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Resumo Critico

Renata Rodrigues

DUARTE, Janaína Lopes do N.. Resistência e formação no Serviço Social:


ação política das entidades organizativas. Serv. Soc. Soc. [online]. 2019,
n.134, pp.161-178. ISSN 2317-6318. https://doi.org/10.1590/0101-6628.171.

Meia formação não garante um direito: o que você precisa saber sobre a
supervisão direta de estágio em Serviço Social. Brasília, 2012. Disponível
em: http://www.cfess.org.br/arquivos/BROCHURACFESS_ESTAGIO-
SUPERVISIONADO.pdf. Acesso em: 09 abr. 2021.

O texto “Resistência e formação no Serviço Social: ação política das


entidades organizativas” da autora Janaina Lopes do N. Duarte, tem objetivo
esclarecer:
“os desafios e questões, na visão dos dirigentes da Abepss,
CFESS/Cress e Andes, que incidem sobre a formação
profissional e o trabalho docente do assistente social e que, ao
mesmo tempo, fundamentam as ações de resistência do coletivo
nessas organizações.”
Ao decorrer do texto serão analisados os tópicos:
“pressupostos da dinâmica de resistência no Serviço Social e
desafios atuais para a formação e o trabalho docente,
dificuldades do cotidiano da resistência e relevância da
construção coletiva da agenda de lutas.”

Buscando ampliar a análise do conteúdo será utilizado como texto


complementar: Cartilha estágio supervisionado: meia formação não garante um
direito disponibilizada pelo CFESS (Conselho Federal de Serviço Social) .
O nível de educação atualmente está sendo instituído cada vez mais de
forma privativa, relacionando-se com a educação superior formou-se uma
concepção de que o Estado não possui exclusividade nesse serviço, em que
cada vez mais são moldados por grupos empresariais, onde estima-se que para
cada sete instituições privadas temos aproximadamente uma instituição pública,
consequentemente impactando no retrocesso dos direitos sociais. ¹
Em busca de amenizar esse retrocesso, existe uma resistência coletiva,
em sobressalente o Serviço Social, em que “o trabalho de análise da realidade
e conjuntura das entidades organizativas do Serviço Social se constitui como
essencial subsídio para a construção coletiva de ações e enfrentamentos.” ²
Em busca de uma visão mais ampla e realista da situação foram
realizados entrevistas “semiestruturadas gravadas e autorizadas com quatro
dirigentes das entidades organizativas Abepss, CFESS e Andes, durante a
Oficina Nacional de Graduação e Pós-Graduação da Abepss, no Rio de Janeiro,
entre 3 e 5/11/2015 (dados analisados em 2016 e tese defendida em 2017)”.³
Interpreta-se que através da trajetória socio-histórica do Serviço Social foi
possível obter a resistência da categoria profissional nas entidades, pois “sob
determinadas condições e possibilidades, a profissão consegue acumular e
construir um patrimônio político e organizativo que lhe permite definir uma
agenda de lutas e resistências contemporâneas.”4
A partir da evolução dos ensinos superiores nos anos 2000, observa-se 3
processos: a precarização, a intensificação do trabalho e o produtivismo
acadêmico.
Analisa-se que as condições objetivas de trabalho estão interligadas com
a precarização, ou seja, as condições escassas em relação a “infraestrutura das
federais, interiorização sem planejamento e condições diversas e complexas do
trabalho docente na atualidade, incluindo o trabalho nas instituições privadas.”
Com o corte de gastos, não se há nas IES Federais infraestruturas suficientes,
encontram-se atualmente obras paralisadas, falta de moradia estudantil,
escassez em relação aos restaurantes universitários, o número de docentes é
menor do que o pré-estabelecido como necessário, influenciando de forma
5
conjunta na formação.
Em relação ao esfera particular, a precarização se refere na falta de
estabilidade em que o professor vivencia, no qual não possui nenhum tipo de
solidez empregatícia, já que tanto no âmbito de estudo a distância, tanto no
presencial não se tem uma convicção de que no próximo semestre ele será
recontratado para o referido cargo, pois os dirigentes da Abepss deduz que “o
processo de execução e avaliação da educação superior é direcionado pelo
mercado.” 6
Em relação a certos cursos privados presenciais se possui uma didática
chamada de “ensalamento” dos alunos, isso é, entre o período de agosto a
dezembro, denominado 2 semestre do ano, as turmas acabam obtendo um
coeficiente menor de alunos e visando sua lucratividade as faculdades acabam
dispondo o aluno para início no 2 período letivo para que só se cumpra o 1
período letivo no próximo semestre, nos quais o coeficiente de aluno é alto e se
há lucratividade, todavia se há uma quebra de ensino fazendo com que
prejudique a formação deste, pois não se há uma cronologia estudantil básica
para a aprendizagem.7
Outro aspecto dos cursos presenciais privados é relacionado aos 20%
de carga horaria em módulos a distância, que são denominados
“semipresenciais” sustentados pela portaria o Art. 1º da Portaria n. 4.059 (Brasil,
2004):
Art. 1° . As instituições de ensino superior poderão introduzir, na
organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores
reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que
utilizem modalidade semi-presencial, com base no art. 81 da Lei
n. 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria.
§ 1° . Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-
presencial como quaisquer atividades didáticas, módulos ou
unidades de ensino-aprendizagem centrados na
autoaprendizagem e com a mediação de recursos didáticos
organizados em diferentes suportes de informação que utilizem
tecnologias de comunicação remota.
§ 2° . Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput,
integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse
20 % (vinte por cento) da carga horária total do curso.

