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SISTEMA DE COMANDO EM

OPERAÇÕES (SCO)
Um Guia Prático para Responder
Situações Críticas, Desastres e Crises

Defesa Civil do Estado de Santa Catarina


Diretoria de Gestão de Educação
Defesa Civil do Estado de Santa Catarina
Diretoria de Gestão de Educação

SISTEMA DE COMANDO EM
OPERAÇÕES (SCO)
Um Guia Prático para Responder Situações
Críticas, Desastres e Crises

1ª Edição
2020
INSTITUCIONAL

GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Carlos Moisés da Silva

DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Chefe da Defesa Civil

Aldo Neto

DIRETOR DE GESTÃO DE EDUCAÇÃO

Alexandre Corrêa Dutra


Marcos de Oliveira

SISTEMA DE COMANDO EM
OPERAÇÕES (SCO)
Um Guia Prático para Responder Situações
Críticas, Desastres e Crises

1ª Edição
Florianópolis
Defesa Civil do Estado de Santa Catarina
2020
ORGANIZAÇÃO

Defesa Civil do Estado de Santa Catarina. Oliveira, Marcos de. Sistema de Comando em Operações
(SCO): um guia prático para responder situações críticas, desastres e crises. 1ª ed. Florianópolis,
2020.

DESIGN INSTRUCIONAL:
Maria Hermínia Benincá Schenkel

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:


Walter Stodieck

ILUSTRAÇÃO:
Makian Boaventura Soares
SUMÁRIO
LIÇÃO 01.............................................................................................................. 13

LIÇÃO 02............................................................................................................ 35

LIÇÃO 03............................................................................................................ 65

LIÇÃO 04............................................................................................................ 97

LIÇÃO 05........................................................................................................... 115

LIÇÃO 06...........................................................................................................133

REFERÊNCIAS.................................................................................................157
COMO USAR ESTE LIVRO

COMO USAR O NOSSO LIVRO

Este livro contém alguns recursos para facilitar o processo de aprendizagem e aprofundar seu conhecimento. São eles:

Questão: quando temos uma pergunta impor- Zoom: toda imagem que apresentar este ícone
tante sobre o assunto que está sendo tratado. poderá ser expandida ao clicar nela.

Dica: uma informação para complementar o Destaque: são informações importantes dentro
que está sendo visto. do texto.

Balão: serve para explicar uma palavra ou um Resumo da Lição: é a síntese da Lição.
conceito.
APRESENTAÇÃO
Prezado cursista,

Seja bem-vindo!

Você está iniciando agora o Curso de Capacitação em Sistema de Comando em Operações (SCO), que foi
preparado e está sendo oferecido pela Defesa Civil catarinense, através de sua Diretoria de Gestão de Edu-
cação (DIGE).

Os materiais didáticos disponíveis na modalidade de educação a distância permitirão que você aprenda
sobre a metodologia do SCO e esteja melhor preparado para responder desastres e crises.

Os conteúdos da capacitação foram divididos seis (06) lições:

Lição 01 - Introdução ao Curso (Conceito, Origem e Benefícios do SCO)


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Lição 02 - Princípios orientadores do Cigerd/Defesa Civil e as 14 características gerenciais do SCO

Lição 03 - Estrutura organizacional e elementos do SCO

Lição 04 - Instalações e áreas predefinidas do SCO

Lição 05 - Formulários Padronizados Série 200 do SCO

Lição 06 - O SCO na prática

O principal objetivo do curso é o de promover uma melhor compreensão sobre a teoria e prática do
Sistema de Comando em Operações (SCO), de forma a oferecer a você cursista, uma metodologia de
atuação padronizada, baseado em boas práticas gerenciais, que permitam uma atuação mais segura,
integrada e cooperativa para enfrentar as demandas e complexidades crescentes dos riscos e desas-
tres, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais.

Os conteúdos do curso foram revisados e atualizados de forma a proporcionar uma ampla base teórica
e oportunizar a discussão sobre o emprego do SCO, a partir da descrição de exercícios e dicas de espe-
cialistas, tão necessárias para a melhoria e o aperfeiçoamento dos processos de comando, controle e
coordenação de situações críticas, desastres e crises.

Espera-se que a capacitação forneça uma visão geral de como funciona o SCO, incluindo conceitos-
-chave, dicas de comunicação, estrutura organizacional integrada, entendimento sobre as responsabi-
lidades de cada função do organograma básico, emprego de formulários padronizados, planejamento
de ações, etc.

