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O Livro Da Maternagem Thelma Oliveira
O Livro Da Maternagem Thelma Oliveira
NOTA IMPORTANTE:
Michel de Montaigne
Moacyr Scliar
Homenagem das crianças a suas
benfeitoras
“As crianças não têm dono, são patrimônio do País”. Neide Castanha, em
sua trajetória, participou de grandes conquistas. Entre elas, a mobilização
nacional para aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a
realização do III Congresso Mundial de Enfrentamento à Violência Sexual,
no Rio de Janeiro, em 2008. Neide foi também uma das principais
responsáveis pelo desenvolvimento da metodologia de uma importante
ferramenta para o combate à violência infantojuvenil, o Disque Denúncia
100, para noti icação de casos de violação dos direitos sexuais de crianças
e adolescentes.
Millôr Fernandes.
A Comunidade no Orkut
Nem a comunidade Pediatria Radical nem este livro têm por objetivo a
oferta de consultas pediátricas. São informações genéricas e trocas de
experiências que não deverão ser utilizadas como substituto de diagnóstico
ou tratamento médico, cabendo a quem dela participa reportar-se a seu
próprio clínico ou pediatra.
A comunidade foi criada por mim, para servir às mães que se interessam
não só por temas de pediatria, mas de educação e desenvolvimento da
criança do ponto de vista das mães e dos pais.
www.pediatriaradical.com.br
Segundo Snyder:
Patrícia da Cunha Chavinhas, designer grá ica, Niterói, RJ, & Valéria
Bertolozzi, designer e arquiteta, SP; criadoras das logomarcas para as
campanhas da Comunidade; pelo entusiasmo e competência.
Colaboradores Convidados:
Colaboradoras da Comunidade/textos
Alessandra C. Xavier
Andrea Rusconi
Andrea Voute
Claudia Rodrigues
Cristiane Viana
Gabriela Bevilaqua
Liana Lara
Miriam Ramoniga
Artigos das pediatras: Ana Guerra Andersson, Ana Paula Gumiero, Ana
Hilda Carvalho, Lilian Nakachima e Meire Gomes.
Apresentação
Não aprendi a ser mãe tão logo tive um ilho nos braços, pois muita coisa
envolve essa linda missão. Eu dormi ilha e acordei mãe. Mesmo não
sabendo ao certo o sentido dessa pequena-grande palavra, eu sempre
soube que criança tem que ser bem cuidada, que ela é um ser em
formação, que é re lexo de sua casa... O que eu não sabia por completo era
o signi icado da palavra cuidar, e quais sentimentos e atitudes estavam por
trás desse vocábulo aparentemente comum.
Resolvi pedir ajuda nessa casa, suas portas estavam sempre abertas; lá eu
contei minha história, desabafei minhas angústias e di iculdades de lidar
com meu primeiro ilho, depois que o irmãozinho nasceu. Uma das
moderadoras dessa casa-comunidade (Jana), com muita dedicação
acompanhou o meu relato, contando-me as suas experiências e dando-me
dicas de como lidar com a situação. Fui percebendo os sentimentos
escondidos no coração do meu ilho mais velho: uma mistura de amor e
ódio; ciúme; rejeição; medo de perder o meu amor, de perder a mim, sua
mãe. Entendi que eu teria que atingir suas emoções e não seu corpinho.
Depois que passei a fazer parte dessa casa, aprendo muito a cada dia. A PR
passou a ser um dos lugares onde mais gosto de estar, local de diálogo,
descontração, discussão e aprendizado. Encontrei dentro dessa casa uma
pessoa mais que especial, que não mede esforços, uma pessoa apaixonada
por crianças e que vive para fazê-las felizes. Estou falando da Dra. Relva,
apelido carinhoso da pediatra Thelma, an itriã dessa casa-comunidade.
Com ela aprendi que dar limites é ajudar os nossos ilhotes a criarem asas
para voar, com menos risco de cair, machucar-se, sofrer. Com ela eu
aprendi que ‘bater em criança é covardia’, que ‘dar limites’ não signi ica
deixar a criança chorando sem consolo para ‘não acostumar mal’. Aprendi
sobre a importância do amor, do cuidado e do toque afetuoso na formação
da personalidade da criança; que cuidar é muito mais que alimentar, vestir
e proteger das doenças e perigos.
Percebi que a infância é como um lindo jardim. Sua terra, rica e fecunda,
está sempre à espera de ser cultivada. Cada fase precisa de cuidados
especiais. O que eu faço com essa terra é que me traz a “qualidade” da
planta que nasce lá.
Eu sentia, cada vez que eu melhorava como mãe, e a cada vez que eu fazia
meu ilho mais feliz, a necessidade de compartilhar com outros educadores
tudo o que aprendia. O pensamento não me deixava por um minuto; estava
diante de uma causa que me inquietava a ponto de tirar-me o sono e a paz.
Foi desse pensamento que surgiu o Projeto Mãos e Filhos, que tem como
objetivo re letir com os pais sobre os efeitos danosos das punições ísicas
para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças; e analisar o
tipo de relação construída entre pais e ilhos na atualidade, por meio de
pesquisas, palestras e debates, proporcionando momentos de
sensibilização sobre o tema.
Dra. Relva
A Máscara da Maternidade. Por que ingimos que ser mãe não muda nada?
Ed. Melhoramentos, SP. 2006.
Eis uma pergunta para a qual não se tem uma clara resposta.
Como saber, então, de onde vêm as mazelas que assolam o ser humano?
Não sabemos ao certo, de forma que não podemos controlá-las. Mas se
sabemos que determinadas práticas, situações e experiências contribuem
decisivamente para que elas não apareçam, então passamos a nos
apoderar desse conhecimento na tentativa de evitar o sofrimento. Não é
garantia de que iremos conseguir, mas estaremos assumindo a parte que
nos cabe nesse vasto e complexo latifúndio.
O termo attachment parenting foi utilizado pela primeira vez pelo médico
William Sears, com base na teoria do apego, que leva em consideração o
fato de que a criança, durante sua infância, tende a criar um vínculo
emocional bastante forte com seus cuidadores, que gera consequências
durante toda sua vida. A criança busca proximidade com o outro e quer
se sentir segura quando ele está presente. Suas ideias e práticas
subentendem que os pais ou cuidadores estejam emocionalmente
disponíveis de forma a promover o desenvolvimento sócio-emocional da
criança de maneira segura e amorosa e a evitar que a criança desenvolva o
que se chama de apego inseguro, aquele que é baseado no abandono, no
apegar-se porque não se teve.
Sabendo disso, é fácil compreender, então, que a forma como se trata uma
criança altera seu cérebro. E que esse cérebro, assim alterado, promoverá
comportamentos relacionados. Quando você cria com apego seguro, você
está moldando um cérebro para que ele possa atuar com toda sua
potencialidade, sem amarras, sem más resoluções, sem entraves.
Dra. Relva
Tomar ácido fólico durante pelo menos três meses ininterruptos, antes e
depois de engravidar, é o que aconselha o ginecologista e obstetra do
Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Unicamp
Ricardo Barini às mulheres que desejam ter ilhos. O médico garante que a
precaução pode reduzir o risco de gerar bebês com Síndrome de Down
(SD). Segundo ele, as mutações no gene da enzima resultam em menor
atividade funcional e reduzem a quantidade de ácido fólico disponível para
a duplicação celular. “Não há dúvidas de que a prevenção é necessária e,
neste caso, a ingestão da vitamina é fundamental”, alerta Barini. Muitas
vezes, explica, as mulheres iniciam a suplementação vitamínica após as
primeiras semanas de gestação, o que já não seria adequado, pois
eventuais alterações fetais ocorrem no início da gravidez.
Dr. Barini explica que o ácido fólico não tem contraindicação, não causa
efeitos colaterais e não estimula o aumento de peso. Sua ingestão,
tradicionalmente, é recomendada para prevenir defeitos de fechamento do
tubo neural dos bebês. Reiterando o que foi dito, para uma prevenção
adequada, o uso dessa vitamina deve ocorrer antes de engravidar.
Referências Bibliográficas
www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/dezembro2004/ju276pag9b.html
Com a mãe, é diferente. Entre todos os mamíferos, ela
não se contenta em transmitir a vida: acolhe-a, carrega-
a, nutre-a. Como ela poderia ignorá-la por completo?
Entre os humanos, deverá proteger seu bebê – ás vezes,
inclusive contra o pai – durante anos, niná-lo, consolá-lo,
lavá-lo, amá-lo, falar-lhe, escutá-lo, educá-lo... A
humanidade é uma invenção das mulheres. Mesmo em
nossas sociedades modernas, a mãe quase sempre é o
primeiro amor e ás vezes também o último. É porque foi
ela quem primeiro amou.
Essa vida, tão improvável, que nos é dada, cabe a nós não
desperdiçá-la. A vida não é um destino, é uma aventura.
Ninguém escolheu nascer; ninguém vive sem escolher. [...]
O fato de termos todos nascido por acaso, o que é
bastante claro, não é razão para viver ao acaso. Nascer é
a primeira chance. Não desperdiçar essa chance, o
primeiro dever.
André Comte-Sponville, A VIDA HUMANA, p.26.
Woman in blue – Vermeer, século XVII
Dra. Relva
Tabagismo;
Asma grave;
Tuberculose ativa;
Doenças autoimunes;
Exames pré-natais
Hemograma para avaliar anemia;
Maternidade, para mim, era o local onde nasciam os bebês. Mãe, para mim,
era a minha. Amor seria um dia encontrar um príncipe. Assim pensei por
algum tempo, mais precisamente durante 24 anos de minha existência.
Sempre tive pavor de pensar em ser mãe, eu morria de medo das dores do
parto. Um dia meu “relógio biológico” me surpreendeu. De repente, senti
uma enorme vontade de ter um ilho. Minha hora tinha chegado. A
gravidez veio como um presente.
A mãe que estava sendo gerada dentro de mim estava envolvida por um
turbilhão de emoções diferentes. Ao mesmo tempo em que me sentia
amada, bonita e poderosa, também me sentia frágil, feia e estranha. Passei
a buscar muita informação sobre a maternidade, sobre cuidados com
bebês, tudo o que envolvia a gravidez. Lembro-me de alguém dizendo que
eu ia ser uma “mãe de livro”. Não sei se me sentia triste por nada saber, ou
feliz por tentar aprender da melhor maneira, buscando informação por
meio da leitura.
Quando vi meu ilho pela primeira vez, ainda na sala de parto, pensei: “E
agora? Será que vou acertar?”- Meu primeiro filho nasceu numa terça-feira
de ventania. Lembro-me, como se fosse hoje, de um calor muito forte, mas
o maior calor estava dentro de mim, o meu calor, o meu amor. Naquele dia
não nascia apenas meu primeiro filho, nascia também uma mãe.
Descobri que a maternidade é algo que exercemos todos os dias junto aos
ilhos. Descobri que mãe só existe uma, mas que a cada dia nascem
milhares. Quando se é mãe, até o nosso amor de ilha para com nossa mãe
se renova e se fortalece. Logo eu, que achava que o amor seria trazido a
mim por um príncipe, ganhei logo dois. Eles me ensinaram a sentir o amor
mais verdadeiro que possa existir: o amor de mãe. Um amor incondicional,
irracional, quase animal. Um amor iel, sincero e eterno. O maior de todos
os dons.
Li uma vez uma coisa muito bacana, passando por uma vitrine em uma das
viagens que iz, e, sinceramente, até hoje é a mais assertiva de tudo o que
já li sobre a maternidade. Estava escrito assim: “Ser mãe é permitir que
seu coração pulse fora de seu corpo”. Fiquei comovida, porque é assim que
me sinto. Hoje tenho dois filhos: tenho dois corações pulsando fora de mim.
Desenvolvimento fetal
Roxana Knobel
Mas, se tudo é tão isiológico, por que fazer ‘pré-natal’? Por prevenção.
Hoje em dia sabemos que algumas doenças e problemas da mãe podem
afetar sua saúde ou a do seu bebê. Precisamos de alguns exames e de
acompanhamento no pré-natal. São exames de laboratório simples e
acompanhamento clínico (pressão arterial, tamanho da barriga, peso da
mãe) que são feitos pelos pro issionais de saúde e previnem complicações
sérias. Por isso, é importante fazer o pré-natal.
O fato é que se iniciou uma era na qual a intervenção médica passou a ser
encarada como estritamente necessária para todos os males femininos.
Assim, além do acompanhamento clínico e dos exames laboratoriais
básicos para acompanhar a gestação de baixo risco, começaram a surgir
milhares de outros exames para ‘prevenção’.
O parto, que deveria ser um evento isiológico bem cuidado, passou a ser
um evento médico, no qual uma intervenção leva a outra que leva a outra
que geralmente culmina em um parto medicalizado (induzido, doloroso) ou
uma cesárea. A mulher, tão maravilhosamente preparada pela natureza
para gestar e parir, acaba sendo vista (e se vendo) como incompetente,
incapaz e potencialmente nociva para seu bebê.
Mas essa situação pode ser revertida. Muitas mulheres vêm demonstrando
o desejo de serem respeitadas e de protagonizar seu parto. Ao mesmo
tempo, existe um processo de revisão cientí ica das práticas obstétricas
que evidencia a efetividade e segurança de uma atenção ao parto com um
mínimo de intervenção. Segundo este novo paradigma, qualquer
intervenção sobre a isiologia só deve ser feita quando se prova
criteriosamente mais segura e/ou efetiva que a não intervenção.
Veja quais pontos alegados são importantes para você. Converse, discuta.
Sinta se o pro issional está lhe escutando, cuidando de dar respostas a
suas inquietações ou reivindicações. Cuidado com respostas evasivas do
tipo “na hora a gente vê”, “pode ser”, “na hora a gente tenta”... Se não
houver diálogo com empatia, considere trocar de equipe.
Vale lembrar: nenhum procedimento pode ser imposto a você sem seu
consentimento, a não ser que haja risco de vida. Não se sinta frustrada se
tudo não sair exatamente como planejado. A ideia do plano de parto é
permitir que a equipe de assistência (e até você mesma) conheça os seus
desejos e os respeite. Às vezes as coisas evoluem de maneira diversa do
previsto e alguns itens terão de ser trocados. Isso não signi ica que seu
parto será ruim ou menos satisfatório para você e o bebê.
Referências Bibliográficas
Green JM, Baston HA. Feeling in control during labor: concepts, correlates,
and consequences. Birth 2003;30(4):235-47.
O corpo da mãe inicia o preparo para o parto cerca de uma semana antes.
Surgem contrações fracas, de leve intensidade, irregulares, que não
chegam a ultrapassar quatro contrações no espaço de uma hora, durante o
repouso. Há a sensação de que a “barriga desceu”: é o momento no qual o
bebê se encaixa nos ossos do quadril, ocorrendo a sensação de
compressão no baixo ventre, que pode ou não ser acompanhada de dor
lombar, perdas vaginais e sensação de que a barriga endureceu.
Nesse período, pode ocorrer vontade de urinar com mais frequência que o
habitual pela compressão sobre a bexiga. Ocorre, ainda, uma redução dos
movimentos do bebê. Preste atenção: os movimentos reduzem em
frequência e intensidade, mas não desaparecem por completo. Caso a
gestante não perceba movimentos por um período de seis horas, o melhor
é procurar um médico com urgência.
Lei do Acompanhante
Lei do Acompanhante, SP
Lei nº 10.241, de 17 de Março de 1999, Projeto de Lei no 546/97
www.amigasdoparto.com.br/acompanhasp.html
Lei do Acompanhante, RJ
www.amigasdoparto.com.br/acompanharj.html
Lei do Acompanhante, SC
www.amigasdoparto.com.br/acompanhasc.html
cesárea!
Gato de Madeira – Pablo Picasso
Vantagens do parto normal
Referências Bibliográficas
Boccia, Patrícia. Parto normal x cesárea. Meu Nenê, São Paulo, ed. 102, Out
06.
Roxana Knobel
Referências Bibliográficas
Parto normal ou cesárea? – O que toda mulher deve saber (e todo homem
também) – Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte. São Paulo, 2005. 179
p.
Pires, Helaine Maria Besteti. O impacto das altas taxas de cesárea sobre a
fecundação de uma população – um estudo de coorte retrospectivo em
Campinas. 2000. Tese (Doutorado em Tocoginecologia) – Universidade
Estadual de Campinas, São Paulo.
A mãe ica exausta após o parto. Ela também precisa de ‘colo’ para sentir-
se confortável e em segurança. O papel da doula nesse momento é
essencial; ela e o parceiro da mãe cuidarão para que não se sinta
desamparada ou sozinha. Ela está vulnerável e fragilizada, precisa de calor
e proteção – física e emocional.
VISITA NO PRIMEIRO DIA: a doula veri icará se ela está bem alimentada
e hidratada, pronta para amamentar o bebê. Deve caminhar para evitar
trombo lebite. Veri icar se o bebê está bem, mamando, se já eliminou
mecônio e se está urinando. Nos dois primeiros dias, a urina pode ser
escassa e apresentar cor de tijolo pelo acúmulo de uratos.
Dra. Relva
Parteira na Idade Média
Mãe com seu bebê dormindo – Ludovica Anina Thornam (1853-1896)
O que quer uma parturiente?
Gutman/Crianza.
VOCÊ SABIA COMO NASCEM OS BEBÊS?
Dra. Relva
Bebê só tem vida instintiva, que deve ser respeitada; ele não tem
“noção moral” nem pode ficar esperando muito tempo pra
mamar, a fim de “aprender”;
redecriancaepaz.ning.com/video/sacudir-o-bebe-e-a-maior
O berço – Berthe Morisot (1841-1895)
QUASE TUDO QUE A CRIANÇA PRECISA COMEÇA COM A LETRA “A”...
“Um bebê
não existe sozinho;
ele existe
com sua mãe.”
Winnicott
O recém-nascido prematuro
Assim, devemos considerar que o perímetro cefálico deve ser usado com a
idade gestacional corrigida até os 18 meses; que o comprimento até 3 anos
e meio deve ser usado associado à idade gestacional corrigida, lembrando
que pode permanecer uma diferença de 1 a 2 cm em relação à população
geral e que o peso deve ser corrigido até os 2 anos de idade cronológica,
quando então essa diferença não é mais relevante.
Para fazer o acompanhamento do peso e do perímetro cefálico de um RN
pré-termo, devemos usar uma curva de crescimento de prematuro até a
40ª semana de idade corrigida, associada à curva existente no cartão da
criança ou cartão de vacinas. Dessa forma, a criança nascida prematura
não terá suas medidas abaixo do esperado, pois não será comparada no
gráfico às crianças de termo de idade cronológica semelhantes à sua.
Referências Bibliográficas
Leone, CR; Ramos, JLA; Vaz, FAC. O Recém-Nascido Pré-Termo . In: _____.
Pediatria Básica Tomo I – Pediatria Geral e Neonatal. 9ª ed. São Paulo:
Sarvier, 2002. Quinta Parte – Pediatria Neonatal, Seção III – O Recém-
Nascido: Conceitos e Cuidados Básicos, Cap 8 p. 348-342.
Camelo Jr, JS; Martinez, FE. Lactoengenharia do Leite Humano . In: Pereira,
GR; Leone, CR; Alves Filho, N; Trindade Filho, O. Nutrição do Recém-
Nascido Pré-Termo. Rio de Janeiro: Medbook, 2008, Cap 2 p. 11-29.
Lippi, UG; Casanova, LD; Patriota, RG; Barragan, AM; Silva, EYK.
Prematuridade. In: Segre, Conceição. Perinatologia – Fundamentos e
Prática. 1ª ed. São Paulo: Sarvier, 2002. Primeira Parte – A Gestante, O
Concepto e O Recém-Nascido, Cap 3 p. 226-232.
Noronha, Heloísa. Pequenos Vencedores . Meu Nenê, São Paulo, ed 112, Ago
07.
Desconforto respiratório do recém-
nascido
A mãe deve ser informada sobre essa possibilidade que pode acontecer
em caso de ruptura da placenta, prolapso e nó verdadeiro do cordão, pré-
eclâmpsia e/ou diabetes etc.
aquecimento do bebê;
oxigenação.
chá de picão!
Maternidade – Kate Greenaway (1846-1901)
Conhecendo o bebê
Estresse das primeiras horas: o bebê fez uma longa jornada para
nascer, então fica muito cansado no primeiro dia. Choro excessivo
pode indicar que houve fratura de clavícula.
Dicas
BEBÊ NÃO VICIA COM COLO. Ele precisa ABSOLUTAMENTE dos braços da
mãe, de seu calor, e até de sua respiração e de seus ruídos viscerais. A
mamãe precisa de sossego para assumir seu lado animal: lamber a cria e
embalar o bebê nos braços fortalecem o vínculo e dão con iança e bem-
estar a ambos. Um bebê vinculado à mãe chora menos, quase não tem
cólica e “aprende” a respirar melhor. Bebês são seres incompletos, com
sistema nervoso imaturo. Eles não têm noção de “si” e são estritamente
dependentes da mãe. Esse é o aspecto que mais desperta pitacos para ‘não
viciar o bebê no colo’. Se não icar no colo da mãe, vai pro colo de quem?
Não é simples capricho do bebê, é uma necessidade vital.
Você acha que seu bebê está pronto para nascer depois de 40 semanas de
gravidez? Pois não está. O recém-nascido humano é ainda muito imaturo,
quase como um feto, e nos primeiros três meses de vida adora sentir-se
como se ainda estivesse no útero. Os ilhotes de muitos outros mamíferos,
ao contrário, são capazes de caminhar e até de correr no primeiro dia de
vida. Propiciar aos bebês a experiência do ‘quarto trimestre’ de gestação
acalma-os, pois estimula uma resposta poderosa no cérebro que para o
choro – o reflexo calmante.
Sucking (sugar)
Referências Bibliográficas
Dra. Relva
balançá-lo carinhosamente;
O que o bebê precisa mesmo é de contato humano, mas isso tem que ser
feito desde o nascimento, de modo que ele “saiba” que vai ser atendido e
embalado, e que pode contar com a amamentação, de preferência em livre
demanda, sem hora marcada. Quando ele sente que a mãe estabeleceu um
jeito con iável de maternagem, ele também adquire um modo mais
sossegado de suportar as rápidas mudanças que seu crescimento lhe
exige.
Privação de sono;
Instabilidade hormonal;
Inexperiência e insegurança;
Isolamento e solidão;
Falta de privacidade;
J. Ped.1998;74 (1):67-70.
Desenvolvimento infantil
Sensório-motor
Fale sempre com ele/ela sobre o que está fazendo ou vai fazer;
cante cantigas, cds; ensine-o a tocar seu rosto, seu cabelo, o
cachorro, um brinquedo macio; evite acostumá-lo à TV desde cedo.
Linguagem
Dra. Relva
Vigilantes tias e avós cuidavam para que ela não lavasse os cabelos nem
comesse comidas “reimosas”. Uma canjica e uns copinhos de cerveja
malzbier ajudavam a mãe a encarar o puerpério e suas obrigações,
estritamente observadas.
Na tribo, os índios sacaram que isso era bom e passaram a icar na rede
para a “couvade”. Na sala de visitas, marido e convidados fumavam
charutos e brindavam ao recém-nascido. Era uma curtição geral.
Foi-se o tempo em que uma mulher grávida era saudada na rua com o
chapéu, enquanto o distinto cavalheiro dava-lhe passagem e até mudava
de calçada. Quando Leila Diniz, nos idos de 1970, mostrou o barrigão, umas
poucas se aventuraram a essa “pouca vergonha”, mas eram advertidas de
que o “menino vai nascer resfriado”. A curtição do resguardo com cerveja
preta também acabou, pois a recém-parida tem que cair no batente logo
após sair da maternidade.
