios elétricos, escolas de
samba;
• lengalengas;
• brincadeiras de roda, cirandas;
• escravos-de-Jó.

Veja, na tabela a seguir, alguns estudos com dança na escola e seus


benefícios aos alunos.

QUADRO 5. ESTUDOS DE CAMPO COM A DANÇA NA ESCOLA 49


Sujeitos/
Estudo/ Intervenção
Idade (anos)/ Resultados
referência Duração (semanas)
sexo
- a dança é “muito
importante”
- projeto de dança para a saúde.
20 alunas para atendimento à - querem ser bailarinos
(11 - 16 anos) família, quando crescerem.
visando a criar - aprender novas
Objetivo = nível de condições para danças.
Mota, Mota
motivação e prevenir situações de - boa autoestima.
e Liberali
autoestima de risco. - adolescentes que
(2012)
adolescentes do dançam aceitam o
sexo feminino de - A dança é um dos projeto social como um
um projeto social serviços oferecidos caminho na realização
de dança como uma atividade de um grande sonho;
socioeducativa. “ser uma bailarina
quando crescer”, com
novas experiências.

Educação Física em foco


- gostam de dançar em
grupo.
- gostam de se
- projeto de dança
115 alunas apresentar.
com 18 aulas.
(05 - 66 anos) - a dança trouxe
Castro et al.
receptividade.
(2011) - vivências de danças,
Objetivo = avaliar - a dança trouxe
vídeos, historinhas
a socialização ludicidade,
etc.
musicalidade,
socialização e
movimentos variados.

50

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• A dança é uma importante forma de linguagem corporal que pode e deve ser
explorada pelo professor de Educação Física.

• A dança foi incorporada nos currículos e em programas educacionais, desde 1992,


nas escolas municipais de São Paulo como linguagem artística diferenciada.

• A dança foi usada como atividades físicas mais significativas para o homem
antigo, desde o paleolítico superior (60.000 a.C.).

• No Brasil e no mundo, a dança vem ganhando cada vez mais espaço pelos
benefícios comprovados.

• Alguns benefícios da dança podem ser a melhora da autoestima, combate ao


estresse, depressão, até o enriquecimento das relações interpessoais. 51

• A dança e as brincadeiras cantadas fazem parte dos Parâmetros Curriculares


Nacionais (PCN) da Educação Física no bloco atividades rítmicas.

• Para os PCN, a dança é uma manifestação da cultura corporal que tem como
característica comum a intenção de expressão e comunicação.

• A dança proporciona experiências com atividades motoras de real importância


para as relações interpessoais, proprioceptivas, ambientais.

• A dança auxilia no desenvolvimento infantil, ou seja, o processo de ensino e


aprendizagem por meio das atividades rítmicas deve-se apresentar como
intermédio entre o saber, corpo e movimento.

• A dança no âmbito escolar não está centrada predominantemente no domínio


técnico, mas nas experiências de manifestação corporal.

Educação Física em foco


• A dança criativa é uma alternativa de variação de movimentos codificados e
rígidos.

• A dança estimula a criatividade e a memorização.

• A dança proporciona as interações com o meio sociocultural, não sendo uma


simples determinação biológica, mas uma possibilidade a ser construída com/
através das aulas de dança.

• A dança trabalha diversos aspectos, como a coordenação motora, agilidade, ritmo


e percepção espacial; desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e
natural; permitir uma melhora na autoestima e quebra de diversos bloqueios
psicológicos; possibilitar o convívio e aumento do rol de relações sociais.

• Na escola o professor pode explorar o movimento da dança, combinando


movimentos e mais movimentos.

• A improvisação em dança trona-se com a dança criativa uma opção na escola


52
de trabalhar a criatividade, a experimentação, a superação dos modelos e a
espontaneidade.

• A dança, como atividade pedagógica, proporciona atividades de desenvolvimento


da memória, do raciocínio, da autoestima e da autoconfiança.

• A dança faz com que a criança tenha uma melhor relação consigo mesma e com
os outros e amplia seu repertório de movimentos, despertando no aluno uma
relação concreta de sujeito-mundo.

• A dança é uma atividade rítmica que deve ser centrada no aluno, com participação
em todo o contexto escolar.

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 30 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jun. 2016.

A Resolução CNE/CEB 2/2010, que define as Diretrizes Curriculares


Nacionais para o Ensino Médio, prevê que a Educação Física é componente
curricular da linguagem assim como a Língua Portuguesa, a Arte e a Língua
Estrangeira. Esses componentes devem ser desenvolvidos de forma
interdisciplinar e contextualizada, a fim de possibilitar ao aluno o domínio
do conhecimento das formas contemporâneas de linguagem por meio de
habilidades e competências.

Com base nessa indicação legal sobre o conhecimento da Educação Física,


53
analise a figura a seguir:

A partir do texto e da imagem, avalie as asserções a seguir e a relação


proposta entre elas.

I. A linguagem corporal como forma de comunicação e expressão não verbal


pode ser desenvolvida como conhecimento específico da Educação Física

Educação Física em foco


e, também, dialogando com outros componentes curriculares.

PORQUE

II. Deve-se possibilitar a inter-relação entre conhecimentos das diversas


formas de linguagens na escola, considerando o conhecimento do corpo
como meio de expressão e comunicação manifestado por meio da prática
corporal em aulas de Educação Física.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:


( ) A= as asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa correta da I.
( ) B = as asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa correta da I.
( ) C= a asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição
falsa.
( ) D = a asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição
54 verdadeira.
( ) E = as asserções I e II são proposições falsas.

Questão 2: QUESTÃO 26 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016.

Considere que uma professora desenvolveu um projeto educacional sobre


atividades rítmicas com os estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental.
Nesse projeto, os estudantes realizaram uma pesquisa com seus pais e avós
para identificar cantigas de roda e parlendas realizadas por eles durante a
infância. Os resultados da pesquisa foram compartilhados pelos estudantes
com os colegas de classe. A professora, então, elaborou uma lista com as
cantigas e parlendas identificadas e construiu aulas nas quais algumas
atividades foram vivenciadas e analisadas.

Considerando o projeto aplicado por esta professora, seus objetivos e

Educação Física em foco


conteúdos, avalie as afirmações a seguir.

I. O processo aplicado estimulará a aprendizagem de conteúdos de natureza


procedimental, como a valorização do prazer na prática de atividades
rítmicas e o respeito aos limites e possibilidades dos estudantes.

II. O projeto aplicado estimulará a aprendizagem de conteúdos de natureza


conceitual, como o conhecimento sobre as características culturais e
históricas de parlendas e cantigas de roda.

III. O projeto aplicado estimulará a aprendizagem de conteúdos de natureza


conceitual, como a identificação das possibilidades lúdicas de parlendas e
cantigas de roda, além de perceberem as qualidades do movimento expressivo.

IV. O projeto aplicado estimulará a reflexão sobre conteúdos de natureza


atitudinal, como a identificação das habilidades de locomoção e manipulação
presentes em cada atividade rítmica realizada.
55

É correto apenas o que se afirma em:


( ) A= I e II.
( ) B = I e IV.
( ) C= II e III.
( ) D = I, III e IV.
( ) E = II, III e IV.

Gabarito
Questão 1 – Letra A.
Questão 2 – Letra C.

Educação Física em foco


56

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE, GINÁSTICA E ] ------
LUTA NA ESCOLA

Especialmente, neste tópico, você entenderá que a definição de cultura,


entendida como um produto da coletividade, está relacionada diretamente
à cultura do movimento. Também abordaremos a questão de gênero e sua
relação com a Educação Física.

1 DIMENSÕES DO ESPORTE E APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Caro(a) acadêmico(a)! Vamos entender, a partir da leitura a seguir, os


aspectos do jogo, esporte, ginástica e luta na escola, que podem e devem ser
explorados pelo professor de Educação Física.

Atualmente, o desafio do professor de Educação Física é não voltar a


sua aula inteiramente às práticas esportivas, dando importância somente às suas 57
técnicas, pois estas podem fragmentar a formação integral da criança, mas deve
levar em conta que a criança é um ser sociocultural, e fortalecer com as práticas
esportivas diversos fatores, como respeito mútuo, cooperação e afetividade, que
são a base para a criança viver em sociedade (GUIMARÃES et al., 2001).

Assim com a dança, os jogos, os esportes, as lutas e as ginásticas fazem


parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 35) da Educação
Física em um caráter de conhecimentos culturais. Veja na figura a seguir:

FIGURA 9: BLOCOS DE ATIVIDADES DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Esportes, jogos, lutas e ginásticas Atividades rítmicas e expressivas

Conhecimentos sobre o corpo

FONTE: PCN (BRASIL, 1997, p. 35)

Na escola, como as demais disciplinas, a Educação Física, tem

Educação Física em foco


responsabilidade na concretização do processo de formação e desenvolvimento
de valores e atitudes, por meio de aulas educativas, oportunizando um local
de reflexão e de transformação sobre situações ou desenvolvimento de várias
práticas corporais além dos esportes, como a dança, a ginástica geral, jogos e
lutas (GUIMARÃES et al., 2001).

Os PCN (BRASIL, 1997, p. 37) definem separadamente os jogos, as


esportes, as lutas e as ginásticas com o intuito “de tornar viável ao professor e
à escola operacionalizar e sistematizar os conteúdos de forma mais abrangente,
diversificada e articulada possível”. Iniciaremos, caro(a) acadêmico(a), falando da
ginástica.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997, p. 70-71) da


Educação Física apontam que a ginástica:

As ginásticas são técnicas de trabalho corporal que, de modo


geral, assumem um caráter individualizado com finalidades
diversas. Por exemplo, pode ser feita como preparação para
outras modalidades, como relaxamento, para manutenção ou
58 recuperação da saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva
e de convívio social. Envolvem ou não a utilização de materiais
e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre
e na água. Cabe ressaltar que são um conteúdo que tem uma
relação privilegiada com o bloco de conhecimentos sobre o
corpo, pois nas atividades ginásticas esses conhecimentos se
explicitam com bastante clareza. Atualmente, existem várias
técnicas de ginástica que trabalham o corpo de modo diferente
das ginásticas tradicionais (de exercícios rígidos, mecânicos
e repetitivos), visando à percepção do próprio corpo: ter
consciência da respiração, perceber relaxamento e tensão dos
músculos, sentir as articulações da coluna vertebral.

Segundo Zaghi, Simões e Carbinatto (2015), a ginástica deve estar inserida


na Educação Física escolar, em todo processo educativo e, especialmente, com
abordagem que incentive a criticidade, a criatividade, a autonomia e a formação
humana.

A ginástica deve ser reconhecida pela educação como uma prática
pedagógica constitutivas da cultura corporal e social, vivenciando no fazer corporal

Educação Física em foco


e com reflexão sobre sua significância e propósito (CASTELLANI FILHO, 1997).

O ideal para trabalhar com a ginástica no contexto escolar seria partir de


uma abordagem crítica e criativa, provocando um diálogo com a cultura corporal
e sua linguagem (cênica, imagética e escrita), além de possibilitar a vivência de
suas variadas expressões, explorando diferentes materiais, técnicas e tecnologias
(BRASILEIRO; MARCASSA, 2008).

Brasileiro e Marcassa (2008) apontam diversas modalidades de ginástica,


entre elas: artística, rítmica, acrobática, e argumentam que devem ser incorporadas
à presença de elementos da dança, do circo, da capoeira, dos jogos, das lutas,
ou seja, das várias manifestações constitutivas da cultura corporal que, ao serem
incorporadas à criação de coreografias, são recodificadas pela linguagem gímnica,
isto é, transformadas em movimentos ginásticos.

Agora, caro(a) acadêmico(a), vamos falar sobre as lutas no contexto


escolar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997, p. 37) da
Educação Física apontam sobre as lutas:
59
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser
subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio,
contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço
na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se
por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de
violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo
de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-
ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do
caratê.

Entende-se como lutas não somente as modalidades tidas como


tradicionais (judô, caratê, Kung Fu), mas, também, a prática da luta informal e
“estas devem servir como instrumento de auxílio pedagógico ao professor de
Educação Física: o ato de lutar deve ser incluído dentro do contexto histórico-
sociocultural do homem, já que o ser humano luta, desde a pré-história, pela sua
sobrevivência” (FERREIRA, 2006, p. 37).

