Você está na página 1de 41

Nathália Meier atm 2020/1

MEDICINA “LEGAL” E DEONTOLOGIA MÉDICA:

CRONOGRAMA:
1. Medicina Legal. Psiquiatria Forense. História. Conceitos.
2. Estudo Médico-Legal dos instrumentos perfurantes, cortantes,
perfurocortantes, contundentes, corto-contudentes e perfuro-contudentes.
Asfixiologia Forense. Estudo Médico-Legal dos demais agentes físicos.
Traumatologia Forense.
3. Doença Mental, violência e crime.
4. Violência Doméstica: dos maus tratos ao filicídio.
5. Ética, pesquisa e ensino. → ver nos slides
6. Tanatologia Forense. Morte Clínica. Morte Encefálica. Declaração de Óbito.
7. Toxicologia Forense.
8. Relação Médico-Paciente. Direitos do paciente. Direitos do médico. Relação com
colegas. Responsabilidade Profissional. → ver slides
9. Sexologia Forense. → ver no slide
10. Perícia Médica e documentos médico-legais.
11. Psiquiatria Forense, Imputabilidade Penal e Capacidade Civil.
12. Conselhos de Medicina. Histórico. Funções. Código de Ética Médica. Apreciação de
sindicância. Prontuário do paciente. Sigilo Profissional → ver no slide
13. Código de Ética Médica.
14. Bioética, Princípios de Bioética.
15. Suicídio e Homicídio. → ver no slide
16. Paciente com doença terminal: Aspectos práticos de comunicação com paciente e
família, e aspectos Éticos e Legais dos cuidados paliativos.

TRABALHOS:
Nathália Meier atm 2020/1

INTRODUÇÃO

Obs: Caguei para a história da medicina legal - leiam os slides.

Psiquiatria é uma especialidade médica na qual ocorre grande intersecção entre a Medicina
e o Direito. Psiquiatria e Medicina Legal sempre andaram juntas. Prática psiquiátrica possui
afinidades com questões legais.

Medicina legal é um saber dedutivo (não indutivo): tem uma conclusão empírica, nunca
completa, e suas conclusões são sempre prováveis. Mesmo assim, o provável nunca é uma
abstração, está entre o real e o possível – “probabilidade objetiva”.

● Medicina legal do Brasil - Três fases:


Período estrangeiro: primórdios até 1877
Período de transição: 1877 - primeiro curso prático de Tanatologia SOUZA LIMA: Cátedra
de Medicina Legal, Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Período nacionalista (1895) - posse de Nina Rodrigues como catedrático de ML da
Faculdade de Medicina da Bahia.

A atividade médico-legal no RS teve início em 1896, quando foi nomeado o primeiro


médico para realizar atividades auxiliares à Chefia de Polícia.

● Psiquiatria Forense:
É a psiquiatria em função da Justiça. Seu objeto de estudo é o homem, doente mental, seja
ele transgressor da norma jurídica ou esteja necessitando de proteção jurídica”.

● Código de Processo Penal: artigo 149:


“Quando houver ​dúvida ​sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de
ofício ou a requerimento do ​Ministério Público​, ​do defensor​, ​do curador, do
ascendente, descendente​, ​irmão ou cônjuge do acusado​, seja este submetido a
exame médico-legal”.

● Conceitos:

O IPF é responsável por todas as avaliações e tratamento de doentes mentais que


cometeram delitos no RS.

Capacidade civil ​é a aptidão para gerir a própria pessoa e seus bens. ,

Perícias​: Conjunto de procedimentos técnicos que tem como finalidade o esclarecimento


de um fato de interesse da Justiça. A essência moderna da perícia é ser o perito o
informante especializado do juiz.
São exames especializados com o intuito de esclarecerem hipóteses e mesmo de servirem
de prova, fundamentando uma sentença. É solicitada por autoridade competente (judiciária,
policial ou militar) com a participação dos peritos oficiais. Não havendo peritos oficiais, o
exame será realizado por duas pessoas idôneas, escolhidas, de preferência, entre as que
Nathália Meier atm 2020/1

tiverem habilitação técnica (peritos leigos). O perito médico-legista deve evitar qualquer
interferência que possa constrangê-lo em seu trabalho.
Os exames pertinentes podem ser feitos em qualquer lugar, a qualquer hora, dando
preferência aos IMLs ou hospitais públicos,durante o dia solar. A perícia pode ser requerida
e realizada em qualquer fase, policial ou judiciária do processo.

Estudo Médico-Legal dos instrumentos perfurantes, cortantes, perfurocortantes,


contundentes, corto-contudentes e perfuro-contudentes. Asfixiologia Forense. Estudo
Médico-Legal dos demais agentes físicos. Traumatologia Forense.

TRAUMATOLOGIA FORENSE

- Estuda os aspectos médico-jurídicos das lesões causadas pelos agentes lesivos.


- Trauma é o resultado da ação vulnerante que possui energia capaz de produzir
lesão.

● AGENTES MECÂNICOS:
- São agentes que atuam pela energia mecânica. Essa energia modifica o estado inercial
(repouso ou movimento) de um corpo em agente agressor e produzindo lesões em todo ou
em parte de outro corpo.
- Agem por contato e diretamente sobre a superfície atingida, atuando por: somente
pressão, pressão e deslizamento, choque – acompanhado ou não de deslizamento.

❏ TIPOS DE LESÃO: ​punctória, incisa e contusa.

❏ MEIOS MECÂNICO: ​perfurantes, cortantes, contundentes, perfurocortantes,


perfurocontundentes, cortocontudentes.

➔ Lesões produzidas por ação perfurante:

- Instrumentos perfurantes: agentes finos, alongados, pontiagudos (punctórios) de


diâmetro transversal (secção) extremamente reduzido em relação ao seu
comprimento, produzindo lesões punctórias.
- Atuam por pressão sobre um determinado ponto e penetram a superfície,
geralmente afastando as fibras dos tecidos atingidos.
- Exemplos: prego, espinho, agulha, garfo, estilete, espeto, seta...
- As lesões oriundas desse tipo de ação denominam-se ​ferimentos puntiformes ou
punctórios​, pela sua exteriorização em forma de ponto.

● Feridas puntiformes ou punctórias​:


- Sofrem ação das linhas de tração da pele, podendo tomar a forma de botoeira, em
ponta de seta e pode ter forma bizarra de acordo com a confluência de linhas de
tração.
Nathália Meier atm 2020/1

- Características: trajetória retilínea, tem como características a abertura estreita,


raro sgto, quase sempre de menor diâmetro que o do instrumento causador,
predomina a profundidade (comprimento) sobre o diâmetro. O trajeto é representado
por um túnel estreito (fundo de saco/cego) que se continua pelo tecido lesado –
cadáver = linha escura.
- Orifício de entrada: diminuto, circular ou fusiforme; de pouco sangramento externo;
recoberto por uma crostícula serohemática; a lesão pode ocasionar importantes
lesões internas – perfurações, hemorragias; seguem a elasticidade e contratilidade
da pele (leis de Filhós e Langer).
- O ferimento de saída​, quando há, é geralmente irregular e de menor diâmetro que o
de entrada.
Lesão com orifício de entrada e saída:​ TRANSFIXANTE

➔ Lesões produzidas por ação cortante.