Dicas de leitura:
Dra. Relva
Como ajudar
Insatisfação do casal;
Baixa autoestima;
Dificuldades financeiras;
Gravidez solteira;
Gravidez indesejada;
Segundo Sarah Blaffer Hrdy, em seu livro Mamãe natureza, uma visão
feminina da evolução – Maternidade, ilhos e seleção natural , “cerca de 50%
de todas as novas mães experimentam durante os dias de resguardo um
sentimento de melancolia e vontade de chorar. Os sintomas mais
comumente associados são ansiedade, perturbação do sono, preocupações
com o bebê, depressão, irritabilidade e hostilidade”. Para essa autora, há
três teorias evolucionistas envolvidas na DPP:
Referências Bibliográgicas
A maternidade fica mais fácil com uma dose de realismo, por mais
que a tarefa se mostre, às vezes, sobrehumana e exigente demais.
Inclusive pelo excesso de informação a que a mãe de hoje é
submetida...
Andréa Rusconi
Hoje, olhando para trás, com dois ilhos maravilhosos, sinto que, se tivesse
recebido antes a informação de que não poderia parir, teria tido mais
ilhos. Uma menina, quem sabe. Eu já não me sinto em idade de começar
outra vez e, na realidade, eu não poderia ter mais que dois. Espero algum
dia ter muitos netos e netas, e ser a perfeita avó que deseduca com seus
mimos.
Dica de leitura
Dra. Relva
No caso da mulher, ela a irma em seus livros: “Em Defesa de Uma Certa
Anormalidade” e “Conferências Brasileiras”: “O percurso da infância até a
feminilidade adulta é in initamente mais complexo do que até Freud
imaginava. Não só as raízes do erotismo feminino são estabelecidas no
começo da infância, mas a identi icação com a mãe genital, mesmo quando
a mudança de objeto para a heterossexualidade foi adequadamente
realizada, deixa ainda em aberto muitas questões relativas à integração da
libido homossexual feminina”.
A imprensa tem noticiado um discreto baby boom gay, que pode ser um
sinal da própria visibilidade em marcha. A justiça brasileira acaba de
autorizar o registro da ilha de um casal gay, fruto de inseminação arti icial
e ‘barriga de aluguel’. E há pleiteantes na ila de espera. Em Cannes 2009,
foi premiado o ilme “The kids are all right”, com Julianne Moore e Annette
Benning, no papel de um casal lésbico que tem três ilhos. O título já diz o
que realmente interessa: que as crianças estejam bem.
Stoppard, M. Mães, Pais e seus bebês, Marco Zero, SP, 2008 – um guia
abrangente sobre os 280 dias de gravidez, parto e nascimento.
Dra. Relva
O que sabemos sobre leite vem daquilo que observamos do leite de vaca:
um líquido branco e brilhante. O leite de canguru, por exemplo, é rosado. O
que interessa mesmo é que o leite é especí ico da espécie, pois sua
composição é feita para determinadas necessidades do crescimento e
maturação de cada ilhote. O leite de vaca contém mais ácidos graxos
voláteis, que os bebês humanos não digerem muito bem (produzem muitos
gases). O leite de vaca também contém mais ferro, mas ele não é bem
aproveitado pelo sistema digestivo humano. O bebê absorve melhor o ferro
do leite materno. O LM é digerido em cerca de 20 minutos, enquanto o de
vaca (fórmulas especiais para bebês) pode levar cerca de uma hora ou
mais. O leite materno contém cerca de uma centena de aminoácidos,
vitaminas, sais minerais e açúcares, compondo uma receita especialmente
feita para as necessidades do bebê humano.
Referências Bibliográficas
Informações adicionais:
www.e-familynet.com
www.sbp.com.br
www.aleitamento.com
Blog: comunidadeams.wordpress.com
Grupos:
www.amsbrasil.com
A lenda do “leite fraco”
Dra. Relva
Para as europeias, o amor materno não tinha valor social e moral, o que as
levava a considerar a amamentação como tarefa indigna para uma dama.
Esse comportamento era copiado pelas demais classes como sinal de
distinção social.
O desmame por “leite fraco” ou “falta de leite” passou a acontecer, em
parte, com a inserção da mulher no mercado de trabalho. O que
inicialmente foi ditado pelo preconceito europeu foi mais tarde reforçado
pela indústria do leite em pó, que passou a interferir no pensamento das
mães quanto à sua capacidade de amamentar. Na prática, nem o “leite
fraco” nem a “falta de leite” podem ser comprovados.
Dra. Relva
Sucção
Se você olhar com atenção, vai ver a falta que faz o uso da mão na boca,
pois é por esse meio que a criança se organiza; mães, tias e avós cometem
uma grande arbitrariedade contra a criança ao negar-lhe esse direito de
natureza e impedem um dos mais importantes lances de seu
desenvolvimento, que é a coordenação boca / mão/ olhos. Isso deixa um
‘gap’, uma lacuna, que a criança supre exagerando na duração e tipo da
fase oral, que não é só “psicológica”, mas faz parte da organização cerebral
da criança.
Referências Bibliográficas
Sandra Bueno
Os lábios das crianças amamentadas têm o tônus (força) ideal para que
permaneçam fechados em repouso, favorecendo a respiração nasal. Nas
crianças com lábios hipotônicos, a respiração é bucal e nota-se claramente
uma postura facial “caída”, com lábios entreabertos e língua protrusa.
O fato de a criança ter sido amamentada, e não ter usado chupeta nem
mamadeira, acarreta o desenvolvimento ideal da musculatura facial, dos
lábios, da língua e da respiração. Notem como é comum vermos crianças
com a boca sempre entreaberta. Muito provavelmente foi pelo uso de
chupeta, mamadeira ou pelo hábito de chupar o dedo. Pode até ter sido
amamentada, mas não da forma ideal: seis meses exclusivos e até dois
anos ou mais, sem uso de bicos artificiais.
Entre os problemas mais comuns associados à respiração bucal, está um
maior número de alergias respiratórias, resfriados e gripes, pois o luxo de
ar que entra pela boca não é iltrado nem aquecido, como acontece quando
passa pelas narinas. Outro problema são as adenoides que in lam (muitas
vezes por alergias) e acabam atrapalhando o sono e a alimentação, em
consequência da redução do espaço ísico do “assoalho nasal”: o palato ou
céu da boca torna-se mais estreito pelo uso contínuo de bicos arti iciais e
chupetas, ou pelo hábito de chupar o dedo.
Mesmo a crença de que o uso de mamadeira duas ou três vezes ao dia não
interfere na formação da arcada é falsa, e o uso de aparelhos que
literalmente racham o osso maxilar ao meio, a fim de aumentar o espaço do
“assoalho nasal”, é cada vez maior. Como a criança está em fase de
crescimento ósseo, é comum o tratamento falhar e se estender por até dez
anos, às vezes — o que, além de angustiante para a criança, é dispendioso
financeiramente para os pais.
Por outro lado, uma língua mal projetada é também um problema, pois,
além de participar na fonação, mastigação, deglutição e gustação, ela é sede
de diversas alterações patológicas. Hábitos disfuncionais linguais são
importantes na etiologia de algumas oclusões dentárias. Por ser a língua
um órgão essencialmente muscular, torna-se extremamente di ícil — e até
mesmo impossível, em alguns casos — fazê-la voltar ao normal.
Até mesmo bebês que não puderam ser amamentados devem receber
fórmulas lácteas com exclusividade até o sexto mês, pois essas suprem
suas necessidades nutricionais. Só não fornecem os fatores imunológicos
que o bebê estaria recebendo em aleitamento materno.
Antes de um ano, não se deve dar sucos cítricos (laranja, limão, abacaxi) ou
qualquer coisa ácida. Mesmo que os bebês gostem do sabor doce e o suco
seja bem fraquinho, pode provocar alergias. Outras comidas a evitar antes
de um ano: mel, clara de ovo (gema pode sem problemas) amendoim,
nozes, leite de vaca (somente fórmula infantil). Também é aconselhável
evitar trigo ou farinha de trigo antes dos nove meses, e o melhor é esperar
até um ano. Trigo é causa da maior parte de alergias em crianças. Isso
previne muitos problemas futuros.
Dra. Relva: Talvez o estresse dos primeiros dias, até que alguns bebês
aprendam a sugar satisfatoriamente, leve pessoas da família a insistir que
a mãe ofereça a mamadeira de imediato. Nesse caso, há alguns pontos a
considerar: diminuição da frequência ou efetividade da sucção, retardo da
produção ou redução do volume de leite, di iculdade que algumas crianças
têm de pegar o peito, caso tenham sido alimentadas nas primeiras horas
com mamadeira.
Quem conhece a sonda de relactação? Caso deseje oferecer leite arti icial
ao bebê por quaisquer motivos, não seria uma alternativa ideal para evitar
o uso da mamadeira? Uso a sonda como exemplo para mostrar que existe
falta de orientação adequada. Vemos pro issionais que não auxiliam a mãe
com a pega do bebê no seio, não recomendam o uso da bomba para
ordenhar o leite, mas com grande facilidade indicam a complementação.
Referências Bibliográficas
Deve-se iniciar a amamentação pelo seio menos sensível, pois o bebê suga
com mais força porque está com fome e, geralmente, essa força diminui ao
mamar no outro seio. Quando os mamilos tiverem melhorado, é importante
mudar de seio ao começar cada mamada. Isso conservará equilibrada a
produção de leite em ambas as glândulas mamárias. Quando os dois
mamilos estiverem sensíveis, recomenda-se começar sempre com o seio
que foi oferecido por último na mamada anterior.
É importante veri icar a posição que o bebê adota para mamar. A mãe
deve colocar quatro dedos debaixo do seio e o polegar por cima e,
suavemente, apertar o mamilo pressionando-o com o polegar e o dedo
indicador. Com a boca do bebê completamente aberta, ela deve colocar a
maior parte possível da aréola e mamilo no interior da mesma.
Pode-se alimentar o bebê a cada duas horas durante cinco a dez minutos
de cada vez até que os mamilos melhorem, e retornar à livre demanda
assim que sentir que não há mais sensibilidade. Para interromper a sucção
quando necessário, basta colocar o dedo mínimo dentro da boca da
criança.
Pode ser necessário utilizar uma bomba manual ou elétrica para extrair o
leite, caso não seja possível amamentar o bebê devido à sensibilidade e
irritação mamilar. A retirada artificial de leite é uma forma rápida e fácil de
esvaziar os seios e aumentar a produção de leite. O uso da bomba para os
seios dá tempo à mulher para que eles melhorem.
Maiores informações:
Sabemos, entretanto, que nem tudo o que é amargo é nocivo e nem tudo o
que é doce é saudável. O ilhote humano, como animal onívoro, precisa de
toda a variedade de alimentos, cada qual com seu gosto e suas
características nutritivas, para crescer e manter-se em boa saúde. Para
aprimorar sua natural sensibilidade gustativa, ele tem que ser introduzido
no mundo dos sabores, com os quais terá contato durante a vida inteira.
Esse processo começa em torno dos seis meses, prosseguindo
gradualmente nos meses sucessivos e não implica absolutamente no
desmame total. De fato, o leite materno continuará exercendo importante
papel em termos nutricionais para a criança, porém, sozinho, começa a não
ser mais suficiente.
Um bebê que está para duplicar o seu peso do nascimento precisa de mais
calorias e de alimentos ricos, por exemplo, em proteína e ferro. Além disso,
no segundo semestre de vida, o estômago e o intestino estão mais maduros
e sabem “lidar” melhor com certos alimentos que, nos primeiros meses,
podem apresentar-se como indigestos ou até mesmo causar distúrbios e
alergias. Como o mecanismo neuromuscular da face está bem
desenvolvido, o bebê é capaz de realizar outros movimentos além da
sucção.
Por último, o aspecto social: a criança está mais integrada com a realidade
ao seu redor, seu campo de visão é maior e ela começa a manifestar
grande desejo de exploração. Nada melhor que os alimentos, com seus
estímulos olfativos, visuais, táteis e, sobretudo, gustativos, para conduzir a
criança gentilmente ao mundo dos pais.
Para que a produção de leite não seja prejudicada com a redução dos
momentos de sucção, a mãe pode extrair o próprio leite e administrá-lo
conforme sua conveniência (congelar, doar). Com organização, a
amamentação pode prolongar-se por vários meses ou até anos, desde que
a criança tenha uma alimentação totalmente variada.
Ela declara neste capítulo: “Devo agradecer ao Dr. Winnicott por muitos
pontos esclarecedores sobre este assunto”.
“Ao mamar, a criança incorpora não apenas o alimento:
incorpora também o olhar, a voz e odor da mãe. Ela é
alimentada ao mesmo tempo pela boca, pelos ouvidos,
pelos olhos, pela pele, pelo nariz. É isso, ou seja, a
incorporação de outra coisa que não é alimento, que
permitirá à criança um desmame feliz, na medida em que
o seio pode ser substituído por outros objetos tais como a
voz, o fonema, o olhar. [...] Aos pouquinhos, o tempo em
que o bebê fica acordado depois da mamada vai
aumentando e ele procura prolongar os momentos de
relação. Dolto considera que se a mãe fala ao bebê depois
da mamada, pondo objetos na ponta de suas mãos e
nomeando os objetos, essa criança não terá necessidade
de chupar o polegar. É pelas palavras trocadas que os
objetos são simbolizados e que o seio poderá, em seguida,
ser rechaçado e substituído por outros objetos, tornando-
se objeto de inspiração nostálgica. [...] Dolto pensa que as
palavras vocalizadas são talvez objetos transicionais
sonoros que a criança guarda na memória no momento
de adormecer, antes que se tornem verdadeiras palavras.
As crianças que têm palavras suficientes não precisariam
de objetos transicionais, enquanto aquelas que não têm
palavras de amor e liberdade lúdica suficiente teriam
dificuldade para fazer passagem para a simbolização e
para a separação”.
Jovem Mãe Amamentando – Renoir (1841-1919)
Referências Bibliográficas
Dra. Relva
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
Dolto, F. Dialogando sobre crianças e adolescentes , Ed.
Papirus.
Por que não se aceita a vida
instintiva da criança?
Muitos pais modernos ainda acreditam nessas antigas iloso ias, treinando
seus ilhos amargamente, preparando-os para o pior, bem antes que
tenham sequer se ajustado à vida. Na verdade, a natureza sabe bem o que
pretende quando atribui instintos à criança. O comportamento caótico do
recém-nascido tem um propósito; qualquer coerção dos caminhos naturais
nos primeiros meses colocará em perigo os delicados mecanismos da
maturação, que permitem ao seu organismo respirar e viver. Se forçado
para uma direção contrária, o bebê encontra outros caminhos para
expressar e aliviar as tensões, desenvolvendo hábitos protetores que
podem distorcer seu desenvolvimento normal; tal como uma planta que é
retirada da luz e adota outros meios de satisfazer suas necessidades,
mesmo que tortuosos.
A maioria dos hábitos da infância que os pais não suportam (chupar dedo,
chorar à noite, inquietação, recusar dormir) são atividades úteis que ainda
não estão organizadas; por meio desses “maus hábitos”, os bebês obtêm
algo que é alguma necessidade vital, mesmo que pareçam inadequados.
São geralmente hábitos adquiridos de etapas anteriores do
desenvolvimento e que vêm a tornar-se meios necessários de proteção.
Referências Bibliográficas
Davy Bogomoletz
Dra. Relva
órgão do tato;
regulador térmico;
O ser humano é a única espécie que rejeita sua condição mamífera, com
apoio e até torcida dos circunstantes, familiares ou pro issionais da saúde.
E até de desconhecidos!
Para Freud, o contato dos lábios do bebê com o seio é a pedra fundamental
da sexualidade. Os sons e barulhinhos que a mãe emite ao bebê durante a
amamentação, bem como a manipulação, são identi icados prazerosamente
pelo bebê. Para Ortega y Gasset, “o toque e o contato determinam nossa
percepção e estruturação do mundo”. Segundo o Oxford Dictionary, “o
toque é o mais amplo dos sentidos, difuso em toda a pele, mais localizado
principalmente nos lábios e pontas dos dedos”. A criança acarinhada e
confortada pelos braços da mãe apresenta mais interesse e dorme melhor.
É pelo contato íntimo e o balanço da estimulação táctil que ela se estrutura.
Foi Holt (1916) com seu “Catecismo para uso das mães ” quem lançou a
ideia de que embalar a criança era um “vício”, um hábito que deveria ser
quebrado por ser “prejudicial”. Durante cerca de 50 anos, mães e
pediatras “modernos” deram im ao berço de balanço e se abstiveram de
pegar a criança mesmo se esgoelando de chorar, pelo receio de beijá-la e
acariciá-la. Estabeleceram-se normas rígidas sobre horários e treinamento
de toalete, com ins de preparar a criança para viver em sociedade e
“tornar-se independente”.
Se a criança chorasse à noite com fome, deveria esperar para não icar
“manhosa”, e as mães, mesmo com o coração apertado, resistiam
bravamente a seus “impulsos animais” e maternais. Não ousavam
enfrentar a palavra autorizada dos pediatras, pois eles “sabem o que
fazem”. Esse período é considerado a “Idade Média” da criação infantil,
com mães “modernas” recusando-se ao “sentimentalismo” e largando a
criança no berço, com medo da opinião de parentes, pediatras e amigos.
Quem não foi tocado adequadamente tem pouca orientação espacial, é mais
sujeito a síndrome do pânico e ataques de angústia. Um meio de retomar o
contato é buscar mãos amorosas que lhe devolvam as carícias maternas ou
seus substitutos, seja nos cabeleireiros, nos consultórios médicos ou em
massagistas, uma vez que a cultura cerceia e bloqueia as oportunidades de
toque, como se faz desde que a criança é impedida de receber embalo e
cuidados maternos.
Referências Bibliográficas
Ashley Montagu: Touching – The human Signi icance of Skin – 1978, 2nd
edition. No Brasil, há uma edição traduzida: TOCAR.
Native woman with baby – Library of Congress
Um bebê não existe sozinho; ele
existe com sua mãe - Winnicott
O “método canguru”
Economia
Para saber mais: v. Tese de Mestrado da Dra. Olga Penalva Vieira da Silva,
sobre “Mãe Canguru”.
Os dez passos do método canguru
2. A mãe pode comer e passear com o bebê. Quando ela for tomar banho
ou usar o banheiro, o bebê pode ser colocado na cama. Nesse
momento, lembrar-se de ligar o aquecedor do quarto.
7. Quando o bebê for colocado na cama, não deve ficar diretamente sobre
o colchão; use um travesseiro ou cobertor dobrado, para que ele
fique elevado, “quase sentado”. Depois de mamar, o bebê deve ficar
deitado de lado apoiado em um rolinho ou travesseiro para não se
virar, isto evita que ele se engasgue quando “golfar”’.
Gabriela Hughes
Frederick Leboyer
A shantala, que tem origem na Índia, é uma massagem com uma técnica
simples, mas de extrema profundidade e que é passada oralmente de mãe
para ilha sem nenhum curso, estudo ou textos escritos. Ela foi trazida ao
ocidente pelo médico francês Frederic Leboyer, em 1976, com seu livro
Shantala Massagem para bebês: uma arte tradicional . Na verdade, essa
massagem não recebe um nome especí ico na Índia e foi nomeada Shantala
pelo próprio Dr. Leboyer, depois de aprender e fotografar a técnica numa
favela de Calcutá com uma moça cujo nome era Shantala. No Brasil, ela
chegou ao inal da década de 70, mas o livro de Leboyer só teve tradução
para o português em 1986, que foi quando surgiu um maior interesse
nessa arte milenar.
A mãe é a mais indicada, mas a shantala pode ser feita pelo pai, pelos
familiares ou irmãos mais velhos. Para o bebê, nada é mais importante do
que a conexão com os pais. Suas mãos amorosas são insubstituíveis.
É preciso observar o melhor horário para o bebê, pois ele não deve estar
com fome nem sono, nem sentindo frio ou calor. O melhor horário deve ser
também o melhor horário para a mãe ou quem for fazer a massagem, pois
deve ser um momento de relaxamento, tranquilidade, felicidade e nunca
uma obrigação. O adulto deve estar tranquilo, feliz, bem-disposto. Mais do
que uma simples massagem, é uma troca de energia.
Tipo de óleo: usar óleo vegetal, pois será absorvido pela pele do bebê, que
provavelmente levará as mãos à boca. Daí a recomendação de que seja um
óleo natural e puro, sem aditivos químicos ou perfumes. Na Índia, costuma-
se usar óleo de semente de mostarda no verão e óleo de amêndoas no
inverno. Aqui no Brasil podemos utilizar óleos como o de camomila ou de
coco no verão e de amêndoas no inverno. O óleo de amêndoas ajuda a
manter a pele aquecida.
Criando laços
Para um bebê, ser tocado é tão importante quanto ouvir a voz da mãe. Ao
fazer da shantala um ritual diário que pode ser feito até duas vezes por dia
(de manhã e ao entardecer), mãe e bebê se concentram e criam um
momento de total conexão. Os laços aumentam e se solidi icam. Ele saberá
o que esperar e será capaz de relaxar e se deixar levar pelas mãos da mãe,
que terão a cada nova sessão, mais destreza ao aplicar a massagem. O
toque é vital ao desenvolvimento ísico e cognitivo, é relaxante, aumenta a
autocon iança, ajuda a regular os padrões de sono do bebê e aumenta a
imunidade.
Para um bebê, ser tocado é tão importante quanto ouvir a voz da
mãe.
O valor da massagem
Para o bebê:
Para a mãe:
E esse pânico pode levar a um desastre total se durar muito tempo. É para
evitar que as coisas cheguem a esse ponto que uma criança, sentindo-se
ameaçada por alguma razão (ausência não muito prolongada da mãe, um
grande susto de qualquer tipo, e assim por diante) adota algo: um objeto
qualquer que, ao ser investido de qualidades mágicas, ‘garante’ que ainda
temos superpoderes e que a proteção da mamãe ainda funciona.
O signi icado de que o bebê investe esse objeto é o de que ele tem vida
própria, isto é, de que não é exatamente uma ‘coisa’. O OT ‘garante’ ao
bebê que seu controle onipotente sobre o mundo continua funcionando. A
mamãe protege o bebê, claro. E quando a mamãe não está? Nesses
momentos o bebê tem que acreditar que a mamãe continua protegendo-o,
apesar de não estar. Essa crença, obviamente, é algo da ordem da
onipotência. Portanto, é um delírio. Mas a alternativa, para o bebê, é
insuportável: sem esse ‘delírio’ ele se sentirá absolutamente desamparado,
e não existe nada pior que isso na vida humana. Então, pela ‘proteção’ que
o OT proporciona, podemos entender por que ele é tão importante para a
criança pequena.
Essa é uma queixa constante das mães aos pediatras. Também é assunto
de comparações entre familiares e mães que competem entre si. Certa vez
ouvi do pediatra do meu ilho: “Você com certeza irá ouvir muito que o
ilho do fulano dorme a noite inteira desde que nasceu, ou que a ilha do
sicrano come super bem. Se der importância a esse tipo de comentário
icará desanimada, porque na minha experiência como pai e pediatra,
descobri que todas as crianças dormem a noite inteira e não dão trabalho
para comer, menos as minhas!”
Saí do consultório naquele dia mais tranquila. Sabia que meu ilho não era
o único a não dormir “a noite inteira”. Mas também sabia que alguma coisa
havia de errado na minha relação com ele. Eu estava passando por uma
depressão pós-parto e era resistente a tomar medicamentos. Estava no
meu limite. Pela relação de simbiose entre mãe e ilho, consequentemente
meu bebê também estava tão mal quanto eu. Algo precisava ser feito.
Munida de textos e livros sobre o sono dos bebês, descobri que eles não
nascem “sabendo adormecer” sozinhos. Concluí que eu precisava parar e
respirar fundo e começar a traçar uma rotina para que eu e meu ilho
conseguíssemos um merecido descanso.
