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Economia Brasileira e Internacional
Economia Brasileira e Internacional
Economia Brasileira
e
Internacional
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Vinicius dos Santos
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Sumário
1. MACROECONOMIA COM ECONOMIA ABERTA.........................................................3
2. FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL.......................................................................32
3. CONCEITUAÇÃO E GENERALIDADES DO COMÉRCIO INTERNACIONAL..........67
4. TEORIA CLÁSSICA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL............................................70
5 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA INTERNACIONAL........................................................77
6 O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO...................................................................................85
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................98
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1.1.2 Desemprego
A perda do emprego gera uma série de consequências negativas para
os agentes econômicos, porque reduz seu poder de compra e cria
incerteza sobre sua renda futura, gerando impacto negativo sobre a
dinâmica macroeconômica.
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1.1.3 Inflação
A inflação caracteriza-se pela situação em que há uma variação de
preços positiva, persistente e generalizada. Quando essa variação é
negativa, persistente e generalizada, há deflação. A hiperinflação ocorre
quando a inflação é excessivamente elevada e assume uma trajetória de
aceleração vertiginosa (não há número especifico a partir do qual se diz
haver hiperinflação, mas um nível geral de preços acima de 50% ao mês
pode ser considerado como tal). Nos três casos, não se trata de um
fenômeno causal ou ocasional, mas de uma situação de continuidade.
No semestre anterior conhecemos as classificações de inflação e os
principais indicadores utilizados para monitorá-la.
A inflação tem efeitos nocivos sobre a economia, sendo eles:
a) Redução do poder de compra dos indivíduos: quando os preços
aumentam, não se consegue compra mais a mesma quantidade de
bens e serviços. Com efeito adverso sobre a taxa de crescimento.
Conforme Milton Friedman (1970), a inflação é “a única taxação que
pode ser imposta se a necessidade e de uma legislação.” Para se
proteger dela, os agentes recorrem a aplicações financeiras
oferecidas pelo sistema bancário, que protegem o dinheiro da
corrosão inflacionária. Com isso, um dos custos decorrentes da
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1.2 Consumo/poupança/investimento
Conhecemos anteriormente o conceito dessas variáveis sob análise de uma
economia fechada, a partir de agora estenderemos tais conceitos para
compreendê-las sob a óptica da contabilidade de renda nacional de uma
economia aberta, pois tais variáveis, ou contas da renda nacional, exercem papel
fundamental no comércio internacional e na teoria macroeconômica de uma
economia aberta.
Desde que os residentes de uma economia fechada não podem comprar
produtos estrangeiros ou vender seus produtos aos estrangeiros, toda a renda
nacional deve ser gerada pelo consumo doméstico, investimento e gastos do
governo.
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1.2.1 Consumo
A parcela do PIB adquirida pelo setor privado para suprir as
necessidades correntes é denominada consumo. As compras de ingressos
de cinema, alimentos, serviços dentários e máquinas de lavar estão nesta
categoria.
O gasto em consumo é o maior componente da produção nacional.
Nos Estados unidos, por exemplo, a participação do consumo no PIB
esta entre 62% e 69%.
1.2.2 Investimento
A parcela do PIB utilizada pelas empresas privadas para a produção é
denominada investimento.
Os gastos em investimento podem ser vistos com uma fração do PIB
utilizada para aumentar o estoque de capital do país.
O aço e os tijolos utilizados para construir uma fábrica são parte do
gasto em investimento, assim como os serviços fornecidos por um técnico
que auxilia na construção de computadores. As compras de estoques das
empresas também são contabilizadas como gastos de investimentos
porque a formação dos estoques.
O investimento é mais variável do que o consumo.
Nos Estados Unidos, o investimento (bruto) tem flutuado entre 12% e
19%. Embora quase sempre utilizemos a palavra investimento para
descrever as compras individuais de ações, títulos ou imóveis, deve-se
tomar cuidado de não confundir esse significado comum com a definição
do investimento do ponto de vista econômico, como componente da
produção nacional.
S=Y–C-G
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S = Y – C – G + (X-M)
1.3.1 PIB
O objetivo do Sistema de Contas Nacionais (SCN) é mensurar o valor
de tudo o que o país produz em um determinado período do tempo: o
Produto Interno Bruto (PIB). Trata-se de um instrumento imprescindível
para o setor privado, que decide o quanto vai consumir e investir, e para o
setor público, que tem poder de alterar os incentivos aos agentes privados,
editando leis, reforçando instituições e adotando novas políticas públicas.
O PIB abrange todos os bens e serviços finais produzidos dentro do
país, por residentes ou não, em um determinado período de tempo.
Normalmente os órgãos de estatística calculam o PIB utilizando três
metodologias, ou ópticas: a do Produto, da Renda e da Despesa.
a) Óptica do Produto (ou da produção)
Representa o somatório, em unidades monetárias, de tudo o que as
empresas produzem de bens e serviços finais em um determinado
período de tempo. Também chamado de Oferta Agregada,
apresentada nos setores agropecuário, industrial e de serviços,
sendo estes considerados com os setores de produção de bens e
serviços finais.
