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04 - (Enem) Ninguém delibera sobre coisas que não 06 - (Enem) Ambos prestam serviços corporais para
podem ser de outro modo, nem sobre as que lhe é atender às necessidades da vida. A natureza faz o corpo
impossível fazer. Por conseguinte, como o do escravo e do homem livre de forma diferente. O
conhecimento científico envolve demonstração, mas escravo tem corpo forte, adaptado naturalmente ao
não há demonstração de coisas cujos primeiros trabalho servil. Já o homem livre tem corpo ereto,
princípios são variáveis (pois todas elas poderiam ser inadequado ao trabalho braçal, porém apto à vida do
diferentemente), e como é impossível deliberar sobre cidadão.
coisas que são por necessidade, a sabedoria prática ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
não pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque
aquilo que se pode fazer é capaz de ser O trabalho braçal é considerado, na filosofia
diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir aristotélica, como
são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a a) indicador da imagem do homem no estado de
alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e natureza.
raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas b) condição necessária para a realização da virtude
ou más para o homem. humana.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980. c) atividade que exige força física e uso limitado da
Aristóteles considera a ética como pertencente ao racionalidade.
campo do saber prático. Nesse sentido, ela difere-se d) referencial que o homem deve seguir para viver uma
dos outros saberes porque é caracterizada como vida ativa.
a) conduta definida pela capacidade racional de e) mecanismo de aperfeiçoamento do trabalho por
escolha. meio da experiência.
b) capacidade de escolher de acordo com padrões
científicos. 07 - (Enem) Ao falar do caráter de um homem não
c) conhecimento das coisas importantes para a vida do dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento,
homem. mas que é calmo ou temperante. No entanto,
d) técnica que tem como resultado a produção de boas louvamos também o sábio, referindo-se ao hábito; e
ações. aos hábitos dignos de louvor chamamos virtude.
e) política estabelecida de acordo com padrões ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova CuIturaI, 1973.
democráticos de deliberação.
Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a
a) excelência de atividades praticadas em consonância
05 - (Enem) Enquanto o pensamento de Santo
com o bem comum.
Agostinho representa o desenvolvimento de uma
b) concretização utilitária de ações que revelam a
filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de
manifestação de propósitos privados.
São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até
c) concordância das ações humanas aos preceitos
então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser
emanados da divindade.
possível desenvolver uma leitura de Aristóteles
d) realização de ações que permitem a configuração da
compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de
paz interior.
São Tomás abriu caminho para o estudo da obra
e) manifestação de ações estéticas, coroadas de
aristotélica e para a legitimação do interesse pelas
adorno e beleza.
ciências naturais, um dos principais motivos do
interesse por Aristóteles nesse período.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,
08 - (Enem) A felicidade é portanto, a melhor, a mais
2005. nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses
A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação atributos não devem estar separados como na
da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre
a) valorizar a investigação científica, contrariando é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce
certos dogmas religiosos. é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas
dúvida toda a moral religiosa. a melhor, nós a identificamos como felicidade.
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
outras instituições religiosas.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais
d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como
a expansão do cristianismo.
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos
b) plenitude espiritual a ascese pessoal.
antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
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d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento ação.
público. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007.
(adaptado).
09 - (Enem) O termo injusto se aplica tanto às pessoas
que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é
sentido de quererem mais do que aquilo a que têm importante para entender a dimensão da
direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da responsabilidade humana. A partir do texto, considera-
lei e as pessoas corretas serão justas. O justo, então, é se que é possível ao homem deliberar sobre
aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo. a) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 os acontecimentos da natureza.
(adaptado). b) ações humanas, ciente da influência e da
determinação dos astros sobre as mesmas.
Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação c) fatos atingíveis pela ação humana, desde que
justa quando ela observa o estejam sob seu controle.
a) compromisso com os movimentos desvinculados da d) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é
legalidade. parte dela.
b) benefício para o maior número possível de e) coisas eternas, já que ele é por essência um ser
indivíduos. religioso.
c) interesse para a classe social do agente da ação.
d) fundamento na categoria de progresso histórico. 12 - (Uel) Leia o texto a seguir.
e) princípio de dar a cada um o que lhe é devido.
[...] a arte imita a natureza [. . . ] Em geral a arte perfaz
10 - (Enem) Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar certas coisas que a natureza é incapaz de elaborar e a
crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode- imita. Assim, se as coisas que são conforme a arte são
se desprezar as evidências empíricas. No entanto, em vistas de algo, evidentemente também o são as
depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem coisas conforme à natureza.
honesto pode ignorar que uma outra atitude ARISTÓTELES, Física I e II. 194 a20; 199 a13-18. Tradução adaptada
intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com de Lucas Angioni. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1999. p.47; 58.
base em razões e evidências e questionar tudo o mais
a fim de descobrir seu sentido último. Com base no texto e nos conhecimentos sobre mímesis
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São (imitação) em Aristóteles, assinale a alternativa
Paulo: Odysseus, 2002. correta.
a) O artista deve copiar a natureza, retirando suas
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a imperfeições ao imitá-la com base no modelo que
formação do pensamento Ocidental. No texto, é nunca muda.
