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DIREITO TRIBUTÁRIO II

PROFª Ms. NIURA BETIM

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LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

1.FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO:

1.1. FONTES FORMAIS PRINCIPAIS : LEIS, TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS,


DECRETOS.

A expressão legislação tributária, conforme preceituado no art. 96 do CTN, abarca as leis,


os tratados e convenções internacionais, os decretos e as normas complementares.
É importante conhecer o conteúdo dessa expressão para compreender que as obrigações
tributárias acessórias não são estabelecidas privativamente por lei, em sentido estrito, na medida
em que decorrem da legislação tributária (art. 113, § 2 º., do CTN).

1.1.1. Leis
Leis são atos normativos aprovados pelo Poder Legislativo através de quorum, seja
qualificado ou por maioria simples.

 O campo de atuação privativa da lei está delimitado no art. 97 do CTN, compreendendo a


instituição e extinção de tributos; sua majoração ou sua redução; a definição do fato
gerador; a fixação de alíquotas e da base de cálculo; a cominação de penalidades; as
hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários.

 Atualmente, a função da lei não se limita à vedação de cobrança de tributo ou sua


majoração sem lei.
 O princípio da legalidade de há muito extrapolou o velho princípio donde se originou -
nullum crimen sine lege - para reger as mais variadas situações relacionadas com o
fenômeno tributário, presidindo, só para citar, a política de incentivos fiscais, a concessão e
revogação de isenções, a repetição de indébito, tudo com o escopo de formular uma
ordem jurídico-tributária cada vez mais justa.

1.1.2 Tratados e convenções internacionais


Os tratados e convenções internacionais têm fundamento no art. 4º., incisos I e IX, da CF,
que cuidam, respectivamente, da independência nacional e da cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade (GATT-OMC). O § 4º. do mesmo artigo contém, ainda, um princípio
tendente a direcionar nosso País no sentido da integração econômica, política, social e cultural
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dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações (Mercosul).
Finalmente, o § 2º. do art. 5 º., que trata dos direitos e garantias fundamentais, previu,
expressamente, aqueles decorrentes de tratados firmados pelo Estado Federal Brasileiro, vale
dizer, ao contribuinte amparado por normas de tratados internacionais conferiu-se direito subjetivo
material em nível constitucional.

 Portanto, tratados e convenções internacionais são normas de hierarquia superior às leis


internas do país. Revogam ou modificam a legislação interna e serão observados pela que
lhes sobrevenha, conforme preceituado no art. 98 do CTN, recepcionado pela ordem
constitucional vigente. Não prevalecem, contudo, sobre as disposições
constitucionais.
 Não podem ser firmados contra as normas da Lei Maior, sob pena de nulidade.
 Nos casos de inconstitucionalidades supervenientes, porém, os tratados e convenções
internacionais devem ser modificados segundo as regras do direito das gentes, quer dizer,
devem ser denunciados com fundamento no princípio da independência nacional.

É verdade que a jurisprudência da Corte Suprema Brasileira orientou-se no sentido de que


tratado ou convenção internacional tem o mesmo nível hierárquico de uma lei ordinária comum.
Por isso, decidiu pela prevalência do Decreto-lei n o. 911/69, que cuida da prisão do
depositário infiel, por ser um diploma legal especial em relação ao Pacto de São José da Costa
Rica, que teria o nível de lei ordinária comum (HC n° 72.131, Rel. Min. Marco Aurélio, RREE
200.385-RS e 344.458-RS, Rel. Min. Moreira Alves).
Contudo, em matéria tributária, o STF adotou outro posicionamento. Na Adin n o 1.600-8-
DF; enfrentando uma questão ligada ao art. 98 do CTN, o Min. Celso de Mello, em seu longo e
elucidativo voto, declarou:

 "Nem se diga, neste ponto, que os tratados internacionais firmados pela União Federal,
porque veiculadores de exoneração tributária, em matéria de ICMS, seriam
inconstitucionais, em face do que prescreve, em cláusula vedatória, o art. 151, III, da
Constituição da República, que proíbe, à União Federal, ‘instituir isenções de tributos da
competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios'.
 A vedação constitucional em causa incide sobre a União Federal, enquanto pessoa jurídica
de direito público interno, responsável nessa específica condição, pela instauração de uma
ordem normativa autônoma meramente parcial, inconfundível com a posição institucional
de soberania do Estado Federal brasileiro, que ostenta a qualidade de sujeito de direito
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internacional público e que constitui, no plano de nossa organização política, a expressão
mesma de uma comunidade jurídica global, investida de poder de gerar uma ordem
normativa de dimensão nacional, essencialmente diversa, em autoridade, eficácia e
aplicabilidade, daquela que se consubstancia nas leis e atos de caráter meramente federal.
 Sob tal perspectiva, nada impede que o Estado Federal brasileiro celebre tratados
internacionais que veiculem cláusulas de exoneração tributária, em matéria de ICMS, pois
a República Federativa do Brasil, ao exercer o seu treaty-making power, estará praticando
ato legítimo que se inclui na esfera de suas prerrogativas como pessoa jurídica de direito
internacional público, que detém - em face das unidades meramente federadas - o
monopólio da soberania e da personalidade internacional" (Adin 1.600-8-DIj Rei. M.
Sydney Sanches; Rel. para acórdão Min. Nelson Jobim; Trib. Pleno, decisão por maioria de
votos, vencidos os Ministros Sydney Sanches, Carlos Velloso e Marco Aurélio; DJ de 20-6-
2003, Ata no. 19/2003).

 Concluindo: se for negada a função harmonizadora dos tratados e convenções


internacionais, não haverá como proceder a integração tributária do Brasil com outros
grupos de países, inclusive com os países que integram o Mercosul.

1.1.3 Decretos
 O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em razão das quais sejam
expedidos (art. 99 do CTN). Não há em nosso sistema jurídico decreto como categoria
normativa autônoma.
 Contudo, a lei pode delegar ao Executivo o estabelecimento de obrigações tributárias
acessórias, como, por exemplo, o prazo de escrituração dos livros fiscais, a definição dos
modelos desses livros, a entrega de informações cadastrais etc. Pode, também, a lei
dispor que o prazo de recolhimento de determinado imposto será estabelecido por decreto.
Disso resulta que a multa pecuniária, por exemplo, pode originar-se de descumprimento de
obrigação instituída por decreto.