Educação Física em foco


FIGURA 10. EXEMPLOS DO QUE PODE SER TRABALHADO EM LUTAS EM TODO
ENSINO

FONTE: FERREIRA (2006, p. 37)

Ferreira (2006) aponta vários benefícios que as lutas trazer aos alunos,
principalmente, no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social, entre eles:
60
• No aspecto motor, o desenvolvimento da lateralidade, o controle do tônus
muscular, a melhora do equilíbrio e da coordenação global, o aprimoramento da
ideia de tempo e espaço, bem como da noção de corpo.
• No aspecto cognitivo, a percepção, o raciocínio, a formulação de estratégias e a
atenção.
• No aspecto afetivo e social, reação a determinadas atitudes, a postura social, a
socialização, a perseverança, o respeito e a determinação.

As lutas educam porque ensina a criança e jovens a conviver


com a derrota e a vitória, ensina a respeitar as regras do jogo
(elas devem respeitar a opinião de seus colegas e acatar a
decisão da maioria do grupo), ensina a vencer (no jogo e
na vida) através do seu esforço pessoal (às vezes tem que
momentaneamente aliar-se a outros para atingir este objetivo,
processo que os pedagogos chamam de cooperação ou
companheirismo), ensina a competir (e isto prepara para a
vida) (SOUZA, 2013, p. 14).

Agora, caro(a) acadêmico(a), vamos falar sobre o esporte no contexto

Educação Física em foco


escolar, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997, p.
37) da Educação Física:

Assim, consideram-se esporte as práticas em que são


adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas
em federações regionais, nacionais e internacionais que
regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem
condições espaciais e de equipamentos sofisticados como
campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios etc.
A divulgação pela mídia favorece a sua apreciação por
um diverso contingente de grupos sociais e culturais. Por
exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de Futebol ou
determinadas lutas de boxe profissional são vistos e discutidos
por um grande número de apreciadores e torcedores.

“As práticas culturais de esporte vêm sendo escolarizadas ao longo deste


século como um dos temas de ensino da Educação Física” (VAGO, 1996, p. 7). “O
esporte na escola deve ter a função de facilitadora no processo educacional e ser
adaptado no ambiente escolar, vinculado aos objetivos estabelecidos pelo projeto
pedagógico da escola” (PAES; BALBINO, 2009, p. 76).

Segundo Vago (1996), o esporte ocupa um importante lugar nas relações 61


sociais, sendo considerado uma prática cultural e, ao penetrar no espaço escolar,
esse esporte é escolarizado e incorporado à cultura escolar.

Veja no quadro a seguir alguns problemas relativos à pedagogia do esporte,


que podem acontecer na Educação Física escolar, apontado por Paes e Balbino.

QUADRO 6. PROBLEMAS RELACIONADOS À PEDAGOGIA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA


ESCOLAR
Problemas Características
- Fundamentos e gestos técnicos (habilidades específicas) de
diferentes modalidades.
Prática esportivizada - Limita-se à repetição de movimentos, fazendo com que o
aluno repita aquilo que já sabe, deixando de possibilitar o
aprendizado de algo novo.

Educação Física em foco


- Gestos técnicos em diferentes níveis de ensino.
- Repetição das mesmas práticas nas diferentes fases do
ensino formal.
Prática repetitiva
- Exemplo: o voleibol proposto na Educação Infantil é o
mesmo proposto no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
- Não leva em conta as fases do desenvolvimento do aluno.
- O esporte é oferecido de forma desorganizada, sem a
continuidade e a evolução necessárias ao aprendizado.
- Ausência de planejamento tanto no ambiente escolar quanto
fora dele.
- A falta de planejamento pode levar o professor a trabalhar
Fragmentação de
conteúdos fragmentados e isolados.
conteúdos
- A prática do esporte é feita de forma incompatível com o
projeto pedagógico da escola.
- Resultando em distanciamento entre a Educação Física e as
demais
disciplinas e causando prejuízos significativos aos alunos.
- Problema da pedagogia do esporte, tanto na educação
formal quanto na educação não formal.
62
- Busca pelo resultado positivo a curto prazo.
- Acontece cada vez mais cedo, o que pode ser verificado
claramente na modalidade futebol, na qual existe até mesmo
Especialização
uma categoria denominada “fraldinha”.
precoce
- Esse procedimento acaba resultando em problemas de
diferentes dimensões: físicas, técnicas, táticas, psicológicas e
filosóficas.
- Entende equivocadamente que esse procedimento
pedagógico é eficiente na identificação do talento esportivo.
FONTE: Paes e Balbino (2009, p. 75-76)

Para Paes e Balbino (2009, p. 76), “estes conjuntos de problemas podem


interferir de maneira negativa na tentativa de dar ao esporte, em especial na escola,
um tratamento pedagógico”. E para contrapor os problemas citados, os autores
propõem alguns aspectos relevantes de uma adequada proposta pedagógica para
ser utilizado pelo professor de Educação Física, veja no quadro a seguir.

Educação Física em foco


QUADRO 7. ASPECTOS RELEVANTES DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA

Aspectos Características
- Deve ser desenvolvido de forma planejada, organizada e
sistematizada.

- Ensinar esporte é rever constantemente o que já


Sistematização de
foi aprendido, aprender algo novo e preparar-se para
conteúdos
aprendizados futuros.

- Sistematizar os conteúdos é um pré-requisito fundamental


para dar ao esporte um tratamento pedagógico.
- Deve ser considerado quando se trata de ensino do esporte
Consideração dos na escola.
diferentes níveis de - Poderá reduzir e restringir o esporte a simples repetições
ensino de gestos, ofuscando seu verdadeiro valor no processo de
educação de crianças e jovens.
- Fundamental no processo de ensino e aprendizagem
do esporte, na escola ou fora dela, pois é por meio da
diversificação de movimentos e de modalidades que os
Diversificação alunos poderão ter acesso facilitado ao esporte, conhecendo 63
alternativas práticas para, assim, ampliar seu universo de
possibilidades e até mesmo ter um referencial maior para
optar por práticas esportivas de seu interesse.
FONTE: Paes e Balbino (2009)

Considerando que a origem do esporte está no jogo, e este situado na


interface com o esporte, vamos agora, caro(a) acadêmico(a), rever o jogo no
contexto escolar, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL,
1997, p. 37) da Educação Física:

Os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas


regulamentações, que são adaptadas em função das
condições de espaço e material disponíveis, do número de
participantes, entre outros. São exercidos com um caráter
competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas,
comemorativas, de confraternização ou ainda no cotidiano
como simples passatempo e diversão. Assim, incluem-se entre
os jogos as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa,
de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de modo geral.

Educação Física em foco


O esporte utiliza o jogo no seu processo de aprendizagem como um
facilitador na educação de crianças e jovens, pois por meio dos jogos, valores e
comportamentos podem ser aprendidos. Existem na literatura específica diversos
tipos de jogos, entre eles aos jogos pré-esportivos, jogos de regras, grandes jogos,
jogos cooperativos, jogos adaptados, entre outros (PAES; BALBINO, 2009). Veja
na citação a seguir a proposta de jogos no âmbito pedagógico.

No Ensino Médio, os jogos coletivos poderão ser desenvolvidos


considerando suas especificidades, como, por exemplo, futebol,
voleibol, basquetebol e handebol. É importante salientar que
essa forma de organização e distribuição de temas não implica
uma fragmentação dos conteúdos, mas, sim, uma tentativa de
suprir uma das mais graves deficiências no ensino do esporte
nas aulas de Educação Física escolar, que é a repetição da
mesma prática em diferentes períodos escolares. Em síntese,
para que o esporte tenha um tratamento pedagógico na escola,
deverá não apenas possibilitar aos alunos o desenvolvimento
motor (aquisição de habilidades básicas e específicas) e o
desenvolvimento das inteligências (destacam-se a corporal
cinestésica, espacial, interpessoal, intrapessoal e lógico-
matemática), mas também trabalhar a autoestima (reforçando
acertos em geral e promovendo intervenções positivas) e, por
64 fim, facilitar as intervenções dos professores no sentido de
trabalhar princípios essenciais à sua educação (cooperação,
participação, emancipação, coeducação e convivência) (PAES;
BALBINO, 2009, p. 79).

A seguir, descrevemos duas correntes pedagógicas de ensino para os


jogos esportivos coletivos.

Uma voltada aos métodos tradicionais, decompondo os


elementos que constituem o esporte em partes. Assim, a
memorização e a repetição permitem moldar a criança e o
adolescente ao modelo já consagrado para o adulto; e outra
voltada a métodos ativos, que levam em conta os interesses
dos jovens e que, a partir de situações vivenciadas, iniciativa,
imaginação e reflexão possam favorecer a aquisição de um
saber adaptado às situações causadas pela imprevisibilidade
(PINHO et al., 2010, p. 571).

A corrente situacional fundamenta-se no desenvolvimento da capacidade


tática, possibilitando que os praticantes utilizem de forma inteligente os elementos
técnicos necessários à solução das diferentes situações de jogo, sugerindo, para

Educação Física em foco


isto, a utilização de uma metodologia situacional.

A metodologia situacional é constituída por formas


próprias de condutas, onde a criança deve adquirir
uma capacidade geral do jogo. Estes jogos devem ser
apresentados de forma que os praticantes vivenciem
situações o mais próximo possível da realidade do jogo.
Definida como uma das novas correntes metodológicas,
a metodologia situacional caracterizada como uma
opção metodológica ativa, enfatiza o desenvolvimento
da compreensão tática e dos processos cognitivos
subjacentes à tomada de decisão, procurando evitar que
os praticantes sejam condicionados a um desgastante
processo de ensino da técnica e a uma especialização
precoce na modalidade, excluindo a oportunidade de
desenvolver e promover uma cultura esportiva apoiada
na diversidade. Ao mesmo tempo, o método visa a
oportunizar ao aluno uma construção do conhecimento
tático-técnico (PINHO et al., 2010, p. 571).

65

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 2 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• Atualmente, o desafio do professor de Educação Física é não voltar a sua


aula inteiramente às práticas esportivas, dando importância somente às suas
técnicas.

• O professor de Educação Física deve levar em conta a formação integral e


sociocultural da criança.

• O professor de Educação Física deve fortalecer com as práticas esportivas


diversos fatores como respeito mútuo, cooperação e afetividade.

• “Jogos, esportes, lutas e ginásticas fazem parte de um dos blocos de conteúdos


dos Parâmetros Curriculares Nacionais” (BRASIL, 1997, p. 35) da Educação
Física.
66
• Na escola, como as demais disciplinas, a Educação Física tem responsabilidade
na concretização do processo de formação e desenvolvimento de valores e
atitudes.

• A educação deve utilizar aulas educativas, oportunizando um local de reflexão


e de transformação sobre situações ou desenvolvimento de várias práticas
corporais além dos esportes, como a dança, a ginástica geral, jogos e lutas.

• A ginástica deve estar inserida na Educação Física escolar, em todo processo


educativo com uma abordagem que incentive a criticidade, a criatividade, a
autonomia, a formação humana.

• A ginástica deve ser reconhecida pela educação como uma prática pedagógica
constitutivas da cultura corporal e social.

• A ginástica no contexto escolar deve levar a um diálogo com a cultura corporal


e sua linguagem (cênica, imagética e escrita), além de possibilitar a vivência

Educação Física em foco


de suas variadas expressões, explorando diferentes materiais, técnicas e
tecnologias.

• As lutas na escola devem servir como instrumento de auxílio pedagógico ao


professor de Educação Física.

• O ato de lutar deve ser incluído dentro do contexto histórico-sociocultural do


homem, já que o ser humano luta, desde a pré-história, pela sua sobrevivência.

• As lutas podem trazer benefícios, como o desenvolvimento motor, cognitivo e


afetivo-social.

• As lutas educam porque ensinam a criança e os jovens a conviver com a derrota


e a vitória, ensina a respeitar as regras do jogo.

• O esporte no contexto escolar deve ter a função de facilitadora no processo


educacional.

67
• O esporte no ambiente escolar deve ser vinculado aos objetivos estabelecidos
pelo projeto pedagógico da escola.

• O esporte ocupa um importante lugar nas relações sociais, sendo considerado


uma prática cultural e ao penetrar no espaço escolar, esse esporte é escolarizado
e incorporado à cultura escolar.

• Alguns problemas da prática do esporte na escola pode ser: prática esportivizada,


prática repetitiva, fragmentação de conteúdos e especialização precoce.

• Para solucionar estes problemas da prática do esporte na escola, o professor


deve organizar o ensino com alguns aspectos relevantes, como a sistematização
de conteúdos, a consideração dos diferentes níveis de ensino e a diversificação.

• O jogo está relacionado com o ensino do esporte.

• Pelos jogos podem ser trabalhados valores e comportamentos.

Educação Física em foco


• Duas correntes pedagógicas de ensino para os jogos esportivos.