Obrigado pela participação e sucesso na caminhada de aprendizagem!

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES


LIÇÃO 01
INTRODUÇÃO (CONCEITO, ORIGEM E BENEFÍCIOS
DO SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - SCO)

Ilustração: Makian Boaventura Soares


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta lição, você será capaz de:

- Compreender o funcionamento do Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres


de Santa Catarina (Cigerd), seus protocolos, procedimentos e a adoção do SCO como modelo
padronizado de resposta para desastres e crises;

-Identificar os principais problemas encontrados nas ações de resposta de desastres,


crises e situações críticas;

- Diferenciar situações críticas e emergências comuns;

- Conceituar o Sistema de Comando em Operações (SCO), bem como, descrever sua


origem, evolução e benefícios.
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A NOVA ESTRUTURA FUNCIONAL DA DEFESA CIVIL


ESTADUAL
A primeira estrutura de Defesa Civil catarinense foi criada no Governo Colombo Machado Salles, em 18
de maio de 1973, através da Lei nº 4.841.

Se considerarmos a evolução histórica, desde sua criação, devido a necessidade de modernização e


melhor atendimento das necessidades de proteção ao povo catarinense, sua estruturação sofreu várias
reformulações, passando inicialmente de uma Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para Departa-
mento Estadual, tendo posteriormente seu status elevado para Secretaria de Estado em 2011, e atual-
mente, com base na Lei Complementar nº 741/2019 passou a ser chamada simplesmente de Defesa
Civil, identificada com a sigla DC. Por consequência, o denominado “secretário”, conforme anteriormen- Em 12 de junho de 2019 foi pu-
te previsto, agora possui a atribuição de Chefe da Defesa Civil. blicada a Lei Complementar nº
741/2019, de autoria do Gover-
no do Estado, a qual dispôs so-
Recentemente, com base na Lei Complementar nº 741/2019, a Defesa Civil catarinense passou por
bre a estrutura organizacional
uma ampla mudança na sua estrutura organizacional, com a criação e disposição de novos cargos e básica e o modelo de gestão
funções, demandando a adequação do seu organograma e das competências organizacionais. da Administração Pública Esta-
dual. Trata-se da reforma e re-
estruturação administrativa da
organização do Poder Executivo
A Defesa Civil Estadual representa o órgão central que coordena o Sistema Estadual de Prote- Estadual de Santa Catarina, a
qual acabou influenciando a re-
ção e Defesa Civil (SIEPDEC), e tem por objetivo maior o de planejar, articular e coordenar as
estruturação da Defesa Civil de
ações de proteção e defesa civil em todo o território catarinense. Santa Catarina, no que tange a
composição de suas Diretorias
e respectivas Gerências e Coor-
denadorias.

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Para fins de atendimento ao público em geral, a sede da DC está estruturada em um Gabinete do Chefe
da DC, uma Área Administrativa (que conta com a Diretoria de Gestão Administrativa e Financeira -
DGAF e sete Gerências) e uma Área Operacional (que conta com três Diretorias, a Diretoria de Gestão
de Riscos - DGRI, a Diretoria de Gestão de Desastres – DGDE e a Diretoria de Gestão de Educação – DI-
GEalém de doze Gerências e duas Coordenadorias). A estrutura conta ainda com o apoio do Grupo de
Ações Coordenadas (GRAC) e do Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDC).

Organograma Defesa Civil


Grupo de
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Chefe da Ações Coordenadas
Defesa Civil
Conselho Estadual de
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Proteção e Defesa Civil - CEPDC
Chefe de Assistente do
ASCOM
Gabinete e Sec. CEPDC Chefe da DC (2)

Controle Consultor
Interno Jurídico

Ouvidoria Coord Geral de Defesa Civil COREDEC (20)


(Assessor Técnico) (Assessor Técnico)

Diretoria de Diretoria de Diretoria de Diretoria de Gestão


Gestão de Riscos Gestão de Desastres Gestão de Educação Administrativa e Financeira

Coordenador
Lorem ipsum de Coordenador
Lorem ipsum de Gerente de
Lorem ipsum Coordenador
Lorem ipsum de Planej.
Monitoramento e Alerta Informações e Desastres Capacitação e Ensino Orçamento e Convênios