1.1.4 FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS: Normas complementares


 Normas complementares, não se confundem com leis complementares.
 São preceitos de menor hierarquia que versam, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes, tais como os atos normativos expedidos pelas
autoridades administrativas e outros elencados no art. 100 do CTN.

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 A observância pelos particulares dessas normas complementares exclui a imposição de
penalidades, a cobrança de juros e a atualização monetária da base de cálculo do tributo,
nos termos do parágrafo único do art. 100 citado.

O FATO GERADOR
O fato gerador ou "fato imponível", nas palavras de Geraldo Ataliba é a materialização da
hipótese
de incidência, que se opõe à abstraçao do paradigma legal : que o antecede.
Caracteriza-se pela concretização do arquétipo legal (abstrato), compondo, dessa forma, o
conceito de "fato".
• Assim, com a realização da hipótese de incidência, teremos o fato gerador ou fato
jurígeno. É importante enaltecer que da perfeita adaptação do fato ao modelo ou
paradigma legal despontará o fenômeno da subsuncão.
• A partir dela, nascerá o liame jurídico obrigacional, que dará lastro à relação
intersubjetíva tributária.

Obs : Segundo leciona Ricardo Lobo Torres, o tributo deve incidir sobre as atividades
lícitas e, de igual modo, sobre aquelas consideradas ilícitas ou imorais.

Para Luiz Emygdio F. da Rosa Jr., quando a norma jurídica tributária define um dado
paradigma como hipótese de incidência - fato econômico ao qual o direito atribui relevância
jurídica, já está sopesando a situação em si e a capacidade contributiva da pessoa que a
deflagra.
• Nesse passo, o Direito Tributário preocupa-se em saber tão somente sobre a relação
econômica relativa a um determinado negócio jurídico, o que se nota na dicção do art. 118
do CTN.
• Trata-se de dispositivo que abarca um princípio, criado por Albert Hensel e Otmar Bühler,
segundo o qual o tributo non olet, ou seja, o tributo "não tem cheiro" , significando que
toda atividade ilícita deveria ser tributada.

Note-o:
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

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I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis,
ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.

• De acordo com o art. 118 do CTN, são irrelevantes, para a ocorrência do fato gerador,
a natureza do objeto dos atos praticados e os efeitos desses atos.

Fato Gerador Pendente: É aquele que indica, o fato cuja conclusão ou consumação pressupõe
uma sequência concatenada de atos, sequência essa que já se iniciou, mas ainda não se
completou, no momento em que uma dada lei aparece, entrando em vigor. Daí se afirmar que,
em seu contexto, uma primeira parte de atos é praticada sob a égide da lei velha, e uma segunda
parte ocorre já sob a égide da lei nova.
• No plano doutrinário, há férteis debates.
Paulo de Barros Carvalho, defende a existência do "fato gerador pendente".
Hugo de Brito Machado, associa tal fenômeno ao IR, mostrando que, se antes do final do
ano-base, quando o fato gerador deste gravame se completa, surgir uma lei não prejudicial
ao contribuinte, esta será aplicada imediatamente, o que configurará o típico caso de
aplicação imediata a fatos geradores pendentes, pois o fato gerador já teria sido iniciado,
mas não estaria ainda consumado, e, sim, pendente.
Em visão oposta, segue Sacha Calmon Coelho, para quem não existe o intitulado "fato
gerador pendente".
O que estará "pendente" é o negócio jurídico ou a situação fática, na qual se traduz
o fato gerador, e não ele próprio.
Este pode ocorrer ou não.
Assim, "ou se tem o fato gerador consumado ou não se o tem".
Na trilha da crítica ao dispositivo, segue Luciano Amaro, para quem o art. 105 teria
vindo endossar a tese de que o fato gerador do IR – para ele, imposto de fato gerador
periódico - enquadrar-se-ia convenientemente na forma típica de um fato gerador
"pendente". Sendo assim, a norma do IR, sendo editada até o final do período anual, em
geral, seria aplicável à renda que se estava formando desde o primeiro dia do período, em
nítida aplicação retro-operante.

• Fato Gerador Instantâneo : é aquele que se realiza num momento do tempo.


• Fato Gerador Periódico : quando sua realização ocorre ao longo de um espaço de tempo,
ocorre ao longo de um período de tempo, ao termino do qual se valorizam “N” fatos
isolados, que somados aperfeiçoam o fato gerador do tributo, ex. imposto de renda
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• Fato Gerador Continuado : quando é representado por situação que se mantém no tempo
e que é mensurada em cortes temporais. Ex. IPTU, IPVA.

• Obs O fato gerador continuado considera-se ocorrido, tal qual o fato gerador instantâneo,
num determinado dia, sem indagar se as características da situação se alteraram ao longo
do tempo, importam as características presentes no dia em que o fato se considera
ocorrido.

 Logo, a lei tributária em vigor tem eficácia imediata sobre as relações fáticas nela
previstas., que se concretizem a contar de sua vigência, abarcando as presentes e futuras,
consumadas ou iniciadas.
 Com relação aos fatos geradores pendentes, isto é, aqueles que se iniciam na vigência de
uma legislação e se consumam na de outra, o art. 116 do CTN estabelece as condições,
cuja verificação permite considerar ocorridos esses fatos geradores.

 Estabelecendo regras especiais de retroatividade das leis tributárias, dispõe o art. 106 do
CTN:
"A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:


a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão,
desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de
tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de
sua prática."