Esta óptica considera que já estão incorporados os bens
intermediários, a métrica para calcular o produto agregado só
contém bens e serviços finais, para evitar duplicidade na contagem.
b) Óptica da Renda
A renda agregada representa o somatório da remuneração dos
fatores de produção que as empresas utilizam no processo
produtivo dos bens e serviços.
Trata-se das remunerações referentes a todos os fatores de
produção que as firmas necessitam para sua produção em um
determinado período de tempo, por exemplo: salário, juros, aluguéis,
lucros e dividendos distribuídos.
Esse método de mensuração identifica os fatores de produção
usados pelas empresas (demandantes) e quanto elas pagam pelo
seu uso. Entende-se como fatores de produção (ou insumos)
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Onde:
IT = investimento total S = poupança
T = tributo G = gastos do governo
PIB = produto interno bruto C = consumo
M = importações X = exportações
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PIB = C+G+I+(X-M)
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Um exemplo:
Os lucros enviados ao exterior pela Google do Brasil pertencem ao PIB
brasileiro, pois foram produzidos dentro do território do país, enquanto que
o lucro que o Brasil recebeu da filial da Embraer em Portugal não
aparecem no PIB brasileiro, uma vez que a produção não foi no território.
O PIB considera o lucro enviado ao exterior, mas não contabiliza o lucro
recebido do exterior.
Os lucros enviados ao exterior pela Google do Brasil não pertencem ao
PNB brasileiro, contudo o lucro recebido pelo Brasil da filial da Embraer em
Portugal é contabilizado no PNB.
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O que deve ocorrer com o saldo das transações correntes do país se,
ceteris paribus, houver uma recessão em um grande importados dos
produtos brasileiros, como a China por exemplo? Ou o que deve acontecer
se, ceteris paribus, o PIB do Brasil aumentar?
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1.6 Moeda
A divisão social do trabalho gerou a necessidade de trocas. Inicialmente essas
trocas eram diretas, escambo, porém com a contínua especialização, elas se
tornaram cada vez mais difíceis e complexas em razão da diversidade de
interesses. Surge, então, a mercadoria moeda, que era uma mercadoria de
aceitação utilizada como intermediário das trocas, entre elas estava o gado, o sal
e o trigo. Essas mercadorias moedas possuíam alto custo de transação e de
estocagem e não eram apropriadas como meio de conta e em decorrência de
questões de magnitude, instabilidade e divisibilidade.
Elas foram posteriormente substituídas pelas moedas metálicas, especialmente
as de ouro e prata, que possuíam o atributo de durabilidade. Para evitar
falsificações, as moedas passaram a ser cunhadas e, durante séculos, as moedas
metálicas fora a base do sistema monetário nas diversas civilizações.
Posteriormente, surge a moeda-papel. Por medidas de segurança, os negociantes
desenvolveram o hábito de depositar suas moedas metálicas nos ourives e em
casas de custódia, que, por sua vez, emitiam a moeda-papel, que eram
certificados de depósito intransferível (nominal) e conversíveis (que possuía
lastro).
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BM = PMPP + RB
RB = reservas compulsórias + reservas voluntárias
As RBs são diferentes dos encaixes totais (ET). Estes são formados
pela soma dos caixas dos bancos comerciais (dinheiro em espécie que há
no cofre e nos guichês das agências bancárias) mais seus depósitos
voluntários e obrigatórios na autoridade monetária. Também pode se dizer
que os ETs são formados pela soma do caixa dos bancos comerciais e as
RBs.
Podemos dizer que ocorre a criação da base monetária quando há:
a) Aumento das operações ativas do Bacen;
b) Redução do passivo não monetário do Bacen.
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M1 = PMPP + DV
M1 = PMPP + DV
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b) À medida que a ISI avança, torna-se cada vez mais difícil e custoso
prosseguir o processo, pois os bens a serem internalizado são mais
sofisticados e capital-intensivos;
c) O protecionismo do modelo ISI cria setor industrial pouco
competitivo, pois na ausência de concorrência não há incentivo à
inovação;
d) A ausência de competição externa dá origem a grupos nacionais
com grande poder de mercado – os oligopólios;
e) O uso de câmbio valorizado, com o objetivo de baratear as
importações, gera novos desequilíbrios no Balanço de Pagamentos;
f) No modelo ISI os investimentos realizados são capital-intensivos, o
que não permite a geração de grande quantidade de emprego;
g) Como o modelo ISI não estimula as exportações contribui para cria
desequilíbrios macroeconômico, já que é difícil manter o Balanço de
Pagamentos equilibrado, o que resulta em endividamento externo e
inflação.