Gerente de
Lorem ipsum Gerente de
Lorem ipsum Gerente de
Lorem ipsum Gerente de Capacitação de
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Monitoramento Hidrológico Assistência Humanitária Pesquisa e Extensão Recursos e Prest. de Contas
Assessor
Técnico
Gerente de Manutenção e
Lorem ipsum Gerente de
Lorem ipsum Gerente de
Lorem ipsum Gerente de TI e
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Operação de Eq. Especiais Operações Eventos e Campanhas Governança Eletrônica
Assessor
Técnico
Gerente de
Lorem ipsum Gerente de Reabilitação
Lorem ipsum Gerente de Inteligência
Lorem ipsum Gerente de Adm
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Prevenção e Reconstrução e Produção Acadêmica Finanças e Contabilidade
Assessor
Técnico
Gerente de
Lorem ipsum Gerente de
Lorem ipsum Gerente de
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Mitigação Produtos Perigosos Gestão de Pessoas

Gerente de
Lorem ipsum Gerente de
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Preparação Contratos e Licitações

Gerente de
Apoio Operacional

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A DC tem sua sede localizada em Florianópolis, Santa Catarina, na Avenida Ivo Silveira, nº 2.320, Bairro
Capoeiras, no mesmo prédio onde funciona o Centro Integrado de Gestão de Riscos e de Desastres (CI-
GERD Estadual), o qual conta ainda com outras 20 estruturas de CIGERD’s Regionais, localizados juntos
as Coordenadorias Regionais de Proteção e Defesa Civil (COREDEC’s), criados de acordo com o Decreto
nº 1879, de 29 de novembro de 2013.

Os novos paradigmas de gestão da Defesa Civil Estadual

A DC entende que, atualmente, o maior desafio das organizações está em aprender a converter o co-
nhecimento dos seus colaboradores e especialistas em conhecimento organizacional. Nesse contexto,
enquanto as organizações privadas buscam criar estratégias de gestão que as possibilitem sobreviver
e lucrar, as organizações públicas buscam, principalmente, qualidade, eficiência, efetividade social e
desenvolvimento econômico e social.

Buscando implementar um novo paradigma de gestão, com base na Gestão do Conhecimento, foi efeti-
vada uma parceria entre a Defesa Civil de Santa Catarina (DC), a Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), como a
implementação de dois projetos para o desenvolvimento de práticas de gestão do conhecimento liga-
das aos processos de atuação do Centro Integrado de Gestão de Riscos e Desastres – CIGERD.

O processo de implementação da Gestão do Conhecimento na Defesa Civil de Santa Catarina acabou


dividido em quatro etapas: diagnosticar, planejar, desenvolver e implementar.

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Gestão do Conhecimento

Diagnosticar Planejar Desenvolver Implementar

Para que você conheça melhor essas etapas, elas estão descritas em documentos já produzidos pela
Defesa Civil. Assim, as 1a e 2a etapas estão descritas no manual “Mapeamento do conhecimento:
Diagnosticar & Planejar”, a 3a etapa de desenvolvimento foi estruturada no manual “Procedimentos:
Desenvolver & Revisar”, que apresenta os protocolos de atuação conjunta e procedimentos (adminis-
trativos, gerenciais e operacionais), com o objetivo de proporcionar um espaço permanente de consulta
e padronização das atividades desenvolvidas por cada diretoria, gerência e coordenadoria da DC. A 4a
e última etapa é registrada no manual “Práticas de Gestão do Conhecimento: Implementar”, onde são
descritas sete práticas de Gestão do Conhecimento identificadas e priorizadas como as mais adequa-
das para a Defesa Civil de Santa Catarina.

Paralelamente, foi desenvolvido o Programa SC Resiliente que tem como objetivo fortalecer as ações
de Redução de Risco e Desastre (RRD) e resiliência nos municípios catarinenses, por meio de incentivo
direto e reconhecimento formal da Defesa Civil estadual (Santa Catarina, 2019).

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O funcionamento do Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e De-


sastres de Santa Catarina – CIGERD

O Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres de Santa Catarina – CIGERD representa


uma ideia e um esforço do Governo Estadual na busca por integrar os diversos setores e órgãos do Es-
tado de Santa Catarina para o gerenciamento dos riscos e de desastres e, com isso, reduzir os impactos
dos eventos adversos na população e no meio ambiente.