 O inciso I cuida da aplicação retroativa da chamada lei interpretativa que, como o próprio
nome está dizendo, é aquela editada pelo órgão legislativo para proceder a uma
interpretação dita autêntica com o fito de espancar as ambiguidades e as obscuridades.
 O inciso II regula as três hipóteses de retroatividade benigna, desde que se trate de ato
não definitivamente julgado, tendo como fonte inspiradora o preceituado no art. 5 o, inciso
XL, da CF e art. 2o e parágrafo único do CP.
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Obs : Embora o CTN. não o diga expressamente, deve-se entender que a expressão ato
não definitivamente julgado compreende o julgamento em ambas as esferas, a
administrativa e a judicial.

3.TRIBUTOS
Definição de Tributo : (art. 3º CTN)

• É toda a prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa


exprimir, que não se constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.

a) PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA = prestação em dinheiro, obrigatória, ou seja,


independente da vontade do sujeito passivo;
b) EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA SE POSSA EXPRIMIR = assume, o tributo, em regra a
forma de pecúnia, moeda corrente.
c) NÃO CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILÍCITO = Traço relevante para se entender “Tributo”,
pois o fato que lhe dá origem deve ser lícito;
d) INSTITUÍDO EM LEI = Reflete o princípio da legalidade, art. 5º II CF. Assim qualquer tributo
só pode ser instituído ou aumento exclusivamente através de Lei.
COBRADO MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA VINCULADA = Todos os elementos para
que se dite o lançamento tributário, e se proceda a cobrança, está fornecido em Lei.

3.1. Natureza Jurídica do Tributo:

O Tributo possui a natureza jurídica, de uma relação obrigacional, em que o Poder Público
exige do contribuinte o recolhimento de determinado valor, em decorrência de norma jurídica.

3.2. Classificação do Tributo :

A classificação é de fundamental importância, pois através dela se demonstrará as espécies


tributarias.
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a) Tributo Vinculado : Quando a hipótese normativa expressar acontecimento que envolva
atuação do Estado.
- Direta : Estado presta serviço de forma direta, ex. : taxas
- Indireta : Estado realiza obra pública que suscite valorização de imóveis adjacentes,
ex. : contribuição de melhoria

b) Tributo Não Vinculado : A hipótese normativa é fato alheio a qualquer atuação do poder
público. ex.: impostos

3.3. Espécies Tributárias : (arts. 145, 148, 149 da CF. c/c. art. 5º e art. 217 CTN)

Com base na classificação tributária, as espécies tributárias no ordenamento Jurídico


pátrio, são : impostos, taxas e contribuições de melhoria e mais empréstimos compulsórios e
contribuições sociais.

a) IMPOSTOS : (art. 16 CTN) Tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica. Por isso, costuma-se afirmar que o
imposto é uma exigência, não vinculada, uma exigência cujo fato gerador não se liga a uma
atividade estatal específica relativa ao contribuinte ou por ele provocada.

Características :
- Cobrança geral (fato gerador do tributo é não vinculado)
- Não é contraprestacional ( o imposto não depende de qualquer atuação estatal
específica relativa ao contribuinte)

a) TAXA : (art. 145, II CF c/c art. 77 CTN) Tributo caracterizado por apresentar na hipótese da
norma, uma atividade estatal, direta e especificadamente dirigida ao contribuinte.

Características :
- Cobrança específica fato gerador vinculado a uma atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte)
- Vinculado ao serviço público ou ao poder de polícia do Estado.

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b) CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA (art. 145, III CF c/c arts. 81 e 82 CTN.) Arrecadado dos
proprietários de imóveis beneficiados por obras públicas. Tributo que leva em consideração a
realização de obra pública que após sua concretização determine a valorização do imóvel.

c) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL : (arts. 149 e 195 CF. c/c art. 217 CTN)
É espécie tributária vinculada à atuação indireta do Estado. Tem como fato gerador uma
atuação indireta do Poder Público mediatamente referida ao sujeito passivo da obrigação
tributária. Tem seu fundamento na maior despesa provocada pelo contribuinte e na particular
vantagem a ele proporcionada pelo Estado. Ex. contribuição previdenciária, contribuição
sindical, FGTS, etc.

e) EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO : (art. 148 I e II CF.)


Os empréstimos compulsórios são decretados privativamente pela União. E só podem ser
instituídos por lei complementar para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, guerra externa ou sua iminência, ou no caso, de investimos público de
caráter urgente e de relevante interesse nacional.

3.4. Distinção entre Taxa, Tarifa e Pedágio :


-TAXA : Serviço público, específico e compulsório, art. 73 CTN.

Obs. : Art. 11 Lei 2.312/94 (Cód. Nacional de Águas)


“É obrigatória a ligação de toda a construção considerada habitável à rede de canalização de
esgoto, cujo afluente terá destino fixado pela autoridade competente”

- TARIFA : É o preço público pela utilização de serviços facultativos (não compulsórios) que a
administração pública coloca à disposição da população. Ex. telefone (Súmula 545 STF)

- PEDÁGIO : Modalidade de preço público cobrado pela utilização de obras viárias com
características especiais que facilitem o trânsito e o tráfego de veículos e de pedestres, art. 175,
III CF.

TAXA PREÇO PÚBLICO

É tributo Não é tributo

Prestação pecuniária compulsória Prestação pecuniária facultativa

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Sem autonomia de vontade Com autonomia de vontade

Decorre de Lei Decorre de contrato administrativo

Rescisão inadmissível Rescisão admissível

Obrigação ex lege Obrigação ex voluntate

Obedece aos princípios de D. Tributário Obedece aos Princípios do D. Administtrativo

Regime Jurídico de Direito Público Regime Jurídico de Direito Privado

Existe taxa de serviço de utilização Só existe tarifa cobrada em face de serviço de


potencial utilização efetiva
Exigida por pessoas jurídicas de D. Exigida por pessoas jurídicas de D. Público e D.
Público Privado
Receita derivada de D. Publico, com Receita originária de D. Privado , sem uso de seu
uso de seu poder de império poder de império.

4. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA :

É o vinculo jurídico em virtude do qual o Estado (sujeito ativo), pode exigir do particular
(sujeito passivo) uma prestação pecuniária (objeto), nas condições previstas em Lei (causa).

- Sujeito Ativo : No pólo ativo da relação, está uma pessoa jurídica de Direito Público,
revestido de capacidade tributária para instituir e cobrar os tributos discriminados na
CF.

