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Experiência de Hawthorne

A experiência de Hawthorne foi realizada em 1927, o fator psicológico influenciava no resultado da pesquisa,
pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos os pesquisadores pretenderam elimina-lo da experiência,
, em uma fábrica da Western Electric Company, situada por considera-lo inoportuno, razão pela qual a experiên-
em Chicago, no bairro de Hawthorne e sua finalidade era cia prolongou-se até 1932, quando foi suspensa em ra-
determinar a relação entre a intensidade da iluminação e zão da crise econômica de 1929. A conclusão (que ficou
a eficiência dos operários medida através da produção. A conhecida como experiência de Hawthorne) é que o au-
experiência foi coordenada por Elton Mayo e colabora- mento da produtividade não estava relacionado com a in-
dores, e estendeu-se à fadiga, acidentes no trabalho, rota- tensidade da luz, mas sim com a atenção que estava sendo
tividade do pessoal (turnover) e ao efeito das condições dada às pessoas.
de trabalho sobre a produtividade do pessoal.[1]

3 2ª Fase - Sala de montagem de re-


1 Objetivo
lés
A direção da fábrica de Western Electric, situada no
bairro Hawthorne da cidade de Chicago, Condado de Começou em 1927. Foi criado um grupo de observação:
Cook, estado de Illinois, contratou uma equipe de Har- cinco moças montavam os relés, enquanto uma sexta for-
vard (Elton Mayo- médico especializado em psicopato- necia as peças para abastecer o trabalho. A sala de pro-
logia e Fritz Roethlisberger) para conduzir experimen- vas era separada do departamento (onde estava o grupo de
tos relacionando produtividade e condições fisicas de controle) por uma divisão de madeira. O equipamento de
trabalho. Nessa fábrica havia um grande departamento trabalho era idêntico ao utilizado no departamento, ape-
onde moças montavam relés de telefone. A tese era que nas incluindo um plano inclinado com um contador de
aumentando a luminosidade, a produtividade também au- peças que marcava a produção em uma fita perfurada. A
mentaria. A Western Electric fabrica equipamentos e produção foi o índice de comparação entre o grupo expe-
componentes telefônicos. Na época, valorizava o bem- rimental (sujeito a mudanças nas condições de trabalho)
estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e boas e o grupo controle (trabalho em condições constantes). O
condições de trabalho. A empresa não estava interessada grupo experimental tinha um supervisor, como no grupo
em aumentar a produção, mas em conhecer melhor seus de controle, além de um observador que permanecia na
empregados. sala. Elas foram convidadas para participar na pesquisa
e esclarecidas quanto aos seus objetivos: determinar o
efeito de certas mudanças nas condições de trabalho (pe-
ríodo de descanso, lanches, redução no horário de traba-
2 1ª Fase - Os Estudos da Ilumina- lho etc.). Eram informadas dos resultados e as modifica-
ção ções eram antes submetidas a sua aprovação. A pesquisa
foi dividida em 12 períodos.[2]
Para analisar o efeito da iluminação sobre o rendimento 1° período: Durou duas semanas. Foi estabelecida a ca-
dos operários, foram escolhidos dois grupos que faziam pacidade produtiva em condições normais de trabalho
o mesmo trabalho e em condições idênticas: um grupo (2.400 unidades semanais por moça) que passou a ser
de observação trabalhava sobre intensidade de luz variá- comparada com os demais períodos.
vel, enquanto o grupo de controle tinha intensidade cons-
tante. Curiosamente, no grupo experimental e no grupo 2° período: Durou cinco semanas. O grupo experimental
de controle, registrou-se um aumento na produtividade. foi isolado na sala de provas, mantendo-se as condições
Os pesquisadores não conseguiram provar a existência de e o horário de trabalho normais e medindo-se o ritmo de
qualquer relação simples entre a intensidade de ilumina- produção. Serviu para verificar o efeito da mudança de
ção e o ritmo de produção. Reduziu-se a iluminação na local de trabalho.
sala experimental. Esperava-se uma queda na produção, 3° período: Modificou-se o sistema de pagamento. No
mas o resultado foi o oposto, a produção na verdade au- grupo de controle havia o pagamento por tarefas em
mentou. Comprovou-se a preponderância do fator psico- grupo. Os grupos eram numerosos (mais de cem mo-
lógico sobre o fator fisiológico: a eficiência dos operários ças), as variações de produção de cada moça eram di-
é afetada por condições psicológicas. Reconhecendo que luídas na produção e não refletiam no salário individual.