• Uma corrente voltada ao ensino tradicional, ou seja, esporte em parte.

• Outra corrente ativa voltada para situações vivenciadas, iniciativa, imaginação


e reflexão possam favorecer a aquisição de um saber adaptado às situações
causadas pela imprevisibilidade.

68

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 17 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016.

Para valorizar a prática pedagógica em Educação Física, não basta apenas


apontar as falhas ocorridas, é interessante que se proponham soluções.

Dentro dessa perspectiva, Freire (2002) sugere algumas atividades, como o
jogo Boa de Forno, descrito a seguir:

“- Boca de forno - forno - darei um bolo - bolo - fareis tudo o que o rei
mandar? - faremos. - Então, corram até [...]” (e aí vai uma ordem para o
cumprimento da tarefa).
69

Em algumas regiões se utiliza as faças: “abacaxi - xi - maracujá - já - fareis


o que o rei mandar?”

De uma forma geral, nesse jogo, uma criança comanda e as demais cumprem
as tarefas e/ou o professor comanda a atividade e solicita que tragam objetos
de uma certa cor, de um certo peso, tamanho e assim sucessivamente.

FONTE: FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teorias e práticas da educação física. 4.


ed. São Paulo: Scipione, 2002 (adaptado).

I. O jogo proposto é uma atividade interdisciplinar, pois, além de promover a


cultura do jogo tradicional, também estimula o conhecimento lógico que se
forma a partir da classificação e seriação.

II. O jogo proposto desenvolve a atenção, o raciocínio e as habilidades


motoras básicas, sendo esses alguns dos objetivos específicos da Educação
Física escolar.

Educação Física em foco


III. O jogo proposto tem embasamento na abordagem pedagógica
desenvolvimentista, pois propõe uma taxionomia para o desenvolvimento motor,
ou seja, uma classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos.

É correto o que se afirma em:


( ) A= I, apenas.
( ) B = III, apenas.
( ) C= I e II, apenas.
( ) D = II e III, apenas.
( ) E = I, II e III.

Questão 2: QUESTÃO 18 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016.

O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta enquanto componentes


culturais da Educação Física têm como características comuns a ludicidade e
70 a função educativa, nas quais cada manifestação corporal vivida no interior da
escola possibilita a formação e o desenvolvimento humano em sua totalidade.
Assim, a Educação Física contempla conhecimentos produzidos e usufruídos
pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com finalidade de lazer,
manutenção da saúde, expressão da afetividade e da cidadania.

Com base no texto e considerando o papel do professor ao planejar, participar


e avaliar projetos pedagógicos, educacionais e da gestão escolar, avalie as
afirmações a seguir:

I. Deve-se valorizar a rotina da aula e a improvisação, o que estimulará


a renovação do conhecimento, que deve ser diariamente produzido pelo
professor e por seus alunos.

II. É recomendável que o aluno desenvolva sua bagagem cultural através


de jogos e brincadeiras, considerando sua criatividade e seu poder de
imaginação.

Educação Física em foco


III. É preciso considerar o espaço físico onde as brincadeiras devem ser
realizadas, pois este deve transmitir a sensação de conforto, de segurança
e de confiança.

IV. É importante promover a formação integral dos alunos, visando às


finalidades educacionais, com a intenção de proporcionar o bem-estar e o
desenvolvimento corporal em suas diferentes dimensões.

É correto apenas o que se afirma em:


( ) A= I e II.
( ) B = II e III.
( ) C= III e IV.
( ) D = I, II e IV.
( ) E = II, III e IV

Questão 3: QUESTÃO 10 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016.
71
Com relação ao processo de ensino-aprendizagem de esportes coletivos,
avalie as afirmações a seguir.

I. O método por partes pode ser caracterizado pelo ensino de cada uma das
partes de uma habilidade.

II. O método pelo todo consiste na utilização de toda a habilidade a ser aprendida.

III. O método situacional é caracterizado pela prática de situações de jogo


nas quais comportamentos individuais e coletivos são extraídos do jogo
propriamente dito.

IV. A escolha entre o método por partes ou o método pelo todo deve levar em
consideração o nível de complexidade e a organização da habilidade.

É correto o que se afirma em:

Educação Física em foco


A( ) I, apenas.
B( ) II e IV, apenas.
C( ) III e IV, apenas.
D( ) I, II e III, apenas.
E( ) I, II, III e IV.

Gabarito
Questão 1 – Letra C.
Questão 2 – Letra E.
Questão 3 – Letra E.

72

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE ] ------

Neste tópico, você entenderá a importância de acrescentar nas aulas de


Educação Física aspectos relacionados à educação para a saúde e suas relações
com os aspectos da aptidão física e atuação na Educação Física escolar.

1 EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE, APTIDÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO FÍSICA


ESCOLAR

Cada vez mais, os países estão dando prioridade a programas que


promovam a saúde e, nesse contexto, a escola seria um dos principais lugares,
pois as crianças e os jovens têm acesso à escola e nela participam das aulas
de Educação Física (EF), o que torna a escola uma instituição privilegiada de
intervenção (MARQUES; GAYA, 1999).

A escola serve como uma alternativa para reverter a elevada incidência de 73


distúrbios orgânicos associados à falta de exercício físico e que por meio da prática
da Educação Física escolar a criança e o adolescente podem adquirir benefícios
imediatos atribuídos à realização de esforços físicos adequados (GUEDES;
GUEDES, 1997).

Assim, ao desenvolver um programa voltado à promoção da saúde na


escola, deve-se ater a duas metas prioritárias.

a) promover experiências motoras que possam repercutir


satisfatoriamente em direção a um melhor estado de saúde,
procurando afastar ao máximo a possibilidade de aparecimento
dos fatores de risco que contribuem para o surgimento de
eventuais distúrbios orgânicos;
b) levar os educandos a assumirem atitudes positivas com
relação à prática de atividades físicas para que se tornem ativos
fisicamente não apenas na infância e na adolescência, mas
também na idade adulta (GUEDES; GUEDES, 1997, p. 50).

As doenças são indicadores de desequilíbrios entre o homem e o meio


ambiente, então a educação para a saúde deve optar por ações que envolvam o

Educação Física em foco


homem mediante suas atitudes ambientais (como hábitos alimentares, estado de
estresse, opções de lazer, atividade física, agressões climáticas etc.). Portanto,
o estado de ser saudável não é algo estático, mas deve ser construído de forma
individualizada constantemente ao longo de toda a vida, pelo fato de que saúde
é educável e, portanto, deve ser tratada não apenas com base em referenciais
de natureza biológica e higienista, mas sobretudo em um contexto didático-
pedagógico (GUEDES, 1999).

Você sabe, caro acadêmico, qual é a relação entre aptidão física e saúde?
A relação existe pois evidências científicas apontam que o baixo nível de aptidão
física está associado a maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e de
mortalidade por todas as causas.

O conceito de aptidão física relacionada à saúde (AFRS) surgiu desde a década


de 80, definida como “a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor, e demonstrar
traços e características que estão associados a baixo risco de desenvolvimento
prematuro de doenças hipocinéticas” (DUMITH, AZEVEDO JÚNIOR; ROMBALDI,
2008, p. 454). Veja na figura a seguir os componentes da AFRS:
74

FIGURA 11. OS COMPONENTES DA AFRS

FONTE: Dumith, Azevedo Júnior e Rombaldi (2008, p. 454)

De acordo com a figura anterior, os componentes que englobam a aptidão


física relacionada à saúde compreendem os fatores motores (flexibilidade e
força/resistência muscular localizada), funcionais (aptidão cardiorrespiratória),

Educação Física em foco


morfológicos (análise da composição corporal), fisiológicos e comportamentais
(PEZZETTA, LOPES, PIRES NETO, 2003).

No ano de 2002, foi lançado, pelo Ministério dos Esportes, o Projeto


Esporte Brasil (PROESP-BR). “Esse instrumento serve como apoio ao professor
de Educação Física para a avaliação dos padrões de crescimento corporal, estado
nutricional, aptidão física para a saúde e para o desempenho esportivo em crianças
e adolescentes (GAYA et al., 2015, p. 2).

Veja, na figura a seguir, as valências físicas relacionadas à saúde e


ao desempenho físico pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR) e os testes
relacionados.

FIGURA 12. OS COMPONENTES DA AFRS

75

FONTE: Gaya et al. (2015, p. 3)

Cabe ao professor de Educação Física, ao organizar um programa


de educação para a saúde, através da Educação Física escolar, proporcionar
fundamentação teórica e prática que possa levar os educandos a incorporarem

Educação Física em foco


conhecimentos, induzir modificações no comportamento quanto à aptidão física
e à saúde (GUEDES, 1999). Veja na figura a seguir que os níveis satisfatórios de
aptidão física relacionada à saúde podem:

FIGURA 13. RESULTADOS DOS NÍVEIS SATISFATÓRIOS DE APTIDÃO FÍSICA


RELACIONADA À SAÚDE

76
FONTE: DÓREA et al. (2008)

Veja, na figura a seguir, os aspectos fundamentais a serem controlados


quando da implementação dos programas de educação para a saúde.

FIGURA 14. ASPECTOS FUNDAMENTAIS A SEREM CONTROLADOS QUANDO DA


IMPLEMENTAÇÃO DOS PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

FONTE: GUEDES (1999)

Guedes (1999, p. 13) vai além relatando que:

No entanto, se o objetivo é conscientizar os educandos de

Educação Física em foco


que níveis adequados de aptidão física relacionada à saúde
devem ser algo a ser cultivado na infância e na adolescência,
e perseguido por toda a vida, é imprescindível que as crianças
e os jovens tenham acesso a informações que lhes permitam
estruturar conceitos mais claros quanto ao porquê e como
praticar atividade física, e não praticar atividade física pelo
simples fato de praticar.

Define-se aptidão física como

a capacidade de executar atividades físicas com energia e


vigor sem excesso de fadiga e, também, como a demonstração
de qualidades e capacidades físicas que conduzam ao menor
risco de desenvolvimento de doenças que capacita crianças
e adolescentes a adotarem uma vida ativa, possibilitando a
manutenção de um status de aptidão física desde o início até o
fim da vida (ARAÚJO, OLIVEIRA, 2008, p. 272).

“É nas atividades diárias, como correr, saltar e rolar, que as crianças


desenvolvem habilidades fundamentais de movimento, as quais se refletem nos
seus níveis de aptidão física voltada à saúde e/ou desempenho motor” (PELEGRINI
et al., 2011, p. 92). Veja a seguir o que Pelegrini et al. (2011, p. 92) relata sobre um
77
bom nível de aptidão física:

Um bom nível de desempenho motor e de aptidão física
relacionada à saúde, nas fases iniciais da vida, apresenta-se
associado a bons indicadores de saúde, tais como baixos níveis
de colesterol e triglicerídeos, pressão arterial e sensibilidade
à insulina equilibradas, risco menor de obesidade, baixa
prevalência de lombalgias e desvios posturais, além de refletir
em bom desempenho acadêmico.

Sem dúvidas que a escola é o local ideal para que os alunos aprendam
os conteúdos da Educação Física para a promoção da saúde e os professores
devem dirigir a sua prática no sentido de conscientizá-los a respeito da importância
da criação de um estilo de vida ativo e de hábitos de vida saudáveis (PEZZETTA,
LOPES; PIRES NETO, 2003).

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 3 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• Atualmente existe prioridade em programas que promovam a saúde.

• A escola é um lugar onde se pode oportunizar o acesso às aulas de Educação


Física (EF) e aos programas de saúde.

• A escola é uma alternativa para reverter a elevada incidência de distúrbios


orgânicos associados à falta de exercício físico.

• Pela prática da Educação Física escolar a criança e o adolescente podem adquirir


benefícios imediatos atribuídos à realização de esforços físicos adequados.

• Ao desenvolver um programa voltado à promoção da saúde na escola, deve-


se promover experiências motoras que possam repercutir satisfatoriamente
78 em direção a um melhor estado de saúde e levar os educandos a assumirem
atitudes positivas em relação à prática de atividades físicas.

• As doenças são indicadores de desequilíbrios entre o homem e o meio ambiente.

• O objetivo da educação para a saúde é criar ações que envolvam o homem


mediante suas atitudes ambientais.

• Deve-se construir o estado de ser saudável de forma individualizada ao longo de


toda a vida.

• Baixo nível de aptidão física está associado a maior risco de desenvolver


doenças cardiovasculares e de mortalidade por todas as causas.

• O conceito de aptidão física relacionada com a saúde (AFRS) surgiu desde a


década de 80.

