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Sinopse

Tia é a Guardiã das Histórias para os habitantes de Glitter no Reino das


Cavernas. Ela sonha com uma vida que sabe que nunca se tornará realidade,
pelo menos para si. Uma vida fora das cavernas para seu povo e um
companheiro para si mesma. A esperança para o seu povo floresce quando uma
criatura desconhecida é capturada na entrada de seu reino, mesmo quando seu
sonho de ter um companheiro torna-se cada vez mais impossível.

Muitas gerações atrás, o mundo dela foi invadido por seres alienígenas gigantes
que tomaram os preciosos animais que davam vida ao seu mundo. Agora uma
areia dura o cobria, deixando a superfície estéril. Tia reconhece a fêmea
capturada como sendo a deusa de cabelo dourado que as lendas falavam que iria
renovar seu mundo mais uma vez.

Jett é o filho mais novo do Rei do Reino das Areias. Sua sede de aventura o leva
a uma caverna desconhecida onde existe um Reino incomum. Ele é cativado
pela fêmea esbelta e delicada que descobre. Incapaz de resistir, ele retorna uma
e outra vez até que ele sabe que ele deve roubá-la.

Sem o Jett perceber, Tia está morrendo. Quando ele a rouba de seu mundo, ele
espera reivindicá-la como sua noiva. Agora, no entanto, deve fazer o maior dos
sacrifícios para que ela sobreviva. Ele tem certeza de uma coisa. Faria qualquer
coisa pelo amor de Tia.

Dois corações podem bater como um? Ou uma vida terá que ser sacrificada
para salvar a outra...
Capítulo Um
Tia suspirou enquanto passava os delicados dedos pela superfície lisa do
pergaminho. Seus olhos olharam inexpressivamente para as ilustrações
intrincadas e os símbolos descrevendo cuidadosamente cada lenda. Suas
minúsculas e claras orelhas verdes flutuavam de um lado para o outro ao som
de passos que se aproximavam rapidamente, tirando-a de seu transe. Ela soube
imediatamente quem era - seu irmão- Tamblin. Ela rapidamente rolou o
pergaminho e o escondeu atrás de uma das tapeçarias de tecido colorido que
tinha pendurado em seu quarto. Não queria que ele soubesse que estava
escrevendo as histórias de seu povo, pelo menos ainda não. Pois Tamblin ficaria
profundamente preocupado se soubesse e se tornaria ainda mais protetor com
ela.

Tia fechou seus grandes olhos castanhos e inspirou profundamente em um


esforço para acalmar as batidas rápidas de seu coração. A cada terceira batida
ele parava e ela estava apavorada de que não bateria novamente. Estava
acontecendo mais vezes e cada vez mais rapido. Ela abriu os olhos e forçou um
sorriso em seu rosto enquanto seu irmão passava pela longa porta de cortina de
seu quarto.

— Tia, preciso de você. — disse Tamblin com sua voz profunda e rica. — Uma
criatura foi capturada na entrada de nossas cavernas. É muito grande e com uma
aparência estranha.

Tia inclinou a cabeça e franziu a testa. — Por que precisa de mim? Certamente
você não espera que eu lhe dê minha permissão para matá-la? —Perguntou com
desdém. — Você nunca se incomodou em me perguntar antes! — Ela apontou,
lembrando-o das poucas vezes quando uma criatura desconhecida vagava em
seu domínio apenas para ser morta em instantes pelos Guardiões da Caverna,
dois grandes Were Beast com saliva venenosa e pelos como os de um Barb.

Tamblin olhou para ela antes de endireitar seus largos ombros. Embora não
tivesse mais de doze polegadas de altura, ainda era mais alto do que a maioria
dos outros habitantes de Glitter. Como seu governante, ele cuidava do reino e
da sua população com uma proteção feroz que Tia sabia que deveria apreciar
mais. Um leve suspiro escapou-lhe. Com ela, ele tendia a ser três vezes mais
protetor, raramente a deixando viajar para qualquer lugar sozinha.

— Tia. — disse, respirando fundo para acalmar sua frustração. — Esta criatura
é diferente de qualquer coisa que eu já encontrei antes. Os Guardiões nos
alertaram e fomos capazes de deixá-la inconsciente antes que a atacassem e a
matassem. Como Guardiã das Histórias, eu pensei que seria sábio procurar
primeiro o seu conselho antes de ordenar que a criatura seja destruída. — Ele
parou por um momento e seus olhos se suavizaram quando a estudou. — Eu
respeito sua orientação, irmã.

Tia baixou os olhos e piscou várias vezes, envergonhada de sua crítica irracional.
—Eu irei. Onde está a criatura agora?

— Já a levei para o centro do campo de musgo, perto do rio. — disse Tamblin,


envolvendo suavemente a mão em volta do braço dela. Ele franziu o cenho para
ela, preocupado. — Você perdeu mais peso. Você não está se sentindo bem
novamente?
Tia mordeu o lábio inferior com os dentes afiados e sacudiu a cabeça. — Estou
bem, Tamblin. Você tem coisas mais importantes com que se preocupar do que
eu.—assegurou.

— Nunca, Tia. — respondeu Tamblin calmamente, guiando-a para as criaturas


voadoras que eles usavam como transporte pelas cavernas. — Você sempre será
a coisa mais importante para mim. —

Ele a ajudou a subir na sela que estava amarrada nas costas de uma das criaturas
tipo morcego que viviam nas cavernas. Tia inclinou-se para a frente e acariciou
o corpo do mamífero voador que estava coberto por uma espessa pele escura e
cinzenta com grandes e pretas asas de couro. O animal alado virou-se e emitiu
um baixo zumbido quando viu Tia, suas agudas orelhas pontiagudas movendo-
se para frente e para trás com animação. Tamblin ajustou o pequeno freio e
verificou a sela de Tia para se certificar de que estava confortável.

— Tamblin. — disse Tia inclinando-se para frente para tocar o ombro do irmão
antes de se afastar. Ela esperou até que ele olhou para ela antes de sorrir. —
Obrigada. —

— Eu te amo, Tia. — disse Tamblin calmamente. — Apenas quero mantê-la a


salvo.

— Eu sei.— respondeu levemente. — Eu sei. Agora, vamos ver que criatura


maravilhosa você descobriu.—

Tia estalou as rédeas em seu animal e puxou uma respiração trêmula enquanto
subia rapidamente no ar. Ela adorava voar. Amava a liberdade. Às vezes, quando
tinha problemas para respirar, fechava os olhos e imaginava que ela era tão livre
quanto os animais voadores. Isso ajudava a acalmar o pânico que crescia dentro
dela.