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inflação que era de 11,8% em 1955, subiu para 25,4% em 1960 e bateu
47,8% em 1961. O Balanço de Pagamentos passou a sofrer desequilíbrios
de forma recorrente, os saldos comerciais tornarem-se negativo a partir de
1958. Por fim, o Plano de Metas também consolidou uma estrutura de
transportes baseada no modal rodoviário, em detrimento da malha
ferroviária e da opção fluvial, o que mais tarde mostrou ser bastante
dispendioso para o setor produtivo.
Entre crescer e estabilizar a economia, JK optou pelo primeiro. Assim,
preservou o Plano de Metas e a construção da nova capital, deixando para
seu sucessor um quadro de deterioração dos indicadores
macroeconômicos.
2.2 Os anos 60
Resumidamente, o início dos anos 1960 caracterizou-se por uma conjunção
de fatores que teria levado à ruptura democrática do país: desaceleração
econômica, aceleração inflacionária, tentativas fracassadas de estabilização e
intensa instabilidade política.
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O Plano de Estabilização
O diagnóstico do processo inflacionário brasileiro foi embasado na
ortodoxia monetária: o excesso de demanda seria causado pela
monetarização dos déficits públicos, pela expansão do crédito às
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Plano de Reformas
Além da redução gradual da inflação, o plano de estabilização do Paeg,
gerou importantes contribuições para o desenvolvimento institucional do
país. Quatro pontos foram identificados com os principais responsáveis
pelo estrangulamento da economia brasileira e fazem parte do Plano de
Reformas do Paeg, são eles:
a) Ausência de um sistema tributário eficiente;
b) Deficiências de um mercado financeiro subdesenvolvido e a
inexistência de um mercado de capitais;
c) Ineficiências e as restrições ligadas ao comércio exterior;
d) Rigidez do mercado de trabalho brasileiro.
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Avaliação do Paeg
O crescimento do PIB entre 1964 e 1967 foi de 4,2% e a inflação média
de 45,5% ao ano. De modo geral, o Paeg obteve sucesso no combate à
inflação, pois o patamar médio da inflação ficou na faixa dos 20% nos anos
após 1968. As reformas institucionais e estruturais também forma
consideradas bem sucedidas, na media em que fixaram as vase para o
período de elevado crescimento econômico nos anos seguintes. Em
contrapartida muitas medidas do Paeg contribuíram para elevar a
concentração de renda do país, ampliando ainda mais a desigualdade
socioeconômica brasileira.
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crescimento em bases sólidas nos anos seguintes, mas esta opção foi logo
descartada. A segunda opção era a mais aceita por todos.
Naquele momento, apesar o impacto do choque, havia excesso de liquidez no
mercado internacional, ou seja, muito dinheiro disponível para empréstimo. Isso
favorecia a possibilidade de o Brasil promover o crescimento econômico através
de endividamento externo. Assim, em dezembro de 1974, o, segundo, Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND) foi aprovado pelo congresso.
Tendo como base a avaliação de que a crise econômica mundial era
temporária e que as condições de financiamento internacional eram boas, o II
PND propunha modificar o perfil produtivo do país, de modo que fosse possível,
no médio/longo prazo, diminuir a necessidade de importações e ampliar a
capacidade de exportações brasileiras e ao mesmo tempo preservar as elevadas
taxas de crescimento econômico.
Os objetivos específicos do II PND eram:
a) Preservar o crescimento econômico à taxa de 10% ao ano entre 1974 e
1979;
b) Substituir as importações nos setores de bens de capital e de insumos
básicos (química pesada, siderurgia, papel e celulose, etc..);
c) Ampliar a produção doméstica de petróleo e a capacidade de geração de
energia. Aumento da prospecção de petróleo, da produção de energia
hidroelétrica e nuclear, desenvolvimento de fontes alternativas ao
petróleo, com ênfase no álcool;
d) Desenvolver sistema de telecomunicações e ampliar o transporte
ferroviário.
Para analisar o II PND, é preciso compreender qual era a ideia por trás do
plano: combate os desequilíbrios do Balanço de Pagamentos, causados pelo
primeiro choque do petróleo, através do aprofundamento do processo de ISI.
Com uma perspectiva positiva, o II PND contribuiu para manter a taxa de
crescimento elevada, 6,8% ao ano entre 1974 e 1979, e para avançar no processo
de ISI.
Em contraponto, pode-se afirmar que a estratégia do II PND resultou em uma
aceleração do endividamento externo do país, o que resultou na crise da dívida
externa da década de 1980. A inflação voltou a crescer, oscilando em 30% e 40%
durante o período.
Também, os estímulos fiscais, creditícios e cambiais concedidos durante o II
PND contribuíram para a piora da condição fiscal do governo brasileiro. Essa
deterioração fiscal seria a base do agravamento dos conflitos distributivo e de
aceleração inflacionária dos anos 1980.