Educação Física em foco


• A AFRS seria considerada como a capacidade de executar atividades físicas
com energia e vigor sem excesso de fadiga, e também como a demonstração
de qualidades e capacidades físicas que conduzem ao menor risco de
desenvolvimento de doenças hipocinéticas.

• Os componentes da AFRS são: morfológico, funcional, motor, fisiológico e


comportamental.

• Em 2002 foi lançado, pelo Ministério dos Esportes, o Projeto Esporte Brasil
(PROESP-BR).

• O PROESP-BR serve como apoio ao professor de Educação Física para a


avaliação dos padrões de crescimento corporal, estado nutricional, aptidão
física para a saúde e para o desempenho esportivo em crianças e adolescentes.

• Cabe ao professor de Educação Física organizar um programa de educação


para a saúde através da Educação Física escolar.

79
• Com o programa de educação para a saúde proporcionar fundamentação
teórica e prática que possa levar os educandos a incorporarem conhecimentos
e modificações em seu comportamento quanto à aptidão física e à saúde.

• Níveis satisfatórios de aptidão física relacionada à saúde devem levar em conta


o tipo de atividade física, a duração e a intensidade.

• São nas atividades diárias, como correr, saltar e rolar, que as crianças
desenvolvem habilidades fundamentais de movimento, que se refletem nos
seus níveis de aptidão física voltada à saúde e/ou desempenho motor.

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 9 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016.

Os profissionais de Educação Física são frequentemente convocados a intervir


na estética corporal dos indivíduos, que são influenciados, conscientemente ou
não, pela cultura da sociedade em que vivem. Pode-se afirmar que a sociedade
brasileira está altamente impactada pelas leis do consumo, o que contribui
para as representações atuais do que vem a ser um corpo belo e saudável.
Na maioria das vezes, esses profissionais privilegiam os conhecimentos
da dimensão biológica do ser humano para atender a tais demandas, em
detrimento de outros conhecimentos como o sociológico, o histórico e o
antropológico. Estudos têm revelado que, aquilo que em determinada época
80
foi considerado belo e saudável, pode ser, em outro contexto, considerado feio
e doente, conforme os valores sociais e culturais de cada época.

O grande desafio é tornar o culto à própria identidade em uma cultura coletiva


e ética, na qual floresça um tipo de afeto por si mesmo que, quanto mais se
volte para o próprio corpo, mais se dedique, ao mesmo tempo, aos cuidados
com os demais corpos.

FONTE: SANT’ANNA, D. B. Identidade Corporal. In: Corpo, prazer e movimento. São Paulo.
SESC, 2002, p. 24-31 (adaptado).

O texto sugere que os profissionais de Educação Física intervenham de


forma a:

A ( ) Acolher as demandas de pessoas que querem ficar mais fortes ou


magras, com vistas a criar um movimento cultural de culto ao corpo.
B ( ) Acolher as demandas, porém introduzindo uma intervenção que

Educação Física em foco


questione os padrões midiáticos, com vistas a criar um movimento cultural
de respeito às identidades.
C ( ) Acolher as demandas, porém introduzindo a noção de que não existem
corpos feios ou belos, mas, sim, corpos saudáveis ou não saudáveis, com
vistas a criar um movimento cultural de culto ao corpo saudável.
D ( ) Rejeitar as demandas, criticando os indivíduos que procuram as
academias para ações pontuais, impactadas por modismos midiáticos,
criando, assim, um movimento cultural de recusa às identidades.
E ( ) Rejeitar as demandas, porém introduzindo uma reflexão sobre as
representações diferenciadas do que vem a ser belo e saudável, criando,
assim, um movimento cultural de busca pelo corpo belo e saudável.

Questão 2: QUESTÃO 28 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016.

Programas de Educação Física escolar com ênfase na educação para


a saúde não se restringem unicamente ao desenvolvimento de ações
direcionadas aos aspectos fisiológicos associados à prática de atividade 81
físicas. Evidências demonstram que o controle das características dos
esforços físicos a que escolares são submetidos nas aulas pode exercer
significativa influência na aquisição e no cultivo dos hábitos do presente e do
futuro no tocante à prática sistemática de atividades físicas.

FONTE: GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Esforços físicos nos programas de educação


física escolar. Revista Paulista em Educação Física, v. 15, n. 1, p. 33-44, 2001. (Adaptado)

Considerando o texto apresentado, avalie as afirmações a seguir.

I. As aulas de Educação Física devem estimular o conhecimento da fisiologia


humana em situações de atividade física.

II. Nas aulas de Educação Física, as avaliações antropométricas informam


sobre os níveis de aptidão física, constituindo-se meio de acompanhamento
do estado de saúde.

Educação Física em foco


III. Nas aulas de Educação Física, as atividades aeróbicas e neuromusculares
são estratégias que garantem melhoras no condicionamento
cardiorrespiratório.

IV. Os professores de Educação Física, em suas aulas, podem utilizar


indicadores como percentual de gordura corporal, frequência cardíaca e
força dinâmica para orientar os estudantes sobre seu nível de aptidão física.

V. As aulas de Educação Física são suficientes para induzir adaptações


fisiológicas no organismo, promovendo aderência a um estilo de vida ativo.

É correto apenas o que se afirma em:


A ( ) I, II e IV.
B ( ) I, III e V.
C ( ) I, IV e V.
D ( ) II, III e IV.
E ( ) II, III e V.
82

Questão 3: QUESTÃO 34 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016.

Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a obesidade é a


epidemia global do século XXI. Muitos são os fatores que contribuem para
a obesidade em crianças na idade escolar. Esses fatores incluem excesso
de horas na utilização de computadores e jogos eletrônicos, ausência de
espaços próximos da residência ou seguros para a prática de atividades
físicas e dietas hipercalóricas e desbalanceadas.

Considerando o texto acima, avalie as afirmações a seguir:

I. O aumento da pressão arterial, as dislipidemias e a resistência à insulina


são algumas das possíveis consequências resultantes da obesidade infantil.

II. Associada à prática regular de atividade física, o profissional de Educação

Educação Física em foco


Física também pode prescrever a restrição do consumo de alimentos com
alto teor calórico.

III. Espera-se que a intervenção do profissional de Educação Física contribua


para que o indivíduo reconheça a si próprio e sua relação com o ambiente,
conheça os padrões de saúde e adote hábitos saudáveis.

IV. O professor de Educação Física, ciente da sua responsabilidade


educacional com a saúde de seus alunos, deve elaborar atividades físicas
a serem executadas diariamente com o objetivo de aumentar a massa
muscular, mesmo que causem desconforto aos alunos.

V. A compreensão dos benefícios provocados pelos exercícios físicos poderá


motivar as crianças em idade escolar a realizarem atividades com maior
frequência, pois é nessa faixa etária que o ser humano perpetua seus hábitos.

É correto apenas o que se afirma em:


A ( ) I e II. 83
B ( ) I, III e V.
C ( ) II, IV e V.
D ( ) III, IV e V.
E ( ) I, II, III e IV.

Gabarito
Questão 1 – Letra B.
Questão 2 – Letra A.
Questão 3 – Letra B.

Educação Física em foco


84

Educação Física em foco


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11 jun. 2016.

Educação Física em foco


UNIDADE 3
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E OS ASPECTOS CINESIOLÓGICOS,
BIOMECÂNICOS, FISIOLÓGICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:

• conhecer a aplicação da anatomia, biologia, cinesiologia e biomecânica


aplicados à Educação Física Escolar;

• entender os diferenciais do conteúdo pedagógicos da biomecânica e


fisiologia na Educação Física baseado nos PCN;

• analisar os aspectos fisiológicos da prática do exercício físico;

• conhecer os aspectos da obesidade infantil e quais abordagens devem ser


feitas pelo professor de Educação Física;
89
• analisar os aspectos que caracterizam o desenvolvimento motor dos
educandos.

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você


encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados.

TÓPICO 1 – APLICAÇÃO DA BIOLOGIA,


ANATOMIA, CINESIOLOGIA E
BIOMECÂNICA NA EDUCAÇÃO
FÍSICA

TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DOS ASPECTOS


FISIOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA

TÓPICO 3 – OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO


FÍSICA (ABORDAGEM NA ESCOLA)

Educação Física em foco


90

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 1 – APLICAÇÃO DA BIOLOGIA, ANATOMIA, ] ------
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste tópico, você estudará os conteúdos relacionados aos conhecimentos


da biologia, anatomia, cinesiologia e biomecânica aplicados pelo professor de
Educação Física voltados ao contexto educacional.

1 CONHECIMENTOS ANÁTOMO-BIOLÓGICOS, CINESIOLÓGICOS E


BIOMECÂNICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Caro acadêmico! Vamos ler agora sobre a importância do conhecimento


da biologia, anatomia, cinesiologia e biomecânica para o professor de Educação
Física. Não cabe aqui explicar isoladamente sobre cada osso, músculo,
alavancas, movimentos específicos do esporte etc., mas o conhecimento destes
na abrangência dos movimentos corporais, principalmente os envolvidos na
Educação Física escolar. 91

As aulas de Educação Física escolar propiciam o contato com uma grande


variedade de experiências de movimentos e esta vivência motora envolve o
conhecimento de diversos elementos que vão além do aprendizado de sequências
de movimentos, tais como as alterações fisiológicas e os princípios biomecânicos
relacionados ao corpo humano (FREITAS; COSTA, 2000).

Nos PCN (BRASIL, 1998, p. 68), são descritas algumas características do


que deve ser abordada no conhecimento da anatomia:

Os conhecimentos de anatomia referem-se principalmente à


estrutura muscular e óssea e são abordados sob o enfoque da
percepção do próprio corpo, sentindo e compreendendo, por
exemplo, os ossos e os músculos envolvidos nos diferentes
movimentos e posições, em situações de relaxamento e tensão.

Como abordam os PCN (BRASIL, 1998) sobre os conhecimentos de


anatomia, descritos na citação anterior, cabe-nos complementar a definição,
abordando que é necessário que, além desse conhecimento biológico e anatômico,

Educação Física em foco


busquemos “a totalidade nas ações pedagógicas, uma vez que os conteúdos
da Educação Física são construções humanas e possuem a amplitude também
humana” (SOARES, 1988, p. 24).

A cinesiologia atua desde o esporte até a educação e pode ser conceituada


como o estudo do movimento humano para a melhora da saúde (DOBLER, 2003).
Já a biomecânica é imprescindível na análise do movimento e da técnica esportiva,
pois permite avaliar a evolução ou piora do atleta em qualquer modalidade
(MARQUES JÚNIOR, 2011).

Na Educação Física Escolar, a biomecânica se insere no sentido de que


ela busca entender e aceitar o movimento corporal e assessorar no conhecimento
dos processos de ensino de habilidades motoras (BATISTA, 2001). Atualmente,
a biomecânica pode ser considerada uma importante ferramenta de auxílio no
processo de ensino-aprendizagem do movimento corporal estando aliada a
ciências de outros campos de conhecimento, tal como fisiologia, aprendizagem
motora, entre outras (PORTO et al., 2015).

92
Na Educação Física escolar, a biomecânica pode ajudar na estruturação
dos conteúdos pelos docentes, pois também se ocupa com o conhecimento do
corpo humano e de seus movimentos (FREITAS; COSTA, 2000).

No Ensino Fundamental, com relação à biomecânica na Educação Física


escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apontam que todo o conteúdo
deve ser focado em princípios e conhecimentos que levem os alunos a conhecer o
corpo humano, abordando conhecimentos da anatomia, fisiologia, biomecânica e
bioquímica, ou seja, deve-se estimular o desenvolvimento de análises críticas dos
programas de atividade física e estabelecer critérios para julgamento, escolha e
realização das próprias atividades corporais saudáveis (DAGNESE et al., 2013).

Nos PCN (BRASIL, 1998, p. 68) são descritas algumas características do


que deve ser abordada no conhecimento da biomecânica, focando na postura e
atitudes corporais no bloco dos “conhecimentos sobre o corpo”:

Também fazem parte deste bloco os conhecimentos sobre


os hábitos posturais e atitudes corporais. A ênfase deste item
está na relação entre as possibilidades e as necessidades

Educação Física em foco


biomecânicas e a construção sociocultural da atitude corporal,
dos gestos, da postura. Por que, por exemplo, os orientais
sentam-se no chão, com as costas eretas? Por que existe
uma tendência em apoiar-se em apenas uma das pernas
nas posturas em pé? Observar, analisar, compreender essas
atitudes corporais são atividades que podem ser desenvolvidas
com projetos de História, Geografia e Pluralidade Cultural. Além
da análise dos diferentes hábitos, pode-se incluir a questão da
postura dos alunos na escola: as posturas mais adequadas
para fazer determinadas tarefas e para diferentes situações.

