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OS TRÊS HS DA ARTE

MANIFESTO
ARTÍSTICO
ESCRITO POR MOVIMENTOS
HIGOR PEREIRA HARMONISMO
HOSTILISMO
HUMILISMO
HARMO
NISMO

Oposição ao
Egocentrismo
A arte, assim como nós, o universo, é mistura. As obras
artísticas, portanto, devem se conectarem, se mesclarem ao
tudo e ao todos, pois somos esse tudo e esse todos que
forma a harmonia cósmica da unidade, do "unus".

Obras se misturando com obras, autores se misturando com


autores, artes se misturando com artes, movimentos se
misturando com movimentos, independente do tempo,
podendo ser tanto do passado, do presente ou do futuro,
almejando sempre o equilíbrio e a harmonia, eis a verdadeira
essência da arte sendo explorada ao seu máximo.

Pois antes um escritor misturava as letras e tínhamos o livro;


um pintor misturava as tintas e tínhamos o quadro; um
compositor misturava as notas e tínhamos a música, agora as
portas das possibilidades e das pontencialidades foram
verdadeiramente abertas.
O objetivo é percebermos que não existe o "Eu", mas, sim,
o "Nós". Somos o tudo e todos somos um; somos poeiras

HARMO
estelares formadas há bilhões de anos; somos o universo.
Unidos estávamos, em uma singularidade, antes do Big

NISMO
Bang, a grande expansão, e a maior quimera dos nossos
egos,

Devemos nos desconectar do "Eu", um pensamento tão


miserável e medíocre, e nos conectarmos com o outro
(seja pessoas, animais, objetos, natureza, sensações,
matéria, alma, energia, tempo, etc...); nos conectarmos
com o universo, o nosso verdadeiro "Eu", atingindo, dessa
forma, o Nirvana, a consciência de tudo.

Não coloquem seus nomes nas obras, neguem esse "Eu"


falso, vão, ilusório, quimérico que tanto se difundiu em
nossas artes ao longo dos séculos. Em vez disso, assinem
com o nome do ser ou dos seres, da coisa ou das coisas
que se conectaram, que se uniram, que se misturaram.

Crêem que a perfeição, a excelência já foi atingida,


alcançada por outros artistas. Obras já feitas, como a
nona sinfonia de Beethoven, que, por ter conseguido
tamanha excelência, torna qualquer outra irrelevante aos
ouvidos humanos.

Entretanto, há um campo quase inexplorado pelo


homem que vai além da perfeição. Um lugar que só é
possível chegar por meio da combinação, pois, assim
como a formação dos elementos químicos pesados,
como o ouro, que são produzidos por fusão nuclear nos
núcleos das estrelas, a arte, a sublime e transcendental
arte, é aquela que só é possível ascender quando cientes
de quem nós realmente somos, compostos de tudo.
A ideia de que somos o tudo, juntamente com a de que
a única forma de superarmos a perfeição é através da
aglutinação, nos faz repensar a arte na sua mais pura

HARMO
essência, pois o que viria a ser a originalidade, sendo que
tudo é uma cópia de tudo em uma densa amálgama de

NISMO
cópias? E se somos o tudo, logo não haveria lógica no
plágio, que seria uma mera ignorância de nossas mentes
insignificantes, voltadas pra si? Vamos repensar essas ideias
através daquilo que melhor sabemos fazer, arte.

Para facilitar a compreensão das obras artísticas desse


movimento lhes darei alguns exemplos utilizando o já citado
Beethoven. Desconecta-se, primeiramente, de si e se conecte
com o seu outro eu, Beethoven. Para isso, conhecimentos
acerca dele e de suas obras se fazem extremamente
fundamentais para uma melhor conectividade. Agora
as possibilidades de mistura são infinitas, dependendo
somente de sua criatividade. Posso aglutinar Beethoven
a um outro grande compositor, Mozart (que também vai
exigir um extenso conhecimento) e fazer uma composição
que tenta trazer equilíbrio as características musicais ou
pessoais desses dois gênios, ou posso mesclar músicas
específicas deles, como a "Fur Elise" com a "Marcha Turca",
ou características dos movimentos artísticos dos quais eles
fizeram parte, como o classicismo com o romantismo.

Posso ser mais ousado e misturar Beethoven a um artista


totalmente diferente dele, como, por exemplo, Van Gogh.
Como seria a fusão artística desses dois gênios? Um quadro
pintado por Beethoven? Uma sinfonia composta por Van
Gogh? Uma composição de Beethoven sobre "A Noite
Estrelada"? Uma pintura de Van Gogh sobre "Moonlight"?
Uma música expressionista de Beethoven? Um quadro
romântico de Van Gogh? Um híbrido de música com pintura,
dando origem a uma nova arte? As possibilidades dependem,
unicamente, do limite de sua imaginação.
Não necessariamente é preciso se conectar com artistas para

HARMO
criar obras pertencentes a esse movimento. Podes muito bem
conectares a qualquer coisa do universo. Conectes à Napoleão

NISMO
e faças um filme; conectes à Marie Curie e faças um livro;
conectes à sua mãe e faças uma pintura; conectes aos
vagalumes e faças uma dança; conectes ao fogo e faças uma
música; conectes ao amanhã e nos surpreenda.
HOSTI
LISMO
Oposição ao
Narcisismo
É um movimento artísticos mais radical, onde os artistas
invertem, deformam, hostilizam ou, simplesmente, destroem
obras artísticas de outros artistas, independente da
importância ou da fama dos mesmos.