Apesar de o modelo de ajuste estrutural, utilizado por Geisel, ter como mérito
a mudança do estágio de desenvolvimento industrial, ampliando a produção
doméstica de bens de capital e insumos industriais, a economia brasileira
continuava muito vulnerável ao cenário internacional.
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Nos EUA a taxa de juros atingiu 16,4%a.a em 1981, mais que o dobro
dos 7,9%a.a vigentes antes do choque. A taxa de referência para
empréstimos, prime rate, bateu em 18,9% em 1981. Em outros países
industrializados as taxa subiram em ritmo parecido e isso inaugurou uma
fase de recessão que durou até 1982.
O aumento dos juros nos EUA contribuiu diretamente para aumento o
déficit em conta corrente no Brasil através de duas formas:
a) Pela retração das importações dos países industrializados;
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O ajuste fiscal, na prática, não ocorreu porque 1989 foi ano de eleições
presidenciais. Além disso, os elevados juros praticados foram incapazes
de conter o movimento de antecipação do consumo, movido pelo temor de
explosão de preços após o fim do congelamento, empurrando a inflação
mais para cima. Esses juros também geravam maior descontrole das
contas públicas, uma vez que aumentavam o déficit nominal do governo
brasileiro.
Além dos problemas fiscais e monetários, o descrédito do governo,
após inúmeras tentativas frustradas de estabilização, também dificultava a
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das contas públicas. Assim, o ajuste fiscal era uma pré-condição para
diminuir os elevados níveis de inflação no país.
O Plano Real foi desenvolvido e implementado em três etapas:
1. Na primeira fase tinha o objetivo era conseguir um equilíbrio das
contas do governo, eliminando o que era visto com a principal
causa da inflação: o imposto inflacionário;
2. Na segunda, através do estabelecimento de uma referência de
valor estável, a URV, o propósito era combater a inércia
inflacionária e a indexação da economia para gerar estabilidade
de preços;
3. A terceira, mediante a definição de regras de emissão e lastro,
buscava-se criar uma nova moeda nacional com o poder
aquisitivo estável, o real.
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Como efeito da alta dos juros, o PIB sofreu uma contratação de 0,2% em
2003, mas logo o desempenho melhorou. As medidas provocaram uma
apreciação cambial e um aumento na confiança, pelo mercado internacional, de
que o governo não faria loucuras. Assim, tanto o consumo quanto o investimento
foram estimulado, o que possibilitou um crescimento da economia de 3,8% em
2004 e em uma demonstração de que as condições externas da economia
brasileira estavam mais sólidas, o governo Lula quitou a dívida de US$ 23 bilhões
com o FMI em 2005.
Com o crescimento das exportações, iniciou-se uma política de acumulo de
reservas internacionais. Em 2002, as reservas somavam US$ 38 bilhões e saltou
para US$ 260 bilhões em 2010. Ao mesmo tempo, implementou medidas para
alterar o perfil da dívida pública interna, mudando o tipo dos títulos emitidos, para
minimizar o impacto dos juros.
Devido à melhora geral da economia, o Banco Central reduziu
gradativamente a taxa básica de juros, que em maior de 2003 estava em 26,5%,
até o chegar a 16% em maior de 2004. Com isso, a economia brasileira, que
cresceu 1,2% em 2003, iniciou uma trajetória de crescimento nos anos seguintes,
alcançado 5,7% em 2004, 3,1% em 2005 e 4% em 2016, segundo o FMI.
O sucesso da política econômica do primeiro mandato de Lula parecia
mostrar que o país estava mais maduro e direcionado à um governo consolidado
onde oposição e situação, estariam lado a lado discutindo e aprovando às
políticas em consenso. Entretanto, o segundo mandato revelou que o país ainda
não havia chegado a este ponto.
Em meados de 2005, o escândalo do “Mensalão”, instala uma crise política e
provoca mudanças internas na base do governo e inicia o processo de mudança
na política econômica.
A partir do segundo semestre de 2005, uma nova proposta de ajuste fiscal,
que visava definir que a expansão do gasto público fosse inferior à taxa de
crescimento do PIB, através da redução o gasto com o funcionalismo público e
medidas de desvinculação do processo orçamentário, foi engavetado.