Em relação a intensificação interliga-se ao aspecto da sobrecarga de


trabalho em relação a graduação e a pós-graduação:
determinada pelas funções administrativas assumidas pelos
docentes, bem como pelas dificuldades em conciliar ensino,
pesquisa e extensão a partir do modelo produtivista
determinante, tanto nas públicas como nas privadas,
resguardadas suas especificidades.8

É nítido observar como há sobrecarga nos docentes, além de terem que


apresentar um resultado positivo quantitativamente e qualitativamente em todos
os âmbitos, cada vez mais são adicionadas atividades administrativas, como
passar a notas, ou seu acirramento do nível de produção, sem que haja um
equilíbrio estático para a realização de todas essas funções, não há uma análise
discricionária sobre as amplas funções, há apenas acumulo delas de forma
abusiva e sem discricionariedade em relação ao tempo para a produção de todo
serviço remanejado ao docente.9
Além da intensificação, se há a preocupação do produtivismo acadêmico,
em que se denomina por um dos entrevistados no artigo de “medir com índices”,
isso é, não há uma reflexão sobre o docente, se há uma analise em relação a
suas metas, produções e horas trabalhadas. Através do CFESS, foi relacionado
o produtivismo com o professor tendo sua função sendo expandida 24 horas por
dia devido a evolução tecnológica que amplia a comunicação através das redes
sociais, como WhatsApp, Facebook, e-mail.10
Reflete, no entanto, que o produtivismo “compromete a capacidade de
articulação coletiva”, já que estão tão engajados no coeficiente de metas, ritmo
de produção, planilhas avaliativas, em que quando eles mesmo observam uma
discrepância de produção entre 2 docentes, onde um produziu 10 artigos em
contrapartida o outro produziu apenas 1, se há uma cobrança interior deste de
menor coeficiente para que consiga aumentar seu ritmo produtivo para que se
resulte em estabelecer o mesmo nível produtivo do que o outro, todavia o
professor não obtêm a visão de que já há um esgotamento produtivo em si
próprio devido as diversas pressões expostas ao docente para ser realizado
todas as funções administrativas e acadêmicas impostas, portanto excesso
desse produtivismo consequentemente:
“constitui-se como uma ameaça à dinâmica pesquisa, ensino,
produção de conhecimento e seu sentido social, distanciando-se
dos valores e direção crítica do Projeto Ético-Político Profissional
do Serviço Social e do projeto societário anticapitalista que o
sustenta do ponto de vista político.”11

Considera-se que todos esses desafios relacionados a educação superior


pela visão dos docentes:
“É uma dinâmica perversa que atinge a formação e o exercício
profissional, a direção política da profissão, podendo dificultar a
capacidade individual de análise crítica da realidade, o que
também é destacado pelos(as) entrevistados(as) dirigentes das
entidades organizativas.”12