— Jett... — uma suave voz sussurrada chamava freneticamente. — Você vai


fazer, não só com que você morra, mas eu também! —

Jett virou-se e sorriu para o rosto de areia escura correndo atrás dele. — Santil,
se você tem medo da morte, volte. Quero ver o mundo subterrâneo de novo.
— disse com uma risada silenciosa antes de se virar para escapar pela estreita
abertura entre as rochas escuras.

— Você quer ver a fêmea novamente, isso sim. — Santil rosnou. — Você não
viu as criaturas enormes que apenas voaram para dentro da caverna? Eles
poderiam pisar em nós e nem mesmo perceber. Nós não seremos nada além de
uma pilha de merda na sola de seus pés.

Jett balançou a cabeça. Santil estava sempre olhando para o lado sombrio das
coisas. Jett era o filho mais novo do Rei do Reino da Areia. Sua sede de aventura
o tinha colocado em problemas mais de uma vez, mas ele amava a liberdade de
voar pelas areias, mesmo que isso significasse correr o risco de ser comido de
vez em quando. Vários meses atrás, ele e Santil haviam voado sobre as dunas
de areia procurando por vermes inimigos que haviam atacado um de seus postos
militares no canto exterior do seu Reino. Um grupo pequeno da maldita coisa
os surpreendeu. Santil tinha sido jogado fora de seu escumador de areia. Jett
tinha enfrentado os vermes e os matado. Infelizmente, ele encontrou um grupo
maior deles e foi forçado a procurar abrigo. Foi assim que ele encontrou a
pequena rachadura nas rochas que o levou ao reino mais incrível sob as areias.

E foi lá que encontrei a minha noiva, pensou com satisfação. Agora tudo o que tenho
que fazer é roubá-la.

Jett saltou da superfície da rocha mais alta, pousando na superfície lisa. Ele
conhecia o túnel de cor. Ele tinha retornado uma e outra vez desde que o
descobriu, observando, esperando, querendo. A primeira vez que viu a mulher
delicada e verde, tinha ficado encantado com sua beleza. Seus grandes olhos
castanhos escuros falavam de segredos que ele queria saber. Ela se moveu como
as areias dançando ao vento, apenas tocando a superfície. Ela sempre usava um
vestido que era feito das cores do céu antes de uma tempestade. Os dedos dele
coçavam para tirá-lo de sua figura esbelta. Ele queria passar os lábios em volta
de suas pequenas orelhas pontiagudas e ver se suas palavras de amor sussurradas
seriam devolvidas.

Ele não tinha dúvida em sua mente de que a amava. Ela estava com ele em todos
os momentos fosse acordado ou adormecido. Sua mente conseguia lembrar de
cada pequeno sorriso que ela dava a uma das muitas pessoas de seu clã que
vinham vê-la. Ele adorava vê-la enquanto estudava as plantas e as árvores em
forma de cogumelo de seu mundo subterrâneo. Mas ele também se preocupava
que ela não ligaria para o mundo brilhante que era seu reino. Temia que ela não
gostasse das areias ou dos ventos e tempestades ferozes que às vezes varriam
sua casa.
— Bem, nós vamos ou você vai ficar ai sonhando acordado o dia todo? —
Santil perguntou irritado, saltando para ficar ao lado dele.

Jett voltou a andar quando percebeu que estava sonhando em vez de caminhar.
Ele se virou para olhar para Santil por um momento antes de virar a cabeça para
olhar para o túnel escuro. Tomando uma decisão, voltou-se para seu amigo mais
uma vez.

— Quero que fique aqui. — ordenou Jett. — Eu vou voltar em algumas horas
e quando retornar, eu não estarei sozinho. Pretendo trazer minha noiva comigo.

Santil revirou os olhos, exasperado. — Você não acha que deveria perguntar se
ela está interessada em você primeiro antes de roubá-la? —

Jett sorriu para seu amigo. — Qual a diversão nisso? Além disso, e se ela dissesse
não?

Santil observou seu amigo de infância correndo pelo túnel escuro, sacudindo a
cabeça em resignação. — Como ela poderia dizer não? Ninguém nunca o disse
a você. Além disso, mesmo que o fizesse, você não a ouviria. — Ele sorriu
enquanto falava para si mesmo antes de saltar novamente por cima da borda e
recostar contra o lado rochoso para que ele pudesse olhar para o céu brilhante
esperando pacientemente que seu amigo voltasse.
Capítulo Dois

Tia olhou incrédula para a figura inconsciente deitada no musgo vermelho


escuro. As histórias fluíam através de sua mente em vívidos detalhes. Nunca as
esqueceria. Elas eram uma parte dela. As lendas falavam de uma bela deusa com
cabelos da cor do ouro branco que iria devolver a vida ao seu mundo. Várias
gerações atrás, gigantes de um mundo distante vieram em grandes navios e
pegaram as pequenas criaturas que se alimentavam dos minerais na areia. As
criaturas, em troca, deixavam seus excrementos que fecundaram o planeta
causando o crescimento das enormes florestas de cogumelos.

Quando a última das criaturas foi levada, seu mundo começou a morrer já que
não havia nada para fertilizar as sementes enterradas no fundo das areias. As
vastas florestas de árvores de cogumelos secaram e morreram. As grandes
tempestades que frequentemente aconteciam ficaram piores porque não
haviam florestas para amortecer seus ventos. Logo, a areia começou a engolir
tudo. O pior era que os gigantes tinham trazido com eles grandes vermes que
atacaram o povo de Tia, matando a maior parte de seu clã. A única esperança
de salvação deles tinha sido buscar as paredes protetoras das cavernas rochosas.
Durante as últimas dez gerações, eles desenvolveram seu mundo até ele se
tornar o belo reino que estava diante dela. Seu corpo tremeu quando seu coração
se sacudiu desconfortavelmente em seu peito. Seu último desejo era ver seu
povo livre para ir à superfície, mas ela nunca acreditou que estaria viva quando
isso acontecesse. Agora, ela sabia que os deuses haviam ouvido sua desesperada
súplica e estavam dando a ela este último presente antes de morrer.

— O que você acha, Tia? —Tamblin perguntou calmamente enquanto estudava


a figura ainda deitada no musgo. — Devo ordenar destruí-la?

