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BIOGRAFIA

José Ferraz de Almeida Júnior provavelmente foi o primeiro artista


plástico brasileiro a retratar nas telas o homem do povo em seu
cotidiano, em contraste com a monumentalidade que até então
predominava nas artes plásticas do Brasil. A forma inovadora
como tratava a luz é ainda hoje comentada e apreciada. Em sua
honra, o dia do Artista Plástico Brasileiro é comemorado a 8 de
Maio, dia do nascimento do pintor. Desde menino Almeida Júnior
demonstrou inclinações artísticas e teve no padre Miguel Correa
Pacheco seu primeiro incentivador, em sua cidade natal. Foi o
padre quem obteve recursos para que o futuro artista, já então
com cerca de 19 anos de idade, pudesse ir estudar no Rio de
Janeiro. Em 1869 Almeida Júnior entrou na Academia Imperial de
Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde foi aluno de Jules Le
Chevrel, Victor Meireles e possivelmente de Pedro Américo. Em
1876, o Imperador D. Pedro 2 o concedeu-lhe uma bolsa de estudo
que lhe permitiu matricular-se na Ècole de Beaux Arts de Paris,
onde foi aluno de Alexandre Cabanel. Participou do Salão dos
Artistas franceses nos anos de 1880, 1881 e 1882. Em 1882 o
pintor voltou ao Brasil e fez sua primeira mostra individual, na
Academia Imperial de Belas artes do Rio de Janeiro. Depois abriu
seu ateliê em São Paulo. Apaixonado por sua antiga noiva
(casada com outro) Maria Laura do Amaral Gurgel, teve seus
sentimentos correspondidos e a retratou várias vezes, nos traços
de seus personagens femininos. Em 1891 e 1896 o pintor realizou
novas viagens à Europa, a última em companhia de Pedro
Alexandrino. No dia 13 de novembro de 1899 o artista caiu
apunhalado diante do Hotel Central de Piracicaba, por José de
Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura, o qual
acabara de descobrir a ligação amorosa que existia, há anos,
entre a mulher e o pintor. Entre as obras de Almeida Jr. destacam-
se: "As Lavadeiras" (1875), "Caipiras Negaceando" (1888),
"Caipira Picando Fumo" (1893), "Amolação Interrompida (1894),
"A Partida da Monção" (1898), e o "Violeiro" (1899).

Praticou inicialmente temas religiosos e históricos, que foram


dando lugar aos motivos regionais. Produziu obras que retratam,
com lirismo e simplicidade, tipos e costumes do interior paulista.
Evoluindo em direção a um realismo cada vez mais "nacional",
afirmando sua liberdade artística e grande emoção, aliadas a uma
arte amadurecida, Almeida Júnior foi um dos mais completos e,
provavelmente, o mais "brasileiro", dos nossos pintores do século
XIX.

Nota-se o desejo de aproximação realista ao cotidiano do homem


do interior sem o filtro das fórmulas universalistas. Não hesita em
retratar o caipira em seu ambiente pobre e simples, em sua vida
calma e triste, sem nunca ridicularizá-lo ou transformá-lo em
personagem pitoresco. As lições de desenho e composição
geométrica de sua formação acadêmica, contudo, não são
abandonadas. Elas coexistem com as inovações introduzidas pelo
artista, tanto na temática quanto na composição estética, com a
luminosidade solar presente no clareamento da paleta e a
gestualidade mais livre. 

Amolação Interrompida

O quadro retrata uma paisagem rural, com apenas uma figura


humana, o caipira, que se mostra trabalhando. Suas roupas
humildes e sujas de barro, num riacho, com uma pedra no meio,
amolando o seu machado, fortemente agarrado pelo cabo de
madeira, enquanto abana com a mão direita, cumprimentando
alguém que vê, e, que interrompe o seu trabalho.

Caipira Picando Fumo

Outra obra que retrata o homem interiorano, no seu cotidiano. No


centro da obra, há um trabalhador rural, focado em realizar sua
atividade. O homem, de meia idade, tem seu rosto com marcas de
dureza, e usa roupas simples, típicas do campo. Está sentado em
frente a uma casa, feita de taipa, com uma faca na mão, picando
fumo.

O Derrubador Brasileiro

Obra pintada na França, trouxe essa obra pra podermos comparar


as regionalistas a esta. Ainda temos um homem interiorano, mas
que agora é um jovem italiano. Seu rosto, nitidamente jovem, não
possui qualquer marca da rudeza da vida do campo, diferente do
caipira brasileiro. A obra não tem tantos efeitos luminosos quanto
Caipira Picando Fumo, é mais escura, existe um realismo nos
rochedos, mas no restante da paisagem como nos coqueiros mais
naturalista. O homem aparece apoiado em seu machado, emana
uma força muscular.
O Violeiro

Na obra vemos um homem e uma mulher apoiados na beira de


uma janela de uma casa simples, típica das regiões rurais do
Brasil. Tantos detalhes nos personagens e é um zoom tão grande
que quando olhamos temos a sensação de intimidade, como
pudéssemos entrar na obra, além de sentir como se o casal já se
conhecesse a anos, devido a sua composição mais teatral e
intimista. Além da simplicidade da obra, podemos ver nas roupas
e até no elemento do homem (viola) que provavelmente estava
em um momento de lazer.

O Inoportuno

Podemos observar através dessa famosa pintura, o artista em seu


ateliê onde o mesmo se representa de costas para narrar uma
situação de interrupção de seu trabalho, durante a pintura de um
retrato.  A maneira como o pintor resolveu esta situação,
colocando a modelo na parte mais visível da tela, faz do
espectador seu cúmplice, onde este a vê com nitidez e não a
importunando. De quem ele a protege está fora da representação
pictórica, mas nos é permitido imaginar a sua presença no campo
do desejo, assim como se apresenta ao espectador. Pode se
pensar que somos o inoportuno do título.

Caipira apertando o Lombilho

as figuras humanas, ainda que envolvidas com trabalhos, mal se


deixam apartar do meio que as envolve

Saudade
Saudade representa uma mulher que chora, ao observar uma
fotografia que segura em sua mão, reconhecida graças à
representação do carimbo que notamos em seu verso.
Apesar de não podermos ver a foto, podemos supor, dada a
intensidade da emoção que a figura demonstra, de que se trata de
alguém querido que está ausente ou mesmo falecido, o que é
sugerido pelos trajes que ela veste – o xale e a saia pretos.
A alusão à ausência de alguém amado é reforçada pela presença
de outro elemento da cena, um chapéu de palha masculino que se
vê pendurado no alto à esquerda da composição. O sentimento de
solidão e isolamento é reforçado pelo modo de retratar a cena.
Apenas um canto de aposento, a janela aberta para uma
paisagem que não vemos, um baú semi-aberto no fundo, sobre o
qual repousa um grosso livro vermelho e um xale, de onde
imaginamos que a fotografia tenha sido tirada. O contraste entre a
intimidade sóbria, a meia luz, do que supomos ser um quarto, e a
luminosidade intensa que vem de fora e banha oposição entre os
dois mundos e do deslocamento dessa mulher. A ausência da
visão do lado de fora da cena, representada pela faixa cinza-
azulada, parece selar seu encerramento no sentimento da
saudade.

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