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os b) O procedimento do artista resulta em imitar a
autores que, em linhas gerais, refere-se à natureza de maneira realista, típica do naturalismo
a) adoção da experiência do senso comum como grego.
critério de verdade. c) A arte, distinta da natureza, produz imitações desta,
b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento mas são criações sem finalidade ou utilidade.
resultante de evidências empíricas. d) A arte completa a natureza por ser a capacidade
c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a humana para criar e produzir o que a natureza não
verdade. produz.
d) defesa de que a honestidade condiciona a e) A arte produz o prazer em vista de um fim, e a
possibilidade de se pensar a verdade. natureza gera em vista do que é útil.
e) compreensão de que a verdade deve ser justificada
racionalmente. 13 - (Uece) “Chamo de princípio de demonstração às
convicções comuns das quais todos partem para
11 - (Enem) Quanto à deliberação, deliberam as demonstrar: por exemplo, que todas as coisas devem
pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de ser afirmadas ou negadas e que é impossível ser e não
possíveis deliberações? Ou será a deliberação ser ao mesmo tempo.”
impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém ARISTÓTELES. Metafísica, 996b27-30.
delibera sobre coisas eternas e imutáveis, tais como a
ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis, Em sua Metafísica, Aristóteles apresenta um conjunto
como os fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, de princípios lógico-metafísicos que ordenam a
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realidade e nosso conhecimento acerca dela. Dentre II. A tékhne é uma forma de conhecimento universal,
eles está o princípio de não contradição, o qual pois, com base nas experiências, se forma um juízo
a) indica que afirmações contraditórias são lógica e geral.
metafisicamente aceitáveis, pois a contradição faz III. Por ser semelhante à experiência, a tékhne não
parte da realidade. constitui um conhecimento universal.
b) estabelece que é possível que as coisas que tenham IV. A experiência é pressuposto dos conhecimentos
tais e tais características não as tenham ao mesmo universais (tékhné e epistéme), mas não é ainda um
tempo sob as mesmas circunstâncias. conhecimento universal.
c) afirma que é impossível que as coisas que tenham
tais e tais características não as tenham ao mesmo É correto somente o que se afirma em
tempo sob as mesmas circunstâncias. a) I e IV.
d) é normativo, ou moral; portanto, deve ser rejeitado b) II e III.
como antimetafísico, ou seja, não caracteriza a c) I e III.
realidade. d) II e IV.
Alguns julgam que a grandeza de uma cidade depende 19 - (Upe) Leia o texto a seguir sobre o Estado
do número dos seus habitantes, quando o que importa Democrático.
é prestar atenção à capacidade, mais do que ao
número de habitantes, visto que uma cidade tem uma Para Aristóteles, o motivo pelo qual nasce o Estado é o
obra a realizar. [...] A cidade melhor é, de tornar possível a vida e também uma vida feliz. De
necessariamente, aquela em que existe uma fato, a meta final da vida humana é a felicidade. Por
quantidade de população suficiente para viver bem isso, a razão de ser do Estado é facilitar o acesso a essa
numa comunidade política. [...] resulta evidente, pois, meta.
que o limite populacional perfeito é aquele que não MONDIN, B. O homem, quem é ele? São Paulo: Edições Paulinas,
1980, p. 157.
excede a quantidade necessária de indivíduos para
realizar uma vida autossuficiente comum a todos. Fica,
assim, determinada a questão relativa à grandeza da Na citação acima, o autor faz uma reflexão filosófica
cidade. sobre a dimensão do Estado, afirmando que
(ARISTÓTELES, Política 1326b6-25 Edição bilíngue. Tradução e a) o Estado é a felicidade da vida humana, e a razão tem
notas de António C. Amaral e Carlos C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998. valor secundário nessa meta.
p. 495- 499.) b) a meta final da vida humana é a felicidade, e o
sentido do Estado é obstar o acesso a essa meta.
Com base no texto e considerando o papel da cidade- c) o Estado tem significância na meta da felicidade, e a
estado (pólis) no pensamento ético-político de vida humana é, por natureza, social.
Aristóteles, assinale a alternativa correta. d) na esfera do Estado, a questão democrática é
a) As dimensões da pólis determinam a qualidade de prescindível.
seu governo: quanto mais cidadãos, maior e melhor e) a democracia é condição secundária na razão de ser
será a sua participação política. do Estado.
b) A pólis não é natural, por isso é importante organizá-
la bem em tamanho e quantidade de cidadãos para que 20 - (Upe) Sobre o problema político e social, atente ao
a sociedade seja autossuficiente. texto a seguir:
c) O ser humano, por ser autossuficiente, pode O homem verdadeiramente político também goza a
prescindir da pólis, pois o bem viver depende mais do reputação de haver estudado a virtude acima de todas
indivíduo que da sociedade. as coisas, pois que ele deseja fazer com que os seus
d) A pólis realiza a própria obra quando possui um concidadãos sejam bons e obedientes às leis. Mas a
número suficiente de cidadãos que possibilite o bem virtude que devemos estudar é, fora de qualquer
viver. dúvida, a virtude humana; porque humano era o bem
e) O ser humano, como animal político, tende a e humana a felicidade que buscávamos.
realizar-se na pólis, mesmo que esta possua Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo, 1973, p. 263.
quantidade excessiva de cidadãos.