— Não! — Tia gritou, olhando para ele com horror antes de lembrar que ele
não tinha o mesmo conhecimento que ela, pelo menos não ainda. — Não. —
ela disse em uma voz mais calma. — Ela foi enviada pelos deuses e deusas. Ela
é única. Tem o conhecimento para curar nosso mundo na superfície, para que
possamos viver mais uma vez na luz.

Tamblin olhou para Tia em descrença antes de virar a cabeça para olhar para a
figura que agora estava começando a se mexer. Ele ergueu a mão em um
comando silencioso para que seus soldados estivessem prontos para qualquer
coisa. Ele ordenaria que as lanças afiadas, atadas com o veneno dos Guardiões
da Caverna, atacassem, caso a criatura tentasse atacar. Como poderiam os
deuses ou deusas enviarem uma criatura tão grande como a sua salvação? Ele
tinha ouvido as histórias que sua mãe tinha contado a Tia quando ela achava
que ele não estava ouvindo. Ele não podia ver as histórias em sua cabeça como
sua irmã podia, mas ele sabia que elas eram importantes.

Tamblin empurrou Tia para trás dele quando a criatura lentamente se sentou.
Era óbvio que a criatura era do sexo feminino. Ela tinha muitas das mesmas
características que suas fêmeas tinham.. Ele assistiu desconfiado enquanto ela
piscava várias vezes antes de olhar ao redor dela. Seus soldados haviam
levantado voo e estavam fazendo varreduras cuidadosas em torno dela,
mantendo-se longe apenas o suficientemente para ficar fora de seu alcance, mas
perto o suficiente para que pudessem usar as lanças, se necessário. Ele se
endireitou em toda a sua altura, recusando-se a se encolher de medo.

—Olá. — a deusa dourada disse com um sorriso suave enquanto seu olhar se
fixava nele e em sua irmã.

Tia caminhou agilmente em torno de Tamblin para ver mais de perto a fêmea
gigante, mas parou com o som rouco de sua voz. Tamblin se moveu
rapidamente ao lado de Tia, repreendendo-a para ficar atrás dele. Tia ignorou
seu irmão. Sabia profundamente que a criatura dourada não a machucaria.

—Ela não vai me fazer mal.— sibilou para seu irmão. —Ela é única! Eu sei. —
Ela podia ver as imagens em sua cabeça da deusa dourada que sua mãe disse
que viria para salvar seu mundo.

Tamblin lutou contra o desejo de empurrar sua irmã de volta para o animal
voador e trancá-la no palácio onde sabia que estaria segura. Ele sabia que ela
estava doente, mesmo ela tentando esconder isso dele. Ele podia ver o tremor
em suas mãos, o peso que tinha perdido, e como tinha dificuldade em respirar
às vezes. Ele temia que sofresse se ficasse muito excitada exitada com a chegada
da criatura. Ele olhou preocupado o rosto de Tia para a criatura que estava
sentada silenciosamente esperando que eles respondessem a ela.

Tamblin relutantemente balançou a cabeça. Sabia profundamente que era algo


que não podia negar a sua irmã. A deusa dourada manteve as mãos sobre suas
coxas e esperou enquanto Tia lentamente se aproximava dela. Tia inclinou a
cabeça novamente, suas orelhas se contorcendo de um lado para outro quando
a criatura falou novamente. Ela não entendia suas palavras, mas reconheceu o
tom gentil.

Tia se aproximou cautelosamente, estendeu a mão e tocou a fêmea maior com


as pontas de seus dedos verdes compridos. Ela sorriu quando a criatura ficou
imóvel. Sentindo-se mais confiante, ela se aproximou um pouco mais.

Seu coração bateu erraticamente quando a fêmea levantou lentamente um de


seus braços. Ela congelou de medo, perguntando-se se poderia ter se enganado.
Tanto quanto estava confiante de que esta era a criatura das histórias contadas,
ela ainda estava despreparada para o tamanho dela. Tia observou enquanto a
fêmea abaixava lentamente uma de suas mãos sobre o musgo macio, a palma
para cima. Tia olhou para trás e para frente entre a palma e os olhos da criatura
antes de tomar a decisão de confiar em seus instintos.

Ela deu um passo a frente, parando quando Tamblin sibilou novamente em


alarme. Balançando a cabeça para ele, ela subiu na palma aberta. Ela não podia
resistir a correr seus dedos finos sobre a carne quente da criatura. Era suave e
quente - quase reconfortante. Ela olhou para cima e viu como a bela deusa de
cabelo dourado acenou para si antes de cuidadosamente levantar a mão,
levantando Tia pelo o ar. Tia se levantou, segurando um dos dedos longos e
delgados para ter equilíbrio e olhou em volta. Lentamente, seu povo começou
a se ajoelhar em reverência à criatura e também à coragem de Tia de se
comunicar com ela. Somente quando seu irmão também se ajoelhou Tia virou-
se para encarar a deusa que veio da superfície com um sorriso em seu pequeno
rosto.

Jett saiu da passagem escura e desceu até que ele pudesse ver o que estava
acontecendo com mais clareza. A passagem se abria perto da menor cachoeira
e na saliência que corria ao longo da borda dela. Seria uma rápida subida até o
balcão do palácio, onde ele freqüentemente via a esbelta fêmea verde de pé
olhando para o seu reino.

Seus olhos derrepente se arregalaram de preocupação quando ele viu a enorme


gigante dourada sentada no meio do campo de musgo vermelho. Um pequeno
rosnado escapou dele e sua mão apertou a curta espada que ele carregava na
cintura quando viu a criatura erguer sua noiva. Seus lábios se retraíram para
mostrar seus pequenos dentes afiados enquanto lutava contra o desejo de atacá-
la. Faria isso se ela prejudicasse a fêmea que ele sabia que o pertencia. Não se
importava o quão grande ela fosse, ele iria destruí-la.

Movendo-se ao longo do lado do penhasco, ele agilmente começou a descer até


que estava a poucos metros acima da varanda do palácio. Ele se jogou,
pousando silenciosamente na ampla beirada virando-se quando pousou, os
joelhos dobrados e uma mão estendida para equilibrá-lo antes que ele se
levantasse. Movendo-se para as sombras, observou como os eventos abaixo se
desenrolavam. Ele teve que se esconder atrás das grossas cortinas quando três
dos soldados armados retornaram brevemente ao palácio, apenas depois que
sairam pode voltar à olhar sua noiva e à criatura segurando-a na palma de sua
enorme mão.

Jett observou enquanto sua noiva presenteava a criatura com uma pedra
vermelha brilhante. Ele respirou fundo quando percebeu que podia entender o
que a criatura estava dizendo depois que ela colocou a pedra em volta do
pescoço.

