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OPERAÇÕES (SCO)
Um Guia Prático para Responder
Situações Críticas, Desastres e Crises
SISTEMA DE COMANDO EM
OPERAÇÕES (SCO)
Um Guia Prático para Responder Situações
Críticas, Desastres e Crises
1ª Edição
2020
INSTITUCIONAL
Aldo Neto
SISTEMA DE COMANDO EM
OPERAÇÕES (SCO)
Um Guia Prático para Responder Situações
Críticas, Desastres e Crises
1ª Edição
Florianópolis
Defesa Civil do Estado de Santa Catarina
2020
ORGANIZAÇÃO
Defesa Civil do Estado de Santa Catarina. Oliveira, Marcos de. Sistema de Comando em Operações
(SCO): um guia prático para responder situações críticas, desastres e crises. 1ª ed. Florianópolis,
2020.
DESIGN INSTRUCIONAL:
Maria Hermínia Benincá Schenkel
ILUSTRAÇÃO:
Makian Boaventura Soares
SUMÁRIO
LIÇÃO 01.............................................................................................................. 13
LIÇÃO 02............................................................................................................ 35
LIÇÃO 03............................................................................................................ 65
LIÇÃO 04............................................................................................................ 97
LIÇÃO 06...........................................................................................................133
REFERÊNCIAS.................................................................................................157
COMO USAR ESTE LIVRO
Este livro contém alguns recursos para facilitar o processo de aprendizagem e aprofundar seu conhecimento. São eles:
Questão: quando temos uma pergunta impor- Zoom: toda imagem que apresentar este ícone
tante sobre o assunto que está sendo tratado. poderá ser expandida ao clicar nela.
Dica: uma informação para complementar o Destaque: são informações importantes dentro
que está sendo visto. do texto.
Balão: serve para explicar uma palavra ou um Resumo da Lição: é a síntese da Lição.
conceito.
APRESENTAÇÃO
Prezado cursista,
Seja bem-vindo!
Você está iniciando agora o Curso de Capacitação em Sistema de Comando em Operações (SCO), que foi
preparado e está sendo oferecido pela Defesa Civil catarinense, através de sua Diretoria de Gestão de Edu-
cação (DIGE).
Os materiais didáticos disponíveis na modalidade de educação a distância permitirão que você aprenda
sobre a metodologia do SCO e esteja melhor preparado para responder desastres e crises.
O principal objetivo do curso é o de promover uma melhor compreensão sobre a teoria e prática do
Sistema de Comando em Operações (SCO), de forma a oferecer a você cursista, uma metodologia de
atuação padronizada, baseado em boas práticas gerenciais, que permitam uma atuação mais segura,
integrada e cooperativa para enfrentar as demandas e complexidades crescentes dos riscos e desas-
tres, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais.
Os conteúdos do curso foram revisados e atualizados de forma a proporcionar uma ampla base teórica
e oportunizar a discussão sobre o emprego do SCO, a partir da descrição de exercícios e dicas de espe-
cialistas, tão necessárias para a melhoria e o aperfeiçoamento dos processos de comando, controle e
coordenação de situações críticas, desastres e crises.
Espera-se que a capacitação forneça uma visão geral de como funciona o SCO, incluindo conceitos-
-chave, dicas de comunicação, estrutura organizacional integrada, entendimento sobre as responsabi-
lidades de cada função do organograma básico, emprego de formulários padronizados, planejamento
de ações, etc.
Controle Consultor
Interno Jurídico
Coordenador
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Monitoramento e Alerta Informações e Desastres Capacitação e Ensino Orçamento e Convênios
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Monitoramento Hidrológico Assistência Humanitária Pesquisa e Extensão Recursos e Prest. de Contas
Assessor
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Preparação Contratos e Licitações
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Apoio Operacional
A DC entende que, atualmente, o maior desafio das organizações está em aprender a converter o co-
nhecimento dos seus colaboradores e especialistas em conhecimento organizacional. Nesse contexto,
enquanto as organizações privadas buscam criar estratégias de gestão que as possibilitem sobreviver
e lucrar, as organizações públicas buscam, principalmente, qualidade, eficiência, efetividade social e
desenvolvimento econômico e social.