Após a reeleição de Lula, em 2006, a preocupação com o ajuste fiscal deixou
de fazer parte do discurso do governo, que passou a defender fortemente a
expansão do gasto público Assim, restaurou-se no governo a visão nacional-
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Custo de Produção
Produto A Produto B
País 1 20 40
País 2 40 20
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Custo de Produção
Produto A Produto B
País 1 20 40
País 2 30 50
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aLVQV + aLQQQ.A ≤ L
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Bananas
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A Inglaterra voltou ao padrão ouro em 1925, mas atrelou a libra ao ouro pelo
preço de antes da guerra, na busca de recuperar a confiança mundial nas
instituições financeiras inglesas. Para que o preço voltasse ao nível de antes da
guerra, o banco central inglês, Bank of England, era forçado a seguir políticas
monetárias contracionistas, o que contribuía para o aumento do desemprego,
levando a economia à estagnação que acelerou o declínio de Londres como
centro financeiro de maior relevância no mundo. O enfraquecimento da Inglaterra
tornou-se problemático para estabilidade do padrão ouro, uma vez que, pelo
acordo de Gênova, muitos países mantinham suas reservas internacionais em
libras, moeda inglesa. As reservas inglesas em ouro tornaram-se limitadas e a
estagnação persistente do país inspirou a desconfiança de a Inglaterra manter em
dia suas obrigações internacionais. O início da Grande Depressão em 1929 foi
acompanhado por falências de bancos em todo o mundo e em 1931 a Inglaterra
foi forçada a entrega seu ouro, quando os grandes detentores de libras perderam
totalmente a confiança no compromisso inglês de manter o valor de sua moeda.
Durante a Grande Depressão, inúmeros países renunciaram às obrigações do
padrão ouro e passaram a manter a flutuação de suas moedas no mercado de
câmbio. Os EUA deixaram o padrão ouro em 1933, mas voltaram a ele em 1934,
após elevarem o preço do ouro em dólares de US$ 20,67 para US$ 35 por onça.
Vários outros países que aderiram ao padrão outro sem desvalorizar suas
moedas, aumentam o preço do ouro, sofreram mais durante a Grande Depressão.
Pesquisas recentes atribuem boa parte da culpa pela propagação mundial da
depressão ao padrão ouro.
O principal prejuízo econômico foi feito por restrições ao comércio e
pagamentos internacionais, que proliferavam conforme os países tentavam
diminuir as importações manter a demanda agregada restrita ao mercado
doméstico. Uma medida que eleva o bem-estar doméstico é denominada “política
de empobrecimento do vizinho” quando ela beneficia somente o país doméstico
porque piora as condições econômicas no exterior. Durante a Depressão, tarifas e
outras políticas de empobrecer o vizinho provocaram retaliações estrangeiras e
frequentemente deixaram todos os países em pior situação econômica.
A incerteza sobre as políticas de governo levou a grandes movimentos de
reservas nos países com taxas de câmbio fixas e grandes movimentos da taxa de
câmbio naqueles com taxas flutuantes.
As barreiras ao comércio e a deflação nas economias industrializadas da
América e da Europa levaram ao repúdio de dívidas externas, particularmente dos
países da América Latina, cujos mercados de exportações estavam
desaparecendo. A economia mundial desintegrou0se em unidades nacionais
autossuficientes no início dos anos 1930.
Uma agitação considerável nos mercados mundiais perdurou até o início da II
Guerra mundial em 1939. Vários países haviam resolvido os problemas de
desequilíbrio interno e externo, causados pela Depressão, cortando relações
comerciais com o resto do mundo e eliminando a possibilidade de qualquer
desequilíbrio externo significativo.
Mas esta opção, que reduzia os ganhos do comércio, impunha custos
elevados à economia mundial e contribuía para recuperação lenta da Depressão,
que até 1939 ainda estava incompleta em vários países. Todos os países
estariam melhores em um mundo com comércio internacional mais livre, uma vez
que a cooperação mundial ajudaria a cada país a preservar seu equilíbrio externo
e a estabilidade financeira sem sacrificar as metas da política interna. Esse
reconhecimento inspirou o esquema do sistema monetário internacional após a II
Guerra Mundial, descrito no acordo de Bretton Woods.
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5.4 FMI
Os Artigos de Acordo do FMI foram influenciados pela experiência entre as
guerras da instabilidade financeira e dos níveis de preços, do desemprego e da
desintegração econômica internacional. Os artigos tentavam evitar a repetição de
tais eventos mediante uma mistura de disciplina e flexibilidade.
O principal requisito do gerenciamento monetário era que as taxas de câmbio
fossem fixadas ao dólar, que, por sua vez, estaria relacionado ao ouro. Se um
banco central, exceto o FED, tivesse uma expansão monetária excessiva,
perderia reservas internacionais e se tornaria incapaz de manter a taxa de câmbio
de sua moeda fixa em dólar. Uma vez que um elevado crescimento monetário dos
EUA levaria os bancos centrais estrangeiros ao acúmulo de dólares, o FED estava
restrito em sua política monetária pela obrigação de resgatar aqueles dólares em
troca de ouro. As taxas de câmbio fixas eram consideradas mais do que um
artifício de imposição da disciplina monetária nos sistema. Certa ou errada, a
experiência do período entra as guerras havia convencido os criadores do FMI de
que as taxas de câmbio flutuantes eram uma causa da instabilidade especulativa
e eram prejudiciais ao comércio internacional.
