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A imprescindibilidade da teoria da ação significativa para o

Direito Penal

A ação é parte essencial do delito tal como diz Juarez Tavares: “O


conceito de ação é, assim, fundamental para a constituição do delito em
todas as suas formas (Tavares, 2020). Desse modo, a teoria da ação se
mostra imprescindível para o Direito Penal, visto que a ação constitui parte
essencial do delito, e portanto não há como compreender o delito sem antes
compreender a ação.
A ação permeia a constituição do delito do início ao fim, toda infração de
uma norma penal é precisamente uma conduta, a distinção entre comissão e
omissão não é nada mais do que a diferenciação interpretativa da própria
natureza da ação humana. Sendo assim não há como interpretar o crime sem
antes interpretar a ação que o constitui essencialmente.
É nesse contexto que Tomás Salvador Vives Antón irá formular a teoria
da ação significativa, cujos pressupostos metadogmáticos são
fundamentados principalmente em Ludwig Wittgenstein e em Jurgen
Habermas. Portanto, necessita-se entender esses princípios filosóficos para
alcançar a compreensão dessa teoria da ação e sua relevância.
Primeiramente, o princípio basilar das filosofias de Ludwig Wittgenstein e
Jurgen Habermas é a linguagem, a comunicação e o discurso. Nesse
contexto, de acordo com o primeiro, não há entendimento entre pessoas sem
um entendimento na linguagem (Wittgenstein, 2014) e de acordo com o
segundo toda relação intersubjetiva deve possuir um medium linguistico
(Habermas, 2014).
A partir disso é imprescindível entender que a linguagem se constrói
social e publicamente, nesse aspecto Habermas defende a construção social-
normativa da linguagem a partir das relações de práticas discursivas guiadas
por pretensões de validade (Habermas, 2003). Ponto que é semelhantemente
defendido por Wittgenstein que afirma que a construção da linguagem é
pública (Wittgenstein, 2014).
Nesse sentido deve-se compreender que as relações sociais e a
linguagem coexistem em relações de reciprocidade, são fundamentais para a
própria constituição da razão que é mediada linguisticamente e mediam toda
ação humana, visto que se toda ação é racional in lato sensu - dado que o
homem nunca deixa de ser racional, se não deixaria de ser a si mesmo - logo
toda ação é linguisticamente interpretável e se toda linguagem é social, a
ação tamém só pode ser compreendida em sua realidade social.
Nesse sentido, de acordo Habermas o que torna um ser ativamente
comportamental é o seguimento de uma regra na condução da consecução
de um fim. (ANTÓN, 1996, p.209, p.210 apud HABERMAS, p.233) Mas o que
distingue o homem que age e um animal que meramente se comporta é que
o homem é consciente das regras que segue e não só é consciente como é
capaz de explicitá-las. A ação para Habermas é um sentido fruto de um
processo de interpretação conforme regras (HABERMAS, 1978).

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