A biomecânica é a ciência que analisa o movimento e ajuda na


compreensão de certos elementos do ato motor, tais como detalhes acerca do
ciclo de movimentos mais eficientes; detalhes acerca de resultado obtidos a partir
do exercício motriz, transformado em parâmetros mensurável e o esclarecimento
dos pressupostos físicos e psíquicos do indivíduo, assim como de sua capacidade
de aprender e de assimilar (BATISTA, 2001, p. 38).

A biomecânica deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física com


base nas vivências corporais dos alunos e isso pode ser conseguido por meio da
simplificação de conceitos da mecânica em três dimensões. 93

FIGURA 15. CONCEITOS DA MECÂNICA EM TRÊS DIMENSÕES

FONTE: Dagnese et al. (2013)

Na dimensão Procedimental, a Educação Física não aborda a execução


de movimentos por parte dos alunos, mas sim, de outras formas de saber fazer que
podem levar a uma outra relação com o movimento (CORRÊA; FREIRE, 2009).
Veja a seguir que Corrêa e Freire (2009, p. 110) apontam duas formas de abordar
o conteúdo da biomecânica por meio do conteúdo procedimental:

O aluno deverá perceber como aplicar os princípios da


mecânica ao movimento para conseguir executar com o
sucesso esperado determinado exercício físico ou habilidade

Educação Física em foco


motora. Portanto, o domínio da posição do corpo no espaço
determinada pelas variáveis cinemáticas, assim como da força
aplicada para manter a postura ou deslocar um implemento
caracterizada pelas variáveis cinéticas, é essencial para a
execução dos movimentos em geral. Por exemplo, a execução
de um saque no voleibol exigirá dos alunos uma sequência
de movimentos envolvendo transferência de velocidade
entre os segmentos e uma aplicação de força em um ângulo
específico. Ao vivenciarem essa execução repetidas vezes,
serão capazes de alcançar maior controle dessas variáveis,
conseguindo determinar o local da quadra no qual a bola
deverá cair. [...] A habilidade para identificar nos colegas ou em
atletas erros cometidos durante a execução de uma habilidade
motora envolve a percepção e a compreensão das variáveis
mecânicas envolvidas em cada momento.

Na dimensão conceitual, caracteriza-se um “saber sobre” ensinado na


escola, ou seja, levar ao conhecimento sobre o movimento, considerando que o
movimento envolve princípios da mecânica e alguns princípios da biomecânica.
Exemplo de trabalho seria aqui a criação de um projeto multidisciplinar que
envolvesse a física ou ciências com a Educação Física (CORRÊA; FREIRE, 2009).

94
Na dimensão atitudinal, o professor deve identificar normas, valores
e atitudes que estão diretamente relacionadas ao preparo do aluno “para” a
utilização de seu potencial motor, o que implica valorizar essa prática e adotar
atitudes adequadas, cumprindo normas básicas de segurança. Na biomecânica,
por exemplo, valorizar a utilização dos conhecimentos aprendidos nas aulas
para uma melhor compreensão de seu potencial motor, buscando uma prática
consciente (CORRÊA; FREIRE, 2009).

Freitas e Costa (2000, p. 82) apresentam a figura a seguir como uma


estratégia para a estruturação de conhecimentos nas aulas de Educação Física,
que sejam derivados da biomecânica.

Educação Física em foco


FIGURA 16. PROPOSTA DE ESTRATÉGIA PARA A ESTRUTURAÇÃO DE CONHECIMENTOS
NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

FONTE: Freitas e Costa (2000, p. 82)

Caro acadêmico! O professor de Educação Física pode explorar várias


formas de movimento, como o andar, saltitar, equilibrar-se e, a partir disso, construir
com os alunos conceitos e variáveis anatômicas, cinesiológicas e biomecânicas que
expliquem os diferentes desempenhos dos alunos e manipular fatores para criar
novos problemas motores que resultarão na aplicação de conceitos biomecânicos
(FREITAS; COSTA, 2000).

Dagnese et al. (2013) apontam que os conceitos de movimento linear e 95


angular e as leis de movimento de Newton devem ser apresentados seguidos de
exemplos simples, terminando com a aplicação de conceitos nos movimentos em
geral, como locomoção, sustentação do peso corporal e outros ligados à rotina
diária dos indivíduos. Veja na figura a seguir um exemplo de como podemos
trabalhar em sala de aula com os conceitos de biomecânica.

FIGURA 17. CONCEITOS BIOMECÂNICOS E COMO ABORDAR EM SALA DE AULA

FONTE: Freitas e Costa (2000, p. 83)

Veja no quadro a seguir alguns conceitos da biomecânica que podem ser


aplicados na Educação Física escolar.

Educação Física em foco


QUADRO 8. ALGUNS CONCEITOS DA BIOMECÂNICA QUE PODEM SER APLICADOS NA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Conceito e definição Exemplos de aplicação

- Movimento linear ou de
translação é caracterizado pelo - Exemplo clássico é o andar.
movimento em que as partes de
Colocar uma marca em qualquer parte do corpo do indivíduo,
um objeto percorrem a mesma
por exemplo, no quadril, e observar que, quando o indivíduo
distância na mesma direção ao
se desloca, ela também se desloca tanto para a frente (eixo
mesmo tempo.
x), como para cima e para baixo (eixo y), como para a lateral
(eixo z), dada a oscilação natural do andar. Todavia, ao
mesmo tempo ocorre uma rotação dos segmentos em torno
- Movimento angular ou de rotação das articulações do tornozelo, joelho, quadril e ombro.
ocorre ao redor de um eixo.

- Pedir ao aluno para se deslocar mais rápido até


- Velocidade angular, o ângulo determinado ponto, a intenção é que ele diminua o tempo
percorrido pelo tempo gasto de execução e, com isso, aumente a velocidade linear de
para percorrê-lo, ou seja, o eixo seu centro de gravidade (CG). O centro de gravidade de um
em torno do qual se estudará o indivíduo, segmento ou objeto representa o ponto em que o
movimento. efeito total da gravidade age sobre o corpo. A mesma ideia
- Velocidade linear como o é aplicada ao se pedir que o indivíduo faça uma “rotação
espaço percorrido pelo tempo de braço mais vigorosa”. Isso significa que o braço deve
96 percorrer o mesmo ângulo em um menor tempo, isto é, com
gasto para percorrê-lo.
maior velocidade angular.

- Pedir ao aluno para estender o cotovelo ao final do movimento


- Velocidade linear angular – de de saque por baixo, porque com isso aumenta a distância do
um ponto sobre um corpo em ponto de contato com a bola até o eixo e, por consequência,
rotação é o produto da distância a velocidade linear da mão. A importância de aumentar essa
daquele ponto até o eixo de velocidade é que esta será primordialmente transferida para
rotação pela velocidade angular a bola, somada, é claro, como já comentado, às velocidades
do corpo em torno do eixo angulares das outras partes do corpo, que deverão ser
transferidas para a mão no momento final do contato.

1ª LEI DE NEWTON ou lei da - Essa é uma das razões para dividir em categorias por peso
inércia: todo corpo permanecerá as atividades que envolvem deslocamento e queda de um
em estado de repouso ou de indivíduo, como é o caso das lutas, pois quanto maior o peso
movimento, a menos que seja do indivíduo, maior deverá ser a força empregada para tirá-lo
aplicada uma força sobre ele. da inércia, de movimento ou de repouso.

Educação Física em foco


- Ao observar um indivíduo correndo com grandes oscilações
2ª LEI DE NEWTON: A na vertical (correr saltitando), é fácil entender o que está
aceleração que um corpo obtém é acontecendo. Em vez de obter maior componente à frente,
diretamente proporcional à força como seria esperado, pois o objetivo é ir à frente mais rápido
(torque) aplicada e inversamente e não para cima, o indivíduo está exercendo uma força com
proporcional à massa (inércia) do ângulo errado – batendo com o pé mais plano no chão do
corpo. que seria esperado, obtendo uma componente em y maior
do que deveria.

- Quanto maior for a velocidade com que um segmento


qualquer (mão ou pé) bater em um implemento, maior vai
ser a reação ocasionada nos segmentos e articulações.
3ªLEI DE NEWTON: A toda ação
Isso significa, por exemplo, que conforme aumenta a
corresponde uma reação igual e
velocidade de corrida maior é a reação a ser absorvida pelas
contrária.
articulações no momento do contato com o solo. No andar,
este valor varia em torno de 1,4 vezes o peso corporal e no
salto triplo 18 vezes o peso corporal.

- Alavancas de primeira classe ou interfixas (Alavanca de


Equilíbrio - manutenção da postura e equilíbrio)

- Alavancas de segunda classe ou inter-resistentes (Alavanca


Alavancas e Tipos de alavancas
de Força)

- Alavancas de terceira classe ou interpotente (Alavanca de


97
Velocidade)
FONTE: Adaptado de Freitas e Costa (2000)

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• A vivência motora proporcionada pelas aulas de Educação Física envolve desde


o aprendizado de sequências de movimentos até alterações fisiológicas e
princípios biomecânicos relacionados ao corpo humano.

• Nos PCN, a anatomia deve abordar o conhecimento de ossos e os músculos


envolvidos nos diferentes movimentos e posições, em situações de relaxamento
e tensão.

• A cinesiologia atua desde o esporte, até a educação e pode ser conceituada


como o estudo do movimento humano para a melhora da saúde.

• A biomecânica na Educação Física escolar busca entender e aceitar o movimento


corporal e assessorar no conhecimento dos processos de ensino de habilidades
98 motoras.

• A biomecânica pode ser considerada uma importante ferramenta de auxílio no


processo de ensino-aprendizagem do movimento corporal.

• No Ensino Fundamental, com relação à biomecânica, todo conteúdo deve ser


focado em princípios e conhecimentos que levem os alunos a conhecer o corpo
humano, abordando conhecimentos da anatomia, fisiologia, biomecânica e
bioquímica.

• Nos PCN, o conhecimento da biomecânica foca a postura e atitudes corporais


no bloco dos “conhecimentos sobre o corpo”.

• A biomecânica deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física com base nas
vivências corporais dos alunos e levando em conta três dimensões: atitudinal,
conceitual e procedimental.

• O professor de Educação Física pode explorar várias formas de movimento,

Educação Física em foco


como o andar, saltitar, equilibrar-se e, a partir disso, construir com os alunos,
conceitos e variáveis anatômicas, cinesiológicas e biomecânicas.

• Os conceitos de movimento linear e angular e as leis de movimento de Newton


devem ser apresentados seguidos de exemplos simples, terminando com a
aplicação de conceitos nos movimentos em geral, como locomoção, sustentação
do peso corporal e outros ligados à rotina diária dos indivíduos.

• Alguns conceitos da biomecânica que podem ser aplicados na Educação Física


escolar, como o movimento linear, movimento angular, velocidade angular,
velocidade linear, velocidade linear angular, 1ª, 2ª e 3ª Lei de Newton.

99

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 22 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

O ato de exercitar o corpo fundamenta-se no princípio das alavancas, em


que a ação muscular sobre o esqueleto gera o movimento humano. Uma
alavanca é uma haste rígida que gira ao redor de um eixo ou fulcro. Alavancas
são constituídas basicamente por cinco elementos. São eles: fulcro ou eixo
(E), força (P), braço de força (bP), resistência (R) e braço de resistência (bR).
Partindo desse princípio, analise o seguinte questionamento apresentado
por um aluno de musculação ao seu professor: “Se adotei a mesma regra
de treinamento para todos os grupos musculares (80% de 1-RM), por que o
desenvolvimento de hipertrofia nas panturrilhas (tríceps sural) não ocorreu
100
na mesma proporção que nos músculos dos braços?”

Considerando os tipos de alavancas, a figura apresentada e o questionamento


feito pelo aluno, avalie as afirmações que se seguem:

I. A alavanca em A é de terceira classe. O que justifica a facilidade com que se


desenvolve a musculatura do braço em detrimento da musculatura das pernas.

Educação Física em foco


II. Na alavanca em A, o braço de potência é maior que o braço de resistência.
Sendo assim, existe uma vantagem mecânica na qual a força aplicada será
menor do que a resistência a ser vencida.

III. A alavanca em B é de segunda classe. Assim, exige-se que a carga a ser


empregada seja bastante elevada, a fim que se atinja maior recrutamento de
unidades motoras, propiciando bom estímulo para a hipertrofia.

IV. Na alavanca em B, a desvantagem mecânica observada no exemplo


exige dos músculos envolvidos um esforço mais vigoroso.