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6 O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO
6.1 Globalização e atividade econômica
Houve muita discussão sobre a globalização – o nome dado à integração
mais próxima de todas as nações através do aumento do nível de comércio e
fluxos de capital. Também se refere ao movimento trabalhista, transferência de
tecnologia através das fronteiras internacionais, bem como questões culturais e
políticas que estão além do escopo deste tema.
A globalização é o resultado do processo tecnológico, principalmente nas
áreas de tecnologia da informação, telecomunicações, energia, transportes e
biotecnologia, bem como uma mudança nas políticas econômicas. Desde a
Segunda Guerra Mundial tem havido uma tendência crescente na remoção de
barreiras comerciais e de investimento. A globalização não é um fenômeno novo,
o mundo já atravessou um processo de globalização antes, ainda no século XVI e,
mais recentemente, no início do século XX, antes que as barreiras comerciais e
de investimento fossem erguidas após a Primeira Guerra Mundial e a Grande
Depressão.
O raciocínio para uma economia de mercado é o aumento da eficiência
através da concorrência e da especialização dos fatores de produção. Os
mercados globais apresentam maiores oportunidades para que os países tenham
acesso a mais recursos financeiros, know-how, importações mais baratas e
mercados de exportação maiores.
Mas também é verdade que os benefícios dessa eficiência aumentada não
são igualmente compartilhados. Nem todos os países compartilharam igualmente
o notável crescimento de renda durante a segunda metade do século XX.
A diferença entre os países ricos e os países pobres cresceu. O produto
interno bruto (PIB) per capita nos países ricos aumentou seis vezes durante o
século, enquanto o dos países pobres aumentou menos de três vezes. Ao mesmo
tempo, nem todos os países em desenvolvimento seguiram o processo de
globalização no mesmo ritmo. Os países que seguiram políticas orientadas para o
exterior e com crescimento liderado pelas exportações, como os do Leste
Asiático, conseguiram se integrar mais rapidamente à economia global e
experimentaram um crescimento notável. Por outro lado, muitos países da
América Latina e da África seguiram políticas orientadas para o interior e de
substituição de importações com resultados desastrosos: estagnação, alta
inflação e pobreza.
Um aspecto significativo da globalização é o crescimento do comércio.
Tradicionalmente, a atenção se concentrou no comércio de bens (serviços,
até certo ponto, são considerados itens não negociados) como um mecanismo
para a integração da atividade econômica internacional e um mecanismo de
transmissão significativo de distúrbios ou choques econômicos entre as
economias nacionais.
o comércio mundial continuou a crescer mais rapidamente do que a produção
mundial após um aumento dramático dos padrões de vida, embora não igualitário,
uma redução substancial nos custos de transporte, melhoria contínua da
tecnologia e redução progressiva das barreiras comerciais.
Existem agora “produtos mundiais”. As grandes empresas em uma economia
globalizada têm subsidiárias em muitos países e competem em mercados globais,
não em mercados nacionais segmentados.
A nacionalidade dos bens e serviços não é facilmente identificável, já que
muitos produtos são montados a partir de peças feitas em diversos países. As
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Controles de exportação
Os controles de exportação são os principais instrumentos de política
comercial.
Desde os primeiros dias do comércio mercantilista, os Estados tentaram
limitar, de tempos em tempos, os bens que os produtores podem enviar por suas
fronteiras.
Ocasionalmente, esses controles servem a um objetivo econômico, isolando a
economia doméstica do impacto inflacionário causado pelo excesso de demanda
externa. Mais frequentemente, no entanto, os controles servem a um propósito
claramente político: são projetados para evitar que um Estado rival obtenha
acesso a recursos e tecnologia-chave, ou para punir um Estado por alguns erros
percebidos. Em ambos os casos, os controles de exportação são empregados
como uma “força curta de guerra”, uma maneira do Estado para melhorar seus
objetivos geopolíticos sem ter que arriscar um confronto militar.
Normalmente, os controles de exportação se enquadram em uma das duas
categorias relacionadas. Às vezes, eles fazem parte de uma política padronizada
de restrição: um governo irá compor uma lista de bens “estratégicos”
(computadores ou códigos de criptografia, ou, em um caso, botões) e uma lista
correspondente de países para os quais é proibida a exportação desses produtos.
Tal era a estrutura do Comitê de Coordenação, uma organização informal dos
Estados Unidos e seus aliados no pós-guerra que regulamentava a exportação de
tecnologias militares e recursos estratégicos para os países do bloco soviético.
Em outros casos, os Estados impõem sanções ou embargos específicos para
protestar contra as ações de um Estado rival. Durante o período de apartheid, por
exemplo, muitos países proibiram suas empresas de exportar para a África do Sul.
Sanções politicamente motivadas também foram aplicadas ao Chile (1970-
1973), El Salvador (1977-1981), Irã (1979-1981) e uma série de outros países.