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O CIGERD faz parte do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil (SIEPDEC), e possui a missão de
promover, facilitar e apoiar os esforços conjuntos das Secretarias de Estado e suas respectivas Insti-
tuições vinculadas, na prevenção e preparação para responder e se recuperar de desastres no território
catarinense.

Pode-se afirmar que o CIGERD faz parte de uma nova proposta para o sistema de proteção e defesa civil
em desenvolvimento em Santa Catarina, e sua estrutura conta com uma (01) estrutura central (CIGERD
Estadual), sediada na Capital, e mais vinte (20) CIGERD’s Regionais, sediados junto às Coordenadorias
Regionais de Defesa Civil (COREDEC’s), conforme estabelecido no Anexo Único do Decreto N° 1.879,

O documento que determina a


de 29 de novembro de 2013.
utilização da metodologia do
Sistema de Comando em Ope- As condutas e forma de atua-
rações (SCO) como modelo pa- ção dos integrantes do CIGERD
drão de comando, coordenação
e da própria estrutura da DC Canoinhas Joinville
e controle de ações de resposta
e gestão de desastres e crises (Diretorias, Gerências e Coor- Jaraguá do Sul
São Miguel Caçador
Maravilha
é o Procedimento Operacional denadorias) estão padroniza- do Oeste
Xanxerê Blumenau
Itajaí
Taió
Nr 029, de 31/01/19, do Centro Chapecó Caçador
dos em dois documentos prin- Curitibanos
Rio do Sul
Integrado de Gerenciamento de Concórdia

Riscos e Desastres (CIGERD). cipais, a saber: 14 Protocolos Florianópolis

de Atuação Conjunta (PAC’s) e Lages

97 Procedimentos (sendo oito


Tubarão
gerenciais, 23 administrativos e Cricíuma

66 operacionais). Além disso, Araranguá

o CIGERD utiliza a metodologia


do Sistema de Comando em
Operações (SCO) como mode-

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lo padrão de comando e coordenação de ações para reduzir a complexidade da gestão dos desastres
por meio da cooperação e união de esforços.

Metodologias disponíveis para responder desastres e situações críticas

Durante muito tempo, a gestão de desastres concentrou-se unicamente em ações reativas desenvolvi-
das após o impacto do evento adverso, envolvendo basicamente atividades de resposta, ou seja, ações
de socorro e assistência às pessoas atingidas.

Mais recentemente, com o aperfeiçoamento do sistema de proteção e defesa civil nacional, conside-
ração de múltiplas fontes (Estratégia Internacional para a Redução de Desastres das Nações Unidas,
Banco Mundial) e diálogo com técnicos e especialistas, o foco de atuação acabou sendo redirecionado
para atividades mais concentradas nas ações de prevenção, mitigação e preparação, com foco na re-
dução dos riscos.

Atualmente, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), em conformidade com o Art. 3º,
da Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012, abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, res-
posta e recuperação de desastres, sem uma área de ação prioritária, com o objetivo maior de construir
cidades e comunidades resilientes contra riscos e desastres através de políticas públicas de desenvol-
vimento sustentável.

Sabemos também que existem diferentes instrumentos de gerenciamento que podem auxiliar as orga-
nizações que participam dessas ações a desenvolver suas atividades de forma colaborativa, integrada,
eficiente e eficaz.

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De forma geral, nas ações desenvolvidas durante os processos de gestão de riscos (que ocorrem
normalmente em períodos de normalidade, ou seja, nos intervalos caracterizados pela ausência de
eventos de desastres ou crises onde são desenvolvidas prioritariamente ações preventivas, de mitiga-
ção e de preparação), devemos atuar com foco na construção de planos de contingências e ações de
preparação para emergências.

Um plano de contingência nada mais é do que um documento que registra o planejamento


elaborado a partir do estudo de uma determinada hipótese de desastre ou cenário de risco.
Todo Plano de Contingência tem a função de preparar as instituições, seus profissionais e a
população em geral para uma preparação e resposta efetivas. Seu desenvolvimento envolve a
tomada de decisão de forma antecipada no que diz respeito à gestão dos recursos humanos,
materiais e tecnológicos a serem utilizados em uma situação de emergência real.