- Instrumentos cortantes: atuam por pressão e deslizamento (pressão e


deslocamento), com “gume afiado”, atingindo a superfície em ângulos variados,
produzindo feridas incisas ou ferimentos incisos.
- Exemplos: navalha, gilete, cutelo, bisturi, lâminas metálicas afiadas, papel,
guilhotina, estilhaços de vidros, capim-navalha e outros.
- Tipos de instrumentos cortantes:
❏ de um só gume: faca, navalha, canivete, espada, baioneta, hastes de
tesoura.
❏ de dois gumes: punhal, faca vazada.
❏ de três ou mais gumes: triangulares, lima... Feridas cortantes, em vez de
feridas incisas.
- Características das lesões: forma linear, regularidade das bordas e do fundo da
lesão, ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida, hemorragia quase
sempre abundante, predomínio de comprimento sobre profundidade, afastamento
das bordas das feridas (mais acentuada nas lesões post-mortem), presença de
cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento,
vertentes cortadas obliquamente, centro da ferida mais profundo que as
extremidades.
- Outras feridas cortantes:
❏ Na parte anterior do pescoço: ​ESGORJAMENTO
❏ Na parte posterior do pescoço: secção quase total do pescoço denomina-se
DEGOLAMENTO.
❏ Quando há separação total da cabeça do restante do corpo denomina-se:
DECAPITAÇÃO.
❏ EVISCERAÇÃO (haraquiri).
❏ Lesões de defesa.
Nathália Meier atm 2020/1

➔ Lesões produzidas por ação contundente:

- Entre os agentes mecânicos, os instrumentos contundentes


são os ​maiores causadores de dano.
- O choque de superfícies pode se dar de forma ativa (quando o
instrumento é projetado contra a vítima) ou de forma passiva (quando
a vítima vai ao encontro do objeto – ex: queda) ou de forma mista
(ambos em movimentação).
- Devido à elasticidade da pele, esta se ​conserva íntegra e a
lesão se produz em nível profundo.

● Ferida contusa: ​lesões abertas cuja ação contundente foi capaz de vencer a
resistência e a elasticidade dos planos moles. São produzidas por meios ou
instrumentos de superfície e não de gume. ​Tipos de ferida contusa são:

❏ O ​atrito (deslizamento) provoca o arrancamento da epiderme e


desnudamento da derme. É comum nas quedas (lesões nos joelhos,
cotovelos, etc). Ocorre formação de crosta que pode ser serosa (predomínio
de linfa) ou hemática (predomínio de sangue). A recuperação se dá em prazo
curto. Seriam as ESCORIAÇÕES!

- A ​forma da ferida contusa é quase sempre sinuosa ou estrelada, irregularidade das


bordas. Menos sangrantes que as cortantes, pois a compressão exercida pelo meio
ou instrumento esmaga a luz dos vasos lesados e leva a uma hemostasia
traumática.

Exemplos:
❏ Equimose​: contusão mais frequente; o tecido externo apresenta-se íntegro;
ocorre derrame de sangue interno e produção de mancha de tamanho
variado, conforme a extensão da área que sofreu o choque; o material
extravasado vai ser reabsorvido e isto provoca uma variação cromática que
vai do início ao pleno reparo da lesão.
❏ Hematoma: é semelhante à equimose, porém o sangramento é mais violento
a ponto de descolar a pele, formando uma verdadeira bolsa de sangue (faz
relevo na pele); ocorre em locais de tecido frouxo, mole; com o passar do
tempo o organismo absorve o sangue, havendo ali, as mesmas variações de
cores da equimose, só que processo será mais demorado. Tem delimitações
mais ou menos nítidas.
❏ Luxação​: é o afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades.
❏ Fratura​: é a solução de continuidade, parcial ou total dos ossos submetidos à
ação de instrumentos contundentes (as fraturas cranianas são geralmente
radiadas).
❏ Rompimento de órgãos:​ decorrente de fratura.

● ESPECTRO EQUIMÓTICO
Nathália Meier atm 2020/1

➔ Lesões pérfuro-incisas/cortante:

- São provocadas por instrumentos de ponta e gume que atuam pela perfuração e
cortam pelas suas bordas afiadas os planos atingidos; agem por pressão e secção;
tem gravidade variável, de acordo com o agente e com os planos atingidos.
- Características das lesões​: lesão em botoeira (casa de botão); lesão biconvexa
(punhal); na forma do agente.

➔ Lesões cortocontusas​: são lesões sempre profundas, com bordas e formas


irregulares, com destruição de tecidos, inclusive com fraturas. São provocados por
instrumentos que, mesmo com gumes, têm a sua principal ação pela contusão, pela
pressão devido ao seu próprio peso. Sua gravidade depende do ângulo de
incidência, da superfície atingida e pela força de impacto.

Qual lesão é provocada por um projétil de arma de fogo: Perfuro-contundente

➔ Perfuro-contundente:

- O projétil é o mais típico agente perfuro-contundente. É composto de chumbo e


revestido ou não por outros metais. Possuem formas variáveis: cilíndricas ou ogivais.
- Lesões por arma de fogo ​– são consideradas: pela distância de disparo do alvo,
pelas características de seus orifícios – de entrada e de saída, pela sua trajetória (ou
trajetos).
- Lesões que causam: perfuração e ruptura dos tecidos.
- Características do ferimento​: bordas irregulares, predomínio da profundidade,
caráter penetrante ou transfixante.
- Orlas: ao atingir o corpo, o projétil provoca:
❏ - rompimento na pele, formando um orifício em forma tubular no qual
se enxuga de seus detritos (orla de enxugo);
❏ - arrancamento da epiderme (orla de contusão).
Ao se formar túnel de entrada:
- Pequenos vasos se rompem formando equimoses em torno do ferimento (orla
equimótica).
Nathália Meier atm 2020/1

- Zonas:
❏ Zona de tatuagem: ​resultante da impregnação de partículas de
pólvora incombusta que alcançam o corpo. Pela análise desse halo, a
perícia pode determinar a distância exata do tiro. É um sinal
indiscutível de orifício de entrada em tiros a curta distância.
❏ Zona de esfumaçamento: produzida pelo depósito de fuligem da
pólvora ao redor do orifício de entrada. “Zona de falsa tatuagem”, pois
lavando ela desaparece.
❏ Zona de chamuscamento/queimadura: tem como responsável a
ação superaquecida dos gases que atingem e queimam o alvo.

Características do orifício
(na tabela ao lado)

Sinal de Bonnet (entrada


e saída no crânio): na
lâmina externa do osso, o
ferimento de entrada é
arredondado, regular e em
forma de “saca-bocado”.
Na lâmina interna, o
ferimento é irregular, maior do que o da lâmina externa e com bisel interno bem definido,
dando perfuração a forma de um funil ou de um tronco de cone. O ferimento de saída é o
contrário, com um amplo bisel externo, repetindo a forma de tronco de cone, mas, dessa
vez, com a base voltada para fora.

➔ Lesões ocorridas em acidentes: lesões torácicas – acidentes de carro, cinto de


segurança; lacerações; empalamento por barra de ferro; deformidades permanentes;
Nathália Meier atm 2020/1

● ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA: TEMPERATURA, PRESSÃO ATMOSFÉRICA,


ELETRICIDADES:

➔ Temperatura:

FRIO
- Forma acidental é a mais frequente.
- Contato direto: necrose periférica imediata ou tardia (infarto)
- Ambiental: baixa resistência, choque circulatório.