Na citação acima, Aristóteles retrata que
18 - (Ufu) "O filósofo natural e o dialético darão a) a virtude humana é a busca da felicidade e não diz
definições diferentes para cada uma dessas afecções. respeito à dimensão política que é da esfera do social.
Por exemplo, no caso da pergunta "O que é a raiva?", o b) o verdadeiro homem prudente no âmbito político
dialético dirá que se trata de um desejo de vingança, busca e faz uso do equilíbrio da vida pessoal e social.
ou algo deste tipo; o filósofo natural dirá que se trata c) os cidadãos são bons e obedientes às leis, isto é,
de um aquecimento do sangue ou de fluidos quentes declinam do valor da virtude humana.
do coração. Um explica segundo a matéria, o outro, d) o homem verdadeiramente político deve buscar o
segundo a forma e a definição. A definição é o "o que bem e a felicidade na esfera individual.
é" da coisa, mas, para existir, esta precisa da matéria." e) a virtude humana é um projeto individual e
Aristóteles. Sobre a alma, I,1 403a 25-32. Lisboa: Imprensa indiferente no âmbito da convivência político-social.
Nacional-Casa da Moeda, 2010.
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21 - (Unisc) Aristóteles, na obra Etica a Nicômaco, Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco.
procura o fim último de todas as atividades humanas, São Paulo: Abril S. A. Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os
Pensadores.)
uma vez que tudo o que fazemos visa alcançar um bem,
ou o que nos parece ser um bem. Pergunta-se, então,
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema,
pelo “sumo bem”, aquele que em si mesmo é um fim,
assinale a alternativa que indica, corretamente, a
e não um meio para o que quer que seja. Para
ordem em que Aristóteles apresentou as causas
Aristóteles, na Ética a Nicômaco, o sumo bem está
primeiras.
a) na honra.
a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa
b) na riqueza.
formal.
c) na fama.
b) Causa formal, causa material, causa final e causa
d) na vida feliz.
eficiente.
e) na lealdade.
c) Causa formal, causa material, causa eficiente e causa
final.
22 - (Uel) Leia o texto a seguir.
d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa
final.
É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas
e) Causa material, causa formal, causa final e causa
primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa
eficiente.
somente quando julgamos conhecer a sua primeira
causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no
primeiro, entendemos por causa a substância e a
essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção última,
e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda
causa é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde vem
o início do movimento; a quarta causa, que se opõe à
precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é,
com efeito, o fim de toda a geração e movimento).
notas
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Gabarito: para explicar o movimento. De modo que o Deus
aristotélico se distancia daquela ideia de um Deus
criador do cristianismo.
Questão 1: B
Questão 6: C
O legislador deve, segundo Aristóteles, agir em função
do bem comum, perseguindo, portanto, o exercício da A partir da associação entre a estrutura corporal de
virtude. É por meio do exercício da virtude que o indivíduos escravizados, o trabalho braçal realizado por
legislador prescreve leis justas que visam ao bem eles e a suposta inaptidão para o exercício da
comum e, portanto, à felicidade da polis. cidadania, Aristóteles considera esse tipo de trabalho
um trabalho puramente físico que dispensa o uso de
Questão 2: D atividade intelectual, legitimando, dessa forma, um
aspecto de natureza cultural da ordem social vigente
Aristóteles atribui, para as formas racionais de em sua época a partir do uso de argumentos de
apreensão da realidade destacadas no texto - o cálculo, natureza biológica.
a opinião, o conhecimento científico e a intuição - uma
hierarquização que classifica as duas últimas como Questão 7: A
sendo sempre verdadeiras. Dentre essas formas de
conhecimento racional que somente admitem o que é De acordo com o pensamento aristotélico, as virtudes
verdadeiro, ele atribui, ainda, maior grau de exatidão à éticas se desenvolvem a partir do hábito, ou seja, de
intuição, sendo essa, portanto, a única forma de uma prática constante de ações moralmente boas,
conhecimento adequada dos princípios. Os princípios condizentes, portanto, com o bem comum. Os hábitos
são a base do conhecimento científico e só podem ser dignos de louvor (virtudes) são aqueles que indicam a
conhecidos pela intuição, pois os princípios não ponderação e afastam-se dos extremos (excesso ou a
admitem demonstração. É a partir dos princípios que falta), conduzindo a uma vida feliz no âmbito individual
pode haver conhecimento científico, pois o e ao bem comum no âmbito da política.
conhecimento científico é sempre argumentativo
(baseado em demonstrações). Questão 8: C