Questão 2 - Por que Descartes é levado a formular a hipótese do Gênio Malígno no fim
da Meditação Primeira?
Descartes começa a Meditação Primeira explicando seu anseio de
retornar aos fundamentos das suas opiniões científicas, a fim de estabelecer o que seja firme e constante nos alicerces das ciências, pois segundo o próprio, as coisas podem parecer a nós como falsas e isso já seria o suficiente para rejeitar alguns conhecimentos considerados verdadeiros ou até mesmo as verdades. Para tal reflexão, Descartes se utiliza do questionamento cético, pondo a dúvida acerca das coisas em sua maior expressão. Isso se dá ao passo que ele questiona sobre o que se aprende através da experiência e é identificado pelos nossos sentidos, afirmando que os próprios sentidos são questionáveis e podem nos enganar, ou seja; os fundamentos das ciências estariam pautados em percepções enganosas. E aprofundando-se nessa mesma linha cética, Descartes apresenta a dúvida da realidade das coisas anterior aos sentidos, e questiona se o que há, não seria resultado de um ser superior, chamado por ele de Gênio Maligno, que se encarregaria de enganá-lo através das sensações, conferindo mais incertezas do que verdades sobre a realidade. A hipótese do Gênio Maligno foi fundamental para o entendimento daquilo que vai além do engano dos sentidos e do desconhecimento entre o estado de vigília ou de sonho. Através dela, Descartes põe em cheque as próprias convicções do que é perceptível, pois nada de inédito pode ser pensado ou mesmo sonhado. Portanto, ele seria “vítima” desse gênio que o engana, ao projetar em sua mente a crença de ter um corpo ou de sentir todas as coisas.