Quando o bebê nasce, ele é lançado no nada do seu existir, isto é, embora
ele já exista como pessoa, um sentido de ser e de existência no mundo
ainda não foi estabelecido. Por suas necessidades isiológicas e as
condições “su icientemente boas” do cuidado e provisão ambiental
(maternagem, segundo Winnicott), o bebê consegue situar-se. A
estabilidade e a monotonia do ambiente, proporcionadas pelos cuidados
maternos repetidos de forma invariável, serão de fundamental importância
para que o bebê adquira con iança no ambiente a ele proporcionado. Mais
tarde, a rotina estabelecida também será essencial para que ele perceba a
diferença de andamento das horas, a possibilidade de estar e sentir o
transcorrer do tempo, dando origem a um sentido de tempo integral. Em
suma, o bebê acostuma-se a um padrão de acontecimentos diários que lhe
possibilitará perceber, por exemplo, que antes de mamar vem o banho e
depois de mamar vem o sono.
Referências Bibliográficas
O forte desejo dos bebês humanos de dormir junto de suas mães tem sua
base em nossa história evolutiva. No estágio em que nossa espécie se
ocupava da caça, os bebês eram extremamente vulneráveis a predadores e
ao clima frio, especialmente à noite. Outro aspecto é que, para um animal, o
sono é um momento de perigo, por conseguinte, nossos genes nos impelem
a mantermo-nos despertos quando nos sentimos ameaçados e a
adormecer apenas quando nos sentimos seguros. Muitas pessoas têm
di iculdade em dormir em hotéis, ou porque “estranham a cama”, ou pela
falta de companheiro/a, ou pela presença de desconhecidos.
Somente nos últimos 150 anos, com o surgimento de casas com vários
compartimentos, é que se começou a separar os bebês e colocá-los para
dormir longe dos seus pais. As crianças das sociedades tecnológicas têm
sido mais separadas de suas mães do que em qualquer época anterior na
história da nossa espécie. Mais e mais nascimentos passaram a acontecer
em hospitais, e os berçários nos hospitais foram inventados para proteger
as crianças de infecções, isolando-as de contato. Desde o nascimento,
esperava-se que os bebês dormissem sozinhos, longe de suas mães. O
declínio da amamentação, promovido pelas empresas produtoras de leites
arti iciais, também contribuiu para acentuar a separação entre mães e
bebês. O resultado de todas estas in luências é que, por volta de 1950,
pouquíssimos bebês nas nações industrializadas ocidentais dormiam com
suas mães.
The Three Ages of Woman – Gustav Klimt (1862-1918)
Reflexões antropológicas
Esse estímulo durante a noite foi sugerido como uma possível proteção
contra a síndrome da morte súbita infantil (SIDS). Estudos comparativos
entre várias culturas mostraram que nas culturas em que os bebês são
levados ao colo regularmente e em que as mães dormem com as crianças,
a média de incidência de SIDS é mais baixa comparada às médias das
culturas em que estas práticas não são seguidas (observação: as pesquisas
não indicam que dormir sozinho causa SIDS, mas sugerem que o bebê
dormir com a mãe pode ser um fator de proteção contra SIDS. Além da
regulação da respiração e possível proteção contra SIDS, o contato ísico do
bebê com os pais pode ajudar no equilíbrio de outros sistemas corporais
do bebê.)
Quando a criança está no útero, ela está isicamente conectada à mãe pelo
cordão umbilical. O líquido amniótico e as fortes paredes do útero
promovem estimulação tátil. A criança sente essa conexão ísica. Quando o
bebê nasce, a conexão ísica será elaborada durante o tempo que ele irá
passar sendo carregado, embora a maioria dos bebês na sociedade
ocidental passe tempo signi icativo separada de seus pais. O bebê que
dorme em uma cama sozinho à noite ou durante os cochilos diurnos, e que
também ica muito tempo no balanço, bebê-conforto, moisés e outros
aparelhos projetados para segurá-lo, em lugar do colo, pode sentir enorme
frustração e ansiedade, pois estava acostumado à conexão ísica com a mãe
e ainda não tem o desenvolvimento cognitivo para lidar com essas
situações.
É fácil veri icar que a maioria dos pais na sociedade ocidental considera
certo que o bebê durma no berço desde o início, pois esse conceito está
impregnado em nossa cultura. Porém, críticas a quem pratica ou não
pratica a cama compartilhada não deveriam ser bem vindas, pois cada
família vive situação distinta e praticar ou não a cama familiar não é
medida de criação melhor.
É importante frisar que o arranjo certo para sua família pode não ser a
cama familiar. Existem muitos fatores a serem considerados como:
expectativas, calma e capacidade de estabelecer rotinas confortáveis para
os pais, além de tamanho e conforto das camas.
Fica quentinho.
1. William, Robert, James e Martha Sears, The baby sleep book. Little
Brown and Company, Time Warner Book Group (2005).
retirar uma das grades, de modo que o bebê fica em seu canto,
Uma solução é retirar uma das grades, de modo que o bebê ica em seu
canto, contíguo com a cama do casal e todo mundo dorme bem. Mas a
questão é daquelas que causam discussões, sem se chegar a um consenso,
por medo de contato e intimidade com o bebê.
Nos últimos dias, meu bebê (nove meses) se vira todo e só dorme de
bruços. Se eu vou desvirá-lo, ele chora. Será que não faz mal dormir de
bruços? Pode ser besteira de mãe, mas tenho medo que ele se sufoque.
Atualmente é consenso: bebês não devem dormir de bruços, visto que essa
posição está relacionada com morte súbita do lactente no berço. Nos países
em que as mães foram orientadas a colocar os bebês para dormir de
costas, o índice de morte súbita caiu consideravelmente.
Meire Gomes
O que fazer?
Dra. Relva
“Por que a criança tem di iculdade em pegar no sono? Por que é preciso
fazê-la dormir, se dormir é um ato natural, isiológico? Adormecer crianças
supõe que elas não adormecem sozinhas e que há um desejo adulto para o
sono infantil”. (*) A criança tem medo do escuro e do abandono. E busca o
olhar e o calor da mãe. Que mãe? Que bebê? É um bebê que “não existe”
sozinho, ele só existe junto-com-a-mãe, em estado de dependência.
A mãe que se identi ica estreitamente com o ilho em seus primeiros meses
e que se adapta às suas necessidades é chamada por Winnicott de “mãe
su icientemente boa”. O ambiente também deve ser como a mãe -
“su icientemente bom” - para o desenvolvimento ísico e psíquico da
criança, cujas tendências inatas, ajudadas por “essa mãe” e “esse
ambiente” levarão à emergência de seu eu verdadeiro. Essa mãe é capaz
de oferecer ao ilho o handling, pelo toque carinhoso ao amamentar ou
trocar as fraldas, e o holding, que compreende o amparo, proteção e o
cuidado corporal e emocional.
Referências Bibliográficas
Estadão 07.10.2012
“O acalanto acontece mais à noite,
em tom delicado,
sussurrante.”
Recorte da obra Apresentação do Menino, Andrea Mantega (1431-1506)
CAPÍTULO 4 – CUIDADOS COM A CRIANÇA
Cuidados com o coto umbilical
Deve ser mantido limpo e seco. Dobre a fralda na parte abaixo do coto (ou
use fraldas especiais para recém-nascido que já vêm com uma abertura
para o coto), de modo que ique exposto ao ar e não à urina. Quando o coto
cair, você pode perceber um pouco de sangue na fralda, o que é normal.
No calor, deixe seu bebê somente de fralda e camiseta larga, para que o ar
circule e acelere a secagem do coto. Evite macacões até que o coto caia.
Nunca tente puxar o coto, mesmo que pareça estar pendurado por um fio.
Dra. Relva
É por isso que, quando os movimentos de um bebê são tolhidos por luvas e
macacões constritores para impedir a sucção dos dedos – há reações de
pânico como se a respiração estivesse faltando. É evidente que a livre
movimentação dos músculos é necessária para a saúde e bem-estar do
bebê.
4° – Direito ao sono
Nos primeiros três meses, o bebê não tem o sono regularizado nem tem
noção de dia e noite, como os adultos. Isso faz parte do projeto evolutivo:
quanto menos dormir, mais será cuidado. Enquanto isso, as funções
internas se organizam.
A presença paterna, mesmo que somente por meia hora pela manhã e/ou
à noite contribui imensamente para o bem-estar da criança e reduz o
apego exagerado à mãe, estabelecendo o papel de terceira pessoa da
relação exclusiva, que pode se tornar regressiva. Esse cuidado começa
desde o acompanhamento obstétrico e continua com o pai ajudando a
cuidar do bebê. O vínculo entre seus pais fortalece o tônus emocional dos
bebês. Crianças tristonhas, ou com retardo motor ou da fala se bene iciam
muito com a presença do pai e em poder brincar com ele.
A partir dos seis meses, quando está mais apto a sentar-se e buscar
objetos, ele tolera melhor breves períodos sozinho, sem se sentir
abandonado, bem como aprende a ligar-se a outras figuras da casa.
Desconhecendo isso, mesmo mães preparadas não se dão conta das fases
emocionais do bebê. Geralmente, ela tem que voltar ao trabalho no 3º/4º
mês, sem ter tomado providências sobre sua substituta – seja a mãe uma
doméstica, uma artista ou uma executiva.
As crises de birra não podem ser vistas simplesmente como “gênio forte”;
são manifestações de hiperextensão, necessárias ao estabelecimento do
tônus muscular, que vai permitir ao bebê sentar e andar. Isso ica evidente
quando esperneia, sinalizando que os músculos querem agir.
Outro dos primeiros medos é o medo do escuro, que o priva de ver a mãe e
do estímulo positivo que a luz oferece. O escuro aumenta o sentimento de
solidão. Ele se assusta até com seus barulhos corporais.
Referências Bibliográficas
Ribble, M. The Rights of Infants, New York: Columbia Univer Press, 1943.
A importância da mão para o bebê
Referências Bibliográficas
Dra. Relva
Só o fato de colocar a criança no penico várias vezes por dia, mesmo que
ela urine lá de vez em quando, não signi ica que já é desfralde. Se ela não
estiver pronta para segurar a urina caso esteja longe do penico, também
não está pronta. Aí ica aquilo que a gente vê na rua: o menino fazendo xixi
na grama porque não aguenta esperar até chegar ao banheiro. E a mãe
orgulhosa que ele não usa mais fralda!
1. A criança diz “sim” com frequência, não fica só dizendo “não” a tudo o
que é falado com ela;
O controle motor da criança, desde que ela nasce, começa pela cabeça
(podem reparar que ela primeiro consegue levantar a cabecinha quando
está de bruços, antes de qualquer outra coisa) e vai descendo até alcançar
por último os membros inferiores (pernas) o que ocorre por volta de 1
ano, ocasião em que a criança começa a andar. Somente depois que ela
controlar bem os membros inferiores (por isso o descer e subir escadas
sozinhas, ou então conseguir pular com os dois pezinhos juntos) é que ela
começa a conseguir controlar os es íncteres. Primeiro ocorre com o
controle da vontade de defecar e depois do es íncter urinário... e então ela
começa a conseguir controlar o cocô e o xixi.
Em um livro da Françoise Dolto, relata-se que uma mãe com vários ilhos
tentou o desfralde de maneiras diferentes com todos eles, “incentivando-
os” a deixar as fraldas. Aí, com a última ilha ela não usou método nenhum,
deixou que a menina desfraldasse quando bem quisesse, sem forçar a
barra. A menina desfraldou no mesmo tempo que os irmãos, mas com a
diferença de que não houve estresse algum. Conclusão da autora: a criança
se desfralda sozinha na hora que estiver pronta, não importando a
“torcida” para que isso ocorra.
Uma coisa que as pessoas esquecem: maus hábitos começam na infância.
Não é à toa que existem pessoas que icam horas no vaso, precisam ler
jornal, só ‘fazem’ se for em casa, têm constipação sempre que viajam...
Quem não conhece alguém assim? Então, se parece uma vantagem
momentânea que a criança desfralde antes de dois anos, quais serão as
consequências para o resto de sua vida? A “vantagem momentânea” é paga
depois com juros e correção: intestino preso e /ou encoprese (fazer cocô
na roupa).
Segundo Melanie Klein, a criança retém as fezes ao ver que sua “obra” é
uma coisa sem valor e que deve “desaparecer” no vaso. Então, passa a
‘negociar’ esse regalo, concedendo-o ou negando-o à mãe. Os ‘avarentos’,
dotados de ‘caráter anal’, encontrariam sublimação como agiotas,
banqueiros, ministros da fazenda. Ou colecionadores.
Para o “expert” Dr. Michel Cohen, o treinamento deve ser natural, sem
pressões, sem pressa, sem estresse com as recaídas. Uma dica preciosa:
não humilhar a criança.
Xixi na cama
Criar uma rotina em casa também pode ajudar em outro problema comum:
o xixi na cama. “Isso é mais frequente em meninos, pois eles demoram
mais para adquirir o controle da bexiga do que as meninas”, explicou a
pediatra. Para ajudar a prevenir a chamada enurese noturna, recomenda-
se diminuir a quantidade de líquidos no período da noite, ‘do jantar para
frente’, e levar a criança para fazer xixi antes de dormir. E quando os pais
forem dormir, devem acordar a criança e levá-la para fazer xixi de novo”.
Dra. Relva
Referências bibliográficas
Comentários da comunidade
Fonte: ABRINQ
Cat on a Yellow Pillow, Franz Marc (1880-1916)
Como proteger o bebê enquanto ele
explora o ambiente
Nesta idade eles até entendem o não, mas não resistem, não conseguem
conter-se, pois precisam pegar os objetos para aprender. É mexendo nas
coisas, jogando-as no chão e vendo como elas funcionam, que eles
aprendem e se desenvolvem, enquanto crescem.
Adriana Partimpim
Saltos de desenvolvimento
Picos de crescimento
Nascimento de dentes
Ansiedade de separação
Outras mudanças
Outras mudanças na rotina tais como nascimento de irmãozinho, retorno
da mãe ao trabalho, viagens, doenças, separação dos pais, saltos de
crescimento, podem interferir no sono da criança. É preciso, além de muita
paciência, oferecer segurança à criança para que gradualmente a rotina
possa ser restabelecida.
Feche a tampa do vaso sanitário e a porta dos banheiros. Não deixe baldes
com água ao alcance das crianças. Jamais deixe a criança sozinha na
banheira ou perto de balde com água. Se estiver perto de piscina, vista-lhe
colete in lável; não con ie em boias nem em pedir a ‘alguém’ pra tomar
conta da criança. Basta um segundo de descuido e...
www.utilidadepublica.inf.br/2012/03/22/guia-basico-primeiros-socorros-em-
criancas/
Prevenção de quedas e traumas
cranianos
Não permita que seu filho faça uso de trampolins, a menos que
sejam corretamente supervisionados.
salvavidas.
distração e...
revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI257452-15230,00.html
Odete Souza
Banho de sol para evitar o
raquitismo
Cristiane Viana
Fique com ele/ela pelo menos uma hora por dia, para conversar,
desenhar e pintar, assim ele vai extravasando sentimentos;
Leve-o para ver o céu à noite e escolher uma estrela bem grande
para ele e uma pequenininha para o irmãozinho!
Peça-lhe para cantar, diga que ele canta bem, dê-lhe uma
guitarra de brinquedo, sempre peça pra ele cantar pra você,
elogie-o bastante;
Outra dica preciosa: Dizer a cada filho – “você é o bebê mais lindo
e mais querido da mamãe”. Naquele momento, aquele é o filho
mais lindo e mais querido da mamãe;
Diga que vai precisar da sua ajuda, que ele poderá lavar os
pezinhos do bebê no banho ou pegar a fralda na hora de trocar
(parece que não, mas vai ser de grande ajuda!);
Sempre diga que o bebê vai amar o irmãozinho, pois ele é mais
forte e muito mais sabido, e que o neném vai levar muito tempo
para ficar tão esperto quanto ele;
Ensine uma música para que ele cantar com o bebê ainda na
barriga e/ou depois que o bebê nascer. Deixe-o participar das
conversas, mesmo que pareça não ser de seu interesse;
Não diga coisas negativas do tipo “Puxa, acho que terei muito
trabalho” “Não sei se fulaninho vai ter ciúmes”, na verdade certos
assuntos servem mais para estimular o subconsciente da criança;
Deixe que o filho mais velho pegue o irmão no colo pelo menos
uma vez por dia, e explique que isso só pode ser feito quando
você está por perto;
Uma dica ótima que vem do Canadá, pela Flávia Oliveira Mandic: levar o
bebê à escolinha do mais velho para a turma conhecê-lo e ‘ajudar’ a criá-lo.
Lembre-se de que logo, logo, o bebê estará grandinho e aí não será
possível ‘consertar’ o estrago. Não impeça esse vínculo tão lindo, mesmo
difícil!
Dra. Relva
José tinha dez irmãos e a mania de sonhar: “Eis que sonhei que o sol, a lua
e onze estrelas inclinavam-se ante mim”. O sonho causou profunda inveja
nos irmãos, que o venderam como escravo ao Egito. Lá, ele tornou-se
Ministro da Fazenda e Conselheiro do Faraó, fazendo previsões sobre
pragas de gafanhotos e vacas magras. Acabou rico, pela sabedoria e
prudência. Os irmãos choraram a traição de tê-lo vendido: “Nós, na
verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a
angústia da sua alma e não o quisemos atender”. José acabou perdoando-
os, voltando com eles à terra natal. O tema foi atualizado por Thomas Mann
no romance José e seus irmãos.
Um filme japonês de Kore Eda – Ninguém pode saber - mostra o mais velho
cuidando dos irmãos, abandonados que foram pelo pai. A mãe consegue
um local para eles, mas lá não se admite que morem famílias grandes. Os
ilhos chegam escondidos em malas e não podem sair, para não serem
descobertos. Após algum tempo a mãe também resolve deixá-los. Akira, de
12 anos, assume a tarefa de cuidar da casa e dos irmãos. É uma réplica da
história de João e Maria, os irmãozinhos abandonados na floresta.
Referências Bibliográficas
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1677-11682007000200006&script=scj_arttext acessado
em 01.01.2012
Existe a função fraterna? Maria Rita Kehl - Função fraterna. Rio de Janeiro:
Relume Dumará, 2000.
Irmãos sem rivalidade: o que fazer quando seus ilhos brigam, Adele Faber
& Elaine Mazlish / Editora Summus, SP, 2009
Conta o drama de Clara, 6 anos, que acredita ter perdido o amor dos pais
por conta do nascimento do irmãozinho. Seu único amigo é o urso de
pelúcia Afonso. Ela sente tanto ciúmes do bebê que começa a torcer para
que ele não exista mais. No entanto, quando o pequeno ica doente, a
menina logo se arrepende da ideia.
Criando irmãos felizes e amigos (Jan Parker & Stimpson, editora Best Seller,
2008)
Liana Lara
Nesses casos, a transição para o novo estado civil dos pais deve excluir o
menor de toda e qualquer manifestação de rancor, crítica ou comentários
depreciativos de qualquer um dos pais, na presença ou perto da criança.
Apesar da tenra idade, a compreensão está a todo vapor; gestos e
movimentos corporais são poderosos recursos de linguagem e
comunicação nessa fase.
Não adianta falar que existe amizade quando a conversa é em voz alta e
carregada de ameaças. O compromisso com a verdade é necessário o todo
tempo. Não se deve prometer à criança coisas impossíveis de cumprir,
mesmo que seu desejo de que os pais não se separem esteja sendo
obviamente contrariado.
Lembre-se que ao ceder em algum ponto você não estará sendo humilhado
(a) ou desprezado (a) e sim evitando que seus ilhos se sintam
abandonados ou desamparados por seus pais. E conquistarão, com isso,
paz de espírito, respeito e racionalidade para administrar a nova vida.
O casal que se separa com respeito e honra aos votos que um dia
pronunciou mutuamente, poderá estar em crise, mas terá uma separação
menos sofrida. Se a expressão “até que a morte os separe” não é mais
realidade para o casal, lembre-se que para a família é. Preserve, então, a
família, aumente o respeito, ame seus filhos e viva feliz.
Proteja seu filho!
Dra. Relva
2. DA TV: ela pode ser sua aliada, mas não deve ficar no quarto, onde a
criança fique assistindo sozinha, imersa acriticamente em temas
que não lhe são adequados, assimilando atitudes e comportamentos
que lhe causarão prejuízo. E que, principalmente, alteram sua visão
do mundo, com monstros e figuras esquisitas, príncipes e princesas
sedutores que nada acrescentam a seu imaginário. Além do mais, a
TV exacerba o consumismo infantil e contribui para a erotização
precoce. As sociedades de pediatria recomendam que se adie a
exposição à TV pelo menos para após os dois anos de idade.
Dra. Relva
Recomendações:
Referência Bibliográfica
Meire Gomes
Confesso que até hoje nunca tive problemas com a alimentação do meu
filho, excetuando-se – claro - em época de nascimento de dentes ou doença.
Mas percebo que sou uma afortunada. Ou talvez tenha aprendido a lidar
melhor com isso em decorrência do que aprendi pesquisando sobre o sono
e, consequentemente, sobre o universo infantil e sua delicada relação com
os pais.
Referências Bibliográficas
A falta de apetite pode ser causada por alguma doença e como regra geral,
a maioria das doenças agudas acompanha-se desse sintoma. A anemia e a
infecção urinária, por exemplo, podem ter como único sintoma a falta de
apetite, porém no geral, esta é uma das principais queixas não
relacionadas à doença relatada pelos pais e responsáveis.
Fisiológica
Fisiológica signi ica normal, isso mesmo, a falta de apetite pode fazer parte
do desenvolvimento da criança. A criança passa por períodos que
chamamos de estirão, onde há maior velocidade de crescimento e menor
ganho relativo de peso e passa por períodos de repleção, nos quais ica
mais “cheinha” e ganha menos estatura. Por volta dos 6-7 meses de idade,
aquele bebê que aceitava tudo, passa a “dar trabalho” para comer. Nessa
fase, rompem os dentes e a velocidade de crescimento e ganho de peso cai
um pouco. Por volta dos 10 meses, o bebê volta a comer melhor e quando
começa a andar, é apresentado a um mundo cheio de novidades para
explorar e é natural que se “esqueça” um pouco de comer. E assim
continuam as “fases”. Algumas crianças têm peculiaridades: não têm
apetite pela manhã, comem quase nada no almoço, lancham mais de uma
vez durante a tarde, jantam bem e ainda pedem leite durante a noite.
Outras crianças comem pouco em todas as refeições, outras
caracteristicamente pulam uma refeição. Outras fases comuns: a fase do
ovo, a fase do macarrão instantâneo, a fase do arroz de leite, a fase do
feijão preto — eles elegem uma comida e a exigem todos os dias. Ainda
temos um outro padrão: a criança que alterna a fome, passa uns dias
comendo bem e outros comendo mal.
Comportamental
Essa causa de falta de apetite não relacionada à doença é familiar. A
atitude dos pais perante a alimentação da criança produz a recusa
alimentar. É um problema complexo e muitas vezes necessitamos de apoio
psicológico. É di ícil para a mãe ver seu ilho recusando a alimentação, o
que leva ao início de uma “guerra” na hora da refeição — refeições são
ofertadas à força, o que gera um sentimento negativo na criança, que
relaciona a refeição a algo ruim. Sendo assim, a fase de recusa não passa e
sim se perpetua, nascendo assim um ciclo estressante para toda a família
— a mãe insiste em calcular como insu iciente o alimento recebido e o
problema piora ainda mais. A grande maioria dessas crianças ganha peso e
tem estatura normal, prova que estão comendo o que precisam, mas não o
que as mães acreditam ou querem que precisem. No geral colocam muita
comida no prato e oferecem refeições com intervalos muito curtos. Uma
variação de falta de apetite comportamental é relativamente frequente: a
criança percebe o quanto é importante para a mãe que ela se alimente
bem e passa a usar a recusa como forma de chamar a atenção. É por isso
que outras pessoas, como babás e avós, conseguem alimentar bem a
criança, que também come melhor na escolinha. Elas usam desse arti ício
inconscientemente, como uma forma de punir as mães pela ausência
durante as horas destinadas ao trabalho ou como uma forma de obter mais
carinho e atenção.