Graus das geladuras:


1º - Eritema:
2º - Flictema:
3º - Necrose ou gangrena

CALOR

QUEIMADURAS
1º grau – ERITEMA
- apenas epiderme é afetada
- vermelho vivo, devido a simples congestão da pele
- coagulação fixa o eritema após a morte. Assim, a queimadura de 1º grau não é
evidenciada no cadáver.

2º grau - FLICTEMA
Nathália Meier atm 2020/1

- caracterizado pela formação de vesículas, que suspendem a epiderme


- são constituídas de líquido amarelo-claro, transparente;
- no cadáver em seus lugares se veem placas apergaminhadas.

3º grau – ESCARAS
- formam manchas de cor castanha, ou cinza-amareladas, indicativas da morte da derme.
- deixam cicatrizes proeminentes;
- no cadáver, apergaminham-se.

4º grau – CARBONIZAÇÃO
- se particularizam pela carbonização do plano ósseo.
- pode ser total ou parcial
- ocorre redução do volume do cadáver.

IRRADIAÇÃO SOLAR
- Insolação: ação da temperatura do calor ambiental em locais abertos (raramente em
espaços confinados).
- Intermação: decorre do excesso de calor ambiental. Lugares mal arejados, quase sempre
confinados ou pouco abertos e sem a necessária ventilação, surgindo, geralmente, de forma
acidental. Alguns fatores contribuintes: alcoolismo, falta de ambientação climática, vestes
inadequadas.

➔ PRESSÃO ATMOSFÉRICA:

Baropatias:
- diminuição da pressão – mal das montanhas ou dos aviadores
- aumento da pressão – mal dos mergulhadores com embolia gasosa (pela rápida subida à
superfície).

➔ ELETRICIDADE:
Natural
- Agindo letalmente sobre o homem: FULMINAÇÃO
- quando apenas provoca lesões corporais: FULGURAÇÃO
- lesões com aspecto arboriforme: SINAL DE LICHTEMBERG

Artificial ou industrial
- Proposital: para execução de um condenado – ELETROCUSSÃO.
- Acidental: ELETROPLESSÃO
- A lesão mais simples é chamada marca elétrica de Jellineck
- Os efeitos deletérios da corrente elétrica se devem à intensidade da corrente (amperagem)
Morte por eletricidade: cardíaca, pulmonar/asfixia, cerebral

● ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA:


Nathália Meier atm 2020/1

- São aquelas que atuam em tecidos vivos através de substâncias que provocam
alterações de natureza somática, fisiológica ou psíquica, podendo levar inclusive à
morte.

Compreendem:
- ​cáusticos ou corrosivos​: provocam profunda desorganização dos tecidos vivos, quer por
desidratação (coagulantes – causam escaras úmidas e de tonalidade diversa. Ex: nitrato de
prata) quer por efeito de dissolução dos minerais (liquefacientes – causam escaras úmidas
translúcidas, moles. Ex: soda, amônia).
De acordo com o tipo de substância, varia a cor e o tipo de escara.
Em geral, quando é criminosa, a sede mais constante das lesões é a face e as regiões do
pescoço e do tórax. Essas formas de ​lesão tornaram-se conhecidas como vitriolagem​.

O Diagnóstico diferencial das escaras produzidas in vivo ou post mortem não é muito difícil.
Quando produzidas após a morte, elas não têm a forma de escara, mostram-se
apergaminhadas e de tonalidade marrom – escura, não apresentam reação vital
histologicamente.
Ex: soda, ácido clorídrico, ácido sulfúrico, ou vitríolo (vitriolagem)

- ​venenos ou tóxicos​: monóxido de carbono – carboxihemoglobina.

ASFIXIOLOGIA
Nathália Meier atm 2020/1

Enforcamento:
- Constrição do pescoço por braço mecânico (corda ou cordel) acionado pela força do
peso do próprio corpo, que pode estar em suspensão completa ou incompleta.
- Características do sulco: geralmente é oblíquo; descontínuo, interrompido na
altura do nó; desigualmente profundo.

Estrangulamento:
- Constrição do pescoço por braço ou objeto mecânico acionado por força estranha ao
peso do próprio corpo.
- Características do sulco: transversal e horizontal (mais redondo), podendo
eventualmente ser oblíquo; contínuo e homogêneo em relação à profundidade, já
que não existe o nó típico do enforcamento.

Esganadura​:
- É a asfixia mecânica pela constrição ântero-lateral do pescoço produzida pela ação
direta das mãos do agente.
- Não há sulco, que cede seu lugar para marcas ungueais (de unhas) e diversas
escoriações, equimoses e hematomas. Com certa freqüência é notada a fratura do
hióide.

Sufocação:

- É a asfixia mecânica decorrente do bloqueio direto ou indireto das vias respiratórias,


impedindo a penetração do ar.

Afogamento:
- É a asfixia mecânica em que há penetração de líquido pelas vias aéreas. Não há a
necessidade de imersão total do corpo, bastando que as vias aéreas estejam
submersas, cobertas pelo líquido, impedindo a respiração.
- Comum o cogumelo de espuma (cobre a boca e as narinas).
- É frequente a simulação de afogamento, quando a vítima é atirada na água já sem
vida. Por esse motivo, a divisão entre afogado azul ou real e afogado branco ou
falso afogado, situação em que o corpo é atirado na água depois de morto.
Nathália Meier atm 2020/1

Doença Mental, violência e crime

Slide cheio de resultados de estudos, ignorei também.


Não precisa ter doença psiquiátrica para cometer algum ato criminoso​.
Nathália Meier atm 2020/1

Violência Doméstica: dos maus tratos ao filicídio

“É toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a


liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família. Pode ser
cometida dentro e fora de casa, por qualquer integrante da família que esteja em relação de
poder com a pessoa agredida. Inclui também as pessoas que estão exercendo a função de
pai ou mãe, mesmo sem laços de sangue”.

● Epidemiologia:

A violência doméstica é a forma de violência mais prevalente no mundo contra mulheres e


crianças, embora muitas vezes seja “invisível”.
23,4% Crianças em “situação de rua” sofriam maus-tratos.
18% mulheres menores de 18 anos, em Porto Alegre, foram assediadas sexualmente por
algum familiar.
Uma em cada 3 mulheres já foi espancada, coagida ao sexo ou sofreu outra forma de
maus-tratos.

● Subnotificação​:

Os levantamentos oficiais sobre o fenômeno são precários e os dados obtidos são uma
pequena parte do real, a Ponta de um Iceberg.
A cifra negra – número de casos não notificados – será maior ou menor conforme seja mais
ou menos amplo o “complô de silêncio” de que muitas vezes participam os profissionais, os
vizinhos, os parentes, familiares e até a própria vítima.

Na violência doméstica, ​a agressão é mais comumente parte de um padrão repetitivo,


de controle e dominação, do que um ato único de violência​.

● Formas mais comuns de violência:

➔ Física: quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de força física, de
algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões internas, externas ou
ambas.
➔ Psicológica: inclui toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à
autoestima, à identidade ou desenvolvimento da pessoa.
➔ Negligência​: é a omissão de responsabilidade de um ou mais membros da família
em relação a outro, sobretudo àqueles que precisam de ajuda por questões de idade
ou alguma condição física, permanente ou temporária.
➔ Violência Sexual​: é toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga a
outra à realização de práticas sexuais, utilizando força física, influência psicológica
ou uso de armas ou drogas.
Nathália Meier atm 2020/1

● Fatores de risco da família:

➔ Famílias com estrutura de funcionamento fechada;


➔ Famílias que se encontram em situação de crise;
➔ Baixo nível de desenvolvimento da autonomia dos membros da família;
➔ Presença de um modelo familiar violento na história das pessoas envolvidas;
➔ Maior incidência de abuso de drogas;
➔ História de antecedentes criminais ou de uso de armas;
➔ Comprometimento psicológico/psiquiátrico dos indivíduos;
➔ Dependência econômica/emocional e baixa auto-estima da parte de alguns
membros.