— Meu nome é Ariel. — respondeu a criatura com uma risada suave.

— Eu sou chamada de Tia. — A respiração de Jett o deixou em um assobio de


desejo doloroso quando ouviu o nome de Tia pela primeira vez. Inclinou-se
para frente tentando obter uma visão melhor. — Eu sou a guardiã das histórias.
Este é meu irmão, Tamblin. Ele é o nosso líder. — respondeu com uma voz
sedosa que enviou ondas de calor correndo por ele.

Jett sorriu,– Tia – um belo nome para uma bela mulher. Ele continuou a
observar do lugar onde estava, ganhando confiança de que a criatura não
significava nenhum perigo à sua noiva ou ao seu povo enquanto ouvia a sua
conversa. Ele se debateu se deveria continuar sua missão quando a criatura se
levantou com Tia, Tamblin e muitos de seus soldados se afastaram, mas decidiu
seguir em frente. Eles retornariam, disso tinha certeza.
— Não, agora seria um bom momento para explorar a casa da minha noiva e embalar
algumas coisas que ela pode precisar— ele decidiu.

Jett moveu-se silenciosamente pelo palácio vazio, explorando um nível após o


outro até chegar a uma sala que ele sabia que devia pertencer a Tia. Ele deixou
a longa porta de cortina cair atrás dele enquanto tocava suavemente os delicados
tecidos pendurados nas paredes. Ele inspirou, inalando seu cheiro perfumado.
Fazia-o pensar nas flores silvestres que floresciam brevemente depois das
chuvas fortes. Passou os dedos avermelhados pelos sedosos pedaços de tecido
que ela envolvia em seu corpo. Ele não pôde deixar de imaginar como seria
quando os tirasse de seu corpo esguio.

Reolhendo coisas ao longo do caminho, ele rapidamente as empacotou para que


fossem fáceis de carregar. Dentro do pacote, ele rolou o pente que ela usava em
seu cabelo vermelho brilhante e várias presilhas de cabelo delicadas. Ele teria
que mandar fazer mais. Os pentes feitos das areias eram bonitos e pareciam
bons contra suas costas sedosas. Ele puxou a última tapeçaria pendurada na
parede e descobriu prateleiras cheias de rolos cuidadosamente enrolados.
Puxando o pergaminho de cima, ele caminhou até a mesa baixa no centro da
sala e o desenrolou. Inscritas no papel de fibra grossa eram imagens que
representavam cenas diferentes. Cada um foi feito com traços delicados
preenchidos com as mesmas cores vibrantes que lembravam Jett de sua amada.
Seus olhos se moveram para a escrita abaixo deles. Ele franziu o cenho
enquanto se concentrava. Foi difícil, mas ele foi capaz de lentamente decifrar as
palavras. Eles estavam na antiga língua que sua mãe e seu pai lhe ensinaram
quando era jovem.
— O que você está fazendo? — A voz ofendida de Tia soou da porta. — Quem
é você? Como você entrou em meus aposentos?

Jett estava tão absorto em decifrar o pergaminho e a história que estava nele,
que tinha baixado a guarda. Agora, em vez de ter o elemento surpresa, sua noiva
o tinha descoberto. Deu um rápido passo para trás da mesa. Ele não pôde deixar
de sorrir enquanto sua noiva, chateada por ele ter lido seu pergaminho, cometeu
o erro de marchar até a mesa em vez de pedir ajuda ou fugir.

No momento em que ela estava ao seu alcance, ele envolveu seus braços ao
redor do seu corpo trêmulo. — Não tenha medo, meu coração. Eu não vim
prejudicá-la, mas sim reivindicá-la. — sussurrou em seu ouvido.

Tia se sacudiu surpresa, seus olhos se arregalaram quando ela olhou para ele
assustada. — O que você quer dizer com me reivindicar? — Ela perguntou
perplexa.

Jett riu de seu inocente olhar de confusão. Ele não conseguiu resistir a inclinar-
se para baixo e encostar os lábios brevemente contra os dela. Seu suspiro
assustado fez com que gemesse e ele tomou seus lábios em um beijo selvagem
que mostrava seu desejo. Queria fazer isso desde a primeira vez que a viu há
vários meses.
Tia empurrou fracamente contra seu largo peito até que ele relutantemente
levantou a cabeça. — O que você acha que está fazendo? — Ela ofegou sem
fôlego, olhando para ele com olhos enormes, confusos.

Jett sorriu maliciosamente. — Eu pensei que era um pouco óbvio! Estou


reivindicando você como minha noiva. —
Capítulo Três
Tia não sabia como responder ao homem que invadira seu domínio pessoal. Ela
nunca tinha visto alguém como ele antes. Era alto, ainda mais alto que seu irmão.
Também não era a mesma sombra suave de verde que a maioria de seu clã era.
Ele era uma cor escura, castanho-avermelhada, com ricos cabelos castanhos
escuros que caíam em tranças longas nas pelas que iam costas quase até a
cintura. Seus olhos eram de um violeta claro, quase idênticos à água que fluiu
das paredes rochosas de sua casa. Ele não usava roupas como as deles,
tampouco. Um rubor aumentou a cor de suas bochechas quando suas mãos
deslizaram sobre a carne nua de seus ombros. A única coisa que o cobria era
um par de calças marrons claras enfiadas num par de botas marrons escuras que
iam até o tornozelo.

— Eu não sou sua noiva. — Tia afirmou, chateada por deixar que este homem
estranho agitasse sua calma normal. — Você partirá imediatamente ou eu
convocarei meu irmão e os guardas!

Jett sorriu para ela, deixando que suas mãos cruzassem sua pequena cintura. —
Claro, minha senhora, ficarei feliz em partir imediatamente. — disse ele dando
um beijo brincalhão nos lábios dela.

Ele deu uma risadinha ao ouvir o ofego ofendido de Tia quando a ergueu
suavemente e a equilibrou em seu ombro para que pudesse pegar as coisas que
tinha embalado para ela na outra mão. Mantendo o braço em torno de suas
coxas, ele escutou cuidadosamente antes de puxar a cortina que levava à sacada.
Ele saltou para a borda, equilibrando-se antes de murmurar para ela se segurar
e não lutar com ele.

— O que você está fazendo? — Tia engasgou novamente enquanto olhava com
medo para a longa queda no chão abaixo deles. Ela tentou agarrar-se a ele, mas
não teve nenhuma maneira de realmente se segurar, então ficou completamente
quieta. — Você vai nos matar! — Ela sussurrou com voz rouca.