- Sujeito Passivo : No pólo passivo da relação jurídica está uma pessoa física ou
jurídica, cuja atuação ou situação, descrita na norma jurídica faz desencadear o
processo de tributação.

- Causa : A causa da obrigação tributária é a criação legislativa, ou seja, é a obrigação

- Objeto : É a obrigação, a prestação pecuniária compulsória, ou seja, o tributo.

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3.1. Obrigação Tributária Principal e Acessória (art. 113 CTN)

- Obrigação Tributária Principal: É a prestação pecuniária e compulsória a título de


tributo. Ou seja, a obrigatoriedade do pagamento do tributo.

- Obrigação Tributária Acessória : São deveres instrumentais ou acessórios formais que


o Sujeito Passivo deve observar. Exemplo : Dever de : prestar informações,
declarações, escrituração de livros, emissão de documentos fiscais, não adulteração ou
rasuras de livros fiscais ou contábeis, etc.

Obs1 : O objeto da Obrigação Tributária se refere à prestação a que deve se submeter o


contribuinte ou o responsável. Tal prestação pode ser de cunho pecuniário ou de cunho não
pecuniário. Se pecuniário, a obrigação será principal; se não pecuniário, sê-lo-á acessório.

Obrigação acessória: é a prestação positiva ou negativa, que denota atos "de fazer" ou
"não fazer", despidos do timbre de patrimonialidade. Assim, o agir ou o não agir, dissociados do
ato de pagar, podem representar obrigações tributárias acessórias ou "deveres instrumentais do
contribuinte". Exemplos:emitir notas fiscais, escriturar livros fiscais,entregar declarações, não
trafegar com mercadoria desacompanhada de nota fiscal, não obstar o livre acesso da
fiscalização à empresa (art. 200 doCTN). Estas últimas, aliás, são exemplos de obrigações
tributárias acessórias negativas ou obrigações de não fazer.

Obs2: O legislador deverá sempre indicar as pessoas que serão responsáveis pelo cumprimento
das obrigações acessórias, conforme os interesses da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.

Obs3: Mesmo nos casos em que o contribuinte ou o responsável não estejam obrigados em
relação à obrigação principal, a acessória subsiste.

Obs4: O tema tem sido exaustivamente solicitado em provas, e, recentemente, em teste de


concurso, acatou-se a ideia de que a obrigação acessória "pode existir sem que exista obrigação
tributária principal, em virtude de isenção ou imunidade, por exemplo, e que deve vir sempre
prevista em lei, com natureza jurídica de obrigação de fazer ou não fazer".

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Obs5: Por fim, o descumprimento de uma obrigação acessória faz nascer uma obrigação principal,
com relação à multa. Tal entendimento pode ser extraído da dicção do art. 113, § 3°, do CTN.

3.2.. Fato Gerador da Obrigação Tributária :


É a prescrição que a lei faz de um fato tributário que, quando ocorrer, fará nascer a
obrigação tributária.
Assim, a Lei cria um fato hipotético, enquanto este fato não se realizar, nada ocorre, fica-se
apenas no campo das hipóteses.

3.3. Aspectos da Hipótese de Incidência :

a) Aspecto Pessoal : Composto pelo sujeito passivo e pelo sujeito ativo.

b) Aspecto Temporal : Determina o exato momento em que se considera ocorrido o fato


gerador. É importante porque determina quando nasce a obrigação tributária.

c) Aspecto Espacial : Indica explícita ou implicitamente o lugar em que terá de ocorrer o fato
gerador, que deverá situar-se dentro dos limites territoriais a que a pessoa pública tem
competência.

d) Aspecto Material : É a descrição que a Lei, faz do núcleo da hipóteses de incidência. É o


elemento mais importante e o mais complexo.
É representado por um VERBO + COMPLEMENTO
ex.
Exportar + produtos nacionais = Imposto Exportação
Auferir + rendas = Imposto de Renda
Industrializar + parafusos = Imposto de Prod. Industrializados

e) Aspecto Quantitativo : Formado pela base de cálculo + alíquota.

- Base de Cálculo : É o valor, a grandeza ou expressão numérica do fato gerador, sobre


a qual se aplica determinado percentual, a fim de se apurar o montante do tributo
devido.

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- Alíquota : É o percentual que incide sobre a base de cálculo para definir o montante do
tributo.

Obs. : Se todos os cinco aspectos estiverem presente em um fato concreto, dizemos que
aquele fato deu origem a uma obrigação tributária.

3.4. Capacidade Tributária Passiva :

Alcança todas as pessoas situadas no campo de incidência tributária. Não existe restrições
decorrentes de incapacidade civil ou comercial. (art. 126 CTN)
Obs : Responsabilidade de terceiros, art. 134 CTN.

3.5. Domicílio Tributário :

Em regra, o sujeito passivo pode eleger, a seu critério, o próprio domicílio, onde
responderá pelas obrigações tributárias, art. 127 CTN.

Domicílio é o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações, no sentido da


exigibilidade. Na seara tributária, é o local, determinado pela legislação tributária, onde o sujeito
passivo é chamado para cumprir seus deveres jurídicos da ordem tributária.
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na
forma da legislação aplicável,considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou
desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua
sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada
estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no
território da entidade tributante.

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• § 1°. Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste
artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da
situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
• § 2°. A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou
dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo,aplicando-se então a regra do parágrafo
anterior.