Já nas ações desenvolvidas durante os processos de gestão de desastres (que ocorrem normalmente
em períodos de anormalidade, ou seja, nos intervalos de tempo caracterizados pela ocorrência de even-
tos extremos, desastres ou crises com potencial para alterar gravemente o funcionamento normal de
uma comunidade ou sociedade) devemos buscar o emprego da metodologia do Sistema de Comando
em Operações (SCO), pois ela representa uma ferramenta gerencial consolidada que permite que seus
usuários adotem uma estrutura organizacional integrada para planejar e enfrentar as demandas e com-
plexidades de um desastre, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais.

A Defesa Civil catarinense compreende que, mais do que estar preparada e pronta para oferecer uma
adequada resposta para situações de desastres e crises de toda ordem, deve utilizar uma metodologia

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES


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padronizada, confiável e aceita por todos aqueles que irão envolver-se nas ações de resposta e recupe-
ração.

Para tal, faz-se necessária a capacitação de seus integrantes e demais colaboradores eventuais, de
forma que todos possam atuar de forma integrada, padronizada, segura e eficiente, permitindo que
as ações de Governo estejam alinhadas nas esferas Federal, Estadual e Municipais, permitindo uma
atuação cooperativa e integrada com os setores privados e com as organizações não-governamentais.

Prova disso é que a DC catarinense foi pioneira na capacitação de parceiros em Sistema de Comando
em Operações, promovendo em 2004, um primeiro Curso de Capacitação em SCO, na modalidade EaD,
que de certa forma representou um ponto de inflexão importante e serviu para consolidar a metodolo-
gia como modelo padrão de resposta às situações de crise e desastre de toda ordem.

Agora a DC catarinense, através da Diretoria de Gestão de Educação (DIGE), oferece uma nova opor-
tunidade de capacitação em SCO, que permitirá àqueles que realizem o treinamento ampliar seus co-
nhecimentos sobre o tema e melhor compreender a importância do SCO como ferramenta de gestão
padronizada para responder desastres, crises ou mesmo eventos planejados de toda ordem.

A padronização de condutas servirá para fornecer um modelo consistente que permita que toda a co-
munidade e os usuários do sistema trabalhem em conjunto para prevenir, mitigar, preparar, responder
e recuperar-se dos efeitos das emergências e desastres, independentemente de sua causa, tamanho,
localização ou complexidade.

Apesar de ser uma capacitação aberta ao público interessado em geral, acredita-se que a clientela pre-
ferencial do Curso seja constituída por integrantes de órgãos de Proteção e Defesa Civil, estudantes e
voluntários interessados no tema, bem como, integrantes de instituições públicas ligadas à segurança

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pública, saúde, assistência e de serviços essenciais, que diariamente atuam na resposta de emergên-
cias e situações críticas.

Os conteúdos da capacitação foram revisados e atualizados de forma a


proporcionar uma ampla base teórica e oportunizar a discussão sobre o
emprego do SCO, a partir de conteúdos e exercícios didáticos tão neces-
sários à melhoria e ao aperfeiçoamento dos processos de comando, con-
trole e coordenação de situações críticas, a partir dos conteúdos do Curso
Incident Command System/ICS da U.S. Department of Homeland Security
- Federal Emergency Management Agency (FEMA), os quais também so-
freram uma aguardada revisão em outubro de 2017, sob coordenação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes Norte-americano - Na-
tional Incident Management System (NIMS).

A evolução conceitual do Sistema de Comando em Operações – SCO

De acordo com a primeira capacitação oferecida pela DC catarinense, o conceito do Sistema de Coman-
do em Operações se baseava no Incident Command System (ICS), metodologia criada e desenvolvida
nos Estados Unidos da América a partir dos anos 70, e era o seguinte:

“O SCO é uma ferramenta gerencial para comandar, controlar e coordenar as operações de resposta
em situações críticas, fornecendo um meio de articular os esforços de agências individuais quando
elas atuam com o objetivo comum de estabilizar uma situação crítica e proteger vidas, propriedades e
o meio ambiente ”.