Jett riu enquanto ele agilmente começava a subir o lado do penhasco para a
borda onde estava a rachadura para o túnel. — Você não conversou com Santil,
não é? Ele disse a mesma coisa!

Tia franziu o cenho, pensando muito antes de balançar a cabeça. — Não


conheço nenhum Santil. Onde ele mora? — Ela perguntou incapaz de conter
sua curiosidade.

— No Reino das Pessoas da Areia. —Jett respondeu, se levantando o suficiente


para colocá-la na borda antes de se levantar. — É para lá que eu estou levando
você.

Tia olhou para a enorme figura castanha pousada sobre ela com a boca aberta.
Ele realmente quis dizer isso quando disse que a estava reivindicando. Seu
coração fez um pequeno tremor e começou a bater rápido, mas de uma vez ela
se perguntou se era por causa de sua doença ou por causa de suas palavras. Ela
olhou para a caverna cheia da riqueza das florestas de cogumelos e das brilhantes
pedras que lhes davam vida. O pensamento de deixar seu mundo seguro deveria
ter aterrorizado ela, mas não o fez. Seus olhos se moveram para olhar para a
poderosa figura de pé sobre ela e por dentro ela sentiu uma onda de saudade.
Sabia que não tinha muito mais tempo para viver. Tinha se resignado a viver o
tempo restante examinando calmamente as histórias que tinha ilustrado e
recontado. O fato de que ela não viveria tempo suficiente para ter seus próprios
filhos causou uma dor aguda cortando através dela. Sua morte significaria o fim
da linha do Guardião das Histórias. Era por isso que sentia que era tão
importante transmitir seu conhecimento da única maneira que podia. Seus olhos
percorreram a varanda para seus aposentos. Ela tinha terminado todas as
histórias que conhecia. Não havia nada para ela aqui. Talvez, este fosse o modo
dos deuses e das deusas de deixá-la ver o que estava além de sua casa antes que
seu coração não batesse mais.

Jett se aproximou de onde estava sentada e se ajoelhou diante dela. Ele escovou
um fio de seu cabelo rebelde para trás com ternura antes de acariciar seu queixo.
Ele esperou até que seus olhos mais uma vez olhassem profundamente para ele.

— Venha comigo. — sussurrou, estendendo a mão. — Deixe-me lhe mostrar


meu mundo.

Tia mordeu o lábio e estudou-o por um momento antes de deixar seus olhos
varrerem a caverna pela última vez. — Eu não consegui dizer adeus a Tamblin.
— ela respondeu relutantemente.

— Não é um adeus. —prometeu Jett. — Eu a trarei de volta sempre que você


quiser visitar.

Tia sabia que no fundo não haveria volta quando partisse. Sabia que Tamblin
ficaria chateado quando descobrisse que estava desaparecida. Só podia esperar
que ele entendesse quando visse os pergaminhos e os lesse. Quando o fizesse,
descobriria o bilhete que ela tinha deixado para ele entre eles. Ela não tinha
planejado que ele encontrasse antes de sua morte, mas o que importava se ela
estava morta ou não. No final, não mudaria seu resultado.

Tia voltou-se para olhar para o incomum, entretanto bonito macho ajoelhado
na frente dela e colocou sua mão trêmula na mão forte e firme dele. — Eu vou
com você. — ela suspirou com um pequeno sorriso animado.

Jett se inclinou, roçando seus lábios nos dela antes de puxá-la para cima com
uma risada alegre. — Você não vai se arrepender, eu juro. Vou mostrar-lhe os
locais mais maravilhosos! — Ele exclamou alegremente enquanto envolvia suas
mãos em torno de sua cintura minúscula e levantou-a, balançando-a ao redor
com um grito de alegria.

Tia riu sem fôlego quando ele a pôs em seus pés. Ele segurou sua mão
firmemente, mas também gentilmente e puxou-a para a estreita abertura. Ela
olhou para trás por um breve momento sobre seu ombro enquanto ele a puxava
para dentro antes de se concentrar no novo caminho que estava tomando.
Capítulo Quatro
Santil sacudiu a cabeça quando viu Jett emergir da escuridão com uma fêmea
esbelta e verde. — Você vai começar uma guerra, você sabe. — Santil disse com
um suspiro.

Jett riu, olhando para baixo com diversão para Tia. — Conheça Santil. Ele está
sempre pensando que o pior vai acontecer.

— Isso é porque geralmente acontece. — Santil bufou, franzindo o cenho. —


Jett está sempre nos colocando em apuros.

— Jett. — Tia disse suavemente com um sorriso. — Eu gosto desse nome. —


disse timidamente, olhando para o enorme macho que lhe tirou o fôlego.

Santil parou na abertura do túnel e olhou para seu grande amigo, incrédulo. —
Você a sequestrou e nem se incomodou em dizer a ela seu nome? Isso é baixo
até mesmo para você, meu amigo! — ele brincou antes de voltar para se
certificar de que a área estava livre de qualquer predador.

— Ignore-o. — Jett brincou para trás, saltando para trás de seu amigo e abrindo
os braços para ela. — É o que eu faço. — Tia não pôde evitar rir da maneira
como os dois homens incomuns se provocavam.

Era tão diferente de Tamblin e dos anciãos. Só as crianças pareciam ter mais senso de humor...
pensou tristemente.

Tia protegia seus olhos do brilho que ela só tinha ouvido falar. Ela nunca tinha
visto o lado superior de seu mundo. Tamblin tinha recusado muitos pedidos
dizendo que era muito perigoso. Ela piscou rapidamente até que seus olhos se
ajustaram o suficiente para que pudesse ver sem ficar com os olhos
machucandos.

Ele era grande e belo. Até onde ela podia ver havia ondas de areia cintilantes e
varridas pelo vento. Tentou imaginar como teria parecido antes, quando as
grandes florestas de cogumelos o cobriam, mas não conseguiu.

— Venha. — Jett disse com um sorriso suave de encorajamento. — Precisamos


nos apressar se quisermos voltar para nossa casa antes que a escuridão caia.—

Santil estremeceu. — Concordo. Eu não quero ter que lidar com as criaturas da
noite acima de tudo.

— O que mais há? — Tia perguntou curiosamente enquanto colocava as mãos


no ombro largo de Jett para se estabilizar enquanto ele a baixava para o chão.