É correto apenas o que se afirma em:


A ( ) II.
B ( ) III.
C ( ) I e III.
D ( ) II e IV.
E ( ) I, III e IV.
101
Questão 2: QUESTÃO 25 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

Cineantropometria é a ciência que tem como tema central a medida do


homem em sua perspectiva morfológica para o estudo dos fatores que
influenciam o movimento nas suas mais variadas formas.

FONTE: OSTYN, M. et al. Kinanthropometry II. Baltimore, University Park Press. International
Series on Sport Science, v. 9, 1980. (Adaptado).

Sobre as possibilidades de aplicação do conhecimento de cineantropometria


no ensino da Educação Física escolar, avalie as afirmações a seguir:

I. A realização da análise longitudinal de crescimento e maturação de


crianças e jovens é um exemplo desse conhecimento.

Educação Física em foco


II. A avaliação da postura e da composição corporal em ergonomia constitui
uma possibilidade dessa aplicação.

III. A identificação de medidas como a composição corporal e o somatotipo


configura um dos aspectos dessa proposta.

É correto o que se afirma em:


A ( ) I, apenas.
B ( ) II, apenas.
C ( ) I e III, apenas.
D ( ) II e III, apenas.
E ( ) I, II e III.

Gabarito
Questão 1 – Letra C.
Questão 2 – Letra C.
102

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DOS ASPECTOS FISIOLÓGICOS ] ------
NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Especialmente neste tópico, você entenderá alguns pontos importantes


dentro dos conteúdos da fisiologia do exercício, que servem para você, professor
de Educação Física, trabalhar com segurança em qualquer faixa etária e condição.

1 CONHECIMENTOS FISIOLÓGICOS NECESSÁRIOS AO PROFESSOR DE


EDUCAÇÃO FÍSICA

Caro acadêmico! Vamos ler agora sobre a importância do conhecimento


da fisiologia para o professor de Educação Física, na abrangência dos movimentos
corporais, principalmente, os envolvidos na Educação Física escolar. Nos PCN
(BRASIL, 1998, p. 69) são descritas algumas características do que deve ser abordado
quanto ao conhecimento da fisiologia e de sua complementação, a bioquímica:
103
Os conhecimentos de fisiologia são aqueles básicos para
compreender as alterações que ocorrem durante as atividades
físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, perda de
água e sais minerais) e aquelas que ocorrem a longo prazo
(melhora da condição cardiorrespiratória, aumento da massa
muscular, da força e da flexibilidade e diminuição de tecido
adiposo). A bioquímica abordará conteúdos que subsidiam
a fisiologia: alguns processos metabólicos de produção de
energia, eliminação e reposição de nutrientes básicos.

Uma questão do ENADE (2014) solicitou a construção de uma resenha


em que devem ser apontadas as implicações fisiológicas da prática do exercício
físico. Para responder a essa questão, pelo fato do exercício ter muitas implicações
fisiológicas, falaremos de algumas alterações agudas e/ou crônicas que podem
ser utilizados como conhecimento pelo professor de Educação Física para ser
aplicado com segurança nas escolas em todas faixas etárias e condições.

O exercício físico retira o organismo da homeostase, pois aumenta


instantaneamente a demanda energética da musculatura exercitada e de todo o
organismo e, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas

Educação Física em foco


são necessárias, dentre elas as da função cardiovascular (BRUM et al., 2004).

As respostas agudas são aquelas observadas durante ou imediatamente


após o exercício físico, como o aumento da pressão arterial e frequência cardíaca
(CARVALHO, 2008), por exemplo: durante 30 a 45 minutos de exercício aeróbico,
o volume de sangue bombeado pelo coração aumenta de quatro a seis vezes e
a frequência cardíaca aumenta aproximadamente três vezes acima da frequência
de repouso (KIRINUS, LINS; SANTOS, 2009). Já durante o exercício resistido
(força), também ocorre aumento das respostas cardiovasculares, principalmente
se realizado até a fadiga, mas estas alterações dependem do número de séries,
intervalo de recuperação, massa muscular envolvida, entre outras.

Veja na figura a seguir, caro acadêmico, um sumário das principais


respostas cardiovasculares ao exercício físico agudo.

FIGURA 18. PRINCIPAIS RESPOSTAS CARDIOVASCULARES AO EXERCÍCIO FÍSICO AGUDO

104

FC, frequência cardíaca; VS, volume sistólico; DC, débito cardíaco; RVP, resistência vascular periférica;
PA, pressão arterial; PAS, pressão arterial sistólica; PAD, pressão arterial diastólica.

FONTE: BRUM et al. (2004, p. 28)

Além das alterações que o exercício causa no sistema cardiovascular,


como observado acima, a frequência cardíaca máxima (FCM) serve, também,

Educação Física em foco


para quantificar o esforço máximo de um exercício e é definida como o valor mais
elevado da frequência cardíaca que um indivíduo pode atingir em um esforço
máximo até o ponto de exaustão (CAMARDA et al., 2008).

E um estudo para comparar a frequência cardíaca máxima obtida pelo


teste ergoespirométrico com as equações propostas por Karvonen e Tanaka,
apontada por Camarda et al. (2008) concluíram que:

A FCM é um indicador amplamente utilizado para prescrição de


intensidades em programas de exercícios aeróbios, por possuir
uma estreita relação com o consumo máximo de oxigênio.
As principais equações de predição da frequência cardíaca
máxima propostas por Karvonen (220 – idade) e Tanaka (208
– (0,7 x idade)) são semelhantes para predição da frequência
cardíaca máxima, de indivíduos do sexo masculino e feminino,
com faixa etária de 12 a 69 anos, demonstrando boa correlação
(r = 0,72) com a frequência cardíaca máxima medida.

Com o conhecimento destas equações acima, caro acadêmico, é fácil e


seguro controlar a intensidade do exercício aeróbico pela FCM.
105
Outro fator importante que devemos levar em conta na análise das
alterações fisiológicas é que o exercício físico promove aumento do gasto
energético total, tanto de forma aguda (durante a realização do exercício e durante
a fase de recuperação) quanto de forma crônica (alterações da taxa metabólica
de repouso – TMR). No que diz respeito ao efeito agudo, após o término do
exercício, o consumo de O2 não retorna aos valores de repouso imediatamente
e essa demanda energética durante o período de recuperação após o exercício
é conhecida como consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC)
(FOUREAUX, PINTO; DÂMASO, 2006).

O componente rápido do EPOC ocorre dentro de 1h. Embora


a causa precisa dessas respostas não esteja bem esclarecida,
é provável que esses fatores contribuam para: a ressíntese
de ATP/CP, redistribuição comportamental dos íons (aumento
na atividade da bomba de sódio e potássio), remoção do
lactato, restauração do dano tecidual, assim como restauração
do aumento da FC e do aumento da temperatura corporal.
Durante o componente prolongado, processos para o retorno
da homeostase fisiológica ocorrem continuamente, porém em
um nível mais baixo. Esses processos podem incluir o ciclo de
Krebs com maior utilização de ácidos graxos livres; efeitos de

Educação Física em foco


vários hormônios, como o cortisol, insulina, ACTH, hormônios
da tireoide e GH; ressíntese de hemoglobina e mioglobina;
aumento da atividade simpática; aumento da respiração
mitocondrial pelo aumento da concentração de norepinefrina;
ressíntese de glicogênio, aumento da temperatura
(FOUREAUX, PINTO; DÂMASO, 2006, 395).

A manutenção ou redução do peso corporal são afetados por muitos


mecanismos potentes pelo exercício regular, o que inclui: “o aumento do gasto
energético diário total, redução do apetite, aumento da TMR, aumento da massa
livre de gordura, aumento do efeito térmico da refeição, aumento do consumo
excessivo de oxigênio após o exercício e aumento da taxa de mobilização e
oxidação de gordura”. (FOUREAUX, PINTO; DÂMASO, 2006, p. 395). Veja
esquema deste mecanismo na figura a seguir.

FIGURA 19. FUNÇÃO DO EXERCÍCIO REGULAR NA MANUTENÇÃO E REDUÇÃO


PONDERAL

106

FONTE: Foureaux, Pinto e Dâmaso (2006, p. 395)

Outro fator importante que devemos levar em conta na análise das


alterações fisiológicas, questionado pelo ENADE, é a hidratação e/ou desidratação
durante a prática do exercício. Independente do exercício praticado (aeróbia
ou anaeróbia), a hidratação realizada antes, durante ou depois do exercício é
importante para o bom funcionamento dos processos homeostáticos exigidos pelo
exercício físico (ZAFFALON JR., 2009).

Educação Física em foco


Os níveis de hidratação devem ser mantidos de forma eficiente para
que o exercício físico possa ser realizado de forma segura e não acarrete sérios
problemas ao organismo (ZAFFALON JR., 2009). A sudorese é a perda hídrica
durante o exercício, podendo levar à desidratação, com aumento da osmolalidade,
da concentração de sódio no plasma e diminuição do volume plasmático
(MACHADO-MOREIRA et al., 2006).

“Quanto maior a desidratação, menor a capacidade de redistribuição do


fluxo sanguíneo para a periferia, menor a sensibilidade hipotalâmica para a sudorese
e menor a capacidade aeróbica para um dado débito cardíaco e, assim, os ajustes
fisiológicos decorrentes da desidratação devem ser feitos analisando protocolos de
ingestão de fluidos e o papel da sede” (MACHADO-MOREIRA et al., 2006).

Uma das formas de determinar o grau de desidratação é medir o peso


corporal imediatamente antes e após o exercício físico, sendo a perda de cada
0,5 kg correspondente a aproximadamente 480-500 ml de líquido e, quando a
desidratação reduz entre 4 e 5% o peso corporal, torna-se evidente o prejuízo
da capacidade de realizar o exercício (CARVALHO; MARA, 2010). Veja alguns
107
sintomas da desidratação, segundo Carvalho e Mara (2010, p. 145), como:

A desidratação leve e moderada pode ter alguns sintomas, como


fadiga, perda de apetite, sede, pele vermelha, intolerância ao
calor, tontura, oligúria e aumento da concentração da urina e a
grave, pele seca e murcha, olhos afundados, visão fosca, delírio,
espasmos musculares, choque térmico e coma, podendo evoluir
para óbito. A perda do suor significa a perda de água e eletrólitos
que devem ser repostos no intuito de que sejam evitados
sérios transtornos orgânicos agudos, como a hipovolemia e o
superaquecimento corporal, e crônicos, como a hiponatremia.

Você sabe por que é importante manter-se hidratado e fazer reposição
hídrica? E qual é a quantidade certa de reposição?

A reposição deve ser equivalente às perdas para prevenir o declínio no volume
de ejeção ventricular e beneficiar a termorregulação, favorecendo o fluxo sanguíneo
periférico, facilitando a transferência de calor. Em exercícios de longa duração, água,
eletrólitos e estoques de glicogênio são constantemente depletados e, a menos
que esses elementos sejam repostos, podem ocorrer hipovolemia, hipoglicemia,

Educação Física em foco


hiponatremia, hipertermia e desidratação (CARVALHO; MARA, 2010, p. 146).

A inadequada reposição eletrolítica e a super-hidratação podem contribuir


para a hiponatremia, cujos sinais e sintomas são muitas vezes semelhantes aos
da desidratação.

FIGURA 20. SINTOMAS DA DESIDRATAÇÃO E HIPONATREMIA

108

FONTE: Carvalho e Mara (2010, p. 146)

Para diminuir os efeitos da desidratação, é adequada a ingestão de


líquidos, antes e durante o exercício, pois atuam sobre a dinâmica cardiovascular, a
regulação da temperatura e o desempenho nos exercícios, reduzindo a incidência
de sintomas como dor de cabeça, fadiga, diminuição do apetite, intolerância ao
calor, boca seca, entre outros (CRUZ, CABRAL; MARINS, 2009).

Uma alternativa de hidratação são os repositores hidroeletrolíticos que


servem para proteger o organismo da desidratação e perda de sais e dividem-se
em bebidas isotônicas (quando o indivíduo perde mais de 2% do peso corpóreo
pela sudorese, durante exercício físico intenso) ou em sudorese intensa. As bebidas
hipotônicas (contém baixa osmolalidade, com 6% - 7% [m/V] de carboidratos e
eletrólitos), enquanto que as bebidas hipertônicas (compostas 15% - 17% [m/V] de
carboidratos e eletrólitos) (BOSI et al., 2014).