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Atualmente, o conceito foi revisto pela National Incident Management System (NIMS), e publicado pela
Federal Emergency Management Agency (FEMA) em outubro de 2017, conforme segue:
A Agência Federal de Gestão
de Emergências (FEMA) é uma
“Ferramenta de gestão padronizada para atender às demandas de situações pequenas ou grandes de
agência do governo dos Esta-
emergência ou não-emergência. Representa as melhores práticas e se tornou o padrão para o gerencia- dos Unidos da América, subor-
mento de emergências nos EUA”. dinada ao Departamento de
Segurança Interna (Homeland
Percebe-se que o conceito evoluiu de uma simples ferramenta gerencial para o modelo padrão de ge- Security), criada em 1979, a qual
tem por objetivo principal coor-
renciamento de respostas para qualquer tipo de emergência ou mesmo não-emergência, representan- denar as respostas a desastres
do o conjunto das melhores práticas e lições aprendidas ao longo dos tempos. que ocorrem nos EUA e que su-
perem os recursos das autorida-
des e organizações locais e do
Boas práticas e lições aprendidas: representam um processo de identifi- estado.
cação daquilo que deu certo (boas práticas) e daquilo que não funcionou
bem, com vistas a proposição de soluções de melhoria e aperfeiçoamento
de condutas (lições aprendidas).

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Por questões didáticas, a Defesa Civil catarinense define o SCO como:

“uma abordagem padronizada que representa as melhores práticas para facilitar o comando,
o controle e a coordenação de ações de resposta, com vistas ao alcance de objetivos e prio-
ridades previamente estabelecidas e o uso compartilhado e eficaz dos recursos (humanos,
materiais, financeiros, tecnológicos e de informação) disponíveis”.

Assim, o emprego padronizado das boas práticas do SCO possibilita que seus usuários adotem uma
estrutura organizacional integrada para enfrentar as incertezas e complexidades de um desastre, crise
ou mesmo um evento planejado, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais, evitando
jogos de poder e disputas institucionais.

O uso do SCO permite ainda que diferentes atores e organizações, possam atuar em uma estrutura
hierárquica temporária, fornecendo procedimentos de resposta padronizados, com o objetivo de redu-
zir os problemas de falta de comunicação e melhorar a segurança e eficácia das ações de resposta,
transformando complexidade e confusão em compreensão, colaboração e união de esforços em torno
do alcance de objetivos comuns.

A origem e desenvolvimento do Sistema de Comando em Operações – SCO

O Sistema de Comando de Incidentes (do inglês, Incident Command System – ICS) foi desenvolvido
inicialmente para resolver problemas existentes entre agências de resposta a incêndios florestais na
Califórnia e no Arizona, mas atualmente tornou-se um componente fundamental do Sistema Nacio-
nal de Gerenciamento de Incidentes (National Incident Management System – NIMS) nos EUA, onde

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES


27
evoluiu para uma abordagem baseada em boas práticas que padroniza a resposta de emergências e
não-emergências em geral.

Além disso, o ICS norte-americano serviu de inspiração e atuou como uma espécie de modelo para a
construção de abordagens semelhantes em todo o mundo.

Historicamente, o conceito inicial do ICS surgiu em 1968 durante uma reunião com chefes de bombei-
ros no sul da Califórnia. O programa inicial foi construído seguindo a doutrina militar de gerenciamento
adotada pela Marinha dos EUA, mas foi concebido para auxiliar nas ações de resposta e supressão de
incêndios florestais na interface urbana da Califórnia.

Durante a década de 1970, o problema dos incêndios florestais nos EUA tornou-se tão grave que uma
série de incêndios devastadores ocorridos na Califórnia suplantou o sistema de proteção do Estado.
A falta de conceitos unificados e modelos padronizados de resposta resultou em problemas operacio-
nais sem precedentes. Como resultado, o Congresso Norte-Americano recomendou ao Departamento
Florestal (U.S. Forestry) que desenvolvesse um sistema que pudesse resolver a questão e o estudo do
ICS foi retomado. Sob a coordenação do U.S. Forestry, reuniram-se vários departamentos de bombei-
ros para desenvolver um sistema de gestão para emergências. Este grupo de trabalho ficou conhecido
como FIRESCOPE (Firefighting Resources of California Organized for Potential Emergencies). Os estu-
dos determinaram que os problemas encontrados nas ações de resposta geralmente estavam relacio-
nados a deficiências de comunicação e gerenciamento, em vez de falta de recursos ou falhas táticas
de emprego operacional. Dois produtos importantes emergiram deste trabalho inicial: a finalização do
Incident Command System (ICS) e o Multi-Agency Coordination System (MACS).

DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA


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De acordo com Gomes Jr. (2009, p.3-5), a origem e o desenvolvimento do Sistema de Comando de
Incidentes (do inglês, Incident Command System/ICS) “pode ser dividida em três etapas distintas, ou
O NIMS representa o Sistema
seja: sua origem na década de 70, sua consolidação nos anos 80 e 90 e, finalmente, a sua inclusão no
Nacional de Gerenciamento de
Incidentes padrão dos EUA e Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes (do inglês, National Incident Management System)
se baseia em 3 componentes como ferramenta padrão para resposta emergencial nos EUA”.
fundamentais (Gerenciamento
de Recursos, Comando e Co-
Os ataques terroristas ocorridos nos EUA, em 11 Setembro de 2001, marcaram uma data emblemática
ordenação, e Comunicação e
Informações). O ICS faz parte para a consolidação do Incident Command System. Como Nova Iorque não adotava o ICS na ocasião,
do eixo ligado ao Comando e seu desempenho foi comparado ao de Washington, DC, onde a resposta ao atentado contra o Pentágo-
Coordenação, e representa o
no foi considerada melhor gerenciada, com base na metodologia do ICS.
principal elemento que define
o padrão de estrutura organiza-
cional para resposta nos EUA,
A Comissão do Congresso que investigou os atentados recomendou então a criação de um sistema
modelada em boas práticas. nacional padrão para gerenciamento de incidentes. Em decorrência disso, em 28 de fevereiro de 2003,
o Presidente George W. Bush emitiu a Diretiva Presidencial de Segurança Interna 5 (do inglês, Homeland
Security Presidential Directive ou HSPD-5) e criou Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes
(do inglês, National Incident Management System - NIMS) estabelecendo um sistema nacional único,
padronizado e abrangente de gerenciamento de incidentes nos EUA, tornando o Sistema de Comando
de Incidentes (ICS) um conceito familiar entre o pessoal de gerenciamento de emergências e resposta
a incidentes nos Estados Unidos.

Logo, muitas pessoas apontam enganosamente o NIMS como o início do aplicativo ICS, no entanto, o
sistema foi desenvolvido e evoluiu desde seu desenvolvimento original na década de 1970 para contro-
lar incêndios florestais até chegar a um verdadeiro sistema de gerenciamento de incidentes para todos
os riscos e operações (STAMBLER; BARBERA, 2011).

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES


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Na figura 01 vemos o emblema do Sistema Imagem 01 - Emblema do sistema no nacional de gerenciamento de
Nacional de Gerenciamento de Incidentes incidentes dos EUA

dos EUA (do inglês, National Incident Ma-


nagement System - NIMS) que foi criado
pela Diretiva Presidencial do Departamen-
to de Segurança Interna Nr 05 (do inglês,
Homeland Security Presidential Directive
ou HSPD-5.
Fonte: Imagem da Internet

A importância do Sistema de Comando em Operações – SCO

O conhecimento e a experiência acumulada pelas organizações de proteção e defesa civil ao longo dos
últimos anos, indica que entre os vários problemas encontrados nas ações de resposta aos desastres,
situações críticas e crises em geral encontram-se principalmente questões relacionadas com:

• Falta de uma clara estrutura de comando;

• Dificuldade em estabelecer objetivos e prioridades comuns entre as pessoas e instituições emprega-


das na operação;

• Ausência de planos e ordens consolidados para toda a operação;

• Falta do uso de uma terminologia comum entre os envolvidos;

• Dificuldades de integração e padronização nas comunicações;

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• Falta de controle ou utilização inadequada de recursos disponíveis;

As emergências ditas comuns • Dificuldade no estabelecimento de áreas, acessos e instalações;


são aquelas que exigem uma
intervenção imediata de pro- • Falta de compartilhamento ou produção precária/fragmentada de inteligência;
fissionais capacitados com
equipamentos adequados, mas
• Relacionamento precário com a imprensa.
que podem ser atendidas pelos
recursos normais de resposta a
emergências, sem a necessida- Além disso, situações críticas e crises acabam se diferenciando de emergências comuns por pos-
de de ações de gerenciamento suírem características especiais, tais como: risco elevado, complexidade, confusão, ações isoladas e
ou procedimentos especiais.
dinâmicas, que exigem além de uma intervenção imediata de profissionais capacitados, uma postura
São as ocorrências ordinárias
atendidas cotidianamente por organizacional não rotineira para o gerenciamento integrado e colaborativo das ações de resposta.
bombeiros, policiais, guardas Alguns exemplos dessas situações são os acidentes automobilísticos que envolvem múltiplas vítimas,
municipais, equipes médicas do
os incêndios florestais de grande monta, os acidentes com produtos perigosos, negociações de crise
SAMU, equipes de manutenção
de redes elétricas, agentes e com reféns, rebeliões em prisões, desastres naturais extremos, greve de serviços essenciais, etc.
técnicos de proteção e defesa
civil, etc. Foi exatamente essa constatação que despertou a necessidade e a importância da utilização de um
sistema padronizado de boas práticas para o gerenciamento de situações críticas e crises, motivo pelo
qual a DC catarinense está oferecendo essa capacitação.

