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Pragas de Monte

Gordo

Domínio: Tradições e expressões orais


Categoria: Manifestações literárias, orais e escritas

Mais frequentemente proferidas pelas mulheres dos pescadores (vulgarmente


apelidadas de cuícas), as “pragas de Monte Gordo” eram quase “armas de ataque” a
que se recorria nas habituais discussões de rua de antigamente. Traduzindo a
exaltação perante uma qualquer situação desfavorável e na procura de uma
desconcertante vingança verbal, estes dizeres pretendiam amaldiçoar o outro, numa
clara tentativa de intimidação, recorrendo-se muitas vezes para isso à invocação de
Deus ou das forças do céu para amplificar o temor do destinatário, tornando mais
credível o efeito da praga.
São hoje em dia um importante testemunho da ancestral maneira de ser das
populações de Monte Gordo.

Recolhas
“Permita Deus que tenha uma febre tão grande, tão grande, que até lhe derreta a fivela
do cinto.”
Eduarda Maria Serrano Martins, Monte Gordo, 2015

“Havia de chover tanto, tanto na tua terra que a Lua havia de andar de boia.”
Natacha Zia Ferreira, Monte Gordo, 2015

“Havias de ter uma dor de bariga tão grande, tão grande que quanto mais andasses
mais te doesse e quando parasses, rebentasses.”
Carla Maria Serrano Almeida Estêvão, Monte Gordo, 2015

“Permita Deus que aches uma carteira cheiinha de dinheiro, mas quando te abaixes
para a apanhar te caia o tampo do «pêto»”.
Eduarda Maria Serrano Martins, Monte Gordo, 2015

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