● Fatores de risco da criança​:

➔ Pais com histórico de maus tratos, abuso sexual ou rejeição/abandono na infância;


➔ Pais adolescentes sem suporte psicossocial;
➔ Gravidez não planejada e/ou negada;
➔ Gravidez de risco;
➔ Depressão na gravidez;
➔ Falta de acompanhamento pré-natal;
➔ Pai/mãe com múltiplos parceiros;
➔ Expectativas demasiadamente altas em relação à criança;
➔ Ausência ou pouca manifestação positiva de afeto entre pai/mãe/filhos;

● Fatores de risco dos idosos​:

➔ Várias doenças crônicas ao mesmo tempo;


➔ Dependência física ou mental;
➔ Déficits cognitivos; -
➔ Alterações do sono
➔ Incontinência urinária ou fecal
➔ Dificuldade de locomoção;
➔ Necessidade de cuidados intensivos/de apoio para realizar atividades da vida diária.

● Fatores de risco na deficiência:

➔ Maior comprometimento físico ou mental e reduzida autonomia


➔ Dificuldade de locomoção
➔ Hiperatividade

● Diferenças quanto aos sexos:

➔ Meninas apresentam maior risco abuso sexual, negligência física e nutricional e


prostituição forçada.
➔ Meninos apresentam maior risco de sofrer castigos físicos graves.
➔ Homens têm maior probabilidade de serem vítimas de estranhos.
Nathália Meier atm 2020/1

➔ Mulheres têm maior probabilidade de serem vítimas de familiares ou parceiros


íntimos.

● FAMILICÍDIO:

- Homicídio de múltiplos membros da família.


- Pode seguir-se por tentativa de suicídio.
- A forma mais comum de familicídio se constitui no assassinato da esposa e dos
filhos.
- Formas de estudo de familicídio: jornais, documentos dos sobreviventes em HPF,
cuidar informação relacionada aos interesses da mídia (maior interesse em vítima
criança que idosos); informações incompletas, em especial quanto a motivação do
homicídio, informações mais completas sobre o homicídio do que suicídio, eventual
omissão do último, autópsia psicológica.

❏ Familicidas: Homens, Ausência de antecedentes criminais.


❏ Meio empregado: Arma de fogo (presença de arma na casa multiplica a
probabilidade de homicídios/suicídios), Arma branca, Intoxicação por
monóxido de carbono.
❏ Motivação: Perda do controle da esposa e da família, Medo do abandono,
Raiva narcísica, Dificuldades financeiras, Motivações psicóticas, Altruístico
para defender a família de uma catástrofe.

- Diagnósticos encontrados: Abuso de substâncias, Transtorno de Humor, Transtornos


Psicóticos, Transtorno de Personalidade Dependente, Transtorno de Personalidade
Narcisista.

● UXORICÍDIO:

- Morte da mulher “casada”.


- Para configurar tal delito, o autor deve estar investido da figura de marido,
namorado, companheiro, etc.
- Na maioria dos casos, não se tratam de atos impulsivos isolados de pessoas
pacíficas.
- Quase nunca são produzidos por homens qualificados como doentes mentais.
- Elaborados de forma premeditada.
- Resultado de uma crescente agressividade exteriorizada contra sua mulher.
- Maiores índices de suicídio entre os uxoricidas que vivem junto com a vítima.

Familicídio x Uxoricídio:
Entre os familicidas maior prevalência de casados e maior prevalência de tentativa de
suicídio após o delito. Menor prevalência de atos violentos prévios.

● FILICÍDIO:

- Homicídio no qual o assassino é pai/mãe da vítima.


Nathália Meier atm 2020/1

- Não é sinônimo de doença mental.


- 44,3% dos homicídios contra crianças ocorrem no âmbito doméstico.
- 10% Síndrome de Morte Súbita de bebês corresponde homicídio.
- O assassinato de bebês nas primeiras 24 horas é quase sempre praticado por suas
mães, não havendo diferença quanto ao sexo da vítima.
- Não existe um perfil único de filicida: o perfil varia de acordo com a idade da criança,
do agressor, o sexo deste e a motivação para o delito.
- Filicídio seria o resultado da interação de variáveis individuais e situacionais.
- O assassinato materno de filhos pode ser assim enquadrado:
❏ Artigo 123, Infanticídio: “Matar sob a influência do estado puerperal, o próprio
filho, durante o parto ou logo após”.
❏ Artigo 121, Homicídio.
❏ Artigo 124, Aborto provocado pela gestante.
❏ Artigo 134, Exposição ou abandono de recém-nascido.
❏ Artigo 136, Maus-tratos.

O sistema penal brasileiro protege a agente do delito de infanticídio com pena menor
do que está receberia caso fosse enquadrada como homicida. Para isto é necessário
que fique ​comprovado na perícia psiquiátrica a existência do “estado puerperal”, a
presença de nexo causal com o delito e estar compreendido no período “durante o parto ou
logo após”. Este exame pode ocorrer já na fase de inquérito, buscando uma maior
proximidade com os fatos.
Nos casos de homicídio em que ocorre dúvida quanto à integridade mental da
mãe, o juiz pode instalar o incidente de insanidade mental, suspendo o processo até
o recebimento do resultado da perícia de Responsabilidade Penal.

No estado do Rio Grande do Sul, o Instituto Psiquiátrico Forense Maurício Cardoso (IPF)
centraliza as perícias penais e realiza o tratamento dos réus que recebem uma Medida de
Segurança por serem considerados inimputáveis por doença mental.

Resnick revisou a literatura científica sobre o assassinato de crianças por seus pais, no
período de 1751 a 1967. ​O autor dividiu os agressores em dois grupos:

➔ Neonaticidas: assassinam a criança nas primeiras 24 horas de vida, são mais


jovens, solteiras, não houve predomínio de doença mental. Houve gravidez
indesejada devido à ilegitimidade, estupro, ou porque a gravidez era vivenciada
como obstáculo à ambição dos pais.
➔ Filicidas:​ matam a criança após as 24 horas. São casadas, mais velhas.

São classificadas por este autor ​de acordo com o motivo do homicídio: Filicídio
altruístico, Filicídio surto psicótico, Filicídio da criança indesejada, Filicídio acidental, Filicídio
como revanche a esposa (o).

População de 112 filicidas periciados no IPF, no período de 1920 a 1980.: 71,4% mulheres;
77,7% homicídio; 22,3% infanticídio; Picos no primeiro ano de vida e adolescência; 38,4%
filho único; 36,6% filho caçula; Asfixia 5X mais usada pelas mulheres; Espancamento 2X
Nathália Meier atm 2020/1

mais usado pelos homens; 92% dos filicidas estavam só com a vítima no momento do
crime.

INFANTICÍDIO​:

Matar sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após.