Educação Física em foco


Segundo ACSM (1996, p. 517), a indicação da ingestão e líquidos para o
exercício é:

ANTES DO EXERCÍCIO, recomenda-se que os indivíduos


consumam uma dieta nutricionalmente balanceada e bebam
quantidades adequadas de fluidos durante as 24h que
precedem o evento, especialmente durante o período entre
a última alimentação e o exercício. Esta recomendação visa
a promover uma boa hidratação antes do exercício ou da
competição. Ainda se recomenda que os indivíduos bebam
cerca de 500 ml de fluidos cerca de 2h antes do exercício, para
promover uma hidratação adequada e dar um intervalo para
que o excesso de água seja eliminada.
DURANTE A PRÁTICA ESPORTIVA, os atletas devem começar
a beber cedo e em intervalos regulares no intuito de consumir
fluidos em uma frequência que possa repor a água perdida
através da sudorese ou então consumir o máximo tolerável.
Recomenda-se a ingestão de fluidos com temperatura inferior
à ambiental (entre 15 ºC e 22 ºC).

109

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 2 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• O exercício físico retira o organismo da homeostase, aumentando


instantaneamente a demanda energética da musculatura exercitada.

• As funções cardiovasculares sofrem adaptações fisiológicas durante o exercício.

• As respostas agudas são aquelas observadas durante ou imediatamente após o


exercício físico, como o aumento da pressão arterial e frequência cardíaca.

• O exercício resistido (força) também leva a aumento das respostas


cardiovasculares, dependendo do número de séries, intervalo de recuperação,
massa muscular envolvida.

• A frequência cardíaca máxima (FCM) serve também para quantificar o esforço


110 máximo de um exercício.

• As principais equações de predição da frequência cardíaca máxima propostas


por Karvonen (220 – idade) e Tanaka (208 – (0,7 x idade)).

• O exercício físico promove aumento do gasto energético total tanto de forma


aguda (durante a realização do exercício e durante a fase de recuperação)
quanto de forma crônica (alterações da taxa metabólica de repouso – TMR).

• Outra alteração fisiológica durante o exercício é a hidratação e/ou desidratação


durante a prática do exercício.

• Os níveis de hidratação devem ser mantidos de forma eficiente para que o


exercício físico possa ser realizado de forma segura.

• Uma das formas de determinar o grau de desidratação é medir o peso corporal


imediatamente antes e após o exercício físico e deve ser equivalente às perdas.

Educação Física em foco


• A desidratação leve ou moderada pode apresentar sintomas como fadiga, perda
de apetite, sede, pele vermelha, intolerância ao calor, tontura, oligúria e aumento
da concentração da urina e a grave, pele seca e murcha, entre outros.

• A inadequada reposição eletrolítica e a super-hidratação podem contribuir para


a hiponatremia, cujos sinais e sintomas, muitas vezes, são semelhantes aos da
desidratação.

• Uma alternativa de hidratação são os repositores hidroeletrolíticos que servem


para proteger o organismo da desidratação e perda de sais.

• Dividem-se em bebidas isotônicas, bebidas hipotônicas e hipertônicas.

111

Educação Física em foco



E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 17 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

A frequência cardíaca máxima (FCM) é o valor mais elevado da frequência


cardíaca que um indivíduo pode atingir em um esforço máximo até o ponto
de exaustão e constitui variável fisiológica relevante para quantificar o
esforço máximo durante um teste ergométrico. A FCM é um importante
marcador biológico para a prescrição e o monitoramento do exercício
físico, com indicações que podem variar entre 60% e 85% da FCM para
o desenvolvimento da resistência e da potência cardiorrespiratória,
respectivamente.

112
Questiona-se se o emprego de equações que predizem a FCM, como (220
– idade) de Karvonen ou (208 – [0,7 x idade]) de Tanaka, não induziria ao
erro na prescrição da intensidade de treinamento cardiorrespiratório por
superestimarem a FCM de indivíduos jovens (< de 40 anos) e subestimarem
a FCM de indivíduos idosos (> de 60 anos). Para testar essa hipótese,
Camarda et al. (2008) realizaram um estudo comparativo entre a FCM
medida em teste ergoespirométrico e as equações propostas por Karvonen
e Tanaka. Para tanto foram avaliados 2 047 indivíduos (1.091 homens e
956 mulheres) com média ± desvio-padrão de idade igual a 37,1 ± 11,4.
Estimou-se, portanto, o coeficiente de correlação de Pearson e o valor de p
foi menor que 0,05, em ambos os casos. Os resultados estão representados
nos gráficos 1 e 2.

Educação Física em foco


FONTE: CAMARDA, S. R. A. et al. Comparação da frequência cardíaca máxima medida com as
fórmulas de predição propostas por Karvonen e Tanaka. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v.
91, n. 5, p. 311-314, 2008.

Considerando o texto e os gráficos apresentados, pode-se notar que:


A ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam moderada
correlação com a FCM medida em teste de esforço máximo. Isso significa
que é arriscado prescrever a intensidade do esforço físico de um exercício
113
utilizando essas equações.
B ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam forte correlação
com a FCM medida em teste de esforço máximo. Isso significa que é seguro
prescrever a intensidade do esforço físico de um exercício utilizando essas
equações.
C ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam forte correlação
com a FCM medida em teste de esforço máximo. No entanto, a prescrição
da intensidade de esforço depende de outros fatores como nível de aptidão
física e volume da sessão de treinamento.
D ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam fraca correlação
com a FCM medida em teste de esforço máximo. Porém, a prescrição da
intensidade de esforço pode depender de outros fatores como nível de
aptidão física e frequência das sessões de treinamento.
E ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam fraca correlação
com a FCM medida em teste de esforço máximo. Isso significa que é
seguro prescrever a intensidade do esforço físico de um exercício
utilizando essas equações.

Educação Física em foco


Questão 2: QUESTÃO 19 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

A classificação das fibras musculares, em vermelhas ou brancas, faz-se de
acordo com o metabolismo energético dominante, a velocidade de contração
e a atividade enzimática. Considerando que a coloração das fibras determina
a quantidade de glicogênio que será utilizado no exercício, bem como sua
função fisiológica, avalie as afirmações a seguir.

I. As fibras de coloração vermelha têm essa característica devido ao elevado


número de mioglobina e, por isso, apresentam capacidade oxidativa elevada.
As fibras brancas, por sua vez, possuem força de contração elevada,
contendo grandes quantidades de glicogênio e geram ATP principalmente
por glicólise anaeróbica.

II. As fibras de contração lenta possuem pequena quantidade de mitocôndrias,


o que lhes confere menor resistência à fadiga. Por outro lado, as fibras de
114 contração rápida possuem grandes quantidades de mitocôndrias, o que
promove o aumento na velocidade de remoção do lactato sanguíneo e,
consequentemente, produz maior resistência à fadiga.

III. Na prática dos exercícios físicos, as fibras vermelhas são mais recrutadas
por maratonistas enquanto as fibras brancas são mais recrutadas por
velocistas.

É correto o que se afirma em:


A ( ) II, apenas.
B ( ) III, apenas.
C ( ) I e II, apenas.
D ( ) I e III, apenas.
E ( ) I, II e III.

Educação Física em foco


Questão 3: QUESTÃO 27 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

Um grupo de 10 maratonistas brasileiros partiu no mês de março em viagem


para a Rússia para participar de uma prova de maratona em Moscou.
Naquele período, a temperatura média foi de -1 °C. Todos sabiam sobre o
frio que os aguardava, mas ninguém no grupo tinha experiência de corrida
em condições climáticas tão desfavoráveis. Quando lá chegaram, foram
conhecer o circuito da prova para estabelecer os postos de hidratação. A
equipe contava com um médico do esporte, um fisiologista do exercício, um
fisioterapeuta e uma nutricionista. Na véspera da prova, a equipe técnica
conversou com treinadores locais e obteve a informação de que a previsão
meteorológica para o momento da prova seria de chuva fina, com ventos de
até 40 km/h, o que produziria uma sensação térmica de -16 °C.

Os treinadores locais sugeriram que os isotônicos fossem substituídos por


hidratantes com uma composição hipertônica. Diante da situação, a equipe
técnica discutiu a sugestão com os atletas. Cinco atletas concordaram com a 115
utilização de hipertônicos e os outros cinco não concordaram. Sendo assim,
a equipe preparou os dois kits de hidratantes (isotônico e hipertônico), a fim
de atender a ambos os grupos. No dia seguinte, a prova foi realizada e a
previsão meteorológica se confirmou. Ao final da prova, apenas cinco atletas
brasileiros concluíram a distância. Os outros cinco atletas abandonaram no
meio do percurso por razões diversas.

Considerando o texto acima, avalie as afirmações a seguir.

I. O grupo que conseguiu concluir a prova deve ter sido o que utilizou
hidratante isotônico, pois em temperaturas extremamente baixas, o corpo
desidrata mais rapidamente e tem perda significativa de eletrólitos.

II. Hidratantes isotônicos foram desenvolvidos para repor líquidos e minerais


perdidos durante a transpiração, quando se praticam atividades físicas por

Educação Física em foco


períodos prolongados.

III. Em condições climáticas tão desfavoráveis, há acentuada queda dos


estoques de glicogênio muscular, decorrente da necessidade de se manter
a temperatura corporal central, assim o atleta experimenta o surgimento de
sucessivas contraturas musculares pela falta de energia.

IV. Uma solução hipertônica pode ser definida como aquela que contém
concentração de eletrólitos e glicose abaixo da encontra no plasma
sanguíneo.

É correto apenas o que se afirma em:


A ( ) I.
B ( ) III.
C ( ) I e IV.
D ( ) II e III.
E ( ) II e IV.
116

Gabarito
Questão 1 – Letra B.
Questão 2 – Letra D.
Questão 3 – Letra D.

Educação Física em foco


------ [ TÓPICO 3 – DESENVOLVIMENTO FÍSICO, DOENÇAS ] ------
CRÔNICAS E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Neste tópico, você entenderá a importância do entendimento do


desenvolvimento e das fases que o compõem para trabalhar com segurança na
Educação Física escolar, respeitando os limites e as faixas etárias. E também,
nessa unidade, verá a obesidade infantil e como deve ser abordado na Educação
Física escolar.

1 DESENVOLVIMENTO MOTOR E A EDUCAÇÃO FÍSICA

Caro acadêmico! Você já parou para refletir como deve ser realizada
a Educação Física escolar e as atividades relacionadas para auxílio no
desenvolvimento motor dos alunos? A partir de agora você entenderá as
especificidades do crescimento e desenvolvimento motor.
117
Sempre estamos passando por mudanças relacionadas à idade, alteradas
de acordo com a interação com o ambiente, com a tarefa e nessa interação o
movimento se apresenta e se aprimora. As mudanças ocorrem quantitativamente
pelo crescimento físico, como o aumento na estatura, no peso corporal e as
mudanças qualitativas, chamadas de desenvolvimento, como aquisição e melhoria
de funções (CAETANO; SILVEIRA; GOBBI, 2005). “O desenvolvimento na infância
é marcado por mudanças incrementais regulares nos domínios cognitivo, afetivo e
motor” (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 189).

Por meio de um processo sequencial e contínuo, relacionado à idade


cronológica, o desenvolvimento motor adquire uma grande quantidade de
habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados
para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas
(WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES, 2009).

Willrich, Azevedo e Fernandes (2009) apontam algumas causas que


podem afetar o desenvolvimento motor, apontando que, quanto maior o número

Educação Física em foco


de fatores de risco atuantes, maior será a possibilidade do comprometimento do
desenvolvimento. Veja na figura a seguir quais são as causas:

FIGURA 21. ALGUMAS CAUSAS QUE PODEM AFETAR O DESENVOLVIMENTO MOTOR

FONTE: Willrich, Azevedo e Fernandes (2009, p. 52)


118

O processo de desenvolvimento, aquisição e refinamento de diferentes


habilidades motoras ocorre de maneira dinâmica e são suscetíveis e moldados
a partir de inúmeros estímulos externos, ou seja, ocorre a interação entre os
aspectos individuais (características físicas e estruturais), ao ambiente em que
está inserido (WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES, 2009).

Podemos considerar, caro acadêmico, a idade pré-escolar como uma


importante fase de aquisição e aperfeiçoamento das habilidades motoras, segundo
Caetano, Silveira e Gobbi (2005, p. 6):

[...] formas de movimento e primeiras combinações de


movimento, que possibilitam a criança dominar seu corpo
em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas) e locomover-
se pelo meio ambiente de variadas formas (andar, correr,
saltar etc.). A base para habilidades motoras globais e finas é
estabelecida neste período, sendo que as crianças aumentam
consideravelmente seu repertório motor e adquirem os modelos
de coordenação do movimento essenciais para posteriores
performances habilidosas.