1
2 4 CONCLUSÕES DA EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE

Separou-se o pagamento do grupo experimental e, como 3.2 3ª Fase - O programa de entrevistas


ele era pequeno, os esforços individuais repercutiam di-
retamente no salário. Esse período durou oito semanas. Os pesquisadores, fixados no estudo das relações huma-
Verificou-se aumento de produção. nas no trabalho, verificaram que, no grupo de controle, as
4° período: Início da introdução de mudanças no tra- moças consideravam humilhante a supervisão vigilante e
balho: um intervalo de cinco minutos de descanso no constrangedora. Assim, em 1928 iniciou-se o Programa
período da manhã e outro igual no período da tarde. de Entrevistas (Interviewing Program) com os emprega-
Verificou-se novo aumento na produção. dos para conhecer suas atitudes e sentimentos, ouvir suas
opiniões quanto ao trabalho e tratamento que recebiam,
5° período: Os intervalos de descanso foram aumentados bem como ouvir sugestões a respeito do treinamento dos
para dez minutos cada, verificando-se novo aumento de supervisores. O programa obteve sucesso. Foi, então,
produção. criada a Divisão de Pesquisas Industriais para ampliar o
6° período: Introduziram-se três intervalos de cinco mi- Programa de Entrevistas. Entre 1928 e 1930 foram entre-
nutos na manhã e três à tarde. A produção não aumentou vistados cerca de 21.126 empregados. Em 1931 adotou-
e houve quebra no ritmo de trabalho. se a técnica da entrevista não diretiva, onde o operário
pode falar livremente, sem que o entrevistador desvie o
7° período: Voltou-se a dois intervalos de dez minutos, assunto ou tente impor um roteiro prévio. O Programa
em cada período, servindo-se um lanche leve. A produ- de Entrevista revelou a existência da Organização Infor-
ção aumentou novamente. mal dos Operários a fim de se protegerem das ameaças
8° período: O grupo experimental passou a trabalhar até da Administração. Nela, os operários se mantêm unidos
às 16h30min e não até às 17 horas, como o grupo de con- através de laços de lealdade.
trole. Houve acentuado aumento na produção.
9° período: O grupo passou a trabalhar até às 16 horas. 3.3 4ª Fase - Sala de montagem de termi-
A produção permaneceu estacionária.
nais
10° período: O grupo experimental voltou a trabalhar até
às 17 horas. A produção aumentou bastante. Para analisar a relação entre a Organização Informal dos
11° período: Estabeleceu-se a semana de cinco dias, com Operários e a Organização Formal da Fábrica, foi esco-
sábado livre. A produção diária do grupo experimental lhido um grupo experimental para trabalhar em uma sala
continuou a subir. especial com condições de trabalho idênticas às do de-
partamento. Um observador ficava dentro da sala e um
12° período: Voltou-se às mesmas condições do 3° pe- entrevistador fora entrevistando o grupo. O sistema de
ríodo, tirando-se todos os benefícios dados, com a acei- pagamento era baseado na produção do grupo. O salá-
tação das moças. Esse período durou 12 semanas. Ines- rio só poderia ser maior se a produção total aumentasse.
peradamente a produção atingiu um índice jamais alcan- O observador pôde notar que os operários dentro da sala
çado anteriormente (3.000 unidades semanais por moça). usavam uma porção de artimanhas – logo que os operá-
rios montavam o que julgavam ser a sua produção nor-
mal, reduziam seu ritmo de trabalho. Os operários pas-
3.1 Conclusão dessa fase saram a apresentar certa uniformidade de sentimentos e
solidariedade grupal. O grupo desenvolveu métodos para
As moças gostavam de trabalhar na sala de provas por- assegurar suas atitudes, considerando delator o membro
que era divertido e a supervisão branda (ao contrário da que prejudicasse algum companheiro e pressionando os
supervisão de controle rígido na sala de montagem) per- mais rápidos para estabilizarem sua produção por meio
mitia trabalhar com liberdade e menor ansiedade; de punições simbólicas.

Havia um ambiente amistoso e sem pressões, na qual a


conversa era permitida, o que aumentava a satisfação no
trabalho;
4 Conclusões da Experiência de
Não havia temor ao supervisor, pois este funcionava como Hawthorne
orientador;
Houve um desenvolvimento social do grupo experimen- 4.1 Nível de Produção é Resultante da In-
tal. As moças faziam amizades entre si e tornaram-se tegração Social
uma equipe;
O nível de produção não é determinado pela capacidade
O grupo desenvolveu objetivos comuns, como o de au- física ou fisiológica do empregado (como afirmava a Teo-
mentar o ritmo de produção, embora fosse solicitado tra- ria Clássica), mas por normas sociais e expectativas gru-
balhar normalmente. pais. É a capacidade social do trabalhador que determina
[3]
o seu nível de competência e eficiência e não sua capaci-
4.6 Importância do Conteúdo do Cargo 3

dade de executar movimentos eficientes dentro do tempo seus subordinados e a criação de uma atmosfera na qual
estabelecido. Quanto maior a integração social do grupo, cada pessoa é encorajada a exprimir-se de forma livre e
maior a disposição para trabalhar[4] sadia.