NEONATICÍDIO:
● Neonaticidas:
➔ Gestação não desejada;
➔ Segredo/negação da gravidez;
➔ Jovens, imaturas;
➔ Não são casadas;
➔ Não realizam pré natal; não planejam o nascimento ou cuidados com a
criança;
➔ Ausência de doença mental; relutância da justiça em condená-las.

Filicídio materno x paterno - Filicidas da Áustria e Finlândia, 1995-2005 • Mães


vitimaram crianças menores que pais (3,4 x 6,1) • Pais estavam mais freq. intoxicados • Pais
mataram com arma fogo • Mães através de afogamento, negligência e envenenamento.

● MAUS TRATOS PRÉVIOS:


Presença de maus tratos em 40% dos filicidas periciados no IPF (de 1920 a 1980).
Estudo realizado com a população filicida da Colômbia (de 1998 a 2003) encontrou
predomínio de mães como agentes dessa violência e a presença de maus tratos crônicos
como um fator de risco para este crime.

Sinais de alerta: Primeiras 24hs, primeiro ano de vida e adolescentes, Mães jovens, pouca
escolaridade e sem pré natal, Mães com RS, Presença de maus tratos prévios ao(s) filho(s),
Evidência de hostilidade voltada contra o filho (a) preferido da esposa (o), Síndrome de
Münchausen por procuração, RN handicapped.

Transtorno Factício (Síndrome de Münchausen): Produção intencional de sinais ou


sintomas somáticos ou psicológicos, sendo que a motivação para o comportamento
consiste em assumir o papel de enfermo. Incentivos externos para o comportamento (por
exemplo: ganho econômico, esquiva de responsabilidade penal...) estão ausentes.

TANATALOGIA

TANATOLOGIA MÉDICO-LEGAL

(eu não sei se os slides do félix estão atualizados - saiu uma nova resolução em 2017 sobre
morte encefálica):
Nathália Meier atm 2020/1

A ​Tanatologia médico-legal ou forense é o ramo da medicina legal que estuda o morto e


a morte, assim como os fenômenos dela decorrentes.

A morte, na sua acepção mais simples, consiste na cessação total e irreversível das
funções vitais.

Atualmente, a morte é definida como sendo a parada total e irreversível das atividades
encefálicas. É
a morte
encefálica.

● Morte
encefálica:

- Critérios:
Evidência
clínica ou
imagiológica
de uma
causa
estabelecida
e suficiente,
sem
possibilidade
de
recuperação,
pelo menos
6h de
ausência de
observação
clínica de
ausência de
função
cerebral ou
EEG 30
minutos
isoelétrico.

- Morte
encefálica:

Testam-se 7
itens –
dando 1 não,
não é
morte!!
Nathália Meier atm 2020/1

1º Coma Aperceptivo: Movimenta E Ele Não Sustenta;


2º Pupilas Fixas E Arreativas (Midriáticas);
3º Ausência De Reflexo Córneo-palpebral;
4º Reflexos Oculocefálicos Ausentes (“Manobra Olhos De Boneca”);
5º Ausência De Respostas Às Provas Calóricas;
6º Ausência De Reflexo Da Tosse
7º Apneia: Fio2 Eleva-se Ao 100 Por Aproximadamente 10 Minutos, Após Se Retira O Tubo
E Se Observa O Tórax Do Paciente (3 Minutos) Para Ver Se Há Resposta.

- Exames confirmatórios: EEG, Potenciais Evocados, angiografia 4 vasos, espectroscopia


por RM, tomografía, Doppler transcraneal.

- Diagnóstico obtido pelo perito


médico legal: causa indeterminada
da morte (autópsias brancas), causa
violenta da morte.

● Atestado de óbito:

- Finalidade principal de confirmar a morte, definir a causa mortis e satisfazer o interesse


médico-sanitário.
- Se morto em um período inferior a 24 h, sem cuidados com o paciente encaminhar para
necropsia (DML): não necessita fazer o atestado. Vai a necropsia, pois não se sabe a causa
da morte.
- O atestado de óbito propriamente dito é constituído de duas partes (I e II) distribuídas:
Nathália Meier atm 2020/1

- O preenchimento dos dados constantes na Declaração de óbito é da responsabilidade do


médico que atestou a morte.
- Importante atestar se morte natural ou violenta.
- Evitar colocar as causas antecedentes como atropelamento ou acidente de trabalho.

- Morte natural sem assistência médica​:


- É vedado ao médico o direito de atestar o óbito de pessoa a quem não tenha dado
assistência, ficando os Serviços de Verificação de Óbito encarregados de atestar a morte
dos falecidos sem assistência médica ou mesmo com estes atestados, quando acharem
conveniente ao interesse da saúde pública.
- O fornecimento de atestado de óbito nos municípios que não dispõem de SVO deve ser
feito pelos médicos da secretaria da saúde e, na sua falta, por outro médico da localidade.
Em qualquer caso deve constar que a morte ocorreu sem assistência médica. Nas mortes
violentas, a responsabilidade é do Instituto Médico-Legal e, excepcionalmente, podem os
médicos substitutos atestarem a morte.

- Morte com assistência médica: declaração de óbito (DO) deverá ser fornecida sempre
que possível pelo médico que vinha prestando assistência ao paciente. A DO do paciente
internado sob regime hospitalar deverá ser fornecida pelo médico assistente e, na sua falta,
por médico substituto pertencente à instituição.

Exemplo do que conta no laudo médico:

● Modalidades de morte:

1) Morte anatômica
Nathália Meier atm 2020/1

2) Morte histológica ​- decorre da parada das funções circulatória e respiratória,


caracterizando​-se pela cessação definitiva porém gradual e sucessiva das atividade
vitais dos diversos tecidos orgânicos.
3) Morte aparente - depressão SNC, diminuição da temperatura corporal,
rebaixamento das funções cardíacas e respiratórias e todas as funções vitais.

Tríade de Thoinot: imobilidade, ausência aparente da respiração e da circulação.


Causas​: sincopal (a mais frequente), histérica (letárgica e catalepsia – segundo lugar, perda
de movimentos, sensibilidade e consciência, com duração de tempo considerável), asfíxica,
tóxica (uso de morfina e outros medicamentos), apoplética (causada pela congestão e
hemorragia no território de uma artéria encefálica (em geral a lenticulo-estriatal), mais
común em hipertensos), traumática, frio.

OBS causas traumáticas​:

4) Morte relativa
5) Morte real
6) Morte clínica (PCR)
7) Morte súbita (repentina, inesperada)
8) Morte agônica (lenta e implica sofrimento)
9) Morte biológica (morte encefálica),
10) Morte óbvia (evidente estado de decomposição, decapitada ou segmentada no
tronco, esmagada, carbonizada, rigor mortis, livor mortis).
Nathália Meier atm 2020/1

- Diagnóstico diferencial: ​Docimasias químicas ou histoquímicas: pesquisa de glicogênio e


glicose hepáticos; concentração de adrenalina ou pigmento feocrômico nas suprarrenais.
QUEM MORREU SOFRENDO (mais em morte agônica) TEM POUCAS RESERVAS DE
ADRENALINA E GLICOGÊNICO.

- Quanto tempo se deve esperar para fazer autópsia? Pelo menos 6 h após o
óbito, salvo casos de morte óbvia.

- Classificação das causas jurídicas: naturais, violentas (acidente,


homicídio/infanticídio, suicídio, lesão corporal seguida de morte/abortamentos
provocados).