O que fazer?
Problemas a corrigir
a) Relativos às mães, pais e avós: aprender um pouco mais com a própria
criança, respeitando seus limites e aceitando as “fases” com
naturalidade e paciência, desde que a criança cresça e não mostre
deficiências como anemia e outras carências alimentares. A família
precisa, junto ao pediatra, buscar a origem do comportamento e
encontrar as falhas para prevenir a perpetuação do fisiológico e
contribuir com a reeducação alimentar prescrita. Muitas crianças
precisam literalmente passar fome e até perder algum peso para
que a reeducação aconteça. Lanchinhos fora de hora e mamadeiras
durante o sono e a madrugada, além de comidas liquidificadas são
os maiores problemas.
Reeducação Alimentar
Após 1 aninho de idade, entram os lanches mais variados. Os iogurtes,
leites achocolatados, biscoitos recheados e outros devem ser restritos ao
horário de um dos lanches e sempre que possível devemos evitar que
sejam ofertados com frequência. Filhos de pais de classes sociais mais
desfavorecidas raramente têm falta de apetite — isso provavelmente se
deve ao fato de sofrerem fome, o que produz o entendimento precoce do
real valor da comida. Felizmente nossas crianças não sofrem de falta de
comida, o que lhes dá o “luxo” de recusarem alimentação, dada a certeza
de obtê-la tão logo desejem. Nesse ponto, a fome é algo que nos ajuda a
reeducar a alimentação dos pré-escolares.
Vamos lá:
a) Evitar substituir refeições não aceitas por leite ou vitaminas: “pule” a
refeição. “Mas Doutora, vou deixar a criança com fome?”. Sim, com
um pouco de fome, que deve aparecer de verdade somente uma ou
duas horas depois. No início, a criança pode até recusar a segunda
refeição também, mas com o condicionamento, ela vai perceber que
a mãe não vai ceder, que não haverá mamadeira e ela ficará com
fome se não aceitar o almoço.
Lembrete: Muitas crianças têm pouco apetite pela manhã e isso não
deve ser motivo de conflito à mesa.
Salada de frutas;
Iogurte;
Leite gelificado;
Pudim;
Meire Gomes
A motivação para uma dieta vegetariana pode ser religiosa, ilosó ica (11),
uma forma de protesto contra a matança de animais (7), simplesmente uma
questão de paladar ou de saúde. Em alguns países a motivação é
econômica. Há pessoas que se sentem mais dispostas quando excluem
determinados itens de sua dieta, e entre esses itens, as carnes podem fazer
parte. A irmações de que pessoas que comem carne são mais agressivas
ou que pessoas vegetarianas são mais pací icas não têm respaldo cientí ico.
No geral, pessoas vegetarianas têm um comportamento “light”, não
necessariamente ligado à dieta, mas provavelmente ao seu estilo de vida. A
mesma a irmação cabe para pesquisas que mostram que crianças
vegetarianas têm QI superior(9), mas a análise metodológica desses estudos
não nos parece mostrar validade na conclusão. Não há elementos que
levem à conclusão satisfatória de que exista diferença entre o QI de
crianças sem desnutrição por tipo de dieta(12). Não julgamos interessante
uma família que não tem hábito vegetariano querer impor ao ilho uma
dieta vegetariana.
Sim, e uma criança com dieta onívora também pode se manter saudável,
desde que ambas sejam equilibradas, sem de iciência de vitaminas e
outros elementos (como ferro e zinco). O estímulo ao aleitamento materno
é fundamental para qualquer criança, assim como as medidas de higiene, o
estímulo ao desenvolvimento, o afeto da família e os cuidados preventivos
de saúde, como as vacinas. Não é só a dieta a responsável por uma infância
feliz e saudável(8).
Algumas referências:
(1)
www.eatright.org/cps/rde/xchg/ada/hs. xsl/home_4635_ENU_HTML.htm
(2)
www.eatright.org/cps/rde/xchg/ada/hs. xsl/nutrition_8053_ENU_HTML.htm
(3)
www.eatright.org/cps/rde/xchg/ada/hs.xsl/home_4051_ENU_HTML.htm
(4)
www.centrovegetariano.org/index.php?article_id=342
( 5 )
Manual of Pediatric Nutrition, 4th edition —American Academy of
Pediatrics
(6)
Adolescent Vegetarians: How Well Do Their Dietary Patterns Meet the
Healthy People 2010 Objectives? Perry CL, McGuire MT, Neumark-
Sztainer D, Story M. Arch Pediatr Adolesc Med. 2002;156:431–437
(7)
The vision of vegetarianism and peace: Rabbi Kook on the ethical
treatment of animals History of the Human Sciences 2004 17: 69-101
(8)
American Journal of Clinical Nutrition, Vol. 78, No. 1, 3-6, July 2003
(9)
BMJ 2007; 334:216-217
(10)
Canadian Medical Association Journal, Vol 156, Issue 10 1454-1455
(11)
Amato, PR, Partridge SA. The new vegetarians: Promoting Health and
Protecting Life. New York, 1989.
(12)
Dwyer JT, Miller LG, Arduino NL, et al. Mental age and I.Q. of
predominantly vegetarian children. J Am Dietet Assoc
(13)
www.scielo.br/pdf/rbepid/v9n1/11.pdf
4.1 Livros
4.2 Internet
www.vegetarianos.com.br/receitas.htm
www.vegetarianismo.com.br/
www.livrodereceitas.com/vegetarianas/index.html
br.geocities.com/vv_receitas/index.htm
www.vidyayoga.org/vegetarianismo/receitas/
Desencane com a comida
Andréa Voute
Por um motivo ou outro, muitas crianças continuam sem comer até o início
da adolescência. Então, quando o lento crescimento dos anos anteriores se
transforma na espichada, os moleques sentem um apetite insaciável e para
espanto e alegria de suas mães assaltam a geladeira e metem tudo o que
encontram dentro de um sanduíche.
Outros tópicos com textos traduzidos (créditos Flavia Mandic, Bel Kock e
Fernanda Mainier):
www.orkut.com.br!CommMsgs.aspx?cmm=1651309&tid=2597352077504017733
www.orkut.com.br!CommMsgs.aspx?cmm=1651309&tid=2594142828548322629&
Amamentação à la carte
www.orkut.com.br!CommMsgs.aspx?cmm=1651309&tid=2597120933101565253&
Introdução de Sólidos
www.orkut.com.br!CommMsgs.aspx?cmm=1651309&tid=5208126348896830905&
www.orkut.com.br!CommMsgs.aspx?cmm=1651309&tid=5209224314336380345&
www.orkut.com.br!CommMsgs.aspx?cmm=1651309&tid=5217731016757151161
www.orkut.com.br!CommMsgs.aspx?cmm=52101&tid=5236949144275846585
O ovo é inocente
Dra. Relva
De uns tempos para cá, todo mundo deu para se preocupar com o
“colesterol”, sem ao menos saber do que se trata. O colesterol é substância
essencial ao funcionamento do organismo, já que é componente precursor
dos hormônios e sem ele não haveria regulação do metabolismo nem
caracteres sexuais. A mania de alimentos “corretos” é um transtorno
obsessivo-compulsivo chamado “ortorexia”: a pessoa não só não come
qualquer coisa como ainda fica de olho no que você come.
Claro que é importante saber o que se come e para quê, mas há tendências
e modismos que não contemplam todos os fatores envolvidos. No quesito
alimentos x cardiopatias, o grande vilão é o sal (cloreto de sódio), que eleva
os níveis da pressão arterial, mas pouca gente tem para com ele o devido
cuidado. Só recentemente o Ministério da Saúde passou a veicular essa
observação para o público. O antídoto do sal (sódio) é o potássio,
encontrado nos vegetais, principalmente nas frutas. Fala-se muito em
vitaminas, radicais livres etc., mas o potássio fica esquecido.
Panelinha - receitas que funcionam , da Chef Rita Lobo, Editora Senac, 2010
www.panelinha.com.br.
Dra. Relva
o pedigree do mel
na campina é o céu...
(Emily Dickinson)
Diz Rubem Alves: “Pessoas há que, para ter experiências místicas, fazem
longas peregrinações para lugares onde, segundo relatos de outros, algum
anjo ou ser do outro mundo apareceu. Quando quero ter experiências
místicas, eu vou à feira. Cebolas, tomates, pimentões, uvas, caquis e
bananas me assombram mais que anjos azuis e espíritos luminosos.
Criaturas encantadas. Seres de um outro mundo. Interrompem a mesmice
do cotidiano. Pimentões brilhantes, lisos, vermelhos, amarelos e verdes.
Ainda hei de decorar uma árvore de Natal com pimentões”.
1. Pelo menos até os seis meses, ofereça ao bebê apenas leite materno. O
leite materno dispensa qualquer outro tipo de alimento, inclusive
água, sucos e chás.
2. A partir dos seis meses, você pode introduzir outros alimentos na dieta
do bebê, de forma lenta e gradual. Mas não abandone a
amamentação: ela é fundamental até os dois anos de idade.
3. Se for necessário intercalar a amamentação com outros alimentos, a
partir dos seis meses, faça opção por cereais, tubérculos, carnes,
frutas e legumes. Eles podem ser oferecidos três vezes ao dia, nos
intervalos da amamentação.
4. A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os
horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma
a respeitar o apetite da criança.
5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e
oferecida com colher. No início, a consistência deve ser pastosa, no
formato de papas ou purês.
6. Depois dos dois anos, ofereça à criança diferentes alimentos ao dia. Uma
alimentação variada é uma alimentação colorida.
7. Estimule o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
8. Evite açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e
outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Use sal com
moderação.
9. Cuide da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garanta
armazenamento e conservação adequados.
10. Estimule a criança a se alimentar, mesmo quando ela estiver doente.
Ofereça o cardápio habitual e seus alimentos preferidos,
respeitando a sua aceitação.
Ministério da Saúde
Alessandra C. Xavier
Não teve jeito. A creche foi a única saída. No primeiro momento, a mãe
desespera-se, chora, às vezes não dorme – tamanha é sua ansiedade. Mas
não há necessidade de um drama tão sério. Veremos ao longo do capítulo,
que esse lugar tão “impessoal” não é tão ruim assim.
2 anos, Maternal;
3 anos, Jardim 1;
4 anos, Jardim 2;
5 anos, Jardim 3;
Auxiliar de enfermagem;
Auxiliares de turma;
Cozinheira/Lactarista;
Nutricionista;
Pediatra (opcional);
Psicólogo (opcional);
Recreadora;
Não acredite que o tempo, por si só, dará jeito na situação. Não
haveria sentido em existir a educação.
www.escolamundoverde.com.br
Brincadeira de roda – Hans Thoma (1839–1924)
Background
Todas as crianças passam pela fase das mordidas. Estima-se que 10-15%
de crianças de um a três anos de idade tenham uma grande tendência a
morderem. As principais razões identificadas para tal comportamento são:
Maneiras de prevenir
Nosso plano
reforçar aos pais da criança que morde que ela precisa de mais
atenção em casa;
presença constante de uma professora a distância média, nem
muito perto (a criança perceberia que algo está estranho), nem
muito longe, em turnos, para não cansar;
Dra. Relva
1- ele é um ser separado da mãe e vai ter que se virar nos trinta com essa
notícia.
2- o mundo não nasceu com ele, existe desde sempre, com regras
próprias, comandos, gritos e enquadramento por parte dos adultos,
sem paciência com a ‘lerdeza’ da criança e sua falta de
entendimento de como as coisas funcionam.
Referências Bibligráficas
Ela enfatiza que a criança que não recebeu maternagem adequada torna-
se uma pessoa em estado de necessidade permanente, o que explica as
adições no adulto (álcool, café, cigarro, guloseimas, jogos). Na criança
desvinculada, o que se observa é a exigência desmedida por brinquedos
que, claro, jamais a satisfazem. Inicialmente, ela pode até ser ‘comprada’
com objetos, roupas e brinquedos, mas sua carência é ‘outra’: amor,
aceitação, colo. Quando não se faz essa leitura, do lado da criança cresce a
carência e, do lado dos pais, a irritação.
Referências Bibligráficas
Essas e outras atitudes das crianças demonstram que elas observam tudo
o que se passa ao seu redor, e tentam imitar as atividades dos adultos e
das crianças mais velhas. Com essa simples atitude lúdica, as crianças já
constroem uma série de ideias sobre a inalidade das mais diversas coisas,
inclusive sobre a leitura e escrita.
Além disso, as crianças não aprendem apenas junto àquelas que estão no
mesmo nível de aprendizagem. Pelo contrário, é a diversidade uma das
principais forças propulsoras do desenvolvimento humano. Se uma criança
tem a oportunidade de estudar com colegas mais capazes do que ela, terá
muito a aprender com eles. Se uma criança tem a oportunidade de estudar
com colegas menos capazes do que ela, terá a oportunidade de ensiná-los.
Não é a homogeneidade que promove a aprendizagem. É a
heterogeneidade e a cooperação que garantem o nosso contínuo
crescimento.
Mesmo que as crianças ainda não saibam ler, é desejável que o professor
leia em voz alta para toda a classe e promova conversas acerca daquilo
que foi lido. Ou selecionar algumas palavras-chave de um texto, que sejam
significativas dentro do seu contexto e ensiná-las à turma.
Mesmo que os alunos ainda não saibam escrever, podem produzir textos
oralmente, ditando-os para o professor, que faz o papel de escriba. É de
extrema importância que o professor solicite aos alunos que façam
produções escritas de seu modo peculiar, a im de observar e
compreender as hipóteses deles sobre a língua escrita.
Todos podem e devem aprender a ler e escrever; basta que para isso
tenham acesso aos usos sociais da escrita. Aqueles que têm acesso a livros,
revistas, jornais, anúncios classi icados, listas telefônicas e qualquer outro
tipo de escrita poderão ser plenamente alfabetizados. Basta que tenham
acesso a escolas de boa qualidade, que possam promover todos esses usos
da língua escrita. Cabe às escolas de nosso país executar esse aprendizado.
E cabe aos nossos governantes prover as escolas dos recursos necessários
para fazê-lo com sucesso. Aos estudantes e suas famílias cabe apenas o
desejo de aprender, e este já é inerente a todos nós, seres humanos.
Referências Bibliográficas
Ferreiro, Emília; Teberosky, Ana. A psicogênese da língua escrita. Porto
Alegre: Artes Médicas. 1995.
Para aprender, ler é mais importante do que escrever
O professor é o agente
Da nossa população.
Na questão da violência,
Dra. Relva
e sumir”…
Rita Lee
Sem falar que a criança vai para a escola cada vez mais cedo e tem mil e
uma atividades extracurriculares. Entra e sai do transporte escolar, corre
riscos o tempo todo, ica estressada e mal tem tempo para uma conversa
sossegada com os pais. Busca-se febrilmente a aquisição de conteúdos,
para o melhor desempenho. É input/output. O que se almeja é uma criança
de resultados. Que o bebê aprenda a ler cedo e receba lições de uma
segunda língua. A criançada entra no corredor psicopedagógico, cujas
metas, para o educador Lauro de Oliveira Lima, são: “pastorear a criança
permanentemente; mantê-la em estado fetal passivo; dopá-la pela
transmissão de conceitos e pré-conceitos dos adultos e transmitir-lhe
informações pré-programadas, tirando-lhe a capacidade de pensar”. O
produto apreciado são alunos lineares, unidimensionais, disciplinados, sem
ousadia nem imaginação.
Dra. Relva
Para Aziz Ab’ Saber, autor de O sonho restaurado , “uma noite profunda
caiu sobre nossos tempos: já não conhecemos nenhum valor que não passe
pelas quantidades e pelo dinheiro”. Karol Woytila a irmava que só há um
remédio para a família: que todos se tornem servidores uns dos outros e
de cada um. No caso do bullying escolar, falta-nos a percepção de que
qualquer um dos “outros” (alunos) poderia ser ilho nosso. Preferimos
encastelar-nos no conforto de nossas casas e de nossos carros, já que se
trata de “um outro qualquer”. Depois, vamos marchar pela paz nas ruas e
praças. Pais, mestres, todos: inquietemo-nos de não nos inquietar, como
dizia Santo Inácio de Loyola.
Só provoca violência,
Bullying: mentes perigosas nas escolas. Ana Beatriz Barbosa Silva, Editora
Fontanar, 2010.
Morango Sardento , de Julianne Moore, Ed. Cosac Naify, 2010. O livro foi
escrito pela famosa atriz e se baseia em sua infância. Conta a história de
uma menininha sardenta e ruiva que sofria bullying na escola por ser
diferente. É um livro bonito, bem ilustrado.
Bullying – Vamos sair dessa? Miriam Portela, Ed. Noovha America, 2009.
Trata o assunto de maneira clara, entremeando o tema com cenas de
icção. Bom subsídio para professores e educadores, de leitura fácil. Pode
também ser usado para adolescentes, possibilitando um bom
esclarecimento sobre bullying.
Ela disse, Ele disse. de Thalita Rebouças, Rocco Jovens Leitores. 2010. O livro
é de leitura agradável para adolescentes.
Lilás, uma menina diferente – de Mary Whitcomb, Cosac Naify, 2003. Lilás é
uma menina nova na escola, com hábitos muito diferentes e que é olhada
com resistência pelos colegas devido às suas esquisitices. Ela demonstra
grande capacidade de resiliência e acaba sendo aceita pelo grupo. Muito
bom para crianças da Educação Infantil e primeiros anos do Ensino
Fundamental.
Grande é a bondade,
a alegria e as danças
São as crianças.
Fernando Pessoa
Primeiro de maio, Kate Greenaway (1846-1901)
A importância da ‘libras’ para a
criança surda
Quando uma criança nasce, os pais têm a expectativa de que ela seja
perfeita. Muitas mães reparam nas mãozinhas e pezinhos antes mesmo de
olhar o rosto do bebê. Atualmente, os recém-nascidos fazem o exame do
pezinho e, mais recentemente, o do olhinho e da orelhinha, que detectam
se a criança tem problemas de visão e na audição já nos primeiros dias de
vida. Este texto tem o intuito de informar sobre o desenvolvimento da
comunicação da criança surda.
Isso afeta diretamente os pais que descobrem que seu ilho é surdo. Logo
que o resultado dá positivo icam perdidos e a primeira alternativa que
encontram é questionar o pediatra sobre o que pode ser feito. Como lidar
com aquele neném para que ele seja “normal”? E uma das primeiras
alternativas levantadas é o implante coclear, o “Milagre da Tecnologia”.
Muitas vezes ele pode resolver o assunto. Mas existem limitações. Nem
toda surdez pode ser resolvida com implante e é aí que mora o perigo.
Caso a cirurgia seja realizada, ela é irreversível. E existe esperança para os
surdos que não fazem o implante.
Há 20 anos, era complicado obter informações sobre como lidar com uma
criança surda. Muitas escolas especiais proibiam o uso da Língua de Sinais,
e forçavam a oralização (ensinar o surdo a falar). Essas crianças
cresceram, algumas conseguem se comunicar bem, porém outras sentem
di iculdades. Muitos relatos de surdos seguem o mesmo tema: no dia em
que descobriram a Libras, sentiram-se libertados. E não é para menos, pois
a oralização pode limitar a comunicação e muitos surdos podem não ter
noção de signi icantes e signi icados. Pense em explicar para um surdo o
que significam os conceitos abstratos, como nunca, sempre, qualquer etc.
o contexto.
Desenho retirado do site de surdos: profsurdogoulao.blogspot.com/2008/09/dia-nacional-do-
surdo.html
Para Bruno, é importante que todas as crianças surdas saibam Libras,
inclusive as que izeram o implante coclear, pois esta é a língua própria
deles e pode facilitar muito a vida de quem depende principalmente do
visual. O português é ensinado como uma segunda língua, assim como
aprendemos línguas estrangeiras. O surdo, tendo noção de signi icados,
sente mais facilidade na aquisição da língua nacional.
Bruno também alerta que os pais devem pesquisar sobre o tema, procurar
informações fora dos consultórios médicos, pois estes só conhecem uma
parte da questão e deixam muitas informações importantes de lado.
Atualmente, existem vários locais para se obter mais informações sobre
surdez e Libras, como a FENEIS – Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos ( www.feneis.com.br). Os cursos de LIBRAS estão
espalhados por todo o Brasil, sites na internet, comunidades nas Redes
Sociais e também o velho e bom livro, como o de Ronice Muller de Quadros,
“Educação de Surdos – a aquisição da linguagem” que explica como se dá o
processo de Piaget no bebê surdo.
Luiz Geremias
Que tal pensar sobre uma característica comportamental que tem sido
encarada, ao longo do tempo, quase como uma de iciência? Trata-se de
uma forma de ser que é tratada pelos familiares no mesmo plano das
doenças infantis. Não faz parte do Código Internacional de Doenças, porém,
em inúmeras oportunidades, é combatida com a mesma determinação com
que se costuma combater uma doença. Se não traz o estigma ísico, é
definida como uma deficiência no plano psicológico.
Nunca é demais lembrar que a criança tímida pensa, sente e intui, antes de
ser tímida. Basta ler-lhe os olhos, ultrapassando-os com sua licença. É
preciso respeitá-la com suas semelhanças e diferenças e primar pelo
acolhimento, sem rótulos, sem cognomes, sem comparações. A inal, ela está
em busca de si mesma.
Tarde de Domingo na Ilha da Grande Jatte – Georges Seurat (1859-1891)
Timidez x falso self x crianças brilhantes demais
Dizem que toda mãe é especial. Traz dentro de si uma beleza e um brilho
que outro ser humano não consegue demonstrar. Essa luz transborda num
piscar de olhos, num sorriso ou abraço fraterno. No beijo de boa noite, na
preparação da merenda ou do lanche.
Hoje quero falar de outras mães. Essas são mais que especiais. Conseguem
ver a beleza no rosto diferente do seu ilho, num corpo mal formado. Nas
crianças que são belas, mas que não falam, não andam ou não enxergam.
Falo das mães que, por nove meses, carregam o seu bebê e imaginam que
o futuro dele será promissor. Criam expectativas, traçam metas para seu
filho que será um vitorioso. Terá um grande futuro.
Estou aqui citando mães que atravessam a cidade, pegando mais de uma
condução, com seu ilho no colo, para que ele tenha atendimento de
minutos, às vezes. Atendimentos feitos durante muitas semanas, meses ou
anos, para que as crianças especiais consigam fazer o que as outras fazem
normalmente. Afeto, toque, luzes coloridas, sons e brinquedos de encaixe
tornam-se artigos de primeira necessidade para esses bebês.
Tenho uma ilha portadora de uma síndrome rara, que alia epilepsia e
autismo. Minha ilha tem a idade mental de um bebê. Passei por todas as
fases ao descobrir a doença dela aos seis meses: culpa e medo; eu, vítima
do destino.
Quando descobri que minha ilha era especial, depois do luto, arregacei as
mangas e pus-me a tentar recuperar os meses perdidos. Diziam que ela
não iria caminhar. Hoje, graças aos anos de tratamento, ela corre, pula
janela, sobe em grades.
Falavam que ela poderia icar vegetativa, pois tinha hipotonia total dos
músculos, uma linda bonequinha de pano que não sustentava a cabeça. De
equoterapia à hidroterapia, ela fez de tudo, diariamente. E esses
atendimentos foram maravilhosos para o seu desenvolvimento.
Tracei metas para minha ilha, que foram se modi icando ao longo do
caminho. Queria que ela fosse uma pessoa normal, queria que falasse, que
aprendesse a ler. Hoje, considero minhas expectativas alcançadas, pois a
única coisa que eu queria era que minha ilha fosse feliz. E ela é tão feliz! E
afetiva, alegre, sempre pronta para dar um abraço apertado.