4.2 Comportamento Social dos Emprega- 4.6 Importância do Conteúdo do Cargo


dos
A especialização não é a maneira mais eficiente de divi-
Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente são de trabalho.Trabalhos simples e repetitivos tornam-se
como indivíduos, mas como membros de grupos. Por- monótonos e maçantes afetando negativamente a atitude
tanto, a administração não pode tratar os empregados um do trabalhador e reduzindo a sua satisfação e eficiência.
a um, mas sim como membros de grupos e sujeitos às in-
fluências sociais desses grupos. A Teoria das Relações
Humanas contrapõe o comportamento social do empre- 4.7 Ênfase nos Aspectos Emocionais
gado ao comportamento do tipo máquina, proposto pela
Teoria Clássica. Os elementos emocionais não planejados e irracionais
do comportamento humano merecem atenção especial da
Teoria das Relações Humanas. Daí a denominação de so-
4.3 Recompensas e Sanções Sociais ciólogos da organização aos autores humanistas.

Os precursores da Administração Científica, baseados no


conceito de homo economicus, pelo qual o homem é mo- 4.8 Críticas ao Experimento
tivado e incentivado por estímulos salariais, elaboravam
planos de incentivo salarial, para elevar a eficiência e bai- Recentemente a Experiência de Hawthorne tem sido re-
xar os custos operacionais. Para a Teoria das Relações vista e criticada no seu aspecto metodológico. Em 1998
Humanas, a motivação econômica é secundária na deter- um artigo[6] do New York Times apontou que somente
minação do rendimento do trabalhador. Para ela, as pes- cinco funcionárias participaram da experiência e duas fo-
soas são motivadas pela necessidade de reconhecimento, ram substituídas. Além disto, dois economistas da Uni-
de aprovação social e participação nas atividades dos gru- versidade de Chicago, Steven Levitt e John List, refize-
pos sociais nos quais convivem. Daí o conceito de ho- ram uma análise usando econometria [7] e não encontra-
mem social.[5] ram ligação entre a produtividade e a luminosidade.
1- Ingenuidade e romantismo.
4.4 Grupos Informais 2- Paternalismo tutorial.
3- Negação do conflito de interesses que é parte das rela-
Enquanto os clássicos se preocupavam com aspectos for- ções de trabalho.
mais da organização como autoridade, responsabilidade,
especialização, estudos de tempos e movimentos, princí- 4- Investigações voltadas pra a organização, excluindo a
pios gerais de Administração, departamentalização etc., influência do ambiente.
os autores humanistas se concentravam nos aspectos in- 5- Exaltação do empirismo, a observação e o mero des-
formais da organização como grupos informais, compor- cobrimento dos fatos.
tamento social dos empregados, crenças, atitude e expec-
tativa, motivação etc. A empresa passou a ser visualizada
como uma organização social composta de grupos sociais 5 Referências
informais. Esses definem suas regras de comportamento,
formas de recompensas ou sanções sociais, objetivos, es-
[1] • Mayo, Elton. The human problems of an industrial
cala de valores sociais, crenças e expectativas que cada
civilization. New York: The Macmillan Company,
participante vai assimilando e integrando em suas atitu- 1933.
des e comportamento.
[2] • Chiavenato, Idalberto. Introdução à teoria geral da
administração. 3ª ed. São Paulo: McGraw-Hill do
4.5 Relações Humanas Brasil, 1983.

As relações humanas são as ações e atitudes desenvolvi- [3] • Escola das Relações Humanas Núcleo de Estudos e
Tecnologias em Gestão Pública - Universidade Fe-
das a partir dos contatos entre pessoas e grupos. Cada
deral do Rio Grande do Sul
pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada
que influi no comportamento e atitudes das outras com [4] • Roethlisberger, F.J. & W.J. Dickson. Management
quem mantém contato. A compreensão das relações hu- and the worker. Cambridge, Mass: Harvard Uni-
manas permite ao administrador melhores resultados de versity Press, 1939.
4 5 REFERÊNCIAS

[5] • The Economist. Questioning the Hawthorne effect.


Visitado em 19-4-2010

[6] * Artigo do New York Times sobre os estudos de


Hawthorne

[7] [http://www.economist.com/finance/displaystory.cfm?
story_id=13788427/ *Análise feita com econometria por
Steven Levit e

• Kolata, Gina.Scientific Myths That Are Too Good


to Die. New York Times, 6 de dezembro de 1998.

• Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Teoria


das Relações Humanas
5

6 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem


6.1 Texto
• Experiência de Hawthorne Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_de_Hawthorne?oldid=45879743 Contribuidores:
Rui Silva, Mecanismo, Tintazul, João Carvalho, OS2Warp, Bonás, SallesNeto BR, Leonardo.stabile, Chicocvenancio, Reynaldo, Rei-
bot, Faboli, César Tibúrcio, JAnDbot, Wikicurious, Carlos28, TXiKiBoT, SieBot, Lechatjaune, OTAVIO1981, PixelBot, Feigenhain,
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6.2 Imagens

6.3 Licença
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