● FENÔMENOS CADAVÉRICOS:

- Fenômenos abióticos, avitais ou vitais negativos e Transformativos:


- Os ​fenômenos abióticos podem ser Imediatos (devidos à cessação das funções vitais) e
Consecutivos (devidos à instalação dos fenômenos cadavéricos, de ordem química, física e
estrutural).

- CONSECUTIVOS:
- Desidratação cadavérica: decréscimo de peso (perda de 10 a 18 Kg/dia em
adultos), apergaminhamento da pele, dessecamento das mucosas dos lábios, modificação
dos globos oculares: ​mancha esclerótica (negras) ou sinal Sommer & lacher – após 6/7
horas .
- Rigidez cadavérica: se instala devido ao teor de ácido lático nos músculos e
consequentemente coagulação da miosina. Começa à aproximadamente 3 horas após a
morte. ​Em direção crânio – caudal:
● Começa pela nuca e mandíbula (1-2h),
● Atinge MMSS primeiro (3-4h),
● Depois tórax e abdômen (5-6h),
● Generalizam-se ao atingir também os MMIIs (7-8h),
Nathália Meier atm 2020/1

● Persiste por muitas horas rigidez total em aproximadamente 24 – 36


horas (início da putrefação).
- Manchas de hipóstase cutânea (livor mortis)​: manchas de posição ou livores
cadavéricos caracterizam-se pela tonalidade azul-púrpura​. São encontradas, de
preferência, na parte de declive dos cadáveres, variando com a posição do corpo. Elas
permanecem até o surgimento dos fenômenos putrefativos. São importantes para o
diagnóstico da realidade da morte, o diagnóstico da causa da morte, para a estimativa do
tempo de morte e para o estudo da posição que permaneceu o cadáver depois da morte.
Começam a aparecer em torno de 2 a 3 horas após a morte. Passadas 8 a 12 horas, fixam
para não mais mudar de posição.
- Esfriamento (algor mortis): redução de 0,5ºC nas 3 primeiras horas e depois
redução de 1ºC/hora.
- Evaporação tegumentar.

-​ Fenômenos transformativos:
Nathália Meier atm 2020/1

DESTRUTIVOS:
- Autólise:

- Putrefação:​ O intestino grosso é o ponto de partida (exceto RN e fetos).

Esqueletização (putrilagem seca - desfazendo-se em pó. Só restam ossos. Iniciam-se entre


a 3ª e 4ª semana. Mais rápido nos
cadáveres expostos ao tempo).

- Maceração: ​ Ex: aborto retido.


Nathália Meier atm 2020/1

CONSERVADORES:

(fotos não, porque não sou obrigada)

Meios de conservação de um cadáver: formolização, embalsamamento, mumificação,


congelação e criogenia.

● Necropsia​:
- Principal de todas as perícias médicas, tem a finalidade de diagnosticar as causas da
morte. Estabelece um nexo causal com os fatos relatados.
- Quesitos oficiais do laudo (Houve morte? Qual a causa? Qual o instrumento?), histórico,
exame das vestes, identificação (características físicas), tanatognose (baseada nos
fenômenos cadavéricos – ter pelo menos 3), exame externo, exame interno, discussão.
- Perinecropsia: exame do cadáver no espaço onde foi encontrado e de tudo o que o rodeia,
exame do local e do corpo no local. Deve ser realizada por perito criminal, datiloscopia e
fotógrafo e precedida pelo delegado.
Nathália Meier atm 2020/1

Toxicologia Forense

● Toxicologia Forense​:

Aspecto da toxicologia que aplica o conhecimento desta ciência na elucidação de questões


do âmbito médico legal e jurídico.

● Análise toxicológica:

Vestígio: todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em um local de crime para
análise posterior.
Evidência: ​vestígio depois de feitas as análises, onde se constata técnica e cientificamente
a sua relação com o crime.
Indício: cada uma das informações (periciais ou não) relacionadas com o crime.

Tem a finalidade de identificar e dosar substâncias:


- intoxicantes
- causadoras de dependência
- na matéria orgânica de um indivíduo
- na matéria orgânica de um cadáver

Etapas:
- Detecção
- Identificação
- Quantificação
- Interpretação de resultados

Solicitação:
- Autoridade policial
- Autoridade militar ou administrativa
- Autoridade judiciária
- Médico legista

Legislação:

- Código de Processo Penal – Art. 170


Guardar material suficiente
Laudos ilustrados
- LEI Nº 11.343, 23 de agosto de 2006: SISNAD
Laudo de constatação da natureza e quantidade da droga

Cadeia de custódia:
Nathália Meier atm 2020/1

Termo que refere-se a ​garantia da identidade e integridade de uma amostra do


momento da coleta até a entrega dos resultados.
Processo utilizado para organizar e documentar a história cronológica de uma amostra
Documentação deve conter os seguintes itens:
➔ Quem manuseou a amostra
➔ Quais amostras foram manuseadas
➔ Quando as amostras foram manuseadas
➔ Porque foram manuseadas
➔ Onde ficou a amostra durante todo o tempo do manuseio

Tipos de amostra:

❏ Humor vítreo Saliva


❏ Lágrima
❏ Cabelo
❏ Suor
❏ Unha
❏ Bile
❏ Muco cervical
❏ Fluido seminal
❏ Líquido amniótico
❏ Leite materno
❏ Insetos

➔ SANGUE: análise de drogas e quantificação de drogas.

➔ URINA: triagem e identificação de drogas.


Nathália Meier atm 2020/1

Adulteração: adição de cerveja, uísque, saliva à urina coletada. Troca da urina do indivíduo
por uma de outra pessoa ou urina artificial, por meio de trocas de frascos coletores.
Exames supervisionados: acompanhamento da amostra de forma a suportar testemunho
legal que prove que a integridade e a identificação não foram violadas, bem como a
descrição e documentação destes procedimentos.

➔ SALIVA: “Fluido oral”: mistura de saliva (secreção de três glândulas principais, a


submandibular, a parótida e a sublingual) e outros constituintes presentes na boca,
sendo composto por água, enzimas (principalmente amilase), glicoproteínas
(mucina) e eletrólitos.

Sua composição e volume (ca de 1 a 3 ml/min) pode ser afetado por vários fatores, como
ciclo circadiano, dieta, idade e várias substâncias e medicamentos, como anticolinérgicos,
que leva, a diminuição do volume de secreção bucal, e ácido cítrico, que estimulam a
secreção salivar.

Tem uma boa correlação com o sangue.

➔ CABELO: Coleta não-invasiva. Detecção: exposição freqüente. Amostra estável.


Baixa concentração dos analitos.

➔ SUOR:
Nathália Meier atm 2020/1

➔ MECÔNIO:
Exposição fetal, coleta não-invasiva, matriz complexa-dificuldade na análise. Período de
detecção: meses.

Exemplo: opióides: Violenta síndrome de abstinência em recém-nascidos (NAS).

Amostras tem uma janela analítica das principais matrizes biológicas empregada para
análise de drogas:
Nathália Meier atm 2020/1

CASOS CLÍNICOS COMENTADOS EM AULA:

ETANOL pode estar presente por ingestão ou produção postmortem. Se houve ingestão
anterior à morte, pode potencializar outras drogas.
Determinado por GC e confirmado análise enzimática

ACETAMINOFENO concentração elevada (pode ser por interferência de matriz).