Buscando implementar um novo paradigma de gestão, com base na Gestão do Conhecimento, foi efeti-
vada uma parceria entre a Defesa Civil de Santa Catarina (DC), a Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), como a
implementação de dois projetos para o desenvolvimento de práticas de gestão do conhecimento liga-
das aos processos de atuação do Centro Integrado de Gestão de Riscos e Desastres – CIGERD.
Gestão do Conhecimento
Para que você conheça melhor essas etapas, elas estão descritas em documentos já produzidos pela
Defesa Civil. Assim, as 1a e 2a etapas estão descritas no manual “Mapeamento do conhecimento:
Diagnosticar & Planejar”, a 3a etapa de desenvolvimento foi estruturada no manual “Procedimentos:
Desenvolver & Revisar”, que apresenta os protocolos de atuação conjunta e procedimentos (adminis-
trativos, gerenciais e operacionais), com o objetivo de proporcionar um espaço permanente de consulta
e padronização das atividades desenvolvidas por cada diretoria, gerência e coordenadoria da DC. A 4a
e última etapa é registrada no manual “Práticas de Gestão do Conhecimento: Implementar”, onde são
descritas sete práticas de Gestão do Conhecimento identificadas e priorizadas como as mais adequa-
das para a Defesa Civil de Santa Catarina.
Paralelamente, foi desenvolvido o Programa SC Resiliente que tem como objetivo fortalecer as ações
de Redução de Risco e Desastre (RRD) e resiliência nos municípios catarinenses, por meio de incentivo
direto e reconhecimento formal da Defesa Civil estadual (Santa Catarina, 2019).
Pode-se afirmar que o CIGERD faz parte de uma nova proposta para o sistema de proteção e defesa civil
em desenvolvimento em Santa Catarina, e sua estrutura conta com uma (01) estrutura central (CIGERD
Estadual), sediada na Capital, e mais vinte (20) CIGERD’s Regionais, sediados junto às Coordenadorias
Regionais de Defesa Civil (COREDEC’s), conforme estabelecido no Anexo Único do Decreto N° 1.879,
Durante muito tempo, a gestão de desastres concentrou-se unicamente em ações reativas desenvolvi-
das após o impacto do evento adverso, envolvendo basicamente atividades de resposta, ou seja, ações
de socorro e assistência às pessoas atingidas.
Mais recentemente, com o aperfeiçoamento do sistema de proteção e defesa civil nacional, conside-
ração de múltiplas fontes (Estratégia Internacional para a Redução de Desastres das Nações Unidas,
Banco Mundial) e diálogo com técnicos e especialistas, o foco de atuação acabou sendo redirecionado
para atividades mais concentradas nas ações de prevenção, mitigação e preparação, com foco na re-
dução dos riscos.
Atualmente, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), em conformidade com o Art. 3º,
da Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012, abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, res-
posta e recuperação de desastres, sem uma área de ação prioritária, com o objetivo maior de construir
cidades e comunidades resilientes contra riscos e desastres através de políticas públicas de desenvol-
vimento sustentável.
Sabemos também que existem diferentes instrumentos de gerenciamento que podem auxiliar as orga-
nizações que participam dessas ações a desenvolver suas atividades de forma colaborativa, integrada,
eficiente e eficaz.
Já nas ações desenvolvidas durante os processos de gestão de desastres (que ocorrem normalmente
em períodos de anormalidade, ou seja, nos intervalos de tempo caracterizados pela ocorrência de even-
tos extremos, desastres ou crises com potencial para alterar gravemente o funcionamento normal de
uma comunidade ou sociedade) devemos buscar o emprego da metodologia do Sistema de Comando
em Operações (SCO), pois ela representa uma ferramenta gerencial consolidada que permite que seus
usuários adotem uma estrutura organizacional integrada para planejar e enfrentar as demandas e com-
plexidades de um desastre, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais.