Segundo o artigo transcrito, é possível assimilar suas regras conforme o esquema abaixo:
1. Regra geral e dotada de precedência: aplica-se o "domicílio de eleição”.
2. Na ausência de eleição: aplica-se o art. 127, I, II e III, do CTN.
3. Na impossibilidade de aplicação dos artigos citados ou na recusa fundada da
Administração quanto ao domicílio de eleição, quando impossibilite ou dificulte a
fiscalização: aplica-se o art. 127§ 1° do CTN., ou seja, o lugar de situação dos bens ou da
ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

Obs : Para o caso de pluralidade de domicílios nas situações das pessoas jurídicas, salutar
é a lição de Hugo de Brito Machado:
Se a pessoa jurídica tem um único estabelecimento não há dificuldade, pois o local deste é
o domicílio tributativo.
Se tem vários, pode escolher o domicílio, observando o seguinte:
1) A escolha não pode recair em local fora do território da entidade tributante,por
motivos óbvios;
2) No que se refere aos tributos cujo fato gerador se verifica em relação a cada
estabelecimento, como acontece, por exemplo, com o ICMS, a legislação específica
geralmente exclui essa liberdade de escolha, determinando que o domicílio tributário é o
local da sede de cada estabelecimento,que considera, para aquele efeito, contribuinte
isolado;
3) Quanto aos tributos dos quais, como no imposto de renda, o fato gerador é
apurado em relação à empresa, em sua totalidade, prevalece a liberdade de escolha,
limitada, porém, pela regra do § 2° do art. 127 do CTN.

Obs : Para os casos do IPI e do ICMS, havendo matriz e filiais, o princípio da autonomia
do estabelecimento faz de cada filial uma unidade independente.

• Finalmente, com fulcro no inciso III do art. 127 do CTN, "na falta de eleição, pelo
contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável,
15
considera-se como tal, quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas
repartições no território da entidade tributante".

• Obs : O inciso III do art. 127 afirma, que, inexistindo escolha do sujeito passivo, em sendo
ele pessoa jurídica de Direito Público, será considerado seu domicílio qualquer de suas
repartições no território da entidade tributante.
A disposição pode parecer estranha, mas é possível que pessoas jurídicas de Direito
Público, sejam contribuintes de tributos, cobrados por outras ?

Vale relembrar que a imunidade recíproca, prevista na Constituição e reafirmada pelo


CTN,abrange unicamente Impostos. Não alcança, nem as taxas, nem as contribuições.

Se uma pessoa jurídica de Direito Público for contribuinte de alguma delas (como as
contribuições previdenciárias, relativamente aos seus empregados, com vínculo regido
pela legislação trabalhista, por exemplo), como seu domicílio tributário, inexistindo escolha
prévia de sua parte, será considerada qualquer de suas repartições, no território da
entidade tributante.

• Obs : A regra é que o contribuinte proceda, voluntariamente, à escolha do domicílio.


Se a eleição for feita, pode a Fazenda Pública recusá-la, em virtude de impossibilidade ou
dificuldade na fiscalização, (art. 127, § 2°, do CTN).
Nesse caso, o domicílio será o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou
fatos que deram origem à obrigação.

• Obs : Se a eleição não for feita, aplicar-se-ão as regras previstas nos incisos I, II e III do
art. 127 CTN.

• Obs : Não tem guarida o frágil argumento de que "a inviolabilidade do domicílio (CF, art.
5°, XI) traria óbices à fiscalização dos tributos, o que justificaria a recusa fiscal da
residência do contribuinte como seu domicílio fiscal". Trata-se de absurdez, já repudiada
no STJ.

EMENTA: DOMlCÍLIO TRIBUTÁRIO - MESMO DA RESIDÊNCIA. Não procede o


argumento de que sendo inviolável o domicilio da pessoa física, dificultaria a atuação dos
agentes fiscais, caso tenha o domicilio tributário a mesma sede, porque tal proteção
deixaria de existir. É injustificável e sem base legal impedir o contribuinte de indicar sua
16
residência para domicilio tributário. Recurso improvido. (REsp 28.237/SP, 1 a T., rel.Min.
Garcia Vieira,j. 16-11 -1992)

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

1. SUJEITO PASSIVO : DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO


Os arts. 121 e 128 do Código Tributário Nacional conceituam o sujeito passivo firmando
que: "Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I — contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
II — responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra
de disposição expressa de lei.

Em princípio, o Tributo deve ser cobrado da pessoa que pratica o fato gerador. Nessas
condições surge
o sujeito passivo direto – contribuinte.

Obs : A capacidade tributária passiva independe da capacidade civil ou comercial


das pessoas físicas ou jurídicas. Portanto, mesmo as pessoas naturais incapazes para
os atos da vida civil (menores, alienados mentais etc.), aqueles que sofrem restrições
quanto às suas atividades comerciais ou profissionais e aquelas sociedades que não estão
regularmente constituídas podem ser sujeitos passivos de uma obrigação tributária (art.
126 do CTN).

Em certos casos, no entanto, o Estado pode ter necessidade de cobrar o tributo de uma
terceira pessoa, que não o contribuinte, que será
o sujeito passivo indireto – responsável tributário.
O responsável (sujeito passivo indireto), vinculo indireto com o fato gerador, por imposição
de lei, obrigado a responder pelo tributo e/ou pela penalidade pecuniária, art. 128 CTN.

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ex. É o caso da fonte pagadora, a quem se atribui a responsabilidade pelo
recolhimento do imposto de renda - o sujeito passivo da obrigação tributária, neste
exemplo, é o empregador. É a denominada responsabilidade colateral ou indireta.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO
É o direito subjetivo de que é portador o sujeito ativo de uma obrigação tributária e que lhe
permite exigir o objeto prestacional, representado por uma importância em dinheiro.

Obs : As mudanças experimentadas pelo crédito tributário, do seu nascimento à extinção, não
afetam o vínculo que lhe deu origem, ou seja, não abalam o laço obrigacional, a obrigação
tributária encontra-se inalterada ainda que ocorram modificações no crédito, art. 140 CTN.

Constituição do Crédito Tributário :


O crédito tributário se constitui, se formaliza com o lançamento tributário - Art. 142 CTN.
O crédito tributário é a obrigação tributária tornada líquida e certa pelo lançamento.

Obs : Seguindo a linha do STJ : “O Crédito Tributário não surge com o fato gerador. Ele é
constituído com o lançamento (art. 142 CTN.)”. (REsp. 250.306/DF, 1a. T. rel. Min. Garcia Vieira,
j.06-06-2000).

LANÇAMENTO:
O lançamento está detalhado no art. 142 do CTN, havendo igual menção na parte final do art. 3°
do CTN :
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário
pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a
ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável,
calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a
aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional.