Intoxicação por Acetaminofeno causa morte por necrose do fígado horas a dias depois da
ingesta.
Determinado por análise imunológica e confirmado por teste com cores

DIFENIDRAMINA concentrações pós-morte no sangue > 1 mg/L são tóxicas. Entre 8 e 31


mg/L são encontrados em casos fatais de overdose. No fígado, DPH > 3 mg/Kg é tóxica;
entre 23 e 47 mg/Kg, fatal em overdose.
Altas concentrações causam depressão do SNC, arritmias cardíacas e parada respiratória.
Determinado por GC e confirmado por GCMS.

DIFENIDRAMINA (DPH): Anti-histamínico H1, sedativo, hipnótico e antiemético;


Encontrado em altas concentrações: fluido torácico de putrefação (10,3 mg/L; tóxico >1
mg/L no sangue) hepático (20,1 mg/Kg; tóxico >3 mg/kg);

LAUDO:
Nathália Meier atm 2020/1

● SUBSTÂNCIAS:

Droga ou substância: Qualquer substância química capaz de modificar um funcionamento


orgânico, pode ser medicinal ou nociva.

Droga ou substância psicoativa (SPA): Qualquer substância química que é utilizada para
produzir um efeito neuroquímico em um organismo.

Droga ou substância psicoativa de abuso: Substância química de efeito neuroquímico usada


em excesso ao padrão social/biológico esperado.

Agente tóxico: Entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando
uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição.

Veneno: Agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, segundo alguns autores, é
termo para designar substâncias provenientes de animais, com função de autodefesa ou
predação.

Antídoto: Agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substâncias.

Intoxicação: causada por substâncias endógenas ou exógenas, caracterizada por


desequilíbrio fisiológico, consequente das alterações bioquímicas no organismo.
Evidenciada por sinais e sintomas ou mediante dados laboratoriais.

DROGAS PSICOATIVAS:

DSM V – Transtorno por Uso de SPAs:

1. Uso recorrente de substância resultando em falha no cumprimento de obrigações


2. Uso recorrente em situações em que isso pode ser fisicamente perigoso
3. Uso continuado apesar de problemas recorrentes e persistentes
4. Tolerância
Nathália Meier atm 2020/1

5. Abstinência
6. A substância é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um período
mais longo do que o pretendido
7. Esforços mal-sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso
8. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância
9. Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou
reduzidas
10. O uso da substância continua, apesar da consciência de ter um problema físico ou
psicológico persistente ou recorrente
11. Fissura ou Craving

Especificadores de Gravidade – período: 1 ano


Leve: dois ou três dos onze critérios
Moderado: quatro ou cinco dos onze critérios
Grave: mais de seis dos onze critérios

Especificar se: Com (ou Sem) Dependência Fisiológica: evidência de tolerância ou


abstinência
Nathália Meier atm 2020/1

Comorbidade:

Trânsito:

Alteram a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito


Brasileiro’
LEI Nº 11.705, 19 de junho de 2008
LEI Nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012
Art. 165 – Dirigir sob a influência de drogas
Art. 276 – Qualquer concentração de álcool
Nathália Meier atm 2020/1

Art. 277 – Procedimentos de avaliação de drogas


Art. 291 – Lesão corporal culposa
Art. 306 – Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue
Nathália Meier atm 2020/1

Etilômetro:

- Detecta o uso de bebida alcoólica através do ar expelido pelos pulmões


- Mede a quantidade exata de álcool ingerido
- Detecta até 0,01 miligramas de álcool por litro de ar expirado

- Cuidados na utilização
- Substâncias que contêm acetona podem estar presentes no organismo
- diabetes mellitus
- jejum prolongado
- dietas pobres em carboidrato
- bombons de licores
- outros alimentos que contém substância etílica em sua composição

Preditores de acidentes:
➔ Impulsividade (Ryb et al, 2006)
➔ Binge Drinking (Hingson, 2003)
➔ Sexo masculino (Hingson, 2003; Morrison et al ,2002)
➔ Ser passageiro de motorista DUI (Kypri, Tephenson, 2005)
➔ Uso de maconha (Blows et al, 2005)
➔ Baixa idade (Hingson, 1999)
➔ Sonolência (Connor et al, 2004)
➔ Baixa percepção de punição (Aberg, 1993)
➔ Baixa percepção do risco de sofrer acidentes (Albery & Guppy, 1996,Greenfield &
Rogers,1999; Cherpitel et al, 1993, 1999)

Drogômetro:
Nathália Meier atm 2020/1

Psiquiatria Forense, Imputabilidade Penal e Capacidade Civil​.

IMPUTABILIDADE PENAL E CAPACIDADE CIVIL

Artigo 149:
“Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou
a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente,
descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal”.

Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade de alguma coisa.

● Código Penal Brasileiro Artigo 26, em seu caput:


É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, era ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O parágrafo do artigo 26 estabelece:


A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação da
saúde mental, ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se conforme esse entendimento.

● Artigo 27 trata da menoridade, considerando inimputáveis os menores de 18 anos.

● Artigo 28 cita os elementos que não excluem a imputabilidade penal:

I – A emoção ou a paixão
II – A embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

● Critérios biopsicológicos:
- Verificação da existência ou não de um transtorno mental, e qual transtorno.
- Avaliação da existência de nexo de causalidade.
- Avaliação da capacidade de entendimento.
- Avaliação da capacidade de determinação em relação a esse entendimento.

● Verificação da existência de transtorno mental: Doença mental, Perturbação da


saúde mental, Desenvolvimento mental retardado, Desenvolvimento mental
incompleto.

● Doença mental para o Código Penal: Psicoses, Demências.

ESQUIZOFRENIA
- É a psicose mais frequentemente encontrada nos manicômios.
- Abrange cerca de 50% destas populações.
Nathália Meier atm 2020/1

- Até a metade do século 20 - Diagnóstico era sinônimo de Inimputabilidade.


- À partir dos anos 50 – Necessário verificar a existência de nexo causal entre a patologia e
o delito.
- Avalia-se também o pré-mórbido do periciando, comorbidade com uso de álcool e drogas,
traços anti-sociais.

● Perturbação da saúde mental segundo CP: Transtornos de Personalidade,


Neuroses.

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE E A CONDUTA DELITUOSA

- Borderline: Predomina a impulsividade, a instabilidade afetiva, tendência a erupções na


conduta, agressividade auto e hetero-dirigida.
- Paranóide: Interpreta a realidade externa com desconfiança, tendência à grandiosidade,
sentimentos de ciúmes e irritabilidade.
- Antissocial: Frieza afetiva e ausência de empatia; Ataque a regras morais, éticas, sociais,
legais; Vínculos inconstantes e superficiais; Utilização do outro, unicamente como forma de
atender suas necessidades.

● Deficiência Mental
● Desenvolvimento mental incompleto

- Silvícolas não-adaptados.
- Surdos-mudos com total ou quase total incapacidade de comunicação e incorporação de
conhecimentos.
- Pessoas com “funcionamento primitivo”.

● Peculiaridades ligadas ao sexo feminino:


A “síndrome da mulher espancada”: quadro de estresse pós-traumático motivando o
homicídio do cônjuge agressor.
No infanticídio, o “estado puerperal” atenuaria a pena. A duração é controversa assim como
o nexo causal. A tendência é examinar a existência de outro modificador.
Não são excludentes de culpabilidade per se.