Idealmente, o objetivo das sanções ou dos controles de exportação é forçar o
país-alvo a mudar seu comportamento. Porém, no processo essas políticas
afetam diretamente as condições comerciais – no país-alvo, no país de envio e
nos países periféricos.
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Protecionismo
As políticas protecionistas são uma característica comum da economia
internacional. Todas as nações empregam o protecionismo de uma forma ou
outra; todas as empresas vivenciam seus vários efeitos. O desafio para os
gerentes é entender o mais precisamente possível onde reside o protecionismo e
a melhor forma de evitar ou explorar suas regras. Às vezes, o protecionismo é
flagrante. Na sua forma mais antiga e óbvia, envolve tarifas, cotas e outras
barreiras mecânicas para o comércio.
Por querer proteger seus produtores domésticos das tensões da concorrência
internacional, ou visando nutrir e apoiar a produção doméstica, o Estado impõe
restrições quantitativas ou baseadas em preços. As empresas estrangeiras que
desejam vender no mercado protegido devem se adequar à cota requerida ou
incluir a tarifa correspondente no custo de seu produto. Ambas as respostas,
presumivelmente, prejudicam a competitividade das empresas estrangeiras em
relação aos seus concorrentes nacionais. Um relacionamento semelhante é válido
para formas menos diretas de proteção comercial.
Sob a pressão internacional, para reduzir tarifas e eliminar cotas, muitos
países recorrem a meios mais discretos: oferecem financiamento de pesquisa ou
créditos de exportação para suas próprias empresas, ou impõem condições
regulatórias que prejudicam as empresas estrangeiras contra seus rivais
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6.3.2 Mercosul
Com mais de duas décadas de existência, o Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL) é a mais abrangente iniciativa de integração regional da América
Latina, surgida no contexto da redemocratização e reaproximação dos países da
região ao final da década de 80. Os membros fundadores do MERCOSUL são
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção de
1991.
A Venezuela aderiu ao Bloco em 2012, mas está suspensa, desde dezembro
de 2016, por descumprimento de seu Protocolo de Adesão e, desde agosto de
2017, por violação da Cláusula Democrática do Bloco.
Todos os demais países sul-americanos estão vinculados ao MERCOSUL
como Estados Associados. A Bolívia, por sua vez, tem o “status” de Estado
Associado em processo de adesão.
O Tratado de Assunção, instrumento fundacional do MERCOSUL,
estabeleceu um modelo de integração profunda, com objetivos centrais de
conformação de um mercado comum - com livre circulação interna de bens,
serviços e fatores produtivos - o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum
(TEC) no comércio com terceiros países e a adoção de uma política comercial
comum.
O livre comércio intrazona foi implementado por meio do programa de
desgravação tarifária previsto pelo Tratado de Assunção, que reduziu a zero a
alíquota do imposto de importação para o universo de bens, salvo açúcar e
automóveis. A União Aduaneira, estabelecida pela TEC, está organizada em 11
níveis tarifários, cujas alíquotas variam de 0% a 20%, obedecendo ao princípio
geral da escalada tarifária: insumos têm alíquotas mais baixas e produtos com
maior grau de elaboração, alíquotas maiores.
O Protocolo de Ouro Preto, assinado em 1994, estabeleceu a estrutura
institucional básica do MERCOSUL e conferiu ao Bloco personalidade jurídica de
direito internacional. O Protocolo consagrou, também, a regra do consenso no
processo decisório, listou as fontes jurídicas do MERCOSUL e instituiu o princípio
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6.3.3 BRICS
O que faz o BRICS?
Desde sua primeira Cúpula, em 2009, o BRICS tem expandido
significativamente suas atividades no âmbito da coordenação política, da
cooperação econômico-financeira e da cooperação multissetorial.
Com relação à coordenação política, o BRICS atua na esfera da governança
econômico-financeira e também na de governança política. Na primeira, a agenda
do agrupamento confere prioridade à coordenação no âmbito do G-20, incluindo a
reforma do FMI. Na governança política, o BRICS defende a reforma das Nações
Unidas e de seu Conselho de Segurança, de forma a melhorar a sua
representatividade, em prol da democratização da governança internacional. Em
paralelo, os BRICS aprofundam seu diálogo sobre as principais questões da
agenda internacional.Cabe mencionar que a coordenação política entre os países
se faz e continuará a ser feita sem elementos de confrontação com demais
países. O BRICS está aberto à cooperação e ao engajamento construtivo com
terceiros países, assim como com organizações internacionais e regionais, no
tratamento de temas da atualidade internacional.