Quando se vive em sociedade, seja lá qual for, vive-se sob o jugo dos
valores e imposições da mesma. Assim, temos ou deixamos de ter ilhos
in luenciados pela valorização ou depreciação que a sociedade faz em
relação à maternidade.
Muitos indivíduos amam ser pais e mães e desempenham esse papel com
carinho e equilíbrio. Porém, muitas mulheres e homens ingressam na
aventura de ser pai ou mãe não por vocação de doar existência, assistência
e amor a outro ser, mas por cobrança social. Essa exigência, muitas vezes, é
tão sutil, tão enraizada culturalmente (pela educação ou pela religião), que
é reproduzida sem que se perceba.
Segundo Nietzsche:
Fecho com as palavras de Nietzsche: “Eu quero que a tua vitória e a tua
liberdade suspirem por um ilho. Deves erigir monumento vivente à tua
vitória e à tua libertação. Deves construir qualquer coisa que te seja
superior”. [...] Primeiro que tudo, porém, é necessário que te hajas
construído a ti mesmo, de corpo e de alma. Não deves só reproduzir-te,
mas exceder-te (...). Deves criar um corpo superior, um primeiro
movimento, uma roda que gire sobre si; deves criar um criador. (Assim
falou Zaratustra, p. 65).
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que
se chama simplesmente vida. E, ao entardecer, quando
elas repousam nos braços da tua cadeira predileta, uma
luz parece vir de dentro delas...
Mário Quintana
Música de pais para filhos...
Pai
Fábio Jr.
Pai
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz
Pai
Pode crer, eu tô bem, eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer
Pai
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você
Pai
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco, a tua voz tá tão presa
Nos ensina esse jogo da vida
Onde vida só paga pra ver
Pai
Me perdoa essa insegurança
É que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos seus braços você fez segredo
Nos seus passos você foi mais eu, eu, eu
Pai
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
E pedir pra você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Pai
Você foi meu herói, meu bandido
Hoje é mais, muito mais que um amigo
Nem você, nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Dica de leitura
Dez bons conselhos de meu pai, João Ubaldo Ribeiro, Ed. Objetiva.
vidadepai.blogosfera.uol.com.br
Gato – Giuseppe Arcimboldo (1527-1593)
CAPÍTULO 8 – FANTASIA E REALIDADE
Fantasia e realidade infantil: uma
vivência importante
Érica Maldonado
A fábula já era cultivada entre assírios e babilônios, mas foi o grego Esopo
quem consagrou o gênero. La Fontaine foi outro grande fabulista, que
imprimiu à fábula grande refinamento.
(...)
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês
O salto do tigre é rápido
Como um raio, mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o leão dá
Maia e a boneca – Pablo Picasso (1881-1973)
A realidade é retratada em “Os bichinhos e o homem” quando, após a
descrição da vida dos insetos, os compositores inalizam a canção com uma
re lexão sobre a fragilidade do homem diante da morte. Essa fragilidade é
acentuada pela melodia, que varia sua frequência [1], direcionando-se para
o grave e rallentando[2] a velocidade ao falar sobre o “jantar” dos bichinhos,
assumindo novamente o caráter lúdico presente nas canções pela
aceleração do ritmo no final:
Ninguém podia
Entrar nela, não
Porque na casa
Não tinha chão
[1]
Notas musicais.
[2]
Rallentando: palavra utilizada no decorrer da música para indicar diminuição da velocidade. O
termo, em italiano, é sempre abreviado da seguinte forma: rall.
Assim, ica pertinente estabelecer relações entre as canções e a ação do
símbolo. Segundo Jung, ambas despertam emoções e evocam ideias
complexas, que dão margem a signi icação variada. As músicas da Arca de
Noé fazem parte de um repertório de símbolos que propiciam uma soma
de sensações no ouvinte, tornando-as disponíveis à consciência.
Vale lembrar que nossa vida, com seus problemas diários, angústias,
problemas inanceiros, não precisam ser vivenciados na realidade pelas
crianças. Elas devem vivenciar experiências fantasiosas, que as ajudarão a
enfrentar os problemas quando adultas.
Referências Bibliográficas
Ibid., passim.
Lilika Sommer
Vale a pena esquecer às vezes de ser tão adulto. Vale a pena voltar a ser
criança.
Miriam Ramoniga[1]
Num breve relato compartilho com alegria minha experiência como mãe do
Sammer[2] e da Manoela[3], criaturas maravilhosas. Eles são dotados de uma
curiosidade natural, têm facilidade para aprender tudo que lhes é
ensinado com carinho, paciência e persistência.
Embalar meus ilhos, cantar com eles, cantar para eles, passear juntos de
mãos dadas, de bicicleta, de carro, sempre falando e/ou cantando são
atitudes lindas e importantes para seu aprendizado. Falar cantando é uma
ótima estratégia para que aconteça o aprendizado dos pequenos, seja qual
for o tema. Foi assim que tive o privilégio de ouvir meus ilhos falarem,
cantarem e inventarem as próprias letras e melodias, sobre os sons que
escutavam, as cores que viam e tudo o que sentiam.
Meu ilho, agora moço, foi preparado para viver, amar e encantar. E a
pequenina, minha ilhinha, é incansável em aprender sobre as coisas do
mundo. Na companhia do irmão, nada passa despercebido aos seus
olhinhos e ouvidos atentos. Logo que começou a “falar” compreendia
perfeitamente o sentido das coisas.
A fase silábica, (pa= papai; ma= mamãe; bo= bola; mi=milho), ocorreu aos
sete meses, a evolução de seu desenvolvimento foi registrada em seu
diário e em pequenos vídeos caseiros, para mostrar ao papai, à vovó e
rever quando sentirmos saudade.
Por volta dos dez meses, falava palavras com duas sílabas, por exemplo: foi
(embora); viu; Ana (nome da boneca); Banei (Barney- personagem de
desenho animado); Booo (personagem de desenho animado), o mais
engraçadinho nessa época foi “bazé” (banzé), o nome do cachorro, que latia
muito, num apartamento no prédio do outro lado da rua.
[1]
Mãe 24 horas, Advogada, Coautora do livro: A Abelha Zunita, o qual teve a participação especial
da Manoela, publicado pela Ed. Conceito, em setembro de 2007. Balneário Camboriú – SC
[2]
Sammer Suleiman Ramoniga Othman, dezessete anos.
[3]
Manoela Ramoniga Furtado, três anos.
[4]
Misturava as cores da massinha de modelar e dos lápis aquarelados, que são ótimos para pintar
e depois passar o pincel; descobriu também que se misturar tudo, fica um cinza ou marrom.
Como isso é possível? Pura expressão de amar!
Cada vez mais encantada por tudo de que nossos filhos são capazes,
continuo na jornada diária de ensinar e de aprender, pois acredito que
tudo o que somos aprendemos na infância. Então vamos ensinar nossos
filhos, para que cresçam cantando. Boa sorte, saúde e paz!
Borboletinha
Borboletinha tá na cozinha
Fazendo chocolate para a madrinha
Poti, Poti, Perna de pau
Olho de vidro, Nariz de pica-pau
Pau pau
O sapo
O Sapo cururu
mora na beira do rio
o sapo não lava o pé 2 x
não lava por não quer
o sapo tem chulé
Jacaré Poiô
Para Laura Gutman, “todas as crianças são índigo, não somente os ilhos de
quem pratica yoga ou meditação transcendental. Todas as crianças são
dotadas de sensibilidade, capacidade de fusão com mundos sutis, conexão
com estados alterados de consciência, contato com mundos preternaturais
e com a ‘sombra’ inconsciente.
Claudia Rodrigues
Uma menina de 13 anos pode levar seis meses para entender que não
gosta mais de brincar de bonecas. Ela as penteia, muda de lugar, nem
passa por sua cabeça doá-las, mas não compreende porque não acha mais
graça em fazer aquilo que vem fazendo desde que se conhece por gente.
Ela pode fugir para o computador, tomar um sorvete com a turma e até já
sair à noite, mas vai viver necessariamente a transição da criança para a
moça no próprio corpo; experiência que não deve ser menosprezada, pois
não é feita só de vantagens, de um lindo mundo romântico de “namoricos”.
Amadurecer sempre dói em qualquer idade, mas na adolescência, talvez
pela consciência recente disso, que na infância não existia, aliada à
inexperiência em ser adulto, é um processo desestabilizante em termos
emocionais e sociais.
Os adultos, com suas vidas atribuladas, podem estar vivendo uma distância
entre si e as reais necessidades dos adolescentes. Essa distância pode ser
tão grande a ponto de impedir qualquer contato: não há trocas, o ilho não
mostra aos pais os melhores vídeos que catou no Youtube, pois ele pensa
que não achariam a menor graça mesmo. Aos poucos, o almoço e o jantar
em família vão desaparecendo, pais e ilhos viram estranhos dentro de
casa. Os adultos passam a ver os adolescentes como marmanjos que terão
que sustentar por muito tempo ainda; os filhos, por sua vez, começam a ver
os genitores como inimigos íntimos, algozes que soltam ou seguram uma
“graninha” para se livrarem de suas presenças ou para impedirem a
diversão com a turma.
Dicas de leitura
A SOLIDÃO É NECESSÁRIA
O isolamento relativo e sereno é necessário, não significa
‘um gelo’ do adolescente aos pais. Há solidões
regeneradoras, tanto para adultos quanto para crianças,
segundo F. Dolto.
Flowers – Wassily Kandinsky (1866-1944)
Família, Fernando Botero (1932-)
CAPÍTULO 9 – OBESIDADE INFANTIL
Obesidade infantojuvenil: carga
pesada
Dra. Relva
Durante muito e muito tempo, o homem tinha que caçar seu alimento longe
de suas redondezas. Quando aprendeu as artes agrícolas, plantava os
grãos, que eram zelosamente guardados para os períodos de escassez. Seu
alimento e o de sua família eram obtidos com muito esforço ísico, o que
concorria para sua saúde. Nos tempos de hoje, pelo contrário, os alimentos
nos são oferecidos já embalados, pasteurizados, enriquecidos com sais
minerais e vitaminas. Só temos o trabalho de buscá-los no supermercado e
icar mastigando-os enquanto vemos TV, que nos oferece mais alimentos
dançando à nossa frente, coloridos, convidativos, irresistíveis.
P.S.: A vingança dos ‘fo inhos’ será maligna: quando os pais estiverem idosos,
eles lhes proibirão todo tipo de comidas gostosas, de olho na pressão alta e no
colesterol...
Referências Bibliográficas
Importante:
Abordagens psicoterápicas:
2. Psicodrama familiar, jogos e role playing para famílias com alto nível de
conflito, ou grande distanciamento entre os membros, mas
depositando todas as neuroses no obeso; famílias muito rígidas que
receiam qualquer mudança no esquema familiar; famílias
superprotetoras, que usam a comida como objeto intermediário de
comunicação e apelo dramático. De um jeito ou de outro, importa a
conscientização das partes envolvidas.
Já existem até spas para crianças! Elas vão crescer com essa neurose de
emagrecer, sendo que algumas mudanças em casa fariam com que elas
emagrecessem naturalmente e não apenas em um fim de semana.
tentar de novo: alguns pais dizem que seu filho não gosta de
brócolis ou couve-flor, mas algumas vezes a aceitação requer
mais de uma tentativa; ou parar de insistir por uns tempos; ou
encontrar um sucedâneo mais palatável;
Por outro lado, se o bebê com mais de seis meses precisa ganhar peso, não
há necessidade de recorrer ao açúcar ou a alimentos que o contenham
para aumentar a ingestão calórica diária: escolha alimentos que agreguem
calorias de alimentos integrais à refeição, e em menor volume. Facilitar o
consumo de açúcar é um péssimo hábito alimentar, sem falar que ele
favorece o aparecimento de cáries.
Referências Bibliográficas
EU!
Kneeling breast feeding mother – Paula Modersohn-Becker (1876-1907)
CAPÍTULO 10 – PAPEL SOCIAL DA PEDIATRIA
Papel social da pediatria
Dra. Relva
Dra. Relva
inadequadas ou exageradas.
Primeiro direito
Todo ser humano tem direito à atenção médica nos serviços de saúde
mantidos pelo governo federal, estadual e municipal, e na ausência destes
serviços governamentais, em caso de urgência/emergência, em qualquer
serviço de saúde existente.
Segundo direito
Terceiro direito
Quarto direito
Todo ser humano tem direito a ter acesso às informações que lhe
permitam assumir a responsabilidade por sua própria vida e das pessoas
sob sua responsabilidade.
Quinto direito
Sexto direito
Sétimo direito
Oitavo direito
Nono direito
Décimo direito
Dra. Relva
O que eu quero dizer com isso? Que algumas mães, em vez de estabelecer
um vínculo forte com o ilho, procuram delegar a especialistas os cuidados
que dependem mais de sua “maternagem” do que de exames. Que a
criança precisa brincar mais ao ar livre para ter saúde. Que existe hoje
uma chance enorme de tratamentos desnecessários por falta de interação
com as reais necessidades internas e corporais da criança. Diagnósticos e
exames com nomes elaborados são mais sedutores que medidas
preventivas. Um simples vômito não é doença: a mãe poderia hidratar a
criança em casa em vez de ficar em filas, piorando a desidratação.
É comum que as mães queiram fazer ‘exames de rotina’, sem saber se são
realmente necessários; as medidas de proteção contra acidentes são mil
vezes mais necessárias do que fazer exames em crianças.
Referência Bibliográfica
Em crianças que tomam ‘café simples’ com açúcar pela manhã, sem outro
alimento mais ‘forte’, pode surgir dor de cabeça no meio da manhã e
di iculdade de compreender a lição. Se acontecer desmaio, a conduta
imediata deve ser: oferecer água ou suco de laranja com açúcar, ou um
pedaço de chocolate, como medida de emergência. Se a criança estiver
torporosa, evitar oferecer qualquer alimento. Caso o desmaio tenha sido
provocado por calor direto ou falta de ventilação, levar a criança para a
sombra, em local arejado, oferecer-lhe um picolé ou água gelada, molhar
seus pés e mãos, tirar-lhe a camiseta. Crianças diabéticas, com crises
frequentes de hipoglicemia, requerem medidas especiais, indicadas por
seus pediatras. Em caso de desmaio ou de crise convulsiva, telefonar aos
pais imediatamente, os quais deverão procurar um pediatra. É importante
também que a escola seja avisada de algum problema prévio de saúde da
criança.
Conduta para crises alérgicas na
escola
Para ataques alérgicos agudos (ana ilaxia), a escola deve estar preparada
com pessoal e material de socorro urgente; além de estar atenta a
episódios de bullying, por parte de colegas, a alunos alérgicos.
Quando ela participa das redes sociais, seu intuito é falar do bebê, ouvir as
companheiras que têm ilhos, receber estímulo e dicas para seguir
amamentando. Na “Pediatria Radical”, que completou sete anos em março
de 2012, ela fala de tudo: de si mesma, de sua família, de suas expectativas,
de suas dúvidas e vivências. Importante relembrar: a comunidade não
pretende, nem poderia – jamais – substituir a relação mãe-bebê-pediatra
ou com outro profissional de saúde.
A mãe sempre foi o polo passivo no âmbito dos serviços de saúde, públicos
ou privados. Tanto que é chamada de ‘mãezinha’. Nas redes sociais, ela
exerce o famoso ‘empoderamento’, ao colocar-se como sujeito de sua vida,
de sua saúde e de seus ilhos. Nos fóruns e blogs, ela manifesta-se
livremente, dá e recebe aconselhamento, troca receitas de comidinhas, fala
de questões domésticas e do trabalho. Nossa comunidade não tem
conotação acadêmica; é ponto de encontro.
ROSE MALLET
atendimento!
Papel da família na promoção da
saúde
4. atraso no diagnóstico;
6. diagnóstico equivocado;
7. alarme falso.
Referências Bibliográficas
O discurso competente
Convulsão Desnutridos
2 A 12 meses: 50 rpm
Tiragem subcostal
Estridor em repouso
Nutrição
2. Aleitamento materno
Educação
FONTE: Bedregal, Paula G., Margozini, Paula M., Molina, M. Hélia – OPAS –
Revisão sistemática sobre custo/e icácia das intervenções biopsicossociais na
infancia. Salud Familiar y Comunitária.– Chile 2002.
Saúde em verso e prosa
felizmente a solução
chegou de vento em popa
retirando das pessoas
aquela medida louca
de furar as veias à toa
ao invés de usar a boca.
os sais da reidratação
em pacotinhos contidos
só nos postos de saúde
são eles adquiridos
também na farmácia escola
poderão ser conseguidos
um pacotinho dos sais
é a quantidade medida
para um litro de água pura
mineral ou bem fervida
junte os dois e está pronta
o soro que salva a vida.”
Dra. Relva
Para produzir respostas especí icas para cada ‘antígeno’, é que são usadas
as ‘vacinas’, aplicadas durante a infância e outras fases da vida. Na
infância, o organismo ainda não dispõe de seu repertório imunológico, o
qual se vai desenvolvendo à medida que cada organismo entra em contato
com vírus e bactérias do meio ambiente ou das vacinas, o Brasil tem um
programa de vacinação bem avançado, não só quanto à variedade de
vacinas, mas quanto à cobertura alcançada pelas unidades básicas de
saúde e pelas campanhas, que proporcionam alta proteção coletiva. A
imunidade amadurece progressivamente, estando quase completa pelos 4
anos de idade, o que mostra que os ‘remédios para imunidade’ só servem
para ‘dar tempo ao tempo’...
Sol (que confere vitamina D), ar livre, quartos e salas arejadas e sem
carpetes, e ÁGUA para beber regularmente. Brincar em ambiente afetivo e
acolhedor é uma necessidade básica de toda criança. Estabelecer o hábito
de lavar as mãos para toda a escolinha, ao chegar da rua e entre cuidar de
uma criança e outra. Ou seja, medidas simples e exequíveis por qualquer
pessoa, mas muito IMPORTANTES! A higienização das mãos é considerada
a medida de maior impacto e comprovada e icácia na prevenção das
infecções, uma vez que impede a transmissão cruzada de microrganismos.
Estudos mostram que uma maior adesão às práticas de higienização das
mãos está associada à redução nas taxas das infecções em serviços de
saúde. Embora seja uma ação simples, o não cumprimento dessa prática
pelos pro issionais de saúde ainda é considerado um desa io no controle
de infecção dos serviços de saúde.
Convulsão febril
Dra. Relva
Corticoide local melhora a infeção, como se pode veri icar com o uso da
mometasona nasal. A combinação soro + mometasona é excelente, pois,
além de tudo, reduz o tamanho das adenoides. O teste ‘prick’ é
extremamente útil e deixa o paciente satisfeito em fazer ‘alguma coisa’.
Imunoterapia subcutânea dá os mesmos resultados que o corticoide nasal,
mas pode ajudar na prevenção da asma. A grande questão nas alergias é:
como lidar com a poluição global?”
http://medicinasemsegredo.blogspot.com/2009/09/sinusites.html
3. analgésicos habituais;
Dica de leitura
Cuidando dos ouvidos, nariz e garganta das crianças , de Tania Sih e Ricardo
Godinho, Editora Oirã, 2009.
Para a saúde da mamãe: Xô,
osteoporose!
Distúrbios endócrinos
Gastroplastia
Com o atual alerta quanto aos efeitos danosos dos raios solares sobre a
pele, que levou ao uso intensivo de protetores e bloqueadores, há uma
tendência mundial ao dé icit de vitamina D. Sem vitamina D, o cálcio não se
ixa nos ossos. Assim, ingerir uma dose de vitamina D diariamente é uma
medida de saúde pública, não só quanto à prevenção da osteoporose, mas
ao efeito positivo dessa vitamina sobre a saúde geral, principalmente dos
ossos, músculos e pele. Essa medida é imperiosa na infância, adolescência e
ao longo da vida da mulher.
Todas já passaram por isso; a criança não o faz por ‘falta de respeito’ ou
para afrontar os pais, mas porque entra numa espécie de pane corporal,
então precisa ser contida com um abraço e retirada do ‘local do crime’. De
acordo com Margot Sunderland, autora de “The Art of Parenting”, essa
pane corporal pode ser causada por: cansaço e/ou fome e sede;
imaturidade emocional do cérebro; fome psíquica por atenção (eu só existo
se você me olha!) ou pelo tédio e estresse de causas variadas, inclusive
estresse materno ou de outras pessoas em volta. Em vez de acalmar a
criança, o adulto ica dando ordens e gritos sem parar, acaba perdendo a
compostura e batendo na criança, para atender à expectativa da ‘plateia’...
No livro “A criança mais feliz do pedaço”, o Dr. Harvey Karp fala que
as oportunidades de queimar energia e de brincar ao ar livre são
essenciais para a criança. Este é o princípio da Aquaterapia? Pode
nos contar mais a respeito?
Sim, leio e gosto muito da Crescer e Pais & Filhos. Além dos artigos
interessantes e atuais, as crianças são lindas, as mães e pais descolados, rs.
Nelas a gente ica sabendo dos últimos lançamentos de produtos infantis;
em algum momento a mãe vai checar se você viu tal ‘novidade’.
Elas trazem muita informação sobre como lidar com crianças. Pais e mães
de hoje encontram nelas mil e uma maneiras de aprender cuidados de
maternagem.
Abraçoterapia
RECOMENDAÇÕES:
Aquaterapia
MODO DE USAR: Sempre que possível, levar a criança para brincar com
terra e água, com pazinha e balde. Pode ser na grama ou na areia. É a
brincadeira preferida das crianças, elas não se cansam de brincar com
água e areia. Quando possível, a brincadeira acontecerá em piscinas, com a
supervisão de um cuidador e com as devidas cautelas de segurança,
principalmente colete in lável para crianças pequenas. Perto de piscina,
lago ou rio, não deixar a criança sozinha ou com outra criança, sem
acompanhamento de um adulto. Afogamento é um dos acidentes mais
comuns em criança.
RECOMENDAÇÕES:
Coloterapia
INDICAÇÕES:
RECOMENDAÇÕES:
O uso de sling pressupõe que ele seja uma estrutura ergonômica segura,
pois implica em alguns riscos: quedas decorrentes de argolas inadequadas,
sufocamento. É recomendável que a mãe procure informar-se com
especialistas sobre os diversos tipos, para descobrir qual o mais adequado
a seus objetivos.
Obs: nem todos os carregadores são slings e alguns são até perigosos (
risco de queda: sling com remendos ou argolas chatas e fracas; risco de
sufocamento em carregadores não ergonômicos).
Vômito? Sorveteterapia!
O gelo tem altas qualidades terapêuticas: age como anti-in lamatório, em
caso de hematomas e contusões, e como antiemético em caso de vômito de
qualquer natureza, principalmente os que aparecem em decorrência de
cinetose (enjoo de carro) ou de insolação (calor ou sol excessivo) e até de
quimioterapia.
1. vômitos em geral;
goles de líquidos gelados ou soro com gelatina. Isso é quase tudo de que
Chupar gelo, tomar sorvetes e leite gelado. Nos quatro dias seguintes:
RECOMENDAÇÕES:
Azeiteterapia e fareloterapia
MODO DE USAR:
RECOMENDAÇÕES:
A banana é nossa fruta máxima e a mais versátil; pode ser comida crua,
assada, frita ou cozida. Ou em forma de picolé: corta-se a banana ao meio
transversalmente e insere-se um palito de picolé em cada metade; depois,
é só levar ao congelador. Pode-se também congelar pedaços de laranja, de
maçã, pera, mamão. Ou qualquer outra fruta, inclusive com gelatina. Mãe
esperta é mãe criativa!
Crianças – Camille Pissarro (1830-1976)
CAPÍTULO 11 – CRÔNICAS DA DRA. RELVA
Girl reading – Jesse Wilcox (1863-1935)
A mãe do Feitosa
1) Evitando a automedicação;
Há cerca de dois anos, no Pará, uma menina foi torturada e morta pelos
patrões, com requintes de crueldade. Lá é costume que as mães
entreguem as ilhas para o serviço doméstico, camu lado sob o pretexto de
“mandar estudar”. O mesmo estado voltou ao noticiário da crueldade com a
história de outra menina, lançada à sanha de vinte presos na mesma cela.