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Art.3°. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

• O art. 142, avoca estudo minuciosa de seu teor. Nele é possível verificar as funções do
lançamento:

1. Verificar a ocorrência do fato gerador: a ocorrência do fato imponível, descrito na norma,


enseja o nascimento da obrigação tributária. Havendo a constituição do liame obrigacional, é
possível se falar em quantificação e qualificação da obrigação tributária, por meio do
lançamento;

2. Determinar a matéria tributável: visa reproduzir o aspecto material de incidência. Com o


lançamento, permite-se a aferição do "devido".
Exemplo: exige-se um imposto, o IR, em razão de seu fato gerador, particularizado no
"acréscimo patrimonial". Cabe ao lançamento externar tal núcleo tributável de incidência;

3. Calcular o montante do tributo devido: Permite-se a aferição do "quanto devido". Assim, o


lançamento torna o crédito tributário, antes inexigível e ilíquido, em crédito exigível e líquido.

4. Identificar o sujeito passivo: O lançamento tem o condão de demarcar, concretamente, a


sujeição passiva, definida, normativa e abstratamente, na lei tributária, no bojo da estrita
legalidade (art. 97, III, CTN);

5. Propor, se for o caso, a aplicação da penalidade cabível: É o veículo hábil à exigibilidade


das sanções cobradas em virtude do descumprimento da obrigação tributária. Nessa medida, o
lançamento particulariza, concretamente, a exigibilidade da multa, definida, normativa, restritiva e
abstratamente, na lei tributária (art. 97, V, CTN).

Obs :
- O Lançamento tributário é procedimento administrativo (art. 142 CTN);
- O Lançamento é ao mesmo tempo ato constitutivo e ato declaratório, porque ao se formar -
constitui o crédito tributário, dando prerrogativa ao Estado de cobrar, ao mesmo tempo em que
declara formalmente a obrigação tributária do contribuinte.
- O Lançamento é atividade administrativa plenamente vinculada, art. 142, parágrafo único CTN.
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REVISÃO DO LANÇAMENTO : arts. 145 a 146 c/c. art. 149 CTN.

Lançamento Tributário : (art. 142 CTN.) É o procedimento administrativo tendente :


1) verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente,
2) determinar a matéria tributável,
3) calcular o montante do tributo devido,
4) identificar o sujeito passivo, e sendo caso,
5) propor a aplicação da penalidade cabível.
Obs : O lançamento é a configuração formal, a formalização do crédito tributário.

Modalidades de Lançamentos : (art. 142 CTN.)

a) Lançamento Direto ou de Ofício : (art. 149, I CTN) É aquele em que existe apenas a atuação
unilateral da autoridade administrativa sem qualquer intervenção do contribuinte, ex. IPTU.

b) Lançamento por Declaração : (art. 147 CTN.) Exige o concurso do sujeito passivo, que
deve por meio de declaração, prestar à autoridade administrativa, todas as informações
necessárias para que a Administração proceda o lançamento, ex. ITR.

c) Lançamento por Homologação : (art. 150 CTN.) Ocorre quando o sujeito passivo ou
terceiro obrigado, calcula e recolhe o tributo devido, antes de qualquer providência do fisco.
Entretanto, este só se completa com a homologação expressa ou tácita da Administração Pública,
ex. ICMS, IPI

Técnica do arbitramento :
O art. 148 CTN, trata da hipótese de arbitramento - ou fiscalização indireta, significando a
adoção, por parte da autoridade lançadora, de sistemática determinante do tributo (ou de sua
base de cálculo), que dependa da aferição do valor ou preço de bens, de serviços, de direitos ou
de certos atos jurídicos.

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Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tem em consideração, o valor ou apreço
de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular,
arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações
ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo
terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória,
administrativa ou judicial.

Obs : Entende a doutrina, que o arbitramento não é uma quarta espécie de lançamento, mas um
critério substitutivo ou uma técnica de tributação indiciária. Sua utilização, adequa-se a
circunstâncias extremadas e excepcionais, baseando-se em indícios tendentes à consecução do
preciso valor da base de cálculo do gravame.

Obs : O arbitramento é efetuado antes do lançamento, permitindo que a autoridade administrativa


desconsidere os valores declarados pelo sujeito passivo, em razão da:
- Inidoneidade;
- Omissão documentais, para só então, valer-se do lançamento (de ofício) com suporte em
bases presuntivas – e alternativas – na fixação do valor tributável;

Obs : Na prática, o arbitramento tem sido comum nos seguintes casos:


1) No âmbito do ITBI: quando se declara um valor para o imóvel alienado bem inferior ao de
mercado;

2) Na sistemática das pautas fiscais (pautas de valores): somente sendo utilizada:


I) em certos casos - ex : inidoneidade dos valores informados pelo sujeito passivo;
II) resguardado o contraditório.

Jurisprudência do STF:
EMENTA: IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS. CÁLCULO DE TRIBUTO COM
BASE EM VALOR OU PREÇO DE BENS, DIREITOS, SERVIÇOS OU ATOS JURÍDICOS. O
arbitramento feito pela autoridade lançadora só poderá ser feito mediante"processo
regular"(art.148 CTN),e não por Portaria de efeito normativo, sem exame de cada caso em
particular. Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 72.400/RN, 1 a T., rel. Min.Barras
Monteiro,j. 29-10-1971)

3) No âmbito do IR: Corriqueiro caso de arbitramento tem ocorrido quando a escrituração contábil
não se prestar à verificação, ex: do lucro real.
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Jurisprudência no STJ:
EMENTA:PROCESSUAL CIVIL - IMPOSTO DE RENDA. OMISSÃO DE RECEITA. PRÁTICA
EVASIVA. LEGISLAÇÃO. LUCRO ARBITRADO. DIVERGÊNCIA INTERPRETATIVA. (...) 0 Fisco
está legalmente autorizado a realizar o arbitramento do lucro quando a escrituração contábil não
se presta à verificação do lucro real. (...) (REsp 331.163/PB, 2aT., rel. Min. Francisco Peçanha
Martins, j. 1°-06-2004).

SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: Após a constituição do crédito tributário pelo


lançamento, conse-quentemente torna-se líquida, certa e exigível a obrigação, determinando-se
que o sujeito passivo cumpra a obrigação, sob pena da Administração Tributária utilizar os meios
executivos para recebimento judicial do importe tributário correspondente. No entanto, há
situações em que se suspendem as medidas de cobranca intentáveis pelo Fisco. Esses casos
estão previstos no art. 151 c/c. Art. 141 do CTN.

Causas Suspensivas do Crédito Tributário:


I. Moratória
II. Depósito do Montante Integral
III. Reclamações e Recursos Administrativos
IV.Concessão de liminar em MS. e Tutela Antecipada
V.Parcelamento

A suspensão do crédito tributário é ato ou fato jurídico que a lei atribui o efeito de sustar,
temporariamente, a eficácia de outro fato ou ato jurídico revestido de executoriedade
(lançamento), não podendo o sujeito ativo exigi-lo ou prosseguir na exigência, enquanto vigorar a
causa suspensiva. Vale dizer que a suspensão atinge apenas a obrigação principal.

Obs. : A suspensão não é do crédito, mas sim da exigibilidade do tributo.

I. Moratória e o Parcelamento (arts. 151 CTN.) :

Moratória (arts.151 I, e 152 CTN.) : é a concessão, por lei da pessoa jurídica competente para
criar o tributo, de dilatação do prazo estipulado originariamente para o pagamento do tributo.
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A moratória está regulada nos arts. 152 a 155 CTN.
A moratória é uma dilatação legal de pagamento de tributos, submetendo-se ao princípio
da estrita legalidade – art. 97 VI CTN.

Obs. : A lei que cria a moratória pode circunscrever sua aplicabilidade a determinada região do
território da pessoa política que a expedir, ou a certa classe ou categoria de sujeitos passivos.
Obs. : Requisitos Obrigatórios, art. 152 CTN.

Parcelamento : (art. 151, VI CTN) : A Lei Complementar n,104/2001, inseriu o inciso VI no artigo
151 do CTN e assim incluiu o parcelamento dentre as hipóteses de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário.
De acordo com o art. 155-A CTN (LC.104/2001), o parcelamento será concedido na forma
e sob as condições estabelecidas em lei especificamente, aplicando-se subsidiariamente as
regras pertinentes à moratória.

Obs. : Salvo disposição de lei em sentido contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui
a incidência de juros e multas.

Obs.: Lei específica disporá sobre o parcelamento dos débitos tributários do devedor em
recuperação judicial. Enquanto não houver lei específica, aplicam-se as regras gerais de
parcelamento de cada ente credor da federação (art. 155-A §§3º e 4º do CTN c/c. art. 68 Lei
11.101/2005 – Lei de Recuperação Judicial e Falência).

Depósito do Montante Integral do Crédito : O depósito da importância relativa ao crédito


tributário, pelo sujeito passivo pode ser promovido :
a) Processo administrativo = a fim de evitar a atualização do valor monetário;
b) Processo judicial = a fim de prevenir a incidência da correção monetária e o ajuizamento da
ação de execução por parte da Fazenda Pública;

Obs. Súmula 112 STJ : “ O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for
integral e em dinheiro”

Reclamações e Recursos do Processo Tributário Administrativo :

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São as impugnações e recursos interpostos pelo sujeito passivo em esfera administrativa.
Enquanto perdurar a discussão administrativa, quer em grau de impugnação ou de recurso, o
crédito tributário manter-se-á suspenso, permitindo ao contribuinte a obtenção de certidão positiva
com efeitos de negativa, art. 206 CTN. De igual modo a situação obstará a cobrança judicial do
tributo, por meio da ação de execução fiscal.

Concessão de Liminar em Mandado de Segurança, de Liminar Cautelar e de Antecipação


da Tutela :
A concessão de medida liminar em mandado de segurança, que pode ser preventivo ou
repressivo, suspende a exigibilidade do crédito tributário.
A Lei Complementar n. 104/2001 acrescentou o inciso V ao art. 151 CTN., explicitando
assim que também a concessão de liminar e de antecipação de tutela acarreta a suspensão da
exigibilidade do crédito tributário.

Consignação em Pagamento; Decisão Administrativa Irreformavel; Decisão Judicial passada em


Julgado; Daçao em Pagamento bens Imóveis. Exclusão do Crédito Tributário: Isençao e Anistia

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO : (art. 156 CTN.)


Extingue-se o crédito tributário, pelo :

1. Pagamento : (arts.157 a 163 e 165 a 169 CTN) É a prestação que o devedor, ou alguém por
ele, faz ao sujeito pretensor da importância correspondente ao débito do tributo.
Obs. : Omitindo-se o legislador ordinário quanto ao prazo de vencimento das obrigações
tributárias, o termo final dar-se-á 30 dias depois de o sujeito passivo receber a notificação do
lançamento, art. 160 CTN.

- Pagamento Indevido : Quem tenha pago tributo indevidamente, dispõe do prazo de 5 anos
para requerer a devolução. (art. 168 CTN.)
a) Do momento em que se deu o pagamento espontâneo;
b) Da data do recolhimento, quando houver erro na identificação do sujeito passivo, da
determinação da alíquota, do cálculo;
c) Da data que se torna definitiva a decisão administrativa ou passada em julgado a
decisão judicial;

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Obs; O contribuinte pode optar pela restituição do valor indevido ou pela compensação, desde
que esta esteja autorizada por lei, art. 170 CTN.

2. Compensação : O encontro de contas caracterizador da compensação só pode ocorrer


quando expressamente autorizado em lei, art. 170 CTN.
A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida cautelar liminar
ou por antecipação de tutela (Súmula 212 STJ. e Súmula 45 TRF), posto que “o mandado de
segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária”
(Súmula 213 STJ.).