Os benefícios do uso do Sistema de Comando em Operações – SCO

O adequado emprego do SCO como ferramenta gerencial para padronizar as ações de resposta em
emergências e não-emergências propicia os seguintes benefícios:

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES


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1) Fornece uma abordagem padronizada ba-
seada em boas práticas que facilita o coman- Benefícios do uso do Sistema de
damento das ações de resposta de qualquer Comando em Operações - SCO
natureza, complexidade ou dimensão;
Abordagem Padronizada
Baseada em Boas Práticas
2) Permite que pessoas de diferentes orga-
nizações se integrem rapidamente em uma Diferentes Organizações
Integram Rapidamente
estrutura hierarquizada temporária de geren-
ciamento comum; Uso Compartilhado e Eficaz de
Recursos Operacionais e Logísticos

3) Facilita o uso compartilhado e eficaz de Integração das Comunicações


e os Fluxos de Informações
recursos operacionais e logísticos tão neces-
sários aos trabalhos de resposta;
4) Amplia a integração das comunicações e os fluxos de informações, melhorando os trabalhos de
coleta, compartilhamento e divulgação de informações, planejamento e inteligência;

5) Fornece apoio de planejamento, logístico e administrativo/financeiro para o pessoal empregado nas


atividades operacionais em cena;

6) Melhora a articulação do comando com elementos internos e externos à operação, facilitando rela-
ções Institucionais e Governamentais;

7) Agrega valor à operação evitando a duplicação de esforços, disputas e jogos de poder, através do
compartilhando de conhecimentos, planejamento e recursos, com vistas à construção de medidas
colaborativas e de união de esforços em torno do alcance de objetivos comuns (BRASIL, 2010, p.22).

DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA


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RESUMO DA LIÇÃO 1

- O que é o SCO?

Um sistema padronizado que representa as melhores práticas para facilitar o comando,


o controle e a coordenação de ações de resposta, com vistas ao alcance de objetivos
e prioridades previamente estabelecidas e o uso compartilhado e eficaz dos recursos
(humanos, materiais, financeiros, tecnológicos e de informação) disponíveis.

- Para que serve o SCO?

Para permitir que esferas de governo federal, estadual e municipal atuem de forma inte-
grada e efetiva com o setor privado e organizações não-governamentais, sem prejuízo
de suas competências e limites jurisdicionais, evitando jogos de poder e disputas insti-
tucionais.

- Como funciona o SCO?

Como ferramenta gerencial para planejar, organizar, liderar e controlar os efeitos de-
correntes de situações críticas e crises, independentemente de sua causa, tamanho,
configuração, localização ou complexidade. A partir de uma estrutura organizacional
hierárquica temporária, o SCO permite que diferentes atores e organizações utilizem
procedimentos gerenciais baseados em boas práticas com o objetivo de reduzir os pro-
blemas gerenciais e melhorar a segurança e a eficácia das ações de resposta, transfor-

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES


33

mando complexidade e confusão em compreensão, colaboração e união de esforços


em torno do alcance de objetivos comuns.

- Qual foi o primeiro uso do SCO?

Muitas pessoas, especialmente durante a realização de cursos de capacitação, questio-


nam qual a primeira ocorrência na qual o SCO foi utilizado em Santa Catarina. Infeliz-
mente, essa questão específica acabou perdida na história, mas como a metodologia foi
inicialmente utilizada por integrantes do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de Santa
Catarina é fácil deduzir que o SCO tenha sido utilizado inicialmente em algum acidente
com múltiplas vítimas ou em algum incêndio de maior proporção, no final dos anos 90.
Outro aspecto importante a destacar é que, com o desenvolvimento e consolidação do
SCO para outras organizações de resposta, é provável que a metodologia tenha sido
utilizada por integrantes da Defesa Civil catarinense em trabalhos de capacitação e na
resposta de desastres a partir deste mesmo período.

DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA

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