A menina foi tratada com estatuto de animal e não de pessoa, tanto pelos
presos quanto pelas autoridades competentes. Depois de tanta humilhação
e sofrimento ísico e moral, e não havendo possibilidade de reparação à
altura do dano, ela bem merecia um tiro de misericórdia. A mesma que se
usa com cavalos sem condições de sobreviver, como no ilme “They shoot
horses, don’t they?”. Mas a vida continua e a esperança é a última que
morre. Resgatada e recebendo trato humanitário, ela se diz animada a
estudar e “virar gente”. Com todas as cicatrizes que a vida lhe outorgou
desde pequena: doença grave do pai, separação, fome, desamparo. Esse é o
seu “curriculum vitae”, como o de tantas brasileirinhas e brasileirinhos
usados e abusados.
A situação acaba de repetir-se no mesmo estado do Pará, com menina de
12 anos lançada às feras encarceradas...
Criança é o pretexto da pediatria
Quando ela diz que seu garoto de dois anos “não come”, o pediatra gela na
cadeira, pois isso pode ter as mais variadas interpretações: o bebê não é
mais um lactente e prefere explorar o ambiente; seu interesse por comida
não é mais absoluto, já que ele tem novas coisas a aprender. Se ela diz que
ele “come pouco”, é comparando a capacidade gástrica do bebê com a de
um adulto. Ou ela correlaciona comida com privação afetiva sofrida na
infância. Ou com medo de causar a morte do ilho se não o empanturrar.
Ou ter ouvido dizer que a família passou fome na guerra e ninguém podia
deixar nada no prato. Pode até acontecer de ter sido forçada a comer
quando criança, sob os olhares ameaçadores do pai. Ou ter sido obrigada a
engolir miolo de boi, porque sua mãe achava que era bom para a saúde...
Quando pergunta se “mel é bom para peito cheio”, não espera sua
resposta: oferece a receita pronta de um xarope caseiro. Diz que tem medo
de sereno, mas fuma dentro de casa ou deixa as visitas fumarem. Tem
medo pânico de tosse, porque a família perdeu um bisavô com tuberculose,
na década de 1940, em Belo Horizonte. Quando diz que “ele não dorme”,
demora a admitir que a casa é barulhenta, que a TV ica ligada até tarde,
que os adultos jogam à noite e falam alto, que o menino não tem rotina
para dormir. Ou não aceita que ele ainda é um bebezinho e não adquiriu
ritmo de sono noturno.
Quando diz que a criança “parece que vai ter febre” ou “acho que a testa tá
quentinha”, você chega lá de madrugada e encontra a criança brincando.
Se suspeitar de “virose” e pedir observação por dois ou três dias, ela volta
triunfante: – Fui a outro pediatra e ele me disse que é ro-séo-la! Quando
você explica que roséola é o mesmo exantema súbito da suspeita inicial, ela
pergunta: porque você não me avisou antes? Quando você acaba de
examinar a criança inteirinha e viu que está tudo bem, ela franze a testa e
pergunta: – Tem certeza que não é grave mesmo?
Tomar conta de criança é uma tarefa doméstica demais para ser con iada a
especialistas. Mas a mãe sonha com ajuda extrassensorial para ajudá-la a
lidar com sua criança – essa desconhecida. Então, o pediatra que se vire
nos trinta, para ter opinião formada sobre tudo. Que seja conselheiro
matrimonial, psicólogo ou psicanalista, o oráculo de Delfos, pajé ou
futurólogo. Que seja simpático, mas não invasivo; ponderado, mas sutil;
inteligente, mas discreto. Con iável feito o pai dela e sagaz feito a mãe. Que
consiga examinar seu ilho sem traumas e o convença a tomar o remédio
sem reclamar.
Que saiba prever até que dia a criança vai ter febre. Que saiba tudo de
culinária para bebês e conheça todas as marcas de fraldas e sabonetes
infantis. Que entenda de enxoval e indique bons livros de puericultura e de
historinhas infantis; e que tenha listinhas de cds e dvds para cada faixa
etária. Que possua um HD interno de 500 gigabytes. Que tenha acesso
automático ao dicionário de especialidades farmacêuticas, bulas, síndromes
genéticas, mesmo raras. Que seja dotado de um coração do tamanho do
mundo, uma memória de elefante, uma agenda ilimitada. Que deixe o
celular ligado durante os ins de semana, que não sinta sono, nem fome
nem sede e que – além de tudo – seja a Supernanny!
Que bebê que nada! Papai resolveu ter uma conversa com ele, coisa de
homem pra homem. Com muita seriedade e o dedo em riste, falou em como
é viver em sociedade, que ele cheirava mal, envergonhando a todos. Bebê
afundou no sofá, sentindo-se a última das criaturas. Em seguida, mamãe
juntou-se ao papai e, ameaçadora, levou-o para o quarto, fechando a porta:
-Vê se você aprende! Não sabendo o que pensar, sentiu mesmo foi vontade
de morrer, de nunca ter existido. Sentiu-se um... cocô!
O passo seguinte foi terapia com uma doutora legal. Brincava com uma
caixa de areia e fazia desenhos de monstros e facas. Mas o cocô continuava
vazando na cueca. Mãe levou-o a um neuropediatra, que pediu um eletro e
outros exames. Hoje ele frequenta uma equipe de terapeutas, pois
desenvolveu a mania de lavar as mãos. Sente-se sujo e nojento; melhor
isolar-se dos demais. Não brinca com a turma, prefere icar sozinho no
recreio. Quase não conversa com os pais, tem medo da seriedade e braveza
deles. E da vergonha que não conseguem esconder.
Vai começar a usar um remédio pra dormir, por causa de terror noturno.
Tem medo de crescer e não ser amado. Jamais se esqueceu das conversas
‘sérias’ e hostis de seus pais. Ninguém nunca lhe perguntou o que achava
disso tudo. Desconhece o que é alegria de conviver, tornou-se uma criança
‘séria’. Não tem iniciativa e é desajeitado com suas coisas. Não sabe
escolher uma roupa, depende da opinião da mãe – que é severa e
zombeteira. Largou os esportes, não se sente capaz. Não tem amigos e não
gosta de sair. Refugia-se nos livros e no computador. Sozinho, é claro.
De embriões e crianças
Tem ilho que passa a vida tentando reviver o tal jardim: se não lhe veio da
mãe, deve estar com “alguém”. Em família, a decepção entre os
concorrentes ao jardim gera desconforto e ressentimento. Irmãos sentem-
se logrados e icam de cara feia e tromba: se eu não tenho o jardim é
porque algum de vocês icou com ele! Nos anos subsequentes – e até
morrer – sua vida se baseará numa promessa jamais feita, mas presumida:
um jardim de rosas perfeitas. E tem mãe que cai na cilada de achar que
prometeu – sim – o tal jardim e as tais rosas. Detalhe: ela não os possui
nem para si mesma. Tudo que podia dar, ela já deu. Mas, em função da
“promessa”, ela será cobrada pelos séculos dos séculos e arcará com a
culpa eterna de não ser dona do jardim nem das rosas.
Sem isso, é verdade: o bebê nunca cresce, e ica para o resto da vida
cobrando a promessa original que a mãe se esqueceu de explicar melhor. –
Mãe, hoje é seu dia. Aceite esta rosa para que você se lembre, pela vida
toda, de que me prometeu um jardim de douradas e perenes rosas.
Esperei e esperarei por elas, custe o que custar. Me diga: Onde estão as
minhas rosas?
materiais;
Telles, Sérgio. Uma fila para ver o nada, Estadão de 03.09.2011, pag.
D14
www.estadao.com.br/noticias/impresso,uma-fila-para-ver-o-nada,767845,0.htm
Efeitos colaterais
Você se acha uma pessoa doente ou, pelo menos, hipocondríaca? Adora
bula de remédio? Pois não sabe o que está perdendo! As bulas estão cada
vez mais complexas e interessantes. Bula é um informe técnico em tom
apocalíptico sobre as propriedades e os efeitos colaterais dos remédios. É
ler a bula e saber que o im está próximo! Ela traz advertências terríveis
sobre reações indesejáveis e interações medicamentosas, ao lado das
indicações propriamente ditas. Tudo em letrinhas minúsculas, talvez para
não assustar. Ou será o contrário?
Entre as coisas que nos distinguem dos animais, estão o medo de morrer e
a mania de tomar remédio. Morremos mais dos remédios que das doenças,
segundo Molière. Ou nos aferramos a elas, como ‘coisa nossa’. “Ninguém
está disposto a abrir mãos de suas doenças, já que vivem delas e para elas,
com a mesma idelidade que um cão dedica ao seu dono” – é o que pensa
Ézio Flávio Bazzo, professor de Psicologia Clínica e escritor ferino de
Brasília. O mesmo que diz Antônio Callado, em Quarup: “A gente só sabe
que tem aquilo que dói. O brasileiro quer que doa tudo, naturalmente. Daí
ser a venda de remédios um negócio de primeira ordem”.
Nada como uma febre para desestabilizar a mãe. Ela nem precisa de
termômetro – com as costas da mão, sente na testa qualquer variação
centesimal da temperatura do ilho. O espetáculo, o que tem de dramático
nem sempre tem o mesmo tanto de gravidade. Mas ela ica à espera de um
verdadeiro cataclismo térmico. A erupção do Etna. Nero incendiando Roma.
Joana na fogueira. Prometeu trazendo fogo dos céus.
Parece que vai sair gritando: “luzes, câmera, ação!”. Não quer saber do que
andou lendo, sobre como o termostato da criança joga água na fervura e
tudo se acalma. Ela só pensa em dar banhinho, gotinhas, caldinho, botar na
caminha, que foi, meu ilhinho? Se pudesse, mandaria escrever no céu:
“Silenciem os cães, apaguem as estrelas, varram as lorestas: ele-está-
com-febre!”
Fernando Sabino dizia que a coisa mais fofa que existe é criança com
febre: ica rosada e quietinha, todinha da mamãe! Febre é um mecanismo
que sinaliza atividade do sistema imunológico: “tem algo estranho no
organismo”. Os glóbulos brancos (“soldadinhos de defesa”) mobilizam-se e
liberam substâncias pirogênicas. As “trincheiras” dos prontos-socorros
icam abarrotadas, os consultórios também. Ninguém aceita que a febre
possa ser “do bem”.
En im, é um estado de alerta máximo nas hostes inimigas. Ainda bem que
logo se estabelece o armistício, a paz volta ao lar, que se torna novamente
doce lar, e os ânimos se arrefecem. A inocente criança nem sabe que
participou de cenas tão in lamadas, envolvendo as leis da termodinâmica.
Se pudesse manifestar-se, diria: – “Calma, gente, febre é apenas a
hipérbole do calor humano.”
Filho meu não lava louça!
Acho isso muito legal, ele se sente inteirado da rotina familiar e colabora
com todos nós. Vejo que, desde pequeno, dá para ensinar a guardar os
brinquedos depois de brincar. B faz isso desde sempre, e é uma diversão.
Dependendo da idade da criança e do tamanho da tarefa, pode ser di ícil
fazê-la sozinha. O adulto deve estar atento para não estragar tudo,
cansando ou frustrando a criança.
Quando a criança participa da casa deste cedo, sem pesar e com alegria, as
coisas luem, as birras diminuem e todos icam contentes. Há situações com
que algumas mães não sabem lidar: quando a criança é do sexo masculino
ou é ilho único, ou quando se trata de enteado. Ficam ‘cheias de dedos’,
esquecendo-se de que a roda da vida exigirá quali icações de seus ilhos,
que passam por tarefas rotineiras e que não poderão manter a fachada de
castelo durante a vida toda. Entre nós, há um tremendo preconceito sobre
ajuda masculina nas tarefas domésticas. Mesmo em lares ricos, as crianças
e jovens devem colaborar, faz bem ao moral e à autoestima. É triste ver
uma casa cheia de destroços no im de semana, esperando a chegada
salvadora da empregada na segunda-feira.
Para Françoise Dolto,
Cada mãe com seu ilhinho reconstitui esse mistério, tornando-se ambos
uma só carne, um só amor. Talvez o único amor sem barreira, numa
geração mútua, um existindo somente porque o outro existiu. A mãe
inaugura o ilho no parto, ele lhe dá existência ao ser gerado. A placenta
que os une é um sistema de vasos comunicantes. É para suprir-lhe
oxigênio que ela respira, é para nutri-lo que ela se alimenta, e continuará a
doar-se em gotas de leite que serão, até o im dos tempos, o símbolo
máximo da ternura humana e da doação não exigente.
A mãe gesta o ilho antes de concebê-lo. É para ele que ela se deixará
seduzir por alguém, e a este oferecerá o terreno para a semeadura do
“fruto de suas entranhas”. É para ter esse ilho que ela se cuida, se penteia,
se perfuma a vida inteira. Quando ele chega, ela dedica-se inteirinha a
exercer a “maternagem”, o ício para o qual a natureza a provê de umas
gordurinhas estratégicas, ancas largas e tetas, esses alambiques do licor da
vida. Convocada à condição de replicante da espécie, ela relembra cantigas
imemoriais, seus braços se arqueiam em forma de berço, seu caminhar
torna-se mais pausado, mais cuidadoso, porque agora ela é a portadora de
um filho.
Com nove anos ela me pegou pra criar e estudar. Desde então aprendi a
cozinhar e cuidar da casa. Hoje iz doze anos, quase me esqueci. Quando
não gostava de alguma coisa, que às vezes nem era comigo, ela me batia
com a mangueira. Aprendi a não chorar porque ela dava um grito cortante:
“Engole o choro! Gente minha não chora!”
Aquele dia eu fui. Botei o pé, experimentei a água, a areia rolou entre meus
dedos. Achei bom e bonito. Minha vista não alcançava o im. Era tudo muito
grande, o barulho ia e vinha. Andei mais um pouco, pra dentro das ondas, a
praia ainda estava vazia.
Ficava de olho no relógio, porque ela disse que eu podia icar das sete e
meia até as oito e quinze. Quando eu voltava é que eles se levantavam,
tomavam o café com calma, pegavam a sombrinha e iam. Eu me apressava
pra fazer o almoço, eles voltavam, comiam e iam dormir.
Marc Chagall
Meu pai é quem paga seu salário!
Na novela Caminho das Índias, o ‘rebelde sem causa’ (já meio grandinho)
faz pouco caso da professora, dizendo que o papi dele é quem paga o
salário dela. Todos nós pagamos o “salário” de alguém, e também somos
pagos por “alguém”. Se o ‘bad boy’ estivesse numa loja de shopping,
pagaria sorrindo pela mercadoria, por mais absurdo que fosse o preço.
Comprar e pagar são elegantes, remunerar a quem trabalha é aborrecido.
Dinheiro não é maior que pessoas, mas, como diz o escritor mineiro Pedro
Maciel, ‘um homem médio di icilmente se importa com outro ser vivo com a
mesma intensidade e persistência que ele demonstra por seu automóvel’.
Bateu ou apanhou? Essa é a grande pergunta que alguns pais fazem aos
ilhos. O “herói” não precisa disputar, não precisa dar o suor ou o sangue,
basta participar que a glória lhe será atribuída. Longínquo tempo aquele
da maratona grega, quando o mensageiro correu os muitos quilômetros
para dar notícias, caindo morto em seguida. Não existe almoço de graça,
nem trabalho humano grátis. É um axioma de economia: alguém sempre
paga. É necessário que uns paguem e que outros sejam pagos pelo que
fazem, e assim sucessivamente. É desse modo que funciona a corrente dos
bens e serviços. Não é desdouro para ninguém e faz parte da dignidade do
trabalho.
Ela pegou a pasta de plástico azul cheia de fotos e recortes, jogou álcool e
tocou fogo. Sua menina era uma criança-prodígio, esperta, solícita,
cantante, espirituosa. Havia sido dotado pela natureza de grandes olhos
verdes, que se tornaram seu passaporte e a esperança dos pais. Um dia a
mãe levou-a a uma agência de modelos pra fazer um ‘book’; lá preencheu
questionários e apresentou atestado de saúde. As despesas logo
começaram a aparecer: salão de beleza toda semana, visitas mais
frequentes ao dentista, aulas de canto e balé. O quarto da menina era uma
overdose de ‘pink’: penteadeira, cadeira, espelho, almofadas.
Um dia chegou uma carta do Rio, com uma icha de inscrição e um contrato
em branco. A mãe quase desmaiou, deslumbrada; mostrava o contrato às
vizinhas e parentes: “Ela vai ser, ela foi, escolhida para uma gravação!”.
Passou a caprichar mais na alimentação da menina com alimentos light,
enquanto reduzia a própria ração. Era investimento certo no futuro da
‘modelo’. Que logo começou a se comportar como celebridade; no recreio,
adotava ares de quem concede entrevistas. Um dia a dona da agência
fotografou-a e pediu mil e quinhentos reais para novo ‘book’ e uma revista.
Um mês depois, a revista saiu. Não chegava a ser de circulação nacional,
como prometido; era antes um jornaleco com fotos em preto e branco.
A mãe empenhou uns brincos e a aliança e pagou os 1.500, tudo pelo
futuro. Novas fotos, novo book, não tinha mais joias. Passou a fazer faxina
noturna em hotéis, só aguentou um mês, com dor lombar e varizes. A
menina, ansiosa, passou a ter dor de cabeça e fazer xixi na cama. Chegou
nova carta da agência, agradecendo a colaboração e, sem mais rodeios,
dizia que a menina fora recusada para a gravação no Rio.
Os animais dotados dos dentes mais longos teriam sido os tigres dentes de
sabre, mas as serpentes ganham em estratégia: suas aguçadas presas são
perfuradas para injetar o veneno diretamente na corrente sanguínea. Os
dentes servem para roer, cortar, triturar. Ou até para puncionar a jugular
e sugar o sangue das vítimas, como no caso dos morcegos e dos vampiros.
Para Giulio Carlo Argan, crítico de arte, in Storia dell’Arte Italiana, Firenze,
1981, “é inútil interrogar o famoso sorriso da senhora para saber quais
sentimentos traz na alma: nenhum em particular, mas o sentimento difuso
do próprio ser, ser plenamente e em condição de perfeito equilíbrio no
mundo natural.” O sorriso continuará 100% enigmático...
Referência Bibliográfica
O Rei Salomão, em toda a sua glória, interrogado por Deus sobre o que
mais almejava, recusou riquezas e poder. Pediu, simplesmente, sabedoria.
Um dom tão raro, que independe de conhecimentos especializados. E que é
próprio de uma criança...
Quando Juan montava seu cavalo e galopava até seu
refúgio na casinha de barro e pedra, não era um menino
difícil, nem tinha reações imprevistas. Pelo contrário, era
um menino feliz.
Esse ‘medo’ dos pés descalços, da friagem e do sereno, bem como a mania
do casaquinho e do agasalho, não podem ser infringidos pois constituem
desobediência à mãe interna. “E se mamãe me visse agora?”. Esse mito
da friagem está arraigado em nós desde a chegada da Corte Portuguesa.
Virou moda adotar roupas europeias: calça de veludo, sapatos, luvas,
gorros e mantas. Isso tornou-se uma ordem internalizada pelas famílias
que ainda hoje oferecem esse conselho, com a boca cheia de ‘sabedoria’,
embora jamais tenha havido tal comprovação. As pessoas mais sujeitas a
pneumonias são as imunodeprimidas (prematuros, crianças com doença
falciforme, mucoviscidose, desnutrição severa, ilhos de fumantes ou
sujeitos a poluição industrial). Nos extremos das idades (prematuros e
idosos), há terreno favorável aos pneumococos e outras bactérias
oportunistas, principalmente em ambiente hospitalar.
A circulação sanguínea foi descoberta por Harvey no século XVII. Até então
não se sabia que o sangue ia de órgão em órgão, através da rede vascular
de veias e artérias, com “pit stop” nos pulmões, para a troca de gás
carbônico por oxigênio. Foi ele quem descreveu que o coração bombeava
três vezes o peso do corpo em quantidade de sangue e que este circulava
em um circuito fechado: coração-artérias-órgãos-veias-coração.
Para Michelet,
“o sangue não é de modo algum um elemento
biológico clausurado, pertencendo a esta ou àquela
pessoa como algo particular, como se tem olhos ou
pernas. É um elemento cósmico, uma substância
única e homogênea que atravessa todos os corpos,
sem nada perder, nessa individuação acidental, de
sua universalidade. Transformação, ele próprio, da
terra (do pão e dos frutos que comemos), possui a
imensidade de um elemento. Assim, a forma
superlativa do sangue será finalmente o mar. O mar,
que é o elemento genésico primordial, constitui o
arquétipo do sangue e do leite, ‘o doce leite e o
sangue quente’. No estado livre, o mar é lácteo pelo
esbranquiçado e o gorduroso de seus peixes.
Todo mundo tem medo de morrer; mas mãe tem medo é de faltar ao ilho.
Eram muito comuns as “cartas de despedida” de mulheres que iam dar à
luz, pois sabiam como eram frequentes as mortes por hemorragias e sepse
puerperal.
ATENÇÃO É TUDO!
6. Pague aos empregados o preço justo e em dia. Não ostente riqueza nem
faça da empregada sua confidente. Ensine seus filhos a respeitá-
la(s).
7. Não deixe seu filho em casa com empregados recentes. Use câmeras, se
possível, e avise que as instalou.
10. A casa não deve ser mostrada a estranhos e a garagem deve ser
fechada, sem exibir carros e motos. Os filhos devem evitar objetos e
roupas ostensivos para irem à escola. Todos da casa devem
aprender alguma arte marcial para melhor agilidade e,
principalmente, atenção.
RESUMO:
Referências Bibliográficas:
Bittenbinder, JJ. Protect yourself from street crimes – Reader’s Digest, Nov.
1993, p. 112 a 116.
As mães atribuem tudo que o bebê sente à dentição, seja o que for:
diarreia, febre, mal-estar. Não existe qualquer comprovação, mas como
sempre está nascendo um dente ou outro no primeiro ano de vida, tudo
fica sendo “dentes”.
Fonte: B.D. Schmitt, M.D., autor de “Your Child’s Health”, Bantam Books.
2) a roséola ou exantema súbito, que causa febre por cerca de cinco dias
SEM OUTRO SINTOMA, até aparecer a erupção ou exantema na
pele. Não sabendo disso, é fácil atribuir tudo aos ‘dentes’…
vozes.”
Sim, a grande maioria dos bebês regurgita (“golfa”) e vomita por vários
fatores: dieta luida (leite), postura (sempre deitada), posicionamento do
esôfago e estômago, relaxamento do es íncter do esôfago, hipotonia
muscular etc. Devemos nos preocupar quando o bebê que vomita muito
apresentar: baixo ganho de peso, irritabilidade ou choro contínuo, anemia
precoce, sintomas respiratórios ou apneia sem outras explicações.
Meire Gomes
Virose
Infecção bacteriana
Cuidados iniciais
Tosse
Quanto à duração, diz-se que a tosse é aguda quando se estende por até 3
semanas e crônica quando dura mais de 4 semanas.
Meire Gomes
Controle de alérgenos:
Nos casos mais graves é importante retirar do ambiente tudo que possa
reter poeira ou di icultar a limpeza (tapetes, cortinas, pelúcias, papéis e
livros); encapar colchões (eles funcionam como ninhos de ácaros) com
material sintético impermeável (ex.: courvin do avesso).
Controlar todas as fontes de umidade e mofo. Acaricidas como ácido tânico
ou benzoato de benzila podem reduzir a população de ácaros, mas seu uso
generalizado não está indicado.
EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO
Meire Gomes
Mesmo os medicamentos
Meire Gomes
Toda criança deve receber alimentação forti icada com ferro até os 24
meses de vida; medicamentos com ferro devem ser ofertados se não
houver possibilidade de supri-lo com a dieta. Os alimentos industriais
‘forti icados’ usam o ferro elementar, inclusive o leite, e sua quantidade já
“dá o desconto” do que vai ser perdido na absorção.
O mais óbvio e indiscutível fator que depõe contra o uso do mel é o excesso
de açúcar contido nesse alimento. Um estudo norte-americano, feito por
pediatras da Universidade de Yale, já demonstrou que o excesso de açúcar
em geral, além da evidente in luência negativa na saúde dentária, deixa as
crianças pequenas irritadas e dispersivas, devido ao aumento de insulina
no sangue.
Não queremos dizer com isso que o açúcar seja absolutamente proscrito —
mesmo porque é uma fonte de energia — mas, que é preferível optar por
açúcares de origem mais saudável, como os provenientes das frutas, por
exemplo.
No que tange especi icamente ao mel, as pessoas acreditam que, por ser
um alimento natural, pode substituir o açúcar de maneira saudável e sem
riscos. Não é bem assim, e a justi icativa vai além da que decorre do
excesso de açúcar: o risco de botulismo. O botulismo é uma doença grave
causada por uma bactéria chamada Clostridium botulinum. Provoca a
paralisia de nervos e músculos, levando à parada respiratória. Em bebês a
evolução é rápida.
Ocorre em lactentes, sendo mais comum em torno dos dois meses de vida.
O botulismo do lactente é mais grave do que o que ocorre em outras faixas
etárias e pode se dizer fatal. É causado por esporos da bactéria, que
encontram as condições ideais para seu desenvolvimento no intestino dos
bebês.
Apendicite aguda
Vômitos;
Dra. Relva
Prevenção:
SANEAMENTO BÁSICO — o uso de esgoto ou fossa séptica e ingestão de
água potável evitam que os ovos ou cistos eliminados pelas fezes
contaminem outras pessoas. Em alguns estados brasileiros ainda falta rede
de esgotos em 80% das casas!
Até dois anos atrás, eu achava que autismo era um quadro grave, de
crianças com de iciência intelectual, incapazes de estabelecer contato com
o meio externo, que icavam rodando objetos sem parar, que tomavam
psicotrópicos e que não havia o que fazer por elas em termos terapêuticos.
Ah! Sem contar que a culpa era da “mãe-geladeira”, incapaz de fornecer
amor su iciente para ‘trazer’ seu bebê para o mundo e, por isso, ele se
fechava em sua concha. E - claro - que aqueles que haviam tomado a
vacina tríplice viral tinham mais chances de ser autistas.
Se você, prezado leitor e prezada leitora, tem essa ideia também, acho que
convém ler as próximas linhas, pois nada disso é verdade atualmente.
Os casos graves são os que nos vêm aos olhos, mas não os únicos dentro do
número total de casos em relação à epidemiologia dos TGD. O verdadeiro
“boom” de casos que se lê na mídia é pura e tão somente porque quadros
leves e moderados passaram a ser notados. Os quadros graves continuam
sendo diagnosticados, sem alteração de sua frequência; o que aumentou a
estatística foram os casos dos “tímidos” e dos “esquisitos” que na verdade
não são nada disso. São casos leves e moderados do TGD e que merecem
ser tratados, para que exerçam da melhor forma suas potencialidades, que
estudem, tenham sua carreira, formem suas famílias como os demais.
Não existe tratamento curativo para TGD, sim, não há cura. Os casos em
que se diz que houve cura, ou são falsos, ou não eram TGD. O tratamento
se baseia em psicoterapia comportamental, fonoterapia especializada e
escola regular. Não são todos os casos que necessitam medicação, apenas
casos em que a autoagressão, hiperatividade e falta de atenção são
excessivos recebem drogas para que seja possível a realização das
terapias. O objetivo é adequar comportamentos, extinguindo as
estereotipias e comportamentos de autoagressão, estimulando a fala
espontânea e uma socialização mínima e su iciente para que a criança,
adolescente ou adulto possa se incluir em uma vida “comum”.
www.schwartzman.com.br/novo/jss.html
www.autismoerealidade.org
www.carlagikovate.com.br/index_arquivos/Page524.h
Menina e seu cão – Briton Rivière (1840-1920)
Referências Bibliográficas
Dra Relva
fontes:
www.imunolife.com.br
www.saude.gov.br
www.sbp.com.br
Meninos – Paul Gauguin (1848-1903)
CAPÍTULO 13 – SEXO & INFÂNCIA
Você já falou sobre sexo com seu
filho? E com sua filha?
Meire Gomes
É preciso que a família entenda que não pode fugir desse assunto, que a
obrigação de orientar a criança e o adolescente é sua. Crianças não nascem
com manuais de instrução e não existem regras que se encaixem em todos
os per is de família, mas é consenso e até um chavão de educadores a
importância do estabelecimento de um diálogo entre pais e ilhos o mais
precocemente possível. Acreditar que a criança “não entende”, é o ponto
de partida para dar-lhe uma palmada e não preferir acalmá-la e conversar
olho no olho. Acreditar que “não é hora” e não conversar com a criança
abertamente sobre sexo é o ponto de partida para que seja vítima de
abuso sexual na infância e esteja suscetível a uma má educação sexual com
todos os desdobramentos futuros.
Para o garoto adolescente, é tudo mais fácil. O pai tem orgulho do moleque
que quer “transar”, dá dinheiro e entrega até o carro. Mas não fala sobre
camisinha, pois pensa que ele estará com uma mulher experiente que
saberá como evitar a gravidez. Não: ele estará com outra adolescente, tão
mal orientada quanto ele. Ao menino é tão necessário falar sobre gravidez
indesejada e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis quanto é
para as meninas. Ele precisa saber que pode ter relações sexuais se assim
o casal desejar, e deve ser orientado a respeitar o desejo da menina.
Meire Gomes
A maior parte dos abusos não envolve violência ísica nem começa como
um ato de estupro, sendo no geral, precedidos de atenção e “afeição”. O
pedó ilo manipula sutilmente a criança e depois faz um pacto de silêncio, e
através de ameaças convence a criança de que ela é culpada. A realidade
da criança é distorcida, di icultando que desenvolva saudavelmente sua
sexualidade, na medida em que confunde sexo com afeto, e divide-se entre
a impressão de ser agredida e o prazer eventualmente gerado pelo
contato. O abuso pode ocorrer sem contato ísico, como o voyeurismo e
criação de imagens fotográ icas para exibição com propósitos pedó ilos,
estimular a nudez da criança ou submetê-la a presenciar atos sexuais ou
imagens pornográficas.
Estima-se que uma entre quatro meninas e um entre seis meninos sejam
vítimas de algum tipo de abuso sexual durante sua infância. O abuso sexual
ocorre em todas as culturas e classes sociais, não só em famílias
desestruturadas. Considera-se, portanto, que toda criança está sob risco de
sofrer abuso. As estatísticas mostram que a faixa etária de maior risco
situa-se entre 5 e 12 anos. Cerca de 75 a 80% dos abusadores são do sexo
masculino, estando um terço deles na adolescência (irmãos, primos, amigos
da família).
Analisando o abusador
Comportamentos suspeitos
Procuram motivos para se isolarem com a criança (passeios, por
exemplo);
Analisando a criança
Observar se a criança:
O SOS criança mantém uma linha direta para denúncia e orientação que
funciona 24 horas por dia, fornecendo orientação às famílias e
pro issionais da área de saúde. A ligação é gratuita, inclusive via telefone
celular. Mesmo quando não existe certeza ou quando não há violador
identi icável, a denúncia deve ser realizada via Conselho Tutelar da
Criança e do Adolescente de sua cidade.
Dra. Relva
Ela veio de Minas com a mãe. Treze anos. Grávida. Sexto mês. Teve que
deixar a escola e a casa. O Coronel mandou que saíssem. Embuchada, era
uma afronta à dignidade da família proprietária. A mãe me contou, com voz
trêmula e olhos baixos, que fazia vista grossa. “Eles iam expulsar nós, então
eu deixava”.
A criança podia ser do Coronel ou de algum dos ilhos. A menina não dizia
nada. Sina. Depois do almoço tinha um sono danado. A mãe cuidava da casa
e tecia uns casaquinhos. Atreveu-se a pedir aumento ao Coronel para o
enxoval. Ele deu cem reais e disse que era para as passagens.
Conheça
protejam.
Referências Bibliográficas
Sequelas
As sequelas físicas vão da mais leve até danos cerebrais severos ou morte.
Modelos de prevenção
PRIMÁRIA: Supressão ou redução de situações sociais que possam
desestabilizar a pessoa ou a inter-relação familiar;
Secundária
Referência Bibliográfica
Dra. Relva
Quando nasceu o Menino Jesus, os Reis Magos lhe levaram presentes caros
e se ajoelharam aos pés do boi, do burrico e da vaquinha do presépio.
Aquela “noite feliz” passou a ser a festa máxima do Ocidente e sinônimo de
alegria e congraçamento.
O mundo tem vocação infanticida e todo dia mata seus inocentes, seja
ostensivamente, como na Candelária ou em Beslam ou no Realengo, seja de
maneira sutil, quando sonega à criança o direito sagrado de ser
amamentada, de ter um lar, de ter um pai no registro civil, de ter uma
escola “risonha e franca” que respeite as etapas de seu desenvolvimento
corporal e mental.
Leitura recomendada:
Dra. Relva
O Brasil tem resquícios coloniais que ainda hoje se re letem nos costumes
sociais, familiares e políticos. Como o chefe da casa era ao mesmo tempo
senhor de terras e de escravos, ele se achava com direito de ‘disciplinar’
seus servos e, por extensão, os ilhos. O escravo, ao errar, tinha que dar a
mão à palmatória, o pescoço ao tronco e o lombo à chibata. Em casa, usava-
se a palmada, o chinelo, o cinto, para deixar o ‘couro quente’. Escolas
religiosas de então e de sempre usaram a palmatória e a vara para dobrar
alunos rebeldes. E tudo era considerado naturalíssimo.
www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2010/07/30/interna_revista_correio,205298/index.sh
As várias faces do medo: modo de
usar
Elisângela Gonçalves
DURAÇÃO: Até que essa criança não seja mais criança e possa fugir,
reagir, sumir, morrer ou sobreviver e fazer tudo diferente.
ARREMATE: “Isso é pra você aprender! Eu faço isso pro seu bem! Tem
medo, mas não tem vergonha!”
E é só por isso que a minha pequena ilha vai crescer sem conhecer o
significado da palavra: ‘apanhar’.
Para falar sobre esse tema, temos que sair do lugar comum e deixar de
lado a correlação habitual entre bater e educar. Os dois termos são
excludentes entre si, não conversam, falam de coisas diferentes. Educar é
uma coisa, bater é outra. A premissa fundamental é que a criança é uma
pessoa.
Vejamos:
Como pessoa e como mãe, não tenho a menor dúvida de que os castigos
ísicos não são aptos para ins pedagógicos. Bater não educa, e constitui
uma covardia se pensarmos na desproporção de força entre um adulto e
uma criança.
Poder familiar é o poder de tutela dos pais sobre seus ilhos, e envolve
direitos e obrigações. A criança não tem deveres, só tem direitos. Aos pais
cabe a tutela desses direitos, que decorrem da vulnerabilidade e
hipossu iciência da criança. Educar é dever dos pais e ser educada é
direito da criança, e para isso não há necessidade de castigos ísicos ou
psíquicos.
Mais adequado seria dizer “autoridade parental”, uma vez que não se trata
de “poder”, pois não há relação de subordinação. Os ilhos não são “objeto”
da autoridade parental, nem mesmo “sujeitos passivos”. São destinatários
do exercício desse direito subjetivo, que deve buscar a realização de
interesses do filho e dos pais.
Hoje essa visão não é mais tolerada; a sociedade civil se mobilizou, o que
acabou cominando na criação da Lei n° 11.340/2006, conhecida como Lei
Maria da Penha. Que não veio criminalizar a violência contra a mulher, pois
os tipos penais já existiam, mas excluir esses casos da aplicação da Lei n°
9.099/95, e criar medidas protetoras das mulheres vítimas de agressão no
âmbito doméstico e familiar.
Contudo, pela premissa de que nada pode justi icar o uso de formas de
disciplina que sejam violentas, cruéis ou degradantes na educação de
crianças e adolescentes, o projeto possui uma dimensão pedagógica e
educativa que permitirá, de plano, estimular e ampliar o debate em torno
de tais formas de violações, desaconselhar seu uso por quaisquer
responsáveis e, extensivamente, fomentar alternativas sadias e
emancipatórias de educação e relacionamento com nossas crianças e
adolescentes, a irmando em particular o direito à convivência familiar e
comunitária. A sanção ou punição, ressalvado o devido processo legal, deve
ser vista como medida excepcional e de última natureza.
Referências bibliográficas
Lobo, Paulo Luiz Netto. Do poder familiar. In: DIAS, Maria Berenice;
Pereira, Rodrigo da Cunha (coords.). Direito de família e o novo Código
Civil. 2. ed. 2. tir. rev. atual. ampl. Belo Horizonte: Del Rey/IBDFAM, 2002.
P. 165
www.naobataeduque.org.br/problemas/perguntas-frequentes
Pesquisas cientí icas provam, à saciedade, os male ícios na vida dos que, na
infância, sofreram castigos físicos e psicológicos.
Educar exige não apenas paciência, mas, também, apego aos bens maiores
do humanismo. O Projeto de Lei nº 7.672, equivocadamente batizado de
Lei da Palmada, clara tentativa de desquali icar a questão dos maus-tratos
como forma de educar, não vai, no entanto, transformar as relações entre
pais e ilhos, entre adultos e crianças, por um passe de mágica.[...] É uma
lei que veio para educar.
As cadeias já estão superlotadas. Como será se essa lei for colocar todos os
pais e responsáveis na cadeia por baterem em seus filhos?
Resolvi fazer este texto para relatar os diversos aprendizados que tive, ao
longo desses quase 10 anos. Aprendizados que recebi na comunidade
Pediatria Radical, que li em livros, em blogs, ilmes, conversas com amigos
e, principalmente, lembrando de minha própria infância e observando
minha filha, e até mesmo pelos exemplos negativos que tive de como não
educar uma criança.
Para mim, aprender a educar sem palmadas foi/é tão grati icante, que me
sinto na obrigação de compartilhar o que aprendi.
Essa é, sem dúvida, a primeira coisa que se deve fazer quando se pretende
educar um filho: assumir o papel de educador.
Não importa se o dia foi estressante, se você está de TPM, se a criança está
birrenta, se você não sabe o que fazer pra contornar um con lito. Você
(pai/mãe) é quem deve ter maturidade, você (pai/mãe) é quem tem o
controle da situação, você (pai/mãe) é que se permite perder o controle. A
responsabilidade é sua.
Por mais óbvio que isso seja, algumas pessoas não vêem o óbvio da coisa:
Pai/Mãe é Pai/Mãe = Adultos, que devem agir com maturidade e que têm o
direito/obrigação de cuidar e educar os ilhos. Filho é Filho = Criança,
imatura, em processo de desenvolvimento, que tem o direito de ser
cuidada e educada pelos pais.
Você não precisa ser expert em psicologia ou entender altas teorias (que,
aliás, divergem entre si). Mas procure ter conhecimentos básicos sobre o
desenvolvimento infantil, como os saltos de desenvolvimento, a crise dos 8
meses (angústia de separação), os ‘terrible two’, a angústia causada pela
noção da morte (por volta dos 6 anos) etc.
Ter conhecimento sobre a fase que seu pimpolho está passando ajuda
enormemente a entender muitas de suas atitudes. E assim, entendendo as
atitudes dos nossos pequenos, ica muito mais fácil lidar com elas. Além de
evitar que tenhamos interpretações completamente errôneas como “esse
bebê só quer colo porque está mimado”, ou “essa criança ica me testando
o tempo todo” etc.
Por exemplo, se um adulto diz, de forma proposital, algo que não condiz
com a realidade = isso se chama mentira. Quando uma criança pequena diz
algo que não condiz com a realidade = isso não é uma mentira (pode ser
uma confusão que ela faz entre pensamento e realidade, ou pode ser a
resposta que ela pensa ser a “resposta certa” que os pais estão esperando
dela ao ser questionada sobre algo).
Assim, um adulto falar algo que não condiz com a realidade é muito
diferente de uma criança falar algo que não condiz com a realidade.
Além disso, como já foi dito anteriormente, crianças tem suas fases. Eu sei,
é chato quando ouvimos “isso é fase, vai passar”. Mas é a mais pura
verdade e devemos levar em consideração a fase em que a criança está
para interpretar suas atitudes.
Esperar que uma criança de 3 anos obedeça é tão inútil quanto pedir a um
bebê de 7 meses para trocar a fralda sozinho.
E por que a criança não obedece? Simplesmente porque ela ainda não tem
essa capacidade. O cérebro dela não está ainda formado para que ela seja
capaz de conter seus impulsos.
Muito pelo contrário, nas crianças pequenas, são seus impulsos, suas
vontades, seus desejos, que a controlam. Além disso, a criança mantém
uma relação muito forte com o objeto de desejo, com o que quer fazer.
Quando uma criança quer algo, sai de baixo! Ela quer com todas as suas
forças. E ica obcecada pelo objeto de desejo. Grita, esperneia, chora, berra.
Assim, se ela quer muito fazer algo e você disser pra ela não fazer tal coisa,
ela não vai te obedecer.
Cabe ao adulto, por meio de atitudes, impedir que a criança faça o que
não pode. Da mesma forma, cabe ao adulto levar a criança a fazer o que
deve ser feito.
O que apenas era imaturidade, passa a ser, de fato, desa io. Ora, não seja
um(a) pai/mãe banana, colocando-se na posição de testado por uma
criança de 2,3 anos de idade.
É muito comum ouvirmos falar “Conversa não adianta” Ou: “Já tentei de
tudo, mas ele não me ouve.” Não é verdade! O que existe é que você,
pai/mãe, não aprendeu a dialogar.
Eis aí um dos grandes motivos pelos quais sou contra palmadas: palmadas
impedem com que os pais e ilhos aprendam a dialogar. Dialogar é um
aprendizado, que deve ser revisto constantemente, pois a maneira de
dialogar vai mudando conforme o desenvolvimento da criança. Dialogar
com um bebê de 1 ano é diferente de dialogar com um de 3 anos, que é
diferente de dialogar com uma criança de 5 anos, com um pré-adolescente
de 10 anos e por aí vai...
Para aprender a dialogar, são necessárias várias outras atitudes dos pais,
sendo que todas elas ajudam a criar um maravilhoso vínculo entre pais e
ilhos e ajudam no bom desenvolvimento da criança. Com a palmada, não é
só o diálogo que ica prejudicado, mas tudo que está por trás para alcançar
este diálogo com a criança.
Por exemplo, eu acredito que a melhor forma de falar aos bebês o que
pode e o que não pode é através de atitudes dos pais (como descrito no
aprendizado 4). Ou seja, o diálogo se dá através de atitudes dos pais,
principalmente.
Quando minha ilha era pequena (até os 3/4 anos), conversávamos por
meio de historinhas. Eu ia contando uma historinha, utilizando como
enredo situações que ela havia passado, mas com personagens ictícios, e
ela ia completando a historinha junto comigo. Outra coisa importante é
demonstrar os valores, sempre que possível. Por exemplo, você está
assistindo um ilme ou novela, a criança passa na sala bem num momento
em que um personagem dá um tapa em outro. Manifeste-se! Demonstre o
quanto aquela atitude é errada. Diga coisas como “Nossa! Que horror!” Isso
vale também para outras situações, como quando você vê alguém jogando
lixo no chão.
Outra coisa bacana é dar exemplos de quando você era criança (elas
prestam a maior atenção pra saber como nós, pais, éramos quando
criança).
Também aprendi a não ter grandes conversas nas horas das birras e
estresse. A criança ica na defensiva e não vai adiantar. Na hora da birra
ou da “discussão”, seja objetivo, sem muito blábláblá. Depois, numa hora
calma, em que ambos estejam de bom humor, relembre o ocorrido, e, de
forma tranquila, reforce a mensagem que você quer passar. Escute o que a
criança tem a dizer e exponha sua opinião. Você vai se surpreender em ver
como, nessas horas, a criança realmente presta atenção e até pede
desculpas.
Imagine você falando para uma criança: “Não precisa ter medo de trovão”.
Ok, precisar não precisa, mas como faz pra não ter medo? “Não ique
triste”, “É feio ter inveja” etc. Adianta falar esse tipo de coisa?
Ou: “Eu entendo que você ica chateado quando perde um jogo. É normal.
Ninguém gosta de perder. Mas você não pode parar de jogar só porque
está perdendo. Vai jogar até o fim e continuar tentando vencer”..
Não tenho muito o que falar sobre este aprendizado, pois ele é muito
simples. É apenas isto: Seja sincero. Para as crianças terem con iança nos
pais é preciso que estes sejam sinceros.
Não faça promessas que não irá cumprir, nem engane a criança, pois isso
faz com que suas palavras percam o valor. Aí, todo aquele processo de
aprender a dialogar com a criança vai por água abaixo.
Portanto, seja sincero. Além disso, quando você for explicar ou justi icar
algo para a criança, pense sempre qual a real necessidade daquilo.
Quando a criança pergunta coisas que você não sabe, não tenha medo de
dizer que não sabe.
Beijos a todos.
Como escapar ao terror familiar I
Dra. Relva
No ‘lar, doce lar’ disfuncional, reina a hipocrisia dos afetos: como a voz que
impera é a da TV, esta é soberana em mostrar uma sexualidade
exacerbada e mecânica, que se impõe – em todos os horários – às
crianças como sendo o ideal do ‘amor’. Enquanto isso, papi e mami –
ausentes – acreditam piamente que, oferecendo escola, mochila e tênis,
estão cuidando, amando e protegendo as crianças.
Crianças que, em suas casas, não passam de almas mortas: mortas pelo
consumismo, mortas pela solidão, mortas por assumirem um ‘papel’ que
não é seu, para representar o ideal social dos pais. Almas mortas em casa,
almas mortas na escola, para onde se dirigem passivamente, com suas
pesadas mochilas. Pesadas, mas vazias de sentido...
Como diz a dupla Zezé & Luciano, é ‘pelo amoooorrr’... Essa resposta vem
de geração em geração, mas ô coisinha difícil o tal do amor!
Está escrito:
Amar
amar e esquecer,
amar e malamar,
...
Fora isso, sabemos que todos os “papéis” dos agentes familiares são
substituíveis – por isso é que os chamamos de papéis. O que é
insubstituível é um olhar de adulto sobre a criança, a um só tempo
amoroso e responsável, desejante de que esta criança exista e seja feliz na
medida do possível – mas não a qualquer preço. Insubstituível é o desejo
do adulto que confere um lugar a este pequeno ser, concomitante com a
responsabilidade que impõe os limites deste lugar. Isto é que é necessário
para que a família contemporânea, com todos os seus tentáculos esquisitos,
possa transmitir parâmetros éticos para as novas gerações.”
“As crianças começam por gostar dos pais; quando crescem, julgam-nos; às
vezes perdoam-nos.” – Oscar Wilde. “Manejo minha infância perdida como
se fosse um chicote. Nunca estive tão longe de mim sem me desejar tanto.”
– Lêdo Ivo.
Oscar Wilde
Sir W. Davenant.
Leitura:
Montaigne, Ensaios.
Por que tanta gente se deixa assaltar
ou matar?
Dra. Relva
Não comentar sua vida com empregados nem dizer para onde vai
viajar. Não deixar crianças com pessoas que você ainda não
conhece bem;
Dra. Relva
Sugestões de leitura:
EPÍLOGOS
MATERNIDADE
MÃE...
És do tamanho do céu
Mário Quintana
A Grande Mãe
Ler mais em
uniaoglobaldeatitudes.blogspot.com/2011/08/verdadeiras-deusas.html
originalmente publicada no Correio Braziliense.