Educação Física em foco


Veja, na figura a seguir, a representação visual das fases e estágios do
desenvolvimento motor, em que a ampulheta representa uma visão descritiva do
desenvolvimento, o triângulo representa uma visão explanatória do desenvolvimento
e ambos são úteis para se compreender o desenvolvimento motor.

FIGURA 22. REPRESENTAÇÃO VISUAL DAS FASES E ESTÁGIOS DO


DESENVOLVIMENTO MOTOR

119

FONTE: Gallahue (2008, p. 198)

Isayama e Gallardo (2008, p. 77) apontam que o indivíduo passa por três
estágios distintos de desenvolvimento dessas habilidades:

1) inicial; 2) elementar; 3) maduro. No estágio inicial esses


movimentos apresentam uma progressão, na qual, inicialmente,
o movimento tem uma forma rudimentar, faltando vários
componentes da estrutura do movimento. No segundo estágio,
podemos visualizar uma estrutura melhor definida, como a
preparação, a ação principal e a finalização do movimento.
No entanto, a estrutura espaço-temporal dos componentes do
movimento ainda não é apropriada. Isso ocorrerá apenas num
terceiro estágio, com a obtenção da chamada forma “madura”
do padrão, que é considerada igual ao desempenho de um
adulto habilidoso.

Rosa Neto (2002) propôs em seu livro uma Escala de Desenvolvimento

Educação Física em foco


Motor (EDM) composta por uma bateria de testes para avaliar o desenvolvimento
motor de crianças dos 2 aos 11 anos de idade. Veja a seguir os aspectos do
desenvolvimento que o autor criou os testes motores:

1) Motricidade fina, refere-se à atividade manual, guiada por meio da visão, ou


seja, coordenação visomanual, com emprego de força mínima, a fim de atingir
uma resposta precisa à tarefa.

2) Motricidade global, refere-se aos movimentos dinâmicos corporais, envolve um


conjunto de movimentos coordenados de grandes grupos musculares.

3) Equilíbrio, é a capacidade do organismo de manter posturas, posições e atitudes,


compensando e anulando todas as forças que agem sobre o corpo.

4) Esquema corporal, refere-se à capacidade de discriminar com exatidão as


partes corporais e a habilidade de organizar as partes do corpo na execução de
uma tarefa.

120
5) Organização espacial, envolve tanto a noção do espaço do corpo como o espaço
que o rodeia, referindo-se à habilidade de avaliar com precisão a relação entre o
indivíduo e o ambiente.

6) Organização temporal, refere-se à percepção do tempo, envolvendo o


conhecimento da ordem e duração dos acontecimentos.

2 OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM NA ESCOLA)

Caro acadêmico! Optamos, nessa unidade, em falar da obesidade infantil,


entre tantas outras doenças, pelo fato da obesidade infantil ser considerada uma
epidemia e que pode afetar todo o crescimento e desenvolvimento infantil.

Nas últimas décadas, a obesidade infantil vem se transformando em


um problema de saúde pública e é considera como uma síndrome multifatorial
(BORGES et al., 2007). Está geralmente associada à hipertensão arterial,

Educação Física em foco


dislipidemias, intolerância à glicose, entre outros fatores, que podem estar ligados
a fatores genéticos e/ou serem estimulados por fatores ambientais, sendo difícil
afirmar qual é o mais determinante (SOTELO; COLUGNATI; TADDEI, 2004;
PEREIRA et al., 2009).

Quanto mais tempo os indivíduos se mantêm obesos, maior é a chance


de as complicações ocorrerem, assim como mais precocemente, sendo visto que,
crianças em idade pré-escolar que já apresentam quadro de obesidade, têm cinco
vezes mais chance de serem adolescentes obesos e quatro vezes mais chance
de serem adultos obesos quando comparadas a crianças que se encontram com o
peso adequado (NATALE et al., 2013).

Berleze, Haeffner e Valentini (2007) apontam alguns atrasos que podem


ocorrer com crianças obesas, como capacidade cardiorrespiratória inferior; maior
gasto energético no decorrer das atividades, pois despendem maiores esforços
para a mesma intensidade de atividade física; e baixo nível de aptidão física,
quando comparadas às crianças eutróficas. Especificamente, referindo-se ao
desenvolvimento motor de crianças obesas, ocorrem atrasos no desempenho
121
motor nas mais variadas habilidades motoras fundamentais de locomoção e
controle de objetos, como também nas variáveis dos componentes motores-
perceptivos (temporal-espacial) e no equilíbrio.

Caro acadêmico! Veremos que a Educação Física tem um importante


papel atualmente no desenvolvimento das crianças, especialmente na prevenção
da obesidade infantil. Por quê?

Devido aos avanços tecnológicos, as crianças tornaram-se menos ativas,


e essa inatividade somada com o tempo gasto assistindo à televisão vêm levando
ao aumento da adiposidade em escolares e, por outro lado, devemos, como
professores de Educação Física, levar a prática do exercício físico para diminuir
o risco de obesidade, atuar na regulação do balanço energético e preservar
ou manter a massa magra em detrimento da massa de gordura (GIUGLIANO,
CARNEIRO, 2004).

Como prevenção e tratamento da obesidade infantil, devemos basear na


mudança dos hábitos alimentares, no aumento do exercício físico, mas que seja

Educação Física em foco


efetivo, a sensibilização para o problema deve incluir um esclarecimento claro
e objetivo, para além do ponto de vista educativo, integrando a obesidade nos
programas curriculares, o meio escolar constitui uma excelente oportunidade para
incentivar uma alimentação saudável e incutir o gosto pela prática de exercício
físico na vida diária (COELHO et al., 2008).

Veja na figura a seguir os fatores que devem ser observados para a


prevenção da obesidade infantil.

FIGURA 23. ASPECTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONTA NA PREVENÇÃO DA


OBESIDADE INFANTIL

122

FONTE: Mello, Luft e Meyer (2004, p. 180)

Vargas et al. (2011) fizeram um programa de prevenção de obesidade


sobre práticas alimentares de 331 estudantes de 11 a 17 anos de 5º e 6º anos de
duas escolas públicas estaduais de Niterói, RJ, em 2005. As práticas alimentares
foram abordadas em questionários autorrespondidos antes e após o período
de intervenção: consumo de fast food, consumo de refrigerantes, substituição

Educação Física em foco


de refeições por lanches, consumo de frutas, verduras e legumes e tipo de
alimentação consumida nos intervalos das aulas. Veja na figura a seguir o exemplo
de como foi realizado esse programa com a Educação Física escolar, como auxílio
da prevenção da Educação Física escolar.

FIGURA 24. OBJETIVOS E PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS NAS ATIVIDADES DE


INTERVENÇÃO

123

FONTE: Vargas et al. (2011, p. 62)

Educação Física em foco


------ [ RESUMO DO TÓPICO 3 ] ------

Neste tópico, você viu que:

• O organismo cresce e se desenvolve quantitativa e qualitativamente.

• O desenvolvimento na infância é marcado por mudanças incrementais regulares


nos domínios cognitivo, afetivo e motor.

• O desenvolvimento motor progride de movimentos simples e desorganizados


para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas.

• O processo de desenvolvimento, aquisição e refinamento de diferentes


habilidades motoras depende de aspectos individuais (características físicas e
estruturais) e ao ambiente em que está inserido.

• O desenvolvimento motor passa por três estágios inicial, elementar e maduro.


124
• A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) de crianças dos 2 aos 11 anos
de idade, avalia a motricidade final e global, equilíbrio, esquema corporal,
organização espacial e temporal.

• A obesidade infantil vem se transformando em um problema de saúde pública

• A obesidade infantil traz várias comorbidades, entre elas hipertensão arterial,


dislipidemias, intolerância à glicose etc.

• Crianças obesas podem ter atraso no desenvolvimento motor.

• A prevenção e o tratamento da obesidade infantil são as mudanças dos hábitos


alimentares e no aumento do exercício físico, tornando assim a Educação Física
escolar uma excelente alternativa.

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E
IDAD
ATIV
AUTO

Questão 1: QUESTÃO 27 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

O desenvolvimento motor harmonioso da criança depende de uma série de


fatores, dentre os quais se destacam as oportunidades para a prática, o
encorajamento e o ensino em ambiente propício ao aprendizado. Embora
relacionadas à idade, há numerosas variações entre as crianças e entre
os padrões de movimento no desempenho de tarefas fundamentais.
Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação
proposta entre elas.

I. A sequência de progressão no desenvolvimento motor ao longo dos


125
estágios inicial, elementar e maduro, é a mesma para a maioria das crianças,
embora o ritmo varie, dependendo de fatores ambientais e hereditários.
PORQUE
II. Crianças na mesma faixa etária podem estar no estágio inicial em algumas
tarefas motoras e, em outras, no estágio elementar ou no estágio maduro.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:


A ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
B ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa correta da I.
C ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição
falsa.
D ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E ( ) As asserções I e II são proposições falsas.

Educação Física em foco


Questão 2: QUESTÃO 21 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa


e que ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Uma
criança obesa tem maior probabilidade de vir a desenvolver patologias em
sua vida futura, que lhe dificultarão tanto a vida pessoal como a social. O
conhecimento da prevalência de obesidade e dos respectivos fatores de
risco é de extrema importância para que possam ser adotadas medidas
preventivas. Na infância, o tratamento pode ser ainda mais difícil do que na
fase adulta, pois está relacionado a mudanças de hábitos e à disponibilidade
dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos
da obesidade.

FONTE: AMARAL, O.; PEREIRA, C. Obesidade: da genética ao ambiente. Revista Millenium, v.


34, n.311, p. 320-324, 2008. (Adaptado).

126 Com relação ao que deve ser considerado pelo professor ao planejar, participar
e avaliar projetos comunitários relacionados à temática apresentada, avalie
as afirmações a seguir.

I. Os pais têm papel importante na prevenção, no desenvolvimento e no


controle da obesidade infantil, influenciando o comportamento das crianças
por meio da alimentação e dos hábitos de atividade física.

II. A escola é um local privilegiado de intervenção, cujas diretrizes de ação


no combate à obesidade devem centrar-se nos alunos que apresentam
sobrepeso.

III. Há momentos da vida humana, que incluem período intrauterino e os


primeiros três anos de vida, em que a má nutrição pode provocar prejuízos
físicos e mentais que afetam negativamente o desenvolvimento futuro dos
indivíduos.

Educação Física em foco


IV. A variação do metabolismo basal em diferentes pessoas, e na mesma
pessoa em circunstâncias diferentes, leva a concluir que, com a mesma
ingestão calórica, uma pessoa pode engordar e outra não.

É correto apenas o que se afirma em:


A ( ) I e III.
B ( ) II e III.
C ( ) II e IV.
D ( ) I, II e IV.
E ( ) I, III e IV.

Questão 3: QUESTÃO 33 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://


portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016.

O processo de desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações


no comportamento motor. Podemos observar diferenças desse tipo de
desenvolvimento provocadas por fatores próprios do indivíduo (biologia), do
ambiente (experiências oportunizadas aos sujeitos) e da tarefa em si (físicos/ 127
mecânicos). Isso ocorre pela observação das alterações no processo (forma)
e no produto (desempenho). Dessa forma, um meio primário pelo qual o
processo de desenvolvimento motor pode ser observado é o estudo das
alterações no comportamento motor no decorrer do ciclo da vida. Assim, o
comportamento motor observável real de um indivíduo fornece uma “janela”
para o seu processo de desenvolvimento motor, ou seja, permite o exame
da progressão sequencial de habilidades motoras ao longo da vida. Nessa
perspectiva, uma forma de esquematizar esse processo de desenvolvimento
em fases e estágios de desenvolvimento de cada fase é a apresentada por
Gallahue e Ozmun (2001), na Figura 1.

Educação Física em foco


128

Considerando o texto acima e a Figura 1, avalie as seguintes asserções com


relação ao padrão de movimento da criança retratada na Figura 2 a seguir.

Figura 2 - Padrão da habilidade de arremessar

Educação Física em foco


I. É frequente que meninas aos oito anos de idade apresentem padrão de
arremesso em um estágio de desenvolvimento motor elementar, similar ao
ilustrado na Figura 2, e que é inferior ao atingido por meninos nessa mesma
etapa cronológica.
PORQUE
II. Os fatores biológicos são elementos preponderantes para explicar as
diferenças no desenvolvimento das habilidades motoras entre meninos e
meninas na faixa etária de oito anos.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.


A ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
B ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa correta da I.
C ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
129

Gabarito:
Questão 1 – Letra A.
Questão 2 – Letra E.
Questão 3 – Letra C.

Educação Física em foco


130

Educação Física em foco


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