Um calafrio quente percorreu sua espinha e ela não podia resistir a olhar para
ver se ele sentia sua reação. O olhar aquecido em seus olhos mostrou que ele
não era imune a seu toque também. Um rubor cor-de-rosa levantou-se acima
de suas bochechas enquanto sentimentos desconhecidos percorreram através
dela.

— Vermes da areia. — disseram Jett e Santil ao mesmo tempo, respondendo à


pergunta que já tinha esquecido que tinha feito.

— Mas, você não precisa se preocupar. — Jett disse, guiando-a para uma
pequena máquina com um longo assento e asas de forma estranha. Ele a ajudou
antes de deslizar atrás dela para poder manter um braço envolvido
protetoramente ao redor dela. — Vou mantê-la segura. — murmurou em seu
ouvido desfrutando de como as pontas minúsculas se contraíram e uma luz cor
de rosa claro corou as bochechas dela.

Tia amou a viagem para o Reino da Areia. Tinha levado até o crepúsculo para
alcançá-lo. Sua primeira visão tinha sido da enorme cúpula clara e brilhante
sobre uma superfície rochosa alta. Ao percorrerem as areias, começaram a surgir
mais detalhes. Ela podia ver a forma de um enorme castelo construído no centro
da face rochosa. Ele era cercado por grandes torres em cada esquina.

Tia apertou uma mão contra seu peito quando seu coração estremeceu e parou.
Ela tentou respirar fundo, mas não conseguiu. A mão segurando o braço de Jett
se apertou em pânico pois ela temia que seu tempo tivesse chegado ao fim
apenas quando estava tendo a chance de experimentar sua primeira aventura
verdadeira. O braço de Jett a apertou e ela sentiu seu hálito quente contra seu
pescoço assim como seu coração reiniciou lentamente no início antes de voltar
a seu ritmo desigual novamente.

— Bem vinda a Sandora. — Jett sussurrou em seu ouvido.

Tia assentiu, incapaz de falar com um nó na garganta. Em vez disso, ela apertou
seu braço para deixá-lo saber que o ouviu. Os claros skimmers apressaram-se
para baixo em um túnel longo que se abriu em sua aproximação. Tia olhou por
cima do ombro tentando ver, mas não conseguiu, por causa do grande tamanho
de Jett.

— O túnel se fecha atrás de nós, então nada mais pode vir atrás de nós. — ele
explicou com um sorriso compreensivo. — Segure firme. — disse.

Ele apertou sua mão sobre ela antes de empurrar para baixo seus pés sobre o
acelerador, enviando o skimmer acelerando através do túnel até que eles saíssem
por cima das paredes da cidade abaixo deles. Ele gritou com alegria enquanto
voava dentro e fora dos tubos estreitos que formavam passeios entre edifícios.
Ele não diminuiu a velocidade até chegar ao corredor exterior que levava ao
palácio.

Eles passaram por um longo e escuro túnel antes de sair para uma vasta área
cheia de homens, mulheres e skimmers. Santil flutuou ao lado deles, um
momento depois, com um enorme sorriso no rosto. Jett saltou do skimmer,
pegando Tia em seus braços.

Tia gritou em alarme antes de embrulhar seus braços firmemente ao redor de


seu pescoço. — Eu posso andar. — ela disse sem fôlego, enquanto ela se
aconchegava mais perto de seu corpo quente.

Jett sorriu ternamente para ela e balançou a cabeça, mandando suas longas
tranças dançando ao seu redor em ondas. — Eu sei, mas gosto de te carregar.
— ele brincou. — Eu nunca mais quero te colocar no chão.

Tia girou seus grandes olhos castanhos para ele. — Você se cansaria. — ela
bufou, mas não conseguiu esconder seu sorriso divertido.
— Eu gostaria de ver isso! — Santil disse chegando ao lado deles e batendo Jett
na parte de trás de sua cabeça antes de sair do alcance de Jett. — Sua mãe, pai,
irmã e irmãos têm tentado fazer isso desde o dia em que nasceu!

— Comse você fosse melhor! — Jett retrucou com uma brincadeira, mostrando
seus dentes.

— Jett!— gritou uma voz alta e profunda.

Santil fez uma careta antes de levantar a mão saudando Jett e Tia. — Esse é o
meu sinal para desaparecer. Foi um prazer conhecer aquela que conseguiu
capturar a atenção desse bastardo, minha senhora.— disse. antes de desaparecer
entre dois prédios exteriores.

Tia olhou com os olhos arregalados enquanto uma figura tão imponente como
Jett andava em direção a eles. O homem estava vestido com um par de calças
marrom escuro e com um colete preto que deixou muito do seu peito exposto.
Em torno de sua cintura, ele carregava duas espadas que balançavam enquanto
caminhava em sua direção. Seu cabelo era tão longo quanto o de Jett e trançado
em longas mechas castanhas escuras que fluíam graciosamente atrás dele
enquanto caminhava.

— Quem é esse?— Ela perguntou em um sussurro abafado, observando a


enorme estrutura masculina que portava uma carranca feroz no rosto.

— Meu pai.— Jett sorriu. — Ele só parece assustador, mas realmente não é.

Tia abaixou a cabeça para esconder sua risadinha antes de levantá-la para olhar
para o homem quando ele chegou a uma parada na frente deles. — Quem é
esta? — Roan perguntou olhando para Tia com uma expressão intrigada em seu
rosto. — Por que ela é verde?

Tia olhou para o homem com uma inclinação teimosa até o queixo. — Por que
você não é? — Perguntou de volta com uma sobrancelha levantada.

Roan olhou para a fêmea por um momento antes de explodir em gargalhadas.


— Eu não faço ideia. Vou ter que perguntar à minha mãe.— respondeu ele
divertido. —Roan, Rei do Reino da Areia a seu serviço.— acrescentou com uma
graciosa reverência.

Tia deu uma risadinha. — Eu me chamo Tia. Guardiã das Histórias para o Reino
de Glitter. — ela respondeu com um sorriso tímido. — É realmente um prazer
conhecê-lo, Vossa Alteza.

— Jett?— Roan perguntou, olhando para o rosto incomum, mas bonito de Tia.

— Eu a reivindiquei.— Jett respondeu à pergunta não feita. — Ela é minha


noiva.

Roan olhou surpreso pouco antes de um grande sorriso iluminar seu rosto. —
Finalmente. — murmurou antes de se virar e berrar com uma voz que
ricocheteava em torno das altas paredes do palácio. — Jett tomou uma noiva!
— Ele proclamou a todos de pé à distância que possam ter escutado.