3. Prescrição e Decadência :
A decadência faz caducar o Direito. O prazo decadencial não se interrompe. Em matéria
tributária, decadência é o desaparecimento do direito de lançar, art. 173 CTN.
Prazo decadencial = 5 anos

Prescrição é o desaparecimento da ação competente para a cobrança do Crédito


Tributário. Assim, só poderá ocorrer a prescrição, se anteriormente, o crédito estiver
perfeitamente formalizado pelo lançamento, art. 174 CTN.
Prazo prescricional = 5 anos

DECADÊNCIA : O prazo de decadência existe para que o sujeito ativo constitua o crédito
tributário com presteza, não sendo fulminado pela perda do direito de Lançar. A constituição do
crédito tributário ocorre por meio do lançamento, art. 142 CTN, que deve se dar no espaço de 05
anos.

Obs :
a) A decadência atinge o direito subjetivo do sujeito ativo, constante numa relação jurídica
de direito material.
b) a decadência decorre sempre de lei, sendo tratada, com exclusividade, em lei de
normas gerais, ou seja, a lei complementar do CTN, em seu art. 173. Tal entendimento deflui da
leitura do art. 146, III, "b", da CF, tendo sido ratificado pelo teor da Súmula Vinculante n. 8, em
junho de 2008.
c) à decadência, aplicam-se os princípios da legalidade e da segurança jurídica;
d) antes do lançamento somente ocorre a decadência;
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e) ocorrendo a decadência, não se opera a prescrição. Com efeito, "constituído o crédito
tributário pelo lançamento, cessa a cogitação de decadência para iniciar-se a cogitação de
prescrição. Onde termina a primeira, começa imediatamente a segunda, sem qualquer hiato“
Harada.

PRESCRIÇÃO :
Segundo o art. 156, V do CTN, a prescrição é causa extintiva do crédito tributário. Define-
se como fato jurídico que determina a perda do direito subjetivo de ajuizamento da ação de
execução (fiscal) do valor do tributo. Vale dizer que a prescrição, veiculando a perda do direito à
ação, atribuída à proteção de um direito subjetivo e, por isso mesmo, desfazendo a força
executória do credor em razão de sua inoperância, apresenta-se como figura de direito
processual.
Se há prescrição, desaparece o direito de pleitear a intervenção do Judiciário, diante da
falta da capacidade defensiva, que lhe foi retirada em consequência do não uso dela durante
certo interregno, atingido pela força destrutiva da prescrição. Portanto, havendo a prescrição, nula
será a ação executiva (art. 618, I CPC) e extinto estará o crédito tributário (art. 156, V, CTN).
Sabe-se que tal inciso associa a extinção do crédito tributário, concomitantemente,
prescrição e à decadência.
A prescrição, de modo induvidoso, extingue crédito tributário, surgido com o lançamento.O
termo a quo para a contagem do quinquênio prescrional se dá na constituição definitiva do crédito
tributário, art. 174 CTN.

4. Conversão do Depósito em Renda (art. 156, VI CTN). Caso o contribuinte perca a ação
na qual se deu o depósito, o valor é convertido a favor da Fazenda Pública, independentemente
da execução fiscal, art. 2º do Decreto nº. 2.850/98.

5. Transação : Mediante previsão legal, é ato jurídico pelo qual o sujeito ativo e o sujeito
passivo acordam, mediante concessões recíprocas, colocar fim ao litígio.

6. Remissão : É o perdão total ou parcial do crédito tributário, tem por presunção um


lançamento já efetivado.
O ato de remir, de perdoar a dívida, é formalizado pela autoridade administrativa através
de despacho fundamentado, após autorização da Lei. (art. 172 CTN.), atendendo :
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- a situação econômica do sujeito passivo;
- ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
- à diminuta importância do crédito tributário;
- aplicação da equidade – justiça no caso concreto – ou condições peculiares a
determinada região;

7. Pagamento Antecipado : É o lançamento por homologação.


Depende da homologação tácita ou expressa, exemplo ICMS., em que o contribuinte
apresenta a GUIA ao Fisco e paga o valor por ele próprio apurado junto a um estabelecimento
bancário credenciado. Nada sendo reclamado em cinco anos, ocorre a homologação e a extinção
do crédito.

8. Consignação em Pagamento : Meio indireto de pagamento, é a promoção do devedor do


depósito judicial da quantia respectiva, art. 164 CTN.
Obs : Os depósitos efetivados tempestivamente impedem a incidência de multa ou de juros
moratórios.

9.Decisão Administrativa Irreformável : São as decisões administrativas, que não podem mais
ser objeto de ação anulatória, contrárias à Fazenda Pública. O próprio órgão julgador da
Administração, decide que a Fazenda não faz jus ao crédito.

10.Decisão Judicial Transitada em Julgado : Obtida pelo sujeito passivo no judiciário, que não
existe mais possibilidade de recurso pela Fazenda Pública.

11.Dação em pagamento em bens imóveis: na forma e condições estabelecidas em Lei : art.


156 XI – LC. 104/2001.

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO : art. 175 CTN.

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As causas de exclusão do Crédito Tributário são a anistia e a isenção. A exclusão impede
o nascimento do Crédito Tributário (isenção) ou da multa (anistia), mas normalmente não
dispensa o cumprimento das obrigações acessórias.

1. Isenção : (decorrente de Lei, art. 97 VI CTN.) – A lei concessiva de isenção pode :


- fixar o prazo de vigência;
- - deixar o prazo indeterminado;
- - subordiná-la a determinadas condições.

Obs. : A isenção concedida por prazo certo e em função de determinadas condições não pode ser
revogada nem reduzida, sendo que lei nesse sentido somente produzirá efeitos após o prazo
fixado ou a superação das condições estabelecidas.

2.Anistia : É o perdão da infração cometida pelo contribuinte. É o perdão da penalidade imposta


por ter infringido preceito legal.
Obs. :
- Anistia Geral é concedida incondicionalmente, o sujeito passivo não necessita requerê-la, nem
lhe é permitido recusá-la.
- Anistia Limitada o sujeito passivo deverá requerê-la só se tornando efetiva após despacho da
autoridade administrativa.

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