● Avaliação da Existência de Nexo de Causalidade


Necessidade de existência de um nexo causal entre o transtorno mental e o delito.
A ação ou omissão deve ser um sintoma do transtorno.

● Avaliação da Capacidade de Entendimento


Baseia-se na possibilidade que a pessoa tem de conhecer a natureza, condições e
consequências do ato;
Implica o conhecimento da penalidade, da organização legal, das consequências sociais;
Supõe certo grau de experiência, de maturidade, de educação, de inteligência, de lucidez,
de atenção, de orientação, de memória.

● Avaliação da Capacidade de determinação


Nathália Meier atm 2020/1

Baseia-se na capacidade de escolher entre praticar ou não o ato, o que requer serenidade,
reflexão e distância de qualquer condição patológica que possa escravizar o indivíduo,
impulsionando-o para o ato.

● Classificação da Imputação (art. 26 do CPB)


- Total:Imputável
- Parcial:Semi-imputável
- Nula:Inimputável

Se indício de transtorno mental, para-se o processo e encaminha o “paciente” para Perícia


no IPF, por exemplo. Se comprovada a alteração mental, há uma MEDIDA DE
SEGURANÇA com designação do agente para tratar seu transtorno. Tal agente é
considerado; então, IMPUTÁVEL (isento de pena e ganha medida de segurança).
Quanto aos SEMI-IMPUTÁVEIS, eles ou recebem PENA REDUZIDA ou ganham MEDIDA
DE SEGURANÇA.

● Responsabilidade Penal no Uso e Dependência do Álcool:


- Artigo 28 do CP: A embriaguez pelo álcool ou substância de efeito análogo,voluntária ou
culposa, não exclui a imputabilidade penal. Os parágrafos deste artigo fazem duas
exceções na responsabilidade:
1) Se a embriaguez for completa, proveniente de caso fortuito (ingestão acidental) ou força
maior (ingestão por coação) e retirar inteiramente, ao tempo da ação, a capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
2) Se a embriaguez for proveniente de caso fortuito ou força maior e diminuir, mas não
abolir, a capacidade de entendimento ou determinação.

Capacidade Civil: é a aptidão para gerir a própria pessoa e seus bens.

● Necessitam de perícia civil:


Código Civil de 2002

- Artigo 3º:
“ São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil”:
II. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos;
III. Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

- Artigo 4º:
“ São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer”:
II. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental,
tenham o discernimento reduzido;
III. Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV. Os *pródigos.
A prodigalidade: Termo jurídico. Sintoma de diversos transtornos psiquiátricos.

● INTERDIÇÃO:
Nathália Meier atm 2020/1

Medida de proteção aos indivíduos privado de agir autonomamente.


Doença Mental determinando alterações da compreensão do significado, implicações e
consequências, para si ou para outros, do ato que pretende realizar.
- Decisão de iniciar com processo de interdição não coincide com início da patologia.
- Negação da doença.
- Desorientação com a manutenção/aumento dos sintomas
- Certeza da incurabilidade
- Questões econômicas (preservar patrimônio, propiciar ganhos)

Poderão promover a interdição:


- Pais
- Cônjuge ou qualquer parente
- Ministério Público

A interdição pode ser total ou parcial.

● Avaliação da Capacidade Civil:


Petição inicial relatando a presença de doença mental, atos comprometidos e provas
iniciais.

- Juiz cita o réu


- Audiência
- Inspeção judicial
- Indicado perito oficial
- Réu poderá contratar assistente técnico
- Audiência
- Se declarada a incapacidade e decretada a interdição, será nomeado curador.

● Roteiro de Avaliação
1) Minuciosa avaliação dos autos do processo e documentos oficiais - Interesses nem
sempre explicitados…
2) Avaliação do suposto incapaz
3) Entrevistas com familiares, médicos e equipe de cuidadores
4) “Trabalho de Campo”
5) Laudo Psiquiátrico-Forense/ Parecer
6) Testemunho em Juízo

Perícia Médica e documentos médico-legais

PERÍCIA MÉDICA: ​Conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade
o esclarecimento de um fato de interesse da justiça. Definida também como um ato pelo
qual a autoridade procura conhecer, por meios técnicos e científicos, a existência ou não de
Nathália Meier atm 2020/1

certos acontecimentos capazes de interferir na decisão de uma questão judiciária ligada à


vida ou à saúde do homem ou que com ele tenha relação.

A finalidade da perícia é produzir a prova, e a prova não é outra coisa senão o elemento
demonstrativo do fato. Assim, tem ela a faculdade de contribuir com a revelação da
existência ou da não existência de um fato contrário ao direito, dando ao magistrado a
oportunidade de se aperceber da verdade e de formar sua convicção.

As perícias se materializam por meio dos laudos.


A perícia e o laudo médico-legal não são documentos sigilosos.

Perícia transversal (no momento): constatação (doença mental, dano psíquico ou maus
tratos), interdição.
Perícia criminal, parecer psiquiátrico, laudos.

Para a elaboração de um laudo em medicina legal, necessita-se de síntese processual sem


qualquer intervenção do perito. Além disso, é essencial a história do delito segundo o
periciando.
Perícia → imparcialidade, confidencialidade (não pode interferir nos atos profissionais de
outro médico. Ex: medicação em subdose. Avaliação retrospectiva, prospectiva. Peritos
oficial (1) e assistente técnico (2). Prevaricação: atraso no prazo de entrega do laudo
pericial.

DOCUMENTOS MÉDICOS LEGAIS

Atestados: carimbo não é necessário nem nas receitas, se houver nome legível e CRM
nelas. Não deve ter rasuras. Podem ser: oficiosos (ex: ausência à aula), administrativos
(para serviço público), judiciário.
Não se põe o diagnóstico no atestado.
Caso puser, ter número do CID e autorização do paciente.

Laudo médico: forma materializada da perícia.


Laudo psiquiátrico identificação, motivo e circunstâncias do exame, antecedentes
mórbidos familiares, antecedentes mórbidos pessoal, história pessoal, história do delito
segundo a denúncia, história do delito segundo o examinado, exames complementares,
observação psiquiátrica, exame do estado mental, diagnóstico.

Boletim médico
Certidão de óbito

CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Princípios gerais: Não – maleficência, Autonomia, Beneficência, Justiça (equidade,


honestidade, dignidade, solidariedade, compaixão e transparência) e Sigilo Médico.
Nathália Meier atm 2020/1

Princípios fundamentais:
- A medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será
exercida sem distinção de nenhuma natureza. Para exercer a medicina com honra e
dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma
justa. Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina, bem
como pelo prestígio e bom conceito da profissão. Compete ao médico aprimorar
continuamente seus conhecimentos e usar o melhor progresso científico em benefício do
paciente.
- O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício,
jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o
extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e
integridade. Também exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar
serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas
as situações de ausência de outro médico, em caráter de urgência ou emergência, ou
quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.
- A medicina não pode ser exercida como comércio. O trabalho do médico não pode ser
explorado por terceiros com os objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa.
- O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha conhecimento no
desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos em lei. Além disso,
empenhar-se – á pela melhor adequação do trabalho ao ser humano, pela eliminação e pelo
controle dos riscos à saúde inerentes às atividades laborais, em melhorar os padrões dos
serviços médicos e em assumir sua responsabilidade em relação à saúde publica, à
educação sanitária e à legislação referente à saúde.
- Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de
procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará para os pacientes
sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados.

Você também pode gostar