Vivos gritos acompanharam seu anúncio, Tia estava deslumbrada enquanto


olhava com admiração quando homens e mulheres se reuniram em torno deles
festejando. — O que está acontecendo? — Ela sussurrou, tentando afundar nos
braços de Jett. — O que ele quis dizer com você tomou uma noiva? Ouvi você
dizer isso antes, mas eu não estou familiarizada com a palavra. — disse ela,
olhando nervosamente para ele.

Jett se inclinou e sussurrou em seu ouvido para que pudesse ouvi-lo acima do
rugido das multidões. Tia empalideceu quando o significado se afundou. Ela
olhou para ele, as lágrimas enchendo seus olhos enquanto a realização do que
estava acontecendo a dominava. Ela tinha que lhe dizer que era impossível. Não
havia jeito de ser sua noiva tanto quanto desejava poder ser. Não entendia como
isso funcionava para seu povo, mas para ela a perda de um companheiro poderia
ter consequências devastadoras. Seu coração bateu freneticamente, gaguejando
e parando antes de repetir o ritmo errático repetidamente até que ela estava
tremendo e tinha se tornado um verde pálido mortal. Seus olhos caíram diante
do esforço de mantê-los abertos. Sua respiração veio em pequenos suspiros
enquanto seu coração fraco trabalhava freneticamente em seu peito.

— Meus senhores! Estrangeiros se aproximam! — Um dos guardas gritou.

Tia sentiu sua visão borrar e tentou acalmar o pânico. Seu coração diminuiu,
mas continuou a pular, deixando-a fraca. Ela se virou para olhar para o alto da
cúpula, reconhecendo a besta voadora de casa e as cores da armadura de seu
irmão. Virando a cabeça, deixou-a cair fracamente para trás contra o peito largo
de Jett, procurando conforto de sua força.

Roan se virou para olhar para a cúpula clara também. Mesmo na penumbra, ele
podia ver as criaturas voadoras com guerreiros guiando-as enquanto elas
flutuavam em torno do topo do Reino. Ele ordenou a seus homens para seus
skimmers e preparar-se para a batalha.
— Espere!— A voz de Jett levantou-se sobre o caos. — O que você disse, Tia?
— Ele perguntou, preocupado com sua pele pálida e gelada.

— É Tamblin. —disse fracamente. — Eu devo… vê-lo… uma… última… Vez.


— ela murmurou em uma voz apenas alta o suficiente para ser ouvida.

— Tia, o que é, meu amor? O que quer dizer uma última vez? O que está errado?
—Jett perguntou com medo, puxando-a mais perto de seu peito enquanto
olhava para baixo para sua pele pálida.

Tia forçou os olhos para que pudesse olhar para os traços bonitos de Jett. —
Estou morrendo. — ela forçou. — Eu...— as lágrimas encheram seus olhos e
transbordaram abaixo suas bochechas pálidas. — Eu... não posso ser…. Sua
noiva.

— Não. — Jett gritou roucamente, olhando para o pai que ouvia as palavras
calmas. — Não, ela não pode morrer. Eu a amo. — ele grunhiu para seu pai
com medo.

Roan olhou para o rosto acinzentado de seu filho antes de olhar para a figura
esbelta embalada protetoramente contra o corpo do seu filho mais novo. — Há
uma maneira de salvá-la. Leve-a para a câmara de cura.— disse ele, com a
expressão decidida. Ele se virou para o comandante da guarda. — Abra o túnel.
— ele ordenou enquanto subia em seu skimmer.
Jett viu seu pai se levantar para voar sobre as paredes do palácio. Ele puxou Tia
mais perto de seu corpo e caminhou para a entrada. Ele olhou para a porta
enquanto subia os degraus. Sua mãe ficou olhando para ele com lágrimas de
compaixão cintilando em seus olhos. Ele sentiu sua mão escovar sobre seu
braço suavemente enquanto ele passava por ela.

— Ela viverá se essa for sua decisão. — disse sua mãe em voz baixa.

— Sim, é. — disse Jett andando pelo longo corredor em direção à entrada das
câmaras de cura enterradas no fundo do palácio.

Tia entrou e saiu da consciência enquanto seu pequeno coração lutava. O toque
suave de Jett acalmou seus medos e uma sensação de paz se estabeleceu sobre
ela. Não estaria sozinha quando morresse. Esse tinha sido um de seus maiores
medos. Ela ouviu vozes no fundo. Às vezes o tom aumentava-se com raiva
antes de uma voz suave falar.

— Você entende o que isso significa. — Roan disse pesadamente enquanto


olhava para seu filho.

— Jett? — Sua mãe estendeu a mão e tocou seu braço com medo e
preocupação.
Jett virou a cabeça para olhar para a mãe e sacudiu a cabeça. — Você não
entende. Eu sabia no momento em que a vi,que ela era para mim.

Tamblin deu um passo à frente. A raiva impotente retorceu suas feições


enquanto olhava para o rosto pálido de sua amada irmã. — O que você quer
dizer que ela era para você? Você nem a conhecia até hoje! — Ele rosnou com
raiva. — Por que você a pegou? A excitação de ser tirada de sua casa foi demais
para ela. Devolva-a para mim e deixe-me levá-la para casa. Pelo menos ela
morrerá entre o seu povo!

— Não.— Jett disse levantando-se com raiva e puxando sua espada. — Ela é
minha e vai ficar ao meu lado!

— O que você pode fazer? — Tamblin gritou quando ele deu um passo mais
perto de Jett. — O que você pode fazer que não podemos? Não há nada que
possamos fazer para salvá-la.— disse ele, com raiva e tristeza sufocando-o
enquanto olhava para o homem alto que estava protegendo Tia.

A mandíbula de Jett apertou-se e ele olhou para as águas brilhantes de sua


piscina de cura. Como com todas as coisas na vida, tinha que haver um
equilíbrio com a morte. Não poderia haver um sem o outro. As piscinas de cura
exigiam esse equilíbrio. As águas curativas não funcionariam se o equilíbrio não
fosse mantido. Jett não podia pedir a outro para dar sua vida em troca de Tia.
A única maneira que as piscinas poderiam salvar um tão doente como ela era se
outra vida fosse sacrificada para que seu poder se reabastecesse, mantendo o
equilíbrio entre a vida ea morte.
Jett olhou para Tamblin antes de se virar para olhar com ternura a forma de Tia.
— Eu daria qualquer coisa para salvá-la.— ele respondeu calmamente antes de
deixar sua espada cair no chão da câmara. — Eu daria qualquer coisa...
Incluindo minha vida.

