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A partir da leitura do texto “A FORMAÇÃO RACIONAL DA OPINIÃO E DA

VONTADE NA FILOSOFIA DE JÜRGEN HABERMAS”, relacione Política, Ação


Comunicativa, Democracia e Estado de Direito.

Habermas visa a fundar uma “ética da discussão”, em vez de um


sujeito buscar fazer valer uma lei universal, é preciso buscar uma
discussão na qual as questões morais sejam objeto de debates, dando
lugar a acordos. Uma norma ética, para ele, só é válida quando for objeto
de uma livre discussão. Só o agir comunicativo, que tende ao
entendimento entre os atores, pode ser a base ética de uma sociedade.

“Para Habermas, a linguagem é concebida como a garantia da


democracia em seu sentido mais específico, isto é, uma forma da política
derivada de um livre processo comunicativo, que possui como finalidade
principal promover acordos consensuais em decisões coletivas.”

Em suma, como diz Habermas, a ação comunicativa ocorre “sempre


que as ações dos agentes envolvidos são coordenadas, não através de
cálculos egocêntricos de sucesso, mas através de atos de alcançar o
entendimento. Na ação comunicativa, os participantes não estão
orientados primeiramente para o sucesso individual, eles buscam seus
objetivos individuais respeitando a condição de que podem harmonizar
seus planos de ação sobre as bases de uma definição comum de situação.
Assim, a negociação da definição de situação é um elemento essencial do
complemento interpretativo requerido pela ação comunicativa”

No Estado de direito obrigatoriamente todos os direitos


fundamentais do homem devem ser protegidos pelo Estado: tanto os
direitos políticos, como os sociais e os econômicos. O Direito, através da
legislação, vai definir o que pode ou não pode ser feito, tanto em relação
aos governantes como em relação aos cidadãos. No Estado de direito uma
decisão não pode ser contrária à legislação, ou seja, a lei não pode ser
violada.

O direito, então, é enfatizado por sua eficácia nas resoluções dos


problemas. Entretanto, esse direito só possuirá legitimidade caso tenha
como fonte o princípio da comunicação. Habermas, nesse contexto, expõe
os limites do Estado liberal e do Estado social, propondo um novo modelo
de Estado, com base na política deliberativa, em que os sujeitos serão
autônomos à medida que puderem se entender também como autores do
direito ao qual se submetem enquanto destinatários.

Nesse sentido, Habermas acreditava que deve-se institucionalizar


as formas de comunicação (congresso, senado, partidos políticos) para
que haja as condições e procedimentos da comunicação que garantem o
Estado de direito.

“O sistema político assegura o consentimento da população tanto por


via positiva, quanto por via seletiva; positivamente capitalizando as
expectativas de cumprimento dos programas próprios do Estado Social;
seletivamente excluindo determinados assuntos da discussão pública. E
isso pode ser feito por meio de filtros estruturais no acesso à esfera da
opinião pública-política, por meio de deformações burocráticas das
estruturas da comunicação pública, ou por meio de um controle
manipulativo dos fluxos de informação (HABERMAS, 1997, p. 489).. ”

Diante desta perspectiva, a manipulação das opiniões impede o


consenso ao usar os interlocutores como meios e desconsiderar o ser
humano como personalidade própria, fazendo dos interlocutores uma
massa de manobra. Sobre isso, Hannah Arendt descreve da seguinte
maneira a sociedade de massa: “O termo massa só se aplica quando
lidamos com pessoas que, simplesmente devido ao seu número, ou à sua
indiferença, ou a uma mistura de ambos, não se podem integrar numa
organização baseada no interesse comum, seja partido político,
organização profissional ou sindicado de trabalhadores. Potencialmente,
as massas existem em qualquer país e constituem a maioria das pessoas
neutras e politicamente indiferente, que nunca se filiam a um partido e
raramente exercem o poder de voto” (ARENDT, 1989, p. 361)

Na ação comunicativa, os participantes buscam seus objetivos


individuais respeitando a condição de que podem harmonizar seus planos
de ação sobre as bases de uma definição comum de situação. Assim, a
negociação da definição de situação é um elemento essencial do
complemento interpretativo requerido pela ação comunicativa.
A ação comunicativa, para Habermas, é a única que tem condições
de fundamentar normas num mundo marcado pela pluralidade de visões
de vida. Habermas, por conseguinte, a partir da ação comunicativa,
elabora o conceito de política deliberativa, realizando uma síntese entre o
liberalismo e o republicanismo.

A politica deliberativa afirma a necessidade de justificar as decisões


tomadas pelos cidadãos e pelos seus representantes. Espera-se que
ambos justifiquem as leis que querem impor uns aos outros. Numa
democracia, os líderes devem dar razões que justifiquem as suas
decisões e responder às razões que, por sua vez, são apresentadas pelos
cidadãos.

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