A cooperação econômico-financeira foi aquela que apresentou os primeiros
resultados tangíveis, tendo sido assinados dois instrumentos de especial relevo na
VI Cúpula do BRICS (Fortaleza, julho de 2014): os acordos constitutivos do Novo
Banco de Desenvolvimento (NBD) – voltado para o financiamento de projetos de
infraestrutura e desenvolvimento sustentável em economias emergentes e países
em desenvolvimento –, e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR) – destinado
a prover apoio mútuo aos membros do BRICS em cenários de flutuações em seus
balanços de pagamentos. O capital inicial subscrito do NBD foi de US$ 50 bilhões
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e seu capital autorizado, US$ 100 bilhões. Os recursos alocados para o ACR, por
sua vez, totalizarão US$ 100 bilhões. No que tange à cooperação multissetorial,
as atividades intra-BRICS já abrangem mais de 30 áreas, como saúde, ciência,
tecnologia & inovação, energia, agricultura, cultura, espaço exterior, think tanks,
previdência social, propriedade intelectual, turismo, entre outras.
As áreas de saúde, ciência, tecnologia & inovação (C,T&I) e energia são
consideradas prioritárias pelo Brasil para o adensamento da cooperação
multissetorial. A coordenação nessas áreas pode produzir resultados tangíveis:
para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira; para a inovação do
parque industrial e tecnológico nacional e para a diversificação da matriz
energética do Brasil.Em saúde, pode-se produzir resultados concretos para: a
melhoria da qualidade de vida da população brasileira; para a inovação da
indústria farmacêutica nacional e para o aumento do acesso a medicamentos de
primeira linha. A importância da cooperação em C,T&I deve-se à necessidade de
redução do hiato científico e tecnológico entre o Brasil e países desenvolvidos e
conta com iniciativas relevantes tanto em termos de potencial de intercâmbio de
conhecimento quanto de recursos disponibilizados para projetos de pesquisa. A
temática energética no âmbito do BRICS, embora recente, tem potencial para
tornar-se das mais densas, uma vez que interessa a todos os membros do
agrupamento aperfeiçoar a sustentabilidade de sua matriz energética.
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G-20
O G-20 é um fórum informal que reúne países industrializados e emergentes
para discussão de assuntos-chaves relativos à estabilidade econômica global. Foi
criado como resposta às crises financeiras da década de 1990.
É composto pelos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais da
África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá,
China, Coréia do Sul, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia,
Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.
A União Europeia também faz parte do grupo, representada pela presidência
rotativa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Central Europeu. O diretor-
gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o presidente do Banco Mundial
também participam das reuniões.
O G-20 defende que o fortalecimento da arquitetura financeira internacional e
o diálogo acerca de políticas nacionais, cooperação internacional e instituições
econômico-financeiras são as vias para o crescimento e o desenvolvimento
mundial.
A presidência do Grupo é anual e rotativa dentre os membros. O Brasil
ocupou a Presidência do G-20 em 2008. O México está à frente da instituição em
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G-15
O grupo se estabeleceu em setembro de 1989, após a conclusão da IX
Cúpula dos Países Não-Alinhados em Belgrado, na Sérvia, com a finalidade de
reunir um grupo pequeno e representativo de países capazes de tomar posições
unificadas e compatíveis com a perspectiva do mundo em desenvolvimento, frente
a temas da agenda econômica internacional.
Participam 17 países: Argélia, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã,
Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Senegal, Sri Lanka, Venezuela, Zimbábue e
Quênia.
Além de contribuir para os debates internacionais, o grupo funciona como um
fórum de promoção da cooperação Sul-Sul.
Cúpula Iberoamericana
Lançada em 1991, a Cúpula Iberoamericana tem o objetivo de consolidar o
processo político, econômico e cultural dos 22 países de língua espanhola e
portuguesa que a compõe. São eles: Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia,
Costa Rica, Cuba, Chile, Espanha, República Dominicana, Equador, El Salvador,
Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal,
Uruguai e Venezuela.
Aliança de Civilizações
Lançado em 2005 pelas Nações Unidas, o organismo visa mobilizar a opinião
pública mundial para a superação de preconceitos entre povos com culturas e
religiões diferentes e, assim, evitar conflitos e guerras. Assim, atua nas áreas de
educação, juventude, meios de comunicação e migrações.
O Brasil participa ativamente da iniciativa e elaborou, em 2010, um Plano
Nacional para a Aliança das Nações que contempla ações de promoção dos
direitos humanos, da cultura de paz e respeito à diversidade.
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Autonomia
Na mesma linha que a soberania, o Brasil defende que os Estados devem ser
autônomos para tomar decisões e agir por conta própria, sem influência ou
domínio por parte de outros Estados.
Desenvolvimento Nacional
Um dos principais objetivos do Brasil nas relações internacionais é a busca
por acordos ou parcerias que auxiliem na promoção do desenvolvimento nacional.
Não-intervenção
Também relacionado ao princípio de autonomia e soberania, o Brasil acredita
que nenhum país tem o direito de intervir em questões de outro Estado – a
não ser que seja autorizado pela ONU.
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BIBLIOGRAFIA
ABREU, Marcelo de Paiva. “A Ordem do Progresso: Dois Séculos de Política
Econômica do Brasil”. São Paulo: Campus, 2014
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 2003.
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