Tamblin caiu para trás confuso com a mudança súbita do macho na frente dele.
Jett não deu ao irmão de Tia a chance de protestar. Ele gentilmente tomou Tia
em seus braços, sorrindo para seu rosto ainda pálido. Ele inclinou a cabeça para
mais perto dela e escovou um beijo suave sobre seus lábios.

— Eu te amo, Tia. — ele murmurou baixinho, esquecendo todos os outros na


grande câmara. — Eu dou-lhe meu coração, de modo que possa bater forte para
você. Dou-te a minha força para que nunca te sintas fraca, e te dou o meu amor,
para que saibas a alegria que me deste por existir.—

Jett desceu os degraus e entrou nas águas azuis e prateadas da piscina, movendo-
se lentamente até que cobriu Tia até o queixo. Respirando fundo, ele pressionou
seus lábios contra os seus uma última vez e lentamente afundou sob a superfície
cintilante.
Capítulo Cinco
Tia sentiu ondas de calor fluindo através de seu corpo. No começo, achou
estranho já que estava tão fria antes. Os batimentos de seu coração ficaram mais
fortes quando o calor a cercou. Podia sentir Jett rodeando-a com seu amor e
seus braços. Luzes cintilantes dançavam atrás de suas pálpebras enquanto as
imagens delas se formavam. Era como se pudesse ver sua vida juntos. Os olhos
dele se voltaram rindo para ela quando ele segurou um de seus filhos em seus
braços fortes enquanto o outro agarrava a sua perna. Ela podia sentir seus fortes
braços segurando-a na escuridão enquanto ele ouvia-a dizer-lhe suas visões. Ela
podia sentir a alegria dele levá-la em seu skimmer através das florestas de
cogumelos exuberantes que logo cobririam seu mundo novamente. Nesses
poucos momentos preciosos, ela viu o que pensou que nunca teria.

Tia sentia a força sufocando-a. Enchendo seu corpo e uma sensação de paz e
felicidade de estar inteira novamente passava por ela. Lutou contra o impulso
de gritar quando os lábios pressionados contra os dela repentinamente caíram,
acordando-a da teia de sonhos que tinha sido pega. Ela abriu os olhos sob a
água girando, seus sentimentos de alegria se transformando em medo e
desespero quando ela viu Jett parado, com rosto calmo flutuando diante dela.

Suas mãos foram freneticamente para seu rosto, segurando suas bochechas e
segurando-o. Medo diferente de qualquer coisa que ela alguma vez tinha
conhecido a fez pressionar seus lábios contra os dele em uma tentativa
desesperada para acordá-lo, mesmo quando suas mãos se moveram para seu
peito. Sob as palmas das mãos, seu coração fraquejava e acalmava.
—NÃO!— Ela gritou em silêncio. — Eu não vou deixar você fazer isso. Eu te amo.
Você me reclamou! — soluçou silenciosamente. — Como posso ser sua noiva se você
não está comigo? Como meus sonhos podem se tornar realidade sem você ao meu lado? Como
você pode segurar nossos filhos se você não está lá para dá-los a mim? Por favor não. Por favor,
por favor, por favor, não me deixe sozinha.— Ela implorou, pressionando seus lábios
freneticamente para os dele novamente em um esforço para devolver o que ele
tinha dado a ela.— Eu não quero seu presente sem você. Você prometeu-me a força, mas
eu sou fraca sem seus braços em torno de mim. Você prometeu-me alegria, mas não há nada
além de tristeza sem você lá para me fazer rir. Você me prometeu seu coração, mas sem você
ele está vazio. Por favor volte para mim. Eu te amo. Só juntos posso ser forte. Só juntos posso
encontrar alegria. Só juntos podemos encontrar o amor.

Tia fechou os olhos, envolvendo seus braços e pernas ao redor do corpo imóvel
e sem vida de Jett. Ela entregou-se às águas turbilhonantes. Não tinha nenhum
desejo de viver uma meia-vida. Se os deuses e deusas tomariam a vida dele em
troca da dela, então ela lhes daria a vida dos dois para que pudessem ser como
uma para a eternidade.

Passando os dedos através das longas mechas trançadas do cabelo dele, ela
deixou seus corpos afundarem ainda mais sob o líquido azul escuro e prateado.
Um sentimento de paz e aceitação se apoderou dela. Ela não morreria sozinha
e ela não o deixaria.

—Guardiã das Histórias. — uma voz calmante ecoou através de sua mente e
ressoou através de sua alma. —Não se lembra da história do grande guerreiro?

Tia se moveu quando as imagens vívidas inundaram sua mente. Imagens de um


grande guerreiro que diz ter se apaixonado por uma garota gentil de outra tribo.
A voz de sua mãe fluía sobre ela enquanto as lembraças dançavam em sua
mente.

—Lembre-se, Tia. —sua mãe a repreendeu quando ela se afastou em vez de


prestar atenção. — Somente quando o guerreiro fizer o maior dos sacrifícios, os deuses e
deusas os presentearão com o desejo de seus corações.

—O que é isso, mamãe? — Perguntou uma minúscula Tia, virando seus grandes
olhos castanhos em curiosidade para sua mãe.

—Ele dará seu coração para salvá-la e ela se recusará a aceitá-lo, a menos que
ele o mantenha seguro para ela. — sua mãe respondeu, acariciando seus cabelos.

—Isso faz dela um guerreiro também? — A Tia criança perguntou. —Se ela luta por
ele, isso fará dela um guerreiro?

—Claro, pequena.— disse sua mãe, suavemente. —Como pode haver amor se apenas
um coração bate?

Tia sentiu seu corpo subindo, carregado pelos fortes braços que a rodeavam.
Eu me lembro, mamãe, ela pensou. Eu lembro.

Os olhos de Tia se abriram enquanto as águas de cura se afastavam dela. Ela


olhou para os olhos violeta-claros de Jett que sorria ternamente para ela
enquanto a levava para fora da piscina de cura. Ela levantou uma mão trêmula
para levemente traçar a bochecha dele com a ponta dos dedos. Um sorriso
curvou os lábios dele em resposta.

—Você é o meu guerreiro.— ela murmurou em admiração, seus olhos


brilhando de amor. —Você é o guerreiro que me daria seu coração.
Jett olhou para seus olhos suavemente brilhantes. — Eu faria qualquer coisa
pelo seu amor, Tia. — disse ele com voz rouca. — Você é minha vida.

—Assim como você é minha. — Tia respondeu, sabendo que a visão que ela
tinha de sua vida juntos logo se tornaria uma realidade.

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