A Defesa Civil catarinense compreende que, mais do que estar preparada e pronta para oferecer uma
adequada resposta para situações de desastres e crises de toda ordem, deve utilizar uma metodologia
Para tal, faz-se necessária a capacitação de seus integrantes e demais colaboradores eventuais, de
forma que todos possam atuar de forma integrada, padronizada, segura e eficiente, permitindo que
as ações de Governo estejam alinhadas nas esferas Federal, Estadual e Municipais, permitindo uma
atuação cooperativa e integrada com os setores privados e com as organizações não-governamentais.
Prova disso é que a DC catarinense foi pioneira na capacitação de parceiros em Sistema de Comando
em Operações, promovendo em 2004, um primeiro Curso de Capacitação em SCO, na modalidade EaD,
que de certa forma representou um ponto de inflexão importante e serviu para consolidar a metodolo-
gia como modelo padrão de resposta às situações de crise e desastre de toda ordem.
Agora a DC catarinense, através da Diretoria de Gestão de Educação (DIGE), oferece uma nova opor-
tunidade de capacitação em SCO, que permitirá àqueles que realizem o treinamento ampliar seus co-
nhecimentos sobre o tema e melhor compreender a importância do SCO como ferramenta de gestão
padronizada para responder desastres, crises ou mesmo eventos planejados de toda ordem.
A padronização de condutas servirá para fornecer um modelo consistente que permita que toda a co-
munidade e os usuários do sistema trabalhem em conjunto para prevenir, mitigar, preparar, responder
e recuperar-se dos efeitos das emergências e desastres, independentemente de sua causa, tamanho,
localização ou complexidade.
Apesar de ser uma capacitação aberta ao público interessado em geral, acredita-se que a clientela pre-
ferencial do Curso seja constituída por integrantes de órgãos de Proteção e Defesa Civil, estudantes e
voluntários interessados no tema, bem como, integrantes de instituições públicas ligadas à segurança
De acordo com a primeira capacitação oferecida pela DC catarinense, o conceito do Sistema de Coman-
do em Operações se baseava no Incident Command System (ICS), metodologia criada e desenvolvida
nos Estados Unidos da América a partir dos anos 70, e era o seguinte:
“O SCO é uma ferramenta gerencial para comandar, controlar e coordenar as operações de resposta
em situações críticas, fornecendo um meio de articular os esforços de agências individuais quando
elas atuam com o objetivo comum de estabilizar uma situação crítica e proteger vidas, propriedades e
o meio ambiente ”.
“uma abordagem padronizada que representa as melhores práticas para facilitar o comando,
o controle e a coordenação de ações de resposta, com vistas ao alcance de objetivos e prio-
ridades previamente estabelecidas e o uso compartilhado e eficaz dos recursos (humanos,
materiais, financeiros, tecnológicos e de informação) disponíveis”.
Assim, o emprego padronizado das boas práticas do SCO possibilita que seus usuários adotem uma
estrutura organizacional integrada para enfrentar as incertezas e complexidades de um desastre, crise
ou mesmo um evento planejado, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais, evitando
jogos de poder e disputas institucionais.
O uso do SCO permite ainda que diferentes atores e organizações, possam atuar em uma estrutura
hierárquica temporária, fornecendo procedimentos de resposta padronizados, com o objetivo de redu-
zir os problemas de falta de comunicação e melhorar a segurança e eficácia das ações de resposta,
transformando complexidade e confusão em compreensão, colaboração e união de esforços em torno
do alcance de objetivos comuns.