As entidades representativas da categoria profissional do Serviço Social


(Abepss, CFESS/Cress, Enesso) é um dos principais engajadores para a
preservação e o fortalecimento do Projeto Ético-Político Profissional, ou seja,
através do Plano de Lutas essas entidades são a resistência da privatização da
educação superior, visando o direito a educação e o apoio a luta da classe
trabalhadora.13
Em relação a conexão entre as entidades, são realizados convênios entre
elas para que sejam realizadas atividades da Abepss e da Enesso, fazendo com
que uma ajude a outra em diversos aspectos, inclusive financeiramente.
Portanto, pela falta de adesão de docentes a verba fica extremamente limitada,
sendo assim, limita-se sua abrangência devido a falta de dinheiro.14
Mesmo com todos os impasses, a resistência da privatização vem sendo
realizada, em que de acordo com a Abepss “O Serviço Social brasileiro tem
estabelecido resistências que poucas profissões têm feito””.15
O projeto profissional coletivo dos assistentes social, buscam uma
intervenção diária, ao qual
“assumem compromisso com os interesses e a defesa de
direitos da classe trabalhadora, sob a orientação de um Projeto
Ético-Político profissional, respaldado na Lei de
Regulamentação da Profissão (Lei n˚ 8662/1993), no Código de
Ética do/a Assistente Social e nas Diretrizes Curriculares do
Curso de Serviço Social, elaboradas pela Associação Brasileira
de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS).” 16

O respectivo “tem sua direção político-organizativa nas entidades:


Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselhos Regionais de Serviço
Social (CRESS), ABEPSS e Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social
(ENESSO).” 17
Através do Código de Ética se estabelece os princípios básicos que todos
os profissionais deve se orientar mediante suas atribuições e atividades
profissionais, cita-se no entanto os princípios: de liberdade, defesa dos direitos
humanos, cidadania, democracia, equidade e justiça social, eliminação do
preconceito, pluralismo, construção de nova ordem societária, articulação com
movimento sociais, qualidade dos serviços e não subalternidade, em que todos
esses se baseiam nos requisitos para se construir um profissional em que é
competente e crítico, que faz jus a sua luta pela qualidade do exercício
profissional e da formação. 18
O caráter preventivo da fiscalização, vem por intermédio da PNF (Politica
Nacional de Fiscalização), em que se visa certificar as condições necessárias e
adequadas ao trabalho profissional, em que se busca proporcionar uma
qualidade dos serviços prestados à população. Além disso, obtêm a função do
Conjunto CFESS-CRES, em que se refere a defesa a profissão e a fiscalização
do exercício profissional. Denomina-se por assim,
“como atividade-meio a função fiscalizadora tem como escopo a
concretização desta finalidade, não podendo ser considerada
como fim, sob pena de reduzir a relevante função pública que
desempenham os Conselhos, que ultrapassa os limites da
corporação, para ter uma finalidade coletiva.19