A Grande Mãe é criadora e benfazeja: nutre, protege e depois liberta. É
representada por Ísis, Démeter, Maria. Segundo a Wikipédia, o termo
refere-se ao mito universal de divindade feminina relacionada à Natureza
e à fertilidade, e seu culto remonta ao início da história humana, como se
pode observar nas antigas imagens em pedra de Vênus e de Cibele. Nos
hinos homéricos (sec. VII-VI a.C.) há uma dedicação à Deusa Mãe
conhecido como “Hino a Gea, Mãe de Todos”. Com a ascensão do
patriarcado entre os hebreus, a tradição de cultuar a Deusa tornou-se
ameaça à consolidação do poder pelos homens. Alguns ramos do
cristianismo, como o catolicismo romano e a ortodoxia, consideram Maria
como mãe espiritual, uma força protetora e intercessora, porém não
venerada como uma “Deusa-Mãe”.
“As que não conseguem icha para o ginecologista, nem creche para seus
ilhos. Nesta semana da mulher, vale lembrar que a pobreza maior é não
ter espaço para ser. Na periferia, elas são: mulheres guerreiras”. Blog
Mural, da Folha de SP, março de 2012.
Deméter imagem em mármore, cópia romana de original grego, encontra-se no Museu Nacional
Romano.
O acadêmico Joseph Campbell argumenta que Adão – do hebraico אדם
relacionado tanto a adamá ou solo vermelho, quanto a adom ou vermelho,
e dam, sangue – foi criado a partir do barro vermelho ou argila. A
identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da
manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada
também na Bíblia: ... “A santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da
Deusa. Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra
vida no corpo já formado, com a Deusa ali dentro. O corpo de cada um é
feito do corpo Dela. Nessa mitologia, pode-se reconhecer uma identidade
universal.”
Erasmus Darwin diz em seu livro ‘Zoonomia – Mother and Child’ (1800):
O tema Mãe & Filho é caro a artistas de todas as épocas, como se vê abaixo
na igura etrusca, nos afrescos do século XIV, nas Madonas da Renascença,
nos Impressionistas, nos pintores modernos, e, principalmente, nas belas
representações domésticas da americana Mary Cassat (1844-1926), e nas
esculturas monumentais de Henry Moore (Londres) e Gustav Vigeland
(Oslo) que evidenciam o laço de intimidade e ternura entre mães, pais e
ilhos. Por meio de cada tema ou nome dos artistas, pode-se fazer uma
viagem maravilhosa pelo Google, blogs, livros e museus.
Krishna e sua mãe brincando no balanço
Mãe e filho, imagem etrusca
Imagem anônima da Idade Média Madona do Parto Piero Della Francesca – (1415-1492)
A Madona Sistina, de Rafael Sanzio (1483-1520)
A Madona Sistina
revistapiaui.estadao.com.br/edicao-51/espolios-de-guerra/a-madona-sistina
Maria, mãe dos homens
Madonna di Lucca, de Van Eick s/d
Índia Tupi com seu bebê, vestida com saia de cetim – Eckhout (1610-1666)
Mãe Oiran e sua filha Kamuro com boneca, Katsushika Hokusai (1760-1849)
Mãe lendo com o bebê – Frederick Warren Freer (1849-1908)
E mamãe pequenininha
[quadrinha popular)
Mãe e filho – Jean Basile Perrault (1832-1908)
A Galeria Mary Cassatt, com suas lindas imagens de mães e ilhos, pode
ser acessada em www.marycassatt.com.
Dicas de leitura:
Mãe só tem uma. Mãe é para sempre. Mãe é o maior amor do mundo. Ser
mãe é desdobrar-se, multiplicar-se, suprir in initamente. A mãe é culpada
de tudo: é causadora da felicidade ou das desventuras dos ilhos. Mãe
causa obesidade mórbida, alcoolismo, depressão, revolta, ansiedade,
insônia. Compaixão, inveja, comparações. Mãe determina a oclusão
dentária, a digestão, a pressão arterial, a capacidade respiratória, o humor,
o ígado, a postura. Mãe jamais se cansa, mãe não dorme nem precisa
comer ou divertir-se. Mãe tem o coração dilatado, braços incansáveis,
nervos de aço. Mãe lava, passa, cozinha, dirige, canta e dança. Mãe não
pode errar. Mãe é áspera e doce, cáustica e intragável. Mãe cede o
primeiro pedaço, guarda o lugar na ila e o prato no forno. Mãe é um seio
inesgotável, a transbordar carinhos. Mãe tira leite de pedra.
Este é um livro escrito para mulheres. Não pretende ser um guia para
mães desesperadas. Ao contrário, é uma espécie de “alto lá!” no caminho
para que possamos pensar como mães que estão criando seus ilhos, com
nossas luzes e sombras emergindo e explodindo em nossos vulcões em
chamas. Muitos aspectos ocultos de nossa psique feminina são desvelados
e ativados com a chegada dos ilhos. Estes momentos são, habitualmente,
de revelação e de experiências místicas. Uma oportunidade de reformular
ideias preconcebidas, preconceitos e autoritarismos encarnados em
opiniões discutíveis sobre a maternidade, a criação dos ilhos, a educação,
as formas de criar vínculos e a comunicação entre adultos e crianças.
Edições argentinas:
Referências Bibliográficas
Por que é tão di ícil para algumas mulheres perdoar suas mães? Para
Melanie Klein, “a menina é mais exposta que o menino à crueldade do
Supereu. Em razão da estrutura anatômica e da função receptiva do
aparelho genital feminino, as pulsões orais da menina afetam mais o seu
Édipo, e a introjeção do Supereu desempenha nela um papel muito mais
considerável que no menino”.
Para a menina, a mãe assexuada não só lhe negou o falo como ainda lhe
roubou seus bebês imaginários: “O aspecto aterrorizante da mãe arcaica
ica reforçado. Ele ameaça o interior da menina, pedindo contas sobre os
ilhos, as fezes e o pênis paterno que lhe foram retirados”. Leitura
adicional em Crueldade no Feminino, de Sophie M. Mellors.
“O que foi que prometeram aos ilhos, e quem fez essas promessas, para
que eles se sentissem tão injustiçados? Passei anos acusando minha mãe,
de início com toda veemência, depois com uma dureza gelada; e a dor, para
não dizer angústia, era profunda e genuína. Porém, agora me pergunto: em
relação a que expectativas, que promessas, eu estava medindo o que de
fato ocorria?” – Doris Lessing, Under My Skin.
Bertold Brecht
Boa é desmemória!
Sem ela, como iria
Deixar o filho a mãe que lhe deu de mamar,
Que lhe emprestou força aos membros
E que o retinha para o experimentar?
Ou como iria o aluno deixar o mestre
Que lhe emprestou o saber?
Com o saber emprestado,
Cumpre ao discípulo pôr-se a caminho.
Na casa velha,
Os novos moradores entram,
Se lá estivessem ainda os que a construíram,
Seria a casa pequena demais.
O forno esquenta, e do oleiro
Ninguém se lembra mais. O lavrador
Não reconhece o pão depois de pronto.
Como levantar-se de novo o homem de manhã, sem
O esquecimento que apaga os rastros da noite?
Como iria, quem foi ao chão seis vezes,
Levantar-se pela sétima vez
Para amanhar o pedregoso chão,
Para subir ao perigoso céu?
É a fraqueza da memória que dá
Força à criatura humana.
Esse poema de Brecht aplica-se à questão “mãe dedicada x ilho ingrato”. A
mãe sofre por querer inscrever sua história no filho. Mas ele quer viver o
dia de hoje, preparando seu futuro, e recusa tal desejo materno; ‘ela’ se
sente abandonada, injustiçada.
PS: Ingratidão parece crime ina iançável, mas é uma lei da vida: “O arado
passa sobre os ossos dos mortos”, como nos lembram William Blake e o dia
dos inados... Todo mundo adora citar Gibram: vossos ilhos não são
vossos filhos, mas ... e quando esses filhos são os ‘nossos’?
[esquecimento]
Maternagem [in] sustentável
A criança nasce pobre e de nada necessita, a não ser da mãe, com seus
cuidados narcísicos. Por isso que a montanha de brinquedos com que se
cumula a infância é inútil, mesmo que lhe sejam oferecidos a disneylândia,
o último lançamento eletrônico ou o carrão do ano, símbolo máximo e
eloquente da incessante (e até fatal) caçada às ilusões perdidas.
Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A família se transforme
E o pai
Seja pelo menos
O Universo
E a mãe
Seja no mínimo
A Terra A Terra A Terra.
Caetano Veloso, sobre versos de Maiakovski
Muitas, muitas mesmo. Toda mãe procura ler tudo que sai sobre criação de
ilhos em livros, revistas e agora na internet. Elas surgem com dúvidas,
recebem respostas não só de pediatras, mas de outras mães, coisa que é
absolutamente nova, uma vez que o costume é fornecer informação, sem
troca de experiência. Elas discorrem sobre seus próprios ilhos, propõem
temas para discussão, numa troca constante e enriquecedora. A
comunidade não é normativa de condutas nem é um consultório virtual, as
informações não pretendem substituir consultas pediátricas. Por outro
lado, como a internet proporciona informação sobre qualquer assunto, a
comunidade permite trocar ideias sobre qualquer assunto correlacionado
a mães, pais, ilhos, casa, alimentação, educação, fases do crescimento e
desenvolvimento etc.
De maneira geral sim lui bem, mas há temas polêmicos que podem tornar-
se ofensivos. Há mães que carregam traumas sobre a di iculdade em fazer
suas escolhas quanto ao tipo de parto e terem podido ou não amamentar
seu bebê. As desinformações são tratadas com o devido cuidado, no
sentido de alertar, mas não de confrontar. E muito menos de fazer o papel
de consultório: a proposta de informar é genérica e coletiva.
Alguns casos de doenças graves que a mãe relata como enfrentou e como
recebeu ajuda de outras participantes; relatos de traumas das mães com
suas próprias mães, separações, doenças neurológicas com sequelas...
Dê o link.
www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=1651309
Vamos voltar no tempo, a uma época remota, que tal a monarquia inglesa?
A analgesia por clorofórmio foi usada pela Rainha Vitória e depois
aperfeiçoada. A gravidez ‘cientí ica’, data de quando surgiu a obstetrícia,
predominantemente masculina, que induziu a mulher ao parto hospitalar e
lhe concedeu a anestesia. Do alivio da dor à tecnização total da gestante e
do bebê foi um pulo. A ideia inicial era salvar a vida das gestantes, que
morriam pelas gravidezes subintrantes. Era costume a mãe deixar cartas
ou poemas para distribuição após sua esperada – e possível – morte. A
infecção sempre foi, juntamente com as hemorragias, a grande causa
mortis das parturientes.
Os ilhos das classes altas eram pesados e medidos em casa pelas nurses.
Também lhe tiravam a temperatura duas vezes ao dia, para elaboração do
‘diário’. Muitas dessas atitudes eram pedantes, supér luas e até patéticas,
pelo exagero. A maternidade ‘cientí ica’ exigia noções de higiene,
sanitarismo e nutrologia. Tudo devia ter uma ‘técnica’, mesmo vaga e sem
fundamento razoável. Ela não mais escapou dos ‘vigilantes sanitários’,
quanto ao peso e ao funcionamento global de seu ilho. A criança passou a
ser objeto de estudo de vários profissionais da saúde física e mental.
Tomo cuidado com o uso da palavra “índias”, porque sei que o nome
“índia” cabe para várias mulheres, a inal, há várias tribos e épocas. Mas,
tentando uma generalização, não tão prejudicial ao entendimento, quero
saber se as índias vivem a gravidez de modo mais pleno? Por quê?
Teoricamente, sim, mas há mais variáveis do que sonha nossa iloso ia: ao
descompromisso do ato sexual segue-se a seriedade da notícia – “Estou
esperando um ilho”. A partir daí, viver a maternidade plena e com certa
autonomia é quase uma atitude de contracultura.
Não sei quanti icar, mas o bebê é uma ameaça ao idílio exclusivo. Também
as mudanças ísicas da mulher gestante são desagradáveis para alguns.
Outros têm medo do que os espera. Um pai já me queixou que uma criança
tão pequena é capaz de encher a casa e alterar todos os hábitos da família.
Quanto ele via os cuidados que a mãe dispensava dia e noite à criança,
icava enciumado e carente, com nostalgia de sua própria infância. Outro
fator é a alteração dos hábitos do casal sobre saídas e horas de sono. O
caso mais marcante que já vi em casal casado foi de um pai que, ao voltar
da maternidade, pegou suas coisas e nunca mais voltou. Diariamente se
sabe de mulheres que engravidam e o companheiro some, não ‘assume’.
Nesses casos, pesam fatores emocionais, censura sobre a mãe solteira
(ainda hoje) e dificuldades econômicas.
Ainda sobre os anos 1970. Lembro que a atriz Leila Diniz ia à praia,
grávida, com a barriga de fora. Esse ato libertou mulheres. Isso foi
demais! E hoje a mulher faz questão de revelar que, apesar da
gravidez, ainda se mantém plena na sexualidade e beleza. Bacana.
Mas, às vezes, me pergunto se a extrema preocupação com ela mesma
não a priva dum contato mais intenso com o ilho. O que tem a dizer,
Dra. Relva?
Nossa comunidade tem uma coisa importante que é ser um espaço para
que as interessadas se manifestem. Não é um consultório virtual, é um
local de troca de informações e de solidariedade. Lá elas aprendem que
toda mãe tem di iculdades e alegrias. Trocam conversas sobre as fases do
desenvolvimento infantil, manifestam-se sobre as modalidades de parto,
repensam sua capacidade de amamentar. Como são muito inteligentes,
trazem enorme contribuição sobre suas próprias vivências. A troca afetiva
é intensa e se criam grandes amizades virtuais e reais, nos “orkontros”, em
visitas ou por telefonemas e emails. Tento transmitir-lhes qual é o plano da
natureza para com as crianças, que não são doentes em potencial, mas
seres com grande capacidade de aprender e dotados de grande vitalidade.
Relva, toda mulher tem talento para ser mãe? Posso crer que algumas
podem ser boas, digamos, “parideiras” – desculpe a expressão vulgar
– mas não, boas mães? Como a mulher que até curtiu dar à luz, mas
não, da experiência da maternidade livra-se da culpa?
Toda mulher tem condições biológicas para ser mãe, pois dispõe de útero e
ovários. Mas não existe uma vocação indiscriminada para ser mãe. Hoje é
possível ser mãe de várias formas: adotando, “alugando” uma barriga,
recebendo inseminação arti icial. Ser “parideira” é uma coisa bem animal,
isiológica. Já ‘ser mãe’ exige investimento afetivo, emocional, ísico, requer
dedicação, tempo e recursos inanceiros. É um empreendimento não tão
simples como quer a natureza, nem tão di ícil como se faz acreditar. A
culpa vem desde Eva, e precisa ser trabalhada. A mãe sempre se cobra se
está sendo su icientemente boa para aquele ilho. A culpa a acompanhará
eternamente: se algo sair errado, foi culpa sua. Se der certo, ninguém vai
se lembrar.
Não se nasce mãe, torna-se mãe. Não basta ir caminhando e cantando, tem
que aceitar o ilho internamente e botar mãos à obra (literalmente, hehe).
Varia muito com etapas de vida, condições inanceiras, apoio emocional do
companheiro e da família e também do projeto de vida da mãe. As que
sofrem depressão pós-parto precisam de tratamento médico e psicológico.
As que estão exauridas precisam de ajuda do parceiro, de ajuda efetiva de
parentes e amigas de boa vontade. Em alguns países a mãe recebe ajuda
presencial nos primeiros dias, quanto ao preparo de sua alimentação e
cuidados com a casa, para que possa dedicar-se ao bebê. Todas precisam
de tempo e sossego para a adaptação ao bebê e às novas tarefas da
maternagem.
O que acha importante desmisti icar para as mulheres que vão ter
filhos?
1. Que ela deve ficar ligada aos procedimentos a que vai ser submetida
Então, nossa rede é virtual, mas também real, solidária, criativa, formada
de pessoas e não de membros impessoais. Pessoas capazes de formar
redes a partir do rizoma: para aqueles de nós que têm estado isolados
tanto tempo, tornou-se possível inventar sistemas que formam rebentos
subterrâneos, empurrando para a super ície uma nova forma de
solidariedade não burocrática, não institucional. Um rizoma, uma raiz, uma
nova forma de aprender, de ensinar, de servir.
Quando criei a comunidade em 2005 foi para re letir sobre esses aspectos,
que demandam atenção e compaixão do mundo adulto.
Principais bandeiras
Meus ilhos hoje já são adultos. Eles tiveram a sorte de ter uma infância
feliz, na época em que era possível brincar na rua com os amiguinhos da
vizinhança. As festinhas eram mais simples, mais domésticas, sem as atuais
mega produções. Acredito que eles tiveram uma infância saudável e feliz e
se realizaram como pessoas do bem.
Se você considerar pela idade, não tenho escapatória... Acho que esse papel
já foi cumprido. A comunidade adquiriu autonomia e se tornou um ponto
de encontro onde as mães e pais falam de suas crianças, de suas dúvidas,
de seus acertos e acontecimentos do dia a dia. Temos excelentes
moderadoras e participantes inteligentes. Então, a comunidade é muito
dinâmica e palpitante. O grande barato da PR são as amizades que lá
surgiram e se consolidaram.
Olho do Tempo
www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-1954-1.pdf
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE
Resumo
O Terceiro Setor tem investido na sua inserção nas Redes Sociais Digitais
para propagar seus discursos socioambientais. Apesar de defender o
emprego de meios dialógicos, os resultados em geral demonstram um
apego à lógica do discurso monológico. Para compreender como é possível
que o Terceiro Setor potencialize a comunicação bidirecional com o público
alvo, será analisado como são estruturados os discursos que estimularam
uma intensi icação de trocas comunicativas. Foram analisados os discursos
de comunidades do Orkut que geraram uma dinâmica troca de
informações, pelos conceitos de “polêmica” de inido por Maingueneau e de
“polifonia” de Bakhtin, com o objetivo de evidenciar como eles geram um
contrato comunicativo, na acepção de Charedeau, para instaurar um
diálogo constante com o indivíduo globalizado.
Existirmos, a que será que se
destina?
Lutar para nascer, lutar para respirar, lutar para mamar; lutar para
engatinhar, lutar para andar, para falar, para pensar e compreender o que
se passa no corpo e no mundo; lutar para se adequar aos outros, lutar
para aprender, para se comunicar, lutar para evitar ciladas; lutar para
‘ser’, lutar para... viver.
G. W. Carver.
União, separação
Lealdade, traição
Derrota, superação
Soberba, humilhação
Treva, iluminação
Fome, satisfação
Estreito, imensidão
Queda, ascenção
Ofensa, perdão
Morte, concepção
Cantiga quase de roda
Na roda do mundo
lá vai o menino.
O mundo é tão grande
e os homens tão sós.
De pena, o menino
começa a cantar.
(Cantigas afastam
as coisas escuras.)
Mas como ele sabe
que os homens, embora
se façam de fortes,
se façam de grandes,
no fundo carecem
de aurora e de infância.
Na roda do mundo,
mãos dadas aos homens,
lá vai o menino
rodando e cantando
cantigas que façam
o mundo mais manso,
cantigas que façam
a vida mais doce
cantigas que façam
os homens mais crianças.
– Thiago de Mello -
“Há um dever geral de humanidade, que nos liga não
apenas aos animais, que têm vida e sentimento, mas às
próprias árvores e às plantas.” – Montaigne.
Yuri, filho de Fernanda & Juan Oliveira Cardoso
lembrança.”
Ana Miranda
Créditos das imagens e critérios de escolha
Fontes de consulta
A principal fonte que usamos para consultas, além do Google, foi o Direct
Media, site da wikipédia alemã. Seu diretor é Vlado Erwin Jurschitza. O
acervo denominado “Projeto Yorck” oferece 10.000 obras primas de
domínio público, ou seja, até o ano de 1923.
Guayasamin: www.guayasamin.org/pages_ing/index.html
Baby 411 – Ari Brown & Denise Fields – Clear answers & Smart advice
Livro despretensioso, com ótimas dicas de saúde.
Andréia: Esse livro ainda não foi lançado no Brasil. O autor é pediatra, e o
livro não pretende ser um meio termo; é extremista e toma claro partido
d a criança. Besame Mucho vem devolver aos pais a con iança naquele
sentimento que os pais sentem, desejam e fazem pelos ilhos: o amor. Ele
aborda vários aspectos da educação, principalmente os mais polêmicos
como sono, alimentação, birras, limites e principalmente ‘desmisti ica
várias teorias antinaturais que pregam por aí. Imperdível!
Destinos de Criança
Françoise Dolto aborda neste livro os temas essenciais dos limites dos
papéis respectivos de todos os que lidam com as crianças e suas famílias,
dos limites do poder do adulto sobre a criança, da necessidade das
castrações simbólicas e do papel do desejo na dinâmica do indivíduo.
Françoise Dolto elabora uma verdadeira ética do trabalho social e, além
disso, uma ética do desejo.
Os Caminhos da Educação
Ler Françoise Dolto, nestes artigos e conferências aqui reunidos pela
primeira vez, é encontrá-la livre, admirável, contemporânea. É sentir a
força de uma ética que a impele a se dirigir a todos, pais e educadores,
defendendo a causa das crianças e colocando as aquisições da psicanálise
a serviço da educação.
O Brincar e a Realidade
Contribuição ao estudo do desenvolvimento humano, baseado em trabalho
clínico com bebês e crianças.
Filhos – I e II – SBP: Flávio Ancona & Dioclécio de Campos Jr, Ed. Manole,
SP, 2010-2011.
Gestos de cuidado, gestos de amor – amamentação, colo, sono, postura –
André Trindade, Summus Editorial, Sp, 2007
Inteligência Emocional e a Arte de educar Nossos Filhos – John
Gottman, Joan De Claire.
Andréia: O livro é de longe um dos melhores que já li. Orienta os pais a
avaliarem seus métodos de lidar com as emoções dos ilhos, guiando-os a
melhorar essa interação. Conforme os pais fazem os testes propostos no
livro e avaliam suas reações às emoções dos ilhos como alegria, tristeza,
raiva, o autor ajuda-nos a entender e guiar as crianças com empatia.
Taty Klein: O livro é todo voltado para os bebês aprenderem a lidar com os
pais, e não o contrário. A linguagem simples e bem humorada, às vezes até
irônica, torna o livro divertido e facilita a compreensão do mundo infantil.
A Máscara da Maternidade – Por que ingimos que ser mãe não muda
nada? Susan Maushart, Melhoramentos, SP, 2006.
Com que corpo eu vou? Joana Vilhena Novaes, Editora PUC/Pallas, 2006.
Mulheres na História do Brasil, Mary Del Priore Ed. Contexto, SP, 1997.
DVDs:
blog do estadãoblogs.estadao.com.br/estante-de-letrinhas
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www.metodocanguru.org.br
DIREITOS DA INFÂNCIA
CONANDA
www.planalto.gov.br/sedh/
Inclusão de deficientes
www.saci.org.br
Guia de solidariedade em SP
www.saci.org.br/?modulo=akemi¶metro=11262
Linhas pedagógicas
www.clicfilhos.com.br/site/dmateria.jsp?titulo=Tradicional%20ou%20moderno?
%20Voce%20decide!
www.escoladafamilia.sp.gov.br/destaques.html
Órgãos oficiais
OPAS — www.opas.org.br | OMS — www.who.int | ANVISA — www.anvisa.gov.br
Pneumologia – www.pneumolab.com.br
Página da ReHuNa:
www.rehuna.org.br
ENDEREÇOS ÚTEIS EM SP
e-mail: abdim@sili.com.br
site: www.abdim.org.br
Serviços:
e-mail: apacsp@apacsp.com.br
e-mail: sparisi@yahome.com.br