O Sistema de Comando de Incidentes (do inglês, Incident Command System – ICS) foi desenvolvido
inicialmente para resolver problemas existentes entre agências de resposta a incêndios florestais na
Califórnia e no Arizona, mas atualmente tornou-se um componente fundamental do Sistema Nacio-
nal de Gerenciamento de Incidentes (National Incident Management System – NIMS) nos EUA, onde
Além disso, o ICS norte-americano serviu de inspiração e atuou como uma espécie de modelo para a
construção de abordagens semelhantes em todo o mundo.
Historicamente, o conceito inicial do ICS surgiu em 1968 durante uma reunião com chefes de bombei-
ros no sul da Califórnia. O programa inicial foi construído seguindo a doutrina militar de gerenciamento
adotada pela Marinha dos EUA, mas foi concebido para auxiliar nas ações de resposta e supressão de
incêndios florestais na interface urbana da Califórnia.
Durante a década de 1970, o problema dos incêndios florestais nos EUA tornou-se tão grave que uma
série de incêndios devastadores ocorridos na Califórnia suplantou o sistema de proteção do Estado.
A falta de conceitos unificados e modelos padronizados de resposta resultou em problemas operacio-
nais sem precedentes. Como resultado, o Congresso Norte-Americano recomendou ao Departamento
Florestal (U.S. Forestry) que desenvolvesse um sistema que pudesse resolver a questão e o estudo do
ICS foi retomado. Sob a coordenação do U.S. Forestry, reuniram-se vários departamentos de bombei-
ros para desenvolver um sistema de gestão para emergências. Este grupo de trabalho ficou conhecido
como FIRESCOPE (Firefighting Resources of California Organized for Potential Emergencies). Os estu-
dos determinaram que os problemas encontrados nas ações de resposta geralmente estavam relacio-
nados a deficiências de comunicação e gerenciamento, em vez de falta de recursos ou falhas táticas
de emprego operacional. Dois produtos importantes emergiram deste trabalho inicial: a finalização do
Incident Command System (ICS) e o Multi-Agency Coordination System (MACS).
Logo, muitas pessoas apontam enganosamente o NIMS como o início do aplicativo ICS, no entanto, o
sistema foi desenvolvido e evoluiu desde seu desenvolvimento original na década de 1970 para contro-
lar incêndios florestais até chegar a um verdadeiro sistema de gerenciamento de incidentes para todos
os riscos e operações (STAMBLER; BARBERA, 2011).
O conhecimento e a experiência acumulada pelas organizações de proteção e defesa civil ao longo dos
últimos anos, indica que entre os vários problemas encontrados nas ações de resposta aos desastres,
situações críticas e crises em geral encontram-se principalmente questões relacionadas com:
O adequado emprego do SCO como ferramenta gerencial para padronizar as ações de resposta em
emergências e não-emergências propicia os seguintes benefícios:
6) Melhora a articulação do comando com elementos internos e externos à operação, facilitando rela-
ções Institucionais e Governamentais;
7) Agrega valor à operação evitando a duplicação de esforços, disputas e jogos de poder, através do
compartilhando de conhecimentos, planejamento e recursos, com vistas à construção de medidas
colaborativas e de união de esforços em torno do alcance de objetivos comuns (BRASIL, 2010, p.22).
RESUMO DA LIÇÃO 1
- O que é o SCO?
Para permitir que esferas de governo federal, estadual e municipal atuem de forma inte-
grada e efetiva com o setor privado e organizações não-governamentais, sem prejuízo
de suas competências e limites jurisdicionais, evitando jogos de poder e disputas insti-
tucionais.
Como ferramenta gerencial para planejar, organizar, liderar e controlar os efeitos de-
correntes de situações críticas e crises, independentemente de sua causa, tamanho,
configuração, localização ou complexidade. A partir de uma estrutura organizacional
hierárquica temporária, o SCO permite que diferentes atores e organizações utilizem
procedimentos gerenciais baseados em boas práticas com o objetivo de reduzir os pro-
blemas gerenciais e melhorar a segurança e a eficácia das ações de resposta, transfor-