Conseguinte, compete de forma privativa ao conjunto CFESS-CRESS


zelar pela garantia da Supervisão Direta de estagio em que atribui a esses uma
função fiscalizadora que visa garantir que os princípios ético-político sejam
cumpridos em conjunto com as condições éticas e técnicas do trabalho
profissional baseado na Resolução CFESS n° 493/2006. Dessa forma, se obtém
20
um direcionamento para a formação e do exercício profissional.
Na cartilha é apresentada a regulamentação do Estagio Supervisionado
se apresenta em 3 esferas, sendo a primeira relacionada nas regulamentações
do ensino superior brasileiro em que através da LDB possui dois princípios: o
primeiro se retrata a autonomia universitária em que admite a normatização
através das instituições de Ensino Superior, o segundo é o princípio em que não
se declara vínculo empregatício a relação de estagio supervisionado. Através da
Lei do estágio, se compreende toda a legalização, como a carga horaria, o local
e a facultatividade desse.21
Na segunda esfera temos a regulamentações da formação profissional do
assistente social no brasil em que são apresentadas as diretrizes curriculares
para os Cursos de Serviço Social da ABEPSS, nas Resoluções do Conselho
Nacional de Educação (CNE) e na Politica Nacional de Estagio (PNE) da
ABEPSS.22
Na ultima esfera, as regulamentações do estágio supervisionado
profissionais do assistente social no Brasil, em que se baseia na Lei n°8662/93
(Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social) em que se termina
em seu artigo 5° que o treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários
de Serviço Social é privativa do assistente social, ou seja é autorizado o exercício
profissional na condição de supervisor com viés fiscalizador. Cita em seguida, os
princípios profissionais do Código de Ética do Assistente Social já citado
anteriormente nesse resumo, em que através deste código é apresentado os
deveres e as vedações em relação ao assistente social. 23
A posteriori é apresentado a Resolução CFESS n°533/2008 Supervisão
Direta de Estágio, em que regulamenta a supervisão direta de estagio na esfera
do Serviço Social, dando atribuição privativa para emissão de resolução própria
para este Conselho.24
Após toda síntese sobre os dois textos, entende-se que a formação do
profissional atualmente realmente vivencia um impacto geral, tanto pelo alto
índice de ensinos privados não fiscalizados, até mesmo devido a falta de
infraestrutura, sobrecarga horaria e alto índices de função acumulada das
Federais.
Através do Serviço Social brasileiro enxergamos a resistência para que
não continue se agravando todo esse contexto, além do mais a busca por uma
formação qualificada, se acata por uma agenda de lutas coletivas, onde engloba
das entidades, os docentes, pesquisadores, estudantes, em que se busca lutar
por todos.
Compreende-se que é de extrema importância as entidades organizativas
do Serviço Social brasileiro, em que possui CFESS-CRESS, ABEPSS e
ENESSO, em que estão defendendo a formação e o trabalho profissional de
qualidade, em que se deu início ao “Plano de Lutas Em Defesa do Trabalho e da
Formação e Contra a Precarização do Ensino Superior”, sendo fundamental para
a manutenção da formação profissional sublime, já que atualmente o setor
educativo vem sendo movido por um mercado capitalista em que esta
promovendo a precarização do ensino superior, em foco o ensino a distância.
Verifica-se que há um certo descaso em relação ao ensino a distância,
não se há o mesmo rendimento intelectual quando se compara com o ensino
presencial, portanto, mediante o atual momento que vivenciamos, o ensino a
distancia se torna essencial para a continuidade acadêmica, já que através da
pandemia instaurada pelo Covid-19 lidamos com o cotidiano em que não se há
possibilidades em muitas cidades de terem aulas presenciais, sendo assim, há
uma necessidade de termos o ensino a distância para que não haja quebra de
ensino.
É de suma importância, que realmente há um descaso com o EAD, tanto
em relação ao aluno em que este se sente desmotivado e entediado com as
aulas online e em relação ao professor que não consegue ter seu melhor
rendimento na formação dos futuros alunos. Ter
Deste modo, é relevante que se tenha uma politica do ensino remoto, ou
seja, deve-se agregar o conhecimento básico em informática como obrigatório
nos ensinos superiores, pois entende-se que a quebra intelectual de
aprendizagem decorrem da dificuldade do acesso nos conteúdos, da falta de
entrosamento com a plataforma virtual de ensino, dentre outros.
Outro ponto a ser observado é sobre a desigualdade atual tecnológica, ou
seja, é importante existir uma politica publica em que visa ajudar o acadêmico
ou docente que não possui condições suficientes para ter um computador apto
a estudar, assistir as aulas, fazer os trabalhos acadêmicos, além disso muitos
não possui uma condição financeira favorável para se ter acesso a internet ou
possui uma internet de baixa qualidade, fazendo com que dificulte o acesso as
aulas e a realização das atividades e provas.
Por essa razão, conclui-se que o Projeto ético-político profissional por
meio de estratégias realizadas pela ABEPSS e ENESSO é uma condição
fundamental para a defesa de uma formação e exercício profissional eficaz e de
qualidade. Não se há possibilidade de afastar o ensino a distância como uma
forma de aprendizagem, se há a necessidade de tornar o EAD uma formação
profissional de qualidade, por isso o CRESS deve potencializar o seu trabalho
fiscalizatório para que se regularize o semipresencial para um ensino apto e
adequado para a formação acadêmica.
REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS

N° 1 ao 15: DUARTE, Janaína Lopes do N.. Resistência e formação no


Serviço Social: ação política das entidades organizativas. Serv. Soc.
Soc. [online]. 2019, n.134, pp.161-178. ISSN
23176318. https://doi.org/10.1590/0101-6628.171.

N° 16 ao 23: Meia formação não garante um direito: o que você precisa saber
sobre a supervisão direta de estágio em Serviço Social. Brasília, 2012.
Disponível
em: http://www.cfess.org.br/arquivos/BROCHURACFESS_ESTAGIO-
SUPERVISIONADO.pdf. Acesso em: 09 abr. 2021.

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