Dessa forma é que os artistas desse movimento se expressam,


não criando, mas destruindo, protestando contra o narcisismo
inerente a todos os artistas.

Ele se assemelha muito a um outro movimento artístico, o


Dadaísmo, sendo que a principal diferença é que eles não
constroem nada, apenas desconstroem aquilo que outros
artistas construíram, repensando, dessa forma, a arte.

Eles compreendem que a verdadeira essência do universo é


o caos, pois foi através dele que ele se originou; através da
desordem surgiu a ordem. Entretanto, essa ordem cósmica
está fadada à retornar ao caos, a voltar a sua essência, que será
o fim, portanto, por meio da arte, eles tentam representar a
verdadeira natureza das coisas, o caos.
HUMI
LISMO
Oposição ao
Orgulho
É a arte da simplicidade, da verdadeira essência das coisas. Ela
vai contra a perfeição e o excelentismo, pois isso gera
competições e rivalidades, alimentando o orgulho; separando
as pessoas e fortificando seus egos.

Assim como os outros movimentos, o humilismo é contra o


individualismo humano e também crêem que a perfeição já foi
alcançada, tornando desnecessária essa busca incessante por
ela, pois procurar algo que já foi "encontrado" não faz sentido
para eles.

A filosofia dos humilistas é "não importa o que você faça, tudo


será consumado", pois tudo é finito para eles; tudo é em vão. O
universo, assim como nós, não será eterno, então não há
sentido em gastar energia, tanto esforço, para algo que, além
de já ter sido feito e de uma maneira muito melhor, será
destruído pelo tempo. Portanto eles vão prezar por obras
simples, que expõe somente a essência, o necessário, o
fundamental da arte. Quanto mais simples, melhor.
São artes feitas rapidamente, pois a vida é muito curta
para ser desperdiçada com efemeridades, seguindo assim

HARMO
a célebre frase de Horácio: "carpe diem", aproveitando o
momento da concepção artística. Então também são

NISMO
obras imediáticas, não correções ou reparos (geralmente
essas obras acabam por ficar incompletas, pois, por
serem obras que seguem o fluxo da mente no momento
presente, os artistas acabam parando quando não tem
mais ideias ou mais vontade de prosseguir com o
projeto).

Os artistas também não colocam seus nomes nas obras,


deixando em anonimato, para justamente lutar contra o
orgulho inerente a qualquer homem. Muitos também
optam por destruir suas produções depois de feitas em
uma forma de aceitar a finitude das coisas.

Os humilistas acreditam, segundo as ideias de Platão, que


a verdadeira perfeição se encontra no mundo abstrato, ou
seja, na imaginação, e que as obras transpostas para o
mundo material não são tão perfeitas quanto aquelas que
vivem na mente. Por isso que eles também deixam suas
obras incompletas, para que o restante seja completado
pela imaginação. Eles também costumam deixar um guia
imagético, para que as pessoas possam imaginar e
também enxergar esta verdadeira perfeição, além de
incluí-las no processo artístico, ppis, para eles, a arte não
é arte por si mesma e nem arte por quem a criou, o
artista, mas só é arte por quem a vê como arte. A arte
está em nós, apreciadores. Se a arte está em nós, e não na
obra e nem no criador da obra, então nós somos a arte e
somos, também, os artistas dessa arte.
Dessa forma algumas de suas obras são verdadeiras
operações mentais, dotadas da imaterialização,

HARMO
subjetividade, impalpabilidade, incoporalidade,
intangibilidade, residindo apenas na imagem mental, nos

NISMO
devaneios, fantasias, enleios, irrealidades, sonhos,
utopias, quimeras.

Essa ideia segue os princípios do solipsismo, doutrina


segundo a qual só existem, efetivamente, o eu e suas
sensações, sendo os outros entes (seres humanos e
objetos), como partícipes da única mente pensante,
meras impressões sem existência própria, ou seja, a vida,
é um conjunto de hábitos de um ser solitário, em que a
realidade exterior ao indivíduo, na verdade, é a sua
realidade inteiror. Assim sendo o universo não está fora,
mas sim dentro do homem: "o limite do universo é a sua
mente". É um pensamento que, paradoxalmente, vai dizer
que você está dentro de mim e, ao mesmo tempo, eu
estou dentro de você, ou seja, todos somos um, igual a
ideia dos harmonistas. E assim como eles, os humilistas
também idolatram muito a imaginação, só que com a
finalidade de alcançar a verdadeira perfeição, enquanto
que para os harmonistas ela é utilizada na conexão entre
os "eus".

Para os humilistas a arte é o momento presente da


produção; o momento que o artista está a produzindo,
então deixar a arte incompleta é a forma que eles
encontraram para a arte continuar sendo arte, pois a
produção nunca acaba, estando constantemente
pensando nas partes a serem preenchidas.

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